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SISTEMAS ELÉTRICOS
(FUNDAMENTOS, MATERIAIS
E PROTEÇÃO)
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Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Sanches, Heverton Bacca


S211s  Sistemas elétricos (fundamentos, materiais e proteção)/
Heverton Bacca Sanches, – Londrina: Editora e Distribuidora
Educacional S.A. 2019.
127 p.
ISBN 978-85-522-1531-8
1. Instalações elétricas. 2. Automação. I. Sanches,
Heverton Bacca. Título.
CDD 620

Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491

2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/

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SISTEMAS ELÉTRICOS (FUNDAMENTOS, MATERIAIS
E PROTEÇÃO)

SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 4

Instalações elétricas industriais 5

Proteção de sistemas elétricos 22

Dispositivos de proteção 39

Relés nos sistemas de potência 56

Esquemas de proteção e diagramas elétricos 72

Desempenho das instalações elétricas e suas proteções 92

Automação e controle em sistemas elétricos 108

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Apresentação da disciplina

Em um mundo cada vez mais dependente de energia elétrica, conhecer


os fundamentos dos sistemas elétricos ajuda a fazer o melhor uso dos
seus equipamentos ou componentes e, melhor do que isso, garantir
a disponibilidade de energia elétrica aos consumidores industriais,
residenciais, comerciais e outros.

Conhecer os componentes das instalações elétricas, como materiais,


acessórios, dispositivos, instrumentos, equipamentos (de geração,
conversão, transformação, transmissão, armazenamento, distribuição
ou utilização de eletricidade), máquinas, conjuntos ou mesmo
segmentos ou partes da instalação, como linhas elétricas, ajudará no
desenvolvimento de projetos mais eficientes. Entender a natureza
das falhas nesses componentes das instalações elétricas permitirá
a configuração de um projeto de proteção mais adequado às
características das cargas elétricas.

Adotar como referência as normas brasileiras e das concessionárias


que fazem o suprimento de energia elétrica é indispensável para
a realização de um projeto de instalações elétricas, portanto, as
normas mais utilizadas serão a NBR 5.410 – Instalações elétricas de
baixa tensão, NBR 14.039 – Instalações elétricas de média tensão
de 1 a 36 kV, NBR 5.419 – Proteção de estruturas contra descargas
atmosféricas, dentre outras normas internacionais, IEC – International
Electrotechnical Commission, que, na falta de normas brasileiras,
ajudam na especificação de materiais e equipamentos elétricos.

Observando as condições de fornecimento de energia elétrica, as


características das cargas e sua distribuição na planta industrial,
podemos lançar mão da utilização dos fundamentos dos sistemas
elétricos e das normas para determinar a melhor configuração do
projeto de instalações elétricas e a busca da qualidade de energia e
eficiência energética.

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Instalações elétricas industriais
Autor: Heverton Bacca Sanches

Objetivos

Antes de especificar ou mesmo configurar


qualquer equipamento ou componente de um
sistema elétrico, é importantíssimo conhecer os
seus principais fundamentos:
• As condições de fornecimento de energia elétrica;

• As características das cargas e sua distribuição na


planta industrial;

• Os principais componentes de instalações elétricas;

• Como escolher e configurar os condutores elétricos;

• Como se dá a correção do fator de potência.

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1. O fornecimento de energia elétrica

Para um bom projeto elétrico, é importante conhecer os dados


relacionados ao suprimento local de energia elétrica e as características
funcionais da área industrial, administrativa, comercial ou residencial.
Uma planta contendo detalhes sobre a situação da obra no contexto
urbano, da arquitetura do prédio, do arranjo das máquinas ou
equipamentos e suas cargas, bem como possíveis expansões e
melhorias, também ajudam no desenvolvimento do projeto elétrico.

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) estabelece de forma


atualizada e consolidada as condições gerais de fornecimento de
energia elétrica e essas disposições devem ser observadas pelas
distribuidoras de energia elétrica e seus consumidores. Composto
por uma rede elétrica e o conjunto de instalações e equipamentos
elétricos que operam em níveis de alta (superior a 69 kV e inferior
a 230 kV), média (superior a 1 kV e inferior a 69 kV) e baixa (igual
ou inferior a 1 kV) tensão, o sistema de distribuição é o segmento
dedicado ao rebaixamento da tensão proveniente do sistema de
transmissão, à conexão de centrais geradoras e ao fornecimento de
energia elétrica ao consumidor. O órgão responsável pela regulação
dos serviços de distribuição é a Aneel (Agência Nacional de Energia
Elétrica) por meio da Superintendência de Regulação dos Serviços de
Distribuição – SRD (ANEEL, 2010).

Após conhecer os detalhes do fornecimento de energia elétrica, com


a análise do consumo e a demanda de energia elétrica, você encontra
a relação entre hábitos e consumo de uma instalação industrial,
comercial ou residencial, assim, compreendendo como a energia
elétrica é cobrada e como as faturas são calculadas, você terá dados
para definição de ações de projetos de sistemas elétricos que visam o
uso mais eficiente dessa energia (PROCEL, 2011).

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2. O projeto elétrico

O projeto elétrico deve admitir a possibilidade de mudanças na


localização das máquinas e dos equipamentos, facilitar a acessibilidade
aos dispositivos de segurança e manobra das instalações, mas,
principalmente, devem garantir a disponibilidade dos equipamentos,
evitando falhas, interrupções ou mesmo defeitos no sistema elétrico.
Para evitar interrupções totais ou em partes do circuito elétrico,
podemos utilizar redundâncias na alimentação da indústria, do comércio
ou da residência. Quanto mais informações da planta industrial,
comercial ou residencial, melhor o projeto elétrico e, para isso, conforme
vemos na Figura 1, contamos com softwares que nos ajudam no
desenvolvimento, na organização e no controle desses projetos.

Figura 1 – Informações da planta industrial, comercial ou residencial

Fonte: cosmin4000/iStock.com.

A concessionária local é responsável pelo fornecimento de energia


elétrica com garantia de suprimento satisfatório de carga, tensão
nominal do sistema elétrico, tipo de suprimento, restrições do sistema
quanto a sua capacidade de fornecimento e potência, capacidade de
curto-circuito e impedância equivalente na conexão do sistema.

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A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL, 2019), por exemplo,
é a concessionária do serviço público de energia elétrica que atua
principalmente na distribuição para 234 municípios do interior do
estado de São Paulo, atendendo mais de 4 milhões de consumidores.
Ela possui um conjunto de normas técnicas que esclarece os requisitos
para conexão de cargas, fornecimento de tensão secundária, construção
e projeto de redes, projeto de iluminação pública, etc.

Nos sites das concessionárias de energia elétrica, podemos


encontrar uma série de orientações técnicas, como especificações,
normas, padrões técnicos e documentos padrões. No site da
Aneel encontramos o registro e link de acesso para cada uma das
concessionárias espalhadas pelo Brasil.

A adoção das normas garante segurança e durabilidade das instalações


elétricas. As normas mais utilizadas nos projetos de instalações
elétricas industriais são:

• NBR 5.410 – Instalações elétricas de baixa tensão;

• NBR 14.039 – Instalações elétricas de média tensão de 1 a 36 kV;

• NBR 5.419 – Proteção de estruturas contra descargas


atmosféricas.

Além das normas técnicas brasileiras, o projetista deve conhecer as


normas técnicas internacionais IEC (International Electrotechnical
Commission), principalmente quanto às especificações de cabos,
transformadores de potência e medida, painéis elétricos, conectores,
dentre outros componentes ou dispositivos elétricos.

A NR 10 (BRASIL, 2016) estabelece requisitos e condições mínimas


para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interajam
em instalações elétricas e serviços com eletricidade. Essa norma

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trata, em seu item 10.3, da segurança em projetos e orienta sobre
a obrigatoriedade de dispositivo de desligamento de circuitos,
seccionamento de ação simultânea, identificação, aterramento, etc.
O site do Ministério do Trabalho apresenta a norma NR 10 e muitas
outras na íntegra, como, por exemplo a NR 12 (BRASIL, 2018), que trata
da segurança de máquinas e equipamentos.

3. Características das cargas

Conhecer a tensão, corrente, potência e frequência nominal das


cargas, assim como número de fases, ligações possíveis, regime
de funcionamento, fator de severidade, é importante para o
desenvolvimento do projeto elétrico. Essas informações podem ser
obtidas no manual de especificações dos equipamentos.

As concessionárias de distribuição de energia elétrica tratam o Forno a


Arco, por exemplo, como uma carga elétrica especial, estabelecendo um
modelo de cálculo para esse tipo de carga a fim de quantificar o padrão
de variação de tensão causado pelo seu acionamento e assegurar a
manutenção do fornecimento de energia elétrica.

Uma das cargas mais comuns no meio industrial são os motores


elétricos, como podemos ver na Figura 2. Os motores elétricos são
responsáveis por quase 70% de toda a energia elétrica consumida na
indústria (ELETROBRAS, 2005), por isso, vale a pena conhecer e controlar
essa carga adequadamente, muitas vezes utilizando dispositivos de
partida, parada e controle de velocidade, como Soft-Starts (equipamento
utilizado para partida e parada) e inversores de frequência, não só para
partida e parada como controle de velocidade. Um motor configurado
de acordo com a sua carga de utilização real, com proteções e
dispositivos de acionamento adequado, levam a um uso mais eficiente
da energia elétrica, além de prolongar sua vida útil.

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Figura 2 – Motores elétricos em uma planta industrial

Fonte: parys/iStock.com.

Algumas cargas, como máquinas de soldas, fornos de indução, máquinas


acionadas por sistemas computadorizados, entre outras, requerem um
estudo particular do projetista de sistemas elétricos, sempre considerando
a utilização das normas e especificações técnicas da concessionária de
distribuição de energia, conforme você viu no capítulo anterior.

ASSIMILE

As cargas elétricas devem ser divididas em blocos ou


setor de carga, que normalmente correspondem a um
quadro de distribuição com terminal com alimentação,
comando e proteção individualizados. Lembramos que
esses quadros e seus componentes, segundo a NR10,
devem ser devidamente identificados para garantir a
segurança de quem utiliza essas instalações.

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10
4. Componentes das instalações elétricas

A NBR 5.410 (ABNT, 2004) define o componente de uma instalação


elétrica como materiais, acessórios, dispositivos, instrumentos,
equipamentos (de geração, conversão, transformação, transmissão,
armazenamento, distribuição ou utilização de eletricidade), máquinas,
conjuntos ou mesmo segmentos ou partes da instalação, como linhas
elétricas, por exemplo. Na Figura 3, temos exemplos de bornes,
terminais, relés, contatores, fusíveis, disjuntores, controladores, cabos,
canaletas e outros componentes de um painel elétrico de comando.

Figura 3 – Componentes de instalações elétricas em um painel elétrico

Fonte: AndreyPopov/iStock.com.

5. Os condutores elétricos

Condutor elétrico é um produto metálico, de seção transversal


invariável e de comprimento muito maior do que a maior dimensão
transversal, utilizado para transportar energia elétrica ou transmitir
sinais elétricos. Os condutores elétricos mais utilizados são de cobre
ou alumínio, podendo ser isolados ou não. Os condutores elétricos
são classificados em:

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• Fio: condutor maciço rígido composto de uma única via.
• Cabo: condutor composto de um conjunto de fios encordoados,
isolados ou não entre si.
• Barra: condutor rígido de seção transversal retangular.

Para o dimensionamento completo e correto de um circuito elétrico,


adotamos seis critérios de dimensionamento:
• Seção mínima (considerando condutores de cobre, nos circuitos
de iluminação, a seção mínima é de 1,5 mm², e para circuitos de
força, é de 2,5 mm²);

• Capacidade de condução de corrente;

• Queda de tensão (4% para ramais de baixa tensão ou circuitos


terminais e 7% para substação ou geração própria);

• Proteção contra sobrecargas;

• Proteção contra curtos-circuitos;

• Proteção contra contatos indiretos (aplicável apenas


quando se usam dispositivos a sobrecorrente na função de
seccionamento automático).

A principal razão para a utilização do cobre em sistemas elétricos é


sua excelente condutividade elétrica. O cobre apresenta a resistência
elétrica mais baixa entre todos os metais não preciosos. A resistividade
do alumínio é 65% mais alta que a do cobre e, por consequência, para
conduzir a mesma corrente elétrica, um cabo com condutor de cobre
utiliza uma seção nominal menor do que a de um cabo de alumínio.
Outras razões para a utilização do cobre é sua alta resistência à corrosão
e a facilidade e confiabilidade da execução de emendas e terminações.

Considerando que os cabos dissipam potência em forma de calor


devido à sua resistência, podemos considerar o aumento da seção
do condutor para que essas perdas sejam menores e, portanto, além

12
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do dimensionamento técnico, podemos adotar o dimensionamento
econômico que consta na IEC 60287-3-2 (INTERNATIONAL STANDARD,
2012). Assim a seção econômica de um circuito é aquela que resulta
no menor custo total de instalação e operação de um condutor elétrico
durante sua vida econômica considerada.

A Associação Internacional do Cobre, Copper Alliance, reúne a indústria


global de cobre para desenvolver e defender o mercado do cobre e
contribuir para as metas de desenvolvimento sustentável da sociedade.
A Copper Alliance tem diversas publicações que podem ajudar na tarefa
de dimensionamento de circuitos, entre elas Dimensionamento econômico
e ambiental de condutores elétricos (COPPER, 2016) e diversas outras
publicações, como estudos de caso, artigos técnicos, softwares e outras
ferramentas que podem ajudar na tarefa de dimensionamento de circuitos.

É importante salientar, também, que aumentar a seção dos condutores


elétricos pode contribuir para a redução da emissão de CO2 na
atmosfera. Mas devemos observar que o dimensionamento econômico
costuma ser interessante para circuitos com cargas relativamente
elevadas e que funcionam por longos períodos durante o dia, como,
por exemplo, grandes motores elétricos, torres de resfriamento,
sistemas de ar-condicionado, etc.

Para combinar os custos iniciais de compra e instalação com os custos de


perdas de energia que surgem durante a vida econômica de um condutor
elétrico, é necessário expressá-los em valores econômicos comparáveis,
que são os valores que se referem ao mesmo ponto no tempo.

6. Correção do fator de potência

A legislação brasileira permite às concessionárias calcular as faturas


em função do consumo (kWh), da demanda (kW), do fator de potência
e diferentes tipos de tarifa que dependem do perfil do consumidor,

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conforme exemplificado na Tabela 1. Essa mesma legislação diz que
o fator de potência deverá ter o limite mínimo de 0,92, caso ocorram
valores menores, o consumidor será penalizado.

Para medição do fator de potência, adota-se um intervalo de tempo (15


min ou 1h, por exemplo) para realização da medição. O menor valor será
considerado para a cobrança do excedente de reativo na fatura no mês.

Tabela 1 – Perfis de consumidores de energia elétrica

Grupo A – Alta tensão Grupo B – Baixa tensão


A-1 – 230 kV ou mais B-1 – Residencial
A-2 – 88 a 138 kV B-1 – Residencial baixa renda
A-3 – 69 kV B-2 – Rural
A-3a – 30 a 44 kV B-3 – Não residencial nem rural
A-4 – 2,3 a 13,8 kV B-4 – Iluminação pública
A.S. – 2,3 a 13,8 KV (subterrâneo)

Fonte: elaborado pelo autor.

A resolução normativa de número 414 (ANEEL, 2010) estabelece


as condições gerais de fornecimento de energia elétrica de forma
atualizada e consolidada. Nessa resolução, os termos e características
consideradas pela Aneel para a regulamentação do fornecimento de
energia elétrica, inclusive as questões relacionadas com o fator de
potência, são descritas detalhadamente.

As principais causas para o baixo fator de potência são:


• Transformadores operando “em vazio”;

• Motores superdimensionados;

• Grande número de motores;

• Utilização de reatores para lâmpadas de descarga com


baixo fator de potência;

14
14
• Fornos de indução eletromagnética;

• Máquina de solda a transformador.

As principais consequências de um baixo fator de potência:


• Consumo excedente na conta de energia elétrica;

• Aumento das perdas elétricas nos condutores pelo efeito Joule;

• Necessidade de aumento do diâmetro dos condutores;

• Queda e flutuação de tensão;

• Sobrecarga dos equipamentos de manobra;

• Limitação da capacidade dos transformadores de alimentação.

Vale a pena lembrar que potência é o trabalho realizado em um


determinado tempo e é expressa na unidade de potência que é o watt,
símbolo W. Uma potência de 500 W significa que foi realizado um trabalho
de 500 Joules em 1 segundo. A energia elétrica é o uso de potência elétrica
em um determinado intervalo de tempo e sua unidade é o watt-hora, ou
seja, Wh. Mas para clientes industriais, temos que considerar a potência
aparente, a ativa e a reativa, conforme mostrado na Figura 4.

Figura 4 – Relação das potências

Fonte: elaborado pelo autor.

A parcela P (potência ativa) quantifica o trabalho útil produzido pelo


circuito, ou seja, mecânico nos motores, térmico nos aquecedores
e luminoso nas lâmpadas. A parcela Q (potência reativa) representa

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quanto da potência aparente foi transformada em campo magnético
ou campo elétrico, ou seja, ela não produz trabalho e circula entre
a carga e a fonte, ocupando espaço no sistema elétrico que poderia
ser utilizado para fornecer mais energia ativa. A parcela S (potência
aparente) é a relação das potências ativa e reativa.

A Figura 5 demonstra o triângulo das potências e como se dá a


correção do fator de potência por meio do uso de capacitores, que são
equipamentos capazes de armazenar energia elétrica, assim, ele não
devolve à fonte externa a energia reativa consumida, ou seja, a troca
de energia reativa não é feita entre a indústria e a fonte geradora, mas
entre a indústria e os capacitores.

Figura 5 – Correção do fator de potência

Fonte: elaborado pelo autor.

PARA SABER MAIS


A empresa brasileira WEG possui uma ampla linha
de capacitores, contatores especiais e fusíveis
apropriados para a correção do fator de potência e
em conformidade com as normas e os padrões de
qualidade nacionais e internacionais.

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Para entender melhor as técnicas de projeto de bancos
capacitores, vale a pena pesquisar essa empresa e a longa
lista de catálogos, manuais e softwares que ela oferece em
seu site. Exemplo disso é o seu Manual para correção de
fator de potência (WEG, 2009).

TEORIA EM PRÁTICA
As tarifas de energia refletem peculiaridades de cada
região, como número de consumidores, quilômetros
de rede e tamanho do mercado (quantidade de energia
atendida por uma determinada infraestrutura), custo da
energia comprada, tributos estaduais e outros. O ideal é
que a tarifa seja suficiente para garantir o fornecimento
de energia com qualidade e assegure aos prestadores de
serviços ganhos suficientes para cobrir custos operacionais
eficientes e remuneração dos investimentos necessários
para expandir a capacidade e garantir boa qualidade
de atendimento. O Ministério de Minas e Energia tem
um Plano de Eficiência Energética nos Prédios Públicos
e orienta sobre a melhor forma de entender a fatura de
energia elétrica e quais as análises que podem ser feitas
para usar melhor essa energia e reduzir o custo do cliente
consumidor de eletricidade (PROCEL, 2011).
Como um profissional conhecedor da configuração das
tarifas de energia elétrica e as informações que nela
constam, que itens você consideraria para a criação de
um relatório de análise do sistema elétrico de um cliente
que tem consumido muita energia elétrica e gostaria de
contar com um parecer técnico para a busca de mais
eficiência energética?

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VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. A conta de energia elétrica de um cliente industrial


mediu uma demanda de 500 kW de energia, porém,
ele tem utilizado 650 kW nos últimos meses, qual a sua
sugestão para reduzir o valor da tarifa?
a. Corrigir o fator de potência.

b. Evitar o uso de energia elétrica no horário de ponta.

c. Ajustar o valor da demanda contratual da conta


de energia.

d. Evitar o uso de energia elétrica no horário


fora de ponta.

e. Pedir a revisão da tarifa de sazonalidade.

2. A mesma conta de energia conta ainda com um fator


de potência de 0,86, o que você indicaria para esse
cliente industrial?
a. Ajustar o valor da demanda contratual da conta
de energia.

b. Corrigir o fator de potência.

c. Pedir a revisão da tarifa de sazonalidade.

d. Evitar o uso de energia elétrica no horário de ponta.

e. Evitar o uso de energia elétrica no horário


fora de ponta.

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18
3. Com multa por ultrapassar a demanda contratual,
fator de potência de 0,86 e eventuais multas devido
à inadequação do contrato com a concessionária de
energia elétrica, quais ações você sugeriria para essa
instalação elétrica industrial?
a. Utilização de banco capacitor para correção do
fator de potência.

b. Instalação de dispositivos de controle de partida


nos motores para controle da demanda de pico
de energia.

c. Análise das cargas dessa instalação industrial para


busca de alternativas com consumo menor ou
mesmo melhores prática de projeto elétrico.

d. Revisão da demanda contratada junto à


concessionária de energia elétrica.

e. Todas as alternativas são corretas.

Referências bibliográficas

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N° 414, de 9 de setembro de 2010. Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/cedoc/
ren2010414.pdf. Acesso em: 27 fev. 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5.410 – Instalações
elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
BRASIL. Portaria MTPS nº 508, de 29 de abril de 2016. NR 10 – Segurança em
instalações e serviços em eletricidade. Disponível em: http://trabalho.gov.br/
images/Documentos/SST/NR/NR10.pdf. Acesso em: 26 fev. 2019.
. Portaria MTPS nº 1.083, de 18 de dezembro de 2018. NR 12 – Segurança
no trabalho em máquinas e equipamentos. Disponível em: http://trabalho.gov.br/
images/Documentos/SST/NR/NR12/NR-12.pdf. Acesso em: 1 mar. 2019.

 19
COPPER ALLIANCE. Dimensionamento econômico e ambiental de condutores
elétricos. 2016. Disponível em: https://www.procobre.org/pt/wp-content/uploads/
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CPFL ENERGIA. Orientações técnicas. Disponível em: https://www.cpfl.com.br/
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%2DE44B1A18DF5D%7D%ServiceInstUID=%7B5E202C83%2DF05D%2D4280%2D90
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MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011
MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência.
Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2011.
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weg.net/medias/downloadcenter/hea/h8b/WEG-correcao-do-fator-de-potencia-958-
manual-portugues-br.pdf. Acesso em: 27 fev. 2019.

Gabarito

Questão 1 – Resposta C
Como a demanda de energia tem sido maior do que a contratada
pela indústria do exemplo, é necessário considerar a revisão da
demanda de energia elétrica contratada.

Questão 2 – Resposta B
O fator de potência tem que ser corrigido pelo uso de bancos
capacitores, pois a lei determina um fator de potência acima de 0,92.

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Questão 3 – Resposta E
Essa planta industrial deve ter todo o seu sistema elétrico revisado,
ou seja, deve instalar bancos capacitores para corrigir o fator de
potência, deve investir em reequipamento de controle de partida
dos motores, deve analisar as cargas para melhor aplicação de
tecnologias que melhorem a característica de consumo de energia
elétrica e deve revisar a tarifa de energia elétrica devido à utilização
de uma demanda acima da contratada.

 21
Proteção de sistemas elétricos
Autor: Heverton Bacca Sanches

Objetivos

Para configurar a devida proteção dos sistemas


elétricos, é importante conhecer:
• Os sistemas de proteção;

• Os dispositivos mais comuns no projeto dos


sistemas de proteção;

• As características de um sistema de aterramento;

• Os componentes de um sistema de proteção


contra descargas atmosféricas.

22
22
1. Os sistemas de proteção

A operação de um sistema elétrico está sujeita a falhas em seus


componentes que podem levar à descontinuidade no fornecimento de
energia às suas cargas. Para evitar a interrupção, você deve conhecer a
natureza dessas falhas, ou seja, se elas ocorreram:
• Por curto-circuito;

• Por sobrecarga;

• Por sub e sobretensões.

Para garantir a continuidade do fornecimento de energia ou para


evitar a desconexão total do sistema elétrico junto ao seu fornecedor,
é necessário projetar um sistema de proteção para a sua instalação
elétrica. Assim, você deve estabelecer uma estratégia de proteção,
selecionar os dispositivos de atuação adequados e calibrá-los para
que operem corretamente.

Sabendo disso, você percebe que, para cumprir a sua função, o sistema
de proteção deve ser capaz de selecionar a parte danificada da rede
e retirá-la de serviço sem afertar os circuitos que estão funcionando
sem falhas ou anormalidades. O projeto do sistema de proteção
deve garantir a exatidão e segurança do sistema, ou seja, uma alta
confiabilidade operativa. Para isso, você deve ajustar a sensibilidade
para a faixa de operação e não operação dos dispositivos de proteção.

2. O projeto de proteção

Para projetar um sistema de proteção, você deve lançar mão de


dispositivos que desconectem o circuito afetado pela falha da fonte
supridora de energia elétrica. Os principais dispositivos que realizam
essa função são os fusíveis, disjuntores e relés.

 23
A detecção dessas falhas ou anomalias pode ser obtida pela observação
da elevação das correntes, elevação e redução da tensão, inversão do
sentido da corrente, alteração da impedância do sistema e comparação
de módulo e ângulo de fase na entrada e na saída do sistema.

A proteção do sistema elétrico de baixa tensão deve ser configurada


para proteger condutores e equipamentos da instalação industrial,
comercial ou residencial normalmente submetidos a sobrecarga,
corrente de curto-circuito, sobretensões e subtensões. Assim, os
principais dispositivos utilizados são os fusíveis diazed (Figura 6), os
fusíveis NH e os disjuntores (Figura 7) e os relés térmicos.

Figura 6 – Exemplo de fusível diazed

Fonte: phanasitti/iStock.com.

Figura 7 – Fusíveis NH e disjuntor termomagnético

Fonte: DenBoma/iStock.com.

24
24
ASSIMILE

Uma instalação elétrica está devidamente protegida


contra sobrecorrentes quando condutores, chaves e
outros dispositivos estiverem com suas capacidades
térmica e dinâmica iguais ou superiores aos valores
limitados pelos dispositivos de proteção.

A proteção contra sobrecorrentes, seja ela uma sobrecarga ou um curto-


circuito, ocorre com a utilização de dispositivos fusíveis e disjuntores.
Um dispositivo fusível é constituido de base, porta-fusível, indicador e,
eventualmente, percussor. O disjuntor opera por meio de disparadores
que podem ser térmicos, magnéticos e eletrônicos.

A NBR 5.410 (ABNT, 2004) sugere que a seleção do dispositivo de


proteção deve satisfazer às seguintes condições:
1 – IB ≤ In
2 – In ≤ IZ
3 – I2 ≤ 1,45 IZ

Onde:

IB = corrente de projeto do circuito;

In = corrente nominal do dispositivo de proteção (ou corrente de ajuste,


para dispositivos ajustáveis);

IZ = capacidade de condução de corrente dos condutores;

I2 = corrente convencional de atuação, para disjuntores, ou corrente


convencional de fusão, para fusíveis.

 25
Considerando ainda os fusíveis e disjuntores operando em baixa tensão,
para proteger contra curto-circuitos, você deve garantir que o dispositivo
tenha capacidade de interrupção (Icn) não inferior à corrente de curto-
circuito presumida no ponto em que será instalado (Ik), ou seja:
Icn ≥ Ik

A verificação da coordenação entre condutores e dispositivos de proteção é


feita pela integral de Joule. As curvas dessa integral em função da corrente,

I².t = f(I), de cabos e dispositivos de proteção são uma ferramenta valiosa


no estudo da proteção dos condutores contra sobrecorrentes e da
coordenação deletiva entre dispositivos.

Para você verificar a seletividade entre dispositivos, você utiliza as


características de I².t, assim, como mostrado na Figura 8, se a corrente I
for inferior a Is (intersecção das curvas C e A), o disjuntor atuará sem que
seja afetado o fusível. Se I for superior a IB (intersecção das curvas C e B),
o fusível atuará antes do disjuntor. Para I entre Is e IB, o disjuntor atuará,
no entanto, o fusível poderá ser afetado.

Figura 8 – Verificação da seletividade entre disjuntor


e fusível usando as curvas I².t

Fonte: adaptado de Souza e Moreno (2001).

26
26
Ainda é importante você analisar as sobrecorrentes e os tempos
associados à resposta efetiva da proteção, ou seja, devemos considerar
os efeitos térmicos desenvolvidos pelas correntes de curto-circuito, que
é dado pela equação:

Onde:

ICS = corrente de curto-circuito que atravessa o dispositivo de proteção;

T = tempo de duração da corrente de curto-circuito.

Como a norma NBR 5.410 (ABNT, 2004) estabelece que a integral de


Joule a qual o dispositivo deve deixar passar não pode ser superior à
integral de Joule necessária para aquecer o condutor para que ambos
continuem funcionando, temos:

Onde:

K2 x S2 = integral de Joule para aquecimento do condutor, desde a


temperatura máxima para serviço contínuo até a temperatura de
curto-circuito, admitindo aquecimento adiabático;

K = 115 para condutores de cobre com isolação de PVC e seção inferior


ou igual a 300 mm²;

K = 103 para condutores de cobre com isolação de PVC e seção superior


a 300 mm²;

K = 143 para condutores de cobre com isolação de EPR ou XLPE;

S = seção do condutor, em mm².

 27
Portanto, você pode determinar o tempo máximo que um condutor
pode suportar a corrente de curto-circuito:

Para proteger os usuários de energia elétrica que entram em contato


direto ou indireto com partes vivas ou partes metálicas não energizadas
em operação normal, utilizamos um dispositivo de proteção à corrente
diferencial-residual, mais conhecido como DR. Esse dispositivo pode ser
dividido em três partes funcionais:
• Transformador toroidal para detecção das correntes de falta
fase-terra;
• Disparador que transforma uma grandeza elétrica em
ação mecânica;
• Mecanismo móvel e os respectivos elementos de contato.
Existem dois tipos de DR, os mais sensíveis que detectam correntes de
falta de até 30 mA e os com sensibilidade de corrente de falta superior
a 30 mA. O primeiro assegura a proteção contra contatos diretos e
indiretos, já o segundo deve ser empregado somente contra contatos
indiretos e contra incêndio.
Figura 9 – Detalhe da instalação de um DR em um painel
de distribuição elétrica

Fonte: suravikin/iStock.com.

28
28
As instalações industriais contam com uma grande quantidade de
motores elétricos e, por suas características peculiares, como a
corrente absorvida pelo motor durante a partida, que é superior à de
funcionamento normal, e a potência absorvida em funcionamento, que
é determinada pela potência mecânica no eixo do motor e que pode
resultar em sobrecarga no circuito de alimentação, devemos tratá-los de
forma especial quanto à configuração de suas proteções.

A NBR 5.410 (ABNT, 2004) trata essas peculiaridades e define dispositivos


de proteção para atendê-las. É o caso dos relés térmicos de sobrecarga
que trabalham em conjunto com os contatores e os dispositivos de
proteção contra curto-circuitos, que normalmente são disjuntores
dotados apenas de disparador magnético e fusíveis aM. A Tabela 2
mostra os dispositivos em diferentes configurações de instalação que
devem ser utilizados em um circuito terminal de motor.

Tabela 2 – Funções e dispositivos num circuito terminal de motor


Dispositivos
Função
1 2 3 4
Seccionamento Seccionador
Proteção contra
Dispositivo Seccionador-
correntes de Disjuntor-
fusível fusível ou
curto-circuito motor
disjuntor apenas Disjuntor-
Proteção contra magnético contator
correntes de Relé térmico Contator com
sobrecarga relé termico
Comando
Contator Contator
funcional
Fonte: adaptado de Souza e Moreno (2001).

O projeto de proteção de sistema primário, ou seja, instalação com


capacidade igual ou inferior a 300 kVA e superiores a 300 kVA, deve ser
realizada por meio de um disjuntor acionado por relés secundários dotados
de unidades instantâneas e temporizadas de fase e de neutro. Sendo que,
para as instalações com capacidade igual ou inferior, pode ser empregada
chave seccionadora e fusível, porém, sendo obrigatória a utilização de

 29
disjuntor como proteção geral do lado da baixa tensão. Nessas aplicações
de média e alta tensão, são necessários os relés, dispositivos de proteção
com as mais diferentes formas de construção e funções incorporadas para
as mais diversas aplicações e que dependem da importância, do porte e da
segurança da instalação projetada. Os relés atuam sobre o equipamento
responsável pela desconexão do circuito elétrico afetado por uma falha
causada por sobrecarga, curto-circuito, sobretensão, subtensão e outros
eventos, esse equipamento normalmente é um disjuntor ou um religador.

3. Sistema de aterramento

O projeto de um sistema elétrico deve considerar um sistema de


aterramento dimensionado adequadamente para satisfazer as
condições de segurança de atuação da proteção, a proteção contra
descagas atmosféricas, a proteção dos indivíduos contra contato em
partes metálicas energizadas e a uniformização do potencial em toda
a área do projeto. A NBR 5.419 (ABNT, 2015) sugere que você deve
considerar a instalação de três malhas de terra nos projetos industriais,
interligadas entre si e com as seguintes partes do sistema elétrico:
• Neutro do transformador de potência;
• Para-raios instalados nas extremidades do ramal de ligação;
• Carcaça metálica dos equipamentos elétricos;
• Suportes metálicos;
• Estruturas de quadros de distribuição de luz e força;
• Estruturas metálicas em geral.

Os principais elementos de uma malha de terra são:


• Eletrodos de terra, também chamados de eletrodos verticais,
normalmente são constituidos de aço galvanizado ou aço cobreado;
• Condutor de aterramento de seção não inferior a 16 mm²;

30
30
• Conexões que são utilizadas para conectar os condutores nas
emendas ou derivações, sendo conectores aparafusados ou
conexão exotérmica;
• Condutor de proteção que é utilizado para a ligação das massas.

A resistência de um sistema de aterramento é relativa às conexões


existentes entre os eletrodos de terra (hastes e cabos), ao contato entre
os eletrodos e a superfície do terreno em torno dos mesmos e ao terreno
nas imediações dos eletrodos de terra chama resistência de dispersão.

Para determinar a eficiência do aterramento através de sensores, deve-


se medir a resistividade específica do solo em análise (resistência do solo
em receber as descargas elétricas) e para isso utiliza-se um instrumento
chamado Terrômetro. Por conta das medidas que devem ser precisas,
este equipamento é extremamente sensível e deve ser manuseado com
muito cuidado, Em sua configuração, o terrômetro é apresentado com
quatro eletrodos, sendo dois terminais de corrente e dois terminais de
potencial, que são enterrados no solo com uma profundidade de 20 cm
e variando a distância em 2, 4, 8, 16 e 32 m, obtendo uma resistividade
média, segundo método de medição de Wenner.

4. Proteção contra descargas atmosféricas

A NBR 5.410 (ABNT, 2004) menciona que as pessoas, os animais


domésticos e os bens devem ser protegidos contra as consequências e
os danos decorrentes de uma falha elétrica entre partes vivas do circuito
com tensões nominais diferentes e outras causas que possam resultar
em sobretensões, como os fenômenos atmosféricos, sobretensões
de manobra, entre outros eventos. As decargas atmosféricas são um
exemplo de surto de tensão que chega a centenas de kV nas redes aéreas
de transmissão e distribuição de energia elétrica. É necessário, portanto,
instalar na origem da instalação dispositivos adequados de proteção
contra sobretensões, do tipo não curto-circuitante, tais como para-raios de
resistência não linear de baixa tensão, ou seja, para-raios secundários.

 31
A norma NBR 5.410 (ABNT, 2004) diz que os dispositivos de proteção
contra surtos (DPS) têm o objetivo de detectar sobretensões transitórias na
rede elétrica e desviar as correntes de surto, sendo instalados conforme o
esquema elétrico mostrado na Figura 10. Essas sobretensões transitórias
na rede são drenadas para o sistema de aterramento antes que atinjam os
equipamentos eletroeletrônicos. Os DPS podem ser de três tipos:
• Classe I – Instalados em quadros primários de distribuição para
proteção contra descargas atmosféricas.
• Classe II – Instalados em quadros secundários de distribuição.
• Classe III – Instalados próximos aos equipamentos como linhas de
dados e linhas telefônicas.

Figura 10 – Exemplo de instalação de dispositivo de proteção contra


sobretensões (DPS) em esquemas TN

Fonte: adaptado de Souza e Moreno (2001).

32
32
Os sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA)
protegem as edificações e estruturas industriais do contato direto das
descargas elétricas provenientes dos fenômenos atmosféricos, e seus
principais componentes são:
• Terminais aéreos;

• Condutores de descida;

• Terminais de aterramento;

• Condutores de ligação equipotencial.

Dependendo da região onde está localizada a edificação ou estrutura,


das suas características físicas, ou seja, se é edifício, torres ou tanques
de aço, para se obter o valor do número de descargas atmosféricas
a partir de sua densidade, você pode consultar o site do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, 2019).

Um conjunto de equações descritas na NBR 5.419 (ABNT, 2015)


ajuda a determinar a área de exposição equivalente e adjacente
da estrutura retangular ou complexa da estrutura, e a partir da
densidade das descargas atmosféricas e das características físicas da
edificação ou estrutura, podemos determinar o número de eventos
perigosos. Além disso, você pode determinar a probabilidade de
danos, ou seja, a probabilidade de a descarga atingir uma estrutura
e causar ferimentos a seres vivos, causar danos físicos à estrutura e
falhas a sistemas internos. Você pode analisar, ainda, considerando a
mesma norma, as perdas de vidas humanas, perdas inaceitáveis em
serviço público e patrimônio cultural.

Podemos utilizar como elementos condutores para capturar raios


e conduzir as correntes de descarga atmosféricas subsistemas de
captores naturais, como coberturas metálicas de edificações, mastros,
calhas, tubulações e chapas metálicas com dimensões que respeitem
as definições da NBR 5.419 (ABNT, 2015).

 33
Se não existem elementos condutores naturais, a NBR 5.419 (ABNT,
2015) determina que você deve considerar a utilização de subsistemas
de captação não natural como captores de haste de ponta e captor do
tipo Franklin, e subsistemas de descida não natural com condutores de
cobre nus, alumínio, aço cobreado IACS 30%, aço galvanizado a quente
e aço inoxidável.

PARA SABER MAIS


O ELAT, Grupo de Eletricidade Atmosfética (INPE, 2019),
é um grupo de pesquisas sobre raios e que faz parte
do Centro de Ciências do Sistema Terrestre do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais do Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações.
No site do ELAT, você encontra pesquisas, artigos,
resultados, notícias, relatórios, monitoramento em tempo
real e a densidade de descargas atmosféricas para a terra
segundo dados publicados na NBR 5.419 (ABNT, 2015).

TEORIA EM PRÁTICA
Os motores elétricos são a principal carga elétrica nas
indústrias, e segundo dados da Abinee, Associação
Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica, o número
de motores em operação no Brasil só deve aumentar
(SOUZA et al., 2019).
Sabendo que um dos componentes para a proteção de
circuitos motores é o relé de proteção de sobrecarga
térmica, determine o ajuste desse componente
para um motor de 50 cv, 380 V/IV polos, em regime

34
34
de funcionamento S1 e tempo de partida de 3 s
alimentado por um circuito condutor unipolar de cobre,
com isolação do tipo PVC de seção de 25 mm², em
canaleta fechada embutida.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. Quais ações você deve tomar para garantir a


continuidade do fornecimento de energia ou para
evitar a desconexão total do sistema elétrico junto
ao seu sistema fornecedor?
a. Projetar um sistema de proteção para a
instalação elétrica.

b. Estabelecer uma estratégia de proteção.

c. Selecionar os dispositivos de atuação adequados.

d. Calibrar os dispositivos para que operem


corretamente.

e. Todas essas ações devem ser tomadas.

2. A proteção do sistema elétrico de baixa tensão deve ser


configurada para proteger condutores e equipamentos
da instalação industrial, comercial ou residencial
normalmente submetidos a sobrecarga, corrente de
curto-circuito, sobretensões e subtensões. Quais são os
principais dispositivos utilizados nessa proteção?
a. Fusíveis diazed e NH, os disjuntores e os
relés térmicos.

 35
b. Cabos, conexões e canaletas.

c. Contatores, inversores de frequência e


transformadores.

d. Motores elétricos, resistências e outras cargas.

e. Todos são dispositivos usados na proteção do


sistema elétrico.

3. Um sistema de aterramento deve satisfazer as condições


de segurança de atuação da proteção, a proteção contra
descagas atmosféricas, a proteção dos indivíduos
contra contato em parte metálicas energizadas e a
uniformização do potencial em toda a área do projeto.
Qual não é um elemento de uma malha de terra?
a. Eletrodos de terra ou eletrodos verticais.

b. Condutor de aterramento.

c. Conectores aparafusados ou conexão exotérmica.

d. Disjuntor termomagnético.

e. Condutor de proteção.

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5.410: instalações


elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
. NBR 5.419: proteção contra descargas atmosféricas: parte 1: princípios
gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.

36
36
ELETROBRAS. Avaliação do mercado de Eficiência Energética no Brasil. 2005.
Disponível em: http://www.procelinfo.com.br/services/procel-info/Simuladores/
DownloadSimulator.asp?DocumentID=%7B2FC65B57%2D33B1%2D47F7%2DAB3A
%2DE44B1A18DF5D%7D%ServiceInstUID=%7B5E202C83%2DF05D%2D4280%2D90
04%2D3D59B20BEA4F%7D. Acesso em: 26 fev. 2019.
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS – INPE. ELAT – Grupo de
Eletricidade Atmosférica. 2019. Disponível em: http://www.inpe.br/webelat/
homepage/. Acesso em: 26 fev. 2019.
MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011
MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência.
Rio de Janeiro: LTC, 2011.
SOUZA, J. R. A. de; MORENO, H. Guia EM da NBR 5410. Revista Eletricidade
Moderna. 1. ed. São Paulo, 2001.
SOUZA, R. C.; CALILI, R. F.; VIEIRA, R. S.; TEIXEIRA, R. S. D. Pesquisa mercadológica
sobre motores recondicionados. 2019. Disponível em: https://www.procobre.org/
pt/publicacion/pesquisa-mercadologica-sobre-motores-recondicionados/.
Acesso em: 18 fev. 2019.

Gabarito

Questão 1 – Resposta E
As principais ações para garantir a continuidade do fornecimento
de energia ou para evitar a desconexão total do sistema elétrico
junto a sua fonte é projetar um sistema de proteção para a sua
instalação elétrica, estabelecer uma estratégia de proteção,
selecionar os dispositivos de atuação adequados e calibrá-los
para que operem corretamente.

Questão 2 – Resposta A
Os principais dispositivos utilizados para a proteção do
sistema elétrico de baixa tensão para proteger condutores e
equipamentos da instalação industrial, comercial ou residencial
normalmente submetidos a sobrecarga, corrente de curto-
circuito, sobretensões e subtensões são os fusíveis diazed e NH,
os disjuntores e os relés térmicos.

 37
Questão 3 – Resposta D
Os principais elementos de uma malha de terra são os eletrodos de
terra, também chamados de eletrodos verticais, normalmente são
constituídos de aço galvanizado ou aço cobreado, o condutor de
aterramento de seção não inferior a 16 mm², as conexões que são
utilizadas para conectar os condutores nas emendas ou derivações,
sendo conectores aparafusados ou conexão exotérmica e o
condutor de proteção que é utilizado para a ligação das massas.

38
38
Dispositivos de proteção
Autor: Heverton Bacca Sanches

Objetivos

Para estabelecer a estratégia de proteção que resulte


em uma ótima qualidade da instalação elétrica, você
vai estudar mais profundamente:
• Como classificar, como configurar e onde
empregar os fusíveis;

• Os tipos, configurações e tempo de atuação


dos religadores;

• Uma introdução aos relés de proteção.

 39
1. Os fusíveis

O dimensionamento e a especificação dos dispositivos de proteção


determinam o resultado do funcionamento correto e ótima qualidade
de uma instalação elétrica industrial.

Você deve conhecer os requisitos necessários para a devida


configuração dos dispositivos mais frequentemente utilizados na
proteção das instalações elétricas industriais, como descrevê-los
resumidamente e como relacioná-los. O dispositivo fusível é destinado
para a proteção dos circuitos elétricos e se funde quando percorrido
por uma corrente de valor superior à que foi efetivamente projetado.

Esse dispositivo normalmente é composto de base, com contatos e


terminais, porta-fusível, onde o fusível é acondicionado, indicador
que oferece uma indicação visível de que o fusível operou e, em
alguns casos, percursor, que é um dispositivo mecânico que aciona
outros dispositivos indicadores ou dispositivos responsáveis por
algum tipo de intertravamento.

Figura 11 – Exemplo de fusível do tipo diazed e suas partes como


porta-fusível e indicador

Fonte: SangSanit/iStock.com.

O dispositivo fusível deve atender às condições de proteção contra as


correntes de curto-circuito implementando a segurança de todos os

40
40
elementos localizados após o seu ponto de instalação, ou seja, a chave
seccionadora, o contator, o relé térmico de sobrecarga e a isolação do
condutor, por exemplo.

Os critérios mais usados para classificação dos fusíveis são:

• A tensão de alimentação (alta ou baixa tensão);

• As características de interrupção ultrarrápidos (que são


empregados na proteção de dispositivos eletrônicos, como
inversores de frequência, soft-starters, entre outros) ou retardados.

Os dispositivos fusíveis para uso industrial podem ser do tipo gG,


indicados para a proteção de circuitos elétricos contra correntes
de sobrecarga e correntes de curto-circuito, e gM ou aM, indicados
para a proteção contra correntes de curto-circuito, portanto, são
recomendados para a proteção de circuitos terminais de motores.

Você deve observar dois parâmetros importantíssimos na composição das


zonas tempo-corrente, que é a curva de tempo mínimo de fusão-corrente,
que fica à esquerda, e a curva de tempo máximo de interrupção-corrente,
que fica à direita, conforme pode ser observado na Figura 12.
Figura 12 – Zonas tempo-corrrente para fusíveis gG de
4, 10, 20, 32, 63 e 100 A

Fonte: adaptado de Souza e Moreno (2001).

 41
A corrente convencional de não fusão Inf é o valor da corrente que o
dispositivo fusível pode suportar sem se fundir durante um tempo
definido, também conhecido como tempo convencional. A corrente
convencional de fusão I2 é a que leva a fusão do dispositivo fusível
antes que ocorra o tempo convencional.

Os fusíveis “industriais” são contruídos normalmente com contatos


cilíndricos e frequentemente chamados de “cartuchos tipo industrial”;
existem os fusíveis com contatos tipo faca, também denominados NH e
os com contatos aparafusados.

Já os fusíveis usados em instalações prediais são tipicamento do tipo


cartucho e tipo D, também conhecidos comumente como “diazed”.

Os fusíveis gG, gM e aM são limitadores de corrente, sendo assim,


na iminência da fusão do dispositivo fusível na faixa de correntes
especificadas, esses fusíveis limitam a corrente a um valor
substancialmente mais baixo que o valor de crista da corrente
presumida, conforme você pode observar na Figura 13.

Figura 13 – Limitação de corrente pelo fusível

Fonte: adaptado de Mamede Filho (2017).

Você deve lembrar que os fusíveis são importantes na proteção dos


circuitos elétricos contra correntes de curto-circuito, sendo assim,
devem considerar a proteção dos seguintes circuitos elétricos:

42
42
• Circuitos terminais de motores;

• Circuitos de distribuição de motores;

• Circuitos de distribuição de apararelhos e cargas mistas;

• Circuitos de banco capacitores;

• Isolação dos condutores elétricos dos circuitos terminais e de


distribuição;

• Circuitos com dispositivos de comando e manobra.

Para circuitos terminais motores, por exemplo, os fusíveis garantem


a interrupção das correntes de curto-circuito nos condutores que
os alimentam. Para configurar esses fusíveis, você deve conhecer a
corrente de rotor bloqueado ou corrente de partida, Ipm, que é dada
pela relação entre a corrente nominal do motor, Inm, e a relação entre
a corrente de partida e a corrente nominal, Rcpm, conforme você pode
observar na Equação 1:

Ipm = Inm × Rcpm Eq. 1

É importante lembrar que corrente de projeto do circuito, Ic, é igual à


corrente nominal do motor, Inm, portanto, temos a Equação 2:

Inm = Ic Eq. 2

Conhecendo a corrente do circuito, você pode calcular a corrente


nominal do fusível, Inf, que será determinada pela relação com o fator de
multiplicação para roto bloqueado K, dependente da corrente de partida
do motor, assim:

Para Ipm ≤ 40 A g K = 0,5

Para 40 A < Ipm ≤ 500 A g K =0,4

Para Ipm > 500 A g K = 0,3

 43
Por fim, chegamos a Equação 3:
Inf ≤ Ipm × K Eq. 3

Para os sistemas primários, ou seja, para proteção de subestações


industriais de pequeno porte, utilizamos fusíveis primários para
interrupção de correntes de curto-circuito.

A proteção utilizando fusíveis primários pode ser de dois tipos:


• Fusíveis limitadores de corrente;

• Elos fusíveis.

Enquando os fusíveis limitadores de corrente são usados em pequenas


subestações industriais, os elos fusíveis são usados em subestações
industriais do tipo aéreo.

2. Religadores

Os religadores são dispositivos que interrompem automaticamente a


corrente elétrica de acordo com um limite de operações de abertura
e fechamento do circuito elétrico na ocorrência de falha. Esses
dispositivos são normalmente aplicados nas redes de distribuição
aéreas das concessionárias de energia elétrica, uma vez que ajudam
a eliminar os defeitos transitórios, ou seja, defeitos que aparecem e
desaparecem eventualmente.

Diferentemente dos disjuntores que são fornecidos sem transformadores


de corrente, circuitos de controle e dispositivos de proteção, os
religadores são fornecidos com todos esses elementos integrados,
o que os torna uma escolha financeiramente mais interessante.

Os religadores para subestação podem ser de três tipos se


consideramos o meio extintor do arco:

44
44
• Religadores a óleo;

• Religadores a vácuo;

• Religadores a SF6 (hexafluoreto de enxofre).

Figura 14 – Religadores em subestação de energia elétrica

Fonte: silkwayrain/iStock.com.

ASSIMILE
Na busca da redução dos custos de investimento na
construção de canaletas, instalação de cabos de controle
e aquisição de sensores, os religadores substituíram
os disjuntores nas subestações para proteção dos
alimentadores de distribuição de energia elétrica.

Para o devido ajuste dos religadores em subestações, você deve se


preocupar com quatro parâmetros básicos:
• A corrente de acionamento;

• A sequência de operação;

 45
• O tempo de religamento;

• O tempo de rearme.

As unidades de proteção digital para proteção de fase e terra dos


religadores protegem tanto a fase como o neutro com unidades
instantâneas ou tempo definido (curvas rápidas) e unidade temporizada
(curvas rápidas e lentas). Para o ajuste dos tempos de religamento dos
dispositivos religadores, você deve considerar a coordenação seletiva entre
os equipamentos de proteção instalados antes e depois dos religadores.

O tempo de rearme que ocorre na sequência de operações é definido


pela Equação 4:
Tre = 1,10 × Tto + 1,15 × Tti Eq. 4

Onde:
Tre é o tempo de rearme em segundos;

Tto é o tempo total de todas as operações de abertura considerando a


corrente mínima de acionamento;

Tti é o tempo total dos intervalos de religamento.

O religador trabalha em conjunto com o elo fusível, porém, na primeira


e segunda tentativas, o religador deve operar na expectativa que a
falha seja temporária, ou seja, que um objeto que ocasiona a falha na
rede elétrica seja removido naturalmente. Já a operação na terceira e
quarta tentativas aciona o elo fusível quando as condições térmicas
relacionadas às correntes de curto-circuito ocorrem.

Na Figura 15, você pode observar que o ponto máximo de


coordenação entre o religador e o elo fusível é definido pela
intersecão da curva rápida do religador deslocada pelo fator K, e a
curva de tempo mínimo de fusão do elo fusível que é definida no
limiar da faixa superior de coordenação.

46
46
Esse fator K determina o número de operações rápidas do religador com
seus tempos de religamento, corrigindo, ainda, o tempo de operação do
elo fusível nessas operações devido ao seu efetivo aquecimento.

Figura 15 – Coordenação entre o religador de subestação


e elo fusível com fator K

Fonte: MAMEDE FILHO, 2011.

Quando você não conhece o valor do fator K, a faixa de coordenação


deve ser obtida conforme as interseções das curvas da Figura 15,
porém, considerando o limite inferior da faixa como o tempo mínimo
de atuação do religador.

 47
Um exemplo de aplicação de religadores de subestação é com a
utilização em conjunto com seccionadores e elos fusíveis. Para a
coordenação desses dispositivos, o seccionador deve ser instalado após
o religador e antes da chave fusível. A chave fusível deve ser instalada
após o seccionador. E por fim, o religador pode ser ajustado para atuar
em uma operação rápida e três temporizadas.

Existem ainda os religadores de distribuição que são aplicados na


proteção das redes de distribuição rurais e raramente nas redes de
distribuição urbana. A aplicação desses religadores também é feita para
a interrupção de correntes de defeito em redes aéreas, sempre após
cumprir um ciclo de religamento devidamente configurado.

Figura 16 – Exemplo de um religador em uma rede


de distribuição de energia elétrica

Fonte: adaptada de chrissmith/iStock.com.

3. Relés de proteção

De acordo com a norma NBR 14.039, deve existir um dispositivo situado


entre o ponto de entrega de energia e a origem da instalação para a
proteção geral de uma instalação de média tensão.

48
48
Essa proteção deve ser realizada por meio de disjuntores acionados por
relés secundários dotados de unidades instantâneas e temporizadas
de fase e de neutro, principalmente em instalações com capacidade
superior a 300 kVA.

Essa mesma norma, NBR 14.039, determina a não utilização de relés de


ação direta na proteção geral da subestação, portanto, é importante que
esses relés sejam substituídos por relés digitais para que você obtenha
uma melhor qualidade na instalação. No entanto, esses relés podem ser
usados na proteção dos sistemas internos à unidade consumidora.

Esses relés de proteção contra sobrecorrente também são usados na


proteção de circuitos terminais, onde são necessários tempos de operação
inversamente proporcionais às correntes que circulam no circuito elétrico,
como, por exemplo, motores, geradores, reatores e capacitores.

A atuação dos relés primários ocorre por meio de varetas isolantes


sobre o disjuntor de forma mecânica. Já os relés secundários fecham
um contato interno para acionar os disjuntores, inserindo, assim, uma
fonte externa de corrente contínua oriunda de baterias, por exemplo, na
bobina de abertura desse disjuntor.

Apesar de serem de uma tecnologia obsoleta e não serem mais


fabricados, ainda encontramos os relés primários de ação direta em
instalações industriais, por isso é importante estudá-los. Os relés
primários de ação direta mais utilizados são:
• Os relés fluidodinâmicos;

• Os relés de sobrecorrente estáticos ou eletrônicos.

Os relés fluidodinâmicos, dispositivos robustos e de baixo custo,


são constituídos de uma bobina formada por grossas espirais de
condutores de cobre por onde passa a corrente do circuito primário.
Na parte inferior desses relés, existe um recipiente contendo fluido que
provoca a sua temporização de atuação.

 49
A corrente de regulação dos relés fluidodinâmicos é ajustada pela
Equação 5:
Ia = (1,3 a 1,5) × Itr (A) Eq. 5

Onde:
Ia é a corrente de regulação dos relés em amperes (A);

Itr é a soma das correntes nominais primárias dos transformadores da


subestação em amperes (A).

Os relés de sobrecorrente estáticos são montados em caixa metálica


blindada para impedir a interferência de campos magnetivos
provenientes dos condutores de alta tensão.

Figura 17 – Exemplo de um relé trifásico de sobrecorrente


modelo CAG 39 da G.E.C. da Inglaterra

Fonte: Marco Rosario Venturini Autieri/iStock.com.

Esses relés de sobrecorrente estáticos são constituídos de


transformadores de corrente, circuitos eletrônicos responsáveis pela
lógica de atuação do relé e dispositivo de saída mecânico que atua de
acordo com o sinal elétrico enviado pelo circuito eletrônico.

50
50
ASSIMILE
Os relés de sobrecorrente estáticos possuem unidades de
atuação instantânea e temporizada, assim protegem contra
curto-circuito de tempo definido ou de tempo independente
da corrente. Quando a corrente supera o valor ajustado,
um contator de tempo de retardo é acionado para desligar
o sistema elétrico; se a corrente retornar ao valor ajustado
antes desse tempo de retardo, o relé retorna ao estado de
repouso, ficando preparado para uma eventual falha.

Os relés secundários de sobrecorrente digitais, além de proteger o


sistema elétrico, armazenam informações capazes de interligar um
computador programado para receber essas informações, processá-las
e emitir ordem baseadas nelas.

Esses relés são dotados de proteção de sobrecorrente de fase e


de neutro, proteção contra falha do disjuntor, registro dos últimos
eventos, curvas de tempo de operação, ajuste e reajuste de parâmetros
e comunicação serial por fibra ótica ou cabo para troca de informações
com o computador.

PARA SABER MAIS


A empresa Siemens apresenta em seu site uma variedade
de artigos técnicos a respeito da proteção, controle e
automação de subestações. No artigo “Proteção, controle e
automação de subestações com o uso da norma IEC61850”
(MAGALHÃES et. al., 2015) são apresentados os principais
conceitos da norma, visando a melhor performance e
confiabilidade do sistema elétrico.

 51
TEORIA EM PRÁTICA
Como medida de proteção, você deve adotar dispositivos
que garantam a interrupção das correntes de curto-circuito
nos condutores que alimentam os circuitos terminais de
motores. Sabendo que um motor de 50 cv, 380 V/IV polos,
em regime de funcionamento S1 com corrente nominal
de 68,8 A deve proteger o circuito terminal de uma
eventual sobrecarga devido à possibilidade de ter seu rotor
bloqueado. Determine a corrente nominal dos fusíveis que
devem ser aplicados nessa proteção.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. O dispositivo fusível é um dos elementos mais tradicionais


das instalações elétricas. Apesar de sua utilização ser
comum nos circuitos elétricos, qual é o principal motivo
para a sua aplicação nos sistemas elétricos?

a. O dispositivo fusível deve atender aos requisitos


de proteção contra as correntes de curto-circuito,
oferecendo segurança a todos os elementos
localizados a montante do seu ponto de instalação.

b. O dispositivo fusível deve atender aos requisitos


de proteção contra as correntes de curto-circuito,
oferecendo segurança a todos os elementos
localizados a jusante do seu ponto de instalação.

c. O dispositivo fusível não é mais utilizado após a


invenção dos disjuntores termomagnéticos.

52
52
d. O dispositivo fusível tem o objetivo de proteger
somente os condutores de uma instalação elétrica.

e. O dispositivo fusível só é usado para proteger linhas


da distribuição de energia elétrica.

2. Os religadores são equipamentos automáticos de


interrupção da corrente elétrica com limite de operações
de abertura e fechamento do circuito elétrico na ocorrência
de falha. Consideramos o meio extintor do arco, temos três
tipos de religadores para subestação, quais são eles?
a. Religadores a óleo, a vácuo e a SF6 (hexafluoreto
de enxofre).

b. Religadores a óleo, a seco e a SF6 (hexafluoreto


de cloro).

c. Religadores a relé, digitais e fluidodinâmicos.

d. Religadores de carga, de motor e seccionadores.

e. Religadores de linha, de subestação e secundários.

3. Qual a principal diferença entre os relés de


sobrecorrente estáticos e os relés secundários de
sobrecorrente digitais?

a. Não existe diferença entre os relés secundários


de sobrecorrente digitais e os relés de
sobrecorrente estáticos.

b. Os relés de sobrecorrente estáticos não


permitem ajustar os parâmetros de proteção
contra sobrecorrentes.

 53
c. Os relés secundários de sobrecorrentes digitais não
permitem o ajuste de parâmetros de proteção contra
sobrecorrentes, pois já vêm configurados de fábrica.

d. Apesar dos relés secundários estáticos contarem com


comunicação com um computador, eles não contam
com capacidade de armazenar, processar e emitir
ordens para atuação no sistema elétrico.

e. Os relés secundários de sobrecorrente digitais, além


de protegerem o sistema elétrico como os relés de
sobrecorrente estáticos, armazenam informações
capazes de interligar um computador programado
para receber essas informações, processá-las e emitir
ordem baseada nelas.

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5.410: instalações


elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
. NBR 5.419: proteção contra descargas atmosféricas: parte 1: princípios
gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
ELETROBRAS. Avaliação do mercado de Eficiência Energética no Brasil. 2005.
Disponível em: http://www.procelinfo.com.br/services/procel-info/Simuladores/
DownloadSimulator.asp?DocumentID=%7B2FC65B57%2D33B1%2D47F7%2DAB3A
%2DE44B1A18DF5D%7D%ServiceInstUID=%7B5E202C83%2DF05D%2D4280%2D90
04%2D3D59B20BEA4F%7D. Acesso em: 26 fev. 2019.
MAGALHÃES, F. L. S.; SILVA, B. A. C.; NAZARETH, P. R. P. Proteção, controle e
automação de subestação com uso da norma IEC61850. Revista Acadêmica
Multidisciplinar – MULTICES, Minas Gerais, CES-CL, ano 3, n. 3, 2015.
MAMEDE FILHO J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.

54
54
MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência.
Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2011.
SOUZA, J. R. A. de; MORENO, H. Guia EM da NBR 5410. Revista Eletricidade
Moderna. 1. ed. São Paulo, 2001.
SOUZA, R. C.; CALILI, R. F.; VIEIRA, R. S.; TEIXEIRA, R. S. D. Pesquisa mercadológica
sobre motores recondicionados. 2019. Disponível em: https://www.procobre.org/
pt/publicacion/pesquisa-mercadologica-sobre-motores-recondicionados/.
Acesso em: 18 fev. 2019.

Gabarito

Questão 1 – Resposta B
O dispositivo fusível deve atender aos requisitos de proteção
contra as correntes de curto-circuito, oferecendo segurança
a todos os elementos localizados a jusante do seu ponto de
instalação, ou seja, a chave seccionadora, o contator, o relé
térmico de sobrecarga e a isolação do condutor.

Questão 2 – Resposta A
Os três tipos de religadores, se consideramos o meio
extintor do arco, são os religadores a óleo, a vácuo e a SF6
(hexafluoreto de enxofre).

Questão 3 – Resposta E
A principal diferença é que os relés secundários de sobrecorrente
digitais, além de protegerem o sistema elétrico como os relés
de sobrecorrente estáticos, armazenam informações capazes
de interligar um computador programado para receber essas
informações, processá-las e emitir ordem baseada nelas.

 55
Relés nos sistemas de potência
Autor: Heverton Bacca Sanches

Objetivos

Os relés são muito utilizados para a proteção dos


sistemas de potência, por isso, você estudará
neste conteúdo:
• O uso dos relés na proteção das instalações
elétricas de potência;

• Os relés secundários digitais;

• As curvas de temporização dos relés;

• Norma ANSI (American National Standards


Institute) aplicadas aos relés;

• Fontes de tensão auxiliares para operação dos relés.

56
56
1. Uso de relés para proteção
Os sistemas de controle frequentemente utilizam relés para proteção
das instalações elétricas de potência, provendo a separação galvânica
entre diferentes circuitos elétricos na ocorrência de falhas como
sobrecargas, correntes irregulares e outros problemas que podem surgir
nas instalações elétricas.

A norma NBR 14.039 (ABNT, 2005) determina que, para subestação com
capacidade superior a 300kVA, a proteção geral deve ocorrer por meio
de disjuntor acionado por relés secundários, exclusivamente.

O objetivo fundamental da proteção do sistema é fornecer o


isolamento do circuito elétrico submetido a uma falha, evitando
que o restante do sistema elétrico seja impactado. No entanto, para
evitar a indisponibilidade do sistema elétrico, mais do que proteger,
é importantíssimo ter o máximo de informações do sistema elétrico.
Conforme você pode ver na Figura 18, colher essas informações no
campo ou remotamente ajudará na segurança do sistema elétrico.

Figura 18 – Operador do sistema elétrico obtendo


informações dos dispositivos

Fonte: Shinyfamily/iStock.com.

 57
Os cinco requisitos básicos para a aplicação do relé são:
• Confiabilidade: garantia de que a proteção funcionará
corretamente.

• Seletividade: alta continuidade do serviço com a mínima


desconexão do sistema elétrico.

• Velocidade de operação: duração mínima da falta e consequente


dano do equipamento e instabilidade do sistema.

• Simplicidade: mínimo de dispositivos ou circuitos de proteção


para atingir os objetivos de proteção.

• Economia: proteção máxima a um custo total mínimo.

Os relés podem ser classificados pelas grandezas elétricas as quais são


sensibilizados, ou seja, as grandezas elétricas que medem conforme as
descrições abaixo:
• Relés de tensão que são divididos em relés de sobre e de
subtensão;

• Relés de corrente que são os mais empregados nos sistemas


elétricos na proteção de sobrecargas e curto-circuitos;

• Relés de frequência que desligam o disjuntor que operam caso


ocorra uma diferença no valor parametrizado pelo operador do
sistema elétrico;

• Relés direcionais que têm pouco uso em sistemas elétricos de


pequeno e médio porte, porém, são obrigatórios em instalações
de grande porte cujo abastecimento de energia elétrica ocorre
por duas ou mais fontes. Esses relés são sensibilizados pelo
fluxo reverso de corrente elétrica no circuito elétrico em que
estão instalados.

• Relé de impedância, que são utilizados para a proteção das


linhas de transmissão de energia elétrica, principalmente pelas
concessionárias de energia elétrica.

58
58
Considerando a disponibilidade e vantagens em relação aos relés
eletromecânicos, vale a pena estudar mais a fundo os relés digitais.
Esses relés oferecem as mesmas funções dos relés eletromecânicos,
no entanto, adicionam novas funções, como maior velocidade de
operação, sensibilidade mais apurada aos sinais analógicos de medida,
interface mais amigável com o usuário, possibilidade de acesso remoto,
armazenamento das informações, entre outras funções.

Os relés de proteção são constituídos pelos seguintes elementos:


• Unidade de entrada, que recebe as informações das falhas
elétricas (transformadores de corrente e potencial);

• Unidade de conversão de sinal, que padroniza os sinais da


unidade de entrada;

• Unidade de medida, que compara os sinais da unidade de


conversão com os valores de referência parametrizados;

• Fonte de tensão auxiliar que alimenta as unidades de operação


do relé de proteção;

• Unidade de saída, que é um contato auxiliar acionado por uma


bobina ou uma chave eletrônica semicondutora;

• Unidade de acionamento, que pode ser um disjuntor ou


interruptor.

Como você pode ver, os elementos do relé digital buscam fazer a


aquisição e avaliação das medidas obtidas no circuito elétrico, pemitindo
a oferta de eventos, alarmes e comandos para o sistema de controle.
Essas informações, inclusive, podem ser transportadas por uma
interface serial, por fibra ótica ou fio metálico, que permite a troca de
informação com sistemas de controle centrais.

As características técnicas e operacionais mais importantes dos


relés digitais são a proteção de sobrecorrente de fase e neutro,
proteção contra falha do disjuntor e a proteção de sobrecorrente

 59
instantânea e temporizada. Além dessas funções de proteção, podemos
destacar a possibilidade de registro de parâmetros relacionados aos
eventos de falhas, possibilidade de ajuste de parâmetros durante a
operação do relé.

2. Relés secundários digitais

Diferentemente dos relés eletromecânicos que exercem ações


unicamente de proteção, os relés digitais, além disso, são capazes de
armazenar informações de forma integrada a um computador com um
programa operacional que remete ordens para disjuntores ou chaves de
seccionamento do circuito elétrico de forma inteligente.

As principais vantagens na utilização de relés digitais são:


• Baixo consumo de energia;

• Interface de comunicação com outros dispositivos e sistemas


computacionais e supervisórios;

• Controle remoto de diferentes partes do sistema elétrico;

• Diagnóstico de falha devido ao armazenamento de informações


de eventos no sistema elétrico;

• Ocupa um pequeno espaço físico nas instalações elétricas;

• Parametrização em estado de operação;

• Ajuste operacional remoto;

• Sistemas de autossupervisão altamente confiável.

• Possibilidade de definição de senhas de operação para usuários.

Mas os relés digitais não deixaram de ter a necessidade de medir os sinais


analógicos do sistema elétrico utilizando transformadores de corrente
(TCs) e transformadores de potência (TPs) e convertendo esses sinais

60
60
com a utilização de conversores analógico/digitais (A/D) para o seu devido
processamento e ação de manobra. Esses relés são providos de elementos
de indicação e operação como mostrado na Figura 19 e descrito a seguir:
• Tela alfanumérica que mostra os valores de ajuste, dados de
memória e informações do relé;

• Teclas de configuração ou parametrização do relé.

Figura 19 – Elementos de indicação e operação de relé digital

Fonte: Shinyfamily/iStock.com.

ASSIMILE
As principais funções operacionais dos relés digitais, que
podem ser comercializados como dispositivos monofáricos
ou trifásicos, atuando na proteção de componentes como
transformadores, motores e geradores, são:
• Proteção diferencial trifásica, proteção de sobrecorrente
de neutro, proteção de tempo definido e proteção de
sobrecarga térmica;

 61
• Compensação de tapes para ajuste dos enrolamentos e
compensação do grupo de conexão do transformador,
que corrige a diferença de corrente entre o primário e
secundário dos transformadores;
• Restrição por harmônicas, contra saturação dos
transformadores de corrente e de corrente de
magnetização;
• Filtro de sequência zero.

3. Curvas de temporização

É importante conhecer as características das curvas de temporização


dos relés digitais para promover a devida parametrização das suas
aplicações. Essas curvas de tempo em relação à corrente permitem
especificar o relé para o esquema de proteção desejado ou de acordo
com sua funcionalidade, conforme abaixo:
• Relés de tempo curto atuam rapidamente e impedem danos nos
equipamentos;

• Relés de tempo longo não operam imediatamente na eminência


de uma intensa sobrecarga ou sobrecorrente;

• Relés de tempo moderadamente inverso atuam de forma


constante sobre as sobrecorrentes de valores elevados;

• Relés de tempo inverso ou muito inverso operam rapidamente


sobre altos valores de corrente de falha.

A Figura 20 apresenta as premissas que devem ser analisadas nos relés


de acordo com sua temporização, sendo:
• Relés de temporização muito inversa atuam em sistemas
elétricos com corrente de curto-circuito que depende do ponto
onde ocorreu a falha e varia pouco em relação à capacidade da
fonte de geração de energia elétrica;

62
62
• Relés de temporização inversa são aplicados em sistemas elétricos
em que a corrente de curto-circuito depende da capacidade da
fonte de geração de energia elétrica;

• Relés de temporização extremamente inversa são usados em


sistemas de distribuição onde ocorrem elevadas correntes
transitórias, ou seja, com cargas indutivas pequenas;

• Relés de temporização inversa longa atuam em partidas de


grandes motores de indução ou sistemas com sobrecarga
moderada, eliminando a atuação do disjuntor em
sobrecargas elevadas.

Figura 20 – Curvas de temporização de acionamento de relés

Fonte: MAMEDE FILHO, 2011.

 63
4. Norma ANSI (American National Standards
Institute)

Nesse instante, considerando os diferentes tipos de relés e os vários


fabricantes desse dispositivo, você já deve ter imaginado que existe uma
padronização que codifica as diferentes funções dos dispositivos de
proteção, comando e sinalização de sistemas elétricos. É a norma ANSI/
IEC 61.850 (IEC, 2013), que padroniza essa codificação internacionalmente
para os fabricantes, projetistas e montadores de circuitos elétricos.

A ANSI tem acesso imediato aos processos de desenvolvimento de


normas ISO (International Organization for Standardization) e IEC
(International Electrotechnical Commission). O ANSI participa de quase
todo o programa técnico da ISO e da IEC e administra muitos comitês e
subgrupos importantes dessas organizações.

Figura 21 – Site com informações, história e divisões da ANSI

Fonte: ANSI, 2019.

De forma padronizada, os relés são caracterizados de acordo com sua


função de proteção e ação de acordo com um código numérico. Um relé
monofunção de sobrecorrente instantâneo, por exemplo, é codificado
pela função de código 27. Já os códigos de função 50 e 51 determinam
em um relé multifunção de sobrecorrente, subtensão e sobretensão.

64
64
Tabela 3 – Exemplo de códigos ANSI e suas denominações de 1 a 20
TABELA ANSI DE PROTEÇÃO
N° Denominação
1 Elemento principal
2 Relé de partida/ fechamento temporizado
3 Relé de verificação ou intertravamento
4 Contator principal
5 Dispositivo de desligamento
6 Disjuntor de partida
7 Relé de taxa de variação
8 Dispositivo de desconexão de controle de energia
9 Dispositivo de reversão
10 Chave de sequência unitária
11 Dispositivo multifunção
12 Dispositivo de sobrevelocidade
13 Dispositivo de rotação síncrona
14 Dispositivo de subvelocidade
15 Dispositivo de ajuste ou comparação de velocidade ou frequência
16 Reservado para futura aplicação
17 Chave de derivação ou descarga
18 Dispositivo de aceleração ou desaceleração
19 Contator de transição partida-marcha
20 Válvula operada eletricamente
Fonte: ANSI, 2019.

Mais alguns exemplos de codificações e suas funções que


complementam a tabela ANSI/IEC 61.850 (IEC, 2013) seguem a seguir:
• 50N – sobrecorrente instantâneo de neutro;
• 51N – sobrecorrente temporizado de neutro (tempo definido ou
curvas inversas);
• 50G – sobrecorrente instantâneo de terra (comumente
chamado 50GS);
• 51G – sobrecorrente temporizado de terra (comumente chamado
51GS e com tempo definido ou curvas inversas);

 65
• 50BF – relé de proteção contra falha de disjuntor (também
chamado de 50/62 BF);
• 51Q – relé de sobrecorrente temporizado de sequência negativa
com tempo definido ou curvas inversas;
• 51V – relé de sobrecorrente com restrição de tensão;
• 51C – relé de sobrecorrente com controle de torque;
• 50 AFD – relé de proteção contra arco voltaico;
• 59Q – relé de sobretensão de sequência negativa;
• 59N – relé de sobretensão residual ou sobretensão de neutro
(também chamado de 64G).

Você pode encontrar diferentes documentos de fabricantes de


dispositivos de proteção e manobra com a lista dos códigos e das
funções-padrão ANSI de 1 a 98 e a sua complementação alfanumérica
de 21B a 87M. Aqui foram apresentados alguns códigos e funções de
exemplo para que você se familiarize com os conceitos.

5. Fontes de tensão auxiliares

Para garantir a operação das funções de proteção dos relés, as


subestações precisam de duas fontes de tensão, uma em corrente
contínua (CC) e outra em corrente alternada (CA). A fonte de
tensão auxiliar mais utilizada é a obtida por banco de baterias que
garantem o fornecimento de energia para abertura e fechamento
das bobinas dos religadores e disjuntores, bem como para
sinalizações dos painéis de controle, dos sistemas de medição e
comunicação e outras funções dos relés.

Podem ser usados, também, grandes capacitores para alimentar a


abertura de disjuntores e religadores, porém, somente com essa
função. Usam-se, ainda, geradores auxiliares de corrente alternada no
caso de necessidade de reparos na subestação. Para ventilação dos

66
66
transformadores, sistemas de aquecimento e iluminação auxiliar, é
possível utilizar transformadores de distribuição, ou transformadores de
serviço auxiliar, que alimentam o barramento secundário da subestação.

PARA SABER MAIS

O livro Proteção de sistemas elétricos de potência (MAMEDE


FILHO; MAMEDE, 2011) traz em suas páginas 10, 11 e
12 tabelas ANSI completas com códigos e funções de
relés de proteção e manobra com informações mais
detalhadas para que você possa complementar seus
conhecimentos desse assunto.

TEORIA EM PRÁTICA

Os motores elétricos são as principais cargas nas indústrias.


Em algumas aplicações de alta potência, é necessário
utilizar motores em média tensão.
Sabendo que, no momento da partida de 4 s, um motor de
1.000 cv/2,2 kV tem uma tensão de 12.320 V, determine os
ajustes das unidades de sobrecorrente de fase e neutro e
das unidades instantâneas de fase e neutro do relé UPR
1439 da Pextron, considerando o tempo mínimo de atuação
de 0,50 s dos relés para corrente de falha e efeito de
coordenação. O transformador de potencial utilizado nessa
aplicação é o RTP de 13.800–115 V:120.

 67
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. Os relés são dispositivos amplamente utilizados em
sistemas de controle para proteção das instalações
elétricas de potência, uma vez que fornecem o isolamento
do circuito elétrico submetido a uma falha. Quais são os
requisitos básicos para a aplicação dos relés?
a. Atuar nos circuitos elétricos sob efeito de
sobretensão e sobrecorrente e promover a
separação galvânica desse circuito.

b. Seccionar o circuito elétrico submetido à falha


elétrica e gerar alarme no sistema de controle.

c. Oferecer confiabilidade, seletividade, velocidade de


operação, simplicidade e economia.

d. Proteger subestação com capacidade superior a


300kVA, atuar no disjuntor e prover separação
galvânica do sistema elétrico.

e. Ter interface mais amigável com o usuário,


possibilitar acesso remoto e prover armazenamento
das informações do sistema elétrico.

2. Os relés digitais, além de proteção, são capazes de


armazenar informações de forma integrada a um
computador com um programa operacional que remete
ordens para disjuntores ou chaves de abertura do circuito
elétrico de forma inteligente. Qual das alternativas não
descreve uma vantagem na utilização de relés digitais?
a. Baixo consumo de energia e interface de comunicação
serial com outros dispositivos e conexão a sistemas
computacionais e supervisórios.

68
68
b. Controle remoto de diferentes partes do
sistema elétrico e diagnóstico de falha devido ao
armazenamento de informações de eventos no
sistema elétrico.

c. Ocupa um pequeno espaço físico nas instalações


elétricas, permite parametrização em estado de
operação e ajuste operacional remoto.

d. Tem um sistema de autossupervisão altamente


confiável e possibilidade de definição de senhas de
operação para usuários.

e. Tem preço acessível e capacidade de atuar sem


fonte de alimentação externa.

3. Para garantir a operação das funções de proteção


dos relés, as subestações precisam de duas fontes
de tensão, uma em corrente contínua (CC) e outra
em corrente alternada (CA). Qual a fonte de tensão
auxiliar mais utilizada?
a. Fonte com grandes capacitores para alimentar a
abertura de disjuntores e religadores.

b. Fonte por banco de baterias para garantir o


fornecimento de energia para abertura e fechamento
das bobinas dos religadores e disjuntores.

c. Fontes de geradores auxiliares de corrente alternada


para reparos na subestação.

d. Transformadores de serviço auxiliar que alimentam o


barramento secundário da subestação.

e. Não é necessário usar fontes auxiliares, pois o sistema


elétrico tem diferentes fontes geradoras de energia.

 69
Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5.410: Instalações


elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
. NBR 5.419: Proteção contra descargas atmosféricas: Parte 1: Princípios
gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
. NBR 14.039: instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV.
Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
INTERNATIONAL ELETROTECHNICAL COMMISSION – IEC. 60850. TC 57 – Power
systems management and associated information exchange. IEC, 2013. ICS 33.200.
Disponível em: https://www.iec.ch/. Acesso em: 10 jul. 2019.
MAGALHÃES, F. L. S.; SILVA, B. A. C.; NAZARETH, P. R. P. Proteção, controle e
automação de subestação com uso da norma IEC61850. Revista Acadêmica
Multidisciplinar – MULTICES, Minas Gerais: CES-CL, ano 3, n. 3, 2015.
MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011
MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência.
Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2011.
SOUZA, R. C.; CALILI, R. F.; VIEIRA, R. S.; TEIXEIRA, R. S. D. Pesquisa mercadológica
sobre motores recondicionados. 2019. Disponível em: https://www.procobre.
org/pt/publicacion/pesquisa-mercadologica-sobre-motores-recondicionados/.
Acesso em: 18 fev. 2019.

Gabarito

Questão 1 – Resposta C
Os cinco requisitos básicos para a aplicação do relé são:
• Confiabilidade: garantia de que a proteção funcionará
corretamente.
• Seletividade: continuidade máxima do serviço com desconexão
mínima do sistema.
• Velocidade de operação: duração mínima da falta e consequente
dano do equipamento e instabilidade do sistema.

70
70
• Simplicidade: mínimo de dispositivos ou circuitos de proteção
para atingir os objetivos de proteção.

• Economia: proteção máxima a um custo total mínimo.

Questão 2 – Resposta E

As principais vantagens na utilização de relés digitais são:


• Baixo consumo de energia e interface de comunicação serial
com outros dispositivos;
• Conexão com sistemas computacionais e supervisórios;
• Controle remoto de diferentes partes do sistema elétrico;
• Diagnóstico de falha devido ao armazenamento de informações
de eventos no sistema elétrico;
• Ocupa um pequeno espaço físico nas instalações elétricas;
• Permite parametrização em estado de operação;
• Ajuste operacional remoto;
• Sistemas de autossupervisão altamente confiável;
• Possibilidade de definição de senhas de operação para usuários.

O preço acessível e a capacidade de poder operar sem a


necessidade de uma fonte externa são as vantagens dos relés
primários, eletromecânicos.

Questão 3 – Resposta B

A fonte de tensão auxiliar mais utilizada nos projetos de proteção é a


fonte por banco de baterias, para garantir o fornecimento de energia
para abertura e fechamento das bobinas dos religadores e disjuntores,
sistema de sinalização, acionamento dos motores dos disjuntores,
religadores e chaves seccionadoras motorizadas, iluminação
de emergência, sistema de medição, sistema de comunicação,
alimentação dos relés de proteção, entre outras funções.

 71
Esquemas de proteção e
diagramas elétricos
Autor: Heverton Bacca Sanches

Objetivos

Buscando compreender as práticas que você deve


observar na execução dos projetos elétricos e o
devido dimensionamento das proteções contra
choques elétricos, você estudará:
• Como elaborar um esquema de proteção;

• Tipos de esquemas e as proteções


relacionadas a eles;

• O projeto elétrico, suas peculiaridades e os tipos


de diagramas elétricos utilizados.

72
72
1. Implementação de um esquema de proteção

A implementação de um esquema de proteção determina o


desenvolvimento de uma estratégia de proteção para a instalação
elétrica que você deseja projetar. A partir dessa estratégia, você
deve selecionar os dispositivos de atuação, determinando os valores
de ajuste desses dispositivos. Você deve atentar para que esses
dispositivos e seus ajustes respondam adequadamente às faltas que
possam ocorrer nessa instalação elétrica.

Uma das proteções mais importantes e que levam às regras da


NBR 5.410 (ABNT, 2004) é a proteção de componentes, dispositivos,
equipamentos, instalações e produtos contra choques elétricos.
A norma determina que partes submetidas a tensão elétrica
(partes vivas), portanto perigosas, não podem ser acessadas. As
partes condutivas que são acessíveis, por exemplo, os invólucros
metálicos, também conhecidos como massas, dos componentes e
equipamentos não podem oferecer perigo de choque elétrico no
caso da ocorrência de uma falha.

As proteções adotadas contra choques elétricos são divindades em


duas partes, sendo:
• Proteção básica que garante a proteção em condições
normais de funcionamento dos componentes, dispositivos,
equipamentos, instalações e produtos;

• Proteção supletiva que proporciona a proteção em caso de


falha da proteção básica.

A proteção básica em conjunto com a proteção supletiva sugerida na


norma prevê ainda a subdivisão das proteções em quatro classes,
conforme apresentado na Tabela 4, classes 0, I, II e III. Essas classes
são aplicadas tanto em equipamentos elétricos como componentes ou
projetos construtivos de instalações.

 73
Tabela 4 – Classes de proteção básica e supletiva contra choques
elétricos em instalações elétricas e equipamentos

Classes (equipamentos/
Proteção básica Proteção supletiva
componentes)

Ambiente (locais
não condutores)
Classe 0 Isolação básica
Separação elétrica (um único
equipamento alimentado)

Equipotencialização de
Classe I Isolação básica proteção e seccionamento
automático da alimentação

Isolação básica Isolação suplementar’


Classe II
Isolação reforçada ou disposições construtivas equivalentes

Separação de proteção
Classe III Limitação da tensão de outros circuitos e
separação básica da terra.

Fonte: adaptado de Souza e Moreno (2001).

É sempre importante lembrar a necessidade de equipotencialização


das instalações elétricas como medida de proteção. A utilização de um
condutor ligado à terra, em todas as massas da instalação elétrica, ou
seja, todos os circuitos elétricos, garante essa equipotencialização.

Você deve considerar três pontos para a implementação de um


esquema de proteção para uma instalação elétrica:
• A seletividade, que é a ação em que a proteção separa uma
parte danificada do circuito elétrico, evitando que esta afete os
demais circuitos elétricos;

• A exatidão e segurança, que garante a confiabilidade de operação


do sistema elétrico;

• A sensibilidade, que é a escolha da faixa em que o dispositivo de


proteção deve atuar.

74
74
Para você assegurar a sistematização do sistema de proteção, é
importante ter uma visão geral dos circuitos elétricos que compõem
a instalação a ser projetada. Essa coordenação evita a interrupção
desnecessária dos diferentes circuitos elétricos da instalação. Um
sistema de proteção é considerado adequado quando atua na faixa de
limitações de corrente, tensão, frequência e tempo dos equipamentos e
materiais que compõem a instalação elétrica que se pretende proteger.
O dispositivo de proteção deve ser o limite da capacidade de um circuito
elétrico, mesmo que esse limite seja inferior à capacidade nominal dos
condutores, equipamentos ou demais materiais da instalação elétrica.

As instalações elétricas são um conjunto de componentes elétricos,


associados e coordenados entre si, que tem como função prover
continuamente energia elétrica. Conforme descrito na NBR 5.410
(ABNT 2004), essas instalações podem ser classificadas em:
• Baixa tensão (BT), com tensão nominal menor que 1.000 V em
corrente alternada (CA) ou 1.500 V em corrente contínua (CC);

• Alta tensão (AT), com tensão nominal maior que 1.000 V em CA e


1.500 V em CC.

A NBR 5.410 (ABNT 2004) descreve, também, os principais esquemas


de alimentação das instalações de baixa tensão em CA, ilustrados na
Figura 22, que são:
• Monofásico a 2 condutores (fase-neutro ou fase-fase) e 3
condutores (2 fases-neutro);

• Bifásico a 3 condutores (2 fases-neutro);

• Trifásico a 3 condutores (3 fase) e 4 condutores (3 fases-neutro).

E em corrente contínua (CC):


• 2 condutores;

• 3 condutores.

 75
Figura 22 – Esquemas de condutores de alimentações em instalações
elétricas de BT

Sistema CA

L L1
Trifásico
Monofásico a 2
a 3 ou 4
condutores
condutores
N N

L2
L1 L3
Trifásico
Monofásico a 2 L1
a 3 ou 4
condutores
condutores
L2
L2
N
L1 L3
Monofásico a 3
N
condutores
L2 Sistemas CC N

L+
L1
2 condutores

L–
Bifásico a
3 condutores N L+

3 condutores M

L2 L–

Fonte: adaptado de Souza e Moreno (2001).

É importante você saber ainda que uma instalação elétrica de baixa


tensão pode ser alimentada diretamente no sistema elétrico de baixa
tensão da rede pública da concessionária ou por um transformador
exclusivo, também, da concessionária. Em alta tensão, a instalação
pode ser alimentada por uma subestação de transformação do
usuário, casos que ocorrem normalmente em instalações industriais
de médio e grande porte.

Você deve dividir a instalação elétrica em diferentes circuitos elétricos,


de acordo com suas necessidades, conforme prescreve a NBR 5.410
(ABNT, 2004). Assim, cada um desses circuitos deve ser configurado de
forma a limitar as consequências que a falta elétrica em um circuito

76
76
pode causar aos outros circuitos da mesma instalação elétrica. Essa
divisão em circuitos permite à instalação elétrica a fácil verificação,
ensaio, manutenções e possíveis apliações sem afetar outras partes
da instalação elétrica.

ASSIMILE
Uma falta elétrica é um contato ou arco acidental entre
partes vivas com potenciais diferentes de um circuito ou
equipamento elétrico que ocorrem, normalmente, por
falhas de isolamento.
Quando você deve usar os termos falta, falha ou defeito?
Uma falha significa que o dispositivo não pode
desempenhar sua função. Um defeito é a alteração
física de um componete que prejudica sua segurança e
funcionamento. Normalmente, um defeito gera uma falha
e, como consequência, uma falta.

A norma NBR 5.410 (ABNT, 2004) determina que os circuitos


terminais, que são ligados diretamente aos equipamentos ou
tomadas de utilização e corrente, sejam individualizados pela sua
função, assim, os circuitos são divididos em categorias de acordo com
o seu tamanho e tipo em:
• Circuitos de iluminação;

• Circuitos de tomada de corrente de uso geral e específico;

• Circuitos para equipamentos de condicionamento ambiental, ou


seja, refrigeração e aquecimento ambiental;

• Circuitos para motores elétricos;

• Circuitos auxiliares de comando e sinalização.

 77
Figura 23 – Detalhe de um quadro de distribuição elétrica

Fonte: Evening_T/iStock.com.

2. Tipo de esquemas e suas proteções


Se considerarmos somente os sistemas elétricos em corrente alternada
(CA), a carga e o tipo de instalação, temos os esquemas de instalação
apresentados no capítulo anterior, ou seja, sistema monofásico a dois
e três condutores e trifásico a três, quatro e cinco condutores. De fato,
esses esquemas são obtidos pela conexão do circuito em estrela com o
ponto neutro aterrado nas seguintes configurações:
• Quatro condutores: 220 Y/127 V; 380 Y/220 V; 440 Y/254 V;
208 Y/120 V.
• Três condutores: 440 V; 380 V; 220 V.
• Dois condutores: 127 V; 220 V.

Para classificar os circuitos de acordo com o sistema de aterramento das


instalações, a NBR 5.410 (ABNT, 2004) utiliza as letras T, I e N, e as letras
eventuais S e C. Sendo que:
• T como primeira letra indica um ponto diretamente aterrado
(alimentação em relação à terra). Como segunda letra, massas
diretamente aterradas (massas em relação à terra);

78
78
• I como primeira letra indica a isolação das partes vivas para
a terra ou o aterramento por meio de uma impedância
(alimentação em relação à terra);

• N como segunda letra indica massas ligadas diretamente ao


ponto de alimentação e o ponto de aterramento o ponto neutro
(massas em relação à terra);

• S indica funções de neutro e de proteção asseguradas por


condutores distintos;

• C indica funções de neutro e de proteção combinadas em um


único condutor.

Um exemplo de classificação de circuitos é o sistema de aterramento TN,


com os tipos TN-S, em que o condutor neutro e o condutor de proteção
são diferentes, o TN-C, em que as funções de neutro e de proteção são
combinadas em um condutor em todo o sistema, e TN-C-S, em que
as funções de neutro e de proteção são combinadas em um condutor
em uma parte do sistema, conforme ilustrado na Figura 24. O sistema
TN indica um ponto diretamente aterrado e as massas ligadas a este
mesmo ponto por meio de condutores de proteção.

Figura 24 – Esquema de ligação TN-C-S

Fonte: adaptado de Mamede Filho (2011).

 79
No sistema TT, a conexão de alimentação da instalação elétrica
é diretamente aterrada e os invólucros metálicos (massas) dos
equipamentos são conectados a eletrodos independentes da
alimentação, conforme você pode ver na Figura 25. Já o sistema IT é o
que não tem o ponto de alimentação diretamente aterrado.

Figura 25 – Esquema de ligação TT com massas ligadas em um terra


único (a) ou massas lidas em terras distintos (b)

Fonte: adaptado de Mamede Filho (2011).

O seccionamento automático de uma instalação leva em consideração


seu esquema, ou seja, TT, TT e TN, e IT, podendo ser realizado pelo uso
de dispositivo DR ou dispositivo a sobrecorrente. No esquema TT, se
o condutor neutro não é distribuído, você não precisa proteger uma
das fases, porém, deve utilizar uma proteção diferencial antes do início
dessa distribuição, ou outra proteção que faça o seccionamento de
todas as fases do circuito.

No esquema TT e TN, não é necessário proteger contra sobrecorrente o


condutor neutro se esse tiver uma seção maior ou igual à do condutor
de fase. No entanto, se a seção do condutor neutro for inferior, você
deve usar uma proteção de sobrecorrente no neutro também.

Não é aconselhada a distribuição do condutor neutro no esquema IT,


porém, se a distribuição acontecer, você deve utilizar uma proteção de
sobrecorrente para seccionar todos os condutores de fase e, inclusive, o
condutor de neutro.

80
80
Sempre que existir a possibilidade de choque elétrico por contato
indireto, é importantíssimo equipotencializar e seccionar os circuitos
elétricos para evitar que um indivíduo seja submetido a tensões de
contato limite maior do que o admitido para a segurança e saúde desse
indivíduo. Para corrente alternada (CA), a tensão de contato limite no
esquema TN-S, definida na Equação 6, é de 50 V para condições de pele
úmida, 25 V para pés molhados e 12 V se estiver submerso em água. Se
for corrente contínua, as tensões são respectivamente, 120 V, 60 V e
30 V, nas mesmas condições apresentadas para CA.

Eq. 6

Onde:

Vfn é a tensão nominal entre fase e terra ou fase e neutro;

Zp é a impedância do condutor de proteção;

ZS é a impedância equivalente do secundário do transformador, dos


condutores de fase e do condutor de proteção.

No esquema TT, a conexão de alimentação da instalação elétrica,


que frequentemente é o transformador de entrada, é aterrada, e
os invólucros metálicos dos equipamentos (massas) são ligados por
eletrodos de aterramento individuais, o que leva à Equação 7 para
tensão de contato limite.

Eq. 7

Onde:

Rte é a resistência de terra do início da instalação elétrica;

Ram é a resistência de aterramento das massas.

 81
3. Projeto elétrico e seus diagramas

Um projeto elétrico deve levar em conta o dimensionamento dos


materiais e equipamentos elétricos e, nesse sentido, o projetista
estabelecerá a estratégia de proteção e coordenação dos dispositivos
que evitarão que a instalação elétrica sofra falta de energia elétrica.
Outro fator importante para o desenvolvimento de bons projetos é
a observação da norma de segurança em instalações e serviços em
eletricidade, a NR10 (BRASIL, 2016).

Você pode adotar a seguinte lógica ou metodologia para conceber um


projeto elétrico:
1. Conhecendo a planta baixa do estabelecimento e a localização das
máquinas e equipamentos, divida a carga em blocos ou setores
de carga que corresponderão a quadros de distribuição com
alimentação, comando e proteção individualizados.

2. Aloque os quadros de distribuição próximos de onde se


encontram suas principais cargas, se não for possível, disponha-os
o mais próximo do quadro geral de força (QGF), das redes ou dos
principais condutores de distribuição de energia elétrica, sempre
em ambientes bem iluminados e com fácil acesso, porém, longe
de ambientes úmidos, corrosivos, explosivos e quentes.

3. Utilize bandejas, prateleiras, escadas para cabos, eletrocalhas,


eletrodutos e canaletas para transportar os condutores dos
circuitos terminais.

Os quadros de distribuição devem considerar as condições ambientais


a que serão submetidos, ou seja, devem resistir a temperatura, altitude,
raios solares, corrosão, vibração, umidade, entre outras condições a
que possa estar submetido. Na NBR 5.410 (ABNT, 2004), existe toda
uma codificação específica para a classificação ambiental dos quadros
elétricos, sendo três categorias gerais indicadas pelas seguintes letras:

82
82
A – meio ambiente;
B – utilização;
C – construção de prédios.

Outro termo bastante utilizado é o grau de proteção dos invólucros,


derivada da norma IEC 60529 – “Degrees od protection provided by
enclosures (IP code)” (IEC, 2013). Da NBR 5.410 (ABNT, 2004), podemos
apresentar a Tabela 5 para exemplificar os graus de proteção IP exigidos
para presença de água e presença de corpos sólidos, por exemplo.

Tabela 5 – Influências externas de presença de água, AD, e presença de


corpos sólidos, AE, para definição do grau de proteção IP

Código Influência externa Grau de proteção


AD Presença de água
AD1 Desprezível IPX0
AD2 Quedas de gotas de água IPX1 ou IPX2
AD3 Aspersão de água IPX3
AD4 Projeções de água IPX4
AD5 Jatos de água sob pressão IPX5
AD6 Vagas IPX6
AD7 Imersão (≤ 1 m) IPX7
AD8 Submersão (> 1 m) IPX8

AE Presença de corpos sólidos


AE1 Desprezível IP0X, IP1X ou IP2X
AE2 Objetos pequenos (≤ 2,5 mm) IP3X
AE3 Objetos muito pequenos (≤ 1 mm) IP4X
AE4 Poeira IP5X ou IP6X
Fonte: adaptado de Souza e Moreno (2001).

Para a elaboração do projeto, você deve considerar mais alguns fatores,


como a demanda máxima e a carga total do sistema, a perda de
potência na demanda média e na demanda máxima e a simultaneidade

 83
da carga, ou seja, quando o máximo de cargas é acionado ao mesmo
tempo. Essas informações são adquiridas em função das características
da carga e da operação industrial, podendo ser observadas pelas
informações declaradas pelo fabricante do equipamento ou com a
utilização de equipamento de medição e aquisição de dados de energia
elétrica por um período de tempo.

Conhecendo as características da carga elétrica e as condições


operacionais, é possível seguir as seguintes etapas da concepção do
projeto da instalação elétrica:

• Planejamento, que constitui o conhecimento dos dados técnicos


de máquinas e equipamento, bem como as características de
fornecimento de energia elétrica e normas estabelecidas pela
concessionária local;

• Projeto luminotécnico para os diferentes ambientes;

• Configuração dos condutores segundo as definições da NBR 5.410


(ABNT, 2004);

• Cálculo e correção do fator de potência;

• Definição das correntes de curto-circuito e os dispositivos


de proteção;

• Observação das cargas de circuitos terminais com motores


elétricos e suas peculiaridades normativas;

• Determinação do sistema de aterramento;

• Construção do diagrama unifilar com os dispositivos da instalação


industrial, exemplificado na Figura 26;

• Memorial descritivo com as informações do projeto, especificação


de materiais, cálculos, orçamento, entre outras informações
necessárias para o bom entendimento do projeto.

84
84
Uma vez definidas as características do projeto de instalação elétrica,
você deve representá-lo adotando uma simbologia padrão que
identifique os materiais, equipamentos ou dispositivos desse projeto.
Para isso, existem normas nacionais e internacionais, porém, é
importante adotar uma única simbologia quando for representar o
projeto elétrico.

Uma símbologia utilizada em projeto é a NBR 5.444 (ABNT, 1989),


porém, temos diferentes normas, como a IEC-60617 (IEC, 2012) e a NBR
12.519 (ABNT, 1992a), NBR 12.522 (ABNT, 1992b) e NBR 12.523 (ABNT,
1992c). A utilização de softwares de projeto elétrico, apesar de baseada
nas normas, descreve os materiais, equipamentos e dispositivos
de diferentes formas. Exemplos de diagramas elétricos e suas
representações foram apresentados nas Figuras 24 e 25, já um exemplo
de diagrama unifilar é apresentado na Figura 26.

Figura 26 – Exemplo de um diagrama elétrico unifilar ou


esquema elétrico unifilar

Fonte: elaborado pelo autor.

 85
Diferente do diagrama unifilar que representa o circuito elétrico de
maneira simples e objetiva com os condutores representados por um
único traço, você pode representar o projeto de instalação elétrica
como um esquema elétrico multifilar ou diagrama elétrico multifilar,
conforme exemplificado na Figura 27. Você pode representar, ainda, o
seu projeto por meio de um esquema funcional, que é a representação
da sequência de ligação entre os componentes do circuito elétrico, o
que facilita a interpretação do projeto elétrico para a instalação, ou
mesmo para a manutenção.

Figura 27 – Exemplo de um diagrama elétrico multifilar ou


esquema elétrico multifilar

Fonte: elaborado pelo autor.

86
86
PARA SABER MAIS
O livro Instalações elétricas industriais (MAMEDE
FILHO, 2011) traz no capítulo 1 informações
complementares sobre as normas, simbologias,
definições, estratégias e detalhes sobre a concepção de
projetos elétricos e suas representações.

TEORIA EM PRÁTICA
Para que uma pessoa esteja protegida contra choques
elétricos quando acessar e tocar a superfície de
equipamentos com invólucros metálicos (massas), devemos
evitar que ela esteja submetida a tensões superiores a de
contato limite, que depende das características ambientais
do local que o equipamento elétrico está instalado.
Sabendo que você tem um quadro geral de força,
trifásico, com tensão entre fases de 380 V e resistência de
aterramento no ponto de alimentação de 15 Ω, sem resistor
de aterramento entre neutro e terra do transformado, e
que o aterramento é de 3 Ω, calcule a tensão de contato a
que uma pessoa ficaria submetida.

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. Para a elaboração de um esquema de proteção,


você deve utilizar práticas que determinem o
dimensionamento correto dos equipamentos de

 87
proteção. Quais práticas descritas nos itens abaixo
correspondem à elaboração de um esquema
de proteção?

a. Desenvolver uma estratégia de proteção e, a


partir dessa estratégia, selecionar os dispositivos
de atuação, determinando os valores de ajuste
desses dispositivos.

b. Seccionar o circuito elétrico submetido à falha elétrica


e gerar alarme no sistema de controle.

c. Atuar nos circuitos elétricos sob efeito de


sobretensão e sobrecorrente e promover a
separação galvânica desse circuito.

d. Proteger subestação com capacidade superior a


300 kVA, atuar no disjuntor e prover separação
galvânica do sistema elétrico.

e. Oferecer confiabilidade, seletividade, velocidade de


operação, simplicidade e economia.

2. A proteção de produtos e instalações contra choques


elétricos determina a adoção de uma proteção básica e
uma proteção complementar. Além dessas proteções, o
que mais a NBR 5.410 (ABNT, 2004) sugere para proteger
equipamentos elétricos como componentes ou projetos
construtivos de instalações?

a. Sugere que partes vivas perigosas não podem ser


acessadas e partes condutivas que são acessíveis
(massas) podem oferecer perigo de choque elétrico no
caso da ocorrência de uma falha.

88
88
b. Sugere uma proteção básica que assegura a proteção
em caso de falha da proteção.

c. Sugere uma proteção supletiva para qualquer evento.

d. Sugere a divisão das proteções em três classes, sendo,


I, II e III.

e. Sugere a divisão das proteções em quatro classes,


sendo, 0, I, II e III.

3. Definidas as características do projeto elétrico, você deve


representá-lo adotando uma simbologia padrão que
identifique os materiais, equipamentos ou dispositivos
desse projeto. Além do diagrama elétrico unifilar, quais
outras representações gráficas ou esquemáticas são
utilizadas para representar as instalações elétricas?
a. O projeto pode ser representado como um esquema
elétrico multifilar ou diagrama elétrico multifilar.

b. Por um memorial descritivo com as informações


do projeto.

c. Utilizando um multimedidor de energia e seus dados


coletados.

d. Por uma planta baixa do estabelecimento e a


localização das máquinas e equipamentos dividida
em setores de carga.

e. Não são necessárias representações gráficas para


um projeto elétrico.

 89
Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5.410: instalações


elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
. NBR 5.444: símbolos gráficos para instalações elétricas prediais.
Rio de Janeiro: ABNT, 1989.
. NBR 12.519: símbolos gráficos de elementos de símbolos, símbolos
qualificativos e outros símbolos de aplicação geral: simbologia. Rio de Janeiro:
ABNT, 1992a.
. NBR 12.522: símbolos gráficos de produção e conversão de energia elétrica:
simbologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1992b.
. NBR 12.523: símbolos gráficos de equipamentos de manobra e controle e de
dispositivos de proteção: simbologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1992c.
BRASIL. Portaria MTPS nº 508, de 29 de abril de 2016. NR 10 – Segurança em
instalações e serviços em eletricidade. Disponível em: http://trabalho.gov.br/
images/Documentos/SST/NR/NR10.pdf. Acesso em: 26 fev. 2019.
CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION – IEC. IEC 60529. TC 70 –
Degrees of protection provided by enclosures. 2013. ICS 01.080.10. Disponível em:
https://webstore.iec.ch/publication/64427. Acesso em: 10 jul. 2019.
INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION – IEC. IEC 60617. TC 3
– Information strutures and elements, identification and marking priciples,
documentation and grafical symbols. IEC, 2012. ICS 12.260/29.020. Disponível em:
https://webstore.iec.ch/publication/2723. Acesso em: 10 jul. 2019.
MAMEDE FILHO J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência.
Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2011.
SOUZA, J. R. A. de; MORENO, H. Guia EM da NBR 5410. Revista Eletricidade
Moderna. 1. ed. São Paulo, 2001.

Gabarito

Questão 1 – Resposta A
Para elaborar um esquema de proteção para uma instalação
elétrica, você deve desenvolver uma estratégia de proteção. A
partir dessa estratégia, você deve selecionar os dispositivos de

90
90
atuação, determinando os valores de ajuste desses dispositivos.
Os itens B, C e D descrevem ações dos dispositivos de proteção
para as instalações elétricas, e o item E, as características do relé
digital, um dispositivo de proteção.

Questão 2 – Resposta E
A proteção básica em conjunto com a proteção supletiva
sugerida na norma prevê ainda a divisão das proteções em
quatro classes, sendo, 0, I, II e III. Essas classes são aplicadas
tanto em equipamentos elétricos como componentes ou
projetos construtivos de instalações. As alternativas A e B estão
erradas, pois a primeira proteção contra choques elétricos
garante uma proteção básica que assegura proteção em
condições normais, e a segunda, uma proteção supletiva que
assegura a proteção em caso de falha da proteção básica. A
alternativa E está errada, pois são quatro classes.

Questão 3 – Resposta A
Além do diagrama unifilar que representa o circuito elétrico de
maneira simples e objetiva com os condutores representados por
um único traço, você pode representar o projeto de instalação
elétrica como um esquema elétrico multifilar ou diagrama
elétrico multifilar. Você pode representar, ainda, o seu projeto
por meio de um esquema funcional, que é a representação da
sequência de ligação entre os componentes do circuito elétrico, o
que facilita a interpretação do projeto elétrico para a instalação,
ou mesmo para a manutenção.

 91
Desempenho das instalações
elétricas e suas proteções
Autor: Heverton Bacca Sanches

Objetivos

O desempenho e a qualidade das instalações elétricas


levam à melhoria do consumo e dos custos da energia
elétrica, por isso é importante você entender:
• Os parâmetros de qualidade de energia e seus
agentes fiscalizadores;

• As interrupções mais comuns nos sistemas elétricos;

• A eficiência energética nas instalações elétricas


industriais, residenciais e comerciais;

• A importância dos dados de consumo e as medições


de energia elétrica.

92
92
1. Qualidade de energia e seus agentes

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é a autarquia vinculada


ao Ministério de Minas e Energia do Brasil responsável pela regulação,
fiscalização, pelo estabelecimento de tarifas, pela implementação de
políticas e regras para exploração de energia elétrica e órgão conciliador
entre os interesses dos agentes relacionados a transmissão, distribuição
e comercialização de energia elétrica e o consumidor.

A Aneel define, como órgão regulador do setor elétrico, os padrões de


qualidade do atendimento e de segurança para utilização e exploração
dos serviços de energia elétrica. A agência observa a viabilidade
técnica, econômica e ambiental dos serviços de geração, transmissão,
distribuição e comercialização de serviços de energia elétrica,
promovendo o uso mais eficaz e eficiente da energia elétrica.

A qualidade da transmissão de energia elétrica é medida pela Aneel


utilizando indicadores associados à disponibilidade do sistema de
transmissão. Esses indicadores são definidos na resolução normativa
de número 726 (ANEEL, 2016), que estabelece as regras que definem
a qualidade de transmissão de energia elétrica relacionadas à
disponibilidade e à capacidade de operação das instalações dos
agentes de energia elétrica.

Se a transmissora de energia elétrica não presta serviços adequados,


ela tem uma parcela variável (PV) da sua receita deduzida. Em
contrapartida, se a transmissora tem um ótimo desempenho em relação
aos parâmetros de qualidade definidos na resolução normativa, ela tem
um valor adicionado à sua receita anual relacionado aos recursos que
vieram da parcela variável deduzida das transmissoras.

Os agentes de energia elétrica como concessionárias, permissionária


e autorizadas em operação no Brasil têm seus serviços de geração,
serviços de eletricidade e parâmetros econômicos-financeiros

 93
fiscalizados pela Aneel, conforme a divisão de superintendências
ilustrada na Figura 28. Os fiscais instruem esses agentes em relação
ao cumprimento de suas obrigações contratuais e regulamentares,
podendo, no descumprimento das normas e leis do setor elétrico, punir
esses agentes com advertências, multas e até a cassação da concessão.

Figura 28 – As superintendências que fiscalizam o setor elétrico brasileiro

Fonte: aurielaki/iStock.com.

2. As interrupções dos sistemas elétricos


Curtos-circuitos e sobrecargas, respectivamente, correspondem às
principais e mais graves falhas recorrentes nos sistemas elétricos de
potência. Observar essas falhas e atuar imediatamente evitando a
interrupção de todo o sistema elétrico, ou mesmo diminuindo o tempo
para restabelecimento desse sistema, é importantíssimo para melhorar
os índices de qualidade dos agentes de energia elétrica.

94
94
Os geradores, os distribuidores e as concessionária de energia
elétrica, devido à rígida fiscalização da Aneel, devem acompanhar
e avaliar atentamente todas as interrupções dos seus sistemas
elétricos. O máximo de dados obtidos dos eventos dos sistemas
elétricos deve ser usado na orientação do planejamento e da
estratégia operacional desse sistema na busca da melhoria da
qualidade do fornecimento de energia elétrica.

As condições climáticas são os principais agentes de interrupção no


sistema elétrico, portanto, as interrupções variam de região para
região e de acordo com a estação do ano. Os principais dados das
interrupções dos sistemas de geração, transmissão e distribuição do
Brasil podem ser divididos pela origem, causa e duração (MAMEDE
FILHO; MAMEDE, 2011), sendo:
• 68% da origem das interrupções acontece nas linhas de
transmissão, 10% na rede de transmissão e 7% na subestação;

• 48% das causas das interrupções acontecem por fenômenos


naturais, 12% por falhas em materiais e equipamentos e 9% por
falhas humanas.

• 57% das interrupções duram entre 1 e 3 minutos. 21% duram


entre 3 e 15 minutos.

Controlar os dados das interrupções é importantíssimo para evitar os


custos causados pelas mesmas. Esses custos podem ser divididos em
dois tipos:
• Financeiros, que determinam a perda de faturamento da
concessionária de energia;

• Social, que causam custos ao cliente, ou seja, perda de


faturamento para o cliente comercial ou industrial, por
exemplo. Ou mesmo deterioramento da imagem da
concessionária junto aos clientes.

 95
Analisando as interrupções pelo prisma dos custos, a indústria
tem os maiores custos nos primeiros minutos, uma vez que essas
interrupções causam perdas de produção com produtos danificados
e também pela dificuldade de recuperar o ritmo de produção.
Esse custo, para a indústria, tem maior impacto para interrupções
ocorridas entre o meio-dia e às 16h, uma vez que desaceleram o
ritmo de produção.

3. A eficiência energética (EE)

Investir em eficiência energética, no Brasil, pode ser mais interessante


do que investir em novas fontes de geração de energia. Segundo o
Relatório resultados do Procel (ELETROBRAS; PROCEL, 2017), a economia
de energia, em 2017, foi de 21,2 bilhões de kWh, o que equivale à
emissão de 1,965 milhão tCO2, ou ainda, as emissões de 675 mil
veículos durante 12 meses. Essa energia corresponde, ainda, a uma
usina hidrelétrica com capacidade de geração de 5.084 MW, ou ao
consumo anual de 11,25 milhões de residências.

O setor industrial é o maior responsável pelo consumo de energia,


portanto, ele apresenta uma importante oportunidade para avanços
em eficiência energética. Segmentando a indústria em diferentes
setores, percebemos que a siderurgia e papel & celulose apresentam
os maiores consumos com 38% e 23%.

Estimam-se ganhos de eficiência elétrica de mais de 25 TWh até 2023,


em um período que se considerou dez anos de consumo elétrico na
indústria, o que equivale a 3% do consumo de energia elétrica do
Brasil (BRASIL, 2014). Na Figura 29, podemos observar os principais
consumidores de energia divididos por setor e assim inferir possíveis
oportunidade na busca da eficiência energética.

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96
Figura 29 – Consumo de energia considerando diversos setores em 2012

Fonte: adaptado de Brasil (2014).

Sem contar que existe uma importante demanda hoje em dia pela busca
da sustentabilidade, não só pela mudança na maneira como produzimos
energia, como também na forma como a usamos. Portanto, reduzir a
quantidade de energia necessária para a produção de bens e serviços pode
ser uma oportunidade para melhorias na equação da demanda de energia,
oferecendo benefícios de curto e longo prazos quando relacionado a
investimentos em projetos para geração de energia adicional.

O desenvolvimento e o emprego de tecnologias inovadoras em


processos industriais são capazes de reduzir o consumo de energia,
mas algumas dessas tecnologias também podem ser usadas no
comércio e nos sistemas prediais, por exemplo:
• Computação em nuvem (cloud computing);

• Rede elétrica inteligente (smart grid);

• Sistemas de iluminação e Light Emission Diode (LED);

• Motor elétrico de alto rendimento;

• Equipamentos de aquecimento, ventilação e ar-condicionado.

 97
A Aneel (BRASIL, 2014), por meio de políticas de incentivo a P&D,
tem buscado melhores resultados em eficiência energética, como,
por exemplo:
• ESCOs (Energy Services Company), que são empresas de
engenharia especializadas em serviços de conservação de
energia, ou melhor, em promover a eficiência energética e de
consumo de água nas instalações de seus clientes;

• feebates, que são programas que visam modificar os hábitos


de compra nos setores de transportes e energia, ou seja, são
impostos cobrados nas vendas dos produtos mais poluidores.

A sugestão para melhora do consumo energético no setor industrial


pode estar na busca da eficiência energética de bombas e sistemas
hidráulicos, ventiladores e sistemas de ventilação, compressores de
ar e sistemas de ar comprimido, uso de acionadores de velocidade
variável, compressores de fluido refrigerante e sistemas de refrigeração
e ar-condicionado; sistemas de manuseio de material (pontes-rolantes,
elevadores de caneca, esteiras rolantes, ensacadeiras, etc.) e de
processamento (agitadores, peneiras, compressores de processo,
prensas, extrusoras, máquinas-ferramenta, trefiladeiras, etc.).

Algumas medidas de eficiência energética que podem ser adotadas nos


sistemas utilizados pela indústria são:
• Uso de motor de alto rendimento;

• Adequação da potência do motor à carga;

• Uso de acionadores (conversores de frequência, regulador de tensão).

O Brasil já adota, desde 1993, motores de elevado rendimento nominal,


tanto da linha-padrão como da linha de alto rendimento, aplicando
mecanismos de “etiquetagem e padronização” (ELETROBRAS; PROCEL,
2017). Essas metas de rendimento são sempre estabelecidas por
consenso entre os fabricantes, por exemplo, Weg, Kohlbach, Eberle,
Sew, Siemens, a Cepel, que é a responsável pelos testes, o Inmetro e
Procel, que coordenam o processo.

98
98
O cuidado no dimensionamento da operação de motores à metade
da sua carga, ou seja, sobredimensionados para a carga que operam,
pode ajudar na economia de energia elétrica industrial também.
Considerando uma amostra de 2.119 motores da indústria brasileira
analisada, 36% operavam a menos de 50% da carga nominal (GARCIA,
2003). Operar à baixa carga significa operar a baixo rendimento, em
especial quando a carga é menor que a metade da nominal.

Por fim, o uso de acionadores, como conversores de frequência,


regulador de tensão, entre outros equipamentos, pode alcançar 50% de
economia em aplicações de acionadores de velocidade ajustável. Sem
contar a possibilidade de contar com uma série de benefícios adicionais
à economia de energia, como melhor controle do processo, redução
de ruído, redução da manutenção necessária pelas partidas e paradas
mais suaves, não só para a bomba e o motor como para todo o sistema
hidráulico, por evitar os golpes de aríete, por exemplo.

Por isso, políticas de estímulo para a troca dos motores antigos por
novos seriam muito bem-vindas, portanto, programas de desconto,
contratos de performance de energia e leilões de eficiência energética
podem ser medidas adequadas para incentivar o uso desses motores.
Aí entra a importância das ESCOs, que podem ser as empresas que
facilitarão o crédito, treinamento e darão o apoio institucional e, por
que não, farão a conscientização para a evolução da utilização de
motores com maior rendimento.

4. Eficiência energética no setor residencial


e comercial

O maior potencial de economia de energia está na residência dos


brasileiros, (portanto, analisando o gráfico da Figura 5,) segundo o Plano
Nacional de Energia 2030 (BRASIL, 2007), observamos um potencial
de aplicação de medidas de eficiência energética em refrigeração
(34%), aquecimento de água (25%) e iluminação das residências (21%),

 99
principalmente pela aplicação de novas tecnologias mais eficientes. Bons
resultados para a economia de energia elétrica podem ser alcançados
com a utilização de sistemas de aquecimento solar de água, como o
ilustrado na Figura 30.

Figura 30 – Sistemas populares para aquecimento de


água pela energia solar

Fonte: nrqemi/iStock.com.

Políticas de incentivo à troca de geladeiras em comunidades carentes,


bem como políticas de desoneração para fabricação e venda de
geladeiras novas com o devido cuidado para o recolhimento e devida
destinação das antigas, podem ser eficientes na busca da melhora
do consumo de energia. O aquecimento de água, representado
principalmente pelo chuveiro elétrico, pode apresentar um grande
potencial de economia de energia elétrica, uma vez que tecnologia de
controle de aquecimento por dimerização é pouco conhecida.

A iluminação também aparece como um importante consumo no


uso final da energia, portanto, sugerir o uso de sistemas de controle
da iluminação com melhor aproveitamento da iluminação natural,
automação por meio de sensores de iluminação e dimerização, e
principalmente a troca pela tecnologia de Light Emission Diode (LED)
podem levar a ótimos resultados, uma vez que esta pode ser 35% mais
eficiente do que as demais tecnologias de lâmpadas (PROCEL, 2015).

100
100
Considerando, ainda, a demanda por sustentabilidade, projetos
arquitetônicos com melhor circulação ou aproveitamento do ar,
áreas verdes nos arredores das construções, bem como sistemas de
climatização mais eficientes com variação de velocidade (tecnologia
Inverter), bem como isolação das áreas climatizadas na busca
do melhor aproveitamento do ar gelado, ou, ainda, sistemas de
reaproveitamento do ar gelado, podem ajudar na melhora da eficiência
no quesito ar-condicionado.

Já a característica do setor comercial e público, conforme você pode


ver no gráfico da Figura 31, tem o seu consumo de energia mais
direcionado para a climatização (48%) e iluminação (23%), onde as
iniciativas sugeridas podem ser similares às apresentadas para o setor
residencial na busca da eficiência energética (BRASIL, 2014).

Figura 31 – Distribuição por consumo por uso final no setor comercial

Fonte: adaptado de Procel (2015).

A concientização das pessoas influencia diretamente no bom


funcionamento, na economia e eficiência energética das instalações
residenciais e comerciais. Isso pode ser visto em uma pesquisa
realizada em Portugal, onde 55,5% das pessoas afirmaram que as
campanhas de sensibilização para uma utilização mais eficiente de
energia são suficientes e adequadas, bem como na sugestão de quais
medidas o governo deveria adotar, em que 33,2% sugerem mais
campanhas de sensibilização (ADENE, 2010).

 101
5. Dados de consumo e medição

Para atuar sobre o panorama da eficiência energética, é


importantíssimo contar com todos os dados relacionados aos
equipamentos elétricos instalados na indústria, no comércio ou na
residência, conforme você pode observar na Figura 32. Medir os
parâmetros elétricos como demanda ativa e reativa, corrente, tensão,
fator de potência e distorções harmônicas da rede de energia elétrica
por meio de gráfico ajudará na tomada de decisão sobre as ações a
serem tomadas na instalação elétrica.

Figura 32 – Medição de energia elétrica de diferentes sistemas residenciais

Fonte: pandpstock001/iStock.com.

O uso de medidores digitais dotados de memória permite a execução


da análise dos sistemas elétricos, no entanto, com a redução de custo
dos aparelhos de medição elétrica e a sua capacidade de comunicação
em rede de dados, vale a pena considerar a possibilidade de contar
com medidores eletrônicos nos principais circuitos de uma instalação
elétrica. Considerando as características de consumo já apresentadas
anteriormente, vale a pena medir:

102
102
• Os circuitos de iluminação;
• Os terminais de motores elétricos;
• Os centros de controle de motores (CCMs);
• Os quadros gerais de força (QGF).

Com os dados obtidos por meio da medição do sistema elétrico ou dos


diferentes circuitos elétricos da instalação, por um período de pelo menos
uma semana, você pode inferir ações que busquem a redução ou melhoria
da qualidade do consumo elétrico. Esses dados podem ajudar, inclusive, na
decisão de mudança do tipo de instalação industrial, mudança da demanda,
ou mesmo adoção de estratégia que reduza as tarifas elétricas.

ASSIMILE
Periodicamente, em uma instalação elétrica, você deve fazer
inspeções na busca de defeitos relacionados com fugas de
corrente, perda de contato nas conexões, falta ou dano nas
isolações de cabos e equipamentos, perdas térmicas, consumo
acima do normal, entre outros eventos. Além disso, máquinas
operando fora de suas condições nominais, vazamentos de
água, de ar, falta de isolamento térmico que leva a perdas de
temperatura em ambientes e equipamentos, bem como falta
de lubrificação em máquinas operatrizes levam a um gasto de
energia elétrica acima do normal, portanto, esses itens devem
ser verificados sistematicamente.

PARA SABER MAIS


Desde 2003, o Procel tem disponibilizado relatórios dos
resultados alcançados por ações que desenvolvem a
eficiência energética em edificações, nas indústrias, na

 103
gestão energética municipal, na iluminação pública, no
saneamento básico, nos equipamentos elétricos, entre
outros setores. Por essas ações, o Procel alcançou em 2017
uma economia de aproximadamente 21,2 bilhões de kWh
(ELETROBRAS; PROCEL, 2017).
Usar os dados anuais do Relatório de resultados Procel
para entender quais ações podem ser tomadas no
desenvolvimento da eficiência energética na indústria, no
comércio ou na residência é uma ótima iniciativa. Esses
dados estão disponíveis no site do Centro Brasileiro de
Informação de Eficiência Energética (PROCELINFO).

TEORIA EM PRÁTICA
Os profissionais que trabalham com instalações
elétricas industriais, ou mesmo sistemas de automação,
eventualmente encontram problemas, defeitos ou
inconformidades dessas instalações.
Se você fosse contratado para atuar na gestão de uma
planta industrial na busca da melhoria do consumo de
energia elétrica e de menores custos operacionais, que
ações tomaria para alcançar bons resultados?

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. A Aneel define os padrões de qualidade do atendimento


e de segurança para utilização e exploração dos serviços
de energia elétrica. Qual a alternativa que não descreve
responsabilidades da Aneel?

104
104
a. Desenvolver estratégias de proteção dos sistemas
elétricos.

b. Estabelecer tarifas.

c. Implementar políticas e regras para exploração de


energia elétrica.

d. Ser o órgão conciliador entre os interesses dos


agentes relacionados a transmissão, distribuição e
comercialização de energia elétrica e o consumidor.

e. Regular e fiscalizar.

2. Diminuir o tempo para restabelecimento do sistema


elétrico em caso de falhas é importantíssimo para
melhorar os índices de qualidade dos agentes de energia
elétrica. Quais as principais falhas que ocorrem nos
sistemas elétricos de potência?
a. Rompimento de cabos e descargas atmosféricas.

b. Sobretensões e picos de corrente.

c. Harmônicas e distorções.

d. Falta de fase e defasagem de corrente.

e. Curtos-circuitos e sobrecargas.

3. Os motores elétricos correspondem às principais


cargas nas indústrias. Sabendo disso, quais medidas de
eficiência energética podem ser adotadas nos sistemas
utilizados pela indústria?
a. Medir os parâmetros elétricos como demanda ativa
e reativa.

 105
b. Usar medidores digitais dotados de memória.

c. Usar motor de alto rendimento, adequar a potência


do motor à carga, usar acionadores como conversores
de frequência e reguladores de tensão.

d. Conscientizar as pessoas sobre a influência da economia


e eficiência energética nas instalações industriais.

e. Todos os motores atualmente usados na indústria


são de alto rendimento.

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5.410: instalações


elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ADENE – AGÊNCIA PARA A ENERGIA. Guia da eficiência energética. Algés: ADENE,
2010. Disponível em: http://www.ploran.com/artigos/guia_eficiencia_energetica_
adene.pdf. Acesso em: 18 jun. 2019.
AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA – ANEEL. Resolução Normativa Nº
726. Brasília: ANEEL, 2013. Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/
audiencia/arquivo/2013/085/resultado/ren2016726.pdf. Acesso em: 18 jun. 2019.
CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
ELETROBRAS; PROCEL. Resultados Procel 2018 – Ano Base 2017. Brasília, 2017.
Disponível em: http://www.procelinfo.com.br/resultadosprocel2018/docs/Procel_
rel_2018_web.pdf. Acesso em: 18 jun. 2019.
GARCIA, A. G. P. Impacto da lei de eficiência energética para motores elétricos
no potencial de conservação de energia na indústria. 2003. 127 f. Dissertação
(Mestrado em Planejamento Energético) – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-
Graduação e Pesquisa de Engenharia – COPPE, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.
MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2011.
MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência.
Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2011.

106
106
BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Série
Estudos de Eficiência Energética, Nota Técnica 10/14, Consumo de Energia no Brasil:
análises setoriais. Brasília, 2014. Disponível em: http://www.epe.gov.br/sites-pt/
publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-251/
topico-311/DEA%2026%20Efici%C3%AAncia%20Energ%C3%A9tica%20
e%20Gera%C3%A7%C3%A3o%20Distribu%C3%ADda%20para%20os%20
pr%C3%B3ximos%2010%20anos%5B1%5D.pdf. Acesso em: 18 jun. 2019.
. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Plano
Nacional de Energia 2030. Brasília, 2007. Disponível em: http://epe.gov.br/sites-pt/
publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-165/topico
-173/PNE%202030%20-%20Proje%C3%A7%C3%B5es.pdf. Acesso em: 18 jun 2019.

Gabarito

Questão 1 – Resposta A
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é a autarquia
vinculada ao Ministério de Minas e Energia do Brasil responsável
pela regulação, fiscalização, estabelecimento de tarifas,
implementação de políticas e regras para exploração de energia
elétrica e órgão conciliador entre os interesses dos agentes
relacionados a transmissão, distribuição e comercialização
de energia elétrica e o consumidor. Cabe às transmissoras,
distribuidoras e concessionárias definir as estratégias de controle e
proteção para evitar a interrupção de seus sistemas.
Questão 2 – Resposta E
Curtos-circuitos e sobrecargas, respectivamente, correspondem
às principais e mais graves falhas recorrentes nos sistemas
elétricos de potência.
Questão 3 – Resposta A
Considerando os motores elétricos como a principal carga
industrial, as principais medidas de eficiência energética que
podem ser adotadas nos sistemas utilizados pela indústria são:
uso de motor de alto rendimento, a adequação da potência do
motor à carga e o uso de acionadores, como conversores de
frequência e reguladores de tensão.

 107
Automação e controle em
sistemas elétricos
Autor: Heverton Bacca Sanches

Objetivos

Além dos processos industriais, os sistemas elétricos


também utilizam a automação e o controle para o
gerenciamento remoto das subestações, portanto, é
importante conhecer:
• As unidades de aquisição de dados;

• Os principais dispositivos para aquisição de dados;

• Os sistemas de controle e aquisição de dados;

• As características de automação das subestações.

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1. A automação e o controle de processos
e sistemas

Controle, sob a visão da tecnologia, tem um importante papel sobre


o planejamento das ações e a modelagem de processos simples ou
complexos. Sempre que adotamos uma nova técnica de controle sobre um
processo, estamos automatizando-o. Na Figura 33, você pode observar um
diagrama de blocos que representa um sistema de automação.

Figura 33 – Representação de um sistema de automação em


diagrama de blocos

Fonte: o autor.

Automatizar um processo com o uso de técnicas ou tecnologias


adequadas leva ao aumento de produtividade, qualidade, flexibilidade
e confiabilidade. Essas técnicas de automação criam um sistema ativo
que fornece a melhor resposta possível atuando de acordo com as
informações recebidas do processo por meio dos sensores.

O sistema de automação calcula a melhor ação corretiva a ser


executada seguindo um modelo matemático que descreve as
características do processo que se deseja automatizar. Você pode
automatizar processos industriais para substituir tarefas repetitivas
ou mesmo os dispositivos de proteção de uma subestação para que
consiga a melhor resposta em termos de segurança e confiabilidade.

Para receber as informações de um processo, você usa unidades de


aquisição de dados (UAD) que são componentes que enviam essa
informação para um sistema de controle ou supervisão. Ao receber as

 109
informações do UAD, o sistema de controle ou supervisão retorna uma
mensagem para a UAD atuar sobre o processo monitorado. Essas UAD
podem ser para aquisição de dados e controle (UADC) ou dedicadas
(UD). Os controladores programáveis (CP) e as unidades terminais
remotas (UTR) são exemplos de UADC. Os relés digitais, sistemas de
intertravamento e oscilografia (equipamentos que disponibilizam
informações aquisitadas do sistema em monitor ou papel) são exemplos
de UD. Os CP comandam a manobra de máquinas e equipamentos por
meio da aquisição dos dados do processo pelos seguintes meios:
• Entradas e saídas analógicas;

• Entradas e saídas digitais.

As entradas analógicas recebem dados do processo relacionados a


pressão, vazão, no caso de controle de sistemas industriais, tensão,
corrente e frequência, por exemplo, no caso de controle de sistemas
elétricos. As saídas analógicas atuam sobre sistemas de controle de
velocidade ou medidores de energia.

As entradas digitais recebem o estado em que os dispositivos como


disjuntores e chaves seccionadoras, por exemplo, estão, ou seja, abertos
ou fechados. Já as saídas digitais mudam os estados dos equipamentos,
atuando sobre sua abertura ou seu fechamento.

Os CP podem ser alimentados em corrente alternada CA ou corrente


contínua CC, em 127/220 V ou 24 V, respectivamente. As entradas e
saídas digitais e analógicas são determindas de acordo com o modelo
do controlador programável e sua capacidade de expansão, que pode
ser de centenas de pontos se utilizarmos redes de comunicação com
a ethernet, por exemplo. Na Figura 34, podemos ver um exemplo
de CP com sua unidade central de processamento com cabos de
alimentação e rede de comunicação, bem como com os cartões de
entrada e saída digitais e analógicos.

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110
Figura 34 – Exemplo de controlador programável

Fonte: LiuNian/iStock.com.

As entradas digitais dos CP recebem sinais discretos equivalentes ao 0


ou 1 lógicos, assim, podem indicar se um contato elétrico está aberto
ou fechado, por exemplo, indicando se uma chave seccionadora, relé,
contator ou disjuntor estão conduzindo corrente ou não. As saídas
digitais dos CP oferecem sinais discretos para o acionamento de um relé
auxiliar de um equipamento de manobra, por exemplo.

As entradas analógicas dos CP recebem sinais de valores-padrão


que podem ser de 0 a 10 V, ou mesmo, 4 a 20 mA, podendo indicar
diferentes níveis de tensão, corrente, vazão, pressão, entre outras
medidas oriundas de diferentes tipos de sensores. As saídas analógicas
oferecem sinais dentro desse mesmo padrão podendo atuar sob
válvulas proporcionais e outros equipamentos de manobra que
necessitem variar de 0 a 100%.

A aquisição desses dados de entrada e saída digitais e analógicos


processados e comparados com valores de referência permite, pela
elaboração de uma lógica de controle, atuar sobre eventuais diferenças
ou valores indesejados do processo ou sistema que você deseja
controlar. Todos os dados recebidos e enviados pelos CP podem ser
estruturados em relatórios que descrevem os eventos do processo e

 111
ofertados em tempo real ou enviados para um usuário específico. Os
principais CP do mercado podem ser programados pelo uso de cinco
linguagens-padrão:
• ST, que é uma linguagem de texto estruturado (Structured Text);

• LD, que é uma linguagem de contatos e acionamentos elétricos


em formato de escada (Ladder Diagram);

• IL, que é uma linguagem baseada em lista de instruções


(Instruction List);

• SFC, que é um diagrama de fluxo ou uma linguagem gráfica que


pode permitir programações textuais (Sequential Flow Diagram);

• FDB, que é uma linguagem de diagrama de blocos como


contadores, temporizadores, entre outras funções (Function
Block Diagram).

Na Figura 35, você pode observar um CP sem interface homem-


máquina (IHM) e um com interface homem-máquina integrada. Essa
interface, normalmente com um display de cristal líquido e teclado
de configuração, permite a visualização de mensagens, o ajuste de
parametrizações e até mesmo a reconfiguração da programação do CP.

Figura 35 – Exemplo de CP sem IHM e com IHM incorporada

Fonte: surasak petchang/iStock.com.

112
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2. Os transdutores

Um transdutor é, normalmente, um dispositivo que converte uma


forma de energia em outra forma de energia para fins de medição ou
envio de informação. Muitos transdutores são sensores ou atuadores,
porém, alguns transdutores podem não ter um elemento sensor em sua
construção, como, por exemplo, o alto-falante, que transforma um sinal
elétrico variável em energia mecânica em forma de onda sonora.

As UADs precisam de transdutores para receber as informações do


sistema que se deseja controlar. Os transdutores permitem a conversão
das medidas elétricas de corrente, tensão, pressão, vazão, entre outras,
em valores proporcionais ou padrões, de corrente e tensão que as UADs
recebem em suas entradas analógias.

Os transformadores de corrente (TCs) e os transformadores de potencial


(TPs) são exemplos de transformadores de medida. Esses dispositivos
fazem a medição de tensão e corrente de um sistema elétrico,
normalmente muito elevadas, para valores que podem ser oferecidos
para equipamentos de medida instalados nos sistemas elétricos que
você deseja controlar e monitorar.

Os transdutores podem oferecer, além dos valores de tensão e corrente-


padrão relacionados às entradas analógicas das UADs, normalmente de
4 a 20 mA, saídas seriais de dados em protocolos que variam entre os
fabricantes do equipamento de medição escolhido. Essas saídas seriais
permitem a ligação de vários equipamentos em sistemas de automação
de subestação, ou mesmo em sistemas de gestão de eficiência
energética, em um único par de fios trançados.

Os CPs e os computadores (PCs) podem receber sinais da saída serial de


transdutores, normalmente pela interface de comunicação RS485, por
permitir a transmissão dos sinais em distâncias e velocidades maiores.
Com o uso de PCs, esses transdutores de saída serial podem ser
parametrizados remotamente.

 113
As principais medidas elétricas que os transdutores oferecem para seus
receptores são:
• Valores de tensão e corrente eficaz;

• Potência ativa, reativa e aparente;

• Consumo de energia ativa e reativa;

• Temperatura, rotação e resistência elétrica.

Existe uma grande variedade de controladores dedicados para medição


de nível, presença, temperatura, velocidade, pressão e outros tipos de
medidas que utilizam sensores para detecção de grandezas. Ao atingir
um determinado valor de medição parametrizado, o controlador atua
um contato que pode ser disponibilizado em uma rede de comunicação
serial e utilizado para fins de controle ou monitoramento.

Exemplos de sensores utilizados para automação de sistemas de


automação e controle são:
• Sensor de nível, que atua por eletrodos que conduzem corrente
elétrica quando em contato com um líquido;

• Sensor de presença, que podem ser indutivos para elementos


metálicos, capacitivos para não metálicos e magnéticos para
perceber objetos a maior distância;

• Sensor de fim de curso, que utiliza o contato de abertura


e fechamento de uma chave convencional com mola de
retorno para perceber quando um elemento chegou a uma
posição definida.

114
114
Figura 36 – Exemplo de sensor de presença indutivo usados em
linhas de manufatura industrial

Fonte: Morfey713/iStock.com.

3. Sistemas de controle e aquisição de dados

Os sistemas SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition)


existem há tanto tempo quanto os sistemas de controle e são cada
vez mais usados para controle de supervisão e aquisição de dados em
fábricas, laboratórios, automação predial e instalações de geração de
energia, por exemplo.

Esses sistemas são uma combinação de telemetria e aquisição de dados,


que abrangem a coleta de informações, transferindo-as de volta para
uma central de operações, onde são realizados análises e controles
necessários, exibindo essas informações em várias telas.

Os principais recursos de um sistema SCADA são:


• Interface de usuário;

• Telas gráficas;

• Alarmes;

• Gráficos de tendência;

 115
• Interfaces RTU, Remote Terminal Units, e de PLCs;
• Acesso a dados;
• Base de dados;
• Redes de comunicação;
• Tolerância a falhas e redundância;
• Processamento cliente/servidor distribuído.

Figura 37 – Configuração de um sistema supervisório SCADA

Fonte: elaborado pelo autor.

4. Automação de subestações

Mais do que digitalizar uma subestação, automatizar significar atribuir


para uma subestação inteligência artificial. Subestações automatizadas
empregam operadores para funções mais importantes e com
gerenciamento remoto.

Com o uso de um computador pessoal (PC), os operadores têm uma


interface para os equipamentos de aquisição de dados instalados na
subestação e que se comunicam utilizando protocolos de comunicação.
O PC arquiva os dados dos eventos gerados na operação da subestação
e permite a observação desses dados em uma interface homem-
máquina entre o operador e o sistema de automação.

Conforme você pode observar na Figura 38, o operador do sistema tem


uma representação gráfica dos equipamentos instalados na subestação,
por exemplo, dos relés eletromecânicos ou digitais. Contatos auxiliares

116
116
e suas posições, ou seja, aberto e fechado, e ainda toda a informação
de corrente, tensão, potência, entre outras medidas, podem ser
oferecidas por equipamentos digitais de aquisição de dados para um
centro de supervisão e controle (CSC) com a utilização de um sistema de
comunicação de dados digitais.

Figura 38 – Operador em um centro de supervisão e controle (CSC)

Fonte: x-reflexnaja/iStock.com.

Em caso de eventos ou falhas importantes no sistema elétrico,


o CSC oferece alarmes na tela de interface homem-máquina do
operador. Assim, os equipamentos podem ser operados localmente
ou remotamente pelo CSC, utilizando a interface gráfica do software
supervisório do sistema de automação.

A automação de uma subestação pode oferecer ainda a possibilidade


de intertravamento de chaves seccionadoras e disjuntores, promovendo
a segurança na operação desses dispositivos. Pode-se observar, ainda,
o processo de religamento, ou seja, atuação dos relés de proteção,
abertura e fechamento das chaves seccionadoras e disjuntores, e, ainda,
a possibilidade de registrar todos os eventos ocorridos.

 117
5. Uso da automação na gestão de energia

A automação permite a substituição de processos manuais por


processos automáticos com o uso de sistemas de supervisão e controle.
Esses sistemas de automação, se bem aplicados, levam a aumento da
produtividade, elevação dos níveis de segurança, maior controle da
poluição ambiental e desenvolvimento da qualidade no consumo e
fornecimento de energia elétrica.

Usar a automação para gerir os sistemas de energia permite uma melhor


administração das contas de energia e suas peculiaridades, como demanda,
tarifa de ponto e fora de ponta, fator de potência, entre outros parâmetros
que podem elevar o custo da energia elétrica. Com automação, é possível
evitar o desligamento das cargas elétricas que podem gerar acidentes
pessoais ou queda brusca no desempenho fabril ou produtividade.

Com o uso de medidores de energia distribuídos e ligados em rede


de comunicação com o sistema de supervisão e controle, é possível
acompanhar em tempo real, mas também analisar os eventos e
histórico de consumo, fator de potência, valores de tensão, corrente e
frequência dos circuitos elétricos.

Figura 39 – Medidor ligado em rede de comunicação


com acesso por aplicativo de celular

Fonte: AndreyPopov/iStock.com.

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Um exemplo de aplicação de supervisão e controle é o uso de sistemas
de controle da iluminação com melhor aproveitamento da iluminação
natural, automação por meio de sensores de iluminação e dimerização,
e, principalmente, a troca pela tecnologia de Light Emission Diode (LED)
podem levar a ótimos resultados não só nas residências como nos
prédios comerciais, públicos e até mesmo nas indústrias.

Na indústria, considerando a intensa utilização de motores elétricos,


supervisionar e controlar automaticamente sua aceleração,
desaceleração e reaceleração após desligamentos inesperados evita
a incidência de distúrbios na rede de energia elétrica. Inversores de
frequência controlados em rede, devidamente parametrizados de
acordo com a carga acoplada ao eixo do motor elétrico, podem ajudar a
reduzir consideravelmente o consumo de energia elétrica.

ASSIMILE
Os sistemas de supervisão e controle de uma subestação
podem ser centralizados ou distribuídos. Os sistemas de
supervisão e controle centralizados concentram o hardware
e o sistema SCADA em um local único, ou seja, uma casa de
comando ou contrução próxima. Os sistemas de supervisão
e controle distribuídos utilizam unidades terminais remotas
(UTRs) ou unidades de aquisição de dados e controle
(UADC) para (aquisitar) adquirir os dados do sistema de
forma independente e distribuída, e depois disso, enviam as
informações para a central de comando da subestação.

PARA SABER MAIS


Os relés digitais e outros equipamentos de atuação e
aquisição de dados de um sistema elétrico de potência
comunicam-se utilizando um protocolo de comunicação

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digital. Esse protocolo consiste no padrão utilizado para
transmitir os dados do sistema de automação.
O principal protocolo utilizado pelos fabricantes de relés
digitais nos dias de hoje é o IEC 60.850 (IEC, 2013). Portanto,
vale a pena você pesquisar e entender um pouco mais
sobre esse protocolo e suas características.

TEORIA EM PRÁTICA

Muitos dados podem ser (aquisitados) adquiridos em uma


subestação, ou mesmo em uma planta industrial, utilizando
sistemas de automação, controladores, transdutores e
equipamento de aquisição de dados.
Se você fosse contratado para atuar na gestão de uma
planta industrial na busca da melhoria do consumo
de energia elétrica, que informações buscaria medir
e (aquisitar) adquirir para usar essa energia de forma
mais racional?

VERIFICAÇÃO DE LEITURA

1. A automação e o controle de sistemas têm um papel


importantíssimo na evolução dos processos de
produção industriais, permitindo o planejamento
das ações e a modelagem de processos simples
ou complexos. Quais são os principais blocos que
compõem um sistema de automação?

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a. Controlador, processo, sensores e atuadores.

b. CP, transdutores e processo.

c. UCP e UTR.

d. Relés digitais, protocolos digitais e proteção.

e. Sistema supervisório, CP e sensores.

2. Os controladores programáveis (CP) comandam a


manobra de máquinas e equipamentos por meio da
aquisição dos dados do processo. Quais os meios
utilizados pelos CP para receber e enviar os dados
de processo?
a. Sensores e transdutores.

b. Dispositivos de aquisição de dados.

c. Entradas e saídas analógicas; entradas e


saídas digitais.

d. Redes de comunicação digital.

e. Protocolos de comunicação.

3. Um transdutor é, normalmente, um dispositivo que


converte uma forma de energia em outra forma de
energia para fins de medição ou envio de informação.
Quais são as principais medidas elétricas que os
transdutores oferecem para seus receptores?
a. Parâmetros elétricos como demanda ativa e reativa.

b. Nível, presença e fim de curso.

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c. Dados digitais e analógicos por rede de
comunicação digital.

d. Valores de tensão e corrente-padrão relacionados às


entradas analógicas, normalmente de 4 a 20 mA.

e. Valores de tensão e corrente eficaz; potência ativa,


reativa e aparente; consumo de energia ativa e reativa;
temperatura, rotação e resistência elétrica.

Referências bibliográficas

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5.410: Instalações


elétricas de baixa tensão. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
CREDER, H. Instalações elétricas. 14. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION – IEC. IEC 60.850. TC 57 – Power
systems management and associated information exchange. IEC, 2013. ICS 33.200.
Disponível em: https://www.iec.ch/. Acesso em: 10 jul. 2019.
MAMEDE FILHO J. Instalações elétricas industriais. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
MAMEDE FILHO, J.; MAMEDE, D. R. Proteção de sistemas elétricos de potência.
Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2011.

Gabarito

Questão 1 – Resposta A
Os principais blocos de um sistema de automação são o
controlador, o processo, os sensores e os atuadores.
Questão 2 – Resposta C
Os CP comandam a manobra de máquinas e equipamentos por
meio da aquisição dos dados do processo pelas entradas e saídas
analógicas e pelas entradas e saídas digitais.

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Questão 3 – Resposta E
As principais medidas elétricas que os transdutores oferecem para
seus receptores são os valores de tensão e corrente eficaz; potência
ativa, reativa e aparente; consumo de energia ativa e reativa;
temperatura, rotação e resistência elétrica.

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