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OS MISTÉRIOS DE HOGWARTS:

A Cripta do Medo.

— CAPÍTULO UM —
Profeta Diário

Amin Fidus era um menino bastante fora do comum em muitas coisas.


Para começar, ele não gostava tanto assim das férias de verão, pelo menos não
desde que ele começara na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts dois anos
atrás. Depois, ele realmente queria fazer seus deveres de casa, pois queria se dar
bem no ano seguinte da escola, ainda mais agora que teria matérias novas para
estudar. E, além de tudo, também era bruxo.
Era quase meio-dia e Amin estava deitado na cama com um jornal
(Profeta Diário), aberto. Amin correu os olhos pelas páginas, franzindo a testa,
impressionado com os resultados da copa do mundo que estava ocorrendo:
Os Presunçosos da Patonga levaram o Pegas de Montrose a um empate, para
espanto de grande parte do mundo que joga quadribol, na 420ª copa mundial
de quadribol. Por outro lado, Máximo Brankovitch Neto, capitão e apanhador
da equipe norte-americana, levou a equipe adiante.
Seguindo leitura, deparou-se com uma página inteira dedicada ao assunto
que mais fazia com que ele desejasse voltar a escola:
CRIPTAS MALDITAS REAPARECEM EM HOGWARTS
Novamente o gelo maligno se espalhou pela Escola de Magia e Bruxaria
de Hogwarts, e depois, misteriosamente, desapareceu.
Ficamos a imaginar se Amin Fidus, aluno da mesma escola e irmão de
Jacob Fidus, que foi expulso enquanto investigava as criptas malditas, não
seguiria os passos de seu irmão.
A família Fidus vai continuar se metendo com as criptas? Saberemos no
ano que vem, quando o garoto retornará à escola para o seu terceiro ano.
Amin examinou a foto em movimento abaixo da notícia, e sentiu um
aperto no coração ao ver o rosto do seu irmão tremendo de frio diante de uma
enorme pilar de gelo maligno. Era a foto de um rapaz de olhos castanhos,
possivelmente tirada em um de seus anos em Hogwarts.
Amin já sabia que aquela notícia chegaria uma hora ou outra, e em breve
sua mãe saberia do acontecido e viria brigar com ele por estar se metendo com
as criptas da mesma forma que seu irmão.
Amin e sua mãe, a Sra. Fidus, viviam sozinhos em uma casa simples da
periferia de Londres. Isto porque o Sr. Fidus havia morrido há muitos anos, e o
irmão mais velho de Amin havia desaparecido. Os dois eram bruxos, mas a Sra.
Fidus tomava todo o cuidado com Amin, querendo protegê-lo, a tal ponto que
mesmo sendo bruxa ela não utilizava com frequência sua magia em casa, para
se esconder dos vizinhos trouxas, e era rígida com Amin quanto a sua magia
fora da escola e à sua busca por seu irmão, que já o tinha posto em risco no seu
primeiro ano em Hogwarts, deixando-lhe uma cicatriz nas mãos que nunca
sarara.
Amin tomava muito cuidado para evitar conflitos com sua mãe naquelas
ferias por causa de sua busca por seu irmão, que o levara no ano anterior a
encontrar uma cripta na qual havia a varinha do seu irmão e um diário que
Amin acreditava também pertencer a ele. Para tanto, ele omitiu todas as suas
aventuras e visões envolvendo-o, mas, agora que o Profeta Diário finalmente o
havia anunciado, em pouco tempo sua mãe o chamaria para brigar com ele.
Durante o almoço, sua mãe o chamou mal-humorada para a mesa. Ele
seguiu para lá lenta e cautelosamente e lá estava ela a sua espera com um
exemplar do Profeta Diário à mão. Era uma bela mulher de cabelos longos
negros e lisos. pôs o jornal à mesa. Logo que ele se sentou, ela jogou o jornal
sobre a mesa.
– E então? – disse a Sra. Fidus com um olhar severo para o seu filho. –
É verdade?
– Sim…. – disse Amin olhando para baixo.
– Sabe que seu irmão desapareceu depois de buscar essas criptas. Sabe
que é perigoso, não sabe?
– Mas é a única forme de encontrarmos ele! – disse Amin se virando para
sua mãe, mas, vendo seu olhar, tornou a desviar o olhar.
– Eu também quero encontrar o seu irmão. – disse ela mudando o tom de
severo para preocupado – Mas se você desaparecer também...
Amin virou-se para ela. Viu que ela não queria brigar com ele, apenas se
preocupava e tinha medo de perdê-lo também, e não sabia o que poderia dizer
para convencê-la ou aliviar suas preocupações. Mas estava determinado a
buscar seu irmão, a trazê-lo de volta.
Os dois não conversaram mais sobre o assunto nem durante o almoço, e
nem durante os dias que se seguiram, mas a Sra. Fidus disse a Amin que ele
ficaria de castigo em casa por um mês para compensar. Ele não argumentou, e
passou a maior parte do tempo no seu quarto, estudando e fazendo reparos na
sua vassoura de corrida, uma Comet 260 que recebera do seu time de quadribol
da escola no Natal passado.
Dias depois chegou à carta de Hogwarts com a lista de material novo que
Amin costumava comprar no Beco Diagonal com seu melhor amigo, Rowan.
Amin estava muito ansioso por esse dia, pois passara um mês inteiro dedicado,
além dos deveres, a estudar o diário encontrado, e queria falar com Rowan cara
a cara sobre ele.
A carta estava mais grossa do que de costume. Amin abriu o envelope,
puxou a primeira página de pergaminho de dentro e leu:
Prezado Sr. Fidus,
Queira registrar que o novo ano letivo começará em 1º de setembro. O
Expresso de Hogwarts partirá da estação de King’s Cross, plataforma nove e
meia, às onze horas.
Os alunos de terceiro ano têm permissão para visitar a aldeia de
Hogsmeade em determinados fins de semana. Assim, queira entregar a
autorização anexa ao seu pai ou guardião para que a assine.
Estamos anexando, nesta oportunidade, a lista de livros para o próximo
ano.
Atenciosamente,
Profª. M. McGonagall
Vice-Diretora
Amin tirou do envelope o formulário de autorização para ir a Hogsmeade
e leu-o sorrindo. Seria maravilhoso visitar Hogsmeade nos fins de semana; ele
sabia que era um povoado só de bruxos, em que nunca estivera.
Amin seguiu para o café da manhã e já encontrou a Sra. Fidus sentada à
mesa. Serviu-se de uma fatia de torrada e em seguida olhou para ela, tentado
escolher bem as palavras.
– Bom dia, mãe. As cartas de Hogwarts chegaram.
– Ah, ótimo. Quantos livros novos?
– Quatro. Além dos livros de feitiço e transfiguração vou precisar
comprar um para Adivinhação e um para Trato das Criaturas Mágicas.
– Adivinhação? Nunca pensei que se interessaria por isso.
Amin não poderia contar que gostaria de estudar Adivinhação por causa
das visões que teve nos anos anteriores envolvendo as criptas malditas e a voz
de seu irmão.
– Bom, Rowan me contou que a professora é descendente de uma grande
vidente, acho que pode ser legal.
– Hum. Bom, comprarei o seu material esse ano.
– Mãe, é que eu ia encontrar com o Rowan no Beco Diagonal... – disse
Amin, esperando que sua mãe mudasse de ideia quanto ao seu castigo.
– Não. Você fica em casa. Não posso controlar o que você faz em
Hogwarts, mas, pelo menos, aqui em casa eu posso.
Amin ficou decepcionado, mas imaginava que sua mãe não mudaria de
ideia. Ela sabia ser firme quando preciso, e precisava, uma vez que trabalhava
no Ministério da Magia.
Contudo, Amin esperou até o fim do café da manhã, e passou-lhe a
autorização para ir para Hogsmeade. Não falou nada, e partiu para o seu quarto,
na esperança que ela pelo menos assinasse a autorização. E ela assinou,
devolvendo-a mais tarde no seu quarto.
– Obrigado! – disse Amin abraçando sua mãe quando ela lhe estendeu a
autorização assinada.
– De nada. Mas tome cuidado, e não faça nada perigoso por lá.
O fim do castigo logo chegou, e a Sra. Fidus levou Amin para o Beco
Diagonal para aproveitar o resto das férias. Apesar de Rowan não ter podido
comparecer, pois estava muito ocupado com a fazenda de sua família e com os
estudos das novas disciplinas, Amin ficou muito contente com os passeios com
sua mãe.
Amin passou pela Sorveteria Florean Fortescue, onde saboreou ótimos
Sundaes do próprio Florean; pelo seu cofre em Gringots e por algumas do Beco
para comprar novas vestes e ingredientes para poções. Até mesmo pediu a sua
mãe que comprasse um “Dicionário de Runas” na Floreios e Borrões, o que sua
mãe achou esquisito, visto que ele não faria Runas Antigas, mas, sabendo que
seu filho passara tanto tempo estudando nas férias, achou que não faria mal
algum.
Os dias seguintes das férias de verão foram de pesquisas. Amin ficou
alguns dias no quarto vasculhando o dicionário tentando interpretar o diário
deixado por seu irmão, e avaliando nos livros de feitiços se seria possível
concertar a varinha de seu irmão. Ambas as coisas não resultaram em nada. Os
rabiscos do diário não pareciam ser runas comuns, e a varinha não funcionou
mesmo depois de um feitiço de reparação, se partindo novamente logo depois
de ser consertada.
Por fim, nos últimos fins de semana de férias, Amin conseguiu que sua
mãe lhe deixasse praticar voo em um lugar deserto um tanto distante da cidade,
uma vez que ele era artilheiro do time de quadribol e precisava se manter em
forma para os jogos da temporada, os quais ele tinha um grande desejo de
vencer após o time perder por pouco a taça das casas no ano anterior.
— CAPÍTULO DOIS —
Expresso Hogwarts

No primeiro dia de setembro, a Sra. Fidus acordou Amin e mandou


terminar de arrumar as coisas e ir tomar o café na cozinha. O garoto se vestiu, e
colocou sua coruja, Noct, na gaiola, e sua vassoura, caldeirão e vestes na mala.
Em seguida foi à cozinha para tomar café, e encontrou sua mãe lendo o Profeta
Diário.
– Amin, vamos, já está na hora. – disse ela meia hora depois.
O Sra. Fidus seguiu atrás de Amin para o carro na garagem, e este
percebeu que as malas seguiam os dois e se puseram dentro do carro por magia.
– Para dentro, Amin – disse o Sra. Fidus.
Amin entrou no banco da frente do carro, ao lado de sua mãe. A viagem
até King’s Cross foi muito tranquila. O carro da Sra. Fidus parecia um carro
comum, mas era enfeitiçado, e, portanto, era capaz de deslizar por espaços
apertados e por engarrafamentos pelo caminho.
Os dois chegaram à estação de King’s Cross com vinte minutos de
antecedência; Amin apanhou um carrinho, descarregou a bagagem, e seguiu sua
mãe até a plataforma.
– Certo então – disse a Sra. Fidus olhando para todos os lados. – Vamos.
Os dois dirigiram-se à barreira entre as plataformas nove e dez, com o
carrinho de malas. Se encostaram displicentemente na barreira e num segundo
os dois atravessaram de lado a sólida parede de metal e saíram na plataforma
nove e meia e, quando ergueram a cabeça, viram o Expresso de Hogwarts, um
trem vermelho a vapor, que soltava baforadas de fumaça na plataforma
apinhada de bruxas e bruxos que foram levar os filhos ao embarque.
– Ah, olha lá o Rowan e a Penny! – falou Amin e deixou a pagagemmm e
sua mãe para trás correndo na direção de seus amigos.
– Olá Amin. Que ótimo ver você. Como foram suas férias? – perguntou
Penny com seu sorriso radiante de costume e suas tranças sob os cabelos loiros.
– Difíceis, na verdade. Minha mãe me pôs de castigo por causa do que o
Profeta Diário publicou sobre as Criptas Malditas. Mas estou feliz em
finalmente voltarmos para Hogwarts e continuar a busca pelas criptas e pelo
meu irmão.
– Estamos com você, Amin. – disse Rowan sorrindo e com seus óculos
meia lua e um suéter que ele comprou quando conheceu Amin. – Inclusive,
tenho algumas teorias sobre o diário que você encontrou na cripta.
Amin estava ansioso para ouvir, mas sua mãe se aproximou do grupo, e
eles tiveram que deixar o assunto para depois.
– Que bom que encontrou seus amigos, mas é bom irem atrás de uma
cabine para colocarem suas coisas.
Os dois acompanharam Amin com seus pertences até os últimos carros do
trem, passando por cabines cheias, até uma que lhes pareceu bem vazia.
Embarcaram as malas na cabine, Amin pôs Noct no bagageiro, depois tornaram
a sair para Amin se despedir de sua mãe.
A Sra. Fidus beijou o filho, abraçou seus amigos.
– Você vai se cuidar, não vai, Amin? – recomendou a senhora se
endireitando, com um brilho estranho nos olhos.
Amin confirmou com a cabeça, mas a Sra. Fidus sabia que seu filho não
seguiria seus conselhos em não se meter mais com as criptas.
– Boa sorte. – disse ela, por fim, enquanto os garotos embarcavam no
trem. Ouviu-se um apito forte. Guardas caminhavam ao lado do trem, batendo
as portas para fechá-las. O vapor saía da chaminé da locomotiva em gordas
nuvens; o trem começara a se mexer. Amin se debruçou na janela e acenou para
a sua mãe até o trem fazer uma curva e ela desaparecer de vista.
Os três conseguiram ficar em uma cabine vazia, mas com alguns minutos
de viagem Tonks e Carlinhos se juntaram a eles. Tonks estava com um rosto
pálido em feitio de coração, enquanto Carlinhos mantinha suas sardas e cabelos
ruivos.
– Iai pessoal. Li no Profeta Diário sobre você, Amin. Iai, é verdade? Você
achou uma cripta maldita?
Tonks tinha contribuído no ano anterior para a obtenção de um bilhete
que levara a localização de Ben Cooper, um aluno que foi encontrado congelado
no ano anterior próximo à localização das escadas ocultas que levavam a uma
cripta maldita, mas não tinha participado da incursão à cripta.
Amin contara a Tonks os detalhes. Carlinhos não tinha acompanhado a
última aventura, mas já tinha ouvido os detalhes por seu irmão, Gui.
– Então esse ano vocês vão em busca de outras criptas? – perguntou
Carlinhos.
– Sim. Aparentemente ainda há outros quatro, e ainda tem uma sala que
ouvi a voz do meu irmão falar a respeito, e que precisamos encontrar. – disse
Amin.
– Espero poder ajudar também este ano. Gui agora é monitor, então vai
ter menos tempo para ajudar. – disse Carlinhos.
– Imaginei que ele viraria monitor. – disse Rowan.
– Seria incrível virar monitor…. – disse Amin.
Enquanto conversavam sobre criptas e monitores o Expresso de Hogwarts
rodava numa velocidade constante para o norte e o cenário à janela ia se
tornando cada vez mais bravio e escuro enquanto as nuvens, no alto, se
avolumavam. Estudantes passavam pela porta da cabine correndo para cima e
para baixo. Vez ou outra Gui passava patrulhando os corredores.
À uma hora, a bruxa gorducha com o carrinho de comida chegou à porta
da cabine. Novamente Tonks comprou algumas coisas para todos dividirem.
– Esse ano ainda teremos os passeios a Hogsmeade. – disse Tonks
passando aos amigos bolos de caldeirão. – Estou ansiosa para comprar Ovas de
Sapo na Zonko’s e preparar algumas pegadinhas, e também na Dedosdemel para
comprar alguns doces.
– Também estou ansioso. –disse Rowan. – Andei pensando na melhor
forma de explorar o vilarejo.
– Tem também o Três Vassouras…. – continuou Tonks.
– É! O Três Vassouras! Existe a tanto tempo que, com certeza, vamos
poder descobrir muitas coisas e aproveitar bastante lá. – exclamou Rowan
animado.
No meio da tarde, a chuva começou a cair, embaçando os contornos das
colinas ondulantes por que passavam. Foi então que Gui entrou na cabine, com
um distintivo de monitor no peito, e sentou-se ao lado de Carlinhos.
No meio da tarde, bem na hora em que a chuva começou a cair,
embaçando os contornos das colinas ondulantes por que passavam, os meninos
ouviram novamente passos no corredor, e surgiram à porta a aluna que, pelo
menos Amin, menos gostavam no mundo: Merula Snyde, que pela primeira vê
estava ladeada por dois outros alunos, Barnaby Lee e Ismelda Murk. Merula e
Amin eram inimigos desde que se encontraram no primeiro ano de Hogwarts,
mas até aquele dia, nunca fora vista acompanhada por outros alunos da escola,
nem mesmo os de sua própria casa. Merula tinha uma cara desdenhosa e cabelos
castanhos escuros com mechas, e era aluna da Sonserina. Barnaby era um
garoto forte de cabelos espetados e Ismelda uma garota branca com uma franja
meio gótica sobre uma parte do rosto, e ambos também eram da Sonserina.
– Ora, vejam só quem está aqui – disse Merula naquela sua voz
debochada, abrindo a porta da cabine. – Os caçadores de criptas.
– Será que você não consegue passar um ano sem vir me instigar? –
perguntou Amin.
– Claro. Desde que você não fique no meu caminho enquanto procuro as
criptas com meus dois novos parceiros.
– Estou ansioso para ver o que estará na próxima cripta. – disse Barnaby
– Espero que seja algo bem sombrio. – disse Ismelda.
Amin olhou para Barnaby e Ismelda enquanto eles falavam. Nunca
esperaria que os dois viessem a trabalhar para Merula. Ismelda até aquele
instante sempre fora alguém que ficava só, e, de certa forma, parecia obcecada
por magias das trevas, apesar de nunca ter conseguido se aprofundar no assunto
com os professores de Defesa Contra as Artes das Trevas e nem com os livros
letivos sobre o assunto. Já Barnaby tinha mais músculos que inteligência e,
apesar de ter se dado bem no clube de duelos no primeiro ano, nunca foi muito
inteligente e acabou falando mais do que devia quando o interrogaram depois da
invasão de Greyback.
– A glória e os tesouros das criptas serão meus.
– Escuta, eu só quero achar meu irmão….
– Não sei por que ainda liga para ele. Provavelmente nunca vai encontrá-
lo.
Amin começou a se irritar e levantou ao ouvir aquilo, mas antes que uma
briga se iniciasse Gui apareceu à porta da cabine. Merula viu-o e percebendo o
distintivo de monitor no peito dele saiu de lá com seus dois capangas.
– Olá pessoal. – disse Gui depois que eles saíram – Que houve?
– O de sempre. Merula sendo chata se fazendo de importante. –
respondeu Rowan.
– Então você virou mesmo monitor. Como se sente? – perguntou Penny.
– Bem. Sou o primeiro da família. Minha mãe ficou muito feliz.
– E como funciona? – perguntou Amin finalmente esfriando a cabeça.
– Bom, tem dois monitores em cada casa – disse Gui quando Rowan ia
abrindo a boca para explicar. – Um garoto e uma garota. Nós recebemos
instruções dos Monitores-Chefes, ganhamos acesso a um carrinho do trem e a
um banheiro na escola exclusivo para monitores, e somos responsáveis,
principalmente, pelos alunos novos...
A chuva engrossava à medida que o trem avançava mais para o norte; as
janelas agora iam se tornando um cinza sólido e tremeluzente, que gradualmente
escureceu até as lanternas se acenderem nos corredores e por cima dos
bagageiros. O trem sacolejava, a chuva fustigava e o vento rugia.
– Devemos estar quase chegando – disse Rowan, curvando-se para a
frente para olhar a janela agora completamente escura.
Por fim, o trem parou na estação de Hogsmeade e houve uma grande
correria para desembarcar; corujas piavam, gatos miavam e sapos coaxavam.
Carlinhos saiu na frente para supervisar a movimentação e o desembarque dos
alunos. Estava frio demais na minúscula plataforma; a chuva descia em cortinas
geladas.
– Alunos do primeiro ano por aqui! – chamou uma voz conhecida. Amin
se virou e deparou com o vulto gigantesco de Hagrid, no outro extremo da
plataforma, fazendo sinal para os novos alunos, aterrorizados, se aproximarem
para a tradicional travessia do lago.
– Tudo bem, Amin? – gritou Hagrid sobre as cabeças dos alunos
aglomerados. Ele acenou para o guarda-caça, e logo foi empurrado pela massa
de alunos em volta dele. Acompanhou o resto da escola pela plataforma e
desceu para uma trilha enlameada, cheia de altos e baixos, onde no mínimo uns
cem coches os aguardavam, cada qual, Amin só podia supor, puxado por um
cavalo invisível, porque os garotos embarcaram em um, fecharam a porta e o
veículo saiu andando, aos trancos e balanços, formando um cortejo.
O coche cheirava levemente a mofo e palha. Ele foi se aproximando de
um magnífico portão de ferro forjado, ladeado por colunas de pedra com javalis
alados no alto; ganhou velocidade no caminho longo e inclinado até o castelo;
Amin se debruçou pela janelinha, espiando as muitas torrinhas e torres que se
aproximavam. Por fim, o coche parou balançando, e ele desembarcou.
Em seguida, Amin subiu as escadas de pedra do castelo, o rosto jubilante
na expectativa de entrar novamente na escola. Ele se reuniu aos muitos alunos
que enchiam as escadas, cruzavam a soleira das enormes portas de carvalho e
penetravam no saguão cavernoso iluminado com tochas ardentes, onde havia
uma magnífica escadaria de mármore para os andares superiores.
A porta que levava ao Salão Principal, à direita, estava aberta; Amin
seguiu o grande número de alunos que se deslocava naquela direção,
vislumbrou o teto encantado, que àquela noite se mostrava escuro e anuviado, e
entrou.
Um mar de chapéus cônicos e pretos se distribuiu em cada uma das
compridas mesas das casas. Elas ficaram lotadas de estudantes, os rostos
iluminados por milhares de velas que flutuavam no ar, acima das mesas. A
Profª. McGonagall, que era uma bruxa de aspecto severo, que usava os cabelos
presos em um coque apertado; seus olhos penetrantes emoldurados por óculos
quadrados, carregou um chapéu antigo e um banquinho de três pernas para
dentro do salão.
Depois do tradicional cântico do Chapéu Seletor, a Profª McGonagall
chamou um a um os novos alunos para serem distribuídos pelas quatro casas do
colégio, pondo na cabeça o Chapéu Seletor, e este anunciou a casa (Grifinória,
Corvinal, Lufa-Lufa ou Sonserina) que melhor convinha a cada um dos recém-
chegados.
Em seguida, a Profª McGonagall recolheu a cadeira e o Chapéu e dirigiu-
se ao seu lugar, que estava vazio à mesa dos professores e funcionários, e o
diretor se ergueu para falar.
O Prof. Dumbledore, embora muito velho, sempre dava uma impressão
de grande energia. Tinha alguns palmos de cabelos e barbas prateados, óculos
de meia-lua e um nariz muito torto. Em geral era descrito como o maior bruxo
da era atual.
– Bem-vindos de volta a Hogwarts! É um prazer receber vocês, alunos
novos e antigos, para mais um ano de aprendizados e descobertas. Entretanto,
seria um descuido meu não falar de um assunto tão delicado. Como sabem, ano
passado a escola foi tomada pelo gelo maligno causado pela maldição de uma
cripta maldita. A maldição foi liberada por algo ou alguém que teve acesso à
cripta, e, para que o mesmo não torne a se repetir, eu peço a todos que fiquem
longe e não se envolvam com as demais criptas que possam existir pelo castelo.
Outras maldições podem ser liberadas caso isso aconteça, e não queremos que
outros males aconteçam com nossos alunos e docentes.
Amin se sentiu um tanto constrangido ao ouvir aquilo, pois não queria ir
contra um pedido do diretor, e percebeu pelo olhar de Rowan que ele também
não queria.
– Agora, falando de coisas mais agradáveis – continuou ele –, tenho o
prazer de dar as boas-vindas ao novo professor de defesa contra as artes das
trevas….
A maioria dos alunos olhou o novo professor com indiferença, pois os
últimos dois professores não haviam sido capazes nem de permanecer em
Hogwarts por mais de um ano, nem sequer de ensinar algo útil.
– Bem, acho que, de importante, é só o que tenho a dizer. Vamos à festa!
As travessas e taças de ouro diante das pessoas se encheram
inesperadamente de comida e bebida. Amin, de repente faminto, se serviu de
tudo que conseguiu alcançar e começou a comer.
Foi um banquete delicioso; o salão ecoava as conversas, os risos e o
tilintar de talheres. Amin aproveitou para conversar com Chiara, outra lufana
amiga sua que tinha cabelos curtos prateados e que era um lobisomem.
Finalmente, quando os últimos pedaços deliciosos de torta de abóbora
tinham desaparecido das travessas de ouro, Dumbledore anunciou que era hora
de todos se recolherem.
Amin, Rowan, Penny e Tonks se reuniram com Carlinhos e Gui, e todos
concordaram que, apesar dos avisos de Dumbledore, estariam dispostos a
manter a busca pelas criptas. Porém, não tiveram tempo de conversar, pois Gui
teve que correr para conduzir os alunos novos ao salão comunal, e assim
Carlinhos se despediu e foi se juntar com Ben, um grifinório um tanto medroso
do ano dele.
Amin e os outros lufanos seguiram, muito cansados, caminhando por
corredores e escadas até a entrada secreta para o Porão da Lufa-Lufa, uma
grande coleção de barris. Após tocarem em um dos barris ao ritmo certo, uma
passagem se abriu. Todos atravessaram rastejando a passagem e em seguida os
garotos e as garotas se separaram por pequenos tuneis, cada qual para os seus
dormitórios. Amin seguiu feliz por estar de volta e quando chegou ao
dormitório com as camas cobertas por colchas de retalhos que tanto conhecia,
Amin, olhando a toda volta, se sentiu finalmente em casa, e logo adormeceu,
apesar das criptas e do que lhe esperaria naquele ano.
— CAPÍTULO TRÊS —
Retorno as aulas

Quando Amin entrou no Salão Principal para tomar café, na manhã


seguinte, a primeira coisa que viu foi Merula e seus novos amigos conversando.
Apontaram para ele e depois saíram do Salão.
Amin se largou numa cadeira à mesa da Lufa-Lufa, ao lado de Rowan.
– Nossos novos horários de aulas – disse Rowan, distribuindo-os para
Amin. – Que houve?
– Merula. – respondeu Amin.
– Deixa ela para lá. Olha só. Herbologia, Adivinhação e Trato das
Criaturas Mágicas. Já começaremos com as matérias novas.
Amin e Rowan deixaram o castelo juntos, atravessaram a horta e
rumaram para as estufas, onde as plantas mágicas eram cultivadas. Ao se
aproximarem das estufas viram a Profª Sprout trazendo fertilizando nos braços.
A ProfaªSprout era uma bruxinha atarracada que usava um chapéu remendado
sobre os cabelos soltos; geralmente tinha uma grande quantidade de terra nas
roupas
– Estufa três hoje, rapazes! – disse a Profª Sprout,
A Profª Sprout tirou uma chave enorme do cinto e destrancou a porta.
Amin sentiu um cheiro de terra molhada e fertilizante mesclados ao perfume
pesado de umas flores enormes, do tamanho de sombrinhas, que pendiam do
teto.
A Profª Sprout foi à frente e parou atrás de uma mesa de cavalete no
centro da estufa. Quando tomaram seus lugares, a professora disse:
– Vamos aprender a cultivas Valerianas. As raízes dessa planta são
utilizadas em muitas poções, conforme o Prof. Snape já deve ter lhes ensinado.
Trouxe comigo o fertilizante que utilizaremos. Mãos à obra.
Lá pelo fim da aula, Amin, como todos os outros, estavam cobertos de
terra. Eles voltaram ao porão para se lavar rapidamente, e então os alunos da
Lufa-Lufa correram para a aula de Adivinhação.
Sob condições normais poderia ser difícil achar a sala de Adivinhação no
alto da Torre Norte, mas Rowan conhecia muito bem o castelo. Eles seguiram
para a torre, subiram estreitos degraus em caracol até sentirem-se meio tontos,
e, finalmente, chegaram a um minúsculo patamar. Não havia portas no patamar,
mas Rowan cutucou Amin indicando-lhe o teto, onde havia um alçapão circular
com uma placa de latão.
– Sibila Trelawney, Professora de Adivinhação – leu Amin. – E como é
que a gente chegue lá em cima?
Como se respondesse à sua pergunta, o alçapão se abriu inesperadamente
e uma escada prateada desceu aos seus pés.
– Primeiro você – disse Rowan sorrindo, e Amin subiu a escada.
Chegou à sala de aula mais esquisita que já vira. Na realidade, sequer
parecia uma sala de aula, e, sim, uma cruza de sótão com salão de chá antigo.
Havia, no mínimo, vinte mesinhas circulares juntas ali, rodeadas por cadeiras
forradas de chintz e pequenos pufes estufados. O ambiente era iluminado por
uma fraca luz avermelhada; as cortinas às janelas estavam fechadas e os vários
abajures, cobertos com xales vermelhos escuros. O calor sufocava e a lareira
acesa sob um console cheio de objetos desprendia um perfume denso, enjoativo
e doce ao aquecer uma grande chaleira de cobre. As prateleiras em torno das
paredes circulares estavam cheias de penas empoeiradas, tocos de velas,
baralhos de cartas em tiras, incontáveis bolas de cristal e uma imensa coleção de
xícaras de chá.
Amin espiou por cima do ombro de Rowan enquanto os colegas se
reuniam à volta deles, todos falando aos cochichos.
Uma voz saiu subitamente das sombras, uma voz suave, meio etérea.
– Sejam bem-vindos a adivinhação, minhas crianças.
A Profª Sibila Trelawney saiu das sombras e, à luz da lareira, os garotos
viram que era muito magra; uns óculos imensos aumentavam seus olhos várias
vezes, e ela vestia um xale diáfano, salpicado de lantejoulas. Em volta do
pescoço fino, usava inúmeras correntes e colares de contas, e seus braços e
mãos estavam cobertos de pulseiras e anéis.
– Sentem-se, crianças, sentem-se – disse, e todos subiram desajeitados
nas cadeiras ou se afundaram nos pufes. Amin, Rowan e Tonks se sentaram
juntos.
– Sou raramente vista, mas me chamo Profª Trelawney. – disse a
professora, que se acomodara em uma bergère diante da lareira. – E então, por
que escolheram estudar a mais desafiante e evasiva das artes mágicas….?
– É uma pergunta, ou ela já sabe? – perguntou Barnaby a uma aluna de
morena com óculos e cabelos crespos da Sonserina sentada ao seu lado.
– Eu já sei. – respondeu a Profª Trelawney. – Mas gostaria que alguns de
vocês compartilhassem essa informação aos outros. Você, por exemplo, com
óculos. – disse ela apontando para a aluna com quem Barnaby tinha falado.
– Eu? Bom, minha mãe é uma vidente, e me recomendou essa matéria
também. – respondeu ela.
– Sua mãe é sábia. Espero que tenha herdado o dom dela, caso contrário
não há muito que eu possa ensinar. E você querido? – perguntou ela para Amin.
– Bom…. Tenho interesse em visões. – respondeu Amin.
– Prevejo que você terá bastante sucesso nisso. – disse a Profª Trelawney.
– Agora, vamos para a lição de hoje. Começaremos com a arte de ler folhas de
chá, também conhecida como Taciomancia. Você vai quebrar uma das xícaras
no processo, mas tenho algumas xícaras sobressalentes à mão. – disse olhando
para Tonks.
– Ela é fantástica. – disse Tonks.
– Agora quero que vocês formem pares. Apanhem um bule de chá na
prateleira e tragam-no aqui para eu encher. Depois se sentem e bebam, bebam
até restar somente a borra. Sacudam a xícara três vezes com a mão esquerda,
depois virem-na, de borda para baixo, no pires, esperem até cair a última gota
de chá e entreguem-na ao seu par para ele a ler. Vocês vão interpretar os
desenhos formados, comparando-os com os das páginas cinco e seis de
Esclarecendo o futuro.
Depois que Amin e Rowan levaram as xícaras para encher, voltaram à
mesa e tentaram beber rapidamente o chá pelando. Sacudiram a borra conforme
a professora mandara, depois viraram as xícaras e as trocaram entre si. Tonks
ficara assistindo, logo depois de derrubar a sua. Contudo, a aula foi, na opinião
de Amin, um fracasso, e ele acabou saindo sem grandes frutos da aula além do
gosto do chá na boca.
Amin ficou contente de sair do castelo depois do almoço. A chuva do dia
anterior parara; o céu estava claro, cinza pálido e a grama parecia elástica e
úmida sob os pés quando os garotos rumaram para a primeiríssima aula de Trato
das Criaturas Mágicas. Desceram os gramados em direção à cabana de Hagrid,
na orla da Floresta Proibida, e foram ainda além até o local da aula. Somente
quando identificaram duas costas muito conhecidas à frente é que se deram
conta de que iriam compartilhar as aulas com os alunos da Grifinória. Carlinhos
falava com Ben e tentava animá-lo para a aula.
– Vai dar certo, Ben. As criaturas têm mais medo de você do que você
delas.
O professor já estava à espera dos alunos. Vestia um casaco e no lugar da
mão esquerda e do pé direito havia próteses.
– Bem-vindos à primeira aula de trato das criaturas mágicas. Eu sou
obviamente o professor, e me chamo Prof. Kattleburn. Venho estudando
Quimeras e adoraria discuti-las com vocês, mas hoje vamos tratar de
caranguejos de fogo. Venham comigo.
O professor contornou a orla das árvores e cinco minutos depois eles
estavam diante de uma espécie de picadeiro contendo algumas tartarugas
gigantes com os cascos incrustados de pedras preciosas.
– Podem chegar perto, mas cuidado com a parte posterior, pois eles
soltam chamas que podem incinerar a pele. – alguns alunos recuaram quando
ele disse isso. – Eles são maravilhosos. Bom, vamos começar. Peguem suas
luvas e vamos alimentá-los.
Ao fim da aula, Ben tinha sido salvo mais de duas vezes por Carlinhos,
para que não se queimasse, e todos partiram, subindo os degraus de pedra para o
saguão deserto de onde a turma se dividiu.
No dia seguinte os alunos da Sonserina e da Lufa-Lufa se juntaram para
uma aula dupla de Poções. Penny adorava a matéria, mas o mesmo não podia
ser dito de Amin, que teve altos e baixos, principalmente por causa de Merula.
O professor de poções, Snape, era o diretor da Sonserina e já tinha tirado
pontos de Amin por causa de sabotagens causadas por Merula, mas esta não
fazia mais nada com Amin desde que fora pegue mentindo para Snape na
tentativa de incriminar Amin.
– E então, pensando em ignorar o que o Prof. Dumbledore disse no
discurso dele? – cochichou Merula para Amin logo que ele chegou à sala, mas
este não teve tempo de responder.
– Sentem-se e aqueçam seus caldeirões. Ensinarei hoje a poção do Olho
Aberto. Ela garantirá que vocês fiquem acordados.
Merula e Barnaby armaram seus caldeirões bem ao lado do de Amin e
Penny, de modo que os quatro ficaram preparando os ingredientes na mesma
mesa. Penny fora excepcional como sempre, mas Barnaby estava com
dificuldades.
– Você deve mexer apenas três vezes no sentido horário. – explicou
Penny.
– Ah, obrigado. – agradeceu ele, apesar de que sua poção acabou dando
errado no fim.
Enquanto Merula partia, Barnaby teve que ficar para limpar o seu
caldeirão. Penny teve compaixão e se ofereceu para ajudar, e Amin a
acompanhou.
– Quer ajuda? – perguntou ela.
– Não precisa. – respondeu ele.
– Por que você está com a Merula? – Perguntou Amin ajudando ainda
assim. – Ela não lhe trata bem. Nem sequer ficou para te ajudar.
– Merula vai dividir os tesouros da cripta comigo, e eu ficarei mais forte.
Ela é esperta, sei que vai conseguir achá-las.
– Não acha que ela está apenas lhe usando? Ela disse no trem que os
tesouros seriam dela. Não parecia que estava disposta a dividir.
Barnaby ficou pensativo, mas não respondeu. Pegou suas coisas depois de
limpar, e, antes de sair, disse.
– Prefiro não pensar a respeito. E sugiro que não fique no caminho da
Merula, ou eu vou retirá-lo a força do caminho.
Amin ficou olhando para ele enquanto saia, não irritado com a intimação,
mas preocupado com seu bem-estar seguindo a Merula.
– Ele é meio bruto. – disse Penny.
– Talvez só estivesse irritado com a possibilidade de eu estar certo. –
disse Amin, acompanhando Penny para fora da sala.
Amin seguiu para a primeira aula de Transfiguração, da Profª Minerva,
uma aula conjunta com a Corvinal. A Profª McGonagall explicou sobre
Animagos (bruxos que podiam se transformar à vontade em animais), e tanto
Amin quanto a turma ficaram impressionados e aplaudiram quando ela própria
se transformou, diante de todos, em um gato malhado com marcas de óculos em
torno dos olhos.
Amin ficou imaginando como seria incrível se ele também pudesse se
transformar em um animal, assim como as utilidades que isso viria a ter quando
ele achasse uma nova cripta.
Mais tarde, o professor não estava em sala quando Amin chegou para a
primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Os alunos se sentaram,
tiraram das mochilas os livros, penas e pergaminho e ficaram conversando até
que o professor finalmente apareceu.
– Boa-tarde – cumprimentou ele. – Começaremos hoje a estudar o bicho-
papão. Bichos-papões gostam de lugares escuros e fechados. Guarda-roupas, o
vão embaixo das camas, os armários sob as pias…. Mas o que é um bicho-
papão? É um transformista, capaz de assumir a forma do que achar que pode
nos assustar mais. Ninguém sabe qual é a aparência de um bicho-papão quando
está sozinho, mas quando o vemos sozinhos ele imediatamente se transformará
naquilo que mais tememos.
A aula, apesar monótona como as aulas de história da magia, não foi
inútil, pensou Amin. Apesar de não terem aulas práticas como na maioria das
aulas dos anos anteriores, o professor conseguiu passou informações que Amin
achou relevantes.
– Muito bem, pessoal. Dever de casa: por favor leiam o capítulo sobre os
bichos-papões e façam um resumo para me entregar…. Na semana que vem. E
por hoje é só.
No fim de semana, enquanto fazia a redação pedida, Amin percebeu que
tudo o que o professor tinha dito na aula estava tal qual no livro, e que
basicamente o professor recitara-o para a turma, e ficou a pensar se nas outras
aulas ele finalmente teriam aulas práticas, e se o professor diria algo que não
estivesse literalmente nos livros.
— CAPÍTULO QUATRO —
Animago e Bicho-papão

Não demorou nada e a Defesa Contra as Artes das Trevas se tornou tão
monótona quanto poderia ser. Suas aulas seguintes tinham sido tão interessantes
e monótonas quanto a primeira.
Amin estava começando a temer também as horas que passava na sala
sufocante da Profª Sibila, decifrando formas e símbolos enviesados. Não
conseguia gostar da matéria, e sua ideia de estudar Adivinhação para obter
controle das visões sobre as criptas logo ficaram de lado.
Trato das Criaturas Mágicas estava se tornando uma matéria muito
divertida e interessante. Depois da primeira aula com os Caranguejos de Fogo
vieram os Tronquilhos, bichos gravetos guardiões de árvores que em geral
vivem em árvores próprias para varinhas. Foi divertido alimentá-los com
bichos-de-conta e ovos de fada, apesar de que a última experiência com fadas de
Amin tinham sido para ajudá-las.
Mas, em meio a todas essas aulas, um assunto chamou ainda mais a
atenção de Amin. Animagos. Desde a primeira aula, Amin ficou pesquisando
sobre o assunto com a ajuda de seus amigos. Todos estavam interessados no
assunto desde que a Profª McGonagall falou a respeito, mas Amin estava
disposto a ir além.
– Quanto mais eu penso no assunto, mais gosto da ideia de me tornar um
animago. – falou Amin para os amigos enquanto estudavam o assunto na
biblioteca.
– A Profª McGonagall disse que era muito perigoso e doloroso. Mas acho
que é possível. – disse Rowan. – Achei um livro sobre o assunto.
– Sabe o que precisaríamos para o processo? – perguntou Amin.
– Sim. Em resumo precisaríamos de uma folha de mandrágora, um vidro
de cristal, uma colher de prata, um fio de cabelo de quem vai viver o processo,
uma gota de orvalho e uma crisalida de uma acherontia.
– Parece complicado. – disse Penny.
– E é. A maioria dos ingredientes precisam ser colhidos ou utilizados em
condições bem específicas.
– Eu gostaria de tentar. – disse Amin, e todos olharam para ele. – Acho
que ser um animago poderia ajudar em alguma cripta. Imaginem se houver uma
cripta com lobisomens. Animagos não me atacariam se eu estivesse
transformado.
– Bom, eu estou dentro. – disse Rowan.
– Eu ajudo também. A poção envolvida no processo precisa ser feita da
forma certa, ou pode dar tudo errado. – disse Penny.
– Se é assim também quero ajudar. – disse Tonks.
– Obrigado pessoal. – agradeceu Amin.
– Bom, para começar é melhor esperarmos uns dias e nos dividirmos para
ir colhendo os ingredientes. Se tudo der certo Amin se tornará um animago até o
dia das bruxas.
Todos concordaram e nos dias seguintes se dividiram para obter tudo.
Amin ficou de conseguir folhas de mandrágora, o que não foi difícil, pois a
Profª Sprout tinha um estoque e aceitou entregar. Penny conseguiu o vidro de
cristal e a colher de prata facilmente do seu estoque de poções, e, junto com
Tonks, foi atrás da crisálida nos jardins. Já Rowan ficou de ir atrás de uma gota
de orvalho, mas que estivesse em um local sem contato com o sol e nem com
pessoas.
Apesar de ainda não ter conseguido o orvalho, quando chegou na metade
do mês, Rowan aconselhou que Amin iniciasse o processo.
Você tem que manter uma folha de mandrágora na boca por um mês, até
a lua cheia do mês que vem. Não tire, não engula, não….
– Já entendi. – disse Amin e pôs a folha na boca. Ela era pequena, e não
tinha um gosto tão ruim.
Foi complicado passar dias e dias com a folha. Nas aulas, Amin falou o
mínimo possível, mas a dificuldade maior foi não engolir a folha durante as
refeições.
Após três semanas, já no início de outubro, porém, Amin teve algo a mais
com que se ocupar. A temporada de quadribol se aproximava e Orion, capitão
do time da Lufa-Lufa, convocou uma reunião para uma noite de sexta-feira.
Havia sete jogadores num time de quadribol: três artilheiros, cuja função
é marcar gols fazendo a goles (uma bola vermelha do tamanho de uma bola de
futebol) passar por um aro no alto de uma baliza de quinze metros de altura
fincada em cada extremidade do campo; dois batedores, armados com pesados
bastões para repelir os balaços (duas bolas pretas maciças que voavam para
todos os lados tentando atacar os jogadores); um goleiro, que defendia as
balizas e um apanhador, que tinha a função mais difícil de todas, a de capturar o
pomo de ouro, uma bolinha alada do tamanho de uma noz, cuja captura
encerrava o jogo, e garantia para o time do apanhador cento e cinquenta pontos
a mais.
Orion era um rapaz tranquilo e sereno. Tinha uma calma na voz quando
se dirigiu aos cinco companheiros de equipe nos gelados vestiários, localizados
nas pontas do campo de quadribol, agora quase escuro.
– Bem-vindos. Ano passado não conseguimos conquistar a taça de
quadribol, mas este ano vamos dar o nosso melhor para obtê-la. Devemos trilhar
esse caminho juntos dando o nosso melhor….
– Tá bom. – Interrompeu Skye, uma garota de cabelos castanhos e
mechas marrons que muitas vezes queria tomar as rédeas da equipe. – Vamos
logo para o campo praticar. Desde minha contusão que não pratico.
– Bom, antes, temos uma situação para resolver. Caso não tenham notado,
a Bean não está entre nós.
– Que houve com ela? – perguntou Skye.
– Foi removida do time por causa de suas notas. Ela estava se dedicando
tanto ao quadribol que negligenciou as aulas e acabou sendo proibida de voltar
ao time esse ano.
– Isso é terrível! – exclamou a outra batedora.
– Exatamente. E, para resolver isso, precisaremos fazer testes. Alguns
alunos querem entrar para o time, e, para fazer a melhor escolha, quero que
vocês compareçam no teste amanhã. Veremos assim se é melhor conseguirmos
um novo batedor, ou um de nós virarmos um.
– Eu sei jogar em todas as posições. – disse Skye.
– Ótimo, mas amanhã veremos quem deve ser o novo batedor e, se for o
caso, o novo artilheiro. Nos vemos amanhã.
Skye ficou um tanto irritada que eles não treinassem, apesar da ausência
da Bean, mas Amin ficou satisfeito que a reunião tivesse acabado rápido e que
ele não tivesse que falar. Não que ele não conseguisse falar com a folha na
boca, mas era um tanto desagradável.
Quando deixaram a mesa da Lufa-Lufa depois do café da manhã do dia
seguinte para ir ao campo de quadribol, Rowan recordou, pela milésima vez,
que Amin não poderia remover a filha de mandrágora, mesmo durante os testes
de quadribol. Durante a descida para o estádio, caiu uma chuva fria e nevoenta,
mas os testes não foram adiados por isso.
Os testes ocuparam a maior parte da manhã. Metade dos alunos da Lufa-
Lufa parecia ter comparecido, desde os do primeiro ano, que seguravam
nervosos uma seleção de horríveis vassouras velhas de escola, até os do sétimo,
que, por serem muito mais altos que os demais, aparentavam um ar tranquilo e
superior. Até Penny e Tonks compareceram.
Orion fez um teste de voo seguido por um de equilíbrio, pedindo aos
candidatos para se dividirem em grupos, voarem pelo campo e ficarem com um
só pé na vassoura enquanto esta estivesse no ar, por algum tempo. A maioria
não era muito boa em voar, a começar por Tonks, e nem em equilíbrio, não
conseguindo ficar nem dez segundos de pé na vassoura.
Depois de uma horas, muitas reclamações contra os pedidos de Orion e
vários acessos de raiva, Orion descobrira cinco candidatos que conseguiram
passar pelos seus testes, e que tinham habilidade, alguns para artilheiro, outros
para batedor, sendo um deles a artilheira que jogou quando Skye não pôde
jogar na temporada anterior.
– Agora nossos artilheiros e nossa batedora jogaram com vocês, e
veremos quem entrará no time. – disse Rowan, e lançou para eles a goles e os
dois balaços, que saíram em direção aos candidatos.
Skye e Amin eram, de longe, os melhores artilheiros, e Skye se destacou
também como batedora. Com meia hora de testes, Orion pediu que todos
descessem, porém, ocorreu uma situação inesperada. Assim como na primeira
partida que Amin assistiu na escola, um balaço descontrolado foi em direção a
uma pessoa, desta vez Murphy, que estava assistindo ao treino em sua cadeira
de rodas. Os batedores já tinham depositado os bastões no chão, mas Amin,
instintivamente, voou em direção a um dos bastões, pegou-o, e impulsionou a
vassoura em direção a Murphy. Diferente da última partida que jogou, em que
ele se usou como escudo, ele rebateu o balaço com o bastão, salvando Murphy.
– Você está bem, Murphy? – perguntou Amin descendo da vassoura ao
lado dele enquanto os outros candidatos a batedor guardavam o balaço rebatido.
– Estou mais do que bem. Isso foi incrível, Amin!
– Foi igual a quando eu te salvei do balaço rebatido pela Rath. – disse
Skye, pousando ao lado dos dois.
– É, acho que sim. – disse Amin, evitando falar muito por causa da folha
de mandrágora.
– Venham todos, vou anunciar o novo membro do time. – disse Orion.
Para surpresa de Amin, ele ficou como batedor do time, e não como
artilheiro, e em seu lugar como artilheiro ficou um garoto, o mesmo que na
temporada passada tinha substituído Skye durante sua contusão no jogo contra a
Corvinal. Skye não gostou que Orion tivesse prefiro Amin a ela, e, desde então,
começou a ser mais fria com Amin.
Cheio de determinação, o time começou os treinos, três noites por
semana. O tempo estava ficando mais frio e mais úmido, as noites mais escuras,
mas não havia lama nem vento nem chuva que pudesse empanar a visão
maravilhosa de Amin de finalmente ganhar a enorme Taça de Quadribol de
prata. Todavia, ele não era tão bom como batedor como era como artilheiro, e
precisou de toda a ajuda de Murphy e da outra batedora do time para melhorar o
seu desempenho. Skye, por outro lado, negou ajudá-lo, o que fez Amin
questionar se tinha feito algo de errado, mas Skye não queria falar com ele a
respeito.
Amin voltou à sala comunal da Lufa-Lufa certa noite depois do treino,
enregelado, os músculos endurecidos, mas satisfeito com o aproveitamento do
treino, e encontrou Rowan, Penny e Tonks conversando.
– Olá Amin. Primeiro fim de semana em Hogsmeade – disse Penny
animada apontando para uma nota que aparecera no escalavrado quadro de
avisos. – No fim de outubro, Dia das Bruxas.
– Poderemos visitar a Zonko’s! Comprar alguns chumbinhos
fedorentos…. – disse Tonks.
– E tem mais! Amanhã é lua cheia! Vamos poder ir para a próxima etapa
do processo para se tornar animago, e, quem sabe, você poderá já ser um
quando visitarmos Hogsmeade.
– E os outros ingredientes para a poção? – perguntou Amin.
– Já conseguimos tudo. Penny achou a crisalida e, graças a chuva,
conseguirei pegar o orvalho para pôr na poção.
Amin mal podia esperar pela noite seguinte, pois fazia tempo que queria
se livrar da folha de mandrágora. Era muito chato ficar com ela dia e noite, mas,
graças a Rowan, pelo menos ele não teve que ouvir perguntas sobre a folha, pois
Rowan havia usado um feitiço para tornar a folha imperceptível.
Chegada à noite de lua cheia, Amin foi com Rowan e Penny até o campo
de quadribol, levando sua vassoura consigo sobre o pretexto de treinar.
Chegando lá, olhou para o céu e, por sorte, o céu estava limpo e sem nuvens, e a
lua estava bela.
Amin retirou a folha da boca e depositou no frasco de cristal que Penny
trouxe consigo. Em seguida, arrancou um fio de seu cabelo e pôs também no
frasco.
– E agora? – perguntou Amin sentindo alívio em falar sem a folha.
– Agora precisamos da gota de orvalho. – disse Penny.
– Venham comigo. – disse Rowan.
Amin e Penny seguiram Rowan até o Salgueiro Lutador, uma árvore
grossa cheia de ramos que se movia ameaçadoramente contra tudo o que se
aproximasse dela.– Que vamos fazer?
– A gota de orvalho está na passagem secreta do salgueiro. Ninguém vai
até ela, e não há luz por lá. Com as chuvas deve haver pelo menos uma gota lá
que possamos colher, e, como você me disse uma vez, há um nó no Salgueiro
que podemos apertar para entrar.
Amin ficou impressionado com o plano de Rowan. Como Lupin o
ensinara no ano anterior, ele levitou um graveto e atirou-o sobre o nó do
salgueiro. Abruptamente, como se o salgueiro tivesse se transformado em pedra,
ela parou de se movimentar. Sequer uma folha virava ou sacudia.
– Agora, Amin, use sua vassoura…. Você deve entrar no túnel, colher o
orvalho com uma colher de prata e pôr na poção. Não pise no local, ou não
funcionará.
Falar era mais fácil do que fazer, mas Amin obedeceu. Subiu na vassoura,
pegou a colher que Penny trouxe consigo e, voando, foi em direção ao túnel
apertado. Ele mal pôde planar lá, mas tinha que fazer o esforço. Iluminou o
tuneis com sua varinha e procurou um pouco no túnel até achar o orvalho.
Colheu-o com a colher de prata e voltou para fora do túnel.
– Aqui está.
– Ótimo. – disse Rowan. – Agora, Penny, é com você.
Penny pegou o frasco e adicionou nele a crisálida que trouxe consigo, e,
em seguida, depositou-o de volta no túnel, voltando em seguida de mãos vazias
e olhos fechados.
– Penny? Você está bem? – perguntou Amin estendendo a mão para
ajudá-la a sair do túnel.
– Sim. Não podemos olhar para o frasco até a próxima tempestade de
raios. – disse ela.
– Exatamente – confirmou Rowan. – devemos ir e esperar até que haja
uma tempestade de raios. Até lá devemos deixar o frasco aí, sem olhar para ele.
Além disso, você deve, todos os dias, no nascer e no pôr do sol, apontar sua
varinha para o coração e recitar: “Amato Animo Animato Animagus”.
Agora que não tinha mais uma folha na boca, Amin passou a conversar
livremente com seus colegas e professores nas aulas. Além disso, no quadribol,
ele poderia agora se aprofundar nas táticas de batedores Murphy queria tanto lhe
ensinar, mas que ele vinha se esquivando por causa da folha. Contudo, quando
foi atrás de Murphy no campo de treinamento, ele não estava só, estava
acompanhado de um aluno da Corvinal moreno de cabelo curto e cachecol roxo
com o simbolo do Orgulho de Portree, um time de quadribol famoso.
– Ah, olá Amin. – disse Murphy quando ele se aproximou.
– Olá. Vim aqui pelos seus conselhos sobre estrategias de batedor.
– Sim, imaginei. Antes, deixe-me apresentá-lo. Este é André Egwu,
apanhador reserva da Corvinal. Ele voa bem, e sabe se vestir bem também.
– Prazer em conhecê-lo. – disse Amin confuso que Murphy estivesse com
um corvino.
– O prazer é meu. – respondeu André.
– Estou dando conselhos para ele sobre apanhadores. Acho que posso
ajudar os dois ao mesmo tempo.
– Devo muito ao Murphy. Ele está me ajudando apesar de eu ser corvino.
– É claro! Tenho conhecimento e quero dá-los a todos que precisarem.
– Inclusive, Amin, reparei nos seus últimos treinos que lhe falta força.
Veja o exemplo da Rath, ela é a melhor batedora do colégio, e sua força é uma
das responsáveis por isso.
Seguindo os conselhos de Murphy, Amin passou a tentar rebater os
balaços com mais força nos treinos, mas não parou por aí. Orion quis dar
conselhos a Amin também, e sugeriu que ele treinasse passar o bastão para os
seus companheiros se fosse necessário. Amin achou uma manobra estranha para
um batedor, mas, pensando melhor, ficou pensando como seria melhor se um
dos batedores tivesse lhe passado o bastão para que ele rebatesse o balaço que
atingiria Murphy, ou se na final contra a Corvinal, quando ele teve que usar o
corpo para proteger o apanhador do time, se lhe tivessem dado o bastão. Assim,
ele ficou treinando o lançamento do bastão junto com sua força.
A véspera do dia das bruxas chegou, Amin já estava ficando bom no
arremesso, e sentia que suas rebatidas estavam ficando mais fortes. Além disso,
apesar de não havia sinal de tempestade de raios até ali, Amin continuava
pronunciando, no nascer e no pôr do sol, o encantamento que Rowan lhe
ensinou.
Na aula de Herbologia, Amin, Tonks e Penny estavam trabalhando juntos
cultivando Urtigas.
– Cuidado, Tonks, cuidado! – exclamou a Profª Sprout quando os Tonks
ia segurar uma urtiga com as mãos nuas. – Os pelos das urtigas queimam.
Penny, por favor, pegue as luvas de dragão, antes que ela se machuque.
– Essa foi por pouco. – disse Amin enquanto Penny se afastava para
buscar uma luva no armário da estufa.
– Que nada, estava tudo sobre controle. – disse Tonks.
– Ah! – gritou Penny, e todos se viraram para ela e perceberam que de
dentro do armário saíra um lobisomem.
– O que? Como um lobisomem foi parar no armário? – exclamou Amin.
– Não foi. Afastem-se! – disse a Profª Sprout se pondo as frentes das
crianças, ao lado de Penny. – Riddikulus!
Ouviu-se um ruído que lembrava o estalido de um chicote, e o lobisomem
diminuiu de tamanho e transformou-se em um filhote de lobo de pelúcia.
Alguns alunos soltaram exclamações e outros riram, e, em seguida, o filhote
explodiu em milhares de fiapinhos minúsculos de fumaça, e desapareceu.
– O que foi aquilo? – perguntou Amin.
– Era um bicho-papão, mas nunca os vi nas estufas. Pedirei ao professor
de defesa contra as artes das trevas que faça uma varredura para garantir que
não encontremos outros por aqui. Estão dispensados mas, antes de ir, como
vocês todos fazem parte da minha Casa, devem me entregar os formulários de
autorização para ir a Hogsmeade ainda hoje. Sem formulário não há visita.
Podem ir.
Penny saiu correndo da sala assim que a professora terminou de falar,
ainda apavorada com o lobisomem. Os outros alunos foram saindo aos poucos
logo depois.
– Achei que eles se transformassem no maior medo da pessoa. O maior
medo da Penny são lobisomens? – perguntou Tonks para Amin enquanto saiam.
– Bom, eles são bem assustadores. – disse Amin tentando desviar o
assunto, pois sabia que o medo de Penny vinha de um incidente com um
lobisomem que matou uma amiga sua a poucos anos, mas não era um assunto a
ser falado abertamente.
A tarde, na hora do almoço, Amin encontrou Penny comendo um tanto
desolada e sozinha, e se sentou ao seu lado.
– Penny, você está bem? Você saiu tão abalada da aula de herbologia.
– Estou bem. – respondeu ela nem um pouco convincente.
– Não sei se acredito. Estou preocupado com você.
– Não se preocupe, estou bem. – disse ela tentando forçar um sorriso, e
Amin deixou o assunto de lado para não forçar a barra.
– Ei! – exclamou Gui que veio se aproximando da mesa da Lufa-Lufa. –
Ouvi falar sobre o bicho-papão na aula de vocês. Muito estranho, não acham?
– Com certeza. – respondeu Amin. – A Profª Sprout disse que nunca os
vira nas estufas antes, e ela deve ensinar há vários anos. Será que teria algo a
ver com as criptas malditas?
– Não sei. Acho que é cedo para tirar essa conclusão, mas você pode falar
com o Hagrid, se tiver algo a ver ele deve deixar escapar. – disse Gui, e,
virando-se para a mesa da Grifinória viu alguns alunos do primeiro ano jogando
comida uns nos outros. – Ei, vocês ai, parem com isso! – gritou ele, e seguiu
correndo para lá.
Era conhecido que Hagrid tinha a boca grande, e que, sob pressão,
dificilmente guardava um segredo. Amin ficou pensando por alguns minutos a
melhor forma de abordar Hagrid sobre o assunto, e, no fim, resolveu ser direto,
imaginando que não haveria nada a ser dito e que sua ideia de que o bicho-
papão teria relação com as criptas era exagerada.
Às cinco para as três ele saiu do castelo e atravessaram a propriedade.
Hagrid morava numa casinha de madeira na orla da Floresta Proibida. Uma
besta e um par de galochas estavam à porta da casa.
Quando Amin bateu à porta ele ouviu uma correria frenética e latidos.
Depois, a voz de Hagrid dizendo:
– Para trás, Canino, Scrapfoot. Atrás.
A cara barbuda de Hagrid apareceu na fresta quando a porta se abriu.
– Ah, Amin, que surpresa.
Ele o fez entrar, e tanto Canino quanto Scrapfoot saltaram para Amin,
lambendo-o. Canino era um cão de caçar javalis, e Scrapfoot um Crupe, uma
criatura mágica que Amin tinha ajudado a criar no ano anterior, semelhante a
um cão, mas com dois rabos.
Havia apenas um aposento na cabana sala e quarto, que tinha uma cama
enorme em um canto, e uma lareira com um fogo vivo no outro.
– Fique à vontade – falou Hagrid.
– Obrigado. – disse Amin se livrando da lambida dos cachorros e
percebendo uma caixa no canto cheio de vermes marrons, sem dentes, cada um
com cerca de trinta centímetros.
– São vermes cegos. Estou cuidando deles. – disse Hagrid, antes mesmo
que Amin perguntasse a respeito. – Mas como posso lhe ajudar?
– Bom, hoje na aula apareceu um bicho-papão nas estufas. Achei
esquisito, e vim perguntar se você sabia de algo.
– Bicho-papão? Faz tempo que não vejo um. Acho que desde que…
– Desde quando?
– Ah, bom, desde que seu irmão estudava aqui. Inclusive, ele também
veio me perguntar a respeito.
– Meu irmão? Por que ele queria saber sobre eles?
– Bom… Ta, a verdade é que alguns deles apareceram pela escola e seu
irmão achava que tinham relação com uma cripta maldita, como uma espécie de
defesa da cripta, se alimentando do medo de quem tentasse se aproximar dela.
Mas imagino que seu irmão estivesse apenas obcecado demais com as criptas na
época.
– Já que falou do meu irmão, sabe se ele tinha algum aposento particular?
– Não que eu saiba. Ele passava muito tempo do Três Vassouras com
alguns amigos nos passeios à Hogsmeade. Imagino que falava muito com a
Madame Rosmerta, a dona do bar, mas não acho que possa chamar lá de um
aposento particular.
Amin ficou pensativo com as informações que Hagrid lhe deu. Não
imaginava que sua teoria sobre uma relação entre cripta e bicho-papão fosse ser
compartilhada por seu irmão, e ficou ainda mais ansioso para ir até Hogsmeade
e visitar o Três Vassouras.
— CAPÍTULO CINCO —
Hogsmeade

Na manhã do Dia das Bruxas, Amin acordou com os colegas e desceu


para tomar café, sentindo-se muito ansioso.
– Vamos direto para o três vassouras e falar com a Madame Rosmerta. –
disse ele para Rowan.
Eles seguiram até o saguão da escola, onde Filch, o zelador, estava
postado à porta de entrada, verificando se os nomes constavam de uma longa
lista, examinando cada rosto cheio de desconfiança, e certificando-se de que
ninguém que não devia ir estivesse saindo escondido da escola.
Os alunos passaram entre os altos pilares de pedra, encimados pelos
javalis alados, e viraram à esquerda, tomando a estrada para a vila, a força do
vento fazendo os cabelos fustigarem seus olhos. Durante todo o caminho até a
periferia de Hogsmeade, Rowan ficou comentando sobre cada lugar.
– Dervixes & Bangues, a loja de equipamento de bruxaria; Zonko’s –
Logros e Brincadeiras; o Correio; o Três Vassouras, ótimo lugar para tomar
canecas espumantes de cerveja quente amanteigada…
– Hagrid disse que meu irmão passava muito tempo no Três Vassouras e
que conversava muito com a Madame Rosmerta. – lembrou-lhe Amin. – Quero
ir logo lá para descobrir o que eu conseguir sobre ele.
Havia um vento cortante enquanto caminhavam e suas mãos estavam
congelando. Eles atravessaram as ruas e minutos depois entravam em uma
minúscula estalagem.
O Três Vassouras estava lotado, principalmente com alunos de Hogwarts
que aproveitavam a tarde livre, mas também com uma variedade de gente
mágica que Amin raramente vira em outro lugar. Ele imaginava que sendo
Hogsmeade o único povoado inteiramente mágico da Grã-Bretanha constituía
uma espécie de refúgio para gente como as bruxas, que não gostavam tanto de
se disfarçar quanto os bruxos. Uma mulher tipo violão, com um rosto bonito,
estava servindo um grupo de bruxos desordeiros no bar.
– Aquela deve ser a Madame Rosmerta – disse Rowan. – Vou pegar as
bebidas, está bem? – acrescentou empolgado.
Amin foi até o fundo do salão, onde havia uma mesinha desocupada entre
uma janela e a lareira. Rowan voltou em cinco minutos, trazendo duas canecas
espumantes de cerveja amanteigada, acompanhado de Hagrid.
– Imaginei que você viria aqui depois do que eu disse. – falou Hagrid.
– Ah, olá Hagrid.
Hagrid sentou-se junto com Amin e Rowan, e ficou contando algumas
histórias suas de quando era aluno e sobre o Prof. Kattleburn. Amin já
imaginava que Hagrid adoraria ele, considerando sua paixão por criaturas
mágicas, contudo, Hagrid encerrou a história falando que acabou sendo expulso
ainda no terceiro ano e, portanto, não pôde aproveitar tanto assim.
– Por que você foi expulso? – perguntou Amin.
Hagrid ficou encabulado, mas foi salvo pela bela mulher que estava
servindo as mesas.
– Olá queridos, é a primeira vez de vocês no Três Vassouras?
– Sim, e a cerveja amanteigada daqui é maravilhosa! – respondeu Rowan.
– Você é a Madame Rosmerta? – perguntou Amin.
– Sim, sou eu.
– Me chamo Amin Fidus. Acho que você conheceu o meu irmão, Jacob
Fidus. Se não se importa, gostaria de conversar um pouco sobre ele.
– Ah, eu me lembro do Jacob. Ele passava bastante tempo aqui no bar, as
vezes com alguns amigos, as vezes só, estudando, sempre com o mesmo
caderno. Mas um dia os aurores vieram e o arrancaram daqui enquanto ele
escrevia. Acho que foi por causa das tais criptas que ele estava investigando. O
garoto acabou deixando uma pena quando foi levado.
– Uma pena? De que cor era a pena? – perguntou Rowan lembrando-se da
pena negra que fora transfigurada no ano anterior.
– Preta. Deixei-a guardada para o caso dele voltar, mas nem sei mais onde
ela deve estar.
– A senhora poderia encontrá-la? Queria levar ela de recordação. – disse
Amin quando entendeu que Rowan se referia a pena transfigurada.
– Ah, claro querido. Sinto muito pelo desaparecimento dele. Assim que
achá-la eu lhe entrego, mas deve levar um tempo.
Como levaria tempo, Rowan convenceu Amin de que deveriam ir
explorar as outras lojas do povoado. Seguiram direto para a Dedosdemel, que
estava tão cheia de alunos de Hogwarts.
Amin foi passando entre eles, olhando para os lados e acabou esquecendo
um pouco a pena negra em meio à alegria pelo que vira. Havia prateleiras e
mais prateleiras de doces com a aparência mais apetitosa que se pode imaginar.
Tabletes de nugá, quadrados cor-de-rosa de sorvete de coco, caramelos cor de
mel; centenas de tipos de bombons em fileiras arrumadinhas; havia uma barrica
enorme de feijõezinhos de todos os sabores, Delícias gasosas, em outra parede
havia os doces de “efeitos especiais”: os melhores chicles de baba e bola (que
enchiam a loja de bolas azulonas e se recusavam a estourar durante dias), o
estranho e quebradiço fio dental de menta, minúsculos Diabinhos negros de
pimenta (“sopre fogo em seus amigos!”), Ratinhos de sorvete (“ouça seus
dentes baterem e rangerem!”), Sapos de creme de menta (“faça sua barriga
saltar para valer!”), frágeis penas de algodão-doce e bombons explosivos. Amin
se espremeu entre os alunos do terceiro ano que enchiam a loja e viu um letreiro
pendurado no canto mais distante do salão (SABORES INCOMUNS). Lá havia
uma bandeja de pirulitos com gosto de sangue.
Depois de comprar e comer inúmeros doces, os dois foram ao correio. As
corujas estavam pousadas e piavam baixinho, no mínimo umas trezentas; desde
as cinzentas de grande porte até as muito pequenas (“Somente para entregas
locais”), que eram tão mínimas que caberiam na palma da mão do garoto.
Por fim visitaram a Zonko’s, que estava, também, apinhada de estudantes.
Havia logros e brincadeiras para satisfazer até os sonhos mais absurdos de
Tonks que, por sinal, estava lá fazendo compras com Penny.
Os dois se juntaram a elas e os quatro deixaram a Zonko’s com as bolsas
de dinheiro bastante mais leves do que quando entraram, mas os bolsos iam
estufados de bombas de bosta, soluços doces, sabão de ovas de sapo e, para
cada um, uma xícara que mordia o nariz e um frisbee dentado.
Fazia um tempo firme, mas com brisa. Os quatro passaram direto pelo
Três Vassouras e subiram uma ladeira para visitar a Casa dos Gritos, o lugar
mais mal-assombrado da Grã-Bretanha. Ficava um pouco mais alta do que o
resto do povoado, e mesmo durante o dia provocava certos arrepios, com suas
janelas fechadas com tábuas e um jardim úmido e malcuidado.
– Até os fantasmas de Hogwarts evitam a casa – disse Penny quando se
debruçavam na cerca para apreciá-la.
– Tentei entrar uma vez, mas todas as entradas estão tampadas. – disse
Penny.
Amin já conhecia o local, pois tinha ido com Chiara até lá no ano anterior
devido as suas transformações em lobisomem, mas preferiu manter o que sabia
a respeito em segredo, para o caso dela precisar utilizar novamente o local.
Terminando de explorar tudo que desejavam, os quatro seguiram um
tanto cansados para beber uma última cerveja amanteigada no Três Vassouras.
Dessa vez, Amin quis experimentar a extradoce.
– Aqui estão as cervejas. – disse Madame Rosmerta – E também o que
você pediu. – concluiu ela entregando uma Pena Negra para Amin.
– É igual a que encontrei na sala comunal da Sonserina. – disse Tonks se
aproximando.
– Será que foi transfigurada? – perguntou Rowan, e Amin ficou
contemplando-a curioso.
– Só tem um jeito de descobrir. – falou ele sacando a sua varinha. –
Reparigarge!
Ao pronunciar o encantamento, a pena começou a se transformar, mas
desta vez não virou um bilhete, e sim um caderno.
– Nossa! – exclamou Madame Rosmerta que ainda estava próxima a mesa
observando tudo. – É o caderno que seu irmão vivia trazendo a loja.
Amin folheou o caderno e percebeu que haviam nele rabiscos que,
diferentes do diário, pareciam estar sobre a forma de códigos.
– Mais coisas para desvendarmos… – disse ele um tanto desapontado.
– Deixa comigo. – disse Rowan.
Os garotos seguiram de volta à estrada, cruzaram os portões ladeados por
javalis alados e se depararam com Filch, que estava fiscalizando os pertences
comprados pelos alunos para garantir que nada ilegal ou indevido entrasse.
– Nada de Frisbee Dentado ou Xícaras que Mordem. Pode passar. – disse
Filch a uma aluna que saiu depressa depois que foi liberada. – Próximo.
– Até parece. – disse Tonks, e, antes de se aproximar de Filch, alterou sua
voz para a de Snape. – Filch, venha cá.
Filch ficou confuso, e ficou procurando por Snape enquanto Tonks corria
e passava por ele. Amin e os outros acharam graça, mas logo Filch retornou e
pediu para ver os materiais que traziam. Suas xícaras e frisbees foram logo
confiscados, mas não só. Filch reparou no caderno que Amin trazia consigo, e
tomou-o da mão dele.
– Vou confiscar isso também.
– Por quê?! – perguntou Amin irritado.
– Ordens do Prof. Snape. Tudo que tiver relação com as criptas deve ser
confiscado, e eu reconheço o caderno do seu irmão. Aposto que ele deve ter
escrito tudo sobre sua obsessão pelas criptas.
Amin ficou indignado com aquilo, mas não pensou em nada que pudesse
fazer sem piorar a sua situação. Tonks reparou que Amin estava inquieto,
perguntou o que houve e Rowan lhe contou.
– Não se preocupe, Amin. Darei um jeito de recuperar o seu caderno.
– Como? – perguntou ele.
– Se bem o conheço, Filch vai levar as coisas confiscadas para a sua sala.
Eu sou recordista em ter os pertences confiscados, mas também especialista em
pregar peças no Filch. Já invadi a sala dele diversas vezes para pegar as coisas
que ele me tirava. Darei um jeito de recuperar o caderno do seu irmão.
A noite, Amin e seus amigos passaram o saguão de entrada e entraram no
Salão Principal. Este fora decorado com centenas de abóboras iluminadas por
dentro com velas, uma nuvem de morcegos, muitas serpentinas laranjas que
esvoaçavam lentamente pelo teto tempestuoso como parecendo luzidias cobras-
de-água.
A comida estava deliciosa, e todos repetiram, apesar dos doces comidos
na Dedosdemel. Foi uma noite tão agradável que Amin conseguiu deixar de
lado o roubo de Filch. A festa terminou com um espetáculo apresentado pelos
fantasmas de Hogwarts. Eles saltavam de repente das paredes e dos tampos das
mesas e voavam em formação; Nick Quase Sem Cabeça, o fantasma da
Grifinória, fez grande sucesso com uma encenação de sua própria decapitação
incompleta.
Amin acompanhou os colegas da Lufa-Lufa pelo caminho habitual para a
sua Torre, mas quando chegaram ao corredor que terminava nos barris, ouviram
o grito de um dos alunos na frente.
– O que houve? – perguntou Amin, curioso.
– Snape saiu de um dos barris e foi em direção a um menino. – disse
Penny mais à frente.
– Snape?
– Riddikulus! – pronunciou Jane Court, a monitora da Lufa-Lufa, e Snape
desapareceu numa explosão tal qual o lobo de pelúcia na aula de Herbologia. –
Vão todos para os dormitórios!
– Outro bicho-papão. – disse Rowan enquanto ele e Amin passavam pela
passagem para o salão comunal da Lufa-Lufa. – temos que recuperar o caderno
do seu irmão e ver se achamos a cripta que está causando isso.
— CAPÍTULO SEIS —
Animago vencedor

Nos dias que se seguiram não se falou de mais nada na escola senão dos
bichos-papões. Eles não tinham aparecido apenas na entrada do salão comunal
da Lufa-Lufa, mas também nas proximidades de todos os outros salões. Ao
perguntarem ao professor de defesa contra as artes das trevas, ele apenas disse
que era normal haver bichos-papões escondidos em todo o tipo de canto, mas
que os professores estavam fazendo uma limpa no colégio, e logo retomou a
aula.
Vários alunos acreditaram no professor, mas Amin e seus amigos
desconfiavam que, como Hagrid tinha dito, os bichos-papões estivessem
aparecendo por causa de alguma cripta.
Independente do surgimento dos bichos-papões, a temporada de quadribol
estava cada vez mais próxima. Em uma semana haveria o primeiro jogo da
Lufa-Lufa contra a Sonserina, e Amin teve que fazer treinos dobrados para
aprender técnicas de batedores para o jogo. Por causa disso, ele deixou que
Tonks se responsabilizasse pela recuperação do caderno, e se dedicou
inteiramente aos treinos.
O tempo foi piorando dia a dia, à medida que a primeira partida de
quadribol se aproximava. Sem desanimar, a equipe da Lufa-Lufa treinava com
mais vigor que nunca sob o olhar vigilante de Madame Hooch, que passara a
supervisionar os treinos de todas as equipes para se precaver de eventuais
surgimentos de bichos-papões nos vestiários depois que um deles apareceu e
afugentou uma estudante, que, no desespero, acabou batendo a cabeça e indo
parar na enfermaria.
Independentemente dos bichos-papões, do caderno, e dos treinos, Amin
continuava todos os dias a preparação para se tornar animago. Alguns dias ele
quase esquecia de pronunciar o encantamento, mas Rowan não o deixava
esquecer, e chegara ao ponto em que ele pronunciou o encantamento e sentiu o
pulsar como que de um segundo coração no seu peito. Tudo estava bem
encaminhado.
No último treino antes do jogo de sábado, Amin tinha finalmente
dominado o Rebate Falso, e Orion deu ao time algumas palavras de
encorajamento.
– Agora vamos descansar e refletir bem para dar o nosso melhor no jogo.
– concluiu Orion.
Um dia antes da partida, o vento começou a uivar e a chuva a cair com
mais força que nunca. Estava tão escuro nos corredores e salas de aula que foi
preciso acender mais archotes e lanternas.
– Amin, não se esqueça! Ao primeiro sinal de tempestade, você deve ir lá
fora, pegar a poção quando os raios começarem a cair, pronunciar o
encantamento uma última vez e bebê-la. Se os raios caírem e você não fizer
isso, vai ter que recomeçar todo o processo. – lembrou-lhe Rowan durante o
almoço no salão principal.
– Só espero que a tempestade de raios não caia durante o jogo. – disse
Amin.
Além dos constantes avisos de Rowan, Murphy não parava de correr para
ele nos intervalos das aulas para lhe passar novas dicas de batedor em vista do
jogo no dia seguinte. A terceira vez que isto aconteceu, Murphy falou tanto
tempo que Amin quase se atrasara para a aula de Defesa Contra as Artes das
Trevas.
Amin foi acordado extremamente cedo na manhã seguinte; tão cedo que
ainda estava escuro. Por um momento pensou que tinha sido acordado pelos
rugidos do vento, mas então ouviu Rowan chamando o seu nome.
– Acorda Amin. É agora ou nunca!
Amin tateou procurando o despertador e olhou para o mostrador. Eram
quatro e meia.
– O que houve? – perguntou ele sonolento.
– Você esqueceu? A poção para se tornar animago. Você tem que ir!
Quando Amin finalmente entendeu o que Rowan queria dizer, ele deu um
salto da cama. Se vestiu depressa, apanhou a Comet 260 e saiu do dormitório
com Rowan logo atrás.
O caminho estava livre, e, chegando do lado de fora, viu que o céu estava
muito propicio para uma tempestade de raios. Subiu na sua Comet e foi voando
até o salgueiro lutador. Quando chegou até o salgueiro ele viu o primeiro raio
cair. Não tendo tempo de imobilizar o salgueiro, Amin foi com tudo, com a
vassoura, para o túnel. O salgueiro teve tempo de reagir à aproximação de
Amin, mas este conseguiu desviar e entrar no túnel, seguindo se batendo nas
paredes até onde estava o frasco que guardara.
Ao chegar ao frasco, Amin iluminou o túnel com a varinha e reparou que
ele continha uma pequena dose de uma poção avermelhada, conforme Rowan
tinha dito outrora que deveria acontecer.
Amin carregou o frasco consigo pelo túnel, ansioso para chegar à casa
dos gritos para tomar a poção e utilizar o feitiço para se tornar, finalmente, um
animago. Ele caminhou o mais rápido que pôde, quase dobrados em dois; A
passagem parecia não ter fim, mas, finalmente, começou a subir, e momentos
depois ele viu um espaço mal iluminado por meio de uma pequena abertura.
Ele parou para recuperar o fôlego e depois avançou lentamente até um
quarto, muito desarrumado e poeirento, com papel descascando das paredes,
manchas por todo o chão, móveis quebrados, e janelas vedadas com tábuas.
– É agora. – disse Amin pegando a varinha e encostando-a no peito. –
Amato Animo Animato Animagus. – E tomou o gole da poção.
Uma dor flamejante se alastrou por todo o corpo de Amin, seguido de um
desconforto que começou a assustá-lo. Ele já não tinha a quem pedir socorro, e
nem sabia se aquilo deveria acontecer, mas logo que fechou os olhos lhe veio a
sua mente a imagem de um grande lobo. Em seguida ele começou a sentir um
segundo batimento cardíaco em seu peito, mais concreto e forte que sentira
anteriormente, junto com dores e desconfortos cada vez maiores, e, finalmente,
Amin deixou de ser um homem, suas roupas se fundiram a pele e ele se tornou o
lobo que tinha visualizado.
Sua forma de lobo tinha pelos brancos na maior parte do corpo, e
castanhos na parte superior. Tinha olhos castanhos claros como na sua forma
humana, e marcas nas patas dianteiras que lembravam as cicatrizes que tinha
nas mãos.
Após a transformação, Amin ficou parado por alguns segundos enquanto
reparava que a dor, o susto e o desconforto desapareceram. Em seguida
começou a se mover pelo quarto, ainda se acostumando a nova forma. Demorou
alguns minutos até que ele se sentisse bem com aquilo, e, para sua surpresa, ele
começou a sentir o cheiro de Rowan, e a ouvi-lo se aproximando. Seus sentidos
haviam se tornado mais aguçados na forma de lobo, e quando Rowan
finalmente apareceu no quarto, Amin ficou contemplando-o.
– Amin, é você? – perguntou Rowan um tanto acuado de ver o enorme
lobo diante de seus olhos.
O lobo confirmou com a cabeça, mas logo reparou que não era capaz de
falar naquela forma, pois ao tentar falar emitiu apenas um uivo que assustou
Rowan. Porém, depois do primeiro susto, Rowan deixou o susto de lado e olhou
para o lobo fascinado.
– Que bom que deu tudo certo. E que forma incrível. Mas acho que é bom
você voltar à forma humana. Li que você só precisa visualizar sua forma
humana e assim retornará a ela.
Inicialmente, Amin não conseguiu voltar a sua forma humana. Ele tentava
se visualizar como homem, mas tinha dificuldades, e somente depois de alguns
minutos ele conseguiu, e, depois de sentir novamente certo desconforto, voltou
à forma humana. Suas roupas e varinha também ressurgiram junto a ela.
– Qual a sensação? – perguntou Rowan depois que Amin se sentou em
um dos moveis do quarto para se recuperar.
– Terrível no início. Mas a euforia por termos conseguido supera tudo.
Quando Amin e Rowan retornaram pela entrada do Salgueiro Lutador,
este ainda estava imóvel (Rowan tinha apertado o nó), e o céu ainda continuava
tempestuoso, mas eles seguiram para o castelo protegidos da chuva por um
feitiço impermeabilizante de Rowan.
Amin viu se sentiu um tanto apreensivo quando chegou minutos depois
para o café da manhã, mas se reanimou um pouco com uma grande tigela de
mingau de aveia, e, no momento em que começou a comer torradas, o restante
da equipe aparecera no Salão.
– Vai ser uma partida dura – comentou Murphy, que não perdia a chance
de se juntar à equipe.
– Pare de se preocupar, Murphy – disse Skye confiante –, não vamos
derreter com uma chuvinha à toa, e venceremos como no ano passado.
Era muitíssimo mais do que uma chuvinha. Mas tal era a popularidade do
quadribol que a escola inteira apareceu para assistir à partida, como sempre. Os
jogadores, no entanto, desceram os jardins em direção ao campo, as cabeças
curvadas contra a ferocidade do vento, os guarda-chuvas arrancados de suas
mãos. Pouco antes de entrar no vestiário, Amin viu Rath a caminho do estádio,
e sentiu-se mais nervoso, pois ele era um batedor novato e ela, muito mais
experiente, o assistiria.
O time vestiu o uniforme amarelo e aguardou o discurso de Orion que
antecedia as partidas.
– A Sonserina pode ter treinado muito depois de ficar em último lugar na
copa de quadribol na temporada passada, mas nós também nos dedicamos nos
nossos treinos, e, mesmo diante dessa tempestade, vamos caminhar juntos para
a vitória do nosso primeiro jogo!
Todos se animaram com as palavras, e seguiram Orion quando este fez
sinal para os companheiros o seguirem para o campo. O vento estava tão forte
que eles entraram em campo cambaleando para os lados. Se os espectadores
estavam aplaudindo, os aplausos eram abafados por novos roncos de trovão.
Os jogadores da Sonserina se aproximavam pelo lado oposto do campo,
usando vestes verdes. Os capitães foram ao encontro um do outro e se apertaram
as mãos. Amin viu a boca de Madame Hooch formar as palavras “Montem em
suas vassouras”. Ele puxou o pé direito pingando lama e passou-o por cima de
sua Comet 260. Madame Hooch levou o apito à boca e soprou, um som agudo e
distante – e a partida começou.
Amin subiu depressa, mas o vento puxava sua Comet ligeiramente para o
lado. Ele a segurou o mais firme que pôde e deu uma guinada, apertando os
olhos contra a chuva.
Cinco minutos depois, estava molhado até os ossos e enregelado, mal
conseguia ver os companheiros de equipe e muito menos os balaços. Apesar
disso, voou próximo dos artilheiros, para a frente e para trás, cruzando o campo
com eles, e deixando pelo caminho vultos difusos amarelos, sem ter a menor
ideia de como protegeria os jogadores. Não conseguia ouvir os comentários de
Murphy por causa do vento. Os espectadores se ocultavam sob um mar de capas
e guarda-chuvas arrebentados. Duas vezes Amin conseguira rebater os balaço,
mas sem conseguir mirar bem.
Amin perdeu a noção do tempo. Tinha cada vez maior dificuldade de se
manter aprumado na vassoura. O céu escurecia, como se a noite tivesse decidido
chegar mais cedo; todos agora estavam tão encharcados, e a chuva tão grossa
que ele mal conseguia distinguir alguém. Foi então que ele teve uma ideia para
melhorar a situação da chuva, e voou até perto de Orion para que ele pedisse
tempo.
Ouviu-se, instantes depois, o som do apito de Madame Hooch; os
jogadores conseguiu mal e mal discernir, através da chuva, os contornos de
Orion, que fazia sinal para eles pousarem, mas em instantes o time inteiro
enfiou os pés na lama.
– Amin queria pedir tempo. – disse Orion calmamente para seu time. –
Venham até aqui embaixo…
Os jogadores se agruparam na borda do campo debaixo de um grande
guarda-chuva.
– E então, Amin, por que pediu tempo? – perguntou Skye incomodada.
– Estamos cinquenta pontos atrás, mas podemos reverter a situação
capturando o pomo.
– Isso já sabemos. – disse Skye.
– A chuva está atrapalhando, mas lembrei-me de um feitiço que Rowan
usou e que pode aliviar a situação da chuva para nós. Ficaremos na vantagem. –
continuou Amin e, tirando a varinha das vestes, exclamou – Impervius!
Todos ficaram olhando, sem saber o que o feitiço tinha feito. Amin saiu
de baixo do guarda-chuva, e a água da chuva parou de atingi-lo, sendo rebatidos
antes de baterem em seu corpo.
– Incrível! – exclamou Orion.
Amin voltou ao guarda-chuva e executou o feitiço sobre cada um dos
membros do time.
– O feitiço não vai durar tanto, mas vai nos dar vantagem por um tempo,
e devemos pegar o pomo neste tempo.
– Ouviram ele. – disse Orion.
– Vamos arrebentar! – gritou Skye, evitando o olhar de Amin, e todos
voltaram para o campo.
Apesar de o frio continuar, Amin agora conseguia ver com mais clareza
os jogadores. Em menos de um minuto ele já conseguira rebater um balaço na
direção de um dos atacantes da Sonserina que estava com a posse da goles, e
pouco depois rebater outro quando eles retomaram a goles e estavam perto de
marcar mais um gol.
Depois de alguns minutos, o efeito do feitiço começou a se dissipar, mas
Amin teve tempo para mandar um balaço no goleiro adversário. Por fim, Amin
salvou a apanhadora do time enquanto esta perseguia o pomo, mandando um
balaço diretamente no apanhador adversário, conforme lembrava que Rath
fazia, por meio de um Rebate Falso, no qual ele fingia rebater o balaço para
frente, mas o rebatia para trás. Com isso a apanhadora da Lufa-Lufa conseguiu
seguir até o pomo, e pegá-lo.
– A apanhadora pegou o pomo! A Lufa-Lufa venceu a primeira partida da
temporada! – gritou Murphy da cabine de narração.
Soou o apito de Madame Hooch. Amin se virou no ar e se juntou aos
outros seis membros do time; no momento seguinte, o time abraçava ele e Skye,
que tinha jogado brilhantemente, com tanta força que eles quase foram
arrancados da vassoura. Ouvia-se lá embaixo os brados da torcida da Lufa-Lufa
em meio aos espectadores.
– Brilhante! – Murphy não parava de berrar da cabine de narração.
Em completa desordem, eles conseguiram voltar ao campo. Amin
desmontou a vassoura, levantou a cabeça e viu um bando de torcedores da Lufa-
Lufa saltar para dentro do campo.
Após alguns minutos de euforia, ele e o restante do time rumaram, ainda
de vestes amarelas, para fora do estádio e de volta ao castelo. A festa no salão
comunal durou o dia inteiro e se prolongou até tarde da noite. Todos os doces
comprados na Dedosdemel foram consumidos na comemoração e, para fechar a
noite, Tonks veio até Amin e lhe entregou o caderno do seu irmão.
– Como você…?
– Pus uma Xícara que Morde numa caixa na entrada da sala do Filch hoje
a tarde. Ele achou que era algum presente, mas logo que abriu recebeu uma bela
de uma mordida e saiu da sala correndo. Entrei e ainda deixei um Frisbee
Dentado na porta enquanto eu procurava o caderno. Quando a Madame Nor-r-a
foi entrando, foi perseguida por pelo Frisbee e saiu disparada pelo corredor com
o Frisbee atrás. Demorei para achar por que tinha muita coisa naquela sala, a
maioria confiscada de algum aluno, mas achei-o dentro de uma gaveta. Ela até
estava trancada. Acho que Filch esqueceu que aqui é uma escola de magia. Um
simples “Alohomora” e pronto.
– Muito obrigado! – disse Amin recebendo o caderno. A noite não
poderia ser melhor.
— CAPÍTULO SETE —
Talbott

Foi um alívio voltar à zoeira e à atividade da escola principal na segunda-


feira, agora que Amin recuperara o caderno. Rowan logo o recebeu, e estava
tentando desvendar os símbolos e os códigos que haviam nele. Merula ficou
implicando, ainda mais, depois da vitória da Lufa-Lufa contra a Sonserina, sem
suspeitar da existência do caderno. Apesar disso, Amin não cabia em si de
alegria com a vitória da Lufa-Lufa e a recuperação do caderno, e a ignorava.
Agora que era animago, Amin também passou a se aventurar à noite na
floresta proibida, mas sem adentrar demais nela, devido às criaturas que lá
haviam.
Certa vez, transformado, ele encontrou-se com Borf, um lobo que Chiara
lhe apresentara quando era ainda filhote certa vez, e se divertiu bastante com
ele. Após ganhar sua ganhar sua confiança, Borf até mesmo o levou pela
floresta até a matilha de lobos que moravam lá, sendo ela a razão de muitos
crerem a existência de lobisomens na floresta.
Divertir-se com lobos não foi a única coisa que Amin conseguiu. Na noite
de lua cheia, ele se encontrou com Chiara transformada. Ela não o reconheceu,
pois não sabia nem sequer que Amin era um animago, mas os dois passaram a
noite juntos.
No dia seguinte, Amin resolveu contar a Chiara que era um animago.
Aguardou que ela saísse de seu quarto, bem cedo no dia seguinte, e a abordou.
– Olá Chiara. Dormiu bem?
– Sim. Mesmo tendo me transformado noite passada, a poção do acônito
me ajudou a viver bem, e, também, por incrível que pareça, encontrei um lobo
ontem na floresta que me fez companhia.
Amin sorriu quando ouviu aquilo. Não sabia se Chiara lembrava do que
vivia nas transformações, mas ficou feliz de saber.
– Bom, é por isso que vim falar com você, tenho algo a te contar. Você
confiou em mim quando me disse que era um lobisomem e, bom, eu era o lobo
que ficou com você.
– Como assim?
– Eu sou um animago.
– Desde quando? – perguntou Chiara surpresa.
– Desde o último jogo de quadribol… – e Amin contou-lhe a história, de
como seus amigos o ajudaram depois da aula sobre animagos, e de como foi sua
transformação em lobo. – Tenho me transformado a algumas noites, e passeado
pela floresta proibida. Rowan concordou que era uma ótima forma de eu me
adaptar as transformações. Depois me encontrei com Borf e a matilha de lobos,
e, ontem, me encontrei com você.
Os dois conversaram por alguns minutos, inclusive durante o café da
manhã. Penny, que também sabia tanto que Chiara era lobisomem quanto que
Amin era um animago, se juntou a conversa também, e, depois que Chiara saiu,
Penny falou.
– Tenho uma notícia para te contar. Descobri outro animago na escola.
– O que? Quem? – perguntou Amin surpreso.
– Bem, o nome dele é Talbott. Ele é bem reservado, mas se abriu comigo
recentemente sobre o assunto. Só eu e a Prof. McGonagall sabemos, é segredo,
mas como você também é animago, acho que vocês poderiam ser amigos.
Ao ouvir isso, Amin ficou imaginando que ele não deveria saber daquilo,
se era segredo. Tirando isso, ele ficou curioso para conhecer Talbott, e Penny
nem sequer esperou, logo agarrou Amin pelo braço e o levou até Talbott, que
estava sentado sozinho numa ponta da mesa da Corvinal. Ele era um homem
aparentemente oposto à Penny. Era moreno, serio, com cabelos parte castanho
escuro e parte castanho claro, e olhos avelã.
– Ei, Talbott, quero lhe apresentar uma pessoa. – disse Penny cheio de
entusiasmo.
– Não estou interessado. – disse ele friamente.
– Ah, deixa disso. Ele também é…
– Amigo dela. – interrompeu Amin, antes que Penny entregasse que ele
era um animago. – Me chamo Amin Fidus.
– Sei quem é você. Li o Profeta Diário, e acompanhei o desaparecimento
do gelo maligno.
– Ah, pois é.
– Se me dão licença, tenho que ir à biblioteca.
Penny ficou decepcionada, e Amin também. Não esperava que alguém
pudesse ser tão frio e solitário.
– Ele é assim. Mas é uma boa pessoa.
– Sei… Mas, Penny, antes de mais nada, não quero que conte a ninguém
que sou um… Você sabe o que.
– Mas por quê? É algo incrível ser um animago.
– Shiu! Não quero que saibam. A verdade é que eu não me registrei no
ministério da magia, então, teoricamente, sou um animago ilegal.
– O que? – espantou-se Penny.
– Todos sabem que eu estava atrás das criptas e do meu irmão. Se
descobrissem que eu queria ser um animago, ninguém iria concordar. O Profeta
Diário caçoou de mim por investigar na edição do verão, e Dumbledore proibiu
os alunos de investigar. Por favor, não conte a ninguém.
– Ta bem. Mas ainda assim quero que você conheça o Talbott. Ele não
tem outros amigos, e acho que ele precisa.
Amin concordou em tentar se aproximar de Talbott, mas ele estava
sempre isolado e se afastava quando alguém se aproximava.
Durante uma conversa com Murphy, porém, Amin teve uma ideia. Ele
lembrou-se que Murphy estava treinando André, que era da Corvinal, para se
tornar um bom apanhador, e pensou que a melhor forma de se aproximar de
Talbott, seria por outro corvino. Porém, André não era tão próximo de Talbott, e
não adiantou muita coisa.
As semanas foram passando, e Talbott começou a se afastar até mesmo de
Penny. Ela ficou preocupada, achando que fosse por ter dito a ele que contou a
Amin sobre o seu segredo, e comentou com Amin. Ele, porém, que já não
conseguia se aproximar antes, não imaginava ser capaz de se aproximar dele
agora. Porém, para sua surpresa, certo dia, o próprio Talbott veio falar com ele.
– Olá.
– Talbott? Que surpresa.
– Bom, sei que Penny confia em você, e pensei em lhe dar uma chance,
ainda mais depois que li sobre a historia do seu pai.
– Meu pai? Que tem ele?
– Assim como o seu pai estava na luta contra Você-Sabe-Quem, os meus
também estavam. Meus pais não eram aurores nem nada, mas ficaram contra
alguns comensais da morte, e acabaram morrendo.
– Como? – perguntou Amin.
– Bom, os comensais invadiram nossa casa. Meus pais tentaram pará-los,
mas foram mortos. Eu consegui escapar.
– Sinto muito Talbott, mas, afinal, como escapou?
– Me transformando. Penny me contou que lhe disse que eu era um
animago. Era segredo, mas como você sabe, não tem problema eu dizer isso.
– Sinto muito, a Penny as vezes fala demais. Foi por isso que se afastou
dela?
– Não. Em breve todos saberão que sou animago.
– Como assim?
– A Profª. McGonagall mandou eu me registrar no ministério depois que
contei a ela o que eu era. Precisava contar para alguém, e, bom, ela também é,
então achei que era a melhor pessoa, mas ela não acolheu bem a notícia.
– Mas, se você já era um animago quando criança, porque não se
registrou antes?
– Você faz muitas perguntas.
– Desculpe.
– Não precisa se desculpar. Sou corvino, questionar e buscar
conhecimento faz parte de mim, e, mesmo você sendo lufano, é bom que você
também o faça. A verdade é que eu temia que os comensais da morte viessem
atrás de mim. Ano passado, quando Lúcio Malfoy veio para Hogwarts, eu fiquei
apavorado, mas ao ver que ele não me fez nada, bom, fiquei mais aberto.
– E foi então que você contou a Profª. McGonagall?
– Quase isso. Demorei um pouco mais, e só esse ano, depois da aula
sobre animagos, que contei para ela. Nas férias vou ao ministério com ela me
registrar. Como vai ser algo publico, resolvi contar à Penny, ela é, bom, minha
única amiga.
– Se quiser, agora, posso ser o seu segundo amigo, mas, de todo modo,
por que se afastou da Penny?
– Estava muito chateado por uma coisa que aconteceu, e acabei me
isolando, até dela. Mas é ai que entra eu ter vindo até você. A forma com que
você se aventurou atrás das criptas por causa do seu irmão me fizeram pensar
que você pudesse me ajudar, e foi por isso que pesquisei sobre você para
começo de conversa. Queria sua ajuda.
– Para que?
– Para achar um colar muito especial para mim. Ele contêm uma pena
branca, que pertencia, bem, a forma animaga da minha mãe.
– Não se preocupe, ajudarei você a achar.
Amin procurou em diversos lugares da escola. Primeiro procurou nas
salas de aula, depois nos pátios, mas não o encontrava em lugar algum. Foi ver
com Talbott do lado de fora da escola, mas também não obteve sucesso.
– Você não lembra o que você estava fazendo quando o perdeu?
– Não, afinal, se lembrasse, não procuraria por toda a escola.
Amin se sentiu um pouco chateado com a resposta grossa de Talbott, mas
imaginou que ele estivesse frustrado e com raiva, e relevou.
– Você é um animago. Será que não perdeu enquanto estava
transformado? Na floresta proibida, por exemplo?
– Floresta proibida? Eu não exploro a floresta como animago, não sou
louco. Minha forma animaga é uma águia, geralmente fico no corujal ou no céu,
acima do castelo.
– Já viu nesses lugares?
– Já.
– Como um animago?
– Não.
– Então deveria tentar.
Talbott não estava muito confiante, mas aceitou. Deu uma conferida nos
arredores para garantir que ninguém veria, e se transformou em uma águia,
diante de Amin, voando em seguida para procurar pela parte de cima do castelo
e pelo corujal.
Amin, por outro lado, ficou imaginando se o colar não teria sido pego por
alguém. Lembrou-se que Tonks disse que vira muitas coisas confiscadas no
escritório do Filch, e resolveu perguntar a ela se não viu o colar lá enquanto
procurava o caderno.
– Um colar? Com uma pena branca?
– Sim.
– Hum. Acho que vi algo parecido sim.
Ao ouvir isso, Amin resolveu ir conferir por contra própria. Não tinha
ideia de como entraria na sala do Filch, mas, pensou ele, se as gavetas da sala
dele se abriam com um “Alohomora”, quem sabe a porta do escritório também
não se abriria.
Amin seguiu até o saguão de entrada e de lá passou por um corredor e
chegou à porta do escritório do Filch. Ele olhou para os dois lados, com o
coração batendo rápido, checou que a porta estava trancada e, apontando a
varinha para a porta, murmurou “Alohomora”. Para sua surpresa, a porta foi
destrancada, e ele entrou.
O local era encardido e escuro, sem janelas, iluminado por uma única
lâmpada de óleo pendurada no teto baixo. Um leve cheiro de peixe-frito
impregnava a sala. Arquivos de madeira estavam dispostos ao longo das
paredes; pelas etiquetas, Amin pôde ver que continham detalhes sobre cada
aluno que Filch já castigara. Tonks e uma outra aluna cujo nome era Tulipa
Karasu tinham uma gaveta separada. Uma coleção muitíssimo polida de
correntes e algemas estava pendurada na parede atrás da mesa de Filch. Era do
conhecimento geral que ele estava sempre pedindo a Dumbledore que o
deixasse pendurar os alunos no teto pelos tornozelos.
Amin encostou a porta e foi vasculhando a sala, a começar pelos
arquivos, pois imaginava que deveria ter alguma informação sobre o colar de
Talbott, já que Tonks o havia encontrado. Depois de poucos minutos, Amin
encontrou um arquivo informando que Filch encontrou um colar com uma pena
incomum, que fora confiscada por poder ter relações com a Pena Negra que
tinha relação com R, anos atrás, e que agora se encontrava com Madame Nor-r-
a, por ter gostado dele.
Satisfeito com a informação, Amin guardou o arquivo, mas, para sua
tristeza, ouviu passos do lado de fora e a voz de Filch. Desesperado, ele apontou
a varinha para a porta logo que esta foi empurrada, e murmurou “Colloportus”,
o que fez com que a porta se lacrasse com um estranho ruído de esmagamento.
– Tem alguém no meu escritório Madame Nor-r-a, isso não vai ficar
assim!
Amin reparou que Filch batia à porta, mas não fazia nada além disso para
destrancar a porta. Se achando com sorte pela porta estar trancada, mas sem
saber quanto tempo tinha, Amin ficou esperando até que ouviu Filch se
afastando, provavelmente para conseguir um meio de arrombar a porta, mas
continuou a ouvir os miados de Madame Nor-r-a. Ciente que ele não poderia
escapar simplesmente saindo, pois Madame Nor-r-a daria um jeito de se
comunicar com Filch, ele resolveu apelar para sua transformação. Destrancou a
porta com um novo “Alohomora”, se transformou em um lobo, e logo que
Madame Nor-r-a entrou, viu-o e saiu desesperadamente. Amin teve apenas
tempo de ver que, sob o pescoço dela, havia um colar.
Aproveitando o corredor vazio, Amin voltou a forma humana e saiu
correndo, seguindo o caminho oposto ao da gata, e se afastando o máximo que
pôde.
Ofegando ainda, Amin seguiu até fora da escola, passando pelo saguão, e
foi se encontrar de Talbott no corujal. Ele teve apenas alguns minutos de
descanso, e logo uma águia pousou ao seu lado, se transformando em seguida
em Talbott.
– Não achei nada.
– Eu achei. Está com a Madame Nor-r-a. – disse Amin, e em seguida
contou o que lhe acontecera. – Alguma ideia de como pegamos o colar de uma
gata, sem que o Filch saiba quem foi?
– Bom, tenho, mas todas envolvem enfeitiçá-la.
– Pensei em algo melhor. – disse Amin depois de um tempo pensando.
Amin foi até a cabana de Hagrid, e pediu que ele emprestasse o Scrapfoot
por um tempo. Ele foi junto com ele até o castelo, e pediu que ele farejasse a
Madame Nor-r-a. Não tardou para que a encontrasse, e, logo que viu Scrapfoot,
ela se alarmou, mas não recuou. Amin ficou escondido enquanto Scrapfoot foi
até ela, distraindo-a, e Amin aproveitou a oportunidade para retirar o colar dela.
Primeiro usou um feitiço para destrancar o colar, e, logo em seguida, o fez
levitar. Madame Nor-r-a ficou distraída com o Crupe, e não percebeu, até que
Amin pegou o colar e saiu de perto. Scrapfoot saiu em seguida, seguindo-o.
– Aqui está. – disse Amin, entregando o colar.
– Muito obrigado, ele significa muito para mim.
– Imagino. Se a pena era de sua mãe, deve ter um grande valor
sentimental.
– Sim, tem. Semana passada foi o aniversário de morte deles, fiquei
desesperado quando não encontrei o colar, e foi por isso que fiquei tão
chateado. Acho que, inclusive, devo desculpas a Penny.
– Ela vai entender.
Nos dias seguintes, Talbott se reconciliou com Penny, e passou a ser
amigo de Amin, a ponto de que Amin aproveitou para contar também a ele que
era um animago. Talbott ficou surpreso, mas não se opôs a manter segredo,
mesmo Amin sendo um animago ilegal.
Com a situação de Talbott resolvida, o pensamento de Amin retornou
para o caderno de seu irmão. Rowan continuava, determinado a decifrar o
caderno, e, no fim de novembro, começou a obter resultados.
– Parece que seu irmão criou um código, e inseriu-o no caderno. Até
agora só consegui interpretar alguns símbolos, e parecem confirmar a nossa
teoria.
– O que eles dizem?
– Que os bichos-papões tem a ver com a maldição de uma das criptas
malditas. Alguém deve ter libertado eles, assim como libertaram o gelo maligno
por meio da cripta do gelo.
– E quanto a localização?
– Aparentemente seu irmão era muito cauteloso, e distribuiu suas
descobertas em mais lugares, além do caderno. Num dos rabiscos também há
uma referência a uma sala do quinto andar, onde ele guardaria outras
descobertas, mas ainda não consegui desvendar o local exato da sala.
Amin vasculhou o andar inúmeras vezes, olhando cada porta, cada sala,
mas não encontrou nada que se assemelhasse a uma sala que Jacob usaria.
Passou pelo banheiro dos monitores, que não se abriria sem uma senha, pelos
corredores que levavam a ala médica, ao campo de quadribol e à torre do
relógio, e nada.
Rowan disse que não faria sentido que a sala estivesse à vista, ou outros a
encontrariam, e que provavelmente precisaria de uma senha ou investigar atrás
de algo para achar a sala, mas Amin não queria esperar para que Rowan
descobrisse mais informações, o que o levou a andar em círculos pelo andar,
sem encontrar nada. Ele até chegou a ver no corredor onde o gelo maligno
surgira, e no corredor escondido que levava à cripta de gelo, mas isso só o fez
receber um carão do Filch, que o viu passando por lá. Enfim, Amin se
convenceu que teria que esperar.
Ainda nesse período, Orion reiniciou treinos com mais empenho que
nunca, na chuvinha gélida e nevoenta que persistiu até dezembro, pois o
próximo adversário seria a Corvinal. Orion julgou que Skye havia jogado
brilhantemente na última partida, e deixou que, finalmente, ela liderasse os
treinamentos, o que exigiu que os membros do time treinassem com inúmeros
balaços em preparação para enfrentar Rath.
Agora que Skye estava à frente, como centro das atenções, Amin reparou
que ela voltou a tratá-lo como antigamente, sem frieza ou grosseria.
Aproveitando, ele perguntou o porque dela tê-lo tratado daquela forma, e ela
explicou que sentira ciúmes dele ter não só ter feito a Lufa-Lufa vencer a
Corvinal na última temporada, como também assumir a posição de batedor,
apesar dela ter sido melhor nos testes. Ele, porém, disse que tudo aquilo era
fruto dos treinos de Skye, que o treinou quando ele foi entrar no time, e que
tinha ensinado tanto a ele até ali, e ela, satisfeita, reconciliou-se com ele.
— CAPÍTULO OITO —
Natal

Duas semanas antes do fim do trimestre, o céu clareou de repente até


atingir um branco leitoso e ofuscante, e os terrenos enlameados da escola
amanheceram, certo dia, cobertos de cintilante geada. No interior do castelo,
havia um rebuliço de Natal no ar. Flitwick, o professor de Feitiços, já enfeitara
sua sala de aula com luzes pisca-piscas que, quando foram ver, eram fadinhas
voadoras de verdade.
Os alunos estavam satisfeitos discutindo planos para as férias de Natal.
Diferente dos anos anteriores, o Prof. Snape que veio anotar os nomes dos
alunos que continuariam na escola durante as festas de Natal, e ao que tudo
indicava, Amin ficaria sem seus amigos naquele natal, pois eles passariam o
natal com a família.
Para alegria de todos, haveria mais uma visita a Hogsmeade no último
fim de semana do trimestre. Amin estava ansioso para aproveitar essa passeio
com os amigos, já que ficaria sozinho no Natal.
Na manhã de sábado em que os colegas iriam a Hogsmeade, Amin estava
preparado para partir, embrulhado em capas e cachecóis, mas enquanto descia a
escadaria de mármore, encontrou-se com Gui um tanto abalado.
– Gui, o que houve?
– Meu irmão se machucou feio no último treino de quadribol, e está
acamado na ala hospitalar. Não vai poder ir para Hogsmeade e, talvez, acabe
nem podendo ir para casa comigo no Natal.
Amin ficou com pena de Carlinhos, e resolveu lhe visitar antes de se
reunir com os demais amigos para ir para Hogsmeade. A neve começara a cair
do lado de fora das janelas e o castelo estava muito parado e silencioso no
caminho até a ala hospitalar.
Chegando lá, Amin encontrou Carlinhos sozinho, à exceção de Madame
Pomfrey, em uma cama, com faixas sobre a cabeça.
– Como você está?
– Acho que estou bem. Um pouco tonto, mas…
– Mas por enquanto vai continuar na cama. – disse a Madame Pomfrey se
aproximando.
– Mas hoje é a ida para Hogsmeade, tenho que ir…
– Sinto muito, mas deve ficar e se recuperar primeiro. – disse Madame
Pomfrey pondo um fim a conversa, e se afastando novamente.
– Isso é mau.
– Não se preocupe, haverá outros passeios para Hogsmeade.
– Não é isso. Na primeira ida a Hogsmeade eu derrubei um expositor na
Zonko’s e fiquei de pagar na próxima ida para lá. Agora o dono da loja vai
achar que eu sou um mentiroso, ou coisa pior.
– Se quiser, posso ir lá e resolver isso para você.
– Serio? … Mas, bem, eu não consegui dinheiro para pagar e…
– Deixa comigo. – disse Amin, e Carlinhos agradeceu constrangido.
Amin voltou ao saguão de entrada e reencontrou Rowan, Penny e Tonks
que estavam lhe aguardando. Ele ficou satisfeito que eles não tivessem ido sem
ele, e seguiu com eles até a porta de carvalho, onde Filch novamente verificava
os nomes dos alunos que tinham permissão de ir a Hogsmeade.
A caminhada até Hogsmeade não foi agradável. Amin cobriu o maxilar
com o cachecol; as partes expostas do corpo logo ficaram ardidas e dormentes
ao entrar em contato com a neve. A estrada para a aldeia estava repleta de
estudantes curvados contra o vento cortante e a neve que caia.
Quando, por fim, chegaram a Hogsmeade, esta parecia um cartão de
Natal; as casas e lojas de telhado de colmo estavam cobertas por uma camada de
neve fresca; havia coroas de azevinho nas portas e fieiras de luzes encantadas
penduradas nas árvores.
Amin esqueceu o frio em meio a beleza e a diversão que teria com os
amigos. Não querendo fazer uma desfeita com eles, foi com eles visitar a
Dedosdemel e o Três Vassouras antes de ir a Zonko’s, e ficou satisfeito que
fosse a Tonks a dar a sugestão de irem até lá.
Chegando a Zonko’s, o dono, chamado Bilton, um homem que vestia um
macacão e possuía um grande bigote, veio atendê-los.
– Bem-vindos. Sempre bom ver vocês, Tonks, Amin.
– Obrigado Bilton. – disse Tonks, e foi ver com os outros as coisas da
loja, enquanto Amin ficou para trás.
– Vim aqui em nome do Carlinhos Weasley. Ele me disse que estava lhe
devendo.
– Ah, sim. Carlinhos derrubou várias bombas de bosta no chão, o fedor
demorou para sair.
– Entendo. Gostaria de saber como eu poderia cobrir a dívida dele. Ele
está acabado por causa de um acidente de quadribol.
– Bom, o cheiro já passou, então não há muito a fazer. Mas, se quiser
compensar o tempo perdido limpando, gostaria que fizesse uma entrega para
mim.
Amin topou, e recebeu duas caixas, uma de “Soluços Doces” para
entregar a Madame Puddifoot, a dona de uma casa de chá de Hogsmeade, e
outra com “Bombinhas de Natal” para entregar à Madame Rosmerta no Três
Vassouras.
Seus amigos perceberam as caixas, e perguntaram do que se tratava.
Amin não queria expor Carlinhos, então disse que tinha duas entregas para fazer
para o Bilton, e eles quiseram ajudar.
Primeiro foram até a casa de chá da Madame Puddifoot, um lugarzinho
apertado e cheio de vapor, onde tudo parecia ter sido decorado com laços e
babadinhos, e Amin fez a entrega à Madame Puddifoot. Em seguida partiram
para o Três Vassouras e lá Amin entregou a encomenda da Madame Rosmerta,
e aproveitaram para tomar mais uma cerveja amanteigada.
Por fim, eles retornaram à Zonko’s e o Bilton agradeceu pelas entregas, e
anda permitiu que Amin levasse algo da loja para Carlinhos, pela sua
recuperação, e ele levou uma “Pena de Açúcar”.
Voltando à Hogwarts, Amin e seus amigos se divertiram durante o jantar,
e já desejaram Feliz Natal adiantado para Amin, que ficaria sozinho com
Carlinhos, que ainda não tivera alta, durante o Natal. A noite foi finalizada com
muito fedor na sala comunal, pois Tonks havia soltado meia dúzia de bombas de
bosta num arroubo de animação de fim de trimestre.
Amin acordou tarde no dia seguinte e encontrou o dormitório vazio. Se
vestiu e desceu para a sala comunal, também vazia, ainda com certo fedor pelas
bombas de bosta, e lembrou-se que aquele era o primeiro dia das férias
natalinas. Era quase hora do almoço, e a neve continuava a cair lá fora.
Amin apanhou uma capa no dormitório e saiu pelo buraco do porão,
andou pelo castelo vazio e cruzou as portas de carvalho. Ele caminhou sem
pressa pelos jardins, deixando uma vala rasa na neve faiscante e solta, as meias
e as bainhas das capas foram se molhando e congelando. A Floresta Proibida
parecia que fora encantada, cada árvore se cobrira de salpicos prateados e a
cabana de Hagrid lembrava um bolo com glacê.
Ele visitou Hagrid, e depois de conversar um pouco e brincar com canino
e Scrapfoot, voltou para o castelo para almoçar, apesar do convite de Hagrid
para ficar e comer com ele a comida nada apetitosa que ele sabia preparar.
Lembrou-se que Carlinhos também devia estar pelo castelo, e foi até a
enfermaria passar um tempo com ele depois de comer. Carlinhos estava melhor,
já não se sentia tonto, e disse que teria alta em tempo de aproveitar o Natal.
Até lá foram armadas no resto do castelo as magníficas decorações de
Natal, e, desta vez, Amin se dispôs a ajudar a fazer para passar o tempo.
Grossas serpentinas de folhas e frutos de azevinho foram penduradas pelos
corredores, luzes misteriosas brilhavam dentro de cada armadura, e o Salão
Principal tinha as doze árvores de Natal de sempre, fulgurantes de estrelas
douradas.
Na véspera de Natal, quando Amin foi visitar Carlinhos, deparou-se com
outras pessoas o visitando, os pais de Carlinhos. O Sr. Weasley, começando a
ficar careca, com o pouco de cabelo que tinha ainda ruivo, e a Sra. Weasley,
baixa e gorducha, com seu rosto bondoso.
– Sr. e Sra. Weasley, que bom ver vocês de novo. – disse Amin.
– Ah, olá Amin. – disse o Sr. Weasley – Que bom vê-lo visitando nosso
filho.
– É impressionante como vocês crescem rápido.
– Obrigado. Não sabia que vocês viriam passar o Natal em Hogwarts.
– Na verdade viemos apenas visitar o Carlinhos, já que ele não passará o
Natal em casa conosco. Ficaremos até amanhã de manhã, e depois vamos a ceia
da Toca.
– Mas pensei que ele fosse ter alta hoje. – disse Amin.
– E vai, mas ele disse que ficaria com você, já que você foi tão gentil
cuidando da dívida dele e o visitando. Disse que não queria que ficasse sozinho.
– disse a Sra. Weasley
– Mãe!
– Serio? Obrigado Carlinhos, não precisava. – disse Amin, constrangido,
mas por dentro muito contente.
Após conversarem bastante, inclusive sobre os professores, a Madame
Pomfrey veio informar que Carlinhos estava de alta, e ele foi junto com os pais
para o Salão Comunal da Grifinória, enquanto Amin ficou sozinho no seu, um
tanto solitário com o salão todo para si, mas satisfeito que ele teria a companhia
de Carlinhos no resto do recesso de Natal.
Enquanto deixava Carlinhos com seus pais, Amin também aproveitou
para visitar Hagrid na sua cabana. Lá ele viu que Hagrid estava alimentando
algumas criaturas mágicas. Havia um Pelucio, uma Fada e um Ouriço. Amin já
tinha experiencias com pelucios e fadas, por ter ajudado Hagrid com eles em
outros anos, e os alimentou enquanto Hagrid cuidava do Ouriço, que, por sinal,
deu certo trabalho para se deixar ser alimentado.
Na manhã de Natal, Amin acordou com um montinho de pacotes de
presente aos pés da cama. A Sra. Weasley lhe mandara mais um suéter, desta
vez amarelo com o Texugo da Lufa-Lufa no peito, além de uma dúzia de tortas
de frutas secas e nozes, um bolo de Natal e uma caixa com crocantes de nozes.
Para sua surpresa, encontrou também um pacote dado por Carlinhos contendo
algumas meias que, segundo o cartão, tinham sido feitas por ele, e por isso não
eram lá grande coisa, mas Amin gostou mesmo assim.
No café da manhã, Amin se juntou aos Weasleys que estavam sentados
em uma mesa do Salão Principal, desfrutando de um belo banquete.
– Feliz Natal, Amin. – desejou a Sra. Weasley.
– Feliz Natal. Adorei os presentes, Sra. Weasley. – disse Amin.
– Que bom que gostou. – disse a Sra. Weasley satisfeita, e todos comeram
satisfeitos enquanto ela e o Sr. Weasley contavam a Amin sobre o resto da
família na Toca.
À hora do almoço, o Sr. e a Sra. Weasley já haviam se retirado. Amin
desceu para o Salão Principal e descobriu que as mesas das casas tinham sido
encostadas nas paredes e que uma única mesa fora posta para todos sentarem
juntos no meio do salão. Os professores Dumbledore, Minerva McGonagall,
Snape, Sprout e Flitwick estavam sentados à mesa, bem como Filch, o zelador,
que tirara o avental marrom de uso diário e estava enfatiotado com uma casaca
muito velha de aspecto mofado. Madame Pomfrey, Hagrid e Carlinhos também
estavam à mesa junto com meia dúzia de outros alunos quando Amin chegou.
– Feliz Natal! – desejou Dumbledore quando ele se aproximou da mesa. –
Como éramos tão poucos, me pareceu uma tolice usar as mesas das casas….
Sente-se, sente-se!
Amin se sentou ao lado de Carlinhos.
– Balas de estalo! – disse Dumbledore entusiasmado, oferecendo a ponta
de um tubo prateado a Snape, que o pegou com relutância e puxou. Com um
estampido, a bala se rompeu e surgiu um chapéu avermelhado; a boca de Snape
se comprimiu e ele empurrou o chapéu para Dumbledore, que o trocou pelo
próprio chapéu de bruxo na mesma hora.
– Podem avançar! – convidou ele aos presentes, sorrindo para todos.
Amin ficou constrangido de comer com os professores, ainda mais
quando Dumbledore se dirigiu a ele oferecendo-lhe salsichas apimentadas, e
apanhou a travessa de salsichas com as mãos trêmulas.
– Manjar de Natal? – ofereceu Dumbledore ao professor Snape quando as
sobremesas surgiram no lugar das sobras. Amin achou estranho quando ele a
aceitou, pois era de longe a menos apetitosa em comparação ao Pudim de
groselhas e ao Bolo de chocolate recheado.
No finzinho do almoço de Natal, empapuçados com a comida e ainda
usando os chapéus da festa, Amin e Carlinhos se levantaram da mesa e foram
para fora da escola, deitar-se nos jardins e. depois de descansar, ainda tiraram a
um tempo para treinar quadribol.
No dia seguinte ao Natal, Amin ajudou Hagrid novamente, desta vez para
alimentar uma ninhada de pufosos que, anualmente, Hagrid alimentava com as
sobras de Natal.
No resto das férias, Amin continuou a ajudar Hagrid a alimentar as mais
diversas criaturas. Além disso, ele e Carlinhos continuaram praticando
quadribol diariamente. Apesar de serem de times diferentes, os dois tinham uma
rivalidade saudável, que fazia com que um ficasse feliz com as melhoras do
outro.
— CAPÍTULO NOVE —
Tulipa e o Coral dos Sapos

Amin ficou feliz quando o restante da escola voltou, pouco depois do


Ano-Novo, e o Porão da Lufa-Lufa novamente se encheu de gente e ruídos.
Murphy procurou Amin na véspera do novo trimestre começar.
– Teve um bom Natal? – perguntou ele e, em seguida, sem esperar
resposta, disse: – Andei pensando durante o Natal, Amin. Depois da última
partida, entende. Sua ideia de usar o feitiço impermeabilizante foi ótima, mas
você ainda não jogou tão bem como batedor como poderia, e a próxima
adversária é a Rath. Pensei em algumas estratégias, e passarei para você e o
resto do time quando os treinos recomeçarem.
Murphy saiu logo em seguida, e Amin nem teve tempo de pensar no
assunto, pois Rowan chegou logo em seguida eufórico.
– Consegui descobrir onde é a sala do seu irmão!
– O que? Serio? Onde?
– Vou te mostrar. Vamos!
Amin foi correndo atrás de Rowan, que parecia muito entusiasmado por
sua descoberta. Eles seguiram até o quinto andar, e de lá para o corredor no qual
ficava o banheiro dos monitores, e uma estátua de Gregório, o Bajulador.
– É atrás da estátua. – disse Rowan.
Amin olhou a estátua do bruxo careca segurando uma poção, mas não viu
nenhum espaço ou passagem por trás dela. Rowan segurou a poção na mão da
estátua, e, como uma alavanca, esta se moveu, e a estátua em seguida, revelando
um corredor por trás da passagem contendo uma sala. Amin se aproximou
ansioso da sala, mas logo reparou que havia uma tranca na porta com espaço
para duas chaves.
– Acho que essa é a sala. – disse Rowan.
– Só pode ser ela. Olha, até mesmo está trancada. – Amin sacou a
varinha, apontando para a tranca. – Alohomora! – Mas nada aconteceu.
– Parece que ela possui um Feitiço Anti-Alohomora.
– E como abrimos? Quebramos?
– Acho que há uma forma melhor. – disse ele se aproximando da tranca e
observando-a melhor. – Veja, a tranca possui um nome. Acho que não foi seu
irmão quem a pôs.
Amin também se aproximou, e leu “Propriedade de Tulipa Karasu”.
– Tulipa Karasu? Lembro que vi esse nome no escritório do Filch, mas,
quem é? – perguntou ele, ainda, inutilmente, tentando puxar a tranca.
– Uma Corvina muito inteligente, mas também muito rebelde. Ela está no
nosso ano, e compete com a Tonks em travessuras pela escola.
– Precisamos falar com ela.
– Podemos esperar até as aulas recomeçarem, temos aula de
transfiguração conjunta com a Corvinal, ela estará lá.
Amin não gostou da ideia de esperar, mesmo sabendo que era melhor do
que explodir a porta ou algo assim. Se afastou com Rowan enquanto ele
ajustava a poção e fechava a passagem, mas, ao se afastarem um pouco, ele
reparou em uma pessoa o encarando, Barnaby, que se afastou logo depois.
Apesar de achar estranho, Amin deixou para lá.
Quando o novo período letivo começou, no grande e saboroso banquete
de retorno as aulas, Penny se aproximou de Amin junto com uma outra garota.
Suas vestes eram feitas de finíssima seda azul, e era muito bela com seu cabelo
preto oculto sobre um chapéu que combinava com as vestes.
– Amin, está é Aurélie Dumont. Ela é uma amiga minha da frança, estuda
na Acadêmia de Magia Beauxbatons da França, e conseguiu dispensa para
passar algum tempo aqui em Hogwarts.
– Bonjour. Penny falou muito sobre você. – disse Aurélie.
Amin ficou constrangido, e Penny voltou a falar.
– Ela é da nossa idade, adora fazer poções e, quem sabe, se gostar daqui,
se mude para estudar conosco.
– É uma decisão difícil, Penny, tenho que primeiro ver se Ogwarts é o
lugar certo para mim. – disse, e ficou contemplando o Salão Principal.
As aulas recomeçaram no dia seguinte em uma fria manhã de janeiro. O
Prof. Kattleburn providenciara uma fogueira cheia de salamandras para alegria
dos alunos, que passaram uma aula incomumente boa juntando madeira e folhas
secas para manter o fogo alto enquanto os bichinhos, que adoram chamas,
subiam e desciam pelas toras embranquecidas de calor.
As aulas de poções, por outro lado, foi uma aula fria e nada divertida. O
Prof. Snape mandou que todos fizessem um Antidoto para Venenos Comuns, e
Amin sentou-se junto com Penny e Aurélie. As duas não só gostavam, como
eram muito boas na matéria, e se saíram muito bem. Aurélie não parava de fazer
comentários para Amin, sugerindo uma forma de fazer diferente da ensinada por
Snape.
– É assim que fazemos em Beauxbatons, acho que fica um pouco melhor.
Enquanto Amin ficava na dúvida se seguia ou não os conselhos de
Aurélie, Snape reclamava da poção de Barnaby, ordenando que ele refizesse a
poção. O mesmo se repetiu por três vezes naquela aula, e Rowan cochichou
para Amin que se fosse um deles a fazer aquilo Snape já teria tirado pontos da
casa.
O que Amin achou estranho, foi que Barnaby parecia olhar para ele
depois que Snape dava a bronca, e Aurélie até perguntou, enquanto guardavam
suas coisas, se Amin era famoso a ponto de ser observado daquele modo.
– Como assim? – perguntou ele.
Aquele garoto que levou as broncas estava direto olhando para você.
Como não era a primeira vez que Barnaby encarara Amin, ele se
aproximou dele para questioná-lo a respeito.
– Oi, Barnaby. Está tudo bem?
– Como assim! – respondeu ele um tanto grosso.
– É que a amiga da Penny disse que você estava me observando na aula.
Queria saber se você tem algo a dizer.
– Tenho. Estou de olho em você.
– Por quê?
– Porque Merula mandou. Ela disse que você estava aprontando alguma
coisa, e que era uma pessoa ruim.
– E você acha que eu sou?
– Bom, você não fez nada de ruim até agora, mas se ela disse…
– Não acha que ela só está querendo deixar você contra mim?
Barnaby ficou em silêncio, e saiu sem responder.
– Que houve? – perguntou Rowan depois que Barnaby saiu.
– Parece que Merula pediu para Barnaby ficar de olho em mim.
– Fico imaginando se algum dia ela vai te deixar em paz.
Aurélie continuou assistindo as aulas com Penny, sempre fazendo
comentários sobre a diferença de ensino entre Hogwarts e Beauxbatons.
Quando finalmente chegara a aula de Transfiguração que Amin tanto
desejava, ele ficou à porta com Rowan esperando todos entrarem, esperando
para descobrir quem era Tulipa Karasu.
Ai vem ela. – disse Rowan, apontando uma garota com longos cabelos
ruivos e que trazia consigo um sapo de estimação.
Amin esperou a aula sobre o feitiço de endurecimento acabar para
abordar Tulipa sobre a tranca na sala de seu irmão. Quando o sinal tocou e todos
começaram a sair, ele se aproximou, cautelosamente, dela.
Com licença, você é a Tulipa?
– Sou. – respondeu ela avaliando Amin.
– Me chamo Amin Fidus.
– Sei quem é você. Foi você quem desfez a maldição do gelo maligno ano
passado, e que saiu no profeta diário.
– É, sou eu mesmo. Queria saber se você sabe algo sobre a sala atrás da
estátua de Gregório, o Bajulador.
– Você também encontrou ela? – perguntou ela um tanto surpresa.
– Sim. Então a tranca, foi você?
– Sim. Tenho investigado as criptas desde que vi o destaque que você
ganhou por desfazer a maldição da última cripta, e acabei encontrando aquela
sala. Ela tem informações sobre as criptas malditas, e a tranquei para garantir
que ninguém mais obtivesse-as.
– Você está atrás das criptas, mesmo Dumbledore tendo proibido?
– Não ligo muito para as regras da escola.
– Bom, sendo assim, você poderia me deixar entrar na sala? Posso ajudá-
la a entrar na próxima cripta, e tenho informações…
– Hum. Não.
– Por quê?
– Porque a tranca que criei só se abre com duas chaves. E, ainda que eu
fosse lhe dar a minha, a outra eu dei para outra pessoa.
– Quem?
– Merula Snyde.
– Por quê você confiaria a outra chave para ela?
– Pode não gostar dela, mas somos amigas. E é astuta, habilidosa e estava
me ajudando a pesquisar as criptas.
– Estava?
– É. Nós brigamos recentemente por causa do Coral de Sapos. Vai haver
uma competição, e pedi que ela competisse com o Dênis – e ela apontou para o
seu sapo. – e ela se recusou. Era uma grande oportunidade para ele, mas ela
disse que queria vencer e ele iria atrapalhar.
– Se eu conseguir que o Dênis participe do Coral, você me ajudaria a
entrar naquela sala?
– Sim, mas, você sabe cantar?
– Não, mas darei um jeito.
Porém, que jeito dar, Amin não tinha ideia. Ele recorreu então aos seus
amigos da Lufa-Lufa, mas nenhum deles tinha afinidade com canto. Amin foi
então procurar os Weasley, e, quando Carlinhos também se mostrou incapaz, ele
foi atrás de Gui.
Gui estava lotado de tarefas, não só por ser monitor, mas por estar no ano
dos NOM’s – Níveis Ordinários em Magia, que era o exame que havia no
quinto ano em Hogwarts e que era um grande passo para que os alunos
decidissem seus futuros trabalhos. Quando Amin foi atrás de Gui, ele estava na
biblioteca, com pilhas de livros dos mais diversos assuntos sobre a mesa.
– Olá, Gui.
– Ah, olá Amin. – disse Gui, sem retirar os olhos do livro que lia.
– Queria saber se você poderia me ajudar. Preciso de alguém que possa
entrar no Coral dos Sapos para poder entrar numa sala com pistas sobre as
Criptas Malditas. – resumiu Amin, mas, mesmo assim, Gui não tirou os olhos
do livro.
– Desculpe, mas agora não posso ajudar. Pensei que daria conta, mas
estou atolado demais nos estudos para poder ajudar com as Criptas.
– Entendo.
– Mas, se a questão é o Coral dos Sapos, conheço alguns caras que podem
ajudar. Procure por Myron Wagtail, ele é do meu ano, tem pele branca, cabelos
marrons e canta como ninguém. – e, terminando de falar, virou a pagina, e
começou a tomar notas.
– Obrigado.
Amin não tinha ideia de quem era Myron, mas conversou com Rowan e
Penny, que eram atualizados de tudo na escola, e ambos o reconheceram.
– Mas é claro, Myron é um cantor que está formando uma banda aqui em
Hogwarts. – disse Rowan.
– Uma banda? – perguntou Amin.
– Sim. As esquisitonas. Ele é muito bom. – disse Penny.
Amin achou esquisito que alunos formassem uma banda, ainda mais no
ano dos NOM’s, mas achou que ele seria a pessoa perfeita para o Coral. Ele
localizou-o com a ajuda de Rowan acompanhado de outro aluno, Kirley, que
cantava junto com ele..
– Olá, Myron.
– Ora se não é Amin Fidus. – respondeu ele.
– Sim, sou eu. Queria pedir a sua ajuda. – respondeu Amin, sem mais
questionar como o conheciam, já imaginando ser por causa das criptas e do
Profeta Diário.
– Como posso ajudar o homem que nos salvou do gelo maligno?
– Bom, queria que você cantasse no Coral dos Sapos junto com o sapo de
uma colega. É muito importante para ela.
– Coral dos Sapos? Serio?
– Por favor, é muito importante para mim.
– Isso tem a ver com as criptas?
– Bom… – Amin refletiu se deveria dizer a verdade, por medo de ser
entregue e receber uma punição por isso, mas vendo o entusiasmo de Myron,
falou a verdade. – Sim.
– Então com certeza ajudo. Suas aventuras nos inspiram.
– Serio?
– É claro. E também vai ser um bom aquecimento para o Show que
estamos planejando.
Amin ficou surpreso, mas satisfeito que Myron fosse ajudá-lo. Dialogou
com Tulipa, e ela não discordou, pois só queria que Dênis participasse.
Com o passar das semanas, Amin foi acompanhando os ensaios de Myron
com Dênis para o teste do Coral que se aproximava. Enquanto isso, nas aulas de
trato das criaturas mágicas, o Prof. Kattleburn deu uma aula incrível envolvendo
os Abraxans, que eram cavalos alados enormes, do tamanho de elefantes, graças
a Aurélie que tinha vindo até Hogwarts voando em um deles.
O Abraxan utilizado na aula era dourado, e tinha cascos do tamanho de
pratos. O Prof. Kattleburn teve dificuldade em conduzi-lo do picadeiro em que
Aurélia o tinha posto, até o local da aula, pois ele tinha muita força e certa
resistência aos comandos do professor.
– Ele só bebe uísque de malte. – disse Aurélie enquanto o Prof.
Kattleburn tentava alimentá-lo.
Já nas aulas de poções, Aurélie começava a se cansar, pois, disse a Penny,
pensava que estaria incluso na matéria Alquimia, mas Penny a informou que só
teriam Alquimia no sexto ano.
Fora das aulas, Merula, irritada por ter que competir com um cantor
muito conhecido pela escola, e querendo melhorar suas chances, tentou algumas
vezes sabotar Myron, em seus ensaios, mas não conseguia, pois Kirley ficava
sempre de vigia junto com Amin para que nada desse errado.
Faltando poucos dias para o teste, Merula veio com Ismelda e Barnaby
confrontar Amin.
– Soube que foi você que chamou o Myron para os testes. Por que você
fez isso?
– Você negou ir com o Dênis para os testes, então, Tulipa me pediu ajuda.
– E o que você tem a ver com a Tulipa?
– Você sabe. A sala do meu irmão.
– Eu disse que o vi passando por lá! – disse Barnaby.
– Você já estava me espionando naquela hora! – exclamou Amin.
– Já basta! – disse Merula. – Agora, Amin, convença o Myron a não fazer
o teste e deixe a sala para lá, ou…
– O que? – perguntou Amin pondo a mão no bolso, e segurando a
varinha.
– Exatamente o que você pensou. – disse ela sacando a varinha. –
Flipendo! – Amin se abaixou quando a luz do feitiço saiu da varinha e atingiu a
parede atrás. Barnaby e Ismelda sacaram as varinhas também.
– Três contra um? Você não dizia ser a bruxa mais poderosa de
Hogwarts?
– Deixem que eu cuido dele. Depulso! – uma rajada de luz amarela saiu
da varinha, e Amin novamente conseguiu desviar se movendo para o lado.
– Expeliarmus! – exclamou Amin, e a varinha de Merula saltou para
cima.
– Não!
Amin viu a oportunidade de atacá-la, mas, não querendo se rebaixar ao
nível dela, virou-se de costas e foi embora.
Merula não tentou desafiar Amin novamente, e este ficou feliz que ela
não o tivesse feito, porém, para sua surpresa, nas vésperas do teste, Tulipa veio
falar com ele.
– Amin, obrigado por tudo, mas Merula topou fazer o teste com Dênis, e,
bem, acho que é melhor que ela o faça.
– Mas por quê? Todo o esforço do Myron terá sido em vão.
– Merula me contou o por que dela querer tanto vencer o teste e entrar no
Coral. É por causa da sua mãe, e, bem, não quero tirar isso dela.
– A mãe dela não está em Azkaban?
– Sim, e é por isso mesmo. Ela me contou que sua mãe foi do Coral dos
Sapos, e queria vencer em seu nome, ainda que sua mãe não possa vê-la no
coral.
Amin sentiu raiva de si mesmo por sentir pena de Merula, e foi falar com
Myron sobre o teste. Myron não se incomodou de não participar, mas pediu
ajuda para, no lugar do teste, poder fazer um show.
– Os professores não gostam muito da ideia, então precisaríamos fazer
escondidos, principalmente do Filch.
Querendo concertar o que foi feito, Amin foi atrás de seus amigos. Até
mesmo Tulipa quis ajudar. Primeiramente, Tulipa e Tonks foram atrás do ser
mais caótico da escola, Pirraça, o Poltergeist que tinha a forma de homenzinho
com olhos escuros e maus com a boca escancarada. Mesmo as duas sendo
grande pregadores de peças, Pirraça as superava, mas, ao mesmo tempo,
respeitava as duas por serem tão travessas.
Com a ajuda deles, as duas se prepararam para criar a maior desordem
possível na escola, de forma que os professores estivessem ocupados durante o
show das Esquisitonas.
Para lidar com Filch, Penny fez uma Poção do Sono ainda mais potente
do que a que tinha feito para Madame Nor-r-a no primeiro ano, com a ajuda de
Aurélie.
Rowan ficou responsável por divulgar o show, de modo que apenas os
alunos soubessem, e até mesmos alunos mais reservados como Chiara e Talbott
desejaram participar do show.
Por fim, Amin ajudou na decoração do lugar. Para acolher todo o público,
foram ate o campo de quadribol, tendo Tonks distraído a Madame Hooch com
sua habilidade de Metamorfomaga, e também na preparação do show. Apesar
de não ter experiência, ele foi ajudando Myron a levar os materiais, e até
aprendeu com ele a enfeitiçar instrumentos musicais para que tocassem
sozinhos.
Finalmente, tendo o caos dominado a escola, e os alunos todos se reunido
no campo de quadribol, as esquisitonas aproveitaram e fizeram o seu show,
cantando “Faça o Hipogrifo” e diversas outras musicas que fizeram todos cantar
e dançar.
— CAPÍTULO DEZ —
Segunda partida

O show das Esquisitonas foi o assunto mais comentado das próximas


semanas. Os professores, é claro, descobriram que houve o show, e colocaram
os cantores em detenção, mas isso não diminuiu a alegria de todos os que
participaram, sem falar que, com o show, alguns outros alunos se ofereceram
para se juntar a banda.
O coral dos sapos ocorrera novamente dias depois, e Merula conseguiu
entrar no coral junto com Dênis. Assim, Tulipa fez cumpriu sua parte do acordo,
e deu sua chave ao Amin, oferecendo-se ainda para ajudá-lo a conseguir a outra
chave, caso ele precisasse.
Aurélie foi embora de Hogwarts depois de terminar “suas pesquisas” pela
escola. Amin descobriu, por Penny, que Aurélie estava interessada na escola
mais por causa de um boato que ouvira sobre um cálice especial de Nicolal
Flamel, que estaria em Hogwarts, e que a ajudaria em seus estudos sobre
Alquimia, matéria à qual se dedicava junto ao seu irmão. Contudo, depois de
descobrir que tal cálice não estaria na escola, acabou retornando para
Beauxbatons.
Com chegada de Fevereiro e a proximidade do segundo jogo da Lufa-
Lufa, Amin não teve tempo de se preocupar com Merula e nem com a sala de
Jacob, pois, apesar de a Corvinal ter perdido para a Grifinória no primeiro jogo,
Skye aumentara o número de treinos do time para cinco por semana. Amin
começava a achar que Orion tinha tomado a decisão errada por deixá-la liderar a
equipe, e agora só lhe sobrava uma noite por semana para fazer todos os deveres
de casa.
Ainda assim, ele não estava aparentando tanto desgaste quanto Gui, cuja
imensa carga de trabalho parecia estar levando-o ao seu limite. Todas as noites,
sem falta, Carlinhos disse que ele era visto a um canto da sala comunal, várias
mesas cheias de livros, tabelas de Aritmancia, dicionários de runas, diagramas
de trouxas levantando grandes objetos e ainda fichários e mais fichários de
extensas anotações; ele pouco falava com os colegas e respondia mal quando
era interrompido.
Apesar de os treinos serem exaustivos, Amin estava contente com o seu
desempenho cada vez melhor. Ele não se considerava ainda no nível da Rath, a
qual ele teria que enfrentar, mas estava se tornando tão bom quanto a batedora
veterana do time.
Os ataques dos bichos-papões não cessavam, apesar de tudo. Amin ouvia
vez ou outra um aluno comentando que vira um deles, seja numa sala de aula,
seja na sala comunal, mas até ali poucos alunos tinham sido machucados pelos
bichos-papões, graças aos monitores e aos professores que estavam sempre
atentos, sem falar que os bichos-papões se confundiam quando havia muitas
pessoas reunidas, e, amenos que se transformasse em algo capaz de assuntar a
todos ao mesmo tempo, ele ficava confuso, sem saber no que se transformar, o
que o fazia menos perigoso.
Amin ainda pensava, de vez em quando, em faltar um treino para ir atrás
de Merula, principalmente quando achou que seu desempenho estava bom o
suficiente, mas logo deixava isso de lado quando lembrava da última conversa
dele com Rath.
Foi ainda no início do mês, enquanto ele estava no Salão Principal
lanchando, e ela veio até ele intimidá-lo.
– Você se acha um batedor?
– Sim, eu acho – respondeu ele sem entender.
– Vencer uma partida como batedor não te faz um. Vocês venceram
aquela partida por causa da chuva e da Skye, nada mais do que isso. Se
dependesse de você…
– Quem é você para falar? – respondeu ele ficando com raiva. – Que eu
saiba seu time perdeu para a Grifinória.
– Veremos na próxima partida.
Até ali, Amin não sabia por que Rath agiu daquele modo, pois, até onde
sabia, sua rivalidade com Skye estava estável. Ate tentou pensar que fosse por
causa de sua derrota para a Grifinória, mas, ainda assim, estava disposto a
provar a Rath que era um bom batedor na partida que se aproximava, e por isso
não deixava de treinar e se dedicar.
No último treino do time da Lufa-Lufa, antes da partida com Corvinal,
Murphy continuou a dar conselhos para o time. Desde o primeiro treino, ele
falava sobre táticas novas que pensara para enfrentar Rath e a Corvinal. Orion e
Skye também fizeram alguns comentários e sugestões.
– Muito bem, pessoal, vamos… – disse Orion.
Então, finalmente, Amin montou na Comet 260, e deu impulso para
levantar voo e treinou alguns rebates de balaços com a outra batedora. Foi um
ótimo treino, todos realizavam movimentos impecáveis, e, no momento em que
voltaram ao chão, Skye não teve uma única crítica a fazer, o que, era incomum.
Chegara o dia a segunda partida. Às quinze para as onze, o time da Lufa-
Lufa saiu do café da manhã no salão principal em direção ao vestiário. O tempo
não poderia estar mais diferente do que o do dia da partida contra a Sonserina.
Fazia um dia claro e frio com uma levíssima brisa; desta vez não haveria
problemas de visibilidade e Amin, embora nervoso, estava começando a sentir a
excitação que somente uma partida de quadribol era capaz de produzir. Eles
ouviram o resto da escola entrando, mais além, no estádio. Amin despiu as
vestes negras da escola, tirou a varinha do bolso e enfiou-a na camiseta que ia
usar por baixo do uniforme de quadribol, por precaução.
– Ainda que Rath seja conhecida como uma ótima batedora, nosso time
tem sete ótimos jogadores. Vamos jogar juntos, unidos, em equipe, e a Corvinal
não terá chance. – disse Olívio quando o time se preparava para deixar o
vestiário.
Os jogadores saíram do vestiário para o campo debaixo de tumultuosos
aplausos. O time da Corvinal, vestido de azul, já estava parado no meio do
campo. A batedora, Rath, à espera. Os times ficaram frente a frente, atrás dos
capitães.
– Orion, Rath, apertem-se as mãos – disse Madame Hooch, eficiente, e
Orion apertou a mão do capitão da Rath.
“Montem nas vassouras… quando eu apitar… três, dois, um…”
Amin deu o impulso para subir, e a Comet voou para o alto com
velocidade; ele sobrevoou o estádio observando o movimento dos balaços
enquanto ouvia aos comentários que estavam sendo irradiados por Murphy.
“Foi dado início à partida das rivais, Lufa-Lufa e Corvinal. Lufa-Lufa tem
a posse da goles, Skye Parkin da Lufa-Lufa está voando em direção à baliza.
Um balaço vem em sua direção, mas é rebatido por Amin… Em direção ao
goleiro da Corvinal! Foi um rebate falso! O balaço distrai o banheiro do aro, e
Skye marca. Dez a zero para Lufa-Lufa!”
– Continue assim, Amin! – berrou a batedora da Lufa-Lufa ao passar
disparada em perseguição ao outro balaço que seguia na direção de Orion.
Então um balaço, arremessado por um dos batedores da Corvinal, saiu a
toda, Amin nem viu de onde; ele mudou de rumo, evitando o petardo por um
dedo, e, naqueles segundos cruciais, a Corvinal empatou o jogo. Amin viu ao
redor de onde tinha vindo o balaço, e reparou que Rath estava de olho nele.
Houve um grande “ooooooh” de desapontamento da torcida da Lufa-
Lufa, mas muitos aplausos da Corvinal para a Rath.
Amin não deixou isso abalá-lo e, minutos depois, lançou um balaço
diretamente contra o apanhador da Corvinal, que, por sua vez, foi salvo por
Rath. E, mais alguns minutos depois, a situação se invertia.
“Lufa-Lufa lidera a partida, mas Amin está com dificuldades para
proteger a apanhadora da Lufa-Lufa contra as investidas de Rath. E a
apanhadora parece perder o pomo de vista.”
Depois das tentativas falhas de atacar a apanhadora da Lufa-Lufa, Rath
resolveu mudar a tática, e foi avançando para Amin junto ao outro batedor do
time. Os dois cercaram Amin e mandaram um balaço para ele, mas Amin
aproveitou o impulso e fez outro Rebate Falso, mandando o balaço com o dobro
de força e velocidade e nocauteando o outro batedor da Corvinal.
Agora eram dois contra um, mas Amin não partiu para a ofensiva. Ele
ficou guardando a apanhadora enquanto a outra batedora ficou protegendo os
artilheiros. A vantagem só aumentou com o tempo, até que Amin se deu conta
que, enquanto Rath atacava a apanhadora da Lufa-Lufa, o apanhador da
Corvinal estava indo em direção ao Pomo. Ele então rebateu um balaço
particularmente forte mandado por Rath para o apanhador da Corvinal, o que o
fez perder o pomo, enquanto a apanhadora da Lufa-Lufa partiu para cima dele.
Rath ainda tentou uma última investida, à qual Amin não conseguiria
rebater a tempo, mas, conforme treinara, ele arremessou o bastão para a
apanhadora que, continuando a perseguir o pomo, agarrou-o e desviou o balaço.
Em seguida ela avançou – estava quase lá – estendeu a mão que não segura o
bastão e conseguiu fechar os dedos sobre o pequeno pomo que se debatia.
Soou o apito de Madame Hooch.
“A apanhadora pegou o pomo! A Lufa-Lufa venceu a partida!”
– Sim! Vencemos! – gritava Amin no vestiário da Lufa-Lufa
– Sim! E não teríamos conseguido sem você. – disse Skye.
– Não teríamos conseguido sem a ajuda de cada um. – corrigiu Orion. –
E, agora, só resta a partida final contra a Grifinória, a campeã do ano passado.
Mas, hoje, podemos comemorar.
– Vamos, então! – disse Amin. – Festa! Sala comunal da Lufa-Lufa,
agora!
Ele e o restante do time se trocaram e seguiram de volta ao castelo, onde,
no Porão da Lufa-Lufa, ocorreu uma nova festa que durou o dia inteiro, assim
como a da primeira vitória. A festa só terminou quando a Profª Sprout apareceu,
a uma hora da manhã, para insistir que todos fossem se deitar. Amin, exausto, se
enfiou na cama, deitou de costas e sentiu que adormecia quase
instantaneamente.
— CAPÍTULO ONZE —
A sala de Jacob

Passado o jogo, Amin voltou sua atenção inteiramente à sala de seu


irmão. Ele se reuniu com Tulipa, algumas vezes, sobre a melhor forma dele
reobter a chave.
Tulipa, inicialmente, tentou dialogar com Merula, mas esta foi totalmente
contra deixar Amin entrar na sala, pois os segredos dela levariam as criptas, e
ela não queria dividir o tesouro com ele. Quando Tulipa continuou a tentar
convencê-la, Ismelda, que a acompanhava, lançou-lhe um feitiço, e, vendo que
Merula não fez nada, as duas voltaram a antiga inimizade.
– Precisamos nos livrar dos parceiros da Merula se quisermos pegar a
chave. – disse Tulipa, ainda com dores devido ao feitiço tomado.
– Tem alguma ideia de como?
– É claro.
Tulipa reuniu todas as bombas de bostas que vinha comprando na
Zonko’s para a ocasião perfeita de uma pegadinha, e, para ela, não havia alvo
melhor que Ismelda.
Amin e ela se encontraram noutro dia, e Tulipa carregava consigo uma
bomba de bosta endurecida pelo feitiço que a Profª McGonagall havia ensinado.
– A bomba vai explodir quando colidir com o chão, só precisamos
garantir que eles três estejam sozinhos. – disse ela mostrando a bomba. – E sei o
lugar perfeito. Eles vivem se encontrando no pátio para conversar sobre as
criptas e a sala.
– Ismelda e Barnaby também entraram nela?
– Não, mas não ousam confrontá-la.
– Então, vamos esperar no pátio.
Amin e Tulipa passaram pelo pátio algumas vezes, esperando Merula e
seus “parceiros”, e, quando finalmente eles se reuniram no pátio, ficaram
espiando-os.
– Acho que podíamos torturar alguns alunos e ver se descobrimos mais
sobre a localização da próxima cripta. – disse Ismelda.
– Ou podíamos perguntar ao Dumbledore. – sugeriu Barnaby.
– Vocês são burros. Nenhum aluno sabe onde as criptas estão, e, se
Dumbledore souber que estamos atrás, vamos ser expulsos. – gritou Merula
para os dois.
– Agora, Amin. – disse Tulipa, com a bomba em mãos.
– Depulso! – exclamou Amin, apontando para a bomba, e ela foi
arremessada até onde os três estavam conversando. Ao cair no chão, ela
explodiu, lançando um cheiro terrível pelo ar. Barnaby e Ismelda correram para
longe, e, antes que Merula fizesse o mesmo, Amin e Tulipa se puseram a frente.
– Foram vocês!
– Dê a chave para a gente e pode ir.
– A gente? Você realmente vai ficar ao lado de uma traidora como ela?
Na menos oportunidade ela vai te trair, como me traiu. – disse Merula, e Tulipa
ficou se sentindo culpada.
– Só quero achar o meu irmão, e, para isso preciso da chave.
– E os tesouros?
– Não ligo para eles.
– Não interessa. – disse Merula. – Não vou dar essa chave a ninguém. –
disse ela tirando a chave de dentro das vestes. – Vão ter que tirá-la de mim.
– Não precisamos de muito esforço para isso. – disse Tulipa. – Accio!
Com o feitiço, a chave foi puxada da mão de Merula, e foi parar nas mãos
de Tulipa.
– Não! – gritou Merula, puxando a varinha.
– Para, Merula, não quero te machucar. – disse ele apontando a varinha
para ela.
Merula avaliou suas chances, e, lembrando da última derrota e se vendo
sozinha, guardou a varinha.
– Quer saber, podem ficar com a chave. Eu já explorei tudo o que tinha na
sala, não preciso mais dela. – e, dizendo isso, Merula saiu de lá.
– Belo feitiço convocatório. – disse Amin para Tulipa.
– Obrigado. Pensei que sem os capangas, poderíamos dialogar com
Merula pela chave, mas vi que não. – disse ela um tanto triste.
– Hum… – disse Amin, pensando se deveria falar algo pela reação de
Tulipa.
– Vamos logo para a sala. – disse Tulipa, caminhando para o castelo.
Amin seguiu Tulipa até o quinto andar, e, de lá, para a passagem por trás
da Estátua de Gregório. Estava ansioso para saber o que teria na sala de seu
irmão, mas ao mesmo tempo preocupado com Tulipa.
Tulipa usou a chave que tomou de Merula, e Amin a que Tulipa lhe havia
dado, e, assim, a tranca se abriu.
– Está pronto?
– Estou… Meu irmão falou sobre essa sala para mim ano passado. Seja lá
o que tiver nela, vai me ajudar a achar as criptas e a encontrá-lo.
– Mas seu irmão desaparecido, como ele falou com você?
– É uma longa história. Conto-te depois de ver o que tem na sala.
Amin empurrou a porta, mas, não havendo iluminação no corredor e nem
no interior da sala, ele não conseguiu ver bem o que tinha dentro.
– Não dá para ver nada.
– Há um interruptor no fim da sala, vou ligá-lo…
Mas, antes que Tulipa o fizesse, Amin deu alguns passos e viu-se
formando, diante dele, um homem muito pálido de vestes negras, olhos
vermelhos, um homem que assombrara o mundo bruxos por anos.
– V-v-voldemort! – exclamou Amin, apavorado.
– Vamos embora! – gritou Tulipa, também apavorada. Amin não
conseguia se mover de medo, mas Tulipa o agarrou pelo braço e o puxou para a
porta. – Colloportus! – gritou ela fazendo a porta se fechar, e trancando-a em
seguida.
– Como? Como Você-Sabe-Quem está aqui? Ele está morto!
– Deve ser o seu bicho-papão. Ele veio de dentro do armário da sala, e
deve ter te visto e tomado a forma do seu maior medo.
Amin saiu do corredor com Tulipa, ainda com o coração acelerado, mas
em silêncio. Seu maior medo. Ele não pensava tanto nisso a um tempo, mas
desde que ouvira os boatos sobre o desaparecimento de seu irmão estarem
ligados a Voldemort, ainda na sua infância, criou um pavor de Voldemort e do
que ele poderia ter feito ao seu irmão.
Tulipa fechou a passagem, e virou-se para Amin.
– Você está bem?
Amin virou-se para ela, mas, antes de responder, viu uma pessoa se
aproximando no fim do corredor, e ficou sem reação.
– Tulipa Karasu, Amin Fidus, o que vocês fazem aqui? – disse o Prof.
Snape se aproximando dos dois.
– Nós, é… – gaguejou Amin.
– Estávamos preparando uma travessura. – disse ela, e, por sorte, ainda
tinha uma bomba de bosta em seu bolso para servir de álibi.
– Menos 10 pontos para a Corvinal e para a Lufa-Lufa. Agora, saiam
daqui! – gritou Snape, e os dois sairão depressa de lá, sem olhar para trás,
seguindo até o pátio.
– Essa foi por pouco. – disse Amin.
– Sim, mas sempre ando com algumas coisas da Zonko’s por precaução.
Agora, o que pertente fazer?
– Bem… – disse Amin, pensando. – Se for mesmo um bicho-papão, acho
que preciso aprender a derrotá-lo. O professor de defesa contra as artes das
trevas falou sobre o feitiço, mas não tivemos aulas praticas.
– Bom, acho que posso ajudá-lo nisso.
– Obrigado.
Tulipa fazia jus à sua casa, e foi uma boa professora para Amin quando os
dois se reuniram na biblioteca para que ela ensinasse. Rowan e Penny, vendo-
os, se reuniram a eles, e, depois que Amin explicou-lhes o que aconteceu,
pediram que Tulipa os ajudasse também.
– O feitiço que repele um bicho-papão é simples, mas exige concentração.
Vejam, a coisa que realmente acaba com um bicho-papão é o riso. Então o que
precisam fazer é forçá-lo a assumir uma forma que vocês achem engraçada. É
melhor praticarem o feitiço sem as varinhas primeiro. Repitam comigo, por
favor… Riddikulus!
– Riddikulus! – repetiram eles.
– Ótimo – aprovou Tulipa. – Muito bem. Mas receio que esta seja a parte
mais fácil. Sabem, a palavra sozinha não basta. Devem se concentrar com todas
as suas forças na forma do bicho-papão se convertendo em algo cômico. É
difícil, se você se deixar levar pelo medo. Mas assim, o bicho-papão vai se
tornar algo engraçado e, não havendo mais medo para ele se alimentar, ele se
esvai.
– É difícil imaginar Você-Sabe-Quem se tornando algo engraçado. – disse
Amin.
– Afinal, por que ele é seu maior medo. Quero dizer, ele é um bruxo
terrível, mas… – perguntou Tulipa.
– Não é pelo que ele é, mas pelo meu irmão. Tenho medo que ele tenha
feito algo a ele, ou, bem, que meu irmão possa ter se unido a ele. – respondeu
ele.
– Você não acredita nisso! – disse Penny.
– Foi a Merula quem lhe disse essa bobagem, Amin, eu estava lá… –
disse Rowan.
– Não foi só ela… – respondeu ele.
– Bom, só você pode dizer se o irmão que conheceu seria capaz de se unir
a ele. – disse Tulipa, e, no silencio, Amin ficou lembrando do seu irmão, de
como se divertiam, de como ele era, e como aquele irmão seria incapaz de se
juntar com Voldemort, mesmo com tudo o que o Profeta Diário, e Merula,
diziam sobre ele.
– Bom, não podemos ficar só na teoria. Acho que precisamos enfrentar
um bicho-papão.
– Como?
– Só precisamos encontrar um. Como eles estão aos montes na escola,
não deve ser difícil.
– Bichos-papões gostam de lugares escuros e fechados – disse Rowan,
lembrando-se da aula sobre o assunto.
– Exato. E, como estamos em quatro, ele não vai ser tão assustador e,
quem sabe, até fique confuso no que se transformar e acabe virando algo
engraçado de tão bizarro.
Os quatro foram caminhando pela escola, um tanto tensos com o que
encontrariam, e com a forma que o bicho-papão assumiria. Amin já sabia que o
maior medo de Penny eram Lobisomens, e o seu era Voldemort, mas ficava
pensando em que forma assumiriam os bichos-papões de Rowan e Tulipa. E se
fosse algo apavorante, e todos os quatro saíssem correndo de medo? De todo
modo, ele tinha que experimentar o feitiço, e foi com coragem vasculhando
cantos escuros, frios e fechados da escola.
Enquanto procuravam, Ben passou correndo por eles, dizendo que havia
ouvido um barulho de alguma coisa dentro de um armário na sala de artefatos, e
os quatro foram até lá. Era uma sala muito bagunçada, com um quadro-negro,
armários e estantes cheias de coisas jogadas e empoeiradas, e um dos armários,
conforme Ben disse, estava se debatendo como se algo quisesse sair.
– Essa é a nossa chance. – disse Tulipa. – Estão prontos?
Penny deu um passo atrás, mas confirmou com a cabeça assim como
Rowan e Amin. Tulipa foi à frente, destrancou o armário com um feitiço e ele
se abriu com violência. Se formo, diante dele, com sua cara de desdenho e
olhando para Tulipa, Merula Snyde.
Amin, Rowan e Penny, que estavam tão tensos, se acalmaram diante de
um bicho-papão tão bobo, mas Tulipa pareceu apreensiva quando ele começou a
falar.
– Eu era sua amiga, Tulipa, sua única amiga, e você me traiu. Você é uma
mentirosa, uma ladra, uma farsa!
Tulipa foi se afastando do bicho-papão, assustada, e todos ficaram aflitos
com as palavras maldosas do bicho-papão. Não era de Merula que Tulipa tinha
medo, mas da culpa pelo rompimento da amizade delas.
– Foi por isso que seus pais mandaram você embora! Eu odeio você!
Nunca terá amigos! – continuou o bicho-papão.
Amin finalmente conseguiu reagir, vendo a aflição de Tulipa, e apontou a
varinha para Merula.
– Riddikulus!
As roupas da ameaçadora Merula foi transformada pelo feitiço em uma
roupa de princesa, rosa, com flores, algo que faria a verdadeira Merula pirar só
de se imaginar vestindo.
– Uau. – exclamou Tulipa, se recuperando, e achando graça. – Merula,
princesa.
Rowan e Penny também começaram a achar graça do novo visual
constrangedor de Merula, e o bicho-papão desapareceu.
– Muito bem, Amin, derrotou o bicho-papão! – exclamou Rowan.
– Acho que derrotar a Merula é bem mais fácil que derrotar Você-Sabe-
Quem. – disse Amin.
– Bom, se você pensar em alguma forma de deixá-lo engraçado, será
derrotado do mesmo modo. – disse Tulipa. – Mas, se quiser, posso ir com você,
e deixar o bicho-papão se transformar na Merula novamente.
– Eu agradeço, mas, bom, não quero que você passe por isso novamente.
Tulipa agradeceu, e todos seguiram para o Salão Principal. Amin
imaginava que Rowan e Penny estivessem curiosos, como ele, para saber sobre
a razão do maior medo de Tulipa ser aquele, ou sobre o que ele falou sobre os
pais dela, mas achou melhor perguntar a ela em outra ocasião para não
constrangê-la.
Chegando no salão, Rowan e Penny foram para a mesa da Lufa-Lufa, mas
Amin, aproveitando que a mesa da Corvinal estava quase vazia, se aproximou
de Tulipa.
– Não perguntei antes, mas, você está bem? O bicho-papão falou umas
coisas bem pesadas.
– Não se preocupe, estou bem. De certa forma, ele não falou nada que eu
já não tivesse pensado de mim mesma.
– Mas você não é nada daquilo!
– Você não me conhece, Amin.
– Não, mas queria. O que houve entre você e Merula para que seu maior
medo fosse aquele?
– Eu e Merula nos tornamos amigas no primeiro ano. Independente das
nossas casas, me identifiquei com ela. Seus pais estão em Azkaban, ela nasceu
sem eles, fazendo o que queria. Eu, por outro lado, cresci presa pelas regras dos
meus pais. Eles trabalham no ministério, e não me deixavam fazer nada em
casa, pois era tudo proibido. Mas, aqui em Hogwarts, conheci Merula, que fazia
tudo o que queria. Ela era livre como eu queria ser, e com ela eu me libertei e
fiz de tudo aqui, quebrando todas as regras que pude. Depois ela falou das
criptas, e, como eu também queria procurá-las, ainda mais com Dumbledore
proibindo a procura, fizemos isso juntas também. Mas…
– Mas você quis me ajudar também, e ela se magoou?
– Não. Foi bem antes. Descobri coisas na sala do seu irmão, e, bem,
queria achar a cripta sozinha. Sabe, quis a fama só para mim. Foi por isso que
ela não quis o Dênis, em primeiro lugar, no Coral.
– Mas vocês não fizeram as pazes?
– Não. Eu pensei que deixando ela vencer no Coral, com a saída do
Myron, faríamos, mas logo vi que não. Sabe, acho que ela tem razão, eu traí a
confiança dela me aproximando de você, e ainda mais te ajudando a pegar a
chave dela. Sou uma péssima amiga, traí a confiança dela.
– Todos cometem erros, Tulipa. Talvez se você conseguir se abrir com
Merula sobre seus sentimentos, tudo volte a ser como era.
– Acho que não. Mas obrigado, Amin, você é um bom amigo, se
preocupando com o meu bem estar. Espero nunca te trair, também.
– Confio em você. – disse Amin, a abraçou e se retirou para a mesa da
Lufa-Lufa.
Amin, contudo, não conseguiu reunir coragem nos dias seguintes para
enfrentar o seu bicho-papão. Apesar de desesperado por obter informações
sobre o seu irmão, o bicho-papão de Merula falando fez com que ele imaginasse
o quão terrível seria ver Voldemort falando sobre seu irmão morto, ou sobre seu
irmão como um aliado. Seus amigos reparam nisso, e tentaram levantar o seu
astral, mas não conseguiram.
Até que, certo dia, Rowan reparou em um grande grupo de alunos se
aglomerando em torno do quadro de avisos e foi avisar a Amin a respeito do
que se tratava, esperançoso que pudesse animar e encorajar Amin.
– Hogsmeade no próximo fim de semana! Que é que você acha?
– Pode ser. – respondeu Amin, que estava um tanto indiferente. – Vou ao
treino de quadribol, nos vemos mais tarde.
Os treinos para o terceiro jogo da temporada estavam intensos. Orion
reassumiu a liderança do time, mas vez ou outra Skye ainda dava palpites de
treino. Já Murphy ficava passando estratégias para que a Lufa-Lufa vencesse a
Grifinória na final, o que era difícil, pois eles haviam vencido as duas partidas
da temporada, sem falar que haviam derrotado a Lufa-Lufa na temporada
anterior.
– A fraqueza da Grifinória são seus batedores. – disse Murphy na reunião
pré-treino daquele dia. – Rath deu bastante trabalho para eles na partida contra a
Corvinal, mas eles são rápidos e se esquivam bem, principalmente o Carlinhos,
que apanhou o pomo em todas as partidas que jogou.
– Bom, somos melhores que a Corvinal, se a Rath deu trabalho, com
certeza venceremos. – disse Skye.
– Na verdade, apesar do nosso desempenho na última partida, Rath ainda
é a melhor batedora da escola. Amin teve sorte de nocautear o outro batedor da
Corvinal, mas não teria a mesma sorte se tivesse rebatido o balaço na Rath,
tanto que não conseguiu rebater o último balaço e teve que recorrer ao passe de
bastão.
– O que sugere? – perguntou Amin.
– Treinamento intensivo, com a Rath.
– Não precisamos dela! – exclamou Skye com raiva.
– É a nossa melhor chance de conquistar a taça. – disse Murphy.
– Basta, vamos treinar. – disse Orion, encerrando a discussão, e, disse
baixo para Amin. – Você decide.
Amin ficou refletindo durante o treino no que fazer, e acabou não tendo
um bom desempenho naquele treino. Ele não queria ficar contra Skye, que foi
sua primeira treinadora, mas confiava em Murphy, que sempre tinha razão em
suas estratégias e palpites.
Quando foi encontrar com Murphy no dia seguinte no campo de
quadribol, ele estava novamente com André, que, àquela altura, já era um
apanhador muito melhor. Ele voava com muita precisão e velocidade, apesar de
sua vassoura de baixa qualidade, e Murphy não parava de lhe dar conselhos.
Quando Amin se aproximou de Murphy, André, que estava voando, voltou e
pousou.
– Olá, Amin. Pensou no que eu disse e veio me pedir ajuda? – perguntou
Murphy.
– Sim… – disse Amin, sabendo que Murphy era bom em ler as pessoas.
– Ótimo. André, gostaríamos de lhe pedir ajuda. Rath é a melhor
apanhadora da escola, e joga no seu time. Como vocês não tem mais chance de
ganhar a taça, pensamos que Rath poderia ajudar Amin a ser um batedor melhor
para que nós ganhássemos.
– Não sei se ela aceitaria, mas posso conversar com ela a respeito, já que
você tem me ajudado tanto. Contudo, só depois do passeio a Hogsmeade. Minha
prima Jules vai visitar Hogsmeade conosco, e quero que tudo seja perfeito.
– Entendo, e agradeço. – disse Murphy, e Amin ficou animado com a
expectativa de tudo da certa para sua performance melhorar para a última
partida da temporada.
Na manhã de sábado, após tomar café, Amin seguiu Rowan até as portas
de entrada e, de lá, para Hogsmeade. Lá, Amin se deparou com André e sua
prima no Três Vassouras, e se reuniu com eles para tomar uma cerveja
amanteigada. Ele descobriu que Jules havia trazido um Seminviso para lá de
suas viagens pelo mundo, uma vez que os pais dela eram Magizoologistas. Jules
era uma garota morena, de olhos e cabelos castanhos e cabelo curto, enquanto o
Seminviso era uma criatura de pele bege e pelos prateados que era capaz tanto
de ficar invisível quanto de prever o futuro.
Após passar um bom tempo conhecendo Jules e ouvindo sobre as
histórias de seus passeios pelo mundo, Amin saiu com Rowan para a Zonko’s,
e, no caminho, Amin retomou o assunto da sala de seu irmão pela primeira vez
em muito tempo.
– Sabe, eu queria ter a habilidade do Seminviso de prever o futuro. Me
ajudaria a saber o que me aguarda na sala do meu irmão, ou onde ele está.
– O Seminviso enxerga o futuro por meio de probabilidades. Ele não teria
como ver onde está o seu irmão, mas com certeza poderia lhe mostrar o que eu e
Penny viemos tentando te dizer. – Amin parou para ouvi-lo. – O bicho-papão
não vai lhe mostrar nada além do que você teme, ele não sabe a verdade sobre
seu irmão.
– Mas ele sabia sobre a relação conturbada da Merula com a Tulipa.
– Isso por que eram coisas que estavam na cabeça da Tulipa desde a briga
recente com a Merula. Não se deixe vencer por seus medos, Amin, podemos
vencê-los juntos.
Amin ficou pensando nas palavras de Rowan a caminho da Zonko’s e,
para surpresa de Amin, encontrou-se com Tulipa lá. Ao se aproximar dela, viu
que ela estava procurando algo pela loja, e esta contou que havia perdido seu
sapo, Dênis, na loja. Amin ajudou a encontrá-lo e, depois, tomou sua decisão.
– Vamos entrar na sala do meu irmão, hoje a noite.
Tulipa e Rowan ficaram contentes com a decisão de Amin e, depois que
voltaram à escola, seguiram logo para a sala de Jacob. Amin estava apreensivo,
mas, vendo Rowan e Tulipa com ele, não se acovardou. Ele e ela destravaram a
porta, e empurraram-na.
– Vou na frente. – disse Amin, e os dois concordaram com a cabeça, a
varinha a postos.
A escuridão de antes envolveu Amin, e ele segurou a varinha com força.
– Lumus. – murmurou ele, e a luz emanada pela varinha iluminou
parcialmente a sala.
Ele deu um passo à frente, e, como temia, reapareceu diante dele a figura
pálida e assustadora de Voldemort, que, desta vez, tinha uma varinha à mão.
– Amin Fidus, junte-se a mim como o seu irmão. Junte-se a mim, e não
pereça como ele pereceu.
Amin olhou para Voldemort com uma mistura de medo e raiva. “Meu
irmão nunca se uniria a Voldemort”, dizia para si mesmo, “Ele está vivo, e eu
vou encontrá-lo.”
– Riddikulus! – exclamou ele, e as vestes dele foram transformadas nas
roupas de um palhaço, sua cabeça coberta por uma peruca colorida, e seu rosto
coberto por maquiagem.
– Ha ha ha! – riu Rowan. – Ele é o Ninguém-Sabe-Quem, Aquele-Que-
Não-Deve-Ser-Levado-a-Sério!
Tulipa e Amin riram do comentário de Rowan, e o bicho-papão em
milhares de fiapinhos minúsculos de fumaça, desaparecendo.
– Incrível! – exclamou Rowan aplaudindo com entusiasmo. – Você é o
segundo bruxo a derrotar Você-Sabe-Quem! É igual ao Harry Potter!
Amin riu do comentário de Rowan, e, depois de um tempo de satisfação
por ter vencido seus medos, ele voltou sua concentração a sala enquanto Tulipa
foi ao outro extremo da sala ligar a luz.
A sala era tão bagunçada quanto a sala de artefatos. Havia uma mesa de
madeira no centro da sala junto a cadeira com um lençol branco por cima; um
quadro cheio de papéis colados na parede; um armário de madeira encostado
noutra parede e muitas outras coisas jogadas pela sala.
– Que bagunça. – exclamou Amin.
– Já estava assim quando encontramos, e nem eu nem Merula achamos
necessário arrumar.
– Acho que meu irmão deixou de ligar para organização em meio a busca
pelas criptas.
– É, mas acho melhor dar uma organizada e ver o que achamos enquanto
isso que nos leve a ele ou as criptas. – disse Rowan, e Amin concordou.
Levaram alguns dias para organizar toda a sala, mesmo com a ajuda de
Penny e Tonks, que se dispuseram a ajudá-los. Tonks muitas vezes bagunçava
mais que organizava, pois era um tanto atrapalhada, e mesmo quando tudo
estava no seu lugar, Rowan descobriu algumas notas com o mesmo código do
caderno de Jacob, e levou consigo para pesquisar.
Amin, enquanto isso, ficou indo várias vezes para a sala sozinho, ansioso
por estar se sentindo tão mais perto de Jacob, após encontrar a sala que ele havia
lhe informado a existência.
Certo dia, enquanto voltava para o salão comunal depois de mais uma
visita a sala, Amin encontrou Rowan com o caderno de Jacob e as notas de
Jacob, e, ao encaminhar-se para sua cama, deparou-se com uma carta.
– Quando essa carta chegou? – perguntou Amin enquanto a observava
curioso.
– Não sei. Não vi nenhuma coruja deixando cartas hoje. – respondeu
Rowan sem parar o que estava fazendo.
Amin abriu a carta e a leu.
Prezado Amin Fidus,
Você está em uma situação arriscada. Sua investigação sobre as criptas
malditas despertou a atenção de um grupo muito perigoso.
Tome cuidado, mas aguente firme! Conto com você para chegar à última
cripta maldita, antes deles. Ajudarei quando puder, e espero que na próxima
vez que nos comunicarmos, as circunstancias sejam menos misteriosas.
Atenciosamente,
Um amigo.
– E então, quem mandou? – perguntou Rowan.
– Não diz, tem apenas, “um amigo”. – respondeu Amin, o que despertou a
curiosidade de Rowan, que deixou as coisas na sua cama e foi ler a carta.
– Um grupo perigoso… – disse Rowan preocupado.
– Acha que é alguma pegadinha da Merula?
– Não… Lembra da primeira Pena Negra que encontramos? Foi escrita
por alguém chamado “R”, e foi algo que preocupou até mesmo Snape.
– Acha que ele tem a ver com esse grupo.
– Talvez. Mas, independente disso, é bom saber que temos um amigo por
ai, querendo nos alertar.
– É. – respondeu Amin, refletindo em quem poderia ser o tal “amigo
misterioso”.
— CAPÍTULO DOZE —
A final

Todos os dias depois da carta, Amin perguntava a Rowan como estava o


desvendar das anotações de Jacob, e Rowan, paciente, o atualizava sobre suas
descobertas.
– Jacob achava que onde havia maior concentração de bichos-papões
marcaria a entrada para a cripta. Falta pouco para eu descobrir onde é.
Quando Abril chegou as chuvas voltaram com força, e Amin teve cada
vez mais trabalhos escolares e treinos para fazer com a proximidade das férias
de Páscoa e do último jogo da temporada.
Após uma aula de feitiços para animar, Amin seguiu para a aula de Trato
das Criaturas Mágicas com os alunos da Sonserina. Na ocasião, os alunos
tiveram que formar duplas com alunos de outras casas, e Amin acabou ficando
com Barnaby. Apesar de tudo, foi uma boa aula, e Barnaby parecia saber o que
estava fazendo.
– Não sabia que você sabia cuidar tão bem de criaturas. – disse Amin
enquanto Barnaby alimentava o Ouriço com margaridas, e lembrando do
trabalho que Hagrid teve para alimentar um.
– Eu tenho um Ouriço de estimação, aprendi a fazê-lo confiar em mim.
– Achava que você e Ismelda fossem bruxos ruins por andarem com a
Merula, mas acho que você não é tão ruim assim afinal.
– Você é que é ruim… Bom, pelo menos Merula disse… Mas você não
parece ser. – disse Barnaby enquanto Amin também alimentava o Ouriço.
– E a Merula? Acha que ela é uma bruxa boa?
– Bom, ela é poderosa, e quem é poderoso pode ditar o certo e o errado.
– Acredita mesmo nisso?
– Meus pais me ensinaram assim.
– É por isso que quer ser poderoso? – perguntou Amin, e Barnaby não
respondeu. – Acho que saber cuidar dos outros, como você cuida das criaturas, é
algo mais importante que ser poderoso.
Ao fim da aula, quando Amin estava saindo, Barnaby o segurou.
– Achei legal o que você disse. Talvez você não seja mal, afinal.
– Não sou. E acho que você também não é.
– A gente se vê por ai. – disse Barnaby, e se retirou.
A partir de então, Amin foi tentando se aproximar de Barnaby, mas quase
nunca tinha a oportunidade, pois ele andava o tempo todo com Merula, e só lhe
restou continuar a se aproximar enquanto cuidava do Ouriço nas aulas
seguintes.
Já nas aulas de Adivinhação, Amin não progredia de modo algum. Depois
de Taciomancia, ele estudou Quiromancia, mas não conseguia ver nada oculto
na palma da mão de Tonks enquanto fazia par com ela, e nem nas cartas quando
começaram a ver Cartomancia.
Apesar do fracasso em ler mãos e cartas, Amin reparou enquanto
almoçava que Gui parecia um tanto desolado. Ele estava acostumado a ver Gui
entusiasmado, ou então aperreado com os estudos, mas nunca o tinha visto
daquele modo.
– Sabem se aconteceu algo com o Gui? – perguntou ele a Rowan e Penny,
que eram sempre atualizados de tudo.
– Bom, soube que ele levou um fora recentemente da Emily Tyler, mas,
sinceramente, é bom que ele não ficasse com ela.
– Por quê? – perguntou Rowan. – Ela é linda, e ouvi dizer que era muito
boa em defesa contra as artes das trevas.
– Mas é uma pessoa orgulhosa e vaidosa. – disse Penny. – E, a forma que
ela deu um fora no Gui, foi tão grosseira.
– Uau. – disse Amin. – Nunca vi você falar de alguém assim, Penny.
– Desculpe. Falei por impulso. – disse Penny, e Amin e Rowan riram.
Amin tentou falar com Gui depois, para animá-lo, reforçando que ele
merecia alguém melhor, mas, depois que não melhorou, Carlinhos sugeriu dar
um tempo para que ele esfriasse a cabeça.
Apesar de querer ajudar, Amin não teve muito tempo para se preocupar
com Gui por causa dos treinos dobrados de quadribol. Havia demorado um
tempo para convencer Rath, mas André tinha conseguido e mesmo nas chuvas
Rath treinava Amin ainda mais exaustivamente do que Skye quando ele entrou
no time.
Skye não gostara nada quando Amin contou ao time sobre os treinos com
Rath, enquanto Orion apoiou, estando satisfeito que a Lufa-Lufa e Corvinal
estivessem se unindo daquele modo para a grande final contra a Grifinória.
Amin ficou rebatendo balaços encantados, depois balaços rebatidos por
Rath, e, por fim, teve que treinar mira com Rath, até que ela considerasse que
ele estava bom, e ambos combinaram uma troca de manobras após as férias.
As férias da Páscoa não foram exatamente relaxantes. Os alunos do
terceiro ano nunca tinham recebido tantos deveres para casa. Ben Cooper
parecia às vésperas de um colapso nervoso, e não era o único.
– Chamam a isso de férias! – bradou Tonks certa tarde na sala comunal. –
Ainda faltam séculos para os exames, qual é a deles!
Mas ninguém tinha tanto a fazer quanto Rowan, que estava estudando
mais matérias do que todos os outros, e ainda tinha os códigos de Jacob para
decifrar. Em geral era o último a deixar a sala comunal à noite, e o primeiro a
chegar na biblioteca na manhã seguinte.
Amin ficava imaginando quando Rowan teria um colapso enquanto ia
com ele à biblioteca, e pensava em pedir que ele deixar os códigos de lado por
um tempo, quando Penny deu um berro na biblioteca. Amin virou-se para ela de
olhos arregalados, e Madame Prince, a bibliotecária, foi correndo para brigar
com ela, mas logo viu que o motivo do berro fora um bicho-papão, e a resgatou,
espantando-o.
Amin foi até Penny, consolá-la, e a trouxe, aos prantos, para a mesa que
dividia com Rowan.
– Já não aguento mais esses bichos-papões. – disse ela, e Rowan deu uma
palmada na testa.
– Amin, acho que acabei de entender uma coisa! – disse Rowan e foi
folhear as suas anotações sobre os códigos de Rowan.
– O quê?
– A biblioteca! Foi aqui que Jacob reconheceu que os bichos-papões
estavam. É onde deve estar a entrada para a Cripta.
Amin ficou eufórico, e, junto com Rowan, foi explorar canto a canto da
biblioteca, a começar por onde Penny estava, mas logo foram vistos por
Madame Prince que os mandou se aquietarem.
– Vamos precisar pensar em algo para achar a cripta. Melhor chamarmos
Gui e Tonks para nos ajudar, eles estão por aqui nessas férias.
– Também vou mandar uma coruja para Tulipa, informando o que
descobrimos.
Amin foi logo ao corujal, mandar uma carta para Tulipa, e, na volta,
encontrou-se com Gui que estava a caminho da biblioteca.
– Gui! – gritou Amin para chamá-lo, e foi até ele correndo. –
Descobrimos onde a próxima cripta pode estar.
Gui ouviu atento, e deixou de lado os informativos sobre carreiras aos
quais estava lendo a respeito e se reuniu aos outros na busca pela cripta. Todos
se reuniram dali em diante na Biblioteca, mas não para estudar, e sim para
procurar algum indício que os levasse à cripta. Foi difícil procurar sob a
vigilância de Madame Prince, e, ao fim, eles não conseguiram encontrar nada.
– Checamos todas as cessões, não há indício de bichos-papões nem de
nada em canto algum.
– Ainda não vimos a seção reservada, foi lá dentro que vi o lobisomem. –
disse Penny, que tinha chegado atrasada para a busca.
– Brilhante, Penny. Deve ser lá que a cripta está. – disse Rowan.
– Onde você estava? – perguntou Amin baixo para Penny. – Chegou tarde
hoje.
– Estava fazendo uma poção. – respondeu ela também baixo.
– Poção? Ainda temos uma semana de férias, podemos fazer a Solução
Redutora mais tarde.
– Não é o dever que o Snape passou, é… Segredo.
Amin ficou preocupado com Penny, e nem conseguiu ouvir as teorias de
Rowan sobre a localização da Cripta e nem as ideias de Tonks sobre como
distrair a Madame Prince para que eles investigassem.
Depois que todos se levantaram, Amin quis seguir Penny, mas foi barrado
por Gui.
– Ei, Amin, queria falar com você um minuto.
– Ah, claro. – disse Amin, sem querer ser chato.
– Sabe, essas buscas pelas criptas estão me fazendo querer ser Desfazedor
de Feitiços. Li sobre várias carreiras, e até pensei em ser Auror, mas acho que é
isso que farei, ser um desfazedor de feitiços como a famosa Patricia Rakepick.
– É uma ótima ideia, Gui. – disse ele, sem querer esticar a conversa, e
depois seguiu atrás de Penny.
Amin foi procurá-la no Salão Comunal, e, não a encontrando e nem
podendo ir ao dormitório feminino, resolveu checar na sala de poções.
Chegando lá, encontrou Penny mexendo uma poção alaranjada.
– Amin! – exclamou ela, assustando-se quando ele chegou.
Amin se aproximou e viu sobre a mesa Ramos de valeriana e um
recipiente com Água do Rio Lete, e logo lhe veio a memória uma poção com
esses ingredientes.
– Está fazendo uma Poção do Esquecimento?
– Sim…
– Para quê?
– Para mim.
– O quê? – espantou-se Amin.
– Eu… Eu não aguento mais lembrar do ataque do lobisomem a Scarlett.
Toda vez que vejo um bicho-papão eu lembro, lembro de como não pude salvá-
la, de como ela morreu… – disse Penny com lágrimas nos olhos.
– Mas… Tomar essa poção… Você não sabe o que pode acontecer, o que
você pode esquecer. – disse Amin, enquanto Penny continuava a chorar. – Não
corra o risco de esquecer Scarlett, de esquecer os momentos bons que passou
com ela… Ou mesmo de esquecer os momentos bons aqui em Hogwarts.
Vamos acabar com os bichos-papões, confie em mim. – disse ele se
aproximando.
Penny, em prantos, se deixou abraçar por Amin, e este fez a poção
desaparecer com um feitiço.
– Vamos, vai dar tudo certo.
Quando Amin retornou, minutos depois, com Penny, Gui e Rowan tinham
conseguido entrar na sessão reservada depois que Tonks usou suas habilidades
de metamorfomaga para distrair a Madame Prince, mas os dois não
conseguiram achar nada, além de outro bicho-papão, o qual Gui expulsou, e,
com isso, Rowan decidiu voltar a sala de Jacob e decifrar outras anotações.
Após as férias, contudo, Amin voltou a ser atolado de treinos de
quadribol para a final que ocorreria no início de Maio. Amin ensinou a Rath o
passe de bastões em troca dela ensiná-lo a Dupla Defesa de Batedores, no qual
os dois batedores deveriam rebater juntos um balaço para que este fosse lançado
com ainda mais força, mas que Rath não costumava usar por não ter outro
batedor com a mesma força que ela.
Em paralelo, Amin continuava os treinos com a equipe, e era necessário
muita paciência, pois Skye continuava emburrada com ele por causa de Rath.
Somente faltando uma semana para o jogo ela foi abrindo os olhos para a clara
melhora no desempenho de Amin, e viu que aquilo era o melhor para o time.
Nunca, na lembrança de ninguém, uma partida fora tão esperada. A
excitação dos lufanos e dos grifinórios contagiou a todos, e, para aumentar a
excitação, Ethan Parkin, o pai de Skye, que era um jogador de quadribol
profissional e muito famoso, veio para Hogwarts assistir a partida novamente. A
primeira vez que isso aconteceu foi no ano anterior, quando a Lufa-Lufa arrasou
a Sonserina na primeira partida que Amin jogou, mas, com o clima da partida,
não só Skye como todo o time ficaram nervosos.
No último treino antes do jogo, Ethan tentou passar algumas sugestões
para o time, mas devido ao seu temperamento forte e seu tom de superioridade,
o resto do time, com exceção de Skye, acabaram preferindo manter as
estratégias passadas por Orion. Assim, tendo treinado velocidade e algumas
estratégias de trabalho em equipe, todos saíram do treino satisfeitos, com
exceção de Skye, que estava preocupada por não estarem seguindo os conselhos
do pai.
Todas as atividades normais na sala comunal da Lufa-Lufa foram
abandonadas na véspera do jogo, com exceção de Rowan que se mantinha
vidrado nas revisões para os exames e anotações sobre as criptas.
Amin e o resto do time da Lufa-Lufa entraram no Salão Principal, no dia
seguinte, sob uma tempestade de aplausos. O garoto não pôde deixar de dar um
grande sorriso quando viu que a mesa da Corvinal o aplaudia também,
imaginando que Rath e André tinham motivado o resto da casa.
Orion passou o café da manhã inteiro insistindo para que o time comesse,
mantendo sua tranquilidade. Depois animou-os a se dirigirem ao campo depois
que todos já tinham terminado de comer. Skye, por outro lado, já tinha saído
bem antes, ansiosa e preocupada, para ter uma ideia das condições de jogo.
Quando os outros saíram do Salão Principal, receberam novos aplausos.
– OK… não tem vento… o sol está meio forte, o que pode prejudicar a
visão, tomem cuidado… o chão está bem firme, bom, isso vai nos dar um bom
impulso inicial…
Skye andou pelo campo examinando tudo, com o time atrás. Finalmente,
eles viram as portas do castelo se abrirem ao longe e o restante da escola se
espalhar pelos gramados.
– Vestiário – disse Orion. Ninguém falou enquanto se despiam e vestiam
os uniformes amarelos. Amin ficou imaginando se todos estariam se sentindo
como ele, nervoso, ansioso, diferente de Orion que se mantinha em paz. Não
parecia ter transcorrido mais que um segundo quando ele ouviu Orion dizer:
– OK, pessoal, essa é a nossa final. A final que conquistamos com
trabalho em equipe, com nossas particularidades, acertos e erros. Estamos
juntos nessa, e vamos conquistar a Taça este ano.
Amin reparou que Skye ouviu aquilo tudo, mas, ainda assim, estava
nervosa demais para a partida.
– Está tudo bem, Skye? Ano passado você não jogou a final, mas dessa
vez está aqui, e vai dar tudo certo.
– É…
– Que houve? Você nem parece a Skye que eu conheci, tão confiante.
– Meu pai vai ver o jogo, e ele sempre cobrou demais de mim. Estou nervosa.
Se eu não ganhar…
– Você ouviu o que o Orion disse. Estamos juntos. E, se perdermos,
vamos crescer com a derrota e melhorar. Não se preocupe tanto assim com o
seu pai. Mas, se achar melhor, devia falar com ele sobre isso, antes da partida.
Ouvindo isso, Skye foi procurar seu pai, antes de todos seguirem para o
campo, e voltou minutos depois, enquanto o time saia do vestiário para o
campo, com um sorriso, e Amin ficou satisfeito que ela estivesse mais tranquila.
– Tudo resolvido. – disse ela para Amin enquanto entravam em campo. –
Vamos vencer!
O time entrou em campo sob uma onda gigantesca de aplausos. Metade
da torcida usavam rosetas amarelas e agitavam bandeiras amarelas preparadas
anteriormente por Rowan, Penny e Tonks, nas quais haviam o texugo da Lufa-
Lufa e faixas com palavras de ordem: “PRA FRENTE LUFA-LUFA!”. Até
mesmo Sprout estava empolgada e vestida com as cores da casa.
“Sejam bem-vindos a última partida da temporada, a final da Taça de
Quadribol. E aí vem o time da Lufa-Lufa!”, bradou Murphy, que, como sempre,
fazia a irradiação. “Skye Parkin entra em campo, e seu pai, o lendário Ethan
Parkin que jogou pela Lufa-Lufa e ganhou a Taça de Quadribol vinte anos atrás
está assistindo. E aí vem o time da Grifinória, liderado por Angelica Cole. Eles
ganharam a Taça na última temporada, e tem o melhor apanhador da temporada,
Carlinhos Weasley…”
– Capitães, apertem-se as mãos! – disse Madame Hooch.
Orion e Angelica se aproximaram e se apertaram as mãos com firmeza.
– Montem nas vassouras! – disse Madame Hooch. – Três… dois… um…
O som do seu apito se perdeu no estrondo das torcidas na hora em que as
catorze vassouras levantaram voo. Amin sentiu os cabelos voarem para longe da
testa; seu nervosismo o abandonou na excitação do voo.
“E Grifinória com a posse da bola, Angelica da Grifinória com a goles,
voando direto para as balizas da Lufa-Lufa! A goles foi interceptada por Skye,
Skye da Lufa-Lufa partindo em velocidade pelo campo. Uma boa rebatida de
um balaço por Amin Fidus que protege Skye. Aí vem ela. ELA MARCA! DEZ
A ZERO PARA LUFA-LUFA!”
Skye deu um soco no ar ao sobrevoar o extremo do campo; o mar
amarelo nas arquibancadas berrou de felicidade…
“Grifinória com a posse, não, Lufa-Lufa com a posse – não! – Grifinória
retoma a posse e é Angelica, Angelica da Grifinória com a goles, a jogadora
corta o campo. Amin manda um balaço, mas ela desvia. E agora parece que os
batedores querem revidar, estão perseguindo o Amin, ele tenta um Rebate Falso,
mas os batedores estão atentos. A outra batedora da Lufa-Lufa entra para ajudar
Amin, e, juntos, conseguem rebater um balaço juntos. Foi uma Dupla Defesa de
Batedores, e atingiu em cheio o batedor da Grifinória mas, em meio ao caos,
Angelica marca e empata a partida.”
Houve uma erupção de vivas do lado da Grifinória. Amin sentiu um
grande tremor de excitação por conseguir aplicar a manobra de Rath, mas ela
passou logo que ouviu as vivas da Grifinória. Percebendo que não adiantava
ficar em conflito com os batedores, partiu para defender Skye e Orion para que
eles fossem com tudo para o ataque.
“Carlinhos acaba de ver o pomo. Ele dispara em sua direção, a
apanhadora da Lufa-Lufa está longe.”
Amin, ouvindo aquilo, deixou Skye avançando sozinha e acelerou para
deter Carlinhos, que já estendia a mão para agarrar o pomo. A batedora da Lufa-
Lufa mandou um balaço para ele, e ele rebateu-o, atingindo a mão estendida de
Carlinhos. A lesão o atrasou, e a apanhadora da Lufa-Lufa ganhou vantagem,
mas ele continuou perseguindo o pomo, pareando como ela.
“Mais um gol da Grifinória! A boa formação de ataque deles e a ausência
de batedores bloqueando parece uma combinação imparável.”
Amin entrou em conflito entre ficar vigiando a apanhadora e ir ajudar na
defesa, e no instante de indecisão um balaço passou voando por ele, quase o
atingindo. Ele decidiu ficar protegendo a apanhadora, e foi rebater o balaço que
passou por ele, enquanto a outra batedora do time foi ajudar os artilheiros.
“Parkin dispara na direção das balizas com a goles na mão, mas os
artilheiros estão à frente para bloquear a passagem. Um balaço foi mandado
para Parkin, mas foi rebatido. Os outros dois artilheiros da Lufa-Lufa passam a
frente e colidem com os da Grifinória. Resta passar por Angelica. Ela passa, ela
marca!”
Amin não pôde comemorar o gol, pois Carlinhos estava mergulhando
atrás do pomo com a sua outra mão estendida, uma expressão de triunfo no
rosto. Lá, a menos de um metro acima do gramado, lá embaixo, havia um
minúsculo reflexo dourado. Não havendo balaços para detê-lo, Amin apontou a
Comet na direção de Carlinhos, os dois colidiram, mas antes Amin arremessou
o bastão para cima e a apanhadora da Lufa-Lufa deitou-se no cabo da vassoura
imprimindo mais velocidade a ela, pegou-o e manteve a perseguição do pomo.
Um balaço veio em sua direção, mas ela conseguiu defender-se com o bastão, se
atirou à frente, tirou as mãos da vassoura, e…
“PEGOU!”
Amin e Carlinhos ainda estavam atordoados com a colisão quando lhes
veio um zumbido estranho nos ouvidos. O estádio havia explodido, a bolinha de
ouro estava bem segura nas mãos da apanhadora da Lufa-Lufa, batendo
inutilmente as asinhas contra seus dedos.
No momento seguinte,Orion voando ao seu encontro, e o time se reuniu,
alguns chorando, outros soluçando.
– Ganhamos a Taça! Ganhamos a Taça!
Embolados num abraço de muitos braços, o time da Lufa-Lufa foi
descendo, berrando roucamente, de volta ao chão.
Onda sobre onda de torcedores amarelos saltou as barreiras do campo.
Choveram mãos nas costas dos jogadores. Amin teve uma impressão confusa de
ruído e corpos que o empurravam. Então ele e o resto do time foram erguidos
nos ombros dos torcedores.
A Profª Sprout soluçava de felicidade, enxugando os olhos com uma
enorme bandeira da Lufa-Lufa, e consolando a Profª McGonagall. Lutando para
chegar a Amin, vinham Rowan, Penny e Tonks. Faltaram palavras aos amigos
que só sabiam repetir “Vocês conseguiram! Vocês conseguiram!”.
Amin e o resto do time foi carregado para a arquibancada onde
Dumbledore aguardava de pé com a enorme Taça de Quadribol. Quando Orion,
sorrindo, passou a Taça a Amin, este a ergueu no ar, tão feliz que não imaginava
um bicho-papão capaz de abalá-lo.
— CAPÍTULO TREZE —
A cripta do Medo

A euforia que Amin sentiu por ter finalmente ganhado a Taça de


Quadribol durou pelo menos uma semana. Até o tempo parecia comemorar; à
medida que junho se aproximava, os dias foram desanuviando e se tornando
quentes, e só o que as pessoas tinham vontade de fazer era passear pela
propriedade e se largar no gramado com vários litros de suco de abóbora gelado
do lado, e talvez jogar uma partida descontraída de bexigas ou apreciar a lula
gigantesca nadar, sonhadora, pela superfície do lago.
Mas isso não era possível. Os exames estavam às portas e em lugar de se
demorarem pelos jardins, os alunos tinham de permanecer no castelo, e tentar
obrigar o cérebro a se concentrar em meio aos sopros mornos de verão que
entravam pelas janelas.
Com as revisões finais, Rowan e Gui acabaram tendo que deixar de lado a
busca pelas Criptas, mas, em seus lugares, Carlinhos e Ben vieram para dar
apoio nas buscas. Ben não se sentia confortável, mas Carlinhos o incentivou a
ponto dele aceitar.
Rowan, contudo, não deixou Amin de mãos vazias. Ele deixou todos os
códigos e traduções que pôde com Amin, e, junto com Tulipa, eles continuaram
as pesquisas nos tempos que tinham livres, mas eles não conseguiram
progressos tão rápidos quanto Rowan.
Nas vésperas dos exames, Amin e Tulipa se reuniram uma última vez na
sala de Jacob, e resolveram juntar as informações que Rowan tinha obtido com
as que eles obtiveram.
– “O diário abre o caminho”. – disse Tulipa – Isso faz algum sentido?
– Diário… Espera, temos o diário do meu irmão! Obtivemos ele no ano
passado na cripta de gelo junto com a varinha quebrada do meu irmão.
– Então talvez ele seja necessário para encontrarmos a cripta?
– É o que parece… Acho que vamos precisar usá-lo em algum lugar da
seção reservada. E, se o diário serve para isso, talvez a varinha também tenha
alguma utilidade.
– Podemos levá-los até a seção reservada depois dos exames, e ver o que
descobrimos.
Quando os dois saíram do corredor que levava a sala e fecharam a
passagem, encontraram Merula, que parecia os esperar.
– Vocês tem passado muito tempo nessa sala.
– Isso não é da sua conta.
– É sim. Fiz Ben confessar tudo, sei que estão procurando a cripta na
biblioteca. Já revirei ela todinha, ela não está lá, estão perdendo tempo.
– Meu irmão achava que ela está na seção reservada, e acabamos de
descobrir como acessá-la. – confessou Amin.
– Até parece que você confessaria algo assim para mim. Está mentindo. –
exclamou Merula.
– Acredite no que quiser.
– Acreditar… Acreditei nela, e fui apunhalada. – disse Merula apontando
para Tulipa.
– Eu sinto muito ter traído sua confiança, Merula. – disse Tulipa. – Estava
errada em buscar a cripta só para mim. Mas, confie no Amin, ele está atrás do
seu irmão, não liga para os tesouros.
– Não! Eu vou achar a cripta! – disse Merula, e saiu de lá.
– Fizemos o que pudemos. – disse Amin para Tulipa.
A semana dos exames começou e um silêncio anormal se abateu sobre o
castelo. Os alunos do terceiro ano saíram do exame de Transfiguração na hora
do almoço, na segunda-feira, cansados e pálidos, comparando respostas e
lamentando a dificuldade das tarefas propostas, que incluíra transformar uma
coruja em binóculos de ópera.
Depois de um almoço apressado, os garotos voltaram direto para cima
para fazer o exame de Feitiços. O Prof. Flitwick pediu feitiços para animar e
também o contrafeitiço. Amin exagerou um pouco nos dele, por puro
nervosismo, mas conseguiu desfazer o feitiço antes que Rowan tivesse que
realizar o seu exame. Depois do jantar os alunos voltaram às salas comunais,
não para relaxar, mas para começar a estudar Trato das Criaturas Mágicas,
Poções e Astronomia.
O Prof. Kattleburn aplicou o exame de Trato das Criaturas Mágicas na
manhã seguinte com um ar deveras preocupado; seu coração parecia estar longe
dali. Providenciara uma grande barrica com lesmalentas (lesmas gigantes
capazes de liberar uma gosma venenosa) para a turma e avisou que para passar
no exame, o veneno deveria ser extraído e utilizado para eliminar os Toletes
(criaturas semelhantes a cogumelos rosas, mas cobertos de pelos) que estavam
invadindo os jardins.
Houve então o exame de Poções naquela tarde. Amin teve dificuldades
em preparar sua Poção da Incoerência com Snape observando-o sem parar, mas
achou que ela ficou satisfatória enquanto ele dava a nota.
Depois veio o exame de Astronomia à meia-noite, na torre mais alta do
castelo; História da Magia na quarta-feira de manhã, em que Amin escreveu
tudo que lembrava sobre a caça às bruxas na Idade Média. Na quarta-feira à
tarde foi a vez de Herbologia, nas estufas, sob um sol de cozinhar os miolos;
depois voltaram mais uma vez à sala comunal, com as nucas queimadas,
imaginando que no dia seguinte, àquela hora, os exames finalmente teriam
terminado.
O antepenúltimo exame, na quinta-feira pela manhã, foi Defesa Contra as
Artes das Trevas. O professor preparara um exame meramente teórico incluindo
bichos-papões e Amin se sentiu muito sortudo por ter passado o ano lendo e
estudando como enfrentá-los e localizá-los.
O último exame de Amin era Adivinhação. Ele e Tonks foram se reunir
aos demais alunos, e, um a um, eles foram convidados a entrar na sala para
observar uma bola de cristal.
Na sala da torre fazia mais calor que nunca; as cortinas estavam fechadas,
a lareira acesa e o costumeiro perfume adocicado fez Amin tossir, enquanto se
desvencilhava das mesas e cadeiras amontoadas para chegar onde a professora
Sibila o esperava, sentada diante de uma grande bola de cristal.
– Bom dia, meu querido – disse ela brandamente. – Quer ter a bondade de
examinar o orbe… Pode levar o tempo que precisar… depois me diga o que está
vendo… Amin se curvou para a bola de cristal e olhou, olhou o mais
atentamente que pôde, desejando que ela lhe mostrasse algo mais do que a
névoa branca em espiral, mas nada aconteceu.
– Então! – estimulou a professora com delicadeza. – Que é que você está
vendo?
O calor era insuportável e as narinas do garoto ardiam com a fumaça
perfumada que vinha da lareira ao lado dos dois. Ele pensou no que vira na
última visão que teve, e resolveu improvisar.
– Hum… Duas salas. Uma escura, cheio de livros, e outra um tanto
caótica com uma porta desenhada em giz, e… Você-Sabe-Quem…
– Você-Sabe-Quem! Meu querido, isso não é coisa com que se brinque…
– Foi o que eu vi.
– Bom… E as salas? Veja se consegue ver além das salas.
– Eu… É… Acho que uma delas é a biblioteca. – disse Amin, lembrando-
se que a próxima cripta estaria na biblioteca. – Mas, não reconheço a seção.
Acho que nunca entrei nela.
– A seção reservada?
– É, talvez.
– Minha nossa… Bom, acho que é o suficiente. – disse a professora. – De
fato, como eu disse na primeira aula, você está progredindo nas visões, mas
cuidado, o caminho que ela parece lhe levar, não é… Seguro.
Amin, reparando que Sibila parecia saber que ele se referia as criptas,
tentou continuar a conversa.
– Tem a ver com as criptas malditas? Há uma na seção reservada?
– Chega, não podemos falar a respeito. Está dispensado.
Amin saiu de lá, eufórico. Sibila devia saber sobre as criptas, saber que
havia uma la, pois fora onde seu irmão achou a última, e aquilo confirmava suas
suspeitas.
Ele seguiu confiante ao encontro de seus amigos no Salão Principal, onde
estavam lanchando, e pediu que todos o encontrassem na biblioteca à noite, pois
tinha certeza da localização da cripta.
Ele recordou de Barnaby, quando estava saindo do salão, e de como
estavam se tornando próximos nas aulas de trato das criaturas mágicas, e
resolveu lhe dar um voto de confiança. Esperou ele sair do exame de Estudo dos
Trouxas, e foi ao seu encontro.
– Barnaby! Tenho uma coisa para te contar.
– O que?
– Acho que descobri a localização da próxima cripta maldita, está na
biblioteca, e pretendo ir lá hoje a noite.
– Sério? Por que me contou?
– Porque você parece ser uma boa pessoa, e, queria contar com você.
– Bom… Merula ficou atenta, e contou que vocês iriam para a cripta
depois dos exames. Ela pediu que eu e Ismelda fossemos à biblioteca ficar de
olho em vocês.
– Entendo. Obrigado por me contar, Barnaby. Espero que, se chegar a
hora e houver um confronto, você possa se unir ao lado certo. – disse Amin, e se
virou para sair.
– Espera. – disse Barnaby. – Meus pais são comensais da morte, e, assim
como os da Merula, estão presos em Azkaban. Eu e ela somos da Sonserina.
Acha que eu tenho outra escolha, a não ser ficar do lado dela?
– Claro que tem. Seus pais e sua casa não lhe definem. Suas escolhas é
quem vão definir você. – respondeu Amin, indo embora em seguida.
Amin subiu para jantar com todos os alunos, mas não voltaram ao Porão
da Lufa-Lufa ao terminar. Seguiu para o corredor biblioteca, e, um a um, seus
amigos foram se reunindo a ele.
Amin contou que deveriam entrar na seção, mas achou que não era bom
entrarem todos na seção reservada para não chamar atenção. Tonks ficaria
responsável por chamar a atenção da Madame Prince, enquanto Gui e Rowan
cuidariam de evitar que Merula e os outros entrassem na cripta. Devido ao
último incidente envolvendo a poção do esquecimento, Penny ficaria de fora da
aventura, assim como Ben e Carlinhos. Já Tulipa entraria junto com ele na
seção reservada.
Ben e Penny ficaram aliviados em não ter que participar da missão, e
Carlinhos ficou relutante, mas Gui considerou melhor assim.
Depois que Ben, Penny e Carlinhos voltaram para as suas salas comunais,
Penny entrou, e ouviu-se um berro muito alto que Amin reconheceu ser de uma
Mandragora. Madame Prince saiu com Tonks instantes depois, e, depois que
passaram, os quatro entraram para dentro da biblioteca.
– Ela é brilhante. – disse Tulipa aos outros três dentro da biblioteca, e se
posicionaram diante da corda ao fundo da biblioteca que delimitava a seção
reservada. – Agora, só precisamos entrar.
– Nós que vamos entrar! – disse Merula, chegando por trás deles com
Ismelda e Barnaby.
Rowan e Gui sacaram as varinhas, assim como Merula e Ismelda.
– Everte Statum! – exclamou Ismelda, e Rowan foi arremessado para trás
e caiu no chão.
– Rowan! – exclamou Amin, vendo como seu amigo estava, e, depois, olhando
para Barnaby.
– Não precisava fazer isso! – disse Barnaby.
– Claro que precisava. – disse Ismelda
– Não se meta. – disse Merula.
– Me meto! – disse Barnaby, e se pôs a frente das duas.
– Se nos trair, vai ter o mesmo destino. – disse Ismelda.
– Barnaby! – exclamou Amin.
– Não se preocupe, Amin, eu seguro elas. Escolhi o meu lado.
– Eu ajudo. – disse Gui. – Vão na frente!
– Vamos, Amin. – disse Tulipa.
Ela puxou Amin para além da corda enquanto Merula, Ismelda, Gui e
Barnaby começaram a duelar.
As profundezas da seção reservada estavam escuras como breu e muito
estranhas. Amin e Tulipa iluminaram suas varinhas, e sentiam arrepios enquanto
caminhava apressadamente pelos inúmeros livros de magia negra que lá havia.
Suas letras descascadas e esmaecidas formavam dizeres em línguas que Amin
não entendia. Alguns nem sequer tinham título. Um livro tinha uma mancha
escura que fazia lembrar horrivelmente de sangue.
Os pelos na nuca de Amin ficaram em pé. Talvez fosse imaginação dele,
talvez não, mas achou que ouvia um sussurro inaudível vindo dos livros, como
se eles soubessem que havia alguém ali que não deveria estar.
– Onde está o diário? – perguntou Tulipa. – Vamos precisar dele.
Amin retirou o diário da bolsa que trazia, e, folheou-o, buscando
desesperado o que deveria fazer em seguida. Foi quando ele viu que os rabiscos
do livro haviam desaparecido, e dado espaço para o desenho de uma estante,
sob a qual o diário deveria ser posto.
Tulipa viu o desenho, e foi procurando a estante dentre as estantes que la
haviam, e, por fim, eles localizaram uma que batia com o desenho. Amin pôs o
diário na estante, e, a estante se moveu, dando espaço para um buraco na
parede.
Simultaneamente, eles ouviram passos, mas que vinham do lado deles, e,
pouco depois, apareceu alguém.
– Barnaby! – exclamou Amin.
– Merula e Ismelda fugiram, mas não duvido que elas voltem. – disse
Barnaby.
– Se bem conheço Merula, ela não vai só voltar, como vai trazer um
professor com ela. Temos que ser rápidos. – disse Tulipa.
– Vamos. – disse Amin.
Os três entraram pelo buraco, e, depois de andarem um pouco sob a luz
da varinha, chegaram a uma cripta semelhante a que Amin encontrou no ano
anterior. Ela tinha também uma coluna iluminada no meio, tochas nas paredes e
cercada por armaduras. Contudo, havia uma diferença. As paredes eram
pintadas por criaturas das trevas aterrorizantes.
– Acromantulas, dementadores… – identificou Tulipa. – A última cripta
também era assim?
– Não exatamente. Era mais fria, mas menos aterrorizante. Não tinha
essas marcas nas paredes…
– Nox… – ouviu-se uma voz dizer, e as varinhas apagaram-se assim
como as tochas, deixando todos na escuridão.
– Quem… – exclamou Amin, e logo sua resposta foi respondida. Voldemort
surgiu, diante dele, mas ele não conseguia mais ver seus amigos, até que, com
um aceno de varinha de Voldemort, uma névoa cobriu todo o lugar.
Amin ficou desesperado, não conseguindo ver onde seus amigos estavam,
e vendo a figura imponente de Voldemort a sua frente.
– Você não é real… É só um bicho-papão…
Contudo, Voldemort acenou a varinha novamente e Barnaby e Tulipa
foram erguidos no ar, e começaram a gritar enquanto se contorciam.
– Não! Deixe-os… Riddikulus… Riddikulus! – exclamou Amin
apontando para Voldemort, mas ele não desapareceu nem foi afetado.
Voldemort foi se aproximando de Amin, enquanto seus amigos gritavam.
Amin, desesperado, apontou para os seus amigos no ar.
– Finite Incantatem!
Nada aconteceu, e então Amin fechou os olhos, ouvindo os gritos dos
seus amigos, e lembrou-se. Primeiro pensou em Jacob pedindo que Amin
encontrasse as criptas, indicando que ele estava vivo. Depois, olhando para
Barnaby, lembrou-se que não era os passados, ou os medos, a defini-lo, mas
suas ações, e foi retomando sua coragem. Por fim, olhando para Tulipa,
lembrou-se do que era necessário para vencer seus medos, segurou firme a
varinha, e murmurou mais uma vez “Riddikulus” e Voldemort voltou a assumir
a forma de um palhaço, desaparecendo em seguida.
A névoa se dissipou, e as figuras de Barnaby e Tulipa reapareceram ao
seu lado. Diante de Tulipa estava Merula, diminuindo-a, e de Barnaby um
Palhaço. Reconhecendo que eles deveriam ser outros bichos-papões, Amin
executou o feitiço mais duas vezes, transformando Merula numa princesa e o
palhaço em uma figura que lembrava um Ouriço, e os dois desapareceram em
seguida.
– Vocês estão bem? – perguntou Amin.
– Acho que sim. – responderam Tulipa.
– Estou. – disse Barnaby. – Obrigado.
– Por nada. – disse Amin. – Pelo visto os nossos medos eram o obstáculo
dessa cripta, assim como o cavaleiro de gelo na outra cripta.
– Mas, e agora? O que fazemos para encerrar a maldição?
– Bom, da última vez tudo que fiz foi vencer o obstáculo e… tocar a
coluna. – disse Amin virando-se para a coluna, e, tocou-a.
Ao tocar a coluna, ele entrou em transe, como entrara na última cripta, e
ouviu a voz do seu irmão.
– É tarde demais, Amin…
– Jacob? Não entendo…
– Já está dentro de você. Você tem que lutar, Amin. Lute!
Amin retornou do transe.
– Você está bem? – perguntou Tulipa.
– Estou… Mas… A coluna continua igual. – disse ele. – A coluna da
outra cripta se abriu quando eu a toquei.
– Talvez essa tenha algum segredo – disse Tulipa. – Uma outra forma de
abrir. – e, olhando ao redor da coluna, identificou uma escritura. – “Para abrir, o
bruxo deve fazer o maior sacrifício de todos.” – leu era.
– O que isso significa? Morrer? – perguntou Barnaby.
– Não… Talvez… Talvez signifique renunciar a magia. – disse Amin,
lembrando-se da varinha partida do seu irmão, e pegando-a.
– Como assim? – perguntou Tulipa.
– Talvez Jacob tenha desfeito a maldição dessa cripta, quebrando sua
varinha, e não por ter sido expulso. – disse Amin. – E deixou a varinha
quebrada na última cripta para nós. – concluiu ele e aproximo os pedaços
quebrados da varinha da coluna.
Quando a varinha quebrada tocou a coluna, ela começou a vibrar e, como
uma flor, se abriu, deixando exposto o conteúdo dentro dela, um mapa e uma
flecha, flutuando dentro uma parede de luz amarela, onde antes eram as paredes
da coluna.
– Funcionou. – disse Barnaby enquanto Amin recolhia o mapa e a flecha.
– É melhor irmos, antes que a Merula chegue com alguém.
– Acho que você tem razão. – disse Amin.
Saindo depressa da cripta, Amin seguiu Tulipa para fora. Ele recolheu o
diário da estante, e ela voltou ao seu local original, tapando a passagem para a
cripta. Em seguida, eles saíram da seção reservada e depois da biblioteca,
correndo para o mais longe que puderam.
— CAPÍTULO CATORZE —
O fim

Merula ficara indignada e levou uma detenção, mesmo após o fim dos
exames, de Snape por tê-lo feito ir até a biblioteca sem que tivesse alguém lá.
Rowan fora levado por Gui antes que eles chegassem, e não apresentou
nenhuma sequela do feitiço lançado por Ismelda.
Apesar de todos irem em cima de Amin saber o que houve na cripta,
Amin pediu que todos esperassem a ida a Hogsmeade no dia seguinte para
contar tudo.
Rowan foi o único a quem Amin contou, no dormitório, sobre os eventos
da cripta e os objetos achados, e Rowan pediu para ficar com o mapa para ver
de onde ele seria.
Em meio ao calor sufocante e ao fim dos exames todos foram
aproveitando ao máximo a última visita a Hogsmeade. Amin e todos os seus
amigos, incluindo agora Barnaby, foram se reunir no Três Vassouras, com
exceção de Tonks que estava em detenção por causa da Mandragora na
biblioteca.
– Um brinde ao nosso desfazedor de feitiços! – disse Tulipa levantando
uma cerveja amanteigada, e todos levantaram as suas para brindar.
– A todos nós, eu não teria conseguido sem vocês.
Amin contou, finalmente, o que todos queriam saber, começando pela
entrada na biblioteca e na seção reservada.
– Merula está em detenção. – disse Barnaby quando Amin contou sobre
ela. – Não conseguiu convencer Snape sobre nós e a cripta.
– Sem provas, ela não vai poder fazer nada. – comemorou Ben.
Em seguida Amin contou sobre as aparições na cripta, como deteve-as, e
como abriram a cripta com a varinha de Jacob.
– E o que tinha dentro da cripta? – perguntou Gui.
– Um mapa e uma flecha. – respondeu Amin.
Rowan mostrou o mapa que estava analisando.
– Parece que é da floresta proibida. – disse ele.
Amin olhou-o com atenção, e reparou o local da alcateia de lobos que ele
visitara como animago.
– Parece mesmo…
– E também, parece ter sido feito a mão. Se foi o Jacob, ele deve ter
gastado muito tempo pela floresta para conseguir fazê-lo, ou seja…
– A próxima cripta pode estar lá? – perguntou Gui.
– É o meu palpite. – disse Rowan.
– E a flecha? – perguntou Carlinhos.
– Deixei no meu dormitório. – respondeu Amin. – Ela está sem a ponta,
mas não parece ter nada de mais.
– Vocês repararam nessa letra “R” no mapa? – perguntou Penny,
apontando.
Amin se assustou ao ouvir, e olhou para onde Penny apontava. Rowan
também olhou, e, em seguida, virou-se para Ben.
– Isso te lembra algo?
– Como assim?
– Ano passado encontramos cartas transfiguradas assinadas com a letra
“R”, e, ao que tudo indica, eram para você.
– Não… Não me lembro de nada depois que fui congelado naquele
corredor.
– Tem certeza? Nadinha?
– Pega leve, Rowan. – disse Amin, que sabia que Rowan guardava
desconfianças de Ben desde aquela época. – Ben está do nosso lado.
– Hum. De todo modo, esse mapa pode nos levar a saber mais sobre “R”.
– É. Vamos analisá-lo com calma nas férias, e ano que vem vasculhar a floresta.
– Estou dentro! – exclamou Carlinhos.
– Bom, até lá, vamos comemorar a vitória sobre a última cripta. – disse
Gui.
Todos beberam e jogaram conversa fora por mais de uma hora. Amin
ficou satisfeito por ter feito tantos amigos e por estar um passo mais perto de
encontrar seu irmão, e aproveitou como nunca.
Quando estava se levantando para sair, Amin deparou-se com
Dumbledore e Hagrid sentados em uma mesa próxima, e o diretor levantou-se
quando viu Amin levantando.
– Olá Amin, não quis interromper.
– Prof. Dumbledore, que surpresa.
– Imagino que não saiba nada sobre o repentino desaparecimento de
bichos-papões na escola.
– É…
– Como imaginei. Bom, saiba que não vou censurá-lo por ter
desobedecido às regras novamente, mas vim notificá-lo que ano que vem
teremos alguém mais capacitado a resolver problemas com as criptas, caso
ocorra algo.
– Como assim?
– Me encontre na minha sala amanhã, acho que certos assuntos não
devem ser conversados em um bar tão movimentado. A senha é Sorvete.
Dumbledore foi embora com Hagrid, e Amin ficou pensando no que
Dumbledore teria a dizer, mas preferiu não tirar a paz dos outros amigos falando
a respeito.
No dia seguinte, Amin atravessou os corredores, ansioso, pensando no
que Dumbledore lhe contaria. O garoto passou direto até a gárgula que guardava
a entrada do escritório de Dumbledore
– Sorvete.
A gárgula ganhou vida e saltou para o lado. Ele passou depressa pela
abertura nas paredes e pisou no patamar de uma escada em espiral, que se
deslocou lentamente para o alto, ao mesmo tempo em que as portas se fechavam
às suas costas, levando-o até uma porta de carvalho polido com uma maçaneta
de latão.
Amin bateu à porta, ela abriu e ele entrou. Já estivera antes no escritório
de Dumbledore; era uma bela sala circular, coberta de retratos de diretores e
diretoras que o antecederam em Hogwarts, os quais dormiam a sono solto, o
peito arfando suavemente.
Fawkes, a fênix de Dumbledore, estava parada em seu poleiro de ouro ao
lado da porta. Do tamanho de um cisne, uma magnífica plumagem vermelha e
dourada, a ave balançou sua longa cauda e piscou bondosamente para Amin
quando ele passou por ela, seguindo até a escrivaninha de Dumbledore onde
este o aguardava, e se sentou em uma cadeira diante dela
– E então, antes de eu lhe contar sobre minhas tediosas viagens e sobre a
pessoa que encontrei, porque não me conta sobre suas aventuras?
Amin ficou constrangido, mas, olhando para Dumbledore, sentiu que ele
nunca o puniria por fazer aquilo, e que seria fiel a sua palavra no Três
Vassouras, independente do que contasse. Assim, ele contou-lhe tudo, omitindo,
novamente, sobre os objetos adquiridos na cripta, mas sem muita confiança de
que Dumbledore não fosse capaz de saber sobre eles simplesmente olhando para
Amin.
– Então alguém mexeu com a cripta, liberou a maldição dos bichos-
papões, e você e seus amigos encontraram a cripta e desfizeram-na.
– Sim, mas novamente não sei quem as liberou.
– Eu também não, mas sei que a pessoa que virá ano que vem nos ajudará
a descobrir. – disse Dumbledore e, vendo a confusão de Amin, continuou. – Eu
estive viajando muito este ano, caso não tenha reparado, a procura do melhor
desfazedor de feitiços do mundo, alguém com experiência e capaz de lidar com
as criptas. Em minha busca acabei encontrando-a, uma aluna brilhante, da época
em que minha barba era mais curta. Encontrei-a explorando ruínas no subsolo
de Castelobruxo, a escola de magia brasileira, e ela concordou em vir a
Hogwarts ano que vem.
– Quem é?
– Acho melhor deixar isso em aberto, pois, conhecendo você, iria apenas
aumentar os seus deveres das férias. Tenho esperanças que, ano que vem, você
não precise se meter com as criptas, e, para isso, espero que aproveite as férias
para refletir, e, de certo modo, recomeçar, como a Fawkes. – disse ele
apontando para sua fênix. – Que sempre renasce das cinzas nova.
– Entendo, Prof. Dumbledore. Farei o meu melhor.
E Amin saiu da sala com seus pensamentos muito confusos, e partilhou-
os com Rowan no dormitório, mas ele apenas levantou dezenas de possíveis
candidatos ao cargo.
Os resultados dos exames foram divulgados no último dia do ano letivo.
Amin e seus amigos tinham passado em todas as matérias, e, para sua surpresa,
Amin acabou passando bem em tudo.
O professor de defesa contra as artes das trevas acabou pedindo demissão
do cargo depois que teve que enfrentar tantos bichos-papões, e Amin ficou
imaginando se um dia teriam um professor bom ou, pelo menos, que durasse
mais de um ano.
Gui conseguira excelentes notas nos exames de N.O.M.s. Entretanto, a
casa da Sonserina, Amin não entendeu como, ganhara o Campeonato das Casas,
pelo segundo ano consecutivo. Isto significou que a festa de encerramento do
ano letivo se realizou em meio a decorações verdes e prateadas, e que, na
comemoração geral, a mesa da Sonserina foi a mais barulhenta do Salão. Apesar
disso, Amin, enquanto comia, bebia, conversava e ria com todos, conseguira
esquecer os desafios que o esperariam no ano seguinte.
Quando o Expresso de Hogwarts deixou a estação na manhã seguinte,
Tonks comunicou a Amin que as aventuras daquele ano a fizeram pensar
seriamente em se tornar Auror, e que dali em diante estudaria mais seriamente.
Sentindo-se contente com a decisão de Tonks, e com a companhia de seus
amigos, Amin jogou várias partidas de Snap Explosivo com eles e, quando a
bruxa com a carrocinha de lanches chegou, ele comprou uma pequena refeição
com todo o dinheiro que ainda tinha.
Quando finalmente todos passaram a barreira da plataforma nove e meia
horas depois, Amin localizou sua mãe quase imediatamente. Estava parada
junto do Sr. e da Sra. Weasley, conversando. Depois que ele saldou o Sr.
Weasley e abraçou a Sra. Weasley e sua mãe, ele abriu um largo sorriso e
acompanhou sua mãe para fora da estação, com Noct chocalhando à frente, para
o que prometia ser um verão cheio de surpresas.

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