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RESUMO
INTRUDUÇÃO
Trabalho de conclusão da disciplina: Identificação de Argilominerais por Difratometria de Raios-X, ministrada pela
Professora Edi Guimarães do Programa de Pós-graduação em Geologia da Universidade de Brasília
CONTEXTO GEOLÓGICO
As rochas que compõem o Complexo de Serra Negra raramente estão expostas, sendo em
geral capeadas por um espesso manto de intemperismo que comumente atinge espessuras da
ordem de centenas de metros e que promoveu a formação de depósitos supergênicos de fosfato,
nióbio, titânio, terras raras, vermiculita e barita (Grasso 2010; Brod et al. 2004, Ribeiro et al.
2014). Os poucos afloramentos observados correspondem a rochas duníticas, piroxênitícas
(bebedouritos) seguidas por foscoritos, carbonatitos e raros sienitos (Grossi Sad et al., 1970;
Grasso, 2010; Barbosa et al, 2012; Araújo, 2015). A área pesquisada e seu entorno é capeada por
um espesso perfil pedológico representado por latossolos vermelho-amarelo de coloração
predominante ocre, argilosos, compatíveis com um protólito de rochas silicática carbonatítica
ferro-magnesianas, que dão origem a solos magnéticos de coloração vermelho escuro.
Figura 1 - Mapa geológico da Província Alcalina do Alto Paranaíba. Reproduzida de Barbosa et al (2012).
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Figura 2 - Mapa geológico da região do Complexo de Serra Negra (Modificado de Barbosa et al, 2012;
Grasso, 2010; Pinho et al., 2017; CPRM, 2018). A localização do furo de sondagem para o qual foram
obtidas as amostras para as análises de DRX está representada pela estrela em vermelho.
MATERIAIS E MÉTODOS
As amostras foram analisadas para identificação das frações areia e silte a partir do pó
não orientado. Desta forma, foram trituradas em gral de ágata com posterior montagem em
lâminas de vidro escavadas (Figura 3a). Os difratogramas obtidos mostraram a composição
mineral total da fração analisada, destacando os minerais que apresentam estrutura cristalina
melhor definida. Para caracterização mineral da fração argila (Figura 3b), constituída
principalmente por argilominerais, podendo apresentar ainda importante conteúdo de óxidos e
hidróxidos, as amostras foram analisadas com destaque para a distinção mineral da posição dos
picos que apresentaram distância interplanar em torno de 14Å, vez que, essa feição pode ter
sobreposição das reflexões que pode ser atribuída a diferentes argilominerais e/ ou
interestratificados, exigindo tratamentos diversos para a sua definição. Para tanto, as amostras
para caracterização mineralógica da fração argila tiveram montagem de lâmina orientada pelo
método do esfregaço (espalhamento do material argiloso sobre a lâmina de vidro), tanto “ao
natural” como após o tratamento com etilenoglicol e aquecimento. Cabendo mencionar que, para
a confecção das lâminas para análise da fração argila, foi necessário, após a dispersão em água e
centrifugação sob 750 rpm durante 7 min e transferência da fração argila em suspensão e
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centrifugação a 3.000 rpm por 30 min, as amostras não apresentaram suficiente conteúdo de
material em suspensão. Desta forma, as amostras foram levadas a tratamentos com ultrassom e
pirofosfato, conforme procedimento indicado nestas condições.
(a) (b)
Figura 3 – Lâminas para análise mineralógica por difração de raios-x. (a) Fração > 2µm: PTR-PT1-
DH001-AM03, AM06 e AM10. (b) Fração < 2µm: PTR-PT1-DH001-AM03, AM06 e AM10.
RESULTADOS
Os resultados obtidos nas análises por DRX nas duas frações, >2µm (amostra total) e
<2µm (fração argila), demonstraram pequenas variações na composição mineralógica ao longo
da perfuração (PTR-PT1-DH001). Os intervalos investigados do furo de sondagem foram de 10,2-
13,25m (AM03), 23-28m (AM06) e 35-40m (AM10).
A fração >2µm indica a composição mineralógica total dos níveis amostrados. Nessa
fração, os principais constituintes mineralógicos mostram reflexões intensas e bem definidas,
características de minerais bem cristalizados, como forsterita, calcita e dolomita. Os
argilominerais são indicados pelas reflexões diagnósticas, principalmente em d~14Å, d~12Å,
d~10Å e d~7Å. A caracterização dos argilominerais foi feita na fração <2µm.
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Na amostra AM03 (10,2-13,25m) a vermiculita, esmectita, clinocloro e dolomita foram
os minerais identificados em ambas as frações analisadas (Figura 4). A presença de argilomineral
interestratificado (corrensita?: clorita-vermiculita ou clorita-esmectita) está representada no
difratograma de raios-x pela formação de uma banda (ou ombro) após a solvatação com etileno-
glicol, ao lado da reflexão da vermiculita (Figura 4). Tal feição pode ainda ser interpretada
somente como o deslocamento da reflexão da esmectita para d~17Å, como resultado do
tratamento por etilenoglicol, o qual para a análise da lâmina aquecida apresenta deslocamento
para d~10Å, assim como observado para a vermiculita (Tabela 1). Destacando ainda, no
difratograma da lâmina aquecida, a permanência de baixa intensidade de um pico em torno de
d~14Å que sugere trata-se de feição associada a presença do clinocloro (Tabela 1).
Tabela 1 – Posições referentes aos picos principais (direção 00l) dos argilominerais em condições normais,
após glicolagem e aquecimento.
Distância Interplanar (Å)
Condições Após Após Argilomineral Fórmula Química
Normais Glicolagem Aquecimento
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Figura 4 – Empilhamento dos difratogramas da amostra total (PTR_PT1_DH001_AM03), fração argila
(DH001-AM3n), fração argila solvatada com etilenoglicol (DH001-AM3g) e fração argila aquecida
(DH001-AM3aq). *No programa JADE utilizado para interpretação, a esmectita é denominada
“montmorillonite”.
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(DH001-AM06aq). *No programa JADE utilizado para interpretação, a esmectita é denominada
“montmorillonite”.
DISCUSSÃO
Os minerais identificados pelos resultados de difração de raios-x (DRX) nas amostras do
Complexo Alcalino Carbonatítico de Serra Negra apresentaram poucas diferenças ao longo da
perfuração DH001, sendo comparadas as amostras para três intervalos de profundidade: 10,2-
13,25m (AM03), 23-28m (AM06) e 35-40m (AM10). De modo que, na amostra AM01 não foram
identificados óxidos, hidróxidos e/ou minerais primários do piroxenito-flogopito, quando não
afetado por intemperismo e/ou hidrotermalismo.
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dos tratamentos aplicados de secagem ao ar, solvatação com etilenoglicol e aquecimento a 490°C
(Tabela 1). Logo, devido as modificações das posições das reflexões nos tratamentos, onde a
partir de um pico largo com d~14 Å na secagem ao ar, duas reflexões são produzidas no
etilenoglicol, uma com reflexão um pouco maior e outra que se mantém em d~14 Å e quando
aquecida a reflexão com d~14 Å “expandiu” para d~10 Å. Contudo,
Hughes et al. (1994) e Kamp et al. (1995) sugerem que interestratificados possam ser
indicadores da intensidade e duração do intemperismo quando argilominerais 2:1 são abundantes
no material de origem. Sendo esta transformação indicativa de um estádio intermediário de
alteração da esmectita na formação de caulinita e de óxidos de ferro. A esmectita forma-se na
natureza pela alteração de minerais ferro-magnesianos, feldspatos cálcicos, vidro vulcânico,
devido a processos de intemperismo ou a partir de soluções hidrotermais, sendo comuns nos
produtos de intemperismo das rochas ígneas, que juntamente com as condições geoquímicas ricas
em Mg2+, podem ordenar as estruturas e formar corrensita e por fim clorita.
CONCLUSÕES
Na fração >2µm, observa-se a presença de minerais bem cristalizados, como forsterita,
calcita e dolomita, que se destacam por suas reflexões intensas e bem definidas nos difratogramas.
Além disso, os argilominerais foram identificados pelas reflexões diagnósticas em d14Å, d12Å,
d10Åed7Å, e sua caracterização detalhada foi realizada na fração <2µm.
REFERÊNCIAS
Araújo, I. M.C.P. 2015. Gênese e Controles da Mineralização Secundária de P, Ti e ETR no
Complexo Alcalino Carbonatítico de Salitre, MG. Dissertação de Mestrado. Universidade
de Brasília.
Barbosa, E.S.R.; Brod, J.A.; Junqueira-Brod, T.C.; Dantas, E.L.; Cordeiro, P.F.O.; Gomide, C.S.,
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Cretaceous Alto Paranaíba kamafugite–carbonatite–phoscorite association, Central Brazil.
Lithos 144–145, 56–72.
Brod, J.A., Ribeiro, C.C., Gaspar, J.C., Junqueira-Brod, T.C., Barbosa, E.S.R., Riffel, B.F., Silva,
J.F., Chaban, N., Ferrarri, A.J.D. 2004. Geologia e Mineralizações dos Complexos Alcalino
Carbonatíticos da Província Ígnea do Alto Paranaíba. In: 42° Congresso Brasileiro de
Geologia, Araxá, Minas Gerais, Excursão 1: 1-29 (CD-ROM).
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CPRM - Serviço Geológico do Brasil. 2004. Carta geológica do Brasil ao milionésimo sistema de
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Grasso C.B. 2010. Petrologia do Complexo Alcalino-Carbonatítico de Serra Negra, MG.
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