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DESENHO BÁSICO

AULA 5

Profª Eliza Yukiko Sawada Timm


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, veremos como utilizar o escalímetro e o seu uso no


desenvolvimento e na leitura de projetos. Trabalharemos também a construção
de tangência e concordância, utilizados em todas as áreas do design, e
finalizaremos com a espiral de Arquimedes, que aplica os conceitos tanto de
tangência como de concordância.

CONTEXTUALIZANDO

Para o desenvolvimento de diversos projetos de design, principalmente


de mobiliários, ambientes, produtos, embalagens, wayfinding e pontos de venda,
saber utilizar as escalas de redução e ampliação é indispensável, principalmente
quando trabalhamos em equipes multidisciplinares com engenheiros e
arquitetos, assim como entender a lógica da tangência e da concordância
melhoram muito o desenho e o acabamento. Então, vamos iniciar esses
conteúdos com a escala.

TEMA 1 – ESCALA

A escala é uma forma desenvolvida para quando não é possível fazer o


desenho em tamanho real. Por exemplo, quando ele for muito grande, como o
desenho de um carro ou quando for impossível identificar detalhes pequenos
demais, como a peça de uma minúscula engrenagem.
Quando o desenho é realizado no tamanho natural, como o desenho de
um celular, dizemos que ele está em escala 1:1 (um para um).

Figura 1 – Desenho do celular em escala 1:1 (um para um)

Créditos: nikiteev_konstantin/Shutterstock.
Esta é a forma mais fácil de entender um desenho, mas nem sempre é
possível desenhar em escala natural, então, usamos a escala de redução. No
exemplo a seguir (Figura 2), mostramos um carro com 4 m que, para caber em
uma folha formato A4, foi representado em escala reduzida. Neste exemplo,
dividimos os 4 m do tamanho real do carro por 25 e o resultado foi 16 cm,
compatível com o tamanho da folha, que é 21 cm de largura (400cm / 25 = 16cm).
Quando fazemos a redução de 25 vezes, dizemos que o desenho está em
escala de 1:25 (um para vinte e cinco).

Figura 2 – Desenho de um carro em escala reduzida

Créditos: Denys Po/Shutterstock.

Então, quando um desenho fica muito grande para ser representado em


escala natural, fazemos a redução. Quando ele é muito pequeno, utilizamos a
escala ampliada, isto é, multiplicamos pelo número de vezes que queremos
ampliar, como a engrenagem a seguir (Figura 3), que tem 2 cm e foi ampliada 5
vezes. A representação em escala é de 5:1 (cinco para um), e, apesar de parecer
maior, a representação terá sempre do valor real, neste caso 2 cm.

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Figura 3 – Engrenagem em escala ampliada 5:1 (cinco para 1)

TEMA 2 – UTILIZAÇÃO DO ESCALÍMETRO

Como vimos em aulas anteriores, o escalímetro é uma régua triangular


que apresenta seis escalas diferentes, duas por face, o que facilita muito a
construção e a leitura de projetos sem precisar fazer vários cálculos
matemáticos. No mercado, é possível encontrar 5 variações de escalímetros:

 Escalímetro nº 1 (1:20 / 1:25 / 1:50 / 1:75 / 1:100 / 1:125);


 Escalímetro nº 2 (1:100 / 1:200 / 1:250 / 1:300 / 1:400 / 1:500);
 Escalímetro nº 3 (1:20 / 1:25 / 1:33 / 1:50 / 1:75 / 1:100);
 Escalímetro nº 4 (1:500 / 1:1000 / 1:1250 / 1:1500 / 1:2000 / 1:2500);
 Escalímetro nº 5 (3/32”, 3/16”, 1/8”, 1/4", 3/8”, 3/4", 1”, 1.1/2”).

Os escalímetros mais utilizados são os de nº 1, 2 e 3, que fazem


combinações das escalas mais utilizadas. O escalímetro nº 4 é mais utilizado em
representações muito grandes, como mapas geográficos e de estradas,
enquanto o escalímetro nº 5 é para medidas em polegadas.
Na nossa disciplina, utilizaremos o escalímetro nº 1, que apresenta as
escalas 1:125, 1:100, 1:75, 1:50, 1:25 e 1:20. Veremos a seguir como utilizá-lo.
A escala 1:125 significa que uma medida foi dividida 125 vezes, isto é, se
estivermos representando uma casa, ela será 125 vezes menor que no tamanho
real. Cada fração da escala corresponde a 1 metro (figuras 4 e 5).

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Figura 4 – Elevação de uma residência em escala reduzida

Créditos: Wittybear/Shutterstock.

Ainda podemos utilizar a mesma escala mudando a casa decimal de lugar.


Por exemplo, podemos dividir uma medida em 12,5 e teremos, então, para cada
fração, um valor equivalente a 10 centímetros; se mudarmos duas casas
decimais, teremos uma medida dividida por 1,25 correspondente a 1 cm.

Figura 5 – Escala 1:125

Já na escala 1:100, a medida é dividida 100 vezes, isto é, se estivermos


representando uma casa, ela será 100 vezes menor. Cada fração da escala
corresponde a 1 metro (Figura 6).
Da mesma forma que na escala anterior, podemos mudar a casa decimal
de lugar. Por exemplo, podemos dividir uma medida em 10,0 e teremos, para
cada fração, um valor equivalente a 10 centímetros. Se mudarmos duas casas

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decimais, teremos uma medida dividida por 1,00, correspondente a 1 centímetro,
que é o equivalente a qualquer outra régua que utiliza a unidade em centímetros.

Figura 6 – Escala 1:100

Como as demais escalas, a 1:75 divide a fração em 75 vezes,


consequentemente cada fração da escala corresponde a 1 metro (Figura 7).
Da mesma forma, podemos utilizar a mesma escala mudando a casa
decimal de lugar, 1:7,5 equivale a 10 centímetros cada fração.

Figura 7 – Escala 1:75

Na escala 1:50, dividimos a fração em 50 vezes, e cada fração


equivale a 1 metro, ou, na escala 1:5,0, corresponde a 10 centímetros (Figura
8).

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Figura 8 – Escala 1:50

Quando a redução não precisar ser muito grande, como no caso de


um ambiente ou uma cadeira, podemos usar escalas menores, como 1:20 ou
1:25 (figuras 9, 10 e 11).

Figura 9 – Vista lateral de uma cadeira de rodas em escala reduzida

Créditos: stefanphotozemun/Shutterstock.

Figura 10 – Escala 1:25

Figura 11 – Escala 1:20

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Agora você já pode exercitar a utilização do seu escalímetro.

TEMA 3 – TANGÊNCIA

A tangência é uma reta que toca uma circunferência em um ponto


denominado ponto de tangência, mas nunca a corta.
Vejamos como traçar uma tangente em qualquer ponto de uma
circunferência:

 Primeiro, definimos um ponto P qualquer no perímetro da circunferência;


 A partir deste ponto, traçamos uma reta que passe pelo ponto P e pelo
centro O da circunferência;
 Em seguida, traçamos uma perpendicular à reta que passe pelo ponto P;
 A perpendicular é a reta tangente à circunferência.

Figura 12 – Tangente passando pelo ponto P da circunferência

Como traçar uma tangente a uma circunferência a partir de um ponto


externo:

 Trace uma reta que passe pelo ponto P externo e pelo centro O da
circunferência;

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 Em seguida trace, a mediatriz entre os pontos P e O;
 O ponto médio M será o centro da circunferência que passará pelos
pontos P e O e definirá os pontos Q e R onde as retas tangentes passarão.

Figura 13 – Tangentes a uma circunferência a partir de um ponto externo

Como traçar uma tangente externa a duas circunferências diferentes entre


si:

 Trace duas circunferências de centro O e P com raios diferentes entre si;


 Trace uma reta que passe pelos pontos O e P e faça a mediatriz entre
eles;
 O ponto médio da reta OP é o ponto M;
 Com a ponta seca do compasso em M, trace uma semicircunferência de
raio MO;
 Com a ponta seca do compasso em O, trace uma circunferência de raio
igual ao raio da circunferência menor;
 A interseção entre a semicircunferência e a circunferência menor é o
ponto Q;
 Trace uma reta que passe pelos pontos O e Q; no prolongamento desta
linha, cruzamos com a circunferência menor e encontramos o ponto R;

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 Com o auxílio do par de esquadros, trace uma reta passando pelo ponto
P paralela à reta OR;
 No cruzamento dessa reta paralela com a circunferência menor,
encontramos o ponto S;
 Os pontos R e S são os pontos de tangência da circunferência;
 Trace uma reta que passe pelos pontos R e S para obter a reta tangente
à circunferência.

Figura 14 – Tangente externa a duas circunferências diferentes entre si

Como traçar uma tangente interna a duas circunferências iguais:

 Trace duas circunferências O e P de mesmo raio;


 Trace uma reta que passe pelos pontos O e P;
 Faça a mediatriz entre os pontos OP e encontre o ponto médio M;
 Faça agora a mediatriz entre os pontos O e M e encontre o ponto médio
N;
 Com a ponta seca do compasso em N e a abertura até O, trace um arco;
o cruzamento do arco com a circunferência definira o ponto Q;
 Trace uma reta que passe pelos pontos O e Q;
 Com o auxílio do par de esquadros, trace uma reta passando pelo ponto
P paralela à reta OQ; no cruzamento desta reta com a circunferência,
temos o ponto R;
 Os pontos Q e R são os pontos de tangência da circunferência;
 Trace uma reta que passe pelos pontos Q e R para ter a reta tangente à
circunferência.

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Figura 15 – Tangente interna a duas circunferências iguais

Como traçar uma tangente interna a duas circunferências desiguais:

 Trace duas circunferências de centro O e P com raios diferentes entre si;


 Trace uma reta que passe pelos pontos O e P;
 Faça a mediatriz entre os pontos OP e encontre o ponto médio M;
 Com a ponta seca do compasso em M e a abertura até O, trace um arco;
 Marque, a partir do ponto Q, a medida do arco menor e encontre o ponto
R;
 Agora, com a ponta seca em O e abertura até R, trace um arco até cruzar
com o primeiro arco e encontre o ponto S;
 Trace uma reta que passe pelos pontos O e S e encontre o ponto T na
circunferência maior;
 Com o auxílio do par de esquadros, trace uma reta passando pelo ponto
P paralela à reta OS; no cruzamento desta reta com a circunferência
menor, temos o ponto U;
 Os pontos T e U são os pontos de tangência da circunferência;
 Trace uma reta que passe pelos pontos T e U e temos a reta tangente a
circunferência.

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Figura 16 – Tangente interna a duas circunferências desiguais

TEMA 4 – CONCORDÂNCIA

A concordância em desenho corresponde a unir dois segmentos ou


arcos pelos pontos de tangência, de modo que se possa passar de um para o
outro sem angulações, mudanças bruscas de direção e rupturas.

Figura 17 – Concordância e não concordância

Como traçar um arco de raio 50 mm de forma que concorde com duas


circunferências de raios 40 mm e 20 mm e que a distância entre elas seja de 80
mm:

 Trace as duas circunferências de centro A e B de raios 40 mm e 20 mm,


respectivamente, com distância de 80 mm entre os centros;
 Vamos chamar a circunferência de centro A de R1, a circunferência de
centro B de R2 e o arco de R3;
 Sabendo que R1 tem raio de 40 mm, R2 tem raio de 20 mm e R3 tem raio
de 80 mm, vamos utilizar as seguintes fórmulas:
o R1 + R3 | 40 + 50 = 90 mm

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o R2 + R3 | 20 + 50 = 70 mm
 Com base nos resultados obtidos, podemos encontrar o centro do arco de
raio 50 mm tangente às circunferências;
 A partir do ponto A, trace um arco de raio 90 mm;
 A partir do ponto B, trace um arco de raio 70 mm;
 No cruzamento dos dois arcos, encontramos o ponto O, que corresponde
ao centro do arco de 50 mm;
 Com a ponta seca do compasso e raio de 50 mm, trace o arco tangente
às duas circunferências.

Se for feito outro arco tangente às circunferências, é possível fechar a


forma com total concordância entre elas.

Figura 18 – Concordância entre duas circunferências e um arco de raios


conhecidos

Como traçar a concordância entre duas retas perpendiculares.

 Trace as duas retas r e s perpendiculares;


 No cruzamento das duas retas, encontramos o ponto A;
 Com a ponta seca do compasso em A, trace uma circunferência com raio
qualquer;
 No cruzamento da circunferência com as retas r e s, encontramos os
pontos B e C;
 Com o mesmo raio da primeira circunferência e ponta seca em B e C,
trace dois arcos; no cruzamento, encontramos o ponto O;
 Com a ponta seca do compasso em O e mesmo raio, trace a
circunferência tangente às retas nos pontos B e C.
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Figura 19 – Concordância entre duas retas perpendiculares

Como traçar a concordância entre duas retas r e s concorrentes:

 Trace as duas retas r e s concorrentes;


 Marque o ponto A na reta r e o ponto B na reta s;
 Com a ponta seca do compasso em A, trace uma circunferência de raio
qualquer;
 Agora, com a ponta seca do compasso no ponto B, trace outra
circunferência com o mesmo raio da anterior;
 Com o auxílio do par de esquadros, trace uma reta perpendicular à reta r
pelo ponto A; no cruzamento da perpendicular com a circunferência,
encontramos o ponto A’;
 Com o auxílio do par de esquadros, trace uma reta perpendicular à reta s
pelo ponto B; no cruzamento da perpendicular com a circunferência,
encontramos o ponto B’;
 Com o auxílio do par de esquadros, trace uma paralela à reta r passando
pelo ponto A’;
 Ainda com o auxílio do par de esquadros, trace uma paralela à reta s
passando pelo ponto B’;
 No cruzamento das retas paralelas r’ e s’, encontramos o ponto O;
 Ponta seca do compasso em O e o mesmo raio das circunferências
anteriores, trace a circunferência concordante com as duas retas
concorrentes.

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Figura 20 – Concordância entre duas retas concorrentes

TEMA 5 – ESPIRAL DE ARQUIMEDES

Esta espiral pode ser considerada como a trajetória de um ponto que


gira em torno de um centro fixo com velocidade constante e ao mesmo tempo se
afasta desse centro também em velocidade constante (Maguire; Simmons,
2004).
Construção da espiral de Arquimedes:

 Com o auxílio do compasso, trace uma circunferência;


 Divida a circunferência em 12 partes iguais. Para isso, primeiro trace uma
reta horizontal que passe pelo centro O da circunferência e uma reta
vertical perpendicular à horizontal e que também passe pelo ponto O; em
seguida, divida a circunferência seis vezes por dois pontos distintos.
 Numere todos os doze pontos na circunferência e ligue os pontos 1 e 7, 2
e 8, 3 e 9, 4 e 10, 5 e 11, 6 e 12;
 Divida o raio da circunferência também em 12 partes iguais.
 Numere todos os pontos no raio da circunferência;
 Agora trace vários arcos concêntricos a partir do ponto O;
 Com a ponta seca do compasso em O e a abertura até o 1 da reta
horizontal, trace um arco até a linha 1, o ponto 2 até alinha 2, o ponto 3
até a linha 3 e assim até o ponto 11;
 Ligue todos os pontos de cruzamento e teremos a espiral de Arquimedes.

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Figura 21 – Espiral de Arquimedes

TROCANDO IDEIAS

Conhecendo tangência e concordância, agora você pode melhorar o seu


desenho e a sua representação, assim como o acabamento e a finalização de
projetos. É comum vermos no mercado produtos em que os acabamentos
arredondados não estão perfeitos, comprometendo a qualidade e a
apresentação. Preste atenção na quantidade de produtos à sua volta que
necessitam concordar várias circunferências ou retas com circunferências.

NA PRÁTICA

Agora, pratique a construção de todos os exemplos dados na aula. Se


você tiver dúvidas, acompanhe no vídeo as construções passo a passo.
Bom trabalho!

FINALIZANDO

Vimos nesta aula as construções básicas de concordância e tangência e


a utilização do escalímetro, conteúdos importantes para a linguagem do desenho

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técnico. Se você escolher trabalhar com projetos de produtos, ambientes,
embalagens, PDVs e wayfinding, treine bastante esses conteúdos. Serão
importantes em sua vida profissional.

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REFERÊNCIAS

MAGUIRE, D. E.; SIMMONS, C. H. Desenho técnico – problemas e soluções


gerais de desenho. São Paulo; Hemus, 2004.

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