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Bill Clinton

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Bill Clinton

42.º Presidente dos Estados Unidos

Período 20 de janeiro de 1993

a 20 de janeiro de 2001
Vice-presiden Al Gore
te

Antecessor(a) George H. W. Bush

Sucessor(a) George W. Bush

42.º Governador de Arkansas

Período 11 de janeiro de 1983

a 12 de dezembro de 1992

Vice-governa Winston Bryant (1983–1991)


dor
Jim Guy Tucker (1991–1992)

Antecessor(a) Frank D. White

Sucessor(a) Jim Guy Tucker

40.º Governador de Arkansas

Período 9 de janeiro de 1979

a 19 de janeiro de 1981

Vice-governa Joe Purcell


dor

Antecessor(a) David Pryor

Sucessor(a) Frank D. White


50.º Procurador-Geral de Arkansas

Período 3 de janeiro de 1977

a 9 de janeiro de 1979

Governador David Pryor

Antecessor(a) Jim Guy Tucker

Sucessor(a) Steve Clark

Dados pessoais

Nome William Jefferson Blythe III


completo
William Jefferson Clinton

Nascimento 19 de agosto de 1946 (77


anos)

Hope, Arkansas,

Estados Unidos

Nacionalidad norte-americano
e

Progenitores Mãe: Virginia Dell Cassidy

Pai: William Jefferson Blythe,


Jr.

Alma mater Universidade de Georgetown


University College, Oxford

Universidade Yale

Esposa Hillary Rodham (1975–presente)

Filhos(as) Chelsea Clinton

Partido Democrata

Religião Metodismo (Igreja Metodista


Unida)

Profissão Advogado

Assinatura

William Jefferson "Bill" Clinton (nascido como William Jefferson Blythe III; Hope, 19 de
agosto de 1946) é um político dos Estados Unidos que serviu como o 42.º presidente do
país por dois mandatos, entre 1993 e 2001.[1] Antes de servir como presidente, Clinton foi
governador do estado do Arkansas por dois mandatos. Foi empossado aos 46 anos, sendo
o terceiro presidente mais jovem na data em que tomou posse e o primeiro da geração baby
boomer.[2]

É um ex-aluno da Universidade de Georgetown, onde foi membro das sociedades Kappa


Kappa Psi e Phi Beta Kappa e ganhou uma bolsa de estudos Rhodes para estudar na
Universidade de Oxford. É casado com Hillary Rodham Clinton, que foi secretária de Estado
entre de 2009 a 2013 e foi senadora por Nova Iorque de 2001 a 2009. Ambos os Clintons
receberam diplomas de direito da Universidade Yale, onde se conheceram.

Clinton tem sido descrito como um novo democrata.[3] Algumas das suas políticas, como o
Acordo de Livre Comércio Norte Americano e a reforma do bem-estar, têm sido atribuídas a
uma terceira via centrista de filosofia de governação, enquanto em outras questões a sua
posição foi de centro-esquerda.[4][5][6] Clinton presidiu o período mais longo de expansão
econômica em tempos de paz da história americana.[7][8][9] O Escritório de Orçamento do
Congresso informou um superávit orçamentário entre os anos de 1998 e 2000,[10] durante
os últimos três anos da presidência de Clinton.[11] Após uma tentativa fracassada de
reforma dos cuidados de saúde, os republicanos ganharam o controle da Câmara dos
Representantes em 1994, pela primeira vez em 40 anos.[12] Dois anos depois, em 1996,
Clinton foi reeleito e se tornou o primeiro membro do Partido Democrata desde Franklin D.
Roosevelt a ganhar um segundo mandato como presidente.[13] Mais tarde ele foi acusado
de perjúrio e obstrução da justiça em um escândalo envolvendo uma estagiária da Casa
Branca, mas foi absolvido pelo Senado dos Estados Unidos e serviu o seu mandato
completo.[14][15]

Bill Clinton deixou o cargo com o melhor índice de aprovação de qualquer presidente dos
Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial.[16] Desde então, ele esteve envolvido
em palestras e trabalhos humanitários. Baseado em sua visão de mundo, Clinton criou o
William J. Clinton Foundation para promover e tratar as causas internacionais, tais como
tratamento e prevenção de HIV/AIDS e do aquecimento global.[17] Em 2004, lançou sua
autobiografia Minha Vida, e esteve envolvido na campanha presidencial de 2008 de sua
esposa Hillary e, posteriormente, na do presidente Barack Obama. Em 2009, foi nomeado
pelas Nações Unidas enviado especial para Haiti. No rescaldo do terramoto do Haiti em
2010, Clinton se uniu com George W. Bush para formar o Fundo Clinton-Bush.[18]

Início da vida

A casa onde Bill Clinton passou boa parte de sua infância, em Hope, Arkansas.

William Jefferson Blythe III nasceu em 19 de agosto de 1946, no Hospital Julia Chester, na
cidade de Hope, Arkansas.[19] Seu pai, o texano William Jefferson Blythe Jr. (1918–1946),
era um vendedor e morreu em um acidente de carro três meses antes dele nascer.[1] Pelo
lado paterno, ele é descendente de escoceses, irlandeses e ingleses, que teriam se
estabelecido no país antes mesmo da independência. Logo após ele ter nascido, sua mãe,
Virginia Dell (1923–1994), se mudou para Nova Orleães para estudar enfermagem. Ela
deixou o seu filho em Hope com os avós, Eldridge e Edith Cassidy, que tinham uma
mercearia.[20] Naquele período, o sul dos Estados Unidos era muito segregado racialmente.
Mesmo assim, os avós de Bill atendiam todas as pessoas, independente de cor.[20] Em
1950, a sua mãe voltou e se casou com Roger Clinton, Sr., que era dono de uma
revendedora de carros em Hot Springs, Arkansas, com seu irmão e com seu amigo Earl T.
Ricks.[20]

Embora ele tenha assumido quase imediatamente o uso do sobrenome de seu padrasto, foi
só quando Billy (como era chamado) chegou aos 15 anos[21] que ele adotou formalmente o
nome Clinton.[20] Ele disse certa vez que se lembra do seu padrasto como um apostador e
alcoólatra, que abusava de sua mãe e de seu meio-irmão, Roger Clinton, Jr., ao ponto que o
próprio Bill teve que intervir para pará-lo.[20][22]

Clinton em 1963.

Na cidade de Hot Springs, Bill estudou nas escolas St. John's Catholic Elementary, Ramble
Elementary e Hot Springs High School. Por lá ele se demonstrou um aluno astuto, eleito
líder da classe, um ávido leitor e um músico talentoso.[20] Clinton fazia parte do coral e
aprendeu a tocar o saxofone tenor, que lhe deu reconhecimento local. Nessa época ele
considerou seguir uma carreira como músico, mas, como ele afirmou em sua autobiografia
My Life: "Aos dezesseis anos, eu decidi que queria entrar para a vida pública e ser eleito
para um cargo. Eu amava música e achava que era bom, mas eu sabia que não seria um
John Coltrane ou Stan Getz. Eu tinha um interesse em medicina e pensei que podia ser um
bom médico, mas eu sabia que não seria um Michael DeBakey. Mas eu sabia que poderia
ser um bom servidor público".[20] Com a idade de 10 anos, ele foi batizado na Igreja Batista
de Park Place em Hot Springs e permaneceu como batista por toda sua vida.[23]

O interesse de Clinton por direito começou ainda em Hot Springs durante um trabalho
escolar, onde ele mostrou uma boa retórica e habilidades políticas.[24]
Clinton disse que dois momentos da sua vida foram decisivos para ele decidir estudar
direito, ambos em 1963. Um deles foi sua visita a Casa Branca para se encontrar com o
presidente John F. Kennedy.[20][22] O outro foi quando ele ouviu o discurso "Eu Tenho um
Sonho" (I Have a Dream), do reverendo Martin Luther King Jr..[25]

Faculdade e formação

Universidade de Georgetown

Um cartaz de Clinton concorrendo para o posto de presidente do Conselho de Estudantes da


Universidade de Georgetown.

Com o benefício de várias bolsas de estudo, Clinton foi estudar na Universidade de


Georgetown, em Washington, D.C., onde recebeu um bacharelado (B.S.) em 1968. Entre
1964 e 1965 ele foi eleito presidente de classe.[26] De 1964 a 1967 ele estagiou para o
senador democrata J. William Fulbright.[20] Bill então se juntou a fraternidade Alpha Phi
Omega[27] e foi também eleito Phi Beta Kappa logo em seguida. Clinton também foi membro
da Ordem DeMolay,[28] um grupo associado a maçonaria, mas ele nunca foi um maçom. Ele
ainda foi membro honorário da fraternidade Kappa Kappa Psi.[29]

Estudando em Oxford (GB)

Após se formar, ele ganhou uma bolsa de estudos de Rhodes para cursar na University
College de Oxford, onde estudou filosofia, política e economia, mas não chegou a se formar,
preferindo estudar direito em Yale.[22][30][31] Enquanto na Inglaterra, ele desenvolveu um
gosto por rugby, chegando a jogar no seu período livre em Oxford e mais tarde no
Arkansas.[32]

Oposição a Guerra do Vietnã e controvérsia do recrutamento

Enquanto estava em Oxford, ele participou do movimento de oposição à Guerra do Vietnã e


participou da organização de protestos contra este conflito em 1969.[20]

Clinton, como milhões de outros americanos, recebeu, entre 1968 e 1969, seus papéis para
se apresentar ao exército e servir, possivelmente para ser mandado ao Vietnã.[33]
Pretendendo cursar direito, ele tentou, de forma malsucedida, se juntar a Guarda Nacional e
a Força Aérea, e então decidiu que iria tentar se juntar ao Corpo de Oficiais da Reserva.[34]

Ele acabou não se juntando a reserva, dizendo em uma carta ao oficial responsável pelo
programa de recrutamento que ele se opunha a guerra, mas não achava honrado usar a
sua entrada na reserva ou na guarda nacional para escapar do serviço no Vietnã. Ele disse
que se apresentaria ao draft, mas não serviria nas forçar armadas.[35] Clinton se
apresentou, mas não foi convocado. Muitos acreditam que ele usou seus contatos políticos
para escapar de ter que servir na guerra e seus oponentes o criticaram por isso.[36] O
coronel Eugene Holmes, oficial responsável pelas aplicações para a academia de oficiais da
reserva, suspeita que Clinton tentou manipular a situação para evitar ter que servir no
exército. Ele disse que Clinton teria usado de sua influência com o senador Fulbright, a
quem ele havia servido como estagiário, para se livrar de ser convocado.[37]

Durante a campanha eleitoral de 1992, foi revelado que o tio de Clinton tentou fazer com
que ele fosse alistado na reserva da marinha, o que o ajudaria a evitar servir no Vietnã. Bill
não sabia que seu parente tentara fazer isso por ele.[38] Apesar de legal, as ações de
Clinton para evitar servir no exército foram criticadas por conservadores e veteranos da
Guerra do Vietnã durante sua primeira corrida a presidência.[39] O gerente da campanha de
Clinton em 1992, James Carville, afirmou que as ações do presidente eram justificadas pois
ele, assim como vários outros americanos, se opunha a guerra por uma questão de
princípio e que eles, o eleitorado, entenderiam.[40]

Faculdade de direito

Após Oxford, Clinton foi estudar na Faculdade de Direito de Yale e ganhou seu Juris Doctor
(J.D.) em 1973.[20][22] Foi por lá, em 1971, na biblioteca, que ele conheceu a estudante de
direito Hillary Rodham.[20][41] Eles começaram a namorar logo em seguida. Quando ela teve
que se mudar para a Califórnia, ele abriu mão de trabalhar na campanha de George
McGovern para a eleição presidencial de 1972 e foi com ela.[42] Eles se casaram em 11 de
outubro de 1975. A primeira e única filha do casal, Chelsea, nasceu em 27 de fevereiro de
1980.[41]

Clinton se mudou com sua namorada para o Texas para aceitar um emprego oferecido por
George McGovern em 1972. Ele ficou um bom tempo em Dallas. Por lá, Bill trabalhou com o
futuro prefeito da cidade Ron Kirk, a futura governadora Ann Richards e com o até então
desconhecido cineasta Steven Spielberg.

Começo da carreira política: 1978–1992

Governador do Arkansas

Após se formar em Yale, Clinton retornou para o Arkansas e se tornou professor na principal
universidade local. Em 1974 ele tentou concorrer a um cargo na Câmara dos
Representantes. Apesar de ter concorrido em um distrito conservador contra o republicano
John Paul Hammerschmidt, sua campanha foi fortalecida pelo sentimento antirrepublicano
após o escândalo do Caso Watergate. Hammerschmidt, que havia sido eleito com 77% dos
votos em 1972, derrotou Clinton com uma margem de apenas 52% a 48%. Em 1976 ele se
candidatou ao cargo de Procurador-geral do estado. Com pouca oposição ele foi eleito com
facilidade.[22][43]

Clinton, eleito novo governador do Arkansas, se encontrando com o presidente Jimmy Carter em 1978.

Em 1978 ele concorreu para o cargo de governador do Arkansas e derrotou o candidato


republicano Lynn Lowe. Clinton se tornou então o governador mais jovem do país com 32
anos. Devido a sua aparência jovial, Clinton foi apelidado de "Boy Governor" ("Garoto
Governador").[44][45][46] No cargo, trabalhou para reformar o sistema de educação e
transporte público, com sua esposa Hillary liderando, de forma bem-sucedida, comitês
pedindo reformas também no sistema de saúde. Contudo, seu mandato viu uma impopular
nova taxação sobre veículos e muitos cidadãos estavam irritados com a falta de resposta a
respeito da fuga de prisioneiros cubanos (no chamado "Êxodo de Mariel") do Forte Chaffee
em 1980. Assim, Monroe Schwarzlose, de Kingsland do Condado de Cleveland, chegou a
31% das intenções de voto nas pesquisas contra Clinton nas primárias democratas em
1980. Alguns acreditavam que o bom desempenho de Schwarzlose buscando a nomeação
contra Clinton chamou mais a atenção que a derrota do governador para o republicano
Frank D. White. Clinton brincou, apesar da derrota, onde ele afirmou ser o ex-governador
mais jovem da história.[22]

Após sair do cargo de governador, Clinton se juntou a firma de advocacia de Bruce Lindsey
em Little Rock.[47] Em 1982, ele concorreu de novo para o governo do estado do Arkansas e
foi eleito, mantendo-se agora no cargo por dez anos. Durante os seus mandatos,
transformou e modernizou a economia do estado e reformou profundamente o sistema de
educação.[48] Para os idosos, cortou impostos sobre medicamentos e aumentou os
parâmetros para isenção tributária da casa própria.[4] Ele se tornou uma figura chave no
movimento centrista conhecido como New Democrats ("Novos Democratas"), uma facção
do Partido Democrata que queria uma reforma no sistema de assistência social, menos
interferências do governo e não apoiavam várias políticas liberais "tradicionais". Após a
esmagadora vitória do conservador Ronald Reagan nas eleições presidenciais de 1984,
muitos acreditavam que o partido deveria adotar uma posição mais centrista para se sair
bem nas eleições nacionais.[4][49] Como um dos líderes deste movimento, Clinton deu a
resposta oficial dos democratas ao discurso sobre o Estado da União do presidente Reagan
em 1985 e então serviu como chefe da Associação Nacional dos Governadores de 1986 a
1987, o que deu a ele notoriedade nacional.[22]

No começo da década de 1980, Clinton fez da reforma educacional no seu estado uma
prioridade. Sua esposa, Hillary Rodham Clinton, que também era uma advogada, se sentou
na cadeira de líder do Comitê de Educação do Arkansas que transformou o sistema público
de ensino do estado para um dos melhores da nação. Como proposto, foi gasto mais
dinheiro nas escolas (fundos vindos do aumento de impostos estaduais), melhores
oportunidades para os alunos mais inteligentes, educação vocacional, melhores salários
para professores, mais variedade nos cursos e exames compulsórios para medir a
competência dos professores. As reformas enfrentaram resistência no legislativo, mas
passaram em 1983.[48] Muitos acreditavam que este foi o maior feito de Clinton enquanto
governador.[4][22] Ele derrotou quatro concorrentes republicanos nas eleições, sempre por
uma boa margem. Foram eles: Lowe (1978), White (1982 e 1986), Woody Freeman (1984)
e Sheffield Nelson (1990).[43]
O governador Clinton e sua esposa em um jantar na Casa Branca com o presidente Ronald Reagan e
a primeira-dama Nancy Reagan, em 1987.

Nesse período, os negócios pessoais da família Clinton se tornaram controversos, após


alguns escândalos, como o Caso Whitewater.[50] Apesar das investigações e do mal-estar
político gerado, Bill e sua esposa nunca foram indiciados por nada.[22][51]

De acordo com algumas fontes, Clinton, no começo de sua carreira política, era um
oponente da pena capital, mas depois mudou de ideia.[52][53] Durante seu primeiro mandato,
o Arkansas executou seus primeiros presos desde 1964 (a pena de morte foi restabelecida
no estado em março de 1973).[54] Como governador, ele viu quatro execuções neste
período: um por meio da cadeira elétrica e três por injeção letal. Mais tarde, como
presidente, ele perdoou um criminoso sentenciado a morte, a primeira vez que isso
aconteceu desde que a pena capital foi reinstaurada a nível federal em 1988.[55]

Eleições primárias do partido democrata em 1988

Em 1987, começaram especulações de que Clinton iria entrar na corrida presidencial pelos
democratas após a desistência do governador de Nova Iorque, Mario Cuomo, e do
diplomata Gary Hart. Contudo Bill decidiu permanecer no seu cargo de governador de
Arkansas e foi reeleito por lá com 63% dos votos.[56] Ele preferiu endossar na eleição para
presidente o governador de Massachusetts Michael Dukakis. Ele foi o primeiro a discursar
na convenção do partido de 1988, onde falou por 33 minutos (o dobro do esperado) e seu
discurso acabou sendo criticado por ter sido longo[57] e mal feito.[58] Apresentando-se como
um moderado e um "Novo Democrata", foi líder do conselho dos centristas do partido entre
1990 e 1991.[4][59]

Campanha presidencial e eleição de 1992

Ver artigo principal: Eleição presidencial nos Estados Unidos em 1992

O primeiro teste para Bill na corrida a presidência foi o caucus de Iowa, onde ele terminou
em terceiro lugar numa disputa ganha por Tom Harkin. Durante a campanha das primárias
de New Hampshire, foi reportado um possível caso extraconjugal com a modelo e atriz
Gennifer Flowers. As pesquisas de opinião mostravam Bill Clinton atrás do senador por
Massachusetts Paul Tsongas nesse estado.[22] Então, após o Super Bowl XXVI, Clinton e
sua esposa Hillary foram ao programa 60 Minutes para refutar a história. Aparecer na
televisão foi um risco calculado, mas deu certo. Ele ainda terminou em segundo lugar, atrás
de Tsongas, mas a vantagem do senador foi muito menor que a esperada. A mídia começou
então a dar mais atenção para Clinton como um candidato sério.[60]
Bill então avançou vencendo as primárias na Flórida, no Texas e em boa parte da região sul
dos Estados Unidos na chamada "Super Terça". Isso o colocou a frente na corrida para a
nomeação. Contudo, o governador da Califórnia, Jerry Brown, também conquistava vitórias
e Clinton ainda precisava vencer um estado fora da região sul, que era sua terra natal.[22][59]
Bill mirou então em Nova Iorque, um dos estados mais importantes. Ele acabou vencendo
por lá, e por uma boa margem.[59] Se tornando então um candidato de consenso, ele
acabou vencendo as primárias na Califórnia, superando o governador do estado Jerry
Brown. Assim ele ganhou, de forma acentuada, a indicação do partido para a presidência
dos Estados Unidos.[22]

Clinton e sua esposa e filha na Casa Branca.

Durante a campanha, houve questões de conflito de interesses entre negócios do estado do


Arkansas e da poderosa firma Rose Law, que Hillary Rodham Clinton era parceira. Clinton
argumentou que todas as transações com o estado haviam sido deduzidas antes de ter sido
determinado o pagamento da firma de Hillary.[20][61] Os negócios da esposa se tornaram um
assunto relevante pois Bill Clinton costumava dizer que, com Hillary, os eleitores teriam
"dois presidentes pelo preço de um".[62]

Enquanto estava em campanha para a presidência, o então governador Clinton teve que
voltar para o seu estado do Arkansas para ver se Ricky Ray Rector seria mesmo executado.
Depois de matar um civil e um policial, Rector atirou na própria cabeça (mas sobreviveu),
fazendo com que sua defesa alegasse insanidade. De acordo com as leis federais e
estaduais, um preso acometido de doenças mentais não pode ser executado. A corte havia
discordado de que ele teria um grave problema mental e permitiu a execução. O retorno de
Clinton ao Arkansas foi, de acordo com o The New York Times, uma tentativa de acabar
com a imagem de que era "brando com crime".[52][63]
Como a popularidade do presidente incumbente George H. W. Bush era de 80% no período
posterior a Guerra do Golfo, ele foi descrito como imbatível. Porém Bush acabou fazendo
uma concessão aos democratas no congresso para aumentar impostos a fim de balancear
o orçamento, algo que ele prometeu que não faria durante sua eleição em 1988. Por não ter
cumprido sua promessa e com a economia estagnada, os índices de aprovação de Bush
caíram vertiginosamente. Clinton condenou Bush, não pelos seus atos, mas por não
entregar o que prometeu em sua campanha. A aprovação do presidente no cargo havia
caído para 40% e Clinton subiu nas pesquisas de opinião.[59][64] Além disso, os
conservadores americanos, outrora unidos pelo anticomunismo (algo que já não era
relevante com o fim da Guerra Fria), não tinham mais um assunto que os unisse
incondicionalmente, o que quebrou a unidade do partido republicano. Quando Pat
Buchanan e Pat Robertson focaram seus discursos em seus valores cristãos durante a
Convenção Republicana de 1992, muitos moderados e seculares do partido se sentiram
alienados. Bush decidiu apaziguar a direita religiosa e criticou os democratas por "omitirem
Deus de sua plataforma política".[65] Clinton, em contrapartida, se apresentava como um
centrista e moderado, se autointitulando um "New Democrat" ("Novo Democrata"),
defendendo seu governo no Arkansas, apesar da ala liberal (progressista) do partido ainda
ter receio dele.[66] Muitos democratas conservadores, que haviam apoiado Ronald Reagan
e Bush nas eleições anteriores, decidiram apoiar Clinton.[67] Bill e seu vice, Al Gore,
viajaram pelo país na reta final da campanha, anunciando que eram o "novo começo".[67]

Clinton acabou vencendo a eleição presidencial americana de 1992 (com 43% da


preferência do eleitorado, ou 44 909 806 votos) em cima do presidente republicano George
H. W. Bush (que conseguiu 37,4% dos votos). O bilionário populista Ross Perot, que
concorreu como independente, acabou sendo um fator desequilibrador nas eleições,
roubando muitos votos de Bush (ele conseguiu 18,9% dos votos totais). Para os analistas, o
fator determinante na derrota do presidente incumbente e na eleição de Clinton foi a queda
da popularidade de Bush após números ruins da economia.[67] A eleição do democrata Bill
Clinton pôs fim a doze anos de governo republicano na Casa Branca. Os democratas
também conquistaram a maioria no Congresso dos Estados Unidos,[1] sendo esta a primeira
vez desde os anos 1970 que o partido tinha o controle dos poderes legislativo e executivo
ao mesmo tempo.[68][69]

Presidência (1993–2001)

Países visitados por Clinton durante sua presidência.


Durante sua presidência, Bill Clinton apresentou uma variedade de novas leis e
regulamentações, aprovadas no Congresso ou implementadas por ordens executivas.
Algumas destas políticas, como o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio e reformas
no sistema de assistencialismo social, são atribuídas a sua filosofia de governo centrista da
chamada "Terceira via", enquanto em outros assuntos era considerado de
centro-esquerda.[70][71] Na política econômica, contudo, era visto como um apoiante do
conservadorismo fiscal. Durante seu governo, os Estados Unidos viram uma redução no
déficit orçamentário.[72][73] Além disso, Clinton presidiu sobre a maior expansão econômica
em tempos de paz na história do país.[7][9][74] O Escritório Orçamentário do Congresso
reportou um superávit nas contas públicas de US$ 69 bilhões em 1998, US$ 126 bilhões em
1999 e US$ 236 bilhões em 2000,[75] os três últimos anos da presidência de Bill.[76] Já o
déficit orçamentário ficou em US$ 5,413 trilhões em 1997 e US$ 5,656 trilhões em 1999.[77]
Após deixar a presidência, Clinton se mudou para Nova Iorque e ajudou sua esposa a
ganhar o posto de Senadora por lá.

Primeiro mandato: 1993–1997

Bill Clinton sendo empossado, em janeiro de 1993.

Bill Clinton foi empossado como o 42.º Presidente dos Estados Unidos a 20 de janeiro de
1993. Logo após assumir, ele assinou a "Lei de Licença Médica e Familiar de 1993", em 5
de fevereiro, que fazia com que as empresas pudessem dar uma licença não paga para
mulheres grávidas ou pessoas com problemas médicos. Essa lei teve apoio bipartidário[78] e
se provou muito popular junto ao povo.[79] Clinton também assinou ordens executivas para
desfazer todas as restrições ao aborto feitas durante a era Reagan-Bush. O presidente já
havia se declarado em favor do direito ao aborto, afirmando que deveria ser "legal e
raro".[80]

Em 15 de fevereiro de 1993, Clinton fez seu primeiro discurso televisionado para o povo,
onde anunciou uma série de aumento nos impostos para balancear o orçamento.[81] Dois
dias depois, desta vez discursando perante o Congresso, o presidente deu mais detalhes da
sua política econômica. Seu programa daria prioridade para a redução do déficit ao invés de
fazer cortes para os impostos da classe média, o que havia sido um ponto alto na sua
agenda de campanha.[82] Os conselheiros de Clinton o pressionaram para aumentar os
impostos afirmando que um déficit orçamentário pequeno puxaria os juros para baixo.[83]

Em 19 de maio de 1993, Clinton demitiu sete funcionários do escritório de viagens da Casa


Branca. O caso gerou certa controvérsia, mas o governo se defendeu afirmando que os
dispensou baseado em uma investigação de improbidade financeira que foi revelada após
uma investigação feita pelo FBI.[84] Os críticos disseram que essas demissões foram feitas,
na verdade, para abrir vagas para os amigos dos Clintons que tinham negócios em
empresas de viagem.[85]

O gabinete do presidente Clinton em 1993.

Clinton assinou uma nova lei a respeito do orçamento do país em agosto, que passou pelo
Congresso sem receber um voto sequer de um republicano. Impostos foram cortados para
15 milhões de americanos de baixa renda, expandindo os mesmos cortes para 90% das
pequenas empresas,[86] ao mesmo tempo que aumentou impostos sobre 1,2% da
população, os contribuintes mais ricos. Ao mesmo tempo também iniciou um programa de
corte de gastos, mantendo assim o orçamento balanceado.[87]

Clinton então começou a perseguir uma ideia defendida pelos liberais de esquerda mas que
havia caído no esquecimento nos doze anos de governo republicano conservador: reforma
no sistema de saúde. Em 22 de setembro de 1993, ele discursou no Congresso onde expôs
seus planos para as reformas, mirando em expandir o sistema de saúde público para cobrir
universalmente todos os cidadãos, através de um plano de saúde nacional. Esse era um
dos principais temas da agenda política do presidente e ele colocou sua esposa, Hillary
Clinton, como sua principal lobista. O plano parecia ter tido alguma aceitação popular, mas
acabou morrendo na oposição de grupos conservadores, no lóbi da Associação Médica
Americana e da poderosa indústria dos planos de saúde. Contudo, John F. Harris, um
biógrafo de Clinton, afirmou que o plano falhou na verdade pela falta de coordenação da
Casa Branca.[51] Apesar dos democratas terem a maioria no congresso, o esforço para criar
um sistema de saúde universal nos Estados Unidos morreu em 1994. Esta foi a primeira
derrota legislativa do governo Clinton.[4][51]
Clinton, Yitzhak Rabin e Yasser Arafat durante os Acordos de Oslo, em 13 de setembro de 1993.

Em novembro de 1993, David Hale, a fonte de uma ação criminal contra Bill Clinton no Caso
Whitewater, afirmou que o presidente, enquanto governador do estado do Arkansas, o
pressionou para fornecer um empréstimo ilegal de US$ 300 000 para Susan McDougal,
parceira dos Clintons no acordo das terras de Whitewater. Uma investigação da Comissão
de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos resultou em condenação para McDougals por sua
participação no projeto Whitewater, mas isentou os Clintons de culpa.[88]

Em 30 de novembro de 1993, Clinton assinou a "Lei Brady" que introduziu um período de


espera de cinco dias para compra de armas. Ele também expandiu a "Lei de taxa de crédito
ganho", um subsídio para trabalhadores pobres.[51]

Ao fim do primeiro ano de mandato, alegações surgiram afirmando que os guardas Larry
Patterson e Roger Perry, de Arkansas, em uma denúncia feita por David Brock, agiam como
contatos para procurar mulheres para Bill Clinton quando era governador do estado. Mais
tarde, Brock se desculparia com Clinton, afirmando que o artigo havia sido motivado por
"mau jornalismo" e que os guardas eram "gananciosos e tinham motivos toscos".[89]

Clinton e seu vice, Al Gore, na Casa Branca.

Ainda em dezembro de 1993, Clinton implementou nas forças armadas a política de "Don't
ask, don't tell" ("Não pergunte, não diga"), que permitiria que homens e mulheres
homossexuais servissem como militares, se mantivessem sua orientação sexual escondida.
Já as forças armadas não poderiam perguntar aos recrutas se eram héteros ou não.[90] Esta
política foi implementada como um meio termo da proposta inicial do presidente Clinton que
queria que gays e lésbicas servissem abertamente no exército mas foi barrada por
congressistas republicanos e democratas conservadores, como os senadores John McCain
(R-AZ) e Sam Nunn (D-GA). De acordo com o ativista David Mixner, a decisão de Clinton de
negociar com os conservadores irritou o vice-presidente Al Gore, que achava que Bill
deveria ter emitido uma ordem executiva para forçar as forças armadas a aceitar gays,
mesmo que o Congresso fosse reverter tal ordem depois.[91] Defensores dos direitos dos
homossexuais criticaram Clinton por não ter cumprido totalmente sua promessa de
campanha.[92] Para eles, assim como Gore havia dito, o presidente deveria ter usado
ordens executivas, assim como Harry Truman havia feito, décadas antes, para dessegregar
as forças armadas. O governo se defendeu, afirmando que o Congresso poderia não só
reverter a medida, mas passar, em retaliação, leis antigays mais duras, potencialmente
matando a possibilidade de se trabalhar com o tema no futuro.[4] Mais tarde em sua
presidência, em 1999, Clinton criticou a forma como esta política foi implementada.[93] A
política se manteve controversa e só foi mudada em 2011 quando, após passar pelo
Congresso, uma nova lei foi assinada pelo então presidente Barack Obama que pôs um fim
no Don't ask', don't tell, permitindo assim que homossexuais assumidos servissem nas
forças armadas.[94]

Em 1 de janeiro de 1994, Clinton assinou a autorização da criação do Tratado


Norte-Americano de Livre Comércio (conhecido por sua sigla em inglês, NAFTA).[95]
Durante seu primeiro mandato, Clinton apoiou a aprovação do tratado. O presidente e a
liderança do Partido Democrata apoiava as medidas de livre comércio. Contudo, até mesmo
dentro do partido, havia oposição a medida. Mas os que se opunham com mais veemência
eram os conservadores, os protecionistas e os apoiadores de Ross Perot. A aprovação da
NAFTA na Câmara foi de 234 a favor e 200 contra (132 republicanos e 102 democratas
votaram a favor; 156 democratas, 43 republicanos e 1 independente votaram contra). A
aprovação no Senado foi mais fácil.[95]

Clinton introduziu, em 1994, nova regulamentação sobre crime e repressão, incluindo


expansão da pena capital para crimes que não resultaram em morte, incluindo crimes
envolvendo drogas.[96]

"Quando eu assumi a presidência, apenas os físicos de alta energia tinham ouvido falar de algo como
Worldwide Web ... Agora até o meu gato tem sua própria página."

[97]
Bill Clinton anunciando a iniciativa Next Generation Internet, em 1996.

O governo Clinton lançou o primeiro website oficial da Casa Branca, o whitehouse.gov, em


21 de outubro de 1994.[98][99] Foi seguida por três outras versões, resultando no lançamento
oficial do site no ano 2000.[100][101] A administração Clinton, com a criação do site, queria
mostrar seu apoio para a comunicação na web. De acordo com Robert Longley, "Clinton e
Gore foram responsáveis por pressionar todas as agências federais, as cortes de justiça e o
exército a se unir a internet, abrindo mais o governo para os cidadãos americanos".[102]
Após dois anos no controle, nas eleições legislativas de 1994 os democratas perderam a
maioria na Câmara dos Representantes, pela primeira vez em quase quarenta anos. Isso
dificultou ainda mais a relação de Clinton com o legislativo.[103]

Clinton e Boris Yeltsin em 1995 na Casa Branca.

Segundo o acadêmico Ken Gormley, autor do livro The Death of American Virtue: Clinton vs.
Starr, o presidente Clinton escapou de um atentado contra a sua vida durante uma visita as
Filipinas em 1996. Clinton estava lá para atender uma reunião da organização de
Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) em Manila e sua comitiva deveria passar por
uma ponte que supostamente estava minada com um artefato explosivo improvisado. De
acordo com autoridades locais, o explosivo poderia ter destruído toda a comitiva.[104] Os
detalhes deste caso foram revelados a Gormley por Lewis Merletti, ex membro do Serviço
Secreto, a guarda do presidente. A segurança de Clinton descobriu, após interceptar uma
transmissão de rádio, que havia um "presente de casamento" na ponte.[104] Merletti queria
mudar a rota da comitiva, mas a rota alternativa era longa e adicionaria 40 minutos no
cronograma. Clinton estava irritado, pois já estava atrasado para uma reunião, mas seguir o
conselho dos agentes do serviço secreto provou ser útil para salvar sua vida.[105] Durante
aquela semana foi descoberto na verdade vários artefatos explosivos espalhados pela
capital filipina.[106] Uma bomba teria sido encontrada inclusive perto de uma base naval dos
Estados Unidos na região.[106] Uma investigação foi feita em Manila e foi descoberto que a
al-Qaeda que havia planejado os atentados e que o próprio Osama bin Laden deu a ordem
para que as ações fossem tomadas.[104]

Em uma nova controvérsia, em 1996, denúncias de que autoridades na Casa Branca,


incluindo a esposa do presidente, acessaram dados seguros do FBI. Craig Livingstone,
chefe do pessoal de segurança da Casa Branca, teria requerido e recebido dados da polícia
federal americana, sem permissão. A maioria dos dados era concernente a empregados de
administrações republicanas anteriores.[107] Em março de 2000, o investigador
independente Robert Ray determinou que não havia indicações de crimes. Ele também
afirmou que não havia provas de que alguma autoridade relevante da Casa Branca pediu ou
viu tais arquivos.[108]
Clinton e o primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Em 21 de setembro de 1996, Clinton assinou a "Lei de Defesa do Matrimônio" (DOMA), que


definia, a nível federal, que a única união reconhecida era entre um homem e uma mulher,
permitindo que estados banissem casamento entre pessoas do mesmo sexo.[109] Paul
Yandura, um oficial da Casa Branca para assuntos de LGBT, disse que a decisão de Bill
Clinton de aprovar a DOMA foi "uma decisão política feita em tempos de reeleição".
Defendendo suas ações, Clinton disse que a DOMA foi uma tentativa de "tentar barrar um
proibição federal de aprovação do casamento entre homossexuais", atitude que segundo
ele seria tomada por um Congresso republicano "altamente reacionário".[110] Um porta-voz
do governo, Richard Socarides, disse que "a alternativa era pior e era melhor superar e
fazer com que o presidente fosse reeleito".[111] O próprio Clinton disse que o DOMA foi algo
que "os republicanos pudessem capitalizar em cima para fazer com que a base dos seus
eleitores votassem por Bush, e algo tinha que ser feito para impedir que os republicanos no
Congresso fizessem isso".[112] Outros, contudo, foram mais críticos. O ativista gay Evan
Wolfson afirma que as declarações de Clinton tentando se defender eram "revisionismo
histórico".[111] Em 2 de julho de 2011 o editorial do The New York Times opinou que "a 'Lei
de Defesa do Matrimônio' implementada em 1996 foi um assunto de eleição, assinado pelo
presidente Bill Clinton em um dos seus piores momentos políticos".[113] Em junho de 2013, a
Suprema Corte dos Estados Unidos reverteu boa parte das implicações jurídicas da
DOMA.[114]

Apesar da controvérsia a respeito da DOMA, Clinton se tornou o primeiro presidente a


apontar pessoas que eram abertamente gays para cargos no governo[115] e é normalmente
creditado como o primeiro presidente no cargo a apoiar os direitos dos homossexuais.[116]
Durante seus dois mandatos, Bill assinou duas ordens executivas controversas a respeito
de gays e seus direitos, a primeira foi aumentar a segurança empregatícia para os
funcionários federais LGBTs[117] e a segunda foi banir a discriminação baseada em
orientação sexual na força de trabalho civil federal.[118] No governo Clinton, fundos para
pesquisas sobre HIV e AIDS, prevenção e tratamento de DSTs mais que dobrou.[119] O
presidente também pressionou por leis que protegessem homossexuais de crimes de ódio
na esfera pública. No setor privado, tentou aprovar uma lei antidiscriminação no mercado de
trabalho, mas foi barrada pelo Senado, que era tomado por conservadores.[120] Apesar do
assunto ser controverso na época, quando a maioria da população não apoiava direitos dos
gays, rendeu elogios e apoio para Clinton por parte dos defensores dos direitos
humanos.[116] Clinton, contudo, só se pronunciaria abertamente em apoio ao casamento
entre pessoas do mesmo sexo em 2009[121] e apoiou a decisão da Corte Suprema de
justiça de 2013 de repelir a DOMA, uma lei que ele próprio havia assinado quase duas
décadas antes.[122] Ele foi mais tarde honrado pela associação de direitos dos
homossexuais GLAAD por seu apoio a causa LGBT.[123]

Ainda em 1996, o governo tomou medidas para frear a imigração ilegal. Clinton assinou sua
primeira reforma no sistema de imigração em 30 de setembro. Apontado pelo
presidente,[124] uma comissão para reforma na imigração recomendou que o fluxo de
imigrantes legais fosse também reduzido, de 800 000 pessoas para menos de 550 000 por
ano.[125][126]

Uma nova controvérsia aconteceu em 1996, a respeito de financiamentos de campanha.


Segundo reportado, o governo chinês havia dado dinheiro para campanhas de políticos
democratas nos Estados Unidos, em uma tentativa de influenciar decisões políticas. Isso
teria acontecido antes e durante a presidência de Bill Clinton e teria afetado até o próprio
governo da época. Autoridades chinesas negaram todas as acusações e as investigações
não encontraram indícios de ações ilegais, ou se todo o ocorrido aconteceu mesmo da
forma como foi denunciado.[127]

Segundo mandato: 1997–2001

Presidente Bill Clinton (centro), a primeira dama Hillary Rodham Clinton (direita) e sua filha Chelsea
(esquerda) acenando para o público na Avenida Pennsylvania durante a posse do segundo mandato
de Bill, em janeiro de 1997.

Na eleição presidencial de 1996, Clinton foi reeleito com 49,2% do voto popular (ou 47 401
185 de votos) em cima do republicano Bob Dole (que conseguiu 40,7% dos votos) e do
reformista Ross Perot (8,4% dos votos), se tornando o primeiro presidente democrata no
poder a se reeleger desde Lyndon Johnson e o primeiro do seu partido a ser eleito duas
vezes desde Franklin D. Roosevelt.[13] Os republicanos perderam alguns assentos na
Câmara, mas conquistaram o controle do Senado, mantendo assim o poder total no
Congresso. Clinton recebeu no total 379 votos do colégio eleitoral, com Dole recebendo
apenas 159 votos.

Clinton dando o discurso sobre o Estado da União perante o Congresso, em 1997. Atrás dele está o
seu vice, Al Gore, e o presidente da Câmara, Newt Gingrich.

Em janeiro de 1997, em discurso no congresso, Clinton propôs um projeto para ajudar cinco
milhões de crianças. O senador democrata Ted Kennedy e o republicano Orrin Hatch se
uniram a primeira dama Hillary Rodham Clinton e sua equipe ainda em 1997, resultando no
programa State Children's Health Insurance (SCHIP), o que se tornou a maior e mais bem
sucedida lei de saúde implementado na presidência de Bill. Naquele ano, sua esposa Hillary
defendeu no Congresso a lei de "Adoção e Segurança das Famílias" e outros projetos para
ajudar famílias pobres. Clinton também manteve uma política de correr atrás de apoio
bipartidário para manter o governo funcionando apropriadamente. Um dos resultados destes
esforços foi a "Lei de Balanço Orçamentário" de 1997. Em outubro daquele mesmo ano, ele
teve algumas complicações de saúde, principalmente por causa de sua audição falha.[128]

A popularidade de Clinton subiu no seu segundo mandato e permaneceu alta até o fim do
seu governo. Quando ele deixou a Casa Branca, cerca de 65% da população americana
aprovava a forma como ele governava o país.[129] Parte dessa aprovação é atribuída ao fato
dele ter presidido sobre um período de estabilidade e crescimento econômico consistente,
incluindo o primeiro superávit das contas públicas do governo (em 1998) desde 1969.[130]

Impeachment

Após as eleições de 1996, surgiu na mídia o chamado Escândalo Lewinsky, onde Bill
Clinton teria tido pelo menos nove encontros sexuais com a estagiária da Casa Branca
Monica Lewinsky. Quando o caso veio a tona, houve denúncias de interferência constante
do pessoal da presidência na investigação. Por fim, Bill foi acusado de perjúrio e obstrução
de justiça. A Câmara dos Representantes, dominada pela oposição, votou pelo
impeachment de Clinton.[51] Isso fez dele o segundo presidente a sofrer de um
impeachment, junto com Andrew Johnson.[131] O congressista Ken Starr, em um relatório
feito a Câmara, afirmou que "havia evidências substanciais e críveis que o presidente Bill
Clinton cometeu atos que dão base a um pedido de Impeachment".[132] O Congresso
começou então a fazer sessões para ouvir as alegações e investigar mais a fundo o
assunto, correndo contra o tempo para não atrapalhar as eleições para o congresso. Para
iniciar o processo de impeachment com o menor risco de contratempos possível, os
republicanos fizeram uma sessão chamada de lame-duck (uma sessão feita entre o
Congresso no cargo e outro eleito que está para assumir a legislatura após uma eleição),
em dezembro de 1998.

O julgamento de impeachment do Presidente Bill Clinton em 1999, sendo presidido pelo chefe de
justiça William H. Rehnquist.

Enquanto a votação na Comissão de Justiça do Congresso seguiu as linhas partidárias,


houve discussões acaloradas no plenário da Câmara. Todos os republicanos votaram em
favor de remover o presidente do poder (inclusive alguns democratas também votaram pelo
impeachment). A primeira acusação foi de perjúrio, pois Clinton teria mentido perante um
juri quando negou que a acusação de assédio sexual feita pela estagiária Paula Jones fosse
verdadeira (posteriormente, contudo, o caso foi arquivado em uma corte pois Paula não
apresentou provas suficientes para sustentar suas alegações).[133] A segunda alegação, a
de obstrução de justiça, foi devido ao esforço dele e de sua administração de impedir a
investigação a respeito do escândalo Lewinsky e o depoimento de Monica.

O mandato de Clinton foi então salvo quando ele foi absolvido de todas as acusações pelo
Senado.[134] Ao contrário da Câmara, o senado federal decidiu não iniciar o julgamento de
impeachment antes da nova legislatura ter sido empossada. Clinton foi representado pela
empresa de advocacia Williams & Connolly.[135] O senado conduziu uma investigação de
vinte e nove dias que terminou a 12 de fevereiro de 1999, terminando com 55 senadores
votando por "não culpado" e 45 votando por "culpado" nas acusações de perjúrio[134] e 50
votos para cada lado nas acusações de obstrução de justiça.[136] Assim, não houve a
exigência constitucional de uma maioria de dois-terços dos votos para remover um
presidente do seu cargo. Todos os democratas no senado votaram contra o impeachment,
junto com alguns republicanos.[134]

Clinton emitiu 141 perdões (alguns controversos) e 36 comutações antes de deixar o cargo
em janeiro de 2001.[51][137] O maior escândalo foi o caso de Marc Rich e as acusações de
que o irmão de Hillary Clinton, Hugh Rodham, aceitando dinheiro para tentar influenciar a
decisão do presidente sobre os perdões emitidos por ele.[138]

Relações exteriores e ações militares

Presidente Clinton falando com o coronel da força aérea Paul Fletcher, em novembro de 1999.

Muitos eventos militares aconteceram durante a presidência de Bill Clinton. Um dos


primeiros foi na África. Por lá, ele manteve a política do seu predecessor e manteve as
tropas americanas na Somália, que estava no meio de uma guerra civil e enviou os Delta
Force (tropas especiais) para lá. Na subsequente batalha de Mogadíscio de 1993, dois
helicópteros MH-60 Black Hawk foram derrubados por lança-granadas disparadas por
rebeldes somalis. As aeronaves caíram atrás das linhas inimigas e uma operação de
resgate foi lançada. Uma intensa batalha urbana se seguiu na capital somali e 18 soldados
americanos foram mortos, 73 outros ficaram feridos e um militar acabou sendo feito
prisioneiro. Pelo menos mil somalis também morreram. Corpos de alguns militares
americanos mortos foram exibidos pelos rebeldes nas ruas e as imagens percorreram o
mundo. Em resposta, Clinton ordenou a retirada das forças americanas da Somália. O
trauma desta desastrada operação fez com que o presidente fosse mais cuidadoso ao lidar
com intervenções no exterior. Por exemplo, apesar da pressão internacional, por temer uma
repetição do ocorrido em Mogadíscio em 1993, os Estados Unidos não interferiram
diretamente para prevenir um genocídio em Ruanda, que ceifou a vida de milhares de
pessoas.[139]

Em 1995, aeronaves dos Estados Unidos e da OTAN bombardearam alvos militares sérvios
na Bósnia e Herzegovina para proteger as missões da ONU na região dos Bálcãs e forçar
os acordos de paz. Clinton então mandou unidades do exército para a Bósnia ao fim
daquele ano como tropas de paz após a assinatura do Acordo de Dayton.
O general John P. Jumper, comandante da Força Aérea dos Estados Unidos na Europa, escoltando o
presidente Bill Clinton na base aérea de Ramstein, na Alemanha, a 5 de maio de 1999. O presidente
fez várias visitas a bases militares americanas em solo europeu para demostrar apoio as tropas que se
envolviam em ações militares na região, no final da década de 1990.

Clinton também deu prioridade a captura do terrorista Osama bin Laden.[140] Foi sugerido
por Mansoor Ijaz que em 1996 enquanto o governo Clinton impôs essa caçada contra Bin
Laden, as autoridades sudanesas teriam oferecido extraditar o terrorista e ajudar os
americanos com informações de inteligência a respeito de organizações terroristas da
região e outras que tinham ligações com elas, como o Hezbollah e o Hamas,[141] mas o
governo dos Estados Unidos não aceitou a oferta.[141] Contudo, a Comissão do 11 de
Setembro afirmou que não havia evidências de que esta oferta realmente foi feita.[142]
Durante todo o ano de 1998, a administração Clinton ordenou várias missões para tentar
matar ou capturar Bin Laden, que acabaram falhando.[143]

Em resposta aos atentados terroristas às embaixadas dos Estados Unidos na África de


1998, perpetrados pela Al-Qaeda, que mataram dúzias de americanos e centenas de
africanos, Clinton ordenou uma série de ataques com mísseis de cruzeiro no Afeganistão e
no Sudão, atingindo bases terroristas nestes países, como campos de treinamento e postos
de comando.[144] O presidente foi criticado posteriormente quando uma suposta base da
al-Qaeda no Sudão foi destruída, quando na verdade era uma fábrica de remédios.

Bill e sua esposa Hillary deixando o Força Aérea Um.

De volta a Europa, para deter uma limpeza étnica e genocídio[145][146] contra os albaneses
perpetrado por militares e milicianos sérvios na região do Kosovo, Clinton autorizou uma
ação armada pelo mar e pelo ar, com ajuda da OTAN, para bombardear alvos na Iugoslávia
em 1999, na chamada Operação Forças Aliadas. O general Wesley Clark, que era o
comandante supremo das forças da OTAN no continente europeu, supervisionou a missão.
Com a outorga da Resolução 1244 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a
campanha de bombardeios terminou em junho de 1999. A resolução colocou o Kosovo sob
administração da ONU e autorizou o envio de uma força de paz para a região.[147] Apesar
das tropas aliadas não terem sofrido perdas por fogo inimigo,[148] dois militares morreram na
queda de um helicóptero AH-64 Apache.[149] Mais tarde foi apontado que os riscos de uma
limpeza étnica poderiam ter sido exagerados pelo governo americano.[150][151] Uma corte da
ONU afirmou que realmente não houve um genocídio na região, mas reconheceu que havia
uma "sistemática campanha de terror, incluindo assassinatos em massa, estupros, assédio
de civis e outros maus tratos contra populações locais".[152][153] O líder sérvio Slobodan
Milošević, presidente da Iugoslávia, foi mais tarde levado a julgamento por "crimes contra a
humanidade".[154] A operação da OTAN foi considerada um sucesso tático.[155]

O navio de guerra americano USS Gonzalez disparando um míssil BGM-109 Tomahawk contra alvos
na Iugoslávia, em 1999. O presidente Clinton ordenou uma série de bombardeios aéreos e navais
contra a região no final da década de 1990.

Durante um discurso perante o Congresso em 1998, Clinton ressaltou a ameaça que


Saddam Hussein, o ditador do Iraque, representava:

"Juntos nós devemos confrontar o novo perigo das armas químicas e biológicas, e os
Estados fora da lei, organizações criminosas e terroristas estão buscando adquirir tais
armamentos. Saddam Hussein passou a maior parte desta década e muita da riqueza
da sua nação, não provendo para o povo iraquiano, mas sim desenvolvendo armas
nucleares, químicas e biológicas e sistemas de mísseis para liberar estes agentes. Os
inspetores de armas das Nações Unidas fizeram um bom trabalho, encontrando e
destruindo os arsenais do Iraque que não foram arrasados na Guerra do Golfo. Agora,
Saddam Hussein quer impedir que eles completem sua missão. Eu sei que falo por
todos nesta casa, republicanos ou democratas, quando eu digo para Saddam Hussein
que 'você não pode desafiar a vontade do mundo', e quando eu digo para ele que
'você já usou armas de destruição em massa antes; nós estamos determinados a
[156]
negar a você a capacidade de usa-las novamente'".

Bill Clinton e Jiang Zemin durante uma conferência de imprensa, a 29 de outubro de 1997.

Para enfraquecer Saddam, Clinton assinou a resolução H.R. 4 655 em lei a 31 de outubro
de 1998, que instituiu uma política de "mudança de regime" no Iraque, mas não autorizava
ações diretas para derrubar Hussein do poder, como por exemplo uma invasão.[157][158]
Ainda assim, o governo americano lançou uma campanha de bombardeios aéreos e navais
contra Saddam que durou quatro dias, na chamada Operação Desert Fox, de 16 a 19 de
dezembro de 1998. Ao fim destes ataques, Clinton afirmou que "enquanto Saddam
[Hussein] estiver no poder, ele será uma ameaça para o seu povo, para a região e para o
mundo. Com nossos aliados, nós devemos firmar uma estratégia para conte-lo e deter seu
programa de armas de destruição em massa, enquanto trabalhamos para ver um dia em
que o Iraque tenha um governo que queira viver em paz com seu povo e com seus
vizinhos".[159] As potências da OTAN impuseram severas sanções econômicas em cima do
regime iraquiano e também estabeleceram zonas de exclusão aérea no Iraque para impedir
que as forças de Saddam lançassem mais operações contra regiões do país controladas
por dissidentes. Aeronaves britânicas e americanas esporadicamente bombardeavam o
território iraquiano entre 1999 e 2003.[160][161]

Em novembro de 2000, Clinton visitou o Vietnã, se tornando o primeiro presidente


americano a visitar o país desde o fim da guerra entre as duas nações.[162]

A 10 de outubro 2000, Clinton assinou uma série de leis que melhoraram as relações
políticas e comerciais dos Estados Unidos com a China, impulsionando o comércio
bilateral.[163] O presidente afirmou que essa nova relação comercial poderia eventualmente
também levar a uma abertura política em Pequim.[164]

Após os sucessos iniciais dos Acordos de Paz de Oslo no começo da década de 1990,
Clinton tentou um novo esforço para resolver o conflito árabe-israelense no Oriente Médio.
O presidente americano convidou o primeiro-ministro israelense Ehud Barak e o líder
palestino Yasser Arafat para uma reunião em Camp David.[51] Após o aparente fracasso das
conversações, Bill afirmou que Arafat "perdeu uma oportunidade para facilitar uma paz justa
e duradoura". Em sua autobiografia, intitulada My Life, Clinton culpou o líder palestino pelo
colapso do encontro.[20][165] A possibilidade de paz entre israelenses e palestinos caiu por
terra de vez quando a Segunda Intifada começou.[51]

Clinton e Ruth Bader Ginsburg, uma de suas indicadas para a Suprema Corte, em junho de 1993.

Juízes apontados por Clinton

Clinton apontou dois juízes para a Suprema Corte dos Estados Unidos:

● Ruth Bader Ginsburg – 1993[166]


● Stephen Breyer – 1994[167]

Ele também apontou 66 juízes para as Cortes de Apelação federais e 305 outros juízes para
as Cortes Distritais. Suas 373 indicações judiciais foi a segunda maior quantidade de
nomeações feitas por um presidente, atrás apenas de Ronald Reagan. As indicações dele
para cargos no judiciário, contudo, não foram sem complicações, com 69 nomeações para
juízes federais sendo barradas, no Senado (controlado pelo Partido Republicano). No geral,
84% de duas indicações foram aceitas.[168]

Políticas econômicas

A presidência de Bill Clinton viu um dos maiores crescimentos econômicos da história


americana. David Greenberg, um professor de história e estudos de mídia da Universidade
de Rutgers, afirmou:
No gráfico, em vermelho, nota-se um aumento no déficit orçamentário entre 1971 e 1997. Contudo,
como mostrado em verde, entre 1998 e 2001, os três últimos orçamentos de Clinton terminaram com
um superávit das contas públicas.

"A era Clinton foi um período de progresso, especialmente na economia [...] O slogan de
sua campanha de 1992, 'Putting people first' ('Colocando o povo na frente'), e sua
afirmação de 'a economia, estúpido', mostrava um populismo ousado para a classe
média que havia sofrido no governo de Ronald Reagan e George H.W. Bush. [...] Ao fim
da presidência de Clinton, os números foram uniformemente impressionantes. Além do
recorde no superávit das contas públicas e dos baixos índices de pobreza, a economia
teve um dos maiores avanços da história; os mais baixos índices de desemprego desde
os anos 1970; e os mais baixos índices de pobreza para mães solteiras,
afro-americanos e idosos".[169]

Ao propor um plano para reduzir o déficit público, Clinton apresentou um orçamento que
cortaria o déficit em US$ 500 bilhões em um período de cinco anos ao reduzir os gastos em
US$ 255 bilhões e aumentando os impostos em cima de 1,2% da população americana que
era mais rica. Também impôs um novo imposto sob energia e colocou em um-quarto dos
pagamentos da Seguridade Social impostos mais altos para os beneficiários.[170]

Os republicanos no Congresso se opuseram firmemente contra a proposta de Clinton,


afirmando que a nova política de impostos faria mais mal do que bem. Os republicanos
estavam unidos neste assunto e todos na Câmara votaram contra o orçamento proposto.
No Senado, foi necessário o voto do vice-presidente Al Gore para desempatar a
votação.[171] Após um extenso lobbying por parte do governo Clinton, a Câmara de
Representantes votou o orçamento por 218 votos a favor e 216 contra.[172] O novo pacote
expandiu as taxas de renda de crédito, para beneficiar as classes mais pobres. Isso reduziu
a quantidade de impostos que eles pagam e então uma nova lei de contribuição de
impostos de Seguro Federal, proveu US$ 21 bilhões em cortes para 15 milhões de pessoas
de baixa renda. As melhores condições econômicas e políticas serviram para incentivar os
investidores, o que reanimou a bolsa de valores e levou as taxas de juro a cair, o que
resultaria em um impulso ao consumo interno. Os últimos quatro orçamentos de Clinton
mostraram não só redução no déficit, mas entre 1998 e 2000 houve um superávit das
contas do governo. No último ano de Bill na presidência, foi reportado um balanço positivo
de US$ 237 bilhões (um dos maiores da história). Esse dinheiro extra nas mãos do governo
foi usado para pagar a dívida pública por US$ 452 bilhões, apesar da dívida federal
continuar a subir, ainda que lentamente.[173] Contudo, o superávit orçamentário só foi
conquistado contra a dívida pública que era calculada com a exclusão das participações
intragovernamentais. Isso significava que o governo era capaz de deduzir os empréstimos
que fazia do fundo de seguridade social como lucro nos relatórios do orçamento, que
representava boa parte do superávit. Calculando a participação de ativos
intragovernamentais da dívida pública, o déficit mais baixo foi de US$ 17,9 bilhões. Assim,
muitos argumentam que o superávit pode ter sido na verdade bem menor.[174][175][176][177]

Apesar dos progressos econômicos, a dívida federal aumentou durante o governo Clinton
de US$ 4,3 trilhões para US$ 5,6 trilhões.[178]

Clinton e seu vice Gore trabalhando na Casa Branca.

A economia cresceu durante os anos de Bill Clinton no poder e em fevereiro de 2000 foi
quebrado o recorde de crescimento econômico ininterrupto da história americana.[179][180]
Contudo, alguns argumentam que este crescimento só foi possível graças as especulações
de mercado e a bolha de investimentos na bolsa de NASDAQ, além da bolha tecnológica,
que chegaram ao fim nos anos 2001 e 2002.[181]

Quando os republicanos assumiram a maioria no Congresso em 1994, Clinton lutou contra


suas propostas de corte de impostos, acreditando que isso beneficiaria apenas os mais
ricos e enfraqueceria o crescimento econômico. Em agosto de 1997, contudo, o presidente
e a liderança republicana no Congresso chegaram a um acordo para reduzir taxas sob
fortunas adquiridas e nos impostos estaduais, ao mesmo tempo que aumentava benefícios
que afetavam crianças e novas taxas mais baratas para dívidas escolares de alunos de
faculdades. Os congressistas então aprovaram, em 1995, a proposta de Clinton para reduzir
as mensalidades das faculdades através de subsídios e financiamentos federais, facilitando
também o acesso a créditos estudantis.

De fato, Clinton teve que batalhar muito com o Congresso para avançar cada orçamento
proposto, defendendo gastos maiores em educação, subsídios governamentais, defesa do
meio ambiente e financiamento para o AmeriCorps. Ambos os lados dificilmente chegavam
a acordos e a situação chegou ao impasse ao fim de 1995 quando os conservadores
propuseram cortes nos programas Medicare, Medicaid, no sistema de educação e em
projetos para o meio ambiente. Com o presidente vetando boa parte destas medidas, os
republicanos não aprovaram duas medidas para gastos federais, o que trancou o governo e
fez com que algumas agências não tivessem dinheiro para operar.[182]

Em abril de 1996, Clinton e o Congresso firmaram um acordo para o orçamento, para


financiar as agências do governo até o fim do ano fiscal em outubro. Os republicanos
conseguiram alguns cortes de gastos como eles queriam (como menos investimentos em
programas culturais, de trabalho e habitação) mas preservaram alguns programas que
Clinton queria, incluindo investimentos em educação e meio ambiente.

O governo Clinton afirmou que suas principais conquistas foram:

● A média de crescimento da economia foi de 4,0% ao ano, comparado com uma


média de 2,8% registrada nos anos anteriores. A economia, de fato, cresceu por
116 meses seguidos, a maior sequência da história;[183]
● Criação de mais de 22,5 milhões de postos de trabalho — a melhor performance
de um presidente, e mais do que havia sido registrado nos últimos 12 anos. No
total, 20,7 milhões de novos empregos foram gerados no setor privado;[184]
● A renda das famílias aumentou em todos os níveis da sociedade americana.
Desde 1993, a renda familiar subiu de US$ 42 612 em 1993 para US$ 48 950 em
1999;[185]
● Desemprego caiu para os menores níveis em 30 anos, de 6,9% em 1993 para
4,0% em janeiro de 2001. O desemprego, de fato, ficou abaixo dos 5% por 40
meses seguidos. O desemprego para afro-americanos caiu de 14,2% em 1992
para 7,3% em 2000, o menor nível registrado. Já para a população hispânica,
caiu de 11,8% em outubro de 1992 para 5,0% em 2000, também o menor nível já
registrado;[184]
● A inflação tinha caído para os menores níveis desde o governo Kennedy (na
década de 1960), com uma média de 2,5% (metade do que havia sido no
governo anterior).[186]
● Os índices da casa própria chegaram a 67,7% no fim do governo Clinton, o maior
já registrado;[187]
● A taxa de pobreza caiu de 15,1% em 1993 para 11,8% em 1999, a maior queda
registrada em 30 anos. Assim, cerca de sete milhões de pessoas haviam saído
da pobreza;[188]
● O superávit orçamentário em 2000 foi de US$ 237 bilhões, ficando positivo pelo
terceiro ano seguido. Este também foi o maior superávit das contas públicas na
história americana;[187]
● Clinton trabalhou com os republicanos para iniciar uma reforma no sistema de
assistências sociais governamental. Assim, com uma nova política
implementada, o número de pessoas que recebiam assistência do governo havia
caído para o menor nível desde 1969. Entre janeiro de 1993 e setembro de 1999,
o número de cidadãos que recebiam ajuda caiu de 7,5 milhões para 6,6 milhões.
Em comparação, entre 1981 e 1992, o número de pessoas que recebiam
assistências governamentais subiu 2,5 milhões (22% a mais) para 13,6 milhões
de beneficiários.[189]

Declarações sobre a assinatura


do acordo da NAFTA

Duração: 20 minutos e 23
segundos.

20:23

Clinton fazendo uma


declaração a respeito da
criação do NAFTA.

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Comércio

Clinton queria reduzir barreiras comerciais com outras nações. Sacrificando apoio político,
ele defendeu áreas de livre comércio e acordos multilaterais. Opositores afirmaram que
baixar as tarifas e relaxar as regras de importação custaria empregos nos Estados Unidos,
pois as pessoas prefeririam comprar produtos no exterior que eram mais baratos. Clinton
disse que livre comércio ajudaria os americanos pois aumentaria as exportações e faria a
economia crescer.[190]

Em dezembro de 1992 foi assinado a criação do NAFTA pelo presidente George H. W.


Bush. Com isso, só falta a ratificação da legislatura americana, mexicana e canadense.
Clinton não alterou o acordo quando subiu ao poder, mas acrescentou cláusulas ambientais
e de cooperação trabalhista entre as nações, fazendo do NAFTA o primeiro bloco comercial
"verde" e o primeiro tratado internacional feito exigindo condições trabalhistas comuns,
mesmo que com sansões de retaliação leve. O Tratado Norte-Americano de Livre Comércio
gradualmente reduziu tarifas comerciais e criou uma zona de livre comércio entre os três
países da América do Norte. Oponentes da NAFTA, liderados por Ross Perot, afirmaram
que o tratado faria com que companhias americanas preferissem empregar pessoas no
México, onde eles produziriam mais com um custo de produção menor (especialmente por
causa da mão de obra barata), e então levariam estes produtos para os Estados Unidos
com preços mais baratos. Clinton, contudo, defendeu novamente que tratado seria bom
para a economia pois aumentaria as exportações. De fato, o NAFTA acabou sendo
relativamente bem-sucedido como um acordo econômico e político.[191] Com apoio quase
que bipartidário, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a criação do bloco em 1993.[192]
Clinton também buscou melhores relações com as nações do Círculo do Pacífico,
assinando novos tratados comerciais. Em novembro de 1993 ele sediou, em Seattle,
Washington, uma conferência do bloco de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC),
onde estiveram presentes pelo menos doze líderes dessas nações. Em 1994, o presidente
firmou um acordo na Indonésia com os países do Círculo do Pacífico para gradualmente
removerem barreiras comerciais entre as nações do bloco.

Apesar de alguns contratempos, as políticas de Clinton levaram os Estados Unidos a um período de


robustez econômica e forte crescimento do consumo interno

Autoridades do governo Clinton também participaram das negociações do Acordo Geral de


Tarifas e Comércio (AGTC), uma organização internacional comercial. As negociações para
criação deste acordo estavam em andamento desde 1986. Em um gesto raro, Clinton pediu
para o Congresso votar sobre o acordo comercial no inverno de 1994 e eles aprovaram.
Como parte do acordo, foi criado um novo órgão internacional, a Organização Mundial do
Comércio (OMC), que viria a substituir o AGTC em 1995. A OMC tinha mais autoridade para
fazer valer as leis de comércio internacionais e tinha um alcance bem grande.

Clinton sofreu sua primeira derrota em termos de legislações comerciais no seu segundo
mandato. Em novembro de 1997, o Congresso tomado pela oposição republicana atrasou a
votação que daria autoridade ao presidente de firmar acordos comerciais sozinho. Clinton
não conseguiu apoio o suficiente para aprovar a proposta, mesmo dentro do seu próprio
partido.

Clinton sofreu outro retrocesso em 1999, quando um acordo falhou num encontra na OMC.
Países pobres e ricos resistiram as propostas do presidente, especialmente por suas
exigências comerciais.[193]

Ainda em 1999, Clinton assinou um grande acordo comercial com a República Popular da
China. O entendimento resultou em uma década de negociações que derrubaram várias
barreias comerciais entre os dois países. Assim, houve um salto nas exportações de
produtos americanos para o continente chinês, como carros, serviços bancários e peças de
entretenimento (como filmes). Contudo, o acordo só poderia entrar em vigor se a China
fosse aceita na OMC e que se estabelecesse status de "relações comerciais normais" pelo
Congresso americano. Neste pacto, os Estados Unidos apoiariam os chineses na sua
entrada na OMC. Muitos republicanos e democratas estavam preocupados pois dar este
status a China seria ignorar os abusos aos direitos humanos perpetrados por lá, além de
que havia a discussão de que o acordo poderia não ser tão bom para a economia
americana. O congresso, contudo, deu um parecer favorável ao tratado em 2000 e
estabeleceu relações comerciais normais com a China. Estudos posteriores indicam que o
acordo beneficiou a economia americana.[194]

No total, o governo Clinton negociou mais de 300 acordos comerciais com outros países. O
último secretário do tesouro do presidente, Lawrence Summers, afirmou que as tarifas
menores negociadas nos tratados por Clinton, reduziram os preços dos produtos nas mãos
dos consumidores e ajudou a baixar a inflação.[195]

Pós-presidência

Clinton durante a campanha "Get out the vote" ("Vá e vote"), durante a campanha democrata a
presidência em 2000.

Bill Clinton continuou ativo na vida pública após deixar a Casa Branca em 2001, dando
discursos, trabalhando para o Partido Democrata e organizações de caridade. Desde 1988,
Clinton já participou de seis Convenções Nacionais Democratas.[196]

Atividades até a campanha de 2008

Em 2002, Clinton criticou a política externa do seu sucessor, George W. Bush (que havia
derrotado o vice de Bill nas eleições de 2000), especialmente a política de ação militar
preventiva contra o Iraque. Ele disse que teria "consequências indesejáveis",[197][198] e
depois afirmou ter sido um crítico da Guerra do Iraque desde o começo (embora há quem
discorde).[199] Em 2005, Clinton também criticou a política ambiental de Bush, durante uma
Conferência da ONU em Montreal.[200]
O William J. Clinton Presidential Center and Park em Little Rock, Arkansas foi erguido em
2004.[201] Clinton então lançou sua autobiografia, My Life, ainda em 2004.[202] Em 2007, ele
lançou o livro Giving: How Each of Us Can Change the World, que se tornou um dos mais
vendidos do The New York Times e recebeu boas críticas.[203]

Clinton e o ex-presidente George H. W. Bush em janeiro de 2005

Durante os sismos na Ásia em 2004, o Secretário-geral das Nações Unidas Kofi Annan
apontou Clinton para liderar os esforços humanitários.[204] Após o Furacão Katrina, Bill se
juntou ao ex-presidente George H. W. Bush para estabelecer o Fundo Bush-Clinton em
2005 para arrecadar dinheiro para apoiar as vítimas.[205] Como parte para conseguir
doações, os dois ex governantes participaram de um segmento no pré-show do Super Bowl
XXXIX,[206] e eles viajaram para as áreas afetadas pelos furacões.[207] Eles também se
uniram no funeral de Boris Yeltsin em 2007.[208]

O William J. Clinton Presidential Center and Park, a sua biblioteca presidencial, erguida em 2004.

Baseado em suas visões mundiais humanitárias,[209] ele criou a Fundação Clinton para agir
contra problemas mundiais. Essa fundação inclui um fundo de pesquisa para pesquisa da
AIDS e HIV. A Clinton Global Initiative (CGI, ou "Iniciativa Global Clinton"), surgiu em 2005,
para trabalhar em questões como saúde pública, combate a pobreza e conflitos étnicos e
religiosos.[210] Ainda em 2005, Clinton sugeriu que se parasse de vender bebidas muito
açucaradas nas escolas.[211] A sua fundação também se juntou ao Grupo C40 de Grandes
Cidades para a Liderança Climática em 2006 para melhorar as interações entre os governos
na questão do clima e encontrou com líderes para promover esta iniciativa.[212] A fundação
recebeu muitas doações de governos pelo mundo, incluindo países da Ásia e do Oriente
Médio.[213] Em 2008, o diretor da fundação, o filantropo Inder Singh, anunciou um acordo
para reduzir o preço das drogas antimalária por 30% para nações em desenvolvimento.[214]
Clinton também foi favorável a California Proposition 87 a respeito de alternativas
energéticas, que foi vetado.[215]

Eleição presidencial de 2008

Durante as eleições primárias do Partido Democrata em 2008, Clinton apoiou


vigorosamente sua esposa Hillary Clinton. Fazendo discursos e angariando fundos, ele
levantou mais de US$ 10 milhões para a campanha dela.[216] Muitos afirmaram que a
campanha fracassada de Hillary, sendo derrotada por Barack Obama, afetou a imagem do
presidente, que apesar de popular, não conseguiu mobilizar os democratas para
apoia-la.[217] Foram reportados, durante a campanha brigas entre o pessoal do Bill e da
Hillary, especialmente na Pensilvânia.[218] Havia o medo de que, após a extensa e quente
primária, o partido poderia se dividir entre os apoiadores de Clinton (os centristas) e os de
Obama (mais inclinados com a esquerda política). Para afastar esse medo, em agosto de
2008, Clinton endossou Barack Obama na Convenção do Partido, dando um discurso
entusiasmado em seu apoio, falando que Obama estava "pronto para liderar".[219] Uma vez
encerrada a corrida presidencial de Hillary, Bill continuou a tentar angariar fundos para
pagar as dívidas da campanha.[220][221]

Após as eleições de 2008

Clinton com o então presidente Barack Obama e a conselheira da presidência Valerie Jarrett, em julho
de 2010.

Em 2009, Clinton viajou para a Coreia do Norte para pedir a libertação de duas jornalistas
americanos presos lá. Euna Lee e Laura Ling haviam sido detidas por ilegalmente entrar no
país, via China.[222] Jimmy Carter havia feito uma visita similar àquele país em 1994.[222] Bill
se encontrou com o líder norte-coreano, Kim Jong-il, e este concedeu perdão às duas
jornalistas.[223][224]
Após a visita a Coreia do Norte, Clinton foi enviado para outras missões diplomáticas. Ele
foi nomeado o enviado especial da ONU no Haiti em 2009.[18] Em resposta ao sismo do
Haiti de 2010, o presidente Barack Obama anunciou que Clinton e George W. Bush
lançariam um programa para angariar fundos para ajudar os haitianos.[225] Bill continuou a
visitar o Haiti para testemunhar a reconstrução das cidades haitianas e angariar mais
dinheiro para as vítimas.[226] Em 2010, ele anunciou apoio a fundação NTR, o primeiro
grupo focado apenas em meio ambiente na Irlanda.[227][228]

Na Convenção Nacional Democrata de 2012, Clinton discursou em apoio a reeleição de


Barack Obama. O discurso foi bem aceito. Dois meses depois, Obama foi reeleito.[229]

Hillary e a eleição presidencial de 2016

Bill Clinton na Convenção Nacional Democrata de 2016.

Durante a eleição presidencial de 2016, Bill Clinton encorajou os eleitores e seus


apoiadores a votar em sua esposa Hillary e fez vários discursos durante a campanha
dela.[230] Em uma série de tweets, o então presidente eleito Donald Trump criticou a
habilidade de Bill de convencer pessoas a ir e votar.[231] Clinton serviu como um membro do
colégio eleitoral no estado de Nova Iorque.[232] Ele votou na esposa Hillary e no candidato a
vice dela, Tim Kaine.[233] Os dois perderam para Donald Trump em novembro.

Eventos posteriores a 2016

Bill continuou ativo em questões sociais pelo país e no mundo. Em 7 de setembro de 2017,
após a derrota da esposa nas eleições, Clinton se juntou aos ex presidentes Jimmy Carter,
George H. W. Bush, George W. Bush e Barack Obama para trabalhar na organização sem
fins lucrativos One America Appeal para ajudar as vítimas dos furacões Harvey e Irma nas
comunidades na Costa do Golfo e no Texas.[234]
Durante a campanha das eleições presidenciais de 2020, Bill teve pouca participação,
falando na Convenção do Partido mas não realizando aparições públicas, muito devido a
Pandemia de COVID-19. Bill e Hillary endossaram a chapa de Joe Biden e Kamala Harris,
que acabaram vencendo a eleição.[235]

Questões de saúde

Em setembro de 2004, Clinton foi submetido a uma cirurgia de ponte de safena.[236] Em


março de 2005, ele foi submetido a mais uma intervenção cirúrgica por causa de um pulmão
parcialmente colapsado.[237] Em fevereiro de 2010, ele foi levado as pressas para o hospital
Columbia Presbyterian, em Nova Iorque, reclamando de dores no peito e teve dois stents
colocados nas suas artérias coronárias.[236][238] Depois disso, Clinton adotou a prática do
veganismo, por recomendação médica.[239]

Foi reportado que Clinton praticava meditação budista para ajudar ele a relaxar e melhorar
sua qualidade de vida.[240]

Fortuna

Bill Clinton em 1995

De origem humilde, Clinton deixou a Casa Branca ainda com uma situação financeira não
muito elevada financeiramente (devido a processos legais), mas nos anos seguintes ele e
sua esposa começaram a acumular riquezas.[241][242] Tanto Bill quanto Hillary Clinton
ganharam milhões lançando livros.[243] Em maio de 2015, o jornal The Hill reportou que o
casal Clinton havia ganho US$ 25 milhões fazendo discursos desde o começo de 2014.
Hillary só com seu livro Hard Choices ela acumulou US$ 5 milhões com as vendas.[244] Em
julho de 2014, o Daily Mail afirmou que, juntos, o casal conseguiu acumular uma fortuna de
US$ 160 milhões uma década após o segundo mandato de Bill ter terminado.[245] No
mesmo ano, o Wall Street Journal reportou que, ao fim de 2012, os Clintons ganharam entre
US$ 5 milhões e US$ 25,5 milhões, e que em 2012 mesmo (último ano que este tipo de
informação foi divulgada) o casal fez entre US$ 16 e US$ 17 milhões, sendo que a maioria
deste dinheiro foi ganho pelo ex-presidente fazendo discursos.[246] Já numa reportagem
feita pela ABC News e pelo The Washington Post afirmou que Bill Clinton fez pelo menos
US$ 100 milhões discursando e aparecendo em outros eventos públicos. O New York Times
disse que Bill tinha acumulado uma fortuna de US$ 109 milhões em oito anos (de 2000 a
2008), incluindo US$ 92 milhões de discursos e vendas de livros.[243][247][248][249]

Hillary Clinton disse que ela e Bill saíram da Casa Branca "quebrados" e endividados,
devido aos encargos legais e outros problemas que eles tiveram em Washington, D.C.. Ela
recordou: "Nós não tínhamos dinheiro quando chegamos lá [na Casa Branca], e tivemos de
juntar dinheiro para, você sabe, pagar hipotecas, casas, e a educação da Chelsea". Ela
completou dizendo que "Bill trabalhou muito duro... nós tivemos que pagar todas as nossas
dívidas... e ele teve que ganhar tudo em dobro por causa de, obviamente, os impostos; e
então pagar as dívidas, comprar uma casa e cuidar da família".[248]

Opinião pública

Os índices de aprovação de Clinton variavam entre 40% e 50% durante o seu primeiro
mandato. No segundo mandato, sua popularidade ficou acima de 50%, chegando a superar
60%.[250] Após o seu quase impeachment entre 1998 e 1999, seu índice de popularidade
chegou aos níveis mais altos enquanto ele estava no cargo, possivelmente puxado pela
divulgação de dados muito positivos da economia.[251] Uma pesquisa feita pela CBS, junto
com o jornal New York Times, disse que ele deixou a presidência com seu trabalho sendo
aprovado por 68% da população, que empatou com Ronald Reagan e Franklin D. Roosevelt
como os presidentes com mais altos índices de popularidade quando saíram do cargo.[252]

Os índices de aprovação de Bill Clinton durante sua presidência. Em azul o índice de aprovação e em
vermelho o de reprovação
Quando ele deixou a presidência, uma pesquisa feita pela CNN/USA TODAY/Gallup revelou
que 45% do eleitorado afirmou que ia sentir falta dele no cargo de presidente. Enquanto
55% dos entrevistados disseram que achavam que ele "ainda tem algo a contribuir e
deveria permanecer na vida pública"; 68% disseram que ele será lembrado também por
todos os "escândalos" que ocorreram na sua presidência; e 58% responderam "Não" a
pergunta "Você geralmente acha que ele é honesto e digno de confiança?". Já 47%
afirmaram que eram apoiadores do ex presidente. O mesmo percentual de pessoas
disseram que ele seria lembrado como um presidente "Excepcional" ou "acima da média",
enquanto 22% afirmaram que ele foi um presidente "abaixo da média" ou "ruim".[253]

Uma pesquisa feita pelo grupo Gallup, em fevereiro de 2007, pediu para que os seus
correspondentes dissessem quem era o maior presidente americano. Clinton ficou em
quarto lugar, com 13% da preferência dos pesquisados. Em uma outra pesquisa, feita um
ano antes pela Quinnipiac University Polling Institute perguntou quem era o melhor
presidente dos Estados Unidos desde a segunda guerra mundial e Bill Clinton ficou em
segundo lugar, atrás de Ronald Reagan. Contudo, na mesma pesquisa, quando perguntado
qual era o pior presidente desde o mesmo período, Clinton ficou em terceiro lugar, atrás de
Richard Nixon e George W. Bush.[254] Em maio de 2006, uma nova pesquisa feita pela rede
CNN comparou a performance de Clinton na presidência se comparado ao seu sucessor,
George W. Bush, e afirmou que a maioria da população acredita que Clinton foi um
presidente melhor que Bush.[255]

A rede de notícias ABC News afirmou, em 2001, que o consenso entre a população era que
Clinton "não era confiável, pois ele tinha valores éticos fracos, mas fez um bom trabalho na
presidência".[129]

Depois de deixar a presidência, Clinton atingiu índices de aprovação de 66%, a melhor


performance de um presidente do pós-guerra, três pontos à frente de Reagan e John F.
Kennedy.[256]

Em março de 2010, uma pesquisa da Newsmax/Zogby perguntou aos americanos qual dos
ex-presidentes ainda vivos estaria melhor preparado para enfrentar os problemas que a
nação enfrentava atualmente e por uma boa margem, a população escolheu Bill Clinton. Ele
foi preferido por 41% do povo, enquanto George W. Bush recebeu 15%, George H. W. Bush
7% e Jimmy Carter recebeu 5%.[257]

Uma pesquisa feita em 2015 pelo The Washington Post perguntou a 162 acadêmicos da
American Political Science Association para ranquear os presidentes dos Estados Unidos
por "grandeza". Clinton foi colocado na oitava posição (de 44), com 70%.[258]

Imagem pública
Clinton encontrando um refugiado após o Furacão Katrina, em setembro de 2005. Atrás dele,
segurando um casaco, está o então senador e futuro 44.º presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama.

Como o primeiro presidente baby boomer, Clinton foi o primeiro homem a ocupar a
presidência que não estava vivo durante a segunda guerra mundial.[259] Os autores Martin
Walker e Bob Woodward afirmaram que o estilo de dialogo de Clinton, seu carisma e
percepção pública foi um fator para os seus altos índices de popularidade.[260][261] Em 1992,
quando Clinton apareceu no The Arsenio Hall Show tocando o seu saxofone, ele foi descrito
por alguns conservadores como o "presidente da MTV". Mas os liberais de esquerda e a
população mais jovem se identificou com Bill, afirmando que ele humanizou a
presidência.[262] Oponentes se referiam a ele como "Slick Willie", um apelido dado a ele pela
primeira vez em 1980 pelo jornalista Paul Greenberg do Pine Bluff Commercial;[263]
Greenberg acreditava que Clinton estava abandonando as políticas progressistas dos seus
predecessores no posto de governador do Arkansas, como Winthrop Rockefeller, Dale
Bumpers e David Pryor.[263] A afirmação de que era um "Slick Willie" ficaria durante toda a
sua presidência.[264] Com uma altura de 1,88 m, Bill era o quarto mais alto presidente da
história da nação.[265][266] Seu jeito do interior o fez com que lhe dessem o apelido de
"Bubba", especialmente no sul do país.[267] Desde 2000, ele também tem sido chamado de
"The Big Dog" ou "Big Dog".[268][269]

Clinton com o presidente Donald Trump, Jimmy Carter, Barack Obama e George W. Bush no
sepultamento de George H. W. Bush.

Bill teve um papel proeminente na campanha a reeleição do Presidente Obama durante as


eleições gerais, após um grande discurso na Convenção Nacional Democrata de 2012,
onde ele apoiou incondicionalmente a nomeação de Obama e criticou o concorrente
republicano Mitt Romney e as políticas do partido dele, o que lhe rendeu o apelido de
"Explainer-in-Chief" ("Explicador-em-Chefe").[270][271]

Clinton teve bons índices de popularidade com as minorias, especialmente com a


comunidade afro-americana. Vários tópicos importantes para este grupo foram abordados
durante sua presidência.[272] Em 1998, a vencedora do Prêmio Nobel, Toni Morrison, disse
que Clinton foi o "primeiro presidente negro", afirmando que ele "mostrava todos os traços
de um negro: criado por só um dos pais, nascido pobre, classe trabalhadora, tocador de
saxofone, amante de comida tipo McDonald's do Arkansas".[273] Notando que a vida sexual
de Clinton era escrutinada mais do que suas conquistas, Morrison comparou isso aos
estereótipos e "dois pesos, duas medidas" que os negros têm que encarar.[273]

Vida pessoal

Aos 10 anos de idade, ele foi batizado na Igreja Batista Park Place em Hot Springs,
Arkansas.[274] Em 1980, após participar de uma peregrinação a Israel liderada pelo Pastor
W. O. Vaught, tornou-se membro de sua igreja, a Batista Immanuel Little Rock.[275] Quando
se tornou presidente em 1993, tornou-se membro da Igreja Metodista Unida Foundry em
Washington, D.C. com sua esposa metodista.[276]

Honras e prêmios

O Secretário de Defesa Cohen dá ao presidente Clinton uma medalha do Departamento de Defesa por
serviços distintos.

Várias faculdades e universidades deram a ele títulos honoríficos, incluindo legum


Doctor[277][278] e litterarum humanarum doctor.[279] Escolas receberam o nome de
Clinton,[280][281] e até estátuas foram erguidas em sua honra.[282][283][284] Ele recebeu honras
nos estados do Missouri,[285] Arkansas,[286] Kentucky e Nova Iorque.[287] Ele chegou a
receber, das mãos do secretário de defesa William S. Cohen uma medalha por serviços
distintos, em 2001.[288] O Clinton Presidential Center, que é a sua biblioteca presidencial, foi
aberta na cidade de Little Rock, no seu estado natal do Arkansas, em 5 de dezembro de
2001.[289]

Uma estátua de Bill Clinton erguida em Pristina, capital da República do Kosovo.

Ele também recebeu honras estrangeiras, incluindo dos governos da República Tcheca,[290]
Papua-Nova Guiné,[291] Alemanha,[292] e Kosovo.[282] Neste último o reconhecimento foi
maior, pois Clinton ajudou o país enquanto este estava em guerra. Ruas foram renomeadas
em sua honra, como na capital Pristina e foi erguida uma estátua dele por lá.[293][294][295]

Em 1992, Clinton foi nomeado como a "Pessoa do Ano" pela revista Time,[296] e novamente
em 1998, junto com Ken Starr.[297] Uma pesquisa feita pela Gallup em 1999, colocou Clinton
como uma das pessoas mais admiráveis do século XX.[298] Ele também recebeu prêmios
por sua contribuição em questões sociais e direitos dos LGBTs. Em novembro de 2013, o
então presidente Barack Obama lhe deu a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta
condecoração civil dada pelo governo americano.[299]

Wikipedia e seu antiamericanismo[editar


código-fonte]

É impressionante vermos o antimaericanismo que existe nessa enciclopedia que diz ser "livre".
Não são as pessoas que contribuem com os artigos, mas os censores que modificam e colocam
apenas textos que procuram difamar os Estados Unidos e seu povo como uma perseguição que
os nazistas faziam com os judeus.

O termo, "estadunidense", propalado pela esquerda e denunciado inumeras vezes como ato
anti-americano é constantemente vistos no texto da wikipedia que esta em contradição com a
norma portuguesa que utiliza o termo "americano". Tanto isso é verdade, que o comum é
escutarmos "americanos" e não "estadunidenses".

Querer usar a WIKIPEDIA como meio de publicidade político-ideológica é minar o futuro da


liberdade de informação na rede. Espero que os "censores" possam ter mais posições
pragmáticas e menos ideológicas. —o comentário precedente não foi assinado por 201.15.79.39
(discussão • contrib.) Leandro Martinez msg 17h43min de 2 de Janeiro de 2008 (UTC)

Essa é a sua visão. Creio que você não pode falar muito pq tenta susbtituir estadunidense por
americano, só que se esquece de que todos os que moram na américa são americanos...
Leandro Martinez msg 17h42min de 2 de Janeiro de 2008 (UTC)

● Não há nenhum tipo de ideologismo no gentílico estadunidense, esse adjetivo é


utilizado na língua escrita e utilizá-lo não significa ser esquerdista, significa respeitar
os outros americanos (argentinos, brasileiros, mexicanos, canadenses
etc.)--Kekoalmeida (discussão) 20h55min de 8 de março de 2012 (UTC)[responder]

Também Discordo dessa sua visão que o termo estadunidense é antiamericano. Considero
estadunidense como o mais adequado para definir os moradores e outras coisas relacionadas
aos EUA. Os termos norte-americano e americano, podem gerar confusão, pois os mexicanos e
os canadenses também são norte-americanos, e todos os países da América (continente) são
americanos. Ianque, este sim, é um termo preconceituoso e antiamericano, de origem
preconceituosa e disseminado pelo marxismo. Ednaldo Lopes (discussão) 19h03min de 9 de
junho de 2012 (UTC)[responder]

estadunidense é quem nasce nos Estados Unidos da América.

Americano é quem nasce no CONTINENTE AMERICANO Vidal dos Negreiros


(discussão) 13h57min de 19 de junho de 2020 (UTC)[responder]

"Bush pai"[editar código-fonte]


que tal ser um pouco mais sério? xD —o comentário precedente não foi assinado por 201.15.79.39
(discussão • contrib.) Leandro Martinez msg 17h43min de 2 de Janeiro de 2008 (UTC)

Vegetarianismo[editar código-fonte]
Que tal incluirmos Bill Clinton na categoria vegetarianos dos Estados Unidos? Não vou colocar
uma fonte no corpo do artigo para não dar peso indevido. Antes que me revertam, aqui está uma
fonte, fiável, por sinal:
http://www.istoe.com.br/reportagens/121059_VEGETARIANOS+IMPROVAVEISEdnaldo Lopes
(discussão) 18h52min de 9 de junho de 2012 (UTC)[responder]

Tem outra fonte que não essa? Isso daria mais veracidade e confiabilidade ao que você
Talk to Me
esta dizendo. Coltsfan 19h06min de 9 de junho de 2012 (UTC)[responder]
Categoria:

​ !Artigos sobre políticos por reavaliar

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