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DESENHO BÁSICO

AULA 2

Profª Eliza Yukiko Sawada Timm


CONVERSA INICIAL

Ao longo desta aula, iniciaremos a construção de algumas figuras


geométricas básicas com a utilização do compasso, régua e par de esquadros.
Serão apresentados os conceitos de lugar geométrico e suas características
principais. Faremos a construção da mediatriz de um segmento de linha, que é
uma ferramenta muito importante tanto para a divisão de um segmento quanto
para traçar linhas perpendiculares e ângulos retos. Também serão apresentadas
as nomenclaturas dos ângulos mais importantes assim como a construção
desses com a utilização das ferramentas de desenho. Vamos conhecer o
conceito de polígonos, suas características e nomenclaturas.

CONTEXTUALIZANDO

Com esta aula, você terá os primeiros contatos com as construções


geométricas e seus conceitos iniciais. Este início é extremamente importante
para entender a lógica matemática da geometria e suas aplicações no design,
arquitetura e engenharias. Toda geometria tem como base o entendimento
dessas bases do desenho e suas representações. É uma linguagem universal e
muito utilizada nas profissões citadas anteriormente.

TEMA 1 – CONSTRUÇÃO DE FIGURAS COM O USO DE COMPASSO E RÉGUA

A seguir, algumas construções básicas com a utilização do compasso,


régua e par de esquadros. São passos básicos importantes para entender a
lógica da construção geométrica. Esses passos são utilizados em várias outras
construções geométricas realizadas em nossos estudos.
A primeira construção é de um triângulo equilátero que tem os três lados
e ângulos iguais. Em uma reta, marque o segmento AB, correspondente a um
lado do triângulo equilátero. A seguir, posicione a ponta seca do compasso no
ponto A e abra a haste com o grafite até o ponto B, trace um arco e, em seguida,
posicione a ponta seca no ponto B e trace outro arco. O cruzamento dos arcos
corresponde ao ponto C, vértice do triângulo equilátero. Ligue os pontos e a
construção está pronta (Figura 1).
Figura 1 – Construção do triângulo equilátero

Construção de um quadrado, lembrando que essa forma tem os quatro


lados iguais e quatro ângulos de 90º.
A construção tem início com a marcação do segmento AB na reta. Para
traçar as perpendiculares, posicione a ponta seca do compasso no ponto A. Com
abertura qualquer do compasso, trace um semicírculo definindo os pontos A’ e
A’’. Posicione a ponta seca do compasso no ponto A’ e abra o compasso com
medida qualquer maior que a metade do arco e trace outro arco. Com a mesma
abertura do compasso, trace outro arco agora com a ponta seca do compasso
no ponto A’’. No cruzamento dos dois arcos dos pontos A’ e A’’, trace uma reta
que deverá passar pelo ponto A, assim temos uma perpendicular à reta AB. Faça
o mesmo procedimento pelo ponto B e trace a outra perpendicular. Abra o
compasso com a medida do lado do quadrado x, posicione a ponta seca do
compasso no ponto A e no ponto B e marque a medida do lado x nas duas
perpendiculares encontrando os pontos C e D. Ligue estes pontos e finalize a
construção do quadrado (Figura 2).

Figura 2 – Construção do quadrado utilizando a régua e o compasso

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Outra forma de construir o quadrado é com o auxílio, além do compasso
e da régua, do par de esquadros. Em uma reta, defina o segmento AB, que é
igual ao lado do quadrado. Com o auxílio do par de esquadros, trace duas
perpendiculares a reta AB a partir dos pontos A e B. Abra o compasso com a
medida x do lado do quadrado, com a ponta seca em A, marque o lado do
quadrado na perpendicular e em seguida marque a mesma medida a partir de B.
Com isso, foi possível definir os pontos C e D. Ligue estes pontos e finalize a
construção do quadrado (Figura 3).

Figura 3 – Construção do quadrado utilizando a régua, o compasso e o par de


esquadros

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TEMA 2 – LUGARES GEOMÉTRICOS: CIRCUNFERÊNCIA E RETAS PARALELAS

Um lugar geométrico consiste no conjunto de pontos de um plano que


possuem propriedades comuns.
Uma linha é um lugar geométrico quando todos os seus pontos possuem
uma ou mais propriedades em comum e quando todos os pontos que têm essa
propriedade pertencem à mesma linha (Bertolucci, 2005)

2.1 Mediatriz e bissetriz

A mediatriz e a bissetriz são os lugares geométricos dos pontos do plano


equidistantes a duas retas concorrentes. Observe na Figura 4A que o ponto P
na mediatriz da reta AB está exatamente na mesma distância dos pontos A e B.
E na Figura 4B, o ponto P na bissetriz do ângulo está equidistante das retas r e
s perpendicularmente ao ponto P.

Figura 4 – Lugar geométrico da mediatriz e da bissetriz

2.2 Linhas retas paralelas

Em linhas paralelas, o lugar geométrico são os pontos que distam uma


medida d de uma reta r, conforme a Figura 5.

Figura 5 – Lugar geométrico de duas retas paralelas

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2.3 Circunferência

Uma circunferência de centro definido O e raio R é o lugar geométrico dos


pontos do plano que estão à distância R do ponto O, conforme a Figura 6.

Figura 6 – Lugar geométrico da circunferência

2.4 Arco capaz

O arco capaz é o lugar geométrico dos pontos P que enxergam um

segmento AB em um determinado ângulo α conforme a Figura 7 a seguir.

Figura 7 – Lugar geométrico do arco capaz

TEMA 3 – RETAS: MEDIATRIZ

A mediatriz é uma reta perpendicular que divide o espaço entre dois


pontos em duas partes iguais, conforme a Figura 8. Nos passos 2 e 3, utilize a
mesma abertura do compasso.

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Figura 8 – Mediatriz do segmento AB

Para realizar a divisão de uma reta em várias partes iguais, é necessária


a utilização do par de esquadros além do compasso e da régua.
Primeiramente, marque o segmento AB a ser dividido em partes iguais.
Por um dos pontos, trace uma reta qualquer auxiliar. Com a ajuda do compasso,
marque o número de partes a ser dividida na reta auxiliar. A abertura do
compasso é qualquer, mas deve ser sempre a mesma. No exemplo a seguir, a
reta é dividida em três partes: o ponto 3 é ligado ao ponto A, e com a ajuda do
par de esquadro são traçadas linhas paralelas a linha A3, dividindo o segmento
AB em partes iguais.

Figura 9 – Divisão de uma reta em partes iguais com compasso e par de


esquadros

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TEMA 4 – ÂNGULOS: REPRESENTAÇÃO, BISSETRIZ E ARCO CAPAZ

Quando duas retas se encontram em um ponto, formam um ângulo. Na


Figura 10, apresentamos um exemplo clássico de um ângulo, em que B é o
vértice do ângulo.

Figura 10 – Ângulo ABC

4.1.1 Ângulo reto

Um ângulo é dito reto quando tem 90º. Ele pode ser representado de duas
formas, conforme a Figura 11.

Figura 11 – Representação do ângulo reto

4.1.2 Ângulo agudo

É chamado ângulo agudo qualquer ângulo menor que 90º (Figura 12).

Figura 12 – Ângulos agudos

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4.1.3 Ângulo obtuso

É qualquer ângulo maior que 90º (Figura 13).

Figura 13 – Ângulo obtuso

4.1.4 Ângulo raso

É chamado ângulo raso quando tiver 180º (Figura 14).

Figura 14 – Ângulo raso

4.1.5 Ângulos complementares

O termo ângulo complementar refere-se a dois ângulos que, somados,


totalizam 90º. Por exemplo, 30º é o complemento de 60º. Similarmente, o termo
ângulos suplementares refere-se a dois ângulos que, somados, totalizam 180º.
Por exemplo, 60º é suplementar de 120º (Maguire; Simmons, 2004).

4.2 Bissetriz

A bissetriz divide um ângulo em duas partes iguais. A sua construção é


feita da seguinte forma: posicione a ponta seca do compasso no vértice do
ângulo, trace um arco qualquer encontrando dois pontos, o B e o C. Posicione a
ponta seca do compasso no ponto B e trace outro arco maior que a metade da
distância entre B e C. Com a mesma abertura, trace outro arco, agora com a
ponta seca em C. No cruzamento dos dois arcos, você encontra o ponto b. Trace

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uma reta que passe pelo vértice A e pelo ponto b. Esta é a bissetriz do ângulo
(Figuras 15 e 16).

Figura 15 – Construção da bissetriz do ângulo agudo

Figura 16 – Construção da bissetriz do ângulo obtuso

4.1.6 Construção de ângulos com o par de esquadros

É possível construir alguns ângulos somente com a utilização do par de


esquadros, como os ângulos de 15º, 30º, 45º, 60º, 75º e 90º (Figura 17).

Figura 17 – Construção de ângulos com o par de esquadros

Outra forma de construir ângulos é utilizando o transferidor. Para utilizar


o transferidor, posicione o ponto central do instrumento no ponto definido como
o vértice do ângulo, marque o ângulo desejado e trace uma reta passando pela

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marcação e pelo vértice do ângulo. O transferidor também pode ser utilizado
para medir ângulos existentes (Figura 18).

Figura 18 – Transferidor

4.2 Construção de ângulos com o uso de compasso e régua

Alguns ângulos podem ser construídos utilizando o compasso e a régua.


Para a construção de um ângulo de 60º, 30º, 15º e 7½º, inicie com uma reta e
marque o vértice do ângulo A, posicione a ponta seca do compasso no ponto A
e trace um arco com abertura qualquer. Com a mesma abertura, trace outro arco,
agora com a ponta seca do compasso no ponto B. No cruzamento dos dois
arcos, temos o ponto C. Trace uma reta passando pelos pontos A e C. Temos aí
um ângulo de 60º. Se fizermos a bissetriz do ângulo de 60º, teremos dois ângulos
de 30º, e se fizermos a bissetriz do ângulo de 30º, teremos mais dois ângulos
menores de 15º e assim por diante (Figura 19).

Figura 19 – Construção dos ângulos de 60º, 30º e 15º

Para a construção de ângulos de 45º e 22½º, inicie construindo um ângulo


de 90º. Faça a bissetriz do ângulo de 90º e você terá dois ângulos de 45º, e, se
fizer a bissetriz do ângulo de 45º, você terá dois ângulos menores de 22½º
(Figura 20).

Figura 20 – Construção dos ângulos de 45º e 22½º

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4.3 Arco capaz

É o lugar geométrico dos pontos P que enxergam um segmento AB em

um determinado ângulo (Figura 21A). Uma semicircunferência sempre irá formar


ângulos de 90º (Figura 21B).

Figura 21 – Arco capaz

TEMA 5 – POLÍGONOS

Polígono, em Geometria, é qualquer figura plana fechada limitada por


retas e deve ter pelo menos três lados. Em grego, polígono significa ter muitos
lados ou ângulos (Figura 22).

Figura 22 – Polígono

Um polígono pode ser inscrito ou circunscrito em relação a uma


circunferência.

Figura 23 – Polígono inscrito Figura 24 – Polígono


circunscrito

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Polígonos regulares são aqueles que têm todos os lados (equilátero) e
ângulos (equiângulo) iguais (Figura 25).

Figura 25 – Polígonos regulares

De acordo com o número de lados, o polígono recebe uma designação.

 3 lados = triângulo;
 4 lados = quadrilátero;
 5 lados = pentágono;
 6 lados = hexágono;
 7 lados = heptágono;
 8 lados = octógono;
 9 lados = eneágono;
 10 lados = decágono;
 11 lados = undecágono;
 12 lados = dodecágono;
 15 lados = pentadecágono;
 20 lados = icoságono.

Polígonos Irregulares são aqueles que têm os lados e ângulos diferentes


(Figura 26).

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Figura 26 – Polígonos irregulares

O triângulo, de acordo com os ângulos e lados, tem uma designação


própria, como o triângulo equilátero, que tem todos os lados e ângulos iguais; o
triângulo isósceles, que tem dois lados e dois ângulos iguais; e o triângulo
escaleno, que tem todos os lados e ângulos diferentes (Figura 27).

Figura 27 – Triângulo equilátero, isósceles e escaleno

Com relação aos ângulos, os triângulos podem ser triângulo acutângulo,


em que todos os ângulos são menores que 90º; o triângulo retângulo, que tem
um ângulo de 90º, e o triângulo obtusângulo, que tem um ângulo maior que 90º
(Figura 28).

Figura 28 – Triângulo acutângulo, triângulo retângulo e triângulo obtusângulo

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Assim como os triângulos, os quadriláteros, de acordo com os ângulos e
lados, também recebem uma designação, podendo ser um quadrilátero
quadrado, que tem todos os lados e ângulos iguais; o retângulo, que tem todos
os ângulos iguais e dois lados opostos iguais; o losango, que tem quatro lados
iguais e ângulos opostos iguais; paralelogramo, que tem dois lados opostos
iguais e dois ângulos opostos iguais; e o trapézio isósceles, que tem dois lados
opostos iguais e dois lados opostos diferentes, ângulos opostos diferentes e dois
ângulos paralelos iguais. (Figura 29).

Figura 29 – Quadrado, retângulo, losango, paralelogramo e trapézio

TROCANDO IDEIAS

Discuta com seus colegas e identifique áreas do design que estão


diretamente vinculadas com o desenho técnico e com a geometria plana.

NA PRÁTICA

Que tal exercitar algumas atividades desta aula?

No tema 1 – construção de figuras com o uso de compasso e esquadros:

 construa um triângulo equilátero com base de 5 cm;


 construa o quadrado com lado de 5 cm utilizando as duas formas de
construção.

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No tema 3 – retas:

 trace a mediatriz de um segmento AB de 11,5 cm utilizando esquadros e


compasso;
 divida um segmento AB de 11,5 cm em três partes iguais utilizando
esquadros e compasso.

No tema 4 – ângulos:

 trace a bissetriz de um ângulo agudo e de um ângulo obtuso;


 construa um ângulo de 90º, 60º, 45º, 30º e 15º;
 construa o arco capaz de um ângulo de 90º.

Todos com a utilização dos esquadros e compasso.

FINALIZANDO

Nesta aula, apresentamos algumas construções básicas da geometria


plana importantes para entender a lógica matemática da geometria.
Esta etapa é importante para entender as próximas etapas do desenho
geométrico e suas representações técnicas. Por isso, exercite as construções
básicas que darão subsídios para as próximas etapas.

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REFERÊNCIAS

MAGUIRE, D. E.; SIMMONS, C. H. Desenho técnico. São Paulo: Hemus, 2004.

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