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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

A Alta Idade Média

Inoscência Maria Agostinho Assule: Código 81220601

Nampula, Fevereiro de 2023


UNIVERSIDADE ABERTA ISCED
FACULDADE DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

A Alta Idade Média

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura
em história. da UnISCED. Tutor: Mestre.
Aly Juma Sahal

Inoscência Maria Agostinho Assule: Código 81220601

Nampula, Fevereiro de 2023


Índice

1.Introdução ........................................................................................................................ 1

1.1 Objectivos...................................................................................................................... 1

1.2. Metodologia ................................................................................................................. 1

2.Fundamentação Teórica................................................................................................... 2

2.1. Inicio a Idade Média .................................................................................................... 2

2.2. Características da Alta Idade Média ............................................................................. 2

3.Considerações Finais: ...................................................................................................... 6

4.Referências bibliográficas: ............................................................................................... 7


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1. Introdução

Alta Idade Média é o período inicial da Idade Média ocorrido entre os séculos V e X. O que
deu início a ela foi a desagregação do Império Romano do Ocidente, evento que aconteceu
oficialmente em 476, quando o último rei romano foi destituído. A Alta Idade Média
promoveu grandes transformações na Europa Ocidental devido à desagregação do Império
Romano e ao estabelecimento dos povos germânicos. Isso deu origem a novas formas de
organização social, política e econômica. O período da Alta Idade Média vincula-se à
formação do feudalismo. A periodização histórica é uma criação de historiadores modernos,
que determinaram a divisão da Idade Média em Alta Idade Média e Baixa Idade Média
(séculos XI-XV). mportante considerarmos que o marco utilizado pelos historiadores para
determinar o início da Idade Média — a destituição de Rômulo Augusto do trono romano,
em 476 — não é algo engessado.

1.1 Objectivos

1.1.1 Geral:

Compreender a cerca da alta idade média

1.1.2. Específicos
• Descrever a alta idade média;
• Caracterizar a alta idade média;
• Explicar a alta idade média.

1.2. Metodologia
Foi adoptada como metodologia a revisão bibliográfica. A revisão bibliográfica, confundida
muitas vezes com a pesquisa bibliográfica, é uma parte muito importante de toda e qualquer
pesquisa, pois é a fundamentação teórica, o estado da arte do assunto que está sendo
pesquisado. Toda pesquisa, qualquer que seja seu delineamento ou classificação em
termos metodológicos, deverá ter a revisão bibliográfica. Para Gil (2002 pg. 44), pesquisa
bibliográfica "é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente
de livros e artigos científicos".
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2. Fundamentação Teórica

2.1. Inicio a Idade Média

Durante muito tempo, o termo “Idade Média” foi muito discutido na historiografia. Os
estudiosos modernos, do século XV em diante, fervorosos defensores do pensamento
racional e grandes admiradores da cultura greco-romana, fizeram uma análise sobre o
período que se encerrara.

Desde a queda do Império Romano do Ocidente até o século XV, cunhou-se Idade Média
como um termo pejorativo, como se fosse um intervalo entre a Antiguidade Clássica, ou
seja, os tempos áureos da Grécia e Roma Antiga, e a Idade Moderna, período de resgate
da cultura humanística idealizada pelos primeiros filósofos gregos e concretizada pelos
romanos.

Por conta desse sentido pejorativo, chamou-se também a Idade Média de “Idade das
Trevas”. Além de ser um intervalo, o período medieval era tido como obscuro, tomado pelas
crenças ditadas pela Igreja Católica, que desprezava o pensamento racional, e que não
teve produções intelectuais de relevo.

No entanto, o termo Idade das Trevas já não é mais utilizado pela historiografia.
Reconhece-se hoje a vasta produção cultural da época medieval, a importância
da filosofia medieval para o conhecimento humano e a importância dos livros e documentos
da Antiguidade Clássica terem sido preservados da destruição ao serem guardados nos
mosteiros.

2.2. Características da Alta Idade Média

Em relação ao mundo romano, o mundo construído pelos germânicos na Alta Idade Média
era consideravelmente distinto, embora existisse grande influência da cultura latina. Esse
período inicial da Idade Média pode ser considerado como o momento da acomodação de
novos costumes surgidos da mistura de germânicos e romanos.

Entre as características da Idade Média, podemos destacar:

• Ruralização
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Após a desgregação do Império Romano, a Europa Ocidental ruralizou-se, e esse é um


dado comprovado pelos historiadores. Isso foi uma consequência direta da devastação
causada pela crise romana e pelas invasões germânicas. Os povos invasores tinham como
grande alvo as cidades romanas, pela quantidade de bens que poderiam ser saqueados.

Além disso, com a crise econômica romana e a devastação causada pelos germânicos, a
produção agrícola do império caiu drasticamente e o comércio enfraqueceu-se. Com a
produção e o comércio em queda, as grandes cidades ficaram desabastecidas. Num
cenário de morte e fome, as cidades logo se tornaram locais de proliferação de doenças.

Esse cenário forçou milhares de pessoas a buscarem refúgio no campo, longe das cidades.
Elas passaram a abrigar-se em pequenas vilas ou ao redor de grandes propriedades de
terra para obter alguma proteção em comida. Os donos das grandes propriedades
converteram-se em chefes militares, para garantir a segurança de seus bens, e passaram
a explorar aqueles que procuravam trabalho em suas terras. Desenvolveu-se nesse
processo a servidão medieval.

• Redução populacional

A Alta Idade Média ficou marcada pela redução populacional. Os fatores diretos dessa
redução foram as guerras, a fome e as doenças que foram trazidas durante as invasões
germânicas. Hilário Franco Júnior aponta que, no ano 200, a população na Europa
Ocidental era de 24,1 milhões de pessoas, enquanto que, no ano 600, era de 16,3 milhões.
Só a partir do século VIII a população europeia começou a recuperar-se.

• Trabalho e sociedade

Como mencionado, durante a Alta Idade Média, consolidou-se a servidão. O camponês


ficava preso à terra em que ele estava durante toda a sua vida. Essa terra não pertencia a
ele, mas a um nobre que lhe fornecia o direito de instalar-se nela e tirar a sua subsistência
do cultivo. O camponês deveria pagar vários tributos pelo direito de cultivar a terra e por
utilizar as instalações do seu senhor.
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Esse processo de consolidação do trabalho servil aliado à ruralização e ao progressivo


isolamento dessas propriedades fez com que o feudalismo fosse estruturado. No entanto,
a formatação clássica do feudalismo só entrou em vigor a partir do século XI, portanto, na
Baixa Idade Média.

O trabalho dos camponeses era marcado pela baixa produtividade, pois era manual e as
técnicas de produção eram arcaicas. Isso afetava diretamente a vida do camponês, uma
vez que grande parte da sua pequena produção era revertida em imposto para os donos
das terras. Esse quadro reforçava a penúria dos trabalhadores na Alta Idade Média.

Só para termos uma ideia dessa baixa produtividade, vale considerar uma estatística trazida
pelo historiador Robert Darnton. Ele aponta que, na França, durante a Idade Moderna
(séculos XV ao XVIII), cada semente fornecia cinco grãos de trigo, um retorno muito baixo.
Podemos considerar que na Alta Idade Média (séculos antes da Idade Moderna) a
produtividade era igual ou até mesmo menor que isso. Para fins de comparação, Darnton
aponta que, no século XX, cada semente fornecia até trinta grãos, uma diferença abissal.

Nesse período começou a estabelecer-se uma sociedade estamental, isto é, dividida em


classes e com pouca mobilidade social. Os grupos eram a nobreza, a elite detentora do
poder político, militar e econômico; o clero, formado por representantes da Igreja Católica,
também detentor de poder político e econômico; e os camponeses, grupo mais explorado
que tirava seu sustento por meio de seu trabalho e era obrigado a pagar pesados impostos
aos outros dois grupos.

• Economia

A economia, como já podemos perceber, era dependente do trabalho agrícola, do qual


quase toda a riqueza no período era produzida, por meio do trabalho dos camponeses.
A produção artesanal era baixa, e isso era fruto da redução populacional, pois não havia
mão de obra qualificada para a atividade, além de haver pouca matéria-prima disponível e
poucos consumidores.

O artesanato começou a ganhar força, a partir do século VIII, à medida que a população
europeia crescia. No caso do comércio, é importante esclarecer que o comércio
mediterrâneo, por influência dos bizantinos, continuou existindo. No entanto, na Europa
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Ocidental, essa atividade enfraqueceu-se por conta da organização econômica baseada


em um relativo isolamento.

Não era frequente que existissem excedentes que fossem comercializados, mas quando
eles existiam eram comercializados com feudos vizinhos ou eram levados para
pequenas feiras que se desenvolviam.

A pouca presença dessa atividade na Europa Central, durante a Alta Idade Média,
contribuiu para que circulação da moeda começasse a diminuir. Isso porque o comércio
que ainda existia nesse período baseava-se na troca de mercadorias.

• Política

Politicamente, a influência da cultura germânica foi muito presente, a começar pela forma
como essa população organizava-se. Tratava-se de reinos, liderados por um rei que,
geralmente, era o chefe militar.

Essa estrutura de poder era típica dos povos germânicos, e o historiador Jacques Le Goff
afirma que ela era detestada pelos romanos. Le Goff também sugere que as leis que
surgiram na Europa após o fim do Império Romano eram baseadas em códigos da tradição
germânica|4|.

Na Alta Idade Média, estabeleceu-se uma aliança entre o poder secular e o poder
eclesiástico. A Igreja Católica consolidou-se como instituição religiosa, e, aos poucos, seu
poder econômico permitiu-lhe interferir no poder secular. Assim, muitos dos reinos
germânicos que surgiram — o caso mais simbólico é o dos francos — procuraram respaldo
e legitimidade para seu poder na Igreja Católica.

Por fim, vale destacar que, na Alta Idade Média, estabeleceu-se uma relação de poder que
foi uma das grandes marcas da Idade Média: a vassalagem. Isso aconteceu porque, na Alta
Idade Média, o rei era uma figura frágil e que só garantia sua posição de poder com o apoio
de outros nobres/chefes militares.

Para isso surgiu essa relação de fidelidade entre rei e nobre, na qual o rei
(suserano) demandava a fidelidade de seu nobre (vassalo). Em troca, o suserano fornecia
uma terra e os direitos e privilégios de exploração a seu vassalo, que, por sua vez, devia
auxiliá-lo na governança e fornecer suas tropas quando necessário.
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3. Considerações Finais:

A Alta Idade Média foi o período inicial da Idade Média, que se estendeu da queda do
Império Romano do Ocidente, em 476, até o enfraquecimento do feudalismo no início do
século XI. O feudalismo, estrutura econômica social, política e cultural, baseada na posse
da terra, predominou na Europa Ocidental durante a Idade Média. Foi marcado pelo
predomínio da vida rural e pela ausência ou redução do comércio no continente europeu.
A sociedade feudal baseava-se na existência de dois grupos sociais – senhores e servos.
O trabalho na sociedade feudal estava fundado na servidão, onde os trabalhadores viviam
presos à terra e subordinados a uma série de obrigações em impostos e serviços.
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4. Referências bibliográficas:

ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao Feudalismo. São Paulo: Brasiliense,


1987.

BLOCH, Marc. A Sociedade Feudal. Lisboa: Edições 70, 1979.

LOPEZ, Robert. O Nascimento da Europa. Lisboa: Cosmos, 1965.

LOYN, Henry R. Dicionário da Idade Média. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1990.

RUCQUOI, Adeline. História Medieval da Península Ibérica. Lisboa: Editorial Estampa,


1995.

SONSOLES GUERRA, Maria. Os Povos Bárbaros. São Paulo: Editora Ática, 1987.

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