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PUBLICAÇÃO MENSAL - N?

350 - J

4.1
Editonf TM Ltd*
ri
USE O CINTO
SEOURANCA

1751~

agr.

Ford Cargo. Este é o cavalo mecânico que ganha rápido versões 6x4 e cavalo mecânico com garantia de 2 anos
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1 ano para o motor,sem limite de quilometragem,e nas a cavalo.
tiafiffl01:4'

transporte
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Redator
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Colunista
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Paulo Igarashi
ISSN n? 0103-1058 - Cr$ 270 000,00
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Filiaria à ANATEC e à ABEMD SEÇÕES e Rumores - 38 Última Parada - 47 Balcão - 50
Instduto
Ver ifcador Capa Ilustração Carlos Burdiel
Corculaçáo Circula em Agosto/1993
aqui julgar especificamente se as duas empre-
sas envolvidas, a Unidos e a Transfreezer, tive-
ram ou não culpa no cartório. Cabe, no entan-
to, constatar que, nos dias de hoje, quem se
atrave a defender a segurança no transporte
de carga corre o risco de pregar no deserto.
Como falar, por exemplo, em restringir o
período de trabalho dos motoristas num mo-
mento em que a redução dosfretes e dos pra-
zos de entrega exige jornadas mais longas e
diluição dos custosfixos por mais quilômetros
rodados? E se o motorista for um autônomo
(um `terceirizado', como já escuta muito hoje),
quem ousará controlar sua vida e restringir
sua liberdade de dono da estrada? Quem arca-
rá com os custos adicionais da segurança?
São argumentos como estes que têm estimu-
lado o crescimento do chamado `bate-e-volta',
o motorista que, por exemplo, vai de São Pau-
lo a Curitiba e retorna à origem num fôlego só.
Trata-se, no entanto, de uma visão míope. O
que a maioria dosfrotistas ainda não percebeu
é que segurança não significa necessariamente
transporte mais caro e mais demorado. Pelo
contrário, um transporte mais seguro também
pode ser mais rápido e mais barato. Por exem-
plo,foi isso o que o Expresso Mercúrio conse-
guiu com seu eficiente sistema de rodízio de
motoristas, que trabalham, no máximo, durante
Um limite nove horas por dia, ganham folgas de até 48
horas entre uma jornada e outra, são premia-
dospor não queimarem tacógrafo, por não rece-

para a jornada berem multas, por conseguirem baixo consumo


de combustível ou, ainda, por obterem alta du-
rabilidade do motor. Todos esses são fatores
que contribuem para uma direção mais segura.
Tudo isso, longe de aumentar as despesas,
dilui bastante os custos fixos, pois cada veícu-
Acidentes de trânsito nas estradas brasilei- lo (não o motorista) chega a rodar até 30 mil
ras só merecem manchetes de jornais quando quilômetros num mês.
o número de mortos passa de vinte. Lamenta- Portanto, não há como alegar que a preten-
velmente, foi o que aconteceu em junho com dida redução de jornada, por exemplo para
dois deles. Um, ocorrido na Régis Bittencourt, nove horas, como estabelece o convênio 153
no dia 10 de janeiro, matou 26 pessoas. O ou- da OIT, trará problemas para o transportador.
tro deu-se na Via Dutra, e deixou como saldo Os mais céticos poderão até mesmo argumen-
trágico a morte de outras 27 vítimas (veja re- tar que uma lei como essa não 'pegará', devi-
portagens nesta edição). do à impossibilidade de fiscalizá-la. No entan-
Em ambos os casos, os acontecimentos en- to, um primeiro passo já foi dado, quando a
volveram um caminhão desgovernado colhen- legislação obrigou os caminhões a saírem de
do um ônibus lotado de passageiros. Igualmen- fábrica com tacógrafo.
te em ambos os casos, sobraram críticas, mais Quanto à fiscalização propriamente dita,
do que procedentes, ao mau estado de conser- vale a pena lembrar que a exigência já funcio-
vação das rodovias, à lentidão dos trabalhos na não somente em toda a Europa mas até
de duplicação da já supersaturada São Paulo- mesmo no Brasil, no caso particular dos ôni-
-Curitiba, à má fixação das poltronas na es- bus rodoviários.
trutura dos ônibus, à ausência de policiamen- Além do mais, para o frotista organizado,
to e de sinalização, ou até mesmo à 'irrespon- o tacógrafo, mais do que uma mera imposição
sabilidade' dos motoristas (ambos mortos nos legal, será um eficiente instrumento de planeja-
acidentes) das carretas envolvidas. mento e de controle das operações. Também
Faltou, na maioria das análises, um alerta em matéria de segurança, já é hora, definitiva-
sobre a responsabilidade das transportadoras mente, de o transporte trocar a improvisação
de carga em acidentes como esses. Não cabe irresponsável pela administração científica.
NTC denuncia privilégios ficava por conta das empresas es-
em edital de concessões Goldman: assustado com denúncia trangeiras, das quais era exigida
apenas experiência em exploração
rodoviárias de carga, e explorada de rodovias.
A sanção da nova lei de licita- pelo jornalista Jânio de Freitas, da Na ocasião, Goldman defen-
ções, pelo presidente Itamar Fran- Folha de S. Paulo, até a suspensão. deu a licitação dizendo que a exi-
co, salvou o Ministro dos Trans- Na carta que enviou ao minis- gência está na lei, e que os núme-
portes, Alberto Goldman, de en- tro Sebastião Ubson Ribeiro Car- ros se referem a 25% do trecho
volvimento em denúncia de nego- neiro, presidente da NTC, não a ser concedido.
ciata. Com a sanção da lei, no dia diz que os associados querem par- Além da Via Dutra, o Ministé-
22 de junho,o ministro suspendeu ticipar da licitação. Mas, se o rio havia aberto licitação para
todos os editais de concessão de quisessem, não poderiam, pois o concessão de serviços de adminis-
serviços, entre eles o da Rodovia edital exigia comprovação de exe- tração da Ponte Rio—Niterói e
Presidente Dutra, que limitava a cução de obra com 518 400 t de para a duplicação do número de
participação de empresas constru- concreto betuminoso e 37 500 faixas da Fernão Dias. Todas fo-
toras ao serviço. A denúncia foi m2 de tabuleiros, o que também ram suspensas,segundo Goldman,
feita ao ministro pela NTC,entida- eliminaria as pequenas e médias para que os editais sejam adequa-
de que reúne as transportadoras empreiteiras. A exceção do edital dos à nova lei.

F. SOUTO É CONDENADO A PRISÃO E A MULTA


Um ano e nove meses depois de da pena em liberdade, uma vez que
denunciado ao Ministério Público consta apenas uma condenação, em
por vender, a indústrias de aparas 1972, por lesão corporal culposa.
de papel, livros escolares da FAE Para fixar a multa (cinco vezes o
— Fundação de Assistência ao Estu- salário mínimo por dia, corrigido
dante, do Ministério da Educação, monetariamente a partir do trânsito
o empresário Francisco Souto, dono em julgado da sentença), o juiz Ne-
da Transportadora F. Souto (contra- katschalow levou em conta a situação
tada para fazer a distribuição dos li- econômica do réu. O juiz não escon-
vros em 1991), é condenado a onze deu sua indignação ao emitir a senten-
anos e oito meses de prisão, e a pa- ça, referindo-se "à torpeza do acusa-
gar Cri 19,5 bilhões, em julho (ver do". "A destruição de livrospelo réu,
TM 341, de novembro de 1992). em nome do lucro fácil e decorrente
Ojuiz substituto da 3 Vara Fede- de apropriação indébita dos bens des-
ral, André Custódio Nekatschalow, tinados a crianças carentes, represen-
acatou integralmente a denúncia da ta um gesto simbólico de uma ideolo- Souto: três delitos e "nocividade"
Justiça Pública, e imputou ao réu gia extremamente nefasta ao país."
três delitos: apropriação indébita, es- Seu advogado, Waldyr Troncoso apreendidas. As testemunhas informa-
telionato e dano qualificado por apo- Peres, disse, no dia 12 dejulho, cinco ram que parte do materialfoi retira-
derar-se do material a ser distribuí- dias depois da sentença, que ainda da'clas aparas e partefoi enviada por
do, vendê-lo a empresas de aparas e não havia recebido a intimação do caminhão da transportadora.
exigir quefossem triturados. Sua sen- juiz, mas quefora procurado pelo seu Segundo a sentença, ao assumir
tença qualifica Francisco Souto co- cliente para tratar do recurso a ser a venda do que denominou sucata,
mo incurso nos seguintes artigos do solicitado ao Tribunal Regional da o réu confessa o estelionato, venden-
Código Penal: 168, parágrafo 1?, III Justiça Federal. Peres disse que alega- do o que não lhe pertencia.
(quatro anos de reclusão — aumenta- rá, na apelação, que ojuiz de primei- Em sentença de 54 páginas, o juiz
da em 1/3 e 240 dias-multa); 171, pa- ra instância não levou em considera- fundamenta a pena resumindo os de-
rágrafo 2'.), I, quatro vezes (quatro ção .o fato de que o réu não confes- poimentos de testemunhas, relatan-
anos e oito meses — elevada em 1/6 sou a venda de livros escolares, mas do detalhes da perícia, recorrendo a
e 240 dias-multa); 163, IV c.c., 69, de material deteriorado, resultante textos e a considerações de juristas
caput, e 61, II, a e b (três anos e 360 de rescaldo de incêndio ocorrido na famosos, além de jurisprudências, e
dias-multa), totalizando 840 dias-mul- filial da transportadora no, Rio de contestando um a um os argumentos
ta a partir de 11 de outubro de 1991, Janeiro, e de sucatas existentes no da defesa. "A perfídia do acusado
e onze anos e oito meses de reclusão. armazém. E que, se material de boa está lapidarmente caracterizada por
"Antesua nocividade", declarou, qualidade foi incluído na carga, isso sua justificativa para a destruição
referindo-se ao réu, "determino regi- foifeito pelas empresas compradoras. dos livros, "para que não chegassem
me fechado para inicial cumprimen- Os autos, no entanto, revelam às mãos de terceiros, o que não era
to da pena corporal", embora lhe te- que Ilidis de 1 400 1 de material esco- permitido". No final, liberou os li-
nha facultado o direito de recorrer lar foram vendidas, e 600 t foram vros aprendidos para a FAE.

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 5


Diretoria da NTC sofre beu um telefonema de Ribeiro ponder sobre o trabalho de uma
na véspera de divulgação do telex empresa de consultoria que teria
sua primeira defecção de cancelamento, "em que o Se- concluído pela necessidade de cor-
bastião me comunicou uma deci- tar 50% do pessoal da Rede Ferro-
são já tomada". "Ponderei e pe- viária Federal S.A., como primei-
di uma reunião pessoal, mas quan- ro passo para viabilizar a privati-
do fui recebido, o cancelamento zação, Montoro Filho preferiu re-
já era do conhecimento geral." cuar. "Só falarei sobre a desesta-
Além disso, Ribeiro mostrou- tização da Rede em agosto ou
se insatisfeito com a maneira pe- em setembro", limitou-se a dizer.
la qual Lara vem se comportan- Em debate sobre o assunto
do com relação à campanha pa- no jornal O Estado de S. Paulo,
ra aprovação do Sest-Senat. E na edição de 4 de julho, Monto-
contou que além de não fazer a ro Filho foi vago. Falou em "al-
Lara: demissão acolhida sem lamento contribuição confederativa, solici- guns modelos e várias possibilida-
tada pela CNT, para criar um des". Mas seu antecessor na co-
Reunindo alguns adversários, fundo especial para a criação das missão, e ex-presidente do
a diretoria da NTC, que assumiu entidades, Lara distribuiu circu- BNDES, Eduardo Modiano, foi,
em janeiro, já perdeu um de seus lar aos associados do Setcepar re- ao contrário, bastante enfático.
diretores. Areli Teixeira de Lara, comendando o não recolhimento. Depois de dizer que a Rede tem
presidente do sindicato paranaen- Lara confirma as decisões, e uma dívida de US$ 800 milhões,
se, encaminhou, no dia 14 de ju- se diz amparado pela Constitui- da qual nem juro paga; que 65%
nho, carta de demissão ao presi- ção, que estabelece ser da com- de sua receita estão comprometi-
dente Sebastião Ubson Ribeiro petência da assembléia geral da dos com salários de seus 48 mil
Carneiro, demonstrando sua insa- categoria econômica a cobrança empregados; que 40% das loco-
tisfação pela conduta do presiden- dessa contribuição, que, neste ca- motivas estão paradas; e que 22
te ao cancelar o XIV Congresso so, não houve. mil km de linhas foram desativa-
da NTC, marcado para setembro, O presidente da CNT, Clésio das por falta de recursos, sugere
em Foz do Iguaçu (PR). de Andrade, em carta a Lara, dis- não a venda, mas o arrendamento.
Nomeado pelo próprio Ribei- se que a hora não é de discutir "Valeria a pena arrendar e,
ro como presidente da comissão legalidade, mas de dar importân- em alguns casos, pagar para ope-
organizadora do evento, Lara se cia a essa colaboração, diante de rar, o que é, na minha opinião,
mostrou indignado com a "deci- um objetivo muito maior, que é uma forma de privatização com
são unilateral e arbitrária" do o da criação das duas entidades. preço negativo. Pelo menos se
presicjente da NTC,que,sem apre- Essa contribuição, fixada em gastaria menos", concluiu. Dian-
sentar "uma explicação plausível, Cr$ 10 milhões (US$ 180 em ju- te dessa posição, Montoro Filho
desrespeitou os transportadores nho), serviria para cobrir o défi- limitou-se a comentar que cada
brasileiros, paranaenses e a mim cit deixado pelo rompimento do caso será estudado.
mesmo como pessoa, empresário, convênio da CNT com o Sesi-Se- Fontes da Rede informam que
diretor da NTC e do Setcepar". nai, que representava US$ 60 mil a desestatização é irreversível, e
Sebastião Ribeiro aceitou o por mês, segundo Geraldo Vian- que uma das formas mais viáveis
pedido de demissão em reunião da na, diretor executivo da entidade. seria a privatização dos serviços,
diretoria da entidade, e não de- sendo que um dos modelos para
monstrou pesar por esse fato. Ex- isso é o contrato Refesa-MBR,
plicou que diversos motivos o le-
Privatização da Rede em Minas Gerais.
varam à suspensão do congresso de ainda vai demorar
Foz do Iguaçu, sendo o principal
deles o econômico. Disse ter dis- Enquanto o governo Itamar
cordado do valor da inscrição, de engata uma segunda marcha no
US$ 810 e de US$ 1 012, e tam- Programa Nacional de Desestati-
bém da contratação de artistas e de zação, dando prioridade para o
dois jantares festivos programa- setor industrial, as empresas esta-
dos pela comissão organizadora. tais do'setor de transportes conti-
Ribeiro disse que tomou a deci- nuam em ponto morto. André
são depois de ouvir diversas lide- Franco Montoro Filho, presiden-
ranças, inclusive o próprio Lara. te da comissão diretora do progra-
Este classifica a consulta de "pu- ma, nem quer falar sobre o assun-
ra mentira", ao contar que rece- to. Procurado por TM para res- Alternativa seria arrendar trens

6 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


Scania reage à pesquisa
sobre cabina avançada
Sem contestar o trabalho do
Instituto de Pesquisas de Trans-
porte da Universidade de Michigan
(EUA)(ver TM 348, nota na pá-
gina 9da edição de maio de 1993),
que apurou os riscos de ejeção
do motorista de caminhão de ca-
bina avançada em casos de aciden-
tes, Alessandro Pace, chefe de
Planejamento e Vendas de Produ-
tos da Scania do Brasil, diz que
não há como comparar as cabi-
nas européias, nas quais as brasi- Scania defende avanço de suas cabinas: "a pesquisa não vale para o Brasil"
leiras são inspiradas, com as pro-
duzidas nas indústrias norte-ame- cia entre o motorista e o pára-bri- do a suspensão do pagamento de
ricanas. A pesquisa de Kenneth sa é bem menor", garantiu. A re- frete e/ou o ressarcimento de des-
L. Campbell e Kathleen P. Sulli- gulamentação sobre segurança pesas pelo transporte efetuado
van, segundo Renê Perrone, ge- de cabinas nos EUA é de 1972, por caminhões de propriedade
rente de Marketing da Scania, re- e a pesquisa foi feita dez anos das distribuidoras(ver reportagem
vela a realidade norte-americana, depois. "Entre os veículos pesqui- "Múltis cobram fretes ilegais",
o que, segundo ele, "não é váli- sados, pode ser que houvessem em TM 326, de abril de 1991).
do para as condições brasileiras". cabinas anteriores à regulamenta- A ação, que tramita na 21
"As cabinas cara-chata norte- ção",lembrou. Além disso, apon- Vara da capital paulista, ainda
americanas nem são fabricadas tou o fato de que a pesquisa se está em fase de instrução. A juí-
pelas montadoras locais, como a refere a veículos com pbt acima za federal substituta, Regina Hele-
Peterbilt, a Kenworth e a Navis- de 4,5 t, que incluem os leves, na Costa, que acolheu o pedido
tar. São encomendadas a um for- de circulação urbana, envolvidos da procuradora, determinou as
necedor, a quem enviam apenas em maior incidência de acidentes. seguintes providências:
o chassi. Quanto às que produzi- Levantamento, pela Receita
mos aqui, têm a mesma estrutu- Federal, das declarações de ren-
ra das semi-avançadas", conta União é processada no da de Euvaldo José Ferreira e
Pace. Além de passarem por tes- caso Esso-Transdepe de Ivo Bosch Vieira, diretores
tes de segurança, as cabinas Sca- da Transdepe, apresentadas em
nia são feitas em aço, enquanto A procuradora da República, 1986 e em 1987;
que as norte-americanas utilizam Cecília Maria Marcondes Hama- Cópia do estatuto social da
alumínio. "Nossas cabinas são ti, decidiu processar o DNC — Transdepe e de sua composição
submetidas a testes de deforma- Departamento Nacional de Com- societária;
ção e resistem ao peso de 15 t so- bustíveis para que informe sobre Cl Esclarecimento do Ministério
bre o teto, e a pesos de uma tone- o montante pago às distribuido- dos Transportes sobre o RTR
lada atirados de uma distância ras Shell, Esso e Atlantic, assim — Registro do Transportador Ro-
de quatro metros contra as qui- como à Transdepe S.A., a títu- doviário da Transdepe;
nas da estrutura", diz Pace."Sob lo de frete e ressarcimento nos El Requisição, feita à 18? Vara
o revestimento em aço, há uma últimos cinco anos. Essa decisão Federal(Rio de Janeiro), de certi-
estrutura que funciona como um dá prosseguimento à ação po- dão da medida cautelar e da ação
escudo para proteger os ocupan- pular movida na Justiça Federal principal movida pela Esso Brasi-
tes", acrescenta. pelo deputado José Dirceu, do leira de Petróleo Ltda.(e por ou-
Segundo Pace, os caminhonei- PT de São Paulo. tro) contra o DNER;
ros norte-americanos estão mui- Esta ação contra a União — Cl Informação prestada à Polícia
to mais preocupados com o con- representada por Maria Auxiliado- Federal sobre o inquérito instaura-
forto da cama e com o espaço in- ra Jacobina Vieira, diretora do do para investigar o assunto;
terno do que com a segurança. DNC,e por Alfeu de Mello Valen- El Balanços da Transdepe (de
"A cabina avançada norte-ameri- ça, presidente da Petrobrás — tam- 1987 a 1992) e comprovantes dos
cana expõe muito mais o motoris- bém se dirige contra a Transdepe, valores pagos, pelo DNC, às dis-
ta do que uma européia. A distân- a Shell, a Esso e a Atlantic, visan- tribuidoras e à Transdepe.

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 7


Pista de testes - Testes exaustivos em moderna pista de provas, si-
mulam as mais difíceis situações de rodagem, aprimorando a quali-
dade e a durabilidade dos Caminhões Volkswagen.

Sistema de pintura - Com fases de fosfatização e E-Coat(pro-


teção catódica), utiliza tecnologia de nível internacional, ga-
rantindo maior durabilidade e qualidade final.

Estes veículos estão em conformidade com o PROCONVE.

CaminhõesVolkswagen.Tecnologia
Para a Volkswagen,a utilização de avança- dos do mundçt.e de aprimorar constante- sua linha de veículos, que além de outras
dos recursos tecnológicos no processo de fa- mente os seus caminhões que proporcio- vantagens, possibilita ganho real de espaço
bricação de seus caminhões é uma das princi- nam esta garantia. , para carga.
pais garantias para oferecer ao mercado pro- Nos Caminhões Volkswàgen, o avanço Estes conceitos estendem-se à minuciosa
dutos da melhor qualidade. tecnológico está presente na adoção de escolha dos principais componentes que
Mas não é somente o fato de possuir um modernos conceitos como a utilização de equiparão os seus caminhões. Ao desenvolvi-
sistema de produção entre os mais avança- cabinas avançadas e basculantes em toda a mento,junto aos seusfornecedores, de"mo-
Cabinas avançadas e basculantes
Proporcionam maior rentabilidade, em virtude
do melhor aproveitamento da plataforma de carga
e maior facilidade de manutenção.

Trem de força - Equipados com motores e caixa de câmbio de últi-


ma geração, eixo traseiro com reduções adequadas e diferentes al-
ternativas de distâncias entre eixos, os Caminhões Volkswagen ofe-
recem excelentes soluções para o transporte de carga.

avançada em todos os detalhes.


tores limpos" que, na maioria de seus veícu- uma vez que o seu desenvoíyimento é reali- cada vez mais em benefício de seu negócio.
los, atendem até as exigentes normas de emis- zado em conjunto com os usuários. Como você pode ver,são os detalhes que
sões de poluentes estabelecidas para 1995, E quando um Caminhão Volkswagen deixa revelam a avançada tecnologia de quem co-
equiparando-se aos padrões norte-america- a Fábrica, uma Rede com mais de 140 Con- nhece o nosso chão.
nos e europeus. À utilização do moderno mé- cessionários especializados e exclusivos, distri-
todo de Engenharia Simultânea, que reduz o buídos por todo o país, sabe detalhe por de- Caminhões Volkswagen
tempo do projeto, aperfeiçoando o produto, talhe como fazer toda esta tecnologia render Você conhece,você confia.
Codesp cadastra força crítico, quando pensávamos que so espaço físico com terceiros."
fecharíamos", conta Osmar Jo- A compra de uma rede de com-
de trabalho extra sé Pedrosa Júnior, um dos sócios putadores, além de tornar o servi-
da empresa, junto com seu pai, ço mais ágil e mais controlado,
Osmar José Pedrosa, e com Fran- vagou dois andares no prédio da
cisco J. Villares Peratta. empresa. "Associei-me a um ami-
Com 29 anos de atividades, a go e abrimos uma academia de
Campos Sales recuperou o fôlego, musculação, de caratê e de aeró-
e hoje mantém uma frota de no- bica nesse espaço", esclarece.
venta caminhões, trinta semi-rebo- Desse modo, dividiu o custo
ques e dezoito veículos de suporte, fixo da Campos Sales entre as cin-
com filiais no Rio de Janeiro, em co novas ocupantes do mesmo
Foto: Arquivo TM
Curitiba e em Recife. A retomada prédio. Consumo de energia elé-
teve por um dos motivos, entre vá- trica, água, IPTU, dentre outros
rios fatores, uma briga interna itens, passaram a ser rateados.
provocada pela compra de um Resultados: apenas em mão-de-
Reserva evitará falta de mão-de-obra conjunto de prateleiras para o al- obra, foram economizados US$
moxarifado de peças da empresa. 4 mil mensais, 10% da folha de
O Sindicato dos Operários Por- "Meu pai ficou louco porque eu pagamento, com a demissão de
tuários, que reúne 3 800 emprega- queria montar um almoxarifado dezessete funcionários da lava-
dos da Codesp — Companhia Do- como mandava o figurino", lem- gem, da oficina mecânica, da ad-
cas do Estado de São Paulo, ca- bra Júnior, como é chamado pe- ministração e do almoxarifado.
dastrou 7 700 trabalhadores avul- los funcionários. A partir do inci- "Afora isso, ainda lucro outros
sos, selecionando mil deles como dente, resolveu-se aproveitar o US$ 2 mil mensais com as novas
"força supletiva de trabalho" pa- material para montar, no térreo empresas." No caso das microem-
ra atuarem, como 'paredes', com da transportadora, uma revende- presas, parte dos lucros é dividi-
os estivadores, que só trabalham dora de peças Mercedes-Benz. da com a transportadora como
a bordo de navios. Por sua vez, Em um ano e meio de vida, a lo- pagamento de aluguel, desconta-
o Sindicato dos Guindasteiros e ja já rende bons frutos. Conse- da aí a prestação de serviços. En-
Condutores de Empilhadeiras de guiu atrair as outras transportado- quanto sócio da academia, Jú-
Santos cadastrou outros cem ho- ras da região, e hoje apenas 12% nior também paga aluguel aos
mens com o mesmo objetivo. de seu faturamento é consumido seus dois sócios na transportadora.
Com essa reserva de mão-de- em peças para a transportadora. Medidas semelhantes foram
obra, usuários dos portos poderão Outro passo importante foi o adotadas na filial carioca. Por
livrar-se da escassez de operado- de transformar os setores de lava- meio de parcerias com clientes,
res de terra, comuns em períodos gem de veículos, oficina mecâni- foram divididas as despesas dos
de exportação da safra agrícola. ca e contabilidade em microem- depósitos. "Assinamos contratos
presas comandadas por ex-funcio- de comodato com a Fiat Lux e
nários. Atualmente, elas prestam com a Purina para uso dos gal-
Campos Sales diversifica atendimento não apenas à trans- pões", conta Júnior. Além da re-
para sair da crise portadora, mas também a vários dução dos custos fixos, os servi-
outros clientes, apresentando ços prestados pelas microempre-
Diversificação foi a fórmula um volume de caixa inesperado sas melhoraram em qualidade e
encontrada pela Transportadora para seu pouco tempo de vida. em pontualidade. A reforma ad-
Campos Sales, de São Paulo, pa- "A empresa foi tranformada num ministrativa da Campos Sales pos-
ra frear o monstro recessivo que, minishopping, resume Júnior, sibilitou, ainda, a contratação
em 1990, já havia devorado seis que salienta o impacto inicial da de sessenta carreteiros autôno-
de suas filiais e dezesseis veículos medida: "Demoramos para nos mos para prestarem atendimento
de sua frota. "Foi um período acostumar com a divisão do nos- à transportadora.

PISCA •Um novo dísel, com apenas 0,0001% conseguiu reduzir em 80% a presença ombudsman. Ofuncionário preparado
de enxofre e 5% de aromáticos, já de aro-rháticos, comparativamente para prestar ouvidos às críticas, às
está em uso na Suécia. Lançado pela ao dísel usado na Europa. A refinaria reclamações e às sugestões dos clientes
Shell, o `dísel da cidade', como foi que produz o dísel classe I fica em tem recebido 150 ligações mensais.
denominado, é a mais limpa entre Gotemburgo, na Suécia. As ligações, feitas pelosfones
as três classes de dísel que são (054)222-6004, para Caxias do Sul e
consumidas naquele país. Utilizando •"Projeto Ouvidor"foi o nome região, e 800-6004, para as demais
tecnologia de catalizadores, a Shell escolhido para a Randon criar seu regiões, são gratuitas.

10 TRANSPORTE MODERNO - Junho, 1993


Neblina na Via Anchieta: Dersa alerta motoristas para que não dirijam ã noite

Neblina de inverno to) e permanecer atento ao som


de buzinas ou de freadas, usar
aumenta insegurança faróis baixos e evitar dirigir à
noite, quando a neblina costuma
No inverno, os acidentes de ser mais intensa.
trânsito nas rodovias costumam
ser mais freqüentes do que em
outras épocas do ano, devido às
Cinco Estrelas abre
constantes quedas de neblina nas filial franqueada
regiões serranas, informa a Der-
sa, empresa que administra as O representante comercial da
principais rodovias paulistas. A transportadora Cinco Estrelas,
fim de contribuir para a redução de Porto Alegre, passou, em
do número de acidentes, seus téc- maio, a ser proprietário de uma
nicos revelam os principais pon- das filiais da empresa, na segun-
tos de perigo, para os quais as da experiência de franquia da
empresas devem alertar os seus marca no país. O primeiro caso
motoristas: Não é por acaso que TRANSPORTE MODERNO é a
foi o do representante de Juazei-
revista líqer do seu segmento. Foi uma posição
LI Via Anchieta — do Km 34 ao ro do Norte (CE). Com 33 anos conquistada em 29 anos de muito trabalho e dedicação. Por
Km 46, em São Bernardo, e do de atividades, e matriz em São isso, TRANSPORTE MODERNO é a melhor opção de
Km 55 ao Km 65, em Cubatão; Paulo, a empresa mantém outras informação para o setor de transporte comercial em todas
Cl Imigrantes — do Km 23 ao dezoito filiais espalhadas por qua- as modalidades. E, a informação competente é o melhor
instrumento para quem precisa tomar decisões. Faça sua
Km 26, em São Bernardo, e do torze estados. assinatura de TRANSPORTE MODERNO e comprove.
Km 36 ao Km 46, na serra; A abertura de franquias faz A fórmula do sucesso tem muitos ingredientes.
Lii Interligação da Anchieta com parte de um programa de terceiri- Certamente a competência é um deles.
a Imigrantes — todo o trecho; zação que a transportadora está
Trabalhadores — do 'Km 15 implantando desde o ano passa- Desejo assinar a revista TRANSPORTE
ao Km 19, incluindo a SP-19 do, quando a segunda geração MODERNO por um ano Sei que receberei
(que a liga ao Aeroporto de Cum- assumiu sua direção. Além de fe- 12 exemplares por apenas Cr$ 2.953,000,00.
bica), em Guarulhos, do Km 29 char sua oficina e de contratar
ao Km 32, em Itaquaquecetuba, serviços de terceiros para a manu- NOME
e do Km 35 ao Km 59, em Mogi tenção dos veículos, reduziu sua ENDEREÇO
das Cruzes e em Guararema; frota em 30%, operando hoje
CIDADE
E Bandeirantes — do Km 22 ao com setenta caminhões próprios
Km 46, em Franco da Rocha, e maior volume de caminhonei- CEP ESTADO FONE
em Perus e em Cajamar, e no ros agregados, informa sua asses- EMPRESA
Km 62, em Jundiaí; soria de Imprensa.
Anhangüera — do Km 21 ao Tradicional no transporte de RAMO DE ATIVIDADE
Km 43 em Perus, em Santana carga geral, a Cinco Estrelas es- CGC INSC. EST
do Parnaíba e em Cajamar. tá entrando no mercado de enco- DATA ASSINATURA
Entre os cuidados que a Der- mendas, o que exigiu investimen-
sa recomenda ao motorista, estão tos em comunicações,com instala-
os seguintes: aumentar a distân- ção de receptores portáteis de
NÃO MANDE DINHEIRO AGORA
cia que o separa do veículo da mensagens (bip) na frota dê cole-
frente, reduzir a velocidade, não
ultrapassar pela direita nem trafe-
ta e com adoção da informática,
graças à qual são efetuadas liga- trafig2911P
gar pelo acostamento, e não pa- ções com bancos, para a emissão &From TM Ltda

rar na pista, abrir parcialmente de faturas, e com clientes e filiais, Rup Vieira Fazenda, 72 -V. Marians - CEP 04117
os vidros(para evitar embaçamen- para a troca de informações. Tel.: 575-1304 (Linha seqüencial)
TIELEX (11)35247 - São Paulo - SP
TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 11
lenta
melhoria do dísel
Petrobrás alega falta de
recursos para
cumprir sua parte no programa
de despoluição do ar

•A contribuição do óleo dísel pa- conve, ou utiliza esses recursos pa-


ra a melhoria da qualidade do meio ra procurar esse produto em águas
ambiente no Brasil só começou a profundas, no esforço pela busca
ser dada em janeiro deste ano, com do petróleo nacional, de teor de en-
o fornecimento, pela Petrobrás, do xofre mais baixo.
combustível com teor de enxofre Criticada por distribuidores, que
de 0,507o, o dísel B, nas principais pregam a liberação do preço dos
regiões metropolitanas. O Procon- combustíveis pelos usuários, que se
ve — Programa de Controle do Ar queixam da baixa qualidade do dí-
por Veículos Automotores, estabele- sel e da falta de uma definição polí-
cido pelo Conama — Conselho Na- tica para o gás natural como substi-
cional do Meio Ambiente, em 1986, tuto do dísel, a Petrobrás defendeu-
teve seu cronograma atrasado, no se acusando o governo pela defasa-
item dos combustíveis, porque a Pe- gem tarifária — que é, hoje, da or-
trobrás atrasou a produção e a dis- dem de 50% —,"a qual pode com-
tribuição de dísel destilado com hi- prometer o programa de investimen-
drotratamento para reduzir o teor tos e provocar um déficit na conta- os Estados Unidos chegam a 41%.
de enxofre, e alegou falta de recur- petróleo da ordem de US$ 15 bilhões Segundo ele, a Petrobrás planeja a
sos para importar petróleo de me- nos próximos cinco anos". construção de mais 1 600 km de du-
lhor qualidade. O dísel B já foi tes- Aurílio Fernandes Lima, um dos tos, os quais, com os 790 km já exis-
tado pela Petrobrás em 1985,em fro- diretores da Petrobrás presentes no tentes, atenderão a 16010 de suas ne-
tistas de diferentes modais (ver TM seminário, atribuindo ao subsídio cessidades. "O custo do transporte
262, de novembro de 1985), com o no preço e à "excessiva participação
objetivo de melhorar o aproveita- do transporte rodoviário de cargas, QUADRO 1
mento do petróleo. em prejuízo de outras modalidades,
No seminário "Qualidade e Uso como, por exemplo, os dutos, o au- CONSUMO DE DÍSEL
de Combustíveis para Veículos Pesa- mento do consumo de disel, e a con-
Setores Part. %
dos", promovido, em São Paulo, seqüente intensificação da poluição
pelo IBP — Instituto Brasileiro de atmosférica. "80% do dísel que dis- Transporte 79,4
Petróleo, em junho, a Petrobrás co- tribuímos é consumido pelo trans- Industrial 1,65
locou para os participantes sua gra- porte, e ei rodoviário é responsável Agropecuário 16,8
Energético 1,4
ve dúvida: ou investe no hidrotrata- por 94% dessa participação", com- Público 0,7
mento do dísel para reduzir o teor plementou (ver Quadro 1).
do enxofre existente no petróleo im- Aurílio contou que a Petrobrás Transporte Rodoviário 93,6
portado dos países árabes, de mo- transporta por dutos apenas 7% Transporte Ferroviário 3,7
do a obedecer às exigências do Pro- dos seus produtos, enquanto que Fonte: Petrobrás

12 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


Livrar as regiões metropolitanas
da fumaça negra resultante da má
qualidade do dísel e de sua queima
incompleta é a meta do Proconve que
exigiu da Petrobrás a distribuição do
combustível com 0,3% de enxofre

Demanda de
Derivados (1992)

Combustíveis
Participação (%)

rodoviário de um metro cúbico de dí- ano 2000", assegurou Aurílio Lima. Disel
sel é de US$ 16,50, enquanto que por A falta de tecursos não interfere
duto é de apenas US$ 2,70",concluiu. apenas nos investimentos. A empresa
A melhoria da qualidade do dísel tem sido criticada por atrasar o re-
exigirá US$ 1,250 bilhão para a pro- passe dos recursos do imposto de im-
dução do dísel metropolitano, que portação para o Ministério dos Tkans- — Gasolina
passará a ser distribuído em todo o portes recuperar as estradas. No en-
país até 1997. Afora isso, a empre- tanto, Lima assegura que não há
sa está investindo US$ 200 milhões atraso."Estamos utilizando os direi-
em projetos de controle ambiental tos de isenção de imposto de impor- _Nafta Petroq.
nas refinarias. No ano passado, tação via draw back, que consiste na
um laboratório de análise de emis- exportação de produtos resultantes da
sões custou a ela US$ 5 milhões. matéria-prima importada, para não
Agora, precisa de US$ 10 bilhões recolher esse imposto'',justificou. Outros
para pesquisa e prospecção de petró-
leo, de maneira a aumentar a produ- Dísel metropolitano — Mesmo com
ção, em cinco anos, de 650 mil pa- as alegadas dificuldades financeiras,
ra um milhão de barris por dia. "Se a Petrobrás começou, em janeiro Quantidade (m3)
não investirmos na produção, o Bra- deste ano, a fornecer o dísel B com DIsel 26 211 Nafta Petroq. 8 211
Gasolina 10 172 Óleos Combust. 10 735
sil importará US$ 15 bilhões até o 0,5% de enxofre para as regiões GLP 9 569 Outros 6 702

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 13


metropolitanas de várias capitais: A produção, a
São Paulo, Recife, Fortaleza, Belo distribuição, o
controle de
Horizonte, Rio de Janeiro, Salva- qualidade e o
dor, Curitiba e Porto Alegre, e tam-
bém para a cidade de Aracaju.
A empresa, juntamente com a
consumo, em
debate, na busca
da melhoria da
SUAIN110 SOBRE
Cetesb, responsável pela implanta-
ção do Proconve, com a Anfavea,
qualidade ambiental

C4UUSTWEIS
125k'unho cie PkRk QUALIDADE EU
1991.54 VEICULAS pEç
o Ibama, o DNC e a Secretaria Na-
cional de Energia, do Ministério de
Minas e Energia, consideram viável
a aceleração do programa a partir
de 1996 e, desse modo, o dísel C,
com 0,3% de enxofre, deverá che-
PauleiSP Instituto
gar às áreas metropolitanas de São
Paulo e de Salvador, e às cidades os custos de produção, até agora dicou a qualidade, tendo aumenta-
de Santos, de Cubatão e de Araca- absorvidos internamente. do de 1,0% para 1,3% o teor de en-
ju, e se estender às demais regiões Segundo o engenheiro José Luiz xofre", justificou.
metropolitanas de Belém, de Campi- Ferreira Jardim, coordenador de
nas e de São José dos Campos, a Desenvolvimento de Produtos da Redução de 30% — O Projeto Eco-
partir de 1? de outubro de 1997, e Petrobrás, a política de preço subsi- Rodo de Economia de Dísel nos Ser-
a extinção do dísel do tipo A (com diado para o dísel aumentou de tal viços Rodoviários, lançado em 19
1,3% de enxofre) deverá ocorrer a maneira o consumo que a empresa de março de 1992, no âmbito do
partir de 31/12/1997. teve de modificar a estrutura de pro- Conpet — Programa Nacional de
Mas a produção do dísel D, com cessamento para extrair, da mesma Racionalização do Uso de Deriva-
0,005% de enxofre, 10% de aromá- quantidade de petróleo, 37% de dí- dos de Petróleo e Gás Natural, pro-
ticos e um número de cetano míni- sel, contra os 24% que eram extraí- põe, entre outras coisas, reduzir
mo de 48, depende de um estudo so- dos vinte anos atrás (ver Quadro 2). em 30% o consumo atual, que é de
bre especificações, a ser concluído "A maximização da produção preju- 26 mil m3/ano.
em dezembro de 1994. Segundo a CNT — Confederação
O Proconve havia estabelecido, Nacional dos Transportes,caminhões
por meio da Resolução n? 10/1989, QUADRO 3 e ônibus desperdiçam 30% do dísel
que, a partir de 10 de janeiro de que consomem devido a prática ine-
1993, o CNP forneceria para todo AÇÕES DO PROJETO ficiente. Até 1985,o dísel representa-
o país o óleo dísel com teor má- ECO-RODO va 30% do custo das empresas, mas
ximo de 0,5% de enxofre e com den- essa porcentagem já diminuiu gra-
O Mecanismos de acompanha-
sidade de 0,81 a 0,85. A Petrobrás ças a várias medidas de contenção
mento e de avaliação do consu-
conseguiu renegociar o prazo pa- de consumo de combustível.
mo de dísel nos veículos;
ra dar início ao fornecimento, a par- Mesmo assim,o Eco-Rodo estabe-
El modo eficiente de conduzir o
tir de junho de 1992, para apenas lece ações destinadas às empresas de
veículo e processos de motivação
oito regiões metropolitanas; na ver- transporte, com as quais pretende
para os motoristas; alcançar esse objetivo(ver Quadro 3).
dade, iniciou esse fornecimento seis Elsistemas de manutenção preven-
meses depois. Estatísticas da Scania e da Merce-
tiva da frota e processos de moti-
O mesmo acordo com o Cona- des-Benz mostram que é possível re-
vação do pessoal envolvido;
ma estabelece que o dísel com 0,3% duzir em 20% o consumo de dísel
técnicas de carregamento dos
de enxofre começaria a ser distribuí- com base apenas na maneira eficien-
veículos;
do a partir de 1996 nas regiões me- te de dirigir o veículo.
técnicas para a otimização de
tropolitanas de São Paulo e de Sal- O aumento do consumo é desas-
seleção de rotas e de horários de
vador, e nas cidades de Aracaju, troso para o meio ambiente, revela
serviços;
de Santos e de Cubatão. O dísel com João Eudes Touma, coordenador do
El oportunidades para aumentar Conpet."Se, para cada litro de dísel
0,5% de enxofre só será distribuí- o fator de ocupação dos veículos;
do para o restante do país a partir consumido, um veículo com motor
Elcritérios para a adequação de de 90 kW regulado emite, em média,
de janeiro de 1998. tipos de veículos à natureza dos
Para isso, a Petrobrás está cobran- 1 g/kWh de particulados, 2,3 g/kWh
serviços
do do governo estudos para diferen- de CO e 0,5 g/kWh de HC, o au-
Eloportunidades de economia com mento do consumo em 20% faz com
ciar o preço do dísel em função de instalação de acessórios poupado-
sua qualidade, a fim de cobrir os in- que as emissões de particulados au-
res de combustíveis nos veículos;
vestimentos na produção, na segre- mentem em 300% e as de CO e de
Clseleção e cuidados com os óle- HC em 20%", exemplifica Touma.
gação e na distribuição. O hidrotra- os lubrificantes.
tamento do dísel aumentou em 5% Para o engenheiro Alfredo Szwarc,

14 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


Curitiba que gerencia o transporte
coletivo urbano de passageiros. Pa- FRASES
ra Macena, "não existe coisa mais
Petrobrás encomendou onze navios
inútil na concepção ou mais prejudi- em estaleiros brasileiros parafortalecer a
cial ao motor do que o escape verti- indústria naval. Se comprasse no merca-
cal". Segundo ele, a ação de espa- do internacional, economizaria 30%."
lhar a fumaça na tentativa de disper- Aurilio Fernandes Lima, ao justificar a não privatiza-
sá-la provoca a chuva das partículas, ção da Petrobrás.
que são mais pesadas que o ar.
Foto: Paulo lgarashi "Não sei quanto custará, mas quem paga-
Estudos feitos pela Shell sobre a
diminuição do impacto dos veículos rá o custo do dísel com 0,05% de enxofre
pesados na qualidade do ar local é a sociedade, que respirará um ar mais
limpo."
apuraram que, no caso do dísel, os
principais poluentes são a Pm(fuma- Jean Michel Laupie, da ELF francesa, sobre o dísel
que será distribuído a partir de 1996 na Europa.
ça negra) e os NOx. Os particulados
gerente da Divisão de Programas resultam da queima incompleta do "Os empresários de transporte estão dis-
de Redução de Poluição Veicular combustível e do lubrificante, e a postos a pagar mais caro pelo dísel de
da Cetesb, a redução da taxa de fumaça negra aparece com o motor melhor qualidade, em favor do meio am-
emissões por uma frota de quatro desregulado. Os Pm são compostos biente e também porque o de baixa quali-
milhões de veículos, como a que ha- por carbono, por enxofre/inorgâni- dade aumenta os custos de manutenção."
via em circulação em 1990 na região co, por lubrificante e por combustível. José Menezes Sena, da CNT.
metropolitana de São Paulo, dos A redução da porcentagem de en-
quais 250 mil são a dísel (ver Qua- "A Petrobrás acompanha a Europa e os
xofre reduz também o índice de par-
EUA na busca do melhor cronograma pa-
dro 4) exige maior freqüência na ticulados; os catalizadores atendem ra a qualidade do dísel."
manutenção dos veículos. "Os ôni- às necessidades de se baixar os índi-
Sebastião Vilarinho, diretor da Petrobrás, na palestra
bus, em particular, trabalham com ces de NOx, o que, aliado ao ajus- de encerramento do seminário.
excesso de esforço, reduzindo a vi- te dos motores, controlará o aumen-
da útil, o que altera o débito da bom- to de HC e de particulados; os aditi- "Com 24federações, 300 sindicatos e 80
ba, aumentando a taxa de emissão vos aumentam o cetano, reduzem mil empresas, o setor de transportes, que
de fumaça." Por isso, recomenda a as emissões de CO, de NOx e de consome 80% do dísel, não é ouvido nas
escolha do veículo adequado a deter- HC, e os detergentes controlam to- decisões da área de energia."
minada operação, a fim de diminuir das as emissões, incluindo as de fu- José Menezes Senna, da CN7', ao defender investimen-
tos na melhoria da qualidade do direi e se declarar con-
o desgaste prematuro provocado por maça negra, e a composição de am- tra a construção de oleodutos.
excesso de esforço; a operação corre- bos melhora a queima, reduzindo
ta na troca de marchas e na rotação ainda mais a taxa de emissões. "Chegou o momento de alavancar o uso
do motor, para evitar excesso de con- Para Macena, a fumaça negra é do GNC, mas, para isso, é preciso man-
sumo; manutenção e regulagens efe- combatida com a manutenção de bi- ter uma política que incentive a substitui-
tuadas de acordo com orientação e cos injetores e de bomba injetora. ção do combustível."
com especificações do fabricante; e "O motor precisa respirar, inspiran- Caio de Abreu, da Anfavea, com o senso do dever cum-
prido por parte da indústria automobilística.
filtragem do dísel por meio de cen- do ar limpo e eliminando os gases
trifugação, pois, nesse caso, a troca queimados; se um dos ciclos é obs- "Só a liberdade dos preços dos combustí-
do filtro é feita a cada 30 mil km. truído, a vida do motor é reduzida veis trarásoluçõespara osproblemas ener-
em até 350/o. Como o volume expelido géticos do país."
QUADRO 4 é 2,85 vezes maior do que o aspirado, Sérgio Luiz dosSantos Dias, presidente do Sindicom, ao
há necessidade de se facilitar a sua criticar a política de subsídios e de isenção de impostos
POLUIÇÃO VEICULAR EM saída. Um cano comprido, cheio de no transporte interestadual de derivadospor retalhistas.

SAO PAULO MI curvas, e de diâmetro mais estreito, "Somente 1,53% do gás vendido pela
restringe a capacidade de expiração Comgás é destinado ao uso automotivo."
Veículos CO HC NO SO. e, conseqüentemente, de aspiração,
Silvio Nogueira Filho, da Comgás.
a álcool 12 6 5 aumentando o consumo e provocan-
a gasolina 60 33 13 5 do a formação de mais fumaça." "A política de preços de combustíveis é
a dísel 16 15 73 60 Em Curitiba, a URBS exige ôni- ridícula. Aqui, o Ase! custa 30% a 60%
Fonte: Cetcesp bus de motor turbinado desde 1990. menos do que nos países vizinhos, e de
Hoje,62% dos 1 550 ônibus da fro- metade a um terço do preço no primeiro
Szwarc defende o uso de escapa- ta em circulação na cidãde são dota- mundo. Se não se mexer no bolso dos
mento vertical, que, "se não dimi- dos de motor turbo. Esses motores consumidores, não haverá redução do con-
nui a poluição, pelo menos facilita são equipados com um LDL, dispo- sumo. A política de transportes só muda-
rá se se incentivar outros modais."
sua dispersão", mas foi contestado sitivo que só limita a abertura de
por Ézias Macena, chefe de Vistoria débito da bomba se a pressão do co- Eugênio Miguel Mancini Shlleder, secretário substitu-
to de Energia, do Ministério de Minas e Energia.
e Manutenção da URBS, estatal de letor de admissão for positiva.

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 15


chega
aos trinta anos
Em três décadas de vida,
a revista ganhou
mais dinamismo e acumulou
muita experiência

•"Uma mulher de trinta anos tem das as publicações podem atender


atrativos irresistíveis. A mulher jo- a contento.
vem tem muitas ilusões, muita inex- "A Editora TM progrediu muito
periência. Entre elas duas há a dis- desde a sua fundação, em 1975. Ela
tância incomensurável que vai do dispõe, atualmente, de um leque de
previsto ao imprevisto, da força à novos produtos além da revista",
fraqueza." O trecho faz parte do li- assinala Neuto. Dentre eles, estão a
vro A Mulher de Trinta Anos, de "TM Operacional — Custos & Con-
Honoré de Balzac, escritor que se troles", relatórios mensais de custos
consagrou ao escrever cerca de oiten- operacionais, a revista Custos & Fre-
ta dramas burgueses, os quais englo- tes e a divisão TM Cursos & Seminá-
bou sob o título A Comédia Huma- rios, promotora de eventos técnicos.
na. Analogia obrigatória, os trinta "Temos uma experiência acumula-
anos de TM emprestam à revista a da que nos permite até mesmo fazer
mesma desenvoltura atribuída pelo alguns trabalhos de consultoria, não
escritor francês à sua musa. Entre- somente para frotistas mas também
tanto, a maturidade da publicação, para a indústria automobilística, pa- tro da Editora Abril. Acho que a re-
segundo Neuto Gonçalves dos Reis, ra bancos e para grandes estatais", vista que trata de um assunto técni-
editor da revista desde há 23 anos, afirma o editor de TM. co e específico, e que é ferramenta
foi conquistada ainda na época em A seguir, Neuto, em rara ocasião de trabalho para o empresário, não
que ela vivia 'sob as asas' do se- em que vê invertido o seu papel de tem condições de ser feita por gran-
nhor Victor Civita, grande pionei- entrevistador, responde a algumas des editoras. A experiência mostra
ro do jornalismo técnico no Brasil, perguntas sobre a sua convivência isso. O grupo Dirigentes acabou fe-
e que, em agosto de 1963, com o com esta 'balzaquiana técnica'. chando, e a Gazeta Mercantil, que
primeiro número de Transporte Mo- também tinha quatro ou cinco revis-
derno, inaugurava o Grupo Técni- TM — Foram 30anõs com mais tem- tas técnicas, também fechou esse de-
co da Editora Abril. pestades do que bonanças, repletos de partamento. Na verdade, os atos de
Foram anos primordiais e, de lá crises econômicas. A quem se deve o dirigir ou de fazer uma revista espe-
para os dias de recessão atuais, o ato de bravura de a revista ter sobre- cializada passam muito pelo conheci-
jornalismo especializado mudou vivido sem perdersua periodicidade? mento do editor. Esse conhecimen-
muito. Primeiro porque deu certo, Neuto — Não digo que tenha sido to só é possível no âmbito de uma
e porque multiplicou o número de um ato de bravura, mas de persistên- pequena editora, onde as pessoas
títulos técnicos,especialmente aque- cia, de teimosia. Muita gente acredi- não apenas conheçam tecnicamente
les relativos ao transporte. Segun- tou que éramos loucos quando assu- o assunto, mas também tenham um
do porque passou a apresentar ca- mimos esta revista que, na época, tipo de conceito perante o leitor e o
racterísticas próprias, que nem to- não tinha nenhuma viabilidade den- anunciante. É uma questão de se de-

16 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


de maneira ainda mais profunda, e,
conseqüentemente, para poder diri-
gir melhor a revista e a editora.
Um homem que, aos 51 anos, vol-
ta a uma faculdade, não está, em
absoluto, perdendo o torque.

TM — Partindo do princípio de que


a maturidade de uma revista é alcan-
çada quando ela consegue satisfazer
a tudo aquilo que seu leitor espera
dela, então TM teria atingido esse
estágio a partir do desligamento da
Editora Abril?
Neuto — É sempre muito difícil aten-
der ao leitor, mas sempre procura-
mos nos colocar no lugar dele para
interpretar aquilo que ele deseja e
aquilo de que ele necessita. O que
funciona no marketing também fun-
ciona no jornalismo. Acredito que
a maturidade veio até antes da fun-
dação da Editora TM. Ela pode ter
vindo um pouco até mesmo com a
minha própria maturidade profissio-
nal. Houve um período na Abril
em que eu dirigia várias revistas ao
mesmo tempo, e acabava não me
fixando em nenhuma delas. Poste-
riormente, pude me concentrar, por
volta de 1975, exclusivamente na
Uansporte Moderno, e esse foi um
período muito fértil. Começamos a
ganhar prêmios de jornalismo, e, a
partir daí, não paramos mais. A
maturidade veio com esses prêmios
e, principalmente,com aquela famo-
sa edição número 145, dos "Custos
Operacionais", que era para ser
uma tese de mestrado mas que aca-
tinir seu nicho de mercado, e de se o caminho que nos tem permitido bei publicando, e que ficou como
manter coerente com essa definição. viver durante os três últimos anos. uma espécie de bíblia sobre o assunto.

TM — Qual foi o pior momento TM — Depois de 30 anos, a revis- TM — Os prêmios de jornalismo


dentre as crises que a revista atraves- ta TM está perdendo o torque, co- constituíram um marco definitivo
sou nesses anos todos? mo acusam alguns críticos? na história de TM. Que contribui-
Neuto — Ainda está sendo. Esta- Neuto — Não. A TM continua sen- ção essas reportagens premiadas de-
mos saindo dessa recessão, e acredi- do uma revista que acumulou 30 ram ao processo de profissionaliza-
to que ela já esteve pior há um ou anos de experiência — e isso, longe ção da revista?
dois anos. Estamos hoje fazendo deser uma desvantagem,é uma enor- Neuto — Isso provou, até para nós
um ajuste razoável, que, a princípio, me vantagem. Eu, pessoalmente, mesmos, que fazíamos o jornalis-
pode parecer um encolhimento da acredito ter acumulado muita expe- mo especializado — o qual, na épo-
empresa, uma vez que ela teve de riência nesse tempo todo. Hoje, sou ca, era considerado um jornalismo
enxugar custos e de cortar pessoas, um especialista em transporte, e não de segunda categoria —,que ele não
todo um processo doloroso, mas apenas em jornalismo cre transpor- devia nada para o jornalismo em
que teve seu lado positivo por nos te. Depois de quase trinta anos fo- geral, da grande imprensa. Atrás
mostrar que a empresa pode ser ra da escola, voltei para fazer um de nós vieram outros, que seguiram
mais eficiente, que podemos fazer curso de mestrado em Engenharia pelo mesmo caminho. E é possível
um produto com a mesma qualida- de Transportes, e justamente para que isso tenha representado até mes-
de gastando menos. Tem sido este entender ainda melhor o setor, e mo um estímulo a profissionais e a

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 17


editoras para que se interessassem centros de pesquisa, não há muito
por esse tipo de jornalismo. sentido em colocar a revista para
ser vendida em bancas. O segredo
TM — Em trinta anos, surgiu todo consiste, realmente, em estabelecer
um universo de outras publicações um mailing qualificado e enxuto,
voltadas para o setor. Hoje, tanto pois os custos de correio, de impres-
o leitor como o anunciante sabem são e de distribuição são muito al-
distinguir o que ésério do que não é? LA- tos para que se amplie indiscrimina-
Neuto — A médio e a longo prazos, Neuto: o leitor precisa ser qualificado damente esse mailing. Isso, aliás,
essa distinção acaba se manifestan- deixa uma boa margem para traba-
do. Temos vários exemplos, não pre- tir do CPM — custo por mil. Então, lharmos as assinaturas pagas. Te-
ciso citar os títulos, de revistas que quanto maior for o número de revis- mos, hoje, cerca de quatro mil assi-
entraram no mercado e, posterior- tas que você tiver para mostrar, me- naturas pagas, e isso constitui uma
mente, fecharam as portas. E outras lhor. Temos condições de mostrar outra sustentação financeira impor-
que entraram no mercado fazendo um número maior que o dobro do tante para qualquer revista. Não se
muito barulho, mas que hoje sobre- que mostramos. Nossa filosofia con- pode depender apenas do anuncian-
vivem precariamente. Nosso traba- siste em tomar por base não o cus- te, não apenas por uma razão de in-
lho de trinta anos foi sério não ape- to por mil, mas o que chamamos dependência, mas também porque
nas em termos editoriais, mas tam- de CPMQI, ou seja, custo por mil a tendência é no sentido de dividir
bém em termos de comercialização, que interessa. Quem recebe a revis- os custos da publicação com o lei-
de mailing. Este, aliás, é um traba- ta precisa ter uma boa qualificação, tor. Querer ser independente e, no
lho de paciência. Hoje, por exemplo, não apenas como leitor mas também final das contas, querer também
temos 50 mil nomes no nosso compu- como comprador em potencial dos que o custo seja totalmente pago
tador, dentre os quais trabalhamos produtos anunciados. pelo anunciante é uma evidente con-
com 18 mil, 19 mil, que são, efetiva- tradição. Quanto mais assinaturas
mente, os mais qualificados. Não é TM — A experiência já demonstrou pagas houver, menos se dependerá
um trabalho irresponsável, de só alar- que a circulação desse tipo de pu- do anunciante, e maior será a quali-
dear grande número de nomes, mas blicação só funciona por meio da dade editorial exigida da revista.
um trabalho de longo prazo. Acredi- distribuição por mailing, ou vale-
to que, com o tempo, acabaremos ria a pena arriscar a venda em ban- TM — O trabalho sério, o respeito
com essa farsa de outras empresas, cas, a promoção de assinaturas, e pelo leitor, é um dom de quem faz
que enviam revistas para pessoas assim por diante? a revista ou uma filosofia de traba-
que nem sempre se interessam por Neuto — Pelo menos para nós, den- lho? De onde vem isso?
elas. Há um vício nas agências de tro da linha que escolhemos, de aten- Neuto — Isso é uma herança da
publicidade, e que os próprios edito- der ao técnico, ao empresário, ao Abril. Tenho certeza, pelos oito
res acabaram absorvendo, que é a pessoal que mexe com transporte anos que lá passei, que a Abril sem-
continha do custo por anúncio a par- no governo, nas universidades e nos pre deu liberdade total aos jornalis-
tas. Durante seis anos, fui redator-
chefe, e respondia pelas opiniões e
OS PRÊMIOS DE JORNALISMO GANHOS POR TM pelos posicionamentos editoriais da
revista. Era até mesmo uma época
Edição n? Data Colocação/Prémio
muito nacionalista,em que se critica-
140 Julho/1975 Vencedora-do I Prêmio Scania de Jornalismo va o capital estrangeiro, as multina-
145 Dezembro/1975 2° lugar no II Prêmio Scania de Jornalismo cionais, e assim por diante, posições
146 Jan/Fev11976 3° lugar no II Prêmio Scania de Jornalismo essas que acabávamos endossando
149 Maio/1976 Vencedora do II Prêmio Scania de JornalismO
em defesa dos próprios transportado-
151 Agosto/1976 Menção honrosa no II Prêmio Scania de jornalismo
156 Janeiro/1977 2° lugar no III Prêmio Scania de Jornalismo res. Nessa época, a própria Abril
Categoria Individual era vista como representante do gru-
160 Mato/1977 2° lugar no III Prêmio Scania de Jornalismo po Time/Life, havia a imagem de
Categoria Equipe que era uma empresa de capital es-
180 Janeiro/1979 Vencedora do Prêmio Telesp de Jornalismo
Categoria Transportes
trangeiro. Mas nunca recebi qual-
232 Maio/1983 Vencedora do Prêmio Mercedes-Benz de Jornalismo quer orientação contrária do senhor
283 Agosto/1987 Vencedora do 1? Prêmio Volvo de Segurança Victor Civita, do senhor Roberto
Categoria Regional II Civita ou de quem quer que seja.
293 Junho/1988 Vencedora do 2? Prêmó-Volvo de Segurança Pelo contrário, quando chegavam
Categoria Nacional
307 Agosto/1989 2° lugar do Prêmio Anfavea de Jornalismo e reclamações ao Victor Civita, ele
Menção Honrosa no 3? Prêmio Volvo de Segurança respondia: "Vai resolver isso com
308 Setembro/1989 Vencedora do Prêmio Mercedes-Benz de Imprensa o pessoal da redação da revista."
340 Julho/1992 Vencedora do 6? Prêmio Volvo de Segurança
Categoria Região II
Walter de Sousa

18 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


A qualquer momento, em qualquer lugar, nas ruas e Brasil. São caminhões e ônibus de primeiro mundo,
'estradas do Brasil, você cruza com um Scania. São com avançada tecnologia e que,"ao longo de
caminhões pesados transportando cargas nossos 36 anos de Brasil, mudaram profundamente o
essenciais ou ônibus levando gente num ir conceito e o perfil do transporte
e vir sem fim por esse País afora. rodoviário do País,
É a presença constante da Scania na vida Agora, a marca dos 100.000 veículos
brasileira, neste momento em que 1001)00? produzidos é um novo ponto de partida
chegamos a mais um marco histórico: SCANIA para nós, rumo ao futuro. Rumo ao Brasil
100.000 veículos Scania produzidos no BRASIL do Scania 100.001, 100.002, 100.003...
TRANSPORTANDO O DESENVOLVIMENTO
Motorista do caminhão
acusa empresário pela
sobrecarga de trabalho

mentável
amostragem
Em apenas oito dias, o país
assiste a dois brutais
acidentes, que demonstram a vitória
do descaso sobre a segurança

Fiscalização e órgãos
•Embora assombrosos, apesar de "Essa recente tragédia ganhou rodoviários atribuem a
imprecisos, devido à falta de seriedade as páginas da imprensa porque o culpa à imprudência
dos motoristas
estatística imperante no país, os nú- número de mortos passou de vinte",
meros de acidentes e de mortos no conta a empresária Vera Piedade
trânsito brasileiro parecem não mais Crivelli, sócia-diretora da Nove de
assustar as autoridades ou os respon- Julho, também já acostumada com
sáveis diretos pelo descuido observa- as ocorrências na rodovia, onde
do nas estradas e, muitas vezes, tam- seus ônibus operam desde há 37 não sofreu alterações desde a época
bém no treinamento do pessoal que se anos. Esse foi o pior acidente que do projeto original, de 1958, ocorreu
entrincheira no palco da batalha ro- a empresa já sofreu. Impotente, ela num momento em que ainda não
doviária. Na verdade, acabam não diz que acreditou quando,"há mais havia conflito de ultrapassagem. O
amedrontando nem mesmo muitas ví- de oito anos, houve a promessa de Volvo, engatado numa carreta de
timas em potencial, especialmente duplicação da estrada". "Foi uma três eixos, carregado de ferragens,
motoristas de caminhões, que de ci- festa que toda a população da re- sacos plásticos e sacolas de náilon,
ma de seu alto posto na rodovia, a gião pensou que fosse séria", con- descia, e o ônibus, chassis B-58, car-
quase dois metros do chão, na boléia, ta. Vieram políticos de todos os la- roçaria Nielson, subia. A pista, nas
sentem-se inatingíveis pela desgraça. dos, diz ela. Mas tudo não passou proximidades do ponto do choque,
Ou a fatalidade explica as ocor- de um sonho, e o pesadelo conti- é inclinada, e fica perto de uma cur-
rências ou o desânimo econômico e nuou. "Não há um só morador da va. A chuva completava o cenário.
cultural que assola a população há região que não tenha perdido paren- Antes de atingir violentamente o
décadas já contaminou até mesmo te na estrada", conta. Pedestre não veículo da empresa 9 de Julho, o ca-
o amor à vida. "Acho que farei tem vez. Obrigado a usar o acosta- minhão resvalou na lateral de outro
uma viagem sem volta", foi a fra- mento como caminho, uma vez que ônibus, da viação Soamin. Segundo
se que uma criança de três anos ou- é comum o movimento de transeun- uma testemunha, que viajava neste
viu de seu tio, o motorista do cami- tes entre as vilas e os sítios próxi- último ônibus, o motorista da Uni-
nhão da transportadora Unidos, mos, o pessoal só tem a alternativa dos, ao entrar na sua contramão(no
Francisco Alencar Mesquita, 34 de pular pra ribanceira abaixo quan- sentido São Paulo—Curitiba), pare-
anos, sobre o próximo e último tra- do vê algum veículo se aproximar. cia desacordado, pois nem tentou
balho que faria para a empresa, e "Acostamento também é pista", diz. frear. Chocou-se de frente com o ôni-
que causaria a sua morte, bem co- bus da 9 de Julho, produzindo as ce-
mo as de mais 25 pessoas, num cho- Estrada armada — No entanto, ape- nas de horror transmitidas para todo
que frontal com um ônibus da Via- sar de a quase totalidade dos 408 o Brasil, quase ao vivo e em cores.
ção Nove de Julho, no quilômetro quilômetros da apelidada Rodovia O boletim de ocorrência feito no
328 da Régis Bittencourt, a 71 quilô- da Morte ser uma arma engatilhada, local pela Polícia Rodoviária con-
metros de São Paulo, na quinta-fei- pronta para atirar, o pior acidente siderou o motorista do caminhão
ra, 10 de junho, às 13h15m. ocorrido nesse antigo traçado, que como responsável por homicídio cul-

20 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


Empresario de carga
culpa mas condições
das estradas e falta
de fiscalização

O ROTEIRO DA CULPA

Empresario de Õnibus
tambem responsabiliza
falta de diretrizes
rodo viarias voltadas
para a segurança

poso. Porém, mesmo que o resul- ção, em 12 de julho, a espera pela pois o seu veículo, engatado em car-
tado da perícia, realizada com ba- conversa continuava. reta de três eixos, vazia, atravessou
se em fotografias, no posicionamen- o canteiro central, perto de uma pas-
to dos veículos e nas condições da Números do horror — Uma sema- sagem em nível e foi bater na late-
estrada, incrimine o preposto da em- na depois do choque violento na ral do ônibus da Viação Entram na
presa Unidos, nada garante que ha- BR 116, a via Dutra (429 quilôme- pista contramão. O ônibus capotou,
verá continuidade no processo ju- tros), igualmente famosa pelo fa- chocando-se com outro caminhão,
dicial. Os delegados peritos acredi- to de engordar as estatísticas de um Mercedes-Benz. A velocidade
tam que, para fins de pagamento acidentes de trânsito e pela carên- estimada para o caminhão é alta,
de seguro aos parentes das vítimas, cia de cuidados, foi palco de outra segundo os mesmos policiais.
o resultado do laudo será de gran- triste amostragem dos trágicos nú- "Era impossível que o pobre mo-
de utilidade. Pode ser um consolo meros que afogam o Brasil. O pior torista estivesse dormindo", rea-
para a empresa de transporte de pas- acidente dos últimos quinze anos ge Transfreezer. Para ele, "foi mes-
sageiros, a quem cabe, em primeira no trajeto Rio—São Paulo acon- mo um acidente,sem responsabilida-
instância, a responsabilidade pelo teceu no quilômetro 59, em 18 de de de ninguém". No entanto, ele
desembolso de indenizações, mas junho, às 22h4Omin, e também en- credita ao descuido do DNER gran-
provavelmente não o é para quem volveu um caminhão e um ônibus. de parcela de participação na série
perdeu entes queridos por irrespon- Conseguiu superar, em número de de fatores que convergiram para o
sabilidade, imperícia ou estafa de vítimas fatais, o acidente ocorrido momento da ocorrência. "Meu mo-
trabalho de outra pessoa. Procura- oito dias antes. torista era muito experiente, até
do insistentemente por TM, o pro- Morreram 27 passageiros, quase mesmo em viagens internacionais,
prietário da Unidos mostrou-se, pe- todos nordestinos que iam visitar a sem nunca ter passado por nenhu-
lo telefone, gentil e preocupado com família, saídos da capital paulista ma ocorrência", afirma, ressaltan-
a tarefa de resolver de maneira sa- para a cidade baiana dèltuy Barbo- do que aquela viagem era de volta
tisfatória os problemas envolvidos sa, além de José Domingos da Sil- de uma entrega, feita em Três Rios
nas conseqüências do acidente. No va, motorista da Transfreezer. Al- (RJ), distante de São Paulo não
entanto, não foi além de algumas guns policiais rodoviários que fize- mais que seiscentos quilômetros.
promessas de conversas futuras. Até ram a ocorrência acreditam que es- Tolomeo afirma que seu profissio-
a ocasião do fechamento desta edi- te último devia estar dormindo, nal se achava descansado.

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 21


Por outro lado, o canteiro cen- todos os grandes acidentes de que
tral do trecho da estrada não está tem conhecimento envolvem cami-
separado da via por muretas ou por nhões, confirmando o percentual
guard-rail, imprescindíveis em ro- de 80% das ocorrências em que es-
dovias como a Dutra. "Mesmo no ses veículos estão presentes. "Há,
caso de um motorista dormir, se no país, muito descaso com relação
houver um obstáculo, o susto, em à segurança", diz, lembrando que
eventual desgoverno do veículo, acor- a lei dos 80 km/h obedeceu a um
da a pessoa, que, por isso, tem tem- critério econômico e não a uma dire-
po de reagir", diz. Além disso, To- triz de segurança rodoviária. Meio
lomeo garante ter ouvido de teste- constrangido, tenta induzir o racio-
munhas no local do acidente, visi- cínio de que muitos colegas de clas-
tado por ele "inúmeras vezes e até se acabam se preocupando mais
mesmo fotografado", que seu ca- em ganhar dinheiro do que em ga-
minhão foi cortado por um auto- rantir a segurança daqueles aos
móvel que saía de um motel e que- quais transportam ou que podem
ria cruzar a pista. O motorista des- envolver em acidentes. pontos de apoio nos trechos onde
se automóvel teria fugido. Ainda se- "Deveria haver maior rigor, na conservam linhas regulares.
gundo Guerino Tolomeo, só depois legislação trabalhista, para o moto- Discordando de Nélio, Guerino
da catástrofe o DNER pintou as rista de caminhão, assim como há Tolomeo acha que o dia-a-dia da
guias na região da colisão, e fechou para o de ônibus", afirma. Se o transportadora de carga não permi-
a passagem em nível, que já este- transportador de carga tivesse de te tantas regras. "Não adianta im-
ve associada à causa de outras ca- respeitar o cumprimento do perío- por horários, pois o motorista fa-
tástrofes anteriores. do de descanso de seu profissional, rá o que quiser, uma vez que há via-
O proprietário da Viação Entram, tudo mudaria, acredita Nélio. gens nas quais fica até quinze dias
Nélio Raimundo de Almeida, ape- Com o corpo e a cabeça livres longe da sede da empresa", afirma.
sar de preferir não se posicionar de do estresse, a viagem renderia mais Para ele, a sensação de ser inde-
maneira definitiva sobre o acidente, e não haveria necessidade de esti- pendente resultaria no não-cumpri-
sugere que a versão do cansaço do mulantes, como, por exemplo, café, mento das regras. Há orientações
motorista da Transfreezer é a mais pinga ou o famoso rebite, que, de- para não se exceder o tempo de oi-
plausível. "Pela altura em que o ca- pois de passado o seu efeito (e ele to horas no volante, além de ou-
minhão pegou o ônibus, 1,5 m, o não avisa quando acaba), provoca tros cuidados, afirma.
motorista não apenas deve ter dor- uma espécie de desmaio na pessoa. O controle por meio do tacógrafo,
mido como também deve ter tido Ele exemplifica a comprovação de que já é obrigatório em ônibus, tam-
uma alucinação. Ele voou", diz. sua tese com base na experiência bém não funciona, insiste Tolomeo:
O proprietário da Viação Entram própria. "Quando não havia o Guia "O tacógrafo aponta para a irregula-
começou no transporte como trans- de Serviço do Motorista, a incidên- ridade depois que ela é cometida."
portador de carga, passando, depois, cia de acidentes era maior na En- Para ele, há também um fator
para o transporte de passageiros. tram", confessa. psicológico agindo no motorista de
Foi esse o primeiro acidente grave O documento, de porte obrigató- caminhão: ele se sente o maioral
no qual sua empresa se envolveu. rio pelo motorista, controla os horá- dentro da sua cabina. "Dentro do
Porém,ele garante que conhece mui- rios de viagem e de descanso, de acor- caminhão,o motorista conversa num
tas grandes transportadoras que,ape- do com a lei: deve haver um descan- tom de voz diferente", afirma. O
sar de sofrerem acidentes, preferem so de onze horas entre jornadas. fato de os veículos estarem, atual-
não se manifestar. "Ninguém quer Caso a fiscalização constate irregula- mente, muito avançados (pena que
mostrar coisa ruim", afirma. ridade, a empresa é autuada, diz as estradas não acompanharam es-
Nélio. Além disso,.o transportador se avanço, diz Guerino Tolomeo)
Guia do Motorista — O proprietá- defende a opinião de que as trans- também é motivo de desequilíbrio.
rio da Viação Entram confirma que portadoras de carga devem manter "Os motoristas não estão conscien-

LuK, maciez para quem


dá duro na estrada.
Embreagens
Para Caminhões e Ônibus
"Viagem sem que podem causar. Além disso, eles
volta" na BR-116
transportam cargas com um senso
no último 10 de
junho: 26 mortos de responsabilidade muito menor
no choque entre o do que aqueles que transportam qua-
caminhão da renta vidas, como nos ônibus, diz.
Unidos e o ônibus A diretora da Nove de Julho lem-
da 9 de julho.
bra algumas outras tragédias recen-
tes que ocorreram na BR 116, e que
envolveram caminhões. Em 1990,
um microônibus que transportava
dezenove jogadores de beisebol pa-
rou para socorrer um acidente. Aca-
bou sendo atropelado por um cami-
nhão, que matou todos os esportis-
tas e mais o motorista.
No Carnaval, ainda neste ano, a
tes do que têm na mão" diz, garan- líbrio quando têm de lidar com situa- dois quilômetros do local do aciden-
tindo que nunca sofreu acidentes, e ções imprevistas. "Utilizamos um te que envolveu o ônibus de sua em-
que realiza treinamentos intensivos vídeo explicativo da estrada para o presa, um caminhão,também desgo-
e constantes com seu pessoal. treinamento dos novos", diz Vera vernado, colidiu com um ônibus
Crivelli. Porém, os mais antigos da da empresa Deyse Transportes e Tu-
Banalização da tragédia — Na em- casa também fazem reciclagem. rismo, atingindo-o na parte lateral.
presa Nove de Julho, mais do que Sem querer criar polêmica, ela O veículo de passageiros capotou e
o treinamento, o teste psicológico atribui aos caminhões as maiores ir- o acidente gerou vinte mortes. Na
do motorista é essencial. A empre- regularidades. "Esses motoristas época, testemunhas afirmaram que
sa só contrata profissionais que se- não têm paciência", diz, ressaltan- o motorista do caminhão estava dor-
jam calmos e que demonstrem equi- do a falta de consciência do mal mindo no volante.

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ergoso
pestanejar
Sistema bate-e-volta leva
motorista a rodar por
horas a fio e suscita debate
sobre carga horária

•0 que pode ser mais grave: um 26 pessoas na rodovia Régis Bitten-


cochilo do motorista junto ao volan- court. De pronto, as manchetes que
te ou o cochilo do transportador ao estamparam a tragédia, no dia se-
tornar perigosos os seus veículos guinte, suscitaram(ou ressuscitaram)
quando impõe extensas jornadas de o debate acerca da normalização da
trabalho ao seus motoristas para não jornada de trabalho do motorista
perder a guerra contra os prazos de de carga. Segundo o diretor do GST
entrega? Ao estadista inglês Winston — Grupo de Segurança de Tráfego
Churchill é atribuída a frase: "Ma- da NTC, Valmor Weiss, essa discus- durante o dia, ou estritamente no
tar um homem com uma arma é tão são estava adormecida desde a épo- horário noturno. "Ainda não há
grave quanto matá-lo com um mau ca da regulamentação do uso obriga- um consenso no setor, mas a idéia
governo." Da mesma forma, tornar tório do tacógrafo nos caminhões. é a de acabar, a qualquer custo, com
a frota insegura pode ser tão grave É ele, aliás, quem levanta a voz essa matança oficial", exalta-se.
quanto matar pessoas com a arma em defesa de uma jornada de traba-
inusitada do caminhão. lho menos longa. "Entre 1985 e Terceirização de segunda — Toda
Entretanto, o custo do acidente 1986, apontamos a carga horária co- essa discussão esbarra num concei-
ainda não assustou o suficiente o mo um dos principais culpados por to delicado, defendido pelas entida-
frotista a ponto de fazê-lo repensar acidentes nas estradas", conta. Foi des representativas dos empresários
a prática do chamado bate-e-volta, esse fato que,segundo ele, acabou le- de transporte desde que a recessão
termo hoje pejorativo, que designa vando à obrigatoriedade do tacógra- se aprofundou com os sucessivos
o motorista que faz uma viagem a fo. "No entanto, esses instrumentos choques econômicos desferidos pe-
longa distância, entrega a carga e jamais foram fiscalizados a contento, lo ex-presidente Fernando Collor:
volta no mesmo instante. Isso o obri- mesmo depois de um estafante traba- o enxugamento de custos. Isso por-
ga, obviamente, a uma extensa jor- lho do GST para que a Polícia Rodo- que a prática do bate-e-volta não
nada de trabalho — às vezes, de até viária Federal passasse para o Minis- passa de um perigoso fruto gerado
mais de vinte horas consecutivas tério da Justiça", relembra. Depois pelos ostensivos cortes de despesas
—, com intervalos irregulares para de um período de quatro anos em nas transportadoras. "Eu diria que
descanso, na maioria das vezes em que se manteve afastado do GST, há uma somatória de culpados, den-
locais impróprios. Weiss promete retomar o assunto, tre eles a recessão, que puxa o fre-
"0 motorista do caminhão deve levando em consideração propostas te para baixo, e o desespero dos fro-
ter dormido, pois nem tentou frear", de jornadas como, por exemplo, a tistas, que relega o fator segurança
contou, ao jornal O Estado de S. adotada pela comunidade européia, ao último plano", afirma Weiss.
Paulo, uma testemunha do choque de quatro horas de direção contra Dessa forma, o empresário de trans-
frontal entre um ônibus e um cami- duas de descanso, ou, ainda, outras porte cobra mal o frete; em conse-
nhão, ocorrido no dia 10 junho últi- mais radicais, como a de autorizar o quência, paga mal o carreteiro que,
mo,acidente que consumiu a vida de tráfego de veículos pesados somente por sua vez, aceita qualquer preço.

24 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


Ultrapassagem
na BR-116:
sobrecarga de
horas sem dormir
torna a estrada
mais perigosa
do que já é.

"É justamente a terceirização veículo inseguro, ato que pode lhe mentação de jornada de trabalho
do setor que tem incentivado a inse- custar, inclusive, o emprego. "O para motoristas — ambas, entretan-
gurança nas estradas", ataca José motorista que escapa de um aciden- to, foram aprovadas na Câmara Fe-
Carlos de Sena, presidente do te responde, em geral, por um pro- deral —,faz gestões junto ao Minis-
STETRC — Sindicato dos Trabalha- cesso-crime por homicídio culposo", tério do Trabalho para que este rati-
dores em Empresas de Transportes avisa o sindicalista, argumentando fique o Convênio 153 da OIT
Rodoviários de Cargas de São Paulo que a corda sempre arrebenta do la- — Organização Internacional do Tra-
e Itapecirica da Serra, entidade que do mais fraco. "E o pior de tudo: balho, órgão ligado à ONU. O docu-
congrega 10 mil dos 25 mil trabalha- para o mesmo motorista conseguir mento diz que se trata da "duração
dores da região. Na opinião do diri- um novo emprego, ele deve apresen- do trabalho e de períodos de descan-
gente, essa prática, que acabou se tar sua folha de antecedentes crimi- so nos transportes por caminhão",
tornando a opção número um da nais, isto é, nunca voltará a traba- e se baseia na Recomendação 161,
política de corte de gastos, acaba im- lhar novamente", acusa. aprovada pela Conferência Geral
pondo ao ex-funcionário da empre- Uma prática mais ponderada pa- da OIT,em 27 de junho de 1979."Pa-
sa, agora carreteiro, um insuportá- ra incentivar a insegurança, segun- ra nós, é uma proposta imparcial e
vel ritmo de trabalho. "O pior é do Sena, é o pagamento, ao motoris- justa, que contorna a impossibilida-
que não há nem mesmo um mecanis- ta, de um prêmio por quilômetro ro- de de se fiscalizar as horas-extras
mo de fiscalização para verificar o dado. Dessa maneira, a empresa esta- passadas na estrada", afirma Orlan-
número de horas trabalhadas por ria promovendo o lema 'ganha mais do Coutinho, presidente da CNTT.
um motorista", afirma. Nesse racio- quem roda mais', transferindo ao Na opinião de Sena, espera-se,
cínio, salienta que jamais se saberá motorista, mais uma vez, a inteira com a adoção desse documento, aca-
durante quanto tempo os dois moto- responsabilidade por qualquer falha bar de vez com o debate infrutífe-
ristas envolvidos nos acidentes de ou acidente. Para ten'tar contornar ro sobre a jornada de trabalho,"que
junho estavam rodando, uma vez esse problema, a CNTT — Confede- tem feito os transportadores darem
que ambos perderam a vida. ração Nacional dos Trabalhadores pulos de dois metros de altura por
Outro problema levantado por no Transporte, depois de realizar ocasião da discussão da pauta de
Sena é o da impossibilidade de o duas tentativas fracassadas tentan- reivindicações em épocas de dissí-
motorista se recusar a conduzir um do aprovar no Senado uma regula- dios coletivos".

"TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 25


Fiscal de horário — O Convênio Weiss, da NTC,
153 da OIT estabelece uma jornada defende a jornada
européia de
máxima de nove horas, incluídas quatro horas de
as duas horas-extras máximas permi- trabalho
tidas, de modo que o motorista fa- intercalada por
ça uma pausa obrigatória a cada duas de descanso
quatro horas rodadas. O tempo des-
sa pausa é especificado, segundo a
OIT, pelos órgãos competentes de

Foto: Arquivo TM
cada país. Não se trabalha mais de
48 horas semanais, e o descanso diá-
rio deve ser, no mínimo, de dez ho-
ras. Durante o descanso diário, o
motorista não é obrigado a permane-
cer no veículo nem nas proximida- Segurança e rapidez — Uma remo- recebe prêmio por fazer uma média
des deste (Artigo 8, Parágrafo 5). delação do sistema interno de cada de quilômetro/litro acima do míni-
Esses horários se assemelham, empresa de transporte: com certeza, mo especificado pela empresa, o
um pouco, aos propostos pela Nor- é isso o que a regulamentação da que implica numa direção comedi-
ma Complementar n? 18 da Dire- jornada de trabalho do motorista da, sem alta velocidade; é premia-
toria de Transporte Rodoviário do desencadeará. E será então que es- do por não queimar tacógrafo, por
Ministério dos Transportes, datada se debate se ampliará ainda mais: não receber multas de trânsito, por
de 16 de outubro de 1978, que re- "Como contornar a situação sem não faltar ao serviço, ou, ainda,
gulamenta o regime de trabalho dos ampliar os custos?" Um exemplo por contribuir para a durabilidade
motoristas de veículos de transpor- que pode ser tomado como modelar dos motores dos caminhões. Um
te interestadual e internacional de é o do Expresso Mercúrio, empresa prêmio que, ao contrário do que
passageiros. Ela especifica uma car- gaúcha na qual vinte de seus veícu- costuma acontecer, não contribui
ga horária de oito horas, sendo se- los próprios, dentre cavalos-mecâni- para a insegurança nas estradas. Tra-
te horas de direção efetiva mais vin- cos e truques, rodam diariamente ta-se de um valor pago ao funcioná-
te minutos de descanso a cada qua- na BR 101 e na BR 116(Régis Bitten- rio pelos quilômetros percorridos
tro horas, período ampliado para court), talvez as piores do país. em linhas de longa distância."Quem
quarenta minutos quando se trata Seus motoristas trabalham entre cin- define o número de quilômetros a
de almoço ou de jantar do condu- co horas e nove horas por dia, com mais que o motorista irá rodar é a
tor. O descanso diário mínimo do uma folga que varia de 19 horas a empresa; ele, simplesmente, cumpre
motorista de ônibus rodoviário de- 48 horas entre uma jornada e outra. a escala sem exceder a duração da
ve ser de onze horas. Impossível? Gilberto Fração, dire- jornada", explica o diretor.
Há quem defenda a adoção des- tor de frota da transportadora, ga- A Mercúrio mantém um Centro
sa mesma carga horária para os con- rante que, nesse caso, a empresa de Treinamento e Aperfeiçoamento
dutores de caminhões, tanto do la- nunca dormiu no ponto. "Acredita- de Motoristas onde seus funcioná-
do sindical como do patronal, ates- mos na importância de o motorista rios realizam vários cursos, além
tam Sena e Weiss. Segundo este últi- estar sempre descansado e muito aler- de receberem acompanhamento psi-
mo, na época em que essa norma ta, pois trafegar nessas rodovias é cológico. Os veículos da transporta-
foi aprovada e colocada em vigor, uma verdadeira guerra", compara. dora são, além disso, equipados com
a NTC, embora tendo pleno conhe- O principal segredo, que deixa a computador de bordo.
cimento, não se adiantou no deba- Mercúrio longe das estatísticas de Fração concorda com as propos-
te da questão. "Talvez porque isso acidentes, é um eficiente sistema de tas da NTC e da CNTT, segundo
não interessasse, na época, aos seus rodízio de motoristas, amparados as quais o motorista deve trabalhar
associados", justifica. por uma rede de 'pontes', locais de entre sete horas e oito horas diárias.
Com a adoção de um ou de ou- troca de funcionários, de abasteci- Quatro anos depois de adotar esse
tro modelo, o problema maior, que mento do veículo e de apoio da fro- sistema, a Mercúrio vem conseguin-
é o da dificuldade de fiscalização ta. Esse sistema abrange todos os do não apenas tornar seus veículos
do número de horas que o motoris- 240 veículos da empresa mais os cin- mais seguros como também prestar
ta passa dentro da cabine do veícu- qüenta veículos agregados. serviços mais eficientes. "O resulta-
lo, parece persistir. "M Polícias Além disso, o motorista recebe do mais incrível é o fato de termos
Rodoviárias, principalmente a Fe- um salário fixo acrescido de diver- aumentado a rapidez de nossas en-
deral, têm de sofrer mudanças es- sos prêmibs, que podem alcançar tregas", afirma. Um exemplo práti-
truturais. Essa discussão obriga as até 50% do valor da remuneração co que pode, sem qualquer sombra
autoridades, os empresários, os mo- básica."O salário é um pouco maior de dúvida, contrapor-se com vanta-
toristas de caminhão e a comunida- que aquele estabelecido em acordo gens ao arriscado bate-e-volta.
de a se sentarem junto à mesma me- com o sindicato dos transportado-
sa", defende Weiss. res", salienta Fração. O motorista Walter de Sousa

26 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


Visita sem
passaporte
ao inferno
Pires, da Binotto, cumpre a risco a
jornada estabelecida pela empresa,
enquanto que Duarte, da Rodo Rosa,
Motoristas criam código de acha normal trabalhar 20h por dia
antiética para rodar
motorista da transportadora Rodo ra —,e voltou com um carregamen-
na BR-116, onde o velho e o Rosa, de São Sebastião do Caí (RS), to de ferro gusa.
novo disputam espaço referindo-se à lentidão dos veículos O mesmo motorista confessa, com
antigos, que inflama tanto os âni- orgulho, que conseguiu a 'proeza'
mos impacientes dos 'pilotos' de ca- de repetir duas vezes o mesmo traje-
minhão. Talvez esse caráter seja o to em menos de doze dias. Duarte,
•Se, em reportagem publicada por mais pictórico da estrada. Veículo com seus dezoito anos de estrada,
TM em agosto de 1989, as estradas novo disputando espaço com veícu- garante que rodar até vinte horas
de acesso à rodovia Régis Bitten- lo ultrapassado em rodovia também por dia constitui, praticamente, uma
court eram comparadas ao portal ultrapassada. Um companheiro de rotina da profissão. Perigoso? "O
de entrada do inferno — descrito Duarte, da mesma empresa, que pre- perigo ronda o motorista quando
pelo poeta florentino Dante Alighie- feriu omitir seu nome, apela para o ele tem entre 18 anos e 25 anos, épo-
ri em sua Divina Comédia —, hoje, pensamento simplista: "Por que ca em que se faz muita besteira no
após o derramamento de muito san- um Mercedes-Benz 1941 tem potên- volante. Conseguindo sobreviver a
gue, tudo parece bem pior. cia para rodar a 160 km/h se o pa- essa fase, ele pode rodar o quanto
Contrariando as cartilhas e os es- ís não tem estrada para isso?" for que não provoca mais aciden-
tudos publicados por técnicos, que A briga potência versus falta de tes", finaliza o motorista. Detalhe:
mais parecem estar dormindo, des- pista extra vai além do debate sobre tanto o motorista da transportado-
ta vez, no limbo do mesmo inferno a duplicação da BR-116. Envolve ra Unidos, envolvido no acidente
dantesco, onde jazem as almas bo- vários aspectos, dos quais o mais da Régis Bittencourt no feriado de
as que não receberam o batismo, a complexo talvez seja o que se refe- Corpus Christi de junho passado,
prática de direção na Estrada da re ao motorista. Nesse caso, a regu- como o da empresa Transfreezer,
Morte foge a qualquer compreensão. lamentação da jornada de trabalho que atravessou a pista da Via Dutra
Isto, pelo menos, em termos das re- corre o risco de se transformar em uma semana depois, tinham mais
gras do bem-dirigir, conhecidas em mais um adereço teórico guardado de trinta anos de idade.
nosso país e respeitadas fora dele. no mesmo limbo legislativo. O moto- Felizmente, ainda existem, é claro,
Motoristas incorporam à sua rotina rista rodoviário, em geral, tende a aqueles que primam pelo cumpri-
de trabalho um novo modo de con- assumir o caráter de profissional li- mento de uma jornada, mesmo que
duzir seus veículos. Não se conver- beral por culpa da própria empresa a duração desta seja mínima, por
te em uma curva, de maneira algu- que o emprega. Não raro, as trans- respeito ao seu próprio ritmo de tra-
ma, pela pista principal, que, por portadoras negociam o frete de ida balho. Antônio Pires, 45 anos, mo-
direito de traçado, pertence ao veícu- e atribuem ao motorista a função torista de um pesado Scania da Trans-
lo. A precaução manda o motorista de conseguir a carga da volta, proce- portadora Binotto, de Lajes (SC),
fazer a curva pelo acostamento, em- dimento que envolve até mesmo a faz questão de cumprir a recomenda-
bora a surpresa de um veículo para- concessão de gordos prêmios ao con- ção de seu empregador. "Ele pede
do não seja menos pior que a de tratador improvisado. "Transporte que a gente não rode depois das 23h
um caminhão vindo pela contramão não é profissão, é questão de lei da nem antes das 5h", conta. Sob es-
em ultrapassagem perigosíssima. Se oferta e da procura", analisa Duar- sa disciplina, Pires só tem medo de
o veículo for lento por natureza (leia- te. Para ele, ganha mais quem ro- ladrão. A estrada, mesmo sendo a
se 'antigo e ultrapassado'), é pruden- da mais. "Como há pouca oferta BR-116, sua velha conhecida, não
te que ande apenas pelo acostamen- de carga, trabalho para uma empre- chega a assustá-lo. "Não tenho
to, não atrapalhando os potentes ca- sa. Se houvesse mais oferta: estaria mais idade para fezer besteira, mas
valos-mecânicos Scania, Mercedes- com caminhão próprio", afirma. tenho de me defender dos outros.
Benz (_,u Volvo. "A duplicação da Por exemplo, seu companheiro de Por isso, a melhoria da estrada aju-
estrada, pelo menos, abriria uma pis- empresa fez a rota Porto Alegre- daria muito o meu trabalho", analisa.
ta só para os Mercedinhos puxa-fi- -Belo Horizonte carregado de ar-
la", defende Gilberto Valdir Duarte, roz — especialidade da transportado- Walter de Sousa

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 27


LS 1630. Antes de usar a força bru
ta, use a cabeça. Antes de comprar um
caminhão extrapesado, avalie
as necessidades do seu
negócio, o tipo de carga que
você vai transportar, o tipo
de estrada por onde vai rodar e Painel com iluminaçc7o translúcida e
alavanca de seta com múltiplas funções.
o consumo que você considera
desejável. Colocando tudo isto o LS-1630 garante baixo
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bruto total combinado. é um caminhão resistente e
seguro. A cabina possui maior
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visibilidade, painel de fácil
acesso, com múltiplas funções,
proporcionando ao motorista
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Dos 408 km entre São Paulo e


Curitiba, só 72,7 km
estão em obras, que podem parar
por falta de verbas

•Contrariando todas as expectati- ma de ambos (72,7 km) correspon-


vas, a Rodovia Régis Bittencourt de a 18% dos 408 km que separam
(BR-116) poderá chegar ao final des- São Paulo de Curitiba. Da divisa 21,1 milhões. No entanto, esses da-
te ano com apenas dois trechos em até Curitiba, há 58 km de pista du- dos, fornecidos pela Divisão de En-
obras de duplicação do seu número pla. A partir da capital paranaense, genharia e Segurança de Trânsito
de faixas. O coro de vozes que, nos na BR-376, há um outro trecho cu- do DNER, são contestados pela Po-
últimos anos, se levantou em defe- jo número de faixas foi duplicado. lícia Rodoviária Federal de São Pau-
sa do alargamento pouco influiu Na altura de Garuva, na divisa do lo. "Nunca foi feita uma estatística
na mobilização dos recursos necessá- Paraná com Santa Catarina, come- precisa de acidentes na Régis Bitten-
rios à execução do projeto. Na estei- ça a BR-101 (a rodovia de tráfego court, uma estatística desse nível",
ra do palavreado do ex-governador pesado mais intenso), que segue,sem assegura o inspetor Dirceu de Pau-
Orestes Quércia, o deputado Uly- duplicação, até Florianópolis. la, da Área de Disciplina da PRF,
sses Guimarães assumiu, como com- Dentre as rodovias federais brasi- esclarecendo que, objetivamente,
promisso de'campanha à Presidên- leiras, a BR-116 é uma das que apre- não há condições para se avaliar 'per-
cia da República, em 1989, a realiza- sentam um dos mais altos níveis de das econômicas' porque o acompa-
ção dessa complexa obra (veja bo- periculosidade para o tráfego. De nhamento de acidentados nos hospi-
xe sobre o Movimento Pró-Duplica- acordo com Otávio Tavares, chefe tais é de caráter emergencial. Por
ção da BR-116). do Serviço de Orientação de Trânsi- outro lado, a Polícia Rodoviária não
Promessas à parte, o governo fe- to do DNER, no período de janei- levanta os custos de recuperação dos
deral estima que, atualmente, é de ro a novembro de 1992, só na Régis veículos sinistrados. "São dados me-
US$ 1 bilhão o custo final necessá- Bittencourt foram registrados 2 078 ramente especulativos", frisou.
rio para a melhoria do trecho de acidentes, com 199 mortos e 1 119 Segundo o inspetor Benedito Beck-
705 km que vai de São Paulo, pas- feridos."As perdas econômicas atin- mann, chefe de Policiamento e Ope-
sando por Curitiba, até Florianópo- giram US$ 27,7 milhões", afirmou, rações Especiais da Régis Bittencourt,
lis (envolvendo outras rodovias). O explicando que o montante se refe- de janeiro a junho deste ano, foram
DNER completou o seu trabalho re à estimativa de rendimentos futu- aplicadas 14 717 multas e apreendidas
de alargamento em apenas 30 km ros dos acidentados, despesas médi- 209 cartas de habilitação. Comparan-
desse total, entre São Paulo e Itape- co-hospitalares, e despesas com veí- do-se com igual período do ano pas-
cerica da Serra. culos e com cargas. sado (14 981 multas e 99 cartas reti-
No momento, o DER-SP dupli- Ainda segundo Tavares, no mes- das), constata-se que o número de in-
ca 42,7 km da pista única entre Ju- mo período, no trecho do Paraná frações mais graves cresceu de manei-
quitiba e a divisa de São Paulo com que vai da divisa com São Paulo até ra significativa. "Isto se deve a um
o Paraná, em trechos alternados, o Rio Negro, na divisa com Santa policiamento mais intenso", justifi-
enquanto que a Dersa Mantém can- Catarina, ocorreram 1 583 acidentes, ca Beckmann, destacando a atuação
teiros de obras nos 30 km que sepa- com 102 mortos e 889 feridos, e as de duas equipes de reforço, com de-
ram Itapecerica de Juquitiba. A so- perdas econômicas alcançaram US$ zesseis homens, que se acham em

30 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


Enquanto a Dersa duplica 30 km
entre Itapecerica e Juquitiba, o DER
alarga a rodovia em sete trechos
(42,7 km)até a divisa (PR) para
eliminar os pontos críticos

ver, o projeto da BR-116 não pode


ser comparado, em termos de tráfe-
go, aos projetos de outras estradas,
como a Fernão Dias e a Dutra. "O
governo federal deu prioridade à
Régis devido ao seu maior volume
de tráfego." A redução do número
de acidentes e a redução dos custos
sociais, além da diminuição do tem-
po de viagem, é a melhor maneira
de medir o retorno do investimento
numa obra como essa, afirmou, ao
ser indagado sobre o custo-benefício
da duplicação.

Congestionamento — Em 1990, o
VDM (volume diário médio) da Ré-
gis era de 11 200 veículos/dia (hoje,
calcula-se que ele chega a 15 000);
os caminhões representavam 48,5%
do VDM total (hoje, essa parcela
atividade desde maio. de 1991, a União passou ao governo atinge 65%), os ônibus 4,5% e os
A PRF esclarece que esse grande de São Paulo a administração da automóveis 47%. Na projeção, um
número de multas abrange ultrapas- estrada por um período de trinta caminhão corresponde a quatro au-
sagens indevidas,excesso de velocida- anos. Mas sua continuidade ainda tomóveis. Na prática, esse tráfego
de, falta de cinto de segurança, de depende de recursos do exterior e de caminhões equivale a 33 000 auto-
estepe e de extintor, e também falhas do governo federal. Segundo o Mi- móveis circulando diariamente pela
na iluminação traseira ou nos faróis nistro dos Transportes, Alberto Gold- rodovia. Estima-se que, na hora de
dos veículos, ou, ainda, no uso dos man,o governo está negociando com pico, o tráfego corresponde a cerca
faróis. "As cartas, em sua maioria, o BID — Banco Interamericano de de 10% do VDM. Equivaleria, por-
são apreendidas devido ao fato de es- Desenvolvimento um empréstimo tanto, a um tráfego de 3 300 auto-
tarem com exame médico vencido, de US$ 503 milhões. Se o contrato móveis por hora.
ou porque os motoristas movimen- for firmado neste ano, os recursos "Num nível de quase congestiona-
tam cargas perigosas sem terem fei- serão liberados em meados de 1994, mento,deveríamos ter um equivalen-
to o respectivo curso (obrigatório), pois a contrapartida do governo fe- te a 1 500 automóveis/faixa/hora,
ou então porque Kombis e outros deral só estará disponível no orça- ou três mil nas duas faixas", esclare-
veículos transportam carga a frete." mento da União no próximo ano. ce Reyes. Porém, segundo José Be-
O engenheiro Alberto Luis Ote- nedicto Pompeu de Jesus, superin-
Pistas saturadas — A obra da Der- ro Reyes, chefe do Departamento tendente do DER, 35 mil veículos/
sa, que terá um custo de US$ 160 de Desenvolvimento da Dersa, cita dia já circulam hoje na Régis. "Nu-
milhões (a US$ 5,3 milhões o km) o parecer da revista inglesa Traffic ma pista única, isto significa satura-
deverá estar concluída no final de Control para justificar a necessida; mento de tráfego", adverte.
1994, com cada pista desdobrando- de das obras. Segundo o estudo, a • Porém,este não é o único proble-
se em duas faixas de 3,60 m de lar- duplicação do número de faixas de ma da rodovia. Projetada para du-

gura cada, reservando-se 3 m de lar- rodovias, em nível mundial, reduz rar vinte anos, suas pistas de pavi-
gura para o acostamento, e com re- de 40% a 50% o número total de mento betuminoso agüentariam a
cuperação da pista atual, além da acidentes, principalmente aqueles metade desse tempo, se as balanças
construção de pontes, viadutos e provocados por choques frontais controlassem o peso dos veículos.
23 obras-de-arte. O trecho do DER em ultrapassagens indevidas. O arquiteto Alonso de Toledo Fi-
implica num custo de US$ 120 mi- Reyes recorda que, no'ano seguin- lho, coordenador técnico de Obras
lhões (a US$ 2,8 milhões o km) e te ao da duplicação do número de da Dersa, afirma que, praticamen-
seu término está previsto para o pri- faixas das rodovias Anchieta (1970) te, só os veículos de carga desgastam
meiro semestre de 1994. e Anhangüera (1977), o índice de o pavimento. "Precisaríamos de 10
Essas obras só estão sendo feitas acidentes nessas estradas diminuiu mil automóveis para obter o efeito
no trecho paulista porque,em março em 30% ao ano. No seu modo de de um caminhão leve sobre o pavi-

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 31


OBRAS E PONTOS NEGROS DA BR-116
SÃO PAULO
Trecho do / 4-
DNER / 269•
duplicado °
Itapecerica
/ Km da Serra
Trecho da 27261
Mli

DERSA '274 4
/
Km)
130
Juquitiba

Trecho SP-65
do DER
(42,7 Km) ,f Acesso Itanhaém

Miracatu

SP-222

Acesso Iguape

No início
Sete Barras
/ff
- Registro

SP-226
mento", sentencia. E ressalta que
da obra, Acesso Pariquera-Açu
o excesso de carga é ainda mais da-
a Dersa Eldorado
/ o 7/7
noso. "Conjuntos de três eixos (de mapeou 163
25,5 t), em grande número,trafegam acessos à Jucupiranga
com 30 t ou mais, e os superpesa- pista e a PRF /5%• Só viaduto

dos, tipo cavalo trucado com carre- identificou


nove pontos ,54'• Obra a ser executada
ta de três eixos em tandem, com negros Cajati Barra do Turvo Mii Estrada existente
pbt máximo de 48,5 t, ou com três (assinalados / Mi• • Pontos negros
eixos isolados (53 t), também dete- no mapa _ _45"4'• .?‘
rioram o pavimento." ao lado) DIVISA PARANÁ

Razões econômicas — Se a satura- Briganti, coordenador de Projetos Grande do Sul, do Paraná e de San-
ção das pistas, que contribui para da Dersa, a duplicação seria tecnica- ta Catarina seguem obrigatoriamen-
aumentar o número de acidentes e mente necessária em razão do expres- te ao longo da rodovia em direção
de mortes, não fosse argumento su- sivo volume de bens transportados às outras regiões do país.
ficiente para justificar a duplicação por esse corredor a caminho do Além disso, a Régis Bittencourt
do número de faixas, ainda assim, Mercosul. Em sentido contrário, ca- permite o rápido escoamento da pro-
afirma o engenheiro Luiz Antônio minhões e ônibus vindos do Rio dução de chá e de banana do Vale
do Ribeira. "Com a duplicação, os
indicadores econômicos serão favo-
Abusos coibidos pelo patrulhamento recidos pela menor taxa de seguro
dos veículos, pelo menor consumo
Como se não bastasse a insegurança Na parte da tarde, a blitzfoi realizada de combustível, pela queda do pre-
provocada pelas atuais condições de na região serrana de Miracatu (Km 340) ço do frete e pelo aumento do volu-
conservação e de sinalização das e a equipe apreendeu 28 veículos. Muitas me de carga transportada", argu-
pistas da rodovia, a escassez de dessas apreensões ocorreram porque o menta Briganti.
policiamento tem contribuído para bafômetro acusou excesso de teor Entretanto, para as transportado-
estimular osfreqüentes abusospraticados alcoólico nos motoristas. No final da ras rodoviárias de carga, a situação
pelos motoristas. operação,foram apreendidos 76 veículos, atual da rodovia traz sérios prejuí-
Há, em média, um patrulheiro para aplicadas 226 multas e recolhidas doze zos. Segundo Luiz Carlos Cambraia,
cada 9,3 km da rodovia nos oitos cartas de habilitação.
postos equipados com duas viaturas e O inspetor Joaldo Bispo de Souza, diretor Comercial Internacional da
quatro patrulheiros cada um. Em chefe da Seção de Policiamento e Coral, cada caminhão que viaja para
Itapecerica da Serra e Registro, a Polícia Segurança Rodoviária, considera a Argentina perde seis dias por mês,
Rodoviária Federal dispõe, além disso, satisfatório o patrulhamento da estrada, pois a viagem que deveria durar três
de duas equipes de reforço, com oito mostrando-se animado com a dias é feita em quatro. Desse modo,
patrulheiros cada uma. incorporação de dezenove funcionários com 250 caminhões em operação,
Com esse efetivo, a PRF tem burocráticos num reforço policial, e com sua empresa perde mensalmente
realizado blitz na estrada. Por a transferência de dez patrulheiros de 1 500 veículos/dia, representando
exemplo, na manhã de 1? de julho, Cachoeira Paulista (SP)para a Régis um prejuízo de US$ 500 mil por mês.
um comando de dezenove Bittencourt:/Segundo ele, são 104 Por sua vez, o empresário Rena-
patrulheiros, em cinco viaturas, homens (75 efetivos) atuando ao longo
apreendeu, no Km 285, em Itapecerica, dos 300 km que separam a capital da to Gonçalves, diretor da Divisão In-
48 veículos irregulares, dos quais treze divisa com o Paraná, contrariando as ternacional Rodoviária da Transpor-
eram caminhões e seis eram ônibus informações de Beckmann, que diz ser tadora Mesquita, revela que sua fro-
municipais e de turismo. de apenas 32 o número de efetivos. ta de cinqüenta caminhões, mesmo
sendo revisada a cada 10 mil km,

32 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


Para provar no dia-a-dia a economia,
o desempenho e a qualidade,
a Shellfoi longe com
Rimula Super MV.

INMETRO, Rio de
Janeiro: daqui, onde
o óleo foi colocado,
a caravana parte, Brasília: a caravana
com plena carga, cruza o Planalto
para seu duríssimo Central, uma das
desafio. regiões mais quentes
e secas do país.

4. AEROPORTO
411 NATAL
PARNANIRIN 4
JOÃO PESSISA
Maranhão: imensas —
distâncias entre as Rio Grande do
cidades exigem um Norte: a região, com
esforço extremo e seu calor intenso, é
ininterrupto dos um teste rigoroso
motores. para o óleo.

Rio Grande do Sul:


a caravana chega á
região das grandes
plantações, onde
vence o teste das MARATONA
mais baixas
temperaturas.

Paraná: passando
pelas cataratas de
Foz do Iguaçu e por
Itaipu. Após 75 dias
e 25.127 quilômetros,
o retorno ao ponto
de partida. Missão
cumprida para
Rimula Super MV.

Rimula Super MV é o óleo supermultiviscoso para motores a diesel da Shell.


E a Shell não tomou nenhum atalho para provar sua economia,
desempenho e qualidade.
Uma frota de caminhões e ônibus preparados com carga plena enfrentou uma
verdadeira maratona por estradas brasileiras.
Foram 25.127 quilômetros rodados sem troca, sob as mais extremas temperaturas
e as mais duras condições.
E todo o percurso teve a rigorosa fiscalização do INMETRO - Instituto Nacional de
Metrologia e Normalização Industrial e o acompanhamento total dos técnicos da Shell.
O resultado: um campeão das estradas. Um supermultiviscoso pr'õnto para
enfrentar com você qualquer desafio.
O superóleo do seu dia-a-dia.

OSh iell LÍDER MUNDIAL


sofre desgaste prematuro devido à A partir do Km 298, em Itapece- tivo de obter recursos para a manu-
má conservação da BR-116. Para ilus- rica, até o Km 328,9, em Juquitiba, tenção contínua da rodovia e para
trar isso, contou que um semi-rebo- a Dersa reconheceu manchas urba- evitar deterioração do pavimento.
que exigiu a recapagem de três pneus nas e crescimento desordenado em Quanto ao trecho do DER, ele
traseiros antes de chegar a Uruguaia- sete locais: Aldeinha, Despezio, tem sete frentes de trabalho entre o
na, numa viagem de 1 800 km, em- Paiol do Meio, Palmerinha, Palmei- Km 385,1, no acesso a Peruíbe, e o
bora fossem pneus de primeira linha, ras, Pedra Branca e Juquitiba. A Km 487,7, em Cajati e Jacupiranga,
com vida útil de 50 mil km. empresa cadastrou, em ambos os la- no Vale do Ribeira. Serão construí-
dos da rodovia, 440 propriedades dos sete trevos em desnível nas pro-
Obras difíceis — A Dersa e o para desapropriação. Obedecendo ximidades dos acessos às seguintes
DER-SP enfrentam inúmeras di- a critérios de segurança, o projeto localidades: Peruíbe, Miracatu,Igua-
ficuldades na duplicação do nú- estabeleceu que a largura mínima pe, Juquiá, Registro e Sete Barras,
mero de faixas dos 72,7 km. Ao ini- do canteiro central entre as duas pis- Pariquera-Açu e Cajati.
ciar a obra, a Dersa identificou tas deverá ser de 11 m, dos quais 9 Pompeu de Jesus garante que,
163 acessos à pista, o que corres- m serão cobertos por grama. graças a essas obras, serão elimina-
ponde, em média, a um acesso a ca- A Dersa prevê instalação de pedá- dos os principais pontos negros do
da 250 m, no trecho de 30,9 km, re- gio no trecho duplicado, tão logo trecho, com mais de 4 000 acidentes
lata Briganti. o coloque em operação, com o obje- /ano. O principal deles é conheci-
do por Curva da Morte e situa-se
no Km 300, próximo de Juquitiba,
Movimento Pró-Duplicação surgiu em 1987 onde, com freqüência, tombam car-
ros e caminhões. Os demais locali-
zam-se no Km 306, no Km 316, no
Km 317,5 e no Km 323. Além disso,
o DER promete melhorar a sinaliza-
O PREFEITO pUIlUO
GREGOI, ção e a sobrelevação de pistas.
QUER b'EGLIRANÇA O trecho do DER está sendo exe-
PARA SEU POVO ,
.11 cutado em três etapas. A primeira
eliminará os cruzamentos considera-
dos críticos nas entradas para o lito-
o
ral. Na segunda, o trabalho se esten-
derá aos lotes que se encontram en-
tre os trevos. Na terceira, estudam-
se várias opções de projetos para a
descida da Serra do Mar em direção
Duas milpessoas participaram, em 1 988,da manifestação que parou a BR-116em Juquitiba ao Paraná. Os primeiros 7,5 km
protestando contra o descaso do governo
que terão seu número de faixas du-
A perda de oito familiares num
único acidente na BR-116 levou o em relação ao problema. plicado pelo DER se acham numa
comerciante de chá Hiroshi Sumida a A terceira manifestação, a Caminhada região montanhosa, com a diretriz
criar, em 1987, o Movimento a Iguape, aconteceu em julho de 1988. para 80 km/h. Porém, como há cur-
Pró-Duplicação da BR-116, com Centenas de populares, portando faixas vas com raios de 375 m, é possível
representantes das cidades cortadas pela de protesto, percorreram 35 km, de liberar, com segurança, a velocida-
rodovia, como, por exemplo, Juquitiba, Registro a Pariquera-Açu, interditando de do tráfego para 100 km/h, até
Miracatu, Juquiá, Jacupiranga, Cajati um lado da pista marginalSul, no sentido mesmo em dias de chuva.
e Sete Barras. São Paulo—Curitiba (ver TM 293).
Em 22 de agosto desse ano, o Nesse mesmo ano, o Movimento Gilberto Penha
Movimento juntou mil pessoas e levou cinqüenta pessoas a Brasília
interrompeu o tráfego. A segunda para reclamar ao então Ministro dos
manifestação foi em Juquitiba (a 80 Transportes, Reinaldo Tavares, que RODOVIAS COM MAIOR
km de São Paulo), em 22 de janeiro o trecho mais crítico da rodovia era INCIDÊNCIA DE ACIDENTES*
de 1988, com cerca de 2 mil pessoas o de Juquitiba—Cajati, devido ao
de 21 cidades da região. Naquele grande número de colisões frontais N° de
Rodovias
ano, ocorreram, em média, dez entre caminhões, ônibus e automóveis acidentes
acidentes por dia. que lá ocorriam, sendo que apenas
BR-116 343 37,82
O movimento pedia a construção quarenta policiais patrulhavam
BR-101 122 13,45
urgente de treze trevos de acesso às toda a estrada. BR-381 34 3,74
cidades de Juquiá, Miracatu e Cajati. Em 13 de novembro de 1988, houve BR-393 24 2,65
Na ocasião, Lázaro Gomes Silva, comemorações diante da notícia (que Demais rod. 384 42,34
secretário do Movimento, ganhou depois se constatou ser falsa), de que o Total 907 100,00
notoriedade ao escrever uma carta ao governo liberara verba para a duplicação • Com danos pessoais envolvendo caminhões no período
presidente Sarney com o próprio sangue, do número de faixas. de janeiro/90 a junho/91.
Fonte: Pamcary.

34 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


TRAFIC.
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e 4 novas faixas de potência. O NL 10 com 310 esforços para proporcionar maior conforto. Afinal,
e 340cv e o NL12com 360 e 410cv. Todos com motor nada como uma boa noite de sono para aumentar a
intercooler. É a nova linha Volvo NL. Nova no produtividade do motorista e,conseqüentemente,da
conforto, nova no desempenho e com a mesma sua empresa. Nova linha Volvo NL. Aqui,potência,
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Calibrador de pneus
processo corrosivo

com leitura digital


A Excel Eletro Ornamentos,de Fluido protege chassi Trade-System tem 23
São Paulo,está oferecendo,a fro- contra ferrugem módulos distintos
tistas e a postos de abastecimento,
o Pneutronic, um calibrador de Derivado do petróleo, o An- A Logic System lança seu pri-
pneus dotado de placa e de soft- ti-Ruste Fluido, da Texaco, foi meiro software exclusivo pa-
ware próprios, com uma série de desenvolvido para dar proteção ra transportadoras. Dotado de
vantagens sobre os calibradores antiferrugem aos chassis de ca- 23 módulos distintos e interli-
convencionais: operação mais rápi- minhões, de ônibus e de automó- gados, o programa possui flexi-
da, na qual um único operador di- veis que transitam em cidades li- bilidade para ajuste de novos mó-
gita no teclado do aparelho o volu- torâneas, em razão de terem suas dulos e de novas funções que,
me de ar indicado para os pneus e, carroçarias mais expostas à ação eventualmente, venham a ser de-
tão logo engata.a mangueira na da maresia. senvolvidos.
válvula, o processador faz a cali- Sua ação protetora ocorre devi- O Trade-System pode ser insta-
bragem necessária;funcionamento do à formação de uma película lado em qualquer micro padrão
mais seguro, pois ao atingir o limi- adesiva,impermeável, auto-restau- PC/IBM, ocupando dois megas
te, é acionado um alarme, e inter- rável e duradoura, que impede o de Winchester. Útil para as áre-
rompida a injeção de ar (em caso contato do metal com a água e as administrativa e operacional,
de enchimento, mesmo que a vál- com o ar. Afora isso, a penetra- seus módulos abrangem toda
vula fique aberta, o estouro é evi- ção dessa película nas superfícies uma gama de funções: controle
tado); maior precisão, pois o co- já enferrujadas desloca a umidade de frotas e de armazenagens, ta-
mando eletrônico limita a margem e solta a ferrugem, interrompen- belas, coletas e entregas, estoques
de erro a apenas 0,4 psi, enquanto do, assim, o processo corrosivo. de materiais e de peças, vendas,
que os mecânicos chegam à mar- Segundo Christopher McLauc- contas a pagar e a receber, livros
gem de 4 psi em caso de esterese hlan, coordenador técnico e de fiscais e contabilidade. O progra-
mecânica, como explica Augusto pesquisas da Texaco, o óleo de ma dispõe de um módulo de usuá-
Ferreira, diretor da empresa. mamona, que é normalmente uti- rios que permite controlar os aces-
Seu custo gira em torno de lizado depois de uma lavagem ge- sos de acordo com o nível da senha.
US$ 1 mil, e a Excel oferece ga- ral dos veículos, com o passar Além disso, o Trade-System
rantia de seis meses, além de as- do tempo se solidifica, criando a pode ser interligado com vários
sistência técnica. Mais informa- possibilidade de trincas no chassi. sistemas de controle e de localiza-
ções poderão ser obtidas pelo tele- O produto pode ser aplicado ção de veículos, como o Autotrac
fone (011)858-7724. por meio de uma pistola de ar e o Rodosat. O aluguel do equipa-
comprimido ou de um pincel, in- mento é de US$ 400 por mês, in-
clusive por trás dos revestimen- cluindo a instalação, o treinamen-
tos, e tem a vantagem de não da- to e a manutenção. Mais informa-
nificar as borrachas dos veícu- ções poderão ser obtidas pelo tele-
los comerciais. fone (011)535-5277.

Pré-moldado da Levorin em novo desenho


O desenho do LCB, novo pré- das 146, 152, 162, 178, 188 e 198,
moldado da Levorin, é feito com que servem para pneus diagonais
composto especial de borracha desde 6.50 x 16 até 11.00 x 20, ou
vulcanizada em prensa de alta seja, desde comerciais leves até
t .1 IMÇÀ
voit pressão, resultando numa banda pesados. O pneu recapado com
de compactação perfeita e de es- LCB pode ser usado tanto no as-
pessura uniforme, que oferece falto como em terra, graças ao seu
maior resistência ao desgaste que desenho, que facilita a ventilação
os modelos anteriores. Especial e a eliminação de pedrinhas. O no-
para pneus diagonais de tração, o vo pré-moldado estará disponível
pré-moldado é oferecido nas medi- no mercado a partir de agosto.
1 Pneutronic: software ágil

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 37


RUMOS & RUMORES José Luiz Vitú do Carmo

Pertinho do Inferno
M uita coisa mudou na cabeça do brasi-
leiro desde que uma canção popular, aliás
tionando a prioridade da idéia em rela-
ção às carências sociais da cidade, eles
convertida pelo tempo num de nossos dás- se têm esmerado em caracterizar o proje-
si-os mais apreciados, falou em "felicida- to como uma dádiva à indústria da espe-
de de arranha-céu". Na época, viver "per- culação imobiliária. Nas últimas sema-
tinho do céu", como diz a canção, era nas, os incansáveis ativistas, que incluem
uma graça privativa de quem podia morar uma parcela significativa de idosos, influí-
no alto — de um edifício ou de um mor- ram diretamente numa votação na Câma-
ro. Hoje, um arranha-céu é, acima de tu- ra de vereadores. Para isso, montaram
do, uma infelicidade. O próprio exagero painéis públicos exibindo as tendências
da idéia de um edifício alto a ponto de ro- de voto dos 55 integrantes do Legislati-
çar a abóbada celeste sugere algo sobre vo local e remeteram a cada um deles
o espírito de um tempo que passou. Via- uma carta ameaçadora. Nela, informa-
se então com deslubramento a metamor- vam dispor de fotografias dos painéis
fose do cenário. E até mesmo a invenção — tanto que anexavam uma cópia a ca-
das palavras traduzia uma sensação de da destinatário —, as quais seriam usa-
onipotência, alimentada por feitos tecno- das nas próximas eleições, para manter
lógicos cujas facetas negativas ainda não viva a memória dos paulistanos sobre o
tinham aparecido. Tudo isso ficou data- comportamento de seus representantes.
do, envelhecido, a começar por esse ana- ros, mapas e uma afiada capacidade de Os que se alinharem a favor do projeto
cronismo vocabular que hoje cheira a argumentação técnica por parte de al- não terão trégua. "Vamos fazer da vida
pompa e ingenuidade. Arranha-céu é guns de seus integrantes, que são arquite- deles um inferno", promete outro lider
uma palavra da família dos dinossauros, tos e urbanistas, o grupo contesta a pró- do movimento, o também arquiteto Sieg-
só que sem chance de reabilitação. pria validade da nova via como solução bert Zanettini. Até meados de julho, quan-
O arquivamento do fóssil, entretanto, para o trânsito. A reformulação urbanís- do se jogou o último lance na Câmara,
foi um ato de compostura mais lingüística tica resultante da extensão da Faria Li- os manifestantes conseguiram evitar a
do que real. No que se refere aos fatos, ma levaria 100 mil veículos para o local, aprovação de uma verba que poderia ser-
as grandes cidades brasileiras continuam em função apenas das vagas decorrentes vir à política dos fatos consumados,aque-
crescendo para cima. Nos últimos meses, da construção de novos edifícios e da exa- la em que a primeira pedra de uma obra
porém, entrou em cena uma aguerrida le- cerbação da atividade econômica na re- vira o argumento mais decisivo para sua
gião de ativistas paulistanos dispostos a gião. Não se incluem nesses cálculos os continuação. Mas em agosto deve reco-
derrubar essa escrita. A missão do grupo veículos que fariam da avenida apenas meçar o confronto, pois o projeto da
não seria tão difícil se o alvo a atacar ponto de passagem."Ela já nasceria satu- obra como um todo será apresentado pa-
fosse a própria verticalização da cidade. rada", garante um dos líderes do movi- ra discussão na Câmara.
Como sempre, no entanto, a questão se mento, o arquiteto Horácio Galvanese. Embora prometam manter-se irredutí-
apresenta de outra forma: trata-se da Como único resultado, a qualidade veis contra o plano da Prefeitura, os líde-
abertura de uma dessas vias destinadas a de vida numa extensa área da cidade so- res da mobilização sentem-se agora com-
mudar radicalmente a face urbanística de freria a deterioração inerente ao tráfego prometidos com o debate de questões
uma região. É o projeto de prolongamento pesado e à concentração demográfica. mais amplas. Como deve ser a cidade
da avenida Faria Lima, numa área da Zo- Um aspecto irônico do caso é que a ver- onde se mora? Suas obras devem contem-
na Sul da Capital onde se concentra uma ticalização foi a saída imaginada pela plar antes o automóvel ou a qualidade
classe média com altos níveis de escolari- Prefeitura para a viabilização econômi- geral de vida da população? Passadas
dade e de discernimento político. Do la- ca da obra. Para se obterem os recursos as eleições, o que fazer diante do com-
do óposto, a Prefeitura e seus aliados necessários à execução, a mudança do portamento dos políticos? É bom que o
no episódio procuram caracterizar a pro- perfil urbanístico introduziria ali a novi- movimento ofereça à reflexão nacional
posta como uma medida indispensável dade da venda de 'potencial construtivo', um elenco de indagações dessa ordem.
contra o desafio do trânsito congestionado. com o que se habilitaria o investidor a Se a capital paulista já ostentou com or-
Reunidos em duas associações, os ad- levantar edifícios de porte maior em rela- gulho o slogan de "cidade que não po-
versários do projeto somam cerca de sete- ção ao tamanho dos terrenos. de parar", é justo que ela seja também
centas pessoas, ampliam continuamente Os críticos da obra também passaram a primeira a colocar em xeque o consu-
seu poder de ressonância e acumulam vi- a ver nela uma precoce peça de campa- mo excessivo de concreto e toda a gama
tórias num confronto que parece estar nha do prefeito Paulo Maluf como can- de interesses que costuma acompanhar
ainda longe do desfecho. Exibindo núme- didato à Presidência da República. Ques- essa delicada questão.

38 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


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Data: 15 e 16 de Setembro de 1993
ANO II - N? 22 - JULHO 1993

Ilelelli Mafersa

URBANO •A Mafersa mudou. Ou, pelo O novo


M 210S: versão
menos,quer mudar. Antes de optar bem simplificada
pela criação de uma divisão admi- e, segundo a
Inaugurando sua divisão nistrativa e industrial voltada so- Mafersa. Mais
de ônibus, a mente para ônibus, no início deste barata

Mafersa lança uma nova versão ano, a Mafersa era, de maneira ta-
xativa, uma indústria de trens,com
do M-210 e outra do M-240 cultura de trens e trabalho comer-
cial e de marketing voltado para
o setor ferroviário. Acumulou,
em cerca de cinqüenta anos de atua-
ção nessa área, uma tecnologia
que é hoje comparada às melho-

ovos res do mundo. No nível comer-


cial, conquistou os exigentes mer-
cados norte-americano e europeu
com a exportação de carros metro-
viários para passageiros, além de

horizontes realizar negócios com rodas e com


eixos até mesmo na China, na In-
glaterra e no Paquistão. equipam o M-210 e o M-240. O
"Éramos uma empresa que fa- primo humilde terá os bancos
zia trens, e que também fazia ôni- em fibra de vidro, o revestimen-
bus", afirma Carlos Heitor O. to lateral de alumínio corrugado
Seabra, gerente de Planejamento e o piso, também em alumínio,
e Controle de Marketing, que par- de chapa lavrada. "Aperfeiçoa-
ticipava da empresa na fase ante- mos o carro para atender a um
rior à da divisão de ônibus. Ago- segmento de mercado específico",
ra, a intenção é equilibrar a balan- afirma Gilmar Abrahão, gerente
ça e produzir trens e ônibus. No industrial de Ônibus. Segundo ele,
entanto, Seabra insiste no fato um dos problemas enfrentados
de que não se trata de abandonar de maneira satisfatória pelos itens A Divisão de ônibus da Mafersa:
um segmento para investir em ou- mais sofisticados das versões
tro."Estamos criando uma cultu- atuais é o da dificuldade de limpe- cidades brasileiras não comportam
ra de ônibus paralelamente à cul- za. "O novo veículo resiste bem menores alturas de piso também
tura de trens já existente", garante. aos jatos de água da limpeza diá- não resiste ao confronto com
Para inaugurar a nova fase, a ria, que castigam os modelos ur- exemplos estrangeiros. Em Ibiza,
Mafersa está colocando no merca- banos", argumenta Abrahão. na Espanha,a topografia é irregu-
do uma nova versão do atual mo- O gerente industrial faz ques- lar, com rampas elevadas, e to-
delo urbano M-210, lançado em tão de frisar que a simplicidade dos os ônibus têm piso rebaixa-
1987, e outra do M-240, de outu- não significa perda de conforto. do, rodando normalmente, diz.
bro de 1992. "A empresa come- "Vamos manter a mesma imagem
çou pelos carros considerados de de comodidade e de segurança Manutenção garantida — O mode-
maior luxo, e agora oferece o que temos diante do usuário", lo Standard que a Mafersa está co-
modelo CL", analisa Luiz Carlos afirma. Segundo ele, em pesqui- locando em linha traz, na verdade,
R. Relva, superintendente da divi- sas realizadas pela empresa jun- mais uma opção de carroçaria. O
são de ônibus, comparando os to aos passageiros, a preferência gerente industrial garante que, me-
modelos de ônibus aos automó- pelos modelos Mafersa ultrapas- canicamente falando,o ônibus é o
veis. Quanto à nomenclatura pa- sa, em alguns casos, a pressa de mesmo. O motor é Cummins,218
ra os novos carros, optou-se por embarcar. "Tomamos depoimen- cv e 240 cv, sendo o último turbo,
M-210 S(de Standard)e M-240 S. tos de pessoas que aguardam pe- com aftercooler. A transmissão é
O objetivo da Mafersa é aten- los nossos ônibus", afirma. Além a ZF S 690,com 6 marchas à fren-
der a uma faixa de mercado que de usuários, foram pesquisados te e uma à ré (M-210), ou a Allis-
prefere versões simplificadas e empresários e fornecedores de au- son automática, MT 647, com
mais baratas. As versões Standard topeças, entre outros setores en- ou sem retarder, com quatro mar-
continuarão com grande capacida- volvidos no negócio de ônibus. chas à frente e uma à ré (M-240).
de, e terão doze metros de com- Porém, a equipe responsável pe- O sistema de freios poderá ser
primento total, largura de 2,60 lo novo segmento dentro da em- da Master, ou então utilizar o
m e altura de três metros, com presa garante que não se trata ABS. "A tecnologia em ônibus
duas portas, e uma terceira opcio- de seguir a moda lançada pela da Mafersa é tão avançada co-
nal. As duas suspensões a ar, dian- Autolatina, de dar ao mercado o mo a de trens", atesta Abrahão,
teira e traseira, e a altura, de que ele quer: "Esses estudos da- ressaltando que o resgate do seg-
845/920 mm do solo ao piso aca- tam de anos atrás, e é com base mento sobre pneus procura, ape-
bado, e de 370 mm do solo ao neles que foi formada a nova di- nas, utilizar melhor esse fato.
primeiro degrau, ao estilo do tra- visão", afirma Luiz Carlos Relva. Ele explica que a empresa já es-
dicional Padron 2, também não As respostas de usuários refe- tá credenciada para, e autorizada
mudam. Porém, com algumas al- rendaram, por exemplo, o piso re- a, vender os ônibus em países que
terações na carroçaria e no acaba- baixado na versão inaugural da di- são compradores em potencial, co-
mento interno, a empresa conse- visão de ônibus da Mafersa. "A mo, por exemplo, o Peru e a Ar-
guiu uma redução de 10% a 12% tendência, em todos os países do gentina. "Exportamos para qual-
no preço final do produto. mundo, é no sentido de dar con- quer outro mertcado os mesmos
forto ao usuário", afirma o supe- ônibus que vendemos aqui", afir-
Fácil limpeza — Com uma nova rinteúdente de Ônibus,lembrando ma o superintendente de ônibus.
cara, que amplia a área envidraça- recentes substituições de frota,em No mercado interno, a empre-
da da parte frontal do veículo, a algumas cidades alemãs, por veí- sa prevê, para os primeiros dois
nova versão dispensou o banco culos de plataformas rebaixadas anos de atuação da divisão de
estofado, o piso em madeira e ao nível da calçada. Para ele, a ônibus, uma participação entre
os invólucros do corrimão que argumentação de que as ruas das 8% e 10% no segmento de grande

42 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


do no ato da compra", afirma.
Para Relva, o investimento
no segmento sobre pneus, inicial-
mente aplicado em modelos ur-
banos, enriquecerá o mercado,
que, até agora, é praticamente
dominado por "pouquíssimas
marcas". "Queremos ser uma
opção efetiva para o empresário,
com um produto de qualidade e
de baixo preço", diz.
... tecnologia de fabricação tão avançada quanto a utilizada nos trens
Falta de interesse — Na opinião
capacidade."Atualmente, não po- do para os períodos de abastança". do superintendente da nova divi-
demos dizer que participamos, mas Porém, não é apenas a filoso- são, a Mafersa ganhou o único
apenas que aparecemos no merca- fia empresarial que está orientan- fator que faltava para competir
do", brinca o superintendente. do a ex-estatal dos trens na dispu- com ônibus: interesse. "Até ago-
Os preparativos para a efeti- ta por compradores. Há um pla- ra, não havia uma orientação co-
va atuação mercadológica incluem no de redução do custo do produ- mercial e de marketing para o seg-
a concentração da linha de monta- to consolidado por toda a equi- mento", afirma. Exemplo disso,
gem na cidade mineira de Conta- pe de Ônibus, incluindo o pesso- diz ele, era a única representação
gem. Os ônibus da Mafersa passa- al da engenharia, da produção e da marca em São Paulo.
rão a sair totalmente prontos da da administração. Para o primei- Com as novas diretrizes, já fo-
nova linha de produção, já capa- ro ano de atuação, prevê-se que ram nomeadas quatorze represen-
citada para fabricar cinqüenta será alcançada a meta de dimi- tações comerciais em todo o Bra-
unidades por mês. Até agora, a nuir em 20% o preço de fabrica- sil, a partir da repartição das re-
Mafersa somente fabricava, em ção. No final de três anos, a idéia giões do país em duas coordenado-
Contagem, as plataformas e a es- é colocar no mercado ônibus com rias(Sul/Sudeste e Norte/Nordes-
trutura dos ônibus, levando, em custo 3507o menor que o atual. te). Os representantes, todos eles
seguida, as caixas para São Pau- Para atingir essa meta, estão pessoas jurídicas, darão assistência
lo, para receberem acabamento. sendo negociados componentes e técnica, e comercializarão peças de
Segundo o gerente industrial, matérias-primas com fornecedo- reposição. "Faremos uma venda
formou-se uma nova equipe de res, em nova escala de produção. sadia, com prestação de assistência
operários e de técnicos para traba- Além disso, o processo de produ- de pós-venda de qualidade", diz.
lhar em Minas Gerais. Numa pri- ção e outros serviços estão sen- Além disso, algumas fornecedo-
meira fase, a partir deste início do analisados e avaliados com o ras, como a Cummins, a Eaton
de semestre, Contagem fabricará objetivo de optar pela melhor for- e a Allison atuarão em parceria
22 unidades por mês, podendo ma de trabalho. "Estamos tercei- com a Mafersa para oferecerem
chegar até trinta unidades por rizando tudo o que não for preju- assistência técnica e venda de pe-
mês até o final do ano, dependen- dicial à segurança e à qualidade ças. A estratégia consiste em trei-
do do mercado. da produção", explica o gerente nar pessoas na mecânica Mafer-
industrial Abrahão. sa para que o usuário tenha sem-
Hora de investir — Retração de Apesar de não achar caro o pre um especialista nas autoriza-
vendas de ônibus não assusta a preço atual do ônibus Mafersa, das. A princípio, a empresa não
equipe da Mafersa. "O vaivém relativamente a produtos de ou- personalizará todas as suas repre-
dos negócios é conseqüência da tras marcas, Relva garante serem sentantes com a marca vermelha,
vulnerabilidade desse mercado", viáveis as reduções de custo de preta e branca de seu logotipo.
analisa Relva. Em sua opinião, produção planejadas. No merca- No entanto, a equipe de ônibus
situações conjunturais, como, do, os atuais M-210 e M-240 cus- sabe que o próximo passo será a
por exemplo, a privatização da tam aproximadamente 10% a identificação dessa marca ao ôni-
CMTC, conseguem balançar a mais do que seus similares. No bus. Sabe também que deverá ofe-
comercialização desses veículos. entanto, a diferença, segundo o recer opções ao mercado compra-
"É uma característica do nosso superintendente, tem ret.orno na dor. Quanto a isso, Relva ainda
mercado brasileiro", diz. Além pronta entrega. "Enquanto que não quer adiantar nada, mas ga-
disso, Relva é adepto do antigo outras montadoras demoram até rante que o modelo inaugural,
e, para ele, sábio ditado empresa- quase trinta dias para entregar o agora apresentado, é só o come-
rial que manda "investir em épo- veículo, na Mafersa ele é fatura- ço:"Há estudos, mas ainda estão
cas de crise, para estar prepara- do para um mês, mas sai rodan- em fase embrionária", confessa.

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 43


LIMPEZA DE FROTAS

Retrato da empresa para


alguns, a limpeza
dos ônibus exige cuidados
especiais

Aparente S 234

detalhe
•Considerado por alguns empre- za e a conservação são itens tão
sários como um problema admi- importantes quanto a manuten-
nistrativo sem importância, a hi- ção mecânica. Aquilo que, para
giene da frota costuma trazer, a maioria, pode ser até mesmo
na prática, grandes dores-de-cabe- irrelevante, para aquela que é o
ça para a rotina das garagens. melhor exemplo de limpeza e de
Aparentemente simples, a lim- empenho na conservação de fro-
peza e a conservação dos ônibus ta, a Empresa de Turismo Santa
envolve uma série de detalhes que, Rita, é uma questão de honra, à
se não forem muito bem-planeja- qual são dispensados tempo, trei-
dos, podem atrapalhar o dia-a- namento e recursos financeiros.
dia da atividade da transportado- "Limpeza e conservação fazem
ra. São reservatórios de água que parte do nosso negócio", sinteti-
devem estar sempre cheios, lava- za Magda Ardito, diretora execu-
doras que devem sempre se apre- tiva da empresa. Prova disso é o
sentar em boas condições de fun- fato de a empresa se dar ao luxo
cionamento,shampoos e desodo- de adotar este lema: `Griffe em
rizadores que devem sempre exis- transporte de pessoas.' te, e explica que o custo direto
tir em estoque, aspiradores de Constituindo uma frota consi- envolvido nesse trabalho é maior
pó que se deve ter sempre à mão, derada modelo, os ônibus da San- do que aquele que seria gerado
e, o que é mais importante, equi- ta Rita passam para os usuários por uma limpeza comum, onde
pes sempre a postos para a faxi- uma imagem de asseio e de higie- não houvesse excesso de zelo.
na. Um ônibus não pode sair su- ne, dando à empresa o apelido No entanto, agora é preciso con-
jo para uma viagem urbana e, justificado de 'empresa dos ôni- servar a imagem, afirma.
principalmente, rodoviária. Mes- bus limpinhos'. "Quem formou
mo que a limpeza seja feita sem essa opinião foi o próprio mer- Limpeza por terceiros — Atento
uma sistematização, é de praxe cado", afirma a diretora da San- ao problema da limpeza da fro-
que um carro sempre se apresen- ta Rita, sem esconder que houve, ta nas garagens, por ele sentido
te para o serviço em condições e que'llá, empenho para a manu- durante seus vários anos de expe-
mínimas de asseio. tenção desse nome. riência como fabricante no setor,
Para alguns executivos, que Magda Ardito confessa que a Milton Rezende,ex-vice-presiden-
consideram a aparência dos ôni- tarefa da limpeza é um "trabalho te da Thamco, resolveu criar uma
bus o retrato da empresa,a limpe- árduo", exercido incansavelmen- empresa especializada em limpeza

44 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


A Limpool, especializada na
limpeza de ônibus: esquema logístico
para atender empresas urbanas e
serviço completo por veículo
em apenas dois minutos

veículo em até dois minutos. "Te-


mos de obedecer à programação
e às escalas da transportadora",
afirma Cláudia, adiantando que
essa logística é montada de acor-
do com as necessidades de cada
empresa. Há casos em que a hi-
giene é feita fora das garagens,
para aproveitar breves momentos
de ociosidade do veículo.
O padrão do serviço é defini-
do pelo cliente, que também deci-
de se os produtos a serem utiliza-
dos serão próprios ou fornecidos
pela Limpool. "Estamos desen-
volvendo novas fórmulas específi-
cas para ônibus em parceria com
fabricantes de produtos quími-
cos", afirma Cláudia. Para que
o trabalho apresente total eficiên-
cia, esclarece, a Limpool utiliza
apenas produtos não-tóxicos e ino-
doros, mesmo no caso de dedeti-
zadores. "Não podemos deixar
um ônibus fora de atividade devi-
do à aplicação de dedetizadores,
e tampouco correr riscos de provo-
car intoxicação em passageiros."

Primeiro Mundo — Na Reunidas,


segundo Domenico Roberto, en-
carregado da manutenção e da lim-
de frotas. Pioneira, e até agora água ou não". "Há fiações nos peza da frota da garagem paulis-
única no mercado, a Limpool ini- tetos de muitas carroçarias que tana, as dedetizações, feitas três
cia, neste semestre, um processo se danificarão se não houver um vezes por semana, normalmente
de franquia com outras empresas cuidado especial na hora da lava- prendem os carros durante um
por todo o país. gem", explica Cláudia Rezende. dia. Sem uma rotina sistematiza-
Acreditando, também, que a A empresa oferece tratamen- da, os ônibus vão passando pela
limpeza da frota reflete a imagem tos diferenciados para carros ur- limpeza na medida em que retor-
da empresa, Cláudia Junqueira banos e para carros rodoviários. nam das viagens.
Rezende, diretora da Limpool, Segundo a diretora da Limpool, A equipe de limpeza reúne cin-
afirma que "o processo de limpe- os ônibus urbanos requerem um qüenta pessoas para os mais de
za de um ônibus envolve uma sé- esquema logístico mais comple- duzentos ônibus que fazem para-
rie de procedimentos específicos, xo, devido aos horários de opera- das para higiene no local. Com
que vão desde a seleção dos pro- ção das linhas. Normalmente, o centralização dos custos na sede,
dutos utilizados até a maneira de serviço é realizado durante a noi- em Araçatuba (SP), a empresa
passar as escovas e o conhecimen- te, quando as equipes da Limpo- prefere não dizer o quanto pesa
to dos locais onde se deve jogar ol podem fazer a operação num a limpeza na manutenção total

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 45


da frota, afirmando apenas que Ardito:
"é um custo grande". Não são custo direto maior do
que se fosse pago a
usados, para esse trabalho, produ- terceiros, mas com
tos especiais. Por exemplo, os de- esmero garantido
sodorizadores são os mesmos ven-
didos para uso pessoal. A única
diferença é que na Reunidas as
compras são feitas em embala-
gens de atacado.
Para João do Carmo, gerente mão-de-obra. "O pessoal falta ra ele, é "coisa de primeiro mun-
geral da mesma empresa, o prin- muito, e, se não houver fiscaliza- do"."As empresas tendem a par-
cipal problema a ser administra- ção constante, o trabalho sai mal- tir para isso", acredita.
do no serviço de limpeza é o da feito", afirma. Terceirização, pa- Os executivos da Limpool tam-
bém concordam com o fato de
que o principal problema, para
Sidnei lembra que alguns ônibus,
quando chegam, exibem menos bri- o empresário, é o da mão-de-o-
lho do que outros mais antigos. bra, mas, para eles, essa limpado-
Há nisso um segredo que a empre- ra encontrou uma solução: man-
sa não revela. A tinta utilizada pa- tém equipes individuais para ca-
ra a repintura, que é também efe- da cliente, e plantonistas para os
tuada nos novos, tem uma fórmu- casos de faltas. "Substituímos
la exclusiva, preparada especialmen- os integrantes das equipes a qual-
te para a empresa, em parceria com quer hora do dia ou da noite",
uma fabricante alemã. garante Cláudia. Por meio do sis-
Há, na garagem da Santa Ri-
tema montado pela empresa, as
ta, recém-inaugurada no Jardim
Císper, em São Paulo, uma estru- falhas são detectadas de imedia-
tura montada para pintura e pa- to pelos fiscais e pelos superviso-
ra conservação, semelhante às das res da qualidade, que rodam dia-
encarroçadoras. Pouquíssimas trans- riamente pelos locais onde a Lim-
portadoras mantêm esse tipo de ins- pool está atendendo.
A griffe talações. "Tratamos nossos ôni- Além disso, o pessoal passa
Santa Rita: tinta
com fórmula
Aparência como bus como bibelôs", afirma o di- por um treinamento específico,
retor da Santa Rita. A relação da onde aprende desde técnicas de
esclusiva é o bandeira empresa com a frota, diz, é de ca-
segredo de uma limpeza até a nomenclatura dos
frota sempre rinho e afeto.
ônibus. Panela, facão e saia pas-
brilhando A filosofia que permeia o traba- Como na manutenção mecânica,
lho da frota, na Empresa de Turis- a Santa Ritafaz a conservação cor- sam a ser, para os faxineiros,
mo Santa Rita, consiste em dar a retiva e a preventiva. Na preventi- mais do que vasilha de cozimen-
um ônibus de quatro anos a aparên- va, são pintadas rodas, trocados es- to, instrumento de corte e veste
cia de um veículo recém-saído da tofados, e realizados outros servi- de moça. O conhecimento se es-
fábrica. Por isso, conta Sidnei Ar- ços mais pesados, em intervalos de tende até noções de química. Se-
dito, diretor executivo da empresa, tempo mais longos. A conservação gundo a diretora da empresa, é
o limite de tempo de vida considera- corretiva, porém, não pára nunca. importante ensinar as característi-
do `top' na frota da Santa Rita é Os motoristas, segundo Sidnei, cas dos produtos químicos para
bem maior que o da maioria das têm a referência do padrão de lim- que a pessoa possa lidar com as
outras empresas. peza da frota, e, caso aconteça um
diluições ou com as misturas ne-
Logo que chegam das montado- imprevisto, que suje muito o car-
ras, os veículos adquiridos pela San- ro durante uma operação de trans- cessárias ao serviço.
ta Rita passam por um verdadeiro porte, eles sabem como proceder A terceirização da limpeza, se-
processo de personalização. Subme- para deixá-lo, novamente, em con- gundo Milton Rezende, traz, ain-
tem-se durante quinze dias, no mí- diçõessatisfatórias. Em viagens lon- da, um benefício direto de redu-
nimo, a um tratamento especial que gas, que duram mais de um dia, ção de custo para o empresário.
lhes dá a marca da Griffe. "Não os ônibus são lavados com produ- Salários diretos e encargos traba-
fazemos isso apenas em momentos tos especiais, que acompanham o lhistas somam recursos considerá-
de ociosidade", lembra ele, adian- motorista, em postos de confiança veis na manutenção das equipes
tando que, em épocas de menor dos diretores da empresa. "Um car- próprias de limpeza. Apesar de
movimento, os veículos podem de- ro da Santa Rita chega de uma via-
não revelar preços, ele garante
morar até quarenta dias para fica- gem de mil quilômetros com a mes-
rem prontos para rodar como seus ma aparência com a qual saiu da- que, "de imediato, a transporta-
irmãos mais velhos. qui", conclui. dora passará a pagar menos pela
limpeza de sua frota".

46 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993


do preço do litro de dísel, cluiu pela inviabilidade fi-
Constantino ganha linha acabou revogada porque a
incidência do ICMS (17%)
nanceira para as distribuido-
ras em estações de abasteci-
e compra mais ônibus elevava o preço final para mento, mesmo que os obstá-
95,37% do do dísel, anulan- culos técnicos e políticos se-
A Expresso Santa Rita, da Santa Rita, não soube do a vantagem que estimula- jam contornados.
de Santo André(SP), empre- dizer se os recursos foram ria a substituição da frota. Na sua opinião, a viabili-
sa do grupo Nenê Constan- próprios ou se foram finan- Persistem as dificuldades dade impõe garantia de cre-
tino, obteve autorização da ciados pela Finame para a técnicas para substituir o dibilidade ao programa, in-
Emplasa para operar a linha compra de doze chassis Mer- dísel pelo gás em 100% num centivos fiscais ao combustí-
Vila Humaitá, em Santo cedes-Benz 1618, com novo motor do ciclo Diesel. Alí- vel e ao seu uso, recupera-
André,até o Terminal Rodo- motoF da série 400 e carroça- sio Jacques Mendes Vaz, co- ção do preço do dísel e revo-
viário Tietê, na capital pau- rias Nielson Bussar 320. ordenador do Departamen- gação da Portaria 33/91,
lista. Para operar a nova li- Com o ingresso dos novos to de Gás da Companhia que unifica o preço do GNC
nha, substituiu doze de seus veículos, a empresa aprovei- de Petróleo Ipiranga, con- fornecido às concessionárias.
45 ônibus e investiu US$ tou para modificar a pintu-
850 mil. Pedro Rezende Bri- ra da frota.
to, gerente administrativo

GNC, alternativa
ainda pouco utilizada
Na Argentina, o GNC põe de apenas sessenta mo-
— Gás Natural Comprimi- vidos a gás. Caso a lei mu-
do participa com 33°70 de nicipal paulistana 10 950/91
sua matriz energética, en- seja cumprida, em dez anos
quanto que no Brasil essa toda a frota de ônibus a dí-
porcentagem mal chega a sel terá sido substituída por
3%. Embora o maior volu- outra, a gás, o que possi-
me de gás natural sirva, na- bilitará uma economia de
quele país, para geras ener- 110 milhões de litros de dí-
gia elétrica, no Brasil é a sel por ano, e uma redução
força da água a responsá- de 2,4 milhões de tonela- GNC participa apenas com 3% da matriz energética nacional
vel pela produção de 33% das anuais de óxidos de en-
da matriz energética. Mes- xofre e de outros poluen-
mo assim, a Argentina man- tes na atmosfera, segundo
tém uma frota de 200 mil estudo da engenheira Ieda Empresa de São Carlos cria
veículos movidos a gás, dos Correia Gomes e do argui-
quais entre 150 e duzentos teto Sohati Kondo, da Com- novo passe escolar
são ônibus urbanos, infor- gás, apresentado no mes-
mou o consultor Hector mo seminário. Procurando diminuir a benefício. Segundo Edson
Garcia, em palestra no se- O consumo de GNC no utilização indevida dos pas- Franco, gerente da empre-
minário "Qualidade e Uso Brasil ainda é de 10 milhões ses escolares, a empresa Re- sa, estava ocorrendo um
de Combustíveis para Veí- de metros cúbicos por dia, nascença, de São Carlos, acesso "muito abusivo ao
culos Pesados", em São mas, segundo a Petrobrás, no interior de São Paulo, passe escolar", com famí-
Paulo, em junho. deverá aumentar em 60% criou um novo modelo de lias inteiras viajando com
No Brasil, a experiência até o ano 2000. passe escolar, impresso em o bônus de estudante. A em-
do uso automotivo do GNC Continuam as mesmas computador. Contendo da- presa espera obter grande
começou na primeira me- dificuldades econômicas e dos particulares do estudan- redução na venda das novas
tade da década de 80. Fo- técnicas para a evolução te, tais como nome e idade, passagens escolares. De fa-
ram utilizados ônibus, vi- do uso do gás no Brasil. A a utilização do bilhete, que to, logo nos primeiros dias,
sando a substituição do óleo Portaria 69/89, do CNP, custa hoje a metade do pre- a queda nas vendas dos esco-
dísel pelo gás. Hoje, São que assegurava, para o me- ço da tarifa normal da cida- lares chegou a 70%, afir-
Paulo, com uma frota de tro cúbico de gás, um pre- de, é dificultada aos usuá- ma o gerente.
10 mil ônibus urbanos, dis- ço equivalente a 79,16% rios que não têm direito ao

TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993 47


Rede reabilita Trem
da Serra no RJ
Embora a exploração tu- ra 42 passageiros, teve os
rística das viagens de trem seus carros reformados pe-
não seja o forte da Rede la Montmar. As operações
Ferroviária Federal, essa devem começar em agosto.
Rede, graças a um convê- Saindo de Miguel Pereira,
nio que assinou com a Mont- a uma altitude de 611 me-
mar Turismo e com a pre- tros, passará pelas estações
feitura de Miguel Pereira de Governador Portela e de
(RJ), está reabilitando o Francisco Fragoso, trans-
Trem da Serra, que fez via- pondo,em seguida, o Viadu-
ROTOMÓVEL - GARAGENS ATÉ 20 CARROS gens de 1986 até 1988, quan- to Paulo de Frontin, de es-
do foram suspensas por fal- trutura metálica em curva e
ta de passageiros. A Mont- em rampa,e com desnível de
mar já mantém, com a Re- 24- metros, que cruza o Rio
de, um contrato para a ex- São Francisco. A partir des-
ploração do Trem da Ma- se local, começará a descer
ta Atlântica. em direção a Conrado pela
A composição, formada Garganta do Sapê, cuja alti-
por uma locomotiva elétrica tude é de 61 metros. As via-
e por seis vagões de madeira, gens serão promovidas ape-
cada um com capacidade pa- nas nos fins de semana.

Santo André estuda


fim da municipalização
O prefeito de Santo An- bilhões a menos para os co-
dré, Newton Brandão, quer fres municipais.
acabar com a remuneração O contrato de municipali-
por quilômetro rodado no zação com as concessioná-
sistema de transporte urba- rias do sistema se esgotará
no, e pagar o serviço, execu- em setembro.
20150 CARROS RO 203- 3 ESCOVAS tado por seis operadoras Em São Bernardo do
501100 CARROS RO 205 - 5 ESCOVAS privadas e também pela mu- Campo (SP), o presidente
1091200 CARROS RO 207 - 7 ESCOVAS nicipal EPT, por um preço da ETCSBC,empresa muni-
ACIMA DE 200 RO 209-9 ESCOVAS fixo por passageiro. Um cipal de transporte urbano,
acordo, assinado no início Iraldo Marcos Fernandes,
A GRANDE VANTAGEM: de julho, reduziu a remune- afirmou que a prefeitura
ração em 7% a partir desse também pensa em privatizar
O modelo RO da JVA é modulado,
isto é, você vai acrescentando um mês, ampliando esse percen- a empresa. Com 1 740 fun-
par de escovas a medida que a tual em 10% a partir de agos- cionários, e responsável pela
frota cresce to. A Assessoria de Impren- operação de todo o sistema,
sa informa que a economia a ETCSBC consumiu, dos
obtida pela prefeitura no cofres municipais, Cr$ 12
primeiro mês de vigência bilhões em maio,e acumula-
do acordo foi de Cr$ 12 bi- va, na época, dívida de Cr$
lhões, para um gasto total 5 bilhões. Para Fernandes,
LIGUE PRA GENTE com o sistema, entre subsí- a prefeitura não está mais
FÁBRICA (0192)-39-1551 dio e administração da EPT, interessada em subsidiar a
de Cr$ 173 bilhões. No se- empresa porque agora sua
VENDAS(0192) 39-2308 gundo mês, os 10% de redu- prioridade é a saúde.
FAX(0192) 39-1714 ção representarão Cr$ 22,5
Rua do Sol, 700 — Barão Geraldo
EP 13087-970 —,Oampinás7SP TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993
bus a gás e 39 articulados,
CMTC privatiza sistema a frota diferenciada exige
tratamento especial pelo fa-
0,30 para US$ 0,46, em pra-
zos escalonados. A empre-
sa municipal estuda, com
atéfinal cio ano to de recorrer a operações os empresários, soluções al-
e a manutenções exclusivas. ternativas para viabilizar
Por outro lado, a CMTC medidas de redução de cus-
já negociou com as empre- to operacional, como, por
sas contratadas pela munici- exemplo, elevação da taxa
palização um novo aditivo de ocupação nos ônibus,
ao primeiro acordo,finaliza- com base nos resultados da
do em primeiro de julho auditoria realizada nas con-
passado, reajustando o va- cessionárias nos primeiros
lor da remuneração de US$ meses deste ano.

Um projeto para unir


A primeira fase de privatização envolve oitenta linhas da empresa
transporte e comércio
A CMTC está escolhendo va privada, daquilo que foi
as primeiras empresas para batizado de 'operação da A Secretaria dos Trans- linhas, principalmente do
operar oitenta linhas, entre frota pública'. Serão entre- portes Metropolitanos e a Metrô e de trens, seriam ex-
as 182 sob sua responsabili- gues para operadores parti- Prefeitura Municipal de São plorados comercialmente,
dade, que iniciarão o proces- culares não apenas as linhas Paulo, embaladas pela on- proporcionando um retor-
so de privatização de toda a mas também instalações, in- da da privatização, estão no financeiro crescente ao
sua operação no sistema de cluindo garagens e oficinas estudando ações conjuntas empreendimento. Para tor-
transporte urbano da cidade de manutenção. O patrimô- para viabilizar projetos inte- nar possível a execução de
de São Paulo. Os mil ônibus nio continua sendo da grados que abrangerão o seu projeto, o assessor do
que percorrem esses trajetos CMTC, mas a operação fi- Metrô, trens urbanos e siste- Gabinete propõe, entre ou-
deverão ser leiloados assim ca sob total responsabilida- mas de ônibus. tras medidas, mudanças le-
que as novas concessioná- de de terceiros. A iniciativa foi da Secre- gislativas para o zoneamen-
rias começarem a operar. A terceira fase, que deverá taria Estadual, e baseia-se to, de modo que os traça-
A partir de setembro, a concluir a privatização com a num modelo de implantação dos para o transporte, prin-
CMTC deverá estar receben- transferência das linhas da de transporte criado pelo cipalmente o do Metrô, se
do propostas para a segun- frota diferenciada, ainda não assessor do Gabinete, Oli- aproximem de regiões que
da fase da privatização, que está definida. Composta por ver Hossepian Salles de Li- apresentem interesses imobi-
é o repasse, para a iniciati- 480 trolebus, sessenta ôni- ma. Os locais próximos às liários e comerciais.

Cavalo ganhou corrida primeira vez: Sorte.


Cavalo ganhou corrida segunda vez: Coincidência.
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é na alescentes para tratar os despejos
HIDRÁULICAS E
HIDROSTÁTICAS
Separador água/óleo de áreas de abastecimento, e de
RUCKER para oficinas boxes para troca de óleo ou para
lavagens de veículos, o separador
recebe os despejos vindos ao lon-
Fornecedora de equipamentos go de canaletas, e daí os remete
TRW - A DIREÇAO CERTA E para o tratamento de efluentes pa- à rede de esgotos ou à água plu-
ra indústrias químicas e petroquí- vial. O separador retém o óleo e
ffLIICKEIT
EOIJIPVIRIENITIDS INDLISTITIFIM I-TOPI micas, a Incase, de São Paulo, de- emite efluentes com um máximo
senvolveu diferentes modelos de se- de 20 ppm de óleo, isto é, dentro
=R (011)727.2600 paradores água/óleo, para serem dos limites impostos pela legisla-
ção para o controle de efluentes.
instalados em oficinas mecânicas,
em áreas de lavagens de veículos Mais informações poderão ser
ou em lava-rápidos. Utilizando um obtidas pelo fone (011)205-5011
sistema de placas corrugadas co- ou pelo fax (011)944-4331.

de concessionárias e de adminis-
tradoras do sistema, e em em-
presas particulares que desejam
mapear com exatidão a entrada
e a saída de passageiros, para re-
duzir a evasão de receitas. For-
necendo o número de passagei-

sf - Prático do vida. Habilidade ou perícia resultante


di
Equipamento mapeia fluxo com sensores
ros (distinguindo crianças e adul-
tos) que entram e que saem do
veículo, o sistema também deter-
mina o mês, o dia, a hora e o
minuto da movimentação dos
do exercício contínuo duma profissdo, arte
ou oficio.
usuários, e mais o IPK, a distân-
cia percorrida entre início e fim
Controlador da viagem, a velocidade média e

XPERIENCIA
Não é por acaso que TRANSPORTE MODERNO é a revista
líder do seu segmento. Foi uma posição conquistada em 27 anos
de muito trabalho e dedicação. Por isso. TRANSPORTE
de fluxo
O Controlador de Fluxo DI,
nas versões 3000 e 4000, da Dis-
a velocidade máxima. Por meio
de um coletor de dados, as infor-
mações vão para um computador,
para gerenciamento. O sistema
compõe-se de módulos de contro-
MODERNO é a melhor opção de informação para o setor de
transporte comercial em todas as modalidades. E, a informação
counter Produtos Eletrônicos, já le e de display, banco de memó-
experiente é o melhor instrumento para quem precisa tomar é adotado para controle de flu- ria, dispositivos sensores, inter-
decisões. Faça sua assinatura de TRANSPORTE MODERNO e face de comunicação (padrão
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xo de trgnsporte de passageiros
A fórmula do sucesso tem muitos ingredientes. Certamente a em empresas como a Pássaro RS 232 C) e teclado.
experiência é um deles. Marron e a Viação Atibaia. Ago- Digicounter Produtos Eletrônicos
ra, ele também começa a ser Ltda., Rua Original, 55, Bairro
Erlfro.TM(Ide
utilizado para monitorar ônibus Bom Jesus, Porto Alegre, RS,fo-
urbanos, para o planejamento ne (051)334-9227
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50 TRANSPORTE MODERNO - Julho, 1993
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Produtos inovadores Estrutura voltada para
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seus novos modelos de ônibus de grande capacidade especializados nas áreas de engenharia, suprimentos,
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produtos desenvolvidos especificamente para satisfazer soluções para atender às particularidades do setor de
as necessidades cada vez mais complexas do mercado. transporte rodoviário urbano de passageiros.

Mais de mil ônibus urbanos monobloco comercializados


e uma experiência de 50 anos em veículos de transporte
de passageiros garantem a confibialidade dos seus
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Tecnologia moderna,
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Com qualidade reconhecida tanto no Brasil quanto no
mercado internacional, o ônibus da Mafersa é a simbiose TECNOLOGIA EM TRANSPORTE DE MASSA
de dois elementos sempre presentes nos produtos da
empresa: tecnologia avançada e qualidade, visando Av. Raimundo Pereira de Magalhães, 230
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Tecnologia e Precisão
SAW 10 C Balança Axial
Estática Portátil para Veículos
É ideal para órgãos controladores de
rodovias, transportadoras e terminais
de carga, permitindo a medição em
terreno rústico. A capacidade de
pesagem é de 500 a 10.000 kg por
placa.
Vantagens
• Display digital de fácil visualização
• Controle de zero automático
• Leve
• Baixa altura
• Carcaça resistente a passagem de
veículos
• Grande superfície de pesagem
• Construção hermeticamente fechada
• Alimentação com pilhas comuns
• Microprocessador que efetua a
autoverificação do equipamento

Sistema Portátil de Pesagem


Dinâmica MXP-300
É constituído por uma unidade
eletrônica central compacta, que
inclui:
• Indicador digital
• Impressora
• Emissor de data e horário
• Terminal manual para programação,
introdução da placa do veículo e
limites legais de peso
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Suas placas de pesagem são


fabricadas em aço de alta resistência
e têm capacidade de 10t, cada uma.
Contêm sensor de carga do tipo
"strain gauges", vulcanizadas por
uma camada de borracha. Alças
laterais facilitam o seu transporte.

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