PROVA DE PORTUGUÊS

Texto 1
Volta do bom selvagem.
A escolha do pobre Vanuatu como o país mais feliz reabre a questão: o que é felicidade?
Okky de Sousa

Desde tempos remotos os pensadores tentam definir o que é felicidade. Para o filósofo grego Aristóteles, felicidade seria a
manifestação da alma diante de uma vida virtuosa. Na semana passada, a ONG inglesa The New Economics Foundation contribuiu para esse
debate com a divulgação de uma pesquisa que traz o ranking dos países onde as populações são mais felizes. O resultado é surpreendente.
Seriam os americanos, donos da nação mais rica do planeta, os mais felizes? Nada disso. Os Estados Unidos ocupam um modestíssimo 150.º
lugar na classificação. Que tal os italianos, sempre alegres, amantes da boa comida e da boa música? Não passam do 66.º lugar. Os brasileiros
aparecem um pouquinho melhor na lista: 63.º posto. Segundo a pesquisa, feliz de verdade é o povo de Vanuatu, um pequeno arquipélago do
Pacífico Sul, agraciado com o primeiro lugar na lista. Vanuatu é um país com 210.000 habitantes que vivem basicamente da agricultura de
subsistência – colhem coco, cacau e inhame – e não têm acesso à água potável de qualidade. Apenas 3% da população possui telefone fixo, e a
mortalidade infantil é de 54 óbitos a cada 1.000 nascimentos, o dobro do índice brasileiro.
A classificação de Vanuatu no topo do ranking dos países mais felizes se explica pelos critérios usados na pesquisa, que levam em
conta apenas três fatores: expectativa de vida, bem-estar e extensão dos danos ambientais causados pelo homem em cada país. Como os
vanuatuenses se satisfazem com muito pouco, não sabem o que é sociedade de consumo nem sacrificam o meio ambiente para produzir
riquezas, acabaram levando a taça. A definição da ONG inglesa para felicidade, portanto, remete à figura romântica do "bom selvagem" criada
pelo filósofo iluminista Jean-Jacques Rousseau, que viveu no século XVIII. Rousseau enunciou que "o homem é originalmente bom até ser
corrompido pela sociedade". Para a New Economics Foundation, o dito continua valendo. Os critérios utilizados na pesquisa produziram outras
excrescências na lista de nações com população mais feliz. Entre os dez primeiros postos estão a Colômbia, país conflagrado por uma guerra
civil e pelo narcotráfico, e Cuba, onde a população não tem o que comer e vive oprimida pela ditadura geriátrica de Fidel Castro.
A pesquisa da ONG inglesa surge na esteira de um burburinho provocado atualmente nos meios acadêmicos pelos adeptos da
chamada psicologia positiva, cujo objetivo é justamente permitir às pessoas a conquista da felicidade. Psicólogos ligados a universidades
americanas respeitadas como a Harvard e a da Pensilvânia pregam uma inversão nas técnicas tradicionais de terapia. Eles induzem seus
pacientes a enxergar a si próprios não como um redemoinho de desejos frustrados e violências reprimidas, como ensinou Freud, mas como um
repositório de forças positivas e virtudes potenciais capazes de abrir as portas para a felicidade. "Durante muitos anos só os falsos gurus da
autoajuda escreveram sobre a felicidade. Queremos dar consistência e respeitabilidade a esse tema", diz o psicólogo Tal Ben-Shahar, que
ministra o curso de psicologia positiva em Harvard.
Mas, afinal, o que a psicologia positiva entende por felicidade? Não se trata de uma pergunta fácil. "Felicidade é conhecer o melhor
de nós mesmos" é uma resposta frequente. "As pessoas felizes em geral são casadas, cultivam muitas amizades e têm vida social intensa",
tenta identificar o psicólogo americano Martin Seligman, autor do livro Felicidade Autêntica, já lançado no Brasil. Nenhuma resposta consegue
contornar o fato de que felicidade é um conceito abstrato que provavelmente não tem correspondência no mundo real. Ser feliz significa viver
isento de contratempos, o que só parece possível na visão que os religiosos têm do paraíso. "Momentos felizes são efeitos colaterais positivos
da vida", define Adam Phillips, um dos mais conceituados psicanalistas ingleses da atualidade. "Mas o sujeito que se encaixasse no perfil ideal
dos manuais de busca da felicidade seria um perfeito idiota", ele completa. Para saber o que é felicidade, só mesmo perguntando aos nativos
de Vanuatu.
http://www.adur-rj.org.br/5com/popup/volta_bom_selvagem.htm

01.
Assinale a alternativa que apresenta um tema NÃO mencionado no texto 1.
a) Definição do que seja felicidade.
b) Técnica de como obter a felicidade.
c) Pesquisas diversas sobre felicidade.
d) A tecnologia e a obtenção da felicidade.
e) A psicologia positiva e o alcance da felicidade.

02.
Todas as alternativas abaixo apresentam motivos da felicidade dos vanuatuenses, EXCETO
a) adoção de psicologia positiva diante de situações adversas.
b) simplicidade em relação à maneira de viver.
c) ausência de uma organização social que prioriza o consumo.
d) preservação do meio ambiente para produzir riquezas.
e) adaptação às condições do meio ambiente em que vivem.

03.
Assinale a alternativa em que ocorre uma opinião do autor do texto 1.
a) “A classificação de Vanuatu no topo do ranking dos países mais felizes se explica...”
b) “...enunciou que ‘o homem é originalmente bom até ser corrompido pela sociedade.’’’
c) “Os critérios utilizados na pesquisa produziram outras excrescências na lista de nações...”
d) "Apenas 3% da população possui telefone fixo, e a mortalidade infantil é de 54 óbitos..."
e) “Os Estados Unidos ocupam um modestíssimo 150.º lugar na classificação.”

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04.
De acordo com o texto, é correto afirmar que
a) segundo a ONG inglesa, no ranking da felicidade, os americanos estão classificados no meio da tabela.
b) no ranking das populações mais felizes, o Brasil está no septuagésimo terceiro lugar.
c) expectativa de vida, bem-estar social e extensão dos danos ambientais causados pelas indústrias em cada país, foram os critérios
utilizados pela ONG inglesa na pesquisa sobre populações mais felizes.
d) a figura do “bom selvagem”, como ensinou Freud, no século XVIII, continua valendo como critério para a pesquisa sobre populações
felizes.
e) possibilitar que as pessoas conquistem a felicidade é o objetivo da psicologia positiva.

05.
Em “Mas, afinal, o que a psicologia positiva entende por felicidade? Não se trata de uma pergunta fácil.”, os vocábulos destacados são
a) conjunção – pronome – substantivo – adjetivo – substantivo
b) conjunção – artigo – substantivo – adjetivo – substantivo
c) advérbio – artigo – adjetivo – substantivo – adjetivo
d) advérbio – artigo – substantivo – substantivo – substantivo
e) interjeição – artigo – substantivo – adjetivo - adjetivo

06.
Em “Mas, afinal, o que a psicologia positiva entende por felicidade?”, a formação da palavra psicologia ocorre pela junção das palavras
gregas "psyché" (alma, espírito) e "logos" (estudo, razão, compreensão). Nesse viés, analise os processos de formação das palavras abaixo e,
em seguida, assinale a alternativa incorreta.
a) amaciar, enegrecer e enfileirar são palavras formadas por derivação parassintética.
b) dentista, boiada e realizar são palavras formadas por derivação sufixal.
c) em falar alto, vender caro e tossir baixo, ocorre derivação imprópria nas palavras destacadas.
d) automóvel, abreugrafia e alcoômetro são palavras formadas por hibridismo.
e) miar, mugir e latir são palavras formadas por redução.

07.
Em “Apenas 3% da população possui telefone fixo.”, a expressão “telefone fixo” é
a) termo essencial da oração.
b) termo acessório da oração.
c) palavra expletiva.
d) termo integrante da oração.
e) sem classificação sintática.

08.
Assinale a alternativa em que o emprego da conjunção destacada tenha o mesmo sentido da que está sublinhada na oração “Como os
vanuatuenses se satisfazem com muito pouco...”.
a) Nada nos elogia tanto como um elogio sincero.
b) Embora chovesse muito, fui à praia.
c) As coisas não são como dizem.
d) Como estivesse de luto, não nos recebeu.
e) Minha mão tremia tanto que mal podia escrever.

09.
O fato expresso pelo verbo pode ser representado de três formas: praticado pelo sujeito, sofrido pelo sujeito, e praticado e sofrido pelo
sujeito. Dessa forma, analise as afirmações abaixo, e, em seguida, assinale a alternativa correta.
a) Em “Eu me feri”, a voz é reflexiva recíproca.
b) Em “Não se veem rosas neste jardim”, a voz é passiva analítica.
c) Em “Não se vê uma rosa neste jardim”, a voz é passiva sintética.
d) Em “O patrão chamou o empregado”, a voz é passiva sintética.
e) Em “O aluno tem feito muitos exercícios”, a voz é passiva analítica.

10.
Em “Para o filósofo grego Aristóteles, felicidade seria a manifestação da alma diante de uma vida virtuosa.”, o verbo está conjugado no
a) futuro do pretérito do indicativo.
b) presente do indicativo.
c) imperativo afirmativo.
d) presente do subjuntivo.
e) futuro do presente do indicativo.

11.
Em “... – e não têm acesso à água potável de qualidade.”, a expressão destacada tem função sintática de
a) objeto indireto
b) adjunto adverbial
c) agente da passiva
d) adjunto adnominal
e) complemento nominal

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12.
Assinale a opção que corresponde à função do “que” na frase a seguir.
“Rousseau enunciou que "o homem é originalmente bom até ser corrompido pela sociedade.",
a) Há coisas que nos comovem.
b) O mestre exigia que todos estivessem presentes.
c) Pedra que rola não cria limo.
d) De tal sorte a cidade crescera que que não a reconhecia mais.
e) À medida que se vive, mais se aprende.

13.
Analise o período a seguir e marque a alternativa correta.
“Entre os dez primeiros postos estão a Colômbia, país conflagrado por uma guerra civil e pelo narcotráfico, e Cuba, onde a população não tem
o que comer e vive oprimida pela ditadura geriátrica de Fidel Castro.”
a) o sujeito do verbo “estão” é simples.
b) o termo “oprimida” é a adjunto adnominal.
c) “país conflagrado por uma guerra civil e pelo narcotráfico” é aposto explicativo.
d) o verbo “tem” está acentuado incorretamente, pois deveria concordar, no plural (têm), com o sujeito composto Colômbia e Cuba.
e) “os dez primeiros postos” é sujeito de “estão”.

14.
“Queremos dar consistência e respeitabilidade a esse tema", diz o psicólogo Tal Ben-Shahar, que ministra o curso de psicologia positiva em
Harvard.”

No fragmento, o pronome relativo exerce a função sintática de

a) objeto direto e introduz uma explicação.
b) objeto direto e introduz uma restrição.
c) objeto indireto e introduz uma explicação.
d) sujeito e introduz uma restrição.
e) sujeito e introduz uma explicação.

15.
Assinale a alternativa em que o emprego do verbo “haver” está correto.
a) Morava ali havia dez anos.
b) Haviam alunos na sala de aula do curso Glauco Leyser.
c) Discutiam demais, sem que houvessem motivos.
d) Exercícios difíceis demais nunca houve e nem haverão.
e) Devem haver alunos interessados nos exercícios virtuais.

16.
Leia a seguir os trechos retirados do livro “Tratado Descritivo do Brasil em 1587” de Gabriel Soares de Sousa e responda o que se pede:

“Como todas as coisas têm fim, convém que tenham princípio, e como o de minha pretensão é manifestar a grandeza, fertilidade e outras
grandes partes que tem a Bahia de Todos os Santos e demais estados do Brasil...” (Proêmio)

“A província do Brasil está situada além da linha equinocial da parte do sul, debaixo da qual começa ela a correr junto do rio que se diz das
Amazonas, onde se principia o norte da linha de demarcação e repartição; e vai correndo esta linha pelo sertão desta província até 45 graus,
pouco mais ou menos” (Capítulo I)

Tendo em vista os dois trechos e os seus conhecimentos de literatura, marque a única opção incorreta:
a) – A chamada “literatura de viagem” consistiu em relatos em forma de prosa com informações sobre a geografia e os povos
ameríndios feita por viajantes e cronistas
b) – É notável o caráter descritivo em ambos os trechos do texto de Gabriel Soares
c) – No século XVI, a literatura quinhentista ficou restrita aos relatos de viagens
d) – Podemos atribuir a Carta de Caminha como o texto inaugural desse período que Gabriel Soares de localiza
e) – A visão de Gabriel Soares e de muitos outros por apesar do rigor descritivo e documental não consegue ser isenta. Essa literatura
está permeada por uma visão de mundo eurocêntrica

“(...) registrou um momento de crise espiritual na cultura ocidental. Nesse momento histórico, conviveram duas mentalidades, duas formas
distintas de ver o mundo: de um lado o paganismo e o sensualismo e de outro a religiosidade”

17.
O trecho acima faz referência:
a) – Romantismo
b) – Quinhentismo
c) – Barroco
d) – Arcadismo
e) – Trovadorismo

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Texto I – Canto I de “Os Lusíadas” de Camões

As armas e os Barões assinalados

Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram

Texto II – “Mar Salgado” de Fernando Pessoa

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

18.
Marque a única opção correta sobre esses trechos
a) – Os trechos apresentam temáticas distintas
b) – Ambos os trechos são tipicamente exemplos de textos literários por apresentar uso de linguagem denotativa
c) – Por falarem de temas comuns e usarem conotação é possível inferir que Pessoa e Camões pertenceram a mesma escola literária
d) – Ambos, apesar de serem de estilos e escolas distintos, tocam em um tema muito importe à história portuguesa: as grandes
navegações.
e) – A literatura de Camões, nesse trecho, se difere de Pessoa por estar escrita em prosa

19.
Qual dos elementos abaixo não podemos atribuir ao arcadismo:
a) – Antropocentrismo e Racionalismo
b) – Fugere Urbem e Locus Amoenus
c) – Pastoralismo e Bucolismo
d) – Universalismo e Iluminismo
e) – Dualismo e Morbidez

20.
Os acontecimentos históricos que estão conectados, respectivamente, ao arcadismo e ao romantismo são:
a) – Os movimentos emancipacionistas e a transferência da família real ao Brasil
b) – A expulsão dos holandeses e a transferência da família real ao Brasil
c) – A descoberta de ouro em Minas Gerais e os investimentos em engenho de açúcar no nordeste
d) – A crise do sistema colonial e a proclamação da república
e) – A transferência da família real ao Brasil e os movimentos emancipacionistas

Final da prova de Português

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