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AVALIAÇÃO DO ISOLAMENTO ACÚSTICO AO RUÍDO DE

IMPACTO EM SISTEMAS DE PISO COM MATERIAIS RESILIENTES


E TIPOLOGIAS DE LAJES DIFERENTES

Santos, Fabianne Azevedo dos1; Pimentel, Roberto Leal2, Melo, Aluísio Braz de3;
(1) UFPB, Universidade Federal da Paraíba - Cidade Universitária, s/n, fabianne_as@hotmail.com
(2) UFPB, Universidade Federal da Paraíba - Cidade Universitária, s/n, r.pimentel@uol.com.br
(3) UFPB, Universidade Federal da Paraíba - Cidade Universitária, s/n, aluisiobmelo@hotmail.com

RESUMO
O ruído de impacto no piso é um dos problemas encontrados em edificações de multipavimentos,
causando desconforto acústico aos vizinhos de unidades sobrepostas. Para mitigar este tipo de ruído
umas das recomendações é a utilização de sistema de piso flutuante. Esse sistema é composto por um
material resiliente, posicionado entre o contra piso e a laje da edificação. A NBR 15575-3:2013 é a
norma utilizada para classificar os sistemas de piso quanto ao seu desempenho acústico, que pode ser
mínimo, intermediário ou superior, conforme o nível de atenuação do ruído de impacto. Alguns estudos
indicam que o desempenho do sistema está relacionado com o tipo de revestimento, o tipo de laje, o tipo
de material resiliente e sua rigidez dinâmica, o tamanho do ambiente e as transmissões por flancos que
possam existir entre a estrutura e outros elementos construtivos do edifício. O presente artigo discute
resultados de um estudo que tem como objetivo analisar o desempenho de dois materiais resilientes, um
comercial (lã de PET) e um alternativo (placa cimentícia com EVA), a partir de avaliações
experimentais, realizadas com dois diferentes tipos de lajes (laje nervurada e laje pré-moldada
convencional) compondo o sistema de piso flutuante. Com base nos resultados obtidos e na classificação
da NBR 15575-3:2013, as amostras avaliadas se classificaram no geral com desempenho intermediário,
com variações marginais no nível de redução de ruído, em função do tipo de laje.
Palavras-chave: ruído de impacto, piso flutuante, materiais resilientes.

ABSTRACT
Floor noise is one of the problems encountered in multi-floor buildings, which causes acoustical
discomfort to neighbors of adjacent units. To mitigate this type of noise one of the recommendations is
the use of floating floor system. This system consists of a resilient material, positioned between the floor
and the slab of the building. NBR 15575-3: 2013 is the standard used to classify floor systems for their
acoustic performance, which may be minimal, intermediate or higher, depending on the level of impact
noise attenuation. Some studies indicate that the performance of the system is also related to the type of
coating, the type of slab, the type of resilient material and its dynamic stiffness, the size of the room and
the flanking transmission that may exist between the structure and other constructive elements of the
building. The present article discusses the results of a study that aims to analyze the performance of two
resilient materials, one commercial (PET wool) and one alternative (cement board with EVA), based on
experimental evaluations performed with two different types of slabs (ribbed slab and conventional
precast slab) composing the floating floor system. Based on the results obtained and in the classification
of NBR 15575-3: 2013, the evaluated samples were classified in general with intermediate performance,
with small variations in the level of noise reduction, depending on the type of slab.
Keywords: impact noise, floating floor, resilient materials.

DOI: 10.17648/sobrac-87098
1. INTRODUÇÃO

Um dos problemas verificados nas edificações de múltiplos pavimentos é o ruído de impacto


entre pisos, o qual se propaga pela laje, alcança as paredes e chega até os ambientes vizinhos.
A Norma Brasileira (NBR) 15575-3:2013 [1] dispõe de valores que classificam os sistemas de
piso que separam as unidades habitacionais autônomas posicionadas em pavimentos distintos,
de acordo com o nível de pressão sonora de impacto ponderado (L´nT,w) observado. Se o L´nT,w
for entre 66 dB (decibéis) e 80 dB o sistema do piso deverá ser considerado com nível de
desempenho mínimo (M); para valores entre 56 dB a 65 dB classifica-se com nível de
desempenho intermediário (I); e para valores menores ou iguais a 55 dB, classifica-se com nível
de desempenho superior (S), sendo esse último caso o sistema em análise considerado como de
melhor isolamento acústico a ruído de impacto. Com esses valores é possível buscar melhorar
o desempenho acústico de isolamento para sistemas de pisos em edificações de
multipavimentos a partir de testes e tratamentos dados ao sistema a fim de atenuar os ruídos
transmitidos. Vale ressaltar que de acordo com Nunes et al [2] há uma incerteza na medição de
acordo com a variação de posicionamento dos equipamentos, fatores comportamentais do
operador dos equipamentos, diferenças na calibração dos equipamentos, diferenças no espaço
físico e condições atmosféricas. Para fazer a estimativa de incerteza dos resultados das
medições existe a ISO 12999:2014 - Part 1 [3].

Este ruído pode ser atenuado com a elaboração do projeto e o detalhamento do piso, com
materiais adequados, como por exemplo, a adoção de um piso flutuante baseado em utilizar um
contrapiso revestido, apoiado sobre um material elástico resiliente, que isola o contrapiso da
laje estrutural do edifício (Figura 1). Utiliza-se materiais resiliente nos pisos flutuantes, como
por exemplo: lã de vidro, mantas de polímeros reciclados, mantas de pneus reciclados, isopor
de alta densidade, mantas de polietileno e manta de garrafa PET reciclada, para desconectar a
laje e a camada de piso propriamente dita. Embora o mercado apresente soluções viáveis para
as camadas resilientes dos sistemas de piso flutuantes a busca por novos materiais e tecnologia
é sempre justificável. A quantidade do ruído de impacto gerado no piso entre pavimentos é
determinada pela energia do objeto impactante, pela transmissão de vibrações características e
pelos materiais de revestimento do piso.

Figura 1: Sistema de piso flutuante.


Pesquisas indicam que os desempenhos das lajes utilizadas nas edificações ainda precisam se
adequar às exigências das normas vigentes, avaliando-se caso a caso devido as suas
características. Cornacchia [4] diz que lajes maciças são aquelas lajes constituídas de peças de
concreto armado, com aparência semelhante a um material monolítico, usualmente
apresentando espessura constante. Lajes nervuradas moldadas in loco são aquelas construídas
em toda a sua totalidade na própria obra. As nervuras ficam na parte inferior e podem ser
posicionadas em uma laje nervurada unidirecional ou em duas direções (laje nervurada
bidirecional). As lajes pré-moldadas se caracterizam por possuírem vigotas pré-moldadas de
concreto armado, nos quais se apóiam blocos de cerâmica ou de concreto.

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Segundo Pereyron [5], o tipo de laje pode influenciar no desempenho quanto ao isolamento de
ruído de impacto. Em seu estudo, realizou análises comparativas quanto ao desempenho do
isolamento acústico de tipologias de lajes, submetidas a ruído de impacto e concluiu que,
segundo a classificação normativa utilizada no Brasil, na época da vigência da NBR 15575-
3:2008, as tipologias de laje maciça, laje nervurada e a laje pré-moldada treliçada atingiram um
nível de desempenho intermediário, enquanto a laje pré-moldada convencional se classificou
como apresentando nível mínimo.

O aumento da verticalização nas cidades e a evolução das tecnologias desenvolvidas pela


construção civil permitem o incremento de novos materiais de acabamento e de sistemas
estruturais que possibilitam mais flexibilidade de execução nas construções. Nesse caso,
incorpora-se como interesse a verificação de placas cimentícias feitas com resíduo de EVA
(Etileno Acetato de Vinila), descartado de indústrias calçadistas locais. O EVA é um polímero
utilizado na indústria calçadista para a confecção de solados e palmilhas internas de calçados.
Quando as grandes placas de EVA expandidas são cortadas para produzir os formatos dos
calçados, geram-se retalhos, que são pouco reaproveitados na própria indústria. De acordo com
Hax [6] o aproveitamento do resíduo de EVA na moldagem de placas cimentícias com
diferentes espessuras e composições, com objetivo de atenuar ruído de impacto em pisos,
demonstra potencial com bom desempenho como material resiliente. Hax [6] confeccionou
placas de cimento/EVA, no traço 1:5, com 2,5 cm de espessura e analisou-as quanto ao ganho
na atenuação dos ruídos de impacto. Com base nesse estudo, a autora concluiu que o sistema
de piso flutuante com placas cimentícias com EVA quando comparado à laje maciça sem
nenhum material resiliente, produziu acréscimo de atenuação dos ruídos de impacto de 12 dB.

Leal et al [7] também avaliaram o desempenho acústico de concreto com resíduos de EVA para
reduzir ruídos de impactos em pisos. Nesse estudo, utilizaram três dosagens para a fabricação
das placas cimentícias com EVA (50 cm x 50 cm x 3 cm), sendo uma delas com 80% e as outras
duas com 70% e 60% de agregado graúdo de EVA. Os resultados indicaram que as amostras
com 80% e 60% desse agregado apresentaram número global (L’nT,w) de 56 dB e 62 dB,
respectivamente, mostrando uma melhora de 6 dB no isolamento acústico na medida em que se
aumentou o teor de EVA.

Santos [8] desenvolveu placas cimentícias, executadas com agregados de resíduos de EVA
(Diâmetro máximo = 4,8 mm), aplicados como material resiliente na composição de sistemas
de piso flutuante. Comparou placas (largura x comprimento = 35 cm x 35 cm) de EVA com
configurações diferentes, em termos de espessura total e geometrias: uma delas com todas as
superfícies planas (2,5 cm de espessura) e outras duas (espessura total igual a 3,5 cm e 5,0 cm,
respectivamente) com uma das superfícies com baixos relevos parciais, de modo a gerar alguns
bolsões de ar (de alturas iguais a 1,0 cm e 2,5 cm) entre tais placas e a laje estrutural pré-
moldada convencional (de 12 cm de espessura). O desempenho das placas de EVA propostas
foi comparado com alguns materiais disponíveis no mercado (manta de polietileno e lã de
rocha) para uso em pisos flutuantes. As placas propostas (cimentícias com EVA), com e sem
bolsões de ar, se classificaram com desempenho intermediário, de acordo com a NBR 15575-
3:2013 [1] sendo, ainda, confirmada a eficiência da camada de ar incorporada ao sistema de
piso flutuante, quanto a sua contribuição para aumentar o nível de isolamento acústico em até
2 dB. Contudo, os sistemas com bolsões de ar têm repercussões na altura total do sistema de
piso, o que pode limitar a sua aplicação.

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De acordo com as referências, a ideia da reciclagem dos resíduos de EVA, com a possibilidade
de terem aplicação para correção acústica nos edifícios multipavimentos, se enquadra como
uma proposta autossustentável, cujo grande desafio é garantir conforto ambiental, racionalizar
o uso da energia, respeitar o meio ambiente e utilizar recursos renováveis nos processos da
construção civil, contribuindo para atenuar o ruído em diferentes casos de tipologias de lajes.

Diante dessa problemática observada nas edificações de múltiplos pavimentos atuais, a ideia da
pesquisa é fazer uma avaliação do desempenho de dois tipos de materiais resilientes quanto ao
isolamento acústico em sistema de piso flutuante, sendo um material produzido em laboratório
e o outro industrial. Submetendo-os a duas situações de sistemas diferentes quanto à tipologias
de lajes, são elas pré-moldada convencional e nervurada.

2. DESENVOLVIMENTO

Os procedimentos metodológicos adotados neste estudo consistem em moldar 25 placas


cimentícias com EVA de 1,8 cm de espessura (intituladas de PEVA1,8) que serviram como
material resiliente para um sistema de piso flutuante a ser comparado com material comercial
de reciclagem de garrafa PET (MantaPET). Na sequência, fazer ensaios de ruído de impacto,
de acordo com a International Organization for Standardization (ISO) 16283-2:2015 [10], em
dois protótipos de edificações de multipavimentos, sendo um com laje pré-moldada
convencional e o outro com laje nervurada. Essa quantidade de placas se deu para suprir a
dimensão mínima de 1m² de material resiliente, explicado no item 2.2.

2.1 Moldagem das placas cimentícias com EVA

A moldagem das placas PEVA1,8 foi precedida da caracterização do resíduo de EVA como
agregado leve, por meio de ensaio de composição granulométrica, segundo a NBR NM
248:2003 [11], que resultou no diâmetro máximo de 6,3 mm e, do ensaio de massa unitária,
segundo a NBR NM 45: 2006 [12], que resultou em 90,28 kg/m³.

A dosagem dos materiais para a produção do compósito foi de 1:8 (cimento e EVA). As placas
(Figura 2) foram moldadas em formas metálicas e teve processo de cura inicialmente, no
interior do molde metálico em câmara úmida, seguido da adoção de secagem forçada da placa
em estufa, 24 horas após a sua moldagem para tentar diminuir a sua densidade que resultou em
388,9 kg/m³. Antes da desmoldagem as placas foram submetidas a carga de prensagem
temporária de 600 kg, por 60 segundos. As dimensões das placas produzidas foram de 20 cm x
20 cm x 1,8 cm (largura x comprimento x espessura).

Figura 2: Placa PEVA1,8.

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2.2 Ensaio de Ruído de Impacto

As placas PEVA1,8 com 388,9 kg/m³ e 1,8 cm de espessura e a MantaPET com 30kg/m³de
densidade e 8 mm de espessura, foram submetidas a testes de ruído de impacto em protótipos
similares (Figura 3 e 4), os quais estão localizados no Laboratório de Ensaio de Materiais e
Estruturas da Universidade Federal da Paraíba (LABEME-CT-UFPB) e foram construídos com
alvenaria em solo-cimento, sendo um com laje pré-moldada convencional de 13 cm de
espessura e o outro com laje nervurada de 26 cm de espessura. Os protótipos possuem dois
pavimentos com área de 6,87 m² em cada pavimento, tendo o superior (câmara de emissão) um
pé-direito de 2,30 m e o inferior (câmara de recepção), 2,43 m. Objetiva-se, com isso, simular
dois ambientes sobrepostos, de forma similar ao estudo de Santos [8]. Foram utilizadas 25
placas (20 cm x 20 cm), formando uma área de 1 m² no piso da câmara de emissão, sobre a qual
uma placa de argamassa revestida com cerâmica polida, também com 1 m², foi utilizada
simulando o contra piso e o revestimento superior do sistema de piso flutuante em teste (Figura
5). Optou-se pela dimensão de 1m² a fim de viabilizar economicamente a realização dos ensaios
seguindo exemplos de referências pesquisadas, como por exemplo o estudo de Branco e
Godinho [9] e também pelo objetivo deste trabalho que é apenas a comparação entre as duas
amostras e não o fornecimento de laudo técnico.

Figura 3: Imagem dos dois protótipos lado a lado. Figura 4: Desenho esquemático da parte interna do
protótipo.

Figura 5: Máquina de impacto Bruel & Kjaer para simulação de ruído de impacto.

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Esse procedimento se enquadra como ensaio simplificado, que utiliza amostra com pequena
dimensão, sendo o mesmo validado por diversos autores para analisar o potencial de diferentes
materiais resilientes, com ensaios de baixo custo. O teste acústico de ruído de impacto foi
realizado segundo a ISO 16283-2:2015 [10], foi utilizada essa norma por o protótipo simular
uma situação real, com as amostras (conjunto de placas PEVA1,8 e contrapiso revestido)
posicionadas em quatro pontos distintos no pavimento superior e o analisador acústico (tipo
2270 da marca Brüel & Kjær) também deslocado em quatro pontos distintos no pavimento
inferior; o mesmo procedimento foi adotado para a MantaPET. E como referência para efeito
de comparação, foi testado também o sistema sem material resiliente embaixo da placa de
contrapiso (sistema de referência).

Para identificar o número global da amostra em teste foi utilizada a norma ISO 717-2:2013 [13]
e, a partir da NBR 15575-3:2013 [1], fez-se a sua classificação quanto ao seu desempenho
(mínimo, intermediário ou superior). Na comparação entre os valores calculados para as
amostras alternativa e comercial, procurou-se identificar qual a relação entre desempenho
acústico de acordo com a tipologia de laje de cada protótipo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Abaixo os gráficos (Figura 6 e 7) para cada tipologia de laje (pré-moldada e nervurada), com
os resultados do Li (ruído de impacto) por bandas de terços de oitava para cada frequência (Hz)
medida.

90
Nível de Ruído de Impacto

80
70
60 REF.
(LI) dB

50
PEVA1,8
40
PET
30
100

160

250

400

630

1000

1600

2500

Frequência (Hz)

Figura 6: Resultado do Ruído de Impacto no protótipo com laje pré-moldada.

90
Nível de Ruído de Impacto (LI)

80
70
60 REF.
dB

50 PEVA1,8
40 PET
30
100

2000
2500
125
160
200
250
315
400
500
630
800
1000
1250
1600

3150

Frequência (Hz)

Figura 7: Resultado do Ruído de Impacto no protótipo com laje nervurada

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A Tabela 1 apresenta o resultado de desempenho acústico obtido com a amostra PEVA1,8 e a
MantaPET, onde se pode verificar o número global (L’nT,w), em dB, de cada sistema comparado
com o sistema de referência sem material resiliente, de acordo com a tipologia de laje. Na
Tabela 1, verifica-se também a classificação para cada amostra, conforme os requisitos
previstos na NBR 15575-3:2013 [1]. As diferenças nos resultados foram pequenas, de 1dB
apenas para cada tipo de situação, tendo a laje nervurada apresentado maior valor, isto é menor
desempenho em dois casos (sistema de referência e no da MantaPet). Apenas para o material
PEVA1,8 o desempenho da laje nervurada foi melhor. Entretanto, as diferenças devido ao tipo
de laje são pequenas.

Tabela 1: Resultado dos desempenhos acústicos de isolamento ao ruído de impacto.


Laje pré-moldada Laje
convencional nervurada
Amostra /
L’nT,w (dB) L’nT,w(dB) Desempenho
Parâmetro
Sist. de Referencia 78 79 Mínimo (M)

PEVA1,8 61 60 Intermediário (I)


Superior (S) e
MantaPET 55 56
Intermediário (I)

Para a estimativa de incerteza de medição, conforme critérios da ISO 12999-1:2014[3], foi


aplicada a expressão da Equação (1) da referida norma, para obter a incerteza expandida (U).

𝑈 = 𝑘𝑢 , (1)

Onde:
k é o fator de confiança, aqui adotado de 0,5, que corresponde a 95%;
u é a incerteza padrão determinada de acordo com a Cláusula 5 ou a Cláusula 6 da ISO
12999:2014[3];

Então, o resultado da incerteza expandida é aplicado na Equação (2) para encontrar o valor do
número global com a incerteza (Y):

𝑌=𝑦±𝑈, (2)

Onde:
y é a melhor estimativa encontrada pela medida;
U é a incerteza expandida calculada para um certo nível de confiança para o teste bilateral.

Tabela 2: Resultado do cálculo da incerteza expandida (U)

Laje pré-moldada convencional Laje nervurada

Amostra / L’nT,w Y Y L’nT,w Y Y


Parâmetro (dB) (dB) (dB) (dB) (dB) (dB) Desempenho
Sist. de
78 78,8 77,1 79 79,8 78,1 Mínimo (M)
Referencia

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PEVA1,8 61 61,8 60,1 60 60,8 59,1 Intermediário (I)
Superior (S) e
MantaPET 55 55,8 54,1 56 56,8 55,1
Intermediário (I)

Aparentemente, a incerteza pode ser considerada pequena. O cálculo feito para a correção dos
resultados da Tabela 2 deu suporte para verificar que as diferenças observadas entre os sistemas
de lajes não foram alteradas.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com relação ao desempenho acústico das placas PEVA1,8, assim como a MantaPET,
considerando o sistema de piso flutuante adotado nos experimentos e as dimensões do ambiente
de testes, pode-se concluir que elas têm potencial para se classificarem como materiais
adequados para serem utilizadas na atenuação de ruído de impacto entre os pisos de edificações
multipavimentos, pois obtiveram desempenho intermediário e em um caso (MantaPet + laje
pré-moldada convencional) desempenho superior, de acordo com os requisitos previstos na
NBR 15575-3:2013 [1].

Como as dimensões dos ambientes são idênticas diferenciando basicamente na tipologia das
lajes, a diferença observada de 1 dB no ruído de impacto ponderado permite concluir que a
diferença de tipologia da laje é marginal, frente a outros fatores que afetam a capacidade de
isolamento para ruído de impacto. Cabe ressalvar que esta conclusão aplica-se para ambientes
pequenos, com dimensão próxima aos utilizados nos testes.

REFERÊNCIAS

[1] Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos –
desempenho – parte 3 – requisitos para os sistemas de pisos internos. NBR 15575-3, 2013.

[2] Nunes, M. F. O; Jorge, V; Pagnussat, D. T. Estimativa de incerteza em ensaios de ruído de impacto: posição
dos equipamentos em medições em campo. parc vol5 n2 campinas jul./dez. 2015 p. 22-30

[3] International Organization for Standardization – ISO – Determination and application of measurement
uncertainties in building acoustics -- Part 1: Sound insulation. ISO 12999:2014.

[4] Cornacchia, G. M. M. Investigação in-situ do isolamento sonoro ao ruído de impacto em edifícios residenciais.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, 2009.

[5] Pereyron, D. Estudo de tipologias de lajes quanto ao isolamento ao ruído de impacto. Dissertação (mestrado)
– Universidade Federal de Santa Maria. Rio Grande do Sul, 2008,

[6] Hax, S. P. Estudo do potencial dos resíduos de E.V.A. no isolamento de ruído de impacto nas edificações.
2002. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria, 2002.

[7] Leal, L.C; Marquetto, L; Nunes, M.F.O.; Tutikian,B.F. Lightweight concrete with EVA recycled aggregate for
impact noise attenuation. Materiales de Construcción. Vol. 63, 310, 309-316. 2013.

[8] Santos, F. A. Avaliação de placas cimentícias com resíduo de EVA quanto ao seu nível de isolamento acústico
em sistemas de pisos flutuantes. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Paraíba, 2013.

[9] Branco, F.G; Godinho, Luís. On the use of lightweight mortars for the minimization of impact sound
transmission. Construction and Building Materials 45 (2013) 184–191

DOI: 10.17648/sobrac-87098
[10] International Organization for Standardization – ISO – Acoustic – Field measurement of sound insulation in
buildings and of building elements – Part 2: Impact sound insulation. ISO 16283-2:2015.

[11] Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT - NBR NM 248:Agregados - Determinação da


composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003.

[12] Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - NBR NM 45: Agregados - Determinação da massa
unitária e do volume de vazios. Rio de Janeiro, 2006.

[13] International Organization for Standardization – ISO – Acoustic – rating of sound insulation in building
elements – Part 2: Impact sound insulation. ISO 717-2, 2013.

DOI: 10.17648/sobrac-87098
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