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A PREOCUPAÇÃO PROIBIDA

Mateus 6:25 ARA

Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de
comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a
vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?
Por: Pr. Paulo Praxedes
Intrudução:
Dificilmente há um outro pecado contra o qual o nosso Senhor Jesus Cristo advirta
mais seus discípulos do que as preocupações inquietantes, desconfiadas e que
distraem a atenção pelas coisas desta vida. Às vezes isto serve como armadilha ao
pobre, tanto como o amor à riqueza, no caso do rico. É nosso dever não nos
preocuparmos demasiadamente com as coisas temporais, e não devemos levar a
um extremo estas preocupações que são lícitas.
Devemos começar nosso estudo desta passagem nos assegurando de que
entendemos o que é o que Jesus proíbe e o que autoriza. O que Jesus proíbe não
é a prudência que prevê o futuro a fim de tomar medidas necessárias para
responder, oportunamente, a suas demandas. Proíbe o afã, o angustiar-se pelo
manhã antes de saber o que nos trará o manhã. Jesus não recomenda uma atitude
displicente, que não faz provisão para o futuro nem reflete sobre o que o futuro
pode significar concretamente em termos de exigências e possibilidades. Proíbe,
sim, o temor ansioso, doentio, que é capaz de eliminar toda possibilidade de alegria
da vida. No original grego se usa o termo merimnan, que significa preocupar-se
ansiosamente. Em uma carta que se encontrou escrita em um papiro, a esposa diz
a seu marido, que está viajando: "Não posso dormir nem de noite nem de dia,
ansiosa (merimnan) como estou por seu bem-estar". Em outra carta, a mãe, ao
inteirar-se da boa saúde e prosperidade de seu filho, responde-lhe: "Tal é minha
oração e ansiedade (merimnan) todo o tempo." Em grego, a palavra merimnan
denota ansiedade, preocupação, afã. Os judeus conheciam perfeitamente esta
atitude frente à vida. O ensino dos grandes rabinos era que a atitude de todo crente
para com a vida devia estar constituída principalmente por uma combinação de
prudência e serenidade. Insistiam, por exemplo, em que todo homem devia ensinar
um ofício a seus filhos homens, porque, conforme afirmavam, não lhes ensinar um
ofício significava ensiná-los a roubar. Quer dizer, acreditavam que era necessário
dar todos os passos recomendáveis para um desempenho prudente na vida. Mas,
ao mesmo tempo, diziam: "Aquele que tem um pão em sua cesta e diz: 'O que
comerei amanhã?' é um homem de pouca fé." A lição de Jesus era bem conhecida
por seus concidadãos que se deve combinar a prudência, a antecipação e a
serenidade em nossa atitude diante da vida.
1. Ansiedade
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É um estado de expectativa, tensão, que existe entre o agora e o depois.
A ansiedade pode ser considerada positiva e normal ou negativa e doentia. Ela é
positiva e saldável quando nos leva a tomar certas providencias. Por exemplo:
alguém é chamado para realizar um teste e entrevista para uma possível admissão
em uma empresa. Apesar de o fato gerar uma certa tensão, a ansiedade positiva,
faz com que a pessoa se prepare para o teste, que a conduzirão a uma possível
contratação.
Porém, se essa pessoa deixa de dormir e fica impossibilitada de realizar os testes e
a entrevista em decorrência da ansiedade, tem brancos ou problemas
gastrointestinais, estamos diante de uma ansiedade doentia, e é desta que falamos
a seguir.
A ansiedade doentia é caracterizada por uma preocupação excessiva com
diferentes situações da vida em que o individuo vê a si mesmo ou seus entes
queridos ameaçadas. Acidentes com o filho, perda do amor, problemas financeiros,
assaltos, saúde precária e morte costumam imperar.
Nas crianças, a ansiedade pode estar com a ameaça de separação dos pais; nas
adolescentes, na preocupação acerca das tarefas escolares, na aceitação pelo
sexo oposto, etc.
Quando alguém é ansioso, os seguintes sintomas são observados, principalmente
diante de uma crise:
Folego curto
Taquicardia
Sudorese
Mãos frias
Boca seca
Sensação de balaço
Nó na garganta
Náuseas
Diarreia
AS pessoas podem sentir-se impacientes e irritadas, sobressaltadas; ter brancos
em consequência da ansiedade, ou seja, não conseguem pensar direito.
Pode aparecer também em uma crise de ansiedade, a sensação de perda de
controle, de desmaio, o medo de enlouquecer. Os pensamentos são catastróficos,
principalmente a noite.

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Por exemplo: “E se eu for mandado embora do emprego?” Como sustentarei minha
família? Ainda faltam 10 prestações do carro! Será que terei que devolver? E a
faculdade da minha filha? Ele se decepcionara! Com a minha idade não conseguirei
um outro emprego!
A essa altura, o ansioso não dormiu. Parece que esta suando e que seus
batimentos cardíacos estão acelerados, situação que acarreta medo, o qual, por
sua vez, aumenta sua ansiedade, levando-o a ter todos os sintomas anteriores
descritos. Dependendo do grau de consentia ou não, bem como de recursos
internos emocionais insuficientes, muitas pessoas acabam dentro da madrugada
num pronto socorro, achando que estão morrendo, quando o diagnostico é uma
crise de ansiedade aguda.
Pessoas excessivamente preocupadas, ansiosos, podem no futuro apresentar
sintomas de depressão, distúrbio do pânico ou fobias associadas.
Causas
Pode estar relacionado a fatores hereditários de parentes com depressão, mas
principalmente a fatores ambientais, principalmente na infância, como insegurança
e medo não trabalhados.
O ansioso interpreta muitas circunstâncias da vida de forma ameaçadora,
catastrófica e fantasmagórica. Para alguns, dormir seria uma maneira perigosa de
abandonar o controle e ficar exposto ao risco; dai para não serem pegos de
surpresa, não dormem.
O pior é que na maioria das vezes, os temores do ansioso não ocorrem.
Portanto podemos perceber bem que a ansiedade realmente é uma tensão
exacerbada, distorcida, exagerada entre o agora e o futuro próximo. Estar ansioso é
sofrer mais pelos pensamentos imaginários do que pelos perigos reais da vida.
2. A INSENSATEZ DA ANSIEDADE
(1) A ansiedade é desnecessária, inútil e até nociva. Não pode afetar o passado,
porque ninguém pode modificar o que ficou para trás. O passado passou. Isto não
quer dizer que alguém deva desentender-se de seu passado, mas sim que deveria
usá-lo como incentivo e guia para agir melhor no futuro, e não como objeto de uma
ansiedade em que se atrasa até ficar totalmente imóvel e incapaz de agir. Do
mesmo modo, é inútil trabalhar em excesso pelo futuro
A ansiedade, que desgasta a mente, também desgasta o corpo, junto com ela.
Afeta a capacidade de julgamento do homem, diminui seu poder de decisão e o
torna progressivamente cada dia mais incapaz de enfrentar a vida. Que cada qual
enfrente o melhor que possa cada situação – não pode fazer mais que isso – e
deixe o resto a Deus.

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(2) A ansiedade é cega. Nega-se a aprender a lição que lhe oferece a natureza.
Jesus nos pede que olhemos às aves, toda a maravilhosa abundância e riqueza
que respalda a natureza, e que confiemos no amor que nos fala através dessa
riqueza. A ansiedade se nega a aprender a lição que a História lhe oferece. Um
salmista se alegrava recordando os acontecimentos da história de seu povo. "Deus
meu", exclama, “Sinto abatida dentro de mim a minha alma”, e prossegue dizendo:
“Lembro-me, portanto, de ti, nas terras do Jordão, e no monte Hermom, e no outeiro
de Mizar.” (Salmo 42:5, 6, cf. com Deuteronômio 3:9). Quando tudo se fazia
insuportável ele recebia conforto com a memória do que Deus tinha feito. O
homem que alimenta seu coração com a história do que Deus tem feito no passado,
nunca temerá pelo futuro. A ansiedade se nega a aprender a lição que a vida lhe
ensina. Seguimos vivendo, e ainda não temos a soga ao pescoço; e entretanto, se
alguém nos dissesse alguma vez que teríamos que passar os maus momentos que
passamos, e superado, nós lhe diríamos que seria impossível. A lição da vida é
que, de algum jeito, fomos capacitados para suportar o insuportável, e para ir mais
à frente do ponto de fratura, sem nos fraturar. A lição da vida é que a ansiedade é
desnecessária.
(3) A ansiedade é uma atitude essencialmente irreligiosa. Não é conseqüência de
circunstâncias exteriores. Em uma mesma situação um pode sentir-se totalmente
sereno e outro, em troca, morrer de preocupação. Tanto a preocupação como a paz
provêm, não das circunstâncias exteriores, mas sim do coração. Alistair MacLean
cita uma história de Tolero, o místico alemão. Um dia Tolero se encontrou com um
mendigo. "Deus lhe dê um bom dia, amigo", disse-lhe. "Dou graças a Deus porque
todos os meus dias foram bons", respondeu-lhe o mendigo; "nunca fui infeliz."
Surpreso, Tolero lhe perguntou: "O que você quer dizer?" "Quando faz bom tempo",
disse o pobre homem, "dou graças a Deus; quando chove, dou graças a Deus;
quando tenho abundância, dou graças a Deus. E dou graças a Deus quando passo
fome. E desde que a vontade de Deus é minha vontade, e tudo o que agrada a
Deus, agrada a mim também, por que teria que dizer que sou infeliz, quando em
realidade não o sou?" Surpreso, Tolero voltou a lhe perguntar: "Quem é você?" E o
mendigo lhe respondeu: "Sou um rei." "Onde está seu reino?", perguntou Tolero. E
o mendigo lhe respondeu, muito tranqüilo: "Em meu coração." Isaías já o havia
dito, muito tempo antes: "Tu, SENHOR, conservarás em perfeita paz aquele cujo
propósito é firme; porque ele confia em ti" (Isaías 26:3). Como sustentava aquela
mulher nórdica da história: "Sempre sou feliz, e meu segredo é navegar sempre
pelos mares, mas deixar sempre meu coração no porto."

É possível que haja pecados piores que a ansiedade, mas certamente nenhum é
tão prejudicial, nenhum tão paralisante.
"Não pensem no manhã com ansiedade", é o mandamento de Jesus, e este é o
caminho que há que nos levar não somente à paz, mas também ao poder.
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3. Ansiedade: O que fazer?
Identifique todo o pensamento catastrófico, distorcido ou exagerado e vá
trabalhando para removê-lo. Mesmo que você esteja assustado, se pergunte se é
uma situação real ou apenas o seu lado ansioso que está te perturbando.
Aqueles que não têm riquezas podem acabar sendo vítimas da preocupação por
falta de fé. Daí a transição natural. Não andeis ansiosos. Não uma proibição de
previdência ou planejamento (confira com I Tm. 5:8; Pv. 6:6-8; 30:25), mas de
ansiedade sobre necessidades diárias.
a. Nossos tempos esta nas mãos de Deus
Não andeis inquietos por vossa vida, nem pela extensão dela, mas dedicando-a a
Deus para que a prolongue ou abrevie de acordo com a sua vontade. Nossos
tempos estão em suas mãos, e estão em boas mãos. Não vos apegueis nem
mesmo ao conforto desta vida; deixe que Deus a amargue ou a adoce segundo a
sua vontade.
b. Nosso sustento depende de Deus
Deus nos tem prometido a comida e as vestes, portanto podemos esperá-los. Não
penseis no amanhã, nos dias vindouros. Não vos inquieteis pelo futuro, como
vivereis o próximo ano, ou a velhice, ou o que deixareis como herança. Assim como
não devemos presumir de nós mesmos sobre o amanhã, assim também não
devemos nos preocupar pelo amanhã ou por seus acontecimentos. Deus nos tem
dado a vida, e nos tem dado o corpo. E o que não poderia fazer por nós aquEle que
fez isto? Se nos preocupamos com nossas almas e com a eternidade, que são mais
do que o corpo e esta vida, podemos deixá-las nas mãos de Deus, que nos proverá
a comida e o vestido, que são menos importantes. Consideremos isto como
exortação a confiarmos em Deus. Devemos nos conformar com nosso patrimônio
no mundo, assim como o fazemos com nossa estatura. Não podemos alterar as
disposições da providência; portanto, devemos nos submeter e nos resignar a elas.
o cuidado considerado por nossas almas é o melhor remédio para os cuidados que
preocupam o mundo.
c. Devemos colocar Deus em Primeiro Lugar
Buscai primeiro o reino de Deus, e fazei da religião a vossa ocupação. Não digais
que este é o modo de tornar-se faminto; esta é a maneira de estar bem abastecido,
mesmo neste mundo. A conclusão de todo o assunto é que a vontade e o
mandamento do Senhor Jesus, é que através das orações diárias possamos obter
forças para nos sustentarmos sob os nossos problemas cotidianos, e nos armarmos
contra as tentações que os acompanham, e não deixarmos que nenhuma destas
coisas nos comovam. Bem-aventurados os que tomam o Senhor como seu Deus, e
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dão plena prova disto, confiando-se totalmente à sua sábia disposição. Que teu
Espírito nos dê convicção do pecado na necessidade dessa disposição, e retire de
nossos corações tudo aquilo que for mundano.

Palavras Finais de Confiança

TS3 - Pag. 443

Não espero viver muito tempo. Meu trabalho está quase terminado. ... Penso que
não mais terei testemunhos para o nosso povo. Nossos homens de mente firme sabem
o que é bom para o crescimento e progresso da causa. Porém, com o amor de Deus
no coração, precisam aprofundar-se mais e mais no estudo das coisas de Deus.
Review and Herald, 15 de abril de 1915.
Ao recapitular a nossa história passada, havendo revisado cada passo de
progresso até ao nosso nível atual, posso dizer: Louvado seja Deus! Ao ver o que
Deus tem realizado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo.
Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que
o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado. Testimonies,
Life Sketches, pág. 196, 1915.

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