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INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3
CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 11
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................... 12
INTRODUÇÃO
O presente trabalho de pesquisa é do carácter avaliativo e apresentativo da cadeira das
Religiões Tradicionais Africanas (RTA). Onde tem como tema: os nomes teóforos nas
religiões tradicionais africanas. Com esse tema, pretende-se compreender quais são os nomes
teóforos e qual é a importância na cadeira acima referenciada.
Ao longo deste tema, ira-se debruçar em torno do termo teóforos, de seguida, vai-se falar a
respeito do termo nome na sua concepção geral, logo após esta abordagem, ira-se ilustrar os
vários nomes exclusivos de Deus em várias regiões de Moçambique incluindo os de fora de
Moçambique.
O objectivo geral deste trabalho, é de entender principalmente o que são nomes teóforos e
qual é o seu papel a nível da nossa tradição Africana. Objectivos específicos: reflectir a cerca
dos nomes teóforos a nível da cadeira acima citada; compreender os seus valores com a nossa
tradição; identificar quais são os nomes e como se chamam em cada região dentro de
Moçambique e fora.
Quanto a metodologia: para a realização deste trabalho, foi necessário a leitura e a percepção
de alguns livros cientificamente avaliados. E quanto a estrutura: o trabalho está organizado da
seguinte maneira: introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliográfica onde consta os
livros consultados.
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1. OS NOMES TEÓFOROS NAS RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS
Os nomes teóforos são aqueles nomes de pessoas que contem o nome de Deus. Estes nomes
usam-se comummente entre os povos da África Subsariana. Portanto, no uso dos nomes
teóforos encontramos uma indicação concreta da relação entre Deus e os homens. E estes
nomes da vida quotidiana recordam-nos constantemente a proximidade de Deus com a sua
criatura apesar da sua aparente distância (Martínez, 2009, p.106).
a) Nomes de função: aqueles que são como um quadro no qual é necessário entrar para
entender um determinado sinal ou como uma máscara que é precisa levar, posta para
cumprir com certas funções.
b) Nomes descritivos: são aqueles que indicam uma marca particular do individuo, que pode
ser física, psíquica ou moral. Estes nomes denotam na pessoa que os impõe um
extraordinário espírito de observação.
O nome na percepção de Martínez (idem, p.108), procura defender a vida, pelos que cumpre
uma função protectora. Todavia, o nome tem também uma função de memória e de referência.
É uma reserva de recordações culturais, meio para fixar um acontecimento ou função histórica
de fazer reviver certos usos e costumes ao longo das gerações.
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O nome, ainda segundo Martínez (idem, p.108), cumpre a função de integração do individuo
na sociedade e de identificação. Portanto, o nome identifica o individuo no meio do grupo
social a que pertence e lhe confirma a existência.
De acordo com Mpasi apud Martínez (idem, p.114), ilustra alguns nomes exclusivos de Deus
em regiões dentro do país e fora do país, a saber:
Deus Língua
Nzambi ---------------------------Congo
Mawa ----------------------------- Fon
Ewe
Imana -----------------------------Nyarrwanda
Mungu-----------------------------Swahili
Kalunga ---------------------------Tchokwe
Munkulunkulu -------------------Zulu
Mvidi – Muluku -----------------Luba
Nzakomba ------------------------Mongo
Zamba -----------------------------Ewondo
Lobo ------------------------------- Duala
Nzam -------------------------------Toke
Sambi -------------------------------Tetela
Aba-bisa ----------------------------Komo
Alorum ----------------------------- Yoruba
Nyamamuzinda -------------------- Mashi
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Segundo Pe. Altuna (2014, p. 393), todas as línguas bantu servem-se de um vocabulário
genérico para se referirem a Deus, por lhe desconhecerem o seu nome próprio. É uma
designação mais ou menos determinante, que eles atribuem a Deus uma excelência ou atributo
supremo. Portanto, para designar a Deus e evitar qualquer apropriação de sua natureza
transcendente e irrepresentável, valeram-se ou de um espírito, ou um qualificativo ou um
atributo que lhes parece muito conveniente e pode referir-se ao seu poder à sua grandeza e ao
seu habitat.
De acordo com A. Kagame apud Pe. Altuna (2014, 395), resume alguns nomes de Deus, no
âmbito da cultura bantu. Tais denominações estendem-se por áreas mais ou menos vastas,
cada qual contendo vários grupos etnolinguísticos, com variantes a partir de idêntico radical.
Para Ribas apud Pe. Altuna (idem, 397), fortifica a ideia de atribuição de alguns nomes a
Deus, afirmando que em quicongo chamam-lhe Nzambi-Mpungu, que significa: o grande, o
forte, o todo- poderoso, o perfeito, o bondoso, o imenso, o excelente, o omnipresente,
omnisciente, etc.
Outro grupo de nomes provêem dos radicais umba, panga, unda, tongla, ilola e, sobretudo,
unga que dão uma noção de criar fabricando, dando forma, modelando. Assim sendo, pode-se
designar Deus os seguintes nomes: Mbunda, Pomba, Umbumbi, Maunda, Karunga, Kalanga,
katonga, Umbumba, Kalunga, oku-huka que significa o altíssimo, o Excelso, o Grande, o
Impenetrável. Sku que quer dizer: o que socorre as necessidades de suas criaturas. Uasuku (o
último), Suku seria, assim, o primeiro de todos.
2.2. Moçambique
Sobre o nome próprio de Deus as línguas de Moçambique proporcionam-se um mosaico de
nomes, na maioria dos casos com semelhanças ortográficos muito importantes. É necessário
fazer-se um estudo filológico e comparativo do nome de Deus nas diferentes línguas de
Moçambique. Na amplitude cultural de Moçambique, com uma abundância de povos e
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línguas, podemos encontrar certa unidade ou determinadas linhas gerais em cada uma das três
grandes áreas culturais (Martínez, 2009, p.114).
Para o povo Yao, na província do Niassa o nome exclusivo de Deus é Ntanga Lembe que pode
ser traduzido por Espírito Grande, ser Supremo. Etimologicamente provém de verbo Kutanga
(falar), com o sentido de Espírito que fala. Posteriormente nomeavam a Deus com nome
N’nlungu, que ficou como exclusivo. O povo Makonde habitantes da província de Cabo
Delgado, em alguns distritos de: Mueda, Nangada, Muidunbe, Maconia, etc… A sua língua é
Chimakonde, para estes, Deus é chamado de N’nungu (idem, p.116).
E para os distritos de Mocimba da Praia, Quissanga, Ibo e Pemba, o nome exclusivo de Deus
é Nugu. É a língua Cinyanja, Cicewa, dos distritos de Logo, Mandimba, e Macanhelas da
província do Niassa, no distrito de Milange, na Zambézia; e nos distritos de furancungo,
Macanga, Zumbo (Tete). Fora de Moçambique, fala-se Cinyanja no Malawi (ibidem).
Para Martínez (Idem, p. 117), em Nampula (Angoche) língua falada nesta região da província
é Ekoti, e tem como nome exclusivo de Deus o termo Nnyizingu. Para o povo Muçulmano,
usa-se normalmente a palavra árabe Alah. E para a Alta Zambézia em particular para as zonas
que falam Lomwe o nome exclusivo de Deus é Muluku.
Deus Lingua
Muluku -------------------------------- Emakhuwa, Xirima, Elomwe
Nlunku -------------------------------- Emeto
Mulugu -------------------------------- Echuwabo
N’nlungu ------------------------------ Ciyao
Nungu --------------------------------- Kinwani
NNyizingu ---------------------------- Ekoti
N’Nungu ----------------------------- Chimakonde
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2.2.2. Zona Centro de Moçambique
São as seguintes províncias: Tete, Zambézia, Manica e Sofala. A língua que é mais falada
nessas regiões do País é a Cisina aproximadamente dez por cento da população total de
Moçambique. E o nome exclusivo de Deus na língua acima referenciada é Mulungu. Para
Sofala, Manica, e um pouco fora de Moçambique como, por exemplo: Zimbabué, falam a
língua Shona. E Cimanyika, é a língua falada em: (Chimoio, Gôndola e Marea na província de
Manica), e o nome exclusivo de Deus nestes pontos do centro é Mwari (Martínez, 2009, p.
117).
Deus Língua
Mwari -------------------------------------- Cindau, Cishona, Cimanyika
Mulungu ----------------------------------- Cisina, Cibarne, Angoni, Cinyungwe
M’Lungu ---------------------------------- Citeve
Murrungu --------------------------------- Cindau
Chauta -------------------------------------- Cinyanja
Portanto, ainda para Martínez (Idem, p.119), O povo Chope vive nos distritos de Zavala,
Inhambane, Jagamo, Homoine e Penda, e a sua língua é Cichope para eles o nome exclusivo
de Deus é Mungungulu. E o povo Changana corresponde às províncias de: Gaza e Maputo no
Sul de Moçambique e a sua língua é Xitsonga e eles chamam a Deus com o nome exclusivo
de Xikwembo.
Deus Lingua
Xikwembo -------------------------- Xironga e Xichangana
Nungungulu ------------------------ Cichope, Gitonga e Xitshwa
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Segundo Langa (1992, pp.10-14) diz que Deus recebe tantos nomes segundo a maneira ou
formas com que ele é apreendido e pressentido pelo homem. Portanto as circunstâncias
existenciais e históricas do homem determinam os nomes pelos quais Deus é designado.
Todavia, para a sociedade do changano-chope, Deus é designado correctamente por sete
nomes, ao menos. Neste sentido, vai-se indicar cada um deles nas duas línguas, sendo o
primeiro em changana e o segundo em chope:
Xikwembu/Tchikwembu – este termo é um dos nomes mais autóctones para designar Deus. No
entanto, ele designa, também, a alma ou o espírito de uma pessoa morta. Mas grande distinção
entre eles, é que o termo é usado quase exclusivamente no singular quando se trata de Deus e
no plural se se trata de espírito humano de tal maneira que, mesmo quando se trata de um só
espírito de um homem morto, usa-se o plural.
Xizimu/Tchizimu – este termo não parece ser de origem changana-chope ou, pelo menos não
tem bases para afirmar. Com efeito, encontramo-lo entre Tongas do Zimbabwe, que o
empregam para designar os espíritos dos mortos, empregando-o exclusivamente ou quase
exclusivamente para designar a Deus. No contexto changano-chope e quase todo o Sul do
Save este termo é exclusivamente ou quase exclusivamente para designar a Deus.
Nkulukumba – este termo foi logo aceite pelos missionários. Ele é de origem zulo, derivado
do termo Nkulukulu. A raiz deste termo é Nkulu, que quer dizer grande (designando o
tratamento ou a dignidade). Nluku é o nome de Deus entre os mitos (norte de Moçambique).
Muvangi- este nome deriva do verbo Kuvanga e diremos melhor se dissermos que é um nome
ou objectivo verbal. Este nome significa, logicamente, aquele que dá origem, aquele que
produz ou que faz etc. como se pode deduzir logo, o termo Muvangi refere directamente a
Deus. Pois, é o criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.
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Hosi/Inkoma – este termo aqui nos referimos, ao rei, senhor, chefe. Resumindo pode-se dizer
que ele conota autoridade ou poder temporais. Portanto, este termo ocidental direcciona ao
Senhor ou Deus.
Portanto, como se vê, há uma pluralidade de nomes para designar a Deus na sociedade
changano-chope. Esta diversidade de nomes é uma das provas do carácter misto desta
sociedade. Estes nomes não são realidade mortas ou de museu, mas vivas, isto é, são nomes
em pleno uso.
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CONCLUSÃO
Depois desse processo de pesquisa, pode-se compreender que Deus ao longo da nossa história
fez parte nos planos até dos nossos sonhos. Vários nomes foram atribuídos a ele para servirem
como guia de aproximação do homem com o seu Deus. Todo o homem procura conhecer a
Deus e confia todos os seus problemas a Ele para soluciona-los.
Neste trabalho, percebe-se que quando se fala de nomes teóforos são aqueles que nos trazem
uma indicação concreta entre Deus e os homens. Ou seja, falar dos nomes teóforos em outras
palavras é ilustrar tradicionalmente o valor de Deus nas várias regiões do nosso país e do
mundo fora e porque não de cada uma das pessoas existentes neste mundo.
O nome de Deus aqui em Moçambique em suas regiões: norte, centro e sul, nota-se várias
maneiras de interpretação deste Nome. Portanto, todas essas regiões procuram e assentam no
conhecimento e na consideração real de Deus nas suas vidas e em todos os seus planos do dia-
a-dia.
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BIBLIOGRAFIA
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