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O FENÔMENO DA GLOBALIZAÇÃO E A RECONFIGURAÇÃO DO

PAPEL DO ESTADO NA PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS1

Iamara Feitosa Furtado Lucena2

A ação dos processos de globalização reflete não apenas no nosso estilo de


vida e na economia, como também na base estrutural do nosso direito, instituições
políticas e democracia. Diante de suas consequências no campo jurídico, é apropriada a
reflexão acerca dos Direitos Humanos hoje: consciente do seu percurso histórico e
imiscuído com a superação dos obstáculos para consecução de seus objetivos e
atuações, além de, diante da ideia de um Direito Global3, suas entidades e sujeitos.
Porquanto, não mais se adequa ao cenário mundial atual a manutenção do ideal de
Direitos Humanos4 restrito espacialmente aos territórios dos Estados, ou dos tratados
internacionais submetidos incialmente a estes5.

A globalização não só criou um mercado mundial, mas uma nova ordem supra
e transnacional, que permite a livre circulação de informações, tecnologias, capitais,
bens, serviços etc, propiciando a atuação de um poder superior a nível planetário,
essencialmente técnico, econômico e financeiro, que evidencia a redução (ou crise) da
supremacia estatal e a necessidade da utilização de instrumentos de governança global.
Neste sentido, nos explica Waeyenberge:

o meio global, onde ninguém é verdadeiramente soberano, não está


sujeito apenas à lei da natureza ou à regulação pelos mercados, mas

1
O presente trabalho foi elaborado para composição da nota da disciplina de “Governança Global” da
turma modular do mestrado em Direito Internacional, sendo um ensaio sobre a aplicação do tema da
governança ao trabalho de conclusão de curso, sem a pretensão de encerrar a discussão sobre os assuntos
propostos.
2
Mestranda em Direito Internacional pela UNISANTOS; Pós-Graduada em Direito Penal e Criminologia;
Pós-Graduada em Direito Processual Penal; Professora do curso de graduação em Direito da UNILEÃO.
3
“O poderio dos ordenamentos jurídicos estatais de produzir o próprio Direito em forma absoluta está
gradualmente se redimensionando, reformulando a própria categoria histórica e política da soberania
nacional na direção de uma caracterização ainda de híbrida matriz. O Direito Global está dividido em dois
níveis: o primeiro e mais raso que se preocupa com os assuntos nacionais (internos) de cada Estado; e o
segundo, mais amplo, diluído no cenário transnacional, constituído por uma área global, de modo que
predomine a cooperação (partnership) entre seus agentes em seu duplo nível.” (STAFFEN, Márcio
Ricardo. Direito Global: Humanismo e Direitos Humanos. RVMD, Brasília, V. 10, nº 1, 2016, p. 187).
4
“Neste quadrante, o ideal de Direitos Humanos deve ser compreendido como uma pretensão moral
justificada, enraizada nos valores da liberdade e da igualdade, preocupado com a potencialização da
autonomia pessoal, por meio da racionalidade, da solidariedade e da segurança jurídica. Em
complemento, como adverte Gregório Peces-Barba Martínez, com possibilidade efetiva de tutela jurídica,
na qual a realidade social seja recepcionada. Isto compõe a visão integral dos Direitos Humanos, nutrido
pelo humanismo.” (Ibid., p. 190).
5
SÁNCHEZ RUBIO, David. Fazendo e desfazendo os direitos humanos. Tradução de Clovis
Gorczevski. Santa Cruz do Sul: UNISC, 2010, p. 18.
também é influenciado pelo surgimento e ascensão de novas
normatividades (OJNI - objeto jurídico não identificado) e instituições
que, na prática, assumem algumas funções de governança global.
Entre estas, destacam- -se as agências de classificação de risco, as
organizações de normalização técnica (como a ISO), as empresas
transnacionais atuantes no campo da responsabilidade social
corporativa, os organismos de gestão da internet (ICANN) e os
prestadores de serviço de comunicação nas redes globais, além das
empresas de auditoria e dos escritórios globais de advocacia, entre
outros. E o direito ambiental não é exceção a essa tendência, onde,
aliás, essas novas normatividades são abundantes. De fato, as questões
ambientais são quase sempre de natureza “transnacionais”, não (ou
pouco) se limitando às fronteiras políticas traçadas. O meio-ambiente
se encontra, assim, no centro das preocupações dos códigos de
conduta (Global Compact - 3 princípios em 10), das normas técnicas
(ISO 14000, 26000), dos rankings (environmental performance index),
dos indicadores (The Biodiversity Indicators Partnership), dos rótulos
(ecolabel) e das certificações (Marine Stewardship Council para a
pesca sustentável)6.

Conforme afirma Arnald7, o Estado perdeu sua posição de único senhor da


ordem. A título de exemplo, podemos apontar a adoção de normas por entidades
privadas que atuam além das fronteiras do território nacional, tendo o potencial de
influir ou mesmo intervir no arcabouço jurídico de outro Estado e/ou organização. Ou
seja, os vínculos jurídicos cada vez mais se estabelecem entre sujeitos públicos e/ou
privados de diferentes nacionalidades. Assim, revela-se o direito no seu aspecto
transnacional, global.

Essas conexões, combinadas com o grande fluxo migratório, resulta


na superação progressiva dos limites do Estado que, tornando porosa a
Constituição do território (Zagrebelsky), isto é, desterritorializando a
soberania, resulta na ciência de que cada Estado não dispõe mais
daqueles instrumentos jurídicos que lhe permitiam, sozinho, atender as
necessidades de seus cidadãos, seu bem-estar e sua saúde, ameaçados
por alimentos transgênicos, vírus e radiação que vêm de longe8
(tradução livre).

A vulnerabilidade da ideia tradicional de soberania – sendo esta, segundo


Dallari9, exercida pelo Estado e abalizada pelo território – e dos sujeitos nacionais
trouxeram lacunas que permitiram o surgimento de novas instituições alinhadas a
interesses transfronteiriços ou transnacionais, intratáveis perante determinados critérios
jurídicos clássicos.

6
Waeyenberge, Arnaud Van. Direito Global: Uma teoria adequada para se pensar o direito ambiental?.
Revista de Direito Internacional, Brasília, v. 14, n. 3, 2017, p. 11.
7
ARNAUD, André-Jean. Governar sem fronteiras. Entre globalização e pós-globalização. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 03.
8
REPOSO, Antonio. Introduzione allo studio del diritto costituzionale e pubblico. p. 26.
9
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 2003.
Nos dizeres de Teubner10,

a força motriz do Direito já não é mais os anseios de limitação jurídica


dos poderes domésticos absolutos; mas, sobremodo, a regulação de
dinâmicas policêntricas relacionadas com a circulação de modelos,
capitais, pessoas e instituições em espaços físicos e virtuais.

Diante de tais constatações, é importante repensarmos os variados panoramas


jurídicos e seus sujeitos, de modo a superarmos ou reconfigurarmos os modelos que se
mostram obsoletos diante dos processos de globalização, cujos mecanismos tradicionais
de resolução de problemas comuns se mostram insuficientes. Para Marcelo Varella,

o direito seria não apenas aquele construído pelos Estados por meio
dos mecanismos tradicionais, constitucionalmente estabelecidos,
segundo, mas por seus atores públicos e privados internos, com graus
variáveis de cogência. Seria construído pelos Estados (internacionais),
mas também por atores privados e pelos direitos nacionais
(transnacionais) e, conforme sua força, poderia tornar-se oponível aos
próprios Estados (tornando-se supranacional)11.

Ainda segundo Varella12, a utilização de instrumentos de governança nos temas


de trato dos Estados – como, por exemplo, políticas públicas –, notadamente com o
suporte logístico das inovações tecnológicas, alavanca um paradigma global de Direito.
Neste sentido, aduz Crouch:

as grandes multinacionais têm superado a capacidade de


administração dos Estados- Nação. Em não sendo vantajoso o regime
regulatório ou tributário de um país, essas empresas ameaçam mudar-
se para outro, sendo que os Estados competem cada vez mais entre si
no oferecimento de condições favoráveis a essas atrações, visto que
necessitam de tais investimentos13.

Assim, globalização econômica, por exemplo, produz um processo de


globalização jurídica por via reflexa14, demandando o reconhecimento de um Direito
Global que atue em diversas perspectivas, graus, governos, instituições/organizações
intergovernamentais e não governamentais, institutos público-privados, das próprias
pessoas, dentre outros.

10
TEUBNER, Gunther et alii. Transnational governance and constitucionalism. Oxford: University
Oxford Press, 2004.
11
VARELLA, Marcelo D. Internacionalização do direito: direito internacional, globalização e
complexidade. Tese de Livre-Docência defendida junto à Faculdade de Direito da Universidade de São
Paulo. São Paulo, 2012, p. 543.
12
Ibid., p. 545.
13
CROUCH, Colin. Postdemocrazia. Roma-Bari: Laterza, 2005, p. 35, tradução livre.
14
STAFFEN, Márcio Ricardo. Direito Global: Humanismo e Direitos Humanos. RVMD, Brasília, V.
10, nº 1, 2016, p. 184.
Ademais, observa-se uma progressiva majoração de organizações
privadas na tratativa de assuntos globais, com gerência
regulamentadora e reguladora, nas mais diversas áreas de incidência e
de competência material. São entes originariamente privados, sem
vínculos governamentais, que se dedicam à proteção ambiental, ao
controle da pesca, à fruição dos direitos sobre à água, à segurança
alimentar, às finanças e ao comércio, à internet, aos fármacos, à tutela
da propriedade intelectual, à proteção de refugiados, à certificação de
insumos quanto à procedência, à preservação da concorrência, ao
controle de armas e combate ao terrorismo, ao transporte aéreo e
naval, aos serviços postais, às telecomunicações, à energia nuclear e
seus resíduos, à instrução, à imigração, à saúde e ao esporte15

É importante considerarmos os reflexos da globalização para os direitos


humanos, tais como degradação ambiental, pobreza, doenças, crise alimentar etc. São
inegáveis os problemas mundiais neste sentido, os quais necessitam de um cuidado
transnacional concretizados no Direito Global, com suporte de ferramentas eficazes de
governança. Neste sentido, observa Gonçalves:

O fenômeno da globalização, entendido como um processo não


exclusivamente econômico, mas também que envolve aspectos
sociais, culturais, políticos e pessoais, recolocou, de maneira
dramática, as relações entre sociedade e Estado. Trouxe como
conseqüência uma mudança no papel do Estado nacional (não sua
extinção, mas certamente uma reconfiguração) e suas relações no
cenário internacional. Impulsionou, portanto, a discussão sobre os
novos meios e padrões de articulação entre indivíduos, organizações,
empresas e o próprio Estado, deixando clara a importância da
governança em todos os níveis16.

Diante destas colocações, podemos, portanto, considerar a obsolescência da


perspectiva limitada ou reducionista que os padrões jurídico-estatais concebem os
Direitos Humanos, onde estes se relacionariam privativamente com Estados, ou com
Organizações Internacionais, mas desde que representados pelo Estado. Este tipo de
arranjo, ao invés de potencializar as faculdades humanas, ocasiona falhas ou
insuficiências na proteção dos Direitos Humanos, já que não são raros os casos de
vítimas de violências estatais17.

Em outras palavras, a supervalorização dos preceitos tradicionais de soberania


ou de autodeterminação estatal trazem perigosos desafios para a concretude dos Direitos

15
Ibid., p. 187.
16
GONÇALVES, Alcindo. O conceito de governança. In: ENCONTRO DO CONSELHO NACIONAL
DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO – CONPEDI, 14. 2005, Manaus. Anais... Manaus,
2005. Disponível em:
<http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCongresso/078.pdf>. Acesso em:
30 mai. 2019.
17
CALVEIRO, Pilar. Violencias de estado. Buenos Aires: Siglo XXI, 2012, p. 23.
Humanos – basta considerarmos, por exemplo, áreas atingidas por crises econômicas e
políticas –, o que nos remete à necessidade de inserção destes direitos no conteúdo de
Direito Global, temendo que aqueles sejam privilégios somente de alguns indivíduos18,
sendo utilizados como artifício ideológico nacionalista.

Nesta linha de raciocínio, podemos citar diversas atuações de atores


globais/transnacionais no sentido de efetivarem o ideal de Direitos Humanos em
diversos âmbitos, como nas questões de sustentabilidade ambiental, combate à fome, à
pobreza, à escravidão, às políticas inadequadas de saúde pública, casos estes que, por
mais violadores dos direitos humanos, muitas vezes ocorrem com a anuência dos
Estados.

não se pode negar o amadurecimento de novos agentes em


confrontação com as fontes tradicionais de violação. Como
comprovação citem-se os compromissos dos Estados exportadores de
commodities, impostos por atores globais, com a redução de seus
riscos alimentares internos, sob pena de não-comercialização de seus
produtos; a atuação do World Business Council for Sustainable
Development perante governos, organizações internacionais e
organizações não-governamentais para promoção de políticas de
desenvolvimento sustentável ou; no episódio do genocídio em
Ruanda, quando da intervenção efetiva de determinada rede de
hotéis19.

Não olvidando da responsabilidade dos Estados e das Organizações


Internacionais na guarida dos Direitos Humanos, não podemos considerar tais entes
como dotados de competência ou capacidade exclusiva para tanto, seja pelo que nos
mostram os registros históricos, seja pela precarização dos seus poderes diante desta
nova ordem global. Neste sentido, o envolvimento de outros agentes globais para
efetivação destes direitos mostra-se crucial.

Apesar de ainda ser um processo em construção, é de grande valia entendermos


os Direitos Humanos também na perspectiva de Direito Global, já que temos carências
que surgiram em espaços desterritorializados20 ou aterritoriais21. Disto deriva a

18
SÁNCHEZ RUBIO, David. Fazendo e desfazendo os direitos humanos. Tradução de Clovis
Gorczevski. Santa Cruz do Sul: UNISC, 2010, p. 18.
19
STAFFEN, Márcio Ricardo. Direito Global: Humanismo e Direitos Humanos. RVMD, Brasília, V.
10, nº 1, 2016, p. 194.
20
“Badie, em suas considerações, também restringe a concepção de território à dimensão jurídico-política
e aborda que o mesmo têm sido destruído juntamente com as identidades culturais e o controle estatal
sobre o espaço, onde uma ‘onda’ desterritorializante vem esvaziando de sentido as fronteiras e
conseqüentemente enfraquecendo o Estado-nação.” (BADIE apud BRAGA, p. 3-4).
necessidade da utilização de instrumentos de governança para o alinhamento da defesa
de tais direitos. Dentre várias ações com estes novos arranjos – praticadas por atores
transnacionais dirigidos por precedentes de Direito Global –, podemos ainda mencionar

o financiamento e assessoria à implantação de fontes de energia


renováveis em países que utilizam de cadeias de alto impacto ou, para
instalação de redes de saneamento básico por parte de instituições que
atuam globalmente, sem a caracterização de sujeitos de Direito
Internacional22.

Desta feita, pensando na integralidade dos postulados de Direitos Humanos, a


utilização de preceitos de Direito Global podem ajudar a preencher lacunas em diversos
níveis – estatais, regionais, internacionais –, aliados aos instrumentos de governança
global, reestruturando a forma de atuação e de proteção destes direitos, criando um
arranjo mais funcional e que possa atuar em diferentes níveis de modo mais coerente e
integrador.

REFERÊNCIAS

ARNAUD, André-Jean. Governar sem fronteiras. Entre globalização e pós-


globalização. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.

BRAGA, Jorge Luiz Raposo. Uma Releitura do Território no Cenário


Internacional. ANPUH – XXIII Simpósio Nacional de História – Londrina, 2005.

CALVEIRO, Pilar. Violencias de estado. Buenos Aires: Siglo XXI, 2012.

CROUCH, Colin. Postdemocrazia. Roma-Bari: Laterza, 2005.

DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo:


Saraiva, 2003.

21
“Esta crise marca um fim: ela não proíbe que se fale de território no presente, mas já não permite que se
admita o princípio da territorialidade como federador da nossa ordem internacional. Não é seguro que o
modelo vestfaliano possa acomodar-se com o seu contrário para compor com ele uma nova ordem
estável. (...) desenha-se uma nova cena mundial que tanto é aterritorial como está sujeita à concorrência
de várias lógicas territoriais contraditórias e que, cada vez mais raramente, é banalmente Estado-nação. A
ilusão cartográfica já não é suficiente para dissimular essa pluridimensionalidade das relações, que já só
abusivamente são internacionais. As relações entre nações - aliás, cada vez mais difíceis de territorializar
- passaram a ser apenas um aspecto do funcionamento de uma cena mundial feita também de rede de
relações, de proliferação e de volatilidade de alianças, elas próprias inscritas em diversos espaços.”
(BADIE apud BRAGA, p. 4).
22
STAFFEN, Márcio Ricardo. Direito Global: Humanismo e Direitos Humanos. RVMD, Brasília, V.
10, nº 1, 2016, p. 198.
GONÇALVES, Alcindo. O conceito de governança. In: Encontro do Conselho
Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito – CONPEDI, 14. 2005, Manaus.
Anais... Manaus, 2005. Disponível em:
<http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/XIVCongresso/078.
pdf>. Acesso em: 30 mai. 2019.

REPOSO, Antonio. Introduzione allo studio del diritto costituzionale e pubblico,


2003.

SÁNCHEZ RUBIO, David. Fazendo e desfazendo os direitos humanos. Tradução de


Clovis Gorczevski. Santa Cruz do Sul: UNISC, 2010.

STAFFEN, Márcio Ricardo. Direito Global: Humanismo e Direitos Humanos.


RVMD, Brasília, V. 10, nº 1, 2016.

TEUBNER, Gunther et alii. Transnational governance and constitucionalism.


Oxford: University Oxford Press, 2004.

VARELLA, Marcelo D. Internacionalização do direito: direito internacional,


globalização e complexidade. Tese de Livre-Docência defendida junto à Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2012.

WAEYENBERGE, Arnaud Van. Direito Global: Uma teoria adequada para se


pensar o direito ambiental?. Revista de Direito Internacional, Brasília, v. 14, n. 3,
2017.

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