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SGAS 903 Bloco D Lote 79 SEP SUL EQ 704/904 Conj A


70390 030 Brasília DF 70390 045 Brasília DF
T 55 61 3704 8884 T 55 61 3704 8803

Centro Universitário do Distrito Federal – UDF


Coordenação do Curso de direito

JÉSSICA KAROLAYNE ARAUJO DIAS


RGM: 1519521-0

A MITIGAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS TRABALHISTAS NOS CONTRATOS


TEMPORÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: um estudo de caso dos
servidores públicos temporários, sob a égide da lei 1.063/2013, no município de
Águas Lindas de Goiás/GO

Brasília/DF
2019
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JÉSSICA KAROLAYNE ARAUJO DIAS


RGM: 1519521-0

A MITIGAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS TRABALHISTAS NOS CONTRATOS


TEMPORÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: um estudo de caso dos
servidores públicos temporários, sob a égide da lei 1.063/2013, no município de
Águas Lindas de Goiás/GO

Trabalho de conclusão de curso


apresentado à Coordenação de direito do
Centro Universitário do Distrito Federal –
UDF, como requisito parcial para obtenção
do grau de bacharel em direito.
Orientador: Professor Mestre Thiago
Santos Aguiar de Pádua

Brasília/DF
2019
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Dias, Jéssica Karolayne Araujo.

A MITIGAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS TRABALHISTAS NOS CONTRATOS


TEMPORÁRIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: um estudo de caso dos servidores
públicos temporários, sob a égide da lei 1.063/2013, no município de Águas Lindas de
Goiás/GO / Jéssica Karolayne Araujo Dias – Brasília, 2019.

125 f.

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação de direito do


Centro Universitário do Distrito Federal - UDF, como requisito parcial para
obtenção do grau de bacharel em direito. Orientador: Professor Mestre Thiago
Santos Aguiar de Pádua

1. Direito administrativo. Palavras-chaves: contrato temporário; direitos sociais trabalhistas;


servidores públicos temporários; mitigação; método de análise das decisões.

CDU 342.9

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RESUMO

A presente monografia tem por finalidade verificar possível mitigação dos


direitos sociais trabalhistas dos servidores públicos temporários contratados pelo
Município de Águas Lindas de Goiás/GO, sob a égide da Lei Municipal n. 1.063/13,
considerada a situação de excepcional interesse público face a suspensão dos
certames públicos por parte do Tribunal de Contas dos Municípios. Nessa perspectiva
serão apresentados o conceito de agentes públicos, bem como o conceito, a finalidade
os requisitos, as nulidades e a responsabilidade dos contratos temporários. Além
disso, serão explorados os direitos sociais trabalhistas, suas origens, a previsão no
ordenamento jurídico nacional e internacional, a aplicação aos servidores públicos
temporários, os dispositivos legais no âmbito federal e municipal, o entendimento
jurisprudencial e a disposição normativa nos contratos temporários municipais. Por
meio do uso do Método de Análise das Decisões – MAD – será realizada uma
pesquisa exploratória com o fim de levantar um banco de dados com as sentenças
proferidas pelo magistrado da vara de fazenda pública da Comarca de Águas Lindas
de Goiás a fim de verificar a prática decisória deste e eventuais implicações políticas,
no que tange a mitigação dos direitos sociais trabalhistas desses servidores.

PALAVRAS-CHAVE: contrato temporário; direitos sociais trabalhistas;


servidores públicos temporários; mitigação; método de análise das decisões.
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ABSTRACT

The purpose of this monograph is to verify the possible mitigation of the


labor social rights of temporary civil servants hired by the municipality of Águas Lindas
de Goiás/GO, under the auspices of Municipal Law n. 1.063/13, considering the
situation of exceptional public interest in view of the suspension of public events by the
Court of Auditors of the Municipalities. From this perspective, the concept of public
agents will be presented, as well as the concept, purpose, requirements, nullities and
liability of temporary contracts. In addition, labor social rights, their origins, provision in
national and international legal systems, application to temporary civil servants, legal
provisions at federal and municipal levels, jurisprudential understanding and normative
provision in municipal temporary contracts will be explored. Using the Decision
Analysis Method - DAM - an exploratory research will be conducted in order to survey
a database with the judgments given by the magistrate of the public farm of the District
of Águas Lindas de Goiás in order to verify the decision-making practice of this and
any political implications regarding the mitigation of the social rights of these
employees.

KEYWORDS: temporary contract; labor social rights; temporary public


servants; mitigation; method of decision analysis.
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SUMÁRIO:
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8
1. A CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA ........................................................................ 9
1.1. OS AGENTES PÚBLICOS ........................................................................................ 9
1.2. OS SERVIDORES PÚBLICOS E O REGIME JURÍDICO .................................................... 9
1.3. AS PECULIARIDADES DA CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA ............................................ 12
1.3.1 Modalidade de contratação ........................................................................ 12
1.3.2. Natureza Jurídica ...................................................................................... 13
1.3.3. Competência para julgamento ................................................................... 14
1.3.4. Requisitos Obrigatórios ............................................................................. 15
1.3.5. Nulidades .................................................................................................. 17
1.3.6. Fiscalização ............................................................................................... 19
1.3.7. Responsabilidades .................................................................................... 20
1.4. A NORMA FEDERAL DOS CONTRATOS TEMPORÁRIOS – LEI N. 8.745/93 ................... 21
1.5. AS CONTRATAÇÕES TEMPORÁRIAS NO MUNICÍPIO DE ÁGUAS LINDAS DE GOIÁS ....... 23
1.5.1. A suspensão dos concursos públicos municipais como causa de
necessidade temporária de excepcional interesse público ................................. 24
1.5.2. Os contratos celebrados entre os particulares e o Município de Águas
Lindas de Goiás .................................................................................................. 26
2. OS DIREITOS SOCIAIS TRABALHISTAS DOS SERVIDORES TEMPORÁRIOS
.................................................................................................................................. 27
2.1. OS DIREITOS SOCIAIS ......................................................................................... 27
2.2. OS DIREITOS SOCIAIS TRABALHISTAS DOS SERVIDORES PÚBLICOS .......................... 28
2.3. OS DIREITOS SOCIAIS TRABALHISTAS DOS SERVIDORES PÚBLICOS TEMPORÁRIOS .... 31
2.3.1. No âmbito federal ...................................................................................... 32
2.3.2. No âmbito estadual e municipal ................................................................ 33
2.3.3. Entendimento jurisprudencial .................................................................... 34
2.3.3.1. Os direitos sociais trabalhistas nos contratos temporários válidos ...... 34
2.3.3.2. Os direitos sociais trabalhistas nos contratos temporários nulos ........ 37
2.4. OS DIREITOS SOCIAIS TRABALHISTAS PREVISTOS NA LEI MUNICIPAL N. 1.063/13 ..... 40
3. A JUDICIALIZAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS TRABALHISTAS DOS
SERVIDORES PÚBLICOS TEMPORÁRIOS MUNICIPAIS ...................................... 41
3.1. O MÉTODO DE ANÁLISE DAS DECISÕES ............................................................... 41
3.2. OS PROCEDIMENTOS DO MÉTODO DE ANÁLISE DAS DECISÕES APLICADAS AO CASO
CONCRETO ............................................................................................................... 42
3.2.1. A pesquisa exploratória ............................................................................. 42
3.2.2. O recorte objetivo ...................................................................................... 43
3.2.3. O recorte Institucional................................................................................ 43
3.3. A APLICAÇÃO DO MÉTODO DE ANÁLISE DAS DECISÕES .......................................... 44
3.3.1. A constituição do banco de dados ............................................................. 44
3.3.2. A verificação do banco de dados e a reflexão crítica sobre a prática
decisória .............................................................................................................. 46
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3.3.2.1. A propositura da ação ......................................................................... 46


3.3.2.2. As preliminares e prejudiciais de mérito sustentadas pelo requerido .. 49
3.3.2.2.1. Inépcia da petição inicial ............................................................... 49
3.3.2.2.2. A falta de interesse de agir ............................................................ 49
3.3.2.2.3. A perda superveniente do objeto ................................................... 50
3.3.2.2.4. A impugnação ao benefício da gratuidade de justiça .................... 51
3.3.2.2.5. A prescrição................................................................................... 51
3.3.2.3.O reconhecimento do vínculo empregatício e a sucessão contratual .. 52
3.3.2.4. Os direitos sociais trabalhistas não aplicáveis aos servidores
temporários ...................................................................................................... 53
3.3.2.5. Os direitos sociais trabalhistas aplicáveis aos servidores temporários 54
3.3.2.6. Os danos extrapatrimoniais ................................................................. 56
3.3.2.7. A litigância de má-fé ............................................................................ 56
3.3.2.8. Dispositivo da sentença ....................................................................... 57
3.3.3. As implicações políticas da prática decisória ............................................ 57
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 60
5. ANEXOS ............................................................................................................... 65
5.1. LEIS MUNICIPAIS ................................................................................................. 65
5.2. CONTRATOS .................................................................................................. 77
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................... 121
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INTRODUÇÃO

A Constituição Federal estabelece três hipóteses de contratação de


pessoal por parte da Administração Pública, quais sejam o ingresso por meio de
concurso público ou para desempenhar cargo em comissão, de livre nomeação e livre
exoneração, conforme o art. 37, II da CF e ainda, os servidores públicos contratados
por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional
interesse público, nos termos do art. 37, IX da CF.

No que tange a última modalidade de contratação de pessoal apresentada,


dar-se o nome de servidores públicos temporários aos agentes que assim ingressam
nos quadros de pessoal do poder público, os quais, em regra, serão contratados pela
Administração Pública para desempenhar uma função pública, por prazo determinado,
considerando uma situação excepcional que autoriza a mitigação do princípio do
concurso público.

Observa-se que esses agentes públicos são intitulados servidores públicos,


porém seu vínculo é precário e temporário, o que culmina na importância acerca da
análise de como os direitos sociais trabalhistas têm se mostrado presente na relação
jurídica então estabelecida.

Essa análise torna-se necessária na medida em que o texto constitucional,


embora preveja os direitos sociais trabalhistas dos empregados privados e públicos,
no art. 7º da CF e dos servidores públicos no art. 39, § 3º da CF, seja silente quanto
aos direitos sociais trabalhistas dos servidores públicos temporários.

Desse modo, deve-se realizar uma revisão legal, doutrinária e


jurisprudencial a fim de conhecer os direitos assegurados a esses servidores públicos
e de igual modo, mostra-se pertinente realizar análises de casos concretos.

Assim sendo, serão analisadas as sentenças proferidas no bojo dos


processos judiciais que discutem os direitos sociais trabalhistas dos servidores
públicos temporários do Município de Águas Lindas de Goiás, sob a égide das Leis n.
1.063/13 e 1.073/13, com o objetivo de verificar se há mitigação dos direitos sociais
trabalhistas desses agentes públicos.

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1. A contratação temporária

1.1. Os agentes públicos


Ser agente público é desempenhar função como prestador de serviços
junto ao Estado, como também às pessoas jurídicas da Administração Indireta.1

Nesse sentido, a Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/92)


estabeleceu, no art. 2º, a definição de agente público para os fins normativos
necessários. Observe:

Art. 2º. Reputa-se agente público, para efeitos desta Lei, todo aquele que
exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no
artigo anterior.2

Desse modo, a Lei de Improbidade Administrativa reconhece como agentes


públicos todos aqueles que exercem mandato, cargo, emprego ou função pública
perante a Administração Pública – direta e indireta – ainda que de modo precário e
sem remuneração, independente da forma de investidura.

Assim, tem-se por agentes públicos os agentes políticos, os militares, os


particulares em colaboração com o Poder Público (agentes delegados, agentes
honoríficos e gestores de negócios) e os servidores públicos.

Nesse momento será necessário analisar, de forma estrita, os servidores


públicos.

1.2. Os servidores públicos e o regime jurídico


Os servidores públicos, em sentido amplo, são aqueles que ingressam no
serviço público por meio de concurso público ou contratação para exercerem cargo,

1DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 654 p.
2BRASIL. Lei nº 8.429 de 02 de junho de 1992. Dispõe sobre a Improbidade Administrativa. Rio de
Janeiro, 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8429.htm. Acesso em: 18 set.
2019.
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emprego ou função perante a Administração Pública, de caráter transitório ou não,


mediante remuneração.

Esses agentes são subdivididos em servidores públicos em sentido estrito


ou estatutários, empregados públicos e servidores públicos contratados, a depender
da forma de ingresso e do papel a ser desempenhado perante o Estado.

Nesse sentido, Hely Lopes Meirelles disciplina que:

Os servidores públicos em sentido estrito ou estatutários são os titulares de


cargo público efetivo e em comissão, com regime jurídico estatutário geral
[...]. Tratando-se de cargo efetivo, seus titulares podem adquirir estabilidade
e estarão sujeitos a regime peculiar da previdência social. Os empregados
públicos são todos titulares de emprego público (não de cargo público) da
Administração direta e indireta, sujeitos ao regime jurídico da CLT. [...]. Não
ocupando cargo público e sendo celetistas, não tem condição de adquirir
estabilidade constitucional (CF, art. 41), nem podem ser submetidos ao
regime de previdência peculiar [...] sendo enquadrados no regime geral da
previdência social [...]. Os contratados por tempo determinado são os
servidores públicos submetidos ao regime jurídico administrativo especial de
lei prevista no art. 37, IX, da Carta Magna, bem como ao regime geral da
previdência social. 3

A Constituição Federal de 1988 (CF/88) prevê três modalidades de


ingresso dos servidores públicos em seus quadros, as quais estão diretamente ligadas
com a natureza do vínculo jurídico e com a natureza de suas funções.

A regra é que a investidura dos servidores públicos estatutários e dos


empregados públicos para exercerem cargo e emprego público, respectivamente
ocorrerá mediante a aprovação prévia dos candidatos em concursos públicos ou
concursos públicos de provas e títulos, conforme o disposto no art. 37, II da CF.

Entretanto, a aprovação em certame público não é o único meio de ingresso


desses agentes públicos, isso porque o dispositivo supracitado estabelece uma
ressalva, que permitirá a nomeação de pessoal para desempenho de cargo em
comissão declarados em lei, sendo esses de livre nomeação e exoneração, com base
na oportunidade e conveniência do interesse público.

3MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 35. ed. São Paulo: Malheiros, 2009. 418
p.
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Os servidores públicos em sentido estrito ou estatutários são aqueles


nomeados para exercer um cargo público perante a Administração Pública Direta,
pertencendo ao quadro de pessoal de um dos entes federados (União, Estados,
Distrito Federal ou Municípios), bem como perante a Administração Pública Indireta
autárquica ou fundacional de direito público, esses agentes públicos sujeitam-se ao
regime jurídico estatutário, de forma geral, ao Estatuto Geral dos Servidores Públicos
(Lei n. 8.112/90) e de forma específica, ao estatuto dos servidores dos órgãos aos
quais pertençam.

Por outro lado, os servidores públicos celetistas ou empregados públicos


são os agentes contratados para desempenharem um emprego público, pertencendo
ao quadro de pessoal da Administração Pública Indireta, no que tange às empresas
públicas, sociedades de economia mista e fundações de direito privado, sendo esses
sujeitos ao regime jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Além disso, é certo que a Constituição Federal permite que os agentes


públicos sejam nomeados para exercer cargo em comissão, cargo de natureza ad
nutum, ou seja, de livre nomeação e exoneração.

Em uma análise detalhada do dispositivo constitucional que admite essa


modalidade é possível identificar que o constituinte restringiu o campo de atuação dos
servidores comissionados, isso porque condiciona a nomeação a existência de
previsão legal e ainda, que esses poderão ingressar no serviço público para
desempenhar um cargo público, o qual, conforme anteriormente explanado, só poderá
ser exercido por um servidor público estatutário.

As consequências práticas dessa restrição são que, em tese, não haverá


nomeação de servidores comissionados para exercer um emprego público diante da
Administração Pública Indireta (sociedades de economia mista, empresas públicas e
fundações de direito privado).

Entretanto, a 6ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho, em 2017, por


meio do Recurso de Revista 93810201135100010, firmou entendimento de que é
possível a criação de empregos em comissão, ou seja, que dispensam a realização

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de certame público, desde que os empregos estejam relacionados a cargos de direção


e assessoramento.4

No entanto, os servidores públicos (estatutários e celetistas) e aqueles que


desempenham cargos em comissão não são os únicos servidores que compõem o
pessoal da administração pública.

Existe, ainda, os servidores públicos temporários que ingressarão no


Poder Público por meio de contratação, nos termos do art. 37, IX da CF, para
desempenho de uma função pública, que só existirá nessa modalidade e na
nomeação de servidores comissionados para exercer função de confiança, conforme
exposto por Maria Sylvia Di Pietro:

[...] função, em paralelo a cargo e emprego público, só existirá para os


contratados “por tempo determinado para atender à necessidade temporária
de excepcional interesse público”, nos termos do artigo 37, IX, e para funções
de confiança, de livre nomeação e exoneração.5

Considerando as peculiaridades existentes na contratação dos servidores


públicos temporários, necessário será tecer alguns apontamentos acerca desse tema.

1.3. As peculiaridades da contratação temporária


O texto constitucional, no art. 37, IX, prevê que haverá contratação de
pessoal por prazo determinado para atender necessidade temporária de excepcional
interesse público, nos termos da lei, a qual apresenta algumas distinções.

1.3.1 Modalidade de contratação


Observa-se que os servidores pertencentes a essa modalidade serão
contratados pela administração pública. Segundo Duarte Prinzo, “a contratação em

4 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. TST – RR: 9381020135100010. Recurso de Revista da


Hemobrás. Lei nº 13.015/2014. Preliminar de nulidade do acórdão do TRT por negativa de prestação
jurisdicional. Relator: Kátia Magalhães Arruda. Brasília, 06 de setembro de 2017. Disponível em:
https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/504942126/recurso-de-revista-rr-9381020135100010/inteiro-
teor-504942143. Acesso em: 03 nov. 2019.
5 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 26. ed. – São Paulo: Atlas, 2013. 600 p.

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estudo é aquela realizada diretamente, sem intermediação, cujo objeto é a


contratação de pessoas, de mão de obra”.6

Assim, apesar de esses servidores criarem um vínculo contratual com a


Administração Pública, esse elo não será regido pela CLT, visto não serem aplicados
os dispositivos normativos do contrato de trabalho nesse caso, nem poderia essa
espécie contratual ser classificada como contrato administrativo regido pela Lei de
licitações e contratos administrativos (Lei n. 8.666/93), uma vez que não tem por
objetivo a contratação de obras, serviços, fornecimento, concessão, permissão,
alienação ou locação, mas tão somente a contratação de pessoal.

Entretanto, considerando que a Lei de licitações e contratos administrativos


estabelece as normas gerais dos contratos administrativos é admissível o
entendimento de que os contratos temporários, embora regidos por lei específica,
devem obedecer às normas gerais dos contratos administrativos.

Portanto, os contratos temporários são contratos celebrados entre o


particular e a administração pública para contratação de serviços, que estabelece um
vínculo administrativo-jurídico entre as partes, que deve observar a lei específica,
porém deve seguir as normas gerais dos contratos administrativos.

1.3.2. Natureza Jurídica


Não há um consenso doutrinário sobre a natureza jurídica do vínculo
desses servidores com a administração pública. Lucas Furtado entende que “o
servidor público temporário é um prestador de serviço”7, em consonância com seu
pensamento está Afonso da Silva, o qual estabelece que “o contratado é, assim, um
prestacionista de serviços temporários”.8

Por outro lado, Carvalho Filho argumenta que se trata de relação funcional
de natureza contratual, observe:

6 PRINZO, Luis César Duarte. Contratos temporários na administração pública. Rio de Janeiro:
Dimensão, 2003. 14 p.
7 FURTADO, Lucas Rocha. Curso de direito administrativo. Belo Horizonte: Fórum, 2007. 895 p.
8 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 37. ed., rev. e atual. até a Emenda

Constitucional n. 76, de 28.11.2013. – São Paulo: Malheiros, 2014. 690 p.

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[...] só se pode entender que o Constituinte pretendeu caracterizar essa


relação funcional como de natureza contratual. Cuida-se, de fato, de
verdadeiro contrato administrativo de caráter funcional, diverso dos contratos
administrativos em geral pelo fato de expressar um vínculo de trabalho
subordinado entre a Administração e o servidor.9

Assim sendo, percebe-se que o vínculo estabelecido pelos servidores


temporários e a administração pública é visto como uma mera prestação de serviços
ou como uma relação funcional de natureza contratual, divergência essa que reflete
de forma direta nos direitos assegurados a esses agentes, como será mostrado em
momento oportuno.

1.3.3. Competência para julgamento


Nos ensinamentos de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, “[...] os
agentes públicos contratados por tempo determinado exercem função pública
remunerada temporária e têm uma relação funcional com o Poder Público de natureza
jurídico-administrativa”.10

Assim, é correto o entendimento do Supremo Tribunal Federal de que as


lides entre os servidores públicos temporários e o Poder Público contratante não são
de competência da Justiça do Trabalho11, mas sim da Justiça Comum Estadual ou
Federal, a depender do órgão que o servidor estará vinculado. Veja:

EMENTA: INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Competência Justiça


do Trabalho. Incompetência reconhecida. Causas entre o Poder Público e
seus servidores estatutários. Ações que não se reputam oriundas de relação
de trabalho. [...] O disposto no art. 114, I, da Constituição da República, não
abrange as causas instauradas entre o poder Público e servidor que lhe seja

9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30. ed. rev., atual. e ampl.
– São Paulo: Atlas, 2016. 635 p.
10 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito administrativo descomplicado / Marcelo alexandrino, Vicente

Paulo. 25. Ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: Método, 2017. 335 p.
11 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE 573.202/AM. Recurso Extraordinário. Acórdão que

reconheceu a competência da justiça do trabalho. Rel. Min. Ricardo Lewandowski. Brasília, 21 de


agosto de 2008. Disponível em: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25134051/agreg-nos-
embdecl-no-conflito-de-competencia-cc-7836-df-stf/inteiro-teor-124550363?ref=serp. Acesso em: 06
nov. 2019.

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vinculado por relação jurídico-estatutária (STF, ADI 3395 MC, Relator (a):
Min. Cezar Peluzo. Tribunal Pleno, julgado em 05/04/2006, DJ 10/11/2006). 12

No entanto, poderá ser atribuída a Justiça do Trabalho a competência para


processar e julgar as lides supracitadas, caso os contratos temporários sejam
irregulares, visto que são nulos de pleno direito e não geram vínculo empregatício com
a Administração Pública, cabendo somente ao servidor buscar o cumprimento da
obrigação do pagamento de retribuição a título salarial pela empregadora.

O Tribunal Superior do Trabalho reconhece, de tal modo, a competência da


Justiça do Trabalho nesse sentido que expressa, inclusive, os direitos desses
trabalhadores admitidos de modo irregular por meio da súmula n. 363 do TST.

Assim, é certo que no caso de contratação temporária regular competirá a


Justiça Comum – estadual ou federal – o processo e julgamento das lides existentes
entre servidores e Poder Público, ao passo que em caso de contratação temporária
irregular será competência da Justiça do Trabalho.

1.3.4. Requisitos Obrigatórios


A Carta Magna expõe que a contratação temporária pressupõe o
preenchimento de três requisitos obrigatórios, os quais são excepcional interesse
público, temporariedade da contratação e da necessidade e hipóteses expressamente
previstas em lei.13

De mesmo modo é o entendimento do Supremo Tribunal Federal. Veja:

REPERCUSSÃO GERAL. [...] 2. Prevalência da regra da obrigatoriedade do


concurso público (art. 37, inciso II, CF). As regras que restringem o
cumprimento desse dispositivo estão previstas na Constituição Federal e
devem ser interpretadas restritivamente. 3. O conteúdo jurídico do art. 37,
inciso IX, da Constituição Federal pode ser resumido, ratificando-se, dessa
forma, o entendimento da Corte Suprema de que, para que se considere

12 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADI 3395 MC. Ação direta de inconstitucionalidade.
Competência Justiça do Trabalho. Relator: Min. Cezar Peluzo. Brasília, 05 de abril de 2006. Disponível
em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=390700. Acesso em: 03 nov.
2019.
13 MORAES, Alexandre de. Constituição do brasil interpretada e legislação constitucional. 5. ed.

– São Paulo: Atlas, 2005. 873 p.

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válida a contratação temporária é preciso que: a) os casos de excepcionais


estejam previstos em lei; b) o prazo da contratação seja predeterminado; c) a
necessidade seja temporária; d) o interesse público seja excepcional; e) a
necessidade de contratação seja indispensável [...] (RE 658.026/MG, Rel.
Min. Dias Toffoli, Julgado em: 09.04.2014).14

É certo que haverá excepcional interesse público quando houver um


serviço público de caráter transitório que não demande a criação de cargo permanente
ou que embora demande, não haja tempo para a realização de concurso público, face
a urgência da necessidade.

Nesse sentido, o STF entende não ser válida a utilização da contratação


temporária para o preenchimento de funções meramente burocráticas, por faltar-lhes
o requisito do excepcional interesse público.

Apesar de admitir que as funções de natureza permanente possam ser


desempenhadas por servidores temporários, desde que justificada por uma situação
fática excepcional.15

A Lei n. 8745/93, que será posteriormente abordada de forma detalhada,


disciplina a contratação temporária de servidores públicos pela Administração Pública
Federal e no art. 2º apresenta um rol exemplificativo das situações em que estariam
presente o excepcional interesse público.

Entretanto, apesar de ser norma observável pelos demais entes federativos


quando esses objetivarem criar leis disciplinando a contratação temporária, é certo
que esses novos diplomas normativos poderão prever novas hipóteses que
caracterizem excepcional interesse público.

A temporariedade da contratação pressupõe que os contratos celebrados


entre os particulares e a Administração Pública tenham um prazo determinado, o qual

14 BRASIL. Supremo Tribunal Federal: RE 658.026/MG. Recurso extraordinário. Repercussão geral


reconhecida. Ação direta de inconstitucionalidade de lei municipal em face de trecho da Constituição
do Estado de Minas Gerais que repete texto da Constituição Federal. Rel. Min. Dias Toffoli, Brasília, 09
de abril de 2014. Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=7098736. Acesso em: 03 nov.
2019.
15 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito administrativo descomplicado / Marcelo alexandrino, Vicente

Paulo. 25. Ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: Método, 2017. 357 p.

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não poderá ser prorrogado, salvo as hipóteses previstas em lei e ainda que, a
necessidade do servidor para desempenhar determinadas funções seja transitória.

Diante disso, Alexandre de Morais assevera que é “impossível a


contratação temporária por tempo determinado – ou de suas sucessivas renovações
– para atender à necessidade permanente [...]”.16

Coadunando com o exposto acima, Carvalho Filho disciplina que “[…] a


necessidade desses serviços deve ser sempre temporária. Se a necessidade é
permanente, o estado deve processar o recrutamento através dos demais regimes”.17

De mesmo modo, a celebração de contratos temporários com sucessivas


renovações sem a devida autorização legal pode ocasionar alterações no que tange
aos direitos sociais previstos a esses servidores.

Por fim, exige-se que as hipóteses de contratação temporária estejam


expressamente previstas em lei. Assim, tem-se por base a Lei n. 8745/93 que,
conforme anteriormente informado, traz rol exemplificativo das hipóteses nas quais
seria admitida a contratação temporária.

De acordo com Alexandre de Morais, “a lei mencionada no inciso IX do art.


37 da Constituição é a lei editada pela entidade contratadora, ou seja, lei federal,
estadual, distrital ou municipal, conforme a respectiva competência legislativa”.18

Assim, os estados e municípios poderão elaborar leis, no âmbito de suas


competências, prevendo novas hipóteses de contratação temporária, desde que
observem a legislação federal.

1.3.5. Nulidades
A ausência de qualquer dos requisitos acima expostos enseja na
contratação irregular, a qual é nula de pleno direito, nesse sentido não haverá vínculo

16 MORAES, Alexandre de. Constituição do brasil interpretada e legislação constitucional. 5. ed.


– São Paulo: Atlas, 2005. 873 p.
17 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 30. ed. rev., atual. e ampl.

– São Paulo: Atlas, 2016. 637 p.


18MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 23. ed. atualizada até a EC nº 56/07 – São Paulo:
Atlas, 2008. 365 p.
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empregatício entre a Administração pública e o contratado, gerando consequências


diversas que dependem do requisito que outrora fora suprimido.

Caso o servidor seja contratado temporariamente sem que haja


excepcional interesse público ou previsão em lei haverá uma contratação irregular, a
qual visa burlar o princípio do ingresso de pessoal no serviço público por meio de
certame.

Nesse caso, a competência para julgamento de eventuais lides entre esse


servidor irregular e a Administração Pública será da Justiça do trabalho, sendo cabível
tão somente a condenação do ente público ao pagamento dos salários pelo período
laborado. Observe:

“EMENTA. Nula é a contratação de servidor público após 5.10.88 pela


Administração Pública direta, indireta ou fundacional, sem que precedida de
concurso público, nos termos exigidos pelo artigo 37 da Constituição Federal,
sendo devidos tão somente os salários dos dias trabalhados consoante
entendimento jurisprudencial consagrado pelo Enunciado nº 363 do TST
(TRT, 1ª R., 8ª turma, RO nº 835/2001, Relator (a): Mª de Lourdes Sallaberry,
DJRJ 16/12/2003, p. 193). ”19

Em consonância com esse entendimento está a Súmula n. 363 do TST,


que prevê o recebimento da contraprestação dos dias laborados, bem como dos
depósitos do FGTS por parte daquele que desempenhar funções perante a
Administração Pública sem prévia aprovação em concurso público. Veja:

“Súmula nº 363 do TST. CONTRATO NULO. EFEITOS. A contratação de


servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso
público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo
direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número
de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário-mínimo, e dos
valores referentes aos depósitos do FGTS. ”20

19
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho 1ª Região: TRT, 1ª R., 8ª turma, RO nº 835/2001, Relator:
Mª de Lourdes Sallaberry. Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 2003.
20 BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 363 DO TST. Contrato Nulo. Efeitos. Edição:
Res. 121/2003. Disponível em:
http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_351_400.html#SUM-363.
Acesso em: 25 set. 2019.

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Por outro lado, é possível que a contratação de servidor temporário ocorra


a partir da verificação de excepcional interesse público com a devida previsão em lei,
contudo esse servidor tenha seu contrato renovado por sucessivas vezes, além do
prazo permitido pela Lei nº 8745/93, em total ofensa ao requisito da temporariedade
da contratação.

Nesse caso, o STF entende que não haverá nulidade na contratação, mas
sim a aplicação do art. 39, § 3º da CF, ou seja, esses servidores farão jus aos direitos
sociais, previstos no art. 7º da Constituição Federal, assegurados aos servidores
públicos. Assim:

“STF. Servidor temporário. Contrato prorrogado sucessivamente.


Gratificação natalina e férias. Percepção. Possibilidade. Precedentes. 1. A
jurisprudência desta Corte é no sentido de que é devida a extensão dos
direitos sociais previstos no art. 7º da Constituição Federal a servidor
contratado temporariamente, nos moldes do art. 37, inciso IX, da referida
Carta da República, notadamente quando o contrato é sucessivamente
renovado (ARE-AgR 642.822/PE. Rel. Min. Dias Toffoli, 21.08.2012).” 21

1.3.6. Fiscalização
A Carta Magna estabelece que o Tribunal de Contas da União - TCU é
responsável pela verificação da legalidade dos atos de administração de pessoal.
Observe:

“Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido


com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
[…]
III – apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de administração de
pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as
nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as

21 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ARE-AgR 642.822/PE. Agravo regimental no recurso


extraordinário com agravo. Rel. Min. Dias Toffoli, Brasília, 21 de agosto de 2012. Disponível em:
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=2689804. Acesso em: 03 nov.
2019.

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melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato


concessório. ”22

Nesse sentido, cumpre ao TCU verificar se os órgãos da Administração


Pública direta e indireta estão realizando a efetivação de pessoal no serviço público
em observância ao princípio do concurso público, além disso no que tange as
contratações temporárias deve-se verificar, ainda, a presença dos requisitos
estabelecidos pela Lei 8.745/93.

É possível que essa norma seja reproduzida nas Constituições Estaduais


e Leis Orgânicas Municipais, passando a competência para fiscalizar a efetivação de
pessoal no serviço público aos Tribunais de Contas dos Estados e dos Municípios,
respectivamente.

Cumpre dizer que o Ministério Público do trabalho – MPT é, de igual modo,


responsável por esse controle, sendo cabível a propositura de ação civil pública em
face dos agentes públicos que descumprirem tais requisitos, conforme o estabelecido
na Lei Complementar nº 75/93, art. 83, III23.

1.3.7. Responsabilidades
É certo que ao serem verificadas ofensas aos requisitos para a contratação
temporária, por parte do órgão fiscalizador, caberá sanção aos responsáveis.

Não é razoável exigir que o servidor contratado temporariamente seja


responsabilizado pela nulidade de sua contratação, visto que cumpre ao contratante
verificar a legalidade de seus atos que objetivam recrutar pessoas para o serviço
público.

22 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 26 set. 2019.
23 BRASIL. Lei Complementar nº 75 de 20 de maio de 1993. Dispõe sobre a organização, as

atribuições e o estatuto do Ministério Público da União. Brasília, DF. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp75.htm . Acesso em 25 set. 2019.

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Assim, quando o contrato temporário for nulo importará na


responsabilização administrativa dos envolvidos na contratação e solidariedade na
devolução dos valores pagos indevidamente aos cofres públicos.24

Marcos de Castro Guimarães Junior, em consonância com esse


entendimento assevera que “o servidor contratado temporariamente não deve ser
responsabilizado pelas causas que levaram à nulidade dos seus contratos, mas sim
os próprios administradores públicos, para evitar que assim realizem novas
contratações irregulares, o que deve ser fiscalizado pelos órgãos de controle”.25

1.4. A norma federal dos contratos temporários – Lei n. 8.745/93


É certo que a Constituição Federal, ao instituir a contratação temporária de
servidores públicos, determinou que a lei estabeleceria os casos em que essa
modalidade de ingresso de pessoal se daria.

Desse modo, publicou-se a Lei nº 8.745/9326 com o objetivo de dispor sobre


a contratação por tempo determinado para atender à necessidade temporária de
excepcional interesse público.

Esse diploma normativo trouxe diversas especificações sobre o tema, as


quais, segundo o entendimento majoritário da doutrina, devem ser observadas pelo
ente federativo que instituir suas leis locais, uma vez que se trata de lei federal que
disciplina, em regra, as necessidades da União.

No art. 2º, como anteriormente explanado, a Lei de contratação temporária


apresenta um rol das situações que se consideram necessidade temporária de

24FILHO, Francisco de Salles Almeida Mafra Filho. Servidores públicos de contrato temporário. 5
p. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/6147/servidores-publicos-de-contrato-temporario. Acesso
em: 16 set. 2019.
25 JUNIOR, Marcos de Castro Guimarães. A excepcionalidade da contratação temporária por
interesse público. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF. 9 p. Disponível em:
https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/47379/a-excepcionalidade-da-contratacao-
temporaria-por-interesse-publico. Acesso em: 16 set. 2019.
26
BRASIL. Lei nº 8.745 de 9 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do
inciso IX do art. 37 da Constituição Federal e dá outras providências. Brasília, DF: Presidente da
República [2019]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8745cons.htm . Acesso em:
16 set 2019.
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excepcional interesse público. No entanto, por tratar-se de rol exemplificativo, outras


leis poderão prevê situações excepcionais que permitirão essa contratação.

A lei estabelece, no art. 3º, que os particulares que prestarão serviços à


Administração Pública serão recrutados por meio de processo seletivo simplificado,
havendo ressalva quando a necessidade decorrer de calamidade pública, emergência
ambiental e de emergências em saúde pública.

No que tange aos prazos dos contratos, o art. 4º permite que o prazo
mínimo seja de 6 (seis) meses e o máximo de 4 (quatro) anos, a depender da situação
de excepcional interesse público que originou a contratação. Entretanto, nada impede
que a lei que criar situação específica considerada de excepcional interesse público
estabeleça seus próprios prazos.

Cumpre ressaltar que o parágrafo único do art. 4º admite a prorrogação dos


contratos. Observa-se que os contratos prorrogados criam situação diversa daqueles
que são renovados sucessivamente, visto que a prorrogação prevista em lei não
enseja em qualquer nulidade ou modificação dos contratos, ao passo que aqueles
renovados sucessivamente asseguram aos seus contratados os direitos sociais
previstos aos servidores públicos.

A lei prevê uma proibição no art. 6º na medida em que veda a contratação


temporária de servidores da Administração Pública direta ou indireta dos entes
federados, bem como de empregados ou servidores de suas subsidiárias ou
controladas.

Desse modo, caso o agente público na condição acima descrita seja


contratado de forma temporária, haverá nulidade em sua contratação, sujeita às
sanções já apresentadas.

Além disso, a lei disciplina vedações aos contratados no art. 9º, sendo
proibido que esses recebam atribuições, funções ou encargos não previstos no
contrato, sejam nomeados a título precário ou em substituição para exercerem cargo
em comissão ou função de confiança e ainda, que sejam novamente contratados
antes de decorridos 24 (vinte e quatro) meses do encerramento de seu contrário, salvo
as hipóteses previstas em lei.

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Cabe observação no que tange à terceira vedação, visto que nos casos em
que não for observado o prazo para a recontratação haverá renovações sucessivas
do contrato, os quais ensejam nas dificuldades já apresentadas.

Por fim, o art. 12 prevê as modalidades de extinção do contrato, sem direito


a indenização, sendo, porém, assegurado o pagamento desta, no valor de metade do
que seria pago até o término do contrato, quando esse for rescindido, por iniciativa do
órgão ou entidade, antes de seu término.

1.5. As contratações temporárias no Município de Águas Lindas de Goiás


Tendo em vista que a presente explanação acerca dos contratos
temporários tem por objetivo estabelecer parâmetros a fim de se compreender esse
fenômeno jurídico de forma prática, faz-se necessária a apresentação do objeto de
estudo.

Observa-se que a Constituição do Estado de Goiás, no art. 92, X, bem


como a Lei Orgânica do Município de Águas Lindas de Goiás, no art. 32, X, admitem
a contratação de pessoal por prazo determinado para atender necessidade temporária
de excepcional interesse público.

Entretanto, é certo que a Lei Orgânica Municipal não apresenta dispositivo


de mera repetição da Constituição Federal, uma vez que apresenta novos parâmetros
e vedações. Veja:

Art. 32.

[...]

X. a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para


atender à necessidade temporária de excepcional interesse público,
decorrente de motivo de força maior, que não poderá exceder ao prazo de
um ano, vedada à recontratação no mesmo ou em outro cargo, salvo
nomeação decorrente de aprovação em concurso público. 27

27BRASIL. Lei Orgânica do Município de Águas Lindas de Goiás. Águas Lindas de Goiás, GO:
Câmara Municipal de Águas Lindas de Goiás, [2019]. Disponível em:

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Assim, de acordo com o dispositivo supracitado, as contratações


temporárias no Município de Águas Lindas de Goiás decorrem de lei, não podendo
exceder o prazo de 1 (um) ano, sendo vedada a recontratação.

1.5.1. A suspensão dos concursos públicos municipais como causa de


necessidade temporária de excepcional interesse público
Em 2012 foram publicados os editais nº 001/2012 referentes aos certames
públicos da Secretaria Municipal de Administração e da Secretaria Municipal de
Saúde, ambas do Município de Águas Lindas de Goiás, para provimento de vagas a
serem preenchidas pelos aprovados.

No entanto, o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), ao verificar


irregularidades quanto à contratação da banca examinadora e às fases dos
concursos, promoveu as Decisões Monocráticas nº 49/2013 – CSSL e nº 51/2013 no
bojo dos processos administrativos nº 04.273/2013 e 04.277/2013, respectivamente,
com a finalidade de suspender, de forma imediata, os concursos públicos objetos dos
editais nº 001/2012, inclusive eventuais nomeações e posses de candidatos
aprovados no certame.

Posteriormente, o Ministério Público do Estado de Goiás propôs ações civis


públicas em desfavor do Município de Águas Lindas de Goiás e das pessoas
envolvidas na organização do certame público sob os nº 201404238209,
201204066722 e 201404238004.

Nesse interim, foi firmado Termo de Ajuste de Conduta entre o Ministério


Público do Estado de Goiás e o Município de Águas Lindas de Goiás, com a finalidade
de nomear e dar posse aos candidatos aprovados nas vagas incontroversas, restando
pendente a análise judicial das demais.

https://www.aguaslindasdegoias.go.leg.br/leis/lei-organica-municipal/lei-organica-municipal-de-aguas-
lindas-de-goias/view. Acesso em: 26 set. 2019.
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Uma das consequências desse cenário foi a impossibilidade de o município


realizar novos certames, o que ocasionou na vacância de inúmeros cargos públicos
cujo serviços são essenciais.

Assim, por meio da Lei Municipal nº 1.063/201328, a Câmara Municipal de


Águas Lindas de Goiás reconheceu a necessidade temporária de excepcional
interesse público, no âmbito do Poder Executivo Municipal, para fins de contratação
de pessoal em caráter de urgência, conforme o art. 1º da lei.

O art. 2º do diploma normativo estabeleceu como necessidade temporária


de excepcional interesse público aquela que comprometesse a prestação contínua e
eficiente de serviços próprios da administração pública nos casos especificados.

De modo diverso do que previa a Lei Orgânica do Município, o art. 3º da lei


permitiu que os contratos temporários fossem celebrados pelo prazo de 1 (um) ano,
prorrogável por igual período, sendo vedada a recontratação destes, exceto nos casos
especificados nos incisos do art. 5º.

Posteriormente, foi editada a Lei Municipal nº 1.073/201329, com o objetivo


de ampliar o quantitativo de vagas a serem preenchidas pelos servidores contratados
temporariamente, bem como alterar os valores dos salários.

Por fim, por meio do ato de justificação de situação excepcional, o


Secretário Municipal de Planejamento, o Sr. Francisco Nilson Serafim Lopes, declarou
como situação de excepcional interesse público a falta de servidores nas áreas de
segurança, limpeza, manutenção, nos cargos de vigia, auxiliar de serviços gerais,
operador de máquinas pesadas, motorista, cozinheiro, eletricista, gari, pedreiro,
técnico em manutenção, atendente, assistente e auxiliar administrativo, nos termos
do inciso I do ato.

Assim, autorizou a deflagração de procedimento de contratação temporária


de pessoal civil, no quantitativo de 1.946 (mil novecentos e quarenta e seis)

28
BRASIL. Lei Municipal nº 1.063 de 01 de fevereiro de 2013. Reconhece a necessidade temporária
de excepcional interesse público, autoriza a contratação na forma específica, e dá outras providências.
Águas Lindas de Goiás, GO: Prefeito Municipal Osmarildo Alves de Sousa [2019].
29
BRASIL. Lei Municipal nº 1.073 de 11 de abril de 2013. Altera o anexo I da Lei Municipal nº
1.063/2013 na forma que especifica, e dá outras providências. Águas Lindas de Goiás, GO: Prefeito
Municipal Osmarildo Alves de Sousa [2019]. Disponível em: http://aguaslindasdegoias.go.gov.br/wp-
content/uploads/2015/08/LEI-N%C2%BA-1073-2013.pdf . Acesso em: 22 maio 2019.
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servidores, mediante processo seletivo simplificado nº 001/2013 e 002/2013, com


urgência, a fim de não prejudicar os serviços públicos essenciais, conforme o inciso II
do ato.

Nesse âmbito, a partir de 2013, restou autorizado ao Município de Águas


Lindas de Goiás contratar servidores públicos temporariamente, sendo necessária a
análise dos contratos celebrados.

1.5.2. Os contratos celebrados entre os particulares e o Município de Águas


Lindas de Goiás
Os contratos celebrados entre a Administração Pública Municipal e os
particulares Sebastião Alves de Oliveira, Alex Ribeiro Muller, Francisco Vanoaldo leite
e Marcos Procopio Borges são objeto de estudo desse trabalho.

Todos esses servidores foram contratados temporariamente, no ano de


2013, para desempenhar as funções de vigia, em decorrência da necessidade
temporária de excepcional interesse público originária da suspensão dos concursos
públicos municipais, reconhecida pelas Leis nº 1.063/2013 e 1.073/2013.

De acordo com a cláusula quinta, esses servidores receberiam


remuneração de R$ 678,00 (seiscentos e setenta e oito reais) mensais e gratificação
natalina, na proporção de 1/12 do valor da parcela mensal, para cada mês de efetiva
prestação de serviços.

O regime de trabalho estabelecido foi o sistema de plantão de 12 (doze)


horas de trabalho por 36 (trinta e seis) horas de descanso, conforme o Decreto nº
677/2013, que regulamentou o § 1º do art. 17 do Estatuto dos Servidores Públicos
Municipais (Lei Municipal nº 385/03), de acordo com a cláusula sexta do contrato.

Por meio da cláusula oitava, restou estabelecido o regime disciplinar a ser


aplicado, sendo esses servidores regidos pelo regime geral da previdência social, nos
moldes da Lei Federal nº 8.213/91, bem como pelo Estatuto geral dos servidores
públicos municipais (Lei Municipal nº 385/03) no que tange a diárias, ajuda de custo,
13º salário, férias, horas extras e adicional noturno.

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Por fim, a cláusula nona disciplinou que a extinção do contrato poderá se


dar a qualquer tempo, sem direito a indenizações, desde que verificadas as hipóteses
previstas em lei.

2. Os direitos sociais trabalhistas dos servidores temporários

2.1. Os direitos sociais


Na definição de José Afonso da Silva, os direitos sociais:

São prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou


indiretamente, enunciados em normas constitucionais, que possibilitam
melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realização
a igualização de situações sociais desiguais.30

Nesse sentido, é certo que os direitos sociais são aqueles pertencentes à


2ª dimensão dos direitos humanos, juntamente com os direitos culturais e econômicos,
os quais apresentam-se como prestações positivas a serem implementadas pelo
Estado, com o fim de concretizar uma isonomia substancial e social.31

Observa-se que tais direitos possuem como marco histórico as revoluções


Russa e Mexicana, como marco teórico a Encíclica “Rerum Novarum”, de Papa Leão
XIII e o Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e Frederich Engels, bem como
marco jurídico a Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919.

Em caráter internacional, os direitos sociais, de 2º dimensão são previstos


na Declaração Universal de Direitos Humanos, adotada pela Assembleia-Geral da
ONU, em 1948, por meio da Resolução 217 A.

Entretanto, necessário se faz esclarecer que os direitos sociais são um


gênero dos quais derivam as seguintes espécies: direitos sociais genéricos, direitos

30
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37. ed., rev. e atual. até a
Emenda Constitucional n. 76, de 28.11.2013. – São Paulo: Malheiros, 2014. 103 p.
31
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 19 ed. rev., atual e ampl. – São Paulo:
Saraiva, 2015. 1280 p.
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sociais individuais do trabalhador, direitos coletivos do trabalho, liberdade de


associação profissional ou sindical e direito de greve.

Para efeitos desse estudo, serão levados em consideração os direitos


sociais individuais e coletivos do trabalhador, que apresentam relevância face ao
conteúdo a ser debatido.

Cumpre dizer que os direitos sociais trabalhistas encontram amparo jurídico


internacional na Declaração Universal de Direitos Humanos, de 1948, em seus artigos
XXIII e XXIV. Veja:

Artigo XXIII
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a
condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Toda pessoa, sem distinção, tem direito a igual remuneração por igual
trabalho.
3. Todo ser humano que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e
satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência
compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se
necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para
proteção de seus interesses.

Artigo XXIV
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável
das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.32

Ao passo que, no cenário nacional, tais direitos encontram-se elencados


nos dispositivos da Constituição Federal. Cumpre ressaltar que tais garantias
fundamentais foram amplamente difundidas no ordenamento jurídico brasileiro por
meio da Constituição de 1934, no governo de Getúlio Vargas, o qual foi responsável
pelo implemento de inúmeros direitos laborais, estando atualmente estabelecidos a
partir do art. 7º da Constituição Federal de 1988.

2.2. Os direitos sociais trabalhistas dos servidores públicos

32 FRANÇA. Declaração Universal dos direitos humanos, de 10 de dezembro de 1948, Paris.


Disponível em: https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Pages/Language.aspx?LangID=por. Acesso em: 05
out. 2019.
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Apesar da especificidade do regime jurídico a que se submetem os


servidores públicos em geral, é certo que esses pertencem ao gênero denominado
trabalhadores urbanos. Nessa perspectiva, ressalta-se que os direitos sociais
trabalhistas previstos na Carta Magna devem ser assegurados a esses agentes
públicos.

No entanto, existem dispositivos legais que não encontram consonância


com o âmbito jurídico a que esses servidores estão subordinados. Assim, o Poder
Constituinte Derivado, por meio da Emenda Constitucional nº 19/98, estabeleceu que
somente alguns direitos sociais laborais previstos no texto constitucional seriam
aplicados aos servidores públicos.

Nesse sentido, o art. 39, § 3º da CF disciplina que:

Art. 39.
[...]
§ 3º. Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art.
7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo
a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do
cargo o exigir.33

Diante disso, é certo o entendimento de que os servidores públicos fazem


jus aos seguintes direitos sociais laborais:

Art. 7. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
[...]
IV. salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender
a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia,
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
VII. garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem
remuneração variável;

33BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 05 out. 2019.

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VIII. décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da


aposentadoria;
IX. remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
XII. salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa
renda nos termos da lei;
XIII. duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta
e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da
jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XV. repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI. remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em
cinquenta por cento à do normal;
XVII. gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais
do que o salário normal;
XVIII. licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a
duração de cento e vinte dias;
XIX. licença paternidade, nos termos fixados em lei;
XX. proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos
específicos, nos termos da lei;
XXII. redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança;
XXX. proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério
de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil.34

Nesse âmbito, José Afonso da Silva estabelece que “a declaração dos


direitos e garantias fundamentais dos servidores públicos civis completa-se com a
disposição do art. 39, § 3º, que manda aplicar a eles vários direitos sociais previstos
no art. 7º”35, ou seja, é possível inferir desse comentário que os direitos sociais
trabalhistas dos servidores públicos se consolidou por meio desse dispositivo.

No entanto, cumpre ressaltar que a Emenda Constitucional supracitada


aparentemente suprimiu dois direitos sociais anteriormente previstos aos servidores
públicos, os quais sejam a irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
ou acordo coletivo (art. 7º, VI/CF) e adicional de remuneração para as atividades
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei (art. 7, XXIII/CF).

34 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 05 out. 2019.
35
SILVA, José Afonso da. Curso De Direito Constitucional Positivo. 37. ed., rev. e atual. até a
Emenda Constitucional n. 76, de 28.11.2013. – São Paulo: Malheiros, 2014. 691 p.
30
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Contudo, o art. 37, XV da CF, a partir da nova redação dada pela EC nº


19/98, previu que “o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos
públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos
arts. 39, §4º, 150, II, 153, III e 153, § 2º, I”, assim é certo que não houve supressão no
que tange a irredutibilidade de salário, mas tão somente a criação de uma norma mais
específica para os servidores públicos.

Com relação ao direito ao adicional por atividades penosas, insalubre ou


perigosas, Alexandre de Morais entende que:

“Ressalta-se, porém, que à supressão da incidência de um direito social (art.


7º, XXIII), aos servidores públicos gerará polêmica, pois, não obstante não
haja manifestação conclusiva do STF, na fundamentação de seus votos, em
sede de ação direta de inconstitucionalidade (ADIN nº 939-07/DF), o Min.
Carlos Velloso referiu-se aos direitos e garantias sociais como cláusulas
pétreas, enquanto o Min. Marco Aurélio afirmou a relação de continência dos
direitos sociais entre os direitos individuais previstos no art. 60, § 4º, da
Constituição Federal, e, consequentemente, imutáveis.” 36

Assim, parece que a Emenda Constitucional, ao suprimir esse direito social


aos servidores públicos, ofendeu cláusula pétrea constitucional, visto que é
entendimento majoritário que os direitos sociais são uma espécie dos direitos e
garantias fundamentais, os quais são modificáveis tão somente por meio do Poder
Constituinte Originário, ou seja, com a elaboração de uma nova constituição.

Alexandre de Morais ainda entende que não é possível a aplicabilidade de


outros direitos sociais aos servidores públicos que não estão previstas no art. 39, § 3º
da CF 37. Desse modo, a legislação infraconstitucional poderia regulamentar aos
servidores públicos somente os direitos sociais trabalhistas constitucionalmente
autorizados.

2.3. Os direitos sociais trabalhistas dos servidores públicos temporários

36
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional. 5. ed.
– São Paulo: Atlas, 2005. 956 p.
37
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional. 5. ed.
– São Paulo: Atlas, 2005. 956 p.
31
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Restou evidenciado que os servidores públicos temporários são uma


espécie de servidores públicos em sentido amplo, assim seria cabível a esses o
disposto no art. 39, § 3º da CF, ou seja, os direitos sociais trabalhistas assegurados
aos servidores públicos em sentido estrito e aos empregados públicos também seriam
concedidos a essa terceira espécie de servidores.

No entanto, observa-se que a doutrina, a legislação infraconstitucional e a


jurisprudência possuem entendimentos diversos e por vezes conflitantes ao
anteriormente apresentado, sendo passível de análise.

2.3.1. No âmbito federal


Como já abordado nesse estudo, a Lei 8.745/93, que disciplina a
contratação temporária de servidores públicos pela Administração Pública Federal,
prevê, de forma remota, aos direitos sociais trabalhistas garantido aos servidores
temporários. Veja:

Art. 11. Aplica-se ao pessoal contratado nos termos desta Lei o disposto nos
arts. 53 e 54; 57 a 59; 63 a 80; 97; 104 a 109; 110, incisos 110, incisos, I, in
fine, e II, parágrafo único, a 115; 116, incisos I a V, alíneas a e c, VI a XII e
parágrafo único; 117, incisos I a VI e IX a XVIII; 118 a 126; 127, incisos I, II e
III, a 132, incisos I a VII, e IX a XIII; 136 a 142, incisos I, primeira parte, a III,
e §§ 1º a 4º; 236; 238 a 242, da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.

Assim, é aplicável a esses agentes públicos alguns dispositivos da Lei


8.112/90, a qual dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União,
das autarquias e das fundações públicas federais.

No que interessa a esse estudo, a lei assegura os tais diretos sociais


trabalhistas: ajuda de custo (arts. 53 a 59), gratificação natalina (art. 63), adicionais
de insalubridade, periculosidade ou atividades penosas (art. 68), adicional por serviço
extraordinário (art. 73), adicional noturno (art. 75), férias (art. 77), adicional de férias
(art. 76) e gratificação por encargo de curso ou concurso (art. 76-A).38

38
BRASIL. Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores
públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais. Brasília, DF. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8112cons.htm#art54. Acesso em: 09 out. 2019.
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Além disso, o art. 8º da lei 8.745/93 prevê a aplicabilidade da Lei nº


8.647/93 aos servidores temporários, esse diploma normativo dispõe sobre a
vinculação do servidor público civil ocupante de cargo em comissão, sem vínculo
efetivo, com a Administração Pública.39

A consequência dessa norma jurídica é de que os servidores públicos


temporários, assim como aqueles que ocupam cargo em comissão, vinculam-se
obrigatoriamente ao Regime Geral da Previdência Social, conforme o art. 1º da Lei
8.647/93.40

Desse modo, entende-se aplicável ao servidor temporário o disposto no art.


183 da Lei n. 8.112/90, o qual prevê que tais agentes públicos não terão direito aos
benefícios do Plano de Seguridade Social, com exceção da assistência à saúde, bem
como o art. 12 da mesma lei, que considera como segurado obrigatório da previdência
social os servidores públicos ocupantes de cargo em comissão.

2.3.2. No âmbito estadual e municipal


Nos ensinamentos de Hely Lopes Meirelles, “no âmbito federal, essa
contratação por prazo determinado é regulada pela Lei 8.745/93, alterada por diversas
Leis. Essa legislação federal deve servir de norte para Estados e Municípios disporem
sobre a matéria”.41

Assim, a legislação estadual e municipal, que dispuser sobre a contratação


por tempo determinado para atender à necessidade temporária de excepcional
interesse público, deverá observar as regras gerais estabelecidas pela Lei 8.745/93
para contratações no âmbito federal.

Essa interpretação deve ser igualmente aplicada em relação aos direitos


sociais trabalhistas, devendo as leis estaduais e municipais guardarem consonância

39
BRASIL. Lei nº 8.745, de 09 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Brasília, DF.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8745cons.htm. Acesso em: 09 out. 2019.
40
BRASIL. Lei nº 8.647, de 13 de abril de 1993. Dispõe sobre a vinculação do servidor público civil,
ocupante de cargo em comissão em vínculo efetivo com a Administração Pública Federal, ao Regime
Geral da Previdência Social e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8647.htm. Acesso em: 09 out. 2019.
41
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 40. ed., atual. até a Emenda
Constitucional 76, de 28.11.2013, São Paulo: Malheiros, 2014. 512 p.
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com o disposto na Constituição Federal e com a Lei 8.745/93 quando estabelecerem


parâmetros sobre essa matéria.

No entanto, existem entendimentos jurisprudenciais que divergem e outros


que convergem com esse entendimento doutrinário, a depender da validade e da
duração dos contratos temporários, sendo esse ponto passível de análise.

2.3.3. Entendimento jurisprudencial


2.3.3.1. Os direitos sociais trabalhistas nos contratos temporários válidos
Em momento anterior, restou comprovado que o contrato temporário será
válido quando a contratação do servidor observar os pressupostos do art. 37, IX da
CF, ou seja, o excepcional interesse público, temporariedade da contratação e da
necessidade e hipóteses expressamente previstas em lei.

Assim, quando o gestor público realizar o processo simplificado para


contratação de pessoal, de forma temporária, observando os requisitos legais, os atos
administrativos serão válidos.

Diante disso, a lei que dispuser sobre o excepcional interesse público,


deverá, de igual modo, prever os direitos sociais dos servidores públicos temporários,
usando como parâmetro o art. 39, § 3º da CF e o art. 11 da Lei 8.745/93.

Entretanto, pode ser que a lei disponha sobre os direitos sociais trabalhistas
de forma parcial ou até que seja omisso acerca do tema, e nesse momento surge o
questionamento acerca de quais direitos seriam assegurados a esses trabalhadores.

O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que na hipótese de


prorrogação dos contratos temporários, os direitos sociais trabalhistas, do art. 7º da
CF, seriam estendidos aos servidores temporários. Observe:

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIDOR


TEMPORÁRIO. CONTRATO PRORROGADO SUCESSIVAMENTE.
GRATIFICAÇÃO NATALINA E FÉRIAS. PERCEPÇÃO. POSSIBILIDADE.
PRECENDETES. 1. A jurisprudência desta Corte é no sentido de que é
devida a extensão dos direitos sociais previstos no art. 7º da Constituição
Federal a servidor contratado temporariamente, nos moldes do art. 37, inciso
IX, da referida Carta da República, notadamente quando o contrato é

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sucessivamente renovado” (AI-AgR 767.024, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira


Turma DJe 24.04.2012).42

Além disso, a Corte Suprema já entendeu que, mesmo na hipótese em que


não houver prorrogação do contrato, será possível a extensão dos direitos sociais.
Veja:

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM


AGRAVO. DIREITOS SOCIAIS PREVISTOS NO ART. 7º DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. FÉRIAS E DÉCIMO TERCEIRO. EXTENSÃO
AO SERVIDOR CONTRATADO TEMPORARIAMENTE. POSSIBILIDADE.
PRECEDENTES. 1. Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
os servidores contratados em caráter temporário têm direito à extensão de
direitos sociais constantes do art. 7º do Magno Texto, nos moldes do inciso
IX do art. 37 da Carta Magna. 2. Agravo regimental desprovido” (ARE – AgR
663.104, Rel. Min. Ayres Britto, Segunda Turma, DJe 19.3.2012).43

Embora seja louvável o entendimento do Supremo no que tange ao


reconhecimento dos servidores públicos temporários como uma espécie de servidores
públicos, aos quais são aplicáveis os direitos sociais trabalhistas do art. 7º da CF, é
cabível uma crítica nesse entendimento.

Isso porque, esse dispositivo normativo estabelece normas gerais


relacionadas aos direitos trabalhistas dos trabalhadores urbanos e rurais, dispositivos
esses que em sua maioria são aplicados tão somente aos trabalhadores celetistas,
como por exemplo o inciso I que dispõe sobre a proteção da relação de emprego
contra a dispensa arbitrária e sem justa causa.

É certo que não há essa modalidade de dispensa no serviço público, quem


dirá nos contratos temporários, pois como já fora explanado, tais contratos podem ser
rescindidos pelo decurso de seu prazo, a pedido do servidor ou por iniciativa da

42
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. AI-AgR 767.024. Agravo regimental no recurso extraordinário.
Rel. Min. Dias Toffoli, Brasília, 24 de abril de 2012. Disponível em:
http://stf.jus.br/portal/processo/verProcessoTexto.asp?id=3215300&tipoApp=RTF. Acesso em: 10 out.
2019.
43
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ARE – AgR 663.104. Agravo regimental em recurso
extraordinário com agravo. Rel. Min. Ayres Britto. Brasília, 19 de março de 2012. Disponível em:
http://stf.jus.br/portal/processo/verProcessoTexto.asp?id=3215300&tipoApp=RTF. Acesso em: 10 out.
2019.
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administração pública, não sendo feita qualquer menção a dispensa com ou sem justa
causa.

Esse dispositivo, como aqueles previstos nos incisos II, III, XI, XV, XXI,
XXVI e XXXIV do art. 7º da CF só são aplicáveis nas relações de emprego entre
particulares ou com a Administração Pública indireta e seus empregados públicos,
visto serem esses regidos pelas normas da Consolidação das Leis do Trabalho.

Assim, deve-se reconhecer que o Supremo Tribunal Federal, quando


firmou entendimento de que são aplicáveis os direitos sociais trabalhistas
constitucionais aos servidores públicos temporários, o fez com o objetivo de
reconhecer a aplicação do art. 39, § 3º da CF nessas relações laborais.

Coadunando com esse entendimento, o Tribunal de Justiça de Minas


Gerais decidiu, no bojo da Apelação Cível nº 1.0429.02.001219-2/001 que:

“APELAÇÃO CÍVEL ADMINISTRATIVO. SERVIDOR ESTADUAL.


CONTRATO TEMPORÁRIO. VERBAS DECORRENTES DO ART. 39, § 3º
DA CF. DIREITOS SOCIAIS. EXTENSÃO AOS SERVIDORES
TEMPORÁRIOS. SENTENÇA CONFIRMADA EM REEXAME
NECESSÁRIO. É devida a extensão dos direitos previstos no art. 7º c/c 39, §
3º da Constituição Federal a servidor contratado temporariamente, nos
moldes do art. 37, inciso IX, da referida Carta da República, notadamente
quando o contrato é sucessivamente renovado. Cabendo ao Município a
prova de que quitou a obrigação resultante da prestação de serviços ou que
tais serviços não foram realizados e, ausente tal comprovação, necessária se
faz a condenação do ente público ao pagamento das verbas requeridas na
inicial. (TJ-MG – AC: 10429020012192001 MG, Relator: Jair Varão, Data de
Julgamento: 22/08/203, Câmaras Cíveis / 3ª CÃMARA CÍVEL. Data de
Publicação: 30/08/2013) ”44

Contudo, cumpre ressaltar que esse entendimento é aplicável tão somente


quando a contratação for considerada válida, visto que a nulidade da contratação trará
consequências diversas, inclusive no que tange a competência para julgamento e os
direitos sociais assegurados.

44
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais. AC: 10429020012192001 MG, Apelação
Cível. Relator: Jair Varão, Belo Horizonte, MG, 22 de agosto de 2013. Disponível em: https://tj-
mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/116354077/apelacao-civel-ac-10429020012192001-mg/inteiro-
teor-116354135?ref=juris-tabs. Acesso em: 10 out. 2019.
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2.3.3.2. Os direitos sociais trabalhistas nos contratos temporários nulos


O contrato firmado entre o particular e a Administração Pública para
desempenho de labor temporário será nulo quando deixar de observar um dos
pressupostos obrigatórios do art. 37, IX da CF. Contudo, ainda que a contratação seja
inválida, não é admissível que o particular desempenhe funções de forma gratuita em
favor do Poder Público.

Desse modo, devem ser analisados quais direitos sociais trabalhistas serão
devidos aos servidores temporários quando verificada a nulidade de sua contratação.

Ressalta-se que, em regra, competirá a justiça do trabalho o processo e


julgamento das lides que envolverem contratos temporários nulos, diz em regra
porque, eventualmente, a justiça estadual poderá julgar tais processos.

Nesse viés, existem inúmeros julgados que reconhecem ao mesmo tempo


a nulidade dos contratos temporários por ausência dos pressupostos, em sua maioria
a não previsão em lei que ofende o princípio do concurso público, e reconhece os
direitos sociais trabalhistas cabíveis nesses casos.

Com base no entendimento do STF, são extensíveis aos servidores


temporários os direitos sociais trabalhistas do art. 7º da CF, contudo, conforme
anteriormente apresentado, existem, dentre esses direitos, alguns que são cabíveis
somente nas relações trabalhistas de vínculo celetista.

No entanto, quando a contratação temporária for considerada nula, é


entendimento pacificado, tanto na Suprema Corte, quanto nos tribunais da justiça
comum e nos tribunais da justiça do trabalho que o servidor perceberá o valor dos
salários e aquele advindo dos depósitos do FGTS.

É certo que a Lei n. 8.036/90 reconheceu o direito à percepção dos


depósitos do FGTS aos servidores contratados pela Administração Pública. Veja:

Art. 19-A. É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do trabalhador


cujo contrato de trabalho seja declarado nulo nas hipóteses previstas no art.
37, § 2º, da Constituição Federal, quando mantido o direito ao salário.45

45
BRASIL. Lei n. 8.036, de 11 de maio de 1990. Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço, e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8036consol.htm. Acesso em: 10 out. 2019.
37
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Esse dispositivo foi alvo de controle de constitucionalidade perante o


Supremo Tribunal Federal, tendo esse reconhecido a sua constitucionalidade.
Entenda:

“EMENTA. Recurso Extraordinário. Direito administrativo. Contrato nulo.


Efeitos. Recolhimento do FGTS. Artigo 19-A da Lei 8.036/90.
Constitucionalidade. 1. É constitucional o art. 19-A da Lei nº 8.036/90, o qual
dispõe ser devido o depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na
conta do trabalhador cujo contrato com a Administração Pública seja
declarado nulo por ausência de prévia aprovação em concurso público, desde
que mantido o seu direito ao salário. 2. Mesmo quando reconhecida a
nulidade da contratação do empregado público, nos termos do art. 37, § 2º
da Constituição Federal, subsiste o direito do trabalhador ao depósito do
FGTS, quando reconhecido ser devido o salário pelos serviços prestados. 3.
Recurso extraordinário ao qual se nega provimento. (STF – RE: 596478 RR.
Relator; Min. Ellen Grace. Data de Julgamento: 13/06/2012. Tribunal Pleno)
“46

Essa autorização legal se extrai, inclusive, do disposto na Lei do FGTS (Lei


n. 8.036/90) e na Súmula n. 363 do TST. Veja:

“Súmula nº 363 do TST. CONTRATO NULO. EFEITOS. A contratação de


servidor público, após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso
público, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo
direito ao pagamento da contraprestação pactuada, em relação ao número
de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do salário-mínimo, e dos
valores referentes aos depósitos do FGTS. ”47

No mesmo sentido é o entendimento dos tribunais estaduais. Observe:

“TJ-ES. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL – CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA –


AUSÊNCIA DE SUCESSIVAS RENOVAÇÕES – AFASTADA NULIDADE E
AFRONTA AO ART. 37, INCS. II E IX DA CF/88 – DISTINGUISHING – NÃO
RECONHECIDO DIREITO AO FGTS – RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA. 1 – A Constituição Federal
determina ser a regra para ingresso no serviço público a anterior aprovação
em concurso público. Todavia, excepcionalmente é possível a contratação

46 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RE: 596478 RR. Recurso Extraordinário. Relator; Min. Ellen
Grace. Brasília, 13 de junho de 2012. Disponível em:
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24807843/recurso-extraordinario-re-596478-rr-stf/inteiro-teor-
112281147. Acesso em: 10 out. 2019.
47. BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula n. 363 DO TST. Contrato Nulo. Efeitos. Edição:

Res. 121/2003. Disponível em:


http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_351_400.html#SUM-363.
Acesso em: 25 set. 2019.

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temporária de servidores, sem aprovação em concurso, desde que seja para


atender necessidade temporária de excepcional interesse público, conforme
prevê o art. 37, inciso II e IX da CF. 2- Deve ser recolhido o FGTS em favor
do contratado temporariamente caso reconhecida a nulidade de seu contrato,
em consonância com o que restou decidido pelo Supremo Tribunal Federal
(RE 596478/RR) ATRAVÉS DA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO
GERAL, E POR ESTE Tribunal Estadual, no Incidente de Uniformização de
jurisprudência suscitado no AC nº 0001651-85.2008.8.08.0064.3 – Ocorre
que, para o reconhecimento da nulidade do contrato temporário, é essencial
que seja verificado a afronta às normas do art. 37, incs. II e IX da CF/88, ou
seja, é preciso verificar se a contratação temporária em questão burla a
exigência de prévia aprovação em concurso público, na medida em que não
foi realizada por tempo determinado para atender à necessidade temporária
de excepcional interesse público. [...]. (TJ-ES – APL:
00005933720158080056. Relator: Elisabeth lordes. Data de Julgamento:
08/08/2017. Terceira Câmara Cível. Data de Publicação: 19/08/2017) “48

“TJ-GO. DUPLA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RECLAMAÇÃO


TRABALHISRA. PRELIMINAR DE JULGAMENTO EXTRA-PETITA
RECONHECIDA. CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO COM A
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS. CARGOS ADMINISTRATIVOS.
SUCESSIVAS RENOVAÇÕES. AUSÊNCIA DE RQUISITOS DE
EXCPECIONALIDADE E TEMPORARIEDADE. INVESTIDURA EM CARGO
PÚBLICO SEM CONCURSO. NULIDADE. FUNDO DE GARANTIA POR
TEMOI DE SERVIÇO [...] 2. A norma constitucional veda expressamente a
contratação de servidor sem processo seletivo público, a qual poderá ocorrer
em caso de necessidade temporária de excepcional interesse público. 3. Não
preenchidos os requisitos do art. 37, IX, Constituição da República, quais
sejam, excepcionalidade e temporariedade, o instrumento contratual
pactuado padece de nulidade, uma vez celebrado em desconformidade com
o texto constitucional. 4. Diante da declaração de constitucionalidade, pelo
STF, do art. 19-A da lei 8.036/90, é devido o pagamento de FGTS aos
servidores temporários em relação aos contratos nulos firmados com a
administração pública. [...]. (TJ-GO – APL: 00997328168090093. Relator:
Fernando de Castro Mesquita. Data de Julgamento: 18/06/2019. 2ª Câmara
Cível. Data de Publicação: DJ de 18/06/2019) ” 49

“TRT-22. REGIME ESTATUTÁRIO NÃO COMPROVADO – CONTRATO


CELETISTA – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO – Em não se
comprovando a alegada relação de caráter jurídico-administrativo, a regra é
a contratação nos moldes celetistas. Assim, compete a esta Justiça
Especializada julgar a lide, conforme art. 114 da CF/88. CONTRATO NULO
– EFEITOS – Este TRT atualmente adota o entendimento positivado na
Súmula 363 do C. TST, segundo a qual a contratação de servidor público,
após a CF/1988, sem prévia aprovação em concurso público, encontra óbice
no respectivo art. 37, II e § 2º, somente lhe conferindo direito ao pagamento

48
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo. APL: 00005933720158080056. Apelação
Cível. Relator: Elisabeth lordes. Vitória, ES, 08 de agosto de 2017. Disponível em: https://tj-
es.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/492518896/apelacao-apl-5933720158080056?ref=serp. Acesso em:
10 out. 2019.
49
BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. APL: 00997328168090093. Apelação Cível.
Relator: Fernando de Castro Mesquita. Goiânia, GO, 18 de junho de 2019. Disponível em: https://tj-
go.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/729404748/apelacao-apl-997328120168090093/inteiro-teor-
729404749?ref=serp. Acesso em: 10 out. 2019.

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da contraprestação pactuada, em relação ao número de horas trabalhadas,


respeitado o valor da hora do salário mínimo, e dos valores referentes aos
depósitos do FGTS [...]. (TRT-22 – RO: 00001327820175220001. Relator:
Liana Chaid. Segunda Turma. Data de Julgamento: 24/04/2018) ” 50

Assim, resta evidenciado que a partir do momento em que for reconhecida


a nulidade da contratação temporária, os servidores públicos terão direito ao
pagamento das horas trabalhadas e dos depósitos do FGTS.

2.4. Os direitos sociais trabalhistas previstos na Lei Municipal n. 1.063/13


De forma um pouco mais limitada do que o estabelecido pela Lei n.
8.745/93, a Lei Municipal n. 1.063/13, que rege as contratações temporárias no
município de Águas Lindas de Goiás/GO, estabelece os direitos sociais trabalhistas
dos servidores temporários.

Nesse sentido, o art. 10 da Lei n. 1.063/13 prevê a aplicação do regime


geral da previdência social aos servidores temporários, bem como os direitos a
percepção de diárias, ajuda de custo, 13º salário e férias.

Já os contratos em espécie apresentam, ainda, a aplicação dos institutos


das horas extras e do adicional noturno, na cláusula oitava, inciso II.

Observa-se que a legislação municipal e os contratos temporários não


abrangem os direitos sociais trabalhistas previstos na Constituição Federal, bem
aqueles disciplinados pela Lei n. 8.745/93 em sua integralidade.

Diante disso, surgem questionamentos acerca da abrangência dos demais


direitos constitucionalmente estabelecidos ao caso dos servidores temporários
contratados no Município sob a égide da Lei Municipal n. 1.063/13.

Questionamentos esses que são judicializados, sendo necessária a análise


das decisões proferidas nesses casos para que se possa conhecer o entendimento
do juízo da vara de fazenda pública da comarca.

50
BRASIL. Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região. RO: 00001327820175220001. Recurso
Ordinário. Relator: Liana Chaid. Teresina, PI, 24 de abril de 2018. Disponível em: https://trt-
22.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/661320102/recurso-ordinario-ro-13127820175220001/inteiro-teor-
661320123?ref=serp. Acesso em: 10 out. 2019.
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3. A judicialização dos direitos sociais trabalhistas dos servidores


públicos temporários municipais

3.1. O Método de Análise das Decisões


Existem inúmeros métodos que visam analisar as decisões judiciais
proferidas por juízes singulares, órgãos colegiados ou tribunais superiores, como por
exemplo o estudo de caso e a análise de jurisprudência.

No entanto, Roberto Freitas Filho e Thalita Moraes Lima desenvolveram


um quase-protocolo que objetiva analisar decisões judiciais por meio de objetos
comensuráveis, denominado Método de Análise das Decisões – MAD.51

Esse procedimento será usado no presente estudo, com o fim de realizar


um recorte institucional nas decisões proferidas nos processos que discutem os
direitos sociais trabalhistas dos servidores públicos temporários contratados pelo
Município de Águas Lindas de Goiás, sob a égide da Lei Municipal n. 1.063/13.

De acordo com Roberto Freitas Filho e Thalita Moraes Lima, o Método de


Análise das Decisões permite:

1) organizar informações relativas a decisões proferidas em um determinado


contexto;
2) verificar a coerência decisória no contexto determinado previamente; e
3) produzir uma explicação do sentido das decisões a partir de interpretação
sobre o processo decisório, sobre a forma das decisões e sobre os
argumentos produzidos.52

Assim, para alcançar esses objetivos, o método propõe alguns passos a


serem seguidos, os quais sejam a realização de uma pesquisa exploratória, um
recorte objeto e um recorte institucional das decisões a serem analisadas.

51
FREITAS FILHO, Roberto; MORAES LIMA, Thalita. Metodologia de Análise de Decisões – MAD.
Universitas Jus, número 21, 2010.
52
FREITAS FILHO, Roberto; MORAES LIMA, Thalita. Metodologia de Análise de Decisões – MAD.
Universitas Jus, número 21, 2010.7 p.
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Após, será necessário definir um foco de atenção, verificar as decisões


escolhidas, realizar uma reflexão crítica dos julgados e identificar as implicações
políticas das práticas realizadas pelo decisor.

Desse modo, mostra-se necessário esmiuçar cada um desses passos em


conjunto com a análise das decisões propriamente dita.

3.2. Os procedimentos do Método de Análise das Decisões aplicadas ao


caso concreto

3.2.1. A pesquisa exploratória


Conforme amplamente apresentado nesse estudo, após a análise da
legislação, do entendimento de inúmeros autores e do entendimento jurisprudencial,
restou estabelecida a bibliografia a ser utilizada na análise das decisões.

Nesse sentido, serão verificados os direitos sociais trabalhistas dos


servidores públicos temporários do Município de Águas Lindas de Goiás contratados
sob a égide da Lei n. 1.063/13.

Essa verificação levará em conta os direitos sociais trabalhistas previstos


na Constituição Federal no art. 7º c/c 39, § 3º, no art. 11 da Lei n. 8.745/93, no art. 10
da Lei Municipal n. 1.063/13, bem como na cláusula 8º dos contratos em espécie.

Considerando que cada um dos diplomas supracitados apresenta inúmeros


direitos sociais e que todos possuem força normativa e caráter vinculante nos diversos
níveis de contratação, será válido considerar o entendimento do Supremo Tribunal
Federal no que tange a aplicação do art. 7º da CF aos servidores contratados
temporariamente de forma válida, bem como o entendimento dessa Corte, dos
tribunais estaduais e regionais trabalhistas relacionado a percepção de remuneração
e dos depósitos do FGTS, quando estiver caracterizada a nulidade da contratação.

Cumpre ressaltar que também será objeto de análise a possibilidade de ser


declarada nula a contratação quando for sucessivamente renovada, bem como a
aplicação de direitos sociais trabalhistas previstos no art. 7º da CF, mas não elencados
no art. 39, § 3º do mesmo diploma.

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3.2.2. O recorte objetivo


De acordo com a pesquisa exploratória acima exposta, é possível verificar
que o recorte objetivo desse estudo visa a investigação de dois institutos jurídicos de
forma sistematizada, os quais sejam a contratação temporária de servidores públicos
e os direitos sociais trabalhistas assegurados e efetivamente prestados a esses
servidores.

Esse recorte permite analisar os dois institutos jurídicos de forma unificada


na medida em que as decisões a serem analisadas versam exclusivamente sobre os
questionamentos que tais servidores fazem aos direitos sociais trabalhistas que são a
eles devidos.

Conforme será observado em momento oportuno, é certo que há uma certa


dificuldade por parte dos próprios advogados, operadores do direito, para definir o
regime jurídico que rege os servidores públicos temporários, a legislação a que esses
se submetem e os direitos sociais trabalhistas que supostamente foram mitigados pela
Administração Pública.

Esse cenário, se não for devidamente analisado e justificado, poderá criar


uma insegurança jurídica capaz de ocasionar ilegalidades insanáveis ou sanáveis, de
forma parcial, por parte do poder judiciário.

3.2.3. O recorte Institucional


O recorte institucional é aquele realizado com a finalidade de escolher os
órgãos decisores que serão pesquisados, devendo ser levado em conta dois critérios
objetivos, os quais sejam a pertinência temática e a relevância decisória.

Observa-se que o estudo em questão visa analisar os direitos sociais


trabalhistas aplicáveis aos servidores públicos temporários contratados pelo Município
de Águas Lindas de Goiás, sob a égide da Lei Municipal n. 1.063/13.

Nesse sentido, é certo que somente um juízo é responsável pelo


julgamento dos processos que discutem essas questões, o qual seja o juiz da Vara

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das Fazendas Públicas da Comarca de Águas Lindas de Goiás, tendo em vista tratar-
se de um município de pequeno porte.

Desse modo, encontra-se preenchido o requisito da pertinência temática


que “diz respeito à adequação entre o problema identificado e o campo teórico em que
se insere e o âmbito decisório de discussão jurídica do problema”.53

Uma vez que o problema da suposta mitigação dos direitos sociais


trabalhistas dos servidores públicos temporários contratados pelo município só pode
ser posto para a análise do poder judiciário perante a vara competente para solucionar
lide entre o ente federativo, o Município de Águas Lindas de Goiás, e seus servidores
e que nessa comarca há somente uma vara especializada e ainda que os contratos
analisados são aqueles firmados a partir de 2013, com o advento da lei Municipal n.
1.063/13, é certo que serão objeto de análise somente as decisões proferidas por esse
juiz singular.

De mesmo modo, encontra-se suprido o requisito da relevância decisória


uma vez que as decisões proferidas pelo juízo da vara de fazendas públicas da
comarca de Águas Lindas de Goiás têm o condão de causar um impacto na discussão
desses institutos no âmbito jurídico.

Na medida que o entendimento do julgador tem a capacidade de criar


precedentes, bem como estimular a judicialização dessas contratações temporárias,
com a finalidade de garantir a efetiva prestação dos direitos sociais trabalhistas aos
servidores temporários.

3.3. A aplicação do Método de Análise das Decisões

3.3.1. A constituição do banco de dados


Após realizar a pesquisa exploratória, é necessário eleger o foco de
atenção da pesquisa, que tem por objetivo delimitar o campo de atuação e permitir
que decisões semelhantes sejam passíveis de análise.

FREITAS FILHO, Roberto; MORAES LIMA, Thalita. Metodologia de Análise de Decisões – MAD.
53

Universitas Jus, número 21, 2010. 10 p.


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No presente caso, o foco de atenção serão as sentenças proferidas nos


processos em que os servidores temporários pleiteiam direitos trabalhistas, cuja
competência é do magistrado da 2ª Vara Cível, das Fazendas Públicas, dos Registros
Públicos e Ambiental da Comarca de Águas Lindas de Goiás.

Com o objetivo de facilitar a coleta dos dados que visam compor o banco
estatístico a ser analisado, é pertinente realizar um corte institucional para que sejam
delimitadas as sentenças que serão analisadas.

Desse modo, restou decidido que a análise se daria nas sentenças judiciais
proferidas no bojo dos autos dos processos n. 5343931.54.2017.8.09.016854, 423310-
66.2016.8.09.016855, 439925-68.2015.8.09.016856, 5345265.26.2017.8.09.016857 e
327489-35.2016.8.09.016858, os quais se limitam a discutir as verbas trabalhistas de
servidores temporários que desempenham as funções de auxiliar administrativo,
auxiliar de serviços gerais, professor e vigia.

Assim, resta estabelecido que o banco de dados a ser elaborado terá como
objeto os argumentos apresentados nas sentenças supracitadas.

54
GOIÁS (BRASIL). Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Segunda Vara Cível. Processo n.
534393154.2017.8.09.0168. Cobrança. Requerente: Aline Luiz França da Silva. Requerido: Município
de Águas Lindas de Goiás. Águas Lindas de Goiás, 25 de setembro de 2019. Disponível em:
https://projudi.tjgo.jus.br/BuscaProcesso?PaginaAtual=6&Id_MovimentacaoArquivo=107075717&hash
=259203681462600465921023401382129955038&id_proc=undefined. Acesso em: 06 nov. 2019.
55
GOIÁS (BRASIL). Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Segunda Vara Cível. Processo n. 423310-
66.2016.8.09.0168. Cobrança. Requerente: Marta Sampaio de Vasconcelos. Requerido: Município de
Águas Lindas de Goiás. Águas Lindas de Goiás, 19 de maio de 2019. Disponível em:
https://www.tjgo.jus.br/sdm2/consultaPublica/consultarAtoJudicialPublicado. Acesso em: 06 nov. 2019.
56
GOIÁS (BRASIL). Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Segunda Vara Cível. Processo n. 439925-
68.2015.8.09.0168. Reclamatória Trabalhista. Requerente: Francisco José da Silva Barros. Requerido:
Município de Águas Lindas de Goiás. Águas Lindas de Goiás, 11 de fevereiro de 2019. Disponível em:
https://www.tjgo.jus.br/sdm2/consultaPublica/consultarAtoJudicialPublicado. Acesso em: 06 nov. 2019.
57
GOIÁS (BRASIL). Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Segunda Vara Cível. Processo n.
5345265.26.2017.8.09.0168. Cobrança. Requerente: Francisco Vonoaldo Leite. Requerido: Município
de Águas Lindas de Goiás. Águas Lindas de Goiás, 16 de setembro de 2019. Disponível em:
https://projudi.tjgo.jus.br/BuscaProcesso?PaginaAtual=6&Id_MovimentacaoArquivo=108684492&hash
=6871867705306145887944880057228140335&id_proc=undefined. Acesso em: 06 nov. 2019.
58
GOIÁS (BRASIL). Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Segunda Vara Cível. Processo n. 327489-
35.2016.8.09.0168. Cobrança. Requerente: Marcos Procopio Borges. Requerido: Município de Águas
Lindas de Goiás. Águas Lindas de Goiás, 31 de julho de 2019. Disponível em:
https://www.tjgo.jus.br/sdm2/consultaPublica/consultarAtoJudicialPublicado. Acesso em: 06 nov. 2019.
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3.3.2. A verificação do banco de dados e a reflexão crítica sobre a prática


decisória
Nesse momento, será necessário a verificação das sentenças proferidas
nos processos mencionados acima, considerado os conceitos, valores, institutos e
princípios apresentados pelo juiz para fundamentar as decisões.

Com objetivos meramente didáticos, que possibilitem a interpretação dos


julgados com mais clareza, devem as fundamentações serem separadas por blocos
de assuntos, para que cada um desses blocos seja devidamente analisado e
posteriormente possa ser feita uma reflexão sobre os possíveis motivos de fato e de
direito que levaram o julgador a se posicionar de tal maneira.

Assim, os blocos a serem analisados serão: a propositura da ação, as


preliminares e prejudiciais de mérito sustentadas pelo requerido, o reconhecimento do
vínculo empregatício e a sucessão contratual, os direitos sociais trabalhistas não
aplicáveis aos servidores temporários, os direitos sociais trabalhistas aplicáveis aos
servidores temporários, os danos extrapatrimoniais, a litigância de má-fé e o
dispositivo da sentença.

3.3.2.1. A propositura da ação


Observa-se que os requerentes ajuizaram reclamações trabalhistas ou
ações de cobrança com o objetivo de ser reconhecido o vínculo empregatício entre
esses e a Administração Pública, firmado por meio de contrato temporário, bem como
a percepção de verbas trabalhistas que não foram devidamente quitadas no momento
da rescisão contratual. Há, ainda, aqueles que pleiteiam a indenização por danos
morais causados pelo Município réu.

Acerca desses requerimentos judiciais, é possível notar a dificuldade que


os advogados, operadores do direito, possuem de identificar o regime jurídico ao qual
os servidores públicos temporários estão submetidos, bem como quais os direitos
sociais trabalhistas são a eles estendidos.

Isso é perceptível na medida em que sustentam o argumento de que o


requerido deve ser condenado ao pagamento de verbas trabalhistas que são
aplicáveis tão somente aos empregados submetidos ao regime jurídico celetista, como

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aviso prévio, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), multas dos artigos
467 e 477 da CLT.

De todos os processos analisados, somente os autos do processo n.


423310-66.2016.8.09.0168, cuja requerente é Marta Sampaio de Vasconcelos
pleiteou somente o reconhecimento de direitos sociais trabalhistas extensíveis aos
servidores públicos temporários. Observe:

Autos n. Requerente Função Pedidos

5343931.54.2017.8.09.016859 Aline Luiz Professora 13º salário


França da proporcional,
Silva férias
proporcionais e
FGTS

423310-66.2016.8.09.016860 Marta Sampaio Auxiliar de Saldo de


de serviços gerais salário, férias
Vasconcelos proporcionais,
13º salário
proporcional e
danos morais

439925-68.2015.8.09.016861 Francisco José Auxiliar Aviso prévio,


da Silva Barros administrativo saldo de
salário, férias

59
GOIÁS (BRASIL). Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Segunda Vara Cível. Processo n.
534393154.2017.8.09.0168. Cobrança. Requerente: Aline Luiz França da Silva. Requerido: Município
de Águas Lindas de Goiás. Águas Lindas de Goiás, 25 de setembro de 2019. Disponível em:
https://projudi.tjgo.jus.br/BuscaProcesso?PaginaAtual=6&Id_MovimentacaoArquivo=107075717&hash
=259203681462600465921023401382129955038&id_proc=undefined. Acesso em: 06 nov. 2019.
60
GOIÁS (BRASIL). Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Segunda Vara Cível. Processo n. 423310-
66.2016.8.09.0168. Cobrança. Requerente: Marta Sampaio de Vasconcelos. Requerido: Município de
Águas Lindas de Goiás. Águas Lindas de Goiás, 19 de maio de 2019. Disponível em:
https://www.tjgo.jus.br/sdm2/consultaPublica/consultarAtoJudicialPublicado. Acesso em: 06 nov. 2019.
61
GOIÁS (BRASIL). Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Segunda Vara Cível. Processo n. 439925-
68.2015.8.09.0168. Reclamatória Trabalhista. Requerente: Francisco José da Silva Barros. Requerido:
Município de Águas Lindas de Goiás. Águas Lindas de Goiás, 11 de fevereiro de 2019. Disponível em:
https://www.tjgo.jus.br/sdm2/consultaPublica/consultarAtoJudicialPublicado. Acesso em: 06 nov. 2019.
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proporcionais,
13º salário
proporcional,
FGTS, multas
dos artigos 467
e 477 da CLT e
vale transporte.

5345265.26.2017.8.09.016862 Francisco Vigia 13º salário,


Vonoaldo Leite férias vencidas
e FGTS

327489-35.2016.8.09.016863 Marcos Vigia Aviso prévio,


Procopio FGTS, multa do
Borges art. 477 da CLT,
13º salário,
férias, saldo de
salário e danos
morais

Desse modo, é observável que a insegurança jurídica acerca desse tema


tem início no ato da propositura da ação, visto que o próprio direito pleiteado pelo
requerente se encontra equivocado, seja por não identificar o regime jurídico a que se
submetem esses servidores, seja por não conhecer os direitos sociais trabalhistas
desses.

62
GOIÁS (BRASIL). Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Segunda Vara Cível. Processo n.
5345265.26.2017.8.09.0168. Cobrança. Requerente: Francisco Vonoaldo Leite. Requerido: Município
de Águas Lindas de Goiás. Águas Lindas de Goiás, 16 de setembro de 2019. Disponível em:
https://projudi.tjgo.jus.br/BuscaProcesso?PaginaAtual=6&Id_MovimentacaoArquivo=108684492&hash
=6871867705306145887944880057228140335&id_proc=undefined. Acesso em: 06 nov. 2019.
63
GOIÁS (BRASIL). Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Segunda Vara Cível. Processo n. 327489-
35.2016.8.09.0168. Cobrança. Requerente: Marcos Procopio Borges. Requerido: Município de Águas
Lindas de Goiás. Águas Lindas de Goiás, 31 de julho de 2019. Disponível em:
https://www.tjgo.jus.br/sdm2/consultaPublica/consultarAtoJudicialPublicado. Acesso em: 06 nov. 2019.
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3.3.2.2. As preliminares e prejudiciais de mérito sustentadas pelo requerido


É certo que todas as demandas analisadas foram ajuizadas em desfavor
do Município de Águas Lindas de Goiás, ente político que celebrou os contratos
temporários com os requerentes.

Após ser citado, é correto afirmar que o requerido apresentará a


contestação com toda a matéria de defesa que considerar pertinente, inclusive as
preliminares que acusem eventuais defeitos processuais.

Nos processos analisados, o requerido se limitou a sustentar as


preliminares de inépcia da petição inicial, por ter o autor formulado pedido genérico,
falta de interesse de agir por ser o requerente carecedor do direito de ação, a perda
superveniente do objeto e a impugnação ao benefício da gratuidade de justiça.

3.3.2.2.1. Inépcia da petição inicial


O requerido requereu o reconhecimento da inépcia da petição inicial, com
a consequente extinção do processo sem resolução do mérito, uma vez que o autor
formulou pedido genérico.

No entanto, o magistrado entendeu que os argumentos do requerido não


se sustentavam, pois, apesar de, aparentemente, não liquidar os direitos trabalhistas
pleiteados, o requerente especificou todas as verbas trabalhistas que julgavam ser
passíveis de pagamento, informando o período a ser pago, bem como a
fundamentação devida.

Desse modo, é certo que para que o pedido seja válido, nesses casos,
basta que sejam apresentados os institutos jurídicos, vinculados aos fatos que os
originaram e a devida fundamentação jurídica, nem haver necessidade de liquidação
das verbas, para que os pedidos sejam postos para análise por parte do magistrado.

3.3.2.2.2. A falta de interesse de agir


O Município sustentou como preliminar processual a falta do interesse de
agir por considerar ser o autor carecedor do direito de ação, fundamentando seu
intento sob dois argumentos.

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Sendo o primeiro sob a alegação de que a sua relação empregatícia não é


regida pelos dispositivos da CLT, mas sim pelo Estatuto dos Servidores Municipais,
uma vez que os servidores públicos são submetidos ao regime jurídico dos servidores
públicos.

Nesse momento, o magistrado entendeu que o argumento do réu para


extinguir o processo sem resolução do mérito não era suficiente, isso porque o
requerente havia pleiteado, em sua maioria, direitos sociais trabalhistas previstos no
art. 7º da CF, não podendo esses serem ignorados.

Isso mostra, de forma superficial, que o julgador concorda que o regime


jurídico a que se submetem os servidores públicos temporários é o mesmo que rege
os servidores públicos em sentido estrito, não sendo aplicado a esses os institutos da
CLT, mas tão somente os direitos sociais trabalhistas assegurados aos servidores
públicos.

Em outro momento, o requerido sustentou que o requente carecia do direito


de ação na medida em que não havia ingressado na via administrativa para solicitar o
recebimento de suas verbas rescisórias, sendo essa uma das condições para
demonstrar a necessidade de judicializar a demanda.

No entanto, o julgador esclareceu que nas ações de cobrança que versem


sobre verbas trabalhistas não há necessidade de prévio esgotamento na esfera
administrativa, visto que o art. 5, XXXV da CF disciplina que a lei não poderá excluir
da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito.

Assim, é certo que foi reconhecido o direito de petição dos servidores


públicos temporários com o objetivo de ver satisfeita a obrigação do requerido de
realizar o pagamento das verbas trabalhistas pertinentes independente de qualquer
requerimento na via administrativa nesse sentido e muito menos sob a negativa do
ente público de realizar o pagamento.

3.3.2.2.3. A perda superveniente do objeto


O Município réu pleiteou a extinção do processo sem resolução do mérito,
tendo em vista a perda superveniente do objeto face a quitação das verbas do contrato
temporário extrajudicialmente, para isso acostou aos autos nota de empenho.
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No entanto, o magistrado não reconheceu a quitação dos débitos


contratuais, visto que a nota de empenho por si só não é documento suficientemente
capaz de comprovar que o autor recebeu as suas verbas rescisórias.

Nesse âmbito, o julgador mostra que para se dar a quitação de verbas


trabalhistas é necessário que o suposto devedor comprove o efetivo pagamento com
comprovantes de depósito ou assinatura do servidor contratado na nota de empenho,
não bastando a mera apresentação de nota de empenho que reconhece a dívida.

3.3.2.2.4. A impugnação ao benefício da gratuidade de justiça


O Município réu impugnou o benefício da gratuidade de justiça concedido
ao requerente, de forma preliminar, sustentando que esse teria condições de arcar
com as custas processuais, na medida em que desde o momento que deixou de
prestar serviços ao requerido sua situação econômica mudou.

No entanto, o magistrado esclareceu que para haver revogação do


benefício anteriormente concedido faz-se necessário a comprovação da mudança da
situação econômica do autor, com provas robustas o suficiente para elidir o benefício
auferido.

Como nos presentes autos não houve qualquer comprovação de que o


autor deixou de ser hipossuficiente financeiramente, o magistrado não acatou o pleito
de impugnação ao benefício da gratuidade de justiça, deixando cristalino que qualquer
fato deve ser devidamente fundamentado e comprovado nos autos do processo, sob
pena de indeferimento.

3.3.2.2.5. A prescrição
O requerido apresentou prejudicial de mérito de prescrição bienal e
quinquenal, tendo em vista que a presente demanda foi ajuizada em 2017, deveriam
ser consideradas prescritas as verbas anteriores a 2012, por força da prescrição
quinquenal e aquelas anteriores a 2015, por inteligência da prescrição bienal.

Entretanto, o magistrado reconheceu, corretamente, o equívoco do


requerido, isso porque o art. 7º, XXIX da CF disciplina que os trabalhadores possuem

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o prazo prescricional de 2 (dois) anos para ajuizar ação de cobrança de créditos


resultantes das relações de trabalho, a contar da extinção do contrato, sendo essa a
prescrição bienal dos créditos trabalhistas.

E ainda, que a prescrição quinquenal é visualizada na medida em que o


trabalhador, dentro desse prazo para exercer seu direito de ação, pode cobrar os
créditos trabalhistas dos últimos cinco anos de trabalho, sendo as verbas anteriores a
esse período fulminadas pela prescrição.

No entanto, apesar de realizar toda essa explanação e concluir que o


requerente respeitou o prazo da prescrição bienal para exercer seu direito de ação
quando ajuizou a ação em 2017, uma vez que seu contrato temporário foi rescindido
em 2016, equivocou-se quanto a prescrição quinquenal.

Isso porque, não considerou prescritas as verbas trabalhistas anteriores ao


período de 5 (cinco) anos da propositura da ação, concluindo ser devida a análise das
verbas trabalhistas de 2009 a 2016.

Esse entendimento não está em consonância com o estabelecido pela


Carta Magna e muito menos com o anteriormente informado pelo próprio magistrado,
contudo resta evidenciado que essa incongruência foi resultante do entendimento de
que houve sucessão dos contratos temporários, fazendo acreditar que a prescrição
quinquenal seria aplicada a cada contrato, de forma individual, porém a prescrição
bienal seria observada tão somente no que tange ao último contrato temporário
firmado, visto que nesse momento é que se rompe, definitivamente, as relações
laborais entre o servidor e a Administração Pública.

O posicionamento supracitado do magistrado causa, de certo modo, uma


insegurança jurídica, visto que, de forma diversa do que estabelece a lei, considera
como termo inicial da contagem do prazo de prescrição dois momentos distintos, a
depender de ser ela bienal ou quinquenal, quando na verdade deveria ter como termo
a quo o mesmo instante processual, o qual seja o momento do ajuizamento da ação.

3.3.2.3.O reconhecimento do vínculo empregatício e a sucessão contratual


Com o fito de reconhecer o vínculo empregatício entre a Administração
Pública Municipal, o julgador argumentou que todos os requerentes foram contratados
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por meio de contrato administrativo temporário, esse entendimento vai de acordo com
o apresentado anteriormente de que os contratos temporários são uma espécie
contratual que, apesar de suas peculiaridades, observa as regras gerais dos contratos
administrativos.

Além disso, o magistrado reconheceu a necessidade temporária da


prestação de serviços por parte dos temporários e o excepcional interesse público da
medida, com fundamento nos arts. 37, IX da CF e 32, X, da Lei Orgânica Municipal,
bem como as Leis n. 1.063/13 e 1.073/13, o que enquadra os requerentes como
servidores públicos temporários.

De mesmo modo, restou evidenciado que os contratos temporários


entabulados atendem os requisitos de tempo determinado, necessidade temporária
de interesse público, excepcionalidade do interesse público e a previsão em lei dos
aludidos cargos, concluindo pela validade desses, afastando qualquer possibilidade
de serem declarados nulos, reconhecendo, por fim a prestação dos serviços
desempenhados pelos servidores.

Um ponto que merece destaque, ainda, é que, apesar de ter reconhecido a


sucessiva renovação dos contratos da maioria dos requerentes, o magistrado não
declarou a nulidade destes por isso, mas sim reconheceu a possibilidade de serem
discutidos os direitos sociais trabalhistas que essa sucessão originou, em
consonância com o precedente do STF o qual afirma ser aplicável o art. 7º da CF em
caso de sucessivas renovações dos contratos temporários.

3.3.2.4. Os direitos sociais trabalhistas não aplicáveis aos servidores


temporários
Conforme anteriormente apresentado, por meio de tabela, os requerentes
pleitearam verbas previstas no art. 7º da CF, bem como na Consolidação das Leis do
Trabalho, as quais sejam aviso prévio, FGTS, saldo de salário, férias, 13º salário, vale
transporte e multas do art. 467 e 477 da CLT.

No entanto, o julgador reconheceu os servidores temporários como uma


categoria especial dentre os servidores públicos e por esse motivo não poderiam ser

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beneficiados por institutos assegurados pela CLT, mas tão somente os direitos
disciplinados pelo Estatuto dos Servidores Públicos Municipais.

Desse modo, considerou que a Constituição Federal estabeleceu os


direitos sociais trabalhistas no art. 7º e seguintes, porém restringiu a aplicabilidade
deles aos servidores públicos, uma vez que alguns dos institutos ali estabelecidos
estariam em discordância com o regime jurídico estatutário que rege os servidores
públicos, consolidando esse entendimento por meio do art. 39, § 3º da CF.

Assim sendo, não sendo verificado o direito pleiteado pelo autor no rol
taxativo previsto no art. 39, § 3º da CF, o magistrado entendia pela improcedência do
pedido por ausência de previsão legal.

Contudo, em algumas de suas sentenças, quando ao pedido de


condenação do requerido ao pagamento de FGTS, o juiz esclareceu que se trata de
exceção à regra anteriormente apresentada.

Isso porque, seu entendimento está em consonância com o firmado pelo


Supremo Tribunal Federal (STF) no que tange a constitucionalidade do art. 19-A da
Lei n. 8.036/90, que admite a percepção dos depósitos do FGTS, por parte do servidor
público temporário, na hipótese de ser seu contrato declarado nulo.

Entretanto, não entendeu pela condenação do réu, no caso concreto, uma


vez que os servidores que pleitearam tal verba trabalhista foram contratados
temporariamente de forma válida e que se adequa aos ditames da legislação
municipal.

3.3.2.5. Os direitos sociais trabalhistas aplicáveis aos servidores


temporários
Após considerar que a contratação temporária dos requerentes foi
realizada de forma válida e que não haveriam, desse modo, motivos para estender a
esses quaisquer direitos sociais trabalhistas além daqueles que a Constituição
Federal considerou como compatível ao seu regime jurídico, o magistrado afirmou que
a norma a ser observada para analisar os demais pedidos seria o Estatuto Geral dos
Servidores públicos Municipais.

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Essa afirmativa, em conjunto com as realizadas anteriormente, apresentam


a possível interpretação do julgador ao presente caso, pois é possível entender que
esse observará a possibilidade de concessão dos direitos sociais trabalhistas
previstos no art. 7 c/c art. 39, § 3º, ambos da CF, em conjunto com as regras
estabelecidas no Estatuto dos Servidores Públicos Municipais (Lei n. 385/03).

Observa-se, nesse momento, que o magistrado não menciona as Leis n.


8.112/90 e a n. 8.745/93, que conforme anteriormente abordado, garantiam aos
servidores públicos temporários federais os direitos sociais trabalhistas por elas
previstos, sendo assim, o entendimento desse de que os servidores públicos
temporários do município devem ser regidos tão somente pelas legislações municipais
que permitiram as suas contratações.

Em relação ao pedido de pagamento de saldo de salário, o magistrado


julgou improcedente os pedidos, pois o apesar de ser esse direito reconhecido pelo
magistrado, o requerido juntou, oportunamente, o demonstrativo de pagamento dessa
verba, não podendo ser condenado nesse sentido.

No que tange ao pedido de pagamento de férias, acrescidas de 1/3 (um


terço) constitucional e de 13º salário, o julgador entendeu por sua aplicabilidade ao
caso concreto, tendo em vista que o art. 6º da Lei Municipal n. 1.063/13 admitiu que
seria essa verba trabalhista cabível aos contratados temporariamente.

É certo que o magistrado fez uso dos dispositivos presentes na constituição


e no Estatuto dos servidores para verificar se os temporários preenchiam os requisitos
para a concessão do direito, além disso valorou os demonstrativos de pagamento
juntados pelo requerido a fim de concluir pela procedência ou não do pedido formulado
pelo autor.

Quanto ao pedido de pagamento de vale transporte, o magistrado


reconheceu a possibilidade de concessão ao servidor temporário, com base na Lei
Municipal n. 617/09, que institui a concessão de auxílio transporte pelo Município.

Para tanto, o servidor deveria preencher os requisitos apresentados pela


legislação para ser considerado apto a receber o auxílio, não bastando a mera
informação que desembolsava uma quantia mensal a título de vale transporte.

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3.3.2.6. Os danos extrapatrimoniais


Os danos encontram previsão no art. 5, X da CF, que estabelece:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;64

Nesse sentido, a doutrina divide os danos em duas espécies, quais sejam


danos patrimoniais ou materiais e danos extrapatrimoniais, sendo esse último
subdividido em danos morais e estéticos.

Nos processos em análise, houve pedido de condenação do requerido ao


pagamento de indenização por danos morais, fundamentados no fato do requerente
ter enfrentado dificuldades financeiras, quando deixou de receber as verbas acima
pleiteadas, uma vez que encontrava-se impossibilitado de honrar com seus
compromissos.

Entretanto, o julgador esclareceu que a indenização por danos morais não


tem como objetivo o acréscimo patrimonial, mas tão somente a compensação por
eventuais males sofridos por parte do requerente.

Assim, não considerando que o atraso do pagamento das verbas que o


requerente julgava serem devidas teve o condão de macular a intimidade do autor, o
magistrado deixou de condenar o requerido nesse sentido, julgando improcedente o
pedido de pagamento de indenização por danos morais.

3.3.2.7. A litigância de má-fé


Em relação a condenação do requerente em litigância de má-fé, o
magistrado argumentou que para restar tão acusação devidamente fundamentada,
deve ser demonstrado pelo requerido o dolo do autor em postergar ou prejudicar o
resultado útil no processo.

64
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em: 03 nov. 2019.
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Assim, quando não verificado o dolo da parte nesse sentido, não haveriam
motivos para condená-lo em litigância de má-fé, visto que exerceu seu direito de ação,
pleiteando os direitos sociais trabalhistas que acreditava serem devidos.

3.3.2.8. Dispositivo da sentença


Quanto à parte dispositiva das sentenças em análise, merece destaque o
fato de ter o magistrado condenado o réu ao pagamento das verbas sociais
trabalhistas que julgou serem devidas, de acordo com o período laborado por este e
a remuneração recebida.

Além disso, estabeleceu que os valores seriam apurados em sede de


liquidação de sentença, aplicando-se a correção monetária da quantia desde o
momento em que a verba deveria ter sido paga, bem como a incidência de juros de
mora, no percentual de 5% (cinco por cento), contado a partir da data da citação do
requerido nos autos.

No que tange a condenação de honorários advocatícios sucumbenciais,


essa se deu de forma recíproca quando os pedidos dos requerentes foram julgados
parcialmente procedentes, sendo que, nesses casos, apenas o requerido foi
condenado ao pagamento de honorários, em quantia inferior ao que realmente seria
caso os pedidos dos autores fossem julgados totalmente procedentes.

Em relação ao Processo n. 5343931.54.2017.8.09.016865, cuja requerente


é Aline Luiz França, o magistrado julgou totalmente improcedentes os pedidos iniciais,
sendo a autora condenada ao pagamento de honorários advocatício sucumbenciais,
no importe de 10% (dez por cento), sendo, entretanto, suspensa a exigibilidade do
crédito, face a gratuidade de justiça concedida em momento oportuno.

3.3.3. As implicações políticas da prática decisória


Considerando a integralidade das análises realizadas acerca das
sentenças proferidas pelo magistrado da 2ª Vara Cível, das Fazendas Públicas,

65
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Registro Público e Ambiental da Comarca de Águas Lindas de Goiás, é certo que


devem-se esclarecer as possíveis implicações políticas relacionadas a prática
decisória do julgador em questão.

No que se refere a prescrição bienal e quinquenal das verbas trabalhistas,


apesar de ter sido a explanação realizada de forma adequada com o entendimento
jurisprudencial e doutrinário vigente, observa-se que a interpretação do julgador no
caso concreto deu-se de forma equivocada, visto que deixou de reconhecer a
prescrição quinquenal de algumas verbas, as quais claramente já estavam fulminadas
pela prescrição.

Esse posicionamento, se não verificado pela parte prejudicada e


devidamente sustentado em sede de recurso de apelação, poderá originar um
precedente capaz de considerar passível de cobrança todas as verbas trabalhistas
decorrentes dos contratos temporários, independentemente do lapso temporal
existente entre a data de sua constituição e a data do ajuizamento da ação que visa a
satisfação dessa.

O que pode, de mesmo modo, causar uma insegurança jurídica, uma vez
que os empregados públicos, que ingressaram no serviço público por meio de
concurso, em caso de eventual demissão por rescisão do contrato de trabalho,
poderão pleitear somente as verbas trabalhistas dos últimos cinco anos laborados a
contar da data do ajuizamento da ação.

De modo um pouco menos impactante, porém ainda capaz de causar


implicações políticas, o magistrado considerou as contratações em análise válidas,
apesar das sucessivas renovações contratuais.

Se por um lado, esse posicionamento permite que o servidor temporário


tenha direito a percepção de um arcabouço de direitos laborais outrora mitigados, por
outro lado o Município poderá usar, de forma equivocada, a contratação temporária
para suprir a necessidade do serviço público municipal sem a realização de concurso
público, sem a devida represália que a ofensa ao princípio do concurso público deveria
ter.

Entretanto, há ainda que se considerar que, no presente caso, o Município


encontra-se impossibilitado de realizar certames públicos, visto que o Tribunal de

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Contas dos Municípios suspendeu a confecção desses até que os esclarecimentos


judiciais acerca do último certame sejam prestados.

Desse modo, haveria real necessidade excepcional do ente público em


realizar inúmeras contratações temporárias, apesar do extenso lapso temporal
verificado desde a publicação da lei, cabendo ao judiciário evidenciar até que ponto
essa excepcionalidade seria capaz de suprimir os direitos sociais trabalhistas de
servidores temporários que se dispõe a permanecer nessa condição por um longo
período de tempo.

Por fim, restou comprovado que o magistrado considerou aplicável aos


servidores temporários municipais tão somente a legislação do próprio município,
consubstanciada nas Leis n. 1.063/13, 385/03 e 617/09, esse posicionamento tem, de
mesmo modo, o condão de caracterizar eventual mitigação dos direitos sociais
trabalhistas desses servidores.

Isso porque, em uma análise minuciosa desses dispositivos restou


comprovado que a previsão de direitos sociais trabalhistas nesses diplomas
normativos é limitada quando comparados a legislação federal, qual seja as Leis n.
8.745/93 e 8.112/90.

Esse entendimento é sustentado no caso concreto em que alguns


servidores públicos municipais tiveram seus contratos temporários rescindidos
unilateralmente pelo Município contratante, sem qualquer motivação idônea e ao invés
de ser a esse aplicada a multa correspondente ao pagamento de metade da verba
devida ao servidor até o fim do contrato, conforme previsto no art. 12 da Lei n.
8.745/93, a conduta do requerido não foi devidamente reprovada pelo magistrado.

Desse modo, quando o magistrado deixa de aplicar os dispositivos da


legislação federal que não encontram correspondentes na legislação municipal, como
a doutrina defende que deveria acontecer, esse julgador abre uma margem para
eventuais mitigações de direitos sociais.

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4. Considerações finais

Ante o exposto, a revisão legal, doutrinária e jurisprudencial realizada


acerca dos temas de contratação temporária por parte da Administração Pública e dos
direitos sociais trabalhistas dos servidores temporários foram fundamentais para o
desenvolvimento da pesquisa.

Isso porque, foi possível apresentar alguns pontos que ainda estariam sem
os devidos esclarecimentos caso a análise desses institutos não fosse realizada de
maneira minuciosa e detalhada.

No caso em apreço, percebeu-se que a contratação de pessoal autorizada


constitucionalmente pelo art. 37, IX da CF exige o preenchimento de alguns requisitos,
os quais sejam a contratação por prazo determinado, com a finalidade de atender
necessidade temporária de excepcional interesse público, com a devida previsão em
lei.

Desse modo, verificada a concordância entre os doutrinadores e


julgadores, restou estabelecido que a ausência desses pressupostos tem o condão
de tornar nula a contratação temporária, causando serias consequências aos
contratos firmados em desacordo com a lei.

Por outro lado, é certo que, apesar de haver previsão constitucional acerca
da possibilidade de a Administração Pública realizar a contratação de pessoal de
modo temporário, não há norma constitucional que defina os direitos sociais
trabalhistas desses servidores.

Nesse âmbito, tornou-se necessário entender o posicionamento doutrinário


relacionado a natureza jurídica da contratação temporária e o regime jurídico ao qual
esses agentes públicos estariam subordinados.

Assim, o entendimento majoritário é que esses agentes públicos,


denominados servidores públicos temporários, seriam uma espécie do gênero dos
servidores públicos em sentido amplo, ao lado dos servidores públicos em sentido
estrito e dos empregados públicos.

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Desse modo, considerando serem estes servidores uma espécie de


servidores públicos, restou certo que esses são regidos pelo regime jurídico
estatutário, assim como os servidores públicos em sentido estrito.

Diante disso, é possível realizar uma espécie de analogia, na medida que


a Constituição Federal prevê que serão aos servidores públicos os direitos sociais
trabalhistas previstos no art. 39, § 3º, sendo esses uma parcela daqueles previstos no
art. 7º do mesmo diploma normativo, sendo esses direitos assegurados de igual modo
aos servidores públicos temporários.

Entretanto, a Lei n. 8745/93 disciplinou a contratação dos servidores


temporários no âmbito federal, trazendo no art. 11 os direitos sociais trabalhistas
desses servidores, os quais sejam os estabelecidos na Lei n. 8.112/90.

Nesse sentido, correto afirmar, considerando a observância da lei federal


supracitada, quando da contratação de pessoal por parte dos Estados e Municípios,
que aos servidores públicos temporários, de modo geral, seriam assegurados os
direitos sociais trabalhistas previstos nessa lei, além daqueles previstos na própria
Carta Magna, na legislação estadual ou municipal.

O entendimento jurisprudencial apresenta duas vertentes quanto aos


direitos sociais trabalhistas assegurados aos servidores públicos temporários, uma
vez que faz distinção daqueles devidos quando a contratação de pessoal for válida e
quando for nula.

No primeiro caso, o STF e os tribunais de justiça estaduais entendem que


seriam assegurados aos servidores públicos temporários contratados de forma válida
aqueles direitos previstos no art. 7º da CF.

No entanto, necessário realizar uma observação quanto a interpretação


desse entendimento, na medida em que a aplicabilidade indiscriminada do art. 7º da
Carta Magna asseguraria aos servidores direitos que outrora só seriam cabíveis aos
empregados públicos, considerando o próprio regime jurídico que esses estão
subordinados.

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Assim, é correto concluir que a intepretação segura a se fazer desse


entendimento é que os servidores públicos temporários têm direito aos benefícios
estabelecidos pelo art. 7º da CF, desde que esses estejam de igual modo previstos
no art. 39, § 3º.

No segundo caso, quando declarada a nulidade da contratação, os


tribunais, inclusive o STF e o TST, entendem pela constitucionalidade do art. 19-A da
Lei 8.036/90, sendo inclusive esse o posicionamento da Súmula n. 363 do TST.

Assim, aos servidores públicos temporários contratados de forma irregular


seria assegurado tão somente o direito ao pagamento dos salários devidos pelo
trabalho desempenhado e os depósitos do FGTS de todo o período laboral.

Além disso, a própria Lei n. 1.063/13, que autorizou a contratação de


pessoal temporário no Município de Águas Lindas de Goiás, estabeleceu os direitos
sociais trabalhistas desses agentes, sendo norma essa repetida nos contratos
temporários analisados.

Sendo assim, não haveria de se falar em mitigação dos direitos sociais


trabalhistas, face a amplitude de normas jurídicas e entendimentos jurisprudenciais
que asseguram a esses servidores tratamento equivalente aquele previsto aos
servidores públicos em sentido estrito.

No entanto, apesar de todos os direitos assegurados, não há a efetiva


prestação desses por parte do Município, verificando-se, nesse momento, a mitigação
dos direitos sociais, sendo necessário a esses agentes, outrora contratados, ajuizar
demandas pleiteando a satisfação de seus direitos sociais trabalhistas

Entretanto, observa-se que com a propositura da ação há de igual modo a


mitigação desses direitos, na medida em que os advogados, operadores do direito,
têm dificuldade de reconhecer o regime jurídico ao qual os servidores temporários
estão subordinados, bem como os direitos sociais trabalhistas assegurados a esses.

Esse fato é verificado a partir do momento em que os requerentes pleiteiam


o reconhecimento do vínculo empregatício com base na Consolidação das Leis do
Trabalho e requerem a condenação do Município ao pagamento de verbas devidas a

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empregados celetistas, deixando, inclusive, de pleitear direitos trabalhistas cabíveis


aos servidores públicos.

Por outro lado, apesar de o Poder Judiciário, na pessoa do juiz de direito,


ter pleno conhecimento acerca das normas que regem os direitos sociais trabalhistas
dos servidores públicos temporários, esse ainda encontra dificuldades para sanar a
mitigação apresentada nos casos.

Considerando as sentenças analisadas, foi possível perceber que no


momento da análise do pedido de prescrição, o magistrado apesar de concordar que
o art. 7, XXIX da CF, que estabelece o prazo prescricional para ajuizamento de ação
pleiteando verbas trabalhistas, seja cabível aos servidores públicos temporários,
deixou de aplica-lo, de forma adequada, no caso concreto.

Isso porque, reconheceu a prescrição quinquenal sob a análise de cada


contrato temporário, de forma autônoma, sem que esses configurassem uma
continuidade contratual, o que tem o condão de gerar uma insegurança jurídica para
os contratados e contratantes.

Posteriormente, ao analisar o vínculo empregatício existente entre os


servidores e o Poder Público, reconheceu a existência de situação excepcional e
interesse público capaz de autorizar a contratação temporária de particulares para
exercer função pública perante o Município.

Porém, apesar das inúmeras sucessões contratuais vislumbradas, deixou


de reconhecer a nulidade das contratações, vez que considerou as renovações como
mera continuidade contratual autorizada em lei, banalizando os dispositivos
constitucionais e infraconstitucionais que permitem a contratação de pessoal por parte
da Administração Pública de modo temporário e determinado, fazendo com que o
Município deixe de ser devidamente penalizado por essa afronta a legislação
brasileira.

No entanto, reconheceu que a jurisprudência do STF, que concede aos


servidores públicos temporários os direitos sociais do art. 7º da CF, quando houver
sucessivas contratações, é aplicável parcialmente ao presente caso, uma vez que
julgou procedentes os pedidos que tinham como parâmetro o disposto no art. 39, § 3º
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da CF, bem como a Lei Municipal n. 385/03, deixando de reconhecer os demais


direitos sociais trabalhistas, aplicáveis tão somente aos empregados públicos e
privados.

Nesse sentido, observa-se que há mitigação dos direitos sociais


trabalhistas dos servidores públicos temporários do Município de Águas Lindas de
Goiás, contratados sob a égide da Lei Municipal n. 1.063/13, contudo o entendimento
do magistrado da Vara de Fazenda Pública da Comarca em consonância com aquele
sustentado pela legislação, pela doutrina e pela jurisprudência dos tribunais, inclusive
do STF, busca amenizar a dificuldade jurídica, com a prestação da tutela jurisdicional
da melhor forma possível.

O que permite reconhecer que estão sendo desempenhados todos os


esforços, por parte do Poder Judiciário, para amenizar a mitigação dos direitos sociais
trabalhistas desses servidores.

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5. Anexos
5.1. Leis Municipais

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5.2. Contratos

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necessidade temporária de excepcional interesse público, autoriza a contratação na
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Lindas de Goiás, GO: Prefeito Municipal Osmarildo Alves de Sousa [2019]. Disponível
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dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas
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público civil, ocupante de cargo em comissão em vínculo efetivo com a Administração
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tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
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