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Determinação da isolação ao ruído de impacto e aéreo em sistemas


de pisos de edificação de cinco pavimentos de padrão popular
Nícolas Ilieff Porto | nico.ilieff@hotmail.com
MBA Gerenciamento de Obras, Qualidade e Desempenho na Construção
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Porto Alegre, RS, 31 de março de 2018.

Resumo
Define-se como sistema de piso um conjunto de elementos (camadas) verticais ou inclinadas
cuja função é constituir um limite horizontal entre unidades habitacionais em edifícios,
cumprindo função de estrutura, vedação e tráfego. Por se tratar de um empreendimento de
padrão popular pertencente a um programa nacional de habitação, para que o projeto
apresente retorno financeiro é de suma importância a sua otimização, a fim garantir
qualidade e desempenho mínimos com os menores custos possíveis. Este estudo visa
apresentar resultados obtidos através de ensaios realizados conforme NBR 15575-3:2013 e
consequente adoção de nova configuração de sistema de piso para atingimento de
desempenho acúsitco mínimo. Foram ensaiados três sistemas distintos, com os quais através
da utilização de uma medotodologia de pesquisa aplicada foi possível determiniar índices e
parâmetros capazes de determinar que o Sistema 3 é a melhor solução a ser aplicada nos
Empreendimentos.

Palavras-chave: Isolamento Acústico. Ruído de Impacto. Ruído Aéreo. Sistema de Piso.

1. Introdução
Criado em pelo Governo Federal em 2009, o programa habitacional Minha Casa Minha Vida
tem como objetivo reduzir o déficit habitacional do Brasil, o qual mais de 90% é representado
pela população de baixa renda. Essa faixa da sociedade encontra dificuldades para obtenção
de financiamentos atrativos para aquisição da casa própria, então o Programa foi criado a fim
de proporcionar o acesso uma habitação digna para o cidadão. Em paralelo, esta política é
extremamente benéfica para o desenvolvimento da economia do País, pois mantém o mercado
da construção civil aquecido gerando milhões de empregos e movimentando grandes quantias
monetárias.

Devido à saturação do espaço físico nas cidades, é visível a preferência pela verticalização das
edificações nos grandes centros, o que torna o sistema de pisos protagonista no que se diz
respeito a conforme acústico. O grande problema é que ainda é bastante comum que a escolha
sistema ainda seja balizada pela capacidade de vencer vãos e pelo custo, enquanto o correto
seria fazer uma análise tratando o sistema como elemento de separação entre unidades
habitacionais.

O desempenho acústico do sistema de piso é mensurado através de avaliação do


comportamento acústico frente ao ruído aéreo e ao ruído de impacto. O primeiro (Figura 1)
consiste em ondas e vibrações transmitidas pelo ar e obtidas através de uma fonte geradora
simples (a fala, televisão ou autofalante). Já o segundo (Figura 2) consiste em sons produzidos
pela percussão sobre um corpo sólido, o qual também é transmitido pelo ar. Ainda, segundo
Cornacchia (2009) o ruído de impacto trata-se de uma excitação por contato, na qual a
estrutura se torna um eficiente sistema irradiador de energia sonora em ampla faixa de
2

frequência, devido ao movimento vibratório induzido pela excitação localizada. Este impacto
é capaz de causar desconforto acústico considerável.

Figura 1: Exemplo de fonte de ruído aéreo.


Fonte: Giner Consultoria.

Figura 2 - Exemplo de fonte de ruído de impacto.


Fonte: Pedroso (2007).

O principal objetivo deste estudo é apresentar os resultados de ensaios in loco realizados em


três sistemas distintos de piso e justificar a escolha por um dos sistemas após análise de
desempenho e custos, sendo este último elemento de suma importância para a viabilidade
econômica de empreendimentos de padrão popular.

2. Método
Os ensaios foram realizados no empreendimento Residencial Valle del Fiore, localizado na
cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul durante o ano de 2015 e 2016 pelo Laboratório de
Materiais de Construção Civil – LMCC da Universidade Federal de Santa Maria.

Foram analisadas três configurações distintas de piso com concreto maciço de 8 cm de


espessura. Já os revestimentos eram compostos de piso cerâmico, conjunto de piso em
madeira (laminado) com manta de polietileno e conjunto de piso cerâmico com emulsão a
base de asfalto, conforme descritos na Tabela 1:
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Tipo de Laje Revestimento Área

Sistema 1: Concreto Piso cerâmico assentado 9,34 m²


armado maciço de 8 cm diretamente sobre laje
de espessura

Sistema 2: Concreto Piso cerâmico assentado 9,34 m²


armado maciço de 8 cm diretamente sobre camada
de espessura de 1,5mm de emulsão
asfáltica

Sistema 3: Concreto Piso laminado sobre 9,34 m²


armado maciço de 8 cm manta de polietileno de
de espessura 1,5 mm de espessura

Tabela 1 - Características dos sistemas de pisos analisados

As medições foram feitas seguindo os procedimentos descritos nas normas ISO 16283-
2:2014, ISO 717-2:2013, ISO 717-3:2013 e ISO 3382-1:2008. As aferições foram realizadas
em dormitórios de mesma área e volume, sobrepostos. Como local de fonte emissora de ruído,
a unidade habitacional superior permaneceu com porta e janela fechadas, assim como o
dormitório inferior, o qual foi receptor e teve a medição do ruído resultante.
Para classificação do desempenho acústico obtido, foram utilizados valores de referência
indicados na NBR15575-3:2013 para ruído de impacto (Tabela 2) e para ruído aéreo (Tabela
3).

Nível de
Elemento L'nT,w [dB]
desempenho

66 a 80 M
Sistema de piso separando unidades habitacionais autônomas posicionadas
56 a 65 I
em pavimentos distintos
≤ 55 S
Tabela 2 - Critério e nível de pressão sonora de impacto padrão ponderado, L’nT,w
Fonte: (ABNT, 2013)

D’nT,W Nível de
Elemento
(dB) desempenho

45 a 49 M
Sistema de piso separando unidades habitacionais autônomas de áreas em
50 a 54 I
que um dos recintos seja dormitório
≥ 55 S
Tabela 3 - Critérios de diferença padronizada de nível ponderada, D’nT,w
Fonte: (ABNT, 2013)
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3. Instrumentação
Nos ensaios, foram utilizados os seguintes equipamentos:

a) Tapping Machine Generator 01dB, modelo CALPEST-one, número calp 04/05-12/203


(Figura;
b) Fonte Sonora 01dB, modelo OMNI 12 e AMPLI 12, nº série 03/11-10/B255-A12;
c) Calibrador de nível sonoro, 01dB, modelo CAL 21, classe 1, nº série 34113617(2011);
d) Medidor integrador de nível sonoro, 01dB, classe 1, modelo Black Solo, nº série
65593;
e) Software 01dB, modelo dBBati versão 5.02, para análise e aquisição de dados;
f) Termo-higrômetro digital, Minipa, MT-241.

4. Resultados – Ruído de Impacto


A primeira configuração de sistema de piso, composta pelo conjunto laje em concreto armado
maciço e piso cerâmico, apresentou resultados (Tabela 4) sobre os quais é possível observar
que até o ponto de frequência 250Hz há certa oscilação do valor de L’nT. Já a partir dos
315Hz, é possível perceber uma tendência ascendente da curva (Figura 3), contrário ao perfil
gráfico da curva de referência da ISO 717-2.

Frequência L'nT
(Hz) (dB)
100 61,7
125 66,8
160 72,5
200 72
250 72,4
315 73,5
400 75,5
500 76,9
630 77
800 77,9
1000 77,5
1250 77,7
1600 77,8
2000 77,6
2500 76,3
3150 74,1
4000 70,9
5000 66,8
Tabela 4 - Resultados Sistema 1
Fonte: Relatório de Ensaio nº 98193 – LMCC/UFSM (2015)
5

Figura 3 – Espectro de Frenquências Sistema 1


Fonte: Relatório de Ensaio nº 98193 – LMCC/UFSM (2015)

O Sistema 1 apresentou não apresentou desempenho, onde é possível pereceber uma


tendência ascendente de sua cuurva a partir de 250Hz.

Já o Sistema 2, o qual é composto por laje em concreto armado maciço, emulsão asfáltica e
piso cerâmico, apresentou valores (Tabela 5) e configuração de curva (Figura 4) semelhantes
ao Sistema 1:

Frequência L'nT
(Hz) (dB)
100 59,9
125 69,4
160 74,6
200 71,7
250 73,1
315 74,5
400 75
500 77,4
630 76,9
800 76,7
1000 76,8
1250 76,7
1600 76,2
2000 75,6
2500 73,3
3150 69,9
4000 64,1
5000 57,7
Tabela 5 - Resultados Sistema 2
Fonte: Relatório de Ensaio nº 100415 – LMCC/UFSM (2015)
6

Figura 4 – Espectro de Frenquências Sistema 2


Fonte: Relatório de Ensaio nº 100415 – LMCC/UFSM (2015)

Embora semelhante ao Sistema 1, no Sistema 2 chegou-se a um nível de pressão sonora


impacto-padrão ponderado de 80dB, ou seja, 3dB a menos que o Sistema 1.

Por fim, o Sistema 3 apresentou resultados (Tabela 6) e curva (Fgura 5) bastante diferentes
dos Sistemas anteriores, fato que evidencia a eficiência da utilização do conjunto piso
flutuante em mandeira e manta de polietileno.

Frequência L'nT
(Hz) (dB)
100 61,5
125 65,9
160 71,8
200 72,6
250 69,8
315 67,8
400 66,3
500 61,2
630 60,2
800 58,3
1000 52,1
1250 46,6
1600 44,1
2000 41,1
2500 37
3150 36,3
4000 32
5000 28,3
Tabela 6 - Resultados Sistema 3
Fonte: Relatório de Ensaio nº 98193 – LMCC/UFSM (2015)
7

Figura 5 - Espectro de Frenquências Sistema 3


Fonte: Relatório de Ensaio nº 98193 – LMCC/UFSM (2015)

Seguindo o método sugerido pela norma ISO 717-2, o Sistema 3 expôs um nível de pressão
sonora impacto-padrão ponderado de 62dB, bastante inferior aos Sistemas 1 e 2.

4.2. Resultados – Ruído Aéreo


O Sistema 1 apresentou desempenho mínimo. Através dos resultados (Tabela 7) e da curva
gerada (Figura 6), é possível perceber o comportamento ascendente a partir dos 500Hz.

Frequência D'nT
(Hz) (dB)
100 30,7
125 38,7
160 33,4
200 37,1
250 35,9
315 38,6
400 39,6
500 39,2
630 42
800 43,6
1000 47,1
1250 48
1600 48,7
2000 49,4
2500 51,2
3150 55,3
4000 57,7
5000 61,1
Tabela 7 - Resultados do Sistema 1
Fonte: Relatório de Ensaio nº 98190 – LMCC/UFSM (2015)
8

Figura 6 – Espectro de Frequências Sistema 1


Fonte: Relatório de Ensaio nº 98190 – LMCC/UFSM (2015)

Analisando o Sistema 2 percebe-se grande semelhança com o Sistema 1, com as mesmas


tendência de ascendencia a partir de 500Hz e apresentando a mesma valor de 45dB para
diferença padronizada de nível ponderada.

Frequência D'nT
(Hz) (dB)
100 30,9
125 39,4
160 33,5
200 35,2
250 34,3
315 38,2
400 39,3
500 38
630 41,5
800 42,5
1000 46,2
1250 48
1600 48,4
2000 48,8
2500 52,1
3150 54,7
4000 57,5
5000 60,1
Tabela 8 - Resultados do Sistema 2
Fonte: Relatório de Ensaio nº 100416 – LMCC/UFSM (2016)
9

Figura 7 - Espectro de Frequências Sistema 2


Fonte: Relatório de Ensaio nº 100416 – LMCC/UFSM (2016)

Finalmente ao analisar o Sistema 3, percebe-se uma pequena alteração nos valor D’nT na
frequência de 500Hz (ponto de início de comportamento ascendente) em relação aos outros
dois sistemas. Neste, o desempenho mínimo não foi alcançado.

Frequência D'nT
(Hz) (dB)
100 25,1
125 33,7
160 32,8
200 35,9
250 36,8
315 36,7
400 35,5
500 34,6
630 38,8
800 42
1000 47,5
1250 49,7
1600 50,2
2000 50,1
2500 52,5
3150 56,1
4000 59
5000 60,9
Tabela 9 - Resultados do Sistema 3
Fonte: Relatório de Ensaio nº 98192 – LMCC/UFSM (2015)
10

Figura 8 - Espectro de Frequências Sistema 3


Relatório de Ensaio nº 98192 – LMCC/UFSM (2015)

5. Classificação de Desempenho ao Ruído de Impacto


Após a realização de ensaios de campo, através do Método de Engenharia e de acordo com a
norma ISO 717-2, foi obtida uma classificação de desempenho (Tabela 10), de acordo com os
requisitos apresentados na NBR 15575-3:2013:

L'nT,w Nível de
Tipo de Laje
(dB) desempenho
Não
Sistema 1 83 apresentou
desempenho
Sistema 2 80 Mínimo
Sistema 3 62 Intermediário
Tabela 10 - Classificação de Desempenho

Os resultados juntos (Figura 9) evidenciam que os sistemas compostos por piso cerâmico
apresentaram baixo desempenho, enquanto o sistema composto por piso em madeira e manta
de polietileno apresentou um ótimo resultado, dentro do nível intermediário de desempenho
da NBR 15573-3:2013. Embora o baixo desempenho, o Sistema 2 antigiu ou nível de
desempenho mínimo determinado pela NBR, devido à existência de uma camada de cerca de
1,5mm de emulsão asfáltica. Essa camada de material resiliente isolador entre laje e piso
cerâmico foi o grande diferencial para obtenção de melhor desempenho frente ao Sistema 1.
Segundo Bistafa (2011), essa solução consiste na aplicação de um material resiliente isolador
entre a laje estrutural e o contrapiso criando uma base antivibratória entre eles com finalidade
de amortecer a onda sonora.

Já a terceira amostra, credita-se o bom desempenho ao sistema de piso flutuante executado


conforme manda as boas práticas.
Para se realizar um bom isolamento ao ruído de impacto, deve-se construir uma laje
composta por elementos suficientes para que haja uma independência entre os
diferentes materiais, desta forma, não deve haver rigidez entre a laje e o piso. O
recheio deve ser composto de material que apresente uma resiliência capaz de
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absorver boa parte das vibrações provocado na laje superior, sendo uma condição
essencial área um bom desempenho no isolamento, a não formação de ligações entre
o piso e a estrutura. A queda de objetos em pisos flutuantes provocam vibrações,
onde uma onda de flexão se propaga por todo o piso, havendo transmissão para a
laje suporte através do recheio elástico utilizado, com amortecimento mais ou menos
grandes de acordo com a natureza e espessura do material. (NEUBAUER,2009:23)

Figura 9 - Espectro de Frenquências Sistemas 1,2 e 3


Fonte: acervo próprio do autor

6. Classificação de Desempenho ao Ruído Aéreo


Finalizados os três ensaios realizados conforme ISO 717-1, foi obtida uma classificação de
desempenho (Tabela 11), de acordo com os requisitos apresentados na NBR 15575-3:2013:

D'nT,w Nível de
Tipo de Laje
(dB) desempenho
Sistema 1 45 Mínimo
Sistema 2 45 Mínimo
Não
Sistema 3 44 apresentou
desempenho
Tabela 11 - Classificação de Desempenho

Os três sistemas apresentaram comportamento semelhante, o que pode ser evidenciado pelos
resultados acima. Analisando suas respectivas curvas (Figura 11), essa semelhança fica
bastante clara entre os Sistemas 1 e 2 até 500Hz e depois entre os Sistemas 1, 2 e 3, a partir
deste trecho. Ao observarmos o Sistema 3, percebe-se uma queda do valor de D’nT em
500Hz, assim com um valor mais baixo no ponto de 125Hz.

A partir desta intepretação, é possível concluir que por se tratar de propagação de ruído aéreo,
o simples fato do Sistema 3 ser dotado de menor massa do que os Sistemas 1 e 2 faz com que
a isolação seja menor, não atingindo o desempenho.
12

Figura 8 - Expectro de Frequências Sistemas 1,2 e 3


Fonte: acervo próprio do autor

7. Aplicabilidade dos resultados

Posteriormente à interpretação dos laudos fornecidos pelo laboratório responsável pelos


ensaios de campo, o Sistema 3, por ter apresentado desempenho inferior ao Sistema 2, foi
escolhido como referência tecnológica a ser adotada para os futuros empreendimentos da
parte interessada. A motivação à opção se deu após rigoroso estudo interno de custos entre os
Sistemas 2 e 3. Para a Construtora, nunca foi considerada a possibilidade da utilizaçao de um
contrapiso de regularização devido ao seu custo médio de R$35,00/m². Com o veto a este
elemento, o piso cerâmico é assentado diretamente sobre a laje, logo praticamente não há
nenhuma camada separadora entre a cerâmica e a laje maciça em concreto armado. Conforme
conceitos já apresetandos anteriormente, esse arranjo configura grande rigidez entre o piso e a
laje, formando pontes de ligação acústicas capazes de transmitir os ruídos.

A fim de diminuir esta rigidez e atenuar as pontes acústicas, buscou-se no mercado um


produto que desempenhasse o papel de camada resiliente isoladora. Optou-se por uma
emulsão asfáltica aplicada a frio com características específicas (Figura 12).

Figura 9 - Emulsão Antiruído Viapol - Carcterísticas Técnicas


Fonte: http://www.viapol.com.br/produtos/linha-ac%C3%BAstica/manta-viapol-antirruido/
13

A aplicação do produto deve ser feita homogeneizada através de trincha sobre o substrato
nivelado (Figura 13). Deve-se também atentar para a ligação laje-parede (Figura 14), pois se
trata de um local onde a incidência de pontes acústicas é muito comum, conforme Bistafa
(2011), qualquer ponto de contato pode ocasionar ponte acústica, o que acarreta em perda
parcial do isolamento. Para que isto não ocorra é necessário que o material resiliente envolva
o contrapiso não só em sua interface contrapiso/laje, mas também em sua interface
contrapiso/paredes.

Figura 10 - Emulsão asfáltica aplicada sobre o substrato (laje) nivelado


Fonte: acervo pessoal do autor

Figura 11 - Aplicação de emulsão asfáltica no rodapé sob o rodapé


Fonte: acervo pessoal do autor

Todavia após estudo de custos (Tabela 12), embora a solução apresentada acima se de fácil
aplicação, a mesma foi considerada inviável financeiramente para empreendimentos desse
padrão.

Composição do sistema de piso R$/m²


R$
Laje maciça 8 cm + emulsão asfáltica antirruído + piso cerâmico 67,50
R$
Laje maciça 8 cm + manta de polietileno + piso laminado (piso flutuante) 60,00
Tabela 12 - Estudo de custos

Somado ao valor monetário mais elevado, a opção pelo piso flutuante foi visto pela
Construtora como um diferencial de mercado, visto que a grande maioria dos
empreendimentos de mesmo padrão oferecida pela concorrência possui em seus projetos a
utilização de piso cerâmico.

O fato do Sistema 3 ter atingido isolação necessária ao ruído de impacto e não ter atingido ao
14

ruído aéreo, se deu pelo fato de possuírem características distintas quanto a sua forma de
propagação. Enquanto o ruído de impacto é transmitido através da rigidez do sistema
(revestimento + laje estrutural), o revestimento em laminado funciona como um sistema de
piso flutuante (massa-mola-massa) (Figura 15) desconectando assim a rigidez do revestimento
(laminado) com a laje estrutural, e, portanto ganhando considerável melhora em seu
desempenho.

O isolamento do ruído aéreo, para sistemas homogêneos, dá-se através da lei das massas, ou
seja, quanto maior a massa (kg/m2) melhor o desempenho do isolamento ao ruído aéreo.

Sendo assim, pode-se considerar como aceitável um menor desempenho no isolamento de


ruído aéreo do sistema com revestimento em laminado pelo exposto acima, e
consequentemente melhora no desempenho ao ruído de impacto em contra partida do
revestimento em cerâmica.

Figura 12 - Sistema 3 (Piso flutuante)


Fonte: acervo pessoal do autor

Conforme descrito acima, a solução para que a adoção do Sistema 3 seja eficaz, foi preciso
que se aumentasse a espessura da camada sólida “laje suporte”. Já que os ensaios foram
realizados considerando Sistemas compostos por lajes maciças em concreto aramado de
8,5cm, optou-se por elevar esta espessura para 10cm, afim de aumentar a massa do principal
elemento separador.

8. Considerações Finais

Buscando manter-se apta a fazer parte do programa de habitação Minha Casa Minha Vida,
praticando preços competitivos no mercado, a Construtora precisou realizar ensaios de campo
para determinação de uma tecnologia de Sistema de Pisos eficiente, capaz de atentar aos
requisitos mínimo da NBR 15575-3:2013. Após os ensaios, concluiu-se que o Sistema 1 (o
qual vinha sendo adotado anteriormente) não apresentava desempenho suficiente de isolação
ao ruído de impacto. Já o Sistema 2 obteve desempenho tanto à isolação ao ruído de impacto
quanto ao ruído aéreo, porém seu custo inviabilizaria a manutenção da Construtora dentro do
mercado.

Por fim, o Sistema 3 apresentou excelente desempenho de isolação ao ruído de impacto


principalmente pelo fato de ter em sua composição uma camada resiliente isoladora. Porém
essa mesma camada de espessura muito fina e a configuração de piso flutuante deste Sistema
colaboraram para que a propagação do ruído aéreo fosse maior. A fim de manter a opção pelo
Sistema 3, principalmente pelo seu custo em relação ao Sistema 2 e também pela
oportunidade de diferenciar seu produto frente à concorrência dentro de um mercado onde
15

qualquer mínima diferença (seja ela na qualidade de acabamento, tipologia de planta ou


condições de pagamento) possa significar ganho de clientes, a Construtora optou por fazer a
alteração necessária não nas camadas resilientes isoladoras ou nas camadas de acabamento, e
sim na camada principal dos Sistemas, a laje maciça em concreto armado.

9. Referências

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e


documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: resumo:


elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: citações:


elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: formatação


de trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro, 2002.

BISTAFA, Sylvio R. Acústica aplicada ao controle do ruído. 2 ed. São Paulo: Blucher,
2011.

CORNACCHIA, G. M. M. Investigação in-situ do isolamento sonoro ao ruídode impacto


em edifícios residenciais. 2009. 142 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo)
– Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina, 2009.

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Acoustics: rating of sound insulation in buildings and of building elements. Part II: Impact
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Genève, Switzerland, 1996.

NEUBAUER, P. M. Madeira natural – assoalho e tacos – quanto ao isolamento ao ruído


de impacto. 2009. 82 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal
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NUNES, M. F.; ZINI, A.; PAGNUSSAT, D. T. Desempenho Acústico de Sistemas de Piso:


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SANTOS, J. L. Relatório de ensaio nº 98191. – Uiniversidade Federal de Santa Maria –


Laboratório de Materiais da Construção Civil, Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2015.

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Laboratório de Materiais da Construção Civil, Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2015.

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SANTOS, J. L. Relatório de ensaio nº 98192. – Uiniversidade Federal de Santa Maria –


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SIMÕES, F. M. Análise e Soluções Para o Desempenho Acústico em Edificações. 144


slides.

VITTORINO, F. Requisitos de Conforto Acústico, Desempenho Acústico e as


Experiências de ensaios de laboratório e campo. 2013.50 slides.

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