Você está na página 1de 5

Disciplina: Relações Públicas e Humanas

Discente: João Victor Alves de Sousa


Matrícula: 20219039704

Resumo do texto No Panorama Conceitual da Hospitalidade, A presença de Novos


Aportes Teóricos.

O texto discute a evolução do estudo da hospitalidade, destacando seu crescimento


gradual em diferentes países ao redor do mundo. Nota-se uma mudança de foco
recente, pois a abordagem não se limita mais apenas aos aspectos comerciais e de
consumo. Agora, o tema é investigado a partir de uma perspectiva mais abrangente,
que engloba os valores, modelos e ações envolvidos em todas as situações
relacionadas ao ato de acolher pessoas.

Essa ampliação de perspectiva significa que os pesquisadores estão interessados


não apenas nos aspectos transacionais da hospitalidade, mas também nas
dimensões mais profundas que permeiam o fazer humano no contexto de receber e
acolher. Isso implica analisar não apenas as interações comerciais, mas também os
valores culturais, os modelos sociais e as ações que moldam as práticas de
hospitalidade em diversas circunstâncias.

No contexto brasileiro, autores como Luiz Octávio de Lima Camargo, Ada de Freitas
Maneti Dencker, Celia Maria de Moraes Dias e Lucio Grinover estão contribuindo
para essa abordagem expandida da hospitalidade. Ao longo de diferentes anos,
esses estudiosos têm explorado e analisado a hospitalidade no Brasil sob essa nova
perspectiva, enriquecendo o campo de estudo com suas pesquisas e reflexões.

Nesse trecho o artigo aborda o conceito de hospitalidade, explorando duas


perspectivas analíticas principais: a troca como comércio e a troca como dádiva. O
autor, Camargo, baseia-se em pesquisas de estudiosos brasileiros e estrangeiros,
destacando a importância da hospitalidade no contexto das relações entre visitantes
e visitados nos estudos do turismo.
Camargo destaca que, ao analisar a hospitalidade como dádiva, é possível
enriquecer as pesquisas desenvolvidas no Brasil no campo do turismo e das
Ciências Humanas e Sociais. Ele ressalta que a hospitalidade não deve ser
considerada como um negócio, contrapondo a ideia tradicional de troca associada
ao comércio e ao mercado. O autor aborda a natureza da hospitalidade, destacando
que ela não deve ser compreendida como um simples negócio. Ele aponta que, ao
discutir as interações entre pessoas, a tendência é pensar em termos de comércio e
mercado.

A base teórica para essa perspectiva é atribuída a Marcel Mauss, cuja obra
"Sociologia e Antropologia" de 1950 é referenciada no artigo. Mauss, em 2003, por
meio de extensas pesquisas e estudos, explorou as formas de contrato e os
sistemas de trocas e prestações econômicas em sociedades diversas, incluindo a
Polinésia, Melanésia e o Noroeste americano. Além disso, ele investigou modelos
primordiais de Direito, como os romano, hindu e germânico.

Dentro desse contexto, a dádiva se destaca como um conceito fundamental. Ela


implica não apenas na oferta desinteressada, mas também na responsabilidade de
receber e retribuir, formando um ciclo de interação social que transcende a lógica
puramente comercial. Essa abordagem ressalta a importância de considerar as
complexidades históricas e culturais nas relações humanas, indo além da
perspectiva estritamente econômica ao examinar a hospitalidade.

Mauss (2003) destaca a significativa importância das trocas de dádiva para


comunidades e famílias, ressaltando que essas transações não têm a mesma
finalidade que as trocas comerciais em sociedades mais desenvolvidas. Para
Mauss, a finalidade principal das trocas de dádiva é de natureza moral, visando
cultivar um sentimento de amizade entre as pessoas envolvidas. Ele argumenta que,
se essa operação não resultar na criação desse laço de amizade, ela perde sua
essência.

O compromisso moral e ético desempenha um papel crucial nesse processo de dar,


receber e retribuir presentes. Mauss destaca que ninguém é livre para recusar um
presente, pois a troca está impregnada de significados de reciprocidade,
expressando gratidão e respeito mútuos. Portanto, há uma interligação entre a
liberdade de participar nesse ato e a obrigação moral de retribuir.
No trecho citado de Camargo (2005, p.717), o autor destaca que, na perspectiva da
hospitalidade, o elemento crucial não é apenas o ato de dar ou o dom em si, mas
sim a construção de vínculos sociais. Ele enfatiza que o ato de dar implica em
sacrificar algo em nome de algo maior, especialmente no contexto ético.

O sacrifício é considerado um componente essencial da hospitalidade. A ideia


central é que a hospitalidade transcende a mera oferta de presentes ou serviços; ela
atinge sua expressão mais elevada quando contribui para a construção,
fortalecimento e revitalização do tecido social humano. Dessa forma, Camargo
destaca a importância da hospitalidade não apenas como um ato isolado, mas como
um meio de costurar e fortalecer os laços sociais, ressaltando seu papel
fundamental na moralidade humana.

Para discutir a hospitalidade como forma de encontro, Camargo propõe dois eixos
de tempo/espaço: um eixo cultural, baseado nas ações envolvidas na hospitalidade,
como receber pessoas, hospedar, alimentar e entreter; e um eixo social, em que a
hospitalidade, vista como instância social, é dividida em três categorias: doméstica,
comercial e pública. Posteriormente (2007), agrega a estas a categoria virtual e
denomina de urbana a hospitalidade pública.

A hospitalidade doméstica foca nas relações desenvolvidas dentro de casa. Essa


forma de hospitalidade é caracterizada pela preservação de rituais tradicionais,
abrangendo a maneira como as pessoas são recebidas, hospedadas, alimentadas e
entretidas no ambiente doméstico. A casa é considerada a matriz e espaço para
manter esses rituais, contribuindo para a construção de um ambiente acolhedor e
culturalmente significativo.

De forma simples a hospitalidade comercial envolve relações mercantis, como a


compra de pacotes de viagem ou serviços de hotel e restaurante. No entanto, ele
argumenta que, nesse contexto, o que prevalece é um contrato, onde ambas as
partes simplesmente cumprem suas obrigações sem sacrifício mútuo, resultando em
uma relação que não se caracteriza como hospitalidade, pois falta o elemento do
sacrifício na interação (Camargo, 2005).

Em resumo o autor nesse tópico ressalta importância de compreender as interações


entre anfitriões e turistas, abordando duas situações distintas. A primeira situação
refere-se às operações comerciais, onde os viajantes estabelecem contratos de
prestação de serviços com os residentes locais. Isso envolve acordos sobre
alimentação, hospedagem e outros serviços durante a estadia do turista. Nesse
contexto, as relações são guiadas por transações comerciais e contratos formais.

A segunda situação aborda os encontros mais pessoais entre anfitriões e hóspedes.


Aqui, a dinâmica é caracterizada pela ideia de "dádiva", onde os processos de dar,
receber e retribuir desempenham um papel crucial. Essa abordagem sugere que as
interações não são apenas transações comerciais, mas envolvem também uma
dimensão mais relacional e social. A troca vai além do simples cumprimento de
contratos e inclui a reciprocidade e a construção de laços mais profundos entre o
anfitrião e o turista.

A hospitalidade no turismo não se limita apenas a transações comerciais ou serviços


prestados, mas se fundamenta nas relações interpessoais e nas experiências
vivenciadas pelo turista. O sujeito turístico, ao se deslocar para um destino, está em
busca de explorar e conhecer novos lugares. No entanto, o autor destaca que é por
meio da hospitalidade que a prática turística se concretiza e se potencializa.

A dimensão humana da hospitalidade está centrada nas interações sociais entre o


anfitrião (residente local) e o hóspede (turista). O texto sugere que é nesse processo
de interação e nas trocas realizadas entre ambas as partes que a verdadeira
essência do turismo é revelada. A hospitalidade não apenas envolve a prestação de
serviços, mas também incorpora elementos como cortesia, amabilidade e a criação
de experiências positivas para o turista.

Acima de tudo a hospitalidade vai além do simples ato de oferecer acolhimento ou


ser recebido. Não é apenas uma ação unilateral de um sujeito em direção a outro. O
conceito de hospitalidade inclui elementos mais amplos e complexos. Pode envolver
uma série de atitudes, comportamentos e práticas que contribuem para a criação de
um ambiente acolhedor.

A hospitalidade, nesse contexto, pode ser vista como uma construção mais
abrangente, que incorpora aspectos como respeito mútuo, compreensão, empatia e
a criação de um ambiente propício para interações positivas. Não se trata apenas de
atender a necessidades práticas ou desejos específicos, mas também de
estabelecer uma atmosfera de cordialidade e reciprocidade.

Em conclusão a relação entre essas abordagens e o fenômeno turístico destaca a


complexidade das interações humanas durante as viagens. A hospitalidade no
turismo não é apenas uma questão de serviços e infraestrutura; é também sobre as
conexões emocionais e sociais que se estabelecem entre anfitriões locais e turistas.
A compreensão desses aspectos mais profundos contribui para uma visão mais
completa e enriquecedora do fenômeno turístico, permitindo uma abordagem mais
holística e sensível às necessidades e expectativas dos viajantes.

Você também pode gostar