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Ciência Política e Teoria Geral do participação de muitos indivíduos ou

Estado II grupos sociais, podendo ainda ser a


resultante de um conjunto de atos
Aula 1 concomitantes ou sucessivos. O que
verdadeiramente importa é que,
1.Ordem Jurídica e Ordem Social
permanentemente, a sociedade, por seus
Conjuntos de normas jurídicas. É a componentes, realize manifestações de
dimensão hierárquica das normas, ou conjunto visando à consecução de sua
seja, regras e princípios do direito de um finalidade. Como é evidente, para que
Estado. O simples agrupamento de haja o sentido de conjunto e para que se
pessoas, com uma finalidade comum a assegure um rumo certo, os atos
ser atingida, não seria suficiente para praticados isoladamente devem ser
assegurar a consecução do objetivo conjugados e integrados num todo
almejado, sendo indispensável que os harmônico, surgindo aqui a exigência de
componentes da sociedade passem a se ordem.
manifestar em conjunto, sempre visando
Ordem
àquele fim. Mas, para assegurar a
orientação das manifestações num Há uma nítida diferenciação entre duas
·determinado sentido e para que se ordens: uma ordem da natureza, ou
obtenha uma ação harmônica dos Mundo Físico, e uma ordem humana, ou
membros da sociedade, preservando-se a Mundo Ético, estando neste
liberdade de todos, é preciso que a ação compreendidas todas as leis que se
conjunta seja ordenada. referem ao agir humano. Tratando das leis
que regem cada uma dessas ordens,
Características das manifestações de
KELSEN procurou demonstrar que há
conjunto
duas espécies diferentes, submetidas a
I)Reiteração; princípios fundamentalmente diversos.
Enquanto a ordem da natureza está
II)Ordem; submetida ao princípio da causalidade, à
ordem humana se aplica o princípio da
III)Adequação;
imputação. E explica: ambos esses
Reiteração princípios se apresentam sob a forma de
juízos hipotéticos, que estabelecem uma
É indispensável que os membros da relação entre uma condição e uma
sociedade se manifestem em conjunto conseqüência, mas a natureza dessa
reiteradamente, pois só através da ação relação não é a mesma nos dois casos.
conjunta continuamente reiterada o todo Isto quer dizer que sempre que for
social terá condições para a consecução verificada a mesma condição, ocorrerá a
de seus objetivos. A necessidade de mesma conseqüência, não podendo haver
manifestações de conjunto não significa, qualquer interferência que altere a
obviamente, que todos os membros da correlação. Assim, o aquecimento de um
sociedade devam estar reunidos num só metal, que é a condição, acarreta sempre
local e ao mesmo tempo, a fim de que a sua dilatação, que é a conseqüência. E
sejam praticados os atos exigidos pela esse fenômeno está inserido numa cadeia
busca de sua finalidade. Tais atos podem contínua e interminável, pois assim como
ser simples, praticados por um só o aquecimento já foi conseqüência de uma
indivíduo ou num determinado momento, condição anterior, a dilatação será
como podem ser complexos, exigindo a
condição de conseqüências seguintes, impeça a livre manifestação e a expansão
numa sucessão ininterrupta. das tendências e aspirações dos membros
da sociedade. Os próprios componentes
Na ordem humana, a condição deve gerar da sociedade é que devem orientar suas
determinada conseqüência, mas pode não ações no sentido do que consideram o seu
gerar. É o que acontece, por exemplo,
bem comum. Além disso, deve-se ter em
quando se diz que aquele que rouba deve
conta duas características da realidade social,
ser preso. Verificada a condição, que é a
muito bem sintetizadas a) não existe qualquer
prática do roubo, deve acarretar uma
realidade social totalmente desligada da
conseqüência, que é a prisão de quem o
praticou. É possível, entretanto, que haja natureza, como não existe, onde houver uma
a interferência de um fator humano ou sociedade humana, qualquer natureza não
natural e que a conseqüência não se submetida a fatores históricos- -culturais; b) a
verifique. “Além disso, essa ocorrência é realidade social é um todo complexo,
isolada, terminando em si mesma, não resultante de fatores históricos, inerentes à
sendo possível indicar-se um antecedente natureza dos indivíduos, e de fatores
certo que causou o roubo, como também ocasionados pela atividade voluntária do
não se pode estabelecer qualquer ligação homem.
certa entre a prisão do autor e
acontecimentos futuros”. O ato humano é conformado por um
conjunto de condições naturais, históricas
As manifestações de conjunto ·se e culturais, e só pode ser qualificado como
produzem numa ordem, para que a econômico, jurídico, político etc. A noção
sociedade possa atuar em função do bem da conjugação necessária de todos esses
comum. Essa ordem, regida por leis fatores levou à formulação do conceito de
sujeitas ao princípio da imputação, não conjunto cultural que é precisamente o
exclui a vontade e a liberdade dos conjunto de elementos que constituem
indivíduos, uma vez que todos os uma comunidade - elementos geográficos,
membros da sociedade participam da demográficos, técnicos, instituições,
escolha das normas de comportamento representações coletivas e que se
social, restando ainda a possibilidade de mesclam na realidade segundo
optar entre o cumprimento de uma norma combinações singulares.
ou o recebimento da punição que for
prevista para a desobediência. 2.Teorias da Origem do Estado e sua
constituição
Adequação
a) Para muitos autores, o Estado, assim
Cada indivíduo, cada grupo humano e a como a própria sociedade, existiu sempre,
própria sociedade no seu todo devem pois desde que o homem vive sobre a
sempre ter em conta as exigências e as Terra se encontra integrado numa
possibilidades da realidade social, para organização social, dotada de poder e
que as ações não se desenvolvam em com autoridade para determinar o
sentido diferente daquele que conduz comportamento de todo o grupo;
efetivamente ao bem comum, ou para que
a consecução deste não seja prejudicada b) Uma segunda ordem de autores admite
pela utilização deficiente ou errônea dos que a sociedade humana exista sem o
recursos sociais disponíveis. Para que Estado durante certo período. O Estado foi
seja assegurada a permanente constituído para atender às necessidades
adequação é indispensável que não se ou às conveniências dos grupos sociais.
Segundo esses autores, que, no seu
Estado Democrático
conjunto, representam ampla maioria, não
houve concomitância na formação do
Foi uma das grandes conquistas da
Estado em diferentes lugares, uma vez
que este foi aparecendo de acordo com as humanidade. Durante muitos séculos
condições concretas de cada lugar; foram ocorrendo tentativas de corrigir
essas distorções, que muitos
c) A terceira posição: Autores que só
admitem como Estado a sociedade reconheceram e denunciaram como
política dotada de certas características injustas sem que houvesse a possibilidade
muito bem definidas. Diz que o conceito
de corrigi-las. Afinal, depois de muitas
de Estado não é um conceito geral válido
para todos os tempos, mas um conceito tentativas e da ocorrência de muitos
histórico concreto, que surge quando conflitos violentos resultantes das
nascem a idéia e a prática da soberania, o resistências dos privilegiados, foram
que só ocorreu no século XVII.
sendo introduzidas inovações na
Construções de Estado Modernas: organização e no governo dos grupos
sociais. Eminentes pensadores
Estado De Direito
desenvolveram a idéia de Democracia,
É uma organização que pretende manter
que, em síntese, deverá ser uma forma de
mediante a aplicação das normas jurídicas
(Direito), a ordem e harmonia social pelo organização e governo em que seja
princípio da legalidade. reconhecida a igualdade essencial de
todos os seres humanos, em direitos e
Princípios de modo estrito (estrita
legalidade) dignidade, assegurando-se a todos a
satisfação de suas necessidades
Estado De polícia (autoritário)
Organização Estatal baseada no controle essenciais, bem como a possibilidade de
da população através de mecanismos de influir na tomada de decisões sobre
repressão (forças armadas, setores questões de interesse comum.
políticos do poder e órgãos de controle
ideológico). É toda e qualquer ação E assim foram sendo definidos os direitos
restritiva imposta pelo Estado em
das pessoas, concebidos primeiramente
detrimento ao direito individual.
como direitos individuais. Um posterior
Exemplo: Rei como autoridade divina
avanço ocorrido, de grande importância,
Estado Democrático e Social de Direito gradativamente culminaria com o
Respeito aos direitos humanos reconhecimento, a definição e a busca de
fundamentais. É um estado no qual os
implantação dos direitos sociais. Em
direitos individuais, coletivos, sociais e
políticos são garantidos através do direito termos institucionais, o que se verificou foi
constitucional. Apresenta legitimidade dos que, num primeiro passo rumo à
atos normativos de diversos cunhos, cujo convivência social democrática e justa, o
objetivo engloba a proteção aos direitos
Estado aristocrático e totalitário passou a
do indivíduo em todas as suas esferas.
sofrer a influência de novos segmentos
OBS: Exige o voto da maioria dos
sociais, formados em decorrência de
parlamentares que compõe a Câmara dos
inovações sociais de grande relevância. Deputados e o Senado Federal para
Com a ampliação das reservas florestais, serem aprovados.
das explorações agrícolas e da mineração
Resoluções
em decorrência da incorporação de
territórios coloniais e, logo em seguida, É uma norma jurídica destinada a
disciplinar assunto do interesse interno do
com o surgimento de novos potenciais de Congresso Nacional. São atos
produção de bens, geração e comércio de administrativos normativos que partem de
riquezas, configura-se a Revolução autoridades superiores, mas não do chefe
do executivo, onde disciplina matérias de
Industrial. Isso teve início no final do
competência específica.
século dezoito e ganhou excepcional
importância no século dezenove. Assim OBS: Não podem contrariar os
regulamentos e os regimentos, mas
foram sendo incorporados aos objetivos
explicá-los (produz efeitos externos)
do Estado os interesses de novo
Portarias
segmento social, a burguesia, ficando
ainda muito distante o atendimento das É um documento oficial assinado por uma
aspirações e das necessidades básicas autoridade administrativa. Visa à correta
aplicação da lei, expressando seu
de grande parte da população situadas
mandamento. Manifestação administrativa
em nível social e econômico inferior.
Regimentos
3. Bloco de legalidade
Atos administrativos de atuação interna,
Pressupõe o atendimento de todas as visto que se destinam a reger o
regras do ordenamento jurídico vigente funcionamento de órgãos colegiados e de
corporações legislativas.
“Ninguém será obrigado a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa em senão em Princípio da Dignidade Humana
virtude da lei” Determina o valor inerente da condição do
indivíduo, sua espiritualidade e honra,
Constituição Escrita
independe de sua condição perante a
Sistematização e codificação em um circunstância imposta.
documento. É o sistema de regras do
Constituição Federal
ordenamento jurídico que rege as demais
instâncias normativas. Lei fundamental e suprema do Brasil,
busca validar todas as demais espécies
Exemplo: Constituição Americana
normativas, situando-se no topo do
Leis Complementares ordenamento jurídico.

São adotados para regular assunto Leis Complementares + Resoluções +


específicos, quando expressamente Portarias + Regimentos =Reservas de
determinado na Constituição da matéria
República.
Reserva Legal
Depende da lei em seu sentido estrito A principal distinção que se pode fazer
(sentido formal e material) entre os grupos sociais é aquela que
coloca, de um lado, as instituições
Lei em sentido formal governamentais e, de outro, todas as
demais espécies de agregados.
Criada de acordo com o processo
legislativo previsto na Constituição a)Sociedades de fins particulares;
Federal.
b)Sociedades de fins gerais;
Lei em sentido material
Sociedades de fins particulares
Trata da matéria constitucionalmente Possuem uma finalidade ·definida,
reservada á lei. voluntariamente escolhida por seus
membros. Suas atividades visam, direta e
Reserva material
imediatamente, àquele objetivo que
Engloba os textos previstos normas inspirou sua criação por um ato consciente
infraconstitucionais. e voluntário.

1.Sociedade Política Sociedade de fins gerais

É a forma de organização do poder O objetivo, indefinido e genérico, é criar as


institucionalizado e significativo de uma condições necessárias para que os
estrutura político-social. Não podemos indivíduos e as demais sociedades que
confundir todas as espécies de sociedade nela se integram consigam atingir seus
políticas, com o Estado Nacional. A fins particulares. A participação nessas
caracterização do Estado Nacional sociedades quase sempre independe de
superou/supera a confusão estabelecida um ato de vontade. As sociedades de fins
entre o que chamamos de comunidade gerais são comumente denominadas
político-religiosa e a sociedade estatal sociedades políticas, exatamente porque
Moderna. não se prendem a um objetivo
determinado e não se restringem a
Há sociedades com objetivos setores limitados da atividade humana,
fundamentalmente diversos, pois, buscando, em lugar disso, integrar todas
enquanto umas são o produto de uma as atividades sociais que ocorrem no seu
escolha de · finalidade, outras atuam em âmbito.
função das primeiras. Existência de três
categorias de grupos sociais, segundo as São sociedades políticas todas aquelas
finalidades que os movem: a) sociedades. que, visando a criar condições para a
que perseguem fins não determinados e consecução dos fins particulares de seus
difusos (família, cidade, Estado ·etc.); b) membros, ocupam-se da totalidade das
sociedades que perseguem fins ações humanas, coordenando-as em
determinados e são voluntárias, no função de um fim comum. Isso não quer
sentido de que a participação nelas é dizer, evidentemente, que a sociedade
resultado de uma escolha consciente e política determina as ações humanas,
livre; c) sociedades que perseguem fins mas, tão só, que ela considera todas
determinados e são involuntárias, uma aquelas ações.
vez que seus membros participam delas
por compulsão (o exemplo mais típico é a Entre as que atingem um círculo mais
participação numa Igreja). restrito de pessoas é a família, que é um
fenômeno universal. Além dela existem ou
existiram muitas espécies de sociedades pulverização do poder estatal. É a
políticas, localizadas no tempo e no administração política onde há uma
espaço, como as tribos e os clãs. Mas a participação dos Estados-Membros no
sociedade política de maior importância, poder central por meio de uma das
por sua capacidade de influir e câmaras que compõe o Pode Legislativo.
condicionar, bem como por sua amplitude, Federalismo Centrípeto e Federalismo
é o Estado. Centrífugo

Noção de Estado Federalismo Centrípeto (em direção ao


centro): Quando houver uma
É uma sociedade política. predominância de atribuições da União,
caracterizando uma centralização
A Sociedade Política (ou Corpo Político) é
administrativa. O constituinte federal opta
formada não só pela comunidade
pelo fortalecimento do poder central em
nacional, mas, também, por todas as
detrimento do poder local.
outras comunidades que existem em um
Formação do Estado é do âmbito externo
determinado país, como a família e outras
para o interno.
sociedades particulares, cujos princípios
de liberdade e iniciativa precedem a Federalismo Centrífugo (procura se
própria Sociedade Política, como afastar do centro): Se origina de um
elementos que a constituem. “É uma obra Estado unitário, que se divide. Há uma
da razão que reúne os homens em torno desagregação do poder central, nas novas
de um objetivo em comum, seja material unidades que se formam (os estados-
ou espiritual” membros possuem mais autonomia).
Formação do Estado é do âmbito interno
2.Formas de Estado
para o externo.
a)Estados Unitários;
OBS
b)Estados Federativos;
O federalismo brasileiro surgiu através de
c)Confederação um movimento centrífugo, mas quanto á
concentração do poder, ele pode ser
Estado Unitário classificado como federalismo centrípeto
(a União detém maior concentração de
Espécie de Sociedade Política onde as
poder do que os estados-membros)
centralizações do poder, das
competências administrativas e da 3.Federalismo
competência legislativa encontram-se em
harmonia. Traz uma única fonte de poder Sistema de governo onde vários estados
que atende a todo o povo em todo o se reúnem para formar uma nação, cada
território, reunindo as capacidades um conservando a autonomia do outro -
Administrativas, Legislativas, Políticas e a movimento de separação de
competência constitucional de um pólo competências. Conjugam vários centros
monocrático. Este tipo de Estado não de poder político autônomo
comporta subdivisões internas.
O Estado Federal indica, antes de tudo,
Estados Federativos uma forma de Estado, não de governo.
Entretanto, há um relacionamento muito
É a distribuição das competências estreito entre a adoção da organização
administrativas, legislativas e a federativa e os problemas de governo,
pois quando se compõe uma federação, divindade. A vontade do governante é
isso quer dizer que tal forma de sempre semelhante à da divindade,
convivência foi considerada mais dando-se ao Estado um caráter de objeto,
conveniente para que, sob um governo submetido a um poder estranho e superior
comum, dois ou mais povos persigam a ele;
objetivos comuns. O Estado Federal é,
portanto, uma aliança ou união de b)Em outros casos, o poder do governante
Estados. é limitado pela vontade da divindade, cujo
veículo, porém, é um órgão especial: a
4.Município classe sacerdotal.

É uma área territorial total administrada Estado Grego


por uma prefeitura e o conjunto de
vereadores (Câmara Municipal). Seria Existência de um Estado único,
uma divisão governamental com um englobando toda a civilização helênica. A
estatuto corporativo, que possui uma característica fundamental é a cidade-
regência e jurisdição própria. Apresenta estado, ou seja, a polis, como a sociedade
um interesse local e autônomo. política de maior expressão. O ideal
visado era a auto-suficiência, a autarquia,
5. Tipos de Estado dizendo Aristóteles que “a sociedade
constituída por diversos pequenos burgos
As sociedades políticas que dedicam a forma uma cidade completa, com todos os
ordem social a um corpo normativo meios de se abastecer por si, tendo
chamado ordenamento jurídico, a atingido, por assim dizer, o fim a que se
positivação de liberdade e a propôs”. Noção de auto-suficiência teve
institucionalização das atividades muita importância na preservação do
administrativas (estatais), denomina-se caráter de cidade-estado.
Estado.
OBS: Mesmo quando o governo era tido
Estado Antigo, Oriental ou Teocrático como democrático isto significava que
Possui natureza unitária e religiosa. O uma faixa restrita da população (os
Estado Antigo sempre aparece como uma cidadãos) é que participava das decisões
unidade geral, não admitindo qualquer políticas.
divisão interior, nem territorial, nem de
funções. A idéia de natureza unitária é Estado Romano
permanente, persistindo durante toda a
evolução política da Antiguidade. Quanto Roma manteve as características básicas
à presença do fator religioso, é tão de cidade-estado, desde a sua fundação.
marcante que o Estado desse período Uma das peculiaridades mais importantes
pode ser qualificado como Estado do Estado Romano é a base familiar da
Teocrático. As autoridades dos organização. Durante muitos séculos o
governantes e as normas de povo participava “diretamente” do
comportamento e coletivo eram governo, mas a noção de povo era muito
expressões da vontade de um poder restrita, compreendo apenas uma faixa
divino. estreita da população.

a)Em certos casos, o governo é Estado Medieval (Sec. XV ao Sec. XX): O


unipessoal e o governante é considerado que a doutrina chamou de Estado
um representante do poder divino, Medieval, pode ser chamado de
confundindo- -se, às vezes, com a própria sociedade Política pré-estatal. Período
instável e heterogêneo. Mesmo quando as 6.A Era Cristã divide-se em duas
formações políticas revelam um intenso épocas de desenvolvimento
fracionamento do poder e uma nebulosa
noção de autoridade, está presente uma Patrística (Séc. VI e VII):
aspiração á uma grande unidade política. Vertente filosófica que teve início no
A própria Igreja vai estimular a afirmação período de transição entre a Antiguidade e
do Império como unidade política, a Idade Média. Faz referência aos
pensando, obviamente, no Império da primeiros padres da Igreja Católica, que
Cristandade. se dedicavam a desenvolver uma filosofia
Como característica, destaca-se um poder que se aproximava do pensamento cristão
superior, exercido pelo Imperador, com e do conhecimento religioso. As
uma infinita pluralidade de poderes produções intelectuais, através da
menores, sem hierarquia definida; uma consagração de textos normativos, regiam
incontável multiplicidade de ordens a ordem social e legou ao mundo
jurídicas, compreendendo a ordem ocidental um vasto arcabouço documental
imperial, a ordem eclesiástica, o direito e doutrinário.
das monarquias inferiores, um direito Escolástica ou Medieval (Séc. VIII ao
comuna! que se desenvolveu Séc. XVI):
extraordinariamente, as ordenações dos
feudos e as regras estabelecidas no I fim Foi um período da Filosofia Medieval em
da Idade Média pelas corporações de que a filosofia aristotélica e a junção entre
ofícios. a fé e razão ganharam centralidade
(utilizava-se métodos racionais para
Estado Moderno conseguir produzir conhecimento e
A consciência para a busca da unidade, justiça).Tomás de Aquino foi um padre e
que afinal se concretizaria com a professor católico medieval, representante
afirmação de um poder soberano, no desse momento. O ser humano não é
sentido de supremo, reconhecido como o mais “criatura”, passa a ter a “imagem e
mais alto de todos dentro de uma precisa semelhança” de Deus, ou seja, que fomos
delimitação territorial Apresenta como feitos para nos parecer com Deus (além
peculiaridades a soberania e a de sua submissão, há o interesse pelos
territorialidade. Há a existência de dois bons princípios).
elementos materiais (povo e território) e o Reconstrução (manutenção) da ordem
elemento formal (poder de algumas social
expressões – autoridade, governo ou
soberania). A autoridade se instituía pela Igreja
Católica, que se baseava na produção
As marcas fundamentais dessa instituição, intelectual e cultural para que o Estado
desenvolvidas espontaneamente, foram- fosse reconstruído na Idade Média,
se tornando mais nítidas com o passar do através da religião. Textos dos grandes
tempo e à medida que, claramente padres – Patrística.
apontadas pelos teóricos, tiveram sua
definição e preservação convertidas em OBS
objetivos do próprio Estado.
Aspectos transcendentais (misticismo e
ignorância) poderiam ser embasados por
uma produção racional do pensamento consagração da liberdade e direitos
humano para difundir o conhecimento. positivados, ele estabelece vínculos de
propriedade com os indivíduos que dispõe
Produção de conhecimento em Platão de sua terra (pertencimento). Levam em
Para o filósofo, o verdadeiro consideração as pessoas que vivem no
conhecimento estaria no uso da razão, a território e que possuem características
única ferramenta para alcançar o singulares segundo a sua identidade
conhecimento verdadeiro, o conhecimento (língua, religião, moeda, hino do país, etc)
das idéias. Nesse pensamento, estariam em prática dentro do Estado.
as essências das coisas, os conceitos, as
idéias fixas e imutáveis que descreve com Secularização ou Laicidade
precisão cada ser. Harmonização das liberdades positivas ou
não, possuindo como aspecto central a
Teoria da Reminiscência liberdade de expressão religiosa. A
secularização seria um processo social e
O conhecimento para Platão é
a laicizarão é um processo institucional (a
reminiscência (lembrança) daquilo que já
secularização não produz
é conhecido. É um processo cognitivo,
necessariamente um Estado laico,
dependente da memória, onde o sujeito
enquanto a laicizarão produz um Estado
pode recordar de conhecimentos
laico que pode ou não ser secular).
adquiridos em vidas passadas.
Liberdade de consciência ou expressão
Teoria da Contingência
Garante a autonomia de liberdade
Não há nada absoluto nas organizações religiosa, política e filosófica em nosso
ou nos sistemas de administração, tudo é Estado. “É inviolável a liberdade de
relativo. Tudo é cópia. consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos
Mundo das Idéias religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e suas
É apenas no mundo das idéias que se
liturgias”
podem encontrar uns conhecimentos
advindos de “pensamentos” imortais e 8.Isonomia
perfeitos. Tudo o que vemos no mundo
palpável, seria apenas uma sobre do que Isonomia
realmente existe lá. Nós somos cosmos,
Traduz-se na autonomia moral-prática do
onde ocorre a reprodução de um mundo
indivíduo, a faculdade de autodeterminar-
ideal através da transcendentalidade
se no que tange aos padrões éticos e
OBS existenciais, seja da própria conduta ou da
alheia – na totalidade de autopercepcao,
Apenas o Estado, com o seu poder seja em nível nacional, mítico-simbólico e
ideológico, detêm o conhecimento até de mistério (CANOTILHO)
verdadeiro, o homem apenas se sujeita a
aparência das coisas. A liberdade de crença (2 parte do inciso
VI), as liberdades de expressão e de
7.Aspectos Característicos do Estado informação em matéria religiosa, a
Moderno liberdade de culto (3 parte do inciso VI) e
em classificação, o direito de assistência
Estado Nacional ou Estado-Nação
religiosa (inciso VII) dos direitos
Formação de um Estado para a
fundamentais específicos, como o de
reunião e de privacidade, com as c)Estado do Romantismo (Final do Séc.
peculiaridades que a mesma acarreta. XVII – XIX)

“Acordo com o Governo da República do Perspectiva Política e Jurídico-Positiva


Brasil com a Santa Sé relativa,
conformando normativamente o Estatuto a)Estado Estamental (Domínio do Rei e
Jurídico da Igreja Católica no país. seu Direito Divino – Poder Espiritual)
Referido acordo realizara-se na cidade do b)Estado Absoluto (Despotismo
Vaticano, em 13 de novembro de 2008, esclarecido – Estado de Polícia – Rumo
positivado no ordenamento brasileiro por ao retrocesso constitucional e
meio do Decreto n 7.107, de 11 de democrático):
Fevereiro de 2010. Não haveria como
dizer da laicidade do Estado brasileiro do I)Há um corpo normativo escrito que da
que reza o inciso 1, do artigo 11 do plena liberdade ao déspota para dispor de
referido Decreto ao dispor que “o ensino métodos arbitrários.
religioso, católico e de outras confissões
religiosas, de matrícula facultativa, II)Não há possibilidade de se agregar os
constitui disciplina de horários normais princípios estabelecidos pela 1 e 2
das escolas públicas de ensino dimensão evolutiva do Estado Moderno.
fundamental”
Teorias Naturalistas x Teorias
9.Períodos da Evolução do Estado Contratualistas
Moderno
a)Teoria Contratualista: Há um Estado
absoluto que surgiu a partir de um
contrato social firmado entre as pessoas
(um grande pacto entre os homens, no
qual estes cedem parcela de sua
Período
liberdade e direitos em troca de proteção
s de do ente Estatal). Nesse contexto é que se
Evoluçã legitima o Estado a definir regras sociais.
o do
Cultural Após Estado
Período Modern b)Estado Constitucional Representativo e
Mediev o de Direito (Séc. XIX): Baseia-se em um
al
Estado Democrático de Direito, com a
consagração do Princípio da Legalidade
Política
Econo como garantia fundamental
e
mica e
Jurídica
Política
de
- Há a entrega da titularidade de todos os
Positiva
Direito direitos do ser humano enquanto membro
ativo da sociedade.

I)Estado Representativo e de Direito


Perspectiva Cultural Democrático: O poder do Estado é
limitado pelos cidadãos. Sua finalidade é
a)Estado do Renascimento (Séc. XV e
coibir abusos do aparato estatal para com
XVI), com grande difusão do
os indivíduos.
conhecimento humano.
II)Estado Representativo e de Direito
b)Estado de Ilustração (Séc. XVI e XVII)
Democrático-Social ou estado-
providência: Tipo de organização política, do país, etc.) cultural, histórica, étnica,
econômica e sócio-cultural que coloca o colocadas em prática dentro do Estado.
Estado como agente da promoção social e
organizador da economia. 10.Estado Constitucional: A idéia de
Constituição.
c)Teoria Naturalista: Viver em sociedade
seria algo natural e inerente ao ser O Estado Constitucional, no sentido de
humano, está em sua essência, pois o ser Estado enquadrado num sistema
humano possui a necessidade da normativo fundamental, é uma criação
associação, visando á sobrevivência, o moderna, tendo surgido paralelamente ao
bem-estar e as facilidades da vida em Estado Democrático e, em parte, sob
grupo. influência dos mesmos princípios. O
constitucionalismo, assim como a
Perspectiva Econômica e Política de moderna democracia, tem suas· raízes no
Direito desmoronamento do sistema político
medieval, passando por uma fase de
a)Estado Soberano; evolução que iria culminar no século XVIII,
quando surgem os documentos
b)Estado Comercial;
legislativos a que se deu o nome de
c)Estado Constitucional; Constituição

d)Estado Nacional; Três grandes objetivos que iriam


resultar no constitucionalismo
Estado Soberano
a)Afirmação da supremacia do indivíduo;
É um sujeito de direito internacional
público de base territorial. Dispõe da b)Limitação do poder dos governantes;
plenitude da sua soberania internacional,
c)Racionalização do poder. Atua como
ou seja, não sofre qualquer restrição na
instrumento para a criação das condições
capacidade de exercício dos direitos
que iriam permitir a consecução dos
internacionais.
demais – Revolução Francesa.
Estado Comercial
OBS
Conjunto de ações e premissas seguidas
Embora a primeira Constituição escrita
por um governo com o intuito de gerenciar
tenha sido a do Estado de Virgínia, de
o seu panorama político-comercial.
1776, e a primeira posta em prática tenha
Estado Constitucional (IMPORTANTE) sido a dos Estados Unidos da América, de
Possui como característica central a 1787, foi a francesa, de 1789/1791, que
afirmação da força normativa da teve maior repercussão.
Constituição. É uma criação moderna,
O constitucionalismo teve, quase sempre,
tendo surgido paralelamente ao Estado
caráter revolucionário.
Democrático e, em parte, sob influência
dos mesmos princípios. 11.Origens e características do
Constitucionalismo
Estado Nacional ou Estado-Nação
Levam em consideração as pessoas que As mesmas forças (externas) que haviam
vivem no território e que possuem conseguido impor restrições aos
características singulares segundo a sua monarcas iriam valer-se da oportunidade
identidade (língua, religião, moeda, hino
para afirmar seus direitos e assegurar a respectivos entre os diferentes detentores
permanência da situação de poder a que de parcelas autônomas do poder, a fim de
haviam chegado. Daí a preferência pelas evitar que qualquer um deles, numa
Constituições escritas, que definiam hipótese de conflito, resolva o embaraço
melhor as novas condições políticas, ao sobrepondo-se aos demais;
mesmo tempo em que tornavam muito
mais difícil qualquer retrocesso. d)Um mecanismo, também previamente
planejado, para adaptação pacífica da
O constitucionalismo, apesar de ordem fundamental às mutáveis condições
impulsionado sempre pelos mesmos sociais 'e políticas, ou seja, um método
objetivos básicos, teve características racional de reforma constitucional para
diversificadas, segundo as circunstâncias evitar o recurso à ilegalidade, à força ou à
de cada Estado. Em alguns Estados o revolução;
constitucionalismo foi o instrumento de
afirmação política de novas classes e)A Constituição deve conter o
econômicas, enquanto, em outros, foi a reconhecimento expresso de · certas
mera expressão de anseios intelectuais, esferas de autodeterminação individual,
nascidos de um romantismo político sem isto é, dos direitos individuais e das
caráter utilitarista. liberdades fundamentais, prevendo sua
proteção contra a interferência de um ou
12.Constituição em sentido Material e de todos os detentores do poder
Formal
Sentido Formal
I)Sentido Material;
Têm-se a lei fundamental de um povo, ou
II)Sentido Formal; o conjunto de regras jurídicas dotadas de
máxima eficácia, concernentes à
Sentido Material organização e ao funcionamento do
Deve-se procurar sua própria substância, Estado.
aquilo que está consagrado nela corno OBS
expressão dos valores de convivência e
dos fatos prováveis do povo a que ela se A diferenciação entre os sentidos material
liga. e formal é de bastante utilidade para a
aferição da autenticidade da Constituição.
Requisitos:
Norma Fundamental Hipotética
a)A diferenciação das diversas tarefas
estatais e sua atribuição a diferentes Deva ser identificada como a própria idéia
órgãos ou detentores do poder, para evitar de justiça. Com base naquela norma
a concentração do poder nas mãos de um fundamental hipotética os membros do
só indivíduo; povo selecionam as normas de
comportamento social que consideram
b)Um mecanismo planejado, que fundamentais. Essas normas, que existem
estabeleça a cooperação dos diversos na consciência das pessoas, formam uma
detentores do poder, significando, ao primeira Constituição, que é chamada
mesmo tempo, uma limitação e uma abstrata ou teórica, porque ainda não se
distribuição do exercício do poder; externou como norma jurídica – Conteúdo
c)Um mecanismo, planejado também com material da Constituição.
antecipação, para evitar bloqueios
13.O Poder Constituinte normas e o poder emanam do povo –
Caracteriza-se pelo seu corpo normativo.
O titular do poder constituinte é sempre o
povo. É nele que se encontram os valores OBS
fundamentais que informam os
comportamentos sociais, sendo, portanto, Não é apenas um Estado de Direito, mas
ilegítima a Constituição que reflete os também um Estado Constitucional de
valores e as aspirações de um indivíduo Direito, onde há a deflagração dos
ou de um grupo e não do povo a que a movimentos das cartas constitucionais dos
Constituição se vincula. países com representatividade, que
influenciou indiretamente essa
A partir da aprovação pela Organização “emancipação” no Brasil – A liberdade
das Nações Unidas, em 1948, da democrática encontra-se limitada ao
Declaração Universal de Direitos princípio da representatividade política.
Humanos, teve início uma nova fase na
história do constitucionalismo. Um ponto No Estado Constitucional Representativo
de extraordinária importância foi a de Direito, existe um compromisso entre o
proclamação dos direitos econômicos, poder do príncipe (legitimado pela
sociais e culturais, com o mesmo valor e a tradição) e o poder dos representantes do
mesma eficácia jurídica dos tradicionais povo (a burguesia) que são legitimados
direitos civis e políticos, que até então pelo consenso. Nessa concepção, cabe
englobavam a totalidade dos direitos ao Estado representar os interesses em
individuais. nome dos direitos políticos e direitos
individuais. Essa fase de transformação
Conseqüência do Estado dura até os dias atuais.

Ocorreu a ampliação do papel político e A representação de interesses se dá em


social do Estado, que deixou de ser termos de direitos políticos. Os direitos
apenas o protetor da liberdade e dos individuais também são protegidos
direitos para assumir um papel ativo na pelo Estado. A população pode se voltar
criação de condições para efetivação dos contra o Estado que a representa,
direitos - Surgiu a necessidade de uma cabendo-lhe o recurso da desobediência
nova legislação contemplando essas civil. Na relação entre governantes e
mudanças. governados se expressa a concepção de
Estado que a sustenta.
14.Estado Constitucional
Representativo e de Direito Art. 5, II, CF/88 - Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer
(Séc. XIX) natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a
É a vontade geral que se sobrepõe o
inviolabilidade do direito à vida, à
atendimento do interesse comum da
liberdade, à igualdade, à segurança e à
sociedade, obtido por através de uma
propriedade, nos termos seguintes
representação política desses anseios
embasados nos princípios constitucionais. Características
Possui um representante do povo frente a
Nação. I)Estado Constitucional;

Há o estabelecimento de uma sociedade II)Estado Representativo;


Política (sistema jurídico); positivação de
III)Estado de Direito,
Estado Constitucional VII)Supremacia Constitucional para a
observância dos direitos individuais pelos
Possui como principal característica o representantes políticos.
surgimento da Lei como fonte elementar
na aplicação do Direito, inaugurando o 15.Objetivo da Separação de Poderes
chamado Estado Legalista ou Legatário.
Possui como característica central a Foi concebida inicialmente para assegurar
afirmação da força normativa da a liberdade dos indivíduos em uma época
Constituição. É uma criação moderna, em que se buscavam meios para
tendo surgido paralelamente ao Estado enfraquecer o Estado, uma vez que não
Democrático e, em parte, sob influência se admitia sua interferência na vida social,
dos mesmos princípios. a não ser como assegurador da ordem
social (vigilante) e conservador das
Estado Representativo situações estabelecidas pelos indivíduos.
Mias tarde, seria desenvolvida e
O Estado representativo é aquele que
configurada a novas concepções,
apresenta um representante do povo para
pretendendo-se que a separação dos
estar frente aos seus interesses diante de
poderes tivesse também o objetivo de
uma nação. Ele pode se constituir por
aumentar a eficiência do Estado, pela
revolução, por guerra civil ou ainda por
distribuição de suas atribuições entre os
caminhos democráticos
órgãos institucionais – Executivo
I)Monarquia Constitucional; Legislativo e Judiciário.

II)Monarquia Parlamentar; Sua desestruturação está em consonância


com a defesa da liberdade dos indivíduos
III)República Presidencialista; e a garantia de efetividade de seus
Estado de Direito direitos fundamentais.

O Estado de Direito é relacionado ao Características


poder do Estado frente ao conjunto de a)Estabelecimento de um governo
doutrinas. É quando esse poder, em limitado;
relação às decisões que podem ser
tomadas pelos governantes, é limitado b)Moderado;
pelo conjunto das leis, pelo direito.
c)Que respeite e preserve ao máximo os
Caracterização princípios que norteiam os direitos
fundamentais;
I)Representatividade;
d)Apto á realizar as demandas do
II)Liberdades individuais (Positivação de interesse geral;
princípios constitucionais)
16.Poderes e Funções
III)Federalismo;
Aristóteles
IV)Separação de Poderes;
A separação de poderes encontra-se em
V)Pluralismo político; Aristóteles, que considera injusto e
VI)Segurança Jurídica; perigoso atribuir á apenas um só indivíduo
o exercício do poder - Corrente Tripartite
(existência de órgãos separados onde se do Estado Moderno e da implementação
organizavam as funções estatais). de uma possível democracia.

Corrente Tripartite Declaração de Direitos da Virgínia 1776,


parágrafo 5: “Os poderes do executivo e
Adotou a teoria de Montesquieu em sua legislativo do Estado deverão ser
Constituição, onde o Legislativo, o separados e distintos do judiciário”.
Executivo e o Judiciário, independentes e
harmônicos entre si são fundamentais Essa preocupação com a separação dos
para a reestruturação do poder estatal. poderes visando a proteger a liberdade
refletiu-se imediatamente em todo o
Montesquieu movimento constitucionalista.
O Estado seria subdivido em três poderes; Madison
Poder Legislativo (Parlamento); Poder
Executivo (rei) e um poder judiciário Madison escreveu em um dos seus artigos
independente. Agindo em nome próprio, o de “O Federalista” que, a acumulação de
Judiciário poderia proteger os mais fracos, todos os poderes, legislativos, executivos
vítimas de ambições e das insolências dos e judiciais, nas mesmas mãos, sejam
poderosos, poupando o rei da estas de um, de poucos ou de muitos,
necessidade de interferir nas disputas e, hereditárias, autonomeadas ou eletivas,
em conseqüência, enfrentar o desagrado pode-se dizer com exatidão que constitui a
dos que não tivessem suas razões própria definição da tirania”.
acolhidas – Não há no Estado qualquer
atribuição interna, a não ser o poder de O sistema de separação dos poderes,
julgar e punir. consagrado nas Constituições de quase
todo o mundo, foi associado à idéia de
John Locke Estado Democrático, que deu origem á
concepção doutrinária do sistema
Locke aponta a existência de quatro conhecido como freios e contrapesos.
funções fundamentais, exercidas por dois
órgãos do poder. A função legislativa Sistema de Freios e Contrapesos
caberia ao Parlamento. A função
executiva, exercida pelo rei, comportava Os atos que o Estado pratica podem ser
um desdobramento, chamando-se função de duas espécies: ou são atos gerais ou
federativa quando se tratasse do poder de são especiais;
guerra e de paz, de ligas e alianças, e de Atos gerais
todas as questões que devessem ser
tratadas fora do Estado. A quarta função, Os atos gerais, que só podem ser
também exercida pelo rei, era a praticados pelo poder legislativo,
capacidade do poder de fazer o bem consistem na transmissão de regras
público sem se subordinar a regras. gerais e abstratas, não se sabendo, no
momento de serem emitidas, a quem elas
17.A Teoria e a Prática da Separação irão atingir – O poder legislativo, que só
dos Poderes pratica atos gerais, não atua
Foi com a intenção de enfraquecer o concretamente na vida social, não tendo
Estado que se impôs a separação dos meios para cometer abusos de poder nem
poderes como característica fundamental para beneficiar ou prejudicar uma pessoa
ou um grupo em particular.
Atos especiais promulgação de novas Constituições. Por
esse meio, obedecendo rigorosamente ao
Só depois de emitida a norma geral é que processo de emenda à Constituição ou
se abre a possibilidade de atuação do pelo uso de um processo autêntico de
poder executivo, por meio de atos elaboração constitucional, têm surgido
especiais. novas Constituições que não se apegam
rigidamente à teoria dos freios e
18.Críticas ao Sistema de Separação de
contrapesos, embora mantenham a
Poderes
aparência de separação de poderes –
a)Meramente formalista; não possuindo aumento das competências do executivo.
eficácia em sua prática
20.Constitucionalismo Brasileiro e
b)Um dos órgãos do poder pratica atos Separação Estrutural
que violam a autoridade que deve ser
1824
emanada por outro;
a)Monarquia constitucional hereditária e
c)Influência de fatores do âmbito externo
representativa;
no ordenamento jurídico (fatores
extralegais), fazendo com que algum dos b)Tripartição dos Poderes;
poderes predomine sobre os demais –
Apenas aparência de separação c)Executivo: Era exercido pela Imperador,
prevalece. que deveria nomear os presidentes das
províncias;
d)Jamais conseguiu assegurar a liberdade
dos indivíduos ou o caráter democrático d)Legislativo: Bicameral, formado pela
do Estado efetivamente; Câmara dos Deputados e pelo Senado.
Os deputados eram eleitos por voto
e)A separação de poderes é um princípio censitário, indireto e baseado na renda do
aliado á idéia de democracia, e por isso eleitor. Já os senadores eram indicados
há um medo contundente de confrontá-la pelo Imperador;
com outras viáveis possibilidades de
administração; e)Judiciário: Os juízes eram nomeados
pelo Imperador, tinham cargos vitalícios,
19.Delegação de Poderes mas poderiam ser suspensos por
sentença do próprio imperador;
A delegação de poder legislativo foi aos
poucos penetrando nas Constituições. É o f)Moderador: Poder de uso exclusivo do
poder de institutos (órgãos competentes) Imperador, que poderia intervir nos
em decidir sobre determinada matéria que demais poderes, dissolver assembléias
está sendo regulamentada por lei, legislativas, nomear juízes, bem como
permitindo que outro órgão ou agente editar e vetar leis;
adote decisões sobre a mesma matéria –
desconcentração administrativa. g)Abandono das idéias Iluministas que
regeram a Assembléia Constituinte
Transferência constitucional de
competências h)Arbitrariedade, sem a deflagração de
conquistas sociais;
Mesmo sendo menos freqüente, a
transferência de competências ocorre 1891
através de reformas constitucionais ou até
a)Instituição da forma federativa do b)Restabeleceu o equilíbrio entre esses
Estado; poderes;

b)Instituição da forma republicana de c)Autonomia a estados e municípios;


governo;
d)Exercício do Poder Constituinte
c)Estabelecimento da independência dos Fundacionário Pós-revolução;
Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário; 1967

d)Criação do sufrágio com menos a)Segurança Nacional;


restrições; b)Aumento dos poderes da União e do
e)Exercício do Poder Constituinte Presidente da República;
Fundacionário Pós- revolução c)Redução da autonomia individual;
1934 d)Suspensão dos direitos e garantias
a)Marca getulista das diretrizes sociais; constitucionais por parte do Estado;

b)Maior poder ao governo federal; e)Exercício do Poder Constituinte


Fundacionário Pós-revolução;
c)Voto secreto e obrigatório a partir dos
18 anos; 1969

d)Direito de voto ás mulheres, mas a)Amplos poderes aos Poder Executivo


mantendo proibição do voto aos menos Federal na imagem do presidente da
abastados e analfabetos; república;

e)Exercício do Poder Constituinte b)Os atos institucionais e os decretos-leis


Fundacionário Pós-revolução tornaram o Poder Executivo o titular
efetivo do Poder – “urgência e interesse
1937 público;

a)Centralização do Poder Executivo, c)Exercício do Poder Constituinte


Legislativo e Judiciário na pessoa do Fundacionário Pós-revolução;
Presidente;
1988
b)Separação apenas formal dos poderes;
a)Independência harmônica;
c)Trabalhador não poderia fazer greve;
b)Inviolabilidade de direitos e liberdades
d)Os direitos e garantias individuais foram básicas;
limitados;
c)Caráter progressista;
e)Exercício do Poder Constituinte
Fundacionário Pós-revolução d)Igualdade de gênero e direitos sociais,
como educação; saúde e dignidade de
1946 trabalho a todos os cidadãos;

a)Devolveu a independência ao Executivo, e)Criminaliza o racismo e proíbe sob pena


Legislativo e Judiciário; de liberdade, a tortura,
f)Caráter harmônico e independente entre Apresentam a idéia de um direito
os poderes Legislativo, Executivo e essencial que estabelece um ambiente
Judiciário; ecologicamente equilibrado á todas às
gerações – princípio fundamental de todas
Art. 2 CF/88- “São Poderes da União, as gerações humanas.
independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”- Art. 225 – “Todos têm direito ao meio
Baseada na idéia de Montesquieu de ambiente ecologicamente equilibrado,
descentralização e efetividade dos bem de uso comum do povo e essencial à
poderes constituintes. Tentativa de sadia qualidade de vida, impondo-se ao
favorecer um Estado mais justo, Poder Público e à coletividade o dever de
democrático e igualitário para todos os defendê-lo e preservá-lo para as
cidadãos. presentes e futuras gerações”.

21.Configuração de um Estado As Constituições não apresentam uma


Democrático de Direito com a efetividade social concreta devido ao
Separação de Poderes modo fragmentário como foram
estabelecidas o ao seu constitucionalismo
a)Princípio do sistema de “pesos e que inobserva a realidade fática.
contrapesos”
22. Nós possuímos independência
b)O poder advém da sociedade harmônica entre os poderes
constitutiva; formalmente?
c)A Constituição brasileira é R: Sim, há independência harmônica entre
antropocentrista; os poderes em sua literalidade, onde a
doutrina institui através de processos
Sistema de “pesos e contrapesos”
formais. Contudo, isso não ocorre na
A separação de poderes carrega a mais prática (administração eficaz e
configuração pluralista de toda a incorporação política de modo unívoco).
dogmática do direito público, visto que
Supremacia Fática
aponta simultaneamente para os
princípios de desagregação e de Ocasiona a “desvirtuação” da Separação
composição, num sistema de freios e de Poderes. Determina privilégios jurídicos
contrapesos – Serve para evitar que e um patamar de superioridade do
houvesse abusos no exercício dos interesse público sobre o particular,
poderes. podendo o interesse público violar os
interesses particulares.
Poder da sociedade constitutiva
Cultura da Positivação
Os direitos políticos advêm da
participação do cidadão no governo da Seria o ato de conferir positividade a um
sociedade, em entidades sociais, valor humano, o tornando uma realidade
organizações partidárias e representação objetiva. Na realidade, não desenvolve
coerente de seus direitos e anseios a propriamente o exercício da hermenêutica
aqueles que foram delegados. constitucional (extração de sentidos e
reconhecimentos de valores);
A Constituição brasileira é
sobrecarregando uma das forças
antropocêntrica
estruturais no sistema de Separação dos Clero (1 Estado); Nobres (2 Estado);
Poderes. Povo (3 Estado). O clero e a nobreza
mantinham muitos privilégios sociais e
econômicos, como o direito de ocupar
alguns cargos no governo e a isenção de
PERGUNTAS PARA A PROVA!
impostos.

Estado Democrático de Direito


1-Diferencie e relacione o estado
estamental e o estado democrático de O Estado Democrático de Direito
direito do séc 21. caracteriza-se pela soberania popular, por
uma Constituição elaborada em
R: conformidade com a vontade popular, por
Sociedade Estamental eleições livres e periódicas, por
A sociedade estamental é caracterizada um sistema de garantias dos direitos
por ser uma sociedade em que o humanos, e pela divisão de
nascimento é determinando para a poderes independentes, harmônicos entre
atribuição do status social. O status si e fiscalizados mutuamente, a saber:
social é relativo ao estamento, ou Executivo, Legislativo e Judiciário.
segmento da sociedade, em que a pessoa “[…] no Estado Democrático de Direito, as
nasce, portanto, a mobilidade social é leis são criadas pelo povo e para o povo,
bastante baixa neste modelo de respeitando-se a dignidade da pessoa
sociedade. É uma sociedade humana”.
característica da Idade Média, porém não Seu princípio básico é sintetizado por
restrita a mesma. Modelos estamentais Abraham Lincoln na máxima: “governo do
podem ser observados em outros locais povo, pelo povo e para o povo”.
em diferentes tempos, porém com suas Vai além da democracia representativa de
próprias particularidades e com escolha periódica dos governantes, ele
intensidades e mobilidades diferentes do requer a participação popular efetiva e
caso da Europa medieval. Algumas constante nas decisões políticas, de modo
características sociais evidenciam e a conduzi-las a fim promoverem justiça
favorecem a construção de uma social. Portanto, os valores de liberdade
sociedade estamental, como a distribuição política e de igualdade política, nesse
desigual de riquezas apoiada por uma regime, devem caminhar juntos.
construção jurídica de defesa da
propriedade e dos impostos, bem como a
Artigo 1º, diz:
divisão do trabalho social. A construção
de ordens dentro da estrutura imperial, A República Federativa do Brasil, formada
como a distinção entre cidadãos e não- pela união indissolúvel dos Estados e
cidadãos separados pelo nascimento e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
com funções políticas diferenciadas na se em Estado Democrático de Direito e
República, e posteriormente, a criação da tem como fundamentos:
ordem senatorial e equestre para
I – A soberania;
participação em cargos. É caracterizada
por ser uma sociedade em que o II – A cidadania;
nascimento é determinando para a
atribuição do status social. III – A dignidade da pessoa humana;
IV – Os valores sociais do trabalho e da Estado é a fonte única do Direito, porque
livre iniciativa; quem dá a vida ao Direito é o Estado através
V – O pluralismo político. da “força coativa” de que só ele dispõe.

Essa Constituição, também chamada de TORIA DUALÍSTICA


Constituição Cidadã, ampliou de maneira
Também chamada de pluralística,
inédita os direitos sociais e políticos dos
sustenta serem o Estado e o Direito duas
brasileiros. Todavia, sua efetivação ao
realidades distintas, independentes e
longo de sua vigência ainda se apresenta
inconfundíveis. Para os dualistas, o
incompleta em muitos aspectos. Ampliá-la
Estado não é a fonte única do Direito nem
requer maior participação nos
com este se confunde. O que provém do
mecanismos de decisão política para que
Estado é apenas uma categoria especial
direitos assegurados em lei tornem-se
do Direito: o direito positivo.
conquistas concretas.

2-Em uma análise crítica propositiva,


como é que o direito pode ser um
equivalente funcional ao estado 3-Na proposta do Contrato Social
(faz/cumpre a mesma função)? apresentada por Rousseau há a
consagração de cláusulas da
R: titularidade de direitos fundamentais?
a)Equivalente funcional é quando
faz/cumpre a mesma função R:
Rousseau conduz seu raciocínio para
b)Direito e estado são diferentes, mesmo explicar a necessidade e o porquê de o
sendo complementares. O Estado é uma homem nascer livre, mas revogar essa
organização destinada a manter, pela condição, uma vez que a liberdade é o
aplicação do Direito, as condições maior bem que se pode ter e sua perda
universais de ordem social. E o Direito é o significa a renúncia à qualidade de
conjunto das condições existenciais da homem e aos direitos do mesmo. O
sociedade, que ao Estado cumpre filósofo rejeita a força como motivo para a
assegurar. abstenção da liberdade, a não ser que o
mais forte a transforme em direito, mas
c)O que falha e a estrutura, não o direto isso não seria aceito por todos e nem se
perpetuaria. As convenções então seriam
a base de toda autoridade legítima entre
d)Quando a estrutura do estado altera o os homens, sendo a melhor de suas
significado do texto constitucional pra formas a renúncia por parte de todos de
dizer que o que vale é o que está dizendo, suas liberdades e de seus direitos, pois
ele usa a mutação constitucional, submetendo-se cada um a todos, não se
instrumentos que o direito atribuir. submete a ninguém em específico. Essa
associação teria por fim conservar a
TEORIA MONÍSTICA
todos os homens, que se unindo
Estado e Direito confundem-se em uma só comporiam um corpo moral e coletivo.
Esse corpo seria composto por um
realidade. Para os monistas só existe o direito
soberano, e sua vontade seria a
estatal, pois não admitem eles a idéia de
representação da vontade geral, não
qualquer regra jurídica fora do Estado. O
sendo esta contrária a de seus súditos,
seus membros.
Cada indivíduo pode vir a ter opiniões
diversas das do soberano, mas deve
respeitá-las e cumpri-las como cidadão,
senão estaria indo contra ele mesmo,
contra sua própria liberdade, pois o
soberano nada mais é do que a
expressão do coletivo subjugado a uma
pessoa. Apesar disso Rousseau afirma
que as leis só servem quando em mãos
de bons governos, e o estado social só é
bom aos homens quando não há um
grande desnível de propriedade entre
eles, nenhum homem deve ser pobre o
suficiente para precisar vender-se, nem
rico o suficiente para poder comprar outro
que se venda.
TITULARIDADE DE DIREITOS
São titulares de direitos as pessoas
físicas: brasileiros natos, brasileiros
naturalizados e os estrangeiros, sejam
eles residentes no Brasil ou não
residentes no Brasil – É o sujeito ativo que
estabelece mediante uma relação jurídica
(contratual) com o Estado, a proteção de
seus direitos na esfera política.

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