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Contemplação do Presépio

Dezembro de 2023 (semana de 17 a 23 de dezembro)

47ª atitude: Cenáculo COM é lugar para viver um novo Pentecostes! (At 2,1-4)

Há exatos 800 anos atrás, em 1223, no pequeno e esquecido povoado de Greccio, um pobre monge de Assis criou
o primeiro presépio, dando início a uma das mais belas e populares tradições natalinas.

Mais do que uma simples decoração, o presépio deve ser objeto de devoção, oração e contemplação.

A palavra presépio vem do latim paesepium, que significa exatamente manjedoura, que nada mais é do que um
cocho onde se coloca comida para os animais. Sim, “o pão vivo, o que desceu do céu” (Jo6, 51), antes de ser alimento
para os homens, repousou onde os animais se alimentam, que grande mistério de humildade para nossa soberba
humana! Mistério que Santo Agostinho já contemplava, dizendo “Deitado numa manjedoura, torna-Se nosso
alimento”. O presépio nos apresenta o milagre da encarnação e deve encher nossos corações de gratidão e
admiração diante da ternura e humildade que Deus quer nos inspirar. Ele, o Criador do universo, abaixa-Se até
nossa pequenez e miséria. O dom da vida, Ele que sustenta todo o universo, é sustentado pelos frágeis braços de
Maria, no silêncio frio daquela gruta.

Muitos são os símbolos presentes no presépio os quais devemos contemplar e sobre eles meditar.

1) o céu estrelado na escuridão e no silêncio da noite. Fazemo-lo não apenas para ser fiéis às narrações do
Evangelho, mas também pelo significado que possui. Pensemos nas vezes sem conta que a noite envolve a nossa
vida. Pois bem, mesmo em tais momentos, Deus não nos deixa sozinhos, mas faz-Se presente para dar resposta às
questões decisivas sobre o sentido da nossa existência: Quem sou eu? Donde venho? Por que nasci neste tempo?
Por que amo? Por que sofro? Por que hei de morrer? Foi para dar uma resposta a estas questões que Deus Se fez
homem. A sua proximidade traz luz onde há escuridão, e ilumina a quantos atravessam as trevas do sofrimento
(cf. Lc 1, 79).

2) Os animais representam as criaturas da terra que também acolhem o menino Deus, cumprindo as profecias de
que toda criação participaria da festa da vinda do Messias.

3) Os anjos demonstram a admiração e alegria que a encarnação do verbo gerou também no céu. "E subitamente
ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia: Glória a Deus no mais alto dos céus
e na terra paz aos homens, objetos do seu grande amor!" (Lucas 2, 13-14).

4) A estrela que guiou os magos desde o oriente simboliza o chamado que todos os povos, todos os homens da
terra, sem exceção, recebem em algum momento de suas vidas para buscarem o Senhor. É prenúncio do convite
da salvação também para os gentios.

5) Os pastores foram os primeiros a chegarem na gruta após o nascimento. Eles receberam o anúncio dos anjos e
obedeceram seu chamado para irem adorar o Meninos (Lucas 2, 8-18). Simbolizam a humildade e a simplicidade.
Aqueles que nada têm a oferecer mas que buscam na graça o consolo daquela promessa, querem participar dela.
É o olhar que pede, o coração que busca e espera.

6) Os reis magos eram homens sábios e ricos, senhores do Oriente que, mesmo não sendo judeus e desconhecendo
as profecias são chamados. Eles vão além da atitude de adoração dos pastores, mas buscam também oferecer algo
ao Menino Rei. Estes presentes têm também um significado alegórico: o ouro honra a realeza de Jesus; o incenso,
a sua divindade; a mirra, a sua humanidade sagrada que experimentará a morte e a sepultura. É o olhar que oferece,
o coração que se consagra, abandonando riquezas e obras aos pés do Senhor na esperança de participar da graça
eterna.

7) São José, pai nutrício de Jesus, está lá, protegendo, velando e zelando pela Virgem e o Menino, patrono da
Sagrada Família e da Igreja desde todo sempre. Ele supera a humildade dos pastores ao se manter resignadamente
silente e discreto em todo evangelho, apesar do papel imprescindível que o plano de salvação lhe atribuiu. Ele abriu
mão de tudo, de sua carpintaria e confortos materiais, ora fugindo para o Egito, ora voltando, ora mudando-se para
Nazaré, tudo sob orientação do Senhor, tudo para devotar sua vida à defesa e proteção do Menino Deus e da
Santíssima Virgem. É o olhar da consagração plena que tudo oferece sem nada esperar em troca.

8) Maria... Ah, Maria... Como não se emocionar imaginando o primeiro olhar entre ela e seu Menino Luz? A tradição
da Igreja nos diz que no momento do nascimento São José havia saído para procurar parteiras. Só estavam os dois...
Que cena sublime... Maria, o único ser humano preservado do pecado original, imaculada desde a concepção,
contempla com o mais puro e sincero amor o menino Deus, amando-O mais do qualquer outro ser jamais amou. É
o olhar da união total, da conformidade plena cuja experiência só os santos de sétima morada podem vivenciar e,
ainda assim, parcialmente. Dois corações que se uniram tornando-se um só. Maria deve ser nossa meta final de
vida, o ápice da santidade, depois de passarmos pela admiração dos animais, pela humildade dos pastores, pela
oferta dos reis magos e pela consagração total de São José...

9) O coração do Presépio começa a palpitar, quando colocamos lá, na noite de Natal, a figura do Menino Jesus.
Assim Se nos apresenta Deus, num menino, para fazer-Se acolher nos nossos braços. Naquela fraqueza e fragilidade,
esconde o seu poder que tudo cria e transforma. Parece impossível, mas é assim: em Jesus, Deus foi criança e, nesta
condição, quis revelar a grandeza do seu amor, que se manifesta num sorriso e nas suas mãos estendidas para
quem quer que seja.

«De facto, a vida manifestou-se» (1 Jo 1, 2): assim o apóstolo João resume o mistério da Encarnação. O Presépio
faz-nos ver, faz-nos tocar este acontecimento único e extraordinário que mudou o curso da história e a partir do
qual também se contam os anos, antes e depois do nascimento de Cristo.

O modo de agir de Deus quase cria vertigens, pois parece impossível que Ele renuncie à sua glória para Se fazer
homem como nós. Que surpresa ver Deus adotar os nossos próprios comportamentos: dorme, mama ao peito da
mãe, chora e brinca, como todas as crianças. Como sempre, Deus gera perplexidade, é imprevisível, aparece
continuamente fora dos nossos esquemas, tira-nos da zona de conforto. Assim o Presépio, ao mesmo tempo que
nos mostra Deus tal como entrou no mundo, desafia-nos a imaginar a nossa vida inserida na de Deus; convida a
tornar-nos seus discípulos, se quisermos alcançar o sentido último da vida.

Jesus na manjedoura é ainda prenúncio da santa eucaristia que ele irá instituir 33 anos mais tarde. Colocado
naquele cocho onde se alimentam os animais podemos contemplar aquele que será nosso alimento, estando
conosco todos os dias até a consumação dos tempos, como nos prometeu.

Palavras do Servo Fundador

Retiro de Natal: 24/12/20

Chegamos com Nossa Senhora e São José a Belém! Jesus com eles no ventre de Maria! Caminhamos com eles cerca
de 10 kms desde Jerusalém a Belém. Frio, talvez chuvas... Deixamos a cidade agitada de Jerusalém e nos
encontramos agora com as melhores condições para o nascimento de Jesus? Não! Começamos a bater com eles às
portas das pousadas de Belém, mas nenhuma diz “tem vaga aqui, entre”. Todas lotadas! E agora? Que fazer? Nossa
Senhora já estava dando à luz o Rei dos reis, o Senhor dos senhores e nada de achar algo digno para o Menino
Jesus! Que situação! Eles tentaram escolher o lugar, mas foi Jesus que o escolheu para Ele; (...). Os caminhos de
Deus não seguem muitas e muitas vezes as lógicas e sabedoria humanas! Você ainda não entendeu isso? (...) Jesus
quis: simplicidade, silêncio, distância do burburinho, nada de chamar a atenção, nada de luzes (Ele é a Luz), frio (Ele
é o Calor)! A Beleza é simples! A Beleza é discreta! (...) Precisamos de muito para fazer especial a nossa vida!? De
nenhuma maneira! Precisamos sim é de Jesus Cristo e nada mais! Santo Natal, com Cristo no Centro!
Acompanhando a Nossa Senhora e São José! Minha bênção! TPJNSM! Seu servo fundador, Pe. Alexandre Paciolli,
iCM

Palavras do papa

Queridos irmãos e irmãs, o Presépio faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé. A partir da infância
e, depois, em cada idade da vida, educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar
que Deus está conosco e nós estamos com Ele, todos filhos e irmãos graças àquele Menino Filho de Deus e da
Virgem Maria. E educa para sentir que nisto está a felicidade. Na escola de São Francisco, abramos o coração a esta
graça simples, deixemos que do encanto nasça uma prece humilde: o nosso «obrigado» a Deus, que tudo quis
partilhar conosco para nunca nos deixar sozinhos. (Papa Francisco, carta apostólica Admirabile Signum)
METANOIA:

Ao longo desta semana, tiremos um momento para profunda meditação diante do presépio. Se ainda não montou
seu presépio, monte nesta semana! Se você não tem um, seja criativo, pesquise as diversas formas simples de se
fazer presépios caseiros, se for o caso.

DUC IN ALTUM:

1 – O Mistério do Natal no Catecismo da Igreja Católica (525)


https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p1s2cap2_422-682_po.html

2 – Carta Apostólica Admirabile Signum, do Santo Padre Papa Francisco sobre o significado e valor do Presépio.
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/apost_letters/documents/papa-francesco-lettera-
ap_20191201_admirabile-signum.html

3 – Papa Francisco em “O meu presépio”; símbolos do presépio https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2023-


11/papa-francisco-o-meu-presepio.html

4 – Documentário do Lumine TV : Presépio

5 – Catecismo da Igreja Católica (525 e seguintes)

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