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O SEGREDO DA

ÁGUIA DOURADA

DESCOBRINDO A CHAVE PARA


MUDAR A SI MESMO

Jamiel de Oliveira Lopes


PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO. LEI Nº 9610/93
PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO. LEI Nº 9610/93
JAMIEL DE OLIVEIRA LOPES
___________________________

O SEGREDO DA ÁGUIA
DOURADA

DESCOBRINDO A CHAVE PARA


MUDAR A SI MESMO
PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO. LEI Nº 9610/93

Copyright © 2007 By Jamiel de Oliveira Lopes

Capa: Marco Aurélio Cogo de Oliveira

Diagramação: Joyce Lima Lopes

Revisão: Vânia Menegatto e Zilma Lopes

Lopes, Jamiel de Oliveira


O Segredo Da Àguia Dourada: Descobrindo a Chave
Para Mudar a Si Mesmo
Assunto: Psicologia Aplicada, Inclui; Relações Interpessoais,
Psicologia I

ISBN: 978-85-61103-00-2
CDD: 158.1

Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os


direitos reservados pela: LDEL Editora

IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Soft Gráfica e Editora

Edições: Lopes Distribuidora e Editora Ltda


Campinas, SP/ e-mail: clinicajlopes@yahoo.com.br
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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra a todos os meus pacientes que me


inspiraram para escrevê-la.
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“Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças;
subirão com asas como águias; correrão, e não se
cansarão; andarão, e não se fatigarão.”
Isaías 40.31
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SUMÁRIO

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PREFÁCIL...............................................................................11

PRÓLOGO - Em Busca de Si Mesmo........................................15

PRIMEIRA PARTE - As Sete Chaves......................................25

A PRIMEIRA CHAVE.............................................................27

A SEGUNDA CHAVE.............................................................33

A TERCEIRA CHAVE.............................................................44

A QUARTA CHAVE................................................................54

A QUINTA CHAVE.................................................................66

A SEXTA CHAVE....................................................................73

A SÉTIMA CHAVE.................................................................80

NOTAS...................................................................................101
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PREFÁCIO

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A idéia de escrever este livro ocorreu num momento
crucial numa fase extenuante da vida que tenho atravessado. Faz
aproximadamente um ano e meio que sofri um grave acidente
automobilístico que trouxe conseqüências drásticas para a minha
vida. Tive múltiplas fraturas e um esfacelamento do fêmur
esquerdo. Fiquei em coma na UTI por alguns dias. Depois de um
mês de internação recebi alta e passei a lutar para me recuperar
dos males causados por esta terrível fatalidade. Já fiz sete
cirurgias e alguns enxertos ósseos para recompor a perda óssea
que tive. Atualmente tenho um LLIZAROV (espécie de uma
gaiola) na coxa para fixação do fêmur e ando com a ajuda de um
andador.
Na penúltima cirurgia para enxerto que fiz, o médico
resolveu estender o LLIZAROV até a bacia bloqueando a
articulação da parte superior do fêmur o que me impediu de
sentar, obrigando-me a ficar deitado por um período de
aproximadamente quatro meses. Não havia alternativa, pois
devido à fragmentação do osso não tinha como fixar o
LLIZAROV noutro lugar.
Este processo foi acompanhado de terríveis dores. Havia
momentos que eu precisava tomar remédios muito fortes para
suportá-las. Lembro-me de um comprimido que usava nas
situações extremas. O mesmo era colocado debaixo da língua e
me causava tremores. Às vezes nem esse remédio era suficiente

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para aplacar a terrível dor que sentia.
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Numa madrugada eu acordei sentindo bastantes dores.


Peguei um comprimido e pus debaixo da língua, e, enquanto
esperava encontrar um refrigério para aquele sofrimento comecei
a pensar em tudo que acontecera, tentando encontrar uma
resposta ou uma explicação para esta amarga realidade.
Lembrei-me da minha vida antes do acidente e o que
mudara depois que isto aconteceu. Estava lecionando em duas
Faculdades, realizava atendimentos psicológicos em duas
clínicas: uma em Campinas e outra em Indaiatuba; coordenava
um Seminário Teológico CEEC Centro Evangélico de Educação
e Cultura, além dos treinamentos e palestras que estavam
agendadas no estado de São Paulo e em outras partes do Brasil.
De um momento para outro me vi preso a uma cama tendo
que abandonar todos os meus compromissos.
Naquela madrugada pensei nas duas alternativas que me
restaram após o acidente: virar para o canto da parede, lamentar,
chorar e sentir dó de mim mesmo, ou reagir à situação criando
meios para me adaptar a esta nova realidade da vida. Refleti sobre
os meus pacientes e a maneira como tentava ajudá-los a resolver
os seus problemas. Foi a partir dessa reflexão que veio à minha
mente as sete chaves, apresentadas neste livro, para uma mudança
de vida.
As idéias fluíam em minha mente com muita clareza. Vi
nas sete chaves os caminhos que precisamos percorrer para
encontramos a felicidade.
O quarto estava escuro e minha esposa dormia ao meu
lado. Não quis acordá-la para acender a luz. Liguei o computador

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que mantinha ao meu lado numa escrivaninha, coloquei o teclado

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sobre o abdômen e comecei a digitar as idéias que norteavam a
minha mente. Pretendia escrever sobre as sete chaves, mas como
estava escrevendo um outro livro guardei as anotações para
pensar sobre o assunto posteriormente.
Não sabia ainda como escrever sobre as sete chaves. Mas
passado algumas semanas li a fábula: “Quem mexeu no meu
Queijo”. Uma idéia de súbito brotou na minha mente. “Por que
não escrever uma fábula ou apresentar as sete chaves em forma de
metáfora?” A idéia era interessante, precisava encontrar um
animal que pudesse ser usado para ilustrar aquilo que eu pretendia
mostrar. Lembrei-me que havia lido algo sobre a metamorfose da
águia. Não tive mais dúvida. Criei um personagem Serena uma
águia que vive uma crise existencial e busca as sete chaves para
chegar a um santuário onde encontrará as respostas para superar a
sua crise.
As chaves apresentadas neste livro não representam
coisas obscuras ou difíceis de serem conquistadas, mas retratam a
prática de simples atitudes, tão óbvias que certamente lhe deixará
estupefato por se tratar de coisas tão evidentes.
Creio que as chaves retratam a experiência de todas as
pessoas, independente da sua filosofia de vida, sua crença,
religião, grau de escolaridade ou posição sócio-econômica.
Pensei em escrever uma terceira parte explicando a
fábula, mas achei que isso poderia tirar o encanto desse livro.
Deixo as interpretações a seu critério. Creio que cada pessoa
interpretará as lições que a Serena tentará passar de acordo com as
suas necessidades e vivências pessoais.

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Que as simples coisas apresentadas nesta obra, que me
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ajudaram a enxergar o mundo de uma outra forma, possam


contribuir para o seu crescimento.

Jamiel de Oliveira Lopes

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EM BUSCA DE SI MESMO
PRÓLOGO
PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO. LEI Nº 9610/93 O Segredo da Áuia Dourada

EM BUSCA DE SI MESMO

Serena era uma águia dourada que vivia no Canadá. Era


uma ave imponente, invejada por sua exuberante aparência. Tinha
asas grandes e arredondadas, sua plumagem era largamente
marrom escurecendo mais próximo às asas, seu rabo era marrom
cinzento. Debaixo das asas aparecia um castanho cinza. As penas
da cabeça e pescoço eram marrom dourado, por isso ela era
chamada pelos seus amigos e parentes de Águia Dourada. Seus
olhos eram marrom-escuros, suas garras eram pretas, enquanto os
seus pés eram amarelos e suas pernas eram emplumadas até o
1
dedão do pé.
Serena vivia com Peter uma Águia sagaz, famosa pela sua
habilidade de caça. Ela ficava feliz quando Peter conseguia
capturar para a refeição seus bichos prediletos: coelhos,
marmotas e esquilos.
Às vezes o dia não estava tão bom para caça, obrigando
Serena a se contentar com alguns pássaros ou gansos que Peter
apanhava. Ela costumava ajudá-lo a caçar. Enquanto Peter voava
velozmente perseguindo a presa até deixá-la exausta, Serena
esperava o momento certo para descer e capturar a sua refeição.
Ambos moravam num alto precipício. Seu ninho era grande
e volumoso, composto de varas, raízes, ervas daninhas e mato.
Serena se orgulhava da sua casa por ser aconchegante, espaçosa e
por oferecer uma visão privilegiada, de onde uma presa podia ser
avistada facilmente.

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Em Busca de Si Mesmo

Ela possuía dois lindos filhotes, Perez e Chica. Na verdade

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ela havia botado quatro ovos brancos manchados de um marrom
avermelhado, porém apenas Perez e Chica nasceram. A incubação
durou 45 dias e o casal de filhotes nasceu forte e saudável.
Perez e Chica costumavam sair para brincar com alguns
amiguinhos que moravam no outro lado daquele precipício.
Serena tinha um enorme cuidado com os seus filhotes, ela e Peter
eram verdadeiros “pais corujas”.
Serena tinha uma vida saudável e possuía uma família
maravilhosa. Às vezes enfrentava pequenos problemas caseiros
como, o mau humor de Peter, as brigas entre Perez e Chica, ou
quando no outono a provisão de comida começava a faltar no
norte. Mas nada disso era suficiente para torná-la uma águia
infeliz.
Um dia, porém, Serena acordou pela manhã bastante
reflexiva. Ela havia completado quarenta anos. Pensando nisto
olhou para suas asas e percebeu que elas estavam envelhecidas e
já não tinham o mesmo brilho e fulgor de outrora. Suas unhas
estavam cumpridas e flexíveis, e o bico alongado e pontiagudo
havia se curvado. Ela não tinha mais a mesma habilidade para
agarrar suas presas das quais se alimentava. Suas pernas estavam
mais grossas e voar tornava-se cada vez mais difícil.
A partir daquele dia Serena começou a ficar triste. De
repente, todas as coisas que eram significativas para ela como,
Peter, seus filhotes: Perez e Chica, a vista privilegiada do seu
ninho, suas caças prediletas, tudo havia perdido o valor e uma
insatisfação profunda passara a predominar a sua vida.
Subitamente ela foi tomada por uma terrível insensibilidade

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O Segredo da Áuia Dourada

e indiferença a tudo e a todos. Já não cuidava mais da sua


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aparência pessoal e tornou-se uma ave relaxada.


Uma sensação de vazio se apoderou da sua mente e do seu
coração. A angústia que sentia, sem um motivo aparente, fazia
com que ela tivesse fortes crises de choro. Serena já não saía mais
do seu ninho mantendo-se isolada a maior parte do tempo.
Constantemente ela sentia dó de si mesma e achava que estava
sendo injustiçada pelo Criador, por não merecer passar por tudo
aquilo. Por isso pensava: “se Deus existe, então por que ele
permite que tal coisa aconteça comigo?”
Seu comportamento mudou em relação a Peter e aos
filhotes. Geralmente ela se achava incompreendida, pensando
que todos se tornaram insensíveis por não respeitar o que ela
estava sentindo. Isto a tornara muito amarga e agressiva. O
resultado disto foi um forte sentimento de culpa que passou a
afligi-la, principalmente nos poucos momentos que tinha
consciência do seu problema. Como resultado da culpa surgiu um
desejo profundo de morrer.
Serena passava boa parte do seu tempo afligida por seus
próprios pensamentos. Às vezes dizia consigo mesma: “minha
vida não presta” “não sou feliz” “acho que a culpa é minha” “é
melhor morrer, assim todos ficarão livres de mim”. Ela pensava
na morte todos os momentos, dando espaço a idéias suicidas.
Passava algum tempo planejando como deveria morrer.
Peter andava bastante ansioso, não sabia mais o que fazer.
Estava cansado e ao mesmo tempo preocupado com as expressões
usadas por Serena como: “não agüento mais esta vida!”,
“Gostaria de sumir!”, “algum dia eu vou largar tudo e sair pelo

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Em Busca de Si Mesmo

mundo sem destino!”

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Raisa era uma águia, amiga de infância de Serena, que
morava num outro penhasco naquela mesma região. Sabendo do
problema de Serena resolveu fazer-lhe uma visita. Ao ver o estado
da amiga, Raisa ficou comovida e não pôde conter as suas
lágrimas. Tentou, em vão, animá-la durante aquele dia,
lembrando-a dos bons momentos em que ambas viveram durante
a infância e de suas travessuras, mas nada disso era suficiente para
mudar o estado de Serena.
Raisa lembrou-se de um sábio que ajudara uma prima sua
(de terceiro grau) que havia passado por uma situação semelhante
à de Serena. Chamando Peter, tentou convencê-lo a levá-la ao tal
sábio. Peter certificou-se de onde ele morava e levou Serena até
ele.

Paul morava no alto de uma colina num lugar bem afastado.


Era um ambiente simples, mas aconchegante. Ele vivia sozinho, e
costumava receber em seu ninho algumas águias que lhe
procuravam para ouvir os seus conselhos. Alimentava-se
praticamente só de alguns pequenos bichos que circulavam ali por
perto. Às vezes os seus visitantes lhe traziam alguns coelhos,

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O Segredo da Áuia Dourada

marmotas ou esquilos de presente. Paul ficava agradecido, mas


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logo voltava a se acostumar com sua simples refeição diária.


Peter ao se aproximar de Paul lhe indagou:
 Você é o sábio que dá conselhos a todas as águias e sabe
falar sobre qualquer assunto?
Paul sorriu e logo respondeu:
 Não, não é verdade que eu tenha respostas para todas as
questões. Eu apenas ajudo as águias a encontrarem as respostas
em si mesmas.
Ao olhar para Serena, ele percebeu que ela estava com
problemas e logo lhe perguntou:
 O que está acontecendo com você?
Serena começou a chorar e com certo esforço relatou para
Paul como tudo acontecera. Paul ficou um instante reflexivo, mas
logo lhe respondeu:
 Serena, tudo isto que você tem vivido é uma crise
existencial. Todas as águias passam por uma fase de
transformação na sua vida. Você começou a entrar nessa fase e o
fato de não ter uma compreensão do que estava acontecendo
consigo a fez entrar nessa crise.
Serena se endireitou naquele assento confortável que Paul
havia lhe oferecido e olhando atentamente para ele perguntou:
 É verdade que outras águias já passaram por essa mesma
experiência?
 Claro Serena! - Replicou o sábio. Todos nós passamos
por experiências semelhantes.
 Então quer dizer que eu posso vencer esta crise?
 Sim, é possível, mas há algo que você precisa fazer.

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Em Busca de Si Mesmo

Ninguém poderá fazer isto, a não ser você mesma.

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 Mas o que é necessário? Perguntou Serena
entusiasmada.
Paul então respondeu:
 Existe um santuário, conhecido como o santuário das
águias que fica no Alasca. Você terá que ir até lá sozinha. Neste
santuário você encontrará uma fórmula capaz de transformá-la e
torná-la jovem novamente. Porém, há uma condição, para abrir o
Santuário você precisa primeiro encontrar, durante a viagem, sete
chaves douradas. Em cada chave há uma inscrição que deverá ser
falada na grande porta da entrada do santuário.
O sábio pediu licença um instante e se dirigiu até o fundo do
seu aposento, pegou um pequeno alforje e entregou-o para Serena
dizendo:
 Neste alforje existem quatro pedras preciosas: um
Diamante, uma Ametista, uma Turquesa e um Rubi. Nessas
pedras contém quatro elementos que lhe ajudarão a encontrar as
chaves.
Curiosa, Serena abriu o alforje e retirou dele as quatro
pedras preciosas. Eram pedrinhas cintilantes de inestimável valor
capazes de deixar qualquer pessoa extasiada.
Paul apontou para o diamante e então falou:
 O nome Diamante vem do grego e significa
"inconquistável, indomável" devido a sua dureza. Por isso é
chamado de OBJETIVO. Quem possui esta pedrinha nunca se
perde na vida, pois conhece o seu rumo certo e sabe aonde quer
chegar.
Em seguida olhando para a Ametista continuou:

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O Segredo da Áuia Dourada

A ametista é a pedra mais apreciada do grupo do quartzo.


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O nome, Ametista, vem do grego e provavelmente significa "não


bebido” ou ainda "não ébrio", por isso é chamada de
DETERMINAÇÃO. Quem possui esta pedra nunca perde a
razão. Mantém-se firme na sua decisão de seguir em busca do seu
alvo.
Logo olhou para a Turqueza e falou:
A Turqueza é a pedra mais sensível das quatro. São
necessários alguns cuidados especiais com ela. Sua natureza
porosa e a baixa dureza deste mineral tornam as pedras muito
sensíveis, pois podem perder sua cor e seu brilho facilmente. Esta
pedra pode sofrer alterações pelo suor da pele, cosméticos ou pela
perda de sua umidade natural. Deve-se tomar cuidado com riscos
ou raspões. Devido as suas propriedades e sensibilidade ela é
chamada de CORAGEM. A danificação dessa pedra ou a sua
perda deixará a pessoa estagnada, sem ação passando a viver
atormentada pelo medo, pavor ou pesadelos.
Serena ficava cada vez mais encantada com as pedras e o
significado que o sábio lhes atribuíam.
Paul finalmente olhando para o rubi disse:
O nome rubi vem do latim "Ruber" que significa
vermelho. Assim como a safira é do grupo dos Coríndons. É o
mineral mais duro depois do diamante, assim como as
esmeraldas, por isso é chamado de PERSISTÊNCIA. Essa pedra
era Conhecida na antiguidade como "Ratnarak", o rei das pedras
preciosas. Segundo a lenda o rubi foi liberado do ovo mágico de
Naga, um dragão feroz de Bruma antiga. O rubi era usado pelos
antigos como um amuleto para a preservação da saúde, para tirar

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Em Busca de Si Mesmo

os medos e para trazer uma paixão abundante na vida. Quem

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possui essa pedra nunca desiste dos seus objetivos e alcança os
seus alvos.
Ao concluir Paul completou:
Serena, sempre que se sentir perdida, sem rumo, com
medo, apavorada ou querendo desistir dos seus alvos, abra o
alforje e olhe para OBJETIVO, DETERMINAÇÃO, CORAGEM E
PERSISTÊNCIA. Ao olhar para estas pedras preciosas você será
capaz de se encontrar novamente e prosseguir firme na direção
certa em busca dos seus ideais. Porém, lembre-se: sem uma dessas
pedras não será possível encontrar as sete chaves douradas.
Serena ficou encantada com a beleza das pedras e o
significado que cada uma possuía. O Diamante se destacava pela
sua transparência e pela maneira como se tornava cintilante à
medida que se mexia nele. A Ametista era uma pedra vermelha
encantadora. Tinha um formato de pirâmide, a cor mais intensa
predominava nas pontas dos cristais. Era uma pedra rara,
reluzente que apresentava faixas brancas de quartzo leitoso. A
Turquesa era uma pedra opaca, azul celeste que possuía vários
terrosos escuros e o Rubi era uma linda pedra vermelha grande e
reluzente.
Ao apreciar mais a beleza daquelas pedras, Serena guardou-
as no alforje que Paul havia lhe dado, se despediu dele e voltou
para sua casa.

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PRIMEIRA PARTE

AS SETE CHAVES
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As Sete Chaves

A PRIMEIRA CHAVE

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Serena, ao chegar em casa arrumou sua bagagem observando
cuidadosamente tudo aquilo que seria útil durante o seu percurso
até o Santuário das Águias. Tentou selecionar aquilo que seria
mais essencial para não levar muito peso. Em seguida guardou
cuidadosamente o alforje com as quatro pedras preciosas que o
sábio havia lhe dado.
Serena nunca havia se afastado de casa. Fazer esta viagem
tornou-se para ela um grande desafio. Ela lembrou-se das
palavras de Paul: “há algo que você precisa fazer. Ninguém
poderá fazer isto, a não ser você mesma.” Isto a deixava convicta
que era necessário fazer a viagem até o Santuário. Ela precisava
encontrar a fórmula para vencer sua crise existencial e encontrar
uma renovação para sua vida.
Peter abraçou Serena demonstrando que a amava e queria
que ela voltasse a viver e a ser aquela águia bonita e imponente
como sempre foi. Serena com suas enormes asas cobria Perez e
Chica beijando-os. Ela tentava esconder sua ansiedade e o medo
que apertava o seu peito, mas, as lágrimas que saíam dos seus
lindos olhos denunciava os seus sentimentos.
Finalmente ela pegou a sua bagagem, despediu-se de Peter
e dos filhotes e voou em direção ao seu alvo.

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O Segredo da Áuia Dourada

Serena viajou durante todo aquele dia. O sol daquele verão


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era intenso e escaldante. Ela estava exausta e com fome, quando


avistou ao longe um coelho vagando sozinho naquele imenso
campo verdejante. Ela imediatamente deu um vôo rasante e com
suas garras pegou aquela presa e voou para uma colina que estava
logo a sua frente.
Após ter saboreado aquela refeição Serena preferiu
descansar um pouco. Pegando o seu alforje tirou as pedrinhas
preciosas que o sábio havia lhe dado, olhou atentamente para elas
e admirou-se do modo como reluziam com a luz incandesceste do
sol.
Serena sabia que precisava ainda voar muito até o Santuário
por isso resolveu partir logo. Pegou as pedras preciosas e coloco-
as de volta ao alforje. Mas sem que percebesse deixou cair o
diamante, a pedrinha que o sábio chamara de OBJETIVO.
Durante algum tempo Serena voou sem OBJETIVO. Aos
poucos ela começou a ter a sensação que estava perdida, sem
rumo e sem direção. Quanto mais ela voava, mas percebia que
dava voltas, voando em círculo e retornando ao mesmo lugar. “O
que está havendo?” Pensou ela. Algo estava errado. De repente
ela lembrou-se que durante a sua refeição havia tirado as pedras
preciosas do seu alforje. Resolveu pousar e conferi-las. Para a sua
surpresa o Diamante não estava ali. Foi então que ele percebeu
que durante horas tinha voado sem OBJETIVO, por isso não
conseguia sair daquele lugar.

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As Sete Chaves

Serena retornou ao lugar aonde tinha feito sua refeição. Ao

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chegar ali procurou o Diamante, mas para sua decepção ele não
estava lá. Uma tristeza profunda fez com que ela sentisse o peito
apertar. “O que vou fazer agora?” Pensou ela. Serena sabia que
sem OBJETIVO jamais chegaria ao Santuário das Águias.
Esta terrível perda fez com que ela sentisse novamente
vontade de morrer. As lágrimas enchiam os seus olhos cintilantes
e ela chorava sem consolo achando que tudo estava acabado.
“Não sei para onde estou indo”; “estou perdida neste vasto
universo”, pensava ela. Mas ao abrir o seu alforje novamente
lembrou-se que ainda possuía consigo três pedras preciosas,
DETERMINAÇÃO, CORAGEM E PERSEVERANÇA, por isso
enxugou as lágrimas e resolveu procurar OBJETIVO. Voou em
volta daquele lugar utilizando a sua poderosa 'visão de raio laser'
tentando enxergar o brilho daquele diamante em algum lugar.
A beira de um penhasco havia uma árvore pendurada e nela
um bichinho preso aos galhos prestes a despencar dali. Serena,
por um instante, desviou sua atenção para aquele inofensivo bicho
que poderia servir como um excelente aperitivo naquele
momento. Impelida pelo seu instinto predador voou em direção
àquele animal assustado, que sabia que sua vida estava por um fio.
Antes que Serena se aproximasse ele gritou:
 Eu sei que serei logo devorado por você, mas antes
gostaria de lhe devolver algo que você perdeu enquanto fazia sua
refeição.
Serena, ao ouvir isto, diminuiu sua velocidade enquanto
aquele animalzinho assustado lhe estendia a pata para devolver-
lhe o Diamante. Ela então lhe perguntou:

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O Segredo da Áuia Dourada

Quem é você e como encontrou o diamante?


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 Eu sou ESPERANÇA. Vivo aqui há muitos anos e tenho


servido a muitos viajantes que por aqui passam. Em seguida
continuou. - Eu vi quando você parou para se alimentar. Escondi-
me com medo que você me destruísse. Quando você partiu vi que
havia deixando esta pedrinha aqui. Gritei por você e corri tentado
lhe alcançar quando de repente escorreguei e caí desse penhasco
ficando preso aqui nesta árvore.
Serena, com suas garras, tirou ESPERANÇA dali pondo-a
em terra firme e agora bem mais aliviada, agradeceu sua
generosidade.
 Então você não vai me comer?
Perguntou ESPERANÇA um tanto confusa com a atitude de
Serena.
Serena sorriu e em seguida lhe disse:
 Como eu seria capaz de destruir aquele que me devolveu
o meu OBJETIVO!
ESPERANÇA respirou aliviada e disse:
 Fico agradecida por você ter poupado a minha vida. Em
seguida perguntou:
 Quem você é, e para onde está indo?
Serena prontamente respondeu:
 Eu sou Serena e estou viajando para o Santuário das
Águias que fica no Alasca.
Serena contou para ESPERANÇA toda sua história e que
precisava encontrar as sete chaves de ouro.
ESPERANÇA sorriu e lhe disse:
 Eu sou a guardiã da primeira chave, venha comigo e eu

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As Sete Chaves

lhe mostrarei onde ela está.

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Serena havia passado pelo primeiro teste da sua viagem.
Por pouco não destruiu ESPERANÇA. Atônita com tudo que
ocorreu pensou: “se tivesse transformado ESPERANÇA numa
refeição jamais encontraria a primeira chave.”
Serena estava sem palavras, quase perdeu o fôlego com esta
experiência. Estava ansiosa para ver a chave e sua inscrição.
ESPERANÇA levou Serena até a sua casa, e lá, guardada
em um lindo baú estava a primeira chave. Era uma chave
dourada e reluzente. Nela havia a seguinte inscrição: SOMOS O
QUE SOMOS.
Ao ler esta inscrição Serena lhe ocorreu insight. De repente
compreendeu que durante a sua crise havia culpado os outros
pelos seus problemas. Tinha uma concepção determinista,
defendendo a idéia que não tinha nenhum controle sobre suas
atitudes. Culpava ao Criador, a Peter ou os filhotes Perez e Chica
por sua infelicidade. Ela percebeu o quanto foi tola ao se lastimar
pelo processo que estava vivenciando. Afinal ela era uma águia.
Passar por este processo de transformação era algo que toda águia
teria de passar, assim como o sábio Paul havia lhe falado. Por isso
entendeu que primeiro precisava aceitar-se e assumir de agora em
diante a responsabilidade por suas ações.
ESPERANÇA sorriu ao ver sua nova amiga, feliz e por ela
ter feito tamanha descoberta.

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PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO. LEI Nº 9610/93 O Segredo da Áuia Dourada

Serena, agradecida, colocou a chave dentro da sua bagagem


se despedindo de ESPERANÇA, pois se aproximava o pôr do sol e
ela precisava dormir num galho confortável de alguma árvore
pendurada num penhasco.
ESPERANÇA tirou do seu pescoço uma pedrinha de
Esmeralda e disse:
 Quero lhe presentear com esta pedrinha verde.
Esperança entregou a Serena uma linda Esmeralda
transparente. Somente as qualidades mais preciosas de esmeralda
são transparentes. A Esmeralda, assim como o berilo e a água-
marinha, é do grupo do berilo e é a pedra mais nobre dele. O seu
nome provém do grego "smaragdos", mas a origem
provavelmente é do hindu antigo e significa "pedra verde".
Ao entregar a pedra a Serena ESPERANÇA lhe disse:
 Toda vez que você olhar para essa pedrinha lembrará de
mim. Enquanto você tiver esta pedra de Esmeralda jamais perderá
o OBJETIVO novamente.
Serena se despediu de ESPERANÇA, pendurou a pedrinha
de Esmeralda no seu pescoço e voou alto em busca de um lugar
para passar a noite.

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As Sete Chaves

A SEGUNDA CHAVE

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Serena acordou cedo, antes do nascer do sol. Ela não queria se
atrasar, pois sabia que ainda precisava encontrar as seis chaves
que restavam. Apanhando o seu alforje conferiu se as quatro
pedras preciosas que Paul havia lhe dado estavam ali. Em seguida
partiu em busca do seu alvo.
Serena voou durante todo aquele dia parando apenas para se
alimentar. Já era tarde e logo iria escurecer por isso ela precisava
voar mais rápido e alcançar um lugar para pernoitar.
Por um instante Serena pressentiu que estava sendo
seguida, mas ao olhar para traz não viu ninguém a não ser uma
águia que estava acenando para ela, de uma colina ao lado. Serena
deu um vôo de acrobacia e se dirigiu até aquela colina para saber
do que se tratava.
 Eu sou Lauro, dono de uma hospedaria. Geralmente fico
aqui observando os viajantes para oferecer-lhes abrigo para
passarem a noite.
Serena achou a idéia de passar a noite numa hospedaria algo
aprazível.
Lauro levou Serena até a hospedagem. Não havia muitos
hóspedes, apenas algumas águias que estavam indo em direção ao
sul.
Lauro apresentou sua companheira a Serena dizendo:
 Esta é Kate, minha fiel companheira que me ajuda a servir
a refeição para os hóspedes.
Kate era simples e muito tímida, enquanto Lauro era

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O Segredo da Áuia Dourada

bastante apresentável e falante. Após ter degustado uma excelente


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toupeira, Serena passou algum tempo conversando com Lauro e


Kate.
Lauro mostrou toda hospedaria e sua coleção de pedras
trazidas da Eurasia e da África do Norte. Serena abriu o seu alforje
e mostrou para Lauro e Kate as pedras preciosas que havia
recebido do sábio.
Lauro ficou interessado em saber sobre Serena, sua família
e o que a fazia voar solitária para um lugar tão distante assim.
Serena contou-lhe toda sua história e a decisão de viajar até
o Santuário das Águias. Também relatou sobre a necessidade de
encontrar as sete chaves de ouro e a experiência que tivera com
ESPERANÇA.
Lauro e Kate ouviam atentamente a Serena, admirados da
sua experiência e coragem.
Lauro havia se interessado pelas pedras que Serena lhe
mostrara. Ele costumava negociar com alguns hóspedes viajantes
que sempre passavam por ali, por isso não hesitou em lançar para
Serena uma proposta tentadora.
 Serena eu já fui ao Santuário das Águias - Disse Lauro
tentando conquistar o interesse dela pela proposta que ele logo
estaria lhe fazendo. Em seguida completou:  E sei onde estão as
seis chaves que lhe restam.
Serena se entusiasmou ao ouvir isto de Lauro. De repente
pensou na possibilidade de chegar logo ao Santuário e descobrir a
fórmula que o sábio havia lhe falado e retornar o quanto antes para
casa, abraçar a Peter e aos filhotes Perez e Chica.
 O que eu poderia fazer para conseguir as chaves e chegar

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As Sete Chaves

logo ao Santuário?

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Perguntou Serena.
 É simples! Replicou Lauro. Tive o cuidado de fazer um
mapa e ofereço sempre a todos os viajantes que vão para lá.
 Você poderia me vender um?
 Um mapa como este não tem preço Serena, mas podemos
fazer uma troca. Dê-me as suas quatro pedras e lhe darei o mapa.
Serena hesitou por um momento, mas confiava em Lauro e
pretendia voltar logo para casa, por isso entregou a Lauro o seu
alforje com as pedras preciosas, enquanto Lauro foi até o seu
quarto da hospedaria para pegar o mapa e entregá-lo a Serena.
Serena quase não conseguiu dormir naquela noite.
Finalmente resolveria o mistério da sua vida e voltaria para casa.
Levantou-se cedo, se despediu de Lauro e Kate e voou seguindo a
direção apontada no mapa.

Naquela manhã parecia que o sol estava mais escaldante do


que antes. Isto tornava a jornada mais difícil e fatigante.
Serena voou durante toda manhã tentando encontrar os
lugares marcados naquele mapa por Lauro, mas não encontrou
nenhum deles. Foi aí que ela se deu conta que havia sido
enganada. Ao pensar nisto lembrou-se das palavras do sábio Paul:
“sem uma dessas pedras não será possível você encontrar as sete
chaves de ouro.”
Ao pensar nisto Serena olhou para a pedrinha de Esmeralda
que estava no seu pescoço e lembrou-se de ESPERANÇA e do que

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O Segredo da Áuia Dourada

ela lhe havia dito. Em seguida disse consigo mesma: “eu sei que
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errei, mas acredito que posso recuperar minhas pedras”.


Subitamente deu meia volta e voou em direção a hospedaria. Ao
longe encontrou Lauro a beira do penhasco acenando, como de
costume, para os viajantes que passavam.
Ao se aproximar Serena vociferou:
 O que foi que você me fez?
 Fizemos uma troca. Eu lancei uma proposta e você
aceitou.
 Quero minhas pedras de volta!
Disse ela num tom agressivo.
 Isso não é possível.
 Por que não?
Perguntou Serena.
 Eu as negociei com os viajantes que estão indo em direção
ao sul. Faz aproximadamente uma hora que eles partiram daqui.
Se você se apressar poderá ainda alcançá-los.
Serena enfurecida saiu em disparada com o intuito de
recuperar suas pedras. Ao longe ela avistou algumas águias
dilacerando um animal que haviam capturado. Ao observá-las
reconheceu que se tratava dos viajantes que estiveram na
hospedagem na noite anterior.
Ao pousar junto deles perguntou:
 Vocês adquiriram com Lauro um alforje com quatro
pedras preciosas?
 Sim. - Respondeu um deles. Pagamos um bom preço por
elas.
Serena num tom de voz triste falou:

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As Sete Chaves

 Eu preciso dessas pedras para chegar ao meu destino. Fui

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enganada por Lauro.
Em seguida perguntou:
 O que eu faço para adquirir de volta as minhas pedras?
Eles se reuniram e cochicharam entre si. Depois lhe
falaram:
 Há aqui próximo uma velha mina de diamante que foi
explorada há muitos anos. Dizem que há uma grande fortuna
escondida lá, porém ninguém pode entrar ali a não ser aquele que
conseguir decifrar o enigma que foi deixado escrito na sua porta.
Se você conseguir decifrar esse enigma lhe devolveremos suas
pedras.
Mais uma vez serena olhou para sua pedrinha de esmeralda
pendurada no seu pescoço e beijou-a acreditando que poderia
recuperar suas pedras: OBJETIVO, DETERMINAÇÃO,
CORAGEM e PERSISTÊNCIA.
Aceitando o desafio seguiu aquele bando de aves até a mina
de diamante.

A mina ficava numa cordilheira nas ruínas de uma


Civilização Perdida. Os rastros deixados no local denunciavam
que muitos bichos haviam estado naquele lugar. Ao lado de uma
enorme porta de pedra lacrada, havia a seguinte inscrição:

 Para encontrar o tesouro perdido despeje quatro litros

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O Segredo da Áuia Dourada

exatos de areia no orifício da parte inferior da grande porta.


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Aquele que não colocar a quantia exata pagará com sua própria
vida.

Ninguém conseguia revolver aquela enorme pedra. Nem


um enorme bando de águias com toda a sua força. Ao que parece,
nenhum bicho havia desvendado ainda aquele enigma. O
problema é que no local só havia três garrafões. O primeiro tinha 8
litros, o segundo 3 litros e o terceiro 5 litros, além de um depósito
com areia fina. Os garrafões só indicavam a capacidade total que
cabia em cada um deles, não havendo uma marca que indicasse os
quatro litros. Também não adiantava trazer algo para medir os 4
2
litros. Havia rumores de que quem tentou fazer isto teria morrido.
Serena precisava de CORAGEM. Se errasse a quantidade de
areia poderia morrer. Mas se não tentasse teria que desistir da
viagem ao Santuário das Águias, pois sem as pedras jamais
conseguiria encontrar as chaves douradas, por isso pediu ao
bando que lhe emprestasse a pedrinha de Turqueza que havia sido
chamada pelo sábio Paul de CORAGEM. O bando a princípio
hesitou, mas logo resolveu emprestar-lhe, mesmo sem entender
porque era tão importante ter aquela pedra consigo naquele
momento.
Ao receber a Pedra preciosa, Serena percebeu que o medo
que sentia, aos poucos ia dando lugar a uma sensação de coragem.
Ela pode enxergar que se não arriscasse descobrir aquele enigma
viveria infeliz o resto da sua vida, lamentando a sua sorte e
culpando aos outros pela sua infelicidade.
Serena tinha uma escolha decisiva a fazer: ir em frente ou

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As Sete Chaves

desistir. Ela escolheu, talvez, aquilo que era o mais difícil: seguir

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em frente, mesmo que isto custasse a sua própria vida. Ela estava
convicta da sua decisão, por isso, parou um instante, se
concentrou e iniciou a sua batalha para desvendar aquele mistério.
Ela lembrou-se que durante a sua infância costumava brincar
enchendo alguns vasos de areia com sua amiga Raisa. Recordou-
se dos truques que Raisa utilizava para encher os vasos.

Serena encheu primeiro o garrafão de 8 litros com aquela


areia fina que se encontrava num depósito ao lado, em seguida
despejou a areia no garrafão de 3 litros até enchê-lo
completamente, ficando assim distribuídos: O primeiro com
capacidade para 8 litros estava agora com 5 litros. O segundo com
capacidade para 3 litros estava completamente cheio e o terceiro
com capacidade para 5 litros estava vazio.
Serena respirou profundamente deixando fluir na sua
imaginação como se naquele momento estivesse brincando com
Raisa. Ela precisava está bastante relaxada para poder raciocinar.
Quando percebeu que estava tranqüila continuou. Pegou o
garrafão de três litros que estava cheio e despejou tudo no
garrafão que estava vazio. O primeiro garrafão com capacidade
para 8 litros permanecera com 5 litros. O segundo com
capacidade para 3 litros estava vazio e o terceiro com capacidade
para 5 litros agora estava com três litros. Serena anotava tudo
enquanto o bando olhava atentamente para o que ela estava

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O Segredo da Áuia Dourada

fazendo.
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Continuando, ela pegou o garrafão com capacidade para 8


litros que estava com 5 litros de areia e encheu novamente o
garrafão de 3 litros, ficando agora assim distribuídos: O primeiro
com capacidade para 8 litros estava agora com 2 litros. O segundo
com capacidade para 3 litros estava novamente completamente
cheio e o terceiro com capacidade para 5 litros continuava com
três litros. Serena agia com muita cautela. Um erro de cálculo
podia custar a sua vida.
No quarto momento ela pegou o garrafão de três litros que
estava cheio e despejou dentro do garrafão de 5 litros até
completá-lo, ficando agora a seguinte distribuição: O primeiro
com capacidade para 8 litros permanecia com 2 litros. O segundo
com capacidade para 3 litros estava agora com apenas 1 litro e o
terceiro com capacidade para 5 litros estava completamente
cheio. Serena fez novamente os cálculos para ver se havia
esquecido algum detalhe importante ou se havia algum erro no
seu raciocínio.
Agora ela pegou o garrafão de 5 litros que estava cheio e
despejou toda a areia no garrafão de 8 litros, ficando agora a
seguinte distribuição: O primeiro garrafão com capacidade para 8
litros estava agora com 7 litros. O segundo com capacidade para 3
litros permanecia com 1 litro e o terceiro com capacidade para 5
litros estava vazio. Serena parava, pensava, e anotava todos os
detalhes. O bando estava admirado da sua serenidade e como tudo
aquilo era tratado por ela com tanta naturalidade.
Prosseguindo ela pegou o garrafão de três litros que estava
com apenas 1 litro e despejou o seu conteúdo no garrafão de 5

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As Sete Chaves

litros, ficando agora a seguinte distribuição: O primeiro com

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capacidade para 8 litros Permanecia com 7 litros. O segundo com
capacidade para 3 litros estava vazio e o terceiro com capacidade
para 5 litros estava com um litro. Serena revisou os seus cálculos e
percebeu que estava muito próximo de resolver aquele enigma.
Pegando agora o garrafão de 8 litros ela encheu novamente
o garrafão de três litros e em seguida despejou a areia do garrafão
de três litros que estava cheio no garrafão de cinco litros que
estava apenas com 1 litro. Ela deu um suspiro e foi conferir os
cálculos: O primeiro com capacidade para 8 litros estava agora
com exatamente 4 litros. O segundo com capacidade para 3 litros
estava vazio e o terceiro com capacidade para 5 litros estava
também com 4 litros. Finalmente ela havia descoberto o grande
enigma.
Todos estavam pasmados e ao mesmo tempo incrédulos da
sua capacidade de resolver aquela questão. Serena sorriu aliviada
lembrando-se do que o sábio havia dito a Peter, que ele não tinha o
poder para resolver os problemas dos outros mais ajudava as
águias a encontrarem as respostas que estavam dentro delas
mesmas.
Havia uma grande expectativa. Serena pegou um dos
garrafões que estava com 4 litros e despejou toda a areia no
orifício que se encontrava na parte inferior da grande porta de
pedra, com um funil que ela encontrara dentro do depósito de
areia. Imediatamente escutou-se um enorme barulho enquanto a
pedra era revolvida.
O bando maravilhado com o que ocorreu devolveu a Serena
suas pedras preciosas e seguiu em direção a um enorme túnel

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O Segredo da Áuia Dourada

escuro que se encontrava ali. Nunca mais ninguém ouviu falar


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desse bando. Não se sabe ao certo se eles acharam o tesouro ou o


que lhes aconteceu.

Serena estava agora bem mais aliviada, afinal ela havia


recuperado suas pedras preciosas e sabia que poderia continuar
sua jornada até ao Santuário das Águias. Quando pensou em partir
viu que por traz da enorme porta de pedra estava à segunda chave
de ouro. Era uma chave semelhante à primeira, dourada com uma
inscrição gravada nela. Radiante ela pegou a chave e leu a sua
inscrição: SOMOS O QUE ESCOLHEMOS
Serena, ao ler esta inscrição refletiu sobre tudo que havia
ocorrido com ela desde o momento em que esteve na hospedaria
de Lauro e lembrou-se de um provérbio que sua avó sempre dizia:
“Você faz suas escolhas e suas escolhas fazem você”. Também se
lembrou do que Peter sempre dizia quando chegava de uma
caçada: “A vida é um perde-ganha, às vezes perdemos para
ganhar e outras vezes ganhamos para perder”. Serena nunca havia
dado importância a esta colocação de Peter, mas agora isto se
tornava claro para ela. Ela compreendia que em todas as nossas
escolhas sempre temos ganhos e perdas. Resta sabermos onde
ganhamos mais ou onde perdemos menos. Por isso, antes de
fazermos alguma escolha precisamos refletir sobre as suas
conseqüências.
Ela descobriu que às vezes sofremos porque erramos nas

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As Sete Chaves

nossas escolhas, mas entendeu que se formos capazes de reparar

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os nossos erros podemos voltar atrás e consertá-los.
Serena compreendeu que Deus, o criador, nos deu o livre
arbítrio e a capacidade para tomarmos as nossas decisões, por
isso, não adianta nos lastimarmos ou ficar-mos “chorando o leite
derramado”. Temos que agir e fazer o que é preciso para
recomeçar.
Agora ela entendia porque teve que fazer essa viagem. As
duas chaves que encontrara lhe mostravam que O QUE SOMOS e
O QUE ESCOLHEMOS são dois fatores determinantes para o
nosso ajustamento. Se formos capazes de nos aceitarmos e
assumirmos a responsabilidade pelas nossas escolhas viveremos
bem conosco e com o mundo. Mesmo que tenhamos perdas nas
nossas decisões podemos olhar firmemente para frente, sem
culpar o outro, ou sem nos sentirmos injustiçado por Deus ou por
quem quer que seja e dizermos a nós mesmos: “Eu tive a
oportunidade para fazer a minha escolha”.
Serena aprendeu a lição de que quando reparamos os nossos
erros podemos mudar o curso da nossa vida. Porém quando isto
não é possível, o reconhecimento destes poderá, pelo menos,
atenuar o problema e nos dar uma nova chance para recomeçar.

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O Segredo da Áuia Dourada

A TERCEIRA CHAVE
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Ao amanhecer, Serena estava muito introspectiva. As duas


chaves que havia encontrado deixaram-na bastante reflexiva.
Uma mudança profunda havia acorrido dentro dela. Então se deu
conta que já não sentia mais dó de si mesma. A autocomiseração
ou o sentimento de auto-piedade que tinha estado presente em sua
vida desde o início da sua crise agora já não mais existia.
Serena estava aprendendo a lidar com suas novas
descobertas. Às vezes ainda sentia-se mal ao olhar para a sua
aparência, mas logo mudava o foco da sua atenção para a resposta
que pretendia encontrar no Santuário das Águias.
Sem pressa, Serena arrumou sua bagagem e partiu em busca
da terceira chave.

Era quase meio dia quando ela avistou um bando de águias


que vivia naquela região treinando para um concurso de caça.
Serena ao se aproximar do bando ficou entusiasmada com a
cordialidade daquele grupo que a convidou para participar
daquele exercício. A princípio ela não quis aceitar o convite, pois
achou que isto poderia desviar o seu intuito de chegar até o
Santuário das Águias. Mas depois concluiu que aquela diversão
poderia ajudar-lhe a diminuir suas preocupações e a apatia que às
vezes ainda sentia. Por isso juntou-se as águias e se divertiu

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As Sete Chaves

bastante.

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Havia uma excelente caçadora campeã na categoria de
duplas em outro campeonato, chamada Pandora. Esta, ao ver a
habilidade de Serena convidou-a para participar do campeonato
que aconteceria no dia seguinte. Pandora não estava inscrita na
categoria de duplas devido ao fato de sua colega de competição
Rhandi estar doente. As características de Serena e sua habilidade
para caça deixaram Pandora convicta de que ela teria capacidade
para substituir Rhandi, por isso lançou-lhe o desafio:
 Serena vamos nos inscrever na categoria de duplas.
Serena modestamente respondeu:
 Não sei se teria capacidade. Não quero que você se
decepcione comigo.
 Serena, é apenas um campeonato. Disse Pandora
sorrindo. - Podemos perder, mas também podemos ganhar. Só
saberemos o resultado final se competirmos.
Serena lembrou-se do desafio da velha mina e como foi
capaz de arriscar a sua própria vida para descobrir o enigma da
grande porta de Pedra. Ela percebia que Pandora estava certa. Era
apenas uma competição e ela certamente iria se divertir bastante.
Por isso fez a sua inscrição.

Assim que o dia amanheceu o lugar onde aconteceria o


campeonato estava preparado. Foram espalhadas algumas
bandeirolas para enfeitar o lugar da saída e chegada dos

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O Segredo da Áuia Dourada

competidores. Uma grande arquibancada havia sido montada


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para os torcedores e uma mesa fora posta para a comissão


julgadora. Ali estavam os troféus, as medalhas e vários prêmios
que seriam distribuídos entre os vencedores.
O palco havia sido montado num lugar paradisíaco
conhecido como Serra Dourada. Este nome fora dado pelos
moradores daquela região por causa do contraste da luz do sol que
refletia sobre aquela colina ao entardecer. Quem a via de longe, no
crepúsculo, pensava que ela se unira ao sol e este servia para ela
como uma coroa. Este fenômeno era visto todos os dias ao pôr-do-
sol até que este se escondia por trás dela.
Serena estava ansiosa. As horas iam se passando e muitas
águias, vindas de vários lugares, aos poucos iam ocupando a
arquibancada. Já se ouvia o som dos tamborins. Pandora,
apressada, chamou Serena e perguntou:
 Serena você pegou o regulamento do campeonato?
 Sim. Respondeu Serena. Já li todo regulamento.
Precisamos fazer tudo como ensaiamos ontem.
Havia três requisitos que seriam avaliados: a rapidez, a
habilidade e a performance que a dupla exibisse para capturar a
presa. Cada dupla tinha três chances para se apresentar.
Serena sabia que precisava se esforçar muito,
principalmente no primeiro requisito, pois o período que
permaneceu sem sair do ninho por causa da crise que enfrentou,
ficou fora de forma. Mas ela era muito talentosa e isso poderia
fazer a diferença.
A competição iniciou com as categorias individual
masculina e feminina, seguida das categorias de duplas

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As Sete Chaves

masculina, feminina e mista. A dupla Pandora e Serena foi a

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última a ser anunciada da sua categoria. Os competidores eram
muito bons e as notas que receberam pareciam imbatíveis.
Nas duas primeiras tentativas a dupla Pandora e Serena
havia conquistado o terceiro lugar. Serena teve um pouco de
dificuldade no requisito rapidez, porém ela sabia que não tinha
ainda exibido tudo o que sabia e podia fazer. Por isso se
concentrou bem desta vez.
Quando o animal foi solto e saiu correndo naquela campina
verdejante, Pandora voou velozmente perseguindo a presa até
deixá-la exausta como fazia Peter. Serena deu um vôo de
acrobacia que deixou a arquibancada de pé, sendo aplaudida pelo
espetáculo que proporcionara. Em seguida deu um vôo rasante e
capturou a presa em tempo recorde.

Todos esperavam a apuração das notas pela comissão


julgadora. Quando o líder do evento levantou-se para anunciar o
resultado houve um silêncio total na platéia. Após ter anunciado o
terceiro e segundo lugar, finalmente gritou entusiasmado:
 A dupla vencedora é... houve um suspense. Então ele
completou: - Pandora e Serenaaaaa!
Houve alegria e vibração na platéia, muitos aplaudiam e
outros assoviavam. Pandora e Serena se abraçavam e saltavam de
alegria. Serena não podia acreditar que tinha vencido aquela
competição. Peter e seus filhotes certamente se orgulhariam

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O Segredo da Áuia Dourada

daquela conquista.
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A dupla foi chamada para receber as medalhas e o troféu.


Serena radiante subiu no palco e recebeu a medalha de ouro,
sendo colocada no seu pescoço dourado pelo líder daquele
evento. Em seguida ergueu a taça com Pandora, sua colega de
competição.
O líder também lhe deu vários prêmios: o primeiro foram
uns óculos escuros que ela colocou imediatamente nos seus olhos.
Os demais ela guardou sem conferi-los, pois estava em estado de
êxtase.
Ao terminar a festa Serena foi até a casa de Pandora para
buscar sua bagagem.

Serena não se sentia bem. Algo estranho estava


acontecendo com ela desde o momento em que recebeu os
prêmios no pódio. Sua visão estava turva e ela enxergava as coisas
de forma desproporcional, não tendo mais precisamente noção de
tamanho e de distância das coisas.
Serena sentia-se perturbada. De repente toda a euforia
daquela conquista havia se transformado num terrível pesadelo.
Serena estava desanimada.
Pandora percebeu que Serena não estava bem, pois a viu
bater a sua cabeça na porta de entrada da sua casa. Algo que não é
comum às águias, pois estas possuem uma visão extraordinária.
 O que está havendo Serena?

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As Sete Chaves

Perguntou Pandora preocupada.

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 Não sei explicar. Disse ela. Apenas não consigo
enxergar direito.
Serena estava preocupada, pois não teria condição de
continuar sua viagem daquela forma.
Ao olhar para o seu corpo ela assustou-se. Não só porque
parecia que estava mais velha, mas pelo fato de enxergar muitos
defeitos que ela não vira antes. De repente entrou em crise
novamente.
Serena sentiu uma tristeza profunda e começou a chorar.
Tudo havia perdido o sentido novamente. As duas chaves, as
pedrinhas preciosas: OBJETIVO, DETERMINAÇÃO,
CORAGEM e PERSISTÊNCIA, encontrar as chaves douradas e
sua ida ao Santuário das Águias. Nada disso tinha valor para ela
agora. “Quem dera que eu morresse aqui?” pensou Serena, ao
deitar-se numa cama oferecida por Pandora. Mas lembrou-se de
Peter e seus filhotes. O que eles sentiriam se ela desistisse agora?

Pandora havia providenciado um transporte para levar


Serena até um hospital que havia num lugarejo próximo dali. Ao
chegar lá um médico chamado Venâncio examinou-a, não
encontrando nada de anormal na sua saúde.
Venâncio pediu que Serena tirasse aqueles óculos para
examinar a sua visão.
 Não vejo nada de anormal em você Serena. Disse ele sem

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O Segredo da Áuia Dourada

entender o motivo dos seus sintomas.


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 É inacreditável! - Exclamou Serena. Agora não sinto


mais nada!
 Não é possível! Disse o médico ao ver que o seu
semblante havia melhorado. - O que houve?
 Não sei. Respondeu ela colocando os óculos novamente
nos seus olhos. Ao fazer isto sua visão voltou a ficar turva. Mas ao
tirá-los voltou a enxergar normalmente outra vez.
Serena sorriu ao perceber que o seu problema não era uma
doença como acreditara antes, mas sim aqueles óculos que
colocara sobre os seus olhos.
O médico também sorriu ao pegar os óculos e ver que suas
lentes eram como uma lupa. Aqueles óculos não eram para ser
usados no rosto. Suas lentes prejudicavam a percepção fazendo
com que Serena tivesse uma visão distorcida das coisas.
Serena, ao olhar para o seu corpo, respirou aliviada por não
enxergar mais os defeitos que via enquanto usava aqueles óculos.

Chegou o momento de Serena se despedir. A experiência


que teve naquele lugar e sua amizade com Pandora tinha sido algo
extraordinário em sua vida, mas ela precisava partir em busca da
terceira chave.
Serena voou durante algumas horas seguidas até o
entardecer parando para pernoitar. Ao abrir sua bagagem
começou a conferir os prêmios que havia recebido no concurso.

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As Sete Chaves

Para sua surpresa entre os brindes estava a terceira chave.

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Seus olhos brilharam e ela quase não acreditou no que
estava vendo. Os óculos que tinha usado impediram que ela
percebesse que já possuía a terceira chave. Nela havia a seguinte
inscrição: SOMOS O QUE ACREDITAMOS
Serena ficou perplexa com aquela inscrição. Esta refletia a
sua vivência dos óculos com as lentes de lupa. Era inacreditável
como aqueles óculos haviam afetado a sua percepção e como
acreditara nos defeitos que se mostraram enquanto ela os
mantinha em seus olhos. Na verdade os defeitos não existiam 
eram os óculos que faziam com que ela os enxergassem.
Serena pode perceber que muitas vezes temos uma
percepção distorcida de nós mesmos e dos outros e nos
comportamos como se usássemos uma lupa para enxergar. Isto
lhe fez refletir sobre a imagem que ela tinha de si mesma e do que
sentira quando percebeu as mudanças no seu corpo ao completar
os quarenta anos.
Serena entendeu que a lupa representava todas as coisas
negativas que ocupam as nossas mentes oriundas da formação de
um conceito negativo que adquirimos na infância. “Se SOU O
QUE ACREDITO”, pensou ela, “logo a imagem que tenho de
mim mesma certamente influenciará na minha relação com os
outros. Se acredito que sou um fracasso, serei um fracasso, mas se
acreditar que sou um potencial, me sentirei assim”.
Mas como mudar a percepção das coisas, ou seja, como
livrar-se dos óculos que distorce a percepção? Serena pensou
sobre isto, em seguida concluiu: - “É claro! Mudando a minha
forma de pensar”. Serena havia vencido o concurso porque

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O Segredo da Áuia Dourada

acreditou nisso, mas entrou em crise quando acreditou nos


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defeitos que vira quando estava usando os óculos. Quem usa uma
lupa para enxergar vê os problemas maiores do que eles são.
Serena pensou: Mas como podemos mudar os pensamentos
se nem sempre temos controle da nossa mente? De repente,
lembrou-se de uma citação que havia aprendido:
“Mas transformai-vos pela renovação da vossa mente (...).
Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama,
se há alguma virtude, e se há algum louvor, seja isso que ocupe os
3
vossos pensamentos.” Ela aprendeu, com este pensamento, que a
mente renovada nos leva a uma transformação de vida.
Naquele momento tudo ficou claro para ela. Serena
entendeu que mudamos os pensamentos à medida que os
substituímos por novos. Ela sorriu ao lembrar-se de alguns
truques que Peter fazia. Peter costumava fazer algumas
brincadeiras apresentando alguns enigmas para as crianças
desvendarem. Certa vez ele pegou um copo transparente e o
encheu com um líquido escuro e perguntou:
 Como encher este copo com água sem esvaziá-lo?
Ninguém conseguiu desvendar esse mistério.
Peter sorrindo respondeu:
 É muito simples.
Em seguida pegou um depósito com água e foi derramando
no copo cheio. O copo começou a transbordar e aos poucos foi
ocorrendo uma substituição daquele líquido escuro pela água.
Algum tempo depois só havia água naquele copo. “Assim ocorre
com a nossa mente”, pensou Serena. “Não podemos esvaziá-la ou

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As Sete Chaves

retirar dela, instantaneamente, as coisas negativas que foram

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formadas desde a infância, mas podemos substituir todo este
conteúdo negativo à medida que implantamos novos valores”.
Quando somos capazes de mudar a nossa forma de pensar,
mudamos também a percepção das coisas. Tiramos a lupa e
passamos a enxergar as coisas de um modo diferente.

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O Segredo da Áuia Dourada

A QUARTA CHAVE
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A viagem já durava algumas semanas, mas Serena ainda


não havia entrado no território do Alasca. Ela sabia que
precisaria voar bastante até o Santuário das Águias e as quatro
chaves teriam que ser encontradas durante este percurso.
Uma enorme saudade se apoderou dela ao lembrar-se de
Peter e dos seus filhotes Perez e Chica. - “Quem dera poder estar
em casa agora”, pensou ela. Mas Serena sabia que ao retornar
desta viagem seria uma águia diferente, aliás, as experiências
vividas por ela já demonstravam que havia passado por uma
grande mudança.
O dia estava mais frio. Cada vez que ela se aproximava do
Alasca a temperatura ia diminuindo tornado a viagem mais
agradável.
Ao se preparar para voar, um bando de águias aproximou-
se dela tomando a sua bagagem e prendendo-a com umas
algemas. Os seus olhos foram vendados de forma que ela não
sabia para onde estava sendo levada.

Serena foi seqüestrada e levada para uma fortaleza que


possuía três linhas de muralhas. As muralhas eram imensas e
cheias de grades. Dificilmente alguém poderia escapar delas.
Havia uma torre de vigilância e uma torre de mensagem. Os

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As Sete Chaves

passos dos que viviam no interior da fortaleza eram vigiados e

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acompanhados a cada instante.
Aquela fortaleza havia sido conquistada por um terrível
tirano, numa batalha sangrenta. Agora servia como base para a
negociação de prisioneiros.
Quando os portões se abriram, Serena ouviu alguém
conversar com o líder do bando e acertar o seu preço. Ela havia
sido entregue juntamente com a sua bagagem para ser escrava
naquela fortaleza.
Serena foi levada para um enorme salão, que possuía uma
decoração em estilo barroco. Ela foi arrastada por alguns soldados
até a presença de um general que pediu que tirassem a venda dos
seus olhos.
Serena estava desapontada. Seu rosto estava pálido, o corpo
inteiro tremia e o seu coração estava acelerado.
 Quem é você?
Esbravejou o general.
 Eu sou Serena.
Os soldados e o general começaram a dar gargalhadas,
dizendo uns para os outros: “Eu sou Serena”... “Eu sou Serena”...
“Eu sou Serena”... Imitando a sua voz fraca e triste.
 Silêncio! Gritou o general.
Em seguida dirigindo-se para ela falou:
 Trate de esquecer este seu lindo e precioso nome. De
agora em diante você será chamada pelo número 767. Você é a
prisioneira 767.
A sua bagagem foi revistada e encontraram as pedras
preciosas e as três chaves que ela havia encontrado. Também

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O Segredo da Áuia Dourada

tiraram do seu pescoço a pedra de esmeralda que ela havia


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ganhado de ESPERANÇA. O general confiscou os seus pertences


e ela foi levada para um quarto escuro que cheirava a urina, sendo
determinado que ali fosse o seu dormitório.
Serena chorou amargamente. Mas o seu choro não era
suficiente para sensibilizar aqueles corações de pedra que
zombavam e escarneciam dela.
Ela recebeu um molho de chaves e uma vassoura. Sua tarefa
seria limpar todos os quartos diariamente. Entres as chaves que
ela recebeu havia três que possuíam as seguintes inscrições: Na
primeira estava escrito: VOCÊS SÃO O QUE QUEREMOS, na
segunda: VOCÊS SÃO O QUE ESCOLHEMOS, e na terceira
VOCÊS SÃO O QUE NÓS ACREDITAMOS.
Serena havia perdido sua identidade, suas pedras preciosas:
OBJETIVO, DETERMINAÇÃO, CORAGEM e PERSISTÊNCIA,
além das chaves que havia conquistado e a Esmeralda que
ESPERANÇA lhe dera.

Foram dias difíceis vividos por Serena naquela fortaleza. A


prisioneira 767 como era chamada não tinha liberdade e nem
direito para fazer escolhas. Se o oficial dissesse que ela tinha que
levantar-se as 4:00 h da madrugada ela tinha que fazer isso sem
reclamar. Se dissesse que ela tinha que lavar os pés do general, ela
o fazia sem se opor.
A refeição era servida apenas uma vez por dia, das sobras

56
As Sete Chaves

deixadas pelos soldados. Serena emagrecia a cada dia e o seu

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rosto denunciava que ela estava cada vez mais velha. Aos poucos
ela foi tomada por um sentimento de apatia, perdendo sua
habilidade para decidir ou fazer escolhas. Só fazia o que os outros
mandavam ou aprovavam. Ela já não sabia o que era sorrir e já não
sentia nada ao ver algum prisioneiro sendo espancando.
“Meu Deus!” pensava ela. “Em que eu estou me
transformando.” O único momento em que ela conseguia voltar a
sentir alguma coisa era quando lembrava de Peter e dos seus
filhotes Peres e Chica. Às vezes ela passava horas acordada
lembrando-se dos momentos que vivia com eles. Mesmo que não
acreditasse que um dia pudesse escapar daquela prisão, lembrar-
se do amor da sua família era suficiente para suportar a dor do
cárcere.

Certo dia Serena foi chamada para limpar o quarto do


General. Este era o único espaço que ela nunca tivera acesso. A
águia que fazia a limpeza desse quarto tinha sido designada para
uma outra tarefa.
Serena foi escoltada até o quarto do general. Alguns
guardas foram designados a acompanhá-la para evitar que algo
desaparecesse daquele quarto. Os guardas sabiam que o
desaparecimento de algum objeto do general resultaria numa
severa punição para todos eles.
Serena, ao entrar naquele quarto ficou estarrecida ao ver o

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O Segredo da Áuia Dourada

seu alforje sobre uma mesinha encostada na cabeceira da cama e


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as três chaves que ela havia conquistado penduradas numa


parede. Ela inicialmente pensou em pegar as suas coisas e fugir
dali, mas lembrou-se que escapar daquela fortaleza era algo quase
impossível, por isso conseguiu controlar o seu ímpeto.
Sob os berros dos guardas que a escoltavam, ela varria
cuidadosamente cada parte daquele quarto. Ao varrer debaixo da
cama, Serena percebeu que havia encontrado algo. Ao se
certificar do que se tratava, descobriu que havia passado a
vassoura sobre a Esmeralda que ESPERANÇA havia lhe dado.
Serena, disfarçando para não chamar a atenção dos guardas,
continuou varrendo normalmente. Cuidadosamente puxou a
Esmeralda com a vassoura, juntamente com o lixo, apanhado-a
com a pá e jogando-a num carrinho de lixo que empurrava. Ao
terminar os guardas fecharam a porta do quarto e deixaram Serena
varrendo o corredor central daquela fortaleza.
Serena apanhou a Pedrinha de Esmeralda e escondeu-a
entre as suas asas. Daquele dia em diante brotou nela um desejo de
libertar-se daquele cárcere e uma luz de esperança brilhou no seu
interior.

Depois que encontrou a Esmeralda, Serena passou a


acreditar que algum dia teria uma oportunidade para reconquistar
os seus pertences e fugir dali. Ela havia se tornado mais dócil e a
cada dia ganhava a confiança dos guardas.

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As Sete Chaves

O seu comportamento exemplar fez com que o general a

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designasse permanentemente para limpar o seu quarto. Porém
todos os dias ele verificava se os seus objetos estavam ali, exceto a
pedrinha de Esmeralda que ela havia reencontrado debaixo da
cama. Talvez ele nem lembrasse mais de que ela existia.
Os guardas já não eram tão rigorosos. Por isso às vezes
enquanto ela varria e limpava o quarto eles se distraiam dando as
costas para ela gargalhando e contando algumas anedotas. Foi
num desses momentos que Serena se aproveitou e abriu o alforje
t i r a n d o a s q u a t r o p e d r a s p r e c i o s a s : O B J E T I VO ,
DETERMINAÇÃO, CORAGEM e PERSISTÊNCIA e escondeu-
as debaixo das suas asas. Ela sabia que era algo muito arriscado,
mas ao tomar posse das suas pedras ela percebeu que estava
pronta para enfrentar qualquer desafio.
Serena não sabia o que poderia acontecer com ela quando o
general percebesse que as pedras não estavam no alforje. Porém
estava pronta para lutar pela sua liberdade, a partir de agora,
custasse a sua própria vida se fosse preciso.
Naquela noite o general chegou bastante cansado ao seu
quarto, após ter permanecido muito tempo bebendo e jogando
com alguns oficiais, não observando os objetos do quarto como
fazia de costume.
No dia seguinte era o seu aniversário e toda a fortaleza se
mobilizava nos preparativos para a festa. Era grande a correria e a
preocupação dos soldados. Uma pequena falha podia levar o
soldado responsável a ficar preso por alguns dias na solitária, sem
cama, comida e água.

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PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO. LEI Nº 9610/93 O Segredo da Áuia Dourada

Havia uma quantidade enorme de mesas e cadeiras


espalhadas num grande pátio da fortaleza e um palco fora
montado para uma banda que se apresentaria durante a festa. Os
oficiais e alguns convidados que iam chegando ocuparam as
mesas principais, os soldados sentaram às mesas que ficavam
mais no fundo e os prisioneiros tiveram a oportunidade de ver a
festa de uma arquibancada que fora montada especificamente
para eles. Por motivo de segurança as pernas dos presos foram
acorrentadas, tornado a locomoção difícil.
Os soldados bebiam e se embriagavam. Serena sabia que
esta poderia ser a sua grande chance. Por isso saiu se arrastando,
sem que fosse percebida, até ao corredor onde ficava o quarto do
general, se escondendo por traz de uma pilastra.
Era tarde da noite e os convidados já haviam se retirado. O
general estava tão embriagado que precisou ser carregado nos
braços por dois oficiais até o seu quarto. Quando eles abriram a
porta Serena se arrastando entrou junto com eles.
 O que está acontecendo?
Esbravejou o general.
 Peguem-na!
Serena correu em direção das três chaves que estavam
penduradas na parede, tomando-as em suas mãos gritou:
 SOMOS O QUE SOMOS, SOMOS O QUE
ESCOLHEMOS, SOMOS O QUE ACREDITAMOS!
Os soldados ao ouvirem isso ficaram imobilizados e

60
As Sete Chaves

confusos. Mas o general esbravejou:

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 Idiotas! Vocês não percebem que ela está manipulando-os
com essas palavras?
Em seguida vociferou:
 Lembrem-se: VOCÊS SÃO O QUE QUEREMOS,
VOCÊS SÃO O QUE ESCOLHEMOS, VOCÊS SÃO O QUE NÓS
ACREDITAMOS.
Os oficiais partiram novamente em direção de Serena, mas
ela gritou novamente:
 SOMOS O QUE SOMOS, SOMOS O QUE
ESCOLHEMOS, SOMOS O QUE ACREDITAMOS!
O general tocou o alarme que tinha ao lado da sua cabeceira.
Serena conseguiu se arrastar até a porta fechando-a. Trancando o
general e os oficiais com a chave que havia sido deixada pelo lado
de fora, ela, com dificuldade, foi se arrastando até a porta de saída
da fortaleza que dava acesso ao portão principal.
Ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo. Havia
um grande alvoroço na fortaleza. Só quando chegaram ao quarto
do general e ouviram os seus berros pedindo para abrirem a porta
é que perceberam que um prisioneiro estava tentando fugir.
Serena conseguiu chegar até o portão principal enquanto
um batalhão de soldados lhe perseguia. À medida que eles se
aproximavam ela gritava:
 SOMOS O QUE SOMOS, SOMOS O QUE
ESCOLHEMOS, SOMOS O QUE ACREDITAMOS!
Ao ouvir estas frases eles ficavam paralisados, mas logo
continuavam a perseguição. Serena pensou em escalar aquele
portão, pois não tinha condições para voar por causa das correntes

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O Segredo da Áuia Dourada

que prendiam as suas pernas. Ao olhar para cima viu a quarta


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chave pendurada no topo do portão. Ela agarrou-se às grades e


enquanto se arrastava até o topo continuava gritando as
expressões contidas nas três primeiras chaves.
Ao alcançar a quarta chave Serena leu a inscrição: SOMOS
O QUE VIVENCIAMOS.
De repente, as correntes dos seus pés foram soltas e aos
poucos a fortaleza foi se desmanchando até desaparecer
completamente. Serena estava agora sozinha no alto de uma
colina com a sua bagagem e seu alforje com as quatro pedras e as
quatro chaves que havia encontrado.

Serena entendeu que a fortaleza representava a sua


própria mente que a escravizara todo este tempo. Ela percebeu
que estivera presa a si mesma. Todas as grades e os muros que lhe
mantinham naquela fortaleza eram frutos da sua própria
imaginação.
Ela lembrou-se da sua crise que começou num momento
em que se preocupou com a sua aparência. Agora estava claro que
esta crise estava relacionada às suas crenças e aos valores que
foram estabelecidos durante a sua vida, por isso ela tinha
dificuldades de auto-aceitação.
Serena entendeu que somos resultado das experiências e
vivências que ocorrem durante a nossa existência. A
personalidade é formada a partir dessas experiências vividas

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As Sete Chaves

desde a infância. Durante a nossa vida vários conceitos são

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estabelecidos e apreendidos no ambiente onde nos
desenvolvemos, que passam a exercer uma forte influência sobre
O QUE SOMOS, O QUE ESCOLHEMOS e O QUE
ACREDITAMOS. As crenças e os valores que adquirimos podem
tanto nos ajudar a nos sentirmos livres como a nos sentirmos
prisioneiros. As experiências negativas podem criar
determinados mitos que nos impedem de agirmos, nos anulando
como pessoa.
Serena lembrou-se que enquanto esteve na fortaleza perdeu
sua identidade, tornando-se apática e sem condição para decidir
por si mesma. Os outros determinavam o que ela tinha de fazer e
Serena não conseguia dizer NÃO. Isto a fez perceber que às vezes
não conseguimos ser o que somos, perdemos a capacidade de
fazermos escolhas e passamos a vida tentando ser o que os outros
determinam. Um dia, ao percebermos que não agradamos ao
outro nem a nós mesmos, nos cansamos. Neste momento
desejamos mudar. Quando não acreditamos na possibilidade de
uma mudança nos sentimos presos e infelizes, passando a culpar
os outros pela nossa infelicidade.
Serena estava perplexa com a compreensão que tinha
adquirido ao encontrar a quarta chave. Ela percebeu que ao culpar
a Peter e aos seus filhotes Perez e Chica negava a sua
responsabilidade para libertar-se do seu cárcere interior. Ela
entendeu que uma mudança só é possível a partir do momento em
que nos permitimos vivenciar novas experiências.
Para adquirir uma experiência diferente e libertar-se
daquele cárcere, Serena precisou primeiro recuperar as pedras

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O Segredo da Áuia Dourada

preciosas e as três primeiras chaves. Sem ESPERANÇA, ela não


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teria recuperado as pedras preciosas. Sem OBJETIVO,


DETERMINAÇÃO, CORAGEM e PERSISTÊNCIA ela não teria
enfrentado o general para recuperar as três chaves. Sem tomar
posse das chaves: SOMOS O QUE SOMOS, SOMOS O QUE
ESCOLHEMOS, e SOMOS O QUE ACREDITAMOS, ela não
teria encontrado a quarta chave.
Serena lembrou-se de uma história que sua avó costumava
4
contar sobre uma águia que foi criada num galinheiro. Esta águia
ao nascer foi rejeitada e abandonada à própria sorte, ficando órfã a
mercê do destino. Algumas galinhas que viviam próximo ao local
onde ela fora abandonada, ao vê-la solitária e prestes a morrer
resolveram adota-la. Houve discórdias entre as galinhas por
temerem que aquela águia ao crescer pudesse usar o seu instinto
predador e comê-las. Mas o chefe do galinheiro, um galo muito
experiente e sagaz acalmou a todas dizendo que ensinaria aquela
águia a ser como uma galinha. Cristal, como foi apelidada,
cresceu e ao se tornar adulta se comportava como uma galinha
cacarejando, comendo o milho e a ração que as galinhas comiam.
Um dia, porém, um sábio ao passar por ali encontrou aquela águia
vivendo como galinha e ficou incomodado. Chamando Cristal lhe
disse:
 Você é uma águia, não uma galinha
 Eu sei, respondeu ela. Mas não aprendi a ser águia, por
isso SOU O QUE OS OUTROS QUEREM, ESCOLHO O QUE
OS OUTROS APROVAM E SOU O QUE OS OUTROS
ACREDITAM.
O sábio se propôs a ensiná-la a ser uma águia, por isso

64
As Sete Chaves

reunindo o galinheiro convenceu a todos que Cristal precisava

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partir para aprender novas experiências e tornar-se uma
verdadeira águia. Afinal ela era uma águia e não uma galinha.
O sábio, dia após dia, ensinava Cristal a voar e a caçar. Um
dia levou-a até um alto penhasco e a soltou dali. Cristal ao ser
jogada daquele precipício conseguiu finalmente perceber que
estava pronta para sua nova vida. Batendo asas voou e foi viver a
sua vida tornando-se uma águia de verdade.
Serena entendeu que tornar-se livre não significa revoltar-
se contra tudo e todos, “chutar o balde”, ou “atirar tudo para o
alto”. Talvez este seja o caminho mais fácil, mas nem sempre o
melhor caminho. Os conceitos, os valores e as crenças que
aprendemos durante a vida servem como base ou chão para
pisarmos. Negá-los, antes de aprender novos valores, pode levar-
nos a entrar num poço sem fundo; por isso precisamos encontrar
um equilíbrio entre as nossas vivências anteriores e as nossas
novas experiências.
Serena sorriu ao entender que a vida é um aprendizado. Ela
estava aprendendo a ser uma nova águia e estava radiante por se
sentir livre para voar e encontrar as três últimas chaves.

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O Segredo da Áuia Dourada

A QUINTA CHAVE
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A fronteira entre o Canadá e o Alasca estava próxima. O frio


demonstrava que Serena logo estaria voando sobre o território do
Alasca. Depois de voar durante todo aquele dia ela parou para
descansar num clube para caçadores.
Orgulhosa, Serena exibiu o troféu e a medalha de ouro que
havia ganhado na competição de caça em Serra Dourada. O
presidente do clube lhe mostrou vários troféus e a galeria de fotos
dos vencedores de todos os campeonatos estaduais e nacionais.
Para a sua surpresa sua foto fora exibida após o campeonato de
Serra Dourada. O líder do campeonato trouxera as fotos dos
vencedores para serem exibidas naquele clube.
Serena foi a atração naquele dia dando autógrafos para
várias águias, principalmente para os filhotes, que participavam
de uma colônia de férias. Ela nunca havia se sentido tão
importante em toda a sua vida.
No início da noite Serena foi convidada para participar de
um chá. Cada um preparava o chá a seu gosto. Ao preparar o seu,
Serena misturou algumas ervas como costumava fazer, porém
havia entre elas ervas desconhecidas que podiam causar alguns
efeitos colaterais.
Serena sentia bastante sono. Ele percebeu que o chá tivera
um efeito muito rápido por isso ela se despediu de todos e foi para
o seu aposento.

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As Sete Chaves

Serena voou para o Castelo dos Sonhos. O castelo ficava

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localizado na colina mais alta daquela região, de forma que de
qualquer parte podia ser avistado facilmente. Era sonho de
qualquer águia visitar aquele castelo e conhecê-lo.
Serena se aproximou curiosa desejando entrar e conhecer as
suas maravilhas. Ela percebeu que o portão principal estava
aberto e havia uma intensa movimentação na sua entrada.
Descendo para averiguar, descobriu que um grupo de turistas
havia conseguido autorização para entrar no castelo. Serena
juntou-se a este grupo e também obteve permissão para entrar ali.
Ela ficou encantada com o lindo jardim que dava acesso ao
castelo. As flores exalavam um perfume suave que inebriava e as
plantas eram podadas em forma de figuras de animais e objetos
que tornavam aquele lugar fascinante.
O saguão principal dava acesso à sala do trono e estava
decorado com armaduras e bandeiras. Uma enorme escada levava
até os quartos no primeiro e segundo andar. Os quartos eram
íntimos e acolhedores. O primeiro andar era todo decorado em
vermelho e tinha uma mobília medieval. O segundo andar era
decorado em azul. No interior do castelo havia vários tesouros
guardados. O trono ficava numa sala abobadada e estava
decorado ao estilo medieval com detalhes em ouro e pedras
preciosas. Próximo ao trono havia duas extraordinárias lareiras.
Serena estava extasiada com tudo que vira, mas ficou
vislumbrada com o rei que gentilmente se apresentou para os
visitantes, convidando-os para uma festa que aconteceria naquela
noite, quando ele estaria escolhendo uma dama para casar-se.
Os visitantes foram distribuídos entre os quartos do

67
O Segredo da Áuia Dourada

primeiro e segundo andar.


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Os convidados receberam trajes especiais para


participarem da festa. Serena estava encantadora. Talvez nunca
tivesse se produzido tanto assim em toda a sua vida. Ela ainda era
uma água linda que possuía muito charme e beleza.
O rei havia determinado que se casaria com a águia mais
nobre, mais bonita e que melhor dançasse com ele.
A orquestra começou a tocar uma valsa. O rei percorria o
salão observando cada águia que havia se candidatado como
futura rainha escolhendo uma a uma para dançar. Mas não se
agradou de nenhuma delas. Ao se aproximar de Serena convidou-
a para dançar. Enquanto dançavam o rei ficou fascinado por ela e
perguntou-lhe se aceitaria casar-se com ele. Serena disse que não
podia  ao pensar em Peter e nos seus filhotes Perez e Chica ,
mas ele insistia:  você será rainha e dona de tudo isto.
Serena, ao pensar que poderia se tornar uma rainha dona do
Castelo dos Sonhos abriu mão da sua vida simples com Peter e os
filhotes Perez e Chica não resistindo àquela enorme tentação.
O rei ordenou que a orquestra parasse de tocar, pois já havia
escolhido a Dama com quem se casaria. Em seguida chamou
Serena até a frente e apresentando-a ao público, colocou uma
linda coroa decorada com pedras preciosas, sobre a sua cabeça.
Os convidados aplaudiram e a orquestra voltou a tocar suas belas
músicas, enquanto todos comiam e bebiam.

68
As Sete Chaves

Serena sentou-se num trono ao lado do rei emocionada por

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ter alcançado o sonho mais elevado que uma águia podia alcançar.

Os dias haviam se passado. Serena sentia saudades de Peter


e dos seus filhotes. A realeza e a vida no palácio não a faziam feliz.
O rei preocupado com a tristeza de Serena tentou descobrir o que
acontecia. Um dia ela abriu o seu coração e contou ao rei que tinha
uma família e a amava.
O rei se indignou e resolveu mandar buscar Peter e os
filhotes. Eles foram trazidos ao palácio e condenados à morte.
“Quem sabe”, pensou o rei, “matando os sonhos de Serena ela me
amará”.
Serena não sabia da trama do rei, mas uma criada
confidenciou-lhe que o rei havia construído uma forca para matar
Peter e os filhotes. Ela não sabia o que fazer para livrá-los. Mas
tinha que fazer alguma coisa, mesmo sabendo que Peter e os
filhotes certamente lhe rejeitariam para sempre por tudo que ela
fizera. Porém, não era justo deixá-los morrer.
Serena conseguiu chegar até o lugar onde Peter e os filhotes
estavam com uma corda posta em volta ao pescoço. Ao ver aquilo,
chorou amargamente sentindo-se responsável por tudo.
O carrasco colocou uma venda sobre os seus olhos e
aguardava a ordem do rei para executar a pena.
Serena esbravejou:
 Não! Não façam isso. Solte-os! Eles não merecem morrer

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O Segredo da Áuia Dourada

por minha causa.


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Mas o rei ordenou:


 Execute-os já!
Peter ao ouvir a voz de Serena gritou:
 Serena eu encontrei a quinta chave. Retire-a do meu
bolso.
Peter vestia uma enorme capa por causa do frio e a chave se
encontrava no seu bolso.
Serena voou até Peter, pegou a quinta chave, e leu a seguinte
inscrição: SOMOS O QUE SONHAMOS

Subitamente ela acordou-se assustada, com o seu coração


acelerado e a respiração ofegante. Aliviada, respirou
profundamente por tudo aquilo não ter passado apenas de um
enorme pesadelo. Ela lembrou-se do chá de ervas que havia
tomado e percebeu que tudo aquilo foi apenas um efeito daquela
bebida.
Ao arrumar sua bagagem para prosseguir a viagem
descobriu, numa gaveta da cabeceira da cama, a quinta chave que
continha a mesma expressão que ela havia visto no sonho.

Serena percebeu que a felicidade sempre esteve com ela.


Compreendeu que às vezes não somos felizes porque procuramos
a felicidade em coisas fantasiosas, que estão fora do nosso
alcance.

70
As Sete Chaves

Estava claro para ela que as nossas realizações começam

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com os sonhos e ideais que traçamos um dia. Os sonhos podem ser
traduzidos por uma forte esperança de se alcançar aquilo que se
precisa para sua realização plena. Todos nós possuímos sonhos e
ideais que permeiam nossas vidas, porém algumas vezes esses
sonhos são substituídos pelos ideais dos outros, ou pelas fantasias
apresentadas pelos vendedores de ilusões.
Ela compreendeu que neste mundo existem três tipos de
águias: primeiro as que não sonham por ter parado de sonhar ou
por ter deixado que as intempéries da vida destruíssem os seus
sonhos; segundo as que vivem no Castelo dos Sonhos nutrindo-se
da ilusão de alcançar algo fantasioso; terceiro aquelas que
aprenderam a sonhar e nunca desistem dos seus sonhos, mas
durante a vida os perseguem até alcançá-los.
Serena percebeu que o primeiro grupo vive sem
perspectivas não acreditando mais numa mudança de vida. As
metas altas e ambiciosas não alcançadas transformaram-se em
embaraço, insegurança e inquietação levando a uma não
aceitação da realidade presente ou a uma acomodação diante das
dificuldades da vida. O segundo grupo nunca se realiza, vivendo
infeliz por se encontrar sempre aquém do ideal traçado. O terceiro
grupo é consistente, pois possui OBJETIVO e estabelece metas
concretas; tem DETERMINAÇÃO e não pára diante das
dificuldades, lutando sempre para transformar os sonhos em
realidade; usa a CORAGEM e não se amedronta diante das
intempéries da vida; e tem PERSISTÊNCIA nunca desistindo dos
seus sonhos.
Serena lembrou-se que já tinha alguns sonhos ainda não

71
O Segredo da Áuia Dourada

realizados. Agora, de posse a quinta chave, mais do que nunca ela


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tinha esperança de alcançá-los, transformando-os em realidade.


Entendeu que os sonhos só podem ser realizados quando são
transformados em metas. Ela tinha uma meta em sua vida e estava
decidida a atingi-la chegar ao Santuário das Águias e, assim,
descobrir o segredo para mudar a si mesma e voltar a ser feliz com
Peter e os seus filhotes.

72
As Sete Chaves

A SEXTA CHAVE

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O céu estava escuro denunciando que uma tempestade se
aproximava. A nuvem que trazia a tempestade era alta, volumosa
e cinzenta-escuro. As aves e os animais do campo corriam
procurando abrigo.
Serena sabia que precisava se apressar para não ser
apanhada por esta pujante manifestação da natureza. Mas aos
poucos começaram a cair as primeiras gotas d'água que doíam ao
bater sobre o seu corpo. A chuva vinha acompanhada de ventos
fortes, granizo, trovões e relâmpagos. A visibilidade era baixa e os
ventos atrapalhavam o seu vôo.
Serena avistou uma caverna e imediatamente voou para lá
tentando encontrar um lugar seguro para se proteger. Era uma
caverna escura e horripilante. Ela ficou parada sobre uma pedra
posta no início da caverna olhando a chuva que causava
inundações e deslizamento das encostas.
Uma inundação fez com que Serena voasse para dentro da
caverna e percorresse suas passagens estreitas procurando um
lugar mais confortável e seguro para pousar. A escuridão e as
múltiplas passagens que ali existiam fez com Serena tivesse a
sensação que estava em um labirinto.
Serena tentou voltar para a entrada da caverna para se
certificar de que não estava perdida. Durante alguns minutos
tentou, sem êxito, voltar pelo mesmo caminho que havia
percorrido. Depois de várias tentativas ele começou a se dar conta
de que não conseguia mais encontrar a saída daquela caverna. Era

73
O Segredo da Áuia Dourada

difícil admitir, mas ela estava num labirinto estreito e escuro


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completamente perdida.
 “E agora o que farei?”, pensou ela. Serena voou durante
horas naqueles becos escuros tomados pela inundação. A
ansiedade e o estresse faziam-na sentir cansaço e exaustão. Não
havia lugar para pousar e cada vez ela se sentia mais exausta.
Serena precisava fazer alguma coisa. Se não encontrasse
logo um lugar para pousar poderia cair na enxurrada e se afogar.
Por isso abriu o seu alforje e tirou o diamante procurando
estabelecer um OBJETIVO. Ao segurar aquela pedrinha preciosa
ela entendeu que não podia continuar voando aleatoriamente, por
isso escutou o barulho das águas tentando adivinhar a sua direção.
Aquelas águas iam parar em algum lugar, com certeza.
Serena seguiu a direção das águas que escorriam até um
salão gigantesco, ricamente ornamentado pelas estalactites e
estalagmites. Calmamente ela deslizava no ar procurando
desviar-se dos obstáculos criados por enormes blocos de pedras.
Durante este percurso ela assustou-se algumas vezes com
pequenos incidentes que aconteceram. Mas o seu coração bateu
mais forte quando, inesperadamente um bando de morcegos
assustados voou na sua direção.
Serena chegou ao centro daquela caverna. Era um lugar
amplo e fascinante que recebia iluminação de algumas brechas
que havia na parte superior da caverna. As estalactites desciam do
teto até se encontrarem com as estalagmites, formando centenas
de estruturas monumentais.
As águas escorriam em forma de uma enorme cachoeira até
um grande poço que parecia não ter fim. No fundo da caverna

74
As Sete Chaves

havia uma pequena passagem indicando que esta poderia ser a

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única saída daquele lugar. Porém, acima desta passagem
desconhecida havia uma inscrição:

A SAÍDA ESTÁ NAS SUAS ATITUDES.


CUIDADO COM AS ARMADILHAS DAS PEDRAS. UM
PASSO ERRADO PODERÁ SER FATAL.

Para sair daquela caverna Serena precisava atravessar o


Vale das Dificuldades. Ao se aproximar daquela estreita
passagem ela pode ver a saída do outro lado. Havia várias pedras
que pareciam flutuar sobre aquele imenso abismo que conduzia
até o infinito. Apenas cinco pedras eram sólidas. Ela precisava
pisar nas pedras certas. Um erro poderia ser fatal.

Serena respirou profundamente e abriu, mais uma vez, o seu


alforje pegando a Ametista, a Turquesa e o Rubi. Mais do que
nunca ela precisava agora de DETERMINAÇÃO, CORAGEM e
PERSISTÊNCIA.
“Quais as pedras certas que devem ser pisadas?”, pensava
ela.
Ao ler mais uma vez a inscrição e pensado sobre o enigma
daquelas palavras: A SAÍDA ESTÁ NAS SUAS ATITUDES, Serena
concluiu:  Se a saída depende das minhas atitudes, então

75
O Segredo da Áuia Dourada

primeiro eu preciso querer sair daqui. Serena acabara de descobrir


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que a primeira atitude que a ajudaria atravessar o Vale das


Dificuldades era o seu QUERER por isso gritou:
 Eu QUERO sair daqui.
De repente uma luz branca incandescente refletiu sobre
uma das pedras. Serena sorriu e pisou na primeira pedra. Em
seguida pensou: se eu quero, eu posso. Logo ela percebeu que a
segunda atitude era CONFIAR ou acreditar que era capaz de sair
dali, por isso gritou:
 Eu POSSO sair daqui.
Agora uma luz branco-azulada refletiu sobre outra pedra.
Serena, feliz, saltou sobre ela. Ela ia se tornando cada vez mais
calma e confiante.
Enquanto segurava as pedrinhas preciosas pensava nas três
pedras certas que deveria pisar. Descobrir as duas primeiras
pedras pareceu fácil, mas estas três últimas tornavam-se
enigmáticas. Ela pensou: o que faço em seguida? De súbito ela
concluiu:
 É lógico. Se eu sei o que QUERO e POSSO encontrá-lo,
o meu próximo passo é PROCURAR isto. Para encontrar o que
quero, o que posso e o que procuro, preciso aprender a agir,
portanto o próximo passo é APRENDER. Se já sei como agir, logo
o meu próximo passo é REALIZAR. Serena acabara de descobrir o
enigma das cinco pedras:

QUERER
CONFIAR
PROCURAR

76
As Sete Chaves

APRENDER

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REALIZAR

Ao descobrir o enigma das últimas pedras, uma luz prateada


refletiu sobre a terceira pedra, uma luz dourada sobre a quarta
pedra e uma luz verde sobre a quinta pedra indicando a saída.
Serena saltou sobre essas pedras saindo fora daquela
caverna. Na saída estava a sexta chave presa a um cristal
contorcido. Naquela chave havia a seguinte inscrição:

SOMOS AQUILO QUE DETERMINAMOS

Serena venceu, talvez, a maior dificuldade da sua jornada.


Ela sentia agora uma mistura de sentimentos de alegria, alívio,
respeito e ansiedade depois de ter vivido os mistérios da escuridão
e do silêncio do Vale das Dificuldades.

Serena estava bastante reflexiva. A sexta chave mostrava


que todos nós consciente ou inconscientemente estamos sempre
determinando o curso das nossas vidas. Parar ou continuar, ser
passivo ou ativo, viver ou lamentar-se da vida é uma decisão de
cada um de nós.
Ela lembrou-se mais uma vez da sua crise e percebeu que
durante semanas havia permanecido no ninho passiva culpando
ao Criador e a sua família por sua infelicidade. Reconheceu que

77
O Segredo da Áuia Dourada

assim como precisou tomar a iniciativa para atravessar o Vale das


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Dificuldades, do mesmo modo, para vencer a sua crise precisava


ser determinada. Compreendeu que não adianta colocarmos a
culpa nos outros ou nas circunstancias da vida, mas devemos sair
da passividade e vencer as dificuldades
Serena agora sabia que para nos tornarmos ativos
precisamos primeiro QUERER. Se não tivermos vontade própria
iremos sucumbir no abismo infinito da desilusão. Outro elemento
que ela pode enxergar, indispensável para a sua vitória, foi
aprender a CONFIAR. A falta de esperança é, talvez, o pior
sintoma que alguém, na luta para sobreviver, pode contrair. Quem
não tem esperança desiste no meio do caminho. Serena
compreendeu que este sintoma a fez pensar muitas vezes que a
morte era a única saída para a sua vida. Embora, em seu íntimo,
ela sabia que não queria realmente morrer, mas, ao contrário,
livrar-se da sua angustia; no entanto, esse sentimento a perseguia
constantemente. Algumas vezes, por pouco ela não cometeu esta
loucura. Quando resolveu procurar o sábio Paul ela percebeu que
todo problema tem uma solução, ainda que essa solução nem
sempre esteja clara diante dos nossos olhos.
Serena entendeu que a saída para os problemas está na
prontidão para se BUSCAR uma solução, saindo da passividade,
assumindo e mantendo um compromisso consigo mesma de se
ajudar. Foi esta atitude que levou-a a fazer a viagem até o
Santuário das Águias. Ela estava convicta que precisava
APRENDER a ser diferente, só assim conseguiria AGIR.
Aprender a agir é tomar consciência daquilo que é necessário se
fazer. Por isso o sábio lhe havia falado: “há algo que você precisa

78
As Sete Chaves

fazer. Ninguém poderá fazer isto, a não ser você mesma.” Serena

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compreendeu que sem esses elementos jamais ela teria
encontrado a sexta chave.

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O Segredo da Áuia Dourada

A SÉTIMA CHAVE
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Serena antes de levantar vôo conferiu sua bagagem. Ao


abrir o seu alforje com as pedras preciosas foi surpreendida pela
falta de três pedras: a Ametista a Turquesa e o Rubi. Ela quase
ficou paralisada. Olhou novamente o alforje e depois revistou
toda a sua bagagem.
Era inacreditável. Não havia uma explicação para
tamanha perda. Serena não havia se afastado da sua bagagem
um minuto sequer. Como essas pedras foram desaparecer? Ela
não sabia o que fazer sem DETERMINAÇÃO, CORAGEM e
PERSISTÊNCIA. Mesmo tendo OBJETIVO ela não tinha
motivação para reagir naquele momento.
Serena chorou e durante muito tempo ficou sem saber o
que fazer. Voltar pelos caminhos que já havia percorrido era
inviável a não ser que tivesse certeza onde as havia deixado.
Prosseguir viagem sem elas era impossível. Sem as pedras não
acharia a última chave. O desaparecimento das pedras era algo
inexplicável.
Serena ficou horas parada numa árvore, pendurada num
penhasco, completamente desorientada. Naquele momento,
aproximou-se dela uma linda águia que voava por ali, e ao vê-la
solitária e pensativa perguntou:
 Olá amiga! O que faz aqui tão sozinha?
Serena estava cabisbaixa e quase não havia percebido a
aproximação daquela águia, mas ao ouvir a sua voz ergueu sua
cabeça e respondeu:

80
As Sete Chaves

 Estou pensado na vida.

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 Eu sou Luz. Disse aquela águia se apresentando.
 Eu sou Serena.
 O que a faz pensar tanto assim? Perguntou ela. Em
seguida completou:  Veja como o dia está lindo e agradável!
Não quer dar um passeio comigo e conversarmos?
 Não. Não me sinto muito bem.
 Posso ajudá-la?
 Acho que ninguém pode me ajudar.
 Não pense assim. Interrompeu Luz. Às vezes achamos
que não temos saída para os problemas, mas quando os
compartilhamos com alguém encontramos uma resposta.
 Não tenho tanta certeza assim. Perdi algumas coisas
valiosas misteriosamente e não sei o que fazer.
Serena relatou para Luz a sua história e sua viagem até ao
Santuário das Águias.
Luz pensou um pouco e em seguida lhe disse:
 Sei quem pode lhe ajudar. Há aqui perto um sábio
chamado Alfred. Ele costuma ouvir e aconselhar as águias.
Serena acompanhou Luz até a casa de Alfred.
Ao relatar a sua história, Alfred lhe explicou que o motivo
do desaparecimento das pedras tinha a ver com a sua ansiedade
para encontrar as respostas que desejava. As pedras estavam
diante dela, mas só as enxergaria se descobrisse o enigma das
primeiras chaves.
 Você precisa ir até a Gruta do Retorno. Lá encontrará as
respostas que deseja e as pedras preciosas que perdeu. Porém
não se esqueça, as respostas que precisa estão nas primeiras

81
O Segredo da Áuia Dourada

chaves.
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Serena ouviu atentamente as instruções do Sábio para


chegar até o local por ele indicado. Agradeceu a Luz e a Alfred e
voou em direção a Gruta do Retorno.

A Gruta do Retorno ficava num alto planalto inclinado para


o Nordeste, profundamente recortado pelos vales dos rios e
ribeiros que nele tem origem. Um dos aspectos que caracterizava
aquele lugar era a presença dos afloramentos rochosos e
penhascos que tornavam a paisagem mais exuberante. Em meio a
alguns rochedos estava a gruta que Serena procurava.
Serena não sabia o que encontraria ali, mas tinha a sensação
que estava passando por um lugar que não era estranho para ela.
Ao se aproximar daquela gruta não viu inicialmente nada de
especial, mas ao explorar cuidadosamente o ambiente encontrou
um espelho. Ela apanhou-o e olhou o seu rosto. Para a sua
surpresa estava bem mais jovem, talvez aparentasse uns dezoito
anos. Serena tornou a se olhar naquele espelho e gostou da
imagem que viu. Parecia que todos os seus problemas haviam
terminado ali. Não fazia sentido viajar tanto quando se tinha um
espelho como aquele. Ela pensou em desistir da viagem levando o
espelho para casa.
Serena não se lembrava mais das pedras, nem das respostas
que desejava encontrar. Ela estava vislumbrada com a imagem
que via. Mas ao abrir sua bagagem para guardar o espelho viu as

82
As Sete Chaves

chaves que encontrara durante sua viagem. Foi então que ela se

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lembrou do sábio Alfred e da sua recomendação: “não esqueça, as
respostas que precisa estão nas primeiras chaves.”
Serena pegou a primeira chave, lendo a sua inscrição:
SOMOS O QUE SOMOS. De repente percebeu que o espelho
refletia uma imagem irreal dela, porém não havia se dado conta
disso. Desistir de ir até o Santuário seria desistir de si mesma e das
respostas que precisava encontrar.
Serena pegou o espelho e o jogou contra uma pedra
fazendo-o em pedaços. Ao quebrar o espelho ela abriu o alforje e
viu que a pedra de ametista DETERMINAÇÃO havia aparecido.
Serena conseguiu superar o primeiro obstáculo, mas
precisava encontrar ainda as duas pedras desaparecidas.

Serena voou entre os rochedos daquela gruta e se deparou


com cinco enormes portas. Em cada porta havia uma inscrição.
Na primeira porta estava escrito: “Eu sou a RIQUEZA entre
por mim e será a pessoa mais rica e importante do mundo”. Na
segunda: Eu sou a FAMA entre por mim e o mundo inteiro lhe
adorará. Na terceira: Eu sou o PODER entre por mim e você
conseguirá dominar o mundo e subjugá-lo aos seus pés. Na
quarta: Eu sou o PRAZER entre por mim e curta a vida sem
preocupação e responsabilidade. Na quinta: Eu sou a
SABEDORIA entre por mim e encontre todas as respostas que
deseja encontrar em sua vida.

83
O Segredo da Áuia Dourada

Serena leu cuidadosamente cada inscrição se imaginando


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em cada uma daquelas situações, tendo RIQUEZA, FAMA,


PODER, PRAZER e SABEDORIA. Era difícil fazer uma escolha.
Aquela era, talvez, a “chance de ouro” da sua vida para encontrar
a coisa mais importante para a sua felicidade.
Serena lembrando-se do sábio Alfred, pegou as chaves e leu
a inscrição de cada uma delas:

SOMOS O QUE SOMOS


SOMOS O QUE ESCOLHEMOS
SOMOS O QUE ACREDITAMOS
SOMOS O QUE VIVENCIAMOS
SOMOS O QUE SONHAMOS
SOMOS O QUE DETERMINAMOS

Ao ler estas inscrições Serena lembrou-se de todas as coisas


que havia vivido e aprendido durante sua viagem. Também se
recordou de uma historia que ouviu sua professora, contar quando
ela era criança. A professora começou a história fazendo a
seguinte pergunta para a classe:
 “Se alguém, capaz de realizar todos os seus sonhos, lhe
dissesse: 'peça-me o que quiser, e eu lhe darei'. O que você
pediria? Em seguida continuou:  Certo rei teve essa
oportunidade. Deus lhe apareceu em sonhos e lhe fez escolher o
5
que quisesse. Sabe o que ele escolheu?”
 Não! respondeu a classe.
”Sabedoria, continuou a professora. Por causa dessa
atitude Deus lhe deu o que pediu e tudo quanto à maioria das

84
As Sete Chaves

pessoas desejam: riquezas, bens e honra.

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A professora concluiu a história dizendo:  “A sabedoria é
como um tesouro precioso que precisa ser bem guardado. Quem a
abandona fica desprotegido. Mas quem não se afasta dela é
recompensado. Ninguém encontra a verdadeira felicidade sem
que primeiro não tenha encontrado a sabedoria”. Estas
lembranças foram suficientes para que Serena tomasse a sua
decisão, escolhendo a porta da SABEDORIA.
Ao abrir a porta não viu nada aparentemente de excepcional
ou memorável, porém algo singular havia acontecido naquele
momento: uma paz profunda, um amor imensurável e uma alegria
plena brotavam no seu interior. Serena percebia que sua vida não
era mais a mesma. Agora estava certa de que sua busca estava
chegando ao fim e estava muito próxima de alcançar todas as
respostas que precisava. Ao abrir o alforje ali estava: CORAGEM
e PERSISTÊNCIA, as duas pedras desaparecidas.
Era inacreditável o que Serena vivenciava e a experiência
que adquiria com tudo isso. Ela estava radiante ao ter de volta as
suas pedras, mas precisava ainda encontrar a última chave.

Havia naquele lugar um ribeiro de águas cristalinas que


cortava aquela gruta. Só agora depois de ter entrado pela porta da
SABEDORIA é que Serena pode vê-lo. Ela teve sede por isso
desceu até o ribeiro para saciar a sua sede. Ao beber daquela água
Serena ergueu a sua cabeça e viu a sétima chave sobre uma rocha à

85
O Segredo da Áuia Dourada

margem daquele ribeiro. A chave tinha a seguinte inscrição:


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SOMOS O RESULTADO DO SENTIDO QUE DAMOS


AS COISAS

Serena permaneceu sobre aquela rocha refletindo sobre a


sua trajetória e o como encontrara as sete chaves. Percebeu que
esta última chave refletia todas as outras e sem esta as outras não
teriam significado.
Serena ficou parada pensando sobre o significado da última
chave. Ela suspirou aliviada ao perceber que encontrara todas as
chaves. Agora restava apenas encontrar o Santuário e pronunciar
a inscrições das chaves diante da porta e descobrir o segredo
capaz de renovar a sua vida.

Agora tudo fazia sentido para Serena. Ela pode


compreender que a felicidade não significa ausência total de
sofrimento, mas um estado de paz interior que nos permite viver
agradavelmente e ter gosto pela vida apesar das circunstâncias.
Tudo depende do significado que damos para as coisas. Uma
mesma situação pode ter efeitos positivos ou negativos em nossas
vidas dependendo da valorização e sentido que dermos as estas
coisas.
Serena observou que tudo que acontece conosco fica
registrado e guardado dentro de cada um de nós, organizados de

86
As Sete Chaves

acordo com a valorização que atribuímos a estas coisas. Estas são

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destinadas a alguns compartimentos da mente obedecendo a uma
hierarquia de valores. Ela imaginou a mente como um armário
com cinco gavetas onde guardamos as nossas coisas. Na primeira
gaveta colocamos as coisas superimportantes, na segunda as
coisas muito importantes, na terceira as coisas importantes, na
quarta as coisas pouco importantes e na última as coisas sem
importância.
Ela percebeu que às vezes pegamos algumas coisas sem
importância e colocamos na gaveta das coisas superimportantes, e
algumas coisas superimportantes na gaveta das coisas sem
importância. Este é dos motivos que muitas vezes nos leva à
infelicidade. Apesar de termos todos os motivos do mundo para
sermos felizes, deixamos que muitas coisas sem nenhum valor
sufoquem a nossa felicidade.
Ao entrar pela porta da SABEDORIA ela havia percebido
que a felicidade não se encontra nas coisas materiais como a
RIQUEZA, a FAMA, o PODER, ou o PRAZER, mas nas coisas
simples e essenciais como à paz, o amor, a alegria e o perdão. Ao
quebrar o espelho, ela rejeitou completamente a imagem irreal
que este refletia, entendendo que não precisava criar uma pseudo-
identidade para ser feliz.
Serena pode entender que o sentido da vida pode estar nas
pequenas coisas. Cada águia tem sua missão e vocação específica.
Aquela que conseguir cumprir sua missão encontrará a felicidade.
Ela lembrou-se do pensamento de certo sábio: “Não importa o
que nós ainda temos a esperar da vida, mas exclusivamente o que
6
a vida espera de nós.”

87
O Segredo da Áuia Dourada
7
Ela lembrou-se da história das estrelas-do-mar contada por
PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO. LEI Nº 9610/93

seu pai. Havia uma águia imponente que vivia próximo de uma
praia tranqüila. Esta, certa vez ao voar a beira-mar viu uma
pequena águia na areia ajudando algumas estrelas-do-mar a voltar
para as águas.
Ao chegar perto da pequena águia perguntou:
“Por que você está fazendo isto?”
“Você não vê”?
Disse a pequena águia.
“A maré está baixa e o sol está brilhando. Elas vão secar no
sol e morrer se ficarem aqui.”
Aquela águia sorriu e disse:
“Meu jovem existem milhares de quilômetros de praias
por este mundo afora e centenas de milhares de estrelas-do-mar
espalhadas pelas praias. Que diferença faz você jogar umas
poucas de volta ao oceano se a maioria vai perecer de qualquer
forma?”
Aquela pequena águia sorriu e ao pegar mais uma estrela-
do-mar e jogá-la de volta ao oceano disse:
“Mas para a vida desta estrelinha eu fiz a diferença.”
Naquela noite aquela águia não conseguiu dormir. De
manhãzinha foi para a praia, reuniu-se à pequena águia, e juntos
salvaram mais estrelinhas jogando-as de volta ao mar.
Serena, ao encontrar a sétima chave, descobriu o sentido da
sua vida. Ela estava ansiosa para chegar ao Santuário e encontrar a
última reposta que precisava. Depois de ter saído da Gruta do
Retorno Serena avistou a colina onde estava o Santuário das
Águias.

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A ENTRADA NO SANTUÁRIO
SEGUNDA PARTE
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A Entrada No Santuário

A ENTRADA NO SANTUÁRIO

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O Santuário ficava localizado no alto de uma colina,
cercada por um manancial, numa belíssima paisagem que
oferecia uma maravilhosa vista para o vale. Próximo havia uma
enorme cachoeira que produzia um lindo arco-íris em volta da
fumaça produzida pelo grande volume de água que caia. O pôr-
do-sol nesse local era algo esplendoroso.
O Santuário foi inteiramente projetado em colunas de
concreto, decorado com detalhes em ouro, prata e bronze. Sua
estrutura foi planejada para receber iluminação do sol de modo
que não existia nele iluminação artificial a não ser a dos castiçais
que ficavam acesos durante a noite. A porta principal era enorme e
toda de bronze.
Serena parou diante da grande porta e ao pegar as sete
chaves douradas começou a refletir sobre tudo o que aprendera ao
encontrá-las. Observou que as sete chaves se completavam.
Com a primeira chave: SOMOS O QUE SOMOS, ela
aprendeu a importância da auto-aceitação. Serena entendeu que o
fato dela ser uma águia a destinava a passar por aquele tipo de
sofrimento. Porém auto-aceitar-se não significa acomodar-se,
mas adaptar-se a determinadas circunstâncias da vida. Há
situações na vida que não podem ser mudadas, como o
envelhecimento, a perda de um ente querido, ou as experiências
negativas que vivenciamos durante a nossa existência. Porém
quando aprendemos a lidar com estas situações tornamos a nossa
vida melhor e mais saudável.

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O Segredo da Áuia Dourada

Com a segunda chave: SOMOS O QUE ESCOLHEMOS,


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Serena aprendeu que precisamos assumir a responsabilidade


pelas escolhas que fazemos. Uma decisão errada poderá trazer
sérios prejuízos à vida. Quando aprendemos a fazer escolhas e
tomamos as nossas decisões, não responsabilizamos os outros
pela nossa infelicidade. Mesmo que tenhamos perdas olhamos
para frente conscientes que tivemos a oportunidade de escolher.
Quando erramos precisamos ter a humildade de reconhecer o erro
e recomeçar.
Com a terceira chave: SOMOS O QUE ACREDITAMOS,
Serena aprendeu que durante o nosso processo de
desenvolvimento adquirimos uma capacidade de perceber o
mundo e a nós mesmos. Cada um passa a ter uma maneira
diferente de enxergar as coisas e interpretá-las. Às vezes
potencializamos os problemas usando uma lupa para olharmos
para nós e para o mundo que está a nossa volta. Quem olha através
de uma lupa tem uma visão distorcida de si mesmo e do seu
mundo, transformando pequenos problemas em enormes
gigantes.
Com a quarta chave: SOMOS O QUE VIVENCIAMOS
Serena aprendeu que as experiências da vida boas ou más são
determinantes para a formação da personalidade. O ambiente
social onde nos desenvolvemos e os fatores relacionados aos
processos psicológicos como: os valores culturais, os valores
morais e espirituais, atitudes, necessidades, estereótipos,
tendências cognitivas etc., podem ajudar-nos a nos sentir livres ou
prisioneiros. A liberdade só é possível quando encontramos o
equilíbrio entre as nossas necessidades e as exigências sociais. Os

92
A Entrada No Santuário

valores e as crenças que aprendemos durante a vida servem como


base ou alicerce para pisarmos, por isso não devemos negá-los

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antes de sermos capazes de aprendermos novos valores.
Com a quinta chave: SOMOS O QUE SONHAMOS, Serena
aprendeu que nunca devemos desistir dos nossos sonhos. Quem
desiste de sonhar não tem motivação para continuar a viver. A
vida está em nossas mãos. Devemos fazer o melhor que pudermos
por ela. Não devemos buscar coisas fantasiosas, e sim, coisas
consistentes que podem ser alcançadas. Devemos buscar a cada
dia estabelecer metas na vida e procurar executá-las. Assim se
alcançam os sonhos e ideais da vida.
Com a sexta chave: SOMOS AQUILO QUE
DETERMINAMOS, Serena aprendeu que todos nós consciente ou
inconscientemente estamos sempre determinando o curso das
nossas vidas. O simples fato de não acreditarmos que exista uma
saída para a vida é uma forma de determinarmos que somos
perdedores. A solução para os problemas consiste em termos
vontade própria e esperança de que um dia venceremos. Mesmo
que não consigamos enxergar a saída, devemos crer que ela
existe. Só esta atitude é capaz de nos ajudar a termos prontidão
para buscar a solução e tomarmos consciência daquilo que é
necessário se fazer.
Com a sétima chave: SOMOS O RESULTADO DO
SENTIDO QUE DAMOS AS COISAS, Serena aprendeu que a
nossa felicidade depende do significado que damos as coisas. Às
vezes supervalorizamos algumas coisas que não têm nenhum
significado e deixamos de considerar aquelas de extrema
importância. Ser feliz não significa viver sem problemas, mas é

93
O Segredo da Áuia Dourada

ter a capacidade de sentir paz interior, viver agradavelmente e ter


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gosto pela vida apesar das circunstâncias. Devemos rever a ordem


de valores que estabelecemos para as coisas explorando aquelas
que são importantes e deixando de lado aquelas que não tem
nenhum valor.

Serena se colocou diante da grande porta do Santuário e leu


a inscrição de cada chave:

SOMOS O QUE SOMOS


SOMOS O QUE ESCOLHEMOS
SOMOS O QUE ACREDITAMOS
SOMOS O QUE VIVENCIAMOS
SOMOS O QUE SONHAMOS
SOMOS AQUILO QUE DETERMINAMOS
SOMOS O RESULTADO DO SENTIDO QUE DAMOS
AS COISAS

De repente ouviu-se um forte ruído e a grande porta se


abriu. No interior do Santuário havia uma imensa sala abobadada
com uma imensa lareira que se mantinha sempre acesa para
aquecer aqueles que entrassem ali. Havia também uma mesa de
prata onde eram colocados os utensílios sagrados e uma mesa de
mármore onde eram depositadas as ofertas, além de sete castiçais
de ouro sobre sete colunas de bronze. No fundo daquele salão

94
A Entrada No Santuário

havia um grande altar de ouro e rampas que davam acesso a ele.


Sobre o altar havia a seguinte inscrição:

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A MATURIDADE É O MEIO PARA SE CHEGAR A
PERFEIÇÃO

Serena ao ler esta inscrição lembrou-se daquilo que Paul


havia lhe falado: “Nesse santuário você encontrará uma fórmula
capaz de transformá-la e torná-la jovem novamente” Ela agora
compreendia que o grande segredo para renovar a sua vida era
alcançar a maturidade.
A crise enfrentada por Serena era um problema que
transcendia a esfera da vida material elevando-se a uma dimensão
espiritual. A crise existencial é um problema entre a criatura e o
seu criador. A nossa natureza se desenvolve de três maneiras
específicas: somática, psicológica e espiritual. A dimensão
8
espiritual é a mais importante característica do ser.
O plano espiritual não se refere aqui aos espiritualismos da
9
nossa cultura, mas a dimensão noética que está acima das
religiões e representa o vazio de Deus existente no santuário
interno de cada um. Desta espiritualidade derivam as principais
características do homem: a consciência o amor e sua capacidade
10
estética.
Quem chega ao santuário torna-se capaz de preencher o seu
vazio existencial, vive no mundo, mas é capaz de distanciar-se
dele tendo consciência, da efemeridade da vida, de sua
responsabilidade como ser livre para modificar o mundo ou sua
11
maneira de enfrentá-lo.

95
O Segredo da Áuia Dourada

Só no Santuário somos capazes de enxergar as nossas


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imperfeições e alcançar essa dimensão espiritual. Porém para


chegarmos ao Santuário precisamos encontrar o caminho certo
para nos tornamos maduros. A MATURIDADE NOS LEVA A
PERFEIÇÃO. Serena descobriu nas sete chaves o caminho que
conduz ao Santuário.
Ela entendeu que para alcançar a maturidade precisamos
primeiro fazer uma avaliação dos ideais e padrões que criamos. A
vida só pode ser compreendida, tal como existe dentro de cada um
de nós. Se tivermos uma percepção errada de nós mesmos e do
nosso mundo, teremos sérios problemas de relacionamento.
Quando adquirimos maturidade psicológica aprendemos a
valorizar a nossa vida não dando importância a coisas negativas e
insignificantes que surgem no nosso dia-a-dia.
Alcançar a maturidade é aprender a enfrentar a vida de
maneira simples e direta, tomando consciência de que o problema
não está no outro, mas em nós mesmos. Há aqueles que sempre
culpam alguém ou alguma coisa pelo seu comportamento, não
assumindo a responsabilidade pelos seus próprios atos.
Fundamentam-se numa visão determinista que tenta explicar o
comportamento por meio do determinismo genético, psíquico e
ambiental.
O determinismo genético procura explicar a natureza a
partir da herança genética que possuímos, admitindo que nossas
atitudes foram herdadas dos nossos ancestrais, avós, pais, tios,
etc. O determinismo psíquico culpa os pais pela formação da
personalidade, atribuindo falhas na criação, educação e
experiências vividas na infância. O determinismo ambiental

96
A Entrada No Santuário

responsabiliza o ambiente ou o meio social onde se desenvolveu o


nosso caráter.

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Apesar de reconhecermos que somos influenciados por
estes aspectos e que, em parte, somos condicionados pelo meio
social, pela disposição genética, pela educação e pelas
experiências vividas na infância, no entanto, não podemos
afirmar que estas coisas isoladamente determinem o que somos,
ou que não temos nenhum controle sobre as nossas atitudes. Dizer
simplesmente: “Eu sou assim”, ou “eu nasci assim”, ou “não
tenho culpa de ser assim”, é uma maneira imatura de justificar
nossas ações negativas.
Quando alcançamos à maturidade entendemos que
podemos ter controle sobre as nossas atitudes e adquirimos a
capacidade de buscarmos superar as experiências negativas ou
traumáticas que tenhamos vivido durante a nossa vida. Enquanto
não percebemos que o problema está em nós mesmos não
estaremos aptos para mudar. Continuaremos culpando os outros
tornando-nos cada vez mais infeliz.
Serena entendeu que não são as coisas ou as circunstâncias
que precisam mudar, mas nós é que temos que mudar em relação a
elas. Ela lembrou-se de um rio muito conhecido que nascia numa
serra, cujas águas eram cristalinas. Esse rio ao passar por uma
metrópole suas águas eram contaminadas pelos esgotos e detritos
que eram jogados nele de modo que suas águas eram escuras,
fétidas e nelas não havia vida. Porém este mesmo rio continuava o
seu curso recebendo águas dos seus afluentes e filtrando suas
impurezas nas areias formadas no seu leito. Depois de percorrer
algumas centenas de quilômetros suas águas voltam a ficar claras

97
O Segredo da Áuia Dourada

e os peixes reaparecem demonstrando que o rio está vivo.


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Serena observou que esse rio, na sua trajetória, tem três


estágios: o primeiro ela chamou de IDEAL (sua nascente), o
segundo de REALIDADE (sua contaminação) e o terceiro de
POSSIBILIDADE (sua restauração). Ela entendeu que o rio terá
sempre os três estágios. O tipo de água que obtemos dependerá do
lugar onde coletamos. Se quisermos águas cristalinas precisamos
ir até a sua nascente. Não é o rio que deve mudar, mas a nossa
posição em relação a ele. Mesmo que não consigamos alcançar o
ideal que estabelecemos na vida, podemos mudar a realidade das
coisas encontrando uma maneira de convivermos com estas
apesar das circunstâncias.
Ser maduro emocionalmente é saber alcançar o nível de
interdependência na vida. Há duas formas polares de
comportamentos que retratam a imaturidade emocional. A
dependência emocional e a independência absoluta dos outros.
Alguém que é dependente emocionalmente vive em função das
outras pessoas. Anula-se totalmente e transfere ao outro a
responsabilidade das coisas. Vive constantemente cobrando do
outro pelo resultado das coisas. O outro é sempre o culpado de
tudo. Quem é independente, ao contrário, anula o outro fazendo
com que as coisas girem em torno de si. Ela é responsável por
tudo, é a única que tem certeza das coisas e só ela sabe fazer as
melhores escolhas.
Quem é dependente centra sua vida no outro, enquanto que
quem é independente centra sua vida em si mesma. Nenhum
relacionamento quer seja afetivo, familiar ou mesmo de trabalho,
funciona bem se tivermos este padrão de comportamento.

98
A Entrada No Santuário

A maturidade emocional nos faz aprender a ter uma vida de


interdependência. Quem é interdependente consegue unir seus

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talentos e habilidades com os talentos e habilidade do outro. Há
um espírito de cooperação mútua. Juntas são capazes de criar algo
maior. Agora o que prevalece não é o EU ou o VOCÊ, mas o NÓS:
“Nós podemos”, “nós fazemos”, “nós decidimos”. Aqueles que
são interdependentes conseguem combinar seus próprios
esforços com o esforço dos outros para conseguir um resultado
melhor.
Serena compreendeu que para alcançar a maturidade ela
precisou vencer a insegurança descobrindo, através das sete
chaves, as coisas que precisavam ser mudadas em sua vida
tomando a iniciativa para mudá-las. Também foi necessário
mudar a sua forma de pensar e a maneira como percebia a si
mesma e o seu mundo.
Ela agora entendeu que o seu destino estava em suas mãos.
Olhando para si mesma percebeu que estava pronta para passar
pela metamorfose que a levaria a rejuvenescer.

Serena passou por um processo doloroso de renovação que


durou cento e cinqüenta dias. Durante este período permaneceu
no Santuário sem voar. Encostou-se na parede e começou a bater
com o bico até conseguir arrancá-lo. Após arrancá-lo esperou
nascer um novo bico. Quando o novo bico surgiu, ela arrancou
suas unhas. Quando as novas unhas começaram a nascer ela

99
O Segredo da Áuia Dourada

arrancou as velhas penas. Após cinco meses ela havia adquirido


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uma nova plumagem tornando-se novamente uma águia de


exuberante aparência. Serena ao completar a sua metamorfose
12
tornou a alçar vôo voltando para casa.
Peter e os filhotes Perez e Chica estavam à beira do
penhasco esperando o seu retorno. Ao avistá-la ao longe voaram e
a abraçaram.
Depois dessa experiência Serena viveu feliz por mais trinta
anos com a sua família.

100
NOTAS

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Em Busca De Si Mesmo
1. Todos os detalhes sobre a águia dourada sua aparência, seu
habitat, seu comportamento, etc. foram extraídos da Enciclopédia
on-line Wikipédia.

As Sete Chaves
22. O enigma apresentado é de um autor desconhecido, sendo aqui
adaptado à história de Serena.
33.. Romanos 12.2; Filipenses 4.8
44.. A ilustração é uma adaptação da metáfora: "A Águia e a
Galinha” de Leonardo Boff.
5 II livro de Crônicas 1.7.
5.
66. FRANKL, Vicktor E. Em Busca de Sentido, Vozes, São Paulo,
21ª edição, 2005.
7 ilustração apresentada é de um autor desconhecido, sendo
7.A
aqui adaptado à história de Serena.

A Entrada No Santuário
8. GOMES, José Calos Vitor. Logoterapia. Vozes, São Paulo,
1988.
9 FRANKL, Vicktor E. A Presença Ignorada de Deus. Vozes, São
9.
Paulo, 9ª edição, 2006.
10 GOMES, José Calos Vitor. Logoterapia. Vozes, São Paulo,
10.
1988.

101
PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO. LEI Nº 9610/93

11.GOMES, José Calos Vitor. Logoterapia. Vozes, São Paulo,


11
1988.
12. Os detalhes apresentados sobre a transformação da águia é de
um autor desconhecido.

102
LANÇAMENTOS LDEL

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Motivando os seus alunos

O livro contém um comentário sobre a motivação e sua


importância no processo da aprendizagem, além de um
conjunto de setenta dinâmicas que estão agrupadas em
três blocos: Exercício de Motivação, Aprendendo
Brincando e Dinamizando o Ensino.

Diário de um Pastor

O propósito deste livro é mostrar como a vida pessoal de


um líder pode influenciar no crescimento da Igreja. Sua
missão é influenciar o leitor, de alguma maneira, a seguir
o exemplo de fé, coragem, heroísmo, modéstia, obstinação
de alguém que foi chamado por Deus para fazer a
diferença neste mundo.

O Segredo da Águia Dourada

O Segredo da Águia Dourada foi escrito com o propósito


de mostrar que existem saídas para as crises que
enfrentamos no dia-a-dia. De uma forma simples e com
uma linguagem clara e acessível o autor relata a história
de uma águia que vive uma crise xistencial. Ao procurar
sábio, Serena a águia dourada descobre que precisa ir até
o Santuário das Águias, que fica no Alasca, para
encontrar as respostas que precisa para superar sua crise.
Mensagens que Edificam
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Esta obra foi preparada com o intuito de ajudar


aqueles que pregam a Palavra de Deus. Seu
conteúdo é o resultado de anos de trabalho do autor
na preparação e pregação de preciosas mensagens
que ajudaram na fascinante tarefa de edificação da
Igreja de Cristo. Pastores e líderes encontrarão aqui
um arsenal de recursos que irá ajudá-los no
desempenho do seu ministério.

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PROIBIDA REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL SEM AUTORIZAÇÃO. LEI Nº 9610/93


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incentivá-lo a tornar-se cada vez mais um lider
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O Segredo da Longevidade
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