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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CURSO DE PEDAGOGIA
DISCIPLINA - ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
DOCENTE MARIA GORETTI CABRAL
DISCENTES: CYNDY THAYS MARQUES DANTAS E GABRIEL LUCAS FERREIRA
MARQUES

SÍNTESE DO DOCUMENTÁRIO – O POVO BRASILEIRO

O que nos torna, de fato, brasileiros? Quais as características que formam uma
identidade, autêntica, nacional do povo brasileiro? Essas questões apontam uma necessidade,
que vários autores levantaram, a fim de constituir e consolidar uma identidade nacional, a
qual fosse motivo de reconhecimento e identificação da cultura brasileira. Sendo assim, é a
partir dessas indagações que constituímos uma base para sintetizar as abordagens elencadas
no documentário “O povo brasileiro”, inspirado na notória obra do antropólogo Darcy
Ribeiro.

Carregamos conosco, desde os primórdios, raízes heterogêneas que regem uma plural
diversidade cultural presentes em cada região do país, ao mesmo tempo, não distanciando em
alguns costumes. Darcy Ribeiro nos traz essa reflexão em sua obra, resgatando todas as
matrizes que formam a nação canarinho, nos possibilitando relacionar aspectos comuns entre
elas, e mutuamente entender como essas influências se refletem em nosso cotidiano. O Brasil,
segundo o sociólogo, é formado com base em três matrizes: Tupi, lusa e afro.

É importante refletir, e questionar, o conceito integrado na sociedade sobre educação.


Para o senso comum, a educação está restrita à escola e vice-versa. Há uma responsabilização
exacerbada sobre a escola, colocando-a como detentora primordial, e exclusiva, da educação
de jovens e crianças durante todo processo de formação. Obter um diploma não
necessariamente indica dizer que houve uma boa educação. O desenvolvimento de um
indivíduo, perpassa por fases, na qual as experiências e vivências colaboram para o processo
formativo da pessoa, e indispensavelmente, o meio cultural na qual a mesma esteja inserida.

Diante disso, Darcy Ribeiro aponta que a matriz tupi, integrava-se com a natureza, e a
que os ofereciam. Eles se relacionavam com o ambiente e adotavam as oportunidades
oferecidas como parte de sua construção identitária, sentindo-se pertencentes ao local onde
estavam inseridos, isso explica a nomeação e adoração de deuses a partir de elementos que
formavam a natureza. Assim, partiam de uma autonomia nos modos de viverem, ou seja,
havia uma desenvoltura e configuração sociocultural baseada em valores próprios, aderindo
da vivência o principal mecanismo de suas formações. Se havia autonomia no processo de
educação da matriz tupi, era constituído com base nas necessidades e papéis sociais dos
indivíduos, além do resgate e preservação de valores culturais daquele determinado povo (as
danças, histórias, funções sociais). A educação baseava-se no conhecimento sobre sua própria
formação, ou seja, na identidade que construíram ao longo do tempo.

A veia social da cultura indígena foi pautada nessa convivência entre os povos, até
mesmo nos conflitos que ocorriam entre comunidades distintas, uma vez que se é relatado
sobre haver uma “ética e estética” na guerra, visto que a diversidade da formação do povo
brasileiro não se faz presente apenas entre indígenas, negros e europeus, mas na pluralidade já
presente na organização social dos povos originários e suas formas de relação.

Com a invasão portuguesa em 1500, toda estrutura que regiam esses povos é
totalmente corroída e entendida como atrasada - a instauração de uma nova configuração,
baseada em valores europeus. Dessa forma, a educação agora parte da concepção estrangeira,
desvalorizando e ofuscando toda cultura presente. A educação trazida pelo “povo branco”
consistia em aspectos cristãos, e na doutrinação dos mesmos, ou seja, o início da
escolarização no Brasil, uma educação extremamente diferente do que se entendia pelos
povos originários, na qual agora limitada em quatro paredes, enfileiramento e longe de
qualquer questionamento sobre o que era aplicado. A chegada dos europeus trouxe uma
dinamização do conceito de educação voltada para a escolarização e criação de instituições,
daquela diversidade proeminente, foi-se criando uma elitização e padronização que segrega
não só os povos, mas a forma de enxergar a Educação em si. A forma de trabalho dos
europeus também reverbera essa concepção, diferentemente da autonomia tupi.

O encontro com a cultura africana também é um grande destaque no que diz respeito às
crenças religiosas, tradições culturais e modos de vida. Sua arte, línguas, culinária e aspectos
religiosos eram singulares, e a gama de informações pertencentes a esse processo transformou
a miscigenação não só em uma característica social dos brasileiros, mas como parte
constituinte de nossos valores. Por sua vez, a riqueza de elementos sociais afro presentes em
nosso cotidiano reafirmam que a construção do nosso povo se deu por meio da exploração dos
negros escravizados, signos da desigualdade e falta de acesso à educação que ainda acomete
parte da população.
Dado que os reflexos desses diversos brasis modelados pelos tupis, lusas e afro são
inegavelmente refletidos em nosso a dia a dia, de um modo geral, corriqueiramente quando se
fala sobre educação correlaciona-se um modelo estrutural escolar, e não a uma prática social e
cultural de desenvolvimento, mas os modos vivenciais herdados dos tupi, a estruturação
difundida pelos lusas e a pluraridade advinda dos africanos destacam o viés educacional e as
competências e habilidades desempenhadas pelo povo brasileiro e sua etnografia.

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