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COMO FALAR SOBRE

SEXUALIDADE
COM AS CRIANÇAS
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COMO FALAR SOBRE SEXUALIDADE
COM AS CRIANÇAS

Trecho retirado do apêndice do livro


“Redimindo a Sexualidade” (Mac e Samia Feitosa)

Começando pelos pais


Crianças e adolescentes são pecadores caídos,
inclinados à carne e ao pecado desde o nascimento
por causa da natureza pecaminosa que há em seus
corações. Eles precisam do Evangelho, de reden-
ção, de transformação e de mudança de coração.
Mas, antes de tudo, essa transformação precisa
acontecer nos pais. O pastor Paul Tripp, em seu
livro A idade da oportunidade, explica:

Se desejamos mesmo ser eficazes por Cristo nas vidas


de nossos adolescentes, é importante que sejamos ho-
nestos a respeito de nossos próprios ídolos – as áreas
onde nós tendemos a trocar a adoração e o serviço
ao Criador pela adoração e serviço às coisas criadas.
Muitas vezes, ao procurarmos entender os conflitos
do adolescente, olhamos apenas para ele e para seus
problemas. Na realidade, é tempo de olharmos para
dentro de nós mesmos e perguntarmos: “O que de
fato governa os nossos corações?” [...]. Será perda de
tempo para nós, pais, pensarmos em estratégias de
educação para os adolescentes sem antes examinar-
mos a nós mesmos. 1

1 Paul David Tripp, A idade da oportunidade. São Paulo: Batista Regular do Brasil, 2017.
Por isso, aconselhamos que você sonde o seu
coração e a sua vida. Quais são os pecados do seu
coração? Quais as suas motivações para a educa-
ção dos seus filhos? Que partes da sua devoção
precisam ser aperfeiçoadas (oração, leitura bíbli-
ca, jejum, etc.)? Ore a Deus, leia a Palavra e seja
moldado pelo Evangelho para poder pastorear e
discipular sua família.

Antes de falar sobre sexo e sexualidade


Em primeiro lugar, é importante entender-
mos que o Evangelho e a Palavra de Deus devem
ser os principais fundamentos para toda e qual-
quer conversa com os seus filhos, sejam crianças
ou adolescentes. Paulo afirmou que o Evangelho é
o poder de Deus (Rm 1:16) e o autor de Hebreus
declarou que a Palavra de Deus é viva e eficaz, mais
cortante do que qualquer espada de dois gumes, e
que penetra até o ponto de dividir alma e espírito,
juntas e medulas, apta para julgar os pensamentos
e os propósitos do coração (Hb 4:12).
Portanto, antes de qualquer coisa, você deve
evangelizar seus filhos, ensiná-los sobre a autori-
dade da Bíblia na vida dos filhos de Deus e lê-la
com eles diariamente. Uma ótima leitura sobre o
Evangelho para crianças é o livro “A maior de todas
as histórias” do autor Kevin DeYoung . Para ado-
2

lescentes, recomendamos a leitura de “O Enredo da

2 Kevin DeYoung e Don Clark, A maior de todas as histórias: como o esmagador da serpente nos leva de
volta ao jardim. São Paulo: Geográfica Editora, 2017.
Salvação” de Bernardo Cho e de “O Deus Pródigo” 3

de Timothy Keller .
4

Além disso, há alguns temas que precisam ser


abordados com a criança e com o adolescente an-
tes de falarmos diretamente do assunto da sexu-
alidade. Um deles é o tema da identidade. O que
determina a identidade de uma pessoa? Falamos
disso no capítulo 6 ao discutirmos a questão da
homossexualidade. Ao discipular e pastorear seus
filhos, deixe bem claro que quem eles são é algo
que depende exclusiva e unicamente do que Deus
diz sobre eles. Nossos sentimentos, emoções, de-
sejos e experiências não definem nossa identidade.
Fale também com seus filhos sobre o pecado.
Explique que o pecado é toda desobediência ao
que Deus escreveu na Sua Palavra e tudo que nos
leva para longe da sua santidade. Mostre como as
Escrituras revelam que todos somos pecadores e
precisamos de um Salvador. Ensine seus filhos so-
bre o temor do Senhor:

Existe um tipo de temor que é apenas medo do cas-


tigo (Js 2:14). Mas existe também um sentimento de
maravilhamento por alguém (Js 4:24), que resulta no
temor de fazer qualquer coisa que possa entristecer
ou desonrar a pessoa. É nesse segundo sentido que
devemos entender o verdadeiro “temor do Senhor”,
porque, quanto mais admiramos e louvamos o Senhor
com veneração, mais esse temor aumenta (1Cr 16:25). 5

3 Bernardo Cho, O enredo da salvação: presença divina, vocação humana e redenção cósmica. São Paulo:
Mundo Cristão, 2017.
4 Timothy Keller, O Deus pródigo: recuperando a essência da fé cristã. São Paulo: Vida Nova, 2018.
5 Timothy Keller, A Sabedoria de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2019.
E, por fim, fale com seus filhos sobre o co-
ração. Nós somos aquilo que amamos e adoramos
aquilo que amamos. Aquilo que nosso coração mais
ama é o que determina o nosso comportamento.
Portanto, ensine seus filhos a sondarem o próprio
coração e a descobrir o que eles mais amam. Se
não for a Deus e a Jesus Cristo, chame isso que
eles amam de ídolo. Tedd Tripp, em Pastoreando
o coração da criança, explica:

A Escritura ensina que o coração é o centro de con-


trole da vida. A vida de uma pessoa reflete o que está
no seu coração [...]. O comportamento de uma pessoa
é a expressão do fluir do coração.6

A Palavra de Deus, o Evangelho, identidade,


pecado, o temor do Senhor e o coração. É sobre
essas bases que a conversa sobre sexualidade com
seus filhos deve acontecer.

Abordando o tema
É muito importante que você fale sobre sexo e
sexualidade com seus filhos. Em Provérbios 22:6,
a Bíblia afirma: “Ensine seus filhos no caminho
certo, e, mesmo quando envelhecerem, não se des-
viarão dele”. O pastor William P. Smith escreve:

Em sua sociedade exageradamente sexual, é tentador


acreditar que, quanto menos se disser, melhor para
todos. Isso não é verdade. Não é que o seu filho ouvi-

6 Tedd Tripp, Pastoreando o coração da criança. São José dos Campos: Fiel, 2017.
rá menos, mas você terá permitido que todos, exceto
você, moldem o conteúdo dessas conversas. Seus fi-
lhos ainda ouvirão por acaso, ou participarão daquilo
que é dito na escola, no pátio, nos grupos de ensino
domiciliar, no parque e até na igreja. Eles ainda serão
expostos ao conteúdo sexual por meio da mídia, ain-
da que seja no outdoor da rodovia ou nas prateleiras
de revista do mercado, ficando em silêncio, você os
deixará perdidos neste mundo, despreparados para li-
dar com aquilo que enfrentarão.7

Na obra citada anteriormente, o autor com-


partilha a estratégia que usou com seus filhos para
ensiná-los sobre sexo. Recomendamos a sua leitu-
ra para uma compreensão mais ampla e profunda,
mas, em poucas palavras, o autor explicou para os
seus filhos a diferença entre biologia e intimidade.
Diante disso, ele afirma que o sexo é melhor en-
tendido dentro do contexto da intimidade do que
algo meramente biológico. Ele explica:

Deus criou o sexo para ser o conector físico mais po-


deroso, para o relacionamento humano mais especial
e mais íntimo que podemos ter nesta terra. É a for-
ma física de você se entregar da maneira mais livre e
plena para outra pessoa. É a expressão física de duas
pessoas aprendendo a compartilhar uma só vida (Gn
2.23-24). [...] É um relacionamento tão especial e tão
singular que Deus diz ser o retrato da maneira como
Jesus se relaciona com a sua noiva, a Igreja (Ef 5.31-
32).8

7 William P. Smith, Como falar de sexo com o seu filho: com honestidade e sinceridade. São José dos Cam-
pos: Fiel, 2017.
8 Ibidem
Seus filhos precisam entender o sexo no con-
texto da intimidade em uma perspectiva bíblica
de para o que Deus o criou.

Estratégias práticas
Responda as perguntas com sinceridade e
prudência
William P. Smith, mais uma vez, aponta:

Uma das maneiras mais fáceis de você começar a falar


sobre sexualidade e relacionamentos é levando os seus
filhos a sério quando eles lhe fizerem perguntas. As
crianças são naturalmente curiosas por cada aspecto
da vida. Ao responder às perguntas que fazem, você
lhes ensina que elas podem confiar em você – que
você se importará com aquilo que elas se importam.
[...] se eu recuasse ou parecesse desconfortável, eu
lhes demonstraria que nunca mais deveriam se sentir
à vontade para discutir um assunto assim comigo. 9

As dúvidas dos seus filhos não desaparecerão


se você se recusar a respondê-las ou se der uma
resposta superficial. Eles apenas não perguntarão
mais a você, mas a outra pessoa (amigos, internet,
etc.). Seus filhos precisam ver você como um lu-
gar seguro para serem transparentes quanto a seus
questionamentos e como uma fonte de sabedoria
e orientação para a vida.

9 Ibidem
Conecte o tema com as verdades bíblicas
Imagine seu filho ou filha lhe perguntando:
“Pai (ou Mãe), por que o meu amiguinho da es-
cola tem dois pais (ou duas mães) e não um pai e
uma mãe como eu?”. O que você responderá?
Criação – Você irá lembrá-lo que Deus criou
o casamento e família para ser formada por um
homem e uma mulher, um papai e uma mamãe
(Criação).
Queda – Mas, infelizmente, o primeiro casal,
Adão e Eva, desobedeceram a Deus e o pecado
entrou no mundo. Uma das consequências do pe-
cado no mundo é que alguns homens, ao invés de
se casarem com mulheres, se casam com outros
homens (ou vice e versa). Essas pessoas preferem
seguir o próprio coração ao invés de seguir a Pa-
lavra de Deus. Talvez você possa ler Romanos 1
com ele e explicar que a homossexualidade é um
tipo de idolatria porque a pessoa ama mais seus
sentimentos e emoções do que a Deus.
Redenção – Porém, assim como os pais do ami-
guinho da escola são pecadores, você e seu filho
também são pecadores que precisam do Salvador
Jesus. Explique para ele que você e sua família
creem em Jesus e obedecem a sua Palavra e os pais
do amiguinho ainda não. Portanto, o que pode-
mos fazer? Podemos orar pela família do amigui-
nho para que ele e seus pais creiam no Evangelho,
sejam salvos e tenham a vida transformada assim
como vocês também tiveram. Você pode encorajar
seus filhos a contar as histórias da Bíblia que ele
tem aprendido com você e compartilhá-las com
seu amiguinho.

Envolva-os em sua vida espiritual e devoção


Leia a Bíblia com eles. Assista a pregações
com eles. Jejue com eles. Louve com eles. Faça
devocional com eles. Vá com eles ao culto. Ore
com seus filhos e por seus filhos. Desenvolva uma
vida espiritual e envolva seus filhos nela.
EXTRA

O QUE OS CRISTÃOS TÊM CONTRA A


HOMOSSEXUALIDADE?
Cleydson Freitas

“Seu maior problema não é a sua sexualidade,


é a independência do Criador.”
- David Riker

O título deste ensaio é baseado em uma per-


gunta que fizeram ao pastor Tim Keller (confira
o vídeo aqui) sobre o posicionamento dos cristãos
em relação à homossexualidade. Compartilharei
aqui alguns pontos que julgo importantes sobre
essa questão.

Sociedade e liberdade
É importante começar destacando que nin-
guém deveria ser preso, agredido ou oprimido pela
sua orientação sexual. Por exemplo, algumas so-
ciedades mulçumanas não condenam a homosse-
xualidade apenas como um pecado ou uma prática
imoral, mas a condenam também como um crime
merecedor de pena de morte.
Creio, a partir das Escrituras, que esse tipo
de atitude é um pecado contra o próximo criado à
imagem de Deus. Da mesma forma, os cristãos (e
outras religiões) também devem ter liberdade para
expressar suas opiniões e crenças morais. Em Ser
cristão na era neopagã, Joseph Ratzinger declarou:

Cada um deve ter a possibilidade de se exprimir como


pode e como quer diante da sua consciência, mas a
Igreja deve poder dizer aos seus fiéis quais opiniões
correspondem à sua fé e quais não correspondem. Esse
é um direito e um dever, para que o sim seja sim e o
não seja não […].

Homossexuais devem ser alvo de amor, aco-


lhimento e evangelização pelos cristãos e respeito
pela sociedade em geral, não de ódio, agressão ou
perseguição. O pastor presbiteriano Ronaldo Vas-
concelos escreveu um texto intitulado “Jesus ama
os gays”, onde afirma:

Stonewall, o bar americano famoso por acolher os


grupos marginalizados, pode servir como um exem-
plo para igreja em um aspecto: receber, sem margi-
nalizar, as pessoas que não são aceitas pela sociedade
em geral. Aqui está a minha motivação em escrever,
a igreja não pode ser um ambiente de preconceito,
zombaria e marginalização. A igreja deve ser um lu-
gar que manifesta o amor, exortação, ensino e acolhi-
mento. É possível fazer isso, mesmo discordando do
modo de vida? Sim, se algum lugar pode ser assim, é
a igreja. Jesus ama os gays.10

10 https://voltemosaoevangelho.com/blog/2021/06/jesus-ama-os-gays/
Gênero, sexo e sexualidade
Em discussões cotidianas, é comum algumas
pessoas utilizarem as palavras “gênero”, “sexo” e “se-
xualidade” como se fossem sinônimos e significas-
sem a mesma coisa. Na introdução do seu livro
Identidade e Sexualidade (Editora Monergismo), o
pastor Pedro Dulci explica que cada um destes
termos é uma entidade distinta e dá uma breve
explicação para cada um. Ele escreve:

Embora eu não concorde com os pressupostos nem


com os desdobramentos de alguns desses conceitos,
vou utilizá-los para que tomemos consciência das ca-
tegorias em uso e possamos compreender o debate
público sobre essas questões.11

O termo gênero se refere à forma como a pes-


soa se enxerga e se identifica com os padrões de
comportamento masculino ou feminino espera-
dos socialmente. Nesse sentido, quando alguém
nasce com o sexo biológico masculino e se iden-
tifica com o padrão de gênero masculino, usa-se
a expressão “cisgênero” para se referir a essa pes-
soa. Se, por exemplo, alguém nasce com o sexo
biológico feminino, mas não se identifica com o
padrão social de gênero feminino, alguns usarão a
expressão “transgênero” para se referir à essa pes-
soa.
Dulci cita o teólogo australiano Charles Sher-
lock que escreveu:

11 Pedro Lucas Dulci, Identidade e Sexualidade (Editora Monergismo)


Gênero é um assunto complexo; ele pode se referir à
identidade de gênero (tentativa de descrever as dife-
renças entre homens e mulheres), as relações de gê-
nero (os padrões de forças, normas, costumes e pa-
péis que governam a vida de homens e mulheres), ou
as representações de gênero (as formas pelas quais os
conceitos de gênero ajudam a organizar ideias sobre
cultura, natureza, conhecimento e perspectivas so-
ciais).12

Já o termo sexo diz respeito, estritamente, ao


corpo humano, ou seja, refere-se à estrutura bio-
lógica de alguém. Pessoas com cromossomos XY
e órgãos genitais masculinos são homens. Pessoas
com cromossomos XX e órgãos genitais femininos
são mulheres. Haveriam as exceções, os interse-
xuais, que seria a condição hermafrodita (cerca de
1% da população).
Por fim, o termo sexualidade ou a expressão
“orientação sexual”, segundo escreve Dulci:

… pode ser compreendida como o que fazemos tanto


com o nosso corpo quanto com o nosso gênero. Isto
é, refere-se à vida sexual de uma pessoa, tanto pelo
lado subjetivo, na atração que sente, quanto em seu
lado objetivo, como a prática sexual em que está en-
volvida.13

Ainda que alguns leitores não apreciem ou não


se sintam confortáveis com tanta variação de ter-
mos, palavras e definições, e achem isso um pou-

12 Ibidem.
13 Ibidem.
co confuso (sou um desses), é importante enten-
der minimamente o sentido dessas palavras, pois
ainda que não sejam utilizadas pelas Escrituras,
elas marcam o debate público e político da nossa
cultura atual.

Deus é o Criador da diversidade


Uma das bandeiras levantadas pelo movimento
LGBTQ+ e outros movimentos mais progressistas
é a defesa da diversidade. Enquanto isso, cristãos
que afirmam a moralidade bíblica ou movimentos
politicamente mais conservadores são acusados de
serem retrógrados e contra a ideia da diversidade
social.
Indo até a Bíblia, vemos o apóstolo Paulo, pre-
gando na cidade de Atenas, declarando:

“De um só fez ele [Deus] todos os povos, para que povoassem


toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente es-
tabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar.”
- Atos 17:26
As diversas culturas, etnias e povos existentes
possuem a sua origem em Deus. Ele não quis criar
um mundo monocultural ou monolítico, com um
único tipo de gente. De um só, o Senhor fez to-
dos os povos. De um mundo que tinha um único
tipo de homem, Deus criou um mundo cheio de
diversidade humana.
Em um de seus livros, escrito em forma de
carta, C. S. Lewis escreveu:
Abra sua mente, Malcolm, abra sua mente! O mundo
é feito de todo tipo de gente; também uma igreja. Se
a graça aperfeiçoa a natureza, ela deve expandir todas
as nossas naturezas à riqueza absoluta da diversidade
que Deus tinha em mente quando as criou. No céu,
haverá mais diversidade do que no inferno.14

Uma igreja, assim como o mundo, é também


feita de todo tipo de gente, com todo tipo de pas-
sado, com todo tipo de lutas, com todo tipo de
história, com todo tipo de necessidade, com todo
tipo de dúvidas. Os pecadores que vêm à igreja
são plurais, a graça que os salva é multiforme.

O Pecado por trás dos pecados


Indo, finalmente, ao ponto do título do texto:
o que os cristãos têm contra a homossexualidade?
É importante, primeiro, entendermos como é o
conceito bíblico de pecado.
Imagine uma noite de Halloween. Várias pes-
soas usando muitas fantasias diferentes. Externa-
mente, vemos todo tipo de personagem possível :
bruxas, zumbis, vampiros, figuras da cultura pop
e outros. Mas, por dentro das fantasias, todos são
a mesma coisa: seres humanos. O pecado é assim
também. O pecado da idolatria que há no interior
do nosso coração veste diferentes fantasias em nos-
so comportamento externo.

14 “Orações: Cartas a Malcolm”, 2009, p.13


Por fora, nossos pecados podem ser diferen-
tes (mentiras, atitudes de soberba, agressão, fofo-
ca, adultério, roubo, assassinato, medo etc.), mas,
interiormente, eu e você temos o mesmo pecado:
tentamos fazer com que o nosso Salvador e Senhor
seja nós mesmos. Em outras palavras, tentamos
tomar o lugar de Deus e nos tornamos o nosso
próprio ídolo.
Em sua resposta, no vídeo citado no início,
Tim Keller afirmou:

Primeiramente, ser heterossexual não vai te levar


para o céu… Então, como pode a homossexualidade
te levar para o inferno? (…) O que manda você para
o inferno é auto justiça, pensar que você pode ser seu
próprio Salvador e Senhor. O que te manda para o
céu é ter uma conexão com Cristo porque você per-
cebe que é um pecador e precisa de uma intervenção
de fora.

Quando Paulo cita uma lista de práticas pe-


caminosas que farão as pessoas não herdarem o
reino de Deus (1 Co 6:9–11), ele está se referindo
justamente à estas manifestações externas da ido-
latria do nosso coração. Ídolos no coração produ-
zem comportamentos distantes do plano original
de Deus, nosso Criador. O pastor Jonas Madureira
dá a seguinte definição: “Um ídolo é tudo aquilo
que amamos como se fosse Deus, mas que não é
Deus”.
Se Deus seguisse a correnteza da vontade hu-
mana, eu pensaria que Ele havia sido criado por al-
guma mente ou coração humano. Mas como Deus
se move contra os nossos desejos e ideias, entendo
que a revelação de quem Ele é só pode ter vindo
de fora de nós.
Faço aqui uma citação um pouco maior do
pastor Jonathan Parnell de um texto seu em que
ele declara:

Seria uma simplificação exagerada dizer que os cris-


tãos — ou evangélicos conservadores — são simples-
mente contra a homossexualidade. Somos contra qual-
quer pecado que impeça as pessoas de experimentar
a alegria eterna em Deus, e a prática homossexual
simplesmente ganha toda a imprensa porque, neste
momento cultural, é o principal pecado que, recen-
temente, tem sido tão endossado em nosso contexto
pelos poderes constituídos.
[…] Alguns gostariam de ver toda essa questão da
homossexualidade dividida em dois campos: aqueles
que celebram e aqueles que odeiam. Ambos os gru-
pos existem em nossa sociedade. Há um número cres-
cente, sob grande pressão da sociedade, que louva a
homossexualidade. Podemos chamá-los de esquerda.
E há pessoas que odeiam a homossexualidade, com a
lógica mais preconceituosa e à parte de qualquer pre-
ocupação cristã. Podemos chamá-los de direita.
[…] Mas os verdadeiros seguidores de Cristo não se-
guirão nenhum desses caminhos. Temos algo a dizer
que ninguém mais está dizendo ou pode dizer.
Distanciando-nos tanto da esquerda quanto da direi-
ta, não celebramos a prática homossexual; reconhe-
cemos a palavra revelada de Deus do que é pecado. E
não odiamos aqueles que abraçam a homossexualidade;
nós os amamos o suficiente para não apenas entrar em
colapso sob pressão da sociedade. Falamos a verdade
em amor nesta confusão, dizendo, simultaneamente,
“Isso está errado” e “Eu te amo”. Não somos a esquer-
da; dizemos, isso está errado. E não somos a direita;
dizemos, você é amado. Contamos boas novas, com
aquelas palavras mais doces, profundas e gloriosas da
cruz — as mesmas palavras que Deus nos falou —
“Você está errado e é amado”. 15

O que Jesus quer de mim?


Deus não chama você para ser hétero. Se fosse
assim, o Evangelho seria pregado apenas para os
homossexuais. Deus não chama você para se casar.
Se fosse assim, o Evangelho seria pregado apenas
para os solteiros. Deus chama todos os pecadores,
heterossexuais e homossexuais, da mesma forma,
por meio da pregação do Evangelho, para a mes-
ma coisa: para se tornarem seus filhos por meio
da fé em Jesus e pertencerem a Ele.
Jesus não quer somente a sua sexualidade, seu
relacionamento ou sua manhã de domingo. Ele
quer você por inteiro. Afinal de contas, com que
propósito Jesus morreu na cruz? De acordo com
a Bíblia:

“Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos


pecados, o justo pelos injustos, para
conduzir-vos a Deus…”
- 1 Pedro 3:18

15 https://voltemosaoevangelho.com/blog/2021/02/por-que-a-homossexualidade-nao-e-como-outros-pecados/
Leituras adicionais sobre sexualidade,
família e santificação
Relacionamentos de Aliança – Asher Intrater (Impacto Publicações)
Como as Pessoas Mudam – Paul Tripp e Timothy Lane (Cultura Cristã)
Santidade – J. C. Ryle (Editora Fiel)
Crescendo em Oração – Mike Bickle (Orvalho)
O Significado do Casamento – Timothy e Kathy Keller (Vida Nova)
A Vida Cristã no Lar – Jay Adams (Editora Fiel)
O que ele precisa ser se quiser casar com a minha filha – Voddie Baucham Jr.
(Editora Monergismo)
Homens de Verdade – Richard D. Phillips (Editora Fiel)
Sexo, namoro e relacionamentos – Gerald Hiestand e Jay Thomas (Editora
Monergismo)
Feminilidade Radical – Carolyn McCulley (Editora Fiel)
O que Deus Diz Sobre as Mulheres – Kathleen Nielson (Editora Fiel)
Com Toda Pureza – Tim Chester (Editora Fiel)
Recuperando-se do abuso infantil – David Powlison (Editora Fiel)
Cura após o aborto – David Powlison (Editora Fiel)
Garota Gay, Bom Deus – Jackie Hill Perry (Editora Fiel)
Deus é Contra os Homossexuais? – Sam Allberry (Editora Monergismo)
Identidade e Sexualidade – Pedro Dulci (Editora Monergismo)
O que a Bíblia ensina sobre a homossexualidade? – Kevin DeYoung (Editora
Fiel)
Pensamentos secretos de uma convertida improvável – Rosaria Butherfield (Edi-
tora Monergismo)
Você é Aquilo que Ama – James K. A. Smith (Vida Nova)
Aconselhando uns aos outros – Edward T. Welch (Editora Fiel)

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