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=MATOLA=
Conclusão ....................................................................................................................... 11
Todo mundo tem um nome por direito, mas na África não era algo exclusivo por si
mesmo, pretendia-se nomear uma criança conforme as circunstâncias da comunidade,
família ou clã. E para nomear existiam critérios por respeitar e não devia se fazer
qualquermaneira ou pessoa assim que bem entender.O nome era considerado como uma
identidade da pessoa, tinha uma função memorial e de referência. É um reservatório de
lembranças culturais, um meio de fixação de um facto (função histórica), de fazer
reviver certos usos e costumes através de gerações.
Objectivo geral
Objectivo específico
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Dar Nome a Criança: Estabilização da Forca Vital
Nome se define como um sinal linguístico formalizado para transmitir uma mensagem,
visando uma certa eficácia e onde o conteúdo é variável segundo as condições, contexto
e as motivações que orientam a escolha. As condições geralmente são objectivas,
porque se referem a situações concretas e reais. São também subjectiva, porque são
intencionais e possuem um objectivo preciso, invocando no momento da imposição do
nome. O nome é o suporte material de uma mensagem transmitida pelos parentes a um
terceiro. A mensagem pode ser individual, familiar ou social, isto é, pode ser uma
mensagem para o portador do nome, para os seus parentes mais próximos, para os
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chefes da aldeia ou para os vizinhos.
Esta é uma definição geral que nos faz pensar que tudo que se atribui um nome tem por
uma finalidade poralcançar. Neste sentido, uma das primeiras decisõesque a chagada de
um filho é a escolha de um nome. Por trás desta decisão existem desejos e expectativas
que os pais sentem e projectam sobre a criança. O nome é a marca que carregamos
durante toda a vida, podendo simbolizar aspectos positivos ou negativos para a
construção.
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Cf. MARTINEZ, F. Lerma. Religiões Africanas Hoje. S/ Edição. Maputo, 1995
Cf. AMARAL, E. T. Roque, SEIDE, M. Sipavicius. Nomes próprios de uma pessoa. S/ed. São Paulo-
2020
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Sentido do nome do bebe na tradição africana
Nomear envolve a encarnação ou actualização de uma pessoa (um ancestral), uma certa
qualidade ou valor moral desejado, uma característica física ou poder, ou uma ocasião
ou evento. “Conferir nome é, portanto, conferir personalidade, status, destino ou
expressar um desejo ou circunstâncias em que o portador do nome nasceu." A forma
como os nomes são dados indica uma compreensão específica de "reencarnação" em
todo o continente.
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circunstâncias históricas. O verdadeiro significado destes nomes, contudo, reside nas
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suas exigências éticas e activas para com todos os envolvidos.
Significado ético é que a situação histórica seja recordada para que a pessoa e a
comunidade façam tudo o que puderem para evitar que a mesma situação volte a
ocorrer. A recordação actualiza no presente a responsabilidade de criar uma nova ordem
social, política ou económica na qual todos possam desfrutar de uma vida plena. A
lógica é a mesma com nomes que expressam ocasiões, eventos e qualidades físicas ou
morais desejáveis. Ao nomear uma criança como Esperança, Amor e assim por diante,
espera-se que a criança seja uma expressão viva dessas qualidades e um lembrete para
os outros da sua importância, mais uma vez para preservar a força vital do clã. Tudo
isso é feito em nome de poder de Deus e dos ancestrais. Na mesma medida que os
membros vivos da família, se não mais, os antepassados estão directamente interessados
e preocupados com o nascimento de um novo bebé na sua comunidade, no seu clã. É
importante notar que no nascimento, na maioria dos casos, é a força vital de um
ancestral que retorna à terra na pessoa nomeada. Os filhos dos filhos, depois de
amadurecerem, assumem o papel dos pais da mãe, indicando novamente a sua presença
no mundo visível. Pode-se ouvir a mãe de uma mãe alegrar-se com a festa de
amadurecimento do filho da sua filha porque é o seu casamento. E diz: Eu sabia que os
mortos tinham voltado para que pudessem receber nomes. Por exemplo, se gerasse um
bebé e ele chorasse sem parar, saberia que o falecido pai, é quem o perturba. Ele pede-
lhe para nomear a criança em homenagem a ele. Quando derem à criança o nome, em
homenagem ao pai, o falecido pai ficaria satisfeito em dizer: 'Meu filho deu meu nome,
ou seja, minha identidade ao filho dele. Não é de surpreender, portanto, que muitas
vezes se perceba que a criança assume as características físicas e (mais tarde, à medida
que amadurece) as características morais do ancestral que lhe deu o nome. Espera-se
que viva essas características, que leve uma vida virtuosa e exemplar em qualquer esfera
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Cf. MARTINEZ, F. Lerma. Religiões Africanas Hoje. S/ Edição. Maputo, 1995
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Cf. PANADER. Prychologs da África Ocidental. s/ed. 1969
5
Cf. MAGESA, Laurenti. Religião Africana. s/ed.
Africa
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Quem pode dar o nome? O cuidado do nome.
O nome ancestral é escolhido com muito cuidado, muitas vezes com a ajuda de um
adivinho ou de um ancião assumindo o papel de adivinho. Os próprios ancestrais, como
vimos, dão alguma indicação de que gostariam de ser nomeados através de sonhos ou
outras formas de revelação. A mais comum é através do choro, meio que os ancestrais
utilizam para incomodar a criança e chamar a atenção para si. Então os mais velhos
respondem, consulte um ancestral, se for você quem está perturbando a criança, deixe-o
em paz! Se fosse ele quem estivesse causando o problema, a criança muitas vezes
pararia de chorar. Seria então nomeado em homenagem a esse ancestral específico.
Riqueza, saúde, força, vigor mental, poder e eloquência são características buscadas na
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nomeação e as invocações nas cerimónias de nomeação ilustram isso amplamente.
Certas zonas de Moçambique, mostra-se a lua a uma criança com as palavras: "Olhe
para a lua, pequenina; nós a abençoamos com a chegada da lua nova. Quando você vê a
lua, você vê prosperidade, prosperidade e vida longa. Por exemplo, no norte da Nigéria,
um pai pode oferecer um sacrifício e orar a um ancestral: "Eu lhe dou este galo e este
bebé, observe-o; cuide dele, certifique-se de que sua mãe e ele estejam sempre com boa
saúde. E um curandeiro da Thonga da África do Sul pode apresentar a criança aos
antepassados com uma invocação semelhante: “Esta é a criança! Que ele cresça! Que
ele se torne homem por meio deste meu remédio! Que sua transpiração seja boa; que a
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impureza vá embora.”
Como escreve Wagner: “Uma vez que o espírito tenha aceitado o papel de tutela, este
último não tem mais o que temer dele”. a quem uma criança recebeu o nome nunca
prejudica seu homónimo." Mas e se as expectativas quanto à saúde da criança não se
concretizarem? Como observa Wagner, isso seria devido a outros poderes malévolos: Se
a criança ficar gravemente doente, fá-lo devido à obra maligna de um feiticeiro ou de
outro espírito e apesar da protecção concedida pelo seu nome-espírito, mas não porque
este tenha retirado a sua protecção ou mesmo invertido a sua atitude enviando danos à
criança. O tipo de protecção que o espírito-nome oferecerá é o mesmo concedido por
outrosespiritastesum elo na cadeia de forças vitais, um elo vivo, tanto activo quanto
passivo, preso pela parte superior ao elo de sua linha ascendente, e sustentando na parte
inferior a linha de sua descida.
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Cf. MARTINEZ, F. Lerma. Religiões Africanas Hoje. S/ Edição. Maputo, 1995
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Cf. MAGESA, Laurenti. Religião Africana. s/ed.
Africa
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A boa vontade foi garantida pela realização de sacrifícios. Ele tenta dissuadir outros
espíritos de enviar danos ao seu pupilo e até mesmo os convoca para obter assistência se
o dano ameaçar a criança por parte de outros agentes místicos, como feiticeiros e
bruxas.Entre os Bantu, "Uma pessoa não entra em qualquer comunicação com o espírito
que lhe deu o nome, nem é necessário fazer oferendas regulares a ele. Quando
sacrifícios são oferecidos aos espíritos ancestrais, o espírito-nome é chamado junto com
os demais para participar da refeição, mas não há sacrifícios especiais dirigidos
exclusivamente a ele." Todos os efeitos e propósitos, uma pessoa, compartilhando um
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poder de vida idêntico, o apaziguamento não faz sentido.
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Cf. MAGESA, Laurenti. Religião Africana. s/ed.
Africa
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Região sul e centro de Moçambique
Na zona sul de Moçambique, quando a mulher está no período da gestação, os
familiares «tias» da linhagem paterna reúnem-se para escolher o nome que será dado o
bebé assim que a mulher conceber. Ademais, vão se encontrar com pai da criança para
perguntar-lhe a respeito do nome que gostaria que desse o seu filho. E depois desta
conversa familiar, logo que nascer o bebé lhe dão o nome conforme combinado. Caso
haja choros anormais ao bebé, terão que faze adivinha para consultar os ancestrais.a
adivinha ee feita de seguinte maneira: criança chorando e os tios e tias vão invocando os
nomes dos defuntos e com revelação do nome certo, a criança para de chorar,
confirmam o nome tradicionalmente.
Após a colonização da África, tudo caiu de cima para baixo. No sentido preconceituoso,
eles rejeitaram a cultura africana e impuseram a sua tradição ocidental. Como se
observa, todos filhos nascido hoje são entregues os nomessem nenhuma observância
tradicional. A globalização contribui imensamente na decadência cultural sobre o dar
nomes às crianças. Agora, ninguém se recorda o quão foi importante dar nome na
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tradição africana.
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Fontes orais, sobre a nomeação das crianças na tradição africana
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Conclusão
Apesar de que se disse muitas vezes, convém não perder de vista que, o nome visa
garantir a vida, pelo que tem uma função protectiva. Na África, tradicionalmente tido,
ter filhos simbolizava uma bênção dos ancestrais. Esta era lição de vida dos nossos
antepassados. O modo de vida das pessoas era de subordinar-se às normas de
convivência de cada sociedade. Em todas tradições culturais africanas existiam
princípios e leis que regiam a comunidade que eram para fortalecer e manter a paz. Dar
nome a uma criança permitia a estabilização vital dos parentes, algo que era
extremamente considerável pelos africanos. Da mesma forma, eles tinham certeza que
após a morte havia outra vida, portanto, acreditavam que os mortos continuam vivendo
e estão entre nós. Os nomes dos ancestrais eram dados os filhos, como força motriz da
família. Não podiam desaparecer porque representavam uma identidade do núcleo
familiar. No entanto, o nome significava muita coisa na família. Não se poderiam dar
aleatoriamente, caso se fizer isso teriam algumas consequências o bebé ou a família
toda. A vida era respeitada, os laços familiares eram exigentes, a consideração das
práticas culturais era rigorosa.
Esta abordagem, se baseia no contexto histórico apenas, são poucas culturas africanas
quepraticam essas tradições. Porque é que os africanos de hoje não exercem essas
actividades tradicionais? A cultura africana, actualmente já está fragmentada. Os nomes
dados aos filhos são todos ocidentais, orientais e etc. Como consequência encontramos
várias pessoas com nomes sem significados. E isso faz imaginar, quem somos sem as
práticas? Nem africanos somos, muito menos europeus aproximamos, agora quem
somos!?Quando os europeus chegaram na África, destruíram e profanaram a cultura
africana,obrigaram a substituir os nossos nomeslocais aos seus.Podemos confirmar isso
na nossa comunidade seminarista ou religiosa,99% seminatas ou padres africanos nem
sequer um tem o nome africano. Que triste!? Aos olhos de quem diz somos civilizados.
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Referência bibliográfica
ARTINEZ, F. Lerma. Religiões Africanas Hoje. S/ Edição. Maputo, 1995
AMARAL, E. T. Roque, SEIDE, M. Sipavicius. Nomes próprios de uma pessoa. S/ed.
São Paulo- 2020
Fonte oral, sobre a nomeação das crianças na tradição africana
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