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CONCRETO
AULA 2
Agregados
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originou tal agregado, pois eles herdarão a mineralogia e muitas propriedades
físicas e mecânicas de tais rochas. Com relação à origem das rochas, podem
ser classificadas em três grandes grupos: ígneas (ou magmáticas), sedimentares
e metamórficas.
As rochas ígneas são formadas pela consolidação do magma a partir do
resfriamento. Existem duas maneiras de ocorrer tal resfriamento: na superfície
da crosta terrestre e em grandes profundidades. Quando o resfriamento
acontece na superfície da crosta terrestre, há a formação de rochas extrusivas,
como o basalto. Já quando ocorre o resfriamento das rochas ígneas em grandes
profundidades, há a formação de rochas intrusivas, como o granito. A
profundidade influencia na velocidade do resfriamento da rocha, ou seja, quanto
maior a profundidade que se encontra a rocha ígnea, mais lento é o resfriamento.
Tal processo permite maior cristalização dos minerais, com isso surgem rochas
mais resistentes, como consequência formam-se melhores agregados (Beja;
Palmeira; Farias, 2017).
Existem três processos que podem dar origem à formação das rochas
sedimentares: pela deposição das partículas originadas a partir da erosão de
outras rochas, formando rochas sedimentares clásticas ou detríticas, como
arenito, siltito e o argilito; pela precipitação de substâncias em solução, formando
as rochas sedimentares químicas, como o calcário; ou pela deposição dos
materiais de origem orgânica, os quais não são muito utilizados na construção
civil (Beja; Palmeira; Farias, 2017).
As rochas metamórficas são formadas a partir de outras rochas, como
rochas ígneas, sedimentares, ou também por outras rochas metamórficas,
quando são submetidas no interior da terra a altas temperaturas e pressões, pelo
processo de metamorfismo. Como exemplos de rochas metamórficas existem o
filito, ardósia, xisto, mármore, quartzito e o gnaisse (Beja; Palmeira; Farias,
2017).
A partir da rocha-mãe são provenientes as frações granulométricas,
chamadas de agregados de diversos tamanhos. Conforme a origem do
agregado, que pode ser natural ou artificial, existirão limites inferiores e
superiores. Tais limites são arbitrários e variam de acordo com os critérios das
organizações tecnológicas e normativas de cada país. Diante disso, no Brasil os
profissionais da área de construção civil seguem a normativa da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas), no meio rodoviário adota-se as
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terminologias do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes), tendo influência norte-americana. Os profissionais da área de
geologia utilizam a nomenclatura do Sucs (Sistema Unificado de Classificação
de Solos) e da ASTM (American Society for Testing and Meterials) (Beja;
Palmeira; Farias, 2017).
Como mencionado anteriormente, o agregado pode ser natural ou
artificial. Agregado natural é o material pétreo que da mesma forma que é
encontrado na natureza pode ser utilizado, podendo ser submetido à lavagem,
classificação ou britagem. Já o agregado artificial, como escórias de alto-forno e
escórias de aciaria, é o material granular resultante de processo industrial com
alteração mineralógica, química ou físico-química da matéria original. Existe
também a categoria de agregados reciclados, que são materiais granulares,
provenientes de processos de reciclagem ou subprodutos de produção industrial,
mineração, construção e demolição da construção civil (Beja; Palmeira; Farias,
2017).
Existem diversos tamanhos de agregados. De acordo com a NBR 9.935
(ABNT, 2011), há os agregados graúdos, miúdos, finos e materiais
pulverulentos. São caracterizados com agregados graúdos, aqueles cujos grãos
passam pela peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam retidos na peneira
com abertura de 4,75 mm. Os agregados são considerados miúdos quando
passam na peneira de 4,75 mm e ficam retidos na de 150 𝜇m. Já os materiais
que passam na peneira com abertura de malha de 150 𝜇m são denominados de
finos, e aqueles abaixo de 75 𝜇m são classificados como materiais pulverulentos.
Tais informações podem ser verificadas na Figura 1.
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Outras normas e manuais importantes que abordam sobre agregados é a
NBR 7.211 (ABNT, 2019), que especifica os requisitos necessários para
recepção e produção dos agregados miúdos e graúdos destinados à produção
de concretos de cimento Portland. No campo rodoviário, que tem como base
normas norte-americanas, utilizam a ASTM C 33 (2016) para distinguir a
dimensão de agregado graúdo e miúdo, que é limitada pela malha de 2,0 mm.
Esta área também utiliza, para a especificação da granulometria, o Manual de
Pavimentação do DNIT (2006).
Existem classes de tamanhos, tanto para os agregados naturais quanto
para os processados. Considerando os materiais naturais, a NBR 6.502 (ABNT,
1995) e o Manual de Pavimentação (DNIT, 2006) especificam as variadas
dimensões, conforme apresentado no Quadro 1.
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O intervalo dos tamanhos desses materiais geralmente situa-se entre 4,75 e 100
mm.
A norma NBR 7.211 (ABNT, 2019) define zonas granulométricas para
agregados graúdos e miúdos de origem natural ou processados. As zonas são
definidas pela divisão d/D, onde “d” corresponde à menor dimensão do agregado
e “D” corresponde à maior dimensão do agregado. Ressaltando que as
dimensões padronizadas correspondem às aberturas nominais e intermediárias.
As aberturas nominais são: 75 mm; 37,5 mm; 19 mm; 9,5 mm; 4,75 mm; 2,36
mm; 1,18 mm; 0,60 mm; 0,30 mm e 0,15 mm. A série intermediária compreende
as seguintes aberturas: 63 mm; 50 mm; 31,5 mm; 25 mm; 12,5 mm e 6,3 mm.
Dentro dessa ideia, os agregados graúdos são classificados em cinco zonas:
4,75/12,5; 9,5/25; 19/31,5; 25/50 e 37,5/75.
Os materiais com diâmetro entre 0,075 mm e 4,75 mm são referidos como
areia artificial, areia de brita ou até mesmo como areia britada. Segundo a norma
NBR 9.935 (ABNT, 2011), os materiais que tiverem diâmetro menor que 0,075
mm são chamados de materiais pulverulentos.
A norma NBR 9.935 (ABNT, 2011) estabelece que pedrisco é o agregado
proveniente da britagem de rocha, cujos grãos passam pela peneira com
abertura de malha de 12,5 mm e ficam retidos na peneira de malha de 4,75 mm.
Também, define que pó de pedra é um material granular originado da britagem
de rocha que passa pela peneira de malha 6,3 mm. Em contrapartida, o Manual
de Pavimentação (DNIT, 2006) define pedrisco como material resultante da
britagem de pedra com diâmetro entre 2,0 mm e 6,4 mm, e pó de pedra como
material com dimensão menor que 2,0 mm.
No mercado é mais usual utilizarem termos com o brita 0, brita 1, brita 2
e brita 3. Para exemplificar, o pedrisco e pó de pedra são mais utilizados em
massas asfálticas; a brita 1, considerada mais nobre, é usada em concretos
bombeados; a brita 2 em bases e sub-bases rodoviárias e grandes volumes de
concreto, e a brita 3 é utilizada em lastro ferroviário (Beja; Palmeira; Farias,
2017).
TEMA 2 – AMOSTRAGEM
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somente ao material das amostras. Diante disto, a amostra tem um caráter
representativo.
Como as coletas em campo podem ter muitas variações, então, não há
procedimentos detalhados para a realização de tais coletas. Neste caso, o uso
do bom senso possibilitará a obtenção de resultados confiáveis, lembrando
sempre que a amostra coletada deve ser representativa de todo o volume do
material a ser trabalhado.
Existe uma norma britânica chamada BS 812 (BSI, 1975), que retrata que
a amostra principal deve ser composta de várias porções retiradas de diferentes
pontos de volume de material. Os incrementos mínimos (porções) devem ser
dez, e a massa total deve ser pelo menos igual à representada no Quadro 2,
para várias dimensões de grãos.
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em duas caixas situadas nas extremidades das canaletas. Assim, para o ensaio
é utilizado apenas uma das metades (Neville, 2015).
Figura 2 – Quarteador
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M sólidos= Massa da amostra totalmente seca
Por meio da absorção (a) que é possível medir a quantidade de água que
pode preencher os poros comunicantes nos grãos de uma massa de agregado,
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desta forma pode-se dizer que é uma medida de umidade para a amostra com
partículas na SSS. A partir da equação a seguir é possível encontrar o valor da
absorção.
𝑀 𝑠𝑠𝑠 − 𝑀 𝑠𝑒𝑐𝑎
𝑎= 𝑥 100
𝑀 𝑠𝑒𝑐𝑎
Onde,
a= absorção
M sss = massa da amostra em condição saturada com superfície seca
M seca = massa da amostra em condição seca
Cada tipo de agregado apresenta uma porcentagem de absorção
dependendo da sua origem, como pode ser visualizado na Tabela 1.
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𝑴 𝑴
𝜸𝒓 = 𝑽𝒓 ; 𝜸𝒂 = 𝑽𝒂
Onde,
M= massa do agregado
Vr= volume real (volume ocupado pelo material descontando-se todos os
vazios permeáveis)
Va= volume aparente (volume ocupado pelo material que inclui todos os
vazios permeáveis)
Diante das equações apresentadas anteriormente é possível verificar que,
para a determinação da massa específica real, geralmente não se leva em
consideração no cálculo os poros não comunicantes internos aos grãos.
Com relação a algumas normas utilizadas para a determinação da massa
específica, pode-se mencionar que para os agregados miúdos utilizados em
concretos hidráulicos, a norma NBR 16.916 (ABNT, 2021) substituiu o frasco de
Chapman por um novo tipo de frasco com volume aferido. Já para agregados
graúdos utilizados em pavimentação, a massa específica e a absorção são
determinadas conforme especificado na norma ME 195 (DNIT, 1997), a qual
menciona sobre o uso da balança hidrostática para a determinação do volume
de sólidos (Beja; Palmeira; Farias, 2017).
Como existem diversos grupos de rochas, consequentemente há
variações nas massas específicas dos agregados, conforme pode ser
visualizado na Tabela 2.
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De acordo com a Tabela 2, é possível constatar que a maioria dos
agregados apresentam massa específica entre 2,60 e 2,70 g/cm³.
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Tabela 3 – Forma dos agregados
Onde,
Se= superfície específica volumétrica (m²/m³)
S’e= superfície específica gravimétrica (m²/kg)
S= área da superfície
V= volume do grão
𝛾g= massa específica do grão
Nas dosagens dos concretos, saber os resultados da superfície específica
dos agregados é de extrema importância. Para entender tal relevância de
conhecer sobre esta informação, os autores Beja, Palmeira e Farias (2017)
relatam alguns exemplos como “o consumo de água de molhagem em concretos
de cimento Portland é de cerca de 10 l/m³ de agregado para partículas com
diâmetro de 37,5 a 75 mm (brita 3-4)”, definidas conforme a NBR NM ISO 3.310-
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1 (ABNT, 2010), “cuja superfície específica média é de 105 m²/m³”. A diferença
pode ser visualizada ao utilizar partículas com diâmetro de 0,15 a 0,30 mm (areia
fina), pois o consumo aumenta para 300 l/m³ de agregado, considerando já uma
superfície específica média de 26.670 m²/m³.
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Dependendo da obra que será executada precisará utilizar partículas de
tamanhos uniformes ou partículas de várias dimensões. Por exemplo, para
facilitar o fluxo de água por meio de uma camada granular, na área de drenagem,
recomenda-se utilizar agregados granulares com tamanhos uniformes. Já os
agregados para compor um aterro, base rodoviária ou um concreto, recomenda-
se não apresentar todos os mesmos tamanhos, pois partículas de mesmo
tamanho irão formar vazios internos, dessa forma apresentará baixa estabilidade
e uma redução de resistência aos esforços solicitantes (Beja; Palmeira; Farias,
2017).
Diante da relevância sobre o assunto, nos próximos itens serão
abordados granulometria, curvas granulométricas e os índices físicos.
5.1 Granulometria
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É por meio da representação gráfica das curvas granulométricas que se
pode representar as porcentagens acumuladas passantes, no eixo das
ordenadas (y), e o diâmetro dos grãos em escala logarítmica no eixo das
abscissas (x), como pode ser visualizado na Figura 3.
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• Diâmetro efetivo (d10): é caracterizado como o diâmetro da peneira, no
qual a percentagem passante acumulada é de 10%.
• Diâmetro médio (d50): é caracterizado como o diâmetro da peneira, no
qual a percentagem passante acumulada é de 50%.
• Coeficiente de uniformidade (Cu): é uma relação (Cu=d60/d10) que
expressa o alongamento horizontal da curva granulométrica e, assim, a
não uniformidade da curva.
• Coeficiente de curvatura (Cc): tal coeficiente (Cc= (d30)² / (d10 x d60)
identifica melhor o formato da curva granulométrica. Tal valor é utilizado
juntamente com o Cu para definir se o material é bem graduado ou mal
graduado.
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Outro índice físico importante de ser determinado no conjunto de
agregados é a massa unitária, também chamada de massa específica aparente
dos agregados. A equação para a sua determinação está descrita a seguir.
𝑀
𝛾𝑎 =
𝑉
Onde,
𝛾𝑎= massa específica aparente
𝑀=massa do conjunto de agregados
𝑉=volume ocupado pelos agregados
Segue-se a norma NBR 16.972 (ABNT, 2021) para a determinação da
massa unitária em laboratório, já em campo segue-se a norma ME 092 (DNIT,
1994).
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𝑝𝐶𝐴𝑃= percentagem de ligante em relação ao peso da mistura de
agregados
𝐾= módulo de riqueza (depende do tipo de concreto asfáltico)
𝑆𝑒= superfície específica do conjunto de partículas
FINALIZANDO
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Com relação à aderência entre os agregados e a pasta de cimento, foi
compreendido que é um fator muito importante para dar resistência ao concreto.
Outro tópico que foi estudado é sobre as características dos agregados,
as quais dependem de alguns fatores, tais como a porosidade, composição
química e mineralógica, condições prévias e de fabricação.
Dentro do assunto: misturas de partículas de vários tamanhos - foi
aprendido sobre a importância do conhecimento da curva granulométrica do
agregado, tanto graúdo quanto miúdo, pois a partir dele é possível realizar a
dosagem dos concretos e argamassas, influenciando diretamente na quantidade
de água a ser adicionada, na resistência e na trabalhabilidade do concreto,
constituindo-se em fator responsável pela obtenção de um concreto econômico.
Também foram abordadas as fórmulas utilizadas para determinação dos índices
físicos para um conjunto de partículas que, segundo os autores Beja, Palmeira
e Farias (2017), “os valores destas propriedades refletirão uma espécie de média
das propriedades dos diversos fragmentos individuais”.
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REFERÊNCIAS
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5.564: via férrea - lastro
ferroviário - requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2021.
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ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16.972: agregados -
determinação da massa unitária e do índice de vazios. Rio de Janeiro, 2021.
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DEPARTAMENTO Nacional de Estradas de Rodagem Diretoria de
Desenvolvimento Tecnológico. ME 054: equivalente de areia. IPR. Rio de
Janeiro, 1997.
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DEPARTAMENTO Nacional de Estradas de Rodagem Diretoria de
Desenvolvimento Tecnológico. ME 266: agregados – determinação do teor de
materiais pulverulentos. Rio de Janeiro, 1997.
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