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Editora
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A felicidade 4
A dúvida 9
o diálogo 13
A consciência 18
O argumento 25
O mundo 27
O ser humano 31
A linguagem 36
O trabalho 40
O conhecimento 44
Pensamento pré-socrático 48
Pensamento clássico e helenístico 52
Pensamento cristão 57
Nova ciência e racionalismo 61
Empirismo e Iluminismo 65
Pensamento do século XIX 70
Pensamento do século XX 74
A ética 79
A política 85
A ciência 90
A estética 94
GRANDES FILÓSOFOS
Filosofia antiga 98
Tales - e. 623-546 a.e. 98
Anaximandro - e. 610-547 a.e. 99
Anaxímenes - e. 588-524 a.e. 99
Pitágoras - e. 570-490 a.e. 99
Heráclito - e. 535-475 a.e. 100
Parmênides - e. 510-470 a.e. 100
Zenão de Eleia - e. 488-430 a.e. 101
Empédocles - e. 490-430 a.e. 102
Demócrito - e. 460-370 a.e. 102
Protágoras - e. 480-410 a.e. 103
Górgias - e. 487-380 a.e. 103
Sócrates - 469-399 a.e. 103
Platão - 427-347 a.e. 104
Aristóteles - 384-322 a.e. 106
Epicuro - 324-271 a.e. 108
Zenão de Cício - 336-263 a.e. 108
Pirro - 365-275 a.e. 108
Diógenes - e. 413-327 a.e. 108
Filosofia medieval 11 O
Santo Agostinho - 354-430 11 O
Santo Tomás de Aquino -1226-1274 112
Filosofia moderna 114
Montaigne -1523-1592 114
Maquiavel -1469-1527 115
Bodin -1530-1596 115
Francis Bacon -1561-1626 116
Galileu Galilei -1564-1642 117
Descartes -1596-1650 117
Espinosa -1632-1677 119
Pascal -1623-1662 119
Hobbes -1588-1679 120
Locke -1632-1704 121
Hume -1711-1776 122
Montesquieu -1689-1755 123
Voltaire -1694-1778 123
Diderot - 1713-1784 e D' Alembert - 1717-1783 123
Rousseau - 1712-1778 124
Adam Smith - 1723-1790 125
Kant -1724-1804 125
Filosofia contemporânea 128
Hegel -1770-1831 128
Feuerbach - 1804-1872 130
Schopenhauer -1788-1860 130
Kierkegaard - 1813-1855 131
Comte -1798-1857 131
Marx -1818-1883 132
Lukács -1885-1971 135
Nietzsche -1844-1900 135
Husserl - 1859-1938 136
Heidegger - 1889-1976 137
Sartre - 1905-1980 138
Russell - 1872-1970 139
Wittgenstein - 1889-1951 140
Adorno -1903-1969 e Horkheimer-1895-1973 140
Benjamim -1892-1940 141
Habermas -1929- 141
Foucault- 1926-1984 142
Derrida - 1930-2004 143
Atividades
1 (UFSJ) Etimologicamente, a palavra "Filosofia" é definida como "amor à
sabedoria". Historicamente, a sua criação é atribuída a:
a) Anaximandro, séc. VII a.e.
b) Tales de Mileto, séc. VII a.e.
c) Anaxímenes, séc. VI a.e.
x d) Pitágoras, séc. VI a.e.
3 (Unesp)
+ + A felicidade, para você, pode ser uma vida casta; para outro, pode
ser um casamento monogâmico; para outro ainda, pode ser uma orgia
promíscua. Há os que querem simplicidade e os que preferem o luxo.
Em matéria de felicidade, os governos podem oferecer as melhores
condições possíveis para que cada indivíduo persiga seu projeto. Mas
o melhor governo é o que não prefere nenhuma das diferentes feli-
cidades que seus sujeitos procuram. Não é coisa simples. Nosso go-
verno oferece uma isenção fiscal às igrejas, as quais, certamente, são
cruciais na procura da felicidade de muitos. Mas as escolas de dança
de salão ou os clubes sadomasoquistas também são significativos na
busca da felicidade de vários cidadãos. Será que um governo deve
favorecer a ideia de felicidade compartilhada pela maioria? Considere:
os governos totalitários (laicos ou religiosos) sempre "sabem" qual é
a felicidade "certa" para seus sujeitos. Juram que querem o bem dos
cidadãos e garantem a felicidade como um direito social - claro, é a
mesma felicidade para todos. É isso que você quer?
•
CALLIGARIS, Contardo. Folha de S.Paulo, 1Ojun. 201 O. Adaptado .
Sobre esse texto, é correto afirmar que:
X a) Ao discorrer sobre a felicidade, o autor elege como foco a autonomia
r + + <
do indivíduo.
b) A felicidade é assunto público e por isso pode e deve ser orientada
por critérios objetivos definidos pelo Estado.
c) O critério moral e religioso é o mais adequado para reger o compor-
tamento dos indivíduos.
d) O bem-estar e a felicidade pessoal não devem ser assuntos restritos
ao livre-arbítrio individual. r + + <
4 (UEG) A reflexão ética como tal teve início na Grécia antiga, quando os
pensadores procuravam o fundamento moral de acordo com uma com-
preensão da realidade puramente racional. Aristóteles se destacou neste
contexto e exerceu forte influência no pensamento ocidental. Segundo
sua teoria, conhecida como eudemonismo, todas as atividades humanas
aspiram a um fim que recebe o nome de:
a) benevolência. c) virtude.
x b) felicidade. d) paixão.
5 (Unioeste-PR)
Só se pode entender o que é a filosofia, a que ponto ela não é
uma coisa abstrata - da mesma forma que um quadro ou uma obra
musical não são absolutamente abstratos-, só através da história da
filosofia, com a condição de concebê-la corretamente. [.. .] Há uma
coisa que me parece certa: um filósofo não é uma pessoa que con- + <
templa e também não é alguém que reflete. Um filósofo é alguém + <
que cria. Só que ele cria um tipo de coisa muito especial, ele cria
conceitos. Os conceitos não nascem prontos, não andam pelo céu,
não são estrelas, não são contemplados. É preciso criá-los, fabricá-los
em função dos problemas que são constituídos, problemas que o
pensamento enfrenta e que têm um sentido. [Em suma,] fazer filosofia
é constituir problemas que têm um sentido e criar os conceitos que
nos fazem avançar na compreensão e na solução dos problemas.
r + + <
Gilles Deleuze.
c®nette.
6 (UFSJ)
+ + Há uma maneira diferente de ser feliz, quando cada um possui
a felicidade em concreto. Há quem seja feliz simplesmente em espe-
rança. Estes possuem a felicidade de um modo inferior ao daqueles
que já são realmente felizes. Mas, ainda assim, estão muito melhor
que aqueles que não têm nem a felicidade, nem a sua esperança.
Mesmo estes devem experimentá-la de qualquer modo, porque, no
caso contrário, não desejariam ser felizes. Ora, é absolutamente certo
+ + que eles o querem ser.
AGOSTINHO de Hipona. Confissões. ln: Os Pensadores. Tradução de J. Oliveira Santos, 5. J. e A. Ambrósio
de Pina, 5. J. São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 279, 285.
+ +
8 (UFF)
Filosofia
O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
•
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
+ <
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia. +- + + <
Noel Rosa
+- + + <
+- + + <
+- + + <
+- + + <
+- + + <
c®nette.
9 (UEL)
+ + Ora, nós chamamos aquilo que deve ser buscado por si mesmo
mais absoluto do que aquilo que merece ser buscado com vistas em
outra coisa, e aquilo que nunca é desejável no interesse de outra
coisa mais absoluto do que as coisas desejáveis tanto em si mesmas
como no interesse de uma terceira; por isso chamamos de absoluto
e incondicional aquilo que é sempre desejável em si mesmo e nunca
no interesse de outra coisa.
+ + ARISTÓTELES. ttica a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim.
São Paulo: Nova Cultural, 1987. 1097b, p. 15.
TI1 Soma = 07 (07 + 02 + 04) 10 (UEM) O valor e a utilidade da filosofia têm sido, não raras vezes, postos
sob suspeita. Uma visão acerca do filósofo é que ele divaga e perde-se em
reflexões sobre questões abstratas que nada têm a ver com o cotidiano
das pessoas. Em relação à natureza e à finalidade da filosofia, assinale o
+ + +- -1
que for correto.
+ + +- -1
01) A filosofia é, em termos gerais, um esforço intelectual para se inter-
pretar o mundo e os eventos que nele se passam, compreender o
próprio homem e iluminar o agir que do homem se espera.
02) O termo filosofia foi utilizado durante vários séculos como nome ge-
ral para diferentes ramos do saber, como matemática, geometria,
astronomia; isso muda a partir do século XVII com a revolução meto-
dológica iniciada por Galileu e com o estabelecimento das ciências
+ + +- -1
particulares pela delimitação de campos específicos de pesquisa.
04) Refletir sobre os valores, sobre os conceitos como liberdade e virtude
+ + +- -1
faz parte da atividade do filósofo. Nessa medida, a filosofia apresenta-se
como uma sabedoria prática que auxilia na orientação da vida moral
e política, proporcionando o bem viver.
08) Éconsenso entre os cientistas que, porque na investigação filosófica o
filósofo não verifica suas hipóteses, baseando-se na observação empí-
rica, a filosofia não contribui para o progresso do conhecimento.
16) A história da filosofia constitui-se de teorias que se contradizem. Os
filósofos discordam de tudo e uns dos outros, de modo que o pensa-
mento crítico próprio da filosofia consiste em pôr em dúvida toda
afirmação, jamais chegando a conclusões.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas .
•
Atividades
1 (UEG) Ao método concerne a primeira inovação cartesiana. Com espírito
matemático, afeito à exatidão das demonstrações geométricas, Descar-
tes aspira reconstruir a filosofia, aplicando-lhe o método dedutivo. Com
este objetivo, ele começa por:
a) deduzir logicamente tudo.
b) intuir aprioristicamente tudo.
x c) duvidar metodicamente de tudo.
d) experimentar empiricamente tudo.
2 (UFSJ)
Há uma inteligente tendência em nossos dias, no sentido de se
eliminar a ideia de que necessariamente tem-se que falar ou escre-
ver complexamente quando se pretende comunicar ciência. Depois
que Descartes afirmou que o que é pensado com clareza é dito com
simplicidade, muitos ainda continuaram a urdir uma linguagem de
iniciados, zelosos de sua "intocável" posição de especialistas. Outros,
no entanto, têm buscado encontrar maior exatidão exatamente na
linguagem simples.
Ora, muitas vezes, toda a equipe que colabora em uma pesquisa +- + +- +
precisa compreender bem o conteúdo da hipótese de trabalho. Não
necessariamente todos os membros de uma equipe de pesquisa são
+ +
cientistas. Dentre eles podem estar técnicos de áreas diversificadas. +- +-
4 (UEL) Tendo por base o método cartesiano da dúvida, é correto afirmar que:
x a) Este método visa a remover os preconceitos e opiniões preconcebidas
+ + ~ , e encontrar uma verdade indubitável.
+ + ~ , b) Ao engendrar a dúvida hiperbólica, o objetivo de Descartes era provar
que suas antigas opiniões, submetidas ao escrutínio da dúvida, eram
verdadeiras.
c) A dúvida hiperbólica é engendrada por Descartes para mostrar que
não podemos rejeitar como falso o que é apenas dubitável.
d) Só podemos dar assentimento às opiniões respaldadas pela tradição.
+ + e) A dúvida metódica surge, no espírito humano, involuntariamente.
& (UFPA) Segundo Descartes, para se alcançar a verdade das coisas, isto é,
o conhecimento certo e evidente, é necessário um método. É correto
afirmar que esse método, proposto pelo autor,
a) valoriza a dúvida e estabelece, por meio de suas regras, que se deve
tomar como ponto de partida as sensações e coisas particulares para,
•
posteriormente, se ascender aos axiomas mais gerais .
Muito se discute a respéito das condições de infraestrutura do Bras il para grandes eventos
esportivos, como a Copa do Mundo, em 201 4, e a Olimpíada de 2016. Um dos '1 garg-alos" está no
tran~po-rt~ de Gê'.Jrgas e passageiros_
ESTRADAS
AEl~*PAVIMWI'~~ - EOSffillAGOSQUEEiJ.PROVDO
Oua~1lmi, de NH1111u, W•l1Jd01 ma ~/m ~,. 1_umplkm , BIUC Dmb~ldatlNllld\11 dGUm0rt11trd~;,itd1tt P"B<l'ldec~n•l11hh 11!111 quU/11111!\illll
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Ao abrirmos um jornal ou revista de grande circulação, é .comum encontrarmos notkia.s que empre-
gam lingu-agem matemática expressa em equações, índices, fórmulas, tabelas e grêHicos. A5 situações
apresentadas a seguir exigem a compreensão de diferentes tipos de gráficos e seu diálogo com tabe las,
diagramas e textos, m0strando como nossa compreensão do mundo é bastante facilitada pela habilidade
de sê tr,abalhar com tais recursos.
b) consiste no modo seguro e certo de se "aplicar a razão à experiência",
isto é, de se aplicar o pensamento verdadeiro aos dados oferecidos
pelo conhecimento sensível. + <
Atribua para as alternativas abaixo (V) verdadeira, (F) falsa ou (50) sem
opção.
( v ) Este é um exemplo clássico de silogismo categórico, composto por
duas premissas e uma conclusão.
( F ) No silogismo, a primeira proposição é chamada de premissa menor.
8 (UEG)
+- + + <
•
Atividades
Com base no texto a seguir, responda às questões 1 e 2.
Fedro
SÓCRATES: - Vamos então refletir sobre o que há pouco está-
vamos discutindo; examinaremos o que seja recitar ou escrever bem
um discurso, e o que seja recitar ou escrever mal.
FEDRO: - Isso mesmo.
SÓCRATES: - Pois bem: não é necessário que o orador esteja
bem instruído e realmente informado sobre a verdade do assunto de
que vai tratar?
FEDRO: -A esse respeito, Sócrates, ouvi o seguinte: para quem
quer tornar-se orador consumado não é indispensável conhecer o
que de fato é justo, mas sim o que parece justo para a maioria dos
ouvintes, que são os que decidem; nem precisa saber tampouco
o que é bom ou belo, mas apenas o que parece tal - pois é pela
aparência que se consegue persuadir, e não pela verdade.
SÓCRATES: - Não se deve desdenhar, caro Fedro, da palavra
hábil, mas antes refletir no que ela significa. O que acabas de dizer
merece toda a nossa atenção.
FEDRO: - Tens razão. .. + .. +
+ +
2 (Unesp) Após uma leitura atenta do fragmento do diálogo Fedro, pode-se
perceber que Sócrates combate, fundamentalmente, o argumento dos
mestres sofistas, segundo o qual, para fazer bons discursos, é preciso:
a) evitar a arte retórica.
b) conhecer bem o assunto.
c) discernir a verdade do assunto.
x d) ser capaz de criar aparência de verdade.
e) unir a arte retórica à expressão da verdade.
•
o conhecimento a partir do senso comum .
b) Maiêutica, metodologia segundo a qual a ideia é gerada ou acordada.
x c) Ironia, método dialético segundo o qual é demonstrada a necessidade
+ <
de conhecer profundamente as ideias.
d) Criticismo, metodologia de conhecimento que parte da crítica da razão.
(UEL)
6
Os poemas de Homero serviram de alimento espiritual aos gre-
gos, contribuindo de forma essencial para aquilo que mais tarde se
desenvolveria como filosofia. Em seus poemas, a harmonia, a pro-
porção, o limite e a medida, assim como a presença de questiona-
mentos acerca das causas, dos princípios e do por que das coisas se
faziam presentes, revelando depois uma constante na elaboração dos
princípios metafísicos da filosofia grega.
Adaptado de: REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. v. 1. Trad. Henrique C. Lima Vaz e
Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994. p. 19.
csnecte.
Com base no texto e nos conhecimentos acerca das características que
marcaram o nascimento da filosofia na Grécia, considere as afirmativas
+ + r < a seguir.
1. A política, enquanto forma de disputa oratória, contribuiu para formar
um grupo de iguais, os cidadãos, que buscavam a verdade pela força
da argumentação.
li. O palácio real, que centralizava os poderes militar e religioso, foi
substituído pela Ágora, espaço público onde os problemas da pólis
+ + r <
eram debatidos.
Ili. A palavra, utilizada na prática religiosa e nos ditos do rei, perdeu a
função ritualista de fórmula justa, passando a ser veículo do debate e
+ + r <
da discussão.
IV. A expressão filosófica é tributária do caráter pragmático dos gregos,
que substituíram a contemplação desinteressada dos mitos pela téc-
nica utilitária do pensar racional.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) 1e Ili. X d) 1, li e Ili.
b) li e IV. e) 1, li e IV.
c) Ili e IV.
+ + r <
8 (UFU) A passagem abaixo, do diálogo platônico Protágoras, refere-se ao
procedimento adotado por Sócrates.
+ + r <
[.. .] Meu objetivo é examinar a proposição, muito embora possa
acontecer que tanto eu, que pergunto, como tu, que respondes, aca-
bemos por ser examinados.
PLATÃO. Protógoras (333c). Trad. de Carlos Alberto Nunes. Belém: Edufpa, 2002. p. 82.
•
negócios da cidade .
g (UEM) A formação da pólis, na Grécia Antiga, caracterizou-se por uma
estrutura sociopolítica em que havia uma divisão substancial entre a es-
fera privada e a esfera pública. Com base na afirmação acima, assinale o
que for correto.
01) A divisão entre a esfera privada e a pública não impediu que todos
l l::l l
f
9. Soma = 20
[
(04 10)---1
+ <
pública.
04) Na esfera pública, é garantida a igualdade de direitos perante a lei, +- + + <
isto é, o princípio de isonomia, como também é reconhecida a igual-
dade de direito ao uso público e político da palavra, ou seja, o prin-
cípio de isegoria.
08) Aristóteles, na sua obra Político, defende uma democracia em que a
participação na esfera pública é concedida a todos os habitantes da
pólis.
16) Habituados ao discurso, os cidadãos gregos encontram na Ágora o
espaço social para o debate e o exercício da persuasão, dando-lhes a
possibilidade de decidir os destinos da pólis.
Dê como resposta a soma dos itens corretos.
10 (Unesp)
O que é terrível na escrita é sua semelhança com a pintura.
As produções da pintura apresentam-se como seres vivos, mas se
lhes perguntarmos algo, mantêm o mais solene silêncio. O mesmo
ocorre com os escritos: poderíamos imaginar que falam como se +- + + <
csnecte.
Atividades
1 (UEG)
~--- - - -- - - - -------, º ~
ro
.,;
+ +
+ +
D
l
+ +
+ +
•
momento .
c) sugere que há um crescimento quantitativo dos telespectadores com
o passar do tempo.
r + + <
X d) mostra que o discurso sobre "povo brasileiro" é ideológico, falso, abole
as divisões e desigualdades sociais.
2 (Unesp)
A inclinação para o ocultismo é um sintoma da regressão da cons-
ciência. A tendência velada da sociedade para o desastre faz de tolas
suas vítimas com falsas revelações e fenômenos alucinatórios. O ocul- r + + <
tismo é a metafísica dos parvos. Procurando no além o que perderam,
as pessoas dão de encontro apenas com sua própria nulidade.
r + + <
Theodor Adorno, filósofo alemão, 1947. Adaptado.
3 (UEL)
Sabe-se que para Hegel a História Universal não recobre o curso
empírico da humanidade. A História propriamente dita nasce apenas
r + + <
com o Estado, quando a vida social ganha uma forma sob o efeito desta
instância que confere a seus elementos expressão pública e consciência.
Somente então é assegurada a permanência do sentido. r + + <
5 (UEG)
Classe média
Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Só pago impostos,
Estou sempre no limite
do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo
um pacote CVC tri-anual
+ +
O para-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
•
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em Moema
O assassinato é no "Jardins"
+ <
A filha do executivo é estuprada até o fim
Aí a mídia manifesta
a sua opinião regressa
De implantar pena de morte,
ou reduzir a idade penal +- + + <
6 (Unesp)
Texto 1
Agora que as paixões acalmaram, volto à proibição do fumo em
ambientes fechados, aprovada pela Assembleia Legislativa de São
Paulo. Incrível como esse tema ainda gera discussões acaloradas.
Como é possível considerar a proibição de fumar nos lugares em
que outras pessoas respiram uma afronta à liberdade individual? As
evidências científicas de que o fumante passivo também fuma são
tantas e tão contundentes que os defensores do direito de encher de
fumaça restaurantes e demais espaços públicos só podem fazê-lo por
duas razões: ignorância ou interesse financeiro. Sinceramente, não
+ + r < consigo imaginar terceira alternativa.
Drauzio Varei la. O fumo em lugares fechados. Folha de S.Paulo, 25 abr. 2009.
Texto 2
Típico do espírito fascista é seu amor puritano pela "humanidade
correta" ao mesmo tempo em que detesta a diversidade promíscua
dos seres humanos. Por isso sua vocação para ideia de "higiene cien-
+ + r < tífica e política da vida": supressão de hábitos "irracionais", criação de
comportamentos "que agregam valor político, científico e social". O
+ + r < imperativo "seja saudável" pode adoecer uma pessoa. Na democracia
o fascismo pode ser invisível como um vírus. Quer um exemplo da
contaminação? Votemos uma lei: mesmo em casa não se pode fumar.
Afinal, como ficam os pulmões dos vizinhos? Que tal uma campanha
nas escolas para as crianças denunciarem seus pais fumantes?
Luis Felipe Pondé. O vírus fascista. Folha de S.Paulo, 22 set. 2008.
+ + r <
~
"[
~
+ + r <
A ERA DA INFORMAÇÃO
•
Pensador, de Auguste Rodin .
a) O cidadão comum, muitas vezes, torna-se incapaz de absorver e inter-
pretar a gama de informações com a qual é bombardeado diariamente.
r + + <
b) O computador deve ser visto como um instrumento agilizador do pro-
cesso de recepção de informações, e não como um fim em si mesmo.
X C) O desenvolvimento dos meios de comunicação e da informática é
condição necessária e suficiente para a formação da consciência críti-
ca da população.
d) Oacesso a um crescente fluxo de informações e imagens, paradoxal-
mente, pode contribuir para a alienação de um número significativo r + + <
de indivíduos.
e) Oafã de informar-se a qualquer custo leva algumas pessoas a reduzi- r + + <
rem sua capacidade reflexiva, não sabendo qual destino dar às infor-
mações recebidas.
8 (UEL)
Para concluir, acho que só há um caminho para a ciência - ou
para a filosofia: encontrar um problema, ver a sua beleza e apaixo-
narmo-nos por ele; casarmo-nos com ele, até que a morte nos separe
- a não ser que encontremos outro problema ainda mais fascinante,
ou a não ser que obtenhamos uma solução. Mas ainda que encon-
tremos uma solução, poderemos descobrir, para nossa satisfação, a
existência de toda uma familia de encantadores, se bem que talvez
difíceis, problemas-filhos, para cujo bem-estar poderemos trabalhar,
com uma finalidade em vista, até ao fim dos nossos dias.
POPPER, Karl. O Realismo e o objetivo da ciência. Trad. de Nuno Ferreira da Fonseca.
Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1997. p. 42.
9 (UEG)
~
]
u
CECCON, Claudius et ai. A vida na escola e a escola da vida. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1983. p. 74-75.
A abordagem funcionalista em Sociologia considera que a sociedade é
como um organismo e por isso é composta de órgãos (instituições sociais)
+ + que têm a função de reproduzir o todo, ou seja, a sociedade em sua tota-
lidade. A escola é uma dessas instituições sociais. A partir da abordagem
funcionalista, de que modo a charge acima expressa a função da escola?
a) Desenvolve a imaginação da criança.
x b) Prepara o aluno para reproduzir as relações sociais.
c) Prepara o aluno para refletir e ter autoconsciência de sua posição.
+ + d) Prepara o aluno para saber que na sociedade alguns mandam e outros
obedecem.
+ +
+ +
+ +
•
- _J 1
+- + + <
-
Atividades +- + + <
1 (Enem, 2013)
A raposa e as uvas
(Casa de Xantós, em Samos. Entradas à D., E. e F. Um gongo.
Uma mesa. Cadeiras. Um "clismos*". Pelo pórtico, ao fundo, vê-se
o jardim. Estão em cena Cleia, esposa de Xantós, e Melita, escrava.
Melita penteia os cabelos de Cleia.)
MELITA: - (Penteando os cabelos de Cleia.) Então Rodópis con-
tou que Crisipo reuniu os discípulos na praça, apontou para o teu
marido e exclamou: "Tens o que não perdeste". Xantós respondeu:
"É certo". Crisipo continuou: "Não perdeste chifres". Xantós concor-
dou: "Sim". Crisipo finalizou: "Tens o que não perdeste; não perdeste
chifres, logo os tens". (Cleia ri.) Todos riram a valer.
CLEIA: - É engenhoso. É o que eles chamam sofisma. Meu mari-
do vai à praça para ser insultado pelos outros filósofos?
MELITA: - Não; Xantós é extraordinariamente inteligente ... No
meio do riso geral, disse a Crisipo: "Crisipo, tua mulher te engana, e +- + + <
no entanto não tens chifres: o que perdeste foi a vergonha!" E aí os
+- + + <
discípulos de Crisipo e os de Xantós atiraram-se uns contra os outros ...
CLEIA: - Brigaram? (Assentimento de Melita) Como é que Rodó-
pis soube disto?
MELITA: - Ela estava na praça.
CLEIA: - Vocês, escravas, sabem mais do que se passa em Samos
do que nós, mulheres livres ...
MELITA: -As mulheres livres ficam em casa. De certo modo são
mais escravas do que nós. +- + + <
CLEIA: - É verdade. Gostarias de ser livre?
MELITA: - Não, Cleia. Tenho conforto aqui, e todos me conside-
+- + + <
ram. É bom ser escrava de um homem ilustre como teu marido. Eu
poderia ter sido comprada por algum mercador, ou algum soldado, e
no entanto tive a sorte de vir a pertencer a Xantós.
CLEIA: - Achas isto um consolo?
MELITA: - Uma honra. Um filósofo, Cleia!
CLEIA: - Eu preferia que ele fosse menos filósofo e mais marido.
Para mim os filósofos são pessoas que se encarregam de aumentar o
número de substantivos abstratos.
MELITA: - Xantós inventa muitos?
CLEIA: - Nem ao menos isto. E aí é que está o trágico: é um filó-
sofo que não aumenta o vocabulário das controvérsias. Já terminaste?
MELITA: - Quase. É bom pentear teus cabelos: meus dedos ad-
quirem o som e a luz que eles têm. Xantós beija os teus cabelos?
(Muxoxo de Cleia.) Eu admiro teu marido.
CLEIA: - Por que não dizes logo que o amas? Gostarias bastante
se ele me repudiasse, te tornasse livre e se casasse contigo ...
MELITA: - Não digas isto ... Além do mais, Xantós te ama ...
(*) Espécie de cama para recostar-se.
CLEIA: - À sua maneira. Faço parte dos bens dele, como tu, as
outras escravas, esta casa ...
+ + MELITA: - Sempre que viaja te traz presentes.
CLEIA: - Não é o amor que leva os homens a dar presentes às
esposas: é a vaidade; ou o remorso.
MELITA: - Xantós é um homem ilustre.
CLEIA: - É o filósofo da prosperidade: "Os homens são desiguais:
a cada um toca uma dádiva ou um castigo". É isto democracia gre-
ga ... É o direito que o povo tem de escolher o seu tirano: é o direito
que o tirano tem de determinar: deixo-te pobre; faço-te rico; deixo-te
+ +
livre; faço-te escravo. É o direito que todos têm de ouvir Xantós dizer
que a injustiça é justa, que o sofrimento é alegria, e que este mundo
+ + foi organizado de modo a que ele possa beber um bom vinho, ter
uma bela casa, amar uma bela mulher. Já terminaste?
MEIITA: - Um pouco mais, e ainda estarás mais bela parn teu filósofo.
CLEIA: - O meu filósofo... Os filósofos são sempre criaturas
cheias demais de palavras ...
(Guilherme Figueiredo. Um deus dormiu lá em casa, 1964.)
2 (UEL)
+ +
No livro Através do espelho e o que Alice encontrou por lá, a Rainha
+ + Vermelha diz uma frase enigmática:
Pois aqui, como vê, você tem de correr o mais que pode para
continuar no mesmo lugar.
CARROL, L. Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. p. 186.
•
pressuposto da aceleração do movimento entre os corredores .
CD W11IDCÜCD
Atividades
1 (UEA)
É no princípio do século VI a.C., na Grécia, que homens como
Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes inauguram um novo
modo de reflexão concernente à natureza, tomada como objeto de
investigação sistemática e desinteressada.
VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Adaptado.
2 (Unesp) +- + +- +
Texto 1 +- + +- +
+ +
Ninguém sabe quando será seu último passeio, mas agora é pos-
sível se despedir em grande estilo. Uma 300C Touring, a versão perua
do sedã de luxo da Chrysler, foi transformada no primeiro carro fu-
nerário customizado da América Latina. A mudança levou sete meses,
custou R$ 160 mil e deixou o carro com oito metros de comprimento
e 2 340 kg, três metros e 540 kg além da original. O Funeral Car
300C tem luzes piscantes na já imponente dianteira e enormes ro-
+ +
das, de aro 22, com direito a pequenos caixões estilizados nos raios.
Bandeiras nas pontas do capô, como nos carros de diplomatas, dão
um toque refinado. Com o chassi mais longo, o banco traseiro foi
+ +
mantido para familiares acompanharem o cortejo dentro do carro.
No encosto dos dianteiros, telas exibem mensagens de conforto. O
carro faz parte de um pacote de cerimonial fúnebre que inclui, além
do cortejo no Funeral Car 300C, serviços como violinistas e revoada
de pombas brancas no enterro.
Funeral tunado. Folha de S.Paulo, 28 fev. 2010.
e + + ~ <
d) o texto de Platão evidencia uma cultura monoteísta, enquanto que o
segundo é politeísta.
e + + ~ <
X e) enquanto no primeiro texto transparece a dignidade metafísica da
morte, no segundo sugere-se a conversão do funeral em espetáculo
da sociedade de consumo.
3. Soma= 1:slõ'i + 02 + 04 + 08) Com base na afirmação acima, assinale o que for correto.
01) David Hume, na obra Investigação sobre o entendimento humano,
afirma que os tratados de metafísica deveriam ser lançados ao fogo,
pois são compêndios de sofismas e ilusões.
02) O nome "metafísica" (meto: "depois", "após"+ tà physico: "aqueles
da física") surge por acaso. Andrônico de Rodes organizou as obras
de Aristóteles sobre o tema, colocando-as depois dos tratados de
Física ou da natureza.
04) Para Aristóteles, os livros de metafísica eram denominados de escri-
tos de Filosofia primeira.
08) No séc. XVII, Jacobus Thomasius considerou que a palavra correta
para designar os estudos de metafísica deveria ser "ontologia".
16) Contemporaneamente, o estudo das essências e das causas primei-
ras de todas as coisas é chamado de holismo hiperbólico dos entes.
•
Dê como resposta a soma das alternativas corretas .
4 (UEMA) A Filosofia nasceu na Jônia no final do século VII a.e. O conteúdo
que norteia a preocupação dos filósofos jônicos é de natureza:
+ <
a) Mitológica.
b) Antropológica.
c) Religiosa.
x d) Cosmológica.
e) Política.
+- + + <
5 (UEL)
E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme +- + + <
c®nette.
a) origem dos homens e das plantas.
x b) origem do cosmo e dos deuses.
+ +
c) origem dos deuses e dos homens.
d) origem do cosmo e das plantas.
10. spma =-22 (02 + 04 + 16) 10 (UEM) A dialética idealista de G. W. F. Hegel criticou o inatismo, o empi-
rismo e o criticismo kantiano. Hegel opõe-se à concepção de uma razão
intemporal; na filosofia hegeliana, a racionalidade não é mais um mode-
lo a ser aplicado, mas é o próprio tecido do real e do pensamento. Contra
+ +
a concepção intemporal da razão, Hegel afirma que a razão é história, e
isso é o que há nela de mais essencial. Assinale o que for correto.
+ + 01) Sendo a razão história, ela se torna, para Hegel, relativa, isto é, o que
vale hoje não vale mais amanhã, nenhuma época pode, portanto,
alcançar verdades universais.
02) O movimento dialético da razão se realiza, para Hegel, em três mo-
mentos, na apresentação de uma tese, enquanto afirmação, na
constituição de uma antítese, como negação da tese, e na formação
de uma síntese, como superação da antítese.
04) Para Hegel, a história não é a simples acumulação e justaposição de
fatos e de acontecimentos no tempo, mas resulta de um processo
cujo motor interno é a contradição dialética.
08) A concepção de história de Hegel e a concepção de história formula-
da por Marx no materialismo histórico são idênticas.
16) Hegel critica Jean-Jacques Rousseau e lmmanuel Kant por terem
dado mais atenção à relação entre sujeito humano e natureza do que
à relação entre sujeito humano e cultura ou história.
•
Dê como resposta a soma das alternativas corretas .
Atividades
1 (Unesp)
O cônsul do Haiti em São Paulo, George Samuel Antoine, afir-
mou que a tragédia em seu país "está sendo boa" para que os hai-
tianos fiquem mais conhecidos no Brasil. O diplomata não sabia que
estava sendo filmado. As imagens apareceram em reportagem do
telejornal SBT Brasil, na noite de quinta feira (14). "A desgraça de lá
está sendo uma boa pra gente aqui, fica conhecido", disse o cônsul.
Antoine atribuiu o desastre em seu país a maldições: "Acho que, de
tanto mexer com macumba, não sei o que é aquilo ... O africano em
si tem maldição". Depois de criticar as religiões africanas, Antoine
aparece, durante a entrevista, segurando um terço. "Esse terço nós
usamos porque dá energia positiva, acalma as pessoas. Como estou
muito tenso, deprimido com o negócio do Haiti, a gente fica mexen-
do com vários para se acalmar", afirmou o cônsul. Na mesa, há outro
terço além do que ele está segurando.
Revista tpoca, 15 jan. 201 O. Adaptado.
mundo racionalista.
d) Para o cônsul, a explicação dos motivos que provocaram o terremoto
no Haiti relaciona-se exclusivamente com causas físicas, excluindo
possíveis intervenções de entidades religiosas.
x e) As declarações do cônsul haitiano revelam uma concepção mística
sobre a realidade.
2 (UEG)
Certa vez, o governo do estado da Virgínia, nos Estados Unidos,
sugeriu a uma tribo de índios que enviasse alguns de seus jovens
para estudar nas escolas dos brancos. Na carta-resposta, o cacique
indígena Seattle recusa. Eis um trecho da carta: "[. ..] Nós estamos con-
vencidos, portanto, de que os senhores desejam o nosso bem e agra-
decemos de todo coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem
que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo
assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia
de educação não é a mesma que a nossa. [. ..] Ficamos extremamen-
+ + te agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la,
para mostrar a nossa gratidão concordamos que os nobres senhores
de Virgínia nos enviem alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos
tudo o que sabemos e faremos deles homens".
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação? 33. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995. p. 8-9.
•
senvolvimento e a intensificação das contradições sociais .
5 (Unesp)
Nas Grandes Antilhas, alguns anos após a Descoberta da Améri- 5. Segundo o texto de Lévi-Strauss, os
ca, enquanto os espanhóis enviavam comissões de investigação para critérios que definem o grau de progresso
de determinada civilizacão ou cultura
indagar se os indígenas possuíam ou não alma, estes últimos dedica- são relativod, pois corréspondem a uma
vam-se a afogar os brancos feitos prisioneiros para verificarem através vi.30 unilateral. .f. "barbárie" consiste
de uma investigação prolongada se o cadáver daqueles estava ou não exatamente em não se aceitar uma
sujeito à putrefação. Esta anedota simultaneamente barroca e trágica cultura diferente, justamente por conta
dessa visão unilateral. Assim ocorreu
ilustra bem o paradoxo do relativismo cultural: é na própria medida com os europeus em1 relação à América
em que pretendemos estabelecer uma discriminação entre as cultu- e a outras parte do mundo: acreditando
ras e os costumes, que nos identificamos mais completamente com serem os verdadeiramente ciD)Lza~ ,
aqueles que pretendemos negar. Recusando a humanidade àqueles impuse?am sua cultura àqueles que
eram "diferenter,ta1<ancrlo-lhes de
que surgem como os mais "selvagens" ou "bárbaros" dos seus repre- "selvagens" ou "bárbarosl.A real J!);Q.ção
sentantes, mais não fazemos que copiar-lhes suas atitudes típicas. O de civilização im plica a superaçãoJdas
bárbaro é em primeiro lugar o homem que crê na barbárie. distinções em favor de um entendimento
e interp~ ção acerca da diversidade
LÉVI-STRAUSS, Claude. Raça e História. 1987.
cultural.
Considerando o texto do antropólogo Lévi-Strauss, responda se os crité-
rios que definem o grau de progresso de determinada civilização ou cul-
tura são absolutos ou relativos. Explique o conceito de "bárbaro" para o
autor e indique as implicações de seu pensamento para a análise da
justificação ideológica da dominação da civilização ocidental sobre outras
civilizações na história.
a) age sobre os corpos e sobre os atos que podem ser considerados na-
turais criando padrões socialmente reconhecidos.
b) interfere na natureza fazendo com que pessoas de culturas diferentes
reajam conforme seus próprios padrões culturais.
c) ao criar rituais, interage com o mundo natural e é capaz de transfor-
mar atos naturais, como se alimentar. r + + <
X d) se relaciona com modos de ver o mundo e com comportamentos
geneticamente determinados.
r + + <
r-
(UEM) Ao discorrer sobre ideologia, Marilena Chaui afirma que: 7. Soma = 09 (0M+
1 08)
c®nette.
02) Ideologia corresponde às ideias que predominam em uma determi-
nada sociedade, portanto expressa a realidade tal qual ela é na sua
+ + objetividade.
04) Uma pessoa pode elaborar uma ideologia, construir uma "questão"
individual sem interferências anteriores e influências comunitárias
para a sua sustentação. Assim, com base em sua própria ideologia,
ela poderá refletir e agir em sua sociedade.
08) Na sociedade brasileira, a ideologia da democracia racial afirma que
índios, negros e brancos vivem em harmonia, com igualdade de con-
+ +
dições. Essa formulação omite as desigualdades étnicas existentes
no país.
+ +
16) Ideologia consiste em ideias que predominam na sociedade e que,
por isso, são internalizadas por todos os indivíduos. Portanto não
existem possibilidades de se romper com seus pressupostos.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.
8 (Enem)
i
j
r
J;
·~
~
9 (UEL)
A cultura constitui, portanto, um processo pelo qual os homens
orientam e dão significado às suas ações através de uma manipulação
simbólica, que é atributo fundamental de toda prática humana. Nesse
sentido, toda análise de fenômenos culturais é necessariamente análi-
se da dinâmica cultural, isto é, do processo permanente de reorgani-
zação das representações na prática social, representações estas que
são simultaneamente condição e produto desta prática.
Fonte: DURHAM, E. R. A dinâmica cultural da sociedade moderna.
•
ln: Ensaios de Opinião, n. 4, São Paulo, 1977, p. 13 .
Com base no texto acima, é correto afirmar que:
a) Cultura significa a manipulação da prática humana que reorganiza e
+ <
dinamiza os fenômenos sociais.
b) Dinâmica cultural é a reprodução de toda prática humana em fenô-
menos culturais, que são estáticos por natureza.
x c) Fenômenos culturais são dinâmicos porque são representações de
práticas sociais que estão em permanente reorganização.
d) Práticas sociais são dinâmicas porque a cultura é uma manipulação
simbólica, sujeita a variações simultâneas de significados por parte +- + + <
dos homens.
e) Dinâmica cultural é a manipulação simultânea de significados simbólicos +- + + <
10 (Unesp)
Coisas que este livro fará por você: facilitar-lhe-á fazer amigos
rápida e facilmente; aumentará sua popularidade; ajudá-lo-á a con-
quistar pessoas para seu modo de pensar; aumentará sua influência,
seu prestígio, sua habilidade em obter a realização das coisas; facili-
tar-lhe-á conseguir novos clientes, novos fregueses; aumentará suas
rendas; tomá-lo-á um melhor vendedor, um melhor diretor; ajudá-
-lo-á a resolver reclamações, evitar discussões e manter seus conta-
tos humanos agradáveis e suaves; torná-lo-á um melhor orador, um
conversador mais atraente; tomará os princípios de psicologia fáceis
para que você os aplique nos seus contatos diários.
Se alguma coisa há que esta vida tem para nós, e, salvo a mesma
+- + + <
vida, tenhamos que agradecer aos Deuses, é o dom de nos desco-
nhecermos: de nos desconhecermos a nós mesmos e de nos desco- +- + + <
+- + + <
Sobre os dois textos, é correto afirmar:
x a) A obra de Dale Carnegie transmite nítida visão instrumental acerca
das relações humanas.
b) Os dois textos transmitem uma visão cética sobre a importância da
psicologia para o desenvolvimento humano.
c) Embora escritos na década de 30 do século passado, ambos os textos
podem ser considerados precursores do estilo atualmente conhecido
como autoajuda.
d) O texto de Fernando Pessoa transmite uma visão edificante acerca
das relações humanas.
e) Os dois textos valorizam a importância da inteligência emocional nas
relações humanas.
csnecte.
r r r rrr Atividades
1. Soma = 28 (04 + 08 + 76) 1 (UEM) A linguagem verbal é um sistema de símbolos que permite aos
seres humanos ultrapassarem os limites da experiência vivida e organi-
zar essa experiência sob forma abstrata, conferindo sentido ao mundo.
Assinale o que for correto.
01) A linguagem humana, da mesma forma que as linguagens de com-
putador, é altamente estruturada e, por isso, inflexível; não fosse
assim, a comunicação entre as pessoas seria impossível.
02) A linguagem oral é o único meio à disposição do homem para sua co-
municação e o estabelecimento de relações com os outros indivíduos.
04) A formação do mundo cultural depende fundamentalmente da lin-
guagem. Pela linguagem, o homem deixa de reagir somente ao pre-
sente imediato, podendo pensar o passado e o futuro e, com isso,
construir o seu projeto de vida.
+ + +- +
+ + +- +
08) Os nomes são símbolos ou representações dos objetos do mundo
real e das entidades abstratas. Como representações, os nomes têm
o poder de tornar presente para nossa consciência o objeto que não
está dado aos sentidos.
16) O homem é a única espécie animal dotada da capacidade de lingua-
gem mediante a palavra e faz uso de símbolos, isto é, refere-se às
coisas por meio de signos convencionados, enquanto na linguagem
+ + +- +
de outros animais os signos são índices.
Apresente como resposta a soma das alternativas corretas.
+ +
As questões de números 02 a 04 tomam por base o seguinte fragmento
do livro Reflexões sobre o linguagem, de Noam Chomsky (1928-):
Por que estudar a linguagem? Há muitas respostas possíveis e, ao
focalizar algumas delas, não pretendo, é claro, depreciar outras ou
questionar sua legitimidade. Algumas pessoas, por exemplo, podem
simplesmente achar os elementos da linguagem fascinantes em si mesmos
e querer descobrir sua ordem e combinação, sua origem na história ou
no indivíduo, ou os modos de sua utilização no pensamento, na ciência
ou na arte, ou no intercurso social normal. Uma das razões para estudar
a linguagem - e para mim, pessoalmente, a mais premente delas - é
a possibilidade instigante de ver a linguagem como "um espelho do
espírito", como diz a expressão tradicional. Com isto não quero apenas
dizer que os conceitos expressados e as distinções desenvolvidas no
uso normal da linguagem nos revelam os modelos do pensamento e
o universo do "senso comum" construídos pela mente humana. Mais
•
intrigante ainda, pelo menos para mim, é a possibilidade de descobrir,
através do estudo da linguagem, princípios abstratos que governam sua
estrutura e uso, princípios que são universais por necessidade biológica
e não por simples acidente histórico, e que decorrem de característi- + <
4 (Unesp) Chomsky usa para explicar seu ponto de vista uma expressão +- + + <
•
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 58 .
Oexemplo dado pelo autor aponta para os seguintes aspectos da linguagem:
1) a definição de um nome pode ser feita por várias descrições;
+ <
li) o nome perde o sentido quando se faz mais de uma definição;
Ili) de acordo com a definição do nome, a proposição adquire novo sentido;
IV) a proposição tem sentido independente da definição;
V) a definição colabora para a clareza do sentido do nome.
Estão corretas as afirmativas:
x a) 1, Ili e V. +- + + <
b) 1,llelV.
c) 11, Ili e V. +- + + <
d) Ili, IV e V.
2 (Unimontes) Podemos dizer que o ser humano se faz pelo trabalho, por-
que, ao mesmo tempo em que produz coisas, torna-se humano, constrói
a própria subjetividade, desenvolve a imaginação, aprende a se relacio-
nar com os demais, a enfrentar conflitos, a exigir de si mesmo a supera-
ção das dificuldades. Com relação ao trabalho, podemos afirmar:
x a) Como condição de humanização, o trabalho liberta ao viabilizar proje-
+- + + + tos e concretizar sonhos.
b) Como condição de humanização, o trabalho escraviza e prejudica ao
+- + + + viabilizar projetos e concretizar sonhos.
c) Como condição de escravidão, o trabalho liberta ao viabilizar projetos
e concretizar sonhos.
d) Como condição de humanização, o trabalho não liberta ao viabilizar
projetos e concretizar sonhos.
•
ram os ideólogos alemães .
d) é um conceito de Max Weber, que traduz para linguagem sociológica
o processo de racionalização e burocratização da vida moderna, no
qual a calculabidade dos fatores técnicos, a quantificação, a hierar- + <
4 (Unesp)
Platão, na sociedade idealizada em sua obra República, reconhe-
ceu que a divisão do trabalho traz maiores benefícios à sociedade
e propicia um harmonioso intercâmbio de serviços. Para o filósofo +- + + <
grego, sendo os homens diferentes por natureza, cabe a cada um
estar no lugar em que melhor expresse sua habilidade. [.. .] O também
+- + + <
grego e filósofo Aristóteles apregoava que, nos Estados mais bem go-
vernados, a nenhum cidadão poderia ser permitido o exercício de
atividades ligadas às artes manuais, pois isso o impedia de dedicar
mais tempo à sua obrigação para com o Estado.
CARMO, Paulo Sérgio do. A ideologia do trabalho. Adaptado.
5 (UEA)
Entre 1986 e 2006, a Comissão Pastoral da Terra registrou denún-
cias de escravidão em 368 municípios brasileiros, envolvendo 140 mil
+- + + <
trabalhadores.
+- + + <
O Estado de S. Paulo, 13 abr. 2009.
J (FEi)
+ + Há na espécie humana indivíduos tão inferiores a outros como
o corpo o é em relação à alma, ou a fera ao homem; são os homens
+ +
nos quais o emprego da força física é o melhor que deles se obtêm.
Partindo dos nossos princípios, tais indivíduos são destinados, por
natureza, à escravidão; porque, para eles, nada é mais fácil que obe-
decer. [. . .] Assim, dos homens, uns são livres, outros escravos; e para
eles é útil e justo viver na servidão.
ARISTÓTELES. A Política.
•
distribuição anteriores do trabalho?
a) A formação de associações de ofício que criaram o trabalho assalaria-
do e a padronização de processos industriais.
r + + <
b) A realização de atividades produtivas sob a forma de unidades de
famílias e mestres, o que aumenta a produtividade do trabalho e a
independência individual de cada trabalhador.
c) O exercício de atividades produtivas por meio da divisão do trabalho
por idade e gênero, o que leva à exclusão das mulheres do mercado
de trabalho.
d) O controle do ritmo e da distribuição da produção pelo trabalhador, o
r + + <
que resulta em mais riqueza para essa parcela da sociedade.
x e) A subdivisão do trabalho de cada especialidade produtiva em opera-
ções limitadas, o que conduz ao aumento da produtividade e à alie- r + + <
nação do trabalhador.
11 (Enem, 2009)
A proposperidade induzida pela emergência das máquinas de
tear escondia uma acentuada perda de prestígio. Foi nessa idade
r + + <
de ouro que os artesãos, ou tecelões temporários, passaram a ser
denominados, de modo genérico, tecelões de teares manuais. Exceto
em alguns ramos especializados, os velhos artesãos foram colocados r + + <
lado a lado com novos imigrantes, enquanto pequenos fazendeiros-
-tecelões abandonaram suas pequenas propriedades para se concen-
trar na atividade de tecer. Reduzidos à completa dependência dos te-
ares mecanizados ou dos fornecedores de matéria-prima, os tecelões
ficaram expostos a sucessivas reduções dos rendimentos.
THOMPSON, E. P. The moking of lhe English working c/oss. Harmondsworth: Penguin Books, 1979 (adaptado).
r + + +
( ) Posição epistemológica segundo a qual o espírito humano nada
pode conhecer com certeza; conclui pela suspensão do juízo e pela
incerteza permanente.
( ) Caracteriza-se por afirmar que não é possível conhecer as coisas tais
como são em si, apenas podemos conhecer os fenômenos, aquilo
que aparece.
( ) Posição epistemológica que afirma que o intelecto é dado ao ho-
r + + + mem não para investigar e conhecer a verdade, mas sim para orien-
tar-se na realidade.
r + + + Marque a opção que contempla a sequência correta das associações de
cima para baixo.
a) 2, 3, 4, 1 d) 1, 3, 2, 4
x b) 1, 2, 3, 4 e) 3, 4, 1, 2
c) 4, 1, 2, 3
•
d) a razão tomada em si mesma .
3 (UEA)
[. ..] embora nosso pensamento pareça possuir liberdade ilimitada, + <
4 (Unesp) Segundo John Locke, filósofo britânico do século XVII, a mente 4J Locke foi um doJ ex9oentes da escola
filosófica empirislta inglesa. Segundo
humana é como uma tábula rasa, uma folha em branco na qual a expe- essa escola, todo conhecimento nasce
riência deixa suas marcas. Responda a qual escola filosófica ele perten- da experiência sensível, pois não haveria
ceu e explique duas de suas características. razclo inata; dessa forma, os empiristak
punham-se contra o racionalismo
Eartesiaho.
+- + + <
+- + + <
& (UEM) A filosofia, como o estudo de problemas fundamentais da huma- 6. Soma ~ 06 (02 + 04)
nidade, divide-se em várias áreas ou campos do saber, tendo em vista
sua multiplicidade de objetos: o ser, a linguagem, o conhecimento, a
arte, a ação moral, a práxis política, os entes de razão etc. Sobre a multi-
plicidade de objetos ou campos da filosofia, assinale o que for correto.
01) O misticismo é o campo da filosofia que estuda a metafísica, isto é,
o que está oculto e além da física, como é a numerologia, a cosmo-
logia e as ciências místicas.
02) A lógica, na concepção clássica, é o instrumento para se proceder de
modo correto no exercício do pensamento, denunciando falácias,
conclusões inválidas, tautologias e contradições.
04) O empirismo, tradição oposta ao racionalismo, é uma tendência na te-
oria do conhecimento. O empirismo parte da experiência para funda-
+ + mentar o conhecimento, o racionalismo, das ideias do entendimento.
08) A ontologia é o estudo dos entes e, por isso, utiliza-se do método
científico para determinar o seu objeto.
16) A epistemologia é a parte do sistema de Aristóteles que estuda os
temas póstumos, como a morte, a eutanásia e o suicídio.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.
+ +
7 (Enem)
+ + [. ..] Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que
o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela
e de que ela é o centro e a chama. Que, além dos planetas princi-
pais, há outros de segunda ordem que circulam primeiro como saté-
lites em redor dos planetas principais e com estes em redor do Sol.
[. ..] Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se
quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficial-
mente mas duma maneira aprofundada, das demonstrações que darei
nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer
contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada),
a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades ma-
temáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos.
COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium cae/estium.
•
Estão corretas:
a) 1 e 2 apenas d) 1 e s apenas
+ <
b) 2 e 3 apenas x e) 1, 2, 3, 4 e s
c) 4 e s apenas
10 (UEM)
[.. .] a própria experiência é um modo de conhecimento que re-
quer entendimento, cuja regra tenho que pressupor a priori em mim no. Soma= 27 (07 + oz + 08 + 76)
1 1
ainda antes de me serem dados objetos e que é expressa em concei-
tos a priori, pelos quais, portanto, todos os objetos da experiência
têm necessariamente que se regular e com eles concordar.
KANT, lmmanuel. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 13. +- + + <
+- +
2 (UEG) Mito é uma forma de ler e interpretar o mundo que existiu na Gré-
cia até o século VI a.e. e tinha a finalidade de explicar o meio em que se
vivia para afugentar o medo e a insegurança. A narração de determinada
história mítica é uma primeira atribuição de sentido ao mundo, sobre o
qual a afetividade e a imaginação exercem grande papel. Por isso, seu
conceito é associado, talvez de uma forma errônea, a mentira, ilusão,
ídolo e lenda. Os pré-socráticos foram os primeiros a criticarem essa visão
de mundo. Para eles, o mito não era garantia de conhecimento seguro.
+- + +- +
Sobre o significado da passagem do mito à filosofia clássica, é correto
afirmar:
+- + +- +
a) O mito desenvolve um papel sociopolítico na Grécia.
b) Platão desenvolveu a mitologia grega.
x c) Houve uma mudança do saber mítico ao pensamento racional.
d) O mito, pela sua tradição e cultura, é mais importante que o logos.
3 (UEM)
Os antigos, ou melhor, os antiquíssimos, (teólogos), transmitiram
por tradição a nós outros seus descendentes, na forma do mito, que
os astros são Deuses e que o divino abrange toda a natureza [.. l
Costuma-se dizer que os Deuses têm forma humana, ou se transfor-
mam em semelhantes a outros seres viventes [.. l Porém, pondo-se
de lado tudo o mais, e conservando-se o essencial, isto é, se se acre-
ditou que as substâncias primeiras eram Deuses, poderia pensar-se
que isto foi dito por inspiração divina [.. l
ARISTÓTELES, Metafísica, XII, 8, 1074b, apud Mondolfo, O pensamento antigo, 1,
•
São Paulo: Mestre Jou, 1964. p.13 .
Com base nesse excerto e no seu conhecimento sobre a questão da origem Í Í Í r ~ Í Í Í Í
da filosofia, assinale o que for correto.
01) Antes de fazerem filosofia, os gregos já indagavam sobre a origem e
a formação do universo; e as respostas a esse problema eram ofere-
cidas sob a forma de mito, isto é, por meio de uma narrativa alegó-
rica que descreve a origem ou a condição de alguma coisa, reportan-
do a um passado imemorial.
02) Na Teogonia, Hesíodo descreve a gênese do mundo coincidindo com o
nascimento dos deuses; as forças e os domínios cósmicos não surgem
+- + + -1
como pura natureza, mas sim como divindades: Gaia é a Terra, Urano é
o Céu, Cronos é o Tempo, aparecendo ora por segregação, ora pela in-
tervenção de Eros, princípio que aproxima os opostos. +- + + -1
4 (UEL)
Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a
afirmar a existência de um princípio originário único, causa de todas + <
as coisas que existem, sustentando que esse princípio é a água. Essa + <
c®nette.
Com base nessa argumentação, assinale a afirmativa correta:
a) A partir da laicização do conhecimento, os gregos fundaram um estilo
+ +
de vida que permitia uma prática religiosa nos ambientes familiares.
b) Como consequência da separação entre filosofia e práticas religiosas,
a mitologia grega passou a representar a organização social vigente.
c) Como reação à laicização do conhecimento, as crenças em um mundo
superior promoveram o desenvolvimento de práticas religiosas.
x d) A partir da racionalização do conhecimento, os gregos perderam interesse
em desenvolver rituais que representassem as crenças mitológicas.
+ +
8 (UFF)
Como uma onda
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
•
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
+ <
A letra dessa canção de Lulu Santos lembra ideias do filósofo grego He-
ráclito, que viveu no século VI a.e. e que usava uma linguagem poética
para exprimir seu pensamento. Ele é o autor de uma frase famosa: "Não
se entra duas vezes no mesmo rio". Dentre as sentenças de Heráclito
abaixo citadas, marque aquela da qual o sentido da canção de Lulu San-
tos mais se aproxima.
a) Morte é tudo que vemos despertos, e tudo que vemos dormindo é
sono.
b) O homem tolo gosta de se empolgar a cada palavra.
x c) Ao se entrar num mesmo rio, as águas que fluem são outras.
d) Muita instrução não ensina a ter inteligência.
e) O povo deve lutar pela lei como defende as muralhas da sua cidade.
•
sórias e mutáveis .
4 (UEM) 4. Soma = 30 (02 + 04 + 08 + 16)
verna. Pela entrada dessa caverna entra a luz vinda de uma foguei-
ra situada sobre uma pequena elevação que existe na frente dela.
Os seus habitantes estão lá dentro desde a infância, algemados
por correntes nas pernas e no pescoço, de modo que não conse-
guem mover-se nem olhar para trás, e só podem ver o que ocorre
à sua frente. [.. .] Naquela situação, você acha que os habitantes da
caverna, a respeito de si mesmos e dos outros, consigam ver outra +- + + <
5 (UEL) +- + + <
c®nette.
A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:
x a) 1e li.
+ +
b) li e IV.
c) 1, li e Ili.
d) 1, Ili e IV.
e) 11, Ili e IV.
+ + 6 (UEG) Para Platão, o ser humano é composto de corpo e alma. Em sua teoria
do conhecimento, a alma é a parte mais importante e mais real do indivíduo.
+ + Ela é imortal e eterna, existindo desde sempre no plano do mundo das
ideias. O processo de conhecimento para Platão é chamado de:
a) ironia.
b) catarse.
c) imitação.
x d) reminiscência.
•
apropriado .
g (Unesp) 9. Ao defendJ uma atitude filosófica -
racional - diante 1do mundo,Sócrates
Em 399 a.e., o filósofo Sócrates é acusado de graves crimes por questionou-as-"verda,des--ebsolutas.!L_dos1
alguns cidadãos atenienses. [.. .] Em seu julgamento, segundo as prá- atenienses: seu métddo visava colocar
ticas da época, diante de um júri de 501 cidadãos, o filósofo apre- em dúvida determinados argumentos
irrefletidos do senso comum para,
senta um longo discurso, sua apologia ou defesa, em que, no entan- em seguida, buscaco coobecimeqto
to, longe de se defender objetivamente das acusações, ironiza seus verdadeiro. Seus jovens discípulos' - entre
acusadores, assume as acusações, dizendo-se coerente com o que eles, Platão - eram estimolados à dúvida
ensinava, e recusa a declarar-se inocente ou pedir uma pena. Com e a buscarem deptro de si a verdade; daí
a acusação que pesou sobre Sócrates,
isso, ao júri, tendo que optar pela acusação ou pela defesa, só restou de que- ele corrompia a juventude e
como alternativa a condenação do filósofo à morte. desrespeitava os deuses, pai~ questionava
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia, 1998. Adaptado. os dogmas e as leis atenienses. A
bem da 1verdade, a postura socrática
Com base no texto apresentado, explique quais foram os motivos da incomodava alguma~ pessoas, que se
viam "constrangidas" ao debatere1m com
condenação de Sócrates à morte.
ele. Ao ser julgado, o filósofo manteve
a essência de sua filosofia, ou seja, o
princípio de que a procura da essência da
verdade acaba por subverter os dogmas
vigentes. Sócrates adatou as acusacões,
pai~ manteve su~ postura de não ,
abandonar a bu~ca da verdade, optanirlo,
tassim, pela mo e.
1
ttt tlll
10 (UEM) OPeríodo Helenístico inicia-se com a conquista macedônica das cida-
des-Estado gregas. As correntes filosóficas desse período surgem como ten- 101. So~ a = 37 (07 + 02 + 04 + 08 + 76)
tativas de remediar os sofrimentos da condição humana individual: o epicu-
rismo ensinando que o prazer é o sentido da vida; o estoicismo instruindo a
suportar com a mesma firmeza de caráter os acontecimentos bons ou maus;
o ceticismo de Pirro orientando a suspender os julgamentos sobre os fenô-
+ <
menos. Sobre essas correntes filosóficas, assinale o que for correto.
+ <
01) Os estoicos, acreditando na ideia de um cosmo harmonioso governa-
do por uma razão universal, afirmaram que virtuoso e feliz é o ho-
mem que vive de acordo com a natureza e a razão.
02) Conforme a moral estoica, nossos juízos e paixões dependem de nós,
e a importância das coisas provém da opinião que delas temos.
04) Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o verdadeiro prazer é
aquele proporcionado pela ausência de sofrimentos do corpo e de +- + + <
perturbações da alma.
08) Para Epicuro, não se deve temer a morte, porque nada é para nós
+- + + <
enquanto vivemos e, quando ela nos sobrevém, somos nós que dei-
xamos de ser.
16) O ceticismo de Pirro sustentou que, porque todas as opiniões são
igualmente válidas e nossas sensações não são verdadeiras nem fal-
sas, nada se deve afirmar com certeza absoluta, e da suspensão do
juízo advém a paz e a tranquilidade da alma.
Dê como resposta a soma das alternativas corretas.
11 (Enem, 2012)
Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que
o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação,
e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto
sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do
segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-
-se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).
c®nette.
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto es-
sencial da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.e.). De acordo
+ + com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?
a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são in-
separáveis.
x d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensa-
+ + ção não.
e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à
+ + razão.
+ +
+ +
+ +
+ +
•
Atividades
1 (UEM) A questão dos universais é introduzida na Filosofia Medieval pelos
comentários de Boécio à sua tradução da lógica de Aristóteles no século
VI. Todavia a polêmica acerca da existência real dos universais assume
forma e importância maior a partir do século XI. Sobre a questão dos
universais, assinale o que for correto.
01) Para os realistas, os particulares são as coisas mais reais; para os 7. Som1a = 30 (02 + 04 + 08 + 76)
nominalistas, o mais real é o abstrato.
02) As coisas abrangidas por um universal, embora diversas e múltiplas,
são semelhantes em alguns aspectos.
04) Santo Anselmo foi um realista em sua concepção dos universais, ou
seja, acreditou que os universais têm realidade objetiva.
+ <
08) Para os nominalistas, como Roscelino, os universais são simples
+
palavras que expressam os conteúdos mentais. <
•
falsas, exceto:
a) Pedro Abelardo sustenta a tese de que as palavras nada significam,
porque são simples emissão da voz humana, sendo por isso que os
universais devem ser necessariamente incorpóreos. + <
16) A leitura dos filósofos árabes, entre eles Averróis, ajudou Santo Agosti- +- + + <
•
Atividades
1 (UFPE) No que se refere ao texto e à sua temática:
Visto que outros antes de mim tinham ousado imaginar uma mul-
tidão de círculos para demonstrar os fenômenos astronômicos, pensei
que poderia permitir-me também examinar-se, supondo a terra móvel,
não se conseguiria encontrdr, sobre a revolução dos corpos celestes,
demonstrações mais sólidas que essas. Depois de longas investigações,
convenci-me por fim de: Que o Sol é uma estrela fixa rodeada de plane-
tas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama.
COPÉRNICO, De Revolutionibus orbium Cae/estium.
4 (FGV)
Postulados
1. [ .. .]; 2. O centro da terra não é o centro do universo, mas tão
somente da gravidade e da esfera lunar; 3. Todas as esferas giram ao
redor do sol como de seu ponto médio, e, portanto, o sol é o centro do
universo; 4. [.. J; 5. Todo movimento aparente que se percebe nos céus
provém do movimento da terra, e não de algum movimento do firma-
r + + r < mento, qualquer que seja; 6. O que nos parece movimento deste, mas
r + + r < do movimento da terra e de nossa esfera, junto com a qual giramos
em redor do sol, o que acontece com qualquer outro planeta; 7. [.. .].
(séc. XVI) ( citado em Berutti et ai.)
O documento refere-se à:
a) ruptura com o heliocentrismo, conduzida pelas investigações de Kepler.
b) ruptura com o antropocentrismo, conduzida pelas investigações de
Galileu Galilei;
+ + r <
c) concepção de universo, que recupera o pensamento de Ptolomeu,
recusado pela Igreja durante a Idade Média;
+ + r < d) concepção de universo, que recupera as preocupações de Heráclito
("tudo está em movimento"), apresentada por Isaac Newton;
X e) ruptura com o geocentrismo, conduzida pelas investigações de Copérnico.
5 (UFG)
Não houve preocupaç.~o com as consequências da revolução coper-
nicana senão depois de Giordano Bruno ter extraído dela certas conse-
quências filosóficas. Bem depressa Giordano Bruno estava a afirmar a
infinidade do mundo. Rejeitava, pois, por completo, a noção de "centro
do universo". O Sol, perdido o lugar privilegiado que Copérnico lhe
atribuía, em um sol entre outros sóis, uma estrela entre estrelas.
DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa, 1994. p. 147. [Adaptado].
•
x c) a ruptura da concepção geocêntrica do Universo .
d) a percepção de que o Universo é contido numa esfera.
e) a compreensão heliocêntrica do Universo.
+ <
+- + + <
c®nette.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas, mencio-
nadas anteriormente.
+ +
x a) 1e Ili. b) li e Ili. c) Ili e IV. d) 1, li e IV. e) 11, Ili e IV.
g (Enem, 2013)
Texto I
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primei-
ros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que
+ + aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não
podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seria-
mente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões
+ + a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de
estabelecer um saber firme e inabalável.
DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).
Texto II
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do
próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dú-
vida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma
forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma
daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
10 (Enem, 2013)
Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do em-
preendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez
no início da Modernidade, como expectativa de que o homem pode-
+ +
ria dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em
programa impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu "de um prazer
+ + de poder", "de um mero imperialismo humano", mas da aspiração de
libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Scientia studia. São Paulo, v. 2. n. 4. 2004 (adaptado).
•
limites aos debates acadêmicos .
Atividades I
1 (UEG)
comEm todos o·. ,
s JUlZOS
o predicado e m que for pe .,
[.. ·]' essa
predicado B ,eiaçã • nsada ª ,eiação d .
nesse cone ·tpertence ao sujeito ;: e poss,vel de doi . e um suieito
em A ou B • como• 1 s modos o
m em conexão '. JaZ completa a go contido (o. 1 . u o
analítico n com o mesmo N m~nte fora do co . _cu tamente)
' o outro , smtético
· · 0 pnmeiro· caso d nmloA, embo-
K,\NI 1 • ' enomi
• mmaaoel Cci/irn '" • no o juízo
razao pura. Traducão
Com base no t . . de Valé,;o Rohdm e Udo Baldo
cos e sintético:xto ac,ma sobre a disr - ª" raolo Ah,il '"""'ª;· ~;;;ho,gec
gumte
a) o hexempl~-. um JUIZO sintético a pmçao _kantiana
oster,ori entre J. uizos
está de , p. n.
analiti-
omem é monstrado + +
Todas as idei .
aosmente e' , como
cm-actcres, semas
disdenvam da sensaçã
s,,mos, um pa 1 o ou reflexão. Su onh
ap,eende tod qumsqucr idei pe em branco, des p . amos que
pondo, numaos os materiais da :,:°mo ela sera sur!:-::~ de todos
nela fund d palavra, da expe.. .ªº e do conhec" . [...] De onde
a o, e dela deriva fun~=- Todo o nos unento? A isso ,es-
en~~~~i~';~~~' ne:extperi~ncia,
2. Soma= 28 (04 + 08 + 76)
~em todo ele cÍeriv;ora nosso conhecimen .
) ~ : : :bstraidas das ::is~;;;::~~~ N_o
02 0h . egu1dor de De exao. "em ideias
n_ ec1mento
cimento sen verdadei
. scartes,
ro, que é John
pura Locke .assume a difere
04) John Locke ; 1;~~i~u~ por depend:~~t~;~:~:tual e infal~~1,".'.'::~~~:
pois se propôs, no1~n~r da teoria do conheci,;, o, e suscetível de erro.
:;ar explicitamente
ento humano .
:'º
acerco do entendimento em sentido estrito
natureza ' a or1· gem e ento
O ale humano
ance do ,conh
a .mves-
.,
ec1-
c®nette.
08) Para John Locke, todo nosso conhecimento provém e se fundamenta
na experiência. As impressões formam as ideias simples; a reflexão
+ + sobre as ideias simples, ao combiná-las, formam ideias complexas,
como substância, Deus, alma etc.
16) John Locke distingue as qualidades do objeto em qualidades primá-
rias (solidez, extensão, movimento etc.) e qualidades secundárias
(cor, odor, sabor etc.); as primeiras existem realmente nas coisas, as
segundas são relativas e subjetivas.
Apresente como resposta a soma das alternativas corretas.
+ +
+ +
3 (UFSJ) Considere o diálogo abaixo, da obra de Berkeley.
Hilas: Não neguei que nos corpos haja calor real. Digo tão so-
mente que nada existe que seja um calor real intenso.
Filonous: É certo; mas é que não considerei naquele instante o
fundamento que há para distinguir entre eles, e que agora enxergo
com a clareza máxima. E digo o seguinte: o calor intenso não é outra
coisa senão modo particular de sensação dolorosa; e como seja que
a dor só poderá oferecer-se em um ser capaz de percepções, cum-
pre concluir que um calor intenso não pode nunca realmente dar-se
numa substância corpórea que não percepciona.
Com base nesse diálogo, analise as afirmações a seguir:
1. A dor só existe se for percepcionada.
li. Todo grau de calor que for doloroso ou indolor só existe na mente.
Ili. Os corpos externos são incapazes de qualquer calor.
IV. O calor reside nos corpos externos.
V. O calor reside nos corpos externos e internos.
+ +
De acordo com essa análise, estão corretas as afirmações:
+ +
a) 11, 111, IV
b) 111, IV, V
c) 1, IV, V
x d) 1, 11, Ili
•
natural era um ser livre, porém sem direitos iguais .
b) No estado de natureza - fundamento do direito político - o homem
natural era um ser de direitos iguais, porém não era livre.
+ <
c) No estado de natureza os direitos fundamentais do homem eram:
igualdade, liberdade e propriedade.
d) No estado de natureza já existe o direito de propriedade.
x e) No estado de natureza os direitos fundamentais do homem eram:
igualdade e liberdade.
6 (UEG) Que podemos saber? Que devemos fazer? Que nos é lícito esperar? +- + + <
7 (Unesp)
Sendo os homens, conforme [. ..] dissemos, por natureza, todos
livres, iguais e independentes, ninguém pode ser expulso de sua pro-
priedade e submetido ao poder de outrem sem dar consentimento.
LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo.
9 (UEM)
O hábito é, pois, o grande guia da vida humana. É aquele princí-
pio único que faz com que nossa experiência nos seja útil e nos leve
a esperar, no futuro, uma sequência de acontecimentos semelhante
às que se verificaram no passado. Sem a ação do hábito, ignoraríamos
completamente toda questão de fato além do que está imediatamente
+ +
presente à memória ou aos sentidos. Jamais saberíamos como adequar
+ +
os meios aos fins ou como utilizar os nossos poderes naturais na
produção de um efeito qualquer. Seria o fim imediato de toda a ação,
assim como da maior parte da especulação.
HUME, David. Investigação sobre o entendimento humano.
São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 145-146. Coleção Os Pensadores.
9._Soma = 25 (O L + 08 +_16) Com base nesse texto e no seu conhecimento sobre a Filosofia de Hume,
assinale o que for correto.
01) Segundo Hume, entre um fenômeno e outro não há conexão causal
necessária que possa ser verificada na experiência; é o hábito que
+ +
explica a noção da relação causa e efeito: por termos visto, várias
vezes juntos, dois objetos ou fatos - por exemplo, calor e chama,
peso e solidez -, somos levados, pelo costume, a prever um quando
o outro se apresenta.
02) Como representante do racionalismo, Hume afirmou que o princípio
de causalidade, lei inexorável que regula todos os acontecimentos da
natureza, é inferido da experiência por um processo de raciocínio.
04) Para Hume, o hábito é um falso guia; se não nos fiarmos na razão,
fonte do conhecimento verdadeiro, e nos deixarmos conduzir pelo cos-
tume, erraremos inevitavelmente em nossas ações e investigações.
08) Éo hábito que nos permite ultrapassar os dados empíricos, os quais pos-
suímos seja na forma de impressão seja na forma de ideias, e afirmar
mais do que aquilo o qual pode ser alcançado na experiência imediata.
16) A ideia de causa é apenas uma ideia geral constituída pela associa-
ção de ideias e baseada na crença formada pelo hábito.
•
Dê como resposta a soma das alternativas corretas .
10 (Unesp) 10. No próprio texto, Kant afirma que
('menoridade é ~ incapacidade de
O Iluminismo é a saída do homem de um estado de menoridade servir-se do próprio intelecto sem a
que deve ser imputado a ele próprio. Menoridade é a incapacidade guia de outro"; nesselsentido, essa
('incapaciaacle"a o fiohi emâe( pensar
de servir-se do próprio intelecto sem a guia de outro. Imputável a si
por si próprio pode ser as~ociada a
próprios é esta menoridade se a causa dela não depende de um de- um quadro de restrições institucionais,
feito da inteligência, mas da falta de decisão e da coragem de servir-se imposto pela rellgião e/ou pelo Estado.
do próprio intelecto sem ser guiado por outro. Sapere aude! Tem a A proposta db Kant é a de qué º"J
homem rompa com essas restrições,
coragem de servires de tua própria inteligência!
criando, assim, as co~dições sociais
lmmanuel Kant, 1784. par a superação da "menoridade"-. -
Sob o co~ to do Iluminismo e dos
Esse texto do filósofo Kant é considerado uma das mais sintéticas e ade- movimentos revdlucionários que ele
quadas definições acerca do Iluminismo. Justifique essa importância co- gerou (Revolu~ão Amerieana~Revolu~ão
mentando o significado do termo "menoridade", bem como os fatores Francesa) dava-se o momento ideal
para o homem crfarpara si uma nova
sociais que produzem essa condição, no campo da religião e da política. condição. l
11 (Enem, 2012)
Texto I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e
é de prudência nunca se falar inteiramente em quem já nos enganou
uma vez.
+ <
DESCARTES, R. Meditações metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
+ <
Texto II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia es-
teja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas
indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for im-
possível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para
confirmar nossa suspeita. +- + + <
HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).
2 (UFU) A expressão "astúcia da razão" foi utilizada por Hegel para explicar
o desenvolvimento da História Universal. A respeito do significado dessa
expressão, marque a alternativa correta.
a) Essa expressão significa o irracional governando o mundo, porque as
ações humanas são movidas pelos interesses mesquinhos que só en-
+ + r <
contram a sua satisfação na destruição do Estado, fazendo a humani-
dade regredir ao estado de natureza.
+ + r <
b) Essa expressão significa a fraude característica das ações dos indiví-
duos históricos universais que estão empenhados na aquisição do
poder, sem se envolverem com a vida cotidiana e com a esfera da
moralidade subjetiva dos povos.
c) Essa expressão significa a ilusão de que as coisas realmente aconte-
cem, quando na verdade a História Universal é conduzida pela força
do destino traçada pela ordem da Providência Divina, que está acima
da vontade dos homens.
x d) Essa expressão significa a força da razão, isto é, o universal que se
manifesta por intermédio das ações humanas, as quais buscam a sa-
tisfação imediata e realizam algo mais abrangente, constituindo histo-
ricamente o Estado e a vida ética dos indivíduos em sociedade civil.
•
defesa privilegiada dos valores e da moral cristã .
x b) instrumento metafórico de destruição de todos os ídolos, de todas as
crenças estabelecidas, de todas as convenções e valores transcen-
dentais fundamentados na moral e na religião cristã, bem como na + <
5 (Unesp)
Em algum remoto rincão do sistema solar cintilante em que se
derrama um sem-número de sistemas solares, havia uma vez um
astro em que animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi
o minuto mais soberbo e mais mentiroso da história universal: mas
também foi somente um minuto. Passados poucos fôlegos da nature-
za congelou-se o astro, e os animais inteligentes tiveram de morrer.
- Assim poderia alguém inventar uma fábula e nem por isso teria +- + + <
ilustrado suficientemente quão lamentável, quão fantasmagórico e
+- + + <
fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro
da natureza. Houve eternidades em que ele não estava; quando de
novo ele tiver passado, nada terá acontecido. Ao contrário, ele é hu-
mano, e somente seu possuidor e genitor o toma tão pateticamente,
como se os gonzos do mundo girassem nele. Mas se pudéssemos
entender-nos com a mosca, perceberíamos então que também ela
boia no ar[ .. .] e sente em si o centro voante desse mundo.
+- + + <
NIETZSCHE. O Livro das Citações, 2008.
7 (UFSJ) Para Caio Prado Jr., a observação de Engels: "O núcleo que encerra as
verdadeiras descobertas de Hegel... o método dialético na sua forma simples
em que é a única forma justa do desenvolvimento do pensamento", revela:
x a) a herança da dialética hegeliana assumida por Karl Marx.
b) a filosofia de Marx com sua herança escolástica partilhada por Hegel.
+ + +- <
c) a perspectiva dialética do homem, que permite considerá-lo capaz de
conceituar termos científicos no aspecto ou feição do universo.
+ + +- <
d) o tema central da filosofia, a saber, o desenvolvimento da dialética do
ser humano, fator determinante do existencialismo contemporâneo.
8. Soma= 24 (ID8 + 16) 8 (UEM) Hegel criticou o inatismo, o empirismo e o kantismo. Endereçou a
todos a mesma crítica, a de não terem compreendido o que há de mais
fundamental e essencial à razão: o fato de ela ser histórica. Com base
+ + +- < nessa afirmação, assinale o que for correto.
01) Ao afirmar que a razão é histórica, Hegel considera a razão como
+ + +- < sendo relativa, isto é, não possui um caráter universal e não pode
alcançar a verdade.
02) Não há para Hegel nenhuma relação entre a razão e a realidade.
Submetida às circunstâncias dos eventos históricos, a razão está con-
denada ao ceticismo, isto é, "ao duvidar sempre".
04) A identificação entre razão e história conduz Hegel a desenvolver
uma concepção materialista da história e da realidade, negando en-
tre ambas a possibilidade de uma relação dialética.
08) No sistema hegeliano, a racionalidade não é mais um modelo a ser
aplicado, mas é o próprio tecido do real e do pensamento. O mundo
é a manifestação da ideia, o real é racional, e o racional é o real.
16) Karl Marx, ao afirmar, na Ideologia alemã, que não é a história que
anda com as pernas das ideias, mas as ideias é que andam com as
pernas da história, critica, ao mesmo tempo, o idealismo e a concep-
ção da história de Hegel e dos neo-hegelianos.
•
Dê como resposta a soma das alternativas corretas .
9 (UEG) Karl Marx foi um pensador que exerceu grande influência sobre a
filosofia e a sociologia. A sua teoria das classes sociais pode ser pensada
+ <
tanto do ponto de vista filosófico quanto do ponto de vista sociológico.
Sobre esse assunto, é correto afirmar:
x a) Marx pensa o proletariado como classe social constituída pelo conjun-
to dos trabalhadores assalariados produtivos que só possuem sua for-
ça de trabalho para vender em troca de um salário. Porém, por causa
da influência da filosofia hegeliana, ele não vê o proletariado apenas
"empiricamente", como "classe mais sofredora", mas também como +- + + <
potencialidade, vir a ser, carregando em si a possibilidade e a tendência
de engendrar o comunismo.
+- + + <
b) Marx julga que o proletariado é composto pelos trabalhadores assala-
riados, que possuem um "espírito de rebanho" (Nietzsche), e que por
isso será libertado pelo socialismo filosófico, tal como propunham os
socialistas utópicos.
c) Marx considera que o proletariado é uma classe social revolucionária
por ser explorada pela classe capitalista e, somente quando houvesse
a universalização do ensino, ela passaria, segundo linguagem hege-
liana, de "classe em si" a "classe para si".
d) As classes sociais são o sujeito histórico das mudanças sociais, havendo
um revezamento das elites no poder, de acordo com a teoria das elites
de Mosca e Pareto, sendo a realização da razão na história, tal como
pensava Hegel. Assim, conforme a filosofia da história de Hegel, a razão
é determinante no desenvolvimento histórico e das classes sociais.
10 (Enem, 2013)
Na produção social que os homens realizam, eles entram em de-
terminadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; +- + + <
•
tal como a si próprio se fizer.
3 (Unesp) ~ Um dos expoentes do pensamento
frankfurtiano, Marcuse critica a
Em troca dos artigos que enriquecem sua vida, os indivíduos práti a da "suposta" liberdade do
vendem não só seu trabalho, mas também seu tempo livre. As pes- homem, já que o progresso té2nico
do capitalismo resultou em uma
soas residem em concentrações habitacionais e possuem automóveis variada oferta de bens de consumo,
particulares com os quais já não podem escapar para um mundo o que, por sua vez/, transformou
diferente. Têm gigantescas geladeiras repletas de alimentos congela- os seres humanos em potenciais
dos. Têm dúzias de jornais e revistas que esposam os mesmos ideais. consumidores, fazendo-os não
perceber a realidaâe como de fato
Dispõem de inúmeras opções e inúmeros inventos que são todos da ela é. o trabalho élalienado e o
mesma espécie, que as mantêm ocupadas e distraem sua atenção do tempo livre é convertido na prática
verdadeiro problema, que é a consciência de que poderiam trabalhar do consumo, que se transforma em
menos e determinar suas próprias necessidades e satisfações. umlâzer. +-
+ <
Herbert Marcuse, filósofo alemão, 1955.
4 (UEM) Jürgen Habermas constrói um novo sistema filosófico, fundamen- ( Soma= 28 (04 + 08 + 76)
tado na teoria da ação comunicativa. Em oposição à filosofia da consciên-
cia da tradição moderna, que concebe a razão como uma entidade cen-
trada no sujeito, Habermas considera a razão como sendo o resultado de
+ <
uma relação intersubjetiva entre indivíduos que procuram, por meio da
linguagem, chegar ao entendimento. Assinale o que for correto. + <
5 (Unioeste)
Só pelo fato de que tenho consciência dos motivos que solicitam
minha ação, esses motivos já são objetos transcendentes para minha
consciência, estão fora; em vão buscaria agarrar-me a eles, escapo
disto por minha existência mesma. Estou condenado a existir para
c®nette.
sempre além de minha essência, além dos móveis e dos motivos de
meu ato: estou condenado a ser livre. Isto significa que não se poderia
+ + encontrar para a minha liberdade outros limites senão ela mesma, ou,
se se prefere, não somos livres de cessar de ser livres. [.. .] O sentido
profundo do determinismo é o de estabelecer em nós uma continuida-
de sem falha da existência em si. [.. .] Mas em vez de ver transcendên-
cias postas e mantidas no seu ser por minha própria transcendência,
supor-se-á que as encontro surgindo no mundo: elas vêm de Deus, da
natureza, da "minha" natureza, da sociedade. [.. .] Essas tentativas abor-
+ + tadas para sufocar a liberdade - elas desmoronam quando surge, de
repente, a angústia diante da liberdade - mostram bastante que a liber-
+ +
dade coincide no fundo com o nada que está no coração do homem.
Sartre.
6 (UFSJ)
O ser em relação aos outros não é apenas uma relação de ser
autônomo e irredutível: enquanto "ser-com" ela é uma relação
que, como o ser do ser-aí, já está aí. É indiscutível que um inten-
+ + so conhecimento pessoal mútuo, fundado no ser-com, depende
frequentemente de até onde cada ser-aí conhece-se a si mesmo
+ +
na ocasião; mas isto quer dizer que esse conhecimento depende
apenas de até onde o essencial ser-com-os-outros de alguém o
tem tornado transparente e não o tem disfarçado. Isso é possível
somente se o ser-aí, enquanto sendo-no-mundo, já é com os ou-
tros. A "empatia" não é o constitutivo primeiro do ser-com; uni-
camente enquanto fundada no ser-com a empatia pode tornar-se
possível. Ela recebe sua motivação da insociabilidade dos modos
dominantes de ser-com.
HEIDEGGER, Martin. Todos nós . ninguém. Um enfoque fenomenológico do social.
São Paulo: Moraes, 1981. p. 46.
•
d) é importante manter o disfarce na relação ser-com-os-outros .
7 (UFU) Jean-Paul Sartre (1905-1980) encontrou um motivo de reflexão
sobre a liberdade na obra de Dostoiévski, Os irmãos Koromozov:
+ <
"se Deus não existe, tudo é permitido". A partir daí teceu considera-
ções sobre esse tema e algumas consequências que dele podem ser
derivadas.
[. ..] tudo é permitido se Deus não existe e, por conseguinte, o ho-
mem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora
dele nada a que se agarrar. Para começar, não encontra desculpas.
[. ..] Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo +- + + <
+ + +- <
+ + +- <
•
Atividades r
2 (Unesp)
Texto 1
Agora que as paixões acalmaram, volto à proibição do fumo em
ambientes fechados, aprovada pela Assembleia Legislativa de São .. + .. +
Paulo. Incrível como esse tema ainda gera discussões acaloradas.
Como é possível considerar a proibição de fumar nos lugares em .. + .. +
que outras pessoas respiram uma afronta à liberdade individual? As
evidências científicas de que o fumante passivo também fuma são
tantas e tão contundentes que os defensores do direito de encher de
fumaça restaurantes e demais espaços públicos só podem fazê-lo por
duas razões: ignorância ou interesse financeiro. Sinceramente, não
consigo imaginar terceira alternativa.
VARELLA, Drauzio. O fumo em lugares fechados. Folha de S.Paulo, 25 abr. 2009.
Texto 2
Típico do espírito fascista é seu amor puritano pela "humanidade
correta" ao mesmo tempo em que detesta a diversidade promíscua
dos seres humanos. Por isso sua vocação para ideia de "higiene cien-
tífica e política da vida": supressão de hábitos "irracionais", criação de
comportamentos "que agregam valor político, científico e social". O
imperativo "seja saudável" pode adoecer uma pessoa. Na democracia
o fascismo pode ser invisível como um vírus. Quer um exemplo da
contaminação? Votemos uma lei: mesmo em casa não se pode fumar.
Afinal, como ficam os pulmões dos vizinhos? Que tal uma campanha
+ + r < nas escolas para as crianças denunciarem seus pais fumantes?
PONDÉ, Luiz Felipe. O vírus fascista. Folha de S.Paulo, 22 set. 2008.
•
mente da interpretação dos desígnios de Deus .
5 (UFSM) O uso de fontes alternativas de energia, como a energia solar,
está cada vez mais difundido no mundo contemporâneo. Isso se deve,
+ <
em boa medida, ao conhecimento adquirido nas últimas décadas de
que o uso excessivo de combustíveis fósseis (por exemplo, o carvão) na
produção de energia tem contribuído significativamente para o chama-
do "efeito estufa". A principal consequência desse efeito é o aumento
da temperatura média da Terra. Dado o conhecimento que temos hoje
das decorrências negativas do "efeito estufa", pode-se dizer que, em
uma ética de tipo aristotélica, o uso de energias alternativas constitui
+- + + <
um ....; em uma ética de tipo kantiana, por sua vez, o uso de energias
alternativas constitui um ....; em uma ética de tipo utilitarista, o uso de
energias alternativas constitui um ..... +- + + <
•
dos no mundo da vida .
b) pauta-se em argumentos de utilidade, os quais impõe o dever de
proporcionar, enquanto benefício, o maior bem ou a maior felicidade
aos envolvidos. + <
g (Enem, 2013)
O brasileiro tem noção clara dos comportamentos éticos e morais
adequados, mas vive sob o espectro da corrupção, revela pesquisa.
Se o país fosse resultado dos padrões morais que as pessoas dizem
aprovar, pareceria mais com a Escandinávia do que com Bruzundan-
ga (corrompida nação de Lima Barreto).
FRAGA, P. Ninguém é inocente. Folha de 5. Paulo. 4 out. 2009 (adaptado).
x d) criadas pelo homem, que concede a si mesmo a lei à qual deve se +- + + <
submeter.
e) cumpridas por aqueles que se dedicam inteiramente a observar as
normas jurídicas.
10 (Enem, 2012)
Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exem- +- + + <
plo, a linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das
Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por
+- + + <
exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos chama-
tivos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios seme-
lhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a deli-
mitação das esferas pública e privada - em tudo isso reflete-se amiúde
apenas o autoentendimento ético-político de uma cultura majoritária, do-
minante por motivos históricos. Por musa de tais regras, implicitamente
repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que gardnta
formalmente a igualdade de direitos pard todos, pode eclodir um conflito
c.ulturdl movido pelas minorias desprezadas contm a cultura da maioria.
HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002.
c®nette.
b) a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos
de diferentes comunidades étnicas, confissões religiosas e formas de
+ + vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional.
x c) a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os dis-
cursos de autoentendimento se submeterem ao debate público, cien-
tes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento.
d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham
condições de se libertar das tradições de suas origens em nome da
harmonia da política nacional.
+ +
e) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem po-
lítica ou distintas convenções de comportamento, para compor a are-
+ +
na política a ser compartilhada.
+ +
+ +
+ +
+ +
•
Atividades
1 (UEG) O pensamento de Thomas Hobbes sobre a necessidade do Estado
civil na vida do ser humano é expresso pela seguinte ideia:
a) Sempre houve um Estado civil. Cabe aos homens criar um contrato so-
cial para regulamentar as atividades do próprio homem na sociedade.
x b) Em estado de natureza, os indivíduos vivem isolados e lutam constan-
temente, vigorando a guerra de todos contra todos. O contrato e o
Estado civil regulam a sociedade, garantindo a sobrevivência da espé-
cie humana.
c) O Estado civil foi fundado para garantir a existência da propriedade,
corrompendo assim a natureza humana.
d) O homem é um animal político. Ele se organiza em sociedade para
que ela tenha a possibilidade de existência.
2 (Unesp) + <
Aristóteles, A Política.
c®nette.
Com base no texto, assinale a alternativa incorreta.
a) Na concepção política de Hobbes, o estado de natureza é tido como
+ +
um estado de guerra generalizada, de todos contra todos.
x b) Na concepção política de Aristóteles, o homem é, por natureza, um
ser insociável e apolítico.
c) Na concepção política de Hobbes, o poder soberano que resulta do
pacto de união, por ser soberano, tem como atributos fundamentais
ser um poder absoluto, indivisível e irrevogável.
+ + d) Na concepção política de Locke, a passagem do estado de natureza
para o estado civil se realiza mediante o contrato social que é um
pacto de consentimento unânime de indivíduos singulares para o in-
+ +
gresso no estado civil.
e) Contrapondo-se a Hobbes, Locke concebe o estado de natureza como
um estado de "relativa paz, concórdia e harmonia".
4 (UFBA)
Na teoria geral do Estado distinguem-se, embora nem sempre
com uma clara linha demarcatória, as formas de governo dos tipos de
Estado. Na tipologia das formas de governo, leva-se mais em conta
a estrutura de poder e as relações entre os vários órgãos dos quais a
constituição solicita o exercício do poder; na tipologia dos tipos de
Estado, mais as relações de classe, a relação entre o sistema de poder e
a sociedade subjacente, as ideologias e os fins, as características histó-
ricas e sociológicas. As tipologias clássicas das formas de governo são
três: a de Aristóteles, a de Maquiavel e a de Montesquieu.
BOBBIO, N. Estado, governo e sociedade. Tradução Marco Aurélio Nogueira.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. p. 104. Coleção Pensamento Crítico, v. 69.
•
acordo com suas ideias, o grupo que deve governar a polis é o dos:
a) comerciantes que, sabendo da importância das riquezas para as cida-
des-Estado da Grécia, levariam riquezas para a polis.
+ <
x b) filósofos que, por conhecer a verdade e o bem através da contemplação
do mundo das ideias, proporcionariam o maior bem comum a todos.
c) guerreiros, pois se caracterizavam por sua força, integridade e seu grande
amor aos sentimentos mais nobres, como fidelidade e bravura.
d) trabalhadores que, por meio das mais diversas profissões e movidos
pela ambição do lucro, garantiriam o sustento de toda a polis.
+- + + <
7 (UEG) Para o sociólogo Marshall T. H., ser cidadão significa "ter uma par- +- + + <
8 (Enem, 2011)
Texto I
9 (Enem, 2013)
Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de manei-
ra que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o
mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou
do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar
as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências
dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da li-
+- + + +- < berdade, sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou grupo
+- + + +- < exercer os referidos poderes concomitantemente.
MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).
10 (Enem, 2012)
Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que
acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião
é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações
ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjec-
tura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso
livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade
dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a
outra metade.
•
MAQUIAVEL, N. Opríncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado) .
'
Em O príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu
tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pen-
samento político e o humanismo renascentista ao + <
aprendizagem.
e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão. +- + + <
11 (Enem, 2012)
Nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falí-
vel. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de
oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um
cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade
e a segurança da justiça.
KING Jr., M. L. Eu tenho um sonho, 28 ago. 1963. Disponível em: <www.palmares.gov.br>. Acesso em:
30 nov. 2011 (adaptado).
sulista. +- + + <
12 (Enem, 2012)
É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; +- + + <
c®nette.
Atividades
1 (UFV-MG) A ciência moderna teve seus contornos definidos com a Revo-
lução Científica do século XVII. Pensadores como Francis Bacon (1561-
-1626), René Descartes (1596-1650) e Isaac Newton (1643-1727) esta-
beleceram as bases do racionalismo moderno que nos serve de alicerce
nos dias de hoje.
Das alternativas abaixo, não faz parte do método científico o seguinte
procedimento:
a) a observação, experimentação e indução, a partir das quais se elabo-
ram explicações empíricas sobre os objetos analisados.
b) o raciocínio dedutivo em que as relações de causa e efeito interli-
gam acontecimentos e objetos numa determinada temporalidade
+ + ou decorrência.
+ + x c) a elaboração de sínteses contemplativas a partir das quais as experi-
ências na natureza adquirem um valor religioso e fenomênico.
d) a suposição de que leis gerais explicam os movimentos e os even-
tos que são alheios à vontade humana, submetendo-a aos seus
desígnios.
+ +
2 (UFPA)
A palavra tecnologia, aplicada atualmente com grande latitude
+ +
[.. .], é uma expressão específica, em uso a partir de 1772, deno-
tando um fenômeno moderno, que reprojetamos a condições dis-
tintas das de nosso tempo: a ligação da ciência com a técnica, ou
seja, o ciclo do desenvolvimento da técnica embasada no conhe-
cimento científico, e que envolve em função dele tanto quanto o
faz progredir.
NUNES, Benedito. Cultura tradicional e cultura de massa. ln. Ensaio. São Paulo: Ed. Ensaio. p. 106.
•
nicas produzidas na época .
d) são as necessidades tecnológicas que dão vigor e direção à pesquisa
científica.
+ <
x e) o avanço tecnológico se apoia em descobertas científicas, mas tam-
bém possibilita que a ciência progrida.
3 (Unesp)
Em 19 de fevereiro de 1616, o Santo Ofício passou aos seus teólo-
gos as duas proposições que resumiam o núcleo da questão para que
+- + + <
fossem examinadas. As duas proposições eram as seguintes: a) "Que
o Sol é o centro do mundo, sendo consequentemente imóvel de mo-
vimento local". b) "Que a Terra não está no centro do mundo nem é +- + + <
imóvel, mas move-se por si mesma". Cinco dias depois, todos os teó-
logos de acordo, sentenciaram que a primeira proposição era tola e ab-
surda em filosofia e formalmente herética, enquanto contrastava com 3. halileu foi condenado pela Santa
as sentenças da Sagrada Escritura em seu significado literal e segundo Inquisição da Igreja Católica. Tal
a exposição comum dos Santos Padres e dos doutores em teologia. condenacão resultou do fato de que
Galileu, ;o defender a teoria do
Reale e Antiseri. História da Filosofia, 2000. Adaptado. heliocentrismo ("a Terra gira em torno
âo Sol") contfariou o ()Jeocentr/smo
O texto descreve os motivos que levaram à condenação do filósofo Gali- encontrado nos dogmas católit os, ou
leu Galilei por uma instituição religiosa. Responda qual foi a instituição seja, a teoria de que a Terra é o centro do
que o condenou e explique os motivos dessa condenação. I
universo teoria ptolomaica.
+- + + <
+- + + <
4 (UFSJ-MG)
Na formação do espírito científico, o primeiro obstáculo é a expe-
riência primeira, a experiência colocada antes e acima da crítica - críti-
ca esta que é, necessariamente, elemento integrante do espírito cientí-
fico. Já que a crítica não pode intervir de modo explícito, a experiência
primeira não constitui, de forma alguma, uma base segura. Vamos +- + + <
fornecer inúmeras provas da fragilidade dos conhecimentos primeiros,
mas desejamos, desde já, mostrar nossa nítida oposição a essa filosofia
+- + + <
fácil que se apoia no sensualismo mais ou menos declarado, mais ou
menos romanceado, e que afirma receber suas lições diretamente do
dado claro, nítido, seguro, constante, sempre ao alcance do espírito
totalmente aberto. Eis, portanto, a tese filosófica que vamos sustentar:
o espírito científico deve formar-se contra a natureza, contra o que é,
em nós e fora de nós, o impulso e a informação da Natureza, contra o
arrebatamento natural, contra o fato colorido e corriqueiro. O espírito
científico deve formar-se enquanto se reforma.
BACHELARD, Gastón. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996. p. 29.
•
de seus problemas .
16) Considerando o princípio da falseabilidade, a ciência, para Karl Popper,
não se desenvolve de modo linear.
+ <
Apresente como resposta a soma das alternativas corretas.
9 (UEM)
[. ..] para Bachelard, a história das mudanças científicas é feita de 9. Soma= 24 (08 + 76)
descontinuidades (novas teorias, novos modelos, novas tecnologias
que rompem com os antigos) mas também comporta continuidades,
quando se considera que o novo foi suscitado pelo antigo e que par-
te deste é incorporado por aquele.
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2008. p. 223.
01) Para Bachelard, a ciência não pode admitir o erro, pois ele represen- +- + + <
c®nette.
Atividades
1 (UEA)
[. ..] a arte de imitar está bem longe da verdade e, se executa
tudo, ao que parece, é pelo fato de atingir apenas uma porção de
cada coisa, que não passa de uma aparição. Por exemplo, dizemos
que o pintor nos pintará um sapateiro, um carpinteiro[ .. .] sem nada
conhecer dos respectivos ofícios.
PLATÃO. A república, século IV a.C.
2 (Unesp) A peça Fonte foi criada pelo francês Marcel Duchamp e apresen-
+ + tada em Nova Iorque em 1917.
•
Fonte - obra de Marcel Duchamp .
A transformação de um urinol em obra de arte representou, entre outras coisas,
x a) a alteração do sentido de um objeto do cotidiano e uma crítica às
+ <
convenções artísticas então vigentes.
b) a crítica à vulgarização da arte e a ironia diante das vanguardas artís-
ticas do final do século XIX.
c) o esforço de tirar a arte dos espaços públicos e a insistência de que
ela só podia existir na intimidade.
d) a vontade de expulsar os visitantes dos museus, associando a arte a
situações constrangedoras. +- + + <
poetas. Efetivamente, são esses que fizeram para os homens essas +- + + <
fábulas falsas que contaram e continuam a contar.
PLATÃO. A república. Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. 8. ed.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. p. 87-88.
Por seu turno, na Poética, Aristóteles diz o seguinte a respeito dos poetas:
[.. .] quando no poeta se repreende uma falta contra a verda-
de, há talvez que responder como Sófocles: que representava ele os +- + + <
homens tais como devem ser, e Eurípides, tais como são. E depois
caberia ainda responder: os poetas representam a opinião comum,
+ + <
como nas histórias que contam acerca dos deuses: essas histórias +-
c®nette.
d) O problema para Platão é que Homero e os outros poetas falam sobre
o mundo sensível e não sobre a verdade; já Aristóteles acredita que
+ + eles devem ser repreendidos por isso.
e) Falar o falso para Platão é problemático porque o falso pode passar pelo
verdadeiro; para Aristóteles, o poeta apresenta a verdadeira realidade.
•
venceu o concurso porque o escultor:
a) imitou a deusa Atena considerando que para uma obra ser bela tem
de ter, além da proporção, certa esquisitice.
+
b) não se preocupou em reproduzir uma cópia fiel da deusa Atena, pois <
8 (UEM) Segundo Georg Wilhelm Friedrich Hegel, a realidade é a manifes- 8. Soma= 19 (01 + 02 + 16)
tação do Espírito infinito ou Absoluto, que é necessariamente histórico, + <
Tales.
•
lidade fundamental.
Anaximandro
Outro filósofo de Mileto, Anaximandro (e. 610-547
a.e.), discípulo de Tales, procurou aprofundar as concep-
ções do mestre sobre a origem única de todas as coisas e
tentou resolver os problemas que Tales lançara, buscando
em meio aos diversos elementos observáveis e determi-
nados do mundo natural - especialmente os tradicionais
pares de contrários (água, terra, ar e fogo) - o princípio
único e primordial de todos os seres, mas não lhe foi pos-
sível identificá-lo.
Anaxímenes.
Anaximandro.
Anaxímenes ~
o
(.)
'é:
·e
[)._
c®nette.
monia. Segundo o historiador de filosofia norte-america- constante transformação. Mas, diferentemente dos mi-
no Thomas Giles, "pela primeira vez se introduzia um lésios, que buscavam na mudança aquilo que permane-
aspecto mais formal2 na explicação da realidade, isto é, ce, decidiu concentrar sua reflexão sobre o que muda.
a ordem e a constância". Se para Pitágoras "tudo é nú- Assim, o filósofo dizia que tudo flui, nada persiste nem
mero", isso quer dizer que o princípio fundamental (a permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir a ser.
arché) seria uma estrutura numérica, matemática, da
realidade. A diferença entre as coisas resultaria, em últi-
ma instância, de uma questão de números.
Conta-se que, para chegar a essa tese, primeiro te-
ria percebido que à harmonia dos acordes musicais cor-
respondiam certas proporções aritméticas. Supôs, então,
que as mesmas relações se encontrariam na natureza.
Unindo essa suposição aos seus conhecimentos de astro-
nomia - com os quais podia, por exemplo, calcular an-
tecipadamente o deslocamento dos astros -, concebeu
a ideia de um cosmo harmônico, regido por relações ma-
temáticas (teoria da harmonia das esferas).
O mundo teria surgido da fixação de limites para o
ilimitado (o ápeiron), da imposição de formas numéri-
cas sobre o espaço. Eda estrutura numérica da realida-
de derivariam problemas como finito e infinito, par e
ímpar, unidade e multiplicidade, reta e curva, círculo e
quadrado etc. Heráclito.
Há, portanto, um monismo em Pitágoras quando Heráclito também observou, como seus predecesso-
ele diz que tudo é número. No entanto, sua doutrina res, a atuação dos opostos na natureza, mas radicalizou
sobre a origem do mundo nos leva a pensar em uma essa observação, conferindo papel essencial ao conflito
concepção dualista da realidade, pois afirma que o em sua cosmologia, desenvolvendo uma visão da reali-
mundo surgiu de um ápeiron determinado pelo limite. dade profundamente agonística (do grego agonistikós,
O limite operaria como um deus, ou seria o próprio Deus "relativo a luta"), pois para ele o fluxo constante da vida
(cf. BERNHARDT, O pensamento pré-socrático: de Tales seria impulsionado justamente pela luta de forças con-
aos sofistas, em CHÂTELET, História da filosofia: ideias, trárias: a ordem e a desordem, o bem e o mal, o belo e
doutrinas. v. 1, p. 34). o feio, a justiça e a injustiça, o racional e o irracional, a
Os pitagóricos aliaram aos números concepções alegria e a tristeza etc. Decorre daí a sua famosa afirma-
não apenas filosóficas, mas também místicas, desenvol- ção de que "a luta (guerra) é a mãe, rainha e princípio
vendo uma concepção espiritual da existência, propon- de todas as coisas". Por essa razão, Heráclito imaginou
do e praticando um estilo de vida baseado na crença de que, se deveria haver um elemento primordial da natu-
que a alma é prisioneira do corpo e que dele se liberta reza, este teria que ser o fogo, governando o constante
com a morte, podendo reencarnar em uma forma de movimento dos seres com chamas vivas e eternas.
existência mais elevada, dependendo do grau de cresci- Pela importância que deu ao movimento, a escola
mento e de virtude que a pessoa tivesse alcançado. As- heraclitiana de pensamento é chamada de mobilista.
sim, para os pitagóricos, o principal propósito da exis- Apesar de não ter sido muito bem-visto entre seus con-
tência humana seria o de purificar a alma e elevar suas temporâneos e estudiosos posteriores, Heráclito é consi-
virtudes. Essas doutrinas tiveram grande influência so- derado um dos mais destacados filósofos pré-socráticos
bre Platão e o platonismo. e o primeiro grande representante do pensamento dia-
lético e teria inspirado filósofos como Hegel, Nietzsche
Heráclito e Heidegger, entre outros.
•
2. Formal: que considera as relações entre os termos de uma operação do entendimento, independentemente da matéria ou do conteúdo dessa operação .
de influência sobre Platão, que o chamava de Grande da razão, da essência. O segundo é o da opinião, da
Parmênides. Suas reflexões sobre o ser constituíram os aparência enganosa, que ele considerava a via de Herá-
primeiros passos da ontologia e da lógica. clito. Dessa maneira, quando a realidade é pensada pelo
caminho da aparência, tudo se confunde em movimen-
to, pluralidade e devir. De acordo com o filósofo, essa via
precisaria ser evitada para não termos de concluir que "o
ser e o não ser são e não são a mesma coisa", o que
seria um contrassenso, uma formulação ilógica.
zenão de Eleia
Discípulo de Parmênides, Zenão de Eleia (e. 488-
-430 a.e.) elaborou argumentos para defender a dou-
trina de seu mestre. Com eles, pretendia demonstrar
que a própria noção de movimento era inviável e
contraditória.
Parmênides.
Empédocles
Nascido em Agrigento (antes Aeragas), sul da Sicí-
lia, Empédocles (e. 490-430 a.e.) esforçou-se por conci-
liar as concepções de Parmênides e de Heráclito. Aceita-
va de Parmênides a racionalidade que afirma a existência
e permanência do ser ("o ser é"), mas procurava en-
contrar uma maneira de tornar racionais também os da-
dos captados por nossos sentidos.
Demócrito.
•
3. BERNHARDT, op. cit., p. 51 .
Daí a afirmação de Demócrito de que "nada nasce do a) o ser não existe;
nada, nada retorna ao nada". Tudo tem uma causa. Eos b) se existisse, não poderia ser conhecido;
átomos seriam a causa última do mundo.
c) mesmo que fosse conhecido, não poderia ser co-
Por essa razão, o atomismo de Demócrito passou à
história como uma teoria mecanicista, pois explica tudo municado a ninguém.
a partir dos átomos (matéria) e seus movimentos. No
mecanicismo, a sucessão dos acontecimentos é neces-
sária - no sentido de que segue uma lei natural que a
Sócrates
determina -, mas ocorre ao acaso - no sentido de que Nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a.e.) é tradi-
não tem um projeto ou finalidade. É como o mecanismo cionalmente considerado um marco divisório da história
de uma máquina, que não define nada, apenas funciona da filosofia grega. Por isso, os filósofos que o antecede-
de acordo com as leis físicas. Assim devia pensar Demó- ram são chamados de pré-socráticos e os que o sucede-
crito quando disse que tudo o que existe no universo ram, de pós-socráticos; Sócrates, porém, não deixou
nasce do acaso ou da necessidade. nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento
vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários.
Protágoras
Nascido em Abdera, Protágoras (e. 480-41 O a.e.) é
considerado o primeiro e um dos mais importantes sofis-
tas. Ensinou por muito tempo em Atenas, tendo como
princípio básico de sua doutrina a ideia de que o "ho-
mem é a medida de todas as coisas".
Sócrates.
Nessa fase do diálogo, a intenção fundamental de Assim, Sócrates concluiu suas últimas palavras:
"É chegada a hora de partir. Eu para a morte; vós,
Sócrates não era propriamente destruir o conteúdo das
respostas dadas pelos interlocutores, mas fazê-los tomar para a vida. Quem segue melhor rnmo? Isso é desco-
consciência profunda de suas próprias respostas, das nhecido de todos, menos da divindade".
consequências que poderiam ser tiradas de suas reflexões, PLATÃO. Defesa de Sócrates. p. 14 e 27.
muitas vezes repletas de conceitos vagos e imprecisos. Foi assim que Sócrates procurou caracterizar sua vi-
da. Construiu uma personalidade corajosa e guiou sua
Amaiêudca conduta pelo seu critério de justiça. Viveu conforme sua
própria consciência. Morreu sem ter renunciado a seus
Libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sa- mais caros valores morais.
biam, os discípulos podiam, então, iniciar o caminho da
reconstrução das próprias ideias. Novamente, Sócrates
lhes propunha, habilmente, uma série de questões. Platão
Nessa segunda fase do diálogo, o objetivo de Sócra-
Nascido em Atenas, Platão (427-347 a.e.) pertencia
tes era ajudar seus discípulos a conceberem suas pró-
a uma das mais nobres famílias atenienses. Seu nome
prias ideias. Assim, transportava para o campo da filoso-
verdadeiro era Arístocles, mas, devido a sua constituição
fia o exemplo de sua mãe, Fenareta, que, sendo parteira,
física, recebeu o apelido de Platão, termo grego que sig-
ajudava a trazer crianças ao mundo. Por isso, essa face
nifica "de ombros largos".
do diálogo socrático, destinada à concepção de ideias,
era chamada maiêutica, termo grego que significa "arte Platão foi discípulo de Sócrates, a quem considerava
de trazer à luz". "o mais sábio e o mais justo dos homens" 4 • Depois da
morte de seu mestre, empreendeu inúmeras viagens,
num período em que ampliou seus horizontes culturais e
Um corruptor da iuventude? amadureceu suas reflexões filosóficas.
Sócrates não dava importância à condição socioeco- Por volta de 387 a.e. retornou a Atenas, onde fun-
nômica de seus discípulos. Dialogava com ricos e pobres, dou sua própria escola filosófica, a Academia, nos jar-
•
4. PLATÃO. Fédon, p. 120.
dins construídos por seu amigo Academus. Essa escola O método proposto por Platão para realizar essa pas-
foi uma das primeiras instituições permanentes de ensi- sagem e atingir o conhecimento autêntico (epistéme) é a
no superior do mundo ocidental. Uma espécie de univer- dialética. Equivalente aos diálogos críticos de Sócrates, a
sidade pioneira dedicada à pesquisa científica e filosó- dialética socrático-platônica, basicamente, na contraposi-
fica, além de se tornar um centro de formação política. ção de uma opinião com a crítica que dela podemos fazer,
ou seja, na afirmação de uma tese qualquer seguida de
uma discussão e negação dessa tese, com o objetivo de
purificá-la dos erros e equívocos, permitindo uma ascen-
são até as ideias verdadeiras. Pela explicação de Platão,
nesse processo vamos recordando as verdades eternas e
imutáveis que já haviam sido contempladas por nossa
alma no mundo das ideias, antes de nossa existência ma-
terial. Isso quer dizer que o conhecimento verdadeiro
(epistéme), para ele, é uma imagem do passado, uma
reminiscência da alma. Portanto, temos uma concepção
gnosiológica inatista.
Somente quando saímos do mundo sensível e atingi-
mos o mundo racional das ideias é que alcançamos o do-
mínio do ser absoluto, eterno e imutável. Nesse mundo
das ideias só podemos entrar, segundo Platão, através do
conhecimento racional, científico ou filosófico.
Platão com seus discípulos. Assim, chegamos à conclusão de que a opinião se
forma do mundo apresentado pelos sentidos, enquan-
A maior parte do pensamento platõnico nos foi
to o conhecimento é de um mundo eterno; a opinião,
transmitida por intermédio da fala de Sócrates, nos diá-
por exemplo, trata de coisas belas determinadas; o co-
logos socráticos, escritos por ele mesmo, Platão.
nhecimento ocupa-se da beleza em si.
O pensamento de Platão é tão vasto e importante
RUSSELL, Bertrand. História da filosofia ocidental. v. 1, p. 140.
que deu origem a uma expressão famosa: "toda filosofia
ocidental são notas de rodapé a Platão". A teoria das ideias de Platão representa a tentativa
de conciliar as duas grandes tendências anteriores da fi-
Teoria das ideias losofia grega: a concepção do ser eterno e imutável de
Parmênides e a concepção do ser plural e móvel de He-
Uma das doutrinas mais importantes da filosofia de
ráclito. Para Platão, o ser eterno e universal habita o
Platão é a sua teoria das ideias, que é estudada da pers-
mundo da luz racional, da essência e da realidade pura.
pectiva epistemológica como teoria do conhecimento.
E os seres individuais e mutáveis moram no mundo das
Isso porque nessa doutrina Platão propõe que conhecer a
sombras e sensações, das aparências e ilusões.
verdade implica um processo de passagem progressiva do
mundo sensível (das sombras e aparências) para o mun-
do das ideias (das essências ou seres verdadeiros). Ve-
jamos como isso se daria:
Afilosofia no poder: os reis-filósofos
• A primeira etapa desse processo é dominada pelas Na juventude, Platão alimentou o ideal de partici-
impressões ou sensações advindas dos sentidos. Es- pação política em Atenas. Depois, desiludido com a de-
sas impressões sensíveis são responsáveis pela opi- mocracia ateniense, confessou: "Deixei levar-me por
nião que temos da realidade. A opinião representa o ilusões que nada tinham de espantosas por causa de
saber que se adquire sem uma busca metódica. minha juventude. Imaginava que, de fato, governariam
a cidade reconduzindo-a dos caminhos da injustiça para
• O conhecimento, entretanto, para ser autêntico, os da justiça"5 •
deve ultrapassar a esfera das impressões sensoriais,
o plano da opinião, e penetrar na esfera racional da Abraçando a filosofia, adotou um novo ideal: "Fui
sabedoria, o mundo das ideias. Para atingir esse então irresistivelmente levado a louvar a verdadeira
mundo, o homem não pode ter apenas "amor às opi- filosofia e a proclamar que somente à sua luz se pode
niões" (filodoxia); precisa possuir um "amor ao sa- reconhecer onde está a justiça na vida pública e na
ber" (filosofia). vida privada" 6 •
•
direção do império macedônico, em 340 a.e. conclusão científica sobre ele - foi elaborado tendo como
base a observação sistemática das diferentes instituições dade. Isso porque essa passagem da potência para o ato
às quais se atribui o nome de escola. Dessa maneira, o não se dá ao acaso: ela é causada.
conceito escola pode ter sentido universal porque reúne
Aristóteles emprega o termo causa em sentido bas-
em si os componentes essenciais aplicáveis ao conjunto
tante amplo, isto é, no sentido de tudo aquilo que de-
das múltiplas escolas concretas existentes no mundo.
termina a realidade de um ser. Distingue, assim, qua-
tro tipos de causas fundamentais:
Nova interpretação para as
• causa material - refere-se à matéria de que é fei-
mudanças do ser ta uma coisa. Exemplo: o mármore utilizado na con-
Retomando a questão do ser, Aristóteles pretendeu fecção de uma estátua;
resolver a contradição entre o caráter estático e perma-
nente do ser em oposição ao movimento e à transitorie- • causa formal - refere-se à forma, à natureza espe-
dade das coisas. Era a clássica polêmica entre Heráclito e cífica, à configuração de uma coisa, tornando-a "um
Parmênides. Para essa questão, Aristóteles propõs uma ser propriamente dito". Exemplo: uma estátua em
nova interpretação ontológica (isto é, relativa ao estudo forma de homem e não de cavalo;
do ser), segundo a qual em todo ser devemos distinguir: • causa eficiente - refere-se ao agente que produ-
• o ato - a manifestação atual do ser, aquilo que já ziu diretamente a coisa. Exemplo: o escultor que fez
existe; a estátua;
c®nette.
eia é o meio-termo entre a precipitação e a negligência; a resistência ante o sofrimento, a coragem ante o perigo
a virtude da coragem é o meio-termo entre a covardia e e a indiferença ante as riquezas materiais. O ideal perse-
a valentia insana; a perseverança é o meio-termo entre a guido era um estado de plena serenidade (ataraxia)
fraqueza de vontade e a vontade obsessiva. para lidar com os sobressaltos da existência, fundado na
aceitação e compreensão dos "princípios universais" que
Epicuro regem toda a vida.
•
de austeridade física e moral, baseada em virtudes como Detalhe de Diógenes e Alexandre Magno - Museo Torlonia, Roma .
Cinismo vem do grego kynos, que significa "cão"; populações, Diógenes também não tinha apreço pela
cínico, do grego kynikos, significa "como um cão". O diferença entre grego e estrangeiro. Conta-se que,
termo cinismo, portanto, designa a corrente dos filóso- quando lhe perguntaram qual era sua cidadania, teria
fos que se propuseram a viver como os cães da cidade, respondido: "Sou cosmopolita" (palavra grega que sig-
sem qualquer propriedade ou conforto. Levavam ao ex- nifica "cidadão do mundo").
tremo a filosofia de Sócrates, segundo a qual o homem
Há muitas histórias de sabedoria e humor sobre
deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar to-
Diógenes. Conta-se, por exemplo, que ele morava num
dos os bens materiais. Por isso, Diógenes de Sínope
barril e que, certa vez, Alexandre Magno decidiu visitá-
(e. 413-327 a.e.), o pensador mais destacado dessa es- -lo. De pé em frente à "casa", Alexandre perguntou se
cola, é conhecido como o "Sócrates demente", ou o
havia algo que ele, como Imperador, poderia fazer em
"Sócrates louco", pois questionava os valores e as con-
benefício do filósofo. Diógenes respondeu prontamen-
venções sociais e procurava viver estritamente confor-
te: "Sim, podes sair da frente do meu sol". Diz a lenda
me os princípios que considerava moralmente corretos.
que Alexandre, impressionado com o desprezo do filó-
Vivendo numa época em que as conquistas de Ale- sofo pelos bens materiais, comentou: "Se eu não fosse
xandre promoviam o helenismo, mesclando culturas e Alexandre, queria ser Diógenes".
c®nette.
Santo Agostinho
Aureliano Agostinho (354-430) nasceu em Tagaste e faleceu em Hipo-
na, ambas cidades da província romana da Numídia, na África, e que hoje
pertence à Argélia. Nessa última cidade ocupou o cargo de bispo da Igreja
Católica.
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A pregação de Santo Agostinho diante do bispo de Hipona - Século XVIII - Carie van Loo.
•
7. Entre os neoplatônicos, destaca-se Plotino (e. 205-270) .
Santo Ambrósio, bispo de Milão. Pouco tempo depois, a Igreja ter se pronunciado por tal doutrina assinalou o
converteu-se ao cristianismo, tornando-se seu grande fim da ética pagã e de toda a filosofia helênica"ª.
defensor pelo resto da vida.
Uma consequência dessa posição foi a ênfase que
passou a ser dada ao "voltar-se a si mesmo": seria ape-
Asuperioridade da alma sobre ocorpo nas pelo cultivo da interioridade que se chegaria à visão
Em sua obra, Agostinho argumenta em favor da su- das verdades essenciais, no entendimento de que é
premacia do espírito sobre o corpo (a matéria). Para Deus o nosso Mestre Interior, o Ser que irradia sua luz no
ele, a alma teria sido criada por Deus para reinar sobre o mais íntimo da nossa alma.
corpo, para dirigi-lo à prática do bem.
O pecador, entretanto, utilizando-se do livre-arbí- liberdade humana epecado
trio, costumaria inverter essa relação, fazendo o corpo Outro aspecto fundamental da filosofia agostiniana
assumir o governo da alma. Provocaria, com isso, a sub- é o entendimento de que a vontade não é uma função
missão do espírito à matéria, o que seria, para Agosti- específica ligada ao intelecto, conforme diziam os gre-
nho, equivalente à subordinação do eterno ao transitó- gos: ela é um impulso que nos inclina, desde nosso nas-
rio, da essência à aparência. cimento, às paixões pecaminosas.
A verdadeira liberdade, para o filósofo, estaria na Isso significa que, de acordo com Agostinho, a li-
harmonia das ações humanas com a vontade de Deus e berdade humana é própria da vontade e não da razão.
seria obtida pelo caminho ascendente, que vai do mun- Eé nisso que reside a fonte do pecado. O indivíduo peca
do exterior dos sentidos ao mundo interior do espírito. porque usa de seu livre-arbítrio para satisfazer uma von-
Ser livre é servir a Deus, diz Agostinho, pois o prazer de tade má, mesmo sabendo que tal atitude é pecaminosa.
pecar é a escravidão. Agostinho contrapõe-se, dessa forma, ao intelectualis-
mo moral, que teve sua expressão máxima em Sócra-
Boas obras ou graça divina? tes. Nas palavras de Agostinho, vejamos as causas mais
comuns do pecado:
Segundo o filósofo, o ser humano que trilha a via do
pecado só consegue retornar aos caminhos de Deus e da O ouro, a prata, os corpos belos e todas as coisas
salvação mediante a combinação de seu esforço pessoal são dotadas dum certo atrativo. O prazer de conve-
de vontade e a concessão, imprescindível, da graça di- niência que se sente no contato da carne influi viva-
vina. Sem a graça de Deus, o ser humano nada pode mente. Cada um dos outros sentidos encontra nos
conseguir. Mas nem todas as pessoas poderiam receber corpos uma modalidade que lhes corresponde. Do
essa graça, somente os predestinados à salvação. mesmo modo a honra temporal e o poder de mandar
e dominar encerram também um brilho, donde
A questão da graça, tal como colocada pelo filó- igualmente nasce a avidez e a vingança. [. . .] A vida
sofo, marcou profundamente o pensamento medieval neste mundo seduz por causa duma certa medida de
cristão. E a doutrina da predestinação à salvação foi, beleza que lhe é própria, e da harmonia que tem com
posteriormente, adotada por alguns ramos da teologia todas as formosuras terrenas.
protestante (Reforma Protestante). Na mesma época
de Agostinho, outro teólogo, Pelágio, afirmava que a Por todos estes motivos e outros semelhantes, co-
boa vontade e as boas obras humanas seriam sufi- mete-se o pecado, porque, pela propensão imoderada
cientes para a salvação individual. Era a doutrina do para os bens inferiores, embora sejam bons, se aban-
pelagianismo. donam outros melhores e mais elevados, ou seja, a
Vós, meu Deus, à vossa verdade e à vossa lei.
Agostinho colocou-se contra essa doutrina e, no SANTO AGOSTINHO. Confissões. p. 33.
concílio de Cartago do ano de 417, o papa Zózimo conde-
nou o pelagianismo como heresia e adotou a concepção Por isso, Agostinho afirma que o ser humano não
agostiniana de necessidade da graça divina, doada livre- pode ser autônomo em sua vida moral, isto é, deliberar
mente por Deus aos seus eleitos. livremente sobre sua conduta, pois sempre estará incli-
nado ao mal e a praticar o pecado. Somente com a graça
A condenação do pelagianismo se explica pelo fato
divina ele poderá se salvar.
de que conservava a noção grega de autonomia da vida
moral humana, isto é, a noção de que o ser humano
pode salvar-se por si só, sendo bom e fazendo boas
Precedência da lé sobre arazão
obras, sem a necessidade da ajuda divina. Essa noção se Agostinho também discutiu a diferença existente
chocava com a ideia de submissão total do ser humano entre fé cristã e razão, afirmando que a fé nos faz crer
ao Deus cristão, defendida pela Igreja. "O fato de assim em coisas que nem sempre entendemos pela razão:
8. POHLENZ, M. Apud REALE, G. e ANTISERI, D. História da filosofia, v. 1, p. 433.
"creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio tam- -se em organizar um conjunto de argumentos para de-
bém entendo. Tudo o que compreendo conheço, mas monstrar e defender as revelações do cristianismo.
nem tudo que creio conheço" 9 •
Baseando-se no profeta bíblico Isaías, dizia ser ne-
cessário crer para compreender, pois a fé ilumina os
caminhos da razão, e que a compreensão nos confirma a
crença posteriormente. Isso significa que, para Agosti-
nho, a fé revela verdades ao homem de forma direta e
intuitiva. Vem depois a razão, esclarecendo aquilo que a
fé já antecipou.
Aherança do helenismo
O pensamento agostiniano reflete, em grande me-
dida, os principais passos de sua trajetória intelectual
anterior à conversão ao catolicismo, que teve a influên-
cia do helenismo. Vejamos alguns elementos:
• Do maniqueísmo ficou uma concepção dualista no
âmbito moral, simbolizada pela luta entre o bem e
o mal, a luz e as trevas, a alma e o corpo. Nesse Tomás de Aquino.
sentido, dizia que o ser humano tem uma inclinação
natural para o mal, para os vícios, para o pecado. Assim, Tomás de Aquino reviveu em grande parte o
Insistia em que já nascemos pecadores (pecado pensamento aristotélico em busca de argumentos que
original) e somente um esforço consciente pode explicassem os principais aspectos da fé cristã. Enfim, fez
nos fazer superar essa deficiência "natural". Consi- da filosofia de Aristóteles um instrumento a serviço da
derando o mal como o afastamento de Deus, defen- religião católica, ao mesmo tempo em que transformou
dia a necessidade de uma intensa educação religio- essa filosofia numa síntese original.
sa, tendo como finalidade reduzir essa distância.
•
9. SANTO AGOSTINHO. De mogistro, p. 319 .
• princípio do ato e da potência - todo ser contin- que se mova, necessita também que seja movido por
gente possui duas dimensões: o ato e a potência. outro ser. Eassim sucessivamente. Se não houvesse um
O ato representa a existência atual do ser, aquilo primeiro ser movente, cairíamos num processo indefini-
que está realizado e determinado. A potência re- do. Logo, conclui Tomás de Aquino, é necessário chegar
presenta a capacidade real do ser, aquilo que não a um primeiro ser movente que não seja movido por
se realizou mas pode realizar-se. É a passagem da nenhum outro. Esse ser é Deus.
potência para o ato que explica toda e qualquer 2. a causa eficiente - todas as coisas existentes
mudança. no mundo não possuem em si próprias a causa eficiente
de suas existências. Devem ser consideradas efeitos de
Distinção entre ser eessência alguma causa. Tomás de Aquino afirma ser impossível
Apesar de esses princípios terem vindo do pen- remontar indefinidamente à procura das causas eficien-
samento aristotélico, não se pode dizer que Tomás de tes. Logo, é necessário admitir a existência de uma pri-
Aquino tenha apenas adaptado a filosofia de Aristóteles meira causa eficiente, responsável pela sucessão de
ao cristianismo. O que o filósofo escolástico empreendeu efeitos. Essa causa primeira é Deus.
foi uma sistematização da doutrina cristã que se apoia 3. ser necessário e ser contingente - este argu-
em parte na filosofia aristotélica, mas contém muitos mento é uma variante do segundo. Afirma que todo ser
elementos estranhos ao aristotelismo: o conceito de contingente, do mesmo modo que existe, pode deixar
criação do mundo, a noção de um deus único, a ideia de de existir. Ora, se todas as coisas que existem podem
que o vir a ser (a passagem da potência ao ato) não é deixar de ser, então, alguma vez, nada existiu. Mas, se
autodeterminado, mas procede de Deus. assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo
que não existe somente começa a existir em função de
Mais que isso, Tomás de Aquino introduziu uma dis-
algo que já existia. É preciso admitir, então, que há um
tinção entre o ser (ou a existência) e a essência, dividin- ser que sempre existiu, um ser absolutamente neces-
do a metafísica em duas partes: a do ser em geral e a sário, que não tenha fora de si a causa da sua existência,
do ser pleno, que é Deus. De acordo com essa distinção, mas, ao contrário, que seja a causa da necessidade de
o único ser realmente pleno, no qual o ser e a essência todos os seres contingentes. Esse ser necessário é Deus.
se identificam, é Deus. Para o filósofo, Deus é ato puro.
Não há o que se realizar ou se atualizar em Deus, pois 4. os graus de perfeição - em relação à qualidade
ele é completo. Tomás de Aquino dirá que Deus é Ser, e de todas as coisas existentes, pode-se afirmar a existên-
o mundo tem ser. Ou seja, Deus é o Ser que existe como cia de graus diversos de perfeição. Assim, afirmamos
fundamento da realidade das outras essências que, uma que tal coisa é melhor que outra, ou mais bela, ou mais
vez existentes, participam de seu Ser. poderosa, ou mais verdadeira etc. Ora, se uma coisa pos-
sui "mais" ou "menos" determinada qualidade positiva,
Isso equivale a dizer que, nas outras criaturas, o ser isso supõe que deve existir um ser com o máximo dessa
é diferente da essência, pois as criaturas são seres não qualidade, no nível da perfeição. Devemos admitir, en-
necessários. ÉDeus que permite às essências realizarem- tão, que existe um ser com o máximo de bondade, de
-se em entes, em seres existentes. beleza, de poder, de verdade, sendo, portanto, um ser
máximo e pleno. Esse ser é Deus.
As provas da existência de Deus 5. a finalidade do ser - todas as coisas brutas, que
Outro aspecto importante da filosofia tomista são as não possuem inteligência própria, existem na natureza
provas da existência de Deus. Em um de seus mais fa- cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade,
mosos livros, a Suma teológica, Tomás de Aquino propõe semelhante à flecha disparada pelo arqueiro. Devemos
cinco provas da existência de Deus: admitir, então, que existe algum ser inteligente que di-
1. o primeiro motor - tudo aquilo que se move é rige todas as coisas da natureza para que cumpram seu
movido por outro ser. Por sua vez, este outro ser, para objetivo. Esse ser é Deus.
Montaigne
Além do desenvolvimento do pensamento científico, com implicações
evidentes no campo filosófico, outras questões importantes desse período
são as relativas à essência humana, à moral e à política. Nesse âmbito des-
taca-se o francês Michel de Montaigne (1523-1592).
Michel de Montaigne.
•
MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. p. 78 .
Maquiavel deve fazer aquilo que, a cada momento, se mostra inte-
ressante para conservar o seu poder. Não se trata, por-
tanto, de uma decisão moral, mas sim de uma decisão
que atende à lógica do poder. Para ele, na ação política
não são os princípios morais que contam, mas os resul-
tados. É por isso que, para Maquiavel, os fins justificam
os meios. Desse modo, escreveu Maquiavel:
•
Foi julgado e condenado, sendo destituído do seu cargo .
Galileu Galilei navam. Entretanto, Galileu - professor de matemática da
Universidade de Pisa - decidiu, de forma inovadora, apli-
car a matemática ao estudo experimental da natureza.
Nascido na cidade italiana de Pisa, Galileu Galilei
(1564-1642) é considerado um dos fundadores da física Desse modo, alcançou grandes realizações, entre as
moderna. Em suas investigações, confirmou ideias conti- quais podemos destacar:
das na teoria de Copérnico, defendendo, por exemplo, a • a elaboração da lei da queda livre dos corpos, se-
concepção de que a Terra gira em torno do Sol. gundo a qual a aceleração de um corpo em queda é
Por contrariar a visão tradicional do mundo, foi ad- constante, independentemente de o corpo ser leve
vertido pelas autoridades católicas, que o julgavam he- ou pesado, grande ou pequeno. A demonstração
desta lei exige condições ideais (vácuo);
rege. Galileu teria comentado então que a Bíblia, em se
tratando de temas científicos, não era um manual a ser • a construção e o aperfeiçoamento de um telescó-
obedecido cegamente. pio, com o qual efetuou observações astronômicas
que o levaram a descobrir o relevo montanhoso da
Lua, quatro satélites de Júpiter, as formas diferentes
de Saturno, as fases de Vênus e a existência das
manchas solares.
Mas não é apenas por suas descobertas específicas
que Galileu merece especial destaque na história das ci-
ências. Uma de suas mais extraordinárias contribuições
foi ter assumido uma nova postura de investigação
científica, cuja metodologia se baseava em:
• observação paciente e minuciosa dos fenômenos
naturais;
• realização de experimentações para comprovar
uma tese;
• valorização da matemática como instrumento ca-
paz de enunciar as regularidades observadas nos
fenômenos.
Descanes
Galileu Galilei.
C>
-"'
f-
•
13. DESCARTES, op. cit., p. 39 .
4. regra da enumeração - realizar verificações com- uma série de teoremas e corolários), a natureza racional
pletas e gerais para ter absoluta segurança de que ne- de Deus, que se manifesta em todas as coisas (Deus
nhum aspecto do problema foi omitido. imanente). Desse modo, Deus não está fora do univer-
so, nem dentro do universo: ele é o próprio universo. Por
Aherança de Descanes isso, Espinosa propunha a equação Deus = Natureza, que
significava: Deus é a natureza criadora universal, por-
Com o seu método da dúvida crítica (dúvida carte- tanto tudo o que existe foi criado por ele e, assim, man-
siana), Descartes abalou profundamente o edifício do tém-se no seu Ser.
conhecimento estabelecido. Sua tentativa, porém, de
reconstruir esse edifício não foi talvez uma obra tão fe- No interior desse entendimento racionalista, não há
cunda quanto o efeito demolidor que provocou. lugar para tragédia nem mistérios: tudo se torna com-
preensível à luz da razão. A filosofia seria o conhecimen-
Por isso, podemos dizer que Descartes celebrizou-se
to racional de Deus, e a liberdade humana consistiria na
não propriamente pelas questões que resolveu, mas, so- consciência da necessidade. Ou seja, não haveria livre-
bretudo, pelos problemas que formulou, os quais foram -arbítrio, uma vez que Deus se identifica com a natureza
herdados pelos filósofos posteriores. universal e, portanto, tudo o que existe é necessário,
não pode ser transgredido, pois faz parte da natureza
Espinosa divina. A liberdade humana consistiria, então, na consci-
ência dessa necessidade.
Baruch Espinosa (1632-1677) nasceu na Holanda e
era filho de imigrantes judeus de origem hispano-portu-
guesa. Na filosofia, desenvolveu um racionalismo radi- Pascal
cal, que se caracterizou pela crítica às superstições re-
O filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662) foi um
ligiosa, política e filosófica.
pensador que refletiu sobre a condição trágica do ser
humano: ao mesmo tempo magnífico e miserável, capaz
de alcançar grandes verdades e gerar grandes erros.
Baruch Espinosa.
•
17. Mecanicista: concepção de que os fenômenos se explicam por conjuntos de causas mecânicas, isto é, de forças e movimentos.
Locke • ideias de sensação - são nossas primeiras ideias,
aquelas que chegam à mente através dos sentidos,
isto é, quando temos uma experiência sensorial, cons-
Nascido em Wrington, Inglaterra, John Locke (1632- tituindo as sensações. Essas ideias seriam moldadas
-1704) estudou na Universidade de Oxford, manifestando pelas qualidades próprias dos objetos externos. Por
interesse por diversos campos de estudo, como química, sensação Locke entende, por exemplo, as ideias de
teologia e filosofia. Entretanto, formou-se em medicina. amarelo, branco, quente, frio, mole, duro, amargo,
Durante os tempos de Universidade, Locke decep- doce etc.;
cionou-se com o aristotelismo e com a escolástica me-
dieval, enquanto tomava contato com o pensamento de • ideias da reflexão - são aquelas que resultam da
Francis Bacon e René Descartes. combinação e associação das sensações por um pro-
cesso de reflexão, de tal maneira que a mente vai
desenvolvendo outra série de ideias que não pode-
riam ser obtidas das coisas externas. Seriam ideias
como "a percepção, o pensamento, o duvidar, o crer,
o raciocinar" 19•
18. Tábula rasa: o substantivo tábula significa "tábua" ou "placa de madeira" ou de outro material; o adjetivo rasa quer dizer "plana, lisa". Assim, a expressão
tábula rasa, usada por Locke, tem o significado de "tábua lisa", isto é, tábua na qual nada foi escrito nem gravado.
19. LOCKE. Ensaio acerco do entendimento humano, p. 160.
20. ld., ibid.
21. LOCKE. Segundo trotado sobre o governo, p. 71.
Adversário ferrenho da tirania e do abuso do po- jamais poderá ter uma ideia de cor, nem mesmo uma
der, Locke, em razão das suas ideias políticas, é apon- ideia pouco fiel. Hume era, portanto, um empirista.
tado por muitos historiadores como o "pai do Iluminis-
Hume entendia também que as impressões e ideias
mo". Seu pensamento exerceu profunda influência na
se sucedem continuamente na vida psíquica do ser hu-
fundamentação ideológica da democracia liberal bur-
mano, combinando-se por semelhança ou contiguidade.
guesa, contribuindo para a difusão de valores ilu-
Esse processo de associação de ideias explicaria, enfim,
ministas como a tolerância religiosa, o respeito pela
todas as operações mentais.
liberdade individual, a expansão do sistema educa-
cional e a livre-iniciativa econômica.
Crídca ao raciocínio indutivo
Hume Conforme vimos anteriormente, a indução, ou
raciocínio indutivo, vai do particular para o geral. As
conclusões indutivas são produzidas, portanto, pelo
Nascido em Edimburgo, Escócia, David Hume (1711-
seguinte processo mental: partindo de percepções re-
-1776) realizou diversas viagens a países europeus,
petidas que nos chegam da experiência sensorial, sal-
como França e Áustria, e ocupou importante posição na
tamos para uma conclusão geral, da qual não temos
diplomacia inglesa, estabelecendo contatos com gran-
experiência sensorial.
des pensadores da época, entre eles Adam Smith e Jean-
-Jacques Rousseau. Hume argumentou que a conclusão indutiva, por
maior que seja o número de percepções repetidas do
mesmo fato, não possui fundamento lógico. Será
sempre um salto do raciocínio impulsionado pela cren-
ça ou pelo hábito, isto é, as repetidas percepções de
um fato nos levam a confiar em que aquilo que se re-
petiu até hoje irá se repetir amanhã. Assim, por exem-
plo, cremos que o Sol nascerá amanhã porque até hoje
ele sempre nasceu. Mas nada pode garantir essa certe-
za em termos lógicos.
Para Hume, somente o raciocínio dedutivo utiliza-
do na matemática fundamenta-se numa lógica racional:
As proposições deste gênero podem descobrir-se
pela simples operação do pensamento e não de-
pendem de algo existente em alguma parte do uni-
verso. Embora nunca tenha havido na natureza
um círculo ou um triângulo, as verdades demons-
tradas por Euclides conservarão sempre sua certeza
e evidência.
David Hume.
HUME, David. Investigação acerca do entendimento humano. p. 77.
Crítico do racionalismo dogmático do século XVII e
do inatismo cartesiano, em sua obra Investigação acer-
ca do entendimento humano, Hume defendeu outra
Legado epistemológico
tese segundo a qual todo conhecimento deriva da ex- Ao questionar a validade lógica do raciocínio in-
periência sensível. Ele dizia que tudo o que há em nos- dutivo, o valor da obra de Hume foi deixar um impor-
sa vida psíquica são percepções, as quais dividiu em tante problema para os teóricos do conhecimento
duas categorias: (epistemologistas). Afinal, é principalmente a partir
de experiências particulares que se chega às conclu-
• impressões referem-se aos dados fornecidos pelos
sões gerais representadas pelas leis científicas.
sentidos, por exemplo, as impressões visuais, audi-
Assim, Hume revela um ceticismo teórico, pois, para
tivas, táteis;
ele, o conhecimento científico, que ostentava a ban-
• ideias referem-se às representações mentais (me- deira da mais pura racionalidade, também está anco-
mória, imaginação etc.) derivadas das impressões. rado em bases não racionais, como a crença e o hábi-
to intelectual.
Assim, toda ideia é uma re(a)presentação de algu-
ma impressão. Essa representação pode possuir diferen- Isso significa que, desconfiando das posições arrai-
tes graus de fidelidade. Alguém que nunca teve uma gadas pelo hábito, o cientista deveria nunca renunciar
•
impressão visual, um cego de nascença, por exemplo, ao estudo da natureza, mas sempre apresentar suas
teses como probabilidades, não como certezas irrefu-
táveis. Tal atitude epistemológica, estendida ao conví-
vio social, tornaria os homens mais tolerantes, demo-
cráticos e abertos.
Montesquieu
O jurista francês Charles-Louis de Secondat (1689-
-1755), barão de Montesquieu, escreveu O espírito das
leis. Nessa obra, formula a teoria da separação dos po-
deres do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário
como forma de evitar abusos dos governantes e de pro-
teger as liberdades individuais.
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Frederico li e Voltaire - Charle-Pierre Baquoy, baseado em N.A. Monseau.
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f- Tornou-se marcante sua posição em defesa da liber-
dade de pensamento, através da célebre frase "Posso
não concordar com nenhuma das palavras que você diz,
mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las", a
Montesquieu.
qual teria sido escrita por sua biógrafa Evelyn Beatrice Hall
com o intuito de ilustrar a força das convicções do filósofo.
Para Montesquieu, todo indivíduo investido de po-
der é tentado a abusar dele. Ehaveria grandes riscos de
tirania "se uma mesma pessoa - ou uma mesma insti-
tuição do Estado - exercesse os três poderes: o de fazer
Diderot e D'Alembert
as leis, o de ordenar a sua execução e o de julgar os Os pensadores franceses Denis Diderot (1713-1784) e
conflitos entre os cidadãos" 22 • Jean le Rond D'Alembert (1717-1783) foram organizadores
de uma obra de 33 volumes - denominada Enciclopédia
•
mento iluminista. Apesar de defender a liberdade e duzir o Estado segundo a vontade geral de seu povo,
sempre tendo em vista o atendimento do bem comum. deixando o magistério por problemas de saúde. Morreu
Somente esse Estado, de bases democráticas, teria con- aos 80 anos, sem nunca ter se afastado das imediações
dições de oferecer a todos os cidadãos um regime de de sua pequena cidade natal.
igualdade jurídica.
Para ele, a filosofia deveria responder a quatro
Por essa e outras ideias, Rousseau tornou-se céle- questões fundamentais: O que posso saber? Como
bre como defensor da pequena burguesia e inspirador devo agir? O que posso esperar? E, por fim, o que é o
dos ideais presentes na Revolução Francesa, ocorrida ser humano? Esta última questão estaria implicita nas
onze anos após a sua morte. três anteriores.
Amaioridade humana
Adam Smith Em seu texto O que é ilustração, Kant sintetiza seu
otimismo iluminista em relação à possibilidade de o ser
humano se guiar por sua própria razão, sem se deixar
enganar pelas crenças, tradições e opiniões alheias.
Nele, descreve o processo de ilustração como "a saída
do ser humano de sua menoridade", ou seja, um mo-
mento em que o indivíduo, como uma criança que cresce
e amadurece, se torna consciente da força e da indepen-
dência (autonomia) de sua inteligência para fundamen-
tar a sua própria maneira de agir, sem a doutrinação ou
tutela de outrem.
Portanto, o ser humano, como ser dotado de razão
e liberdade, é o centro da filosofia kantiana. Assim, a fim
de investigar as condições nas quais se dá o conheci-
mento, ele desenvolve um exame crítico da razão, con-
tido em sua obra mais célebre, Crítica da razão pura.
Seu exame do agir humano (isto é, sobre a ética,
que corresponde a sua segunda pergunta) deu origem
basicamente à Crítica da razão prática e à Fundamenta-
ção da metafísica dos costumes. A terceira pergunta re-
Adam Smith.
metia ao futuro e à religião, e Kant, fiel ao espírito das
o economista e filósofo escocês Adam Smith (1723- Luzes, subordina a religião à razão e à lei moral, o que
-1790) foi um dos maiores expoentes da economia clássica, ele expôs em vários textos, como no Religião nos limites
o principal teórico do liberalismo econômico e autor do da simples razão. Outro aspecto importante da obra de
Ensaio sobre a riqueza das nações. Criticou a política mer- Kant são suas reflexões a respeito da estética, presentes
cantilista, baseada na intervenção e regulamentação ex- na Crítica da faculdade do juízo.
cessiva do Estado na vida econômica. Para ele, a eco-
nomia deveria ser dirigida pelo jogo livre da oferta e da
procura de mercado. O mercado se autorregularia, dan-
Tipos de iuízo econhecimento
do conta das necessidades sociais, desde que deixado em Como já foi dito, uma das questões mais importan-
paz consigo mesmo. tes que dominam o pensamento de Kant é o problema
do conhecimento, a questão do saber. Na Crítica dara-
Segundo Adam Smith, o trabalho em geral repre- zão pura, ele distingue duas formas básicas do ato de
senta a verdadeira fonte de riqueza para as nações, de- conhecer:
vendo ser conduzido pela livre iniciativa dos particulares. • o conhecimento empírico (a posterior,) - aquele
que se refere aos dados fornecidos pelos sentidos,
Kant isto é, que é posterior à experiência. Exemplo: a
afirmação "Este livro tem a capa verde". Para fazer
essa afirmação, foi necessário ter primeiro a ex-
Nascido em Kõnigsberg, pequena cidade da Alemanha,
periência de ver o livro e assim conhecer a sua cor;
lmmanuel Kant (1724-1804), considerado o maior filóso-
portanto, trata-se de um conhecimento posterior à
fo do Iluminismo alemão, teve uma vida longa e tranqui-
experiência;
la, dedicada ao ensino e à investigação filosófica. Homem
metódico e de hábitos arraigados, lecionou durante qua- • o conhecimento puro (a prior,) - aquele que não
renta anos na Universidade de Kõnigsberg, somente depende de quaisquer dados dos sentidos, ou seja,
que é anterior à experiência, nascendo puramen- • juízo analítico - como no exemplo da afirmação
te de uma operação racional. Exemplo: a afirma- "O quadrado tem quatro lados", é um juízo univer-
ção "Duas linhas paralelas jamais se encontram no sal e necessário, mas serve apenas para tornar mais
espaço". Essa afirmação não se refere a esta ou claro, para elucidar ou explicitar aquilo que já se
àquela linha paralela, mas a todas. Trata-se, portan- conhece do sujeito. Ou seja, a rigor, é apenas im-
to, de um conhecimento necessário e universal. portante para se chegar à clareza do conceito já
Além disso, é uma afirmação que, para ser válida, existente, mas não conduz a conhecimentos novos;
não depende de nenhuma condição específica ou
• juízo sintético o posteriori- como no exemplo da
experiência anterior.
afirmação "Este livro é verde", amplia o conheci-
mento sobre o sujeito, mas sua validade está sem-
pre condicionada ao tempo e ao espaço em que se
dá a experiência e, portanto, não constitui um juízo
universal e necessário;
• juízo sintético o priori - como no exemplo da
afirmação "A linha reta é o menor caminho entre
dois pontos", e em outras da matemática e da geo-
metria, acrescenta informações novas ao sujeito,
possibilitando uma ampliação do conhecimento. E
como não está limitado pela experiência, é um juízo
universal e necessário. Por isso, Kant conclui que se
trata do juízo mais importante para a ciência, razão
pela qual a matemática e a física, por trabalharem
com juízos sintéticos a priori, se constituiriam em
disciplinas científicas por excelência.
•
tingue três categorias: Isso significa que não conhecemos as coisas em si mes-
mas (o ser em si), isto é, como elas são independentes comparar seu papel na filosofia ao de Copérnico na as-
de nós. Só conhecemos as coisas tal como as percebe- tronomia. Vejamos por quê:
mos (o ser para nós), isto é, as coisas são conhecidas de
• Copérnico - quando a teoria geocêntrica não mais
acordo com as nossas próprias estruturas mentais.
conseguia explicar o conjunto de movimentos dos
Desse modo, a filosofia kantiana representou uma astros, o astrônomo vislumbrou a necessidade de
superação do racionalismo e do empirismo, pois edificou tirar a Terra do centro do Universo e fazer-nos, como
uma teoria segundo a qual o conhecimento seria o espectadores, girar em torno dos astros. Assim, lan-
resultado de dois grandes âmbitos: a sensibilidade, que çando o modelo heliocêntrico, resolveu os impasses
nos oferece dados dos objetos; e o entendimento, que da astronomia da época;
determina as condições pelas quais o objeto é pensado.
• Kant - realizou algo semelhante ao inverter a
questão tradicional do conhecimento; antes, propu-
Nova revolução copernicana nha-se que todo o conhecimento era regulado pelos
Desse modo, a crítica kantiana representou uma re- objetos, e com o filósofo alemão os objetos passa-
volução muito especial do pensamento. No prefácio de ram a ser regulados pelas formas a priori de nosso
Crítica da razão pura, o próprio Kant reconhece isso ao conhecimento.
Hegel
Friedrich Hegel.
•
car que a realidade não é apenas uma substância (uma coisa permanente,
rígida), mas um sujeito com vida própria que pode atuar. Assim, a dialética do mundo pode ser representada
Portanto, entender a realidade como espírito é entendê- como uma espiral, ou seja, um movimento circular que
-la nesse seu atuar constante, ou seja, como movimen- não se fecha nunca, seguindo evolutivamente em dire-
to ou processo. Éentendê-la como devir. ção ao infinito.
O segundo ponto básico da filosofia hegeliana diz
respeito justamente a esse movimento da realidade. A Consciência rumo ao saber absoluto
realidade, enquanto espírito, possui uma vida própria, Compreender a dialética da realidade, segundo He-
um movimento dialético. Por movimento dialético, He- gel, exige que a razão se afaste do entendimento co-
gel caracteriza os diversos momentos sucessivos (e con- mum e se coloque no ponto de vista do absoluto. O filó-
traditórios) pelos quais determinada realidade se apre- sofo afirma que a consciência que consegue isso atinge
senta. Em seu texto Fenomenologia do espírito, Hegel a Razão ou o Saber Absoluto, ou seja, supera o en-
usa o exemplo da natureza, desenvolvendo o seguinte tendimento finito e adquire a certeza de ser toda a rea-
raciocínio: lidade. Desse modo, alcança a consciência da unidade
entre ser e pensar, harmonizando a subjetividade com a
O botão desaparece no florescimento, podendo- objetividade.
-se dizer que aquele é rejeitado por este; de modo se-
melhante, com o aparecimento do fruto, a flor é de- O pensamento de Hegel se apresenta, assim, como
clarada falsa existência da planta, com o fruto um grande sistema, que permite pensar tanto a natureza,
entrando no lugar da flor como a sua verdade. Tais a realidade física, quanto o espírito. O fio condutor dessa
formas não somente se distinguem, mas cada uma reflexão totalizante é a relação entre finito e infinito.
delas se dispersa também sob o impulso da outra, O trabalho da filosofia seria o de superar o entendi-
porque são reciprocamente incompatíveis. Mas, ao mento finito e limitado das coisas finitas e limitadas para
mesmo tempo, a sua natureza fluida faz delas mo- alcançar o saber absoluto, que é o saber da coisa em si.
mentos da unidade orgânica, na qual elas não ape- Seria o caminhar da consciência rumo ao saber absoluto,
nas não se rejeitam, mas, ao contrário, são necessá- a busca da infinitude a partir da consciência finita.
rias uma para a outra, e essa necessidade igual
constitui agora a vida do inteiro. Hegel procurou apresentar, em sua obra, o caminho
HEGEL, Georg W. F. Fenomenologia do espírito. p. 6. do conhecimento finito ao conhecimento absoluto em
vários campos do saber, tanto em relação à natureza
Nesse exemplo, Hegel ressalta que a realidade não como ao espírito.
é estática, mas dinâmica, e em seu movimento apresen-
ta momentos que se contradizem, sem, no entanto, per- No que concerne à natureza, rompeu com a visão
derem a unidade do processo, que leva a um crescente romântica, que a divinizava, proclamando a absoluta su-
autoenriquecimento. Esse desenvolvimento, que se faz perioridade do espírito, que se realiza na história dos
através do embate e da superação de contradições, homens por meio da liberdade. E reconheceu no espíri-
Hegel denominou dialética. Embora esse termo apareça to três instâncias:
já na Antiguidade, com Platão, em Hegel o conceito de
dialética se aplica a algo distinto: não é um método ou • o espírito subjetivo - que se refere ao indivíduo e
uma forma de pensar a realidade, mas sim o movimen- à consciência individual;
to real da realidade. Por isso, para compreender a reali- • o espírito objetivo - que se refere às instituições
dade, o pensamento também deve ser dialético. e costumes historicamente produzidos pelos ho-
Hegel entende esse movimento do real como um mens;
movimento que se processa em três momentos: o primei- • o espírito absoluto - que se manifesta na arte, na
ro, do ser em si; o segundo, do ser outro ou fora de si; e religião e na filosofia, como espírito que se compre-
o terceiro, que seria o retorno, do ser para si. Usando o ende a si mesmo.
exemplo do reino vegetal, ele distingue esses momentos
dizendo: "A semente é em si a planta, mas ela deve mor-
rer como semente e, portanto, sair fora de si, a fim de Filosolia ehistória
poder se tornar, desdobrando-se, a planta para si". A história, para Hegel, é o desdobramento do espí-
Por motivos didáticos, esses três momentos do real rito objetivo. Este é a realização da liberdade na socieda-
são comumente chamados de tese, antítese e síntese de, e se manifesta no direito, na moralidade e na "etici-
(embora alguns estudiosos afirmem que Hegel nunca dade", englobando a família, a sociedade e o Estado. o
usou essa terminologia). Como o mover do mundo é Estado político é o momento mais elevado do espírito
contínuo, cada momento final, que seria a síntese, tor- objetivo, de forma tal que o indivíduo só existe como
na-se a tese de um movimento posterior, de caráter membro do Estado, conforme afirma o filósofo em Prin-
mais evoluído. cípios da filosofia do direito.
Hegel diz ainda que "a história é o desdobramen-
to do espírito no tempo". A filosofia da história deve
captar o movimento histórico não como momentos
Schopenhauer
estanques, mas do ponto de vista da razão, do absolu- O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-
to. Desse ponto de vista, a história é uma contínua -1860) atacou com veemência o pensamento hegelia-
evolução da ideia de liberdade, que se desenvolve se- no. Em sua opinião, Hegel seria um verdadeiro "charla-
gundo um plano racional. tão", ao construir sua filosofia segundo os interesses
do Estado prussiano. Isso se compreende se levarmos
Assim, os conflitos, as guerras, as injustiças, as do- em conta que Hegel, ao englobar as situações históri-
minações de um povo sobre outro deveriam ser compre- cas como desdobramento do espírito objetivo, termi-
endidos como contradições, como momentos negativos nava por legitimar todas as formas de governo e insti-
que funcionam como mola dialética que move a história. tuições, mesmo as mais nefastas. Desse modo,
Usando os termos da dialética hegeliana, esses momen- Schopenhauer se referirá a Hegel como um "acadêmi-
tos seriam a antítese, que se contrapõe à tese, fazendo co mercenário".
surgir uma etapa superior, que seria a síntese.
•
pensamento . torna-se desejo consciente, o qual, não sendo satisfeito,
provoca sofrimento. No entanto, o desejo satisfeito
gera tédio, na medida em que alcançamos e temos o
que já não desejamos. Assim, a vida oscilaria do sofri-
Comte
Nascido em Montpellier, França, Auguste Comte
mento ao tédio como um pêndulo. Essa vontade insaciá- (1798-1857) estudou matemática e ciência na Escola Po-
vel - como força que impulsiona todo indivíduo a afir- litécnica de Paris. Foi secretário e assessor, durante sete
mar sua existência sem pensar nos demais - seria a anos, do filósofo Saint Simon (um dos primeiros expoen-
origem das lutas entre os seres humanos e, portanto, a tes do socialismo).
origem de todas as dores e sofrimentos aos quais as pes-
soas estão condenadas. Assim, para Schopenhauer, a
felicidade não passaria da cessação momentânea - um
momento negativo - dessas privações.
Kierkegaard
No contexto da crítica à filosofia de Hegel e da crise
da razão, o filósofo dinarmarquês Sõren Kierkegaard
(1813-1855), um dos precursores do existencialismo, é
um nome a ser destacado.
Procurando abordar em suas reflexões as condições
específicas da existência humana, Kierkegaard desta-
cou os problemas da relação do ser humano com o mun-
do, consigo mesmo e com Deus. A relação com o mundo
estaria dominada pela angústia de viver em um mundo de
acontecimentos possíveis, sem garantia de que nossas
expectativas sejam realizadas. A relação consigo mesmo
Detalhe de Auguste Comte - Louis Jules Etex.
estaria marcada pela inquietação e pelo desespero, já
que o ser humano nunca está plenamente satisfeito com Depois de dezoito anos de casamento, separou-se
o que realizou, ou pelo limite de suas possibilidades. A de Caroline Massim, que reclamava de seu tempera-
única via de superação desses problemas seria sua rela- mento intempestivo. Durante sua vida, Comte sofreu
ção com Deus, mas ela está marcada pelo paradoxo de surtos de crise mental e depressão psíquica.
ter de compreender pela fé o que é incompreensível Dois anos após o fim de seu casamento, conheceu
pela razão. Clotilde de Vaux, mulher por quem se apaixonou profun-
damente. Casada com um homem que se encontrava
preso, Clotilde considerava seu casamento indissolúvel.
Assim, Comte manteve com ela um relacionamento ami-
gável, marcado por um amor platônico, transformando-a
em sua musa inspiradora. Com sua morte, o amor do fi-
lósofo por Clotilde virou veneração, e ela acabou tornan-
do-se a santa de uma nova religião fundada por ele.
oque é positivismo?
Positivismo é a designação da doutrina criada por
Comte, fundada na extrema valorização do método cien-
tífico das ciências positivas (baseadas nos fatos e na
experiência) e na recusa das discussões metafísicas. O
termo positivismo foi adotado pelo próprio Comte, defi-
nindo a diretriz para a sua filosofia, de culto da ciência
e sacralização do método científico.
O positivismo se caracteriza por um tom geral de
confiança nos benefícios da industrialização, bem como
por um otimismo em relação ao progresso capitalista,
Sõren Kierkegaard. guiado pela técnica e pela ciência.
Manifestando-se de modo variado em diversos paí-
ses ocidentais a partir da segunda metade do século XIX,
Reforma da sociedade
o positivismo reflete, no plano filosófico, o entusiasmo Um dos temas centrais da obra filosófica de Comte
pelo progresso trazido pelo desenvolvimento técnico-in- é a necessidade de uma reorganização completa da
dustrial capitalista. Assim, embora criticado no plano sociedade. Nessa tarefa, ele próprio pretendeu desem-
teórico, trata-se de uma doutrina muito influente no pla- penhar o papel de um reformador universal "encarre-
no prático até nossos dias. gado de instituir a ordem de uma maneira soberana" 23 •
Essa reconstrução da sociedade consistia, para
Lei dos três estados Comte, na regeneração das opiniões (ideias) e dos
A lei dos três estados resume o pensamento de costumes (ações) humanas. Tratava-se, portanto, de
Comte sobre a evolução histórica e cultural da humani- uma reestruturação intelectual das pessoas e não
dade. Conforme escreveu em seu Curso de filosofia po- de uma revolução das instituições sociais, como
sitiva, "essa lei consiste em que cada uma de nossas propunham filósofos socialistas franceses de sua época,
concepções principais, cada ramo de nossos conheci- como Saint-Simon (1760-1825), Fourier (1772-1837)
mentos, passa sucessivamente por três estados históri- e Proudhon (1809-1865).
cos diferentes": A reforma da sociedade proposta por Comte deveria
• estado teológico ou fictício - estágio que repre- obedecer aos seguintes passos: reorganização intelectual,
sentaria o ponto de partida da inteligência humana, depois moral e, por fim, política. Segundo ele, a Revolu-
no qual os fenômenos do mundo são vistos como ção Francesa destruiu uma série de valores importantes
produzidos por seres sobrenaturais. O ponto cul- da sociedade tradicional europeia, não sendo capaz, en-
minante desse estado foi quando o ser humano tretanto, de impor novos e permanentes valores para a
substituiu o politeísmo (numerosas divindades in- emergente sociedade burguesa. E nisso residia a grande
dependentes) pelo monoteísmo (ação providencial tarefa a ser desempenhada pela filosofia positiva: resta-
de um Deus único); belecer a ordem na sociedade capitalista industrial.
• estado metafísico ou abstrato - estágio em que Em relação aos conflitos entre proletários e capita-
a influência dos seres sobrenaturais do estágio te- listas, Comte assumiu uma posição considerada reacio-
ológico foi substituída pela ação de forças abstra- nária e conservadora. Defendendo a legitimidade da ex-
tas consideradas como representantes dos seres ploração industrial, concordava com a divisão das classes
do mundo; sociais e considerava indispensável a existência dos em-
preendedores capitalistas e dos operadores diretos, o
• estado científico ou positivo - estágio definitivo da proletariado. Para os trabalhadores, defendia um tipo de
evolução racional da humanidade em que, pelo uso doutrinação positivista destinada a confirmar a necessi-
combinado do raciocínio e da observação, o ser hu- dade dos trabalhos práticos e mecânicos, inspirando
mano passou a entender os fenômenos do mundo.
o gosto por eles, quer enobrecendo seu caráter habi-
tual, quer adoçando suas consequências penosas.
Obiedvo ecaracterísticas do Conduzindo, de resto, a uma sadia apreciação das
diversas posições sociais e das necessidades corres-
positivismo pondentes, predispõem a perceber que a felicidade
O objetivo do método positivo de investigação é a real é compatível com todas e quaisquer condições,
pesquisa das leis gerais que regem os fenômenos natu- desde que sejam desempenhadas com honra e acei-
rais. Assim, o positivismo diferencia-se do empirismo tas convenientemente.
puro porque não reduz o conhecimento científico so- COM TE, Augusto. Discurso sobre o espírito positivo. p. 85.
mente aos fatos observados. É na elaboração de leis ge-
rais que reside o grande ideal das ciências.
Com base nessas leis, o homem torna-se capaz de
prever os fenômenos naturais, podendo agir sobre a rea-
Marx
lidade. Ver para prever é o lema da ciência positiva. O O alemão Karl Marx (1818-1883) é, provavelmente,
conhecimento científico torna-se, desse modo, um instru- um dos pensadores que maior influência exerceu sobre
mento de transformação da realidade, de domínio do ho- a filosofia contemporânea. Sua importância foi destaca-
mem sobre a natureza. As transformações impulsionadas da pelo pensador francês Raymond Aron que afirmou
pelas ciências visam ao progresso; este, porém, deve es- que, se a grandeza de um filósofo fosse medida pelos
tar subordinado à ordem. Temos, então, um novo lema debates que suscitou, nenhum deles nos últimos séculos
positivista, aplicado à sociedade: ordem e progresso. poderia ser comparado a Karl Marx.
•
23. VERDENAL, René. A filosofia positiva de Augusto Comte. ln: CHÂTELET, François. História do filosofia, v. 5, p. 215 .
Marx procurou, portanto, compreender a história
real dos seres humanos em sociedade a partir das condi-
ções materiais nas quais eles vivem. Essa visão da histó-
ria foi chamada posteriormente, por Friedrich Engels, de
materialismo histórico.
Vejamos então os principais pontos do materialismo
de Marx, em que destacaremos as concepções contrárias
ao idealismo de Hegel.
Materialismo histórico
De acordo com Marx, os seres humanos não podem
ser pensados de forma abstrata, como na filosofia de
Hegel, nem de forma isolada, como nas filosofias de
Feuerbach, de Proudhon e de tantos outros que Marx
criticou, como Schopenhauer e Kierkegaard.
Para Marx, não existe o indivíduo formado fora das
relações sociais. Ele enfatiza esse ponto ao afirmar: "A
essência humana[ ... ] é o conjunto das relações sociais" 24•
Karl Marx.
Nascido na cidade alemã de Trier, no seio de uma Isso significa que a forma como os indivíduos se
família judaica, nos tempos da universidade, Marx revelou comportam, agem, sentem e pensam se vincula com a
entusiasmo pelo estudo do direito, da filosofia e da histó- forma como se dão as relações sociais. Essas relações,
ria. Formado em filosofia no círculo do idealismo alemão, por seu lado, são determinadas pela forma de produção
tentou seguir carreira universitária como professor, mas da vida material, ou seja, pela maneira como os seres
não conseguiu seu intento devido a questões políticas. humanos trabalham e produzem os meios necessários
para a sustentação material das sociedades. Em A ideo-
Em 1844 conheceu Friedrich Engels ( 1820-1895) logia alemã, Marx desenvolve essa reflexão dizendo:
em Paris, e ambos se tornaram amigos inseparáveis por
toda a vida. Em 1848, lançaram o célebre Manifesto co- A forma como os homens produzem esses meios
munista. Seguindo o lema de que a filosofia deve ser depende em primeiro lugar da natureza, isto é, dos
também prática, participaram juntos de diversas ativida- meios de existência já elaborados e que lhes é neces-
des políticas e escreveram várias obras, que lhes custa- sário reproduzir; mas não deveremos considerar esse
ram duras perseguições dos governos constituídos. O modo de produção deste único ponto de vista, isto é,
conjunto de suas ideias foi depois interpretado e desen- enquanto mera reprodução da existência física dos
volvido por outros pensadores, ficando conhecido como indivíduos. Pelo contrário, já constitui um modo de-
marxismo. terminado de atividade de tais indivíduos, uma for-
ma determinada de manifestar a sua vida, um modo
Crítica ao idealismo hegeliano de vida determinado. A forma como os indivíduos
manifestam a sua vida reflete muito exatamente
Em sua crítica ao idealismo hegeliano, Marx afirma aquilo que são. O que coincide portanto com a sua
que Hegel inverteu a relação entre o que é determinante produção, isto é, tanto com aquilo que produzem
- a realidade material - e o que é determinado - as como com a forma como produzem. Aquilo que os
representações e conceitos acerca dessa realidade. A fi- indivíduos são depende portanto das condições ma-
losofia idealista seria, assim, uma grande mistificação ou teriais da sua produção. (p. 4).
farsa, pois pretende entender o mundo real, concreto,
como manifestação de uma razão absoluta. Contrapondo Esse é um ponto fundamental da filosofia de Marx.
sua filosofia ao idealismo hegeliano, Marx afirma na Ao falar da produção material da vida, ele não se refere
introdução ao livro A ideologia alemã: apenas à produção das inúmeras coisas necessárias à
manutenção física dos indivíduos. Ele está considerando
As premissas de que partimos não constituem ba- também o fato de que, ao produzirem todas essas coi-
ses arbitrárias, nem dogmas; são antes bases reais de sas, os seres humanos constroem a si mesmos como in-
que só épossível abstrair no âmbito da imaginação. As divíduos. Isso ocorre porque, segundo Marx, "o modo de
nossas premissas são os indivíduos reais, a sua ação e produção da vida material condiciona o processo geral
as suas condições materiais de existência{.] (p. 4). de vida social, política e espiritual" 25 •
24. MARX, Karl. Teses contra Feuerbach, p. 52.
•
etc.) e da forma das relações de produção. são objeto de muitos estudos e acaloradas discussões.
Lukács Basileia. A partir da leitura de O mundo como vontade e
representação, de Schopenhauer, sentiu-se profunda-
mente atraído pelas reflexões filosóficas. Ainda jovem,
O filósofo húngaro Gyõrgy Lukács (1885-1971) en- começou a sentir os sintomas de uma doença que o leva-
tende que as ideologias têm a finalidade fundamental ria progressivamente à deterioração física, a episódios de
de orientar a vida prática dos indivíduos, fornecendo a perda de consciência e a crises de loucura no final da vida.
base para a resolução dos problemas concretos da vida
em sociedade. Nesse sentido, elas têm uma função ope-
rativa e positiva, existindo desde o momento em que os
Escrita aforismádca
seres humanos começaram a viver em coletividade. Diferentemente da maioria dos filósofos, Nietzsche
escreveu a maior parte de sua obra sob a forma de afo-
Assim, para Lukács, a ideologia não tem necessa- rismos. Aforismo é uma máxima, ou seja, uma sentença
riamente o caráter dissimulador da luta de classes, curta que exprime um conceito, um conselho ou um en-
pois não seria um fenômeno apenas das sociedades sinamento.
divididas em classes. Segundo ele, apenas quando o
conflito social passa a fazer parte da realidade é que a Os aforismos do filósofo tratam de diversos temas,
ideologia se volta à resolução dos problemas gerados como religião, moral, artes, ciência etc. Seu conjunto re-
por esse conflito, podendo manifestar-se então como vela uma crítica profunda, impiedosa à civilização oci-
instrumento de classe. dental. Crítica à massificação, à visão de mundo burgue-
sa, ao conservadorismo cristão (que ele chamava "moral
Para o filósofo, o fato de que, por exemplo, a ide- de rebanho") etc. Dessa crítica surgiu também a questão
ologia burguesa oculte ou mostre parcialmente a reali- do valor da existência humana.
dade se origina não apenas da própria incapacidade da
burguesia de ver a realidade em sua totalidade, mas
também da necessidade - comum a todas as classes Vontade de potência
dominantes - de tornar universais seus valores parti- Termo ambíguo, dadas as características assistemáti-
culares, a fim de garantir a estabilidade da ordem so- cas da escritura nietzschiana, a vontade de potência deu
cial que lhes interessa. margem a distintas interpretações. Muitos reduziram a
vontade de potência a uma tese biológica que tentava
Nietzsche justificar o espírito de competição dos seres humanos e
seu apetite pelo poder, tendo inclusive sido usada pelo
nazismo na defesa de suas pretensões dominadoras.
Hoje em dia, porém, predomina a interpretação de
que a vontade de potência refere-se não apenas a um
conjunto de pulsões competitivas, sem outra finalida-
de que não seja a própria vida, mas também a um im-
pulso de afirmação da vida na direção de uma trans-
cendência criadora, que conduziria a uma plenitude
existencial.
Allolíneo edionisíaco
Em sua obra, Nietzsche também criticou a tradição da
filosofia ocidental a partir de Sócrates, a quem acusa de ter
negado a intuição criadora da filosofia anterior, pré-socrá-
tica.
Nessa análise, o filósofo alemão estabelece a distin-
ção entre dois princípios: o apolíneo e o dionisíaco - a
partir, respectivamente, dos deuses gregos Apolo (deus
da razão, da clareza, da ordem) e Dionísio (deus da
Friedrich Nietzsche. aventura, da música, da fantasia, da desordem).
Friedrich Nietzsche (1844-1900) nasceu em Rocken, Para Nietzsche, esses dois princípios ou dimensões
uma localidade da Alemanha atual. Filho de um culto pas- complementares da realidade, o apolíneo e o dionisíaco,
tor protestante, possuía um gênio brilhante, tendo estu- foram separados na Grécia socrática, que, optando pelo
dado grego, latim, teologia e filosofia. Aos 24 anos, tor- culto à razão, secou a seiva criadora da filosofia, contida
nou-se professor titular de filologia na Universidade da na dimensão dionisíaca.
Genealogia da moral como um sentimento opressivo e difuso, próprio às fases
agudas de ocaso de uma cultura. O niilismo seria a ex-
Posteriormente, Nietzsche desenvolveu uma crítica pressão afetiva e intelectual da decadência" 27 •
intensa dos valores morais, propondo uma nova abor-
dagem: a genealogia da moral, isto é, o estudo da for- O niilismo moderno apontado por Nietzsche assen-
mação histórica dos valores morais. tava-se, entre outras coisas, na afirmação da morte de
Deus, que é interpretada como a rejeição à crença num
Sua conclusão foi de que o bem e o mal não consti- ser absoluto e transcendental, capaz de traçar para todos
tuem noções absolutas, no entendimento de que as con- os humanos "o caminho, a verdade e a vida".
cepções morais são elaboradas pelos seres humanos a
partir dos interesses humanos. Ou seja, são produtos his- Assim, por meio do niilismo, "o homem moderno
tórico-culturais. Entretanto, as religiões - o judaísmo e o vivencia a perda de sentido dos valores superiores de
cristianismo - impõem essas concepções como se fossem nossa cultura. Por essa ótica, niilismo seria o sentimento
"produtos de Deus" e, portanto, valores absolutos. Esses coletivo de que nossos sistemas tradicionais de valora-
valores carregaram as pessoas com as noções e os senti- ção, tanto no plano do conhecimento quanto no ético-re-
mentos de dever, culpa, dívida e pecado, e o resultado foi ligioso, ou sociopolítico, ficaram sem consistência e já
a configuração de indivíduos medíocres, tímidos, insossos, não podem mais atuar como instâncias doadoras de sen-
não criativos, depauperados e submissos. tido e fundamento para o conhecimento e a ação"28 •
Para o filósofo, grande parte das pessoas acomoda- Para combater o niilismo, Nietzsche defendeu valo-
-se a uma "moral de rebanho", baseada na submissão res afirmativos da vida, capazes de expandir as energias
irrefletida aos valores dominantes da civilização cristã e latentes em nós. "Ouse conquistar a si mesmo" talvez
burguesa. seja a grande indicação nietzschiana àqueles que bus-
cam viver de forma afirmativa, sem conformismo, resig-
O que é tacitamente26 aceito por nós; o que rece- nação ou submissão.
bemos e praticamos sem atritos internos e externos,
sem ter sido por nós conquistado, mas recebido de
fora para dentro, é como algo que nos foi dado; são Husserl
dados que incorporamos à rotina, reverenciamos O filósofo alemão Edmund Husserl (1859-1938) foi
passivamente e se tornam peias (amarras que pren- o formulador do método de investigação filosófica co-
dem os pés) ao desenvolvimento pessoal e coletivo. nhecido como fenomenologia, que surgiu primeiramen-
Ora, para que certos princípios, como a justiça e a te na atmosfera rarefeita da matemática expandindo-se,
bondade, possam atuar e enriquecer, é preciso que em seguida, para a psicologia e a filosofia, acabando por
surjam como algo que obtivemos ativamente a partir desembocar nas preocupações humanistas dos filósofos
da superação dos dados. [.. .] Para essa conquista das existencialistas, entre outras correntes do pensamento
mais lídimas (autênticas) virtualidades do ser é que contemporâneo que dela se utilizaram.
Nietzsche ensina a combater a complacência, a mor-
nidão das posições adquiridas, que o comodismo in-
titula moral, ou outra coisa bem soante.
CANDIDO, A. O portador. ln: Nietzsche, p. 411.
Niilismo
Segundo a análise de Nietzsche, no momento em
que o cristianismo deixou de ser a "única verdade" para
se tornar uma das interpretações possíveis do mun-
do, toda a civilização ocidental e seus valores absolutos
também foram postos em xeque. Nesse contexto, ocorre
uma escalada do niilismo que "deve ser entendido
26. Tacitamente: de forma não conscientemente assumida, de modo implícito.
27. GIACOIAJR. Oswaldo. Nietzsche. São Paulo: Publilolha, 2000, p. 64-65. Edmund Husserl.
•
28. ld., ibid., p. 65 .
o método fenomenológico consiste, basicamente, na Oenteeoser
observação e descrição rigorosa do fenômeno, isto é, da-
quilo que aparece ou se oferece aos sentidos ou à cons- Rompendo com a tendência dominante da filosofia
ciência. Dessa maneira, busca-se analisar como se forma, moderna que, desde Descartes, estava voltada para a teoria
para nós, o campo de nossa experiência, sem que o sujeito do conhecimento, Heidegger retomou a questão da ontolo-
ofereça resistência ao fenômeno estudado nem se desvie gia: por que há algo e não nada? Para ele, o problema
dele. O sujeito deve, portanto, orientar-se para e pelo fe- central da filosofia é o ser e a existência de tudo.
nômeno. A fenomenologia se apresenta como a investiga- Para Heidegger, devemos começar investigando
ção das experiências conscientes (fenômenos), isto é, "o nossa existência porque é dela que, primeiramente, te-
mundo da vida", que Husserl chama de Lebenswelt. mos consciência. Mas - objetou para aqueles que o con-
Conforme analisou o filósofo francês Merleau-Ponty sideravam um existencialista - uma filosofia que colo-
(1908-1961), Husserl tentou a reabilitação ontológica do casse apenas o homem como centro de preocupação
sensível. Isso significou, na história da filosofia, uma volta seria antes uma antropologia: "a questão que me preo-
às próprias coisas, das quais o sujeito tinha se afastado. cupa não é a existência do homem e sim a questão do
ser em seu conjunto e enquanto tal".
Sentido do ser
o..
LL
Um dos objetivos básicos da obra de Heidegger Ser
<(
~
e tempo é investigar o sentido do ser. Para efetuar tal
• tarefa, começou pela análise fenomenológica do ser que
nós próprios somos. Criando uma terminologia própria, e
por vezes obscura, Heidegger denominou o modo de ser
do homem, nossa existência, com a palavra Dasein, cujo
sentido é ser-aí, estar-aí.
Analisando a vida humana, o filósofo descreveu três
etapas que marcam a existência e que, para a maioria
dos homens, culminam numa existência inautêntica:
Martin Heidegger. • fato da existência - o homem é "lançado" ao
mundo, sem saber por quê. Ao despertar para a
Em 1933, ano em que Adolf Hitler se tornou chance-
consciência da vida, já está aí (Dasein), sem ter pe-
ler da Alemanha, Martin Heidegger foi nomeado reitor
dido para nascer;
da Universidade de Freiburg, aderindo formalmente ao
Partido Nazista. No discurso que proferiu como reitor, • desenvolvimento da existência - o ser humano
Heidegger anunciou suas esperanças no nazismo, julgan- estabelece relações com o mundo (ambiente natu-
do-o capaz de promover a redenção do povo germânico. ral e social historicamente situado). Para existir, o
Por coerência com o nazismo, afastou-se, publicamente, homem projeta sua vida e procura agir no campo de
do seu antigo mestre e amigo Husserl, que era judeu. suas possibilidades. Move uma busca permanente
Essas atitudes mancharam, para sempre, sua biografia. para realizar aquilo que ainda não é. Em outras pa-
Não muito tempo depois, talvez por tomar consciência lavras, existir é construir um projeto;
das crescentes atrocidades nazistas, Heidegger demitiu-se • destruição do eu - tentando realizar seu projeto, o
da reitoria da Universidade de Freiburg. Durante os anos da homem sofre a interferência de uma série de fato-
Segunda Guerra Mundial, isolou-se em sua casa nas mon- res adversos que o desviam de seu caminho exis-
tanhas. Até sua morte, manteve raros contatos sociais, re- tencial. Trata-se do confronto do eu com os outros.
lacionando-se apenas com reduzido grupo de amigos. Um confronto no qual o homem comum é, geral-
mente, derrotado. O seu eu é destruído, arruinado,
dissolve-se na banalidade do cotidiano, nas preocu-
Ente em-si eente para-si
pações da massa humana. Em vez de tornar-se si- A principal obra filosófica de Sartre é O ser e o
-mesmo, torna-se o que os outros são; assim, o eu nada, publicada em 1943. Nessa obra, ele ataca dura-
é absorvido no com-o-outro e para-o-outro. mente a teoria aristotélica da potência. Para Sartre, o
ser é o que é. Trata-se, na linguagem sartriana, do
O sentimento profundo que faz o homem despertar ente em-si. Esse ente "não é ativo nem passivo, nem
da existência inautêntica é a angústia, pois ela revela o afirmação nem negação, mas simplesmente repousa
quanto nos dissolvemos em atitudes impessoais, o quan- em si, maciço e rígido" 29 •
to somos absorvidos pela banalidade do cotidiano, o
quanto anulamos nosso eu para inseri-lo, alienadamen- Além do ente em-si, Sartre concebe a existência
te, no mundo do outro. de uma dimensão ou aspecto especificamente huma-
no, denominando-o ente para-si. Este se opõe ao ente
"'
·;;
Se o ser humano fosse um ser completo, total, ple-
., no, com uma essência definida, ele não poderia ter nem
e:
o
I
'f
consciência nem liberdade. Primeiro, porque a consciên-
"'
E
cia é um espaço aberto a múltiplos conteúdos. Segundo,
E porque a liberdade representa a possibilidade de esco-
i
e:
lha. Por intermédio de suas escolhas, o homem constrói
~., a si mesmo e torna-se responsável pelo que faz.
e:
o
Assim, para Sartre, se o ser humano não expres-
I sasse esse "vazio de ser", sua consciência já estaria
pronta, acabada, fechada. E, nesse caso, ele não poderia
manifestar liberdade, pois estaria preso à realidade está-
tica do ser pleno, do ser em-si.
Jean-Paul Sartre. Outra consequência dessa característica específica
Sartre recebeu significativa influência filosófica de do não ser, é que não podemos falar da existência de
Husserl e de Heidegger. Durante os anos da Segunda uma natureza humana previamente determinada. As-
Guerra Mundial, participou da luta da resistência france- sim, para Sartre, o que existiria é uma condição huma-
sa contra o nazismo. Também aderiu ao marxismo, con- na, isto é, "o conjunto de limites a priori que esboçam a
siderando-o a filosofia de sua época, mas, diante da in- sua (do indivíduo) situação fundamental no Universo". E
tervenção soviética na Hungria, em 1956, rompeu com o o filósofo acrescenta:
Partido Comunista, acusando-o de se desviar do sentido
As situações históricas variam: o homem pode
autêntico do marxismo.
nascer escravo numa sociedade pagã - ou senhor
Em 1964 foi agraciado com o Prêmio Nobel de Lite- feudal ou proletário. Mas o que não varia é a neces-
ratura, mas se recusou a recebê-lo, pois não desejava sidade para ele de estar no mundo, de lutar, de viver
reconhecer a autoridade dos juízes que lhe ofereceram o com os outros e de ser mortal.
prêmio nem aderir a essa instituição. SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. p. 16.
•
29. BOCHENSKI, 1. M. A filosofia contemporânea ocidental, p. 167.
Portanto, um dos valores fundamentais da condi- Russell ampliou esta tese procurando estabelecer os
ção humana é, segundo Sartre, a liberdade. É o exer- fundamentos lógicos do conhecimento científico em
cício da liberdade, em situações concretas, que move geral. E prosseguindo no projeto de apontar os pres-
o ser humano, que gera a incerteza, que leva à produ- supostos lógicos da racionalidade, Russell desen-
ção de sentidos, que impulsiona a ultrapassagem de volveu a filosofia analítica submetendo a linguagem
certos limites e que confere sentido à sua existência. humana à análise lógica. Para ele, grande parte dos
É a liberdade humana, enfim, que leva todo indivíduo problemas filosóficos se dissolve em falsos problemas
a ter de definir o que pretende ser como pessoa, a quando enfrentamos os equívocos, ambiguidades e
avaliar o impacto de suas escolhas e ser responsável imprecisões da linguagem cotidiana. São chamados
por elas. Isso significa que, de forma quase paradoxal, erros de linguagem.
o ser humano está condenado a ser livre, como afir-
mou Sartre. O problema fundamental da filosofia consistiria em
investigar, em termos lógicos, as proposições linguísticas
Adorno eHorkheimer
Na análise da sociedade de massa, que se desdobra
em vários aspectos, um tema muito presente é a crítica
da razão. De acordo com Max Horkheimer (1895-1973)
e Theodor Adorno (1903-1969), a razão iluminista, que
visava a emancipação dos indivíduos e o progresso so-
cial, terminou por levar a uma maior dominação das pes-
soas em virtude justamente do desenvolvimento tecno-
lógico-industrial. Horkheimer acreditava que o problema
estava na própria razão controladora e instrumental,
que busca sempre a dominação, tanto da natureza quan-
to do próprio ser humano.
Ludwig Wittgenstein.
Assim, escreveu Max Horkheimer, em 1946:
O percurso filosófico de Ludwig Wittgenstein (1889-
-1951) pode ser dividido em duas grandes fases. Na pri- Parece que enquanto o conhecimento técnico
meira fase, configurada no Tractatus logico-philosophi- expande o horizonte da atividade e do pensamento
cus, ele intensificou a busca de uma estrutura lógica humano, a autonomia do homem enquanto indiví-
que pudesse dar conta do funcionamento da linguagem. duo, a sua capacidade de opor resistência ao cres-
Para ele, a estrutura da linguagem deveria corresponder cente mecanismo de manipulação de massas, o seu
à realidade dos fatos. Em suas palavras: "A totalidade poder de imaginação e o seu juízo independente so-
dos pensamentos verdadeiros é uma figura do mundo". freram uma redução. O avanço dos recursos técnicos
Em sua segunda fase, Wittgenstein deu um giro de de informação se acompanha de um processo de de-
180° e se afastou dessa compreensão de que a verdade sumanização.
da proposição deve ser verificada na experiência do
HORKHEIMER, Max. Eclipse do rozõo. p. 6.
mundo real, e passou a afirmar a impossibilidade de
uma redução legítima entre um conceito lógico (enten- Em um texto de autoria de Horkheimer e Adorno, A
dido como proposição) e um conceito empírico (relacio- dialética do esclarecimento, de 1947, os dois fazem
nado com a realidade). dura crítica ao Iluminismo, que estimulou o desenvolvi-
Em outras palavras, a linguagem não seria a captura mento dessa razão controladora e instrumental que pre-
conceituai da realidade, isto é, não seria a reprodução do domina na sociedade contemporânea. Denunciam tam-
objeto, mas antes uma atividade, um jogo. E os jogos bém o desencantamento do mundo, a deturpação das
de linguagem adquirem o seu significado no uso social, consciências individuais, a assimilação dos indivíduos ao
nos diferentes modos de ser e de viver nos quais a fala sistema social dominante.
está inserida. Em resumo, Horkheimer e Adorno denunciam a
De acordo com o filósofo, a linguagem comum pos- morte da razão crítica, asfixiada pelas relações de pro-
sui uma riqueza de espécies e tipos de frases que são dução capitalista. Se denúncias semelhantes já haviam
usadas em situações específicas (mandar, pedir, relatar, sido feitas no campo do marxismo, o que há de caracte-
descrever, inventar, agradecer etc.) e formam os "jogos rístico nos filósofos da Escola de Frankfurt é a desespe-
de linguagem", que se produzem socialmente e não in- rança em relação à possibilidade de transformação des-
dividualmente. sa realidade social.
Com essa perspectiva, Wittgenstein abandonou a Essa desesperança se deveria ao diagnóstico da au-
intenção de fazer da linguagem comum a "pintura da sência de consciência revolucionária no proletariado
realidade", como ele mesmo havia dito anteriormente. (trabalhadores), que teria sido assimilado, absorvido
O termo linguístico não poderia mais ser explicado por pelo sistema capitalista, seja pelas conquistas trabalhis-
meio de uma análise lógica, mas apenas a partir de seu tas alcançadas, seja pela alienação de suas consciências,
•
uso social . promovida pela indústria cultural.
Indústria cultural é um termo difundido por atual, já que a razão contemporânea estaria asfixiada
Adorno e Horkheimer para designar a indústria da di- pelo desenvolvimento do capitalismo, o qual teria narco-
versão de massa, veiculada pela televisão, cinema, tizado a consciência do proletariado, perpetuando-se
rádio, revistas, jornais, músicas, propagandas etc. Por dessa forma como sistema.
meio da indústria cultural e da diversão se obteria a
De acordo com Habermas, essa é uma posição peri-
homogeneização dos comportamentos, a massifi-
gosa em filosofia, pois poderia conduzir a uma crítica
cação das pessoas.
radical da modernidade e, em consequência, da razão, o
que levaria ao irracionalismo. O filósofo enfatiza esse
Beniamin ponto, afirmando, contra a tendência ao irracionalismo
presente na chamada filosofia pós-moderna, que "o
Walter Benjamin (1892-1940) se distingue de Ador- projeto da modernidade ainda não foi cumprido". Ou se-
no e Horkheimer por uma postura mais otimista no que ja, que o potencial para a racionalização do mundo ainda
diz respeito à indústria cultural e à emancipação política. não está esgotado. Por isso Habermas costuma ser des-
Em seu texto A obra de arte na era de sua reprodutibili- crito como "o último grande racionalista".
dade técnica, ele se mostra esperançoso com a possibi-
De acordo com Habermas, existem alguns pontos
lidade de que a arte, a partir do desenvolvimento das
talhos na avaliação feita por Adorno e Horkheimer, cuja
técnicas de reprodução (discos, reprografia e processos
identificação permitiria estabelecer uma retomada do
semelhantes), se torne acessível a todos.
projeto emancipatório, porém em novas bases. Rompen-
Enquanto na visão de Adorno e Horkheimer, a cultu- do com a teoria marxista em alguns de seus pontos fun-
ra veiculada pelos meios de comunicação de massa não damentais - por exemplo, a centralidade do trabalho e
permite que as classes assalariadas assumam uma posi- a identificação do proletariado como agente da transfor-
ção crítica em relação à realidade, Benjamin enfatizava mação social -, Habermas elabora, como nova perspec-
que a arte dirigida às massas pode servir como instru- tiva, outro conceito de razão: uma razão dialógica, isto
mento de politização. é, aquela que brota do diálogo e da argumentação en-
tre os agentes interessados, em determinada situação.
Habermas Trata-se, portanto, da razão que surge da chamada
ação comunicativa, do uso da linguagem como meio de
conseguir o consenso. Para tanto, é necessária uma
ação social que fortaleça as estruturas capazes de pro-
mover as condições de liberdade e de não cons-
trangimento, imprescindíveis ao diálogo.
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motivo, poderes especificas. (Microfísica do poder, p.
o
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231).
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E
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Genealogia do poder
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Foucault também desenvolveu seu método de
pesquisa à maneira de uma genealogia, inspirado em
l
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Nietzsche. Semelhantemente ao filósofo alemão, adota
como ponto de partida a noção de que os valores - o
~
o:: bem e o mal, o verdadeiro e o falso, o certo e o errado,
.,"'<=
~ o sadio e o doente etc. - são consagrados historica-
mente em função de interesses relativos ao poder den-
tro da sociedade. Em outras palavras, a definição do
que é bom, verdadeiro ou sadio depende das instâncias
Michel Foucault. nas quais o poder se encontra.
Segundo Michel Foucault (1926-1984), as socieda- Na visão de Foucault, esse poder não seria essen-
des modernas apresentam uma nova organização do cialmente de repressão ou de censura, mas sim um po-
poder que se desenvolveu a partir do século XVIII. Nessa der criador, no sentido de que produz a realidade e
nova organização, o poder não se concentra apenas no seus conceitos. Em seu livro Vigiar e punir: uma genea-
setor político e nas suas formas de repressão, mas está logia do poder, ele explica esse seu entendimento do
disseminado pelos vários âmbitos da vida social. Para que é o poder:
Foucault, o poder se fragmentou em micropoderes e se
tornou muito mais eficaz. Em seu livro Microfísica dopo- É preciso cessar de sempre descrever os efeitos do
der, Foucault explica: poder em termos negativos: ele "excluí': "reprime",
"recalca': "censura", "discrimina", "mascara': "es-
Por dominação eu não entendo o fato de uma conde". Na verdade, o poder produz: produz o real;
dominação global de um sobre os outros, ou de um produz os domínios de objetos e os rituais de verda-
grupo sobre o outro, mas as múltiplas formas de domi- de. (p. 110).
nação que se podem exercer na sociedade. (p. 181).
Nesse mesmo livro, Foucault acompanha a evolu-
Assim, em vez de se deter apenas no macropoder ção dos mecanismos de controle social e punição, que
concentrado no Estado, Foucault analisou esses micropo- se tornaram cada vez menos visíveis e mais racionaliza-
deres que se espalham pelas mais diversas instituições dos. Ele caracteriza a sociedade contemporânea como
da vida social. Isto é, os poderes exercidos por uma rede uma sociedade disciplinar, na qual prevalece a produ-
imensa de pessoas que interiorizam e cumprem as nor- ção de práticas disciplinares de vigilância e controles
mas estabelecidas pela disciplina social - pais, portei- constantes, que se estendem a todos os âmbitos da vida
ros, enfermeiros, professores, secretárias, guardas, fis- dos indivíduos.
cais etc.
Uma das formas mais eficientes dessa vigilância
Adotando essa perspectiva de análise, conhecida e disciplina se dá, no seu entender, através dos dis-
como microfísica do poder, Foucault afirma que "o po- cursos e práticas científicas, aparentemente neutras e
der está em toda parte, não porque englobe tudo" e sim racionais, que procuram normatizar o comportamento
•
"porque provém de todos os lugares". dos indivíduos .
Um exemplo disso seria o tratamento científico Jacques Derrida (1930-2004) criticou o desenvolvi-
dado à sexualidade, no qual o comportamento sexual é mento da razão no Ocidente, a partir do próprio conceito
normatizado por meio do convencimento racional dos de razão. Para Derrida toda a filosofia ocidental partilha
indivíduos sobre os cuidados necessários à sua vida nes- a ideia de um centro, de algo que unifica e estrutura a
se âmbito. Desse modo, assumindo a face do saber, o sua construção teórica. Deus, homem, verdade são
poder, segundo Foucault, atinge os indivíduos em seu exemplos de noções que organizam o entendimento do
corpo, em seu comportamento e em seus sentimen- mundo. A isso Derrida denominou logocentrismo.
tos.
Ele também chama a atenção para o fato de que a
Assim, como o poder se encontra em múltiplos es- cada um desses centros corresponde uma antítese, o
paços, a resistência a esse estado de coisas não caberia, seu oposto: Deus-diabo; homem-mulher; verdade-men-
segundo o filósofo, a um partido ou uma classe revolu- tira. Essa lógica das oposições - que, segundo ele, teve
cionária, pois estes se dirigiriam a um único foco de po- origem na Grécia, na oposição entre logos (razão) e
der. Seria necessária, portanto, a ação de múltiplos pon- mito - foi preservada pela filosofia ocidental.
tos de resistência.
Derrida propõe então desconstruir o conceito de
logos e negar sua supremacia em relação ao seu par ló-
Derrida gico, sem o qual o logos não teria sentido. Em sua inter-
pretação, o pensamento filosófico ocidental teria atribuído
um valor absoluto a um dos elementos que compõem
essa dualidade, criando assim "verdades" indiscutíveis.
Derrida não só nega essas "verdades", mas também
identifica nelas a condição de construções culturais.
Seria necessária, então, a desconstrução desses
centros da filosofia ocidental, especialmente a noção de
razão e de sujeito, segundo Derrida. E isso se faria a
partir da análise da linguagem, que ele entende ser a
estrutura essencial da cultura.
A desconstrução seria, portanto, uma análise que
pretende mostrar:
• como se dá a construção de certas noções - por
exemplo, o conceito de razão e os valores a ele as-
sociados;
• como depois essas noções passam a ter função pre-
dominante na cultura ocidental;
• e, por último, como elas podem ser usadas como
Jacques Derrida. forma de dominação.
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Saraiva S.A. - Livreiros Editores, São Paulo, 2014
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