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Prof.

Sebastião Jarbas Pinheiro e Paulo Ferreira


Bueno
Fev/14

1
Topografia e Geodésia I
1. TOPOGRAFIA
1.1 - Etimologia

A palavra Topografia é formada pela conjunção dos


termos gregos topos (lugar) e graphein (descrição).

1.2 - Definição
A Topografia é uma ciência aplicada que tem por
objetivo representar a superfície física da Terra e todos
os detalhes existentes naturais e artificiais, adotando
um plano horizontal como referência, sem levar em
conta a curvatura da Terra (Fig. 1).

2
• A figura abaixo (ESPARTEL, 1987) representa exatamente a relação da
superfície terrestre e de sua projeção sobre o papel.

Superfície física

Planta
Fig. 1

3
1.3 - IMPORTÂNCIA DA TOPOGRAFIA

 Ao se projetar qualquer obra de engenharia, se impõe o


prévio levantamento topográfico do lugar onde a mesma
deverá ser implantada, como por exemplo, obra viária,
núcleos habitacionais, edifícios, aeroportos, usinas
hidrelétricas, sistema de água e esgoto, urbanismo, etc.

 Tem igualmente importância nas ciências agrárias, tais


como: projetos de regularização fundiária, assentamentos,
planejamento agropecuário, projetos de reserva legal,
controle do meio-ambiente, desmembramentos,
demarcação de propriedades rurais, divisão de glebas etc.

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1.4 - APLICAÇÕES DA TOPOGRAFIA

Na Engenharia Civil

 Estradas

 Reconhecimento
 Exploração
 Projeto
 Locação
 Controle de execução
 Medições

 Construção Civil
 Obtenção da planta topográfica
 Locação de obras
 Acompanhamento durante a construção
 Verificação após o término da obra (Controle de recalques, etc.)

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1.5 - Limite do campo de atuação da Topografia

 Dentro de um raio de 10 km (20 km de extensão), é lícito


considerar plana a superfície da Terra, para efeito de
levantamentos topográficos. A partir daí, tem que se levar
em conta a curvatura da terra, campo de atuação da
Geodésia (Fig. 4).

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2. Divisão da Topografia

2.1- Planimetria : Determina a posição de pontos no terreno


e os representa sobre um plano de referência horizontal
(Fig. 1).

2.2- Altimetria : Determina as alturas ou distâncias verticais


de um certo número de pontos, referidos ao plano de
projeção horizontal (Fig. 2).

7
DN (-)

Fig. 2

8
2.3 - Topologia : estuda as formas exteriores da superfície terrestre e as leis
que regem seu modelado. Sua principal aplicação é na representação
topográfica do terreno pelas curvas de nível. É muito importante por ser a
parte interpretativa nos levantamentos topográficos (Fig. 3).

Curva de nível

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3. Processos de medidas de distâncias

3.1 - Medição direta : a distância é obtida com o uso de


trena e balizas (Fig. 5).

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3.1.1 - Erros cometidos nas medições direta de distâncias

 A exatidão da medida no terreno pode ser perturbada por


causas diversas, tais como : negligência do operador,
imperfeição dos instrumentos, dificuldade em percorrer o
terreno, etc.

 Fontes de erros nas medidas: catenária, tensão,


temperatura, horizontalidade da trena, verticalidade da
baliza, alinhamento incorreto ou desvio lateral,
comprimento incorreto da trena.

11
Exemplo de medida com trena e balizas

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3.2-Medição indireta : a distância é obtida com o uso de Teodolito e mira
(régua graduada), sendo calculadas pela fórmula :

D = c. g. sen²z ou
D = c. g. cos²α , em que:
c = constante instrumental ( 100 )
g = número gerador ( FS – FI ) em metros
z = ângulo vertical (zenital)
α = ângulo vertical (inclinação)

13
3.3 -Medida eletrônica: A medida eletrônica de distâncias baseia-se na
emissão/recepção de sinais luminosos (visíveis ou não) ou de
microondas que atingem um anteparo ou refletor. A distância entre o
emissor/receptor e o anteparo ou refletor é calculada eletronicamente
(Fig. 7).

Fig. 7

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4. Levantamento da poligonal

4.1 - ÂNGULO INTERNO : é o ângulo formado por dois


alinhamentos consecutivos de um polígono. É sempre
medido no sentido horário e tomado internamente (Fig. 8).

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4.2 - ângulo externo : é o ângulo medido entre dois
alinhamentos consecutivos, do lado externo de um polígono
fechado. É sempre medido no sentido horário e tomado
externamente (Fig.9).

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4.3 - Ângulo de Deflexão: São ângulos medidos a partir
do prolongamento do alinhamento anterior até o
alinhamento seguinte (fig. 10)

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5 - ângulo horizontal

É o ângulo formado por dois planos verticais que contém as direções formadas
pelo ponto ocupado e os pontos visados (fig.). É medido sempre na horizontal,
razão pela qual o teodolito deve estar devidamente nivelado e aprumado no
ponto (vértice do ângulo).

A
AC
C
18
Conforme pode ser visto na fig. abaixo, o ângulo entre as direções AO – OB e CO-
OD é o mesmo, face que os pontos A e C estão no mesmo plano vertical  e B e
D no plano vertical ’ . Em campo, quando da colimação ao ponto que define a
direção de interesse, deve-se tomar o cuidado de apontar o retículo vertical
exatamente sobre o ponto, visto que este é que define o plano vertical.

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5.1 - Causas de erros cometidos nas medições de ângulos

 Instalação e nivelamento do instrumento sobre o ponto


topográfico (operador ).

Manipulação dos equipamentos nas visadas de ré e vante


(auxiliares).

Intempéries : temperatura, ventos, etc.

Leituras imprecisas e anotações incorretas.

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6 . Métodos de levantamentos planimétricos

6.1 - LEVANTAMENTO POR CAMINHAMENTO: consiste numa medição


sucessiva de ângulos e distâncias descrevendo uma poligonal fechada
(Fig. 11).

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6.2 -Levantamento por irradiação : pode ser executado a partir de um
único ponto (áreas pequenas) ou a partir de todos os vértices de uma
poligonal de levantamento. Sua finalidade é levantar detalhes do terreno
(Fig.12).

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7. Unidades de Medidas
7.1 -Medidas lineares : Quilômetro (kilômetro : km), metro (m),
centímetro (cm), milímetro (mm).
• 1 km = 1000 m
• 1 m = 100 cm
• 1 m = 1000 mm
7.2 - Medidas de superfície : m² (metro quadrado), Alqueire (Alq.),
hectare (ha).
• 1 alqueire = 48400 m²
• 1 Hectare = 10000 m²
7.3- Medidas angulares : Graus, minutos, segundos. Graus
decimais.
Ex. 25° 15´ 30´´ (vinte e cinco graus, quinze minutos e
trinta segundos).
Ex. 12,655º (doze vírgula 655 graus decimais).

 Funções trigonométricas : seno, cosseno, tangente. Arc seno,


Arc cosseno, Arc cotangente.
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7.4 – EXERCÍCIOS - CONVERSÕES

a) 5,354 km = m b) 25,87 m = cm

c) 12,54 m = mm d) 500 cm = m

e) 1500 mm = m. f) 50 alqueires = ha

g) 484000 m² = Alq. h) 105,0000 = Alq.

i) 209650 m² = ha j) 15° 13´ 23´´ = graus decimais.

k)15,223055º = graus ( ° ) minutos ( ´ ) segundos ( ´´ )

l) Seno de 43° 15´ 18´´ m) Cosseno de 20° 15´ 35´´ =

n)Tangente de 56° 23´ 18´´ = o) Arcsen de 0,3216712 =

p) Arccos de 0,35273255 = q) Arc tangente de 0,5817543 =

r) 12º 45´ 50´´ + 26º 32´ 26´´ = s) 78º 15´ 40´´ - 17º 28´ 30´´ =

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8. Rumo e azimute
8.1 – Rumo : denomina-se rumo de um alinhamento ao ângulo contado
a partir da direção Norte e Sul. O rumo varia de 0º a 90º. No primeiro
quadrante é “NE”. No segundo quadrante é “SE”. No terceiro quadrante
é “SW” e no quarto quadrante é “NW” (Fig. 13a).

25
8.2- Azimute: denomina-se azimute de um alinhamento ao
ângulo contado a partir da direção Norte. O azimute varia
de 0º a 360°, sempre no sentido horário (Fig. 13b).

26
8.3- conversão de azimute em rumo

27
8.4-EXERCÍCIOS: CONVERSÕES DE AZIMUTES EM RUMOS E VICE-VERSA

 Azimutes para Rumos Rumos para Azimutes

• 193° 17´ 30´´= 43º 16´ 45´´ SW =


• 0º 00´ 00´´ = 17º 53´ 15´´ SE =
• 78º 10´ 40´´ = 0º 00´ 00´´ N =
• 90º 00´ 00´´ = 90º 00´ 00´´ W =
• 270º 00´ 00´´= 38º 24´ 40´´ NW =
• 242º 25´ 35´´= 0º 00´ 00´´ S =
• 360º 00´ 00´´= 18º 32´ 20´´ NE =
• 296º 18´ 50´´= 90º 00´ 00´´ E =

28
9. Sistema de Coordenadas Planas

9.1 - Coordenadas polares (Fig. 14)

No sistema de coordenadas polares (fig. acima) são


conhecidos o Azimute e a Distância entre dois pontos
topográficos. 29
 Exemplo :
 Az → 1 – 2 = 55º 17´30´´ D → 1 – 2 = 63,18 m
 Exercícios:

1) Converter em coordenadas cartesianas:

a) 0 - A → Az = 65º 15´ 30´´ D = 78,56m.


b) 0 - B → Az = 136º 18´ 45´´ D = 120,50m.
c) 0 - C → Az = 254º 25´ 50´´ D = 97,73m.
d) 0 - D →Az = 338º 32´ 20´´ D = 110,25m.

 Fórmulas para converter coordenadas polares em coordenadas


cartesianas :

 X = D * seno Az
 Y = D * cosseno Az

 Obs.: - os resultados de X e Y são também conhecidos como projeções


diretas dos pontos A, B, C e D.

30
9.2 - Coordenadas cartesianas (Fig. 15)

No sistema de Coordenadas cartesianas (fig. 15) são conhecidas as


coordenadas de dois pontos topográficos.
31
Exemplo
1→ X1= 100,00 , Y1= 100,00 ; 2 → X2 = 158,26 , Y2 = 131,17
 EXERCÍCIOS
1) Calcular as coordenadas polares (Az e D) de: A-B, B-C e C-D.

a) A XA = 100 YA = 100
b) B XB = 300 YB = 80
c) C XC = 400 YC = 200
d) D XD = 250 YD = 300
 Para converter coordenadas cartesianas em coordenadas polares .
 Fórmulas :
 Azimute (Az) : Arc Tan (Rumo) = X2 – X1 = X
Y2 – Y1 Y

 Distância :D =√ (X2 – X1)² + (Y2 – Y1)²

 ou D =√(X)² + (Y)²
32
10. CÁLCULO ANALÍTICO DE COORDENADAS

R E V AH LIDO CA AH COMP. AZIMUTE DIST. (DH)


4 1 2 56º12’ 50” 95º 00’ 00” 37,30
1 2 3 118º58’40” 28,20
2 3 4 66º01’55” 32,70
3 4 1 118º46’15” 33,10
∑ 131,30

PROJEÇÕES DIRETAS
E+ W- CX N+ S- CY


33
PROJEÇÕES COMPENSADAS COORDENADAS
P
E+ W- N+ S- X Y

10.1 - ROTEIRO PARA O CÁLCULO DA PLANILHA DE COORDENADAS

a) Cálculo do erro angular : ( Ea)

Ea = ∑ah(i) – [180(n-2)+ → âng. Internos


Ea = ∑ah(e) – *180(n+2)+→ âng. Externos

b) Compensação angular: (Ca)

CA = Ea/n → onde n = nº de vértices da poligonal.


34
c) Cálculo dos ângulos horizontais compensados:
 Subtrai ou soma (Ca) ao ângulo Horizontal lido, conforme
o sinal do (Ea)
d) Cálculo dos azimutes
Fórmulas:
 Azn = Aza + AH + ou – 180º ou -540º , onde: Azn →
azimute a calcular e Aza → azimute anterior.
 Se Aza + AH > 180º (-180º)
 Se Aza + AH < 180º (+180º)
 Se Aza + AH > 540º(-540º)
 e) Cálculo das projeções diretas (eixo de X e eixo de Y)
 Projeção de X (E+ , W-) → X = D * sen Az
 Projeção de Y (N+, S - ) → Y = D* cos Az

35
f) Cálculo do fechamento linear : (CX) e (CY) , fcx e fcy
 CX = compensação linear no eixo de X
 CY = compensação linear no eixo de Y
 fcx = fator de correção no eixo de X fcx = ex / ∑ E + ∑ W (em
módulo)
 fcy= fator de correção no eixo de Y fcy = ey / ∑ N + ∑ S (em
módulo)
 Obs. : A tolerância de erro linear está na razão de 1 / 1000 .

g) Cálculo das projeções compensadas ( Eixo de X e Eixo de Y)


 Se a soma em E+ foi menor do que em W-, acrescenta o valor de CX em E+ e
tira em W- ;

 Se a soma em W- foi menor do que em E+, acrescenta o valor de CX em W- e


tira em E+ ;

 Se a soma em N+ foi menor do que em S-, acrescenta o valor de CX em N+ e


tira em S- ;

 Se a soma em S- foi menor do que em N+, acrescenta o valor de CX em S- e tira


em N+. 36
h) Cálculo das Coordenadas ( X , Y )
 Para evitar coordenadas com valores negativos, arbitra-se para o
ponto inicial do polígono um valor tal que todas as coordenadas
tenham valores positivos.
 Num polígono fechado, as coordenadas são calculadas mediante a
fórmula : Cn = Ca +/- PCn, ou seja C2 = C1 +/- Pc2, onde Cn =
coordenada a calcular ; Ca = coordenada do ponto anterior e PCn =
projeção compensada do ponto a calcular.

i) Pontos irradiados

 Os azimutes são calculados com base nos ângulos horiz. Lidos.


 As projeções diretas são calculadas do mesmo modo que na
poligonal de levantamento.
 As coordenadas são calculadas com base nas projeções diretas.

- Exemplo : C1a = C1 +/- PD1a.

37
10.2 - Exercício
• Cálculo Analítico de Coordenadas - poligonal fechada com
pontos irradiados.
1) Com base no croqui (fig. 16) e na caderneta de campo ,
preencher a planilha, proceder os cálculos até obter as
coordenadas de todos os pontos.

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• CADERNETA DE CAMPO

R E V AANG. HOR. AZIMUTE DISTÂNCIA

4 1 2 98º44’50” 105º15’30” 74,30


5 1 1A 236º30’10” 12,00
1 2 3 101º56’10” 42,85
1 2 2A 233º50’15” 8,65
2 3 4 103º43’30” 66,15
2 3 3A 244º29’50” 6,80
3 4 5 112º13’20” 40,75
3 4 4A 242º12’30” 5,70
4 5 1 123º21’50” 43,70
4 5 5A 260º31’20” 10,00

39
11. Cálculo de Áreas
11.1 - Processo de Gauss
 Neste processo a área é calculada em função das coordenadas (X,Y) dos pontos
(vértices) do polígono. É o processo mais utilizado e o que oferece maior
precisão.

 Fórmula : A = (X1 – X3)Y2 + (X2 – X4)Y3 + (X3 – X1)Y4 + (X4 – X2)Y1


2
Exemplo

COORDENADAS DIFERENÇAS PRODUTOS


P X Y POSITIVAS NEGATIVAS POSITIVOS NEGATIVOS (-)
(+) (-) (+)
1 100 100
2 170 70
3 200 150
4 120 180

40
Exercício

1) Com base no croqui (Fig. 17) e nas coordenadas dos pontos, calcular
a área do polígono pelo processo supracitado.

41
11.2 - Processo do semiperímetro

 Divide-se o polígono (Fig. 18) em triângulos e mede-se as distâncias


entre os pontos.
Exemplo:

42
 Fórmula para o cálculo das áreas A1 e A2 :
 A1 = √ p (p – a) . (p – b) . (p – c) e A2 = √p (p – a´) . (p – b´) . (p – c´)

 Em que para (A1) : p = a + b + c e para (A2) : p = a´ + b´ + c´


 2 2
 E a área total = A1 + A2.
Exercicio
1) Com base no croqui (Fig. 19) e nas medidas dadas, calcular a área do
polígono pelo processo supracitado.

43
11.3 - Processo trigonométrico

 A área do triângulo (Fig. 20) é calculada fazendo o lado


AB (12m) x o lado AC (15m) x sen 30°
2

A = b x c x sen  A = 15 x 12 x sen 30°


2 2
A = 15 x 12 x 0,5 A = 45 m²
2
44
Exercício

1)Com base no croqui (Fig. 21) e nas medidas dadas, calcular


a área do polígono pelo processo supracitado.

45
12. Desenho por Coordenadas

Trata-se do desenho da planta da área levantada, utilizando papel


milimetrado, no formato A2 (Fig. 22).

46
 Espaço útil para o desenho → 400 mm x 400 mm
 Carimbo → 50 mm x 175 mm

 Escala (quando é dado o formato)

 Obs.: Adota-se o de > valor e arredonda para cima para uma escala conhecida.

 Posição dos Eixos

 ∆x = XM – Xm e ∆y = YM – Ym
2 2
 Obs.: ∆x é marcado do centro do espaço útil do papel para a esquerda na
escala calculada.

 ∆y é marcado a partir do centro do espaço útil do papel para baixo na mesma


escala.

 Graduação dos eixos

 A partir do encontro de ∆x e ∆y faz-se a graduação dos eixos, com a menor coordenada


de x (Xm) e de y (Ym) arredondadas.

47
Plotagem

Com base nas coordenadas inteiras (graduação dos eixos x e y) e na planilha


de coordenadas, é feita a plotagem dos pontos no papel milimetrado.

Exercício
1) Com base na tabela abaixo, fazer o desenho da planta no formato A2. Seguir o
roteiro conforme item 11 acima.

48
13. Orientação da planta

 Norte Verdadeiro, Norte Magnético e Declinação Magnética (Fig. 23).


 Norte Verdadeiro ( NV ) : é a linha que liga o pólo norte geográfico ao
pólo sul geográfico.
 Norte Magnético ( NM ): é a linha que liga o pólo norte magnético ao
pólo sul magnético.
 A diferença angular entre o norte verdadeiro e o magnético é
chamada de Declinação Magnética ( DM ).

49
 A agulha da bússola não aponta para o norte verdadeiro.
Na maior parte da superfície terrestre, a agulha da bússola
aponta em direção a um ponto a leste ou oeste do Norte
Verdadeiro (também conhecido como Norte Geográfico).

13.1 - Determinação da declinação magnética

 A determinação da declinação magnética pode ser


feita por cálculo, em função de dados obtidos em
mapa que contenha latitude, longitude e as curvas
isogônicas e isopóricas, ou diretamente mediante a
determinação em campo da direção do norte
verdadeiro e do norte magnético.

50
13.1.1 - Cartas isogônicas e isopóricas

 O Observatório Nacional do Rio de Janeiro publica em


(
) um mapa do país, com o traçado das
curvas isopóricas, lugar geométrico das regiões que tem a
mesma variação anual da declinação magnética e as curvas
isogônicas, lugar geométrico dos pontos de uma região,
que tem a mesma declinação magnética.

13.1.2 - Variação da declinação magnética

É o fenômeno do desvio da linha norte-sul magnética no


decorrer do tempo. Essa variação pode ser diária, semanal,
mensal, anual e secular. Para os cálculos da declinação
magnética interessa a variação anual.
51
 A transformação de rumos e azimutes com orientação
pelo Norte Verdadeiro é um processo simples, basta
somar ou subtrair da declinação magnética.

 A declinação magnética pode ocorrer para a direita da


linha norte-sul verdadeira (sentido horário : E ) ou para a
esquerda da linha norte-sul verdadeira (sentido anti-
horário : W ).

 Se a Declinação magnética for para leste o azimute


verdadeiro será obtido da seguinte forma : Azv = Azm +
DM.

 Para o caso do Brasil, onde a declinação magnética é


negativa, ou seja, para Oeste, o Azimute verdadeiro é
assim calculado : Azv = Azm + (- DM).

52
13.1.3 - Fórmula para o cálculo da declinação magnética

DM = Cig + [(A + Fa) Cip]


onde:
DM - Declinação Magnética
Cig - Curva Isogônica (valor interpolado)
Cip - Curva Isopórica (valor interpolado)
A - Ano da observação
Fa - Fração do ano

 Exemplo de cálculo da Declinação Magnética para Goiânia


em 15/08/2012, utilizando o Mapa Magnético do Brasil –
1985,0.
53
 DM = Cig + [(A + Fa) Cip]
 DM : Declinação Magnética (valor interpolado)
 Cig : Curva Isogônica (valor interpolado)
 Cip : Curva Isopórica (valor interpolado)
 A : Ano da Observação – ( 1985 )
 Fa : fração do ano
• Fração do Ano
• 01 Jan a 19 Jan ,0
• 20 Jan a 24 Fev ,1
• 25 Fev a 01 Abr ,2
• 02 Abr a 07 Mai ,3
• 08 Mai a 13 Jun ,4
• 14 Jun a 19 Jul ,5
• 20 Jul a 25 Ago ,6
• 26 Ago a 30 Set ,7
• 01 Out a 06 Nov ,8

54
 Utilizando o Mapa Magnético do Brasil - 1985,0, obteve-se
os seguintes resultados por interpolação gráfica para
Goiânia :
 Longitude λ = 49º 13´ 46´´ W
 Latitude φ = 16º 23´ 37´´ S
DM = - 17º 05´ 00´´ (Cig)
VM = - 8´ 13´´ (Cip)
A : 2012 – 1985 = 27 anos
Fa = ,6
DM = - 17º 05´ 00´´ + [( 27 + ,6) . (– 8´13´´)]
DM = - 17º 05´ 00´´ + [27,6 ( - 493´´)]
DM = - 17º 05´ 00´´ - 13606´´,8
DM = - 17º 05´ 00´´ - 3º 46´ 47´´
DM = - 20º 51´ 47´´ W

55
 Para o referido cálculo é necessário ter em mãos o Mapa Magnético do
Brasil, no qual são fornecidos as latitudes, longitudes, as curvas isogônicas ,
as curvas isopóricas e a tabela das Frações do Ano.
 Calcular a DM para Teresina (PI) em 13/Fev/ 96 sabendo que a DM
interpolada é igual a – 20º 36´ 00´´ W e a VM é igual a - 4´30´´ W (Mapa
de 1985,0).

 13.1.4- Aviventação (correção) de Rumos e Azimutes em função


da variação da declinação magnética.

 Aviventar significa atualizar o rumo ou azimute de um


alinhamento em função da variação da declinação magnética,
num determinado intervalo de tempo.

Exercícios

a) O Azimute verdadeiro de um alinhamento AB é igual a 65º 17´


30´´ e a DM é igual a 18º 25´ 15´´ W. Calcular o valor do Azimute
Magnético.

56
b) O Azimute verdadeiro de um alinhamento CD é igual a 48º 25´ 40´´ e a
DM é igual a 9º 15´ 20´´ E. Calcular o valor do Azimute Magnético.
c) Azimute magnético de um alinhamento 0A é igual a 86 18´ 50´´ e a DM
é igual a 16º 40´ 30´´ W. Calcular o Azimute verdadeiro.
d) O Azimute magnético de um alinhamento 0B é igual a 55º 30´ 15´´ e a
DM é igual a 17º 50´ 10´´ E. Calcular o Azimute verdadeiro.
e) Aviventar para o ano de 1975 um rumo magnético 0A de 35 NE,
determinado no ano de 1925.

 VM ( interpolada) = 10´ RMc : Rumo Magnético corrigido


 Fórmula : RMc = RMa +/- DMw RMa : Rumo Magnético a corrigir
 DMw : Declinação Magnética para Oeste
f)Aviventar para o ano de 1975 um rumo magnético 0A de 45 NW,
determinado no ano de 1920.
 DM para Oeste (W)
 VM = 10´

57
14. Introdução a Geodésia
 Definição: ciência que estuda a forma, as dimensões, o campo de
gravidade da Terra e as suas variações temporais.

 A Geodésia estuda o conjunto de métodos e procedimentos adotados


para definir a forma e dimensão da terra. Determina, através de
observações, a forma e o tamanho da terra, as coordenadas dos
pontos, comprimento e direções de linhas da superfície terrestre e as
variações da gravidade terrestre.

 A Geodésia se ocupa do levantamento e da representação cartográfica


de uma grande extensão da superfície terrestre de um Estado ou de
um País, projetada sobre uma superfície de referência (elipsóide de
revolução).

 Já a Topografia se ocupa do levantamento de pequena extensão de


uma área, projetada sobre um plano horizontal de referência. Esta é,
pois, a distinção entre Geodésia e Topografia.

58
14.1 - Coordenadas Geodésicas (Geográficas) : Latitude () e
Longitude () (Fig. 24).

 Latitude ( φ ): é a distância angular entre um ponto


qualquer da superfície terrestre e a linha do equador.
Exemplo : Latitude de Goiânia = 16° 40´ 24´´ S.

 Longitude ( λ ) : é distância angular entre um ponto


qualquer da superfície terrestre e o meridiano inicial ou de
origem . Exemplo : Longitude de Goiânia = 49° 15´ 29´´ W.

59
Observatório
de Greenwich

Meridiano
Principal
Latitude

Longitude
Equador

60
Exemplo
Latitude (ϕ) e Longitude () - GOIÂNIA

61
15. Sistema de Coordenadas UTM (Fig. 25)

 Universal Transversa de Mercator (UTM) - é um sistema de


coordenadas baseado no plano cartesiano (eixo x,y) e usa o
metro (m) como unidade para medir distâncias e
determinar a posição de um objeto. Diferentemente das
Coordenadas Geográficas (ou Geodésicas), o sistema UTM
não acompanha a curvatura da Terra e por isso seus pares
de coordenadas também são chamados de coordenadas
planas.

 Os fusos do sistema UTM indicam em que parte do globo as


coordenadas obtidas se aplicam, uma vez que o mesmo par
de coordenadas pode se repetir nos 60 fusos diferentes.

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Outra característica do sistema de Mercator é que não há
coordenadas negativas e apenas dois eixos: E(x) e N(y),
indicando, respectivamente, Longitude e Latitude. No nosso
hemisfério sul, as distâncias do eixo N(y) iniciam em
10.000.000 na linha do Equador e decrescem para o sul até
0; enquanto o eixo E(x) começa em 500.000 aumentando
para o Leste e decrescendo para Oeste. No hemisfério
Norte, as coordenadas de eixo E(x) se comportam da
mesma maneira, enquanto que as do eixo N(y), tem sua
origem no Equador e aumentam para o Norte

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MC – Meridiano central

Fig. 25

64
Exemplo
Localização da PUC - GOIÁS

65
16. GPS – Sistema de Posicionamento Global (Fig. 26)

 O GPS (Sistema de Posicionamento Global) é formado por


três segmentos: o espacial, de controle e utilizador.

 O espacial é composto por 24 satélites distribuídos em
seis planos orbitais. O segmento de controle é
responsável pelo monitoramento das órbitas dos
satélites. Por fim, o segmento do utilizador é o receptor
GPS, responsável pela captação dos sinais fornecidos
pelos satélites.

 Esse sistema de navegação permite, através de satélites
artificiais, a obtenção de informações sobre a localização
geográfica em qualquer lugar da superfície terrestre e em
qualquer hora do dia.

66
 A localização geográfica ocorre em razão da emissão de
ondas de rádio dos satélites, que são captadas por
receptores GPS na Terra, onde são decodificadas as
informações e fornecidos a latitude, longitude e altitude.
 Princípio básico do sistema GPS : velocidade da luz x
tempo = distância.

 Precisão do relógio atômico : um nano segundo =


0,000000001 s.

 Precisão do GPS portátil : + ou – 10 metros.

 Precisão do GPS topográfico : 1 a 10 mm.

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Número de satélites necessários para um
posicionamento 3 D

68
17. LISTA DE EXERCÍCIOS

1) Converter para Rumos os seguintes Azimutes :


a) 201° 15´ 40´´ = b) 65° 10´ 50´´ =
c) 126° 45´ 15´´ = d) 285° 17´ 10´´ =

2)Converter para Azimutes os seguintes Rumos :


a) 45° 25´ 30´´ NE = b) 28° 16´ 25´´ SE =
c) 63° 30´ 20´´ SW = d) 42° 18´ 40´´ NW =

3) Sabendo que o Azimute do ponto 2 para 3 é igual a 250° , qual


será o Azimute do ponto 3 para 2 ?
Resposta:______________

4) Sabendo que o Rumo do ponto 3 para 4 é igual a 50° SE , qual


será o Rumo do ponto 4 para 3 ?
Resposta:__________________

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5) -Calcular os ângulos internos nos vértices 1, 2 e 3 (Fig. 27).

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6) Com base nas coordenadas polares dadas (azimutes e
distâncias), calcular as coordenadas cartesianas ( X, Y )
entre os pontos 0 para A; 0 para B; 0 para C e 0 para D.

 Azimute de 0 - A = 62° 15´ 30´ Distância de 0 - A = 58,75 m

 Azimute de 0 - B = 112° 22´15 Distância de 0 - B = 118,63


m
 Azimute de 0 - C = 193° 28´50´´ Distância de 0 - C = 97,46
m
 Azimute de 0 - D = 306° 05´ 45´´ Distância de 0 - D = 135,15
m

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7)Com base nas coordenadas cartesianas dadas ( x, y ),
calcular as coordenadas polares (azimutes e distâncias)
entre os pontos 1 para 2 ; 2 para 3; 3 para 4 ; e 4 para 1.

 X1 = 75,15 , Y1 = 180,30 ; X2 = 120,50 , Y2 = 80,45


 X3 = 280,10 , Y3 = 150,25; X4 = 200,75 , Y4 = 240,20

8) Com base no croqui (Fig. 28) e nos elementos da planilha,


desenvolver os cálculos, calculando os azimutes, as
projeções diretas e as coordenadas dos pontos. : 1A, 2,
2A , 3, 3A, 4, 4A, 5 e 5A.

72
73
9) Com base no croqui (Fig. 29) e na planilha, calcular :
a) as coordenadas dos pontos. 1, 2, 3 e 4
b) os azimutes e as distâncias entre os citados pontos
c) a área pelos mesmos pontos pelo processo de Gauss

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