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TEXTO I – “O MEU PÉ DE LARANJA LIMA” – JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS

“Quando todos tinham chegado para o jantar, Mamãe deu falta de mim.
— Cadê Zezé?
— Está deitado. Desde cedo que ele queixa de dor de cabeça.
Eu escutava embevecido esquecendo até o ardor do ferimento. Gostava de estar sendo o assunto.
Foi quando Glória resolveu tomar a minha defesa. Fez uma voz queixosa e ao mesmo tempo
acusativa.
— Acho que todo mundo anda batendo nele. Ele hoje estava todo moído.
Três surras é demais.
— Mas é uma pestezinha. Só fica quieto quando apanha!
— Vai dizer que você também não bate nele?
— Muito difícil. Quando muito, puxo as suas orelhas.
Fizeram um silêncio e Glória ainda continuou a me defender.
— Afinal, minha gente, ele ainda não tem seis anos. É levado mas ainda é uma criancinha.
Aquela conversa foi uma felicidade para mim.” (p.71)

“O cinto zunia com uma força danada sobre o meu corpo. Parecia que o cinto tinha mil dedos que me
acertavam em qualquer parte do corpo. Eu fui caindo, me encolhendo no cantinho da parede. Estava
certo que ele ia me matar mesmo. Ainda pude ouvir a voz de Glória que entrava para me salvar.
Glória, a única ruça como eu. Glória que ninguém tocava. Ela segurou a mão de Papai e segurou o
golpe.
— Papai. Papai. Por amor de Deus, me bata, mas não bata mais nessa criança.
Ele jogou o cinto sobre a mesa e passou as mãos sobre o rosto. Chorava por ele e por mim.
— Eu perdi a cabeça. Pensei que ele estava caçoando de mim. Fazendo pouco caso.
Quando Glória me apanhou do chão, eu desmaiei.” (p.90)

TEXTO II - O PAPEL DA FAMILIA NA FORMAÇÃO SOCIAL DE CRIANÇAS E


ADOLESCENTES

Os processos de formação de crianças e adolescentes se dão não apenas nos estabelecimentos


de ensino, como também em outras ambiências culturais como, por exemplo, em família, o centro
essencial para o desenvolvimento de todo ser humano. De fato, o seio familiar apresenta-se como o
local próprio para o desenvolvimento pessoal em todos os sentidos. Assim, influindo em mudanças de
ideias, de atitudes, de relacionamentos com as diferenças individuais e com o modo como cada um
se constitui a família deve ser protegida. Nada obstante, o aparecimento de novos modelos familiares
constrói uma sociedade inclusiva, visando o desenvolvimento integral da pessoa humana, em todas
as fases do ciclo da vida em igualdade de condições.

TEXTO III - Alienação parental

A alienação parental acontece quando um dos genitores, usando de manipulações, mentiras e da


sua influência como responsável pela criança ou adolescente, denigre a imagem do outro genitor
perante os filhos. Logo, os filhos se afastam desse outro genitor e passam a vê-lo de uma forma
muito negativa. Para as vítimas crianças e adolescentes as consequências psicológicas são graves e
podem perdurar até a fase adulta.
Constantes sentimentos negativos - A vítima de alienação parental passa a sentir muita raiva, medo,
ódio, tristeza e até mesmo nojo da mãe ou pai alienado. Porque acredita em tudo que o genitor
alienante relata.
Desenvolvimento de quadros de depressão e ansiedade - Se a vítima não receber ajuda outros danos
psicológicos causados pela alienação parental podem surgir. Por exemplo, a criança ou adolescente
pode desenvolver quadro de depressão e ansiedade.
Internalização negativa dos modelos de pai e mãe - As crianças e adolescentes são psicologicamente
mais vulneráveis a influências externas que os adultos. Já que sua personalidade está em fase de
desenvolvimento, além de provedores, protetores e educadores, os pais também são modelos que a
criança internaliza, visto que

a forma como os pais tratam os filhos automaticamente os ensina sobre quais são os papéis de pais e
mães na sociedade.
A criança ou adolescente levará esses modelos de comportamento para sua vivência durante a
fase adulta. Logo, pode repetir tais comportamentos com seus filhos futuramente. Ou seja, a situação
vivida de alienação parental vai se refletir no relacionamento da vítima com seus descendentes. Além
disso, a vítima também pode ter dificuldades em construir um relacionamento duradouro com
qualquer pessoa.

TEXTO IV - ECA - Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990

Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.


Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único: A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à
juventude.

TEXTO V

A partir da leitura do romance “O Meu Pé de Laranja Lima” de José Mauro de Vasconcelos é possível
refletir sobre a seguinte questão presente em nosso cotidiano:
“Qual é o papel da família na formação afetiva de crianças no Brasil?”
Escreva uma redação dissertativa-argumentativa, em prosa, com 20 a 30 linhas, discutindo esse
problema.
Utilize a norma-padrão da língua portuguesa e atribua um título à sua redação, que deve ser escrita
inteiramente com caneta e não deve ser assinada.

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