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TEMPO

Tempo me responda, você está passando rápido mesmo ou é


somente minha impressão? Eu olho para o relógio e só o que vejo
são os lentos e monótonos tic-tac das horas, mas, no entanto,
ainda ontem eu o observava da minha infância e hoje,
repentinamente tenho contigo na forma adulta.
Você é um eterno mistério, ou é todo entendimento? Tu és
palpável? Contável eu sei que és, pela observância do nascer
dos frutos a cada ano. Qual a sua idade? Qual a sua verdadeira
face? Quanta saudade já semeou em corações, e quanta dor já
amenizou?
Tu és vilão e autoridade, galopador e galope, distante e
próximo, o minuto do anúncio da vida e o segundo do prenúncio
da morte, simples como um acender de velas de aniversário e
cruel como um tumor. Compreender você, talvez seja uma
questão de você mesmo, pois tu trazes a resposta de tudo, bem
como também, toda dúvida.

SOB A CONDIÇÃO DE NÓS MESMOS

Tudo bem! A vida nem sempre é do jeito que a gente quer, mas
a gente também, nem sempre quer o jeito da vida. E não
precisamos por isso, passar por ela com punhados de egoísmo e
filantropia, para saber posteriormente a quem, qual mão
estender.
Prezamos o que nos gera vaidade e repelimos o que nos trás
amor e com gestos aquecidos como um iceberg, sucumbimos
perdão e amadurecemos precocemente em nosso íntimo, a ideia
da derrota alheia. O que nos torna um ciclope de tênue visão, em
busca de ideais. Ao passo que nos elevamos a seguir, a extrema
condição de sermos tão capazes de julgar, quanto de voar. Tão
imensos e bons, quanto uma cápsula de cianureto. Tão
verdadeiro e sincero quanto, daí sim, este texto.

O ESCREVEDOR DE CRÔNICAS

O escrevedor de crônicas lançou-se em sua viagem furtiva


rumo ao mundo imaginativo de caracteres que tilintam em sua
mente, localizado além de todos os “ondes e porquês”, bem
distante do anonimato e da fama, da concordância e da
polêmica, do que é real e do que é virtual. Venceu anos em
segundos, séculos em poucas páginas, e nos apresentou a
pessoas e lugares, que fecundaram nossos pensamentos e lá,
receberam aparências e expressões, ambientes e tinturas.
Estabeleceu em nossas mentes, o seletivo rumo à cidade do
saber. Entreteu nossos obstáculos, enquanto passávamos na
espreita, ao seu lado. Fez-nos seguir e seguir...
O escrevedor de crônicas agora passeia lentamente pela
calçada. Ele é fruto dos fatos que acontecem ao seu redor, e os
fatos “escrevidos”, são frutos de sua observação, que é fruto de
seus olhos, que vêem uma mãe empurrando o carrinho com seu
lindo bebê, um consciente jovem ajudando um senhor cego a
atravessar a rua, o pedinte com a mão estendida em forma de
cuia, o bem sucedido empresário saltando de sua luxuosa
limusine, e todos que bordam nos minutos do dia, o cotidiano.
O escrevedor de crônicas jaz agora em sua cama. Ele esta
isento de alegrias e tristezas, de sorrisos e lágrimas e talvez ele
possa lhes parecer frio como aço, em sua imobilidade rochosa,
mas neste instante, há todo um processo orgânico e elétrico
ocorrendo em seus neurônios. A mecânica cerebral esta ativa! E
ele, depois da longa insistência em olhar para os insetos em
torno do lustre, levante-se, caminha até a escrivaninha, pega o
lápis e o desliza com relativa suavidade sobre o papel, deixando
rastros de valores em símbolos atrás, e ao final, há a poesia, a
crônica habitante de todos os locais, situações e pessoas, que
nós esmagamos com os pés na confusão do nosso dia-a-dia.
O escrevedor de crônicas agora acorda. E minutos depois
disto, brinca com seu cachorro no quintal e deixa sua casa. Já
na rua, acena para o ônibus, consulta rapidamente seu relógio e
embarca, para mais um dia. Esta é a sua viagem.

PROPAGANDA

‘VENDEM-SE CRÔNICAS – PRECISA CORREÇÕES’

É meu caro, pelo andar da carruagem e do jeito como a coisa


está caminhando hoje em dia, inflação, superávit, altos custos
de vida, desemprego, eu decidi ao invés de investir na edição e
publicação de outro livro, vender cada texto a varejo. Eis o
motivo do anúncio acima, pois todos sabem que a propaganda é
a alma dos negócios. De propaganda todo mundo vive. Se o ser
humano passa toda sua vida investindo em seu marketing
pessoal, com os profissionais não poderia ser diferente. Vejam o
caso dos pilotos de corrida. O que move seus possantes carros?
O motor? Não! São os anunciantes, que às vezes são tantos, que
nem se pode ver direito a cor de seus uniformes.
A propaganda é algo mais antigo do que se imagina, como
descobriu um historiador inglês de renome. Aprofundando-se por
completo nesta pesquisa, e sendo patrocinado por uma famosa
marca de cigarros, qual incentiva num paralelo contraditório, o
fumo, os esportes, e o hábito de ler, ele verificou que o notório
aventureiro, que realmente existiu e percorreu o mundo em
oitenta dias abordo de um balão, contava com vinte e cinco
anunciantes que dividiam o custo da viagem, e o espaço no
balão.
Guilherme Tell, o arqueiro de invejável pontaria e que
costumava se apresentar nos Largos da Carioca da sua época,
também tinha quem o mantivesse em suas andanças, ARCOS &
FLECHAS STEEL ARROWS, e MAÇAS CHILE, a qual ele sempre
distribuía no final de cada apresentação, e comia algumas
sorridentemente, ignorando por hora, o mal que a fruta cítrica
faria à sua gastrite.
E quem não se lembra do nosso Alberto Santos Dumont? Para
nós, ele ficou como o inventor do avião, mas devido a uma
acirrada e desleal campanha publicitária, o mérito oficial em
muitos grandes países foi dado aos irmãos Wright. A deslealdade
sabe-se agora, foi pela cunha publicitária que os galgou, não
bastando ser promovida por um grande fabricante de produtos
consumidos internacionalmente, ainda contou com o definitivo
slogan: ESSES HOMENS E SUA MARAVILHOSA MÁQUINA
VOADORA.
Algo que este historiador inglês de renome vai incluir em suas
pesquisas sobre propaganda daqui a algum tempo será esta
prática de vender avulsos, os contos de um livro, que a julgar por
esta crise, só tende a aumentar. Mas para que este estudo
realmente aconteça, é necessário que eu as venda, difundindo o
método alternativo entre os anônimos escritores, portanto... Vai
uma crônica ai, moço?

MUNDO ÓBVIO

Há muito que eu não escrevo nada. Talvez, porque não haja


nada para ser escrito, quem sabe? Talvez o mundo tenha se
tornado perfeito, não cabendo mais a usual prática da literatura
contestável ou esclarecedora, pois se atingiu a perfeição, nada
mais há para contestar ou esclarecer. Mas eu não acredito nisto!
Quem sabe não é o óbvio?! Sim! Parece-me mais isto! O mundo,
longe de ter atingido o estado imaculado, está mergulhado em
um mar de óbvios e massificadas formas de procedimentos, onde
se pode facilmente traçar em todas as áreas o que está por
acontecer. Nada é pressuposto. Os poderosos invadem nossas
casas, almoçam e jantam nossas comidas, reviram nossas
camas, abrem a geladeira, bebem água na garrafa, põem o pé na
poltrona e maltratam nosso cachorro. E ao saírem, cospem e
batem na nossa cara. E não muito mais adiante, estaremos
convidando-os ou deixando as portas abertas em convite.
Sim, o óbvio! É tendencioso! O comum e rotineiro tornarem-se
aceitáveis. E este mundo cada vez mais lógico, tem minado por
indignação, meu inspirar, tem cerrado minha boca e paralisado
meus dedos, como quem dissera: Guarde suas palavras e letras,
elas só encontrarão o vazio. Mas não! Alavancarei idéias da
mesma diretriz que aleijou meus pensamentos. Me nspirarei em
outros óbvios que representam à beleza, como o certo
desabrochar de uma flor, ou o que instituem o nobre, como a
convicção do acordar sob raios de sol ou ainda, como o precioso
ciclo da certeza de uma criança que crescerá e aprenderá que o
mundo não pode ser óbvio demais.

SOBREMODOS

Mas que porra é essa! Vizinho meu há tempos, sujeito boa


aparência, roupa de marca, bolsa de trabalho e marmita,
amanheceu naquela manhã andando pra trás. Ainda pude vê-lo
fazendo embarque deste modo.
À tardinha, ele volta da jornada, mesmo proceder.
Normalmente me encabularia perguntar, mas visto que em novo
dia ele seguiu com estranho rito, atrevi-me por preocupar ser
esquizofrenia, causa extraterrena ou doença mal curada.
Verifiquei por extinto que me fez muito bem, respondeu-me.
Curiosa natureza humana me pôs secreto no quarto ensaiando
alguns passos ao inverso. Experimento tamanha sensação
benevolente!
Manhãzinha, ainda bem cedo, comprar pão, desvencilha-se
rápido de bater em mim tal vizinho, falta minha de prática, eu
superarei.
Sou criticado por filhos, esposa e sogra, cão ladra, mas logo
todos me compreenderam a andar contrário. Demais vizinhos,
açougueiro, moço da cantina e policial, pressa repentina em
alterar andar. Caso psiquiátrico coletivo? Ocorrência de jornal?
Incrível, fantástico, extraordinário, o bairro onde pessoas
caminham pra trás, avança por este revés, em progresso
singular. Fábricas fabricam mais, pão vende mais, carne
também, cantinas cantinam muito mais, ladrões conquistam o
emprego de seus sonhos, farmácias vão a falência, ninguém
mais futrica das janelas e mocinhas juram se casarem intactas.
Saiu na TV, na TV aberta, na TV fechada. Saiu na TV daqui e
na TV do estrangeiro. E sem demora toda a Estranja sentiu-se
inclinada a este novo caminhar. A Estranja de primeiro mundo
deu de além de arremedar, criar acessórios como retrovisor,
pisca alerta e faróis. Agora o mundo inteiro caminhava assim, o
Papa, os presidentes e reis, funcionários públicos e bóias-frias,
as putas e seus clientes negociando cama, os carros, animais e
embarcações.
Manhãzinha, cedo ainda, comprar pão, pleno em meu
caminhar, só estarreço e vejo pelo retrovisor, meu vizinho de
tempos, sujeito boa aparência, roupa de marca, bolsa de
trabalho e marmita, amanheceu naquela manhã andando pra
frente, esbarrando afoitamente nos que ainda não dispunham de
acessórios ou prática. Sujeito excêntrico, esse meu vizinho. Ele
foi parado por muitos, criticado e indagado sobre tão estranhos
modos, sendo mal compreendido, julgamento urbano na rua, o
cantineiro deu-lhe uma porrada na cara, o açougueiro lhe cuspiu,
eu agarrei e apertei com toda força seus bagos, ele foi linchado,
policial fingiu não ver, recolheu o espelho.
Deu na TV, em todas as televisões, na TV das Estranjas. Gerou
polêmica, dividiu opiniões, alguém falou na democracia do andar
ou em andar da democracia. Outro pisou no pé de alguém, a
porrada estancou em todas as Estranjas. Guerra civil em bairros,
cidades e paises. Exércitos foram chamados, municiaram seus
rifles com opiniões, balas e ódio, foram mortos, matados,
mataram e morreram. Quão rápido uma governança agilizou
poderosa bomba. Sucessões de explosões, ira, poeira e caos
radioativo, holocausto, caráter humano, um botão pressionado...
Mundo acabou.

O CORPO SUSPENSO

Segunda-feira. Todos já estão com o pé na estrada para


cumprir sua jornada de labor. As paradas e os ônibus estão
cheios de passageiros, sonhos e virtudes, que a Avenida Brasil
os une. E é nesta mesma avenida, na altura da FIOCRUZ, que se
dá um fato insólito a todos os dias do percorrer destes sonhos.
Um corpo apareceu indefinidamente do nada e pairou suspenso
no ar, em uma altura de aproximadamente 25 metros. O corpo
via-se pertencer a um senhor idoso e sustentava uma longa
barba grisalha que pendia na posição horizontal e confundia-se
com suas madeixas.
A aparição contrária aos costumes, causou um
congestionamento gigantesco, e logo se justificou em força
policial, que contou com o apoio do corpo de bombeiro para a
inédita missão de resgate, entretanto, só o que puderam fazer
além da vã tentativa de retirar o corpo com a escada magirus,
foi solicitarem um guincho, pois o protagonista do bizarro, qual
ninguém pode julgar a condição vital, estava além de imóvel,
preso ao seu estado como que chumbado por forte concreto.
Vindo o guindaste, uniram ao enigma suspenso, cabos de aço
com exageradas polegadas. Nisto, toda esta ação já havia
sugerido o manifesto de repórteres e TVs, e não tardaria a
alcançar, devido ao fracasso desta operação, os mesmos
profissionais e meios internacionais. Foi quando nós mesmos
solicitamos ajuda das autoridades estrangeiras e parapsicólogos
do mesmo provém. Todavia, nem tão influente contribuição
sucumbiu de altura o volume extraordinário, fazendo os
especialistas voltarem em injúrias a sua pátria.
Dias se passaram e o elemento permanecia inerte em sua
pendura, porém, pouco a pouco deixava de ser atraidor, cedendo
esta qualidade a qualquer outro fato corriqueiro do dia a dia.
Na verdade, aquele velhaco imóvel no ar chegava agora ao
importuno do permanente trajeto. Se fosse uma mulher, um
bonito rapaz ou ainda uma criança despendendo inocência em
seu pairar, dividia-se as opiniões.
Os governantes internacionais apegaram-se agora a ter como
mau presságio aquele pender ignorante à sua ciência e vã
tentativa de outrora, e com ordens político-militares expressas
selaram para nós a incumbência de extinguir de vez a
inexplicável suspensão. Após eventuais meios infrutíferos de se
fazer cumprir o mando, o exército brasileiro teve vez, na
expectativa de se evitar um conflito desigual de armas.
Entretanto também falhou. Visto assim, o país insano por posses
delegou frotas e mísseis para por fim em definitivo ao ancião
flutuante que inquietava tal nação ao despoder. Obtuso, os
forasteiros milicos não deram empréstimos aos consequentes
bombardeios que fizeram, tendo como alvo tudo que nomearam
ofensivo.
Ao final do ataque, uma nuvem extremamente densa imprimiu
de holocausto tudo à volta da inércia do pivô, e quando a
obscuridade se dissipou, observou contabilidade em prejuízo da
via, de milhares de remédios e aparelhos científicos do Instituto,
sem contar com as dezenas de mortes de civis que seriam
facilmente acobertas. E diligente em estagnar, o corpo
permanecia, indeferido a paisagem, como antes.
No final do dia, uma tempestade de proporções quase bíblicas
se fez somente sobre a localidade, raios com intensidade e
números atômicos assolaram a região, a noite escureceu de
forma muito mais que a necessária e todos estes fenômenos se
estenderam até a aurora, quando cedeu convite a um alaranjado
amanhecer, e só aí então iam um a um se aventurando a saírem
de suas casas para além das estruturas distorcidas e caos,
constatarem que tão misteriosamente quanto apareceu, também
havia sumido o corpo que explorava flutuo.

PALAVRAS

Hoje eu inventei uma palavra! Bem eufônica diria, de


fácil e prazeroso pronunciar, com sílabas, vogais e
consoantes em uníssono na permissão de se deixarem
enfileirar nesta magna ordem. Entretanto, em meio a
numerosos predicados, ainda não encontrei uma função
para ela. Poderia bem mesmo ser um substantivo próprio,
mas também se delinearia efetivo em nomear um bom ato,
ato social, benevolente ou termo que telescópicamente
explore na essência do ser, as atuações propostas acima.
A palavra é mera, porém sua entoação não é imediata
pretensão, como aparentaria um luxuoso edredom,
forrando uma cama de faquir. Daí meu esforço, pesquisa e
preocupação do seu emprego. Caberia meio a uma
declaração de amor ou em involuntário discurso filantropo?
Seria a voz de prisão para um trapaceiro ou encabeçaria as
falácias de um político? Senha para derrubada de um rei ou
instrumento catapulto de um plebeu? Seu simples solfejo
geraria riquezas ou as compraria tendo grátis o poder
ilusório?
Nascer, crescer e morrer, durante este ciclo, ouvimos
palavras com respaldos no vero ou vinculadas a falta desse
amparo e esta falta pode ser tonificadora na criação de
simultâneas realidades, onde árvores dão saboridos frutos
ou frutos geram deliciosas árvores pela eficácia das
sementes. Daí, ambíguos raciocínios, a árvore é, devido ao
fundamento da semente, a fruta é posta por obra do
tronco? Quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? O amigo é
bom por emprestar dinheiro? E o xerife, parece
misericordioso dado a libertar em nova oportunidade social
o assassino? E o governo, é mitologicamente bom porque
me disseram que o outro foi ruim? O que há debaixo deste
edredom? Há palavras, lembra? E estas, ocasionalmente
me acometem náuseas e nisto, abdico da minha invenção!
Não precisamos de novas palavras e sim de novo escutar!

SEM DELONGAS, VAMOS FALAR A VERDADE!

Eu nunca fui dado ao importante hábito de leitura e acatando a


lógica, tampouco de escrever, porém um misto de inspiração e
revolta frustrou meu sono até o avanço da madrugada com
diretrizes expressas de grafar este texto. Peço que não percebam
más disposições das sentenças, visto a imperfeição de rotina, e
relevem desencontros vocálicos, formas extravagantes de ditongo,
oxítonas monossilábicas e afins. Dito isto vamos ao que propus há
pouco: quem injeta fortunas nos “cofrinhos públicos” é o
trabalhador, em sua maioria assalariado, que vende cuecas e meias,
velotrol e camisa, alface e doce, pão e arroz, este, o comerciário
junto a milhões de categorias, é que são financiadores de taxas e
impostos “impostos”, que vão adentrando no ambiente de uso do
higiênico papel, do predomínio.E sem delongas, como proposto no
título, quem é a ruína do país? “O filho marmanjo, meliante, qual
ocupação e exigir dinheiro aos pais e se dedicar a parecer bom
moço nas esferas frequentadoras”. Este prole, este filho, são os
milicos, sim, os militares, os filhos bastardos pelo arbítrio da nação!
Os disciplinados bravateiros, de uniformes bem passados e barbas
diariamente assoladas, Até onde minha pouca leitura pode alcançar,
os pomposos não produzem NADA! Não vendem espingardas, não
vendem drogas, nem pirulito, nem brigadeiro...bem este até tem,
mas não vale a pena comer! O velotrol, paga o tanque enferrujado,
uma cueca paga a ponta de faca de uma baioneta, uma bala
paga...uma bala, duas, três ou diversas e um tiro em em um músico
arruaceiro talvez

_ Ah, vai me prender por isso é? Tudo bem! Prenderá meu físico,
mas minha opinião já está presa e se manterá assim, em minha
mente e nos fatos!

E sem entrecortadas seguem, em sua responsabilidade cômica, a


espera de uma guerra ou cargos em público poder.

__É de fato, é realmente melhor isso, quando me enroupa de terno


ao invés de camuflados, até por não ser muito viril o termo
“camuflar”, e ainda mantenho as aspirações de salvaguardar a
nação. Mas sim, prossiga.

__Ah! Sim, “OBRIGADO SENHOR!” Creio não ter mais nada a


acrescentar, eu só fico “SENTIDO!’ com tudo isso, ao ponto de ser
acometido de in”CONTINÊNCIA” fecal, ‘no mais estou indo embora’,
no mais vou estudar no almejo de ampliar meus limites adjetivais,
“OBRIGADO SENHOR!” e até a reforma militar!!
O HOMEM DE SEIS MILHÕES DE DÓLARES

O homem não é máquina. O progresso não é evolução. O trabalho não deve


ser constante. Máquina não é evolução. O progresso não está no homem. O
homem máquina deve ser constante?

? teve suas economias cerradas há tempos. Sua família teve suas esperanças
compactadas na razão de seu desemprego. Para ?, qualquer trabalho bastaria
ou mesmo um favor cambiado por alguns trocados, sem que com tudo, ferisse
sua índole. Os mais de dois anos cabulados em não achar emprego pareceu
mudar, quando ? foi chamado a um trabalho de começo imediato.
Tudo acertado. Dívida de eterna gratidão ao seu novo empregador. Estou
muito feliz, disse ?, quando faltavam ainda uma hora para seu expediente. ?
desce as escadas do escritório e ao final, diante do relógio de apontamento, se
surpreende ao conferir a falta de cinco minutos para sua jornada. Mão na massa!
Exclamou ?, mesmo entranhando tal adianto de hora.
Seu trabalho, para muitos ora complexo, não lhe implicava mistérios, sua
excelente profissionalidade, atrelado a sua excepcional memória, o revelaria
mister tal como nas vezes que fora. Sendo assim, ? se pôs a elaborar peças
fluentes de cálculos e desmontar redutora tamanha. Combinou pontos de solda e
nivelou eixo ao mancal, nada de complicado. O trabalho enobrece o homem,
combina-o com o tempo. Dito isto, assombrou-se em interjeição qual a síntese
das horas. Nem três minutos haviam se passado desde que iniciou sua jornada,
desde que elaborou, desmontou, combinou e nivelou trabalhos precisos e
demorados. De fato ? não entendera muito bem, entretanto não deu empréstimos
a interrogativa, o que precisava saber era que estava trabalhando, estava
adquirindo sustento pra si e riquezas pra outros, mas isto, enigmaticamente não
preenchia hiatos, e nisto ? naufragava no tempo, qual sua hora se explicava em
segundos e deu de frutos perceber que quanto mais produzia, menos as horas
passavam, mais faltava para o lanche, e um infinito para chegar em casa, tirar
os sapatos e ser abraçado em festa pela esposa e filhos.
Seus novos amigos de trabalho, não pareciam sofrer esta ação, na verdade,
se intrigaram com seu comentário sobre o lapso.
Para ?, os minutos tinham significados de dias ou meses, seu trabalho
também tinham esta disparidade, o patrão, o elogiaria de hora em hora, ou para
?, de década em década.
Seus cabelos conquistaram o grisalho que em período de apreensão
desempregado, não conquistara. Sua face desbotou todo corar e se fez enrugar.
A saudade de casa era compensada com mais e mais trabalho em sua bancada,
menos abreviação e diverso agilizar de seu corpo alterado e se estabelecendo
aparelho. Suas mãos não podiam se cansar, a areia não fracionava na
ampulheta, porém, seu labor tinha que garantir.
O monstro congelado para ?, se tornou o progresso de suas peças com ilustre
acabamento, vertendo gotas de suor a lhe arder as vistas, e como uma máquina
que não cessa engrenagens, qual seu corpo agora domínio privado isento de
células ou órgãos, era ele, visto instrumentalizado, o ?, constante…

UMA PEQUENA PARTE NO DIA DO ESCREVEDOR DE CRÔNICAS

O escrevedor de crônicas está em seu escritório. Ele bola o


desfecho para o seu mais novo conto. De repente, sem o anúncio
que desperte para o ato seguinte, ele larga a caneta, se dirige à
cozinha, retorna com uma caneca de café, e fica pasmo ao ver
sobre a escrivaninha, um horripilante monstro de três metros de
altura, que de imediato rasga-lhe os pensamentos. Mas sem
problemas! O escrevedor os uniu em sua mente como em um
quebra cabeças e os cola pedaço por pedaço, para depois
espantar o monstro com um espanador esquecido ao lado do
móvel pela arrumadeira.
...Cinco, vinte, quarenta, centenas de minutos se passam e
enquanto ele prossegue em sua função literária, quase deixa de
notar a aproximação de uma linda e sensual dama, que
maliciosamente rouba sua inspiração, e de novo, no problem! Ele
sorri cordialmente para ela e agenda este encontro para logo
mais à noite.
O escrevedor tem agora, seus olhos e mãos cansadas, por isso
mesmo, resolve sair um pouco. Quem sabe beber aquele suco ou
um refrigerante, e é exatamente isto que ele faz agora, no bar
próximo a estação ferroviária. E ali, bebendo um simples suco de
laranja, o escrevedor se dá conta de que seu ofício é como o de
uma mãe, e como mãe é mãe vinte e quatro horas por dia, ele
pega sua caneta, retira um guardanapo do copo posto em cima
do balcão, e põem-se a fazer anotações sobre os assuntos
abordados pelos ali presentes. E os temas são os mais diversos
e sensacionais possíveis, só paira a dúvida de que foram ou não
pautados pela influência do álcool, porém há a certeza, de quão
interessante é ouvir daquele pequeno grupo ao seu lado,
conversarem sobre a queda do muro de Berlim, sobre futebol e
mulheres, sobre o escândalo Clinton, sobre o terceiro segredo
revelado de Fátima e muito mais. Entretanto, mais uma vez ele
denota sua imprevisão, quando faz uma bolinha de papel de suas
aparentemente importantes anotações e erra no arremesso à
cesta de lixo, passando em seguida a concentrar toda a sua
atenção, a um ordinário ovo colorido, sob o vidro gotejado pelo
vapor. Sua repentina admiração pela célula é mais que óbvia, ele
quer degustá-la, daí, com um simples gesto para o comerciante
que se encontra no outro canto do estabelecimento jogando
purrinha com os mais assíduos, ele obtém o desejado, a
peripécia culinária exposta, e momentaneamente saborosa. O
escrevedor de crônicas se julga satisfeito agora, e isso é
demonstrado em uma inaudível flatulência, dada na saída do bar.
Ele agora vai para casa, antes, porém, faz sua fezinha, e se
horas atrás houve um monstro imaginário, é quase certo dar
leão.
Talvez o escrevedor passasse mais outros períodos de horas e
minutos pensando, ouvindo e analisando evolutivamente os fatos
e diálogos, mas reservou esta parte da tarde para se envaidecer
a quem lhe furtou telefonicamente em sua manhã, os
entusiasmos poéticos, e o forçou a gastar seus últimos créditos
em uma ligação. De certo! Daqui a pouco ele terá um encontro

SOBRE O CÂNCER

Ele chega sorrateiro e enigmático. Entretanto, nunca


discriminatório. É assim a sua mórbida democracia. Ele nos
torna tendenciosos a nossa forma secreta de reflexão em
nossos momentos mais solitários. Ele será a pintura da dor na
amarga moldura da perda. Na interpretação pessoal, será a
engrenagem da fé ou a tração para o ceticismo. Sobreporá
problemas ao passo que crescerá em proporções celulares
ilógicas. Controverso, ele aproxima distâncias e revolve
amizades. Reforça a tênue linha que ainda une o casal e apraz na
verificação da alternância na cabeceira do leito. Sem
consciência, ele ignora tudo. Ignora que você passou no
vestibular, ou que enfim adquiriu sua tão sonhada casa própria.
Desdém da sua preocupação com os netos ou do seu pouco
tempo de casado. Ignora o nascimento de seu primogênito, ou o
fato de tudo que você quer e precisa na ocasião da idade, é
brincar no chão de terra batida. Faz de labirinto o labor da
ciência e de todo descontentamento. Ignora o músico, o atleta, o
vigia e o lavrador e, sobretudo, pelo seu misterioso persistir, a
vida.

FOLHA EM BRANCO

Uma folha em branco...


Uma folha em branco e uma ideia...
Uma folha em branco, uma ideia e um lápis...
Uma folha em branco, uma ideia, um lápis e algumas letras...
Uma folha em branco, uma ideia, um lápis, algumas letras e
agora um texto...
E pessoas lendo, analisando, gostando, se identificando...
E se descuidando... E o texto voa exposto ao tempo. Vagando
indefeso ao vento,
Passando maus momentos, sendo pisado, ignorado, mal
interpretado,
Vira papel passado e quando muito amassado, é encontrado,
Admirado e bem tratado.
É posto em um livro inacabado e se torna página...
Esta página é virada e há... Uma folha em branco.

MENTEM QUE NEM SENTEM

Eu aqui já tratei do assunto propaganda, reservando-lhe


diversos elogios e contando um pouco de sua história. Só que
agora, o que eu tenho a contar, vai de contra aos tantos de
adjetivos por mim prestados naquele texto. É sobre a
propaganda enganosa, que não poupa mentiras, que ludibria e
que não respeita nem mesmo todo o seu sucesso passado, como
é o caso de um creme dental que depois de anos alcançando um
bom índice de vendagem, lança um novo creme que traz no verso
de sua embalagem, a revelação de uma nova fórmula a base de
extrato de juá, açaí, carambola, coquinho catarro, não me
lembro bem da fruta, devido a minha indignação, mas esta
essência, dita por eles, é somente a única capaz de remover
realmente as placas bacterianas causadora das cáries. Agora
lhes pergunto, e quanto a todos aqueles anos em que eu e
milhares de pessoas fizemos uso de seu produto, o fizemos em
vão? Bem, talvez explique a ponte móvel que uso hoje em dia,
livrando a cara das guloseimas que comi quando criança. E o
lançamento mais esperado do ano, o bonito veículo de design e
aerodinâmica arrojados, pertencentes a uma conceituada
fábrica, que afirma ser o primeiro carro a oferecer total
estabilidade nas curvas, maior aderência nas pistas molhadas,
melhor ângulos de visão, melhor direção, e tantos outros
melhores que parecem até que criaram outro meio de transporte
e não um outro carro, mas eles só esqueceram que o seu próprio
nome, de tradição automobilística, tem quase cinqüenta anos de
estrada e se só agora eles inventaram o carro perfeito, serão
responsáveis também, por milhares de acidentes e mortes
causados por falhas técnicas ou de engenharias.
Nós somos freqüentemente iludidos por estes produtos que
nos bombardeiam com a metralhadora de marketing, por vezes
enganosas, nos levando a sua compra. Compramos bronzeadores
que garantem a saúde de nossa pele e dão um perfeito e
uniforme bronzeado, xampus, sabonetes e produtos de limpeza
que contém trimetilsiloxisilcato, metoxicinamato de octilia,
3-metilbenzilideno cânfora, aloe vera ou óleo mineral gástrico.
Compramos aparelhos de som, com 800 RMS, 1500 PMPO, carros
com aceleração pró-estática, freios com inserção á vácuo, e
muitos outros engenhosidades e conteúdos, perfeitamente
adequadas ao nosso saber. Eu realmente não sei se eles
zombam do nosso desconhecimento de engenharia e química. O
que posso afirmar, é que viveríamos bem se fosse verdade tudo
que nos é passado sobre suas mercadorias, sobre as bebidas
energéticas que a grave voz do locutor narra, quando estamos
no mercado, sobre as cintas elétricas que nos deixa esbeltos e
magníficos mesmo sedentariamente sem exercícios, sobre os
produtos de beleza que nos é empurrado, quase como uma fonte
da juventude, sobre tudo mais...
Nota:
Eu queria aqui também, aproveitando o assunto propaganda,
para anunciar o meu mais recente livro, que estará em breve nas
melhores livrarias. Diria que é um bom livro, assim como este
com os mesmos erros do meu português ruim·, apenas o assunto
são outros, mas nas mesmas simples palavras, perfeitamente
adequadas ao nosso saber.
UM CONTO URBANO

Sentado e possuído por uma louca obstinação, aquele


cidadão olhava fixamente para o TV, onde o repórter ia
enfileirando os casos de violência urbana, intercalando com
o anúncio da crescente estatísticas deste caos em
determinadas áreas. No chão da sala, recorte de jornais
espalhado, dava as claras da abalada psique daquele ser
pagador de impostos, face às brutais e sensacionalistas
matérias por ele selecionadas.
Dado momento, o homem levantou-se, liberando um berro
ensurdecedor até que seu fôlego cessasse, daí apegou-se
aos fatos passados, quando por mais de vinte vezes fora
assaltado e parecendo obedecer ao fulgor hipnótico do
aparelho e das sanguinárias notícias, abriu um
compartimento em sua estante e muniu-se de uma
sub-metralhadora. Ato seguinte fez de seu lar alvo das suas
indignações e injúrias. Porém, aquela espécie insana de
terapia, não estava sendo o suficiente para o total
exorcismo daquela alma coitada, com isso, ele deu início a
uma saga exterminadora, ganhando a rua em plena
madrugada, onde tornava a seu julgo, quem deveria ser
morto.
Sua alucinação o conduzia perigosamente a um antro de
crueldade, onde o tráfico era imperativo e mau, onde
formavam recrutas mirins e onde de certo ele estaria fadado
a morrer. Entretanto, o inexplicável estava para acontecer. E
logo que as primeiras rajadas foram ouvidas pelos bandidos
de plantão na subida do morro, estes mesmos puseram-se a
atirar seguidamente contra o desvairado, sendo que
sobrenaturalmente as balas o perfuravam inócua e
inofensivamente e já na metade daquela elevação, sua blusa
desprendeu-se de seu tronco já fragmentado ante aos
pontilhados dos projéteis, todavia, seu corpo teimosamente
permanecia fiel a sua missão extravassadora. Alguns
malfeitores, mesmo acostumados as mais diversas
severidades com suas armas em punho, temeram o que viam
e iam um a um desistindo de sua meta distorcida de vida na
eliminação dos que se mantinham em seu caminho, fugindo
então, quando quem sabe procurarão uma igreja mais
próxima.
Enquanto isso, já no alto do morro e com grande parte da
tropa de meliante morta, o homem momentaneamente
contrário a razões e que fora tirado de sua pacata vida de
pai, marido e trabalhador, estava sendo o fruto parido da
violência e esta nova natureza adquirida o fazia rodopiar
excentricamente com seu corpo então desprezado de carne
a atirar, quando de súbito despertou da aleatoriedade de sua
ira e fitou com seus olhos de um intenso vermelho, um
menino delgado com uma touca presumivelmente de seu
time, parado a sua frente e com um enorme rifle de
fabricação estrangeira em mãos. O homem sem causas ou
temor de perda, olhou-o ternamente e daí ocorreu-lhe a
lembrança do filho incluso na extensa e dolorosa lista dos
que são urbana e sumariamente mortos na cidade. Tendo na
recordação sua prole, que partira num dar de mão espiritual
junto com a mãe, ele baixou sua tão atarefada arma e
paradoxo a todo cenário em sua volta, esboçou um sorriso,
sendo em seguida morto com um único tiro dado
precisamente pelo guri.
SONHOS DA MULATA

Amanheceu em volta daquele barraco que tem as paredes


enfeitadas com jornais impressos de crime, assaltos e
índices inflacionários. A linda mulata acordou, no entanto,
continua a sonhar. Ela abre a janela e fuma um cigarro na
indiferença da paisagem de um rio de esgoto que comporta
toda sorte de poluentes a sua frente. Seus sonhos não voam
tão alto quanto aquele avião, que sabe em sua vida só
conhecerá o barulho e a interferência por ele prestada ao
seu aparelho televisivo. Seus sonhos habitam uma casinha
rosa e singela em um bairro modesto e tranquilo. Uma casa
com eventuais problemas de hidráulica, com o serviço
telefônico ocasionalmente suspenso por falta de pagamento,
com pinturas e retoques a serem feitos. Haveria um pequeno
quintal e lá, nos galhos de uma frondosa mangueira,
colocaria um balanço para os garotos. Em seu micro-system,
modernamente de segunda linha, ela arriscaria ouvir
músicas clássicas. Pela manhã, um ônibus com a escrita
ESCOLAR, pararia em sua porta e seus filhos fariam
embarcar com suas merendeiras coloridas, e do seu portão
ela iria até a padaria, cumprimentando a vizinha que lavaria
como de hábito a calçada.
Os sonhos da mulata, eu arriscaria dizer, não estão
distantes. Eles apenas pairam sobre intensos tiroteios,
sobre valas a céu aberto, sobre planos e promessas
políticas, sobre o péssimo sistema educacional, sobre
programas de TV e também como sua casa, sobre palafitas.
A mulata agora vai para o seu trabalho e precisa garantir
seu sorriso por detrás da maquiagem comprada a Cr$ 1,99.
Com a pá e uma vassoura na mão, ela é uma rainha alheia a
seu reino. Ela é linda! Deveria bastar. Pensei. Mas à noite,
ela põe as crianças para dormir e na sequência como foi
todo o dia, acende mais um cigarro e sonha, até que uma
lágrima caia e em seguida adormeça.

PRA QUEM PROCURA UM GRANDE AMOR

Derivado do amor contido é a espera


Que me faz ser o que sou,
Um pedestre desvairado a espreita de
Uma dama nua, montada em um cavalo branco,
Ou em um simples caminhar inocente,
No qual, a negligência roube seu lenço ao chão
E a providência do meu olhar, me conduza ao adorno
E na seqüência, um provável futuro sem prumo
Pelo acarretar da paixão.

Quem é você ignorada dama, que habita


Entre milhões de pares de olhos?
Onde está você, musa idolatrada da precocidade do seu
conhecer?
Espero na confiança de uma conveniência,
Vê-la em uma transversal, saindo de um supermercado,
Em pé em um ônibus, ou em qualquer despretensiosa
saída minha.

Como está você, minha incógnita dama?


Vai mal na faculdade? Ou parou de estudar a tempos?
Foi promovida no trabalho ou despedida dele?

Quero que saibas, o quanto fico satisfeito


Em saber que você está feliz onde quer que esteja,
Porém, ficaria mais contente, se pudesse presenciar esta
felicidade.
E tornar-me ia o homem mais feliz do mundo,
Se pudesse compartilhar ao seu lado deste sentimento.

Minha futura dama, eu tenho comigo,


Um cesto cheio de belas palavras
E trago sempre no bolso uma frase,
Reservada para ocasionalidade após a troca de olhares,
Quando revelarei o rico conteúdo,
Expresso em duas palavrinhas.

O COLHER DO FRUTO DO ESCREVEDOR

O escrevedor de crônicas foi assaltado minutos atrás e


apenas a 100 metros de sua casa. E na ocasião, o
escrevedor desconsiderou como típica do bairro aquela
situação, pois em seu entender literário constante, aquilo
não fora um assalto, mas sim uma troca, e embora o sujeito,
dado como um tremendo malfeitor nas redondezas, o tenha
feito inconsciente, houve de fato esta troca. E o descabido
gatuno obteve nesta permuta, quase dez cruzeiros, um
relógio digital que por várias vezes em desacordo com a
escrita water proof, fora posto ao sol e uma pulseira, que um
dia excetuando seu pouco peso, se assemelhava muito ao
elemento metálico que visava contrafazer, além de algumas
anotações de débitos a serem pagos. E por sua vez, cedeu
(ou trocou) com o escrevedor, uma inspiração em forma de
quebra cabeça, que posteriormente em uma calmaria, em
uma fila de banco, em um ônibus lotadíssimo ou em qualquer
outro lugar que não perto daquele punhal, será montado e
caracterizado em crônica.
Ele poderia quem sabe, começando a escrever sobre a
violência, mas seria muito banal. Porém, o escrevedor
sempre atento aos fatos ou escavando os mesmos, traçou
em linhas, os gráficos anunciantes que decresce a vida de
um cidadão, um cidadão comum, com mulher filhos,
cachorro e um emprego razoável, mas que por força do
destino os perde em um acidente horrível de carro, e após
dois meses em coma, este homem acorda para dar início a
uma pseudo-sobrevivência, que o levaria por falta total de
estímulos, a deixar o emprego, a mudar de bairro e de ares,
já que agora ele se loca em uma cabeça de porco imunda. E
assim, sem espontaneidade, aparência ou zelo para
trabalhar, passa a fazer pequenos furtos para alimento e
despesas e após difundir suas práticas por todo o bairro, é
pego pelos moradores e desencorajado a tapas e pontapés a
findar esse ofício.
Sem recursos, é despejado daquele local de onde nem
baratas nem ratos almejam. E na rua, passa a mendicância e
se torna o tradicional mendigo do local, lavando suas roupas
de baixo em público, enquanto se banha no chafariz. E é
onde justamente o escrevedor o vê, o reconhece e em
seguida interrompe o ato de higiene, trava conhecimento e
propõe ajuda, levando-o a um centro de reabilitação, de
onde Tancredo sai meses depois reconfigurado a sociedade.
O escrevedor ouviu por diversas vezes o agradecer daquele
homem, no entanto o próprio escrevedor se sente grato, pois
aquela situação urbana era uma árvore mal podada, qual ele
tratou, revigorando-a para posteriormente colher seus
frutos.

A NAMORADA (ESPERADA SURPRESA)

Sinto sede do suor de nossos corpos em sexo


E do umedecer de seus lábios, quando sozinho.
A saudade é um cordel que se inclina e toma distância
E me torna ávido a ti.

Pode minha boca pronunciar mil assuntos distintos


E meus pés percorrerem diferentes léguas,
Mas meus pensamentos, só se enveredarão a você.

O laço que me uni ao amor


É também o nó que me ata a sensação de parecer
Estar partindo toda noite para uma guerra,
Onde o inimigo será uma simples boa noite, até amanhã.

Quando daí, meu conforto se torna uma nau a deriva,


Que vara a noite desprovida de curso,
Para somente mais tarde nascer de novo à esperança
Em uma pequena fresta que permite o sol.

...E lá vou eu de novo!


Enrolando o cordel em meu braço, te obtenho.
Obtendo-te, sou feliz.
Sendo feliz, há a garantia presumível,
Não importando se do beijo ao coito,
Você é a esperada que sempre me surpreende.

TEXTO OK

Um poeta não pode se dar por vencido e ter seus


trabalhos guardados na gaveta do anonimato. Não tem
penhora ao sofrimento, por sua inspiração. O poeta ri e
chora, compra uma caixa de fósforos no bar da esquina e vai
ao Shopping, assiste a t.v. e pode vir a ter uma úlcera, pois
assim como toda pessoa normal, ele é uma pessoa normal.
O único vínculo de sua inspiração é com a forma estudada,
cuidadosa e prática de observar. E se seu trabalho não é
reconhecido, nem freqüenta a lista dos mais vendido do
mês, não se preocupe, ele ganhará notoriedade mesmo que
no mundo do anônimo. E quando menos se espere uma de
suas páginas perdidas, chegará com o vento nas mãos de
quem necessita lê-las, pois tem sido assim, o banqueiro
trata de dinheiro, o médico da saúde e o poeta... Bem, o
poeta trata dos assuntos de amor e de banalidades que se
farão importantes por suas mãos.
Por isto, não se deprecie e escreva sempre lá em cima,
bem ao lado do título precisamente escolhido, texto ok.

PARTIDO DO PODER POPULAR

Eles são observados! São observados em seus empregos,


em conversa informal, em seus comportamentos e postura
de persuasão.
Eles são convocados! Eles não serão meros convocados, e
nem meras serão as questões quais os envolverão.
Eles serão grupos político! Tais grupos não freqüentarão
planaltos, nem se aquecerá em ternos evasivos, ora em
ninho de proveito.
Eles atentar-se-ão! Atentar-se-ão a metas! Metas de
cunhos jurídicos, filosóficos, sociais, radicais e ou extremos,
qual o expansivo de sussurros secretos aos ouvidos
alcançaram o oprimido. Liberdade lógica e ideológica se
propagará na habilitação dos murmúrios e assovios em
informação ao credo do BASTA DESTA PORRA!
Muitos elogiarão balas de fogo em seu trânsito, ou
contentar-se-ão mesmo em confino, porém alegres saberão,
qual morte pesa mais, qual póstuma estátua sangrará.
Praças públicas! Praças públicas! Reúnam-se! São atos
públicos reuniões e praças. Equivale-se só de idéias, nas
citações de leis orçadas longe de predomínios.
Vocês sabem, vocês sentem. Vocês ouvem e falam,
pensam, refletem e ordenam voto, mas vocês não firmaram
sufrágio, não tropeçarão e não deveis tampouco, vacilar
diante do monstro chamado regência.

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