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Grande Dor de Cabeça

Carmem Yolanda, 32 anos, moradora de um dos bairros mais carentes de seu Município,
trabalha como secretária em uma clínica médica que atende pacientes particulares e de convênio. É
extremamente dedicada ao trabalho, responsável e assume posição de confiança junto ao diretor da
clínica, Dr. Miguel. No final do mês, quando as contas são fechadas, Carmem Yolanda fica bastante
ansiosa devido à responsabilidade que tem diante da clínica. A secretária tem queixa de dores de
cabeça desde quando tinha 15 anos, que ocorriam geralmente quando comia muitos produtos
industrializados ou em situações de estresse emocional. Nessa época, procurava atendimento médico
no bairro para se cuidar e não encontrava, ficava muito triste, pois os moradores sentiam-se excluídos
pelas autoridades municipais pela falta de atenção e cuidado com a saúde.
Depois que começou a trabalhar na clínica, há 5 anos, as dores têm se tornado mais frequentes,
principalmente no período do fechamento das contas. Hoje, Carmem Yolanda foi trabalhar, mas
começou a sentir fortes dores de cabeça que a estavam incomodando muito. Ela comentou com o Dr.
Miguel que não estava se sentindo bem e pediu para ir embora para casa, pois achava que com o
repouso teria melhora. O diretor se mostrou preocupado com a secretária e lhe fez algumas perguntas
a respeito da cefaleia. Carmem Yolanda contou que desde os 15 anos tinha crises de dores de cabeça
geralmente latejantes do lado direito da cabeça. Antes das dores começarem, enxergava pontos
luminosos por cerca de 15 minutos e na sequência começava a sentir a dor de cabeça. Conseguia
melhora após vomitar e com o repouso em quarto escuro e silencioso após tomar medicamento à base
de dipirona. Carmem também comentou que as dores eram mais frequentes em situações de maior
estresse e quando almoçava no fast food. Hoje, houve mudança da dor, pois estava ocorrendo em
toda a cabeça, era muito mais forte que o habitual, parecia a pior dor de cabeça da vida dela, estava
sentindo muito enjoo e já tinha vomitado duas vezes sem melhora. Além disso estava sentindo
dormência no braço direito.
Dr. Miguel ficou muito preocupado com as informações que Carmem passou e lhe disse que
deveria ir imediatamente para a UPA central, serviço que foi inaugurado há 6 meses. O motorista da
clínica levou Carmem até a UPA onde foi avaliada pelo plantonista que indicou medicação
endovenosa, mas não ocorreu melhora da dor. Foi identificada pressão arterial de 160x120 mmHg,
frequência cardíaca de 100 bpm, diminuição da força muscular e perda parcial da sensibilidade no
membro superior direito. O plantonista ficou preocupado e solicitou tomografia de crânio. O exame
evidenciou pequeno sangramento intraparenquimatoso na região parieto-temporal à direita às custas
de aneurisma roto em um ramo da artéria cerebral média esquerda. Carmem foi internada para
correção cirúrgica do aneurisma. No pós-operatório evoluiu com melhora clínica significativa ficando
sem déficits. Recebeu alta hospitalar com orientação para usar medicação de controle via oral e
continuar seu tratamento na ESF do Bairro que foi inaugurada recentemente também.
Carmem Yolanda ficou tão satisfeita com a qualidade de atendimento da nova ESF e da UPA
que comentou, alguns meses mais tarde, com seu tio Josué, Conselheiro Municipal de Saúde e líder
de uma Associação do Bairro: “Nossa tio, que falta fazia uma ESF na minha época de adolescente,
hein? Precisava tanto de orientação médica, talvez poderia ter evitado muitos problemas, né?".
Aproveitou e contou ao seu tio a novidade de estar grávida de 11 semanas e já ter feito sua primeira
ultrassonografia para avaliar a saúde do feto e fazer a translucência nucal.
Josué, representando os usuários em uma reunião do Conselho, leu uma carta de
agradecimento da família pelo ótimo atendimento prestado pelos profissionais que a atenderam e ao
Prefeito pela inauguração da UPA e ESF, serviços que segundo eles, faltavam no Município e que
agora tem ajudado a salvar vidas.

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