Você está na página 1de 12

Retiro da Imaculada

Conceição

Os dogmas
marianos
INTRODUÇÃO

Neste dia de oração somos convidados a partir do texto a


refletir e aprofundar sobre os dogmas mariano. Que através
dessa reflexão possamos aprofundar essas verdades de fé
revelada por Deus a nossa Igreja.

MOTIVAÇÃO

 Neste dia de oração, fique atenta aos sinais de Deus em


sua vida. Seja humilde e dócil. Esvazie de si mesma, abandone-
se nas mãos de Deus, como fez Maria Mãe de Jesus e nossa.
 Faça-se em mim segundo a tua Palavra. Como Maria
cultive uma atitude de disponibilidade, docilidade, generosidade
no encontro com Deus.
 Abandone-se em silêncio, ao Senhor. Busque um lugar
onde possa ficar sozinha e aproveitar este tempo de encontro
com Deus. Coloque nele sua confiança.
 Invoque o Espírito Santo para que Ele nos ilumine e nos
conduza nesse dia de oração.
 Termine sua oração agradecendo e louvando a Deus;
registre o que for mais significativo para você partilhar no grupo

1
ORAÇÃO: Vinde Espírito Santo, enchei os corações de vossos
fiéis e acendei neles o fogo do Vosso amor, enviai o Vosso
Espírito e tudo será criado e renovareis a face da Terra.
Oremos: Deus que instruístes os corações de Vossos fiéis com a
luz do Espírito Santo fazei que apreciemos retamente todas as
coisas segundo este mesmo Espírito e gozemos sempre de sua
Consolação, por Cristo, Senhor Nosso. Amém. Espírito Santo de
Deus, enchei minha alma de Tua luz e que sejas Tu a encher-me
de fervor nesse dia de oração.

DOGMAS MARIANO:
 Maternidade Divina;
 Imaculada Conceição;
 Virgindade Perpétua;
 Assunção.

Antes de tratarmos sobre os dogmas mariano vamos refletir


sobre alguns títulos de Maria: Nossa Senhora é nossa
intercessora, nossa mãe, medianeira das graças e tantos outros
maravilhosos títulos consagrados àquela que gerou Jesus nosso
Salvador. Mas muitas vezes, somos indagados pelo pietismo
popular, a cantar os louvores de Maria, mas nos esquecemos do
mais belo que é imitar a Maria.

2
Os quatro dogmas mariano, constituem verdades de fé, ou
seja, são inquestionáveis o que difere de outros títulos da
piedade popular ou de aparições privadas em que o fiel, pode ou
não acreditar.

MATERNIDADE DIVINA

A partir do século III começaram a surgir algumas heresias


que negavam a divindade de Cristo, sob influência do
gnosticismo. A Igreja se pronunciou dizendo primeiramente que
Jesus era filho de Deus por natureza e não por adoção (Concilio
de Antioquia).
No Concilio de Niceia ano de 325, ainda combatendo as
heresias tais como o arianismo, que professava que Cristo
nasceu do nada e de outra substância, a Igreja professou que
Jesus é consubstancial ao Pai. Também o herético Nestório, que
via em Cristo uma pessoa humana, unida a pessoa divina, em
que São Cirilo de Alexandria vai combater no terceiro Concilio de
Éfeso em 431 afirmando, que “a humanidade de Cristo não tem
outro sujeito senão a pessoa divina do Filho de Deus, que a
assumiu e a fez sua desde que foi concebida. ” Por isso, o
Concílio de Éfeso proclamou, em 431, que Maria se tornou, com
toda a verdade. Mãe de Deus, por ter concebido humanamente o
Filho de Deus em seu seio: Mãe de Deus, não porque o Verbo
de Deus dela tenha recebido a natureza divina, mas porque dela
recebeu o corpo sagrado, dotado duma alma racional, unido ao
qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a
carne. (DS 251)
Outras heresias ainda foram levantadas sobre a divindade
de Cristo e sua humanidade, como os monofisistas, que diziam
3
que a humanidade de Jesus, foi suprimida por sua divindade, a
que o Concílio de Calcedónia em 451, proclamou:
Na sequência dos santos Padres, ensinamos
unanimemente que se confesse um só e mesmo Filho, nosso
Senhor Jesus Cristo, igualmente perfeito na divindade e perfeito
na humanidade, sendo o mesmo verdadeiramente Deus e
verdadeiramente homem, composto duma alma racional e dum
corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade, consubstancial
a nós pela sua humanidade, semelhante a nós em tudo, menos
no pecado: gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a
divindade, e nestes últimos dias, por nós e pela nossa salvação,
nascido da Virgem Mãe de Deus segundo a humanidade.
Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único, que devemos
reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudança,
sem divisão, sem separação. A diferença das naturezas não é
abolida pela sua união; antes, as propriedades de cada uma são
salvaguardadas e reunidas numa só pessoa e numa só
hipóstase. (DS 301-302)
Ainda surgiram outras heresias, questionando, ora a
divindade, ora a natureza, mas o que vemos a Igreja definindo
que Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem e
Maria mãe de Jesus, logo ela é Mãe de Deus.
Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança
estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E
exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito
é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a
mãe de meu Sr? (Lc 1, 41-43)
Com efeito, Aquele que Ela concebeu como homem por
obra do Espírito Santo, e que Se tornou verdadeiramente seu
Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno do Pai,
a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que
Maria é, verdadeiramente, Mãe de Deus (Theotokos) (DS 251)
4
VIRGINDADE PERPÉTUA

Virgem, Maria concebeu Cristo. Ela O deu à luz virgem e


assim permaneceu
Maria de Nazaré, a Mãe de Jesus Cristo, foi sempre
virgem? Santo Agostinho ensina que a perfeita e perpétua
virgindade de Maria é um privilégio em honra à Mãe e à
dignidade do Filho. Em seus escritos, não se cansava de dizer
que “Maria concebeu Cristo, virgem; deu-O à luz virgem; e
virgem permaneceu”1. Responder essa questão, no entanto,
torna-se um grande desafio se temos a consciência de que a
virgindade dela não é simplesmente um estado ou privilégio, mas
um mistério de Cristo. Não significa apenas o estado virginal da
Mãe do Senhor, mas também, e principalmente, a concepção de
Jesus em seu seio. Por isso, a pureza de Maria pertence ao
mistério de Cristo. A esse respeito, Santo Inácio de Antioquia nos
ensina que, “a virgindade é a forma por meio da qual Maria
pertence a Cristo”.

Agradável a Deus

No pensamento de Santo Agostinho, a pureza de Maria foi


tão santa e agradável a Deus, não porque a concepção de Cristo
a preservou, impedindo que fosse violada, mas porque, antes
mesmo de conceber, “ela já a tinha consagrado a Deus e
merecido, assim, ser escolhida para trazer Cristo ao mundo”. Por
isso, Maria perguntou ao Anjo da Anunciação: “Como acontecerá

5
isso, se eu não conheço homem? ”. Certamente, ela não teria
dito isso se anteriormente não houvesse consagrado sua
castidade a Deus. Nossa Senhora fez essa consagração antes
de saber que seria a Mãe do Filho do Altíssimo. Desse modo, ela
já nos ensinava a “imitação da vida no Céu, em um corpo
terrestre e mortal, em virtude de um voto e não de um preceito; e
realizando-o por opção toda de amor, não por necessidade de
obedecer”.
A Igreja, à semelhança de Maria, é uma virgem
desposada a um único Esposo, que é Jesus Cristo. Dessa forma,
a Igreja toma como modelo a Mãe de seu Esposo e Senhor.
“Pois, a Igreja, também ela, é mãe e virgem”. Nossa Senhora
deu à luz corporalmente a Cabeça do Corpo místico de Cristo, e
a Igreja dá à luz espiritualmente os membros desse Corpo.
Dessa forma, tanto em Maria quanto na Igreja, a virgindade não
impede a fecundidade. Na Virgem Maria e na virgem Igreja, a
fecundidade não destrói a castidade, pois a pureza da Igreja,
semelhante à de Maria, está na integridade da fé, da esperança
e da caridade.
Estava no desígnio divino fazer germinar a virgindade no
coração da Igreja, por isso, Cristo antecipou-a no corpo de Maria.
A castidade de Maria e da Igreja estão intimamente ligadas ao
Senhor Jesus. Consequentemente, “a Igreja não poderia ser
virgem, se não tivesse por Esposo o Filho da Virgem, a quem se
entrega”.

IMACULADA CONCEIÇÃO

Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor


é contigo. Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a
pensar no que significaria semelhante saudação. O anjo disse-
6
lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.
(Lc 1, 28-30)
Nesta saudação do anjo, que chama Maria de “cheia de
graça” encontra-se a identidade de Maria, ela é filha de seu
Filho. A saudação do anjo não foi Maria, mas cheia de graça. Ela
pelos méritos de Cristo e para a aceitação livre de fé ao anúncio
do anjo de sua vocação era preciso estar totalmente sob moção
da graça de Deus.
Maria não é para Deus simplesmente uma função, mas
antes de tudo uma pessoa, e é como pessoa que é tão cara a
Deus desde toda a eternidade. (Raniero Catalamessa)
É o que confessa o dogma da Imaculada Conceição,
proclamado em 1854 pelo Papa Pio IX:
Por uma graça e favor singular de Deus onipotente e em
previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero
humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi preservada intacta
de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua
conceição. (DS 670)
Maria foi redimida de uma forma mais sublime por seu
Filho, ela é cheia de graça antes mesmo da Encarnação. A
santidade de Maria tem também uma característica que a coloca
acima de qualquer pessoa do Antigo e Novo Testamento. É uma
graça incontaminada. A Igreja Latina a chama de “Imaculada” e a
Igreja Oriental de “Toda Santa”.
Como diz Santo Irineu, "obedecendo, Ela tornou-se causa
de salvação, para si e para todo o gênero humano". Eis porque
não poucos Padres afirmam, tal como ele, nas suas pregações,
que "o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência
de Maria; e aquilo que a virgem Eva atou, com a sua
incredulidade, desatou-o a Virgem Maria com a sua fé"; e, por
comparação com Eva, chamam Maria a "Mãe dos vivos" e

7
afirmam muitas vezes: "a morte veio por Eva, a vida veio por
Maria”.
Nas aparições de Nossa Senhora em Lourdes à Santa
Bernadete no ano de 1858, apenas quatro anos após o dogma
de 1854, quando indagada pela menina de qual era seu nome,
ela respondeu: - Eu sou a Imaculada Conceição!

ASSUNÇÃO

Grandioso é o mistério da Virgem Maria, como


compreender que foi assunta aos céus?
A Santa Igreja ensina que a Virgem Maria, “preservada
imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da
vida terrena, foi assunta de corpo e alma à glória celeste. E para
que mais plenamente estivesse conforme seu Filho, Senhor dos
senhores1 e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo
Senhor como Rainha do Universo”2. O dogma da Assunção
significa que a Santíssima Virgem foi assumida por Deus no
Reino dos Céus, que ela foi glorificada de corpo e alma na
Jerusalém celeste. Depois de sua vida terrena, a Mãe do Senhor
encontra-se antecipadamente no estado escatológico dos justos
na ressurreição final. Nesse sentido, a crença no dogma da
Assunção enche de esperança o nosso coração, pois une a
dimensão antropológica, o sentido da nossa existência terrena, o
destino escatológico com o fim último da nossa humanidade
redimida pela cruz de Cristo.
A respeito dos fundamentos bíblicos do dogma da
Assunção de Maria não há uma unanimidade. Alguns autores
colocam como fundamento bíblico final da doutrina da Assunção
8
a descrição do livro do Apocalipse: “Então, apareceu no céu um
grande sinal: uma mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo
dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas”3. Outro
recorrem ao livro do Gênesis como fundamento: “Porei inimizade
entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te
ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”.

Mistério que ultrapassa infinitamente

Como é grandioso o mistério de amor que se repropõe à


nossa contemplação na Assunção da Virgem Maria! Seu Filho
Jesus Cristo venceu a morte com a onipotência do seu amor,
pois só este é onipotente. Este amor levou o Senhor a morrer por
nós e, dessa forma, vencer a morte. Somente “o amor faz entrar
no reino da vida! E Maria entrou após o Filho, associada à sua
glória, depois que foi associada à sua paixão”. Nossa Senhora
entrou no céu com um desejo incontrolável e deixou o caminho
aberto para todos nós. Por isso, no dia da Assunção, a
invocamos como “Porta do céu”, “Rainha dos anjos” e “Refúgio
dos pecadores”. Diante desse grande mistério do amor de Deus,
“não são os raciocínios que nos fazem compreender essas
realidades tão sublimes, mas sim a fé simples, pura, e o silêncio
da oração que nos põe em contato com o Mistério que nos
ultrapassa infinitamente”12.
Peçamos a Santíssima Virgem Maria que nos conceda
hoje o dom da sua fé, que nos faz viver já nesta dimensão entre
o finito e o infinito. Roguemos a Nossa Senhora a fé que
transforma também o sentimento do tempo e do transcorrer da
nossa existência. Supliquemos a ela aquela fé na qual sentimos
intimamente que a nossa vida não se encontra encerrada no
9
passado, mas está orientada para o futuro, para Deus, onde
Jesus Cristo e, depois d’Ele, a Virgem Maria nos precederam.
“Contemplando Nossa Senhora da Assunção no Céu,
compreendemos melhor que a nossa vida de todos os dias não
obstante seja marcada por provações e dificuldades, corre como
um rio rumo ao oceano divino para a plenitude da alegria e da
paz. Entendemos que o nosso morrer não é o fim, mas o
ingresso na vida que não conhece a morte. O nosso crepúsculo
no horizonte deste mundo é um ressurgir na aurora do mundo
novo, do dia eterno”13.
Conscientes dessas realidades, rezemos com confiança a
Virgem Maria, Mãe da Igreja, pedindo que, enquanto ela nos
acompanha nas dificuldades do nosso viver e morrer diários, ela
nos conserve constantemente orientados para a verdadeira
pátria da bem-aventurança, como ela fez durante toda a sua
existência terrena.
Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós!
Revisão e partilha da oração
 Terminada a oração, rever brevemente:
 Que palavra (frase) mais me tocou?
 Que sentimento predominou?
 Que apelo Deus me fez?
 Proposito de vivência para o mês.

10
11

Você também pode gostar