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DESIGN DE MÓVEIS

AULA 6

Prof. Clécio Zeithamer


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, estudaremos assuntos bem abrangentes, envolvendo alguns materiais como pedras e

vidros para Design de Móveis para Interiores. Também mostraremos exemplos de três projetos

diferentes nos últimos três temas, sendo que dois desses projetos são exemplos reais de projetos de

interiores. Dessa forma, ao longo desta aula, estudaremos:

mármore e granito;

vidro;
exemplo de projeto de móveis sob medida;

exemplo de projeto de móvel em madeira e metal; e

exemplo de projeto de móvel com madeira natural.

CONTEXTUALIZANDO

Até o momento, abordamos uma quantidade enorme de assuntos relacionados a áreas de

Arquitetura e Design de Móveis para Interiores. Sendo assim, estudamos metodologia de projeto, os

tipos de processo produtivo para móveis, tecnologias de produção, tabela antropométrica,


nomenclatura de peças, tipos de aberturas de portas e sobreposições, madeiras processadas e

reconstituídas, madeiras naturais, encaixes, materiais metálicos, acabamentos, ferragens, entre outros

assuntos. Ainda aprenderemos sobre pedras e vidros. Dessa forma, do tema 3 em diante, iremos

analisar de maneira mais avançada três projetos de móveis para interiores, dos quais dois são casos

reais de clientes. Dessa maneira, unindo a teoria com os exemplos práticos, você poderá se aproximar

mais realisticamente do mundo profissional e assimilar de maneira mais aprofundada os conteúdos

abordados nestes estudos.

TEMA 1 – MÁRMORE E GRANITO


Mármore e granito são pedras muito resistentes e de grande efeito estético. Por isso, são
amplamente empregadas em projetos de interiores residenciais e comerciais, seja para revestimentos

de pisos e escadas, seja para paredes ou mobiliário. Também podem ser comercializadas em chapas
de grandes dimensões, o que melhora muito o acabamento final do ambiente, pois são cortadas no

tamanho desejado e, assim, reduzem a quantidade de emendas. Mas quando se fala em mármore e

granito, uma dúvida costuma surgir: qual é a diferença entre essas duas pedras?

A primeira grande diferença entre cada uma delas está em seu aspecto visual, pois, devido à
constituição e distribuição interna de minerais, o granito possui um padrão de cor mesclado, como se

existissem várias “pedrinhas” de cores variadas internamente (figura 1). A outra grande diferença é

que o granito é mais resistente que o mármore.

Figura 1 – Foto mostrando amostras de granito

Crédito: StudioDin/Shutterstock.

O granito é uma rocha magmática composta principalmente por três minerais: feldspato, quartzo

e mica, que proporcionam um visual único para este material, além de grande resistência a riscos

(Soares, 2013). Sua dureza em Mohs[1] é considerada alta, entre 6 e 7. Também apresenta baixa

porosidade e, consequentemente, absorve pouca água, reduzindo, assim, os riscos de manchas. Por
todos esses atributos, o granito é indicado para áreas externas e internas de uso intenso, como
bancadas de áreas de serviço e cozinhas (Rossi, 2021).

Os padrões de granitos são definidos pelas cores existentes, sendo que a variação de

pigmentação e tons ocorre em função dos minerais presentes. No mercado, encontramos granitos em

tons bege, cinza, amarelo, rosa, vermelho, marrom, verde, preto, entre outros (figura 2). Os padrões

de granito que possuem tons mais uniformes – como “Preto Absoluto” – são mais raros e, por isso,

apresentam preços mais elevados.

Outros nomes conhecidos de granito são: Verde Ubatuba, Preto São Gabriel, Cinza Andorinha,

Amarelo Ornamental, entre outros.

Figura 2 – Foto mostrando cozinha com tampo de granito

Crédito: Artazum/Shutterstock.

O mármore, por sua vez, é uma rocha metamórfica, ou seja, criada pela mutação de outras rochas

sedimentares compostas principalmente por calcita e dolomita em diferentes proporções, o que

determina as diferenças de dureza e cor da pedra. O mármore, diferentemente do granito, apresenta

uma coloração mais uniforme, muitas vezes com desenhos de veios bem definidos (figura 3).
Figura 3 – Foto com amostras de mármore

Crédito: Sergei Sarychev/Shutterstock.

O mármore é mais poroso e menos resistente que o granito, assim, é mais propenso à formação

de manchas e à absorção de gordura. Sendo assim, o mármore deve ser empregado em ambientes

internos, em áreas que não apresentam uso intenso, pois desgasta-se com mais facilidade. Sua dureza

em Mohs é considerada intermediária, entre 3 a 4 (Demartini, 2017; Rossi, 2021). Geralmente, os


mármores apresentam preços mais elevados que os granitos. Um tipo de mármore muito cobiçado e

utilizado em projetos de interiores é o Mármore Carrara (figura 4).

Figura 4 – Foto mostrando banheiro com revestimento de paredes e piso em Mármore Carrara
Crédito: Karnavalfoto/Shutterstock.

Outra modalidade de pedra para uso em projetos de Interiores são as Rochas Artificiais, ou seja,

produtos executados por meio da mistura de uma grande porcentagem de partículas naturais com

uma pequena quantidade de polímero. Essas Rochas Artificiais, também conhecidas como Mármores

Artificiais, apresentam melhores propriedades mecânicas que as pedras naturais, pois suas taxas de
porosidade são mais baixas e, dessa forma, absorvem menos água que o mármore ou o granito.

Também apresentam grande uniformidade de estrutura e cor (figura 5).

Figura 5 – Foto mostrando cozinha com tampo de Mármore Artificial


Crédito: Breadmaker/Shutterstock.

Por conta de todas essas vantagens, o Mármore Artificial é cada vez mais empregado em

projetos de interiores, podendo inclusive ser utilizado em ambientes e locais de uso mais intenso,

como bancadas de cozinhas, pois a absorção de água do Mármore Artificial é inferior a 0,06%,

reduzindo, assim, a ocorrência de manchas (Demartini, 2017).

O Brasil é um dos maiores produtores de rochas ornamentais do mundo, e, em função disso, é

também um enorme produtor de resíduos dessas pedras. Grande parte destes resíduos são criados

durante a extração e a produção das chapas de pedra, e, muitas vezes, acabam poluindo o meio

ambiente. Sendo assim, o Mármore Artificial, além de ser muito atrativo esteticamente pela sua

uniformidade de cor, é mais impermeável que as pedras naturais e é amigo do meio ambiente, pois

contribui para reduzir os impactos ambientais (Demartini, 2017).

1.1 TAMPOS DE COZINHA

Os Granitos Naturais ou Mármores Artificiais são uma ótima alternativa para emprego em tampos

de cozinha, pois podem ter acabamentos engrossados na parte frontal, dando uma impressão de

maior espessura, uma vez que as pedras para tampos são encontradas normalmente na espessura de

2 cm.
Também é usual a execução de um rebaixo de 2 cm no tampo em torno da cuba para conter a
água no momento de uso da torneira, bem como para apoiar escorredores de louça. Tais rebaixos são

conhecidos como guarnições. Quando a bancada está encostada em alguma parede e possui tampo
de pedra, é importante também fazermos um acabamento que chamamos de Rodapia ou Frontão,

que normalmente tem entre 7 e 10 cm de altura, porém outras medidas podem ser empregadas.

Todos esses detalhes podem ser vistos nas figuras 6 e 7.

Figura 6 – Perspectiva mostrando tampo com acabamentos tipo Guarnições e Rodapia

Fonte: Imagem desenvolvida pelo autor com o software Sketchup.

Os engrossamentos em conjunto com as Guarnições podem apresentar arredondamentos

frontais e variações de espessura, conforme vemos na figura 7.

Figura 7 – Desenho esquemático em corte de acabamentos para tampos e Guarnições


Fonte: Imagem desenvolvida pelo autor, com o software Corel Draw, baseado em RSR, 2021.

Para execução de tampos de cozinha, uma dica interessante é montar primeiro os móveis e

somente após essa etapa fazer as medições finais para execução dos tampos pela empresa que irá

executar as bancadas de pedra. Esse procedimento é importante porque as paredes costumam

apresentar desníveis e desalinhamentos, e, em função disso, os móveis no momento da montagem


podem precisar de ajustes e alterações para se adaptar a essas irregularidades. Porém, isso também

não é uma regra, pois existem situações em que há pouco tempo para execução e montagem do
ambiente.

Nesses casos, móveis e tampos precisam ser executados e montados ao mesmo tempo, o que

exige um rigor maior nas medições e projeto, prevendo possíveis ajustes, tanto no móvel como na

pedra.

Normalmente, os tampos de pedra ficam apoiados sobre os móveis, e, por serem muito pesados,

o mobiliário precisa estar perfeitamente instalado e estável em sua posição. Em alguns casos, os

tampos são instalados antes dos móveis, dessa forma, normalmente ficam apoiados em estruturas

metálicas reforçadas, conhecidas como mãos francesas. Uma opção muito interessante para cubas de

cozinhas ou banheiros é executá-las com a mesma pedra em que foi executado o tampo, pois isso

transmite uma sensação de unidade, como se a cuba tivesse sido esculpida no próprio tampo,

conforme mostra a figura 8.


Figura 8 – Foto mostrando cuba executada na mesma pedra do tampo

Crédito: Karnavalfoto/Shutterstock.

TEMA 2 – VIDRO

De uma maneira simplificada, podemos dizer que o vidro é um material inorgânico de fusão,

transparente, que se tornou rígido pelo processo de resfriamento. É composto principalmente de

sílica, em uma porcentagem de 74%, e sódio, com 12%, entre outros elementos, sendo que a sílica é

um componente encontrado em abundância na areia (Coelho, 2009).

Antes de o vidro ser produzido pelo homem, ele já existia na natureza resultante da união de

elementos da crosta terrestre. E, dessa forma, os vidros podem ser de origem natural ou sintética

(Souza, 2021).

Vidro natural: formado por meio de rochas vulcânicas, também conhecido como rocha vítrea.

Relatos indicam que a rocha vítrea já era utilizada pelos homens pré-históricos em amuletos e

armas rudimentares, em 8000 a.C.

Vidro Sintético: acredita-se que foi descoberto por acaso por volta de 4000 a.C., por meio de

fogueiras acesas na praia, em que a sílica e outros componentes presentes na areia se

transformaram em vidro pela ação do calor do fogo. Na Idade Média, o vidro já era amplamente

empregado em igrejas, principalmente nos vitrais. Devido aos inúmeros atrativos e


características positivas que o vidro possui, tornou-se um material muito apreciado e

indispensável na sociedade contemporânea para variados empregos, na arquitetura, mobiliário,

carros, adornos, utensílios domésticos, frascos, entre outros (figura 9).

Figura 9 – Foto mostrando mesinha de centro em madeira, metal e tampo de vidro

Crédito: mmstudiomk/Shutterstock.

Sendo assim, o vidro é um material que pode ser liso e com ótima transparência, de alta

durabilidade e dureza, impermeável e com alta resistência à grande parte de solventes e ácidos, além

de ser ótimo isolante elétrico. Outra vantagem do vidro é que ele pode ser reciclado facilmente,
embora isso não seja possível para todos os tipos de vidros, como é o caso dos vidros planos e de

lâmpadas fluorescentes. Como desvantagem, podemos apresentar a fragilidade do vidro, pois,

geralmente, quebra-se com facilidade (Coelho, 2009; Souza, 2021).

O mercado oferece hoje uma gama enorme de tipos de vidro, principalmente para Arquitetura e

Design de Interiores, sendo: vidros planos lisos ou com texturas, vidros impressos, vidros antirreflexo,

vidros refletivos, vidros laminados, vidros temperados, vidros aramados, vidros coloridos, vidros

curvos, além dos espelhos, que são fabricados com vidros comuns. É possível também encontrar uma

grande variedade de vidros com texturas em diversos modelos, conforme pode ser visto na figura 10,

alguns inclusive coloridos.

Figura 10 – Foto mostrando três modelos de vidros texturizados


Crédito: Kelly vanDellen/Shutterstock; ParamePrizma/Shutterstock; Piyawan Tantibankul/Shutterstock.

Com relação a vidros de segurança, podemos citar três tipos muito empregados para Design de

Interiores e Arquitetura, sendo: o Vidro Temperado, o Laminado e o Aramado. O Vidro Temperado é

aquecido em um forno a altas temperaturas e, na sequência, passa por um rápido resfriamento, o que

causa um significativo aumento de sua resistência devido à compactação das camadas superficiais.

Esse aumento da resistência pode chegar a cinco vezes mais que os vidros comuns.

Outra vantagem do Vidro Temperado é que se acontecer de quebrar, forma cacos pequenos e

não cortantes. É muito empregado em tampos de trabalho e mesas, grandes portas com vidro e em
box para banheiros. Como desvantagem, podemos dizer que, após o vidro passar pela etapa

de têmpera, não poderá mais ser recortado, furado ou receber acabamento de lapidação em suas

bordas.

O Vidro de segurança Laminado possui camadas alternadas de lâminas de vidro com lâminas

plásticas.

É empregado em claraboias, vitrines e também em para-brisas de automóveis, entre outras

situações. Caso o Vidro Laminado venha a se romper, as lâminas alternadas de plástico mantêm os

cacos de vidro presos no local, reduzindo os riscos de acidente.

O terceiro modelo de Vidro de segurança, o Aramado, possui uma malha metálica quadriculada

incorporada à placa de vidro. Ele é translúcido, e, caso haja rompimento da chapa de vidro, a malha
segura os cacos de vidro, reduzindo os riscos de corte, além de manter o vão protegido pela malha

metálica que se mantém presa à esquadria (figura 11). Esse tipo de vidro é muito empregado em
escadas de emergência, pois, em caso de incêndio, se os vidros quebrarem com o calor, não irão

projetar cacos de vidro no espaço. Em Design de Interiores, pode ser uma opção de uso para portas

de móveis devido ao seu desenho quadriculado, podendo criar um aspecto interessante ao


mobiliário.

Figura 11 – Foto mostrando Vidro Aramado

Crédito: Zholobov Vadim/Shutterstock.

Os vidros comuns podem, ainda, ser beneficiados ou decorados com bisotês, furos, jateamento,

pintura, entre outros. O bisotê é um acabamento estético executado por meio de um sistema de

usinagem que faz um rebaixamento chanfrado nas bordas do vidro, muito empregado em espelhos e

pequenos vidros de portas quadriculadas. Os vidros também podem ser furados para diversas

situações, como para a fixação em paredes ou mobiliário, por meio de parafusos e ferragens de
acabamento. Porém, existem algumas regras para execução desses furos, sendo que o diâmetro dos

furos precisa ser igual ou maior que a espessura do vidro. Para furos muito próximos de cantos e

bordas, recomenda-se que a distância da borda do vidro até os furos seja igual ou maior que seis

vezes a espessura desse vidro.


Figura 12 – Ilustração mostrando vidro com bisotê em todas as bordas, cantos arredondados[2] e

quatro furos com acabamento metálico

Crédito: ZASIMOV YURII/Shutterstock.

O jateamento de vidros pode ser feito por meio de uma técnica de lançamento de grãos de areia

em alta velocidade contra o vidro, deixando-o com um efeito opaco e fosco. Por isso leva o nome de

jateamento. Pode ser feito também por meio de produtos químicos, porém hoje está cada vez mais
sendo substituído por adesivos que imitam o efeito jateado dos vidros, podendo inclusive ter recortes

de desenhos e letras conforme mostra a figura 13.

No caso de adesivos, se houver algum recorte interno, pode ser executado em empresas que

possuam plotters de recorte. O seu uso é interessante para lugares onde se necessita de privacidade,

sem impedir a entrada de luz, como divisórias de ambientes, janelas de banheiro etc. Também é

interessante em portas de vidro, como faixas de indicação de que ali existe um vidro, buscando evitar

acidentes.

Figura 13 – Foto mostrando vidro com adesivo padrão jateado com recorte vazado internamente
Crédito: Life and Times/Shutterstock.

Os vidros planos podem ser encontrados no mercado normalmente nas espessuras entre 2 e 25

mm. Outras espessuras maiores podem ser encontradas para construção civil, porém não são tão

comuns. Os vidros podem vir coloridos de fábrica, o que pode ser feito de várias formas, como pela

adição de alguns elementos antes da fundição, pintados com tintas especiais, ou então pode ser o

vidro laminado, que, além da opção incolor, pode ser colorido (figura 14).

Neste caso, as cores dos vidros são obtidas por meio da camada de material plástico existente

internamente. O mercado oferece uma gama enorme de cores que podem ser transparentes ou

translúcidas. Outra vantagem dos vidros laminados é que são melhores isolantes térmicos e acústicos

que o vidro comum.

Figura 14 – Foto com amostras de vidros coloridos


Crédito: mbrphoto/Shutterstock.

Além dos inúmeros tipos de vidro, o mercado oferece também uma variedade enorme de

ferragens para fixação de vidro em paredes ou mobiliário, podendo ser com o vidro furado ou não. As

opções são de suportes, mãos francesas, pitões, espaçadores, acabamentos para parafusos ou então
perfis de alumínio para fixação de vidros e execução de portas e armários. Em caso de espelhos,

podem também ser fixos por meio de cola em paredes ou móveis. Na figura 15, é possível ver foto de

vidro fixado em parede por meio de suporte metálico sem necessidade de furos no vidro.

Figura 15 – Foto mostrando vidro com suporte metálico fixo em parede


Crédito: Who is Danny/Shutterstock.

TEMA 3 – EXEMPLO DE PROJETO DE MÓVEIS SOB MEDIDA

Agora que já estudamos metodologia de projeto, os tipos de processos produtivos para móveis,

tecnologias de produção, tabela antropométrica, nomenclatura de peças, tipos de aberturas de portas

e sobreposições, madeiras processadas e reconstituídas, madeiras naturais, materiais metálicos,

pedras, vidros, acabamentos, ferragens, entre outros assuntos, já podemos analisar de maneira mais
avançada o método para se executar um projeto de interiores. Sendo assim, iremos fazer isso

demonstrando um caso real de um cliente que solicitou o projeto de uma sala integrada com cozinha,

em que foram aplicados vários processos já estudados anteriormente.

Desta maneira, conforme demonstrado em outro momento, sobre a etapas para

desenvolvimento de um ambiente, o primeiro passo é levantar o problema (etapa 1), ou seja,

identificar as necessidade do cliente. No caso que iremos estudar, o cliente pediu uma integração

total de vários ambientes, sendo: cozinha, sacada com churrasqueira, sala de estar e jantar em um

único espaço. O cliente também precisava que esse espaço tivesse fogão de quatro bocas tipo

cooktop com exaustor, uma geladeira grande, micro-ondas e forno, mesa para seis pessoas, sofá de

quatro lugares, espaço para TV, aparelhos de internet e TV a cabo, além de lugares para guardar toda

a louça, talheres, panos de prato, panelas, entre outros acessórios.


Uma vez identificadas essas necessidades, foi executado o levantamento de dados (etapa 2) por
meio da medição do espaço e dos objetos existentes e que seriam utilizados no ambiente, como

eletrodomésticos, eletrônicos, entre outros.

Alguns equipamentos foram adquiridos novos, e, devido a isso, suas dimensões foram levantadas
por meio de manuais técnicos dos produtos. Fotos do espaço foram efetuadas também para sanar

futuras dúvidas, além das dimensões de pontos de elétrica e de hidráulica que foram anotadas. Feito

tudo isso, partiu-se para a geração de alternativas (etapa 3) por meio da execução de Planta Baixa
(Vista Superior) do espaço e estudo de layout dos móveis, conforme mostra a figura 16.

Observe que todas as paredes foram desenhadas em linha grossa, e os móveis com linhas finas,

colocadas as cotas com as principais dimensões dos móveis e também dos espaços de circulação.

Sendo assim, foi acrescentado de forma harmônica no ambiente todos os itens que o cliente solicitou.

Optou-se por uma mesa redonda, pois esse formato melhora a circulação no espaço. Também foi

sugerido um balcão em “L” de forma a servir tanto como apoio para a mesa de jantar como para a
sala de estar, com local para a TV.

Figura 16 – Planta Baixa e estudo de móveis do ambiente integrado

Fonte: Acervo de Cristiana Miranda, projeto desenvolvido com o software Auto Cad.
Uma vez apresentado ao cliente, percebeu-se que não seria necessário executar outras
alterativas, pois ele já havia gostado bastante da primeira opção.

Sendo assim, partiu-se para a etapa 4, que é a seleção da alternativa (neste caso, só havia uma

alternativa) para a elaboração das representações em 3D (perspectivas) do ambiente (figura 17).

Figura 17 – Perspectiva e estudo de móveis do ambiente integrado

Fonte: Acervo de Cristiana Miranda, projeto desenvolvido com o software Sketchup.

Como o cliente demonstrou gostar de estilo contemporâneo e desejava um espaço acolhedor,


fácil de limpar e sem excesso de informações, optou-se, então, por cores neutras, alguns móveis

suspensos com acabamento amadeirado e outros soltos de produção seriada (figuras 17 e 18).

Figura 18 – Perspectiva e estudo de móveis do ambiente – móveis cozinha


Fonte: Acervo de Cristiana Miranda, projeto desenvolvido com o software Sketchup.

Uma vez apresentado e aprovado pelo cliente a Planta Baixa (representação 2D) e as perspectivas
(representações 3D), parte-se para a próxima etapa (5), que é o desenvolvimento, contendo os

detalhamentos técnicos para a produção, com desenhos de conjunto, projeções com dimensões,

cortes e detalhes ampliados. Lembrando que para projeto executivo de interiores, não é necessário

desenhar peça por peça, e sim as vistas dos ambientes contendo os móveis montados.

Nesta etapa, o cliente solicitou apenas uma alteração, que foi a troca de posição do micro-ondas,

que saiu do armário superior e foi colocado embaixo do fogão (tipo cooktop), conforme poderá ser

verificado nos desenhos apresentados na sequência. Conforme já mencionado, é importante estar

com o projeto analisado e aprovado pelo cliente antes de passar para as etapas seguintes. A Planta

Baixa (Vista Superior) com o layout dos móveis faz parte também do detalhamento técnico, porém,

essa etapa precisa ser mais elaborada que a primeira, pois precisa apresentar informações

importantes para a execução, contendo dimensões extras e apontando detalhes construtivos,


conforme mostra a figura 19.

Figura 19 – Planta Baixa e Detalhamento Técnico dos móveis


Fonte: Acervo de Cristiana Miranda, projeto desenvolvido com o software Auto Cad.

Observe que na Planta Baixa do detalhamento técnico foram indicadas as Vistas (Elevações) A, B,

C e D, conforme é possível verificar nos desenhos a seguir. Na sequência, a Elevação C (figura 20)

contém a vista frontal da churrasqueira e do forno. Uma perspectiva foi acrescentada à prancha de
desenho de forma a melhorar o entendimento do projeto pela marcenaria e marmoraria.

Figura 20 – Elevação C – detalhe área da churrasqueira


Fonte: Acervo de Cristiana Miranda, projeto desenvolvido com o software Auto Cad e Sketchup.

A Elevação D a seguir (figura 21) apresenta a vista frontal e superior dos armários da cozinha.

Observe que foram indicados alguns materiais, como a rodapia em granito e o material e acabamento

dos móveis.

Também foram indicados os puxadores e o recorte na lateral do armário para respiro do micro-

ondas, entre outros.

Figura 21 – Elevação D – detalhe dos armários da cozinha


Fonte: Acervo de Cristiana Miranda, projeto desenvolvido com o software Auto Cad.

Na figura 22, segue detalhamento do balcão em “L”. Observe que ele possui um corte e um

detalhe ampliado do balcão.

Figura 22 – Elevação A e B e Corte 2 – detalhe balcão em “L” sala estar/jantar


Fonte: Acervo de Cristiana Miranda, projeto desenvolvido com o software Auto Cad.

Por fim, a parte mais gratificante de um projeto: a conclusão do ambiente e a entrega final para o

cliente. Como você pode perceber, o resultado ficou muito parecido com as perspectivas (figura 23).

Figura 23 – Foto do ambiente integrado – sala de estar e jantar


Fonte: Acervo de Cristiana Miranda.

A seguir, na figura 24, vemos a foto de outro ângulo do ambiente integrado.

Figura 24 – Foto do ambiente integrado – sala de estar/jantar e cozinha

Fonte: Acervo de Cristiana Miranda.

Figura 25 – Foto do ambiente integrado – jantar, cozinha e churrasqueira


Fonte: Acervo de Cristiana Miranda.

Na figura 26, vemos a gaveta com corrediça telescópica planejada para receber parte da louça.

Figura 26 – Foto do ambiente integrado – detalhe gaveta balcão

Fonte: Acervo de Cristiana Miranda.


Observe que nos projetos também foram previstos recortes nos móveis para tomadas, entre

outros tipos de acessos para a parte elétrica, sendo assim, é importante que cada informação dos

projetos apresentados aqui seja analisada. Dessa forma, será possível entender bem como executar
um projeto de móveis para interiores.

Outro detalhe importante desse projeto é que o detalhamento técnico executivo possui móveis

em madeira e outras peças em granito, como tampos, rodapia e laterais de balcão ao lado do forno.

Então, um projeto para interiores precisa contemplar todas as peças que fazem parte do móvel no
ambiente, seja um tampo em pedra, prateleiras de vidro ou estofados.

No próximo tema, apresentamos uma sugestão de como conduzir um projeto, porém isso pode

variar em função da experiência e estilo de trabalho de cada profissional. Inclusive, sobre a geração de

alternativas, pode ser apresentada uma ou mais sugestões para o cliente escolher, o que depende

muito de cada situação, da complexidade do trabalho e da forma como o Designer de Interiores ou

Arquiteto quer conduzir o trabalho. De qualquer forma, é importantíssimo sempre fazer os ajustes
solicitados pelos clientes e não passar para uma etapa seguinte sem que a anterior esteja totalmente

aprovada pelo cliente.

TEMA 4 – EXEMPLO DE PROJETO DE MÓVEL DE MADEIRA E METAL

Chegou o momento de analisarmos um ambiente comercial contendo mobiliário com dois tipos
de materiais, sendo de madeira reconstituída e de metal. Trata-se também de um caso real de uma

sala de aula para um Curso de Especialização Odontológica, contendo várias mesas, cada uma para

dois alunos, pois o objetivo do ambiente é proporcionar estudo em grupo. Além dessa mesa, o

ambiente contém outros móveis: uma mesa em “L” para o professor, armário, estante, gaveteiros,

entre outros. Como já estudamos a execução do projeto de um ambiente inteiro no tema anterior,

neste momento iremos explanar um item do ambiente, que, no caso, será a mesa do aluno. O

objetivo deste tema é que você aprenda a executar um projeto de mobiliário com madeira e metal

para Design de Interiores.

Na figura 27, podemos visualizar a Mesa do Aluno com dois lugares, contendo estrutura metálica,

corpo e painel frontal em madeira e duas gavetas.


Figura 27 – Perspectiva Frontal e Posterior da Mesa do Aluno

Fonte: Acervo de Clécio Zeithamer, projeto desenvolvido com o software SketchUp.

Na figura 28, segue uma Perspectiva Explodida da mesa para que você entenda de forma mais
precisa como é estruturado todo o mobiliário.

Figura 28 – Perspectiva Explodida da Mesa do Aluno


Fonte: Acervo de Clécio Zeithamer, projeto desenvolvido com o software SketchUp.

Conforme já mencionado, para a execução de um móvel para interiores, não precisamos

desenhar cada peça do móvel, porém precisamos fazer as Vistas do ambiente com os móveis
montados e de alguns detalhes importantes para o bom entendimento dos profissionais que irão

executar esse ambiente. Neste caso, como trata-se de um produto solto, ou seja, que não está

embutido no espaço, foi executado Vistas da Mesa do Aluno e de alguns detalhes desse produto,
conforme veremos na sequência.

Sendo assim, a figura 29 contêm a Vista Lateral Direita e Posterior da Mesa. Não houve a

necessidade da Vista Superior e Frontal, pois já é possível compreender bem o produto com as duas

projeções apresentadas.

Figura 29 – Detalhamento Técnico da Mesa do Aluno

Fonte: Acervo de Clécio Zeithamer, projeto desenvolvido com o software SketchUp.

Como se trata de um móvel executado em madeira e metal, além de detalhar as peças que irão

para a marcenaria, precisamos detalhar também as partes que serão executadas pela serralheria, além

do desenho de conjunto, (figuras 27, 28 e 29), para que seja possível entender as partes e o todo do

produto. Na figura 30, temos uma perspectiva da estrutura metálica, apontando materiais, furação e

fixação por meio de solda.


Figura 30 – Perspectiva da estrutura metálica da Mesa do Aluno

Fonte: Acervo de Clécio Zeithamer, projeto desenvolvido com o software SketchUp.

Na figura 31, temos a Vista Frontal e Lateral Esquerda da estrutura da mesa, agora contendo
todas as dimensões, indicação de furos e materiais. Observe que nesse produto foi empregado

metalon (30 x 50 mm) e barra chata de aço carbono, sendo possível fazer uma relação com o

conteúdo aprendido em outra ocasião. A escolha de qual Vista executar vai depender de cada

situação e do que o Designer de Interiores ou Arquiteto considerar importante mostrar. No caso da

figura 29, optou-se por uma Vista Posterior, porque era importante mostrar as gavetas, e, na figura

31, optou-se pela Vista Frontal para mostrar melhor a posição das travessas.

Figura 31 – Detalhamento Técnico da estrutura metálica da Mesa do Aluno


Fonte: Acervo de Clécio Zeithamer, projeto desenvolvido com o software SketchUp.

Algumas peças devem ser detalhadas à parte para que os profissionais que irão executar os

móveis entendam como solucionar alguns encaixes e detalhes, como é o caso do Painel Lateral da

mesa, conforme mostrado na figura 32.

Figura 32 – Detalhamento Técnico do Painel Lateral da Mesa do Aluno

Fonte: Acervo de Clécio Zeithamer, projeto desenvolvido com o software SketchUp.


E, por fim, seguem fotos do ambiente pronto, conforme mostram as figuras 33 e 34, contendo a
Mesa do Aluno detalhada e outros móveis.

Figura 33 – Foto frontal do ambiente pronto

Fonte: Dental Design School.

Figura 34 – Foto posterior do ambiente pronto


Fonte: Dental Design School.

TEMA 5 – EXEMPLO DE PROJETO DE MÓVEL COM MADEIRA


NATURAL

Neste tema, demonstraremos um móvel para ser executado em madeira natural e com sistema

de encaixes, conforme explanado em outra ocasião. Para esse produto, serão empregados como

ferragem apenas quatro parafusos para fixação de todo o conjunto. Sendo assim, na figura 35,

mostramos a Perspectiva do móvel que será estudado neste tema. Trata-se de um banco que foi

batizado pelo nome CA (Comfortable Assembly). Observe que o Banco está como uma proposta para

execução em três tonalidades diferentes, podendo ser feito de três madeiras diferentes, porém da

mesma região e compatibilidade, ou com a mesma madeira, com tingimento em três tons diferentes.

Figura 35 – Perspectiva do Banco CA

Fonte: Acervo de Clécio Zeithamer, projeto desenvolvido com o software SketchUp.

Na sequência (figura 36), as Vistas do Banco CA com as dimensões. Neste caso, como se trata de

um móvel solto e executado totalmente com peças encaixadas, foram colocadas apenas as medidas

externas do produto montado, pois será detalhado peça por peça posteriormente, em que cada parte

terá suas dimensões cotadas.


Figura 36 – Vistas do Banco CA

Fonte: Acervo de Clécio Zeithamer, projeto desenvolvido com o software SketchUp.

Podemos ver na Perspectiva Explodida da figura 37 que o móvel foi projetado com apenas quatro

tipos de peças, sendo: Colunas, Travessas, Longarinas e Pinos, além dos parafusos. As travessas se

dividem em dois modelos, cada qual com uma pequena diferença. A Travessa Externa do Banco CA

possui dois furos na borda superior para fixação dos parafusos, e a Travessa Interna, dois furos laterais

para encaixe dos pinos de madeira.

Figura 37 – Perspectiva Explodida do Banco CA


Fonte: Acervo de Clécio Zeithamer, projeto desenvolvido com o software SketchUp.

Como se trata do projeto de um móvel exclusivo envolvendo encaixes de madeira com algumas

soluções específicas desse produto, é importante executar o detalhamento completo, peça por peça,

conforme pode ser visto na figura 38. Aqui, estamos demonstrando o detalhamento de apenas uma

peça, no caso, a coluna, para que você entenda como proceder em um móvel desse padrão. Porém,

esse móvel especificamente precisa ser todo detalhado para produção.

Figura 38 – Detalhamento técnico da Coluna do Banco CA


Fonte: Acervo de Clécio Zeithamer, projeto desenvolvido com o software SketchUp.

TROCANDO IDEIAS

Nesta aula, apresentamos, entre outros assuntos, o caso real de um projeto de interiores para

uma sala de estar/jantar integrada com cozinha e churrasqueira. Agora, vamos trocar ideias com os

colegas (via fórum on-line) sobre detalhes que você percebeu no projeto e que foram ou não
comentados no transcorrer desta aula. Comente sobre o que achou ou não interessante no projeto. O

que você teria feito igual ou diferente se você tivesse feito o projeto desse ambiente?

NA PRÁTICA
Pratique o que aprendeu nesta aula fazendo um estudo da cozinha onde mora ou de algum

amigo ou parente. Inicie com o levantamento dimensional e fotos do espaço. Na sequência, monte a

Planta Baixa (Vista Superior) e faça um estudo de layout dos móveis contendo todas as Vistas. Não
esqueça de medir também os eletrodomésticos que serão empregados no ambiente ou de verificar as

dimensões de produtos em catálogos da internet. No último tema, mostramos o projeto do Banco CA


e detalhamos apenas uma peça (a Coluna), sendo assim, detalhe as ouras três peças que faltaram

desenhar (Travessas, Longarinas e Pinos). Você pode usar como referências as medidas apresentadas

no quinto tema e adaptar algumas dimensões conforme achar interessante. O importante é que no
final do projeto todas as peças se encaixem.

FINALIZANDO

Ao longo dos nossos estudos, abordamos uma gama enorme de assuntos que contemplaram

várias áreas de Arquitetura e Design de Móveis para Interiores. Nesta aula, especificamente,

estudamos Mármores, Granitos e Vidros, bem como dois casos reais de projetos, sendo um deles com

madeira e o outro com metal. Por fim, mostramos o exemplo de um móvel todo feito em madeira
natural com sistema de encaixes. Esperamos que você tenha gostado e acreditamos que com os

conhecimentos aqui adquiridos, você entrará mais preparado no mercado de trabalho.

REFERÊNCIAS

COELHO, R. M. P. Produção, consumo e reciclagem de vidro no Brasil. ABIVIDRO, 2009.

DEMARTINI, T. J. C. Produção e caracterização de mármore artificial com resíduo fino de

mármore dolomítico beneficiado em teares de lâminas diamantadas. 105 f. Dissertação (Mestrado


em Ciência e Tecnologia) – Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes,

2017.

ROSSI, F. Diferença entre Granito e Mármore, Passo a Passo! 2021. Disponível em:

<https://pedreirao.com.br/diferenca-entre-granito-e-marmore-passo-a-passo-aprenda-agora/>.

Acesso em: 11 dez. 2021.

RSR. Dicas e Acabamentos. 2021. Disponível em:

<https://www.rsrmarmoresegranitos.com.br/marmoraria-em-sao-paulo/dicas-e-acabamentos.html>.
Acesso em: 11 dez. 2021.

SOARES, T. D. M. Heterogeneidades de granitos na dinâmica industrial de transformação. 64


f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Geológica) – Universidade de Aveiro, Aveiro, 2013.

SOUZA, L. A. de. Vidro. 2021. Disponível em:

<https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/vidro.htm>. Acesso em: 11 dez. 2021.

[1] Escala Mohs: quantifica a dureza de minerais, ou seja, a resistência que um mineral oferece a

riscos.

[2] Os acabamentos em Bisotê podem ser com cantos arredondados, como na figura 11, ou com

cantos retos.

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