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Editora
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A felicidade 4
A dúvida 9
o diálogo 13
A consciência 18
O argumento 25
O mundo 27
O ser humano 31
A linguagem 36
O trabalho 40
O conhecimento 44
Pensamento pré-socrático 48
Pensamento clássico e helenístico 52
Pensamento cristão 57
Nova ciência e racionalismo 61
Empirismo e Iluminismo 65
Pensamento do século XIX 70
Pensamento do século XX 74
A ética 79
A política 85
A ciência 90
A estética 94
GRANDES FILÓSOFOS
Filosofia antiga 98
Tales - e. 623-546 a.e. 98
Anaximandro - e. 610-547 a.e. 99
Anaxímenes - e. 588-524 a.e. 99
Pitágoras - e. 570-490 a.e. 99
Heráclito - e. 535-475 a.e. 100
Parmênides - e. 510-470 a.e. 100
Zenão de Eleia - e. 488-430 a.e. 101
Empédocles - e. 490-430 a.e. 102
Demócrito - e. 460-370 a.e. 102
Protágoras - e. 480-410 a.e. 103
Górgias - e. 487-380 a.e. 103
Sócrates - 469-399 a.e. 103
Platão - 427-347 a.e. 104
Aristóteles - 384-322 a.e. 106
Epicuro - 324-271 a.e. 108
Zenão de Cício - 336-263 a.e. 108
Pirro - 365-275 a.e. 108
Diógenes - e. 413-327 a.e. 108
Filosofia medieval 11 O
Santo Agostinho - 354-430 11 O
Santo Tomás de Aquino -1226-1274 112
Filosofia moderna 114
Montaigne -1523-1592 114
Maquiavel -1469-1527 115
Bodin -1530-1596 115
Francis Bacon -1561-1626 116
Galileu Galilei -1564-1642 117
Descartes -1596-1650 117
Espinosa -1632-1677 119
Pascal -1623-1662 119
Hobbes -1588-1679 120
Locke -1632-1704 121
Hume -1711-1776 122
Montesquieu -1689-1755 123
Voltaire -1694-1778 123
Diderot - 1713-1784 e D' Alembert - 1717-1783 123
Rousseau - 1712-1778 124
Adam Smith - 1723-1790 125
Kant -1724-1804 125
Filosofia contemporânea 128
Hegel -1770-1831 128
Feuerbach - 1804-1872 130
Schopenhauer -1788-1860 130
Kierkegaard - 1813-1855 131
Comte -1798-1857 131
Marx -1818-1883 132
Lukács -1885-1971 135
Nietzsche -1844-1900 135
Husserl - 1859-1938 136
Heidegger - 1889-1976 137
Sartre - 1905-1980 138
Russell - 1872-1970 139
Wittgenstein - 1889-1951 140
Adorno -1903-1969 e Horkheimer-1895-1973 140
Benjamim -1892-1940 141
Habermas -1929- 141
Foucault- 1926-1984 142
Derrida - 1930-2004 143
Atividades
1 (UFSJ) Etimologicamente, a palavra "Filosofia" é definida como "amor à
sabedoria". Historicamente, a sua criação é atribuída a:
a) Anaximandro, séc. VII a.e.
b) Tales de Mileto, séc. VII a.e.
c) Anaxímenes, séc. VI a.e.
x d) Pitágoras, séc. VI a.e.

2 (UEMA) Na história do pensamento humano foram construídos conceitos


para compreender o que é Filosofia. Uma das explicações foi dada pelo
filósofo alemão lmmanuel Kant, que dizia: não há filosofia que se posso
aprender; só se pode aprender o filosofar.
+ +
Essa afirmação significa que, para Kant, a filosofia é:
+ +
a) um fundamento.
x b) uma atitude.
c) uma utopia.
d) uma ciência.
e) um método.
+ +

3 (Unesp)
+ + A felicidade, para você, pode ser uma vida casta; para outro, pode
ser um casamento monogâmico; para outro ainda, pode ser uma orgia
promíscua. Há os que querem simplicidade e os que preferem o luxo.
Em matéria de felicidade, os governos podem oferecer as melhores
condições possíveis para que cada indivíduo persiga seu projeto. Mas
o melhor governo é o que não prefere nenhuma das diferentes feli-
cidades que seus sujeitos procuram. Não é coisa simples. Nosso go-
verno oferece uma isenção fiscal às igrejas, as quais, certamente, são
cruciais na procura da felicidade de muitos. Mas as escolas de dança
de salão ou os clubes sadomasoquistas também são significativos na
busca da felicidade de vários cidadãos. Será que um governo deve
favorecer a ideia de felicidade compartilhada pela maioria? Considere:
os governos totalitários (laicos ou religiosos) sempre "sabem" qual é
a felicidade "certa" para seus sujeitos. Juram que querem o bem dos
cidadãos e garantem a felicidade como um direito social - claro, é a
mesma felicidade para todos. É isso que você quer?


CALLIGARIS, Contardo. Folha de S.Paulo, 1Ojun. 201 O. Adaptado .
Sobre esse texto, é correto afirmar que:
X a) Ao discorrer sobre a felicidade, o autor elege como foco a autonomia
r + + <
do indivíduo.
b) A felicidade é assunto público e por isso pode e deve ser orientada
por critérios objetivos definidos pelo Estado.
c) O critério moral e religioso é o mais adequado para reger o compor-
tamento dos indivíduos.
d) O bem-estar e a felicidade pessoal não devem ser assuntos restritos
ao livre-arbítrio individual. r + + <

e) Para o autor, a busca da felicidade não deve se subordinar ao relati-


vismo das escolhas. r + + <

4 (UEG) A reflexão ética como tal teve início na Grécia antiga, quando os
pensadores procuravam o fundamento moral de acordo com uma com-
preensão da realidade puramente racional. Aristóteles se destacou neste
contexto e exerceu forte influência no pensamento ocidental. Segundo
sua teoria, conhecida como eudemonismo, todas as atividades humanas
aspiram a um fim que recebe o nome de:
a) benevolência. c) virtude.
x b) felicidade. d) paixão.

5 (Unioeste-PR)
Só se pode entender o que é a filosofia, a que ponto ela não é
uma coisa abstrata - da mesma forma que um quadro ou uma obra
musical não são absolutamente abstratos-, só através da história da
filosofia, com a condição de concebê-la corretamente. [.. .] Há uma
coisa que me parece certa: um filósofo não é uma pessoa que con- + <
templa e também não é alguém que reflete. Um filósofo é alguém + <
que cria. Só que ele cria um tipo de coisa muito especial, ele cria
conceitos. Os conceitos não nascem prontos, não andam pelo céu,
não são estrelas, não são contemplados. É preciso criá-los, fabricá-los
em função dos problemas que são constituídos, problemas que o
pensamento enfrenta e que têm um sentido. [Em suma,] fazer filosofia
é constituir problemas que têm um sentido e criar os conceitos que
nos fazem avançar na compreensão e na solução dos problemas.
r + + <
Gilles Deleuze.

Sobre o excerto acima seguem as seguintes afirmações: r + + <

1. Para Deleuze a tarefa do filósofo é criativa.


li. Conforme a concepção de Deleuze cabe à filosofia contemplar e refle-
tir sobre os problemas que existem desde sempre e, para eles, en-
contrar conceitos que verdadeira e definitivamente os solucionem.
Ili. A filosofia é uma atividade criativa, assim como a arte, no entanto o
que ela cria são conceitos.
IV. Deleuze retira do filósofo o direito à reflexão sobre o mundo ou sobre
o que os outros filósofos pensaram.
Dessas afirmações:
a) apenas uma está correta.
x b) apenas uma está incorreta.
c) duas estão corretas e duas estão incorretas.
d) todas estão corretas.
e) todas estão incorretas.

c®nette.
6 (UFSJ)
+ + Há uma maneira diferente de ser feliz, quando cada um possui
a felicidade em concreto. Há quem seja feliz simplesmente em espe-
rança. Estes possuem a felicidade de um modo inferior ao daqueles
que já são realmente felizes. Mas, ainda assim, estão muito melhor
que aqueles que não têm nem a felicidade, nem a sua esperança.
Mesmo estes devem experimentá-la de qualquer modo, porque, no
caso contrário, não desejariam ser felizes. Ora, é absolutamente certo
+ + que eles o querem ser.
AGOSTINHO de Hipona. Confissões. ln: Os Pensadores. Tradução de J. Oliveira Santos, 5. J. e A. Ambrósio
de Pina, 5. J. São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 279, 285.
+ +

De acordo com o trecho, Agostinho entende que:


a) a esperança é o grau supremo da felicidade.
b) os esperançosos possuem a felicidade de um modo superior.
c) os que são realmente felizes possuem felicidade de modo inferior.
x d) há diferentes formas de o homem ser feliz, porque a felicidade faz
parte de seu ser.

7. Soma = 09 (07 + 08)


7 (UEM) O tema felicidade aparece na história da Filosofia em muitos mo-
mentos, sendo objeto de reflexão em sistemas filosóficos, os quais lhe
atribuem concepções diferentes. Com relação à afirmação acima, assinale
o que for correto.
01) Para Aristóteles, a felicidade é um eudemonismo, pois há uma es-
treita relação entre ética e felicidade. Assim, o comportamento virtuoso
é um meio para alcançar a felicidade.
02) Para o estoico Sêneca, a felicidade não depende da virtude, pois
+ + cada homem pode escolher o que for mais conveniente para si mes-
+ + mo ao seguir seu livre-arbítrio.
04) Epicuro acreditava que o homem é por natureza um animal político,
por isso só poderia alcançar a felicidade participando da vida política
da polis.
08) Santo Agostinho acreditava que a verdadeira felicidade consiste em
se distanciar dos prazeres mundanos para poder encontrar a beatitu-
de na união com Deus.
+ +
16) A Filosofia utilitarista de Jeremy Bentham acredita que a felicidade é
uma quimera, uma utopia que jamais será alcançada pelos homens.
+ +
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

8 (UFF)

Filosofia
O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico


Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
+ <
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia. +- + + <

Noel Rosa

+- + + <

+- + + <

+- + + <

+- + + <

+- + + <

Assinale a sentença do filósofo grego Epicuro cujo significado é o mais


próximo da letra da canção "Filosofia", composta em 1933 por Noel Rosa,
em parceria com André Filho.
a) Éverdadeiro tanto o que vemos com os olhos como aquilo que apre-
endemos pela intuição mental.
x b) Para sermos felizes, o essencial é o que se passa em nosso interior,
pois é deste que nós somos donos.
c) Para se explicar os fenômenos naturais, não se deve recorrer nunca à
divindade, mas se deve deixá-la livre de todo encargo, em sua com-
pleta felicidade.
d) As leis existem para os sábios, não para impedir que cometam injus-
tiças, mas para impedir que as sofram.
e) A natureza é a mesma para todos os seres, por isso ela não fez os
seres humanos nobres ou ignóbeis, e, sim, suas ações e intenções.

c®nette.
9 (UEL)
+ + Ora, nós chamamos aquilo que deve ser buscado por si mesmo
mais absoluto do que aquilo que merece ser buscado com vistas em
outra coisa, e aquilo que nunca é desejável no interesse de outra
coisa mais absoluto do que as coisas desejáveis tanto em si mesmas
como no interesse de uma terceira; por isso chamamos de absoluto
e incondicional aquilo que é sempre desejável em si mesmo e nunca
no interesse de outra coisa.
+ + ARISTÓTELES. ttica a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim.
São Paulo: Nova Cultural, 1987. 1097b, p. 15.

+ + De acordo com o texto e os conhecimentos sobre a ética de Aristóteles,


assinale a alternativa correta:
a) Segundo Aristóteles, para sermos felizes é suficiente sermos virtuosos.
b) Para Aristóteles, o prazer não é um bem desejado por si mesmo,
tampouco é um bem desejado no interesse de outra coisa.
c) Para Aristóteles, as virtudes não contam entre os bens desejados por
si mesmos.
x d) A felicidade é, para Aristóteles, sempre desejável em si mesma e
nunca no interesse de outra coisa.
e) De acordo com Aristóteles, para sermos felizes não é necessário ser-
mos virtuosos.

TI1 Soma = 07 (07 + 02 + 04) 10 (UEM) O valor e a utilidade da filosofia têm sido, não raras vezes, postos
sob suspeita. Uma visão acerca do filósofo é que ele divaga e perde-se em
reflexões sobre questões abstratas que nada têm a ver com o cotidiano
das pessoas. Em relação à natureza e à finalidade da filosofia, assinale o
+ + +- -1
que for correto.
+ + +- -1
01) A filosofia é, em termos gerais, um esforço intelectual para se inter-
pretar o mundo e os eventos que nele se passam, compreender o
próprio homem e iluminar o agir que do homem se espera.
02) O termo filosofia foi utilizado durante vários séculos como nome ge-
ral para diferentes ramos do saber, como matemática, geometria,
astronomia; isso muda a partir do século XVII com a revolução meto-
dológica iniciada por Galileu e com o estabelecimento das ciências
+ + +- -1
particulares pela delimitação de campos específicos de pesquisa.
04) Refletir sobre os valores, sobre os conceitos como liberdade e virtude
+ + +- -1
faz parte da atividade do filósofo. Nessa medida, a filosofia apresenta-se
como uma sabedoria prática que auxilia na orientação da vida moral
e política, proporcionando o bem viver.
08) Éconsenso entre os cientistas que, porque na investigação filosófica o
filósofo não verifica suas hipóteses, baseando-se na observação empí-
rica, a filosofia não contribui para o progresso do conhecimento.
16) A história da filosofia constitui-se de teorias que se contradizem. Os
filósofos discordam de tudo e uns dos outros, de modo que o pensa-
mento crítico próprio da filosofia consiste em pôr em dúvida toda
afirmação, jamais chegando a conclusões.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas .


Atividades
1 (UEG) Ao método concerne a primeira inovação cartesiana. Com espírito
matemático, afeito à exatidão das demonstrações geométricas, Descar-
tes aspira reconstruir a filosofia, aplicando-lhe o método dedutivo. Com
este objetivo, ele começa por:
a) deduzir logicamente tudo.
b) intuir aprioristicamente tudo.
x c) duvidar metodicamente de tudo.
d) experimentar empiricamente tudo.

2 (UFSJ)
Há uma inteligente tendência em nossos dias, no sentido de se
eliminar a ideia de que necessariamente tem-se que falar ou escre-
ver complexamente quando se pretende comunicar ciência. Depois
que Descartes afirmou que o que é pensado com clareza é dito com
simplicidade, muitos ainda continuaram a urdir uma linguagem de
iniciados, zelosos de sua "intocável" posição de especialistas. Outros,
no entanto, têm buscado encontrar maior exatidão exatamente na
linguagem simples.
Ora, muitas vezes, toda a equipe que colabora em uma pesquisa +- + +- +
precisa compreender bem o conteúdo da hipótese de trabalho. Não
necessariamente todos os membros de uma equipe de pesquisa são
+ +
cientistas. Dentre eles podem estar técnicos de áreas diversificadas. +- +-

Daí que, se a linguagem for simples, todos terão possibilidade de


entender a colocação hipotética. Contudo, é mister que se localize
o exato termo médio entre a complexidade e o simplismo. Aliás, o
segundo pode prejudicar mais a exposição científica do que o primeiro.
Simplismo é estreiteza de visão, às vezes desleixo, quando não um
modo de ~ubestimar a inteligência do leitor. Simplismo implica sem-
pre em incompletude, unilateralismo - coisas péssimas para as colo-
cações científicas. Simplicidade exige, ao mesmo tempo, inteligibilida-
de e completude, transparência e exatidão (na medida do possível).
MORAIS, Regis. Filosofia da Ciência e da Tecnologia. Campinas: Papirus, 1997. p. 67-68.

De acordo com o texto, todas as alternativas são verdadeiras, exceto:


x a) a tendência em nossos dias é a de usar uma linguagem complexa
para a comunicação da ciência.
b) depois de Descartes muitos ainda continuam usando uma linguagem
complexa.
c) a linguagem deve ser clara para que cientistas e não cientistas a com-
preendam.
+ +
d) a compreensão da hipótese depende da simplicidade da linguagem.

3 (UEMA) Coloque V (verdadeiro) ou F (falso) nas inferências relacionadas


às características da atividade filosófica:
( ) A filosofia é uma forma de pensar acerca de certas questões. A sua
característica fundamental é o uso de argumentos lógicos.
+ + ( ) Os filósofos analisam e clarificam conceitos.
( ) Os filósofos ocupam-se de questões acerca da religião, da política,
+ + da arte, dentre outras, que podemos chamar vagamente "o sentido
da vida".
( ) A filosofia é uma ciência da mesma forma que a biologia.
( ) A radicalidade, particularidade e visão de conjunto são característi-
cas fundamentais da reflexão filosófica.
Marque a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para
baixo:
a) V, V, V, V, F.
b) V, V, V, F, V.
c) F, F, V, V, F.
d) V, F, V, V, F.
x e) V, V, V, F, F.

4 (UEL) Tendo por base o método cartesiano da dúvida, é correto afirmar que:
x a) Este método visa a remover os preconceitos e opiniões preconcebidas
+ + ~ , e encontrar uma verdade indubitável.
+ + ~ , b) Ao engendrar a dúvida hiperbólica, o objetivo de Descartes era provar
que suas antigas opiniões, submetidas ao escrutínio da dúvida, eram
verdadeiras.
c) A dúvida hiperbólica é engendrada por Descartes para mostrar que
não podemos rejeitar como falso o que é apenas dubitável.
d) Só podemos dar assentimento às opiniões respaldadas pela tradição.
+ + e) A dúvida metódica surge, no espírito humano, involuntariamente.

+ + 5 (UEG) Na lógica de Aristóteles encontram-se conceitos como os de argu-


mento, proposição, conclusão, premissa e silogismo. Aponte qual propo-
sição abaixo se refere ao silogismo.
x a) É o encadeamento de duas premissas (uma geral e uma particular)
que levam a uma conclusão.
b) É a percepção imediata do fenômeno.
c) São as afirmações proferidas, escritas ou simplesmente pensadas
pelo indivíduo que estuda uma determinada ciência.
d) São as conclusões que o sujeito adquire a partir da experiência.

& (UFPA) Segundo Descartes, para se alcançar a verdade das coisas, isto é,
o conhecimento certo e evidente, é necessário um método. É correto
afirmar que esse método, proposto pelo autor,
a) valoriza a dúvida e estabelece, por meio de suas regras, que se deve
tomar como ponto de partida as sensações e coisas particulares para,


posteriormente, se ascender aos axiomas mais gerais .
Muito se discute a respéito das condições de infraestrutura do Bras il para grandes eventos
esportivos, como a Copa do Mundo, em 201 4, e a Olimpíada de 2016. Um dos '1 garg-alos" está no
tran~po-rt~ de Gê'.Jrgas e passageiros_
ESTRADAS
AEl~*PAVIMWI'~~ - EOSffillAGOSQUEEiJ.PROVDO
Oua~1lmi, de NH1111u, W•l1Jd01 ma ~/m ~,. 1_umplkm , BIUC Dmb~ldatlNllld\11 dGUm0rt11trd~;,itd1tt P"B<l'ldec~n•l11hh 11!111 quU/11111!\illll

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A part ir das informaçõe5 apresentada5, pode-se afirmar que:


a) entre_ os países que compõem o chamado BRK (Brasil, Rússia, lndia e China), o Brasil é 0 que apre-
senta a maior porcentagem de estradas pavimentadas.
b) ainda que triplicasse a proporção de rodovias pavimentadas em um prazo de cinco anos, o Brasil
continuaria apresentando o menor percentual d'e estradas pa~imentadas entre o:s países do BRIC.
e) o transporte de 50 toneladas de Rio Verde (GO) para o porto de Pc1ranaguá (PR) custa cerca de US$ 75,00.
Nos Estados Unidos, o transporte de carga equivalente, na mesma distância, custaria US$ 18,00.
d) no Brasil, a duração média de um amortecedor de caminhão é quase o dobro da duração em paí-
ses desenvolvidos.
e) rodando na Argentina, pneus de -caminhão apresentam durabilidade três vezes maior do que se
rodassem na Alemanha.
Mesmo triplicando· o percentual de esm1das pavimentadºs (de 6% para 180/o), o Brasil continuaria
com o menor percentual entre os países do BRIC, o que torna co~reta a alternativa b.
a) Incorreta. O infográfico mostra exatamente o oposto.
e) Incorreta. US$ 75,00 é o pre.ço de uma tonelada transportada entre Rio Ver.de e Paranaguá. Portan-
. to, 50 tonelad'as custariam USS 3.750,00.
d) Incorreta. A duraçào média d.e um .ammtecedor-de caminhão; rodando no Brasil, equiv<1le à meta-
de da duração em países desenvolvidos.
e) Incorreta. Roda-ndo nâ Argentina, pneus de cam inhão apresentam durabilidcJde menor do que 5e
rodassem na Alemanha.

Ao abrirmos um jornal ou revista de grande circulação, é .comum encontrarmos notkia.s que empre-
gam lingu-agem matemática expressa em equações, índices, fórmulas, tabelas e grêHicos. A5 situações
apresentadas a seguir exigem a compreensão de diferentes tipos de gráficos e seu diálogo com tabe las,
diagramas e textos, m0strando como nossa compreensão do mundo é bastante facilitada pela habilidade
de sê tr,abalhar com tais recursos.
b) consiste no modo seguro e certo de se "aplicar a razão à experiência",
isto é, de se aplicar o pensamento verdadeiro aos dados oferecidos
pelo conhecimento sensível. + <

x c) dá ênfase à dúvida e ao modelo matemático de raciocínio como pro-


cedimentos que se devem utilizar para se alcançar a verdade e para
se evitar os enganos e as opiniões prováveis.
d) estabelece, como caminho seguro para se atingir ideias claras e evi-
dentes, o raciocínio silogístico, que parte de enunciados universais
para enunciados particulares. +- + + <

e) fornece os procedimentos adequados, de observação e experimenta-


ção, que possibilitam organizar e controlar os dados recebidos da ex-
+- + + <
periência sensível, de modo a se obter um conhecimento verdadeiro
sobre as coisas.

7 (UFU) A respeito da Lógica Aristotélica, observe o seguinte argumento:

Todo homem é mortal.


Sócrates é homem.
Logo, Sócrates é Mortal.

Atribua para as alternativas abaixo (V) verdadeira, (F) falsa ou (50) sem
opção.
( v ) Este é um exemplo clássico de silogismo categórico, composto por
duas premissas e uma conclusão.
( F ) No silogismo, a primeira proposição é chamada de premissa menor.

( F ) A segunda proposição do silogismo é chamada de premissa maior.

( v ) A terceira proposição do silogismo é chamada de conclusão.


+- + + <

8 (UEG)
+- + + <

Jamais acolher alguma coisa como verdadeira que eu não


conhecesse evidentemente como tal; isto é, de evitar cuidadosa-
mente a precipitação e a prevenção, e de nada incluir em meus
juízos que não se apresentasse tão clara e tão distintamente a
meu espírito, que eu não tivesse nenhuma ocasião de pô-la em
dúvida. +- + + <

DESCARTES, René. Discurso do Método. ln: CHALITA, Gabriel. Vivendo a filosofia.


São Paulo: Atual, 2002. p. 235. +- + + <

No parágrafo acima, René Descartes propõe como primeira regra na busca


do conhecimento verdadeiro:
a) Devemos aceitar apenas e unicamente verdades absolutas, ou seja,
verdades tão absolutamente certas que não precisam ser submetidas
à demonstração e não admitem a dúvida, o engano ou a pressa no
julgamento.
b) O primeiro passo do método de busca do conhecimento verdadeiro
supõe o abandono de preconceitos, dúvidas e engano e a adoção de
uma verdade que esteja além de qualquer demonstração.
c) O ponto de partida de qualquer investigação é o que é passível de ser
testado, provado e demonstrado como absolutamente verdadeiro,
longe de qualquer dúvida, engano ou pressa no julgamento.
x d) O método de busca do conhecimento verdadeiro supõe como primei-
ro passo aceitar como verdadeiro apenas o que for evidentemente
verdadeiro, ou seja, o que não for passível de dúvida.
9 (UEM)
+ + r < Dizer que as indagações filosóficas são sistemáticas significa dizer
que a Filosofia trabalha com enunciados precisos e rigorosos, busca
encadeamentos lógicos entre os enunciados, opera com conceitos ou
ideias obtidos por procedimentos de demonstração e prova, exige a
fundamentação racional do que é enunciado e pensado.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2008. p. 21.

9. Som1 =_jj 4 (02 _j 04 + J) Assinale o que for correto.


01) A concepção de mundo de um povo, de uma cultura, de uma civiliza-
ção com seu conjunto de ideias, de valores e de práticas pelas quais
+ + r <
uma sociedade apreende e compreende o mundo e a si mesma deve
ser considerada como filosofia.
02) Pela fé, a religião aceita princípios indemonstráveis e até mesmo
aqueles que podem ser considerados irracionais pelo pensamento,
enquanto a filosofia não admite indemonstrabilidade e irracionalida-
de de coisa alguma. Pelo contrário, o pensamento filosófico procura
explicar e compreender mesmo o que parece ser irracional e inques-
tionável.
04) Como fundamento teórico e crítico, a filosofia ocupa-se com os prin-
cípios, as causas e as condições do conhecimento que pretende ser
racional e verdadeiro, com a origem, a forma e o conteúdo dos valo-
res éticos, políticos, religiosos, artísticos e culturais.
08) A filosofia é útil, pois permite superar, pela análise e pela reflexão
crítica, a ingenuidade e os preconceitos do senso comum e oferece a
possibilidade de libertar o homem das ideias despóticas que o subju-
gam a um poder dominante e ilegítimo.
e + + r <
16) A filosofia é exclusivamente teórica, isto é, contemplativa, por ser
incapaz de incorporar, nos seus procedimentos metodológicos, a ob-
e + + r <
servação e a experimentação.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

10 (UFU) Os argumentos seguintes foram elaborados a partir de conceitos


básicos do pensamento de Descartes. Assinale (V) para os argumentos
condizentes com o pensamento deste filósofo e (F) para os argumentos
+ + r < que lhe são impróprios.
( F ) Duvidar do cogito (eu penso), da matemática e de Deus são os pas-
+ + r <
sos principais na progressão da dúvida metódica.
( F ) Descartes prova a existência de Deus a partir da existência das coi-
sas materiais, pois se Deus não é enganador e se as coisas afetam
meus sentidos, então é necessário que um ser as tenha criado.
( v ) Prender-se à evidência e evitar a precipitação e os preconceitos no
momento do juízo é um dos preceitos do método cartesiano.
( F ) As ideias inatas, porque não são produzidas por mim, são confusas
e obscuras. Só as ideias provenientes dos sentidos é que são claras
e distintas.
( v ) Oeu penso é a primeira certeza encontrada por Descartes após tudo
ter sido posto em dúvida .


Atividades
Com base no texto a seguir, responda às questões 1 e 2.

Fedro
SÓCRATES: - Vamos então refletir sobre o que há pouco está-
vamos discutindo; examinaremos o que seja recitar ou escrever bem
um discurso, e o que seja recitar ou escrever mal.
FEDRO: - Isso mesmo.
SÓCRATES: - Pois bem: não é necessário que o orador esteja
bem instruído e realmente informado sobre a verdade do assunto de
que vai tratar?
FEDRO: -A esse respeito, Sócrates, ouvi o seguinte: para quem
quer tornar-se orador consumado não é indispensável conhecer o
que de fato é justo, mas sim o que parece justo para a maioria dos
ouvintes, que são os que decidem; nem precisa saber tampouco
o que é bom ou belo, mas apenas o que parece tal - pois é pela
aparência que se consegue persuadir, e não pela verdade.
SÓCRATES: - Não se deve desdenhar, caro Fedro, da palavra
hábil, mas antes refletir no que ela significa. O que acabas de dizer
merece toda a nossa atenção.
FEDRO: - Tens razão. .. + .. +

SÓCRATES: - Examinemos, pois, essa afirmação.


.. + .. +
FEDRO: - Sim.
SÓCRATES: - Imagina que eu procuro persuadir-te a comprar
um cavalo para defender-te dos inimigos, mas nenhum de nós sabe
o que seja um cavalo; eu, porém, descobri por acaso uma coisa:
"Para Fedro, o cavalo é o animal doméstico que tem as orelhas mais
compridas" ...
FEDRO: - Isso seria ridículo, querido Sócrates.
SÓCRATES: - Um momento. Ridículo seria se eu tratasse seria-
mente de persuadir-te a que escrevesses um panegírico do burro,
chamando-o de cavalo e dizendo que é muitíssimo prático comprar
esse animal para o uso doméstico, bem como para expedições mili-
tares; que ele serve para montaria de batalha, para transportar baga-
gens e para vários outros misteres.
FEDRO: - Isso seria ainda ridículo.
SÓCRATES: - Um amigo que se mostra ridículo não é preferível
ao que se revela como perigoso e nocivo?
FEDRO: - Não há dúvida.
SÓCRATES: - Quando um orador, ignorando a natureza do bem
+ +
e do mal, encontra os seus concidadãos na mesma ignorância e os
persuade, não a tomar a sombra de um burro por um cavalo, mas o
mal pelo bem; quando, conhecedor dos preconceitos da multidão,
ele a impele para o mau caminho, - nesses casos, a teu ver, que fru-
tos a retórica poderá recolher daquilo que ela semeou?
FEDRO: - Não pode ser muito bom fruto.
+ +
SÓCRATES: - Mas vejamos, meu caro: não nos teremos excedi-
do em nossas censuras contra a arte retórica? Pode suceder que ela
responda: "que estais a tagarelar, homens ridículos? Eu não obrigo
+ +
ninguém - dirá ela - que ignore a verdade a aprender a falar. Mas
quem ouve o meu conselho tratará de adquirir primeiro esses conhe-
cimentos acerca da verdade para, depois, se dedicar a mim. Mas uma
coisa posso afirmar com orgulho: sem as minhas lições a posse da
verdade de nada servirá para engendrar a persuasão".
FEDRO: - E não teria ela razão dizendo isso?
SÓCRATES: - Reconheço que sim, se os argumentos usuais pro-
varem que de fato a retórica é uma arte; mas, se não me engano,
tenho ouvido algumas pessoas atacá-la e provar que ela não é isso,
mas sim um negócio que nada tem que ver com a arte. O lacônio de-
clara: "não existe arte retórica propriamente dita sem o conhecimento
da verdade, nem haverá jamais tal coisa".
PLATÃO. Diálogos. Porto Alegre: Editora Globo, 1962.

1 (Unesp) Neste fragmento de um diálogo de Platão, as personagens Sócra-


tes e Fedro discutem a respeito da relação entre a arte retórica, isto é, a arte
+ + de produzir discursos, e a expressão da verdade por meio de tais discursos.
+ +
Trata-se de um tema ainda atual. Aponte a única alternativa que expressa
um conteúdo não abordado pelas duas personagens no fragmento.
a) A produção de bons discursos.
b) A formação do orador.
x c) A natureza da Filosofia.
d) O poder persuasivo da oratória.
+ + e) A retórica como arte de criar discursos.

+ +
2 (Unesp) Após uma leitura atenta do fragmento do diálogo Fedro, pode-se
perceber que Sócrates combate, fundamentalmente, o argumento dos
mestres sofistas, segundo o qual, para fazer bons discursos, é preciso:
a) evitar a arte retórica.
b) conhecer bem o assunto.
c) discernir a verdade do assunto.
x d) ser capaz de criar aparência de verdade.
e) unir a arte retórica à expressão da verdade.

3 (UEG) Um dos pontos altos da filosofia grega é a teoria do conhecimento.


Entre seus pensadores encontra-se Sócrates. Ao dialogar com seus inter-
locutores, Sócrates assumia humildemente a atitude de quem aprende e,
multiplicando as perguntas, levava seu adversário à contradição, obrigan-
do-o a reconhecer sua ignorância. Esse método socrático denomina-se:
a) Alegoria, metodologia de conhecimento segundo a qual se desenvolve


o conhecimento a partir do senso comum .
b) Maiêutica, metodologia segundo a qual a ideia é gerada ou acordada.
x c) Ironia, método dialético segundo o qual é demonstrada a necessidade
+ <
de conhecer profundamente as ideias.
d) Criticismo, metodologia de conhecimento que parte da crítica da razão.

4 (Vunesp-PEBII) Para Marilena Chaui, em vez de perguntar "que horas


são?", podemos indagar "o que é o tempo?". Em vez de dizermos "ficou
maluca?" ou "está sonhando?", podemos nos perguntar "o que é o so-
nho?, a loucura, a razão?" +- + + <

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1994.


+- + + <
Portanto,
a) não é possível diferenciar entre senso comum e atitude filosófica.
b) filosofar implica assumir, no plano do pensamento, os mesmos parâ-
metros habitualmente empregados na vida cotidiana.
c) filosofar significa ater-se à aceitação imediata da realidade.
d) a filosofia começa pela reafirmação necessária das crenças e precon-
ceitos do senso comum.
x e) a atitude filosófica diferencia-se estruturalmente do senso comum.

(UFU) Assinale (V) ou (F) para as seguintes características gerais do período


5 socrático.
( F ) Sócrates e Platão aceitam a validade das opiniões e das percepções
sensoriais e trabalham com elas para produzir argumentos de per-
suasão.
( v ) A Filosofia está voltada para a definição das virtudes morais e das
virtudes políticas, tendo como objeto central de suas investigações +- + + <
a moral e a política.
+- + + <
( v ) As ideias se referem à essência íntima, invisível, verdadeira das
coisas e só podem ser alcançadas pelo pensamento puro, que
afasta os dados sensoriais, os hábitos recebidos, os preconceitos,
as opiniões.
( v ) O ponto de partida da Filosofia é a confiança no pensamento ou no
homem como um ser racional, capaz de conhecer-se a si mesmo e,
portanto, capaz de reflexão. Reflexão é a volta que o pensamento +- + + <
faz sobre si mesmo para conhecer-se; é a consciência conhecendo-se
a si mesma como capacidade para conhecer as coisas, alcançando o
+- + + <
conceito ou a essência dessas coisas.
( F ) As perguntas filosóficas se referem a valores como a justiça, a cora-
gem, a amizade, a piedade, o amor, a beleza, a temperança, a pru-
dência dentre outros, que partem da opinião e formam os conceitos,
constituindo-se nos ideais do sábio e do cidadão.

(UEL)
6
Os poemas de Homero serviram de alimento espiritual aos gre-
gos, contribuindo de forma essencial para aquilo que mais tarde se
desenvolveria como filosofia. Em seus poemas, a harmonia, a pro-
porção, o limite e a medida, assim como a presença de questiona-
mentos acerca das causas, dos princípios e do por que das coisas se
faziam presentes, revelando depois uma constante na elaboração dos
princípios metafísicos da filosofia grega.
Adaptado de: REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. v. 1. Trad. Henrique C. Lima Vaz e
Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994. p. 19.

csnecte.
Com base no texto e nos conhecimentos acerca das características que
marcaram o nascimento da filosofia na Grécia, considere as afirmativas
+ + r < a seguir.
1. A política, enquanto forma de disputa oratória, contribuiu para formar
um grupo de iguais, os cidadãos, que buscavam a verdade pela força
da argumentação.
li. O palácio real, que centralizava os poderes militar e religioso, foi
substituído pela Ágora, espaço público onde os problemas da pólis
+ + r <
eram debatidos.
Ili. A palavra, utilizada na prática religiosa e nos ditos do rei, perdeu a
função ritualista de fórmula justa, passando a ser veículo do debate e
+ + r <
da discussão.
IV. A expressão filosófica é tributária do caráter pragmático dos gregos,
que substituíram a contemplação desinteressada dos mitos pela téc-
nica utilitária do pensar racional.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) 1e Ili. X d) 1, li e Ili.

b) li e IV. e) 1, li e IV.
c) Ili e IV.

1 (UFPA) Considerando que a linguagem verbal é um dos principais ele-


mentos constitutivos do mundo cultural porque nos permite transcender
a experiência vivida, é correto afirmar:
x a) O signo verbal tem a capacidade de apresentar para a consciência o
respectivo objeto que se encontra ausente.
b) O nome não tem relação alguma com seu referente.
r + + r < c) A relação entre significante e significado do signo verbal é aleatória e
r + + r < transcendental.
d) A cultura é um processo transcendental da constituição do imaginário
popular.
e) O signo verbal é extraído da realidade por meio de um processo de
abstração.

+ + r <
8 (UFU) A passagem abaixo, do diálogo platônico Protágoras, refere-se ao
procedimento adotado por Sócrates.

+ + r <
[.. .] Meu objetivo é examinar a proposição, muito embora possa
acontecer que tanto eu, que pergunto, como tu, que respondes, aca-
bemos por ser examinados.
PLATÃO. Protógoras (333c). Trad. de Carlos Alberto Nunes. Belém: Edufpa, 2002. p. 82.

Escolha a alternativa que expressa corretamente o pensamento de Sócrates.


a) A Filosofia socrática consiste no exame de proposições com o fim de
demonstrar que a virtude é relativa, pois o "homem é a medida de
todas as coisas".
x b) Oexame socrático não é somente um exame de proposições, mas um
modo de testar a vida e o modo de viver dos interlocutores.
c) A Filosofia socrática consiste em testar a verdade das proposições
aduzidas pelos filósofos pré-socráticos que investigavam o princípio
fundamental da Natureza.
d) A Filosofia socrática consiste no exame das proposições da arte retórica,
que possibilita a prudência na administração da casa e na direção dos


negócios da cidade .
g (UEM) A formação da pólis, na Grécia Antiga, caracterizou-se por uma
estrutura sociopolítica em que havia uma divisão substancial entre a es-
fera privada e a esfera pública. Com base na afirmação acima, assinale o
que for correto.
01) A divisão entre a esfera privada e a pública não impediu que todos
l l::l l
f
9. Soma = 20
[
(04 10)---1
+ <

os habitantes de Atenas participassem da vida política que se reali-


zava na esfera pública.
02) A Retórica era mal vista, pois era considerada um recurso linguístico
enganoso e demagógico utilizado para ascender ao poder da esfera +- + + <

pública.
04) Na esfera pública, é garantida a igualdade de direitos perante a lei, +- + + <
isto é, o princípio de isonomia, como também é reconhecida a igual-
dade de direito ao uso público e político da palavra, ou seja, o prin-
cípio de isegoria.
08) Aristóteles, na sua obra Político, defende uma democracia em que a
participação na esfera pública é concedida a todos os habitantes da
pólis.
16) Habituados ao discurso, os cidadãos gregos encontram na Ágora o
espaço social para o debate e o exercício da persuasão, dando-lhes a
possibilidade de decidir os destinos da pólis.
Dê como resposta a soma dos itens corretos.

10 (Unesp)
O que é terrível na escrita é sua semelhança com a pintura.
As produções da pintura apresentam-se como seres vivos, mas se
lhes perguntarmos algo, mantêm o mais solene silêncio. O mesmo
ocorre com os escritos: poderíamos imaginar que falam como se +- + + <

pensassem, mas se os interrogarmos sobre o que dizem [. ..] dão a +- + + <


entender somente uma coisa, sempre a mesma [.. .]. E quando são
maltratados e insultados, injustamente, têm sempre a necessidade
do auxílio de seu autor porque são incapazes de se defenderem, de
assistirem a si mesmos.
PLATÃO. Fedro ou Da beleza.

Nesse fragmento, Platão compara o texto escrito com a pintura, contra-


+- + + <
pondo-os à sua concepção de filosofia. Assinale a alternativa que permi-
te concluir, com apoio do fragmento apresentado, uma das principais
características do platonismo. +- + + <

a) Platão constrói o conhecimento filosófico por meio de pequenas sen-


tenças com sentido completo, as quais, no seu entender, esgotam o
conhecimento acerca do mundo.
x b) A forma de exposição da filosofia platônica é o diálogo, e o conheci-
mento funda-se no rigor interno das argumentações, produzido e
comprovado pela confrontação dos discursos.
c) O platonismo se vale da oratória política, sem compromisso filosófico
com a busca da verdade, mas dirigida ao convencimento dos gover-
nantes das Cidades.
d) A poesia rimada é o veículo de difusão das ideias platônicas, sendo a
filosofia uma sabedoria alcançada na velhice e ensinada pelos mes-
tres aos discípulos.
e) Odiscurso platônico tem a mesma natureza do discurso religioso, pois
o conhecimento filosófico modifica-se segundo as habilidades e a ar-
gúcia dos filósofos.

csnecte.
Atividades
1 (UEG)
~--- - - -- - - - -------, º ~
ro
.,;

+ +

+ +
D

l
+ +

+ +

GLAUCO. Abobrinhas da Brasilônia. São Paulo: Circo Editorial, 1985.

A Filosofia e a Sociologia são disciplinas que promovem uma reflexão


crítica sobre os mais variados temas, particularmente o da ideologia. Par-
tindo de uma análise crítica e utilizando o conceito de ideologia desen-
volvido por Marx e outros pensadores, é correto afirmar que o cartum:
a) revela que, independentemente dos indivíduos e das classes sociais,
todos pertencemos ao povo brasileiro.
b) mostra que, diante da televisão, todos os brasileiros são iguais nesse


momento .
c) sugere que há um crescimento quantitativo dos telespectadores com
o passar do tempo.
r + + <
X d) mostra que o discurso sobre "povo brasileiro" é ideológico, falso, abole
as divisões e desigualdades sociais.

2 (Unesp)
A inclinação para o ocultismo é um sintoma da regressão da cons-
ciência. A tendência velada da sociedade para o desastre faz de tolas
suas vítimas com falsas revelações e fenômenos alucinatórios. O ocul- r + + <
tismo é a metafísica dos parvos. Procurando no além o que perderam,
as pessoas dão de encontro apenas com sua própria nulidade.
r + + <
Theodor Adorno, filósofo alemão, 1947. Adaptado.

Ilumine seus caminhos e encontre a paz espiritual com Dona


Márcia, espírita conceituada com fortes poderes. Corta mau-olhado,
inveja, demandas, feitiçaria. Desfaz amarrações, faz simpatia para o
amor, saúde, negócios, empregos, impotência e filhos problemáticos.
Seja qual for o seu problema, em uma consulta, ela lhe dará orienta-
ção espiritual para resolver o seu problema.
Panfleto distribuído nas ruas do centro de uma cidade brasileira.

Assinale a alternativa correta.


a) Os dois textos evidenciam que, em nossa sociedade, prevalece o ape-
lo racional na resolução de problemas pessoais.
X b) O texto do filósofo Adorno aborda o ocultismo sob uma perspectiva
crítica.
c) De acordo com o filósofo Adorno, a espiritualidade permite a eleva-
ção da consciência.
d) Nos dois textos predomina a irracionalidade na abordagem da relação r + + <

entre mundo material e mundo espiritual. r + + <

e) Os dois textos enfatizam a importância da espiritualidade na vida das


pessoas.

3 (UEL)
Sabe-se que para Hegel a História Universal não recobre o curso
empírico da humanidade. A História propriamente dita nasce apenas
r + + <
com o Estado, quando a vida social ganha uma forma sob o efeito desta
instância que confere a seus elementos expressão pública e consciência.
Somente então é assegurada a permanência do sentido. r + + <

LEFORT, Claude. As formas da História. Ensaios de Antropologia Política.


São Paulo: Brasiliense, 1990. p. 37.

Com base no texto, considere as afirmativas a seguir.


1. Hegel partia do mundo empírico para explicar a História.
li. Segundo Hegel, a formação da consciência se dá com o surgimento
do Estado.
Ili. Hegel, ao analisar o surgimento da História, desconsidera a organização
do Estado.
IV. A noção de Estado só ganha sentido se relacionada à dimensão da
vida social.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) 1e li. d) 1, li e Ili.
x b) li e IV. e) 1, Ili e IV.
c) Ili e IV.
4 (Fuvest-SP) Das três seguintes formulações - primeiro, a de Copérnico, "a
terra não é o centro do mundo", depois a de Darwin, "não nascemos de
+ +
Deus mas viemos do macaco", e, por último, a de Freud, "não somos
senhores de nossa própria consciência" - pode-se dizer que:
a) contribuem para tornar o homem cada vez mais confiante e orgulho-
so de sua infalibilidade e perfeição.
x b) constituem os fundamentos da modernidade e desfecham golpes
profundos na pretensão do homem de ser o centro do universo.
+ + c) fortalecem a posição científica dos que criticam esses pressupostos,
tendo em vista sua falta de fundamentação empírica.
+ + d) perdem cada vez mais credibilidade com o avanço científico propor-
cionado pela astronomia, biologia e psicologia.
e) harmonizam-se com as concepções dos que defendem a tese criacionista,
ou que propõem um desenho inteligente sobre a criação do universo.

5 (UEG)
Classe média
Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal

Sou classe média


Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos"
+ + E vou de carro que comprei a prestação
+ +

Só pago impostos,
Estou sempre no limite
do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo
um pacote CVC tri-anual
+ +

Mais eu "tô nem aí"


+ +
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "tô nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em ltaquera
Eu quero é que se exploda
a periferia toda
Mas fico indignado
com o estado
quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado
que me estende a mão

O para-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala


E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em Moema
O assassinato é no "Jardins"
+ <
A filha do executivo é estuprada até o fim

Aí a mídia manifesta
a sua opinião regressa
De implantar pena de morte,
ou reduzir a idade penal +- + + <

E eu que sou bem informado +- + + <

concordo e faço passeata


Enquanto aumenta a audiência
e a tiragem do jornal

Porque eu não "tô nem aí"


Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "tô nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em Itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Disponível em: <www.maxgonzaga.eom.br/Cindex.htm>. Acesso em: 10 set. 2007.

A letra da canção acima, de Max Gonzaga, traz vários elementos comuns


tanto para a reflexão sociológica quanto filosófica, entre outras conexões
com várias disciplinas. Temas sociológicos, como violência, classe social,
+ +
consciência, meios de comunicação, e filosóficos, como ética, consciên- +- <

cia, projeto e responsabilidade, estão presentes no texto. +- + + <

A concepção do texto sobre consciência corresponde à seguinte proposição:


x a) A teoria da consciência de Karl Marx, segundo a qual não é a consciên-
cia que determina a vida, mas, ao contrário, é a vida que determina a
consciência. Assim, o ser social, tal como a situação de classe, deter-
mina a consciência dos indivíduos, que é uma consciência de classe.
b) A teoria das representações coletivas de Durkheim, que são compar- +- + + <
tilhadas por todos os indivíduos de uma sociedade e expressam a
supremacia da sociedade sobre o indivíduo.
+- + + <
c) A abordagem fenomenológica do filósofo Husserl, para quem existem
proposições universais e necessárias, derivadas da experiência de classe.
d) A teoria do pensador Descartes, que dá início ao movimento político
que mais tarde vai se chamar de "liberalismo", no qual se depositava
no Estado o poder de defesa dos interesses dos indivíduos.

6 (Unesp)
Texto 1
Agora que as paixões acalmaram, volto à proibição do fumo em
ambientes fechados, aprovada pela Assembleia Legislativa de São
Paulo. Incrível como esse tema ainda gera discussões acaloradas.
Como é possível considerar a proibição de fumar nos lugares em
que outras pessoas respiram uma afronta à liberdade individual? As
evidências científicas de que o fumante passivo também fuma são
tantas e tão contundentes que os defensores do direito de encher de
fumaça restaurantes e demais espaços públicos só podem fazê-lo por
duas razões: ignorância ou interesse financeiro. Sinceramente, não
+ + r < consigo imaginar terceira alternativa.
Drauzio Varei la. O fumo em lugares fechados. Folha de S.Paulo, 25 abr. 2009.

Texto 2
Típico do espírito fascista é seu amor puritano pela "humanidade
correta" ao mesmo tempo em que detesta a diversidade promíscua
dos seres humanos. Por isso sua vocação para ideia de "higiene cien-
+ + r < tífica e política da vida": supressão de hábitos "irracionais", criação de
comportamentos "que agregam valor político, científico e social". O
+ + r < imperativo "seja saudável" pode adoecer uma pessoa. Na democracia
o fascismo pode ser invisível como um vírus. Quer um exemplo da
contaminação? Votemos uma lei: mesmo em casa não se pode fumar.
Afinal, como ficam os pulmões dos vizinhos? Que tal uma campanha
nas escolas para as crianças denunciarem seus pais fumantes?
Luis Felipe Pondé. O vírus fascista. Folha de S.Paulo, 22 set. 2008.

Confrontando o conteúdo dos dois textos, assinale a alternativa correta.


a) Para os dois autores, é correta a existência de uma lei que proíbe o
fumo em lugares fechados, pois ambos baseiam-se em argumentos
de natureza política e filosófica.
X b) O primeiro texto ampara-se em argumentos científicos, e o segundo,
em argumentos de natureza política e filosófica.
c) Para o autor do segundo texto, o fascismo é um fenômeno superado
da história, e por isso incompatível com sociedades democráticas.
d) Para o autor do segundo texto, argumentos de base científica preva-
lecem sobre argumentos de base política e filosófica.
r + + r < e) Os dois textos apresentam visões contrastantes sobre a proibição do
r + + r < fumo, sendo que ambos baseiam seus argumentos sob um ponto de
vista científico.

1 (PUC-MG) A análise da charge, reproduzida na edição de 31 de maio de


1998 pela Folho de S.Poulo, permite afirmar, exceto:

+ + r <
~
"[
~

+ + r <

A ERA DA INFORMAÇÃO

"Pensador" segura computador portátil enquanto pensa em nada na


charge do jornal Los Angeles Times. O desenho faz referência à obra O


Pensador, de Auguste Rodin .
a) O cidadão comum, muitas vezes, torna-se incapaz de absorver e inter-
pretar a gama de informações com a qual é bombardeado diariamente.
r + + <
b) O computador deve ser visto como um instrumento agilizador do pro-
cesso de recepção de informações, e não como um fim em si mesmo.
X C) O desenvolvimento dos meios de comunicação e da informática é
condição necessária e suficiente para a formação da consciência críti-
ca da população.
d) Oacesso a um crescente fluxo de informações e imagens, paradoxal-
mente, pode contribuir para a alienação de um número significativo r + + <
de indivíduos.
e) Oafã de informar-se a qualquer custo leva algumas pessoas a reduzi- r + + <
rem sua capacidade reflexiva, não sabendo qual destino dar às infor-
mações recebidas.

8 (UEL)
Para concluir, acho que só há um caminho para a ciência - ou
para a filosofia: encontrar um problema, ver a sua beleza e apaixo-
narmo-nos por ele; casarmo-nos com ele, até que a morte nos separe
- a não ser que encontremos outro problema ainda mais fascinante,
ou a não ser que obtenhamos uma solução. Mas ainda que encon-
tremos uma solução, poderemos descobrir, para nossa satisfação, a
existência de toda uma familia de encantadores, se bem que talvez
difíceis, problemas-filhos, para cujo bem-estar poderemos trabalhar,
com uma finalidade em vista, até ao fim dos nossos dias.
POPPER, Karl. O Realismo e o objetivo da ciência. Trad. de Nuno Ferreira da Fonseca.
Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1997. p. 42.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre epistemologia, assinale a r + + <


alternativa correta. r + + <
a) Para a ciência e a filosofia, a solução dos problemas que elas mesmas
propõem é um objetivo inatingível.
b) Os problemas, filosóficos ou científicos, são prejudiciais à investigação.
c) Para a investigação científica, ou filosófica, é irrelevante a existência
de problemas.
X d) A ciência e a filosofia investigam problemas que constituem para elas r + + <
o elemento motivador de suas próprias atividades.
e) A ciência e a filosofia investigam problemas que não têm relação com r + + <
a realidade.

9 (UEG)
~

]
u

CECCON, Claudius et ai. A vida na escola e a escola da vida. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1983. p. 74-75.
A abordagem funcionalista em Sociologia considera que a sociedade é
como um organismo e por isso é composta de órgãos (instituições sociais)
+ + que têm a função de reproduzir o todo, ou seja, a sociedade em sua tota-
lidade. A escola é uma dessas instituições sociais. A partir da abordagem
funcionalista, de que modo a charge acima expressa a função da escola?
a) Desenvolve a imaginação da criança.
x b) Prepara o aluno para reproduzir as relações sociais.
c) Prepara o aluno para refletir e ter autoconsciência de sua posição.
+ + d) Prepara o aluno para saber que na sociedade alguns mandam e outros
obedecem.
+ +

10 (UFU) Na alegoria da caverna, Platão descreve a situação de pessoas que


não conhecem outra coisa senão as sombras das coisas reais. Esses seres
humanos perdem a vida contemplando essas sombras, pensando que
isso é verdadeiro saber. Nem se dão conta de que não veem as coisas
mesmas, mas apenas cópias delas.
HÁBITO CONDENADO - Maioria das pessoas (60%) respondeu
não ter o costume de ler, enquanto 22% confessam não gostar: assistir
a TV é o passatempo preferido dos brasileiros.
Ubiratan Brasil - O Estadão. Disponível em: <http://www.estadao.eom.br/estadaodehoie/20100222/
notimp514234.0.php>. Acesso em: 19 set. 2010.

( v ) Para Platão, o falso saber é a doxo, isto é, a opinião; na alegoria da


caverna o falso saber equivale às sombras.
( v ) Ao comparar a reportagem à alegoria da caverna, pode-se concluir
que buscar o saber nas sombras da caverna equivale a buscar o sa-
ber, exclusivamente, nos programas da televisão.
( F ) Para Platão, o verdadeiro conhecimento deve ser obtido pelos sen-
+ +
tidos do corpo, pois são a única fonte segura do saber.
+ +
( F ) Ao comparar o trecho da reportagem a alegoria da caverna, pode-se
concluir que a televisão é uma fonte segura de conhecimentos, pois
apresenta o mundo como realmente ele é.

+ +

+ +


- _J 1

+- + + <

-
Atividades +- + + <

1 (Enem, 2013)
A raposa e as uvas
(Casa de Xantós, em Samos. Entradas à D., E. e F. Um gongo.
Uma mesa. Cadeiras. Um "clismos*". Pelo pórtico, ao fundo, vê-se
o jardim. Estão em cena Cleia, esposa de Xantós, e Melita, escrava.
Melita penteia os cabelos de Cleia.)
MELITA: - (Penteando os cabelos de Cleia.) Então Rodópis con-
tou que Crisipo reuniu os discípulos na praça, apontou para o teu
marido e exclamou: "Tens o que não perdeste". Xantós respondeu:
"É certo". Crisipo continuou: "Não perdeste chifres". Xantós concor-
dou: "Sim". Crisipo finalizou: "Tens o que não perdeste; não perdeste
chifres, logo os tens". (Cleia ri.) Todos riram a valer.
CLEIA: - É engenhoso. É o que eles chamam sofisma. Meu mari-
do vai à praça para ser insultado pelos outros filósofos?
MELITA: - Não; Xantós é extraordinariamente inteligente ... No
meio do riso geral, disse a Crisipo: "Crisipo, tua mulher te engana, e +- + + <
no entanto não tens chifres: o que perdeste foi a vergonha!" E aí os
+- + + <
discípulos de Crisipo e os de Xantós atiraram-se uns contra os outros ...
CLEIA: - Brigaram? (Assentimento de Melita) Como é que Rodó-
pis soube disto?
MELITA: - Ela estava na praça.
CLEIA: - Vocês, escravas, sabem mais do que se passa em Samos
do que nós, mulheres livres ...
MELITA: -As mulheres livres ficam em casa. De certo modo são
mais escravas do que nós. +- + + <
CLEIA: - É verdade. Gostarias de ser livre?
MELITA: - Não, Cleia. Tenho conforto aqui, e todos me conside-
+- + + <
ram. É bom ser escrava de um homem ilustre como teu marido. Eu
poderia ter sido comprada por algum mercador, ou algum soldado, e
no entanto tive a sorte de vir a pertencer a Xantós.
CLEIA: - Achas isto um consolo?
MELITA: - Uma honra. Um filósofo, Cleia!
CLEIA: - Eu preferia que ele fosse menos filósofo e mais marido.
Para mim os filósofos são pessoas que se encarregam de aumentar o
número de substantivos abstratos.
MELITA: - Xantós inventa muitos?
CLEIA: - Nem ao menos isto. E aí é que está o trágico: é um filó-
sofo que não aumenta o vocabulário das controvérsias. Já terminaste?
MELITA: - Quase. É bom pentear teus cabelos: meus dedos ad-
quirem o som e a luz que eles têm. Xantós beija os teus cabelos?
(Muxoxo de Cleia.) Eu admiro teu marido.
CLEIA: - Por que não dizes logo que o amas? Gostarias bastante
se ele me repudiasse, te tornasse livre e se casasse contigo ...
MELITA: - Não digas isto ... Além do mais, Xantós te ama ...
(*) Espécie de cama para recostar-se.
CLEIA: - À sua maneira. Faço parte dos bens dele, como tu, as
outras escravas, esta casa ...
+ + MELITA: - Sempre que viaja te traz presentes.
CLEIA: - Não é o amor que leva os homens a dar presentes às
esposas: é a vaidade; ou o remorso.
MELITA: - Xantós é um homem ilustre.
CLEIA: - É o filósofo da prosperidade: "Os homens são desiguais:
a cada um toca uma dádiva ou um castigo". É isto democracia gre-
ga ... É o direito que o povo tem de escolher o seu tirano: é o direito
que o tirano tem de determinar: deixo-te pobre; faço-te rico; deixo-te
+ +
livre; faço-te escravo. É o direito que todos têm de ouvir Xantós dizer
que a injustiça é justa, que o sofrimento é alegria, e que este mundo
+ + foi organizado de modo a que ele possa beber um bom vinho, ter
uma bela casa, amar uma bela mulher. Já terminaste?
MEIITA: - Um pouco mais, e ainda estarás mais bela parn teu filósofo.
CLEIA: - O meu filósofo... Os filósofos são sempre criaturas
cheias demais de palavras ...
(Guilherme Figueiredo. Um deus dormiu lá em casa, 1964.)

Entre as frases, extraídas do texto, aponte a que consiste num raciocínio


fundamentado na percepção de uma contradição:
a) Tenho conforto aqui, e todos me consideram.
x b) As mulheres livres ficam em casa. De certo modo são mais escravas
do que nós.
c) É bom pentear teus cabelos: meus dedos adquirem o som e a luz que
eles têm.
d) Os filósofos são sempre criaturas cheias demais de palavras ...
e) Xantós é extraordinariamente inteligente ...

2 (UEL)
+ +
No livro Através do espelho e o que Alice encontrou por lá, a Rainha
+ + Vermelha diz uma frase enigmática:
Pois aqui, como vê, você tem de correr o mais que pode para
continuar no mesmo lugar.
CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p. 186.

Já na Grécia antiga, Zenão de Eleia enunciara uma tese também enig-


mática, segundo a qual o movimento é ilusório, pois
+ +
numa corrida, o corredor mais rápido jamais consegue ultrapas-
sar o mais lento, visto o perseguidor ter de primeiro atingir o ponto
+ +
onde partiu o perseguido, de tal forma que o mais lento deve manter
sempre a dianteira.
ARISTÓTELES. Física. Z 9,239 b 14. ln: KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os pré-socráticos. 4. ed.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p. 284.

Com base no problema filosófico da ilusão do movimento em Zenão de


Eleia, é correto afirmar que seu argumento
a) baseia-se na observação da natureza e de suas transformações, resultan-
do, por essa razão, numa explicação naturalista pautada pelos sentidos.
b) confunde a ordem das coisas materiais (sensível) e a ordem do ser
(inteligível), pois avalia o sensível por condições que lhe são estranhas.
x c) ilustra a problematização da crença numa verdadeira existência do
mundo sensível, à qual se chegaria pelos sentidos.
d) mostra que o corredor mais rápido ultrapassará inevitavelmente o cor-
redor mais lento, pois isso nos apontam as evidências dos sentidos.
e) pressupõe a noção de continuidade entre os instantes, contida no


pressuposto da aceleração do movimento entre os corredores .
CD W11IDCÜCD

Atividades
1 (UEA)
É no princípio do século VI a.C., na Grécia, que homens como
Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes inauguram um novo
modo de reflexão concernente à natureza, tomada como objeto de
investigação sistemática e desinteressada.
VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Adaptado.

O texto faz referência:


a) à perseguição sofrida pelos pensadores na Grécia Antiga, como exem-
plifica a morte de Sócrates, que contestou a hierarquia religiosa.
x b) ao fato de haver surgido, na Grécia Antiga, uma interpretação do
universo que dispensava o recurso a forças sobrenaturais.
c) à democracia, regime de governo criado na Grécia Antiga e que asse-
gurava a participação dos cidadãos nos debates da pólis.
d) à persistência, na Grécia Antiga, de concepções filosóficas elaboradas
no Oriente pelos fenícios, mesopotâmicos e egípcios.
e) a importantes líderes políticos e religiosos da Grécia Antiga, conside-
rados representantes diretos dos deuses na Terra.

2 (Unesp) +- + +- +

Texto 1 +- + +- +

Porque morrer é uma ou outra destas duas coisas: ou o morto


não tem absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência
do que quer que seja, ou, como se diz, a morte é precisamente uma
mudança de existência e, para a alma, uma migração deste lugar para
um outro. Se, de fato, não há sensação alguma, mas é como um sono,
a morte seria um maravilhoso presente. [. . .] Se, ao contrário, a morte
é como uma passagem deste para outro lugar, e, se é verdade o que
se diz que lá se encontram todos os mortos, qual o bem que poderia
existir, ó juízes, maior do que este? Porque, se chegarmos ao Hades,
libertando-nos destes que se vangloriam serem juízes, havemos de
encontrar os verdadeiros juízes, os quais nos diria que fazem justiça
acolá: Morros e Radamante, Éaco e Triptolemo, e tantos outros deu-
ses e semideuses que foram justos na vida; seria então essa viagem
uma viagem de se fazer pouco caso? Que preço não seríeis capazes
de pagar, para conversar com Orfeu, Museu, Hesíodo e Homero?
PLATÃO. Apologia de Sócrates, 2000.
Texto 2

+ +
Ninguém sabe quando será seu último passeio, mas agora é pos-
sível se despedir em grande estilo. Uma 300C Touring, a versão perua
do sedã de luxo da Chrysler, foi transformada no primeiro carro fu-
nerário customizado da América Latina. A mudança levou sete meses,
custou R$ 160 mil e deixou o carro com oito metros de comprimento
e 2 340 kg, três metros e 540 kg além da original. O Funeral Car
300C tem luzes piscantes na já imponente dianteira e enormes ro-
+ +
das, de aro 22, com direito a pequenos caixões estilizados nos raios.
Bandeiras nas pontas do capô, como nos carros de diplomatas, dão
um toque refinado. Com o chassi mais longo, o banco traseiro foi
+ +
mantido para familiares acompanharem o cortejo dentro do carro.
No encosto dos dianteiros, telas exibem mensagens de conforto. O
carro faz parte de um pacote de cerimonial fúnebre que inclui, além
do cortejo no Funeral Car 300C, serviços como violinistas e revoada
de pombas brancas no enterro.
Funeral tunado. Folha de S.Paulo, 28 fev. 2010.

Confrontando o conteúdo dos dois textos, pode-se afirmar que:


a) embora os dois textos transmitam concepções divergentes acerca da
morte, eles tratam de visões concernentes à mesma época, a saber,
a sociedade atual.
b) sob o ponto de vista filosófico, não há diferenças qualitativas entre
uma e outra concepção sobre a morte.
c) os comentários do texto grego sobre a morte são coerentes com uma
filosofia de forte valorização do corpo em detrimento da alma, e do
mundo sensível sobre o mundo inteligível.

e + + ~ <
d) o texto de Platão evidencia uma cultura monoteísta, enquanto que o
segundo é politeísta.
e + + ~ <
X e) enquanto no primeiro texto transparece a dignidade metafísica da
morte, no segundo sugere-se a conversão do funeral em espetáculo
da sociedade de consumo.

3 (UEM) Segundo Marilena Chaui, a metafísica consiste na construção de


um sistema teórico a partir da investigação filosófica em torno de uma
+ + pergunta fundamental: "O que é?".
CHAUI, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005. p. 180.

3. Soma= 1:slõ'i + 02 + 04 + 08) Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.
01) David Hume, na obra Investigação sobre o entendimento humano,
afirma que os tratados de metafísica deveriam ser lançados ao fogo,
pois são compêndios de sofismas e ilusões.
02) O nome "metafísica" (meto: "depois", "após"+ tà physico: "aqueles
da física") surge por acaso. Andrônico de Rodes organizou as obras
de Aristóteles sobre o tema, colocando-as depois dos tratados de
Física ou da natureza.
04) Para Aristóteles, os livros de metafísica eram denominados de escri-
tos de Filosofia primeira.
08) No séc. XVII, Jacobus Thomasius considerou que a palavra correta
para designar os estudos de metafísica deveria ser "ontologia".
16) Contemporaneamente, o estudo das essências e das causas primei-
ras de todas as coisas é chamado de holismo hiperbólico dos entes.


Dê como resposta a soma das alternativas corretas .
4 (UEMA) A Filosofia nasceu na Jônia no final do século VII a.e. O conteúdo
que norteia a preocupação dos filósofos jônicos é de natureza:
+ <
a) Mitológica.
b) Antropológica.
c) Religiosa.
x d) Cosmológica.
e) Política.
+- + + <
5 (UEL)
E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme +- + + <

e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos


não seriam capazes de a abalar.
DESCARTES, R. Discurso do Método. Tradução de J. Guinsburg e Bento Prado Júnior.
São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 46.

Com base na citação acima e nos conhecimentos sobre Descartes, assinale


a alternativa correta:
a) Para Descartes, é mais fácil conhecer o corpo do que a alma.
x b) Descartes estabelece que a alma tem uma natureza puramente
intelectual.
c) Segundo Descartes, a verdade da res extenso precede a verdade da
res cogitons.
d) Oeu penso, Jogo existo revela a perspectiva cartesiana em considerar
primeiramente aquilo que é complexo.
e) A união da alma e do corpo revela que eles possuem a mesma
substância.
+- + + <

& (UFAL) Considere o texto. +- + + <

O verdadeiro substrato do mito não é de pensamento, mas de


sentimento. O mito e a religião primitiva não são, de maneira alguma,
totalmente incoerentes, nem destituídos de senso ou de razão; mas
sua coerência depende muito mais da unidade de sentimento que de
regras lógicas.
CASSIRER, Ernest. Antropologia filosófica. São Paulo: Mestre Jou, s/ d. p. 134.
+- + + <
Analise as proposições sobre o conhecimento mítico, procurando identi-
ficar as que estejam em consonância com as ideias que o autor tem em
+- + + <
relação ao mito.
( v ) O mito é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o
seu lugar entre os demais seres da natureza.
( v ) A verdade do mito não obedece a lógica nem da verdade empírica,
nem da verdade científica.
( F ) O pensamento mítico tem como fundamento o racionalismo, isto é,
a confirmação do real.
( v ) O mito nasce do desejo de dominação do mundo, para afugentar o
medo e a insegurança.
( F ) O mito é sempre um pensamento individual, que vira uma história
ou uma lenda particular.

7 (Unimontes) No mundo grego, podemos encontrar uma série de relatos


mitológicos sobre diversos aspectos da vida humana, da natureza, dos
deuses e do universo. Dois tipos de relatos merecem destaque: as cos-
mogonias e teogonias. Os relatos citados tratam da:

c®nette.
a) origem dos homens e das plantas.
x b) origem do cosmo e dos deuses.
+ +
c) origem dos deuses e dos homens.
d) origem do cosmo e das plantas.

8 (UEL) A ciência moderna sofreu uma série de transformações em relação


à ciência antiga. Assinale a alternativa que apresenta uma das caracterís-
ticas da ciência moderna resultante dessa transformação.
+ +
a) A submissão do saber ao conhecimento teórico, para o qual é irrele-
vante a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
+ + b) A subordinação da razão humana à fé religiosa, com a defesa da con-
cepção de verdade como revelação.
c) A primazia da análise das qualidades dos corpos em si mesmos, tais
como cor, odor, tamanho e peso.
x d) A valorização do saber experimental, que visa à apropriação, ao con-
trole e à transformação da natureza.
e) O predomínio da concepção de natureza hierarquizada, segundo uma
ordem divina.

g (UFU) Considere as seguintes afirmações de Aristóteles e assinale a alter-


nativa correta.
1. " ... éa ciência dos primeiros princípios e das primeiras causas."
li. " ... é a ciência do ser enquanto ser."
Que ciência é essa ou quais ciências são essas?
a) A Ética ou a Política.
+ + b) A Física e a Metafísica.
+ + c) A História e a Metafísica.
x d) A Filosofia Primeira ou a Metafísica.

10. spma =-22 (02 + 04 + 16) 10 (UEM) A dialética idealista de G. W. F. Hegel criticou o inatismo, o empi-
rismo e o criticismo kantiano. Hegel opõe-se à concepção de uma razão
intemporal; na filosofia hegeliana, a racionalidade não é mais um mode-
lo a ser aplicado, mas é o próprio tecido do real e do pensamento. Contra
+ +
a concepção intemporal da razão, Hegel afirma que a razão é história, e
isso é o que há nela de mais essencial. Assinale o que for correto.
+ + 01) Sendo a razão história, ela se torna, para Hegel, relativa, isto é, o que
vale hoje não vale mais amanhã, nenhuma época pode, portanto,
alcançar verdades universais.
02) O movimento dialético da razão se realiza, para Hegel, em três mo-
mentos, na apresentação de uma tese, enquanto afirmação, na
constituição de uma antítese, como negação da tese, e na formação
de uma síntese, como superação da antítese.
04) Para Hegel, a história não é a simples acumulação e justaposição de
fatos e de acontecimentos no tempo, mas resulta de um processo
cujo motor interno é a contradição dialética.
08) A concepção de história de Hegel e a concepção de história formula-
da por Marx no materialismo histórico são idênticas.
16) Hegel critica Jean-Jacques Rousseau e lmmanuel Kant por terem
dado mais atenção à relação entre sujeito humano e natureza do que
à relação entre sujeito humano e cultura ou história.


Dê como resposta a soma das alternativas corretas .
Atividades
1 (Unesp)
O cônsul do Haiti em São Paulo, George Samuel Antoine, afir-
mou que a tragédia em seu país "está sendo boa" para que os hai-
tianos fiquem mais conhecidos no Brasil. O diplomata não sabia que
estava sendo filmado. As imagens apareceram em reportagem do
telejornal SBT Brasil, na noite de quinta feira (14). "A desgraça de lá
está sendo uma boa pra gente aqui, fica conhecido", disse o cônsul.
Antoine atribuiu o desastre em seu país a maldições: "Acho que, de
tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo ... O africano em
si tem maldição". Depois de criticar as religiões africanas, Antoine
aparece, durante a entrevista, segurando um terço. "Esse terço nós
usamos porque dá energia positiva, acalma as pessoas. Como estou
muito tenso, deprimido com o negócio do Haiti, a gente fica mexen-
do com vários para se acalmar", afirmou o cônsul. Na mesa, há outro
terço além do que ele está segurando.
Revista tpoca, 15 jan. 201 O. Adaptado.

Assinale a alternativa correta.


a) As declarações do cônsul do Haiti transmitem uma visão positiva so-
bre valores e práticas culturais de origem africana.
b) A crítica de Antoine às religiões africanas expressa uma visão de +- + +- +

mundo marcada pela tolerância religiosa.


c) O ponto de vista do cônsul pode ser caracterizado como uma visão de +- + +- +

mundo racionalista.
d) Para o cônsul, a explicação dos motivos que provocaram o terremoto
no Haiti relaciona-se exclusivamente com causas físicas, excluindo
possíveis intervenções de entidades religiosas.
x e) As declarações do cônsul haitiano revelam uma concepção mística
sobre a realidade.

2 (UEG)
Certa vez, o governo do estado da Virgínia, nos Estados Unidos,
sugeriu a uma tribo de índios que enviasse alguns de seus jovens
para estudar nas escolas dos brancos. Na carta-resposta, o cacique
indígena Seattle recusa. Eis um trecho da carta: "[. ..] Nós estamos con-
vencidos, portanto, de que os senhores desejam o nosso bem e agra-
decemos de todo coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem
que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo
assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia
de educação não é a mesma que a nossa. [. ..] Ficamos extremamen-
+ + te agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la,
para mostrar a nossa gratidão concordamos que os nobres senhores
de Virgínia nos enviem alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos
tudo o que sabemos e faremos deles homens".
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? 33. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995. p. 8-9.

Sobre a questão central do texto, é correto afirmar:


+ + a) a recusa por parte do cacique indígena demonstra a dificuldade de
aculturação desses povos e a dificuldade de incorporar valores e cos-
tumes civilizados.
+ +
b) ao dizer que a "ideia de educação não é a mesma que a nossa", o
cacique Seattle está afirmando que a educação obtida nas tribos indí-
genas é superior à educação recebida nas escolas dos brancos.
x c) essa carta dos indígenas aos brancos mostra que não há um modelo
único, uma forma única de educação; educar é transmitir aos indiví-
duos os valores, os conhecimentos, as técnicas, o modo de viver,
enfim, a cultura do grupo.
d) ao sugerir que os "nobres senhores de Virgínia nos enviem alguns de
seus jovens[ ... ] que faremos deles homens", o cacique está insinuan-
do que somente ao aprender a caçar, pescar e guerrear é que o indi-
víduo desenvolve traços que evidenciam sua masculinidade.

3 (Unimontes) O mundo que resulta do pensar e do agir humano não pode


ser chamado natural, pois encontra-se transformado e ampliado por nós.
A tarefa de produzir, construir e ampliar os valores materiais e espirituais
é parte da tarefa do cultivo de toda sociedade. Ao trato, construção e
elaboração dos valores materiais e espirituais de um povo podemos de-
+ +
nominar de:
+ +
a) fabricação. c) educação.
x b) cultura. d) espiritualização.

4 (UFPA) Tendo em vista as análises de Karl Marx e Friedrich Engels sobre


o conceito de ideologia, é possível afirmar:
x a) O conjunto de ideias da classe dominante é, em todas as épocas, o
+ + dominante. Equando uma nova classe passa a dominar, ela apresenta
o seu interesse como o interesse de todos os membros da sociedade.
+ +
b) Um dos aparelhos ideológicos que reproduzem valores etnocêntricos
das classes sociais dominadas é a educação. E quando a educação
formal visa à educação política, há possibilidades de desenvolvimen-
to que não se restrinja ao crescimento econômico.
c) A ideologia é determinante do modo de ser, pensar e agir de uma
sociedade e possibilita a extinção das particularidades culturais por
meio da relativização e da coligação, entre si, dos membros da classe
política para se constituírem em grupo homogêneo e solidário.
d) A ideologia é uma noção universalmente desejada, pois propõe a
neutralidade nas análises do processo de acumulação capitalista em
escala global, e é um meio de escolher democraticamente as pessoas
encarregadas de tomar decisões.
e) Das legitimações básicas do domínio, a liderança para o bem-estar
para todos é aquela em que há autoridade pelo dom da graça. Essa
liderança consiste na ideia de que a menor intervenção do poder
público permite que as forças do livre mercado proporcionem o de-


senvolvimento e a intensificação das contradições sociais .
5 (Unesp)
Nas Grandes Antilhas, alguns anos após a Descoberta da Améri- 5. Segundo o texto de Lévi-Strauss, os
ca, enquanto os espanhóis enviavam comissões de investigação para critérios que definem o grau de progresso
de determinada civilizacão ou cultura
indagar se os indígenas possuíam ou não alma, estes últimos dedica- são relativod, pois corréspondem a uma
vam-se a afogar os brancos feitos prisioneiros para verificarem através vi.30 unilateral. .f. "barbárie" consiste
de uma investigação prolongada se o cadáver daqueles estava ou não exatamente em não se aceitar uma
sujeito à putrefação. Esta anedota simultaneamente barroca e trágica cultura diferente, justamente por conta
dessa visão unilateral. Assim ocorreu
ilustra bem o paradoxo do relativismo cultural: é na própria medida com os europeus em1 relação à América
em que pretendemos estabelecer uma discriminação entre as cultu- e a outras parte do mundo: acreditando
ras e os costumes, que nos identificamos mais completamente com serem os verdadeiramente ciD)Lza~ ,
aqueles que pretendemos negar. Recusando a humanidade àqueles impuse?am sua cultura àqueles que
eram "diferenter,ta1<ancrlo-lhes de
que surgem como os mais "selvagens" ou "bárbaros" dos seus repre- "selvagens" ou "bárbarosl.A real J!);Q.ção
sentantes, mais não fazemos que copiar-lhes suas atitudes típicas. O de civilização im plica a superaçãoJdas
bárbaro é em primeiro lugar o homem que crê na barbárie. distinções em favor de um entendimento
e interp~ ção acerca da diversidade
LÉVI-STRAUSS, Claude. Raça e História. 1987.
cultural.
Considerando o texto do antropólogo Lévi-Strauss, responda se os crité-
rios que definem o grau de progresso de determinada civilização ou cul-
tura são absolutos ou relativos. Explique o conceito de "bárbaro" para o
autor e indique as implicações de seu pensamento para a análise da
justificação ideológica da dominação da civilização ocidental sobre outras
civilizações na história.

(UFU) Conforme aponta Roque de Barros Laraia (1986) em Cultura um


6 conceito antropológico, as diferenças culturais podem ser percebidas ob-
jetivamente por meio da observação do que Marcel Mauss chamou "téc-
nicas corporais" (Apud Laraia, op.cit.). Desse modo, em geral, pensamos
reconhecer um brasileiro ou um inglês, por exemplo, pela forma como
ele se comporta e não apenas pelo uso de idioma diferente. Nesse caso, r + + <

é incorreto afirmar que a cultura: r + + <

a) age sobre os corpos e sobre os atos que podem ser considerados na-
turais criando padrões socialmente reconhecidos.
b) interfere na natureza fazendo com que pessoas de culturas diferentes
reajam conforme seus próprios padrões culturais.
c) ao criar rituais, interage com o mundo natural e é capaz de transfor-
mar atos naturais, como se alimentar. r + + <
X d) se relaciona com modos de ver o mundo e com comportamentos
geneticamente determinados.
r + + <

r-
(UEM) Ao discorrer sobre ideologia, Marilena Chaui afirma que: 7. Soma = 09 (0M+
1 08)

[. ..] a coerência ideológica não é obtida malgrado as lacunas,


mas, pelo contrário, graças a elas. Porque jamais poderá dizer tudo
até o fim, a ideologia é aquele discurso no qual os termos ausen-
tes garantem a suposta veracidade daquilo que está explicitamente
afirmado.
CHAUI, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1981. p. 04.

Considerando o texto acima e o conceito de ideologia para Karl Marx,


assinale o que for correto.
01) Na maioria das sociedades capitalistas, as desigualdades são oculta-
das pelos princípios ideológicos que afirmam a importância dos se-
guintes elementos: o progresso, o "vencer na vida", o individualis-
mo, a mínima presença do Estado na economia e a soberania popular
por meio da representação.

c®nette.
02) Ideologia corresponde às ideias que predominam em uma determi-
nada sociedade, portanto expressa a realidade tal qual ela é na sua
+ + objetividade.
04) Uma pessoa pode elaborar uma ideologia, construir uma "questão"
individual sem interferências anteriores e influências comunitárias
para a sua sustentação. Assim, com base em sua própria ideologia,
ela poderá refletir e agir em sua sociedade.
08) Na sociedade brasileira, a ideologia da democracia racial afirma que
índios, negros e brancos vivem em harmonia, com igualdade de con-
+ +
dições. Essa formulação omite as desigualdades étnicas existentes
no país.
+ +
16) Ideologia consiste em ideias que predominam na sociedade e que,
por isso, são internalizadas por todos os indivíduos. Portanto não
existem possibilidades de se romper com seus pressupostos.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

8 (Enem)

HAGAR CHRIS BROWNE


HAMLET, QISTEM AP€NAS
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De acordo com a história em quadrinhos protagonizada por Hagar e seu


filho Hamlet, pode-se afirmar que a postura de Hagar:
a) valoriza a existência da diversidade social e de culturas, e as várias
representações e explicações desse universo.
x b) desvaloriza a existência da diversidade social e as várias culturas, e
determina uma única explicação para esse universo.
+- + c) valoriza a possibilidade de explicar as sociedades e as culturas a partir
de várias visões de mundo.
+- +
d) valoriza a pluralidade cultural e social ao aproximar a visão de mundo
de navegantes e não navegantes.
e) desvaloriza a pluralidade cultural e social, ao considerar o mundo
habitado apenas pelos navegantes.

9 (UEL)
A cultura constitui, portanto, um processo pelo qual os homens
orientam e dão significado às suas ações através de uma manipulação
simbólica, que é atributo fundamental de toda prática humana. Nesse
sentido, toda análise de fenômenos culturais é necessariamente análi-
se da dinâmica cultural, isto é, do processo permanente de reorgani-
zação das representações na prática social, representações estas que
são simultaneamente condição e produto desta prática.
Fonte: DURHAM, E. R. A dinâmica cultural da sociedade moderna.


ln: Ensaios de Opinião, n. 4, São Paulo, 1977, p. 13 .
Com base no texto acima, é correto afirmar que:
a) Cultura significa a manipulação da prática humana que reorganiza e
+ <
dinamiza os fenômenos sociais.
b) Dinâmica cultural é a reprodução de toda prática humana em fenô-
menos culturais, que são estáticos por natureza.
x c) Fenômenos culturais são dinâmicos porque são representações de
práticas sociais que estão em permanente reorganização.
d) Práticas sociais são dinâmicas porque a cultura é uma manipulação
simbólica, sujeita a variações simultâneas de significados por parte +- + + <

dos homens.
e) Dinâmica cultural é a manipulação simultânea de significados simbólicos +- + + <

por parte dos homens.

10 (Unesp)
Coisas que este livro fará por você: facilitar-lhe-á fazer amigos
rápida e facilmente; aumentará sua popularidade; ajudá-lo-á a con-
quistar pessoas para seu modo de pensar; aumentará sua influência,
seu prestígio, sua habilidade em obter a realização das coisas; facili-
tar-lhe-á conseguir novos clientes, novos fregueses; aumentará suas
rendas; tomá-lo-á um melhor vendedor, um melhor diretor; ajudá-
-lo-á a resolver reclamações, evitar discussões e manter seus conta-
tos humanos agradáveis e suaves; torná-lo-á um melhor orador, um
conversador mais atraente; tomará os princípios de psicologia fáceis
para que você os aplique nos seus contatos diários.

CARNEGIE, Dai e. Como fazer amigos e influenciar pessoas. 1936.

Se alguma coisa há que esta vida tem para nós, e, salvo a mesma
+- + + <
vida, tenhamos que agradecer aos Deuses, é o dom de nos desco-
nhecermos: de nos desconhecermos a nós mesmos e de nos desco- +- + + <

nhecermos uns aos outros. A alma humana é um abismo obscuro e


viscoso, um poço que não se usa na superfície do mundo. Ninguém
se amaria a si mesmo se deveras se conhecesse, e assim, não ha-
vendo a vaidade, que é o sangue da vida espiritual, morreríamos na
alma de anemia. Ninguém conhece outro, e ainda bem que o não
conhece, e, se o conhecesse, conheceria nele, ainda que mãe, mulher
ou filho, o íntimo, metafísico inimigo. +- + + <

PESSOA, Fernando. Livro do desassossego. 1931.

+- + + <
Sobre os dois textos, é correto afirmar:
x a) A obra de Dale Carnegie transmite nítida visão instrumental acerca
das relações humanas.
b) Os dois textos transmitem uma visão cética sobre a importância da
psicologia para o desenvolvimento humano.
c) Embora escritos na década de 30 do século passado, ambos os textos
podem ser considerados precursores do estilo atualmente conhecido
como autoajuda.
d) O texto de Fernando Pessoa transmite uma visão edificante acerca
das relações humanas.
e) Os dois textos valorizam a importância da inteligência emocional nas
relações humanas.

csnecte.
r r r rrr Atividades
1. Soma = 28 (04 + 08 + 76) 1 (UEM) A linguagem verbal é um sistema de símbolos que permite aos
seres humanos ultrapassarem os limites da experiência vivida e organi-
zar essa experiência sob forma abstrata, conferindo sentido ao mundo.
Assinale o que for correto.
01) A linguagem humana, da mesma forma que as linguagens de com-
putador, é altamente estruturada e, por isso, inflexível; não fosse
assim, a comunicação entre as pessoas seria impossível.
02) A linguagem oral é o único meio à disposição do homem para sua co-
municação e o estabelecimento de relações com os outros indivíduos.
04) A formação do mundo cultural depende fundamentalmente da lin-
guagem. Pela linguagem, o homem deixa de reagir somente ao pre-
sente imediato, podendo pensar o passado e o futuro e, com isso,
construir o seu projeto de vida.
+ + +- +

+ + +- +
08) Os nomes são símbolos ou representações dos objetos do mundo
real e das entidades abstratas. Como representações, os nomes têm
o poder de tornar presente para nossa consciência o objeto que não
está dado aos sentidos.
16) O homem é a única espécie animal dotada da capacidade de lingua-
gem mediante a palavra e faz uso de símbolos, isto é, refere-se às
coisas por meio de signos convencionados, enquanto na linguagem
+ + +- +
de outros animais os signos são índices.
Apresente como resposta a soma das alternativas corretas.
+ +
As questões de números 02 a 04 tomam por base o seguinte fragmento
do livro Reflexões sobre o linguagem, de Noam Chomsky (1928-):
Por que estudar a linguagem? Há muitas respostas possíveis e, ao
focalizar algumas delas, não pretendo, é claro, depreciar outras ou
questionar sua legitimidade. Algumas pessoas, por exemplo, podem
simplesmente achar os elementos da linguagem fascinantes em si mesmos
e querer descobrir sua ordem e combinação, sua origem na história ou
no indivíduo, ou os modos de sua utilização no pensamento, na ciência
ou na arte, ou no intercurso social normal. Uma das razões para estudar
a linguagem - e para mim, pessoalmente, a mais premente delas - é
a possibilidade instigante de ver a linguagem como "um espelho do
espírito", como diz a expressão tradicional. Com isto não quero apenas
dizer que os conceitos expressados e as distinções desenvolvidas no
uso normal da linguagem nos revelam os modelos do pensamento e
o universo do "senso comum" construídos pela mente humana. Mais


intrigante ainda, pelo menos para mim, é a possibilidade de descobrir,
através do estudo da linguagem, princípios abstratos que governam sua
estrutura e uso, princípios que são universais por necessidade biológica
e não por simples acidente histórico, e que decorrem de característi- + <

cas mentais da espécie. Uma língua humana é um sistema de notável


complexidade. Chegar a conhecer uma língua humana seria um feito
intelectual extraordinário para uma criatura não especificamente dotada
para realizar esta tarefa. Uma criança normal adquire esse conheci-
mento expondo-se relativamente pouco e sem treinamento específico.
Ela consegue, então, quase sem esforço, fazer uso de uma estrutura
intrincada de regras específicas e princípios reguladores para transmitir +- + + <

seus pensamentos e sentimentos aos outros, provocando nestes ideias


novas, percepções e juízos sutis. +- + + <
CHOMSKY, Noam. Reflexões sobre a linguagem. Trad. Carlos Vogt. São Paulo: Editora Cultrix, 1980.

2 (Unesp) No início do fragmento, Chomsky afirma que há muitos motivos


para estudar a linguagem e aponta alguns deles. Releia o fragmento e, a
seguir, assinale a única alternativa que contém um objetivo de estudo da
linguagem não mencionado pelo autor:
a) verificar os modos de utilização dos elementos da linguagem no
pensamento.
x b) descobrir os efeitos da utilização dos elementos da linguagem huma-
na sobre os animais próximos ao homem.
c) descobrir a ordem e combinação dos elementos da linguagem.
d) identificar a origem dos elementos da linguagem na história.
e) verificar os modos de utilização dos elementos da linguagem na
ciência e na arte.

3 (Unesp) Lendo atentamente o fragmento apresentado, percebemos que


+ +
Chomsky considera que os princípios abstratos e universais que regem a +- <

linguagem decorrem de características mentais da espécie. Isso significa +- + + <

que considera a linguagem ligada:


a) ao plano da divindade.
b) a acidentes históricos.
c) a fenômenos aleatórios da natureza.
x d) ao plano biológico.
e) à necessidade de sobrevivência. +- + + <

4 (Unesp) Chomsky usa para explicar seu ponto de vista uma expressão +- + + <

tradicional: a linguagem como "espelho do espírito". O autor quer dizer,


ao utilizar tal imagem,
a) que a linguagem é o melhor meio de comunicação entre os homens.
b) que o estudo da linguagem tem de se basear em fundamentos rigo-
rosamente científicos.
x c) que descobrir como a linguagem funciona pode conduzir ao conheci-
mento de como o pensamento funciona.
d) que a linguagem, como um espelho, pode revelar o espírito, mas não
em sua totalidade.
e) que o homem tem um modo de ser peculiaríssimo que não se revela
pela linguagem.

5 (UEG) Aristóteles, na sua obra A Político, afirma que o homem é um ani-


mal político porque é dotado de linguagem, um sistema de signos ou
sinais, que indica coisas, estabelece a comunicação entre os seres huma-
nos, exprime pensamentos, sentimento e valores. Nesse sentido, o lugar
na pólis em que os gregos uniam a política com linguagem, por meio da
+ + discussão pública, era a:
a) Acrópole. c) Ástey.
x b) Ágora. d) Khora.

6 (UFSM) Em filosofia da linguagem, costuma-se distinguir entre a exten-


são e a compreensão de um termo ou categoria. Considere, então, as
+ + seguintes afirmações:
1. A extensão do termo zebro é o conjunto das zebras.
+ + li. A compreensão do termo zebro é dada pelo conjunto das zebras.
Ili. A compreensão do termo zebro é fornecida por um conjunto de pro-
priedades, como "animal mamífero, quadrúpede, da família dos
equídeos, de crina ereta e pelagem esbranquiçada listrada de negro
ou marrom-escuro".
Está(ão) correta(s):
a) apenas 1. d) apenas I e li.
b) apenasll. x e) apenas I e Ili.
c) apenas Ili.

7 (UFU) A questão dos universais percorre praticamente toda a Idade Média.


O ponto central dessa discussão é saber se tais termos são realidades ou
coisas que existem por si mesmos ou se são apenas entidades mentais
e, além disso, se existem nas coisas ou separados delas. Ciente disso, a
respeito da questão dos universais, marque para as afirmativas abaixo
(V) verdadeira, (F) falsa ou (50) sem opção.
( F ) No vocabulário dos pensadores medievais, o "universal" significa
+ +
apenas as coisas abstratas, como "alegria", "fé" ou "liberdade", e
+ + não as concretas, como "rosa", "asno" ou "árvore".
( v ) Chama-se realismo a posição filosófica que considera que os univer-
sais são entidades que existem por si e separados das coisas.
( F ) A questão dos universais pertence apenas à parte da filosofia que se
denomina Lógica.
( v ) Trata-se de uma posição dos nominalistas a ideia de que os univer-
+ + sais não existem independentemente das coisas, são apenas con-
ceitos produzidos pela razão para referir-se a elas.
+ +
8 (UFSJ)
Olhem com atenção o seguinte exemplo: Quando se diz "Moisés
não existiu", isto pode significar diversas coisas. Pode significar: Os
israelitas não tiveram um guia quando saíram do Egito - ou: seu guia
não se chamava Moisés - ou: não houve um homem que tivesse re-
alizado tudo o que a Bíblia narra a respeito de Moisés - ou etc., etc.
- Segundo Russell, podemos dizer: o nome "Moisés" pode ser defini-
do por meio de diferentes descrições. Como, p. ex.: "O homem que
conduziu os israelitas através do deserto", "O homem que viveu neste
tempo e neste lugar e a quem, naquela época, chamavam 'Moisés', que
em criança foi retirado do Nilo pela filha do Faraó", etc. E, dependen-
do da definição que aceitamos, a proposição "Moisés existiu" adquire
um outro sentido, assim como qualquer outra proposição que trate
de Moisés. - E se nos dizem "N não existiu", questionamos também:
"O que você tem em mente? Quer dizer que ... , ou que ... , etc."


WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 58 .
Oexemplo dado pelo autor aponta para os seguintes aspectos da linguagem:
1) a definição de um nome pode ser feita por várias descrições;
+ <
li) o nome perde o sentido quando se faz mais de uma definição;
Ili) de acordo com a definição do nome, a proposição adquire novo sentido;
IV) a proposição tem sentido independente da definição;
V) a definição colabora para a clareza do sentido do nome.
Estão corretas as afirmativas:
x a) 1, Ili e V. +- + + <

b) 1,llelV.
c) 11, Ili e V. +- + + <

d) Ili, IV e V.

g (UFSM) Desde os anos 90, o governo brasileiro exige que as embalagens


de cigarro apresentem mensagens sobre os males que ele pode causar à
saúde. Um exemplo é: "O Ministério da Saúde adverte: crianças que con-
vivem com fumantes têm mais asma, pneumonia, sinusite e alergia".
O uso de linguagem apresentado no exemplo:
a) é informativo e contém uma ordem.
b) é performativo e subordina-se à informação veiculada.
c) é informativo e expressa um sentimento.
d) expressa um sentimento e está coordenado a um componente per-
formativo.
x e) é predominantemente informativo.

10 (UEM) 10. Soma= 30 (02 + 04 + 08 + 16)

A linguagem é um sistema de signos ou sinais usados para indicar +- + + <


as coisas, para a comunicação entre as pessoas e para a expressão de
ideias, valores e sentimentos.
CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1994. p. 151.

Através de leis que podem ser conhecidas, a linguagem constitui um


tema privilegiado para a filosofia desde o seu surgimento até nossos
dias. Sobre o exposto, assinale o que for correto.
+- + + <
01) Na Poética e na Retórica, Aristóteles fixa as formas e usos da lingua-
gem como resposta ao fenômeno da Torre de Babel, aperfeiçoando
a comunicação entre as pessoas. +- + + <

02) O positivismo lógico da Escola de Viena é o movimento contrário às


filosofias de conteúdo "oculto" e "profundo", tendo em vista a clareza
dos conceitos através da análise da linguagem.
04) Chama-se linguagem denotativa aquela que designa diretamente as
coisas, e linguagem conotativa aquela em que a palavra adquire sig-
nificados implícitos para além do vínculo direto e imediato que man-
tém com os objetos da realidade.
08) Chama-se sincronia da linguagem a sua parte atual ou presente, e
diacronia da linguagem o estudo das transformações que ela recebe
ao longo do tempo.
16) Platão, no Crótilo, estabelece as duas teses que comandam a ques-
tão sobre a origem das línguas, a saber: a tese de que os nomes são
naturais e adequados às coisas, e a tese de que os nomes são arbi-
trários e escolhidos pela convenção humana.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.
Atividades
1 (UEA)
Creio que a essência do ser humano é fabricar objetos e fabricar-se a
si mesmo. Homo faber. O Homo sapiens nasceu da reflexão do Homo
faber sobre aquilo que ele fabricava.
BERGSON, Henri. O pensamento e o movimento.

Segundo esse ponto de vista do filósofo francês Bergson (1859-1941), o


ser humano é definido como:
a) animal político.
b) ser irracional.
x c) produtor de tecnologia.
d) condenado a ser livre.
+ +
e) voltado para sua sobrevivência pessoal.
+ +

2 (Unimontes) Podemos dizer que o ser humano se faz pelo trabalho, por-
que, ao mesmo tempo em que produz coisas, torna-se humano, constrói
a própria subjetividade, desenvolve a imaginação, aprende a se relacio-
nar com os demais, a enfrentar conflitos, a exigir de si mesmo a supera-
ção das dificuldades. Com relação ao trabalho, podemos afirmar:
x a) Como condição de humanização, o trabalho liberta ao viabilizar proje-
+- + + + tos e concretizar sonhos.
b) Como condição de humanização, o trabalho escraviza e prejudica ao
+- + + + viabilizar projetos e concretizar sonhos.
c) Como condição de escravidão, o trabalho liberta ao viabilizar projetos
e concretizar sonhos.
d) Como condição de humanização, o trabalho não liberta ao viabilizar
projetos e concretizar sonhos.

3 (UEG) Sobre o conceito de alienação, é correto afirmar:


a) é um conceito de Émile Durkheim, que expressa a situação na qual
um indivíduo perde sua identidade, vivendo uma relação social na
qual há ausência de regras e normas.
x b) é um conceito de Karl Marx, que significa que o trabalhador perde o con-
trole do seu processo de trabalho e do seu produto, gerando um estranha-
mento em relação a ele, devido à existência da propriedade privada.
c) é um conceito de Karl Marx, que revela o processo de inversão da
realidade pela falsa consciência, trocando o determinante pelo deter-
minado, a essência pela aparência, a causa pelo efeito, tal como fize-


ram os ideólogos alemães .
d) é um conceito de Max Weber, que traduz para linguagem sociológica
o processo de racionalização e burocratização da vida moderna, no
qual a calculabidade dos fatores técnicos, a quantificação, a hierar- + <

quia e o sigilo são as características principais.

4 (Unesp)
Platão, na sociedade idealizada em sua obra República, reconhe-
ceu que a divisão do trabalho traz maiores benefícios à sociedade
e propicia um harmonioso intercâmbio de serviços. Para o filósofo +- + + <
grego, sendo os homens diferentes por natureza, cabe a cada um
estar no lugar em que melhor expresse sua habilidade. [.. .] O também
+- + + <
grego e filósofo Aristóteles apregoava que, nos Estados mais bem go-
vernados, a nenhum cidadão poderia ser permitido o exercício de
atividades ligadas às artes manuais, pois isso o impedia de dedicar
mais tempo à sua obrigação para com o Estado.
CARMO, Paulo Sérgio do. A ideologia do trabalho. Adaptado.

A partir das ideias de Platão e Aristóteles, pode-se concluir que há a defesa:


a) do trabalho compulsório para todos os homens.
b) da interdição do trabalho manual às mulheres.
x c) de que alguns homens devem ser escravos.
d) de que as atividades produtivas devem ficar restritas aos homens.
e) de que a atividade econômica só pode ser feita pelo cidadão.

5 (UEA)
Entre 1986 e 2006, a Comissão Pastoral da Terra registrou denún-
cias de escravidão em 368 municípios brasileiros, envolvendo 140 mil
+- + + <
trabalhadores.
+- + + <
O Estado de S. Paulo, 13 abr. 2009.

No texto, escravidão significa:


a) ganhar mensalmente menos do que o salário mínimo estabelecido
em lei.
x b) indivíduo obrigado a realizar tarefas e que foi privado de seu direito
de ir e vir.
+- + + <
c) trabalho autônomo, sem direito à aposentadoria e previdência social.
d) receber baixa remuneração pelo trabalho, mas com direito a deixar a
propriedade. +- + + <

e) exercer atividade remunerada, sem registro em carteira e demais


benefícios.

& (UEG) Observe a tirinha a seguir e responda ao que se pede.


POOCOS HOMeJ'S SE
DÃO O DlffiíO DE.
Pif'5EN<lAR íN..
Hl<GIQ._
-,~-ira

Disponível em: <www.vidabesta.com>. Acesso em: 14 mar. 201 O.


A crítica da tira é compatível com a ideia filosófica:
a) do "bom selvagem", do romantismo de Rousseau.
+ +
x b) do "homem alienado pela propriedade", do socialista Karl Marx.
c) do "homem como lobo do homem", do humanismo cristão de Hobbes.
d) do homem "manchado pelo pecado original", do escolástico Santo
Agostinho.

J (FEi)
+ + Há na espécie humana indivíduos tão inferiores a outros como
o corpo o é em relação à alma, ou a fera ao homem; são os homens
+ +
nos quais o emprego da força física é o melhor que deles se obtêm.
Partindo dos nossos princípios, tais indivíduos são destinados, por
natureza, à escravidão; porque, para eles, nada é mais fácil que obe-
decer. [. . .] Assim, dos homens, uns são livres, outros escravos; e para
eles é útil e justo viver na servidão.
ARISTÓTELES. A Política.

A partir da leitura do texto acima, e interpretando o pensamento de Aris-


tóteles, podemos concluir que:
a) a escravidão não pode ser justificada com argumentos retirados da
natureza diferente dos homens.
b) na Grécia Antiga, com exceção de Atenas, todas as cidades-estado
utilizavam amplamente a mão de obra escrava, o que é justificado
pelo texto de Aristóteles.
c) a escravidão só é útil para os senhores, segundo Aristóteles.
x d) o estatuto da escravidão advém da própria diversidade existente entre
os homens, sendo que alguns nasceram para viver na escravidão.
e) a existência da escravidão, justificada por Aristóteles, inviabilizou o
+ +
desenvolvimento da democracia grega.
+ +

8 (Unimontes) O trabalho humano é uma ação transformadora da realida-


de, dirigida por finalidades conscientes. Ao reproduzir técnicas já usadas
e ao inventar outras novas, a ação humana torna-se fonte de ideias e,
portanto, experiência propriamente dita. Analise as afirmativas abaixo e
assinale a alternativa correta.
x a) O animal não trabalha - mesmo quando cria resultados materiais com
+ + ,. ' essa atividade-, pois sua ação não é deliberada, intencional.
b) O animal trabalha - cria resultados materiais com essa atividade -,
+ + ,. , pois sua ação é deliberada, intencional.
c) Oanimal trabalha e produz sua existência - mesmo quando cria resultados
materiais com essa atividade -, pois sua ação é deliberada, intencional.
d) O animal trabalha e é consciente de suas ações - cria resultados ma-
teriais com essa atividade -, pois sua ação é deliberada, intencional.

g (UEL) Segundo Braverman:


O mais antigo princípio inovador do modo capitalista de pro-
dução foi a divisão manufatureira do trabalho [.. .l A divisão do
trabalho na indústria capitalista não é de modo algum idêntica ao
fenômeno da distribuição de tarefas, ofícios ou especialidades da
produção [.. .l
BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista. Tradução Nathanael C. Caixeiro.
Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 70.

O que difere a divisão do trabalho na indústria capitalista das formas de


distribuição anteriores do trabalho?
a) A formação de associações de ofício que criaram o trabalho assalaria-
do e a padronização de processos industriais.
r + + <
b) A realização de atividades produtivas sob a forma de unidades de
famílias e mestres, o que aumenta a produtividade do trabalho e a
independência individual de cada trabalhador.
c) O exercício de atividades produtivas por meio da divisão do trabalho
por idade e gênero, o que leva à exclusão das mulheres do mercado
de trabalho.
d) O controle do ritmo e da distribuição da produção pelo trabalhador, o
r + + <
que resulta em mais riqueza para essa parcela da sociedade.
x e) A subdivisão do trabalho de cada especialidade produtiva em opera-
ções limitadas, o que conduz ao aumento da produtividade e à alie- r + + <

nação do trabalhador.

10 (UEG) A generalização do consumo em escala mundial é um aspecto de


fundamental importância na formação das sociedades, na reorganização
da economia e do espaço geográfico. A finalidade principal da vida na
sociedade contemporânea é o acesso ao consumo, e a difusão desse
modelo apoia-se na universalização da informação. Com relação a essa
temática, é correto afirmar:
a) com a mundialização da economia, a sociedade contemporânea di-
versificou seus atos de consumo em razão das grandes diferenças que
separam centro e periferia.
b) o termo "consumismo" é aplicado a qualquer forma de sociedade que
encontra sua felicidade apenas no consumo de bens materiais - ali-
mentos, roupas, móveis, carros, entre outros.
X C) o desenvolvimento dos meios de comunicação permite a irradiação
de informações para todos os pontos do planeta, mudando hábitos e
costumes tradicionais e universalizando o consumismo. r + + <

d) o consumismo, reflexo do processo de globalização, é uma caracterís- r + + <


tica dos países desenvolvidos, por causa da ação de grandes empre-
sas, não se estendendo, portanto, aos países subdesenvolvidos.

11 (Enem, 2009)
A proposperidade induzida pela emergência das máquinas de
tear escondia uma acentuada perda de prestígio. Foi nessa idade
r + + <
de ouro que os artesãos, ou tecelões temporários, passaram a ser
denominados, de modo genérico, tecelões de teares manuais. Exceto
em alguns ramos especializados, os velhos artesãos foram colocados r + + <
lado a lado com novos imigrantes, enquanto pequenos fazendeiros-
-tecelões abandonaram suas pequenas propriedades para se concen-
trar na atividade de tecer. Reduzidos à completa dependência dos te-
ares mecanizados ou dos fornecedores de matéria-prima, os tecelões
ficaram expostos a sucessivas reduções dos rendimentos.
THOMPSON, E. P. The moking of lhe English working c/oss. Harmondsworth: Penguin Books, 1979 (adaptado).

Com a mudança tecnológica durante a Revolução Industrial, a forma de


trabalhar alterou-se porque:
a) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas relações sociais.
b) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inexperientes.
c) os novos teares exigiam treinamento especializado para serem operados.
x d) os artesãos, no período anterior, combinavam a tecelagem com o
cultivo de subsistência.
e) os trabalhadores não especializados se apropriaram dos lugares dos
antigos artesãos nas fábricas.
Atividades
1 (UEMA) Estabeleça a associação entre as possibilidades do conhecimento
{COLUNA 1) e a(s) sua(s) característica(s) {COLUNA li).
COLUNA 1
(1) Dogmatismo
(2) Ceticismo
(3) Criticismo
(4) Pragmatismo
COLUNA li
( ) Caracteriza-se pela atitude de conhecimento que consiste em acre-
ditar estar de posse da certeza ou da verdade antes de fazer a críti-
ca da faculdade de conhecer.
r + + +

r + + +
( ) Posição epistemológica segundo a qual o espírito humano nada
pode conhecer com certeza; conclui pela suspensão do juízo e pela
incerteza permanente.
( ) Caracteriza-se por afirmar que não é possível conhecer as coisas tais
como são em si, apenas podemos conhecer os fenômenos, aquilo
que aparece.
( ) Posição epistemológica que afirma que o intelecto é dado ao ho-
r + + + mem não para investigar e conhecer a verdade, mas sim para orien-
tar-se na realidade.
r + + + Marque a opção que contempla a sequência correta das associações de
cima para baixo.
a) 2, 3, 4, 1 d) 1, 3, 2, 4
x b) 1, 2, 3, 4 e) 3, 4, 1, 2
c) 4, 1, 2, 3

2 (UEG) O caráter mais saliente da modernidade é a independência em


relação a qualquer autoridade e o menosprezo da tradição. As correntes
intelectuais que predominam nesse período são determinadas por dois
grandes reformadores: Descartes e Bacon. O primeiro inaugura o raciona-
lismo; o segundo professa o empirismo. Para o empirismo, o fundamen-
to e a fonte de todo conhecimento, é:
a) a intuição racional.
b) a inferência dedutiva.
x c) a experiência sensível.


d) a razão tomada em si mesma .
3 (UEA)
[. ..] embora nosso pensamento pareça possuir liberdade ilimitada, + <

examinando o assunto mais de perto vemos que em realidade ele se


acha encerrado dentro de limites muito estreitos e que todo o poder
criador da mente se reduz à simples faculdade de combinar, transpor,
aumentar ou diminuir os materiais fornecidos pelos sentidos e pela
experiência.
HUME, David (1711-1776). Investigação sobre o entendimento humano.
+- + + <
No trecho, o filósofo:
a) atribui à razão papel fundamental na elaboração no entendimento do
+- + + <
mundo.
x b) explicita sua concepção a respeito da forma como adquirimos
conhecimento.
c) reconhece as limitações da mente humana, incapaz de ir além de
operações simples.
d) sugere que os indivíduos nascem com um repertório de saberes inatos.
e) valoriza a imaginação e a habilidade dos seres humanos para sonhar
e inventar.

4 (Unesp) Segundo John Locke, filósofo britânico do século XVII, a mente 4J Locke foi um doJ ex9oentes da escola
filosófica empirislta inglesa. Segundo
humana é como uma tábula rasa, uma folha em branco na qual a expe- essa escola, todo conhecimento nasce
riência deixa suas marcas. Responda a qual escola filosófica ele perten- da experiência sensível, pois não haveria
ceu e explique duas de suas características. razclo inata; dessa forma, os empiristak
punham-se contra o racionalismo
Eartesiaho.

+- + + <

+- + + <

5 (UFAL) O Racionalismo e o Empirismo, correntes filosóficas do denomina-


do pensamento moderno, tiveram em comum:
x a) a preocupação com o problema do conhecimento acerca da realida-
de, embora por métodos distintos.
b) o interesse especulativo com vistas à elaboração da teologia católica. +- + + <

c) a compreensão da Filosofia como uma disciplina exata e resultante


da experiência. +- + + <

d) a sua filiação aos pressupostos fundamentais do pensamento grego


original.
e) a vinculação aos princípios da filosofia crítica do Iluminismo.

& (UEM) A filosofia, como o estudo de problemas fundamentais da huma- 6. Soma ~ 06 (02 + 04)
nidade, divide-se em várias áreas ou campos do saber, tendo em vista
sua multiplicidade de objetos: o ser, a linguagem, o conhecimento, a
arte, a ação moral, a práxis política, os entes de razão etc. Sobre a multi-
plicidade de objetos ou campos da filosofia, assinale o que for correto.
01) O misticismo é o campo da filosofia que estuda a metafísica, isto é,
o que está oculto e além da física, como é a numerologia, a cosmo-
logia e as ciências místicas.
02) A lógica, na concepção clássica, é o instrumento para se proceder de
modo correto no exercício do pensamento, denunciando falácias,
conclusões inválidas, tautologias e contradições.
04) O empirismo, tradição oposta ao racionalismo, é uma tendência na te-
oria do conhecimento. O empirismo parte da experiência para funda-
+ + mentar o conhecimento, o racionalismo, das ideias do entendimento.
08) A ontologia é o estudo dos entes e, por isso, utiliza-se do método
científico para determinar o seu objeto.
16) A epistemologia é a parte do sistema de Aristóteles que estuda os
temas póstumos, como a morte, a eutanásia e o suicídio.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.
+ +

7 (Enem)
+ + [. ..] Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que
o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela
e de que ela é o centro e a chama. Que, além dos planetas princi-
pais, há outros de segunda ordem que circulam primeiro como saté-
lites em redor dos planetas principais e com estes em redor do Sol.
[. ..] Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se
quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficial-
mente mas duma maneira aprofundada, das demonstrações que darei
nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer
contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada),
a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades ma-
temáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos.
COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium cae/estium.

Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o na-


vegador que embarca em um navio sem leme nem bússola. Sempre
a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um
caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique
+ +
se as experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investiga-
ção humana pode se considerar verdadeira ciência se não passa por
+ +
demonstrações matemáticas.
VINCI, Leonardo da. Comeis.

O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o racio-


nalismo moderno é:
a) a fé como guia das descobertas.
b) o senso crítico para se chegar a Deus.
+ + c) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos.
x d) a importância da experiência e da observação.
+ + e) o princípio da autoridade e da tradição.

8 (UFPE) A revolução intelectual do século XVII teve como um de seus men-


tores René Descartes. Sobre as concepções cartesianas de Descartes, é
correto afirmar:
1) o método cartesiano foi o instrumento matemático da dedução pura:
consistia em partir de verdades simples, como na geometria, e che-
gar às conclusões particulares;
2) o novo racionalismo e o mecanicismo propostos em suas doutrinas
repudiavam as orientações teológicas do passado;
3) afirmando ser a metafísica a prova racional da existência de Deus,
rejeitou a revelação como fonte da verdade; a razão passou a ser
considerada como um único manancial de conhecimento;
4) o mundo físico para Descartes é um só. Do seu plano mecanicista geral
não excluía nem mesmo o organismo dos animais e dos homens;
5) "Penso, logo existo" é um axioma encontrado por Descartes para
expressar o seu método matemático da dedução pura .


Estão corretas:
a) 1 e 2 apenas d) 1 e s apenas
+ <
b) 2 e 3 apenas x e) 1, 2, 3, 4 e s
c) 4 e s apenas

g (UEG) São Tomás de Aquino, para muitos, o maior gênio da escolástica


medieval, funde num sistema de proporções gigantescas e harmoniosas
os conteúdos acumulados pelos séculos que o precederam. Quanto aos
princípios do saber, ele afirma que o conhecimento faz-se por assimila- +- + + <

ção vital do sujeito cognoscente com o objeto conhecido. Na sensação,


que não é nem permanentemente psíquica nem fisiológica. No conheci- +- + + <
mento intelectivo, o concurso do sistema nervoso é meramente extrínseco,
ministrando à parte ativa da inteligência a imagem sensível da qual é
abstraída a ideia. Neste caso, o conhecimento, de acordo com São Tomás
de Aquino, é:
a) dedutivo e indutivo.
b) científico e racional.
c) científico e empírico.
x d) sensitivo e intelectual.

10 (UEM)
[.. .] a própria experiência é um modo de conhecimento que re-
quer entendimento, cuja regra tenho que pressupor a priori em mim no. Soma= 27 (07 + oz + 08 + 76)
1 1
ainda antes de me serem dados objetos e que é expressa em concei-
tos a priori, pelos quais, portanto, todos os objetos da experiência
têm necessariamente que se regular e com eles concordar.
KANT, lmmanuel. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 13. +- + + <

Com base na filosofia de Kant, assinale o que for correto. +- + + <

01) O método de Kant é chamado criticismo, pois consiste na crítica ou


na análise reflexiva da razão, a qual, antes de partir ao conhecimento
das coisas, deve conhecer a si mesma, fixando as condições de
possibilidade do conhecimento, aquilo que pode legitimamente ser
conhecido e o que não.
02) Para Kant, uma vez que os limites do conhecimento científico são os
+- + + <
limites da experiência, as coisas que não são dadas à intuição sensí-
vel (a coisa em si, as entidades metafísicas como Deus, alma e liber-
dade) não podem ser conhecidas. +- + + <

04) Kant mantém-se na posição dogmática herdada de Hume. Para os


dois filósofos, o conhecimento é um fato que não põe problema. O
resultado da crítica da razão é a constatação do poder ilimitado da
razão para conhecer.
08) O sentido da revolução copernicana operada por Kant na filosofia é
que são os objetos que se regulam pelo nosso conhecimento, não o
inverso. Ou seja, o conhecimento não reflete o objeto exterior, mas
o sujeito cognoscente constrói o objeto do seu saber.
16) Com a sua explicação da natureza do conhecimento, Kant supera a
dicotomia racionalismo-empirismo. O conhecimento, que tem por
objeto o fenômeno, é o resultado da síntese entre os dados da expe-
riência e as intuições e os conceitos o priori da razão.
Apresente como resposta a soma das alternativas corretas.
Atividades
1 (UEA) Dentre os objetivos da História da Filosofia, pode-se citar:
x a) a compreensão do discurso sobre o mundo, produzido pela reflexão
filosófica.
b) a análise das ideias, desvinculadas do tempo e das sociedades nas
quais surgiram.
c) a procura de semelhanças entre o pensamento lógico e os dogmas
religiosos.
d) o acordo dos grandes filósofos sobre a explicação das origens do
universo.
e) o reconhecimento do caráter conservador do saber e da produção dos
filósofos.
+- +

+- +
2 (UEG) Mito é uma forma de ler e interpretar o mundo que existiu na Gré-
cia até o século VI a.e. e tinha a finalidade de explicar o meio em que se
vivia para afugentar o medo e a insegurança. A narração de determinada
história mítica é uma primeira atribuição de sentido ao mundo, sobre o
qual a afetividade e a imaginação exercem grande papel. Por isso, seu
conceito é associado, talvez de uma forma errônea, a mentira, ilusão,
ídolo e lenda. Os pré-socráticos foram os primeiros a criticarem essa visão
de mundo. Para eles, o mito não era garantia de conhecimento seguro.
+- + +- +
Sobre o significado da passagem do mito à filosofia clássica, é correto
afirmar:
+- + +- +
a) O mito desenvolve um papel sociopolítico na Grécia.
b) Platão desenvolveu a mitologia grega.
x c) Houve uma mudança do saber mítico ao pensamento racional.
d) O mito, pela sua tradição e cultura, é mais importante que o logos.

3 (UEM)
Os antigos, ou melhor, os antiquíssimos, (teólogos), transmitiram
por tradição a nós outros seus descendentes, na forma do mito, que
os astros são Deuses e que o divino abrange toda a natureza [.. l
Costuma-se dizer que os Deuses têm forma humana, ou se transfor-
mam em semelhantes a outros seres viventes [.. l Porém, pondo-se
de lado tudo o mais, e conservando-se o essencial, isto é, se se acre-
ditou que as substâncias primeiras eram Deuses, poderia pensar-se
que isto foi dito por inspiração divina [.. l
ARISTÓTELES, Metafísica, XII, 8, 1074b, apud Mondolfo, O pensamento antigo, 1,


São Paulo: Mestre Jou, 1964. p.13 .
Com base nesse excerto e no seu conhecimento sobre a questão da origem Í Í Í r ~ Í Í Í Í
da filosofia, assinale o que for correto.
01) Antes de fazerem filosofia, os gregos já indagavam sobre a origem e
a formação do universo; e as respostas a esse problema eram ofere-
cidas sob a forma de mito, isto é, por meio de uma narrativa alegó-
rica que descreve a origem ou a condição de alguma coisa, reportan-
do a um passado imemorial.
02) Na Teogonia, Hesíodo descreve a gênese do mundo coincidindo com o
nascimento dos deuses; as forças e os domínios cósmicos não surgem
+- + + -1
como pura natureza, mas sim como divindades: Gaia é a Terra, Urano é
o Céu, Cronos é o Tempo, aparecendo ora por segregação, ora pela in-
tervenção de Eros, princípio que aproxima os opostos. +- + + -1

04) Os primeiros filósofos gregos buscaram descobrir o princípio (arché)


originário de todas as coisas, o elemento ou a substância constitutiva
do universo; elaborando uma cosmologia, não se contentavam com
doutrinas divinamente inspiradas, mas tentavam compreender ra-
cionalmente o cosmo.
08) Os gregos foram pouco originais no exercício do pensamento crítico
racional; apropriaram-se das conquistas científicas e do patrimônio
cultural de civilizações orientais com mínimas alterações.
16) É tese hoje bastante aceita que o nascimento da filosofia na Grécia
não foi um "milagre" realizado por um povo privilegiado, mas a cul-
minação de um processo lento, tributário de um passado mítico, e
influenciado por transformações políticas, econômicas e sociais.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

4 (UEL)
Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a
afirmar a existência de um princípio originário único, causa de todas + <

as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água. Essa + <

proposta é importantíssima ... podendo com boa dose de razão ser


qualificada como a primeira proposta filosófica daquilo que se costu-
ma chamar civilização ocidental.
REALE, Giovanni. História da filosofia: Antiguidade e Idade Média. São Paulo: Paulus, 1990. p. 29.

A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a.e. Seus primeiros filósofos fo-


ram os chamados pré-socráticos. De acordo com o texto, assinale a alter-
+- + + <
nativa que expressa o principal problema por eles investigado.
a) A ética, enquanto investigação racional do agir humano.
+- + + <
b) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.
c) A epistemologia, como avaliação dos procedimentos científicos.
x d) A cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem do
mundo.
e) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua legislação.

5 (UFV) Segundo Jean-Pierre Vernant, a gênese do pensamento filosófico


na Grécia Antiga conformou o que se conhece como período clássico. De
acordo com esse autor:
Com os milésios, pela primeira vez, a origem e a ordem do mundo
tomam a forma de um problema explicitamente colocado a que se deve
dar uma resposta sem mistério, ao nível da inteligência humana, susce-
tível de ser exposta e debatida publirnmente, diante do conjunto dos ci-
dadãos, como as outras questões da vida corrente. Assim se afirma uma
funç.'ão de conhecimento livre de toda preocupação de ordem ritual.
VERNANT, J.-P. As Origens do Pensamento Grego. São Paulo: DIFEL, 1984. p. 76-77.

c®nette.
Com base nessa argumentação, assinale a afirmativa correta:
a) A partir da laicização do conhecimento, os gregos fundaram um estilo
+ +
de vida que permitia uma prática religiosa nos ambientes familiares.
b) Como consequência da separação entre filosofia e práticas religiosas,
a mitologia grega passou a representar a organização social vigente.
c) Como reação à laicização do conhecimento, as crenças em um mundo
superior promoveram o desenvolvimento de práticas religiosas.
x d) A partir da racionalização do conhecimento, os gregos perderam interesse
em desenvolver rituais que representassem as crenças mitológicas.
+ +

6 (UFU) Heráclito nasceu na cidade de Éfeso, região da Jônia, e viveu apro-


+ + ximadamente entre 540 e 480 a.e. Ficou conhecido como "o obscuro",
porque seus escritos eram, em geral, aforismos, isto é, frases enigmáti-
cas que condensam a ideia transmitida. Dentre suas ideias mais destaca-
das está a do "eterno devir".
A partir dessas informações, marque a alternativa que descreve correta-
mente o significado de "eterno devir".
a) O princípio de que tudo é água ou o elemento úmido.
b) A permanência do ser.
x c) Transformação incessante das coisas.
d) O Mundo das Ideias.

7 (UEG) Atribuem-se a Heráclito frases marcantes, de sentido simbólico,


utilizadas para ilustrar sua concepção sobre o fluxo e a movimenta-
ção das coisas, o constante vir a ser, a eterna mudança, também
chamada devir:
Não podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois suas águas
+ + se renovam a cada instante. Não tocamos duas vezes o mesmo ser,
+ +
pois este modifica continuamente sua condição.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos de filosofia: história e grandes temas. 15. ed.
São Paulo: Saraiva, 2000. p. 81.

De acordo com o texto acima, é correto afirmar:


a) O princípio de todo ser é a água e por isso os seres são imutáveis.
x b) Heráclito imaginava a realidade dinâmica sobre o mundo num cons-
tante devir.
+ +
c) Deve-se buscar na essência dos seres o seu princípio mais puro.
d) Ao pensar sobre a existência do ser, pode-se conceber a noção do
+ +
não ser.

8 (UFF)
Como uma onda
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito

Tudo que se vê não é


Igual ao que a gente


Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
+ <

Não adianta fugir


Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar .. + + <

Como uma onda no mar


Como uma onda no mar .. + + <

Lulu Santos e Nelson Motta

A letra dessa canção de Lulu Santos lembra ideias do filósofo grego He-
ráclito, que viveu no século VI a.e. e que usava uma linguagem poética
para exprimir seu pensamento. Ele é o autor de uma frase famosa: "Não
se entra duas vezes no mesmo rio". Dentre as sentenças de Heráclito
abaixo citadas, marque aquela da qual o sentido da canção de Lulu San-
tos mais se aproxima.
a) Morte é tudo que vemos despertos, e tudo que vemos dormindo é
sono.
b) O homem tolo gosta de se empolgar a cada palavra.
x c) Ao se entrar num mesmo rio, as águas que fluem são outras.
d) Muita instrução não ensina a ter inteligência.
e) O povo deve lutar pela lei como defende as muralhas da sua cidade.

g (UFSJ) O princípio unificador da natureza para Parmênides é o ser. Com .. + + <


relação a tal princípio, é correto afirmar que ele é:
.. + + <
a) "tudo aquilo que tem uma existência na experiência extrassensível e
num conjunto de ideias com natureza e estrutura predeterminadas".
x b) "o universal, idêntico e permanente, em contraste com o particular
dado na percepção sensível e diverso e em transformação constante".
c) "toda e qualquer operação mental que se incumbe de classificar a
natureza, atribuir-lhe significação e análise sistemática da realidade".
.. + + <
d) "a totalidade idêntica do conhecimento efetivo, que faz sabiamente
a distinção entre a verdade objetiva e a verdade subjetiva. Entre o
conhecimento científico e a especulação filosófica". .. + + <

10 (UFU) De acordo com o pensamento do filósofo Parmênides de Eleia,


marque a alternativa correta.
a) A identidade é uma característica inerente ao domínio da opinião,
uma vez que a pluralidade das opiniões é o que atesta a identidade
de cada indivíduo.
b) Segundo Parmênides, um mesmo homem não pode entrar duas vezes
em um mesmo rio, posto que a mutabilidade do mundo impede que
o mesmo evento se repita.
c) Uma das leis lógicas, presente no pensamento de Parmênides, é o
princípio de identidade, segundo o qual todas as coisas podem ser e
não ser ao mesmo tempo.
x d) O caminho da verdade é também a via da identidade e da não con-
tradição. Nesse sentido, somente o Ser - por ser imóvel e idêntico -
pode ser pensado e dito.
Atividades
1 (UEM) Sócrates representa um marco importante da história da filosofia;
enquanto a filosofia pré-socrática se preocupava com o conhecimento da
natureza (physis), Sócrates procura o conhecimento indagando o ho-
mem. Assinale o que for correto.
7. Soma= ~ 2 (02 + 04 + 76)
01) Sócrates, para não ser condenado à morte, negou, diante dos seus
juízes, os princípios éticos da sua filosofia.
02) Discípulo de Sócrates, Platão utilizou, como protagonista da maior
parte de seus diálogos, o seu mestre.
04) O método socrático compõe-se de duas partes: a maiêutica e a ironia.
08) Tal como os sofistas, Sócrates costumava cobrar dinheiro pelos seus
ensinamentos.
16) Sócrates, ao afirmar que só sabia que nada sabia, queria, com isso,
sinalizar a necessidade de adotar uma nova atitude diante do conhe-
+ + cimento e apontar um novo caminho para a sabedoria.
+ + Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

2 (UEA) Aristóteles, um dos filósofos do período clássico da Grécia, século


IV a.e., escreveu num dos seus livros:
No tocante à virtude não basta saber, devemos tentar possuí-la e
usá-la ou experimentar um meio que nos tome bons.
+ +
Aristóteles apresenta neste texto uma perspectiva filosófica típica da
reflexão:
+ +
a) estética. d) epistemológica.
x b) ética. e) sociológica.
c) católica.

3 (UEG) No que se refere à teoria do conhecimento, Aristóteles afirmava


que por meio da abstração o homem, ou o sujeito do conhecimento,
conseguiria analisar os atributos separadamente ao conhecer determina-
do aspecto da realidade. Neste caso, o ser é conhecido pelo estudo da
substância. Para Aristóteles, a substância é:
x a) o conjunto de todas as suas características fundamentais e imutáveis.
b) a forma e o propósito que definem a coisa, que lhe dão a sua identidade.
c) o elenco de elementos que permitem ao ser desenvolver-se e aper-
feiçoar-se.
d) o agrupamento de características do ser que são denominadas aces-


sórias e mutáveis .
4 (UEM) 4. Soma = 30 (02 + 04 + 08 + 16)

Sócrates: Imaginemos que existam pessoas morando numa ca- + <

verna. Pela entrada dessa caverna entra a luz vinda de uma foguei-
ra situada sobre uma pequena elevação que existe na frente dela.
Os seus habitantes estão lá dentro desde a infância, algemados
por correntes nas pernas e no pescoço, de modo que não conse-
guem mover-se nem olhar para trás, e só podem ver o que ocorre
à sua frente. [.. .] Naquela situação, você acha que os habitantes da
caverna, a respeito de si mesmos e dos outros, consigam ver outra +- + + <

coisa além das sombras que o fogo projeta na parede ao fundo


da caverna?
+- + + <
PLATÃO. A República [adaptação de Marcelo Perine]. São Paulo: Editora Scipione, 2002. p. 83.

Em relação ao célebre mito da caverna e às doutrinas que ele representa,


assinale o que for correto.
01) No mito da caverna, Platão pretende descrever os primórdios da
existência humana, relatando como eram a vida e a organização so-
cial dos homens no princípio de seu processo evolutivo, quando ha-
bitavam em cavernas.
02) O mito da caverna faz referência ao contraste ser e parecer, isto é,
realidade e aparência, que marca o pensamento filosófico desde sua
origem e que é assumido por Platão em sua famosa teoria das Ideias.
04) O mito da caverna simboliza o processo de emancipação espiritual
que o exercício da filosofia é capaz de promover, libertando o indiví-
duo das sombras da ignorância e dos preconceitos.
08) É uma característica essencial da filosofia de Platão a distinção entre
mundo inteligível e mundo sensível; o primeiro ocupado pelas Ideias
perfeitas, o segundo pelos objetos físicos, que participam daquelas
+- + + <
Ideias ou são suas cópias imperfeitas.
+- + + <
16) No mito da caverna, o prisioneiro que se liberta e contempla a reali-
dade fora da caverna, devendo voltar à caverna para libertar seus
companheiros, representa o filósofo que, na concepção platônica, co-
nhecedor do Bem e da Verdade, é o mais apto a governar a cidade.
Apresente como resposta a soma das alternativas corretas.

5 (UEL) +- + + <

"Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal disso é o


prazer que nos proporcionam os nossos sentidos; pois, ainda que não +- + + <
levemos em conta a sua utilidade, são estimados por si mesmos; e, acima
de todos os outros, o sentido da visão." Mais adiante, Aristóteles afrrma:
"Por outro lado, não identificamos nenhum dos sentidos com a Sabedo-
ria, se bem que eles nos proporcionem o conhecimento mais fidedigno
do particular. Não nos dizem, contudo, o porquê de coisa alguma."
ARISTÓTELES. Metafísica. Porto Alegre: Globo, 1969, p. 36 e 38.

Com base no texto acima e nos conhecimentos sobre a metafísica de


Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.
1. Para Aristóteles, o desejo de conhecer é inato ao homem.
li. O desejo de adquirir sabedoria em sentido pleno representa a busca
do conhecimento em mais alto grau.
Ili. O grau mais alto de conhecimento manifesta-se no prazer que senti-
mos em utilizar nossos sentidos.
IV. Para Aristóteles, a sabedoria é a ciência das causas particulares que
produzem os eventos.

c®nette.
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
x a) 1e li.
+ +
b) li e IV.
c) 1, li e Ili.
d) 1, Ili e IV.
e) 11, Ili e IV.

+ + 6 (UEG) Para Platão, o ser humano é composto de corpo e alma. Em sua teoria
do conhecimento, a alma é a parte mais importante e mais real do indivíduo.
+ + Ela é imortal e eterna, existindo desde sempre no plano do mundo das
ideias. O processo de conhecimento para Platão é chamado de:
a) ironia.
b) catarse.
c) imitação.
x d) reminiscência.

L7. soma= 37 (01 r


1 1 1
or ro4-..p os ti--- 16) 7 (UEM) Elaborando a teoria das quatro causas e a distinção entre ato e
potência, Aristóteles busca explicar a realidade do devir e da mudança a
que estão submetidas as coisas causadas. Assinale o que for correto.
01) Para Aristóteles, a mudança implica uma passagem da potência ao
ato; o ato é o estado de plena realização de uma coisa; a potência, a
capacidade que algo tem para assumir uma determinação.
02) Segundo Aristóteles, tudo o que acontece tem suas causas, essas são
a explicação ou o porquê de certa coisa ser o que é.
+ + 04) Causa material, causa formal, causa eficiente e causa final são os
+ +
quatros sentidos que Aristóteles distingue no termo causa.
08) Segundo Aristóteles, a causa material e a causa formal de uma coisa
são, respectivamente, aquilo de que essa coisa é feita e aquilo que
ela essencialmente é.
16) Segundo Aristóteles, a causa eficiente e a causa final de uma coisa
são, respectivamente, o agente que atua sobre essa coisa e o fim a
que ela se destina.
+ +
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.
+ +
8 (UEG) Platão, filósofo grego do século IV a.e., utilizou o mito da caverna
para explicar alguns tópicos da sua teoria do conhecimento. Um dos te-
mas apresentados é a anamnese que, neste contexto, significa:
a) o conhecimento intelectual que não só depende do conhecimento
sensitivo, mas ultrapassa-o pela abstração e pela generalização, for-
mulando os conceitos.
b) o ato que consiste em conduzir o ouvinte através de questionamen-
tos, até o momento em que esteja convencido de que domina deter-
minado conhecimento.
x c) a lembrança de um estado anterior, no qual a alma estava em con-
tato direto com as ideias, podendo assim obter o conhecimento da
essência das coisas.
d) o momento propício para a ação epistemológica do príncipe que pre-
tende tomar o poder; por isso, necessita da aquisição do conhecimento


apropriado .
g (Unesp) 9. Ao defendJ uma atitude filosófica -
racional - diante 1do mundo,Sócrates
Em 399 a.e., o filósofo Sócrates é acusado de graves crimes por questionou-as-"verda,des--ebsolutas.!L_dos1
alguns cidadãos atenienses. [.. .] Em seu julgamento, segundo as prá- atenienses: seu métddo visava colocar
ticas da época, diante de um júri de 501 cidadãos, o filósofo apre- em dúvida determinados argumentos
irrefletidos do senso comum para,
senta um longo discurso, sua apologia ou defesa, em que, no entan- em seguida, buscaco coobecimeqto
to, longe de se defender objetivamente das acusações, ironiza seus verdadeiro. Seus jovens discípulos' - entre
acusadores, assume as acusações, dizendo-se coerente com o que eles, Platão - eram estimolados à dúvida
ensinava, e recusa a declarar-se inocente ou pedir uma pena. Com e a buscarem deptro de si a verdade; daí
a acusação que pesou sobre Sócrates,
isso, ao júri, tendo que optar pela acusação ou pela defesa, só restou de que- ele corrompia a juventude e
como alternativa a condenação do filósofo à morte. desrespeitava os deuses, pai~ questionava
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia, 1998. Adaptado. os dogmas e as leis atenienses. A
bem da 1verdade, a postura socrática
Com base no texto apresentado, explique quais foram os motivos da incomodava alguma~ pessoas, que se
viam "constrangidas" ao debatere1m com
condenação de Sócrates à morte.
ele. Ao ser julgado, o filósofo manteve
a essência de sua filosofia, ou seja, o
princípio de que a procura da essência da
verdade acaba por subverter os dogmas
vigentes. Sócrates adatou as acusacões,
pai~ manteve su~ postura de não ,
abandonar a bu~ca da verdade, optanirlo,
tassim, pela mo e.
1

ttt tlll
10 (UEM) OPeríodo Helenístico inicia-se com a conquista macedônica das cida-
des-Estado gregas. As correntes filosóficas desse período surgem como ten- 101. So~ a = 37 (07 + 02 + 04 + 08 + 76)
tativas de remediar os sofrimentos da condição humana individual: o epicu-
rismo ensinando que o prazer é o sentido da vida; o estoicismo instruindo a
suportar com a mesma firmeza de caráter os acontecimentos bons ou maus;
o ceticismo de Pirro orientando a suspender os julgamentos sobre os fenô-
+ <
menos. Sobre essas correntes filosóficas, assinale o que for correto.
+ <
01) Os estoicos, acreditando na ideia de um cosmo harmonioso governa-
do por uma razão universal, afirmaram que virtuoso e feliz é o ho-
mem que vive de acordo com a natureza e a razão.
02) Conforme a moral estoica, nossos juízos e paixões dependem de nós,
e a importância das coisas provém da opinião que delas temos.
04) Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o verdadeiro prazer é
aquele proporcionado pela ausência de sofrimentos do corpo e de +- + + <
perturbações da alma.
08) Para Epicuro, não se deve temer a morte, porque nada é para nós
+- + + <
enquanto vivemos e, quando ela nos sobrevém, somos nós que dei-
xamos de ser.
16) O ceticismo de Pirro sustentou que, porque todas as opiniões são
igualmente válidas e nossas sensações não são verdadeiras nem fal-
sas, nada se deve afirmar com certeza absoluta, e da suspensão do
juízo advém a paz e a tranquilidade da alma.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

11 (Enem, 2012)
Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que
o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação,
e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto
sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do
segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-
-se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).

c®nette.
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto es-
sencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.e.). De acordo
+ + com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são in-
separáveis.
x d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensa-
+ + ção não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à
+ + razão.

+ +

+ +

+ +

+ +


Atividades
1 (UEM) A questão dos universais é introduzida na Filosofia Medieval pelos
comentários de Boécio à sua tradução da lógica de Aristóteles no século
VI. Todavia a polêmica acerca da existência real dos universais assume
forma e importância maior a partir do século XI. Sobre a questão dos
universais, assinale o que for correto.
01) Para os realistas, os particulares são as coisas mais reais; para os 7. Som1a = 30 (02 + 04 + 08 + 76)
nominalistas, o mais real é o abstrato.
02) As coisas abrangidas por um universal, embora diversas e múltiplas,
são semelhantes em alguns aspectos.
04) Santo Anselmo foi um realista em sua concepção dos universais, ou
seja, acreditou que os universais têm realidade objetiva.
+ <
08) Para os nominalistas, como Roscelino, os universais são simples
+
palavras que expressam os conteúdos mentais. <

16) Por universal entende-se conceito, ideia, gênero, espécie ou proprie-


dade predicada de vários indivíduos.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

2 (UFU) Sobre a doutrina da iluminação em Santo Agostinho, leia o texto a


seguir. .. + + <

Tal é a doutrina da iluminação que Agostinho legou à filosofia


.. + +
cristã, de cuja tradição ela entrou a fazer parte inseparável. Agostinho <

elaborou-a sob o influxo de Platão, de Platino e Porfírio, não porém


sem imprimir-lhe um cunho cristão.
BOEHENER, P.; GILSON, E. História da filosofia cristã. Rio de Janeiro: Vozes, 1970. p. 164.

Marque a alternativa correta.


x a) Para Agostinho, a mente humana pode conhecer as verdades eternas
pela Iluminação, porque o homem possui uma centelha do intelecto
divino.
b) O cunho cristão que Agostinho imprime à reminiscência platônica é a
preexistência da alma no Mundo das Ideias e a ação do Demiurgo.
c) Agostinho modifica a tese da reminiscência platônica, afirmando que
as verdades eternas se originam da experiência, mas podemos co-
nhecê-las somente mediante a iluminação divina.
d) Para Agostinho, é possível conhecer as verdades eternas mediante a
reminiscência platônica e o conceito cristão da reencarnação.
(PUC-PR) Na Sumo Teológico o filósofo cristão Tomás de Aquino afirma a
3 respeito da prudência: "Como diz o Filósofo, alguns ensinaram que a
+ + r <
prudência não se estende ao bem comum, mas só ao próprio. E isto por
pensarem que o homem não há de buscar senão o bem próprio. Mas esta
doutrina repugna à caridade, que não busco os seus próprios interesses,
como diz a Escritura. Por isso, o Apóstolo diz, de si mesmo: Não buscando
o que me é de proveito, se não o de muitos, poro que sejam salvos.
E também repugna à razão reta, que considera o bem comum melhor
que o particular. Ora, à prudência pertence aconselhar retamente, julgar
+ + r <
e ordenar sobre os meios conducentes ao fim devido. Por onde, é mani-
testo que a prudência se ocupa, não só com o bem particular de cada um,
+ + r < mas também com o comum, de todos" (art. X).
É correto afirmar sobre a opinião do autor que:
1. A prudência é uma virtude que não se estende ao governo da multi-
dão, mas apenas ao de si mesmo.
11. A prudência é uma virtude que é necessária apenas para o bem par-
ticular, que é superior ao comum.
Ili. A prudência repugna à caridade porque busca apenas o seu próprio
interesse.
IV. A prudência se ocupa do bem comum porque o considera melhor que
o particular.
a) Apenas a assertiva I é verdadeira.
b) Apenas a assertiva IV é verdadeira.
X C) Apenas as assertivas I e IV são verdadeiras.
d) Apenas as assertivas Ili e IV são verdadeiras.
e) Apenas a assertiva Ili é verdadeira.
r + + r <

(Enem) Considere os textos abaixo.


r + + r < 4
I - [.. .] de modo particular, quero encorajar os crentes empenha-
dos no campo da filosofia para que iluminem os diversos âmbitos
da atividade humana, graças ao exercício de uma razão que se toma
mais segura e perspicaz com o apoio que recebe da fé.
(Papa João Paulo li. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bispos da Igreja católica sobre
as relações entre fé e razão, 1998.)
+ + r <
II - As verdades da razão natural não contradizem as verdades
da fé cristã.
+ + r <
(São Tomás de Aquino, pensador medieval.)

Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que:


a) a encíclica papal está em contradição com o pensamento de São To-
más de Aquino, refletindo a diferença de épocas.
b) a encíclica papal procura complementar São Tomás de Aquino, pois
este colocava a razão natural acima da fé.
c) a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a encíclica de João
Paulo li.
d) o pensamento teológico teve sua importância na Idade Média, mas,
em nossos dias, não tem relação com o pensamento filosófico.
x e) tanto a encíclica papal como a frase de São Tomás de Aquino procu-
ram conciliar os pensamentos sobre fé e razão.

5 (UFU) Sobre a questão dos universais, todas as afirmativas a seguir são


falsas, exceto:
a) Pedro Abelardo sustenta a tese de que as palavras nada significam,
porque são simples emissão da voz humana, sendo por isso que os
universais devem ser necessariamente incorpóreos. + <

b) o realismo sustenta a tese de que apenas as palavras são reais, por-


que são corpóreas enquanto som, e os universais nada significam
porque são incorpóreos, isto é, não possuem realidade física.
c) o nominalismo sustenta a tese de que os universais são corpóreos,
porque o gênero e a espécie não podem estar separados dos indiví-
duos a que pertencem. +- + + <
x d) Pedro Abelardo sustenta a tese de que, por si mesmo, os universais
existem apenas no intelecto, mas eles referem-se a seres reais.
+- + + <

6 (UEM) A patrística surge no séc. li d.e. e estende-se por todo o período


medieval conhecido como alta Idade Média. Éconsiderada a filosofia dos 6· soma= 73 (oi + 04 + os)
Padres da Igreja. Entre seus objetivos encontramos a conversão dos pa-
gãos, o combate às heresias e a consolidação da doutrina cristã. Sobre a
patrística, assinale o que for correto.
01) A patrística deixa de ser predominante como doutrina do cristianismo
quando, a partir do séc. IX, surge uma nova corrente filosófica deno-
minada escolástica, que atinge o apogeu no séc. XIII.
02) Fundador da patrística, o apóstolo São Paulo escreveu o livro Confissões,
razão pela qual é considerado o primeiro filósofo cristão.
04) Vários pensadores da patrística, entre eles Santo Agostinho, tomam
ideias da filosofia clássica grega, particularmente de Platão, que são
adaptadas às necessidades das verdades expressas pela teologia cristã.
08) A aliança que a patrística estabelece entre fé e razão caracteriza-se
por um predomínio da fé sobre a razão; em Santo Agostinho, a razão
é auxiliar da fé e a ela subordinada. +- + + <

16) A leitura dos filósofos árabes, entre eles Averróis, ajudou Santo Agosti- +- + + <

nho a compreender os princípios da filosofia de Aristóteles, sem a qual


Santo Agostinho não poderia construir seu próprio sistema filosófico.
Apresente como resposta a soma das alternativas corretas.

7 (UEG) Depois das sérias e profundas investigações históricas acerca


do pensamento medieval, iniciadas no princípio do século XIX, desva- +- + + <
neceram-se muitos dos inumeráveis preconceitos acumulados pela
Renascença sobre a era de "obscurantismo" da Idade Média, que
+- + + <
apareceu em todo o seu resplendor de sua realidade como uma das
épocas de intensa vida intelectual. A prova de que a época medieval
não era desprovida de vigor intelectual está no fato de ela ser palco
do surgimento:
x a) das universidades e da filosofia escolástica.
b) dos colégios jesuítas e do racionalismo.
c) dos mosteiros e do platonismo.
d) da democracia e do criticismo.

8 (UFU) A respeito das assim chamadas "provas da existência de Deus",


formuladas por Tomás de Aquino, considere o seguinte trecho.
A primeira de suas cinco vias fundamenta-se na experiência do
movimento: o ser que se move não pode ser motor e movido, existe,
portanto, uma causa motriz primeira, que é Deus [.. l
INÁCIO, Inês C.; LUCA, Tânia R. de. O pensamento medieval. São Paulo: Ática, 1988. p. 73.
Sobre essas provas, marque para as alternativas abaixo (V) verdadeira,
(F) falsa ou (50) sem opção.
+ +
( v ) Todas as cinco vias têm como ponto de partida a observação da rea-
lidade sensível.
( v ) A primeira via, descrita no trecho citado, aproveita-se do conceito
aristotélico de Primeiro Motor Imóvel.
( F ) Assim como o Primeiro Motor de Aristóteles, Deus, segundo Tomás
de Aquino, também não se importa com as criaturas.
+ + ( F ) O conhecimento sobre a existência de Deus é um exemplo de ver-
dade de fé, na qual só se pode crer, pois não há como provar essa
+ +
existência pela razão humana.

g (Unifesp) Terminada a Antiguidade, havia à disposição do Ocidente me-


dieval duas concepções filosóficas fundamentais e distintas: a visão gre-
ga (resumida por Aristóteles) de que o homem foi formado para viver
numa cidade, e a visão cristã (resumida por Santo Agostinho) de que o
homem foi formado para viver em comunhão com Deus. Nos últimos
séculos da Idade Média, com relação a essas duas filosofias, é correta
afirmar que:
x a) foram reconciliadas por São Tomás de Aquino ao unir razão (livre-ar-
bítrio) com revelação (fé).
b) entraram em conflito e deram lugar a uma nova visão, elaborada por
frades beneditinos e dominicanos.
c) continuou a prevalecer a visão grega, como se pode ver nos escritos
de Abelardo a Heloísa.
d) sofreram um processo de adaptação para justificar a primazia do po-
der temporal ou secular.
e + + ~ <
e) passou a predominar a visão cristã, depois de uma longa hegemonia
e + + ~ < da visão grega.

10 (UFU) Sobre o problema dos universais, leia o texto a seguir.


Para alguns, por exemplo, os chamados universais (ideias, ema-
nações, gêneros, espécies eram nomes gerais criados por nossa razão
e não seres, substâncias ou essências reais. Para outros, o ser deveria
+ + ser afirmado com o mesmo sentido para Deus e para as criaturas.
CHAUI, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2002. p. 227.

+ + Sabendo-se que Ockham é um nominalista, marque a alternativa correta.


a) Para Ockham, os universais são termos e entidades dotados de uma
existência autônoma, independentes tanto das coisas concretas indi-
viduais quanto dos nossos pensamentos.
x b) Ockham entende os universais como termos que correspondem a
conceitos, por meio dos quais nos referimos a qualidades de objetos
particulares dotados das mesmas características.
c) Ockham entende que os universais são substâncias incorporais exis-
tentes no intelecto divino como ideias.
d) Para Ockham, os universais existem nas coisas (res) como formas das
substâncias individuais e podem ser conhecidos por nós por meio da
abstração .


Atividades
1 (UFPE) No que se refere ao texto e à sua temática:
Visto que outros antes de mim tinham ousado imaginar uma mul-
tidão de círculos para demonstrar os fenômenos astronômicos, pensei
que poderia permitir-me também examinar-se, supondo a terra móvel,
não se conseguiria encontrdr, sobre a revolução dos corpos celestes,
demonstrações mais sólidas que essas. Depois de longas investigações,
convenci-me por fim de: Que o Sol é uma estrela fixa rodeada de plane-
tas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama.
COPÉRNICO, De Revolutionibus orbium Cae/estium.

( F) foi produzido no século XIII dentro da tradição de estudos astronô-


micos de Ptolomeu;
( F ) os estudos de Copérnico confirmaram a teoria geocêntrica vitoriosa
durante toda a Idade Média;
( v) a continuidade e complementaridade dos estudos de Copérnico em
cientistas como Giordano Bruno e Galileu Galilei desafiaram as concep-
ções religiosas que embasaram o poder civil e religioso no medievo;
( v ) é uma representação da tendência dominante da época renascen-
tista em avaliar os fenômenos através de experiências e observa-
ções matemáticas;
( v ) a teoria heliocêntrica não foi pensada originalmente por Copérnico;
os gregos já a conheciam desde a antiguidade.

2 (UEL) Leia o texto a seguir. +- + +- + <

Opensamento moderno caracteriza-se pelo crescente abandono da ciência


aristotélica. Um dos pensadores modernos desconfortáveis com a lógica +- + +- + <
dedutiva de Aristóteles - considerando que esta não permitia explicar o
progresso do conhecimento científico - foi Francis Bacon. No livro Novum
Organum, Bacon formulou o método indutivo como alternativa ao método
lógico-dedutivo aristotélico. Com base no texto e nos conhecimentos sobre
o pensamento de Bacon, é correto afirmar que o método indutivo consiste:
a) na derivação de consequências lógicas com base no corpo de conhe-
cimento de um dado período histórico.
b) no estabelecimento de leis universais e necessárias com base nas
formas válidas do silogismo tal como preservado pelos medievais.
x c) na postulação de leis universais com base em casos observados na
experiência, os quais apresentam regularidade.
d) na inferência de leis naturais baseadas no testemunho de autorida-
des científicas aceitas universalmente.
e) na observação de casos particulares revelados pela experiência, os
quais impedem a necessidade e a universalidade no estabelecimento
das leis naturais.
3 (UFPA)
+ + r <
A partir de Galileu deu-se o abandono, em grande medida, [da]
pretensão metafísica de conhecimento, de busca dos princípios últi-
mos de todas as coisas. A ciência passou a se guiar por um proce-
dimento mais específico e experimental e, sobretudo, quantitativo.
A busca da explicação qualitativa e finalística acerca dos seres foi
substituída pela matematização, que abstrai as características sensíveis
da realidade e reduz os fenômenos a equações, teoremas e fórmulas.
COTRIM, G. Fundamentos de Filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 244.
+ + r <
Com o auxílio do texto, é correto afirmar que a ciência moderna:
a) nasceu com Galileu no século XVII e tem como único fundamento a
r
+ + < experiência.
b) privilegia as qualidades sensíveis dos fenômenos e procura determinar
suas causas finais.
X C) abandonou a preocupação com a busca das essências das coisas e
passou a orientar-se pela experiência sensível e sua tradução em re-
lações matemáticas.
d) está preocupada em desvendar a essência dos fenômenos e reduzi-los
aos seus aspectos quantitativos.
e) é mais contemplativa, ao contrário da ciência antiga, que era mais
operativa.

4 (FGV)
Postulados
1. [ .. .]; 2. O centro da terra não é o centro do universo, mas tão
somente da gravidade e da esfera lunar; 3. Todas as esferas giram ao
redor do sol como de seu ponto médio, e, portanto, o sol é o centro do
universo; 4. [.. J; 5. Todo movimento aparente que se percebe nos céus
provém do movimento da terra, e não de algum movimento do firma-
r + + r < mento, qualquer que seja; 6. O que nos parece movimento deste, mas
r + + r < do movimento da terra e de nossa esfera, junto com a qual giramos
em redor do sol, o que acontece com qualquer outro planeta; 7. [.. .].
(séc. XVI) ( citado em Berutti et ai.)
O documento refere-se à:
a) ruptura com o heliocentrismo, conduzida pelas investigações de Kepler.
b) ruptura com o antropocentrismo, conduzida pelas investigações de
Galileu Galilei;
+ + r <
c) concepção de universo, que recupera o pensamento de Ptolomeu,
recusado pela Igreja durante a Idade Média;
+ + r < d) concepção de universo, que recupera as preocupações de Heráclito
("tudo está em movimento"), apresentada por Isaac Newton;
X e) ruptura com o geocentrismo, conduzida pelas investigações de Copérnico.

5 (UFG)
Não houve preocupaç.~o com as consequências da revolução coper-
nicana senão depois de Giordano Bruno ter extraído dela certas conse-
quências filosóficas. Bem depressa Giordano Bruno estava a afirmar a
infinidade do mundo. Rejeitava, pois, por completo, a noção de "centro
do universo". O Sol, perdido o lugar privilegiado que Copérnico lhe
atribuía, em um sol entre outros sóis, uma estrela entre estrelas.
DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa, 1994. p. 147. [Adaptado].

O texto refere-se à importância dos pronunciamentos de Giordano Bruno


para a constituição da noção moderna de Universo, que se relaciona com:
a) a definição de um Universo concebido como fechado e finito.
b) o abandono da ideia de um Universo criado por Deus.


x c) a ruptura da concepção geocêntrica do Universo .
d) a percepção de que o Universo é contido numa esfera.
e) a compreensão heliocêntrica do Universo.
+ <

6 (PUC-PR) Para o filósofo Francis Bacon, são quatro os gêneros de ídolos


que ocupam o intelecto humano e impedem o acesso do homem à ver-
dade. Sobre os chamados ídolos da tribo, assinale a alternativa correta:
a) São aqueles que imigraram para o espírito humano por meio das
doutrinas filosóficas.
b) São aqueles que se referem aos homens como indivíduos.
c) São os que advêm dos discursos que bloqueiam o intelecto. +- + + <

x d) São os que se fundam na própria natureza humana.


e) São aqueles que se fundam nos instintos. +- + + <

7 (UFU) Na obra Discurso sobre o método, René Descartes propôs um


novo método de investigação baseado em quatro regras fundamen-
tais, inspiradas na geometria: evidência, análise, síntese, controle. As-
sinale a alternativa que contenha corretamente a descrição das regras
de análise e síntese.
a) A regra da análise orienta a enumerar todos os elementos analisa-
dos; a regra da síntese orienta decompor o problema em seus ele-
mentos últimos, ou mais simples.
x b) A regra da análise orienta a decompor cada problema em seus ele-
mentos últimos ou mais simples; a regra da síntese orienta ir dos
objetos mais simples aos mais complexos.
c) A regra da análise orienta a remontar dos objetos mais simples até
os mais complexos; a regra da síntese orienta prosseguir dos objetos
mais complexos aos mais simples.
d) A regra da síntese orienta a acolher como verdadeiro apenas aquilo
que é evidente; a regra da análise orienta descartar o que é evidente
e só orientar-se, firmemente, pela opinião. +- + + <

+- + + <

8 (UEL) Leia o seguinte texto:


A filosofia está escrita neste imenso livro que continuamente está
aberto diante de nossos olhos (estou falando do universo), mas que
não se pode entender se primeiro não se aprende a entender sua
língua e conhecer os caracteres em que está escrito. Ele está escrito
em linguagem matemática e seus caracteres são círculos, triângulos e
outras figuras geométricas, meios sem os quais é impossível entender +- + + <
humanamente suas palavras: sem tais meios, vagamos inutilmente
por um escuro labirinto.
+- + + <
GALILEI, G. li saggiatore. Apud REALE, G. fr ANTISERI, D. História da filosofia.
São Paulo: Paulinas, 1990. v. 2, p. 281.

Tendo em mente o texto acima e os conhecimentos sobre o pensamento


de Galileu acerca do método científico, considere as seguintes afirmativas.
1. Galileu defende o desenvolvimento de uma ciência voltada para os
aspectos objetivos e mensuráveis da natureza, em oposição à física
qualitativa de Aristóteles.
li. Para Galileu, é possível obter conhecimento científico sobre objetos
matemáticos, tais como círculos e triângulos, mas não sobre objetos
do mundo sensível.
Ili. Galileu pensa que uma ciência quantitativa da natureza é possível
graças ao fato de que a própria natureza está configurada de modo a
exibir ordem e simetrias matemáticas.
IV. Galileu considera que a observação não faz parte do método científi-
co proposto por ele, uma vez que todo o conhecimento científico
pode ser obtido por meio de demonstrações matemáticas.

c®nette.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas, mencio-
nadas anteriormente.
+ +
x a) 1e Ili. b) li e Ili. c) Ili e IV. d) 1, li e IV. e) 11, Ili e IV.

g (Enem, 2013)
Texto I
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primei-
ros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que
+ + aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não
podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seria-
mente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões
+ + a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de
estabelecer um saber firme e inabalável.
DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).

Texto II
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do
próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dú-
vida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma
forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma
daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).

A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabili-


zar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se
a) retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade.
x b) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções.
c) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.
d) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapas-
+ + sados.
+ + e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser ques-
tionados.

10 (Enem, 2013)
Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do em-
preendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez
no início da Modernidade, como expectativa de que o homem pode-
+ +
ria dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em
programa impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu "de um prazer
+ + de poder", "de um mero imperialismo humano", mas da aspiração de
libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Scientia studia. São Paulo, v. 2. n. 4. 2004 (adaptado).

Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o pro-


jeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que al-
meja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a
investigação científica consiste em
a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas
teóricas ainda existentes.
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o
lugar que outrora foi da filosofia.
x c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do sa-
ber que almejam o progresso.
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e elimi-
nar os discursos éticos e religiosos.
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor


limites aos debates acadêmicos .
Atividades I
1 (UEG)
comEm todos o·. ,
s JUlZOS
o predicado e m que for pe .,
[.. ·]' essa
predicado B ,eiaçã • nsada ª ,eiação d .
nesse cone ·tpertence ao sujeito ;: e poss,vel de doi . e um suieito
em A ou B • como• 1 s modos o
m em conexão '. JaZ completa a go contido (o. 1 . u o
analítico n com o mesmo N m~nte fora do co . _cu tamente)
' o outro , smtético
· · 0 pnmeiro· caso d nmloA, embo-
K,\NI 1 • ' enomi
• mmaaoel Cci/irn '" • no o juízo
razao pura. Traducão
Com base no t . . de Valé,;o Rohdm e Udo Baldo
cos e sintético:xto ac,ma sobre a disr - ª" raolo Ah,il '"""'ª;· ~;;;ho,gec
gumte
a) o hexempl~-. um JUIZO sintético a pmçao _kantiana
oster,ori entre J. uizos
está de , p. n.
analiti-
omem é monstrado + +

b) Todo corpo _um animal racional. no se-


c) Tudo e extenso.
que acontece tem
x d) Juntar um ácido a uma causa.
uma base result ais agua.
2 (UEM) a na obtenção de um sal m . •

Todas as idei .
aosmente e' , como
cm-actcres, semas
disdenvam da sensaçã
s,,mos, um pa 1 o ou reflexão. Su onh
ap,eende tod qumsqucr idei pe em branco, des p . amos que
pondo, numaos os materiais da :,:°mo ela sera sur!:-::~ de todos
nela fund d palavra, da expe.. .ªº e do conhec" . [...] De onde
a o, e dela deriva fun~=- Todo o nos unento? A isso ,es-

. LOm. Joha. '"'"" ocerro d amentalmente o ;pconhecimento esti


Assinale o que fo " mtrndimmto homooo s- no conhecimento
01) ParaJ h rcorreto. . aoeaoloaAb,ilcoltual.1m .
o n Locke em · P- "'·

en~~~~i~';~~~' ne:extperi~ncia,
2. Soma= 28 (04 + 08 + 76)
~em todo ele cÍeriv;ora nosso conhecimen .
) ~ : : :bstraidas das ::is~;;;::~~~ N_o
02 0h . egu1dor de De exao. "em ideias
n_ ec1mento
cimento sen verdadei
. scartes,
ro, que é John
pura Locke .assume a difere
04) John Locke ; 1;~~i~u~ por depend:~~t~;~:~:tual e infal~~1,".'.'::~~~:
pois se propôs, no1~n~r da teoria do conheci,;, o, e suscetível de erro.
:;ar explicitamente
ento humano .
:'º
acerco do entendimento em sentido estrito
natureza ' a or1· gem e ento
O ale humano
ance do ,conh
a .mves-
.,
ec1-

c®nette.
08) Para John Locke, todo nosso conhecimento provém e se fundamenta
na experiência. As impressões formam as ideias simples; a reflexão
+ + sobre as ideias simples, ao combiná-las, formam ideias complexas,
como substância, Deus, alma etc.
16) John Locke distingue as qualidades do objeto em qualidades primá-
rias (solidez, extensão, movimento etc.) e qualidades secundárias
(cor, odor, sabor etc.); as primeiras existem realmente nas coisas, as
segundas são relativas e subjetivas.
Apresente como resposta a soma das alternativas corretas.
+ +

+ +
3 (UFSJ) Considere o diálogo abaixo, da obra de Berkeley.
Hilas: Não neguei que nos corpos haja calor real. Digo tão so-
mente que nada existe que seja um calor real intenso.
Filonous: É certo; mas é que não considerei naquele instante o
fundamento que há para distinguir entre eles, e que agora enxergo
com a clareza máxima. E digo o seguinte: o calor intenso não é outra
coisa senão modo particular de sensação dolorosa; e como seja que
a dor só poderá oferecer-se em um ser capaz de percepções, cum-
pre concluir que um calor intenso não pode nunca realmente dar-se
numa substância corpórea que não percepciona.
Com base nesse diálogo, analise as afirmações a seguir:
1. A dor só existe se for percepcionada.
li. Todo grau de calor que for doloroso ou indolor só existe na mente.
Ili. Os corpos externos são incapazes de qualquer calor.
IV. O calor reside nos corpos externos.
V. O calor reside nos corpos externos e internos.
+ +
De acordo com essa análise, estão corretas as afirmações:
+ +
a) 11, 111, IV
b) 111, IV, V
c) 1, IV, V
x d) 1, 11, Ili

4 (UEG) David Hume, filósofo inglês empirista, preocupava-se com a eficá-


+ +
cia da teoria do conhecimento. Uma das teorias utilizadas em sua época
é a teoria da causalidade, ou seja, o estudo do conjunto de todas as rela-
+ + ções entre a causa e o efeito. A posição de David Hume sobre a teoria da
causalidade é expressa por:
a) As ideias geradas pelos sentidos são válidas e verdadeiras, desde que
pautadas pela causalidade.
b) A única forma de conhecimento válida é aquela que passa pelo crivo
da racionalidade.
x c) Não existe nenhuma impressão autêntica da causalidade, pois essas
ideias não passam de cópias que remetem aos originais pensados.
d) Os sentidos enganam, por isso é necessário desenvolver um pensa-
mento criticista.

5 (PUC-PR) De acordo com O Discurso sobre o origem e os fundamentos


do desigualdade, de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), é correto
afirmar que:
a) No estado de natureza - fundamento do direito político - o homem


natural era um ser livre, porém sem direitos iguais .
b) No estado de natureza - fundamento do direito político - o homem
natural era um ser de direitos iguais, porém não era livre.
+ <
c) No estado de natureza os direitos fundamentais do homem eram:
igualdade, liberdade e propriedade.
d) No estado de natureza já existe o direito de propriedade.
x e) No estado de natureza os direitos fundamentais do homem eram:
igualdade e liberdade.

6 (UEG) Que podemos saber? Que devemos fazer? Que nos é lícito esperar? +- + + <

Eis as três questões fundamentais às quais Kant pretende dar solução


definitiva com seu sistema. Das três, a mais importante e a que mais lhe +- + + <
reclama a atenção é a primeira, por depender dela a solução das outras
duas. A teoria do conhecimento kantiana valoriza a questão dos juízos.
Kant começa distinguindo-os em três espécies:
x a) juízos analíticos, sintéticos o posteriori e sintéticos o priori.
b) juízos transcendentais, dialéticos e retóricos.
c) juízos absolutos, universais e particulares.
d) juízos dedutivos, indutivos e intuitivos.

7 (Unesp)
Sendo os homens, conforme [. ..] dissemos, por natureza, todos
livres, iguais e independentes, ninguém pode ser expulso de sua pro-
priedade e submetido ao poder de outrem sem dar consentimento.
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo.

O patrimônio do pobre reside na força e destreza de suas mãos,


sendo que impedi-lo de utilizar essa força e essa destreza da maneira +- + + <
que ele considerar adequada, desde que não lese o próximo, consti- +- + + <
tui uma violação pura e simples dessa propriedade sagrada.
SMITH, Adam. A riqueza das nações.

A partir da leitura dos textos, é correto afirmar que:


a) John Locke defende a democracia, isto é, a igualdade política entre os
homens, ao passo que Adam Smith privilegia o trabalho, portanto a
desigualdade.
+- + + <
x b) John Locke funda sua teoria política liberal na defesa da propriedade
privada, em sintonia com a defesa da livre iniciativa proposta por
+- + + <
Adam Smith.
c) o consentimento para evitar o poder centralizado do rei, em John
Locke, choca se com a necessidade de intervenção econômica, segun-
do Adam Smith.
d) a monarquia absolutista é a base da teoria política de John Locke,
enquanto o Estado não intervencionista é o suporte da teoria econô-
mica de Adam Smith.
e) para John Locke, o consentimento é garantido pela divisão dos poderes
harmonizando-se com a defesa da propriedade coletiva de Adam Smith.

8 (UEL) Nos Princípios Matemáticos de Filosofia Natural, Newton afirmara


que as leis do movimento, assim como a própria lei da gravitação universal,
tomadas por ele como proposições particulares, haviam sido "inferidas dos
fenômenos, e depois tornadas gerais pela indução". Kant atribui a estas
proposições particulares, enquanto juízos sintéticos, o caráter de leis o
priori da natureza. Entretanto, ele recusa esta dedução exclusiva das leis da
natureza e consequente generalização a partir dos fenômenos. Destarte,
para enfrentar o problema sobre a impossibilidade de derivar da experiên-
+ + cia juízos necessários e universais, um dos esforços mais significativos de
Kant dirige-se ao esclarecimento das condições de possibilidade dos juízos
sintéticos o priori.
Com base no enunciado e nos conhecimentos acerca da teoria do conhe-
cimento de Kant, é correto afirmar:
x a) A validade objetiva dos juízos sintéticos o priori depende da estrutura
universal e necessária da razão e não da variabilidade individual das
+ + +- <
experiências.
b) Os juízos sintéticos o priori enunciam as conexões universais e neces-
+ + +- <
sárias entre causas e efeitos dos fenômenos por meio de hábitos
psíquicos associativos.
c) O sujeito do conhecimento é capaz de enunciar objetivamente a rea-
lidade em si das coisas por meio dos juízos sintéticos o priori.
d) Nos juízos sintéticos o priori, de natureza empírica, o predicado nada
mais é do que a explicitação do que já esteja pensado realmente no
conceito do sujeito.
e) A possibilidade dos juízos sintéticos o priori nas proposições empíricas
fundamenta-se na determinação da percepção imediata e espontâ-
nea do objeto sobre a razão.

9 (UEM)
O hábito é, pois, o grande guia da vida humana. É aquele princí-
pio único que faz com que nossa experiência nos seja útil e nos leve
a esperar, no futuro, uma sequência de acontecimentos semelhante
às que se verificaram no passado. Sem a ação do hábito, ignoraríamos
completamente toda questão de fato além do que está imediatamente
+ +
presente à memória ou aos sentidos. Jamais saberíamos como adequar
+ +
os meios aos fins ou como utilizar os nossos poderes naturais na
produção de um efeito qualquer. Seria o fim imediato de toda a ação,
assim como da maior parte da especulação.
HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano.
São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 145-146. Coleção Os Pensadores.

9._Soma = 25 (O L + 08 +_16) Com base nesse texto e no seu conhecimento sobre a Filosofia de Hume,
assinale o que for correto.
01) Segundo Hume, entre um fenômeno e outro não há conexão causal
necessária que possa ser verificada na experiência; é o hábito que
+ +
explica a noção da relação causa e efeito: por termos visto, várias
vezes juntos, dois objetos ou fatos - por exemplo, calor e chama,
peso e solidez -, somos levados, pelo costume, a prever um quando
o outro se apresenta.
02) Como representante do racionalismo, Hume afirmou que o princípio
de causalidade, lei inexorável que regula todos os acontecimentos da
natureza, é inferido da experiência por um processo de raciocínio.
04) Para Hume, o hábito é um falso guia; se não nos fiarmos na razão,
fonte do conhecimento verdadeiro, e nos deixarmos conduzir pelo cos-
tume, erraremos inevitavelmente em nossas ações e investigações.
08) Éo hábito que nos permite ultrapassar os dados empíricos, os quais pos-
suímos seja na forma de impressão seja na forma de ideias, e afirmar
mais do que aquilo o qual pode ser alcançado na experiência imediata.
16) A ideia de causa é apenas uma ideia geral constituída pela associa-
ção de ideias e baseada na crença formada pelo hábito.


Dê como resposta a soma das alternativas corretas .
10 (Unesp) 10. No próprio texto, Kant afirma que
('menoridade é ~ incapacidade de
O Iluminismo é a saída do homem de um estado de menoridade servir-se do próprio intelecto sem a
que deve ser imputado a ele próprio. Menoridade é a incapacidade guia de outro"; nesselsentido, essa
('incapaciaacle"a o fiohi emâe( pensar
de servir-se do próprio intelecto sem a guia de outro. Imputável a si
por si próprio pode ser as~ociada a
próprios é esta menoridade se a causa dela não depende de um de- um quadro de restrições institucionais,
feito da inteligência, mas da falta de decisão e da coragem de servir-se imposto pela rellgião e/ou pelo Estado.
do próprio intelecto sem ser guiado por outro. Sapere aude! Tem a A proposta db Kant é a de qué º"J
homem rompa com essas restrições,
coragem de servires de tua própria inteligência!
criando, assim, as co~dições sociais
lmmanuel Kant, 1784. par a superação da "menoridade"-. -
Sob o co~ to do Iluminismo e dos
Esse texto do filósofo Kant é considerado uma das mais sintéticas e ade- movimentos revdlucionários que ele
quadas definições acerca do Iluminismo. Justifique essa importância co- gerou (Revolu~ão Amerieana~Revolu~ão
mentando o significado do termo "menoridade", bem como os fatores Francesa) dava-se o momento ideal
para o homem crfarpara si uma nova
sociais que produzem essa condição, no campo da religião e da política. condição. l

11 (Enem, 2012)
Texto I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e
é de prudência nunca se falar inteiramente em quem já nos enganou
uma vez.
+ <
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
+ <

Texto II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia es-
teja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas
indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for im-
possível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para
confirmar nossa suspeita. +- + + <

HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do co- +- + + <

nhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que


Descartes e Hume
a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um
conhecimento legítimo.
b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia
na reflexão filosófica e crítica.
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do co-
nhecimento.
d) concordam que o conhecimento humano é impossível em relação às
ideias e aos sentidos.
x e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de
obtenção do conhecimento.
Atividades
1 (UEL) O lema da bandeira do Brasil, "Ordem e Progresso", indica a forte
influência do positivismo na formação política do Estado brasileiro. Assi-
nale a alternativa que apresenta ideias contidas nesse lema.
x a) Crença na resolução dos conflitos sociais por meio do estímulo à coe-
são social e à evolução natural da nação.
b) Ideais de movimentos juvenis, que visam superar os valores das ge-
rações adultas.
c) Denúncia dos laços de funcionalidade que unem as instituições so-
ciais e garantem os privilégios dos ricos.
d) Ideal de superação da sociedade burguesa através da revolução das
classes populares.
e + + r < e) Negação da instituição estatal e da harmonia coletiva baseada na
e + + r < hierarquia social.

2 (UFU) A expressão "astúcia da razão" foi utilizada por Hegel para explicar
o desenvolvimento da História Universal. A respeito do significado dessa
expressão, marque a alternativa correta.
a) Essa expressão significa o irracional governando o mundo, porque as
ações humanas são movidas pelos interesses mesquinhos que só en-
+ + r <
contram a sua satisfação na destruição do Estado, fazendo a humani-
dade regredir ao estado de natureza.
+ + r <
b) Essa expressão significa a fraude característica das ações dos indiví-
duos históricos universais que estão empenhados na aquisição do
poder, sem se envolverem com a vida cotidiana e com a esfera da
moralidade subjetiva dos povos.
c) Essa expressão significa a ilusão de que as coisas realmente aconte-
cem, quando na verdade a História Universal é conduzida pela força
do destino traçada pela ordem da Providência Divina, que está acima
da vontade dos homens.
x d) Essa expressão significa a força da razão, isto é, o universal que se
manifesta por intermédio das ações humanas, as quais buscam a sa-
tisfação imediata e realizam algo mais abrangente, constituindo histo-
ricamente o Estado e a vida ética dos indivíduos em sociedade civil.

3 (UFSJ) A ideia do "martelo" de Nietzsche é entendida como:


a) argumento construído com a clara intenção de fomentar o debate e a


defesa privilegiada dos valores e da moral cristã .
x b) instrumento metafórico de destruição de todos os ídolos, de todas as
crenças estabelecidas, de todas as convenções e valores transcen-
dentais fundamentados na moral e na religião cristã, bem como na + <

filosofia metafísica socrático-platônica.


c) uma normalização para todo e qualquer embate moral e sistemático
no âmbito das relações do homem com o mundo no qual ele está
inserido.
d) uma afirmação de derrogação do universo racional e religioso no qual
estava mergulhada a natureza humana do século XVIII. +- + + <

4 (UEG) Hegel, prosseguindo na árdua tarefa de unificar o dualismo de +- + + <


Kant, substituiu o eu de Fichte e o absoluto de Schelling por outra enti-
dade: a ideia. A ideia, para Hegel, deve ser submetida necessariamente
a um processo de evolução dialética, regido pela marcha triádica da:
a) experiência, juízo e raciocínio.
b) realidade, crítica e conclusão.
c) matéria, forma e reflexão.
x d) tese, antítese e síntese.

5 (Unesp)
Em algum remoto rincão do sistema solar cintilante em que se
derrama um sem-número de sistemas solares, havia uma vez um
astro em que animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi
o minuto mais soberbo e mais mentiroso da história universal: mas
também foi somente um minuto. Passados poucos fôlegos da nature-
za congelou-se o astro, e os animais inteligentes tiveram de morrer.
- Assim poderia alguém inventar uma fábula e nem por isso teria +- + + <
ilustrado suficientemente quão lamentável, quão fantasmagórico e
+- + + <
fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro
da natureza. Houve eternidades em que ele não estava; quando de
novo ele tiver passado, nada terá acontecido. Ao contrário, ele é hu-
mano, e somente seu possuidor e genitor o toma tão pateticamente,
como se os gonzos do mundo girassem nele. Mas se pudéssemos
entender-nos com a mosca, perceberíamos então que também ela
boia no ar[ .. .] e sente em si o centro voante desse mundo.
+- + + <
NIETZSCHE. O Livro das Citações, 2008.

Sobre este texto, é correto afirmar que: +- + + <

a) Seu teor acerca do lugar da humanidade na história do universo é


antropocêntrico.
b) O autor revela uma visão de mundo cristã.
x c) O autor apresenta uma visão cética acerca da importância da huma-
nidade na história do universo.
d) Ao comparar a vida humana com a vida de uma mosca, Nietzsche
corrobora os fundamentos de diversas teologias, não se limitando ao
ponto de vista cristão.
e) Para o filósofo, a vida humana é eterna.

6 (UEM) Friedrich Nietzsche critica o pensamento socrático-platônico e a


tradição da religião judaico-cristã por terem desenvolvido uma razão e
uma moral que subjugaram as forças instintivas e vitais do ser humano,
a ponto de domesticar a vontade de potência do homem e de transfor-
má-lo em um ser fraco e doentio. Assinale o que for correto.
----2.; Soma = 09 (01 + 08) 01) Ao criticar a moral tradicional racionalista, considerada hipócrita e
decadente, Nietzsche propõe uma moral não repressiva, que permi-
te o livre curso dos instintos, de modo que o homem forte possa, ao
mesmo tempo, acompanhar e superar o movimento contraditório e
antagônico da vida.
02) Para Nietzsche, o super-homem deveria ter a missão de criar uma
raça capaz de dominar a humanidade, sendo, por isso, necessário
aniquilar os mais fracos.
+ + +- <
04) Nietzsche concorda com o marxismo, quando esse afirma que a his-
tória da humanidade é a história das lutas de classes, e considera
que o socialismo é a única forma de organização social aceitável.
+ + +- <
08) Nietzsche identifica dois grandes tipos de moral, isto é, a moral aris-
tocrática de senhores e a moral plebeia de escravos. A moral de es-
cravos é caracterizada pelo ressentimento, pela inveja e pelo senti-
mento de vingança; é uma moral que nega os valores vitais e nutre
a impotência.
16) Os valores que constituem a moral aristocrática de senhores são,
para Nietzsche, eternos e invioláveis. Devem orientar a humanidade
com uma força dogmática, de modo que o homem não se perca.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

7 (UFSJ) Para Caio Prado Jr., a observação de Engels: "O núcleo que encerra as
verdadeiras descobertas de Hegel... o método dialético na sua forma simples
em que é a única forma justa do desenvolvimento do pensamento", revela:
x a) a herança da dialética hegeliana assumida por Karl Marx.
b) a filosofia de Marx com sua herança escolástica partilhada por Hegel.
+ + +- <
c) a perspectiva dialética do homem, que permite considerá-lo capaz de
conceituar termos científicos no aspecto ou feição do universo.
+ + +- <
d) o tema central da filosofia, a saber, o desenvolvimento da dialética do
ser humano, fator determinante do existencialismo contemporâneo.

8. Soma= 24 (ID8 + 16) 8 (UEM) Hegel criticou o inatismo, o empirismo e o kantismo. Endereçou a
todos a mesma crítica, a de não terem compreendido o que há de mais
fundamental e essencial à razão: o fato de ela ser histórica. Com base
+ + +- < nessa afirmação, assinale o que for correto.
01) Ao afirmar que a razão é histórica, Hegel considera a razão como
+ + +- < sendo relativa, isto é, não possui um caráter universal e não pode
alcançar a verdade.
02) Não há para Hegel nenhuma relação entre a razão e a realidade.
Submetida às circunstâncias dos eventos históricos, a razão está con-
denada ao ceticismo, isto é, "ao duvidar sempre".
04) A identificação entre razão e história conduz Hegel a desenvolver
uma concepção materialista da história e da realidade, negando en-
tre ambas a possibilidade de uma relação dialética.
08) No sistema hegeliano, a racionalidade não é mais um modelo a ser
aplicado, mas é o próprio tecido do real e do pensamento. O mundo
é a manifestação da ideia, o real é racional, e o racional é o real.
16) Karl Marx, ao afirmar, na Ideologia alemã, que não é a história que
anda com as pernas das ideias, mas as ideias é que andam com as
pernas da história, critica, ao mesmo tempo, o idealismo e a concep-
ção da história de Hegel e dos neo-hegelianos.


Dê como resposta a soma das alternativas corretas .
9 (UEG) Karl Marx foi um pensador que exerceu grande influência sobre a
filosofia e a sociologia. A sua teoria das classes sociais pode ser pensada
+ <
tanto do ponto de vista filosófico quanto do ponto de vista sociológico.
Sobre esse assunto, é correto afirmar:
x a) Marx pensa o proletariado como classe social constituída pelo conjun-
to dos trabalhadores assalariados produtivos que só possuem sua for-
ça de trabalho para vender em troca de um salário. Porém, por causa
da influência da filosofia hegeliana, ele não vê o proletariado apenas
"empiricamente", como "classe mais sofredora", mas também como +- + + <
potencialidade, vir a ser, carregando em si a possibilidade e a tendência
de engendrar o comunismo.
+- + + <
b) Marx julga que o proletariado é composto pelos trabalhadores assala-
riados, que possuem um "espírito de rebanho" (Nietzsche), e que por
isso será libertado pelo socialismo filosófico, tal como propunham os
socialistas utópicos.
c) Marx considera que o proletariado é uma classe social revolucionária
por ser explorada pela classe capitalista e, somente quando houvesse
a universalização do ensino, ela passaria, segundo linguagem hege-
liana, de "classe em si" a "classe para si".
d) As classes sociais são o sujeito histórico das mudanças sociais, havendo
um revezamento das elites no poder, de acordo com a teoria das elites
de Mosca e Pareto, sendo a realização da razão na história, tal como
pensava Hegel. Assim, conforme a filosofia da história de Hegel, a razão
é determinante no desenvolvimento histórico e das classes sociais.

10 (Enem, 2013)
Na produção social que os homens realizam, eles entram em de-
terminadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; +- + + <

tais relações de produção correspondem a um estágio definido de +- + + <


desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade
dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade - nm-
damento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e
jurídica, e ao qual correspondem formas de consciência social.
MARX, K. Prefácio à crítica da economia política. ln: MARX, K.: ENGELS, F. Textos 3.
São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado).

Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema +- + + <

capitalista faz com que


a) o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia. +- + + <

b) o trabalho se constitua como o fundamento real da produção material.


c) a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso
humano.
d) a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento
econômico.
x e) a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência
de classe.
ttt t Atividades
7. Soma= 24 (08 + 76) 1 (UEM) A filosofia de método fenomenológico foi criada na Alemanha
pelo matemático e filósofo Edmund Husserl. A fenomenologia como teo-
ria do conhecimento contesta tanto o empirismo quanto o idealismo.
Para a fenomenologia, o empirismo conduz ao ceticismo, e o idealismo
reduz o conhecimento a uma atividade puramente psicológica. Sobre a
fenomenologia, assinale o que for correto.
01) Para a fenomenologia, só podemos alcançar a verdade reproduzindo,
pelas experiências realizadas nos laboratórios, os fenômenos que
observamos na natureza.
02) Edmund Husserl buscou nos Cursos de filosofia positivo, de Auguste
Comte, os princípios que irão fundamentar um método seguro para
alcançar a verdade científica.
+- +
04) Da mesma maneira que Platão, a fenomenologia considera que o
+- +
mundo sensível apresenta-se sob o engano da aparência. A verdade
deve ser procurada no mundo inteligível das ideias.
08) A fenomenologia considera que a consciência é intencionalidade, ou
seja, a consciência é sempre consciência de alguma coisa. Por isso, a
fenomenologia não busca explicar a consciência, mas descrevê-la no
ato do conhecimento. É a partir da intencionalidade da consciência
+- + +- +
que devemos entender como se produz o conhecimento.
16) O filósofo francês Jean-Paul Sartre encontrou na fenomenologia os
fundamentos para elaborar a filosofia existencialista e sua concepção
+- + +- +
de liberdade.
Apresente como resposta a soma das alternativas corretas.

2 (UEMA) O tema da liberdade é discutido por muitos filósofos. No existen-


cialismo francês, Jean-Paul Sartre, particularmente, compreende a liber-
dade enquanto escolha incondicional. Entre as afirmações abaixo, a única
que está de acordo com essa concepção de liberdade humana é:
a) O homem primeiramente tem uma essência divinizada e depois uma
existência manifestada na história de sua vida.
b) O homem não é mais do que aquilo que a sociedade faz com ele.
c) O homem primeiramente existe porque sendo consciente é um
ser-em-si e para-o-outro.
d) O homem é determinado por uma essência superior, que é o Deus da
existência, pois, primeiramente não é nada.
x e) O homem primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e


tal como a si próprio se fizer.
3 (Unesp) ~ Um dos expoentes do pensamento
frankfurtiano, Marcuse critica a
Em troca dos artigos que enriquecem sua vida, os indivíduos práti a da "suposta" liberdade do
vendem não só seu trabalho, mas também seu tempo livre. As pes- homem, já que o progresso té2nico
do capitalismo resultou em uma
soas residem em concentrações habitacionais e possuem automóveis variada oferta de bens de consumo,
particulares com os quais já não podem escapar para um mundo o que, por sua vez/, transformou
diferente. Têm gigantescas geladeiras repletas de alimentos congela- os seres humanos em potenciais
dos. Têm dúzias de jornais e revistas que esposam os mesmos ideais. consumidores, fazendo-os não
perceber a realidaâe como de fato
Dispõem de inúmeras opções e inúmeros inventos que são todos da ela é. o trabalho élalienado e o
mesma espécie, que as mantêm ocupadas e distraem sua atenção do tempo livre é convertido na prática
verdadeiro problema, que é a consciência de que poderiam trabalhar do consumo, que se transforma em
menos e determinar suas próprias necessidades e satisfações. umlâzer. +-
+ <
Herbert Marcuse, filósofo alemão, 1955.

Caracterize a noção de liberdade presente no texto de Marcuse, conside-


rando a relação estabelecida pelo autor entre liberdade, progresso técnico
e sociedade de consumo.

4 (UEM) Jürgen Habermas constrói um novo sistema filosófico, fundamen- ( Soma= 28 (04 + 08 + 76)
tado na teoria da ação comunicativa. Em oposição à filosofia da consciên-
cia da tradição moderna, que concebe a razão como uma entidade cen-
trada no sujeito, Habermas considera a razão como sendo o resultado de
+ <
uma relação intersubjetiva entre indivíduos que procuram, por meio da
linguagem, chegar ao entendimento. Assinale o que for correto. + <

01) Jürgen Habermas perpetua a tradição de René Descartes e, como ele,


acredita que o "penso, logo existo" é a primeira certeza a partir da
qual podemos alcançar a verdade.
02) Para Jürgen Habermas, a linguagem tem o caráter imperativo, pois
afirma verdades encontradas por uma razão que obedece aos precei-
tos da lógica formal. +- + + <
04) Jürgen Habermas pertence inicialmente ao grupo dos frankfurtianos,
todavia, mesmo se distanciando da Escola de Frankfurt, mantém os
+- + + <
principais objetivos dessa corrente filosófica, isto é, o esclarecimento
e a emancipação do homem.
08) Na teoria da ação comunicativa, a verdade é resultado de uma rela-
ção dialógica, fundamentada em uma situação ideal de fofo, que
exclui qualquer relação de poder entre os interlocutores.
16) Jürgen Habermas procura resgatar a reflexão crítica da Ilustração que
tem em Kant um dos principais expoentes. A Ilustração opõe-se ao
autoritarismo e ao abuso do poder e defende as liberdades individuais
e os direitos do cidadão.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

5 (Unioeste)
Só pelo fato de que tenho consciência dos motivos que solicitam
minha ação, esses motivos já são objetos transcendentes para minha
consciência, estão fora; em vão buscaria agarrar-me a eles, escapo
disto por minha existência mesma. Estou condenado a existir para

c®nette.
sempre além de minha essência, além dos móveis e dos motivos de
meu ato: estou condenado a ser livre. Isto significa que não se poderia
+ + encontrar para a minha liberdade outros limites senão ela mesma, ou,
se se prefere, não somos livres de cessar de ser livres. [.. .] O sentido
profundo do determinismo é o de estabelecer em nós uma continuida-
de sem falha da existência em si. [.. .] Mas em vez de ver transcendên-
cias postas e mantidas no seu ser por minha própria transcendência,
supor-se-á que as encontro surgindo no mundo: elas vêm de Deus, da
natureza, da "minha" natureza, da sociedade. [.. .] Essas tentativas abor-
+ + tadas para sufocar a liberdade - elas desmoronam quando surge, de
repente, a angústia diante da liberdade - mostram bastante que a liber-
+ +
dade coincide no fundo com o nada que está no coração do homem.
Sartre.

Com base no texto, seguem as seguintes afirmativas:


1. No homem, a existência precede a essência.
li. Em sua essência, o homem é um ser determinado quer seja, ou por
Deus, ou pela natureza, ou pela sociedade.
Ili. Os limites da minha liberdade são estabelecidos pelos valores religio-
sos, estéticos, políticos e sociais.
IV. "O homem não está livre de ser livre", pois não é possível "cessar de
ser livre".
V. A liberdade humana, em suas escolhas, se orienta por valores objeti-
vos e predeterminados.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas li está correta.
X b) Apenas I e IV estão corretas.
c) Apenas li e IV estão corretas.
e + + <
~
d) Apenas Ili e V estão corretas.
e + + <
~
e) Todas as afirmativas estão corretas.

6 (UFSJ)
O ser em relação aos outros não é apenas uma relação de ser
autônomo e irredutível: enquanto "ser-com" ela é uma relação
que, como o ser do ser-aí, já está aí. É indiscutível que um inten-
+ + so conhecimento pessoal mútuo, fundado no ser-com, depende
frequentemente de até onde cada ser-aí conhece-se a si mesmo
+ +
na ocasião; mas isto quer dizer que esse conhecimento depende
apenas de até onde o essencial ser-com-os-outros de alguém o
tem tornado transparente e não o tem disfarçado. Isso é possível
somente se o ser-aí, enquanto sendo-no-mundo, já é com os ou-
tros. A "empatia" não é o constitutivo primeiro do ser-com; uni-
camente enquanto fundada no ser-com a empatia pode tornar-se
possível. Ela recebe sua motivação da insociabilidade dos modos
dominantes de ser-com.
HEIDEGGER, Martin. Todos nós . ninguém. Um enfoque fenomenológico do social.
São Paulo: Moraes, 1981. p. 46.

De acordo com Heidegger,


a) a relação ser-com é uma relação diferente da do ser do ser-aí.
b) o conhecimento pessoal mútuo independe do ser-aí conhecer a si
mesmo.
x c) conhecer o ser-aí depende de abrir-se ao ser-com.


d) é importante manter o disfarce na relação ser-com-os-outros .
7 (UFU) Jean-Paul Sartre (1905-1980) encontrou um motivo de reflexão
sobre a liberdade na obra de Dostoiévski, Os irmãos Koromozov:
+ <
"se Deus não existe, tudo é permitido". A partir daí teceu considera-
ções sobre esse tema e algumas consequências que dele podem ser
derivadas.
[. ..] tudo é permitido se Deus não existe e, por conseguinte, o ho-
mem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora
dele nada a que se agarrar. Para começar, não encontra desculpas.
[. ..] Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo +- + + <

que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não


se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi +- + + <
lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz.
SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Nova Cultural, 1987,
p. 9. Coleção Os Pensadores.

Com base em seus conhecimentos sobre a filosofia existencialista de


Sartre e nas informações acima, assinale a alternativa correta.
a) Porque entende que somos livres, Sartre defendeu uma filosofia não
engajada, isto é, uma filosofia que não deve se importar com os
acontecimentos sociais e políticos de seu tempo.
b) Para Sartre, a angústia decorre da falta de fé em Deus e não do fato
de sermos absolutamente livres ou como ele afirma "o homem está
condenado a ser livre".
c) As ações humanas são o reflexo do equilíbrio entre o livre-arbítrio e
os planos que Deus estabelece para cada pessoa, consistindo nisto a
verdadeira liberdade.
x d) Para Sartre, as ações das pessoas dependem somente das escolhas e +- + + <
dos projetos que cada um faz livremente durante a vida e não da
+- + + <
suposição da existência e, portanto, das ordens de Deus.
8 (UEL)
Tudo indica que o termo "indústria cultural" foi empregado pela
primeira vez no livro Dialética do esclarecimento, que Horkheimer
[1895-1973] e eu [Adorno, 1903-1969] publicamos em 1947, em Ams-
terdã. [.. .] Em todos os seus ramos fazem-se, mais ou menos segundo
+- + + <
um plano, produtos adaptados ao consumo das massas e que em
grande medida determinam esse consumo.
+- + + <
ADORNO, Theodor W. A indústria cultural. ln: COHN, Gabriel (Org.). Theodor W. Adorno.
São Paulo: Ática, 1986. p. 92.

Com base no texto acima e na concepção de indústria cultural expressa


por Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
a) Os produtos da indústria cultural caracterizam-se por ser a expressão
espontânea das massas.
b) Os produtos da indústria cultural afastam o indivíduo da rotina do
trabalho alienante realizado em seu cotidiano.
c) A quantidade, a diversidade e a facilidade de acesso aos produtos da
indústria cultural contribuem para a formação de indivíduos críticos,
capazes de julgar com autonomia.
d) A indústria cultural visa à promoção das mais diferentes manifestações
culturais, preservando as características originais de cada uma delas.
x e) A indústria cultural banaliza a arte ao transformar as obras artísticas
em produtos voltados para o consumo das massas.
í
9. Soma= 23 (01 + 02 + 04 + 16) 9 (UEM)
É característica da filosofia contemporânea a perda do otimismo
filosófico de que os seres humanos haviam alcançado a maioridade
racional, pois o séc. XX nega uma ciência universal, defendendo uma
pluralidade de culturas e diferenças no momento de criar linguagens,
elaborar mitos, organizar o trabalho e conceber as artes.
CHAUI, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005. p. 53.

Sobre a filosofia contemporânea, assinale o que for correto.


+ + +- <
01) A hermenêutica é a corrente filosófica contemporânea segundo a
qual toda interpretação se movimenta sobre um fundo pré-compre-
+ + +- <
ensivo, que já a orienta no que vai interpretar. Este fenômeno é o
chamado círculo hermenêutico.
02) Um traço específico do período contemporâneo é a crise dos funda-
mentos clássicos e modernos. Conceitos herdados da tradição, como
"racionalidade", "verdade", "universalidade", "liberdade" são postos
entre parênteses, tendo em vista uma nova imagem do mundo re-
vestida de relatividade e arbitrariedade.
04) Éespecífica no cenário contemporâneo a influência de Michel Foucault
para pensar problemas novos, como o nascimento da clínica e a micro-
física do poder na esfera pública e privada.
08) Encontram-se na pós-modernidade tendências neoclassicistas de re-
torno ao clássico. Destacam-se, nesse movimento de retorno, o mito
da caverna de Platão e o atomismo de Demócrito.
16) A teoria da comunicação, de Jürgen Habermas e Karl O. Appel, não
defende princípios éticos universais e absolutos, como era o impera-
tivo categórico, mas a possibilidade de fundamentos dialógicos e
+- + + +- <
pluralistas para a ação moral.
+- + + +- <
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

+ + +- <

+ + +- <


Atividades r

1 (UFSM) Na nossa sociedade, roubar e mentir na ausência de razões ou


motivos suficientemente fortes são atitudes consideradas imorais. Supo-
nha, no entanto, que a maioria das pessoas começasse a roubar e mentir
sem que houvesse para isso boas razões ou motivos. Nesse caso, é pos-
sível dizer que roubar e mentir deixariam de ser imorais?
a) Sim, pois a moralidade de uma ação ou atitude depende de como
essa ação ou atitude é percebida por outras pessoas.
b) Sim, pois nesse caso quem não roubasse e mentisse seria prejudicado.
x c) Não, pois o que torna uma ação imoral é a sua conformidade ou a
princípios morais ou a regras de virtude.
d) Não, pois só são imorais aquelas ações e atitudes que juridicamente
também são ilegais.
e) Não, pois roubar e mentir são atitudes que só dizem respeito aos in-
divíduos e não afetam as outras pessoas.

2 (Unesp)
Texto 1
Agora que as paixões acalmaram, volto à proibição do fumo em
ambientes fechados, aprovada pela Assembleia Legislativa de São .. + .. +
Paulo. Incrível como esse tema ainda gera discussões acaloradas.
Como é possível considerar a proibição de fumar nos lugares em .. + .. +
que outras pessoas respiram uma afronta à liberdade individual? As
evidências científicas de que o fumante passivo também fuma são
tantas e tão contundentes que os defensores do direito de encher de
fumaça restaurantes e demais espaços públicos só podem fazê-lo por
duas razões: ignorância ou interesse financeiro. Sinceramente, não
consigo imaginar terceira alternativa.
VARELLA, Drauzio. O fumo em lugares fechados. Folha de S.Paulo, 25 abr. 2009.

Texto 2
Típico do espírito fascista é seu amor puritano pela "humanidade
correta" ao mesmo tempo em que detesta a diversidade promíscua
dos seres humanos. Por isso sua vocação para ideia de "higiene cien-
tífica e política da vida": supressão de hábitos "irracionais", criação de
comportamentos "que agregam valor político, científico e social". O
imperativo "seja saudável" pode adoecer uma pessoa. Na democracia
o fascismo pode ser invisível como um vírus. Quer um exemplo da
contaminação? Votemos uma lei: mesmo em casa não se pode fumar.
Afinal, como ficam os pulmões dos vizinhos? Que tal uma campanha
+ + r < nas escolas para as crianças denunciarem seus pais fumantes?
PONDÉ, Luiz Felipe. O vírus fascista. Folha de S.Paulo, 22 set. 2008.

De acordo com os dois textos, pode-se concluir que:


a) a filosofia é uma área do conhecimento que compartilha dos mesmos
critérios que a ciência.
b) no texto 2, o "amor puritano pela humanidade correta" é compatível
+ + r <
com a "diversidade promíscua dos seres humanos".
c) segundo os dois autores, fumar ou não fumar é problema ético, não
r
+ + <
relacionado com políticas estatais de saúde pública.
X d) para o autor do texto 2, inexistem critérios universais e absolutos que
possam regular o comportamento ético dos indivíduos.
e) para os dois autores, a vida saudável é um imperativo a ser priorizado
sob quaisquer circunstâncias.

(UFPA) A filosofia moral aborda os fundamentos da ação humana tanto


3 sob o aspecto legal quanto moral. Sobre a especificidade desses dois
aspectos, é correto afirmar:
a) Embora as normas jurídicas pretendam organizar e regular as rela-
ções humanas, as doutrinas morais de modo algum as levam em
consideração, por isso não reconhecem nenhum valor real nelas.
b) Se é certo que as normas jurídicas são leis que têm validade para
ações públicas, as regras morais, por seu lado, só levam em conside-
ração os aspectos privados da ação, e seus princípios se aplicam ape-
nas ao indivíduo e não ao cidadão.
r + + r < c) Do ponto de vista moral, as normas jurídicas são sempre legais, mas
r + + r < não são legítimas, enquanto os princípios morais, por serem verda-
deiros, são legítimos embora não legais.
d) Os códigos morais são os únicos que possuem um valor real e oficial
na regulação da conduta social do homem.
X e) Ainda que as doutrinas morais visem a responder às mesmas neces-
sidades sociais que as normas jurídicas, as primeiras não oferecem
nenhum código formal, coagindo o homem internamente, enquanto
r
+ + < as segundas o coagem externamente.

(UEMA) Ao analisarmos o tema moralidade no interior das relações so-


+ + r <
4 ciais, nos deparamos, geralmente, com o seguinte paradoxo: se admiti-
mos exclusivamente a dimensão social da moral, caímos no dogmatismo
e no legalismo. Se por outro lado, aceitamos que a regra moral é interro-
gada e aferida apenas pelo sujeito, incorremos no individualismo. Diante
de tal dilema a alternativa correta é:
x a) Admitir a moral enquanto relação dialética entre o pessoal e o social,
entre o determinismo e a liberdade, entre a aceitação e a recusa.
b) Sobrepor o caráter social da moral à subjetividade. O sujeito obedece
às determinações legais e normativas.
c) Priorizar a escolha e determinação pessoal à revelia dos paradigmas
sociais da moral.
d) Estabelecer flexibilização absoluta à moral, de modo que esta funcio-
ne conforme as circunstâncias.
e) Considerar que a ação moral correta do indivíduo depende exclusiva-


mente da interpretação dos desígnios de Deus .
5 (UFSM) O uso de fontes alternativas de energia, como a energia solar,
está cada vez mais difundido no mundo contemporâneo. Isso se deve,
+ <
em boa medida, ao conhecimento adquirido nas últimas décadas de
que o uso excessivo de combustíveis fósseis (por exemplo, o carvão) na
produção de energia tem contribuído significativamente para o chama-
do "efeito estufa". A principal consequência desse efeito é o aumento
da temperatura média da Terra. Dado o conhecimento que temos hoje
das decorrências negativas do "efeito estufa", pode-se dizer que, em
uma ética de tipo aristotélica, o uso de energias alternativas constitui
+- + + <
um ....; em uma ética de tipo kantiana, por sua vez, o uso de energias
alternativas constitui um ....; em uma ética de tipo utilitarista, o uso de
energias alternativas constitui um ..... +- + + <

Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas.


x a) comportamento virtuoso - dever moral - comportamento que conduz
o maior número de pessoas à felicidade maior
b) comportamento virtuoso - comportamento que conduz o maior número
de pessoas à felicidade maior - dever moral
c) dever moral - comportamento virtuoso - comportamento que conduz
o maior número de pessoas à felicidade maior
d) dever moral - comportamento que conduz o maior número de pessoas
à felicidade maior - dever moral
e) comportamento que conduz o maior número de pessoas à felicidade
maior - dever moral - comportamento virtuoso

6 (UEM) 6. Soma= 26 (02 + 08 + 76)


A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que se ocupa com
a reflexão a respeito das noções e princípios que fundamentam a +- + + <
vida moral.
+- + + <
ARANHA, Maria L. de Arruda; MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: introdução à Filosofia.
3. ed. São Paulo: Moderna, 2003. p. 301.

A ética nasce quando a indagação formula duas questões: primeiro, de


onde vêm e o que valem os costumes; segundo, o que é o caráter de cada
pessoa, isto é, seu senso e consciência moral. Assinale o que for correto.
01) Para Nietzsche, a ética institui um "dever ser" moral, os princípios e
os valores que ela dita são universais, portanto válidos para todos os +- + + <

homens, independentemente do tempo e do espaço.


02) As perguntas dirigidas por Sócrates aos atenienses sobre o que eram +- + + <
os valores nos quais acreditavam e que respeitavam ao agir inaugu-
ram a filosofia moral, porque definem o campo no qual valores e
obrigações morais podem ser estabelecidos pela determinação do
seu ponto de partida, isto é, a consciência do agente moral.
04) Para Aristóteles, a ética fundamenta-se em princípios ascéticos, em
uma moral da abnegação, como condições indispensáveis para im-
por aos homens um "dever ser" capaz de conter o caráter perverso
dos seus instintos e paixões.
08) A ética não se confunde com a política, todavia elas mantêm entre si
uma relação necessária, pois a formação ética é, ao sobrepor os interes-
ses coletivos aos individuais, importante para o exercício da cidadania.
16) Para Kant, não existe bondade natural. Por natureza, o homem é
egoísta, ambicioso, destrutivo, ávido de prazeres que nunca o saciam
e pelos quais mata, mente, rouba; é a razão pela qual precisa do
dever para se tornar um ser moral.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.
7 (UEG) Leia o texto abaixo.
+ + Também não é exagero afirmar que o investimento no pensa-
mento positivo pode ser encarado como uma forma moderna de
escapismo. "Para muitas pessoas, isso é um alívio, pois essas técnicas
irão poupá-las do trabalho de questionar qual o sentido de sua vida,
o melhor caminho para seguir e a que atividade se deseja dedicar",
comenta a filósofa Dulce Cristelli, da PUC-SP. As dúvidas existenciais
e o sofrimento dão lugar à busca desenfreada pela casa nova, pelo
+ + carro de luxo, pelo emprego dos sonhos, pelos amores incríveis.
VERONESE, Michelle. Pensamento positivo. Superlnteressante, São Paulo:
Abril, ed. 242, ago. 2007, p. 63.
+ +

O pensamento positivo, referido no texto, pode ser encarado como uma


fuga da realidade. Contrariamente, para Kant, o homem necessita do
dever para se tornar um ser moral e, consequentemente, um ser autô-
nomo. Para Kant, a máxima do ser que age é:
a) Siga o contrato social, o qual, com teu consentimento, tem autorida-
de e poder sobre ti.
b) Saiba que a vida virtuosa é agir em conformidade com a natureza (o
cosmo).
x c) Aja como se a máxima de tua ação devesse servir de lei universal
para todos os seres racionais.
d) Aspira ao bem e à felicidade que só podem ser alcançados com a
obtenção de propriedades.

8 (UEL) Observe a tira e leia o texto a seguir:

fU'•"/ OR ! Al 6V~ A Vt 2 vo(e Pf?.E f i RO QUt. VDCE P1ÍtJ TR 1


JÁ Me TRAiU?
---,,.,.. - ,'
,...

Ê
&
voâ P~ftRE QUf:: ev 1l--..J.Jj~ !I.'---' - --....1.---"-!-- ........
p,,',JTlf ov .se1A ~ t. voei ACHA çue. E.V vou
SfrJc.eR.o? j ACP-tOfTAR NiJ5o?
- - - -......-----..1..1....AJL--.1
ITURRUSGARAI, A. Mundo Monstro. Folha de S.Pau/o. Ilustrada E-9, quinta-feira, 3 set. 2009.

O ponto de vista moral, a partir do qual podemos avaliar impar-


cialmente as questões práticas, é seguramente interpretado de di-
ferentes maneiras. Mas ele não está livre e arbitrariamente à nossa
disposição, já que releva a forma comunicativa do discurso racional.
Impõe-se intuitivamente a todos os que estejam abertos a esta forma
reflexiva da ação orientada para a comunicação.
HABERMAS, J. Comentários á Ética do Discurso. Tradução de Gilda Lopes Encarnação.
Lisboa: Instituto Piaget, 1999. p. 101-102.

Com base na tira e no texto, é correto afirmar que a ética do discurso de


Habermas:
a) baseia-se em argumentos de autoridade prescritos universalmente e
assegurados, sobretudo, pelo lastro tradicional dos valores partilha-


dos no mundo da vida .
b) pauta-se em argumentos de utilidade, os quais impõe o dever de
proporcionar, enquanto benefício, o maior bem ou a maior felicidade
aos envolvidos. + <

x c) funda-se em argumentos racionais sob condições simétricas de inte-


ração, amparados em pretensões de validade, tais como verdade,
sinceridade e correção.
d) constrói-se no uso de argumentos que visam ao aconselhamento e à
prudência, salientando a necessidade de ações retas do ponto de vista
do caráter e da virtude. +- + + <
e) realiza-se por meio de argumentos intuicionistas, fazendo respeitar o
que cada pessoa carrega em sua biografia quanto à compreensão do
+- + + <
que é certo ou errado.

g (Enem, 2013)
O brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos e morais
adequados, mas vive sob o espectro da corrupção, revela pesquisa.
Se o país fosse resultado dos padrões morais que as pessoas dizem
aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com Bruzundan-
ga (corrompida nação de Lima Barreto).
FRAGA, P. Ninguém é inocente. Folha de 5. Paulo. 4 out. 2009 (adaptado).

O distanciamento entre "reconhecer" e "cumprir" efetivamente o que é


moral constitui uma ambiguidade inerente ao humano, porque as nor-
mas morais são
a) decorrentes da vontade divina e, por esse motivo, utópicas.
b) parâmetros idealizados, cujo cumprimento é destituído de obrigação.
c) amplas e vão além da capacidade de o indivíduo conseguir cumpri-las
integralmente. +- + + <

x d) criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei à qual deve se +- + + <

submeter.
e) cumpridas por aqueles que se dedicam inteiramente a observar as
normas jurídicas.

10 (Enem, 2012)
Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exem- +- + + <
plo, a linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das
Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por
+- + + <
exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos chama-
tivos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios seme-
lhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a deli-
mitação das esferas pública e privada - em tudo isso reflete-se amiúde
apenas o autoentendimento ético-político de uma cultura majoritária, do-
minante por motivos históricos. Por musa de tais regras, implicitamente
repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que gardnta
formalmente a igualdade de direitos pard todos, pode eclodir um conflito
c.ulturdl movido pelas minorias desprezadas contm a cultura da maioria.
HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002.

A reivindicação dos direitos culturais das minorias, como exposto por


Habermas, encontra amparo nas democracias contemporâneas, na me-
dida em que se alcança
a) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de
direitos na condição da sua concentração espacial, num tipo de inde-
pendência nacional.

c®nette.
b) a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos
de diferentes comunidades étnicas, confissões religiosas e formas de
+ + vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional.
x c) a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os dis-
cursos de autoentendimento se submeterem ao debate público, cien-
tes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento.
d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham
condições de se libertar das tradições de suas origens em nome da
harmonia da política nacional.
+ +
e) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem po-
lítica ou distintas convenções de comportamento, para compor a are-
+ +
na política a ser compartilhada.

+ +

+ +

+ +

+ +


Atividades
1 (UEG) O pensamento de Thomas Hobbes sobre a necessidade do Estado
civil na vida do ser humano é expresso pela seguinte ideia:
a) Sempre houve um Estado civil. Cabe aos homens criar um contrato so-
cial para regulamentar as atividades do próprio homem na sociedade.
x b) Em estado de natureza, os indivíduos vivem isolados e lutam constan-
temente, vigorando a guerra de todos contra todos. O contrato e o
Estado civil regulam a sociedade, garantindo a sobrevivência da espé-
cie humana.
c) O Estado civil foi fundado para garantir a existência da propriedade,
corrompendo assim a natureza humana.
d) O homem é um animal político. Ele se organiza em sociedade para
que ela tenha a possibilidade de existência.

2 (Unesp) + <

É preciso dizer que, com a superioridade excessiva que pro- + <

porcionam a força, a riqueza, [. ..] [os muito ricos] não sabem e


nem mesmo querem obedecer aos magistrados [.. .]. Ao contrário,
aqueles que vivem em extrema penúria desses benefícios tornam-se
demasiados humildes e rasteiros. Disso resulta que uns, incapazes
de mandar, só sabem mostrar uma obediência servil e que outros,
incapazes de se submeter a qualquer poder legítimo, só sabem
exercer uma autoridade despótica. .. + + <

Aristóteles, A Política.

Segundo Aristóteles (384-322 a.e.), que viveu em Atenas e em outras .. + + <

cidades gregas, o bom exercício do poder político pressupõe:


a) o confronto social entre ricos e pobres.
b) a coragem e a bondade dos cidadãos.
c) uma eficiente organização militar do Estado.
x d) a atenuação das desigualdades entre cidadãos.
e) um pequeno número de habitantes na cidade.

3 (Unioeste-PR) No itinerário histórico-cultural ocidental de estruturação


do pensamento filosófico-político sobre a origem e fundamento do Esta-
do e da sociedade política encontra-se o modelo de pensamento contra-
tualista Ousnaturalista), tendo em Hobbes, Locke e Rousseau filósofos
relevantes na discussão dos elementos estruturais deste modelo. Segun-
do Norberto Bobbio, este modelo é "construído com base na grande di-
cotomia 'estado (ou sociedade) de natureza/estado (ou sociedade civil)"',
e contém "elementos caracterizadores" deste modelo.

c®nette.
Com base no texto, assinale a alternativa incorreta.
a) Na concepção política de Hobbes, o estado de natureza é tido como
+ +
um estado de guerra generalizada, de todos contra todos.
x b) Na concepção política de Aristóteles, o homem é, por natureza, um
ser insociável e apolítico.
c) Na concepção política de Hobbes, o poder soberano que resulta do
pacto de união, por ser soberano, tem como atributos fundamentais
ser um poder absoluto, indivisível e irrevogável.
+ + d) Na concepção política de Locke, a passagem do estado de natureza
para o estado civil se realiza mediante o contrato social que é um
pacto de consentimento unânime de indivíduos singulares para o in-
+ +
gresso no estado civil.
e) Contrapondo-se a Hobbes, Locke concebe o estado de natureza como
um estado de "relativa paz, concórdia e harmonia".

4 (UFBA)
Na teoria geral do Estado distinguem-se, embora nem sempre
com uma clara linha demarcatória, as formas de governo dos tipos de
Estado. Na tipologia das formas de governo, leva-se mais em conta
a estrutura de poder e as relações entre os vários órgãos dos quais a
constituição solicita o exercício do poder; na tipologia dos tipos de
Estado, mais as relações de classe, a relação entre o sistema de poder e
a sociedade subjacente, as ideologias e os fins, as características histó-
ricas e sociológicas. As tipologias clássicas das formas de governo são
três: a de Aristóteles, a de Maquiavel e a de Montesquieu.
BOBBIO, N. Estado, governo e sociedade. Tradução Marco Aurélio Nogueira.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p. 104. Coleção Pensamento Crítico, v. 69.

4. Soma = 15 (01 + 02 + 04 + 08)


De acordo com o texto e com os conhecimentos sobre formas de governo
e estruturas de poder político, são verdadeiras as proposições:
(01) Monarquia, aristocracia e democracia são formas de governo defini-
das por Aristóteles, a partir do conhecimento da diversidade política
existente nas cidades Estado da antiga Grécia.
(02) A divisão de poderes fundamentou a organização da primeira Cons-
tituição republicana brasileira, promulgada em 1891, demonstrando
a influência da teoria política de Montesquieu.
+ +
(04) O pensamento político de Montesquieu opunha-se à estrutura do
Estado absolutista e propiciou as bases do Estado Liberal.
+ +
(08) As "razões de Estado", concebidas como valor político acima de
qualquer outro ideal, foi um princípio defendido por Maquiavel, con-
siderado o fundador da moderna ciência política.
(16) Omodelo de república liberal idealizado por Maquiavel é reconhecí-
vel nas formas de governo dos países que, na contemporaneidade,
constituem o denominado Grupo G-8.
(32) Aristóteles elaborou o projeto político responsável pela unificação
política da Grécia dentro do modelo de tirania temporária.
(64) Montesquieu privilegiava o Poder Executivo, em detrimento dos de-
mais poderes, razão do seu distanciamento do pensamento político
e filosófico de Maquiavel.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

5 (UEG) Para Platão, a polis é o modelo de vida em grupo. É na República


que o autor apresenta os vários grupos que compõem a sociedade. De


acordo com suas ideias, o grupo que deve governar a polis é o dos:
a) comerciantes que, sabendo da importância das riquezas para as cida-
des-Estado da Grécia, levariam riquezas para a polis.
+ <
x b) filósofos que, por conhecer a verdade e o bem através da contemplação
do mundo das ideias, proporcionariam o maior bem comum a todos.
c) guerreiros, pois se caracterizavam por sua força, integridade e seu grande
amor aos sentimentos mais nobres, como fidelidade e bravura.
d) trabalhadores que, por meio das mais diversas profissões e movidos
pela ambição do lucro, garantiriam o sustento de toda a polis.
+- + + <

6 (UFU) Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) escreveu a obra Do contrato


social, na qual analisa os fundamentos do direito político e não o surgi- +- + + <
mento histórico das sociedades políticas. Nessa obra, esse autor afirma
que o pacto social ocorre quando cada um concorda em ceder todos os
seus direitos à comunidade, saindo, portanto, do estado de natureza e
adentrando no estado civil. Com isso, cada um dos participantes só tem
a ganhar, pois antes deveria proteger-se somente com as próprias forças,
mas a comunidade formada pelo pacto garantirá a vida e os bens de
cada associado ampliando suas forças.
Com base nessas ideias, marque a alternativa correta.
a) O texto acima sustenta que os participantes do pacto adquirem o
direito de defender, com suas próprias forças, seus bens e suas
vidas.
x b) O texto acima descreve a fundação do corpo político para Rousseau.
c) O texto acima descreve a passagem do estado civil ao estado de
natureza.
d) O texto acima descreve um momento histórico vivido por toda a
humanidade.
+- + + <

7 (UEG) Para o sociólogo Marshall T. H., ser cidadão significa "ter uma par- +- + + <

ticipação integral na comunidade em que se está inserido".


OLIVA, Jaime. Espaço e modernidade: temas da geografia mundial. São Paulo: Atual, 1995. p. 215.

Conforme o enunciado acima, entende-se por cidadania o acesso aos


direitos essenciais e aos padrões de vida adequados de dignidade - direi-
tos civis, direitos sociais e direitos políticos. Sobre esses direitos, enten-
de-se, respectivamente: +- + + <

a) votar e ser votado; acesso à saúde, habitação, educação e segurança;


liberdade de ir e vir, de expressão, de fé, pensamento e associação. +- + + <

x b) liberdade de ir e vir, de expressão, de fé, pensamento e associação;


acesso à saúde, habitação, educação e segurança; votar e ser votado.
c) acesso à saúde, habitação, educação e segurança; liberdade de ir e vir,
de expressão, de fé, pensamento e associação; votar e ser votado.
d) votar e ser votado; liberdade de ir e vir, de expressão, de fé, de pensa-
mento e associação; acesso à saúde, habitação, educação e segurança.

8 (Enem, 2011)

Texto I

A ação democrática consiste em todos tomarem parte do pro-


cesso decisório sobre aquilo que terá consequência na vida de toda
coletividade.
GALLO, 5. et ai. Ética e cidadania. Caminhos da Filosofia. Campinas: Papirus, 1997 (adaptado).
Texto II

+ + É necessário que haja liberdade de expressão, fiscalização sobre


órgãos governamentais e acesso por parte da população às informa-
ções trazidas a público pela imprensa.
Disponível em: <http://www.observatoriodaimprensa.com.br>. Acesso em: 24 abr. 201 O.

Partindo da perspectiva de democracia apresentada no Texto 1, os meios


de comunicação, de acordo com o Texto 11, assumem um papel relevante
na sociedade por
+ + +- <
a) orientarem os cidadãos na compra dos bens necessários à sua sobre-
vivência e bem-estar.
+ + +- <
X b) fornecerem informações que fomentam o debate político na esfera
pública.
c) apresentarem aos cidadãos a versão oficial dos fatos.
d) propiciarem o entretenimento, aspecto relevante para a conscientiza-
ção política.
e) promoverem a unidade cultural por meio das transmissões esportivas.

9 (Enem, 2013)
Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de manei-
ra que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o
mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou
do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar
as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências
dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da li-
+- + + +- < berdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo
+- + + +- < exercer os referidos poderes concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).

A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias


para que possa haver liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas
sob um modelo político em que haja
a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.
+ +
b) consagração do poder político pela autoridade religiosa.
c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas.
+ +
x d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do
governo.
e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um
governante eleito.

10 (Enem, 2012)
Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que
acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião
é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações
ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjec-
tura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso
livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade
dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a
outra metade.


MAQUIAVEL, N. Opríncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado) .

'
Em O príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu
tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pen-
samento político e o humanismo renascentista ao + <

a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do


seu tempo.
b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.
x c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação
humana.
d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de +- + + <

aprendizagem.
e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão. +- + + <

11 (Enem, 2012)
Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falí-
vel. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de
oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um
cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade
e a segurança da justiça.
KING Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963. Disponível em: <www.palmares.gov.br>. Acesso em:
30 nov. 2011 (adaptado).

O cenário vivenciado pela população negra, no sul dos Estados Unidos


nos anos 1950, conduziu à mobilização social. Nessa época, surgiram
reivindicações que tinham como expoente Martin Luther King e obje-
tivavam
x a) a conquista de direitos civis para a população negra.
b) o apoio aos atos violentos patrocinados pelos negros em espaço urbano.
c) a supremacia das instituições religiosas em meio à comunidade negra +- + + <

sulista. +- + + <

d) a incorporação dos negros no mercado de trabalho.


e) a aceitação da cultura negra como representante do modo de vida
americano.

12 (Enem, 2012)
É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; +- + + <

mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre em


mente o que é idenpendência e o que é liberdade. A liberdade é o
+- + + <
direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse
fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os
outros também teriam tal poder.
MONTESQUIEU. Do espírito dos leis. São Paulo: Nova Cultural, 1997 (adaptado).

A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito


a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões
por si mesmo.
x b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às
leis.
c) à possibilidade de o cidadão participar do poder e, nesse caso, ficar
livre da submissão às leis.
d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde
que ciente das consequências.
e) ao direito do cidadão de exercer sua vontade de acordo com seus
valores pessoais.

c®nette.
Atividades
1 (UFV-MG) A ciência moderna teve seus contornos definidos com a Revo-
lução Científica do século XVII. Pensadores como Francis Bacon (1561-
-1626), René Descartes (1596-1650) e Isaac Newton (1643-1727) esta-
beleceram as bases do racionalismo moderno que nos serve de alicerce
nos dias de hoje.
Das alternativas abaixo, não faz parte do método científico o seguinte
procedimento:
a) a observação, experimentação e indução, a partir das quais se elabo-
ram explicações empíricas sobre os objetos analisados.
b) o raciocínio dedutivo em que as relações de causa e efeito interli-
gam acontecimentos e objetos numa determinada temporalidade
+ + ou decorrência.
+ + x c) a elaboração de sínteses contemplativas a partir das quais as experi-
ências na natureza adquirem um valor religioso e fenomênico.
d) a suposição de que leis gerais explicam os movimentos e os even-
tos que são alheios à vontade humana, submetendo-a aos seus
desígnios.

+ +
2 (UFPA)
A palavra tecnologia, aplicada atualmente com grande latitude
+ +
[.. .], é uma expressão específica, em uso a partir de 1772, deno-
tando um fenômeno moderno, que reprojetamos a condições dis-
tintas das de nosso tempo: a ligação da ciência com a técnica, ou
seja, o ciclo do desenvolvimento da técnica embasada no conhe-
cimento científico, e que envolve em função dele tanto quanto o
faz progredir.
NUNES, Benedito. Cultura tradicional e cultura de massa. ln. Ensaio. São Paulo: Ed. Ensaio. p. 106.

Tendo por base o texto, é correto afirmar que:


a) ciência e tecnologia se desenvolveram, em sua maior parte, indepen-
dentemente uma da outra.
b) o progresso tecnológico foi obra de inventores e artífices que usavam
os conhecimentos práticos e pouca ou nenhuma ciência.
c) as mais importantes descobertas tecnológicas, sobretudo a partir do
século XVII, assentaram-se em teorias estabelecidas pela ciência;
esta, por sua vez, desenvolveu-se sem qualquer relação com as téc-


nicas produzidas na época .
d) são as necessidades tecnológicas que dão vigor e direção à pesquisa
científica.
+ <
x e) o avanço tecnológico se apoia em descobertas científicas, mas tam-
bém possibilita que a ciência progrida.

3 (Unesp)
Em 19 de fevereiro de 1616, o Santo Ofício passou aos seus teólo-
gos as duas proposições que resumiam o núcleo da questão para que
+- + + <
fossem examinadas. As duas proposições eram as seguintes: a) "Que
o Sol é o centro do mundo, sendo consequentemente imóvel de mo-
vimento local". b) "Que a Terra não está no centro do mundo nem é +- + + <

imóvel, mas move-se por si mesma". Cinco dias depois, todos os teó-
logos de acordo, sentenciaram que a primeira proposição era tola e ab-
surda em filosofia e formalmente herética, enquanto contrastava com 3. halileu foi condenado pela Santa
as sentenças da Sagrada Escritura em seu significado literal e segundo Inquisição da Igreja Católica. Tal
a exposição comum dos Santos Padres e dos doutores em teologia. condenacão resultou do fato de que
Galileu, ;o defender a teoria do
Reale e Antiseri. História da Filosofia, 2000. Adaptado. heliocentrismo ("a Terra gira em torno
âo Sol") contfariou o ()Jeocentr/smo
O texto descreve os motivos que levaram à condenação do filósofo Gali- encontrado nos dogmas católit os, ou
leu Galilei por uma instituição religiosa. Responda qual foi a instituição seja, a teoria de que a Terra é o centro do
que o condenou e explique os motivos dessa condenação. I
universo teoria ptolomaica.

+- + + <

+- + + <

4 (UFSJ-MG)
Na formação do espírito científico, o primeiro obstáculo é a expe-
riência primeira, a experiência colocada antes e acima da crítica - críti-
ca esta que é, necessariamente, elemento integrante do espírito cientí-
fico. Já que a crítica não pode intervir de modo explícito, a experiência
primeira não constitui, de forma alguma, uma base segura. Vamos +- + + <
fornecer inúmeras provas da fragilidade dos conhecimentos primeiros,
mas desejamos, desde já, mostrar nossa nítida oposição a essa filosofia
+- + + <
fácil que se apoia no sensualismo mais ou menos declarado, mais ou
menos romanceado, e que afirma receber suas lições diretamente do
dado claro, nítido, seguro, constante, sempre ao alcance do espírito
totalmente aberto. Eis, portanto, a tese filosófica que vamos sustentar:
o espírito científico deve formar-se contra a natureza, contra o que é,
em nós e fora de nós, o impulso e a informação da Natureza, contra o
arrebatamento natural, contra o fato colorido e corriqueiro. O espírito
científico deve formar-se enquanto se reforma.
BACHELARD, Gastón. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. p. 29.

De acordo com o texto, na formação do espírito científico:


a) a crítica é desnecessária ao cientista.
x b) a experiência primeira é o primeiro obstáculo, porque ela ocorre
antes da crítica.
c) os conhecimentos da experiência primeira têm base segura.
d) Bachelard aceita a filosofia que se apoia no sensualismo.
5 (UEL) Karl Popper, em A lógico do investigação científico, se opõe aos méto-
dos indutivos das ciências empíricas. Em relação a esse tema, diz Popper:
+ +

Ora, de um ponto de vista lógico, está longe de ser óbvio que


estejamos justificados ao inferir enunciados universais a partir dos
singulares, por mais elevado que seja o número destes últimos.
POPPER, K. R. A lógica da investigação científica. Tradução de Pablo Rubén Mariconda.
São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 3.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre Popper, assinale a alter-


+ + +- <
nativa correta:
a) Para Popper, qualquer conclusão obtida por inferência indutiva é ver-
+ + +- <
dadeira.
X b) De acordo com Popper, o princípio da indução não tem base lógica
porque a verdade das premissas não garante a verdade da conclusão.
c) Uma inferência indutiva é aquela que, a partir de enunciados univer-
sais, infere enunciados singulares.
d) A observação de mil cisnes brancos justifica, segundo Popper, a con-
clusão de que todos os cisnes são brancos.
e) Para Popper, a solução para o problema do princípio da indução seria
passar a considerá-lo não como verdadeiro, mas apenas como provável.

(UFSM) A teoria da evolução da vida no planeta Terra é considerada pela


6 Biologia como uma teoria confirmada por um grande número de indícios
e observações. Analise as afirmativas de acordo com os processos de
confirmação de teorias científicas, dos quais a teoria da evolução é um
exemplo.
1. Uma teoria científica pode ser fracamente confirmada por evidências.
+- + + +- <
11. Uma teoria científica sempre tem uma natureza hipotética.
+- + + +- <
Ili. Toda teoria científica é uma generalização de observações particulares.
IV. A confirmação de uma teoria científica pode ser realizada pela capa-
cidade de imaginação humana.
Estão corretas:
X a) apenas I e li. d) apenas li e IV.
+ + +- < b) apenas li e Ili. e) apenas Ili e IV.
c) apenas I e IV.
+ + +- <

7 (UEM) A epistemologia de Thomas Kuhn tem como tese fundamental a


7. Soma= 30i D2 + 04 + 08 + 16) mudança de paradigmas que provoca as revoluções científicas, enquanto
a epistemologia de Karl Popper se caracteriza pelo princípio da falseabi-
lidade. Assinale o que for correto.
01) Para Thomas Kuhn, as mudanças de paradigmas nas teorias científi-
cas desorganizam a ciência a ponto de impedir um avanço do conhe-
cimento.
02) Para Thomas Kuhn, a revolução copernicana que substitui a explicação
ptolomaica geocêntrica pela explicação heliocêntrica caracteriza uma
mudança de paradigma e uma revolução na ciência astronômica.
04) Para Karl Popper, o valor de uma teoria não se mede pela sua verdade,
mas pela possibilidade de ser falsificada.
08) Para Thomas Kuhn, o paradigma é uma visão de mundo expressa em
uma teoria; o paradigma serve para auxiliar o cientista na resolução


de seus problemas .
16) Considerando o princípio da falseabilidade, a ciência, para Karl Popper,
não se desenvolve de modo linear.
+ <
Apresente como resposta a soma das alternativas corretas.

8 (UFPA) Considerando que na investigação científica acontecimentos e


processos são apresentados como especificações de leis e de teorias ge-
rais que anunciam padrões invariáveis de relações entre fenômenos, é
correto afirmar que o objetivo principal da ciência é o(a):
a) estabelecimento de relações pela aproximação dos fenômenos e dos +- + + <
processos que diferem entre si de modo essencial.
b) imposição de padrões de conhecimento a respeito do comportamento +- + + <
dos fenômenos observáveis.
x c) busca da inteligibilidade dos fenômenos para satisfazer o anseio de
compreendê-los por meio de estudos metódicos.
d) sua aplicabilidade por intermédio da tecnologia visando exclusiva-
mente ao bem-estar da humanidade.
e) observação empírica dos fenômenos para ajustá-los teoricamente de
modo contingente.

9 (UEM)
[. ..] para Bachelard, a história das mudanças científicas é feita de 9. Soma= 24 (08 + 76)
descontinuidades (novas teorias, novos modelos, novas tecnologias
que rompem com os antigos) mas também comporta continuidades,
quando se considera que o novo foi suscitado pelo antigo e que par-
te deste é incorporado por aquele.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2008. p. 223.

Assinale o que for correto. +- + + <

01) Para Bachelard, a ciência não pode admitir o erro, pois ele represen- +- + + <

ta um obstáculo definitivo para o progresso da ciência.


02) A ciência, diz Bachelard, não pode ser questionada nos seus princí-
pios e fundamentos, pois isso gera insegurança na pesquisa e conduz
a razão a duvidar de si mesma.
04) Bachelard escreveu A Filosofia do Não, obra profundamente cética,
na qual afirma que todo conhecimento é ilusório devido à impossibi-
+- + + <
lidade de o homem poder alcançar uma verdade absoluta.
08) A ruptura epistemológica acontece, segundo Bachelard, quando um
+- + + <
conjunto de métodos, de conceitos, de teorias, de instrumentos e de
procedimentos não alcança os resultados esperados ou não dá conta
dos problemas propostos.
16) Diversamente de Bachelard, Thomas Kuhn considera que a história
da ciência é feita de descontinuidades e rupturas radicais que ele
denomina de revolução científica.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.

c®nette.
Atividades
1 (UEA)
[. ..] a arte de imitar está bem longe da verdade e, se executa
tudo, ao que parece, é pelo fato de atingir apenas uma porção de
cada coisa, que não passa de uma aparição. Por exemplo, dizemos
que o pintor nos pintará um sapateiro, um carpinteiro[ .. .] sem nada
conhecer dos respectivos ofícios.
PLATÃO. A república, século IV a.C.

Platão apresenta, nesse texto, uma das primeiras definições de "arte" da


história do Ocidente, considerando-a como:
a) um meio capaz de levar ao conhecimento filosófico da natureza e da
vida na cidade.
+ +
b) uma atividade útil para a formação de políticos e guerreiros na Grécia
+ +
antiga.
c) uma profissão semelhante ao trabalho artesanal de ferreiros e
carpinteiros.
d) uma forma intermediária entre o conhecimento e a atividade produtiva.
x e) um espelho, afastado do saber filosófico, que refletiria as aparências
do mundo.
+ +

2 (Unesp) A peça Fonte foi criada pelo francês Marcel Duchamp e apresen-
+ + tada em Nova Iorque em 1917.


Fonte - obra de Marcel Duchamp .
A transformação de um urinol em obra de arte representou, entre outras coisas,
x a) a alteração do sentido de um objeto do cotidiano e uma crítica às
+ <
convenções artísticas então vigentes.
b) a crítica à vulgarização da arte e a ironia diante das vanguardas artís-
ticas do final do século XIX.
c) o esforço de tirar a arte dos espaços públicos e a insistência de que
ela só podia existir na intimidade.
d) a vontade de expulsar os visitantes dos museus, associando a arte a
situações constrangedoras. +- + + <

e) o fim da verdadeira arte, do conceito de beleza e importância social


da produção artística. +- + + <

3 (UEMA) A concepção de arte tem mudado ao longo dos séculos. A arte


como imitação da natureza e a arte como expressão e construção são,
respectivamente, concepções dos seguintes períodos:
x a) antigo e contemporâneo.
b) antigo e medieval.
c) medieval e moderno.
d) antigo e moderno.
e) moderno e contemporâneo.

4 (UEL) Na Repúblico, Platão faz a seguinte consideração sobre os poetas:


[.. .] devemos começar por vigiar os autores de fábulas, e selecionar
as que forem boas, e proscrever as más.
[.. .] Das que agora se contam, a maioria deve rejeitar-se. [.. .] As
que nos contaram Hesíodo e Homero - esses dois e os restantes +- + + <

poetas. Efetivamente, são esses que fizeram para os homens essas +- + + <
fábulas falsas que contaram e continuam a contar.
PLATÃO. A república. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. 8. ed.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. p. 87-88.

Por seu turno, na Poética, Aristóteles diz o seguinte a respeito dos poetas:
[.. .] quando no poeta se repreende uma falta contra a verda-
de, há talvez que responder como Sófocles: que representava ele os +- + + <
homens tais como devem ser, e Eurípides, tais como são. E depois
caberia ainda responder: os poetas representam a opinião comum,
+ + <
como nas histórias que contam acerca dos deuses: essas histórias +-

talvez não sejam verdadeiras, nem melhores; [. ..] no entanto, assim


as contam os homens.
ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo:
Abril Cultural, 1973. p. 468. (coleção Os Pensadores IV).

Com base nos textos acima e nos conhecimentos sobre o pensamento


estético de Platão e de Aristóteles, assinale a alternativa correta.
a) Para Platão e Aristóteles, apesar da importância de poetas como Ho-
mero, na educação tradicional grega, as fábulas que compuseram são
perigosas para a formação da juventude.
b) Platão critica os poetas por dizerem o falso e apresentarem deuses e
heróis de maneira desonrosa, enquanto Aristóteles os elogia por fala-
rem o verdadeiro.
x c) Platão e Aristóteles concordam com o fato de o poeta falar o falso, só que
para Platão suas fábulas são indignas para a juventude, enquanto, para
Aristóteles, a poesia por ser mímesis não precisa dizer a verdade.

c®nette.
d) O problema para Platão é que Homero e os outros poetas falam sobre
o mundo sensível e não sobre a verdade; já Aristóteles acredita que
+ + eles devem ser repreendidos por isso.
e) Falar o falso para Platão é problemático porque o falso pode passar pelo
verdadeiro; para Aristóteles, o poeta apresenta a verdadeira realidade.

s. Soma= 21 (01 + Oz\ + 16) 5 (UEM)


Pode-se afirmar, portanto, que a arte é uma forma de o homem
+ + se relacionar com o mundo, forma que se renova juntamente com a
produção da vida. O homem[ .. .] busca sempre novas possibilidades
de existência, busca transcender, ultrapassar e descortinar novas di-
+ +
mensões da realidade.
Filosofia, Ensino Médio. Curitiba: Seed-PR, 2006, p. 309.

Sobre a arte como forma de pensamento, assinale o que for correto.


01) A arte fornece um entendimento do mundo dado pela intuição, ou
seja, por um conhecimento imediato da forma concreta e individual,
que não reporta à razão, mas ao sentimento e à imaginação.
02) A arte compartilha do mesmo universo conceituai da filosofia; pois,
como esta, ela alcança uma compreensão do mundo por meio de
conceitos logicamente organizados, abstrações genéricas distantes
do dado sensorial e do momento vivido.
04) A imaginação desempenha um papel fundamental na arte; é ela que
faz a mediação entre o vivido e o pensado, entre a presença bruta do
objeto e sua representação. Na medida em que torna o mundo pre-
sente em imagens, a imaginação nos faz pensar.
08) A imaginação do artista é prisioneira da realidade e de sua vida coti-
diana; e as escolas estilísticas determinam que tipo de obra de arte
+ +
vale a pena realizar. Sendo assim, o artista, a rigor, não cria coisa
+ + alguma, ele apenas copia o que é dado.
16) Na experiência estética, sentimento e emoção são coisas distintas. A
emoção é um estado psicológico de agitação afetiva; o sentimento,
como uma reação cognitiva, esclarece o que motiva a emoção. A
emoção é uma maneira de lidarmos com o sentimento.
Apresente como resposta a soma das alternativas corretas.
+ +
6 (UFPA)
+ + A cidade de Atenas promoveu um concurso para a escolha da
estátua da deusa Aterra, a ser instalada no Patemon. Dois escultores
apresentaram suas obras. Uma delas era uma mulher perfeita e foi
admirada por todos. A outra, era uma figura grotesca: a cabeça enor-
me, os braços muito longos e as mãos maiores que os pés. Quando
as duas estátuas foram colocadas nos altos pedestais do Patemon,
onde eram vistas de baixo para cima, a estátua perfeita tornara-se
ridícula: a cabeça e as mãos de Aterra pareceram minúsculas e des-
proporcionais para seu corpo; em contrapartida, a estátua grotesca
tornara-se perfeita, pois a cabeça, os braços e as mãos se tornaram
proporcionais ao corpo. A estátua grotesca foi considerada a boa
imitação e venceu o concurso.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2003. p. 284. Texto adaptado.

O exemplo citado no texto acima ilustra como os gregos na Antiguidade


concebiam a relação entre arte e natureza. Tendo por base a concepção
aristotélica acerca dessa relação, podemos dizer que a estátua grotesca


venceu o concurso porque o escultor:
a) imitou a deusa Atena considerando que para uma obra ser bela tem
de ter, além da proporção, certa esquisitice.
+
b) não se preocupou em reproduzir uma cópia fiel da deusa Atena, pois <

no mundo sensível temos apenas uma imitação da verdadeira reali-


dade que se encontra no mundo inteligível.
c) tomou como parâmetro, ao representar a deusa Atena, a ideia de que
o belo é relativo ao gosto de cada pessoa, por isso a deusa poderia
ser percebida diferentemente por cada um, dependendo do lugar
onde fosse colocada.
+- + + <
d) reproduziu a deusa Atena tendo como padrão de beleza o imaginário
popular da época, que apreciava figuras grotescas.
x e) representou a deusa Atena levando em conta que o belo consiste na +- + + <

proporção, na simetria e na ordem, por isso fez um cálculo matemá-


tico das proporções entre as partes do corpo, o local em que seria
instalada e como seria vista.

7 (UEMA) Ernst Fischer (A necessidade do arte. Rio: Zahar, 1983), considera a


arte como o elemento essencial para a compreensão da realidade, na medi-
da em que ajuda o homem, não apenas nessa compreensão, mas também
porque possibilita o suporte necessário para o aumento da "determinação
de torná-la mais humana e mais hospitaleira para a humanidade."
A partir dessa afirmação, é correto afirmar que:
x a) a obra de arte, além de favorecer a interpretação do mundo, reivindi-
ca transformações.
b) não importa o nível de letargia da arte, o que interessa é que funcio-
ne como bálsamo para espíritos exaustos.
c) se arte acompanha as transformações do mundo, e se vivemos em
uma época explicitamente mercadológica, então a obra de arte deve +- + + <
adequar-se às exigências de mercado.
+- + + <
d) a força transformadora da arte, assim como numa perspectiva místico
espiritualista, prescinde de conotações sociopolíticas e históricas.
e) os seres humanos que não buscam uma forma de expressão através
da arte têm capacidade de compreender a si mesmos e a realidade.

8 (UEM) Segundo Georg Wilhelm Friedrich Hegel, a realidade é a manifes- 8. Soma= 19 (01 + 02 + 16)
tação do Espírito infinito ou Absoluto, que é necessariamente histórico, + <

dialético e realizador da unidade entre pensamento e mundo. Sobre a


manifestação do Espírito na arte, segundo a filosofia de Hegel, assinale o +- + + <

que for correto.


01) A arte, para Hegel, é a manifestação sensível do Espírito, isto é, a
primeira forma de expressão do Absoluto, sucedida pela religião e
pela Filosofia.
02) Entre as obras de arte, a poesia é a mais espiritual de todas, segundo
Hegel, pois a matéria que utiliza é a linguagem.
04) Para Hegel, a arte sempre renasceu e renascerá eternamente, pois
seu conteúdo histórico deve ser atualizado ao longo do tempo.
08) A arte sacra (música-coral, arquitetura gótica, esculturas e afrescos)
é, segundo Hegel, uma forma de arte perfeita, pois a religião é a
base do artista.
16) De acordo com o processo de autoconsciência do Espírito, Hegel
classifica a arte em três momentos ou formas: simbólica, clássica e
romântica.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.
Tales
Tales de Mileto (e. 623-546 a.e.) é considerado o primeiro pensador
grego, "o pai da filosofia", e é tido como o pensador que deu início à inda-
gação racional sobre o universo. Inspirando-se provavelmente em concep-
ções egípcias, acrescidas de suas próprias observações de corpos hídricos
-, como rios e mares -, bem como da vida animal e vegetal, ele dizia:
"Tudo é água".

Tales.

Assim, para Tales, a água - por permanecer a mesma em todas as


transformações dos corpos, apesar de assumir diferentes estados (sólido, lí-
quido e gasoso) - seria a arché, a substância primordial, a origem única de
todas as coisas, presente em tudo o que existe.
Como princípio vital, a água penetraria todos os seres, de tal maneira
que tudo seria animado por ela. Isso quer dizer que tudo teria alma (isto é,
anima ou psyché) e, ao mesmo tempo, tudo seria também divino (ou "cheio
de deuses"), pois não haveria separação entre o sagrado e o mundano. O
universo seria uno e homogêneo.
Apesar da simplicidade da afirmação de Tales a respeito da água, pela
primeira vez tentava-se explicar a multiplicidade da realidade de maneira
sintética e simples, empregando um elemento natural e concreto, visível
para todos.
Era também a primeira concepção monista da filosofia, pois considera
que tudo o que existe pode ser reduzido a um princípio único ou a uma rea-


lidade fundamental.
Anaximandro
Outro filósofo de Mileto, Anaximandro (e. 610-547
a.e.), discípulo de Tales, procurou aprofundar as concep-
ções do mestre sobre a origem única de todas as coisas e
tentou resolver os problemas que Tales lançara, buscando
em meio aos diversos elementos observáveis e determi-
nados do mundo natural - especialmente os tradicionais
pares de contrários (água, terra, ar e fogo) - o princípio
único e primordial de todos os seres, mas não lhe foi pos-
sível identificá-lo.

Anaxímenes.

Em discordância com aspectos do pensamento dos


dois mestres anteriores, mas buscando uma síntese entre
eles, Anaxímenes incorporou argumentos de ambos e
propõs o ar como princípio de todas as coisas: "Como
nossa alma, que é ar, soberanamente nos mantém uni-
dos, assim também todo o cosmo sopro e ar o mantêm"1.

Anaximandro.

Anaximandro pensou, então, que deveria haver algu-


Pitágoras
Pitágoras de Samos (e. 570-490 a.e.) nasceu na ilha
ma substância diferente, ilimitada, e que dela nascessem o
de Samos, na costa jônica, não distante de Mileto. So-
céu e todos os mundos nele contidos. Foi assim que o filó-
frendo perseguição política por causa de suas ideias, foi
sofo concluiu que a arché é algo que transcende os limites obrigado a deixar sua terra de origem. Instalou-se, en-
do observável e por isso denominou-a ápeiron, termo gre- tão, em Crotona, sul da Itália, região conhecida como
go que significa "o indeterminado", o "infinito" no tempo. Magna Grécia. Nessa cidade, fundou uma sociedade de
O ápeiron seria a "massa geradora" dos seres e do caráter místico-filosófico. Por seu projeto político, foi ex-
cosmo, contendo em si todos os elementos opostos. Se- pulso também de Crotona.
gundo sua explicação, por diversos processos naturais de
diferenciação entre contrários (por exemplo, frio e ca-
lor) e de evaporação, teriam surgido o céu e a Terra, bem
como os animais, em uma sucessão evolutiva que faz
lembrar a bem posterior teoria da evolução das espécies .,"'
'5
E
(do século XIX). o
iS
.::o
t,

Anaxímenes ~
o
(.)

'é:
·e
[)._

A discussão do problema da arché prosseguiu com


um terceiro milésio, Anaxímenes (e. 588-524 a.e.), discí-
pulo de Anaximandro. Ele concordava que a origem de
todas as coisas era indeterminada, mas recusou-se a
atribuir a essa indeterminação o caráter de arché, consi- Pitágoras.
derando que a substância primordial não poderia ser um
elemento situado fora dos limites da observação e da Para Pitágoras, a essência de todas as coisas residi-
experiência sensível, como o ápeiron de Anaximandro. ria nos números, os quais representam a ordem e a har-

1. Anaxímenes, em Souza, J. C. de. Pré-socráticos, p. 51.

c®nette.
monia. Segundo o historiador de filosofia norte-america- constante transformação. Mas, diferentemente dos mi-
no Thomas Giles, "pela primeira vez se introduzia um lésios, que buscavam na mudança aquilo que permane-
aspecto mais formal2 na explicação da realidade, isto é, ce, decidiu concentrar sua reflexão sobre o que muda.
a ordem e a constância". Se para Pitágoras "tudo é nú- Assim, o filósofo dizia que tudo flui, nada persiste nem
mero", isso quer dizer que o princípio fundamental (a permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir a ser.
arché) seria uma estrutura numérica, matemática, da
realidade. A diferença entre as coisas resultaria, em últi-
ma instância, de uma questão de números.
Conta-se que, para chegar a essa tese, primeiro te-
ria percebido que à harmonia dos acordes musicais cor-
respondiam certas proporções aritméticas. Supôs, então,
que as mesmas relações se encontrariam na natureza.
Unindo essa suposição aos seus conhecimentos de astro-
nomia - com os quais podia, por exemplo, calcular an-
tecipadamente o deslocamento dos astros -, concebeu
a ideia de um cosmo harmônico, regido por relações ma-
temáticas (teoria da harmonia das esferas).
O mundo teria surgido da fixação de limites para o
ilimitado (o ápeiron), da imposição de formas numéri-
cas sobre o espaço. Eda estrutura numérica da realida-
de derivariam problemas como finito e infinito, par e
ímpar, unidade e multiplicidade, reta e curva, círculo e
quadrado etc. Heráclito.

Há, portanto, um monismo em Pitágoras quando Heráclito também observou, como seus predecesso-
ele diz que tudo é número. No entanto, sua doutrina res, a atuação dos opostos na natureza, mas radicalizou
sobre a origem do mundo nos leva a pensar em uma essa observação, conferindo papel essencial ao conflito
concepção dualista da realidade, pois afirma que o em sua cosmologia, desenvolvendo uma visão da reali-
mundo surgiu de um ápeiron determinado pelo limite. dade profundamente agonística (do grego agonistikós,
O limite operaria como um deus, ou seria o próprio Deus "relativo a luta"), pois para ele o fluxo constante da vida
(cf. BERNHARDT, O pensamento pré-socrático: de Tales seria impulsionado justamente pela luta de forças con-
aos sofistas, em CHÂTELET, História da filosofia: ideias, trárias: a ordem e a desordem, o bem e o mal, o belo e
doutrinas. v. 1, p. 34). o feio, a justiça e a injustiça, o racional e o irracional, a
Os pitagóricos aliaram aos números concepções alegria e a tristeza etc. Decorre daí a sua famosa afirma-
não apenas filosóficas, mas também místicas, desenvol- ção de que "a luta (guerra) é a mãe, rainha e princípio
vendo uma concepção espiritual da existência, propon- de todas as coisas". Por essa razão, Heráclito imaginou
do e praticando um estilo de vida baseado na crença de que, se deveria haver um elemento primordial da natu-
que a alma é prisioneira do corpo e que dele se liberta reza, este teria que ser o fogo, governando o constante
com a morte, podendo reencarnar em uma forma de movimento dos seres com chamas vivas e eternas.
existência mais elevada, dependendo do grau de cresci- Pela importância que deu ao movimento, a escola
mento e de virtude que a pessoa tivesse alcançado. As- heraclitiana de pensamento é chamada de mobilista.
sim, para os pitagóricos, o principal propósito da exis- Apesar de não ter sido muito bem-visto entre seus con-
tência humana seria o de purificar a alma e elevar suas temporâneos e estudiosos posteriores, Heráclito é consi-
virtudes. Essas doutrinas tiveram grande influência so- derado um dos mais destacados filósofos pré-socráticos
bre Platão e o platonismo. e o primeiro grande representante do pensamento dia-
lético e teria inspirado filósofos como Hegel, Nietzsche
Heráclito e Heidegger, entre outros.

Nascido em Éfeso, cidade da região jônica, Heráclito


(e. 535-475 a.e.) é considerado um dos mais importantes Parmênides
filósofos pré-socráticos.
Parmênides (e. 510-470 a.e.) nasceu em Ele ia, na
Assim como os pensadores de Mileto, Heráclito ob- Magna Grécia, no seio de uma família nobre. Para mui-
servava que a realidade é dinâmica e que a vida está em tos, foi o principal filósofo pré-socrático, exercendo gran-


2. Formal: que considera as relações entre os termos de uma operação do entendimento, independentemente da matéria ou do conteúdo dessa operação .
de influência sobre Platão, que o chamava de Grande da razão, da essência. O segundo é o da opinião, da
Parmênides. Suas reflexões sobre o ser constituíram os aparência enganosa, que ele considerava a via de Herá-
primeiros passos da ontologia e da lógica. clito. Dessa maneira, quando a realidade é pensada pelo
caminho da aparência, tudo se confunde em movimen-
to, pluralidade e devir. De acordo com o filósofo, essa via
precisaria ser evitada para não termos de concluir que "o
ser e o não ser são e não são a mesma coisa", o que
seria um contrassenso, uma formulação ilógica.

zenão de Eleia
Discípulo de Parmênides, Zenão de Eleia (e. 488-
-430 a.e.) elaborou argumentos para defender a dou-
trina de seu mestre. Com eles, pretendia demonstrar
que a própria noção de movimento era inviável e
contraditória.

Parmênides.

O filósofo entendia que o equívoco das pessoas e


dos demais pensadores era conceder demasiada impor-
tância aos dados fornecidos pelos sentidos. Embora tam-
bém percebesse pela via sensorial a mudança e o movi-
mento do mundo, Parmênides achava contraditório
buscar a essência (a arché) naquilo que não é essencial,
buscar a permanência naquilo que não permanece, ou
supor que aquilo que é permanente pudesse converter-
-se em algo impermanente.
Assim, Parmênides optou por escutar o que lhe dizia
a razão, e não os sentidos, e proclamou que existe o ser
e não é concebível sua não existência. Em suas palavras: Zenão de Eleia.
"O ser é e o não ser não é". A primeira oração ("o ser
é") expressa a ideia de que o ser é eternamente, e o é Desses argumentos, talvez o mais célebre seja o
de maneira imutável e imóvel, sendo o único que exis- paradoxo de Zenão, que se refere à corrida de Aquiles
te; nesse sentido, o ser é a orché de Parmênides, não com uma tartaruga. Dizia Zenão:
identificada com nenhum elemento natural, sensível,
mas, ao mesmo tempo, equivalente a toda corporeida- a) Se, na corrida, a tartaruga saísse à frente de Aqui-
de, com tudo o que existe, pois o ser é uno, pleno, con- les, para alcançá-la ele precisaria percorrer uma
tínuo e absoluto. Já a segunda oração ("o não ser não distância superior à metade da distância inicial
é") traz a ideia de que o não ser não é, não tem ser, que os separava no começo da competição.
substância, essência; para Parmênides, o não ser se b) Entretanto, como a tartaruga continuaria se loco-
identificaria com a mudança (o devir), pois mudar é jus- movendo, essa distância, por menor que fosse,
tamente não ser mais aquilo que era, nem ser ainda algo teria se ampliado. Aquiles deveria percorrer, en-
que é. tão, mais da metade dessa nova distância.
Em vista dessa formulação, Parmênides é conside- c) A tartaruga, contudo, continuaria se movendo, e
rado o primeiro filósofo a expor o princípio de identida- a tarefa de Aquiles se repetiria ao infinito, pois o
de e o de não contradição, cuja argumentação seria espaço pode ser dividido em infinitos pontos.
depois mais bem desenvolvida por Aristóteles.
Na observação que fazemos do mundo, por meio
Em seu poema filosófico Sobre a natureza, Parmê- dos nossos sentidos, é evidente que os argumentos de
nides expôs que dois caminhos para a compreensão da Zenão não correspondem à realidade. Por isso, é chama-
realidade têm sido trilhados. O primeiro é o da verdade, do de paradoxo, isto é, um raciocínio que parece correto
e bem fundamentado, mas cujo resultado entra em con-
tradição com a experiência do mundo real. Geralmente
isso ocorre porque se trata, na verdade, de uma falácia,
Demócrito
ou seja, um raciocínio logicamente equivocado que leva Demócrito (e. 460-370 a.e.) nasceu em Abdera, ci-
a uma conclusão errônea, com aparência de verdadeira. dade situada no litoral entre a Macedônia e a Trácia. So-
Mas, enquanto não se sabe se existe e onde está a falá- bre ele, o historiador Jean Bernhardt observou: "Só a tra-
cia, o que temos é um paradoxo. Assim, esses argumen- dição impõe o título de pré-socrático a este pensador
tos demonstram as dificuldades pelas quais passou o importante, nascido e morto depois de Sócrates" 3 •
pensamento racional para compreender conceitos como
movimento, espaço, tempo e infinito.

Empédocles
Nascido em Agrigento (antes Aeragas), sul da Sicí-
lia, Empédocles (e. 490-430 a.e.) esforçou-se por conci-
liar as concepções de Parmênides e de Heráclito. Aceita-
va de Parmênides a racionalidade que afirma a existência
e permanência do ser ("o ser é"), mas procurava en-
contrar uma maneira de tornar racionais também os da-
dos captados por nossos sentidos.

Demócrito.

Responsável pelo desenvolvimento do atomismo,


junto com seu mestre Leucipo, Demócrito afirmava que
todas as coisas que formam a realidade são constituídas
por partículas invisíveis e indivisíveis. Essas partículas fo-
ram chamadas átomos, termo grego que significa "não
divisível" (a= negação; tomo= divisível).
Para ele, o átomo seria o equivalente ao "conceito
de ser" em Parmênides. Além dos átomos, existiria no
mundo real o vazio, que representaria a ausência de ser
(o não ser). Devido à existência do vazio, o movimento
do ser torna-se possível. O movimento dos átomos per-
Empédocles.
mite infinita diversidade de composições. Demócrito dis-
tinguia três fatores básicos para explicar as diferentes
Defendeu a existência de quatro elementos primor- composições dos átomos:
diais, que constituem as raízes de todas as coisas perce-
bidas: o fogo, a terra, a água e o ar. Esses elementos • figura - a forma geométrica de cada átomo.
seriam movidos e misturados de diferentes maneiras em Exemplo: forma de A =1:- forma de B;
função de dois princípios universais opostos: • ordem - a sequência espacial dos átomos de mes-
• amor (philia, em grego) - responsável pela força ma figura. Exemplo: AB =1:- BA;
de atração e união e pelo movimento de crescente • posição - a localização espacial dos átomos.
harmonização das coisas; Exemplo: B =1:- co.
• ódio (neikos, em grego) - responsável pela força Os pensamentos e a alma eram explicados de ma-
de repulsão e desagregação e pelo movimento de neira semelhante, pela aglomeração de átomos mais
decadência, dissolução e separação das coisas. leves e sutis. E o nascimento e a morte não existiriam,
no sentido de uma geração ou corrupção da matéria; se-
Para ele, todas as coisas existentes na realidade es- riam apenas o resultado da união ou separação de áto-
tão submetidas às forças cíclicas desses dois princípios. mos, e estes se manteriam sempre os mesmos, eternos.


3. BERNHARDT, op. cit., p. 51 .
Daí a afirmação de Demócrito de que "nada nasce do a) o ser não existe;
nada, nada retorna ao nada". Tudo tem uma causa. Eos b) se existisse, não poderia ser conhecido;
átomos seriam a causa última do mundo.
c) mesmo que fosse conhecido, não poderia ser co-
Por essa razão, o atomismo de Demócrito passou à
história como uma teoria mecanicista, pois explica tudo municado a ninguém.
a partir dos átomos (matéria) e seus movimentos. No
mecanicismo, a sucessão dos acontecimentos é neces-
sária - no sentido de que segue uma lei natural que a
Sócrates
determina -, mas ocorre ao acaso - no sentido de que Nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a.e.) é tradi-
não tem um projeto ou finalidade. É como o mecanismo cionalmente considerado um marco divisório da história
de uma máquina, que não define nada, apenas funciona da filosofia grega. Por isso, os filósofos que o antecede-
de acordo com as leis físicas. Assim devia pensar Demó- ram são chamados de pré-socráticos e os que o sucede-
crito quando disse que tudo o que existe no universo ram, de pós-socráticos; Sócrates, porém, não deixou
nasce do acaso ou da necessidade. nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento
vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários.
Protágoras
Nascido em Abdera, Protágoras (e. 480-41 O a.e.) é
considerado o primeiro e um dos mais importantes sofis-
tas. Ensinou por muito tempo em Atenas, tendo como
princípio básico de sua doutrina a ideia de que o "ho-
mem é a medida de todas as coisas".

Sócrates.

Conta-se que Sócrates era filho de um escultor e de


uma parteira. Uma dupla herança que, simbolicamente,
o levou a esculpir uma representação autêntica do ser
humano, fazendo-o dar à luz suas próprias ideias.
O estilo de vida de Sócrates assemelhava-se, exte-
Protágoras. riormente, ao dos sofistas, embora não "vendesse" seus
ensinamentos. Desenvolvia o saber filosófico em praças
Conforme essa concepção, todas as coisas são rela-
públicas, conversando com os jovens, sempre dando de-
tivas às disposições do ser humano, isto é, o mundo é o
que o ser humano constrói e destrói. Por isso, não have- monstrações de que era preciso unir a vida concreta ao
ria verdades absolutas. A verdade seria relativa a deter- pensamento. Unir o saber ao fazer, a consciência intelec-
minada pessoa, grupo social ou cultura. tual à consciência prática ou moral.
A filosofia de Protágoras sofreu críticas em seu tem- Tanto quanto os sofistas, Sócrates abandonou a pre-
po por dar margem a um grande subjetivismo: tal coisa ocupação dos filósofos pré-socráticos em explicar a natu-
é verdadeira se para mim parece verdadeira. Assim, reza e se concentrou na problemática do homem. No
qualquer tese poderia ser encarada como falsa ou verda- entanto, contrariamente aos sofistas, Sócrates opunha-
deira, dependendo do ponto de vista de cada um. -se, por exemplo, ao relativismo em relação à questão
da moralidade e ao uso da retórica para atingir inte-

Górgias resses particulares.


Embora tenha sido, em sua época, confundido com
Górgias de Leontini (e. 487-380 a.e.), considerado os sofistas, Sócrates travou uma polêmica profunda com
um dos grandes oradores da Grécia, aprofundou o subje- eles, pois procurava um fundamento último para as in-
tivismo relativista de Protágoras a ponto de defender o terrogações humanas (O que é o bem? O que é a virtu-
ceticismo absoluto. Afirmava que: de? O que é a justiça?), enquanto os sofistas situavam as
suas reflexões a partir dos dados empíricos, o sensório cidadãos e escravos. O que importava eram as qualidades
imediato, sem se preocupar com a investigação de uma interiores, psicológicas, de cada pessoa, pois essas condições
essência da virtude, da justiça, do bem etc., a partir da eram indispensáveis ao processo de autoconhecimento.
qual a própria realidade empírica pudesse ser avaliada.
Para a democracia ateniense, da qual não participava
A pergunta fundamental que Sócrates tentava res- a maioria da população (composta de escravos, estrangei-
ponder era: o que é a essência do ser humano? Ele dizia ros e mulheres), Sócrates foi considerado subversivo. Re-
que o ser humano é a sua alma, entendendo-se "alma", presentava uma ameaça social, pois desrespeitava a or-
aqui, como a sede da razão, o nosso eu consciente, que dem vigente e dirigia suas atenções para as pessoas sem
inclui a consciência intelectual e a consciência moral, e fazer distinções de categoria social. Interessado na prática
que, portanto, distingue o ser humano de todos os ou- da virtude e na busca da verdade, contrariava os valores
tros seres da natureza. dominantes da sociedade ateniense. Por isso, foi acusado
de ser injusto com os deuses da cidade e de corromper a
Por isso, o autoconhecimento era um dos pontos juventude. No final do processo, foi condenado a beber
básicos da filosofia socrática. "Conhece-te a ti mesmo", cicuta (veneno extraído de uma planta do mesmo nome).
frase inscrita no Oráculo de Delfos, era a recomendação
básica feita por Sócrates a seus discípulos. Diante de seus juízes, Sócrates assumiu uma postu-
ra viril, altaneira, imperturbável, de quem nada teme.
Sua filosofia era desenvolvida mediante diálogos Permanecia absolutamente em paz com sua consciência.
críticos com seus interlocutores. Esses diálogos podem Se alguém lhe perguntasse "Não te envergonhas, Sócra-
ser divididos em dois momentos básicos: a ironia e a tes, de ter dedicado a vida a uma atividade pela qual te
maiêutica. condenam à morte?", ele responderia:
Estás enganado, se pensas que um homem de
Aironia bem deve ficar pesando, ao praticar seus atos, sobre
Etapa em que Sócrates interrogava seus inter- as possibilidades de vida ou de morte. O homem de
locutores sobre aquilo que pensavam saber. O que é o valor moral deve considerar apenas, em seus atos, se
bem? O que é a justiça? E a coragem? E a piedade? São eles são justos ou injustos, corajosos ou covardes.
exemplos de algumas perguntas feitas por ele. { ..]

Nessa fase do diálogo, a intenção fundamental de Assim, Sócrates concluiu suas últimas palavras:
"É chegada a hora de partir. Eu para a morte; vós,
Sócrates não era propriamente destruir o conteúdo das
respostas dadas pelos interlocutores, mas fazê-los tomar para a vida. Quem segue melhor rnmo? Isso é desco-
consciência profunda de suas próprias respostas, das nhecido de todos, menos da divindade".
consequências que poderiam ser tiradas de suas reflexões, PLATÃO. Defesa de Sócrates. p. 14 e 27.

muitas vezes repletas de conceitos vagos e imprecisos. Foi assim que Sócrates procurou caracterizar sua vi-
da. Construiu uma personalidade corajosa e guiou sua
Amaiêudca conduta pelo seu critério de justiça. Viveu conforme sua
própria consciência. Morreu sem ter renunciado a seus
Libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sa- mais caros valores morais.
biam, os discípulos podiam, então, iniciar o caminho da
reconstrução das próprias ideias. Novamente, Sócrates
lhes propunha, habilmente, uma série de questões. Platão
Nessa segunda fase do diálogo, o objetivo de Sócra-
Nascido em Atenas, Platão (427-347 a.e.) pertencia
tes era ajudar seus discípulos a conceberem suas pró-
a uma das mais nobres famílias atenienses. Seu nome
prias ideias. Assim, transportava para o campo da filoso-
verdadeiro era Arístocles, mas, devido a sua constituição
fia o exemplo de sua mãe, Fenareta, que, sendo parteira,
física, recebeu o apelido de Platão, termo grego que sig-
ajudava a trazer crianças ao mundo. Por isso, essa face
nifica "de ombros largos".
do diálogo socrático, destinada à concepção de ideias,
era chamada maiêutica, termo grego que significa "arte Platão foi discípulo de Sócrates, a quem considerava
de trazer à luz". "o mais sábio e o mais justo dos homens" 4 • Depois da
morte de seu mestre, empreendeu inúmeras viagens,
num período em que ampliou seus horizontes culturais e
Um corruptor da iuventude? amadureceu suas reflexões filosóficas.
Sócrates não dava importância à condição socioeco- Por volta de 387 a.e. retornou a Atenas, onde fun-
nômica de seus discípulos. Dialogava com ricos e pobres, dou sua própria escola filosófica, a Academia, nos jar-


4. PLATÃO. Fédon, p. 120.
dins construídos por seu amigo Academus. Essa escola O método proposto por Platão para realizar essa pas-
foi uma das primeiras instituições permanentes de ensi- sagem e atingir o conhecimento autêntico (epistéme) é a
no superior do mundo ocidental. Uma espécie de univer- dialética. Equivalente aos diálogos críticos de Sócrates, a
sidade pioneira dedicada à pesquisa científica e filosó- dialética socrático-platônica, basicamente, na contraposi-
fica, além de se tornar um centro de formação política. ção de uma opinião com a crítica que dela podemos fazer,
ou seja, na afirmação de uma tese qualquer seguida de
uma discussão e negação dessa tese, com o objetivo de
purificá-la dos erros e equívocos, permitindo uma ascen-
são até as ideias verdadeiras. Pela explicação de Platão,
nesse processo vamos recordando as verdades eternas e
imutáveis que já haviam sido contempladas por nossa
alma no mundo das ideias, antes de nossa existência ma-
terial. Isso quer dizer que o conhecimento verdadeiro
(epistéme), para ele, é uma imagem do passado, uma
reminiscência da alma. Portanto, temos uma concepção
gnosiológica inatista.
Somente quando saímos do mundo sensível e atingi-
mos o mundo racional das ideias é que alcançamos o do-
mínio do ser absoluto, eterno e imutável. Nesse mundo
das ideias só podemos entrar, segundo Platão, através do
conhecimento racional, científico ou filosófico.
Platão com seus discípulos. Assim, chegamos à conclusão de que a opinião se
forma do mundo apresentado pelos sentidos, enquan-
A maior parte do pensamento platõnico nos foi
to o conhecimento é de um mundo eterno; a opinião,
transmitida por intermédio da fala de Sócrates, nos diá-
por exemplo, trata de coisas belas determinadas; o co-
logos socráticos, escritos por ele mesmo, Platão.
nhecimento ocupa-se da beleza em si.
O pensamento de Platão é tão vasto e importante
RUSSELL, Bertrand. História da filosofia ocidental. v. 1, p. 140.
que deu origem a uma expressão famosa: "toda filosofia
ocidental são notas de rodapé a Platão". A teoria das ideias de Platão representa a tentativa
de conciliar as duas grandes tendências anteriores da fi-
Teoria das ideias losofia grega: a concepção do ser eterno e imutável de
Parmênides e a concepção do ser plural e móvel de He-
Uma das doutrinas mais importantes da filosofia de
ráclito. Para Platão, o ser eterno e universal habita o
Platão é a sua teoria das ideias, que é estudada da pers-
mundo da luz racional, da essência e da realidade pura.
pectiva epistemológica como teoria do conhecimento.
E os seres individuais e mutáveis moram no mundo das
Isso porque nessa doutrina Platão propõe que conhecer a
sombras e sensações, das aparências e ilusões.
verdade implica um processo de passagem progressiva do
mundo sensível (das sombras e aparências) para o mun-
do das ideias (das essências ou seres verdadeiros). Ve-
jamos como isso se daria:
Afilosofia no poder: os reis-filósofos
• A primeira etapa desse processo é dominada pelas Na juventude, Platão alimentou o ideal de partici-
impressões ou sensações advindas dos sentidos. Es- pação política em Atenas. Depois, desiludido com a de-
sas impressões sensíveis são responsáveis pela opi- mocracia ateniense, confessou: "Deixei levar-me por
nião que temos da realidade. A opinião representa o ilusões que nada tinham de espantosas por causa de
saber que se adquire sem uma busca metódica. minha juventude. Imaginava que, de fato, governariam
a cidade reconduzindo-a dos caminhos da injustiça para
• O conhecimento, entretanto, para ser autêntico, os da justiça"5 •
deve ultrapassar a esfera das impressões sensoriais,
o plano da opinião, e penetrar na esfera racional da Abraçando a filosofia, adotou um novo ideal: "Fui
sabedoria, o mundo das ideias. Para atingir esse então irresistivelmente levado a louvar a verdadeira
mundo, o homem não pode ter apenas "amor às opi- filosofia e a proclamar que somente à sua luz se pode
niões" (filodoxia); precisa possuir um "amor ao sa- reconhecer onde está a justiça na vida pública e na
ber" (filosofia). vida privada" 6 •

5. PLATÃO. Carta VII. Apud História do pensamento, v. 1, p. 58.


6. ld., ibid., V. 1, p. 58.
Para Platão, somente os filósofos, eternos amantes Por volta de 335 a.e., Aristóteles regressou a Ate-
da verdade, teriam condições de libertar-se da caverna nas, fundando sua própria escola filosófica, que passou a
das ilusões e atingir o mundo luminoso da realidade e da ser conhecida como Liceu, em homenagem ao deus
sabedoria. Apolo Lício. Nesse local permaneceu ensinando durante
aproximadamente doze anos.
Por isso, no seu livro A república, imaginou uma so-
ciedade ideal, governada por reis-filósofos. Esses reis se- Em 323 a.e., após a morte de Alexandre, os senti-
riam pessoas capazes de atingir o mais alto conhecimento mentos antimacedônicos ganharam grande intensidade
do mundo das ideias, que consiste na ideia do bem. em Atenas. Devido a sua notória ligação com a corte ma-
cedônica, Aristóteles passou a ser perseguido. Foi então

Aristóteles que decidiu abandonar Atenas, dizendo querer evitar


que os atenienses "pecassem duas vezes contra a filoso-
fia" (a primeira vez teria sido com Sócrates).
Nascido em Estagira, na Macedõnia, Aristóteles
(384-322 a.e.) foi, assim como Platão, um dos mais ex- Apaixonado por biologia, dedicou inúmeros estudos
pressivos filósofos gregos da Antiguidade. Há informa- à observação da natureza e à classificação dos seres vi-
ções de que teria escrito mais de uma centena de obras, vos. Tendo em vista a elaboração de uma visão científica
sobre os mais variados temas, das quais restam apenas da realidade, desenvolveu a lógica para servir de ferra-
47, embora nem todas de autenticidade comprovada. menta do raciocínio.
Desempenhou extraordinário papel na organização do
saber grego, acrescentando-lhe sua contribuição, que Da sensação ao conceito
impactou a história do pensamento ocidental. Segundo Aristóteles, a finalidade básica das ciências
seria desvendar a constituição essencial dos seres, procu-
rando defini-la em termos reais.
Ao abordar a realidade, reconhecia a multiplicidade
dos seres percebidos pelos sentidos. Assim, tudo o que
vemos, pegamos, ouvimos e sentimos é aceito como ele-
mento da realidade sensível.
Nesse sentido, rejeitava a teoria das ideias de Platão,
segundo a qual os dados transmitidos pelos sentidos não
passam de distorções, sombras ou ilusões da verdadeira
realidade existente no mundo das ideias. Para Aristóteles,
a observação da realidade leva-nos à constatação da exis-
tência de inúmeros seres individuais, concretos, mutáveis,
que são captados por nossos sentidos.
Partindo dessa realidade sensorial - empírica -, a
ciência deve buscar as estruturas essenciais de cada ser.
Em outras palavras, a partir da existência do ser, deve-
Aristóteles. mos atingir a sua essência, através de um processo de
conhecimento que caminharia do individual e específico
Filho de Nicômaco, médico do rei da Macedônia, para o universal e genérico.
provavelmente herdou do pai o interesse pelas ciências
naturais, que se revelaria posteriormente em sua obra. Aristóteles entendia, portanto, que o ser individual,
Aos dezoito anos foi para Atenas e ingressou na Acade- concreto, único constitui o objeto da ciência, mas não é o
mia de Platão, onde permaneceu cerca de vinte anos, seu propósito. A finalidade da ciência deve ser a compre-
tendo uma atuação crescentemente expressiva. Com a ensão do universal, visando estabelecer definições essen-
morte de Platão, a destacada competência de Aristóteles ciais que possam ser utilizadas de modo generalizado.
o qualificava para assumir a direção da Academia. Seu Desse modo, a indução (operação mental que vai do
nome, entretanto, foi preterido por ser considerado es- particular para o geral) representa, para Aristóteles, o pro-
trangeiro pelos atenienses. cesso intelectual básico de aquisição de conhecimento. Ela
possibilita ao ser humano atingir conclusões científicas, de
Decepcionado com o episódio, deixou a Academia e
partiu para a Ásia Menor. Pouco tempo depois, foi convi- âmbito universal, a partir do trabalho metódico com os
dados sensíveis - que sempre apresentam seres indivi-
dado por Filipe li, rei da Macedônia, para ser professor
duais, concretos e únicos.
de seu filho Alexandre. O relacionamento entre Aristóte-
les e Alexandre foi interrompido quando este assumiu a Assim, por exemplo, o conceito escola - ou qualquer


direção do império macedônico, em 340 a.e. conclusão científica sobre ele - foi elaborado tendo como
base a observação sistemática das diferentes instituições dade. Isso porque essa passagem da potência para o ato
às quais se atribui o nome de escola. Dessa maneira, o não se dá ao acaso: ela é causada.
conceito escola pode ter sentido universal porque reúne
Aristóteles emprega o termo causa em sentido bas-
em si os componentes essenciais aplicáveis ao conjunto
tante amplo, isto é, no sentido de tudo aquilo que de-
das múltiplas escolas concretas existentes no mundo.
termina a realidade de um ser. Distingue, assim, qua-
tro tipos de causas fundamentais:
Nova interpretação para as
• causa material - refere-se à matéria de que é fei-
mudanças do ser ta uma coisa. Exemplo: o mármore utilizado na con-
Retomando a questão do ser, Aristóteles pretendeu fecção de uma estátua;
resolver a contradição entre o caráter estático e perma-
nente do ser em oposição ao movimento e à transitorie- • causa formal - refere-se à forma, à natureza espe-
dade das coisas. Era a clássica polêmica entre Heráclito e cífica, à configuração de uma coisa, tornando-a "um
Parmênides. Para essa questão, Aristóteles propõs uma ser propriamente dito". Exemplo: uma estátua em
nova interpretação ontológica (isto é, relativa ao estudo forma de homem e não de cavalo;
do ser), segundo a qual em todo ser devemos distinguir: • causa eficiente - refere-se ao agente que produ-
• o ato - a manifestação atual do ser, aquilo que já ziu diretamente a coisa. Exemplo: o escultor que fez
existe; a estátua;

• a potência - as possibilidades do ser (capacidade • causa final - refere-se ao objetivo, à intenção, à


de ser), aquilo que ainda não é, mas pode vir a ser. finalidade ou à razão de ser de uma coisa. Exemplo:
o escultor tinha como finalidade exaltar a figura do
Assim, conforme Aristóteles, o movimento, a transi- soldado ateniense.
toriedade ou mudança das coisas se resume na passa-
gem da potência para o ato. Exemplo: a árvore que está Segundo Aristóteles, a causa formal está di-
sem flores pode tornar-se, com o tempo, uma árvore retamente subordinada à causa final, pois a finalidade
florida. Ao adquirir flores, essa árvore manifesta em ato de uma coisa determina o que os seres efetivamente
aquilo que já continha, intrinsecamente, em potência. são. A potência, em si mesma, não é capaz de formalizar
o ser em ato. Para que se dê essa passagem, é preciso a
Por outro lado, utilizando ainda o exemplo da árvo- intervenção de um agente transformador (causa eficien-
re, pode acontecer que, em virtude de certas condições te), guiado por uma finalidade (causa final).
climáticas, uma árvore frutífera não venha a dar frutos (o
que contraria a sua potência de dar frutos). Ou pode ser Assim, segundo Aristóteles, a causa final é que co-
que as folhas da árvore se apresentem queimadas ou manda o movimento da realidade. Épela causa final, em
ressecadas, em consequência de um clima seco. Esses última instância, que as coisas mudam, determinando a
casos Aristóteles classifica como um acidente, ou seja, passagem da potência para o ato.
algo que não ocorre sempre, somente às vezes, por uma
casualidade qualquer (no caso, a falta de chuva ou o ex- Afelicidade humana
cesso de calor), que não faz parte da essência da árvore. Aristóteles define o ser humano como racional e
Assim, segundo Aristóteles, devemos distinguir considera a atividade racional, o ato de pensar, como a
também em todos os seres existentes: essência humana. Por conseguinte, investigando a ques-
tão ética, ele diz:
• a substância - aquilo que é estrutural e essencial
do ser; [.. .] aquilo que é próprio de cada criatura lhe é
naturalmente melhor e mais agradável; para o ho-
• o acidente - aquilo que é atributo circunstancial e mem, a vida conforme o intelecto (a razão) é melhor
não essencial do ser. e mais agradável, já que o intelecto, mais que qual-
quer outra parte do homem, é o homem. Esta vida,
A substância corresponde àquilo que mais intima- portanto, é também a mais feliz.
mente o ser é em si mesmo. Os acidentes pertencem ao
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaca (1178 a.C.). p. 203.
ser, mas não são necessários para definir a natureza pró-
pria de cada ser. Para ser feliz, portanto, o ser humano deve viver de
acordo com a sua essência, isto é, de acordo com a sua
razão, a sua consciência reflexiva. E, orientando os seus
Oque determina arealidade do ser: atos para uma conduta ética, a razão o conduzirá à prá-
acausa tica da virtude.
Para Aristóteles, a virtude representa o meio-ter-
A investigação do ato e da potência do ser depende, mo, a justa medida de equilíbrio entre o excesso e a falta
no entanto, de alguns esclarecimentos sobre a causali- de um atributo qualquer. Exemplos: a virtude da prudên-

c®nette.
eia é o meio-termo entre a precipitação e a negligência; a resistência ante o sofrimento, a coragem ante o perigo
a virtude da coragem é o meio-termo entre a covardia e e a indiferença ante as riquezas materiais. O ideal perse-
a valentia insana; a perseverança é o meio-termo entre a guido era um estado de plena serenidade (ataraxia)
fraqueza de vontade e a vontade obsessiva. para lidar com os sobressaltos da existência, fundado na
aceitação e compreensão dos "princípios universais" que
Epicuro regem toda a vida.

O epicurismo, fundado por Epicuro (324-271 a.e.),


propunha que o ser humano deve buscar o prazer pois,
Pirro
segundo ele, o prazer é o princípio e o fim de uma vida
feliz. No entanto, distinguia dois grandes grupos de pra-
zeres. No primeiro grupo estavam os prazeres mais du-
radouros, que encantam o espírito, como: a boa conver-
sação, a contemplação das artes, a audição da música
etc. No segundo grupo estavam os prazeres mais ime-
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diatos, muitos dos quais movidos pela explosão das pai- LL

xões, que, ao final, poderiam resultar em dor e sofri-


mento. Mas para desfrutarmos os grandes prazeres do
!
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intelecto precisamos aprender a dominar os prazeres o
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exagerados da paixão: os medos, os apegos, a cobiça, a


inveja. Os epicuristas buscavam a ataraxia, termo grego
usado para designar o estado de ausência da dor, quie-
tude, serenidade e imperturbabilidade da alma.
O epicurismo muitas vezes é confundido com um
tipo de hedonismo marcado pela procura desenfreada Pirro.
dos prazeres mundanos. No entanto, o que o epicurismo
defende é uma administração racional e equilibrada do O pirronismo, moldado a partir das ideias de Pirro
prazer, evitando ceder aos desejos insaciáveis que, ine- de Élida (365-275 a.e.), foi uma corrente filosófica que
vitavelmente, terminam no sofrimento. defendia a ideia de que nenhum conhecimento é seguro,
tudo é incerto. Por isso, seus seguidores propunham que
zenão de Cício as pessoas adotassem a suspensão do juízo (epokhé,
em grego), isto é, a abstenção de fazer qualquer julga-
Oestoicismo foi a corrente filosófica de maior influ- mento, já que a busca da verdade plena é inútil. Desse
ência em seu tempo. Foi fundada a partir das ideias de modo, aceitando que das coisas se podem conhecer
zenão de Cício (336-263 a.e.). apenas as aparências e desfrutando o imediato captado
Os representantes dessa escola, conhecidos como pelos sentidos, as pessoas viveriam felizes e em paz. As-
estoicos, defendiam que toda realidade existente é uma sim, o pirronismo é considerado uma forma de ceticismo,
realidade racional. Isso significa que todos os seres, os pois professa a impossibilidade do conhecimento, da
homens e a natureza fazem parte dessa realidade. O que obtenção da verdade absoluta.
chamamos de Deus nada mais é do que a fonte dos prin-
cípios que regem a realidade. Integrado à natureza, não
existe para o ser humano nenhum outro lugar para ir ou Diógenes
fugir, além do próprio mundo em que vivemos. Somos
deste mundo e, ao morrer, nos dissolvemos neste mundo.
Não dispomos de poderes para alterar substan-
cialmente a ordem universal do mundo. Mas por meio
da filosofia podemos compreender essa ordem universal
e viver segundo ela. Assim, em vez do prazer dos epicu-
ristas, Zenão propõe o dever da compreensão como o
melhor caminho para a felicidade. Ser livre é viver se-
gundo nossa própria natureza, que, por sua vez, integra
a natureza do mundo.
No plano ético, os estoicos defendiam uma atitude


de austeridade física e moral, baseada em virtudes como Detalhe de Diógenes e Alexandre Magno - Museo Torlonia, Roma .
Cinismo vem do grego kynos, que significa "cão"; populações, Diógenes também não tinha apreço pela
cínico, do grego kynikos, significa "como um cão". O diferença entre grego e estrangeiro. Conta-se que,
termo cinismo, portanto, designa a corrente dos filóso- quando lhe perguntaram qual era sua cidadania, teria
fos que se propuseram a viver como os cães da cidade, respondido: "Sou cosmopolita" (palavra grega que sig-
sem qualquer propriedade ou conforto. Levavam ao ex- nifica "cidadão do mundo").
tremo a filosofia de Sócrates, segundo a qual o homem
Há muitas histórias de sabedoria e humor sobre
deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar to-
Diógenes. Conta-se, por exemplo, que ele morava num
dos os bens materiais. Por isso, Diógenes de Sínope
barril e que, certa vez, Alexandre Magno decidiu visitá-
(e. 413-327 a.e.), o pensador mais destacado dessa es- -lo. De pé em frente à "casa", Alexandre perguntou se
cola, é conhecido como o "Sócrates demente", ou o
havia algo que ele, como Imperador, poderia fazer em
"Sócrates louco", pois questionava os valores e as con-
benefício do filósofo. Diógenes respondeu prontamen-
venções sociais e procurava viver estritamente confor-
te: "Sim, podes sair da frente do meu sol". Diz a lenda
me os princípios que considerava moralmente corretos.
que Alexandre, impressionado com o desprezo do filó-
Vivendo numa época em que as conquistas de Ale- sofo pelos bens materiais, comentou: "Se eu não fosse
xandre promoviam o helenismo, mesclando culturas e Alexandre, queria ser Diógenes".

c®nette.
Santo Agostinho
Aureliano Agostinho (354-430) nasceu em Tagaste e faleceu em Hipo-
na, ambas cidades da província romana da Numídia, na África, e que hoje
pertence à Argélia. Nessa última cidade ocupou o cargo de bispo da Igreja
Católica.
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A pregação de Santo Agostinho diante do bispo de Hipona - Século XVIII - Carie van Loo.

Professor de retórica em escolas romanas, Agostinho despertou primei-


ramente para a filosofia com a leitura de Cícero (106-43 a.e.), orador e polí-
tico romano que se caracterizou por seu ecletismo, tendência filosófica que
buscava um acordo entre os ensinamentos das escolas platônica, aristotéli-
ca, hedonista etc. Posteriormente, deixou-se influenciar pelo maniqueísmo,
doutrina persa que afirmava ser o universo dominado por dois grandes prin-
cípios opostos, o bem e o mal, mantendo uma incessante luta entre si.
Mais tarde, já insatisfeito com o maniqueísmo, viajou para Roma e Mi-
lão, entrando em contato com o ceticismo e, depois, com o neoplatonismo,
movimento filosófico do período greco-romano, desenvolvido por pensado-
res inspirados em Platão, que se espalhou por diversas cidades do Império
Romano, sendo marcado por sentimentos religiosos e crenças místicas 7 •
Cresceu e se aprofundou, então, em Agostinho uma grande crise exis-
tencial, uma inquietação quase desesperada em busca de sentido para a
vida. Foi nesse período crítico que ele se sentiu atraído pelas pregações de


7. Entre os neoplatônicos, destaca-se Plotino (e. 205-270) .
Santo Ambrósio, bispo de Milão. Pouco tempo depois, a Igreja ter se pronunciado por tal doutrina assinalou o
converteu-se ao cristianismo, tornando-se seu grande fim da ética pagã e de toda a filosofia helênica"ª.
defensor pelo resto da vida.
Uma consequência dessa posição foi a ênfase que
passou a ser dada ao "voltar-se a si mesmo": seria ape-
Asuperioridade da alma sobre ocorpo nas pelo cultivo da interioridade que se chegaria à visão
Em sua obra, Agostinho argumenta em favor da su- das verdades essenciais, no entendimento de que é
premacia do espírito sobre o corpo (a matéria). Para Deus o nosso Mestre Interior, o Ser que irradia sua luz no
ele, a alma teria sido criada por Deus para reinar sobre o mais íntimo da nossa alma.
corpo, para dirigi-lo à prática do bem.
O pecador, entretanto, utilizando-se do livre-arbí- liberdade humana epecado
trio, costumaria inverter essa relação, fazendo o corpo Outro aspecto fundamental da filosofia agostiniana
assumir o governo da alma. Provocaria, com isso, a sub- é o entendimento de que a vontade não é uma função
missão do espírito à matéria, o que seria, para Agosti- específica ligada ao intelecto, conforme diziam os gre-
nho, equivalente à subordinação do eterno ao transitó- gos: ela é um impulso que nos inclina, desde nosso nas-
rio, da essência à aparência. cimento, às paixões pecaminosas.
A verdadeira liberdade, para o filósofo, estaria na Isso significa que, de acordo com Agostinho, a li-
harmonia das ações humanas com a vontade de Deus e berdade humana é própria da vontade e não da razão.
seria obtida pelo caminho ascendente, que vai do mun- Eé nisso que reside a fonte do pecado. O indivíduo peca
do exterior dos sentidos ao mundo interior do espírito. porque usa de seu livre-arbítrio para satisfazer uma von-
Ser livre é servir a Deus, diz Agostinho, pois o prazer de tade má, mesmo sabendo que tal atitude é pecaminosa.
pecar é a escravidão. Agostinho contrapõe-se, dessa forma, ao intelectualis-
mo moral, que teve sua expressão máxima em Sócra-
Boas obras ou graça divina? tes. Nas palavras de Agostinho, vejamos as causas mais
comuns do pecado:
Segundo o filósofo, o ser humano que trilha a via do
pecado só consegue retornar aos caminhos de Deus e da O ouro, a prata, os corpos belos e todas as coisas
salvação mediante a combinação de seu esforço pessoal são dotadas dum certo atrativo. O prazer de conve-
de vontade e a concessão, imprescindível, da graça di- niência que se sente no contato da carne influi viva-
vina. Sem a graça de Deus, o ser humano nada pode mente. Cada um dos outros sentidos encontra nos
conseguir. Mas nem todas as pessoas poderiam receber corpos uma modalidade que lhes corresponde. Do
essa graça, somente os predestinados à salvação. mesmo modo a honra temporal e o poder de mandar
e dominar encerram também um brilho, donde
A questão da graça, tal como colocada pelo filó- igualmente nasce a avidez e a vingança. [. . .] A vida
sofo, marcou profundamente o pensamento medieval neste mundo seduz por causa duma certa medida de
cristão. E a doutrina da predestinação à salvação foi, beleza que lhe é própria, e da harmonia que tem com
posteriormente, adotada por alguns ramos da teologia todas as formosuras terrenas.
protestante (Reforma Protestante). Na mesma época
de Agostinho, outro teólogo, Pelágio, afirmava que a Por todos estes motivos e outros semelhantes, co-
boa vontade e as boas obras humanas seriam sufi- mete-se o pecado, porque, pela propensão imoderada
cientes para a salvação individual. Era a doutrina do para os bens inferiores, embora sejam bons, se aban-
pelagianismo. donam outros melhores e mais elevados, ou seja, a
Vós, meu Deus, à vossa verdade e à vossa lei.
Agostinho colocou-se contra essa doutrina e, no SANTO AGOSTINHO. Confissões. p. 33.
concílio de Cartago do ano de 417, o papa Zózimo conde-
nou o pelagianismo como heresia e adotou a concepção Por isso, Agostinho afirma que o ser humano não
agostiniana de necessidade da graça divina, doada livre- pode ser autônomo em sua vida moral, isto é, deliberar
mente por Deus aos seus eleitos. livremente sobre sua conduta, pois sempre estará incli-
nado ao mal e a praticar o pecado. Somente com a graça
A condenação do pelagianismo se explica pelo fato
divina ele poderá se salvar.
de que conservava a noção grega de autonomia da vida
moral humana, isto é, a noção de que o ser humano
pode salvar-se por si só, sendo bom e fazendo boas
Precedência da lé sobre arazão
obras, sem a necessidade da ajuda divina. Essa noção se Agostinho também discutiu a diferença existente
chocava com a ideia de submissão total do ser humano entre fé cristã e razão, afirmando que a fé nos faz crer
ao Deus cristão, defendida pela Igreja. "O fato de assim em coisas que nem sempre entendemos pela razão:
8. POHLENZ, M. Apud REALE, G. e ANTISERI, D. História da filosofia, v. 1, p. 433.
"creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio tam- -se em organizar um conjunto de argumentos para de-
bém entendo. Tudo o que compreendo conheço, mas monstrar e defender as revelações do cristianismo.
nem tudo que creio conheço" 9 •
Baseando-se no profeta bíblico Isaías, dizia ser ne-
cessário crer para compreender, pois a fé ilumina os
caminhos da razão, e que a compreensão nos confirma a
crença posteriormente. Isso significa que, para Agosti-
nho, a fé revela verdades ao homem de forma direta e
intuitiva. Vem depois a razão, esclarecendo aquilo que a
fé já antecipou.

Aherança do helenismo
O pensamento agostiniano reflete, em grande me-
dida, os principais passos de sua trajetória intelectual
anterior à conversão ao catolicismo, que teve a influên-
cia do helenismo. Vejamos alguns elementos:
• Do maniqueísmo ficou uma concepção dualista no
âmbito moral, simbolizada pela luta entre o bem e
o mal, a luz e as trevas, a alma e o corpo. Nesse Tomás de Aquino.
sentido, dizia que o ser humano tem uma inclinação
natural para o mal, para os vícios, para o pecado. Assim, Tomás de Aquino reviveu em grande parte o
Insistia em que já nascemos pecadores (pecado pensamento aristotélico em busca de argumentos que
original) e somente um esforço consciente pode explicassem os principais aspectos da fé cristã. Enfim, fez
nos fazer superar essa deficiência "natural". Consi- da filosofia de Aristóteles um instrumento a serviço da
derando o mal como o afastamento de Deus, defen- religião católica, ao mesmo tempo em que transformou
dia a necessidade de uma intensa educação religio- essa filosofia numa síntese original.
sa, tendo como finalidade reduzir essa distância.

• Do ceticismo ficou a permanente desconfiança nos Princípios básicos


dados dos sentidos, isto é, no conhecimento senso- Retomando as ideias de Aristóteles sobre o ser e o
rial, conhecimento que nos apresenta uma multidão saber, Tomás de Aquino enfatizou a importância da rea-
de seres mutáveis, flutuantes e transitórios. lidade sensorial. Em relação ao processo de conheci-
• Do platonismo, Agostinho assimilou a concepção mento dessa realidade, ressaltou uma série de princípios
de que a verdade, como conhecimento eterno, de- considerados básicos, dentre os quais se destacam:
veria ser buscada intelectualmente no "mundo das • princípio da não contradição - o ser é ou não é.
ideias". Por isso defendeu a via do autoconheci- Não existe nada que possa ser e não ser ao mesmo
mento, o caminho da interioridade, como instru- tempo e sob o mesmo ponto de vista;
mento legítimo para a busca da verdade. Assim, • princípio da substância - na existência dos seres
somente o íntimo de nossa alma, iluminada por podemos distinguir a substância (a essência, pro-
Deus, poderia atingir a verdade das coisas. Da mes- priamente dita, de uma coisa, sem a qual ela não
ma forma que os olhos do corpo necessitam da luz seria aquilo que é) do acidente (a qualidade não
do sol para enxergar os objetos do mundo sensível, essencial, acessória do ser);
os "olhos da alma" necessitam da luz divina para
visualizar as verdades eternas da sabedoria. • princípio da causa eficiente - todos os seres que
captamos pelos sentidos são seres contingentes,
isto é, não possuem, em si próprios, a causa eficien-
Santo Tomás de Aquino te de suas existências. Portanto, para existir, o ser
contingente depende de outro ser que representa a
Tomás de Aquino (1226-127 4) nasceu em Nápoles, sua causa eficiente, chamado de ser necessário;
sul da Itália. É considerado um dos maiores filósofos da • princípio da finalidade - todo ser contingente
escolástica medieval. existe em função de uma finalidade, de um objeti-
A filosofia de Tomás de Aquino (o tomismo) nasceu vo, de uma "razão de ser". Enfim, todo ser contin-
com objetivos claros: não contrariar a fé, empenhando- gente possui uma causa final;


9. SANTO AGOSTINHO. De mogistro, p. 319 .
• princípio do ato e da potência - todo ser contin- que se mova, necessita também que seja movido por
gente possui duas dimensões: o ato e a potência. outro ser. Eassim sucessivamente. Se não houvesse um
O ato representa a existência atual do ser, aquilo primeiro ser movente, cairíamos num processo indefini-
que está realizado e determinado. A potência re- do. Logo, conclui Tomás de Aquino, é necessário chegar
presenta a capacidade real do ser, aquilo que não a um primeiro ser movente que não seja movido por
se realizou mas pode realizar-se. É a passagem da nenhum outro. Esse ser é Deus.
potência para o ato que explica toda e qualquer 2. a causa eficiente - todas as coisas existentes
mudança. no mundo não possuem em si próprias a causa eficiente
de suas existências. Devem ser consideradas efeitos de
Distinção entre ser eessência alguma causa. Tomás de Aquino afirma ser impossível
Apesar de esses princípios terem vindo do pen- remontar indefinidamente à procura das causas eficien-
samento aristotélico, não se pode dizer que Tomás de tes. Logo, é necessário admitir a existência de uma pri-
Aquino tenha apenas adaptado a filosofia de Aristóteles meira causa eficiente, responsável pela sucessão de
ao cristianismo. O que o filósofo escolástico empreendeu efeitos. Essa causa primeira é Deus.
foi uma sistematização da doutrina cristã que se apoia 3. ser necessário e ser contingente - este argu-
em parte na filosofia aristotélica, mas contém muitos mento é uma variante do segundo. Afirma que todo ser
elementos estranhos ao aristotelismo: o conceito de contingente, do mesmo modo que existe, pode deixar
criação do mundo, a noção de um deus único, a ideia de de existir. Ora, se todas as coisas que existem podem
que o vir a ser (a passagem da potência ao ato) não é deixar de ser, então, alguma vez, nada existiu. Mas, se
autodeterminado, mas procede de Deus. assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo
que não existe somente começa a existir em função de
Mais que isso, Tomás de Aquino introduziu uma dis-
algo que já existia. É preciso admitir, então, que há um
tinção entre o ser (ou a existência) e a essência, dividin- ser que sempre existiu, um ser absolutamente neces-
do a metafísica em duas partes: a do ser em geral e a sário, que não tenha fora de si a causa da sua existência,
do ser pleno, que é Deus. De acordo com essa distinção, mas, ao contrário, que seja a causa da necessidade de
o único ser realmente pleno, no qual o ser e a essência todos os seres contingentes. Esse ser necessário é Deus.
se identificam, é Deus. Para o filósofo, Deus é ato puro.
Não há o que se realizar ou se atualizar em Deus, pois 4. os graus de perfeição - em relação à qualidade
ele é completo. Tomás de Aquino dirá que Deus é Ser, e de todas as coisas existentes, pode-se afirmar a existên-
o mundo tem ser. Ou seja, Deus é o Ser que existe como cia de graus diversos de perfeição. Assim, afirmamos
fundamento da realidade das outras essências que, uma que tal coisa é melhor que outra, ou mais bela, ou mais
vez existentes, participam de seu Ser. poderosa, ou mais verdadeira etc. Ora, se uma coisa pos-
sui "mais" ou "menos" determinada qualidade positiva,
Isso equivale a dizer que, nas outras criaturas, o ser isso supõe que deve existir um ser com o máximo dessa
é diferente da essência, pois as criaturas são seres não qualidade, no nível da perfeição. Devemos admitir, en-
necessários. ÉDeus que permite às essências realizarem- tão, que existe um ser com o máximo de bondade, de
-se em entes, em seres existentes. beleza, de poder, de verdade, sendo, portanto, um ser
máximo e pleno. Esse ser é Deus.
As provas da existência de Deus 5. a finalidade do ser - todas as coisas brutas, que
Outro aspecto importante da filosofia tomista são as não possuem inteligência própria, existem na natureza
provas da existência de Deus. Em um de seus mais fa- cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade,
mosos livros, a Suma teológica, Tomás de Aquino propõe semelhante à flecha disparada pelo arqueiro. Devemos
cinco provas da existência de Deus: admitir, então, que existe algum ser inteligente que di-
1. o primeiro motor - tudo aquilo que se move é rige todas as coisas da natureza para que cumpram seu
movido por outro ser. Por sua vez, este outro ser, para objetivo. Esse ser é Deus.
Montaigne
Além do desenvolvimento do pensamento científico, com implicações
evidentes no campo filosófico, outras questões importantes desse período
são as relativas à essência humana, à moral e à política. Nesse âmbito des-
taca-se o francês Michel de Montaigne (1523-1592).

Michel de Montaigne.

Montaigne desenvolveu um pensamento de fundo ceticista, inspirado em


parte no ceticismo da Antiguidade, mas também no epicurismo e no estoicis-
mo. Ele afirmava não ser possível estabelecer os mesmos preceitos para todos
os seres humanos, sendo necessário que cada um construa uma sabedoria e
uma consciência moral de acordo com as suas possibilidades e disposições
individuais, mas tendo como regra geral para alcançar a sabedoria "o dizer sim
à vida". Na educação, por exemplo, recomendava que todos os conteúdos
fossem submetidos à reflexão do aluno. Nada devia ser imposto ao estudante
por simples autoridade da tradição. Nas palavras de Montaigne:
Tudo se submeterá ao exame da criança e nada se lhe enfiará na
cabeça por simples autoridade e crédito. Que nenhum princípio, de Aris-
tóteles, dos estoicos ou dos epicuristas, seja seu princípio. Apresentem-lhe
todos, em sua diversidade, e que ele escolha se puder. E se não o puder
fique na dúvida, pois só os loucos têm certeza absoluta em sua opinião.
Quem segue outrem não segue coisa nenhuma; nem nada encon-
tra, mesmo porque não procura.


MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. p. 78 .
Maquiavel deve fazer aquilo que, a cada momento, se mostra inte-
ressante para conservar o seu poder. Não se trata, por-
tanto, de uma decisão moral, mas sim de uma decisão
que atende à lógica do poder. Para ele, na ação política
não são os princípios morais que contam, mas os resul-
tados. É por isso que, para Maquiavel, os fins justificam
os meios. Desse modo, escreveu Maquiavel:

Não pode e não deve um príncipe prudente


manter a palavra empenhada quando tal observân-
cia se volte contra ele e hajam desaparecido as ra-
zões que a motivaram. /...] Nas ações de todos os ho-
mens, especialmente os príncipes, [. ..] os fins é que
contam. Faça, pois, o príncipe tudo para alcançar e
manter o poder; os meios de que se valer serão sempre
julgados honrosos e louvados por todos, porque o vul-
go [o povo, a maioria das pessoas] atenta sempre para
aquilo que parece ser e para os resultados.
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. p. 112-113.

Nicolau Maquiavel. Em O príncipe, Maquiavel faz uma análise não mo-


ral dos atos de diversos governantes, procurando mos-
O filósofo Nicolau Maquiavel (1469-1527) nasceu trar em que momentos as suas opções foram interessan-
na Itália e é considerado o fundador do pensamento tes para a manutenção do poder político. Deve-se a essa
político moderno, porque desenvolveu a sua filosofia po- franqueza despudorada maquiaveliana o uso pejorativo
lítica em um quadro teórico completamente diferente do que tem o adjetivo maquiavélico, que designa o com-
que se tinha até então. portamento "sem moral".
No pensamento antigo, a política estava relaciona- Mas o que se deve reter do pensamento de Maquiavel
da com a ética e, na Idade Média, essa ideia permane- é que ele inaugura um novo patamar de reflexão política,
ceu, acrescida dos valores cristãos. Ou seja, o bom go- que procura compreender e descrever a ação política tal
vernante seria aquele que possuísse as virtudes cristãs e como ela se dá realmente. Esse é o mérito de Maquiavel:
as implementasse no exercício do poder político. ter compreendido que a política, no início da Idade Moder-
na, se desvinculava das esferas da moral e da religião,
Maquiavel observou, porém, que havia uma distân- constituindo-se em uma esfera autônoma.
cia entre o ideal de política e a realidade política de sua
época. Por isso escreveu o livro O príncipe (1513-1515) Assim, no campo da política, os fins justificam os
com o propósito de tratar da política tal como ela se dá, meios. Já no campo da moral, não seria correto separar
ou seja, sem pretender fazer uma teoria da política ideal, meios e fins porque toda conduta deve ser julgada pelo
mas, ao contrário, compreender e esclarecer a política seu valor intrínseco, independente do fim, do resultado.
real. Dessa forma, ele se afastou da concepção idealiza-
da de política.
Maquiavel centrou sua reflexão na constatação de
Bodin
que o poder político tem como função regular as lutas e Jean Bodin (1530-1596) nasceu na França, era juris-
tensões entre os grupos sociais, que, conforme ele, ta e filósofo. Defendeu em sua obra A república o con-
eram basicamente dois: o grupo dos poderosos e o povo. ceito de soberano perpétuo e absoluto, cuja autoridade
Essas lutas e tensões existiriam sempre, de tal forma representa "a imagem de Deus na Terra" (teoria do di-
que seria uma ilusão buscar um bem comum para todos. reito divino dos reis). O termo república é usado aqui
em seu sentido etimológico de coisa pública (do latim
Mas, se a política não tem como objetivo o bem res, "coisa") e não como forma de governo oposta à
comum, qual seria o seu objetivo então? monarquia. Mesmo porque, para ele, a forma preferida
de governo era a monarquia, em que a soberania abso-
Maquiavel respondeu: a política tem como objetivo
luta se concentrava num só príncipe.
a manutenção do poder do Estado. E, para manter o
poder, o governante deve lutar com todas as armas pos- Na mesma linha de pensamento de Santo Tomás de
síveis, ficando sempre atento à correlação de forças que Aquino, Jean Bodin afirmava ser a monarquia o regime
se mostra a cada instante. Isso significa que a ação po- mais adequado à natureza das coisas. Argumentava
lítica não cabe nos limites do juízo moral. O governante que a família tem um só chefe, o pai; o céu tem apenas
um sol; o Universo, só um Deus criador. Assim, a sobe-
rania (força de coesão social) do Estado só podia se rea-
Teoria dos ídolos
lizar plenamente na monarquia. Preocupado com a utilização dos conhecimentos cien-
tíficos na vida prática, Bacon manifestava grande entusias-
Essa, entretanto, não devia ser confundida com o mo pelas conquistas técnicas que se difundiam em seu
governo tirânico, em que o tempo: a bússola, a pólvora e a imprensa. Também revela-
va sua aversão ao pensamento meramente abstrato, ca-
monarca, desprezando as leis da natureza, abusa racterístico da escolástica medieval.
das pessoas livres como de escravos, e dos bens dos Para Bacon, a ciência deveria valorizar a pesquisa ex-
súditos como dos seus/...] quanto às leis divinas e perimental, tendo em vista proporcionar resultados obje-
naturais, todos os princípios da terra estão sujeitos, e tivos para o homem. Mas, para isso, era necessário que os
não está em seu poder transgredi-las /. ..J. cientistas se libertassem daquilo que denominava ídolos,
BODIN, Jean. A república. ln: CHEVALIER, Jean-Jacques. isto é, falsas noções, preconceitos e maus hábitos mentais.
As grandes obras políticas. p. 59-60.
Em sua obra Novum organum, Francis Bacon destaca
Dentre essas leis naturais, Bodin destacava o respei- quatro gêneros de ídolos que entorpecem a mente huma-
to que o Estado deve ter em relação ao direito à liberda- na e prejudicam a ciência:
de dos súditos e às suas propriedades materiais.
• ídolos da tribo - as falsas noções provenientes das

Francis Bacon próprias limitações da natureza da espécie humana;


• ídolos da caverna - as falsas noções do ser huma-
Nascido em Londres, Francis Bacon (1561-1626) no como indivíduo (alusão ao mito da caverna de
pertencia a uma família de nobres. Desde menino, foi Platão);
educado para ingressar na carreira política e projetar-se • ídolos do mercado ou do foro - as falsas noções
nos cargos públicos. Depois de concluir seus estudos em provenientes da linguagem e da comunicação; e
Cambridge, iniciou, em 1577, sua carreira política, por
meio da qual conquistaria os mais importantes postos do • ídolos do teatro - as falsas noções provenientes das
concepções filosóficas, científicas e culturais vigentes.
reino britânico.

Método indudvo de invesauação


Para combater os erros provocados pelos ídolos,
Francis Bacon propôs o método indutivo de investigação,
baseado na observação rigorosa dos fenômenos natu-
rais, que cumpriria as seguintes etapas:
• observação da natureza para a coleta de informa-
ções;
• organização racional dos dados recolhidos empiri-
camente;
• formulação de explicações gerais (hipóteses) des-
tinadas à compreensão do fenômeno estudado;
• comprovação da hipótese formulada mediante ex-
perimentações repetidas, em novas circunstâncias.
Francis Bacon dizia que aquele que começa uma in-
vestigação repleto de certezas acabará terminando cheio
Francis Bacon.
de dúvidas. Mas aquele que começa com dúvidas poderá
terminar com algumas certezas.
Apesar de ter mantido discutível conduta moral1°,
Francis Bacon realizou uma obra científica de inegável va- Assim, a grande contribuição de Francis Bacon para a
lor. É considerado um dos fundadores do método induti- história da ciência moderna foi apresentar o conhecimen-
vo de investigação científica. Atribui-se a ele, também, to científico como resultado de um método de investiga-
a criação do lema "saber é poder", que revela sua firme ção capaz de conciliar a observação dos fenômenos, a
disposição de ânimo de fazer dos conhecimentos científi- elaboração racional das hipóteses e a experimentação
cos um instrumento prático de controle da realidade. controlada para comprovar as conclusões.
10. Francis Bacon ocupou importantes cargos políticos na Inglaterra. No auge de sua carreira, com o cargo de grão-chanceler, foi acusado de corrupção e suborno.


Foi julgado e condenado, sendo destituído do seu cargo .
Galileu Galilei navam. Entretanto, Galileu - professor de matemática da
Universidade de Pisa - decidiu, de forma inovadora, apli-
car a matemática ao estudo experimental da natureza.
Nascido na cidade italiana de Pisa, Galileu Galilei
(1564-1642) é considerado um dos fundadores da física Desse modo, alcançou grandes realizações, entre as
moderna. Em suas investigações, confirmou ideias conti- quais podemos destacar:
das na teoria de Copérnico, defendendo, por exemplo, a • a elaboração da lei da queda livre dos corpos, se-
concepção de que a Terra gira em torno do Sol. gundo a qual a aceleração de um corpo em queda é
Por contrariar a visão tradicional do mundo, foi ad- constante, independentemente de o corpo ser leve
vertido pelas autoridades católicas, que o julgavam he- ou pesado, grande ou pequeno. A demonstração
desta lei exige condições ideais (vácuo);
rege. Galileu teria comentado então que a Bíblia, em se
tratando de temas científicos, não era um manual a ser • a construção e o aperfeiçoamento de um telescó-
obedecido cegamente. pio, com o qual efetuou observações astronômicas
que o levaram a descobrir o relevo montanhoso da
Lua, quatro satélites de Júpiter, as formas diferentes
de Saturno, as fases de Vênus e a existência das
manchas solares.
Mas não é apenas por suas descobertas específicas
que Galileu merece especial destaque na história das ci-
ências. Uma de suas mais extraordinárias contribuições
foi ter assumido uma nova postura de investigação
científica, cuja metodologia se baseava em:
• observação paciente e minuciosa dos fenômenos
naturais;
• realização de experimentações para comprovar
uma tese;
• valorização da matemática como instrumento ca-
paz de enunciar as regularidades observadas nos
fenômenos.

Descanes
Galileu Galilei.

Esse pioneirismo rebelde de Galileu atraiu a fúria do


Tribunal da Inquisição. Em 1633, foi condenado por seus .,
U)

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inquisidores, que lhe impuseram a dramática alternativa: .ê"'


ser queimado vivo numa fogueira ou retratar-se publica- .,'-
-"'

mente, renegando suas concepções científicas. Galileu op- ~i3-


tou por viver e retratou-se perante o Tribunal. Permane- ~
ceu, entretanto, fiel às suas ideias e, em 1638, quatro anos z
e:o
antes de morrer, publicou clandestinamente mais uma ·-e
obra que contrariava os dogmas oficiais de sua época. ~u
.,'-
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e

Método matemático-experimental !"


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f-

Na tradição grega aristotélica, para se entender uma


coisa não era preciso estudá-la experimentalmente. Bas-
tava esforçar-se por compreender como essa coisa existe e René Descartes.
funciona e, depois, elaborar uma teoria sobre isso. Assim,
segundo muitos pensadores antigos e medievais, "obser- René Descartes (1596-1650) nasceu em La Haye,
var as coisas, agir sobre a natureza e pensar como mate- França, e pertencia a uma família de prósperos burgue-
mático"11 eram atividades heterogêneas que não combi- ses. Decepcionado com a formação tomista-aristotélica
11. DESANTI, Jean-Toussaint. Galileu e a nova concepção de natureza. ln: CHÂTELET, François (dir.). História da filosofia - Ideias, doutrinas, v. 3, p. 79.
que recebera no colégio jesuíta de La Fleche, decidiu
buscar a ciência por conta própria, esforçando-se por de-
Idealismo
cifrar o "grande livro do mundo". Em suas inúmeras via- Descartes concluiu, porém, que o pensamento (ou
gens pela Europa, estabeleceu contatos com vários sá- consciência) é algo mais certo que qualquer corpo, pois
bios de seu tempo, entre eles Blaise Pascal (1623-1662), ele considerava a matéria "algo apenas conhecível, se é
que estudaremos adiante. que o é, por dedução do que se sabe da mente" 12 •
Vejamos, agora, algumas concepções básicas de Essa é uma concepção idealista, tanto em termos
seu pensamento. ontológicos como epistemológicos, pois prioriza o ser
pensante em contraposição à matéria, bem como a ativi-
Adúvida metódica eo,:agita dade do sujeito pensante em relação ao objeto pensado.

Descartes afirmava que, para conhecer a verdade,


é preciso, de início, colocar todos os nossos conheci- Racionalismo
mentos em dúvida. É necessário questionar tudo e
Descartes era um racionalista convicto. Recomen-
analisar, criteriosamente, se existe algo na realidade
dava que desconfiássemos das percepções sensoriais,
de que possamos ter plena certeza.
responsabilizando-as pelos frequentes erros do conheci-
Fazendo uma aplicação metódica da dúvida, o filó- mento humano. Dizia que o verdadeiro conhecimento
sofo percebeu que a única verdade totalmente livre de das coisas externas devia ser conseguido através do tra-
dúvida era que ele pensava. Deduziu então que, se balho lógico da mente. Nesse sentido, considerava que,
pensava, existia ("Penso, logo existo."). Para Descar- no passado, entre todos os homens que buscaram a ver-
tes, essa seria uma verdade absolutamente firme, cer- dade nas ciências, "só os matemáticos puderam encon-
ta e segura, que por isso mesmo deveria ser adotada trar algumas demonstrações, isto é, algumas razões cer-
como princípio básico de toda a sua filosofia. Era sua tas e evidentes" 13 •
base, seu novo centro, seu ponto fixo.
Como se vê, Descartes atribuía grande valor à mate-
É preciso ressaltar que o termo pensamento é mática como instrumento de compreensão da realidade.
utilizado pelo filósofo em sentido bastante amplo, Ele próprio foi um grande matemático, sendo interessan-
abrangendo tudo o que afirmamos, negamos, senti- te lembrarmos sua importante contribuição para essa
mos, imaginamos, cremos e sonhamos. Assim, o ser ciência: a criação da geometria analítica, que tornou
humano seria, para ele, uma substância essencial- possível a determinação de um ponto em um plano me-
mente pensante. diante duas linhas perpendiculares fixadas graficamente
(as coordenadas cartesianas).

Dualismo ométodo canesiano


Ainda aplicando a dúvida metódica, Descartes che-
Da sua obra Discurso do método, podemos destacar
gou à conclusão de que no mundo haveria apenas duas
quatro regras básicas, consideradas por Descartes capa-
substâncias, essencialmente distintas e separadas:
zes de conduzir o espírito na busca de verdade:
• a substância pensante (res cogitans), corresponden-
1. regra da evidência - só aceitar algo como verdadeiro
te à esfera do eu ou da consciência;
desde que seja absolutamente evidente por sua clareza e
• a substância extensa (res extensa), correspondente distinção. Essas ideias claras e distintas, Descartes as en-
ao mundo corpóreo, material. contra na própria atividade mental, independentemente
das percepções sensoriais externas. Isso faz Descartes
O ser humano seria composto dessas duas substân- propor a existência das ideias inatas (com as quais nas-
cias, enquanto a natureza se constituiria apenas de subs- cemos), que são plenamente racionais. Exemplos dessas
tância extensa; essa concepção se chocava com a noção ideias: as ideias matemáticas, as noções gerais de exten-
tomista-aristotélica predominante, segundo a qual ha- são e movimento, a ideia de infinito etc.;
veria tantas substâncias quantos os seres que existem.
2. regra da análise - dividir cada uma das dificuldades
A metafísica cartesiana também incluía uma subs- surgidas em tantas partes quantas forem necessárias
tância infinita (res infinita), relativa a Deus, o ser que para resolvê-las melhor;
teria criado todas as coisas. Mas essa substância não fa-
ria parte deste mundo, pois o Deus cartesiano é trans- 3. regra da síntese - ordenar o raciocínio indo dos pro-
cendente, está separado de sua criação. blemas mais simples para os mais complexos;
12. RUSSELL, Bertrand. História do filosofia ocidental, v. 2, p. 88.


13. DESCARTES, op. cit., p. 39 .
4. regra da enumeração - realizar verificações com- uma série de teoremas e corolários), a natureza racional
pletas e gerais para ter absoluta segurança de que ne- de Deus, que se manifesta em todas as coisas (Deus
nhum aspecto do problema foi omitido. imanente). Desse modo, Deus não está fora do univer-
so, nem dentro do universo: ele é o próprio universo. Por
Aherança de Descanes isso, Espinosa propunha a equação Deus = Natureza, que
significava: Deus é a natureza criadora universal, por-
Com o seu método da dúvida crítica (dúvida carte- tanto tudo o que existe foi criado por ele e, assim, man-
siana), Descartes abalou profundamente o edifício do tém-se no seu Ser.
conhecimento estabelecido. Sua tentativa, porém, de
reconstruir esse edifício não foi talvez uma obra tão fe- No interior desse entendimento racionalista, não há
cunda quanto o efeito demolidor que provocou. lugar para tragédia nem mistérios: tudo se torna com-
preensível à luz da razão. A filosofia seria o conhecimen-
Por isso, podemos dizer que Descartes celebrizou-se
to racional de Deus, e a liberdade humana consistiria na
não propriamente pelas questões que resolveu, mas, so- consciência da necessidade. Ou seja, não haveria livre-
bretudo, pelos problemas que formulou, os quais foram -arbítrio, uma vez que Deus se identifica com a natureza
herdados pelos filósofos posteriores. universal e, portanto, tudo o que existe é necessário,
não pode ser transgredido, pois faz parte da natureza
Espinosa divina. A liberdade humana consistiria, então, na consci-
ência dessa necessidade.
Baruch Espinosa (1632-1677) nasceu na Holanda e
era filho de imigrantes judeus de origem hispano-portu-
guesa. Na filosofia, desenvolveu um racionalismo radi- Pascal
cal, que se caracterizou pela crítica às superstições re-
O filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662) foi um
ligiosa, política e filosófica.
pensador que refletiu sobre a condição trágica do ser
humano: ao mesmo tempo magnífico e miserável, capaz
de alcançar grandes verdades e gerar grandes erros.

Baruch Espinosa.

De acordo com Espinosa, a fonte de toda supersti-


ção é a imaginação incapaz de compreender a verda- Blaise Pascal.
deira ordem do universo, que, por isso, credita a realida-
de a um Deus transcendental 14 e voluntarioso, nas Em sua obra Pensamentos, escrita sob a forma de
mãos de quem os homens não passam de joguetes. aforismos (sentenças curtas que exprimem conceitos,
A partir da superstição religiosa, desenvolveria-se su- conselhos ou ensinamentos), questiona a situação
perstições políticas e filosóficas. paradoxal do homem em meio a toda a realidade exis-
Para combater essas superstições em sua origem, tente: "No fundo, o que é o homem na natureza? É nada
Espinosa escreveu a Ética, texto no qual busca provar, em relação ao infinito, é tudo em relação ao nada, algo
como em uma demonstração geométrica (isto é, com de intermediário entre o nada e o tudo". E confessa: "O
definições, axiomas e postulados, dos quais se segue silêncio eterno dos espaços infinitos apavora".
14. Transcendental: que está além das coisas deste mundo, fugindo à compreensão e à experiência do homem. O Deus transcendental se opõe ao Deus imanente
(aquele que é, está ou pertence às coisas do mundo).
Assim, em vez de mostrar a mesma confiança na O pensamento de Hobbes foi muito influenciado pe-
razão que caracterizou o século XVII, Pascal dirá que o las ideias de Bacon e de Galileu. Como estes, ele aban-
homem não pode conhecer o princípio e o fim das reali- donou as grandes pretensões metafísicas (a busca da
dades que busca compreender. Estaria limitado apenas essência do ser) e procurou investigar as causas e pro-
às aparências, já que, em suas palavras, "só o autor des- priedades das coisas. A filosofia, para ele, seria a ciência
sas maravilhas as compreende; ninguém mais pode fa- dos corpos, isto é, de tudo que tem existência material.
zê-lo". Os corpos naturais seriam estudados pela filosofia da
natureza; os corpos artificiais ou Estado, pela filosofia
Pascal polemizou contra o Deus dos filósofos e dos
política. Etudo o que não é corpóreo deveria ser excluído
sábios, um deus transformado em engenheiro do mun-
da reflexão filosófica.
do, que, uma vez criado, seguiria seu rumo em cego me-
canicismo.
Nessa polêmica, o seu alvo era Descartes e sua con- Materialismo eempirismo
cepção de um "Deus das verdades geométricas". O que Para o filósofo inglês, toda a realidade poderia ser
Pascal busca recuperar é o "Deus de amor e consolação, explicada a partir de dois elementos: do corpo, entendi-
é um Deus que faz cada qual sentir interiormente a sua do como o elemento material que existe, independente-
própria miséria e a misericórdia infinita de Deus" 15 • mente do nosso pensamento, e do movimento, que
Pascal afirmava que a razão humana seria impoten- pode ser determinado matemática e geometricamente.
te para provar a existência de Deus. Dependeria da fé a Trata-se, portanto, de uma concepção materialista 16 e
crença em um Deus, cuja existência jamais poderá ser mecanicista 11 da realidade.
provada. De acordo com seu pensamento, "o supremo As ideias ou pensamentos não seriam nada mais
passo da razão está em reconhecer que há uma infinida- que imagens das coisas impressas na "fantasia corpo-
de de coisas que a ultrapassam". Dessa forma ele dirá: ral". Isso quer dizer que, para Hobbes, o processo de co-
"O coração - e não a razão - é que sente Deus. Eisto é nhecimento inicia-se pela sensação - uma concepção
a fé: Deus sensível ao coração e não à razão". empirista, como podemos perceber.
Uma consequência dessa tese é que, no pen-
Hobbes samento de Hobbes, não há lugar para o acaso e a liber-
dade (mudanças não condicionadas), porque os movi-
Thomas Hobbes (1588-1679) nasceu em Westport, mentos resultam necessariamente dos nexos causais
Inglaterra, e estudou no Magdalen Hall, em Oxford. No que lhes dão origem.
período da revolução liberal inglesa, defendeu o rei
Carlos 1, depois decapitado, e foi obrigado a exilar-se na
França, onde entrou em contato com a filosofia de Des- laca epolídca
cartes. Na filosofia hobbesiana, não há espaço para o bem e
o mal como valores universais que deveriam ser introjetados
nas pessoas. Para Hobbes, o que chamamos de bem é tão
somente aquilo que desejamos alcançar, enquanto o mal é
apenas aquilo do qual fugimos. Isso se explicaria pelo fato
de que o valor fundamental para cada indivíduo seria a
conservação da vida, isto é, a afirmação e o crescimento
de si mesmo. Assim, segundo Hobbes, cada pessoa sempre
tenderá a considerar como bem o que lhe agrada, e mal o
que lhe desagrada ou ameaça.
A pergunta que pode surgir então é a seguinte: se o
bem e o mal são relativos, isto é, são determinados pe-
los indivíduos, como será possível a convivência entre
as pessoas?
Hobbes responde a essa questão nos livros Leviatã e
Do cidadão, nos quais sustenta a necessidade de um po-
der absoluto que mantenha os indivíduos em sociedade e
Thomas Hobbes. impeça que eles se destruam mutuamente.
15. PASCAL, Blaise. Pensamentos (fragmentos diversos).
16. Materialista: concepção de que a matéria é a realidade primeira e fundamental de tudo que existe e que despreza ou considera como inexistentes os seres imateriais.


17. Mecanicista: concepção de que os fenômenos se explicam por conjuntos de causas mecânicas, isto é, de forças e movimentos.
Locke • ideias de sensação - são nossas primeiras ideias,
aquelas que chegam à mente através dos sentidos,
isto é, quando temos uma experiência sensorial, cons-
Nascido em Wrington, Inglaterra, John Locke (1632- tituindo as sensações. Essas ideias seriam moldadas
-1704) estudou na Universidade de Oxford, manifestando pelas qualidades próprias dos objetos externos. Por
interesse por diversos campos de estudo, como química, sensação Locke entende, por exemplo, as ideias de
teologia e filosofia. Entretanto, formou-se em medicina. amarelo, branco, quente, frio, mole, duro, amargo,
Durante os tempos de Universidade, Locke decep- doce etc.;
cionou-se com o aristotelismo e com a escolástica me-
dieval, enquanto tomava contato com o pensamento de • ideias da reflexão - são aquelas que resultam da
Francis Bacon e René Descartes. combinação e associação das sensações por um pro-
cesso de reflexão, de tal maneira que a mente vai
desenvolvendo outra série de ideias que não pode-
riam ser obtidas das coisas externas. Seriam ideias
como "a percepção, o pensamento, o duvidar, o crer,
o raciocinar" 19•

Assim, a reflexão seria nosso "sentido interno", que se


desenvolve quando a mente se debruça sobre si mesma,
analisando suas próprias operações. Das ideias simples, a
mente avança em direção às ideias cada vez mais comple-
xas. Porém, para Locke, de qualquer maneira a mente sem-
pre tem "as coisas materiais externas, como objeto de sen-
sação, e as operações de nossas próprias mentes, como
objeto da reflexão" 20•
Locke admitia que nem todo conhecimento limita-
-se, exclusivamente, à experiência sensível. Considerava,
por exemplo, o conhecimento matemático válido em ter-
John Locke. mos lógicos, embora não tivesse como base a experiência
sensível. Nesse sentido, Locke não era um empirista radical.
Problemas políticos obrigaram-no a sair de seu país,
em 1675, e exilar-se na França e, posteriormente, na
Holanda. Regressou à Inglaterra somente em 1688, du-
Crídca ao absoludsmo
rante a Revolução Gloriosa, que levou Guilherme de Analisando o filósofo e o homem político, podemos
Orange ao trono inglês. A partir de então, pôde dedicar- dizer que Locke, de certa maneira, "transportou" suas teo-
-se livremente às atividades intelectuais. rias sobre o conhecimento humano para o campo sociopo-
lítico. Para ele, assim como não existem ideias inatas, tam-
Amente como tábula rasa bém não deveria existir poder inato (ou de origem divina),
como defendiam os adeptos do absolutismo monárquico.
Em sua obra Ensaio acerca do entendimento hu-
mano, combateu duramente a doutrina que afirmava Revelando sua preocupação em proteger a liberdade
que o homem possui ideias inatas. Ao contrário de Des- do cidadão, defendia que o poder social deveria nascer de
cartes, defendeu que nossa mente, no instante do nasci- um pacto entre as pessoas. Por sua vez, as leis deveriam
mento, é como uma tábula rasa 18, um papel em branco, expressar as normas estabelecidas pela própria comunida-
sem nenhuma ideia previamente escrita. de, que, através do mútuo consentimento dos indivíduos,
escolheria a forma de governo considerada mais conve-
Locke retomava, assim, a tese empirista, segundo a niente ao bem comum.
qual nada existe em nossa mente que não tenha sua
origem nos sentidos. Para ele, as ideias que possuímos A única maneira pela qual uma pessoa qualquer
são adquiridas ao longo da vida mediante a experiência renuncia à liberdade natural e se reveste dos laços da
sensível imediata e seu processamento interno. Desse sociedade civil consiste em concordar com outras pesso-
modo, o conhecimento seria constituído basicamente as emjuntar-se e unir-se numa comunidade para vive-
por dois tipos de ideias: rem com segurança, conforto e paz. 21

18. Tábula rasa: o substantivo tábula significa "tábua" ou "placa de madeira" ou de outro material; o adjetivo rasa quer dizer "plana, lisa". Assim, a expressão
tábula rasa, usada por Locke, tem o significado de "tábua lisa", isto é, tábua na qual nada foi escrito nem gravado.
19. LOCKE. Ensaio acerco do entendimento humano, p. 160.
20. ld., ibid.
21. LOCKE. Segundo trotado sobre o governo, p. 71.
Adversário ferrenho da tirania e do abuso do po- jamais poderá ter uma ideia de cor, nem mesmo uma
der, Locke, em razão das suas ideias políticas, é apon- ideia pouco fiel. Hume era, portanto, um empirista.
tado por muitos historiadores como o "pai do Iluminis-
Hume entendia também que as impressões e ideias
mo". Seu pensamento exerceu profunda influência na
se sucedem continuamente na vida psíquica do ser hu-
fundamentação ideológica da democracia liberal bur-
mano, combinando-se por semelhança ou contiguidade.
guesa, contribuindo para a difusão de valores ilu-
Esse processo de associação de ideias explicaria, enfim,
ministas como a tolerância religiosa, o respeito pela
todas as operações mentais.
liberdade individual, a expansão do sistema educa-
cional e a livre-iniciativa econômica.
Crídca ao raciocínio indutivo
Hume Conforme vimos anteriormente, a indução, ou
raciocínio indutivo, vai do particular para o geral. As
conclusões indutivas são produzidas, portanto, pelo
Nascido em Edimburgo, Escócia, David Hume (1711-
seguinte processo mental: partindo de percepções re-
-1776) realizou diversas viagens a países europeus,
petidas que nos chegam da experiência sensorial, sal-
como França e Áustria, e ocupou importante posição na
tamos para uma conclusão geral, da qual não temos
diplomacia inglesa, estabelecendo contatos com gran-
experiência sensorial.
des pensadores da época, entre eles Adam Smith e Jean-
-Jacques Rousseau. Hume argumentou que a conclusão indutiva, por
maior que seja o número de percepções repetidas do
mesmo fato, não possui fundamento lógico. Será
sempre um salto do raciocínio impulsionado pela cren-
ça ou pelo hábito, isto é, as repetidas percepções de
um fato nos levam a confiar em que aquilo que se re-
petiu até hoje irá se repetir amanhã. Assim, por exem-
plo, cremos que o Sol nascerá amanhã porque até hoje
ele sempre nasceu. Mas nada pode garantir essa certe-
za em termos lógicos.
Para Hume, somente o raciocínio dedutivo utiliza-
do na matemática fundamenta-se numa lógica racional:
As proposições deste gênero podem descobrir-se
pela simples operação do pensamento e não de-
pendem de algo existente em alguma parte do uni-
verso. Embora nunca tenha havido na natureza
um círculo ou um triângulo, as verdades demons-
tradas por Euclides conservarão sempre sua certeza
e evidência.
David Hume.
HUME, David. Investigação acerca do entendimento humano. p. 77.
Crítico do racionalismo dogmático do século XVII e
do inatismo cartesiano, em sua obra Investigação acer-
ca do entendimento humano, Hume defendeu outra
Legado epistemológico
tese segundo a qual todo conhecimento deriva da ex- Ao questionar a validade lógica do raciocínio in-
periência sensível. Ele dizia que tudo o que há em nos- dutivo, o valor da obra de Hume foi deixar um impor-
sa vida psíquica são percepções, as quais dividiu em tante problema para os teóricos do conhecimento
duas categorias: (epistemologistas). Afinal, é principalmente a partir
de experiências particulares que se chega às conclu-
• impressões referem-se aos dados fornecidos pelos
sões gerais representadas pelas leis científicas.
sentidos, por exemplo, as impressões visuais, audi-
Assim, Hume revela um ceticismo teórico, pois, para
tivas, táteis;
ele, o conhecimento científico, que ostentava a ban-
• ideias referem-se às representações mentais (me- deira da mais pura racionalidade, também está anco-
mória, imaginação etc.) derivadas das impressões. rado em bases não racionais, como a crença e o hábi-
to intelectual.
Assim, toda ideia é uma re(a)presentação de algu-
ma impressão. Essa representação pode possuir diferen- Isso significa que, desconfiando das posições arrai-
tes graus de fidelidade. Alguém que nunca teve uma gadas pelo hábito, o cientista deveria nunca renunciar


impressão visual, um cego de nascença, por exemplo, ao estudo da natureza, mas sempre apresentar suas
teses como probabilidades, não como certezas irrefu-
táveis. Tal atitude epistemológica, estendida ao conví-
vio social, tornaria os homens mais tolerantes, demo-
cráticos e abertos.

Montesquieu
O jurista francês Charles-Louis de Secondat (1689-
-1755), barão de Montesquieu, escreveu O espírito das
leis. Nessa obra, formula a teoria da separação dos po-
deres do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário
como forma de evitar abusos dos governantes e de pro-
teger as liberdades individuais.

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Frederico li e Voltaire - Charle-Pierre Baquoy, baseado em N.A. Monseau.
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f- Tornou-se marcante sua posição em defesa da liber-
dade de pensamento, através da célebre frase "Posso
não concordar com nenhuma das palavras que você diz,
mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las", a
Montesquieu.
qual teria sido escrita por sua biógrafa Evelyn Beatrice Hall
com o intuito de ilustrar a força das convicções do filósofo.
Para Montesquieu, todo indivíduo investido de po-
der é tentado a abusar dele. Ehaveria grandes riscos de
tirania "se uma mesma pessoa - ou uma mesma insti-
tuição do Estado - exercesse os três poderes: o de fazer
Diderot e D'Alembert
as leis, o de ordenar a sua execução e o de julgar os Os pensadores franceses Denis Diderot (1713-1784) e
conflitos entre os cidadãos" 22 • Jean le Rond D'Alembert (1717-1783) foram organizadores
de uma obra de 33 volumes - denominada Enciclopédia

Voltaire (do grego enlaytalos paideía, "ensino circular, panorâmi-


co") - que pretendia resumir os principais conhecimentos
da época nos campos científico e filosófico. Essa obra con-
O poeta, dramaturgo e filósofo francês François-
-Marie Arouet (1694-1778), de pseudônimo Voltaire, foi tou com a colaboração de numerosos autores, os quais
um dos mais famosos pensadores do Iluminismo. Com ficaram conhecidos como enciclopedistas. Entre eles, desta-
seu estilo literário irônico e vibrante, destacou-se pelas caram-se Buffon, Montesquieu, Turgot, Condorcet, Voltaire,
críticas que fez à prepotência dos poderosos, ao clero Holbach e Rousseau.
católico e à intolerância religiosa. Concordava, entretan- A Enciclopédia exerceu grande influência sobre o
to, com certa necessidade social da crença em Deus. Por pensamento da época, constituindo-se também em uma
isso, chegou a dizer que se Deus não existisse seria pre- importante vitrine para o pensamento político burguês.
ciso inventá-lo. Em linhas gerais, seus artigos caracterizaram-se por um
Em termos políticos, não foi propriamente um de- espírito crítico, muitas vezes irônico, defendendo o ra-
mocrata, mas defensor de uma monarquia respeitadora cionalismo, a independência do Estado em relação à
das liberdades individuais, governada por um soberano Igreja, e a confiança no progresso humano através das
esclarecido. realizações científicas e tecnológicas.
22. MONTESQUIEU, Charles S. Oespírito das leis, p. 168.
Diderot é considerado por muitos estudiosos como a combater os vícios sociais, não renegou sua formação
principal figura da Enciclopédia. Foi um crítico mordaz da cristã e criticou os excessos racionalistas de sua época,
teologia e da metafísica tradicional, assumindo um ceti- motivo pelo qual costuma ser considerado uma figura
cismo e um materialismo ateu, como revela o tom irô- de transição do Iluminismo e um precursor do Roman-
nico do trecho seguinte: tismo.
Na história da filosofia, seu nome encontra-se espe-
"Se é que podemos acreditar que veremos quan-
cialmente vinculado a suas investigações acerca das ins-
do não tivermos olhos; que ouviremos quando não
tituições sociais e políticas, reunidas nas obras Discurso
tivermos mais ouvidos; que pensaremos quando não sobre a origem e os fundamentos da desigualdade en-
tivermos mais cabeça; que sentiremos quando não
tre os homens (1755) e Do contrato social (1762).
tivermos mais coração; que existiremos quando não
estivermos em parte alguma, então consinto."
Ou seja, se é possível acreditar em tamanhos ab- oestado nawral
surdos, então consinto que há algo além da matéria. No primeiro texto, Rousseau aborda um tema clás-
Tudo é matéria, pensa Diderot, e a matéria é a exis- sico, o ser humano em estado de natureza, isto é, antes
tência do real. de viver em sociedade. De acordo com sua descrição, o
DIDEROT. A entrevista do filósofo com a marechala de... ser humano em estado natural vivia isolado, livre e feliz,
ln: FORTES, Luiz R. Salinas. O Iluminismo e os reis filósofos. guiado por bons sentimentos e em harmonia com seu
São Paulo: Brasiliense, 1981. p. 56.
hábitat. Suas únicas paixões eram o amor de si (enten-
O enciclopedismo foi, portanto, uma expressão es- dido como uma paixão inata que leva cada animal à au-
sencial do espírito iluminista, de sua multiplicidade de topreservação) e a piedade (definida como uma repug-
doutrinas e, fundamentalmente, de sua aversão aos nância inata por ver o sofrimento alheio). Rousseau
grandes sistemas filosóficos, como os construídos pe- revivia, assim, o mito do bom selvagem, presente em
los pensadores da Antiguidade ou por Descartes e Espi- vários relatos de viagem de exploradores daquela época
nosa no século anterior. e que seria tema de várias obras literárias.

Rousseau Aprimeira desigualdade


Segundo o filósofo, a desigualdade entre os seres
humanos surgiu por um encadeamento de circunstâncias
funestas, iniciadas no momento em que alguém cercou
um terreno e disse que era seu, dando origem à pro-
priedade privada, constituindo a primeira desigualda-
de, a de posses ou fortuna. Os ricos, buscando garantir
suas posses, e os demais, acreditando estar mais segu-
ros assim, chegaram a um acordo para formar a socieda-
de civil e estabelecer leis de convivência (o chamado
contrato social).
Portanto, podemos dizer resumidamente que, com
o surgimento da sociedade e de todas as suas institui-
ções, desapareceu a bondade natural, própria dos selva-
gens, bem como sua liberdade. Eque a tese de Rousseau
é a de que o estado social não é natural no ser humano
e o corrompe, mas se tornou indispensável a partir de
certo momento.
Jean-Jacques Rousseau.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), considerado Ocontrato social


um dos principais nomes do Iluminismo, nasceu em Ge-
Reconhecendo não ser possível uma volta atrás, o
nebra, na Suíça, transferindo-se para a França em 17 42,
problema para Rousseau tornou-se, então, o seguinte:
onde escreveu suas grandes obras, contribuindo tam-
que tipo de convenção ou forma de organização políti-
bém com o enciclopedismo.
ca pode conservar a liberdade característica do estado
O conjunto de sua produção filosófica, no entanto, de natureza? Em sua obra Do contrato social, o filósofo
não se enquadra totalmente nas características do movi- defendeu, assim, a ideia de que o soberano deve con-


mento iluminista. Apesar de defender a liberdade e duzir o Estado segundo a vontade geral de seu povo,
sempre tendo em vista o atendimento do bem comum. deixando o magistério por problemas de saúde. Morreu
Somente esse Estado, de bases democráticas, teria con- aos 80 anos, sem nunca ter se afastado das imediações
dições de oferecer a todos os cidadãos um regime de de sua pequena cidade natal.
igualdade jurídica.
Para ele, a filosofia deveria responder a quatro
Por essa e outras ideias, Rousseau tornou-se céle- questões fundamentais: O que posso saber? Como
bre como defensor da pequena burguesia e inspirador devo agir? O que posso esperar? E, por fim, o que é o
dos ideais presentes na Revolução Francesa, ocorrida ser humano? Esta última questão estaria implicita nas
onze anos após a sua morte. três anteriores.

Amaioridade humana
Adam Smith Em seu texto O que é ilustração, Kant sintetiza seu
otimismo iluminista em relação à possibilidade de o ser
humano se guiar por sua própria razão, sem se deixar
enganar pelas crenças, tradições e opiniões alheias.
Nele, descreve o processo de ilustração como "a saída
do ser humano de sua menoridade", ou seja, um mo-
mento em que o indivíduo, como uma criança que cresce
e amadurece, se torna consciente da força e da indepen-
dência (autonomia) de sua inteligência para fundamen-
tar a sua própria maneira de agir, sem a doutrinação ou
tutela de outrem.
Portanto, o ser humano, como ser dotado de razão
e liberdade, é o centro da filosofia kantiana. Assim, a fim
de investigar as condições nas quais se dá o conheci-
mento, ele desenvolve um exame crítico da razão, con-
tido em sua obra mais célebre, Crítica da razão pura.
Seu exame do agir humano (isto é, sobre a ética,
que corresponde a sua segunda pergunta) deu origem
basicamente à Crítica da razão prática e à Fundamenta-
ção da metafísica dos costumes. A terceira pergunta re-
Adam Smith.
metia ao futuro e à religião, e Kant, fiel ao espírito das
o economista e filósofo escocês Adam Smith (1723- Luzes, subordina a religião à razão e à lei moral, o que
-1790) foi um dos maiores expoentes da economia clássica, ele expôs em vários textos, como no Religião nos limites
o principal teórico do liberalismo econômico e autor do da simples razão. Outro aspecto importante da obra de
Ensaio sobre a riqueza das nações. Criticou a política mer- Kant são suas reflexões a respeito da estética, presentes
cantilista, baseada na intervenção e regulamentação ex- na Crítica da faculdade do juízo.
cessiva do Estado na vida econômica. Para ele, a eco-
nomia deveria ser dirigida pelo jogo livre da oferta e da
procura de mercado. O mercado se autorregularia, dan-
Tipos de iuízo econhecimento
do conta das necessidades sociais, desde que deixado em Como já foi dito, uma das questões mais importan-
paz consigo mesmo. tes que dominam o pensamento de Kant é o problema
do conhecimento, a questão do saber. Na Crítica dara-
Segundo Adam Smith, o trabalho em geral repre- zão pura, ele distingue duas formas básicas do ato de
senta a verdadeira fonte de riqueza para as nações, de- conhecer:
vendo ser conduzido pela livre iniciativa dos particulares. • o conhecimento empírico (a posterior,) - aquele
que se refere aos dados fornecidos pelos sentidos,
Kant isto é, que é posterior à experiência. Exemplo: a
afirmação "Este livro tem a capa verde". Para fazer
essa afirmação, foi necessário ter primeiro a ex-
Nascido em Kõnigsberg, pequena cidade da Alemanha,
periência de ver o livro e assim conhecer a sua cor;
lmmanuel Kant (1724-1804), considerado o maior filóso-
portanto, trata-se de um conhecimento posterior à
fo do Iluminismo alemão, teve uma vida longa e tranqui-
experiência;
la, dedicada ao ensino e à investigação filosófica. Homem
metódico e de hábitos arraigados, lecionou durante qua- • o conhecimento puro (a prior,) - aquele que não
renta anos na Universidade de Kõnigsberg, somente depende de quaisquer dados dos sentidos, ou seja,
que é anterior à experiência, nascendo puramen- • juízo analítico - como no exemplo da afirmação
te de uma operação racional. Exemplo: a afirma- "O quadrado tem quatro lados", é um juízo univer-
ção "Duas linhas paralelas jamais se encontram no sal e necessário, mas serve apenas para tornar mais
espaço". Essa afirmação não se refere a esta ou claro, para elucidar ou explicitar aquilo que já se
àquela linha paralela, mas a todas. Trata-se, portan- conhece do sujeito. Ou seja, a rigor, é apenas im-
to, de um conhecimento necessário e universal. portante para se chegar à clareza do conceito já
Além disso, é uma afirmação que, para ser válida, existente, mas não conduz a conhecimentos novos;
não depende de nenhuma condição específica ou
• juízo sintético o posteriori- como no exemplo da
experiência anterior.
afirmação "Este livro é verde", amplia o conheci-
mento sobre o sujeito, mas sua validade está sem-
pre condicionada ao tempo e ao espaço em que se
dá a experiência e, portanto, não constitui um juízo
universal e necessário;
• juízo sintético o priori - como no exemplo da
afirmação "A linha reta é o menor caminho entre
dois pontos", e em outras da matemática e da geo-
metria, acrescenta informações novas ao sujeito,
possibilitando uma ampliação do conhecimento. E
como não está limitado pela experiência, é um juízo
universal e necessário. Por isso, Kant conclui que se
trata do juízo mais importante para a ciência, razão
pela qual a matemática e a física, por trabalharem
com juízos sintéticos a priori, se constituiriam em
disciplinas científicas por excelência.

lmmanuel Kant- c.1768 - Becker. Estruwras do sena, econhecer


Kant buscou saber como é o sujeito a priori, isto
O conhecimento puro, portanto, conduz a juízos é, o sujeito antes de qualquer experiência. Concluiu
universais e necessários, enquanto o conhecimento que existem no ser humano certas estruturas que pos-
empírico não possui essa característica. Os juízos, por sua sibilitam a experiência (as formas a priori da sensibi-
vez, são classificados por Kant em dois tipos: lidade) e determinam o entendimento (as formas a
priori do entendimento). Trata-se do chamado aprio-
• juízo analítico - aquele em que o predicado já rismo. Vejamos:
está contido no conceito do sujeito. Ou seja, basta
analisar o sujeito para deduzir o predicado. Exem- • formas o priori da sensibilidade - são o tempo e
plo: a afirmação "O quadrado tem quatro lados". o espaço. Kant dirá que percebemos e representa-
Analisando o sujeito da afirmação, quadrado, mos a realidade sempre no tempo e no espaço. Es-
deduzimos necessariamente o predicado: tem qua- sas noções são "intuições puras", existem como
tro lados. Kant também chamava os juízos analíti- estruturas básicas na nossa sensibilidade e são elas
cos de juízos de elucidação, pois o predicado sim- que permitem a experiência sensorial;
plesmente elucida algo que já estava contido no • formas o priori do entendimento - de modo se-
conceito do sujeito; melhante, os dados captados por nossa sensibilida-
• juízo sintético - aquele em que o predicado não de são organizados pelo entendimento de acordo
está contido no conceito do sujeito. Nesses juízos, com certas categorias. As categorias são "conceitos
acrescenta-se ao sujeito algo de novo, que é o pre- puros" existentes a priori no entendimento, tais
dicado. Assim, os juízos sintéticos enriquecem nos- como os conceitos de causa, necessidade, relação
sas informações e ampliam o conhecimento. Por e outros, que servirão de base para a emissão de
isso, Kant também os denominava juízos de am- juízos sobre a realidade.
pliação. Exemplo: a afirmação "Os corpos se movi-
mentam". Por mais que analisemos o conceito cor-
po (sujeito), não extrairemos dele a informação
limites do conhecimento
representada pelo predicado se movimentam. O conhecimento, portanto, seria o resultado de uma
interação entre o sujeito que conhece (de acordo com
Por fim, analisando o valor de cada juízo, Kant dis- suas próprias estruturas a prior,) e o objeto conhecido.


tingue três categorias: Isso significa que não conhecemos as coisas em si mes-
mas (o ser em si), isto é, como elas são independentes comparar seu papel na filosofia ao de Copérnico na as-
de nós. Só conhecemos as coisas tal como as percebe- tronomia. Vejamos por quê:
mos (o ser para nós), isto é, as coisas são conhecidas de
• Copérnico - quando a teoria geocêntrica não mais
acordo com as nossas próprias estruturas mentais.
conseguia explicar o conjunto de movimentos dos
Desse modo, a filosofia kantiana representou uma astros, o astrônomo vislumbrou a necessidade de
superação do racionalismo e do empirismo, pois edificou tirar a Terra do centro do Universo e fazer-nos, como
uma teoria segundo a qual o conhecimento seria o espectadores, girar em torno dos astros. Assim, lan-
resultado de dois grandes âmbitos: a sensibilidade, que çando o modelo heliocêntrico, resolveu os impasses
nos oferece dados dos objetos; e o entendimento, que da astronomia da época;
determina as condições pelas quais o objeto é pensado.
• Kant - realizou algo semelhante ao inverter a
questão tradicional do conhecimento; antes, propu-
Nova revolução copernicana nha-se que todo o conhecimento era regulado pelos
Desse modo, a crítica kantiana representou uma re- objetos, e com o filósofo alemão os objetos passa-
volução muito especial do pensamento. No prefácio de ram a ser regulados pelas formas a priori de nosso
Crítica da razão pura, o próprio Kant reconhece isso ao conhecimento.
Hegel

Friedrich Hegel.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), nascido em Stuttgart, Ale-


manha, foi o principal expoente do idealismo alemão. Sua obra costuma ser
apontada, com frequência, como o ponto culminante do racionalismo. Talvez
nenhum outro pensador tenha conseguido elaborar, como ele, um sistema
filosófico tão abrangente.
Buscando respostas para o maior número de questões, ele tentou re-
conciliar a filosofia com a realidade. Segundo o filósofo Herbert Marcuse
(1898-1979), o sistema hegeliano constitui "a última grande expressão des-
se idealismo cultural, a última grande tentativa para fazer do pensamento o
refúgio da razão e da liberdade".
Entre as principais obras de Hegel estão Fenomenologia do espírito,
Princípios da filosofia do direito e Lições sobre a história da filosofia.

Espírito e movimento dialético


Para entender a filosofia de Hegel, é conveniente situar alguns pontos
básicos a partir dos quais se desenvolve a sua reflexão.
O primeiro desses pontos é o entendimento da realidade como espírito
(ou ideia, ou razão). Esse conceito, desenvolvido a partir da filosofia de
Fichte e Schelling, é ampliado ainda mais em Hegel. O filósofo queria desta-


car que a realidade não é apenas uma substância (uma coisa permanente,
rígida), mas um sujeito com vida própria que pode atuar. Assim, a dialética do mundo pode ser representada
Portanto, entender a realidade como espírito é entendê- como uma espiral, ou seja, um movimento circular que
-la nesse seu atuar constante, ou seja, como movimen- não se fecha nunca, seguindo evolutivamente em dire-
to ou processo. Éentendê-la como devir. ção ao infinito.
O segundo ponto básico da filosofia hegeliana diz
respeito justamente a esse movimento da realidade. A Consciência rumo ao saber absoluto
realidade, enquanto espírito, possui uma vida própria, Compreender a dialética da realidade, segundo He-
um movimento dialético. Por movimento dialético, He- gel, exige que a razão se afaste do entendimento co-
gel caracteriza os diversos momentos sucessivos (e con- mum e se coloque no ponto de vista do absoluto. O filó-
traditórios) pelos quais determinada realidade se apre- sofo afirma que a consciência que consegue isso atinge
senta. Em seu texto Fenomenologia do espírito, Hegel a Razão ou o Saber Absoluto, ou seja, supera o en-
usa o exemplo da natureza, desenvolvendo o seguinte tendimento finito e adquire a certeza de ser toda a rea-
raciocínio: lidade. Desse modo, alcança a consciência da unidade
entre ser e pensar, harmonizando a subjetividade com a
O botão desaparece no florescimento, podendo- objetividade.
-se dizer que aquele é rejeitado por este; de modo se-
melhante, com o aparecimento do fruto, a flor é de- O pensamento de Hegel se apresenta, assim, como
clarada falsa existência da planta, com o fruto um grande sistema, que permite pensar tanto a natureza,
entrando no lugar da flor como a sua verdade. Tais a realidade física, quanto o espírito. O fio condutor dessa
formas não somente se distinguem, mas cada uma reflexão totalizante é a relação entre finito e infinito.
delas se dispersa também sob o impulso da outra, O trabalho da filosofia seria o de superar o entendi-
porque são reciprocamente incompatíveis. Mas, ao mento finito e limitado das coisas finitas e limitadas para
mesmo tempo, a sua natureza fluida faz delas mo- alcançar o saber absoluto, que é o saber da coisa em si.
mentos da unidade orgânica, na qual elas não ape- Seria o caminhar da consciência rumo ao saber absoluto,
nas não se rejeitam, mas, ao contrário, são necessá- a busca da infinitude a partir da consciência finita.
rias uma para a outra, e essa necessidade igual
constitui agora a vida do inteiro. Hegel procurou apresentar, em sua obra, o caminho
HEGEL, Georg W. F. Fenomenologia do espírito. p. 6. do conhecimento finito ao conhecimento absoluto em
vários campos do saber, tanto em relação à natureza
Nesse exemplo, Hegel ressalta que a realidade não como ao espírito.
é estática, mas dinâmica, e em seu movimento apresen-
ta momentos que se contradizem, sem, no entanto, per- No que concerne à natureza, rompeu com a visão
derem a unidade do processo, que leva a um crescente romântica, que a divinizava, proclamando a absoluta su-
autoenriquecimento. Esse desenvolvimento, que se faz perioridade do espírito, que se realiza na história dos
através do embate e da superação de contradições, homens por meio da liberdade. E reconheceu no espíri-
Hegel denominou dialética. Embora esse termo apareça to três instâncias:
já na Antiguidade, com Platão, em Hegel o conceito de
dialética se aplica a algo distinto: não é um método ou • o espírito subjetivo - que se refere ao indivíduo e
uma forma de pensar a realidade, mas sim o movimen- à consciência individual;
to real da realidade. Por isso, para compreender a reali- • o espírito objetivo - que se refere às instituições
dade, o pensamento também deve ser dialético. e costumes historicamente produzidos pelos ho-
Hegel entende esse movimento do real como um mens;
movimento que se processa em três momentos: o primei- • o espírito absoluto - que se manifesta na arte, na
ro, do ser em si; o segundo, do ser outro ou fora de si; e religião e na filosofia, como espírito que se compre-
o terceiro, que seria o retorno, do ser para si. Usando o ende a si mesmo.
exemplo do reino vegetal, ele distingue esses momentos
dizendo: "A semente é em si a planta, mas ela deve mor-
rer como semente e, portanto, sair fora de si, a fim de Filosolia ehistória
poder se tornar, desdobrando-se, a planta para si". A história, para Hegel, é o desdobramento do espí-
Por motivos didáticos, esses três momentos do real rito objetivo. Este é a realização da liberdade na socieda-
são comumente chamados de tese, antítese e síntese de, e se manifesta no direito, na moralidade e na "etici-
(embora alguns estudiosos afirmem que Hegel nunca dade", englobando a família, a sociedade e o Estado. o
usou essa terminologia). Como o mover do mundo é Estado político é o momento mais elevado do espírito
contínuo, cada momento final, que seria a síntese, tor- objetivo, de forma tal que o indivíduo só existe como
na-se a tese de um movimento posterior, de caráter membro do Estado, conforme afirma o filósofo em Prin-
mais evoluído. cípios da filosofia do direito.
Hegel diz ainda que "a história é o desdobramen-
to do espírito no tempo". A filosofia da história deve
captar o movimento histórico não como momentos
Schopenhauer
estanques, mas do ponto de vista da razão, do absolu- O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-
to. Desse ponto de vista, a história é uma contínua -1860) atacou com veemência o pensamento hegelia-
evolução da ideia de liberdade, que se desenvolve se- no. Em sua opinião, Hegel seria um verdadeiro "charla-
gundo um plano racional. tão", ao construir sua filosofia segundo os interesses
do Estado prussiano. Isso se compreende se levarmos
Assim, os conflitos, as guerras, as injustiças, as do- em conta que Hegel, ao englobar as situações históri-
minações de um povo sobre outro deveriam ser compre- cas como desdobramento do espírito objetivo, termi-
endidos como contradições, como momentos negativos nava por legitimar todas as formas de governo e insti-
que funcionam como mola dialética que move a história. tuições, mesmo as mais nefastas. Desse modo,
Usando os termos da dialética hegeliana, esses momen- Schopenhauer se referirá a Hegel como um "acadêmi-
tos seriam a antítese, que se contrapõe à tese, fazendo co mercenário".
surgir uma etapa superior, que seria a síntese.

Hegel sintetiza essa concepção com a frase: "Tudo


que é real é racional, tudo que é racional é real". Isso
equivale dizer que todas as coisas existentes, mesmo as
piores, fazem parte de um plano racional e, portanto,
têm um sentido dentro do processo histórico. Esse con-
ceito hegeliano recebeu inúmeras críticas, já que pode
levar a um certo conformismo ou a uma passividade
diante das injustiças sociais.

Contestação do sistema hegeliano


Vários filósofos contestaram a filosofia de Hegel, de
uma forma parcial ou em seu conjunto. Mesmo entre
seus seguidores, temos os neo-hegelianos de direita e
os neo-hegelianos de esquerda, que modificaram as-
pectos da sua filosofia, procurando adequá-la a seus pro-
jetos políticos.
Arthur Schopenhauer.

Feuerbach Schopenhauer foi um continuador da reflexão kan-


tiana e um crítico veemente dos desdobramentos me-
Entre os contestadores da filosofia hegeliana, o que tafísicos que ela teve. Também defendeu que tudo o
mais se destacou na crítica foi o pensador alemão que o mundo inclui ou pode incluir é inevitavelmente
Ludwig Feuerbach (1804-1872). Discípulo de Hegel, dependente do sujeito e não existe senão para o sujei-
Feuerbach esteve inicialmente sob sua influência, defen- to sendo, portanto, representação. Essa representação
dendo-o de alguns ataques. Mas depois passou a examinar
do mundo seria, para o filósofo, como uma "ilusão".
criticamente seu idealismo, qualificando-o como "espe-
culação vazia". Defendeu, então, que a filosofia deveria Alcançar a essência das coisas seria possível apenas por
partir do ser concreto, isto é, do ser humano considerado meio do insight intuitivo, uma espécie de iluminação.
como um ser natural e social. Nesse processo, a arte teria grande relevância, pois
pela atividade estética o sujeito se desprenderia de sua
Feuerbach também foi um crítico das religiões, afir- individualidade para fundir-se no objeto, em uma en-
mando que não foi Deus quem criou os seres humanos,
trega pura e plena.
e sim os seres humanos quem criaram Deus, ao projetar
suas melhores qualidades nele. Tratava-se, portanto, de Para Schopenhauer, a essência do mundo seria a
uma posição filosófica tipicamente materialista. vontade (ou a vontade de viver). Entendida como um
Essas e outras ideias de Feuerbach teriam grande princípio presente em todas as coisas da natureza, a
impacto no pensamento de Marx, que depois buscou vontade seria uma pulsão ou impulso cego, carente de
ampliá-las e especificá-las, demarcando seu próprio fundamentos ou motivos. No ser humano, essa vontade


pensamento . torna-se desejo consciente, o qual, não sendo satisfeito,
provoca sofrimento. No entanto, o desejo satisfeito
gera tédio, na medida em que alcançamos e temos o
que já não desejamos. Assim, a vida oscilaria do sofri-
Comte
Nascido em Montpellier, França, Auguste Comte
mento ao tédio como um pêndulo. Essa vontade insaciá- (1798-1857) estudou matemática e ciência na Escola Po-
vel - como força que impulsiona todo indivíduo a afir- litécnica de Paris. Foi secretário e assessor, durante sete
mar sua existência sem pensar nos demais - seria a anos, do filósofo Saint Simon (um dos primeiros expoen-
origem das lutas entre os seres humanos e, portanto, a tes do socialismo).
origem de todas as dores e sofrimentos aos quais as pes-
soas estão condenadas. Assim, para Schopenhauer, a
felicidade não passaria da cessação momentânea - um
momento negativo - dessas privações.

Kierkegaard
No contexto da crítica à filosofia de Hegel e da crise
da razão, o filósofo dinarmarquês Sõren Kierkegaard
(1813-1855), um dos precursores do existencialismo, é
um nome a ser destacado.
Procurando abordar em suas reflexões as condições
específicas da existência humana, Kierkegaard desta-
cou os problemas da relação do ser humano com o mun-
do, consigo mesmo e com Deus. A relação com o mundo
estaria dominada pela angústia de viver em um mundo de
acontecimentos possíveis, sem garantia de que nossas
expectativas sejam realizadas. A relação consigo mesmo
Detalhe de Auguste Comte - Louis Jules Etex.
estaria marcada pela inquietação e pelo desespero, já
que o ser humano nunca está plenamente satisfeito com Depois de dezoito anos de casamento, separou-se
o que realizou, ou pelo limite de suas possibilidades. A de Caroline Massim, que reclamava de seu tempera-
única via de superação desses problemas seria sua rela- mento intempestivo. Durante sua vida, Comte sofreu
ção com Deus, mas ela está marcada pelo paradoxo de surtos de crise mental e depressão psíquica.
ter de compreender pela fé o que é incompreensível Dois anos após o fim de seu casamento, conheceu
pela razão. Clotilde de Vaux, mulher por quem se apaixonou profun-
damente. Casada com um homem que se encontrava
preso, Clotilde considerava seu casamento indissolúvel.
Assim, Comte manteve com ela um relacionamento ami-
gável, marcado por um amor platônico, transformando-a
em sua musa inspiradora. Com sua morte, o amor do fi-
lósofo por Clotilde virou veneração, e ela acabou tornan-
do-se a santa de uma nova religião fundada por ele.

oque é positivismo?
Positivismo é a designação da doutrina criada por
Comte, fundada na extrema valorização do método cien-
tífico das ciências positivas (baseadas nos fatos e na
experiência) e na recusa das discussões metafísicas. O
termo positivismo foi adotado pelo próprio Comte, defi-
nindo a diretriz para a sua filosofia, de culto da ciência
e sacralização do método científico.
O positivismo se caracteriza por um tom geral de
confiança nos benefícios da industrialização, bem como
por um otimismo em relação ao progresso capitalista,
Sõren Kierkegaard. guiado pela técnica e pela ciência.
Manifestando-se de modo variado em diversos paí-
ses ocidentais a partir da segunda metade do século XIX,
Reforma da sociedade
o positivismo reflete, no plano filosófico, o entusiasmo Um dos temas centrais da obra filosófica de Comte
pelo progresso trazido pelo desenvolvimento técnico-in- é a necessidade de uma reorganização completa da
dustrial capitalista. Assim, embora criticado no plano sociedade. Nessa tarefa, ele próprio pretendeu desem-
teórico, trata-se de uma doutrina muito influente no pla- penhar o papel de um reformador universal "encarre-
no prático até nossos dias. gado de instituir a ordem de uma maneira soberana" 23 •
Essa reconstrução da sociedade consistia, para
Lei dos três estados Comte, na regeneração das opiniões (ideias) e dos
A lei dos três estados resume o pensamento de costumes (ações) humanas. Tratava-se, portanto, de
Comte sobre a evolução histórica e cultural da humani- uma reestruturação intelectual das pessoas e não
dade. Conforme escreveu em seu Curso de filosofia po- de uma revolução das instituições sociais, como
sitiva, "essa lei consiste em que cada uma de nossas propunham filósofos socialistas franceses de sua época,
concepções principais, cada ramo de nossos conheci- como Saint-Simon (1760-1825), Fourier (1772-1837)
mentos, passa sucessivamente por três estados históri- e Proudhon (1809-1865).
cos diferentes": A reforma da sociedade proposta por Comte deveria
• estado teológico ou fictício - estágio que repre- obedecer aos seguintes passos: reorganização intelectual,
sentaria o ponto de partida da inteligência humana, depois moral e, por fim, política. Segundo ele, a Revolu-
no qual os fenômenos do mundo são vistos como ção Francesa destruiu uma série de valores importantes
produzidos por seres sobrenaturais. O ponto cul- da sociedade tradicional europeia, não sendo capaz, en-
minante desse estado foi quando o ser humano tretanto, de impor novos e permanentes valores para a
substituiu o politeísmo (numerosas divindades in- emergente sociedade burguesa. E nisso residia a grande
dependentes) pelo monoteísmo (ação providencial tarefa a ser desempenhada pela filosofia positiva: resta-
de um Deus único); belecer a ordem na sociedade capitalista industrial.

• estado metafísico ou abstrato - estágio em que Em relação aos conflitos entre proletários e capita-
a influência dos seres sobrenaturais do estágio te- listas, Comte assumiu uma posição considerada reacio-
ológico foi substituída pela ação de forças abstra- nária e conservadora. Defendendo a legitimidade da ex-
tas consideradas como representantes dos seres ploração industrial, concordava com a divisão das classes
do mundo; sociais e considerava indispensável a existência dos em-
preendedores capitalistas e dos operadores diretos, o
• estado científico ou positivo - estágio definitivo da proletariado. Para os trabalhadores, defendia um tipo de
evolução racional da humanidade em que, pelo uso doutrinação positivista destinada a confirmar a necessi-
combinado do raciocínio e da observação, o ser hu- dade dos trabalhos práticos e mecânicos, inspirando
mano passou a entender os fenômenos do mundo.
o gosto por eles, quer enobrecendo seu caráter habi-
tual, quer adoçando suas consequências penosas.
Obiedvo ecaracterísticas do Conduzindo, de resto, a uma sadia apreciação das
diversas posições sociais e das necessidades corres-
positivismo pondentes, predispõem a perceber que a felicidade
O objetivo do método positivo de investigação é a real é compatível com todas e quaisquer condições,
pesquisa das leis gerais que regem os fenômenos natu- desde que sejam desempenhadas com honra e acei-
rais. Assim, o positivismo diferencia-se do empirismo tas convenientemente.
puro porque não reduz o conhecimento científico so- COM TE, Augusto. Discurso sobre o espírito positivo. p. 85.
mente aos fatos observados. É na elaboração de leis ge-
rais que reside o grande ideal das ciências.
Com base nessas leis, o homem torna-se capaz de
prever os fenômenos naturais, podendo agir sobre a rea-
Marx
lidade. Ver para prever é o lema da ciência positiva. O O alemão Karl Marx (1818-1883) é, provavelmente,
conhecimento científico torna-se, desse modo, um instru- um dos pensadores que maior influência exerceu sobre
mento de transformação da realidade, de domínio do ho- a filosofia contemporânea. Sua importância foi destaca-
mem sobre a natureza. As transformações impulsionadas da pelo pensador francês Raymond Aron que afirmou
pelas ciências visam ao progresso; este, porém, deve es- que, se a grandeza de um filósofo fosse medida pelos
tar subordinado à ordem. Temos, então, um novo lema debates que suscitou, nenhum deles nos últimos séculos
positivista, aplicado à sociedade: ordem e progresso. poderia ser comparado a Karl Marx.


23. VERDENAL, René. A filosofia positiva de Augusto Comte. ln: CHÂTELET, François. História do filosofia, v. 5, p. 215 .
Marx procurou, portanto, compreender a história
real dos seres humanos em sociedade a partir das condi-
ções materiais nas quais eles vivem. Essa visão da histó-
ria foi chamada posteriormente, por Friedrich Engels, de
materialismo histórico.
Vejamos então os principais pontos do materialismo
de Marx, em que destacaremos as concepções contrárias
ao idealismo de Hegel.

Materialismo histórico
De acordo com Marx, os seres humanos não podem
ser pensados de forma abstrata, como na filosofia de
Hegel, nem de forma isolada, como nas filosofias de
Feuerbach, de Proudhon e de tantos outros que Marx
criticou, como Schopenhauer e Kierkegaard.
Para Marx, não existe o indivíduo formado fora das
relações sociais. Ele enfatiza esse ponto ao afirmar: "A
essência humana[ ... ] é o conjunto das relações sociais" 24•
Karl Marx.

Nascido na cidade alemã de Trier, no seio de uma Isso significa que a forma como os indivíduos se
família judaica, nos tempos da universidade, Marx revelou comportam, agem, sentem e pensam se vincula com a
entusiasmo pelo estudo do direito, da filosofia e da histó- forma como se dão as relações sociais. Essas relações,
ria. Formado em filosofia no círculo do idealismo alemão, por seu lado, são determinadas pela forma de produção
tentou seguir carreira universitária como professor, mas da vida material, ou seja, pela maneira como os seres
não conseguiu seu intento devido a questões políticas. humanos trabalham e produzem os meios necessários
para a sustentação material das sociedades. Em A ideo-
Em 1844 conheceu Friedrich Engels ( 1820-1895) logia alemã, Marx desenvolve essa reflexão dizendo:
em Paris, e ambos se tornaram amigos inseparáveis por
toda a vida. Em 1848, lançaram o célebre Manifesto co- A forma como os homens produzem esses meios
munista. Seguindo o lema de que a filosofia deve ser depende em primeiro lugar da natureza, isto é, dos
também prática, participaram juntos de diversas ativida- meios de existência já elaborados e que lhes é neces-
des políticas e escreveram várias obras, que lhes custa- sário reproduzir; mas não deveremos considerar esse
ram duras perseguições dos governos constituídos. O modo de produção deste único ponto de vista, isto é,
conjunto de suas ideias foi depois interpretado e desen- enquanto mera reprodução da existência física dos
volvido por outros pensadores, ficando conhecido como indivíduos. Pelo contrário, já constitui um modo de-
marxismo. terminado de atividade de tais indivíduos, uma for-
ma determinada de manifestar a sua vida, um modo
Crítica ao idealismo hegeliano de vida determinado. A forma como os indivíduos
manifestam a sua vida reflete muito exatamente
Em sua crítica ao idealismo hegeliano, Marx afirma aquilo que são. O que coincide portanto com a sua
que Hegel inverteu a relação entre o que é determinante produção, isto é, tanto com aquilo que produzem
- a realidade material - e o que é determinado - as como com a forma como produzem. Aquilo que os
representações e conceitos acerca dessa realidade. A fi- indivíduos são depende portanto das condições ma-
losofia idealista seria, assim, uma grande mistificação ou teriais da sua produção. (p. 4).
farsa, pois pretende entender o mundo real, concreto,
como manifestação de uma razão absoluta. Contrapondo Esse é um ponto fundamental da filosofia de Marx.
sua filosofia ao idealismo hegeliano, Marx afirma na Ao falar da produção material da vida, ele não se refere
introdução ao livro A ideologia alemã: apenas à produção das inúmeras coisas necessárias à
manutenção física dos indivíduos. Ele está considerando
As premissas de que partimos não constituem ba- também o fato de que, ao produzirem todas essas coi-
ses arbitrárias, nem dogmas; são antes bases reais de sas, os seres humanos constroem a si mesmos como in-
que só épossível abstrair no âmbito da imaginação. As divíduos. Isso ocorre porque, segundo Marx, "o modo de
nossas premissas são os indivíduos reais, a sua ação e produção da vida material condiciona o processo geral
as suas condições materiais de existência{.] (p. 4). de vida social, política e espiritual" 25 •
24. MARX, Karl. Teses contra Feuerbach, p. 52.

25. MARX, Karl. Para a crítica da economia política (Prefácio).


Capital e trabalho Embora a definição dos modos de produção seja um
aspecto complexo na obra de Marx e entre os seus co-
Compreende-se aí a importância que Marx deu à mentadores, lemos em A ideologia alemã a exposição
análise do trabalho. Ele reconhece o trabalho como ativi- dos seguintes modos de produção dominantes em cada
dade fundamental do ser humano e analisa os fatores época: o comunismo primitivo, o escravismo na Anti-
que o tornaram uma atividade massacrante e alienada guidade, o feudalismo na Idade Média e o capitalismo
no capitalismo. na Idade Moderna.
Essa demonstração se desenvolve em vários textos, Ele afirma que a passagem de um modo de produ-
mas de forma mais rigorosa em O capital, livro em que ção a outro se dá no momento em que o nível de desen-
expõe a lógica do modo de produção capitalista, no qual volvimento das forças produtivas entra em contradição
a força de trabalho é transformada em uma mercadoria com as relações sociais de produção. Quando isso ocorre,
com dupla face: por um lado, é uma mercadoria como há um sufocamento da produção em virtude da inade-
outra qualquer, paga pelo salário; por outro, é a única quação das relações nas quais ela se dá. Nesse momen-
mercadoria que produz valor, ou seja, que reproduz o to, surgem as possibilidades objetivas de transformação
capital. desse modo de produção.

Dialética marxista Luta de classes


Marx também entende o desenvolvimento históri- Caberia, segundo Marx, à classe social que possui
co-social como decorrente das transformações ocorridas um caráter revolucionário nesse momento intervir atra-
no modo de produção (ver explicação detalhada do con- vés de ações concretas, práticas, para que essas transfor-
ceito adiante). Nessa análise, ele se vale dos princípios mações ocorram. Foi o que aconteceu, por exemplo, na
da dialética, mas, como afirma no posfácio da segunda passagem do feudalismo ao capitalismo, através das re-
edição de Ocapital, "meu método dialético não só difere voluções burguesas.
do hegeliano, mas é também a sua antítese direta".
Marx reconhece o mérito de Hegel por ter sido o primei- Marx sintetiza essa análise na afirmação de que a
ro a expor as formas gerais da dialética, mas alega que luta de classes é o motor da história, isto é, a luta de
é preciso desmistificá-la, expondo o seu núcleo racional. classes faz a história se mover. Por isso, no Manifesto
comunista (1848), escrito em parceria com Engels, Marx
Na concepção hegeliana, a dialética se torna instru- afirma:
mento de legitimação da realidade existente. Já no pen-
samento de Marx, a dialética leva ao entendimento da A história de todas as sociedades que existi-
possibilidade de negação dessa realidade "porque apre- ram até nossos dias tem sido a história das lutas de
ende cada forma existente no fluxo do movimento, por- classes.
tanto também com seu lado transitório". Ou seja, a dia- Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor
lética em Marx permite compreender a história em seu e servo, mestre de corporação e aprendiz; numa pa-
movimento, em que cada etapa é vista não como algo lavra, opressores e oprimidos, em constante oposição,
estático e definitivo, mas como algo transitório, que têm vívido numa guerra ininterrupta, ora franca,
pode ser transformado pela ação humana. ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre,
De acordo com Marx, as grandes transformações his- ou por uma transformação revolucionária da socie-
tóricas se deram primeiramente no campo da economia, dade inteira, ou pela destruição das duas classes em
causadas por contradições geradas no interior do próprio luta. (p. 8).
modo de produção. Diferentemente de Hegel, no entanto,
Marx não concebe uma história que anda sozinha, guiada De acordo com Marx, o capitalismo também criou
por uma razão ou um espírito, mas sim uma história feita uma classe revolucionária que, em virtude de suas con-
pelos seres humanos, que interferem no processo históri- dições de existência, deve se organizar para, no momen-
co e podem, dessa forma, transformar a realidade social, to oportuno, fazer a revolução social rumo ao socialismo.
sobretudo se alterarem seu modo de produção. Essa classe revolucionária seria o proletariado - que,
pela definição do filósofo, é a classe de trabalhadores
assalariados modernos que, destituídos dos meios de
Modo de produção produção, se veem obrigados a vender sua força de tra-
balho para poder existir.
Modo de produção é a maneira como se organiza
a produção material em um dado estágio de desenvolvi- O pensamento de Marx teria um grande impacto no
mento social. Essa maneira depende do desenvolvimen- mundo contemporâneo, em termos teóricos e práticos, ins-
to das forças produtivas (a força de trabalho humano e pirando correntes filosóficas, movimentos operários e revo-
os meios de produção, tais como máquinas, ferramentas luções. E suas ideias, por suas implicações políticas, ainda


etc.) e da forma das relações de produção. são objeto de muitos estudos e acaloradas discussões.
Lukács Basileia. A partir da leitura de O mundo como vontade e
representação, de Schopenhauer, sentiu-se profunda-
mente atraído pelas reflexões filosóficas. Ainda jovem,
O filósofo húngaro Gyõrgy Lukács (1885-1971) en- começou a sentir os sintomas de uma doença que o leva-
tende que as ideologias têm a finalidade fundamental ria progressivamente à deterioração física, a episódios de
de orientar a vida prática dos indivíduos, fornecendo a perda de consciência e a crises de loucura no final da vida.
base para a resolução dos problemas concretos da vida
em sociedade. Nesse sentido, elas têm uma função ope-
rativa e positiva, existindo desde o momento em que os
Escrita aforismádca
seres humanos começaram a viver em coletividade. Diferentemente da maioria dos filósofos, Nietzsche
escreveu a maior parte de sua obra sob a forma de afo-
Assim, para Lukács, a ideologia não tem necessa- rismos. Aforismo é uma máxima, ou seja, uma sentença
riamente o caráter dissimulador da luta de classes, curta que exprime um conceito, um conselho ou um en-
pois não seria um fenômeno apenas das sociedades sinamento.
divididas em classes. Segundo ele, apenas quando o
conflito social passa a fazer parte da realidade é que a Os aforismos do filósofo tratam de diversos temas,
ideologia se volta à resolução dos problemas gerados como religião, moral, artes, ciência etc. Seu conjunto re-
por esse conflito, podendo manifestar-se então como vela uma crítica profunda, impiedosa à civilização oci-
instrumento de classe. dental. Crítica à massificação, à visão de mundo burgue-
sa, ao conservadorismo cristão (que ele chamava "moral
Para o filósofo, o fato de que, por exemplo, a ide- de rebanho") etc. Dessa crítica surgiu também a questão
ologia burguesa oculte ou mostre parcialmente a reali- do valor da existência humana.
dade se origina não apenas da própria incapacidade da
burguesia de ver a realidade em sua totalidade, mas
também da necessidade - comum a todas as classes Vontade de potência
dominantes - de tornar universais seus valores parti- Termo ambíguo, dadas as características assistemáti-
culares, a fim de garantir a estabilidade da ordem so- cas da escritura nietzschiana, a vontade de potência deu
cial que lhes interessa. margem a distintas interpretações. Muitos reduziram a
vontade de potência a uma tese biológica que tentava
Nietzsche justificar o espírito de competição dos seres humanos e
seu apetite pelo poder, tendo inclusive sido usada pelo
nazismo na defesa de suas pretensões dominadoras.
Hoje em dia, porém, predomina a interpretação de
que a vontade de potência refere-se não apenas a um
conjunto de pulsões competitivas, sem outra finalida-
de que não seja a própria vida, mas também a um im-
pulso de afirmação da vida na direção de uma trans-
cendência criadora, que conduziria a uma plenitude
existencial.

Allolíneo edionisíaco
Em sua obra, Nietzsche também criticou a tradição da
filosofia ocidental a partir de Sócrates, a quem acusa de ter
negado a intuição criadora da filosofia anterior, pré-socrá-
tica.
Nessa análise, o filósofo alemão estabelece a distin-
ção entre dois princípios: o apolíneo e o dionisíaco - a
partir, respectivamente, dos deuses gregos Apolo (deus
da razão, da clareza, da ordem) e Dionísio (deus da
Friedrich Nietzsche. aventura, da música, da fantasia, da desordem).
Friedrich Nietzsche (1844-1900) nasceu em Rocken, Para Nietzsche, esses dois princípios ou dimensões
uma localidade da Alemanha atual. Filho de um culto pas- complementares da realidade, o apolíneo e o dionisíaco,
tor protestante, possuía um gênio brilhante, tendo estu- foram separados na Grécia socrática, que, optando pelo
dado grego, latim, teologia e filosofia. Aos 24 anos, tor- culto à razão, secou a seiva criadora da filosofia, contida
nou-se professor titular de filologia na Universidade da na dimensão dionisíaca.
Genealogia da moral como um sentimento opressivo e difuso, próprio às fases
agudas de ocaso de uma cultura. O niilismo seria a ex-
Posteriormente, Nietzsche desenvolveu uma crítica pressão afetiva e intelectual da decadência" 27 •
intensa dos valores morais, propondo uma nova abor-
dagem: a genealogia da moral, isto é, o estudo da for- O niilismo moderno apontado por Nietzsche assen-
mação histórica dos valores morais. tava-se, entre outras coisas, na afirmação da morte de
Deus, que é interpretada como a rejeição à crença num
Sua conclusão foi de que o bem e o mal não consti- ser absoluto e transcendental, capaz de traçar para todos
tuem noções absolutas, no entendimento de que as con- os humanos "o caminho, a verdade e a vida".
cepções morais são elaboradas pelos seres humanos a
partir dos interesses humanos. Ou seja, são produtos his- Assim, por meio do niilismo, "o homem moderno
tórico-culturais. Entretanto, as religiões - o judaísmo e o vivencia a perda de sentido dos valores superiores de
cristianismo - impõem essas concepções como se fossem nossa cultura. Por essa ótica, niilismo seria o sentimento
"produtos de Deus" e, portanto, valores absolutos. Esses coletivo de que nossos sistemas tradicionais de valora-
valores carregaram as pessoas com as noções e os senti- ção, tanto no plano do conhecimento quanto no ético-re-
mentos de dever, culpa, dívida e pecado, e o resultado foi ligioso, ou sociopolítico, ficaram sem consistência e já
a configuração de indivíduos medíocres, tímidos, insossos, não podem mais atuar como instâncias doadoras de sen-
não criativos, depauperados e submissos. tido e fundamento para o conhecimento e a ação"28 •

Para o filósofo, grande parte das pessoas acomoda- Para combater o niilismo, Nietzsche defendeu valo-
-se a uma "moral de rebanho", baseada na submissão res afirmativos da vida, capazes de expandir as energias
irrefletida aos valores dominantes da civilização cristã e latentes em nós. "Ouse conquistar a si mesmo" talvez
burguesa. seja a grande indicação nietzschiana àqueles que bus-
cam viver de forma afirmativa, sem conformismo, resig-
O que é tacitamente26 aceito por nós; o que rece- nação ou submissão.
bemos e praticamos sem atritos internos e externos,
sem ter sido por nós conquistado, mas recebido de
fora para dentro, é como algo que nos foi dado; são Husserl
dados que incorporamos à rotina, reverenciamos O filósofo alemão Edmund Husserl (1859-1938) foi
passivamente e se tornam peias (amarras que pren- o formulador do método de investigação filosófica co-
dem os pés) ao desenvolvimento pessoal e coletivo. nhecido como fenomenologia, que surgiu primeiramen-
Ora, para que certos princípios, como a justiça e a te na atmosfera rarefeita da matemática expandindo-se,
bondade, possam atuar e enriquecer, é preciso que em seguida, para a psicologia e a filosofia, acabando por
surjam como algo que obtivemos ativamente a partir desembocar nas preocupações humanistas dos filósofos
da superação dos dados. [.. .] Para essa conquista das existencialistas, entre outras correntes do pensamento
mais lídimas (autênticas) virtualidades do ser é que contemporâneo que dela se utilizaram.
Nietzsche ensina a combater a complacência, a mor-
nidão das posições adquiridas, que o comodismo in-
titula moral, ou outra coisa bem soante.
CANDIDO, A. O portador. ln: Nietzsche, p. 411.

Assim, se compreendermos que os valores pre-


sentes em nossa vida são construções humanas, se
questionarmos o valor dos valores, estamos no dever de
refletir sobre nossas concepções morais e enfrentar o
desafio de viver por nossa própria conta e risco.

Niilismo
Segundo a análise de Nietzsche, no momento em
que o cristianismo deixou de ser a "única verdade" para
se tornar uma das interpretações possíveis do mun-
do, toda a civilização ocidental e seus valores absolutos
também foram postos em xeque. Nesse contexto, ocorre
uma escalada do niilismo que "deve ser entendido
26. Tacitamente: de forma não conscientemente assumida, de modo implícito.

27. GIACOIAJR. Oswaldo. Nietzsche. São Paulo: Publilolha, 2000, p. 64-65. Edmund Husserl.


28. ld., ibid., p. 65 .
o método fenomenológico consiste, basicamente, na Oenteeoser
observação e descrição rigorosa do fenômeno, isto é, da-
quilo que aparece ou se oferece aos sentidos ou à cons- Rompendo com a tendência dominante da filosofia
ciência. Dessa maneira, busca-se analisar como se forma, moderna que, desde Descartes, estava voltada para a teoria
para nós, o campo de nossa experiência, sem que o sujeito do conhecimento, Heidegger retomou a questão da ontolo-
ofereça resistência ao fenômeno estudado nem se desvie gia: por que há algo e não nada? Para ele, o problema
dele. O sujeito deve, portanto, orientar-se para e pelo fe- central da filosofia é o ser e a existência de tudo.
nômeno. A fenomenologia se apresenta como a investiga- Para Heidegger, devemos começar investigando
ção das experiências conscientes (fenômenos), isto é, "o nossa existência porque é dela que, primeiramente, te-
mundo da vida", que Husserl chama de Lebenswelt. mos consciência. Mas - objetou para aqueles que o con-
Conforme analisou o filósofo francês Merleau-Ponty sideravam um existencialista - uma filosofia que colo-
(1908-1961), Husserl tentou a reabilitação ontológica do casse apenas o homem como centro de preocupação
sensível. Isso significou, na história da filosofia, uma volta seria antes uma antropologia: "a questão que me preo-
às próprias coisas, das quais o sujeito tinha se afastado. cupa não é a existência do homem e sim a questão do
ser em seu conjunto e enquanto tal".

Heidegger A filosofia heideggeriana criticou aquilo que consi-


derava uma confusão entre ente e ser, ocorrida ao lon-
Nascido em Messkirch, Alemanha, Martin Heidegger go da história da filosofia. Para Heidegger, o ente é a
(1889-1976) desenvolveu sua formação filosófica na Univer- existência, a manifestação dos modos de ser. O ser é
sidade de Freiburg, onde foi discípulo de Edmund Husserl. essência, aquilo que fundamenta e ilumina a existência
ou os modos de ser. A partir dessa diferenciação é possí-
vel estabelecer duas fases da filosofia heideggeriana. Na
primeira, ela busca o conhecimento do ser por meio da
análise do ente humano, da existência humana. Na se-
gunda, o ente sai do primeiro plano e o próprio ser tor-
na-se a chave para a compreensão da existência.

Sentido do ser
o..
LL
Um dos objetivos básicos da obra de Heidegger Ser
<(

~
e tempo é investigar o sentido do ser. Para efetuar tal
• tarefa, começou pela análise fenomenológica do ser que
nós próprios somos. Criando uma terminologia própria, e
por vezes obscura, Heidegger denominou o modo de ser
do homem, nossa existência, com a palavra Dasein, cujo
sentido é ser-aí, estar-aí.
Analisando a vida humana, o filósofo descreveu três
etapas que marcam a existência e que, para a maioria
dos homens, culminam numa existência inautêntica:
Martin Heidegger. • fato da existência - o homem é "lançado" ao
mundo, sem saber por quê. Ao despertar para a
Em 1933, ano em que Adolf Hitler se tornou chance-
consciência da vida, já está aí (Dasein), sem ter pe-
ler da Alemanha, Martin Heidegger foi nomeado reitor
dido para nascer;
da Universidade de Freiburg, aderindo formalmente ao
Partido Nazista. No discurso que proferiu como reitor, • desenvolvimento da existência - o ser humano
Heidegger anunciou suas esperanças no nazismo, julgan- estabelece relações com o mundo (ambiente natu-
do-o capaz de promover a redenção do povo germânico. ral e social historicamente situado). Para existir, o
Por coerência com o nazismo, afastou-se, publicamente, homem projeta sua vida e procura agir no campo de
do seu antigo mestre e amigo Husserl, que era judeu. suas possibilidades. Move uma busca permanente
Essas atitudes mancharam, para sempre, sua biografia. para realizar aquilo que ainda não é. Em outras pa-
Não muito tempo depois, talvez por tomar consciência lavras, existir é construir um projeto;
das crescentes atrocidades nazistas, Heidegger demitiu-se • destruição do eu - tentando realizar seu projeto, o
da reitoria da Universidade de Freiburg. Durante os anos da homem sofre a interferência de uma série de fato-
Segunda Guerra Mundial, isolou-se em sua casa nas mon- res adversos que o desviam de seu caminho exis-
tanhas. Até sua morte, manteve raros contatos sociais, re- tencial. Trata-se do confronto do eu com os outros.
lacionando-se apenas com reduzido grupo de amigos. Um confronto no qual o homem comum é, geral-
mente, derrotado. O seu eu é destruído, arruinado,
dissolve-se na banalidade do cotidiano, nas preocu-
Ente em-si eente para-si
pações da massa humana. Em vez de tornar-se si- A principal obra filosófica de Sartre é O ser e o
-mesmo, torna-se o que os outros são; assim, o eu nada, publicada em 1943. Nessa obra, ele ataca dura-
é absorvido no com-o-outro e para-o-outro. mente a teoria aristotélica da potência. Para Sartre, o
ser é o que é. Trata-se, na linguagem sartriana, do
O sentimento profundo que faz o homem despertar ente em-si. Esse ente "não é ativo nem passivo, nem
da existência inautêntica é a angústia, pois ela revela o afirmação nem negação, mas simplesmente repousa
quanto nos dissolvemos em atitudes impessoais, o quan- em si, maciço e rígido" 29 •
to somos absorvidos pela banalidade do cotidiano, o
quanto anulamos nosso eu para inseri-lo, alienadamen- Além do ente em-si, Sartre concebe a existência
te, no mundo do outro. de uma dimensão ou aspecto especificamente huma-
no, denominando-o ente para-si. Este se opõe ao ente

sanre em-si, que está fora e representa a plenitude do ser,


com toda a sua densidade. Já o ente para-si é o não-ser
ou nada, razão pela qual está voltado para fora. Assim,
Nascido em Paris, Jean-Paul Sartre (1905-1980) tor- a característica tipicamente humana seria o nada, um
nou-se o filósofo mais conhecido da corrente existencialis- "espaço aberto", que não é um ser, mas a negação do
ta. Grande parte de sua fama deve-se não propriamente à ser em-si.
sua obra filosófica, mas às suas peças de teatro e roman-
ces, dentre os quais se destacam A náusea, O muro, Isso não significa que a totalidade do ser humano
A idade da razão, O diabo e o bom Deus. - que inclui também seu corpo (seu ente em-si) -
seja nada. O nada sartriano refere-se somente a essa
característica típica, singular, aquela que faz de nós
um ente não estático, não compacto, acessível às pos-
sibilidades de mudança.
.,"'rn
i Não ser eliberdade humana
t
(!)

"'
·;;
Se o ser humano fosse um ser completo, total, ple-
., no, com uma essência definida, ele não poderia ter nem
e:
o
I
'f
consciência nem liberdade. Primeiro, porque a consciên-
"'
E
cia é um espaço aberto a múltiplos conteúdos. Segundo,
E porque a liberdade representa a possibilidade de esco-
i
e:
lha. Por intermédio de suas escolhas, o homem constrói
~., a si mesmo e torna-se responsável pelo que faz.
e:
o
Assim, para Sartre, se o ser humano não expres-
I sasse esse "vazio de ser", sua consciência já estaria
pronta, acabada, fechada. E, nesse caso, ele não poderia
manifestar liberdade, pois estaria preso à realidade está-
tica do ser pleno, do ser em-si.
Jean-Paul Sartre. Outra consequência dessa característica específica
Sartre recebeu significativa influência filosófica de do não ser, é que não podemos falar da existência de
Husserl e de Heidegger. Durante os anos da Segunda uma natureza humana previamente determinada. As-
Guerra Mundial, participou da luta da resistência france- sim, para Sartre, o que existiria é uma condição huma-
sa contra o nazismo. Também aderiu ao marxismo, con- na, isto é, "o conjunto de limites a priori que esboçam a
siderando-o a filosofia de sua época, mas, diante da in- sua (do indivíduo) situação fundamental no Universo". E
tervenção soviética na Hungria, em 1956, rompeu com o o filósofo acrescenta:
Partido Comunista, acusando-o de se desviar do sentido
As situações históricas variam: o homem pode
autêntico do marxismo.
nascer escravo numa sociedade pagã - ou senhor
Em 1964 foi agraciado com o Prêmio Nobel de Lite- feudal ou proletário. Mas o que não varia é a neces-
ratura, mas se recusou a recebê-lo, pois não desejava sidade para ele de estar no mundo, de lutar, de viver
reconhecer a autoridade dos juízes que lhe ofereceram o com os outros e de ser mortal.
prêmio nem aderir a essa instituição. SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. p. 16.


29. BOCHENSKI, 1. M. A filosofia contemporânea ocidental, p. 167.
Portanto, um dos valores fundamentais da condi- Russell ampliou esta tese procurando estabelecer os
ção humana é, segundo Sartre, a liberdade. É o exer- fundamentos lógicos do conhecimento científico em
cício da liberdade, em situações concretas, que move geral. E prosseguindo no projeto de apontar os pres-
o ser humano, que gera a incerteza, que leva à produ- supostos lógicos da racionalidade, Russell desen-
ção de sentidos, que impulsiona a ultrapassagem de volveu a filosofia analítica submetendo a linguagem
certos limites e que confere sentido à sua existência. humana à análise lógica. Para ele, grande parte dos
É a liberdade humana, enfim, que leva todo indivíduo problemas filosóficos se dissolve em falsos problemas
a ter de definir o que pretende ser como pessoa, a quando enfrentamos os equívocos, ambiguidades e
avaliar o impacto de suas escolhas e ser responsável imprecisões da linguagem cotidiana. São chamados
por elas. Isso significa que, de forma quase paradoxal, erros de linguagem.
o ser humano está condenado a ser livre, como afir-
mou Sartre. O problema fundamental da filosofia consistiria em
investigar, em termos lógicos, as proposições linguísticas

Russell para se saber de que estamos realmente falando quan-


do questionamos ou afirmamos isto ou aquilo. A filosofia
analítica promoveria uma espécie de "terapia linguísti-
Nascido no País de Gales (Grã-Bretanha), Bertrand
Russell (1872-1970) dedicou-se à matemática, à lógica e ca", desmontando as armadilhas ocultas da linguagem.
à filosofia em geral. Escreveu mais de sessenta livros Vejamos como Bertrand Russell ilustra esse método com
tratando de variados temas, como teoria do conheci- um exemplo3º:
mento, ciência, educação, política, lógica, matemática e
história da filosofia. No entanto, sua contribuição filosó- Acontece com frequência de alguém se pergun-
fica mais reconhecida deu-se no campo da lógica mate- tar quando tudo iniciou. O que deu partida ao mun-
mática e da filosofia analítica, que dominou o cenário do, de que início adquiriu o seu curso? Em vez de
filosófico inglês durante o século XX. Em coautoria com darmos uma resposta, examinemos primeiro a for-
Alfred North Whitehead (1861-1947), escreveu os três mulação da pergunta. A palavra central, na pergun-
volumes de Principia Mathematica, publicados entre ta, é início. Como se emprega essa palavra no discur-
1910 e 1913, obra considerada por muitos estudiosos so corrente? Para responder a esta indagação
como uma das mais importantes contribuições à lógica secundária, precisamos examinar o tipo de situação
desde os trabalhos de Aristóteles. em que ordinariamente usamos essa palavra. Talvez
pudéssemos pensar num concerto sinfônico e dizer
que o seu início será às oito horas. Antes do início,
poderíamos jantar na cidade, e depois do concerto
voltar para casa. O importante é obseroar que faz
sentido perguntar o que aconteceu antes do início e
o que ocorreu depois. Um início é um ponto no tem-
po, que marca uma fase de algo que acontece no
tempo. Se retomarmos agora a questão filosófica fica
claro que, neste caso, empregamos a palavra início
de modo completamente diferente, porque não se
pretende que jamais perguntássemos o que aconte-
ceu antes do início de todas as coisas. Na verdade,
explicando assim, podemos ver o que há de errado
com a pergunta. Perguntar por um início sem nada
que o preceda, é como perguntar por um quadrado
redondo. Depois de compreendermos isso, deixare-
mos de fazer essa pergunta, porque compreendere-
mos que não tem sentido.
RUSSELL, Bertrand. História da pensamento acidental. p. 494-495.

Bertrand Russell. Dono de um estilo literário elegante, irônico, cati-


vante e polêmico, Bertrand Russell recebeu o Prêmio
A tese central de Principia Mathematica consiste Nobel de Literatura em 1950. Em sua longa vida, partici-
em demonstrar que "toda a matemática pura advém pou ativamente das questões sociais de sua época, lu-
dos princípios da lógica pura". Portanto, há uma iden- tando em prol das liberdades democráticas, da educa-
tidade entre lógica e matemática. Posteriormente, ção, da emancipação feminina, da paz mundial.
30. Russell oferece este exemplo do método analítico, embora ressalve que não aceita este argumento em particular.
Winuenstein Na sua obra Investigações filosóficas, Wittgens-
tein explica: "A linguagem é como uma caixa de ferra-
mentas". Para ele, não se trata mais de considerá-la
falsa ou verdadeira, mas de saber usá-la. A tarefa da
filosofia é usar adequadamente a linguagem, sabendo
dos seus limites e calando-se diante do que não pode
ser falado.

Adorno eHorkheimer
Na análise da sociedade de massa, que se desdobra
em vários aspectos, um tema muito presente é a crítica
da razão. De acordo com Max Horkheimer (1895-1973)
e Theodor Adorno (1903-1969), a razão iluminista, que
visava a emancipação dos indivíduos e o progresso so-
cial, terminou por levar a uma maior dominação das pes-
soas em virtude justamente do desenvolvimento tecno-
lógico-industrial. Horkheimer acreditava que o problema
estava na própria razão controladora e instrumental,
que busca sempre a dominação, tanto da natureza quan-
to do próprio ser humano.
Ludwig Wittgenstein.
Assim, escreveu Max Horkheimer, em 1946:
O percurso filosófico de Ludwig Wittgenstein (1889-
-1951) pode ser dividido em duas grandes fases. Na pri- Parece que enquanto o conhecimento técnico
meira fase, configurada no Tractatus logico-philosophi- expande o horizonte da atividade e do pensamento
cus, ele intensificou a busca de uma estrutura lógica humano, a autonomia do homem enquanto indiví-
que pudesse dar conta do funcionamento da linguagem. duo, a sua capacidade de opor resistência ao cres-
Para ele, a estrutura da linguagem deveria corresponder cente mecanismo de manipulação de massas, o seu
à realidade dos fatos. Em suas palavras: "A totalidade poder de imaginação e o seu juízo independente so-
dos pensamentos verdadeiros é uma figura do mundo". freram uma redução. O avanço dos recursos técnicos
Em sua segunda fase, Wittgenstein deu um giro de de informação se acompanha de um processo de de-
180° e se afastou dessa compreensão de que a verdade sumanização.
da proposição deve ser verificada na experiência do
HORKHEIMER, Max. Eclipse do rozõo. p. 6.
mundo real, e passou a afirmar a impossibilidade de
uma redução legítima entre um conceito lógico (enten- Em um texto de autoria de Horkheimer e Adorno, A
dido como proposição) e um conceito empírico (relacio- dialética do esclarecimento, de 1947, os dois fazem
nado com a realidade). dura crítica ao Iluminismo, que estimulou o desenvolvi-
Em outras palavras, a linguagem não seria a captura mento dessa razão controladora e instrumental que pre-
conceituai da realidade, isto é, não seria a reprodução do domina na sociedade contemporânea. Denunciam tam-
objeto, mas antes uma atividade, um jogo. E os jogos bém o desencantamento do mundo, a deturpação das
de linguagem adquirem o seu significado no uso social, consciências individuais, a assimilação dos indivíduos ao
nos diferentes modos de ser e de viver nos quais a fala sistema social dominante.
está inserida. Em resumo, Horkheimer e Adorno denunciam a
De acordo com o filósofo, a linguagem comum pos- morte da razão crítica, asfixiada pelas relações de pro-
sui uma riqueza de espécies e tipos de frases que são dução capitalista. Se denúncias semelhantes já haviam
usadas em situações específicas (mandar, pedir, relatar, sido feitas no campo do marxismo, o que há de caracte-
descrever, inventar, agradecer etc.) e formam os "jogos rístico nos filósofos da Escola de Frankfurt é a desespe-
de linguagem", que se produzem socialmente e não in- rança em relação à possibilidade de transformação des-
dividualmente. sa realidade social.
Com essa perspectiva, Wittgenstein abandonou a Essa desesperança se deveria ao diagnóstico da au-
intenção de fazer da linguagem comum a "pintura da sência de consciência revolucionária no proletariado
realidade", como ele mesmo havia dito anteriormente. (trabalhadores), que teria sido assimilado, absorvido
O termo linguístico não poderia mais ser explicado por pelo sistema capitalista, seja pelas conquistas trabalhis-
meio de uma análise lógica, mas apenas a partir de seu tas alcançadas, seja pela alienação de suas consciências,


uso social . promovida pela indústria cultural.
Indústria cultural é um termo difundido por atual, já que a razão contemporânea estaria asfixiada
Adorno e Horkheimer para designar a indústria da di- pelo desenvolvimento do capitalismo, o qual teria narco-
versão de massa, veiculada pela televisão, cinema, tizado a consciência do proletariado, perpetuando-se
rádio, revistas, jornais, músicas, propagandas etc. Por dessa forma como sistema.
meio da indústria cultural e da diversão se obteria a
De acordo com Habermas, essa é uma posição peri-
homogeneização dos comportamentos, a massifi-
gosa em filosofia, pois poderia conduzir a uma crítica
cação das pessoas.
radical da modernidade e, em consequência, da razão, o
que levaria ao irracionalismo. O filósofo enfatiza esse
Beniamin ponto, afirmando, contra a tendência ao irracionalismo
presente na chamada filosofia pós-moderna, que "o
Walter Benjamin (1892-1940) se distingue de Ador- projeto da modernidade ainda não foi cumprido". Ou se-
no e Horkheimer por uma postura mais otimista no que ja, que o potencial para a racionalização do mundo ainda
diz respeito à indústria cultural e à emancipação política. não está esgotado. Por isso Habermas costuma ser des-
Em seu texto A obra de arte na era de sua reprodutibili- crito como "o último grande racionalista".
dade técnica, ele se mostra esperançoso com a possibi-
De acordo com Habermas, existem alguns pontos
lidade de que a arte, a partir do desenvolvimento das
talhos na avaliação feita por Adorno e Horkheimer, cuja
técnicas de reprodução (discos, reprografia e processos
identificação permitiria estabelecer uma retomada do
semelhantes), se torne acessível a todos.
projeto emancipatório, porém em novas bases. Rompen-
Enquanto na visão de Adorno e Horkheimer, a cultu- do com a teoria marxista em alguns de seus pontos fun-
ra veiculada pelos meios de comunicação de massa não damentais - por exemplo, a centralidade do trabalho e
permite que as classes assalariadas assumam uma posi- a identificação do proletariado como agente da transfor-
ção crítica em relação à realidade, Benjamin enfatizava mação social -, Habermas elabora, como nova perspec-
que a arte dirigida às massas pode servir como instru- tiva, outro conceito de razão: uma razão dialógica, isto
mento de politização. é, aquela que brota do diálogo e da argumentação en-
tre os agentes interessados, em determinada situação.
Habermas Trata-se, portanto, da razão que surge da chamada
ação comunicativa, do uso da linguagem como meio de
conseguir o consenso. Para tanto, é necessária uma
ação social que fortaleça as estruturas capazes de pro-
mover as condições de liberdade e de não cons-
trangimento, imprescindíveis ao diálogo.

Verdade intersubjetiva edemocracia


O conceito de verdade também se modifica em
função dessa nova perspectiva. Habermas propõe o en-
tendimento da verdade não mais como uma adequação
do pensamento à realidade, mas como fruto da ação co-
municativa; não como verdade subjetiva, mas como ver-
dade intersubjetiva (entre sujeitos diversos), que surge
do diálogo entre os indivíduos. Nesse diálogo se aplicam
algumas regras, como a não contradição, a clareza de
argumentação e a falta de constrangimentos de ordem
social.
Razão e verdade deixam de constituir, assim, con-
teúdos ou valores absolutos e passam a ser definidas
consensualmente. E sua validade será tanto maior
Jürgen Habermas.
quanto melhores forem as condições nas quais se dê o
Dentre os teóricos da Escola de Frankfurt, o que diálogo, o que se consegue com o aperfeiçoamento da
maior influência exerce atualmente é Jürgen Habermas democracia.
(1929-). Ele discorda de Adorno e Horkheimer no que se
O pensamento de Habermas incorpora e desenvol-
refere aos conceitos centrais da análise realizada por es-
ve reflexões propostas pela filosofia da linguagem. A
ses dois filósofos: razão, verdade e democracia.
ênfase dada por ele à razão comunicativa pode ser en-
Adorno e Horkheimer chegam a um impasse quanto tendida como uma maneira de tentar "salvar" a razão,
à possibilidade de uma razão emancipatória no mundo que teria chegado a um beco sem saída. Assim, se o
mundo contemporâneo é regido pela razão instrumen- Na vida cotidiana, segundo o filósofo, esbarramos
tal, conforme denunciaram os filósofos que o ante- mais com os guardiões dos micropoderes - os pequenos
cederam na Escola de Frankfurt, para Habermas caberia donos dos poderes periféricos - do que com os detento-
à razão comunicativa, enfim, o papel de resistir a essa res dos macropoderes.
razão instrumental e reorientá-la.
O objetivo de Foucault, como filósofo, foi o de colo-
car à mostra estruturas veladas de poder, tendo por ins-
Foucault piração Nietzsche. Tanto quanto este, Foucault afirmou a
relação entre saber e poder. Em suas palavras:

Vivemos em uma sociedade que em grande par-


te marcha "ao compasso da verdade" - ou seja, que
produz e faz circular discursos que funcionam como
€ verdade, que passam por tal e que detêm, por esse
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motivo, poderes especificas. (Microfísica do poder, p.
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Genealogia do poder
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Foucault também desenvolveu seu método de
pesquisa à maneira de uma genealogia, inspirado em
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Nietzsche. Semelhantemente ao filósofo alemão, adota
como ponto de partida a noção de que os valores - o
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o:: bem e o mal, o verdadeiro e o falso, o certo e o errado,
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~ o sadio e o doente etc. - são consagrados historica-
mente em função de interesses relativos ao poder den-
tro da sociedade. Em outras palavras, a definição do
que é bom, verdadeiro ou sadio depende das instâncias
Michel Foucault. nas quais o poder se encontra.
Segundo Michel Foucault (1926-1984), as socieda- Na visão de Foucault, esse poder não seria essen-
des modernas apresentam uma nova organização do cialmente de repressão ou de censura, mas sim um po-
poder que se desenvolveu a partir do século XVIII. Nessa der criador, no sentido de que produz a realidade e
nova organização, o poder não se concentra apenas no seus conceitos. Em seu livro Vigiar e punir: uma genea-
setor político e nas suas formas de repressão, mas está logia do poder, ele explica esse seu entendimento do
disseminado pelos vários âmbitos da vida social. Para que é o poder:
Foucault, o poder se fragmentou em micropoderes e se
tornou muito mais eficaz. Em seu livro Microfísica dopo- É preciso cessar de sempre descrever os efeitos do
der, Foucault explica: poder em termos negativos: ele "excluí': "reprime",
"recalca': "censura", "discrimina", "mascara': "es-
Por dominação eu não entendo o fato de uma conde". Na verdade, o poder produz: produz o real;
dominação global de um sobre os outros, ou de um produz os domínios de objetos e os rituais de verda-
grupo sobre o outro, mas as múltiplas formas de domi- de. (p. 110).
nação que se podem exercer na sociedade. (p. 181).
Nesse mesmo livro, Foucault acompanha a evolu-
Assim, em vez de se deter apenas no macropoder ção dos mecanismos de controle social e punição, que
concentrado no Estado, Foucault analisou esses micropo- se tornaram cada vez menos visíveis e mais racionaliza-
deres que se espalham pelas mais diversas instituições dos. Ele caracteriza a sociedade contemporânea como
da vida social. Isto é, os poderes exercidos por uma rede uma sociedade disciplinar, na qual prevalece a produ-
imensa de pessoas que interiorizam e cumprem as nor- ção de práticas disciplinares de vigilância e controles
mas estabelecidas pela disciplina social - pais, portei- constantes, que se estendem a todos os âmbitos da vida
ros, enfermeiros, professores, secretárias, guardas, fis- dos indivíduos.
cais etc.
Uma das formas mais eficientes dessa vigilância
Adotando essa perspectiva de análise, conhecida e disciplina se dá, no seu entender, através dos dis-
como microfísica do poder, Foucault afirma que "o po- cursos e práticas científicas, aparentemente neutras e
der está em toda parte, não porque englobe tudo" e sim racionais, que procuram normatizar o comportamento


"porque provém de todos os lugares". dos indivíduos .
Um exemplo disso seria o tratamento científico Jacques Derrida (1930-2004) criticou o desenvolvi-
dado à sexualidade, no qual o comportamento sexual é mento da razão no Ocidente, a partir do próprio conceito
normatizado por meio do convencimento racional dos de razão. Para Derrida toda a filosofia ocidental partilha
indivíduos sobre os cuidados necessários à sua vida nes- a ideia de um centro, de algo que unifica e estrutura a
se âmbito. Desse modo, assumindo a face do saber, o sua construção teórica. Deus, homem, verdade são
poder, segundo Foucault, atinge os indivíduos em seu exemplos de noções que organizam o entendimento do
corpo, em seu comportamento e em seus sentimen- mundo. A isso Derrida denominou logocentrismo.
tos.
Ele também chama a atenção para o fato de que a
Assim, como o poder se encontra em múltiplos es- cada um desses centros corresponde uma antítese, o
paços, a resistência a esse estado de coisas não caberia, seu oposto: Deus-diabo; homem-mulher; verdade-men-
segundo o filósofo, a um partido ou uma classe revolu- tira. Essa lógica das oposições - que, segundo ele, teve
cionária, pois estes se dirigiriam a um único foco de po- origem na Grécia, na oposição entre logos (razão) e
der. Seria necessária, portanto, a ação de múltiplos pon- mito - foi preservada pela filosofia ocidental.
tos de resistência.
Derrida propõe então desconstruir o conceito de
logos e negar sua supremacia em relação ao seu par ló-
Derrida gico, sem o qual o logos não teria sentido. Em sua inter-
pretação, o pensamento filosófico ocidental teria atribuído
um valor absoluto a um dos elementos que compõem
essa dualidade, criando assim "verdades" indiscutíveis.
Derrida não só nega essas "verdades", mas também
identifica nelas a condição de construções culturais.
Seria necessária, então, a desconstrução desses
centros da filosofia ocidental, especialmente a noção de
razão e de sujeito, segundo Derrida. E isso se faria a
partir da análise da linguagem, que ele entende ser a
estrutura essencial da cultura.
A desconstrução seria, portanto, uma análise que
pretende mostrar:
• como se dá a construção de certas noções - por
exemplo, o conceito de razão e os valores a ele as-
sociados;
• como depois essas noções passam a ter função pre-
dominante na cultura ocidental;
• e, por último, como elas podem ser usadas como
Jacques Derrida. forma de dominação.
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Saraiva S.A. - Livreiros Editores, São Paulo, 2014
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