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ÍNDICE

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................3

1. OS NOMES TEÓFOROS NAS RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS .............................4

1.1. A concepção do Nome em Geral...................................................................................................4

2. O NOME DE DEUS EM ALGUMAS REGIÕES DO PAIS E DO MUNDO ....................................5

2.1. Fora de Moçambique.....................................................................................................................5

2.2. Moçambique ..................................................................................................................................6

2.2.1. Zona norte de Moçambique....................................................................................................7

2.2.2. Zona Centro de Moçambique .................................................................................................8

2.2.3. Zona Sul de Moçambique .......................................................................................................8

CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 11

BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................... 12
INTRODUÇÃO
O presente trabalho de pesquisa é do carácter avaliativo e apresentativo da cadeira das
Religiões Tradicionais Africanas (RTA). Onde tem como tema: os nomes teóforos nas
religiões tradicionais africanas. Com esse tema, pretende-se compreender quais são os nomes
teóforos e qual é a importância na cadeira acima referenciada.

Ao longo deste tema, ira-se debruçar em torno do termo teóforos, de seguida, vai-se falar a
respeito do termo nome na sua concepção geral, logo após esta abordagem, ira-se ilustrar os
vários nomes exclusivos de Deus em várias regiões de Moçambique incluindo os de fora de
Moçambique.

O objectivo geral deste trabalho, é de entender principalmente o que são nomes teóforos e
qual é o seu papel a nível da nossa tradição Africana. Objectivos específicos: reflectir a cerca
dos nomes teóforos a nível da cadeira acima citada; compreender os seus valores com a nossa
tradição; identificar quais são os nomes e como se chamam em cada região dentro de
Moçambique e fora.

Quanto a metodologia: para a realização deste trabalho, foi necessário a leitura e a percepção
de alguns livros cientificamente avaliados. E quanto a estrutura: o trabalho está organizado da
seguinte maneira: introdução, desenvolvimento, conclusão e bibliográfica onde consta os
livros consultados.

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1. OS NOMES TEÓFOROS NAS RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS
Os nomes teóforos são aqueles nomes de pessoas que contem o nome de Deus. Estes nomes
usam-se comummente entre os povos da África Subsariana. Portanto, no uso dos nomes
teóforos encontramos uma indicação concreta da relação entre Deus e os homens. E estes
nomes da vida quotidiana recordam-nos constantemente a proximidade de Deus com a sua
criatura apesar da sua aparente distância (Martínez, 2009, p.106).

1.1. A concepção do Nome em Geral


De acordo com Martínez (2009, p.106), o nome individual tem uma grande importância numa
pessoa, pois ajuda a situar no quadro geral das culturas da oralidade, na qual a palavra tem
uma força sagrada. Portanto, o nome é suporte material duma mensagem transmitido pelos
parentes a um terceiro. A mensagem pode ser individual, familiar ou social ou seja pode estar
dirigida ao portador do nome, aos seus parentes mais próximos, aos vizinhos ou aos chefes.

Martínez (idem, p.107), classifica o nome em três tipos, a saber:

a) Nomes de função: aqueles que são como um quadro no qual é necessário entrar para
entender um determinado sinal ou como uma máscara que é precisa levar, posta para
cumprir com certas funções.

b) Nomes descritivos: são aqueles que indicam uma marca particular do individuo, que pode
ser física, psíquica ou moral. Estes nomes denotam na pessoa que os impõe um
extraordinário espírito de observação.

c) Podemos encontrar também nomes de natureza psicológica: que denotam uma


preocupação profunda do doador do nome sobre a sorte ou sobre o futuro da pessoa a
quem lhe impuseram o nome. Portanto, as pessoas recebem os vários nomes segundo as
fases da vida e das circunstâncias. Há um nome intrínseco e vital que se recebe nos ritos
de iniciação. Há outros nomes ocasionais, impostos por determinada circunstância da vida
da família em que esse individuo pertence.

O nome na percepção de Martínez (idem, p.108), procura defender a vida, pelos que cumpre
uma função protectora. Todavia, o nome tem também uma função de memória e de referência.
É uma reserva de recordações culturais, meio para fixar um acontecimento ou função histórica
de fazer reviver certos usos e costumes ao longo das gerações.

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O nome, ainda segundo Martínez (idem, p.108), cumpre a função de integração do individuo
na sociedade e de identificação. Portanto, o nome identifica o individuo no meio do grupo
social a que pertence e lhe confirma a existência.

2. O NOME DE DEUS EM ALGUMAS REGIÕES DO PAIS E DO MUNDO


2.1. Fora de Moçambique
O missionário queniano John Mbiti Melhor estudioso da RTA, depois de analisar o conceito
de Deus em cerca de trezentos povos de África, afirma: «em todas estas sociedades, sem
excepção alguma, as pessoas têm uma noção de Deus». E teólogo Congolês L. Boka Di
Mpasi, ao referir-se aos vários povos da África subsariana, informa sobre alguns nomes
próprios de Deus nas respectivas línguas (Martínez, 2009, p.113).

De acordo com Mpasi apud Martínez (idem, p.114), ilustra alguns nomes exclusivos de Deus
em regiões dentro do país e fora do país, a saber:

Deus Língua

Nzambi ---------------------------Congo
Mawa ----------------------------- Fon
Ewe
Imana -----------------------------Nyarrwanda
Mungu-----------------------------Swahili
Kalunga ---------------------------Tchokwe
Munkulunkulu -------------------Zulu
Mvidi – Muluku -----------------Luba
Nzakomba ------------------------Mongo
Zamba -----------------------------Ewondo
Lobo ------------------------------- Duala
Nzam -------------------------------Toke
Sambi -------------------------------Tetela
Aba-bisa ----------------------------Komo
Alorum ----------------------------- Yoruba
Nyamamuzinda -------------------- Mashi

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Segundo Pe. Altuna (2014, p. 393), todas as línguas bantu servem-se de um vocabulário
genérico para se referirem a Deus, por lhe desconhecerem o seu nome próprio. É uma
designação mais ou menos determinante, que eles atribuem a Deus uma excelência ou atributo
supremo. Portanto, para designar a Deus e evitar qualquer apropriação de sua natureza
transcendente e irrepresentável, valeram-se ou de um espírito, ou um qualificativo ou um
atributo que lhes parece muito conveniente e pode referir-se ao seu poder à sua grandeza e ao
seu habitat.

De acordo com A. Kagame apud Pe. Altuna (2014, 395), resume alguns nomes de Deus, no
âmbito da cultura bantu. Tais denominações estendem-se por áreas mais ou menos vastas,
cada qual contendo vários grupos etnolinguísticos, com variantes a partir de idêntico radical.

A denominação mais comum na área bantu e empregada em Algumas línguas é a de Nzambi,


com estas variantes: Nyambe, Njambi, Nzambe, Nzame, Nzama, Njambe, Nsambi, Tshambe,
Inambie, Inandzambi, Nhambe e outros. Esta denominação de Deus cobre a área bantu Norte-
Oeste. Desde os Camarões, estende suas ramificações ao centro de Congo (Zaire) e por um
corredor susceptível de alargamento maior, avança uma volumosa ponta até à Zâmbia Sul-
Ocidental, com importantes ilhas de Angola.

Para Ribas apud Pe. Altuna (idem, 397), fortifica a ideia de atribuição de alguns nomes a
Deus, afirmando que em quicongo chamam-lhe Nzambi-Mpungu, que significa: o grande, o
forte, o todo- poderoso, o perfeito, o bondoso, o imenso, o excelente, o omnipresente,
omnisciente, etc.

Outro grupo de nomes provêem dos radicais umba, panga, unda, tongla, ilola e, sobretudo,
unga que dão uma noção de criar fabricando, dando forma, modelando. Assim sendo, pode-se
designar Deus os seguintes nomes: Mbunda, Pomba, Umbumbi, Maunda, Karunga, Kalanga,
katonga, Umbumba, Kalunga, oku-huka que significa o altíssimo, o Excelso, o Grande, o
Impenetrável. Sku que quer dizer: o que socorre as necessidades de suas criaturas. Uasuku (o
último), Suku seria, assim, o primeiro de todos.

2.2. Moçambique
Sobre o nome próprio de Deus as línguas de Moçambique proporcionam-se um mosaico de
nomes, na maioria dos casos com semelhanças ortográficos muito importantes. É necessário
fazer-se um estudo filológico e comparativo do nome de Deus nas diferentes línguas de
Moçambique. Na amplitude cultural de Moçambique, com uma abundância de povos e

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línguas, podemos encontrar certa unidade ou determinadas linhas gerais em cada uma das três
grandes áreas culturais (Martínez, 2009, p.114).

2.2.1. Zona norte de Moçambique


De acordo com Martínez (idem, 115), nesta região Nortenha de Moçambique: (Niassa, Cabo
Delegado, Nampula e Zambézia são umas terras maioritariamente habitada pelo povo macua).
A palavra que em Macua se refere exclusivamente a Deus é Muluku, com as correspondentes
variantes dialectais de Nluku e Mulugu. É uma palavra que parece espontaneamente na
conversa normal de um Macua em exclamações comuns: Ah Muluku! (oh Deus!); Ya Muluku!
(Por Deus!); Muluku okhala! (Deus existe).

Para o povo Yao, na província do Niassa o nome exclusivo de Deus é Ntanga Lembe que pode
ser traduzido por Espírito Grande, ser Supremo. Etimologicamente provém de verbo Kutanga
(falar), com o sentido de Espírito que fala. Posteriormente nomeavam a Deus com nome
N’nlungu, que ficou como exclusivo. O povo Makonde habitantes da província de Cabo
Delgado, em alguns distritos de: Mueda, Nangada, Muidunbe, Maconia, etc… A sua língua é
Chimakonde, para estes, Deus é chamado de N’nungu (idem, p.116).

E para os distritos de Mocimba da Praia, Quissanga, Ibo e Pemba, o nome exclusivo de Deus
é Nugu. É a língua Cinyanja, Cicewa, dos distritos de Logo, Mandimba, e Macanhelas da
província do Niassa, no distrito de Milange, na Zambézia; e nos distritos de furancungo,
Macanga, Zumbo (Tete). Fora de Moçambique, fala-se Cinyanja no Malawi (ibidem).

Para Martínez (Idem, p. 117), em Nampula (Angoche) língua falada nesta região da província
é Ekoti, e tem como nome exclusivo de Deus o termo Nnyizingu. Para o povo Muçulmano,
usa-se normalmente a palavra árabe Alah. E para a Alta Zambézia em particular para as zonas
que falam Lomwe o nome exclusivo de Deus é Muluku.

Deus Lingua
Muluku -------------------------------- Emakhuwa, Xirima, Elomwe
Nlunku -------------------------------- Emeto
Mulugu -------------------------------- Echuwabo
N’nlungu ------------------------------ Ciyao
Nungu --------------------------------- Kinwani
NNyizingu ---------------------------- Ekoti
N’Nungu ----------------------------- Chimakonde

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2.2.2. Zona Centro de Moçambique
São as seguintes províncias: Tete, Zambézia, Manica e Sofala. A língua que é mais falada
nessas regiões do País é a Cisina aproximadamente dez por cento da população total de
Moçambique. E o nome exclusivo de Deus na língua acima referenciada é Mulungu. Para
Sofala, Manica, e um pouco fora de Moçambique como, por exemplo: Zimbabué, falam a
língua Shona. E Cimanyika, é a língua falada em: (Chimoio, Gôndola e Marea na província de
Manica), e o nome exclusivo de Deus nestes pontos do centro é Mwari (Martínez, 2009, p.
117).

Deus Língua
Mwari -------------------------------------- Cindau, Cishona, Cimanyika
Mulungu ----------------------------------- Cisina, Cibarne, Angoni, Cinyungwe
M’Lungu ---------------------------------- Citeve
Murrungu --------------------------------- Cindau
Chauta -------------------------------------- Cinyanja

2.2.3. Zona Sul de Moçambique


E formada pelas províncias de Inhambane, Gaza e Maputo. Nesta região do país existe uma
unidade cultural bastante grande. E o povo Tshwa é o grupo considerado mais numeroso da
província de Inhambane; e a sua língua é: Xitshwa, e o nome exclusivo de Deus é
Mungungulu. Povo Tonga habita na ribeira da baía de Inhambane, nos distritos de Jangamo e
Morrumbene e nas cidades de Maxixe, e a sua língua é Gitonga eles chamam a Deus com o
nome exclusivo de Mungungulu (Martínez, 2009, p. 118).

Portanto, ainda para Martínez (Idem, p.119), O povo Chope vive nos distritos de Zavala,
Inhambane, Jagamo, Homoine e Penda, e a sua língua é Cichope para eles o nome exclusivo
de Deus é Mungungulu. E o povo Changana corresponde às províncias de: Gaza e Maputo no
Sul de Moçambique e a sua língua é Xitsonga e eles chamam a Deus com o nome exclusivo
de Xikwembo.

Deus Lingua
Xikwembo -------------------------- Xironga e Xichangana
Nungungulu ------------------------ Cichope, Gitonga e Xitshwa

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Segundo Langa (1992, pp.10-14) diz que Deus recebe tantos nomes segundo a maneira ou
formas com que ele é apreendido e pressentido pelo homem. Portanto as circunstâncias
existenciais e históricas do homem determinam os nomes pelos quais Deus é designado.
Todavia, para a sociedade do changano-chope, Deus é designado correctamente por sete
nomes, ao menos. Neste sentido, vai-se indicar cada um deles nas duas línguas, sendo o
primeiro em changana e o segundo em chope:

Xikwembu/Tchikwembu – este termo é um dos nomes mais autóctones para designar Deus. No
entanto, ele designa, também, a alma ou o espírito de uma pessoa morta. Mas grande distinção
entre eles, é que o termo é usado quase exclusivamente no singular quando se trata de Deus e
no plural se se trata de espírito humano de tal maneira que, mesmo quando se trata de um só
espírito de um homem morto, usa-se o plural.

Xizimu/Tchizimu – este termo não parece ser de origem changana-chope ou, pelo menos não
tem bases para afirmar. Com efeito, encontramo-lo entre Tongas do Zimbabwe, que o
empregam para designar os espíritos dos mortos, empregando-o exclusivamente ou quase
exclusivamente para designar a Deus. No contexto changano-chope e quase todo o Sul do
Save este termo é exclusivamente ou quase exclusivamente para designar a Deus.

Nkulukumba – este termo foi logo aceite pelos missionários. Ele é de origem zulo, derivado
do termo Nkulukulu. A raiz deste termo é Nkulu, que quer dizer grande (designando o
tratamento ou a dignidade). Nluku é o nome de Deus entre os mitos (norte de Moçambique).

Nungungulu – este termo, no contexto changano-chope, é quase só usado na língua chope


devido ao seu contacto com a população Bitonga e a dos vatswa, todas da província de
Inhambane.

Muvangi- este nome deriva do verbo Kuvanga e diremos melhor se dissermos que é um nome
ou objectivo verbal. Este nome significa, logicamente, aquele que dá origem, aquele que
produz ou que faz etc. como se pode deduzir logo, o termo Muvangi refere directamente a
Deus. Pois, é o criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Nyatchitimwi- este nome é genuinamente de origem chope e os vatchangana dificilmente o


conseguem pronunciar. Ele deriva do termo tchitimwi, que quer dizer em cima, no altar. Este
termo é mais usado correctamente e traduz-se por altíssimo.

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Hosi/Inkoma – este termo aqui nos referimos, ao rei, senhor, chefe. Resumindo pode-se dizer
que ele conota autoridade ou poder temporais. Portanto, este termo ocidental direcciona ao
Senhor ou Deus.

Portanto, como se vê, há uma pluralidade de nomes para designar a Deus na sociedade
changano-chope. Esta diversidade de nomes é uma das provas do carácter misto desta
sociedade. Estes nomes não são realidade mortas ou de museu, mas vivas, isto é, são nomes
em pleno uso.

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CONCLUSÃO
Depois desse processo de pesquisa, pode-se compreender que Deus ao longo da nossa história
fez parte nos planos até dos nossos sonhos. Vários nomes foram atribuídos a ele para servirem
como guia de aproximação do homem com o seu Deus. Todo o homem procura conhecer a
Deus e confia todos os seus problemas a Ele para soluciona-los.

Neste trabalho, percebe-se que quando se fala de nomes teóforos são aqueles que nos trazem
uma indicação concreta entre Deus e os homens. Ou seja, falar dos nomes teóforos em outras
palavras é ilustrar tradicionalmente o valor de Deus nas várias regiões do nosso país e do
mundo fora e porque não de cada uma das pessoas existentes neste mundo.

O nome de Deus aqui em Moçambique em suas regiões: norte, centro e sul, nota-se várias
maneiras de interpretação deste Nome. Portanto, todas essas regiões procuram e assentam no
conhecimento e na consideração real de Deus nas suas vidas e em todos os seus planos do dia-
a-dia.

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BIBLIOGRAFIA

Martínez, F. Lerma. (2009). Religiões Africanas Hoje. 3a Edição. Maputo: Paulinas

Langa, Adriano (ofm). (1992). Questões Cristãs à Religião Tradicional Africana


(Moçambique). 2a Edição. Braga: Editorial Franciscana.

Pe. Altuna, R. De A. Raul. (2014). Cultura Tradicional Bantu. 2a Edição. Paulinas:


Moçambique-Maputo.

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