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Resumo:
A cooperação técnica entre instituições brasileiras, especialmente o Ministério Público
do Trabalho (MPT) com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) vem
conseguindo divulgar a ideia de “trabalho decente” e, com isso, o tema tem se tornado
uma pauta forte não só a nível internacional como também nas relações de trabalho e na
jurisprudência trabalhista no Brasil, com especial enfoque aqui para a coletividade. Tal
parceria tem viabilizado a execução de uma série de projetos no intuito de promover
qualificação e trabalho digno em várias cidades no Brasil. Contudo, percebeu-se que até
então (2018) - dada a alta complexidade das relações de trabalho no campo que exige
logística e estratégias próprias, somada as especificidades culturais e lógicas internas
distintas que organizam o grupo - comunidades tradicionais não tinham sido atendidas
por esta parceria. Neste sentido, tendo em vista a realidade do Tocantins, a diversidade
de grupos sociais vivendo e trabalhando no campo, bem como a sub-promoção da
Convenção 169 da OIT, a edição piloto do projeto Ubuntu nasce como uma demanda do
Ministério Público do Trabalho de Araguaína (MPT – Araguaína), em olhar para esse
cenário e se propor a desenvolver iniciativa que buscasse mitigar os impactos de uma
situação de vulnerabilidade tão antiga quanto à história do país, sem com isso cometer
outras violências e tomadas de decisões equivocadas. Assim, por intermédio do
conhecimento dos agentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Araguaína, elegeu-
se, a associação da comunidade quilombola do Grotão, situada no Município de
Filadélfia- TO para receber os investimentos em estrutura e assistência técnica
necessárias ao desenvolvimento das cadeias produtivas escolhidas pela comunidade. A
execução do projeto ficou a cargo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
(SENAR) – Administração Regional do Tocantins com acompanhamento técnico do
Núcleo de Pesquisa e Extensão em Saberes e Práticas Agroecológicas da Universidade
Federal do Tocantins (NEUZA/UFT) e é a partir da sistematização dos dados das visitas
técnicas e do acompanhamento executados pelos pesquisadores do NEUZA-UFT que se
produz este material. Deste modo, o presente artigo busca apresentar o processo de
construção do projeto, que se desdobra na necessidade do diálogo com o conceito
“ubuntu”, dialogando assim com a filosofia africana, segue explicitando as articulações
com a Convenção 169 da OIT, a ideia de “trabalho decente” e o marco legal brasileiro
explicitado na Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e
Comunidades Tradicionais (PNPCT), segue apresentando o processo e alguns dos dados
que foram produzidos em diálogo constante com a comunidade e por fim aponta para o
que as boas práticas e experiência possibilitaram, tendo em vista a sistematização e a
replicação do projeto.
Palavras-chave: trabalho decente; Convenção 169; comunidades tradicionais.
Abstract:
Technical cooperation between Brazilian institutions, especially the Labor Prosecution
Office (MPT), and the International Labor Organization (ILO), has been able to spread
the idea of "decent work" and, therefore, the theme has become a strong agenda not
only internationally but also in labor relations in Brazil. This partnership has made it
possible to accomplish a series of projects in order to promote qualification and
dignified work in various cities in Brazil. However, it was noticed that until then (2018)
- given the high complexity of working relationships in the countryside, which requires
its own logistics and strategies, in addition to the distinct cultural and logical
specificities that organize the group - traditional communities had not yet been
contemplated by this partnership. In this regard, in view of the reality of the state of
Tocantins, the diversity of social groups living and working in the countryside and the
underpromotion of the ILO-convention 169, the pilot edition of the Ubuntu Project is
born from a demand of the Araguaína Labor Prosecution Office (MPT - Araguaína), in
order to issue this cenario and propose to develop an initiative with the goal to mitigate
the impacts of social vulnerability, a condition as old as the history of the country,
without committing any kind of violence or wrong decisions. Thus, through the
knowledge of members of the Pastoral Land Commission (CPT) in Araguaína, the
association of the quilombola community of Grotão, located in the Municipality of
Filadélfia (Tocantins), was elected to receive investments in structure and technical
assistance needed in order to develop the productive chains chosen by the group. The
execution of the project was headed by the National Service of Rural Learning
(SENAR) - Regional Administration of Tocantins, with technical monitoring of the
Research and Extension Center of Agroecological Knowledge and Practices of the
Fedeal University of Tocantins (NEUZA/UFT) and it is the systematization of data
from technical visits and attendances performed by the researchers of NEUZA-UFT
which result in the construction of this material. Therefore, this present article aims to
expose the process of construction of this project, which unfolds in the need for
dialogue with the "Ubuntu" concept, thus dialoguing with African philosophy; proceeds
to further clarify the articulations with the ILO-convention 169, the idea of "decent
work" and the Brazilian legal framework spelled out in the National Policy for
Sustainable Development of Traditional Peoples and Communities (PNPCT); presents
the process and some of the data that were produced in constant dialogue with the
community; and finally points to what good practices and experiences were made
possible, in view of the systematization and replication of the project.
1
Segundo o site do Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal e no Tocantins (PRT-10), a
Procuradoria do Trabalho no município de Araguaína é responsável, além do município sede, por outros
68 municípios do norte do Tocantins. Fonte: http://www.prt10.mpt.mp.br/procuradorias/ptm-de-
araguaina-to
2
O conceito de “trabalho decente” na perspectiva de Márcia Regina Barroso (2015) tem funcionado como
uma espécie de ideia-chave que, tanto articula os objetivos estratégicos da OIT para o mundo do trabalho,
a saber, “(a) a aplicação dos princípios e direitos fundamentais do trabalho; (b) a criação de empregos; (c)
a proteção social; (d) e o diálogo social” (BARROSO, 2015, p. 364), quanto tem se capilarizado e
difundido no Brasil a partir de uma cooperação entre a OIT e instituições, principalmente o Ministério
Público do Trabalho (MPT). Em especial a partir de 2003 com a elaboração de “memorando de
entendimento entre a República Federativa do Brasil e a Organização Internacional do Trabalho para o
estabelecimento de um programa de cooperação técnica para a promoção de uma agenda de trabalho
decente” (BARROSO, 2015, p.364).
3
Segundo a nota técnica 06/2018-6CCR, assinada pela Câmara de Populações Indígenas e Comunidades
Tradicionais do Ministério Público Federal (6CCR) e pelo GT de Comunidades Tradicionais do mesmo
órgão, “O Decreto tem por objetivo dar cumprimento ao disposto nos art. 215 e 216 da Constituição
Federal, que consagram diversos direitos fundamentais, como o direito à cultura. Esses artigos dirigem
comandos expressos ao Estado visando à proteção dos grupos sociais que contribuíram para a formação
da identidade étnica, cultural e histórica de nossa sociedade”, sinalizando assim para sua
constitucionalidade quanto à garantia de direito fundamental. Fonte:
http://www.mpf.mp.br/pgr/documentos/nota-tecnica-decreto-6040
4
A Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT)
foi instituída através do Decreto Presidencial 6.040/2007, de 7 de fevereiro de 2007. Para consultar o
texto na íntegra: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6040.htm
Deste modo, dado que o projeto ainda encontra-se em execução 5 objetivo deste
artigo é apresentar os antecedentes do projeto e a forma como foi pensado, apresentar e
discutir brevemente a fundamentação jurídica para sua execução com especial enfoque
para a articulação com a convenção 169 da OIT (OIT, 1989) que trata do tema dos
povos tradicionais, apresentar brevemente a perspectiva filosófica africana que é de
onde inclusive vem à inspiração para nomear o projeto bem como apresentar algumas
das boas práticas, em especial o Diagnóstico Rural Participativo 6 (DRP), que nortearam
e/ou reelaboraram entendimentos e práticas até aqui no projeto.
5
O cronograma apresentado pelo SENAR em diálogo com o MPT visa à execução do projeto em 11
meses, de fevereiro a dezembro de 2019.
6
Segundo Souza (2009), “com origem nos trabalhos de Robert Chambers, nos Estados Unidos. A
metodologia prega, além da maior rapidez na obtenção de dados importantes para a promoção do
desenvolvimento socioeconômico de populações rurais, a participação ativa dos beneficiários envolvidos
no processo e uma multidisciplinaridade técnica” (p.35).
7
Frase que se tornou lema de luta das mulheres negras em busca da afirmação de suas ancestralidades e
que ganhou visibilidade ao ser reiterada pela médica e ativista do movimento negro, Jurema Werneck em
especial ao se tornar subtítulo do livro organizado em parceria pela mesma: WERNECK, Jurema.
MENDONÇA, Maísa. WHITE, Evelyn C. (org). O livro da Saúde das Mulheres Negras: nossos passos
vêm de longe. 2. Ed. Rio de Janeiro: Pallas / Criola, 2006.
8
Fonte: http://cidades.ibge.gov.br/brasil/to/filadelfia/pesquisa/23/25207?tipo=ranking&indicador=29519,
acesso: 14/11/2019.
Nesse sentido, é relevante informar que fundamenta a realização desta ação
reparatória o entendimento de dano moral coletivo que, na seara trabalhista, como
sustenta Bittar Filho (1994, p. 95), “[...] é a injusta lesão da esfera moral de uma dada
comunidade de trabalhadores, ou seja, é a violação antijurídica de um determinado
círculo de valores coletivos [...]”, como por exemplo, poderíamos citar a lesão ao meio
ambiente9 de trabalho seguro10 e digno.
Com efeito, têm-se ainda que, o artigo 13 da Lei 7.347 de 1985 (BRASIL, 1985)
dispõe que os recursos oriundos deste tipo de condenação devem ser destinados à
reconstituição dos bens lesados, ou seja, devem retornar à sociedade lesada pelas
práticas ilícitas suportadas. Por essa razão, o “Projeto Ubuntu” foi desenvolvido, para
assegurar a reconstituição do bem lesado mais óbvio na percepção externa à
comunidade tradicional que no entendimento construído diz respeito à dignidade e ao
meio ambiente de trabalho seguro, mas não só a ele.
De modo que, a equipe executora deste projeto se atina de forma progressiva ao
refinamento filosófico e ético que organiza a concepção de mundo deste grupo e assim,
de maneira correlata e cada vez com mais força e importância durante a sua execução,
como veremos a frente no tópico que se refere às boas práticas, promove a
reconstituição da conexão do grupo com sua ancestralidade ao (re)constituir as
condições para permanência no campo/território ancestral11 das famílias oriundas de
comunidades tradicionais, evitando a sua migração em busca de empregos
precarizados12 na cidade.
Assim, dito de outra forma, a equipe executora do Projeto Ubuntu percebeu que
apesar de aparentemente correlatos, os efeitos para além da promoção do “trabalho
9
Segundo Fiorillo (2003), “[...] o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais, sejam
remuneradas ou não, cujo equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que
comprometem a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores, independentemente da condição que
ostentem (homens ou mulheres, maiores ou menores de idade, celetistas, servidores públicos, autônomos,
etc.)”.
10
A noção de trabalho seguro presente no “Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais” é incorporada a legislação brasileira por meio do Decreto 591 de 6 de julho de 1992 (BRASIL,
1992).
11
Nesta passagem “campo” e “território ancestral” foram equiparados conceitualmente para fins didáticos
da continuidade do raciocínio quando, na verdade, ao se tratar de uma comunidade tradicional quilombola
o certo seria apenas o uso do segundo. Pois fornece a dimensão mais aproximada de todas as dimensões e
conexões que conectam comunidade e território.
12
Segundo Machado et al (2016), no contexto de globalização “se apresenta como um processo
multidimensional de institucionalização da instabilidade caracterizado pelo crescimento de diferentes
formas de precariedade e de exclusão. Ela se apoia na diminuição dos custos de produção a partir da
flexibilização do trabalho, que se instaura pela via da precarização do trabalho. Esse processo atua
diretamente na transformação e na flexibilização do direito do trabalho, reduzindo as políticas de proteção
social e de cidadania da população nomeada "excluída" pelo discurso político” (p.229).
descente” estrita, como a segurança alimentar 13, regularização da situação da associação
de quilombolas, fixação na terra estão instrumentalizam as pessoas para atuarem no
fortalecimento de sua comunidade, o quilombo Grotão.
Sobre isso, os dados das incursões em campo14 apontam que, o fato de o projeto
pagar uma bolsa de formação no valor de 500 reais mensais para cada uma das 19
famílias é de suma importância, pois conforme questionário aplicado na comunidade,
esse valor tem representado a fonte de renda para a maioria das famílias com exceção
daquelas que têm aposentados, pensionistas ou crianças para receber o benefício do
programa bolsa-família.
Logo, como apontam Aguiar et al (2019), além da infraestrutura visível outras
percepções que o trabalho de campo têm nos mostrado são, “redução do êxodo de
quilombolas para as cidades mais próximas, elevação da autonomia das comunidade em
relação às práticas produtivas, a retomada de práticas tradicionais quilombolas que
estavam enfraquecidas”, o que se reflete em fortalecimento na luta pelo seu território.
13
Segundo, Vasconcellos e Moura (2018), o conceito de “segurança alimentar e nutricional” foi muito
influenciado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mas no Brasil,
“A segurança alimentar e nutricional consiste na realização do direito ao acesso a alimentos de qualidade,
em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades essenciais. Pressupõe-se que seu alcance
implique a convergência de políticas e programas de vários setores com capacidades para promover, na
dimensão individual e coletiva, o acesso à alimentação adequada, requerendo um amplo processo de
descentralização, territorialização e gestão social” (p. 2).
14
Paralelo à execução do projeto pelo SENAR, a CPT e o NEUZA-UFT executam o projeto de
“Mitigação dos Impactos dos Projetos de Desenvolvimento Rural na Comunidade Quilombola Grotão”,
cuja metodologia consiste basicamente em trabalho de campo qualitativo e constante diálogo com a
comunidade.
realizado pelo antropólogo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA) Roberto Alves de Almeida (2011), identificou uma área de dois mil e
duzentos hectares como território ancestral.
Ditas estas informações, resta ainda situar o leitor dos critérios que levaram a
escolha desta comunidade em especifico. O fato é que segundo dados da Fundação
Cultural Palmares (FCP) (BRASIL, 2018) tratado por Lopes (2019), existem hoje no
estado do Tocantins 45 comunidades remanescentes de quilombo com certificação
emitida pela FCP, condição importante no bojo do projeto para a sua execução tendo em
vista a necessidade de segurança jurídica salvaguardando as partes.
Destas, 7 que já mantinham um diálogo e recebiam atenção dos agentes pastorais
da CPT, foram convidadas a construir 15 um Diagnóstico Rápido/Rural Participativo16
(DRP), afim de construir consciência crítica da situação em que se encontravam e afim
de buscar elencar problemas e soluções para tais.
Deste modo, vale destacar que tendo em vista os resultados obtidos e ainda a noção de
que o DRP ao se apresentar como resultado da aplicação de uma série de ferramentas interativas
que buscam instrumentalizar a comunidade para elencar suas características, potencialidades,
fragilidades e prioridades, o mesmo logo foi incorporado ao escopo do projeto Ubuntu17. Torna-
se importante também, pois se propõe a cumprir o que dispõe a Política Nacional de Assistência
Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária – PNATER, ao tornar
como princípio norteador a “adoção de metodologia participativa com enfoque multidisciplinar,
interdisciplinar e intercultural” (BRASIL, 2010).
Com a posse destas informações a direção local da CPT quando recebeu a
proposta de estar, em parceria com o MPT, ajudando neste processo, utilizou estes
dados dos DRPs para uma primeira seletiva entre as comunidades, ou seja, o primeiro
critério utilizado foi à execução prévia de um DRP e em seguida o critério escolhido foi:
a vulnerabilidade e o risco da perda do território.
Outro critério utilizado, desta vez pelo MPT, dada a necessidade de articulação
com a seara trabalhista foi à exigência da averiguação da existência de uma organização
mínima formalizada e em consonância com o postulado da formalidade do trabalho e
15
Os DRPs produzidos nesta ação da Pastoral encontram-se em posse das comunidades, tendo a CPT
apenas os registros (Fotográficos) e cópias dos mesmos.
16
Vale ressaltar que os DRPs foram produzidos inclusive antes do diálogo para implementação do
Ubuntu, o que tornou esta parte da ação relativamente rápida, pois os dados já existiam.
17
Paralela às atividades realizadas pela executora do projeto: o SENAR, temos que o MPT, a CPT e o
NEUZA-UFT celebraram outro acordo coordenado pelo Professor Vinícius Gomes de Aguiar
(NEUZA/UFT) com vistas a acompanhar o projeto e o mesmo tem como um de seus pilares a oitiva
constante da comunidade a aplicação de ferramentas do DRP.
amparo das pessoas do grupo seja ela na forma de associação ou cooperativa, que a
comunidade do Grotão também atendia e que tornava possíveis os investimentos.
Exemplo disso foi quando com dinheiro do projeto foi adquirido um veículo automotor
utilitário já em nome da associação. Foi assim então que de comum acordo, MPT, CPT
e OIT definiram com o aval da comunidade a execução do projeto.
Figura 01. Mapa de localização do quilombo Grotão, em Filadéfia (TO). Fonte: Aguiar et al (2019)
Filosofia Ubuntu
18O artigo 6º da Convenção 169 da OIT (1989) ao salientar a “qualificação do processo consultivo”,
endossa tais princípios.
Nosso ponto de partida é que Ubuntu pode ser visto como a base da filosofia
africana. Para além de uma análise linguística de ubuntu, um argumento
filosófico persuasivo poderá criar toda uma “atmosfera familiar” que é um
tipo de afinidade filosófica e um parentesco entre o povo nativo da África.
(RAMOSE,1999, p.49).
BITTAR FILHO, Carlos Alberto. Do dano moral coletivo no atual contexto jurídico
brasileiro. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais. v.
12, out./dez. 1994.