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Em Defesa da Virgem

Maio de 2023
João Pessoa, Paraíba.
Autor:
Tiago Lopes

Design da capa:
Eduardo Ribeiro

Formatação textual:
Ryan de Lucena

Marketing e Apoio:
Ricardo Inácio
Sumário

Introdução .......................................................................................... 4
Capítulo I. Desenvolvimento Dogmático ................ 6
Capítulo II. Os Dogmas Marianos ........................... 9
1 A Maternidade Divina ......................................... 10
2 A Virgindade Perpétua ........................................ 14
3 A Imaculada Conceição ....................................... 20
4 A Assunção ......................................................... 25
Capítulo III. A Serpente Protestante ..................... 30
1 Objeções protestantes à Maternidade Divina ....... 31
2 Objeções protestantes à Virgindade Perpétua ...... 33
3 Objeções protestantes à Imaculada Conceição .... 38
4 Objeções protestantes à Assunção ....................... 41
Capítulo IV. As Tipologias Marianas na Antiga
Aliança ..................................................................... 44
1 A Nova Eva ......................................................... 45
2 A Arca da Nova Aliança ...................................... 46
Capítulo V. A Onipotência Suplicante ................... 49
Capítulo VI. Maria, a Rainha dos céus .................. 53
Capítulo VII. Os dons Preternaturais .................... 55
Conclusão ................................................................. 57
Agradecimentos ....................................................... 59
Referências .............................................................. 60
Dedicatória

Um livro escrito e dedicado à minha família.


Que a Virgem Santíssima nos conserve e cuide de nossos corações.

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Introdução
Conhecer e contemplar os mistérios da nossa
Redenção sempre é uma tarefa que nos exige piedade e
devoção. Sobretudo quando falamos da Mãe de Deus,
aquela que foi escolhida e predestinada dentre todas as
mulheres para dar à luz o Salvador do mundo.
Aprofundar-se nos mistérios de Nosso Senhor é,
direta ou indiretamente, deleitar-se no amor materno de
Maria, a quem Cristo confiou para ser a Mãe de todos os
cristãos. É interessante refletir a respeito de como Deus
optou por conceder a salvação aos homens: fez-se homem
também e confiou a sua vida aos cuidados maternos de uma
pobre serva do Senhor. Ora, sendo Deus, Cristo não
precisaria disso. Poderíamos perguntar: “por qual razão,
Senhor, decidistes se encarnar no ventre de uma simples
serva?”. Não seria absurdo dizer que Jesus poderia vir ao
mundo de qualquer outra forma.
Porém, sendo Deus, escolheu a forma mais perfeita
possível: encarnando-se no ventre de Maria. E não o fez por
acaso, porque tudo o que faz é perfeitamente ordenado para
um fim já planejado por Ele mesmo. Deus não testa a Si
mesmo. Foi Maria a escolhida para ser o tabernáculo perfeito
e puríssimo que abrigaria o Cristo! Poderia alguém negar um
fato tão lindo como este? Infelizmente é o que presenciamos
e ouvimos daqueles que pensam agradar a Deus atacando a
sua Mãe. Que pessoa alegra-se ao ouvir alguma ofensa
proferida contra a sua própria mãe? Por que com Cristo seria
diferente? Quer dizer então que Deus não tolera nenhum
tipo de ofensa (Mt 5,22), a menos que seja contra a mulher
que Ele mesmo escolheu para ser sua mãe? Este tipo de
raciocínio não me parece fazer sentido algum, e tampouco

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encontro-o em lugar algum das Escrituras: nem nas palavras
dos apóstolos, nem nas de Jesus, nem nas profecias... Só na
boca dos protestantes.
Portanto, estudaremos aqui aquela que é o vaso
puríssimo da Cristandade. Aquela que foi a primeira morada
de Deus. Aquela que, com o Filho, esmaga a cabeça da
serpente: a mulher bendita entre todas as mulheres (Lc
1,42). Iniciaremos com uma breve explicação a respeito do
desenvolvimento dogmático para que melhor possamos
compreender os dogmas Marianos, suas evidências bíblicas,
os testemunhos primitivos a respeito dos mesmos, o papel
de Maria na Redenção, as refutações às objeções
protestantes e etc.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós.

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Capítulo I
Desenvolvimento Dogmático

Para entendermos com mais clareza o assunto, é


necessário sabermos, primeiramente, o que é um dogma. Um
dogma é uma verdade de fé revelada pelo próprio Deus por
intermédio de sua Igreja. Não se questiona a veracidade de um
dogma por razões completamente óbvias: trata-se de verdades de
fé, e sendo verdades, não há brecha para subjetivismo algum.
Sempre que o Magistério da Igreja proclama algum dogma, está
sendo necessariamente infalível.

Tal poder foi conferido ao chefe do Sagrado Magistério


(o Papa) pelo próprio Cristo, que disse ao primeiro líder pontifício
da Igreja: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja
[...] Te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será
ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt
16,18-19). Portanto, estamos falando de uma instituição sagrada
que detém o poder das chaves que ligam o céu e a terra. Por isso
que sempre que o Papa se pronuncia ex cathedra — ou seja,
diretamente da cátedra de Pedro —, ele é infalível e não pode
ensinar erro algum no que diz respeito a fé e moral. Que fique
claro que o Papa, pelas suas próprias faculdades naturais, não tem
o poder de ser infalível. Esta mesma infalibilidade não vem da
pessoa dele, e sim do Espírito Santo, que é quem guia a Igreja de
Cristo para que ela não pereça e caia no erro.

São nesses casos extraordinários que o Magistério utiliza


de sua autoridade sagrada para nortear o povo de Deus na fé.
Portanto, todo aquele que nega nem que seja um único dogma,
perdeu a sua fé por inteiro — uma vez que o ato de fé consiste,

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necessariamente, em aceitar a Revelação como um todo, e não em
partes. Aqueles que rejeitam a autoridade da Igreja, estão a rejeitar
o próprio Cristo (Lc 10,16).

É sabido que a Revelação já foi encerrada com a morte


do último apóstolo. Ao proclamar um dogma, a Igreja não está
ensinando uma nova doutrina; está, na verdade, precisando aquilo
que sempre foi crido, ainda que de maneira mais implícita. A
proclamação do dogma dá a certeza total de que aquilo não veio
do homem, e sim do Espírito Santo, que inspirou primeiramente
os apóstolos de Cristo a ensinarem a mesma crença; e que, com o
decorrer do tempo, inspirou a Igreja a melhor entender e melhor
explicitar ao povo de Deus tais verdades. Portanto, proclamação
de dogma não é nova Revelação: trata-se da mesma e única.

Um exemplo claro do desenvolvimento dogmático na


história da Igreja é o do Concílio de Niceia (325 d.C.), que
proclamou o dogma da Santíssima Trindade. Isso não quer dizer
que esta verdade já não era crida e ensinada antes, mas tão
somente que agora há a proclamação infalível e universal da Igreja,
que confere a certeza aos fieis de que este ensinamento deve ser
aceito por todos e que foi o Espírito Santo que o revelou.

Incorre em heresia todo aquele batizado que nega


conscientemente (mesmo sendo advertido e corrigido) algum
dogma de fé proclamado pela Igreja. Foi este o caso de todos os
ditos “reformadores” protestantes ao se revoltarem contra a Igreja
e permanece sendo o caso de todos aqueles (sejam protestantes
ou não) que negam nem que seja um único dogma proclamado
pelo Magistério.

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Devemos rezar e formar estes, para que assim
abandonem o erro e abracem a Verdade. As heresias são vias de
Satanás que conduzem as almas diretamente ao inferno. Santo
Tomás dizia que o herege é pior do que o falsificador de moedas
— razão porque o falsificador corrompe a moeda que é usada para
atender às necessidades humanas e naturais, enquanto que o
herege corrompe a fé, que é o sustento da alma.
Veremos que os dogmas Marianos sempre foram cridos
na Igreja em seus dois mil anos e, já na era primitiva, os santos
Padres preocuparam-se em preservar a ortodoxia destes
ensinamentos.

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Capítulo II
Os Dogmas Marianos

Na Mariologia encontra-se quatro dogmas: Maternidade


Divina; Virgindade Perpétua; Imaculada Conceição e
Assunção. Cada um surgiu em tempos e em contextos diferentes
na história da Igreja, mas, como vimos, ambos já eram plenamente
ensinados e cridos em toda comunidade cristã.
Não é por acaso que, já no ano de 383 d.C., São Jerônimo
empenhou-se em defender um dogma que só veio a ser
proclamado universalmente mais de trezentos anos depois. O
dogma em questão era o da Virgindade Perpétua, que era objetado
por um herege chamado Helvídio. Para preservar o ensinamento
católico, São Jerônimo escreveu um tratado contra Helvídio em
defesa da Virgindade Perpétua de Nossa Senhora, que trataremos
mais adiante.
Cada um dos dogmas — ao contrário do que pensam os
protestantes — está presente nas Sagradas Escrituras (seja de
forma implícita ou explícita). Na verdade, as Escrituras são
completamente católicas do início ao fim! Ora, não poderia ser
diferente: a bíblia é fruto da Tradição da Igreja. Então aquilo que
não era católico, não era sagrado.
Sabemos que o Antigo Testamento preparou o Novo; e
o novo, por sua vez, cumpriu perfeitamente o Antigo. Pois bem:
já no Antigo Testamento encontramos sinais que apontavam e
prefiguravam os dogmas Marianos. Do mesmo modo que Deus
também apontou sinais na Antiga Aliança que prefiguravam
mistérios que viriam na Nova — como Melquisedec prefigurando
a Santa Ceia (Gn 14,18-20) ou Isaque prefigurando o Cristo
oferecido em holocausto (Gn 22,2-8) —, Ele também fez o
mesmo com Nossa Senhora, do Gênesis ao Apocalipse!

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E é interessante observarmos este parâmetro: a Mãe de
Deus é prefigurada (e também profetizada) no início da história
do homem, na gênese das Escrituras Sagradas; e também no último
escrito sagrado (Apocalipse). Podemos dizer que Deus mesmo
quem colocou Nossa Senhora do início ao fim na palavra
Revelada, e veremos como que as Escrituras demonstram o papel
da Mãe de Deus no plano da Salvação.
Comecemos, então, a nossa exposição pelos dogmas em
si e por ordem.

1. A Maternidade Divina
Os protestantes (em conformidade com a doutrina
corrompida do herege Nestório) costumam protestar com
frequência contra uma realidade mais do que evidente em todo
Novo Testamento: Jesus Cristo (que é Deus) possui uma mãe. Na
verdade, fazem uma confusão tão absurda que perturbam (ou até
anulam) as naturezas de Cristo (humana e divina). E tudo isso só
para não ter que admitir que Maria é verdadeiramente a Mãe de
Deus.
Ora, o dogma católico é de que Deus escolheu Maria para
que fosse a Mãe de seu Filho Jesus Cristo (que também é Deus),
que foi gerado por obra do Espírito Santo e encarnou-se no ventre
da virgem. E qualquer pessoa minimamente alfabetizada e que
tenha, pelo menos, algum dos primeiros graus do discernimento
humano consegue ler os Evangelhos e perceber claramente que
Maria exerce uma função materna. E exerce porque era, de fato,
Mãe. É por isso que em nenhum momento as Escrituras hesitam
em chama-la de “mãe de Jesus”; ou “mãe do Senhor”.
Mostremos, pois, as passagens em que Maria é referida
destes modos:
1. “Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava
desposada com José..” (Mt 1,18)
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2. “Quando eles o viram (Jesus), ficaram admirados. E sua
mãe disse-lhe..” (Lc 2,48)
3. “Não é este (Jesus) o filho do carpinteiro? O nome de sua
mãe não é Maria, e não são os seus irmãos Tiago, José,
Simão e Judas?” (Mt 13,55-56)
4. “Perto da cruz de Jesus estavam sua mãe..” (Jo 19,25)
5. “Todos eles se reuniam sempre em oração, com as
mulheres, inclusive Maria, a mãe de Jesus..” (At 1,14)
6. “Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto
do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a
mãe de meu Senhor?” (Lc 1,42-43)

Portanto, se as Sagradas Escrituras atestam que Maria é


literalmente, ipsis litteris, a mãe do Senhor, por qual razão ainda
há de se negar este dogma? A Igreja erra ao ensinar
infalivelmente aquilo que as próprias Escrituras ensinam
também? Estaria, então, a Igreja e as Escrituras ensinando um
erro? É evidente que não.
Quanto às objeções propriamente ditas a respeito da
Maternidade Divina, tratarei de responde-las nos capítulos
seguintes. Por ora, é necessário entender que o mistério da
encarnação não fez com que Jesus deixasse de ser Deus.
O fato de Maria ser a mãe de Deus não quer dizer que
Maria (que é criatura) gerou a divindade de Cristo ou que ela
é anterior ou até mesmo superior ao seu Filho. Nossa
Senhora, ao conceber diretamente do Espírito Santo, gerou a
natureza humana de Cristo —a divina Ele sempre possuiu
porque é Deus, e sendo Deus, é eterno.
E por ter sido gerado no ventre de Maria, o sangue que
corria nas veias do Senhor, corria também nas de Maria.
Todos os aspectos biológicos de Jesus provinham de (e
somente de) Maria, uma vez que o Espírito Santo, gerador do
Verbo Divino, não possui corpo. E justamente por não ter

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sido gerado através de uma relação conjugal entre um homem
e uma mulher é que Nosso Senhor não recebe nenhuma
característica biológica de São José, que era o seu pai adotivo.
Logo, Jesus é repleto das feições naturais de Maria! E como
vimos no início do presente livro, foi Ele mesmo quem quis
que fosse assim. Foi Ele quem, por sua mais perfeita vontade,
quis que seu preciosíssimo sangue fosse também o sangue de
quem Nossa Senhora.
É no Concílio de Éfeso, em 431 d.C., que a Igreja
proclama universalmente o dogma da Maternidade
Divina, sob pena de excomunhão a quem hesitasse
rejeita-lo: “Que seja excomungado quem não professar que
Emanuel é verdadeiramente Deus e, portanto, que a Virgem
Maria é verdadeiramente Mãe de Deus, pois deu à
luz segundo a carne aquele que é o Verbo de Deus”.
Havia a necessidade de clarear ainda mais a doutrina
apostólica de que Maria era não somente “Christotókos” (mãe
do Cristo-Homem), mas também “Theotókos” — que quer
dizer, literalmente: Mãe de Deus. O herege Nestório,
juntamente com os seus seguidores, descria que Cristo (que é
Deus) poderia ter uma mãe — tal como fazem os protestantes
hoje em dia.
São Cirilo, por conseguinte, rebateu as objeções do
Nestorianismo, demonstrando que não pode existir dois
Cristos (um homem e outro Deus), pelo contrário: há um só
Cristo, que é verdadeiro homem e verdadeiro Deus!
Sendo, portanto, Deus e homem ao mesmo tempo, Cristo
teve uma mãe: Maria.

Testemunhos Primitivos da
Maternidade Divina

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Façamos, agora, uma pequena lista de citações dos santos
Padres que demonstram a crença na Maternidade Divina desde
os primeiros séculos do Cristianismo:
Cirilo de Jerusalém (350 d.C)
“O Pai dá testemunho do céu para seu Filho. O Espírito Santo dá
testemunho, descendo corporalmente na forma de uma pomba. O arcanjo
Gabriel é testemunha, trazendo as boas novas a Maria. A Virgem Mãe
de Deus é testemunha...” (Leituras Catequéticas 10, 19).
Ambrósio de Milão (377 d.C)
“A primeira coisa que acende ardor na aprendizagem é a grandeza do
professor. O que é maior do que a Mãe de Deus? O que é mais glorioso
do que aquela a quem própria Glória escolheu?” (As Virgens 2, 2).
Gregório de Nazianzo (382 d.C)
“Se alguém não concorda que santa Maria é Mãe de Deus, ele está em
desacordo com a divindade” (Carta a Cledonius Sacerdote 101).
Santo Hipólito de Roma (217 d.C)
“Para de todas as gerações eles têm retratado por diante os grandiosos assuntos
para a contemplação e para a ação. Assim, também, eles pregavam o advento
de Deus em carne e osso para o mundo, seu advento pela impecável
e mãe de Deus (Theotokos) Maria no caminho do
nascimento e crescimento, e a forma de sua vida e conversa com os
homens, e sua manifestação por meio do batismo, e o novo nascimento, que
era para ser para todos os homens, e a regeneração pela pia [do batismo]”
(Discurso sobre o Fim do Mundo, 1).
Efraim, o Sírio (351 d.C)
“Apesar de ainda ser virgem, ela carregava uma criança em seu ventre, e a
serva e obra de sua sabedoria tornou-se a Mãe de Deus” (Cantos de
Louvor 1, 20).
São Jerônimo (401 d.C)
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“Quanto à forma como a virgem tornou-se Mãe de Deus, ele tem pleno
conhecimento; de como ele mesmo nasceu, ele não sabe nada.” (Contra
Rufino 2, 10).
Selecionei apenas algumas das centenas de citações
existentes, que atestam veementemente uma verdade de fé crida e
ensinada antes mesmo da proclamação universal e infalível do
dogma.
Por sinal, é possível encontrar nas citações a presença de
outros dogmas que também já eram cridos e ensinados — como
a Virgindade Perpétua e a Imaculada Conceição.

2. A Virgindade Perpétua
Aqui está, de longe, um dos mais belos dentre os quatro.
O dogma da Virgindade Perpétua expressa mais que uma verdade
de fé, mas também um ato de amor da Virgem: preservar
inteiramente todo o seu corpo por amor a Deus. Os protestantes
não conseguem entender isso. Ainda não conheci um único
protestante que tenha feito algum voto perpétuo de castidade a
Deus.

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Ora, há várias formas de oferecer certos “sacrifícios” a
Deus, que, de fato, vai nos custar muito esforço — e que, muitas
das vezes, só conseguiremos cumprir os votos pela força da
oração. Os votos de castidade são um exemplo.
Nossa Senhora era tão temente a Deus que abriu mão de
tudo que tinha, inclusive da sua união sexual com São José. E isso
torna-se ainda mais evidente quando lemos o primeiro capítulo de
Lucas, na anunciação do anjo, quando ele diz: “Eis que
conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus”
(Lc 1,31), e Maria responde: “Como se fará isso, pois não conheço
homem?” (Lc 1,34). E aqui está a chave central da passagem:
Maria diz que não conhece homem algum, mesmo estando desposada
com José (Lc 1,26).
Maria se casaria com José. E como em todo casamento
comum, ordinariamente se tem filhos. Maria foi dada em
casamento a José e encontrava-se noiva no evento da Anunciação.
Ora, de quem mais uma noiva iria engravidar senão de seu futuro
marido? E vale lembrar que, durante o noivado, já há essa espécie
de compromisso entre as duas partes. Portanto, se uma das partes
se envolve com outra pessoa, estará traindo a outra parte.
E este compromisso já era tão verdadeiro que o anjo diz
a José: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa,
pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo” (Mt 1,20).
E, ao final do capítulo, vai dizer o que fez São José: “José fez
como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa
sua esposa” (Mt 1,24). O Evangelho também narra que, antes de
haver qualquer relação sexual entre José e Maria, a Virgem
“concebeu por virtude do Espírito Santo” (Mt 1,18). E justamente
por serem quase casados, São José não entende (em um primeiro
momento) como que a mulher que lhe fora prometida em
casamento aparece grávida sem a sua participação. E “não
querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente” (Mt
1,19).

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Isso demonstra duas coisas: primeiro que, por ser um
homem justo (Mt 1,19), José não fez nenhum julgamento ao se
deparar com a notícia de que Maria estava grávida; e segundo que,
de fato José e Maria tinham total conhecimento de que
estavam prometidos um ao outro.
Ora, e por qual razão Maria diz que não conhece homem
algum ao anjo? Pelo simples motivo de que havia feito votos de
castidade a Deus, e por isso não iria coabitar com homem algum.
Perceba que essa é a única explicação possível para essa passagem
— uma vez que os versículos anteriores detalham que Maria (além
de ser virgem) já estava desposada com um homem que se
chamava José, da casa de Davi (Lc 1,26-27). E é muito nítido este
detalhamento que o evangelista faz antes do anúncio do anjo.
E me impressiona que um dogma tão lindo, que
demonstra uma verdade tão pura, seja alvo de tantas objeções por
parte dos protestantes — objeções estas que, como já dito, serão
respondidas mais adiante.
Como vimos, há eventos presentes na Nova Aliança que
já haviam sido prefigurados no Antigo Testamento. No livro de
Ezequiel, em um dado momento, temos também um sinal
prefigurativo do que viria a ser (no Novo Testamento) a
Virgindade Perpétua da Mãe de Deus: “Ele reconduziu-me ao
pórtico exterior do santuário [...] o qual se achava fechado .
O Senhor disse-me: ‘Este pórtico ficará fechado. Ninguém o
abrirá, ninguém aí passará, porque o Senhor, Deus de Israel,
aí passou: ele permanecerá fechado’” (Ez 44,1-2).
Essa passagem demonstra um dos mistérios mais belos
que ainda viria a acontecer: o Senhor é concebido no ventre
puríssimo de uma Virgem, sem romper o hímen de sua Mãe por
não existir relação sexual, e ela assim continuou preservada para
sempre! Não geraria outros filhos (estes por relação carnal) e nem
abrigaria mais ninguém em seu ventre (que foi a morada de Deus),
porque aí o Senhor passou e mais ninguém poderia entrar. E

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novamente as Escrituras nos mostram como são verdadeiramente
católicas.
A Virgindade Perpétua de Nossa Senhora também é
prefigurada na antiga Arca da Aliança (que abordaremos com mais
profundidade nos capítulos seguintes). O Antigo Testamento nos
narra que a Arca da Aliança era um objeto sagrado tão santo que
até mesmo um homem já morreu por tocá-la: “A ira do Senhor
acendeu-se contra Uzá, e ele o feriu por ter tocado na arca.
Uzá morreu ali mesmo, diante de Deus” (1Cr 13,10).
Vemos, então, quão sagrada era a Arca do Senhor e
como provocava a sua ira aqueles que a tocavam. Também era
este um sinal prefigurativo que apontava para a Virgindade
Perpétua da Mãe de Deus, que jamais foi tocada por homem
algum (jamais se relacionou sexualmente) e permaneceu sempre
pura e virgem. Veremos, adiante, que Nossa Senhora é a Arca
da Nova e Eterna Aliança.
Mas, como acreditar que Maria foi virgem antes, durante
e após o nascimento de Cristo, se no Novo Testamento é
narrado os “irmãos” de Jesus? O dogma da Virgindade Perpétua
não estaria contradizendo as Sagradas Escrituras?

Os “irmãos” de Jesus
No seu Tratado Contra Helvídio (herege que negava a
Virgindade Perpétua de Maria), São Jerônimo nos ensinará que,
nas Escrituras, há quatro espécies de irmãos: pela natureza,
pela raça, pelo parentesco e pelo amor.
Ele diz que os irmãos de raça eram todos os judeus que
se chamavam assim um ao outro, como no livro do
Deuteronômio: “Se teu irmão, um homem hebreu, ou uma
mulher hebréia, te for vendida, ele servirá por seis anos;
então, no sétimo ano, deixarás que ele se vá livre” (Dt 15,12);
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ou quando São Paulo diz: "Desejaria eu mesmo ser reprovado
por Cristo pela salvação de meus irmãos, meus próximos
pela carne, que são os israelitas" (Rm 9,3).
Também são chamados “irmãos” aqueles que são de uma
mesma família, que é pátrio — que corresponde à palavra latina
“paternidade”, porque de uma única raiz procede uma numerosa
progênie (assim explica S. Jerônimo). E isso acontece quando Ló
(sobrinho de Abraão) é chamado de “irmão” pelo mesmo: "E
Abraão disse a Ló: 'Que não haja luta, eu te peço, entre mim
e ti, e entre meus pastores e os teus, porque somos irmãos'"
(Gn 13,8).
Ora, sabemos que Ló era filho do irmão de Abraão (que
se chamava-se Harã). E as Escrituras também nos mostram isso:
“E Abraão tinha setenta e cinco anos quando partiu de Harã.
E Abraão levou Sarai sua esposa, e Ló, filho de seu irmão”
(Gn 12,4-5).
Também há aqueles que são verdadeiramente irmãos pela
natureza, como Tiago e João, Esaú e Jacó, os doze patriarcas,
Caim e Abel e etc. Como veremos adiante, os ditos “irmãos” de
Jesus não o são por natureza.
E, por fim, há aqueles que são chamados “irmãos’ por
afeição. Neste caso, São Jerônimo os divide em duas classes:
aqueles por um relacionamento espiritual e aqueles por um
relacionamento geral. Quanto à primeira classe, dizemos
“espiritual” porque todos nós cristãos somos irmãos por conta do
batismo, que nos torna membros do corpo místico de Cristo, que
é a Igreja (1Cor 12,12;27).
Por relacionamento geral, São Jerônimo entende, de
fato, como um relacionamento universal de todos os homens
por serem filhos do mesmo Pai — ainda que aquele que não seja
batizado só é criatura de Deus, embora também haja essa noção
de paternidade por vir do mesmo Pai Criador.

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São Jerônimo, portanto, conclui que os chamados
“irmãos” de Jesus o são pela virtude do parentesco, uma vez que
as Escrituras nunca mencionam esses tais irmãos como filhos de
Maria ou de José. Um outro fato que evidencia isso é que, na
crucificação, Cristo deveria entregar a sua mãe aos seus irmãos
biológicos — na cultura judaica, quando o filho mais velho morre
e a mãe encontra-se viúva, o que era o caso de Maria, são os outros
filhos que tomam a mãe e tornam-se responsáveis por ela.
Todavia, não é isto que acontece. Nosso Senhor não
entrega a sua mãe aos seus outros irmãos porque, de fato, Ele não
tinha outros irmãos. Por esta razão é que sua mãe é entregue a São
João, o discípulo que Jesus amava: “Quando Jesus viu sua mãe
e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe:
‘Mulher, eis aí teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí
tua mãe’. E dessa hora em diante o discípulo a recebeu como
sua mãe e levou para a sua casa” (Jo 19,26-27).
No capítulo destinado somente às refutações das
objeções protestantes contra os quatro dogmas, tratarei de
comprovar que cada um dos ditos “irmãos” de Jesus (Tiago,
Judas e etc) não o são por natureza.
O dogma da Virgindade Perpétua (assim como os
demais) já era crido antes de ser proclamado no segundo
Concílio de Constantinopla, em 553 d.C. e era comumente
referido pelos santos Padres, como veremos.

Testemunhos Primitivos da
Virgindade Perpétua
Santo Hipólito de Roma (170 — 236):
"...corpo de Maria toda santa, sempre virgem, por uma
concepção imaculada, sem conversão, e se fez homem na natureza,
mas em separado da maldade: o mesmo era Deus perfeito, e o mesmo era o
19
homem perfeito, o mesmo foi na natureza em Deus, uma vez perfeito e
homem." (As obras e fragmentos. Fragmento VIII)
São Gregório de Neocesareia (213 — 270):
"Para a santa Virgem guardado cuidadosamente a tocha da
virgindade, e deu ouvidos diligentemente que não deveria ser extinta ou
contaminada." (A Segunda Homilia. Na Anunciação à Santa Virgem
Maria)
Santo Atanásio de Alexandria (295 — 373)
"Portanto, que aqueles que negam que o Filho do Pai, por natureza, e é
adequado a esta essência, negam também que Ele se tornou verdadeiro
humano da Sempre Virgem Maria..." (Discurso 2. Contra os
arianos, 21, 70)
Orígenes de Alexandria (185 — 253)
"Pois, se Maria, como aqueles que declaram, com exaltar sua mente sã, não
tinha outro filho, mas Jesus, e ainda Jesus diz para sua mãe,
'Mulher, eis aí teu filho', e não 'Eis que você tem esse filho
também'" (Comentário ao Evangelho de João, Livro 1, 6)
São Basílio de Cesareia (329 — 379):
"Os amigos de Cristo não toleram ouvir que a Mãe de Deus deixou de
ser virgem num determinado momento " (Homilia Em
Sanctum Christigenerationem, 5)
E, novamente, percebemos a atestação da crença de mais
de um dogma (como da Maternidade Divina e Imaculada
Conceição) pelas citações dos santos Padres referindo-se
à Virgindade Perpétua.

3. A Imaculada Conceição
O dogma da Imaculada Conceição, penso eu, é o mais
excelente dentre os demais. Também muito objetado pelos

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protestantes atuais, que divergem completamente dos principais
fundadores das suas seitas a respeito da santidade singular da Mãe
de Deus.
Lutero, por exemplo, dizia que: “Mas, no que diz
respeito à outra concepção [a concepção passiva], isto é, a
infusão de sua alma, acredita-se com devoção e santidade
que ela foi trazida sem pecado original, de tal forma que, no
momento de sua alma sendo infundida nela também foi
similarmente purificada do pecado original” (Sermão do Dia
da Conceição de Maria, Mãe de Deus, 1527). E apesar de ter
sido um herege repleto de escrúpulos, com espírito de divisão e
influenciado por Satanás e seus demônios, Lutero jamais ousou
questionar a santidade e a dignidade da nossa Mãe Santíssima.
E para bem entendermos o dogma da Imaculada
Conceição de Maria, é preciso enfatizar que Deus a concedeu essa
graça não por méritos próprios de Nossa Senhora, e sim a fim de
oferecer a seu Filho uma morada digna. A Virgem também
precisou de um Salvador, como ela humildemente reconheceu no
Magnificat: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito
exulta de alegria em Deus, meu Salvador...” (Lc 1,47).
Todo católico sabe que Maria precisou de um Salvador.
E Deus a salvou pelos méritos antecipados de Cristo na cruz, uma
vez que Deus não está sujeito ao tempo. Isso é o que chamamos
de Redenção Preventiva. Para bem ilustrar essa realidade,
podemos recorrer ao exemplo que deu o Franciscano Duns
Scotus. Bem, de uma forma bem didática, podemos dizer que há
duas formas de se salvar alguém: a) antes da pessoa cair no
buraco; b) depois da pessoa cair no buraco.
Poderíamos dizer que a forma mais perfeita seria
salvarmos a pessoa antes da sua queda, de modo que a pessoa não
teria que cair para ser salva. E como todas as decisões de Deus
sempre são as mais perfeitas possíveis, assim Ele o fez com a Mãe
de seu Filho: salvou-a antes da queda, antes de ser manchada
pelo pecado original.
21
Ora, se as Escrituras estão certas, o Senhor é poderoso
para “nos preservar de toda queda e nos apresentar diante de sua glória...”
(Jd v.24). Era conveniente que a Mãe do Cristo fosse preservada
do pecado original a fim de abrigar em seu ventre, puro e santo, o
Salvador do mundo. Nisso consiste o dogma da Imaculada
Conceição. Ou seria mais conveniente que Nosso Senhor se
encarnasse num ventre impuro e completamente corrompido pelo
pecado?
E novamente o Antigo Testamento prefigura esta
controvérsia: “Quem fará sair o puro do impuro? Ninguém!”
(Jó 14,4). Ou então: “És toda bela, ó minha amada, e não há
mancha em ti” (Ct 4,7). Costuma-se dizer: se até mesmo o chão que
Jesus pisou tornou-se santo, quem dirá o ventre que o gerou? Jesus Cristo é
aquele que é Puro e Santo por si mesmo. E Maria é pura e santa
por graça singular dada por Deus, visando a sua missão enquanto
Mãe do Salvador.
Maria está em oposição ao pecado desde os tempos da
criação do mundo, quando foi profetizada na pessoa da Mulher:
“Porei ódio entre ti (a serpente) e a mulher, entre a tua
descendência e a dela (Jesus). Esta te ferirá a cabeça, e tu
lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15).
Não por acaso, a descendência de Maria (Jesus) só se
referia a ela por “mulher”. Longe de ser um desrespeito com a sua
mãe — como alguns protestantes preferem dizer —, Cristo
chamava Maria de mulher porque era ela a Mulher profetizada no
Gênesis, a inimiga por excelência da serpente. Foi Deus mesmo
quem pôs essa inimizade entre as duas.
Ora, sendo inimiga e estando em oposição à serpente —
que é a autora do pecado —, a Mulher não foi tocada em
momento algum pelo mal. Maria não misturou-se jamais com o
pecado, nem mesmo com o pecado original ao ser concebida. E
quando lemos o evento da Anunciação, nos deparamos ainda mais
com esta verdade!

22
O anjo diz que Maria já era cheia da Graça
Leiamos o que nos narra o Evangelista quando o anjo
encontra Maria: “Entrando, o anjo disse-lhe: ‘Ave, cheia de
graça, o Senhor é contigo’ [...] O anjo disse-lhe: ‘Não temas,
Maria, pois encontraste graça diante de Deus’” (Lc 1,28; 30).
Em algumas traduções adulteradas protestantes deste mesmo
texto encontraremos o termo “agraciada” ao invés da expressão
“cheia de graça”.
E por que fazem essa troca? Porque querem atribuir um
sentido diferente para o termo “graça”. Os protestantes
(diferentemente de São Lucas que escreveu o Evangelho em
questão), mentem dizendo que, ao referir-se a Maria como “cheia
de graça”, o anjo quis dizer que ela foi agraciada por Deus para
ser a mãe de Jesus.
É evidente que Maria foi agraciada por Deus, mas de que
modo Deus distribuiu-lhe esta graça? Conferindo-lhe a graça
sobrenatural (a que nos foi dada na cruz) de modo antecipado para
que o Rei do Universo se encarnasse no seu ventre. E é por isso
que, no texto original, o termo que o Evangelista utilizou para a
saudação do anjo foi “kekaritomene” (κεχαριτωμένη), que
quer dizer: “foi preenchida”.
Por esta razão, a tradução mais precisa para o português
é: “Salve, tu que és plena de graça”. Ou seja: Maria já possuía a
plenitude da graça antes mesmo de Cristo se encarnar em seu
ventre — atestando, então, a doutrina católica da Redenção
Preventiva. Lembremo-nos que esta mesma graça que fora
preenchida em Maria havia sido perdida com o pecado de Adão.
E pela sua infinita misericórdia, Nosso Senhor restitui
essa graça na cruz e a confere à toda humanidade.
Diferentemente de nós, Maria já havia sido preenchida por esta
graça. Portanto, não há o que ser negado: Deus preservou Maria
de todo pecado, a fim de que ela fosse morada digna para o seu

23
Filho, que não pode misturar-se com o pecado e com a
perversão da serpente.
O dogma da Imaculada Conceição foi proclamado
universalmente pelo Papa Pio IX, em 1854. Vejamos a doutrina
apostólica dos santos Padres a respeito da Imaculada Conceição
de Maria.

Testemunhos Primitivos da Imaculada Conceição


Santo Ambrósio (339 — 397 d.C.)
“Vem, então, e procure sua ovelha, não através de seus funcionários ou
homens contratados, mas faze-o sozinho. Dai-me a vida corporal e na carne,
que está caída em Adão. Levante-me não de Sara, mas de Maria, uma
Virgem não só imaculada, mas uma Virgem que a graça fez
inviolada, livre de toda mancha de pecado.” (Ambrósio,
Comentário sobre o Salmo 118)
Santo Agostinho (354 — 430 d.C.)
“Devemos excluir a Santa Virgem Maria, a respeito da qual
eu não gostaria de levantar qualquer questão quando o
assunto é pecados, em honra ao Senhor, porque Dele sabemos
qual abundância de graça para vencer o pecado em cada
detalhe foi conferido a ela que teve o mérito de conceber e suportar
aquele que, sem dúvida, não tinha pecado . - com a
exceção, então, desta Virgem, poderíamos reunir em suas vidas todos
os santos, homens e mulheres, e perguntar-lhes se estavam livres do pecado, o
que, em nossa opinião qual teria sido as suas respostas? ... Não importa o
quão notável sua santidade neste corpo... eles teriam clamado a uma só
voz: “Se dissermos que não temos pecado, enganamos a nós mesmos, e a
verdade não está em nós.” (Sobre a natureza e a graça, XXXVI)

24
Santo Efrém (306 — 373 d.C.)
“Em absoluta verdade, você e sua mãe são sozinhos perfeitamente lindos em
todos os aspectos, porque em vós, Senhor, não há mancha alguma, e em sua
Mãe não há mancha. Entre meus filhos não há ninguém como estes dois
magníficos.” (Santo Efrém, Carmina Nisibena 27,8)
São Gregório de Nissa (330 — 395 d.C.)
“A plenitude da divindade que residia em Cristo brilhou
através de Maria, a imaculada” (Gregório de Nissa, De
virginitate, 2)
E ainda podemos encontrar textos à parte que não
constituem necessariamente um acervo teológico, mas que
atestam que naquela época já era crido e aceito que a Mãe de Deus
não possuía pecado — como nos poemas de Caelius Sedúlio
(séc. V) e Venâncio Fortunato (609 d.C.).

4. A Assunção
A Assunção de Nossa Senhora foi o último dogma
Mariano a ser proclamado pela Igreja. Há um embate teológico a
respeito do que aconteceu com Nossa Senhora antes de subir ao
alto dos céus de corpo e alma: uns dizem que Maria morreu e foi
ressuscitada; outros dizem que ela passou apenas por um estado
de dormição e depois foi assunta; outros dizem que ela nem
morreu e nem entrou nesse estado de dormição — defendendo,
portanto, que não houve nenhum evento do tipo antes de ser
assunta.

25
A Igreja não definiu infalivelmente o que ocorreu antes
da Assunção de Nossa Senhora, mas fato é que ela foi assunta de
corpo e de alma, e já se encontra agora com o seu Filho na glória
eterna. É preciso, portanto, estabelecer uma diferença essencial:
Ascenção é uma coisa e Assunção é outra. Quem ascendeu aos
céus por virtude dos próprios méritos (Ascenção) foi Jesus. Este
não é o caso de Maria.
Nossa Senhora subiu aos céus pelos méritos infinitos de
seu Filho, que a elevou à dignidade de sua Mãe. E aqui está a
definição mais pura e simples de Assunção: ser levada aos céus
por conta do seu Filho Jesus Cristo. Ora, pergunto aos que
questionam uma definição tão simples como esta: não poderia
Cristo, o Deus Encarnado e Todo-Poderoso, levar a sua própria mãe para
junto Dele no céu? O protestante costuma dizer (como já lhe é
próprio) que não há fundamentação bíblica para que isso
acontecesse, assim como diz não possuir fundamento bíblico para
os outros três dogmas (que já demonstrei que há).
Mas, ora, o protestante não deveria ficar surpreso com a
Assunção da mãe de Deus — uma vez que Maria não foi a única
a ser levada ao céu por Deus. Há mais de um caso assim nas
Escrituras. Tomemos o exemplo de Henoc: “Henoc andou com
Deus e desapareceu, porque Deus o levou” (Gn 5,24).
Caso semelhante também é o de Elias: “Continuando o
seu caminho, entretidos a conversar, eis que de repente um
carro de fogo com cavalos de fogo os separou um do outro e
Elias subiu ao céu num turbilhão. [...] E não o viu mais.”
(2Rs 2,11-12). Portanto, não há nada que seja contrário às
Escrituras com o evento da Assunção. Penso eu que, antes de ser
assunta, Nossa Senhora não passou pela morte. Razão porque,
justamente por ter sido preservada de todo pecado — e o salário
do pecado é a morte (Rm 6,23) —, não precisou morrer.
Minha posição, em particular, é de que Maria herdou os
dons preternaturais (que foram perdidos após o pecado de
Adão) justamente por ter sido preservada não somente do pecado
26
original, mas também das consequências deste (como as paixões
desenfreadas, as dores, o remorso e a própria morte).
Por ter recebido uma graça singular de Deus, Maria foi
diferente de todas as outras criaturas. Não por acaso é chamada
de “a nova Eva” (tema que será melhor desenvolvido mais
adiante). E Eva possuiu os dons preternaturais. Todavia, os
perdeu após a queda. Alguém poderia dizer que Cristo também
não teve pecado e morreu. É verdade. Porém, Cristo assumiu
todos os pecados do mundo inteiro para si, e por isso teve que
passar pela morte: morreu para nos dar a vida.
Não descarto, evidentemente, a possibilidade
completamente válida de Maria realmente ter morrido para imitar
o seu Filho em tudo. Por sinal, a esmagadora maioria dos santos
e teólogos pensam assim (já que a Igreja ainda não bateu o martelo
em definitivo fornecendo-nos uma resposta). Porém, até o
momento, a minha posição primeira é de que Nossa Senhora foi
assunta sem precisar morrer antes.
E como vimos com os outros dogmas, as Sagradas
Escrituras também prefiguram a Assunção de Nossa Senhora. No
livro do Apocalipse, São João descreve a Mulher no alto dos céus,
tendo a lua debaixo de seus pés e revestida com o sol, tendo na
cabeça uma coroa de doze estrelas (Ap 12,1). O texto dá um
indicativo mais do que claro que esta Mulher — além de ser a
prefigurada em Gênesis contra a antiga serpente (Ap 12,15), que
também figura o Dragão no texto (Ap 12,9) — é Maria. O texto
sai apontando sinais que apontam para Maria: é a mãe do menino
que rege todas as nações pagãs com cetro de ferro (Ap 12,5); a
fuga da Mulher para o deserto, tal como fugiu Maria com o
menino Jesus para o Egito para fugir da perseguição de Herodes
(Mt 2,13-23; Ap 12,14).
A forma como São João descreve a Mulher parece vir
como uma resposta à passagem de Cânticos: “Ao vê-la, as
donzelas proclamam-na bem-aventurada, rainhas e
concubinas a louvam. Quem é esta que surge como a aurora,
27
bela como a lua, brilhante como o sol, temível como um
exército em ordem de batalha?” (Ct 6,9-19). A resposta é dada
no Apocalipse: é a Mãe de Deus, com a lua debaixo dos pés,
revestida de sol e corada com uma coroa de doze estrelas!

Testemunhos Primitivos da Assunção

Epifânio de Salamina (310 — 403 d.C.)


“Se a Santíssima Virgem morresse e fosse sepultada ,
morte dela teria sido cercada com honra, a morte teria encontrado sua pureza,
e sua coroa teria sido uma virginal... Teria sido martirizada de acordo
com o que está escrito: ‘a tua alma uma espada transpassará’, então ela
iria brilhar gloriosamente entre os mártires, e seu santo corpo teria sido
declarado bem-aventurado; pois por meio dela, a luz veio ao mundo”
(Panarion 78,23)
São João Damasceno (675 — 749 d.C.)
“E, assim, o corpo imaculado foi colocado no túmulo. Então foi
assuntado, após três dias para as mansões celestiais. O seio da
terra não era receptáculo apropriado para morada do Senhor, a fonte viva de
água de limpeza, o milho do pão celestial, a videira sagrada de vinho divino,
o sempre-vivo e fecundo ramo de oliveira da misericórdia de Deus. E assim
como todo o corpo sagrado do Filho de Deus, que foi tirado dela, ressuscitou
dos mortos ao terceiro dia, deveria que ela fosse arrancada do
túmulo, essa mãe deve estar unida ao seu Filho, e como Ele
descera por ela, então ela deveria ser assuntada por Ele, para
a mais perfeita morada, o próprio céu” (Sermão II sobre a
Assunção de Maria)
“Regozije-se o ar na Assunção. Deixe uma brisa suave flutuar na graça.
Deixe toda a natureza celebrar a festa da Assunção da Mãe de Deus”
(Sermão III sobre a Assunção de Maria)

28
Gregório de Tours (538 — 594 d.C.)
“Os Apóstolos levaram seu corpo em um caixão e colocaram num
sepulcro, e eles o guardavam, esperando a vinda do Senhor. E eis que, mais
uma vez o Senhor apareceu-lhes; e o corpo santo tendo sido
recebido, Ele ordenou que fosse levado em uma nuvem para
o paraíso: onde, agora, voltada à alma, se alegra com os
escolhidos do Senhor...” (Oito livros de Milagres 1,4)

Portanto, vimos que TODOS os dogmas Marianos


possuem fundamentos não somente nas Sagradas Escrituras,
como também na Tradição bimilenar da Igreja. Cada dogma
reflete mais a soberania de Cristo do que as virtudes de sua Mãe
Santíssima!
Esforcemo-nos agora para clarear ainda mais a verdade
da doutrina católica contra as objeções protestantes a respeito
da Virgem Santíssima, e que ela rogue por nós para que
possamos honra-la e bem defende-la com a dignidade de seus
filhos em Cristo.

29
Capítulo III
A Serpente Protestante

Deus autorizou a inimizade entre a serpente e a


Mulher. Deus autorizou o ódio diabólico dos anjos
caídos contra Maria. O Dragão de Apocalipse 12 não
possui força suficiente para vencer a milícia celeste e
muito menos a mãe do Salvador. O mal, n aturalmente,
não tem de prevalecer sobre o bem. O pecado não é
maior que as coisas santas.
Aquilo que é santo incomoda ferozmente o que
não é. Os protestantes, como vimos no início, pensam
agradar a Deus atacando a sua mãe. Pensam que estão
ao lado da Verdade ao servir à mentira. Pensam agradar
a Deus enquanto são seduzidos pela malícia da
serpente.
E a Mulher é exatamente a antítese da serpente.
Por isso que, como não pode vence -la, a serpente
seduz os seus filhos para que travem uma guerra contra
ela. A Igreja nos diz: “Salve Maria Imaculada!” Ora,
a serpente é inteiramente maculada pelo pecado e por
todo tipo de iniquidade. Então, induz os não católicos
a responderem: “Maria é mulher comum e pecadora
como nós!”. A Igreja nos diz: “ Salve a Virgem
Puríssima!”. Ora, a serpente é perversa e se deleita nas
impurezas da carne e do pecado. Então, induz os não
católicos a responderem: “ Esta não é pura e nem
virgem!”.
A Igreja nos diz: “ A Mãe de Deus foi Assunta
aos céus!”. Ora, a serpente foi amaldiçoada a rastejar
para sempre (Gn 3,14), de modo que, naturalmente,
30
não pode criar forças nem sequer para andar . Então,
induz os não católicos a responderem: “ Deus não
pode ter mãe! Maria está morta por debaixo da
terra esperando ser julgada! ” E todo esse ódio e essa
oposição à Maria Santíssima só exprime ainda mais o
que São João nos narra no capítulo 13 do Apocalipse:
“Abriu, pois, a boca em blasfêmias contra Deus (a
Fera), para blasfemar o seu nome, o seu tabernáculo e
os habitantes do céu ” (Ap 13,6).
Portanto, é completamente compreensível o ódio
protestante e serpentino à Mãe de Deus. Vejamos, pois,
como que falham gritantemente as objeções contra os
dogmas sagrados Marianos.

1. Objeções protestantes à Maternidade


Divina
Os protestantes insistem na máxima de que
Maria não é e nem poderia ser mãe de Deus. Ora, como
uma criatura seria mãe de Deus? Por ser criatura, já está
necessariamente na condição de coisa criada. Logo, não
é eterna e nem anterior a Deus — impossibilitando,
assim, a crença de que Maria é mãe de Deus.
E, por um lado, os protestantes têm razão
quando dizem que: a) Maria é criatura; b) Maria não é
eterna; c) Maria não é anterior a Deus . E a Igreja jamais
falou algo que negasse alguma dessas premissas.
Façamos, sem nenhum esforço teológico, um silogismo
simples que ateste validamente que Deus tem uma mãe:

1. Jesus Cristo é Deus.


2. Maria é a Mãe de Jesus Cristo.

31
3. Logo, Maria é a Mãe de Deus.

E de onde vem o fundamento dessas premissas? Ora,


das próprias Escrituras! A Palavra de Deus nos diz que
Jesus Cristo é Deus (Jo 10,30-33; Jo 5,24; Mt 28,9). E
também nos diz que Maria é a mãe de Jesus Cristo (Lc
1,42; Mt 1,18; Lc 2,48). Então, se Maria é mãe de Jesus
Cristo e Jesus Cristo é Deus, Maria é mãe de Deus.
Perceba que Maria não gerou a divindade de Cristo.
Todavia, ela deu à luz um homem, que possui natureza
divina. Deu à luz a um corpo. E este corpo foi o de
Cristo, que é Deus. Mais do que um corpo, Cristo é uma
pessoa divina que possui duas naturezas: nat ureza divina
e natureza humana. Do ventre de Maria veio Jesus
Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Por isso
que as Sagradas Escrituras não hesitam em chamar
Nossa Senhora de “mãe de Jesus”.
Sendo assim, pode-se perfeitamente Deus possuir
uma mãe. Não só pode, como possui: Maria. E
lembremo-nos que foi Ele mesmo quem quis ter uma
mãe. Poderia vir ao mundo do modo que quisesse.
Todavia, tendo Deus a mais perfeita vontade, quis vir
do ventre uma mulher. É mais do que belo ter a certeza
de que o meio mais perfeito para Deus vir ao mundo e
salvar os homens foi vindo de Maria Santíssima, sua
mãe.

Jesus não chama Maria de mãe


Nosso Senhor realmente não chama Nossa
Senhora de mãe. E já vimos brevemente o motivo:
Maria é a Mulher profetizada no Gênesis, e E le é a
sua descendência. E a mesma Mulher do Gênesis é a
32
do Apocalipse 12, cujo Dragão (a primitiva serpente)
tenta vencer com todas as suas forças e não obtém êxito.
Ou pensam os protestantes que, ao chamar sua mãe de
Mulher, estaria Cristo (que é Deus!) tentando diminui-
la? Logo Jesus, que conforme o Evangelho, lhe prestou
obediência desde criança (Lc 2,51). Por sinal, Deus
mesmo quem ordenou honrar o pai e a mãe (Ex 20,12).
Poderia Cristo, o Deus encarnado, tentar diminuir a sua
mãe?
A profecia de Gênesis cumpre-se perfeitamente
em Nosso Senhor e em Maria, que, juntos, esmagam a
cabeça da serpente (Gn 3,15).
Portanto, vimos que Maria é verdadeiramente
mãe de Deus, e cai por terra mais um a blasfêmia da Fera
diabólica contra o tabernáculo de Deus, a sua Mãe
Santíssima.

2. Objeções protestantes à Virgindade


Perpétua
A serpente, repleta de malícia e enriquecida com
o seu espírito de mentira, manobra as Escrituras para
contrapor o ensinamento da Igreja de que Maria foi
sempre virgem. De fato, há passagens que relatam que
Jesus possuía irmãos e irmãs. Porém, estes mesmos
irmãos não eram por raiz biológica (como vimos na tão
profunda exposição de São Jerônimo), e agora
demonstraremos nas próprias Escrituras que nenhum
dos ditos “irmãos” de Jesus são filhos de Maria.

Quem são os irmãos de Jesus?

33
Estes são citados em algumas passagens dos
Evangelhos, como em Mateus: “ Não é este o filho do
carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus
irmãos Tiago, José, Simão e Judas ? E suas irmãs ,
não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois,
tudo isso?” (Mt 13,55-56).
Só aqui já percebemos que estes irmãos não são de
sangue, uma vez que as Escrituras nos relatam a existência de
apenas dois Tiagos: Tiago Maior e Tiago Menor — nenhum
destes filho de Maria e nem de José. Ora, e como se sabe que não
eram filhos de Maria e José? Basta lermos o que o próprio
Evangelho de Mateus nos diz: “Eis os nomes dos doze
apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro; depois André,
seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Filipe
e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de
Alfeu, e Tadeu...” (Mt 10,2-3). Ou seja, há apenas dois Tiagos:
um é filho de Zebedeu e irmão de João; o outro é filho de
Alfeu. Então ainda podem objetar: “Mas há um terceiro Tiago!
O Tiago citado na passagem de Mt 13,55-56 não era
apóstolo. Portanto, é um terceiro Tiago, o irmão do Senhor.”
E a serpente novamente se contorce nas Sagradas Escrituras.
O mesmo Tiago citado na passagem de Mt 13,55-56
como irmão do Senhor é chamado de apóstolo por São Paulo na
sua carta aos gálatas: “Dos outros apóstolos não vi mais
nenhum, a não ser Tiago, irmão do Senhor” (Gl 1,19). Não
adianta manobrar as Sagradas Escrituras. Os únicos dois Tiagos
presentes na bíblia são apóstolos e não são filhos nem de Maria e
nem de José. Portanto, nenhum destes é irmão biológico de Jesus.
Inclusive, sabemos que Simão (depois chamado por
Pedro) também não era irmão de Cristo. E São Judas era, na
verdade, irmão de São Tiago, como ele mesmo exorta no início de
sua carta: “Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de
Tiago, aos eleitos bem-amados em Deus Pai e reservados
para Jesus Cristo” (Jd 1,1).

34
Perceba que Judas intitula-se SERVO de Jesus e IRMÃO
de Tiago. Ora, se Judas fosse irmão biológico de Nosso Senhor,
diria: “Judas, irmão de Jesus Cristo (também seu servo) e de
Tiago...”. Mas ele não faz isso. E não faz porque não era irmão
de Jesus por natureza. E, em Atos dos Apóstolos, Tiago também
é designado como o irmão de Judas: “Eram eles: Pedro e João,
Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago,
filho de Alfeu, Simão, o Zelador, e Judas, irmão de Tiago”
(At 1,13).
A mesma passagem descrita em Mateus 13,55-56 também
é narrada no Evangelho de Marcos (Mc 6,3). E é interessante a
colocação grega do Evangelista para designar Cristo como filho
de Maria: ele utiliza da expressão “uiós Maria”, que quer dizer,
literalmente, “filho de Maria”. E essa expressão quer dizer muita
coisa, pois percebam que apenas “o filho do carpinteiro” é
chamado de “o filho de Maria”, e não “um dos filhos de Maria”:
“Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago,
de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós
também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito” (Mc
6,3).
No português, isso pode não significar muita coisa. Mas
no grego, sim. Razão porque a filiação, normalmente, era
referenciada pelo pai: “o filho de Jonas”; “o filho de Alfeu”.
Porém, ao falar da filiação de Cristo, São Marcos referencia
somente a Santíssima Virgem, utilizando-se de uma expressão que
normalmente só era utilizada para designar filhos únicos.

O Primogênito de Maria
Cristo também é chamado de “primogênito de Maria”
(Lc 2,7), e isso causa uma confusão na cabeça dos protestantes.
Dizem eles (os protestantes) que, por ser chamado de
“primogênito”, Jesus teve irmãos mais novos após o seu
nascimento. Quanto malabarismo.

35
É preciso ser claro e caridoso: a palavra “primogênito”
denota o PRIMEIRO filho a nascer; independentemente se, após
o nascimento do PRIMEIRO, veio a nascer um segundo ou
terceiro. Eu mesmo sou o primogênito do meu pai e tenho um
irmão caçula. Porém, por parte de mãe, sou o primogênito
também; todavia, minha mãe não teve outros filhos. Mas
permaneço sendo o primogênito dela. E é esse o significado puro
e simples da palavra “primogênito”: o primeiro filho a nascer.
Por ser primeiro, isso não implica dizer que viriam
outros. É como eu dizer que este é o meu primeiro livro; isso não
quer dizer que tive ou terei outros livros após o lançamento deste.
Quer dizer, somente, que este aqui é o primeiro. Analisemos os
exemplos que as próprias Escrituras nos trazem.
No Antigo Testamento, lemos a seguinte passagem: “O
Senhor disse a Moisés: ‘Faze o recenseamento de todos os
primogênitos varões entre os israelitas, da idade de um mês
para cima, e faze o levantamento dos seus nomes’” (Nm
3,40). Ora, se para ser primogênito é necessário ter outros irmãos,
como poderia haver primogênitos “de um mês para cima”? Que
milagre é esse, que eu particularmente desconheço, onde as
mulheres tinham mais de dois filhos num intervalo de um mês em
relação ao primeiro? O cálculo protestante não bate.
São Jerônimo explica que as Escrituras definem o
primogênito como “aquele que abriu o útero”. E a lei mesmo
prescrevia essa realidade. No Evangelho nós lemos: “Concluídos
os dias da sua purificação segundo a Lei de Moisés,
levaram-no (Jesus) a Jerusalém para o apresentar ao Senhor,
conforme o que está escrito na Lei do Senhor: ‘Todo
primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor’;
e para oferecerem o sacrifício prescrito pela Lei do Senhor,
um par de rolas ou dois pombinhos” (Lc 2,22-24). Ora, se estes
primogênitos teriam que possuir irmãos mais novos para serem,
de fato, primogênitos, nenhum primogênito (aquele que abre o
útero) estaria obrigado à lei do primogênito se não pudesse
comprovar que tem outros irmãos.
36
Portanto, o primogênito é tão somente aquele que é o
primeiro filho, sem depender do nascimento de outros irmãos
mais novos para deter este título.

José não “CONHECEU” Maria até que...


Aqui os protestantes, já sem repertório para objetar
contra o dogma da Virgindade Perpétua, dizem que há outra
passagem que comprova que Maria e José se relacionaram
sexualmente após o nascimento de Cristo: “José não conheceu
Maria até que ela desse à luz um filho” (Mt 1,25). Devemos
entender, primeiramente, que Mateus era grande conhecedor da
cultura judaica e todo o estilo de seu Evangelho é hebraico — quer
a partir dos argumentos, das fontes utilizadas, a estrutura das
frases e etc... Ignora de todo a fraseologia grega.
E podemos dizer que na linguagem bíblica, normalmente,
as expressões “até que” ou “enquanto” dizem respeito somente
ao passado. Vejamos alguns exemplos nas próprias Escrituras:
“Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação
dos séculos” (Mt 28,20). Ora, será que São Mateus quis dizer que,
após a consumação dos séculos, Cristo não estará mais conosco?
É evidente que não.
O mesmo acontece, também, no Antigo Testamento:
“Micol, filha de Saul, não teve filhos até ao dia de sua morte”
(2 Sam 6,23). Ora, quer dizer que, após a morte, Micol teve outros
filhos? É evidente que não.
Também encontramos outro exemplo em Gênesis:
“[Noé] Soltou o corvo que foi e não voltou até que as águas
secassem sobre a terra” (Gn 8,7). Aqui o autor quer dar ênfase
ao fato de que o corvo simplesmente não voltou, e que as águas
finalmente secaram — sem significar que o corvo após isso.

37
E poderíamos citar mais diversos exemplos. Portanto, o
Evangelho não quer dizer que José conheceu ou deveria conhecer
(no sentido de ato sexual) Maria após o parto. O Evangelista
apenas enfatiza o milagre da Encarnação do Verbo sem
participação alguma de São José, cumprindo-se, portanto, a
profecia messiânica.
E por ser bom conhecedor do mundo judaico, Mateus
escreve o seu Evangelho destinado aos judeus conversos ao
Cristianismo. Por isso que em todo momento ele narra o seu
Evangelho como que as profecias se cumpriram em Cristo.

3. Objeções protestantes à Imaculada


Conceição
Essa talvez seja a realidade mais atacada pela serpente: a
pureza da alma da Virgem, que jamais conheceu o pecado. Vimos
que Nossa Senhora foi concebida sem pecado a fim de ser uma
habitação digna para o Filho de Deus. Um dogma que reflete mais
a realeza do Cristo do que a sua pessoa propriamente dita.
Porém, escandaliza o protestante! Não pode ele conceber
que convinha que a mãe de Deus tivesse um ventre limpo, puro e
sem mancha, para que, assim, aquele que é a antítese do pecado
por si mesmo se encarnasse no seu ventre. Prefigura o Antigo
Testamento: “És toda bela, ó minha amada, e não há mancha
em ti” (Ct 4,7).
Analisemos, portanto, as principais objeções traçadas
pelos protestantes a respeito da Imaculada Conceição e as suas
devidas refutações clareadas pela luz da Verdade.

As Escrituras dizem que TODOS pecaram


Utilizam-se os protestantes da tão conhecida passagem
de São Paulo aos romanos: “Porque todos pecaram e
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destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3,23). Ora, se a
bíblia diz que TODOS pecaram, então Maria também pecou.
Bem, esse raciocínio seria legítimo se não se tratasse de
uma generalização de São Paulo para dar ênfase ao pecado e à
miséria do homem. Ora, se não houvesse exceções à regra, São
Paulo estaria dizendo que Cristo também pecou. E isso seria
absurdo! Cristo não pode possuir pecado algum. Portanto, eis aí
a primeira exceção implícita no versículo: Jesus Cristo.
E é tão verdade que há exceções à regra que, na mesma
Epístola, o apóstolo fala dos que “não pecaram como Adão”
(Rm 5,14). E se considerarmos somente os pecados pessoais —
excluindo, por ora, a mancha do pecado original —, aí é que
teremos exceções mesmo: os nascituros, os doentes mentais
que nunca puderam fazer bom uso da própria consciência,
as crianças que morreram sem atingir a idade da razão...
Como poderiam todos estes cometerem pecados pessoais? É
lógico que o versículo em questão se trata de uma generalização!
E, assumindo que há as devidas exceções implícitas no texto, aí
encontra-se a Santíssima Virgem Maria e o seu Filho Jesus
Cristo.

Maria diz que precisou de um Salvador; logo, teve


pecados
Na verdade, esse raciocínio é completamente confuso.
Não se nega que Maria precisou de um Salvador. Na verdade, a
doutrina católica diz exatamente o contrário: “Por uma graça e
favor singular de Deus omnipotente e em previsão dos
méritos de Jesus Cristo, Salvador do género humano , a bem-
aventurada Virgem Maria foi preservada intacta de toda a
mancha do pecado original no primeiro instante da sua
conceição” (Pio IX, Bulla Ineffabilis Deus DS 2803). Ou seja:
Deus concedeu à Virgem Maria uma graça singular em favor de sua
missão aqui na terra (ser Mãe do Salvador).

39
Então, é lógico que Maria reconhece que precisou de um
Salvador em seu Magnificat. Foi Deus quem a redimiu pelos
méritos antecipados de Jesus Cristo na cruz. Deus salvou e
preservou Maria.
Portanto, cai por terra mais um espantalho protestante,
que não se fundamenta em lugar algum: nem nas Escrituras e nem
na doutrina católica de dois mil anos.

Maria precisou ser purificada no templo; logo, não era


imaculada
Nossa Senhora, de fato, realizou o ritual de purificação
dos pecados. Mas não porque tivesse pecados, e sim porque era
completamente obediente à Lei de Moisés, e a Lei assim mandava.
Ora, Cristo também se sujeitou à Lei (Gl 4,4), ainda que não
precisasse. Do mesmo modo, Nosso Senhor foi batizado no
batismo de João Batista, que era um batismo que simbolizava o
arrependimento dos pecados. De qual pecado Cristo iria se
arrepender?
Tanto a mãe como o Filho deram-nos exemplo de
obediência. Portanto, Nossa Senhora realizou o ritual de
purificação não porque possuía pecados, uma vez que era “cheia
de graça” (Lc 1,28), e sim porque era obediente e se submetia à
Lei. Mais uma tentativa falha de corromper a alma da Virgem Mãe.
Lembremo-nos que ainda há uma outra objeção, pífia e
absurda, que só encontra fundamento na cabeça ignorante
daqueles que preferem ofender a Mãe de Deus — pensando que,
dessa forma, estariam agradando Nosso Senhor. Dirá um
ignorante sem cultura: “Se Maria foi preservada do pecado
original para não transmiti-lo para Jesus, então a mãe de
Maria também foi preservada para não transmitir à Maria. E
por conseguinte, a mãe da mãe de Maria...”. Nada mais
desconexo e sem sentido. Um alguém que diz isso precisa,
urgentemente, de alguém minimamente letrado que o ensine não
40
somente a ler, mas também a interpretar um texto. E também de
um padre que o ensine a rezar.
A doutrina bimilenar da Igreja diz: “Maria foi
preservada do pecado original por graça singular de Deus,
que purificou a sua alma a fim de torna-la habitação digna
para Cristo encarnar-se em seu ventre”. Me assusta que haja
os ditos “exegetas” que, mergulhados na soberba e na ignorância,
não saibam identificar o sentido do termo “singular”. Talvez seja
difícil a compreensão de algo que, pelo menos para uma criança,
é conteúdo escolar e tarefinha de casa. Mas, esforcemo-nos em
ensinar o sentido do termo em questão.
O termo “singular” denota algo que é único e individual.
Ou seja, aquilo que é particular. Pode parecer confuso para alguns
irmãos separados, mas Deus escolheu APENAS Maria para ser a
sua Mãe. Então a graça que foi conferida à MARIA foi
SINGULAR: somente ELA recebeu. Nem Santa Ana e nem as
suas gerações anteriores foram preparadas para abrigar Deus
dentro de si. Não havia necessidade das gerações anteriores à
Maria serem preservadas da mancha do pecado original. Só Maria
abrigou Deus em seu ventre. Só Maria foi a sua mãe. Por isso a
chamada graça singular, não graça hereditária.
Portanto, viva aquela que é cheia da graça! Viva a Virgem
Imaculada!

4. Objeções protestantes à Assunção


Os protestantes insistem firmemente em dizer que não
há base bíblica para o mistério da Assunção. Ora, mas também
fazem isso em absolutamente TODOS os outros dogmas. E,
como vimos, todos possuem seu devido fundamento nas
Escrituras. Então o problema não está no dogma. O problema
está no protestante.

41
Perceba que São João diz ver um sinal no céu: uma
Mulher revestida com o sol e com a lua debaixo dos seus pés (Ap
12,1). Conforme vai descrevendo a sua visão, vai dando cada vez
mais sinais de que essa mulher é a Mãe de Deus. Ele diz
claramente: “Ela deu à luz um Filho, um menino, aquele que
deve reger todas as nações pagãs com cetro de ferro” (Ap
12,5). O menino é Cristo, que também foi profetizado no Antigo
Testamento: “Tu as regerás com cetro de ferro” (Sl 2,9). E
quem daria à luz o Cristo? Ora, Maria: “Eis que conceberás e
darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus” (Lc 1,31).
Não há como negar que a Mulher vista no céu é Maria. É
claro que, evidentemente, esse fato não narra necessariamente o
evento da Assunção. Todavia, nos mostra o realce e a
proeminência da Mãe de Deus. E qualquer pessoa que tenha o
mínimo de honestidade intelectual consegue perceber essa
proeminência. Dentre todos os eleitos por Deus, é somente a
sua mãe que possui toda essa realeza no céu descrita por São João.
Ora, não é nenhuma novidade que Deus tenha levado
pessoas diretamente ao céu, como vimos no capítulo anterior. E
por qual razão seria diferente com a Santíssima e Bem-Aventurada
Virgem Maria, tabernáculo vivo de Deus? Era conveniente que o
sacrário vivo que abrigou o Santíssimo no próprio ventre não
apodrecesse com os vermes por debaixo da terra. Estamos
falando da morada viva de Deus!
Não é suficiente dizer que a Assunção não se encontra
na bíblia, e, por isso, o mistério não ocorreu. Razão porque nem
tudo precisa estar na bíblia — e ainda assim, como vimos, as
Sagradas Escrituras nos apontam perfeitamente para a Assunção.
A lista de livros sagrados do Novo Testamento também não se
encontra na bíblia. A expressão “Santíssima Trindade” também
não se encontra na bíblia. E o próprio São João admite que nem
todas as maravilhas realizadas por Nosso Senhor foram escritas:
“Jesus fez também muitas outras coisas. Se cada uma delas
fosse escrita, penso que nem mesmo no mundo inteiro

42
haveria espaço suficiente para os livros que seriam escritos”
(Jo 21,25)
Muito do que aconteceu não foi ensinado por escrito,
mas foi por tradição oral: “Assim, pois, irmãos, ficai firmes e
conservai as tradições que de nós aprendestes, seja por
palavras, seja por carta nossa” (2Ts 2,15). E aquilo que foi
pregado, também foi pedido para que fosse conservado
igualmente (1Cor 15,2). Desse modo, nem todo evento foi
necessariamente escrito. Porém, foi ensinado do mesmo modo
pela Igreja, que é a coluna e sustentáculo da verdade (1Tim 3,15).
E Nosso Senhor disse que quem rejeita a Igreja, está rejeitando
diretamente a Ele (Lc 10,16).
Portanto, vimos que homens foram levados por Deus ao
céu (Gn 5,24; II Rs 2,11). E as Escrituras nos prefiguram que o
mesmo ocorreria com Nossa Senhora, avistada no céu por São
João no Apocalipse (Ct 6,10); Ap 12,1). E a Igreja, coluna e
sustentáculo da verdade (1Tim 3,15), também nos confirma o
mesmo mistério: a Mãe de Deus foi Assunta aos céus pelo seu
Filho. Que a Santa Virgem Maria rogue pelos protestantes.

43
Capítulo IV
As Tipologias Marianas na Antiga Aliança

Como vimos no desenvolvimento dos capítulos


anteriores, a Antiga Aliança prefigurou a Nova em diversas
ocasiões. Esse foi um modo que Deus adotou para preparar o seu
povo para o que havia de vir.
A Nova e Eterna Aliança é selada com o sangue do
Senhor, de modo que Ele mesmo é quem leva a Antiga à
perfeição. O próprio Cristo é prefigurado inúmeras vezes no
Antigo Testamento. A figura de Moisés, por exemplo, apontava
também para Cristo. Moisés libertou o povo hebreu da escravidão
do Egito; Cristo libertou a humanidade inteira da escravidão do
pecado.
O maná que caiu do céu para alimentar os homens
também era uma prefiguração do Cristo, que disse: “Eu sou o
pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá
eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne
para a salvação do mundo” (Jo 6,51). E poderíamos ainda
encontrar vários outros sinais que apontavam para os mistérios
vindos na Nova Aliança — como veremos agora com a Mãe de
Deus.
Portanto, observemos que a Antiga Aliança nada
mais é do que uma preparação para a Nova, e boa parte
dos eventos veterotestamentários apontavam para os
mistérios do Novo Testamento. E quais eram os sinais
mais visíveis que apontavam para a mã e do Salvador?

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1. A Nova Eva
Essa é uma das tipologias mais antigas e
tradicionais na história do Cristianismo. Há uma
semelhança tipológica impressionante entre as duas , mas
há uma diferença crucial que demonstra as fraquezas de
Eva e as virtudes de Maria.
Eva foi criada totalmente imaculada; Maria é
concebida imaculada. Eva acolhe a tentação de um anjo
caído e, através do seu “sim”, o pecado veio ao mundo ;
Maria acolhe a anunciação de um anjo e, através do seu
“sim”, a luz veio ao mundo. Perceba que, ao passo que
Eva assemelha-se tipológicamente à Maria, os eventos
narrados demonstram uma diferença gritante entre as
duas. Maria encontrava-se na luz, enquanto que Eva
experimentava as trevas.
E é essencial que entendamos este mistério.
Maria foi quem consentiu livremente a Encarnação do
Verbo. Maria possui participação ativa no plano da
Redenção! Maria cooperou ativamente com a vinda do
Messias — que viria dela! Do mesmo modo que Eva foi
um dos agentes que cooperou e trouxe o pecado ao
mundo, Maria foi agente que cooperou para a Redenção
dos homens ao dar o seu “sim’ para o divino mistério da
Encarnação.
O fruto do pecado é a morte. E ao comer do
fruto proibido, Eva vai de encontro com a morte e esta
última entra no mundo. Ora, o fruto de Maria é a vida .
E quem é a vida? Ouçamos as palavras do Senhor: “ Eu
sou o caminho, a verdade e a vida ” (Jo 14,6). Eis aí o
fruto de Maria.
Lembremo-nos que a justificação vem somente
do Cristo. Maria não tem o poder de justificar os
homens. Porém, tornando-se a nova Eva, Maria acolhe

45
as palavras do anjo e tem a sua participação no Plano
da Redenção prestando livremente todo o seu
consentimento para o Redentor dos homens vir ao
mundo.

2. A Arca da Nova Aliança


No Antigo Testamento encontramos a presença
de um objeto sagrado que sequer podia ser tocado
indignamente pelos homens. Tratava-se da Arca da
Aliança. A Arca continha três coisas: as tábuas da Lei,
o maná e a vara de Aarão. Encontramos, portanto,
duas tipologias aqui: uma Mariana e outra
Cristológica, de modo que as duas se entrelaçam. As
tábuas da Lei prefiguravam aquele que é a Palavra de
Deus — que é o Cristo (Jo 1,1) ; o maná prefigurava
aquele que é o pão vivo que desceu do céu — que é o
Cristo (Jo 6,51) ; a vara de Aarão prefigurava aquele
que é o pastor de todo rebanho — que é o Cristo (Jo
10,14).
Perceba que Cristo é as três coisas em uma única
pessoa. E eses sinais vetero testamentários apontavam
para essa pessoa. Ora, se essas três coisas (as tábuas, o
maná e a vara) eram abrigadas na Arca da Antiga
Aliança, na Nova Aliança o Cristo é abrigado no ventre
de Nossa Senhora, que é a nova Arca de Deus! E as
semelhanças, novamente, são muitas!
No Antigo Testamento, Davi parte com a Arca
para a Judeia (2Sm 6,2). No Novo Testamento, Maria
parte para a Judeia visitar a sua prima (Lc 1,39).
No Antigo Testamento, a Arca permanece cerca
de três meses na casa de Obed -Edom (2Sm 6,11). No
Novo Testamento, Maria também permanece três meses
na casa de sua prima (Lc 1,56).
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No Antigo Testamento, Davi saltava de alegria
diante da Arca do Senhor (2Sm 6,16). No Novo
Testamento, João Batista salta de alegria no ventre de
Isabel diante da Mãe do Senhor (Lc 1,41).
Portanto, perceba que a Nova Aliança do Senhor
consegue, definitivamente, ser infinitamente mais
perfeita que a Antiga. O Antigo Testamento é
perfeitamente cumprido por Cristo no Novo
Testamento. E a participação de Maria nesse novo
tempo é completamente constante.
Não por acaso que, referindo -se à Arca da Antiga
Aliança, as Escrituras dizem que “O Altíssimo, porém,
não habita em casas construídas por mãos
humanas” (At 7,48). E de fato não habita e nem
habitou. O Altíssimo, porém, habitou no ventre de
uma criatura. E esta criatura chama-se Maria, a Arca
da Nova e Eterna Aliança . Maria é o tabernáculo vivo
onde Jesus Cristo habitou fisicamente pela primeira vez.
E essa Arca — que é Maria — é avistada no céu
por São João, que descreve no Apocalipse: “ Abriu-se o
Templo de Deus no céu e apareceu, no seu templo,
a arca da sua aliança . Houve relâmpagos, vozes,
trovões, terremotos e forte saraiva” (Ap 11,19). Ora,
como podemos saber que a Arca avistada no céu por São
João é Maria se o captítulo se encerra, justamente, nesse
versículo (v.19)?
É muito simples. Iniciando, portanto, o capítulo
seguinte (12), ele revela: “ Apareceu em seguida um
grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol, a
lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de
doze estrelas ” (Ap 12,1). A Arca da Nova e Eterna
Aliança é Maria!

47
E conforme a autoridade das próprias Escrituras,
ainda temos uma outra certeza de que a Arca avistada
no céu não é a Antiga. Vejamos o que diz a profecia de
Jeremias: “Quando vos multiplicardes e numerosos
vos tornardes na terra, naqueles dias – oráculo do
Senhor – não mais se falará da arca da aliança do
Senhor; nem mais se pensará nela, perdendo -se a
lembrança e a saudade; nem a ela se há de referir ”
(Jr 3,16).
Portanto, a revelação que São João nos dá não é
a respeito de uma Arca Antiga, e sim de uma mais
perfeita e nova: a Arca do Senhor é a Mulher coroada
e revestida de sol, com a lua por debaixo dos pés!
Eis aí um dos mistérios mais lindos já prefigurados em
toda Escritura.

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Capítulo V
A Onipotência Suplicante

A Santa Madre Igreja nos ensina que Nossa Senhora


possui a virtude da Onipotência Suplicante, que nada tem a ver
com o atribuito divino (pertencente só a Deus) da Onipotência
Divina. E, mais uma vez, esta realidade também nos é narrada
num evento singular das Escrituras — ocasião na qual Nosso
Senhor realiza p seu primeiro milagre por intercessão de sua Mãe.
A Onipotência Suplicante de Maria consiste em, tudo
aquilo que ela pedir ao seu Filho, Ele atenderá. Perceba que não é
ela quem tudo pode fazer. Esse poder só quem detém é Deus.
Todavia, Deus também possui uma Mãe: Maria, verdadeiramente
mãe de Jesus Cristo. E Nosso Senhor, que é detentor de todas as
virtudes em um grau máximo de perfeição, também possui a
virtude da obediência. E Cristo é e sempre foi obediente à sua
mãe, como nos alega o Evangelho (Lc 2,51-52). Portanto, a sua
mãe jamais pediria algo que fosse contrário a Ele.
Sendo Maria serva humilde do Senhor (Lc 1,38), não pede
nada que seja contra a vontade do Senhor. Ao contrário dos
corações soberbos, que rogam a Deus pensando somente em si, o
espírito de Maria se alegra em Deus (Lc 1,47). E a alma de Maria
é voltada completamente ao seu Filho! Nós podemos ter a certeza
de que, toda súplica de Nossa Senhora faz a Nosso Senhor,
sempre é por um bem maior. Maria, sendo a Mãe universal de
todos os cristãos (Jo 19,25-27), roga insistentemente pela salvação
das almas e pela conversão dos pecadores. Maria também nos
socorre sempre que clamamos pelo seu auxílio, de modo que, com
todo o seu amor materno, apresenta os nossos pedidos e as nossas
fraquezas ao seu Filho Jesus Cristo. Nossa Senhora apresenta os
problemas a Cristo, e por intermédio de suas mãos santíssimas,
Deus nos concede as graças eficazes para a nossa salvação.
49
Ora, a primeira intercessão Mariana que temos registro é
nas Bodas de Caná. Já é sabido que Deus se alegra com o pedido
dos humildes. Foi pela humildade no pedido da mulher siro-
fenícia que Nosso Senhor expulsou o demônio do corpo de sua
filha: “Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio,
de tua filha” (Mc 7,29). E qual criatura mais humilde e obediente
ao Senhor do que aquela que Ele mesmo preencheu com toda a
sua Graça e escolheu para ser a sua mãe?
Nas Bodas de Caná, não havia mais vinho. Ora, pela
necessidade da ocasião, era preciso fazer algo. Pensando
exatamente nessa necessidade, Nossa Senhora apresenta o
problema para o seu Filho: “Eles já não têm mais vinho” (Jo
2,3). Todavia, mesmo diante do impasse, Cristo diz que ainda não
era a sua hora (Jo 2,4). Nossa Senhora, porém, comunica aos
serventes: “Fazei o que ele vos disser” (Jo 2,5). E então, pelo
intermédio de Maria, que lhe apresentou o problema e a
necessidade dos homens, Cristo realiza o seu primeiro milagre:
transformou a água em vinho (Jo 2,9). Ora, foi pelo intermédio de
Nossa Senhora que a escassez foi apresentada ao Senhor. E após
a sua mediação do problema, Cristo realiza o primeiro milagre e
não mais faltou vinho para o povo.
É importante enfatizar a primeira fala de Nosso Senhor à
sua mãe: “Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é
chegada a minha hora” (Jo 2,4). Aqui os protestantes
manobram o texto para dar a entender em suas pregações que
Cristo destratou a sua mãe. Nada mais tolo. Cristou jamais
destratou os seus pais, sobretudo aquela lhe carregou no ventre.
Rebeldia e deboche não são características próprias de Deus.
Nosso Senhor pretende enfatizar que, de fato, ainda não
havia chegado a sua hora — alguns interpretam que não seria a
hora do primeiro milagre; outros interpretam que não era a hora
da sua Paixão (alegoria do vinho com o sangue). Fato é que,
mesmo não sendo a sua hora, o primeiro milagre é realizado — e
por intercessão de sua mãe, que consegue tudo aquilo que pede.

50
Um só mediador entre Deus e os homens
Ora, e como podemos conciliar a única mediação entre
Deus e os homens, como as Escrituras ensinam (1 Tim 2,5), com
a intercessão de Nossa Senhora?
É preciso entender, primeiramenete, que TODOS nós,
enquanto cristãos, temos um dever moral de interceder uns pelos
outros. E nesse mesmo capítulo que fala a respeito da única
mediação, nos será comunicada essa verdade. Leiamos, com uma
tradução protestante, o que diz os primeiros versículos do capítulo
em questão: “Antes de tudo, recomendo que se façam
súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos
os homens [...] Isso é bom e agradável perante Deus, nosso
Salvador...” (1 Tim 2,1.4; Tradução NVI).
Perceba que é a própria biblía que nos pede para interceder
pelo irmão. Sendo assim, se até nós (que ainda estamos
neste mundo) podemos intercer a Deus uns pelos outros,
quem dirá aquela que já está unida a Deus no céu? Portanto,
a mediação referida no versículo 5 não se trata da
intercessão através da oração. A mediação descrita por São
Paulo é a respeito da salvação do homem, que foi mediada
única e exclusivamente por Nosso Senhor, como o próprio
texto vai dizer: “ Porque há um só Deus e há um só mediador
entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem que se
entregou como resgate por todos. Tal é o fato, atestado em
seu tempo” (1 Tim 2,5-6). Portanto, a mediação a respeito da
salvação (a qual São Paulo se refere) foi dada por Cristo na cruz,
que se entregou em resgate de todos nós. Nada tem a ver com
mediação de oração.
E, ainda assim, há de se esclarecer uma outra coisa. Pedir
pela intercessão de Maria não ofusca ou anula a mediação por
excelência de Cristo. O Apocalipse nos narra diversas ocasiões em
que os santos apresentam as suas orações ao Cordeiro (Ap 5,8;
51
8,3-4). E isso só é possível porque a Igreja é uma unidade, de
modo que o próprio São Paulo faz uma analogia da Igreja como
o corpo de Cristo: nós somos os membros desse corpo e
Cristo é a cabeça (1 Cor 12,12.27; Col 1,18).
Ainda nessa mesma analogia, o Apóstolo diz que “O
corpo não é feito de um só membro, mas de muitos” (1 Cor
12,14); de modo que “O olho não pode dizer à mão: ‘Não
preciso de você!’ Nem a cabeça pode dizer aos pés: ‘Não
preciso de vocês!’” (1 Cor 12,21). O mesmo Apóstolo pede-nos
para que intercedamos uns pelos outros (1 Tim 2,1). São Tiago
também pede para que oremos uns pelos outros em sua carta,
mostrando-nos que “A oração de um justo é poderosa e
eficaz” (Tg 5,16). Portanto, se a oração de um justo aqui na terra
é poderosa, imaginemos a de um santo no céu, ao lado de Deus!
Imaginemos, agora, o poder da súplica da Mãe de Deus!
Obedecendo ao raciocínio de São Paulo, o olho não pode
dizer que não precisa da mão; do mesmo modo que um membro
da Igreja não pode dizer que não precisa da Maria, que também
constitui uma das partes do corpo de Cristo — uma das mais
importantes, por sinal. Então essa crença confusa de que basta
pedir SOMENTE a Deus encontra-se perdida diante das
recomendações apostólicas.
Que fique claro que nós devemos, sim, pedir diretamente
a Deus algo que seja bom para nossa alma. Mas também não há
nada de errado em recorrer a algum membro da Igreja (esteja ele
no céu ou na terra) para que ele apresente as suas súplicas e as suas
necessidades a Deus, tal como fez Maria, nas Bodas de Caná.

52
Capítulo VI
Maria, a Rainha dos céus

Nossa Senhora também recebe o título de


“Rainha dos Céus”, uma vez que, sendo mãe daquele que
é o Rei dos reis (Ap 17,14; 19,16), possui o direito de
ser reconhecida como a Rainha Mãe. A Rainha Mãe era
uma posião importantíssima em Israel, na qual sempre
se prestou muito respeito e veneração por aquela que era
a mãe do rei.
Lemos, por exemplo, no livro de 1 Reis: “Betsabeia foi,
pois, ter com o rei para falar-lhe em favor de Adonias. O rei
levantou-se para ir-lhe ao encontro, fez-lhe uma profunda
reverência e sentou-se no trono. Mandou colocar um trono
para a sua mãe e ela sentou-se à sua direita: ‘Tenho um
pequeno pedido a fazer-te – disse ela –; não o negues’. ‘Pede,
minha mãe – respondeu o rei –, porque nada te recusarei’”
(1 Rs 2,19-20). Aqui nós temos uma passagem que também pode
nos servir como uma prefiguração da Onipotência Suplicante de
Maria, a Rainha dos Céus, Mãe daquele que é o Rei dos reis.
Porém, atentemo-nos à toda realeza que a Rainha Mãe
possuía e toda reverência (vinda do próprio rei) que lhes era
prestada. Ora, isso porque detinham uma realeza e uma
autoridade meramente temporal. Nosso Senhor, do contrário,
detém não somente uma autoridade temporal, mas também
espiritual. Ou seja, Cristo detém ainda mais poder e ainda mais
autoridade sobre os homens.
Não diferente, sua mãe também está em uma esfera acima
dos poderes temporais. Maria não é deusa, como vimos. Porém,
é a Mãe de Deus! É a Mãe do Cristo! É a Mãe do Rei! É a Rainha
dos Céus! Maria é a Rainha que foi ornamentada com as mais

53
excelentes joias da criação: está revestida com o sol, tem a lua
por debaixo dos pés e sua coroa possui doze estrelas (Ap
12,1).
Os protestantes, revoltados com a realeza da mãe de
Deus, objetam contra nós (que somos seus filhos) alegando que,
no livro de Jeremias, os israelitas foram punidos por cultuarem e
adorarem uma deusa pagã que era chamada de “Rainha do Céu”
(Dn 2,37); e, portanto, nós (católicos) estaríamos fazendo a
mesma coisa. E aqui encontra-se mais uma armadilha da serpente.
A própria Igreja ensina que nenhuma criatura (nem
mesmo Maria) é digna de ser adorada. O único que é digno e
merece ser adorado é Deus, e qualquer um que adorar a algo que
não seja Deus, estará cometendo o pecado mortal da idolatria e
deverá se confessar urgentemente. E, no fundo, os protestantes
sabem que esse é o ensino ortodoxo da Igreja e que nenhum
católico sequer cogita adorar a mãe do Salvador. Porém, a ânsia
de avançar contra a Mulher é maior do que a sede que se deveria
ter pela verdade.
Fora que, o fato de uma deusa ser chamada de “Rainha
do Céu” não implica dizer que estaríamos caindo no mesmo erro
dos antigos israelitas. Ora, Nabucodonosor — que era um rei
pagão da Babilônia — é chamado de “Rei dos reis” por Daniel
(Dn 2,37), e nem por isso não podemos chamar Cristo por este
título — como, de fato, Ele é chamado (Ap 17,14; 19,16).
Portanto, não hesitemos em chamar e honrar Nossa
Senhora como ela deve ser chamada e honrada: como Rainha!
Todavia, não uma rainha qualquer como todas as outras — muitas
destas que, por terem se corrompido na terra, hoje sofrem
eternamente no inferno. Maria é a Rainha dos Céus, a Rainha dos
anjos e de todas as realidades sobrenaturais! Salve, Regina,
Mater misericordiae. Vita, dulcedo, et spes nostra, salve!

54
Capítulo VII
Os Dons Preternaturais

Esse, talvez, seja o capítulo mais curto desse


estudo, já que pretendo nele lançar tão somente uma
hipótese teológica a respeito dos dons preternaturais
que Maria possa ter herdado. Os dons preternaturais são
aqueles que foram perdidos pelo homem após a culpa
original. Seriam eles, respectivamente: a) imortalidade;
b) integridade, eram livres da concupiscência; c)
impassibilidade, ou seja, não sofriam; d) ciência
moral infusa, ou seja, eram aptos a assumir as suas
responsabilidades diante de Deus sem dificuldade
alguma.
Os dons foram perdidos após aquele que foi o
primeiro pecado do homem, ainda no paraíso. E, desde
então, o homem não pôde mais transmiti -los aos seus
descendentes. Mas se Nossa Senhora recebeu uma graça
singular de Deus e foi preservada de toda manchada do
pecado original, ela também foi privada dos dons? Penso
eu que não.
E se Maria realmente herdou os dons
preternaturais, então, certamente, não morreu antes de
ser Assunta. Mas Cristo também não teve pecados (nem
a mancha do pecado original e nem pecados pessoais) e,
mesmo assim, morreu. E a morte é consequência do
pecado (Rm 6,23). Portanto, mesmo sem ter pecados,
Maria também teria morrido.
Há um problema central nesse racíocinio: Cristo
não morreu por pecados próprios, e sim pelos NOSSOS
pecados. E isso Maria não fez (e nem poderia fazê -lo).
55
Lembrando que o anjo Gabriel disse a Maria que ela foi
preenchida com a graça: “ have gratia plena Dominus
tecum” (Lc 1,28). Adão e Eva foram criados em um
estado de graça natural. Porém, com a queda, esse estado
de graça foi perdido.
Todavia, Nossa Senhora foi criada com essa
superabundância de graça, de modo que ela não só
nasceu num estado de graça natural, mas também herdou
de Deus uma graça num grau ainda mais alto e perfeito
do que os nossos primeiros pais! Portanto, parece -me
completamente plausível que, de fato, Maria tenha
possuído também os dons preternaturais que outrora
haviam sido perdidos no Éden

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Conclusão
“Defender a Virgem Santíssima é defender o coração da
Santa Igreja” – Inácio Cardoso
Vimos, no desenvolvimento destes sete capítulos, o quão
grande são os mistérios Marianos e como eles sempre refletem a
realeza e a soberania de Cristo. Poderia ainda — como pretendo
futuramente — dedicar de obras ainda mais extensas e de um
aprofundamento maior a respeito da Mariologia e da doutrina da
Igreja em si.
Contento-me, por enquanto, com este primeiro volume,
no qual empenhei-me em esclarecer o máximo possível desde os
dogmas Marianos, até as prefigurações da Santa Mãe de Deus e
como cada ponto parece se relacionar mutuamente. Os
protestantes, do contrário, empenham-se em objetar contra a
Virgem Puríssima (alguns mais do que outros, é verdade). No
entanto, como bons filhos que devemos ser, é necessário com que
haja sempre uma defesa árdua e sublime para com Nossa Senhora.
Ela que é a Medianeira de todas as graças, a Virgem
Imaculada, a Rainha dos Céus, a criatura mais pura e mais doce
que já pisou na terra. Os inimigos da Igreja tentam, a todo custo,
deturpar uma doutrina que é bimilenar e sagrada. Cabe a nós,
portanto, defende-la com unhas e dentes — e, principalmente,
com fé e caridade. Nada do que escrevo aqui vem de mim.
Pretendo ser apenas um instrumento dócil da vontade de Deus,
como já diria um grande santo, no qual dedico também a presente
obra, para que ele possa entregar tudo o que ofereço à Mãe
Santíssima. Que Nossa Senhora interceda sempre por nós e nos
dê forças para caminhar com fé aqui neste mundo. Não há uma
única batalha, seja ela espiritual ou não, que não possa ser vencida
com o auxílio do céu.
Que Deus nos abençoe e nos proteja. Amém. Sancta
Maria, Mater Dei, Ora pro nobis!

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Agradecimentos

Agradeço pela realização da presente obra primeiramente


a Deus, fonte de toda fortaleza e sabedoria divina. Agradeço
também à minha família, sobretudo os meus pais, que me
educaram na fé e foram os primeiros a me darem suporte em tudo
o que precisei. Registro aqui também toda a minha gratidão aos
que contribuíram com o trabalho de alguma forma,
principalmente através das orações. Que Deus nos abençoe! Salve
Maria!

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Referências

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e onipotência suplicante. Disponível
em:<https://padrejonas.cancaonova.com/informativos/ar
tigos/maria-cheia-do-espirito-santo-e-onipotencia-
suplicante/>
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Aliança”?. Disponível
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Disponível em:< https://cleofas.com.br/o-que-sao-dons-
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