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Professor: Carlos Luiz da Silva Junior (Carlinhos).

Aluno(a):

Redação UERJ 2025 – Tema de Redação


sobre o livro “Vulgo Grace”, de Margaret Atwood

INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

- O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.


- O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, de 20 a 30 linhas.
- A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do
Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de
correção.

Receberá nota zero, em qualquer das situações a seguir, a redação que:


- desrespeitar os direitos humanos.
- tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
- fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
- apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

Texto 1
Um dos principais romances da premiada escritora Margaret Atwood, autora de
O conto da aia, que deu origem à elogiada série The Handmaid’s Tale, Vulgo Grace
também foi adaptada em série. A partir de um caso real ocorrido no Canadá na década
de 1840, o livro conta a trajetória de Grace Marks, uma criada condenada à prisão
perpétua por ter ajudado a assassinar o patrão, Thomas Kinnear, e a governanta da casa
onde trabalhava, Nancy Montgomery. A história tem início quando a protagonista já
está presa. James McDermott, também condenado pelas mortes, há muito fora
enforcado. Grace mora no presídio, mas devido ao bom comportamento, trabalha
durante o dia na casa do governador da penitenciária em uma Toronto do século XIX
com costumes bastante tradicionais. Grace costura e ajuda em alguns serviços mais
leves. Apesar de iletrada, os relatos que Grace faz, de próprio punho, em diários e
cartas, e seu bom comportamento em todas as instituições por onde passou,
impressionaram clérigos, médicos e políticos da época. Vários trabalharam
incansavelmente a favor da jovem, elaborando petições para sua libertação, procurando
opinião clínica para dar suporte ao seu caso. Em seu esforço para descobrir a verdade, o
Dr. Simon Jordan, um jovem médico estudioso de doenças mentais, faz visitas
constantes à jovem prisioneira e, em um misto de simpatia e incredulidade, utiliza as
ferramentas então rudimentares da psicologia para chegar cada vez mais perto do que
realmente ocorreu. Teria sido ela ludibriada por James McDermott, humilhada demais
por Nancy Montgomery, acometida de um acesso de raiva ou o mundo simplesmente
estaria sendo injusto ao condená-la à prisão perpétua? Respostas que a autora sabe
guardar muito bem até o fim do livro.
(Disponível em:
<https://www.amazon.com.br/Vulgo-Grace-Margareth-Atwood/dp/8532523536/
ref=pd_bxgy_img_d_sccl_2/142-1758640-7341210?pd_rd_w=lQMGV&content-
id=amzn1.sym.758f3509-df88-4265-806c-565a738dc05d&pf_rd_p=758f3509-df88-
4265-806c-
565a738dc05d&pf_rd_r=MSHMC8F9042AGYJNSHFN&pd_rd_wg=42zbA&pd_rd_r=
4bf08b38-afb0-483d-b92e-0c6961779ec5&pd_rd_i=8532523536&psc=1>. Acesso em:
10/01/2024.)

Texto 2
Sobre o livro “Ao sul do corpo”, de Mary Del Priore

Podemos identificar, ao longo da leitura da obra, a apreensão, por parte da


autora, de três papéis específicos estabelecidos para a mulher no período estudado por
ela, que abrange os séculos XVI, XVII, XVIII e XIX: o papel de esposa, o papel de mãe
e, finalmente, e em estreita relação com a concretização desses dois, o papel de
transmissora e fixadora dos ideais e de uma moral católico-cristã. Assim, parte-se de
dois discursos fundamentais, que a autora considera como tendo sido os dois
musculosos instrumentos de ação acionados para o processo de adestramento pelo qual
passaram as mulheres coloniais: o discurso sobre padrões ideais de comportamento,
difundido por moralistas, pregadores e confessores e fruto, em grande parte, das
decisões promovidas pela Igreja durante a reforma católica e de um projeto civilizatório
que inundava a Europa renascentista; e o discurso normativo médico que, procurando
discorrer sobre o funcionamento do corpo feminino, endossa e difunde uma concepção
deste como destinado à procriação, a autora vai resgatando a maneira pela qual esta
imagem da mulher vai sendo construída e firmada, não somente na mentalidade daquela
sociedade como, também, na visão que a própria mulher tinha de si mesma.
No entanto, se, por um lado, temos o que se mostra como sendo o idealizado
pela época, por outro, temos o que era praticado na época. Mary Del Priore nos
apresenta, então, um mundo dicotômico, polarizado, onde o que propunha (ou impunha)
o discurso masculino (religiosos, civilizador ou médico) tinha como opositor a realidade
social desse mundo colonial, fruto de uma grande miscigenação de culturas, crenças e
comportamentos. testemunha de necessidades que, muitas vezes, não condiziam com o
que procurava estabelecer tais discursos e aliado de práticas e costumes que fugiam a
estes ditames. Além disso, inserida nessa realidade “a-ser-normatizada”, surgia a
própria atitude dessas mulheres: que se apresentava como uma resposta mais coerente às
imposições dessa realidade do que seria aquela desejada, pregada ou recomendada pelos
seus adestradores. O texto da autora baseia-se, portanto, nessa polaridade e, ao mesmo
tempo em que procura explicitar a concretização da mulher ideal, ela nos mostra o
forjamento da imagem da mulher condenada, aquela que se nega a ser esposa, que
exerce a maternidade de uma maneira destoante da desejada pela Igreja e pelo Estado e
que é incapaz de transmitir uma tradição católico-cristã, por ser ela própria uma
transgressora desta tradição. Em suma, ela procura demonstrar como essa mesma
sociedade, que procura estabelecer os moldes da mulher ideal, forja a imagem da “puta”
para, por meio desta polarização radical, poder impor mais eficientemente seu projeto
de adestramento da mulher.
Enfim, procurando entender e captar essa mulher presente no Brasil colônia,
Mary Del Priore envereda pela literatura normatizadora de quatro séculos, buscando nas
escritos teológicos, moralizantes e médicos da Europa, como também alguns produzidos
no Brasil, o olhar masculino sobre a mulher e as intenções masculinas com relação a
este sexo implícitas nesse “olhar”. Numa tentativa de resgatar essa “mulher”, ela
percorre o que a passado nos legou de indícios sobre ela: os testamentos, os autos de
divórcio, as receitas de “remédios”, as crenças e tradições femininas. os relatos de
viajantes e demais testemunhas que tiveram algum convívio com ela.
(Disponível em:
<https://static1.squarespace.com/static/561937b1e4b0ae8c3b97a702/t/
5727835a27d4bd23efdf7b87/1462207323311/13_Dantas
%2C+Maria+Libano+de+Rezende.pdfAcesso>. Acesso em: 10/01/2024.)

Após ler atentamente o romance “Vulgo Grace”, de Margaret Atwood, além dos
textos 1 e 2 – a sinopse dessa obra e o trecho de uma resenha sobre o livro “Ao sul do
corpo” (da historiadora e escritora brasileira Mary Del Priore), respectivamente –, avalia
a fundo as temáticas tratadas. Margaret Atwood funde o viés histórico ao teor ficcional,
de forma a tratar de assuntos como as injustiças e as opressões manifestadas em relação
às mulheres, tanto no passado quanto no presente. Com isso, aborda-se, profundamente,
a condição feminina na História, temática a qual aparece em obras artísticas como os
livros “Quarto de despejo” (da escritora, cantora e compositora brasileira Carolina
Maria de Jesus), comum em provas, e “Vox” (da linguista e professora universitária
estadunidense Christina Dalcher).
A partir da leitura do romance, é possível refletir sobre o seguinte problema que
faz parte do nosso cotidiano:

É função de cada indivíduo ajudar na reivindicação de direitos femininos e ter a


responsabilidade de zelar a proteção à mulher?

Escreva uma redação argumentativo-dissertativa, em prosa, com 20 a 30 linhas,


discutindo esse problema.
Utilize a norma-padrão da língua portuguesa e atribua um título à sua redação,
que deve ser escrita inteiramente com caneta e não deve ser assinada.

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