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A Cripta do Medo.
— CAPÍTULO UM —
Profeta Diário
Não demorou nada e a Defesa Contra as Artes das Trevas se tornou tão
monótona quanto poderia ser. Suas aulas seguintes tinham sido tão interessantes
e monótonas quanto a primeira.
Amin estava começando a temer também as horas que passava na sala
sufocante da Profª Sibila, decifrando formas e símbolos enviesados. Não
conseguia gostar da matéria, e sua ideia de estudar Adivinhação para obter
controle das visões sobre as criptas logo ficaram de lado.
Trato das Criaturas Mágicas estava se tornando uma matéria muito
divertida e interessante. Depois da primeira aula com os Caranguejos de Fogo
vieram os Tronquilhos, bichos gravetos guardiões de árvores que em geral
vivem em árvores próprias para varinhas. Foi divertido alimentá-los com
bichos-de-conta e ovos de fada, apesar de que a última experiência com fadas de
Amin tinham sido para ajudá-las.
Mas, em meio a todas essas aulas, um assunto chamou ainda mais a
atenção de Amin. Animagos. Desde a primeira aula, Amin ficou pesquisando
sobre o assunto com a ajuda de seus amigos. Todos estavam interessados no
assunto desde que a Profª McGonagall falou a respeito, mas Amin estava
disposto a ir além.
– Quanto mais eu penso no assunto, mais gosto da ideia de me tornar um
animago. – falou Amin para os amigos enquanto estudavam o assunto na
biblioteca.
– A Profª McGonagall disse que era muito perigoso e doloroso. Mas acho
que é possível. – disse Rowan. – Achei um livro sobre o assunto.
– Sabe o que precisaríamos para o processo? – perguntou Amin.
– Sim. Em resumo precisaríamos de uma folha de mandrágora, um vidro
de cristal, uma colher de prata, um fio de cabelo de quem vai viver o processo,
uma gota de orvalho e uma crisalida de uma acherontia.
– Parece complicado. – disse Penny.
– E é. A maioria dos ingredientes precisam ser colhidos ou utilizados em
condições bem específicas.
– Eu gostaria de tentar. – disse Amin, e todos olharam para ele. – Acho
que ser um animago poderia ajudar em alguma cripta. Imaginem se houver uma
cripta com lobisomens. Animagos não me atacariam se eu estivesse
transformado.
– Bom, eu estou dentro. – disse Rowan.
– Eu ajudo também. A poção envolvida no processo precisa ser feita da
forma certa, ou pode dar tudo errado. – disse Penny.
– Se é assim também quero ajudar. – disse Tonks.
– Obrigado pessoal. – agradeceu Amin.
– Bom, para começar é melhor esperarmos uns dias e nos dividirmos para
ir colhendo os ingredientes. Se tudo der certo Amin se tornará um animago até o
dia das bruxas.
Todos concordaram e nos dias seguintes se dividiram para obter tudo.
Amin ficou de conseguir folhas de mandrágora, o que não foi difícil, pois a
Profª Sprout tinha um estoque e aceitou entregar. Penny conseguiu o vidro de
cristal e a colher de prata facilmente do seu estoque de poções, e, junto com
Tonks, foi atrás da crisálida nos jardins. Já Rowan ficou de ir atrás de uma gota
de orvalho, mas que estivesse em um local sem contato com o sol e nem com
pessoas.
Apesar de ainda não ter conseguido o orvalho, quando chegou na metade
do mês, Rowan aconselhou que Amin iniciasse o processo.
Você tem que manter uma folha de mandrágora na boca por um mês, até
a lua cheia do mês que vem. Não tire, não engula, não….
– Já entendi. – disse Amin e pôs a folha na boca. Ela era pequena, e não
tinha um gosto tão ruim.
Foi complicado passar dias e dias com a folha. Nas aulas, Amin falou o
mínimo possível, mas a dificuldade maior foi não engolir a folha durante as
refeições.
Após três semanas, já no início de outubro, porém, Amin teve algo a mais
com que se ocupar. A temporada de quadribol se aproximava e Orion, capitão
do time da Lufa-Lufa, convocou uma reunião para uma noite de sexta-feira.
Havia sete jogadores num time de quadribol: três artilheiros, cuja função
é marcar gols fazendo a goles (uma bola vermelha do tamanho de uma bola de
futebol) passar por um aro no alto de uma baliza de quinze metros de altura
fincada em cada extremidade do campo; dois batedores, armados com pesados
bastões para repelir os balaços (duas bolas pretas maciças que voavam para
todos os lados tentando atacar os jogadores); um goleiro, que defendia as
balizas e um apanhador, que tinha a função mais difícil de todas, a de capturar o
pomo de ouro, uma bolinha alada do tamanho de uma noz, cuja captura
encerrava o jogo, e garantia para o time do apanhador cento e cinquenta pontos
a mais.
Orion era um rapaz tranquilo e sereno. Tinha uma calma na voz quando
se dirigiu aos cinco companheiros de equipe nos gelados vestiários, localizados
nas pontas do campo de quadribol, agora quase escuro.
– Bem-vindos. Ano passado não conseguimos conquistar a taça de
quadribol, mas este ano vamos dar o nosso melhor para obtê-la. Devemos trilhar
esse caminho juntos dando o nosso melhor….
– Tá bom. – Interrompeu Skye, uma garota de cabelos castanhos e
mechas marrons que muitas vezes queria tomar as rédeas da equipe. – Vamos
logo para o campo praticar. Desde minha contusão que não pratico.
– Bom, antes, temos uma situação para resolver. Caso não tenham notado,
a Bean não está entre nós.
– Que houve com ela? – perguntou Skye.
– Foi removida do time por causa de suas notas. Ela estava se dedicando
tanto ao quadribol que negligenciou as aulas e acabou sendo proibida de voltar
ao time esse ano.
– Isso é terrível! – exclamou a outra batedora.
– Exatamente. E, para resolver isso, precisaremos fazer testes. Alguns
alunos querem entrar para o time, e, para fazer a melhor escolha, quero que
vocês compareçam no teste amanhã. Veremos assim se é melhor conseguirmos
um novo batedor, ou um de nós virarmos um.
– Eu sei jogar em todas as posições. – disse Skye.
– Ótimo, mas amanhã veremos quem deve ser o novo batedor e, se for o
caso, o novo artilheiro. Nos vemos amanhã.
Skye ficou um tanto irritada que eles não treinassem, apesar da ausência
da Bean, mas Amin ficou satisfeito que a reunião tivesse acabado rápido e que
ele não tivesse que falar. Não que ele não conseguisse falar com a folha na
boca, mas era um tanto desagradável.
Quando deixaram a mesa da Lufa-Lufa depois do café da manhã do dia
seguinte para ir ao campo de quadribol, Rowan recordou, pela milésima vez,
que Amin não poderia remover a filha de mandrágora, mesmo durante os testes
de quadribol. Durante a descida para o estádio, caiu uma chuva fria e nevoenta,
mas os testes não foram adiados por isso.
Os testes ocuparam a maior parte da manhã. Metade dos alunos da Lufa-
Lufa parecia ter comparecido, desde os do primeiro ano, que seguravam
nervosos uma seleção de horríveis vassouras velhas de escola, até os do sétimo,
que, por serem muito mais altos que os demais, aparentavam um ar tranquilo e
superior. Até Penny e Tonks compareceram.
Orion fez um teste de voo seguido por um de equilíbrio, pedindo aos
candidatos para se dividirem em grupos, voarem pelo campo e ficarem com um
só pé na vassoura enquanto esta estivesse no ar, por algum tempo. A maioria
não era muito boa em voar, a começar por Tonks, e nem em equilíbrio, não
conseguindo ficar nem dez segundos de pé na vassoura.
Depois de uma horas, muitas reclamações contra os pedidos de Orion e
vários acessos de raiva, Orion descobrira cinco candidatos que conseguiram
passar pelos seus testes, e que tinham habilidade, alguns para artilheiro, outros
para batedor, sendo um deles a artilheira que jogou quando Skye não pôde
jogar na temporada anterior.
– Agora nossos artilheiros e nossa batedora jogaram com vocês, e
veremos quem entrará no time. – disse Rowan, e lançou para eles a goles e os
dois balaços, que saíram em direção aos candidatos.
Skye e Amin eram, de longe, os melhores artilheiros, e Skye se destacou
também como batedora. Com meia hora de testes, Orion pediu que todos
descessem, porém, ocorreu uma situação inesperada. Assim como na primeira
partida que Amin assistiu na escola, um balaço descontrolado foi em direção a
uma pessoa, desta vez Murphy, que estava assistindo ao treino em sua cadeira
de rodas. Os batedores já tinham depositado os bastões no chão, mas Amin,
instintivamente, voou em direção a um dos bastões, pegou-o, e impulsionou a
vassoura em direção a Murphy. Diferente da última partida que jogou, em que
ele se usou como escudo, ele rebateu o balaço com o bastão, salvando Murphy.
– Você está bem, Murphy? – perguntou Amin descendo da vassoura ao
lado dele enquanto os outros candidatos a batedor guardavam o balaço rebatido.
– Estou mais do que bem. Isso foi incrível, Amin!
– Foi igual a quando eu te salvei do balaço rebatido pela Rath. – disse
Skye, pousando ao lado dos dois.
– É, acho que sim. – disse Amin, evitando falar muito por causa da folha
de mandrágora.
– Venham todos, vou anunciar o novo membro do time. – disse Orion.
Para surpresa de Amin, ele ficou como batedor do time, e não como
artilheiro, e em seu lugar como artilheiro ficou um garoto, o mesmo que na
temporada passada tinha substituído Skye durante sua contusão no jogo contra a
Corvinal. Skye não gostou que Orion tivesse prefiro Amin a ela, e, desde então,
começou a ser mais fria com Amin.
Cheio de determinação, o time começou os treinos, três noites por
semana. O tempo estava ficando mais frio e mais úmido, as noites mais escuras,
mas não havia lama nem vento nem chuva que pudesse empanar a visão
maravilhosa de Amin de finalmente ganhar a enorme Taça de Quadribol de
prata. Todavia, ele não era tão bom como batedor como era como artilheiro, e
precisou de toda a ajuda de Murphy e da outra batedora do time para melhorar o
seu desempenho. Skye, por outro lado, negou ajudá-lo, o que fez Amin
questionar se tinha feito algo de errado, mas Skye não queria falar com ele a
respeito.
Amin voltou à sala comunal da Lufa-Lufa certa noite depois do treino,
enregelado, os músculos endurecidos, mas satisfeito com o aproveitamento do
treino, e encontrou Rowan, Penny e Tonks conversando.
– Olá Amin. Primeiro fim de semana em Hogsmeade – disse Penny
animada apontando para uma nota que aparecera no escalavrado quadro de
avisos. – No fim de outubro, Dia das Bruxas.
– Poderemos visitar a Zonko’s! Comprar alguns chumbinhos
fedorentos…. – disse Tonks.
– E tem mais! Amanhã é lua cheia! Vamos poder ir para a próxima etapa
do processo para se tornar animago, e, quem sabe, você poderá já ser um
quando visitarmos Hogsmeade.
– E os outros ingredientes para a poção? – perguntou Amin.
– Já conseguimos tudo. Penny achou a crisalida e, graças a chuva,
conseguirei pegar o orvalho para pôr na poção.
Amin mal podia esperar pela noite seguinte, pois fazia tempo que queria
se livrar da folha de mandrágora. Era muito chato ficar com ela dia e noite, mas,
graças a Rowan, pelo menos ele não teve que ouvir perguntas sobre a folha, pois
Rowan havia usado um feitiço para tornar a folha imperceptível.
Chegada à noite de lua cheia, Amin foi com Rowan e Penny até o campo
de quadribol, levando sua vassoura consigo sobre o pretexto de treinar.
Chegando lá, olhou para o céu e, por sorte, o céu estava limpo e sem nuvens, e a
lua estava bela.
Amin retirou a folha da boca e depositou no frasco de cristal que Penny
trouxe consigo. Em seguida, arrancou um fio de seu cabelo e pôs também no
frasco.
– E agora? – perguntou Amin sentindo alívio em falar sem a folha.
– Agora precisamos da gota de orvalho. – disse Penny.
– Venham comigo. – disse Rowan.
Amin e Penny seguiram Rowan até o Salgueiro Lutador, uma árvore
grossa cheia de ramos que se movia ameaçadoramente contra tudo o que se
aproximasse dela.– Que vamos fazer?
– A gota de orvalho está na passagem secreta do salgueiro. Ninguém vai
até ela, e não há luz por lá. Com as chuvas deve haver pelo menos uma gota lá
que possamos colher, e, como você me disse uma vez, há um nó no Salgueiro
que podemos apertar para entrar.
Amin ficou impressionado com o plano de Rowan. Como Lupin o
ensinara no ano anterior, ele levitou um graveto e atirou-o sobre o nó do
salgueiro. Abruptamente, como se o salgueiro tivesse se transformado em pedra,
ela parou de se movimentar. Sequer uma folha virava ou sacudia.
– Agora, Amin, use sua vassoura…. Você deve entrar no túnel, colher o
orvalho com uma colher de prata e pôr na poção. Não pise no local, ou não
funcionará.
Falar era mais fácil do que fazer, mas Amin obedeceu. Subiu na vassoura,
pegou a colher que Penny trouxe consigo e, voando, foi em direção ao túnel
apertado. Ele mal pôde planar lá, mas tinha que fazer o esforço. Iluminou o
tuneis com sua varinha e procurou um pouco no túnel até achar o orvalho.
Colheu-o com a colher de prata e voltou para fora do túnel.
– Aqui está.
– Ótimo. – disse Rowan. – Agora, Penny, é com você.
Penny pegou o frasco e adicionou nele a crisálida que trouxe consigo, e,
em seguida, depositou-o de volta no túnel, voltando em seguida de mãos vazias
e olhos fechados.
– Penny? Você está bem? – perguntou Amin estendendo a mão para
ajudá-la a sair do túnel.
– Sim. Não podemos olhar para o frasco até a próxima tempestade de
raios. – disse ela.
– Exatamente – confirmou Rowan. – devemos ir e esperar até que haja
uma tempestade de raios. Até lá devemos deixar o frasco aí, sem olhar para ele.
Além disso, você deve, todos os dias, no nascer e no pôr do sol, apontar sua
varinha para o coração e recitar: “Amato Animo Animato Animagus”.
Agora que não tinha mais uma folha na boca, Amin passou a conversar
livremente com seus colegas e professores nas aulas. Além disso, no quadribol,
ele poderia agora se aprofundar nas táticas de batedores Murphy queria tanto lhe
ensinar, mas que ele vinha se esquivando por causa da folha. Contudo, quando
foi atrás de Murphy no campo de treinamento, ele não estava só, estava
acompanhado de um aluno da Corvinal moreno de cabelo curto e cachecol roxo
com o simbolo do Orgulho de Portree, um time de quadribol famoso.
– Ah, olá Amin. – disse Murphy quando ele se aproximou.
– Olá. Vim aqui pelos seus conselhos sobre estrategias de batedor.
– Sim, imaginei. Antes, deixe-me apresentá-lo. Este é André Egwu,
apanhador reserva da Corvinal. Ele voa bem, e sabe se vestir bem também.
– Prazer em conhecê-lo. – disse Amin confuso que Murphy estivesse com
um corvino.
– O prazer é meu. – respondeu André.
– Estou dando conselhos para ele sobre apanhadores. Acho que posso
ajudar os dois ao mesmo tempo.
– Devo muito ao Murphy. Ele está me ajudando apesar de eu ser corvino.
– É claro! Tenho conhecimento e quero dá-los a todos que precisarem.
– Inclusive, Amin, reparei nos seus últimos treinos que lhe falta força.
Veja o exemplo da Rath, ela é a melhor batedora do colégio, e sua força é uma
das responsáveis por isso.
Seguindo os conselhos de Murphy, Amin passou a tentar rebater os
balaços com mais força nos treinos, mas não parou por aí. Orion quis dar
conselhos a Amin também, e sugeriu que ele treinasse passar o bastão para os
seus companheiros se fosse necessário. Amin achou uma manobra estranha para
um batedor, mas, pensando melhor, ficou pensando como seria melhor se um
dos batedores tivesse lhe passado o bastão para que ele rebatesse o balaço que
atingiria Murphy, ou se na final contra a Corvinal, quando ele teve que usar o
corpo para proteger o apanhador do time, se lhe tivessem dado o bastão. Assim,
ele ficou treinando o lançamento do bastão junto com sua força.
A véspera do dia das bruxas chegou, Amin já estava ficando bom no
arremesso, e sentia que suas rebatidas estavam ficando mais fortes. Além disso,
apesar de não havia sinal de tempestade de raios até ali, Amin continuava
pronunciando, no nascer e no pôr do sol, o encantamento que Rowan lhe
ensinou.
Na aula de Herbologia, Amin, Tonks e Penny estavam trabalhando juntos
cultivando Urtigas.
– Cuidado, Tonks, cuidado! – exclamou a Profª Sprout quando os Tonks
ia segurar uma urtiga com as mãos nuas. – Os pelos das urtigas queimam.
Penny, por favor, pegue as luvas de dragão, antes que ela se machuque.
– Essa foi por pouco. – disse Amin enquanto Penny se afastava para
buscar uma luva no armário da estufa.
– Que nada, estava tudo sobre controle. – disse Tonks.
– Ah! – gritou Penny, e todos se viraram para ela e perceberam que de
dentro do armário saíra um lobisomem.
– O que? Como um lobisomem foi parar no armário? – exclamou Amin.
– Não foi. Afastem-se! – disse a Profª Sprout se pondo as frentes das
crianças, ao lado de Penny. – Riddikulus!
Ouviu-se um ruído que lembrava o estalido de um chicote, e o lobisomem
diminuiu de tamanho e transformou-se em um filhote de lobo de pelúcia.
Alguns alunos soltaram exclamações e outros riram, e, em seguida, o filhote
explodiu em milhares de fiapinhos minúsculos de fumaça, e desapareceu.
– O que foi aquilo? – perguntou Amin.
– Era um bicho-papão, mas nunca os vi nas estufas. Pedirei ao professor
de defesa contra as artes das trevas que faça uma varredura para garantir que
não encontremos outros por aqui. Estão dispensados mas, antes de ir, como
vocês todos fazem parte da minha Casa, devem me entregar os formulários de
autorização para ir a Hogsmeade ainda hoje. Sem formulário não há visita.
Podem ir.
Penny saiu correndo da sala assim que a professora terminou de falar,
ainda apavorada com o lobisomem. Os outros alunos foram saindo aos poucos
logo depois.
– Achei que eles se transformassem no maior medo da pessoa. O maior
medo da Penny são lobisomens? – perguntou Tonks para Amin enquanto saiam.
– Bom, eles são bem assustadores. – disse Amin tentando desviar o
assunto, pois sabia que o medo de Penny vinha de um incidente com um
lobisomem que matou uma amiga sua a poucos anos, mas não era um assunto a
ser falado abertamente.
A tarde, na hora do almoço, Amin encontrou Penny comendo um tanto
desolada e sozinha, e se sentou ao seu lado.
– Penny, você está bem? Você saiu tão abalada da aula de herbologia.
– Estou bem. – respondeu ela nem um pouco convincente.
– Não sei se acredito. Estou preocupado com você.
– Não se preocupe, estou bem. – disse ela tentando forçar um sorriso, e
Amin deixou o assunto de lado para não forçar a barra.
– Ei! – exclamou Gui que veio se aproximando da mesa da Lufa-Lufa. –
Ouvi falar sobre o bicho-papão na aula de vocês. Muito estranho, não acham?
– Com certeza. – respondeu Amin. – A Profª Sprout disse que nunca os
vira nas estufas antes, e ela deve ensinar há vários anos. Será que teria algo a
ver com as criptas malditas?
– Não sei. Acho que é cedo para tirar essa conclusão, mas você pode falar
com o Hagrid, se tiver algo a ver ele deve deixar escapar. – disse Gui, e,
virando-se para a mesa da Grifinória viu alguns alunos do primeiro ano jogando
comida uns nos outros. – Ei, vocês ai, parem com isso! – gritou ele, e seguiu
correndo para lá.
Era conhecido que Hagrid tinha a boca grande, e que, sob pressão,
dificilmente guardava um segredo. Amin ficou pensando por alguns minutos a
melhor forma de abordar Hagrid sobre o assunto, e, no fim, resolveu ser direto,
imaginando que não haveria nada a ser dito e que sua ideia de que o bicho-
papão teria relação com as criptas era exagerada.
Às cinco para as três ele saiu do castelo e atravessaram a propriedade.
Hagrid morava numa casinha de madeira na orla da Floresta Proibida. Uma
besta e um par de galochas estavam à porta da casa.
Quando Amin bateu à porta ele ouviu uma correria frenética e latidos.
Depois, a voz de Hagrid dizendo:
– Para trás, Canino, Scrapfoot. Atrás.
A cara barbuda de Hagrid apareceu na fresta quando a porta se abriu.
– Ah, Amin, que surpresa.
Ele o fez entrar, e tanto Canino quanto Scrapfoot saltaram para Amin,
lambendo-o. Canino era um cão de caçar javalis, e Scrapfoot um Crupe, uma
criatura mágica que Amin tinha ajudado a criar no ano anterior, semelhante a
um cão, mas com dois rabos.
Havia apenas um aposento na cabana sala e quarto, que tinha uma cama
enorme em um canto, e uma lareira com um fogo vivo no outro.
– Fique à vontade – falou Hagrid.
– Obrigado. – disse Amin se livrando da lambida dos cachorros e
percebendo uma caixa no canto cheio de vermes marrons, sem dentes, cada um
com cerca de trinta centímetros.
– São vermes cegos. Estou cuidando deles. – disse Hagrid, antes mesmo
que Amin perguntasse a respeito. – Mas como posso lhe ajudar?
– Bom, hoje na aula apareceu um bicho-papão nas estufas. Achei
esquisito, e vim perguntar se você sabia de algo.
– Bicho-papão? Faz tempo que não vejo um. Acho que desde que…
– Desde quando?
– Ah, bom, desde que seu irmão estudava aqui. Inclusive, ele também
veio me perguntar a respeito.
– Meu irmão? Por que ele queria saber sobre eles?
– Bom… Ta, a verdade é que alguns deles apareceram pela escola e seu
irmão achava que tinham relação com uma cripta maldita, como uma espécie de
defesa da cripta, se alimentando do medo de quem tentasse se aproximar dela.
Mas imagino que seu irmão estivesse apenas obcecado demais com as criptas na
época.
– Já que falou do meu irmão, sabe se ele tinha algum aposento particular?
– Não que eu saiba. Ele passava muito tempo do Três Vassouras com
alguns amigos nos passeios à Hogsmeade. Imagino que falava muito com a
Madame Rosmerta, a dona do bar, mas não acho que possa chamar lá de um
aposento particular.
Amin ficou pensativo com as informações que Hagrid lhe deu. Não
imaginava que sua teoria sobre uma relação entre cripta e bicho-papão fosse ser
compartilhada por seu irmão, e ficou ainda mais ansioso para ir até Hogsmeade
e visitar o Três Vassouras.
— CAPÍTULO CINCO —
Hogsmeade
Nos dias que se seguiram não se falou de mais nada na escola senão dos
bichos-papões. Eles não tinham aparecido apenas na entrada do salão comunal
da Lufa-Lufa, mas também nas proximidades de todos os outros salões. Ao
perguntarem ao professor de defesa contra as artes das trevas, ele apenas disse
que era normal haver bichos-papões escondidos em todo o tipo de canto, mas
que os professores estavam fazendo uma limpa no colégio, e logo retomou a
aula.
Vários alunos acreditaram no professor, mas Amin e seus amigos
desconfiavam que, como Hagrid tinha dito, os bichos-papões estivessem
aparecendo por causa de alguma cripta.
Independente do surgimento dos bichos-papões, a temporada de quadribol
estava cada vez mais próxima. Em uma semana haveria o primeiro jogo da
Lufa-Lufa contra a Sonserina, e Amin teve que fazer treinos dobrados para
aprender técnicas de batedores para o jogo. Por causa disso, ele deixou que
Tonks se responsabilizasse pela recuperação do caderno, e se dedicou
inteiramente aos treinos.
O tempo foi piorando dia a dia, à medida que a primeira partida de
quadribol se aproximava. Sem desanimar, a equipe da Lufa-Lufa treinava com
mais vigor que nunca sob o olhar vigilante de Madame Hooch, que passara a
supervisionar os treinos de todas as equipes para se precaver de eventuais
surgimentos de bichos-papões nos vestiários depois que um deles apareceu e
afugentou uma estudante, que, no desespero, acabou batendo a cabeça e indo
parar na enfermaria.
Independentemente dos bichos-papões, do caderno, e dos treinos, Amin
continuava todos os dias a preparação para se tornar animago. Alguns dias ele
quase esquecia de pronunciar o encantamento, mas Rowan não o deixava
esquecer, e chegara ao ponto em que ele pronunciou o encantamento e sentiu o
pulsar como que de um segundo coração no seu peito. Tudo estava bem
encaminhado.
No último treino antes do jogo de sábado, Amin tinha finalmente
dominado o Rebate Falso, e Orion deu ao time algumas palavras de
encorajamento.
– Agora vamos descansar e refletir bem para dar o nosso melhor no jogo.
– concluiu Orion.
Um dia antes da partida, o vento começou a uivar e a chuva a cair com
mais força que nunca. Estava tão escuro nos corredores e salas de aula que foi
preciso acender mais archotes e lanternas.
– Amin, não se esqueça! Ao primeiro sinal de tempestade, você deve ir lá
fora, pegar a poção quando os raios começarem a cair, pronunciar o
encantamento uma última vez e bebê-la. Se os raios caírem e você não fizer
isso, vai ter que recomeçar todo o processo. – lembrou-lhe Rowan durante o
almoço no salão principal.
– Só espero que a tempestade de raios não caia durante o jogo. – disse
Amin.
Além dos constantes avisos de Rowan, Murphy não parava de correr para
ele nos intervalos das aulas para lhe passar novas dicas de batedor em vista do
jogo no dia seguinte. A terceira vez que isto aconteceu, Murphy falou tanto
tempo que Amin quase se atrasara para a aula de Defesa Contra as Artes das
Trevas.
Amin foi acordado extremamente cedo na manhã seguinte; tão cedo que
ainda estava escuro. Por um momento pensou que tinha sido acordado pelos
rugidos do vento, mas então ouviu Rowan chamando o seu nome.
– Acorda Amin. É agora ou nunca!
Amin tateou procurando o despertador e olhou para o mostrador. Eram
quatro e meia.
– O que houve? – perguntou ele sonolento.
– Você esqueceu? A poção para se tornar animago. Você tem que ir!
Quando Amin finalmente entendeu o que Rowan queria dizer, ele deu um
salto da cama. Se vestiu depressa, apanhou a Comet 260 e saiu do dormitório
com Rowan logo atrás.
O caminho estava livre, e, chegando do lado de fora, viu que o céu estava
muito propicio para uma tempestade de raios. Subiu na sua Comet e foi voando
até o salgueiro lutador. Quando chegou até o salgueiro ele viu o primeiro raio
cair. Não tendo tempo de imobilizar o salgueiro, Amin foi com tudo, com a
vassoura, para o túnel. O salgueiro teve tempo de reagir à aproximação de
Amin, mas este conseguiu desviar e entrar no túnel, seguindo se batendo nas
paredes até onde estava o frasco que guardara.
Ao chegar ao frasco, Amin iluminou o túnel com a varinha e reparou que
ele continha uma pequena dose de uma poção avermelhada, conforme Rowan
tinha dito outrora que deveria acontecer.
Amin carregou o frasco consigo pelo túnel, ansioso para chegar à casa
dos gritos para tomar a poção e utilizar o feitiço para se tornar, finalmente, um
animago. Ele caminhou o mais rápido que pôde, quase dobrados em dois; A
passagem parecia não ter fim, mas, finalmente, começou a subir, e momentos
depois ele viu um espaço mal iluminado por meio de uma pequena abertura.
Ele parou para recuperar o fôlego e depois avançou lentamente até um
quarto, muito desarrumado e poeirento, com papel descascando das paredes,
manchas por todo o chão, móveis quebrados, e janelas vedadas com tábuas.
– É agora. – disse Amin pegando a varinha e encostando-a no peito. –
Amato Animo Animato Animagus. – E tomou o gole da poção.
Uma dor flamejante se alastrou por todo o corpo de Amin, seguido de um
desconforto que começou a assustá-lo. Ele já não tinha a quem pedir socorro, e
nem sabia se aquilo deveria acontecer, mas logo que fechou os olhos lhe veio a
sua mente a imagem de um grande lobo. Em seguida ele começou a sentir um
segundo batimento cardíaco em seu peito, mais concreto e forte que sentira
anteriormente, junto com dores e desconfortos cada vez maiores, e, finalmente,
Amin deixou de ser um homem, suas roupas se fundiram a pele e ele se tornou o
lobo que tinha visualizado.
Sua forma de lobo tinha pelos brancos na maior parte do corpo, e
castanhos na parte superior. Tinha olhos castanhos claros como na sua forma
humana, e marcas nas patas dianteiras que lembravam as cicatrizes que tinha
nas mãos.
Após a transformação, Amin ficou parado por alguns segundos enquanto
reparava que a dor, o susto e o desconforto desapareceram. Em seguida
começou a se mover pelo quarto, ainda se acostumando a nova forma. Demorou
alguns minutos até que ele se sentisse bem com aquilo, e, para sua surpresa, ele
começou a sentir o cheiro de Rowan, e a ouvi-lo se aproximando. Seus sentidos
haviam se tornado mais aguçados na forma de lobo, e quando Rowan
finalmente apareceu no quarto, Amin ficou contemplando-o.
– Amin, é você? – perguntou Rowan um tanto acuado de ver o enorme
lobo diante de seus olhos.
O lobo confirmou com a cabeça, mas logo reparou que não era capaz de
falar naquela forma, pois ao tentar falar emitiu apenas um uivo que assustou
Rowan. Porém, depois do primeiro susto, Rowan deixou o susto de lado e olhou
para o lobo fascinado.
– Que bom que deu tudo certo. E que forma incrível. Mas acho que é bom
você voltar à forma humana. Li que você só precisa visualizar sua forma
humana e assim retornará a ela.
Inicialmente, Amin não conseguiu voltar a sua forma humana. Ele tentava
se visualizar como homem, mas tinha dificuldades, e somente depois de alguns
minutos ele conseguiu, e, depois de sentir novamente certo desconforto, voltou
à forma humana. Suas roupas e varinha também ressurgiram junto a ela.
– Qual a sensação? – perguntou Rowan depois que Amin se sentou em
um dos moveis do quarto para se recuperar.
– Terrível no início. Mas a euforia por termos conseguido supera tudo.
Quando Amin e Rowan retornaram pela entrada do Salgueiro Lutador,
este ainda estava imóvel (Rowan tinha apertado o nó), e o céu ainda continuava
tempestuoso, mas eles seguiram para o castelo protegidos da chuva por um
feitiço impermeabilizante de Rowan.
Amin viu se sentiu um tanto apreensivo quando chegou minutos depois
para o café da manhã, mas se reanimou um pouco com uma grande tigela de
mingau de aveia, e, no momento em que começou a comer torradas, o restante
da equipe aparecera no Salão.
– Vai ser uma partida dura – comentou Murphy, que não perdia a chance
de se juntar à equipe.
– Pare de se preocupar, Murphy – disse Skye confiante –, não vamos
derreter com uma chuvinha à toa, e venceremos como no ano passado.
Era muitíssimo mais do que uma chuvinha. Mas tal era a popularidade do
quadribol que a escola inteira apareceu para assistir à partida, como sempre. Os
jogadores, no entanto, desceram os jardins em direção ao campo, as cabeças
curvadas contra a ferocidade do vento, os guarda-chuvas arrancados de suas
mãos. Pouco antes de entrar no vestiário, Amin viu Rath a caminho do estádio,
e sentiu-se mais nervoso, pois ele era um batedor novato e ela, muito mais
experiente, o assistiria.
O time vestiu o uniforme amarelo e aguardou o discurso de Orion que
antecedia as partidas.
– A Sonserina pode ter treinado muito depois de ficar em último lugar na
copa de quadribol na temporada passada, mas nós também nos dedicamos nos
nossos treinos, e, mesmo diante dessa tempestade, vamos caminhar juntos para
a vitória do nosso primeiro jogo!
Todos se animaram com as palavras, e seguiram Orion quando este fez
sinal para os companheiros o seguirem para o campo. O vento estava tão forte
que eles entraram em campo cambaleando para os lados. Se os espectadores
estavam aplaudindo, os aplausos eram abafados por novos roncos de trovão.
Os jogadores da Sonserina se aproximavam pelo lado oposto do campo,
usando vestes verdes. Os capitães foram ao encontro um do outro e se apertaram
as mãos. Amin viu a boca de Madame Hooch formar as palavras “Montem em
suas vassouras”. Ele puxou o pé direito pingando lama e passou-o por cima de
sua Comet 260. Madame Hooch levou o apito à boca e soprou, um som agudo e
distante – e a partida começou.
Amin subiu depressa, mas o vento puxava sua Comet ligeiramente para o
lado. Ele a segurou o mais firme que pôde e deu uma guinada, apertando os
olhos contra a chuva.
Cinco minutos depois, estava molhado até os ossos e enregelado, mal
conseguia ver os companheiros de equipe e muito menos os balaços. Apesar
disso, voou próximo dos artilheiros, para a frente e para trás, cruzando o campo
com eles, e deixando pelo caminho vultos difusos amarelos, sem ter a menor
ideia de como protegeria os jogadores. Não conseguia ouvir os comentários de
Murphy por causa do vento. Os espectadores se ocultavam sob um mar de capas
e guarda-chuvas arrebentados. Duas vezes Amin conseguira rebater os balaço,
mas sem conseguir mirar bem.
Amin perdeu a noção do tempo. Tinha cada vez maior dificuldade de se
manter aprumado na vassoura. O céu escurecia, como se a noite tivesse decidido
chegar mais cedo; todos agora estavam tão encharcados, e a chuva tão grossa
que ele mal conseguia distinguir alguém. Foi então que ele teve uma ideia para
melhorar a situação da chuva, e voou até perto de Orion para que ele pedisse
tempo.
Ouviu-se, instantes depois, o som do apito de Madame Hooch; os
jogadores conseguiu mal e mal discernir, através da chuva, os contornos de
Orion, que fazia sinal para eles pousarem, mas em instantes o time inteiro
enfiou os pés na lama.
– Amin queria pedir tempo. – disse Orion calmamente para seu time. –
Venham até aqui embaixo…
Os jogadores se agruparam na borda do campo debaixo de um grande
guarda-chuva.
– E então, Amin, por que pediu tempo? – perguntou Skye incomodada.
– Estamos cinquenta pontos atrás, mas podemos reverter a situação
capturando o pomo.
– Isso já sabemos. – disse Skye.
– A chuva está atrapalhando, mas lembrei-me de um feitiço que Rowan
usou e que pode aliviar a situação da chuva para nós. Ficaremos na vantagem. –
continuou Amin e, tirando a varinha das vestes, exclamou – Impervius!
Todos ficaram olhando, sem saber o que o feitiço tinha feito. Amin saiu
de baixo do guarda-chuva, e a água da chuva parou de atingi-lo, sendo rebatidos
antes de baterem em seu corpo.
– Incrível! – exclamou Orion.
Amin voltou ao guarda-chuva e executou o feitiço sobre cada um dos
membros do time.
– O feitiço não vai durar tanto, mas vai nos dar vantagem por um tempo,
e devemos pegar o pomo neste tempo.
– Ouviram ele. – disse Orion.
– Vamos arrebentar! – gritou Skye, evitando o olhar de Amin, e todos
voltaram para o campo.
Apesar de o frio continuar, Amin agora conseguia ver com mais clareza
os jogadores. Em menos de um minuto ele já conseguira rebater um balaço na
direção de um dos atacantes da Sonserina que estava com a posse da goles, e
pouco depois rebater outro quando eles retomaram a goles e estavam perto de
marcar mais um gol.
Depois de alguns minutos, o efeito do feitiço começou a se dissipar, mas
Amin teve tempo para mandar um balaço no goleiro adversário. Por fim, Amin
salvou a apanhadora do time enquanto esta perseguia o pomo, mandando um
balaço diretamente no apanhador adversário, conforme lembrava que Rath
fazia, por meio de um Rebate Falso, no qual ele fingia rebater o balaço para
frente, mas o rebatia para trás. Com isso a apanhadora da Lufa-Lufa conseguiu
seguir até o pomo, e pegá-lo.
– A apanhadora pegou o pomo! A Lufa-Lufa venceu a primeira partida da
temporada! – gritou Murphy da cabine de narração.
Soou o apito de Madame Hooch. Amin se virou no ar e se juntou aos
outros seis membros do time; no momento seguinte, o time abraçava ele e Skye,
que tinha jogado brilhantemente, com tanta força que eles quase foram
arrancados da vassoura. Ouvia-se lá embaixo os brados da torcida da Lufa-Lufa
em meio aos espectadores.
– Brilhante! – Murphy não parava de berrar da cabine de narração.
Em completa desordem, eles conseguiram voltar ao campo. Amin
desmontou a vassoura, levantou a cabeça e viu um bando de torcedores da Lufa-
Lufa saltar para dentro do campo.
Após alguns minutos de euforia, ele e o restante do time rumaram, ainda
de vestes amarelas, para fora do estádio e de volta ao castelo. A festa no salão
comunal durou o dia inteiro e se prolongou até tarde da noite. Todos os doces
comprados na Dedosdemel foram consumidos na comemoração e, para fechar a
noite, Tonks veio até Amin e lhe entregou o caderno do seu irmão.
– Como você…?
– Pus uma Xícara que Morde numa caixa na entrada da sala do Filch hoje
a tarde. Ele achou que era algum presente, mas logo que abriu recebeu uma bela
de uma mordida e saiu da sala correndo. Entrei e ainda deixei um Frisbee
Dentado na porta enquanto eu procurava o caderno. Quando a Madame Nor-r-a
foi entrando, foi perseguida por pelo Frisbee e saiu disparada pelo corredor com
o Frisbee atrás. Demorei para achar por que tinha muita coisa naquela sala, a
maioria confiscada de algum aluno, mas achei-o dentro de uma gaveta. Ela até
estava trancada. Acho que Filch esqueceu que aqui é uma escola de magia. Um
simples “Alohomora” e pronto.
– Muito obrigado! – disse Amin recebendo o caderno. A noite não
poderia ser melhor.
— CAPÍTULO SETE —
Talbott
Merula ficara indignada e levou uma detenção, mesmo após o fim dos
exames, de Snape por tê-lo feito ir até a biblioteca sem que tivesse alguém lá.
Rowan fora levado por Gui antes que eles chegassem, e não apresentou
nenhuma sequela do feitiço lançado por Ismelda.
Apesar de todos irem em cima de Amin saber o que houve na cripta,
Amin pediu que todos esperassem a ida a Hogsmeade no dia seguinte para
contar tudo.
Rowan foi o único a quem Amin contou, no dormitório, sobre os eventos
da cripta e os objetos achados, e Rowan pediu para ficar com o mapa para ver
de onde ele seria.
Em meio ao calor sufocante e ao fim dos exames todos foram
aproveitando ao máximo a última visita a Hogsmeade. Amin e todos os seus
amigos, incluindo agora Barnaby, foram se reunir no Três Vassouras, com
exceção de Tonks que estava em detenção por causa da Mandragora na
biblioteca.
– Um brinde ao nosso desfazedor de feitiços! – disse Tulipa levantando
uma cerveja amanteigada, e todos levantaram as suas para brindar.
– A todos nós, eu não teria conseguido sem vocês.
Amin contou, finalmente, o que todos queriam saber, começando pela
entrada na biblioteca e na seção reservada.
– Merula está em detenção. – disse Barnaby quando Amin contou sobre
ela. – Não conseguiu convencer Snape sobre nós e a cripta.
– Sem provas, ela não vai poder fazer nada. – comemorou Ben.
Em seguida Amin contou sobre as aparições na cripta, como deteve-as, e
como abriram a cripta com a varinha de Jacob.
– E o que tinha dentro da cripta? – perguntou Gui.
– Um mapa e uma flecha. – respondeu Amin.
Rowan mostrou o mapa que estava analisando.
– Parece que é da floresta proibida. – disse ele.
Amin olhou-o com atenção, e reparou o local da alcateia de lobos que ele
visitara como animago.
– Parece mesmo…
– E também, parece ter sido feito a mão. Se foi o Jacob, ele deve ter
gastado muito tempo pela floresta para conseguir fazê-lo, ou seja…
– A próxima cripta pode estar lá? – perguntou Gui.
– É o meu palpite. – disse Rowan.
– E a flecha? – perguntou Carlinhos.
– Deixei no meu dormitório. – respondeu Amin. – Ela está sem a ponta,
mas não parece ter nada de mais.
– Vocês repararam nessa letra “R” no mapa? – perguntou Penny,
apontando.
Amin se assustou ao ouvir, e olhou para onde Penny apontava. Rowan
também olhou, e, em seguida, virou-se para Ben.
– Isso te lembra algo?
– Como assim?
– Ano passado encontramos cartas transfiguradas assinadas com a letra
“R”, e, ao que tudo indica, eram para você.
– Não… Não me lembro de nada depois que fui congelado naquele
corredor.
– Tem certeza? Nadinha?
– Pega leve, Rowan. – disse Amin, que sabia que Rowan guardava
desconfianças de Ben desde aquela época. – Ben está do nosso lado.
– Hum. De todo modo, esse mapa pode nos levar a saber mais sobre “R”.
– É. Vamos analisá-lo com calma nas férias, e ano que vem vasculhar a floresta.
– Estou dentro! – exclamou Carlinhos.
– Bom, até lá, vamos comemorar a vitória sobre a última cripta. – disse
Gui.
Todos beberam e jogaram conversa fora por mais de uma hora. Amin
ficou satisfeito por ter feito tantos amigos e por estar um passo mais perto de
encontrar seu irmão, e aproveitou como nunca.
Quando estava se levantando para sair, Amin deparou-se com
Dumbledore e Hagrid sentados em uma mesa próxima, e o diretor levantou-se
quando viu Amin levantando.
– Olá Amin, não quis interromper.
– Prof. Dumbledore, que surpresa.
– Imagino que não saiba nada sobre o repentino desaparecimento de
bichos-papões na escola.
– É…
– Como imaginei. Bom, saiba que não vou censurá-lo por ter
desobedecido às regras novamente, mas vim notificá-lo que ano que vem
teremos alguém mais capacitado a resolver problemas com as criptas, caso
ocorra algo.
– Como assim?
– Me encontre na minha sala amanhã, acho que certos assuntos não
devem ser conversados em um bar tão movimentado. A senha é Sorvete.
Dumbledore foi embora com Hagrid, e Amin ficou pensando no que
Dumbledore teria a dizer, mas preferiu não tirar a paz dos outros amigos falando
a respeito.
No dia seguinte, Amin atravessou os corredores, ansioso, pensando no
que Dumbledore lhe contaria. O garoto passou direto até a gárgula que guardava
a entrada do escritório de Dumbledore
– Sorvete.
A gárgula ganhou vida e saltou para o lado. Ele passou depressa pela
abertura nas paredes e pisou no patamar de uma escada em espiral, que se
deslocou lentamente para o alto, ao mesmo tempo em que as portas se fechavam
às suas costas, levando-o até uma porta de carvalho polido com uma maçaneta
de latão.
Amin bateu à porta, ela abriu e ele entrou. Já estivera antes no escritório
de Dumbledore; era uma bela sala circular, coberta de retratos de diretores e
diretoras que o antecederam em Hogwarts, os quais dormiam a sono solto, o
peito arfando suavemente.
Fawkes, a fênix de Dumbledore, estava parada em seu poleiro de ouro ao
lado da porta. Do tamanho de um cisne, uma magnífica plumagem vermelha e
dourada, a ave balançou sua longa cauda e piscou bondosamente para Amin
quando ele passou por ela, seguindo até a escrivaninha de Dumbledore onde
este o aguardava, e se sentou em uma cadeira diante dela
– E então, antes de eu lhe contar sobre minhas tediosas viagens e sobre a
pessoa que encontrei, porque não me conta sobre suas aventuras?
Amin ficou constrangido, mas, olhando para Dumbledore, sentiu que ele
nunca o puniria por fazer aquilo, e que seria fiel a sua palavra no Três
Vassouras, independente do que contasse. Assim, ele contou-lhe tudo, omitindo,
novamente, sobre os objetos adquiridos na cripta, mas sem muita confiança de
que Dumbledore não fosse capaz de saber sobre eles simplesmente olhando para
Amin.
– Então alguém mexeu com a cripta, liberou a maldição dos bichos-
papões, e você e seus amigos encontraram a cripta e desfizeram-na.
– Sim, mas novamente não sei quem as liberou.
– Eu também não, mas sei que a pessoa que virá ano que vem nos ajudará
a descobrir. – disse Dumbledore e, vendo a confusão de Amin, continuou. – Eu
estive viajando muito este ano, caso não tenha reparado, a procura do melhor
desfazedor de feitiços do mundo, alguém com experiência e capaz de lidar com
as criptas. Em minha busca acabei encontrando-a, uma aluna brilhante, da época
em que minha barba era mais curta. Encontrei-a explorando ruínas no subsolo
de Castelobruxo, a escola de magia brasileira, e ela concordou em vir a
Hogwarts ano que vem.
– Quem é?
– Acho melhor deixar isso em aberto, pois, conhecendo você, iria apenas
aumentar os seus deveres das férias. Tenho esperanças que, ano que vem, você
não precise se meter com as criptas, e, para isso, espero que aproveite as férias
para refletir, e, de certo modo, recomeçar, como a Fawkes. – disse ele
apontando para sua fênix. – Que sempre renasce das cinzas nova.
– Entendo, Prof. Dumbledore. Farei o meu melhor.
E Amin saiu da sala com seus pensamentos muito confusos, e partilhou-
os com Rowan no dormitório, mas ele apenas levantou dezenas de possíveis
candidatos ao cargo.
Os resultados dos exames foram divulgados no último dia do ano letivo.
Amin e seus amigos tinham passado em todas as matérias, e, para sua surpresa,
Amin acabou passando bem em tudo.
O professor de defesa contra as artes das trevas acabou pedindo demissão
do cargo depois que teve que enfrentar tantos bichos-papões, e Amin ficou
imaginando se um dia teriam um professor bom ou, pelo menos, que durasse
mais de um ano.
Gui conseguira excelentes notas nos exames de N.O.M.s. Entretanto, a
casa da Sonserina, Amin não entendeu como, ganhara o Campeonato das Casas,
pelo segundo ano consecutivo. Isto significou que a festa de encerramento do
ano letivo se realizou em meio a decorações verdes e prateadas, e que, na
comemoração geral, a mesa da Sonserina foi a mais barulhenta do Salão. Apesar
disso, Amin, enquanto comia, bebia, conversava e ria com todos, conseguira
esquecer os desafios que o esperariam no ano seguinte.
Quando o Expresso de Hogwarts deixou a estação na manhã seguinte,
Tonks comunicou a Amin que as aventuras daquele ano a fizeram pensar
seriamente em se tornar Auror, e que dali em diante estudaria mais seriamente.
Sentindo-se contente com a decisão de Tonks, e com a companhia de seus
amigos, Amin jogou várias partidas de Snap Explosivo com eles e, quando a
bruxa com a carrocinha de lanches chegou, ele comprou uma pequena refeição
com todo o dinheiro que ainda tinha.
Quando finalmente todos passaram a barreira da plataforma nove e meia
horas depois, Amin localizou sua mãe quase imediatamente. Estava parada
junto do Sr. e da Sra. Weasley, conversando. Depois que ele saldou o Sr.
Weasley e abraçou a Sra. Weasley e sua mãe, ele abriu um largo sorriso e
acompanhou sua mãe para fora da estação, com Noct chocalhando à frente, para
o que prometia ser um verão cheio de surpresas.