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Orçamento do Estado 2023

ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

FICHA TÉCNICA

Título: Orçamento do Estado 2023

Autores: José Alberto Pinheiro Pinto e Cristina Pinto

Capa e paginação: DCI - Departamento de Comunicação e Imagem da OCC

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2023

Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Orçamento do Estado para 2023

Lei n.º 24-D/2022, de 30 de dezembro

Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS) 7

Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC) 49

Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) 80

Imposto do Selo (IS) 88

Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) 96

Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis (IMT) 99

Benefícios Fiscais 106

Lei Geral Tributária (LGT) 128

Outras disposições de caráter fiscal 130

Estatuto da Ordem dos Contabilistas Certificados 144

Lei n.º 24-B/2022, de 30 de dezembro

Contribuições sobre os setores da energia e distribuição alimentar 158

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

LEI DO ORÇAMENTO DO ESTADO PARA 2023

LEI N.º 24-D/2022, DE 30 DE DEZEMBRO

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ESTRUTURA E EVOLUÇÃO DAS RECEITAS FISCAIS

IMPORTÂNCIAS EM EUROS
CÓDIGOS DESIGNAÇÃO DAS RECEITAS
POR ARTIGOS POR GRUPOS POR CAPÍTULOS
RECEITAS CORRENTES

01.00.00 Impostos diretos 24 078 457 727


01.01.00 Sobre o Rendimento 23 552 227 727
01.01.01 Imposto s/ rend. das pessoas singulares (IRS) 16 223 656 956
01.01.02 Imposto s/ rend. das pessoas coletivas (IRC) 7 328 570 771
01.02.00 Outros 526 230 000
01.02.01 Imposto s/ sucessões e doações 12 871
01.02.06 Imposto do uso, porte e detenção de armas 7 600 000
01.02.99 Impostos diretos diversos 518 617 129
02.00.00 Impostos indiretos 30 200 359 809
02.01.00 Sobre o Consumo 26 987 903 906
02.01.01 Imposto s/ produtos petrolíferos (ISP) 2 639 128 278
02.01.02 Imposto s/ valor acrescentado (IVA) 21 805 014 021
02.01.03 Imposto sobre veículos (ISV) 479 933 803
02.01.04 Imposto de consumo s/ tabaco 1 499 615 153
02.01.05 Imposto s/ álcool beb. alcoólicas (IABA) 336 418 605
02.01.99 Impostos diversos s/ consumo 227 794 046
02.02.00 Outros 3 212 455 903
02.02.01 Lotarias 213 876 750
02.02.02 Imposto do selo 2 010 203 269
02.02.03 Imposto do jogo 242 591 165
02.02.04 Imposto único de circulação 499 627 374
02.02.05 Resultados exploração apostas mútuas 197 129 264
02.02.99 Impostos indiretos diversos 49 028 081
Total dos impostos 54 278 817 536

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

OE/2023 – Valores em milhões de €


OE/2023 – Valores em milhões de €
OE/2023 – Valores em milhões de €
OE/2023 – Valores em milhões de €
Sobre o rendimento IRC (7 328)
Diretos Sobre (23
o rendimento
552) IRC (7 328)
Sobre o rendimento IRS
IRC (16 224)
(7 328)
Diretos
(24 078)
Diretos Sobre (23 552)
o rendimento IRC (7 328)
(23 552) IRS (16 224)
(24 078)
Diretos Outros IRS (16 224)
(24 078) (23(526)
552)
IRS
IVA(16
(21224)
805)
(24 078) Outros (526)
Impostos Outros (526) IVA (21
Imp. 805) petrolíferos (2 639)
s/ prod.
Outros
Sobre (526)
o consumo IVA (21 805)
Impostos
(54 278) Imp. s/ veículos
IVA (21 prod.
805) petrolíferos (2 639)
(480)
Impostos Sobre
(26o 988)
consumo Imp. s/ prod. petrolíferos (2 639)
(54 278)
Impostos Sobre o consumo veículos (480)(1 500)(2 639)
prod. tabaco
petrolíferos
Imp. s/ cons.
(54 278) (26o 988)
Sobre consumo Imp. s/ veículos (480)
(54 278) Indiretos (26 988) Imp. s/ cons.
álcooltabaco
veículos (480)(1
e beb. alc.500)
(336)
Indiretos (26 988) Imp. s/ cons. tabaco (1 500)
(30 200) álcool e beb. (1
alc. (336)
Indiretos Imp. s/ cons.
div. tabaco
s/ consumo 500)
(228)
(30 200)
Indiretos Imp. s/ álcool e beb. alc. (336)
(30 200) Imp. div. s/ consumo
s/ álcool (228)
e beb. alc. (336)
Outros Imp. selo (2 010)
Imp. div. s/ consumo (228)
(30 200)
Imp. div. s/ consumo (228)
Outros
(3 212) Imp. selo (2 010)
Outros Outros (1 (2
Imp. selo 202)
010)
(3 212)
Outros Imp. selo (2 010)
(3 212) doOutros
Evolução dos impostos nos Orçamentos
(1 202)
Estado(1–202)
valores em milhões de €
(3 212) Outros
Outros (1 202)
Evolução dos impostos nos Orçamentos do Estado – valores em milhões de €
Evolução dos impostos nos Orçamentos do Estado – valores em milhões de € Variação
Impostos 1995
Evolução 1999impostos
dos 2003 nos Orçamentos
2010 2015 do Estado
2020 – valores
2021 em2022 2023
milhões de € 2023/2022
Variação
Impostos 1995 1999 2003 2010 2015 2020 2021 2022 2023 Variação
IVA Impostos 5 606
1995 7 352
1999 10 653
2003 11 272
2010 14 491
2015 18 344
2020 16 999
2021 19 546
2022 21
2023805 2023/2022
11,56%
Variação
2023/2022
IVA Impostos
IRS 1995
4
5 464
606 1999
6
7 175
352 2003
107 653
731 2010
119 272
046 2015
13
14 168
491 2020
13
18 585
344 2021
13
16 420
999 2022
15
19 203
546 2023
16 224 6,72%
21 805 2023/2022
11,56%
IVA
IRC
IRS 5
1 606
4 551
464 7
3 352
6 955
175 104
7 653
119
731 114
9 272
200
046 14
13 491
4 690
168 18
13 344
6 452
585 16
13 999
5 134
420 19
15 546
5 211
203 21
167 805
328
224 11,56%
40,63%
6,72%
IVA
IRS 5
4 606 7 352 107 653 119 272 14
134 491 18
136 344 16
135 999 19
155 546 21
167 805 11,56%
IRC 1 464
551 6
3 175
955 4 731
119 4 046
200 168
690 585
452 420
134 203
211 224
328 6,72%
40,63%
IRS
Imp.
IRC s/prod. pet. 4 464 6 175 7 731 9 046 132
2
1 160
551 2
3 659
955 2
4 916
119 2
4 470
200 4 168
311
690 133
6 585
720
452 133
5 420
402
134 153
5 203
310
211 162
7 224
639
328 6,72%
-20,27%
40,63%
IRC
Imp. s/prod. pet. 1 160
2 551 3 659
2 955 42 119
916 42 200
470 42 690
311 63 452
720 53 134
402 53 211
310 72 328
639 40,63%
-20,27%
Imp. s/tabacopet. 748 993
Imp. s/prod. 2 160 2 659 21 916
175 21 470
180 21 311
505 31 720
400 31 402
400 31 310
434 21 639
500 4,60%
-20,27%
Imp. selo
Imp. s/tabacopet.
s/prod. 848
2 160
748 1
2 003
659
993 1
1 210
2 916
175 1
1 693
2 470
180 1
1 389
2 311
505 1
1 784
3 720
400 1
1 663
3 402
400 1
1 938
3 310
434 2 010
639
1 500 3,72%
-20,27%
4,60%
Imp.
Imp. s/
seloveículos
s/tabaco 698
748
848 1
1 018
993
003 1
1 229
175
210 1 710
1 180
693 1 559
1 505
389 1 691
1 400
784 1 458
1 400
663 1 482
1 434
938 1 480
500
2 010 -0,41%
4,60%
3,72%
Imp.
… s/tabaco
Imp. s/
seloveículos 748
848 1 993 1 175 1 180 1 505 1 400 1 400 1 434 1 500 4,60%
Imp. …
698 1 003

018 1 210

1 229 1 710
693
… 1 559
389
… 1 691
784
… 1 458
663
… 1 482
938
… 2 480
010
… 3,72%

-0,41%
Imp.
Imp. seloveículos
s/ 848
698 1 003
1 018 1
1 210
229 1 693
710 1 389
559 1 784
691 1 663
458 1 938
482 2 010
480 3,72%
-0,41%
… … … … … … … … … … …
Imp. s/ veículos 698

Total …
16 101 231 533
018
… 291 462
229
… 710

31 026 559

39 024 691

47 408 458

44 467 482

49 227 480

54 278 -0,41%

10,26%
… … … … … … … … … … …
Total 16 101 23 533 29 462 31 026 39 024 47 408 44 467 49 227 54 278 10,26%
Total 16 101 23 533 29 462 31 026 39 024 47 408 44 467 49 227 54 278 10,26%
Total 16 101 23 533 29 462 31 026 39 024 47 408 44 467 49 227 54 278 10,26%
Evolução dos impostos diretos e indiretos – Em %
Evolução dos impostos diretos e indiretos – Em %
Evolução dos OE/ OE/diretos
impostos OE/e indiretos
OE/ – Em OE/
% OE/ OE/ OE/
Impostos 67 Evolução
72 80 dos impostos diretos e indiretos – Em %
OE/
95 OE/
2002 OE/
2010 OE/
2015 OE/
2020 OE/
2021 OE/
2022 OE/
2023
Impostos 67 72 80 OE/ OE/ OE/ OE/ OE/ OE/ OE/ OE/
Impostos 67 72 80 OE/
95 OE/
2002 OE/
2010 OE/
2015 OE/
2020 OE/
2021 OE/
2022 OE/
2023
Impostos 67 72 80 95 2002 2010 2015 2020 2021 2022 2023
Diretos 55,1 53,5 49,8 37,2
95 42,1
2002 42,9
2010 46,6
2015 43,3
2020 42,8
2021 42,5
2022 44,4
2023
Diretos 55,1 53,5 49,8 37,2 42,1 42,9 46,6 43,3 42,8 42,5 44,4
Diretos 55,1 53,5 49,8 37,2 42,1 42,9 46,6 43,3 42,8 42,5 44,4
Indiretos
Diretos 44,9
55,1 46,5
53,5 50,2
49,8 62,8
37,2 57,9
42,1 57,1
42,9 53,4
46,6 56,7
43,3 57,2
42,8 57,5
42,5 55,6
44,4
Indiretos 44,9 46,5 50,2 62,8 57,9 57,1 53,4 56,7 57,2 57,5 55,6
Indiretos 44,9 46,5 50,2 62,8 57,9 57,1 53,4 56,7 57,2 57,5 55,6
Indiretos 44,9 46,5 50,2 62,8 57,9 57,1 53,4 56,7 57,2 57,5 55,6

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS SINGULARES

CÓDIGO DO IRS

Artigo 4.º – Atividades comerciais e industriais, agrícolas, silvícolas e pecuárias


Redação anterior OE 2023
1 – Consideram-se atividades comerciais e industriais, designadamente, as seguintes:

o) Operações relacionadas com a emissão de

criptoativos, incluindo a mineração, ou a


validação de transações de criptoativos através

de mecanismos de consenso.

ANOTAÇÃO

A matéria dos criptoativos será objeto de capítulo autónomo deste trabalho.

Nesta disposição em concreto, inclui-se no âmbito da categoria B as operações relacionadas

com a emissão de criptoativos, incluindo a mineração, ou a validação de transações de criptoativos

através de mecanismos de consenso.

Veja-se, a propósito do enquadramento nesta categoria, a alteração ao artigo 31.º do Código do

IRS.

Artigo 5.º – Rendimentos da categoria E


Redação anterior OE 2023
2 – Os frutos e vantagens económicas referidos no número anterior compreendem, designa-

damente:

u) Quaisquer formas de remuneração decor-

rentes de operações relativas a criptoativos.

11 – Os rendimentos previstos na alínea u) do

n.º 2, quando assumam a forma de criptoativos,

são tributados como mais-valia no momento da

alienação dos criptoativos recebidos.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANOTAÇÃO

A matéria dos criptoativos será objeto de capítulo autónomo deste trabalho.

No que respeita às formas de remuneração decorrentes de operações relativas a criptoativos

(e.g. staking delegado ou off-chain) prevê-se a sua categorização como rendimento de capitais, na
medida em que é o prestador de serviço (Crypto Asset Services Providers – CASP) que desenvolve a

atividade de validação, atribuindo uma remuneração ao detentor dos criptoativos.

Assim, ao elenco dos frutos e vantagens que constituem a base de incidência da Categoria E

foi acrescentada a alínea u) ao n.º 2 do artigo 5.º do Código, contemplando quaisquer formas de

remuneração decorrentes de operações relativas a criptoativos.

Entretanto, foi adicionado um novo n.º 11 a este artigo, estabelecendo que os rendimentos

previstos na nova alínea u) do n.º 2, quando assumam a forma de criptoativos, são tributados como

mais-valia no momento da alienação dos criptoativos recebidos.


Veja-se, a propósito do enquadramento nesta categoria, a alteração ao artigo 101.º-B do Código

do IRS.

Artigo 10.º – Mais-valias


Redação anterior OE 2023
1 – Constituem mais-valias os ganhos obtidos que, não sendo considerados rendimentos
empresariais e profissionais, de capitais ou prediais, resultem de:
k) Alienação onerosa de criptoativos que não
constituam valores mobiliários.
4 – O ganho sujeito a IRS é constituído:
a) Pela diferença entre o valor de realização e o a) Pela diferença entre o valor de realização e o
valor de aquisição, líquidos da parte qualificada valor de aquisição, líquidos da parte qualificada
como rendimento de capitais, sendo caso disso, como rendimento de capitais, sendo caso disso,
nas situações previstas nas alíneas a), b), c) e i) nas situações previstas nas alíneas a), b), c), i), j)
do n.º 1; e k) do n.º 1, sem prejuízo do disposto no n.º 19;
17 – Para efeitos do presente Código, considera-
-se criptoativo toda a representação digital de
valor ou direitos que possa ser transferida ou
armazenada eletronicamente recorrendo à
tecnologia de registo distribuído ou outra seme-
lhante.
18 – Excluem-se do disposto no número anterior
os criptoativos únicos e não fungíveis com
outros criptoativos.

8
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

19 – São excluídos os ganhos obtidos, bem como


as perdas incorridas, resultantes das operações
previstas na alínea k) do n.º 1 relativas a
criptoativos detidos por um período igual ou
superior a 365 dias.
20 – Quando não se aplique o disposto no
número anterior e a contraprestação das
alienações previstas na alínea k) do n.º 1,
incluindo as relativas a criptoativos recebidos
nos termos do disposto no n.º 11 do artigo 5.º,
assuma a forma de criptoativos, não há lugar a
tributação, atribuindo-se aos criptoativos
recebidos o valor de aquisição dos criptoativos
entregues, determinado nos termos deste
Código.
21 – O disposto nos n.os 19 e 20 não se aplica aos
rendimentos, auferidos por sujeitos passivos ou
devidos por qualquer pessoa ou entidade
quando uns ou outros não forem residentes para
efeitos fiscais noutro Estado-Membro da União
Europeia ou do Espaço Económico Europeu ou
noutro Estado ou jurisdição com o qual esteja em
vigor convenção para evitar a dupla tributação
internacional, acordo bilateral ou multilateral
que preveja a troca de informações para fins
fiscais.
22 – Para efeitos do disposto na alínea k) do n.º 1,
a perda da qualidade de residente em território
português é equiparada a uma alienação
onerosa.

ANOTAÇÃO

Na alínea a) do n.º 4 do artigo 10.º acrescenta-se a referência à alínea j) do n.º 1 (“cessão onerosa
de direitos sobre estruturas fiduciárias, incluindo a cessão onerosa da posição de beneficiário”).

Recorde-se que esta alínea havia sido aditada pela Lei n.º 12/2022, de 27 de junho, não tendo,

admitimos que por lapso à data, sido incluída no n.º 4 a forma de determinação do respetivo ganho.

As restantes alterações prendem-se com a matéria dos criptoativos, que será objeto de capítulo

autónomo deste trabalho.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Foi acrescentada ao n.º 1 a alínea k), considerando “mais-valias os ganhos obtidos que, não sendo

considerados rendimentos empresariais e profissionais, de capitais ou prediais, resultem de:

k) Alienação onerosa de criptoativos que não constituam valores mobiliários.”

A definição de criptoativos vem dada no novo n.º 17, nos seguintes termos:
“Para efeitos do presente Código, considera-se criptoativo toda a representação digital de valor ou

direitos que possa ser transferida ou armazenada eletronicamente recorrendo à tecnologia de registo distribuído

ou outra semelhante.”. Excluem-se deste conceito os criptoativos únicos e não fungíveis com outros

criptoativos. Este conceito está alinhado com o do Regulamento relativo aos mercados de

Criptoativos (MiCA).

A determinação do rendimento sujeito a IRS é feita nos termos do disposto na alínea a) do

n.º 4 do mesmo artigo 10.º, ou seja, “pela diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição,

líquidos da parte qualificada como rendimento de capitais, sendo caso disso, (…), sem prejuízo do disposto no
n.º 19.”

O novo n.º 19 do artigo 10.º estabelece o seguinte:

“São excluídos os ganhos obtidos, bem como as perdas incorridas, resultantes das operações previstas na

alínea k) do n.º 1 relativas a criptoativos detidos por um período igual ou superior a 365 dias.”

Quando os ganhos obtidos com a alienação de criptoativos não sejam excluídos de tributação,

e a contraprestação das alienações, incluindo as relativas a criptoativos recebidos nos termos do

disposto no n.º 11 do artigo 5.º, assuma a forma de criptoativos, não há lugar a tributação,

atribuindo-se aos criptoativos recebidos o valor de aquisição dos criptoativos entregues,


determinado nos termos deste Código. Trata-se de uma espécie de regime de neutralidade para a

troca de criptoativos por outros criptoativos, a que se faz referência na nota explicativa da proposta

apresentada pelo Partido Socialista a este propósito, que diz textualmente o seguinte:

“No mesmo sentido, relativamente às operações entre criptoativos, em virtude da dificuldade prática no
apuramento, reporte e administração do imposto, fruto da diversidade e massificação de operações, protocolos e

regras distintas entre os vários criptoativos, opta-se por diferir a tributação para o momento da conversão em

moeda com curso legal outra que não assuma a forma de criptoativo, em linha com a opção adotada em outras

jurisdições, como a França ou a Áustria.”

A não tributação de criptoativos detidos há pelo menos 365 dias e o referido regime de

neutralidade fiscal na troca de criptoativos por outros criptoativos não se aplica aos rendimentos

auferidos por sujeitos passivos ou devidos por qualquer pessoa ou entidade, quando uns ou outros

não forem residentes para efeitos fiscais noutro Estado-Membro da União Europeia ou do Espaço

10
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Económico Europeu ou noutro Estado ou jurisdição com o qual esteja em vigor convenção para

evitar a dupla tributação internacional, acordo bilateral ou multilateral que preveja a troca de

informações para fins fiscais.

No que se refere a criptoativos, a perda da qualidade de residente em território português é

equiparada a uma alienação onerosa. Neste caso, o rendimento é determinado pela diferença

positiva entre o valor de mercado à data da perda da qualidade de residente e o valor de aquisição,

acrescido das importâncias necessárias e efetivamente suportadas inerentes à aquisição.

Saliente-se que a Lei do OE/2023 contém uma disposição transitória, artigo 220.º, segundo a
qual, para efeitos desta disposição, o período de detenção dos criptoativos adquiridos antes da data

da entrada em vigor desta lei (01.01.2023) é considerado para efeitos de contagem do período de 365

dias naquela referido.

Veja-se, a propósito do enquadramento nesta categoria, as alterações aos artigos 24.º, 43.º, 51.º,
55.º, 72.º do Código do IRS, bem como o novo artigo 124.º-A, do mesmo Código.

Artigo 12.º – Delimitação negativa de incidência


Redação anterior OE 2023
11 - São excluídos, até ao limite de 1 000 €, os
rendimentos anuais resultantes das seguintes
atividades:
a) Transação da energia excedente produzida
para autoconsumo a partir de fontes de energia
renovável, por unidades de produção para o
autoconsumo, até ao limite de 1 MW da
respetiva potência instalada;
b) Transação da energia produzida em unidades
de pequena produção a partir de fontes de
energia renovável, até ao limite de 1 MW da
respetiva potência instalada.

ANOTAÇÃO

Exclui-se da tributação em IRS, até € 1 000,00, os rendimentos decorrentes da transação da

energia excedente produzida para autoconsumo e da energia produzida em unidades de pequena


produção, a partir de fontes de energia renovável, em qualquer caso até ao limite de 1 MW da

respetiva potência instalada.

11
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 12.º-B – Isenção de rendimentos das categorias A e B


Redação anterior OE 2023
5 – A isenção a que se refere o n.º 1 é de 30% nos 5 – A isenção a que se refere o n.º 1 é de 50% no
dois primeiros anos, de 20% nos dois anos primeiro ano, 40% no segundo ano, 30% no
seguintes e de 10% no último ano, com os limites terceiro e no quarto ano e de 20% no último ano,
de 7,5 vezes o valor do IAS, 5 vezes o valor do com os limites de 12,5 vezes o valor do IAS, 10
IAS e 2,5 vezes o valor do IAS, respetivamente. vezes o valor do IAS, 7,5 vezes o valor do IAS e 5
vezes o valor do IAS, respetivamente.

ANOTAÇÃO

Foram aumentados os limites da isenção prevista para o IRS Jovem, nos termos seguintes:

Limites anteriores Novos limites (OE/2023)


Anos
% Valor % Valor
1.º 30% 7,5 x IAS 50% 12,5 x IAS
2.º 30% 7,5 x IAS 40% 10 x IAS
3.º 20% 5 x IAS 30% 7,5 x IAS
4.º 20% 5 x IAS 30% 7,5 x IAS
5.º 10% 2,5 x IAS 20% 5 x IAS

Obs.: O IAS (Indexante dos Apoios Sociais), criado através da Lei n.º 53-B/2006, de 29 de

dezembro, tinha em relação a 2022 o valor de € 443,20. Para 2023, teve um aumento de 8,4%,
subindo para € 480,43 (Portaria n.º 298/2022, de 16 de dezembro).

Artigo 22.º – Englobamento


Redação anterior OE 2023
3 – Não são englobados para efeitos da sua tributação:
a) Os rendimentos auferidos por sujeitos a) Os rendimentos auferidos por sujeitos
passivos não residentes em território português, passivos não residentes em território português,
sem prejuízo do disposto nos n.os 13 e 15 do com exceção das mais-valias previstas nas
artigo 72.º; alíneas a) e d) do n.º 1 do artigo 10.º que não
sejam imputáveis a estabelecimento estável nele
situado e sem prejuízo do disposto nos n.os 13 e
14 do artigo 72.º;
b) Os rendimentos referidos nos artigos 71.º e 72.º auferidos por residentes em território português,
sem prejuízo da opção pelo englobamento e do englobamento obrigatório neles previsto.

12
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

10 – Sempre que a lei imponha o englobamento


de rendimentos auferidos por sujeitos passivos
10 – Sempre que a lei imponha o englobamento
não residentes em território português são tidos
de rendimentos auferidos por sujeitos passivos
em consideração, para efeitos de determinação
não residentes em território português são tidos
da taxa a aplicar de acordo com a tabela prevista
em consideração, para efeitos de determinação
no n.º 1 do artigo 68.º, todos os rendimentos
da taxa a aplicar de acordo com a tabela prevista
auferidos, incluindo os obtidos fora deste
no n.º 1 do artigo 68.º, todos os rendimentos
território, nas mesmas condições que são
auferidos, incluindo os obtidos fora deste
aplicáveis aos residentes.
território, nas mesmas condições que são
ANOTAÇÃO aplicáveis aos residentes.
As alterações a este artigo decorrem da necessidade de eliminar a desconformidade a nível do
ANOTAÇÃO
direitoAsdaalterações
União Europeia, evidenciada
a este artigo decorremno
da acórdão proferido
necessidade pelo Tribunal
de eliminar de Justiça ada
a desconformidade União
nível do
Europeia,
direito da no âmbito
União do processo
Europeia, n.º C-388/19,
evidenciada do qualproferido
no acórdão se concluipelo
queTribunal
o quadrode
tributário nacional,
Justiça da União
no que concerne
Europeia, à tributação
no âmbito das mais-valias
do processo imobiliárias
n.º C-388/19, do qual seem IRS aplicável
conclui aos sujeitos
que o quadro passivos
tributário não
nacional,
residentes,
no constitui
que concerne uma restrição
à tributação à livre circulação
das mais-valias de capitais
imobiliárias em IRSproibida pelo
aplicável aosartigo 63.ºpassivos
sujeitos do Tratado
não
de Funcionamento
residentes, constituidauma
União Europeia.
restrição à livre circulação de capitais proibida pelo artigo 63.º do Tratado
De facto, até aqui,
de Funcionamento o saldo
da União positivo das mais e menos-valias imobiliárias dos contribuintes não
Europeia.
residentes em Portugal
De facto, até aqui,era tributado
o saldo em 100%,
positivo enquanto
das mais para os residentes
e menos-valias erados
imobiliárias tributado apenasnão
contribuintes em

50%. Passam
residentes em agora os sujeitos
Portugal passivos
era tributado não residentes
em 100%, enquantoapara
beneficiar da tributação
os residentes em metade,
era tributado apenasmas
em
ficam sujeitos,agora
50%. Passam relativamente
os sujeitosa passivos
esses rendimentos, à aplicação
não residentes das taxas
a beneficiar progressivas,
da tributação em vezmas
em metade, de

beneficiarem
ficam sujeitos,darelativamente
aplicação da taxa de 28%.
a esses rendimentos, à aplicação das taxas progressivas, em vez de
O que agora
beneficiarem se fez da
da aplicação foitaxa
proceder
de 28%.às alterações necessárias ao Código do IRS, por forma a
equiparar
O queo regime de fez
agora se tributação aplicável,
foi proceder em sede de
às alterações IRS, às mais-valias
necessárias ao Códigoimobiliárias
do IRS, porrealizadas
forma a
por contribuintes
equiparar o regimenão
deresidentes
tributaçãoàquele que em
aplicável, é aplicado
sede de aos
IRS,residentes, pondo
às mais-valias termo à identificada
imobiliárias realizadas
discriminação
por entre
contribuintes cidadãos
não residentes
residentes àquele eque
nãoéresidentes.
aplicado aos residentes, pondo termo à identificada
A este propósito
discriminação veja-se residentes
entre cidadãos a alteraçãoeao artigo
não 72.º.
residentes.

A este propósito veja-se a alteração ao artigo 72.º.

Artigo 24.º – Rendimentos em espécie


Redação anterior
Artigo 24.º – Rendimentos em espécie OE 2023
1 – A equivalência pecuniária
Redação dos
anterior rendimentos 1 – A equivalência OE pecuniária
2023 dos rendimentos
em espécie faz-se de acordo com as seguintes em espécie, incluindo quando assumam a forma
1 – A equivalência pecuniária dos rendimentos 1 – A equivalência pecuniária dos rendimentos
regras, de aplicação sucessiva: de criptoativos, faz-se de acordo com as
em espécie faz-se de acordo com as seguintes em espécie, incluindo quando assumam a forma
seguintes regras, de aplicação sucessiva:
regras, de aplicação sucessiva: de criptoativos, faz-se de acordo com as
a) Pelo preço tabelado oficialmente; seguintes regras, de aplicação sucessiva:
b) Pela cotação oficial de compra;
a) Pelo preço tabelado oficialmente;
b) Pela cotação oficial de compra;

13
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

c) Tratando-se de géneros, pela cotação de compra na bolsa de mercadorias de Lisboa ou, não
existindo essa cotação, pelo preço médio do respetivo ano ou do último determinado e que constem
da estiva camarária;
d) Pelos preços de bens ou serviços homólogos publicados pelo Instituto Nacional de Estatística;
e) Pelo valor de mercado, em condições de concorrência.

ANOTAÇÃO

A matéria dos criptoativos será objeto de capítulo autónomo deste trabalho.


Tratando-se de rendimentos em espécie que assumam a forma de criptoativos, a equivalência

pecuniária prevista no n.º 1 do artigo 24.º faz-se de acordo com as regras que já estavam previstas

neste preceito.

Artigo 31.º – Regime simplificado


Redação anterior OE 2023
1 – No âmbito do regime simplificado, a determinação do rendimento tributável obtém-se através
da aplicação dos seguintes coeficientes:
a) 0,15 às vendas de mercadorias e produtos, a) 0,15 às vendas de mercadorias e produtos, às
bem como às prestações de serviços efetuadas no operações com criptoativos, com exceção da
âmbito de atividades de restauração e bebidas e referida na alínea d), bem como às prestações de
de atividades hoteleiras e similares, com exceção serviços efetuadas no âmbito de atividades de
daquelas que se desenvolvam no âmbito da restauração e bebidas e de atividades hoteleiras e
atividade de exploração de estabelecimentos de similares, com exceção daquelas que se
alojamento local na modalidade de moradia ou desenvolvam no âmbito da atividade de
apartamento; exploração de estabelecimentos de alojamento
local na modalidade de moradia ou
apartamento;
d) 0,95 aos rendimentos provenientes de d) 0,95 aos rendimentos provenientes da
contratos que tenham por objeto a cessão ou mineração de criptoativos, de contratos que
utilização temporária da propriedade intelectual tenham por objeto a cessão ou utilização
ou industrial ou a prestação de informações temporária da propriedade intelectual ou
respeitantes a uma experiência adquirida no industrial ou a prestação de informações respei-
setor industrial, comercial ou científico, aos tantes a uma experiência adquirida no setor
rendimentos de capitais imputáveis a atividades industrial, comercial ou científico, aos
geradoras de rendimentos empresariais e profis- rendimentos de capitais imputáveis a atividades
sionais, ao resultado positivo de rendimentos geradoras de rendimentos empresariais e profis-
prediais, ao saldo positivo das mais e menos- sionais, ao resultado positivo de rendimentos
valias e aos restantes incrementos patrimoniais; prediais, ao saldo positivo das mais e menos-
valias e aos restantes incrementos patrimoniais;

14
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

17 – Tratando-se de rendimentos decorrentes de


operações com criptoativos, previstos nas alíneas
a) e d) do n.º 1, os mesmos consideram-se
obtidos no momento da alienação onerosa dos
criptoativos, aplicando-se, com as devidas
adaptações, o previsto no n.º 20 do artigo 10.º.
18 – Sem prejuízo do disposto no número
anterior, é equiparada a uma alienação onerosa:
a) A cessação de atividade;
b) A perda da qualidade de residente em
território português.

ANOTAÇÃO
A matéria dos criptoativos será objeto de capítulo autónomo deste trabalho.

Neste artigo, e relativamente à quantificação dos rendimentos qualificáveis como

empresariais, no caso de aplicação do regime simplificado de tributação, os criptoativos foram

acrescentados às alíneas a) e d) do n.º 1 do artigo 31.º do Código do IRS, dizendo-se agora:


“No âmbito do regime simplificado, a determinação do rendimento tributável obtém-se através da

aplicação dos seguintes coeficientes:

a) 0,15 às vendas de mercadorias e produtos, às operações com criptoativos, com exceção da referida na

alínea d), (…);


d) 0,95 aos rendimentos provenientes da mineração de criptoativos, (…)”.

O coeficiente de tributação de 0,95 decorre da intenção de penalização, pelo facto de existir um

forte impacto ambiental associado à atividade de mineração (mining), conforme recomendado pela

Comissão Europeia na sua Comunicação «Digitalizar o sistema energético - plano de ação da EU».
Quanto ao momento da tributação, estabelece-se que, estando em causa rendimentos

decorrentes de operações com criptoativos, previstos nas alíneas a) e d) do n.º 1, os mesmos

consideram-se obtidos no momento da alienação onerosa dos criptoativos, aplicando-se, com as

devidas adaptações, o previsto no n.º 20 do artigo 10.º.

Aditou-se a este artigo o n.º 18, que diz textualmente o seguinte:

“Sem prejuízo do disposto no número anterior, é equiparada a uma alienação onerosa:

a) A cessação de atividade;

b) A perda da qualidade de residente em território português.”

15
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Talvez por lapso, e contrariamente ao que acontece no n.º 22 do artigo 10.º, não se limitou esta

equiparação a alienação onerosa a operações com criptoativos. Assim sendo, tal tema pode levantar

sérias implicações para os restantes ativos.

Artigo 43.º – Mais-valias


Redação anterior OE 2023
2 – O saldo referido no número anterior, 2 – O saldo referido no número anterior,
respeitante às transmissões efetuadas por respeitante às transmissões previstas nas alíneas
residentes previstas nas alíneas a), c), d) e i) do a), c) e d) do n.º 1 do artigo 10.º, positivo ou
n.º 1 do artigo 10.º, positivo ou negativo, é: negativo, é:
a) Integralmente considerado nas situações previstas na alínea a) do n.º 1 do artigo 10.º, quando os
imóveis tenham beneficiado de apoio não reembolsável concedido pelo Estado ou outras entidades
públicas, quando o valor total do apoio concedido para aquisição ou para realização de obras seja
de valor superior a 30% do valor patrimonial tributário do imóvel para efeitos de IMI e estes sejam
vendidos antes de decorridos 10 anos sobre a data da sua aquisição, da assinatura da declaração
comprovativa da receção da obra ou do pagamento da última despesa relativa ao apoio não
reembolsável que, nos termos legais ou regulamentares, não estejam sujeitos a ónus ou regimes
especiais que limitem ou condicionem a respetiva alienação;
b) Apenas considerado em 50% do seu valor, nos restantes casos.
5 – Para apuramento do saldo positivo ou 5 – Para apuramento do saldo positivo ou
negativo referido no n.º 1, respeitante às negativo referido no n.º 1, respeitante às
operações efetuadas por residentes previstas nas operações efetuadas por residentes previstas nas
alíneas b), e), f) e g) do n.º 1 do artigo 10.º, não alíneas b), e), f), g) e k) do n.º 1 do artigo 10.º, não
relevam as perdas apuradas quando a relevam as perdas apuradas quando a
contraparte da operação estiver sujeita a um contraparte da operação estiver sujeita a um
regime fiscal a que se referem o n.º 1 ou 5 do regime fiscal a que se referem o n.º 1 ou o n.º 5
artigo 63.º-D da Lei Geral Tributária. do artigo 63.º-D da Lei Geral Tributária.
6 - Para efeitos do número anterior, considera-se que:
g) Tratando-se de criptoativos, os alienados são
os adquiridos há mais tempo.
7 – Para efeitos do disposto na alínea d) do 7 – Para efeitos do disposto nas alíneas d) e g) do
número anterior, quando os valores mobiliários número anterior, quando os valores mobiliários
estejam depositados em mais do que uma ou criptoativos estejam depositados em mais do
instituição de crédito ou sociedade financeira, a que uma instituição de crédito, sociedade
regra aí prevista é aplicável por referência a cada financeira ou prestador de serviço de criptoa-
uma dessas entidades. tivos, as regras aí previstas são aplicáveis por
referência a cada uma dessas entidades.
10 – Nas situações previstas no n.º 22 do artigo
10.º, o rendimento é determinado pela diferença

16
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

positiva entre o valor de mercado à data da


perda da qualidade de residente e o valor de
aquisição, acrescido das importâncias
necessárias e efetivamente suportadas inerentes
à aquisição.

ANOTAÇÃO

Relativamente ao n.º 2 deste artigo, deixa de se aplicar apenas a contribuintes residentes,


acabando a discriminação que antes existia entre residentes e não residentes. Assim, as mais-valias

decorrentes da alienação de imóveis por não residentes passam a ser tributadas em apenas metade

do valor. Sobre esta alteração veja-se a anotação ao artigo 22.º.

Exclui-se, ainda, no mesmo preceito, a referência à alínea i) do n.º 1 do artigo 10.º, relativa à
afetação de bens não imóveis do património particular a atividade empresarial e profissional

exercida pelo seu proprietário.

Para apuramento do saldo positivo ou negativo relativo a criptoativos, não relevam as perdas

apuradas quando a contraparte da operação estiver sujeita a um regime fiscal a que se referem o

n.º 1 ou o n.º 5 do artigo 63.º-D da Lei Geral Tributária (paraíso fiscal).

Alarga-se a regra do first in first out (FIFO) aos criptoativos, numa lógica de coerência com
outras realidades, como os valores mobiliários.

Nas situações previstas no n.º 22 do artigo 10.º, em que a perda da qualidade de residente em

território português é equiparada a uma alienação onerosa, o rendimento é determinado pela

diferença positiva entre o valor de mercado à data da perda da qualidade de residente e o valor de

aquisição, acrescido das importâncias necessárias e efetivamente suportadas inerentes à aquisição.

A matéria dos criptoativos será objeto de capítulo autónomo deste trabalho.

17
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 49.º – Valor de aquisição a título oneroso de outros bens e direitos


Redação anterior OE 2023
Nos casos previstos nas alíneas c), e) e h) do n.º 1 Nos casos previstos nas alíneas c), e), h) e j) do
do artigo 10.º, o valor de aquisição, quando n.º 1 do artigo 10.º, o valor de aquisição, quando
efetuada a título oneroso, é constituído pelo efetuada a título oneroso, é constituído pelo
preço pago pelo alienante, documentalmente preço pago pelo alienante, documentalmente
provado. provado.

ANOTAÇÃO

Passa a contemplar-se neste preceito, definidor do valor de aquisição a título oneroso de


outros bens e direitos, a alínea j) do n.º 1 do artigo 10.º, que abrange a cessão onerosa de direitos

sobre estruturas fiduciárias, incluindo a cessão onerosa da posição de beneficiário.

Nestas situações, o valor de aquisição é constituído pelo preço pago pelo alienante,

documentalmente provado.

Artigo 51.º – Despesas e encargos


Redação anterior OE 2023
1 – Para a determinação das mais-valias sujeitas a imposto, ao valor de aquisição acrescem:
a) Os encargos com a valorização dos bens, comprovadamente realizados nos últimos 12 anos, e as
despesas necessárias e efetivamente praticadas, inerentes à aquisição e alienação, bem como a
indemnização comprovadamente paga pela renúncia onerosa a posições contratuais ou outros
direitos inerentes a contratos relativos a esses bens, nas situações previstas na alínea a) do n.º 1 do
artigo 10.º;
b) As despesas necessárias e efetivamente b) As despesas necessárias e efetivamente
praticadas, inerentes à aquisição e alienação, nas suportadas, inerentes à aquisição e alienação, nas
situações previstas nas alíneas b) e c) do n.º 1 do situações previstas nas alíneas b), c) e k) do n.º 1
artigo 10.º. do artigo 10.º.

ANOTAÇÃO

Esta matéria dos criptoativos será objeto de capítulo autónomo deste trabalho.

Na alínea b) do n.º 1 deste artigo foi acrescentada a alínea k) do n.º 1 do artigo 10.º,

respeitante a criptoativos.

Assim, no caso de rendimentos correspondentes à alienação onerosa de criptoativos (que não

constituam valores mobiliários), ao valor de aquisição acrescem as despesas necessárias e

efetivamente praticadas, inerentes à aquisição e alienação.

18
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 52.º – Divergência de valores


Redação anterior OE 2023
4 – Quando se trate de criptoativos, presume-se
que o valor de alienação é o valor de mercado à
data da alienação.

ANOTAÇÃO
A matéria dos criptoativos será objeto de capítulo autónomo deste trabalho.

No n.º 1 do artigo 52.º está estabelecido que quando a AT considere fundadamente que possa

existir divergência entre o valor declarado e o valor real da transmissão, tem a faculdade de

proceder à respetiva determinação.


O que agora se faz é prever que, quando se trate de criptoativos, presume-se que o valor de

alienação é o valor de mercado à data da alienação.

Artigo 55.º – Dedução de perdas


Redação anterior OE 2023
1 – Relativamente a cada titular de rendimentos, o resultado líquido negativo apurado em qualquer
categoria só é dedutível aos seus resultados líquidos positivos da mesma categoria, nos seguintes
termos:
a) O resultado líquido negativo apurado na categoria B só pode ser reportado, de harmonia com a
parte aplicável do artigo 52.º do Código do IRC, aos 12 anos seguintes àquele a que respeita;
b) O resultado líquido negativo apurado em determinado ano na categoria F só pode ser reportado
aos seis anos seguintes àquele a que respeita;
c) A percentagem do saldo negativo a que se refere o n.º 2 do artigo 43.º só pode ser reportada aos
cinco anos seguintes àquele a que respeita;
d) O saldo negativo apurado num determinado d) O saldo negativo apurado num determinado
ano, relativo às operações previstas nas alíneas ano, relativo às operações previstas nas alíneas
b), c), e), f), g) e h) do n.º 1 do artigo 10.º, pode b), c), e), f), g), h) e k) do n.º 1 do artigo 10.º, pode
ser reportado para os cinco anos seguintes ser reportado para os cinco anos seguintes
quando o sujeito passivo opte ou seja obrigado a quando o sujeito passivo opte pelo
englobar esses rendimentos. englobamento.

ANOTAÇÃO

Na alínea d) do n.º 1 deste artigo foi acrescentada a alínea k do n.º 1 do artigo 10.º.

Esta matéria dos criptoativos será objeto de capítulo autónomo deste trabalho.

19
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Tal como já acontecia em relação ao saldo negativo apurado nas operações previstas nas

alíneas b), c), e), f), g) e h) do n.º 1 do artigo 10.º, também o apurado em relação a criptoativos pode

ser reportado para os cinco anos seguintes quando o sujeito passivo opte pelo englobamento.

Artigo 68.º – Taxas gerais


Redação anterior OE 2023
1 – As taxas do imposto são as constantes da tabela seguinte:
Taxas (percentagem) Taxas (percentagem)
Rendimento coletável Rendimento coletável
Normal Média Normal Média
(euros) (euros)
(A) (B) (A) (B)
Até 7 116 14,50 14,500 Até 7 479 14,50 14,500
De mais de 7 116 até 10 736 23,00 17,366 De mais de 7 479 até 11 284 21,00 16,692
De mais de 10 736 até 15 216 26,50 20,055 De mais de 11 284 até 15 992 26,50 19,579
De mais de 15 216 até 19 696 28,50 21,976 De mais de 15 992 até 20 700 28,50 21,608
De mais de 19 696 até 25 076 35,00 24,770 De mais de 20 700 até 26 355 35,00 24,482
De mais de 25 076 até 36 757 37,00 28,657 De mais de 26 355 até 38 632 37,00 28,460
De mais de 36 757 até 48 033 43,50 32,141 De mais de 38 632 até 50 483 43,50 31,991
De mais de 48 033 até 75 009 45,00 36,766 De mais de 50 483 até 78 834 45,00 36,669
Superior a 75 009 48,00 - Superior a 78 834 48,00 -
2 – O quantitativo do rendimento coletável, 2 – O quantitativo do rendimento coletável,

quando superior a 7116 €, é dividido em duas quando superior a 7479 €, é dividido em duas

partes, nos seguintes termos: uma, igual ao partes, nos seguintes termos: uma, igual ao limite

limite do maior dos escalões que nele couber, à do maior dos escalões que nele couber, à qual se
qual se aplica a taxa da coluna B correspondente aplica a taxa da coluna B correspondente a esse

a esse escalão; outra, igual ao excedente, a que se escalão; outra, igual ao excedente, a que se aplica

aplica a taxa da coluna A respeitante ao escalão a taxa da coluna A respeitante ao escalão

imediatamente superior. imediatamente superior.

ANOTAÇÃO

Foi mantido o número de escalões de taxas aplicáveis aos rendimentos englobados, sendo os

respetivos limites atualizados à taxa de 5,1%.


Relativamente ao 2.º escalão – com os novos limites de € 7 479 e € 11 284 – a taxa foi reduzida

de 23% para 21%, beneficiando, assim, todos os titulares de rendimentos dos escalões seguintes.

20
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

A nova tabela simplificada é, pois, a seguinte:

(valores em €)
Rendimento coletável - 2023 Taxas Parcela a abater

Até 7 479 14,5% 0


De mais de 7 479 até 11 284 21,0% 486,14
De mais de 11 284 até 15 992 26,5% 1 106,76
De mais de 15 992 até 20 700 28,5% 1 426,60
De mais de 20 700 até 26 355 35,0% 2 772,10
De mais de 26 355 até 38 632 37,0% 3 299,20
De mais de 38 632 até 50 483 43,5% 5 810,28
De mais de 50 483 até 78 834 45,0% 6 567,52
Superior a 78 834 48,0% 8 932,54

Artigo 71.º – Taxas liberatórias


Redação anterior OE 2023
7 – Quando os rendimentos a que se refere o n.º 5
forem auferidos a título de trabalho

suplementar, o limite previsto no n.º 5 é

aplicável autonomamente em relação aos

rendimentos auferidos nas primeiras 50 horas de


trabalho ou serviços prestados a esse título,

aplicando-se a taxa prevista no n.º 4 à parte que

exceda aquele limite ou número de horas.

16 – A apresentação do requerimento referido no


n.º 13 implica a comunicação espontânea ao

Estado de residência do contribuinte do teor do

pedido de devolução formulado e do respetivo

montante.

Nota: O anterior n.º 7 corresponde ao novo n.º 8. O anterior n.º 8 corresponde ao novo n.º 9.
O anterior n.º 9 corresponde ao novo n.º 10. O anterior n.º 10 corresponde ao novo n.º 11.
O anterior n.º 11 corresponde ao novo n.º 12. O anterior n.º 12 corresponde ao novo n.º 13.
O anterior n.º 13 corresponde ao novo n.º 14. O anterior n.º 14 corresponde ao novo n.º 15
O anterior n.º 16 corresponde ao novo n.º 17.

21
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANOTAÇÃO

Os números 5 e 6 deste artigo dizem o seguinte:

“5 – Aos rendimentos referidos na alínea a) do número anterior mensalmente pagos ou colocados à

disposição dos respetivos titulares não é aplicada qualquer retenção na fonte até ao valor da retribuição

mínima mensal garantida, quando os mesmos resultem de trabalho ou serviços prestados a uma única

entidade, aplicando-se a taxa aí prevista à parte que exceda esse valor.

6 – Para efeitos do número anterior, o titular dos rendimentos deve comunicar à entidade devedora,

através de declaração escrita, que não auferiu ou aufere o mesmo tipo de rendimentos de outras entidades

residentes em território português ou de estabelecimentos estáveis de entidades não residentes neste


território.”

Acrescenta-se agora que quando os rendimentos a que se refere o n.º 5 forem auferidos a

título de trabalho suplementar, o limite previsto no n.º 5 é aplicável autonomamente em relação

aos rendimentos auferidos nas primeiras 50 horas de trabalho ou serviços prestados a esse título,

aplicando-se a taxa prevista no n.º 4 (25%) à parte que exceda aquele limite ou número de horas.

Esta alteração decorre de Proposta do Partido Socialista, com a seguinte nota justificativa:

“No âmbito do Acordo de Médio Prazo de Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da

Competitividade, na linha do reforço da disponibilidade financeira dos trabalhadores e de um maior estímulo


ao mercado de trabalho, prevê-se a extensão da isenção da taxa liberatória de IRS aplicável aos rendimentos

auferidos por não residentes, relativos às primeiras 50 horas de trabalho suplementar prestado em território

português, dinamizando, designadamente, a oferta e a captação de trabalhadores agrícolas não residentes.

A alteração agora proposta pretende apenas garantir que o limite até ao qual não é aplicada taxa
liberatória aplica-se tanto a (i) rendimentos até à retribuição mínima mensal garantida e (ii) as primeiras 50

horas de trabalho suplementar.”

Nos termos do novo n.º 13 deste artigo, a devolução do imposto retido e pago deve ser

requerida aos serviços competentes da AT, no prazo de dois anos contados do final do ano civil

seguinte àquele em que se verificou o facto tributário, devendo a restituição ser efetuada até ao fim

do 3.º mês seguinte ao da apresentação dos elementos e informações indispensáveis à

comprovação das condições e requisitos legalmente exigidos, acrescendo, em caso de

22
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

incumprimento deste prazo, juros indemnizatórios a taxa idêntica à aplicável aos juros

compensatórios a favor do Estado.

O que agora se estabelece é que a apresentação do referido requerimento implica a

comunicação espontânea ao Estado de residência do contribuinte do teor do pedido de devolução


formulado e do respetivo montante.

Artigo 72.º – Taxas especiais


Redação anterior OE 2023
1 - São tributados à taxa autónoma de 28 %:
a) As mais-valias previstas nas alíneas a) e d) do a) (Revogada);
n.º 1 do artigo 10.º auferidas por não residentes
em território português que não sejam
imputáveis a estabelecimento estável nele
situado;
c) O saldo positivo entre as mais-valias e menos- c) O saldo positivo entre as mais-valias e menos-
-valias, resultante das operações previstas nas -valias, resultante das operações previstas nas
alíneas b), c), e), f), g) e h) do n.º 1 do artigo 10.º; alíneas b), c), e), f), g), h) e k) do n.º 1 do artigo
10.º;
15 – Os residentes noutro Estado-Membro da 15 – Os residentes noutro Estado-Membro da
União Europeia ou do Espaço Económico União Europeia ou do Espaço Económico
Europeu, desde que, neste último caso, exista Europeu, desde que, neste último caso, exista
intercâmbio de informações em matéria fiscal, intercâmbio de informações em matéria fiscal,
podem optar, relativamente aos rendimentos podem optar, relativamente aos rendimentos
referidos nas alíneas a), b) e e) do n.º 1 e no n.º 6, referidos nas alíneas b) e e) do n.º 1 e no n.º 6,
pela tributação desses rendimentos à taxa que, pela tributação desses rendimentos à taxa que,
de acordo com a tabela prevista no n.º 1 do de acordo com a tabela prevista no n.º 1 do
artigo 68.º, seria aplicável no caso de serem artigo 68.º, seria aplicável no caso de serem
auferidos por residentes em território português. auferidos por residentes em território português.

ANOTAÇÃO

É revogada a alínea a) do n.º 1 do artigo 72.º, tal como já referido a propósito da alteração ao

artigo 22.º.
Até aqui, o saldo positivo das mais e menos-valias imobiliárias dos contribuintes não

residentes em Portugal era tributado em 100%, enquanto para os residentes era tributado apenas em

50%. Passam agora os sujeitos passivos não residentes a beneficiar da tributação em metade, mas

23
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ficam sujeitos, relativamente a esses rendimentos, à aplicação das taxas progressivas, em vez de

beneficiarem da aplicação da taxa de 28%.

Na alínea c) do n.º 1 do artigo 72.º do Código do IRS, foi acrescentada a referência à alínea k)
do n.º 1 do artigo 10.º, no sentido de ser aplicada a taxa autónoma de 28% ao saldo positivo entre as

mais-valias e menos-valias, resultante das operações previstas nessa alínea (criptoativos).

A matéria dos criptoativos será objeto de capítulo autónomo deste trabalho.

Artigo 78.º-A – Deduções dos descendentes e ascendentes


Redação anterior OE 2023
3 – Quando exista mais de um dependente, à 3 – Quando exista mais de um dependente, à
dedução prevista nas alíneas a) e b) do n.º 1 dedução prevista nas alíneas a) e b) do n.º 1
somam-se os seguintes montantes: somam-se os montantes de € 300 e € 150,
a) € 300 e € 150, respetivamente, para o segundo respetivamente, para o segundo dependente e
dependente e seguintes que não ultrapassem três seguintes que não ultrapassem seis anos de
anos de idade até 31 de dezembro do ano a que idade até 31 de dezembro do ano a que respeita
respeita o imposto, independentemente da idade o imposto, independentemente da idade do
do primeiro dependente; primeiro dependente.
b) € 150 e € 75, respetivamente, para o segundo
dependente e seguintes que, ultrapassando os
três anos, não ultrapassem seis anos de idade até
31 de dezembro do ano a que respeita o imposto,
independentemente da idade do primeiro
dependente.

ANOTAÇÃO

A dedução relativa ao segundo dependente e seguintes que, ultrapassando os três anos, não
ultrapassem seis anos de idade até 31 de dezembro do ano a que respeita o rendimento, que era de

€ 150 e € 75, respetivamente, sobe para € 300 e € 150, ainda respetivamente, igualando a dedução

conferida a esses dependentes que não ultrapassem os três anos.

24
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 78.º-F – Dedução pela exigência de fatura


Redação anterior OE 2023
3 – É ainda dedutível à coleta, concorrendo para 3 – É ainda dedutível à coleta, concorrendo para
o limite referido no n.º 1, um montante o limite referido no n.º 1, um montante
correspondente a 100% do IVA suportado por correspondente a 100% do IVA suportado por
qualquer membro do agregado familiar, com a qualquer membro do agregado familiar, com a
aquisição de passes mensais para utilização de aquisição de passes mensais ou de bilhetes para
transportes públicos coletivos, emitidos por utilização de transportes públicos coletivos,
operadores de transportes públicos de emitidos por operadores de transportes públicos
passageiros com o CAE classe 49310, 49391, de passageiros com o CAE classe 49310, 49391,
49392, 50102 e 50300, todos da secção H, que 49392, 50102 e 50300, todos da secção H, que
conste de faturas que titulem prestações de conste de faturas que titulem prestações de
serviços comunicadas à Autoridade Tributária e serviços comunicadas à Autoridade Tributária e
Aduaneira nos termos das disposições indicadas Aduaneira nos termos das disposições indicadas
no n.º 1. no n.º 1.
7 – É ainda dedutível à coleta, concorrendo para
o limite referido no n.º 1, um montante
correspondente à totalidade do IVA suportado
por qualquer membro do agregado familiar, que
conste de faturas relativas a aquisição de
assinaturas de publicações periódicas (jornais e
revistas), incluindo digitais, tributados à taxa
reduzida do IVA, comunicadas à Autoridade
Tributária e Aduaneira nos termos do Decreto-
-Lei n.º 198/2012, de 24 de agosto, enquadradas,
de acordo com a Classificação Portuguesa das
Atividades Económicas, Revisão 3 (CAE – Rev.
3), aprovada pelo Decreto-Lei n.º 381/2007, de 14
de novembro, nos seguintes setores de atividade:
a) Secção J, classe 58130 – Edição de jornais;
b) Secção J, classe 58140 – Edição de revistas e de
outras publicações periódicas.

ANOTAÇÃO

A dedução à coleta do IRS do IVA suportado com a aquisição de passes mensais para

utilização de transportes públicos coletivos é estendida ao IVA suportado na aquisição de bilhetes

com a mesma utilização, nas mesmas condições e com o mesmo limite.

O n.º 7, agora aditado, prevê a dedutibilidade à coleta do IRS do IVA suportado constante de

faturas relativas a aquisição de assinaturas de publicações periódicas (jornais e revistas), incluindo

25
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

digitais, tributados à taxa reduzida do IVA, nas condições estabelecidas no preceito.

Mantém-se, entretanto, o limite global de € 250 por agregado familiar para o conjunto das

deduções previstas neste artigo, o que significa que as novas deduções só serão relevantes nos

casos em que, apenas com as anteriores deduções, o limite global não fosse atingido.

Artigo 99.º – Retenção sobre rendimentos das categorias A e H


Redação anterior OE 2023
9 – Até ao momento do pagamento ou colocação
à disposição dos rendimentos referidos no n.º 1,
as entidades pagadoras devem apresentar a taxa
efetiva mensal de retenção na fonte no
documento do qual conste o valor dos
rendimentos e a respetiva retenção na fonte,
sendo esta calculada pelo rácio entre o valor
retido na fonte e o valor do rendimento pago ou
colocado à disposição.

ANOTAÇÃO

Passa-se a exigir às entidades pagadoras de rendimentos do trabalho dependente e de

pensões que, até ao momento do pagamento ou colocação dos rendimentos à disposição,

apresentem a taxa efetiva mensal de retenção na fonte no documento do qual conste o valor dos

rendimentos, calculada pelo rácio entre o valor retido na fonte e o valor do rendimento pago ou

colocado à disposição.

Admitimos que o documento a que se pretenda fazer referência seja o recibo de vencimento
ou do pagamento das pensões.

A este respeito, veja-se o Despacho n.º 14043-B/2022, de 5 de dezembro de 2022, do Senhor

Ministro das Finanças, em que se diz: “Conforme consta do Orçamento do Estado para 2023, as entidades

pagadoras estão obrigadas a divulgar esta taxa efetiva mensal de retenção na fonte, por forma a garantir

clareza aos trabalhadores e pensionistas sobre o valor de imposto retido.”

Diz-se no n.º 8 deste Despacho:

“Para efeitos do n.º 9 do artigo 99.º do Código do IRS, e nos casos em que o pagamento inclua mais do

que uma remuneração, como é o caso, designadamente dos meses de pagamento de subsídios de férias e de
Natal, as entidades pagadoras devem apresentar, em separado para cada remuneração, a taxa efetiva mensal

de retenção na fonte, que resulta da aplicação da taxa marginal máxima, da parcela a abater e, se aplicável, da

26
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

parcela adicional a abater por dependente.”

parcelaDe acordoacom
adicional o n.º
abater por12 do mesmo Despacho:
dependente.”
“O acordo
De presentecom
despacho
o n.º entra
12 doem vigor Despacho:
mesmo no dia 1 de janeiro de 2023 e produz efeitos a partir do dia 1 de

julho de
“O2023.”
presente despacho entra em vigor no dia 1 de janeiro de 2023 e produz efeitos a partir do dia 1 de
Assim,
julho de 2023.”e apesar de a Lei do Orçamento do Estado não prever qualquer data específica para a
entrada em vigor
Assim, do novo
e apesar n.º 9do
de a Lei doOrçamento
artigo 99.º,do
por força não
Estado do Despacho mencionado,
prever qualquer admitimos
data específica que
para a
o seu cumprimento
entrada em vigor doapenas seja9 exigido
novo n.º a partir
do artigo de 1força
99.º, por de julho de 2023. mencionado, admitimos que
do Despacho

o seu cumprimento apenas seja exigido a partir de 1 de julho de 2023.

Artigo 99.º-C – Aplicação da retenção na fonte à categoria A


Redação anterior OE 2023
Artigo 99.º-C – Aplicação da retenção na fonte à categoria A
10 – A taxa de retenção autónoma a aplicar à
Redação anterior OE 2023
remuneração referente a trabalho suplementar,
10 – A taxa de retenção autónoma a aplicar à
nos termos do disposto nos n.os 5 e 8, é reduzida
remuneração referente a trabalho suplementar,
em 50% a partir da 101.ª hora, inclusive.
nos termos do disposto nos n.os 5 e 8, é reduzida
ANOTAÇÃO
em 50% a partir da 101.ª hora, inclusive.
Reduz-se
ANOTAÇÃO em 50% a taxa de retenção na fonte relativa a trabalho suplementar a partir da

101.ª hora, inclusive.


Reduz-se em 50% a taxa de retenção na fonte relativa a trabalho suplementar a partir da
Tal alteração
101.ª hora, não tem impacto no imposto devido a final, mas apenas na retenção na fonte.
inclusive.

Tal alteração não tem impacto no imposto devido a final, mas apenas na retenção na fonte.

Artigo 101.º – Retenção sobre rendimentos de outras categorias


Redação anterior OE 2023
Artigo 101.º – Retenção sobre rendimentos de outras categorias
2 – Tratando-se de rendimentos referidos no artigo 71.º, a retenção na fonte nele prevista cabe:
Redação anterior OE 2023
a) Às entidades devedoras dos rendimentos a) Às entidades devedoras dos rendimentos
2 – Tratando-se osde rendimentos referidos no artigo 71.º, a retenção osna fonte nele prevista cabe:
referidos nos n. 1 e 4 e na alínea c) do n.º 16 do referidos nos n. 1 e 4 e na alínea c) do n.º 17 do
a) Às entidades devedoras dos rendimentos a) Às entidades devedoras dos rendimentos
artigo 71.º; artigo 71.º;
referidos nos n.os 1 e 4 e na alínea c) do n.º 16 do referidos nos n.os 1 e 4 e na alínea c) do n.º 17 do
b) Às entidades que paguem ou coloquem à b) Às entidades que paguem ou coloquem à
artigo 71.º; artigo 71.º;
disposição os rendimentos referidos na alínea b) disposição os rendimentos referidos na alínea b)
b) Às entidades que paguem ou coloquem à b) Às entidades que paguem ou coloquem à
do n.º 1 e nas alíneas a) e b) do n.º 16 do artigo do n.º 1 e nas alíneas a) e b) do n.º 17 do artigo
disposição os rendimentos referidos na alínea b) disposição os rendimentos referidos na alínea b)
71.º; 71.º;
do n.º 1 e nas alíneas a) e b) do n.º 16 do artigo do n.º 1 e nas alíneas a) e b) do n.º 17 do artigo
71.º; 71.º;
ANOTAÇÃO
A alteração da redação deste preceito decorre da introdução de um novo número no artigo
ANOTAÇÃO
71.º, fazendo com da
A alteração queredação
o anterior n.º 16
deste deste artigo
preceito decorrecorresponda ao novo
da introdução n.º novo
de um 17. número no artigo

71.º, fazendo com que o anterior n.º 16 deste artigo corresponda ao novo n.º 17.

27
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 101.º-B – Dispensa de retenção na fonte


Redação anterior OE 2023
5 – Não obstante o disposto na alínea a) do n.º 1

do artigo 71.º, os rendimentos previstos na alínea

u) do n.º 2 do artigo 5.º estão dispensados de

retenção na fonte.

ANOTAÇÃO

Os rendimentos de capitais relativos a criptoativos ficam dispensados de retenção na fonte,

pela natureza dos rendimentos e execução prática na administração e aplicação do imposto.

A matéria dos criptoativos será objeto de capítulo autónomo deste trabalho.

É aditado ao Código do IRS, o artigo 124.º-A, com a seguinte redação:

Artigo 124.º-A

Declaração de comunicação de operações com criptoativos

As pessoas singulares ou coletivas, os organismos e outras entidades sem personalidade

jurídica, que prestem serviços de custódia e administração de criptoativos por conta de terceiros ou

tenham a gestão de uma ou mais plataformas de negociação de criptoativos, devem comunicar à

Autoridade Tributária e Aduaneira, até ao final do mês de janeiro de cada ano, relativamente a cada

sujeito passivo, através de modelo oficial, as operações efetuadas com a sua intervenção,

relativamente a criptoativos.

ANOTAÇÃO

A matéria dos criptoativos será objeto de capítulo autónomo deste trabalho.

28
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ENQUADRAMENTO EM IRS DE CRIPTOATIVOS

Definição e enquadramento

A definição de criptoativos vem dada no novo n.º 17 do artigo 10.º do IRS, nos seguintes

termos:

“Para efeitos do presente Código, considera-se criptoativo toda a representação digital de valor ou
direitos que possa ser transferida ou armazenada eletronicamente recorrendo à tecnologia de registo distribuído

ou outra semelhante.”. Excluem-se deste conceito os criptoativos únicos e não fungíveis com outros

criptoativos. Este conceito está alinhado com o do Regulamento relativo aos mercados de

Criptoativos (MiCA).

Em termos de incidência real do IRS, os criptoativos passaram a aparecer nos artigos 4.º

(rendimentos empresariais), 5.º (rendimentos de capitais) e 10.º (mais-valias).

Rendimentos empresariais – Categoria B


No artigo 4.º, foi aditada a alínea o) ao seu n.º 1, com a seguinte redação:

“Consideram-se atividades comerciais e industriais, designadamente, as seguintes:

(…)

o) Operações relacionadas com a emissão de criptoativos, incluindo a mineração, ou a validação de

transações de criptoativos através de mecanismos de consenso.”

Relativamente à quantificação dos rendimentos qualificáveis como empresariais, no caso de

aplicação do regime simplificado de tributação, os criptoativos foram acrescentados às alíneas a) e

d) do n.º 1 do artigo 31.º do Código do IRS, dizendo-se agora:


“No âmbito do regime simplificado, a determinação do rendimento tributável obtém-se através da

aplicação dos seguintes coeficientes:

b) 0,15 às vendas de mercadorias e produtos, às operações com criptoativos, com exceção da referida na

alínea d), (…);


d) 0,95 aos rendimentos provenientes da mineração de criptoativos, (…)”.

O coeficiente de tributação de 0,95 decorre da intenção de penalização, pelo facto de existir um

forte impacto ambiental associado à atividade de mineração (mining), conforme recomendado pela

Comissão Europeia na sua Comunicação «Digitalizar o sistema energético - plano de ação da EU».

29
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Rendimentos de capitais – Categoria E

No que respeita às formas de remuneração decorrentes de operações relativas a criptoativos

(e.g. staking delegado ou off-chain) prevê-se a sua categorização como rendimento de capitais, na

medida em que é o prestador de serviço (Crypto Asset Services Providers – CASP) que desenvolve a
atividade de validação, atribuindo uma remuneração ao detentor dos criptoativos.

Assim, ao elenco dos frutos e vantagens que constituem a base de incidência da Categoria E

foi acrescentada a alínea u) ao n.º 2 do artigo 5.º do Código, contemplando quaisquer formas de

remuneração decorrentes de operações relativas a criptoativos.

Os rendimentos de capitais relativos a criptoativos estão dispensados de retenção na fonte,

pela natureza dos rendimentos e execução prática na administração e aplicação do imposto.

Entretanto, foi adicionado um novo n.º 11 ao mesmo artigo, estabelecendo que os rendimentos

previstos na nova alínea u) do n.º 2, quando assumam a forma de criptoativos, são tributados como
mais-valia no momento da alienação dos criptoativos recebidos.

Mais-valias – Categoria G

Foi acrescentada ao n.º 1 do artigo 10.º a alínea k), considerando “mais-valias os ganhos obtidos

que, não sendo considerados rendimentos empresariais e profissionais, de capitais ou prediais, resultem de:

k) Alienação onerosa de criptoativos que não constituam valores mobiliários.”

Refira-se que, no caso de criptoativos que constituam valores mobiliários, já estavam sujeitos a

tributação.
A determinação do rendimento sujeito a IRS é feita nos termos do disposto na alínea a) do

n.º 4 do mesmo artigo 10.º, ou seja, “pela diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição,

líquidos da parte qualificada como rendimento de capitais, sendo caso disso, (…), sem prejuízo do disposto no

n.º 19.”
O novo n.º 19 do artigo 10.º estabelece o seguinte:

“São excluídos os ganhos obtidos, bem como as perdas incorridas, resultantes das operações previstas na

alínea k) do n.º 1 relativas a criptoativos detidos por um período igual ou superior a 365 dias.”

Quando os ganhos obtidos com a alienação de criptoativos não sejam excluídos de tributação,

e a contraprestação das alienações, incluindo as relativas a criptoativos recebidos nos termos do

disposto no n.º 11 do artigo 5.º, assuma a forma de criptoativos, não há lugar a tributação,

atribuindo-se aos criptoativos recebidos o valor de aquisição dos criptoativos entregues,

determinado nos termos deste Código. Trata-se de uma espécie de regime de neutralidade para a

30
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

troca de criptoativos por outros criptoativos, a que se faz referência na nota explicativa da proposta

apresentada pelo Partido Socialista a este propósito, que diz textualmente o seguinte:

“No mesmo sentido, relativamente às operações entre criptoativos, em virtude da dificuldade prática no

apuramento, reporte e administração do imposto, fruto da diversidade e massificação de operações, protocolos e


regras distintas entre os vários criptoativos, opta-se por diferir a tributação para o momento da conversão em

moeda com curso legal outra que não assuma a forma de criptoativo, em linha com a opção adotada em outras

jurisdições, como a França ou a Áustria.”

A não tributação de criptoativos detidos há pelo menos 365 dias e o referido regime de

neutralidade fiscal na troca de criptoativos por outros criptoativos não se aplica aos rendimentos

auferidos por sujeitos passivos ou devidos por qualquer pessoa ou entidade, quando uns ou outros

não forem residentes para efeitos fiscais noutro Estado-Membro da União Europeia ou do Espaço

Económico Europeu ou noutro Estado ou jurisdição com o qual esteja em vigor convenção para
evitar a dupla tributação internacional, acordo bilateral ou multilateral que preveja a troca de

informações para fins fiscais.

No que se refere a criptoativos, a perda da qualidade de residente em território português é

equiparada a uma alienação onerosa. Neste caso, o rendimento é determinado pela diferença

positiva entre o valor de mercado à data da perda da qualidade de residente e o valor de aquisição,

acrescido das importâncias necessárias e efetivamente suportadas inerentes à aquisição.

Saliente-se que a Lei do OE/2023 contém uma disposição transitória, artigo 220.º, segundo a

qual, para efeitos desta disposição, o período de detenção dos criptoativos adquiridos antes da data
da entrada em vigor desta lei (01.01.2023) é considerado para efeitos de contagem do período de 365

dias naquela referido.

Tratando-se de rendimentos em espécie que assumam a forma de criptoativos, a equivalência

pecuniária prevista no n.º 1 do artigo 24.º faz-se de acordo com as regras que já estavam previstas
neste preceito.

No caso de rendimentos correspondentes à alienação onerosa de criptoativos (que não

constituam valores mobiliários), ao valor de aquisição acrescem as despesas necessárias e

efetivamente praticadas, inerentes à aquisição e alienação, de harmonia com a nova redação da

alínea b) do n.º 1 do artigo 51.º do Código do IRS.

Mantendo-se inalterado o teor do artigo 50.º, não haverá lugar, no caso dos criptoativos, à

aplicação de coeficientes de desvalorização da moeda.

31
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Tal como já acontecia em relação ao saldo negativo apurado nas operações previstas nas

alíneas b), c), e), f), g) e h) do n.º 1 do artigo 10.º, também o apurado em relação a criptoativos pode

ser reportado para os cinco anos seguintes quando o sujeito passivo opte pelo englobamento, tal

como se estabelece na alínea d) do n.º 4 do artigo 55.º.


Para apuramento do saldo positivo ou negativo relativo a criptoativos, não relevam as perdas

apuradas quando a contraparte da operação estiver sujeita a um regime fiscal a que se referem o n.º

1 ou o n.º 5 do artigo 63.º-D da Lei Geral Tributária (paraíso fiscal).

Na alínea c) do n.º 1 do artigo 72.º do Código do IRS, foi acrescentada a referência à alínea k)

do n.º 1 do artigo 10.º, no sentido de ser aplicada a taxa autónoma de 28% ao saldo positivo entre as

mais-valias e menos-valias, resultante das operações previstas nessa alínea.

Com vista ao controlo das operações relativas a criptoativos, foi aditado ao Código do IRS o

artigo 124.º-A, com a seguinte redação:


“As pessoas singulares ou coletivas, os organismos e outras entidades sem personalidade jurídica, que

prestem serviços de custódia e administração de criptoativos por conta de terceiros ou tenham a gestão de uma

ou mais plataformas de negociação de criptoativos, devem comunicar à Autoridade Tributária e Aduaneira, até

ao final do mês de janeiro de cada ano, relativamente a cada sujeito passivo, através de modelo oficial, as

operações efetuadas com a sua intervenção, relativamente a criptoativos.”

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

RETENÇÕES NA FONTE – 2023

Uma das medidas previstas no Acordo de Médio Prazo de Melhoria dos Rendimentos, dos

Salários e da Competitividade é textualmente:


“Aproximação e, sempre que possível, eliminação da diferença entre a retenção na fonte de IRS e o

imposto devido, evoluindo para um sistema de retenção na fonte que assegure que as valorizações salariais se

traduzem em ganhos líquidos mensais para os trabalhadores.”

Nessa linha, a Lei do OE/2023 prevê, para 2023, as seguintes disposições:

Artigo 221.º da Lei do OE/2023

Adaptação dos sistemas de retenção na fonte


Durante o ano de 2023, os sistemas de pagamento de salários e pensões devem ser adaptados

ao novo sistema de retenções na fonte de IRS, aprovado pelo membro do Governo responsável pela

área das finanças, de forma a permitir a aplicação de taxas de retenção na fonte mais adequadas à

situação tributária dos sujeitos passivos.

Artigo 222.º da Lei do OE/2023

Revisão das taxas de retenção para trabalhadores independentes

O Governo compromete -se a rever as taxas de retenção na fonte aplicáveis aos trabalhadores
independentes, durante o ano de 2023.

Artigo 223.º da Lei do OE/2023

Redução das retenções na fonte para titulares de crédito à habitação


1 – Em 2023, a retenção na fonte sobre rendimentos da Categoria A de IRS é reduzida para a

taxa do escalão imediatamente inferior à correspondente à remuneração mensal e situação familiar

aplicável ao respetivo titular de rendimentos, nos termos do despacho a que se refere o artigo 99.º-F

do Código do IRS, verificadas as seguintes condições cumulativas:


a) O sujeito passivo é devedor de um crédito à habitação que tem como objeto a sua habitação

própria e permanente; e

b) O sujeito passivo aufere uma remuneração mensal que não ultrapasse 2 700 €.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2 – Para efeitos do disposto no número anterior, o sujeito passivo comunica à entidade

devedora dos rendimentos, em momento anterior ao seu pagamento ou colocação à disposição, a

opção de redução da retenção na fonte prevista, através de declaração acompanhada dos elementos

indispensáveis à verificação das condições referidas, bem como qualquer outra informação
fiscalmente relevante ocorrida posteriormente.

Quanto ao novo sistema de retenção na fonte, importa ter presente o Despacho n.º 14043-

-B/2022, que pela sua importância transcrevemos:

“A Lei n.º 12/2022, de 27 de junho, determinou, no n.º 2 do artigo 281.º, que o Governo procedesse à

avaliação da introdução de um procedimento que permitisse a aplicação de uma taxa de retenção na fonte mais

adequada à situação tributária do sujeito passivo, nas situações em que, por via de um aumento da
remuneração, da aplicação das tabelas aprovadas ao abrigo do artigo 99.º-F do Código do Imposto sobre o

Rendimento das Pessoas Singulares (Código do IRS), resultasse um rendimento líquido mensal inferior ao

anteriormente obtido.

Tendo o Governo procedido a essa avaliação, o presente despacho procede à aprovação do novo modelo de

tabelas de retenção na fonte, a vigorar a partir de 1 de julho de 2023. Este novo modelo segue uma lógica de

taxa marginal, em harmonia com os escalões de IRS que relevam para a liquidação anual do imposto, evitando

assim situações de regressividade, em que a aumentos da remuneração mensal bruta correspondam

diminuições da remuneração mensal líquida.


A lógica de taxa marginal é efetuada através da conjugação da aplicação de uma taxa sobre o rendimento

mensal com a dedução de uma parcela a abater, à semelhança do que acontece na liquidação anual do imposto.

O novo modelo de tabelas de retenção na fonte prevê também a inclusão de uma parcela a abater por

dependente, de valor fixo, em linha com o previsto no Código do IRS, substituindo o atual sistema de redução
de taxas consoante o número de dependentes.

Para garantir maior transparência, as tabelas incluem também uma coluna com a taxa efetiva mensal de

retenção na fonte no limite de cada escalão, taxa essa que resulta da conjugação da taxa marginal máxima, da

parcela a abater e, se aplicável, da parcela adicional a abater por dependente, sendo a referida taxa efetiva

mensal de retenção naturalmente inferior à taxa de retenção máxima aplicável. Conforme consta do Orçamento

do Estado para 2023, as entidades pagadoras estão obrigadas a divulgar esta taxa efetiva mensal de retenção na

fonte, por forma a garantir clareza aos trabalhadores e pensionistas sobre o valor de imposto retido.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

As tabelas agora aprovadas refletem não só as diferentes medidas do Orçamento do Estado para 2023 —

relativas à atualização dos escalões de IRS, à redução da taxa marginal do segundo escalão e à reforma do

Mínimo de Existência —, como dão também continuidade ao ajustamento progressivo entre as retenções na

fonte e o valor do imposto a pagar.

Destaca-se, ainda, que, não obstante o facto do novo modelo de retenções procurar replicar mais de perto

o modelo da liquidação anual do IRS, foram necessárias as devidas adaptações, designadamente a conversão de

rendimento coletável anual para rendimento bruto mensal, bem como os acertos resultantes do ajustamento

progressivo entre as retenções na fonte e o valor do imposto a pagar.


Ao longo da corrente legislatura, o Governo deverá prosseguir a trajetória de redução do intervalo entre

o valor do imposto retido e o valor do imposto devido a final, devendo ainda corrigir as situações pontuais de

contribuintes cujo valor da retenção é inferior ao que resulta da aplicação das regras do Código do IRS,

designadamente como sucede em alguns casos de pensionistas e deficientes.


No sentido de permitir a necessária adaptação, por parte das entidades pagadoras, ao novo modelo de

retenções na fonte, o presente despacho produz efeitos a 1 de julho de 2023.

Assim, através do presente despacho, em execução do disposto no Código do IRS, procede -se à

aprovação de novas tabelas de retenção na fonte para os rendimentos do trabalho dependente e de pensões, a

que se referem os artigos 99.º -C e 99.º -D daquele diploma legal, as quais são aplicáveis aos rendimentos pagos

ou colocados à disposição a partir de 1 de julho de 2023.

Assim:

Ao abrigo do n.º 1 do artigo 99.º -F do Código do IRS, aprovado pelo Decreto -Lei n.º 442 -A/88, de 30

de novembro, na sua redação atual, o Ministro das Finanças determina o seguinte:

1 – São aprovadas as seguintes tabelas de retenção na fonte, em euros, para vigorarem durante o ano de

2023, relativamente aos rendimentos de trabalho dependente e de pensões pagos ou colocados à disposição dos

respetivos titulares a partir de 1 de julho de 2023, inclusive:

a) Tabelas de retenção n.os I (não casado ou casado dois titulares, sem dependentes), II (não casado, com

um ou mais dependentes), III (casado dois titulares, com um ou mais dependentes), IV

(casado, único titular, sem dependentes) e V (casado, único titular, com um ou mais dependentes), aplicáveis

aos rendimentos do trabalho dependente, auferidos por titulares não deficientes e em cuja aplicação deve

observar -se o disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 99.º, no n.º 1 do artigo 99.º -B e no artigo 99.º -C do

Código do IRS;

b) Tabelas de retenção n.os VI (não casado ou casado dois titulares, sem dependentes), VII (não casado,

com um ou mais dependentes), VIII (casado dois titulares, com um ou mais dependentes), IX (casado, único

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

titular, sem dependentes) e X (casado, único titular, com um ou mais dependentes), aplicáveis aos rendimentos

do trabalho dependente, auferidos por titulares deficientes de harmonia com o disposto no n.º 2 do artigo 99.º-B

do Código do IRS, tomando-se igualmente em consideração a alínea a) do n.º 1 do artigo 99.º, o n.º 1 do artigo

99.º-B e o artigo 99.º-C do mesmo diploma;

c) Tabelas de retenção n.os XI (não casado ou casado dois titulares) e XII (casado, único titular),

aplicáveis a pensões, com exceção das pensões de alimentos, auferidas por titulares não deficientes, de harmonia

com o disposto no artigo 99.º-D do Código do IRS;

d) Tabelas de retenção n.os XIII (não casado ou casado dois titulares) e XIV (casado, único titular),
aplicáveis a pensões, com exceção das pensões de alimentos, auferidas por titulares deficientes, de harmonia

com o disposto no n.º 2 do artigo 99.º-B do Código do IRS, tomando-se igualmente em consideração o artigo

99.º-D do mesmo diploma; e

e) Tabelas de retenção n.os XV (não casado ou casado dois titulares) e XVI (casado, único titular),
aplicáveis a pensões, com exceção das pensões de alimentos, auferidas por titulares deficientes das Forças

Armadas abrangidas pelos Decretos-Leis n.os 43/76, de 20 de janeiro, e 314/90, de13 de outubro, de harmonia

com o disposto no n.º 2 do artigo 99.º-B do Código do IRS, tomando -se igualmente em consideração o artigo

99.º-D do mesmo diploma.

2 – As tabelas de retenção a que se refere o número anterior aplicam-se aos rendimentos a que se

reportam, pagos ou colocados à disposição de titulares residentes em território português, com exceção das

Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, devendo ainda observar-se o disposto nos números seguintes.

3 – Sem prejuízo do disposto no n.º 5, o cálculo da retenção na fonte é efetuado nos termos das alíneas
seguintes, não podendo o respetivo montante ser inferior a zero:

a) Tratando-se de rendimentos do trabalho dependente auferidos por titulares com um ou mais

dependentes, a retenção na fonte corresponde ao resultado da seguinte fórmula:

[Remuneração mensal (R) x Taxa marginal máxima] — Parcela a abater — (Parcela adicional a abater

por dependente x n.º dependentes)

em que: a Taxa marginal máxima, a Parcela a abater e a Parcela adicional a abater por dependente são as

que correspondam à interseção da linha da Tabela de Retenção na Fonte em que se situar a remuneração com as

respetivas colunas, e em que, se aplicável, a letra «R» que conste da parcela a abater corresponde à
remuneração mensal;

b) Tratando -se de rendimentos do trabalho dependente auferidos por titulares sem dependentes ou de

pensões, a retenção na fonte corresponde ao resultado da seguinte fórmula:

Remuneração mensal (R) x Taxa marginal máxima — Parcela a abater

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

em que: a Taxa marginal máxima e a Parcela a abater são as que correspondam à interseção da linha da

Tabela de Retenção na Fonte em que se situar a remuneração com as respetivas colunas, e em que, se aplicável,

a letra «R» que conste da parcela a abater corresponde à remuneração mensal.

4 – A coluna «Taxa efetiva mensal de retenção no limite do escalão» não releva para efeitos de cálculo do

valor de retenção na fonte, correspondendo à taxa de retenção final para as remunerações com os valores dos

limites de cada linha, resultante da aplicação da taxa marginal máxima, da parcela a abater e, se aplicável, da

parcela adicional a abater, que nas tabelas têm por referência apenas um dependente.

5 – No cálculo das retenções na fonte deve, ainda, observar-se o seguinte:


a) Por cada dependente com grau de incapacidade permanente igual ou superior a 60%, é adicionado à

parcela a abater o valor de € 84,82, no caso de não casado ou casado, único titular, e o valor de € 42,41, no caso

de casado, dois titulares;

b) Na situação de «casado, único titular» em que o cônjuge não aufira rendimentos das categorias A ou
H e seja portador de deficiência que lhe confira um grau de incapacidade permanente igual ou superior a 60%,

é adicionado o valor de € 135,71 à parcela a abater;

c) Nas situações a que se referem as tabelas n.os XI a XVI, quando existirem dependentes a cargo, é

adicionado à parcela a abater, por cada dependente, o valor de € 42,86, no caso de não casado ou casado, único

titular, e o valor de € 21,43, no caso de casado, dois titulares, sem prejuízo do disposto na alínea a) na situação

aí prevista;

d) Nas situações em que os titulares de rendimentos das categorias A ou H optem pela retenção do IRS

mediante taxa inteira superior à que lhes é legalmente aplicável, nos termos do n.º 6 do artigo 98.º do Código

do IRS, altera -se apenas o valor da taxa marginal máxima que seria aplicável, mantendo -se inalterada a

parcela a abater e, se aplicável, a parcela adicional a abater por dependente;

e) Quando for paga remuneração relativa a trabalho suplementar, é aplicada a taxa efetiva mensal de

retenção na fonte correspondente à que resultou, após a aplicação da taxa marginal máxima, da parcela a

abater e, se aplicável, da parcela adicional a abater por dependente, para a remuneração mensal do trabalho

dependente referente ao mês em que aquela é paga ou colocada à disposição, em conformidade com o n.º 8 do

artigo 99.º-C do Código do IRS;

f) Para efeitos da aplicação do n.º 4 do artigo 99.º-F do Código do IRS, o valor acumulado, até ao

momento, das isenções mensais do respetivo ano, para efeitos da retenção na fonte, não pode ultrapassar o valor

do limite referido no n.º 5 do artigo 12.º -B do Código do IRS, aplicável ao caso concreto, dividido por catorze;

g) Nas condições de aplicação, previstas na Lei do Orçamento do Estado para 2023, da redução das

retenções na fonte para titulares de crédito à habitação, a redução da taxa marginal máxima deve ser de dois

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

pontos percentuais, mantendo-se inalterada a parcela a abater e, se aplicável, a parcela adicional a abater por

dependente.

6 – As tabelas de retenção respeitantes aos sujeitos passivos casados aplicam-se igualmente às pessoas

que, vivendo em união de facto, sejam enquadráveis no artigo 14.º do Código do IRS.
7 – Nas situações de sujeitos passivos casados ou unidos de facto em que um dos cônjuges ou unidos de

facto aufira rendimentos das categorias A ou H, as tabelas de retenção «casado, único titular» só são aplicáveis

quando o outro cônjuge ou unido de facto não aufira quaisquer rendimentos englobáveis ou, auferindo-os

ambos os titulares, o rendimento de um deles seja igual ou superior a 95% do rendimento englobado.

8 – Para efeitos do n.º 9 do artigo 99.º do Código do IRS, e nos casos em que o pagamento inclua mais do

que uma remuneração, como é o caso, designadamente dos meses de pagamento de subsídios de férias e de

Natal, as entidades pagadoras devem apresentar, em separado para cada remuneração, a taxa efetiva mensal de

retenção na fonte, que resulta da aplicação da taxa marginal máxima, da parcela a abater e, se aplicável, da
parcela adicional a abater por dependente.

9 – A taxa de remuneração de retenção na fonte ou pagamento por conta excessivo bem como a taxa de

juros indemnizatórios por atraso na restituição do imposto retido ou pago em excesso são as estabelecidas nos

artigos 102.º-A e 102.º-B do Código do IRS, respetivamente.

10 – As tabelas de retenção na fonte a que se refere o n.º 1 aplicam-se aos rendimentos de trabalho

dependente e de pensões pagos ou colocados à disposição a partir de 1 de julho de 2023, inclusive, nos termos

do n.º 2 do artigo 99.º-F do Código do IRS.

11 – A não entrega, total ou parcial, nos cofres do Estado das quantias referidas nos números anteriores
constitui infração fiscal nos termos da lei, sem prejuízo da responsabilidade do substituto pelos juros

compensatórios devidos desde o termo do prazo de entrega até ao termo do prazo para apresentação da

declaração pelo responsável originário ou até à data da entrega do imposto retido, se anterior.

12 – O presente despacho entra em vigor no dia 1 de janeiro de 2023 e produz efeitos a partir do dia 1 de
julho de 2023.

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Tabelas de retenção na fonte para o continente — 2023 semestre 2

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REFORMULAÇÃO DAS REGRAS DE FUNCIONAMENTO

DO MÍNIMO DE EXISTÊNCIA

No Acordo de Médio Prazo de Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da

Competitividade, celebrado no âmbito da concertação social, está previsto:

“Reformulação das regras de funcionamento do mínimo de existência para conferir maior

progressividade ao IRS, passando de uma lógica de liquidação a final para uma lógica de abatimento a

montante, beneficiando os rendimentos até 1 000 € por mês e eliminando a distorção atual de tributação a
100% dos rendimentos imediatamente acima da atual RMMG.”

Foi, com este propósito, profundamente alterado o teor do artigo 70.º do Código do IRS,

abrangendo os titulares de rendimentos predominantemente originados em trabalho dependente,

em atividades previstas na tabela constante do Anexo I à Portaria n.º 1011/2001, de 21 de agosto,


com exceção do Código 15 (“Outras atividades exclusivamente de prestação de serviços”) ou em

pensões.

Até agora, o que se previa no n.º 1 desse artigo era a impossibilidade de esses sujeitos passivos

apurarem um rendimento líquido de imposto inferior a 1,5 x 14 x (valor do IAS).

Relativamente a 2022, o mínimo de existência era:

1,5 x 14 x € 443,20 = € 9 307,20

Face à referida alteração da lógica de liquidação a final para uma lógica de abatimento a

montante, foi fixado um valor de referência no mínimo de existência igual ao maior entre € 10 640 e

o produto 1,5 x 1,4 x (valor do IAS).

Está previsto um abatimento ao rendimento por mínimo de existência, a calcular através de

fórmulas previstas nas alíneas a) a d) do n.º 2 do “novo” artigo 70.º. De harmonia com o disposto no

n.º 6 deste artigo, a AT fica obrigada a divulgar no seu sítio na Internet, durante o primeiro trimestre

do ano seguinte àquele a que respeitam os rendimentos, os valores das variáveis utilizadas para o

cálculo do mínimo de existência e as fórmulas simplificadas aplicáveis.

Anexamos a este ponto a nova redação do artigo 70.º, aplicável a partir de 2024.

Estão previstas normas transitórias na Lei do OE/2023, tendo em vista o cálculo do mínimo de

existência a efetuar em relação aos anos de 2022 e 2023, adiante transcritos.

Quanto ao regime previsto para o ano de 2022, apenas será aplicado se dele não resultar um

montante de imposto superior ao que resultaria da aplicação do disposto na redação anterior à

entrada em vigor da Lei do OE/2023. Caso contrário, será aplicável o regime anterior.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Nova redação do artigo 70.º do Código do IRS

(De acordo com o n.º 1 do artigo 282.º da Lei do Orçamento do Estado para 2023, a redação

dada pela presente lei a este artigo produz efeitos a partir de 1 de janeiro de 2024).

1 – O valor de referência do mínimo de existência é igual ao maior entre 10 640 e 1,5 x 14 x

IAS.

2 – No apuramento do rendimento coletável, para os titulares de rendimentos brutos

predominantemente originados em trabalho dependente, em atividades previstas na tabela


constante do anexo I à Portaria n.º 1011/2001, de 21 de agosto, com exceção do código 15, ou em

pensões é abatido um montante por mínimo de existência, por titular, nos seguintes termos:

a) Para os titulares cujo total dos rendimentos brutos seja igual ou inferior ao valor de

referência, o montante do abatimento é igual à diferença positiva entre o valor de referência e a


soma das deduções específicas com

b) Para os titulares cujo total dos rendimentos brutos seja superior ao valor de referência e

igual ou inferior a L, o montante do abatimento é igual à diferença positiva entre o valor de

referência – 1,75 x (rendimentos brutos – valor de referência) e a soma das deduções específicas com

c) Para os titulares cujo total dos rendimentos brutos seja superior a L, o montante do
abatimento é igual à diferença positiva entre L – limite do 1.º escalão – 0,9 x (rendimentos brutos – L)

e a soma das deduções específicas;

d) O montante do abatimento por mínimo de existência tem como valor mínimo zero e não

pode ser superior à diferença entre os rendimentos brutos e as deduções específicas.


3 – Para efeitos do disposto no presente artigo, entende-se que:

Limite despesas gerais Limite do 1.º escalão


L = valor de referência – +
Taxa 1.º escalão x 2,75 2,75

4 – O abatimento referido no n.º 2 não se aplica a qualquer dos titulares quando:

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

a) A soma dos rendimentos brutos de todos os titulares é superior a 2,2 x 14 x IAS

multiplicado pelo número de sujeitos passivos;

b) A soma dos rendimentos não englobados e tributados a taxas liberatórias, obtidos pelos

sujeitos passivos e dependentes constantes da declaração a que se refere o artigo 57.º, é superior a 14
x IAS multiplicado pelo número desses sujeitos passivos.

5 – Para efeitos do presente artigo, considera-se:

a) «Rendimentos brutos», a soma de todos os rendimentos do ano, ainda que isentos ou

excluídos de tributação, de todas as categorias, declarados na declaração a que se refere o artigo 57.º,

considerando-se, no caso das mais-valias, o saldo apurado entre as mais e as menos-valias, quando

positivo, e no caso dos rendimentos prediais, o respetivo resultado positivo;

b) «Deduções específicas», o montante total de deduções específicas das quais o titular de

rendimentos beneficie, previstas nos artigos 25.º, 27.º, 53.º e 54.º, e as que resultem da alínea b) do
n.º 1 e dos n.os 2 e 10 do artigo 31.º;

c) «Limite despesas gerais», o montante do limite global, para cada sujeito passivo, da

dedução de despesas gerais familiares, conforme definido no n.º 1 do artigo 78.º-B, considerando-se

o valor de zero no caso de titulares dependentes;

d) «Taxa 1º escalão», a taxa normal do 1º escalão de IRS, em percentagem, conforme definido

no n.º 1 do artigo 68.º; e

e) «Limite do 1.º escalão», o limite do 1º escalão de IRS, conforme definido no n.º 1 do artigo

68.º.

6 – A AT publicita no seu sítio na Internet, durante o primeiro trimestre do ano seguinte

àquele a que respeitam os rendimentos, os valores das variáveis utilizadas para o cálculo do mínimo

de existência e as fórmulas simplificadas correspondentes ao previsto nos n.os 2, 3 e 4.

Mínimo de existência relativo aos rendimentos auferidos em 2022 (artigo 224.º da Lei do

OE/2023)

1 – No apuramento do rendimento coletável, para os titulares de rendimentos brutos

predominantemente originados em trabalho dependente, em atividades previstas na tabela


constante do anexo I à Portaria n.º 1011/2001, de 21 de agosto, com exceção do código 15, ou em

pensões é abatido um montante por mínimo de existência, por titular, nos seguintes termos:

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

a) Para os titulares cujo total dos rendimentos brutos seja igual ou inferior a 9 870 €, o

montante do abatimento é igual à diferença positiva entre 9 870 € e a soma das deduções específicas

com

b) Para os titulares cujo total dos rendimentos brutos seja superior a 9 870 €, o montante do

abatimento é igual à diferença positiva entre 9 870 – 3 x (rendimentos brutos – 9 870) € e a soma das

deduções específicas com

c) O montante do abatimento por mínimo de existência tem como valor mínimo zero e não

pode ser superior à diferença entre os rendimentos brutos e as deduções específicas.

2 – O abatimento referido no número anterior não se aplica a qualquer dos titulares quando a

soma dos rendimentos brutos de todos os titulares é superior a 11 620 € multiplicado pelo número

de sujeitos passivos.

3 – Para efeitos do presente artigo, considera-se:

a) «Rendimentos brutos», a soma de todos os rendimentos do ano, ainda que isentos ou

excluídos de tributação, de todas as categorias, declarados na declaração a que se refere o artigo 57.º

do Código do IRS, considerando-se, no caso das mais-valias, o saldo apurado entre as mais e as

menos-valias, quando positivo, e no caso dos rendimentos prediais, o respetivo resultado positivo;

b) «Deduções específicas», o montante total de deduções específicas das quais o titular de

rendimentos beneficie, previstas nos artigos 25.º, 27.º, 53.º e 54.º do Código do IRS, e as que resultem

da alínea b) do n.º 1 e dos n.os 2 e 10 do artigo 31.º do Código do IRS;


c) «Despesas gerais», o montante da dedução à coleta por despesas gerais a que o sujeito

passivo tenha direito, conforme definido no n.º 1 do artigo 78.º-B do Código do IRS, considerando-se

o valor de zero no caso de titulares dependentes;

d) «Taxa 1º escalão», a taxa normal do 1.º escalão de IRS, em percentagem, conforme definido
no n.º 1 do artigo 68.º do Código do IRS.

4 – O regime previsto no presente artigo aplica-se aos rendimentos obtidos em 2022, exceto se

da sua aplicação resultar um montante de imposto superior ao que resultaria da aplicação do

disposto no artigo 70.º do Código do IRS, na redação anterior à entrada em vigor da presente lei,

caso em que se aplica este último.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Mínimo de existência relativo aos rendimentos auferidos em 2023 (artigo 225.º da Lei do

OE/2023)

No apuramento do rendimento coletável dos residentes em território português titulares de

rendimentos brutos auferidos em 2023 predominantemente originados em trabalho dependente, em


atividades previstas na tabela constante do anexo I à Portaria n.º 1011/2001, de 21 de agosto, com

exceção do código 15, ou em pensões aplica-se o disposto no artigo 70.º do Código do IRS, com as

seguintes alterações:

a) Para os titulares cujo total dos rendimentos brutos seja superior ao valor de referência e

igual ou inferior a L, o montante do abatimento é igual à diferença positiva entre o valor de

referência – 2,3 x (rendimentos brutos – valor de referência) e a soma das deduções específicas com

b) Para os titulares cujo total dos rendimentos brutos seja superior a L, o montante do

abatimento é igual à diferença positiva entre L – limite do 1.º escalão – 1,3 x (rendimentos brutos – L)

e a soma das deduções específicas;

c) Para efeitos do disposto no número anterior, entende-se que:

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS PESSOAS COLETIVAS

CÓDIGO DO IRC

Artigo 43.º – Realizações de utilidade social


Redação anterior OE 2023
15 – Consideram-se incluídos no n.º 1 os gastos 15 – Consideram-se incluídos no n.º 1 os gastos
suportados com a aquisição de passes sociais em suportados com a aquisição de passes sociais em
benefício do pessoal do sujeito passivo, benefício do pessoal do sujeito passivo,
verificados os requisitos aí exigidos, os quais são verificados os requisitos aí exigidos, os quais são
considerados, para efeitos da determinação do considerados, para efeitos da determinação do
lucro tributável, em valor correspondente a lucro tributável, em valor correspondente a
130%. 150%.

ANOTAÇÃO

A majoração aplicável à aquisição de passes sociais em benefício do pessoal passa a ser de

50% (quando até aqui era de 30%).

Esta alteração decorreu de proposta do PAN, tendo como nota justificativa a seguinte:

“Os transportes coletivos são um instrumento crucial para o combate à emergência climática, já que

asseguram uma redução das emissões de gases com efeito de estufa no setor dos transportes e garantem,

assim, a melhoria da qualidade do ar – algo fundamental num contexto em que o transporte individual
contribui para a emissão de gases com efeito de estufa e para a degradação da qualidade do ar, responsável por

7 mil mortes prematuras anuais em Portugal. Dão, também, um contributo importante para reduzir a

dependência dos combustíveis fósseis e para garantir o cumprimento das metas de descarbonização a que o

país está vinculado.


Com a presente proposta queremos criar incentivos fiscais, em sede de IRC, para o incentivo ao uso de

transportes públicos. Assim, propomos que, em sede de IRC, se aumente o valor das deduções de gastos das

empresas com a aquisição de passes sociais em benefício dos seus trabalhadores aumente dos 130%, previstos

na sequência do Orçamento do Estado para 2020, para 150%, por forma a incentivar as empresas a

adquirirem passes aos seus trabalhadores”.

49
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 52.º – Dedução de prejuízos fiscais


Redação anterior OE 2023
1 – Sem prejuízo do disposto no número 1 – Sem prejuízo do disposto no número
seguinte, os prejuízos fiscais apurados em seguinte, os prejuízos fiscais apurados em
determinado período de tributação, nos termos determinado período de tributação, nos termos
das disposições anteriores, são deduzidos aos das disposições anteriores, são deduzidos aos
lucros tributáveis, havendo-os, de um ou mais lucros tributáveis, havendo-os, de um ou mais
dos cinco períodos de tributação posteriores, à dos períodos de tributação posteriores.
exceção dos sujeitos passivos que exerçam,
diretamente e a título principal, uma atividade
económica de natureza agrícola, comercial ou
industrial e que estejam abrangidos pelo
Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, os
quais podem fazê-lo em um ou mais dos doze
períodos de tributação posteriores.
2 – A dedução a efetuar em cada um dos 2 – A dedução a efetuar em cada um dos
períodos de tributação não pode exceder o períodos de tributação não pode exceder o
montante correspondente a 70% do respetivo montante correspondente a 65% do respetivo
lucro tributável, não ficando, porém, prejudicada lucro tributável, não ficando, porém, prejudicada
a dedução da parte desses prejuízos que não a dedução da parte desses prejuízos que não
tenham sido deduzidos, nas mesmas condições e tenham sido deduzidos, nas mesmas condições,
até ao final do respetivo período de dedução. nos períodos de tributação posteriores.
3 – Nos períodos de tributação em que tiver 3 – Nos períodos de tributação em que tiver
lugar o apuramento do lucro tributável com base lugar o apuramento do lucro tributável com base
em métodos indiretos, os prejuízos fiscais não em métodos indiretos, os prejuízos fiscais não
são dedutíveis, ainda que se encontrem dentro são dedutíveis, não ficando, porém, prejudicada
do período referido no n.º 1, não ficando, porém, a dedução nos períodos de tributação
prejudicada a dedução, dentro daquele período, posteriores.
dos prejuízos que não tenham sido
anteriormente deduzidos.
6 – O período mencionado na alínea d) do n.º 4 6 – [Revogado].
do artigo 8.º, quando inferior a seis meses, não
conta para efeitos da limitação temporal
estabelecida no n.º 1.
8 – O previsto no n.º 1 deixa de ser aplicável 8 – O previsto no n.º 1 deixa de ser aplicável
quando se verificar, à data do termo do período quando se verificar, à data do termo do período
de tributação em que é efetuada a dedução, que, de tributação em que é efetuada a dedução, que,
em relação àquele a que respeitam os prejuízos, em relação àquele a que respeitam os prejuízos,
se verificou a alteração da titularidade de mais se verificou a alteração da titularidade de mais
de 50% do capital social ou da maioria dos de 50% do capital social ou da maioria dos
direitos de voto. direitos de voto, exceto quando se conclua que a

50
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

operação não teve como principal objetivo, ou


como um dos principais objetivos, a evasão
fiscal, o que pode considerar-se verificado,
nomeadamente, nos casos em que a operação
tenha sido realizada por razões económicas
válidas.
10 – O disposto nas alíneas d) e e) do número 10 – [Revogado].
anterior não dispensa a autorização a que se
refere o n.º 12 relativamente à parte dos
prejuízos fiscais respeitantes ao período de
tributação em que o adquirente tenha passado a
deter, direta ou indiretamente, mais de 20% do
capital social ou da maioria dos direitos de voto
ou tenha iniciado funções na sociedade,
respetivamente, bem como aos períodos
anteriores àquele.
12 – O membro do Governo responsável pela 12 – [Revogado].
área das finanças pode autorizar, em casos de
reconhecido interesse económico e mediante
requerimento a apresentar à Autoridade
Tributária e Aduaneira, que não seja aplicada a
limitação prevista no n.º 8.
13 – Os elementos que devem instruir o 13 – [Revogado].
requerimento de pedido de autorização previsto
no número anterior, a apresentar pela sociedade
no prazo de 30 dias a contar da data da
ocorrência da alteração referida no n.º 8, são
definidos por portaria do membro do Governo
responsável pela área das finanças.
14 – Sempre que estejam em causa prejuízos 14 – [Revogado].
fiscais relativos ao período imediatamente
anterior ao da ocorrência de alguma das
alterações previstas no n.º 8 e esta ocorra antes
do termo do prazo de entrega da respetiva
declaração de rendimentos, o requerimento
referido no n.º 12 pode ser apresentado no prazo
de 30 dias contados do termo do prazo de
entrega dessa declaração.

51
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANOTAÇÃO

A alteração a este artigo será objeto de tratamento autónomo na parte final das anotações às

alterações ao Código do IRC.

De harmonia com a disposição transitória prevista na Lei do OE/2023 a este propósito, fica
estabelecido o seguinte (artigo 228.º):

“1 – O disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 52.º e na alínea a) do n.º 2 do artigo 53.º do Código do IRC, não

prejudica a aplicação do n.º 2 do artigo 11.º da Lei n.º 27-A/2020, de 24 de julho, e é aplicável à dedução aos

lucros tributáveis dos períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2023, bem como aos
prejuízos fiscais apurados em períodos de tributação anteriores a 1 de janeiro de 2023, cujo período de dedução

ainda se encontre em curso na data da entrada em vigor da presente lei.

2 – Sem prejuízo do disposto no número anterior, o previsto no n.º 1 do artigo 52.º e na alínea a) do

n.º 2 do artigo 53.º do Código do IRC não se aplica aos prejuízos fiscais apurados em períodos de tributação

anteriores a 1 de janeiro de 2023 em que se tenha verificado uma das situações previstas no n.º 1 do artigo 6.º

do regime especial aplicável aos ativos por impostos diferidos (REAID), aprovado em anexo à Lei n.º 61/2014,

de 26 de agosto, aplicando-se aos prejuízos fiscais apurados nestes períodos de tributação o prazo de dedução

em vigor em 31 de dezembro de 2022.

3 – O disposto no número anterior aplica-se aos prejuízos fiscais apurados nos termos do artigo 70.º do

Código do IRC, sempre que o grupo integre um sujeito passivo em que se tenha verificado uma das situações

previstas no n.º 1 do artigo 6.º do REAID.”

Artigo 53.º – Determinação do rendimento global


Redação anterior OE 2023
2 – Para efeitos de determinação do rendimento global:
a) Os prejuízos fiscais apurados relativamente ao a) Os prejuízos fiscais apurados relativamente ao
exercício de atividades comerciais, industriais ou exercício de atividades comerciais, industriais ou
agrícolas só podem ser deduzidos, nos termos e agrícolas, só podem ser deduzidos, nos termos e
condições da parte aplicável do artigo 52.º, aos condições da parte aplicável do artigo 52.º, aos
rendimentos da mesma categoria num ou mais rendimentos da mesma categoria num ou mais
dos cinco períodos de tributação posteriores; dos períodos de tributação posteriores;

ANOTAÇÃO

O tratamento dos prejuízos fiscais das entidades residentes que não exerçam, a título

principal, atividade comercial, industrial ou agrícola foi alterado, no sentido de acolher o novo

52
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

regime aplicável às entidades residentes que exerçam, a título principal, atividade comercial,

industrial ou agrícola.

A este propósito, remete-se para a parte final das anotações às alterações ao Código do IRC,

respeitante ao reporte de prejuízos fiscais.

Artigo 54.º-A – Lucros e prejuízos de estabelecimento estável situado fora do território português
Redação anterior OE 2023
4 – O disposto no n.º 1 não é aplicável aos lucros 4 – O disposto no n.º 1 não é aplicável aos lucros
imputáveis ao estabelecimento estável, incluindo imputáveis ao estabelecimento estável, incluindo
os derivados da alienação ou da afetação a os derivados da alienação ou da afetação a
outros fins dos ativos afetos a esse outros fins dos ativos afetos a esse
estabelecimento, até ao montante dos prejuízos estabelecimento, até ao montante dos prejuízos
imputáveis ao estabelecimento estável que imputáveis ao estabelecimento estável que
concorreram para a determinação do lucro concorreram para a determinação do lucro
tributável do sujeito passivo nos cinco períodos tributável do sujeito passivo nos 12 períodos de
de tributação anteriores ou nos 12 períodos de tributação anteriores.
tributação anteriores, no caso de sujeitos
passivos abrangidos pelo Decreto-Lei
n.º 372/2007, de 6 de novembro.
5 – Em caso de transformação do 5 – Em caso de transformação do
estabelecimento estável em sociedade, o disposto estabelecimento estável em sociedade, o disposto
nos artigos 51.º e 51.º-C e no n.º 3 do artigo 81.º nos artigos 51.º e 51.º-C e no n.º 3 do artigo 81.º
não é aplicável aos lucros e reservas distribuídos não é aplicável aos lucros e reservas distribuídos
ao sujeito passivo por esta sociedade, nem às ao sujeito passivo por esta sociedade, nem às
mais-valias decorrentes da transmissão onerosa mais-valias decorrentes da transmissão onerosa
das partes de capital ou da liquidação dessa das partes de capital ou da liquidação dessa
sociedade, até ao montante dos prejuízos sociedade, até ao montante dos prejuízos
imputáveis ao estabelecimento estável que imputáveis ao estabelecimento estável que
concorreram para a determinação do lucro concorreram para a determinação do lucro
tributável do sujeito passivo nos cinco períodos tributável do sujeito passivo nos 12 períodos de
de tributação anteriores, ou nos 12 períodos de tributação anteriores.
tributação anteriores no caso de sujeitos passivos
abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de
novembro.
9 – No caso de aos lucros e prejuízos imputáveis a estabelecimento estável situado fora do território
português deixar de ser aplicável o disposto no n.º 1:
a) Não concorrem para a determinação do lucro a) Não concorrem para a determinação do lucro
tributável do sujeito passivo os prejuízos tributável do sujeito passivo os prejuízos
imputáveis ao estabelecimento estável, incluindo imputáveis ao estabelecimento estável, incluindo

53
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

os derivados da alienação ou da afetação a os derivados da alienação ou da afetação a


outros fins dos ativos afetos a esse outros fins dos ativos afetos a esse
estabelecimento, até ao montante dos lucros estabelecimento, até ao montante dos lucros
imputáveis ao estabelecimento estável que não imputáveis ao estabelecimento estável que não
concorreram para a determinação do lucro concorreram para a determinação do lucro
tributável do sujeito passivo nos cinco períodos tributável do sujeito passivo nos 12 períodos de
de tributação anteriores, ou nos 12 períodos de tributação anteriores;
tributação anteriores no caso de sujeitos passivos
abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de
novembro, nos termos previstos no n.º 1;
b) Em caso de transformação do estabelecimento b) Em caso de transformação do estabelecimento
estável em sociedade, não é aplicável o disposto estável em sociedade, não é aplicável o disposto
nos artigos 51.º e 51.º-C e no n.º 3 do artigo 81.º nos artigos 51.º e 51.º-C e no n.º 3 do artigo 81.º
aos lucros e reservas distribuídos, nem às mais- aos lucros e reservas distribuídos, nem às mais-
-valias decorrentes da transmissão onerosa das -valias decorrentes da transmissão onerosa das
partes de capital e da liquidação dessa partes de capital e da liquidação dessa
sociedade, respetivamente, até ao montante dos sociedade, respetivamente, até ao montante dos
lucros imputáveis ao estabelecimento estável que lucros imputáveis ao estabelecimento estável que
não concorreram para a determinação do lucro não concorreram para a determinação do lucro
tributável do sujeito passivo nos cinco períodos tributável do sujeito passivo nos 12 períodos de
de tributação anteriores, ou nos 12 períodos de tributação anteriores.
tributação anteriores no caso de sujeitos passivos
abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de
novembro, nos termos previstos no n.º 1.

ANOTAÇÃO

O n.º 1 deste artigo estabelece o seguinte:

“1 – O sujeito passivo com sede ou direção efetiva em território português pode optar pela não
concorrência para a determinação do seu lucro tributável dos lucros e dos prejuízos imputáveis a

estabelecimento estável situado fora do território português, desde que se verifiquem cumulativamente os

seguintes requisitos:

a) Os lucros imputáveis a esse estabelecimento estável estejam sujeitos e não isentos de um imposto
referido no artigo 2.º da Diretiva n.º 2011/96/UE, do Conselho, de 30 de novembro, ou de um imposto de

natureza idêntica ou similar ao IRC cuja taxa legal aplicável a esses lucros não seja inferior a 60% da taxa do

IRC prevista no n.º 1 do artigo 87.º;

b) Esse estabelecimento estável não esteja localizado em país, território ou região sujeito a um regime

fiscal claramente mais favorável constante de lista aprovada por portaria do membro do Governo responsável

pela área das finanças.

54
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

c) O imposto sobre os lucros efetivamente pago não seja inferior a 50% do imposto que seria devido nos

termos deste Código, exceto quando se verifique a condição prevista no n.º 7 do artigo 66.º.”

Entretanto, o n.º 4 do mesmo artigo passou a prever que o n.º 1 não seja aplicável aos lucros

imputáveis ao estabelecimento estável, incluindo os derivados da alienação ou da afetação a outros

fins dos ativos afetos a esse estabelecimento, até ao montante dos prejuízos imputáveis ao

estabelecimento estável que concorreram para a determinação do lucro tributável do sujeito

passivo nos 12 períodos de tributação anteriores. Até agora, o período de 12 anos apenas se

aplicava a PME´s, sendo de 5 anos para as grandes empresas.


De harmonia com o disposto no n.º 5 do artigo em apreço, em caso de transformação do

estabelecimento estável em sociedade, o disposto nos artigos 51.º e 51.º-C (participation exemption) e

no n.º 3 do artigo 81.º (tributação da partilha por dissolução) não é aplicável aos lucros e reservas

distribuídos ao sujeito passivo por esta sociedade, nem às mais-valias decorrentes da transmissão
onerosa das partes de capital ou da liquidação dessa sociedade, até ao montante dos prejuízos

imputáveis ao estabelecimento estável que concorreram para a determinação do lucro tributável

do sujeito passivo nos doze períodos de tributação anteriores. Até agora, o período de 12 anos

apenas se aplicava a PME´s, sendo de 5 anos para as grandes empresas.

Alteração idêntica se verificou em relação ao disposto no n.º 9 do mesmo artigo no tocante

aos efeitos atribuídos aos lucros e prejuízos imputáveis a estabelecimento estável situado fora do

território português no caso de deixar de ser aplicável o preceituado no n.º 1.

Artigo 60.º – Notificação do sujeito passivo


Redação anterior OE 2023
2 – A notificação a que se refere o número 2 – [Revogado].
anterior deve ser efetuada por carta registada
com aviso de receção, nos termos previstos no
Código de Procedimento e de Processo
Tributário.

ANOTAÇÃO

A notificação do lucro tributável fixado por métodos indiretos, com indicação dos factos que
lhe estiveram na origem e, bem assim, dos critérios e cálculos que lhe estão subjacentes, deixa de

ser efetuada obrigatoriamente por carta registada com aviso de receção.

55
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 67.º – Limitação à dedutibilidade de gastos de financiamento


Redação anterior OE 2023
8 – O previsto nos n.os 2 e 3 deixa de ser aplicável 8 – O previsto nos n.os 2 e 3 deixa de ser aplicável
quando se verificar, à data do termo do período quando se verificar, à data do termo do período
de tributação em que é efetuada a dedução ou de tributação em que é efetuada a dedução ou
acrescido o limite, que, em relação àquele a que acrescido o limite, que, em relação àquele a que
respeitam os gastos de financiamento líquidos respeitam os gastos de financiamento líquidos
ou a parte do limite não utilizada, se verificou a ou a parte do limite não utilizada, se verificou a
alteração da titularidade de mais de 50% do alteração da titularidade de mais de 50% do
capital social ou da maioria dos direitos de voto capital social ou da maioria dos direitos de voto
do sujeito passivo, salvo no caso de ser aplicável do sujeito passivo, salvo no caso de ser aplicável
o disposto no n.º 9 do artigo 52.º ou de ser obtida o disposto no n.º 9 do artigo 52.º ou quando se
autorização do membro do Governo responsável conclua que a operação não teve como principal
pela área das finanças em caso de reconhecido objetivo ou como um dos principais objetivos a
interesse económico, mediante requerimento a evasão fiscal, o que pode considerar-se
apresentar na Autoridade Tributária e verificado, nomeadamente, nos casos em que a
Aduaneira, nos prazos previstos nos n. 13 e 14 operação tenha sido realizada por razões
os

do artigo 52.º, consoante os casos. económicas válidas.

ANOTAÇÃO

O n.º 1 deste artigo estabelece o seguinte:

“1 – Os gastos de financiamento líquidos concorrem para a determinação do lucro tributável até ao

maior dos seguintes limites:

a) € 1 000 000; ou

b) 30% do resultado antes de depreciações, amortizações, gastos de financiamento líquidos e impostos.”

Entretanto, os n.os 2 e 3 do mesmo artigo acrescentam:


“2 – Os gastos de financiamento líquidos não dedutíveis nos termos do número anterior podem ainda

ser considerados na determinação do lucro tributável de um ou mais dos cinco períodos de tributação

posteriores, após os gastos de financiamento líquidos desse mesmo período, observando-se as limitações

previstas no número anterior.

3 – Sempre que o montante dos gastos de financiamento deduzidos seja inferior a 30% do resultado

antes de depreciações, amortizações, gastos de financiamento líquidos e impostos, a parte não utilizada deste

limite acresce ao montante máximo dedutível, nos termos da alínea b) do n.º 1, até ao 5.º período de

tributação posterior.”
Por seu turno, o n.º 8 estabelece que o previsto nos n.os 2 e 3 deixa de ser aplicável quando se

verificar, à data do termo do período de tributação em que é efetuada a dedução ou acrescido o

56
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

limite, que, em relação àquele a que respeitam os gastos de financiamento líquidos ou a parte do

limite não utilizada, se verificou a alteração da titularidade de mais de 50% do capital social ou da

maioria dos direitos de voto do sujeito passivo. Isso não acontecerá, porém, no caso de ser

aplicável o disposto no n.º 9 do artigo 52.º, ou seja, tratando-se das seguintes alterações:

“a) Das quais resulte a passagem da titularidade do capital social ou dos direitos de voto de direta para

indireta, de indireta para direta, bem como das quais resulte a transmissão daquela titularidade entre

sociedades cuja maioria do capital social ou dos direitos de voto seja detida direta ou indiretamente, nos

termos do n.º 6 do artigo 69.º, por uma mesma entidade;


b) Decorrentes de operações efetuadas ao abrigo do regime especial previsto nos artigos 73.º e

seguintes;

c) Decorrentes de sucessões por morte;

d) Quando o adquirente detenha ininterruptamente, direta ou indiretamente, mais de 20% do capital


social ou da maioria dos direitos de voto da sociedade desde o início do período de tributação a que respeitam

os prejuízos; ou

e) Quando o adquirente seja trabalhador ou membro dos órgãos sociais da sociedade, pelo menos desde

o início do período de tributação a que respeitam os prejuízos.”

Por outro lado, para além destas exceções, era admitida a não aplicação do previsto nos n.os 2

e 3 no caso de se obter autorização do membro do Governo responsável pela área das finanças em

caso de reconhecido interesse económico, mediante requerimento a apresentar na Autoridade

Tributária e Aduaneira, nos prazos previstos nos n.os 13 e 14 do artigo 52.º, consoante os casos.
Esta autorização deixou de ser exigida na nova redação que ao preceito foi dada através da

Lei do OE/2023, desde que se conclua que a operação não teve como principal objetivo ou como

um dos principais objetivos a evasão fiscal, o que pode considerar-se verificado, nomeadamente,

nos casos em que a operação tenha sido realizada por razões económicas válidas.
Trata-se, pois, de mais uma medida de simplificação, mas, apesar da vantagem da

desburocratização que envolve, não deixa de poder trazer maior risco, atendendo à subjetividade

da apreciação a posteriori pelos Serviços de Fiscalização da AT.

Sugere-se, pois, o máximo cuidado nestas situações, devendo os sujeitos passivos reunir as

provas do interesse económico que poderá ter existido na operação de que resultou a alteração da

titularidade do capital social ou dos direitos de voto.

57
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 69.º – Âmbito e condições de aplicação


Redação anterior OE 2023
16 – Nas situações em que todas as sociedades
do grupo tenham a sua sede e direção efetiva
numa mesma região autónoma e não possuam
sucursais, delegações, agências, escritórios,
instalações ou quaisquer formas de
representação permanente sem personalidade
jurídica própria noutra circunscrição, o requisito
previsto na parte final da alínea a) do n.º 3
considera-se cumprido quando todas as
sociedades do grupo estejam sujeitas à taxa de
IRC mais elevada aplicável na região autónoma
respetiva.

ANOTAÇÃO

Diz a alínea a) do n.º 3 do artigo 69.º do Código do IRC:

“3 – A opção pela aplicação do regime especial de tributação dos grupos de sociedades só pode ser

formulada quando se verifiquem cumulativamente os seguintes requisitos:

a ) As sociedades pertencentes ao grupo têm todas sede e direção efetiva em território português e a

totalidade dos seus rendimentos está sujeita ao regime geral de tributação em IRC, à taxa normal mais

elevada”.

Passa agora a prever-se que nas situações em que todas as sociedades de um grupo tributado

ao abrigo do Regime especial de tributação dos grupos de sociedades (RETGS) tenham a sua sede e

direção efetiva numa mesma região autónoma e não possuam sucursais, delegações, agências,

escritórios, instalações ou quaisquer formas de representação permanente sem personalidade

jurídica própria noutra circunscrição, o requisito previsto na parte final da alínea a) do n.º 3 se

considera cumprido quando todas as sociedades do grupo estejam sujeitas à taxa de IRC mais

elevada aplicável na região autónoma respetiva.

Esta alteração decorreu de proposta do Partido Socialista, tendo como nota justificativa a

seguinte:

“Existindo um grupo de sociedades, o artigo 69.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das
Pessoas Coletivas (IRC) permite que a sociedade dominante opte pela aplicação do regime especial de

determinação da matéria coletável em relação a todas as sociedades do grupo.

58
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

No entanto, a opção por este regime especial, conforme decorre da alínea d) do n.º 4 do artigo 69.º

daquele artigo, é impossibilitada sempre que façam parte do grupo as sociedades que, no início ou durante a

aplicação do regime, estejam sujeitas a uma taxa de IRC inferior à taxa normal mais elevada e não renunciem

à sua aplicação.
Daqui resulta a obrigação, para as empresas integradas no grupo de sociedades, que tenham sede e

direção efetiva numa das Regiões Autónomas, de renunciar à taxa da IRC em vigor e aplicável na respetiva

Região Autónoma, caso a sociedade dominante pretenda optar pela aplicação do regime especial de

determinação da matéria coletável em relação a todas as sociedades do grupo.

O mesmo sucede quando o grupo de sociedades seja integrado exclusivamente por sociedades com sede

e direção efetiva numa das Regiões Autónomas.

Considerando a autonomia fiscal das Regiões Autónomas, a opção pela aplicação do regime especial de

determinação da matéria coletável em relação a todas as sociedades de grupo, quando o grupo seja integrado
única e exclusivamente por sociedades com sede e direção efetiva numa das Regiões Autónomas, não deve

depender da renúncia de aplicação da taxa de Imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas em vigor na

respetiva Região Autónoma.”

Artigo 71.º – Regime específico de dedução de prejuízos fiscais


Redação anterior OE 2023
3 – Quando a nova sociedade dominante opte 3 – Quando a nova sociedade dominante opte
pela continuidade da aplicação do regime pela continuidade da aplicação do regime
especial de tributação dos grupos nos termos do especial de tributação dos grupos nos termos do
n.º 10 do artigo 69.º, os prejuízos fiscais do grupo n.º 10 do artigo 69.º, os prejuízos fiscais do grupo
verificados durante os períodos de tributação verificados durante os períodos de tributação
anteriores em que o regime se aplicou podem, anteriores em que o regime se aplicou podem ser
em casos de reconhecido interesse económico e dedutíveis ao lucro tributável do novo grupo.
mediante requerimento a apresentar à
Autoridade Tributária e Aduaneira com aquela
comunicação, ser dedutíveis ao lucro tributável
do novo grupo, desde que seja obtida
autorização do membro do Governo responsável
pela área das finanças.
4 – No caso em que a sociedade dominante de 4 – No caso em que a sociedade dominante de
um grupo de sociedades (nova sociedade um grupo de sociedades (nova sociedade
dominante) adquire o domínio de uma dominante) adquire o domínio de uma
sociedade dominante de um outro grupo de sociedade dominante de um outro grupo de
sociedades (anterior sociedade dominante) e a sociedades (anterior sociedade dominante) e a

59
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

nova sociedade dominante opte pela nova sociedade dominante opte pela
continuidade da aplicação do regime especial de continuidade da aplicação do regime especial de
tributação dos grupos nos termos do n.º 10 do tributação dos grupos nos termos do n.º 10 do
artigo 69.º, as quotas-partes dos prejuízos fiscais artigo 69.º, as quotas-partes dos prejuízos fiscais
do grupo imputáveis às sociedades do grupo da do grupo imputáveis às sociedades do grupo da
nova sociedade dominante e que integrem o nova sociedade dominante e que integrem o
grupo da anterior sociedade dominante são grupo da anterior sociedade dominante são
dedutíveis nos termos da alínea a) do n.º 1, desde dedutíveis nos termos da alínea a) do n.º 1.
que, em casos de reconhecido interesse
económico e mediante requerimento a
apresentar à Autoridade Tributária e Aduaneira
com aquela comunicação, seja obtida autorização
do membro do Governo responsável pela área
das finanças.
7 – O previsto nos n.os 3, 4 e 5 não é aplicável
quando se conclua que a operação teve como
principal objetivo ou como um dos principais
objetivos a evasão fiscal, o que pode considerar-
-se verificado, nomeadamente, nos casos em que
a operação não tenha sido realizada por razões
económicas válidas.

ANOTAÇÃO
Relativamente ao regime específico de dedução de prejuízos fiscais no âmbito do regime

especial de tributação dos grupos de sociedades foi dispensada a apresentação de requerimento à

AT com vista a solicitar:

a) A dedutibilidade dos prejuízos fiscais anteriores nos casos em que a sociedade dominante
de um grupo passe a ser considerada dominada de outra que opte pela continuidade da aplicação

do regime;

b) A dedutibilidade das quotas-partes dos prejuízos fiscais de um grupo quando a sociedade

dominante desse grupo adquire o domínio de uma sociedade dominante de um outro grupo de
sociedades, com opção pela continuidade da aplicação do regime.

Admite-se agora que a dedutibilidade dos prejuízos fiscais seja consentida, mas com exceção

das situações em que se conclua que a operação teve como principal objetivo ou como um dos

principais objetivos a evasão fiscal, designadamente quando a operação não tenha sido realizada

por razões económicas válidas.

60
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Esta limitação é igualmente aplicável no caso do n.º 5 deste artigo, que se mantém com a

redação que já tinha, ou seja:

“Sem prejuízo do disposto no artigo 52.º, no caso em que a sociedade dominante de um grupo de

sociedades (nova sociedade dominante) adquire o domínio de uma sociedade dominante de um outro grupo de
sociedades (anterior sociedade dominante) e a nova sociedade dominante opte pela inclusão das sociedades

pertencentes ao grupo da anterior sociedade dominante nos termos da subalínea 1) da alínea b) do n.º 7 do

artigo 69.º, que preencham os requisitos previstos nos n.os 2, 3 e nas alíneas a), b) e d) a g) do n.º 4 do artigo

69.º, as quotas-partes dos prejuízos fiscais do grupo da anterior sociedade dominante imputáveis às
sociedades que integrem o grupo da nova sociedade dominante são dedutíveis nos termos da alínea a) do

n.º 1.”

Artigo 72.º – Regime aplicável


Redação anterior OE 2023
3 – Para efeitos do disposto no número anterior, 3 – Para efeitos do disposto no número anterior,
no exercício em que ocorre a transformação deve no exercício em que ocorre a transformação deve
determinar-se separadamente o lucro determinar-se separadamente o lucro
correspondente aos períodos anterior e posterior correspondente aos períodos anterior e posterior
a esta, podendo os prejuízos anteriores à a esta, podendo os prejuízos anteriores à
transformação, apurados nos termos deste transformação, apurados nos termos deste
Código, ser deduzidos nos lucros tributáveis da Código, ser deduzidos nos lucros tributáveis da
sociedade resultante da transformação até ao fim sociedade resultante da transformação.
do período referido no n.º 1 do artigo 52.º,
contado do exercício a que os mesmos se
reportam.

ANOTAÇÃO

A alteração deste preceito decorre da eliminação do prazo de caducidade dos prejuízos


fiscais, antes previsto no n.º 1 do artigo 52.º deste Código.

Artigo 75.º – Transmissibilidade dos prejuízos fiscais


Redação anterior OE 2023
1 – Os prejuízos fiscais das sociedades fundidas 1 – Os prejuízos fiscais das sociedades fundidas
podem ser deduzidos dos lucros tributáveis da podem ser deduzidos aos lucros tributáveis da
nova sociedade ou da sociedade incorporante, nova sociedade ou da sociedade incorporante,
nos termos e condições estabelecidos no artigo nos termos e condições estabelecidos no artigo
52.º e até ao fim do período referido no n.º 1 do 52.º.
mesmo artigo, contado do período de tributação
a que os mesmos se reportam.

61
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANOTAÇÃO

A alteração deste preceito decorre da eliminação do prazo de caducidade dos prejuízos

fiscais, antes previsto no n.º 1 do artigo 52.º deste Código.

Artigo 86.º – Regime especial de neutralidade fiscal


Redação anterior OE 2023
2 – Quando seja aplicável o regime estabelecido 2 – Quando seja aplicável o regime estabelecido
no n.º 1 do artigo 38.º do Código do IRS, os no n.º 1 do artigo 38.º do Código do IRS, os
prejuízos fiscais relativos ao exercício pela prejuízos fiscais relativos ao exercício pela
pessoa singular de atividade empresarial ou pessoa singular de atividade empresarial ou
profissional e ainda não deduzidos ao lucro profissional e ainda não deduzidos ao lucro
tributável podem ser deduzidos nos lucros tributável podem ser deduzidos aos lucros
tributáveis da nova sociedade até ao fim do tributáveis da nova sociedade até à concorrência
período referido no artigo 52.º, contado do de 50% de cada um desses lucros tributáveis.
período de tributação a que os mesmos se
reportam, até à concorrência de 50% de cada um
desses lucros tributáveis.

ANOTAÇÃO

A alteração deste preceito decorre da eliminação do prazo de caducidade dos prejuízos

fiscais, antes previsto no n.º 1 do artigo 52.º deste Código.

Artigo 86.º-B – Determinação da matéria coletável


Redação anterior OE 2023
1 – A matéria coletável relevante para efeitos da aplicação do presente regime simplificado obtém-
se através da aplicação dos seguintes coeficientes:
e) 0,95 dos rendimentos provenientes de e) 0,95 dos rendimentos provenientes da
contratos que tenham por objeto a cessão ou mineração de criptoativos, de contratos que te-
utilização temporária da propriedade intelectual nham por objeto a cessão ou utilização tempo-
ou industrial ou a prestação de informações rária da propriedade intelectual ou industrial ou
respeitantes a uma experiência adquirida no a prestação de informações respeitantes a uma
setor industrial, comercial ou científico, dos experiência adquirida no setor industrial, comer-
outros rendimentos de capitais, do resultado cial ou científico, dos outros rendimentos de
positivo de rendimentos prediais, do saldo capitais, do resultado positivo de rendimentos
positivo das mais e menos-valias e dos restantes prediais, do saldo positivo das mais e menos-
incrementos patrimoniais; valias e dos restantes incrementos patrimoniais;

62
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

i) 0,15 dos rendimentos relativos a criptoativos,


excluindo os decorrentes da mineração, que não
sejam considerados rendimentos de capitais,
nem resultem do saldo positivo das mais e
menos-valias e dos restantes incrementos
patrimoniais.

ANOTAÇÃO

Com vista à determinação da matéria coletável no regime simplificado, passa a prever-se o


coeficiente de 0,15 para os rendimentos relativos a criptoativos que não decorram de mineração e

que não sejam considerados rendimentos de capitais, nem resultem do saldo positivo das mais e

menos-valias e dos restantes incrementos patrimoniais.

Caso sejam considerados rendimentos provenientes de mineração, de capitais, rendimentos

que resultem do saldo positivo das mais e menos-valias e dos restantes incrementos patrimoniais,

o coeficiente a aplicar será de 0,95 [cf. alínea e) do n.º 1 do artigo 86.º-D do Código do IRC].

Artigo 87.º – Taxas


Redação anterior OE 2023
2 – No caso de sujeitos passivos que exerçam, 2 – No caso de sujeitos passivos que exerçam,
diretamente e a título principal, uma atividade diretamente e a título principal, uma atividade
económica de natureza agrícola, comercial ou económica de natureza agrícola, comercial ou
industrial, que sejam qualificados como pequena industrial, que sejam qualificados como pequena
ou média empresa, nos termos previstos no ou média empresa ou empresa de pequena-
anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de -média capitalização (Small Mid Cap), nos termos
novembro, a taxa de IRC aplicável aos primeiros previstos no anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007,
25 000 € de matéria coletável é de 17%, de 6 de novembro, a taxa de IRC aplicável aos
aplicando-se a taxa prevista no número anterior primeiros 50 000 € de matéria coletável é de 17%,
ao excedente. aplicando-se a taxa prevista no número anterior
ao excedente.

ANOTAÇÃO

Previa este artigo a aplicação de uma taxa de IRC de 17% aos primeiros € 25 000 de matéria

coletável de sujeitos passivos que exercessem, diretamente e a título principal, uma atividade

económica de natureza agrícola, comercial ou industrial, qualificados como pequena ou média

empresa, nos termos previstos no anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro.

Foram agora efetuadas duas alterações a esta disposição, a saber:

63
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

a) Alargamento da aplicação dessa taxa especial às chamadas “empresas de pequena-média

capitalização (Small Mid Cap)”;

b) Aumento de € 25 000 para € 50 000 do limite de aplicação dessa taxa.

Significa isto que o benefício decorrente da existência de um primeiro escalão que era de
€ 1 000 = [€ 25 000 x (21% - 17%)] passa agora para € 2 000 = [€ 50 000 x (21% - 17%)].

Relembramos que este benefício fiscal está sujeito à regra de minimis.

Conforme consta dos n.os 3 e 4 do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro:

“3 – Na categoria das empresas de média capitalização considera-se como uma empresa de pequena-
média capitalização (Small Mid Cap) aquela que empregue menos de 500 pessoas.

4 – Para efeitos da aplicação dos conceitos constantes dos n.os 2 e 3, as empresas devem ser

consideradas como sendo autónomas, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do anexo ao presente decreto-lei,

independentemente das relações estabelecidas com outras empresas, através de detenções de capital ou

direitos de voto.”

Entretanto, existe na Lei do OE/2023 um artigo – o artigo 229.º – que define um regime

transitório de aplicação da taxa reduzida de IRC em operações de reestruturação.

Diz o seguinte:

“A taxa de IRC prevista no n.º 2 do artigo 87.º do Código do IRC é aplicável nos dois exercícios

posteriores a operações de fusões, cisões, entradas de ativos e permutas de partes sociais, realizadas entre 1 de

janeiro de 2023 e 31 de dezembro de 2026, em que a totalidade dos sujeitos passivos se qualifique como

pequena, média empresa ou empresa de pequena-média capitalização (Small Mid Cap), nos termos previstos no
anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, nas situações em que, por força da operação, a sociedade

beneficiária deixe de reunir as condições para essa qualificação.”

Artigo 88.º – Taxas de tributação autónoma


Redação anterior OE 2023
3 – São tributados autonomamente os encargos 3 – São tributados autonomamente os encargos
efetuados ou suportados por sujeitos passivos efetuados ou suportados por sujeitos passivos
que não beneficiem de isenções subjetivas e que que não beneficiem de isenções subjetivas e que
exerçam, a título principal, atividade de natureza exerçam, a título principal, atividade de natureza
comercial, industrial ou agrícola, relacionados comercial, industrial ou agrícola, relacionados
com viaturas ligeiras de passageiros, viaturas com viaturas ligeiras de passageiros, viaturas
ligeiras de mercadorias referidas na alínea b) do ligeiras de mercadorias referidas na alínea b) do
n.º 1 do artigo 7.º do Código do Imposto sobre n.º 1 do artigo 7.º do Código do Imposto sobre
Veículos, motos ou motociclos, excluindo os Veículos, motos ou motociclos, às seguintes

64
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

veículos movidos exclusivamente a energia taxas:


elétrica, às seguintes taxas:
a) 10% no caso de viaturas com um custo de aquisição inferior a 27 500 €;
b) 27,5% no caso de viaturas com um custo de aquisição igual ou superior a 27 500 € e inferior a
35 000 €;
c) 35% no caso de viaturas com um custo de aquisição igual ou superior a 35 000 €.
18 – No caso de viaturas ligeiras de passageiros 18 – No caso de viaturas ligeiras de passageiros
híbridas plug-in, cuja bateria possa ser carregada híbrida plug-in, cuja bateria possa ser carregada
através de ligação à rede elétrica e que tenham através de ligação à rede elétrica e que tenham
uma autonomia mínima, no modo elétrico, de uma autonomia mínima, no modo elétrico, de
50 km e emissões oficiais inferiores a 50 km e emissões oficiais inferiores a
50 gCO2/km, as taxas referidas nas alíneas a), b) 50 gCO2/km, e de viaturas ligeiras de
e c) do n.º 3 são, respetivamente, de 5%, 10% e passageiros movidas a gás natural veicular
17,5%. (GNV), as taxas referidas nas alíneas a), b) e c)
do n.º 3 são, respetivamente, de 2,5%, 7,5% e
15%.
19 – No caso de viaturas ligeiras de passageiros 19 – [Revogado].
movidas a GNV, as taxas as taxas referidas nas
alíneas a), b) e c) do n.º 3, são, respetivamente, de
7,5%, 15% e 27,5%.
20 – Os encargos relacionados com veículos
movidos exclusivamente a energia elétrica
apenas são sujeitos a tributação, à taxa autónoma
de 10%, caso o custo de aquisição destes veículos
exceda o definido na portaria a que se refere a
alínea e) do n.º 1 do artigo 34.º.
Nota: O anterior n.º 20 corresponde ao novo n.º 21. O anterior n.º 21 corresponde ao novo n.º 22.
O anterior n.º 22 corresponde ao novo n.º 23.

ANOTAÇÃO

Os veículos movidos exclusivamente a energia elétrica deixam de estar excluídos da


tributação autónoma incidente sobre os respetivos encargos efetuados ou suportados.

Passam tais encargos a ser tributados à taxa de 10% caso o seu custo de aquisição exceda o

definido na portaria a que se refere a alínea e) do n.º 1 do artigo 34.º do Código do IRC. Por

conseguinte, essa taxa será aplicável quando o custo de aquisição ultrapassar as quantias
seguintes:

65
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Anos de aquisição Limites

2011 € 45 000
2012 a 2014 € 50 000
2015 e seguintes € 62 500

Relativamente às viaturas ligeiras de passageiros híbridas plug-in, as taxas de tributação

autónoma foram reduzidas, nos termos seguintes:

Taxas
Custo de aquisição (CA)
Anteriores OE/2023
CA < € 27 500 5,0% 2,5%
€ 27 500 ≤ CA < € 35 000 10,0% 7,5%
CA ≥ € 35 000 17,5% 15%

* Cuja bateria possa ser carregada através de ligação à rede elétrica e que tenham uma autonomia

mínima, em modo elétrico, de 50 Km e emissões oficiais inferiores a 50 g CO2/Km

Por outro lado, relativamente aos encargos com viaturas ligeiras de passageiros movidas a

GNV, passam a ser aplicadas taxas iguais às das viaturas híbridas plug-in, pelo que tiveram a

seguinte evolução:

Taxas
Custo de aquisição (CA)
Anteriores OE/2023
CA < € 27 500 7,5% 2,5%
€ 27 500 ≤ CA < € 35 000 15,0% 7,5%
CA ≥ € 35 000 27,5% 15%

Nestes termos, as taxas de tributação autónoma aplicáveis a encargos com viaturas ligeiras

de passageiros não movidas exclusivamente a energia elétrica passam a ser as seguintes:

Taxas

Custo de aquisição (CA) Híbridas Movidas Restantes


plug-in a GNV
CA < € 27 500 2,5% 2,5% 10%
€ 27 500 ≤ CA < € 35 000 7,5% 7,5% 27,5%
CA ≥ € 35 000 15% 15% 35%

66
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Por outro lado, a Lei do OE/2023, no seu artigo 230.º, prevê que o n.º 14 do artigo em

apreciação, que prevê o agravamento das taxas de tributação autónoma em dez pontos percentuais

quanto aos sujeitos passivos que apresentem prejuízo fiscal, não seja aplicado nos períodos de
tributação de 2022 e 2023, cumpridas que sejam as seguintes condições:

“a) O sujeito passivo tenha obtido lucro tributável em um dos três períodos de tributação anteriores e as

obrigações declarativas previstas nos artigos 120.º e 121.º do mesmo Código, relativas aos dois períodos de

tributação anteriores, tenham sido cumpridas nos termos neles previstos;

b) Estes correspondam ao período de tributação de início de atividade ou a um dos dois períodos

seguintes.”

Relembre-se que, de acordo com o artigo 284.º da Lei do OE/2022:

“1 – No quadro do período de recuperação dos efeitos económicos decorrentes da pandemia da doença


COVID-19, o disposto no n.º 14 do artigo do artigo 88.º do Código do IRC não é aplicável, nos períodos de

tributação de 2022, quando o sujeito passivo tenha obtido lucro tributável em um dos três períodos de

tributação anteriores e as obrigações declarativas previstas nos artigos 120.º e 121.º do mesmo Código,

relativas aos dois períodos de tributação anteriores, tenham sido cumpridas nos termos neles previstos.

2 – O disposto no n.º 14 do artigo do artigo 88.º do Código do IRC não é igualmente aplicável, nos

períodos de tributação de 2022, quando esteja em causa o período de tributação de início de atividade ou um

dos dois períodos seguintes.

3 – O disposto nos números anteriores apenas é aplicável às cooperativas e às micro, pequenas e médias
empresas, de acordo com os critérios definidos no artigo 2.º do anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de

novembro.”

Artigo 92.º – Resultado da liquidação


Redação anterior OE 2023
2 – Excluem-se do disposto no número anterior os seguintes benefícios fiscais:
i) O regime fiscal de incentivo à capitalização das
empresas, previsto no artigo 43.º-D do Estatuto
dos Benefícios Fiscais.

67
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANOTAÇÃO

Nos termos do n.º 1 do artigo 92.º do Código do IRC:

“Para as entidades que exerçam, a título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou

agrícola, bem como as não residentes com estabelecimento estável em território português, o imposto liquidado
nos termos do n.º 1 do artigo 90.º, líquido das deduções previstas nas alíneas a) a c) do n.º 2 do mesmo artigo,

não pode ser inferior a 90% do montante que seria apurado se o sujeito passivo não usufruísse de benefícios

fiscais e do regime previsto no n.º 13 do artigo 43.º”.

No n.º 2 excluem-se alguns benefícios fiscais. Acrescenta-se agora ao elenco dos benefícios

excluídos o do novo regime fiscal de incentivo à capitalização das empresas, previsto no artigo 43.º-

D do Estatuto dos Benefícios Fiscais.

Artigo 97.º – Dispensa de retenção na fonte sobre rendimentos auferidos por residentes
Redação anterior OE 2023
1 – Não existe obrigação de efetuar a retenção na fonte de IRC, quando este tenha a natureza de
imposto por conta, nos seguintes casos:
i) Rendimentos provenientes da propriedade
intelectual referidos na alínea a) do n.º 1 do
artigo 94.º, quando obtidos por sociedades que
tenham por objeto a criação, edição, produção,
promoção, licenciamento, gestão ou distribuição
de obras ou prestações ou outros conteúdos
protegidos por direitos de autor e conexos,
incluindo publicações de imprensa.

ANOTAÇÃO

Esta alteração decorreu de proposta do PSD, tendo como nota justificativa a seguinte:

“No direito nacional, estão dispensadas de retenção na fonte, por exemplo:

(i) Os “juros e quaisquer outros rendimentos de capitais, (…) de que sejam titulares instituições

financeiras (…)” (alínea a) do n.º 1 artigo 97.º do CIRC), e

(ii) Os rendimentos prediais (rendas) “quando obtidos por sociedades que tenham por objeto a gestão de
imóveis próprios (…) e, bem assim, quando obtidos por fundos de investimento imobiliários” (alínea g) do n.º

1 artigo 97.º do CIRC).

Em ambos estes casos, a retenção é dispensada, precisamente, porque o rendimento potencialmente

sujeito a retenção constituiu a atividade principal dos sujeitos passivos.

68
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

E não há qualquer razão para que este princípio não seja adotado também em relação às indústrias

culturais e criativas (em que os rendimentos de direitos têm uma natureza muito semelhante a rendimentos de

propriedade, ainda que incorpórea). Note-se que, nas distribuições efetuadas pelas entidades de gestão coletiva

cujo substrato de representados é constituído essencialmente por sujeitos passivos de IRC (é o caso das

entidades signatárias), o Estado é, na prática, o maior beneficiário imediato de todas as distribuições (com 25%

do valor), valor esse que – precisamente porque a negociação de direitos é o objeto principal dos sujeitos

passivos – acaba por ser devolvido na sua totalidade (ou quase totalidade), muitas vezes mais de um ano após a

data em que tal rendimento é colocado à disposição dos titulares.


Dispensar de retenção na fonte os rendimentos de propriedade intelectual (em particular direitos de

autor e direitos conexos) a empresas que tenham por principal objeto e atividade, precisamente a criação e

exploração de obras e prestações artísticas, não é, nem um benefício fiscal, nem “um favor”; é um ato da mais

elementar justiça e de coerência com o sistema fiscal nacional.”

69
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

REPORTE DE PREJUÍZOS FISCAIS

É tradicional no nosso País – e, aliás, na maioria dos restantes – que os prejuízos fiscais sejam

dedutíveis a lucros de exercícios seguintes, tendo variado ao longo dos anos o período de validade
desses prejuízos.

Entre 1989 (primeiro ano de vigência do IRC) e 2013, os períodos de validade dos prejuízos

fiscais foram os seguintes:

Períodos de apuramento Limite da


dos prejuízos fiscais dedução (anos)
1989 a 1995 5

1996 a 2009 6

2010 e 2011 4

2012 e 2013 5

Relativamente aos anos de 2014 e seguintes, o horizonte temporal de validade dos prejuízos

fiscais passou a ser diferente consoante se tratasse de pequenas ou médias empresas ou de grandes

empresas, de harmonia com a classificação do Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro (IAPMEI).

Assim, o período de validade dos prejuízos fiscais foi aumentado para 12 anos para pequenas

e médias empresas, mantendo-se nos 5 anos para grandes empresas.

Entretanto, a Lei n.º 27-A/2020, de 24 de julho (Orçamento Suplementar para 2020), no seu

artigo 11.º, veio dar um tratamento particular aos prejuízos fiscais apurados nos períodos de

tributação de 2020 e 2021, tendo em atenção a situação concreta decorrente da pandemia então
vivida.

Assim, o n.º 1 desse artigo 11.º veio dispor o seguinte:

“Os prejuízos fiscais apurados nos períodos de tributação de 2020 e 2021 por sujeitos passivos que

exerçam, diretamente e a título principal, uma atividade económica de natureza agrícola, comercial ou
industrial, são deduzidos aos lucros tributáveis, nos termos e condições estabelecidos no artigo 52.º do Código

do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 442-B/88, de 30 de

novembro (Código do IRC), de um ou mais dos 12 períodos de tributação posteriores, independentemente de os

sujeitos passivos estarem ou não abrangidos pelo Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, que cria a

certificação eletrónica do estatuto de micro, pequena e média empresas (PME).”

70
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Por conseguinte, relativamente aos prejuízos apurados nos anos de 2022 e 2021, o período de

vigência dos mesmos passou a ser de 12 anos, qualquer que fosse a qualificação da empresa para

efeitos de certificação eletrónica por parte do IAPMEI.

Além disso, o período de vigência desses prejuízos sofreu um alargamento adicional de 2 anos

[cf. n.º 3 do artigo 11.º da Lei n.º 27-A/2020, de 24 de julho].

Agora, com o Lei do OE/2023, o artigo 52.º do Código do IRC é novamente alterado, deixando

os prejuízos abrangidos de ter qualquer limitação temporal em termos da respetiva validade e

independentemente da dimensão das empresas.


Tal alteração poderá ter impacto na valorização dos ativos por impostos diferidos.

De harmonia com a disposição transitória prevista na Lei do OE/2023 a este propósito fica

estabelecido o seguinte (artigo 228.º):

“1 – O disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 52.º e na alínea a) do n.º 2 do artigo 53.º do Código do IRC, não
prejudica a aplicação do n.º 2 do artigo 11.º da Lei n.º 27-A/2020, de 24 de julho, e é aplicável à dedução aos

lucros tributáveis dos períodos de tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2023, bem como aos

prejuízos fiscais apurados em períodos de tributação anteriores a 1 de janeiro de 2023, cujo período de dedução

ainda se encontre em curso na data da entrada em vigor da presente lei.

2 – Sem prejuízo do disposto no número anterior, o previsto no n.º 1 do artigo 52.º e na alínea a) do

n.º 2 do artigo 53.º do Código do IRC não se aplica aos prejuízos fiscais apurados em períodos de tributação

anteriores a 1 de janeiro de 2023 em que se tenha verificado uma das situações previstas no n.º 1 do artigo 6.º

do regime especial aplicável aos ativos por impostos diferidos (REAID), aprovado em anexo à Lei n.º 61/2014,

de 26 de agosto, aplicando-se aos prejuízos fiscais apurados nestes períodos de tributação o prazo de dedução

em vigor em 31 de dezembro de 2022.

3 – O disposto no número anterior aplica-se aos prejuízos fiscais apurados nos termos do artigo 70.º do

Código do IRC, sempre que o grupo integre um sujeito passivo em que se tenha verificado uma das situações
previstas no n.º 1 do artigo 6.º do REAID.”

Conjugando todas estas disposições, podemos construir o quadro seguinte, contemplando os

anos mais recentes, cujos prejuízos fiscais são eventualmente utilizáveis com vista à dedução a

lucros futuros:

71
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

1. Grandes empresas

Prejuízos Antes das Lei n.º 27-A/2020


OE/2023
apurados em alterações Art. 11.º
2014 2019
2015 2020 2022
2016 2021 2023 s/ limite
2017 2022 2024 s/ limite
2018 2023 2025 s/ limite
2019 2024 2026 s/ limite
2020 2025 2032 s/ limite
2021 2026 2033 s/ limite
2022 2027 s/ limite

2. PME´s

Prejuízos Antes das Lei n.º 27-A/2020


OE/2023
apurados em alterações Art. 11.º
2013 2018
2014 2026 2028 s/ limite
2015 2027 2029 s/ limite
2016 2028 2030 s/ limite
2017 2029 2031 s/ limite
2018 2030 2032 s/ limite
2019 2031 2033 s/ limite
2020 2032 s/ limite
2021 2033 s/ limite
2022 2034 s/ limite

Tradicionalmente, os prejuízos fiscais que se contivessem dentro do limite legal da respetiva

validade eram integralmente dedutíveis aos lucros tributáveis apurados.

Sucede que, nos anos de 2012 e seguintes, o n.º 2 do artigo 52.º veio introduzir uma limitação à
dedução dos prejuízos fiscais, que inicialmente se fixou em 75% do lucro tributável dos anos de 2012

e 2013, e que passou a ser de 70% em relação aos lucros tributáveis de 2014 e anos seguintes.

Agora, com a nova redação dada ao artigo 52.º do Código do IRC pela Lei do OE/2023, o limite

de dedução dos prejuízos fiscais foi reduzido para 65% do respetivo lucro tributável.

72
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Saliente-se que ao abrigo da Lei n.º 27-A/2020, de 24 de julho (Orçamento suplementar para

2020), concretamente do n.º 2 do artigo 11.º:

“O limite à dedução previsto no n.º 2 do artigo 52.º do Código do IRC é elevado em 10 pontos

percentuais, quando a diferença resulte da dedução de prejuízos fiscais apurados nos períodos de tributação de

2020 e 2021.”

Entretanto, o n.º 8 do mesmo artigo previa que deixasse de ser possível a dedução de prejuízos

fiscais quando se verificasse, à data do termo do período de tributação em que fosse efetuada a
dedução, que, em relação àquele a que respeitassem os prejuízos, ocorresse uma alteração da

titularidade de mais de 50% do capital social ou da maioria dos direitos de voto.

Todavia, o n.º 12 previa a possibilidade de não ocorrer esta exclusão da dedução de prejuízos

fiscais, quando reconhecido pelo Ministro das Finanças o interesse económico do caso, a solicitar
através de requerimento nos termos dos n.os 13 e 14 do mesmo artigo e do disposto na Portaria

n.º 273/2014, de 24 de dezembro.

Este processo foi eliminado através da Lei do OE/2023, tendo-se acrescentado no próprio n.º 8

do artigo 52.º que a exclusão da dedução de prejuízos fiscais não se verifica “quando se conclua que a

operação não teve como principal objetivo ou como um dos principais objetivos a evasão fiscal, o que pode

considerar-se verificado, nomeadamente, nos casos em que a operação tenha sido realizada por razões

económicas válidas.”

Importa não esquecer que este novo regime, apesar da inegável vantagem de
desburocratização que envolve, não deixa de poder trazer maior risco, atendendo à subjetividade da

apreciação a fazer a posteriori pelos Serviços de Fiscalização da AT.

Assinale-se ainda que continuam a estar afastadas da eventual exclusão da dedução de

prejuízos fiscais as alterações da titularidade do capital ou dos direitos de voto enunciadas no n.º 9

do artigo 52.º, ou seja:

“a) Das quais resulte a passagem da titularidade do capital social ou dos direitos de voto de direta para

indireta, de indireta para direta, bem como das quais resulte a transmissão daquela titularidade entre

sociedades cuja maioria do capital social ou dos direitos de voto seja detida direta ou indiretamente, nos termos
do n.º 6 do artigo 69.º, por uma mesma entidade;

b) Decorrentes de operações efetuadas ao abrigo do regime especial previsto nos artigos 73.º e seguintes;

c) Decorrentes de sucessões por morte;

73
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

d) Quando o adquirente detenha ininterruptamente, direta ou indiretamente, mais de 20% do capital

social ou da maioria dos direitos de voto da sociedade desde o início do período de tributação a que respeitam os

prejuízos; ou

e) Quando o adquirente seja trabalhador ou membro dos órgãos sociais da sociedade, pelo menos desde o
início do período de tributação a que respeitam os prejuízos.”

74
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 231.º da Lei do Orçamento do Estado

Regime extraordinário de apoio a encargos suportados com eletricidade e gás

1 – Para efeitos de determinação do lucro tributável dos sujeitos passivos de IRC residentes

que exerçam, a título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, dos

sujeitos passivos de IRC não residentes com estabelecimento estável e dos sujeitos passivos de IRS

com contabilidade organizada (categoria B), podem ser majorados em 20% os gastos e perdas

previstos nos números seguintes.


2 – Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se elegíveis os gastos e perdas

incorridos ou suportados referentes a consumos de eletricidade e gás natural na parte em que

excedam os do período de tributação anterior, deduzidos de eventuais apoios recebidos nos termos

do Decreto-Lei n.º 30-B/2022, de 18 de abril.


3 – A majoração a que se refere o n.º 1 é aplicável ao período de tributação que se inicie em ou

após 1 de janeiro de 2022.

4 – No caso de sujeitos passivos que iniciem a atividade durante o período de tributação com

início em ou após 1 de janeiro de 2021 os gastos e perdas incorridos a considerar para efeitos dos

números anteriores devem ser proporcionais ao período de atividade do sujeito passivo nesse ano.

5 – Excluem-se do disposto no n.º 1 os sujeitos passivos que desenvolvam atividades

económicas que gerem, pelo menos, 50% do volume de negócios no domínio da:

a) Produção, transporte, distribuição e comércio de eletricidade ou gás; ou

b) Fabricação de produtos petrolíferos, refinados ou a partir de resíduos, e de aglomerados de

combustíveis.

6 – O benefício fiscal previsto nos números anteriores não pode ser cumulado com outros

apoios ou incentivos de qualquer natureza relativamente aos mesmos gastos e perdas elegíveis.

ANOTAÇÃO

Este regime extraordinário é aplicável no período de tributação que se inicia em ou após 1 de

janeiro de 2022, a sujeitos passivos de IRC que exerçam, a título principal, uma atividade de

natureza comercial, industrial ou agrícola, a sujeitos passivos não residentes com estabelecimento

estável e a sujeitos passivos de IRS com contabilidade (categoria B).

O benefício consiste na majoração em 20% do acréscimo dos gastos e perdas incorridos ou

suportados referentes a consumos de eletricidade e gás natural em 2022 relativamente a 2021,

75
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

deduzido de eventuais apoios recebidos nos termos do Decreto-Lei n.º 30-B/2022, de 18 de abril.

Exemplo:

(valores em €)
Consumo Consumo Acréscimo de
Descrição
2021 2022 consumo
Eletricidade 20 000 25 000 5 000
Gás natural 12 000 15 000 3 000
32 000 40 000 8 000

A majoração será neste caso de € 8 000 x 20% = € 1 600

Poderão surgir algumas dúvidas no apuramento do benefício em questão, a que importa fazer

referência.
Desde logo, a eletricidade e o gás natural deverão ser tratados em conjunto ou

separadamente?

Esta questão pode ser relevante se, por exemplo, os consumos de uma destas fontes de energia

crescerem entre 2021 e 2022, ao mesmo tempo que os da outra decresçam.

Tomemos os seguintes números:

(valores em €)
Consumo Consumo Acréscimo de
Descrição
2021 2022 consumo
Eletricidade 20 000 25 000 5 000
Gás natural 15 000 12 000 (3 000)
35 000 37 000 2 000

Se se entender que as fontes de energia devem ser vistas conjuntamente, a majoração será de
€ 400 (= € 2 000 x 20%), ao passo que, quando apreciadas de forma individualizada, será de € 1 000

(= € 5 000 x 20%).

Decerto esta questão virá a ser esclarecida, embora nos pareça que tenha mais sentido a análise

conjunta, por estarem em causa fontes de energia alternativas, o que significa que, no exemplo
numérico apresentado, a majoração será, em nosso entender, de € 400.

Uma outra dúvida é suscitada pela redação do n.º 4 do artigo em apreço da Lei do OE/2023, ou

seja:

76
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

“No caso de sujeitos passivos que iniciem a atividade durante o período de tributação com início em ou

após 1 de janeiro de 2021 os gastos e perdas incorridos a considerar para efeitos dos números anteriores devem

ser proporcionais ao período de atividade do sujeito passivo nesse ano.”

Admitamos uma entidade que iniciou a sua atividade em 1 de outubro de 2021 e cujos
consumos de energia elétrica e de gás natural foram os seguintes:

(valores em €)
Consumo Consumo Acréscimo de
Descrição
2021 2022 consumo
Eletricidade 5 000 25 000 20 000
Gás natural 3 000 15 000 12 000
8 000 40 000 32 000

Dado que a entidade só exerceu a sua atividade em 2021 durante os últimos 3 meses, uma

solução poderia ser a comparação dos consumos de eletricidade e de gás natural com referência a

esses 3 meses, tomando para o efeito, quanto a 2022, os consumos efetivos no último trimestre.

Não parece, porém, ser essa a solução que decorre do texto da lei, quando fala em “gastos

proporcionais”.

Sendo assim, afigura-se-nos que são possíveis duas outras soluções, ou seja:

a) Anualização dos gastos do 4.º trimestre de 2021;

b) Imputação proporcional dos gastos de 2022 ao 4.º trimestre do ano.

No primeiro caso teremos:

(valores em €)
Consumo Consumo Consumo Acréscimo de
Descrição
4.º trim. 2021 anualizado 2021 2022 consumo
Eletricidade 5 000 20 000 25 000 5 000
Gás natural 3 000 12 000 15 000 3 000
8 000 32 000 40 000 8 000

Se for esta a perspetiva acolhida, a majoração será de € 1 600 (= € 8 000 x 20%).

Se a opção residir na consideração da parte proporcional dos gastos de 2022 relativa ao último
trimestre, teremos:

77
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

(valores em €)
Consumos Consumos Consumos Acréscimo de
Descrição
2021 2022 4.º trim. 2022 consumo
Eletricidade 5 000 25 000 6 250 1 250
Gás natural 3 000 15 000 3 750 750
8 000 40 000 10 000 2 000

Se o entendimento for este – como admitimos que seja – a majoração será de € 400 (= € 2 000 x

20%).

Artigo 232.º da Lei do Orçamento do Estado

Regime extraordinário de apoio a encargos suportados na produção agrícola

1 – Para efeitos de determinação do lucro tributável, relativo aos períodos de tributação com

início em 2022 e 2023, dos sujeitos passivos de IRC residentes que exerçam, a título principal, uma

atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, dos sujeitos passivos de IRC não residentes

com estabelecimento estável e dos sujeitos passivos de IRS com contabilidade organizada (categoria

B) podem ser majorados em 40% os gastos e perdas incorridos ou suportados pelo sujeito passivo

referentes à aquisição dos seguintes bens, quando utilizados no âmbito das atividades de produção

agrícola:

a) Adubos, fertilizantes e corretivos orgânicos e minerais;

b) Farinhas, cereais e sementes, incluindo misturas, resíduos e desperdícios das indústrias

alimentares, e quaisquer outros produtos próprios para alimentação de gado, aves e outros animais,
referenciados no Codex Alimentarius, independentemente da raça e funcionalidade em vida,

destinados à alimentação humana;

c) Água para rega;

d) Garrafas de vidro.

2 – A majoração a que se refere o número anterior é aplicável ao período de tributação que se

inicie em ou após 1 de janeiro de 2022.

3 – O benefício fiscal previsto nos números anteriores está sujeito às regras de auxílios de

minimis.

78
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANOTAÇÃO

É criado um regime extraordinário que se traduz numa majoração, em 40%, para efeitos da

determinação do lucro tributável de IRC ou IRS (no caso de sujeitos passivos com contabilidade

organizada) relativo aos períodos de tributação com início em 2022 e 2023, dos gastos ou perdas
incorridos com a aquisição dos seguintes bens, quando utilizados no âmbito das atividades de

produção agrícola:

a) Adubos, fertilizantes e corretivos orgânicos e minerais;

b) Farinhas, cereais e sementes, incluindo misturas, resíduos e desperdícios das indústrias

alimentares, e quaisquer outros produtos próprios para alimentação de gado, aves e outros animais,

destinados à alimentação humana; e

c) Água para rega;

d) Garrafas de vidro.
O presente benefício deverá estar sujeito às regras de auxílios de minimis.

79
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTADO

CÓDIGO DO IVA

Artigo 27.º – Pagamento do imposto apurado pelo sujeito passivo


Redação anterior OE 2023
10 – O prazo de entrega do montante de imposto
exigível, nos termos da alínea a) do n.º 1, relativo
ao mês de junho, e nos termos da alínea b) do
n.º 1, relativo ao segundo trimestre, é
prolongado até 25 de setembro.

ANOTAÇÃO

O prazo de pagamento do IVA relativo ao mês de junho, bem como do IVA relativo ao

segundo trimestre (abril a junho), é prolongado até ao dia 25 de setembro.

Tal alteração decorreu de proposta do PCP, dizendo-se na nota explicativa desta alteração:

“Por efeitos do Artigo 57º-A da Lei Geral Tributária, introduzido em 2021, as declarações cuja data

limite de entrega fosse o dia 20 de agosto já só tinham que ser entregues até ao dia 31 de agosto. Sendo certo

que essa alteração introduziu uma maior flexibilidade na fixação das férias por parte dos contabilistas, o que

faria sentido é que as obrigações fiscais cujo término corresse durante o mês de agosto, o prazo começasse a

contar a partir de 1 de setembro, aliás como tinha sido proposto pelo Grupo Parlamentar do PCP em sede

própria.

O que ainda é mais pertinente no caso da entrega da declaração periódica de IVA, uma vez que

alteração introduzida em 2021 é manifestamente insuficiente para assegurar o cabal direito às férias fiscais

por parte dos contabilistas. Pois ao ter que assegurar a entrega até 31 de agosto, não só a verificação e

comunicação da declaração acontecerá em agosto, como muito provavelmente uma parte dos registos
contabilísticos que dão suporte ao apuramento do IVA serão realizados também durante o mês de agosto.

Tendo em conta que a declaração periódica de IVA é uma das principais obrigações fiscais onde os

contabilistas são os principais intervenientes, para se assegurar de forma efetiva o direito às férias fiscais dos

contabilistas, devia-se garantir que a contagem do prazo da mesma passasse para dia 20 de setembro, com a
liquidação da mesma cinco dias depois. Desta forma, a liquidação do imposto devido continuaria a acontecer

80
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

como atualmente ainda no mês de setembro, o que é importante para a gestão corrente de tesouraria do

estado, ao nível da arrecadação de receita fiscal.

É de sublinhar que a conquista das férias fiscais foi um importante avanço para os contabilistas,

garantindo um direito há muito adiado a estes profissionais, que prestam um serviço de cariz público
insubstituível, apesar de muitas vezes não devidamente reconhecido. Uma conquista que contou com a

proposta e o contributo decisivo do PCP.

No entanto, a sua existência nos moldes atuais precisa de ir sendo aperfeiçoada, pela avaliação da

experiência concreta da sua implementação, introduzindo-lhe os ajustes necessários para que possa atingir

cabalmente o seu objetivo, garantir de forma efetiva o direito a férias dos contabilistas.”

Artigo 41.º – Prazo de entrega das declarações periódicas


Redação anterior OE 2023
9 – As declarações periódicas, nos termos da
alínea a) do n.º 1, relativas ao mês de junho, e
nos termos da alínea b) do n.º 1, relativas ao
segundo trimestre, devem ser enviadas até 20 de
setembro.

ANOTAÇÃO

O prazo de entrega das declarações periódicas do IVA relativas ao mês de junho, bem como

as relativas ao segundo trimestre (abril a junho), é prolongado até ao dia 20 de setembro.


Sobre esta alteração, veja-se a anotação ao artigo anterior.

Artigo 53.º – Âmbito de aplicação


Redação anterior OE 2023
1 – Beneficiam da isenção do imposto os sujeitos 1 – Beneficiam da isenção do imposto os sujeitos
passivos que, não possuindo nem sendo passivos que, não possuindo nem sendo
obrigados a possuir contabilidade organizada obrigados a possuir contabilidade organizada
para efeitos do IRS ou IRC, nem praticando para efeitos de IRS ou IRC, nem praticando
operações de importação, exportação ou operações de importação, exportação ou
atividades conexas, nem exercendo atividade atividades conexas, nem exercendo atividade
que consista na transmissão dos bens ou que consista na transmissão dos bens ou
prestação dos serviços mencionados no anexo E prestação dos serviços mencionados no anexo E
do presente Código, não tenham atingido, no do presente Código, não tenham atingido, no
ano civil anterior, um volume de negócios ano civil anterior, um volume de negócios
superior a 12 500 €. superior a 15 000 €.

81
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2 – Não obstante o disposto no número anterior, são ainda isentos do imposto os sujeitos passivos:
a) Com um volume de negócios superior a a) Com um volume de negócios superior a
10 000 €, mas inferior a 12 500 €, que, se 10 000 €, mas inferior a 15 000 €, que, se
tributados, preencheriam as condições de tributados, preencheriam as condições de
inclusão no regime dos pequenos retalhistas; inclusão no regime dos pequenos retalhistas;
b) Que, não tendo atingido um volume de b) Que, não tendo atingido um volume de
negócios superior a 12 500 € no ano civil anterior negócios superior a 15 000 € no ano civil anterior
e nos três anos civis precedentes, tenham e nos três anos civis precedentes, tenham
cumprido as condições previstas no n.º 1. cumprido as condições previstas no n.º 1.

ANOTAÇÃO

O limite do volume de negócios para aplicação da isenção prevista no artigo 53.º do Código

do IVA, que era de € 12 500,00, passa para € 15 000,00.

Relembre-se que, pela Lei do Orçamento do Estado para 2020, este limite havia passado de

€ 10 000,00 para € 12 500,00.


Atente-se, no entanto, à disposição transitória contida no n.º 3 do artigo 282.º da Lei do

Orçamento do Estado para 2023, à luz da qual, o referido limite será de € 13 500,00 em 2023 e de

€ 14 500,00 em 2024.

Artigo 59.º-D – Obrigações de faturação, obrigações declarativas e período em que passa a ser
devido o imposto
Redação anterior OE 2023
3 – Quando deixarem de se verificar as condições de aplicação do regime, os sujeitos passivos são
obrigados a apresentar a declaração de alterações prevista no artigo 32.º, nos seguintes prazos:
a) Durante o mês de janeiro do ano seguinte a) Durante o mês de janeiro do ano seguinte
àquele em que tenha sido atingido um volume àquele em que tenha sido atingido um volume
de negócios relativo ao conjunto das suas de negócios relativo ao conjunto das suas
operações tributáveis superior a 12 500 €; operações tributáveis superior a 15 000 €;
b) No prazo de 15 dias a contar da fixação definitiva de um rendimento tributável em sede de IRS
ou IRC baseado em volume de negócios superior ao limite referido na alínea anterior;
c) No prazo de 15 dias a contar do momento em que se deixar de verificar qualquer das demais
circunstâncias referidas no n.º 1 do artigo 59.º-A.

ANOTAÇÃO

Esta mudança decorre da alteração ao artigo 53.º do Código do IVA.

82
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 236.º da Lei do Orçamento do Estado

Alteração à Lista I anexa ao Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado

Lista I – Bens e serviços sujeitos a taxa reduzida (6%)

Verba Redação anterior OE 2023

Conservas de peixes (inteiros, em pedaços, Conservas à base de peixes e moluscos


filetes ou pasta), com exceção do peixe (inteiros, em filetes ou pedaços, em água,
fumado, do espadarte, do esturjão e do azeite, óleo ou outros molhos, em
salmão, quando secos, salgados ou em caldeirada, escabeche, recheadas e
conserva e preparados de ovas (caviar); similares, em qualquer embalagem), com
1.3.2
teor de peixe ou molusco superior a 50%,
com exceção do peixe fumado, do
espadarte e do esturjão, quando secos,
salgados ou em conserva e preparados de
ovas (caviar);

Manteiga, com ou sem adição de outros Manteiga, margarina e creme vegetal para
produtos; barrar obtido a partir de gorduras de
1.4.3
origem vegetal, com ou sem adição de
outros produtos;

Bebidas e iogurtes de soja, incluindo tofu. Bebidas e iogurtes de base vegetal, sem
leite e laticínios, produzidos à base de
1.4.9 frutos secos, cereais, preparados à base de
cereais, frutas, legumes ou produtos
hortícolas.

As empreitadas de construção de imóveis As empreitadas de construção de imóveis


e os contratos de prestações de serviços e os contratos de prestações de serviços
com ela conexas cujos promotores sejam com ela conexas cujos promotores sejam
cooperativas de habitação e construção, cooperativas de habitação e construção,
incluindo as realizadas pelas uniões de incluindo as realizadas pelas uniões de
cooperativas de habitação e construção cooperativas de habitação e construção
económica às cooperativas suas associadas económica às cooperativas suas associadas
2.25 no âmbito do exercício das suas atividades no âmbito do exercício das suas atividades
estatutárias, desde que as habitações se estatutárias, desde que as habitações se
integrem no âmbito da política social de integrem no âmbito da política social de
habitação, designadamente quando habitação, designadamente quando
respeitem o conceito e os parâmetros de respeitem o conceito e os parâmetros de
habitação de custos controlados, habitação de custos controlados,
majorados em 20%, desde que certificadas majorados em 20%, desde que certificadas
pelo Instituto Nacional de Habitação. pelo IHRU, IP, ou, quando promovidas na

83
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Região Autónoma da Madeira ou na


Região Autónoma dos Açores, pelo IHM
ou pela Direção Regional de Habitação
dos Açores, respetivamente.

2.31 Serviços de reparação de velocípedes. Aquisição e reparação de velocípedes.

ANOTAÇÃO

Quanto à verba 1.3.2, a alteração promovida teve em vista eliminar eventuais discrepâncias
na tributação do setor das conservas de peixe, passando a estar sujeitas à taxa reduzida, para além

das conservas de peixes, as conservas à base de peixes, ainda que adicionadas de outros

ingredientes, desde que o ingrediente principal seja o peixe.

Passam igualmente a estar sujeitas à taxa reduzida de 6% as conservas de moluscos, que são

atualmente tributadas a 13%, visando mais uma vez a uniformização e harmonização da tributação

das conservas.

Acrescenta-se à verba 1.4.3 a margarina e o creme vegetal para barrar obtido a partir de

gorduras de origem vegetal.

Relativamente à verba 1.4.9, a alteração promovida teve por base proposta do PAN, que tem

a seguinte nota explicativa:

“O Orçamento do Estado para 2012, assumiu um papel importante no sentido de assegurar um

tratamento fiscal mais justo aos produtos de origem vegetal face ao dado aos produtos de origem animal, ao
atribuir o IVA de 6% às bebidas e iogurtes de soja. Em obediência a este mesmo princípio no Orçamento de

Estado de 2022, por proposta do PAN, procedeu-se à redução para 6% do IVA dos queijos de origem vegetal,

produzidos à base de frutos secos, cereais, preparados à base de cereais, frutas, legumes ou produtos

hortícolas.

No entanto, volvidos 10 anos, face à evolução do mercado – que passou a comercializar não apenas

iogurtes de soja, mas iogurtes, sem leite ou laticínios, de outras bases vegetais (que não a soja) - afigura-se

como necessária inclusão nesta verba da lista I do Código do IVA, dos iogurtes de base vegetal (também

designados alternativas vegetais aos iogurtes) produzidos à base de frutos secos, cereais, preparados à base de
cereais, frutas, legumes ou produtos hortícolas, de forma a eliminar a discriminação positiva que se verifica

atualmente face aos iogurtes de soja.

Nos últimos anos, o consumo de produtos de origem vegetal, em alternativa aos produtos de origem

animal, tem vindo a crescer e a assumir um papel relevante para as famílias portuguesas.
A importância, em muitos casos, da substituição da proteína animal por proteína vegetal para a saúde

84
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

já foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, assim como tem sido reconhecida a relevância, a nível

ambiental, do aumento da produção de origem vegetal em substituição da produção de origem animal, que

muito tem contribuído para a redução da emissão de gases poluentes, designadamente de CO2 e metano.

Nesse sentido, é importante eliminar a discriminação negativa que se verifica relativamente aos
produtos de base vegetal, sujeitando-os às mesmas taxas de IVA aplicáveis aos produtos alternativos, de

origem animal.

Assim, não se justifica que a tributação agravada dos iogurtes de origem vegetal (face aos iogurtes de

origem animal), ou dos iogurtes de soja (face aos iogurtes de outra base vegetal), ou dos iogurtes sólidos

vegetais (face às bebidas vegetais) continue a condicionar a escolha dos consumidores.

Assim, face ao exposto e procurando pôr fim a esta discriminação, com a presente proposta o PAN

pretende que se desça para 6% o IVA de todos os iogurtes de base vegetal, sem leite e laticínios, produzidos à

base de frutos secos, cereais, preparados à base de cereais, frutas, legumes ou produtos hortícolas.”
Quanto à verba 2.25, a alteração decorreu de proposta do Partido Socialista, dizendo-se na

respetiva nota explicativa:

“Face ao disposto atualmente na lei, a certificação de empreitadas de construção de habitação de custos

controlados para efeitos de aplicação da taxa reduzida de 6% de IVA compete exclusivamente ao Instituto da

Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU, I. P.), independentemente da localização das empreitadas,

gerando situações de ineficiência na análise das operações localizadas nas regiões autónomas.

Tendo em vista equiparar a competência do Investimentos Habitacionais da Madeira (IHM,

EPERAM) e da Direção Regional de Habitação dos Açores à do IHRU, I.P., propõe-se que as empreitadas de
construção de habitação de custos controlados passem a ser certificadas por estas entidades quando

promovidas na Região Autónoma da Madeira ou na Região Autónoma dos Açores, respetivamente.”

Acrescenta-se à verba 2.31, a aquisição de velocípedes.

85
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 237.º da Lei do Orçamento do Estado

Aditamento à lista I anexa ao Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado

Lista I – Bens e serviços sujeitos a taxa reduzida

São aditadas as verbas 2.39, 2.40 e 2.41 à lista I anexa ao Código do IVA, com a seguinte
redação:

Verba OE 2023

Acesso à transmissão em direto de espetáculos e eventos de teatros, feiras, parques de


2.39
diversões, concertos, museus, cinemas ou outros similares.

Fornecimento e instalação de aquecedores de ambiente local a biomassa sólida com


potência calorífica nominal não superior a 50 kW e caldeiras a biomassa sólida com
uma potência calorífica nominal não superior a 500 kW, incluindo as integradas em
sistemas mistos compostos por uma caldeira a combustível sólido, aquecedores
2.40 complementares, dispositivos de controlo da temperatura e dispositivos solares, aos
quais tenha sido atribuída uma etiqueta energética da União Europeia de uma das
duas classes de eficiência energética mais elevadas e que cumpram os valores de
referência indicativos previstos nos respetivos requisitos específicos de conceção
ecológica.

2.41 Péletes e briquetes produzidos a partir de biomassa.

ANOTAÇÃO

Relativamente à verba 2.39, decorreu de proposta do PAN, cuja nota explicativa diz o

seguinte:
“A crise sanitária provocada pela COVID-19 veio demonstrar-nos que uma nova forma de assistir a

espetáculos de natureza cultural, como concertos de música ou teatro, poderia ser por via de transmissão

online em direto do evento. O recurso a estas transmissões foi, muitas vezes, uma forma de garantir que a

cultura não era suspensa e manteve-se em alguns domínios, mesmo num contexto em que a crise sanitária
não está com uma dimensão tão grave.

Ciente desta realidade, o anexo da Diretiva (UE) 2022/542 do Conselho, de 5 de abril de 2022, que

altera as Diretivas 2006/112/CE e (UE) 2020/285 no que diz respeito às taxas do imposto sobre o valor

acrescentado, aditou à Lista das entregas de bens e das prestações de serviços a que se podem aplicar as taxas

reduzidas a transmissão em direto de espetáculos de natureza cultural.

Assim, tendo em vista a transposição da Diretiva (UE) 2022/542 e a necessidade de promover o

86
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

consumo da cultura por parte dos cidadãos, com a presente proposta o PAN procura clarificar que o IVA de

6% para os espetáculos culturais também se aplicará aos casos em que ocorra a sua transmissão por via

digital.”

De acordo com o n.º 4 do artigo 282.º da Lei do Orçamento do Estado para 2023, esta norma
cessa a sua vigência em 30 de junho de 2025.

Quanto à verba 2.40, agora aditada, tem em vista promover uma fiscalidade verde, bem

como privilegiar equipamentos altamente eficientes do ponto de vista energético e com baixos

níveis de emissões.

De acordo com o n.º 4 do artigo 282.º da Lei do Orçamento do Estado para 2023, esta norma

cessa a sua vigência em 30 de junho de 2025.

Relativamente à verba 2.41, face à atual escassez de gás natural, reduz-se a taxa de IVA

aplicável aos péletes e briquetes produzidos a partir de biomassa, substitutos ecológicos do gás

natural.

87
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

IMPOSTO DO SELO

CÓDIGO DO IMPOSTO DO SELO

Artigo 1.º – Incidência objetiva


Redação anterior OE 2023
3 – Para efeitos da verba 1.2 da Tabela Geral, são consideradas transmissões gratuitas,
designadamente, as que tenham por objeto:
i) Criptoativos, tal como definidos nos n.os 17 e
18 do artigo 10.º do Código do IRS.

ANOTAÇÃO

Ao elenco das transmissões gratuitas sujeitas à taxa de 10% da verba 1.2 da Tabela Geral do

Imposto do Selo foram acrescentados os criptoativos, na alínea i) do n.º 3 do artigo 1.º do Código

do Imposto do Selo, remetendo-se para a definição que consta agora do Código do IRS.

Considera-se criptoativo toda a representação digital de valor ou direitos que possa ser

transferida ou armazenada eletronicamente recorrendo à tecnologia de registo distribuído ou outra

semelhante, excluindo-se deste conceito os criptoativos únicos e não fungíveis com outros

criptoativos.

Artigo 2.º – Incidência subjetiva


Redação anterior OE 2023
1 – São sujeitos passivos do imposto:
u) Os prestadores de serviços de criptoativos,
nas operações previstas na verba n.º 30 da Tabela
Geral, salvo se estes não forem domiciliados em
território nacional, caso em que os sujeitos
passivos do imposto são:
i) Os prestadores de serviços de criptoativos
domiciliados em território nacional que tenham
intermediado as operações;
ii) Os representantes que, para o efeito, são
obrigatoriamente nomeados em Portugal, caso as
operações não tenham sido intermediadas pelas
entidades referidas na subalínea anterior.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANOTAÇÃO

Consideram-se sujeitos passivos do imposto, nas operações relativas a criptoativos previstas

na verba 30 da Tabela Geral (comissões e contraprestações cobradas com ou sem intermediação de

prestadores de serviços de criptoativos):

Domiciliados em - os prestadores de serviços


território nacional

Não domiciliados em - os prestadores de serviços domiciliados em


Prestadores de território nacional território nacional que tenham intermediado
serviços as operações; ou
- caso as operações não tenham sido
intermediadas por entidades domiciliadas em
território nacional, pelos representantes
obrigatoriamente nomeados para o efeito

Artigo 3.º – Encargo do imposto


Redação anterior OE 2023
3 – Para efeitos do n.º 1, considera-se titular do interesse económico:
w) Nas operações realizadas por ou com
intermediação de prestador de serviços de
criptoativos, o cliente destes;

ANOTAÇÃO
Considera-se, na nova alínea w) do n.º 3 deste artigo, que, nas operações realizadas por ou

com intermediação de prestador de serviços de criptoativos, o titular do interesse económico – e,

por isso, quem está obrigado a suportar o encargo do imposto – é o cliente dos serviços.

Artigo 4.º – Territorialidade


Redação anterior OE 2023
4 – Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se bens situados em território nacional:
e) Os valores monetários depositados em e) Os valores monetários e os criptoativos
instituições com sede, direção efetiva ou depositados em instituições com sede, direção
estabelecimento estável em território nacional, efetiva ou estabelecimento estável em território
ou, não se tratando de valores monetários nacional, ou, não se tratando de valores
depositados, o autor da transmissão tenha monetários ou criptoativos depositados:
domicílio, sede, direção efetiva ou i) Nas sucessões por morte, quando o autor da
estabelecimento estável neste território; transmissão tenha domicílio em território

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

nacional;
ii) Nas restantes transmissões gratuitas, quando
o beneficiário tenha domicílio em território
nacional.
9 – Nas operações previstas na verba n.º 30 da
Tabela Geral, o imposto é devido sempre que o
prestador de serviços de criptoativos, ou o
cliente desses serviços, sejam domiciliados em
território nacional, considerando-se domicílio a
residência, sede, direção efetiva, filial, sucursal
ou estabelecimento estável.

ANOTAÇÃO
Estabelece-se no n.º 3 deste artigo que o imposto do selo é devido, nas transmissões gratuitas,

sempre que os bens estejam situados em território nacional.

Entretanto, no n.º 4 do mesmo artigo, estão definidas as regras a utilizar na apreciação a fazer

em matéria de territorialidade. Acrescentam-se agora, na alínea e) desta disposição, os


criptoativos.

Assim, passam a considerar-se situados em território nacional os criptoativos depositados

em instituições com sede, direção efetiva ou estabelecimento estável em território nacional ou, não

sendo depositados: (i) nas sucessões por morte, quando o autor da transmissão tenha domicílio em
território nacional; e, (ii) nas restantes transmissões gratuitas, quando o beneficiário tenha

domicílio em território nacional.

No tocante às comissões e contraprestações relativas a criptoativos, previstas na nova verba

30 da Tabela Geral do Imposto do Selo, o n.º 9 deste artigo 4.º, agora aditado, prevê que o imposto
seja devido sempre que o prestador ou o cliente dos serviços sejam domiciliados em território

nacional, considerando-se domicílio a residência, sede, direção efetiva, filial, sucursal ou

estabelecimento estável.

Artigo 5.º – Nascimento da obrigação tributária


Redação anterior OE 2023
1 – A obrigação tributária considera-se constituída:
x) Nas operações previstas na verba n.º 30 da
Tabela Geral, no momento da cobrança das
comissões e outras contraprestações.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANOTAÇÃO

Relativamente à verba 30 da Tabela Geral do Imposto do Selo – comissões e

contraprestações cobradas com ou sem intermediação de prestadores de serviços de criptoativos

–, a obrigação tributária nasce no momento da cobrança das comissões e contraprestações, nos


termos da nova alínea x) do n.º 1 deste artigo.

É aditado ao Código do Imposto do Selo, o artigo 14.º-A, com a seguinte redação:

Artigo 14.º-A

Valor tributável dos criptoativos

1 – O valor tributável dos criptoativos determina-se de acordo com as seguintes regras e pela

ordem indicada:

a) Por aplicação de regras específicas previstas no presente Código;

b) Pelo valor da cotação oficial, quando exista;

c) Pelo valor declarado pelo cabeça-de-casal ou pelo beneficiário, devendo, tanto quanto

possível, aproximar-se do valor de mercado.

2 – Para efeitos do disposto na alínea c) do número anterior, quando a Autoridade Tributária

e Aduaneira considere fundamentadamente que possa haver uma divergência entre o valor
declarado e o valor de mercado, tem a faculdade de proceder à determinação do valor tributável

com base no valor de mercado.

ANOTAÇÃO
A introdução deste artigo visou a determinação do valor tributário dos criptoativos nas

respetivas transmissões gratuitas.

Prevê-se nessa determinação a aplicação das seguintes regras, pela ordem indicada:

a) Por aplicação de regras específicas previstas no Código;


b) Pelo valor da cotação oficial, quando exista;

c) Pelo valor declarado pelo cabeça-de-casal ou pelo beneficiário, devendo, tanto quanto

possível, aproximar-se do valor de mercado.

Neste último caso, o n.º 2 do mesmo artigo confere à AT a faculdade de proceder à

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

determinação do valor tributável dos criptoativos com base no valor de mercado, quando

fundamentadamente considere que possa haver divergência entre o valor declarado e o valor de

mercado.

Artigo 42.º – Responsabilidade tributária


Redação anterior OE 2023
3 – Tratando-se das operações referidas nas 3 – Tratando-se das operações referidas nas
alíneas i), j) e l) do n.º 1 do artigo 2.º, a entidade a alíneas i), j), l) e u) do n.º 1 do artigo 2.º, a
quem os serviços são prestados é sempre entidade a quem os serviços são prestados é
responsável solidariamente com as entidades sempre responsável solidariamente com as
emitentes das apólices e com as instituições de entidades emitentes das apólices e com as
crédito, sociedades financeiras e demais instituições de crédito, sociedades financeiras e
entidades nelas referidas. demais entidades nelas referidas.

ANOTAÇÃO

Relativamente às comissões e contraprestações respeitantes a criptoativos – em que, como

vimos, os sujeitos passivos são os prestadores desses serviços –, os clientes são solidariamente

responsáveis com os prestadores.

Artigo 63.º-A – Levantamento de valores


Redação anterior OE 2023
1 – Nenhuma pessoa singular ou coletiva pode 1 – Nenhuma pessoa singular ou coletiva pode
autorizar o levantamento de quaisquer depósitos autorizar o levantamento de quaisquer depósitos
de valores monetários, participações sociais, de valores monetários, participações sociais,
valores mobiliários, títulos e certificados de valores mobiliários, títulos, certificados de
dívida pública que lhe tenham sido confiados, dívida pública e criptoativos que lhe tenham
que hajam constituído objeto de uma sido confiados, que hajam constituído objeto de
transmissão gratuita, por ela de qualquer forma uma transmissão gratuita, por ela de qualquer
conhecida, sem que se mostre pago o imposto do forma conhecida, sem que se mostre pago o
selo relativo a esses bens, ou, verificando-se imposto do selo relativo a esses bens, ou,
qualquer isenção, sem que se mostre cumprida a verificando-se qualquer isenção, sem que se
respetiva obrigação declarativa a que se refere o mostre cumprida a respetiva obrigação
n.º 2 do artigo 26.º. declarativa a que se refere o n.º 2 do artigo 26.º.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ANOTAÇÃO

A proibição de autorização do levantamento de depósitos de valores mobiliários,

participações sociais, valores mobiliários, títulos e certificados de dívida pública objeto de

transmissão gratuita de que haja conhecimento por qualquer via, sem que se mostre pago o

imposto do selo ou de que beneficie de qualquer isenção, é estendida aos criptoativos.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 241.º da Lei do Orçamento do Estado

Aditamento à Tabela Geral do Imposto do Selo

É aditada à Tabela Geral do Imposto do Selo, aprovada em anexo à Lei n.º 150/99, de 11 de

setembro, a verba n.º 30, com a seguinte redação:

Alteração à Tabela Geral do Imposto do Selo

Taxas
Verba Descrição
Anterior OE 2023

Criptoativos – Comissões e contraprestações cobradas por


30 ou com intermediação de prestadores de serviços de 4%
criptoativos – sobre o valor cobrado:

ANOTAÇÃO

As comissões e contraprestações cobradas por ou com intermediação de prestadores de

serviços de criptoativos passam a estar sujeitas a imposto do selo, à taxa de 4%.

Artigo 242.º da Lei do Orçamento do Estado

Alteração em sede de imposto do selo

1 – Estão isentas de imposto do selo, relativamente aos mútuos constituídos no âmbito do

regime legal do crédito à habitação e até ao montante do capital em dívida, as seguintes operações:

a) Alteração do prazo da qual resulte imposto a pagar, em função do diferencial de taxa

aplicável;
b) Prorrogação do prazo;

c) A celebração de um novo contrato de crédito, no âmbito do regime legal do crédito à

habitação, para refinanciamento da dívida.

2 – A isenção prevista no número anterior abrange as garantias prestadas que sejam

destinadas às operações previstas na alínea c) do número anterior e na alínea j) do n.º 1 do artigo

7.º do Código do Imposto do Selo, quando, em qualquer dos casos, o imposto do selo constitua

encargo dos respetivos mutuários.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

3 – As isenções previstas nos números anteriores aplicam-se aos factos tributários ocorridos

entre 1 de novembro de 2022 e 31 de dezembro de 2023.

ANOTAÇÃO

Esta medida junta-se ao pacote de soluções para a renegociação dos créditos aprovado pelo

Governo para fazer face ao impacto do atual contexto de subida rápida de taxas de juro na taxa de

esforço das famílias e que estará em vigor até ao final do próximo ano.

Consiste na isenção de Imposto do Selo relativo aos mútuos constituídos no âmbito do


regime legal do crédito à habitação e até ao montante do capital em dívida, no que se refere às

seguintes operações:

• Alteração do prazo da qual resulte imposto a pagar, em função do diferencial de taxa

aplicável;
• Prorrogação do prazo;

• A celebração de um novo contrato de crédito, no âmbito do regime legal do crédito à

habitação, para refinanciamento da dívida.

Esta isenção abrange as garantias prestadas que sejam destinadas à (i) celebração de um

novo contrato de crédito, no âmbito do regime legal do crédito à habitação, para refinanciamento

da dívida, bem como aos (ii) mútuos constituídos no âmbito do regime legal do crédito à habitação

até ao montante do capital em dívida, quando deles resulte mudança da instituição de crédito ou

sub-rogação nos direitos e garantias do credor hipotecário, nos termos do artigo 591.º do Código

Civil. Esta isenção sobre as garantias só se aplica quando o Imposto do Selo constitua encargo dos

respetivos mutuários.

Estas isenções aplicam-se aos factos tributários ocorridos entre 1 de novembro de 2022 e 31

de dezembro de 2023.

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE IMÓVEIS

CÓDIGO DO IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE IMÓVEIS

Artigo 112.º – Taxas


Redação anterior OE 2023
3 – Salvo quanto aos prédios abrangidos pela alínea b) do n.º 2 do artigo 11.º, as taxas previstas nas
alíneas b) e c) do n.º 1 são elevadas, anualmente, ao triplo nos casos:
a) De prédios urbanos que se encontrem a) De prédios urbanos que se encontrem
devolutos há mais de um ano, ou prédios em devolutos há mais de um ano, ou prédios em
ruínas, como tal definidos em diploma próprio; ruínas, como tal definidos em diploma próprio,
cujo estado de conservação não tenha sido
motivado por desastre natural ou calamidade;
b) Prédios urbanos parcialmente devolutos, incidindo o agravamento da taxa, no caso dos prédios
não constituídos em propriedade horizontal, apenas sobre a parte do valor patrimonial tributário
correspondente às partes devolutas.
8 – Os municípios, mediante deliberação da 8 – Os municípios, mediante deliberação da
assembleia municipal, podem majorar até 30% a assembleia municipal, podem majorar até 30% a
taxa aplicável a prédios urbanos degradados, taxa aplicável a prédios urbanos degradados,
considerando-se como tais os que, face ao seu considerando-se como tais os que, face ao seu
estado de conservação, não cumpram estado de conservação, não cumpram
satisfatoriamente a sua função ou façam perigar satisfatoriamente a sua função ou façam perigar
a segurança de pessoas e bens. a segurança de pessoas e bens, exceto quando tal
seja motivado por desastre natural ou
calamidade.
19 – Os municípios, mediante deliberação da
assembleia municipal, podem definir uma
majoração da taxa que vigorar no ano a que
respeita o imposto a aplicar aos prédios ou
partes de prédio localizados em zonas de
pressão urbanística, como tal definidas em
diploma próprio, nos seguintes termos:
a) Até 100% nos casos em que estejam afetos a
alojamento local;
b) Até 25% nos casos em que, tendo por destino a
habitação, não se encontrem arrendados para
habitação ou afetos a habitação própria e
permanente do sujeito passivo.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

20 – A majoração prevista no número anterior é


elevada a 50% sempre que o sujeito passivo do
imposto seja uma pessoa coletiva ou outra
entidade fiscalmente equiparada.

ANOTAÇÃO

Os imóveis que se encontrem devolutos há mais de um ano ou em ruínas deixam de estar


abrangidos pelo agravamento da taxa do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) caso o seu estado

de conservação tenha sido causado por desastre natural ou calamidade.

Mediante deliberação em assembleia municipal, a taxa de IMI dos imóveis localizados em

zonas de pressão urbanística e afetos ao alojamento local pode ser majorada em até 100% da taxa, e
em até 25% nos casos em que, tendo por destino a habitação, não se encontrem arrendados para

habitação ou afetos a habitação própria e permanente do sujeito passivo.

Esta majoração é elevada “a 50%” sempre que o sujeito passivo do imposto seja uma pessoa

coletiva ou outra entidade fiscalmente equiparada. Trata-se de redação que não nos parece muito
feliz e que poderá vir a suscitar esclarecimentos futuros.

Artigo 112.º-B – Prédios devolutos localizados em zonas de pressão urbanística


Redação anterior OE 2023
1 – Os prédios urbanos ou frações autónomas 1 – Os prédios urbanos ou frações autónomas
que se encontrem devolutos há mais de dois que se encontrem devolutos há mais de um ano,
anos, os prédios em ruínas, bem como os os prédios em ruínas, bem como os terrenos para
terrenos para construção inseridos no solo construção inseridos no solo urbano e cuja
urbano e cuja qualificação em plano municipal qualificação em plano municipal de
de ordenamento do território atribua aptidão ordenamento do território atribua aptidão para o
para o uso habitacional, sempre que se localizem uso habitacional, sempre que se localizem em
em zonas de pressão urbanística, como tal zonas de pressão urbanística, como tal definidas
definidas em diploma próprio, estão sujeitos ao em diploma próprio, estão sujeitos ao seguinte
seguinte agravamento, em substituição do agravamento, em substituição do previsto no
previsto no n.º 3 do artigo 112.º: n.º 3 do artigo 112.º:
a) A taxa prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo 112.º é elevada ao sêxtuplo, agravada, em cada ano
subsequente, em mais 10 %;
b) O agravamento referido tem como limite máximo o valor de 12 vezes a taxa prevista na alínea c)
do n.º 1 do artigo 112.º.
3 – O limite previsto na alínea b) do n.º 1 pode,
mediante deliberação da assembleia municipal,

97
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ser aumentado em:


a) 25% sempre que o prédio urbano ou fração
autónoma se destine a habitação e, no ano a que
respeita o imposto, não se encontre arrendado
para habitação ou afeto a habitação própria e
permanente do sujeito passivo;
b) 50% sempre que o sujeito passivo do imposto
seja uma pessoa coletiva ou outra entidade
fiscalmente equiparada.

ANOTAÇÃO

O agravamento da taxa do IMI aplicável aos prédios urbanos ou frações autónomas que se

encontrem devolutos e que se localizem em zonas de pressão urbanística, passa a aplicar-se

quando os imóveis se encontrem devolutos há mais de um ano (quando até aqui era há mais de

dois anos).

O limite previsto na alínea b) do n.º 1 (12 vezes a taxa prevista na alínea c) do n.º 1 do artigo

112.º, que varia entre 0,3% e 0,45%) pode, mediante deliberação da assembleia municipal, ser

aumentado em:

a) 25% sempre que o prédio urbano ou fração autónoma se destine a habitação e, no ano a

que respeita o imposto, não se encontre arrendado para habitação ou afeto a habitação própria e

permanente do sujeito passivo;

b) 50% sempre que o sujeito passivo do imposto seja uma pessoa coletiva ou outra entidade
fiscalmente equiparada.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE AS TRANSMISSÕES

ONEROSAS DE IMÓVEIS

CÓDIGO DO IMT

Artigo 7.º – Isenção pela aquisição de prédios para revenda


Redação anterior OE 2023
3 – Para efeitos do disposto na parte final do 3 – Para efeitos do disposto na parte final do
número anterior, considera-se que o sujeito número anterior, considera-se que o sujeito
passivo exerce normal e habitualmente a passivo exerce normal e habitualmente a
atividade quando comprove o seu exercício no atividade quando comprove o seu exercício nos
ano anterior mediante certidão passada pelo dois anos anteriores mediante certidão passada
serviço de finanças competente, devendo constar pelo serviço de finanças competente, quando
sempre daquela certidão se, no ano anterior, foi daquela certidão constar que, em cada um dos
adquirido para revenda ou revendido algum dois anos anteriores, foram revendidos prédios
prédio antes adquirido para esse fim. antes adquiridos para esse fim.

ANOTAÇÃO

Pode dizer-se que existem duas modalidades de isenção:

a) Isenções com pagamento, que constituem a regra, em que previamente é efetuada a

liquidação e pagamento do imposto, sendo restituído no caso de se verificarem as condições


estabelecidas para o efeito;

b) Isenções sem pagamento, que são atribuídas à partida, pelo que não é em princípio feita

qualquer liquidação, nem, consequentemente, pagamento, ficando normalmente condicionadas à

verificação de requisitos que, a serem incumpridos, implicam a ulterior liquidação e pagamento do

imposto.

No caso da isenção pela aquisição de prédios para revenda, prevista no artigo 7.º do Código

do IMT, o n.º 2 deste artigo prevê que seja uma isenção com pagamento, salvo se se reconhecer que

o adquirente exerce normal e habitualmente a atividade de comprador de prédios para revenda.

O conceito de exercício normal e habitual dessa atividade está definido no n.º 3, que foi

alterado através da Lei do OE/2023.

Até então, o reconhecimento desse exercício de atividade operava-se com base em certidão

emitida pelo serviço de finanças competente, confirmando o exercício no ano anterior através da

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

aquisição ou revenda de imóvel adquirido para revenda.

Agora, passa a exigir-se que a certidão comprove a realização, em cada um dos dois anos

anteriores, de revenda de prédios adquiridos antes para revenda.

Resulta daqui que uma sociedade cujo objeto seja a compra e venda de imóveis apenas pode

obter uma isenção de IMT sem pagamento mais de um ano depois de ter iniciado a sua atividade.

Artigo 12.º – Valor tributável


Redação anterior OE 2023
5 – Para efeitos dos números anteriores, considera-se, designadamente, valor constante do ato ou do
contrato, isolada ou cumulativamente:
b) O valor dos móveis dados em troca, a b) O valor dos móveis, incluindo criptoativos,
determinar nos termos do Código do Imposto do dados em troca, a determinar nos termos do
Selo; Código do Imposto do Selo;
6 – O disposto na regra 4.ª do n.º 4 fica sem efeito
relativamente aos bens imóveis que sejam
transmitidos no prazo de um ano a contar da
data da permuta, caso em que o primitivo
permutante que transmitiu o imóvel deve
apresentar declaração de modelo oficial, no
serviço de finanças competente, no prazo de 30
dias a contar da data da transmissão.

ANOTAÇÃO

No âmbito das regras previstas para a determinação do valor tributável em IMT, considera-

-se valor constante do ato ou do contrato, o valor dos móveis – agora incluindo criptoativos –

dados em troca, a determinar nos termos do Código do Imposto do Selo.

A alínea c) do artigo 4.º do Código do IMT estabelece que nos contratos de troca ou permuta

– considerando-se como tais os contratos em que as prestações de ambos os permutantes

compreendem bens imóveis – o imposto é devido pelo permutante que receber os bens de maior
valor. Por seu turno, na alínea b) do n.º 5 do artigo 2.º do mesmo Código, o que fica sujeito a IMT é

a maior das diferenças entre os valores declarados e os valores patrimoniais tributários.

No domínio da quantificação do valor tributário em IMT, a regra 4.ª do n.º 4 do artigo 12.º

diz textualmente:
“Nas permutas de bens imóveis, toma-se para base da liquidação a diferença declarada de valores,

100
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

quando superior à diferença entre os valores patrimoniais tributários.”

Estabelece-se agora, no novo n.º 6 do artigo 12.º, em relação a esta disposição:

“O disposto na regra 4.ª do n.º 4 fica sem efeito relativamente aos bens imóveis que sejam transmitidos

no prazo de um ano a contar da data da permuta, caso em que o primitivo permutante que transmitiu o
imóvel deve apresentar declaração de modelo oficial, no serviço de finanças competente, no prazo de 30 dias a

contar da data da transmissão.”

Pretende-se, tanto quanto parece, criar uma norma qualificável como antiabuso, no sentido

de evitar a figura das chamadas “permutas técnicas”, realizadas com o propósito de, mesmo não

se projetando inicialmente operar uma verdadeira permuta, aproveitar as vantagens resultantes do

seu regime fiscal em IMT.

Exemplifiquemos:

A pretende vender um apartamento a B e adquirir uma moradia a C.


Em condições normais, A pagará IMT em relação à casa e B pagará IMT em relação ao

apartamento.

Alternativamente, A poderá fazer uma permuta com C, entregando-lhe o apartamento e

recebendo a moradia em troca. Subsequentemente, C vende a B o apartamento que recebeu de A.

Nesta hipótese, como é bom de ver, B paga IMT em relação ao apartamento, igual ao que

teria pago se a aquisição fosse feita a A. Entretanto, em vez de A pagar IMT em relação à moradia,

o imposto será agora inferior, pois incidirá sobre a diferença entre os valores da moradia e do

apartamento.
Por conseguinte, pretende-se agora penalizar este tipo de situações, designadamente

quando, no prazo de um ano a contar da data da permuta, um ou mais dos imóveis dela objeto são

alienados.

O que se diz no novo n.º 6 do artigo 12.º é que o disposto na regra 4.ª do n.º 4 – tributação
pela maior das diferenças entre valores declarados e valores patrimoniais tributários – fica sem

efeito relativamente aos bens imóveis que sejam transmitidos no prazo de um ano a contar da data

da permuta.

Duas interpretações nos parecem possíveis no tocante a este novo preceito, embora uma nos

pareça mais razoável que a outra.

Efetivamente, quando se diz que “o disposto na regra 4.ª do n.º 4 fica sem efeito”, pode

concluir-se que, ficando a regra sem efeito, deixará de ter aplicação em relação aos dois

permutantes, e não apenas em relação àquele que transmitiu os bens que recebeu na permuta.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Nesse caso, a perda de efeito da regra determinaria, não apenas a eventual retificação da

liquidação de IMT em relação ao permutante alienante, como em relação à contraparte.

Não nos parece ser esta a melhor interpretação do novo n.º 6 do artigo 12.º, que, além do

mais, levantaria a questão de saber como é que o permutante não alienante iria ser avisado do fim

do regime da permuta, com vista à prática de uma liquidação adicional. Por outro lado, dar-se-ia a

circunstância de esse permutante ficar dependente de uma futura alienação, projetada ou não, por

parte de outro permutante, o que não nos parece razoável.

Nestes termos, somos conduzidos à interpretação segundo a qual a revenda de um imóvel


objeto de permuta no prazo de um ano a contar da data desta apenas tem efeito em relação ao

permutante que procede a essa revenda.

Ora, afigura-se-nos que esta interpretação é a mais consentânea com a letra da lei, já que esta

estabelece que o disposto na regra 4.ª do n.º 4 fica sem efeito relativamente os bens imóveis que
sejam transmitidos no referido prazo. E acrescenta que, nesse caso, o primitivo permutante que

transmitiu o imóvel deve apresentar declaração de modelo oficial, no serviço de finanças

competente, no prazo de 30 dias a contar da data da transmissão.

A ser válida esta interpretação, como pensamos, se algum dos permutantes vender um

imóvel recebido na permuta no prazo de um ano a contar da data desta, deixará de beneficiar da

aplicação da regra em apreço, devendo ser liquidado o imposto como se o tivesse adquirido, não

por permuta, mas por simples compra, sem que daí decorra qualquer implicação para o outro

permutante.

Exemplo numérico

A pagará IMT sobre a maior das diferenças entre os valores declarados e os VPT´s, ou seja,

sobre € 130 000 (€ 410 000 - € 280 000).

Se C vender o apartamento a B dentro do prazo de um ano após a realização da permuta,


ficará sem efeito o mecanismo da permuta, sendo-lhe exigível o IMT correspondente ao

apartamento, ou seja, calculado sobre o maior dos valores entre o declarado e o VPT, isto é, sobre

€ 400 000.

102
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Partindo da mesma operação, se for A a vender, no mesmo prazo de um ano, a moradia que

recebeu de C, do mesmo modo ficará sem efeito o mecanismo da permuta, sendo A obrigado a

pagar o diferencial correspondente à diferença entre o valor tributável da moradia (€ 500 000) e o

valor inicialmente tributado (€ 130 000).

Artigo 17.º – Taxas


Redação anterior OE 2023
1 – As taxas do IMT são as seguintes:
a) Aquisição de prédio urbano ou de fração autónoma de prédio urbano destinado exclusivamente a
habitação própria e permanente:
Valor sobre que incide o IMT
Valor sobre que incide o IMT Taxas percentuais Taxas percentuais
(em euros)
(em euros)
Marginal Média* Marginal Média*

Até 93 331 0 0 Até 97 064 0 0

De mais de 93 331 e até 127 667 2 0,537 9 De mais de 97 064 e até 132 774 2 0,537 9

De mais de 127 667 e até 174 071 5 1,727 4 De mais de 132 774 e até 181 034 5 1,727 4

De mais de 174 071 e até 290 085 7 3,836 1 De mais de 181 034 e até 301 688 7 3,836 1

De mais de 290 085 e até 580 066 8 - De mais de 301 688 e até 603 269 8 -

Superior a 580 066 e até 1 010 000 6 (taxa única) Superior a 603 269 e até 1 050 400 6 (taxa única)

Superior a 1 010 000 7,5 (taxa única) Superior a 1 050 400 7,5 (taxa única)
(*) No limite superior do escalão

b) Aquisição de prédio urbano ou de fração autónoma de prédio urbano destinado exclusivamente a


habitação, não abrangidas pela alínea anterior:
Valor sobre que incide o IMT
Valor sobre que incide o IMT Taxas percentuais Taxas percentuais
(em euros)
(em euros)
Marginal Média* Marginal Média*

Até 93 331 1 1 Até 97 064 1 1

De mais de 93 331 e até 127 667 2 1,268 9 De mais de 97 064 e até 132 774 2 1,268 9

De mais de 127 667 e até 174 071 5 2,263 6 De mais de 132 774 e até 181 034 5 2,263 6

De mais de 174 071 e até 290 085 7 4,157 8 De mais de 181 034 e até 301 688 7 4,157 8

De mais de 290 085 e até 556 344 8 - De mais de 301 688 e até 578 598 8 -

Superior a 556 344 e até 1 010 000 6 (taxa única) Superior a 578 598 e até 1 050 400 6 (taxa única)
Superior a 1 010 000 7,5 (taxa única) Superior a 1 050 400 7,5 (taxa única)
(*) No limite superior do escalão

3 – Quando, relativamente às aquisições a que se 3 – Quando, relativamente às aquisições a que se


referem as alíneas a) e b) do n.º 1, o valor sobre referem as alíneas a) e b) do n.º 1, o valor sobre
que incide o imposto for superior a € 93 331, é que incide o imposto for superior ao limite do 1.º
dividido em duas partes, sendo uma igual ao escalão, é dividido em duas partes, sendo uma

103
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

limite do maior dos escalões que nela couber, à igual ao limite do maior dos escalões que nela
qual se aplica a taxa média correspondente a este couber, à qual se aplica a taxa média
escalão, e outra, igual ao excedente, a que se correspondente a este escalão, e outra, igual ao
aplica a taxa marginal respeitante ao escalão excedente, a que se aplica a taxa marginal
imediatamente superior. respeitante ao escalão imediatamente superior.
9 – Para efeitos do disposto nas alíneas a) e b) do
n.º 1, nas permutas de imóveis é aplicável, com as
devidas adaptações, o disposto na alínea b) do
n.º 6.

ANOTAÇÃO

Os limites dos escalões de taxas do IMT aplicáveis na aquisição de prédios urbanos ou de

frações autónomas de prédios urbanos destinados exclusivamente a habitação foram atualizados à

taxa de 4%.

Dos novos limites resultaram as tabelas simplificadas que passamos a apresentar:

a) Aquisição de prédio urbano ou de fração autónoma de prédio urbano destinado

exclusivamente a habitação própria e permanente:

Valor sobre que incide o Parcela a


Taxa Valores em €
IMT abater
Até 97 064 0 -
De mais de 97 064 e até 132 774 2% 1 941,28
De mais de 132 774 e até 181 034 5% 5 924,50
De mais de 181 034 e até 301 688 7% 9 545,18
De mais de 301 688 e até 603 269 8% 12 562,06
Superior a 603 269 e até 1 050 400 Taxa única de 6%
Superior a 1 050 400 Taxa única de 7,5%

b) Aquisição de prédio urbano ou de fração autónoma de prédio urbano destinado

exclusivamente a habitação, não abrangidas pela alínea anterior:

Valores em €
Parcela a
Valor sobre que incide o IMT Taxa
abater
Até 97 064 1% -
De mais de 97 064 e até 132 774 2% 970,64
De mais de 132 774 e até 181 034 5% 4 953,86
De mais de 181 034 e até 301 688 7% 8 574,54
De mais de 301 688 e até 578 598 8% 11 891,42
Superior a 578 598 e até 1 050 400 Taxa única de 6%
Superior a 1 050 400 Taxa única de 7,5%

104
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

De harmonia com o novo n.º 9 deste artigo, relativamente às taxas previstas para prédios

urbanos e frações de prédios urbanos, no caso de permutas de imóveis é aplicável, com as devidas

adaptações, o disposto na alínea b) do n.º 6, ou seja:

“Se no ato não se transmitir a totalidade do prédio ou se se transmitirem figuras parcelares do direito

de propriedade, ou da propriedade separada dessas figuras parcelares, ao valor tributável aplica-se a taxa

correspondente ao valor global do prédio tendo em consideração a parte ou o direito transmitidos.”

Artigo 20.º – Conteúdo da declaração


Redação anterior OE 2023
1 – Para efeitos da liquidação, deve o interessado fornecer os seguintes elementos:

a) A identificação dos imóveis ou a indicação de a) A identificação dos imóveis ou a indicação de

estarem omissos nas matrizes, bem como o valor estarem omissos nas matrizes, bem como o valor

constante do ato ou do contrato; de cada prédio, da parte indivisa ou do direito a

que o ato ou contrato respeitar, devendo também

mencionar-se o valor global dos bens ou direitos


transmitidos;

ANOTAÇÃO

Aos elementos que os sujeitos passivos devem fornecer com vista à liquidação do IMT é

agora acrescentada a indicação do valor de cada prédio, da parte indivisa ou do direito a que o ato

ou contrato respeitar, bem como o valor global dos bens ou direitos transmitidos.

Tanto quanto parece, pretendeu-se dar sequência ao novo tratamento previsto para as

permutas.

105
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

BENEFÍCIOS FISCAIS

ESTATUTO DOS BENEFÍCIOS FISCAIS

1. INCENTIVO FISCAL À VALORIZAÇÃO SALARIAL

Este novo incentivo passou a integrar o artigo 19.º-B, com a seguinte redação:

Artigo 19.º-B
Incentivo fiscal à valorização salarial

1 – Para a determinação do lucro tributável dos sujeitos passivos de IRC e dos sujeitos

passivos de IRS com contabilidade organizada, os encargos correspondentes ao aumento

determinado por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho dinâmica relativos a

trabalhadores com contrato de trabalho por tempo indeterminado são considerados em 150% do

respetivo montante, contabilizado como custo do exercício.

2 – Estão excluídos do presente regime os sujeitos passivos relativamente aos quais se


verifique um aumento do leque salarial dos trabalhadores face ao exercício anterior.

3 – Apenas são considerados os encargos:

a) Relativos a trabalhadores cuja remuneração tenha aumentado em pelo menos 5,1% entre o

último dia do período de tributação do exercício em causa e o último dia do período de tributação
do exercício anterior;

b) Acima da remuneração mínima mensal garantida aplicável no último dia do período de

tributação do exercício em causa.

4 – Para efeitos do disposto nos números anteriores, consideram-se:

a) «Encargos», os montantes suportados pela entidade empregadora com o trabalhador, a

título da remuneração fixa e das contribuições para a segurança social a cargo da mesma entidade;

b) «Instrumento de regulamentação coletiva de trabalho dinâmica», a outorga ou renovação

de instrumento de regulação coletiva de trabalho concluída há menos de três anos;

c) «Leque salarial», a diferença entre os montantes anuais da maior e menor remuneração

fixa dos trabalhadores, apurada no último dia do período de tributação do exercício em causa.

5 – O montante máximo dos encargos majoráveis, por trabalhador, é o correspondente a

106
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

quatro vezes a retribuição mínima mensal garantida.

6 – Para efeitos do disposto no n.º 1, não são considerados:

a) Os trabalhadores que integrem o agregado familiar da entidade patronal;

b) Os membros de órgãos sociais do sujeito passivo de IRC;

c) Os trabalhadores que detenham direta ou indiretamente uma participação não inferior a

50% do capital social ou dos direitos de voto do sujeito passivo de IRC.

ANOTAÇÃO
A introdução deste novo incentivo fiscal decorre do previsto no “Acordo de Médio Prazo de

Melhoria dos Rendimentos, dos Salários e da Competitividade”, nos termos seguintes:

“Majoração em 50% dos custos com a valorização salarial (remunerações e contribuições sociais), em

sede de Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC), para todas as empresas que:
a. Tenham contratação coletiva dinâmica, considerando-se para o efeito a outorga ou renovação de

Instrumento de Regulamentação Coletiva de Trabalho há menos de três anos;

b. Valorizem anualmente os salários em linha ou acima dos valores constantes no Acordo e no quadro

de Instrumento de Regulamentação Coletiva de Trabalho;

c. Reduzam o leque salarial, considerando-se para o efeito o rácio entre a parcela da remuneração base

dos 10% de trabalhadores mais bem remunerados em relação ao total e a parcela de remuneração base dos

10% de trabalhadores menos bem remunerados em relação ao total.”

Não são abrangidos por este incentivo os sujeitos passivos relativamente aos quais se

verifique um aumento do leque salarial dos trabalhadores face ao exercício anterior, definindo-se

leque salarial como sendo a diferença entre os montantes anuais da maior e menor remuneração

fixa dos trabalhadores, apurada no último dia do período de tributação do exercício em causa.

A majoração de 50% é aplicável aos montantes suportados pela entidade empregadora com o

trabalhador, a título de remuneração fixa e das correspondentes contribuições da mesma entidade

para a segurança social, tendo os encargos majoráveis um limite, por trabalhador, correspondente

a 4 vezes a retribuição mínima mensal garantida, ou seja, para 2023, 4 x € 760 = € 3 040.

São abrangidos os trabalhadores cuja remuneração tenha aumentado em pelo menos 5,1%

entre o último dia do período de tributação do exercício em causa e o último dia do período de

tributação do exercício anterior.

Como disposição antiabuso, prevê-se que não sejam considerados:

a) Os trabalhadores que integrem o agregado familiar da entidade patronal (quando se trate,

107
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

naturalmente, de pessoas singulares);

b) Os membros dos órgãos sociais da entidade pagadora;

c) Os trabalhadores que detenham direta ou indiretamente uma participação não inferior a

50% do capital social ou dos direitos de voto da mesma entidade.

De acordo com o n.º 2 do artigo 282.º da Lei do Orçamento do Estado para 2023, esta norma

cessa a sua vigência em 31 de dezembro de 2026.

2. BENEFÍCIOS FISCAIS À INTERIORIDADE

As alterações introduzidas neste domínio através da Lei do OE/2023 foram as seguintes:

Artigo 41.º-B – Benefícios fiscais aplicáveis aos territórios do Interior e às Regiões Autónomas
Redação anterior OE 2023
1 – Às empresas que exerçam, diretamente e a 1 – Às empresas que exerçam, diretamente e a
título principal, uma atividade económica de título principal, uma atividade económica de
natureza agrícola, comercial, industrial ou de natureza agrícola, comercial, industrial ou de
prestação de serviços em territórios do interior, prestação de serviços em territórios do interior,
que sejam qualificadas como micro, pequenas que sejam qualificadas como micro, pequenas ou
ou médias empresas, nos termos previstos no médias empresas ou empresas de pequena-
anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de -média capitalização (Small Mid Cap), nos termos
novembro, é aplicável a taxa de IRC de 12,5% previstos no anexo ao Decreto-Lei n.º 372/2007,
aos primeiros 25 000 € de matéria coletável. de 6 de novembro, é aplicável a taxa de IRC de
12,5% aos primeiros 50 000 € de matéria
coletável.
4 – Aos sujeitos passivos abrangidos pelo n.º 1 é 4 – [Revogado].
aplicável uma majoração de 20% à dedução
máxima prevista no n.º 1 do artigo 29.º do
Código Fiscal do Investimento quando estejam
em causa investimentos elegíveis realizados em
territórios do Interior.
6 – Para determinação do lucro tributável das
empresas a que se refere o n.º 1, os encargos
correspondentes à criação líquida de postos de
trabalho são considerados em 120% do respetivo
montante, contabilizado como custo do exercício.

108
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

7 – Para efeitos do número anterior considera-se:


a) «Criação líquida de postos de trabalho», o
aumento líquido do número de trabalhadores
diretamente empregados na empresa, calculado
pela diferença entre a média mensal do exercício
em causa e a média mensal do exercício anterior;
b) «Encargos», os montantes suportados pela
entidade empregadora com o trabalhador, a
título da remuneração fixa e das contribuições
para a segurança social a cargo da mesma
entidade.
8 – Para efeitos do disposto nos n.os 6 e 7 apenas
são considerados os postos de trabalho
referentes a trabalhadores a tempo
indeterminado que aufiram rendimentos de
trabalho dependente que residam, para efeitos
fiscais, em territórios do interior, sendo
excluídos do cômputo do número de postos de
trabalho:
a) Os trabalhadores cedidos por empresas de
trabalho temporário, no que respeita às
respetivas entidades utilizadoras;
b) Os trabalhadores em regime de cedência
ocasional, no que respeita à entidade cessionária;
c) Os trabalhadores em regime de pluralidade de
empregadores, quando o empregador que
representa os demais no âmbito da relação de
trabalho não preencha as condições previstas nos
n.os 1 e 2.
8 – No caso de estudantes que frequentem 11 – No caso de estudantes que frequentem
estabelecimentos de ensino situados em estabelecimentos de ensino situados em
território do Interior identificado na portaria a território do interior identificado na portaria a
que se refere o n.º 6, ou em estabelecimentos de que se refere o n.º 10, ou em estabelecimentos de
ensino situados nas Regiões Autónomas, é ensino situados nas regiões autónomas, é
aplicável uma majoração de 10 pontos aplicável uma majoração de 10 pontos
percentuais ao valor suportado a título de percentuais ao valor suportado a título de
despesas de educação e formação a que se refere despesas de educação e formação a que se refere
o n.º 1 do artigo 78.º-D do Código do IRS, sendo o n.º 1 do artigo 78.º-D do Código do IRS, sendo

109
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

o limite global aí estabelecido elevado para o limite global aí estabelecido elevado para
€ 1 000 quando a diferença seja relativa a estas 1000 € quando a diferença seja relativa a estas
despesas. despesas.
9 – A dedução à coleta do IRS a que se refere a 12 – A dedução à coleta do IRS a que se refere a
alínea a) do n.º 1 do artigo 78.º-E do Código do alínea a) do n.º 1 do artigo 78.º-E do Código do
IRS tem o limite de € 1 000 durante três anos, IRS tem o limite de 1000 € durante três anos,
sendo o primeiro o da celebração do contrato, sendo o primeiro o da celebração do contrato, no
no caso de os encargos aí previstos resultarem caso de os encargos aí previstos resultarem da
da transferência da residência permanente para transferência da residência permanente para um
um território do Interior identificado na portaria território do interior identificado na portaria a
a que se refere o n.º 6. que se refere o n.º 10.
10 – Para efeitos do disposto nos n.os 7 e 8, os 13 – Para efeitos do disposto nos n.os 11 e 12, os
sujeitos passivos devem indicar no Portal das sujeitos passivos devem indicar no Portal das
Finanças: Finanças:
a) No prazo previsto no n.º 6 do artigo 58.º-A do a) No prazo previsto no n.º 6 do artigo 58.º-A do
Código do IRS, os membros do agregado Código do IRS, os membros do agregado
familiar que frequentam estabelecimentos de familiar que frequentam estabelecimentos de
ensino situados em território do Interior ou das ensino situados em território do interior ou das
Regiões Autónomas e o valor total das regiões autónomas e o valor total das respetivas
respetivas despesas suportadas; despesas suportadas;
b) As faturas ou outro documento que sejam b) As faturas ou outro documento que sejam
relativas a arrendamento de que resulte a relativas a arrendamento de que resulte a
transferência da residência permanente para um transferência da residência permanente para um
território do Interior. território do interior.
Nota: O anterior n.º 6 corresponde ao novo n.º 9. O anterior n.º 7 corresponde ao novo n.º 10.

ANOTAÇÃO

No âmbito dos benefícios fiscais aos territórios do Interior, existem duas alterações no n.º 1

deste artigo em matéria de taxas.

Por um lado, o preceito passa a aplicar-se, não apenas a PME´s, mas também a empresas de

pequena-média capitalização (Small Mid Cap).

Conforme consta dos n.os 3 e 4 do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro:
“3 – Na categoria das empresas de média capitalização considera-se como uma empresa de pequena-

média capitalização (Small Mid Cap) aquela que empregue menos de 500 pessoas.

4 – Para efeitos da aplicação dos conceitos constantes dos n.os 2 e 3, as empresas devem ser

consideradas como sendo autónomas, nos termos do n.º 1 do artigo 3.º do anexo ao presente decreto-lei,

110
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

independentemente das relações estabelecidas com outras empresas, através de detenções de capital ou

direitos de voto.”

Por outro lado, a taxa de 12,5%, que se aplicava aos primeiros € 25 000 de matéria coletável,

passa agora a aplicar-se aos primeiros € 50 000 de matéria coletável.

Foi eliminada a majoração de 20% que se aplicava à dedução máxima prevista no n.º 1 do

artigo 29.º do Código Fiscal do Investimento quando estivessem em causa investimentos elegíveis

realizados em territórios do Interior.

Passa a prever-se um benefício adicional para as empresas contempladas neste artigo,

considerando-se em 120% os encargos correspondentes à criação líquida de postos de trabalho.

Considera-se criação líquida de postos de trabalho o aumento líquido do número de


trabalhadores empregados na empresa, calculado pela diferença entre a média mensal do exercício

em causa e a média mensal do exercício anterior.

Quanto aos encargos a majorar, serão os montantes suportados pela entidade empregadora

com o trabalhador, a título de remuneração fixa e das contribuições para a segurança social a cargo

da mesma entidade.

Ainda para efeitos do cômputo da criação líquida, apenas são considerados os postos de

trabalho referentes a trabalhadores a tempo indeterminado que aufiram rendimentos do trabalho

dependente residentes, para efeitos fiscais, em territórios do interior, excluindo-se:


a) Os trabalhadores cedidos por empresas de trabalho temporário, no que respeita às

respetivas entidades utilizadoras;

b) Os trabalhadores em regime de cedência ocasional, no que respeita à entidade cessionária;

c) Os trabalhadores em regime de pluralidade de empregadores, quando o empregador que


representa os demais no âmbito da relação de trabalho não preencha as condições previstas nos

n.os 1 e 2 deste artigo, ou seja, não exerçam, diretamente e a título principal, uma atividade

económica de natureza agrícola, comercial, industrial ou de prestação de serviços em territórios do

interior, qualificadas como PME´s ou empresas de pequena-média capitalização (Small Mid Cap),
ou que não exerçam a sua atividade ou não tenham direção efetiva nas áreas beneficiárias, tenham

salários em atraso, resultem de cisão efetuada nos dois anos anteriores à usufruição dos benefícios

ou cuja determinação do lucro tributável seja feito através de métodos indiretos de tributação,

salvo no âmbito do regime simplificado.

111
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

3. REGIME FISCAL DE INCENTIVO À CAPITALIZAÇÃO DAS EMPRESAS

Este novo regime passa a constar do novo artigo 43.º-D do EBF, com a seguinte redação:

Artigo 43.º-D

Regime fiscal de incentivo à capitalização das empresas

1 – Na determinação do lucro tributável das sociedades comerciais ou civis sob forma

comercial, cooperativas, empresas públicas, e demais pessoas coletivas de direito público ou

privado com sede ou direção efetiva em território português pode ser deduzida uma importância

correspondente à aplicação da taxa de 4,5% ao montante dos aumentos líquidos dos capitais

próprios elegíveis.
2 – A taxa prevista no número anterior é majorada em 0,5 pontos percentuais caso o sujeito

passivo se qualifique como micro, pequena ou média empresa ou empresa de pequena-média

capitalização (Small Mid Cap), de acordo com os critérios previstos no anexo ao Decreto-Lei

n.º 372/2007, de 6 de novembro.

3 – Para efeitos da dedução prevista no n.º 1, o montante dos aumentos líquidos dos capitais

próprios elegíveis corresponde à soma algébrica dos aumentos líquidos dos capitais próprios

elegíveis verificados em cada um dos nove períodos de tributação anteriores, considerando-se que

o montante dos aumentos líquidos dos capitais próprios elegíveis corresponde a zero nas situações
em que o resultado dessa soma algébrica for negativo.

4 – A dedução prevista nos números anteriores não pode exceder, em cada período de

tributação, o maior dos seguintes limites:

a) € 2 000 000; ou
b) 30% do resultado antes de depreciações, amortizações, gastos de financiamento líquidos e

impostos, nos termos do artigo 67.º do Código do IRC.

5 – A parte da dedução que exceda o limite previsto na alínea b) do número anterior é

dedutível na determinação do lucro tributável de um ou mais dos cinco períodos de tributação

posteriores, após a dedução relativa a esse mesmo período, com os limites previstos no número

anterior.

6 – Sem prejuízo do disposto no n.º 8, para efeitos do presente regime considera-se:

a) «Aumentos de capitais próprios elegíveis»:

112
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

i) As entradas realizadas em dinheiro no âmbito da constituição de sociedades ou do

aumento do capital social da sociedade beneficiária;

ii) As entradas em espécie realizadas no âmbito de aumento do capital social que

correspondam à conversão de créditos em capital;

iii) Os prémios de emissão de participações sociais;

iv) Os lucros contabilísticos do período de tributação quando sejam aplicados em resultados

transitados ou, diretamente, em reservas ou no aumento do capital;

b) «Aumentos líquidos dos capitais próprios elegíveis», os aumentos dos capitais próprios
elegíveis após a dedução das saídas, em dinheiro ou em espécie, em favor dos titulares do capital,

a título de redução do mesmo ou de partilha do património, bem como as distribuições de reservas

ou resultados transitados.

7 – O disposto no presente artigo aplica-se exclusivamente aos sujeitos passivos que, no


exercício em causa, exerçam, a título principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou

agrícola e que preencham, cumulativamente, as seguintes condições:

a) Não sejam qualificados como instituições de crédito, sociedades financeiras ou outras

entidades a elas legalmente equiparadas;

b) Disponham de contabilidade regularmente organizada, de acordo com a normalização

contabilística e outras disposições legais em vigor para o respetivo setor de atividade;

c) O seu lucro tributável não seja determinado por métodos indiretos; e

d) Tenham a situação fiscal e contributiva regularizada.

8 – Para efeitos do presente regime não são considerados os aumentos de capitais próprios

elegíveis que resultem de:

a) Entradas realizadas em dinheiro, no âmbito da constituição de sociedades ou do aumento

do capital da sociedade beneficiária, que sejam financiadas por aumentos de capitais próprios

elegíveis na esfera de outra entidade;

b) Entradas realizadas em dinheiro, no âmbito da constituição de sociedades ou do aumento

do capital da sociedade beneficiária por entidade com a qual o sujeito passivo esteja em situação

de relações especiais que sejam financiadas através de mútuos concedidos pelo próprio sujeito

passivo ou por outra entidade com a qual essa entidade e o sujeito passivo estejam em situação de

relações especiais;

c) Entradas realizadas em dinheiro, no âmbito da constituição de sociedades ou do aumento

do capital da sociedade beneficiária, por uma entidade que não seja residente para efeitos fiscais

113
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

noutro Estado-Membro da União Europeia ou no Espaço Económico Europeu ou noutro Estado ou

jurisdição com o qual esteja em vigor convenção para evitar a dupla tributação internacional,

acordo bilateral ou multilateral que preveja a troca de informações para fins fiscais.

9 – Para efeitos do apuramento do montante dos aumentos líquidos dos capitais próprios

elegíveis verificados nos nove períodos de tributação anteriores, nos termos do n.º 3, apenas se

consideram os aumentos líquidos dos capitais próprios elegíveis verificados nos períodos de

tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2023.

ANOTAÇÃO

No fundo, este regime resultou de uma espécie de fusão dos benefícios relativos à

remuneração convencional do capital social e da dedução dos lucros retidos e reinvestidos (DLRR).

Nessa linha, foram revogados o artigo 41.º-A do EBF e os artigos 27.º a 34.º do Código Fiscal do
Investimento.

O artigo 41.º-A do EBF dizia textualmente o seguinte:

“Artigo 41.º-A

Remuneração convencional do capital social

1 – Na determinação do lucro tributável das sociedades comerciais ou civis sob forma comercial,

cooperativas, empresas públicas, e demais pessoas coletivas de direito público ou privado com sede ou direção

efetiva em território português, pode ser deduzida uma importância correspondente à remuneração

convencional do capital social, calculada mediante a aplicação, limitada a cada exercício, da taxa de 7% ao

montante das entradas realizadas até € 2 000 000, por entregas em dinheiro ou através da conversão de

créditos, ou do recurso aos lucros do próprio exercício no âmbito da constituição de sociedade ou do aumento

do capital social, desde que:

a) (Revogada);

b) (Revogada);

c) O seu lucro tributável não seja determinado por métodos indiretos;

d) A sociedade beneficiária não reduza o seu capital social com restituição aos sócios, quer no período

de tributação em que sejam realizadas as entradas relevantes para efeitos da remuneração convencional do

capital social, quer nos cinco períodos de tributação seguintes.

2 – A dedução a que se refere o número anterior:

114
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

a) Aplica-se exclusivamente às entradas efetivamente realizadas em dinheiro, no âmbito da

constituição de sociedades ou do aumento do capital social da sociedade beneficiária, às entradas em espécie

realizadas no âmbito de aumento do capital social que correspondam à conversão de créditos em capital, e ao

aumento de capital com recurso aos lucros gerados no próprio exercício, desde que, neste último caso, o
registo do aumento de capital se realize até à entrega da declaração de rendimentos relativa ao exercício em

causa;

b) É efetuada no apuramento do lucro tributável relativo ao período de tributação em que sejam

realizadas as entradas mencionadas na alínea anterior e nos cinco períodos de tributação seguintes;

c) Apenas considera as entradas em espécie correspondentes à conversão de suprimentos ou de

empréstimos de sócios realizadas a partir de 1 de janeiro de 2017 ou a partir do primeiro dia do período de

tributação que se inicie após essa data, quando este não coincida com o ano civil;

d) Apenas considera as entradas em espécie correspondentes à conversão de créditos de terceiros


realizadas a partir de 1 de janeiro de 2018 ou a partir do primeiro dia do período de tributação que se inicie

após essa data, quando este não coincida com o ano civil.

3 – (Revogado pela Lei n.º 42/2016, de 28 de dezembro)

4 – O incumprimento do disposto na alínea d) do n.º 1 implica a consideração, como rendimento do

período de tributação em que ocorra a redução do capital com restituição aos sócios, do somatório das

importâncias deduzidas a título de remuneração convencional do capital social, majorado em 15%.

5 – É reduzido a 25% o limite previsto na alínea b) do n.º 1 do artigo 67.º do Código do IRC quando os

sujeitos passivos beneficiem da dedução prevista no n.º 1.


6 – O regime previsto no presente artigo não se aplica quando, no mesmo período de tributação ou

num dos cinco períodos de tributação anteriores, o mesmo seja ou haja sido aplicado a sociedades que

detenham direta ou indiretamente uma participação no capital social da empresa beneficiária, ou sejam

participadas, direta ou indiretamente, pela mesma sociedade, na parte referente ao montante das entradas
realizadas no capital social daquelas sociedades que haja beneficiado do presente regime.”

Os artigos 27.º a 34.º do Código Fiscal ao Investimento, também revogados através da Lei do

OE/2023, diziam o seguinte:

“Artigo 27.º

Objeto

A DLRR constitui um regime de incentivos fiscais ao investimento em favor de micro, pequenas e

médias empresas nos termos do RGIC.

115
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 28.º

Âmbito de aplicação subjetivo

Podem beneficiar da DLRR os sujeitos passivos de IRC residentes em território português, bem como

os sujeitos passivos não residentes com estabelecimento estável neste território, que exerçam, a título

principal, uma atividade de natureza comercial, industrial ou agrícola, que preencham, cumulativamente, as

seguintes condições:

a) Sejam micro, pequenas e médias empresas, tal como definidas na Recomendação n.º 2003/361/CE,

da Comissão, de 6 de maio de 2003;


b) Disponham de contabilidade regularmente organizada, de acordo com a normalização contabilística

e outras disposições legais em vigor para o respetivo setor de atividade;

c) O seu lucro tributável não seja determinado por métodos indiretos;

d) Tenham a situação fiscal e contributiva regularizada.


Artigo 29.º

Dedução por lucros retidos e reinvestidos

1 – Os sujeitos passivos referidos no artigo anterior podem deduzir à coleta do IRC, nos períodos de

tributação que se iniciem em ou após 1 de janeiro de 2014, até 10% dos lucros retidos que sejam reinvestidos

em aplicações relevantes nos termos do artigo 30.º, no prazo de quatro anos contado a partir do final do

período de tributação a que correspondam os lucros retidos.

2 – Para efeitos da dedução prevista no número anterior, o montante máximo dos lucros retidos e

reinvestidos, em cada período de tributação, é de 12 000 000 €, por sujeito passivo.

3 – A dedução prevista no número anterior é feita, nos termos da alínea c) do n.º 2 do artigo 90.º do

Código do IRC, até à concorrência de 25% da coleta do IRC.

4 – No caso dos sujeitos passivos que sejam micro e pequenas empresas, tal como definidas na

Recomendação 2003/361/CE, da Comissão, de 6 de maio de 2003, a dedução prevista no n.º 2, nos termos da

alínea c) do n.º 2 do artigo 90.º do Código do IRC, é feita até à concorrência de 50% da coleta do IRC.

5 – Aplicando-se o regime especial de tributação de grupos de sociedades, a dedução prevista no n.º 1:

a) Efetua-se ao montante apurado nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 90.º do Código do IRC,

com base na matéria coletável do grupo;

b) É feita até 25% do montante mencionado na alínea anterior e não pode ultrapassar, em relação a

cada sociedade e por cada período de tributação, o limite de 25% da coleta que seria apurada pela sociedade

que realizou as aplicações relevantes caso não se aplicasse o regime especial de tributação de grupos de

sociedades.

116
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

6 - A dedução prevista no n.º 1 abrange as situações em que durante o período de tributação se

encontram reunidos os requisitos previstos na legislação comercial para adiantamento por conta de lucros,

não podendo essa dedução ser superior àquela que seria obtida com base no lucro apurado no final desse

período de tributação.

Artigo 30.º

Aplicações relevantes

1 – Consideram-se aplicações relevantes, para efeitos do presente regime, os ativos fixos tangíveis,

adquiridos em estado de novo, com exceção de:


a) Terrenos, salvo no caso de se destinarem à exploração de concessões mineiras, águas minerais

naturais e de nascente, pedreiras, barreiros e areeiros em projetos de indústria extrativa;

b) Construção, aquisição, reparação e ampliação de quaisquer edifícios, salvo quando afetos a atividades

produtivas ou administrativas;
c) Viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, salvo quando afetas à exploração de serviço público de

transportes ou destinadas a serem alugadas no exercício da atividade normal do sujeito passivo, barcos de

recreio e aeronaves de turismo;

d) Artigos de conforto ou decoração, salvo equipamento hoteleiro afeto a exploração turística;

e) Ativos afetos a atividades no âmbito de acordos de concessão ou de parceria público-privada

celebrados com entidades do setor público.

2 – Consideram-se ainda aplicações relevantes, para efeitos do presente regime, os ativos intangíveis,

constituídos por despesas com transferência de tecnologia, nomeadamente através da aquisição de direitos de

patentes, licenças, know-how ou conhecimentos técnicos não protegidos por patente, desde que cumpridos

cumulativamente os seguintes requisitos:

a) Estejam sujeitos a amortizações ou depreciações para efeitos fiscais;

b) Não sejam adquiridos a entidades com as quais existam relações especiais nos termos do n.º 4 do

artigo 63.º do Código do IRC.

3 – Considera-se investimento realizado em aplicações relevantes o correspondente às adições,

verificadas em cada período de tributação, de ativos fixos tangíveis ou ativos intangíveis e bem assim o que,

tendo a natureza de ativo fixo tangível e não dizendo respeito a adiantamentos, se traduza em adições aos

investimentos em curso.

4 – Para efeitos do disposto nos números anteriores, não se consideram as adições de ativos que

resultem de transferências de investimentos em curso.

117
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

5 – No caso de ativos adquiridos em regime de locação financeira, a dedução a que se refere o n.º 1 do

artigo anterior é condicionada ao exercício da opção de compra pelo sujeito passivo no prazo de sete anos

contado da data da aquisição.

6 – As aplicações relevantes em que seja concretizado o reinvestimento dos lucros retidos devem ser
detidas e contabilizadas de acordo com as regras que determinaram a sua elegibilidade, por um período

mínimo de cinco anos.

7 – Quando ocorra a transmissão onerosa dos ativos em que seja concretizado o reinvestimento dos

lucros retidos antes de decorrido o prazo previsto no número anterior, o sujeito passivo deve reinvestir, no

mesmo período de tributação ou no período de tributação seguinte, o respetivo valor de realização em

aplicações relevantes nos termos do presente artigo, os quais devem ser detidos, pelo menos, pelo período

necessário para completar aquele prazo.

Artigo 31.º
Não cumulação

1 – Sem prejuízo do disposto no número seguinte, a DLRR não é cumulável, relativamente às mesmas

aplicações relevantes elegíveis, com quaisquer outros benefícios fiscais ao investimento da mesma natureza.

2 – A DLRR é cumulável com o regime de benefícios contratuais e com o RFAI, nos termos e condições

previstos nos artigos 13.º e 24.º, respetivamente.

Artigo 32.º

Reserva especial por lucros retidos e reinvestidos

1 – Os sujeitos passivos que beneficiem da DLRR devem proceder à constituição, no balanço, de


reserva especial correspondente ao montante dos lucros retidos e reinvestidos.

2 – A reserva especial a que se refere o número anterior não pode ser utilizada para distribuição aos

sócios antes do fim do quinto exercício posterior ao da sua constituição, sem prejuízo dos demais requisitos

legais exigíveis.
Artigo 33.º

Outras obrigações acessórias

1 – A dedução prevista no artigo 29.º é justificada por documento a integrar o processo de

documentação fiscal a que se refere o artigo 130.º do Código do IRC, que identifique discriminadamente o

montante dos lucros retidos e reinvestidos, as aplicações relevantes objeto de reinvestimento, o respetivo

montante e outros elementos considerados relevantes.

118
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2 – A contabilidade dos sujeitos passivos de IRC beneficiários da DLRR deve evidenciar o imposto que

deixe de ser pago em resultado da dedução a que se refere o artigo 29.º, mediante menção do valor

correspondente no anexo às demonstrações financeiras relativa ao exercício em que se efetua a dedução.

Artigo 34.º
Incumprimento

Sem prejuízo do disposto no Regime Geral das Infrações Tributárias, aprovado pela Lei n.º 15/2001, de

15 de junho:

a) A não concretização da totalidade do investimento nos termos previstos no artigo 30.º até ao termo

do prazo de três anos previsto no n.º 1 do artigo 29.º implica a devolução do montante de imposto que deixou

de ser liquidado na parte correspondente ao montante dos lucros não reinvestidos, ao qual é adicionado o

montante de imposto a pagar relativo ao terceiro período de tributação seguinte, acrescido dos

correspondentes juros compensatórios majorados em 15 pontos percentuais;


b) O incumprimento do disposto nos n.os 5, 6 ou 7 do artigo 30.º implica a devolução do montante de

imposto que deixou de ser liquidado na parte correspondente aos ativos relativamente aos quais não seja

exercida a opção de compra ou que sejam transmitidos antes de decorrido o prazo de cinco anos, o qual é

adicionado ao montante de imposto a pagar relativo ao período em que se verifiquem esses factos, acrescido

dos correspondentes juros compensatórios majorados em 15 pontos percentuais;

c) A não constituição da reserva especial, nos termos do n.º 1 do artigo 32.º, implica a devolução do

montante de imposto que deixou de ser liquidado, ao qual é adicionado o montante de imposto a pagar

relativo ao terceiro período de tributação seguinte, acrescido dos correspondentes juros compensatórios
majorados em 15 pontos percentuais;

d) O incumprimento do disposto no n.º 2 do artigo 32.º implica a devolução do montante de imposto

que deixou de ser liquidado correspondente à parte da reserva que seja utilizada para distribuição aos sócios,

ao qual é adicionado o montante de imposto a pagar relativo ao terceiro período de tributação seguinte,
acrescido dos correspondentes juros compensatórios majorados em 15 pontos percentuais.”

Importa proceder a uma comparação entre o revogado artigo 41.º-A do EBF e o Regime

Fiscal de Incentivo à Capitalização das Empresas constante do novo artigo 43.º-D do mesmo

Estatuto.

119
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Elaboramos para o efeito o quadro que se segue:

Remuneração convencional do capital social Regime Fiscal de Incentivo à Capitalização das


(art. 41.º-A) Empresas (art. 43.º-D)
Campo de aplicação
Sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, cooperativas, empresas públicas, e demais
pessoas coletivas de direito público ou privado com sede ou direção efetiva em território português
Taxa aplicável:
7% n.º 1 5% para micro, pequenas, médias e de n.º 2
pequena-média capitalização (Small Mid
Cap)
4,5% para as restantes n.º 1
Taxa incidente sobre:
Entradas realizadas até 2 milhões de O montante dos aumentos líquidos dos
euros, por entregas em dinheiro ou através capitais próprios elegíveis:
da conversão de créditos, ou do recurso ‒ Entradas em dinheiro no âmbito da
aos lucros do próprio exercício no âmbito constituição de sociedades ou do
da constituição de sociedade ou do aumento do capital social;
aumento de capital ‒ Entradas em espécie em aumento de
capital social por conversão de créditos
em capital;
‒ Prémios de emissão;
‒ Lucros aplicados em resultados
transitados ou, diretamente, em reservas
ou no aumento do capital social;
Após a dedução das saídas, em dinheiro
ou em espécie, em favor dos titulares do
capital, a título de redução do mesmo ou
de partilha do património, bem como da
n.º 2 distribuição de reservas ou resultados n.º 1
a) transitados n.º 6
Período de vigência das deduções
Lucro tributável do período em que se Lucro tributável dos NOVE períodos de
realizem as entradas e dos CINCO n.º 2 tributação seguintes ao que se inicia em 1 n.º 3
períodos de tributação seguintes b) de janeiro de 2023 n.º 9

Reduções de capital
O benefício não se aplica se a sociedade Não estão impedidas as reduções de
beneficiária reduzir o capital com capital através de saídas em favor dos
restituição aos sócios, quer no período de titulares de capital, a título de
tributação em que sejam realizadas as n.º 1 remuneração ou redução do capital ou de

120
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

entradas relevantes, quer nos cinco d) partilha do património, em qualquer dos


períodos de tributação seguintes períodos de tributação abrangidos, sendo
O incumprimento desta disposição implica tais reduções consideradas negativamente
a consideração, como rendimento do no apuramento dos aumentos líquidos n.º 6
período de tributação em que ocorra, do dos capitais próprios elegíveis b)
somatório das importâncias deduzidas a
título de remuneração convencional do
capital social, majorado em 15% n.º 4
Aplicação de métodos indiretos
Não se aplica a dedução quando o lucro n.º 1 Não se aplica a dedução quando o lucro n.º 7
tributável for determinado por métodos c) tributável for determinado por métodos c)
indiretos indiretos
Norma antiabuso
O regime não se aplica quando, no mesmo Não são considerados os aumentos de
período de tributação ou num dos cinco capitais próprios elegíveis que resultem
períodos de tributação anteriores, o de:
mesmo seja ou haja sido aplicado a a) Entradas realizadas em dinheiro, no
sociedades que detenham direta ou âmbito da constituição de sociedades ou
indiretamente uma participação no capital do aumento do capital da sociedade
social da empresa beneficiária, ou sejam beneficiária, que sejam financiadas por
participadas, direta ou indiretamente, pela aumentos de capitais próprios elegíveis
mesma sociedade, na parte referente ao na esfera de outra entidade;
montante das entradas realizadas no b) Entradas realizadas em dinheiro, no
capital social daquelas sociedades que âmbito da constituição de sociedades ou
haja beneficiado do presente regime n.º 6 do aumento do capital da sociedade n.º 8
beneficiária por entidade com a qual o
sujeito passivo esteja em situação de
relações especiais que sejam financiadas
através de mútuos concedidos pelo
próprio sujeito passivo ou por outra
entidade com a qual essa entidade e o
sujeito passivo estejam em situação de
relações especiais;
c) Entradas realizadas em dinheiro, no
âmbito da constituição de sociedades ou
do aumento do capital da sociedade
beneficiária, por uma entidade que não
seja residente para efeitos fiscais noutro
Estado-Membro da União Europeia ou no
Espaço Económico Europeu ou noutro
Estado ou jurisdição com o qual esteja em
vigor convenção para evitar a dupla

121
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

tributação internacional, acordo bilateral


ou multilateral que preveja a troca de
informações para fins fiscais.
Limitação à dedutibilidade de gastos de financiamento
Quando os sujeitos passivos beneficiam da Não existe nenhuma alteração em relação
dedução, é reduzido o limite da alínea b) ao limite da alínea b) do n.º 1 do artigo
do n.º 1 do artigo 67.º do CIRC (gastos de 67.º do CIRC decorrente da obtenção
financiamento), passando de 30% para deste benefício
25% n.º 5
Limite máximo
O benefício é limitado a entradas A dedução não pode exceder, em cada
realizadas até € 2 000 000 n.º 1 período de tributação, o maior dos
seguintes limites:
a) € 2 000 000; ou
b) 30% do EBITDA n.º 4
A parte da dedução que exceda o limite
previsto na anterior alínea b) é dedutível
no lucro tributável de um ou mais dos
cinco períodos de tributação posteriores,
após a dedução relativa a esse período,
com os limites atrás referidos n.º 5
Entidades excluídas:
Não existem Entidades qualificadas como instituições
de crédito, sociedades financeiras ou
outras entidades a elas legalmente n.º 7
equiparadas a)
Relacionado com estes benefícios fiscais, a Lei do OE/2023 contém um artigo estabelecendo o

respetivo regime transitório.

É do seguinte teor:

Artigo 252.º da Lei do Orçamento do Estado

Regime transitório no âmbito do Estatuto dos Benefícios Fiscais

1 – Para efeitos do disposto no artigo 43.º-D do EBF, apenas se consideram os aumentos

líquidos dos capitais próprios que ocorram nos períodos de tributação que se iniciem em, ou após,

1 de janeiro de 2023.

2 – Às entradas realizadas até à data da entrada em vigor da presente lei continua a aplicar-

-se, relativamente às importâncias aplicadas até essa mesma data, o disposto no artigo 41.º-A do

122
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

EBF na redação anterior à entrada em vigor da presente lei.

Artigo 44.º – Isenções


Redação anterior OE 2023
2 - As isenções a que se refere o número anterior iniciam-se:
d) Relativamente às situações previstas na d) Relativamente às situações previstas na alínea
alínea n), no ano, inclusive, em que ocorra a n), no ano, inclusive, em que ocorra a
classificação. classificação ou se verifique o reconhecimento da
isenção pelo município, consoante os casos;
5 – As isenções a que se referem as alíneas n) e 5 – A isenção a que se refere a alínea n) do n.º 1
q) do n.º 1 são de caráter automático, operando vigora mesmo que os prédios venham a ser
mediante comunicação da classificação como transmitidos e é:
monumentos nacionais ou da classificação a) Automática e comunicada pela Direção-Geral
individualizada como imóveis de interesse do Património Cultural à Autoridade Tributária
público ou de interesse municipal, do e Aduaneira, nos casos das classificações como
reconhecimento pelo município como monumentos nacionais ou como imóveis de
estabelecimentos de interesse histórico e interesse público;
cultural ou social local e de que integram o b) Dependente de reconhecimento pelo
inventário nacional dos estabelecimentos e município, nos casos das classificações como
entidades de interesse histórico e cultural ou imóveis de interesse municipal, operando
social local, respetivamente, a efetuar pela mediante a comunicação à Autoridade Tributária
Direção-Geral do Património Cultural ou pelas e Aduaneira, nos termos e prazos previstos no
câmaras municipais, conforme o caso, artigo 16.º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro.
vigorando enquanto os prédios estiverem 6 – A isenção a que se refere a alínea q) do n.º 1 é
classificados ou reconhecidos e integrados, automática e é aplicada aos prédios que, de
mesmo que estes venham a ser transmitidos. acordo com a comunicação da Direção-Geral das
Atividades Económicas à Autoridade Tributária
e Aduaneira, integrem o inventário nacional dos
estabelecimentos e entidades de interesse
histórico e cultural ou social local, vigorando
mesmo que os prédios venham a ser
transmitidos.
10 – Os benefícios constantes das alíneas b) a 10 – Os benefícios do n.º 1 cessam:
m), o) e p) do n.º 1 cessam logo que deixem de a) Nos casos das alíneas b) a m), o) e p), logo que
verificar-se os pressupostos que os deixem de verificar-se os pressupostos que os
determinaram, devendo os proprietários, determinaram, devendo os proprietários,
usufrutuários ou superficiários dar usufrutuários ou superficiários dar cumprimento
cumprimento ao disposto na alínea g) do n.º 1 ao disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 13.º do
do artigo 13.º do Código do Imposto Municipal Código do Imposto Municipal sobre Imóveis,
sobre Imóveis, e os constantes das alíneas n) e q) aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 287/2003,

123
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

do n.º 1 cessam no ano, inclusive, em que os de 12 de novembro;


prédios venham a ser desclassificados ou b) Nos casos da alínea n), no ano, inclusive, em
deixem de estar reconhecidos pelo município e que os prédios venham a ser desclassificados ou
integrados no inventário nacional de em que o benefício deixe de estar reconhecido
estabelecimentos e entidades com interesse pelo município, ou sejam considerados
histórico e cultural ou social local, devolutos ou em ruínas, nos termos do n.º 3 do
respetivamente, ou sejam considerados artigo 112.º e do artigo 112.º-B do Código do
devolutos ou em ruínas, nos termos do n.º 3 do Imposto Municipal sobre Imóveis;
artigo 112.º do Código do Imposto Municipal c) Nos casos da alínea q), no ano, inclusive, em
sobre Imóveis. que os prédios deixem de estar reconhecidos
pelo município e integrados no inventário
nacional de estabelecimentos e entidades com
interesse histórico e cultural ou social local, ou
sejam considerados devolutos ou em ruínas, nos
termos do n.º 3 do artigo 112.º e do artigo 112.º-B
do Código do Imposto Municipal sobre Imóveis.
13 – O disposto na alínea n) do n.º 1 não é
aplicável aos prédios individualmente
considerados que integrem conjuntos ou sítios
classificados como monumentos nacionais, sem
prejuízo dos poderes tributários próprios dos
municípios e do reconhecimento e da
comunicação pelo município competente à
Autoridade Tributária e Aduaneira, nos termos e
prazos previstos no artigo 16.º da Lei n.º 73/2013,
de 3 de setembro.

ANOTAÇÃO

Esta alteração decorreu de proposta do Partido Socialista e tem a seguinte nota explicativa:

“Os prédios classificados como monumentos nacionais e os prédios individualmente classificados como

de interesse público ou de interesse municipal, nos termos da legislação aplicável, estão atualmente isentos de

IMI, conforme previsto na alínea n) do artigo 44.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF). Ora, sendo o

IMI receita própria dos municípios, propõe-se que devam ser precisamente os municípios a fazer esta

avaliação, quando a classificação é uma competência dos municípios ou quando os prédios individualmente

considerados integram conjuntos ou sítios classificados como monumentos nacionais, em função daquela que
é a realidade do território, passando a exigir-se a existência de um procedimento municipal de

reconhecimento do direito à isenção, cujo resultado de deferimento deverá ser comunicado à Autoridade

Tributária e Aduaneira para efeitos matriciais e de liquidação deste imposto.”

124
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 71.º – Incentivos à reabilitação urbana e ao arrendamento habitacional a custos acessíveis


Redação anterior OE 2023
27 - Ficam isentos de tributação em IRS e em 27 – Ficam isentos de tributação em IRS e em
IRC, pelo período de duração dos respetivos IRC, pelo período de duração dos respetivos
contratos, os rendimentos prediais obtidos no contratos, os rendimentos prediais obtidos no
âmbito dos programas municipais de oferta para âmbito dos programas municipais de oferta para
arrendamento habitacional a custos acessíveis, arrendamento habitacional a custos acessíveis e
sendo, para efeitos de IRS, os rendimentos para alojamento estudantil, sendo, para efeitos
isentos obrigatoriamente englobados para de IRS, os rendimentos isentos obrigatoriamente
efeitos de determinação da taxa a aplicar aos englobados para efeitos de determinação da taxa
restantes rendimentos, quando o sujeito passivo a aplicar aos restantes rendimentos, quando o
opte pelo englobamento dos rendimentos sujeito passivo opte pelo englobamento dos
prediais. rendimentos prediais.
28 – Para efeitos do disposto no número anterior, 28 – Para efeitos do disposto no número anterior,
consideram-se programas municipais de oferta consideram-se:
para arrendamento habitacional a custos a) «Programas municipais de oferta para
acessíveis os programas de iniciativa municipal arrendamento habitacional a custos acessíveis»,
que tenham por objeto contratos de os programas de iniciativa municipal que
arrendamento e subarrendamento habitacional tenham por objeto contratos de arrendamento e
por um prazo mínimo de arrendamento não subarrendamento habitacional por um prazo
inferior a cinco anos e cujo limite geral de preço mínimo de arrendamento não inferior a cinco
de renda por tipologia não exceda o definido nas anos e cujo limite geral de preço de renda por
tabelas 1 e 2 do anexo I à Portaria n.º 176/2019, tipologia não exceda o definido nas tabelas 1 e 2
de 6 de junho. do Anexo I à Portaria n.º 176/2019, de 6 de junho;
b) «Programas municipais de oferta para
alojamento estudantil», os programas de
iniciativa municipal que tenham por objeto
contratos de arrendamento e subarrendamento
dirigido a estudantes deslocados e cujo limite
geral de preço de renda por tipologia não exceda
o definido pela portaria a que se refere a alínea
a) do n.º 1 do artigo 10.º do Decreto-Lei
n.º 68/2019, de 22 de maio.

ANOTAÇÃO

Esta alteração decorreu de proposta do Partido Socialista e tem a seguinte nota explicativa:
“O Orçamento do Estado de 2020, aprovado pela Lei n.º 2/2020, aprovou no seu artigo 355.º, uma

isenção de IRS e IRC para programas de iniciativa municipal que tenham por objeto contratos de

arrendamento e subarrendamento habitacional.

125
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Esta medida teve como mais emblemático beneficiário o Programa Renda Segura adotado pela Câmara

Municipal de Lisboa durante a pandemia. Todavia, essa isenção apenas se aplicava ao subarrendamento para

habitação, sendo obrigatório o contrato de arrendamento por 5 anos.

Atualmente o país atravessa uma situação dramática de alojamento estudantil. 33% dos estudantes no
ensino superior público são deslocados da sua residência, num total de 108.406 estudantes. Porém, há apenas

15.073 camas em residências no sistema de ensino superior público, abrangendo assim um máximo de 14%

dos estudantes, e apenas 13 mil estudantes beneficiam do complemento de alojamento, deixando assim 80 mil

estudantes deslocados sem resposta de alojamento.

Em face do exposto importa poder alargar este programa a alojamento estudantil, desde que

condicionado à prática de rendas compatíveis com o programa de arrendamento acessível, procedendo-se para

o efeito a uma alteração ao Estatuto dos Benefícios Fiscais.”

126
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CÓDIGO FISCAL DO INVESTIMENTO

Artigo 23.º – Benefícios fiscais


Redação anterior OE 2023
1 – Aos sujeitos passivos de IRC previstos no n.º 1 do artigo anterior, são concedidos os seguintes

benefícios fiscais:

a) Dedução à coleta do IRC apurada nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 90.º do Código do
IRC, das seguintes importâncias das aplicações relevantes:

1) No caso de investimentos realizados em regiões elegíveis nos termos da alínea a) do n.º 3 do

artigo 107.º do Tratado de Funcionamento da União Europeia constantes da tabela prevista no

n.º 1 do artigo 43.º:

i) 25% das aplicações relevantes, relativamente i) 30% das aplicações relevantes, relativamente

ao investimento realizado até ao montante de ao investimento realizado até ao montante de

15 000 000 €; 15 000 000 €;

ii) 10% das aplicações relevantes, relativamente à parte do investimento realizado que exceda o

montante de 15 000 000 €;

ANOTAÇÃO

No âmbito do Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI), é feito um reforço da dedução

à coleta aplicável dos atuais 25% para 30% das aplicações relevantes, relativamente ao

investimento realizado até ao montante de € 15 000 000, nas regiões Norte, Centro, Alentejo e

Regiões Autónomas, em conformidade com o mapa nacional de auxílios estatais com finalidade

regional para o período 2022-2027.

127
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

PROCEDIMENTO, PROCESSO TRIBUTÁRIO E OUTRAS

DISPOSIÇÕES

LEI GERAL TRIBUTÁRIA

Artigo 63.º – Inspeção


Redação anterior OE 2023
1 – Os órgãos competentes podem, nos termos da lei, desenvolver todas as diligências necessárias
ao apuramento da situação tributária dos contribuintes, nomeadamente:
a) Aceder livremente às instalações ou locais onde possam existir elementos relacionados com a sua
atividade ou com a dos demais obrigados fiscais;
b) Examinar e visar os seus livros e registos da contabilidade ou escrituração, bem como todos os
elementos suscetíveis de esclarecer a sua situação tributária;
c) Aceder, consultar e testar o seu sistema informático, incluindo a documentação sobre a sua
análise, programação e execução;
d) Solicitar a colaboração de quaisquer entidades públicas necessária ao apuramento da sua
situação tributária ou de terceiros com quem mantenham relações económicas;
e) Requisitar documentos dos notários, conservadores e outras entidades oficiais;
f) Utilizar as suas instalações quando a utilização for necessária ao exercício da ação inspetiva;
g) Aceder aos dados constantes do Registo
Central do Beneficiário Efetivo.

ANOTAÇÃO
Ao elenco exemplificativo das diligências necessárias ao apuramento da situação tributária

dos contribuintes que podem ser levadas a cabo pelos órgãos competentes acrescenta-se o acesso

aos dados constantes do Registo Central do Beneficiário Efetivo (RCBE).

Assim, a Autoridade Tributária e Aduaneira passa a ter acesso ao RCBE no âmbito de


inspeções tributárias.

Até aqui, apenas podia aceder em três situações:

- No âmbito das ações de prevenção e combate ao branqueamento de capitais e ao

financiamento do terrorismo;
- Para controlar o cumprimento das obrigações de due diligence que impendem sobre as

instituições financeiras para efeitos da troca automática sobre contas financeiras; e

128
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

- Para assegurar a cooperação administrativa no domínio da fiscalidade,

designadamente para efeitos de resposta aos pedidos de informação recebidos nos

termos dos instrumentos de direito europeu e internacional a que Portugal se

encontra vinculado.

129
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

OUTRAS DISPOSIÇÕES DE

CARÁTER FISCAL

Não atualização da contribuição para o audiovisual


(Artigo 255.º da Lei do OE/2023)

Não são atualizados os valores mensais previstos nos n.os 1 e 2 do artigo 4.º da Lei

n.º 30/2003, de 22 de agosto, que aprova o modelo de financiamento do serviço público de


radiodifusão e de televisão.

Contribuição especial para a conservação dos recursos florestais

(Artigo 256.º da Lei do OE/2023)

No prazo de 90 dias a contar da entrada em vigor da presente lei, o Governo regulamenta,

por decreto-lei, a contribuição especial para a conservação dos recursos florestais.

Contribuição sobre o setor bancário

(Artigo 257.º da Lei do OE/2023)

Mantém-se em vigor a contribuição sobre o setor bancário, cujo regime foi aprovado pelo

artigo 141.º da Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezembro.

Adicional de solidariedade sobre o setor bancário

(Artigo 258.º da Lei do OE/2023)

Mantém-se em vigor o adicional de solidariedade sobre o setor bancário, cujo regime foi

aprovado pelo artigo 18.º da Lei n.º 27-A/2020, de 24 de julho.

130
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Contribuição extraordinária sobre a indústria farmacêutica

(Artigo 259.º da Lei do OE/2023)

Mantém-se em vigor a contribuição extraordinária sobre a indústria farmacêutica, cujo

regime foi aprovado pelo artigo 168.º da Lei n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro.

Contribuição extraordinária sobre os fornecedores do Serviço Nacional de Saúde de

dispositivos médicos
(Artigo 260.º da Lei do OE/2023)

Mantém-se em vigor a contribuição extraordinária sobre os fornecedores do SNS de

dispositivos médicos, cujo regime foi aprovado pelo artigo 375.º da Lei n.º 2/2020, de 31 de março.

Contribuição extraordinária sobre o setor energético

(Artigo 261.º da Lei do OE/2023)

Mantém-se em vigor a contribuição extraordinária sobre o setor energético, cujo regime foi

aprovado pelo artigo 228.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, com as seguintes alterações:

a) Todas as referências ao ano de 2015 consideram-se feitas ao ano de 2023, com exceção das

que constam do n.º 1 do anexo I a que se referem os n.os 6 e 7 do artigo 3.º do regime;
b) A referência ao ano de 2017 constante do n.º 4 do artigo 7.º do regime considera-se feita ao

ano de 2023.

Adicional de imposto único de circulação


(Artigo 262.º da Lei do OE/2023)

Mantém-se em vigor o adicional de IUC previsto no artigo 216.º da Lei n.º 82-B/2014, de 31

de dezembro, aplicável sobre os veículos a gasóleo enquadráveis nas categorias A e B previstos nas

alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IUC.

131
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Outras disposições de caráter fiscal no âmbito do imposto sobre o rendimento

(Artigo 263.º da Lei do OE/2023)

1 – Ficam isentos de IRS ou de IRC os juros decorrentes de contratos de empréstimo

celebrados pela IGCP, E. P. E., em nome e em representação da República Portuguesa, sob a forma

de obrigações denominadas em renminbi colocadas no mercado doméstico de dívida da República

Popular da China, desde que subscritos ou detidos por não residentes sem estabelecimento estável

em território português ao qual o empréstimo seja imputado, com exceção de residentes em país,

território ou região sujeito a um regime fiscal claramente mais favorável constante de lista
aprovada por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças.

2 – Para efeitos do número anterior, a IGCP, E. P. E., deve deter comprovação da qualidade

de não residente no momento da subscrição, nos seguintes termos:

a) No caso de bancos centrais, instituições de direito público, organismos internacionais,

instituições de crédito, sociedades financeiras, fundos de pensões e empresas de seguros,

domiciliados em qualquer país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

(OCDE) ou em país com o qual Portugal tenha celebrado convenção para evitar a dupla tributação

internacional, a comprovação efetua-se através dos seguintes elementos:

i) A respetiva identificação fiscal;

ii) Certidão da entidade responsável pelo registo ou pela supervisão que ateste a existência

jurídica do titular e o seu domicílio; ou

iii) Declaração do próprio titular, devidamente assinada e autenticada, se se tratar de bancos

centrais, organismos internacionais ou instituições de direito público que integrem a

Administração Pública central, regional ou a demais administração periférica, estadual indireta ou

autónoma do Estado de residência fiscalmente relevante;

b) No caso de fundos de investimento mobiliário, imobiliário ou outros organismos de


investimento coletivo domiciliados em qualquer país da OCDE ou em país com o qual Portugal

tenha celebrado convenção para evitar a dupla tributação internacional, comprova-se através de

declaração emitida pela entidade responsável pelo registo ou supervisão, ou pela autoridade fiscal,

que certifique a existência jurídica do organismo, a lei ao abrigo da qual foi constituído e o local da
respetiva domiciliação.

3 – A comprovação a que se refere o número anterior pode ainda efetuar-se,

alternativamente, através de:

a) Certificado de residência ou documento equivalente emitido pelas autoridades fiscais;

132
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

b) Documento emitido por consulado português comprovativo da residência no estrangeiro;

c) Documento especificamente emitido com o objetivo de certificar a residência por entidade

oficial que integre a Administração Pública central, regional ou demais administração periférica,

estadual indireta ou autónoma do respetivo Estado, ou pela entidade gestora do sistema de registo

e liquidação das obrigações no mercado doméstico da República Popular da China.

4 – Sempre que os valores mobiliários abrangidos pela isenção prevista no n.º 1 sejam

adquiridos em mercado secundário por sujeitos passivos residentes ou não residentes com

estabelecimento estável no território português ao qual seja imputada a respetiva titularidade, os


rendimentos auferidos devem ser incluídos na declaração periódica a que se refere o artigo 57.º do

Código do IRS ou o artigo 120.º do Código do IRC, consoante os casos.

Mecanismo para a mobilidade sustentável e coesão territorial


(Artigo 264.º da Lei do OE/2023)

1 – No primeiro semestre de 2023, as áreas governativas das finanças, do ambiente e ação

climática, das infraestruturas e da coesão territorial, avaliam e determinam a criação de um

mecanismo que promova a mobilidade sustentável e a coesão territorial, financiado por

reafectação das reduções fiscais da receita proveniente do ISP, incluindo o adicionamento sobre as

emissões de CO2.

2 – Para efeitos do disposto no número anterior, as áreas governativas referidas determinam


soluções relativas às seguintes matérias:

a) Renovação do parque automóvel e da infraestrutura subjacente, atendendo a critérios de

sustentabilidade ambiental e eficiência energética;

b) Âmbito dos atuais regimes de descontos aplicáveis a portagens nos territórios de baixa
densidade no interior do país;

c) Incentivo a programas de mobilidade sustentável como o PART e o Programa de Apoio à

Densificação e Reforço da Oferta de Transporte Público.

133
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Jornada Mundial da Juventude


(Artigo 265.º da Lei do OE/2023)

1 – Os donativos, em dinheiro ou em espécie, concedidos à Fundação JMJ-Lisboa 2023,

entidade incumbida legalmente de assegurar a preparação, organização e coordenação da


Jornada Mundial da Juventude, a realizar em 2023, em Lisboa, são considerados gastos do

período para efeitos de IRC e da categoria B do IRS, em valor correspondente a 140% do

respetivo total.

2 – São dedutíveis à coleta do IRS do ano a que dizem respeito 30% dos donativos, em
dinheiro ou em espécie, concedidos à entidade referida no número anterior por pessoas

singulares residentes em território nacional, desde que não tenham sido contabilizados como

gastos do período.

3 – Os donativos previstos nos números anteriores não dependem de reconhecimento

prévio, ficando a entidade beneficiária sujeita às obrigações acessórias estabelecidas no artigo

66.º do EBF.

4 – Em tudo o que não estiver disposto no presente artigo, aplicam-se os artigos 61.º a

66.º do EBF.

5 – O regime previsto no presente artigo vigora até à conclusão do evento a que se

refere o n.º 1.

Alteração ao Decreto-Lei n.º 61/2013, de 10 de maio


(Artigo 266.º da Lei do OE/2023)

Artigo 20.º – Prazos para a troca obrigatória e automática de informações


Redação anterior OE 2023
3 – Para permitir a troca obrigatória e automática de informação a que se refere o número
anterior:
a) As instituições financeiras reportantes devem comunicar as informações a respeito de cada
conta sujeita a comunicação por elas mantida, nos termos previstos no artigo 1.º do anexo ao
presente decreto-lei, até:
i) Ao dia 31 de julho de 2017, no que respeita às informações relativas ao período de tributação a
que se refere a alínea a) do número anterior;
ii) Ao dia 31 de julho de 2018 e dos anos ii) Ao dia 31 de julho de 2018, 2019, 2020, 2021
subsequentes, no que respeita às informações e 2022 no que respeita às informações relativas
relativas a períodos de tributação seguintes; aos períodos de tributação iniciados a 1 de
janeiro de 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021,
respetivamente;
iii) Ao dia 31 de maio de 2023 e dos anos
subsequentes, no que respeita às informações
relativas a períodos de tributação seguintes.

134
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CÓDIGO DOS IMPOSTOS ESPECIAIS DE CONSUMO

Artigo 71.º – Cerveja


Redação anterior OE 2023
2 - As taxas do imposto sobre a cerveja são as seguintes:
a) Superior a 0,5% vol. e inferior ou igual a a) Superior a 0,5% vol. e inferior ou igual a
1,2% vol. de álcool adquirido, 8,42 €/hl; 3,5% vol. de álcool adquirido, 8,76 €/hl;
b) Superior a 1,2% vol. de álcool adquirido e b) Superior a 3,5% vol. de álcool adquirido e
inferior ou igual a 7° plato, 10,54 €/hl; inferior ou igual a 7.º plato, 10,96 €/hl;
c) Superior a 1,2% vol. de álcool adquirido e c) Superior a 3,5% vol. de álcool adquirido e
superior a 7° plato e inferior ou igual a 11° superior a 7.º plato e inferior ou igual a 11.º
plato, 16,87 €/hl; plato, 17,54 €/hl;
d) Superior a 1,2% vol. de álcool adquirido e d) Superior a 3,5% vol. de álcool adquirido e
superior a 11° plato e inferior ou igual a 13° superior a 11° plato e inferior ou igual a 13°
plato, 21,10 €/hl; plato, 21,94 €/hl;
e) Superior a 1,2% vol. de álcool adquirido e e) Superior a 3,5% vol. de álcool adquirido e
superior a 13° plato e inferior ou igual a 15° superior a 13.º plato e inferior ou igual a 15.º
plato, 25,31 €/hl; plato, 26,32 €/hl;
f) Superior a 1,2% vol. de álcool adquirido e f) Superior a 3,5% vol. de álcool adquirido e
superior a 15° plato, 29,59 €/hl. superior a 15.º plato, 30,77 €/hl.

Artigo 73.º – Outras bebidas fermentadas, tranquilas e espumantes


Redação anterior OE 2023
2 – A taxa do imposto aplicável às outras 2 – A taxa do imposto aplicável às outras
bebidas fermentadas, tranquilas e espumantes bebidas fermentadas, tranquilas e espumantes
é de 10,54 €/hl. é de 10,96 €/hl.

Artigo 74.º – Produtos intermédios


Redação anterior OE 2023
2 – A taxa do imposto aplicável aos produtos 2 – A taxa do imposto aplicável aos produtos
intermédios é de 76,86 €/hl. intermédios é de 79,93 €/hl.

Artigo 76.º – Bebidas espirituosas


Redação anterior OE 2023
2 – A taxa do imposto aplicável às bebidas 2 – A taxa do imposto aplicável às bebidas
espirituosas é de 1400,80 €/hl. espirituosas é de 1456,83 €/hl.

135
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 87.º-C – Base tributável e taxas


Redação anterior OE 2023
2 – As taxas do imposto dos produtos previstos do n.º 1 do artigo 87.º-A são as seguintes:
a) As bebidas previstas nas alíneas a) e b) do a) 1,05 €/hl, quanto às bebidas previstas nas
n.º 1 do artigo 87.º-A cujo teor de açúcar seja alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 87.º-A cujo teor
inferior a 25 gramas por litro: 1,01 €/hl; de açúcar seja inferior a 25 gramas por litro;
b) As bebidas previstas nas alíneas a) e b) do b) 6,32 €/hl, quanto às bebidas previstas nas
n.º 1 do artigo 87.º-A cujo teor de açúcar seja alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 87.º-A cujo teor
inferior a 50 gramas por litro e igual ou de açúcar seja inferior a 50 gramas por litro e
superior a 25 gramas por litro: 6,08 €/hl; igual ou superior a 25 gramas por litro;
c) As bebidas previstas nas alíneas a) e b) do c) 8,42 €/hl, quanto às bebidas previstas nas
n.º 1 do artigo 87.º-A cujo teor de açúcar seja alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 87.º-A cujo teor
inferior a 80 gramas por litro e igual ou de açúcar seja inferior a 80 gramas por litro e
superior a 50 gramas por litro: 8,10 €/hl; igual ou superior a 50 gramas por litro;
d) As bebidas previstas nas alíneas a) e b) do d) 21,07 €/hl, quanto às bebidas previstas nas
n.º 1 do artigo 87.º-A cujo teor de açúcar seja alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 87.º-A cujo teor
igual ou superior a 80 gramas por litro: de açúcar seja igual ou superior a 80 gramas
20,26 €/hl; por litro;
e) Concentrados previstos na alínea c) do n.º 1 e) Quanto aos concentrados previstos na alínea
do artigo 87.º-A: c) do n.º 1 do artigo 87.º-A:
i) Na forma líquida: 6,08 €/hl, 36,47 €/hl, i) Na forma líquida, 6,32 €/hl, 37,93 €/hl, 50,56
48,62 €/hl e 121,56 €/hl, consoante o teor de €/hl e 126,42 €/hl, consoante o teor de açúcar
açúcar seja, respetivamente, inferior a 25 seja, respetivamente, inferior a 25 gramas por
gramas por litro, inferior a 50 gramas por litro litro, inferior a 50 gramas por litro e igual ou
e igual ou superior 25 gramas por litro, inferior superior 25 gramas por litro, inferior a 80
a 80 gramas por litro e igual ou superior a 50 gramas por litro e igual ou superior a 50
gramas por litro, ou igual ou superior a 80 gramas por litro, ou igual ou superior a 80
gramas por litro; gramas por litro;
ii) Apresentados sob a forma de pó, grânulos ii) Apresentados sob a forma de pó, grânulos
ou outras formas sólidas: 10,13 €/hl, 60,78 €/hl, ou outras formas sólidas, 10,54 €/hl, 63,21 €/hl,
81,04 €/hl e 202,61 €/hl por 100 quilogramas de 84,28 €/hl e 210,71 €/hl por 100 quilogramas de
peso líquido, consoante o teor de açúcar seja, peso líquido, consoante o teor de açúcar seja,
respetivamente, inferior a 25 gramas por litro, respetivamente, inferior a 25 gramas por litro,
inferior a 50 gramas por litro e igual ou inferior a 50 gramas por litro e igual ou
superior 25 gramas por litro, inferior a 80 superior 25 gramas por litro, inferior a 80
gramas por litro e igual ou superior 50 gramas gramas por litro e igual ou superior 50 gramas
por litro, ou igual ou superior a 80 gramas por por litro, ou igual ou superior a 80 gramas por
litro. litro.

136
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 93.º-A – Reembolso parcial para o gasóleo profissional → Reembolso parcial para
gasóleo e gás profissional
Redação anterior OE 2023
1 – É parcialmente reembolsável o imposto 1 – É parcialmente reembolsável o imposto
sobre os produtos petrolíferos e energéticos sobre os produtos petrolíferos e energéticos
suportado pelas empresas de transporte de suportado pelas empresas de transporte de
mercadorias, com sede ou estabelecimento mercadorias e de transporte coletivo de
estável num Estado membro, relativamente ao passageiros, com sede ou estabelecimento
gasóleo classificado pelos códigos NC 2710 19 estável num Estado-Membro, relativamente ao
41 a 2710 19 49, quando abastecido em veículos gasóleo classificado pelos códigos NC 2710 19
devidamente licenciados e destinados 43 a 2710 19 48 e 2710 20 11 a 2710 20 19 e
exclusivamente àquela atividade. relativamente ao gás classificado pelos códigos
NC 2711 11 00 e 2711 21 00, quando abastecido
em veículos devidamente licenciados e
destinados exclusivamente àquelas atividades.
3 – O reembolso previsto nos números 3 – O reembolso previsto nos números
anteriores é apenas aplicável às viaturas com anteriores é apenas aplicável:
um peso total em carga permitido não inferior a) Às viaturas com um peso total em carga
a 7,5 toneladas, matriculadas num Estado permitido não inferior a 7,5 toneladas
membro, tributadas em sede de imposto único matriculadas num Estado-Membro e, no caso
de circulação, ou tributação equivalente noutro das empresas de transporte de mercadorias, às
Estado membro, nos escalões definidos por viaturas tributadas em sede de imposto único
portaria dos membros do Governo de circulação ou tributação equivalente noutro
responsáveis pelas áreas das finanças e da Estado-Membro, nos escalões definidos por
economia. portaria dos membros do Governo
responsáveis pelas áreas das finanças e da
energia;
b) No caso das empresas de transporte coletivo
de passageiros, além das condições previstas
na alínea anterior, aos veículos destinados ao
transporte coletivo de passageiros com lotação
não inferior a 22 lugares, nos escalões
definidos por portaria dos membros do
Governo responsáveis pelas áreas das finanças
e da energia.
4 – Os valores unitários do imposto sobre os 4 – Os valores unitários do imposto sobre os
produtos petrolíferos e energéticos e demais produtos petrolíferos e energéticos e demais
imposições a reembolsar nos termos do imposições a reembolsar nos termos do
presente artigo são fixados por portaria dos presente artigo são fixados por portaria dos
membros do Governo responsáveis pelas áreas membros do Governo responsáveis pelas áreas
das finanças e da economia, respeitando o das finanças e da energia, respeitando o limiar
limiar mínimo de tributação estabelecido no mínimo de tributação estabelecido nos artigos

137
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

artigo 7.º da Diretiva n.º 2003/96/CE, do 7.º e 15.º da Diretiva n.º 2003/96/CE, do
Conselho, de 27 de outubro de 2003. Conselho, de 27 de outubro de 2003.
5 – A portaria referida no número anterior fixa 5 – A portaria referida no número anterior fixa
também o valor máximo de abastecimento também o valor máximo de abastecimento
anual, por veículo, elegível para reembolso, anual, por veículo, elegível para reembolso,
entre 25 000 e 40 000 litros. entre 25 000 e 40 000 litros, no caso do gasóleo,
e entre 1500 e 2000 gigajoules, no caso do gás.
6 – O reembolso parcial do imposto é devido 6 – O reembolso parcial do imposto é devido
ao adquirente, sendo processado em relação a ao adquirente, sendo processado com
cada abastecimento com observância do limite observância do limite previsto no n.º 4 do
previsto no n.º 4 do artigo 15.º, através da artigo 15.º atendendo aos abastecimentos
comunicação por via eletrónica, a efetuar pelos mensais, através da comunicação por via
emitentes de cartões frota ou outro mecanismo eletrónica, a efetuar pelos emitentes de cartões
de controlo certificado à Autoridade Tributária frota ou outro mecanismo de controlo
e Aduaneira (AT), dos seguintes dados: certificado à AT, dos seguintes dados:
(…) (…)
c) O número de identificação fiscal (NIF) do c) O número de identificação fiscal (NIF) do
adquirente do combustível, que seja adquirente do combustível, que seja
proprietário, locatário financeiro ou locatário proprietário, locatário financeiro ou locatário
em regime de aluguer sem condutor da viatura em regime de aluguer sem condutor da viatura
abastecida e devidamente licenciada para o abastecida e devidamente licenciada para o
transporte rodoviário de mercadorias por transporte rodoviário de mercadorias por
conta de outrem; conta de outrem ou para o transporte coletivo
de passageiros;
d) O volume de litros abastecidos e o respetivo d) O volume de litros ou gigajoules
preço de venda; abastecidos e o respetivo preço de venda;
(…) (…)
8 – Os procedimentos de controlo deste 8 – Os procedimentos de controlo deste
mecanismo de reembolso são fixados por mecanismo de reembolso são fixados por
portaria dos membros do Governo portaria dos membros do Governo
responsáveis pelas áreas da modernização responsáveis pelas áreas da modernização
administrativa, das finanças e da economia, na administrativa, das finanças e da energia, na
qual se determinam designadamente: qual se determinam designadamente:
a) As obrigações acessórias dos emitentes de cartões frota ou outro mecanismo de controlo
certificado, dos revendedores e dos adquirentes de combustíveis;
b) A dispensa de comunicação de algum dos dados previstos no n.º 6, designadamente em
relação à informação que seja transmitida à AT no âmbito de outros procedimentos;
c) Os requisitos dos sistemas de registo, controlo e comunicação de abastecimentos;
d) As condições de exigibilidade e especificações técnicas de aditivos para marcação do gasóleo
que beneficie do presente regime de reembolso.

138
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 103.º – Cigarros


Redação anterior OE 2023
4 – As taxas dos elementos específico e ad valorem são as seguintes:
a) Elemento específico – 102,01 €; a) Elemento específico – 112,5 €;
b) Elemento ad valorem – 14%. b) Elemento ad valorem – 12%.
6 – Para efeitos do número anterior, o imposto 6 – Para efeitos do número anterior, o imposto
mínimo total de referência, a vigorar em cada mínimo total de referência, a vigorar em cada
ano (n) é apurado no ano anterior (n-1) e ano (n) é apurado no ano anterior (n-1) e
corresponde a 102% do somatório dos corresponde a 101% do somatório dos
montantes que resultarem da aplicação das montantes que resultarem da aplicação das
taxas do imposto sobre o tabaco previstas no taxas do imposto sobre o tabaco previstas no
n.º 4 e da taxa do imposto sobre o valor n.º 4 e da taxa do imposto sobre o valor
acrescentado ao preço médio ponderado dos acrescentado ao preço médio ponderado dos
cigarros introduzidos no consumo entre o dia 1 cigarros introduzidos no consumo entre o dia 1
de dezembro do ano n-2 e o dia 30 de de dezembro do ano n-2 e o dia 30 de
novembro do ano n-1. novembro do ano n-1.

Artigo 103.º-A – Tabaco aquecido


Redação anterior OE 2023
4 – As taxas dos elementos específico e ad valorem são as seguintes:
a) Elemento específico – 0,0845 €/g; a) Elemento específico – 0,0896 €/g;
(…) (…)
5 – O imposto relativo ao tabaco aquecido 5 – O imposto relativo ao tabaco aquecido
resultante da aplicação do número anterior não resultante da aplicação do número anterior não
pode ser inferior a 0,182 €/g. pode ser inferior a 0,193 €/g.

Artigo 104.º – Charutos e cigarrilhas


Redação anterior OE 2023
2 – O imposto resultante da aplicação do número anterior não pode ser inferior a:
a) Charutos - 416,22 € por milheiro; a) Charutos – 432,87 € por milheiro;
b) Cigarrilhas - 61,81 € por milheiro. b) Cigarrilhas – 64,93 € por milheiro.

Artigo 104.º-A – Tabacos de fumar, rapé e tabaco de mascar


Redação anterior OE 2023
4 – As taxas dos elementos específico e ad valorem são as seguintes:
a) Elemento específico – 0,082 €/g; a) Elemento específico – 0,087 €/g;
b) Elemento ad valorem – 15%.

139
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

5 – O imposto relativo ao tabaco de corte fino 5 – O imposto relativo ao tabaco de corte fino
destinado a cigarros de enrolar, e restantes destinado a cigarros de enrolar, e restantes
tabacos de fumar, ao rapé e ao tabaco de tabacos de fumar, ao rapé e ao tabaco de
mascar, resultante da aplicação do número mascar, resultante da aplicação do número
anterior, não pode ser inferior a 0,177 €/g. anterior, não pode ser inferior a 0,188 €/g.

Artigo 104.º-B – Tabaco para cachimbo de água


Redação anterior OE 2023
2 – A taxa aplicável é de 50%. 2 – A taxa aplicável é de 75%.

Artigo 104.º-C – Líquido contendo nicotina


Redação anterior OE 2023
2 – A taxa do imposto é de 0,323 €/ml. 2 – A taxa do imposto é de 0,336 €/ml.

Artigo 105.º – Taxas na Região Autónoma dos Açores


Redação anterior OE 2023
1 – Aos cigarros fabricados nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira por pequenos
produtores cuja produção anual não exceda, individualmente, 500 t e que sejam consumidos na
Região Autónoma dos Açores são aplicáveis as seguintes taxas:
a) Elemento específico - € 34; a) Elemento específico - 35,36 €;
b) Elemento ad valorem – 42%.
2 – Os cigarros ficam sujeitos, no mínimo, a 2 – Os cigarros ficam sujeitos, no mínimo, a
79% do montante do imposto que resulta da 80% do montante do imposto que resulta da
aplicação do disposto no n.º 5 do artigo 103.º. aplicação do disposto no n.º 5 do artigo 103.º.

Artigo 105.º-A – Taxas na Região Autónoma da Madeira


Redação anterior OE 2023
1 – Aos cigarros fabricados nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores por pequenos
produtores cuja produção anual não exceda, individualmente, 500 t e que sejam consumidos na
Região Autónoma da Madeira são aplicáveis as seguintes taxas:
a) Elemento específico - 61,55 €; a) Elemento específico - 64,01 €;
b) Elemento ad valorem - 9%.
2 – Os cigarros ficam sujeitos, no mínimo, a 2 – Os cigarros ficam sujeitos, no mínimo, a
88% do montante do imposto que resulta da 87% do montante do imposto que resulta da
aplicação do disposto no n.º 5 do artigo 103.º. aplicação do disposto no n.º 5 do artigo 103.º.
3 – A todos os cigarros consumidos na Região Autónoma da Madeira, às taxas previstas no n.º 1

140
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

deste artigo ou no n.º 4 do artigo 103.º, consoante o caso, adicionam-se as seguintes taxas:
a) Elemento específico - 21,61 €; a) Elemento específico - 22,47 €;
b) Elemento ad valorem - 9%.

Consignação da receita ao setor da saúde


(Artigo 244.º da Lei do OE/2023)

1 – Nos termos do disposto nos artigos 10.º e 12.º da LEO, a receita fiscal prevista no presente

artigo reverte integralmente para o Orçamento do Estado, sem prejuízo da afetação às regiões
autónomas das receitas fiscais nelas cobradas ou geradas.

2 – A receita obtida com o imposto sobre as bebidas não alcoólicas previsto no artigo 87.º-A

do Código dos IEC é consignada à promoção da saúde e à sustentabilidade do SNS centralizada na

ACSS, I.P., e nos serviços regionais de saúde das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores,

conforme a circunscrição onde sejam introduzidas no consumo.

3 – Para efeitos do n.º 1, a afetação às regiões autónomas das receitas fiscais nelas cobradas

ou geradas efetua-se através do regime de capitação, aprovado por portaria do membro do

Governo responsável pela área das finanças, ouvidos os Governos Regionais.


4 – Os encargos de liquidação e cobrança incorridos pela AT são compensados através da

retenção de uma percentagem de 3% do produto do imposto, a qual constitui receita própria.

Eliminação gradual das isenções prejudiciais em matéria de produtos petrolíferos e energéticos


(Artigo 245.º da Lei do OE/2023)

1 – Os produtos classificados pelos códigos NC 2710 19 62 a 2710 19 67 e NC 2710 20 32 e

2710 20 38, utilizados na produção de eletricidade e na produção de eletricidade e calor

(cogeração), ou de gás de cidade no continente, são tributados com uma taxa correspondente a

100% da taxa de ISP e com uma taxa correspondente a 100% do adicionamento sobre as emissões

de CO2 previstas, respetivamente, nos artigos 92.º e 92.º-A do Código dos IEC.

2 – Em 2023, os produtos classificados pelos códigos NC 2710 19 43 a 2710 19 48, NC 2710 20

11 a 2710 20 19, NC 2710 19 62 a 2710 19 67, NC 2710 20 32 e 2710 20 38, consumidos nas Regiões

Autónomas dos Açores e da Madeira e utilizados na produção de eletricidade, de eletricidade e

calor (cogeração), ou de gás de cidade, por entidades que desenvolvam essas atividades como sua

141
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

atividade principal, são tributados com uma taxa correspondente a 50% da taxa de ISP e com uma

taxa correspondente a 50% da taxa de adicionamento sobre as emissões de CO2, previstas,

respetivamente, nos artigos 92.º e 92.º-A do Código dos IEC.

3 – Nos anos subsequentes, as percentagens previstas no número anterior são alteradas, a


partir de 1 de janeiro de cada ano, nos seguintes termos:

a) 75% em 2024;

b) 100% em 2025.

4 – Em 2023, os produtos classificados pelo código NC 2711, utilizados na produção de


eletricidade, de eletricidade e calor (cogeração), ou de gás de cidade, por entidades que

desenvolvam essas atividades como sua atividade principal, com exceção dos usados nas regiões

autónomas, são tributados com uma taxa correspondente a 40% da taxa de ISP e com uma taxa

correspondente a 40% da taxa de adicionamento sobre as emissões de CO2 previstas,


respetivamente, nos artigos 92.º e 92.º-A do Código dos IEC.

5 – As percentagens previstas no número anterior são alteradas a partir de 1 de janeiro de

2024 para 50%.

6 – Em 2023, os produtos petrolíferos e energéticos que sejam utilizados em instalações

sujeitas a um acordo de racionalização dos consumos de energia (ARCE), no que se refere aos

produtos energéticos classificados pelos códigos NC 2701, 2702, 2704, 2713 e 2711 12 11, e ao

fuelóleo com teor de enxofre igual ou inferior a 0,5%, classificado pelos códigos NC 2710 19 62 e

2710 19 66, são tributados com uma taxa correspondente a 30% da taxa de adicionamento sobre as

emissões de CO2 prevista no artigo 92.º-A do Código dos IEC.

7 – Até ao ano de 2025, a percentagem prevista no número anterior é alterada, a partir de 1

de janeiro de cada ano, nos seguintes termos:

a) 65% em 2024;
b) 100% em 2025.

8 – A taxa de adicionamento sobre as emissões de CO2 não é aplicável aos produtos previstos

nos n.os 1, 2, 4 e 6, utilizados em instalações abrangidas pelo comércio europeu de licenças de

emissão (CELE), incluindo as abrangidas pela exclusão opcional prevista no CELE.

9 – O disposto nos n.os 1 a 7 não é aplicável aos biocombustíveis, biometano, hidrogénio

verde e outros gases renováveis.

142
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

10 – A receita decorrente da aplicação dos números anteriores, relativa a introduções no

consumo ocorridas em território continental, é consignada ao Fundo Ambiental nos seguintes

termos:

a) 50% para o Sistema Elétrico Nacional (SEN) ou para a redução do défice tarifário do setor

elétrico, no mesmo exercício da sua cobrança;

b) 50% para as restantes finalidades e objetivos do Fundo Ambiental.

11 – A transferência das receitas previstas na alínea a) do número anterior opera nos termos e

condições a estabelecer por despacho dos membros do Governo responsáveis pelas áreas das
finanças, do ambiente e da ação climática.

12 – A receita decorrente da aplicação do n.º 6 é consignada ao Fundo Ambiental.

13 – As receitas previstas na alínea b) do n.º 10 devem ser aplicadas em medidas de apoio à

ação climática.
14 – Em 2023, o disposto no n.º 4, no que se refere aos produtos energéticos classificados

pelos códigos NC 2711 11 00 e 2711 21 00, não é aplicável, sem prejuízo da trajetória gradual

prevista para os anos subsequentes.

143
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ESTATUTO DA ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 12.º-A – Justo impedimento de curta duração


Redação anterior OE 2023
5 – O contabilista certificado deve, no prazo 5 – O contabilista certificado deve, no prazo
máximo de 15 dias úteis contados da data do máximo de 20 dias contados da data-limite do
cumprimento das obrigações declarativas fiscais cumprimento das obrigações declarativas fiscais
previstas no n.º 3, apresentar à Autoridade previstas no n.º 3, apresentar à Autoridade
Tributária e Aduaneira, através do Portal das Tributária e Aduaneira, através do Portal das
Finanças, os seguintes documentos: Finanças, os seguintes documentos:
a) Para as situações previstas nas alíneas a) e b) do n.º 1, certidão de óbito e comprovativo do grau de
parentesco;
b) Para as situações previstas na alínea c) do n.º 1, b) Para as situações previstas na alínea c) do n.º 1,
o certificado de incapacidade emitido pelo o certificado de incapacidade emitido pelas
médico de família ou documento emitido pelo entidades competentes do Serviço Nacional de
centro hospitalar em caso de internamento que Saúde que comprove que se trata de uma situação
comprovem que se trata de uma doença súbita e que impossibilita o contabilista certificado de dar
grave que impossibilita o contabilista certificado cumprimento às obrigações declarativas do
de dar cumprimento às obrigações declarativas cliente ou indicar um contabilista certificado
do cliente ou indicar um contabilista certificado suplente;
suplente;
d) Para as situações previstas na alínea c) do n.º 1, d) (Revogada).
referentes a assistência inadiável e
imprescindível, o certificado de incapacidade
temporária para o trabalho para assistência a
familiares emitido pelo médico de família que
comprove que se trata de uma doença súbita e
grave que impossibilita o contabilista certificado
de dar cumprimento às obrigações declarativas
do cliente ou indicar um contabilista certificado
suplente.

Artigo 12.º-B – Justo impedimento prolongado


Redação anterior OE 2023
1 – Nas situações de doença prolongada ou de 1 – Nas situações de doença prolongada ou de
gozo de licença parental por período superior ao gozo de licença parental por período superior ao
previsto, respetivamente, nas alíneas c) e d) do n.º previsto nas alíneas c) e d) do n.º 3 do artigo
3 do artigo anterior, o contabilista certificado anterior, respetivamente, o contabilista certifi-

144
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

procede, em conjunto com as entidades a quem cado procede, em conjunto com as entidades a
presta serviços e no prazo de 15 dias contados a quem presta serviços e no prazo de 30 dias
partir do momento em que invoca o justo contados da data-limite a que se refere o n.º 3 do
impedimento, à nomeação do contabilista artigo anterior, à avocação ou à nomeação, caso
certificado suplente previsto no artigo 12.º. ainda não tenha sido efetuada, do contabilista
certificado suplente previsto no artigo 12.º.
2 – Nos casos em que, em resultado de condição 2 – Sem prejuízo do prazo previsto no número
médica provocada por doença prolongada, o anterior, sempre que, em resultado de condição
contabilista certificado se encontre médica provocada por doença prolongada, o
impossibilitado de proceder à nomeação de contabilista certificado se encontre
contabilista certificado suplente e de entregar impossibilitado de confirmar a avocação ou a
tempestivamente a documentação comprovativa nomeação de contabilista certificado suplente, a
nos termos da alínea b) do n.º 5 do artigo anterior, entidade a quem o contabilista certificado presta
a entidade a quem o contabilista certificado presta serviços avoca ou nomeia um contabilista
serviços indica ou solicita à Ordem um certificado suplente provisório, podendo solicitar
contabilista certificado para ser nomeado como à Ordem apoio para esse efeito, o qual assume
suplente provisório no prazo de 15 dias contados imediatamente as suas funções até que seja
a partir da data em que tome conhecimento do comunicado o término do impedimento
facto determinante do justo impedimento, o qual prolongado nos termos do n.º 5 do presente
assume imediatamente as suas funções até que artigo.
seja comunicado o término do impedimento
prolongado nos termos do n.º 4.
4 – O contabilista certificado suplente cessa 4 – O contabilista certificado suplente deve, no
funções após a comunicação do término do prazo de 30 dias após a data-limite a que se refere
impedimento prolongado do contabilista o n.º 1, proceder ao cumprimento de todas as
certificado substituído. obrigações declarativas cujo prazo de vencimento
se verificou durante o período de justo
impedimento do contabilista substituído,
aplicando-se o disposto nos n. 4, 6 e 9 do artigo
os

anterior, com as necessárias adaptações.


5 – O contabilista certificado suplente cessa
funções após a comunicação pelo contabilista
substituído do término do impedimento
prolongado.
7 – Para efeitos do disposto no n.º 1, o contabilista
certificado deve, no prazo de 20 dias contados da
data-limite de avocação ou nomeação de
contabilista certificado suplente, apresentar à
Autoridade Tributária e Aduaneira, através do
Portal das Finanças, o documento comprovativo
do impedimento previsto na alínea b) do n.º 5 do
artigo anterior.

145
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8 – Para efeitos do disposto no n.º 2, aquando da


avocação ou nomeação de contabilista certificado
suplente, a entidade a quem o contabilista
certificado presta serviços deve comunicar à
Ordem, no prazo de 30 dias contados da respetiva
data-limite e sob o compromisso de honra, que se
encontram reunidos os respetivos pressupostos.
9 – Em caso de morte do contabilista certificado,
no prazo a que se refere a alínea c) do n.º 2 do
artigo anterior, a entidade a quem este prestou
serviço deve nomear um contabilista no prazo de
30 dias após a data-limite de cumprimento da
obrigação declarativa, aplicando-se o disposto no
n.º 4, com as necessárias adaptações.
Nota: O anterior n.º 5 corresponde ao novo n.º 6.

ANOTAÇÃO

Após um período de aplicação do regime de justo impedimento, foram aprovadas pela Lei do

Orçamento do Estado para 2022 (Lei n.º 12/2022, de 27 de junho) algumas alterações ao regime de

justo impedimento de curta duração previsto no artigo 12.º-A do Estatuto da OCC, que entraram em

vigor apenas a 1 de janeiro de 2023.

Nesta Lei do Orçamento do Estado para 2023, após a operacionalização pela Autoridade

Tributária e Aduaneira da inscrição no cadastro do contabilista suplente, foi agora aprovado um

novo conjunto de alterações ao regime de justo impedimento, especialmente ao justo impedimento

de caráter prolongado (artigo 12.º-B do Estatuto da OCC), que visam garantir a sua efetiva aplicação

e articulação com as regras de justo impedimento de curta duração.

a) Justo impedimento de curta duração

Relativamente ao regime de justo impedimento de curta duração, foi aumentado para 20 dias

(eram 15 dias) o prazo para o contabilista certificado apresentar o documento comprovativo do

impedimento, contado da data-limite do cumprimento das obrigações declarativas.

Clarifica-se também que, para os casos de doença grave e súbita e internamento hospitalar, o

documento comprovativo é o certificado de incapacidade emitido pelas entidades competentes do

Serviço Nacional de Saúde e não exclusivamente o certificado emitido pelo médico de família (por

exemplo, durante um período da pandemia do COVID, o certificado era emitido pela Saúde 24).

146
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Esta disposição tem natureza interpretativa, pelo que se aplica retroativamente às situações

verificadas desde a entrada em vigor do justo impedimento em 1 de janeiro de 2020.

b) Justo impedimento prolongado

Nas situações de doença prolongada ou gozo de licença parental por período superior a 60
dias após a data-limite de cumprimento da obrigação declarativa a que se referem as alíneas c) e d)

do artigo 12.º-A, o contabilista certificado procede, em conjunto com as entidades a quem presta

serviços e no prazo de 30 dias contados da data-limite de entrega das declarações fiscais, à avocação

ou à nomeação, caso ainda não tenha sido efetuada, do contabilista certificado suplente.

Articula-se, assim, o regime de justo impedimento de curta duração com o justo impedimento

prolongado.

Ou seja, se a doença ou licença parental se prolongar por mais de 60 dias após a data-limite de

cumprimento da obrigação declarativa (período em que o contabilista certificado está enquadrado

no regime do justo impedimento de curta duração), passamos para o regime de justo impedimento

prolongado.

Findos os 60 dias, como o contabilista contínua de baixa médica ou licença parental, compete-

lhe, em conjunto com as entidades a quem presta serviços, nomear um contabilista certificado
suplente.

Sempre que, em resultado de condição médica provocada por doença prolongada, o

contabilista certificado se encontre impossibilitado de confirmar a avocação ou a nomeação de

contabilista certificado suplente, a entidade a quem o contabilista certificado presta serviços avoca

ou nomeia um contabilista certificado suplente provisório, podendo solicitar à Ordem apoio para

esse efeito, o qual assume imediatamente as suas funções até que seja comunicado o término do

impedimento prolongado. Nesta circunstância, a entidade a quem o contabilista certificado presta

serviços deve comunicar à Ordem, no prazo de 30 dias contados da respetiva data-limite e sob o

compromisso de honra, que se encontram reunidos os respetivos pressupostos.

No prazo de 20 dias contados da data-limite da avocação ou nomeação do contabilista

suplente, o contabilista substituído deve apresentar à Autoridade Tributária e Aduaneira, através

do Portal das Finanças, o documento comprovativo do impedimento.

Uma vez nomeado, o contabilista certificado deve, no prazo de 30 dias, após a data-limite de

30 dias prevista para a nomeação do contabilista suplente, proceder ao cumprimento de todas as

147
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

obrigações declarativas cujo prazo de vencimento se verificou durante o período de justo

impedimento do contabilista substituído.

Consagrou-se, por fim, um regime de proteção dos contribuintes para as situações de morte

do contabilista certificado na data-limite de cumprimento da obrigação declarativa ou nos 15 dias

anteriores. Nesta situação, a entidade a quem o contabilista prestava serviços deve, no prazo de 30

dias após a data-limite de cumprimento da obrigação declarativa, nomear um novo contabilista

certificado. O novo contabilista deverá, no prazo de 30 dias, contados do prazo limite dos 30 dias

previsto para a nomeação, proceder à entrega das declarações fiscais.

Estas regras entram também em vigor a 1 de janeiro de 2023.

JUSTO IMPEDIMENTO PROLONGADO POR BAIXA MÉDICA OU LICENÇA PARENTAL SUPERIORES A 60 DIAS

1.º PASSO - CONTABILISTA E CLIENTE NOMEIAM UM CONTABILISTA SUPLENTE


PRAZO: 30 dias contados a par3r do fim do prazo de 60 dias após a data limite de entrega da
declaração fiscal

2.º PASSO - CONTABILISTA APRESENTA À AT DOCUMENTO COMPROVATIVO DO IMPEDIMENTO


PRAZO: 20 dias contados da data- limite de nomeação de contabilista certificado
suplente

3.º PASSO - CONTABILISTA SUPLENTE ENTREGA A DECLARAÇÃO FISCAL


PRAZO: 30 dias, contados da data limite de 30 dias prevista para a nomeação do contabilista
cer3ficado suplente

Exemplos práticos do justo impedimento do Contabilista Certificado

1 – Justo impedimento de curta duração – Artigo 12.º-A do EOCC

Factos que fundamentam o justo impedimento de curta duração

Nos termos do artigo 12.º-A do Estatuto da OCC são consideradas justo impedimento de curta
duração, que impedem o contabilista certificado de cumprir as obrigações declarativas fiscais dos

contribuintes que constam do seu cadastro, as seguintes ocorrências:

a) O falecimento de cônjuge não separado de pessoas e bens, de pessoa com quem vivam

em condições análogas às dos cônjuges, ou de parente ou afim no 1.º grau da linha reta,
designadamente, os pais, filhos, sogros (artigos 1580.º, 1581.º e 1584.º do Código Civil);

148
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Aplica-se o regime do justo impedimento quando o falecimento ocorrer na data-limite de

cumprimento das obrigações declarativas ou em qualquer um dos 5 dias consecutivos anteriores a

essa data.

A obrigação em falta deve ser cumprida nos 10 dias após a data-limite de cumprimento da

obrigação declarativa.

HIPÓTESE 1

- O Contabilista Certificado invoca e comprova o justo impedimento por falecimento de


cônjuge não separado de pessoas e bens;

- O falecimento ocorre no último dia para cumprimento da obrigação declarativa ou, em


qualquer um dos 5 dias consecutivos anteriores a essa data-limite;

- A obrigação em falta é cumprida entre o dia seguinte à data-limite para cumprimento


da obrigação e o 10.º dia (inclusive).

Exemplificando,

- Data do termo do prazo legal para cumprimento da obrigação (Entrega da declaração


periódica de IVA do 4.º trimestre de 2022) – 20/02/2023.

- O falecimento ocorre no dia 15/02/2023 (ficaria abrangido pelo justo impedimento se o


óbito se verificasse na data-limite para cumprimento da obrigação (20/02/2023) ou em
qualquer um dos 5 dias consecutivos anteriores à data do termo do prazo legal – 19, 18, 17,
16 e 15/02/2023).

- Data do cumprimento da obrigação – 28/02/2023 (a obrigação em falta teria de ser


cumprida entre os dias 21/02/2023 e 02/03/2023 (inclusive).

Esta situação está enquadrada no regime do justo impedimento de curta duração, dado que
o facto que determina o justo impedimento (falecimento), devidamente comprovado, consta
da alínea a) do n.º 1 do artigo 12.º-A do EOCC, ocorre dentro do prazo previsto na alínea a)
do n.º 2 do artigo 12.º-A do EOCC e a obrigação em falta é cumprida no prazo contido na
alínea a) do n.º 3 do mesmo normativo.

Assim sendo, a situação exposta, corresponde a uma entrega dentro do prazo, e,


consequentemente, é afastada qualquer responsabilidade contraordenacional ou penal, bem
como a de pagamento de juros compensatórios.

149
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

b) Falecimento de outro parente ou afim na linha reta ou no 2.º grau da linha colateral,

designadamente, os avós, netos, irmãos, cunhados (artigos 1580.º, 1581.º e 1584.º do Código Civil)

Aplica-se o regime do justo impedimento quando o falecimento ocorre na data-limite de


cumprimento das obrigações declarativas ou em qualquer um dos 2 dias consecutivos anteriores a

essa data.

A obrigação declarativa em falta deve ser cumprida nos 4 dias após a data-limite de

cumprimento da obrigação declarativa.

HIPÓTESE 2
- O Contabilista Certificado invoca e comprova o justo impedimento por falecimento do
avô.
- O falecimento ocorre no penúltimo dia para cumprimento da obrigação declarativa.
- A obrigação em falta é cumprida no dia seguinte à data-limite para cumprimento da
obrigação.
Exemplificando,
- Data do termo do prazo legal para cumprimento da obrigação (Entrega da declaração
periódica de IVA do 4.º trimestre de 2022) – 20/02/2023
- O falecimento ocorre no dia 19/02/2023 (ficaria abrangido pelo justo impedimento se o óbito
se verificasse na data-limite para cumprimento da obrigação (20/02/2023) ou qualquer um
dos 2 dias consecutivos anteriores à data do termo do prazo legal – 19 e 18/02/2023.)
- Data do cumprimento da obrigação – 21/02/2023 (a obrigação em falta teria de ser cumprida
entre os dias 21/02/2023 e 24/02/2023 (inclusive).
Esta situação está enquadrada no regime do justo impedimento de curta duração, dado que
o facto que determina o justo impedimento (falecimento), devidamente comprovado, consta
da alínea b) do n.º 1 do artigo 12.º-A do EOCC, ocorre dentro do prazo previsto na alínea b)
do n.º 2 do artigo 12.º-A do EOCC e a obrigação em falta é cumprida no prazo contido na
alínea b) do n.º 3 do mesmo normativo.
Assim sendo, a situação exposta corresponde a uma entrega dentro do prazo, e,
consequentemente, é afastada qualquer responsabilidade contraordenacional ou penal, bem
como a de pagamento de juros compensatórios.

c) Doença grave e súbita ou internamento hospitalar do contabilista, que o impossibilite

em absoluto de cumprir as suas obrigações ou situações de parto ou de assistência inadiável e


imprescindível a cônjuge ou pessoa que viva em união de facto ou economia comum e a parente

ou afim no 1.º grau da linha reta designadamente, os pais, filhos, sogros (artigos 1580.º, 1581.º e

1584.º do Código Civil), em caso de doença ou acidente destes;

150
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Aplica-se o regime do justo impedimento se os factos descritos nesta alínea ocorrerem na data-

limite de cumprimento das obrigações declarativas ou em qualquer um dos 15 dias consecutivos

anteriores a essa data.

A obrigação declarativa em falta deve ser cumprida nos 30 dias após a data-limite de
cumprimento da obrigação declarativa, ou 60 dias após a data-limite de cumprimento da obrigação

declarativa, neste último caso sempre que se verifique que o impedimento cessou após aquela data-

limite.

HIPÓTESE 3
- O Contabilista Certificado invoca e comprova o justo impedimento por doença grave e
súbita ou internamento hospitalar, ou qualquer uma, das outras circunstâncias descritas
nessa alínea, que o impossibilitou de cumprir as obrigações dos contribuintes do seu
cadastro;
- Os factos descritos nesta alínea ocorrem na data-limite de cumprimento das obrigações
declarativas ou em qualquer um dos 15 dias consecutivos anteriores a essa data.
- E, a obrigação em falta é cumprida nos 30 dias após a data-limite de cumprimento da
obrigação declarativa, ou 60 dias após a data-limite de cumprimento da obrigação
declarativa, neste último caso sempre que se verifique que o impedimento cessou após
aquela data-limite.
Exemplificando,
- Data do termo do prazo legal (Entrega da declaração Modelo 22 do IRC – a entregar pelas
entidades sujeitas a IRC, com período de tributação coincidente com o ano civil) – 31/05/2023.
- A ocorrência que fundamenta o justo impedimento verificou-se em 21/05/2023 (ficaria
abrangido pelo justo impedimento se a doença grave se tivesse verificado na data-limite para
cumprimento da obrigação (31/05/2023) ou qualquer um dos 15 dias consecutivos anteriores
à data do termo do prazo legal (16/05/2023 a 30/05/2023) e manteve-se durante 5 dias (o
impedimento cessou antes do termo do prazo do cumprimento da obrigação).
- Data do cumprimento da obrigação – 29/06/2023 (a obrigação declarativa em falta teria de
ser cumprida entre o dia 01/06/2023 e o dia 30/06/2023 (30 dias).
Esta situação está enquadrada no regime do justo impedimento de curta duração, dado que,
o facto que fundamenta o justo impedimento (doença grave e súbita), devidamente
comprovado, consta da alínea c) do n.º 1 do artigo 12.º-A do EOCC, ocorre dentro do prazo
previsto na alínea c) do n.º 2 do mesmo artigo 12.º-A e a obrigação em falta é cumprida no
prazo contido na alínea c) do n.º 3 do mesmo normativo.
Assim sendo, a situação exposta, corresponde a uma entrega dentro do prazo, e,
consequentemente, é afastada qualquer responsabilidade contraordenacional ou penal, bem
como a de pagamento de juros compensatórios.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

HIPÓTESE 4
- O Contabilista Certificado invoca e comprova o justo impedimento por doença grave e
súbita que o impossibilitou de cumprir as obrigações dos contribuintes do seu cadastro.
- Os factos descritos nesta alínea ocorrem na data-limite de cumprimento das obrigações
declarativas ou em qualquer um dos 15 dias consecutivos anteriores a essa data.
- E, a obrigação em falta é cumprida nos 60 dias após a data-limite de cumprimento da
obrigação declarativa, pois verifica-se que o impedimento cessou após a data-limite para
cumprimento normal da obrigação declarativa.
Exemplificando,
- Data do termo do prazo legal (Entrega da declaração Modelo 22 IRC – a entregar pelas
entidades sujeitas a IRC, com período de tributação coincidente com o ano civil) – 31/05/2023.
- Data da ocorrência que fundamenta o justo impedimento – 27/05/2023, com duração total
de 15 dias (ficaria abrangido pelo justo impedimento se a doença grave e súbita se tivesse
verificado na data-limite para cumprimento da obrigação (31/05/2023) ou em qualquer um
dos 15 dias consecutivos anteriores à data do termo do prazo legal (16/05/2023 a 30/05/2023)).
- Data do cumprimento da obrigação – 28/07/2023 (a obrigação declarativa em falta teria de
ser cumprida entre o dia 01/06/2023 e o dia 30/07/2023 (60 dias), pois o justo impedimento
apenas cessou após a data-limite para cumprimento da obrigação declarativa e que era o dia
31/05/2023).
Esta situação está enquadrada no regime do justo impedimento de curta duração, dado que,
o facto que fundamenta o justo impedimento (doença grave e súbita), devidamente
comprovado, consta da alínea c) do n.º 1 do artigo 12.º-A do EOCC, ocorre dentro do prazo
previsto na alínea c) do n.º 2 do mesmo artigo 12.º-A e a obrigação em falta é cumprida no
prazo contido na alínea c) do n.º 3 do mesmo normativo.
Assim sendo, a situação exposta, corresponde a uma entrega dentro do prazo, e
consequentemente, é afastada qualquer responsabilidade contraordenacional ou penal, bem
como a de pagamento de juros compensatórios.

d) Situações de parentalidade.

Aplica-se o regime do justo impedimento se o nascimento ou adoção ocorrerem na data-

limite de cumprimento das obrigações declarativas ou em qualquer um dos 15 dias

consecutivos anteriores a essa data.

A obrigação declarativa em falta deve ser cumprida nos 60 dias após a data-limite de

cumprimento da obrigação declarativa.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

2 – Justo impedimento prolongado – Artigo 12.º-B do EOCC

HIPÓTESE 5
- O Contabilista Certificado invoca e comprova o justo impedimento por doença grave e
súbita que o impossibilitou de cumprir as obrigações dos contribuintes do seu cadastro.
- Os factos descritos nesta alínea ocorrem na data-limite de cumprimento das obrigações
declarativas ou em qualquer um dos 15 dias consecutivos anteriores a essa data.
- A baixa prolonga-se por 6 meses.
Exemplificando,
- Data do termo do prazo legal (Entrega da declaração Modelo 22 IRC – a entregar pelas
entidades sujeitas a IRC, com período de tributação coincidente com o ano civil) – 31/05/2023.
- Data da ocorrência que fundamenta o justo impedimento – 27/05/2023, com duração total
de 6 meses (ficaria abrangido pelo justo impedimento se a doença grave e súbita tivesse o seu
início na data-limite para cumprimento da obrigação (31/05/2023) ou qualquer um dos 15 dias
consecutivos anteriores à data do termo do prazo legal (16/05/2023 a 30/05/2023)).
Inicialmente, aplicamos o regime de justo impedimento de curta duração.
Esta situação está enquadrada no regime do justo impedimento de curta duração, dado que
o facto que fundamenta o justo impedimento (doença grave e súbita), devidamente
comprovado, consta da alínea c) do n.º 1 do artigo 12.º-A do EOCC e ocorre dentro do prazo
previsto na alínea c) do n.º 2 do mesmo artigo 12.º-A.
Atendendo a que na data-limite de entrega da declaração, o contabilista certificado ainda
estava de baixa, o prazo para entrega da declaração fiscal seria de 60 dias (até 30/07/2022),
contados da data-limite.
No entanto, findos os 60 dias o contabilista certificado ainda estava de baixa. Vamos, por isso,
aplicar o regime do justo impedimento prolongado.
Assim sendo, no prazo de 30 dias, contados a partir do dia 30/07/2023 (fim do prazo de 60
dias para entrega da declaração no âmbito do justo impedimento de curta duração), o
contabilista certificado e o cliente devem nomear um contabilista certificado suplente.
Ou seja, o contabilista certificado suplente deveria ser nomeado até ao dia 29 de agosto de
2023. Como estamos em férias fiscais, o prazo é diferido para o dia 31 de agosto.
No prazo de 20 dias, contados do termo do prazo de 30 dias previsto no parágrafo anterior,
o contabilista certificado impedido deve apresentar à AT o documento comprovativo do justo
impedimento. Isto é, até ao dia 18 de setembro de 2023.
A declaração fiscal deve ser entregue pelo contabilista certificado suplente até ao dia 28 de
setembro.

As alterações produzem efeitos a 1 de janeiro de 2023, relativamente a obrigações cujo prazo


legal geral se verifique a partir desta data.

A redação dada pela presente lei à alínea b) do n.º 5 do artigo 12.º-A do Estatuto da OCC tem

natureza interpretativa.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Pela relevância deste tema, reproduzimos integralmente os artigos 12.º-A e 12.º-B do Estatuto

da OCC, na sua redação atual:

Artigo 12.º-A

Justo impedimento de curta duração

1 – São consideradas justo impedimento de curta duração, que impedem o contabilista

certificado de cumprir as obrigações declarativas fiscais dos contribuintes que constam do seu

cadastro, as seguintes ocorrências:

a) Falecimento de cônjuge não separado de pessoas e bens, de pessoa com quem vivam em

condições análogas às dos cônjuges, ou de parente ou afim no 1.º grau da linha reta;

b) Falecimento de outro parente ou afim na linha reta ou no 2.º grau da linha colateral;

c) Doença grave e súbita ou internamento hospitalar do contabilista, que o impossibilite em

absoluto de cumprir as suas obrigações ou situações de parto ou de assistência inadiável e

imprescindível a cônjuge ou pessoa que viva em união de facto ou economia comum e a parente ou

afim no 1.º grau da linha reta, em caso de doença ou acidente destes;

d) Situações de parentalidade.

2 – Consideram-se, para os efeitos previstos no número anterior, as ocorrências verificadas nos

prazos seguintes:

a) Na data limite de cumprimento das obrigações declarativas ou em qualquer um dos 5 dias

consecutivos anteriores, no caso da alínea a) do número anterior;

b) Na data limite de cumprimento das obrigações declarativas ou em qualquer um dos 2 dias

consecutivos anteriores, no caso da alínea b) do número anterior;

c) Na data limite de cumprimento das obrigações declarativas ou em qualquer um dos 15 dias

consecutivos anteriores, no caso da alínea c) do número anterior;

d) Na data limite de cumprimento das obrigações declarativas ou em qualquer um dos 15 dias

consecutivos anteriores, se estiverem em causa situações de nascimento ou adoção, no caso da alínea

d) do número anterior.

3 – Em caso de verificação da ocorrência de justo impedimento, a obrigação declarativa deve


ser cumprida, consoante cada uma das alíneas do n.º 1, no prazo de:

154
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

a) 10 dias após a data limite de cumprimento da obrigação declarativa, no caso da alínea a);

b) 4 dias após a data limite de cumprimento da obrigação declarativa, no caso da alínea b);

c) 30 dias após a data limite de cumprimento da obrigação declarativa, ou 60 dias após a data

limite de cumprimento da obrigação declarativa, neste último caso sempre que se verifique que o
impedimento cessou após aquela data limite, no caso da alínea c);

d) 60 dias após a data limite de cumprimento da obrigação declarativa, no caso da alínea d).

4 – O justo impedimento deve ser invocado na declaração entregue nos termos do número

anterior.

5 – O contabilista certificado deve, no prazo máximo de 20 dias contados da data-limite do

cumprimento das obrigações declarativas fiscais previstas no n.º 3, apresentar à Autoridade

Tributária e Aduaneira, através do Portal das Finanças, os seguintes documentos:

a) Para as situações previstas nas alíneas a) e b) do n.º 1, certidão de óbito e comprovativo do

grau de parentesco;

b) Para as situações previstas na alínea c) do n.º 1, o certificado de incapacidade emitido pelas

entidades competentes do Serviço Nacional de Saúde que comprove que se trata de uma situação

que impossibilita o contabilista certificado de dar cumprimento às obrigações declarativas do cliente

ou indicar um contabilista certificado suplente;

c) Na situação de parentalidade, comprovativo do nascimento ou da adoção.

6 – A ocorrência do justo impedimento afasta a responsabilidade contraordenacional ou penal,

bem como os juros compensatórios, quando a obrigação declarativa em falta for cumprida nos
prazos previstos no n.º 3.

7 – A prestação de falsas declarações sobre a ocorrência de justo impedimento constitui

infração disciplinar, sem prejuízo da responsabilidade criminal aplicável.

8 – As obrigações declarativas fiscais abrangidas pelo regime previsto neste artigo são
definidas por portaria do membro ao Governo responsável pela área das finanças.

9 – O regime do justo impedimento de curta duração abrange ainda as obrigações de

pagamento que não possam ser cumpridas sem a entrega das obrigações declarativas a que se

referem os números anteriores.

155
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Artigo 12.º-B

Justo impedimento prolongado

1 – Nas situações de doença prolongada ou de gozo de licença parental por período superior

ao previsto nas alíneas c) e d) do n.º 3 do artigo anterior, respetivamente, o contabilista certificado

procede, em conjunto com as entidades a quem presta serviços e no prazo de 30 dias contados da

data-limite a que se refere o n.º 3 do artigo anterior, à avocação ou à nomeação, caso ainda não tenha

sido efetuada, do contabilista certificado suplente previsto no artigo 12.º.

2 – Sem prejuízo do prazo previsto no número anterior, sempre que, em resultado de condição
médica provocada por doença prolongada, o contabilista certificado se encontre impossibilitado de

confirmar a avocação ou a nomeação de contabilista certificado suplente, a entidade a quem o

contabilista certificado presta serviços avoca ou nomeia um contabilista certificado suplente

provisório, podendo solicitar à Ordem apoio para esse efeito, o qual assume imediatamente as suas

funções até que seja comunicado o término do impedimento prolongado nos termos do n.º 5 do

presente artigo.

3 – Ao contabilista certificado suplente compete, durante o período de impedimento

prolongado, cumprir as obrigações contabilísticas e fiscais das entidades a quem o contabilista

certificado presta serviços, nos termos previstos no artigo 10.º

4 – O contabilista certificado suplente deve, no prazo de 30 dias após a data-limite a que se

refere o n.º 1, proceder ao cumprimento de todas as obrigações declarativas cujo prazo de

vencimento se verificou durante o período de justo impedimento do contabilista substituído,

aplicando-se o disposto nos n.os 4, 6 e 9 do artigo anterior, com as necessárias adaptações.

5 – O contabilista certificado suplente cessa funções após a comunicação pelo contabilista

substituído do término do impedimento prolongado.

6 – O contabilista certificado suplente não pode assumir a responsabilidade técnica das


entidades a quem prestou serviços nessa qualidade, nos 24 meses seguintes à cessação de funções,

sem a expressa autorização do contabilista certificado substituído.

7 – Para efeitos do disposto no n.º 1, o contabilista certificado deve, no prazo de 20 dias

contados da data-limite de avocação ou nomeação de contabilista certificado suplente, apresentar à


Autoridade Tributária e Aduaneira, através do Portal das Finanças, o documento comprovativo do

impedimento previsto na alínea b) do n.º 5 do artigo anterior.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

8 – Para efeitos do disposto no n.º 2, aquando da avocação ou nomeação de contabilista

certificado suplente, a entidade a quem o contabilista certificado presta serviços deve comunicar à

Ordem, no prazo de 30 dias contados da respetiva data-limite e sob o compromisso de honra, que

se encontram reunidos os respetivos pressupostos.

9 – Em caso de morte do contabilista certificado, no prazo a que se refere a alínea c) do n.º 2 do

artigo anterior, a entidade a quem este prestou serviço deve nomear um contabilista no prazo de 30

dias após a data-limite de cumprimento da obrigação declarativa, aplicando-se o disposto no n.º 4,


com as necessárias adaptações.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CONTRIBUIÇÕES DE SOLIDARIEDADE TEMPORÁRIAS SOBRE OS SETORES DA

ENERGIA E DA DISTRIBUIÇÃO ALIMENTAR

(LUCROS EXCESSIVOS OU EXCEDENTÁRIOS)

LEI N.º 24-B/2022, DE 30 DE DEZEMBRO

SETORES ABRANGIDOS

ENERGIA:

Setores do petróleo bruto, do gás natural, do carvão e da refinação, quando pelo menos 37,5%

do volume de negócios seja apurado em atividades económicas dos setores da extração, mineração,

refinação do petróleo ou fabricação de produtos de coqueria, consoante referido no Regulamento

(CE) n.º 1893/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho.

DISTRUBUIÇÃO ALIMENTAR:

Estabelecimentos de comércio alimentar (que compreenda o comércio a retalho alimentar ou

com predominância de produtos alimentares) de produtos de origem animal e vegetal, frescos ou

congelados, transformados ou crus, a granel ou pré-embalados (CAE a definir por portaria dos

membros do Governo responsáveis pelas áreas das finanças e economia).

CST ENERGIA

INCIDÊNCIA OBJETIVA

Incide sobre aos lucros excedentários apurados nos períodos de tributação que se iniciem nos

anos de 2022 e 2023.

Lucros excedentários: a parte dos lucros tributáveis que excedam o correspondente a 20% de

aumento em relação à média dos lucros tributáveis nos quatro períodos de tributação com início nos

anos de 2018 a 2021.

Sendo negativa a média destes lucros, considera-se igual a zero.

158
Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

TAXA

A taxa a aplicar é de 33%.

CST DITRIBUIÇÃO ALIMENTAR

ENTIDADES NÃO ABRANGIDAS

- Estão isentos os sujeitos passivos cuja atividade de comércio a retalho alimentar ou com

predominância de produtos alimentares tenha, no período de tributação a que se refere a

contribuição, natureza acessória, o que acontece quando não represente mais de 25% do volume de
negócios anual total.

- São excluídos os sujeitos passivos qualificados como micro ou pequenas empresas, nos

termos do Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro.

INCIDÊNCIA OBJETIVA

Incide sobre aos lucros excedentários apurados nos períodos de tributação que se iniciem nos

anos de 2022 e 2023.

Lucros excedentários: a parte dos lucros tributáveis que excedam o correspondente a 20% de

aumento em relação à média dos lucros tributáveis nos quatro períodos de tributação com início nos

anos de 2018 a 2021.

Sendo negativa a média destes lucros, considera-se igual a zero.

TAXA

A taxa a aplicar é de 33%.

DISPOSIÇÕES COMUNS

- A liquidação e pagamento das CST é feita de forma individual e autónoma, mesmo quando

seja aplicável o Regime especial de tributação de grupo de sociedades (RETGS).

- No caso de se ter verificado uma operação de cisão durante os períodos da incidência da CST

e dos 4 anos anteriores, o lucro tributável a considerar, relativamente aos períodos anteriores à cisão,

deve ser a parte proporcional, atento o valor de mercado dos patrimónios destacados,

correspondente ao sujeito passivo cindido.

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Orçamento do Estado 2023
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

- No caso de se ter verificado uma operação de fusão durante os períodos da incidência da CST

e dos 4 anos anteriores, o lucro tributável a considerar, relativamente aos períodos anteriores à fusão,

deve ser a soma algébrica dos lucros tributáveis correspondentes aos sujeitos passivos objeto de

fusão.

- Não são aceites como gastos para efeitos de IRC.

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