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“Quando todos tinham chegado para o jantar, Mamãe deu falta de mim.
— Cadê Zezé?
— Está deitado. Desde cedo que ele queixa de dor de cabeça.
Eu escutava embevecido esquecendo até o ardor do ferimento. Gostava de estar sendo o assunto.
Foi quando Glória resolveu tomar a minha defesa. Fez uma voz queixosa e ao mesmo tempo
acusativa.
— Acho que todo mundo anda batendo nele. Ele hoje estava todo moído.
Três surras é demais.
— Mas é uma pestezinha. Só fica quieto quando apanha!
— Vai dizer que você também não bate nele?
— Muito difícil. Quando muito, puxo as suas orelhas.
Fizeram um silêncio e Glória ainda continuou a me defender.
— Afinal, minha gente, ele ainda não tem seis anos. É levado mas ainda é uma criancinha.
Aquela conversa foi uma felicidade para mim.” (p.71)
“O cinto zunia com uma força danada sobre o meu corpo. Parecia que o cinto tinha mil dedos que me
acertavam em qualquer parte do corpo. Eu fui caindo, me encolhendo no cantinho da parede. Estava
certo que ele ia me matar mesmo. Ainda pude ouvir a voz de Glória que entrava para me salvar.
Glória, a única ruça como eu. Glória que ninguém tocava. Ela segurou a mão de Papai e segurou o
golpe.
— Papai. Papai. Por amor de Deus, me bata, mas não bata mais nessa criança.
Ele jogou o cinto sobre a mesa e passou as mãos sobre o rosto. Chorava por ele e por mim.
— Eu perdi a cabeça. Pensei que ele estava caçoando de mim. Fazendo pouco caso.
Quando Glória me apanhou do chão, eu desmaiei.” (p.90)
a forma como os pais tratam os filhos automaticamente os ensina sobre quais são os papéis de pais e
mães na sociedade.
A criança ou adolescente levará esses modelos de comportamento para sua vivência durante a
fase adulta. Logo, pode repetir tais comportamentos com seus filhos futuramente. Ou seja, a situação
vivida de alienação parental vai se refletir no relacionamento da vítima com seus descendentes. Além
disso, a vítima também pode ter dificuldades em construir um relacionamento duradouro com
qualquer pessoa.
TEXTO V
A partir da leitura do romance “O Meu Pé de Laranja Lima” de José Mauro de Vasconcelos é possível
refletir sobre a seguinte questão presente em nosso cotidiano:
“Qual é o papel da família na formação afetiva de crianças no Brasil?”
Escreva uma redação dissertativa-argumentativa, em prosa, com 20 a 30 linhas, discutindo esse
problema.
Utilize a norma-padrão da língua portuguesa e atribua um título à sua redação, que deve ser escrita
inteiramente com caneta e não deve ser assinada.