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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
CULTURA AFRO-BRASILEIRA
ATIVIDADE 2 -
ALUNA: ARIANI DE ASSIS MERO RODRIGUES

Parte II - Relacionem
Escolha um dos povos apresentados no cap. 9 - Unidade na Diversidade (Lopes e
Simas) e relacione as informações sobre história, cultura, formas de organização com
um ou mais Valores civilizatórios expostos por A. Trindade.

Yorubá: Conjunto de povos do oeste-africanos localizado em partes dos territórios das


atuais repúblicas da Nigéria, Benin e Togo. Algumas tendências historiográficas
procuram estabelecer a origem dos ancestrais dos Iorubás no Vale do Nilo, onde
floresceu a civilização do Egito Faraônico. Cheikh Anta Diop, reforçou a tese egípcia dos
iorubás. Pesquisador do Antigo Egito e de suas contribuições para a difusão do
pensamento filosófico, da cultura, das línguas e das suas organizações sociais e
políticas, Diop afirma que “não há dúvida de que os iorubás já estavam na África desde
tempos muito antigos.”

Dito isso, tomarei o ponto central da questão colocada pela atividade. No saber Yorubá,
o fenômeno sagrado ocorre na dialética entre a cultura e as tradições orais. Num
movimento dinâmico atravessado por instabilidade, confronto e harmonia, o
fenômeno sagrado está imerso nas relações sociais, situacionais e históricas. Ou seja,
ocorre dentro do processo histórico e continua a operar no seu complexo de forças
vitais.

ENERGIA VITAL – O PRINCÍPIO DO AXÉ: A ideia de axé designa um modo de


relacionamento com o real fundamentado na crença em uma energia vital – que reside
em cada um, na coletividade, em objetos sagrados, alimentos, elementos da natureza,
práticas rituais; na sacralização dos corpos pela dança, no diálogo dos corpos com o
tambor (...) A tradição, nesta perspectiva, não é imutável, mas entendida como um
impulso inaugural da força de continuidade do grupo.
Para o saber Yourubá, tudo tem axé, tem energia vital. A água, as plantas, gente, bicho,
objetos sagrados em interação com as tradições, sendo veículos de fenômenos
sagrados, tudo tem vida e, adquire status sagrado por entre a ritualística da existência.

A ORALIDADE: Ifá, a filosofia yorubana não escrita. O pensamento refinado, descrito


pela academia como “popular”. As tradições orais carregam valores que aglutinam a
honra, o respeito e obediência aos mais velhos e a possibilidade de passar, entregar às
próximas gerações um impulso cultural que defina seu lugar no mundo, seu valor para
aquele grupo. Esses conhecimentos transmitidos oralmente, são relativos à história,
filosofia, medicina e, até mesmo, à matemática. São conhecimentos expressos em
milhares de relatos, transmitidos através de parábolas.

Tais experiências, observadas neste determinado valor civilizatório, são acumuladas


com o passar do tempo e adquirem força de lei costumeira. Se aquela coletividade
reafirma tais valores, sua continuidade segue carregada de sentido, podendo passar
por transformações e contribuições do tempo e das gerações, pois “o homem sábio
aprende não só mediante suas experiências particulares, como também toma as lições
experimentadas por outros em suas vidas para tirar conclusões e incorporá-las a seu
saber.” Pertencer a uma comunidade estabelece sentido para a vida de cada indivíduo
e fundamenta a ideia de tradição como um elo.

No texto de Azoilda Trindade, a autora traz para a questão da oralidade justamente a


força dos sentidos que são gerados quando temos a preferência pelos recursos da
oralidade. A nossa fala e a nossa expressão carregam as marcas da nossa existência.
Muitas vezes, lemos um livro e, não teremos a mesma experiência se ouvirmos uma
declamação. São as potencialidades despertadas pela sensibilidade.

Parte III - Reflitam


a) Como vocês compreendem a presença de valores civilizatórios afro-brasileiros
no Brasil, na relação com outras heranças culturais que nos compõem como
"cultura brasileira ". Pense em um exemplo(s) e reflita a respeito.
MUSICALIDADE: O brasileiro é um povo de ritmos, danças, sons e batuques que
se misturam e dão vida à cultura brasileira. A arte musical produzida por
personalidades negras foi subalternizada e, por vezes, sofreu com apropriação
cultural por parte de segmentos artísticos de performance de brancos da classe
média. O samba, que nasce no morro, pelo talento e produção intelectual de
pessoas pretas, é suplantado pela Bossa Nova, corporificada massivamente por
pessoas brancas.

As relações estabelecidas pelas experiências culturais afro-brasileiras e outros


segmentos culturais ainda acontecem de maneira conflituosa e estigmatizada.
As manifestações do passinho, por exemplo, mesmo estando integrada a
espaços disseminadores da então chamada hoje de “cultura periférica” é
interpretado socialmente sob juízo hierárquico, não é visto como o balé, por
exemplo.

Quando se trata da “cultura negra” por exemplo, ocorre uma “guetificação”


dessa arte quando não se traz as diversas expressões culturais protagonizadas
por pessoas pretas.

b) E, para vocês qual o papel dos Valores civilizatórios afro-brasileiros na


construção de projetos pedagógicos e ações educativas antirracistas na
educação básica. Esbocem uma ideia / ação como exemplo.

São valores que precisam ser integrados ao processo formativo em todo o


campo das licenciaturas. Os futuros educadores precisam se apropriar desses
conhecimentos, desse conjunto de saberes que ampliam as relações sociais
para outros marcos civilizatórios.
PROPOSTA DE AÇÃO: Construir tempos e espaços com os alunos para que cada
um possa falar de si, do que gostam e como se enxergam. Estimular a escuta e o
acolhimento entre os alunos e, do professor com os alunos, também. O objetivo
é que a partir das trocas, do compartilhar de seus costumes e relatos a turma
tenha a possibilidade de elaborar um “fruto pedagógico” no seguir dessa
metodologia (poema, música, livro, conto).

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