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CONTROLE TECNOLÓGICO DE

CONCRETO
AULA 2

Profª Fernanda dos Santos Gentil


CONVERSA INICIAL

Agregados

Dentro da Construção Civil, os agregados são muito utilizados para a


composição do concreto. É muito importante trabalhar com agregados de boa
qualidade, pois pelo menos três quartas partes do volume do concreto são
ocupadas pelos agregados (Neville, 2015).
Os agregados são fragmentos de rochas com tamanhos e propriedades
adequadas utilizados em quase todas as obras de infraestrutura civil, como
edificações, pavimentação, barragens e saneamento (Beja; Palmeira; Farias,
2017). Tais materiais apresentam a capacidade de limitar a resistência do
concreto, influenciar na durabilidade e no desempenho estrutural do concreto e,
também, proporciona maior estabilidade dimensional em relação à pasta de
cimento pura. Em virtude dessas e outras características que serão abordadas
nesta etapa, justifica-se a relevância do aprofundamento sobre os agregados
para a Construção Civil.

TEMA 1 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS AGREGADOS

De acordo com Beja, Palmeira e Farias (2017), agregados são fragmentos


de rochas, denominadas usualmente de pedras e areias. Tais fragmentos
apresentam tamanhos e propriedades adequadas para serem utilizados em
quase todas as obras de infraestrutura civil. A partir dos fragmentos de rochas
surgem blocos, pedras, pedregulhos, cascalhos, seixos, britas, pedriscos, areias
entre outros. Para complementar essa definição, a norma NBR 9.935 (ABNT,
2011) determina que agregado é um material granular, pétreo, geralmente inerte,
com dimensões e propriedades adequadas para a preparação de argamassa ou
concreto.
Materiais com tamanhos relativamente uniformes são normalmente
utilizados para a construção de muros e estruturas de contenção. Já em bases
rodoviárias, recomenda-se utilizar uma mistura de fragmentos de diversos
tamanhos, proporcionando maior estabilidade ou resistência na composição
(Beja; Palmeira; Farias, 2017).
Antes de aprofundar os conhecimentos sobre os agregados, é
interessante compreender as características da rocha-mãe, ou seja, a rocha que

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originou tal agregado, pois eles herdarão a mineralogia e muitas propriedades
físicas e mecânicas de tais rochas. Com relação à origem das rochas, podem
ser classificadas em três grandes grupos: ígneas (ou magmáticas), sedimentares
e metamórficas.
As rochas ígneas são formadas pela consolidação do magma a partir do
resfriamento. Existem duas maneiras de ocorrer tal resfriamento: na superfície
da crosta terrestre e em grandes profundidades. Quando o resfriamento
acontece na superfície da crosta terrestre, há a formação de rochas extrusivas,
como o basalto. Já quando ocorre o resfriamento das rochas ígneas em grandes
profundidades, há a formação de rochas intrusivas, como o granito. A
profundidade influencia na velocidade do resfriamento da rocha, ou seja, quanto
maior a profundidade que se encontra a rocha ígnea, mais lento é o resfriamento.
Tal processo permite maior cristalização dos minerais, com isso surgem rochas
mais resistentes, como consequência formam-se melhores agregados (Beja;
Palmeira; Farias, 2017).
Existem três processos que podem dar origem à formação das rochas
sedimentares: pela deposição das partículas originadas a partir da erosão de
outras rochas, formando rochas sedimentares clásticas ou detríticas, como
arenito, siltito e o argilito; pela precipitação de substâncias em solução, formando
as rochas sedimentares químicas, como o calcário; ou pela deposição dos
materiais de origem orgânica, os quais não são muito utilizados na construção
civil (Beja; Palmeira; Farias, 2017).
As rochas metamórficas são formadas a partir de outras rochas, como
rochas ígneas, sedimentares, ou também por outras rochas metamórficas,
quando são submetidas no interior da terra a altas temperaturas e pressões, pelo
processo de metamorfismo. Como exemplos de rochas metamórficas existem o
filito, ardósia, xisto, mármore, quartzito e o gnaisse (Beja; Palmeira; Farias,
2017).
A partir da rocha-mãe são provenientes as frações granulométricas,
chamadas de agregados de diversos tamanhos. Conforme a origem do
agregado, que pode ser natural ou artificial, existirão limites inferiores e
superiores. Tais limites são arbitrários e variam de acordo com os critérios das
organizações tecnológicas e normativas de cada país. Diante disso, no Brasil os
profissionais da área de construção civil seguem a normativa da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), no meio rodoviário adota-se as

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terminologias do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes), tendo influência norte-americana. Os profissionais da área de
geologia utilizam a nomenclatura do Sucs (Sistema Unificado de Classificação
de Solos) e da ASTM (American Society for Testing and Meterials) (Beja;
Palmeira; Farias, 2017).
Como mencionado anteriormente, o agregado pode ser natural ou
artificial. Agregado natural é o material pétreo que da mesma forma que é
encontrado na natureza pode ser utilizado, podendo ser submetido à lavagem,
classificação ou britagem. Já o agregado artificial, como escórias de alto-forno e
escórias de aciaria, é o material granular resultante de processo industrial com
alteração mineralógica, química ou físico-química da matéria original. Existe
também a categoria de agregados reciclados, que são materiais granulares,
provenientes de processos de reciclagem ou subprodutos de produção industrial,
mineração, construção e demolição da construção civil (Beja; Palmeira; Farias,
2017).
Existem diversos tamanhos de agregados. De acordo com a NBR 9.935
(ABNT, 2011), há os agregados graúdos, miúdos, finos e materiais
pulverulentos. São caracterizados com agregados graúdos, aqueles cujos grãos
passam pela peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam retidos na peneira
com abertura de 4,75 mm. Os agregados são considerados miúdos quando
passam na peneira de 4,75 mm e ficam retidos na de 150 𝜇m. Já os materiais
que passam na peneira com abertura de malha de 150 𝜇m são denominados de
finos, e aqueles abaixo de 75 𝜇m são classificados como materiais pulverulentos.
Tais informações podem ser verificadas na Figura 1.

Figura 1 – Dimensões dos agregados de acordo com a NBR 9.935:2011

Fonte: Beja; Palmeira; Farias, 2017.

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Outras normas e manuais importantes que abordam sobre agregados é a
NBR 7.211 (ABNT, 2019), que especifica os requisitos necessários para
recepção e produção dos agregados miúdos e graúdos destinados à produção
de concretos de cimento Portland. No campo rodoviário, que tem como base
normas norte-americanas, utilizam a ASTM C 33 (2016) para distinguir a
dimensão de agregado graúdo e miúdo, que é limitada pela malha de 2,0 mm.
Esta área também utiliza, para a especificação da granulometria, o Manual de
Pavimentação do DNIT (2006).
Existem classes de tamanhos, tanto para os agregados naturais quanto
para os processados. Considerando os materiais naturais, a NBR 6.502 (ABNT,
1995) e o Manual de Pavimentação (DNIT, 2006) especificam as variadas
dimensões, conforme apresentado no Quadro 1.

Quadro 1 – Classes de tamanho para agregados naturais segundo NBR


6.502:1995 e DNIT:2006

Classe de Tamanho NBR 6.502 (ABNT, 1995) mm (DNIT,2006) mm


Matacão 200 – 1000 250 – 1000
Pedra de mão 60 – 200 75 – 250
Pedregulho 2 – 60 2 - 75
Areia 0,060 – 2 0,075 - 2
Silte 0,002 – 0,060 0,005 – 0,075
Argila < 0,002 < 0,005
Fonte: Beja; Palmeira; Farias, 2017.

Interessante ressaltar que tanto as areias quanto os pedregulhos são


subdivididos em finos, médios, grossos e muito grossos. Segundo Beja, Palmeira
e Farias (2017):

Os termos “cascalho e seixo” também são associados a fragmentos


com tamanhos característicos na fração pedregulho ou um pouco
maior, até 100 mm. Quando os grãos têm forma arredondada, são
denominados “seixos” (seixo rolado). Já o termo cascalho se refere a
partículas com dimensões de 4,75 a 100 mm, mas não têm conotação
quanto à forma ou arredondamento (cascalho laterítico).

Dentro das classes de tamanhos para os materiais processados utiliza-se


muito os termos brita ou pedra britada, os quais são provenientes da
fragmentação mecânica de rochas, pedra, escórias de alto-forno, dentre outras.

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O intervalo dos tamanhos desses materiais geralmente situa-se entre 4,75 e 100
mm.
A norma NBR 7.211 (ABNT, 2019) define zonas granulométricas para
agregados graúdos e miúdos de origem natural ou processados. As zonas são
definidas pela divisão d/D, onde “d” corresponde à menor dimensão do agregado
e “D” corresponde à maior dimensão do agregado. Ressaltando que as
dimensões padronizadas correspondem às aberturas nominais e intermediárias.
As aberturas nominais são: 75 mm; 37,5 mm; 19 mm; 9,5 mm; 4,75 mm; 2,36
mm; 1,18 mm; 0,60 mm; 0,30 mm e 0,15 mm. A série intermediária compreende
as seguintes aberturas: 63 mm; 50 mm; 31,5 mm; 25 mm; 12,5 mm e 6,3 mm.
Dentro dessa ideia, os agregados graúdos são classificados em cinco zonas:
4,75/12,5; 9,5/25; 19/31,5; 25/50 e 37,5/75.
Os materiais com diâmetro entre 0,075 mm e 4,75 mm são referidos como
areia artificial, areia de brita ou até mesmo como areia britada. Segundo a norma
NBR 9.935 (ABNT, 2011), os materiais que tiverem diâmetro menor que 0,075
mm são chamados de materiais pulverulentos.
A norma NBR 9.935 (ABNT, 2011) estabelece que pedrisco é o agregado
proveniente da britagem de rocha, cujos grãos passam pela peneira com
abertura de malha de 12,5 mm e ficam retidos na peneira de malha de 4,75 mm.
Também, define que pó de pedra é um material granular originado da britagem
de rocha que passa pela peneira de malha 6,3 mm. Em contrapartida, o Manual
de Pavimentação (DNIT, 2006) define pedrisco como material resultante da
britagem de pedra com diâmetro entre 2,0 mm e 6,4 mm, e pó de pedra como
material com dimensão menor que 2,0 mm.
No mercado é mais usual utilizarem termos com o brita 0, brita 1, brita 2
e brita 3. Para exemplificar, o pedrisco e pó de pedra são mais utilizados em
massas asfálticas; a brita 1, considerada mais nobre, é usada em concretos
bombeados; a brita 2 em bases e sub-bases rodoviárias e grandes volumes de
concreto, e a brita 3 é utilizada em lastro ferroviário (Beja; Palmeira; Farias,
2017).

TEMA 2 – AMOSTRAGEM

Os diversos ensaios que precisam ser realizados com os agregados


devem ser feitos com amostras, desta forma os resultados obtidos se referem

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somente ao material das amostras. Diante disto, a amostra tem um caráter
representativo.
Como as coletas em campo podem ter muitas variações, então, não há
procedimentos detalhados para a realização de tais coletas. Neste caso, o uso
do bom senso possibilitará a obtenção de resultados confiáveis, lembrando
sempre que a amostra coletada deve ser representativa de todo o volume do
material a ser trabalhado.
Existe uma norma britânica chamada BS 812 (BSI, 1975), que retrata que
a amostra principal deve ser composta de várias porções retiradas de diferentes
pontos de volume de material. Os incrementos mínimos (porções) devem ser
dez, e a massa total deve ser pelo menos igual à representada no Quadro 2,
para várias dimensões de grãos.

Quadro 2 – Quantidades mínimas de amostras para ensaio segundo a norma BS


812 (BSI, 1975)

Dimensão máxima (mm) Amostragem mínima (kg)


Maior ou igual a 28 50
Maior do que 5 e menor do que 25
28
Menor ou igual a 5 13
Fonte: Neville, 2015.

Para a redução do tamanho da amostra pela metade existem dois


processos: o quarteamento manual ou o mecânico. O quarteamento manual
consiste em misturar a amostra inicial, no caso de agregado miúdo, umedecê-la
para evitar segregação. O material é disposto em forma de cone e, em seguida,
revirado para formar outro cone. Tal operação é realizada duas vezes, lançando-
se o material no vértice do cone, de modo que os grãos caiam por igual para
todos os lados. O cone obtido na última vez é achatado e repartido em quatro
partes. Desta forma, retiram-se duas partes diagonalmente opostas e as outras
duas são misturadas, formando-se a amostra para ensaio.
Já pelo quarteamento mecânico o processo de redução da amostra ocorre
por meio da utilização do dispositivo apresentado na Figura 2. Este dispositivo é
chamado de quarteador, o qual apresenta várias divisões com canaletas que
desviam o agregado, alternadamente, para cada um dos lados. Lança-se a
amostra no quarteador em toda a sua largura e as duas metades são recolhidas

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em duas caixas situadas nas extremidades das canaletas. Assim, para o ensaio
é utilizado apenas uma das metades (Neville, 2015).

Figura 2 – Quarteador

Crédito: Jefferson Schnaider.

TEMA 3 – ADERÊNCIA DOS AGREGADOS

Um fator muito importante para dar resistência ao concreto é garantir uma


adequada aderência entre os agregados e a pasta de cimento. Segundo Neville
(2015), a aderência consiste no intertravamento do agregado com a pasta em
virtude de a textura superficial do agregado ser mais áspera.
Para determinar a natureza da aderência dos agregados, ainda não há
ensaios aceitos para tal objetivo. Sabe-se que há uma boa aderência quando
uma amostra de concreto rompida apresenta algumas partículas partidas de
agregado, além de muitas outras arrancadas dos seus locais. Já quando há um
excesso de partículas partidas pode ser um indício de que o agregado é pouco
resistente. Entende-se que as forças de aderência dependem da resistência da
pasta de cimento e das propriedades das superfícies dos agregados, e que a
intensidade dessas forças aumenta com a idade do concreto, desta forma a
relação entre a força de aderência e a resistência da pasta aumentam com a
idade (Neville, 2015).
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TEMA 4 – CARACTERÍSTICAS DOS AGREGADOS

Para se obter uma correta dosagem de concretos hidráulicos ou


betuminosos é fundamental se ter o conhecimento das características dos
agregados, visto que as propriedades de tais concretos são influenciadas pela
massa específica, massa aparente, porosidade, composição granulométrica,
forma e texturas dos agregados.
Segundo Mehta e Monteiro (2008), as propriedades dos agregados são
divididas em três grupos.

• Características dependentes da porosidade: massa específica aparente,


absorção de água, resistência, módulo de elasticidade e durabilidade.
• Características dependentes da composição química e mineralógica:
resistência, módulo de elasticidade, substâncias deletérias e cargas
elétricas.
• Características dependentes das condições prévias e de fabricação:
dimensão, forma e textura das partículas.

Para a determinação das características dos agregados, é necessário


determinar os valores dos índices físicos de tais materiais, até mesmo para poder
determinar padrões de aceitação ou rejeição da utilização de tais componentes
em uma determinada obra. Dentre os índices físicos mais importantes estão:
umidade, absorção e massa específica.

4.1 Umidade e absorção

O teor de água presente em um material refere-se à umidade (w). A


umidade pode ser definida em termos volumétricos ou por outro processo mais
usual, que são os gravimétricos. O valor da umidade está relacionado com o
percentual entre a massa de água presente em uma amostra e a massa da
amostra totalmente seca (massa de sólidos). Tal informação pode ser
visualizada na equação a seguir:
𝑀 Á𝑔𝑢𝑎
𝑤= 𝑥 100
𝑀 𝑠𝑜𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠
Onde
w= umidade
M água= massa de água presente na amostra

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M sólidos= Massa da amostra totalmente seca

Existem quatro situações diferentes em que as amostras podem se


apresentar quanto à condição de umidade, que são: condição ambiente ou seca
ao ar; condição saturada com superfície úmida (SSU); condição saturada com
superfície seca (SSS) e condição completamente seca.
De acordo com Beja, Palmeira e Farias (2017), uma amostra, em condição
ambiente, sempre absorve uma quantidade de água proveniente de diversas
situações, por exemplo, por meio da chuva, do lençol freático ou até mesmo do
próprio ar. No entanto, é importante entender que essa quantidade de água não
é suficiente para saturar a amostra, ou seja, preencher totalmente os seus vazios
intercomunicantes. Diante dessa ideia, quando a amostra é seca ao ar, tal
agregado ainda contém alguma umidade, sendo conhecida como amostra
higroscópica.
Para melhorar o entendimento dessas quatro situações das amostras, a
seguir mais informações.

• Amostra saturada: tem-se amostra saturada quando os seus vazios


comunicantes, entre grãos e nos grãos, estão preenchidos com água.
Para que isso ocorra, é necessário que a amostra seja imersa em água
por 24 horas.
• Amostra saturada com superfície úmida (SSU): tem-se uma amostra SSU
quando o grão do agregado, proveniente de uma amostra saturada, ao
ser retirado da água apresenta na sua estrutura a água absorvida nos
poros internos formando uma película de água em sua superfície,
determinando o que se chama de umidade livre.
• Amostra saturada com superfície seca (SSS): têm-se uma amostra SSS
quando for eliminada a umidade livre, por meio da secagem do agregado
com um pano absorvente.
• Amostra seca: tem-se uma amostra totalmente seca quando ela não
apresenta na sua estrutura a presença da água. Para isso, é necessário
que a amostra fique em estufa a 105 °C ± 5 °C até a constância de massa
num período de 24 horas. Desta forma, a massa na amostra será igual à
massa de sólidos.

Por meio da absorção (a) que é possível medir a quantidade de água que
pode preencher os poros comunicantes nos grãos de uma massa de agregado,

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desta forma pode-se dizer que é uma medida de umidade para a amostra com
partículas na SSS. A partir da equação a seguir é possível encontrar o valor da
absorção.
𝑀 𝑠𝑠𝑠 − 𝑀 𝑠𝑒𝑐𝑎
𝑎= 𝑥 100
𝑀 𝑠𝑒𝑐𝑎
Onde,
a= absorção
M sss = massa da amostra em condição saturada com superfície seca
M seca = massa da amostra em condição seca
Cada tipo de agregado apresenta uma porcentagem de absorção
dependendo da sua origem, como pode ser visualizado na Tabela 1.

Tabela 1 – Absorção dos agregados


Origem do agregado Absorção (%)
Rochas ígneas e metamórficas Geralmente são inferiores a 0,5% e
raramente excedem 1,0%. Alguns tipos de
basalto são exceção e podem ter alta
absorção.
Rochas sedimentares Apresentam maior capacidade de
absorção. Agregados lateríticos ou
lateritas são altamente porosos e a
absorção de água chega
aproximadamente a 10%.
Agregados reciclados de resíduos Podem apresentar elevada absorção de
de construção e demolição água, chegando a valores de até 15%, em
virtude da presença na sua composição
de grãos de tijolo, concreto, azulejos e
cerâmicas.
Fonte: Beja; Palmeira; Farias, 2017.

4.2 Massa específica

Massa específica (𝜸) é caracterizada como a relação entre a massa (M) e


o volume (V) de um material. Existem dois tipos de massas específicas, que são:
massa específica real ou absoluta de um agregado (𝜸r) e a massa específica
aparente (𝜸a). Para encontrar tais valores seguem as equações a seguir.

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𝑴 𝑴
𝜸𝒓 = 𝑽𝒓 ; 𝜸𝒂 = 𝑽𝒂

Onde,

𝜸r = massa específica real

𝜸a = massa específica aparente

M= massa do agregado
Vr= volume real (volume ocupado pelo material descontando-se todos os
vazios permeáveis)
Va= volume aparente (volume ocupado pelo material que inclui todos os
vazios permeáveis)
Diante das equações apresentadas anteriormente é possível verificar que,
para a determinação da massa específica real, geralmente não se leva em
consideração no cálculo os poros não comunicantes internos aos grãos.
Com relação a algumas normas utilizadas para a determinação da massa
específica, pode-se mencionar que para os agregados miúdos utilizados em
concretos hidráulicos, a norma NBR 16.916 (ABNT, 2021) substituiu o frasco de
Chapman por um novo tipo de frasco com volume aferido. Já para agregados
graúdos utilizados em pavimentação, a massa específica e a absorção são
determinadas conforme especificado na norma ME 195 (DNIT, 1997), a qual
menciona sobre o uso da balança hidrostática para a determinação do volume
de sólidos (Beja; Palmeira; Farias, 2017).
Como existem diversos grupos de rochas, consequentemente há
variações nas massas específicas dos agregados, conforme pode ser
visualizado na Tabela 2.

Tabela 2 – Massas específicas das rochas mais utilizadas

Grupo Massa específica Intervalo de valores


do agregado (g/cm³)
(g/cm³)
Basalto 2,80 2,60 – 3,00
Granito 2,69 2,60 – 3,00
Arenito 2,69 2,60 – 2,90
Calcário 2,66 2,50 – 2,80
Quartzito 2,62 2,60 – 2,70
Lateritas 3,17 3,00 – 3,30
Fonte: Neville, 2015.

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De acordo com a Tabela 2, é possível constatar que a maioria dos
agregados apresentam massa específica entre 2,60 e 2,70 g/cm³.

4.3 Resistência a esforços mecânicos

Os agregados utilizados em construção estão sujeitos a esforços de


compressão, tração, flexão, esforços de impacto, esmagamento, desgaste e
abrasão transmitidos pelos carregamentos externos atuantes sobre tais
materiais.
No Brasil, o ensaio mais utilizado para verificar a resistência aos esforços
de abrasão nos agregados utilizados em concretos é chamado de “abrasão Los
Angeles”, conforme especificado na norma NBR 16.974 (ABNT, 2022). A
normativa usada para verificar tal esforço nos agregados aplicados em camadas
granulares de pavimentos é a ME 035 (DNIT, 1998). Outro ensaio, realizado com
o agregado graúdo aplicado no concreto, complementar ao de abrasão, é o
ensaio de resistência ao esmagamento de acordo com a norma NBR 9.938
(ABNT, 2013), já para aplicações rodoviárias a normativa para tal ensaio é a ME
197 (DNIT, 1997).
A interpretação do valor do desgaste Los Angeles obtido por meio do
ensaio funciona da seguinte maneira: quanto menor o valor do desgaste, melhor
é o material.

4.4 Formas dos grãos e textura superficial

Ao se falar sobre forma dos agregados na verdade estamos nos referindo


à geometria tridimensional. Certas características geométricas são possíveis de
serem determinadas nos agregados, como alongamento, achatamento,
cubicidade, esfericidade, angulosidade, dentre outras.
Segundo Beja, Palmeira e Farias (2017), a forma do agregado é
influenciada tanto pelas características de estrutura e textura da rocha de origem,
ou seja, a rocha-mãe, quanto pelo processo de britagem. Na Tabela 3
encontram-se algumas informações das formas dos agregados levando em
consideração a rocha-mãe.

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Tabela 3 – Forma dos agregados

Rocha-mãe Agregado Forma


Rochas de Basaltos compactos Cúbica
estrutura maciça
Rochas com Agregados provenientes de Alongadas
estrutura xistosa rochas sedimentares e de Lamelares
algumas rochas
metamórficas

Fonte: Beja; Palmeira; Farias, 2017.

Existem normas para a determinação das características geométricas dos


agregados. Por exemplo, a norma NBR 7.809 (ABNT, 2019) proporciona a
identificação do grau de cubicidade do agregado graúdo, a partir da utilização do
método do paquímetro.
Também há a norma NBR 5.564 (ABNT, 2021), que leva em consideração
as três dimensões para definir duas relações entre lados do agregado. Nesta
norma, a dimensão maior (comprimento) do agregado é sinalizada pela letra A;
a dimensão intermediária (largura) representada pela letra B e a dimensão menor
(espessura) identificada pela letra C. A relação entre espessura/largura (C/B)
determina o alongamento do agregado, já o achatamento ou lamelaridade é
obtida pela relação largura/comprimento (B/A). A classificação pode ser
visualizada na Tabela 4.

Tabela 4 – Características geométricas dos agregados

Forma do agregado Relação


Cúbica B/A>0,5 e C/B>0,5
Alongada B/A <0,5 e C/B>0,5
Lamelar B/A>0,5 e C/B<0,5
Alongada-lamelar B/A<0,5 e C/B<0,5

Fonte: Beja; Palmeira; Farias, 2017.

Os agregados utilizados na pavimentação do ensaio que define o índice


de forma são especificados na norma ME 424 (DNIT, 2020), em que se usa uma
série de peneiras com crivos de abertura circular e um conjunto de redutores.
A característica geométrica que determina a agudeza ou angulosidade
das arestas ou cantos das partículas é o arredondamento, que segundo Neville
(2015) depende da resistência à abrasão da rocha-mãe e das ações a que estas
foram submetidas. Considerando os agregados britados, o arredondamento
depende da natureza do mineral e do tipo de britador.
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Segundo Bela, Palmeira e Farias (2017), o pesquisador Powers (1953)
classifica as partículas em esférica, ou seja, bem arredondada; arredondada;
subarredondada, subangulosa, angulosa e muito angulosa. Dentre essas
classificações as partículas angulosas são recomendáveis para proporcionar
mais resistência, por apresentarem maior entrosamento entre as partículas
individuais. Já agregados com formato anguloso apresentam maior área
superficial e, consequentemente, exigem mais quantidade de água para manter
a mesma trabalhabilidade no concreto hidráulico.
Anteriormente foi mencionado sobre as características geométricas dos
agregados, outro item também muito importante é sobre a textura superficial
desses materiais. Tal característica influencia diretamente na aderência do
agregado com a pasta de cimento Portland ou ligante betuminoso. Existe a
norma inglesa BS 812 (BSI, 1975), que apresenta alguns tipos de textura como
vítrea, granulosa, áspera, cristalina e alveolar. Interessante entender que
agregados com textura mais áspera contribuem para a aderência com a pasta
de cimento ou com o cimento asfáltico.

4.5 Superfície específica

A superfície específica do agregado pode ser determinada de forma


volumétrica (Se) ou gravimétrica (S’e). As equações para encontrar tais
resultados estão apresentadas a seguir.
𝑆 𝑆
𝑆𝑒 = 𝑜𝑢 𝑆 ′𝑒 =
𝑉 𝛾𝑔 𝑥 𝑉

Onde,
Se= superfície específica volumétrica (m²/m³)
S’e= superfície específica gravimétrica (m²/kg)
S= área da superfície
V= volume do grão
𝛾g= massa específica do grão
Nas dosagens dos concretos, saber os resultados da superfície específica
dos agregados é de extrema importância. Para entender tal relevância de
conhecer sobre esta informação, os autores Beja, Palmeira e Farias (2017)
relatam alguns exemplos como “o consumo de água de molhagem em concretos
de cimento Portland é de cerca de 10 l/m³ de agregado para partículas com
diâmetro de 37,5 a 75 mm (brita 3-4)”, definidas conforme a NBR NM ISO 3.310-

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1 (ABNT, 2010), “cuja superfície específica média é de 105 m²/m³”. A diferença
pode ser visualizada ao utilizar partículas com diâmetro de 0,15 a 0,30 mm (areia
fina), pois o consumo aumenta para 300 l/m³ de agregado, considerando já uma
superfície específica média de 26.670 m²/m³.

4.6 Análise mineralógica

São inúmeros os benefícios para uma obra de engenharia civil realizar


análise mineralógica dos agregados, por exemplo, conseguir identificar a
presença de minerais deletérios, propriedades físico-químicas dependentes da
composição mineralógica e, também, identificar o estado de alteração e
durabilidade.
Quando se fala em substâncias deletérias estão inclusas impurezas
orgânicas, finos argilosos, torrões de argila e partículas friáveis, material
pulverulento e partículas reativas. Para a determinação de cada substância
nociva são seguidas normativas.

• Impurezas orgânicas: identificar a presença de compostos orgânicos


nocivos em areias a serem utilizadas em argamassas e concretos de
cimento Portland ou betuminoso, por meio dos ensaios previstos nas
normas NBR NM 49 (ABNT, 2001) e a ME 055 (DNIT, 1995).
• Finos argilosos: identificar a presença de finos argilosos nos agregados
miúdos utilizados em concreto betuminoso ou argamassas asfálticas, por
meio da norma rodoviária ME 054 (DNIT, 1997).
• Torrões de argila e partículas friáveis: identificar tais substâncias por meio
dos ensaios especificados na norma NBR 7.218 (ABNT, 2010).
• Material pulverulento: a partir das normas NBR 16.973 (ABNT, 2021) e
ME 266 (DNIT, 1997), é possível identificar os materiais pulverulentos que
são constituídos por partículas minerais com dimensões inferiores a 0,075
mm.
• Partículas reativas: o ensaio para a determinação de sais, cloretos e
sulfatos solúveis nos agregados é estabelecido na norma NBR 9.917
(ABNT, 2009).

TEMA 5 – MISTURA DE PARTÍCULAS DE VÁRIOS TAMANHOS

16
Dependendo da obra que será executada precisará utilizar partículas de
tamanhos uniformes ou partículas de várias dimensões. Por exemplo, para
facilitar o fluxo de água por meio de uma camada granular, na área de drenagem,
recomenda-se utilizar agregados granulares com tamanhos uniformes. Já os
agregados para compor um aterro, base rodoviária ou um concreto, recomenda-
se não apresentar todos os mesmos tamanhos, pois partículas de mesmo
tamanho irão formar vazios internos, dessa forma apresentará baixa estabilidade
e uma redução de resistência aos esforços solicitantes (Beja; Palmeira; Farias,
2017).
Diante da relevância sobre o assunto, nos próximos itens serão
abordados granulometria, curvas granulométricas e os índices físicos.

5.1 Granulometria

Chama-se de análise granulométrica a área que estuda a distribuição dos


tamanhos de grãos, ou seja, a distribuição granulométrica. Tal distribuição
fornece a porcentagem relativa das massas dos grãos de tamanhos em
diferentes faixas granulométricas, em relação ao peso total da amostra.
Existem alguns métodos para medir o tamanho das partículas, dentre
eles estão a medição direta por meio da utilização da trena em fragmentos
maiores que 750 mm; o processo de peneiramento é empregado em agregados
graúdos e miúdos e a sedimentação é utilizada para a determinação indireta da
dimensão das partículas finas, inferiores a 0,075 mm.
As distribuições granulométricas seguem normativas, por exemplo, a
determinação da distribuição dos grãos por peneiramento de agregados para
concreto segue a norma NBR NM 248 (ABNT, 2003), que divide as peneiras em
série normal e intermediária. A série normal é composta por peneiras com
aberturas: 75 mm; 37,5 mm; 19 mm; 9,5 mm; 4,75 mm; 2,4 mm; 1,2 mm; 0,6 mm;
0,3 mm e 0,15 mm. Já nas intermediárias as aberturas são as seguintes: 63 mm;
50 mm; 31,5 mm; 25 mm; 12,5 mm e 6,3 mm.
Na área rodoviária, os laboratórios de pavimentação utilizam as normas
ME 051(DNIT, 1994) e ME 080 (DNIT, 1994) para fazer a análise granulométrica.
As aberturas das peneiras utilizadas são: 50,8 mm; 38,1 mm; 25,4 mm; 19,1 mm;
9,5 mm; 4,75 mm; 2,09 mm; 0,42 mm; 0,15 mm e 0,075 mm.

5.2 Curvas granulométricas

17
É por meio da representação gráfica das curvas granulométricas que se
pode representar as porcentagens acumuladas passantes, no eixo das
ordenadas (y), e o diâmetro dos grãos em escala logarítmica no eixo das
abscissas (x), como pode ser visualizado na Figura 3.

Figura 3 – Curvas granulométricas

Fonte: Barros; Silva, 2018.

Existem curvas que representam uma distribuição contínua - bem


graduada; descontínua e uniforme, como pode ser visualizado na Figura 3. A
curva é caracterizada como contínua – bem graduada - quando apresenta
partículas de todos os diâmetros intermediários, compreendendo desde um valor
mínimo (d0) até um valor máximo (D), tendo a forma de uma curva “S” suave e
alongada na horizontal. Uma curva é descontínua quando falta alguma fração
intermediária, sendo representada na curva por um patamar horizontal. Uma
curva é considerada uniforme quando a maior parte dos grãos fazem parte de
apenas uma fração granulométrica (d0 ≈0,5D). A apresentação da curva uniforme
é bem parecida com o formato de uma integral ʃ.
Após plotados os valores no gráfico e identificado que tipo de curva
granulométrica está sendo utilizada, é importante saber interpretar alguns termos
importantes (Beja; Palmeira; Farias, 2017).
• Módulo de finura: é a soma das porcentagens retidas acumuladas nas
peneiras da série normal, dividida por 100. Quanto mais grosso for o
agregado, maior o módulo de finura da curva.
• Dimensão máxima característica: é a abertura nominal (mm) da malha da
peneira, a série normal ou intermediária, em que o agregado apresenta
um percentual retido acumulado igual ou inferior a 5% em massa.

18
• Diâmetro efetivo (d10): é caracterizado como o diâmetro da peneira, no
qual a percentagem passante acumulada é de 10%.
• Diâmetro médio (d50): é caracterizado como o diâmetro da peneira, no
qual a percentagem passante acumulada é de 50%.
• Coeficiente de uniformidade (Cu): é uma relação (Cu=d60/d10) que
expressa o alongamento horizontal da curva granulométrica e, assim, a
não uniformidade da curva.
• Coeficiente de curvatura (Cc): tal coeficiente (Cc= (d30)² / (d10 x d60)
identifica melhor o formato da curva granulométrica. Tal valor é utilizado
juntamente com o Cu para definir se o material é bem graduado ou mal
graduado.

5.3 Índices físicos

Os conceitos físicos de massa específica, porosidade, absorção e


umidade aplicados no agregado de maneira individual são os mesmos para
serem empregados em um conjunto de partículas de diferentes dimensões. No
entanto, segundo Beja, Palmeira e Farias (2017), “para um conjunto de
partículas, os valores destas propriedades refletirão uma espécie de média das
propriedades dos diversos fragmentos individuais”. Diante dessa ideia, em certas
ocasiões os valores dos agregados miúdos prevalecerão e, em outras situações,
os valores dos agregados graúdos.

5.3.1 Massa específica

A determinação da massa específica dos grãos (real) de uma mistura de


agregados é muito utilizada para a execução de concretos betuminosos. A
fórmula utilizada está descrita a seguir.
1
𝛾𝑚 =
𝑝1 𝑝2 𝑝𝑛
𝛾1 + 𝛾2 + 𝐾 + 𝛾𝑛
Onde,
𝛾𝑚= massa específica de uma mistura de partículas de agregados
𝛾𝑛=massa específica de cada fração individual
𝑝𝑛=percentagem retida de cada fração individual
𝐾=módulo de riqueza (depende do tipo de concreto asfáltico)

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Outro índice físico importante de ser determinado no conjunto de
agregados é a massa unitária, também chamada de massa específica aparente
dos agregados. A equação para a sua determinação está descrita a seguir.
𝑀
𝛾𝑎 =
𝑉
Onde,
𝛾𝑎= massa específica aparente
𝑀=massa do conjunto de agregados
𝑉=volume ocupado pelos agregados
Segue-se a norma NBR 16.972 (ABNT, 2021) para a determinação da
massa unitária em laboratório, já em campo segue-se a norma ME 092 (DNIT,
1994).

5.3.2 Porosidade e índices de vazios

É por meio da porosidade e do índice de vazios que é possível determinar


a quantidade de vazios relativa num dado volume de agregados. As fórmulas
que podem ser utilizadas para a determinação desses índices estão a seguir.
𝑉𝑣 𝑉𝑣 𝑒
𝑛= ; 𝑒= ; 𝑛=
𝑉 𝑉𝑠 1+𝑒
Onde,
𝑛= porosidade
𝑉𝑣=volume ocupado pelos vazios
𝑉=volume ocupado por toda a amostra de agregado
𝑉𝑠=volume ocupado apenas pelas partículas sólidas de agregados
𝑒= índice de vazios

5.3.3 Absorção e teor de umidade

A absorção é um índice físico que mede a quantidade de água no


agregado ou mistura em condição saturada seca superficialmente (SSS). Tal
medida para a mistura de partículas se dá pela média ponderada das absorções
referente a cada fração, conforme pode ser visualizado na fórmula a seguir.
1
𝑎= 𝑥 (𝑝1𝑎1 + 𝑝2𝑎2 + 𝐾 + 𝑝𝑛𝑎𝑛)
100
Onde,
𝑎= absorção
𝑝𝑛= percentagem retida para cada fração individual
20
𝑎𝑛=absorção de cada fração individual
𝐾= módulo de riqueza (depende do tipo de concreto)
O teor de umidade é um índice físico que mede a quantidade de água na
condição real. Tal índice é determinado pensando-se a mistura de agregado no
estado úmido e depois no estado seco após 24 horas em estufa. A fórmula para
encontrar esse índice está apresentada a seguir.
𝑀𝑢 − 𝑀𝑠
𝑤= 𝑥100
𝑀𝑠
Onde,
𝑤= teor de umidade
𝑀𝑢=massa do agregado no estado úmido
𝑀𝑠=massa do agregado no estado seco
Para a determinação dessas grandezas recomenda-se seguir as
seguintes normativas.

• NBR 16.917 (ABNT, 2021) e ME 196 (DNIT, 1998): para agregados


graúdos.
• NBR 9.775 (ABNT, 2011): para agregados miúdos.
• ME 213 (DNIT, 1994): para solos.

5.3.4 Superfície específica do conjunto de partículas

Para a determinação da superfície específica do conjunto de partículas é


preciso fazer uma média ponderada das superfícies específicas para cada fração
granulométrica. A fórmula para encontrar tal grandeza está descrita a seguir.
1
𝑆𝑒 = 𝑥(𝑝1𝑆𝑒1 + 𝑝2𝑆𝑒2 + 𝐾 + 𝑝𝑛𝑆𝑒𝑛)
100
Onde,
𝑆𝑒= superfície específica do conjunto de partículas
𝑝𝑛= percentagem retida para cada fração individual
𝑆𝑒𝑛= superfície específica de cada fração individual
Importante entender que a 𝑆𝑒 influencia diretamente o fator água/cimento
em concretos hidráulicos, já o teor de ligante asfáltico afeta diretamente os
concretos betuminosos. O teor de ligante é estimado com base na seguinte
fórmula.
𝑝𝐶𝐴𝑃 = 𝐾 𝑥 𝑆𝑒 0,2
Onde,

21
𝑝𝐶𝐴𝑃= percentagem de ligante em relação ao peso da mistura de
agregados
𝐾= módulo de riqueza (depende do tipo de concreto asfáltico)
𝑆𝑒= superfície específica do conjunto de partículas

5.3.5 Compactação e compacidade

Importante entender neste item que a densidade relativa de uma mistura


pode ser aumentada por meio da compactação mecânica. Existem diversas
formas de realizar tal compactação, por exemplo, em agregados miúdos é feita
por impacto, esmagamento ou vibração por meio de rolos compactadores ou
outros equipamentos disponíveis e apropriados em campo. Considerando o
ambiente de laboratório, o processo de compactação é realizado por impacto,
por meio de um pistão com uma massa padrão que cai de uma determinada
altura diversas vezes sobre uma amostra. O adensamento realizado em concreto
de cimento Portland é feito por meio de vibração.
Com relação à determinação da compacidade, pode ser obtida por meio
da comparação entre o estado atual com os estados extremos quando a mistura
estiver no seu estado mais fofo ou mais denso.
As normas para a determinação desses índices físicos são:

• ME 162 (DNIT, 1994);


• ME 164 (DNIT, 2013); e
• ME 092 (DNIT, 1994).

FINALIZANDO

Iniciou-se os estudos a partir do conhecimento sobre a classificação geral


dos agregados, pois é de extrema relevância saber sobre as origens das rochas,
as quais serão responsáveis pela obtenção dos agregados. As características
das rochas-mães influenciarão nas propriedades dos agregados. Também foram
abordados os vários tipos de tamanho dos agregados, que se subdividem em
agregado graúdo, miúdo, fino e materiais pulverulentos.
Foi abordado nesta etapa sobre a amostragem e a aderência dos
agregados. Os diversos ensaios que precisam ser realizados com os agregados
devem ser feitos com amostras, as quais passam a ter um caráter representativo.

22
Com relação à aderência entre os agregados e a pasta de cimento, foi
compreendido que é um fator muito importante para dar resistência ao concreto.
Outro tópico que foi estudado é sobre as características dos agregados,
as quais dependem de alguns fatores, tais como a porosidade, composição
química e mineralógica, condições prévias e de fabricação.
Dentro do assunto: misturas de partículas de vários tamanhos - foi
aprendido sobre a importância do conhecimento da curva granulométrica do
agregado, tanto graúdo quanto miúdo, pois a partir dele é possível realizar a
dosagem dos concretos e argamassas, influenciando diretamente na quantidade
de água a ser adicionada, na resistência e na trabalhabilidade do concreto,
constituindo-se em fator responsável pela obtenção de um concreto econômico.
Também foram abordadas as fórmulas utilizadas para determinação dos índices
físicos para um conjunto de partículas que, segundo os autores Beja, Palmeira
e Farias (2017), “os valores destas propriedades refletirão uma espécie de média
das propriedades dos diversos fragmentos individuais”.

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2021.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16.974: agregados -


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ensaio. Rio de Janeiro, 2019.

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ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7.218: agregados —


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2010.

24
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determinação da massa unitária e do índice de vazios. Rio de Janeiro, 2021.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16.973: agregados -


determinação do material fino que passa pela peneira de 75 μm por lavagem.
Rio de Janeiro, 2021.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9.917: agregados para


concreto - determinação de sais, cloretos e sulfatos solúveis. Rio de Janeiro,
2009.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR NM 248: agregados -


determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003.

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16.917: agregado


graúdo - determinação da densidade e da absorção de água. Rio de Janeiro,
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25
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