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lossal de contradição, eles estariam tentando


renegar sua essência, e cita como exemplo o
psicólogo Holden, vivido por Dana Andrews
IMAGINE-SE na sua casa, de madruga-
em A Noite do Demônio, que ao longo do fil-
da e só. Todas as luzes estão apagadas. Você
me tentará negar o que o espectador já sabe
ouve um barulho que te deixa com extrema
ser verdade.
agonia, se levanta e vai tentar descobrir o
que é. O que acontece nesse meio-tempo é A proeminência com a qual os traços
Jacques Tourneur. estrangeiros de Irena, personagem protago-
nista de Sangue de Pantera são ressaltados
A simples existência de Sangue de Pan-
secretam a tônica do tratamento de Tour-
tera (Cat People, 1942), A Morta-Viva (I
neur para o fator forasteiro em seus filmes
Walked With a Zombie, 1943), O Homem-
de horror dali em diante. Em um ambiente
-Leopardo (The Leopard Man, 1943) e o tar-
desconexo do costumeiro, ou longe do qual
dio retorno ao gênero, A Noite do Demônio
se sentiriam verdadeiramente conectados,
(Night of the Demon, 1957) sob a autoria do
esses personagens reagem de modo similar,
mesmo Tourneur parece configurar um novo
com desconfiança mordaz, curiosidade ful-
paradoxo dentre os quais são tão caros pelo
minante e revolta interior. É assim com a
diretor, dada a natureza formal ímpar e obs-
própria Irena, descendente de refugiados do
cura de cada uma das obras e a espontaneida-
leste europeu, com a genuinamente america-
de com que as conexões temáticas entre elas
na família Holland, bem como a enfermeira
se fazem tão intensas.
Betsy de A Morta-Viva, radicados no caribe,
Sendo o próprio Tourneur um estranho e com o doutor Holden, também americano
longe de sua terra natal, desenvolveu uma desembarcando em Londres. A situação em
sensibilidade para tratar fidedignamente das O Homem-Leopardo é difusa e transitória,
virtudes e dos temores dos alheios, faceta mas será contornada mais adiante.
de seu caráter que é perceptível nos filmes
Na tangente da problemática dos foras-
de todos os gêneros fílmicos nos quais in-
teiros está a dinâmica entre o posicionamen-
gressou. Esse caráter de profissionalismo
to moral vigente na localidade versus a carga
versátil que o tornou famoso por “jamais ter
pessoal do estrangeiro diante das questões
recusado um roteiro” é também crucial para
do sobrenatural. Esse conflito é o estopim
o desenvolvimento de sua obra a partir de re-
primordial para o que irá desembocar na su-
corrências do choque entre um personagem
gestão do caos que precede o horror. Via de
principal ou conjunto de personagens e lo-
regra, quando um destes prevalecer o outro
calidades com fortes contrastes de vivência
entraria em colapso. No caso de Sangue de
e percepções.
Pantera, os personagens que convivem com
Chris Fujiwara, autor do mais ampla- Irena são céticos em relação ao sobrenatu-
mente difundido objeto de estudos especi- ral, e o horror vai se construindo ao largo
ficamente sobre Jacques Tourneur, o livro da repressão que a personagem impõe a si
Cinema of Nightfall pontua acertadamente mesma ao encerrar a bestialidade oriunda
em uma conversa com o cineasta português de seus antepassados, frente à sociedade
Pedro Costa sobre o diretor de A Noite do moderna americana. Se em Sangue de Pan-
Demônio, fragmentos encontrados nos per- tera a personagem é a perturbadora em um
sonagens de cada um dos quatro filmes tra- ambiente anteriormente estável, tanto em A
tados aqui, segundo o autor, há personagens Morta-Viva quanto em A Noite do Demônio
nestes filmes que enfrentam um processo co-
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NIGHT OF THE DEMON (1957)
os protagonistas encerram dentro de si um de fora da cidade, porém no meio do caos
ceticismo que será cerceado pelas evidências que é a série de assassinatos e a transitorie-
do ambiente. Em Sangue de Pantera Irena dade entre núcleos de personagens e pontos
cede ao instinto e a resolução é a morte, a de vista que acompanhamos o que final-
saída do doutor Holden será a resignação e mente acaba se sobressaindo é uma curiosa
sua resolução é a isenção. Em A Morta-Vi- autorregulação dessa pequena cidade frente
va, entretanto nos deparamos com um filme às anomalias. O filme mais sanguinário e ca-
em que este fator é tão problematizado quan- ricato de Tourneur é também o mais pujante
to poderia. O consenso na ilha entre a popu- e seguro de si, onde os eventos se resolvem
lação é de encarar o sobrenatural como parte dentro do limite razoável da plausibilidade,
do cotidiano. Dos portões do Fort Holland ainda que dentro de cada uma das seções
para dentro, entretanto, temos um núcleo de acompanhando um coadjuvante a construção
personagens cujas conclusões acerca desses do suspense seja feita de modo a fragmentar
assuntos é falseada a todo momento. Temos as expectativas na divisão entre o verdadeiro
os funcionários, que são parte da população e o falso e a própria encenação seja encar-
nativa da ilha, e a família de proprietários, regada de fomentar este tipo de indagação.
atormentados por uma tragédia cujas pro- Na Ilha St. Sebastian de A Morta-Viva,
porções flutuam entre o concreto e o etéreo as sombras das palmeiras desejadas pela
durante todo o filme, sem jamais deixar mar- enfermeirinha Betsy não estão lá. A predo-
gem para que possa-se inferir uma conclusão minância é de cana-de-açucar, para os enge-
acertada sobre a moral daqueles elementos. nhos dos Holland, provavelmente. Mal há
A mais transparente nesse quesito seria palmeiras. Mas mesmo que lá estivessem, a
a matriarca Holland, que em dado momento própria Besty prefere a sombra do guarda-sol.
aparenta manter toda a mística da ilha sob A rápida conversa com o cocheiro ou
uma fachada, e através da aplicação de co- “como introduzir o sobrenatural no cinema”:
nhecimentos básicos de saúde e higiene faz Ali ficamos sabendo que a noção de mor-
os nativos darem credibilidade de curandeira te/vida/existência para o povo negro de St.
à mãe Holland. No entanto esta personagem Sebastian é diferente do usual. A figura de
se retrata mais adiante, dizendo que na ver- proa, provavelmente de algum antigo navio
dade acredita no vodu e ingenuamente lan- negreiro, chamada Ti-Misery (nome não só
çou uma maldição sobre sua nora, Jessica, mais sugestivo que o do morto-vivo-guarda-
que se encontra em estado vegetativo e era -costas do Houmfort vodu, Carrefour – En-
motivo de discórdia entre a mãe e os filhos. cruzilhada, em francês) vive no jardim de
No fim das contas, o mais próximo que se Fort Holland. Ao contestar, a personagem
pode chegar de uma definição seria um mis- indaga se a figura estaria viva ou não. A
to da isenção vista em A Noite do Demônio resposta é uma negativa, mas será perceptí-
e do render-se ao sobrenatural, resultando em vel mais adiante que isso não implicará em
mortes, como foi visto em Sangue de Pantera. afirmar um estado de não-vida ou não-exis-
O cenário mais singular do fator foras- tência pelo personagem do cocheiro. “Não,
teiro está em O Homem-Leopardo, em que dona. É o mesmo que foi desde o começo”.
a ambiência estrangeira está em todo canto, Cada palavra, inflexão e sugestão de possibi-
pelo fato de o filme se passar numa cidade lidades é uma curva súbita nos labirintos en-
fronteiriça com o México. O suposto pavio genhados pelo diretor. Tourneur nos pegará
do distúrbio, o leopardo, este sim é trazido sempre pelo não-dito e não-visto.

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A consistência e solidez da narrativa de o demônio em A Noite do Demônio, é exem-
Tourneur passam por – além da plena inca- plo disso até certa altura, quando ainda não
pacidade do diretor de elaborar uma elipse é estabelecida relação direta da evidenciação
que seja pobre ou deflagre perda de interes- do papiro com a aparição do demônio. A or-
se – manter o sobrenatural nas imediações dem da exposição e montagem paralela de
de quaisquer que sejam as situações trans- certas sequências tem relação direta na efe-
correntes através de breves figuras associa- tivação da racionalização de causa-e-efeito;
tivas ou recursos sonoros agregados a elas. quando Tourneur deixa claro que não opera
Os tambores inalcançáveis no extracampo por meios racionais de causalidade como na
para além do Fort Holland, a canção trágica implacável sequência de ritual vodu de A
e de proporções quase mitológicas do can- Morta-Viva, pois a exposição da ritualística
tor folk-caribenho-vodu cantando não mais e do que aquilo denota é de abordagem si-
que a iminência da morte e da putrefação milar ao documentário etnográfico de Jean
em A Morta-Viva, a cartomante e o con- Rouch, Os Mestres Loucos (Les Maîtres
teúdo macabro que o ás de espadas evoca, Fous - 1956), ou seja, imagens portadoras de
usado como motivo visual quando determi- uma grandeza que se cristaliza independen-
nada personagem se encontra nos seus últi- temente das adjacências narrativas impostas
mos momentos de vida, bem como o irmão pela história que está sendo contada (no caso
mais novo da primeira vítima do leopardo, de Tourneur) ou das cartelas inicias e voz off
momentos antes do assassinato de sua irmã, (no caso de Rouch).
fazendo sombras de felinos na parede em A justificativa para o filme passa a ser
O Homem-Leopardo num dado momento sublimada, de contar uma história ou trans-
fazendo avançar essa sombra sobre a irmã mitir informação a se dedicar à hombridade
amedrontada, bem como a presença da peça de registrar a existência daqueles corpos no
de decoração (do velho rei que varreu o povo espaço, a confluência de seus movimentos e
felino da Sérvia, atravessando um grande a integração de seus gestos. Em A Morta-Vi-
gato com sua espada) no apartamento de Ire- va não seria exagero considerar que Tour-
na em Cat People, que vai ganhando caráter neur nos repele das tentativas mais ínfimas
cada vez mais sinistro a medida que a real de explicações relacionadas ao que ocorre
proporção das chagas do passado da perso- de fato naqueles rituais pois os únicos que
nagem se torna mensurável. Na constância, tentam buscar explicações são justamente
polidez e equilíbrio do sórdido Dr. Karswell os mesquinhos Holland, que do alto da sua
(britânico evidentemente, de A Noite do De- sordidez vinham impondo certos dogmas
mônio), Tourneur acaba por encontrar o ex- que sem demora caíram por terra. Por todo
poente máximo da síntese entre o sombrio o filme, Tourneur sistematiza setpieces que
pelo paganismo e o iluminado pela razão, servem como séries de vetores antagôni-
pois enquanto o filme mergulha nas sombras cos. Após uma cena com carga no vetor
de sua mansão as falas do personagem se tor- ceticismo, vem outra com carga assertiva,
nam voláteis tanto para o lado da superstição endossando o sobrenatural. As implicações
quanto para o exercício do blefe. disso serão dimensionadas na iminência da
Porém nem sempre a real extensão conclusão do filme por meio de montagem
desses recursos pode ser avaliada em sua paralela.
abrangência total no horizonte de eventos. O A utilização da montagem pode ser “in-
mágico e o pequeno pedaço de papiro com visível”; é o caso mais frequente no filme
encantamentos de magia negra para invocar
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americano anterior à guerra. O único objetivo da divisão em planos é analisar o acontecimento
segundo a lógica matemática ou dramática da cena. É sua lógica que faz com que essa análise
passe despercebida; a mente do espectador adota naturalmente os pontos de vista que o diretor
lhe propõe, pois são justificados pela geografia da ação ou pelo deslocamento do interesse
dramático. (...) Ao criar a montagem paralela, Griffith conseguiu dar conta da simultaneidade
de duas ações, distantes no espaço, por uma sucessão de planos de uma e da outra.

A partir do didático excerto de André Bazin em seu texto A Evolução da Linguagem


Cinematográfica adentraremos numa breve análise relativa à sequência de A Morta-Viva cul-
minando no assassinato de Jessica pelo cunhado Wes, que a amara secretamente. O horizonte
de eventos desta sequência se dá da seguinte maneira:

1) Wes, à mesa, solitário e ébrio observa Jessica caminhando no pátio de Fort Holland em
direção ao portão. Ela para ao se deparar com as barras de ferro.

2) o feiticeiro Vodu atraindo uma boneca de Jessica no Houmfort. Ela para de ser atraída.
Ele então cochicha algo para seu assistente.

3) Wes se levanta e abre o portão, liberando o caminho para Jessica, e a observa se afastar.
Se dirige à figura de proa Ti-Misery, espetada por flechas. Wes então retira uma dessas flechas
de seu torso de madeira maciça. Ele sai pelo portão, atrás de Jessica.

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I WALKED WITH A ZOMBIE (1943)
4) de volta ao Houmfort, o feiticeiro de uísque. Além do mais, ele se recusa a en-
derruba a boneca de Jessica, se ajoelha e a tregar o cadáver de Jessica para o guardião
perfura no peito com uma agulha. Carrefour. Se ele matou por influência so-
brenatural do vodu ou por influência mate-
rial do uísque somada à resignação moral
5) corta para Wes ajoelhado diante da
que está enfrentando é a problemática com a
verdadeira Jessica estirada no chão, se le-
qual lidaremos por meio de mais uma citação
vantando lentamente, com a flecha na mão.
de Bazin, desta vez a máxima de seu artigo
Montagem proibida, “Quando o essencial de
6) em um plano conjunto, na praia, ve- um acontecimento depende de uma presença
mos o guardião Carrefour se aproximar para simultânea de dois ou mais fatores de ação, a
carregar o cadáver de Jessica. montagem fica proibida”.
Se partirmos desse conceito miran-
O intrigante é que a montagem paralela do uma compreensão da real extensão dos
geralmente é usada para encadear eventos eventos na sequência descrita anteriormente
associados entre si em algum nível. O natu- poderá se chegar a conclusão de que a mon-
ral seria uma predisposição a associar o ri- tagem nesta sequência é quase uma parte
tual Vodu ao assassinato de Jessica por Wes complementar ao conceito de Bazin, pois
assumindo que este estivesse sob o domínio o paralelismo acaba assumindo efeito não
do feiticeiro. elucidativo, mas problematizador, em total
Entretanto o filme apresenta evidências coerência com o que nos foi apresentado no
sólidas tanto a favor do ceticismo quando à filme até então. A sensação de “sobrenatu-
favor da entrega à feitiçaria. Sim, na situação ral” floresce não do vodu, mas do potencial
1 ouvimos o forte e característico batucar de prolongamento do que a montagem ocul-
dos tambores oriundos do Houmfort, assim ta. A contrapartida à essa questão evidente
como vemos Jessica andar em direção ao em A Morta-Viva, portanto seria algo como:
portão. Mas o filme já nos mostrou que essas Quando o essencial de um acontecimento
situações são recorrentes. O áudio sempre é entre dois ou mais fatores de ação depende
permeado do batucar que poderia implicar da supressão de uma presença simultânea, a
que ao mesmo tempo estivesse se realizando montagem é necessária.
um ritual Vodu, e, no entanto jamais insi- Com todo seu refinamento em prol da
nua-se sua influência sobre fatores externos síntese na encenação e na montagem, os fil-
aos limites do Houmfort. O deambular de mes de Jacques Tourneur encontram pleni-
Jessica também assumiu-se estar intrínseco tude ao se relacionar com o embrutecimento
à condição vegetativa da personagem. Essas do sentimento de medo em relação à inflexí-
situações mantiveram a mesma intensidade vel presença da escuridão. Em entrevista a
ao longo de todo o filme, são atribuídas à Peter Bogdanovich, Howard Hawks diz: “Se
inércia da própria obra. você não mostrar, o público não reconhecerá
Por outro lado, a situação que é agravan- a geografia do lugar. Se você não exibir, ela
te e se encontra em espiral descendente é o se tornará aquilo que você quiser”.
alcoolismo de Wes, seus familiares reconhe- O fato é que com Tourneur esse ele-
cem que é um problema que veio aumentan- mento não é realmente uma escolha já que
do e isso está implicado nessa cena desde o frequentemente a geografia é tão mergulha-
início quando vemos Wes ao lado da garrafa da no breu quanto possível, o espectador

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limita-se a acompanhar o andamento geo- que impede a personagem – e o espectador,
gráfico das sequências através das fontes de por consequência, de notar o som do trem se
luz que incidem no ambiente e nas faces das aproximando até o momento em que ele pas-
pessoas, do modo como os personagens de se nos trilhos da ponte que se encontra sobre
Tourneur permutam seus contornoscom as o vão em que a personagem está encurralada
sombras. pelo medo, pelo escuro e por um leopardo.
Na cena do assassinato no cemitério em Invariavelmente nestes filmes, quaisquer
O Homem-Leopardo isso se dá no nível da índices corroborando o sobrenatural versus
decupagem onde há troca de planos, que- o ceticismo remontam a um radical em co-
bra de eixo e assimilação de pontos de vista mum, tais resultantes sendo primeiramente a
distintos até que os sentidos da personagem estafa ante às perpétuas ruínas do ser huma-
entrem em frequência com a fonte do perigo no (medo, resignação, insegurança) e mais
iminente. adiante, da supremacia do acaso. Os monstros
É recorrente que lançando um segundo de Tourneur (felinos e derivados, demônios e
olhar sobre a geografia em que se encon- zumbis) são ferramentas da pura aleatorieda-
tram, os personagens acessem a estranheza de que rege o mundo na sombra da dúvida.
crua que jaz sob as superfícies. O caminho
acidentado e desorientador através do cana-
vial que Betsy tem de transpor ao lado da
inerte Jessica rumo ao Houmfort vodu de I
Walked With a Zombie não é respaldado pelo
mapa desenhado pela empregada Alma no
pó de açúcar minutos antes.
Esta situação encontra paralelos em A
Noite do Demônio quando Holden invade a
propriedade de Karswell através de um bos-
que. Sua ida ocorre sem maiores transtornos,
mas na volta há de fato um anteparo singular
que cruza caminhos com o personagem, e
em decorrência da percepção aguçada o bos-
que se transfigura em uma mata amaldiçoa-
da. Muito do triunfo do horror em Tourneur
reside na fragmentação dos espaços naturais
e através disso escancarar naqueles caules,
folhas e raízes o quão labirínticas e parado-
xais são as relações dos próprios persona-
gens com a natureza.
Nota-se para dois momentos em que no
escuro, a personagem acuada é surpreendi-
da por um rugido mecânico que mimetiza
o rugido de um grande felino em Sangue
de Pantera e O Homem-Leopardo. No pri-
meiro, acaba por ser um ônibus parando no
ponto, no segundo há uma supressão do som

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