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Atividade de História
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Instruções:
1. As questões devem ser respondidas à caneta e em letra legível. Evitem rasuras.
2. As repostas devem ser feitas em uma folha separada e enumeradas.
3. A folha de respostas também deve conter o nome do grupo.
4. A atividade deve ser feita até o final da aula.
5. Cada grupo receberá 2,0 (dois pontos) pela entrega da atividade. Os 3,0 (três pontos) restantes serão atribuídos durante a
correção coletiva.
QUESTÃO 1:
A partir da análise do texto de Paulo Miceli é possível afirmar que o Renascimento foi uma era de “anões em
ombros de gigantes”? Justifique sua resposta elaborando uma definição adequada para o conceito de Renasci-
mento.
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QUESTÃO 2:
Texto 1
Hitlodeu: A nobreza e a lacaiada não são as únicas causas dos assaltos e roubos que vos deixam desolado;
há outra exclusivamente peculiar à vossa ilha.
— E qual é ela?
Hitlodeu: Os inumeráveis rebanhos de carneiros que cobrem hoje toda a Inglaterra. Estes animais, tão
dóceis e tão sóbrios em qualquer outra parte, são entre vós de tal sorte vorazes e ferozes que devoram mesmo
os homens e despovoam os campos, as casas, as aldeias.
De fato, a todos os pontos do reino, onde se recolhe a lã mais fina e mais preciosa, acorrem, em disputa
de terreno, os nobres, os ricos e até os santos abades. Essa pobre gente não se satisfaz com as rendas, benefícios
e rendimentos de suas terras; não está satisfeita de viver no meio da ociosidade e dos prazeres, a expensas do
público e sem proveito do Estado. Eles subtraem vastos tratos de terra à agricultura e os convertem em pasta-
gens; abatem as casas, as aldeias, deixando apenas o templo para servir de estábulo para os carneiros. Transfor-
mam em deserto os lugares mais povoados e cultivados. Temem, sem dúvida, que não haja bastantes parques e
bosques e que o solo venha a faltar para os animais selvagens.
Assim um avarento faminto enfeixa, num cercado, milhares de jeiras; enquanto que homens cultivadores
são expulsos de suas casas, uns pela fraude, outros pela violência, os mais felizes por uma série de vexações e
questiúnculas que os forçam a vender suas propriedades.
MORE, Thomas. A Utopia. São Paulo: Martins Claret, 2007, p. 29.
Texto 2
Desde o começo do capitalismo, a guerra e a privatização da terra empobreceram a classe trabalhadora.
Este fenômeno foi internacional. Em meados do século 16, os comerciantes europeus haviam expropriado boa
parte da terra das Ilhas Canárias para transformá-la em plantations de cana-de-açúcar. O maior processo de
privatização e cercamento de terras ocorreu no continente americano, onde, no início do século 17, os espanhóis
tinham se apropriado de um terço das terras comunais indígenas sob o sistema da encomienda. A caça de escravos
na África trouxe como consequência a perda de terras, porque privou muitas comunidades de seus melhores
jovens.
Na Europa, a privatização da terra começou no final do século 15, coincidindo com a expansão colonial.
Ela assumiu formas diferentes: despejo de inquilinos, aumento de aluguel e impostos elevados por parte do
Estado, o que levou ao endividamento e à venda de terras. Defino todos esses processos como expropriação de
terra, porque, mesmo quando a força não era usada, a perda da terra se dava contra a vontade do indivíduo ou
da comunidade, solapando sua capacidade de subsistência. Duas formas de expropriação de terra devem ser
mencionadas: a guerra — cujo caráter mudou nesse período, uma vez que passou a ser usada como meio para
transformar arranjos territoriais e econômicos — e a reforma religiosa. “Antes de 1494, o conflito bélico na
Europa havia consistido principalmente em guerras menores, caracterizadas por campanhas breves e irregula-
res”.
Elas frequentemente ocorriam no verão para dar tempo aos camponeses, que formavam a maior parte
dos exércitos, de semear seus cultivos; os exércitos se enfrentavam durante longos períodos, sem que houvesse
muita ação. No entanto, no século 16, as guerras tornaram-se mais frequentes e apareceu um novo tipo de con-
flito, em parte devido à inovação tecnológica, mas principalmente porque os Estados europeus começaram a
recorrer à conquista territorial para resolver suas crises econômicas, financiados por ricos investidores. As cam-
panhas militares tornaram-se muito mais longas. Os exércitos cresceram dez vezes em tamanho, tornando-se
permanentes e profissionais. Foram contratados mercenários que não tinham nenhum laço com a população. O
objetivo da guerra começou a ser a eliminação do inimigo, de tal maneira que deixava em sua esteira vilarejos
abandonados, campos cobertos de cadáveres, fome e epidemias, como em Os quatro cavaleiros do Apocalipse (1498)
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de Albrecht Dürer. Esse fenômeno, cujo impacto traumático sobre a população foi refletido em numerosas re-
presentações artísticas, mudou a paisagem agrária da Europa.
Muitos contratos de arrendamento também foram anulados quando terras da Igreja foram confiscadas
durante a Reforma, que começou com uma apropriação de terras massiva por parte da classe alta. Na França,
um apetite comum pelas terras da Igreja inicialmente uniu classes baixas e altas no movimento protestante, mas,
quando a terra foi leiloada, a partir de 1563, os artesãos e os trabalhadores diaristas, que haviam exigido a
expropriação da Igreja “com uma paixão nascida da amargura e da esperança” e que haviam se mobilizado sob
a promessa de que eles também receberiam a sua parte, foram traídos em suas expectativas (Le Roy Ladurie,
1974, p. 173-6). Os camponeses, que haviam se tornado protestantes para se livrar dos dízimos, também foram
enganados. Quando defenderam seus direitos, declarando que “o Evangelho promete terra, liberdade e emanci-
pação”, foram selvagemente atacados como fomentadores da sedição. Na Inglaterra, grande parte da terra tam-
bém mudou de mãos em nome da reforma religiosa. W. G. Hoskin descreveu essa mudança como “a maior
transferência de terras na história inglesa desde a conquista normanda” ou, mais sucintamente, como “O Grande
Saque”. Na Inglaterra, todavia, a privatização de terras foi realizada basicamente por meio de cercamentos —
um fenômeno que foi associado de tal modo com a expropriação dos trabalhadores da sua “riqueza coletiva” que,
em nosso tempo, é usado por militantes anticapitalistas como um significante para cada ataque sobre os direitos
sociais.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017, p. 130-133 (adaptado).
Relacione o texto ficcional de Thomas More à situação da Inglaterra moderna descrita por Silvia Federici, des-
tacando o papel exercido pelos cercamentos e pela reação senhorial na passagem do feudalismo para o capitalismo.
QUESTÃO 3:
Da crueldade e da piedade –
Se é preferível ser amado ou temido
Nasce daí uma questão: se é melhor ser amado que temido ou o contrário. A resposta é de que seria
necessário ser uma coisa e outra; mas, como é difícil reuni-las, em tendo que faltar uma das duas é muito mais
seguro ser temido do que amado. Isso porque dos homens pode-se dizer, geralmente, que são ingratos, volúveis,
simuladores, tementes do perigo, ambiciosos de ganho; e, enquanto lhes fizeres bem, são todos teus, oferecem-
te o próprio sangue, os bens, a vida, os filhos, desde que, como se disse acima, a necessidade esteja longe de ti;
quando esta se avizinha, porém, revoltam-se. E o príncipe que confiou inteiramente em suas palavras, encon-
trando-se destituído de outros meios de defesa, está perdido: as amizades que se adquirem por dinheiro, e não
pela grandeza e nobreza de alma, são compradas mas com elas não se pode contar e, no momento oportuno, não
se torna possível utilizá-las. E os homens têm menos escrúpulo em ofender a alguém que se faça amar do que a
quem se faça temer, posto que a amizade é mantida por um vínculo de obrigação que, por serem os homens
maus, é quebrado em cada oportunidade que a eles convenha; mas o temor é mantido pelo receio de castigo que
jamais se abandona.
Deve o príncipe, não obstante, fazer-se temer de forma que, se não conquistar o amor, fuja ao ódio, mesmo
porque podem muito bem coexistir o ser temido e o não ser odiado: isso conseguirá sempre que se abstenha de
tomar os bens e as mulheres de seus cidadãos e de seus súditos e, em se lhe tornando necessário derramar o
sangue de alguém, faça-o quando existir conveniente justificativa e causa manifesta. Deve, sobretudo, abster-se
dos bens alheios, posto que os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio.
Além disso, nunca faltam motivos para justificar as expropriações, e aquele que começa a viver de rapinagem
sempre encontra razões para apossar-se dos bens alheios, ao passo que as razões para o derramamento de sangue
são mais raras e esgotam-se mais depressa.
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Mas quando o príncipe está à frente de seus exércitos e tem sob seu comando uma multidão de soldados,
então é de todo necessário não se importar com a fama de cruel, eis que, sem ela, jamais se conservará exército
unido e disposto a alguma empresa.
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Ebook. Disponível em: https://www.portalabel.org.br/images/pdfs/o-principe.pdf. Acesso em:
03 set. 2023.
a) Quais características próprias ao Antigo Regime (absolutismo) podem ser destacadas dos textos de Ma-
quiavel e La Boétie? Complemente sua resposta citando um exemplo de monarquia absolutista e eviden-
cie as principais razões pelas quais ela pode ser assim classificada.
b) Utilize as ideias dos textos apresentados para analisar uma situação atual.