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UNIDADE I
A Felicidade e a humanidade:
Falar sobre a felicidade pode até parecer algo simples e do senso comum, mas
nunca se falou tanto neste assunto. Como vocês já sabem, a inspiração para este
curso vem das universidades de Harvard e Yale que, há quase vinte anos oferece
cursos sobre o assunto.
Após um tempo de curso, foi realizada uma pesquisa em que 23% dos
estudantes afirmaram que a disciplina havia mudado suas vidas para melhor. E
esta percepção inspirou outras universidades, como em nosso caso.
Em 2023 eu fiz uma pesquisa sobre a existência de disciplinas como essa nas
universidades brasileiras e encontrei muito, tanto em universidades privadas
quanto nas públicas
A idéia de saber mais sobre a felicidade das pessoas nasceu nesta mesma
universidade norte-americana há mais 80 anos. Escolhi um vídeo com um dos
professores responsáveis por esta famosa pesquisa para você conhecê-la mais a
fundo.
Segundo a ONU (2018), os cinco países mais felizes são: Finlândia, Noruega,
Dinamarca, Islândia e Suíça. O Brasil ocupa o 28º lugar.
Mas, você já ouviu falar do Butão? O Butão é um pequeno país do Himalaia que, em
1972, passou a considerar um indicador sistêmico denominado Felicidade Interna
Bruta, uma nova fórmula para medir o progresso da comunidade ou nação. E, desde
então passou a atrair a atenção do resto do mundo.
Mas para além do Butão, desde os primórdios dos agrupamentos sociais já se tem
notícia da felicidade. Entre os povos caçadores-coletores haviam práticas explícitas
trocas formais com vizinhos, banquetes e cerimônias coletivas para promover
relacionamentos positivos, boa alimentação, saúde razoável e paz.
Seguindo seu percurso histórico, o tema cai nas graças dos filósofos greco-romanos
e confucionistas que trataram de pensar muito no assunto, buscando compreender a
tendência da sociedade à felicidade hedônica, em que se busca o prazer e evitar o
sofrimento o máximo possível.
Também podemos dizer que foi o período em que o mundo questionou e negou
a religião, a transcendência e a intervenção do divino. Época em que se defendeu
a reinterpretação da realidade apenas por meio da racionalidade científica
predominantemente naturalizante.
Segundo este mesmo pensador: "O transcendente é aquilo que está além do
mundo material, físico. Algo que não se explica ou ao qual se dá nome.
A meditação tem sido um caminho usado há milênios para este contato e hoje a
ciência já tem infinitas comprovações de que seus benefícios vão muito além da
transcendência.
Separei artigos que falam disso e seus links estão aqui neste material de apoio.
Nestes casos, o objetivo sempre foi o de se conectar com um campo maior, um plano
que certamente transborda minha simples compreensão. Nosso planeta está inserido
em um universo que a razão não consegue abarcar e essa compreensão de ter
condição de assumir com humildade a condição em que nos encontramos era o
propósito que nas práticas meditativas se fortalecia com a integração das diferentes
dimensões que cada um de nós temos.
Bom estudo!
2. A ciência e a felicidade:
Um tópico que vem ganhando relevância nos últimos anos é a Psicologia Positiva
(PP). De alguma forma se opõe à psicologia tradicional, pois esta enfatiza as doenças e
transtornos mentais. A psicologia positiva visa expandir o alcance/atuação da psicologia
e resgatar suas missões, principalmente naquilo que diz respeito à investigação,
classificação e desenvolvimento de qualidades positivas.
Nesse mesmo texto, ele também aponta que após a II GM, “todos os esforços da
psicologia se voltaram para o tratamento das doenças mentais e dos transtornos
psicológicos”, ou seja, praticamente, um voltar-se para a reparação de danos.
Por outro lado, estar rodeado por pessoas positivas também influencia e contribui
para o bom humor e, consequentemente a saúde mental. E porque não a física?
Pense: e se for você a pessoa negativa? Como você lida com os problemas do seu
dia-a-dia?
Esse é nosso próximo assunto! Mas antes faça as atividades desta parte da
disciplina.
Links dos materiais de apoio:
1- CORBI, Raphael Bottura; MENEZES-FILHO, Naércio Aquino. Os determinantes
empíricos da felicidade no Brasil. Revista de Economia Política, vol. 26, no 4 (104), pp.
518-536, outubro-dezembro/2006. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rep/a/9QPFPCG8q5gJDW6rQW76yzD/abstract/?lang=en
3- PALUDO, Simone dos Santos; KOLLER, Sílvia Helena. Psicologia Positiva: uma
nova abordagem para antigas questões. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto , v.
17, n. 36, p. 9-20, Apr. 2007.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-863X2007000100002
https://www.youtube.com/watch?v=9FBxfd7DL3E
O SNC é composto pelo Encéfalo e pela Medula Espinhal. O Encéfalo está dividido
em áreas chamadas de Lobos. São elas: o Lobo Frontal, os Lobos Parietais Direito e
Esquerdo, os Lobos Temporais Direito e Esquerdo e o Lobo Occipital. Ainda, na base do
Encéfalo está o Tronco Encefálico também chamado de Tronco Cerebral, responsável
por nossas funções vitais como batimento cardíaco, respiração e na região inferior
posterior do Encéfalo está o Cerebelo que é encarregado de nossa coordenação
motora.
As emoções que forem agradáveis para nós serão classificadas como Recompensa
e até poderão ser memorizadas no campo do Prazer. Já as Emoções que forem
desagradáveis, serão entendidas como Punição e poderão despertar sensações
desagradáveis como Raiva, Tristeza, Medo e preparações para Luta e/ou Fuga.
Lembramos que além de assistir à aula correspondente a esta parte, você deverá
assistir ao vídeo sugerido no link abaixo.
Bom estudo!
Links dos materiais de apoio:
Faz parte do comportamento inato, ou seja, que está presente no ser humano
desde seu nascimento, o comportamento instintivo, irracional. Esse comportamento
apresenta os padrões afetivos e padrões emocionais. Como padrões afetivos
podemos citar:
• PRAZER
• PUNIÇÃO
• DOR
• PREFERÊNCIA
• AVERSÃO
• MOTIVAÇÃO
• RAIVA
• MEDO
• EUFORIA
• ALEGRIA
• TRISTEZA
• DEPRESSÃO
• ANGÚSTIA
• OBSESSÃO
• SEGURANÇA
Embora nossos padrões de comportamento afetivo-emocional estejam presentes
desde o nascimento e tenham componentes genéticos em sua apresentação,
podemos, ao longo da vida, modificar esses padrões.
Desta forma, é importante que nós sejamos capazes de aprender com cada
experiência vivida e viver buscando as melhores vivências, facilitando o convívio com
situações que nos proporcionem felicidade.
Assim, chegamos ao final desta aula. Não deixe de assistir a nossa aula na
plataforma. Desejo a você um excelente aprendizado, interessante e feliz!
Sugestões de Leituras Complementares:
- GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011.
- DFARHUD D., Maryam MALMIR M., KHANAHMADI, M. Happiness & Health: The
Biological Factors- Systematic Review Article. Iran J Public Health. 2014 Nov; 43(11):
1468–1477. IJPH-43-1468.pdf
Como estudamos até o momento, diversos fatores são importantes para nosso
bem-estar. Esses fatores podem ser fatores sistêmicos, ou seja, que fazem parte de
nosso organismo como, por exemplo, fatores genéticos, fatores hormonais, e fatores
externos, que fazem parte do ambiente, por exemplo, clima, iluminação, atividade
física, música, entre outros. Entre esses fatores que podem influenciar o nosso humor,
podemos citar a qualidade e o tempo de sono diário; a prática de atividade física, sua
intensidade e frequência; o estresse diário; as horas de trabalho e o tipo de trabalho
executado; a dedicação de um tempo diário ao lazer e relaxamento e a influência das
diferentes formas de arte.
Vamos falar inicialmente sobre o Sono. A nossa rotina diária tem influência direta no
nosso estado físico, mental, psíquico e social. O ser humano funciona em um ritmo
que chamamos de Circadiano. Esse Ciclo Circadiano ocorre a partir de variações
hormonais que oscilam durante o dia e a noite, determinando o ciclo de vigília e o ciclo
de sono de cada um de nós. Os hormônios Melatonina e Cortisol, que são produzidos
pelo nosso organismo, têm papel fundamental na determinação desse ritmo.
O descanso oferecido pelo Sono é descanso físico, e descanso mental, que nos
protege do desgaste natural das horas acordadas.
O sono faz com que sejamos capazes de recuperar nossas energias e também de
obtermos descanso mental, para que nosso cérebro possa reorganizar as
informações, escolher quais memórias devem ser guardadas e quais os eventos que
serão descartados, ou seja, esquecidos. Nós fazemos isso durante o sono. De forma
que, quando dormimos, descansando quantitativa e qualitativamente bem, damos a
oportunidade para o nosso Sistema Nervoso se recuperar dos eventos radicais,
experiências novas, vividos no dia anterior.
Deixei para você, dois “desafios” curiosos. Na nossa área de trabalho da plataforma,
você encontrará dois exercícios para serem feitos e assim, você poderá verificar o
quanto nosso Sistema Nervoso é incrível!
Sugestões de Leituras Complementares:
- GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 12.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2011.
A Felicidade na sociedade:
A questão da felicidade é uma das indagações levantadas pelo mundo inteiro sobre
a existência humana. É uma preocupação global e se espera uma resposta humana,
uma resposta global.
Uma ampla gama de emoções positivas se relaciona com o bem-estar como: paz,
gratidão, satisfação, prazer, inspiração, esperança, curiosidade ou amor.
Atenção!
Neste ponto observe a bibliografia utilizada (leia o texto sobre os benefícios das
emoções positivas) e assista ao vídeo sugerido sobre as emoções que é uma
atividade reflexiva que ajudará de forma complementar sua compreensão sobre como
as emoções positivas podem contribuir para a regulação de emoções.
3.2. A importância do trabalho e do dinheiro para
qualidade de vida, para a realização e para o
reconhecimento profissional.
Agora vamos falar sobre a importância do trabalho como parte central da vida. A
figura a seguir indica a dimensão que o trabalho ocupa na vida da maioria das
pessoas que vivem no planeta.
Por isso, é essencial que esta atividade seja tão agradável e compensadora quanto
possível. E, por isso, é importante focar a atenção a cada etapa exigida no trabalho.
Para tanto, deve-se encontrar maneiras criativas de realizar nossas atividades no
trabalho e também se deve pensar sobre as seguintes questões:
- Se realmente é necessária, pode ser feita de maneira melhor, mais rápida e mais
eficiente?
A maioria das pessoas criativas não segue apenas uma rotina pré-estabelecida,
mas reinventa seu trabalho enquanto o realiza. A busca maior é a de equilíbrio entre
TRABALHO e RELACIONAMENTOS, ou seja, o objetivo é conseguimos obter
EXPERIÊNCIAS DE FLUXO EM AMBOS OS ESPAÇOS, o que dependerá do FATOR
ADAPTAÇÃO.
Isso exige não desperdiçar energia com problemas pequenos, ou seja, fáceis de se
resolver.
Quando os fatores TRABALHO e RELACIONAMENTOS são equilibrados, pode-se,
experimentar uma VIDA “AUTOTÉLICA”, ou seja, REPLETA DE EXPERIÊNCIAS DE
FLUXO, mais digna do que uma vida de consumo e de entretenimento passivo.
Vale ressaltar a importância do trabalho e do dinheiro para a qualidade de vida.
Para Ferreira e Ramos (2007), o Bem-Estar Psicológico (BEP), traduz a avaliação
subjetiva que o indivíduo faz da sua vida, incluindo conceitos como a satisfação com a
vida, a felicidade, as emoções agradáveis, os sentimentos de realização pessoal e de
satisfação com o trabalho e a qualidade de vida.
Também merece atenção as questões: renda, situação financeira, educação. A
renda é um fator que geralmente tem um impacto positivo na satisfação com a vida –
como constatado nos estudos de Seghieri et al. (2006) e Deaton (2008). A percepção
da própria situação financeira pode ser mais significativa na determinação da
satisfação com a vida, apontam estudos de Johnson e Krueger (2006). O aumento dos
níveis de educação tem impacto positivo na satisfação com a vida, apontam
Blanchflower e Oswald (2004).
1. Link para o vídeo (animação) “The Pursuit of Happiness (Short Animated Movie)”
- https://www.youtube.com/watch?v=kB1aoErPRWs
4.1. Resiliência.
No início desta última etapa da disciplina abordaremos o tema Resiliência e a relação
com a felicidade. Definimos que Resiliência é a capacidade que temos de ser flexíveis em
nossos pensamentos e comportamentos, nos momentos que estamos enfrentando as
dificuldades turbulentas do dia a dia.
Essa habilidade de ser resiliente é construída por meio de nossas crenças, que
possibilitam criar caminhos ou possibilidade para transcender os impedimentos da vida e
adquirir um olhar mais otimista para um futuro com superação.
É importante ressaltar que essas crenças relacionadas com a resiliência são
estruturadas no desenvolvimento de nossas histórias de vida.
Desmitificamos o conceito da resiliência que historicamente surgiu emprestado da
Física. No dicionário está definido como substantivo feminino; característica dos corpos
que, após sofrerem alguma deformação ou choque, voltam à sua forma original;
elasticidade; capacidade natural para se recuperar de uma situação adversa, problemática;
superação.
Na década de 60 a definição se baseava na capacidade de suportar a dor ou o
problema.
Compreendemos que é possível aprendermos e desenvolvermos a resiliência e há uma
abordagem específica para isso: abordagem Resiliente criada por George Barbosa. Há 8
áreas em nossa vida que podem ser trabalhadas e aperfeiçoadas. São elas:
1. Autocontrole
2. Analisar o contexto
3. Autoconfiança
4. Leitura corporal
5. Empatia:
6. Conquistar e manter pessoas
7. Otimismo: são crenças relacionadas com pensamentos de que uma situação pode
melhorar. Confere a capacidade de olhar com esperança e enxergar novas oportunidades.
É o famoso “pensar fora da caixa”.
8. Sentido da vida
Vale a pena ler os textos, assistir os vídeos indicados.
REFERÊNCIAS
Esta é a última parte do último módulo do nosso curso. Agora caminhamos para
o fechamento de nosso ciclo juntos e proponho pensarmos um pouco sobre Sonhos
e Aspirações. Minha proposta tem o objetivo de provocar em você a reflexão sobre
o sentido de sua vida.
Para isso, falarei especificamente sobre: A importância do estudo e do
desenvolvimento pessoal; A motivação e a definição de novas metas; O
estabelecimento de objetivos claros, ou melhor, a identificação do importante; A
capacidade de reciclar; e a importância de um projeto de vida.
Pensando nas informações a que você teve acesso desde o início do curso,
retomaremos as duas últimas letras do modelo PERMA para esta reflexão.
Primeiro, a letra M – da palavra inglesa MEANING, com tradução para a Língua
Portuguesa de sentido ou significado. Para Seligman, o sentido no viver, geralmente
vem de servir a uma causa maior que nós mesmos. O encontro de um sentido para
o que fazemos pode vir de uma crença, uma religião, uma causa humanitária ou um
simples objetivo, desde que seja significativo para o indivíduo. As pessoas tendem a
procurar por um sentido em suas vidas, um propósito, uma resposta que dê sentido
à própria existência.
Muito do que conhecemos como angústia, tema que foi amplamente estudado no
último século, incluindo depressão, ansiedade, insônia, fobia social e síndrome do
pânico, dentre outros sintomas, parecem ser advindos de fontes relacionadas ao
medo de viver e ao medo de morrer e estão fortemente ligados ao sentido da
existência humana, bem como na busca do indivíduo por um sentido no viver.
Temas como esperança, objetivos e metas de vida, espiritualidade, altruísmo,
sentimento de pertencer a uma comunidade, de ser acolhido e colaborar para o
desenvolvimento do bem-estar coletivo são sempre presentes como elementos que
amenizam a angústia sentida.
Pensemos agora na letra A do nosso conhecido modelo PERMA:
Accomplishments. Sua tradução, conquistas, realizações.
Muitos de nós dedicamos esforços para melhorar a nós mesmos de alguma
forma, seja procurando dominar uma habilidade ou alcançar um objetivo
significativo. Como tal, a realização é outra coisa importante que, além de nos
motivar, contribui para nosso bem-estar e nossa capacidade de florescer.
Realização pessoal é algo subjetivo e pode variar de pessoa para pessoa. Na
antiguidade, diversos filósofos gregos refletiram sobre o conceito de realização pessoal,
com um grande destaque para Aristóteles, que dedicou boa parte de sua vida ao propósito
de desvendar o real objetivo da vida humana. Segundo o filósofo, esse objetivo seria o de
alcançar a felicidade a fim de se atingir a realização pessoal.
Ele dizia que ao ser humano não basta sobreviver, buscamos viver bem,
viver uma boa vida.
Abraham Maslow afirma que a autorrealização somente pode ser atingida quando o
indivíduo é capaz de suprir as necessidades básicas para a sobrevivência biológica e
psicológica. E nos oferece uma das teorias mais utilizadas nas últimas décadas sobre as
necessidades humanas e a motivação. Já falamos dela neste curso, mas vale relembrá-la.
A Teoria da Hierarquia de Necessidades de Maslow, muito conhecida também como
pirâmide de Maslow por ser sintetizada por esta pirâmide.
Maslow afirma que os seres humanos possuem necessidades que obedecem a um nível
hierárquico. Na base da pirâmide estão as necessidades básicas e fisiológicas, como
comer, beber, dormir, respirar, ter relações sexuais, manter o organismo em equilíbrio e,
por fim, sobreviver. Uma vez que as necessidades básicas são atendidas, a motivação se
desloca para o próximo nível da pirâmide, onde o indivíduo busca segurança pessoal,
como moradia, saúde, segurança do corpo, emprego e recursos para manter-se.
No terceiro estágio, a motivação do indivíduo estaria voltada às necessidades de afeto,
como amor, intimidade, relacionamentos, amizades e afeto familiar. No quarto estágio a
motivação estaria voltada aos sentimentos de estima, autoestima, confiança, conquista e
respeito mútuo. Por último, no topo da pirâmide, a motivação estaria dirigida à realização
pessoal ou autorrealização.
Entendemos que é necessário, portanto, que o indivíduo leve uma vida significativa,
sentir que pertence a algo maior que ele mesmo.
As pesquisas apontam que gastamos nosso tempo em atividades produtivas como
trabalhar, estudar, falar, comer e divagar durante o trabalho; atividades de manutenção,
como cuidados com a casa (cozinhar, limpar, fazer compras), dirigir ou locomover-se; e
atividades de lazer como mídia (TV e leitura), hobbies, esportes, filmes, restaurantes,
conversas e contatos sociais e repouso. Segundo pesquisa de Csikszentmihalyi (2014),
estes três tipos de atividades ocorrem numa proporção média de 42%, 31% e 27%,
respectivamente. Partindo destes pressupostos, a vida cotidiana não seria definida apenas
pelo que fazemos, mas também por aqueles com quem estamos. O significado de ‘viver’
ou ‘ter uma vida boa’ passaria a ter um novo sentido, e este sentido seria viver de maneira
plena, expressando a própria individualidade, sem desperdício de tempo e potencial.
Esta mesma pesquisa comprova que as atividades produtivas, como estudar e trabalhar,
ajudam muito a melhorar nossa capacidade de concentração e nos dão um nível médio de
fluxo. Já as atividades de manutenção pouco contribuem neste sentido, enquanto que as
atividades de lazer são especialmente úteis para a geração de motivação e de fluxo, em
especial quando praticamos nossos hobbies e esportes e um pouco menos quando
conversamos com amigos, fazemos sexo e participamos de eventos de socialização.
Pensando nos resultados deste estudo, podemos concluir que usar o tempo que
pudermos dispor para nosso desenvolvimento e para refletir sobre o sentido de
nossas vidas fará toda a diferença, além de que esse também é o caminho para o
planejamento e para a identificação do que é realmente importante para o sucesso
de um projeto de vida.
Falando em sucesso, precisamos incluir nesta reflexão a lógica do mercado de
trabalho. Uma lógica em que vigora a ideia de que a responsabilidade pelos
próprios sucessos ou fracassos é apenas dos próprios indivíduos.
Além disso, com as instâncias políticas e sociais se mostrando cada vez menos
protetoras, a juventude sente-se cada vez mais carente de orientações que facilitem
suas escolhas e possíveis caminhos a serem seguidos. Assim, vemos que a
juventude vive um paradoxo: ao mesmo tempo em que tem diante de si uma
amplitude maior de possibilidades, muitas vezes não tem o que escolher.
Diante da aceleração desenfreada do ritmo da vida, da fugacidade dos encontros
e dos desencontros, do peso de ter que alcançar o sucesso arcando com toda a
responsabilidade pelo resultado de suas empreitadas, o sujeito contemporâneo e,
especialmente, os jovens encontram-se, muitas vezes, acuados no cotidiano.
Portanto, planejar a vida, refletir sobre o que é mais importante e apreciar a
riqueza das experiências, certamente são ações que levarão à uma rotina com
estratégias conscientes que façam real sentido.
Neste momento, aproveito para reforçar a ideia inicial desta disciplina que foi o de
buscar e desenvolver a felicidade, aprofundar os valores e virtudes individuais e
elaborar elementos para o projeto de vida. Tudo isso dependeu, depende e
dependerá muito da sua vontade, mas nós, do lado de cá, torcemos muito pela sua
felicidade!
Para encerrar, despeço-me com o pensamento de Seligman:
"Deixar de entender a felicidade, as emoções positivas, como o objetivo final
comum, como o único fator no qual as pessoas baseiam suas escolhas. Em vez
disso, há cinco objetivos: felicidade, relacionamentos, propósito, engajamento e
realizações" (SELIGMAN, 2019, p.5).
Referências:
1. MAIA, Ana Augusta Ravasco Moreira; MANCEBO, Deise. Juventude, trabalho
e projetos de vida: ninguém pode ficar parado. Psicol. cienc. prof., Brasília, v.30, n.2,
p.376-389, 2010. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932010000200012&
lng=pt&nrm=iso
2. CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. Teoria do Flow, pesquisa e aplicações. 161.
Disponível em: http://comciencia.scielo.br/pdf/cci/n161/10.pdf
Saiba mais!
- SELIGMAN, Martin E. P. Florescer: uma nova compreensão da felicidade e do
bem-estar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2019.
- CSIKSZENTMIHALYI, Mihali. A descoberta do fluxo: a psicologia do
envolvimento com a vida cotidiana. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.