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12/07/2023

FISCALIDADE I

IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO


DAS PESSOAS SINGULARES

IRS

Fernando Silva
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NOTAS INTRODUTÓRIAS
 O Código do Imposto sobre as pessoas singulares
(CIRS) foi aprovado pelo DL nº 442-A/88, de 30 de
novembro, e entrou em vigor em 01 de janeiro de
1989.
 Este imposto resulta da agregação de vários impostos
parcelares (Contribuição Industrial, Imposto
Complementar, Imposto sobre a Indústria Agrícola,
Imposto de mais-valias, etc.) que se encontravam
dispersos no ordenamento jurídico-fiscal português,
daí ser apelidado na altura de “imposto único”.

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NOTAS INTRODUTÓRIAS
 A tributação do rendimento em Portugal era um
sistema de impostos parcelares ou cedulares que
evoluiu para uma tributação dual, especialmente na
tributação das pessoas singulares.
 A tributação passou a efetuar-se, para além da
natureza dos rendimentos tributáveis, também,
conforme a categoria dos sujeitos passivos
(singulares ou coletivos).
 Daí, a grande reforma do imposto sobre o rendimento
operada nos finais da década de 80, trazer à luz do
nosso ordenamento jurídico-fiscal, dois códigos
distintos (embora complementares) sobre a
tributação do rendimento: CIRS e CIRC.
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Evolução dos impostos no Orçamento de Estado (em m€)

Impostos 1995 2003 2015 2023 Var. 1995/2023

IVA 5 606 10 653 14 491 21 805 3,89

IRS 4 464 7 731 13 168 16 224 3,63

IRC 1 551 4 119 4 690 7 328 4,72

Imp. s/prod. Petr. 2 160 2 916 2 311 2 639 1,22

Imp. s/ tabaco 748 1 175 1 505 1 500 2,00

Imp. Selo 848 1 120 1 389 2 010 2,37

ISV e IUC 698 1 229 559 480 0,69

… … … … … …

Total 16 101 29 462 39 024 54 278 3,37


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Repartição dos impostos: OE 2023

480
2 010
1 500
2 639

21 805

7 328

16 224

IVA IRS IRC Imp. s/prod. Petr. Imp. s/ tabaco Imp. Selo Imp. s/ veículos

Evolução dos impostos diretos e indiretos


(em % da receita total)

OE Var.
Impostos OE 1995 OE 2002
2015 2015/1995

Diretos 37,2 42,1 46,6 25,3 %

Indiretos 62,8 57,9 53,4 - 15,0 %

Var.
Impostos OE 2015 OE 2023
2023/2015

Diretos 46,6 44,4 - 4,7 %


Indiretos 53,4 55,6 + 4,1 %
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RECEITAS FISCAIS

 Particularidades:
 Em 1995:
A receita fiscal orçamentada total somava 16.101 ME
 Os impostos directos representavam 37,2% da receita

 O IRS representava cerca de 27,7 % da receita

 Em 2023:
A receita fiscal orçamentada total somava 54.278 ME
 Os impostos directos representavam 44,4% da receita

 O IRS representava cerca de 29,9% da receita

Artº 104º, nº 1 da CRP

O imposto sobre o rendimento pessoal, visa a


diminuição das desigualdades e será único e
progressivo, tendo em conta as necessidades e os
rendimentos do agregado familiar.

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IRS
• CARACTERÍSTICAS:
DIRECTO
ESTADUAL

ÚNICO
PERIÓDICO

NACIONAL

SUBJECTIVO
PROGRESSIVO
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IRS
• PRINCÍPIOS:
Territorialidade

Imediatismo

Capacidade contributiva

Realização

Totalidade

Tipicidade
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INCIDÊNCIA PESSOAL
• Artº 13º, nº 1 – Sujeito Passivo:
PESSOAS
SINGULARES

Residentes Não Residentes

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INCIDÊNCIA REAL
• Artº 15º – Âmbito da sujeição:
Pela totalidade dos
seus rendimentos,
incluídos os obtidos
PRINCÍPIO
fora do território DA
nacional (Nº 1). RESIDÊNCIA

Residentes
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INCIDÊNCIA REAL
• Artº 15º – Âmbito da sujeição:
Pelos rendimentos
obtidos em território PRINCÍPIO DA
nacional (Nº 2) TRIBUTAÇÃO
NO PAÍS DA
FONTE

Não Residentes
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CONCEITO DE RESIDÊNCIA

Residência – Artº 16º do CIRS

1 - São residentes em território português as pessoas que, no


ano a que respeitam os rendimentos:

a) Hajam nele permanecido mais de 183 dias, seguidos ou


interpolados, em qualquer período de 12 meses com início ou fim
no ano em causa;

b) Tendo permanecido por menos tempo, aí disponham, num


qualquer dia do período referido na alínea anterior, de habitação
em condições que façam supor intenção atual de a manter e
ocupar como residência habitual.

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CONCEITO DE RESIDÊNCIA

Residência – Artº 16º do CIRS

3 - As pessoas que preencham as condições previstas nas


alíneas a) ou b) do n.º 1:

Tornam-se residentes desde o primeiro dia do período de


permanência em território português, salvo quando tenham aí
sido residentes em qualquer dia do ano anterior, caso em que
se consideram residentes neste território desde o primeiro dia
do ano em que se verifique qualquer uma das condições
previstas no n.º 1

Residência
parcial

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CONCEITO DE RESIDÊNCIA

Residência – Artº 16º do CIRS

4 - A perda da qualidade de residente ocorre a partir do último


dia de permanência em território português, salvo nos casos
previstos nos n.ºs 14 e 16.

Residência
parcial

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CONCEITO DE RESIDÊNCIA

Residência – Artº 16º do CIRS

14 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, um sujeito


passivo considera-se residente em território português durante
a totalidade do ano no qual perca a qualidade de residente
quando se verifiquem, cumulativamente, as seguintes
condições:

a) Permaneça em território português mais de 183 dias,


seguidos ou interpolados, nesse ano; e

b) Obtenha, no decorrer desse ano e após o último dia de


permanência em território português, quaisquer rendimentos
que fossem sujeitos e não isentos de IRS, caso o sujeito passivo
mantivesse a sua qualidade de residente em território
português.

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CONCEITO DE RESIDÊNCIA

Residência – Artº 16º do CIRS

16 - Um sujeito passivo considera-se, ainda, residente em


território português durante a totalidade do ano sempre que
volte a adquirir a qualidade de residente durante o ano
subsequente àquele em que, nos termos do n.º 4, perdeu
aquela mesma qualidade.

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CONCEITO DE RESIDÊNCIA

• Artigo 16º, nº 6:

São considerados residentes,


Medida os nacionais que
anti- deslocalizem a residência
para “paraíso fiscal”, nesse
abuso
ano e nos 4 seguintes, salvo
prova em contrário.

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CONCEITO DE RESIDÊNCIA

• Artigo 16º, nº 8:
Os sujeitos passivos que,
tornando-se fiscalmente
Residentes residentes nos termos dos
não n.ºs 1 ou 2, não tenham sido
residentes em território
habituais
português em qualquer dos
cinco anos anteriores .

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CONCEITO DE RESIDÊNCIA

• Artigo 16º, nº 9:
O sujeito passivo que seja
considerado residente não habitual
Residentes adquire o direito a ser tributado
não como tal pelo período de 10 anos
consecutivos a partir do ano,
habituais
inclusive, da sua inscrição como
residente em território português .

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CONCEITO DE RESIDÊNCIA

• Artigo 16º, nº 10:


O sujeito passivo deve solicitar a
inscrição como residente não habitual,
Residentes por via eletrónica, no Portal das
Finanças, posteriormente ao ato da
não inscrição como residente em território
habituais português e até 31 de março, inclusive,
do ano seguinte àquele em que se
torne residente nesse território .

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CONCEITO DE RESIDÊNCIA

• Artigo 16º, nº 11:

O direito a ser tributado como residente


Residentes não habitual em cada ano do período
referido no n.º 9 depende de o sujeito
não passivo ser considerado residente em
habituais território português, em qualquer
momento desse ano.

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CONCEITO DE RESIDÊNCIA

• Artigo 16º, nº 12:

O sujeito passivo que não tenha gozado


do direito referido no nº 11 em um ou
mais anos do período referido no n.º 9
Residentes pode retomar o gozo do mesmo em
não qualquer dos anos remanescentes
habituais daquele período, a partir do ano,
inclusive, em que volte a ser considerado
residente em território português.

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IRS – Residentes não habituais


• Artigo 72º, nº 10:
Os rendimentos líquidos das categorias
A e B auferidos em atividades de elevado
Residentes valor acrescentado, com carácter
científico, artístico ou técnico, a definir
não
em portaria do membro do Governo
habituais responsável pela área das finanças, por
residentes não habituais em território
português, são tributados à taxa de 20%

Portaria nº 12/2010, de 07/janeiro


Portaria nº 230/2019, de 23/julho
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IRS – Residentes não habituais


• Artigo 72º, nº 12:
Os residentes não habituais em território
português são ainda tributados à taxa de 10%
relativamente aos rendimentos líquidos de
pensões, incluindo os da categoria H e os
Residentes previstos na alínea d) do n.º 1 e subalíneas 3) e
não 11) da alínea b) do n.º 3 do artigo 2.º, quando,
pelos critérios previstos no n.º 1 do artigo 18.º,
habituais
não sejam de considerar obtidos em território
português, na parte em que os mesmos,
quando tenham origem em contribuições, não
tenham gerado uma dedução para efeitos do
n.º 2 do artigo 25.º
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IRS – Residentes não habituais


• Artigo 81º, nºs 4 e 5:

Residentes Os residentes não habituais podem eliminar


não a dupla tributação internacional de
rendimentos obtidos no estrangeiro de acordo
habituais com o “método da isenção”

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IRS – Residentes não habituais


• Artigo 81º, nºs 7 e 8:
7 - Os rendimentos isentos nos termos dos n.ºs 4 e
5 são obrigatoriamente englobados para efeitos de
determinação da taxa a aplicar aos restantes
rendimentos, com exceção dos previstos nas
Residentes alíneas c) a e) do n.º 1, nos n.ºs 2 a 5 e no n.º 10
do artigo 72.º
não
habituais 8 - Os titulares dos rendimentos isentos nos termos
dos n.ºs 4 e 5 podem optar pela aplicação do
método do crédito de imposto referido no n.º 1,
sendo neste caso os rendimentos obrigatoriamente
englobados para efeitos da sua tributação, com
exceção dos previstos nas alíneas c) a e) do n.º 1,
nos n.ºs 2 a 5, 7 e 10 do artigo 72.º
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CONCEITO DE RESIDÊNCIA
(REGIÕES AUTÓNOMAS)

• Artº 17º – Conceito de residentes em


Região Autónoma:
Tempo de permanência => + de 183 dias

Residência habitual
+ domicílio fiscal

Principal centro
de interesses
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SUJEITO PASSIVO
• Artº 13º, nº 2 – Agregado familiar:

Tributação individual em
REGIME REGRA relação a cada cônjuge ou
unido de facto

REGIME OPCIONAL Tributação conjunta

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SUJEITO PASSIVO
• Artº 13º, nº 3 – Agregado familiar:

O imposto é devido pela


soma dos rendimentos das
pessoas que constituem o
REGIME OPCIONAL agregado familiar,
considerando-se como
sujeitos passivos aquelas a
quem incumbe a sua direção

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SUJEITO PASSIVO

• Artº 13, nº 4 – Agregado familiar:


Cônjuges não separados judicialmente,
unidos de facto e dependentes

Cada um dos cônjuges separados e


dependentes a seu cargo

Pai ou mãe solteiros e


dependentes a seu cargo

Adotante solteiro e dependentes a seu


cargo 32

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SUJEITO PASSIVO
• Artº 13, nº 5 – Conceito de dependente:

Os filhos, adotados, enteados, e os


Os filhos, adotados, enteados, menores sujeitos a tutela, maiores, que não
e não emancipados e menores sob tenham mais de 25 anos e não
tutela obtenham rendimentos superiores à
RMMG

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SUJEITO PASSIVO
• Artº 13, nº 5 – Conceito de dependente:
Os filhos, adotados, enteados, e os Os afilhados civis que até à maioridade
sujeitos a tutela, maiores, inaptos estiveram sujeitos à tutela de qualquer
para o trabalho e para angariar meios dos sujeitos a quem incumbe a direção
de subsistência do agregado familiar, que não tenham
mais de 25 anos nem aufiram
anualmente rendimentos superiores ao
valor da retribuição mínima mensal
garantida

Sem prejuízo do disposto no nº 8 do artigo 22º , no n.º 1 do artigo 59.º e nos


n.ºs 9 e 10 do artigo 78.º, os dependentes não podem, simultaneamente,
fazer parte de mais de um agregado familiar nem, integrando um agregado
familiar, ser consideradas sujeitos passivos autónomos (Artº 13º, nº 7)

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SUJEITO PASSIVO

• Artº 14º - Tributação das uniões de facto


(c/ estatuto jurídico reconhecido)

A existência de identidade de domicílio fiscal


dos sujeitos passivos durante o período
exigido pela lei para verificação dos
pressupostos da união de facto, e durante o
período de tributação, faz presumir a
existência de união de facto quando esta
seja invocada pelos sujeitos passivos
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SUJEITO PASSIVO
• Artº 14º - Tributação das uniões de facto
(c/ estatuto jurídico reconhecido)

De acordo com a Lei 7/2001, de 11 de Maio,


as pessoas que vivam em união de facto,
cumprindo os requisitos legais (viver em
união de facto, em condições análogas às
dos cônjuges, há pelo menos 2 anos) têm
direito a que lhes seja aplicado o regime do
IRS nas mesmas condições dos sujeitos
passivos casados e não separados
judicialmente de pessoas e bens

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IRS

• Artº 59º - Tributação de casados e de


unidos de facto

Tributação separada:
cada um dos cônjuges ou dos unidos de facto,
caso não esteja de tal dispensado (Artº
58º), apresenta uma declaração da qual
constam os rendimentos de que é titular e
50% dos rendimentos dos dependentes que
integram o agregado
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IRS

• Artº 59º - Tributação de casados e de


unidos de facto

Tributação conjunta (opcional):


Os cônjuges ou os unidos de facto
apresentam uma declaração da qual consta
a totalidade dos rendimentos obtidos por
todos os membros que integram o agregado
familiar devendo ambos exercer a opção na
declaração de rendimentos que é válida
apenas para o ano em questão
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IRS
• Artº 63º - Agregado familiar

Se tiver falecido um dos cônjuges, o


cônjuge sobrevivo, não separado
de facto, deve nesse ano:
 proceder ao cumprimento das obrigações
declarativas de cada um deles;
 podendo optar pela tributação conjunta, salvo
se voltar a casar no mesmo ano

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IRS
• Artº 63º - Agregado familiar

Na constituição/dissolução do agregado
familiar, a tributação é feita de acordo
com o estado civil dos SP em 31/dez:
 se forem divorciados ou separados judicialmente de pessoas
e bens, devem englobar os rendimentos próprios e a sua
parte nos rendimentos comuns, se os houver, bem como os
rendimentos dos dependentes a seu cargo;
 Se forem casados, não separados judicialmente de pessoas
e bens, e optarem pela tributação conjunta, devem ser
englobados todos os rendimentos próprios de cada um dos
cônjuges e os rendimentos comuns, havendo-os, bem como
os rendimentos dos seus dependentes.

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IRS
• Artº 63º - Agregado familiar

Se em 31 de Dezembro se encontrar
interrompida a sociedade conjugal por
separação de facto, cada um dos cônjuges
engloba os seus rendimentos próprios, a sua
parte nos rendimentos comuns e os
rendimentos dos dependentes a seu cargo

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IRS
• Agregado familiar

Pessoas ligadas por laços de parentesco que


não fazem parte do agregado familiar mas
relevam para efeitos fiscais:
– ascendentes (artºs. 78º, 78º-A)
– ascendentes e colaterais deficientes até ao 3º
grau do sujeito passivo de rendimentos <
RMM (artº. 84º, nº 2)
– irmãos – 2º grau
– tios e sobrinhos – 3º grau

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• Artº 57º - Declaração de rendimentos

- Os sujeitos passivos devem apresentar,


anualmente, uma declaração de modelo oficial,
relativa aos rendimentos do ano anterior e a
outros elementos informativos relevantes para a
sua concreta situação tributária (nº 1)
- Sempre que, no mesmo ano, o sujeito passivo
tenha, em Portugal, dois estatutos de residência,
deve proceder à entrega de uma declaração de
rendimentos relativa a cada um deles, sem
prejuízo da possibilidade de dispensa, nos
termos gerais (nº 6)

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IRS
• Artº 58º - Dispensa da apresentação da
declaração

Os sujeitos passivos que apenas tenham auferido,


isolada ou cumulativamente:
 Rendimentos tributados pelas taxas previstas
no artigo 71.º e não optem, quando legalmente
permitido, pelo seu englobamento;
 Rendimentos de trabalho dependente ou
pensões, desde que o montante total desses
rendimentos seja igual ou inferior a € 8.500 e
não tenham sido sujeitos a retenção na fonte,
sem prejuízo do disposto na alínea d) do n.º 3.
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• Artº 102º-C e Artº 22º da LGT –
Responsabilidade pela dívida do imposto

Opção pela tributação conjunta:


• Responsabilidade é sempre solidária
Na tributação separada:
• Relativamente aos casados, aplica-se quanto à
comunicabilidade das dívidas de imposto, o
regime da lei civil.
• No caso em que os cônjuges casados em regime
de separação de bens optem pela tributação
conjunta supõe-se um tácito acolhimento da
solidariedade passiva
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