Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
do
Mundo
lisboa:
tinta‑da‑china
MMVII
Índice
cultura que, uma década atrás, ainda eram válidos e tinham alguma Para a realização deste livro que agora apresentamos, convidá-
eficácia. mos um conjunto de intelectuais, uma artista e um poeta a quem
O presente Estado do Mundo cultural aparece‑nos como uma propusemos que, a partir de uma série de «entradas», escrevessem
nebulosa confusa, imprevisível na sua evolução, inapreensível nas textos e produzissem um portfolio que constituísse, por si só, uma
figuras que vai gerando. avaliação autoral do Estado do Mundo. As «entradas» que serviram
Como cidadãos praticantes e actores de várias expressões como temas de reflexão foram: memória e inovação artística; as re-
culturais, temos mais do que uma visão instrumental ou utilitária lações transatlânticas: o atlântico branco e o atlântico negro; novas
da cultura, temos preocupações de natureza ética, não iludindo as expressões de acção política; mitos e heróis de hoje; a autobiografia
opções políticas e ideológicas que condicionam a produção e a aces- e a ficção artística; o internacionalismo artístico; e depois do merca-
sibilidade dos cidadãos à cultura artística, tecnológica e científica do e da democracia? A revisão do conceito de paz à luz dos actuais
e não podemos estar arredados das dinâmicas iniciais de produção conflitos no mundo e das novas semânticas culturais.
destes novos valores culturais, das linguagens artísticas inovadoras, Os autores convidados foram: Carlos Pacheco, Colin Richards,
da produção de massa crítica que esta situação deve provocar. Mercê Ghassan Zaqtan, João Barrento, John Frow, Moira Simpson, Paul
da sua posição geográfica atlântica e mediterrânica, a Fundação Ca- Gilroy, Peter Sloterdijk, Rosângela Rennó, Santiago Kovadloff,
louste Gulbenkian enquanto fórum de discussão, em particular dos Surendra Munshi e Wang Hui.
cidadãos portugueses, decidiu dar um contributo para produzir um O resultado, aqui, expressa a enorme generosidade e investi-
tempo de reflexão. Este tempo de reflexão, que se pretende também mento intelectual e artístico que estes autores tiveram e a quem
um espaço cultural, impõe‑se que seja mais do que um lugar de consu- muito agradeço. Agora colocado no espaço público, e através de
mo artístico de exposições ou de espectáculos, por mais interessantes uma distribuição internacional em língua inglesa, é nosso desejo e
que possam ser. expectativa que esta obra possa contribuir para se encontrarem so-
Este Estado do Mundo é concebido como um lugar de desafio ao luções no seio de um novo quadro de referentes culturais, de modo
futuro, um lugar de problematização da produção cultural, do que a resgatarmos alguma esperança neste nosso e único mundo.
parece evidente sem o ser, de crítica a uma aceitação passiva do
mercado da cultura num só sentido, um lugar de eleição de temas António Pinto Ribeiro
e de problemas emergentes na actualidade, eventualmente ainda
inomináveis, um lugar de emergência do novo cultural a partir da
discussão, em plataformas, de problemas culturais e da apresentação
de um programa complementar de espectáculos, de exposições e de
cinema como casos exemplares do Estado do Mundo actual.
O Estado do Mundo é um Programa organizado em três platafor-
mas, sendo a primeira constituída pela edição de um livro (em por-
tuguês e em inglês) e por uma Conferência Inaugural; a segunda por
um programa de grandes conferências, lições, espectáculos, ateliês de
artistas, exposições itinerantes, mercado de ideias e de teorias e cine-
ma, espectáculos de ópera, dança e teatro e, a terceira, pela publicação
de um livro de «Conclusões» e de uma Exposição de Artes Visuais.