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Oferendas? Preparos e composições afro-religiosas em dois mundos

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Dandara Dorneles José Carlos Gomes Carlos Gomes dos Anjos


Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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Oferendas?
Preparos e composições afro-religiosas em dois mundos
DANDARA RODRIGUES DORNELES*
JOSÉ CARLOS GOMES DOS ANJOS**

Resumo: O artigo versa sobre composições e preparos afro-religiosos que são conhecidos e
denominados amplamente como “oferendas”. O objetivo é problematizar e discutir esse termo,
justapondo a sua utilização em dois âmbitos – o externo à religiosidade afro-brasileira e na
comunidade do Centro Africano Ogum e Iansã, terreiro do Rio Grande do Sul. A etnografia,
seguindo os princípios da observação participante, é a estratégia de investigação adotada neste
estudo. Como resultado observa-se que no âmbito externo oferenda se trata de um termo
genérico, que comumente permeia mais a esfera pública do que um termo que seja empregado no
interior da comunidade afro-religiosa. O termo oferenda acaba por “traduzir” diferentes processos
ritualísticos, envolvendo as contendas raciais. Já dentro do terreiro, não há oferendas, mas uma
variedade de preparos em conformidade ao objetivo, ao culto e às entidades. São composições
complexas que mobilizam um pensar negro ancestral que não é apreendido pelo termo
“oferenda”.
Palavras-chave: Terreiro; Ebó; Religiosidade Afro-brasileira; Educação e/em Terreiros.
Offerings? Afro-religious preparations and compositions in two worlds
Abstract: The article deals with Afro-religious compositions and preparations that are widely
known and called “offerings”. The objective is to problematize and discuss this term, juxtaposing
its use in two scopes - the external to Afro-Brazilian religiosity and in the community of the
African Center Ogum and Iansã, terreiro of Rio Grande do Sul. Ethnography, following the
principles of participant observation, is the research strategy adopted in this study. As a result, is
observed that in the external scope the offering is a generic term which commonly permeates the
public sphere, more than a term that is used within the Afro-religious community. The term
offering “translates” different ritualistic processes, involving racial strifes, while inside the
terreiro there are no offerings, but a variety of preparations in accordance with the objective, cult
and entities. They are complex compositions that mobilize an ancestral black thinking that is not
apprehended by the term "offering".
Key words: Terreiro; Ebó; Afro-Brazilian Religiosity; Education and/in Terreiros.

*
DANDARA RODRIGUES DORNELES é Mestra pelo Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGEdu/UFRGS).

**
JOSÉ CARLOS GOMES DOS ANJOS é Doutor em Antropologia Social pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pós-doutorado em Ecole Normale Superieure de
Paris. Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul atuando nos Programas de Pós-Graduação
em Sociologia e Desenvolvimento Rural.

130
Introdução Do mesmo modo, “oferenda” é
frequentemente utilizada em alguns
Os conjuntos de preparos afro-
diálogos corriqueiros entre pessoas que
religiosos, que são elaborados e
desconhecem e não compartilham dos
ensinados no cotidiano de um terreiro1 e
pressupostos presentes nos terreiros. Sob
denominados amplamente de
o olhar desses sujeitos, comidas, flores,
“oferendas”, são o foco da discussão que
pratos adornados, bebidas, ou mesmo
se propõe no presente artigo. Longe de
um conjunto inusitado de objetos são
definir e limitar essas complexas e
amplamente designados como oferendas.
diversificadas composições ritualísticas,
Em outras palavras, elementos que estão
que variam dependendo do culto, da
dispostos ou não nas ruas, mesmo com
linha2 e da nação3 do terreiro, bem como
origem, significado e circunstâncias
do estado e da região em que a
comunidade se encontra, interessa, neste diferentes, são usualmente denominados
momento, argumentar que existe um e entendidos como oferendas afro-
pensar e um fazer negro no qual o religiosas pelas pessoas externas a essa
religiosidade.
ocidentalismo implicado no termo
“oferenda” não dá conta. Em paralelo, pode-se dizer que a
De forma geral, quando se menciona oferenda tal como referida, de forma
“oferenda”, muito possivelmente, uma genérica, “não existe” dentro dos
pessoa externa ao “mundo dos terreiros” terreiros, principalmente no contexto das
– pelo menos dentro do contexto comunidades de axé no Sul do Brasil.
brasileiro – pensará em um “artefato” Pressupomos que o modo como as
oriundo de cultos afro-religiosos. Tal oferendas afro-religiosas são
termo, consideravelmente conhecido, é amplamente conhecidas e mencionadas
bastante recorrente nos meios de se constitui em uma demasiada
comunicação (jornais, sites, redes de generalização ocidental, e que de dentro
televisão, etc.). Inclusive, se buscarmos dos terreiros emanam outros sentidos,
a palavra “oferenda” em sites de busca, significados e conhecimentos a respeito.
as primeiras imagens que aparecerão são
de elementos relacionados à Nessa direção, uma vez que o sentido
religiosidade afro-brasileira, retratando constitui e forma realidades (HALL,
essa relação construída com o termo. 2016), dinamizamos, no presente artigo,
as seguintes indagações: do que as
“oferendas afro-religiosas” tratam e
como são usualmente entendidas? Em
1
paralelo, como essas oferendas se
Terreiro, terreira, casa, ilê, templo, centro, axé,
reino e sociedade são algumas das denominações
inscrevem em um terreiro no Rio Grande
para o local sagrado e central de cultos e do Sul? Por meio dessas questões, o
cerimônias afro-religiosas, conforme Leite objetivo é problematizar e discutir o
(2017) menciona. termo “oferenda”, justapondo seus usos
2
Linha Branca, Sete linhas, Linha das Almas e dentro e fora de uma comunidade afro-
Angola, Linha Cruzada, Linha do Caboclo são
alguns exemplos.
religiosa e, do mesmo modo, destacando
3
Egbá, Ijebu, Ijexá, Ketu, Anagô e Eyó, no que o debate não está livre de relações
complexo cultural Nagô, por exemplo, bem de poder e das contendas raciais que
como Fon, Mali, Jegum entre outros com o nome circundam os modos de existência
genérico de Jeje (SODRÉ, 2017). De acordo com negros na sociedade brasileira.
Lopes (2011, p. 905), “‘de nação’ é expressão
usada para designar determinada linha de culto
tida como africana [...]”.

131
Para tanto, direcionamos o olhar às Tal como argumenta Sodré (2017), o
assim chamadas oferendas em dois envoltório religioso dos cultos afro-
contextos socioculturais (em dois brasileiros seria igualmente uma
mundos) – um externo à religiosidade estratégia para a continuidade de uma
afro-brasileira; e outro no contexto da forma intensiva de existência e para a
comunidade do Centro Africano Ogum e permanência de uma outra filosofia.
Iansã, terreiro do Rio Grande do Sul – Ainda, segundo Santos (2015), também
Brasil. A este respeito, “externos”, aqui, conhecido como Nêgo Bispo, “a religião
fazem alusão aos grupos e sistemas é uma dimensão privilegiada para o
culturais heterogêneos com uma entendimento das diversas maneiras de
compreensão da religiosidade desde viver, sentir e pensar a vida entre os
“fora” (dimensão “etic”), diferente dos diferentes povos e sociedades [...]”
“internos”, que entenderiam a (SANTOS, 2015, p. 20). Assim,
religiosidade a partir de “dentro” argumentamos inicialmente que as
(dimensão “emic”). Dessa forma, o maneiras de viver a/na religiosidade
propósito é destacar que há diferentes afro-brasileira – essa “forma intensiva
sistemas culturais envolvidos neste de existência” (SODRÉ, 2017, p. 16) –
debate, considerando que o “grupo articulam um pensar e fazer negro
externo” possui bases civilizatórias presente, inclusive, nas ditas
ocidentais. “oferendas”.
Este estudo foi realizado sob inspiração
etnográfica a partir da observação Oferenda: uma generalização
participante, tendo Mãe Negra Ângela4, demasiada
a Iyalorixá do Centro Africano Ogum e
Iansã, como a principal interlocutora. Para iniciar, como já referido, pode-se
Juntamente, narrativas e discursos dizer que para as pessoas que não
externos aos terreiros, que foram vivenciam a religiosidade afro-brasileira,
identificados ao longo da pesquisa pessoas externas, oferenda parece ser
etnográfica em diferentes contextos e em qualquer coisa, elemento, material
plataformas digitais, foram considerados disposto na rua, em matas, na praia, em
na estratégia de investigação. Assim, esquinas, ou em outros locais públicos.
esses materiais possibilitaram certa Oferenda é por esses entendida, descrita
contextualização e, ao mesmo tempo, e definida como um presente, um
articulação entre as questões atinentes à donativo, uma oblação, bem como
religiosidade afro-brasileira e às muitas vezes mencionada enquanto parte
oferendas. de cultos maléficos, sendo rapidamente
Ademais, cabe destacar que a relacionada às religiões afro-brasileiras.
religiosidade afro-brasileira, para além
do seu aspecto religioso e cultural, é Destaca-se também que alguns
entendida enquanto um modo de zeladores, iyalorixás e babalorixás,
existência e de compreensão de mundo. aqueles mais envolvidos com as esferas
públicas, por vezes, utilizam desse termo
quando visam à comunicação com leigos
4
Todas as informações apresentadas tiveram a e pessoas externas. Em entrevistas
liberação da comunidade do Centro Africano concedidas, na escrita de textos abertos
Ogum e Iansã, na figura da Iyalorixá Negra
Ângela (Mãe Ângela), para a publicação. Isso
em redes sociais ou em sites de internet,
também inclui a Figura 1, que foi registrada pela são outros exemplos onde veríamos o
primeira autora. termo “oferenda” sendo utilizado por

132
iniciados5 com uma determinada obrigações como objetos e roupas de
dimensão educativa visando ensinar e iniciados que morreram; as levantações
também se comunicar, pois esses após os rituais de batuque; as comidas
sujeitos, como diriam Flor do de obrigação; e até mesmo o mercado6
Nascimento e Botelho (2020), são são amplamente denominados e
também habitantes de entremundos. entendidos por pessoas externas como
Assim, o termo “oferenda” quando oferendas. Diferentes preparos afro-
proferida por esses assume um caráter religiosos, os quais colocam em relação
educativo para que pessoas de diferentes iniciados, entidades, comidas, materiais,
sistemas culturais se compreendam e intensidades, espaços (como
dialoguem. apontaremos na seção seguinte) são
Em paralelo, dentro do terreiro Centro externamente generalizados. Como se
Africano Ogum e Iansã, por exemplo, – diz nos terreiros, “tudo é colocado no
mesmo saco”, trivializando, e, dessa
um terreiro cruzado fundado no ano de
1996, que realiza rituais de umbanda, forma, diminuindo a importância, os
significados e as potências desses
quimbanda e nação (batuque), que são
os mais recorrentes no Rio Grande do preparos.
Sul (CORRÊA, 1991) – “oferenda” Se cultura diz respeito ao
sequer é mencionada nas situações do “compartilhamento de significados”, em
cotidiano, tampouco na forma como é que os “membros da mesma cultura
amplamente conhecida e referida. Se compartilham conjuntos de conceitos,
dentro desse espaço comunitário imagens e ideias que lhes permitem
qualquer pessoa se utilizar desse termo sentir, refletir e, portanto, interpretar o
para reportar algo precisará, mundo de forma semelhante” (HALL,
minimamente, dar maiores explicações 2016, p. 23), logo, podemos pensar que
acerca do que está falando a fim de ser tais processos ritualísticos partilhados
compreendida. Não é que lá os iniciados também podem ser entendidos como
não saibam o que ela pode vir a ser, que fazendo parte de uma cultura. Assim,
desconheçam completamente o termo, quando se tem um conjunto de processos
ou, tampouco, que outra palavra possa ritualísticos que se convencionou
ser utilizada como sinônimo. Antes, chamar de “oferendas”, e que são
“oferenda”, tal como é entendida pelas compreendidos, tomados e vivenciados
pessoas externas, fazendo alusão a tudo de formas diferentes entre pessoas
e a praticamente todos os preparos “internas” e “externas” aos terreiros,
ritualísticos que envolvem diferentes estamos, grosso modo, tratando de uma
tipos de “materiais”, não corresponde temática que envolve distintos sistemas
especificamente a nenhum dos variados culturais.
processos que se dão nessa comunidade
Oferenda trata-se, assim, de um termo
e nas suas precursoras.
que comumente permeia mais a esfera
No contexto do Rio Grande do Sul,
desde aquilo que foi arriado a fim de 6
Corrêa (2005) descreve o mercado como um
presentear e presenciar as entidades e “pacote”, “no qual há pequenas porções das
ancestrais; o que posteriormente será principais comidas preparadas [para o batuque].
despachado; os serviços já feitos; as Comer dessas comidas é sacralizar-se, se o
mercado permite estender tais benefícios aos
familiares que ficaram em casa” (CORRÊA,
5
Iniciados são aqueles que realizaram rituais de 2005, p. 75). Em outras palavras, trata-se de
iniciação se tornando filhos/as de santo em um comidas levadas para casa, e com familiares
terreiro. compartilhadas, após ritual do batuque.

133
pública, por meio de pessoas externas à banalização que o termo “oferenda”
religiosidade afro-brasileira, e também oferece ao senso comum. Modos de
por meio daquilo que podemos existência que envolvem um pensar
denominar como interlocuções entre negro, ancestral e que possuem bases em
sistemas culturais (por exemplo, entre matrizes civilizatórias africanas, quando
aqueles de bases civilizatórias de traduzidos para o senso comum
matrizes africanas e outros), do que um colonialista à brasileira redundam em
termo que seja empregado no interior naturalizações que banalizam, criam
das comunidades-terreiros e, assim, absolutismos e colocam em circulação
entre os iniciados. O termo “oferenda”, metanarrativas discriminatórias sobre a
desse modo, acaba por dar nome religiosidade afro-brasileira. É como um
a/“traduzir” variados processos modo de existência é sistematicamente
ritualísticos frente a outras culturas. desqualificado por um sistema cultural
externo.
Nessa direção, é possível dizer que ao se
compreender uma cultura através de De forma errônea e preconceituosa, por
outro sistema de significados, algo se exemplo, toda sorte de animais mortos e
perde, pois não há equivalências. objetos variados em lugares públicos são
Também os entendimentos acerca do também tomados como oferendas por
que vem a ser “oferenda”, como um tipo pessoas externas, muitas vezes
de “tradução” entre culturas, ocasiona culpabilizando afro-religiosos por
perdas. Tal perda geraria, assim, um tipo poluições e mortes (de pessoas e
de “traição” em relação às religiões afro- animais). Igualmente, é conveniente
brasileiras, pois seus diferentes preparos mencionar que as ditas oferendas
com variados sentidos ritualísticos também são chamadas de feitiços,
podem ser percebidos de maneira batuque, macumba, coisa-feita ou
superficial e generalista. Compreendida saravá, de forma pejorativa, retratando
como um conjunto complexo de ritos e as hostilidades que acometem essas
elementos nos terreiros, a tradução religiões e seus iniciados.
de/para um outro sistema cultural reduz
ou minimiza suas especificidades, A esse respeito, Morais (2013), em um
diferenças, contextos e significados. estudo sobre como as religiões afro-
brasileiras são mobilizadas no contexto
Há ainda que se ponderar que o processo da Lei 10.639/2003 (que inclui, no
de “tradução” em situação colonial currículo oficial da Rede de Ensino, a
implica, quase sempre, em um obrigatoriedade da temática História e
abastardamento das formas de Cultura Afro-Brasileira), aponta a frase
linguagem do dominado. Fanon (2008, “chuta que é macumba” como uma
p. 94) já chamava a atenção para a expressão amplamente conhecida na
articulação entre a dominação linguística sociedade, e que “agride, desrespeita,
e o processo de bestialização que retira mesmo se enunciada metaforicamente”
do colonizado toda a originalidade e o (MORAIS, 2013, p. 253). Assim, tais
obriga a se ver como “um parasita do metanarrativas fomentam discursos e
mundo”. As relações de poder que práticas representacionais negativas do
articulam as formas subalternas afro- negro, do afro-religioso, bem como de
religiosas de existência à linguagem do seus rituais, que vêm sendo vistos, ao
colonizador se expressam de forma mais longo do tempo, como práticas “do
acabada na frase “chuta que é mal”, “cultos ao diabo” ou mesmo de
macumba”, a consequência lógica da maus-tratos aos animais. Em nível mais

134
específico, as próprias “oferendas” são presente no mundo dos terreiros. Se
acometidas por essas metanarrativas, trata, portanto, de um termo pertinente
pois fogem às práticas preconizadas pelo para problematizar a trama de questões
cristianismo e pelo homem branco. que se entretecem em torno da
religiosidade afro-brasileira na
Uma vez que há rupturas e
sociedade contemporânea, pois o
continuidades, bem como atualizações
processo de nomeação não é mero
de mecanismos discriminatórios
reflexo de uma realidade que existe lá
históricos, as formas pelas quais os
fora; esse processo produz, constitui e
africanos e seus descendentes foram e
forma a própria realidade. As categorias
são tratados historicamente (com
que usamos para definir e entender o
invisibilidade, silenciamento, racismo)
mundo social compõem verdadeiros
também seriam reproduzidas sobre a
sistemas que nos permitem ou impedem
religiosidade afro-brasileira e os rituais
de pensar, ver e dizer certas coisas.
de oferendas que acabam sendo
construídas como nocivas, maléficas, Ao contrário dessas generalizações,
desumanas, bárbaras, etc. Em razão traduções e as decorrências do modo
disso, as questões que envolvem as como as oferendas são entendidas e
oferendas, bem como as interpelações e definidas, dentro do terreiro, em um
as críticas lançadas a elas não estariam “Mundo africano”7 (SILVA, 2010), não
livres das contendas raciais. há oferendas, mas uma variedade de
processos ritualísticos e preparatórios
Hall (2016), ao tratar de modo amplo dotados de potências e magnitudes.
sobre cultura e representação, menciona Passamos, assim, a apresentar e a
que “os sentidos também regulam e discutir, mesmo que brevemente, alguns
organizam nossas práticas e condutas: desses múltiplos preparos e composições
auxiliam no estabelecimento de normas afro-religiosas a partir do que se ensina e
e convenções segundo as quais a vida se aprende no Centro Africano Ogum e
em sociedade é ordenada e Iansã.
administrada” (HALL, 2016, p. 22).
Dessa forma, é necessário atenção e Preparos e composições no mundo do
questionamento às direções em que as terreiro
“oferendas” são compreendidas, pois os Ebós8, bandejas, serviços, trabalhos9,
sentidos que lhes são atribuídos ecós10, seguranças, presentes,
permitem diferentes possibilidades de
regulação, criação de normas e 7
O termo é emprestado de Silva (2010, p. 12),
convenções baseadas em entendimentos que o define como “espaço simbólico e físico
externos aos terreiros, que produzem e habitado e significado por mulheres e homens
reproduzem representações negros do Continente [Africano] e da Diáspora.”
8
Muitas palavras do Iorubá talvez não tenham
discriminatórias e que impactam uma tradução literal, como Ebó. Além disso,
profundamente a vida afro-religiosa. acreditamos ser essa uma das palavras que, se
traduzida, perde sua potência. Dessa forma,
Oferenda, tal como é amplamente apontamos apenas que ebó no contexto do RS,
conhecida e mencionada fora dos faz relação com uma “obrigação de 4 pé” no
terreiros, se constitui em uma demasiada batuque, como também ao próprio iniciado que
generalização ocidental, além de ser um se aprontou, por exemplo. Lopes (2011), designa
termo que carrega visivelmente mais como um tipo de “oferenda” e sacrifício.
9
O termo êmico trabalho é mencionado por
propriedades do cristianismo Anjos (2001), que se refere aos preparos
(oferenda/ofertório/oferta), por exemplo, ritualísticos para o “tratamento” de algumas
do que de um pensar e fazer negro doenças dentro do terreiro, por exemplo.

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barquinhos, feituras11 e frentes são produção fora do terreiro, como balas,
algumas das múltiplas denominações de quindins, cachaça, pentes, brincos e
preparos e composições afro-religiosas perfumes, por exemplo. Isto é, são todos
do dia a dia do Centro Africano Ogum e elementos que, de uma forma ou de
Iansã. Tratam-se, devido às suas outra, passam por processos e, portanto,
frequências e intensidades, de tal como menciona Rabelo (2015, p.
importantes processos diários e 245), são feitos, ou seja, “são alvo de
constitutivos dessa comunidade. De algum tipo de intervenção”.
acordo com Rabelo (2014, p. 253), as
Durante esses preparos complexos, que
realizações de preparos como esses
são genericamente denominados de
“marcam o cotidiano de um terreiro”, “oferendas” por pessoas externas à
podendo ser desde os mais simples,
religiosidade, os iniciados têm que
preparados através de um alimento, até aprender onde estão as coisas para esses
os mais elaborados, envolvendo
fazeres dentro da comunidade, bem
diferentes tipos de comidas e de como o que é necessário à preparação, o
materiais.
que pode ser substituído e o que é
Pode-se dizer, em linhas gerais, que se imprescindível. Em outras palavras, é
trata de composições que possuem preciso entender a importância do
diferenças em seus objetivos, espaço da cozinha do terreiro e de seus
significados, modos, épocas de “utensílios” como espaço do fazer e do
realização e elementos integrantes. Além saber, das preparações. Quais pratos
disso, em cada preparo há uma variação podem ser usados ou não? E por quê?
nos atributos que dependem da entidade Com que colher se pode mexer? Qual é a
acionada, de onde ele será arriado12, bem panela que podemos utilizar? Quais são
como das pessoas envolvidas e de com os tamanhos e os materiais indicados
quem elas aprenderam. A partir do para cada preparação? Qual é a
prisma da religiosidade afro-brasileira quantidade, a concentração e mesmo a
teremos uma variedade de formas textura dos ingredientes e dos elementos
possíveis e necessárias para a realização envolvidos? O que pode ser feito em
destes preparos e composições, pois grupo ou individualmente?
possuem uma multiplicidade incapaz de
Assim, será na cozinha do terreiro que
ser descrita em sua totalidade, restando
farelos, grãos, vegetais e carnes serão
apenas mencionar, de forma geral,
cozidos, fritos ou torrados, bem como
algumas de suas características e
frutas, bebidas e doces serão elaborados
sentidos.
e organizados. É lá também que ações,
Os elementos constitutivos destes palavras, rezas e pensamentos serão
preparos e composições podem ser ensinados, entoados e acionados no
aqueles de origem vegetal (flores, processo de preparo, pois as ciências13
folhas, frutas, grãos, raízes), animal também estão nos detalhes daquilo que é
(“inteiro ou em partes”), bem como proferido dentro da cultura da oralidade,
aqueles que possuem algum tipo de
13
Aqui levamos em consideração que as ciências
10
Faz menção a determinados preparos fazem menção aos processos específicos,
ritualísticos que são proteção do terreiro. complexos e aos conhecimentos ancestrais
11
Feitura, dentre outras coisas, reporta à acionados nos preparos afro-religiosos. Faz
iniciação de uma pessoa na religião. menção aos detalhes capazes de encadear axé, de
12
Arriar: diz respeito à ação de assentar, colocar, mobilizar forças e energias aos propósitos em
depositar um preparo afro-religioso em algum questão. Do mesmo modo, diz respeito àquilo
lugar. que fica em segredo.

136
que é característica nesses territórios saúde, limpeza energética,
negros (BITTENCOURT, 2010). fortalecimento das conexões com os
orixás, cultos, processos preparatórios,
A oralidade ritual, presente nos preparos
novos fazeres e desfazeres. Além disso,
e nas composições afro-religiosas, “é
tais preparos ritualísticos, dependendo
essencialmente constituída de preceitos
da intencionalidade, podem ter como
que interditam maus encadeamentos e
objetivo “encadear” uma ou mais
solicitam posturas adequadas” (ORO;
entidade. Uma bandeja pode, por
ANJOS, 2009, p. 100). Tal como se
exemplo, ser dividida para Ogum e Iansã
refere Machado (2013, p. 98), “na
“comerem” juntos, e uma mesa pode ser
tradição africana, é a palavra que diz o
arriada para vários pretos-velhos ou para
que é sendo. [...] A palavra é vida, é
o povo de rua (exus, pombagiras,
ação. É sopro que transforma. É a
ciganos).
palavra que plasma o acontecimento que
preexiste em potência em cada Todos esses detalhes e formas são
movimento do universo”. Dessa forma, é realizados seguindo os aprendizados
através de palavras/rezos/rezas que vão sobre os momentos mais adequados do
sendo entoadas e ensinadas que “as dia (cedo da manhã, com luz solar, no
coisas” se constituem/se fazem, assim, a entardecer, à noite, à meia-noite, em
oralidade é primordial nestes preparos e hora específica), de acordo com as fases
composições ritualísticas. da lua, os dias de homenagem, os dias da
semana,14 os meses (dependendo do
Também cabe dizer que os elementos calendário da comunidade) e as épocas
dessas composições irão variar em do ano. Como refere Leite (2017),
quantidade (número, par, ímpar), cor
(todas as cores e tonalidades possíveis, [...] as maneiras de preparar os
alimentos, sua apresentação final, as
assim como a combinação delas), formas
correlações entre os pratos e as
de preparo dos alimentos (frito, cozido, divindades, os locais das oferendas,
cru ou torrado), formas de as datas relacionadas ao calendário
“apresentação” (cortado, fatiado, das celebrações, todos esses
aglomerado, espalhado ou isolado), aspectos têm um sentido religioso e
disposição (formando círculos, um estão repletos de significados
abaixo ou acima do outro, formando sociais (LEITE, 2017, p. 64-65).
quadrados, de lado, na frente ou atrás, no Estamos, portanto, diante de uma
centro), etc. Na sequência, os elementos multiplicidade presente no mundo dos
podem ser acomodados em bandejas de terreiros que, como menciona Rabelo
papel, toalhas, folhas, tigelas de louça, (2015), nunca é plenamente revelada e,
pratos, tabuleiros, gamelas, alguidares, portanto, está sempre escapando e
barcos de madeira, cestas. Assim, após o criando novos circuitos.
preparo dos alimentos iniciam as suas
organizações específicas, as quais Além disso, de acordo com as
possuem determinados significados intencionalidades, os preparos ficam
religiosos e sociais correlacionados às restritos ao terreiro por algum tempo,
divindades e aos propósitos. sendo lá trabalhados e, posteriormente,
despachados no lugar correspondente às
Os objetivos para a realização dos rituais
vão desde a obtenção de emprego, 14
Cada entidade tem um dia de semana. Bará,
harmonia familiar, fortificação, primeiro orixá do panteão da nação/batuque, no
alimentação, defesa, até intenções mais contexto das religiões afro-brasileiras no Rio
complexas, como revigoramento da Grande do Sul tem a segunda-feira, por exemplo.

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entidades e aos objetivos, seguindo, Se a “pessoa de religião”, ao passar
assim, destinos e fluxos. Ou ainda, assim por uma encruzilhada, deparar-se
que prontos, eles podem descansar no com um ebó (galo sacrificado, um
terreiro por um breve tempo e, após, punhado de milho torrado, sete
batatas sobre um papel vermelho), é
serem levados e arriados para serem
provável que discreta e
trabalhados nos respectivos lugares de respeitosamente possa saudar o
força (lugares em que as entidades ‘povo da rua’ que “come” (ANJOS,
estão/são/trabalham, de onde emanam 2006, p. 17).
seus axés). Desse modo, esses locais
onde as composições serão arriadas ou Assim, todas essas ritualísticas
despachadas são igualmente mencionadas são realizadas sob um
importantes. Canteiros de ruas, olhar, um fazer e um respeito minucioso
cemitérios, em cima de pedras, nas que prossegue aprendizados avitos.
matas ou nas praias, por exemplo,
dependendo das entidades (orixás,
caboclos, exus, pretos-velhos) que
acionam. Como exemplifica Anjos
(2006):
Conseguir um bom emprego ou
fazer com que alguém o perca,
realizar um casamento, ou mesmo
realizar um ritual religioso, tudo
pode ser facilitado se garantir a boa
vontade do “povo da rua” o exu. E o
lugar do exu são as encruzilhadas
(ANJOS, 2006, p. 17).
Deve-se aprender para onde levar o
preparo, onde arriá-lo, e, como efeito,
vê-lo seguindo outros fluxos em corpos,
rios e mares. É necessário aprender,
inclusive, a identificar o local propício
para arriar e sentir o “seu convite”. Em
outras palavras, “tem que saber arriar”,
como diz Mãe Ângela.
Ademais, cabe mencionar um
aprendizado importante para os terreiros
do Rio Grande do Sul: os preparos
ritualísticos, mesmo quando arriados por
outros iniciados, devem sempre ser
“cumprimentados” e respeitados pelo
povo de terreiro15. Como refere Anjos
(2006):

15
Povo de terreiro é uma denominação comum
no Rio Grande do Sul para o “conjunto” de
indivíduos iniciados nas religiões afro-
brasileiras. O termo teve maior difusão Estadual do Povo de Terreiro do Estado, em
principalmente após a criação do Conselho 2014.

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Figura 1. Bandeja para a Cabocla Jurema contendo pipoca, milho verde, laranja, uva, banana e maçã,
posteriormente oferecida em uma área florestal. 20/01/2018. Acervo dos autores.

A Figura 1 apresenta uma bandeja alternados. Destaca-se, também, a forma


elaborada para presentear/presenciar e de corte longitudinal da banana, sendo
agradecer a Cabocla Jurema. Tal bandeja disposta nas beiradas da bandeja com
foi preparada visando uma homenagem seu lado côncavo para a parte interna.
anual realizada no mês de janeiro, mais Por último, por sobre a preparação vem
especificamente no dia 20 deste mês, o mel – líquido, denso, viscoso,
pelo lado da umbanda. Sua preparação translúcido – gotejado em cima de
iniciou com a decoração minuciosa de alguns elementos, arrematando com
uma bandeja de papelão com dois doçura. Todas essas características, de
babados de papel seda verde ao seu acordo com os preceitos da comunidade,
redor (repare o tom específico). Uma se relacionam à entidade.
ciência, conforme quem estava
Para apontar rapidamente outro exemplo
oferecendo, foi realizada e ficou
ligado à religiosidade afro-brasileira,
embaixo de todas as comidas. Acima
destacamos os preparos à Iemanjá, orixá
dela, encobrindo-a, há grãos de milho
dona do pensamento. Para esse orixá os
estourado em pipocas claras, grandes e
denominados Barquinhos de Iemanjá são
cheirosas. Com relação ao
elaborados anualmente no dia de sua
“encobrimento”, Rabelo (2015), se
consagração nos terreiros do Rio Grande
referindo a um balaio de presente à
do Sul e, posteriormente, consumados
Oxum no candomblé, aponta que
no mar (DORNELES; SANTOS, 2020).
determinadas disposições fazem com
Eles são “materializados” em pequenos
que os presentes perpassem o campo das
barcos de papelão, com cerca de trinta
táticas visuais, pois ocultam alguns
centímetros, enfeitados com babados de
objetos, ao passo em que exibem outros.
papel de seda azul claro. São compostos
Em continuidade, acima das pipocas, de merengues, cocadas, canjica branca
temos frutas, como laranja e maçã, cozida, mel, sabonetes e perfumes, por
detalhadamente adornadas com cortes exemplo. Tais composições, segundo
específicos, em tamanhos “uniformes”, Dorneles e Santos (2020), enredam
além de abertas de forma transversal e pessoas, saberes e fazeres que geram
dispostas em pares – repare que na vivências e experiências a partir de um
posição dos alimentos os pares foram

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conjunto de ensinamentos da brasileira, do que um termo que seja
religiosidade afro-brasileira. empregado no interior da comunidade-
terreiro.
Apresentamos esses exemplos, que
fazem parte dos aprendizados No âmbito externo, oferenda se trata de
vivenciados no cotidiano de um terreiro um termo amplo, genérico, que acaba
do sul – ainda que possua algumas por dar nome a/“traduzir” variados
especificidades quanto aos rituais processos ritualísticos frente a outras
realizados – buscando demonstrar a culturas. Tal tradução trivializa e, dessa
magnitude das dinâmicas educativas, forma, diminui a importância e os
circunstâncias e possibilidades significados desses preparos. Além
implicadas nestas composições, disso, as oferendas são tributárias de
afastando, assim, as compreensões mais metanarrativas discriminatórias, pois se
aligeiradas que veem tais fazeres de distanciam das práticas preconizadas por
modo reducionista. Por meio das uma base cultural ocidental-cristã. As
distintas formas de preparação e das questões que envolvem as oferendas,
características consideradas importantes bem como as interpelações e as críticas
para o terreiro onde o estudo foi lançadas a elas não estariam livres das
realizado, se aprende que as coisas contendas raciais. Assim, argumentamos
devem ser bem feitas, requerendo zelo, que esse termo, carregado de sentidos
compromisso, cautela e atenção aos ocidentalizados, generaliza, simplifica e
detalhes. Envolvem, desse modo, não dá conta do que, como vimos,
conhecimentos específicos e que se dentro do terreiro (em um mundo
expressam na experiência, na africano), envolve uma variedade de
diversidade e na potência dos preparos e processos dotados de potências.
das composições afro-religiosas. Assim,
consideramos que há dentro das São processos que possuem porquês em
comunidades-terreiros ao longo do conformidade ao culto, às entidades, ao
território brasileiro, um pensar negro terreiro e à nação, os quais são
inerente a um mundo amplo, diverso e aprendidos ao longo das relações entre
vivo. Um pensar que dá sentido, que os antigos e os iniciados. Ou seja, para
ensina, que faz preparos e composições além das variações em cada terreiro que
múltiplas enredando elementos e sujeitos repercutem modos de ensinar e de
atravessados por forças africanas e afro- aprender no decorrer das gerações de
brasileiras. Um pensar atrelado a um afro-religiosos, esses preparos são,
saber no qual o ocidentalismo implicado assim, composições “ordenadas” e não
no termo “oferenda” não dá conta. aleatórias, bem como complexas e
múltiplas em termos de sentidos, saberes
O apronte desta composição para e fazeres da/na religiosidade afro-
seguir caminhos e fluxos brasileira e que, sobretudo, mobilizam
um pensar negro que não é apreendido
Sem a pretensão de esgotar ou de
pelo termo oferenda.
descrever os diversos preparos
ritualísticos e os discursos que o Portanto, a partir do que foi apresentado
circundam, temos aqui um panorama neste artigo-composição, é de se
mais geral para uma compreensão inicial observar as relações entre a constante
do que pode vir a ser uma “oferenda”. inflexão de determinados termos
Trata-se de um termo que comumente oriundos do universo religioso afro-
permeia mais a esfera pública, por meio brasileiro e o racismo que
de pessoas externas à religiosidade afro- sistematicamente distorce seus

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significados, desconsidera suas histórias HALL, S. Cultura e representação. Rio de
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2020.
Publicado em 2021-03-06

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