Você está na página 1de 60

&'

• "»'''.
T

Sistemas de Freios Anti-Bloqueio(ABS)


para Veículos Comerciais
WABCO O freio original.
Ideal Standard Wabco Indústria e Comércio Ltda. Divisão Wabco Freios
Via Anhangüera, km 106 - Bloco A - CEP 13170-480 - Sumaré - SP
Caixa Postal 1791 - CEP 13001-970 - Campinas - SP
Fone (0192) 64.1950 - Telex 191725 - Fax (0192)64.1719
transporte

trafigiorte
REDAÇÃO

Editor
Neon] Goncalves dos Reis
Redatora-Chefe
Valdir dos Santos
Redator Principal
Gilberto Penha de Araúlo Ano 30 - n? 345 - Janeiro/Fevereiro de 1993
Redatora
Carmen Ligia Torres
ISSN n? 0103-1058 - Cr$ 80 000,00
Colunista
José Luis Vita do Carmo

SUMÁRIO
Fotógrafo
Paulo igarashi
Chefe de Arte
Alexandre Henrique Batista
Assistente de Arte/Produção
eiv Micori Taaaka
Jornalista Responsável
%adio 1koncalves dos Reis IMTh 8 5381
Impressão e Acabamento
Cu Lahographiea Ypiranga
o Frotista encomenda conjunto sob medida
duo Cadete, 200
une 1/111 921 3255 São Pardo SP
PARCERIA Mercedes faz caminhão especial para a BM
DEPARTAMENTO TÉCNICO

Gerente
Economista Jorge Migrei dos Santos
e, Conheça o navio mais automatizado do mundo
Assistente
fig'' Amaino [atiro V. Neto
MARÍTIMO Ditlev Luaritzen é operado por seis pessoas
DEPARTAMENTO COMERCIAL

Diretor
Ryfluii igarashi
iA Novo Volvo ganha mais cavalos e mais conforto
Gerente
Marcas Anime 8 Mara=9,
CAMINHÕES A cabina ficou 13% maior e a cama é mais larga
Representantes
• Carlo, A 8 LrrfuU!, iiiuí i Nuirr

Representantes
Paraná e Santa Catarina As atrações do estratégico Salão de Bruxelas
Símia Marketing e Rearesernacaes INTERNACIONAL 151 Montadores exibem armas para vencerem recessão
Gilberto A Partiu
Hila Conselheiro Laurindo, 825 • coniunto /114
ELP 801ilill 11111 Fone 111411 272 1/56
Curitiba AH
Rio Grande do Sul
C,isaGrande RepreserilanUrrn
PNEUS
2n Introdução do single pode ser um retrocesso
Danos dos 'solteiros' aos pavimentos são maiores
lvd110
lua Goricalcas ledo, 118
Fones: 111191 224 9/411 224 bflbh
01111ffi 250 Porta Alegre AS

DEPTO. ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO
Rodotrem barateia frete, mas aumenta viagem
Gerente
M■iugi (1
FERROVIÁRIO Rede reativa o sistema entre Rio e São Paulo

DEPARTAMENTO DE CIRCULAÇÃO

Gerente
Liáudio Alves de illiveira
Distribuição MANUTENÇÃO
2K Como três transportadoras reduzem custos
LIBRA Mola ()Dela, Inlorrnatica e Distribua:1'c 1 tila
Terceirizar e informatizar, duas das receitas
Assinaturas
Anual 1(107e Priiriürro) Cr$ 850 000,110
Pedidos cora cheque ou valo postal
em favor da Editara 1M Lida
fornolar avirinill Cr$ 90 111111,110
astaque apenas as últimas edições CONGRESSO
2,4 TRC procura norte, a bordo do Eugenio C
Dispansada aossaão de daCUMOr11800 lrscrrl, corilorrne ‘" Setor declara guerra aos ônibus e ao correio
HL Proa 3H1 1 n • 14 491118b de [19/12/11b.

Circulação: IA reli axerripiaras


Heglirildrirr Ir0 .;" riu Hirqiutru da -findos e
Ducurrientas sob ir" Md uni 123rr13:111fra; averbando Leia em TRANSPORTE MODERNO - PASSAGEIROS
ri" 201 Uni 211111//1088
As apiniaes dos articas dssinadas ir das ano-avistados não rián
nrIraiSralrianinnirr ar', 11105111as dl, TralloporiEr Mririurrin
Urna publicação de
Recessão obriga o setor a baixar tarifa
FRETAMENTO 41
4 gEditora TM Ltda.
Rua Vieira fanieda, /2
Os contratantes enxugam linhas e fornecedores

CEP 11411/ 030 Manaria São Paulo SP


Ione: 575-1304 (Linha seqüencial)
O que está por trás da privatização da Vasp
Fax
Telex
(011) 571-5869
(011) 35247
AÉREO 44 Dívidas, corrupção, CIP: no ar, o 'Vaspgate'
C.G.C. 53 055 54410001-D5
Inscrição Estadual n° 111 168 61:3 117

wL
Cartas - 4 Neuto Escreve - 5 Atualidades - 6 Rumos
e Rumores - 38 Produtos - 39 Última Parada - 48
Filiado à ANATEC e à ABEMD SEÇÕES
Insbtuto Capa - Foto Divultjact-ío
Vedo,
de Gr.laçáo
Gibson e Bezerra se pretendeu estar ocorrendo na enti- Assim sendo, TM não vê na no- I
desmentem divergências dade. Mesmo porque tenho tido o tícia nada de "desrespeitoso", "in-
discernimento de impor limites éticos delicado" ou "aético".
Folheando a revista Transporte às nossas participações, em função
Moderno n? 343, edição de novem- do respeito e considerações mútuas.
bro de 1992, na página seis deparei- Faço questão de ressaltar que Conferencista
me com matéria alusiva à minha mantenho com o companheiro New- pede retificação
pessoa, no "Destaque", onde o re- ton Gibson as mais cordiais rela-
dator afirma: ções, nunca tendo havido qualquer Solicitamos a fineza de retificar
"A composição colocou lado a divergência que pudesse comprome- a seguinte citação da matéria
lado adversários como Areli Teixeira ter a sólida amizade que nos une, "Pneus", veiculada na TM n? 344,
de Lara e Valmor Weiss, presidente e especialmente quando estão em jo- página 29: "Roberti contra-ataca
ex-presidente do sindicato paranaen- go os interesses do setor de trans- ironizando: 'Aqui no Brasil esta-
se, e Newton Gibson e Adalberto Be- porte, que tem tido nele um gran- mos acostumados a desprezar 2%
zerra Filho, presidente e ex-presiden- de e permanente defensor. da economia."'
te da federação do Nordeste, respec- Estranho, ainda mais, a citação Nada foi citado por nós com rela
tivamente. 'Na primeira divergên- desrespeitosa como o nosso nome ção ao assunto e, absolutamente,
cia, ponho qualquer um deles fo- foi colocado, visto que nunca plei- não fizemos nenhuma referência so-
ra da diretoria', ameaça Sebastião." teei do companheiro Sebastião fa- bre "desprezar 2% da economia".
Solicito retificar a citada maté- zer parte de sua diretoria. Simples- Penso que, atualmente, em função
ria, por ser improcedente e irreal mente aceitei a indicação com o do fato de os lucros operacionais no
qualquer divergência com o preza- propósito de poder servir a classe setor de transporte serem baixos,
do amigo e companheiro Adalber- mais uma vez com o mesmo despren- qualquer valor é muito bem-vindo.
to Bezerra de Mello Filho, por dimento e sem qualquer ambição Além do mais, o que apresenta
quem tenho respeito e admiração. ou propósito menor. mos durante o seminário, e ressalta-
Quanto ao cargo que exerço na Por isso, não posso aceitar a mos, é que estudos feitos por com-
NTC, estou apenas diretor, pois forma de tratamento indelicado e panhias de pneus e órgãos indepen-
este cargo pertence ao presiden- aético que nos foi dispensado. Ade- dentes comprovam que "quanto me-
te Sebastião Ubson Ribeiro Car- mais, os cargos da Diretoria são de nor for a temperatura da reforma,
neiro, a quem compete direcionar livre e exclusiva escolha do presi- maior será a longevidade da carca-
sua administração. dente e a ele pertencem, cabendo- ça", principalmente quando se exe-
lhe a liberdade de deles dispor, no cuta a reforma a 99° C, que é a
NEWTON GIBSON momento que lhe parecer necessário. mesma temperatura que os pneus
Setcepe
atingem quando em serviço.
Presidente
Recife-PE ADALBERTO BEZERRA FILHO
Transportadora Cardeal Ltda. ANÉSIO M. ROBERTI
Matéria inserida na página seis, Recife-PE Bandag do Brasil Ltda.
na Seção "Atualidades", põe em Supervisor Técnico
destaque a recente eleição de Sebas- LIITM limitou-se a informar que a Campinas-SP
tião Ribeiro para a NTC, sob o tí- eleição de Ribeiro colocou lado a
tulo "Sebastião na NTC: Mais Ra- lado "conhecidos adversários". O ETM reafirma que o Sr. Roberti
cha do que Consenso". título "Mais Racha do que Consen- realmente fez, durante o seminário
Gostaria de desfazer o sentido so"resultou da declaração de A nt- sobre pneus, referência ao valor
desabonador que se pretende dar, ao nio Pereira de Siqueira classificando de 2% (como, aliás, poderão con-
incluir-me dentro de "conhecidos a indicação de Ribeiro como "uma firmar participantes do evento).
adversários", o que não reflete a terceira chapa, não um consenso". Comentou, ainda (como declara
verdade. Durante todo o tempo Portanto, em nenhum momen- em sua carta e a reportagem regis-
em que participei de entidades de to TM afirmou que Bezerra e Gib- tra), que economia de tal ordem
classe, nunca disputei cargos e nem son são "inimigos", ou que hou- não é desprezível.
me coloquei em posições que repre- ve "racha" especificamente na Fe- A matéria também reproduz as
sentassem desserviço à nossa classe. tracan. Como não afirmou também seguintes afirmações do Sr. Roberti:
Valé salientar que deixei a Fetra- que Bezerra tenha se colocado "em "após a primeira vida, quanto
can sob protestos de quatro sindica- posições que representassem desser- maior a temperatura(de recape), me-
tos que compunham a sua base, e viço à nossa classe", ou que tenha nora sobrevida(da carcaça)", e que
apenas esse fato serviria para ilus- pleiteado o cargo de diretor da o sistema Bandag "submete o pneu a
trar minhas posições em defesa da NTC. Todas essas afirmaçõesforam uma temperatura de cerca de 100°
unidade da nossa classe. Portanto levantadas e negadas exclusivamen- C". Também nesses casos, portan-
não procede esse suposto 'racha' que te pelo sr. Bezerra. to, não há o que retificar.

4 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 199 ;


e compromete os trabalhadores com as metas
de produtividade do porto.
O regulamento também abre espaço para a
privatização dos terminais portuários, que fi-
cam autorizados a operar com cargas de tercei-
ros. Por sua vez, as tarifas passam a ser fixa-
das pela administração de cada porto. Eis aí
duas inovações que poderão estimular a com-
petição, reduzir os preços e melhorar a qualida-
de dos serviços.
O aumento da produtividade também será
incentivado pela criação de centros de treina-
mento profissional e de atraentes indenizações
para os trabalhadores avulsos dispostos a can-
celar seus registros.
A decisão da Câmara está muito longe das
intenções do projeto original, que previa liber-
dade total na contratação de mão-de-obra. De
qualquer maneira, trata-se do diploma possível.
Em sua passagem inicial pela Câmara, o docu-
mento sofreu adaptações resultantes de acordos

A abertura políticos e de preocupações sociais, que reduzi-


ram sua eficácia econômica. Mas, pelo menos,
acabou depurado das deformações eleitoreiras
introduzidas pelos senadores Mário Covas e
Mansueto de Lavour, que asseguravam parida-
dos portos de a trabalhadores e a empresários no órgão
gestor e concediam ao Estado o voto de Miner-
va nos inevitáveis impasses que daí resultariam.
Agora, para libertar definitivamente os por-
tos do jugo dos sindicatos, falta apenas a san-
Depois de dois anos de peregrinação pelo çãofinal do Presidente da República. Para tan-
Congresso, a reforma da obsoleta legislação to, ainda restam fortes resistências a vencer.
portuária venceu mais uma etapa decisiva. Embora o ministro dos Transportes, Alberto
Em seção tumultuada, realizada nofinal de ja- Goldmann, declare-se a favor do projeto, seu
neiro, a Câmara aprovou,finalmente, uma no- colega de Trabalho, o petista Walter Barelli,
va versão do Projeto de Lei 8/91 (veja insiste em manter vivo o corporativismo.
TM de novembro de 1991). Acostumados, desde a década de 40, a chan-
O texto vitorioso põefim ao descabido mo- tagear as autoridades, os portuários desafiam
nopólio dos sindicatos sobre a contratação a sociedade com mais uma onda de greves abu-
de mão-de-obra avulsa e à secular tutela es- sivas. Nesse vale-tudo, são secundados por
tatal sobre a administração portuária. São uma barulhenta bancada portuária, que quer
duas gritantes aberrações que vêm contribuin- decretar "a guerra nos portos brasileiros".
do sobremaneira para a elevação exorbitan- Apesar de tudo isso, ninguém espera que o
te dos custos das operações e para a inefici- presidente Franco vá afrontar uma decisão par-
ência do setor. lamentar tão demoradamente negociada. Além
A versãofinal do projeto cria um órgão ges- do mais, no momento em que a recessão au-
tor composto por 2/3 de empresários e 1/3 menta e que o desemprego impõe tantos sacri-
de trabalhadores. Outro avanço, introduzido fícios à população, a saída da crise passa pe-
pelo Senado e mantido pela Câmara, é a possi- lo comércio exterior. Afinal, a meta do gover-
bilidade de um contrato coletivo de trabalho, no, de exportar US$ 50 bilhões em 1994, de-
a ser realizado entre as partes até noventa dias pende do sucesso da reforma portuária. Vetar
após a entrada em vigor da lei — nesse caso, o projeto seria, portanto, sacrificar a nação
as funções do grupo gestor ficariam suspen- em detrimento de uma classe de privilegiados.
sas. Usual nos países desenvolvidos, esse tipo Cabe, pois, ao Presidente escolher entre o
de contrato amplia a liberdade de negociação atraso e a modernização.
TNT-Sava busca parceiro
para continuar operando
Três meses depois de interrom-
per as operações de transporte 2
de carga aérea doméstica, a Antes de lançar o novo F-4000, a Ford leiloou o estoque do modelo anterior
TNT-Sava continua procurando
um parceiro para retomar a ativi- lo—Manaus. Mais uma aerona- pação nessa faixa de mercado.
dade. Até o final do ano passa- ve estava anunciada, na ocasião, Pelo menos a metade dessa quan-
do, a empresa negociava um acor- para operar no sul do país a tia foi liquidada, às vésperas
do com a Varig, que acabou não partir de dezembro de 1990. A do lançamento da nova linha F,
dando certo. queda do volume de cargas en- com tal desconto na tabela que
Talito Endler, presidente do tre Manaus e São Paulo, devi- praticamente anulou as vendas
grupo TNT para a América Lati- do à abertura das importações, da concorrência. Na época, re-
na, evita falar sobre o assunto exigiu a redução gradativa dos presentantes da Agrale e da Volk-
até que consiga fechar com outro voos e, por fim, sua paralisa- swagen fizeram pesadas críti-
parceiro, pois a empresa corre o ção temporária. cas à Ford, e passaram a bus-
risco de perder a concessão do Cal" o mercado externo para de-
DAC — Departamento de Avia- sovar Neli`, estoques.
ção Civil, caso continue parada. Ford anuncia recorde de De qualquer maneira, esse ca-
Essa concessão foi herdada da vendas do F-4000 minhão, lançado há 34 anos, acu-
Sava, empresa amazonense incor- mula unia produção de 115 mil
porada, em 1989, pela TNT. Num período de vacas magras unidades e se constitui em líder
A TNT-Sava começou a ope- para as mont adoras de caminhões, histórico de vendas em seu seg-
rar em dezembro de 1989, com a Ford conseguiu vender, no ano mento, como afirma Fernando
um Boeing 727-100, de 14 t. Em passado, 2 913 exemplares do seu Barata, gerente geral de Vendas
julho do ano seguinte, colocou tradicional F-4000, tendo, com de Caminhões e de ônibus da
mais uni na rota diária São Pau- isso, obtido 32,5% de partici- Divisão Ford da Autolatina.

FEPASA VAI TRANSPORTAR 62% MAIS CARGA EM 1995


um plano técnico, que deverá vigorar 120 milhões provenientes de recursos
a partir de 1995. prevendo uni salto do lesmo.° Estadual e do Banco
na produção da ordem de 62%. Mundial, e destinados às obras de su-
Segundo o presidente Walter Bodi- perestrutura da via.
n', a estatal deve passar dos aluais Por as obras de eletrificação do
18,5 milhões de t/ano pura 30 milhões. tronco Uberaba—Santos(850 k in em
de 1 em 1995. Com o aval do governo bitola estreita), paralisadas desde me-
de São Paulo, acionista majoritário, ados de 1980, foram retomadas pelo
fepasa pretende incrementar as car- governo, que abriu a renegociação do
gas operando vagões com um contin- contrato, no valor de US$ 500 mi-
gente de pessoal reduzido para 85% lhões. EM ,fevereiro, aguardava-se a
do quadro atual(de 17,5 mil homens). proposta de um consorcio europeu pa-
O projeto do corredor de bitola ra reinicio das obras. O primeiro tre-
larga entre Santa Fé do Sul (SP) e cho a ser eletrificado abrangerá Ri-
Santos consiste na maior contribui- beirão Preto e Santos, .setn garantiu
ção do plano "Eepasa 95" para o de conclusão neste ano. /linda em
aumento da produtivdade dos trens fevereiro, terão início as obras civis
de carga nos próximos dois anos. O em quatorze.subestações interioranas,
funcionamento regular do corredor em fases diferenciadas de execução.
permitirá a integração de São Paulo Neste ano, e também durante o
Walter Bodini: planos para o futuro com o Brasil Central por meio de primeiro semestre de 1994, a Fepasa
unia ponte rodoferroviária, com cer- agregará à sua .frota 23 locomotivas
Tentando reagir frente ao prejuí- ca de 4 km, em execução sobre o rio que se acham encaixotadas, em Ara:
zo operacional de Cr$ 723 bilhões, Paraná, em Santa Fé do Sul. Em raquara e em Campinas, desde há
em 1991, e sem indicadores que ates- 1992, USS 90 milhões foram investi- muitos anos, e que aguarda/li a con-
tem mudança no quadro financeiro dos na construção da ponte, preven- clusão das negociações para serem
do ano passado, a Fepasa esboçou do-se, neste ano, a injeção de US$ montadas.

6 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 -


Ribeiro aquece motores o glp, o óleo combustível ou a
nafta petroquímica. Ao mesmo
na direção da NTC tempo, aumentaria a margem do
álcool, cujo preço de venda está
Ao completar o seu primeiro vinculado ao da gasolina. Uma
mês à frente da presidência da saída é taxar apenas o dísel e a
NTC, Sebastião Ubson Carneiro gasolina (e, por tabela, o álcool),
Ribeiro já havia dado entrada à o que pode elevar ainda mais os
representação, junto à SNDE percentuais acima. Para evitar im-
— Secretaria Nacional de Desen- pacto muito alto sobre o custo
volvimento Econômico, contra Goldmann: recuperação em 2,5 anos do transporte, seria necessário lan-
os correios (ver matéria nesta edi- çar mão do subsídio cruzado,
ção) e também promovido diver- entanto, que não vai faltar dinhei- onerando a gasolina e aliviando
sas reuniões, para tomar pé da ro. "Estamos criando condições o dísel. Uma dúvida dos técnicos
situação da entidade. "Nenhu- para recuperar as rodovias em, refere-se à questão de até que
ma mudança interna ainda ocor- no máximo, 2,5 anos", declara. ponto devem favorecer o cami-
reu, estamos na expectativa", diz Para tanto, Goldmann conta, prin- nhão, sabidamente o grande pre-
um dos executivos da NTC. Além cipalmente, com a duplicação da dador das estradas.
disso, Ribeiro agendou participa- alíquota do Imposto sobre Impor-
ção de um seminário na Câmara tação de Petróleo, dos atuais 19a/o
dos Deputados, em Brasília, pa- para 38D/o, o que poderá gerar
Transporte tem
ra debater o roubo de carga, na uma receita anual de cerca de três novas secretarias
Comissão de Defesa Nacional, USS 600 milhões/ano. Um dos
nos dias 18 e 19 de março. problemas para embolsar tais re- Com o Decreto n`? 731, de 25 de
cursos — o crônico atraso do seu janeiro, o presidente Itamar Fran-
recolhimento pela Petrobrás, que co extinguiu os DNTTs — Depar-
tem gerado atraso no pagamen- tamentos Nacionais de Transpor-
to das empreiteiras — está sen- tes Terrestres e DNTAs Aquaviá-
do equacionado. "A partir de fe- rios, abrindo espaço para a rees-
vereiro, passaremos a receber truturação do primeiro - escalão
em dia", assegura o ministro. do Ministério dos Transportes.
Goldmann espera contar ain- Foram criadas as Secretarias
da com USS 200 milhões do Bird. de Produção, que passaram a en-
"O dinheiro já está aqui", garan- globar transportes rodoviário e
te. "Só não pudemos utilizá-lo ferroviário, marinha mercante,
ainda porque não dispúnhamos portos e hidrovias; de Planeja-
da contrapartida nacional." mento, para coordenar política e
Os USS 600 milhões poderão prioridades de transportes e de
gerar outra contrapartida, de, pe- captação de recursos; e de Desen-
lo menos, USS 200 milhões, do volvimento, responsável pelos tra-
Sebastião Ribeiro: expectativas
BID, elevando os recursos para balhos institucional e tecnológi-
mais de US$ 1 bilhão anuais. co, por projetos e por produtos,
Goldmann garante Resta saber como a elevação e pela logística de transportes.
recursos para rodovias de 190-/o no preço do petróleo bru- Até o fechamento desta edição,
to vai se refletir no preço dos com- somente Clóvis Aragão, ex-diretor
Ainda não foi desta vez que o bustíveis e, portanto, no custo do Geipot, havia sido confirma-
Ministério dos Transportes conse- do transporte. Se o aumento fos- do para o cargo de secretário de
guiu equacionar definitivamente o se lançado indistintamente nas Produção. Os secretários de Pla-
problema da falta de recursos para planilhas de preços de todos os nejamento e de Desenvolvimento
a recuperação das rodovias. O IPI derivados, a gasolina, onde a ma- ainda não tinham sido nomeados.
seletivo, que poderia render USS téria-prima representa apenas 230/o José Mascarenhas Filho assu-
2 bilhões anuais, acabou adiado do preço, subiria 4,4(J/o. Quanto miu o cargo de diretor-geral do
pelo governo, em benefício do ao dísel, no qual a matéria-pri- DNER, ao passo que Frederico
acordo com a Câmara para apro- ma responde por 43% do preço, Bessinger, ex-assessor da Com-
vação do 1PMF, o novo impos- subiria cerca de 8,2%, Tal políti- panhia do Metropolitano de São
to sobre movimentação financeira. ca, no entanto, acabaria oneran- Paulo, ocupou o cargo de secre-
O ministro dos Transportes, do derivados não utilizados no tário-executivo do Ministério dos
Alberto Goldmann, garante, no transporte, como, por exemplo, Transportes.

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 7


Clésio faz mudanças na barcações, das quais apenas duas
em operação, quatorze paradas
CNT e apóia ltamar e três arrestadas em portos inter-
nacionais, por falta de pagamen-
O empresário Clésio Soares de tos. Afirma também que os 1 100
Andrade assumiu a presidência da empregados, na falta do que fa-
Confederação Nacional dos Trans- zer, promovem "manifestações
portes em substituição a Thiers Fa- diárias na porta da empresa con-
tori Costa, em janeiro, promoven- tra a privatização".
do alterações na estrutura interna Clésio Andrade: mexendo pauzinhos Edson Martins Areias, diretor
da entidade. Em visita ao palácio de Frota da Companhia de Nave-
do Planalto, foi hipotecar apoio de Vieira, a quem esta subordina- gação Lloyd Brasileiro, assegura
ao novo governo, tendo aproveita- do o 13N DES, o novo presidente que o presidente da companhia
do para fazer reivindicações. da CNT foi reivindicar aumento não confirma a frase a ele atri-
Internamente, nomeou, para da participação da Finame de 400'o buída e que as informações não
o cargo de secretário-geral, Geral- para 70% no financiamento de são corretas.
do Vianna, vice-presidente execu- caminhões. Esse pleito ficou de Diz ter esperanças de que o
tivo na gestão de Costa. Esse car- ser incluído pelo ministro na reu- presidente Itamar Franco não se
go foi extinto, e Jose Menezes nião da Câmara Setorial da In- deixe influenciar por denUncias
Senna, então secretário-geral, pas- dústria Automobilística. como essas, alegando que ele "co-
sou a chefiar o novo Departamen- Ao presidente do Banco do nhece bem a empresa". Segundo
to Técnico e de Desenvolvimen- Brasil, Alcir Calliari, pediu revi- Areias, em 1988, o então senador
to de Transportes. Para a Seção são do Ouromaq — linha de fi- hamar Franco foi vice-presiden-
de Cargas, foi nomeado Alfredo nanciamento para aquisição ele te da CPI da Corrupção que in-
Peres da Silva, diretor-executivo máquinas e de equipamentos, en- vestigou irregularidades no Lloyd.
da NTC, em Brasília, por indica- tre eles ônibus e implementos ro- Areias atribui a situação da
ção do presidente da entidade, doviários —, que muito pouco empresa "a interesses multinacio-
Sebastião Ubson Carneiro Ribeiro. resultado trouxe ao setor, devi- nais e a débitos do Fundo da Ma-
Clésio de Andrade foi recebi- do ao baixo volume de recursos. rinha Mercante, desde 1977, e
do no Planalto pelo ministro-che- da própria iniciativa privada, de
fe da Casa Civil, Henrique Har- USS 5 milhões".
greaves, a quem solicitou partici-
Diretoria diz que Lloyd Para Areias, os governos Sar-
pação do setor nas reuniões do ainda tem salvação ney e Collor decidiram acabar
governo com a classe empresarial com a empresa, cujo saneamen-
todas as vezes em que forem de- "O Lloyd já morreu. Falta to exigiria hoje recursos da ordem
batidos os problemas nacionais. apenas enterrá-lo", diz a revista de USS 850 milhões. No entanto,
Pediu também assento para o se- l'eja na sua edição de 27 de janei- para colocá-la em operação, se-
tor de transportes no Conselho ro, em extensa reportagem sobre riam necessários apenas USS 25
Monetário Nacional, onde a ini- a necessidade de privatização das milhões. "A saída mais sábia se-
ciativa privada tem quatro repre- estatais, atribuindo a frase ao vi- ria a transferência da empresa
sentantes da indústria e dois do ce-almirante Sérgio Dohertv, pre- para seus empregados", diz
comércio. Segundo Andrade, sidente interino da empresa. A Areias, assegurando serem sete
Hargreaves "ficou de estudar". revista denuncia que a empresa os navios em operação: Rio Gran-
Ao ministro de Indústria e Co- acumula dívida de US$ 320 mi- de, Rio Açu, Rio Tefé, Rio Apa,
mércio, José Eduardo de Andra- lhões, uma frota de dezenove em- Rio Purus, Rio Branco e Itaité.

A ATEC — Association pour le Brasil, em substituição a Richard


PISCA
Développement (les lechniques de ll'ágoner Jr., promovido a
Transpor!, d'Environnement et de vice-presidente-executivo de Finanças
Circulution realizará, de 13 a 15 de da General Moiors Corporation.
outubro, em Paris, seu primeiro Com dezenove anos de GM,
congresso internacional, que abordará Hogan foi diretor de Planejamento
o lema: "Quais serão os transportes de Negócios da Divisão de
Foro DIvolgacão

para as cidades amanhã?" Caminhões e de Onibu.s e, antes de


vir ao Brasil, era diretor-executivo
Mark T. Hogan (foto) é o novo de Planejamento das Operações
presidente da General Motors do Norte-americanas do grupo.

II TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


J. L. De Ilamcca

Eixo autodirigível
chega da Alemanha
cru paralelo com o Seminário
Pneus Recupere e Lucre, foi pal-
co para o acerto, entre a Bandag
e a Firestone, da garantia da pri-
A BPW, de Wiehl, na Alema- meira vida da carcaça para os
nha, está querendo trazer ao mer- pneus Bridgstone Firestone de
oNímo
cado nacional de semi-reboques banda hp 2000, 226 mm de largu-
um eixo direcional autodirigivel, ra, 1000/1100 r 22, lançado no
com pneus extralargos e suspensão evento. O frotista que recuperar
IngIé - Português
a ar, a serem produzidos em parce- uni pneu desse modelo com o Português - Ingiés

ria com a Recrusul e com a Krone, método Bandag terá garantia da


e que já estão em testes na Esso fabricante. Ainda não foi defini-
e na Good Year. Roland Clement, do o critério da vida (quilometra-
assistente de Marketing da empre- gem ou tempo de uso).
sa, esteve, no final do ano passa- Para Wilson Lima e Silva, ge- ADUANEIRAS
do, visitando diversos frotistas rente de Serviço de Recauchuta-
de grande porte na América Lati- gem da Firestone, o acordo é O livro traz algumas incorreções
na e se disse entusiasmado com um aperfeiçoamento da assistên-
a receptividade de seu produto. cia técnica ao consumidor. Ele
Ladair Michelon, diretor da explica que, informalmente, algu-
Dicionário paga
Michclon, mostrou-se interessado mas reformadoras, reconhecida- preço do pioneirismo
nesse veículo para transporte de mente de qualidade, contam com
produtos perecíveis e de baixa den- a parceria constante da fábrica. Elaborado pelo economista
sidade, como, por exemplo, ovos, "Com a Bandag, firmamos um J.L. de Lucca, publicado pelas
bebidas em latas de alumínio e acordo", disse. Edições Aduaneiras e destinado
iogurtes, pois a perda dessas mer- A Goodyear apresentou um a estudantes, técnicos e empresá-
cadorias nas carretas em uso nas novo modelo de pneu radial, da rios da área de comércio exterior,
estradas brasileiras causa eleva- série 80, caracterizada por um o Dicionário de Transporte Inter-
dos prejuízos ao transportador. perfil mais baixo (800/o da ban- nacional é, certamente, o primei-
"A suspensão a ar e os pneus ex- da de rodagem). Atualmente em ro do gênero no Brasil, e um dos
tralargos aumentam a estabilida- testes na Transportadora Etsul, poucos existentes no mundo.
de do equipamento", explica. o G 291 terá as medidas do G Além do vocabulário usual re-
Clement, por sua vez, assegu- 391 (não fabricado no Brasil), lativo aos transportes, o livro tam-
ra que, além disso, o eixo direcio- com o desenho do G 159, exporta- bém possui um glossário de abre-
nal é mais largo e de perfil mais do pela Goodyear brasileira. Ar- viaturas comuns no comércio inter-
baixo do que os fabricados no naldo Maio, assistente de Marke- nacional e mais de quinhentos en-
Brasil, e permite maior volume ting, explica que o novo pneu te- dereços de portos e de aeroportos.
de carga. A economia no consu- rá as medidas 275/80 r 22,5 e Mas o pioneirismo da obra te-
mo de combustível chega a 9%, 295/80 r 22,5. ve de pagar o seu preço, sob for-
graças aos ganhos em peso, e tam- A Spirax Sare° lançou o silen- ma de alguns equívocos e de algu-
bém na estabilidade oferecida pe- ciador SL para descargas de pur- mas omissões naturais. Por exem-
los eixos e pneus. gadores e válvulas pneumáticas, plo, o autor traduz 'ponte aérea'
Seu custo ainda não foi apura- para ser fixado na saída do vapor por air liji, quando, nos aeropor-
do, mas Clement, que esteve no ou ar comprimido de qualquer ti- tos, esse serviço costuma ser anun-
Congresso NTC'92, em Buenos po de compressor, com capacidade ciado como shuttle service. Shut-
Aires, assegura que deverá ser de redução de até 85% do nível de de quer dizer 'ir-e-voltar', enquan-
compatível com os modelos brasi- ruído a um metro do local de des- to que filt significa 'ladrão', 'le-
leiros. Na Alemanha, a BPW man- carga. Apresentou, ainda, um no- vantar', 'carona' ou 'elevador'.
tém cinco fábricas e detém 800/o vo filtro superficial para ar com- O dicionário também não re-
do mercado de eixos direcionais. primido, com três sistemas de fil- gistra a sigla TOFC — Trai/ler
tragem: normal, fino e extrafino. on Hal Car, sistema de carretas
Os modelos FSP, FCF e FCS, se- sobre plataformas ferroviárias,
Exporecau lança pneu e gundo a fabricante, são ideais pa- intensamente utilizado nos Esta-
garantia de carcaça ra sistemas onde há uma grande dos Unidos. Tampouco consta ro-
quantidade de partículas sólidas, ad-railler, sistema em que as ro-
A Exporecau — Exposição pois a capacidade de retenção das do caminhão podem ser aco-
da Indústria de Recauchutagem, mínima é de 99,9%, chegando pladas aos trilhos, e o vagão
realizada de 17 a 20 de novembro, até a 99,999%, no filtro extrafino. (mais leve) circula na rodovia.

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro. 1993 9


eículo
sob medida
Transportadora obtém caminhão
exclusivo da A Mercedes-Benz cria o 2430, 6x4 e ...

Mercedes-Benz e semi-reboque plementos a produção de carroça-


rias com dimensões, pesos e disposi-
especial da FNV-Fruehauf tivos opcionais específicos. "No ca-
so da BM,fizemos um projeto espe-
cial, e o primeiro exemplar foi testa-
NI Prática comum nos Estados Uni- te de produto perigoso limita a velo- do nas balanças. A suspensão rebai-
dos e na Europa, a produção de ve- cidade a 60 km/h", lembra. O pe- xada foi exigida pela BM para per-
ículos com especificações que aten- so do cavalo, em ordem de marcha, mitir o transporte de contêineres
dam às diferentes necessidades de é de 8 500 kg, dois mil quilos a me- de diferentes tamanhos, e para man-
cada cliente começa a chegar ao Bra- nos do que o Volvo, que ainda pre- ter o veículo dentro das medidas exi-
sil. A Mercedes-Benz construiu, pela domina na frota da BM. "Esse ga- gidas pela lei da balança", esclare-
primeira vez desde que se instalou nho é transferido para a carga", ceu Leocádio. O engenheiro Luís
no país, um veículo sob medida, pa- acrescenta Ostermayer. O câmbio, Kenji Mori diz que, para acertar o
ra a BM Transportes Rodoviários, de dezesseis marchas, e a transmis- centro de gravidade da carga em
de São Paulo. Segundo Udo H. Scho- são são fornecidos pela ZF. contêiner, a plataforma foi rebaixa-
enewolf, gerente da Oficina de Pre- Mas a BM pediu equipamentos da de 1 270 mm para 1 100 mm, o
paração de Trabalho da Mercedes- de segurança. Por isso, as principais que exigiu uma reavaliação da estru-
Benz, o cavalo mecânico LS 2430, novidades do 'veículo inovador', tura das longarinas e da suspensão.
com denominação de protótipo que a Mercedes-Benz mostrou na Essa modificação mais o encurta-
P17003 — cavalo mecânico pesado Transpo de 1991, foram incorpora- mento das longarinas exigiram a re-
número 3 (os dois primeiros foram das ao LS 2430: freios ABS/ASR, alocação dos pontos de fixação do
feitos para uso interno) —, resultou da Wabco, Rodoar (da VDO), Top- contêiner, para ficar entre os pneus.
de alterações feitas sobre o LS 1630, Brake (freio-motor com válvula por
com motor OM 449 LA, de 5 cilin- cilindro), da própria Mercedes, e sis- Buscando inovações — Kurt Arnold
dros e com potência máxima de 300 tema de comunicações Telestrada. Kausch, dono da BM Transportes,
cv. A Mercedes instalou um tercei- O semi-reboque encomendado não é um transportador comum:
ro eixo e, também pela primeira vez, pela BM à FNV-Fruehauf também não usa veículos de terceiros e de-
montou tração 6x4. Com entreeixos traz inovações: além da suspensão monstra muita preocupação com a
de apenas 3 585 mm, contra 4 200 rebaixada, que possibilita a instala- segurança e com o cumprimento
mm do 1630, o novo cavalo recebeu ção de contêineres treliçados com das leis que regulamentam a ativida-
eixo dianteiro para transportar seis cilindros de até 17,9 rn', tem com- de. Especializada em transporte de
toneladas. Os eixos traseiros HD4, primento total de 12 040 m, 360 produtos químicos de alta periculo-
de 10 t, ganharam suspensão em tan- mm mais curto do que o portacon- sidade, como, por exemplo, fósfo-
dem com molas. A tração nos dois têiner de linha. Engatado ao cava- ro e cloro, sua empresa está comple-
eixos traseiros, além de aumentar a lo de 7,05 m,o veículo fica com com- tando dezoito anos, e possui filiais
segurança e de melhorar a dirigibili- primento total de 14,65 m, o que em Santos, em Uruguaiana (RS),
dade, limita a velocidade máxima a permite a pesagem do conjunto com- em Buenos Aires, na Argentina, e
80 km/h, esclarece Ingomar Oster- pleto na balança do Porto de San- em Hamburgo, na Alemanha.
mayer, engenheiro chefe da divisão tos. Leocádio Requena, gerente de Filho de transportador na Alema-
Chassi/Caminhão da Oficina de Pre- Vendas da FNV-Fruehauf, diz que nha, Kausch está há trinta anos no
paração de Trabalho. "O transpor- é comum entre os fabricantes de im- Brasil. "Eu mesmo fui motoris-

10 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


Projeto
especial para
a Coca-Cola

Randon traz tecnologia dos


EUA para inovar
no transporte de bebidas,
com a Mercedes
... a FNV-Fruehauf modifica o semi-reboque

ta na Alemanha durante quatro •O Departamento de Aplicação


anos", conta. de Produto da Mercedes-Benz parti-
Seu filho Ronald cuida da filial cipa, desde o ano passado, de um o

ci

de Hamburgo, enquanto ele inven- projeto especial para a Coca-Cola, o


o
ta moda. Depois de idealizar um juntamente com a Randon-Rodoviá-
baú de alumínio de portas corredi- ria e com a Hesse Corporation, fa-
ças (ver TM n? 330), decidiu sair bricante norte-americana de carroça-
atrás de uma montadora e de uma rias de alumínio. O primeiro exem- Coca-cola já usa o novo caminhão
fábrica de carroçarias que construís- plar da carroçaria, instalada sobre
sem o veículo para atender às suas o chassi do Mercedes-Benz 1718 4x2 tra 1,40 m das carroçarias convencio-
necessidades. "Não foi fácil conven- (cabina avançada) — que teve de nais, o que possibilita maior volu-
cer a Mercedes, mas prefiro pagar ser rebaixado —, foi sorteado para me de carga, e redução, da ordem
o preço de um veículo que seja o a filial de Cuiabá em abril do ano de 25%, do tempo de entrega. "A-
melhor para o serviço que faço do passado, quando a Coca-Cola come- lém de possuir vida útil muito mais
que dar um jeitinho, o que é o mais morou cinqüenta anos no Brasil. Mas longa que as carroçarias de metal,
comum." Diz que o Volvo é super- a Randon já produziu outras três as de duralumínio são mais leves,
dimensionado para as suas necessida- carroçarias, sendo duas sobre o ca- dispensam o terceiro eixo do cami-
des, e que o 1630 da Mercedes é sub- minhão 1418 e outra sobre o 1718, nhão e também a manutenção pre-
dimensionado. Agora, tenho cinco informou Luiz Roberto Imparato, da ventiva", assegura a Randon.
novos caminhões e cinco carretas Mercedes-Benz. A fábrica também es- Seu custo, porém, não é baixo.
de Primeiro Mundo." tá oferecendo a mesma carroçaria pa- Uma carroçaria para dez paletes cus-
A cabina-leito dos caminhões na- ra os caminhões Ford e Volkswagen. ta o equivalente a US$ 19 500,00,
cionais também é criticada por A nova carroçaria, segundo a incluindo as modificações do chassi.
Kausch, que, atualmente, procura Randon, é montada, em uma nova A Randon pretende produzir três
quem lhe faça uma com leito instalado unidade fabril em São Paulo, inteira- mil unidades da nova carroçaria nos
acima do posto do motorista (top- mente em duralumínio e totalmente próximos quatro ou cinco anos, pe-
sleeper). Para ele, o espaço ocupado fechada, o que transforma suas pare- ríodo em que pretende obter recei-
pela cama atrás do motorista pode ser des em out-doors permanentes, além ta de US$ 58,5 milhões com o pro-
eliminado para reduzir o entreeixos. de oferecer às bebidas proteção con- duto. Os estudos, os projetos, o trei-
Sem registrar nenhum acidente tra roubo e contra a ação do Sol, namento da mão-de-obra, a pesqui-
em dezoito anos, a BM tem uma fro- da chuva, do vento e do frio, fato- sa de mercado e as adaptações da
ta de 21 cavalos mecânicos dotados res que, em geral, produzem altera- fábrica já exigiram da Randon inves-
de equipamentos de segurança, além ções nos produtos dietéticos. As late- timentos de US$ 600 mil. A empre-
de Telestrada, com idade média infe- rais são retrateis, o que facilita as sa está acreditando muito nesse pro-
rior a dois anos. A frota dispõe ain- operações de carga e descarga. A duto, que pretende fornecer não ape-
da de 56 semi-reboques e de 156 con- concepção de baixo perfil (low profi- nas para o mercado nacional como
têineres-tanques. Com 64 funcioná- le) respeita a ergonometria e permi- também para a América Latina (já
rios, a empresa não possui oficina te mais agilidade e maior segurança, colocou um exemplar em teste no
mecânica. A manutenção é feita reduzindo o esforço físico do opera- Chile), para a África e para a Euro-
em concessionária, "porque sua ofi- dor. A plataforma de carga fica a pa, via Randon Ibérica, sediada
cina me garante o serviço". uma altura de 590 mm do solo, con- em Benavente, em Portugal.

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 11


o
a eletrônica :•-

Bastam apenas seis pessoas


para operar o
navio mais automatizado de
todo o mundo
Computadores controlam o navio, o ..

•Com 15 mil toneladas, 166 m de se envolveu desde o início no proje- manejar o navio, os equipamentos
comprimento e capacidade para to do Ditlev Lauritzen. são ligados por meio de um siste-
21 657 metros cúbicos de carga (su- Outro detalhe que torna esse pro- ma integrado de controle, chama-
ficiente para engolir sete mil paletes jeto, em certa medida, bastante espe- do ISC, que conjuga, num único
estândardes de frutas), o navio Di- cial foi a rapidez com que se passou programa, a navegação com o con-
tlev Lauritzen é o maior cargueiro da idéia à realidade. O conceito foi trole de máquinas e de sistemas com-
refrigerado do mundo. Mas o que apresentado oficialmente em janei- putadorizados. O sistema de navega-
torna esse navio realmente especial ro de 1987 (sob o nome de Project ção faz ajuste automático de curso
é o fato de ele ser a mais sofistica- Ship); em 1990, o Ditlev Lauritzen e de velocidade de acordo com a fro-
da embarcação comercial hoje em já estava sendo lançado ao mar. ta. O oficial informa ao computa-
operação nos sete mares; é totalmen- Um ano depois, três outros navios dor o destino, dá os parâmetros de
te computadorizado e exige tripula- semelhantes já haviam sido construí- navegação e indica o tempo deseja-
ção de apenas seis pessoas. Na pon- dos (também para a J. Lauritzen do para a chegada; o computador
te de comando, um único oficial A/S). No total, o projeto custou faz o restante, contando com a aju-
controla toda a navegação. cerca de US$ 8,6 milhões(descontan- da de sinais de rádio e de informa-
Projetado e construído na Dina- do-se o valor dos navios), sendo ções via satélite.
marca, numa parceria entre o gover- que 50% desse montante foi banca- Sua entrada em portos e sua saí-
no(Ministério da Indústria)e empre- do pelo governo. da desses portos são comandadas
sas privadas do país,o cargueiro com- manualmente. Em caso de emergên-
putadorizado é fruto de uma visão Comando centralizado — O grau cia (rota de colisão, por exemplo),
de longo prazo. "Se a Dinamarca de computadorização do Ditlev Lau- o comando manual pode ser aciona-
pretende manter sua indústria naval, ritzen pode ser imediatamente cons- do por meio de um botão. As opera-
com navios construídos e operados tatado na ponte de comando do na- ções manuais tornam-se mais segu-
por dinamarqueses, precisamos criar vio, cujo painel de controle é domi- ras com a ajuda do computador,
vantagens competitivas sobre outras nado por equipamentos eletrônicos. que fornece ao oficial informações
nações. Navios baratos e tripulação No centro fica o leme eletrônico, flan- precisas sobre o avanço e sobre a
com baixos salários seria uma solu- queado por telas de radar. À esquer- manobrabilidade do navio nas con-
ção de curto prazo. Mas, lançando da, o comando computadorizado dições do momento(velocidade, ven-
mão da alta tecnologia e de uma tri- de carga e descarga (com três telas to, e assim por diante); uma vez ter-
pulação altamente especializada, po- VDU); e, à direita, o módulo de co- minada a situação de emergência,
demos construir a base para o futu- municações, que inclui rádio, telex outro botão recoloca o navio no au-
ro desenvolvimento de uma indústria e fax. Em cada uma das extremida- tomático e o curso é retomado. A
estável", explica Torben Munk, dire- des da ponte situam-se as posições velocidade máxima é de 19 nós.
tor técnico da J. Lauritzen A/S, de manobra (em porto) do navio. O sistema também efetua ações
uma das maiores operadoras de car- Para tornar possível o fato de corretivas. Em caso de falha no sis-
gueiros refrigerados do mundo, que que apenas um oficial é capaz de tema de energia elétrica (cuja fonte

12 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


da sob verificação e controle cons-
tante pelo computador. Todas as in-
formações relativas à carga podem ser
constantemente verificadas por inter-
médio dos computadores na ponte.

Boa vida a bordo — De acordo com


Torben Munk, a opção da J. Laurit-
zen por navios assim tão sofistica-
dos é inédita na indústria. Segundo
ele, o setor naval, normalmente, se-
gue soluções conhecidas e testadas.
Mas o investimento em navios caros
e complexos como o Ditlev Laurit-
zen é justificado. Além de dar a com-
panhia conhecimento imediato de
uma nova tecnologia (que será am-
plamente usada no futuro), os na-
vios já colocam a empresa à frente
da competição em termos de produ-
tividade e de eficiência.
Ele acentua, por exemplo, que um
... radar e a localização da carga dos pontos do projeto foi a maximi-
zação do uso do navio, que pode
é o virabrequim do motor principal, do, dividido em cinco compartimen- receber manutenção de forma 'pre-
Diesel, de 15 300 hp), o computa- tos e em 23 subcompartimentos, ventiva': computadores cuidam de
dor aciona automaticamente os gera- que podem ser mantidos a tempera- vistoriar todos os sistemas da embar-
dores de emergência em sincronia turas de até -29 graus centígrados. cação (motores, eixos, instalações
com aquele eixo, evitando, assim, Para permitir total flexibilidade na elétricas e até mesmo o próprio siste-
variações bruscas de corrente e eli- utilização do espaço de carga, os ma computadorizado). As informa-
minando a possibilidade de um ble- compartimentos são organizados ções colhidas por sensores nos diver-
caute. O computador ordena até em cinco andares por meio de divi- sos pontos comparam os dados com
mesmo que seja diminuída a acelera- sões de alumínio, cujas plataformas programas de manutenção pré-deter-
ção do motor para permitir a poste- são retráteis. Além de permitir fácil minados, e indicam a necessidade
rior verificação do problema. acesso para carga e descarga, maxi- deste ou daquele serviço. Para garan-
Além disso, o ISC é capaz de mo- minizando assim o tempo de perma- tir flexibilidade no uso do navio,
nitorar a ação do oficial de contro- nência nos portos, a estrutura per- há vinte cabinas na embarcação pa-
le, que permanece apenas na ponte, mite temperaturas diferentes em ca- ra acomodar a tripulação extra em
por longos períodos de tempo. Ca- da andar (caso isto se faça necessá- caso de reparos 'em curso'.
so nenhum botão de controle seja rio) e torna possível a acomodação Mas o Ditlev Lauritzen navega, du-
acionado dentro de um lapso de tem- de cargas de formato 'irregular'. rante a maior parte do tempo, com
po pré-determinado, um alarme soa A operação de carga e descarga apenas seis pessoas a bordo. Além do
na ponte. Caso não haja ação poste- é feita por um único membro da tri- oficial na ponte, há dois engenheiros
rior, o alarme soa em todo o navio. pulação, usando um aparelho de con- (um mecânico e o outro eletrônico)e
trole remoto portátil, que age sobre três marinheiros. Para estes, a embar-
Carga computadorizada — Para os alçapões superiores e as platafor- cação é um paraíso. Há ginásio, cape-
manobras de porto, o Ditlev Laurit- mas re,tráteis. No entanto, é o com- la, áreas de lazer e uma piscina ao
zen precisa de apenas três tripulan- putador que determina a posição ar livre. Cada cabina possui banhei-
tes: o oficial na ponte e dois mari- da carga, registrando em sua memó- ro próprio e sistema de som-vídeo.
nheiros, um na popa e outro na proa, ria a localização de cada palete aco- No futuro, a tripulação adotará
onde acionam os motores auxiliares modado nas entranhas do navio. O um sétimo membro: um cozinheiro.
por meio de comandos individuais. sistema é tão flexível que se a carga E, para completar o conforto, todos
O computador cuida da sincroniza- sofrer alterações, ela poderá ser re- os membros da tripulação do Ditlev
ção dos motores de maneira tão com- distribuída de modo a equilibrar seu Lauritzen e de suas naves-irmãs po-
pleta que o cargueiro dispensa a aju- peso por igual na embarcação. dem levar esposas a bordo durante
da de rebocadores. Popa e proa são O Ditlev Lauritzen pode ainda toda a duração da viagem. Coisa
continuamente vigiadas da ponte carregar 422 contêineres, 322 dos de marinheiro de Primeiro Mundo.
graças a um sistema fechado de TV. quais do tipo `refrigerado', ligados
Sob o convés do Ditlev Lauritzen à fonte de energia do navio, com a Marco Piquini,
fica o maior refrigerador do mun- temperatura de cada contêiner manti- de Londres

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 13


ais cavalos
e mais conforto
Linha Volvo NL 93 chega com
cama mais larga
na cabina e potência adicional
nos motores

•Quase três anos depois do seu lan- disso, também acomoda os comandos
çamento, a linha Volvo NL sofre a do acelerador manual, a parada do
sua primeira reformulação. Marcou- motor e o freio de estacionamento.
se para 28 de janeiro a data a partir Todos os modelos da linha, ex-
da qual todos os caminhões da mar- ceto os mais leves, agora com 310
ca começariam a sair da fábrica de cv, sairão de fábrica com aparelhos
Curitiba com cabinas mais amplas, de ar condicionado idênticos aos
motores mais potentes e incontáveis dos caminhões exportados para o
modificações no trem-de-força e Oriente Médio.
nos sistemas de suspensão. Os veículos possuem ainda isola-
Pesquisas da Cummins (veja mento termoacústico, que limita os Hidráulica e progressiva, a caixa de
TM rz )328, de junho de 1991) reve- ruídos a um máximo de 77 decibéis direção diminui o número de voltas
lam que os usuários não estão satis- a 28,3 rps e mantém agradável a tem- e reduzo esforço para girar o volante.
feitos com a maioria das cabinas peratura ambiente. Janelas mais lar-
dos caminhões brasileiros — o úni- gas, associadas a escotilhas no teto, Grade branca — Externamente, os
co veículo a ostentar o posto de tra- facilitam a troca térmica no interior veículos também mudaram bastan-
balho do motorista como ponto al- da cabina e aumentam a visibilida- te. A alteração mais visível está na
to é o Scania. Com a linha NL 93, de — o motorista fica com 1/3 do grade frontal, que trocou o preto
a Volvo procura diminuir a distância vidro às suas costas. tradicional pelo branco. Os veículos
que a separa de seu concorrente O interior da cabina possui ago- também ganharam novas faixas late-
mais direto quanto ao conforto do ra teto frontal integral pré-molda- rais (nas combinações grafite/roxo
condutor. A versão leito ganhou do e novo rádio toca-fitas AM/FM. /lilás/beje e grafite/roxo/azul/beje),
25 cm adicionais. O acréscimo per- Também mudaram as luzes de corte- spoiler integrado ao pára-choque e
mitiu à fábrica aumentar o espaço sia e as cores dos estofamentos, das pára-sol integrado ao conjunto.
interno de 5,2 m3 para 5,9 m3, e ins- cortinas e das forrações. Agora, portas mais largas, alia-
talar uma cama de 1,90 m x 0,90 A suspensão da cabina ganhou das a um rebaixo na parte central,
m, que pode ser armada sem neces- novos amortecedores, de curso 20 a pegadores mais baixos e a,degraus
sidade de se deslocar os bancos. cm mais longo, e molas independen- reposicionados, facilitam o acesso
Cortinas instaladas num trilho inte- tes, que reduzem o nível das vibra- ao veículo. A fechadura e a mano-
gral que contorna a parte superior ções. Também contribuíram para au- pla de acionamento dos vidros tam-
do pára-brisa aumentam o espaço mentar o conforto um novo siste- bém sofreram modificações. O ca-
privativo do motorista. ma de travas, o acionamento elétri- pô ganhou um sistema de levanta-
O painel conta agora com todos os co da janela do motorista e um des- mento mais leve, acionado por bar-
indicadores operando no sentido ho- cansa-braços maior. Para reduzir o ras de torção e equipado com trava
rário, com tacógrafo eletrônico e curso da alavanca, a caixa de câm- de segurança. A lanterna traseira
com iluminação translúcida; além bio ganhou um novo trambulhador. já incorpora a luz de ré. O acesso

14 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


Com 410 hp, o
novo NL 12 é
recomendado
para estradas
acidentadas,
longa distância
e alta
quilometragem.
A cabina ganhou
mais espaço e a
cama tem
maiores
dimensões.

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fvereiro, 1993 15


Os amortecedores têm curso maior e
as molas agora são independentes

A versão trucada do NL 10 usa cabina curta e eixos traseiros CTN 372

às plataformas de manutenção e à Enquanto os motores 310 ganha-


traseira tornou-se mais fácil e mais ram novos anéis, pistões, camisas e
seguro, graças a novos degraus e jet cooler (no 340, também mudou
ao piso antiderrapante. a bomba de óleo), o 410 vem agora Eixo dianteiro: três molas parabólicas
substituíram as dez semi-elípticas
com nova bomba e com novos bicos
Mais cavalos — A Volvo aproveitou injetores, e o 360, com turbo mais
a oportunidade para reformular a possante e também com nova bomba.
composição da sua linha de cami- Com isso, constata-se um relativo
nhões. Desde 1989, a empresa co- aumento na potência e no torque dos
mercializava no mercado interno veículos. Por exemplo, o modelo mais
três modelos: pesado da linha ganhou 8 cv adicio-
Elo turbinado NL 10 280; nais(elevação de 207o), obtidos a uma
Elo NL 10 340, com intercooler; e rotação 150 rpm menor. Por sua vez,
Ho NL 12 400, também com inter- o torque evoluiu dos antigos 1 665
cooler. Nm para 1 760 Nm (ganho de 5,7°7o).
Para exportação, devido a exigên- Quanto à faixa de 340 hp, perma-
cias mais rigorosas de controle da nece exatamente com as mesmas ca-
poluição do meio ambiente, a em- racterísticas de torque e de potência.
presa oferecia, além do .NL 10 280 Mas também houve ganhos no mo-
e do NL 12 400, versões de 320 hp delo mais leve, no qual a adoção
do NL 10, e de 330 hp do NL 12. do intercooler permitiu o aumento Novo freio motor acoplado ao turbo
De agora em diante, a linha passa a da potência de 280 cv para 310 cv, aumenta a capacidade de frenagem
ser composta por quatro veículos, e do torque máximo de 1 080 Mn a
todos eles equipados com intercooler: 1 200 rpm para 1 270 Nm a 1 300 rpm.
Elo NL 10 310, acionado pelo tradi- Na faixa inferior, o trem-de-for-
cional motor de seis litros TD 102 ça dos veículos mostra desempenho
FT, com 308 cv a 2 050 rpm e 1 270 próximo ao dos caminhões Scania.
Nm a 1 300 rpm; No entanto, os 410 cv do NL 12 ain-
Elo NL 10 340, tracionado pelo mo- da estão bem longe dos 450 cv do
tor TD 102 FS, que desenvolve 340 cv motor de 13 litros da Scania.
a 2 050 rpm e 1 400 Nm a 1 200 rpm;
Elo NL 12 360, que utiliza uma ver- Aplicações — A introdução, no mer-
são menos potente do motor de 12 cado interno, de um quarto veículo
litros TD 122 F, com 356 cv a 1 900 altera ligeiramente as recomenda-
rpm e 1 570 Nm a 1 200 rpm; e ções da fábrica sobre as aplicações
Elo NL 12410, o modelo mais poten- de seus produtos.
te da marca, equipado com o motor Com entreeixos básico alongado
TD 122 F, desenvolvendo I 408 cv de 4 100 mm para 4 250 mm, as ver- Portas mais largas, para facilitar
ai 900 rpm e 1 760 i•Jm a 1 200 rpm. sões 4x2 do 310 e do 340 devem ser - o acesso ao interior dos caminhões

16 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fvereiro, 1993


Embora a principal tá oferecendo ao mercado um no-
preocupação tenha sido a cabina,
muitos componentes mecânicos
vo eixo traseiro, o CTN 372, com
também foram aperfeiçoados redução nos cubos de rodas, 60 kg
mais leve que o seu antecessor e di-
mensionado para 100 t (sob consul-
ta, para até 130 t). O conjunto pos-
Barras de tração reduzem em 80% o
utilizadas em curtas ou em médias sui semi-eixos tubulares, engrena-
esforço para abrir e fechar o capô distâncias, e em terrenos de topogra- gens-satélite apoiadas em rolamen-
fia plana, nos quais a velocidade mé- tos de agulha (o que reduz o risco
dia não seja um fator importante (al- de `engripamento'), e redução nos
tos tempos de carga e de descarga)e o cubos por engrenamento planetário
transporte exija baixo investimento cilíndrico (o anterior era cônico).
inicial. Por sua vez, o 360 4x2 ou o Também continuam disponíveis
6x2, bem como o 410 4x2, atendem a os eixos traseiros EV 90 (sem redu-
longas distâncias, em terrenos com ção nos cubos, para até 52 t) e RAN
topografia ondulada ou acidentada, e 281 (com redução nos cubos). Todos
onde haja elevada demanda de carga os veículos possuem bloqueio de di-
e o transporte exija alta velocidade. ferencial. Os caminhões 6x4 utilizam
O fabricante lembra que a versão dois deles, um entre as rodas e ou-
6x2 é a que melhor aproveita as 46 t tro entre os eixos.
brutas permitidas pela lei da balança. O ABS continua sendo opcional,
Por sua vez, a versão 6x4 (dispo- mas os veículos ganharam outros dis-
nível para todos os modelos) deve positivos de segurança, como, por
ser utililada quando o terreno exige exemplo, uma válvula sensora de
Ar condicionado: conforto que aumenta alta capacidade de tração. Os crité- carga nos caminhões 6x4 (que ajus-
a segurança e a produtividade
rios da escolha da potência permane- ta a pressão dos freios à carga), pá-
cem os mesmos. ra-brisas laminado, espelho biparti-
do, pára-lama integral anti-spray (só
Molas parabólicas — A suspensão nas versões 4x2), válvula de dreno
dos caminhões 4x2 ganhou molas automática no tanque de ar e filtro
parabólicas com jumelos e amortece- separador de água entre o tanque e
dores de duplo efeito. As dezesseis o filtro convencional, além do já tra-
molas semi-elípticas do eixo trasei- dicional cinto retrátil de três pontos.
ro e as dez do eixo dianteiro deram
lugar a apenas três lâminas de aço, Mais caros — O novo modelo 340
o que reduziu o peso do veículo custará cerca de 5% a 6% mais caro
em 135 kg. As três folhas não se to- que seu antecessor, informa o gerente
cam em toda a sua extensão, mas de Marketing, Oswaldo Tuacek. En-
apenas nos pontos de apoio (extre- quanto as versões 310 terão preço 4%
mos e centro). Isso reduz a fricção, inferior ao 340, os modelos 360 serão
garantindo maior vida útil à suspen- 5% mais caros e os 410 custarão
Retrovisor bi-partido permite a visão são, mais conforto e menos ruído. 8% a mais,sempre em relação ao 340.
de ângulos ocultos e facilita manobra Os veículos 6x2, que já eram equi- Em 1989, ao lançar a linha NL, a
pados com molas parabólicas na tra- Volvo apostava que o mercado de
seira, estenderam a inovação pa- pesados ultrapassaria 14 mil unida-
ra o eixo dianteiro. Para aplicações des em 1992. As vendas, no entanto,
mais severas, a fábrica continua não passaram de 8 800 veículos, ape-
oferecendo as tradicionais molas se- nas 2 300 deles saídos de Curitiba.
mi-elípticas. Desta vez, as previsões são mais
Outra modificação na mecânica modestas. A empresa estima que o
do veículo é um novo freio motor, mercado não absorverá mais que 9 mil
acoplado ao turbo e dotado de um unidades em 1993. "Se a economia
sistema de controle da pressão dos não melhorar, nem mesmo financia-
gases de exaustão, acionado por ci- mento vai resolver", afirma Tuacek,
lindro pneumático. O dispositivo per- decepcionado com o impacto da úl-
mite ao veículo manter, velocidades tima safra sobre o mercado de cami-
médias mais elevadas sem afetar a se- nhões. "O país construíu mais si-
gurança, é mais eficiente em baixas los, eliminando os picos", constata.
Pára-lama integral anti-spray reduz rotações e economiza lonas de freios.
os riscos para outros veículos Para os veículos 6x4, a Volvo es- Neuto Gonçalves dos Reis

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fvereiro. 1993 17


s vedetes do
Salão de Bruxelas !vaco Eurotech: o caminhão do ano

Fabricantes do mercado unido


europeu exibem
atrações desenvolvidas para
vencer a recessão

•O Eurotech, um caminhão modu- Seis motores — O grande destaque no


lar da Fiat, o Powertronic, uma cai- setor dos caminhões pesados para este
xa de câmbio automática da Volvo, ano é a nova gama Eurotech, da mar-
o SLW 2 000, o novo veículo de dis- ca italiana Iveco (Fiat). O Eurotech
tribuição da MAN,e o Superfighter,. foi escolhido como o "Caminhão do
um semipesado do futuro, construí- Ano 1993" por um júri formado por A nova linha DAF ficou em segundo
do pela Mitsubishi, foram algumas treze jornalistas de transporte, cada
das atrações do Salão de Bruxelas, qual representando um país. A esco-
realizado em janeiro. lha levou em consideração as caracte-
O ano e o local tornaram estraté- rísticas do veículo, que se baseia nu-
gico o evento. Bruxelas é a capital ma produção modular, a qual permite
da Comunidade Européia em 1993, a montagem de cada caminhão como
o primeiro ano de uma Europa sem um veículo único, destinado a satisfa-
fronteiras. Além disso, o mercado zer exigências particulares. O Euro-
europeu unido vive atualmente uma tech está disponível com seis motores
grande recessão. As vendas caíram (de 240 cv a 420 cv), suspensão mecâ-
15% em 1992, o que trouxe grande nica (semi-elíptica ou parabólica),
aumento da concorrência e levou to- pneumática ou mista (parabólica no
das as montadoras a reverem seus eixo dianteiro, pneumática no trasei-
planos de produção. ro), e com cabinas curtas ou longas.
Para não perder o bonde da eco- Com o seu caminhão maior, o
logia, todos os fabricantes anuncia- DAF 75/85,lançado na exposição de
ram que os seus motores passaram Hanôver no ano passado, a DAF,da
a atender ao novo regulamento so- Holanda, foi classificada em segundo
bre a redução de emissões de subs- lugar pelo júri, com apenas um voto
tâncias poluentes, o EUR I, que en- de diferença da campeã. Desta vez, a Caixa automática lançada pela Volvo
tra em vigor em outubro, com limi- novidade da empresa foi o DAF 65,
tes de 4,5 g/kWh para o monóxido para distribuição urbana e regional. ceis, que exijam muita troca de mar-
de carbono, de 1,1 g/kWh para par- Entre os fabricantes conhecidos chas e onde a perda de torque faz
ticulados, de 8,0 g/kWh para os no Brasil, foi a Volvo que lançou o com que o transporte fique lento e
NOx e de 1,1 g/kWh para os hidro- produto mais atraente. Não se tra- sujeito a um aumento do risco de
carbonetos. As fábricas afirmam, ta de um novo caminhão, mas do atolar. Para evitar isso, o Powertro-
igualmente, que estão se esforçan- Powertronic — uma caixa de câm- nic dispõe de um conversor de tor-
do para cumprir um regulamento bio completamente automática pa- que hidráulico integrado à caixa,
mais rigoroso, o EUR II, que entra ra transportes que operam em can- que elimina a perda de torque no
em vigor em 1986. teiros de obras sob condições difí- momento de cambiar. Uma opção

18 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


Além de mostrar os caminhões péia com a coragem de apresentar
do ano, o Salão exibiu o veículo um protótipo ousado de um veícu-
do futuro, cabinas confortáveis
e pesados para distribuição
lo para o futuro: o SLW 2000, que
é um caminhão semipesado para a
distribuição urbana. O SLW é cons-
de dísel tão baixo quanto o que os me- truído com novos materiais leves,
lhores motoristas são capazes de ob- tem peso total bruto de 7,5 t e ca-
ter com uma caixa de câmbio manual. pacidade de carga de 5 t. A carro-
cena possui formato redondo e ae-
Mais conforto — A outra fabricante rodinâmico. O motor é Diesel, tur-
Renault AE 520: conforto na cabina sueca, a Scania, apresentou o seu mo- bointercooler com catalisador, mais
delo mais avançado, o trator R143M silencioso, e bem-colocado embai-
Topline/Streamline, com um novo xo do piso da cabina. A transmis-
sistema de freio auxiliar. Esse freio são é uma ZF completamente au-
extra funciona com um novo retar- tomática, com nove marchas. A tra-
der hidrodinâmico incorporado a ção é transmitida para o eixo dian-
novas caixas de câmbio — GRS900R teiro, e as quatro rodas são dota-
e GR900R — e com um freio de es- das de direção e de suspensão hi-
capamento melhorado. O sistema dropneumáticas, que permitem abai-
de freio é controlado por um micro- xar e levantar o caminhão. Tanto o
processador, que permite ativar o piso da cabina como a parte de car-
controle da velocidade nas rampas ga são rebaixados, e são comple-
e garante a mesma capacidade de tamente planos. A MAN anunciou
freagem extra em cada velocidade, que pretende começar a produção
por intermédio do retarder ou do do SWL ainda neste ano.
freio de escapamento. A Scania tam- O outro protótipo é um conceito
bém mostrou um novo caminho pa- ainda mais avançado. É o Superfigh-
ra canteiros de obras com um bogie ter, criado pela construtora japone-
6x4 melhorado com suspensão a ar. sa Mitsubishi. A carroceria desse
SLW-2000: semipesado para a cidade
A Mercedes-Benz não apresentou modelo é levíssima. Todas as fun-
grandes novidades em Bruxelas. A ções associadas às portas, ao volan-
linha Powerline foi lançada no ano te e aos retrovisores são automáti-
passado em Hanôver, mas a espaço- cas, inclusive a entrada e a saída
sa cabina Eurocab, com uma altu- da cabina (poltronas móveis). As
ra de 2 metros, destacou-se mais quatro rodas têm direção e suspen-
uma vez em Bruxelas. O único mo- são a ar, e são controladas por sen-
delo novo foi um trator rebaixado, sores. Um microprocessor controla
e MB1834LS, que tem uma altura a direção das rodas traseiras e o ar
de plataforma de menos de um me- nas molas, conforme o ângulo de
tro(960 mm)e destina-se a transpor- direção no eixo da frente e confor-
tar semi-reboques especiais. me a velocidade. O Superfighter é
O Renault AE Magnum continua, dotado de seis câmaras de TV liga-
em toda a Europa, sendo a vedete das a quatro telas na cabina, o que
no que se refere a conforto e a espa- garante uma visão completa em to-
ço na cabina. Esse aspecto já lhe da a volta do veículo. Esse cami-
havia proporcionado elogios em nhão também dispõe de alarme la-
1991, quando foi eleito o "Cami- ser, que controla a distância em rela-
nhão do Ano". E, embora a empre- ção aos outros veículos e aos obstá-
sa não tenha apresentado muitas no- culos, alertando o motorista quan-
Superfighter, o caminhão do futuro vidades nos modelos maiores, mes- do há risco de colisão.
mo assim é a classe francesa que ga- Apesar de o pessoal do estande
consiste em integrar um retarder à nha a estrela de maior conforto e da Mitsubishi afirmar que o Super-
caixa de câmbio para se obter uma de maior espaço no mercado euro- fighter é apenas um protótipo, e
freagem mais macia e mais econômi- peu. O lançamento da Renault foi que ainda não há planos para a sua
ca. O Powertronic possui três opções a gama de caminhões Maxter, de produção industrial, mais uma vez
de programa — 'sem carga','econô- 6x4 e de 8x4, para canteiros de obras, é a tecnologia japonesa que apresen-
mico' e 'pesado'. Em condições nor- e com grandes reduções no peso. ta as propostas mais avançadas.
mais, o motorista escolhe a opção
'econômico'. Esta combina uma alta Caminhão do futuro — Quanto à Mikael Karlsson,
velocidade média com um consumo MAN, foi ela a única marca euro- de Bruxelas

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 19


xtralargo
danifica piso
Tudo indica que o single é
muito mais danoso
Research Council concluiu que, pa-
aos pavimentos do que os pneus ra um mesmo eixo padrão de 8,17
tf e um mesmo nível de pressão, o
tradicionais fator de equivalência de carga au-
menta em 1,31 vezes, com correção
José Leomar Fernandes Júnior, João Alexandre Widmer e Manoel Henrique Sória* na distribuição de passadas sobre
a faixa de tráfego, e em até 2,23
•Grandes fabricantes de implemen- sas baseadas em modelos teóricos vezes, sem correção na distribui-
tos rodoviários afirmaram a TM como as opiniões dos especialistas ção de passadas.
n? 322, de dezembro de 1990, que convergem para a conclusão de que Tais resultados parecem indicar
"a modernização dos transportes o pneu simples, mesmo quando que o sucesso da aparente 'evolução
brasileiros exige o uso dos pneus ex- mais largo, gera solicitações mais ele- tecnológica' do single pode ser fruto
tralargos". vadas sobre os pavimentos flexíveis. muito mais do poderoso lobby das
Para surpresa até mesmo dos for- Por exemplo, há três anos, o téc- empresas de transporte itinerante,
necedores de pneumáticos, tal argu- nico alemão J. Eisenman já havia do que de pesquisas globais rigorosas.
mento vem encontrando grande re- constatado que os chamados FEC Na verdade, o aumento da pres-
ceptividade junto aos órgãos técni- — fatores de equivalência de carga são dos pneus constitui variável ain-
cos oficiais. O DNER, por exemplo, crescem 50% quando se substituem da não incorporada a métodos
tem fornecido um número de licen- por pneus extralargos as tradicio- usuais de dimensionamento do pavi-
ças cada vez maior para a utilização nais rodas duplas de um semi-rebo- mento. A maioria desses métodos
desses pneus especiais sem nem mes- que de três eixos. foi desenvolvida experimentalmen-
mo questionar as possíveis conseqüên- No Estados Unidos, embora o te entre as décadas de 40 e de 60,
cias da inovação em termos de des- assunto ainda não tenha sido pes- quando as pressões dos pneus não
gaste das rodovias. A regulamenta- quisado com grande amplitude, uma passavam de 75 psi. Hoje, contudo,
ção do uso do extralargo já está pre- investigação do TRB — National com a introdução dos radiais, as
vista até mesmo no anteprojeto do
novo Código Brasileiro de Trânsito.
Longe de se constituir num avan-
ço, a novidade deve ser motivo de Encarroçadora defende o single
grande preocupação. É verdade que
a literatura técnica existente sobre Se adotar o pneu extralargo, o Brasil O single também seria menos nocivo
o assunto ainda é bastante escassa, poderá economizar US$ 250 milhões ao piso. "Pneus convencionais provocam
pois a operação em larga escala com por ano em óleo dísel. É este o principal danos maiores à pavimentação em
pneus tipo single é muito recente. argumento do livrete Super-single: conseqüência do efeito cruzado das
Fruto da evolução tecnológica ocor- a Racionalização Necessária, editado pressões", afirma o trabalho. "Esse
rida na construção dos pneumáticos há alguns anos pela Krone, fabricante efeito cruzado provoca deformações,
de implementos rodoviários de Curitiba. trincas, infiltrações e os buracos que
radiais, na década de 70, o extralar-
Segundo o estudo, testes realizados atormentam a vida do motorista."
go tem seu uso intensivo ainda limi- no Brasil comprovaram que o Quanto aos pneus extralargos,
tado à Europa Ocidental. pneu mais largo reduz a resistência "transmitem a pressão deforma vertical,
à rodagem, diminuindo em até 18% o formando cones de pressão só abaixo
Efeitos nocivos — De qualquer ma- consumo de combustível. da base da camada asfáltica".
neira, tanto os resultados de pesqui-

20 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


Longe de significar um
avanço tecnológico, o uso do pneu
extralargo deve se constituir
em motivo de preocupação

das no exterior, o Departamento


de Transporte da Escola de Engenha-
ria de São Carlos, da USP, procu-
rou equacionar o problema das ten-
sões horizontais sob a camada do
revestimento e das tensões verticais
no subleito, por intermédio de mo-
delos mecânicos, representativos da
provável estrutura dos pavimentos
asfálticos brasileiros.
O resultado (veja Gráfico) é que,
para um eixo de 10 tf, o fator de
equivalência de carga para a defor-
pressões médias já chegam a 100 psi vimento é uniforme e atua sobre mação horizontal provocada pela
nos Estados Unidos, 120 psi no Bra- uma área circular. Investigações ex- roda simples é cerca de oito vezes
sil e até 140 psi nos pneus extralar- perimentais, no entanto, indicam superior ao fator refente à deforma-
gos utilizados na Europa que tal pressão varia de acordo com ção provocada pelos pneus 'casados'.
Naturalmente, a elevação das pres- as características do pneu (rigidez, Para tornar o FEC de uma ro-
sões aumenta os esforços sobre os tipo de carcaça e pressão do pró- da simples inflada a 120 psi equiva-
pavimentos. Por exemplo, os enge- prio pneumático). Caso tal resul- lente ao dos pneus duplos, igualmen-
nheiros aeronáuticos sabem que tado se confirme, o efeito da pres- te inflados a 120 psi, seria necessá-
um acréscimo de 50070 na pressão são dos pneus sobre a vida útil do rio reduzir sua carga por eixo de
do pneu permite uma carga adicio- pavimento poderá mostrar-se ain- 10 tf para 6 tf.
nal de apenas cerca de 20%. da mais preocupante. O impacto do pneu extralargo so-
Também não é segredo que o fa- bre a deformação vertical de com-
tor de equivalência de carga aumen- Pressão excessiva — Outro agravan- pressão é bem menor. Mas, mesmo
ta segundo a quarta potência do pe- te para o caso brasileiro é a utiliza- assim, a equivalência só seria obti-
so por eixo. ção de pavimentos com camadas da com a redução da carga por ei-
Todos esses cálculos partem da de revestimento de dimensões bem xo para 9 tf.
hipótese simplificadora de que a pres- inferiores às adotadas na Europa. Para o pavimento típico utiliza-
são de contato entre o pneu e o pa- Reproduzindo investigações realiza- do nas investigações, o uso de ro-
das simples com pneu extralargo é
mais crítico para a vida útil do pavi-
WIDE SINGLE X RODAS DUPLAS mento do que para a das demais ca-
(Deformação horizontal de tração. madas. No entanto, a destruição
Comparação para realidade brasileira) do revestimento acaba abrindo a es-
16,0 a.
trutura à infiltração de água e pro-
Fator de equivalência de carga

cn duzindo ondulações capazes de au-


14,0— mentar a carga dinâmica das suspen-
sões sobre a estrutura, elevando,
12,0—
desse modo, o potencial destrutivo
10,0— dos pneus extralargos.
Assim, tudo indica que não é tec-
8,0— nicamente recomendável aumentar
6,0— a pressão dos pneus. Pelo contrário,
um regulamento estabelecendo limi-
4,0— ••• tes de pressão inferiores aos que são

******** praticados atualmente poderia con-
2,0— .......... e..-. tribuir para um substancial aumen-
0,0 ............... to da vida útil dos pavimentos.
6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0
Carga por eixo (tf) * Professores do Departamento de
Transportes da Escola de Engenha-
-Wide Single (p = 140 psi) =Rodas Duplas (p = 120 psi) AASHTO ria de São Carlos da USP.

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 21


rete menor
em tempo maior
Itr

Trinta anos depois, a Rede


reativa transporte
de caminhões por vagões no
eixo São Paulo—Rio

•Uma locomotiva a dísel arrasta va- usuários contatam, por telefone, a Apesar da proibição imposta às
garosamente dez vagões-plataforma Gerência Comercial da Rede pela cargas perigosas, perecíveis e ani-
pelos trilhos da velha estação ferro- manhã, acertam o embarque de veí- mais, e também a baús (exceto ao
viária do Pari, em São Paulo. Lota- culos e se comprometem a colocá- bauzinho) e a tanques, os autôno-
dos com seis caminhões e duas carre- los dentro do terminal até duas ho- mos responderam por 40% do movi-
tas, os vagões esperam a liberação, ras antes da partida do rodotrem. mento diário de cargas na fase expe-
às 20h, da linha de subúrbio da Essa antecedência facilita o trabalho rimental. Em abril, os produtos pe-
CBTU, para começarem a percorrer de amarração das cargas, o ajusta- rigosos, com intenso tráfego na Du-
verdadeiros labirintos, até chegarem mento de calços nos vagões e as ma- tra, deverão ser liberados, pois a
à pitoresca estação de Arará, no Rio nobras no pátio. Rede está disposta a praticar um fre-
de Janeiro, às 8h da manhã seguinte. No período gratuito, de 12 a 26 te mais competitivo que o rodoviá-
Antes de margear grande parte de janeiro, o rodotrem da Rede dei- rio, nesse segmento."Há transporta-
dos 475 km da saturada Via Dutra, xou o Pari com lotação completa doras que sinalizam o interesse em
a composição, denominada rodo- quase todos os dias, e muitos cami- manter, por exemplo, dois vagões
trem, que começou a rodar em 12 nhoneiros ficaram na reserva, aguar- cativos", diz o engenheiro Luis Fer-
de janeiro, corta o subúrbio Leste dando eventual desistência de trans- nando Oliveira do Vabo, gerente
paulistano enquanto seguranças ar- portadoras como, por exemplo, a do Departamento Comercial da
mados de escopetas se posicionam Aga, a Ajofer e a Celene. Cerca de SR-2(Regional Rio de Janeiro), jus-
ao longo das plataformas. trezentos veículos foram embarca- tificando a necessidade empresarial
O transporte de cargas deve estar dos em trinta viagens, com saída si- de operar sem reserva de lugar.
imune a surpresas, principalmente multânea, à noite, das estações do Um número ínfimo de caminhões
no subúrbio fluminense, entremea- Pari e de Arará, perfazendo 12h de pesados deixou de circular na Dutra
do por favelas, que se alinham a percurso, em ambos os sentidos. por causa do rodotrem, mas os téc-
um metro das laterais do trem, obri- Embora o horário de saída fosse nicos consideram válida a experiên-
gando-o a trafegar em baixa veloci- cumprido pontualmente, diversos cia, sendo favoráveis à implantação
dade. A marginalidade cresce a olhos usuários criticaram os seguidos atra- definitiva do serviço, com base num
vistos nesse bolsão de miséria brasi- sos na chegada dos trens nos termi- follow-up de clientes preferenciais.
leira e a ameaça a bens de valor é nais (veja boxe). "Ouvimos muitas
uma constante. Entretanto, em quin- reclamações sobre furto de cargas, O `autotrem' — "Se a demanda cres-
ze dias de operação experimental e sobre acidentes pavorosos", reba- cer, vamos rodar com trens forma-
do rodotrem, nenhum roubo de car- te o engenheiro José de Resende Fi- dos por vinte vagões", assegura o
ga foi registrado. lho, gerente comercial da SR-3 (Re- engenheiro José Nelson Rodrigues,
A partir de uma operação inter- gional Juiz de Fora), referindo-se gerente intermodal da SR-4 (Regio-
modal bastante simples, o ganho aos perigos da Dutra, que têm leva- nal São Paulo), confiante no aumen-
de tempo do rodotrem, na contrata- do muitos autônomos a buscar fre- to da freqüência de trens. Os estu-
ção do serviço, é considerável. Os te na BR-40 e noutras estradas. dos indicam que, uma vez duplica-

22 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


Ainda em fase de implantação
definitiva, o rodotrem oferece um
frete mais atraente que o
rodoviário. Uma carreta, com 25 t
de carga, custa US$ 118/viagem,
enquanto um caminhão trucado,
com 15 t, apenas US$ 82.

mericano TOFC — Trai/ler on Flat


Car, nem com o road-railler, predo-
minante na Europa. Segundo Luís
Vabo, no caso do road-radler, as ro-
das do caminhão podem ser acopla-
das aos trilhos, e o vagão (mais le-
ve) pode circular na rodovia. Quan-
to ao TOFC, assemelha-se a um ti-
po de piggy-back onde partes da car-
reta e da carga são transportadas
no vagão-plataforma, sem o cavalo.
Em geral, os caminhoneiros gas-
tam oito horas na movimentação
de cargas entre a Grande São Pau-
lo e o Grande Rio. O rodotrem le-
va quatro horas a mais. Mesmo as-
da a capacidade de uso do rodotrem, pasa, com capacidade de até 54 t sim, os técnicos enfatizam que as
de dez para vinte vagões, a Rede de carga, para transportar caminhões horas perdidas são compensadas pe-
transportará cerca de 1 200 carre- entre pontos onde havia maior flu- lo maior nível de segurança dos pro-
tas/mês. E com mais um horário xo de veículos na rodovia: eixos São dutos transportados à noite, cumpri-
disponível, cerca de 2 500 carretas/ Paulo—Rio, São Paulo—Marília- mento de horário, sem atrasos no
mês serão retiradas da Dutra. A Re- -Araraquara e Norte do Paraná embarque ou na chegada, frete mais
de também pretende aumentar sua (Ourinhos). "Porém, chegamos à barato e desgaste zero dos caminhões.
participação no transporte de contêi- conclusão de que o traçado de nos- Luís Vabo acrescenta que o moto-
neres no eixo São Paulo—Rio, pu- sas linhas não era muito compatível rista chega à cidade descansado,
lando dos atuais 7% para 15%. com esse tipo de carga", observa, em perfeita condição de fazer a via-
No entendimento de René Fernan- notando que o caminhão sobre a gem de ponta. "O total de horas
des Schoppa, assessor da Câmara plataforma fica com o centro de car- do ciclo de viagem do caminhão é
Brasileira de Transporte Ferroviário, ga muito alto, e que, em curvas acen- maior em relação ao da ferrovia",
se a Rede deseja desafogar a Dutra, tuadas (a maioria das ferrovias são declara, citando a Aga, que trans-
deveria colocar em ação trens de hora de bitola estreita), ocorria, com fre- porta oxigênio e obteve significati-
em hora, com quarenta vagões cada, qüência, a queda de caminhões do va redução na quantidade de horas/
cartegados e descarregados em termi- vagão, provocando acidentes. viagem de seus veículos.
nais de grande capacidade,sem inter- José Rodrigues também recorda O ciclo da Aga era de 48h (ida e
ferência com o tráfego nos subúrbios. "problemas de amarração dos veícu- volta), entre o primeiro carregamen-
A seu ver, o modal ferroviário, los". No sistema de vagões to, a viagem, as esperas e as recargas.
de bitola larga, se tornará viável piggy-back, com 26 m de compri- Com o rodotrem, caiu para cerca de
quando for cobrada "uma tarifa in- mento, era permitido somente o em- 40h. "Assim, é fácil compreender
ferior à paga pelo empresário ao barque da carreta, sem o cavalo. que a viagem porta-a-porta é mais
carreteiro". Esse descompasso de No rodotrem, desenvolveram-se va- favorável pela ferrovia." Brevemen-
tarifas e a ausência de infra-estrutu- gões-plataforma menores, tipo PS, te, a Aga vai colocar um ou dois mo-
ra na malha podem prejudicar o pro- com 18 m de comprimento e 3 m toristas em cada terminal, reduzindo
jeto do rodotrem. Schoppa relembra de largura, que podem suportar até ainda mais o tempo de manutenção
que o autotrem (sistema de transpor- 72 t de carga (e tara de 29 t), facili- dos motoristas durante o percurso.
te idêntico ao rodotrem) fracassou, tando o embarque da carreta e do José Rodrigues calcula que, em
na década de 60, devido ao incenti- cavalo. Futuramente, as empresas comparação com o rodoviário, o tem-
vo do governo para a abertura de poderão adquirir suas próprias plata- po total da viagem porta-a-porta gera
novas rodovias, ao combustível bas- formas, no valor de US$ 50 mil cada. 50% de queda no custo final do
tante subsidiado e a caminhões 50% transporte. Em 2 de fevereiro, o frete
mais baratos que os atuais. Ciclo de viagem — A atual versão do rodotrem por carreta(25 t) custa-
Na época, a idéia dominante era do rodotrem não apresenta nenhuma va US$ 118(Cr$ 2 milhões), e por ca-
utilizar os vagões-plataforma da Fe- semelhança com o sistema norte-a- minhão trucado (15 t), US$ 82(Cr$

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 23


ficiente para mudança de trens e in-
gresso na linha principal.

Restrição em túneis — Com o apri-


moramento da operação, o tempo
de viagem tende a diminuir. No mo-
mento; mantém-se velocidade média
entre 40 km/h e • 50 km/h, e, nos
desvios, de 10 km/h, no máximo.
A programação não prevê para-
da em desvios. Duas paradas técni-
cas são obrigatórias: uma, em Ca-
choeira Paulista (SP), na ida, e ou-
tra, em Barra do Piraí (RJ), na vol-
Apesar da proteção de policiais armados de escopetas, o rodotrem tem sido apedrejado ta, com duração de vinte minutos,
para troca de maquinistas, auxilia-
1,4 milhão). "E o caminhoneiro po- tais ocuparam uma semana inteira res e guardas de segurança. Outras
de colocar sobrecarga, pagando sem- antes do início da operação, e que, duas, em Manoel Feio (SP) e em Ja-
pre um frete fixo", declara Rodri- em razão disso, foram cronometra- peri (RJ), são feitas para entrada
gues. O transporte de um veículo va- dos apenas tempos de embarque e nos subúrbios da CBTU. A locomo-
zio custa 60% menos que um cheio. de desembarque. Segundo Rodri- tiva GE, tipo U 20C, com 2 000 hp,
O frete rodoviário para carreteiro gues, o tempo apurado para a colo- e 120 t de peso, possui autonomia
no trecho Rio—São Paulo, em feve- cação das cunhas metálicas, fixadas para vencer o trecho sem necessida-
reiro, custava aproximadamente nos pneus dos caminhões sobre a de de abastecimento.
US$ 300/carreta e US$ 210/trucado. plataforma, para a amarração de O único ponto de estrangulamen-
caminhões e de carretas, para o cal- to são os dez túneis entre Japeri e
Fila de embarque — Quanto às téc- çamento das rodas nos vagões, e pa- Barra do Piraí. Embora não estejam
nicas de embarque e desembarque ra a proteção de pára-brisas totali- localizados em curvas acentuadas,
(sistema roll-on roll-off), Rodrigues zou, em média, quinze minutos por têm restrições de gabarito quanto à
limitou-se a dizer que a Rede cons- veículo. "Por sua vez, o tempo de altura máxima permitida, por terem
truiu, nos dois terminais extremos embarque de cada veículo no vagão sido dimensionados para circulação
de cada cidade, rampas de acesso é praticamente desprezível", disse. de trens de passageiros.
em concreto armado "que permitem O tempo de formação do trem Do boleto do trilho até a parte
o embarque imediato do caminhão unitário (que transporta dois cami- mais alta do vagão PS, a altura é
no vagão". Na década de 70, a Re- nhões trucados ou tocos por vagão, de 1,20 m. Sobre o vagão pode ser
de construiu, em Arará, uma ram- dependendo do comprimento) e sua acomodado um veículo com 3,10 m
pa para carregamento de piggy-back liberação é estimado em meia hora. de altura, perfazendo um total de
e de caminhões. No Pari, a rampa Um acordo com os usuários estabe- 4,30 m. "A ferrovia está estudando
foi erguida com trilhos utilizados leceu duas horas de antecedência o rebaixamento da linha para permi-
pelo próprios funcionários da Rede. para o estacionamento dos veículos tir o tráfego de veículos com altura
A Rede ainda não dispõe de um no pátio, evitando, assim, 'fila de superior a 3,10 m, como, por exem-
diagrama tempo-espaço da viagem. embarque'. O tempo de manobra plo, o caminhão baú", revela Rodri-
Vabo alegou que os testes experimen- previsto é de cerca de meia hora, su- gues. Em área de túnel, a construção
de 1 km de linha custa cerca de US$
400 mil, mas obra de rebaixamento
implica em custo adicional.
Atrasos e pedradas em vidros Estudioso do assunto, Luís Va-
bo considera que o perfil desses tú-
neis limita a altura tanto para um
O clima de descontentamento com porta lateral da cabina, amassada.
carregamento quadrado como para
os habituais atrasos na hora de chegada Ao seu lado, o autônomo Darli Freitas
do rodotrem nos terminais do Pari e
um retangular na parte externa do
de Oliveira, com seu Mercedes 2013
de Arará é visível entre os motoristas carregado com 15 t de telhas, desconfia vagão. "Estamos promovendo o re-
de transportadoras e os carreteiros. "Em que a segurança prometida pela Rede estudo do gabarito", salienta, acre-
quatro viagens, os atrasos variavam não seja viável: "Quando o trem passa ditando ser possível o tráfego de car-
entre 1h30min e 2h por vez", relata nas favelas, a pedra come", confessa, ga com até 3,5 m de altura no cen-
Altamir Borges de Morais, motorista depois de sentir o perigo de perto, tro, "desde que a altura seja reduzi-
há oito anos da Aga, apontando, em numa madrugada, quando o vidro do da para as laterais, a exemplo das
seguida, os estragos de pedradas em carro de passageiros em que viajava carretas-tanque".
dois vidros de seu Mercedes 1218, e na foi estilhaçado.
Gilberto Penha

24 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


ço das peças, entrega do veículo com
hora marcada e faturamento em trin-

eceitas que ta dias pelo preço à vista.


A Etsul fechou as oficinas que
mantinha na matriz, em Curitiba,
e na filial paulistana, e seu pessoal
foi recontratado pela Volcânia, em

diminuem custos Curitiba, e pela Vocal, em São Pau-


lo. Os equipamentos das oficinas fo-
ram arrendados ou vendidos, e o
pátio passou a ser usado para des-
carregamento de carga.
Por sua vez, a Brazul Transportes,
de São Bernardo(SP), optou por ofe-
Para enfrentar a crise, algumas recer serviços de manutenção e refor-
mas de carroçarias cegonheiras a ter-
empresas adotaram ceiros, para preencher a ociosidade
da oficina. A experiência só durou
medidas que melhoraram os controles oito meses, durante o ano passado.
Os custos da mão-de-obra levaram
e reduziram despesas a empresa a demitir 20°7o do pesso-
al, inclusive o gerente que teve a idéia.

•Trilhar a via da modernização e do, é melhor que o obtido em qual- Fim dos problemas — As negocia-
reduzir a equipe foram as saídas en- quer oficina própria. ções entre a Vocal e a Etsul para a
contradas por algumas empresas de Com frota de 156 caminhões, transferência dos serviços de manu-
transporte rodoviário de cargas pa- dos quais 75 são da marca Volvo, a tenção duraram mais de um ano,
ra continuar fazendo a manutenção Etsul consegue tratamento de clien- conta Joinicil Cornelsen."O contra-
da frota. Entre elas, TM encontrou te preferencial com desconto no pre- to detalha nossos direitos e os deve-
urna que fechou a oficina e terceiri-
Toda a frota da Etsul, em São Paulo,
zou o serviço, outra que buscou na
passou a ser reparada na oficina
informatização o maior controle dos
da Vocal desde outubro passado, o que,
custos, e uma terceira que ampliou na opinião de Joinicil Comelsen,
as instalações para atender clientes encarregado da Manutenção,
externos. Nos três casos, houve uma representou o fim das reclamações
redução de pessoal, combinada ou
não com uma renovação da frota.
Teoricamente, a transferência dos
serviços para terceiros é considera-
da a melhor opção, mas os que re-
sistem a essa idéia utilizam os mes-
mos argumentos que os fornecedo-
res consideram virtudes na hora de
vender os serviços.
Carlos Alberto Panzan, diretor
da Expresso Jundiaí, de Jundiaí
(SP), por exemplo, informatizou a
manutenção, apesar da queda na
demanda de carga nos últimos dois
anos, e diz que nenhuma oficina
prestaria o serviço com a mesma
qualidade e com a mesma preste-
za de sua equipe.
Por outro lado, Joinicil Cornel-
sen, encarregado de manutenção
da Etsul, na filial São Paulo, ga-
rante que o atendimento que está
obtendo da Vocal (concessionária
Volvo), desde outubro do ano passa-

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 25


res da Vocal", diz Cornelsen. No cessidade de troca, consultamos a lis-
entanto, segundo Antônio Jorge Trin- ta e a apresentamos à Vocal que, ge-
ca, gerente de Marketing de Servi- ralmente, baixa seu preço. Até mes-
ços da Vocal, o contrato serve mais mo quando há promoção de óleo lu-
para que a Etsul exija os serviços brificante em algum revendedor, a
do que para garantir a fornecedora, Vocal cobre a oferta", exemplifica.
que tem interesse em manter o clien-
te. Trinca diz que já está negocian- Parceria — Trinca assegura que man-
do contratos semelhantes com ou- tém com a Etsul uma verdadeira par-
tros quatro frotistas. ceria, mas alguns preconceitos con-
Como frotista Volvo e prestado- tra as concessionárias dificultam no-
ra de serviços para a montadora, vos contratos. "Uma dessas idéias
no transporte de caminhões zero- falsas é a de que levamos mais tempo
quilômetro e de peças para a rede para entregar o veículo porque o ser-
de concessionárias, seria natural que viço é cobrado por hora, e quanto
a Etsul utilizasse serviços de uma mais tempo o veículo ficar na ofici-
concessionária Volvo para a manu- na, mais se ganha; outra é a de que
tenção de sua frota. Mas, segundo a Vocal cobra mais pelas peças do
Cornelsen, diversas empresas entra- que o mercado paralelo, além de
ram na concorrência c, em Curiti- substituir até itens reaproveitáveis."
ba, o serviço é prestado por uma No caso Vocal-Etsul, Trinca ga-
oficina que não é de concessionária. rante que isso não acontece. Ele im-
Definido no nível da diretoria plantou na Vocal um prêmio para a
da Etsul e da Vocal, o contrato de produtividade. Cada hora ganha por
prestação de serviços teve sua execu- uma equipe em tempo de manutenção
ção atribuída ao segundo escalão. de um determinado item é colocada
"Temos contatos com a Vocal a to- numa 'caixa' de horas extras. No fi-
do o momento, e mais um funcioná- nal do mês, 70% do valor dessas ho-
rio de plantão na oficina. Nossos ras é rateado por todas as equipes,
motoristas também acompanham o 15% para a miais eficiente e 5% para
serviço", diz Cornelsen. cada profissional que tenha detido H não há reclamações de falta de
Além dos caminhões Volvo, a melhor desempenho. Caso um reparo peças;
Vocal também repara os Scania, os tenha sido feito às pressas e resulte Alá maior disponibilidade da fro-
Mercedes, os Volkswagen e os Ford, em retorno do veículo, as horas des- ta, pois a Vocal devolve o veículo
assim como as carretas, da Etsul. Faz pendidas nesse retorno são cobradas na hora prometida;
desde a troca de óleo e a lubrificação em dobro na 'caixa' de extras. H sobrou espaço no terminal para
até funilaria, pintura e serviços me- Para baratear peças, a Vocal com- descarregamento;
cânicos e na parte elétrica. A exceção pra veículos sinistrados das segura- 1há dezoito funcionários a menos.
é a manutenção dos pneus, realiza- doras, retira os componentes reapro- Em dezembro, a Etsul pagou Cr$
da por uma reparadora de Curitiba. veitáveis e os oferece aos clientes co- 300 milhões pelos serviços de manu-
Além disso, a Vocal socorre os mo 'peças salvadas' a um preço até tenção, segundo Cornelsen, que não
veículos em qualquer parte do país, 60% inferior ao de urna nova. Aos soube dizer se esse valor seria maior
desde que o defeito apresentado te- clientes preferenciais, como a Etsul, ou menor se fosse realizado na ofici-
nha tido origem no serviço de sua oferece também o preço padrão do na própria. "Mais importante que
oficina. Pelo Sistema Voar, da Vol- mercado paralelo de peças novas. os custos de manutenção é o da ho-
vo, o reparo é feito em outra con- Para evitar a eventual substitui- ra parada do veículo", argumentou.
cessionária e faturado para a Vocal, ção de peças reaproveitáveis, a Vo-
que repassa os custos para a Etsul cal consulta o mecânico da transpor- Controle minucioso — Na Expres-
pelo preço estabelecido em contrato. tadora, colocado dentro da oficina so Jundiaí, a oficina ocupa espa-
O valor das peças, tido como para acompanhar os serviços. ço compatível com o das docas de
um dos entraves para um contrato A distância, de apenas cinco qui- carga e descarga. Ocupando pré-
entre frotista e concessionária, foi lômetros, entre o terminal da Etsul dio de dois andares na sede da
resolvido entre Etsul e Vocal: "Te- e a oficina facilita o acesso dos veí- empresa em Jundiaí, em terreno de
mos liberdade de levar a peça para culos em manutenção. Mas há ou- 26 mil m =, a oficina abriga, no tér-
a oficina, se a encontrarmos com tras vantagens: reo, boxes para troca de óleo e
preço mais baixo. Mas, em geral, Li/acabaram-se as queixas dos moto- para lubrificação, outros para re-
conseguimos obter o mesmo descon- ristas aos mecânicos; paros mecânicos e para funilaria,
to." Segundo Cornelsen, todos os Lios motoristas nunca mais deitaram almoxarifado com 4 500 itens, es-
meses é feita uma cotação pechincha- sob o caminhão; toque de quatrocentos pneus e ca-
da de preços de peças. "A cada ne- Elo estoque de peças foi eliminado; bina para pintura.

26 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


NOVO CHASSI DE ÔNIBUS URBANO
FORD B-1618.
DESENVOLVIDO A PARTIR DE CONSULTAS
FEITAS A FROTISTAS E ENCARROÇADORES.

CHASSI.
DIREÇÃO.

MOTOR.

SUSPENSÃO.
FREIOS.
O CHASSI FORD DISPENSA ADAPTAÇÕES.
VEM PRONTO PARA SER ENCARROÇADO.
ror

• •
ARREFECIMENTO. TRANSMISSÃO. COMBUSTÍVEL.

OMBUSTjVEL
R. R DE AGUA

FILTRO DE AR. SISTEMA ELÉTRICO.

1 EIXO TRASEIRO.

EMBREAGEM. ESCAPAMENTO.
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS.
Marca /modelo MWM 6.10 Turbo
Serviço(tipo) A ar tipo 'S-CAM".com duplo circuito
Nt de cilindros.'disposição cilindrada( litros ) 6linha /6,45
com sistema de ajuste autornatico (opc )
Diárn dos cilindros, cursados pistões(mm) 103/129
15,91 Estacionamento(tipo) A ar,com molas acumuladoras e válvulas
Relação de compressão
Pot mai< liqoida(NBR-cv/ kW /rpm) 184,0/135/2.500 de ação progressiva atuando nas rodas
Torgue máximo liquido(NBR-mkg1/ Nrn /rpm) 62.0/608.0/1.500 traseiras,comando pneumatico no painel

Arca varrida de frenagem Icrnd 7 904

Marca Albarus/Spicer
Tipo A seco, diafragma.cerâmico
Diâmetro do disco(mm) 350 Distancia entre eixo dianteiro e eixo motriz 5.170/5 940
Acionamento Hdraulicoassist do a ar
Balanço traseiro 3330/2560

Balanço dianteiro 2.040

Marca Comprimento total 10.540


E ATO N
Modelo FS-5106-A Altura na superficie superior das longannas
Relaçoes de reduçao L 9.011 No centro do eixo dianteiro 905
5,27:1
No centro do eixo traseiro 880
2)) 3,25'1
Largura total 2 455
2.041
1,36'1 Bitola dianteira 2.086

5 1.00- 1 Bitola traseira 1.835


Re 8,63.1
Vão livre dianteiro/ traseiro 244/245

Diámetro do circulo de viragem guia a guia(m) 18.7/20,5

Modelo ROCKWELL-23-145
Relaçoes de reduçao 5.86:1 e 4,88:1

Pesos do veiculo em ordem de marcha(P V O M.)

Dianteiro 3.030 3.060


Dianteira
Tipo Traseiro 1 815/1 855
Eixo rigido
Molas Feixe de molas semi-elipticas Total 4.845/4.915

2 estagio com borrachas


Amortecedores Telescopicos hdraulicos de dupla ação
Barra estabilizadora Barra de aço com 44rnm de diâmetro
Capac de carga no eixo dianteiro 6 000
rasmra
Tipo Eixo rigido Capac de carga no eixo traseiro 10.000

Molas Feixe de molas semi-elipticas , Capac de carga total(PBT, 16.000


progressivas de dois estagies e carroc 11 155111 085
Capac de carga util
terceiro estagio com borrachas
Amortecedores Telescooicos hidraulicos de dupla açao
Barra estabilizadora Barra de aço com 44rnm de diâmetro
Reser vatono de cornbustivel 215,0

Óleo do motor
Alternador(V /A) 28f 75
Com filtro 20,2
Bateria(quantidade t V . Ah) 35 conectadas em série
Sem filtro 17,0

Transinissao 8,5

Modelo LF 8097 Eixo motriz 15,0


Tipo Hidraolica de esferas
Sistema de arrefecimento 25,0
recirculantes, de reduçaovariavel
Direção hdraulica 3,6
Reli: le redução 20,1 1a 23.8- 1
Reser vatorms de gr comprando 4

Dimenesees se legadas) 20,00 x 7,5 ou 22.50 x 7.5

Velocidade max no plano km h 82,0 lp 5.86 1) 96,0Ip 4 88 1)

Capacidade de subida de rampa - 35(p,5,86- 1) 21Dp 4,88 1


Diaossale 10 OOn 20-16
Rc1C31 -11-, — 10 OOR x 20 16 Capacidade de partida em rampa "() 22(p'5,86 11 18(p 4,881)

Conheça as vamageos especiais do Sistema de Consórcio.


Financiamento e Leas fig . exclusivas para o ônibus Ford B-1618.
oferecidas peio Grupo Fr nanoeiro Autolatina. ÔNIBUS FORD
As informações aqui cont,das e—,:c,ntram-se atualizadas ate abril
de 93, data em que foi autonzaca a moressão deste folheto, A
Autolatina Brasil S.A. - Divisão Fofa fesef va-se o direito de alterar
as especificações e desenhos ae seus ofodulos a qualquer tempo,
Pense mais Forte.Pense Ford.
ou mesmo descontinuá-los, indepence-fe ce av•so ou comunicação
e sem incorrer em obrigações ou responsaC caces de qualquer
espécie.
Este veiculo está em conformidade com o PROCONVE.
Janeiro, assim como nas duas ca-
pitais. Tem doze filiais e está cons-
truindo um terminal em Campinas,
onde pretende centralizar as ope-
rações de carga e descarga, em ter-
reno de 21 mil m 2.

Voltando atrás — A Brazul Trans-


portes, especializada em transporte
de veículos zero-quilômetro, mantém
uma oficina, em sua sede em São
Bernardo, com capacidade para re-
parar a frota própria de 66 cavalos
mecânicos e de 72 semi-reboques-ce-
gonhas, onde enfrentava ociosida-
de. O perfil baixo dos automóveis
lançados no final do ano passado,
e neste ano, exigiu modificações nas
Na Brazul, a experiência de reformas
de carretas para terceiros carretas. A Brazul desenvolveu uma
durou apenas oito meses devido ao série de alterações na frota antiga e
alto custo da mão-de-obra. passou a oferecê-las também às dos
Agora, a equipe faz a manutenção transportadores autônomos e de ou-
apenas da frota própria.
tras concorrentes.
Outra saída foi iniciar a presta-
ção de serviços mecânicos para ter-
ceiros. Mas a experiência não du-
rou muito. Luiz Carlos Martão, que
ascendeu à chefia da oficina em
outubro do ano passado, diz que
"além do custo da mão-de-obra
No andar superior, uma equipe caminhão chega ao terminal, é lava- e dos encargos sociais, os clientes
de três pessoas programa e contro- do e, ao sair da oficina, também." sempre achavam que dávamos prio-
la, por meio de um sof/ ware, todo Com base no diário de bordo e ridade para a nossa frota em prejuí-
o trabalho da oficina, dos pneus até na programação da preventiva, o zo dos caminhões deles". As re-
os planos de manutenção preventi- ('PI) da oficina emite urna ordem clamações eram freqüentes, e a
va e corretiva de cada um dos 150 de serviço para a equipe de 32 me- empresa, ao fazer uma reestrutu-
caminhões da frota. A mesma equi- cânicos, que trabalham em regime ração interna, acabou com o ser-
pe faz a leitura dos tacógrafos e dos de oito horas diárias. "Mantemos viço para terceiros.
diários de bordo dos motoristas. um profissional de plantão à noi- Hoje, a Brazul mantém trinta pro-
Diariamente, um sem-número de te, para emergência, mas lanço mão fissionais na oficina, os quais, além
dados é incorporado á ficha de ca- de qualquer um deles, caso neces- de fazer a manutenção da frota pró-
da veículo, começando pelas lava- site, em fins de semana ou à noite", pria, continuam o programa de re-
gens. O programa emite relatórios conta Panzan. forma das carretas. Essa equipe faz
individuais por veículo, por item Para ele, a informatização da ofi- toda a manutenção corretiva da fro-
de consumo, ou por coletivos da fro- cina com o programa desenvolvi- ta e está iniciando um programa de
ta, por semana ou por mês. Dessa do pela Seda Tecnologia e Infor- preventiva. Para reduzir os custos
maneira, segundo Pedro Nicoletti, mática, já trouxe resultados. Re- internos, foi implantado tim rígido
responsável pelo CPD,fica fácil con- cebo relatórios de todos os tipos so- programa de controle de custos, com
trolar os custos e a disponibilidade bre o veículo que quiser, tenho o cotação de preços das peças. "Só
de cada veículo. controle apurado dos custos de ca- compramos um componente depois
Carlos Alberto Palitai] não disfar- da setor da oficina,.o controle das de levantar três preços. Adquirimos
ça o prazer em mostrar as instala- compras e dos preços das peças e ode menor preço com prazo maior."
ções da oficina, em cujo piso encera- posso calcular melhor o meu cus- Para reduzir o consumo de combus-
do não se vê unia só gota de óleo, to por quilômetro. O programa da tível, foram instalados tacografos
nem manchas ou tocos de cigarro Seda ficou um ano e meio em tes- na frota inteira, ministrado curso
no chão. "Até mesmo o óleo lubrifi- te e foi instalado, em definitivo, des- de direção defensiva aos motoristas
cante para cada veículo é programa- de novembro de 1992. e programada revisão dos bicos inje-
do eletronicamente", diz, ao mos- A Expresso Jundiaí transporta tores a cada dez mil km, bem co-
trar a mangueira enrolada à beira carga geral por todo o interior dos mo retirada da bomba a cada 150
do box na oficina. "Toda vez que o estados de São Paulo e do Rio de mil K m, também para revisão.

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 27


procura
de um norte
Pressionado pela concorrência
dos ônibus e do
correio, e sem articulação política,
o TRC procura saídas

•A bordo do navio Eugenio Cos- ção Brasileira do Transporte Interna- —, e que, depois de muitas críticas,
ta, os transportadores rodoviários cional, Betina Lenci, e a do coorde- decidiu apoiar o evento, fez algu-
de carga navegaram, de 8 a 15 de nador da Comissão de Transporte mas restrições aos resultados. "Na
dezembro passado, pela rota Rio- Internacional da NTC, José Rober- somatória, foi bom, por causa dos
-Buenos Aires—Santos, à procura to de Sampaio Campos, inviabiliza- debates, mas a situação das empre-
de rumos para o setor, durante o ram qualquer encontro com empre- sas mostra que há uma crise geren-
polêmico 13° Congresso da classe. sários argentinos, embora o navio cial que precisa ser superada." Seu
As inúmeras críticas que antecede- tivesse ficado ancorado por 36 ho- movimento, por exemplo, não entrou
ram a sua realização, e que aponta- ras no Porto de Buenos Aires. na pauta dos debates, e acabou sen-
vam a "inconveniência do evento A ausência de Sebastião Ribeiro do discutido em reuniões paralelas.
em tempos de crise econômica", ce- não foi justificada. Procurado por A análise de Oswaldo Dias de
deram lugar a elogios pela volta aos TM, Ribeiro informou, pela sua As- Castro, ex-presidente da NTC, se
debates dos temas que dificultam a sessoria de Imprensa, que não fala- mostra mais preocupante: "Temos
atividade (substituídos, nos últimos ria sobre o assunto. Entre as lideran- de rever a organização das nossas
anos, por palestras). Mas, por outro ças presentes no Congresso, a justifi- entidades. A criação de sindicatos
lado, o cruzeiro marítimo revelou cativa foi uma só: medo. "O Sebas- e de federações regionais provocou
a falta de consenso entre os diferen- tião não entra em navio nem amarra- o esvaziamento da NTC."
tes grupos de lideranças empresariais do", disse, por exemplo, o empresá- Segundo Castro, com sindicatos e
presentes e ausentes no evento e a rio Oswaldo Dias de Castro, da Trans- federações, o setor buscava o fortale-
necessidade de uma discussão mais portadora Araçatuba. Mas houve cimento e a conquista da Confedera-
profunda sobre os rumos da classe. quem dissesse que ele não compare- ção Nacional dos Transportes Terres-
Apesar de Domingos Fonseca, ceu para não prestigiar Domingos tres, hoje CNT. "Nós a obtivemos,
presidente da NTC, ter considerado Fonseca, e também por discordar mas já a perdemos. O novo estatu-
o Congresso NTC'92 como a chave de da realização do Congresso a bor- to da CNT, que criou o rodízio de
ouro com que encerrou seu mandato do. Segundo Fonseca, Ribeiro reser- presidentes por modalidade, pode
à frente da entidade, o baixo número vou uma cabina no navio e garantiu- ser bonito, mas não funciona. Com
de inscrições(em torno de duzentas) lhe que estaria presente, mas, na úl- a ascenção do modal de passageiros,
e a ausência de seu sucessor, Sebas- tima hora, mandou o gerente da o TRC perdeu o controle", explicou.
tião Ubson Ribeiro Carneiro — que, Dom Vital, José de Souza, no lugar. Castro diz não ter opinião forma-
na ocasião, já era presidente eleito, Moacir Ferro, coordenador do da sobre o rumo que a organização
e que nem sequer enviou um repre- Movimento de Conscientização Em- do setor deve tomar, mas se mostra
sentante —, são os exemplos mais presarial — criado em novembro de convencido de que, do modo como
evidentes de que a iniciativa não con- 1992 com o objetivo de buscar a capi- está, não pode continuar.
seguiu unir os transportadores. talização das empresas castigadas fi-
Outras ausências notadas, como nanceiramente pela prática indiscrimi- Sem padrinho — O calor dos deba-
a da presidente da ABTI — Associa- nada de descontos nas tabelas de frete tes, algumas contradições entre as

28 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


Cerca de duzentos
empresários discutiram
as dificuldades do
setor a bordo do
Eugenio Costa, na
presença dos
deputados Newton
Gibson
(2? da E. para a D.
na foto ao lado e
Vitor Facioni, (o
antepenúltimo à Dl

falas de Domingos Fonseca e de Para o ex-presidente da CNT, as cia da carga em veículos de passa-
Thiers Fattori Costa, presidente da empresas devem apoiar quem tem geiros é tão flagrante que hoje é fá-
CNT, ambos em fim de mandato, voto, o que não é o caso dos trans- cil encontrar ônibus de linhas regula-
por exemplo sobre os números do portadores, com exceção de Denisar res e de turismo fazendo coleta de
setor, e a apresentação de trabalhos Arneiro, que decidiu encerrar a car- mercadorias nas zonas atacadistas
isolados, sem a coordenação da reira de deputado. de São Paulo e passando longe das
NTC, pelas federações estaduais, A verdade é que falta um padri- balanças e das barreiras de ICMS.
contribuem para reforçar as ponde- nho para o setor, que recebeu pou- O avanço da ECT — Empresa
rações de Castro. cos dividendos da ajuda que prestou Brasileira de Correios e Telégrafos
Além disso, o que mais se ouviu à campanha de Fernando Collor de na concorrência com as empresas
das principais lideranças foram quei- Mello e muita frustração com sua de transporte comercial, por outro
xas sobre a falta de apoio do Con- queda da Presidência da República. lado, contribuiu para aumentar a
gresso Nacional aos pleitos do setor, A atual orfandade, aliada à reces- apreensão das lideranças reunidas
por falta de uma bancada na Câma- são econômica, enfraqueceu as em- no Eugenio Costa. A ECT pratica
ra. "O TRC tem apenas uns poucos presas e possibilitou o avanço de dumping ao subsidiar, com a tarifa
amigos", confessa Costa. pressões contra o setor: a concorrên- das correspondências, o transporte

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 29


rodoviário de cargas, denuncia a vando que navegar é possível", nu-
Federação de Minas. ma alusão ao slogan adotado pelo
Em conseqüência da crise econô- anti-candidato Ulisses Guimarães.
mica, e também dos resultados nega-
tivos dos balanços e do encolhimen- Programas dia e noite — Domingos
to das empresas, segundo Costa, Fonseca não quis revelar se o Con-
foi reduzido em um terço o núme- gresso deu lucro ou prejuízo à NTC.
ro de empresas do setor. Domingos "Creio que conseguimos equilibrar os
Fonseca não confirma esse dado e custos", encerrou. Fretado por US$
continua divulgando que há 16 mil 1,3 milhão, o Eugenio Costa teve oi-
transportadoras no Brasil. tocentos passageiros. Além de fami-
As notícias e as queixas feitas du- liares dos congressistas,staffda NTC
rante o Congresso NTC'92 chegaram e dos expositores e convidados, o
aos ouvidos do presidente Itamar Grupo Verdi levou 150 pessoas para
Franco na forma de um relatório sua convenção anual, realizada para- Fonseca: resgate da dignidade do TRC
do então ministro da Fazenda Gus- lelamente ao evento da NTC. Pouco
tavo Krause. Uma nota da "Colu- mais de duzentos empresários parti- para crianças. Aos homens, resta-
na do Zózimo", no Jornal do Bra- ciparam do Congresso e a 9? Fena- va o plenário. Mesmo assim, o lei-
sil, de 21 de dezembro, cita trecho tran teve apenas doze empresas expo- lão de arte, promovido todas as tar-
do relatório, em que "na alegre reu- sitoras, o que caracterizaria um fra- des em salão contíguo ao teatro,
nião a bordo do Eugenio C os con- casso, em comparação com eventos atraiu inúmeros deles. Setecentas
gressistas trabalhavam para valer anteriores, que tiveram, no mínimo, peças, entre tapetes, quadros, escul-
durante o dia e, à noite, caíam no o dobro do número de participantes. turas e demais objetos de decora-
Mas o Teatro Escala, com 250 lu- ção, eram colocadas à venda diaria-
gares, foi palco de concorridos de- mente pela Galeria Pro-Art, de São
Apesar das queixas, bates. O navio só oferecia programa- Paulo. Da mesma forma, as duas
os congressistas ção paralela para acompanhantes e piscinas, atendidas por solícitos gar-

não pouparam
dólares no navio Reivindicações ao Governo
vinho e no cassino, enquanto as mu- Eis as principaissugestões, que a NTC [ lliberar o setor das taxas de importação
lheres se divertiam nas butiques do deverá encaminhar aos órgãos oficiais: de veículos e de peças;
transatlântico. Foi a maior gastan- LIinvestir na construção, na reformulação
Para o transporte de produtos perigosos: e na conservação da malha rodoviária;
ça do final do ano".
Hpadronizar a legislação relativa ao
meio ambiente; Reivindicações ao Sistema Tributário
Justificativas — Apesar de o setor Liimpedir que estados e municípios Nacional:
se vangloriar por exercer uma ativi- legislem supletivamente sobre o assunto; Oformar um grupo para auxiliar no
dade onde impera a plena concorrên- ilisolicitar ao Inmetro que não proponha aprimoramento do projeto de reforma;
cia, as conclusões do Congresso ao Ministério dos Transportes a Elcondicionar a aprovação da reforma
mostraram que a proteção do gover- obrigatoriedade do uso de equipamentos tributária a: I) antecipação da revisão
no ainda é indispensável. Mesmo acessórios; constitucional para maio de 1993, e início
assim, não faltaram declarações de criar grupo de trabalho para fazer da vigência para 1994; 2) alargamento
revisão e consolidação das normas da da base tributária; 3) instituição de
reconhecimento "ao heroísmo e à
ABNT pertinentes ao setor; impostos não-declaratórios; 4)
obstinação dos empresários na luta Elreduzir o número de itens que compõem desoneração dos salários; e 5) vinculação
pela sobrevivência". João de Simo- a listagem de produtos perigosos. de eventual imposto sobre combustível
ne, diretor da De Simone & Associa- à construção, à reparação e à reconstrução
dos, chamou a classe de heróica por Para veículos e peças de reposição: da i-tfra-estrutura de transportes;
ter sobrevivido a nove pacotes eco- fiefetuar abertura de linhas Li]moratória fiscal, com alongamento
nômicos durante os últimos dez de crédito para renovação e para dos prazos de parcelamento e
anos. E Domingos Fonseca compa- ampliação da frota, e para formação compromisso das empresas inadimplentes
rou a obstinação do setor às andan- de capital de giro; de pagar os tributos com correção
ças quixotescas de Ulisses Guima- Oelevar a participação do Finame de monetária e juro fiscal, e elitninação
40% para 80% do valor do caminhão; da multa moratória;
rães, a quem dedicou o cruzeiro pe-
Opermitir ao transportador autônomo LIreuniões periódicas entre sindicatos e
lo Atlântico Sul. acesso às operações do Finame; associações do setor com representantes
Àqueles que criticaram o evento, nreduzir o IPI dos principais de órgãos de trânsito, para acerto dos
respondeu: "Depois de mais de um componentes do veículo para a problemas da atividade de coleta e de
ano de luta, de teimosia e de muita alíquota de 5%; entrega nos grandes centros urbanos.
incompreensão, estamos aqui, pro-

30 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


çons, registravam a presença diária tar e de controlar, em regime de
de inúmeros congressistas.
Sem contar as três lojas, que ofe-
iSetor vai monopólio, os serviços postais em
todo o território nacional, confor-
reciam aos bolsos recheados de dóla-
res e de cartões de crédito internacio- à SNDE contra me artigo 2? do Decreto-Lei", de-
nuncia Herber de Boscoli Lara, pre-
nais perfumes, cosméticos, roupas, sidente da Fetcemg — Federação
relógios, óculos, produtos eletrôni- os correios das Empresas de Transportes de Car-
cos e bebidas. ga do Estado de Minas Gerais, em
A noite era longa. A sexta refei- tese que apresentou sobre o assun-
ção do dia era servida à meia-noite, to no Congresso. O empresário lem-
depois do café da manhã, do lanche brou que o mesmo Decreto-Lei isen-
das 11 h, do almoço, do café da tar- NTC denuncia dumping da ta a ECT de Imposto de Renda, de
de e do jantar. O cassino e dois ba- ECT e pede o fim PIS, de Finsocial e de Contribuição
res com pistas de dança, abertos Social sobre o lucro, os mesmos pri-
madrugada a dentro e embalados da concorrência, além de punição vilégios desfrutados pela Fazenda
por três conjuntos musicais, além aos seus diretores Pública, embora a Constituição de
de shows diários no Teatro Escala, 1988 não faça distinções entre em-
atendiam aos mais diferentes gostos presa pública e privada.
para a diversão. Três jantares de ga- "Ao entrar para o mercado de
la, com a presença do comandante •Um dos temas que mais calor pro- transporte de cargas, a ECT viola
e do primeiro escalão da tripulação, porcionou aos debates foi o da con- seu estatuto e ganha condições de
além de uma noite de fantasia, com- corrência que os correios estão fa- praticar um frete 3007o mais baixo,
pletaram a parte social do Congres- zendo às empresas. O empresário graças à isenção tributária", argu-
so, tida por Domingos Fonseca co- Clodoaldo da Nóbrega, do Expres-
mo "muito importante para resga- so Luso-Brasileiro, sugeriu o blo-
tar a auto-estima dos empresários". queio das rodovias por 24 horas pa- ECT pratica frete
A viagem reservou, ainda, dois ra exigir que o correio não mais mais barato e
dias livres para compras, passeios e transporte cargas. A sugestão aca-
shows em Buenos Aires, que cus- bou sendo aprovada, em última ins- ainda subcontrata
tavam entre US$ 25 e US$ 100 por tância, depois de esgotados os re-
pessoa. cursos jurídicos. Prevaleceu a pro-
transportadoras
O desembarque nos portos de posta de fazer uma representação
Santos e do Rio de Janeiro mostrou junto à SNDE — Secretaria Nacio- menta a ação de representação da
que a crise da qual tanto se queixa- nal de Desenvolvimento Econômi- NTC. A expansão da atividade de
ram os empresários durante o con- co contra os correios. transporte da ECT é comprovada
gresso passou longe: incontáveis cai- "O transporte comercial de car- por publicação própria, Mala Dire-
xas de bebidas, sacolas e pacotes cir- gas não é atribuição da ECT — Em- ta, e por entrevista do presidente
cularam impunes pelos fiscais da presa Brasileira de Correios e Telé- da empresa, Luiz Antônio Rocha
Receita Federal, umá vez que saíram grafos, empresa pública criada pe- Lima, na Gazeta Mercantil de 3 de
do navio diretamente para os ôni- lo Decreto-Lei n? 509, de 20 de mar- agosto de 1992. Definindo a ECT
bus e para os carros estacionados ço de 1969, com o objetivo de execu- como a maior transportadora do
em frente ao portão de desembarque.
As demais bagagens também não Herber Bosco Lara,
da Fetcemg: as
foram revistadas. No Porto de San- vantagens fiscais
tos, por exemplo, os fiscais fizeram permitem à ECT
os passageiros esperar por mais de fazer concorrência
duas horas, enquanto agrupavam as desleal às
operadoras de
malas por lotes. A espera aborreceu
transporte regular
os empresários, que foram, em vão,
queixar-se à chefia da Receita. "A-
qui, todos são iguais", teria respon-
dido o chefe aos líderes de classe que
se apresentaram como presidentes de
entidades empresariais. A liberação
das malas se limitava à conferência
do protocolo e a um carimbo. Os
ônibus subiram pela Rodovia dos Imi-
grantes sem passar pela balança."Se
pesar, metade da bagagem fica",
comentou o motorista de um deles.

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 31


país, seu presidente diz esperar au-
mentar de 15% para 50% sua parti-
cipação no mercado de cargas, o
que acrescentaria mais US$ I bilhão
prática de abuso de poder econômi-
co e de concorrência desleal, que
deixe de transportar carga industrial
fora dos limites de peso e de dimen-
Onibus misto
ao seu faturamento. são estabelecidos pela legislação que e mais rigor na
Na representação, a NTC alega regula sua atividade, que abandone
que, diante da isenção tributária, que
o decreto lhe atribui, a ECT também
o agrupamento de empresas viafran- fiscalização
chising, que cumpra as mesmas obri-
deixa de cumprir escrituração fiscal gações fiscais das empresas priva-
e de emitir conhecimentos, substituin-das e que adote providências para
do-os por um recibo de postagem. eliminar a sonegação fiscal. A NTC
"As cargas transformadas em malas pede ainda que o processo seja en- TRC promete investir contra
postais são transportadas por ôni- caminhado ao CADE — Conselho
bus a um preço equivalente a 1% Administrativo de Defesa Econô- a carga em ônibus
do valor da passagem por quilo. mica para instauração de processo e quer entrar no mercado de
O transporte de cargas pelo cor- administrativo visando coibir a con-
reio, segundo a NTC, incentiva a duta ilegal da empresa e a punição passageiros
sonegação de impostos, pois a ECT aos seus diretores.
não é obrigada a portar notas fis- O trabalho apresentado pela Fet-
cais das mercadorias, e seus veícu- cemg mostrou um quadro compa-
los são liberados nas barreiras inte- rativo das tabelas de frete do Co-
restaduais do 1CMS. net e da ECT referente a uma car- •Quatorze anos depois da primei-
ga comum de 20 kg no valor de Cr$ ra tentativa de proibir o transpor-
20 mil. A diferença variou de 42,11%, te de carga em ônibus — a primei-
Toda a estrutura de Belo Horizonte a Salvador, a ra foi feita em 1978, com a cam-
dos serviços postais 58,42%, da capital mineira a Bra- panha de criação de sindicatos pa-
sília (ver Quadro). ra o fortalecimento do setor —, os
é usada pelo correio Mesmo com essas diferenças, a empresários do TRC continuam na
ECT consegue contratar empresas mesma situação: queixam-se da fal-
no transporte de carga comerciais de transporte para exe- ta de fiscalização e da ausência dos
cutar o serviço, numa evidente de- veículos de passageiros nas filas da
A maior transportadora — Com monstração de aviltamento da ta- balança, enquanto acompanham o
uma estrutura de 70 mil emprega- bela do Conet. As propostas para avanço da atividade em concorrên-
dos, 26 mil pontos de atendimento, proibir a participação de empresas cia com os caminhões.
12 mil agências próprias e oitocen- de transportes na concorrência da Nesse período, as empresas de
tas franqueadas, além de seiscentos ECT não foram aprovadas, pois o ônibus montaram suas transportado-
veículos automotores próprios e dez próprio boletim NTC Notícias pu- ras de carga, mas não foi registrado
mil de terceiros, 61 aviões contrata- blica com regularidade essas chama- nenhum caso de empresa de carga que
dos mais sete embarcações alugadas, das. Herber Boscoli Lara propôs, e tenha entrado no setor de passagei-
a ECT iniciou em 1990 o 'Projeto o plenário aprovou, pedido a ser ros. "Enquanto que o mercado de
2000, Comodidade para o Cidadão', encaminhado ao governo, de tra- cargas é aberto, o de transporte de
com o objetivo de reduzir a ociosida- tamento igual para as empresas pri- passageiros é um oligopólio", reagiu
de de 50% então existente. Para a vadas e a ECT, pois entende que a Thiers Fattori Costa, ex-presidente
Fetcemg, o projeto extrapola a fina- Constituição de 1988 aboliu o mo- da CNT, ao ser questionado sobre
lidade principal da empresa. Desse nopólio do correio. a falta de ação da confederação con-
modo, o cidadão que utiliza os ser- tra o avanço dessa competição. "Is-
viços dos correios acaba subsidian- so é obrigação da NTC",respondeu.
° AS VANTAGENS DO CORREIO!'
do o transporte de carga, que a em- O empresário Roberto Mira, do
presa cobra abaixo do custo real. Custos CONET CORREIO Expresso Mira, mostrou ao plenário
A representação da NTC conside- uma série de fotos de ônibus de dife-
ra o sistema defranchising um "cla- Frete peso 27 698,85 24 835,93 rentes empresas fazendo coleta de
ro ajuste ou acordo de empresas, Frete valor 12 000,00 19 046,93 mercadorias nas zonas atacadistas
podendo ser entendido como coali- Despacho 22 275,20 2 960,96** de São Paulo. Entre essas fotos, via-
são ou integração de empresas, que CAT 38 349,70 4 790,92*** se, numa delas, a Real Expresso,
caracterizam abuso de poder econô- !TA 2 506,00 pertencente ao presidente da Rodo-
mico previsto nas leis 4 137, de 10 ADEME 21 365,20 nal, José Augusto Pinheiro; outras
de setembro de 1962, e 8 137, de Total 124 194,95 51 634,71 fotos mostravam ônibus de outras
27 de dezembro de 1990. " Compuscão ao eu. 10.5 de uma carga do k. rrc vaiar de Cr$ Al empresas, com bagageiro cheio de
A NTC está reivindicando à " na rata Belo Hawonte- Brasília, em cruteiros, ore tInela de ceterm,ro de 1992 cargas, no Terminal Rodoviário Tie-
[despacho e substi ruiria por Aviso do Recebimento
SNDE que a ECT se abstenha da CAI e substitui& por taxa de entrega tê, em São Paulo; em outra foto,

32 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


Ônibus de linha
regular e de
turismo recolhem
carga nas zonas
atacadistas de
São Paulo e não
são fiscalizados

via-se o flagrante de um ônibus da pos, de onde as mercadorias seguem se, defendeu o financiamento de cam-
Viação Itapemirim, transformado de avião para Manaus, e vice-versa. panhas de deputados federais e de
em veículo de carga, passando, na senadores para formar uma banca-
Via dos Bandeirantes (SP-348), pe- da que defenda os interesses do TRC
la pista ao lado da balança, sem pa- A falta de fiscalização no Congresso Nacional. Reinaldo
rar para pesagem. Parreiras, diretor da Minas-Goiás,
Olímpio Bueno Morato, diretor
facilita aos ônibus pediu uma ação judicial contra a
da Transportadora Itapemirim, ga- o serviço de coleta Brasil Total, empresa de transporte
rantiu que esses veículos passam pe- de cargas com capital das compa-
la balança e que aquilo que foi foto-
e entrega de carga nhias de ônibus; Guillermo ,Lam-
grafado seria uma exceção. brechts, diretor da Atlas Transportes,
O presidente do grupo, o empre- Roteiro de luta — Na defesa do se- cobrou da NTC uma posição da Ita-
sário Camilo Cola, foi questionado tor, foram feitas propostas para pemirim sobre o transporte irregular
sobre o assunto por jornalistas, du- uma operação de guerrilha contra de carga em ônibus; e Osw . aldo Dias
rante o Congresso. Contrariado, os ônibus: expedição de telex para de Castro pregou a exclusão dos em-
Cola negou as acusações, que achou as Secretarias da Fazenda de todos presários de ônibus da NTC.
da maior gravidade, e disse que os os estados, denunciando o transpor- Adalberto Pansan, presidente da
transportadores de carga "têm de te de mercadorias sem notas; envio Fet„cesp, propôs a elaboração de um
ficar de olho nos ônibus piratas que de mensagens dos sindicatos empre- dossiê sobre as irregularidades prati-
fazem esse serviço irregular". Dis- sariais aos postos de pesagem, e pre- cadas pelos ônibus, como, por exem-
se ter todo o interesse em encontrar sença de empregados dos sindicatos plo, o excesso de peso e o transporte
uma solução para o problema e, para pressionar os funcionários das de produtos perigosos, que colocam
"se depender de mim, até ofereceria balanças a pesarem os ônibus; e dis- em risco a vida dos passageiros, e
apoio financeiro para combater os tribuição de fotos e de material pa- sua ampla divulgação pela imprensa.
piratas". Lembrou que a Itapemirim ra a imprensa denunciando o trans- Ivo Dietrich, presidente da TNT Bra-
foi a primeira empresa a se preocu- porte ilegal de carga pelos ônibus. sil, quer maior articulação dos sindi-
par com a lei da balança, ao introdu- Mesmo que fossem aprovadas, catos na defesa dos direitos das em-
zir os ônibus de três eixos no mercado. essas medidas, segundo Thiers Cos- presas do setor e na exigência das
Segundo Cola, os ônibus "podem ta, seriam insuficientes. "Se os em- obrigações das empresas de ônibus.
transportar 1% de sua capacidade em presários de ônibus podem ter trans- Por fim, foi aprovada a luta em
encomendas, o que resulta em 2% da portadoras de carga, por que nós favor da desregulamentação, a su-
receita". Ele esclareceu que a Trans- não podeos comprar ônibus?", inda- gestão ao governo da criação da ca-
portadora Itapemirim possui, além de gou, para propor aos empresários tegoria do ônibus misto, com identi-
mil caminhões pequenos, sessenta que se empenhem na luta em favor ficação, para que o passageiro sai-
ônibus transformados em baús de da desregulamentação do transpor- ba que está viajando, com carga,
carga, que fazem o transporte de te de passageiros. além da formação de uma comissão
mercadorias entre seu terminal de Por sua vez, Areli Teixeira de La- remunerada, dentro da NTC, para
Guarulhos e o Aeroporto de Viraco- ra, presidente do sindicato paranaen- executar essas medidas.

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 33


Plercosul 31 de dezembro de 1994, mas as ques-
tões de fronteira e a falta de homo-
geneidade econômica entre os países
deverão, num contexto geral, difi-
dois a quatro dias para conseguir ul-
trapassá-la. Daí a necessidade de
construção de uma ponte sobre o rio
da Prata, a partir de São Bora, no
ainda depende cultar a integração, previu o presi- Rio Grande do Sul. Quanto à cons-
dente da Fetransul, Romeu Luft. trução da Expressway, rodovia proje-
de acertos Os caminhões que cruzam as fron-
teiras respondem, segundo a Fetran-
tada para ligar São Paulo a Buenos
Aires, de custo estimado em US$ 4 bi-
sul, por mais de 80070 do transporte lhões, foi definida por Romeu Luft
efetuado na região, e o movimento como "um sonho desrespeitoso".
anual de cargas é da ordem de 10 O transporte de cargas, no entan-
Abertura do mercado congestionou milhões de toneladas, das quais 707o to, ainda enfrenta dificuldades, tais
circulam entre Brasil e Argentina. como a da manutenção do `cupo'
fronteiras e Na prática, as dificuldades, que com o Uruguai e com o Paraguai e as
muitos entraves ainda persistem não tardaram a aparecer, vão des- diferenças de peso e de dimensão dos
de o precário estado de conservação veículos. Até 31 de dezembro de
para o setor (e as dimensões) das rodovias até a 1994, os caminhões brasileiros não
falta de estrutura das cidades de fron- poderão ultrapassar 18 m de compri-
teira para receber os caminhões, as- mento, embora cheguem a 18,15 me-
sim como a burocracia no trânsito tros. "As rodovias uruguaias, por
aduaneiro, que retardam a travessia. sua vez, não suportam o peso dos
•0 terna do Mercosul, apresenta- Isso quando não é cobrada alguma caminhões", comenta Luft.
do pela Fetransul — Federação das propina pela fiscalização, como foi Aos interessados em ingressar
Empresas de •Transporte de Cargas mostrado em filme documentário no mercado, Luft faz um alerta: "De-
do Rio Grande do Sul, mostrou que exibido ao plenário do Congresso. vem participar da disputa apenas
o estado acabou se tornando o prin- O estudo da Fetransul mostrou as empresas que tenham alguma ex-
cipal corredor de passagem de pro- que, de todas as fronteiras, a de Uru- periência em transporte internacio-
dutos comercializados com os qua- guaiana (na prática, única passagem nal, e estrutura para sustentá-lo,
tro países conveniados, embora a in- para a Argentina) é a que apresenta que possam manter instalações nas
fra-estrutura não seja suficiente. O mais problemas: apenas 30% dos ca- fronteiras e que conheçam bem as
prazo para o fim de todas as barrei- minhões levam um só dia na passa- manhas dos hermanos", embora
ras e restrições alfandegárias vai até gem, enquanto que o restante leva de não as especificasse.

Em Uruguaiana, na fronteira Brasil-Argentina, residem os maiores entraves à integração

34 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


Os veículos Volvo estão em conformidade com o PROCONVE.
Toda a potência
que você precisa
com o conforto
que você merece.

Dessa vez a Volvo passou das Nova no conforto, nova no desempenho e com
LL— medidas: cabine mais espaçosa, portas a mesma qualidade de sempre. Os veículos
maiores,cama mais larga e 4 novas faixas de Volvo continuam rodando mais,
potência. O NL 10 com 310e 340cv e o NL 12 transportando mais e ficando mais tempo
com 360 e 410cv. Todos com motor intercooler. disponíveis para o trabalho.
É a nova linha Volvo NL. Só que agora com muito mais conforto.
A Volvo fez de tudo para o motorista se sentir aumentar a produtividade do motorista e,
em casa durante as 24 horas do dia. Ou seja: na conseqüentemente,da sua empresa. Nova linha
hora de dirigir, a Volvo respeitou a lei do menor Volvo NL. Aqui, potência,conforto e
esforço. E na hora de descansar,não mediu rentabilidade rodam juntos.
esforços para proporcionar maior conforto.
Afinal, nada como uma boa noite de sono para
"VOLVO
VOLVO DO BRASIL N,E1(1 OS
A I INo kl BI IS( 1-1Lk DL 01 IVIARA,2h00 2.60-D■K■ I I.L (0,41)271-SI I 1 CURITIBA - PARANA - BRASIL
RUMOS & RUMORES José Luiz Vitú do Carmo

Um ruído na cidade
No início de janeiro, um automóvel atual lei municipal sobre o assunto,
que se dirigia para o interior de uma em 1987. Até hoje, porém, o texto ain-
garagem automática, na rua Florêncio da carece da necessária regulamentação.
de Abreu, centro de São Paulo, entrou Um dos itens mais importantes, na ex-
por uma porta errada, desprovida de pectativa dos técnicos, será o disciplina-
sinalização, e mergulhou no poço do mento das atividades das empresas que
elevador. O motorista e um segundo cuidam da manutenção dos elevadores.
ocupante do veículo morreram ao des- As 'conservadoras', como são chama-
pencar de uma altura de 12 metros. O das, têm responsabilidade perante a
caso acendeu imediatamente um holofo- prefeitura, mas, pelo menos em São
te sobre as possíveis deficiências desse Paulo, constituem uma assustadora ba-
tipo de garagem, e acrescentou mais bel. A primeira blitz encontrou muitas
um dado à crônica da insegurança do delas instaladas em fundos de quintais,
trânsito nas grandes cidades. e até mesmo uma que funcionava num
Até que ponto seriam confiáveis as banheiro. No extremo oposto, umas
garagens automáticas? Em busca de dade dos elevadores que transportam poucas dessas firmas são exemplos de
resposta, uma blitz realizada logo após veículos: de tão minoritários, torna- competência e de idoneidade. A regula-
o acidente desnudou um cenário preo- ram-se pontos quase invisíveis no ma- mentação também poderá tornar obri-
cupante. De pavimentos mal-ilumina- pa da cidade verticalizada. Distribuí- gatória a comunicação de quaisquer
dos a máquinas vazando óleo, de extin- dos pelas 38 garagens, somam apenas acidentes ao órgão fiscalizador.
tores vencidos a plataformas destituí- 116 unidades em toda a capital. En- Contudo, aos otimistas que hoje ali-
das de faixas de segurança, um comple- quanto isso, os elevadores comuns, mentam essas esperanças, opõem-se
to inventário de abusos materializou- aqueles que conduzem, basicamente, as reticências de alguns céticos. Segun-
se diante das autoridades. Essas defici- pessoas, em prédios residenciais ou co- do estes, a regulamentação em nada
ências, ressalte-se, não costumam che- merciais, chegam a 36 mil. mudará a 'situação dos estacionamen-
gar aos olhos dos usuários dos estacio- tos automáticos, em face de arraiga-
namentos, uma vez que o acesso aos Cada um por si — O Contru-32 dispõe dos usos e costumes de seus operado-
nichos onde ficam os veículos é privati- de dez engenheiros, que passam boa res. Tal visão prevalece numa firma
vo dos manobristas. parte do tempo vistoriando elevadores. conservadora que faz parte do rol das
O resultado imediato da investida A pequena equipe tem seu roteiro mon- bem-conceituadas. Após o rebuliço pro-
oficial foi um número elevado de san- tado essencialmente a partir de denún- vocado pela blitz recente, seus dirigen-
ções, considerando-se o universo rela- cias, e mal consegue atender a todas tes refugaram um pedido de assesso-
tivamente restrito dos estacionamen- as solicitações. É que, quando está ria de um desses estacionamentos, sem
tos automáticos — apenas 38 no mu- em jogo o transporte do próprio usuá- mesmo abrir espaço para a discussão
nicípio de São Paulo. rio, em carne e osso, o instinto de so- de um orçamento."Não importa quan-
Foram interditados quatro elevado- brevivência faz crescer o rigor ante fa- to paguem, seria um mau negócio",
res, lavradas dez multas e expedidas 34 lhas e riscos. Quanto às garagens, além garante um dos donos. "Esse tipo de
intimações para providências urgentes. do desconhecimento do que se passa coisa não pode funcionar hem." Sua
A responsabilidade sobre essas gara- em áreas recônditas, o motorista con- tese é a de que as garagens automá-
gens paulistanas não está afeta a um frontado com deficiências opta, em ge- ticas desenvolveram tal cultura de
órgão de trânsito, mas à Secretaria ral, pela saída individualista: safa-se improvisação, que qualquer supervi-
Municipal que cuida dos problemas do perigo simplesmente buscando ou- são resultaria inútil. Exagero? Talvez.
de Habitação. O Departamento de Con- tro lugar para estacionar. Mas, se pode haver um fundo de ver-
trole do Uso de Imóveis dessa Secre- Assim, só o ruído de uma tragédia dade na advertência, convém, no mí-
taria possui um setor — o Contru-32 como a da Florênck) de Abreu conse- nimo, consigná-la, na esperança de
— ao qual compete fiscalizar tais es- gue atrair atenção para o problema. que as autoridades, os usuários e os
tabelecimentos. Na verdade, o Con- Como ação preventiva, sabe-se apenas próprios donos das garagens reflitam
tru-32 fiscaliza elevadores — de todos de uma blitz, realizada há cerca de se- sobre a questão e a encarem com a ne-
os tipos. A conseqüência é certa orfan- te anos, e que resultou na criação da cessária seriedade.

38 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


T eimoso, dispositivo
anti-roubo pneumático
As peças suprem a diferentes motores O assento é oferecido em três versões
O técnico industrial Wolfgang
Peter Goosen, de Curitiba, come-
çou a produzir um equipamento
anti-roubo para veículois dotados
de sistema de freios pneumático,
Mahle oferece kit Recaro faz assento
para motor diesel para caminhão
que é instalado no freio de esta-
cionamento e retém o veículo es- A Mahle, fabricante de pistões, Driver 2 000 é o assento que a
tacionado. Dotado de tírn conjun- está lançando o Kit Plus MWM Keiper Recaro do Brasil desenvol-
to de válvulas Wabco, livres de D229, para reparo de motores veu para motorista de caminhão,
manutenção, o Teimoso, como diesel, composto de dois pistões em versões de suspensão pneumá-
foi denominado, é montado den- com pinos e travas, duas camisas, tica, mecânica e modelo fixo. O
tro de uma caixa metálica lacra- um jogo de anéis, duas juntas Driver 2 000 só não tem o item
da, que se liga à mangueira do de cabeçote de 1,4 mm, uma bis- de absorção de suor, já usado pe-
freio de estacionamento por meio naga de veda-rosca e um boné co- la Recaro alemã, mas seu geren-
de tubulação própria. mo brinde. As juntas, importa- te de desenvolvimento de produ-
Goosen patenteou seu Teimo- das da Alemanha são idênticas to, Wolfgang Peters não descar-
so e o instalou em algumas fro- as do original do motor. O kit ta a possibilidade de introduzi-lo
tas como a da Transiguaçu. In- pode ser encontrado nas distribui- aqui. O novo assento pode ser
formações e vendas pelo fone doras de autopeças, mas a fábri- adquirido na própria Keiper Reca-
(041) 277-1388. ca não quis informar o valor. ro pelo fone (011) 445-2122.

A parelho simula
resistência ohmica
O Simulador DR 11, da SSE
Sentinela Sistemas Eletrônicos
afere a bóia e o medidor de com-
bustível, o sensor da temperatu-
ra e o medidor da pressão do
óleo. Esse aparelho simula a resis-
tência ohmica (elétrica) com 9907o
de precisão.

NZ
A Chevrolet oferece, além da Bonanza e Veraneio, a versão superluxo El Camino

Linha 93 das picapes GM traz inovações


Direção e embreagem hidráuli- nel de instrumentos. Estas são
cas, tanque de combustível de plás- as principais inovações introduzi-
tico, reposicionamento do motor das na.; picapes Chevrolet linha
e fixação em quatro pontos com 1993, com objetivo de aumentar
coxins de borracha, suspensão o conforto e a segurança.
dianteira de curso 30 mm mais Além das picapes de cabinas
longo, com pivôs; suspensão tra- simples e dupla, da Bonanza e
seira com mola de duplo estágio, da Veraneio, a General Motors
novo desi2n do quadro de chassi, introduziu a versão top de linha,
coluna de • direção regulável em a El Camino.
cinco posições, mais itens no pai-
O instrumento mede resistência de até 10 k

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 39


Eco-line, a nova
bateria da Ajax
A empresa de Acumuladores
Ajax, de Bauru (SP), começou a O veículo é usado pela Prefeitura de São Paulo, para atender situacões de emergência
produzir uma bateria com autono-
mia de mais de um ano, antes
da primeira reposição de água e
sobrevida de três anos. A fábri-
ca informa que a bateria, deno-
Camper 4x4 para comando avançado de saúde
minada Eco-line, é dotada de me- A Envemo Engenharia de Veí- resgate e atendimento a feridos
didas técnicas que combatem a culos e Motores, de São Paulo, graves em acidentes. Dotado de
liberação de gases e partículas desenvolveu para a Prefeitura de equipamentos para romper ferra-
de ácido, o que eleva o índice de São Paulo o utilitário Camper gens e primeiros socorros até mi-
reciclagem dos materiais, possibi- na versão 4x4 para uso como nicirurgias, o veículo é montado
litando reaproveitamento de 85% veículo avançado para orienta- sobre a picape (Thevrolet 1)-20 e
de sua composição. ção e comando de operações em teve participação de representan-
As grades das placas são de acidentes de grandes proporções tes do Corpo de Bombeiros e das
chumbo de baixo teor de anti- ou catástrofes. Secretarias de Saúde do Estado
mônio, que diminuem a resistên- Além disso, a Envemo com a e da Prefeitura de São Paulo no
cia interna e aumenta a vida útil General Motors desenvolveram seu desenvolvimento.
da bateria em 30%. um veículo especial para uso em

TRADE SYSTEM Sua TRANSPORTADORA está com problemas?

CI Administrar transportes é carga pesada?


No TRADE SYSTEM tudo isso ficará
muito mais leve.
TRADE SYSTEM é informática dirigida
a transportes, onde sua frota roda rápido.
Seu objetivo é a unificação de informações, agilidade de
trabalho, simplicidade no trato.
São vários módulos à sua escolha, que atendem não só a
Transportes, como também Administração e Finanças.
O TRADE SYSTEM unifica e gerencia sua empresa, podendo
TRATE SEU BRUTO COM RÉDEA CURTA_
EXIJA MANGUEIRAS ESPIRAIS
TECOIL, DA TECALON_
evoluir gradativamente conforme suas necessidades.
O TRADE SYSTEM poderá ser vendido ou alugado, sendo Quem tem anos de estrada e muito caminho pela frente, pede
portável para ambientes: DOS, REDES e UNIX, permitindo mangueiras espirais da carreta pelo nome: Tecoil da Tecalon.
interligações com suas filiais e também com sistemas via Produzidas com tubo de nylon super resistente, suportam as mais
satélite (RODOSAT, AUTOTRAC). severas condições de uso e variações climáticas,
Preço não é problema, ele poderá ser dimensionado de acordo Por isso,são peças originais de todas as rnontadoras e são exportadas
com suas possibilidades. para o mundo todo,coma mesma qualidade que é vendida no Brasil.
TRADE SYSTEM é distribuído pela LOGIC SYSTEM, uma empresa
Caminhoneiro que é vivo e quer permanecer vivo, não se engana,
especializada em aliviar cargas pesadas.
exige Tecoil. O resultado é uma notável diminuição do tempo de
Com TRADE SYSTEM seus negócios
resposta e a máxima tranquilidade e segurança para quem dirige.
rodam tranquilos.
Facílimas de instalar, as mangueiras espirais Tecoil garantem
FAÇA SUA Fone: (011) 535-5277 economia, pois duram anos e anos e nunca deixam você na mão.
Na hora da troca,não economize coma sua segurança. Mangueira
CONSULTA Fax:(011) 533-3330
LOGIC SYSTEM Informática e Comércio Ltda. LOGICSYSTEM espiral da carreta é Tecoll. O resto é enrolaçao.
Av. Nações Unidas. 13797-16v andar — Bloco II — São Paulo - SP
CEP 04794-000 R. Rego Barros, 729/745 - V. Formosa
Fone:(011)918-9300 - Fax: 271-1502
Cep 03460-000 - São Paulo - SP
'TECNOLOGIA EM NYLON'
FRETAMENTO •Preço. É essa a palavra mági- Muitas empresas
ca do mercado de fretamento, dian- preferem dar
descontos,
te da profunda recessão industrial
Diante da crise, o mercado do país, que se reflete diretamen-
mesmo arcando
com algum
muda de perfil e os te nas empresas do segmento. "Es- prejuízo, do
que perder
preços baixos ganham a briga tá havendo um leilão dos servi-
clientes
ços", queixa-se Jerônimo Ardito,
com a qualidade diretor-presidente da Empresa de
Turismo Santa Rita, e ex-presiden-
te do Transfretur, sindicato das
empresas de São Paulo, Guaru-
lhos, Osasco, Carapicuíba e Itape-
cirica da Serra.

'ferta "Houve uma inversão de exi-


gências por parte das contratantes,
que, agora mais do que nunca,
dão prioridade ao preço na esco-

irresistível lha de sua prestadora de serviços",


argumenta Márcio Soares, geren-
te operacional da São Jorge Trans-
portes Especiais, sediada em Ma- Péssimos números —Para com-
naus (AM). Reforçando a tese, provar o que chama de "dramática
Martinho Moura, presidente da situação, da pior crise pela qual o
Antur — Associação Nacional das setor já passou", Ardito exemplifi-
Empresas de Turismo, não hesi- ca com sua empresa. Mais de 35%
ta em afirmar "que, muitas vezes, dos seus 102 veículos estão ocio-
arcamos com o prejuízo para não sos. "Há empresas que registram
perdermos o cliente". Na opinião até 70% de ociosidade", afirma.
de Ardito, isso deixa as transpor- Na média, ele calcula uma que-
tadoras muito vulneráveis, dan- da de 50% do mercado em 1992. Vendramini: é preciso ganhar confiança
do margem para achatamento ain- A Santa Rita já demitiu 30%
da maior dos preços dos fretes. de seus funcionários, e, atualmen- to, segurança e bem-estar para
Apesar de não ser novidade, te, funciona com um quadro de os passageiros", diz.
a seleção pelo preço baixo está 140 pessoas. "Temos de manter Em Manaus, onde a atividade
incomodando principalmente em- vários motoristas, ainda que ocio- industrial também despencou, a
presas que investem num servi- sos, para eventuais contratações ponto de hoje manter trabalhan-
ço de qualidade e não conseguem esporádicas", afirma. As despe- do apenas 35 mil pessoas contra
concorrer com outras que apa- sas trabalhistas e os encargos con- as 90 mil de 1991, o mercado de
recem sem compromisso algum. tinuam saindo do caixa. A ofici- fretamento, com 54 empresas, ex-
Ardito conta que em São Pau- na e outras instalações necessá- perimenta, igualmente, a lei do
lo tem ocorrido, freqüentemen- rias para dar suporte à higiene e mais esperto. "Na crise, muitas
te, a invasão do mercado por à boa aparência dos ônibus foram transportadoras agem como se tu-
transportadoras rodoviárias de li- mantidas, assim como os reparos do fosse válido", diz Márcio So-
nhas regulares, e também pelas nas partes interna e externa do ares, da São Jorge. Em conseqüên-
chamadas clandestinas. Estas são veículo. "Zelamos por aquilo que cia, o nível geral de qualidade se
descaradamente irregulares, diz, é a essência do serviço — confor- nivelou por baixo."Por exemplo,
mas as rodoviárias conseguem le-
galizar o trabalho de fretamen-
to com bastante facilidade nos Do outro lado za pelo gasto extra da empresa pa-
órgãos competentes. ra trazer osfuncionários. O contro-
"Com o custo garantido pelas da linha le da qualidade, independente da
planilhas, o serviço de fretamen- empresa de ônibus, é realizado por
to, para essas empresas, é nego- Sem poder prescindir do freta- um funcionário, que faz relatórios
mento, as contratantes de serviço periódicos sobre as viagens.
ciado como um 'bico', e qual- admitem que, em épocas de crise, Na Auto/atina, que movimenta
quer receita que se originar dele a área também contribui para enxu- mais de 42 mil passageiros/dia de
será sempre lucro", explica. A gamento dos custos. "Já tivemos todas as unidades fabris, em todo
própria Santa Rita, perdeu, recen- 110 linhas com quatorze empresas", o país, também não há rotativida-
temente, um cliente de cinco afirma Gilberto Scarpinati, gerente de de empresas servidoras. Para se
anos, com quem mantinha 'folha de Serviços e Transportes da Vi/la- ter uma idéia, Raul Vilhena, analis-
limpa', para uma rodoviária que res, que, hoje, consegue transpor- ta de tráfego, conta que, entre as
aproveita os períodos ociosos dos tar com tranquilidade seus dois mil 39 transportadoras, há uma empre-
veículos para fretar funcionários. funcionários, aproximadamente, sa com quase 35 anos de serviços
em 68 linhas operadas por 47 car- prestados, a Turismo Rodrigues.
"A competição é desleal, pois es-
ros de uma só empresa, com ele "Em oito anos, trocamos apenas
sas transportadoras podem explo- há mais de cinco anos. Os veículos uma vez de empresa", afirma Tet-
rar dois segmentos, enquanto as rodam diariamente 3 500 km. A ad- suo Takaki, supervisor de Transpor-
empresas de fretamento se restrin- ministração da operação do trans- tes e Programa de Veículos. Os 683
gem a um só mercado, atualmen- porte dos funcionários está volta- ônibus percorrem diariamente mais
te em franca recessão", lamenta. da para a otimização, reconhece. de 97 mil km. Idade média de cin-
Sem mencionar nomes, Jerôni- "Nosso custo com transporte ultra- co anos para o veículo e higiene
mo Ardito garante, no entanto, passa Cri 700 mil/mês (preços de são, além da pontualidade, os prin-
que as transportadoras que mani- janeiro) por funcionário", justifi- cipais requisitos exigidos. Na Auto-
festam essa atitude não são da ca. Pontualidade é o critério princi- latina, há também a figura do mo-
pal exigido, mas limpeza, conforto nitor, para relatar eventuais recla-
'raia miúda'. "São grandes gru-
e segurança não são relegados a se- mações ou sugestões. Sem admitir
pos, que têm condições de ban- gundo plano. "Os funcionários re- a política de redução de linhas • no
car descontos de até 5007o e que- clamam", diz. Quando o carro que- fretamento, Takaki informa que,
rem monopolizar o mercado", bra, a transportadora, conforme para a empresa, o transporte do
afirma, ressaltando que batiza a cláusula contratual, se responsabili- funcionário custa Cri 540 mil/mês.
prática de 'abuso de poder'.

42 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


tador de serviço e contratante é
um termômetro da qualidade do
serviço", afirma.
Especialista em markeling em-
presarial há mais de vinte anos,
Vendramini defende, principal-
mente em épocas de crise, a manu-
tenção da boa imagem no mercado
e também junto ao cliente já con-
Redução da produção industrial diminui fretamento por meio da junção de linhas
tratado. "O segredo da prestação
de serviço está em pequenos atos
muitas contratantes abrem mão ponderante como fonte de recei- que possam ganhar a confiabilida-
da idade da frota para ter um ta", diz Martinho. de do cliente", afirma. Como
custo menor de frete", comenta. exemplo, cita o fretamento con-
No entanto, Soares afirma que Boa imagem — Se a saída para tratado pelo programa "Terceira
as transportadoras sem contro- a crise não depende das transpor- Idade", do Sesc. "Os motoristas
le de custos e sem visão empre- tadoras, uma vez que "apenas o levaram uma flor para cada se-
sarial acabam levando a pior. aquecimento da economia trará nhora presente ao passeio", conta.
"Há empresas se mutilando sem melhoria para o setor", confor- Ele acredita que a qualidade
perceberem isso", afirma. Em me diz Moura, tirar lições positi- do serviço, por ser mais difícil
sua opinião, essas empresas não vas é o que resta a fazer. "A São de medir do que a qualidade de
agüentarão ficar no mercado, Jorge aprendeu muito com as di- um produto industrial, faz com
que, depois dessa crise, será mui- ficuldades", diz o gerente opera- que a imagem de uma prestado-
to mais exigente. cional. Desde 1987, segundo Soa- rase construa graças a um relacio-
Com uma frota de 138 ônibus, res, a empresa investe no trinô- namento de cordialidade, além
rodoviários e micros, para os seis mio preço/qualidade/eficiência. dos cuidados rigorosos com o aten-
mil funcionários/dia que movi- "Adotamos definitivamente o dimento às necessidades, que são
menta, a São Jorge, segundo seu trio", brinca, ressaltando que, a de dar conforto aos passageiros
gerente operacional, não entrou nele, a pontualidade, veículos lim- e a de proporcionar a pontualida-
na onda do preço aviltado. Traba- pos e de bom aspecto, interno e de para o empresário contratan-
lhando para dez grandes indús- externo, e ainda um mínimo de te. "Delicadeza e atenção no dia-
trias, entre as q. uais a Bosch, a problemas mecânicos, fazem su- a-dia não pesam na planilha de
Sony, a Ericson, a Petrobrás e a cesso o tempo todo. custos mas podem retornar sob
Basf, a transportadora conseguiu "Para isso, mantemos um su- a forma de receitas apreciáveis",
não perder clientes, apesar de ter porte técnico e operacional ágil, ensina. Na Ipojucatur, os funcio-
sofrido prejuízo com a supressão com fiscalização e controle rígi- nários que têm contato mais dire-
de rotas e o conseqüente aumen- dos do nível de qualidade do ser- to com os clientes já aprenderam
to da quilometragem nas que per- viço prestado." A sistemática in- a importância do bom tratamen-
manecem. "Em Manaus, vigora clui um monitor específico para to, diz Vendramini.
uma remuneração por rota, que cada cliente, responsável pelos ve- Apesar da crise, a Ipojucatur
estabelece uma quilometragem ículos, pela resolução ou pelo en- não está com nenhum ônibus ocio-
média, não havendo espaço para caminhamento de eventuais pro- so. "Nossos preços não consegui-
negociação", afirma. Com a cri- blemas até a diretoria da transpor- ram acompanhar a inflação", ad-
se, a solução foi o corte de cerca tadora antes que o cliente o faça. mite Vendramini. Porém, não
de 12% dos funcionários. O qua- Outro reflexo da busca de saí- houve necessidade de demissão
dro atual dispõe de 250 pessoas. das, exigida pela recessão, foi "a- extra gerada pela crise. Trabalhan-
No quadro recessivo geral, o brir os ouvidos aos nossos pró- do com um planejamento anual,
turismo não compensou a queda prios funçionários, que, na maio- a Ipojucatur, que rodou 150 mil
do transporte contratado pelas in- ria das vezes, nos trazem informa- quilômetros em dezembro de
dústrias. "A base da maioria das ções e sugestões valiosas". 1992, e transportou, apenas pa-
empresas do setor é o fretamen- Luís Carlos Vendramini, con- ra o fretamento, 90 mil passagei-
to, pois o turismo é sazonal", diz sultor da Ipojucatur, de São Pau- ros, espera crescer em 1993. "Is-
Martinho, da Antur. Até mesmo lo, concorda, também, que os so não significa, necessariamen-
no Rio de Janeiro, ou em Ma- eventuais problemas devam ser te, investimento em frota", diz.
naus, onde o turismo é mais for- prevenidos, antes de gerar recla- As prioridades para a execução
te, as transportadoras, na mé- mações por parte dos contratan- dos novos projetos serão realiza-
dia, faturam 80% com o freta- tes. "Ouvi de um cliente que a das com cuidado, de acordo com
mento."É raro o turismo ser pre- freqüência de conversas entre pres- os sinais da economia, sintetiza.

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 43


CASO VASP

Até agora, a privatização,


denunciada em CPIe na Assembléia
Legislativa, só rendeu dívidas
e a decadência financeira e
da imagem da empresa

Algo de do ano, divulgou que as dívidas


atingiam US$ 1,5 bilhão, entre
curto e longo prazo. O patrimô-
nio líquido negativo da Vasp, de
US$ 53 milhões, na época da pri-

podre no ar vatização, foi zerado em setem-


bro de 1990, graças a um emprés-
timo do Banespa, de última ho-
ra. A Vasp também não paga en-
cargos trabalhistas, os salários
•Lançada com muita pompa pe- 1991, dezenove aviões. Em 1992, estão atrasados e todos os impos-
lo então senador Orestes Quércia, ampliou sua frota de 32 aviões tos estão vencidos há mais de
em campanha eleitoral visando para 53, numa época visivelmen- um ano. A empresa foi proibida
o governo paulista, em 1986, a te crítica não só para a aviação de voar na Venezuela por falta
idéia da privatização da Vasp lo- brasileira como também para a de pagamento do serviço de rádio
go se transformou num símbolo internacional. A empresa de con- desse país. Calcula-se, hoje, que
de modernidade econômica, ao sultoria Price Waterhouse, em ela tenha um patrimônio negati-
qual a imprensa dedicou enormes avaliação econômico-financeira vo de US$ 200 milhões.
elogios, vislumbrando na medi- da Vasp, no final de 1990, reco-
da a eliminação de um foco de mendou o aluguel de seis aerona- Pagando a conta — Enquanto is-
corrupção e de malversação do ves em três anos. so, o maior avalista, o governo
dinheiro público estadual. Canhedo não pagou o leasing do estado, que ainda possui 40%
Depois de cinco anos de todo das aeronaves alugadas, e, em da empresa, está sem receber se-
um complexo e nebuloso proces- novembro de 1992, duas empre- quer os encargos das suas dívidas.
so de transferência da sexagenária sas locatárias, Guiness Peat Avia- As contragarantias dadas por Ca-
empresa para as mãos de Wagner tion (irlandesa) e Ansett Leasing nhedo na época da privatização,
Canhedo, conhecido homem de (australiana), arrestaram 22 Bo- alguns imóveis urbanos suficien-
negócios do setor de transportes, eings. Em janeiro passado, mais tes para garantir cerca de US$
a opinião pública, principalmen- um Boeing foi arrestado por fal- 340 milhões, o montante que o
te a paulista, começa a perceber ta de pagamento. estado bancava, foram trocadas
que pode ter ficado com o mico A dívida com o Banco do Bra- depois do leilão. Além de as pri-
na mão: além de não ter recebi- sil e com outras instituições finan- meiras também já estarem com-
do dinheiro algum no negócio, o ceiras também não vem sendo qui- prometidas em outros negócios
contribuinte (representado pelo tada. Wagner Canhedo recusa-se de empresas de Canhedo, as subs-
estado) ganhou, de presente, cres- sistematicamente a informar aos titutas, duas fazendas no Ara-
centes dívidas, que se avolumam próprios acionistas a situação da guaia, estão superavaliadas (US$
com a má administração e com empresa aérea, sob a argumenta- 68 milhões), e, ainda, são de difí-
sérios indícios de má intenção ção de ser ele o sócio majoritário. cil liquidez. Não foram ainda exe-
do comprador da empresa aérea. A última tentativa dos minoritá- cutadas, apesar da falta de paga-
Desde que assumiu a empresa, rios foi empreendida em 14 de ja- mento das dívidas desde 1990.
em outubro de 1990, Canhedo neiro passado, quando houve no- Já houve uma ação do Ministé-
se lançou numa política suicida va recusa em mostrar as contas. rio Público Estadual, em Brasília,
de investimentos. Para se ter uma A imprensa vem noticiando o para a retirada do aval do gover-
idéia, a Vasp alugou, apenas em que consegue descobrir. No final no das dívidas da Vasp, em novem-

44 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


CPI do Congresso Nacional estão
documentadas num dossiê, e o
caso Vasp é acompanhado rotinei-
ramente, passo a passo.
"As irregularidades na Vasp
já vêm de longe", diz Tânia Men-
des. Segundo ela, a Vasp sempre
foi "espaço para manobras políti-
cas de sucessivos governos de esta-
do". Em 1987, acumulava dívi-
das de longo prazo de mais de
USS 600 milhões, mais US$ 276
milhões de débitos de curto pra-
zo, e um patrimônio líquido nega-
bro do ano passado. Canhedo e so a documentos importantes tivo de US$ 53 milhões.
Quércia foram indiciados em in- em prazo hábil até acordos eleito- Considerando que o ramo de
quérito na Polícia Federal para reiros já denunciados, impediram negócios da aviação sempre en-
responderem às irregularidades. que as apurações chegassem ao volve quantias elevadas de recur-
O enquadramento do ex-governa- fim e tivessem um resultado satis- sos, a assessora legislativa afir-
dor foi suspenso pelo juiz João fatório. O relatório da CPI, vota- ma que a situação não era irrever-
Carlos da Rocha Mattos, e o pro- do em 19 de novembro, inocen- sível para a empresa, desde que
cesso de Canhedo ainda não te- tou Quércia e garantiu que a pri- tivessem sido tomadas medidas
ve solução. Na época do inquéri- vatização foi totalmente regular. administrativas corretas. "A ges-
to da PI'', Canhedo, quase que in- Enquanto isso, na Comissão de tão da Vasp nunca foi pautada
genuamente, assumiu que "deu Fiscalização de Controle da As- pela seriedade empresarial", afir-
um passo maior do que as per- sembléia Legislativa de São Pau- ma, lembrando a mudança total
nas", mas chegou a ameaçar de- lo, a bancada do PT, representada do perfil da frota de aviões, entre
volver a Vasp ao estado e reque- pelos deputados Rui Falcão e Ar- 1979 e 1982. Foram adquiridos
rer judicialmente os US$ 43 mi- lindo Chinaglia e assessorada por doze Airbus, numa frota de duas
lhões pagos por ele por 60% das Tânia Mendes, a disposição é ain- dezenas de Boeings, sem autono-
ações, caso o governo suspendes- da a de resolver o problema, e não mia de vôo para rotas internacio-
se os pagamentos das dívidas. deixar que o Estado de São Paulo nais, e superfaturados em relação
Além disso, há ações popula- pague a conta pela negociata. aos mesmos modelos adquiridos
res contra o processo de privatiza- "Tentaremos receber o que é pela Varig na mesma época. No-
ção, já encaminhadas ao Ministé- devido ao governo, nem que seja ve dessas aeronaves tiveram suas
rio Público Estadual pelos deputa- em 2009, prazo para o vencimento compras canceladas na gestão
dos José Dirceu e Luís Gushiken; total da dívida da Vasp", diz Tâ- posterior, do governo Montoro.
requerimentos da Assembléia Le- nia Mendes. Mas os deputados re- Segundo Tânia Mendes, ape-
gislativa ao governador Fleury, conhecem as dificuldades para a sar de a Vasp não possuir permis-
solicitando esclarecimentos sobre solução do problema, desde obs- são para voar em céus estrangei-
a situação das dívidas e da empre- truções políticas ás reuniões da ros na época, a grande briga, "ga-
sa aérea; além de outras tentati- Comissão até recusas de prestação nha por Canhedo inexplicavelmen-
vas de pressão de parlamentares de contas pelos envolvidos. "O te logo após a privatização", de-
oposicionistas, principalmente pior é que tudo foi envolto em apa- veria ter sido por essa autoriza-
do PT, para discussão e encami- rente legalidade, pois a Comissão ção, junto ao DAC. "Uma em-
nhamento de averigüações. Aven- de Privatização tinha autonomia presa aérea precisa de receitas
ta-se a hipótese de reabertura da para vetar muitas irregularidades em moeda forte para equilibrar
CPI, instaurada em agosto de e, pelo contrário, endossou tudo, suas contas", diz.
1992. Na ocasião, foram levanta- do começo ao fim", afirmam. Outro questionamento, ainda
das sérias suspeitas, muitas delas sobre a dramática situação econô-
comprovadas,sobre graves irregu- Cartas marcadas — A Comissão mico-financeira da Vasp na épo-
laridades ocorridas durante o pro- de Fiscalização e Controle, que ca da privatização, se refere ao
cesso de privatização. tem o objetivo de analisar e de patrimônio negativo. A assesso-
Obstruções políticas de grupos fiscalizar os atos do governo e ra legislativa lembra das repeti-
ligados a Quércia (com envolvi- as empresas estatais na Assem- das recusas da Comissão de Priva-
mento direto do presidente da bléia Legislativa, investiga proble- tização em apresentar os relató-
CPI, Nilson Gibson), que se esten- mas na Vasp desde 1987. Todas rios financeiros elaborados pela
deram desde impedimento de aces- as irregularidades levantadas na Consultora Price Waterhouse so-

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 45


Rui Falcão diz que a Itamaraty e TAM) e o Consór-

Foto: Divulgação
disposição da bancada do PT é cio Canhedo-VOE.
resolver o problema e impedir
que o povo paulistano pague
Aí entra uma discussão sobre
a conta da negociata três pareceres diferentes da Pro-
curadoria do Estado, responden-
do a consultas sobre formas de
bre a situação da empresa nos emissão de novas ações preferen- pagamento da Vasp pelos dois in-
anos de 1988, 1989 e 1990. Quan- ciais para transferência ao com- teressados.
do a Comissão teve acesso aos prador. Assim, a participação Na CPI, o comandante Rolim
números da empresa de consulto- do acionista majoritário diminuiu Amaro, presidente da TAM, afir-
ria norte-americana, em 1992, sem que ele recebesse recursos. mou que não teve acesso a parecer
foi possível saber das ressalvas Por esse método, o dinheiro pa- favorável sobre seu interesse de
feitas para a conclusão da avalia- ra a privatização foi posto na em- pagar a Vasp com TDA — Títulos
ção. "Além de a direção da Vasp presa adquirida, e não no bolso da Dívida Agrária. Garantiu que
selecionar os documentos envia- do antigo dono. não sairia do páreo se soubesse
dos para análise econômica-finan- O critério para definição do disso e se soubesse, também, que
ceira, não foram computados, preço das ações,segundo dossiê do a Procuradoria autorizava a rene-
na avaliação, importantes itens, PT, registra a renúncia à receita, gociação da dívida com o Banco
como ativos não-operacionais, por parte do vendedor da empresa. do Brasil, com base na lei 7 976.
valor do ponto — que inclui flu- "Foram desprezados o exercício A saída da Aerosystem deixou
xo de passagens, carteira de clien- do controle e o poder de mando Canhedo sozinho. Foi, então, fei-
tes e concessão da marca —, e da Vasp para fixação do preço das to um aporte de recursos pelo
crédito de IR, entre outros", afir- ações, feita na base de 5% do pa- Banespa, no valor de US$ 53 mi-
ma Tânia Mendes. Por isso, a trimônio líquido apurado, no ca- lhões, para quitar o patrimônio
Consultora registra que poderia so negativo". A rotineira venda líquido negativo da Vasp. Aque-
haver 'desvios de avaliação', sem de 51% de ações de qualquer em- la dívida, motivo do parecer da
análise dos faltantes. presa em Bolsa de Valores é sem- procuradoria, foi rolada, com ar-
pre de importância maior do que gumentações falaciosas da Comis-
Decisão irredutível — Presidida a cessão de 49% dessas mesmas são de Privatização.
pelo então secretário da Fazenda ações, registra o documento. A lei 7 976 autoriza apenas em-
do governo do estado, José Ma- O fato de Canhedo ter sido o presas públicas,a rolarem dívidas
chado de Campos Filho, a Comis- único interessado final na com- em vinte anos. Quando a Vasp
são de Privatização decidiu que pra da Vasp também vem cerca- obteve o refinanciamento do Ban-
a Vasp precisava trocar de mãos, do de atos duvidosos. Depois das co do Brasil, de US$ 276 milhões,
e elaborou o modelo de privati- peneiradas iniciais, sobraram o não era mais estatal, pois o leilão
zação: saneamento da empresa e Consórcio Aerosystems (Grupo já tinha ocorrido. O argumento

Sua frota já está equipada com TacomaX?


Se sua resposta for não, sua empresa poderá está desperdiçando até 15%
do seu consumo mensal de combustível . Veja por que!
O TacomaX é o que existe de mais simples, moderno e econômico para combater o desperdício provocado pelos
excessos de rotações dos motores. Ele possui um sistema de alarme que avisa ao motorista a rotação ideal para
efetuar a troca de marcha. Se após o aviso, o operador insistir no excesso de rotação, o TacomaX registra o tempo em
que o motor trabalhou acima do limite ideal de rotação. Tudo isso para orientar e fiscalizar seu motorista,
proporcionando uma condução econômica e segura.

O que você ganha usando o TacomaX:


$ Economia comprovada de até 15% de combustível. # Mais de 8000 aparelhos vendidos em 2 anos.
$ Maior vida útil do motor. # Para todo tipo de veículo automotor.
$ Redução do consumo de lubrificantes. # Eficiência comprovada por mais de 200 clientes.
$ Maior segurança nos percursos.
$ Reeducação dos motoristas.
$ Baixo custo e fácil instalação. FRT Tecnologia Eletrônica Pabx/Fax (081) 453 1257
Ligue: SP (011)575 8944 - RJ (021)553 3839 - PR (041) 335 7830 - RS (051)345 1620- DF-GO (061) 273 2653 - BA (071) 358 4361 - CE (085) 227 3762.
dos favoráveis à negociação é após o leilão, em 26 de setembro. tos de análise de capacidade finan-
que, apesar de já ter um dono O dossiê petista aponta uma ceira do comprador, troca de da-
privado, a Vasp só passou a dei- série de irregularidades em todo tas de documentos, para possibili-
xar de ser estatal quando houve o processo, que vão desde a tro- tar a 'legalização' de alguma me-
as subscrições das ações, 22 dias ca de editais, para favorecimen- dida, e até registros de confissão
de falta de zelo do presidente da
Comissão de Privatização, para
Principais irregularidades HO governo do estado divulga o julgar pareceres sobre o caso.
aporte de USS 53 milhões, pelo Ba- "Sabendo de tudo isso, quere-
do Caso Vasp nespa, apenas quando Canhedo fi- mos o mínimo: que o ex-governa-
ca sozinho no páreo. dor seja indiciado em crime de
LO candidato à compra, Wagner ElRolagem da dívida de US$ 276
prevaricação, uma vez que a pri-
Canhedo, era conhecido pela inadim- milhões, pelo Banco do Brasil, com
plência de pagatnento de dívidas base em lei de favorecimento ape- vatização se mostrou um péssi-
de suas outras empresas, e ainda nas a empresas públicas. A Vasp, mo negócio, que poderia ser evita-
suspeito de enriquecimento ilícito na ocasião, já havia sido leiloada. do desde o começo, como mos-
com o transporte da safra de grãos [E Troca de garantias dadas por Ca- tram os fatos resgatados." Segun-
no Sudeste do país. nhedo para privatização. Proprieda- do eles, desde o indício mais le-
1 1'Desaparecimento' de parecer da
- des urbanassão trocadas por duasfa- ve, que é o da conhecida idonei-
Procuradoria do Estado favorável zendas no Araguaia, supera valiadas. dade duvidosa de Canhedo na
às consultas da Aerosystems sobre HPC Farias deposita US$ 9 milhões epoca, até o envolvimento de
condições de pagamento da Vasp. para Canhedo às vesperas da priva- PC Farias, tudo indicava que o
Se tivesse tido acesso, a empresa fi- tização; Banespa 'empresta' US$ 6
resultado seria desastroso. Porém,
caria no leilão. (Por esse parecer, milhões à Viplan, de Canhedo, quan-
a proposta da Aerosystems seria tia essa que era depositada direta- ingenuidade não parece ter sido
menos prejudicial ao Tesouro.) mente na conta da Vasp. a linha com a qual foram tecidas
as irregularidades.

0CONGRESSO
9 NACIONAL
DE TRANSPORTES
PÚBLICOS
FLORIANÓPOLIS - Hotel Castelmar
26 a 30 de abril
Este é o momento em que a comunidade brasileira de transportes se encontra para
troca de experiências e análise de temas como planejamento e gestão em transporte
urbano, política energética e meio ambiente, fontes de financiamento, modernização e
expansão dos sistemas, inovações tecnológicas, etc.
Você não pode estar fora dessa discussão,justamente agora quando se iniciam as
novas administrações municipais!
INFORMAÇÕES:
AN P
ASSOCIKKO NACIONAL DE TRANSPORTES PÚBLICOS ANTP

Pessoalmente: Rua Luis Coelho, 197 — 90 andar — São Paulo — SP


Por carta: Rua Augusta, 1626 — São Paulo — SP — CEP 01304-902
Por fax: (011) 284-5411 — Tel: (011) 283-2299
C melhorar a imagem
orno Trolebus araraquarenses:
do transporte público destino incerto
ma o ex-presidente da enti- O novo secretário do Pla- so, ressalta, a cidade teria
dade, Clésio de Andrade, nejamento da cidade paulis- de realizar vultosos inves-
na apresentação do traba- ta de Araraquara, professor timentos em algumas subes-
lho. "Contudo,somos 'ruins Antônio Clóvis Pinto Fer- tações de energia elétrica,
de venda",admite. "Inves- raz, empossado com a in- hoje sucateadas. O novo ad-
timos pouco no marketing cumbência maior de organi- ministrador quer dotar Ara-
de nossos serviços, e menos zar o transporte coletivo ur- raquara de um sistema de
ainda em nossa imagem pú- bano, ainda não decidiu o transporte modelo. Para tan-
blica", prossegue. que fará com os 46 trolebus to, pretende modificar a cir-
Foi para mudar essa ima- que operam nas ruas da ci- culação viária, construindo
gem que a NTU estabeleceu dade. Administrado quase um calçadão e um terminal
um verdadeiro 'cardápio' que totalmente pela CIA central integrado de coleti-
de medidas práticas, já utili- — Companhia de Trolebus vos para convergência de to-
zadas com sucesso por em- de Araraquara, empresa de das as linhas periféricas. "A-
presas do setor, que podem economia mista, com ape- credito que seja esse o me-
ajudar os transportadores nas 100/o do total da ope- lhor sistema para cidade
públicos a criarem suas pró- ração nas mãos da empre- médias", afirma.
prias diretrizes de marketing sa privada Parati, o siste- Cidadão araraquarense,
Livro ensina vender a imagem
e de comunicação social. ma araraquarense também Ferraz é professor do Depar-
"Uma nova imagem po- Contando, entre seus au- dispõe de quarenta ônibus, tamento de Transporte Pú-
de começar com um novo tores, com a colaboração para servir seus 180 mil ha- blico da Universidade de En-
uniforme.""Um nome cur- do experiente Alan Cannell, bitantes. "Refletiremos mui- genharia de São Carlos há
tom aliado a uma pintura e desenvolvido de forma to sobre os trolebus", avi- dezenove anos, com experi-
atraente é um fator impor- bastante prática, o trabalho sa Ferraz, ressaltando as ência em consultoria dc
tantíssimo no marketing de contém recomendações apli- desvantagens desses veícu- transportes para cidades co-
qualquer produto." Em ma- cáveis a seis diferentes áre- los em relação aos ônibus: mo Bauru, Rio Claro e Ric
téria de relacionamento com as da empresa: recursos hu- custo operacional 50% maior Preto, entre outras, e já foi
a imprensa, "a pior coisa manos, assistência social, e investimento inicial qua- diretor da CIA.
que uma empresa pode fa- serviços comunitários, equi- tro vezes maior. Além dis-
zer — e comumente faz pamento e frota, medidas
— é se omitir e se fechar defensivas que a empresa
em si mesma". pode tomar, e relações pú-
Estas e dezenas de outras blicas e comunicação social.
sugestões igualmente impor- São sugestões variadas,
tantes podem ser encontra- que cada empresa poderá
das no livreto A Imagetn adaptar à sua situação parti-
Pública do Transporte Urba- cular. "Nosso objetivo é o
no — A Hora de Virar o de colocar a bola nos pés
Jogo, que acaba de ser edita- dos empresários", diz An-
do pela NTU — Associação drade. "Virar o jogo e me-
Nacional das Empresas de lhorar a imagem pública
Transportes Urbanos. "So- do setor é tarefa que depen-
mos, reconhecidamente, de do desempenho de to-
'bons de compra' ", afir- dos", conclui. A preservação dos trolebus vai exigir pesados investimentos públicos

CATRACA
•A Secretaria Municipal dos transporte da cidade", preconceituosas e por onde o patrimônio das Empresas
Transportes de São Paulo editou o ex-secretário Lucio Gregori trafegam as posições Nossa Senhora da Conceição
um livro sobre o processo afirmou que o objetivo da meramente grupais". Ltda. e parte do patrimônio
de municipalização do sistema publicação foi o de "fornecer da viação Cidade do Sol. Sob
de transporte por ônibus no dados para o'entendimento •A empresa Riomar o mesmo grupo empresarial,
município. Considerando o do processo (...) a fim Transportes Ltda., de Natal atuam, agora, 62 ônibus,
sistema como "a maior de eliminar erros interpretativos, (RN), operadora de ônibus operando doze linhas urbanas
intervenção já realizada no dos quais nascem as visões urbanos, absorveu totalmente e três intermunicipais.

48 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


Biarticulado suporta o Mafersa fecha 1992 em
dobro da demanda atual um''pálido azul'
'111111r1 A Mafersa conseguiu sair Doll admite o propala-
do vermelho, e fechar 1992 do interesse de um grupo
com um ligeiro lucro. Segun- empresarial europeu em ad-
do seu presidente, Carlos Ro- quirir parte significativa da
berto Doll, a empresa conse- ex-estatal. "Seria um sócio
guiu 'um pálido azul' no importante, pois nos permi-
balanço financeiro. Ele não tiria ganhar tecnologia e en-
divulgou o valor do lucro, trar no mercado europeu",
mas adiantou que o fatura- afirma. Está previsto, pa-
mento ficou em torno de ra 1994, a abertura de ca-
US$ 90 milhões, e que a dí- pital da empresa.
vida de US$ 40 milhões foi Privatizada em 19 de no-
quitada, restando apenas vembro de 1991, a Mafersa
US$ 8 milhões para o INSS. é, hoje, controlada pela Re-
Diante das incertezas do fer, detentora de 90% das
mercado nacional, onde pro- ações, e conta com 2 650
blemas de falta de recursos funcionários.
inviabilizaram prosseguimen-
to de negócios já firmados
6
COM o Metrô paulistano, e

ainda adiaram contratos com


A primeira linha do biarticulado opera em Curitiba com ociosidade
a CBTU,a Mafersa preferiu, 7,717." ASSISTÊNCIA
Operando em Curitiba Jaime Lerner, exigem inves- em 1992, voltar-se para a TÉCNICA COM
desde dezembro passado, timento muito menor do exportação de vagões. é na
os biarticulados fabricados que. outro sistema de gran- Iniciativas como a asso-
• GARANTIA DE
pela Volvo, e encarroçados
pela Ciferal e pelo Marcopo-
de capacidade, como o Me-
trô. "O Metrô de Paris cus-
ciação com a trading japo-
nesa Mitsui & Company Inc.
RUCKER FÁBRICA

lo, estão utilizando, atual- tou trezentas vezes mais do possibilitaram a venda de
mente, menos de 500-o da que o biarticulado", disse 38 carros de passageiros,
sua capacidade total de pas- Lerner, ressaltando, na com- já entregues, para a NVTC REVENDA
sageiros. A primeira linha paração com o sistema bra- — Northern Virginia Trans- AUTORIZADA
servida pelos biarticulados sileiro, que seus veículos portation Commission, no
DE PEÇAS E é na
cumpre trajeto de 11 km de 25 metros de comprimen- valor de US$ 27 milhões.
em 35 minutos, atendendo to atendem a um número As companhias responsá- MOTORES
demanda de 10 mil passagei- de passageiros quatro vezes veis pelos metrôs de Chica- RUCKER
ros 'hora por direção. A ca- maior do que o Metrô do go e de Nova York, nos
pacidade desses veículos é Rio de Janeiro (RJ). O cus- EUA, também são clientes
de 22 mil passageiros/hora, to de implantação da pri- da Mafersa, que, segundo
numa mesma direção. meira linha foi de US$ 20 Doll, continua ampliando TRII7 INSTALAÇAO
Apesar da grande ociosi- milhões, dos quais apenas sua base de parceiros nor- DE DIREÇÕES
dade, os biarticulados, se- 1007o foram investimentos te-americanos. "Hoje, te- é na
HIDRÁULICAS E
gundo o mentor do projeto da administração pública, mos US$ 80 milhões em car-
e ex-prefeito de Curitiba, disse Lerner. teira", orgulha-se. RUCKER HIDROSTÁTICAS
CATRACA
•O Congresso Mundial de físicos, prioridade de VLTs nas faz parte do "Programa de TRW - A DIREÇÃO CERTA E
Transportes Públicos, em sua vias, transporte regional Capacitação Gerencial", da
edição, será realizado
em .Sidney, na Austrália,
e experiências de
diferentes continentes.
ANTP, para apoio às
prefeituras das cidades de
I"ILICKIEIT
EOIJIP'FftlENTIOS INOLISTITIFOIS L.TOR

de $ a 7 de maio. Cerca de pequeno e de médio portes.


duas mil autoridades do mundo
todo debaterão assuntos
•A ANTP informa que o
Manual de Planejamento de
Em janeiro, os preços do
Manual eram Cr$ 90 mil para
(011)260-4400
relativos a metrô, ônibus, Transporte Coletivo Urbano os não-sócios e Cr$ 70 mil
recursos humanos, deficientes n? 6 já está disponível. O livro para os associados.

TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993 49


Em 1992, Embraer produz Lei baiana quer ônibus
menos do que em 1975 com cinto de segurança
los diferentes de aviões. Re- Atropelando o Código 120 dias para se adequarem,
latório divulgado pela em- Nacional de Trânsito, em e deverão, também, colocar
presa registra continuado tramitação no Congresso mensagens no interior dos
decréscimo na taxa de fabri- Nacional, o governador da veículos informando a res-
cação das aeronaves, comer- Bahia, Antônio Carlos Ma- peito da obrigatoriedade
ciais e bélicas, a partir de galhães, sancionou, em 26 do uso dos cintos pelos pas-
1990, quando a empresa en- de janeiro, lei aprovada pe- sageiros. O presidente da
tregou apenas 159 unidades la Assembléia Legislativa, Abemtro — Associação das
contra as 214 de 1989. Em que exige cintos de seguran- Empresas de Transporte Co-
1991, a Embraer colocou ça em todas as poltronas letivo Rodoviário do Esta-
no mercado 92 aeronaves, dos ônibus que trafegarem do da Bahia, José Carlos
e estacionou, em 1992, cru pelas vias daquele estado. Rodeiro, afirma, porém,
Produção cai6 vezes em 16 anos 78. O ano de ouro para a Nas discussões para a elabo- que "ainda haverá muita
estatal da aviação foi 1976, ração do Novo Código, a discussão sobre o assunto,
Entre as muitas turbulên- com registro de 462 unida- matéria chegou a ser cogita- que irá desde a inconsstitucio-
cias administrativas, a pro- des entregues, e também da, sendo descartada devi- nalidade da lei até a inviabi-
dução de aeronaves da Em- de oito modelos diferentes. do à dificuldade de aceita- lidade prática e financeira
braer, iniciada em 1971, ex- A ascensão da empresa te- ção da medida pelos brasi- da exigência". A Constitui-
perimentou queda vertigino- ve início em 1975, quando leiros e a dúvidas quanto à ção estabelece que só a
sa no ano passado, entregan- lançou no mercado seis no- sua real eficácia como equi- União pode legislar sobre
do aos seus clientes apenas vos modelos de aeronaves, pamento de segurança para os transportes. A preços de
78 unidades de oito mode- contra dois em 1974. os veículos coletivos. valores, Rodeiro calcula que
As empresas baianas, pe- cada ônibus equipado leva-
la nova lei, têm o prazo de ria cerca de Cr$ 20 milhões.

Suspenso sistema de
rastreamento de Recife Belda deixa secretaria
executiva da ANTP
Foi adiada, por prazo in- Vilaça (chefe de gabinete),
definido, a implantação do foram demitidos em dezem- participar do Conselho Dire-
sistema eletrônico de rastre- bro, pelo governador Joa- tor da entidade, composto
amento de veículos pela EM- quim Francisco, sob suspei- atualmente de quinze mem-
TU para fiscalização do sis- ta de corrupção, uma vez bros e mais dois ex-presiden-
tema de ônibus urbanos, que viajaram para a Suécia tes. Funcionário da Compa-
em Recife (PE). A empresa às custas da Saab-Scania, nhia do Metropolitano, Bel-
vencedora da concorrência mesmo sem a solução da da garante que sua saída foi
para fornecimento dos equi- concorrência. Os equipa- motivada por motivos estri-
pamentos e de assessoria téc- mentos e a prestação de ser- tamente pessoais. "Apren-
nica, a sueca Combnitech, viços pela Combnitech fo- di muito durante todo esse
do grupo Saab Scania, foi ram orçados em US$ 1 mi- tempo, mas chegou o mo-
acusada de superfaturamen- lhão. A previsão de prazo mento da renovação", diz
to por outra concorrente, a para instalação do sistema ele, ressaltando que conti-
Seguell, e, a partir disso, a era maio de 1993. nuará ligado à entidade em
licitação foi posta sul)judi- Segundo a Assessoria de atividades de planejamento
ce para apuração das irregu- Imprensa da EMTU, foram e de orientação. Em abril,
Rogério Balda: bom aprendizado
laridades. Os diretores da abertos alguns inquéritos será escolhida uma nova di-
EMTU envolvidos na nego- administrativos para provar Depois de quinze anos retoria, pelo Conselho Dire-
ciação, Paulo Murilo (dire- a culpa dos diretores. A no- como secretário executivo da tor. Até lá, o lugar de Bel-
tor-presidente), Cezar Ca- va diretoria é, agora, lidera- ANTP — Associação Nacio- da deverá ser preenchido
valcanti (diretor técnico), da por Roldão Torres, ex- nal dos Transportes Públi- por um nome indicado pe-
Alfredo Bandeira (diretor presidente do Instituto de cos, Rogério Belda está se lo atual presidente, e aprova-
de operações) e Ana Maria Tecnologia de Pernambuco. afastando da função para do pelo Conselho Diretor.

50 TRANSPORTE MODERNO - Janeiro/Fevereiro, 1993


A MELHOR DECISÃO É SUA!
Abra caminho para o sucesso de seus negócios!
Você sabe que, em um mercado tão competitivo como o de transporte, a informação
certa pode ser a diferença entre o fracasso ou o sucesso de sua empresa.
Por isso, assine TRANSPORTE MODERNO agora mesmo!
TRANSPORTE MODERNO é uma ferramenta de trabalho indispensável, que o informa
com seriedade, agilidade e competência sobre as mais recentes novidades da
política de transportes, os lançamentos da indústria, técnicas de administração,
serviços e muito mais.
Assine TRANSPORTE MODERNO. E abra, no momento certo, o caminho mais
eficaz para fazer os melhores negócios.

Faça a sua decisão valer mais!


Agora é muito simples e barato contar com um especialista de renome nacional na
hora de decidir sobre custos. Assine CUSTOS & FRETES. E contrate esta
revista especializada que traz indicadores de alta confiabilidade sobre preços de
veículos, de implementos rodoviários, tarifas e muito mais. São
informações com históricos, que permitem projeções seguras. E que podem ser
importantes auxiliares na tomada das suas melhores decisões.
O momento é decisivo. CUSTOS & FRETES também!

Zta2

Assuma o controle da sua frota!


Assine CUSTOS & CONTROLES agora mesmo. E receba — todo mês — planilhas
de custo exclusivas, individualizadas por categorias e modelos de veículos .
Assim você fica sabendo quanto custa cada veículo para a sua empresa. Exatamente.
Para ter tudo isto, basta saber quantos quilômetros cada um deles rodou!
CUSTOS & CONTROLES é o serviço exclusivo da Editora TM que proporciona as
melhores informações para você controlar os custos operacionais de maneira prática,
ágil e econômica!
Assine CUSTOS & CONTROLES. E assuma o controle de sua empresa de uma vez por
todas!
GRÁTIS: CAPA-FICHÁRIO E DIVISÕES!
_.

Ligue já e faça sua assinatura das publicações da Editora TM


Se preferir use nossos serviços de Telex (11-35247) ou Fax (011-571-5869), mandando os seguintes dados:
Empresa, CGC, Incrição Estadual, Cargo que ocupa, Endereço, Bairro, Cidade, Estado, CEP, Ramo de Atividade,
Nome de quem assina, Telefone, Telex.
Os mesmos dados também podem ser mandados pelo correio para nosso endereço: Rua Vieira Fazenda, 72 -
V.Mariana - 04117-030 - São Paulo - SP

• Assinatura anual de "TRANSPORTE MODERNO": Cr$ 850.000,00*.


Neste preço estão incluídas, gratuitamente, a remessa do anuário, "AS MAIORES DO TRANSPORTE"
• uma assinatura anual de "CUSTOS & FRETES".

• Assinatura Anual de "CUSTOS & FRETES'.• Cr$ 221.000,00*.

• Assinatura Anual de "TM OPERACIONAL - CUSTOS & CONTROLES": Cr$ 2.293.000,00*


por categoria, conforme opções abaixo:
• Automóveis • Caminhões Leves • Caminhões Semi-Pesados
• Utilitários • Caminhões Médios • Caminhões Pesados.
A assinatura de "TM OPERACIONAL - CUSTOS & CONTROLES" dá
direito ao recebimento gratuito de "CUSTOS & FRETES"

* Preços válidos até 30103/93.


PEÇAS GENUÍNAS
SCANIA
SEMPRE TIVERAM
QUALIDADE E GARANTIA.

Preço. Certamente, era só peças que sua máquina precisa


isto que faltava para você trocar: seu Scania funciona
preferir Peças Genuínas e, assim, melhor, tem menos desgaste e,
manter seu Scania original de conseqüentemente, menor
fábrica. Pois, agora você não tem freqüência de troca das peças,
uma razão sequer para mais horas/máquina de
comprar peças sem garantia de trabalho e maior economia.
fábrica. A Scania coloca à Consulte o seu
sua disposição Peças Genuínas Concessionário sobre os preços
com preços especiais. especiais Scania. Sempre
E como você sabe,as Peças existem promoções de peças que
Genuínas Scania oferecem-lhe você não pode perder.
uma vantagem que nenhum outro
tipo de peça pode oferecer: são
garantidas pela fábrica que PECAS GENUÍNAS
projetou e produziu sua máquina.
Isto quer dizer, que as
Peças Genuínassão as únicas que
substituem corretamente as
SCANIA

Você também pode gostar