N ESTA SEMANA > CAR A DE ESPELHO, A NOVA BANDA POR T U G U ES A / COMER NO MERCAD O D O BOLHÃO

Podcasts
Prazer em ouvir
Vinte propostas na área da cultura
– da música à literatura, do cinema ao teatro e à dança –,
para ouvir sem hora nem lugar marcados
7 ---------- P O D CAST S

CULTURA
AO OUVIDO
Em formato de conversa ou entrevista,
nestes 20 podcasts portugueses fala-se de
literatura, música, cinema, teatro ou dança
– e, claro, da vida em geral
— P O R F LO R B E L A A LV E S , M A R I A N A C O R R E I A D E B A R R O S ,
P E D R O D I A S D E A L M E I D A E S A N D R A P I N TO

92 VISÃO 25 JANEIRO 2024

NotíciasFlix
Música
A Descoberta
do Som
Filipe Melo
40 a 60 minutos
Ao seu currículo multifacetado
– ele é músico, realizador
de cinema, escritor… –, Filipe
Melo juntou, desde final do
ano passado, a tarefa de
comunicador num podcast.
Ligado à Fundação Calouste
Gulbenkian, este A Descoberta
do Som, apresenta-se como
uma abordagem aos “bastidores
da criação musical, os percursos
artísticos, as curiosidades sobre
os grandes compositores,
intérpretes e obras musicais,
promovendo diálogos entre a
música e outras formas de arte”.
Tudo isso é feito em conversa
com um convidado. Até agora,
há episódios para ouvir com
Maria João Pires, Catarina
Vasconcelos, Mário Laginha
e Andreia Pinto Correia.
O Avesso
da Canção
Luísa Sobral
Mais de 60 minutos
Tal como as séries, os podcasts
vivem no éter e é possível
voltar a eles – ou ouvi-los pela
primeira vez – ad aeternum.
Luísa Sobral continua a compor
muita música e, entretanto, é
possível recuar ao outono de
2020 e ouvir o primeiro dos
38 episódios d’O Avesso da
Canção, onde tenta encontrar
a resposta para uma simples
pergunta: “O que está por
trás das canções de que
gostamos?” Podcast focado
no exercício da escrita e
da criatividade, que vai da
descoberta da música às
primeiras composições, é uma
conversa de artista para artista,
muitas vezes de gerações
diferentes, onde os bastidores
da música estão em destaque,
através das palavras de gente
importante na área como Carlos
Tê, Capicua, Sara Tavares,
Livros
O Poema
Encontro Ensina a Cair
com a Beleza Raquel Marinho
60 minutos
Martim Sousa Tavares
Nascido em 2020,
10 minutos com o propósito de
divulgar a poesia de
Nos últimos anos, Martim Sousa Tavares tem tido tal autores contemporâneos
exposição mediática que já se tornou banal elogiar-lhe portugueses, o podcast da
o modo como, nos vários projetos a que se dedica, faz jornalista Raquel Marinho
chegar a música clássica ao comum dos mortais. A tornou-se um dos mais
ideia não é nova, nem o maestro foi o primeiro a fazê- ouvidos em Portugal.
-lo em Portugal. Mas impressiona a maneira simples e Acreditando que O Poema
descomplexada como o fez. Desde logo porque pôs as Ensina a Cair, título do
suas capacidades ao serviço dos mais esquecidos, dos verso do poema de Luiza
que vivem no Interior do País, em regiões desertifica- Neto Jorge, Raquel Marinho
das a vários níveis (a Orquestra Sem Fronteiras, com entrevista pessoas de
sede em Idanha-a-Nova, é disso exemplo maior). No diferentes áreas (da música à
podcast Encontro com a Beleza – resultado de um política) sobre os seus gostos
programa da Rádio Observador –, apresenta um ex- poéticos “esperando ficar
certo de uma peça musical. A forma como se envolve mais perto delas e conhecê-
na apresentação e na contextualização da obra em -las melhor”. O projeto segue
questão constitui um bom exemplo do poder que tem a frase do poeta Lawrence
em chegar aos outros. Acredita que é mesmo possível Ferlinghetti: “A poesia é a
transformar as pessoas através da arte – e é difícil não distância mais curta entre
sermos contagiados por essa atitude. Sara Belo Luís duas pessoas.” Vencedor em
2021 do Prémio de Melhor
Podcast Português de Arte
e Cultura no PODES, Festival
Márcia, Fausto Bordalo Dias ou entre as 10h e as 12h, e depois de Podcasts Portugueses,
Tomás Wallenstein. se transforma… em podcast. conta atualmente com 319 mil
Descubra as diferenças. seguidores no Instagram.
Hotel Califórnia
Paulino Coelho e Júlio Isidro As Regras Ponto
100 minutos da Atração de Desencontro
João Gobern Hugo van der Ding
Não há melhor exemplo de
que um bom podcast pode 40 minutos 40 a 60 minutos
ser, simplesmente, um regresso
aos velhos argumentos de um Não se apresenta exatamente Quem tem por gosto a leitura
clássico programa de rádio. como um podcast, mas tendo sabe que os livros são como
Hotel Califórnia, além de todos os episódios acessíveis, as cerejas: puxa-se um e vem
título de um dos álbuns mais a qualquer momento, no site da sempre outro atrás. Hugo
vendidos da história da música RTP Play, funciona exatamente van der Ding comprova a
popular (lançado pelos Eagles como um. Mais uma vez, aqui se teoria neste podcast onde se
em 1976), é um programa da sublinha o poder intemporal da desencontra com diferentes
Rádio Renascença, centrado fórmula a que se convencionou pessoas através de livros e
em música dos anos 70 e 80 chamar “rádio de autor.” João do debate que eles suscitam.
(com muitas exceções que Gobern (que durante vários Da psiquiatria às questões do
confirmam essa regra temporal). anos, até ao fim do século sono, das revoluções culturais
Mas o que sobressai aqui é passado, foi jornalista da VISÃO) à igreja, da arqueologia às
a descontração da conversa discorre sobre os mais variados viagens, o entrevistador
solta entre Júlio Isidro (claro assuntos, sempre com a música propõe uma leitura prévia ao
que o “senhor comunicação” e as palavras como âncoras. convidado, que lhe responde
tinha de estar no formato O mais recente episódio, por com outra sugestão. Abrem-
de um podcast...) e Paulino exemplo, obedecia a um tema -se então os microfones
Coelho, num programa que vai genérico inspirado pelo dia lá para, a partir dessas obras, se
para o ar todos os sábados, fora: a chuva. discutirem e aprofundarem os
25 JANEIRO 2024 VISÃO 93
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Livros Cinema

VHS VHS já soma mais de 300

Vale a Pena Daniel Louro e Paulo Fajardo episódios.
30 a 60 minutos
Mariana Alvim Hollywood
40 a 50 minutos “Uma viagem-relâmpago Express
aos clássicos do cinema
Patrícia Pereira
que fizeram a nossa infância
Conhecer uma pessoa enquanto leitora é a premis- e juventude pelas piores 15 a 30 minutos
sa deste podcast semanal lançado pela radialista e pelas melhores razões.”
Mariana Alvim no final de 2021, hoje já na segunda Assim se apresenta um Vai na quarta temporada este
temporada e vencedor na categoria de Arte e Cultura dos mais antigos podcasts podcast da Rádio Comercial,
2023 do PODES – Festival de Podcasts. A fórmula é de cinema portugueses, iniciado em agosto de 2021.
fixa, inclui uma confissão inicial acerca de hábitos de nascido em outubro de 2012. Conduzido por Patrícia Pereira,
leitura, uma questão sobre com que autor/a o con- Assinado por Daniel Louro coordenadora de produção da
vidado gostaria de jantar e a escolha de quatro livros (videógrafo) e Paulo Fajardo Comercial, Hollywood Express
favoritos – que vão sendo pontuados por curiosida- (repórter de imagem), dois é uma espécie de noticiário “na
des relativas às obras, recolhidas por Mariana. Pela amigos e apaixonados ótica do utilizador”, salientam,
cadeira dos entrevistados já passaram nomes como por cinema, desenvolve- sobre as estreias de cinema e
Hugo Gonçalves, Margarida Marinho, Gonçalo M. -se através de conversas séries de televisão nacionais
Tavares, Dalila Carmo, Alice Vieira, entre outros, e informais sobre um filme e internacionais. Hollywood
é provável que no final dos episódios, aquela lista que marcou a dupla, a Express, que conta com
a que hoje em dia calha bem chamar TBR (“to be partir do qual conversam as participações de Marta
read”) aumente ligeiramente. com cinéfilos, realizadores Campos, Pedro Andrade e
ou atores. Além disso, o Mário Rui, inclui trailers de
podcast tem dado bastante filmes e entrevistas com
temas, partindo também de literatura contemporânea enfoque aos filmes amadores atores ou realizadores do
experiências pessoais. – entre consagrados e que se vão fazendo por aí, momento (Gareth Edwards e
No final do programa, sempre autores menos conhecidos e que muitas vezes estão Toby Kebbell, foram dois dos
quinzenal e feito com o apoio do grande público. Uma disponíveis no YouTube. últimos). Há um episódio novo
da FNAC, fica eternizado segunda série, sempre com Sem periodicidade fixa, o a cada sexta-feira.
um descritivo com os a mesma premissa, pode
livros comentados deste estar a caminho em 2024.
(des)encontro de ideias.

The Booker Os Cinéfiloss

Verdes Anos
Luís Ricardo Duarte
35 a 70 minutos
A premissa é sempre a mesma:
conversar com um escritor
ou uma escritora sobre o seu
primeiro livro e o percurso,
de descoberta, inspiração e
trabalho, até lá chegar. Tudo
começou em março de 2022,
numa conversa com Adolfo
Luxúria Canibal, vocalista
dos Mão Morta, aqui mais
centrado na sua obra poética.
Até junho do ano passado,
quando falou com Miguel
Real, Luís Ricardo Duarte
(jornalista do Jornal de Letras,
Artes e Ideias e colaborador
habitual aqui nas páginas da
VISÃO Se7e) apresentou 65
episódios de Verdes Anos,
com muitos nomes da nossa
Prize Podcast
Jo Hamya e James Walton
45 minutos
Este podcast é um intruso
na nossa seleção falada
em português. Abrimos a
exceção à dupla inglesa Jo
Hamya e James Walton (ela
escritora, ambos críticos de
livros), que semanalmente,
à quinta-feira, limpa o pó às
listas de finalistas ao Booker
Prize, revisita cerimónias
passadas e explora alguns dos
momentos mais controversos
do prémio de literatura
internacional. Também
prescrevem livros para dilemas
pessoais e enviam uma
newsletter com artigos de
leitura longa, entrevistas com
autores nomeados e livros
recomendados.
Que
Ninguém
Pediu
João Torgal e Daniel Mota
30 a 60 minutos
Iniciado em outubro de 2021, o podcast semanal
de João Torgal, natural de Múrcia, e Daniel Mota,
nascido em Vila Nova de Gaia – a maneira como
se apresentam os dois jornalistas –, analisa as
estreias no cinema, os festivais ou as séries de te-
levisão do momento. Em cada episódio (o podcast
da Antena 3 vai a caminho dos 100 episódios), a
dupla fala tanto das produções como do argu-
mento, das melhores e piores interpretações, da
fotografia ou até mesmo do som dos filmes. Sem
papas na língua. Pelo meio, ainda conversam com
realizadores (Edgar Pêra, Tiago Guedes e João
Canijo são alguns exemplos), cinéfilos, críticos
(como João Lopes) e atores.

94 VISÃO 25 JANEIRO 2024

 Te a t r o / D a n ç a OUTROS

Teatra
Mariana Oliveira
50 minutos
Conduzido por Mariana Oliveira, jornalista e ra-
dialista cultural na Antena 3, o podcast do Teatro
Nacional D. Maria II segue o tom informal, em
conversas sem guião com pessoas ligadas ao teatro,
de alguma maneira. Foi com o humorista Bruno
Nogueira que se deu início a estes encontros, em
setembro de 2019, ao qual se seguiram os atores
Eunice Muñoz, Albano Jerónimo, Miguel Guilher-
me e Ivo Canelas. Por este “palco virtual” (primeiro
num ritmo mensal, atualmente quinzenal) também
já passaram o músico Paulo Furtado (The Legen-
dary Tigerman), a rapper Capicua, Manuela Aze-
vedo, a voz dos Clã, os encenadores Tiago Guedes
e David Pereira Bastos, entre outros nomes, para
falar sobre o seu trabalho e a sua ligação ao teatro
lisboeta.
Set-up: Podcasts portuguesa. Os episódios
da Dança têm tradução para inglês e
linguagem gestual portuguesa.
NA PONTA DA LÍNGUA
Sandra Duarte Tavares
2 minutos
Aprender a usar e a pronunciar corretamente certas
palavras é a proposta de Sandra Duarte Tavares,
professora do Ensino Superior na área da Comunicação
e autora dos livros Comunicar com Sucesso, 500 Erros
Mais Comuns da Língua Portuguesa e Falar Bem,
Escrever Melhor. Neste podcast da Antena 1, bastam
apenas dois minutos para descobrir algumas subtilezas
da língua portuguesa. Já agora, devemos dizer “fazer
a barba ou desfazer a barba”?
COISA QUE NÃO EDIFICA
NEM DESTRÓI
Ricardo Araújo Pereira
25 a 50 minutos
O estilo inconfundível de R.A.P.
vê-se logo no início da síntese de
cada episódio deste podcast (que nasceu ligado à SIC):
“Ricardo Araújo Pereira discorre chatamente sobre...”
E sobre o que discorre o humorista, sozinho ou com
convidados, em Coisa que Não Edifica nem Destrói?
Sobre o humor e tudo à volta – ou seja, a vida. Com
muitas referências literárias e filosóficas, R.A.P. mistura
da melhor maneira coloquialidade, graça e erudição.

Contemporânea
Portuguesa
Sekoia – Artes Performativas
60 minutos
Depois de Madalena Vitorino,
Francisco Camacho, Olga
Roriz, Rui Horta e Vera
Mantero, entre outros
bailarinos e coreógrafos,
terem passado pelo Set-
Up, mais nomes se seguirão
neste podcast criado pela
Sekoia – Artes Performativas.
Ana Rita Teodoro, Clara
Andermatt, Cláudia Dias, David
Marques, Gaya de Medeiros,
João Fiadeiro, Marco da
Silva Ferreira, Miguel Pereira,
Tânia Carvalho, Vânia Gala e
Victor Hugo Pontes serão os
protagonistas da segunda
edição, que se estreia no
dia 18 de fevereiro. A Sekoia,
associação sem fins lucrativos,
quer criar um arquivo sonoro
e visual sobre as histórias de
vida e o percurso profissional
das mais relevantes figuras
da dança contemporânea
Mescla
Rafaela Jacinto
30 minutos
O novíssimo podcast do
Teatro Municipal do Porto, do
DDD – Festival Dias da Dança
e do CAMPUS Paulo Cunha
e Silva, lançado no último
sábado, 20, é conduzido
pela poeta, atriz e performer
Rafaela Jacinto, com som
de Mother Júpiter. A partir
da premissa “Como, onde
e porquê nos mesclamos?
Quantos cosmos cabem
num espetáculo, num corpo,
numa fala?”, são entrevistadas
pessoas do mundo artístico.
No primeiro episódio,
Avatares Também Sonham?,
Rafaela conversa com Rita
Barbosa, Maria Inês Marques
e Rui Lima, cocriadores do
espetáculo de realidade
virtual Bertie. O grupo Aurora
Negra (Cleo Tavares, Isabél
Zuaa e Nadia Yracema) será
o próximo convidado.
AS AMIGAS DE ELEONOR
Pedro Vieira e Raquel Vaz Pinto
60 minutos
Homenagear mulheres que se distinguiram na política, na
educação, na ciência e nas artes é o fio condutor deste
podcast que junta Pedro Vieira, escritor e apresentador
do programa O Último Apaga a Luz na RTP 3, e Raquel
Vaz Pinto, investigadora do Instituto Português de
Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa.
As Amigas de Eleanor tem o bónus de ser gravado
ao vivo na FLAD – Fundação Luso-Americana para
o Desenvolvimento, em Lisboa, em sessões mensais
abertas ao público. Os próximos encontros acontecem
nos dias 19 de fevereiro e 18 março.
FEMINA
Vanessa Augusto
60 minutos
A convite do Maus Hábitos, casa portuense dedicada
à música e às artes visuais, a jornalista Vanessa Augusto
dá voz, todos os meses, a este podcast dedicado a
mulheres da área da cultura. Femina tem periodicidade
mensal e pela cadeira das entrevistadas já passaram,
entre outros nomes, Ana David, curadora no Batalha
Centro de Cinema, Melissa Rodrigues, artista visual
e programadora, e Amélia Muge, cantora, compositora
e instrumentista.

25 JANEIRO 2024 VISÃO 95

7 ---------- CO O R D E N A DAS

Fora
SABORES INDIANOS foi convertida em
Não vão faltar ovos no espetáculo de dança
brunch alternativo que por Olga Roriz. Desta
o restaurante lisboeta sexta a domingo, dias
Gunpowder organiza 26 a 28, chega ao palco
neste sábado, 27, e para insetos. Todos têm lugar do Teatro Nacional
o qual convidou Natalie no PET – Festival da São João, no Porto,
Castro, a cozinheira Família e dos Animais sendo que o elenco é
de mão cheia do Isco de Companhia que vai formado por bailarinos
– Padaria e Bistro. ocupar a FIL, no Parque e por pessoas da
O menu (servido das Nações, desta sexta, comunidade local.
entre as 12h e as 16h) 26, a domingo, 28. Entre Bilhetes: €7,50 a €16.
irá incluir receitas as diferentes áreas
de origem indiana, temáticas, destaca-se
mas também opções o maior aquário móvel —— Exposição
criativas confecionadas da Europa, do projeto
por Natalie. Omelete Fluviário vai à Escola, CARTOONS DE
ao estilo dos cafés com 14 metros de CRISTINA SAMPAIO
parsi em Bombaim, comprimento, 22 mil Os leitores atentos
com tomate, cebola, litros de água e mais lembrar-se-ão da
coentros, malagueta de dez espécies de polémica com o
verde e queijo, servida peixes, de carpas koi cartoon, transmitido
com chutney de tomate até percas europeias. pela RTP, de um polícia
e torradas (€9,50); Bilhetes: €8 (sex), francês a treinar tiro a
panquecas com banana €10 (sáb-dom), €5 alvos com diferentes
caramelizada, xarope (5-15 anos e mais tonalidades. A autora,
de cardamomo e de 65 anos). Cristina Sampaio, quis
pistácio (€8,50); ovos chamar a atenção
verdes avinagrados para um problema
(€7,50) e brioche —— Dança – o racismo na polícia
LUÍS FERRAZ

com ovo e molho de –, mas houve quem não

bifana (€10,50) são OLGA RORIZ entendesse assim. Da
algumas das apetitosas NO TEATRO SÃO JOÃO sua autoria, a Casa da
sugestões. A hora em que não Imprensa apresenta

O que há —— Brunch sabíamos nada uns

dos outros, a peça
agora 58 cartoons,
publicados no Público
—— Festival
de novo PEQUENO-ALMOÇO
TARDIO AO SÁBADO
BICHOS NA FIL
sem palavras escrita
por Peter Handke
e na Alternatives
Économiques, e 24

para sair O Bartolomeu Bistro,

restaurante do Cães, gatos, aves,
em 1992, na qual
450 personagens
animações do Spam
Cartoon, difundidas na

ou ficar Torel 1884 Suites &

Apartments no Porto
répteis, peixes, roedores
e pequenos mamíferos,
caminham por uma
praça e reproduzem
RTP3, durante o ano de
2023. A inauguração

em casa
(R. Mouzinho da animais de quinta e o frenesim de uma será nesta quinta, 25,
Silveira, 228), passou a exóticos e até alguns cidade imaginária, às 18h, e a exposição
ter, aos sábados, uma ficará patente até ao
Cinema carta pensada para dia 1 de março, de
de animação quem gosta de acordar segunda a sexta,
tarde. Servido das entre as 10h e as 18h.
para crianças, 12h30 às 15h30, o Lazy A entrada é livre.
espetáculos Saturday Mornings
grátis, inclui uma seleção
brunches e de pão e pastelaria, —— Cinema
ovos (royal, benedict,
tricot a fechar ABRIL
mexidos ou escalfados),
o longo mês
JORGE GOMES

panquecas, queijos, NO INDIEJÚNIOR

de janeiro sumos e até mesmo Liberdade é a temática
espumante. desta edição do

96 VISÃO 25 JANEIRO 2024


D.R.
Festival Internacional música, cinema, dança,
de Cinema Infanto- conversas, workshops,
Juvenil IndieJúnior, uma instalação e
que decorre até uma conferência.
domingo, dia 28, A não perder nestes
no Porto. Na secção três dias? A estreia
Foco Principal, a no Grande Auditório
remeter para os 50 da nova criação da
anos da Revolução Companhia Maior,
de Abril, destaque para Agora Nascíamos
O Casaco Rosa, de Outra Vez, com
Mónica Santos, sobre coreografia de Aldara
o agente da PIDE, Bizarro, textos de
Rosa Cavaco; Patrícia Portela e
O Nosso Uniforme, de música de Noiserv (dia
Yegane Moghaddam; 27); e Grande Colheita,
ou Balada de um um espetáculo
Batráquio, de Leonor deambulante pelo
Teles, a exibir na jardim, onde, a par
Casa das Artes neste da música e da
sábado, 27 (15h e representação, os
18h). A encerrar o participantes poderão
festival, o filme- degustar sopas feitas
concerto Sons da com ingredientes
Liberdade, pela dupla cultivados numa
O Som do Algodão, é horta em Viseu (dia
apresentando neste 28). Entrada gratuita,
domingo, às 16h15, mediante levantamento
no cinema Batalha. de bilhete no próprio
Bilhetes a partir €4. dia.
—— Doçaria
ALENTEJO
CONVENTUAL
O claustro seiscentista
do Convento dos
Agostinhos, em Vila
Viçosa, acolhe a I
—— Artes Feira de Doçaria
Conventual, desta
ISTO É PARTIS sexta até domingo,
NA FUNDAÇÃO 26 a 28. Durante três
GULBENKIAN dias, e além da montra
A mostra anual de de doces conventuais
projetos de arte desta região
participativa, Isto é alentejana, o programa
Partis, está de regresso inclui concertos de
à Fundação Calouste música, uma oficina de
Gulbenkian, em Lisboa. bolachas e biscoitos
Entre esta sexta, 26, e e um concurso.
domingo, 28, haverá A entrada é gratuita.
Dentro
D.R.
—— Biblioteca canção Andar à Solta, —— Tricot
Digital o segundo tema de
avanço do álbum GORRO
EUGÉNIO Subida Infinita, o quinto EM LÃ TWEED
DE ANDRADE VIRTUAL dos Capitão Fausto, Nunca é tarde para
Parte do espólio do com edição a 14 de se dedicar à arte do
poeta e escritor passa março. Este será o tricot. A Retrosaria
a estar disponível na último a contar com de Rosa Pomar tem
plataforma Biblioteca o teclista Francisco um novo kit com
Digital Eugénio Ferreira, que irá deixar tudo o que é preciso
de Andrade. Entre a banda lisboeta. para fazer um gorro
poemas, manuscritos, “É a última vez que quentinho, que saberá
postais, fotografias e tocamos os cinco bem nos dias mais
outros documentos, juntos. Não é um fim, frios. É tricotado com
propriedade das mas uma despedida.” o fio Kilcarra Tweed
bibliotecas municipais Anunciadas estão as (100% lã, em várias
do Porto e do Fundão, datas dos concertos cores), em malha
a obra de Eugénio de apresentação do circular, com uma
de Andrade (1923- novo disco pelo País. execução simples,
2005) estará acessível Os bilhetes já estão à adequada a iniciantes
online (dez mil registos venda e têm esgotado (€20,70). As instruções
constarão do site ao como pãezinhos (em português e
longo dos próximos quentes. inglês, incluídas no kit)
meses). O poeta será também estão à venda
o homenageado na O CHAMAMENTO online (€3,50).
Feira do Livro do DOS CLUB MAKUMBA
Porto deste ano e a Há música nova dos
sua última morada, no Club Makumba. Janaina
Passeio Alegre, será Calling antecipa o
transformada na Casa segundo álbum de
da Poesia. originais da banda de
Tó Trips, João Doce,
Gonçalo Leonardo
—— Disco e Gonçalo Prazeres,
Sulitânia Beat, que
“SUBIDA INFINITA” chega às lojas nesta
DOS CAPITÃO FAUSTO sexta, dia 26, nos
D.R.
Já se pode ouvir a formatos cd e vinil.
25 JANEIRO 2024 VISÃO 97
7 ---------- M Ú S I CA
PALMELA
MicroSons
Abril em janeiro
Nesta segunda edição, o festival muda-se
para Palmela e apresenta uma programação
dedicada aos 50 anos do 25 de Abril
D
epois de uma primeira, e
bem-sucedida, edição em
Oeiras, em 2023, este “fes-
tival itinerante, que privi-
legia a palavra e a música de autor”,
muda-se agora para Palmela, onde vai
apresentar uma programação dedicada
aos 50 anos do 25 de Abril. O car-
taz do MicroSons engloba diferentes
gerações de músicos e artistas, que,
segundo a organização, irão “abor-
dar o tema com a total liberdade que
Abril lhes concedeu”. Mantém-se o
ambiente intimista das atuações, que
se vão distribuir por dois palcos: o do
Cineteatro São João, onde se reali-
zam os concertos principais, e o do
Café-Concerto, no foyer do teatro,
reservado aos novos talentos.
O concerto de abertura, nesta sexta,
26, estará a cargo de Ana Lua Caiano,
um dos talentos emergentes da nova
música popular portuguesa, conhecida
pela capacidade de criar melodias atra-
vés de um processo de grande explora-
ção, juntando a música tradicional com
a eletrónica – conta apenas com dois
EP editados e prepara-se para lançar o
álbum de estreia no final de março. Se-
gue-se a atuação de Vicente Palma, mú-
sico cujo apelido revela uma ascendên-
98 VISÃO 25 JANEIRO 2024
D.R.
cia nobre no que à música diz respeito
e que, tal como o pai, Jorge, também
tem no piano o instrumento de eleição.
Apresenta aqui o primeiro trabalho em
nome próprio, Parto, no qual se destaca
uma versão de Para Rosalía, de Adriano
Correia de Oliveira. A primeira noite
termina em grande com um espetáculo
de tributo a José Mário Branco na voz
de JP Simões, que já havia interpretado
uma versão de Inquietação no álbum
1970, editado em 2006.
A programação de sábado, 27,
arranca com o espetáculo Que Abril
Abriu, com o ator André Gago e a sua
banda, que vão apresentar “poemas e
canções da liberdade” de grandes au-
tores da língua portuguesa, do tempo
tanto da resistência como da liberta-
ção, junto com alguns temas originais.
O alinhamento continua com Hadessa,
alter-ego musical de Vanessa Santos
(que, em junho do ano passado, lançou
o disco de estreia Fortuna), e com o
duo Virgem Suta, que neste ano cum-
pre 15 anos de carreira e promete en-
cerrar o festival em festa. — Miguel Judas
Cineteatro de São João > R. Gago Coutinho
e Sacadura Cabral, Palmela > T. 21 233 6630
> 26-27 jan, sex-sáb 20h30 > €10 e €16
LISBOA
Lina_
Depois de uma singular
homenagem a Amália, na
companhia do músico e
produtor espanhol Raül Refree,
Lina_ dedica um disco ao grande
poeta português, no ano em
que se assinalam 500 anos do
seu nascimento. O disco Fado
Camões já anda por aí, com o
selo da editora alemã Galileo
Music. Mais uma vez, a tradição
do fado e da cultura portuguesa
misturam-se com referências e
músicos contemporâneos de
diversas geografias (a produção
é do britânico Justin Adams).
Nos próximos meses, Lina_ vai
cantar Camões em diversos
palcos do mundo.
Teatro da Trindade > R. Nova da
Trindade 9, Lisboa > 30 jan, ter
21h > €10
PORTO
O Salgado Faz
Anos... Fest!
É assim que nascem as
tradições. Desde 2013, sempre
em janeiro, que a festa de anos
de Luís Salgado, músico e ex-
programador do Maus Hábitos,
se transforma numa sessão de
concertos e convívio, nesse
espaço da movida e da cultura
portuenses. Hoje, esta festa é
assumida como um festival de
um dia só. Na edição de 2024
de O Salgado Faz Anos... Fest, já
neste sábado, 27, destaque para,
entre muitas outras, as atuações
de O Gajo, Ana Lua Caiano, Nel
Monteiro e Cobrafuma.
Maus Hábitos > R. Passos Manuel
178, Porto > 27 jan, sáb, 21h > €20
 7 ---------- CI N E M A
Pobres Criaturas
A filha de Deus
O novo Lanthimos é uma poderosa fábula social,
algures entre Frankenstein e Tim Burton
A
chave para entendermos Pobres Cria-
turas, o último filme-sensação do
grego Yorgos Lanthimos, está, natural-
mente, em Frankenstein, obra fantásti-
ca de Mary Shelley. A escritora britânica contava
a história de um inventor sem escrúpulos, que
concebeu uma criatura sem atributos sociais.
O monstro Frankenstein não era um puro vilão,
mas simplesmente alguém de força desmedida
que não sabia como funcionar em sociedade e
que, por isso, se tornava perigoso. Na fantasia de
Lanthimos passa-se algo parecido. Bella é uma
recriação de um médico louco, com as cica-
trizes de um Frankenstein, e, na sua educação
para a sociedade, acaba por lhe ser apresentada
demasiado cedo. Se no monstro de Frankenstein
o perigo estava na força descontrolada, aqui esse
poder físico é substituído pelo erotismo e por
uma tendência para o epicurismo com forma de
se olhar o mundo marcada pela genuína curiosi-
dade de uma criança.
Lanthimos serve-se desta fábula para fazer
uma reflexão filosófica sobre a própria socie-
dade (um pouco ao estilo do Papalagui, com a
sua visão exterior do universo ocidental). Há um
olhar inocente, prático e irónico sobre o mundo,
estupidificando-se a razão de ser dos códigos so-
ciais. São cenas de humor fácil, mas eficaz. Bella é
Volta ao
mundo Bella,
a personagem
interpretada por
Emma Stone, em
Pobres Criaturas,
passa por várias
cidades na sua
descoberta do
mundo e da
Humanidade.
Paris (na foto)
e também, por
exemplo, Lisboa,
onde ouve um
fado de Carminho
e come pastéis
de nata
D.R.
monstruosa na sua sede de vida e de experiência,
um ser despido de preconceitos e limitações, com
um poder de raciocínio lógico devastador, que
herdou do criador, um cirurgião chamado Deus.
Estética e também narrativamente, Lanthi-
mos faz de Pobres Criaturas um esplendoroso
filme à la Tim Burton – há ali muito de, por
exemplo, Eduardo Mãos de Tesoura – e um dis-
positivo estético absolutamente deslumbrante,
no retrato pictórico das cidades por onde Bella
passa, que inclui Lisboa, com pastéis da nata e o
fado de Carminho. Mas, ao contrário de Burton,
Lanthimos não faz da fábula um conto de fadas.
Prevalece sempre um tom ensaístico e racional
que supera o punch emocional. O motivo é, aci-
ma de, tudo pragmático.
O argumento está impecavelmente desenha-
do, e para o seu funcionamento contribuem duas
grandes atuações: em primeiro lugar, Emma
Stone, que também volta a produzir o filme de
Lanthimos, como já havia feito em A Favorita (a
sua desarticulação funcional deve merecer, pelo
menos, uma nomeação para os Oscars), e, em se-
gundo, o insuperável Willem Dafoe, em mais um
papel difícil de esquecer. — Manuel Halpern
De Yorgos Lanthimos, com Emma Stone, Mark Ruffalo,
Willem Dafoe, Ramy Youssef > 142 min
25 JANEIRO 2024 VISÃO 99
 7 ---------- D I SCO
Cara de Espelho
Canções que vão à luta
A banda é nova, mas conhecemos bem os seus elementos.
Os Cara de Espelho prometem agitar as águas com música
de combate, tão poética como interventiva
— PO R PED RO D IAS D E ALM EI DA
À
partida, parece que esta-
mos em presença daquilo
a que se convencionou
chamar um “supergrupo”
– uma banda formada por
gente que já tem gran-
de reconhecimento noutros grupos e
projetos musicais. Do alto dos seus 69
anos, Carlos Guerreiro desfaz equívocos,
sorridente, com poucas palavras: “Somos
super amigos!” Mitó Mendes, a vocalista
destes Cara de Espelho, também ques-
tiona essa categorização: “Normalmente,
nos supergrupos juntam-se músicos
que têm carreiras ativas noutras bandas
nesse momento; aqui, estávamos todos
parados nesse sentido, tirando talvez o
Nuno Prata, já que os Ornatos Violeta
se voltaram a juntar pontualmente nos
últimos anos...” Pedro da Silva Martins
prefere sublinhar que esta é uma banda
que surge “em contraciclo”: “Estamos
todos numa idade em que normalmente
se pensa ‘agora, vou é fazer uma carreira
a solo’, mas juntámo-nos numa banda
nova...”
O “DOUTOR COISINHO”
Tudo começou com um encontro for-
tuito à porta dos Correios, na Avenida de
Roma, ainda antes da pandemia, entre
Carlos Guerreiro e Sérgio Nascimento.
A conversa acabaria num telefonema,
ao fim desse dia, com uma frase que
os músicos estão muito habituados a
dizer e ouvir. “Eh pá, gostei muito de te
encontrar, devíamos fazer alguma coisa
juntos...”, disse Sérgio ao fundador dos
Gaiteiros de Lisboa. Essa foi a semente.
Depois, seguiu-se um processo de soma
de elementos, com convites endereçados
pelo percussionista que já tocou com
meio mundo na música portuguesa das
últimas décadas. “O Sérgio é que foi
juntando as peças”, diz Pedro da Silva
Martins, que, para aceitar a proposta,
pôs a condição de poder igualmente
100 VISÃO 25 JANEIRO 2024
voltar a tocar as suas guitarras, entrar
mesmo na banda. E são dele todas as 12
músicas e letras do disco de estreia dos
Cara de Espelho – nome que nasceu de
um verso da primeira canção em que
trabalharam juntos, Cara Que É Tua: “O
cara de espelho, assim batizado/ tem os
defeitos dos outros espelhados...” Afinal,
o objetivo neste disco é, também, pôr
um espelho à frente de quem o ouve,
“refletindo a sociedade”.
Soando a música popular portuguesa
do século XXI, há algo nestas canções
que faz pensar no espírito e estilo de
José Afonso: uma mistura de lirismo e
intervenção, poesia livre e afirmações
muito diretas, lado a lado. São can-
ções que vão à luta. “Que arregaçam as
mangas”, diz Pedro. “Que dão a cara...”,
acrescenta Mitó. “Sinto que, às vezes, é
preciso ser chato, andar a morder cal-
canhares, pôr o dedo na ferida. Isso faz
bem e é importante neste momento”, diz
o letrista. Muitas delas têm alvos e temas
bem claros, fazendo pensar na música
de intervenção que animava o País há
meio século. Desigualdades económicas
e fugas aos impostos? Ouça-se Paraíso
Fiscal: “Quando morrer eu quero subir
ao Paraíso Fiscal/ vida de contribuinte
é deveras infernal/ que São Pedro me
receba no seu Portal das Finanças...”
Ou Testa de Ferro: “Quero pôr maços
de notas em pequenos envelopes/ Dar
LUCAS TAVARES
a fuga pro estrangeiro antes que alguém
me tope/ Quero contas na Suíça, uma NUNO PRATA
casa em Paris/ E chamada à justiça ser
amiga do juiz.” As guerras dos nossos Baixista. Um dos fundadores,
no início dos anos 90, dos
dias ou de sempre? Estão em Tratado de Ornatos Violeta, no Porto.
Paz: “No fim, será proclamado que todos Afirmou-se neste século como
ganharam/ mas sabemos quem perdeu.” escritor de canções, lançando
Em tempo de animada campanha três discos em nome próprio: Todos
eleitoral, uma canção em especial pro- os Dias Fossem Estes/Outros
mete ser bastante polémica. Na letra de (2006), Deve Haver (2010)
e Nuno Prata (2014)
Dr. Coisinho, “um le penesinho peque-
nino, de brinquedo”, só falta mesmo
identificar o nome do líder do Chega.

MITÓ MENDES
A sua voz deu-se a conhecer
n’A Naifa, projeto que cofundou
com João Aguardela e Luís
Varatojo, cantando palavras de
poetas portugueses. Com Sandra
Baptista, fundaria, depois, o duo
Señoritas, que lançou os discos
Acho Que É Meu Dever Não
Gostar (2016) e As Saudades
Que Eu Não Tenho
(2018)
SÉRGIO
NASCIMENTO
Baterista e percussionista, nascido
em 1972, já tocou e colaborou com
meio mundo na música portuguesa
nas últimas décadas. Integrou os
grupos Peste & Sida e, depois,
Despe & Siga. Em 2004, foi um dos
membros do coletivo Humanos,
que assinou versões de
temas de António
Variações
PEDRO
DA SILVA MARTINS
Em 2006, foi um dos criadores
dos Deolinda, onde se notabilizou
como letrista e compositor. Antes, já
tinha criado os Bicho de 7 Cabeças.
Nos últimos anos, tem-se afirmado
como autor prolífico para outros
artistas. Em 2021, foi produtor
de Desalmadamente, disco
que marcou o regresso
de Lena d’Água
LUÍS JOSÉ
MARTINS
Guitarrista. Com o irmão, Pedro
da Silva Martins, foi membro
fundador dos Bicho de 7 Cabeças
e dos Deolinda. Com a pianista
Joana Sá, gravou, em 2013, o disco
Almost a Song e, em 2017, lançou
um álbum em nome próprio:
Tentos – Invenções e
Encantamentos
CARLOS
GUERREIRO
Em 1991, foi um dos fundadores
dos Gaiteiros de Lisboa, mas a sua
carreira musical já tinha começado
há muito. Com José Mário Branco e
Fausto, foi um dos integrantes do
GAC, no período revolucionário.
Nascido em 1954, afirmou-se
como um criativo construtor
de instrumentos
musicais
O disco Com 12 canções, todas
de Pedro da Silva Martins, Cara
de Espelho é lançado nesta sexta, 26.
Está disponível em CD, vinil e, claro,
nas plataformas de streaming
Começa assim:
“O dr. Coisinho
Vem coisificar o medo
Ai, ó mulher, é branco
Ai, ó mulher, é preto
O dr. Coisinho
Vem quantificar o erro
Ai, ó qu’ele é cigano
Ai, ó qu’ele é o demo...”
“Na nossa geração, e com o gosto musi-
cal que partilhamos, nós estruturámo-nos
a ouvir José Afonso, Sérgio Godinho, José
Mário Branco, Adriano Correia de Olivei-
ra, Fausto...”, diz Mitó, ressalvando que o
caso de Carlos Guerreiro é diferente: “Ele
privou com eles, tocou com eles, foi até o
braço-direito de alguns deles.”
“Será que estamos a cantar só para os
nossos amigos?”, pergunta-se Pedro da
Silva Martins. E responde: “Na verda-
de, não sei, nem interessa muito agora,
logo se vê. Sei que é isto que queremos
dizer e que achamos urgente dizer.”
Carlos Guerreiro partilha essas dúvidas
e inquietações: “Tenho-me questionado
muito sobre quem vai perceber e gostar
do nosso trabalho. Há uma clientela para
isto? Será uma coisa muito geracional e
que não chega aos mais novos?”
Depois do lançamento do disco, já nesta
sexta-feira, 26, vem aí o desafio dos palcos,
onde os Cara de Espelho vão ter canções
novas, além das que estão no disco, para
apresentar – há já concertos marcados em
Braga (24 de fevereiro), Loulé (2 de março),
Lisboa (5 de março) e Porto (16 de março).
Uma das características da maioria dos
tais supergrupos da história da pop e do
rock é que, por norma, não duram muito
e tornam-se facilmente projetos de um
disco só. Mas não é isso que estes músi-
cos experientes veem no horizonte. “Com
todo o compromisso da nossa parte, acho
que não faz muito sentido lançarmos um
disco e desaparecermos”, sintetiza Mitó.
Para já, todos concordam numa avaliação
a esta nova aventura em que embarcaram:
“É um grupo muito divertido, estamos
sempre a rir!” palmeida@visao.pt
25 JANEIRO 2024 VISÃO 101
 7 ---------- T E AT R O
LISBOA
À Procura de Chaplin
Como podemos viver melhor?
A nova criação de Rita Calçada Bastos procura
refletir sobre como podemos viver melhor.
“Rindo de nós próprios”, com mais simplicidade
I
sto que se vai passar aqui não pas-
sa de uma comédia improvisada”,
avisa-se logo na abertura do espe-
táculo. A frase, não por acaso, tem
a assinatura de Charlie Chaplin. O mí-
tico ator e realizador é uma referência
no novo espetáculo de Rita Calçada
Bastos, À Procura de Chaplin, uma
criação com uma forte carga visual
e um lado tragicómico. “A premissa
nunca foi fazer copy-paste de nada
do Chaplin, ele inspirou-nos, teatral-
mente falando, através das imagens e
do ambiente que convocava”, adian-
ta à VISÃO a atriz e encenadora que
recorre, neste espetáculo, a uma certa
linguagem circense. “Interessou-me
o imaginário do clown, que vive feliz
com muito pouco, para refletir sobre
como podemos viver melhor”, afirma.
“Se calhar não nos levando tão a sério
e conseguindo explorar o ridículo da
existência; o clown tem essa qualida-
de, de ser o anti-herói, o falhado.
O que somos todos em alguma área
da nossa vida.”
102 VISÃO 25 JANEIRO 2024
LISBOA
Outra
Tempestade
Depois da estreia no
Mindelact – Festival
Internacional do Teatro do
Mindelo, em Cabo Verde,
Outra Tempestade, com
encenação de Carlos J.
Pessoa, a partir de textos de
Shakespeare e Aimé Césaire,
chega ao Teatro Taborda,
em Lisboa. A Tempestade,
de Shakespeare, é um texto
“fundamental, canónico” da
dramaturgia universal e que já
foi representado e recriado em
todo o mundo, no teatro mas
também na música, por Henry
Purcell, ou no cinema, por
Peter Greenaway. Aqui, surge
numa perspetiva diferente,
com texto do dramaturgo da
Martinica Aimé Césaire.
“O que está em jogo, n’A
Tempestade, é o europeu,
representado por Próspero,
confrontado com o outro,
Calibã, o estranho, o exótico,
EDUARDO ROSAS
o diferente”, diz à VISÃO
Carlos J. Pessoa. “O que
fizemos foi inverter essa
lógica, enquanto artistas
podemos reinventar a história
À Procura de Chaplin é o terceiro no sentido de a reperspetivar
capítulo de uma trilogia de Rita Cal- de forma mais justa e
çada Bastos que começou com Se Eu equilibrada.”
Fosse Nina, a partir da personagem O espetáculo tem no elenco
com o mesmo nome de A Gaivota, atores portugueses e
de Tchekov, que, segundo a própria, cabo-verdianos: Ana Lúcia
personifica “o sonho de ser atriz”. Palminha, Deka Saimor,
E prosseguiu com Eu Sou Clarice, Emerson Henriques, Rafaela
inspirada na vida e obra da escritora Jacinto e Tiago de Almeida.
Clarice Lispector e na forma como ela A cenografia é de Herlandson
“fala sobre a alma humana”. “O Cha- Duarte. Na estreia, esta quinta,
plin teve uma infância altamente trági- 25, faz-se um brinde para
ca, conseguiu sublimar essa tragicida- celebrar os 35 anos do Teatro
de e fez dela comédia”, diz, ainda, Rita da Garagem e será lançado
Calçada Bastos. Estas três figuras, na o terceiro volume de Teatro
sua diferença, têm em comum “a for- (In)completo, de Carlos J.
ma como tratam a existência humana.” Pessoa, dramaturgo residente
E acrescenta: “Vivermos mais felizes é, e diretor. De 15 a 18 de
na verdade, uma procura.” Carla Ma- fevereiro, Outra Tempestade
ciel, Luciano Amarelo, Carolina Faria e chega ao Teatro Carlos
Maria Mingote fazem parte do elenco. Alberto, no Porto. — R.N.
— Rafael Nabais
Teatro Taborda > Costa do
Castelo 75, Lisboa > T. 21 885
São Luiz Teatro Municipal > R. António Maria 4190 > 25-28 jan, qui-sáb
Cardoso, 38, Lisboa > T. 21 325 7651 > até 28 19h30, dom 16h30 > €6 a €8
jan, qui-sáb 20h, dom 17h30 > €12 a €15
7 ---------- E X P O S I ÇÃO

História ilustrada
Eduardo Gageiro
começou a sua
atividade de
fotojornalista
em meados dos
anos 50. Nas
suas fotografias,
muitas delas
históricas, sempre
privilegiou o preto
e branco

FOTOS: EDUARDO GAGEIRO

LISBOA

Factum
O olhar de Eduardo Gageiro
As celebrações dos 50 anos do 25 de Abril passam por uma grande
exposição de um nome fundamental do nosso fotojornalismo

P
or favor, leve-me ao comandante por-
que sou amigo dele.” Não era amigo,
nem sabia quem era, mas o soldado
que lhe barrava o caminho levou-o até
Salgueiro Maia. E foi assim que Eduardo Ga-
geiro começou a fotografar a revolução. “Nes-
sas alturas, temos de estar de alma e coração
e, aconteça o que acontecer, o que interessa
é fazer a imagem”, disse numa entrevista em
que recordava esse dia. E fez muitas das ima-
gens mais icónicas do 25 de abril de 1974, que
podem agora ser vistas na exposição Factum,
integrada na celebração oficial dos 50 anos do
25 de Abril, organizada pelas Galerias Muni-
cipais/EGEAC. Podem ver-se, ao todo, 170 fo-
tografias de Eduardo Gageiro, um dos grandes
fotojornalistas portugueses de sempre, à beira
de completar 89 anos. As mais antigas são dos
anos 50 e a mais recente foi feita na Avenida da
Liberdade, nas celebrações do 25 de Abril, em
2023. Ao longo da carreira, Eduardo Gageiro
foi distinguido com mais de 300 prémios,
nacionais e internacionais. — R.N.
Cordoaria Nacional > Av. da Índia, Lisboa > T. 21 363 7635
> 27 jan-5 mai, seg-dom 10h-13h,14h-18h > grátis

25 JANEIRO 2024 VISÃO 103

 7 ---------- CO M E R

Mercado do Bolhão Design e boa comida

O casal proprietário
da steakhouse

Com muito sabor

Herdade 1980, Isabel
Pita Silva e José
António Silva. Na
página a lado, o Peixe
no Mercado em tons
O terceiro piso do mercado histórico do Porto quer ser a nova sala de azul-mar, decorado
de jantar da cidade. Peixes na grelha, carnes na brasa ou cozinha por Paulo Lobo, e a
moqueca de legumes
vegetariana saboreiam-se em salas bonitas com vista para a rua com arroz basmati
do Casa Vegetariana
— P O R F LO R B E L A A LV E S T E X TO E L U C Í L I A M O N T E I R O F OTO S

D
entro das duas grandes e lumi-
nosas salas do Herdade 1980,
com vista para as ruas Formosa
e Sá da Bandeira, nem parece
que nos encontramos no in-
terior do Mercado do Bolhão.
A steakhouse de José António Silva e da ma-
deirense Isabel Pita Silva é um dos sete res-
taurantes que abriram nos últimos meses no
terceiro piso do edifício histórico do Porto,
reaberto em setembro de 2022 e que, no pri-
meiro ano, recebeu cinco milhões e meio de
visitantes. Inspirada na cozinha portuguesa,
a steakhouse tanto sugere petiscos (croquetes
de cozido à portuguesa, alheira de Vinhais, pi-
ca-pau, bife à antiga) como carne portuguesa
na brasa (posta mirandesa, secretos de porco
104 VISÃO 25 JANEIRO 2024
preto, turnedó ou bife da vazia maturado),
servida com um molho envelhecido um mês
em barrica de casca de carvalho, acompanha-
da de batata a murro, migas de batata-doce,
esparregado ou arroz de costela assada. “É
Nos últimos
uma viagem a Portugal à mesa entre amigos meses,
e família”, dizem os proprietários, que viram abriram sete
no terceiro piso do renovado mercado uma
oportunidade de negócio. restaurantes.
A área de restauração do Bolhão é muito mais Até ao verão,
do que uma praça da alimentação. Além do
Herdade 1980, nos últimos meses somaram-
devem
-se outros seis restaurantes dotados de salas somar-se
elegantes com janelas de alto a baixo viradas mais três: de
para a rua, e que funcionam do almoço ao
jantar, após o fecho das bancas de frescos. francesinhas,
Até ao verão, espera-se que abram mais três: crus e petiscos

de francesinhas, crus e petiscos. Os dez for-
marão um dos maiores pisos gastronómicos
da Baixa do Porto, cujas esplanadas – com
mesas e cadeiras portuguesas da Adico – têm
vista para o miolo central do mercado cente-
nário. É o caso do Culto ao Bacalhau, no qual
o chefe de cozinha Rui Martins apresenta
uma carta assente no receituário da cozinha
portuguesa do fiel amigo, com demolha pró-
pria e cura mínima de 24 meses. Um piscar
de olho a quem queira saborear o bacalhau
em caldeirada, açorda, escabeche, à Gomes
de Sá e à Brás, ou mesmo à sobremesa, no
mil-folhas de bacalhau com doce de ovos e
gelado de baunilha.
DAS TRIPAS AO ARROZ DE LAVAGANTE
Os novos restaurantes convivem com três his-
tóricos que transitaram do velhinho mercado:
D. Gina, Nelson dos Leitões e O Pintainho 36,
todos agora com salas interiores. No D. Gina,
servem-se tripas à moda do Porto, iscas ou
sardinha pequena, mas nesta casa de cozinha
tradicional o que mais sai são os famosos
arrozes malandrinhos de tomate, feijão ou
grelos, servidos em tachos de barro como há
DE FACA E GARFO
A galeria de
restauração do
Mercado do Bolhão
funciona de segunda
a sábado, entre as 12h
e as 24h, e tem duas
entradas (nas ruas
Formosa e Fernandes
Tomás) acessíveis
à noite depois
do fecho do mercado
de frescos.
30 anos por Virgínia (Gina) do Céu, no tempo A partir de 17 de
em que o café funcionava ao lado das escadas março, prevê-se que
principais do Bolhão. os sete restaurantes
Desde que abriu, no último verão, a despensa abram também ao
de legumes, fruta, queijos e azeitonas do Casa domingo.
Vegetariana é abastecida nas bancas do piso
térreo. A sustentabilidade é uma das preocu-
pações do restaurante do grupo que detém o
Casa Vegetariana
Praia da Luz, na Foz. “Há muito que quería-
mos vir para a Baixa, e desde que percebi que T. 93 590 6302
o vegetarianismo tinha uma história no Porto > seg-sáb 12h-23h
[onde foi fundada a Sociedade Vegetariana
em Portugal, em 1911], achei fazer sentido”, Culto ao Bacalhau
conta Maria Adão. Com uma sala decorada
T. 91 072 9138 / 22 110
pelo designer de interiores Paulo Lobo, onde 2810 > seg-sáb 12h-23h
se destacam os desenhos de legumes num
armário de uma antiga mercearia, serve-se D. Gina
uma cozinha sem carne nem peixe, a maioria
vegan, com consultadoria do chefe Luís Amé- T. 22 332 6628 > seg-
rico. Caldo verde à transmontana, linguini de -ter 12h-15h, qua-sáb
massa fresca feito na casa (tal como as pizzas), 12h-15h, 19h30-21h30
moqueca de legumes com arroz basmati,
costeleta de couve-flor com chimichurri ou Herdade 1980
tibornada de beringela na brasa saboreiam-se T. 22 324 1980; 91
numa sala generosa onde não falta o jogo do 8861980 > seg-sáb
rapa na mesa para entreter, antes ou depois 12h-16h, 19h-23h
da refeição.
Já no Peixe no Mercado – dois pisos, também Nelson dos Leitões
decorados por Paulo Lobo –, os olhos pousam
T. 91 948 7364 > ter, qua,
no aquário com marisco vivo e no pescado sex, sáb 10h-22h
fresco alinhado na montra. “Somos o único
restaurante na Baixa com grelha a carvão”, O Pintainho 36
orgulha-se o empresário José Miguel Cruz,
que abriu o negócio com João Vieira. “Ado- T. 22 317 2568 > seg,
ter, sex, sáb 12h-15h,
rávamos ir a Matosinhos comer peixe. Porque
19h-22h, qua-qui
não trazer essa comida na grelha para aqui?” 12h-15h
Ao leme da cozinha está o jovem Rodrigo Car-
doso, 23 anos, que “reinterpreta pratos da co- Peixe no Mercado
zinha portuguesa de sempre” com um toque
contemporâneo. Na carta, tanto se encontra T. 22 208 6819 > ter-sáb
12h-24h
peixe fresco (de Matosinhos, Algarve e Açores)
como polvo à lagareiro, arroz de lavagante ou
de salmonete, lula de anzol com alho negro
e manteiga, sopa de santola ou, entre várias
opções, uma invulgar e deliciosa combina-
ção de rabanada com lavagante e malagueta
fermentada. Cozinha de autor, dentro de um
mercado tradicional. falves@visao.pt
25 JANEIRO 2024 VISÃO 105
 7 ---------- CO M E R
LISBOA
Rocco – Crudo Bar e Terrazza
Caixinhas de surpresas
Ostras e champanhe num final de tarde ou uma
refeição no novo jardim de inverno são as mais
recentes novidades do restaurante no Chiado
O
belo e o gosto são dos mais subjetivos
temas para se discutir. Mas acredita-
mos que o Rocco deve ser consensual
para uma maioria de gente que apre-
cia a arte, da gastronómica à vínica, da decora-
ção de interiores (Lázaro Rosa Violán) ao saber
receber. Está tudo certo.
O Crudo Bar está lá desde a inauguração (2021),
mas recentemente ganhou uma atração – ostras e
champanhe, numa hora calma (16h-18h). O menu
(€35) conjuga moluscos e uma flûte de Gaston
Révolte Tradition Premier Cru, o champanhe
francês “da casa” dos fine dining do grupo Plate-
form (Alma, Brilhante, Sala de Corte). A acidez e
salinidade da casta Pinot-Meunier acompanha seis
ostras, duas de cada nação: com molho migno-
nette (chalota, vinagre de vinho tinto e pimenta),
puré de maçã e wasabi e chutney de cebola roxa.
Por esta ordem, fizemos duas rondas e aprovámos
este mergulho no mar.
Na continuação da sala principal, a Terrazza
é uma lufada de refresco, como uma mimosa
saboreada ao lanche. Este quarto restaurante do
106 VISÃO 25 JANEIRO 2024
Novidades
A italiana costa
amalfitana
inspirou a nova
Terrazza do
Rocco, tanto na
decoração como
no menu. Ostras
e champanhe,
uma eterna
combinação
vitoriosa, para um
intervalo a meio
da tarde
D.R.
The Ivens Hotel ganhou 50 lugares e beleza a
rodos com as mesas e cadeiras em ferro “verde
alegre”, mobiliário de jardim a remeter para os
pátios da costa amalfitana, em Itália, os recantos
forrados por azulejos, o bar com bancos altos ao
balcão.
A elegância é proporcional aos sabores pro-
vados. Empate entre o tártaro de atum (€24) e
o bucatini com burrata (€24). Já entre os pratos
principais – robalo com risotto de amêijoa (€36),
tagliatelle al funghi e tartufo servido na roda de
queijo pecorino (€36) e lasanha al ragu (€26) –,
houve unanimidade no peixe e no toque cítrico
do arroz. Os clássicos continuam a ser dos prefe-
ridos dos clientes, como ossobuco com risotto de
açafrão (€38), chateaubriand (€80, 500 g), bife
Rossini (€40), lombo de novilho, foie gras, puré
de batata trufado. No doce final com cheesecake
(€16) e tiramisu (€14), rendemo-nos à teatralida-
de italiana preparada à nossa frente. Não se fica
indiferente. — Sónia Calheiros
R. Ivens, 14, Lisboa > T. 21 054 3168 > seg-dom 8h-1h
 7 ---------- CO M P R A R
LISBOA
Nude Project
A onda da geração Z
A primeira loja da marca espanhola de streetwear abriu
na Baixa lisboeta, com tudo o que faz dela um sucesso
– sweatshirts, colares de pérolas e edições limitadas
A
colaboração da Nude Project
com a Playboy, em celebração
dos 70 anos do lançamento da
primeira edição da revista (em
dezembro de 1953), deu que falar. Até
Madonna apareceu com um boné da
coleção e, mais uma vez, várias peças da
marca espanhola de streetwear esgota-
ram. “Somos criativos, e as colaborações
são importantes, mas têm de ser espe-
ciais para serem reativas e causarem im-
pacto”, diz o responsável da loja lisboeta,
Konstantine Rudenko. A Nude Project
começou em 2019, quando, numa resi-
dência de estudantes, os amigos Bruno
Casanovas e Alex Benlloch, agora com
24 anos, começaram a produzir a roupa
de que gostavam. Daí à marca global,
pode dizer-se, foi um pulinho.
Hoje, têm oito lojas, seis em Espa-
nha, uma em Milão e outra em Lisboa,
que, tal como as suas pares, teve fila à
porta (cerca de 400 pessoas) no dia da
abertura, no início de dezembro. Com-
binar peças confortáveis e minima-
listas, mas com pormenores, seja um
bordado seja uma frase provocatória ou
uma estampa, com outras peças estru-
turadas e acessórios arrojados, como os
LISBOA E AÇORES
As pregadeiras
colares de pérolas, parece ser o segredo da Avó
do sucesso e um chamariz, sobretudo
para a geração Z (nascidos entre 1995 e Há um romeiro, o Espírito
2008). A Nude Project é feita de swea- Santo, uma freira e um padre,
tshirts, t-shirts, blusões, calças de gan- mas também galinhas, patos,
ga e casacos unissexo, com design ur- um cão e até uma pomba
bano, bem como de lançamentos quase para levar ao peito. Ao todo,
todos os meses e de muitas edições são 26 os bonecos bordados
limitadas. “Mais do que uma marca de à mão pelas 15 avós d’A Avó
roupa autêntica, com artigos exclusivos Veio Trabalhar, de Lagoa, nos
e de qualidade, gerámos uma comuni- Açores. A coleção é “uma
dade, e as pessoas, quando vestem uma recriação contemporânea das
peça nossa, sentem esse espírito de figuras do presépio feito pelos
pertença”, sublinha Konstantine. A isto, bonequeiros de Lagoa”, diz
juntam-se complementos irreverentes, Ângelo Campota, da Fermenta,
como a Beercuda, uma bolsa a tiracolo a associação responsável pela
para levar bebidas em lata; o Pleasu- dinamização do projeto de
re Pack, com preservativo, isqueiro inovação social, que combate
e pacote de mortalhas; os emblemas a solidão dos mais velhos
para personalizar uma peça e até uma através dos lavores. Desta
taça de comida para cão. Quanto às vez, a premissa de criar peças
peças esgotadas, sempre que possível de design artesanal originais
são rapidamente repostas. É o caso do recaiu nesta tradição açoriana,
Cherry Hood, uma camisola de capuz e o sucesso da coleção foi
com estampa de cerejas nas costas. Até tal que as mãos não chegam
quando esta estará disponível, logo se para as encomendas. “Além de
verá. — Susana Lopes Faustino vendermos em Lisboa e nos
Açores, fomos contactados por
R. Áurea, 153, Lisboa > seg-sáb 11h30-20h30 um fotógrafo japonês, a viver
em Torres Vedras, que levou
as nossas criações para uma
Streetwear
As peças de livraria em Tóquio, e também
roupa unissexo vamos vender numa plataforma
de ar desportivo na Suíça.” Com tanta procura,
são inspiradas no tiveram de chamar reforços.
universo do hip-hop Às avós de Lagoa, juntaram-
e do skate
-se outras mãos de Ribeira
de Chã e Atalhada, para levar
estas pregadeiras e os lavores
portugueses pelo mundo fora.
— S.L.F.
Depozito > R. Nova do Desterro,
21, Lisboa > Convento de Santo
António > R. de Santo António,
Lagoa, São Miguel > Azores in
a Box > Av. Infante D. Henrique,
Galerias Comerciais Portas do
Mar, Lj. 15-16, Ponta Delgada,
São Miguel > Loja dos Açores
LUÍS BARRA
> Aeroporto de Ponta Delgada,
São Miguel
25 JANEIRO 2024 VISÃO 107
7 ---------- T E L E V I S ÃO

Alta tecnologia
Para a série,
gravada em
diversos locais,
da floresta
húmida da Costa
Rica às ruas de
Nova Iorque,
recorreu-se a
nova geração
de lentes
profissionais,
como as que
são utilizadas
nos endoscópios
médicos
JAMIE THORPE / NATIONAL GEOGRAPHIC

DISNEY+

A Real Bug’s Life

Os insetos como nunca os vimos
O filme da Disney/Pixar estreado há 26 anos
ganha vida na nova série documental da National
Geographic. Um mundo invisível aos olhos humanos,
só possível de revelar graças à tecnologia atual

É
verdade que, de há uns anos para cá, a
Pixar já não nos deslumbra como era
seu hábito (desde Wall-E?). Mas o estú-
dio de cinema de animação teve o mé-
rito de mostrar – com filmes como Toy Story,
Monstros & Companhia, À Procura de Nemo,
Ratatui ou Up: Altamente – que o espírito da
animação clássica podia coexistir com a tec-
nologia mais avançada. Uma Vida de Inseto (A
Bug’s Life), que estreou em 1998 (a seguir a Toy
Story, já lá vão 26 anos), serve agora de inspira-
ção à nova série documental original da Natio-
nal Geographic, disponível no canal Disney+.
Escaravelhos do estrume, aranhas saltado-
ras (ou papa-moscas), baratas, louva-a-deus,
abelhas-das-orquídeas e formigas-de-fogo
são alguns dos protagonistas de Uma Ver-
dadeira Vida de Inseto (A Real Bug’s Life, no
original), série que aponta lentes potentíssi-
mas ao mundo dos insetos, como revelou à
VISÃO o produtor Bill Markham: “As câma-
ras 4K que se utilizam hoje num documentá-
rio de História Natural geram imagens HDR
maravilhosas [com mais brilho e contraste];
o que fez a diferença foi esta nova geração de
lentes profissionais, como as que são utiliza-
das nos endoscópios médicos, que permitem
não só aumentar a imagem como nos dão uma
perspetiva cinematográfica de grande angular.”
Também a iluminação foi importante. “Com as
câmaras de filmar tradicionais, a luz é mui-
to forte, o que pode causar desconforto e até
alterar o comportamento dos insetos; recor-
remos a luzes LED, o que é algo revolucioná-
rio quando se trata destas pequenas criaturas,
permitindo-nos filmar mais de perto e de di-
ferentes ângulos”, conta Markham, que antes já
tinha produzido as séries Super/Natural para a
National Geographic/Disney+ e Animal para a
Netflix, ambas nomeadas nos Emmys.
Sob as diretrizes de três cientistas (um zoó-
logo, um entomologista e um biólogo), a equipa

108 VISÃO 25 JANEIRO 2024

 PRIME VIDEO

Expats

TOM OLDRIDGE / NATIONAL GEOGRAPHIC

O peso da tragédia
Culpados e vítimas partilham
dores diferentes na nova série
protagonizada por Nicole Kidman
e passada em Hong Kong

A
carga da história é deveras dramática, mui-
tas vezes apaziguada por imagens de uma
Hong Kong menos vista – noturna, vazia,
na penumbra, onde deambulam as protago-
JAMIE THORPE / NATIONAL GEOGRAPHIC

nistas, apesar de não ser um drama sobre mulheres.

A voz da narradora é a de Mercy (Ji-young Yoo),
uma jovem coreana-americana à procura de trabalho,
que tanto pode ser babysitter como empregada na
restauração. A sua presença numa situação rotinei-
ra vai deixar a família de Margaret (Nicole Kidman)
completamente destroçada.
A personagem de Kidman vive muito do seu por-
te, em que a elegância é destronada pela tristeza, e
a obsessão de seguir pistas que lhe deem respostas
lhe transformam o olhar doce. Não é uma domésti-
de filmagens viajou pelo mundo, onde as forças ca, mas parece, esta arquiteta paisagista, que tenta
da Natureza atuam numa outra escala. Basta a todo o custo criar um ambiente de normalidade à
pensar no que significa um sopro de vento ou volta da sua família.
um pingo de chuva para a classe dos artrópodes, Esta nova série idealizada, realizada e escrita pela
com três pares de patas, o corpo dividido em ca- chinesa Lulu Wang (A Despedida), a partir do livro
beça, tórax e abdómen, olhos compostos e duas The Expatriates, de Janice Y. K. Lee, questiona como
antenas, que lutam para sobreviver diariamente. se sente quem provoca uma tragédia. Sente-se como
Cada um dos cinco episódios agora apresen- a vítima? Haverá perdão? Como seguem as vítimas
tados (a série tem duas temporadas, com cinco em frente? Dificilmente quem falhou se esquecerá
episódios cada) foi gravado num único local. do sofrimento a que deu origem, mas as respostas
Em Nova Iorque (A Cidade Grande), na flores- não são preto no branco. — S.C.
ta húmida da Costa Rica (Bem-vindo à Selva),
num quintal do Texas (Desafiar o Quintal), na Estreia 26 jan, sex (2 episódios) > 6 episódios, um novo a cada
savana da Tanzânia (Terra de Gigantes) e numa sexta
quinta a norte de Londres (A Quinta Atarefada),
foi necessário montar toda uma parafernália de
equipamento técnico, drones incluídos.
Se no mundo dos insetos, muitas vezes, são
as fêmeas que levam às costas a sobrevivência da
espécie – caso das formigas ou dos desajeitados
abelhões –, aqui também há lugar para um jovem
macho (aranha-saltadora) que tenta encontrar
casa na selva urbana de Nova Iorque. Uma Ver-
dadeira Vida de Inseto demorou três anos a ficar
pronta, entre encontrar as histórias certas (todas
diferentes entre si) e a produção final. A atriz e
rapper norte-americana Awkwafina (Nora Lum)
dá um tom cómico à série, à medida que vai nar-
rando os episódios, imaginando os pensamentos
que as criaturinhas podem estar a ter. Uma coisa
o produtor Bill Markham pode garantir: nunca
mais voltaremos a olhar para os insetos da
mesma forma. — Inês Belo
D.R.

Estreou 24 jan, qua > 5 episódios, todos disponíveis

25 JANEIRO 2024 VISÃO 109

7 ---------- O G O STO D O S O U T R O S
“Redescobri o —— Filme
OS SALTEADORES
Gambrinus há uns seis DA ARCA PERDIDA
ou sete anos e já não
Foi o primeiro filme que viu
sozinho, num cinema ao ar
livre em Vila Nova de Milfontes.
me intimida. Deve ser “Devia ter 10 ou 11 anos,
estava de férias, e era uma
a melhor imperial de grande coisa ir ao cinema sem
companhia. Já devo ter visto
o filme mais de 39 vezes, mas
Lisboa, os croquetes basta-me ouvir a música de
introdução para sentir outra
e a sanduíche de vez uma antecipação contente
na garganta”.
rosbife são um tesouro —— Restaurante
nacional” GAMBRINUS LISBOA
Quando estava na faculdade,
aos 18 ou 19 anos, o
Hugo Brito restaurante Gambrinus
parecia-lhe um sítio muito
Chefe de cozinha, 49 anos sério. “Fui uma vez ou outra
na altura, sempre em ocasiões
solenes, quando se passavam
exames ou se dispensavam
orais. E era caro. Redescobri
o Gambrinus há uns seis
ou sete anos e já não me
intimida, felizmente. Deve ser
a melhor imperial de Lisboa,
os croquetes e a sanduíche
de rosbife são um tesouro
nacional.”
—— Tenis
NIKE AIR JORDAN 1
“Sempre gostei de design,
e tenho pena que este se
encoste tantas vezes ao
Desde 2014
que lidera
o Boi-Cavalo,
restaurante em
Alfama de cozinha
contemporânea
portuguesa,
JOSÉ CARLOS CARVALHO
influenciado
pela tradição
gastronómica
de Lisboa
110 VISÃO 25 JANEIRO 2024
luxo. Não é o caso. Tenho
quatro pares destes ténis e é
improvável que pare por aqui.
Adoro que um par de sapatos
de desporto seja tão carregado
de significado, tão relevante
culturalmente. Não são só uns
sapatos, mas um pedaço de
História Contemporânea que
temos nos pés, o que é uma
coisa incrível.”
—— Produto
MANTEIGA
“Tenho no frigorífico três ou
quatro pacotes diferentes
de manteiga. Há manteiga da
ilha do Pico (a da Graciosa,
que era melhor, já não
existe), manteiga sem sal da
Normandia, manteiga Coimbra
em pacote de 1 kg, e talvez
haja mais uma de que não
me lembro agora. Pão com
manteiga é a melhor coisa que
existe, mas a parte que importa
nisso é a manteiga.”
—— Livro
TALES FROM OVID
TED HUGHES
“Este livro é lindíssimo, e tenho
a sorte de ter uma edição que
inclui um CD com as leituras
desses mesmos textos pelo
escritor Ted Hughes. Não há
música nem efeitos sonoros, é
só ele sentado à secretária a
ler, uns pássaros a cantar lá fora
de vez em quando, e aquelas
histórias, que conhecemos
de cor, a tornarem-se vivas e
sanguíneas pela voz dele.”
—— Disco
AMASSAKOUL TINARIWEN
É o seu álbum preferido dos
Tinariwen. “Ouvir rock/blues
do deserto, por uma banda
de tuaregues do Mali, da região
do deserto do Sara, que
com cada acorde de guitarra
querem derrubar um governo
– e derrubá-lo já... É heroico
e é magnífico.”
— Sandra Pinto
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 7 ---------- J O G O S

PALAVRAS CRUZADAS
> > HORI ZON TAIS > > 1. Assunto debatido (fig.). Jovem do sexo
masculino, homem novo, adolescente, moço. // 2. Conjunto dos
paroquianos ou diocesanos. Momento ou espaço que corresponde
ao fim ou ao começo de algo. // 3. Lentidão. Documento escrito.
// 4. Objeto ou estrutura com forma circular. Fluido elétrico que se
desprende da nuvem eletrizada. // 5. Difundir em sentido centrífugo.
Arsénio (s. q.). // 6. Sódio (s. q.). Faixa de terra junto a uma extensão
de água. // 7. Cada uma das divisões de uma cidade ou povoação. // 8.
A luz da aurora. Tapume. // 9. Campo de cereais. Aquilo que prejudica
ou se opõe ao bem. // 10. Conteúdo de um odre. Parte de um veículo
ligeiro destinada ao transporte de bagagens. // 11. Elemento de
formação de palavras que exprime a ideia de boca ou cavidade oral.
Procriar. >> VERTICAIS > > 1. Comboio de alta velocidade (sigla, fr.).
Que ou o que invade. // 2. Data. Rádio (s. q.). Díodo semicondutor
que emite luz quando uma corrente elétrica passa por ele (ing.).
// 3. Fazer perder a vista. Que ou aquele que dá ou partilha com
pouca generosidade. // 4. Cipó. Discursar. // 5. Aumentado quatro
vezes. // 6. Unidade monetária italiana (ant.). // 7. Resíduos Industriais
Perigosos (sigla). Guarda que mantinha a ordem nos Jogos Olímpicos
da Antiguidade grega. // 8. Acorrentara. A mim. // 9. Vasilha bojuda
de madeira, menor do que o tonel, para líquidos. Escrever em versos
rimados. // 10. Mulher que não crê em Deus. Pedra preciosa, de
cor leitosa ou azulada, que apresenta reflexos cambiantes e é uma
variedade de sílica hidratada. // 11. Que sente ou mostra ciúmes.
Formar em alas.

SUDOKU
— FÁ C I L

1. O Rinoceronte é uma peça 6. Onde fica o Aeroporto

de teatro de... de Congonhas?
A. Eugène Ionesco A. Belo Horizonte
B. Samuel Beckett B. Rio de Janeiro
C. Antonin Artaud C. São Paulo

2. Em que álbum de José Afonso 7. Em que ano abriu,

está a canção Grândola, no Chiado, a primeira loja
Vila Morena? A Vida Portuguesa, um projeto
A. Traz Outro Amigo Também de Catarina Portas?
B. Cantigas do Maio A. 1999
C. Venham Mais Cinco B. 2004
C. 2007
3. Qual é a capital do Iémen?
A. Saná 8. Que bebida não pode faltar
B. Taiz no cocktail daiquiri?
C. Esna A. Vodka
B. Gin
4. Onde se pode visitar o Museu C. Rum
Municipal de Arte Moderna
Abel Manta? 9. Em que país nasceu o escritor
A. Covilhã Julian Barnes?
B. Manteigas A. Estados Unidos da América
C. Gouveia B. Inglaterra
C. Austrália
5. Qual destes clubes europeus
nunca foi treinado por André 10. Qual destas cidades
Villas-Boas? austríacas é Capital Europeia
A. Chelsea da Cultura em 2024?
B. Fiorentina A. Bad Ischl
C. Marselha B. Ried im Innkreis
C. Linz

> > QUI Z > > 1. A // 2. B // 3. A // 4. C // 5. B // 6. C // 7. C // 8. C // 9. B // 10. A

// 6. Lira. // 7. RIP, Alita. // 8. Amarrara, Me. // 9. Pipa, Rimar. // 10. Ateia, Opala. // 11. Zeloso, Alar.
SOLUÇÕES >> VERT ICAIS >> 1. TGV, Invasor. // 2. Era, Ra, Led. // 3. Cegar, Avaro. // 4. Liana, Orar. // 5. Redobrado.
// 6. Na, Orla. // 7. Bairro. // 8. Alvor, Taipa. // 9. Seara, Mal. // 10. Odrada, Mala. // 11. Oro, Gerar.
>> HORIZON TAIS >> 1. Tecla, Rapaz. // 2. Grei, Limite. // 3. Vagar, Papel. // 4. Anel, Raio. // 5. Irradiar, As.

112 VISÃO 25 JANEIRO 2024