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FILOSOFIA DA FELICIDADE

UNIDADE I

A Felicidade e a humanidade:

1.1. Histórico sobre a conceituação de felicidade até os


dias atuais.

Falar sobre a felicidade pode até parecer algo simples e do senso comum, mas
nunca se falou tanto neste assunto. Como vocês já sabem, a inspiração para este
curso vem das universidades de Harvard e Yale que, há quase vinte anos oferece
cursos sobre o assunto.

Quando o professor Tal Ben-Shahar inaugurou a primeira turma, em Harvard,


apenas oito alunos se matricularam e dois desistiram ao longo do semestre. Com
o passar dos anos, o trabalho ganhou popularidade e, a cada semestre, mais de
1400 alunos se matriculam nas aulas.

Após um tempo de curso, foi realizada uma pesquisa em que 23% dos
estudantes afirmaram que a disciplina havia mudado suas vidas para melhor. E
esta percepção inspirou outras universidades, como em nosso caso.

Em 2023 eu fiz uma pesquisa sobre a existência de disciplinas como essa nas
universidades brasileiras e encontrei muito, tanto em universidades privadas
quanto nas públicas

A idéia de saber mais sobre a felicidade das pessoas nasceu nesta mesma
universidade norte-americana há mais 80 anos. Escolhi um vídeo com um dos
professores responsáveis por esta famosa pesquisa para você conhecê-la mais a
fundo.

Assista! Ele está disponível em seu material de apoio.


Este interesse das pessoas pelo tema da felicidade está presente na história da
humanidade, abarcando muitas regiões e períodos, envolvendo uma mistura de ideias
formais e pressupostos populares diversos no sentido de gerar a felicidade. Algumas
vezes visto na forma dos festivais tradicionais até o aparato do consumismo atual que
chega em ações impensáveis e insustentáveis.

E onde será que as pessoas são mais felizes?

Segundo a ONU (2018), os cinco países mais felizes são: Finlândia, Noruega,
Dinamarca, Islândia e Suíça. O Brasil ocupa o 28º lugar.

Mas, você já ouviu falar do Butão? O Butão é um pequeno país do Himalaia que, em
1972, passou a considerar um indicador sistêmico denominado Felicidade Interna
Bruta, uma nova fórmula para medir o progresso da comunidade ou nação. E, desde
então passou a atrair a atenção do resto do mundo.

Mas para além do Butão, desde os primórdios dos agrupamentos sociais já se tem
notícia da felicidade. Entre os povos caçadores-coletores haviam práticas explícitas
trocas formais com vizinhos, banquetes e cerimônias coletivas para promover
relacionamentos positivos, boa alimentação, saúde razoável e paz.

Nas sociedades agrícolas, apesar do trabalho árduo, a agricultura possibilitou maior


segurança alimentar com o aumento significativo da produção de alimentos, facilitando
a adaptação das pessoas à nova organização social em que a força produtiva estava
relacionada diretamente à felicidade.

Seguindo seu percurso histórico, o tema cai nas graças dos filósofos greco-romanos
e confucionistas que trataram de pensar muito no assunto, buscando compreender a
tendência da sociedade à felicidade hedônica, em que se busca o prazer e evitar o
sofrimento o máximo possível.

Vejo muita correspondência com o modo de viver atual! O que você


acha?
Podemos ainda inserir em todos estes contextos a busca pelo sentido da vida e a
esperança, que se desvela nas religiões, nos ritos tradicionais e, na
contemporaneidade, no poder do capital que dita os limites e as formas de ser feliz.
No ocidente, o interesse com a promoção da felicidade é crescente, assim como as
tensões contrárias, como a depressão e outros transtornos psicológicos, por exemplo.
Entramos no campo psicológico.
A definição da felicidade está, na maioria das vezes, vinculada a psicologia, que a
pensa a partir de diversos aspectos. Como uma emoção humana básica, por exemplo,
já que se verifica que o sorriso em bebês está presente nas primeiras quatro semanas
de vida, independente da cultura e da época.
Mas, de modo geral, a felicidade é compreendida na psicologia como bem-estar,
“pessoas felizes se sentem bem” (STEARNS, 2022). Entende-se que a felicidade
envolve uma combinação de circunstâncias internas e externas e reações pessoais,
variando muito de uma pessoa para outra.
Entre as abordagens psicológicas mais atuais está a Psicologia positiva, que será
assunto da unidade 2, e que trata a felicidade como prioridade.
Convido você a pensar sobre tudo isso, lembrando que a universidade não visa
formar apenas profissionais, mas proporcionar uma formação integral e humana.
E, pensando nisso, nosso próximo assunto é a dimensão transcendental da
humanidade. Mas antes de partir para o próximo assunto, preciso que você assista a
vídeo aula, faça a leitura do texto sobre o que determina a felicidade no Brasil.
E ainda coloquei como conteúdo complementar indicações de artigos científicos,
um vídeo sobre aquele famoso estudo da universidade de Harvard sobre a felicidade
dos seus alunos ao longo de 80 anos e um podcast que gravei com o professor Carlos
Paschoalick.
Aproveite!
Links dos materiais de apoio:

1. Link do texto para leitura: CORBI, Raphael Bottura; MENEZES-FILHO, Naércio


Aquino. Os determinantes empíricos da felicidade no Brasil. Revista de Economia
Política, vol. 26, no 4 (104), pp. 518-536, outubro-dezembro/2006. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rep/a/9QPFPCG8q5gJDW6rQW76yzD/?l ang=p

2. Vídeo sobre o famoso estudo longitudinal da Universidade de Harvard sobre a


felicidade: Study of Adult Development at Harvard Medical School. Robert Waldinger
(pesquisador atual do estudo original) – The Good Life | Robert Waldinger |
TEDxBeaconStreet

3. - Podcast Direito à felicidade - https://youtu.be/B8l3tsYK2cw


1.2. Dimensão transcendental da humanidade
A modernidade para o mundo ocidental teve como legado um ser humano
vazio de sua espiritualidade transcendente – esse pensamento é um dos
caminhos para se refletir sobre como o ser humano passou a se relacionar com o
mundo, supervalorizando a materialidade como sentido mais importante da
existência e se convencendo de que a dimensão espiritual poderia ficar em
segundo plano.

Para começar essa conversa faz-se importante localizar a modernidade


enquanto período de quatro séculos após o fim da Idade Média, marcado
principalmente por uma estabilização da visão de mundo secular e laica.

Também podemos dizer que foi o período em que o mundo questionou e negou
a religião, a transcendência e a intervenção do divino. Época em que se defendeu
a reinterpretação da realidade apenas por meio da racionalidade científica
predominantemente naturalizante.

Seria incoerente ao homem moderno levar em consideração, em sua reflexão,


a relação entre o homem e Deus.

Na atualidade presenciamos um retorno do interesse das pessoas pela


transcendência, o que se vê é a busca por um sentido ou pelo preenchimento de
um vazio existencial.
As dimensões humanas
e a transcendência

O ser humano se constitui com algumas dimensões como a física, a social, a


psíquica (ou subjetiva) e a espiritual. A Organização Mundial de Saúde – OMS
preconiza, desde a década de 1990, que a saúde é o bem estar físico, mental e
social. A partir de 2014, reconhece também a dimensão espiritual como parte
essencial da saúde humana.

Conforme explica o filósofo brasileiro Denis Duarte, ¨a razão, por exemplo, é o


que leva o homem a pensar, a ser criativo; a dimensão biológica leva-o a
alimentar-se, a dormir, mas a espiritual ou religiosa é o que o leva a essa atração
pelo sobrenatural, pelo transcendente”.

Mas o que é o transcendente?

Segundo este mesmo pensador: "O transcendente é aquilo que está além do
mundo material, físico. Algo que não se explica ou ao qual se dá nome.

Como exemplo desse transcendente, cita os textos bíblicos do livro do Apocalipse,


escrito por São João. "João explica para nós que foi a outro mundo, diferente do
nosso, ou seja, ele transcendeu. A experiência é o sobrenatural, está além daquilo
que vivemos em nosso mundo natural."

A experiência transcendental é muito particular e subjetiva, mas pode ser


vivenciada por todas as pessoas. Podemos entender como um contato com o
desconhecido, com o Deus que se manifesta, com o mistério, com o inexplicável,
com o infinito.

Separei dois artigos que ajudarão na compreensão tanto das dimensões


humanas quanto sobre nossa busca de transcendência.
Meditação, concentração e práticas devocionais

A meditação tem sido um caminho usado há milênios para este contato e hoje a
ciência já tem infinitas comprovações de que seus benefícios vão muito além da
transcendência.

Falemos primeiro da atenção e da concentração – essas duas são faculdades


mentais que, quando treinadas, se fortalecem e expandem, qualificando nosso modo
de ser e estar no mundo, favorecendo um estado qualificado de presença e
auto-regulação.

A meditação é o fruto da atenção e da concentração, da capacidade de manter


um foco interno e externo. É um instrumento que viabiliza a plena realização do
potencial humano.

A prática meditativa atenua as emoções destrutivas, intensifica as emoções


saudáveis, educando a mente para aprender a lidar com o estresse, com a
ansiedade e com as emoções, sendo fonte restauradora do equilíbrio
psico-imuno-neuro-fisiológico.

Praticada com regularidade, a meditação qualifica a memória para um viver mais


saudável, oferecendo meios competentes para atuar na vida relacional, afetiva,
familiar, profissional e espiritual.

Separei artigos que falam disso e seus links estão aqui neste material de apoio.

É natural que a humanidade se organizou em grupos, em cultura e em


comunidades. Essas comunidades criaram repertórios de valores, visões de mundo,
modos de estar no mundo, modos de socializar-se. Tudo isso cria referências que
vão se estruturando, sem dúvida, na história da humanidade, muitas vezes, como
tradições espirituais ou, concretamente, como religiões.

As religiões sempre desenvolveram práticas de interiorização, práticas de


reconhecimento para que possamos pensar ¨quem sou eu¨, e ¨quem sou eu dentro
desta comunidade¨, e quem sou eu dentro deste universo¨. Qual o espaço do
humano dentro da criação ou da emanação? – e surgiram, assim, teorias diferentes
que diferentes povos foram contestando.
Hoje temos a possibilidade de ter contato com as mais diversas
tradições, de conhecer as mais diversas práticas que possibilitam a
interiorização. A meditação está entre as que chamamos de práticas
atencionais e práticas meditativas ou contemplativas.Todas elas têm
por objetivo familiarizar a pessoa consigo mesmo e, em última
instância, descobrir quem é esse eu que habita em cada um de nós e
que não é fruto nem da absorção cultural, nem é fruto da instância
biológica.

O fato de querer ver a si mesmo e de querer compreender a si


mesmo é universal.

A prática da meditação exige de nós um certo grau de


governabilidade de nossa atenção, que não pode ficar mudando seu
foco de objeto a objeto e de pensamento a pensamento.

A meditação como prática, como técnica dentro do repertório das


tradições espirituais sempre tem o objetivo de integrar os diferentes
aspectos que cada um de nós possui. Já falamos de uma dimensão
física, de uma dimensão mental e de uma dimensão espiritual, é óbvio
que no ser humano elas coexistem, nada disso está separado, tudo
está absolutamente interrelacionado. Mas alinhar essas dimensões não
é fácil - muitas vezes meu corpo está num lugar e a minha mente está
em outro – alinhar essas dimensões é justamente o propósito das
práticas meditativas, que muitas vezes estiveram a serviço do campo
espiritual.

Nestes casos, o objetivo sempre foi o de se conectar com um campo maior, um plano
que certamente transborda minha simples compreensão. Nosso planeta está inserido
em um universo que a razão não consegue abarcar e essa compreensão de ter
condição de assumir com humildade a condição em que nos encontramos era o
propósito que nas práticas meditativas se fortalecia com a integração das diferentes
dimensões que cada um de nós temos.

Hoje temos essa possibilidade de usufruir dos benefícios da meditação e a este


exercício que convidamos vocês. A seguir, nas referências deste material de apoio,
colocamos um link de um vídeo de uma mestra especial que ensina um tipo de
meditação que se chama ZAZEN, que tem sua origem no Zen Budismo, no Japão, e é
uma das práticas mais neutras e também mais utilizadas no mundo.
Lembro que além de fazer as leituras dos artigos e assistir as vídeo aulas desta parte,
ainda deverá fazer os exercícios e tarefas sobre o conteúdo da unidade e participar dos
fóruns de discussão.

Bom estudo!

Links dos materiais de apoio:


1- Existência humana como transcendência. Revista PUC-Rio. Disponível em:
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/34987/34987_4.PDF

2- MENEZES, Carolina Baptista; DELL'AGLIO, Débora Dalbosco. Os efeitos da


meditação à luz da investigação científica em Psicologia: revisão de literatura. Psicol.
cienc. prof., Brasília , v. 29, n. 2, p. 276-289, jun. 2009. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-9893200900020000
6&lng=pt&nrm=iso>

3- Meditação guiada com Monja Coen | ESPECIAL ZAZEN | Zen Budismo:


https://youtu.be/nR5GHWSJZrI

Sugestão de materiais complementares:

1- COELHO JUNIOR, Achilles Gonçalves; MAHFOUD, Miguel. As dimensões espiritual e


religiosa da experiência humana: distinções e inter-relações na obra de Viktor Frankl.
Psicol. USP, São Paulo , v. 12, n. 2, p. 95-103, 2001. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642001000200006&lng
=en&nrm=iso>.

2- MORAES, Maria Regina Cariello. O


desencantamento da meditação: da união
mística ao fitness cerebral. Relig. soc., Rio
de Janeiro , v. 39, n. 1, p. 224-248, abr. 2019
. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/0100-85872019v39n
1cap10.
UNIDADE II

2. A ciência e a felicidade:

2.1. A psicologia positiva


“A psicologia deve olhar para a doença ou para a saúde? A psicologia detém a visão
completa do comportamento humano? Para onde ela deve olhar, se quiser avistar as
“leis do comportamento”?

Um tópico que vem ganhando relevância nos últimos anos é a Psicologia Positiva
(PP). De alguma forma se opõe à psicologia tradicional, pois esta enfatiza as doenças e
transtornos mentais. A psicologia positiva visa expandir o alcance/atuação da psicologia
e resgatar suas missões, principalmente naquilo que diz respeito à investigação,
classificação e desenvolvimento de qualidades positivas.

Neste sentido é um paradigma teórico que implica na análise de fenômenos como


bem-estar; satisfação em determinadas áreas da vida; emoções positivas; saúde geral;
auto-estima, habilidades sociais e felicidade.

O pai da psicologia humanista é considerado Abraham Maslow, psicólogo que viveu


entre 1908 e 1970. Foi ele quem deu credibilidade científica aos fenômenos
observados, mas que, muitas vezes, é apenas lembrado e citado por sua pirâmide
hierárquica das necessidades humanas (Pirâmide de Maslow). Maslow começou a
(re)abrir os olhos para o foco das investigações e dos rumos que a psicologia havia
tomado. Ele se interessou pelo estudo do crescimento e desenvolvimento do potencial
humano, e defendeu a psicologia como um instrumento de promoção do bem-estar
social e psicológico. Foi o 1o a utilizar o termo psicologia positiva, comparando-a com
uma psicologia negativa, em seu livro Motivation and Personality, de 1954.

No o final de 1997, Martin E. P. Seligman, psicólogo americano nascido em 1942, foi


eleito Presidente da American Psychological Association (APA) e, juntamente, com
Mihaly Csikszentmihalyi (o pai do “estado flow”), psicólogo húngaro nascido em 1934,
começaram a publicar e empregar recursos em prol da difusão da psicologia positiva,
como edições especiais de publicações, revistas científicas, convenções e encontros.
Em 1998, Seligman escreveu, na coluna presidencial do APA Monitor, o artigo
“Building human strength: psychology’s forgotten mission” (Construir forças humanas:
a missão esquecida da psicologia), onde apontou que, antes de II Grande Guerra
Mundial, a psicologia tinha 3 objetivos:

· curar as doenças mentais;

· tornar a vida das pessoas mais satisfatória;

· identificar e cultivar talentos superiores;

Nesse mesmo texto, ele também aponta que após a II GM, “todos os esforços da
psicologia se voltaram para o tratamento das doenças mentais e dos transtornos
psicológicos”, ou seja, praticamente, um voltar-se para a reparação de danos.

Nos últimos anos, com a crescente investigação e divulgação sobre a psicologia


positiva, vem crescendo também o interesse geral e o mercado diretamente
associado. Cursos de psicologia positiva e workshops de inteligência emocional, por
exemplo, são mais oferecidos e vendidos – no Brasil – agora, do que há 5 ou 7 anos,
por exemplo.

Livros de psicologia positiva e inteligência emocional se tornaram best-sellers. O


tema felicidade é globalmente acessado na internet, ganha os palcos do TED e chega
até nós pelos grupos de WhatsApp, vídeos de apresentações ou ideias de pessoas
como Tal Ben-Shahar e Shawn Achor (professores de Harvard e difusores
contemporâneos, mundialmente conhecidos, no trabalho com a psicologia positiva).

A sua saúde e bem-estar estão ligados diretamente às relações. Relacionar-se com


uma pessoa positiva ou negativa tende a ser contagioso! Pode ser amigos, familiares,
colegas de trabalho, namorado(a).... muitas vezes seu humor pode alterar
dependendo das pessoas que o cercam.

Por outro lado, estar rodeado por pessoas positivas também influencia e contribui
para o bom humor e, consequentemente a saúde mental. E porque não a física?

Pesquisadores sugerem que os benefícios associados à positividade incluem:


aumento da longevidade, proteção contra o estresse crônico, aumento da felicidade e
maior sensação de propósito e conexão com a vida.

Pense: e se for você a pessoa negativa? Como você lida com os problemas do seu
dia-a-dia?

Esse é nosso próximo assunto! Mas antes faça as atividades desta parte da
disciplina.
Links dos materiais de apoio:
1- CORBI, Raphael Bottura; MENEZES-FILHO, Naércio Aquino. Os determinantes
empíricos da felicidade no Brasil. Revista de Economia Política, vol. 26, no 4 (104), pp.
518-536, outubro-dezembro/2006. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rep/a/9QPFPCG8q5gJDW6rQW76yzD/abstract/?lang=en

2- CAMALIONTE, Letícia George; BOCCALANDRO, Marina Pereira Rojas. Felicidade


e bem-estar na visão da psicologia positiva. Bol. - Acad. Paul. Psicol., São Paulo , v.
37, n. 93, p. 206-227, jul. 2017.
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1415-711X2017000200
004&lng=pt&nrm=iso

3- PALUDO, Simone dos Santos; KOLLER, Sílvia Helena. Psicologia Positiva: uma
nova abordagem para antigas questões. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v.
17, n. 36, p. 9-20, Apr. 2007.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2007000100002

4- Vídeo: O que me faz feliz? Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=9FBxfd7DL3E

Sugestão de materiais complementares:


- Vídeo: Study of Adult Development at Harvard Medical School. – Robert Waldinger
(pesquisador atual do estudo original) -
https://www.youtube.com/watch?v=d52BStMyOMw
2.2. Neurobiologia da felicidade

A felicidade representa um conceito abstrato para as pessoas. Nós, comumente, não


conseguimos definir concretamente o que é a Felicidade. No entanto, conseguimos
facilmente sentir a Felicidade. Então, podemos perguntar, será que, nessa experiência
de Felicidade, acontecem modificações em nosso corpo? Em que local? Em nosso
Sistema Nervoso? Então, falemos um pouco sobre o Sistema Nervoso, sua
composição e forma de funcionamento.

O tecido que compõe o Sistema Nervoso é composto das células chamadas de


Células Nervosas ou Neurônios, que são as células efetoras do Sistema Nervoso, as
células que determinam as atividades dos circuitos neurais e, também fazendo parte
do tecido nervoso, temos as Células Gliais ou também chamadas de Células da Glia,
ou ainda simplesmente Neuroglia. Estas células exercem o papel de células de
suporte, de nutrição e de proteção para os Neurônios no tecido neural do Sistema
Nervoso.

A células nervosa, o Neurônio, é uma Célula altamente especializada e é composta


pelo Corpo Celular ou Pericário, ou ainda também chamado de Soma, encarregado do
metabolismo celular e da produção – síntese – dos mediadores químicos, um
prolongamento celular denominado de Axônio que faz parte dos feixes nervosos, os
dendritos e as terminações nervosas.

O Neurônio apresenta uma forma bastante refinada de comunicação e, para isso,


produz as suas próprias substâncias químicas. Essas substâncias são chamadas de
mediadores químicos ou neurotransmissores. Os Neurotransmissores podem ser
definidos como mensageiros químicos que transportam, estimulam e equilibram os
sinais entre os neurônios e entre as células nervosas e outras células corporais.

Esses mensageiros químicos, os Neurotransmissores, ficam armazenados em


vesículas denominadas vesículas sinápticas, nas Terminações Nervosas do axônio e,
quando é necessária a comunicação entre as células, as vesículas são abertas e os
mediadores químicos são liberados no espaço chamado Sinapse.

A Sinapse, é o espaço, o local de encontro entre a terminação nervosa do Neurônio


e outra célula, e é nesse local que ocorre a transmissão das informações nervosas
realizada pelos neurotransmissores.
O Sistema Nervoso está dividido em Sistema Nervoso Central – SNC e Sistema
Nervoso Periférico – SNP.

O SNC é composto pelo Encéfalo e pela Medula Espinhal. O Encéfalo está dividido
em áreas chamadas de Lobos. São elas: o Lobo Frontal, os Lobos Parietais Direito e
Esquerdo, os Lobos Temporais Direito e Esquerdo e o Lobo Occipital. Ainda, na base do
Encéfalo está o Tronco Encefálico também chamado de Tronco Cerebral, responsável
por nossas funções vitais como batimento cardíaco, respiração e na região inferior
posterior do Encéfalo está o Cerebelo que é encarregado de nossa coordenação
motora.

Quando observamos internamente, o Encéfalo é dividido em uma área chamada de


Córtex e uma área chamada Subcórtex. No Córtex, somos capazes de aprender e
memorizar. No Subcórtex encontramos as áreas do Hipotálamo, Hipocampo, Tálamo e
Giro Cingulado e o Sistema Límbico, que é o Sistema encarregado das nossas
Emoções.

O Hipotálamo, o Tálamo, o Hipocampo, o Giro Cingulado e o Sistema Límbico


trabalham de forma conjunta na percepção e no gerenciamento de nossas emoções. O
Sistema Límbico se encarrega de perceber as emoções e classificá-las, trabalhando em
um esquema de Recompensa ou Punição.

As emoções que forem agradáveis para nós serão classificadas como Recompensa
e até poderão ser memorizadas no campo do Prazer. Já as Emoções que forem
desagradáveis, serão entendidas como Punição e poderão despertar sensações
desagradáveis como Raiva, Tristeza, Medo e preparações para Luta e/ou Fuga.

O Sistema Nervoso Central é encarregado de fazer o controle das nossas funções


corporais. O Sistema Nervoso Periférico que é composto por nervos e receptores
nervosos, é encarregado de informar ao Central sobre todas as sensações, atividades e
modificações que acontecem no organismo e encarregado de executar todas as ordens
planejadas pelo Central, para as funções corporais. Assim, através dessa perfeita
sintonia, o Sistema Nervoso organiza e controla as funções corpóreas para que sejam
mantidas as condições normais da vida humana.

Assim, finalizamos nossa primeira parte do conteúdo sobre a neurobiologia da


Felicidade.

Lembramos que além de assistir à aula correspondente a esta parte, você deverá
assistir ao vídeo sugerido no link abaixo.

Bom estudo!
Links dos materiais de apoio:

1- Vídeo Sistema Nervoso - “Superinteressante Coleções – O Corpo Humano –


Cérebro”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LHc6YgAmURs

Sugestões de Leituras Complementares:


- CABRERA-PERALTA, C. P.; CABRERA, M. A.; CABRERA-ROSA, R. A.;
CABRERA-VUOLO, R. A.: Sistema Nervoso. in___Fisiologia – base para o diagnóstico
clínico e laboratorial. 2ª Edição. p. 131-146. Birigui: Boreal, 2012.

- GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2011.

- BARRETT, K. E.; BARMAN S. M.; BOITANO S.; BROOKS, H. Fisiologia Médica de


Ganong. ISBN: 9788580552935. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580552935

- SCORSOLINI-COMIN, F., SANTOS, M. A. O estudo científico da felicidade e a


promoção da saúde: revisão integrativa da literatura. Rev. Latino-Am. Enfermagem
18(3):[08 telas] mai-jun 2010. http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_25.pdf

- FERRAZ, R. B., TAVARES, H., ZILBERMAN, M. L..Revisão da Literatura Felicidade:


uma revisão Happiness: a review. Rev. Psiq. Clín 34 (5); 234-242, 2007.
http://www.scielo.br/pdf/rpc/v34n5/a05v34n5.pdf
Mediadores Químicos envolvidos na Felicidade
A Felicidade é uma sensação extraordinária. Mas, o que se passa em nosso
organismo quando estamos nos sentindo felizes? Quando experimentamos essa
sensação tão especial de Felicidade? Vamos conhecer um pouco mais sobre os
Mediadores Químicos envolvidos no estado, na sensação de Felicidade.

Nossas Emoções ocorrem através da atividade de neurotransmissores que são


liberados no Sistema Nervoso. O nosso Sistema Límbico, localizado no Subcórtex
cerebral, é responsável pelos padrões comportamentais afetivos e emocionais. Nosso
comportamento é comandado pelas atividades e interação das áreas do hipotálamo,
hipocampo, amigdala, giro cingulado, tálamo lateral e sistema límbico. Essa interação
ocorre através da comunicação neuronal provocada pelos neurotransmissores que
são liberados pelos neurônios para que ocorra a comunicação neuronal.

Faz parte do comportamento inato, ou seja, que está presente no ser humano
desde seu nascimento, o comportamento instintivo, irracional. Esse comportamento
apresenta os padrões afetivos e padrões emocionais. Como padrões afetivos
podemos citar:

• PRAZER
• PUNIÇÃO
• DOR
• PREFERÊNCIA
• AVERSÃO
• MOTIVAÇÃO

E como padrões emocionais:

• RAIVA
• MEDO
• EUFORIA
• ALEGRIA
• TRISTEZA
• DEPRESSÃO
• ANGÚSTIA
• OBSESSÃO
• SEGURANÇA
Embora nossos padrões de comportamento afetivo-emocional estejam presentes
desde o nascimento e tenham componentes genéticos em sua apresentação,
podemos, ao longo da vida, modificar esses padrões.

As experiências vividas ao longo do tempo, a influência de acontecimentos


externos do ambiente, o convívio com outras pessoas, o aprendizado adquirido e as
memórias formadas podem interferir em nossos padrões comportamentais. A
convivência em situações agradáveis e desagradáveis vai compondo ao longo do
tempo memórias que nos auxiliam a moldar nossas reações e a estabelecer novos
padrões de reações frente aos desafios cotidianos.

Essa capacidade de adaptação, de reação e constante remodelação é uma das


maravilhas de nosso Sistema Nervoso. Dessa forma, podemos nos adequar às novas
experiências proporcionadas a nós ao longo de nossa existência.

O nosso comportamento frente as atividades diárias é determinado através da


comunicação entre os neurônios. A nossa mente está constantemente sendo
estimulada através da liberação de Neurotransmissores. Estes mediadores químicos
competem entre si e as reações e sensações que ocorrem são de acordo com a
predominância de cada um em cada momento que nós vivenciamos.

Os Neurotransmissores que são liberados no Sistema Nervoso podem promover


inúmeras sensações. Por exemplo, podemos sentir Felicidade, Amor, Ansiedade,
Euforia, Tristeza, Bem-estar, entre muitas outras sensações.
Entre os mediadores químicos envolvidos nesse processo podemos citar a
Serotonina, a Dopamina, a Noradrenalina e a Ocitocina.

No sistema nervoso, a secreção de Dopamina pode ser responsável pela


motivação e provoca uma sensação de Bem-Estar. A liberação do Neurotransmissor
Noradrenalina, quando em pequenas quantidades, pode provocar a sensação de
Ansiedade e pode estar relacionada com a sensação de Depressão.

Já a liberação de Ocitocina, quando ocorre, promove a sensação de amor, de afeto,


prazer, bem-estar. A ocitocina pode contribuir para a diminuição da sensação de
depressão, tristeza e colaborar com a produção da alegria em nosso sistema nervoso.

A secreção de Serotonina no Sistema Nervoso faz com que o indivíduo se sinta


positivo, mais confiante e está associada com a Sensação de Felicidade. Como
exemplo da atividade neuroquímica cerebral, podemos utilizar o mediador químico
chamado Dopamina.

Quando alguém passa por situações positivas ou desejadas, a PRODUÇÃO de


Dopamina é estimulada no córtex cerebral. Depois de produzida, essa substância é
ARMAZENADA. A Dopamina produzida pelos neurônios é armazenada nas
terminações nervosas dos neurônios.

Em seguida, quando é necessário realizar a comunicação neuronal, a Dopamina é


LIBERADA, gerando impulsos nervosos. Quando esses impulsos nervosos atingem o
córtex cerebral provocam a sensação de bem-estar e de positividade, contribuindo
para o estado de FELICIDADE.

Assim, de acordo com as nossas experiências que promovem essa variedade de


secreção neuro-hormonal, nós podemos apresentar o que chamamos de
Comportamento Racional. Somos capazes de realizar a diferenciação neurofisiológica
provocada por experiências sensoriais que promovem a formação de novos circuitos
neuronais.
O Aperfeiçoamento de atitudes ocorre através da consolidação de conhecimentos,
facilitada por sensações de prazer e punição. O Comportamento passa a ser assim,
orientado por processos de aprendizado e memória como a intelectualização, a
profissionalização e o planejamento de nossos atos.

As nossas emoções podem afetar de forma significativa a nossa saúde. Alguns


problemas físicos são capazes de afetar a saúde mental. Assim como alguns
problemas mentais podem afetar a saúde física. Esses problemas podem dar origem
às doenças psicossomáticas.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a definição de Saúde é: “um


estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de
afecções e enfermidades”.

O Sistema Nervoso trabalha ininterruptamente liberando substâncias químicas


capazes de influenciar nossas atividades. Os Neurotransmissores são determinantes
para nosso aprendizado, nossa memória, nossas reações emocionais e nossas
atitudes.

Desta forma, é importante que nós sejamos capazes de aprender com cada
experiência vivida e viver buscando as melhores vivências, facilitando o convívio com
situações que nos proporcionem felicidade.

Assim, chegamos ao final desta aula. Não deixe de assistir a nossa aula na
plataforma. Desejo a você um excelente aprendizado, interessante e feliz!
Sugestões de Leituras Complementares:
- GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011.

- SCORSOLINI-COMIN, F., SANTOS, M. A. O estudo científico da felicidade e a


promoção da saúde: revisão integrativa da literatura. Rev. Latino-Am. Enfermagem
18(3):[08 telas] mai-jun 2010. http://www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_25.pdf

- FERRAZ, R. B., TAVARES, H., ZILBERMAN, M. L..Revisão da Literatura Felicidade:


uma revisão Happiness: a review. Rev. Psiq. Clín 34 (5); 234-242, 2007.
http://www.scielo.br/pdf/rpc/v34n5/a05v34n5.pdf

- DFARHUD D., Maryam MALMIR M., KHANAHMADI, M. Happiness & Health: The
Biological Factors- Systematic Review Article. Iran J Public Health. 2014 Nov; 43(11):
1468–1477. IJPH-43-1468.pdf

- Calleja-González J, Terrados N., Martín-Acero R., Lago-Peñas C., Jukic I.,


Mielgo-Ayuso J., Marqués-Jiménez D., Delextrat A., Ostojic S. Happiness vs.
Wellness During the Recovery Process in High Performance Sport. Front Physiol.
2018; 9: 1598. Published online 2018 Dec 19. doi: 10.3389/fphys.2018.01598.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6306029/
Felicidade e qualidade de vida: impacto do sono,
atividades física, estresse, lazer e arte
“Penso que não há nada mais artístico do que amar verdadeiramente as pessoas”.
(Vincent Van Gogh)

Como estudamos até o momento, diversos fatores são importantes para nosso
bem-estar. Esses fatores podem ser fatores sistêmicos, ou seja, que fazem parte de
nosso organismo como, por exemplo, fatores genéticos, fatores hormonais, e fatores
externos, que fazem parte do ambiente, por exemplo, clima, iluminação, atividade
física, música, entre outros. Entre esses fatores que podem influenciar o nosso humor,
podemos citar a qualidade e o tempo de sono diário; a prática de atividade física, sua
intensidade e frequência; o estresse diário; as horas de trabalho e o tipo de trabalho
executado; a dedicação de um tempo diário ao lazer e relaxamento e a influência das
diferentes formas de arte.

Vamos falar inicialmente sobre o Sono. A nossa rotina diária tem influência direta no
nosso estado físico, mental, psíquico e social. O ser humano funciona em um ritmo
que chamamos de Circadiano. Esse Ciclo Circadiano ocorre a partir de variações
hormonais que oscilam durante o dia e a noite, determinando o ciclo de vigília e o ciclo
de sono de cada um de nós. Os hormônios Melatonina e Cortisol, que são produzidos
pelo nosso organismo, têm papel fundamental na determinação desse ritmo.

O ser humano é essencialmente diurno. Desta forma, predominantemente, o


período de sono acontece durante a noite e o período de vigília durante o dia.

Para que o estado de vigília aconteça, os níveis do Hormônio CORTISOL devem


ser elevados. Assim, nosso organismo eleva a secreção de CORTISOL e nós ficamos
alertas, acordados, durante o período diurno. Quando a noite vai se aproximando, os
níveis de CORTISOL vão diminuindo e o nível de MELATONINA vai se elevando.

A MELATONINA é um hormônio que colabora na indução e preparação para o


relaxamento e o SONO.
Para que isso aconteça e nós consigamos adormecer, é importante que o ambiente
esteja adequado, escurecido, com clima agradável e com pouco ou nenhum ruído, de
forma a facilitar o desligamento de nosso Sistema Nervoso e o seu repouso. Esses
elementos que contribuem para que nós consigamos dormir com qualidade, são
chamados de fatores sincronizadores do sono e estão relacionados também ao hábito
de cada um de nós. Por exemplo, um indivíduo pode ter mais facilidade de dormir com
um travesseiro alto, outra pessoa, pode conseguir dormir com travesseiro baixo. Esses
hábitos são variáveis de pessoa para pessoa.

O Sistema Nervoso experimenta durante todos os dias diferentes atividades e


experiências. Essas vivências vão sendo acumuladas de forma aleatória e
desorganizada.

Quando o período de vigília é encerrado, o período de repouso se faz necessário.

O descanso oferecido pelo Sono é descanso físico, e descanso mental, que nos
protege do desgaste natural das horas acordadas.

Quando excedemos o período de vigília, sem proporcionar o adequado repouso,


passamos a ter dificuldades como problemas na memória, problemas de atenção,
alterações no apetite, irritabilidade exagerada e contribuímos para o aumento de
estresse.

Assim, é importantíssimo que nossos neurônios e nosso corpo possam descansar


para que estejamos “novinhos em folha” no dia seguinte, prontos para novas
atividades e aprendizados.

O sono faz com que sejamos capazes de recuperar nossas energias e também de
obtermos descanso mental, para que nosso cérebro possa reorganizar as
informações, escolher quais memórias devem ser guardadas e quais os eventos que
serão descartados, ou seja, esquecidos. Nós fazemos isso durante o sono. De forma
que, quando dormimos, descansando quantitativa e qualitativamente bem, damos a
oportunidade para o nosso Sistema Nervoso se recuperar dos eventos radicais,
experiências novas, vividos no dia anterior.

Essa reorganização nervosa e hormonal, colabora para a manutenção de nossa


memória, nosso bem-estar e nossa Felicidade.
A atividade física também faz parte do “Hall da Fama” quando o assunto é a
Felicidade.

A realização de Atividade Física é capaz de provocar modificações na neuroquímica


de nosso sistema nervoso. Quando realizamos atividades físicas provocamos a
secreção de diferentes neurotransmissores, entre eles a Serotonina e a Ocitocina.
Ainda, fazemos a liberação de um Neurotransmissor, em especial, chamado de
ENDORFINA.

A liberação de ENDORFINA ocorre gradativamente, a partir do início da prática física


e pode ser observado até mesmo um tempo depois do término dessa atividade.

A ENDORFINA é capaz de provocar sensações de bem-estar e alegria e assim,


contribui de forma importante para a nossa Felicidade.

Para a melhora da nossa qualidade de vida devemos considerar também a qualidade


de nossa alimentação.

É importante que nós nos preocupemos em manter hábitos alimentares saudáveis.


Que nos preocupemos em fazer a ingestão de alimentos ricos e saudáveis e evitando a
ingestão de excesso de gorduras, condimentos, sal, substâncias estimulantes como o
café, podemos colaborar para o nosso bem-estar e equilíbrio e, assim, manter nosso
organismo saudável e feliz. No entanto, é importante considerar que esses hábitos
alimentares saudáveis devem obedecer a uma educação gradual para a sua aquisição
evitando tornar o ato de alimentar-se em um processo desagradável pois o sistema
nervoso pode entender essas mudanças na alimentação como um processo de punição,
repleto de restrições e, assim, elevar o estresse relacionado à alimentação.

A alimentação saudável e prazerosa, pode despertar sensações de felicidade quando


provoca satisfação e prazer no indivíduo em se processo alimentar. Ainda, o ato de se
alimentar pode representar um momento agradável de convívio familiar e social, onde os
indivíduos partilham de momentos agradáveis em torno das refeições.

Assim, respeitando nosso organismo e oferecendo cuidados adequados através da


alimentação, contribuímos para a sensação da Felicidade.
Outra peça fundamental na construção de nossa Felicidade é o Lazer. Os momentos
prazerosos, de convívio com elementos escolhidos por nós, momentos especiais que
elegemos para nosso Lazer, promovem modificações químicas importantes em nosso
cérebro.

Os momentos de lazer, do ponto de vista fisiológico, devem ser diários. Durante o


período de Lazer, os neurônios liberam mediadores químicos da alegria e bem-estar, a
Serotonina, Ocitocina, Dopamina, Endorfina. Assim, como nós já vimos nas aulas
anteriores, o conjunto desses neurotransmissores, é responsável pelas sensações de
Felicidade.

Nesse “Hall da Fama” da Felicidade, podemos inserir também a Arte.

A Arte, em suas diferentes formas, desperta em nosso Sistema Nervoso reações de


prazer e bem-estar e está associada à sensação de Felicidade por provocar a liberação
dos mediadores químicos da felicidade, quando faz com que o indivíduo se interesse por
aquela forma de Arte, quando desperta alegria, curiosidade e prazer.

A atenção, memória e aprendizado são estimulados quando entramos em contato


com alguma forma de arte que nos interessa, seja pelas informações que ela traz, por
sua beleza, seus detalhes, sua melodia, suas cores. Todo o processo de contato e
conhecimento das artes faz com que nosso cérebro reaja e libere as substâncias
químicas que provocam a Felicidade.

Assim, chegamos ao final da Neurobiologia da Felicidade. Espero que você tenha


gostado.

Deixei para você, dois “desafios” curiosos. Na nossa área de trabalho da plataforma,
você encontrará dois exercícios para serem feitos e assim, você poderá verificar o
quanto nosso Sistema Nervoso é incrível!
Sugestões de Leituras Complementares:
- GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011.

- CABRERA-PERALTA, C. P.; CABRERA, M. A.; CABRERA-ROSA, R. A.;


CABRERA-VUOLO, R. A.: Sistema Nervoso. in___Fisiologia – base para o diagnóstico
clínico e laboratorial. Cap 8. 2ª Edição.. Birigui: Boreal, 2012.

- CAMALIONTE, L. G.; BOCCALANDRO, M. P. R.. Felicidade e bem-estar na visão da


psicologia positiva. Bol. - Acad. Paul. Psicol., São Paulo , v. 37, n. 93, p. 206-227,
jul. 2017. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-711X20170002000
04&lng=pt&nrm=iso>.

- SANTANA, M. S., MAIA, E. M. C. Atividade Física e Bem-Estar na Velhice. Rev. salud


pública. 11 (2): 225-236, 2009.
https://www.scielosp.org/pdf/rsap/2009.v11n2/225-236/pt >.

- AMBRAIA, Rosana Passos Beinner. Aspectos psicobiológicos do comportamento


alimentar. Rev. Nutr., Campinas , v. 17, n. 2, p. 217-225, June 2004 . Disponível
em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732004000200008&l
ng=en&nrm=iso>.

- ROPKE, L. M. et al. Efeito da atividade física na qualidade do sono e qualidade de


vida: revisão sistematizada. Arch Health Invest (2017) 6(12):561-566 © 2017 - ISSN
2317-3009 http://dx.doi.org/10.21270/archi.v6i12.2258
https://www.researchgate.net/publication/322777572
UNIDADE III

A Felicidade na sociedade:

3.1. Lazer, relacionamentos interpessoais, conexão


social e redes sociais.

A questão da felicidade é uma das indagações levantadas pelo mundo inteiro sobre
a existência humana. É uma preocupação global e se espera uma resposta humana,
uma resposta global.

Se empregarmos TEMPO e SABEDORIA para reconhecer a felicidade,


gradualmente florescerá em nós uma compreensão mais profunda.

Os conhecimentos da Psicologia Positiva sobre Lazer e Relacionamento Social


vêm de pesquisas científicas sobre estas questões e suas relações com a felicidade.

E quanto ao Amor Verdadeiro ou Amor Autêntico: Existe realmente?

Uma ampla gama de emoções positivas se relaciona com o bem-estar como: paz,
gratidão, satisfação, prazer, inspiração, esperança, curiosidade ou amor.

O amor representa uma postura cognitiva, comportamental e emocional voltada


para o outro. E se apresenta em três formas: Amor pais-filho, Amor filho-pais e Amor
romântico. Envolve sentimentos positivos fortes, compromisso e até mesmo sacrifício.

Quanto aos relacionamentos positivos, pesquisas de Frederickson (2001) sobre as


emoções positivas demonstram que estes promovem o engajamento em atividades
com outras pessoas, a exploração de novos assuntos, aquisição de novas
aprendizagens. E ainda promovem a construção de redes sociais e da resiliência.
O Modelo PERMA - desenvolvido pelo psicólogo norte americano Martin Seligman
(2011) – também conhecido como Teoria do Bem-Estar, "PERMA" representa os cinco
elementos essenciais que devem estar presentes para que seja possível adquirir
experiências de um bem-estar efetivo e duradouro. Esse modelo é o núcleo central da
Psicologia Positiva e muitas pesquisas já́ demonstraram que pessoas envolvidas em
relacionamentos significativos e positivos são mais felizes que as demais.

Com o advento da tecnologia e o surgimento das redes sociais na virada do Século


XXI, surgiram também os relacionamentos virtuais, dentro das chamadas
comunidades virtuais ou ciberespaços, que proporcionaram os mais diversos tipos de
relações sociais.

O mundo virtual tem afetado significativamente o comportamento das pessoas de


duas formas. De forma positiva proporciona novas experiências e amplia círculos de
amizades.

E também negativamente, que condiciona o indivíduo ao isolamento no mundo real


e interativo no mundo virtual.

Atenção!

Neste ponto observe a bibliografia utilizada (leia o texto sobre os benefícios das
emoções positivas) e assista ao vídeo sugerido sobre as emoções que é uma
atividade reflexiva que ajudará de forma complementar sua compreensão sobre como
as emoções positivas podem contribuir para a regulação de emoções.
3.2. A importância do trabalho e do dinheiro para
qualidade de vida, para a realização e para o
reconhecimento profissional.

Agora vamos falar sobre a importância do trabalho como parte central da vida. A
figura a seguir indica a dimensão que o trabalho ocupa na vida da maioria das
pessoas que vivem no planeta.

Por isso, é essencial que esta atividade seja tão agradável e compensadora quanto
possível. E, por isso, é importante focar a atenção a cada etapa exigida no trabalho.
Para tanto, deve-se encontrar maneiras criativas de realizar nossas atividades no
trabalho e também se deve pensar sobre as seguintes questões:

- Esta etapa é necessária?

- Quem precisa dela?

- Se realmente é necessária, pode ser feita de maneira melhor, mais rápida e mais
eficiente?

- Que passos adicionais tornariam minha contribuição em trabalho mais valiosa?

A maioria das pessoas criativas não segue apenas uma rotina pré-estabelecida,
mas reinventa seu trabalho enquanto o realiza. A busca maior é a de equilíbrio entre
TRABALHO e RELACIONAMENTOS, ou seja, o objetivo é conseguimos obter
EXPERIÊNCIAS DE FLUXO EM AMBOS OS ESPAÇOS, o que dependerá do FATOR
ADAPTAÇÃO.

Isso exige não desperdiçar energia com problemas pequenos, ou seja, fáceis de se
resolver.
Quando os fatores TRABALHO e RELACIONAMENTOS são equilibrados, pode-se,
experimentar uma VIDA “AUTOTÉLICA”, ou seja, REPLETA DE EXPERIÊNCIAS DE
FLUXO, mais digna do que uma vida de consumo e de entretenimento passivo.
Vale ressaltar a importância do trabalho e do dinheiro para a qualidade de vida.
Para Ferreira e Ramos (2007), o Bem-Estar Psicológico (BEP), traduz a avaliação
subjetiva que o indivíduo faz da sua vida, incluindo conceitos como a satisfação com a
vida, a felicidade, as emoções agradáveis, os sentimentos de realização pessoal e de
satisfação com o trabalho e a qualidade de vida.
Também merece atenção as questões: renda, situação financeira, educação. A
renda é um fator que geralmente tem um impacto positivo na satisfação com a vida –
como constatado nos estudos de Seghieri et al. (2006) e Deaton (2008). A percepção
da própria situação financeira pode ser mais significativa na determinação da
satisfação com a vida, apontam estudos de Johnson e Krueger (2006). O aumento dos
níveis de educação tem impacto positivo na satisfação com a vida, apontam
Blanchflower e Oswald (2004).

A FELICIDADE está associada à REALIZAÇÃO e INOVAÇÃO. E também ao


RECONHECIMENTO PROFISSIONAL, pois este é importante para a MOTIVAÇÃO.

Atenção! Neste ponto observe a bibliografia utilizada (leia o texto sobre a


Psicologia Positiva e o estudo do bem-estar subjetivo) e assista ao vídeo sugerido
(animação) que é uma atividade reflexiva que ajudará de forma complementar.
Referências:

1. Link para o vídeo (animação) “The Pursuit of Happiness (Short Animated Movie)”
- https://www.youtube.com/watch?v=kB1aoErPRWs

2. SILVESTRE, Rafaela L. S.; VANDENBERGHE, Luc. Os benefícios das emoções


positivas. Rev. Contextos Clínicos, 6(1):50-57, janeiro-junho, 2013. Unisinos.
Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cclin/v6n1/v6n1a07.pdf

3. Link para o vídeo “O que são emoções?”:


https://www.youtube.com/watch?v=GyFQj64amhY

4. PASSARELI, Paola Moura; SILVA, José Aparecido da. Psicologia positiva e o


estudo do bem-estar subjetivo. Estudos de Psicologia I Campinas I 24(4) I 513-517 I
outubro – dezembro, 2007. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v24n4/v24n4a10.pdf

5. SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade autêntica: usando a nova psicologia positiva


para a realização permanente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

6. SELIGMAN, Martin E. P. Florescer: Uma nova e visionária interpretação da


felicidade e do bem-estar. Cristina Paixão Lopes (Tradutor). Rio de Janeiro: Objetiva,
2012.
UNIDADE IV

A Arte de Ser Feliz:

4.1. Resiliência.
No início desta última etapa da disciplina abordaremos o tema Resiliência e a relação
com a felicidade. Definimos que Resiliência é a capacidade que temos de ser flexíveis em
nossos pensamentos e comportamentos, nos momentos que estamos enfrentando as
dificuldades turbulentas do dia a dia.
Essa habilidade de ser resiliente é construída por meio de nossas crenças, que
possibilitam criar caminhos ou possibilidade para transcender os impedimentos da vida e
adquirir um olhar mais otimista para um futuro com superação.
É importante ressaltar que essas crenças relacionadas com a resiliência são
estruturadas no desenvolvimento de nossas histórias de vida.
Desmitificamos o conceito da resiliência que historicamente surgiu emprestado da
Física. No dicionário está definido como substantivo feminino; característica dos corpos
que, após sofrerem alguma deformação ou choque, voltam à sua forma original;
elasticidade; capacidade natural para se recuperar de uma situação adversa, problemática;
superação.
Na década de 60 a definição se baseava na capacidade de suportar a dor ou o
problema.
Compreendemos que é possível aprendermos e desenvolvermos a resiliência e há uma
abordagem específica para isso: abordagem Resiliente criada por George Barbosa. Há 8
áreas em nossa vida que podem ser trabalhadas e aperfeiçoadas. São elas:
1. Autocontrole
2. Analisar o contexto
3. Autoconfiança
4. Leitura corporal
5. Empatia:
6. Conquistar e manter pessoas
7. Otimismo: são crenças relacionadas com pensamentos de que uma situação pode
melhorar. Confere a capacidade de olhar com esperança e enxergar novas oportunidades.
É o famoso “pensar fora da caixa”.
8. Sentido da vida
Vale a pena ler os textos, assistir os vídeos indicados.
REFERÊNCIAS

1. BARBOSA, G. Resiliência? O que é isso? Desdobramentos no conceito. 2010.


Disponível em:
https://administradores.com.br/artigos/resiliencia-o-que-e-isso-desdobramentos-no-c
onceito
2. RODRIGUES, Rosana Trindade Santos; BARBOSA, George Souza;
CHIAVONE, Paulo Antonio. Personalidade e resiliência como proteção contra o
Burnout em médicos residentes. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 37, n. 2,
p. 245-253, June 2013. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbem/a/xGqNmZr3r4S3N7DrCdPvYDc/?format=pdf&lang=pt
3. Sugestão de site - www.sobrare.com.br (Sociedade Brasileira de Resiliência).
4. YUNES, Maria Angela Mattar. Psicologia positiva e resiliência: o foco no
indivíduo e na família. Psicol. estud., Maringá, v. 8, n. p. 75-84, 2003. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S1413-73722003000300010
5. Link do vídeo - O que faz a pessoa mudar? (Monja Coen)
https://www.youtube.com/watch?v=sfcE35uXz1U
6. Link do vídeo – Resiliência: O que fazer?
https://www.youtube.com/watch?v=qwRwb0mwaWQ
4.2. Sonhos, aspirações e a importância do projeto de
vida.

Esta é a última parte do último módulo do nosso curso. Agora caminhamos para
o fechamento de nosso ciclo juntos e proponho pensarmos um pouco sobre Sonhos
e Aspirações. Minha proposta tem o objetivo de provocar em você a reflexão sobre
o sentido de sua vida.
Para isso, falarei especificamente sobre: A importância do estudo e do
desenvolvimento pessoal; A motivação e a definição de novas metas; O
estabelecimento de objetivos claros, ou melhor, a identificação do importante; A
capacidade de reciclar; e a importância de um projeto de vida.
Pensando nas informações a que você teve acesso desde o início do curso,
retomaremos as duas últimas letras do modelo PERMA para esta reflexão.
Primeiro, a letra M – da palavra inglesa MEANING, com tradução para a Língua
Portuguesa de sentido ou significado. Para Seligman, o sentido no viver, geralmente
vem de servir a uma causa maior que nós mesmos. O encontro de um sentido para
o que fazemos pode vir de uma crença, uma religião, uma causa humanitária ou um
simples objetivo, desde que seja significativo para o indivíduo. As pessoas tendem a
procurar por um sentido em suas vidas, um propósito, uma resposta que dê sentido
à própria existência.
Muito do que conhecemos como angústia, tema que foi amplamente estudado no
último século, incluindo depressão, ansiedade, insônia, fobia social e síndrome do
pânico, dentre outros sintomas, parecem ser advindos de fontes relacionadas ao
medo de viver e ao medo de morrer e estão fortemente ligados ao sentido da
existência humana, bem como na busca do indivíduo por um sentido no viver.
Temas como esperança, objetivos e metas de vida, espiritualidade, altruísmo,
sentimento de pertencer a uma comunidade, de ser acolhido e colaborar para o
desenvolvimento do bem-estar coletivo são sempre presentes como elementos que
amenizam a angústia sentida.
Pensemos agora na letra A do nosso conhecido modelo PERMA:
Accomplishments. Sua tradução, conquistas, realizações.
Muitos de nós dedicamos esforços para melhorar a nós mesmos de alguma
forma, seja procurando dominar uma habilidade ou alcançar um objetivo
significativo. Como tal, a realização é outra coisa importante que, além de nos
motivar, contribui para nosso bem-estar e nossa capacidade de florescer.
Realização pessoal é algo subjetivo e pode variar de pessoa para pessoa. Na
antiguidade, diversos filósofos gregos refletiram sobre o conceito de realização pessoal,
com um grande destaque para Aristóteles, que dedicou boa parte de sua vida ao propósito
de desvendar o real objetivo da vida humana. Segundo o filósofo, esse objetivo seria o de
alcançar a felicidade a fim de se atingir a realização pessoal.
Ele dizia que ao ser humano não basta sobreviver, buscamos viver bem,
viver uma boa vida.
Abraham Maslow afirma que a autorrealização somente pode ser atingida quando o
indivíduo é capaz de suprir as necessidades básicas para a sobrevivência biológica e
psicológica. E nos oferece uma das teorias mais utilizadas nas últimas décadas sobre as
necessidades humanas e a motivação. Já falamos dela neste curso, mas vale relembrá-la.
A Teoria da Hierarquia de Necessidades de Maslow, muito conhecida também como
pirâmide de Maslow por ser sintetizada por esta pirâmide.
Maslow afirma que os seres humanos possuem necessidades que obedecem a um nível
hierárquico. Na base da pirâmide estão as necessidades básicas e fisiológicas, como
comer, beber, dormir, respirar, ter relações sexuais, manter o organismo em equilíbrio e,
por fim, sobreviver. Uma vez que as necessidades básicas são atendidas, a motivação se
desloca para o próximo nível da pirâmide, onde o indivíduo busca segurança pessoal,
como moradia, saúde, segurança do corpo, emprego e recursos para manter-se.
No terceiro estágio, a motivação do indivíduo estaria voltada às necessidades de afeto,
como amor, intimidade, relacionamentos, amizades e afeto familiar. No quarto estágio a
motivação estaria voltada aos sentimentos de estima, autoestima, confiança, conquista e
respeito mútuo. Por último, no topo da pirâmide, a motivação estaria dirigida à realização
pessoal ou autorrealização.
Entendemos que é necessário, portanto, que o indivíduo leve uma vida significativa,
sentir que pertence a algo maior que ele mesmo.
As pesquisas apontam que gastamos nosso tempo em atividades produtivas como
trabalhar, estudar, falar, comer e divagar durante o trabalho; atividades de manutenção,
como cuidados com a casa (cozinhar, limpar, fazer compras), dirigir ou locomover-se; e
atividades de lazer como mídia (TV e leitura), hobbies, esportes, filmes, restaurantes,
conversas e contatos sociais e repouso. Segundo pesquisa de Csikszentmihalyi (2014),
estes três tipos de atividades ocorrem numa proporção média de 42%, 31% e 27%,
respectivamente. Partindo destes pressupostos, a vida cotidiana não seria definida apenas
pelo que fazemos, mas também por aqueles com quem estamos. O significado de ‘viver’
ou ‘ter uma vida boa’ passaria a ter um novo sentido, e este sentido seria viver de maneira
plena, expressando a própria individualidade, sem desperdício de tempo e potencial.
Esta mesma pesquisa comprova que as atividades produtivas, como estudar e trabalhar,
ajudam muito a melhorar nossa capacidade de concentração e nos dão um nível médio de
fluxo. Já as atividades de manutenção pouco contribuem neste sentido, enquanto que as
atividades de lazer são especialmente úteis para a geração de motivação e de fluxo, em
especial quando praticamos nossos hobbies e esportes e um pouco menos quando
conversamos com amigos, fazemos sexo e participamos de eventos de socialização.
Pensando nos resultados deste estudo, podemos concluir que usar o tempo que
pudermos dispor para nosso desenvolvimento e para refletir sobre o sentido de
nossas vidas fará toda a diferença, além de que esse também é o caminho para o
planejamento e para a identificação do que é realmente importante para o sucesso
de um projeto de vida.
Falando em sucesso, precisamos incluir nesta reflexão a lógica do mercado de
trabalho. Uma lógica em que vigora a ideia de que a responsabilidade pelos
próprios sucessos ou fracassos é apenas dos próprios indivíduos.
Além disso, com as instâncias políticas e sociais se mostrando cada vez menos
protetoras, a juventude sente-se cada vez mais carente de orientações que facilitem
suas escolhas e possíveis caminhos a serem seguidos. Assim, vemos que a
juventude vive um paradoxo: ao mesmo tempo em que tem diante de si uma
amplitude maior de possibilidades, muitas vezes não tem o que escolher.
Diante da aceleração desenfreada do ritmo da vida, da fugacidade dos encontros
e dos desencontros, do peso de ter que alcançar o sucesso arcando com toda a
responsabilidade pelo resultado de suas empreitadas, o sujeito contemporâneo e,
especialmente, os jovens encontram-se, muitas vezes, acuados no cotidiano.
Portanto, planejar a vida, refletir sobre o que é mais importante e apreciar a
riqueza das experiências, certamente são ações que levarão à uma rotina com
estratégias conscientes que façam real sentido.
Neste momento, aproveito para reforçar a ideia inicial desta disciplina que foi o de
buscar e desenvolver a felicidade, aprofundar os valores e virtudes individuais e
elaborar elementos para o projeto de vida. Tudo isso dependeu, depende e
dependerá muito da sua vontade, mas nós, do lado de cá, torcemos muito pela sua
felicidade!
Para encerrar, despeço-me com o pensamento de Seligman:
"Deixar de entender a felicidade, as emoções positivas, como o objetivo final
comum, como o único fator no qual as pessoas baseiam suas escolhas. Em vez
disso, há cinco objetivos: felicidade, relacionamentos, propósito, engajamento e
realizações" (SELIGMAN, 2019, p.5).
Referências:
1. MAIA, Ana Augusta Ravasco Moreira; MANCEBO, Deise. Juventude, trabalho
e projetos de vida: ninguém pode ficar parado. Psicol. cienc. prof., Brasília, v.30, n.2,
p.376-389, 2010. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932010000200012&
lng=pt&nrm=iso
2. CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. Teoria do Flow, pesquisa e aplicações. 161.
Disponível em: http://comciencia.scielo.br/pdf/cci/n161/10.pdf

Saiba mais!
- SELIGMAN, Martin E. P. Florescer: uma nova compreensão da felicidade e do
bem-estar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2019.
- CSIKSZENTMIHALYI, Mihali. A descoberta do fluxo: a psicologia do
envolvimento com a vida cotidiana. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

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