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Autor(es): NandoGomez
Sinopse
Tudo começa quando Eric, rapaz de 20 anos, se muda para Miami devido a uma bolsa
de estudos que ganhou para ingressar numa das faculdades mais reconhecidas de lá.
Para se interar mais com a galera da facul,ele resolve participar de um reservado time de
natação que é formado por alguns alunos e ex-alunos dessa faculdade. É quando Eric
conhece Nicholas,rapaz de 25 anos,que também faz parte desse clube. Tudo isso é
apenas o início de uma grande amizade entre os dois e...De algo que pode ser bem mais
forte que isso.
Notas da história
Todos os personagens foram criados por mim.
Essa história contém cenas de nudez,sexo,inclusive,entre homens. Portanto,se você não
gosta(ou não quer ler), simplesmente não leia! Ninguém está te obrigando...rsrs
Índice
(Cap. 1) Recém-chegado
(Cap. 2) Fofoca
(Cap. 3) Primeiro dia de aula
(Cap. 4) O clube
(Cap. 5) Vestiário
(Cap. 6) Confusão mental
(Cap. 7) A decisão final
(Cap. 8) A sauna
(Cap. 9) Efeito Eric
(Cap. 10) O plano de Nicholas
(Cap. 11) Guerra Fria
(Cap. 12) A casa perfeita
(Cap. 13) Uma noite inesquecível
(Cap. 14) Destino
(Cap. 15) A despedida do feriado
(Cap. 16) Processo contrário
(Cap. 17) Fetiches e desejos indesejáveis
(Cap. 18) Sinais
(Cap. 19) Inexplicável
(Cap. 20) A praia
(Cap. 21) Chuva
(Cap. 22) Lágrimas
(Cap. 23) Fé
(Cap. 24) Memórias
(Cap. 25) As notícias voam rápido
(Cap. 26) Amnésia temporária
(Cap. 27) Porta entreaberta
(Cap. 28) Me perdoa?
(Cap. 29) Confidentes
(Cap. 30) Quarto de hóspedes
(Cap. 31) Eu me lembro...
(Cap. 32) Madrugada
(Cap. 33) Intenso
(Cap. 34) Amor & Arte
(Cap. 35) Revelações
(Cap. 36) Uma saída triunfal
(Cap. 37) Encontro duplo
(Cap. 38) Boas-vindas
(Cap. 39) Aceitação
(Cap. 40) Sufoco
(Cap. 41) Chantagem
(Cap. 42) Toda família tem seus segredos
(Cap. 43) Apoio
(Cap. 44) Porto Seguro
(Cap. 45) As horas
(Cap. 46) União
(Cap. 47) Pré-casamento
(Cap. 48) Celebração
(Cap. 1) Recém-chegado
Notas do capítulo
Espero que gostem dessa fic. O primeiro capítulo foi menor,mas espero que os
próximos sejam GRANDES! rs
As nuvens claras, no céu, anunciavam que a aquela ia ser mais uma das belas manhãs
em Miami. Talvez não tão belas assim para o jovem Eric, de 20 anos, que acabava de se
mudar para lá. O rapaz tinha 1,70m, tinha uma pele levemente bronzeada, cabelos
curtos castanho-escuros algo arrepiados. Como diriam, ele era “bombado”, ou melhor,
nem tanto musculoso assim, mas certamente o tipo físico que atrairia muitas mulheres,
ou até homens.
– É aqui, filho. – disse o motorista do táxi assim que parou em frente aos portões da
universidade que Eric acabara de ser convocado, através do ganho de uma bolsa de
estudos. – Boa sorte!
– Ah... Obrigado, senhor. – disse Eric dando umas notas para pagar a corrida. – Fique
com o troco.
Saindo do carro com apenas duas malas na mão, Eric olhou fundo para o brasão da
universidade, esculpido em mármore em frente aos portões, e seguiu andando. Eric,
embora estivesse muito feliz por ter conquistado uma bolsa numa universidade tão cara
e desejada, estava triste, pois, de agora em diante, não viveria mais sob o mesmo teto
que seus pais e seu irmão mais velho.
Após regularizar toda a papelada, envolvendo as matérias que iria cursar e os horários,
Eric concluiu sua matrícula.
– Agora... – disse ele para si mesmo, assim que saiu do prédio da universidade. – Tenho
que procurar a Beta.
Beta era o nome de uma das repúblicas de estudantes que existiam dentro do campus da
universidade. Beta era conhecida por seus integrantes mais baderneiros e mal-
comportados, porém, Eric nem sonhava em saber disso. Ele aceitou ir para lá, pois era a
única república que ainda tinha quartos disponíveis.
– Heeey, cara! – gritou um marmanjo, que aparentava uns 23 anos, ao abrir a porta. Ele
estava só de cueca azul. O corpo era coberto de tatuagens. No nariz, um piercing. Na
sobrancelha, dois. – Você é o Eric, não é? Seja bem-vindo!
– Ah... Valeu! – respondeu Eric, sem jeito. A timidez era um de seus defeitos.
– Vem, vamos te mostrar a casa. – começou o rapaz tatuado. Era louro, de olhos azuis e
bastante musculoso. – Ah! Eu nem me apresentei! – e ele riu de modo exagerado. – Sou
Mike!
Após um rápido cumprimento, Mike o puxou pelo braço para que entrasse na cozinha
da casa.
Eric estranhou ao ver mais cinco rapazes, sentados, olhando para ele. Já estavam mesmo
o esperando chegar. Todos os outros também estavam apenas de cueca e
coincidentemente, ou não, de cuecas azuis. Seria uma espécie de ritual de boas-vindas?
Era o que Eric pensava.
Eric engoliu em seco. O que poderiam fazer com ele, ali? Os primeiros segundos,
ninguém se mexeu.
– Atacar! – gritou Mike e todos os seis rapazes pularam em cima de Eric e começaram a
fazer cócegas nele, no chão. Em seguida, começaram a tirar a camisa dele e mais uma
rodada de cócegas, assim como beliscões nos peitos e nos mamilos.
– Ah, não, não... – dizia Eric, segurando firme sua bermuda, com medo de eles a tirarem
também.
– Ah, sim, sim! – gritou um dos rapazes de cueca. Esse aparentava ser mais jovem que
Mike, embora também fosse louro. – Sou John! – dizia ele enquanto ajudava os colegas
a arrancar a bermuda de Eric.
Eric não sabia o porquê, mas sentia que estava começando a ficar um pouco excitado
diante daquela cena. Seis homens o agarrando. Todos eles de cueca. O curioso, porém, é
que Eric não era gay e nem bi. Eric havia namorado somente meninas durante toda a sua
vida. O que estava acontecendo com ele, ali, afinal? A excitação seria apenas uma
resposta para as cócegas e outras coisas mais? Ou será que ele estaria se sentindo
atraído pelos futuros colegas da irmandade?
– A cor da Beta é azul! Azul ó! – disse Mike tocando na sua cueca para indicar a cor.
– E o que fazemos agora, Mike? – perguntou Ian, um dos integrantes mais velhos da
irmandade Beta. Era moreno, alto, cabelos um pouco acima dos ombros.
– Bom... – começou Mike se levantando do chão. – Vocês lembram da última vez que...
– ele parou de falar. Só pelo seu olhar, os amigos já sabiam que Mike estava fingindo,
mas Eric não sabia.
– Da última vez em que um novo integrante da Beta apareceu, ele veio com uma
cuequinha amarela. – começou Mike, rindo. – E alguém lembra o que fizemos?
– Exato, meu caro John! – disse Mike batendo palmas. - Todos a favor, então?
– Não, não! Por favor, nããão! – gritava Eric segurando sua cueca, única peça que cobria
seu corpo agora.
Quando os seis avançaram para Eric, porém, deram, cada um, alguns tapinhas nele e
continuaram rindo.
– Pode se vestir, calouro! – disse Ian jogando a camisa e a bermuda para Eric.
– Sei... Pela sua cara, já se vê tudo. – disse Mike sorrindo ao ver o rosto vermelho de
Eric.
– Nunca tiramos e nunca tiraremos a cueca de nenhum outro cara daqui! – adiantou-se
Harold, um ruivo e gordinho rapaz.
– Ah, sim, Tirar cuecas dos caras? Nunquinha! – disse Freddy, um rapaz branquelo e de
cabelos escuros que usava óculos. Aparentava ser o mais inteligente e normal dali. – Só
tiramos as calcinhas das garotas!
Gritos e assovios.
– É isso aí! – gritou Mike, animado. – E por sinal, calouro, o que não falta aqui no
campus é gatinha. Você tem que ver só...
– Mas ele é calouro! – lembrou Ian. – Não pode ir pegando uma gatinha assim logo.
Os outros riram.
– Bom, chega de falação! Vamos comemorar a chegada do Eric! – gritou Ian, indo até a
cozinha para buscar as cervejas.
– E não se esqueça que todo dia estaremos tirando suas calças para verificar se a cueca
que você tá usando é azul. Tem que ser azul. É a cor da irmandade, oras! – disse John,
sério.
– É brincadeira, cara! – adiantou-se Harold, rindo em voz alta. – Mas que a nossa cor é
o azul... Ah! Isso é verdade.
– Ok, mocinhas! Chega de conversa! – gritou Ian, da cozinha. – Venham beber logo!
– Vamos lá! – disse Mike abrindo o sorriso para Eric.
Continua...
(Cap. 2) Fofoca
Notas do capítulo
Agradeço os reviews anteriores! Fico feliz que estejam gostando dessa história.
Após beberem muitas e muitas cervejas, os sete colegas da irmandade Beta, enfim,
pararam. Alguns já começavam a cochilar na mesa da cozinha enquanto outros já
soluçavam e riam sem parar de piadas mais que sem graças.
– Nova Iorque. – disse Eric dando um longo suspiro ao se lembrar da sua querida
cidade. Já parecia estar com saudades.
– Legal. – disse Ian sorrindo, agora. – Já fui várias vezes lá. – e virando-se para olhar
Mike, que cochilava na mesa. – Gostou do pessoal da Beta?
No fundo, Eric ainda estava meio inseguro de estar ali no meio dos seis rapazes. Todos
usavam as cuecas azuis e só ele estava inteiramente vestido.
– Nossa! Já são quase duas da tarde. – disse Marcus checando o relógio da cozinha.
– Cara, minha barriga tá roncando. – disse Harold, o ruivo, fazendo uma cara engraçada.
Eric também sentia a barriga roncando. Tinha bebido pouco mais que três copos de
cerveja. Ficou enrolando para que os colegas não percebessem. Ele não gostava muito
de beber.
– É... Vamos comer alguma coisa. – disse Ian se levantando do banco em que estava
sentado até o momento e indo até a geladeira da cozinha.
Todos riram.
– Deixa ele aí... – disse Ian, rindo. – Quando esse aí bebe demais... Só acorda de noite,
agora.
No lotado restaurante Miami’s Food, Eric avistou muitos jovens, todos, estudantes da
Miami College, a universidade em que ele estudaria a partir de agora.
– Muitas gatinhas né? – disse Harold dando uma cotovelada no ombro de Eric e, ao
mesmo tempo, interrompendo-lhe os pensamentos.
– Se o Mike não levantar até umas seis da tarde, vamos ter que botá-lo embaixo do
chuveiro até curar essa ressaca. – disse Marcus, rindo.
– Ele sempre bebe assim, mas... – disse Ian revirando os olhos. - Acho que ele se
empolgou mais hoje.
– Acredito que o Mike tenha ficado empolgado com a sua chegada, Eric. – comentou
John, sério.
– É verdade. – concordou Ian. – E não é pra menos: não recebemos um novo membro
desde... Desde quando mesmo?
Após mais uns minutos, a garçonete vinha trazendo uma bandeja com cinco pratos e
talheres.
Todos riram.
– Exatamente, Marcus. – disse a bonita garçonete. Sua pele era morena, os olhos verdes
e os longos cabelos negros, cacheados.
– Ainda bem! – disse ele se espreguiçando. – Estou faminto! A propósito, Liz, esse é o
Eric. – disse Marcus apontando para o novo colega. – O novo integrante da Beta.
– A Beta com um novo integrante? Que milagre! – disse Liz terminando de arrumar os
pratos na mesa. – Seja bem-vindo ao campus, Eric. – e ela sorriu para ele. – Já volto,
rapazes. – e ela se dirigiu para a cozinha do restaurante.
– Foi impressão minha ou a Liz deu um olhar diferente para o Eric? – perguntou Ian,
pensativo.
– Cara, você mal chegou hoje e já tá arrumando umas gatinhas é? – perguntou Harold,
intrigado. – Assim teremos que te expulsar da Beta... Você é muita concorrência pra
gente não é, rapazes?
– Nossa, Linda, você tem que ver o novo integrante da Beta. – dizia Liz, na cozinha,
enquanto pegava mais pratos para outra mesa. – Ele é uma gracinha.
– Sério? – dizia a outra garçonete, loura e de corpo bem esbelto. – Ah! Eu quero ver...
– Eles estão na mesa 15. – informou Liz, animada.
– Certo. – disse a garçonete Linda, curiosa. – Vou aproveitar que nosso “querido” chefe
não está nos vigiando e vou lá ver o tal Eric.
Linda andou apressada entre as mesas e ignorou algumas pessoas que a chamavam,
impacientes, para que as atendessem. Ao chegar perto da mesa em que os membros da
Beta estavam, Linda ficou boquiaberta. Ela, assim como Liz, havia achado Eric um
rapaz realmente lindo.
Linda não perdeu tempo e ligou para Patty, sua amiga da Delta, irmandade composta
apenas por mulheres.
– Patty, você tem que conhecer o novo integrante da Beta! – dizia a garçonete, animada.
– Eles estão aqui no restaurante. Chame as meninas, agora. Elas precisam conhecer essa
gracinha de menino.
– Certo. Vou falar com elas. Daqui a pouco estaremos chegando aí. – disse a voz da
garota, ansiosa.
–Bonito não é, Linda? – disse uma máscula e rude voz atrás dela. – Falando no celular
no meio do expediente, outra vez? Vou ter que descontar isso no seu salário...
– Oh, não, chefinho! Por favor... – disse ela, nervosa, ao ver o chefe.
Enquanto isso, a notícia sobre o novo membro da Beta se espalhava pelo restaurante e,
claro, por todo o campus da universidade. Não que o motivo principal para isso fosse a
beleza de Eric (que, claro, fosse muito bonito), mas a real intensidade da fofoca era
saber que a Beta, considerada a pior das Irmandades, estava com um novo integrante.
Assim que Liz trouxe a refeição para a mesa dos Beta, Eric parou por uns instantes e ao
virar os olhos perante o salão,notou que todos se concentravam na direção da mesa em
que estava sentado.
– Por que todo mundo tá olhando pra cá? – perguntou Eric, inseguro, para Ian.
Ian, que até o momento não havia percebido o mesmo que Eric, parou para verificar o
que acontecia, ali, no salão.
– Nossa! É verdade. – concordou ele, por fim. – O pessoal tá olhando pra nossa mesa,
gente.
Eric ainda não entendia o motivo de ele ser o centro das conversas. Até parecia que ele
era o único aluno novo no campus.
Três bonitos e altos rapazes se aproximaram da mesa dos Beta e, como que já
coreografado, cruzaram os braços ao mesmo tempo.
– Ih, ninguém merece! – disse Ian se levantando da mesa para encarar frente a frente o
rapaz que parecia ser o líder dos outros três.
– O que é que vocês estão fazendo aqui? – perguntou Marcus também se levantando da
mesa para encarar os outros três rapazes.
– Viemos... – disse o rapaz que deveria ser o líder dos outros três bonitos rapazes. –
Conhecer o tal novo membro da Besta, digo, Beta.
– Quem é você para mandar em nós? – disse o rapaz cruzando os braços outra vez. -
Agora, deixe que eu me apresente. – disse ele se dirigindo para Eric. – Eu sou Leo, líder
da Irmandade Stigma, melhor e maior desse campus. – e ele estendeu a mão para que
Eric apertasse.
– Esses são Juan e Ronald. – disse Leo apontando para os outros dois que o
acompanhavam.
– Ok, chega de babaquice, cara! – disse Ian alteando a voz. – Ele já tá com a gente, pra
que tanta apresentação?
– Está vendo, Eric? – começou Leo fazendo uma cara de desprezo para Ian. – Você,
meu caro, caiu na pior irmandade: a Beta.
– Era a única que tinha vagas não é? – perguntou Ronald, rindo. – Eles sempre jogam
esse truque no cartaz que fica no mural da universidade.
– Nós temos vagas. – concluiu Leo estralando os dedos. – Ter você como membro da
Stigma será uma honra.
O salão fazia um grande silêncio para ouvir toda a conversa.
– Então? – começou Leo, ansioso. – Você vai se juntar a nós, amigo? – e ele estendeu a
mão, outra vez, para Eric.
Eric engoliu em seco. Sentia a pressão não só de todos no salão, mas principalmente dos
novos amigos da Beta.
Os rapazes da Beta ficaram mais que satisfeitos com a resposta de Eric e gritaram,
festejando. O olhar de Leo encontrou o de Eric e, agora, representava ódio total.
– Ora, seu... – resmungou Leo, irritadíssimo. Estava se sentindo humilhado perante todo
o salão.
– Cai fora daqui, cara! – gritou Ian dando um empurrão em Leo, que caiu sentado no
chão.
Juan e Ronald avançaram para Ian, mas Marcus e John tomaram a frente e cada um deu
um soco nos integrantes da Stigma.
Leo não perdeu tempo e esmurrou com força o olho esquerdo de Ian.
Eric estava mais que nervoso. Além de ver vários olhares na direção dele, ele não
admitia que aquela briga acontecesse por sua causa.
Ian agora, segurando o rosto machucado, deu uma rasteira em Leo, que caiu em cima de
uma das mesas do restaurante.
O salão silenciou.
– Que palhaçada é essa? – continuou ele com sua voz grave. – Nem parecem
universitários, mas sim criancinhas delinqüentes brigando por merenda, no Jardim de
Infância!
– Stigma, voltem pra mesa de vocês. – pediu Hudson. – Seu almoço já está chegando.
Beta, se ainda tiverem estômago para isso, por favor, comam a comida.
Ninguém falava.
– Não quero brigas no meu restaurante. – continuou ele. – E se por acaso isso continuar,
avisarei a todos os colegiados sobre a postura de vocês. A Miami College é...
– “... e continuará sendo uma grande referência acadêmica em meio a tantas e tantas...”
– murmurava Harold, revirando os olhos, impaciente. Ele, assim como tantos outros
estudantes dali, já conhecia esse mesmo discurso do dono do restaurante do campus.
– Pronto. É isso. – concluiu Harold, por fim. – Pessoal, voltem aos seus lugares. – disse
ele batendo três palmas.
Assim que o salão sossegou, os amigos se voltaram para a comida. Depois daquela
agitação toda, eles haviam perdido um pouco o apetite, mas nem por isso deixariam de
almoçar.
– Ian, eu... – começou Eric, sem jeito, enquanto se servia da gostosa comida. – Me
desculpe, eu não queria que...
– É verdade, Eric. – concordou Ian segurando o machucado. – Você não tem nada que
pedir desculpas. Esses idiotas da Stigma vivem nos infernizando.
– Hum... – disse Eric, pensativo. – E quanto a isso que o Ronald falou? Sobre o mural
e...
– Ah, sim... É verdade. – admitiu Ian. – Todas as irmandades ainda oferecem vagas, mas
nós sempre colocamos no mural da universidade, em nosso panfleto, que nós somos a
única que ainda tem vagas. Fazemos isso por causa dessa fama que nós levamos...
Ninguém nunca se habilita a entrar pro nosso grupo, poxa!
– Mas você... – começou Marcus, curioso. – Não está arrependido de ter entrado na
Beta, está?
– Nossa! – exclamou Eric, surpreso. – Nunca mais uso essa cueca que tô usando agora.
– concluiu ele rindo. – Eu sou da Beta, eu sou um cueca azul!
– Pena que o Mike está lá na ressaca e não pôde ver tudo isso aqui, hoje. – lamentou-se
Harold.
– Na verdade, eu gravei tudinho! – dizia a voz de Monica, uma das alunas do curso de
Jornalismo. Ela era loura, baixinha e segurava uma câmera de vídeo nas mãos. –
Rapazes, vocês deram um show! – disse Monica, animada.
Monica deu uns cliques na sua câmera e mostrou aos rapazes a cena em que Ian deu
uma rasteira em Leo.
– Que massa, cara! – exclamou Freddy, empolgado. – Você envia esse vídeo pra gente
depois, né?
– Claro! – disse Monica, animada. – E seja bem-vindo à Miami College viu, calouro? –
disse ela sorrindo para Eric.
– Bom, preciso ir. – concluiu ela. – Tenho que editar uns vídeos para um trabalho.
Tchau, garotos!
– Orgulho de ser um cueca azul! – disse Eric, se espantando consigo mesmo. Sua
timidez parecia ter sumido, pelo menos por enquanto.
– Orgulho de ser um cueca azul! – gritaram os outros rapazes, mesmo Marcus, de boca
cheia.
Continua...
Assim que os seis rapazes da Beta chegaram em casa, já por volta das quatro da tarde,
encontraram Mike no mesmo lugar onde haviam deixado: sentado à mesa da cozinha
com a cabeça deitada na mesa. Dormia como um anjo. Babava feito um cão.
– Nossa! Coitado do Mike! – exclamou Harold rindo ao ver a cena. O amigo, ainda de
cueca azul, dormindo na mesa da cozinha.
– Não, não... – disse Ian, que segurava um gelo no olho machucado. O lugar certamente
iria ficar bastante roxo. – Alguém leva ele pra debaixo do chuveiro. Ele tá precisando de
uma boa ducha pra curar essa ressaca aí.
– Vamos, Eric. Me ajuda aqui com ele. – dizia Harold já indo até Mike, dormindo, e
levantando o corpo do amigo.
– Não, Eric. Você acabou de chegar e depois de ainda irmos ao restaurante e tudo
mais... Deve estar bastante cansado. – adiantou-se Ian. – Marcus, ajude o Harold.
– Certo. – disse Marcus indo até Harold e ajudando a levantar Mike da mesa.
– Cara, ninguém ia imaginar que a sua chegada fosse deixar o nosso sábado tão agitado!
– disse Freddy apoiando seu braço no ombro de Eric.
– Uh! Nem me lembre disso... – resmungou Ian revirando os olhos. – Mais um ano...
– É que o Ian já vai se formar esse ano. – começou John se sentando no mesmo lugar
onde Mike estivera sentado antes. – Mas no fundo, nosso amigo aqui queria fazer
Música.
– Preconceito. – disse ele, seco. – Minha família vivia, e vive, dizendo que Música e
Dança só quem faz é vagabundo, quem não quer nada com a vida. Por isso, resolvi fazer
Engenharia Química... Eu era bem em Química na escola, então...
– Mas o Ian canta super bem e toca vários instrumentos. – elogiou Freddy.
– Poxa... – disse Eric, surpreso. – Mas acho que você devia investir nisso ainda.
– O que indica... – interrompeu Freddy com um largo sorriso. – Que cada um tem seu
próprio quarto aqui. Não é demais?!
– Bom, agora de chega de conversa. – disse Ian. – Vou pro meu quarto. Depois a gente
se fala.
– Acho que vou dar uma volta por aí... – disse Freddy cruzando os braços, impaciente.
– Ah, mas você sabe como o Freddy é inquieto. – disse Ian, rindo, enquanto saía da
cozinha.
– Ah, não, obrigado. – respondeu Eric. – Acho que vou dormir um pouco.
A tarde passou rapidamente e quando menos se esperou, a lua, em seu quase fim de
quarto crescente, apareceu no céu, indicando que a noite já havia chegado. Eram
exatamente sete e meia da noite. Eric acabava de acordar. Ao abrir, por fim, os olhos,
ainda sonolentos, ele foi conseguindo reconhecer o ambiente onde estava. O quarto era
pequeno, mas aconchegante. Ao lado da cama, uma mesinha de cabeceira com um velho
abajur, aceso no momento. Um simples guarda-roupa marfim,assim como duas
prateleiras da mesma cor, completavam a decoração do quarto. Eric dera sorte em ficar
em um dos quartos que tinha varanda. Uma maravilhosa vista para um vasto campo, que
rodeava a Miami College. De dia ainda se poderia ver o mar, um pouco longe dali, mas,
agora, à noite, isso não era possível. A porta de vidro que protegia a varanda estava
aberta e, com isso, as persianas do quarto balançavam freneticamente.
– Nossa! – disse Eric assim que despertou do seu sono. – Já é noite...
Ele se levantou e mexeu em uma de suas malas, depositadas ao lado da cama. Estava à
procura do relógio despertador.
– Já?! – espantou-se ao ver a hora indicada no visor do relógio. – Meu Deus! Dormi
demais...
Eric parou por uns momentos e observou o quarto semi-escuro, iluminado apenas pela
luz do abajur. Ele pensou em quantas coisas ainda teria pela frente: arrumar aquele
quarto, limpar a poeira dali, colocar alguns objetos nas prateleiras... Depois, ele
começou a pensar na faculdade e em seu curso de Odontologia, que começaria na
segunda-feira: novos colegas, novos amigos, novos professores, novas matérias pra se
estudar...
Assim que entrou e se deparou com o quarto escuro, Mike ligou a luz do quarto.
– Opa! Que susto! Achei que a lâmpada estivesse queimada. – e ele riu.
– É... Eu também tava. Acordei quase agora. – disse Mike sentando-se na cama, ao lado
de Eric. – Cara, eu tô com uma dor de cabeça daquelas. Nunca mais quero bebo desse
jeito... – e ele parou por uns segundos. – Brincadeira! Beberei sim, claro.
– Sabe, eu tava pensando em amanhã... – disse Mike, sério. – Nós levarmos alguns
presentinhos ao pessoal da Stigma. O que você acha?
– Bom, o pessoal já me contou o que eles aprontaram hoje... – disse Mike, sério. Seu
olhar indicava certamente uma profunda irritação. – E também já vi o vídeo que a
Monica filmou lá.
– Pois é...
– E o que seriam exatamente? – perguntou Eric, curioso, porém, aflito. Sentia que
aquilo poderia ser o começo de mais confusão entre as duas irmandades.
Mike explicava ideias mirabolantes de jogar esterco, urina e outras coisas pra lá de
nojentas na porta da casa da Irmandade Stigma. Eric se assustava cada vez mais com a
ideia. A fama da rebeldia dos Betas era mesmo verdadeira.
O resto do sábado foi repleto de reuniões com os sete amigos da Beta. O assunto
principal: o ataque aos Stigmas. O domingo foi inacreditavelmente divertido. Logo pela
manhã, bem cedo, os sete saíram em direção à casa dos Stigmas e puseram o plano em
ação. Eric, na verdade, não fizera nada, exceto acompanhar e dar apoio aos amigos. Os
outros, rápidos como ladrões, enfeitaram toda a varanda da casa com bastante esterco e
alguns galhos retorcidos. O cheiro era insuportável. Pra terminar, cada um, menos Eric,
jogou um saco cheio de urina. Assim que os sacos tocavam o chão da varanda da casa,
devido ao peso, explodiam e espalhavam urina para tudo quanto é lado. Uma cena não
tão agradável de se ver.
Depois de tanta humilhação e trabalho para limpar toda a área externa da casa, a ira dos
Stigmas ficou ainda mais evidente e foi declarada a guerra aos Betas.
A segunda-feira chegou rápido demais, segundo Eric. Assim que abriu os olhos e se deu
conta de que o dia do início das aulas tinha chegado, um grande e constante enjôo se
instalou em Eric. Ele sabia que não era um enjôo causado por algo que comeu e lhe fez
mal, mas sim um enjôo de extremo nervoso e ansiedade.
Eric separou uma calça jeans novinha e uma camisa pólo vermelha para vestir. Para
calcar, um par de All Star, também novos, que ele comprara, na véspera da viagem. Eric
pegou uma cueca, sua saboneteira, escova e pasta de dentes e uma toalha para ir ao
banheiro que ficava ao lado do seu quarto. Ao girar a maçaneta, viu que estava trancado.
– Tem gente! – gritou a voz de Freddy do outro lado da porta. – Acabei de entrar! Cai
fora!
E Eric riu. Resolveu, então, ir ao banheiro do andar de baixo. Para sua surpresa, também
estava trancado.
Realmente, depois de alguns minutos, John saía do banheiro. Nu da cintura pra cima,
usando apenas uma toalha branca.
Assim que Eric olhou o louro rapaz, ainda com os cabelos e o peito molhado, envolto na
toalha, desviou o olhar para outra direção. Eric era realmente tímido.
– Hey! É a minha vez de usar o banheiro! – gritou Freddy, desesperado, saindo correndo
da sala para a porta do banheiro.
– Ah! Tudo bem. Pode ir logo. – e ele riu. – Vai, calouro! Hoje é seu primeiro dia na
Miami College e você não deve se atrasar. – disse Freddy, satisfeito.
Eric deu um largo sorriso e entrou no banheiro. Depois de tomar um bom e rápido
banho, saiu enrolado na toalha e subiu as escadas em direção ao seu quarto. Enquanto
vestia a calça jeans, Eric ouvia o barulho dos amigos, no andar de baixo. Alguém
deveria estar contando alguma piada, a julgar pelas altíssimas gargalhadas que se ouvia.
Assim que terminou de se arrumar, Eric pegou só seu caderno, uma caneta e um lápis.
Sabia que seria apenas o primeiro dia de aula e nem iria precisar carregar uma mochila
ou livros.
– Pronto, calouro? – perguntou Mike, assim que viu Eric descendo as escadas
aparentando um ar meio tenso.
– É... Acho que sim. – disse Eric desviando o olhar para o chão.
Na sala, estavam apenas Mike, Ian e Harold. John e Marcus terminavam de se arrumar
enquanto Freddy terminava um demorado banho.
– Ah, qual é... – começou Mike, rindo da expressão do amigo. – Tá nervoso é? Deixa eu
te dar um abraço pra você ficar mais calminho. – a voz de Mike escondia algum
mistério.
Eric franziu a testa. Como assim? Mike iria lhe dar um abraço para acalmá-lo? Que
intimidade toda era essa?
Mike foi se aproximando lentamente de Eric enquanto Ian e Harold prendiam o riso.
Eric sentiu algo estranho no ar.
Eric, involuntariamente, aceitou o abraço de Mike e quando ele menos esperou, sentiu a
mão de Mike descendo nas suas costas e puxando sua cueca para cima.
– Eu achei que as apresentações já tinham sido feitas anteontem. – disse Eric, sério.
– Não fica assim não, Eric... É brincadeira. – disse Ian, tentando ser convincente.
– Pô, cara! – disse Mike dando um leve soco no ombro de Eric. – Foi mal! Não vai ficar
zangado com essa brincadeira né?
– Não, não... – disse Eric sem encarar os olhos de Mike. – Bom, eu vou indo...
– Não tô a fim de comer... – disse Eric, seco. – Eu como alguma coisa depois...
– Tudo bem então. Vai lá, cara. Boa sorte! – disse Ian dando um sorriso encorajador
para Eric.
– Então, até mais tarde! Tchau! – disse Eric e, em seguida, bateu a porta de casa.
Mal ele pisara os pés fora de casa, os três amigos, na sala, falaram a respeito de Eric.
– Ele ESTAVA normal... – adiantou-se Ian, reforçando bem a palavra “estava”. – Mas
depois da brincadeirinha do Mike...
– Ah! Qual é? – disse Mike fazendo uma cara bastante marrenta. – O que ele pensou
que eu fosse fazer? Dar um abraço nele? – e Mike riu, sarcástico. – Que coisa mais gay,
cara! Ah, fala sério!
– Mas você sabe que o Eric é bem tímido... – disse Ian, preocupado. – Ele deve ter
achado que você realmente iria dar um abraço nele e...
– Eu?! Sai pra lá! – exclamou Mike sentando-se no sofá. – Não jogo nesse time!
– E por que você está defendendo tanto ele, Ian? – perguntou Harold, curioso.
Ian se segurou para não dar um soco no amigo, pois ele sabia que certamente iria gerar
outra briga e, no fundo, tinha medo de ficar com mais um olho roxo para completar o
visual.
– Mike, cala a boca! – disse Ian, sério. – O Eric não é o tipo de garoto que se encaixaria,
rapidamente, nos padrões da Beta. Ele não é tão descolado como a gente...
– Mas pode ser... – disse Marcus, que acabava de descer as escadas e pegar o fim da
conversa. – Eu também notei que ele é bem quieto, mas sei que ele tem atitude. Só
precisa melhorar essa timidez toda...
– Ah, tá certo... Então eu fui errado em fazer a brincadeira de puxar a cueca dele? Cara,
todo mundo já fez isso na vida... Pelo amor de Deus! – disse Mike, sentindo-se culpado,
por um lado, e certo, por outro.
A sala a qual Eric entrou já estava com todas as cadeiras praticamente ocupadas. Uma
senhora muito arrumada e que aparentava uns sessenta e poucos anos de idade, estava
sentada na cadeira do professor.
– Muito bem, Sr. Matthews... – continuou a professora. – Eu dizia aos seus colegas,
aqui, que ATRASO é uma das palavras proibidas no dicionário enquanto eu estiver
nesta sala.
– Mas eu... – dizia Eric checando o relógio na parede da sala de aula. Estava apenas
cinco minutos atrasado.
– Sem desculpas, mocinho. – disse a professora fazendo uma cara séria. – Mas, como
hoje é o nosso primeiro dia de aula... – e ela deu um largo sorriso a ele. – Eu não vou
descontar isso na sua ficha, claro. Pode ficar tranqüilo.
– Sente-se, por favor, vamos dar continuidade a aula. – disse a professora indicando o
lugar que Eric poderia se sentar.
Após Eric se sentar, a professora continuou a aula. Eric olhava, rapidamente, os colegas
ao redor. Observava atentamente cada tipo físico dentre as moças e rapazes da sala.
– Aí, eu lhes digo... – continuou a professora, rindo. – Estudar Língua Inglesa é sempre,
sempre útil e importante. Afinal de contas, vocês serão profissionais de saúde e terão
que ter completo domínio sobre a nossa língua.
E a aula seguiu, incrivelmente, interessante. Ao final da aula, Eric já sabia o nome de
vários colegas e sentia que havia algumas pessoas, ali, com as quais ele poderia
construir uma boa amizade. Eric já estava se empolgando com o começo das aulas na
Miami College.
Continua...
(Cap. 4) O clube
Notas do capítulo
Aê,galera! o Nyah de cara nova...Uhu! Confesso que me atrapalhei todo pra achar onde
ficavam algumas sessões de antes,mas já me achei agora! rsrs
Bom,espero que curtam o capítulo tanto como curtiram os anteriores.
E mais uma vez,obrigado pelos reviews do cap.3! Gosto muito de saber a opinião de
vocês. Isso me inspira a escrever cada vez mais.
Mal o sinal tocou, avisando que a aula de Língua Inglesa tinha terminado, os estudantes
começaram a sair da sala.
– Oi! – disse uma bonita garota que estava sentada na cadeira atrás de Eric, durante a
aula toda. – Você se chama Eric não é? – e ela sorriu.
– Isso. – ela sorriu. Era uma morena incrivelmente bonita. Um pouco mais baixa que
Eric, usava calça jeans, blusa estampada e um casaco por fora. – E então? Animado com
o primeiro dia de aula?
– É... Também. – confirmou Eric, após checar seu papel com os horários das
disciplinas.
– Ah! Que bom! Então vamos... Aqui diz que é na sala 301. – disse Kathia, animada. –
É no andar de cima deste prédio.
– Certo. Vamos lá! – Eric parecia mais seguro de si.
Assim que eles se sentaram, o professor veio anunciar o início da aula. Eric notou que
havia alguns rostos diferentes nessa aula. Deduziu, então, que seriam alunos de outros
semestres, que por terem perdido na matéria, a estavam cursando outra vez.
– Bom dia, turma! – disse o jovem e atraente professor, que já arrancava suspiros das
garotas desde o corredor.
– Bom dia. – respondeu a turma, preparada (ou não?) para a aula de Bioquímica.
– Bom, pra quem não me conhece... – disse ele mirando o olhar para alguns alunos da
turma. – Me chamo Andrew Roberts e sou o professor de Bioquímica Básica. – e ele
parou por uns segundos para mirar o olhar para exatamente cinco estudantes da sala. –
Pra quem já me conhece... Bom, dispenso apresentações. – e ele riu.
A sala estava quieta. Muito mais quieta do que na aula anterior, de Língua Inglesa.
– Eu não vou mentir pra vocês. – começou o professor, sério. – Bioquímica é uma
matéria difícil, porém, não é impossível de passar. – a turma estava tensa. – Por isso,
peço, desde hoje, que cada um de vocês tenha absolutamente total dedicação nesta
matéria. Estudem bastante, tirem dúvidas, pratiquem os exercícios... Não há erro se
fizerem tudo desta maneira.
Eric engoliu em seco. Será que essa matéria seria realmente um terror? Depois das
apresentações, o professor não perdeu tempo e começou a explicar um assunto que Eric
julgou, aparentemente, fácil.
– Onde você pensa que vai, calouro? – disse uma garota mais alta e de aparência mais
velha que ele.
– Não está pensando em fugir do nosso trote, está? – perguntou um garoto de óculos.
Ambos vestiam uma camisa verde que tinha escrito: “Bem-vindos, calouros de
Odontologia!”
– Essa não... – murmurou Eric consigo mesmo. – Vai ter trote?! – perguntou ele,
assustado.
Assim que chegou em casa, todo sujo de tinta, Eric já subia as escadas quando foi
interrompido por uma voz que o chamou.
– É... – continuou Mike ao notar a expressão de Eric. – Desculpa ter feito aquilo com
você. É que... Eu realmente achei que você não iria se importar e levaria tudo na
esportiva e tal...
– Mas os Betas me chamaram a atenção de que eu devia ter notado mais em você. –
continuou Mike, cabisbaixo. – E percebido que você é mais tímido e... – ele parecia não
ter mais palavras.
– Mike, tudo bem. Já passou. – adiantou-se Eric. – Relaxa, cara. Tá tudo bem.
– Sério?
– Sim.
– Ufa! – disse Mike mirando o teto da casa. – Que alívio! Não queria que você ficasse
zangado comigo. Nós, Betas, somos muito unidos e...
Eric apenas estendeu a mão para Mike, para que o outro o cumprimentasse. Era como se
o acordo de paz tivesse pronto para ser selado. Mike, porém, surpreendendo totalmente
Eric, não o cumprimentou, mas sim, puxou o amigo para frente e deu-lhe um forte
abraço.
– Pronto. Chega. – disse Mike se afastando de Eric. – Ainda bem que não tem ninguém
aqui vendo essa cena...
– E ainda bem que a tinta já tá seca... Se não você ia se sujar todo por ter me abraçado. –
completou Eric.
– Ih! É mesmo! – disse Mike checando sua roupa e vendo se não tinha realmente sujado
de tinta.
– Peguei essa senha aqui. – disse Mike que vinha ao encontro dos amigos. Ele trazia nas
mãos um papelzinho vermelho com o número 12.
– Como é? Vamos ter que esperar esvaziar mais de 10 mesas?! – exclamou Freddy,
indignado. – Ah! Ninguém merece!
– Ninguém merece mesmo. – concordou Mike. – Mas não precisamos ficar, aqui,
parados. Vamos dar um giro pelo campus e depois, voltamos pra cá.
Todos concordaram com Mike e logo os sete Betas estavam andando pelo campus da
Miami College. Em meio ao rápido passeio, um rapaz parou para abordar os Betas.
– Oi, pessoal! – saudou um rapaz alto e bem musculoso. Ele segurava alguns panfletos
nas mãos.
– Oi, Steven! – disseram os Betas, menos Eric que não o conhecia ainda.
– Então... – começou ele, animado. – Vocês já me conhecem, mas você... – e ele olhou
firme para Eric. – Você deve ser o Eric não é?
– Certo. – disse ele entregando um dos panfletos a Eric. – Eu sou o presidente do clube
e do time de natação da Miami College.
– E, como em todo ano, estou convocando novos rapazes que estejam dispostos a entrar
para o time. – concluiu Steven. – Nosso clube é estritamente composto por rapazes. É
uma liga masculina de natação e...
– O que nós queremos saber é se você está apto e se quer participar do nosso clube. –
perguntou Eric, animado.
Eric começava a se lembrar dos tempos, maravilhosos, em que vivia em Nova Iorque.
Lembrava que ele sempre fizera aulas de natação desde os cinco anos de idade até os
dezesseis. Havia parado as aulas de natação, pois precisava de mais tempo para se
dedicar aos estudos, dentre outros motivos. Seria bom voltar a nadar, voltar a ter aquele
velho e conhecido contato com a piscina todos os dias, ou pelo menos quatro vezes por
semana, como eram suas aulas de natação.
– Ah... Sim. – respondeu Eric refrescando sua memória com algumas competições que
participara.
– É preciso pagar a quantia de oitenta e cinco dólares por mês. – começou ele. – Sei que
pode te fazer falta, mas é com esse dinheiro, arrecadado de todos os membros do clube,
que nós cobrimos todos os gastos como manutenção da piscina, da sauna, do vestiário...
Enfim, se quiser participar, tem um telefone aí no panfleto e... – disse ele guardando o
papel dobrado no bolso. – Pode me procurar na Irmandade Gama.
– Certo. – disse Eric olhando mais uma vez para o panfleto que segurava em sua mão.
Após Steven continuar sua caminhada, sozinho, e se despedir dos Betas, a conversa
rolou solta.
– Cara, US$ 85 é muito pra ficar dando todo mês! – reclamou Harold.
– É por isso que eles não ganham novos membros sempre. – disse Marcus, sério.
– Eric, se você conseguir esse dinheiro todo mês e quiser,entre para o clube. –
incentivou Ian. Seu olho esquerdo ainda estava um pouco roxo, depois da briga com
Leo, líder dos Stigmas.
– É... – concordou Mike, pensativo. – Ainda mais que você é bolsista não é? Então!
Esse dinheiro você pode pedir, tranquilamente, para os seus pais. Eles não vão criar
confusão, acredite.
– É mesmo... – dizia Eric viajando em seus pensamentos. Estava decidido a ligar para os
pais e falar sobre o clube de natação.
– Cara, acho bom a gente voltar pra Crazy Banana. – disse Harold checando o relógio
em seu celular. – Sei lá... Vai que vagaram várias mesas de vez e...
À noite, enquanto alguns descansavam na sala, Eric estava, sozinho, em seu quarto. Ele
estava sentado na cama, enquanto mexia em seu notebook. Já havia ligado para os pais,
mais cedo, e contado sobre o clube de natação. Os pais de Eric aprovaram a ideia e
ficaram satisfeitos em saber que o filho já estava se integrando bem com o pessoal da
faculdade.
Mas, no momento, Eric usava o notebook para conversar com alguns amigos que
deixara em Nova Iorque. Parecia que todos os contatos da sua lista de amigos tinham
ido falar com ele ao mesmo tempo. Era tanta gente que ele quase não dava conta. Eric
conversou com amigos, antigos colegas da escola e até com uma ex-namorada com
quem ele não falava há muito tempo. Conversou tanto que nem viu as horas passando.
Só sentiu que havia ficado tempo demais em frente ao notebook, pois suas costas doíam
como nunca.
No dia seguinte, pela manhã, Eric acordou antes de todos os Betas. Tomou banho, se
arrumou e ainda arranjou um tempinho para fazer um café. Esse era um dos talentos de
Eric: ele gostava de cozinhar, embora não soubesse fazer todo tipo de coisa na cozinha.
Quando os outros Betas levantaram e terminaram de se arrumar para a faculdade, Eric já
estava de saída.
– Caramba! – exclamou Freddy, coçando os olhos, assim que entrou na cozinha e viu
uma mesa de café-da-manhã nunca antes vista ali na Irmandade. A mesa da cozinha
estava arrumada com seis pratos e seis xícaras. Uma cafeteira e uma jarra de suco de
laranja, no centro. Um prato cheio de waffles e um cesto de pães, já torrados e com
manteiga. – Você... Você fez isso tudo sozinho?!
– Cara, você é demais! – exclamou John que já havia chegado para o café antes de
Freddy e saboreava um waffle quentinho.
– Hum... Quer chegar cedo assim por que? – perguntou Ian que acabava de entrar na
cozinha e se deparar com os três Betas conversando. – Já arranjou uma gatinha por lá?
– Ah, ainda não... – disse Eric, rindo. – Mas quero chegar cedo hoje, pois ontem já
cheguei um pouco atrasado e...
– Nossa, cara! Ela é muito chata! – continuou Freddy – Eu já fui aluno dela. Ela
costuma dar aulas de Língua Inglesa para os alunos de Odontologia, Medicina
Veterinária e, às vezes, de alguns outros cursos da área de Saúde.
Os Betas riram da cara de pânico que Freddy fizera.
– Ela é até uma boa professora, mas é muito rigorosa e preocupada com horários... Isso
irrita bastante! – completou Freddy, furioso.
– Nosso amigo Eric quem preparou tudo isso. – disse John, animado.
– Foi mesmo, Eric? – disse Ian, incrédulo. – Poxa vida! Se você fizer isso mais vezes,
vai nos deixar mal acostumados... – e ele riu. – Nosso café era tão... – e Ian parecia não
encontrar palavras para descrever o café.
Todos riram, enquanto Eric se lembrava do café nos dias anteriores. Não era tão ruim
assim como Ian queria dizer. O café dos Betas era apenas simples e prático, embora Eric
fizesse questão de lembrar que ingeriu um café morno, quase frio, na manhã de
domingo e o waffle que comera estava tão duro que ficou com medo de quebrar os
dentes.
– Tudo bem. – começou Freddy – Não vamos te prender mais. – e ele riu.
– Pode ir, cara! Você merece! – John riu enquanto bebia mais um gole de café.
A ansiedade de Eric para sair de casa não era para chegar antes de todo mundo na aula,
mas sim, para ir à Irmandade Gama e falar com Steven, presidente do clube e do time de
natação.
Eric correu e logo chegou à casa que ficava perto das Deltas. A casa dos Gama era
realmente muito maior que a dos Betas. Só perdia em tamanho e beleza para a casa dos
Stigma.
Eric tocou a campainha e um rapaz baixo, usando óculos e aparelho nos dentes, atendeu.
Eric ficou boquiaberto ao adentrar a casa dos Gamas. Lindamente decorada. Nem
parecia uma casa de ambiente para universitários, mas sim, para homens ricos,
poderosos e cheios da grana.
Eles percorreram um longo corredor pela casa e, quando Eric menos esperou, estavam
em frente a outra casa, menor, que trazia um letreiro indicando que ali era o clube de
natação MCSwim. Eles entraram no clube e o rapaz levou Eric diretamente a uma sala
que, ao que indicava na porta, pertencia ao presidente do clube.
– Ah, sei. Deve ter sido o Michael. – informou Steven. – Mas me diga, você aqui tão
cedo... Vai mesmo participar do clube?
– Como assim?
– Eu... Não imaginei que o MCS era, aqui, nos fundos da Irmandade Gama. – disse Eric,
por fim.
– Sim. Nós da Irmandade Gama bancamos o espaço físico do Miami College Swim. –
disse Steven, satisfeito. – E como te disse ontem, fazemos a manutenção deste espaço
com o dinheiro que cobramos, mensalmente, dos associados do clube.
– Falando nisso... – disse Eric enfiando a mão no bolso da mochila e tirando de dentro
um maço de notas. – Aqui está.
– Sim.
– Ah! Graças a Deus! – começou Steven - É que como nosso clube é bem reservado, só
temos o horário da tarde para treinar. E esse é um dos pré-requisitos dos nossos
membros: estudar pela manhã ou pela noite, para que tenha a tarde livre. É que tem
alguns cursos que ocupam muitos horários à tarde e já perdemos muitos membros bons
por conta disso. – Steven falava sem parar. – Por sinal, era pra eu ter perguntando a
você antes... Se você cursasse à tarde, eu teria que devolver seu dinheiro agora. – e ele
deu um longo suspiro. – Nossa! Eu tô com tanta coisa na cabeça...
Eric riu.
– Ah! Antes que eu me esqueça. – completou Steven. – Nossos treinos são à tarde, mas
você, como membro, pode usufruir da piscina, da sauna... Qualquer hora do dia. – e ele
parou. – Quer dizer, o MCS fica aberto até as onze horas da noite. Não funcionamos
24h por dia, portanto... Nem pense em trazer gatinhas aqui para... Bom, você me
entendeu.
– Então, como hoje é terça, nós treinamos. – disse Steven, checando o relógio. – Você já
pode vir, se quiser. Sei que avisei assim em cima da hora, mas... Nem sabia que você ia
ingressar no clube assim tão rápido.
– Que ótimo! – exclamou Steven. – Agora, devemos ir pra nossas aulas. Tenho aula no
laboratório agora. Sou colega do seu amigo Ian. E você, tem aula de que?
– É... – disse Eric checando seus horários na contracapa do caderno. – Tenho aula de
Matemática.
– Você é do curso de Odonto não é?
– Sim.
– Ah, é... Vocês têm aulas de Inglês e Matemática no primeiro semestre. – disse Steven,
pensativo. – Meu primo cursou Odonto e também pegou essas matérias, eu lembro. – e
ele se levantou da mesa. – Vamos? Tá na hora de irmos, se não quisermos nos atrasar.
– Vamos.
E enquanto Eric saía da casa dos Gamas, seus pensamentos estavam a mil. Estava muito
ansioso em participar do treino do clube de natação naquele mesmo dia.
Continua...
(Cap. 5) Vestiário
Notas do capítulo
Finalmente,meus amigos,neste capítulo 5 o nosso querido Nicholas dá o ar da graça!
rsrs Pra quem gosta de criar bem as imagens do capítulo na mente,dou a dica de que na
foto dessa fic: Nicholas é como se fosse o rapaz da esquerda,de sunga preta; e Eric,o da
direita,de sunga branca estampada de verde. Também pra quem gosta (e consegue) criar
todas as imagens,cenários,tudo...na cabeça,digo que se prepare pois esse capítulo está
HOT! Very HOT! rsrs
A ansiedade de Eric, em ir ao Miami College Swim, era tanta que ele nem tinha
prestado muita atenção às aulas durante aquela manhã. Para ele, checar o relógio, e
finalmente ver que as aulas tinham chegado ao fim, foi a melhor parte.
– Ah! Sério? – disse Kathia, surpresa. – Que legal, Eric! Isso é bom!
– O treino começa as duas da tarde, então... Quero almoçar logo para ter um tempinho
de descanso e, em seguida, ir ao treino.
– Entendi. – disse Kathia jogando a bolsa para o lado e, depois, ajeitando os cabelos. –
Bom, então a gente se vê amanhã.
Os dois se abraçaram e, em seguida, Eric correu para a Beta. Ele tomou um bom banho,
almoçou (uma comida não tão boa, preparada por Freddy, péssimo cozinheiro) e,
depois, subiu ao quarto para descansar um pouco.
Enquanto estava deitado, na cama, Eric pensava em como seria bom participar desse
clube de natação. Uma brisa leve e agradável entrou no quarto, pela varanda. Sem
programar, Eric terminou cochilando e graças ao despertador do seu celular, acordou
vinte minutos antes do horário do treino.
Ele levantou, trancou a porta do quarto (para ter certeza de que ninguém iria entrar ali
de repente) e começou a se despir. Em frente a um espelho que ficava na parte de dentro
do guarda-roupa, Eric foi tirando a camisa sem manga que vestia. Em seguida, o short.
Por fim, a cueca. Estava, agora, completamente nu.
– Eric? – dizia a voz de Mike do outro lado da porta. – Tá quase na hora do seu treino
viu? Você tá acordado? – e ele dava batidinhas na porta.
Eric estava ruborizado. Já imaginou se ele tivesse deixado a porta destrancada? A essa
altura, Mike o encontraria sem roupas.
– Hum... – dizia o amigo do outro lado da porta. – A sunga é azul? – perguntou ele,
rindo.
– Bom... – disse Eric olhando bem para a sunga que, agora, tinha em mãos. Era branca e
com algumas estampas verdes. – Não.
– Ah, Eric! Lembre que a nossa cor é azul! – Mike ria, no corredor.
– Eu sei! Vou comprar uma azul depois. – disse Eric enquanto colocava a sunga.
Um tempo depois, ele vestiu a mesma bermuda e a mesma camisa de antes, ajeitou,
rapidamente, o cabelo e destrancou a porta do quarto. Eric separou toalha, bermuda,
camisa e uma cueca e colocou tudo isso numa pequena mochila.
Dentro de cinco minutos, Eric se despediu dos amigos da Beta e caminhou em direção à
Irmandade Gama.
Chegando à porta da Gama, Eric foi atendido por Michael, o mesmo rapaz que o
atendera de manhã. Michael, inclusive, explicara a Eric que se ele quisesse ir ao clube,
não era preciso passar pela casa sempre. Para entrar no MCS, havia também uma
entrada pelos fundos da casa.
Assim que Eric adentrou o clube, Steven veio guiá-lo outra vez e, enfim, Eric conheceu
melhor sua estrutura. Passou rapidamente pela pequena sauna.
Steven levou Eric até a parte maior do clube, onde ficava a piscina. A piscina olímpica,
que ficava numa parte coberta, era realmente linda.
Cerca de dez rapazes usufruíam da piscina, no momento. Eric não pôde deixar de notar
que eles jogavam vôlei. Eric também notou que um dos rapazes estava sentado, à beira
da piscina, e lia um livro ao mesmo tempo em que escutava música em seu iPod.
– Os sanitários ficam ali. – disse Steven apontando numa direção. – E por aqui – disse
Steven indicando numa outra direção. Eric o seguiu. – Ficam os vestiários, assim como
os chuveiros.
– Certo. – disse Eric observando o típico vestiário: armários e mais armários e, entre
eles, alguns bancos.
– Os chuveiros, para depois dos treinos, ficam logo ali. – indicou Steven. Eric viu que
entre os chuveiros não havia divisórias, o que indicava que os rapazes tomavam banho,
juntos, sem problema. Eric engoliu em seco. Embora muitos achassem normal, ele
nunca seria do tipo que tomaria banho ou mesmo ficaria nu na frente de um amigo.
Eric estreou seu armário no vestiário, guardando a mochila que levara, assim como as
sandálias e as roupas que acabara de tirar.
– Ah! – dizia a voz de Steven, que acabava de voltar ao vestiário e encontrar Eric só de
sunga. – Esqueci de te dar. – e ele entregou um embrulho dourado para Eric.
Eric abriu o presente e viu que era a touca que trazia o símbolo do clube bordado.
– Os óculos de mergulho você terá que comprar, se quiser. – informou Steven, sério. –
Mas não é obrigado usá-los em todos os treinos, exceto nas competições.
– Boa tarde, pessoal. – saudou ele, mas ninguém parou para ouvi-lo. – Hei! – dizia
Steven batendo fortes palmas para chamar a atenção de todos. – Pessoal?!
Todos os rapazes pararam. Os que jogavam vôlei pararam com a partida e até mesmo o
rapaz que lia um livro e escutava música ao mesmo tempo, encerrou a leitura e desligou
o iPod.
– Muito bem. Bem-vindo, Eric. – disse o treinador apertando a mão dele. Era bastante
forte, ostentando grandes músculos. Aparentava uns quarenta, e bem cuidados, anos. –
Meu nome é Zacharias Smith, mas todos me chamam de Treinador Smith.
– Pois bem. – disse o treinador, que vestia apenas uma camisa regata branca e trajava
uma sunga amarela. – Vamos dar início ao treino. – e depois disso, ele soprou
fortemente o apito, que carregava ao pescoço.
Eric ajeitou a touca na cabeça e pulou na piscina, sentindo a mesma gostosa sensação de
sempre: sentir a água o envolvendo.
O rapaz que lia um livro, antes, colocou a touca e entrou na piscina também. Doze
membros do clube, agora, estavam dentro da piscina. Em seguida, Steven e Michael
também entraram na piscina e o treinador começou a aula.
O Treinador Smith, primeiramente, pediu para que o grupo (de 14 rapazes) se dividisse
em dois. Eric se juntou a Steven, Michael e outros quatro rapazes e permaneceram na
piscina. O outro grupo, com mais sete rapazes, saiu da piscina. Em seguida, o Treinador
Smith pediu para que cada um dos sete rapazes ficasse numa raia e que nadassem
usando qualquer tipo de nado: crawl, costas, borboleta... Qualquer um.
Os sete alunos fizeram o que o treinador pedira. Eric usara o nado crawl, como a
maioria dos outros rapazes.
– Sim... – dizia Eric tirando a touca enquanto esperava Steven subir a escada.
Eric não sabia o que fazer naquele momento. Ele sabia que se fosse imediatamente ao
vestiário, tomaria um banho quentinho, porém, teria que tomar banho junto com 13
rapazes. A timidez de Eric era mais forte que ele e sabia que não seria capaz de se
despir na frente dos outros e muito menos de ver tantos colegas nus diante dele. O que
fazer então?
– Você não vem, Eric? – perguntou Steven estranhando ao ver Eric parado em frente à
piscina, enquanto seus colegas já adentravam, apressadamente, o vestiário.
– Eu... – Eric não sabia mais o que inventar. – Vou sentar um pouco. – mentiu, por fim.
– Meu joelho está doendo... Deve ter sido falta de prática. Nunca mais tinha nadado
tanto como hoje. Vou massageá-lo um pouco e...
Enquanto continuava encenando aquela cena, embora não tivesse ninguém, ali, olhando,
Eric se sentia muito inseguro. O que iria fazer? Esperaria alguns minutos, talvez, até que
os rapazes saíssem dos vestiários? Sim, faria isso...
– Cara, você ainda tá aí? – perguntou Steven, depois de mais cinco minutos, que
acabava de sair do vestiário e vinha falar com Eric.
– Ah! Sim... – disse Eric voltando a massagear o joelho. – Acho que... Melhorou um
pouco.
– Tchau.
Esperando mais um tempinho, sem contar exatamente quantos rapazes tinham saído,
Eric entrou no vestiário. Passando pelos corredores de armários, Eric viu um rapaz
enrolado numa toalha, mas desviou rapidamente seu olhar e caminhou em direção ao
seu armário. Enquanto fingia que arrumava algumas coisas no armário, Eric viu vários
rapazes saindo do vestiário e, enfim, se sentiu tranquilamente sozinho.
Eric olhou para os lados para se certificar de que realmente não tinha ninguém e só
quando teve absoluta certeza, ele tirou a sunga molhada, a depositou em cima do banco
que ficava em frente aos armários, pegou uma toalha e seguiu para os chuveiros. Eric
estava completamente nu. A toalha branca jogada em seus ombros. Eric ia distraído até
que,quando deu por si,avistou um dos rapazes ainda tomando banho.
– Tá tudo bem sim. – disse Eric, nervoso, tentando não olhar para o corpo nu do rapaz,
o que era praticamente inevitável.
Eric não pôde deixar de notar o quão era belo aquele corpo. Mas por que estava
pensando assim? O rapaz era um pouco mais alto que ele, tinha a pele bronzeada,
músculos bem definidos e cabelos negros mais curtos que os de Eric.
Eric também não podia deixar de notar no monumento que o rapaz trazia entre as
pernas. Já em seu estado flácido, tinha um tamanho considerável.
Eric sentiu que seu sexo começava a se enrijecer e, por isso, pegou a toalha e a amarrou
na cintura, para disfarçar. Depois disso, sentou-se em um banco em frente aos chuveiros
e pôs as mãos numa posição de modo a disfarçar o seu estado de excitação.
– Ah, não... Pode terminar seu banho. – disfarçou Eric, olhando para o chão.
– Ah, cara! Que nada! Tem vários chuveiros aqui. – insistiu o rapaz. – Pode vir.
Eric engoliu em seco e tentou pensar em coisas horríveis e tristes para ver se “a
situação” voltava ao seu estado normal. Após um minuto, Eric levantou-se do banco.
Sentia que seu sexo ainda estava um pouco enrijecido, mas tentou não ligar. Ele deixou
a toalha no banco e se dirigiu para um chuveiro próximo ao que o rapaz usava.
Eric não sabia o que estava sentindo. Uma sensação de desejo percorria-lhe o corpo
inteiro. Ele e aquele delicioso homem, ali, sozinhos... Não! Por que estava pensando
aquelas coisas? Estaria ficando louco?
– Ah, sim, sim... – disse Eric, nervoso. Ele aproveitava que o rapaz estava de olhos
fechados, enquanto enxaguava os cabelos, para admirar mais uma vez aquilo que o
rapaz trazia entre as pernas. – Foi muito bom o treino. – disse ele, distraído com a cena
que observava.
Quando se deu conta, Eric, se ensaboando, continuava olhando para o dote do rapaz e
ele também percebeu.
– Então você é calouro na Miami College não é? – perguntou o rapaz, agora, desligando
seu chuveiro.
– Sim, sou. – dizia Eric encarando-o cara a cara. Era o único modo de Eric não desviar
seu olhar para as outras partes do corpo do rapaz. Só naquele momento, encarando-o
nos olhos, Eric percebeu que aquele rapaz era o mesmo que lia um livro e escutava
música, mais cedo, à beira da piscina.
Eric também percebia, ao olhar firme para o rapaz, que parecia que já o conhecia de
algum lugar, mas... De onde seria?
– Acho que te conheço de algum lugar, cara. – disse o rapaz, nu, andando pelo vestiário.
O rapaz ficou em silencio por alguns segundos e depois, retornou ao local onde ficavam
os chuveiros. Ele, agora, estava com uma bermuda floral e uma camiseta azul. Segurava
uma sunga preta molhada.
– Ah... – Eric estava desconcertado ao sentir que o rapaz o olhava por inteiro. – Sim, é
mesmo. Você é...
– Um dos veteranos que está repetindo a matéria. – disse o rapaz revirando os olhos. –
Perdi essa matéria no primeiro semestre, mas como ela não foi pré-requisito para
outras... Resolvi voltar a cursá-la agora.
– Hum... – Eric continuava envergonhado. – E que semestre você está?
– É, eu sei... Já era pra eu ter me formado. – e o rapaz botava a mão na cabeça. – Mas eu
tinha parado de estudar... Tomei um desgosto por tudo e... Só agora voltei.
– Poxa, mas que mal-educados que sou! – disse o rapaz. – Nem me apresentei... – e ele
sorriu. – Bom, você é o Eric, não é? Lembro que o Steven te apresentou naquela hora.
Eric teve uma sensação estranha. Ele estava nu e havia tocado a mão de Nicholas. Era
como se ele desejasse ter tocado outras partes daquele bonito corpo. Não. Era loucura da
sua cabeça. Deveria ser.
– Tudo bem então. – disse Nicholas sorrindo. – Nos vemos amanhã, Eric. Tchau!
– Tchau!
Assim que Nicholas saiu do vestiário e, agora, Eric sabia que realmente estava sozinho,
ele se agachou e se encostou na parede do chuveiro.
– O que é que está acontecendo com você, Eric? – perguntou a si mesmo, ao observar
seu sexo se enrijecendo outra vez.
Nicholas causara certo sentimento nunca antes provocado em Eric: desejo por outro
homem. Mas era tão bom sentir aquilo e...
E será que Nicholas tinha mesmo olhado o corpo dele também? Sera que Nicholas havia
percebido que Eric tinha demorado o olhar em seu...?
– Chega! – disse Eric se levantando e indo até o banco para usar a toalha. Queria chegar
em casa e espantar de vez aqueles pensamentos insanos.
Mas será que aquela insanidade toda não seria, de certo modo, gostosa?
Continua...
Desde que saíra do Miami College Swim até o momento em que adentrou a Casa dos
Betas, Eric não parava de pensar em uma coisa: o momento a sós que tivera com o
colega Nicholas, no vestiário. Era sentia um enorme desejo pelo rapaz, uma sensação
que nunca havia sentido antes... Nem mesmo por nenhuma de suas ex-namoradas ou
paqueras. Será que ele era gay? O que estava acontecendo com ele? A cabeça de Eric
estava com mil imagens e pensamentos ao mesmo tempo.
– E aí, Eric? – dizia a voz de Mike, longe, embora o amigo estivesse diante dele.
– Eric? – a voz de Mike finalmente fora reconhecida por sua mente. – Eric?!
– Tá viajando hein? – disse Mike rindo. – Mas e aí... Como foi lá no clube?
– Foi... – dizia Eric já voltando seus pensamentos para o belíssimo rapaz que conhecera
no vestiário. Nicholas era lindo por inteiro... – Foi muito bom. – disse Eric, por fim.
– Ah! Que bom que gostou! – disse Ian, interrompendo a conversa dos dois. – E é bom
que você represente a Beta nesse clube.
– Ah! É mesmo, Eric! – lembrou-se Marcus. – Tem uns membros da Stigma lá e... Bem,
como nós somos irmandades rivais, pode ser que esses caras queiram pregar peças em
você lá e...
– Pois é... – disse Harold cruzando os braços e fazendo uma cara engraçada.
– Bom, pessoal, vou subindo. – disse Eric, dando um longo suspiro. – O treino me
cansou... – e ele forçou uma risada. – Já faz tempo que eu não nadava tanto.
– Vai lá, cara! – disse Ian dando tapinhas no ombro de Eric. – Na hora do jantar, a gente
te chama. Aproveite e durma um pouco enquanto isso...
Ao chegar em seu quarto, Eric pegou a sunga molhada e levou até o banheiro, onde
lavou-a com sabão e, em seguida, botou-a para secar. Voltando ao quarto, Eric trancou a
porta e se deitou na cama. Impaciente, respirou fundo e se levantou outra vez. Puxou
uma cadeira do quarto para a varanda e ficou observando a lua em sua fase nova
chegando ao fim. A lua já estava no céu e, agora, tudo estava escurecendo. A mesma
brisa de sempre começou a brincar com os cabelos de Eric, o envolvendo numa
sensação bastante gostosa.
Nicholas... Nicholas... Por que não parava de pensar naquele cara? Por que a imagem do
amigo não saía da sua cabeça? Seu rosto perfeito, com sua barba bem feita, seus lindos
olhos castanhos, a boca...
Eric fechava os olhos para que visualizasse Nicholas com mais clareza. Músculos bem
definidos, uma pequena tatuagem de uma triquetra* no ombro direito, tórax e abdome
de dar inveja... Abrira os olhos quando começara a visualizar o instrumento que
Nicholas trazia entre as pernas. Eric sentira que mais uma vez estava excitado só de
pensar no colega que acabara de conhecer.
– Eu estou louco! – exclamou ele, baixinho, para si mesmo. – Já sei... – e dizendo isso,
Eric se levantou da cadeira, na varanda, e entrou no quarto para ligar seu notebook.
Acessou a internet e começou a entrar em vários sites pornográficos em que eram
exibidas diversas fotos de mulheres nuas em todos os ângulos e posições possíveis.
Como a porta do quarto estava trancada, Eric despiu a camisa e, em seguida, a bermuda,
ficando apenas de cueca em frente ao notebook. Eric ainda trazia consigo as imagens de
Nicholas, mas tentou evitar e se concentrar apenas nas diversas mulheres dos sites, ali.
Cada uma com seios maiores que os das outras.
Eric não resistiu. Enquanto uma mão manipulava o notebook a outra mão ia descendo
lentamente pelo seu tórax até chegar à cueca. Eric pôs a mão dentro da cueca e tirou seu
sexo para fora. Estava em seu estado rígido. Enquanto via as fotos das louras, morenas e
ruivas, Eric foi brincando com seu instrumento e fazendo rápidos movimentos para
cima e para baixo até que, enfim, liberou aquela tensão sexual que estava guardada em
seu corpo desde o momento em que vira Nicholas nu, no vestiário. Eric havia se
masturbado e tido um gostoso orgasmo, porém, nem ele mesmo saberia dizer se o que o
excitou realmente foram as lembranças de Nicholas que trazia em sua mente ou as
explícitas fotos que tinha acabado de ver na internet.
Será que ele era bissexual, então? Ou heterossexual, realmente? Gay, não! Será? A
cabeça de Eric realmente estava bastante confusa...
No dia seguinte, quarta-feira, Eric acordou disposto a seguir sua rotina como se nada
tivesse acontecido no dia anterior, no vestiário. Ele considerou aquilo tudo como
“confusões da mente”. Mas será mesmo?
Eric acordou cedo e, de bom-humor, preparou mais uma vez o café-da-manhã dos
Betas. Depois de muitas conversas e risadas, já de manhã cedo, os Betas terminaram o
café e seguiram para suas respectivas aulas.
Eric adentrou o prédio de Odontologia com bastante satisfação. Embora soubesse que
Nicholas, o causador da sua confusão mental, também cursasse Odontologia, Eric sabia
que só teria que se preocupar em vê-lo nas aulas de Bioquímica. O problema é que Eric
estava enganado...
Assim que entrou na sala destinada à aula de Elementos da Histologia, Eric sentiu seu
coração batendo aceleradamente ao ver alguém que ele não imaginaria encontrar ali.
– Nicholas? – disse Eric assim que entrou na sala e se deparou com o colega
conversando com Kathia.
– Ah! Então vocês já se conhecem? – perguntou Kathia, curiosa, olhando para os dois.
– Sim, Eric entrou no clube de natação e como eu já fazia parte... Nos conhecemos
ontem. – adiantou-se Nicholas, sorrindo.
– Ah, legal! – disse Kathia, animada. – Eu vim falar com o Nick porque reconheci ele
da aula de Bioquímica. – disse ela olhando para Eric. – Ele já é veterano, mas tem essas
duas matérias pendentes para cursar...
– Pois é. – disse Nicholas revirando os olhos. – Eu fui realmente rebelde... – e ele riu. –
Já era pra eu ter me formado, mas tranquei a faculdade por um tempo e...
– Mas você ainda é novo, poxa! – adiantou-se Kathia. – 25 anos! Nem vai ficar tão
atrasado assim.
– E vocês têm 20 né? – perguntou Nicholas já sabendo a resposta.
– Bom, eu vou me sentar ali. – disse Eric indicando uma cadeira um pouco longe de
Kathia e Nicholas.
– Ah, senta aqui do lado. – pediu Kathia. – A Emily está sentada aqui, mas é só pedir
pra ela trocar de lugar com você. Acho que ela não vai se incomodar.
Era o que Eric queria: sentar longe de Nicholas. Ele sentia certa raiva dentro dele e não
entendia o motivo. Seria por ver Nicholas mais uma vez, embora, no fundo, desejasse
isso? Seria por sentir que Kathia estava se encantando por Nicholas? Se ele só via
Kathia como amiga, então ele estava com ciúmes de Nicholas?
O professor chegou, em seguida, e Eric deixou a aula rolar como se nada tivesse
acontecido. Tentou esquecer que Nicholas estava, ali, respirando o mesmo ar que ele.
– Mas para facilitar a vida de vocês, calouros. – continuou o professor – Deixarei que
façam o trabalho em duplas e trios. Escolham. É com vocês.
– Oi? – disse ela virando-se para olhar Eric, um pouco longe dela.
– Ah, eu já tô com o Nicholas, mas... – começou ela, pensativa. – Pode ser em trio né?
Então faz com a gente! – e ela deu um largo sorriso. – Eu, você e o Nick.
– Ah... – Eric hesitou, mas sabia que não encontraria mais nenhum grupo disponível
para entrar, pois a sala parecia já toda dividida e, além disso, Kathia era sua amiga e não
a deixaria. – Tudo bem. Nós três.
Eric viu Kathia cochichando com Nicholas e deduziu que ela estaria contando a ele que
fariam o trabalho de pesquisa em trio. Em segundos, Nicholas mirou o olhar para Eric e
piscou o olho para ele. Eric corou na hora, mas levou aquela piscada como algo
amigável apenas.
Assim que acabou a aula, os três – Eric, Kathia e Nicholas – pararam para conversar nos
corredores do prédio e combinaram de se reunirem para fazer o trabalho no dia seguinte,
pela tarde. Só não haviam decidido onde se encontrariam.
– Não pode ser na sua Irmandade Delta, Kathia? – perguntou Eric, pensativo.
– Ah, não, não... – adiantou-se Kathia. – As meninas lá não aceitam que nenhuma de
nós leve garotos.
Ao ouvir a palavra “Stigma” o coração de Eric disparou acelerado. Stigma? Não! Não
era possível. Além de ter mexido com seus sentimentos mais íntimos e, talvez, loucos,
Nicholas pertencia a Irmandade rival dos Betas. Que ironia do destino!
– Sim? Algum problema? – perguntou Nicholas encarando Eric. Como eram lindos
aqueles olhos castanhos, pensou Eric.
– É que... – Eric engolia em seco. Não iria conseguir tratar mal alguém que ele acabara
de conhecer e que estava se tornando um amigo.
– O Eric é da Beta. – concluiu Kathia, surpresa com ela mesma. – Nossa! Eu me esqueci
desse lance! E agora? Vocês dois são de irmandades rivais!
– Eu não ligo pra isso. – concluiu Nicholas por fim, pondo a mão no ombro de Eric. –
Pode ter certeza que eu não ligo pra isso.
– Mas a Beta... – começou Eric, pensativo. – Também pega pesado com vocês né?
Jogamos estrume e sacos com urina na sua casa e...
– Ah, nem me lembre! – disse Nicholas rindo. – O pessoal lá ficou irritadíssimo com
isso. Por sinal, estão preparando o troco viu? Aguardem...
– Ai, ai, ai... – gemeu Kathia, rindo. – Mas então? Onde nos reuniremos?
– Bom, Eric sendo da Beta... Realmente meus companheiros não deixarão ele entrar lá.
– concluiu Nicholas.
– E nem você poderá entrar lá na Beta. – disse Eric, sério. – O pessoal me mataria se
soubesse...
– Acho que tenho a solução – começou Nicholas – Faz assim: cada um, hoje, faz a
pesquisa logo, lê tudo com calma e amanhã, a gente leva as pesquisas já prontas e só
discutimos para arrumar o trabalho.
– Bom, pode ser... – começava Nicholas, pensativo. Ele iria sugerir que se encontrassem
em alguma lanchonete ou restaurante do campus, mas sabia que seria muito barulho. –
No MCS!
– Amanhã não temos treino, mas sei que no horário da tarde muitos caras gostam de ir
lá pra nadar um pouco... – disse Nicholas, sério. – Mas se marcarmos para umas...
Hum... Sete horas da noite está bom.
– É... O clube de natação vai ser ótimo nesse horário. Bem tranqüilo e vazio. – disse
Eric, animado.
– Então combinado! – disse Kathia jogando os cabelos para trás dos ombros. – Amanhã,
no MCS,às sete horas da noite.
– Hã? – disse Eric, confuso. Nicholas iria vê-lo mais tarde? Como assim?
– Ah, sim, sim... – disse Eric, envergonhado. Veria Nicholas mais tarde, de sunga, outra
vez.
Depois da decisão tomada, os três se separaram e cada um seguiu para sua respectiva
irmandade, já que naquela manhã de quarta-feira, eles só tinham a aula de Histologia no
cronograma.
Quase às duas da tarde, Eric já estava no vestiário do MCS e guardava seus pertences no
armário. Desta vez, Eric trajava uma sunga amarela.
Por um momento, ele se lembrou do que os Betas haviam dito sobre membros da
Stigma no clube de natação.
– Além de você, tem mais alguém aqui que é da Stigma? – Eric sentia sua voz estranha.
Seria nervoso?
– Ah, não, não... – disse Nicholas aliviado. – Até ano passado tinham mais dois caras da
Stigma, mas se formaram e saíram do clube também.
– E então... Vamos entrar na piscina? – perguntou Nicholas com seu sorriso perfeito.
Os dois caminharam juntos, por entre mais alguns rapazes que se encontravam no
vestiário, e logo estavam à beira da piscina olímpica.
– Eu adoro nadar. – disse Nicholas, já dentro da piscina. Ele dera um salto incrível e
pulara com estilo profissional.
O momento era perfeito: incrivelmente, só os dois estavam, ali, naquela gigante piscina.
– O que você curte? Seus hobbies... – começou Nicholas ajeitando o cabelo molhado
para pôr a touca.
– Ah... Eu sou do tipo caseiro sabe? Adoro ficar em casa... Pelo menos, adorava, lá em
Nova Iorque. – começou Eric, pensativo. Estava conseguindo fluir a conversa com
Nicholas.
– Ah, então você é de Nova Iorque... – disse Nicholas, interessado. – Tenho uns tios que
moram lá. Sempre morei, aqui, em Miami, mas bem longe daqui da Miami College, por
isso, resolvi morar aqui na Stigma.
– Então... Eu gosto de ficar em casa, mas também curto sair com os amigos, pegar um
cinema, ir ao teatro... – concluiu Eric.
– Bom, tô solteiro no momento. – ao dizer aquilo, Eric sentia seu coração pulsando de
alegria. Era quase como se tivesse se oferecendo para Nicholas.
– E você?
– Ah... Eu só tenho uns rolos com umas meninas aí... Nada sério. – disse Nicholas
rindo.
– Entendo. – sem querer, a expressão de Eric já tinha mudado. Estava triste e feliz ao
mesmo tempo, mas sua face demonstrava seriedade. Se Nicholas tinha casos com outras
garotas, significava que ele era hetero e então, foi apenas impressão de Eric sentir que
Nicholas havia demorado o olhar no corpo dele, no vestiário, no dia anterior. Um alívio
e, ao mesmo tempo, uma frustração. Mas se não estava gostando de Nicholas, por que a
frustração? Será que estava mesmo gostando dele? Não, isso seria loucura!
– Beleza até que é, pra algumas situações... Mas eu queria ter tido irmãos pra poder
conversar, ter alguém em quem confiar seus segredos...
Tomar banho juntos?! Como assim? Uma declaração tipo “eu quero você” assim de
cara? Nicholas estava mesmo se jogando pra cima de Eric?
– Ah! É porque ontem você começou a tomar banho depois que eu já tinha começado e
aí, bem... A gente não saiu junto daqui.
– Se a gente tomar banho na mesma hora, a gente pode sair na mesma hora também e aí,
podemos ir conversando pelo caminho. – concluiu Nicholas.
Estranho. Muito estranho esse papo. Nicholas estava a fim dele? Será? Não, nem
pensar! Mas se bem que... Não era isso que Eric queria desde o começo? Não... Sim...
Assim que o treinador começou a falar, Eric sentiu-se mais aliviado, pois faria de tudo
para evitar olhar para Nicholas.
– Chega por hoje! – anunciou o Treinador Smith após usar seu apito. – Liberados!
Os rapazes se amontoavam para sair da piscina na maior pressa. Parecia até que alguém
tinha aberto um ralo gigante no fundo da piscina e quem não saísse naquela hora seria
engolido.
Nicholas subiu as escadas da piscina e, após esperar vários estudantes saírem, ele se
juntou a Eric e os dois seguiram para o vestiário.
Eric sabia que não estava pronto para enfrentar um vestiário repleto de rapazes nus e,
muito menos, encarar os chuveiros onde os rapazes com seus belos e sarados corpos
estariam se ensaboando. E nem sequer estaria preparado para ver o bonito e gostoso
corpo de Nicholas. Por um lado, desejava isso e por outro, reprimia de todo jeito.
– Eric? Você não vem? – dizia Nicholas já com toalha na mão e, ainda, de sunga.
– Eu... – Eric se enrolava. – Eu... – foi quando ele pegou o celular e fingiu ler algo no
visor. – Recebi uma mensagem dos Betas. Parece que o Harold passou mal e... Preciso
ir.
E mesmo com a sunga molhada no corpo, vestiu a bermuda por cima e, em seguida, a
camisa.
– Tchau... Me manda notícias do Harold tá? – começou Nicholas, sério. – Sei que
somos de irmandades rivais, mas...
– Sim, peguei.
– Ok.
E após isso, Eric praticamente fugiu do vestiário e, depois, do MCS. Depois de correr
por alguns minutos, ele parou em frente à Casa Beta. Eric arfava sem parar.
– Oi! – saudou Harold, são e salvo, na sala de estar, assim que Eric entrou na casa.
– Cara, você veio correndo foi? – perguntou Marcus, também na sala de estar.
– Ih! Sei... Às vezes o cachorro dos Ômegas foge e fica assustando o pessoal daqui. –
disse Harold pensativo.
Então a desculpa mais esfarrapada de todos os tempos havia colado? Sorte pura! Eric
continuava arfando tanto que se sentou para descansar, no sofá. Havia corrido demais.
Parecia que tinha fugido de um bandido perigoso. Talvez um bandido que fosse lhe
roubar algo muito precioso: seu coração.
* Triquetra
Continua...
Pois como eu sempre digo: vocês são minha inspiração pra escrever. Quando vejo que
vocês estão interados com a história,que estão se envolvendo com os personagens,
esperando os próximos capítulos...Isso me dá vontade de sentar,aqui,na cadeir e mandar
ver no teclado do PC pra escrever "Piscina".
Acompanhem,agora,o Capítulo 7,que leva o nome de "A decisão final". Esse cap. tem
apenas uma coisinha picante,nada demais,porém,é um capítulo importante,claro! rs
Assim que recuperou seu fôlego, depois de ter saído correndo desde o MCS até a casa
dos Betas, Eric se levantou do sofá e subiu para seu quarto. A cabeça de Eric estava
mesmo uma bagunça: treinos do clube de natação; Nicholas; pesquisa para entregar ao
professor; Nicholas; Nicholas; Nicholas... Eric desejava estar atolado de provas e
trabalhos para entregar, pois só assim poderia desviar seus pensamentos do rapaz que
consumia tanto sua mente. Nicholas separou uma roupa limpa para vestir após o banho.
Enquanto caminhava para o banheiro, ouviu, do andar de baixo, os Betas conversando e
dando altas gargalhadas com algo que passava na televisão. Eric sentiu inveja dos
amigos. Queria poder rir da mesma bobagem que os amigos riam, naquele momento,
mas só sentia tristeza, medo, insegurança, paixão, desejo... Muitos sentimentos
misturados em sua mente.
Enquanto tirava sua roupa e entrava no box do banheiro, Eric não parava de pensar em
Nicholas e em cada palavra que eles haviam trocado nas últimas horas. Afinal, o que
estava sentindo pelo amigo? Paixão? Amor? Mas ele era homem! Sempre fora homem!
Homem que vai atrás das mulheres, que fica SEMPRE com mulheres... Não podia estar
gostando do amigo, não podia.
Eric sentiu aquela sensação no rosto que sentimos toda vez que vamos começar a
chorar. Dentro de instantes, foi isso o que aconteceu: Eric chorou, sob a água do
chuveiro que caía sobre ele.
Sorte que a televisão estava ligada num volume alto senão os amigos da Beta com
certeza ouviriam o choro de Eric se passassem pelo corredor de cima, da casa.
– Você vai se afastar dele, Eric... É isso! – disse Eric, nervoso. – Trate ele da maneira
mais fria possível. – seria essa sua decisão final a respeito de Nicholas?
Assim que saiu do banho, Eric voltou ao quarto e encontrou, no visor do seu celular,
algo que não desejaria ter visto: uma chamada perdida de Nicholas. O coração de Eric
bateu acelerado só ao ver o nome do amigo no celular.
“O que ele quer comigo?” pensou Eric enquanto segurava o celular na mão. Outro susto
fez o coração de Eric bater mais forte ainda: Nicholas ligava novamente para ele,
naquele momento. O celular vibrava em sua mão.
A ligação tinha ido para a caixa postal e, dentro de alguns segundos, o celular vibrava
novamente. Mais uma vez, Nicholas ligava.
– Que foi, Nicholas? – perguntou Eric, tentando ser rude com o amigo, embora, no
fundo, não quisesse tratá-lo assim.
– Oi, Eric! Até que enfim, cara! – dizia Nicholas com uma voz tensa, do outro lado da
linha. – Você não atendeu as ligações e... Ah, não! Vocês estão no hospital com o
Harold?
Só então Eric se lembrou da mentira que havia contado para Nicholas. Foi a desculpa
para poder sair correndo do vestiário e não ter que encará-lo nu outra vez.
– Ah... É... O Harold... – Eric não sabia o que dizer. – Não estamos no hospital. Está
tudo bem, graças a Deus.
– Ah, que bom! – adiantou-se Nicholas. – Se ele não fosse da Beta eu iria fazer uma
visita, mas...
Eric riu do comentário.
Eric gelou. Será que Nicholas iria fazer algum comentário sobre o dia anterior, no
vestiário? Sobre o momento que os dois ficaram nus, juntos?
– Você vai pesquisar que parte do assunto mesmo? – perguntou Nicholas, de vez.
Em instantes, os Betas estavam reunidos na mesa da cozinha. A sopa que Freddy fizera
estava incrivelmente boa.
– E aí, Eric? – começou Ian, enquanto se servia de mais sopa. – Já fez muitos amigos no
MCS? Tirando o Steven, claro...
– Ah... Bom... – Eric enrubesceu. – Eu... Sim. – e ele, finalmente, pôs a imagem de
Nicholas, outra vez, em sua cabeça. Imagem que tentara evitar nas últimas horas. – Fiz
um amigo muito legal...
– Ainda bem! – Mike ergueu os braços para cima como se agradecesse a Deus.
Eric tentou evitar falar no clube de natação pelo resto do jantar, para que a conversa não
caísse no novo amigo que fizera. Eric não queria mais confusões entre as irmandades
rivais...
Depois do jantar, Eric ajudou Ian a lavar os pratos e, em seguida, se preparou para ir
dormir, escovando os dentes e trocando de roupa. Já em seu quarto, deitado na cama,
Eric começou a cochilar e, enfim, pegou no sono.
Eric dirigia em alta velocidade num carro turbinado. Era noite e o céu estrelado não
podia estar mais bonito. Passava, agora, numa avenida beira-mar e o sinal de trânsito
pedia pra parar o carro. Era tarde da noite. Enquanto esperava o sinal ficar verde outra
vez, Eric virou-se para o banco do carona e lá estava ele: Nicholas. Os dois se beijavam
loucamente enquanto ouviam uma gostosa música no rádio do carro. Os lábios de
Nicholas nos seus era a sensação mais gostosa que poderia sentir, ali, naquela noite. As
mãos de Nicholas percorriam o corpo de Eric, lentamente, e isso o deixava cada vez
mais excitado...
– Hã? – Eric abriu os olhos, despertando do seu sonho. – Eu... – e ele botava a mão na
testa. Sua vista embaçada indicava que havia dormido por mais de uma hora.
– Ah, droga! Te acordei? Desculpa. – dizia Mike, agora, abrindo a porta do quarto e
vendo tudo escuro. – É que tá passando na TV aquele documentário que você falou que
queria assistir... Desculpa, Eric. Não queria te acordar.
– Vou. – disse Eric depois de respirar fundo. – Pode ir descendo. Já vou indo.
Eric sentia seu sexo se enrijecendo e percebeu que estava excitado por causa do sonho
que acabara de ter. Ele fechava os olhos para se lembrar do sonho que fora tão gostoso,
envolvente... Bem que poderia ter sido real...
– Não, não poderia. – disse Eric para si mesmo, respondendo aos seus pensamentos.
Depois disso, ele desceu e se juntou aos amigos que assistiam ao documentário “As
novas tecnologias do futuro”. Enquanto via as imagens impressionantes, Eric tentava
imaginar como seria o seu futuro, principalmente depois de tantas confusões
sentimentais que estava tendo ultimamente.
No dia seguinte, quinta-feira, Eric não acordou tão cedo como de costume, mas ainda
assim não estava atrasado para a faculdade. Ele acabava de entrar na cozinha e viu que
todos os Betas estavam lá.
– Perdeu a hora, Bela Adormecida? – perguntou Ian, na cozinha, assim que viu Eric
entrando.
Ian terminava de fazer waffles, sem muito sucesso, e havia queimado a maioria.
– Eu... – disse Eric coçando os olhos e dando um enorme bocejo. – A gente dormiu
tarde ontem, né? Foi por isso... Não consegui acordar tão cedo, como sempre faço.
– Ah, cara! – disse Mike tomando um bom gole de suco. – Não esquenta com isso! Tá
cedo ainda.
– É... – disse Marcus consultando seu relógio. – E você nem vai chegar atrasado.
Depois do café, Eric pegou sua mochila e partiu para o prédio de Odontologia, em que
teria apenas uma aula de Elementos da Anatomia. Eric estava calmo, pois sabia que não
assistiria nenhuma aula com Nicholas naquele dia, já que o amigo só pegava duas
matérias com ele: Bioquímica e Elementos de Histologia.
– E aí, Eric? – perguntou Kathia assim que viu o amigo entrando na sala. – Como você
está?
– Estou bem também. – disse ela enquanto folheava seu caderno. – Mas... E o Harold,
como ele está?
– O Harold? – Eric ficou desarmado. Então Nicholas havia contado a falsa história
sobre Harold para Kathia também? – Ah... Ele está bem.
– O Nicholas me avisou que ele tinha passado mal e que você tinha saído super
preocupado do MCS. – começou Kathia. – Só que o Nick ainda não tinha conseguido
falar com você.
– E o Nick nem me ligou de volta. – resmungou Kathia. – Eu devia ter ligado pra você
pra perguntar sobre o Harold, mas... Bom, deixa pra lá.
– Bom dia, turma! – disse uma bonita e jovem professora, adentrando a sala. – Sou a
Srta. Adams e serei uma das professoras desta matéria. Basicamente, sou a professora
das aulas teóricas. O professor das aulas práticas é o Sr. Wellington.
– Então tá tudo combinado pra hoje né? – perguntou Kathia, ao fim da aula, enquanto
guardava seus pertences na bolsa. – Às sete horas no MCS.
– Isso! – disse Eric, pensativo. Lhe veio à cabeça a ideia de que não seria bom que eles
se encontrassem já no clube, pois corria o risco de Kathia se atrasar e ele e Nicholas
ficarem a sós. A ideia de ficar a sós com o amigo era, ao mesmo tempo, proibida e
desejada. – Hei, Kathia, não seria melhor que a gente já fosse junto pro MCS?
– Ah, por mim tudo bem. – concordou ela. – É até melhor que eu entre lá com dois
membros do clube né? Vai que alguém implica comigo e não me deixa entrar...
– Hum... – Eric não tinha pensado nisso, mas improvisou na hora. – Pode ser em frente
à casa das Deltas. Meninos não entram lá, eu sei, mas ficar na porta da casa, tudo bem
né?
À noite, quase sete horas, Eric saiu da Casa Beta, trazendo consigo seu notebook, e ao
chegar em frente à Irmandade das Deltas, encontrou Nicholas e Kathia conversando.
– Que foi? Tô atrasado? – Eric pegou o celular, no bolso, para checar a hora.
Os olhares dos dois se cruzaram por fração de segundos, mas já foi suficiente para que
Eric sentisse o mesmo desejo de sempre.
– Vocês dois são de irmandades rivais e, até agora, têm se mostrado como dois bons
amigos. – completou Kathia, sorrindo. – Isso é inacreditável!
– Ah, eu já disse: não iria desfazer minha amizade com o Eric só porque ele é da Beta.
Pura bobagem isso. – disse Nicholas dando tapinhas no ombro de Eric.
– Vamos entrar pela frente da casa ou pelos fundos? – perguntou Kathia, curiosa.
Os três chegaram aos fundos da Casa Gama e abriram o portão que os levaria para
dentro do clube.
– Vamos! – disse Nicholas, animado. Ele esperou Eric e Kathia entrarem e, em seguida,
fechou o portão.
Estava um pouco escuro aquele local, exceto pela fraca luz de um poste próximo. Pela
luz, que piscava, parecia que aquela lâmpada precisaria ser trocada em breve.
– Vão para o clube a essa hora? – perguntou uma voz vindo na direção dos três. Assim
que a pessoa se aproximou, eles viram que era Michael.
– Ah... Oi, Michael! – saudou Nicholas com um ar superior. – Bela noite, não?
– Estão vindo ao clube a essa hora? – Michael repetiu a pergunta. – E trazendo uma
garota?!
– Sexo a três? – disse Nicholas, sem pudor. – Ficou louco, Michael? Tenha paciência!
Só estamos aqui para estudar... Apenas isso. – e Nicholas ergueu a mochila que trazia
seu notebook.
Eric ficou corado. Imaginou uma possível cena de sexo em que ele, Nicholas e Kathia
seriam os atores principais. Não, isso certamente seria uma completa loucura. Kathia era
apenas uma amiga, uma boa amiga.
– Desde esse semestre! – disse Nicholas dando seu belo sorriso. – Vamos, pessoal! – e
ele olhou para Kathia e Eric.
– Ele é doido?! – exclamou Kathia, baixinho, enquanto caminhava com Eric e Nicholas.
Os três passaram pela área da piscina, onde três ex-alunos e membros antigos do clube
nadavam. Por sugestão de Nicholas, subiriam para o segundo andar daquele espaço, que
nem Eric conhecia.
– Não sabia que tinha esse segundo andar, aqui. – disse Eric, surpreso, enquanto subiam
as escadas.
– Nem eu! – disse Kathia, rindo. Na verdade, ela nunca tinha sequer entrado no MCS.
– Ah, Kathia, você não conhecer, tudo bem. – começou Nicholas. – Mas... Como assim,
Eric? O Steven não lhe apresentou todo o espaço do clube quando você veio fazer sua
inscrição?
– É lindo não é? – dizia Nicholas puxando uma mesinha e três cadeiras para perto da
varanda.
Era incrivelmente gostoso estar ali e sentir aquele ventinho vindo do mar. Dali era
possível avistar uma das praias mais famosas daquela área, bem como a orla toda
iluminada. Até mesmo os carros que passavam, na rua, com seus faróis altos, deixavam
aquela vista ainda mais agradável de se ver.
Os dois riram.
– É por que seu quarto fica com a vista para os fundos. – disse Kathia. – O quarto que
eu divido com Alice, na Delta, também vemos um pouco da praia, mas nada comparado
a essa vista linda.
Só então, desviando seu olhar da vista, Eric parou para analisar aquele espaço. Não era
bem um segundo andar do MCS com mais equipamentos do clube e sim, um simples
terraço todo gradeado. Um terraço bem aconchegante, por sinal: três mesinhas com
quatro cadeiras cada uma; e dois vasos com bonitas plantas compunham o ambiente,
que era iluminado por algumas lâmpadas.
– Bom, vamos começar. – disse Nicholas já sentado à mesa, esperando Eric e Kathia
pararem de admirar a vista. – Hei, pessoal! Vamos!
– Ai, ai... – dizia Kathia se sentando. – Vocês precisam me trazer, aqui, mais vezes.
Esse lugar vai ser muito bom pra nós relaxarmos após provas e seminários estressantes.
– Espero que a nossa amizade continue por muito tempo... – disse Eric, vagamente. Ele
dizia isso ao pensar mais em Kathia do que em Nicholas, afinal, ele não sabia até que
ponto seria bom continuar cultivando a amizade do rapaz, já que ele ainda estava
confuso com tudo o que vinha acontecendo.
– Então vamos fazer uma promessa, um pacto. – começou Nicholas. – Vamos tentar
manter firme nossa amizade, custe o que custar... Mesmo que nós cheguemos a brigar
alguma vez, o que é normal, vamos sempre tentar fazer as pazes e cultivar nossa
amizade. – e terminando sua frase, Nicholas posicionou sua mão no centro da mesa.
Nicholas fechou o ciclo, pondo sua mão em cima da de Eric. Ele não queria admitir,
mas só em ter a mão de Nicholas em cima da sua, Eric sentia-se seguro, bem.
Mesmo que Eric tentasse negar, seu corpo não negaria. Eric sentia todos os sentimentos
que ele havia sentido, antes, quando se apaixonara por outras meninas da sua escola.
Suas mãos ficavam meio geladas quando ia falar com Nicholas; seu coração batia
aceleradamente; sentia alguns arrepios pelo corpo só em pensar nele; e, claro, sentia-se
excitado quando lembrava de Nicholas tomando banho.
Assim que Kathia terminou sua pesquisa, pediu a opinião dos amigos.
– Eu gostei, mas achei mais coisas sobre esse tema. – disse Nicholas mexendo em seu
notebook.
Eric estava tão mergulhado em seus pensamentos que nem sequer ouvira a voz da
amiga.
– Não. – disse Eric fazendo uma cara engraçada. – Desculpa, deixa que eu leio. É
melhor. – e ele pegou o material de Kathia para ler.
Eric não fingia mais para si mesmo: estava completamente apaixonado por Nicholas. A
decisão final havia sido tomada. Mas o que iria acontecer com eles dois? Será que
Nicholas sentiria o mesmo por ele ou o olhar do amigo em seu corpo nu, no banho, foi
pura coincidência? Apesar de estar quase decidido sobre a sua nova opção sexual, Eric
ainda tinha medo. Medo de como encarar essa realidade, medo de como contar isso aos
pais e aos amigos. E será que teria coragem suficiente para contar? Será que precisaria
mesmo contar? E quanto ao Nicholas? O que iria acontecer com eles dois? Só o tempo
poderia responder a essas e outras perguntas que passeavam pela mente de Eric
enquanto ele tentava se concentrar em ler a pesquisa que a amiga fizera para a aula de
Histologia.
Continua...
Nando Gomez
(Cap. 8) A sauna
Notas do capítulo
Agradeço os reviews anteriores,antes de mais nada...
Gente, posso dizer que realmente cansei nesse capítulo 8! rsrs Mas,claro,foi um cansaço
que valeu - e muito! - a pena.
Esse capítulo foi o maior que eu escrevi até agora,nessa história. Pra vocês terem uma
ideia, escrevendo na fonte Calibri, no Word, esse capítulo tem 9 páginas.
Eu sei que muita gente adora capítulos grandes,mas eu ainda prefiro uma coisa mais
compacta,mais simples.
Mas,bem...Esse capítulo tinha mesmo que ser grande,pois é um dos capítulos mais
importantes - e picantes - de toda a história...
O que acontece de tão importante? Leia!! rsrs
BOA LEITURA!
Eric, Nicholas e Kathia terminaram de arrumar a pesquisa por volta das nove horas da
noite. Àquela hora, não havia mais nenhum outro aluno no MCS.
– Foi ótimo termos feito logo esse trabalho. – disse Kathia, animada. – Melhor do que
deixar pra fazer às vésperas.
– Já que não teremos nenhuma atividade para o fim de semana, acho que vou visitar
meus pais. – começou Kathia, sentando-se junto a Nicholas e Eric, outra vez. – É... Tô
pensando em passar o fim de semana, lá, em Phoenix.
– Acho que vou passar o fim de semana com meu pai. – disse Nicholas fazendo uma
expressão entediada. – Esse é o lado ruim de morar na mesma cidade da sua faculdade.
Minha casa longe daqui, mas não tão longe quanto a de vocês.
Eric ficou surpreso ao ouvir aquilo. Então Kathia já conhecia mais segredos do Nicholas
do que ele? Uma ponta de ciúmes começou a faiscar dentro do coração de Eric.
– É... Estamos. – assentiu Nicholas. – Não há outro jeito mesmo. Ele é a única pessoa da
família que tenho pra conversar. Meus tios e primos não moram por aqui. Minha mãe...
– e ele fez uma pausa.
Eric supôs que a mãe de Nicholas tinha falecido, embora não tivesse totalmente certeza
disso.
– E você não tem irmãos né? – concluiu Eric, já sabendo a resposta. Isso ele sabia sobre
Nicholas.
– Pois é... – concordou Nicholas. – Por isso, voltei a falar com meu pai.
Discretamente, Michael tinha subido até o terraço, mas ficou de espreita. Eric e Kathia
não tinham notado, mas Nicholas tinha acabado de destacar a silhueta de Michael os
espionando.
Nicholas fez um sinal discreto, com os olhos, para Kathia e Eric. Ela captou a
mensagem de que tinha alguém ali os observando, mas Eric, distraído, não entendeu.
– Mas então, Kathia... – começou Nicholas, disposto a pirraçar Michael. – O que você
acha do Michael?
Como Kathia tinha entendido o plano, começou a rir. Já Eric ficou sem entender por que
tinham mudado o rumo da conversa tão drasticamente.
– Ah, Nick... – começou Kathia brincando com o cabelo. – Não sei... Acho que o
Michael é meio estranho.
– Ele é tão feinho... – disse Kathia a fim de provocar. – E ouvi uns boatos sobre ele...
Nicholas e Kathia riam sem parar. Michael, escondido, começava a ficar furioso.
– Oh, vocês nunca ouviram? – perguntou Kathia fingindo espanto. Era uma péssima
atriz, mas suficientemente boa para convencer Michael. – Ouvi as meninas
conversando, outro dia, que tem uma história...
– Ei! Veja como você fala com ela, seu idiota! – disse Nicholas se levantando da mesa
para encarar, furiosamente, Michael.
– Por que o senhor estava nos espionando, ouvindo nossa conversa. – concluiu Nicholas
cruzando os braços.
– Mas nós já tínhamos dito que não iríamos fazer nada de errado por aqui. – argumentou
Nicholas, sério.
– E vou deixar claro que isso tudo foi invenção minha, agora. Nenhuma das meninas
falou isso comigo. Aliás, não existe nenhum boato sobre você. – concluiu Kathia. – E...
Ah! Você não é feinho... Foi tudo brincadeira minha. – e ela deu um sorriso torto.
– Chega, Kathia, você já se desculpou... – murmurou Nicholas, baixinho, mas ela não
deu ouvidos.
– Me chama pra sair. – disse ela cruzando os braços. – Isso! Me chama pra sair. É o
mínimo que posso fazer pra me desculpar com você. A gente sai, toma um café ou...
– Jantar! Ótimo! – disse Kathia, sem graça. – Só que amanhã eu não posso. É sexta-feira
e eu vou viajar depois que a aula terminar.
Segundos depois foi possível ouvir, do andar de baixo, gritos e mais gritos de alegria.
Era Michael que comemorava.
– Kah, você ficou louca? – perguntou Nicholas, surpreso. – Sair com o Michael?
– É, Nick... Fiquei realmente mal com o que aconteceu. – disse Kathia, tristonha. – Ele
só tava querendo checar se a ordem do clube estava sendo mantida e...
– Mas, sei lá... Peguei pesado com o lance do hermafrodita. – disse Kathia revirando os
olhos.
– Ele não é feio. – disse Kathia, pensativa. – Só é, bem... Meio nerd né? Usa óculos,
aparelho ortodôntico... – e ela sorriu. – Mas ele é bonito... E é um veterano! – e só então
Kathia se deu conta da condição de Michael. – Meu Deus! Vou sair com um veterano na
segunda semana de aula!
– Mulheres...
– Hei! – disse ela rindo. – Não me abusem só porque sou em minoria, aqui, nesse grupo.
– Pelo menos a Kathia é sortuda sabe, Eric? – disse Nicholas, rindo. – Ela vai sair com o
Michael justo, agora. Imagine se ela conhecesse o Michael na época em que ele ainda
começava a fazer o tratamento para espinhas? Nossa! Coitado... Tinha pena dele.
E os três conversaram por mais um tempo até que decidiram que já era hora de ir
embora. Eric chegou em casa quase dez horas e os Betas ficaram curiosos.
– Fazendo trabalho com meus dois colegas... – começou Eric, nervoso. – Para a aula de
Histologia.
– Certo... Quero dizer onde realmente você estava? – insistiu Mike, curioso. Havia mais
dois Betas, Ian e John, na sala.
– É que preciso arrumar minha mala. – adiantou-se Eric. – Vou pra Nova Iorque
amanhã.
– Não, não... Vou aproveitar e fazer uma visita. – respondeu Eric, sem graça.
– Visita? Cara, só tem uma semana que você deixou sua família lá em Nova Iorque e já
tá com saudades? – perguntou John, rindo.
– Bem, não é só isso... – Eric começou a mentir. – Também preciso ver uma ex-
namorada minha que me mandou e-mails a semana toda...
– Então vamos deixar você ir. – disse Mike, rindo. – Mas no próximo fim de semana,
queremos você aqui, com a gente!
Enquanto Eric arrumava a bagagem, pensava no que John havia dito. Será que Eric já
estava mesmo com saudade de casa? Só havia se passado uma semana...
– Vai ser bom pra você... – murmurou Eric para si mesmo, enquanto dobrava umas
roupas sujas e punha num saco separado. – Dois dias sem ver o Nicholas e...
Ele não conseguiu completar a frase. Se seu coração já tinha mesmo decidido e
concordado que ele estava apaixonado por Nicholas, por que então querer evitá-lo?
Embora tivesse decidido sua posição diante de Nicholas, Eric ainda estava muito
confuso. Afinal de contas, isso não era uma simples situação. Não era algo que se podia
definir e mudar do dia para a noite. Eric estava com medo da sua nova opção sexual e
estava tentando ser o mais cauteloso possível.
Na manhã de sexta-feira, Eric, Nicholas e Kathia tiveram mais uma aula de Bioquímica,
conforme seguia o cronograma. Só, ali, chegando ao fim de uma semana de aula, foi
que Eric percebeu o quanto que ele veria Nicholas diariamente, pelo menos, naquele
semestre. Já era certo ver o amigo todos os dias, exceto quinta. Segunda-feira, eles
tinham aula de Bioquímica juntos. Terça, não tinham aula juntos, mas se viam no treino.
Quarta, além do treino, tinham aula de Histologia. Sexta, outra aula de Bioquímica e o
treino. Totalizando, Eric já sabia que veria sempre o amigo quatro dias por semana.
– Então...? – começou Nicholas, enquanto caminhava com Eric. – Você vai viajar que
horas?
– Pretendo ir depois do treino. – disse Eric, inseguro só por estar conversando com
Nicholas. – Por sinal, devo levar a mala pro MCS. Assim que sair de lá, vou direto para
o aeroporto.
– Hum... Entendi. – disse Nicholas, sério, parando de caminhar. – Bom, eu vou ficar por
aqui. Já tá perto da casa dos Stigmas e não é bom que nos vejam andando juntos não é?
– e ele sorriu.
– É... Beta versus Stigma. – concordou Eric sorrindo também. – Preferia que essa guerra
terminasse...
Uma garota magra, alta e trajando um decotado e curto vestido branco gritava por
Nicholas. Seus cabelos louros esvoaçavam.
– Oi, Marie! – gritou ele, sem graça. E voltou-se para Eric. – Bom, vou aproveitar o
momento pra nós sairmos de fininho. Tchau, Eric. Te vejo mais tarde.
Quem era aquela garota que vestia roupas tão provocativas? O que ela queria com
Nicholas?
Ao chegar em casa, Eric ainda estava furioso com a tal garota chamada Marie e
terminou descontando sua raiva na cozinha, preparando um delicioso almoço para os
Betas.
À tarde, antes de ir para o clube de natação, Eric se despediu de cada um dos Betas e
avisou que retornaria no domingo pela tarde.
Chegando ao clube, ele deixou sua mala, no chão, ao pé do armário do vestiário, e tirou
a roupa, ficando apenas de sunga, branca com estampas verdes.
– E aí, Eric? – dizia Nicholas acabando de chegar ao vestiário. – Tudo bem?
Nicholas foi até seu armário e despiu a roupa, ficando apenas de sunga. Uma sunga
laranja. Essa cor Eric ainda não havia visto o amigo usando...
Eric tentava ouvir com quem ele falava e percebeu que o amigo falava ao celular.
– Pode ser assim que eu sair do treino, certo? Isso, acaba às cinco da tarde. – disse ele,
empolgado. – Então combinado! Vocês vem me pegar, aqui, no MCS? – e ele fez uma
pausa. – OK. Tchau, Brian!
Brian? Então será que o tal Brian também estava roubando o coração de Nicholas? Eric
engoliu em seco. Sua imaginação fértil estava lhe deixando louco.
– Ah, oi! – disse ele, sem graça. – Então... Foi sua namorada que ligou? – Eric se
arrependeu de ter perguntado aquilo. Que ideia mais absurda! Mas veio como um
impulso, foi algo incontrolável.
– Ah, foi mal... – desculpou-se Eric. – É que eu achei que aquela garota que vimos de
manhã... A Marie...
– Que bom! – disse Eric, sem querer. – Digo... Que legal que ela é sua amiga e... – ele
não sabia mais o que dizer. Que mancada!
– Meu amigo Brian foi quem me ligou. – disse Nicholas enquanto passava a mão no
cabelo. Aquilo o deixava tão sexy... – Ele disse que vem me buscar depois do treino.
Reuniãozinha com a galera, sabe? Meus dois amigos, Anna e Thiago, virão com ele e,
depois, vamos a algum restaurante.
– Ah, sei... – Eric se perguntou por que Nicholas estava dando tantas informações,
agora.
– Desculpa, Eric. Como eles não te conhecem... Não vou te levar... – disse Nicholas,
sem graça.
Eric corou. Então ele era importante para o Nicholas? Tinha gostado de sentir isso.
– Bom, vamos indo pra piscina. Tá na hora do treino. – disse Eric olhando ao redor e
não vendo mais nenhum rapaz no vestiário.
O treino havia sido o mais cansativo de toda a semana: Eric havia feito muitos
exercícios de respiração e nadado bastante. Para a sorte de Eric, o treinador havia
liberado vinte minutos mais cedo.
– Podem ir, rapazes! – disse o treinador depois de usar seu apito. – Até terça-feira!
Eric começou a gelar. Sabia que o momento que ele sempre temia estava próximo:
enfrentar os chuveiros.
– Sabe... – começou Nicholas assim que saiu da piscina. – Como o treino acabou mais
cedo, vou usar a sauna. Por que você não vem comigo?
– Faz assim: eu peço pro Brian te levar ao aeroporto. – concluiu Nicholas, satisfeito. –
Tem muitos restaurantes bons por ali e já faz tempo que o pessoal não vai lá. Eu peço a
ele pra te dar essa carona.
– Vai, Eric! – insistiu Nicholas. – E você ainda vai economizar o dinheiro do táxi! – e
ele riu.
– Está bem. – concordou Eric, enfim. – Mas... Você vai tomar banho antes de ir pra
sauna?
– Não, não... Só vou tirar a sunga e por uma toalha. – disse Nicholas, animado.
– Tudo bem. – disse Eric, nervoso, entrando no vestiário junto com o amigo.
Muitos rapazes, só de toalha, circulavam por lá e isso deixava Eric quente. Muito
quente. Enquanto Eric teve todo o trabalho de amarrar a toalha em sua cintura e ir
tirando a sunga, por baixo, para que não ficasse nu na frente dos outros; Nicholas,
simplesmente, tirou a sunga, ficou nu e depois, amarrou a toalha em sua cintura. Para a
sorte (ou azar) de Eric, ele não flagrara o corpo nu de Nicholas, desta vez.
Assim que eles entraram na sauna, encontraram Lionel Strauss, um dos ex-alunos que
fazia parte do MCS.
– Oi, Lionel! – saudou Nicholas, com um sorriso perverso, assim que entrou na sauna
com Eric.
– Desculpe, garoto. – disse ele virando-se para Eric. – Mas, vou saindo... – e ele encarou
Nicholas – O ambiente ficou pesado... – disse Lionel levantando-se e saindo da sauna.
– Ah, Eric, não liga pra ele. – disse Nicholas sentando-se no banco. – Ele é cinco anos
mais velho que eu e... – Nicholas revirou os olhos. – Ele era aquele veterano que
adorava pirraçar os calouros, sabe? Mas você sabe como minha fama de rebelde é
famosa não é? Pois bem, eu também pirracei muito esse veterano, na época, e até hoje,
ele sente uma raiva intensa de mim.
O vapor quente da sauna começava a fazer o suor de Eric sair pelos poros da pele.
Ele estava adorando aquele momento com Nicholas, embora tivesse medo e insegurança
de estar, ali, com o amigo.
Depois disso, eles levaram uns segundos sem falar nada. Eric se controlava firme para
não se excitar. Era impossível não observar as gotículas de suor escorrendo pelo lindo
peitoral de Nicholas. “Como eu queria ser uma gotinha daquelas” pensou Eric.
Nicholas havia flagrado, outra vez, Eric com o olhar em seu corpo.
Os dois continuaram sentados lado a lado. Mais uns segundos se passaram, em silêncio,
e o que viria depois nem Eric poderia imaginar. Nicholas pôs a mão no ombro do
amigo, que ficou surpreso, mas não fez nada. Em seguida, começou a deslizar sua mão
pelo braço de Eric até pegar na mão dele. Eric ficou corado, mas não reagiu. Por
segundos, as mãos ficaram juntas, uma sob a outra.
– Eric, eu... – começou Nicholas, sério. Seu coração batia forte. – Sente isso... – e ele
pegou a mão de Eric e pôs em cima do seu peito.
– Eric, eu... – começou Nicholas, outra vez – Eu tô apaixonado por você... É isso. –
disse ele, por fim. Finalmente o segredo que tanto escondera havia sido libertado.
Eric ficou sem ação, boquiaberto. Na sua mente, uma voz dizia: “Parabéns, garoto!
Você conseguiu!”. Outra voz dizia: “Isso é loucura! Nem pense nisso...”
Eric deu ouvidos à voz que o encorajava e, por segundos, parecia estar sentindo fogos
de artifício saindo do seu peito, assim como no vídeo “Firework” da cantora Katy Perry,
que ele tanto gostava.
Nicholas achou Eric surpreso demais e sentiu ter cometido um erro grave.
– Nicholas... – disse Eric, nervoso. Seu coração batia tão forte como no dia que havia
saído correndo do MCS até a casa dos Betas.
– Nicholas, eu... – começou Eric, se levantando do banco. – Eu sinto o mesmo por você.
– e ele ficou, de pé, frente a frente com o rapaz. Eric gostava de ser uns centímetros
mais baixo que Nicholas. Isso fazia com que se sentisse protegido ao lado do rapaz,
mais alto que ele.
Os dois trocaram olhares, que pareciam brilhantes, por segundos. Os olhares dos dois,
agora, se cruzavam mais do que nunca.
De impulso, Nicholas avançou para Eric e começou a beijá-lo. Um beijo que começou
rápido, fatal e foi, aos poucos, ficando mais lento, mais suave e, claro, mais gostoso.
Eric envolvia as costas de Nicholas com seus braços. Ele queria ter o rapaz o mais
próximo possível do seu corpo. O beijo não tinha parado, pelo contrário, havia
acelerado seu ritmo outra vez e, agora, os dois se beijavam calorosa e loucamente.
Envolvido pela tensão, pelo calor, por tudo, Nicholas puxou a toalha de Eric e a jogou
longe deles. Eric ficou um pouco desconcertado com isso, mas gostou. Seu sexo estava
chegando ao ponto alto da rigidez. Nicholas tirou sua própria toalha, em seguida, e
também a jogou no chão. Os dois estavam, agora, abraçados, enquanto se beijavam.
Dois corpos nus, suados, envolvidos num gostoso abraço. Os membros, rígidos feito
duas lanças, se roçavam numa sensação deliciosamente boa.
Eric também não estava só parado: enquanto Nicholas o atacava da melhor forma
possível, ele descia suas mãos pelas costas do rapaz, chegando até as nádegas e dando
gostosos e repetidos apertos.
Aquele momento não poderia ser melhor e mais gostoso. Dois corpos suados se
envolvendo cada vez mais. O ápice da paixão, o ápice da loucura... Eles continuariam a
cena até Deus sabe onde, mas foram interrompidos por constantes barulhos de buzinas
de carro e, depois, por alguém que gritava um nome.
– Nicholas! Vamos! – gritava uma voz, estranha para Eric, conhecida para Nicholas. Era
Brian, seu amigo.
– Eric... – disse Nicholas antes de saírem da sauna. – Se você não quiser seguir em
frente, eu te entendo... Isso é bem confuso e...
– Quero seguir em frente, sim. – disse Eric, sério. Seu rosto queimava de tanto calor,
nervoso, paixão...
– Vem cá, me dá mais um beijo... – pediu Nicholas e os dois se beijaram mais uma vez.
O que aconteceu a seguir foi tudo muito rápido. Eles correram para o vestiário,
completamente vazio, e vestiram suas roupas, sem tomar banho.
– Claro que é. – adiantou-se Nicholas pegando, além de sua mochila, a pesada mala de
viagem que Eric deixara no chão. – Vamos. Pode deixar que eu carrego.
– Não precisa, Nick... – disse Eric, sorrindo, sem graça. As imagens do momento que
tivera com o amigo, na sauna, não saiam da sua cabeça.
– Hei, Nick! – saudou Brian, em pé, ao lado do carro. Era um rapaz tão bonito quanto
Nicholas, embora Eric achasse Nicholas incrivelmente mais bonito. Brian era moreno e
usava bermuda jeans, uma camiseta branca e uma camisa xadrez de manga, por cima,
deixando seu visual bem moderno e despojado. Dentro do carro, no banco do carona,
uma linda mulher, que Eric identificou como Anna, amiga de Nicholas. Era ruiva e
tinha uma extensa cabeleira. Usava uma blusa preta bem decotada e uma calça jeans
bem justa. No banco de trás, Thiago esperava, impaciente, por Nicholas. Thiago tinha
um tipo físico que lembrava Michael, o rapaz da Gama com quem Kathia decidira sair.
Thiago, porém, não usava aparelho ortodôntico nem óculos. Ele usava uma camiseta
verde e uma bermuda floral.
– Esse aqui é meu amigo, Eric. – adiantou-se Nicolas, pondo a mão no ombro de Eric. –
Ele tá indo pro aeroporto e eu estava pensando... A gente não podia aproveitar e deixar
ele lá?
– Hum... – dizia Brian sentando-se no banco do motorista. – É, por mim tudo bem.
– Vou abrir o porta-malas pra vocês. – disse Brian acionando um botão no painel do
carro.
– Vem, Eric. – pediu Nicholas. Os dois contornaram o carro e Eric guardou sua mala.
Eric e Nicholas sentaram-se no banco de trás do carro, ao lado de Thiago. Mais
precisamente, Nicholas sentou-se entre Eric e Thiago (sentado atrás do banco do
carona).
– E então...? – começou Anna, virando seu pescoço para que olhasse bem para Eric. –
Você se chama Eric não é?
– Hum... – disse Anna, pensativa. – Pelo que eu lembre, “Eric” significa senhor
absoluto e indica uma pessoa caridosa, embora cheia de ambição e de vontade de
exercer domínio sobre os outros e...
– Você ainda não conhece essa criatura! – exclamou Nicholas, sem graça. – Ela é
viciada em significado de nomes. Conhece vários, de tanto que pesquisa.
Aquela sexta-feira estava sendo realmente incrível para Eric. Nicholas e ele haviam
revelado seus desejos mais secretos e haviam se beijado tantas e tantas vezes num único
momento. Um maravilhoso e delicioso momento a sós, o qual Eric sabia que nunca iria
esquecer. Afinal de contas, fora seu primeiro contato, seu primeiro beijo com um rapaz,
com uma pessoa do mesmo sexo. Enquanto trocavam carícias nas mãos, Eric já rezava
para que o fim de semana passasse rapidamente, pois só assim, poderia rever Nicholas e
finalmente arranjar um tempo para conversar, com calma, sobre o que realmente tinha
acontecido e o que iria acontecer entre eles.
Continua...
Nando Gomez
(Cap. 9) Efeito Eric
Notas do capítulo
Pessoal, através de letras e mais letras, aqui, talvez não seja possível demonstrar a
minha felicidade com os reviews que recebi no capítulo anterior. Se exclamações forem
suficientes...Bom,então digo que eu fiquei super feliz!!!!!!!!!!!!!!!!!!! rsrs
Sinceramente,adorei as palavras de cada um de vocês que estão acompanhando essa
história. Só tenho realmente a agradecer...MUITO OBRIGADO,pessoal! O Cap.9 não
tem cenas picantes,vou logo adiantando...rs Mas,tem muitas cenas
interessantes,digamos assim... Só me resta,então,desejar-lhes... BOA LEITURA!
– Ah, Nick, você deveria ter nos apresentado o Eric logo, poxa! – disse Anna fazendo
beicinho. – Ele é super legal!
– É... Vamos marcar um dia pra sairmos juntos de novo... E aí, você vem com a gente,
Eric. – disse Thiago, gentil.
– Combinado! – disse Eric, animado. – Bom, pessoal, agora tenho mesmo que ir. – e ele
virou-se para Nicholas, nervoso, e segurou o ombro do rapaz. – Tchau, Nick. Tchau,
pessoal. – e ele abriu a porta do carro.
Eric pegou sua mala e voltou-se para se despedir dos amigos mais uma vez.
– Te vejo na segunda-feira, Eric... Até lá! – sua voz era calma e seu rosto era de um
apaixonado.
– Ah, gente... – Nicholas estava realmente envergonhado. Seus melhores amigos eram
umas das poucas pessoas que sabiam que ele era gay. Brian era bissexual; Anna, hetero
e Thiago, gay. Nem o próprio pai de Nicholas sabia sobre a verdadeira opção sexual do
filho, que escondia isso muito bem, sempre com alguma namorada de fachada. –
Digamos que...
Nicholas estava nervoso diante dos amigos. Isso nunca lhe acontecera antes. Eric
realmente tinha mexido com ele.
– Quantos anos ele tem, Nick? Tem cara de ser bem mais novo que você... – disse
Brian, enquanto dirigia atento.
– Ele tem 20 anos, Brian... – disse Nicholas, pensativo. – Apenas cinco anos mais
novo...
– Gente, o Nick tá muito apaixonado! – exclamou Thiago, rindo. – Dá pra ver nos olhos
dele.
– Pessoal, vocês estão me deixando sem graça! – disse Nicholas olhando a rua pelo
vidro da janela.
– Ah, não... Não é possível! – disse Brian enquanto desviava o carro para outra pista.
– Então vai ser um romance à moda de Romeu e Julieta? Irmandades rivais... Oh, meu
Deus! – dizia Anna, freneticamente.
– Vocês dão sorte porque já se formaram e nem estão mais lá na Miami College. – disse
Nicholas, sério. – Essa rivalidade entre a Beta e a Stigma está cada dia pior.
– Quem mandou você trancar o curso? – disse Thiago fazendo uma expressão zangada,
embora irônica. – Atrasou tudo né?
– Mas acho que Eric vai ser uma luz no seu caminho, agora. – disse Anna. – Ele vai te
botar nos eixos, outra vez.
Eric dera sorte, no aeroporto. Conseguira comprar a passagem para um vôo que estava
perto de chegar. Não demorou muito e o futuro namorado de Nicholas já estava
embarcando.
Assim que chegou em Nova Iorque, Eric ligou para os pais e logo, logo o irmão chegou
para buscá-lo.
– Daniel?! Que surpresa! – disse Eric, rindo. – Achei que meu pai viesse me buscar.
– Pois é... Por sorte, eu estava na nossa casa quando você ligou e aí, resolvi te pegar no
aeroporto. Vamos pro carro.
O irmão mais velho de Eric tinha 27 anos, era formado em Direito e trabalhava como
advogado em Nova Iorque. Daniel estava noivo e decidido a se casar ainda naquele ano.
Muitas vezes ele passava dias e dias fora de casa, dormindo na casa da noiva, Hanna.
Daniel era como um Eric mais velho. Os dois eram bem parecidos, exceto que Daniel
usava barba e óculos, além de ser mais alto.
– E como vai a Hanna? – perguntou Eric assim que entrou no carro do irmão.
– Bom, ela está ótima... O pai dela é que não passou muito bem esses dias... – disse
Daniel pondo o cinto de segurança. Eric fez o mesmo. – Ele até ficou um dia no
hospital, mas já está em casa.
– Nossa! – exclamou Eric, assustado. – Mas já está tudo bem mesmo né?
– Sim, graças a Deus. – disse Daniel já dando partida no carro e começando a dirigir.
Quando Eric chegou em casa, foi recebido pelos pais com o maior entusiasmo possível.
– Meu garoto mais novo já está na universidade... É, querida, estamos mesmo ficando
velhos. – disse o pai fazendo cara de preocupado.
– Oh, querido, deixe disso! – disse a mãe de Eric indo até o marido e o beijando na
testa.
– Desde quando, numa irmandade, iriam cuidar de alguém? – disse Daniel, incrédulo
com a pergunta que a mãe fizera. – Eu sei bem como são essas irmandades... Cada um
cuida de si mesmo.
– Eu dividia um quarto com mais dois rapazes, na época. – disse Daniel sentando-se,
mais calmo, no sofá.
Depois de mais conversas, a família jantou, já tarde, e depois, Eric foi ao seu querido
quarto. Bem diferente do quarto na casa dos Betas, o quarto de Eric era repleto de
coisas. A cama ficava no canto do quarto e na parede em que a cama ficava encostada,
havia um mural com várias fotos e alguns avisos. Ao lado da cama, uma mesinha de
cabeceira com uma luminária e um porta-retrato que trazia a foto de Eric e seu irmão,
Daniel.
De uma coisa, porém, Eric sentia falta, ali: não havia aquela maravilhosa varanda. A
varanda que lhe servia de refúgio quando precisava pensar em certas coisas...
Eric tirou o celular do bolso da mochila para ver se alguém tinha ligado, ou melhor, para
ver se Nicholas tinha ligado, mas não havia nenhuma ligação não atendida.
– Ele tá com Anna, Brian e Thiago... Pra que iria me ligar? – murmurou para si mesmo
enquanto deitava na sua gostosa cama.
Como era bom estar de volta, mesmo sendo por duas noites apenas. Era bom estar na
segurança e conforto do seu quarto e saber que nenhum Beta iria invadir pra perguntar
alguma coisa. Eric riu ao se lembrar de quando entrou na casa dos Betas pela primeira
vez e quiseram arrancar-lhe a cueca, de brincadeira. Por um momento, sentiu falta dos
Betas.
Como não havia nada em sua vida, no momento, que fosse mais forte do que havia
acontecido na sauna, naquele dia, seus pensamentos voltaram a focar Nicholas. Parecia
que só agora Eric tinha realmente acreditado em tudo o que acontecera.
– Eu beijei ele... – disse Eric, baixinho, encolhido na cama. – Ele tá apaixonado por
mim...
Eric revelava seus sentimentos, ali, em seu mundo particular: seu quarto. Ele estava
muito feliz e satisfeito com o que acontecera entre ele e Nicholas, embora ainda confuso
e com medo. Apesar de querer aproveitar todos os momentos, ali, em casa, em Nova
Iorque; ele queria logo voltar para Miami, para conversar com Nicholas. Eric
adormeceu pensando no seu querido amigo de Miami, que lhe deixara no ápice do
êxtase, na sauna.
No dia seguinte, Eric acordou quase nove horas da manhã, assustado. Como, na noite
anterior, havia dormido sem perceber, deixara as cortinas abertas e o sol, agora,
perturbava seu rosto.
Ele se levantou e verificou que realmente tinha dormido direto, sem mesmo ter
escovado os dentes ou trocado de roupa. Eric vestia a mesma roupa com a qual viajara
para Nova Iorque. Correu à cozinha e encontrou a mãe preparando o almoço.
– Mãe, por que ninguém me chamou? – perguntou Eric, atordoado. – Ah, Eric, você
deve estar acordando cedo esses dias todos, agora, na faculdade. Não custava nada
deixar você dormir até mais tarde, hoje. É sábado, querido! Aproveite!
– Mas... – dizia Eric, sério. – E por que ninguém me chamou ontem? Eu dormi e nem vi
a hora. Nem troquei de roupa!
– Você estava cansado, querido. – concluiu a mãe. – Você mesmo disse, ontem: teve
aula, treino no clube de natação e ainda viajou! Tudo isso cansa. – Eric sorriu.
Depois de fazer sua higiene matinal e tomar um café-da-manhã reforçado, Eric saiu de
casa e resolveu dar uma volta pelas ruas da cidade.
Ao virar-se, Eric encontrou um rapaz mais ou menos da sua altura, porém mais branco.
Era louro e usava uma camisa preta e uma calça branca xadrez. O rapaz segurava duas
sacolas de compras.
– Cara, você tá com uma corzinha bem no estilo Miami viu? – disse Sean, rindo. – Está
pegando muitas praias ou estudando, rapaz?
– É impressão sua, Sean. – disse Eric conseguindo voltar a ficar sério. – Não fui à praia
em nenhum desses dias lá.
– Ah, que chato! Mas e esse bronze todo? – perguntou o amigo, curioso.
– Ah, sei lá... Deve ser o sol por lá mesmo... – e Eric ria outra vez.
– Poxa, eu nem sabia que você ia vir pra cá esse fim de semana. – lamentou-se Sean. –
Você nem me avisou né?
– Ô, amigo... Desculpa. – disse Eric revirando os olhos. – Eu ainda não tinha muita
certeza se viria. Avisei aos meus pais já em cima da hora e...
– Tudo bem. – adiantou-se Sean. – O importante é que você está aqui, agora.
– Bom, eu tô estudando de novo para o vestibular pra ver se tiro uma nota melhor e
consigo uma bolsa de estudos, como você. – disse Sean, pensativo.
– Fica tranqüilo que você vai conseguir. – assegurou Eric, animando o amigo.
Eric engoliu em seco. Ele sabia que não tinha parado tanto para admirar a beleza
feminina de Miami, mas sim, a beleza masculina, principalmente dos garotos do
vestiário do MCS e, claro, do seu Nicholas.
– Ah, sim, claro! – fingiu Eric, empolgado. – São muito lindas... Gostosas demais.
– Senti firmeza, cara! – disse Sean. – Estou achando que, em breve, você trará uma
namorada de Miami para a gente conhecer.
– Eric, a conversa tá boa, mas eu vou ter que ir. – disse Sean, pensativo. – Minha mãe tá
esperando eu levar isso aqui... – e ele mostrou as sacolas de compras. – Ela quer
incrementar no almoço, hoje. – e ele riu.
– Mas, poxa... – disse Sean, pensativo. – O pessoal já sabe que você tá em Nova Iorque?
– Então vamos marcar alguma coisa para hoje à noite. – disse Sean, animado.
– Tudo bem, seu chato. – disse Sean, rindo. – A gente pode marcar alguma coisa na casa
de alguém mesmo. Vou falar com o pessoal e te ligo mais tarde.
Os dois se despediram e cada um tomou seu rumo. Enquanto Sean foi pra sua casa, Eric
continuava passeando pelo Central Park. O que será que Nicholas estaria fazendo a uma
hora daquelas? Era o que Eric se perguntava enquanto caminhava.
– O que será que o Eric está fazendo agora? – murmurava Nicholas para si mesmo, em
seu quarto, na sua casa, que ficava bem distante da faculdade. Nicholas tinha decidido
passar o fim de semana com seu pai, na mansão em que morava. Nicholas ainda não
tivera a chance de revelar esse segredo para Eric: ele vinha de uma família bastante rica.
Seu pai era dono de uma rede de restaurantes muito badalados, não só em Miami, como
em várias outras cidades e estados.
– Ele ainda não tomou café? – perguntou Nicholas, intrigado. – Estranho. Ele sempre
acorda cedo e...
– Ele está esperando o senhor. – adiantou-se o mordomo.
– Tudo bem, Arthur. Avise a ele que já estou indo. – respondeu Nicholas levantando-se
da cama.
O mordomo saiu do quarto e Nicholas refletiu melhor toda a situação que vivia com seu
pai. Tinham brigado naquela semana e já haviam feito as pazes. Seu pai era realmente a
única pessoa da família que tinha para conversar.
– Bom dia, pai. – disse Nicholas, chegando à sala onde o pai o esperava, sentado à mesa
que continha comida suficiente para alimentar dez pessoas. Duas jarras de suco, de
laranja e de abacaxi; bolos de chocolate; pães quentinhos; waffles e algumas frutas eram
exemplos do que compunham a mesa.
– Filho, eu... – começou o pai, sério. Era um homem de meia-idade, praticamente calvo
e usava um terno bastante elegante. – Fiquei feliz que você resolveu passar o fim de
semana comigo.
– E fiquei feliz por nós termos voltado a nos falar. – concluiu o pai.
Nicholas sentiu uma pontada no coração. Se essa cena acontecesse nos tempos antigos,
em que a rebeldia de Nicholas era realmente grande, ele certamente iria soltar alguma
piada para o pai. Mas, agora, as coisas estavam realmente diferentes. Nicholas parecia
mudado. Mudado por causa de Eric, principalmente. O sentimento que havia construído
por Eric era tão forte que estava interferindo em diversas coisas na sua vida.
– Com certeza, pai... Foi a melhor coisa que fizemos. – disse Nicholas sorrindo. – Foi...
Foi horrível ficar sem falar com o senhor.
O pai sorriu e tentou mudar a conversa para que não se emocionasse muito a ponto de
chorar.
– Como vão as coisas na Miami College, Nick? – perguntou o pai, depois de beber um
gole de suco de laranja.
– Acredite se quiser, pai, mas me sinto bem melhor lá, agora. – dizia Nicholas passando
geleia de morango numa torrada. – Sinto que as coisas vão melhorar.
– Senti um tom de confiança em sua voz. Isso é muito bom, rapaz. – elogiou o pai. – E é
isso mesmo o que eu espero de você: que termine de uma vez essa faculdade e que, em
breve, se case.
– Afinal de contas, seu pai não vai durar a vida toda, você sabe. – ele continuou. – E
você, como meu herdeiro, deve chefiar a minha rede de restaurantes.
– Mas, pai... Eu curso Odontologia. Não entendo nada de administração de empresas e...
– Isso não é problema. – adiantou-se o pai. – Só espero que você continue com o meu
negócio e não o deixe parar de prosperar, filho. Era o sonho de sua mãe, que Deus a
tenha...
O resto do café-da-manhã não foi tão bom quando Nicholas esperava que fosse. O pai
ficou lhe enchendo a cabeça falando sobre as coisas da empresa.
– Oi, Nick... – disse Eric, nervoso. Sentiu sua voz meio trêmula, as mãos começando a
gelar e o rosto começando a ficar quente.
– Estou bem... Melhor, agora, ouvindo sua voz. – disse Eric, de uma vez.
Nicholas ficou desarmado ao ouvir aquilo. Eric havia lhe deixado surpreso com o
comentário.
– Eu também não paro de pensar em você, Nick. – disse Eric deitando-se na cama.
Nesse momento, sua mãe passava pelo corredor da casa e como a porta do quarto de
Eric estava entreaberta, a Sra. Matthews ouvia a conversa.
– Estou doido para que segunda-feira chegue logo! – disse Nicholas rindo. – Quero te
ver... Preciso te ver.
– Espero que você não esteja arrependido com o que aconteceu ontem. – disse Nicholas,
inseguro.
– Não, não... De jeito nenhum! – adiantou-se Eric, sério. – Não me arrependi de jeito
nenhum. Foi... Foi a melhor coisa que me aconteceu nessa semana.
Nicholas, mais uma vez, fora surpreendido pelas palavras do futuro namorado. A mãe
de Eric ainda escutava a conversa, intrigada.
– Bom, fico realmente feliz em ouvir isso. – concluiu Nicholas, satisfeito. – Mas preciso
desligar, agora, certo? A gente se fala depois.
– Claro, claro.
Assim que desligou o telefone, Eric deu um longo suspiro e fechou os olhos.
– É... Bom... – Eric começava a se atrapalhar. – Nicole, uma garota da minha sala.
– Oh, sim! – exclamou a mãe. – Me desculpe, mas não pude deixar de ouvir sua
conversa.
– O que você quer saber, mãe? – perguntou Eric, quase sendo ignorante com a mãe.
– Você já está namorando essa tal de Nicole? – perguntou a mãe, aflita. – Por que você
sabe não é? Só se conhecem há uma semana e...
– E eu ouvi você falando que não se arrependeu de alguma coisa que você fez com
essa... Nicole. – concluiu a mãe, séria. – O que quero dizer é... Bem, use camisinha,
querido. – a mãe estava corada. – Sempre use camisinha. Se proteja e...
– Mãe! – dizia Eric corando também. – Aula de Educação Sexual, agora, não né?
Eric respirou fundo e agradeceu a Deus por não ter chamado Nicholas pelo nome e sim
pelo apelido. Caso contrário, a mãe descobriria tudo.
Logo em seguida, cortando seus pensamentos, o celular tocou de novo e, desta vez, era
Sean.
– Eric? – dizia o amigo, do outro lado da linha.
A voz de Eric estava diferente, quase inaudível. Ele ainda estava pensativo, depois do
quase flagra que a mãe lhe dera. Quer dizer que teria que trancar a porta do seu quarto,
de agora em diante, assim como fazia na Irmandade Beta?
– Sim, tá tudo bem sim. – disfarçou Eric. – E aí? Ligou para o pessoal?
– Claro! – disse Sean, enérgico. – Kate, Ashley, Jenny, Tony e Vinny já confirmaram
suas presenças.
– Sim, mas tem gente que não vai poder ir. – lamentou-se Sean.
– Então fique ligado no horário. – começou Sean, animado. – Vamos fazer uma
reuniãozinha na casa do Vinny, às oito.
Assim que terminou a ligação, Eric se animou mais com a ideia de rever os amigos.
Alguns, hoje em dia, não eram mais tão próximos, mas mesmo assim continuavam com
os rótulos de “amigos”.
– Sim, Arthur? – disse Nicholas parando de ler o livro de Histologia e focando sua
atenção no mordomo.
– Está estudando! – exclamou o mordomo que aparentava uns sessenta anos. – Isso é
um milagre!
– Não, senhor. – adiantou-se o mordomo. – Longe de mim, fazer uma coisa dessas...
Estou orgulhoso do senhor.
Eric decidira, depois de muito tempo, vestir uma calça jeans e uma camisa de manga na
cor vermelha. Por fim, calçou seus tênis novinhos.
– Já vai sair, filho? Não vai jantar com a gente? – perguntou a mãe, tristonha, ao ver o
filho chegar na sala todo arrumado e bastante cheiroso. A mãe arrumava a mesa para o
jantar.
– Não, mãe. Desculpe. – disse ele, por fim. – Vou me encontrar com o pessoal na casa
do Vinny.
– Prometo que não vou voltar tão tarde assim. – disse Eric tranqüilizando a mãe.
– Tudo bem, querido. Divirta-se. – disse ela, sorrindo. – E quanto àquela conversa que
tivemos hoje à tarde... Bem, esquece aquilo viu? Sua mãe está mesmo ficando doida...
– Não, mãe... Não tem problema. – disse Eric a abraçando. – Tudo bem.
Eram sete e meia quando Eric saiu de casa. Enquanto esperava, no hall, pelo elevador,
ele pensava no quanto que seria bom rever seus amigos e amigas. Eternos confidentes
de tantos e tantos segredos. Foi quando Eric parou por uns segundos e pensou melhor na
condição dos amigos. Não seriam, agora, tão confidentes assim, já que o seu segredo
sobre Nicholas, por exemplo, ele não estava disposto a dividir com absolutamente
ninguém.
Continua...
Chegando ao edifício que Vinny morava, Eric subiu até o apartamento do amigo e lá
encontrou a maior parte dos amigos convidados. Apenas alguns não haviam chegado
ainda.
– Vinny! – disse Eric, animado, cumprimentando o amigo. – Seus pais não estão em
casa?
– Eric, eu fiz esse bolo só pra comemorar que você tinha voltado. – disse Ashley, a
melhor amiga de Eric, apontando para um bonito bolo de chocolate, na mesa da sala.
Ashley tinha a pele bem alva e cabelos castanhos cacheados.
– Senti sua falta, cara. – disse Tony dando tapinhas nas costas de Eric. – Está sendo
realmente difícil sair só com o Sean pra azarar as gatinhas nas festas. – e ele riu do
próprio comentário. – Você é que era o nosso ímã de mulheres.
– Tony! – vociferou uma voz feminina vindo na direção de Eric. – Desculpe, Eric. –
disse Kate mais mansa. – É que eu e o Tony estamos ficando e...
– E só por isso eu não posso mais falar sobre as gatinhas? – perguntou Tony, bravo,
cruzando os braços.
Enquanto o casal se distanciava de Eric, a campainha da casa tocou mais uma vez e,
agora, chegava Jenny, outra “amiga” de Eric. O que ninguém sabia é que Jenny traria
consigo uma pessoa que Eric não esperava ver naquela noite: sua ex-namorada.
– Calma, Eric... – disse Ashley, sua fiel amiga, segurando o ombro dele.
Eric não gostava de relembrar os motivos da sua separação, principalmente, agora, que
já havia a esquecido e Nicholas dominava o seu coração. Mas, infelizmente, a situação
exigiu que Eric fizesse um flashback na sua mente. Eric se lembrou, com pesar, que ele
e Susan havia terminado por uma razão um tanto sem graça, mas justa, segundo ele.
“Eles estavam numa grande festa dada por Jenny, para comemorar seu aniversário.
Tudo começou quando Jenny inventou um jogo de apostas onde quem conseguisse
realizar todas as provas, venceria. O detalhe, porém, era que no jogo só participariam as
garotas da festa. Algo realmente bobo, segundo Eric. O fato é que tanto Jenny quanto
Susan e as outras amigas delas, que Eric realmente não gostava, tinham tomado alguns
drinks na noite em que fizeram o jogo das apostas e, por isso, estavam super
descontroladas.
– Agora, faço a aposta final para... – dizia Jenny segurando o microfone. – Você, Susan!
– Vamos ver se Susan vai mesmo ganhar a aposta. – começou Jenny, animada. – Susan,
eu aposto que você não dá um beijo de língua no Robert, seu primeiro amor. Aproveite,
querida! Soube que o Robert, aqui, está solteiro. O rapaz sorria, maliciosamente.
Eric ficou surpreso ao ouvir aquilo. Ele sabia sobre o primeiro amor de sua namorada,
mas não esperava que aquilo ficasse tão explícito, ali, na festa. Por coincidência, Robert
estava perto do palco. Ele tinha sido convidado para a festa.
Susan olhou triste para Eric. Ela tinha bebido demais para alguém da idade dela. Já não
estava raciocinando tão bem.
– Eric... – disse ela chegando perto dele. Seu hálito revelava o álcool que havia bebido.
– Deixa eu dar um beijo no Robert, vai.
– Susan! – exclamou Eric, furioso. – Tenha paciência. Essa brincadeira idiota da Jenny
já passou dos limites!
– Ui! O casal vai brigar, gente! – dizia Jenny, rindo, no palco. Algumas pessoas riam
também.
– Susan, você não é mais criança. – disse Eric, sério. – Faça o que você quiser. Pra mim,
já deu!
– Oba! – disse Susan, sem entender. Voltando ao palco, agarrou Robert pela camisa e
deu um longo beijo nele.
Muitos, na festa, soltavam gritos eufóricos e outros, vaias. Eric sentiu um ódio
corroendo-lhe o peito e se segurou para não deixar uma lágrima cair. Deu as costas e foi
embora da festa.
– Eric, volta aqui. – gritava Ashley, preocupada, mas a gritaria dos jovens foi
suficientemente grande para Eric não conseguir ouvir.
E assim terminou aquela noite...”
– Oi, Eric... – dizia Susan, sem graça, ao encarar o ex-namorado, ali, na casa de Vinny.
Susan era um exemplo de beleza perante as amigas: era alta, magra, tinha longos e lisos
cabelos negros e seus olhos, verdes, eram o que mais lhe chamavam a atenção.
– Como é que você tem coragem de vir, aqui, e falar assim comigo como se nada tivesse
acontecido? – disse Eric, corando, nervoso.
– Opa, galera! – gritou Vinny mais alto ainda. – Não vai rolar estresse, aqui, não né?
Fizemos essa reuniãozinha para comemorar que o Eric tá na Miami College e
comemorar que nosso amigo veio nos ver neste fim de semana.
– Eric... – começou Susan, baixinho. – Já faz seis meses que aquilo aconteceu.
– E você não sabe o quanto que eu me arrependo do que fiz com você. – concluiu
Susan, nervosa. – Toda a humilhação que te fiz passar e...
– Chega, Susan, por favor. – disse ele, sério. – Eu não quero ouvir mais nada sobre isso.
Não existe mesmo chance de nós voltarmos a namorar. Esqueça isso! – e dizendo isso,
Eric correu para o quarto de Vinny e bateu a porta.
– Você sempre querendo estragar os bons momentos não é, Susan? – disse Ashley,
chateada. – Não sei pra que vocês inventaram de vir. – Ashley mirava, amargamente,
Jenny e Susan.
– Sem querer ser chata, mas já sendo... – começou Ashley pondo as mãos na cintura. –
Acho que vocês deviam dar o fora daqui... Ninguém quer ver o Eric triste.
Todos olhavam para o centro da sala, onde Ashley dava bons sermões em Susan e
Jenny.
– Tudo bem... – começou Jenny arqueando a sobrancelha. – Esta festinha, aqui, tá uma
porcaria mesmo. Vamos, Sue!
Todos riram, na hora. A verdade era que, depois do acontecido, ninguém andava muito
feliz com a companhia de Jenny e Susan. Kate era a única que ainda continuava
mantendo certa amizade.
– Poxa, se você não tivesse namorando o George, eu diria que você e Eric dariam
mesmo um belo casal. – comentou Kate, sorrindo.
– É, muita gente diz isso. – Ashley riu. – Mas eu e o Eric nascemos pra sermos assim:
amigos tão amigos que mais parecemos irmãos.
– Falando nisso, vai lá ver seu amigo, Ash. – disse Tony, preocupado. – Ele não ficou
nada bem depois dessa confusão.
E foi isso que Ashley fez: foi até o quarto de Vinny e entrou. Flagrou uma cena que lhe
partia o coração: Eric chorava, no quarto.
– Oh, Eric... – dizia ela sentando-se na cama, ao lado dele. – Não chora...
– Ela ainda acha que... – e ele tossia, nervoso. – Eu iria voltar pra ela...
– Ela e Jenny já foram embora. – concluiu Ashley, satisfeita. – Botei aquelas criaturas
pra fora!
– Não pense que eu também não estou zangada com você. – disse Ashley provocando
cócegas no amigo. Ele riu. – Você decide voltar pra cá nesse fim de semana e nem me
avisou antes, poxa.
– É... – disse ele enxugando as lágrimas. – Desculpe, Ash. Não avisei a ninguém, só aos
meus pais. Foi uma decisão de última hora.
– Eu entendo, meu amigo. – disse ela afagando os cabelos dele. – Olha, pode arranjar
uma namorada super linda lá em Miami viu? Aliás, faça logo isso! – e ela riu. – Vai ser
ótimo pra mostrar pra todo mundo, e pra você mesmo, que você tá tocando sua vida pra
frente e não tá mais preso às coisas do passado...
– Ash, eu preciso te contar uma coisa... – disse Nicholas, seco. Suas mãos tremiam. Seu
rosto estava vermelho. Por que dissera aquilo? Não podia contar a verdade. Pelo menos,
não ainda. Não queria falar sobre Nicholas. O que seria aquele impulso que saiu de
dentro dele com a vontade de contar tudo à melhor amiga?
– Eu... Acho que já estou começando a gostar de alguém, lá em Miami. – disse Eric, por
fim, sendo discreto e não entregando, totalmente, o jogo.
– Ah, Eric, que bom! – disse ela, animada. – E então... Como ela é?
Ela? Não era bem “ela”, mas sim “ele”. O que diria então?
– Bom, é realmente linda... – dizia Eric pensando no rosto lindo de Nicholas, que não
saía de sua cabeça.
Eric riu e concordou que sim. Para a sorte dele, chegaram mais alguns ex-colegas de
escola e quando os amigos puseram um animado CD com músicas dançantes, Eric se
divertiu tanto que até esquecera, por um tempo, a cena que Susan causou.
Em Miami, Nicholas via, entediado, um filme na televisão. Aquele era um dos tipos de
sábados que Nicholas nunca mais vivenciara: ficar em casa, à noite, vendo TV.
No dia seguinte, pela manhã, Eric conseguiu acordar até cedo, pra quem foi dormir bem
tarde. Depois de escovar os dentes e ir para a sala, Eric estranhou duas malas feitas,
depositadas ao lado do sofá.
– Enquanto você dormia, aproveitei e separei muitas roupas limpas para você levar. Já
peguei também sua roupa suja e lavei. – dizia ela, frenética.
– Mãe, eu vou precisar comprar óculos para a natação. – disse ele, pensativo. – Acho
que vai deixar meus olhos mais acomodados.
– Hum... Tudo bem, querido. – disse ela, séria. – Depois do almoço, a gente passa em
alguma loja específica e compra.
Conforme combinado, depois do almoço, Eric e sua mãe saíram em busca dos óculos
para mergulho. Eles acharam numa loja um pouco distante da rua em que moravam.
– Por que não aproveitamos e passamos naquela loja que vende trajes de banho e
compramos sungas novas para você? – perguntou a mãe, animada, ao saírem da loja.
– Ah, bem... Acho que não preciso, por enquanto. – adiantou-se Eric.
Ao fim da tarde, os pais de Eric o levaram ao aeroporto e Ashley foi junto com eles. O
irmão de Eric, Daniel, não pôde levá-lo, pois tinha ido visitar o sogro.
– Espero que você tenha curtido esse fim de semana, Eric. – disse ela, abraçando o
amigo, assim que o seu vôo fora anunciado. – Apesar de certas coisas terem acontecido
ontem...
Eric se despediu dos pais e, depois de alguns minutos, estava embarcando no vôo que o
levaria de volta à Miami. De volta aos braços de Nicholas.
Enquanto via a cidade com suas luzes maravilhosas, não tão iluminada quanto Nova
Iorque, Eric pensou logo em ligar para Nicholas. E foi isso o que fez.
– Alô? Nick? – disse Eric, nervoso. O motorista o olhou de relance. Teria que ter
cuidado para não falar nada que o entregasse. Mesmo sendo só o motorista do táxi, Eric
não queria que sua sexualidade fosse revelada.
– Eric? – disse Nicholas, surpreso. Nicholas já estava na casa dos Stigmas. Ele tinha
voltado para o campus da MC na manhã daquele dia.
– Que bom, Eric... Que bom! – disse ele numa voz mansa e gostosa.
– Acho que a gente devia se ver logo hoje, não? – sugeriu Eric.
– Então ótimo. – concluiu Eric. – Nos vemos... Às oito, no MCS? Pode ser?
– No MCS? – repetiu Nicholas, desanimado. – Tenho medo de que o Michael fique nos
vigiando...
– Hum... É mesmo. – Eric pensava. – Faz assim... Eu vou pra Beta e quando chegar lá,
te ligo de novo. Nesse tempo, a gente vai pensando com calma.
– Certo. – disse Nicholas, sério. – Me diz uma coisa... Sua varanda, na Irmandade Beta,
é muito alta?
– Nada... Queria saber se dava pra você ver a lua, de lá. – mentiu Nicholas, já tendo uma
ideia. – A lua tá muito linda hoje...
Enquanto Eric pensava onde iria se encontrar com o rapaz, Nicholas já esquematizara
todo um plano. Iria escalar a parede da casa Beta, já que o quarto de Eric era nos
fundos, e subiria até o quarto dele. Ele conhecia muito bem a casa dos Betas e sabia que
as paredes do lado de fora eram feitas com pedras, irregulares, de vários tamanhos. Isso
facilitaria a escalada. As paredes dos fundos da casa, ainda, apresentava algumas plantas
trepadeiras.
Nicholas, no momento, em seu quarto, trajava apenas uma cueca boxer branca. Ele
vestiu uma calça de moletom, folgada, preta e, sem camisa, jogou um blusão de
moletom na mesma cor. O blusão tinha um capuz e isso, ajudaria bastante no plano
dele. Sorte que a noite estava bastante fresca, caso contrário, Nicholas estaria morrendo
de calor. Ele saiu da casa Stigma e ficou dando voltas pelo campus, esperando Eric
ligar.
Um tempo depois, Nicholas ouviu seu celular tocar: era Eric.
– Já estou no meu quarto. – adiantou-se Eric. – E dá pra ver a lua! – ele riu.
– Ótimo. – Nicholas estava perto da casa dos Betas. – Me diz uma coisa... A luz da sua
varanda tá acesa?
Nicholas já rondava os fundos da casa. Encapuzado, no meio da noite, era difícil alguém
vê-lo.
– Acendi as luzes do quarto e da varanda assim que entrei, mas... Por que você quer
saber? – Eric riu, sem graça.
Eric não tinha entendido absolutamente nada e, preocupado, sentou-se na cama. O que
será que tinha acontecido com Nicholas? Ele falara tão estranho no telefone. Será que
tinha desistido de se encontrar com ele?
Nicholas subia, com dificuldade, pela parede da casa. Se apoiava em pedras salientes e
em outras mais irregulares. As raízes das plantas trepadeiras também auxiliavam sua
escalada. Sorte que a varanda, como o próprio Eric confirmara, não era tão alta.
Eric engoliu em seco, assustado, e correu para a porta. Certamente iria chamar os Betas
para ajudá-lo a dar um jeito no suposto ladrão.
Eric se assustou.
– Sou eu, Nicholas. – disse o rapaz, finalmente, conseguindo pular para dentro da
varanda.
– Oh, meu Deus! Você é doido, Nick?! – exclamou Eric correndo para a porta do
quarto, trancando-a e desligando todas as luzes. Graças à luz da lua e de um poste, perto
dali, o quarto não ficou totalmente escuro.
– Finalmente, estamos a sós. – disse Nicholas baixando o capuz e revelando seu lindo
rosto.
– Alguém poderia ter te visto, Nick. Você ficou louco? – dizia Eric, preocupado,
enquanto segurava as mãos de Nicholas.
– Sim, louco por você. – disse ele, adiantando-se e dando um rápido beijo nos lábios de
Eric. – Você mexeu tanto comigo... Eu... – e ele estava confuso – Parece que nada mais
tem graça sem você por perto...
Eric sentiu seu coração vibrando de alegria. Que coisa linda que Nicholas tinha dito...
Desta vez, o impulso partiu de Eric e ele puxou Nicholas para perto e o beijou. As
línguas faziam uma dança contínua e gostosa, durante o beijo. As mãos de Nicholas o
seguravam na cintura e aquilo o fazia sentir protegido.
Os dois ficaram deitados, um de frente pro outro, encolhidos, já que a cama era de
solteiro. A mão de Nicholas deslizava os ombros e, depois, o peito de Eric. Eric sentiu
seu corpo se arrepiando de prazer. Mais beijos demorados...
– Tira... – pediu Nicholas, tocando na calça que Eric vestia, no momento. Eric
concordou e tirou a calça, ficando apenas de cueca. Nicholas também tirou sua calça e a
jogou pelo chão.
Os dois, agora, estavam semi-nus, deitados na cama. Nicholas acariciava o rosto de Eric
enquanto se beijavam mais uma vez. Como era gostoso estar, ali, com Nicholas. Como
era lindo, mágico, aquele momento. As cortinas da varanda sacudiam com o vento.
Sem cerimônia, Nicholas pôs a mão na cueca de Eric e sentiu o grosso e quente volume
do seu sexo. Em seguida, ele baixou a cueca de Eric e segurou, firme, o membro do
rapaz. Estava realmente quente e parecia pulsar de tanto desejo. Eric sentia as mãos
gelando, de nervoso. Seu coração palpitava energicamente.
Nicholas encarou Eric, por segundos, e depois, fez algo que Eric nunca mais iria
esquecer: com toda a vontade do mundo, Nicholas aproximou-se do sexo de Eric e o
pôs na boca. A sensação, para Eric, não poderia ter sido melhor. Enquanto Nicholas
fazia freqüentes sucções, ali, Eric sentia seu corpo se arrepiando. Que sensação
maravilhosa! Eric acariciava os cabelos de Nicholas enquanto isso.
– Eu... – disse Nicholas parando sua ação. – Desculpe, fui rápido demais.
– Não, não... Tudo bem. – disse Eric, sorrindo.
– Você nunca... Nunca fez sexo com outro cara não é? – perguntou Nicholas,
preocupado.
– Não... – disse Eric, sincero. Ele só tinha tido relações sexuais com Susan. Apenas ela.
– Imaginei. – Nicholas olhou bem nos olhos do rapaz. – Não quero que a sua primeira
vez, com um homem, seja assim, correndo. Quero que seja especial.
Eric não respondeu, apenas refletiu. Aquele momento já estava sendo especial...
– Só em você ter escalado essa parede por mim e ter vestido essa roupa pra se
disfarçar... – começou Eric, sério. – Já faz desse, um momento muito especial.
Nicholas surpreendeu-se.
Nicholas segurou firme o braço de Eric e beijou-lhe as costas da mão, num ato de
romance e cavalheirismo. Os dois se beijaram louca e rapidamente e Eric, em seguida,
segurou o membro de Nicholas. Como era grosso, grande e quente... Sem pensar duas
vezes, Eric pôs o sexo na boca e começou a sugá-lo em ritmos constantes e, depois,
acelerados. Como era gostoso sentir aquela parte de Nicholas em sua boca...
– Eric? – batidas na porta interromperam a gostosa cena. Era Ian quem chamava, do
corredor. – Tá tudo bem com você?
– É que você subiu tão rápido, mal falou com a gente e, agora, tá trancado aí no quarto.
– dizia Ian, preocupado.
– Só estou com uma dor de cabeça forte... – mentiu Eric. Nicholas prendia o riso.
– Sim, quando cheguei no aeroporto. – respondeu Eric enquanto passava a mão pelo
peito de Nicholas.
– Tem sim! – disse Nicholas acariciando o rosto dele. – Você fica muito fofo quando
mente...
– Olha, já vi que isso não vai dar certo. – começou Nicholas, sério. – Já é a segunda vez
que somos interrompidos. Primeiro, na sauna. Agora, aqui.
– É, eu sei... O que fazemos então? – Eric, agora, estava com a cabeça deitada na
barriga de Nicholas.
– Acho que poderíamos ir pra minha casa, no fim de semana. – disse Nicholas,
pensativo, enquanto tocava o corpo de Eric.
– É...
– Ei, espere aí! – disse Nicholas sentando-se na cama. – Essa semana agora teremos um
feriado.
– Feriado?
– Ah...
– Que ótimo!
– Claro, claro.
– A gente vai ter privacidade suficiente lá... – disse Nicholas levantando-se da cama.
Nu, em pé, de costas para Eric, Nicholas parecia ainda mais gostoso. Eric não resistiu e
o abraçou por trás.
– Ai, Eric... Assim você não vai me deixar ir embora... – disse Nicholas sorrindo
enquanto sentia o membro rígido de Eric roçando-lhe as nádegas.
– Eu realmente faço e farei quaisquer loucuras que forem preciso só pra poder ficar
contigo. – disse Nicholas, por fim.
– Durma bem, meu Eric. – pediu Nicholas olhando fundo nos olhos do rapaz.
– Sonharei com você. – disse Eric, sorrindo. – Até amanhã, meu Nicholas...
– Sim, sou seu... Apenas seu. – disse Nicholas enquanto, desajeitado, começava a se
dependurar na grade da varanda e, em seguida, a descer pela parede da casa. Chegando
perto do chão, preferiu se jogar de vez e conseguiu cair em pé.
Em seu quarto, nu e ainda excitado, Eric deitou-se na cama e seus pensamentos fluíram
como nunca. A cama estava totalmente bagunçada e desforrada. Sua noite de domingo
não poderia ter sido melhor. Eric sentia o gosto e o cheiro de Nicholas em seu corpo.
Sentia o perfume dele em seus lençóis. Que sensação mais delirante...
Eric sabia que, naquela noite, mesmo sem a presença de Nicholas, dormiria como se ele
estivesse, ali, naqueles lençóis amassados. Os mesmos lençóis que participaram de um
dos momentos mais gostosos e intensos que Eric tivera. Um momento que ele sabia que
nunca iria esquecer...
Continua...
Notas finais do capítulo
Espero que tenham gostado do plano do Nicholas...
Aguardo os reviews de vocês!
Beijos e abraços,
Nando Gomez
Fico feliz que vocês estejam se encantando com "Piscina",pois eu também estou! rsrsrs
"Piscina" realmente tira até meu sono...Deito pra dormir e só fico com ideias e mais
ideias, cenas e mais cenas, na cabeça...rs
Estou realmente virando uma coruja por causa dessa história,mas não estou me
queixando. Pelo contrário, vale muito a pena dormir tarde pra continuar escrevendo as
aventuras de Eric e Nicholas...rsrs
Depois de mais algum tempo, pensando nos últimos minutos que passara ao lado
Nicholas e ainda sentindo seu cheiro na cama, Eric finalmente decidiu vestir sua roupa.
Já fazia quase dez minutos que ele ainda estava deitado, nu, na cama. Eric pôs a cueca e
vestiu a calça e a camisa. Calçou os tênis, por fim, e já estava pronto para encarar os
Betas.
– E aí, Eric? Melhor? – perguntou Ian, sentado no sofá com alguns Betas, assim que viu
o rapaz descendo as escadas e chegando até a sala.
– É... Melhorou mais. – fingia Eric pondo a mão na cabeça. A desculpa que dera sobre a
dor de cabeça ainda tinha que ser mantida. Ninguém podia suspeitar de nada. Se os
Betas soubessem que um Stigma estivera na casa deles...
– Que bom! – exclamou Ian sorrindo. – Quer assistir TV? A gente tá vendo esse filme...
Eric olhou para a televisão e pelas cenas do filme, reconheceu que já tinha assistido.
– Ah... Já assisti esse. – disse ele, sincero. – Mas posso ficar aqui com vocês.
– Beleza! – disse Mike, sentado no chão.
Agora, com Eric, todos os sete Betas estavam juntos, na sala. Enquanto os amigos riam
com as cenas da comédia que passava na televisão, Eric sorria diferente. Ele se
lembrava de Nicholas entrando em seu quarto e do susto que levara. Eric sorria
diferente: um sorriso apaixonado...
– O que você tem? – perguntava Ryan, um jovem rapaz quase da altura de Nicholas. Ele
era moreno e tinha cabelos lisos que chegavam aos ombros.
Nicholas e mais cinco membros dos Stigmas estavam no quintal da casa, onde havia
uma grande área de lazer com uma bonita piscina. Alguns integrantes da irmandade
estavam na sala e outros, em seus quartos.
– Você tá meio quieto hoje... – começou Juan, intrigado. Ele era um dos amigos fiéis de
Leo, líder da Stigma.
– Hoje só, não! – adiantou-se Frank, rapaz alto, magro e com um ar superior. Seus
cabelos, lisos, caiam em seus olhos e isso era dito, pelas garotas, como o maior charme
dele. – O Nicholas anda muito, muito estranho ultimamente. – e cruzou os braços.
– Concordo. – disse a voz de Leo chegando até eles. O rapaz, líder, acabava de chegar
ao quintal da casa. Atrás dele, vinham todos os outros integrantes da Stigma. – É
unânime, Nicholas. – começou ele. – Nós temos achado seu comportamento um tanto
diferente...
Ele não sabia o que dizer. Estava mais quieto, mais calado, que de costume e sabia
disso.
– É... – disse Nicholas, por fim. – Ando me concentrando muito nos estudos e...
Alguns riram.
– Sim, decidi que preciso terminar de uma vez meu curso. – completou Nicholas, se
levantando da cadeira em que estivera sentado até o momento, e encarando Leo frente a
frente. – Algum problema nisso?
– Pois bem... – continuou Leo, sério. – Sabemos que não podemos deixar a situação
como está. Faremos a cena mais humilhante que a Beta já teve na vida...
E Leo esquematizava todo o plano diante dos outros quatorze membros. Nicholas ficava
cada vez mais assustado à medida que Leo contava cada detalhe do plano. Não podia
deixar de contar a Eric o que iria acontecer. Teria que avisar ao seu amado rapaz.
– E, sim... – concluiu Leo, por fim. – Faremos isso, amanhã, assim que os Betas pisarem
os pés fora de casa...
No dia seguinte, ainda nem dera cinco horas da manhã e Eric acordou, assustado, com
seu celular tocando. Levantou para desligá-lo, ainda sonolento, pensando ser o
despertador das seis horas, mas não era. Assim que sua vista, meio embaçada, focalizou
o visor do celular e viu o nome “Nicholas”, Eric ficou surpreso.
– Os Stigmas vão armar pra vocês, hoje. – dizia a voz do outro, sussurrando. Nicholas,
por ser um dos membros mais antigos e também graças ao seu pai, rico, conseguira um
quarto só pra ele na Stigma. Além dele, apenas Leo, o líder, dormia em um quarto só
pra ele. Os demais membros dormiam em quartos duplos, triplos ou quádruplos.
– É isso mesmo. – confirmou Nicholas. – Os Stigmas vão aprontar uma pra vocês... E
essa vai ser das grandes!
– Bom, vai ser realmente horrível o que eles vão fazer. Eu mesmo vou dar um jeitinho
de fugir... Não quero participar disso. – disse o outro, tenso.
– Eles separaram uns cinco baldes e vão encher de cola. Já tem mais de 20 tubos
grandes de cola, lá embaixo. – adiantou-se Nicholas. – E além de jogarem cola em
vocês, eles vão jogar uns sacões cheios de penas de galinhas e de outras aves.
Conseguiram isso com a ajuda do Travis e do Ray, que estudam Medicina Veterinária
e...
Eric não conseguia mais se concentrar nas palavras de Nicholas. Estava gelando por
dentro. E agora? Com isso, iria chegar atrasado logo na aula da professora Angelica, de
Língua Inglesa. Logo a professora que não tolerava atrasos...
– Foge, Eric! – pediu Nicholas, preocupado. – Pegue suas roupas e a mochila e vá pro
Miami College Swim. Você se arruma lá e depois come alguma coisa na lanchonete.
– Mas...
– Se você avisar, eles vão te encher de perguntas sobre como você descobriu o plano e...
– continuou Nicholas – Você terminaria tendo que contar sobre mim e...
– É, você tem razão... – concordou Eric, aflito. – Mas o que eu faço? Fujo ou fico com
eles?
– Eric, na minha opinião, a resposta seria óbvia: fugir. Mas pra você, a coisa é mais
complicada, claro...
Mal os primeiros raios de sol surgiam no céu e Eric já enfrentava um grande dilema, de
manhã cedo: fugiria do ataque dos Stigmas e chegaria pontualmente na aula, sem
problemas; ou ficaria com os Betas, unidos, firmes, como bons irmãos?
– Calma. Não importa o que você decida, eu não vou me chatear. – declarou Nicholas,
seguro. – Só te contei por que me preocupo com você....
– De nada, Eric. Era o mínimo que eu podia fazer: te contar. Agora, preciso desligar. Já
estou ouvindo risos do pessoal, lá embaixo...
– Não fica com medo... Decida o que vai fazer e... Lembre-se que amanhã é terça, é o
feriado, e nós estaremos juntinhos, na minha casa.
Eric sorriu. Por segundos, parecia que tinha esquecido de todos os problemas.
– Eu sei, estou muito ansioso para que o dia passe logo rápido, hoje.
– Por sinal, mais tarde a gente combina tudo viu? Eu andei pensando melhor e... Ah,
vamos logo hoje à tarde para a casa do meu pai? Era bom por que já dormíamos lá e...
– Gosto tanto de você. – disse Nicholas, apaixonado. Seu coração batia forte.
Mal desligara o celular e a cabeça de Eric estava a mil. Iria dormir com Nicholas
naquele mesmo dia. Que bom! Mas e a revanche dos Stigmas? O que fazer diante
daquela situação?
A decisão de Eric estava tomada. Mesmo sabendo que chegaria atrasado às aulas e que
se sujaria completamente, estaria junto com seus companheiros, como uma verdadeira
equipe tem que ser: unida.
Eric deitou-se e fechou os olhos para tentar dormir mais um pouco, mas não conseguiu.
Esperou mais até que o celular despertasse. Levantou-se e tomou banho, com certo dó
do que iria acontecer em breve: se sujaria todo e teria que tomar um bom banho outra
vez.
Depois que os outros Betas se levantaram e tomaram banho, eles se reuniram para o
café.
– O que você tem, Eric? – perguntou Mike, preocupado. A feição de Eric era de dar
pena. Parecia tenso demais.
– Hei! – exclamou Ian, sério, encarando os olhos de Mike. – Você tá maluco?! O Eric
nem jantou com a gente ontem, lembra? Ele disse que tinha comido no aeroporto, em
Nova Iorque e...
Enfim, mesmo com cinco membros a menos, os dez Stigmas ainda eram maioria e
estavam preparados para atacar os sete Betas. Alguns minutos depois, os Betas
terminaram o café.
– Vai ser perfeito! – sussurrava Leo já segurando um balde cheio de cola. Os Stigmas
haviam diluído os 20 frascos de cola numa porção proporcional de água, para que
ficasse numa consistência mais líquida, mas sem perder o efeito grudento.
– Eric... Você nem saiu mais cedo hoje. – comentava Ian, ao seu lado, enquanto os
Betas saíam da cozinha.
– Cuidado pra não chegar atrasado na aula da professora Angelica... – comentou Mike,
preocupado.
Assim que pisaram os pés fora de casa, os Betas ouviram uma voz máscula gritando e se
assustaram.
Instantaneamente, Leo, Ronald, Juan, Travis e Frank jogaram baldes de cola em cima
dos Betas, que nem reagiram de imediato, surpresos.
– Olá, Mike! – disse Leo, rindo. – Nossa revanche, literalmente, vai grudar em vocês...
Os Stigmas riram em coro. Eric sentia nojo de si mesmo. A cola escorria pelo pescoço e
entrava pela camisa, descendo pelo seu peito. Estava completamente sujo, como seus
amigos.
Mas antes que ele terminasse a frase, Leo fez um sinal e os outros cinco Stigmas
sacudiram os sacões cheios de penas.
Era a sensação mais humilhante possível. Eric se sentia uma galinha, ali, coberto de
penas. Que idiotice dos Stigmas!
– Calminha, gente... Só estamos dando o troco, oras. – anunciou Leo, rindo. – Afinal de
contas, nós precisávamos retribuir o presente que vocês deixaram na nossa casa, semana
passada, não é? – disse ele, irônico – Ou vocês acham que foi fácil limpar e desinfetar a
urina e o esterco que vocês jogaram lá?
– Bom, a conversa tá boa, mas... – começou Leo, sorrindo. – Precisamos ir para a aula.
Agora, vocês... – e ele riu. – Talvez se atrasem um pouco né?
E os dez Stigmas saíram, aos berros e gargalhadas, para suas respectivas aulas.
– Não. – adiantou-se Mike tentando limpar o excesso de cola em seu rosto. – Vamos
sair pelo campus, assim.
– Isso, Mike! – apoiou Ian. – Vamos mostrar a eles o que os Stigmas fizeram. Eles vão
se dar mal com isso!
– O que é isso? – exclamou James Hodge, reitor da Miami College, ao ver o estado dos
rapazes. James aparentava uns cinqüenta e poucos anos, era baixo e gordinho. Vestia
uma calça social e uma camisa bem elegante.
– Outra vez?! – exclamou o reitor sentando-se em sua cadeira. – Bom, não vou pedir pra
vocês se sentarem, pois...
Ninguém respondeu.
– Eu tenho anotado, aqui... – disse ele pegando uma pasta numa gaveta da mesa. –
Todas, absolutamente todas, as infrações cometidas pelos Betas e pelos Stigmas. Não só
por mim, mas pelos antigo reitor, eu digo que isso já passou dos limites.
– Registrei aqui o ataque mais recente, feito por vocês... – começou o reitor. – Puseram
urina e esterco animal na varanda da casa deles e...
– Vingança por quererem levar o Eric para a Stigma e... – adiantou-se Ian, sério.
– Contudo, não há o que dizer... – recomeçou o reitor. – Dizer o que? Façam as pazes?
Se unam? Sei que é difícil... Mas peço que a rivalidade entre vocês não seja assim tão...
Exagerada. Compitam entre si com esportes ou algo do gênero, mas não se ataquem
nesse nível.
– Olha, vou registrar isso e... – o reitor começava a escrever – Se houver mais uma
infração de vocês, terei de expulsá-los da Miami College.
Todos ficaram boquiabertos, assustados e surpresos.
– Mas... Isso não se aplica ao Eric né? Ele é calouro e... – começou Mike, preocupado.
– Eric é um Beta não é? – perguntou o reitor, sério. – Pois bem... Estão avisados.
– Mas, senhor Hodge, não nos sujamos por que quisemos! – exclamou Marcus, irritado.
– Os Stigmas fizeram isso e nós que levamos a infração?
– Eu ainda não terminei, rapaz. – disse o reitor, calmo. – Mandarei um recado para que
o líder dos Stigmas compareça à minha sala até o fim do dia. Eles estão na mesma
situação que vocês. Se cometerem mais uma infração, serão expulsos. Portanto, a
rivalidade de vocês está, agora, com o mesmo lema da Guerra Fria: “paz impossível,
guerra improvável”.
Eric lembrou-se dessa clássica frase que tanto ouvia nas aulas de História, em sua
escola, em Nova Iorque.
– Ainda não acredito no que aconteceu... – resmungou Freddy assim que chegaram em
frente à Casa Beta. Ele olhava a varanda cheia de pingos de cola e repleta de penas.
– Vão vocês dois logo. Só temos dois banheiros... – dizia Mike apontando para Harold e
Marcus. – Temos que revezar...
– Ah não ser que a gente tome banho junto... – disse Ian olhando para Mike e rindo.
– Sem gracinhas, Ian... – disse Mike desviando o olhar para outra direção. – Essa não é
bem uma hora pra fazer brincadeiras.
Por segundos, Eric achou que Ian tinha dito uma indireta para Mike, mas pensou melhor
e percebeu que foi só impressão.
Harold e Marcus entraram em casa e foram, cada um, para um banheiro, enquanto os
outros cinco Betas continuaram na varanda da casa. Evitaram permanecer dentro da
casa para não sujarem demais o chão.
– Eric e Ian, vão logo. – pediu Mike, sério. – Assim que Harold e Marcus saírem, vocês
vão tomar banho. Eu não tenho mais aula hoje e vocês têm.
– Eu sei... – dizia Mike, impaciente. Estava bastante irado com o que tinha acontecido.
Cerca de dez minutos depois, Marcus veio avisar aos amigos que já tinha terminado seu
banho e que Harold ainda não tinha acabado.
– Tá bom, obrigado. – disse Eric entrando na casa e subindo as escadas que levariam ao
segundo andar. Ele não quis entrar no seu quarto para pegar uma roupa limpa, pois sabia
que iria sujar o chão todo. Entrou direto no banheiro, pois lembrou-se, também, que sua
toalha já estaria lá.
O chão do box do banheiro estava repleto de penas, deixadas por Marcus. Eric sentia
ainda mais nojo de si mesmo. Deixava a água lavar seu corpo sujo e começou a
esfregar, com bastante sabão, as partes do corpo em que a cola já havia quase secado e
dava muito trabalho para tirar. Tirar a cola do cabelo foi a pior parte. Muitos fios já
estavam endurecidos e Eric ficou muito apreensivo, com medo de ter que raspar a
cabeça. Ele respirou fundo, pôs uma grande quantidade de xampu nas mãos e começou
a esfregar bastante os cabelos. Aos poucos, sentiu a cola saindo e ficou aliviado.
Eric gastou cerca de cinco minutos para se certificar que tinha tirado toda a cola do
cabelo. Terminou seu banho e saiu enrolado na toalha. Eric desceu as escadas, tentando
não pisar nos locais sujos de cola.
– Ian?! – exclamou Eric, estranhando ver o amigo ainda do lado de fora da casa,
completamente sujo. – Você ainda não tomou banho? E o Harold, cadê?
– Quem iria arranjar vontade pra se masturbar estando cheio de cola e penas, no corpo?
– disse Ian, sério, cruzando os braços.
– Quem sabe ele não tem uma fantasia sexual de transar com uma galinha e... –
começou Mike, mas nem terminou sua frase, pois ele mesmo rira do que dissera.
Eric revirou os olhos, rindo e subiu para o seu quarto, para trocar de roupa. Enquanto
vestia uma calça jeans limpinha e botava uma camisa pólo branca, Eric pensava sobre
tudo o que tinha acontecido naquela manhã. Realmente, apesar de tudo, fizera certo ao
resolver seu dilema e ficar ao lado dos Betas. Agora, o que Eric mais temia era o que o
reitor havia falado. Eles não poderiam ter mais nenhuma infração contra os Stigmas e
vice-versa. Será que isso realmente seria possível? Realmente era complicada a situação
em que estavam, agora, mas Eric sabia que tanto os Betas quanto os Stigmas talvez se
dessem uma trégua por conta das ameaças do reitor.
– Nossa! Vou ter que lavar a mochila também. – resmungou Eric para Mike e Freddy.
– Por que nunca pensamos em fazer isso com eles? – indagou Freddy, pensativo.
– Bom, pessoal, já vou indo. – anunciou Eric. – Ainda dá pra pegar a segunda aula.
– Vai lá, Eric. – começou Freddy – Eu e o Mike não temos mais aulas hoje. Sorte a
nossa!
– Eric! – disse ela, nervosa. – O que foi que aconteceu? Você não veio à aula e...
– Hoje, os Stigmas fizeram uma brincadeirinha com os Betas. – disse Nicholas, irônico.
– Nossa, Eric! – disse Kathia, surpresa. – E você avisou a ele foi, Nick?
– Sim... – disse Nicholas, envergonhado. – Mas ele não quis fugir e ficou com os Betas.
– Ah, acho que o Eric fez a coisa certa. Ficou ao lado dos amigos. – completou Kathia.
– Foi declarada a Guerra Fria na Miami College. – disse Eric, por fim.
Continua...
Abraços e beijos,
Nando Gomez
BOA LEITURA!
– Caramba! – exclamou Kathia ao fim da história. – Não acredito que eles fizeram isso
com vocês...
– Pois é... E a situação realmente ficou feia pra todos nós. – concluiu Eric. – Se os Betas
ou os Stigmas aprontarem mais uma coisinha sequer... Seremos expulsos.
– Meu Deus... – murmurava Nicholas, preocupado. Logo agora que estava com garra
para estudar e seguir em frente, ser expulso? Não, isso não poderia acontecer.
– Espero que o reitor fale mesmo com o Leo e que ele se conscientize também. – disse
Eric, sério. – Chegou a hora de pararmos de vez com essa rixa entre as irmandades...
– Bom dia, turma! – saudou o professor ao entrar na sala. Os três amigos estavam tão
entretidos na conversa que nem haviam notado a chegada do professor. – Vamos lá,
pessoal? – disse o professor encarando os três.
O professor deu início à aula e, só então, Eric percebeu o quanto estava distraído. Em
sua cabeça passavam diversas imagens: a humilhação causada pelos Stigmas; a noite,
anterior, mágica que tivera com Nicholas; a desagradável confusão causada pela
presença de Susan, em Nova Iorque... Em meio a isso, Eric também criava imagens na
sua cabeça. Ele imaginava como seria sua noite de amor com Nicholas. Imaginou uma
casa simples, modesta... Um quartinho bem aconchegante e eles dois, juntinhos.
Só então Eric despertou dos seus pensamentos e notou que o professor estava parado em
frente a ele.
– Pensando em tudo o que aconteceu agora de manhã... – disse ele. No fundo, também
era verdade.
– Bom, nos vemos na quarta-feira agora né? – confirmou Kathia, ansiosa. – Eu vou
imprimir a nossa pesquisa mais tarde.
– Kathia, você vai mesmo sair com o Michael, hoje? – perguntou Eric, sério.
Kathia riu.
– Ah, não custa nada fazer uma boa ação na vida né? – disse ela, rindo, sem graça.
– Ah... Então sair com o Michael vai ser só uma boa ação? Sei... – disse Eric,
provocando. Ele e Nicholas riam.
– A gente tá percebendo viu, Kathia? – disse Nicholas piscando o olho para ela.
– Ai, meninos! Parem! – disse Kathia, sem graça. – É, eu confesso... Talvez eu esteja
gostando mesmo do Michael.
– Por hora, estamos aceitando ele... – disse Eric cruzando os braços e fingindo uma cara
de durão.
Kathia riu.
– Quer dizer que, agora, vocês, meus irmãos mais velhos, decidirão quem eu posso e
quem não posso namorar? – disse ela, rindo, ficando entre os dois e os abraçando.
Os três conversaram mais um pouco e, um tempo depois, Kathia seguiu para sua
Irmandade, deixando Nicholas e Eric a sós.
– Hum... Espero que tudo se resolva e que o Leo também aceite frear os ataques aos
Betas. – confessou Nicholas.
– É...
– Eric, que horas você acha que a gente deve sair daqui para ir à minha casa? –
perguntou Nicholas checando as horas, no celular.
– Hum... Pode ser umas três da tarde? – perguntou Nicholas. – Será que é muito cedo?
Eric olhou para os lados para se certificar que ninguém ouvia a conversa dos dois. Em
seguida, sussurrou para Nicholas:
– Quanto mais cedo, melhor... Mais tempo teremos pra ficar juntos, a sós...
– Concordo. – respondeu o outro, por fim. – Então faz o seguinte: me encontre às três
horas, no MCS.
– Te espero lá. – disse Nicholas. – Meu pai deve mandar... – começou Nicholas,
pensativo. Não iria contar sobre a riqueza da sua família, ali. – Alguém nos buscar. Já
avisei a ele que levaria um amigo pra passar o feriado lá.
– Nada de mais. – disse Nicholas, sorrindo. – Achou ótimo que eu fosse passar o feriado
com ele.
– Bom, ele ainda não te conhece né? – começou Nicholas, sério. – Mas, claro, você será
apresentado como meu amigo. Meu pai não sabe sobre mim, já te disse isso.
– É, eu sei.
– Fica tranqüilo. – disse Nicholas pondo a mão no ombro de Eric e se segurando para
não descer a mão pelo peitoral do rapaz. – Vai ser tudo perfeito.
Ao chegar na Irmandade Beta, Eric notou que os amigos já haviam limpado a varanda.
Não havia sinal de cola nem de penas por ali. Os Betas haviam limpado tudo, inclusive,
dentro de casa. Haviam poupado Eric do trabalho.
– Chegou na hora certa. – adiantou-se Mike. Os seis Betas já estavam sentados à mesa,
da sala. Parecia mesmo algo muito sério a ser discutido.
– Infelizmente, meus irmãos Betas, teremos que selar uma “paz” com os Stigmas. –
anunciou Mike, inconformado.
– Eu sei, eu sei... – continuou Mike, sério. – E vocês acham que eu gosto dessa ideia?
Claro que não!
– Mas a questão é que estamos mesmo sendo obrigados a selar uma trégua com os
Stigmas. – continuou Ian, seguro. – Caso contrário, todos nós...
– Vamos esperar até ter certeza que o reitor falou com Leo e aí, teremos essa mesma
conversa com o líder dos Stigmas. – concluiu Mike, seguro de si.
– Uh! Já estava quase morrendo de tanta fome... – resmungou Harold passando a mão
na barriga.
Os Betas riram.
– Bom, gente, eu queria contar uma coisa pra vocês. – disse Eric, inseguro.
– Conta! – pediu Ian, sorrindo.
– É que... – começou Eric, sem jeito. – Eu... Eu não vou passar o feriado com vocês.
Os Betas pararam de fazer tudo o que faziam depois de ouvir a declaração de Eric.
– É... Eu combinei com meu colega para nós fazermos um trabalho de Bioquímica, na
casa dele. – mentiu Eric. – Por isso, vou dormir lá essa noite e amanhã também. Volto
quarta-feira, bem cedo.
– Eric, você não acha que está estudando demais? – perguntou Freddy, preocupado.
– Bom, é que a gente queria logo adiantar esse trabalho. – continuou Eric, tenso.
– Entendo. – disse Mike, chateado. – Poxa, Eric! A gente ia passar o dia na praia
amanhã. Tem gente aqui até querendo pegar umas ondas...
– Ah, mas não vai ser a mesma coisa sem você... – disse Mike, pensativo. Ian franziu a
testa.
– Bom, como eu já tinha prometido... – disse Eric, animado. – Esse fim de semana eu
não irei pra Nova Iorque. Passarei, aqui, com vocês. Então... Nós poderemos ir à praia,
no sábado. Que tal?
– Então está combinado! – disse Eric sorrindo. – Os Betas vão à praia nesse sábado!
Depois do almoço, Eric subiu para o seu quarto e pegando uma mochila vazia, pensou
nas coisas que poderia levar para a casa de Nicholas.
– Acho que essa bermuda tá boa... – dizia Eric a si mesmo enquanto dobrava uma
bermuda jeans e a colocava dentro da mochila.
Eric, depois de um tempo, separou uma bermuda, dois shorts, três camisas sem manga,
três cuecas, escova de dentes, escova de cabelo...
– Hum... Oh! É mesmo! – disse Eric a si mesmo. Ele acabava de lembrar que já teria
que levar uma roupa que usaria na faculdade, na quarta-feira, já que iria direto da casa
de Nicholas e talvez nem desse tempo de ir pra casa dos Betas para se trocar.
Eric separou uma calça jeans e uma camisa pólo com listras brancas e verdes. Separou
também um par de tênis para levar na mochila, mas como não coube tudo, ele pôs os
tênis em uma sacola, separada.
– Caramba! Você está de mudança é? – disse Mike, assustado, ao ver Eric descendo as
escadas. O relógio indicava que faltavam dez minutos para as três da tarde. Eric descia
com sua mochila de roupas, a sacola com os tênis e uma mochila com livros, caderno e
estojo.
– Não... Ian saiu com Freddy, Harold e Marcus. – adiantou-se Mike. – E o John está
dormindo um pouco.
– Curta bem o seu feriado. – disse o rapaz encarando Eric. – Espero que você e seu
amigo não estudem tanto. Divirtam-se também, oras! São nesses feriados que a gente
tem que aproveitar pra relaxar e descansar.
Eric não soube explicar o que aconteceu a seguir: Mike simplesmente avançou na
direção dele e deu-lhe um abraço bem apertado e demorado. Eric ficou tão sem jeito que
chegou a derrubar uma mochila no chão. Nem Mike sabia explicar. Por que será que
avançara em Eric daquele jeito? Seria apenas um apego com o integrante mais jovem
dos Betas? Seria um certo sentimento de saudade, já que não veria o amigo durante o
feriado?
– Bom, eu preciso ir. – adiantou-se Eric, confuso. – Alguém vem pegar a gente e...
– Tá... Tudo bem. – disse Mike, sem graça, voltando a sentar-se no sofá. – Até mais,
Eric.
Enquanto caminhava para o Miami College Swim, Eric pensava no que acontecera a
poucos minutos, na Casa Beta. Não, seria impressão. Apenas uma impressão. Mike não
se sentira atraído por ele. Isso seria loucura! Além do mais, seu coração – e seu corpo
inteiro – já pertencia a um homem: Nicholas. Só em voltar a pensar em Nicholas, Eric
sentia seu coração batendo mais depressa. Ele adorava sentir aquela sensação.
– Boa tarde, Michael. – disse Eric assim que entrou pelos fundos da Irmandade Gama e
foi em direção ao clube.
– Boa tarde! – saudou Michael, animadíssimo. O rapaz estava visivelmente feliz. Iria
sair com Kathia naquela noite e parecia nem acreditar.
Assim que entrou no MCS, Eric notou que não havia ninguém na piscina. Onde
Nicholas estaria? Procurou no terraço, mas ele não estava lá. Eric chegou a pegar o
celular para ligar para o amado, mas resolveu continuar sua busca. Chegando ao
vestiário, encontrou Nicholas sentado no banco.
– Oi, meu amor! – exclamou Nicholas, surpreso, ao ver Eric entrando, ali, carregado de
mochilas e sacola.
O coração de Eric bateu mais forte ainda ao ouvir Nicholas o chamando daquele jeito
tão carinhoso. Eric confirmou que não tinha ninguém, ali, e se sentiu mais à vontade.
– Vem cá. – disse Nicholas pegando na mão de Eric e o levando até onde ficavam os
chuveiros, no fundo do vestiário. – Sei que não tem ninguém, mas aqui é melhor...
E depois de concluir sua frase, Nicholas avançou para Eric e deu-lhe um beijo longo e
gostoso. As mãos, obviamente, não ficavam paradas. Enquanto se beijavam, Nicholas
acariciava os cabelos de Eric. Eric, por sua vez, enquanto se beijava com Nicholas,
acariciava as costas do rapaz.
– Uh! – gemeu Nicholas, depois de pararem de se beijar. Parecia estar recuperando seu
fôlego. – Tá vendo como você me deixa? – ele sorriu malicioso, pegando a mão de Eric
e a colocando por cima da sua bermuda. Eric sentiu o duro volume que Nicholas
apresentava.
Eric sorriu.
– A gente tem que se conter. – disse Nicholas respirando fundo e checando se não havia
chegado ninguém ali. – Só por mais algumas horas...
– Eric... – disse ele se encostando no rapaz e segurando seu queixo. – Eu te prometo que
vou te dar a melhor noite que você já teve em toda a sua vida. Hoje será uma noite
inesquecível.
– Uau! – exclamou Eric, baixinho. De todas as noites que considerara como as melhores
da sua vida, como a noite da formatura do terceiro ano do Ensino Médio, Eric
imaginava que a noite com Nicholas realmente ocuparia a posição de primeiríssimo
lugar. Seria realmente a melhor noite de toda a sua vida.
Os dois deram, desta vez, um rápido beijo e voltaram ao banco onde estavam as
mochilas de Eric.
– Hum... Gostei desse “ainda”. – disse Nicholas rindo. – Significa que um dia, talvez,
você venha morar comigo.
Eric sorriu. Como era bom estar com Nicholas. Como era bom ver aqueles olhos
brilhando. Como era gostoso ver aquele sorriso...
– Desculpa, Eric... Tem umas coisas sobre mim que eu ainda não tive como te contar,
mas prometo que nesse feriado você vai saber tudo sobre mim. – adiantou-se Nicholas.
– A começar por agora... Eu... – ele parecia nervoso. – Eu não gosto de contar isso pra
todo mundo, pois sempre aparecem pessoas interesseiras querendo se aproximar e...
– Meu pai... Ele é dono de uma imensa rede de restaurantes, não só em Miami como
também já em outras cidades e outros estados. – disse Nicholas, sério. – Ou seja, é...
Meu pai é rico e...
– É... – Nicholas riu. – Mas espero que você não fique chateado com isso. Sei que tem
gente que acha que numa relação onde há muita diferença de poder aquisitivo e...
– Vamos lá. – disse Nicholas, animado. Ele pegou as duas mochilas de Eric e segurou,
bastante cavalheiro. Eric segurava apenas a sacola com os tênis.
Os dois saíram do MCS e caminharam, em passos apressados, pelo campus. Assim que
chegaram ao lado de fora, encontraram uma limusine preta.
– Oh, meu Deus! – exclamou Eric, surpreso. Ele acabava de ter uma noção da riqueza
que Nicholas tinha.
– Ai, Eric, não vai ficar envergonhado né? – disse Nicholas, preocupado. – Tudo bem
pra você?
– Boa tarde, Joseph. – saudou Nicholas ao entrar no carro e sentar-se no banco de trás.
– Boa tarde, senhor Wyatt. – respondeu o homem que aparentava uns quarenta e poucos
anos e vestia um uniforme com chapéu e tudo.
Eric engoliu em seco ao ouvir Nicholas ser chamado tão formalmente pelo motorista.
A viagem durou pouco mais que uma hora, graças ao trânsito lento que eles pegaram.
Muitas pessoas da cidade estavam viajando para outras partes e isso causava a lentidão
no tráfego.
– Temos oito quartos, todos com suíte; quatro salas; três banheiros; duas cozinhas; além
dos quartos para os empregados, claro. – disse Nicholas, freneticamente. – Nos fundos,
tempos um extenso campo e uma piscina linda. Mais tarde eu te mostro.
– Ce-certo. – disse Eric encantado, gaguejando, com tamanha riqueza do seu amado.
– Levarei seus pertences para o quarto de hóspedes mais próximo do quarto do senhor
Wyatt. – disse Arthur pegando as mochilas e a sacola de Eric.
– Deixa, Eric. – adiantou-se Nicholas. – Tudo bem, ele leva. – e ele sorriu. – Só tem um
problema, Arthur.
– Meu amigo não ficará no quarto de hóspedes. Ficará em meu quarto. – disse Nicholas,
sério.
– Tudo bem, Arthur. – disse Nicholas dando tapinhas no ombro do mordomo. – Tem
um sofá-cama no meu quarto. O Eric pode dormir lá.
Obviamente Nicholas estava mentindo. Ele queria dormir com Eric na mesma cama,
juntinhos. Eric ainda viajava em seus pensamentos. Se no quarto de Nicholas cabia além
da cama, um sofá-cama, então deveria ser realmente um quarto gigante.
– Meu pai está em casa? – perguntou Nicholas, curioso.
– Ainda não chegou. – respondeu o mordomo enquanto adentravam a casa. – Mas seu
pai senhor, se me permite dizer, está numa felicidade incrível.
Eric não prestava atenção à conversa. Ele admirava a casa de Nicholas. O salão
principal ostentava um belíssimo lustre de cristais. Móveis caríssimos estavam ali,
também.
Os três subiram as escadas e chegando ao segundo andar da magnífica casa, Eric parou
em frente a uma porta que deveria ser do quarto de Nicholas. Assim que o mordomo
abriu a porta e Eric entrou, quase não acreditou que aquilo fosse mesmo um quarto.
Parecia uma mini-casa, só faltava a cozinha.
O quarto de Nicholas era absolutamente incrível. Eric fez contas imaginárias e concluiu
que, ali, caberiam quase três quartos iguais ao seu, em Nova Iorque. O quarto de
Nicholas tinha uma cama grande com dossel, típica de castelos. No chão, perto da cama,
um bonito tapete. Próximo a cama, um sofá-cama na cor pastel. Prateleiras e prateleiras
com muitos CD’s. Nicholas era realmente viciado em música. No quarto ainda havia
uma mesinha com o computador e uma estante com um aparelho de som de última
geração.
Eric ficou admirado ao ver, em frente à cama, um pequeno móvel sustentando uma
imensa televisão LCD e um aparelho de DVD com Home Theater. Como se não
bastasse tudo aquilo, o quarto de Nicholas ainda apresentava uma grande varanda com
uma mesinha e duas cadeiras.
Pra completar o quarto, a suíte de Nicholas era tal qual a de um hotel de luxo: tinha,
além de um box com chuveiro e todo o aparato normal que se encontra em banheiros
comuns, uma linda banheira.
– Bom, vou deixar vocês descansando um pouco. – disse mordomo, por fim. Ele saiu do
quarto, batendo a porta. Eric estava encostado no parapeito da varanda, admirando a
vista para a piscina, nos fundos da casa.
– E aí... O que achou? – perguntou Nicholas chegando junto a Eric e o abraçando por
trás.
– Gostou da casa do seu namorado? – perguntou Nicholas virando Eric para ele e o
encarando face e face.
Era a primeira vez que Nicholas se referia a ele como namorado. Então a coisa estava
mesmo ficando séria entre os dois. Ótimo! Eric ficara feliz.
– Sim... Sua casa é tão linda quanto você. – disse Eric alisando o rosto do amado.
Nicholas sorriu.
– Já viu que teremos muita diversão por aqui né? – e ele entrou no banheiro. Eric o
seguiu. – Tomaremos banho juntos, dormiremos juntos... Hum... Vai ser perfeito!
– Sabe... – disse Nicholas indo até a porta do quarto e trancando-a. – Tá calor né? – e
ele tirou a camisa, apresentando o lindo peitoral que Eric tanto gostava.
– Hum... Não. – disse Nicholas, rindo. – Quero sentir mais calor, se é que me entende.
– Vamos tomar um banho? – perguntou Nicholas já avançando para Eric e tirando sua
camisa. – Hein? – e ele roçava seu nariz pelo rosto de Eric. – Só um banho e uns
amassos tá?
– Como eu já disse, sua primeira vez vai ser mais tarde, à noite... E vai ser especial. –
disse Nicholas, ansioso. – Quero que seja um momento pra você nunca esquecer.
– Mas vamos tomar banho... Faremos, agora, apenas... – dizia Nicholas tirando os tênis
e, em seguida, a bermuda. Estava apenas de cueca. – Os preparativos para a nossa
festinha à noite.
Eric sorriu, enquanto se despia também. Os dois deram as mãos e entraram no banheiro.
Como já havia trancado a porta do quarto, Nicholas deixou a porta do banheiro aberta e,
em seguida, abriu a torneira da banheira para esperar que a água chegasse até certa
altura.
– Tira minha cueca, vai... – pediu Nicholas com sua expressão sedutora.
Eric obedeceu e tirou a cueca do namorado, jogando-a pelo chão. Eric via que o sexo de
Nicholas estava cada vez mais rígido e aquilo o deixou ainda mais excitado. Sem Eric
pedir, Nicholas baixou-lhe a cueca. Aproveitando o momento, Nicholas se ajoelhou
diante de Eric e, segurando firme seu membro, começou a chupá-lo.
– Humm... – gemia Eric de tanto prazer, fechando os olhos. Ele sentia e sabia que
ninguém iria os impedir, desta vez. – Ah...
Nicholas continuou a sugar cada vez mais o membro de Eric. Uma onda de arrepio
percorria o corpo de Eric e ele sentia que logo, logo estaria gozando. Quase perto de
chegar ao ápice do prazer, Nicholas parou de chupá-lo.
Eric abriu os olhos e viu Nicholas, ainda ajoelhado diante dele, rindo.
Se o trailer já fora delicioso, Eric mal podia esperar pelo filme inteiro.
Eric sorriu e entrou na banheira. Eric praticamente deitou-se em Nicholas. Que sensação
maravilhosa! Um momento incrível...
– E vai ficar ainda mais... – dizia Nicholas enquanto segurava o membro de Eric e o
movimentava para cima e para baixo, debaixo d’água. Eric não podia estar se sentindo
melhor. Além de Nicholas estar começando a masturbá-lo, Eric sentia o sexo de
Nicholas próximo às suas nádegas. Parecia que o brinquedo de Nicholas queria procurar
o encaixe perfeito em Eric para que o quebra-cabeça fosse montado.
Realmente Eric não podia estar se sentindo melhor. Estava na casa perfeita com o
namorado perfeito numa banheira perfeita e tendo um momento perfeito. Mal podia
esperar para que a noite chegasse logo...
Continua...
– Ah, não... – disse Eric, rindo. Eric quase cochilava, deitado em Nicholas. Enquanto
trocavam carícias, Nicholas mexia nos cabelos dele e isso deixava Eric bastante
dengoso.
– Eu sei... Eu também não queria sair daqui. – disse Nicholas tentando mudar de
posição e se sentar mais ereto na banheira. A tentativa foi falha. Eric não deixou seu
amado mudar de posição. Continuaram do mesmo jeito que antes: Eric deitado em cima
de Nicholas.
– Por mim, ficaríamos aqui até... – murmurou Eric, de olhos fechados. Nicholas
continuava brincando com seu cabelo.
– Mas acho que já temos quase uma hora aqui... – sussurrou Nicholas no ouvido de
Eric. – Precisamos sair... Gostaria de te mostrar outros lugares, na casa. Que tal?
– Porque eu vou estar com você. – concluiu Eric. – E qualquer lugar que eu esteja com
você é...
Mas Nicholas não esperou que Eric terminasse a frase e o puxou pra mais perto dele,
beijando-o. Ele também sentia o mesmo: qualquer lugar que os dois estivessem juntos
seria maravilhoso.
Depois que terminaram de se beijar, os dois ficaram se olhando por segundos, como se
tivessem acabado de se encontrar.
Nicholas pegou uma toalha limpinha e começou a enxugar o corpo molhado de Eric.
– Você tá parecendo um bebê... – disse Nicholas, baixinho. Eric sorriu. – Meu bebê...
– Chega, chega... – disse Nicholas, rindo. – Temos que guardar essa vontade toda pra
mais tarde.
Os dois estavam perto da cama e Nicholas não se conteve: empurrou Eric, que caiu
deitado na cama; e em seguida, ficou em cima dele. Os corpos, quentes, se tocavam. Os
dois se beijavam mais uma vez. As línguas, já familiarizadas, brincavam cada vez mais
felizes.
- Eu gosto tanto de você, Eric... – dizia Nicholas assim que pararam de se beijar.
Nicholas fazia desenhos imaginários no peito de Eric, contornando seus mamilos,
passando pela barriga e contornando, em seguida, o umbigo.
– Bom... – disse Nicholas saindo de cima de Eric e sentando-se na sua cama. – Vamos
nos vestir né?
Nicholas abriu seu imenso guarda-roupa, feito de madeira antiga, envernizada e talhada
à mão, e tirou de dentro dele uma bermuda branca e uma camiseta preta. Eric não ousou
olhar, mas julgava, pela riqueza, que deveriam ser, ali, roupas de famosas marcas.
Nicholas vestiu a bermuda sem pôr uma cueca, antes. Eric sorriu enquanto pegava
roupas limpas na sua mochila.
Depois que os dois terminaram de se arrumar, Nicholas destrancou a porta e levou Eric
para conhecer os outros cantos da casa. Ele mostrou a Eric que eles tinham, na casa,
uma sala de estar bem aconchegante com a presença de um bonito piano. Nicholas
confessou que não sabia tocar, mas que seu pai havia insistido nas aulas de piano. Ele,
no entanto, recusou.
– É... Mas hoje em dia, malho mais na Casa Stigma mesmo. – confessou Nicholas. –
Levei muitos pesos pra lá. Eu andei muito tempo sem voltar pra cá. Até nas férias eu
preferia ficar lá na Irmandade... Agora, parece que as coisas vão mudar.
Depois, eles passaram por mais cantos da casa e, finalmente, chegaram à área externa,
onde tinha um extenso campo verde, bem propício para corridas e/ou partidas de
futebol.
– Muito linda! – exclamou Eric ao admirar a piscina, de perto. Não era uma piscina
olímpica como a do MCS, mas era tão grande quanto. Essa piscina, porém, tinha um
design incrivelmente diferente. Além de ter uma escada em inox, na beirada, como de
costume, para entrar e/ou sair da piscina, podia-se usar uma escada coberta com os
mesmos azulejos que compunham todo o chão dela. Os degraus começavam na beira da
piscina e seguiam até sua parte mais funda.
– Amanhã a gente pode dar uns mergulhos, se você quiser. – disse Nicholas, animado.
O relógio indicava cinco e meia da tarde quando o tour pela casa terminou e os dois
voltaram à sala principal, encontrando Nathaniel Wyatt, pai de Nicholas, conversando
com Arthur, o mordomo.
– S-sim, senhor. – disse Eric, nervoso, estendendo a mão para cumprimentar seu sogro.
– Eric, fique à vontade. – disse o pai de Nicholas, por fim. – Qualquer amigo do meu
filho, é meu amigo também. Se me dão licença, preciso tirar um cochilo. Resolvi muitos
negócios hoje e estou um pouco cansado...
O pai de Nicholas subiu as escadas e foi ao seu quarto, enquanto Nicholas, Eric e
Arthur, o mordomo, continuaram na sala.
– Hum... – gemeu Nicholas, pensativo. – Não sei... O que você acha, Eric?
– Eu? – assustou-se Eric. Como ele, convidado, iria escolher o que comeriam no jantar?
– Muito bem, senhores. – disse Arthur fazendo um gesto como uma reverência. –
Falarei com a cozinheira. – e dizendo isso, ele se retirou da sala.
– Nossa! – exclamou Eric, já a sós com Nicholas. – Você é tratado como um príncipe,
aqui.
Nicholas sorriu.
– E então... O que você quer fazer? – perguntou Nicholas, sem jeito. – Digo, o que você
quer fazer, a não ser... – disse Nicholas mordendo a boca, cheio de desejo.
– Bom... – disse Eric, corando. – Vamos assistir um pouco de TV? – sugeriu Eric.
Enquanto subiam as escadas, Nicholas visualizava todo um esquema para deixar sua
noite de amor com Eric o mais romântica, apaixonante e picante possível.
Assim que chegaram no quarto, Nicholas trancou a porta e, em seguida, fechou a porta
da varanda e fechou as persianas. Depois disso, ligou o ar-condicionado e marcou uma
temperatura bem baixa. O quarto estava escuro, embora os dois ainda conseguissem se
enxergar. Nicholas pegou o controle da TV e a ligou. Um canal fechado, de esportes,
passava.
– Alguma ideia de filme? – perguntou Nicholas enquanto passava por vários canais da
televisão.
– Hum... Não. – respondeu Eric, pensativo. Eric estava deitado ao lado de Nicholas. A
cama, embora fosse de solteiro, era tão grande e espaçosa quanto uma cama de casal.
– Acho bom não vermos romance né? – perguntou Nicholas rindo. – Não queremos nos
empolgar muito, agora.
O título do filme surgiu, na tela, indicando que se tratava de uma produção de terror.
– Que foi? Não gosta de filmes de terror? – perguntou Nicholas chegando mais perto de
Eric e deitando sua cabeça no ombro dele.
– É que... Bom... – começou Eric, vagamente. – Eu sou do tipo de pessoa que quando
assiste a filmes de terror, sai correndo pela casa depois, sabe?
– Não fique com medo... É só um filme e... – disse Nicholas passando a mão pelo rosto
de Eric – Eu estarei aqui para te proteger de qualquer vilão ou monstro malvado.
Eric riu com o que Nicholas dissera e aproveitando o momento, os dois deram um
rápido beijo.
– Shh... Calma, meu amor. Eu tô aqui com você... – disse Nicholas, sorrindo, passando a
mão pelo peito de Eric.
Eric riu.
– Nem acredito que estou aqui com você... – comentou Eric, baixinho. – Nem parece
que hoje o dia seria tão bom... Depois daquela melecada toda que os Stigmas fizeram
com a gente, de manhã cedo...
– Esquece isso, Eric. – dizia Nicholas passando, agora, a mão nos cabelos dele. – O que
importa é que já passou e nós estamos juntos, aqui... E ainda temos, amanhã, o feriado
inteirinho juntos.
– É... Vou dormir duas noites com você... – comentou Eric, feliz.
Os dois se esqueceram, no momento, do filme. Não havia mais o serial killer nem as
vítimas mortas cruelmente, só havia Eric e Nicholas. Os dois se beijaram loucamente,
ali, naquele gostoso ambiente, escurinho e frio, mas se contiveram apenas nos beijos.
Quando o filme acabou já eram quase sete horas da noite e eles ouviram batidas na porta
do quarto.
– Vamos nos arrumar para o jantar?! – exclamou Eric, surpreso. – Achei que essa
roupa...
– É, eu sei... Desculpe, mas meu pai tem essa coisa sabe? Ele não gosta que nós
jantemos de bermuda e camiseta. – disse Nicholas acendendo a luz do quarto e indo ao
seu guarda-roupa.
– Mas, Nick... – começou Eric se levantando da cama. – Eu nem sabia sobre essas
coisas todas e... Não trouxe roupas apropriadas. O mais apropriado que trouxe foi uma
calça jeans e uma camisa pólo, que usarei na quarta-feira, de manhã, para quando nós
voltarmos pra faculdade.
– Bom, você só é alguns centímetros mais baixo que eu e o corpo... Bom, somos
parecidos. – disse Nicholas, sério. – Experimente algumas roupas minhas.
– O que é que tem? Eu não vou me importar... E meu pai, bom... Ele nem vai saber que
você vai estar vestindo roupas minhas. Ele é meio desligado nessas coisas...
– Que foi? Achou que a gente iria tomar outro banho, juntos? Bom... Eu também queria,
mas... Acho que não me controlaria tão bem outra vez. – revelou Nicholas sorrindo.
Os dois sorriram e Eric entrou no banheiro, fechando a porta. Enquanto Eric tomava
banho, no chuveiro, Nicholas escolhia algumas roupas que ficariam boas no namorado.
Alguns minutos depois, Eric abriu a porta do banheiro e saiu com a toalha na cintura. O
queixo de Eric começava a bater de frio.
– Oh, coitadinho, vou desligar o ar. – e dizendo isso, Nicholas pegou o controle e
desligou o ar-condicionado. – Tá com frio né? – e ele sorriu. – Vem cá, eu te esquento.
Eric correu para os braços de Nicholas e os dois ficaram abraçados por quase dois
minutos. Eric sentia que estava tendo uma ereção, mas tentou se controlar.
– Bom, eu acho que essa roupa aqui vai ficar ótima em você. – disse Nicholas
mostrando a Eric uma calça social na cor preta e uma camisa social azul-turquesa.
– Que bom que gostou! – disse Nicholas, animado. – Então... Pode se vestir.
– Oras! O que é que tem, Eric? – e Nicholas riu. – Não tem nada em você que eu já não
tenha visto... – e ele assobiou maliciosamente.
– É, você tem razão. – disse Eric fazendo uma expressão sedutora, tirando a toalha e a
jogando na cama de Nicholas.
Ali, nu, em frente a Nicholas, a sensação que Eric tinha era de querer ser dominado.
Queria que Nicholas o dominasse, que o possuísse, que o envolvesse...
Eric pôs sua cueca e, voltando à Nicholas, pegou a calça do outro para vestir. Eric sentiu
que iria ficar pisando um pouco a bainha da calça, já que ele era um pouco mais baixo
que Nicholas. A solução era por a calça um pouco mais acima da cintura.
– Agora, a camisa. – disse Nicholas tirando a camisa do cabide e entregando a Eric, que
a pôs rapidamente. – Deixa que eu abotôo.
Parecia uma típica cena entre marido e mulher, neste caso, marido e marido.
– Prontinho. – disse Nicholas checando se não tinha se esquecido de algum botão. – Ih!
Os sapatos... Quase esqueci. – disse ele olhando para os pés, descalços, de Eric. – Que
número você calça?
Nicholas foi até uma parte em seu guarda-roupa em que ficavam inúmeros pares de
sapatos, tênis e chinelos.
– Pronto! Está lindo, como sempre. – disse Nicholas admirando a beleza do seu
namorado, vestindo suas roupas. – Agora é minha vez de tomar um banho. Me espera
aqui...
Nicholas entrou no banheiro, mas não fechou a porta. Eric observava o namorado
tirando a roupa e entrando no box para tomar uma chuveirada.
Eric deu uma boa olhada nas calças do guarda-roupa e escolheu uma calça preta com
riscas de giz.
– Hum... Uma das minhas calças preferidas. – sorriu Nicholas. Ele colocou uma cueca
boxer branca e vestiu a calça. – E a camisa?
– Hum... – dizia Eric checando as variadas opções de camisas sociais. – Essa aqui! –
disse ele tirando de dentro do guarda-roupa uma camisa social de linho na cor salmão.
Nicholas calçou seus sapatos e, em seguida, Ele e Eric pentearam os cabelos, puseram
seus perfumes, desodorantes e saíram do quarto. Assim que desceram, encontraram
Nathaniel na sala de estar. O pai de Nicholas estava arrumado, como sempre, e vestia
um elegante terno.
– Eu soube que o nosso hóspede vai passar a noite em seu quarto, Nicholas. Gostaria de
entender o porquê. – começou o pai, sério, ao vê-los. – Temos tantos quartos de
hóspedes à disposição e...
– Eu sei, pai... – adiantou-se Nicholas. – Mas é que eu tenho muitas ideias a discutir
com Eric sobre um trabalho que o professor passou e...
– Talvez fiquemos acordados até tarde discutindo isso... – concluiu Eric, nervoso.
– Hum... Entendi. – disse o pai, pensativo. – Espero que tirem a nota máxima pelo
esforço que farão.
– Boa noite, senhores. – saudou Arthur, entrando no cômodo. – O jantar está servido.
Eles se dirigiram à magnífica sala de jantar e os três se sentaram à enorme mesa. Eric
ficou encantado ao ver alguns empregados da cozinha trazendo as pizzas.
– Confesso que não esperava jantar pizza. – disse Nathaniel pondo seu guardanapo de
pano no colo. Eric o imitou. – De quem foi essa ideia?
– Minha! – adiantou-se Nicholas ao notar que Eric tinha ficado um pouco chateado.
– Já faz tempo que não comia uma boa pizza caseira... – comentou Nathaniel, animado.
– Quero marguerita, por favor. – disse ele a uma empregada que lhe mostrava uma pizza
com vários sabores.
Por debaixo da mesa, que trazia uma longa e bonita toalha a cobrindo, Nicholas
enroscava sua perna na perna de Eric. Eric engoliu em seco, surpreso.
– Eu? Bom... – começou Eric, nervoso. Mentia ou contava que estava solteiro?
– Hum... Muito bom, rapaz. É calouro e já atraiu olhares para as veteranas. – disse o pai
sorrindo. – Isso é o que eu chamo de ter atitude.
Eric forçou uma risada enquanto sentia, agora, o pé de Nicholas indo parar no meio das
suas pernas. Nicholas tinha tirado o sapato do pé direito e acabava de provocar Eric, por
debaixo da mesa. Eric não esperava que seu sexo fosse tocado pelo pé de Nicholas, ali.
Nervoso, ele terminou dando um rápido pinote, na cadeira.
Nicholas tornou a tocar o sexo do namorado com o pé, só que desta vez Eric não se
assustou. Ele ficou excitadíssimo com aquela sensação. Como Nicholas poderia ter tanta
coragem de fazer aquilo bem diante de seu pai? E se alguém visse ou suspeitasse de
algo?
Eric olhou assustado para o namorado. Ele não queria ficar sozinho com o sogro na
mesa. Nicholas ignorou o olhar de Eric e saiu da mesa.
Eric sentiu seu coração bater depressa. Quem era Juliette? Seria namorada de verdade
ou apenas uma desculpa? O que diria?
Já haviam se passado quase dez minutos e Eric, já impaciente com as conversas do pai
de Nicholas. Onde seu namorado estava? Se estivesse mesmo no banheiro, poderia estar
passando mal.
– É, já faz tempo que ele saiu da mesa. – disse o pai, sério. – Será que está tudo bem?
– Está tudo ótimo! – disse Nicholas entrando na sala de jantar no exato momento.
– Fui ao banheiro e quando já estava descendo as escadas, ouvi meu celular tocando. –
mentiu Nicholas. – Foi o pessoal da Stigma querendo contar umas novidades.
– Entendi. – disse o pai, satisfeito. – Bom, garotos, já são quase nove horas. Vou me
deitar. – e ele se levantou da mesa. Eric fez o mesmo.
– Sim, eu sei. – disse o pai. – Mas prometo que não irei demorar. Saio logo cedo e já
devo estar de volta para a hora do almoço. Negócios são negócios...
Depois de esperarem o pai subir as escadas, Eric não resistiu e perguntou a Nicholas:
– Sim, seu pai me perguntou se você ainda namorava uma tal de Juliette...
– Oh, sim... Quer dizer, a Tina, na verdade. – disse Nicholas, baixando a voz. – Tina é
prima da Anna. Lembra da Anna né?
– Sim... – disse Eric cruzando os braços.
– Então... A Tina sabe sobre mim e topou fingir que era minha namorada, mas usou o
nome de Juliette.
– Não! Só nos beijávamos na frente do meu pai e... – começou Nicholas, rápido. – Hei!
Que lindo! Você ficou com ciúmes... Te beijaria agora mesmo, mas...
– Me espere aqui... Não entre ainda. – adiantou-se Nicholas entrando no quarto escuro,
trancando a porta e deixando Eric, sozinho, do lado de fora.
Nicholas estava mesmo estranho. O que será que ele tanto escondia?
Eric entrou no quarto e ficou bastante surpreso ao encontrar aquele clima incrivelmente
gostoso. Além de o som estar ligado num volume propício, havia muitas velas, acesas,
pelo quarto escuro. Era a única iluminação dali. O ar-condicionado estava ligado numa
temperatura não muito fria e um gostoso cheiro de perfume estava no ambiente. Eric
não pôde deixar de notar, também, que do lado da cama, numa pequena mesinha com
um telefone sem fio, estavam uma pequena garrafinha, que ele deduziu ser um
lubrificante, e duas camisinhas.
– Gostou, meu amor? – perguntou Nicholas, depois de trancar a porta. – Foi isso que eu
estava fazendo quando disse que fui ao banheiro. Vim aqui, arrumei as velas, borrifei
perfume pelo quarto, escolhi esse cd que eu fiz só com músicas românticas... – e ele
sorriu. – Fiz tudo isso pra você.
– Ai, Nick... Fiquei sem palavras. – disse Eric, nervoso. De repente, um frio na barriga
tomou conta dele. – a música “Taking Chances”, na voz de Celine Dion, tocava no
momento.
– Você merece tudo isso e muito mais, Eric. – disse Nicholas de frente para ele. Os dois
se encaravam enquanto tocavam as mãos. – E, enfim, chegou a nossa noite inesquecível.
Os dois começaram a se beijar devagar e, depois, aumentaram o ritmo. As línguas
brincavam feito loucas, felizes.
Nicholas começou a desabotoar a camisa de Eric, mas não parava de beijá-lo. Eric
também fez o mesmo. De olhos fechados, e envolvido no gostoso beijo, tateava os
botões da camisa de Nicholas e começava a abri-los. Os dois tiraram as camisas, em
seguida, e continuaram o beijo caloroso.
A essa altura, Nicholas já estava ajoelhado diante do namorado e, sem cerimônia, abriu-
lhe o zíper da calça e começou a sentir seu volume, na cueca.
– Hum... – gemia Nicholas, excitado, enquanto tocava Eric. – Isso tudo é pra mim né? –
e ele sorriu. O som tocava, agora, “Brown Eyes” da Lady Gaga.
Nicholas tirou o sexo de Eric para fora da cueca e começou a movimentá-lo para frente
e para trás, provocando um gostoso atrito. Eric sentia um calor imenso lhe invadindo o
corpo e lhe deixando quente, enquanto suas mãos ficavam meio geladas, de nervoso.
Nicholas abriu a fivela do cinto de Eric e depois, abriu o botão da calça e baixou-a até a
altura dos joelhos de Eric.
Depois de dizer isso, Nicholas pôs o sexo de Eric na boca e começou a chupá-lo. Fazia
movimentos contínuos e gostosos e alternava isso passando a língua na glande do pênis.
Enquanto Eric ofegava, cheio de tesão, Nicholas não parava de fazer o que estava
fazendo. Eric sentia que se aquilo continuasse por mais um tempinho...
– Nick, eu vou gozar. – disse Eric, nervoso, com uma voz rouca.
Nicholas ouviu, mas ignorou. Era isso o que ele queria. Queria sentir o gosto de Eric.
Continuados os segundos em que seu sexo era tocado pela boca e pela língua de
Nicholas e Eric não resistiu. Sentiu um formigamento percorrendo-lhe o pé da barriga e
um arrepio lhe invadindo o corpo. Logo em seguida, ele liberou toda a sua energia, toda
a sua tensão sexual, dentro da boca do namorado. Eric gozou.
– Seu gosto é uma delícia... – disse Nicholas, sedutor, se levantando e ficando à altura
do namorado. – Quer provar o meu?
– Quero. – disse Eric, tenso. Tinha medo de fazer algo errado, embora já tivesse
praticado com Nicholas no dia anterior.
Nicholas tirou o cinto da sua calça e por fim, baixou-a até os tornozelos.
Eric se ajoelhou diante de Nicholas e começou a passar a mão sobre o volume que o
namorado trazia dentro da cueca. Eric arriou a cueca de Nicholas e pôs o sexo do
namorado na boca. Ele começou a sugá-lo, como da vez anterior.
Ao ouvir aquilo, Eric se empolgou e continuou com os movimentos, desta vez, mais
acelerados. Será que seria capaz de fazer Nicholas gozar? Eric queria fazê-lo gozar.
Significaria que teria feito tudo da maneira correta.
Mais uns minutos, que pareceram segundos, e Nicholas chegava próximo ao ápice do
prazer. Iria ter um orgasmo.
E foi isso o que aconteceu. Nicholas ejaculou e Eric sentiu um leve jato dentro da sua
boca e, em seguida, um gosto um tanto incomum. Estava com o sêmen de Nicholas em
sua boca, sentia o gosto do namorado. Eric engoliu o fluido e, depois, levantou-se para
encarar Nicholas.
Nicholas queria ter posto algumas pétalas de rosas pela cama, mas não conseguiu
organizar tudo a tempo. Talvez para uma próxima ocasião, pensou. Pelo menos,
Nicholas tinha borrifado bastante perfume na sua cama. O cheirinho bom, as velas, os
corpos nus se tocando... Tudo aquilo estava mais perfeito do que nunca. O som tocava
“Save Me” dos irmãos Hanson, música extremamente deliciosa para a ocasião.
– E você ainda pergunta? – disse Eric rindo. – Está sendo uma noite perfeita...
– Então vamos continuar. – pediu Nicholas sentando-se na cama e indo até a mesinha
para pegar um preservativo. Ao ver aquilo, Eric logo entendeu que, naquela noite,
Nicholas seria o passivo na relação. Ele queria ser ativo também. Quem sabe na
próxima...
Nicholas fez todo o ritual para colocar a camisinha: colocou-a na cabeça do seu sexo;
segurou a ponta, apertada, para não ficar ar; e foi desenrolando-a até a base do pênis.
– Ai, claro! – resmungou Nicholas. – Você nunca fez nada parecido com outro
homem... – disse ele baixinho. – Entao, vou te guiar. – e ele sorriu. – Fique calmo. Olha,
eu não vou mentir... A primeira vez irá doer um pouco, mas você se acostumará em
breve... – Nicholas tentou ser o mais convincente possível.
Eric engoliu em seco e fez o que o namorado pediu. Ele ficou de quatro, empinando
suas nádegas.
Nicholas sentia-se ainda mais excitado ao ver aquilo. Era a bunda mais linda que já
tinha visto em toda a sua vida, pensava ele.
– Fique calmo... Precisa estar bem relaxado. – disse Nicholas, firme, enquanto
continuava estimulando a região.
Nicholas empurrou seu membro para que entrasse ainda mais em Eric e, depois, foi
fazendo o movimento reverso. Eric nunca sentira dor semelhante. Era um desconforto
muito grande, embora ainda estivesse bastante excitado e quisesse que aquilo
continuasse.
Como o lubrificante tinha facilitado tudo, Nicholas começou a introduzir seu pênis no
ânus de Eric em ritmo mais acelerado. Eric gemia, tentando não fazer muito alto a ponto
de chamar a atenção das outras pessoas, na casa.
– Desculpe, fui muito rápido. – dizia Nicholas acariciando as nádegas do namorado com
as mãos.
E Nicholas voltou ao seu ritmo mais lento e carinhoso. O sexo anal estava sendo um
tanto desconfortável para Eric, mas aos poucos, ele conseguia sentir mais prazer
naquilo. Era tão bom, tão único, sentir Nicholas dentro dele. Enfim, seu desejo fora
realizado: Nicholas o tinha dominado.
Nicholas tentou acelerar o ato, com certo receio, mas viu que Eric não reclamou. Já
deve estar se acostumando mais, pensou. A sensação, agora, era diferente. Eric sentia
mais prazer que antes. Sua próstata era estimulada enquanto o membro de Nicholas o
tocava.
Mais uns minutos depois e o mais incrível, para ambos, aconteceu: gozaram na mesma
hora. Eric gozou nos lençóis da cama enquanto Nicholas gozou dentro de Eric, embora a
camisinha não permitisse que o fluido fosse escapar por ali.
– Humm... – gemia Nicholas, respirando fundo, enquanto tirava lentamente seu pênis de
dentro do ânus de Eric, que gemeu outra vez. Nicholas tirou cuidadosamente a
camisinha e dando um nó, jogou-a no chão.
– Fui forte demais? – perguntou Nicholas, receoso, enquanto beijava o pescoço de Eric.
– Não... Você foi... Perfeito. – disse Eric enquanto apertava a bunda do namorado.
– Ai, que bom ouvir isso. – disse Nicholas, por fim. – Mas então... Você quer ser o
ativo, agora?
– Eu... – Eric hesitou. Claro que queria, mas tinha insegurança. – Acho melhor
deixarmos para amanhã, não?
– Você é quem sabe, meu bebê. – disse Nicholas, carinhoso. – Faço o que você quiser.
– Então vamos ficar assim, agora. – disse Nicholas o abraçando bem forte. – Abraçados,
nus...
Nicholas, safado, enquanto estavam abraçados, segurava o sexo de Eric e sentia que
mais uma vez, estava crescendo cada vez mais. Eric também segurou o sexo de
Nicholas e sentia-o pulsando em sua mão e também se enrijecendo. Os dois estavam
incansáveis de tanto prazer...
– Sabe... – dizia Nicholas com uma voz bem sedutora. – Desde que te vi pela primeira
vez, no domingo, véspera de começarem as aulas... Ali, no restaurante, quando o Leo
foi inventar de te chamar pra morar na Stigma...
– Então... – continuou Nicholas, sério. – Eu acho que me apaixonei por você desde ali...
Eric sorriu, envergonhado. O som tocava a música “California King Bed” da Rihanna.
– Ai, Nick... – dizia Eric parando de tocar o namorado e aconchegando sua cabeça no
ombro dele. – E acho que eu me apaixonei por você, ali, no vestiário...
– Eu percebi que você tinha ficado excitado, naquele dia. – disse Nicholas acariciando
as costas do namorado.
Os dois ficaram parados, sem falar, só ouvindo a música e trocando olhares. Deram um
longo beijo, em seguida, embalados pela canção.
Nicholas sorriu e, acariciando o rosto do namorado, começou com uma voz firme:
– Você quer ser meu namorado, Eric? – perguntou ele, firme. – Sei que até agora só nos
envolvemos e não firmamos nada tão sério, mas... Você está disposto a...
Eric calou Nicholas com um beijo tão gostoso quanto o anterior. Nicholas já tinha
entendido a resposta.
Nicholas encostou sua boca no ouvido de Eric e sussurrou, ali, as palavras mais lindas
que Eric poderia ter escutado, naquele dia:
Eric sentiu vontade de chorar, de tanta alegria; sentiu amor; sentiu paixão; sentiu
vontade de sair pelo mundo gritando...
Continua...
BOA LEITURA!
Antes de dormirem, Eric e Nicholas apagaram as velas do quarto, pois temiam que algo
pudesse acontecer durante a madrugada e não iriam querer estragar o maravilhoso
momento de intimidade entre os dois. Os dois dormiram nus, abraçados, ainda ouvindo
as músicas românticas do cd gravado por Nicholas.
O relógio marcava nove horas da manhã quando Nicholas acordou. O rapaz se dera
conta de que havia dormido com Eric deitado em seu peito. Nicholas sorriu ao apreciar
Eric dormindo. Até daquele jeito seu namorado era lindo...
Ainda sonolento, Nicholas se esforçou para enxergar o ambiente ao seu redor. As
velas,como ele recordava,estavam apagadas, mas ainda nos mesmos lugares de antes. O
som estava ligado, mas não tocava mais música nenhuma. O quarto ainda estava
escurinho, pois as persianas cobriam a passagem de luz por ali. Nicholas se perguntou
se estava sonhando. Eric deitado em seu peito era a coisa mais linda que ele podia ter
visto em todas as suas manhãs. Com receio de que adormecesse mais uma vez, Nicholas
foi desencostando lenta e calmamente a cabeça de Eric do seu peito e ajeitou o
namorado em seu travesseiro. Eric mexeu-se um pouco, mas não acordou. Nicholas
levantou, nu, da cama e desligou o som.
Enquanto andava pelo quarto, ele observou as roupas pelo chão: calças, camisas e
cuecas espalhadas. Nicholas agachou-se e catou as roupas, depositando-as, em seguida,
na mesa do computador. Ao segurar a cueca de Eric nas mãos, Nicholas não resistiu e
cheirou-a. Era um cheiro tão bom, tão único... Era o cheiro de Eric, cheiro do seu sexo,
misturado com um leve aroma do sabonete que tinha usado no banho. Nicholas sentiu
seu membro se enrijecendo só em imaginar ele e Eric fazendo amor mais uma vez.
Nicholas tentou não fazer zoada ao limpar o barbeador, na pia, e depois de escovar os
dentes, voltou à cama. Não queria acordar Eric, mas teria que fazer isso... Mas como?
Nicholas então teve a melhor ideia possível. Começou a beijar o corpo de Eric. Beijou-
lhe levemente a boca, depois o pescoço. Em seguida, deu beijos nos ombros e no peito.
A essa altura, Eric acordou assustado ao ver Nicholas beijando sua barriga.
– Bom dia, meu amor. – disse Nicholas beijando a boca de Eric outra vez.
– Por um momento, achei que eu tinha sonhado tudo... – disse Eric, murmurando,
enquanto tocava o peito de Nicholas.
– Não, Eric, não foi um sonho. – disse Nicholas, sorrindo. – Foi tudo muito real...
– Ainda bem, pois se fosse sonho... Eu iria querer dormir mais. – disse Eric numa voz
doce.
– Vai escovar os dentes logo. – disse Nicholas dando um leve tapinha nas nádegas de
Eric. – E depois, tomaremos um banho juntos.
– Hum... Você me deixa assim, Nick. – disse Eric em meio a gemidos. Eric tateou o
corpo do namorado e sentiu que o sexo do parceiro também estava rígido.
– Bom, eu malho mais que você e acho que você é mais leve que eu... – disse Nicholas,
baixinho.
O que aconteceu a seguir, Eric não poderia imaginar: Nicholas o carregou nos braços
como um noivo carrega a noiva na típica cena da lua-de-mel.
O contato entre os dois não podia ser mais gostoso. Estavam nus e os braços fortes de
Nicholas envolviam o corpo de Eric, que se sentia protegido.
– Deixa que eu pego! – adiantou-se Nicholas saindo do banheiro. – Onde você colocou
mesmo?
Nicholas voltou com uma caixinha transparente e uma escova de dentes de cabo azul
metálico.
Eric escovou os dentes e em seguida, os dois entraram no box para tomar uma boa
chuveirada.
– É tão bom estarmos juntos... – disse Nicholas enquanto espalhava xampu em seus
cabelos.
– É... É que... – começou Eric enquanto retirava o sabão do corpo. – Eu não sei se eu
teria coragem suficiente pra assumir nossa relação e...
– Shh, calma! – adiantou-se Nicholas, depois de ter enxaguado seu cabelo. – Eu não tô
pedindo nada, Eric. Só falei isso por falar, calma. Eu te entendo... Apesar de alguns
amigos saberem de mim, meu pai e os outros parentes não sabem.
– Sim...
– Eles sabem de mim. – disse Nicholas, por fim. – Anna é heterossexual, Brian é bi e o
Thiago é gay.
E os dois se envolveram num gostoso e demorado beijo. Ainda estavam molhados e isso
deixou o clima ainda mais maravilhoso.
– Eu te amo tanto, Eric... – disse Nicholas assim que os dois pararam de se beijar. – Eu
sei que o futuro é algo incerto, mas... Eu espero que a gente fique junto por muito,
muito tempo ainda...
– Eu sei, Nick... Também espero que dê tudo certo entre a gente. – completou Eric. – Eu
te amo muito!
Nicholas ligou o chuveiro outra vez e os dois continuaram com beijos e muitas carícias.
Assim que terminaram o banho, eles se vestiram e começaram a limpar o quarto. Não
queriam deixar vestígios da noite anterior. Nicholas recolheu todas as velas e as guardou
numa caixa, no fundo do guarda-roupa. Eric separou sua roupa das roupas de Nicholas.
– Sim! – concordou Nicholas, afoito. – Para parecer que você dormiu aqui. – e ele riu.
– Acho que não... – disse Eric, sorrindo envergonhado, ao apontar para a camisinha
jogada no chão.
Nicholas pegou várias folhas de papel ofício e enrolou a camisinha com elas, fazendo
uma enorme bola de papel e depois, jogou-a no lixo do quarto.
– Não podemos deixar nada à toda né? – Nicholas sorriu. Em seguida, pegou o
lubrificante e o guardou numa das gavetas do guarda-roupa. – Agora sim, pronto!
Os dois desceram para tomar café e notaram que, pela hora, Nathaniel Wyatt já não
estava em casa.
– Bom dia, senhores! – saudou Arthur, o mordomo, muito animado. – Espero que
curtam o feriado, hoje, e não estudem tanto.
– Ah, Arthur, pode deixar! – disse Nicholas sorrindo. Eles fariam de tudo para curtir
aquela terça-feira da melhor maneira possível.
– O dia está lindo hoje. – comentou Arthur, ainda de pé, ao lado de Nicholas.
– Claro, claro. – concordou Eric, sem graça. A mão de Nicholas em sua perna o deixava
desconcertado, desligado do mundo. – Mas, eu não trouxe sunga.
– Ah! Isso não é problema... Nadamos nus! – sussurrou Nicholas, rindo. – Brincadeira!
Enquanto os dois riam, ali, os Stigmas levavam uma séria conversa, na Miami College.
– É realmente humilhante essa situação em que estamos. – dizia Leo, líder dos Stigmas.
Eles estavam sentados no quintal da casa Stigma, reunidos. Apenas alguns membros
não estavam presentes, ali, incluindo Nicholas.
– Isso não pode ficar assim! – disse Travis, um dos membros, levantando a voz.
– Mas vai ter que ficar assim! – adiantou-se Leo, irritado. – Foi o que o reitor me disse
ontem, como eu já expliquei a vocês.
– Vamos ter que selar uma “paz” com os Betas. – disse Leo, indignado. – Se não
fizermos isso, todas as duas irmandades serão expulsas da Miami College.
– Se eles fizerem isso, nós teremos que falar com o reitor e aí, tanto eles quanto nós
seremos expulsos. – adiantou-se Leo.
– Então não falamos mais nada com o reitor e continuamos com a nossa rixa por
debaixo dos panos. – sugeriu Ronald.
– Não! – adiantou-se Leo. – Em algum momento isso não iria dar certo e alguém de
fora, sem ser da Beta ou da Stigma, poderia dedurar tudo... E se o reitor ouvir mais uma
queixa sobre nós ou sobre os Betas... Já era!
– Pois é... É sempre assim. – disse Nicholas, sorrindo. – Por isso que tivemos que dar
aquela arrumada rápida, antes. Se eles vissem as velas ou outras coisas mais... – e
Nicholas riu alto.
– Cara, eu não agüento olhar pra você, nu. – disse Nicholas segurando seu próprio sexo,
sorrindo. – Você me deixa cheio de desejo...
Eric sorriu ao ver que Nicholas estava começando a se excitar pra valer.
– Ah, não... Não vamos bagunçar sua cama, ainda. – disse Eric, sedutor, falando no
ouvido de Nicholas.
Os dois continuavam de pé, abraçados, nus, trocando carícias. Eric também estava com
seu sexo rígido.
– Vamos pro sofá-cama. – sugeriu Nicholas, ansioso. – Nem precisa forrar. – e ele riu.
– Eu acho melhor forrar... – comentou Eric. – Não queremos sujar nada né? Pelo menos
o lençol dá pra lavar mais fácil que o estofado... – e ele riu também.
Nicholas ligou o som e o mesmo cd da noite anterior começou a tocar outra vez, com
suas músicas românticas. Os dois praticamente se jogaram no sofá-cama e começaram a
se beijar loucamente.
Enquanto Eric acariciava das costas do namorado até as nádegas, Nicholas afagava os
cabelos de Eric. Mudaram de posição. Desta vez, não estavam mais abraçados. Nicholas
resolvera ficar por cima do namorado, sentando quase que em cima do sexo do outro.
Nicholas voltou a beijar Eric e, depois, começou a morder-lhe a orelha de forma bem
leve. Eric gemia de prazer.
Enquanto Nicholas beijava o pescoço de Eric e deixava marcas, ele percorria suas mãos
pelo corpo do namorado.
– Hoje eu quero diferente, você sabe... – começou Nicholas numa voz mansa. Ainda em
cima de Eric, ele acariciava o peito do namorado. – Quero que você seja o ativo, Eric.
– Tudo bem, Nick. – disse Eric, um pouco nervoso.
– Humm... – gemia Eric devido à sensação de prazer que sentia ao ser tocado por
Nicholas. – Sim, pode.
Nicholas saiu de cima de Eric e buscou uma camisinha e o lubrificante, que já tinha
guardado.
Eric se ajeitou melhor na cama e começou a beijar o peito de Nicholas, que tinha
acabado de se deitar onde Eric estivera deitado antes. Os lábios de Eric foram descendo
pelo bonito peito de Nicholas até que chegaram à parte mais desejada. Eric não pensou
duas vezes e pôs o sexo do namorado na boca. Começou a sugá-lo da forma mais
gostosa possível. Ouvir Nicholas gemendo de prazer deixava Eric ainda mais excitado.
Enquanto era chupado, Nicholas afagava os cabelos de Eric.
Um tempo depois e Eric sentia, como na noite anterior, o gosto do sêmen de Nicholas
em sua boca. Nicholas havia gozado mais rápido do que imaginara.
– Não, eu quero que você coloque em mim. – disse Eric sorrindo, nervoso.
Nicholas terminou ficando na mesma posição que Eric ficara, na noite anterior: de
quatro. Nicholas empinava seu corpo para trás, apresentando a Eric a região principal
onde ocorreria o ato tão desejado por ele.
Assim que terminou de introduzir, Eric começou a empurrar seu sexo para frente e para
trás, fazendo o gostoso atrito e promovendo a deliciosa sensação para ambos. Eric
estava sentindo muito prazer em fazer tal ação e Nicholas se perguntava como Eric
poderia ser tão bom, para alguém que nunca tinha tido relações sexuais com outro
homem. Eric sabia tratar Nicholas, como passivo, da melhor forma possível.
Eric, agora, além de continuar enfiando seu sexo em Nicholas e friccionando seus
mamilos, beijava as costas do namorado. Esse conjunto de ações recebidas por
Nicholas, aliadas à sua masturbação, fez com que ele despejasse um rápido e grande jato
no lençol do sofá-cama. Segundos depois e Eric liberou toda a sua tensão sexual, toda a
sua energia, dentro de Nicholas. Eric gozara deliciosamente. Fora o melhor orgasmo
que tivera até aquele momento, em sua vida.
– Aah... – dizia Nicholas, arfante. – Que delícia... Nunca me senti tão excitado como
agora.
– Eric... – começou Nicholas, vermelho. – Eu... Nossa! Ninguém nunca me tocou desse
jeito, antes.
– Ai, Nick... – dizia Eric, arfante. – Eu nunca tinha feito nada tão bom...
Os dois se beijaram, em seguida, feito loucos. Agora, não havia mais segredos entre
eles. Um já conhecia muito bem o corpo do outro, da melhor maneira possível. Cada
detalhe, cada extremidade, cada dobra...
Os dois ficaram deitados, abraçados, por quase uma hora, enquanto trocavam carícias.
– Hum... Vamos tomar uma chuveirada e depois vamos pra piscina. Certo? – sugeriu
Nicholas.
– Ah... Por mim, eu ficava com você, aqui, o dia todo... – disse Eric numa voz dengosa
como de uma criança mimada.
– Por quê?
– Por que eu sabia que ficar longe da família e dos amigos ia ser realmente complicado.
– continuou Eric, pensativo. – Achava que tudo ia ser mais difícil, aqui. Eu nem
pensava em encontrar alguém que me fizesse sentir tão bem quanto você me faz. E você
realmente mudou isso em mim: eu já consigo me sentir mais familiarizado, aqui. Eu até
me sinto menos tímido, às vezes... Acho que você me tornou mais “normal” e isso em
apenas duas semanas. – Eric riu.
– Ah, meu amor... Você é normal! – Nicholas riu. – E por sinal, eu adoro esse seu jeito
tímido de ser...
– E saiba... – continuou Nicholas. – Que você também mudou muita coisa em mim,
mesmo em poucos dias... Eric, eu realmente era aquele aluno rebelde que tanto você
ouve falar. Eu brigava com os professores, brigava com todo mundo... E odiava estudar.
Não tinha motivação nenhuma... Até encontrar você.
– Então isso significa que... – começou Eric, pensativo. – Realmente nada acontece por
acaso, não? Não foi por acaso que você entrou nas mesmas turmas que eu... Não foi por
acaso que eu resolvi me inscrever no Miami College Swim.
– Não. Nada foi por acaso... – concluiu Eric, sério. – Foi o destino, Nick. O destino nos
uniu.
– Que lindo! – exclamou Nicholas, baixinho. – E se depender de mim, farei de tudo para
que nada nos separe.
– Eu também. – confirmou Eric.
– Ficou lindo! – exclamou Nicholas, animado. Depois disso, ele abriu uma gaveta que
tinha apenas sungas e algumas toucas de banho. Eric nunca vira tamanha variedade de
sungas, apenas em lojas,claro.
– Pra mim, essa transparente que você tá usando já tá ótima. – disse Eric, rindo.
– Ai, seu safado! – disse Nicholas rindo e dando um beijo no namorado. – Quer dizer
que você quer que eu fique nu, na piscina?
– Se só tivéssemos nós, aqui... Bem que poderíamos fazer isso né? – disse Nicholas,
rindo.
– É... Veste essa. – disse Eric indicando uma sunga azul com estampas verdes.
Nicholas seguiu o conselho e vestiu a sunga, que só tornava ainda mais gostoso o corpo
dele. Observar aquele volume que Nicholas apresentava deixava Eric super excitado.
– Ah, vejo que vão usar a piscina! – disse Arthur, no andar de baixo, assim que
encontrou os rapazes.
– Só não entendi por que não foram logo depois do café. – começou o mordomo,
pensativo. – Eu até já ia chamá-los lá em cima...
Enquanto Eric e Nicholas saiam da sala e iam diretamente para os fundos da casa, o
mordomo correu para a cozinha e pediu para as cozinheiras prepararem um lanche.
– Ah! A água tá uma delícia... – disse Nicholas, depois de ter dado um grande salto e
mergulhado fundo na piscina. – Vem logo, Eric!
Eric pulou na piscina, espalhando água para os lados. Ele se segurou para não abraçar e
beijar Nicholas, ali.
– Esse feriado não poderia ser mais perfeito! – exclamou Eric, animado.
Nicholas nadou em direção a ele e ficando próximo ao namorado, enfiou sua mão
dentro do short dele e começou a acariciar seu sexo.
– Relaxe, Eric. Se alguém tiver nos vendo, de longe, só vão imaginar que estamos
conversando. – disse Nicholas, sedutor, segurando o sexo do namorado e sentindo que
começava a ficar cada vez mais duro. – Vem, faz isso em mim também... – pediu
Nicholas, sorrindo.
Eric começou a tatear o membro de Nicholas e sentia-o volume bastante rígido. Mesmo
com medo, Eric enfiou sua mão por debaixo da sunga de Nicholas e puxou seu pênis
para fora, para que o tateasse melhor. Os dois ficaram assim, na piscina: um acariciando
o sexo do outro.
– Ih, lá vem o Arthur! – exclamou Nicholas, baixinho, assim que olhou e viu o
mordomo caminhando em direção à piscina trazendo consigo uma bandeja com dois
copos de suco e dois sanduíches.
– Ah! Quase ia me esquecendo... Não pude deixar de notar uma coisa enquanto os
observava, de longe... – começou Arthur, sério.
– Ah! – exclamou Nicholas tão aliviado quando Eric, ao ouvir aquilo. – Não, não...
Esquecemos.
– Sei que é bom pegar um bronze, mas faz mal ficar tão exposto assim ao sol. – disse o
mordomo. – O Sr. Wyatt não me perdoaria se visse o filho dele com insolação ou algo
do tipo. Vou buscar um protetor solar e volto já. – disse ele, orgulhoso.
– Caramba! Sente isso... – e ele pegou a mão de Nicholas e pôs em seu coração.
– Eu também fiquei morrendo de medo quando ele falou que viu a gente e...
– Bem que dizem né? – começou Nicholas depois de beber um pouco do suco. – Tudo
que é proibido, escondido, é mais gostoso...
Continua...
Nando Gomez
(Cap. 15) A despedida do feriado
Notas do capítulo
Gente!
Puxa vida...Sei que vocês (que comentam) receberam meus pedidos de desculpas,mas...
Aqui vão mais: DESCULPEM-ME PELO ATRASO!
Pois é...
Fim de férias, retorno das aulas...Eu tô, assim como o Eric e o Nicholas, tendo aulas de
Bioquímica e de outras matérias pra lá de cabeludas...rsrs
Estou me esforçando ao máximo pra dar conta do recado!
Acordado cedo todo dia e...
Bom, vocês não precisam aguentar minhas reclamações né? rs
Meu compromisso com vocês é postar essa história, a partir de agora, entre esse
intervalo de dias. Portanto, farei o máximo possível para não atrasar ainda mais a nossa
história aqui...
– Hum... Sim, boa ideia. – concordou Nicholas. – Daqui para o fim do semestre
deveremos ter uma competição pela frente e é bom treinarmos.
– Sério?
– Pois é... No fim desse semestre deve ter o torneio entre as universidades locais de
Miami, que serve como classificatória para o torneio regional, que acontece no fim do
ano.
– Caramba! – exclamou Eric, surpreso. – Não tinha parado pra pensar nisso ainda...
Imaginava que iríamos participar de competições entre os membros do MCS mesmo...
– Mas fique tranqüilo. – concluiu Nicholas. – Com certeza estaremos bem treinados até
lá. E você... Você nada super bem, Eric. Pode até ser que o treinador Smith te escolha
para ser o capitão do time dessa vez.
– Você daria um ótimo capitão. – disse Nicholas pondo, discretamente, sua mão sobre o
ombro de Eric e o acariciando. – Vamos nadar um pouco?
– Vamos.
Os dois pularam na piscina e começaram a praticar os tipos de nado que tanto treinavam
no clube de natação da Miami College.
– Que tal uma aposta? – sugeriu Nicholas, arfante, assim que chegou à superfície d’água
depois de um longo tempo sem respirar.
– Sim. – continuou Nicholas. – Aposto uma corrida desta ponta da piscina... – e ele
indicava o lugar onde estavam. – Até o outro lado. Quem chegar primeiro, lá, vence.
– Humm... E o que seria exatamente o prêmio para quem ganhar essa aposta? –
perguntou Eric, rindo.
– Uau! – exclamou Eric. – Tirando a parte do filme, já tô até gostando desse castigo... –
e ele riu. – Mas e se eu ganhar?
– Ah... Muito sabido você... Pelo que entendi, o que vai mudar na aposta é o tipo de
filme. – disse Nicholas, rindo. – Mas vai ser muito mais gostoso eu te beijar enquanto
assistimos a um filme de terror.
– Lógico que não! – disse Eric rindo. – Filmes de terror não foram feitos para casais se
beijarem, mas sim para dar medo!
– Nada disso! O clima de medo, tensão, faz com que o casal queira se beijar, que os
namorados estejam mais próximos um do outro...
– Que se inicie a aposta então? – disse Nicholas estendendo a mão para que Eric selasse
o acordo.
– Oba! Venci! – exclamava Eric, feliz. – Chega, Nick... Pode parar, já venci.
Nicholas então, perto de Eric, não resistiu e puxou-lhe a perna, fazendo com que Eric se
desequilibrasse e caísse no fundo da piscina. Feito isso, Nicholas segurou firme o rosto
do namorado e, com dificuldade, beijou-o. Um beijo que requeria muito fôlego e luta
contra a pressão da água: um beijo submerso. Depois disso, os dois voltaram à
superfície.
– Parabéns! Venceu a aposta! – disse Nicholas, animado. – Então... Nada de terror né?
Nicholas parou por segundos. Ficou mudo, só admirando Eric e cada detalhe do seu
rosto...
– Nick? Nick? – Eric falava, sério, ao ver que o namorado estava pensativo demais.
– Desculpe, mas eu tava viajando... – disse ele. – Te admirando e me perguntando se
você é mesmo real.
– Claro que sou real, seu bobo! – disse Eric, rindo, jogando água em Nicholas.
– Eu sei, Nick... – e Eric sorriu. – E sei que você também sabe, mas eu te amo muito,
muito, muito. – concluiu ele.
– Poxa... Queria poder te beijar muito, agora. – lamentou-se Nicholas. – Seria perfeito
se não tivéssemos, aqui, em público.
– Não tem problema. – começou Eric. – Nosso beijo debaixo d’água já foi perfeito e
além do mais, mais tarde você pode me compensar com muito mais beijos, quando
estivermos só nós dois.
– Aqui, senhores. – disse ele depositando os roupões numa das cadeiras à beira da
piscina. – Usem quando saírem da água. – depois de dizer isso, Arthur recolheu os
pratos e os copos sujos e os colocou na bandeja.
– Ah! Ainda bem! Não queria que ele ficasse o feriado todo fora de casa... – murmurou
Nicholas, pensativo.
– Bom, vou me retirar. – disse o mordomo saindo de perto da piscina e seguindo para
dentro da casa.
– Já quer sair da piscina? – perguntou Nicholas olhando fundo nos olhos de Eric.
– Bom, tá tão gostoso aqui, esse sol, essa água geladinha... – disse Eric, sorrindo, ao
encarar o olhar de Nicholas. – Mas acho bom a gente sair sim.
– Humm... Ótimo!
– Já vamos almoçar?
– É... Mesmo em feriados e finais de semana... – disse Nicholas rindo. – Meu pai
sempre almoça cedo...
– Pois é... Seu sogro é assim. – disse Nicholas sorrindo ao sair da piscina.
– Muito bom-dia! – saudou Nathaniel Wyatt ao ver o filho e seu “amigo” passando pela
sala.
Subiram apressada e ansiosamente para o quarto. Chegando lá, trancaram a porta, como
de costume e, mais uma vez, estavam no paraíso.
– Agora sim... – disse Nicholas já despindo seu roupão e avançando, ainda parcialmente
molhado, para Eric. – Agora estamos só nós dois... – e dizendo isso, ele segurou o rosto
de Eric e começou a beijar o namorado.
Enquanto se beijavam, Eric conseguiu despir seu roupão e lá estavam os dois, seminus.
Um de sunga e outro de short. Enquanto continuavam a ação, seus membros se
enrijeciam e se roçavam, molhados.
– Vamos pro chuveiro! – pediu Nicholas baixando sua sunga e apresentando a Eric o
sexo de forma bem ereta.
Eles correram pro banheiro e entraram no box, ligando o chuveiro. À medida que a
água, fria, caía sobre eles, o casal se beijava loucamente. Nicholas, cheio de desejo,
parou de beijar a boca de Eric e desceu seus lábios para o peito do namorado, passando
a língua repetidas vezes no mamilo direito de Eric, que gemia de prazer. Depois, fez o
mesmo no mamilo esquerdo e enquanto isso, apalpava o sexo do namorado.
Enquanto era chupado, Eric segurava a cabeça de Nicholas e fazia-lhe carinho nos
cabelos.
A voz de Eric, dominado pelo prazer, era como música para os ouvidos de Nicholas.
Nicholas continuou a chupar o sexo do namorado, mas não demorou tanto a ponto de
esperá-lo gozar.
Eric engoliu em seco. Não sabia se estava preparado para ser ativo outra vez, mas
mesmo assim, cedeu aos pedidos do namorado.
Nicholas virou-se de costas para Eric e apoiou-se na parede do box. Eric desligou o
chuveiro a fim de economizar água e, ao mesmo tempo, facilitar a ação que aconteceria
dentro de instantes.
Eric começou a fazer o mesmo que fizera naquela manhã: começou a roçar seu membro
entre as pernas de Nicholas e, depois, esfregou seu sexo na região que dava início ao
ânus do namorado. Só em fazer aquilo, Nicholas já gemia de prazer.
Eric sentiu mais dificuldade, agora, já que estava sem o lubrificante de Nicholas. Seu
sexo e o ânus de Nicholas não estavam querendo formar o perfeito encaixe de antes.
– Nick... – dizia Eric enquanto tentava forçar a ação. – Não dá... Estamos sem
lubrificante aqui.
Eric continuou a ação e posicionou seu sexo para frente e para trás, forçando bastante a
região anal de Nicholas. Sem lubrificante, o atrito era consideravelmente maior e isso,
para Nicholas (que já era acostumado) causou-lhe bastante prazer, embora a dor que
sentisse fosse maior do que se estivesse usando um lubrificante apropriado. Se Eric
estivesse, também, usando um preservativo, talvez o atrito fosse minimizado. Era a
primeira transa dos dois sem camisinha.
– Aaai... – gemeu Nicholas, por fim. – Fizemos sem camisinha... – disse ele, sorrindo,
assim que pararam a ação e desencaixaram a posição em que estavam antes. – E foi
maravilhoso!
– É... Tenho que concordar que foi realmente maravilhoso! – disse Eric olhando firme
nos olhos do namorado.
– Agora eu sinto seu líquido dentro de mim... Bem aqui. – disse Nicholas pegando a
mão de Eric e a colocando na sua região entre as nádegas. Eric sentiu o ânus de
Nicholas molhado com seu sêmen. – Você me faz sentir tão... tão... – Nicholas tentava
se expressar. – Eu...
Mas Eric estava dominado pelo prazer e não conseguiu esperar Nicholas tentar concluir
sua frase. Eric puxou Nicholas para mais perto ainda e tascou-lhe um beijo bem
envolvente. Enquanto se beijavam, Nicholas tateou a parede e girou o registro do
chuveiro, fazendo com que a gostosa água caísse outra vez sobre eles. O banho não
poderia ter sido melhor...
– Está muito bom mesmo... – concordou Eric depois de tomar um gole de suco.
Depois do almoço, Nathaniel confessou que precisava tirar uma soneca e Eric e
Nicholas voltaram ao quarto para assistirem ao filme que não seria de terror, já que Eric
tinha vencido a aposta.
– Ah, você quer ver mesmo esse filme? - perguntou Nicholas depois que Eric parou de
pular os canais da TV e parar num canal de filmes que indicava que uma produção no
estilo comédia romântica acabava de começar.
– É... Vamos ver esse. – adiantou-se Eric se aconchegando mais no travesseiro, na cama
de Nicholas. – Já tinha visto o trailer, quando estava no cinema, mas não assisti ainda...
– Ai, ai... – disse Nicholas se aproximando mais de Eric, na cama. – Como perdi a
aposta, tudo bem... – e ele sorriu.
– Mas é como dizem né? – começou Eric parando de mirar a TV e olhando fixamente
nos olhos de Nicholas. – Não importa o filme, o que importa é a companhia...
– Você tem toda a razão. – disse Nicholas, sério, e depois disso, segurou o rosto de Eric
e deu-lhe um gostoso beijo. – E tendo você como companhia... Eu seria capaz de assistir
qualquer filme desse mundo, até mesmo um filme em preto e branco da época do
cinema mudo.
Os dois passaram a tarde daquele mesmo jeito: assistindo ao filme, conversando entre as
cenas, dando longos e gostosos beijos...
À noite, Eric e Nicholas se arrumaram (Nicholas emprestou mais uma vez a calça e
outra camisa para Eric) e desceram para jantar. O jantar seguiu deliciosamente bem.
– É uma pena que o feriado tenha passado tão rápido... – lamentou-se Nathaniel,
pensativo, à mesa.
– É provável que quando vocês saírem para a faculdade, eu não esteja acordado ainda,
por isso... – começou o pai, sério. – Gostaria de lhe dizer umas palavras, Eric.
Eric quase derrubou o garfo na mesa. Ficara surpreso ao ouvir aquilo. Será que o pai de
Nicholas desconfiara de algo e... Não! Não podia ser...
– Queria dizer que gostei de ter sua companhia, aqui, com meu filho. – começou
Nathaniel sorrindo. – E quero dizer que sinta-se à vontade pra voltar à minha casa
quantas vezes quiser. Dá pra ver que você é um rapaz direito, de boa família... E é esse
tipo de amigo que eu quero para o meu filho. Espero que vocês continuem cultivando
essa amizade...
Eric engolira em seco. Não esperava que Nathaniel, seu sogro, rasgasse elogios a ele.
– É... Está ficando tarde pra vocês. – disse Nathaniel consultando o relógio da parede da
sala.
– Vão se deitar, rapazes... Não quero ninguém se atrasando para a faculdade amanhã. –
disse Nathaniel como se Eric e Nicholas fossem seus dois filhos queridos.
– Boa noite, pai. – disse Nicholas dando tapinhas no ombro do pai e, em seguida, o
abraçando. – Te ligo durante a semana...
– Boa noite. – disse Eric, sem graça, estendendo a mão para o sogro.
– Boa noite, meu rapaz. Foi um prazer conhecê-lo. – disse Nathaniel apertando a mão de
Eric.
– Eu queria muito fazer amor com você outra vez... – disse Nicholas ao pé do ouvido de
Eric, numa voz mansa e quase rouca.
– Eu também, meu amor. – disse Eric enquanto sentia arrepios pelo corpo ao ser
abraçado por Nicholas.
– E nós já fizemos muitas coisas desde ontem... Pelo menos, aproveitamos muito o
nosso feriado. – disse Eric sorrindo.
– Verdade. – concordou o outro. – Mas o que acha de tomarmos aquele banho gostoso
na banheira, como a despedida do feriado?
– Não, Eric, não poderia ter sido melhor... – dizia Nicholas, sorrindo.
Continua...
Nando Gomez
BOA LEITURA!
Eric e Nicholas acordaram por volta das cinco e meia da manhã, na quarta-feira. Se não
tivessem dormido juntinhos, e abraçados, certamente acordariam com um terrível mau-
humor, o que seria, por sinal, bastante justificado: quem gostaria de acordar tão cedo
num dia logo depois do feriado?
Nicholas acabava de se levantar da cama e estava vestindo apenas uma cueca, assim
como Eric.
– Vamos, moço! Levanta! – dizia Nicholas descobrindo o lençol do corpo de Eric e
revelando as pernas nuas do namorado.
– Eu também queria dormir mais, mas temos que nos arrumar ainda e daqui pra Miami
College é uma viagenzinha... – dizia Nicholas sentando-se ao lado de Eric e beijando-
lhe o braço. – Vamos, meu amor... Infelizmente nosso feriado acabou, mas teremos
muitos momentos juntos ainda...
– Vou escovar os dentes. – disse Nicholas começando a se levantar da cama, mas Eric o
impediu, segurando seu braço. – Que foi?
– Eu... – Eric olhava fundo nos olhos do namorado. – Vou sentir saudades de acordar e
já olhar pra você ao meu lado.
Levantando-se, rapidamente, da cama, Eric ficou frente a frente com Nicholas e os dois
trocaram um rápido beijo.
Certo tempo depois e os dois já haviam feito toda a higiene matinal e se arrumado.
– Aah... – Eric fez uma expressão envergonhada. – Você também tá muito lindo, Nick.
– Bom, já que vamos descer pra tomar café e depois disso iremos embora... – começou
Nicholas, sério. – Então só temos mais esse momento, juntos, até chegarmos à Miami
College.
– Por isso, quero dizer a você que... Nossa! Ter sua companhia, aqui, foi extremamente
perfeito. – começou Nicholas enquanto segurava as mãos de Eric num gesto muito
nobre.
– Ai, Nick... Também digo o mesmo. Foram momentos maravilhosos que eu tive com
você... – completou Eric, nervoso.
– Bom, quero dizer ainda que... – Nicholas continuava segurando as mãos do namorado.
– Prometo que vou tentar arrumar um lugar legal pra gente se amar, pra gente ficar a
sós, sem riscos, sem medos e...
– Sem interrupções! – adiantou-se Eric, rindo.
– Pois é... – concordou Nicholas. – Bom, agora é o momento em que nós damos um
longo beijo né?
Eric riu e, em seguida, aproximou seu rosto do de Nicholas e os dois deram um gostoso,
longo e envolvente beijo.
– Ah... Sim, Arthur. – disse Nicholas numa voz mais alta que o normal. – Já vamos
descer.
– Espera... Será que peguei tudo? – perguntou Eric, confuso. – Escova de dentes, escova
de cabelo... – Eric contabilizava cada coisa enquanto verificava rapidamente as
mochilas.
– Se você esquecer alguma coisa, a gente volta aqui e pega. – disse Nicholas, sorrindo. –
Sem problemas!
– É...
– Nossa! Realmente parece que você estava de mudança quando veio pra cá... –
comentou Nicholas, rindo, ao observar toda a bagagem de Eric: mochila de roupas, a
sacola com os chinelos e uma mochila com livros, caderno e estojo.
Os dois desceram para a sala e Eric depositou seus pertences no sofá. Em seguida,
partiram para a outra sala onde uma bonita mesa estava posta, como de costume, e
apresentava uma diversidade incrível de alimentos.
– Muito bom-dia! – saudou Nathaniel assim que viu os rapazes entrando na sala. Ele já
estava sentado à mesa e se servia de algumas torradas, no momento. – Vejo que os
rapazes conseguiram mesmo acordar pontualmente. Muito bom!
– É... Tenho uns negócios extras pra resolver. – comentou Nathaniel, sério, enquanto
punha café em sua xícara.
– Caso resolver vim, traga o Eric. – pediu Nathaniel sorrindo. – Gostei muito da sua
presença, aqui, rapaz. – e ele olhava para Eric na hora.
Depois de terminarem o café, como Nathaniel sabia que o motorista iria levar os rapazes
para a faculdade, ele pegou seu carro particular e saiu.
– Vamos? – perguntou Nicholas assim que o carro do pai partiu dos terrenos da casa.
– Tchau, senhores! – saudava Arthur da porta da casa. – Tenham uma boa aula!
Nicholas e Eric acenavam para o mordomo à medida que o carro se deslocava pelos
terrenos da casa. Pouco mais que uma hora depois e eles chegavam à Miami College.
– Pronto, senhores! – disse Joseph assim que estacionou próximo aos portões da
universidade.
– Caramba! Já são 7:15h! – exclamou Eric depois de sair do carro e verificar o relógio.
– Ih! Estamos quinze minutos atrasados... – completou Nicholas. – Melhor irmos direto
pra aula então. – sugeriu ele.
– É verdade... Não vai dar pra eu passar na Beta e deixar isso aqui... – Eric indicava as
mochilas e a sacola com os chinelos. – Vamos pra aula de Histologia.
– E assim as células se... – dizia o professor, mas parou de falar assim que Eric e
Nicholas adentraram a sala de aula. – Bom dia... – o professor checava o horário em seu
relógio. – Saibam que os senhores já ganharam uma falta por chegarem atrasados hoje.
Os dois se dirigiram até o fundo da sala onde encontraram duas carteiras vagas.
Kathia”
Eric riu ao ler o bilhete, embora uma coisa começasse a preocupá-lo: o que dizer à
Kathia? A verdade, em partes? Dizer que ele e Nicholas tinham passado o fim de
semana juntos? Omitiriam, claro, as partes mais íntimas, partes que Kathia nem
imaginava...
“Meu amor, contaremos à Kathia que eu te convidei pra passar o feriado lá em casa.
Te amo!”
Passando o bilhete, rápida e discretamente, para Eric, Nicholas tornou a ficar numa
expressão séria e a prestar atenção à aula.
Ao abrir o bilhete, Eric concordou com as palavras do namorado. Não tinha problema
dizer que o “amigo” tinha o chamado para passar o fim de semana na casa dele. Eric
enrubesceu ao ler a declaração de amor ao fim do bilhete e sorriu em seguida.
– Então, meus caros, os vejo na semana que vem. – disse o professor, animado. – Estão
liberados!
– Poxa vida! – exclamou ela. – Nem me ligaram no feriado né? Morri de saudades...
– Tudo bem... Vocês me esnobam, mas no fundo, sei que me amam. – e ela deu uma
gargalhada. – Mas então... Chegaram atrasados, juntos? O que aconteceu? – perguntou
ela, curiosa.
– Uh! Chamou o Eric e nem me chamou... Poxa! – exclamou Kathia fazendo uma cara
engraçada. – Obrigada pela consideração... – e ela cruzou os braços fingindo uma
expressão zangada.
– Entendi, mas na próxima... Me chamem! Passar um dia inteirinho com vocês vai ser
muito bom! – disse a amiga, animada.
– Mas então... E essas novidades todas que você disse que tem pra nos contar? –
perguntou Nicholas curioso e ao mesmo tempo ajudando a mudar o rumo da conversa.
– Oh! Sim, sim... – disse ela, corando. – Vamos sair daqui da sala... Quero contar
tudinho pra vocês.
Os três saíram da sala de aula e enquanto passavam pelos corredores, Kathia começou a
contar.
– Hei! Vocês vão me deixar contar o que aconteceu ou não? – disse Kathia parando de
andar e pondo as mãos na cintura.
– Vem cá, estressadinha... Vamos sentar aqui. – disse Nicholas, assim que eles saíram
de dentro do prédio e pararam em frente a um banco que ficava em frente a um dos
jardins do campus.
– Bom, vou contar tudo... – disse ela numa voz meio trêmula, ansiosa.
“Segunda-feira. O relógio indicava que eram sete e meia da noite. Michael estava
bastante arrumado em frente à casa das Deltas. Ele usava uma calça social preta e uma
camisa listrada azul bem elegante. Já era a vigésima vez que consultava o relógio em
seu pulso, impaciente.
– Vai arrasar, amiga! – disse Hilda, companheira de quarto de Kathia e aluna do curso
de Enfermagem da Miami College.
– Ai, obrigada! – dizia Kathia, nervosa. – Obrigada pela ajuda com a maquiagem,
meninas!
No quarto de Hilda e Kathia estavam mais quatro meninas: Patricia, Linda, Veronica e
Ellen.
– Ei, Kathia! – dizia uma bela garota que acabava de entrar no quarto. Era morena, tinha
cabelos cacheados e um corpo muito definido. Seu nome era Cindy, uma das veteranas.
– Ele já tá lá fora há quase meia hora e...
– Corre, Kathia! – dizia outra garota que acabava de entrar no quarto. Era loura,
magricela e usava óculos. Rita era caloura, assim como Kathia. – Parece que ele tá indo
embora, sei lá...
– Vai, Kah! Você tá linda! Arrase! – disse Patricia, ansiosa, levantando-se da cama e
encorajando Kathia.
– Arrase, amiga! – disse Linda, sorrindo. – Não é todo dia que uma caloura é chamada
pra sair com um veterano...
Kathia apressou o passo, mesmo com as sandálias de salto alto que usava, e quando
chegou do lado de fora da casa, encontrou Michael já a uma certa distância. Ele
caminhava lentamente.
A voz doce de Kathia ecoou pela rua e invadiu os ouvidos de Michael, que parou de
caminhar. Será que havia escutado mesmo ou era só fruto de sua imaginação? O
coração de Michael disparava... Ao virar-se, ele encontrou Kathia, parada, em frente à
casa das Deltas.
– Desculpa, Kathia... Eu não ia embora, mas achei que... – começou ele, cabisbaixo.
– Não, não, não... Eu é que tenho que te pedir desculpas, Michael... Acho que te fiz
esperar demais né? – perguntou Kathia, nervosa.
– Mas eu realmente me atrasei. – continuou ela, tensa. – Sei que marcamos às sete
horas, mas aconteceram alguns imprevistos e... Coisas de mulheres. – e Kathia forçou
uma risada.
– Achei que você não queria se encontrar mais comigo, que isso tudo ainda tinha sido
parte da brincadeira que você, Eric e Nicholas tinham feito comigo no MCS. – disse
Michael, de vez.
– Oh, não, não! – disse Kathia levando a mão à boca. – Aquela brincadeira que fizemos
com você foi de muito mau gosto e... Ai, Michael, não faz essa cara... Eu já me
desculpei com você, poxa...
– Tá... Tudo bem. – disse ele forçando um sorriso. – É que eu realmente achei que você
não quisesse mais sair comigo, o que seria normal... No fundo, acho que eu já esperava
mais uma rejeição.
– Por que não sou um cara tão atraente como os outros veteranos da Miami College.
Não tenho um corpo tão sarado, uso óculos e aparelho ortodôntico...
Uma leve onda de dó invadiu o corpo de Kathia. Ela sabia que Michael era muito
abusado pelos colegas e era sempre alvo de piadas, mas naquele momento, ela desejou
não ter feito tal brincadeira – pesada – com o rapaz. Ela se lembrava de cada momento,
no dia em que ela, Eric e Nicholas estavam no terraço do Miami College Swim, quando
viram que Michael os espionava e começaram a falar mal do rapaz e, inclusive,
insinuando que ele era hermafrodita.
– Michael... – disse Kathia pondo a mão no ombro dele. – Eu... Olha, você usa aparelho
e óculos. O que tem demais? Todo mundo usou, usa ou usará aparelho algum dia... E o
fato de você usar óculos e aparelho, bom... E daí? Não queria dizer isso pra não parecer
que eu sou uma caloura tão atirada, mas... – e ela engoliu em seco. – Pra mim, você é
tão atraente quanto qualquer outro garoto aqui da MC.
– Poxa... Eu... – murmurava ele. – Obrigado, Kathia. – e ele pôs sua mão em cima da
dela.
– E então...? Vamos sair? – perguntou ela, animada, tentando quebrar o clima chato.
– Claro, claro. O táxi já deve ter chegado, inclusive. – disse ele, sorrindo. Só então,
Michael havia parado para notar o quanto Kathia estava bela naquele momento.
– O que foi? – perguntou ela ao observar que ele havia parado de falar.
Os dois andaram juntos até o táxi, que os esperava na porta da Miami College.”
– Nossa! – disse Nicholas, sério. – Até eu fiquei com pena do Michael, agora...
– Oh, gente, mas realmente a gente pegou pesado com ele naquele dia. – disse Kathia,
pensativa.
– É verdade. – concordou Eric. – Mesmo ele estando nos espionando, ali... Pegamos
pesado com o coitado.
– É... – disse Nicholas, cruzando os braços. – Mas pelo menos a gente se desculpou com
ele.
– Mas então... O que aconteceu depois que vocês chegaram ao restaurante? – perguntou
Eric, curioso. – Como foi lá?
“O restaurante escolhido por Michael ficava a uns dez minutos da Miami College.
Quando ele e Kathia chegaram ao local, foram imediatamente atendidos por um garçom
muito bem educado. Kathia sentiu que aquele lugar certamente era um pouco mais caro
que os demais.
Os dois seguiram o garçom e ele os ofereceu uma mesa que ficava num dos locais
privilegiados dali: pegava uma boa parte da vista para a praia e a orla da cidade toda
iluminada. Mal se sentaram à mesa e já foram abordados.
– O que o casal vai beber? – perguntou o garçom já segurando firme seu caderninho de
anotações numa mão e uma caneta na outra.
– Posso pedir uma taça de vinho pra você e uma pra mim? – sugeriu Michael.
– Que vinho o senhor deseja? – perguntou o garçom que acompanhava toda a conversa.
– Tenho um vinho que os senhores vão adorar. – disse o garçom, animado, anotando o
pedido.
Assim que o garçom saiu de junto deles, Kathia desabafou:
– Caramba, Michael! Esse lugar é muito chique! – disse ela, nervosa. – Eu vou te ajudar
a pagar a conta viu? Sei que vai terminar saindo caro e...
– Não. – adiantou-se ele, sério. – Eu pago tudo, não se preocupe. – e ele sorriu.
– Ai, mas não é justo... Eu devia te ajudar a pagar a conta. Seria ainda mais uma forma
de te compensar pelas coisas ruins que eu falei naquele dia e...
– Kathia, vamos parar de falar sobre isso. – disse ele pondo seu braço na mesa e, em
seguida, colocando sua mão sobre a dela. – Eu já te perdoei. Tá tudo bem, acredite.
Kathia estava muitíssimo envergonhada. Sentir a mão de Michael sobre a sua a fez
pensar em mil coisas ao mesmo tempo, inclusive na seguinte hipótese: estaria gostando
do Michael?
Por um momento, eles não ouviam mais nenhum som do restaurante, nenhuma voz,
nada. Um só se concentrava no olhar do outro. Os olhos de Kathia, assim como os de
Michael, pareciam brilhar.
– Aqui está. – disse o garçom chegando à mesa e interrompendo-os. Michael tirou sua
mão de cima da de Kathia e se endireitou na cadeira.
– Traga esta aqui. – disse Michael indicando um item no cardápio para que o garçom
anotasse.
– Espera aí... – disse Eric parando para notar nas bochechas coradas de Kathia. – Kathia,
você e o Michael...?
– Não! – disse ela mais corada ainda. – Isso é coisa que se pergunte, Eric? – disse ela,
nervosa.
– Não foi o que você pensou. – disse ele, rindo. – Eu só ia perguntar se você e o
Michael estão namorando.
– Ah... – ela pôs a mão na testa, envergonhada. – Achei que tivesse perguntando outra
coisa e...
– Bom... – começou ela, tensa. – Deixa eu continuar de contar toda a história e aí vocês
vão entender tudo.
“Depois de saborearem o prato principal, após a entrada, Michael e Kathia não quiseram
ir logo para casa. Aproveitaram que estavam por ali e ficaram na varanda externa do
restaurante onde haviam alguns bancos e algumas luminárias, que deixavam o local bem
aconchegante.
– Nossa, Michael! Eu... Realmente acho que comi demais. – disse Kathia, rindo. –
Nunca comi tão bem em toda a minha vida.
Estavam sentados num dos bancos dali e apreciavam a vista da orla iluminada.
– Gostei muito de ter passado a noite com você. – disse Michael, sério.
– Ei... – disse Michael segurando o queixo de Kathia e movendo seu rosto para que ela
o visse.
– Eu... – começou Michael, nervoso. Mas ele não conseguiu completar sua frase, pois
como impulso do coração, encostou seu rosto no de Kathia e os dois protagonizaram um
longo beijo sob as estrelas daquela bonita noite.
– Desculpe, eu... Não devia ter feito isso e... – dizia ele, nervoso.
– Não, não... Não se desculpe. – disse ela segurando a mão dele. – Eu gostei.
O coração de Kathia batia aceleradamente e mais ainda quando ouviu Michael concluir
a seguinte frase:
– Kathia, sei que a gente não se conhece muito ainda, mas... Você quer namorar
comigo?
– Nossa! – dizia ela, nervosa. Michael segurava-lhe a mão. – Ai, Michael... Eu... Sim!
Ele deu um largo sorriso e, principalmente, ali, naquele momento, Kathia começou a
perceber que o rapaz que estava diante dela era realmente muito bonito e atraente.
Enquanto se beijavam, Kathia imaginava que dali a alguns meses, Michael poderia tirar
o aparelho e ficaria ainda mais bonito. Sem óculos, talvez ficasse mais bonito ainda,
mas ela gostava dos óculos dele. Kathia achava que o ar de nerd também tornava
Michael um tanto atraente.
– Sei que sou um pouco mais velho que você e... – começou ele, inseguro.
Mas Kathia não permitiu que Michael completasse sua frase, pois inclinou-se para ele e
beijou-lhe a boca.
Kathia riu.
– Eu não esperava que isso tudo fosse acontecer hoje... – comentou ele, rindo.
– Eu pensei em irmos embora, mas... – começou ele. – Já que vamos começar a namorar
e ainda não nos conhecemos tão bem... – e ele riu. – Vamos conversar mais.
– É... Concordo! – disse ela, rindo. – Fizemos o processo contrário né? Geralmente as
pessoas se conhecem, antes, pra depois namorar... Nós já começamos a namorar e,
agora, vamos começar a nos conhecer melhor.
Michael deu uma risada alta e Kathia riu mais da risada dele do que da situação.”
– O que foi, Nick? – perguntou Eric, preocupado. A feição de Nicholas era séria demais.
– Eu sou o mais velho daqui, certo? – começou Nicholas. – Então, Kathia, você pra
mim é como uma irmã, poxa. Se o Michael te magoar, ele vai se ver comigo!
– Queremos o seu bem. – completou Eric. – Não queremos que Michael te magoe.
– Mas sei que ele nunca faria isso comigo. Ele é muito melhor do que vocês pensam... –
disse Kathia, orgulhosa.
Continua...
Nando Gomez
– Pode deixar! – disse ela soltando beijos para os amigos e, em seguida, saindo
apressadamente dali.
Os três amigos tinham ficado conversando por quase meia hora e, agora, sem Kathia,
ali, Eric e Nicholas estavam a sós.
Eric olhava, nervoso, para os lados. Estava preocupado que algum Beta ou algum
Stigma os visse juntos, pois mesmo com as rivalidades estando interrompidas, graças ao
reitor, a rixa entre as duas irmandades continuava.
– Não sei, Nick... Temos que arranjar um bom lugar pra ficar e... – disse Eric,
envergonhado.
– Como não posso ir pra sua irmandade e nem você pra minha... – começou Nicholas,
pensativo. – Só temos uma opção: motel.
– Conheço um bem longe daqui do campus e é super tranqüilo por lá... – disse Nicholas
segurando a mão de Eric discretamente.
– Hum...
– Hum... Acho melhor deixarmos para sexta-feira, depois do treino. Que tal? – sugeriu
Eric.
– Qual?
– Vou ficar dois dias sem te ter... – disse Nicholas olhando fundo nos olhos de Eric.
O coração de Eric bateu forte e ele não sabia o que dizer. Ambos estavam com a maior
vontade de se beijarem, de se acariciarem.
– Eu também, mas... – respondeu Eric, tenso. Ele sabia que executar tal ação, ali, seria
impossível.
– O que foi? – perguntou Eric, assustado com o impulso que o namorado tivera.
– Vem! Anda logo! – pediu Nicholas adiantando os passos e indo no saguão de entrada
do prédio em que tiveram aula naquela manhã.
– Não quer ir de elevador? Seja lá pra onde você esteja indo... – resmungou Eric.
Assim que chegaram ao quinto – e deserto – andar do prédio, Eric estava arfando, pois
além de ter subido as escadas apressadamente, tinha feito tal ato conversando.
– O que a gente veio fazer aqui? – perguntou Eric, sério. A biblioteca fica no terceiro
andar e...
– Nick, você não vai querer... – começou Eric, só então deduzindo o que o namorado
queria fazer ali.
– Só quero te beijar, meu amor... Preciso fazer isso, agora. – pediu Nicholas. – Vem!
Nicholas puxou Eric pela mão e os dois entraram na mesma cabine, trancando a porta
em seguida.
Eric largou as mochilas e a sacola (que tinha trazido consigo desde que voltara da casa
de Nicholas) no chão e Nicholas fez o mesmo com sua mochila. Os dois começaram a
se beijar loucamente, na cabine, como se tivesse anos que não se viam. O casal estava
realmente apaixonado. Isso ninguém podia negar.
– Olha... – dizia Nicholas enquanto beijava, agora, o pescoço de Eric. – Como... – mais
uma vez a fala interrompida para beijar outro ponto do pescoço. – Você me deixa... –
concluiu, por fim, a frase, pegando, em seguida, a mão de Eric e pondo em cima do
volume que seu sexo fazia sob a calça.
– Você quer? – dizia Nicholas, agora, acariciando o volume que Eric apresentava. –
Agora...
– É, meu amor... – dizia Nicholas depois de beijar os lábios de Eric outra vez. – Vamos,
por favor...
– Sempre tive vontade de fazer isso no banheiro. – disse Nicholas. – Mas nunca fiz... Eu
sei que o quinto andar é bem vazio, pois não tem salas de aula, só escritórios de
professores e alguns laboratórios utilizados para pesquisa e...
Eric engolia em seco. Estava em dúvida: transava ou não? Cedia aos desejos do
namorado ou não?
– Bom, se você não quiser... Eu entendo. – disse Nicholas segurando o namorado pela
cintura.
– Sim. – Eric fez uma expressão engraçada que indicava que ele queria fazer o que o
namorado queria, mas estava inseguro ao mesmo tempo.
– Vamos fazer tudo bem rapidinho... – murmurou Nicholas enquanto abria o zíper da
calça e, em seguida, baixava-a até o joelho.
– Hum...
Os dois começaram a se beijar outra vez, agora, atritando seus sexos sob as cuecas.
Se beijaram mais um pouco e, logo depois, Nicholas se ajoelhou diante de Eric, desceu
a cueca do namorado até os joelhos e começou a chupar-lhe o sexo.
– Humm... – Eric gemia, ansioso. Não sabia se era a sensação de estar fazendo aquilo
naquele local, mas se sentia muito mais excitado que o comum.
– Delicioso como sempre... – murmurou Nicholas numa pausa e voltou a fazer a sucção.
Um tempo depois e Nicholas parou de chupar Eric antes que este gozasse.
– Deixa eu ser o ativo? – perguntou Nicholas, manso, no ouvido de Eric, que concordou
que sim com a cabeça.
– Você tinha uma camisinha aí esse tempo todo? – perguntou Eric, rindo.
– É sempre bom ter uma por perto né? Nunca se sabe quando iremos usar... – disse
Nicholas com um olhar sedutor, rasgando, em seguida, o envelope com os dentes. –
Espera, não te perguntei: você prefere sem camisinha, amor? Sei que já fizemos sem
camisinha, mas...
Eric respirou fundo e, de costas para Nicholas, se apoiou na parede enquanto empinava
seu corpo. Naquela hora, teve vontade de desistir. Fazendo aquilo num local tão
público? Não, não podia... Mas também, por outro lado, sentia vontade de compartilhar
o desejo que o namorado tanto tinha.
O som fez os dois congelarem no ato. Não sabiam o que fazer, apenas prenderam a
respiração e se concentraram para não fazer barulho. O som que ouviram foi de alguém
que acabava de entrar, ali, assobiando uma canção.
– Tem alguém aí? – perguntou uma voz máscula, assim que parou de assobiar. Era um
dos faxineiros do prédio que viera checar a limpeza do banheiro.
Nicholas percebeu que Eric iria balbuciar algo, mas para evitar complicações, ele tapou
a boca do namorado e respondeu ao zelador:
– Opa! Tem gente aqui, sim. – disse Nicholas numa voz meio insegura.
– Não posso sair daqui, agora, cara. – adiantou-se Nicholas. – Dor de barriga. – mentiu
ele.
Nicholas via Eric rindo, mas como estava com a boca tapada, não emitiu som algum.
– Ih! Tudo bem então... Volto daqui a dez minutos. – respondeu o faxineiro saindo do
banheiro, assobiando outra canção, sem ao menos olhar para o chão, na direção da
cabine em que Eric e Nicholas estavam.
Por sorte o faxineiro não fez isso, pois caso fizesse, veria dois pares de pés, ali.
– Nick! Você é louco! – sussurrou Eric, nervoso. Nem ele saberia explicar, mas com
toda a situação que acontecera, ao invés de ter “broxado”, ele ficara ainda mais
excitado.
– Então vamos continuar... – pediu Nicholas. – Onde paramos mesmo? – disse ele,
rindo.
Eric virou-se para Nicholas, outra vez, e o namorado mais uma vez estimulou-lhe a
região anal. Logo depois, Nicholas começou a penetrar o namorado e o mais gostoso da
situação foi que eles não puderam gemer tão alto quanto queriam. Os gemidos tiveram
que ser ainda mais contidos do que quando estavam no quarto de Nicholas. Os gemidos
foram baixos, quase inaudíveis. O prazer fora tão gostoso quanto poderia ter sido, ou
ainda melhor.
– Vou sair primeiro. – disse Nicholas destrancando a porta do banheiro. – Fica aqui.
Quando eu chegar no terceiro andar eu te dou um toque. Fica ligado aí no celular.
– Mal posso esperar pra ficarmos a sós no motel. – disse Nicholas dando um forte
abraço em Eric. – Vamos poder fazer tudo que queremos e gemer bem alto. – ele riu.
Os dois deram um demorado beijo, que fez suas línguas brincarem felizes como nunca,
e em seguida, Nicholas saiu do banheiro.
– Meu Deus... Eu fiz isso, aqui. – Eric sussurrava para si mesmo, com a mão na testa. –
E foi ótimo! – ele riu.
Outra vez, o assobio voltava ao banheiro. O faxineiro acabava de voltar, antes dos dez
minutos combinados.
O que responder? Eric tentou mudar a entonação da sua voz para que ficasse o mais
parecido possível com a voz de Nicholas.
– É... A coisa foi séria. – disse Eric, sem graça. Não sabia o que dizer.
– Tem que tomar cuidado com essas merendas daqui. – disse o faxineiro. – Não que as
cozinheiras não façam coisas de qualidade, por que elas fazem sim, mas sei lá... Tem
coisas que é bom ter cuidado quando a gente vai comer e...
Eric se desligou da fala do faxineiro, pois sentiu seu celular vibrando e o nome no visor
indicava que Nicholas ligava e isso já indicava também que o namorado já estava no
terceiro andar.
– É... Já estou me sentindo ótimo. – disse Eric, sem graça, dando a descarga para
disfarçar e, em seguida, destrancando a porta e saindo da cabine.
Eric ignorou aquilo e saiu do banheiro. O faxineiro realmente não entendeu nada do que
acontecera, ali, no banheiro, pois quando foi fazer a limpeza da cabine, em que Eric e
Nicholas estiveram, e tirar o lixo do balde, esperava coletar uma boa quantidade de
papéis sujos, mas a única coisa que encontrou foi o saco de lixo completamente vazio.
– Ei! – saudou Eric assim que encontrou Nicholas, no terceiro andar do prédio.
– Uau! – disse Nicholas, rindo, enquanto eles desciam as escadarias. – Mas não precisa
ser única... Podemos fazer outras vezes e...
– Ah! Eu também achei muito bom... Realmente matei a vontade de realizar esse fetiche
que sempre tive. – comentou ele, sério. – Mas e você...?
– Tem algum fetiche em especial? Alguma vontade de fazer sexo em local inusitado...?
– Bom, eu... – dizia Eric, pensativo. Os dois já haviam chegado ao primeiro andar do
prédio e caminhavam para o lado de fora. – Eu nunca tinha pensado em fazer no
banheiro, mas... Gostei.
– Sim, mas você não tem nenhum desejo assim? Não sou o gênio da lâmpada, mas
posso realizar seus desejos... – disse Nicholas, provocante.
Por sorte, não passavam muitos estudantes no local, o que deixava os dois mais à
vontade.
– Já pensei em fazer no elevador. – comentou Eric, nervoso. – Mas tenho medo por
causa das câmeras.
– Humm... Safado! – disse Nicholas, rindo. – Mas é verdade, você tem razão. As
câmeras...
– Sabe algo que eu acho bem romântico, e ao mesmo tempo, selvagem? – perguntou
Eric, pensativo. – Acampar e...
– Vamos sentar ali. – pediu Eric, indicando o mesmo banco em que estiveram sentados
com Kathia, mais cedo.
Eric engoliu em seco ao ouvir aquilo. Já tinha visto algumas fotos e vídeos de
sadomasoquismo heterossexual e nunca se imaginara fazendo algo do tipo.
– Ai, não sei se gosto desse tipo de coisa... Sentir dor associada ao prazer? Sei lá... Acho
que não. – concluiu ele, por fim. – Você gosta?
– Bom, não muito. – disse Nicholas. – Tive um namorado que gostava muito disso e ele
sempre queria fazer comigo.
– Entendi.
– Acho que o mais excitante é o chicote. – disse Nicholas rindo. – Podíamos ver se o
motel disponibiliza esse acessório para venda.
Eric checava se ninguém estava por perto para ouvir a conversa deles.
– Hum... É. – disse Eric, vagamente. – E podíamos ver outros acessórios por lá,
também...
– Sexta-feira será a nossa noite especial. – concluiu Nicholas. – E nós veremos o que
poderemos fazer para incrementar e apimentar ainda mais nosso momento de prazer.
– É... – disse Eric, pensativo. Em sua cabeça passava mil imagens e ideias diferentes
sobre o que fariam no motel, na sexta. – Tomara que sexta chegue logo!
– Bom, preciso ir... – disse Eric checando as horas. – Ainda nem falei com os Betas.
– Então... Amanhã não temos aula juntos, mas... Nos vemos na sexta. – concluiu Eric.
– Ih... É mesmo. Não temos aula juntos amanha. Poxa vida! – resmungou Nicholas.
Eric sorriu.
– Então... Tchau, Nick. – disse Eric estendendo a mão para que o namorado o
cumprimentasse “normalmente” perante o campus.
Após se despedirem, cada um foi para sua casa, sua irmandade. Como poderiam dois
amantes, dois seres tão apaixonados, pertencerem a irmandades rivais? Essa história à
Romeu e Julieta só complicava ainda mais a vida de Eric e Nicholas.
- Até que enfim! – disse Ian, surpreso, ao ver Eric entrando na casa dos Betas. – Cara,
você sumiu mesmo hein?
– Nem nos ligou nem nada... – disse Ian fazendo uma falsa cara de reprovação.
Eric riu.
– E então? – dizia John, curioso. – Fez o tal trabalho e estudou com seu colega?
– Eric... – disse Mike assim que entrou na sala e se deparou com o amigo.
Por frações de segundos, os olhares dos dois se cruzaram, à distancia, e só então Eric se
lembrou do que havia acontecido antes de ele ir pra casa de Nicholas, na segunda-feira.
Lembrou-se do estranho momento em que Mike parecia ter demonstrado sentimentos
em relação a ele...
– Oi, Mike! – saudou Eric, tentando se convencer de que Mike não estava estranho, no
outro dia. Tudo fora apenas coisa da sua imaginação.
– Vamos almoçar, gente! – adiantou-se Harold.
– Só estávamos esperando o Eric chegar. – disse Freddy, que acabava de chegar à sala.
– A comida tá quente! Vamos?!
– Oi, Eric! Vamos almoçar, pessoal! – disse Marcus que chegava, também, à sala.
Embora tentasse se convencer de que fora apenas impressão e imaginação sua, Eric não
conseguia se esquecer do momento em que Mike lhe dera um abraço bem apertado, no
dia antes do feriado.
Durante o almoço, Eric não pôde deixar de notar que Mike parecia mais calado que o
normal. Os outros rapazes tagarelavam, animados, durante a refeição, mas Mike parecia
aéreo, distante dali... Eric sentia, quando olhava de relance, que Mike o encarava, na
maioria das vezes.
– Que foi, Mike? – perguntou Ian, percebendo que o amigo estava calado.
– Hã? Eu? Ah! Nada... – Mike parecia confuso ao ser despertado de sua hipnose que
envolvia Eric como ponto principal.
– Então, pessoal... – começou Eric, animado. – Eu prometi a vocês que nesse sábado, a
praia seria dos Betas. Lembram?
– As gatinhas podem esperar... – começou John, sorridente. – Que os Betas vão dominar
geral!
– Nada, cara! Já falei! – disse Mike num tom meio ríspido. Como já tinha praticamente
terminado seu almoço, Mike levantou-se da mesa com a maior agrestia que pôde. – Que
saco!
– O que esse cara tem? – indagou Freddy, surpreso com a reação do amigo.
– Droga! – resmungava Mike, revoltado. Seu rosto estava vermelho de raiva, seu
coração batia aceleradamente. – Isso não pode estar acontecendo...
Murros e mais murros no pobre travesseiro. Mike não aceitava estar apaixonado por
outro homem – de novo – e o fato de esse homem ser Eric deixava a situação ainda mais
complicada.
– Não pode ser... – sussurrava ele para si mesmo. As imagens e ideias que circulavam
pela cabeça de Mike, na hora, o deixavam atordoado.
Ele sabia que tinha sentido uma ponta de ciúme quando soube que o amigo não iria
passar o feriado com os Betas. Também sentira algo que ele acreditou ser saudade,
quando pensava na ausência do amigo. Mike também não gostava de lembrar ou de
admitir pra si mesmo, mas no dia anterior, no banho, ele havia se masturbado pensando
em Eric.
– Ei! – disse Ian ao entrar no quarto e se deparando com o amigo sentado no chão. – O
que é que está acontecendo, Mike? – Ian sentou-se na cama, próximo do local onde
Mike estava.
– Mike, Mike... – começou Ian, manso. – Você não me engana. Tem algo errado contigo
e eu sei disso.
– Sai daqui, Ian... – pediu Mike numa voz não mais raivosa, mas sim triste.
– Eu te conheço muito bem, Mike... E sei que você não tá legal. – continuou Ian,
ignorando o pedido do amigo. – Sei que quando você fica assim, irritado, inquieto,
pensativo, é porque algo sério tá te incomodando.
– Ian, por favor... – dizia Mike com a mão na testa.
– Tudo bem então. – disse Ian levantando-se da cama. – Você não quer falar sobre isso,
eu te respeito. – depois de dizer isso, ele saiu do quarto, deixando Mike outra vez
sozinho.
Após a saída do amigo, Mike não resistiu e chorou. Chorou por raiva, chorou por medo,
chorou por estar apaixonado outra vez e não querer admitir isso... Eram tantos medos,
tantas inseguranças, tantas aflições... Eram desejos indesejáveis que percorriam pela
cabeça de Mike e o atormentavam. Como ignoraria esse sentimento? Ignoraria Eric de
uma vez por todas? Tentaria ter um caso com Eric? Afinal, o que faria a partir de agora?
Continua...
BOA LEITURA!
– E então? – perguntou Eric assim que viu Ian voltando à cozinha. – Falou com ele?
Ian confirmou que sim com a cabeça, mas fez uma expressão vaga. Todos os Betas
estavam estranhando o comportamento de Mike. Não entendiam o motivo do
distanciamento e, posteriormente, da agressividade do amigo, líder da irmandade.
Mike passou a tarde inteira dentro do quarto, só saindo para ir ao banheiro. À noite,
depois de muita insistência de Marcus e de Freddy, ele desceu para jantar com os
amigos. Mike, assim como no almoço, não disse quase nenhuma palavra, embora Eric
continuasse percebendo que ele lhe lançava alguns olhares.
Terminado o jantar, alguns Betas quiseram dar uma volta pelo campus, outros ficaram
vendo TV, Mike voltou ao seu quarto e Eric resolveu tomar uma ducha para refrescar.
Enquanto tomava banho, Eric tentava imaginar o que aconteceria no motel, na sexta-
feira. Ficou excitado só em pensar no namorado e começou a acariciar seu sexo, ereto,
enquanto ensaboava o corpo.
Assim que terminou o banho, Eric se enxugou com a toalha e, depois, amarrou-a na
cintura. Mal pisara os pés fora do banheiro e deu de cara com Mike que,
milagrosamente, saíra do quarto. Mike olhava o corpo seminu de Eric e o encarou por
segundos. Era como se Mike tivesse despindo Eric com os olhos...
– Que foi, Mike? Tá tudo bem? – perguntou Eric fingindo não notar que o amigo só
tinha olhos para o seu peitoral.
– Hã? Ah! Eu...? Tá sim... – disse o amigo corando um pouco. – Com calor?
– É... Tava precisando de um banho. – disse Eric, rindo, enquanto segurava firme a
toalha. A última coisa que ele queria era que a toalha caísse da sua cintura.
– Bom, vou me trocar. – adiantou-se Eric passando por Mike e indo até seu quarto.
Assim que entrou no quarto, Eric trancou a porta e tirou a toalha, jogando-a na cama e
ficando completamente nu, ali. Seu celular começou a tocar na hora, interrompendo o
silêncio ali instalado. Ao olhar o visor do celular, Eric deu um largo sorriso.
– Oh... – gemeu Eric. – Eu também... Por mim ficaria com você o dia todo.
– Bom, eu...? – começou Eric olhando para o próprio corpo nu. – Eu tô em casa. Acabei
de sair do banho e...
– Eu ainda não tive tempo de me vestir. – completou Eric, insinuando toda a situação
para Nicholas. – Ia fazer isso quando você me ligou.
– Pronto. – disse Nicholas, do outro lado da linha. – Você tá com sua porta trancada aí,
né?
– Ótimo! – adiantou-se Nicholas, ansioso. Ele estava em seu quarto, deitado na cama. –
Deita na cama...
– Hã?
Eric engoliu em seco. Já tinha visto, em muitos filmes, casais fazendo sexo por telefone,
mas nunca tinha feito isso.
– Humm... Pois eu tô só de cueca, aqui... E tô passando minha mão sobre meu volume.
Tô excitado também, amor. E aí? O que você quer que eu faça? – perguntou Nicholas,
provocativo.
Era realmente uma experiência bem diferente. Mesmo não vendo seu namorado na sua
frente, Eric conseguia imaginá-lo perfeitamente bem. De olhos fechados, Eric viajava na
sua fértil imaginação e conseguia se excitar tão bem como se Nicholas estivesse ali.
Talvez fosse por estar ouvindo a doce e sedutora voz do namorado bem em seu
ouvido...
– Quero que você tire a cueca... – disse Eric, apressadamente, tentando soar sedutor.
– O que disse? – perguntou Nicholas, rindo. Ele tinha escutado perfeitamente, mas
queria fazer Eric entrar mais no clima.
Nicholas obedeceu e, mesmo usando uma mão só, em segundos, conseguiu abaixar a
cueca. Seu sexo estava rígido.
– Agora friccione seus mamilos, amor. Imagina que eu tô aí... E tô fazendo isso. –
sussurrou ao celular, também soando um tanto excitado, embora mais bem controlado.
– Desce direto, agora. – pediu Nicholas. – Eu tô segurando o seu pau bem firme. – disse
Nicholas, ousado. Eric segurou seu sexo. – Agora, eu começo a te masturbar
lentamente...
Enquanto Eric começava a se masturbar, Nicholas fazia o mesmo. Por Eric gemer um
pouco mais alto, seus suspiros eram audíveis pelo celular e isso deixou Nicholas ainda
mais excitado.
– S-sim... – dizia Eric, em meios aos gemidos, enquanto continuava segurando seu sexo.
– Humm... – gemeu Nicholas, empolgado. – Então você vira de costas pra mim e eu
beijo desde o seu pescoço até...
Era realmente uma experiência incrível, e estranha ao mesmo tempo, e Eric estava
adorando fazer aquilo com seu amado namorado.
– Agora, eu começo a enfiar meu pau lentamente e... – começava Nicholas, um tanto
sem fôlego. – Com carinho, pra que você não sinta muita dor...
– Sim, continua... – pediu Eric com o tesão explícito em sua voz já rouca.
Os dois continuaram a “transa telefônica” por mais alguns minutos e ao final, os dois
tinham dado uma boa gozada. Eric, recém-saído do banho, agora, já estava “sujo” outra
vez: sêmen espalhado na cabeça e na base do seu pênis e em alguns locais perto da
barriga.
– E aí... Gostou? – perguntou Nicholas enquanto olhava seu pênis: já começando a ficar
flácido outra vez e sujo de sêmen.
– Devíamos ter feito uma vídeo chamada né? – sugeriu Nicholas. – Aí poderíamos nos
ver... – e ele riu.
– Ai, Nick... Já fizemos coisas bem diferentes, hoje... – disse Eric baixando ainda mais a
voz. – Primeiro, sexo no banheiro, de manhã... Agora, por telefone. – e ele riu.
– Estou te levando para o mau caminho. – disse Nicholas, rindo. – Estou transformando
o garoto certinho num garoto mais safado... Será?
– Mau caminho? Nunca! Pro mau caminho eu iria se não tivesse você ao meu lado. E é
esse caminho, ao seu lado, que eu quero seguir por muito tempo ainda... – disse Eric,
por fim, desarmando Nicholas. Ele não esperava ouvir coisa tão linda, naquele
momento.
– Bom, vamos desligar. Essa ligação vai sair meio cara pra você. – disse Eric rindo.
– Bom, não temos aula juntos, amanhã, e nem temos treino, mas... Temos aula no
mesmo prédio. Nos esbarraremos por aí... – disse Nicholas rindo.
– Você também...
No dia seguinte, como Nicholas tinha previsto, ele e Eric se encontraram, rapidamente,
no mesmo prédio onde tinham aulas. Um encontro super rápido e uma conversa que não
durou nem cinco minutos, mas pelo menos tinham se visto.
Eric teve que agüentar Kathia falando a manhã toda sobre como estava indo bem o seu
namoro com Michael. Kathia não conseguia ficar sem falar no namorado. A cada
conversa, cada coisa que alguém falava, ela já fazia alguma associação ao Michael,
fosse pelo seu jeito de falar, de andar ou mesmo por algum gosto musical ou culinário.
Kathia estava mesmo apaixonada por Michael. Eric estava feliz por ela, mas esperava
que a fixação e idolatria da amiga freasse um pouco...
– Eu também tô feliz por você, Kathia. – disse Eric dando palmadinhas nas costas da
amiga.
Por segundos, Eric ficou sério. Ele tinha que manter as aparências de um heterossexual
e então, assentiu com a cabeça, embora em sua mente, agora, só passassem imagens
onde ele e Nicholas davam longos beijos. Não podia contar à amiga o que acontecia.
Não se sentia preparado para contar a ninguém... Nem mesmo à sua melhor amiga,
Ashley, que morava em Nova Iorque. Embora o que sentisse por Nicholas fosse algo
extremamente forte e incomum, algo que nunca sentiu por nenhuma outra pessoa, Eric
não tinha coragem suficiente para assumir sua opção sexual perante família e amigos.
Nicholas já tinha assumido a bandeira do homossexualismo perante a maioria dos
amigos (salvo os Stigmas), mas não tinha tido coragem para contar tudo ao pai, que
esperava que ele se casasse logo e tivesse filhos e...
– Eric? Eric?! – exclamou Kathia, preocupada, ao ver o amigo, parado, olhando para o
nada.
– Que foi?
– Nada... É que... – ele não sabia o que dizer. – Talvez eu esteja mesmo precisado de
alguém... – Eric sabia que não deveria ter dito aquilo, mas foi algo que saiu sem querer.
Uma desculpa de última hora.
– Oooh... – ela abraçou Eric ainda mais forte. – Coitadinho do meu amigo... Prometo
que vou te ajudar a conseguir uma namorada!
– Ah, Kathia... Não precisa se preocupar e... – ele tentou se esquivar.
– Não, não, não... Faço questão de escolher minha cunhada viu, irmão? – e ela riu. –
Acho que tem algumas Deltas solteiras lá na irmandade...
Eric deu um sorriso sem graça. Era tudo o que ele não queria, agora: uma namorada.
O resto do dia, para a alegria de Eric, passou bastante rápido e quando ele menos
esperou, os primeiros raios de sol invadiam o quarto, indicando que a manhã de sexta-
feira tinha chegado.
“É hoje...” pensou Eric assim que acordou. Não pensava em outra coisa a não ser o
momento daquele dia em que ficaria a sós com Nicholas, no motel. Eric riu ao pensar na
ansiedade que o consumia mais uma vez, só naquela semana. Ele se lembrou o quanto
que tinha ficado ansioso para ir à casa de Nicholas e poder ficar junto do namorado, sem
interrupções... Agora, passado o feriado, foi criada a ansiedade para a ida ao motel.
Em seu quarto, Mike também acabava de acordar e já pensava em Eric. O que fazer
diante daquela situação? Se revelar para o amigo? Não! E se tomasse um grande “não”
e, ainda por cima, fosse ridicularizado perante os amigos da Beta? Mas e se, por acaso,
Eric o aceitasse? Mas será que Eric curtia homens também? Essas e outras perguntas
circulavam pela cabeça de Mike e paralelo a isso, ele tentava se convencer de que não
valia a pena querer se envolver com homens outra vez. Ele tinha se magoado desde sua
última relação homossexual e tentava esquecer isso adotando a postura de um hetero
exageradamente mulherengo, rebelde e machista. Mas como tentar se convencer de que
não valia a pena se arriscar e viver um romance com Eric? Mike não sabia se estava
totalmente apaixonado pelo amigo, mas que seu corpo desejava Eric, disso ele tinha
total certeza.
– O que eu faço? – sussurrava Mike pra si mesmo, com as mãos na cabeça. – Meu Deus,
eu preciso de um sinal, uma indicação, qualquer coisa que me mostre que eu devo me
revelar para o Eric.
Mike, como alguém que realmente parecia procurar um sinal de Deus, começou a olhar
cada canto do quarto em busca de respostas, algo que o fizesse lembrar-se da imagem de
Eric... Ele vira aquilo, sobre pedir sinais, em algum filme... Só não se lembrava qual
fora. Irritado e frustrado com a falta de “sinais divinos”, Mike abriu a porta do quarto e
partiu em direção ao corredor, dando de cara com Eric.
Seria aquele o sinal? Eric fora a primeira pessoa que ele encontrara, ali, naquela manhã
e logo depois de ter pedido um sinal dos céus que o mostrasse se ele devia ou não se
revelar para o amigo.
– Que foi, Mike? – perguntou Eric, sonolento. – Você quer usar o banheiro? – uma
pausa para um enorme bocejo. – Tudo bem, pode ir.
– Não, não, Eric! Pode ir... – disse Mike, cavalheiro. – Fique à vontade.
Eric franziu a testa, mas como estava sonolento o suficiente para não pensar em mais
nada, a não ser em Nicholas, seguiu para o banheiro e deixou Mike, sozinho, no
corredor do segundo andar da casa.
– Obrigado, Deus! Foi o sinal, eu entendi! – sussurrava Mike, fazendo o sinal da cruz,
rapidamente.
– Desde quando você é tão católico assim? Eu hein... – resmungava Harold, bocejando,
ao ver Mike no corredor, nesse exato momento.
– É... Rezando pra que você pare de comer tanto! – disse Mike rindo, sem graça.
– Você tem estado muito estranho mesmo... – disse Harold arqueando uma sobrancelha.
– Isso é falta de mulher, cara! Já faz tempo que não te vejo dando uns “pegas” por aí...
– Mas amanhã a praia é dos Betas e com certeza você vai pegar uma mina bem gata! –
exclamou Harold, animado, dando um leve murro no ombro de Mike.
– Nossa praia vai ser perfeita amanhã. – começou Freddy, animado, que escrevia num
papelzinho enquanto tomava café. – Já tô aqui preparando uma lista de compras. Vamos
ao mercado mais tarde e...
– Ah... Acho melhor comermos algo na praia, não? – perguntou Mike, tentando se
integrar mais na conversa.
– É, o Mike tem razão. – concordou Ian, que estava calado até o momento. – Podíamos
comer algo na praia mesmo. Tem tantas opções lá...
– Ah... Eu gosto mais da ideia do Harold. – disse Freddy brincando com a caneta na
mão. – Todos, ou a maioria, a favor de churrasco, amanhã?
– Muito bem! Acrescentarei mais itens, aqui, na lista. – disse Freddy, animado.
– Não consigo pensar no que vou comer amanhã. Ainda estamos na hora do café... –
resmungou Eric, baixinho.
Mike ouvira e dera um sorrisinho para Eric. Um sorriso meio torto misturado com um
olhar meio provocante. Eric desviara o olhar na mesma hora, nervoso. Será que isso
também fora impressão sua? Não, não poderia ser... Mike estava mesmo a fim dele?
– Então de tarde nós vamos ao mercado e compramos tudo. – disse John, por fim. – Eu
posso colocar no meu cartão e depois dividimos a quantia.
– É... Você é o que lidera a comissão de frente dos caloteiros! – respondeu Ian no
mesmo tom de gozação.
Enquanto os Betas riam sem parar, Mike continuava a soltar risinhos tímidos e a
distribuir olhares penetrantes a Eric.
– Bom, gente, preciso ir. – disse Eric se levantando da mesa antes mesmo de terminar
de beber o suco todo.
Mike percebera que aquela reação do amigo fora por sua causa.
– É... Combinei de chegar mais cedo hoje para tirar umas dúvidas com a professora. –
mentiu Eric, sem graça. – Tchau, pessoal! – e ele pegou sua mochila e saiu de casa, sem
pensar duas vezes.
– Oi, meu amor. – disse o namorado, sonolento, do outro lado da linha. – Bom dia!
– Não, amor... Esqueceu? Eu só tenho aula, hoje, a partir das nove horas da manhã.
Nossa aula de Bioquímica...
– Não vou desculpar. – disse Nicholas, sorrindo. – Não vou desculpar porque se eu te
desculpasse, estaria dizendo que foi horrível ter acordado, agora, e ouvir sua voz.
– Queria acordar todos os dias da minha vida com sua voz em meus ouvidos, meu amor.
– continuou Nicholas. – Eu te amo tanto...
Os dois conversaram por mais uns minutos e Eric, ao ver Kathia chegando, se despediu
do namorado ao telefone.
– Vamos.
– Ai! Hoje a aula é no laboratório! Perfeito! – dizia Kathia, animada. – Faremos estudo
da concentração de proteínas.
– Oi, gente! – dizia uma voz vinda atrás de Eric e Kathia. A voz era familiar e fez os
ouvidos de Eric ficarem mais felizes, assim como seu coração.
Era tão engraçado ver o comportamento mais formal de Nicholas com Eric, perante
Kathia.
Os três subiram para o andar em que tinham a aula prática de Bioquímica e assim que
entraram no laboratório, vestiram seus jalecos. Como de costume, Kathia, Nicholas e
Eric se sentaram juntos.
No meio da aula, Nicholas rabiscou algo em um pedaço de papel e entregou para Eric,
por debaixo da mesa.
“É hoje!” dizia o papel com a letra de Nicholas. Eric sorriu ao ler aquela pequena frase,
mas carregada de grande significado. Era o dia em que os dois iriam ao motel...
– O que é isso? – perguntou Kathia, sussurrando, ao ver que Eric segurava um papel. –
“É hoje!”? O que é hoje? – e ela fez uma cara confusa.
Depois que Kathia voltou a se concentrar na aula, Eric cutucou Nicholas e lançou-lhe
um olhar que queria expressar algo como “Cuidado! Já pensou se tivesse outra coisa
escrita nesse papel e ela lesse?”. Nicholas riu com a expressão de Eric.
Enquanto a aula seguia, tanto Nicholas quanto Eric só queriam que aquela manhã, bem
como a tarde, passasse logo rápido e que a noite chegasse. Sim, a noite chegaria
trazendo consigo um grande desejo que seria realizado: uma noite de amor recheada de
prazer...
Continua...
Aguardo os reviews!
Beijos e abraços,
Nando Gomez
– Ai, marquei de me encontrar com o Michael, agora, depois da aula. – dizia ela,
radiante.
Assim que a amiga sumiu de vista, os dois começaram a conversar mais intimamente.
Eric riu.
– Hum... Sim. – disse Eric, corando, ao imaginar os dois juntos no motel. – E você?
– Eu também... Mal vejo a hora de termos o nosso treino no MCS. – disse Nicholas,
irônico, mas numa expressão séria.
– Eu sei, seu bobo! – disse Nicholas, rindo, pondo a mão no ombro do namorado. – Eu
também tô muito ansioso para o que nós vamos fazer mais tarde, depois do treino...
– Ih! Um dos Betas está ali... – disse Eric quando desviou seu olhar para uma direção
próxima e reconheceu Freddy, que conversava com algumas garotas.
– Opa! Melhor eu ir andando... Nos vemos às duas horas, no MCS. – disse Nicholas,
apressado. – Tchau, Eric!
– Tchau, Nick!
– Eric Matthews. – uma bela garota loura completou a frase, fazendo uma expressão
bem sedutora.
– Oi, Eric! – disse o coral composto pela garota loura e mais três outras belas garotas.
– Caramba! Não é que você tá mesmo famoso por aqui, cara?! – disse Freddy rindo.
– E o Eric também vai? – perguntou uma garota morena cujos cabelos quase lhe
alcançavam a cintura.
– E aí, Eric? Como foram as aulas? – perguntou Freddy enquanto caminhava com Eric
em direção à Irmandade Beta.
Eric engoliu em seco. O que comentaria com Freddy? Que o Mike estava estranho sim e
ele sabia muito bem o motivo?
– Cara, ele tá... Sei lá! Diferente. – comentou Freddy franzindo a testa.
– É...
– Seja lá o que for, espero que ele volte logo ao normal. – concluiu Freddy.
Durante o almoço, preparado por Eric e Ian, mais uma vez os rapazes notaram o
distanciamento de Mike diante das conversas. Mike continuava pensativo com relação a
Eric e isso o mantinha sério, distraído, distante dos amigos...
Freddy, que tinha se sentado ao lado de Eric à mesa, cutucou o amigo com o cotovelo e
indicou, discretamente, com a cabeça na direção de Mike. Eric mirou na direção
indicada por Freddy, por alguns segundos. Ao perceber que Eric estava olhando para
ele, Mike sorriu. Até quando agüentaria os olhares e sorrisos insinuantes que Mike o
lançava? Era o que Eric se perguntava no momento...
Depois do almoço, os Betas foram descansar um pouco, cada um em seu quarto.
Enquanto Mike bolava estratégias para se declarar para Eric, este pensava no momento
que teria com o namorado algumas horas mais tarde. Já Nicholas, trancado em seu
quarto, na Irmandade Stigma, dançava uma música cujas batidas pop deixavam o
ambiente bem enérgico. Nicholas estava sem camisa e apenas de cueca. Na melodia,
agora, a ausência de batidas tornava a canção lenta. Nicholas aproveitava esse momento
da música e segurava sua cueca fazendo menção em tirá-la, mas lenta e sedutoramente.
Nicholas ouvia “E.T.” da cantora Katy Perry e parecia estar se envolvendo com cada
estrofe daquela canção.
“This is transcendental,
On another level
Justo nesse exato momento, o celular de Nicholas tocou e ele foi obrigado a parar sua
música e, claro, sua dança. Era Eric quem chamava.
– E então... É... – Eric, mesmo já tendo intimidade suficiente com Nicholas, parecia
embaraçado sobre como iria perguntar tal coisa ao namorado. – Vamos pro motel direto
do MCS né?
– Que foi?
– Eu te amo.
Cada vez que ouvia aquela simples frase vinda da boca de Nicholas, Eric parecia ficar
desarmado. Ficava totalmente fora de si, era como se ele fosse à Lua e voltasse, sem sair
do chão.
– Eu também te amo, Nick. – sussurrou Eric, corando, embora o namorado não o visse,
ali.
– Te vejo no MCS daqui a... – disse Nicholas parando para checar o relógio. – Vinte
minutos.
Mais uns minutos depois e Eric acabava de vestir sua sunga. Faltando dez minutos para
as duas da tarde, Eric desceu as escadas da casa e encontrou Mike, Freddy e Ian, na sala,
vendo TV.
– Bom, pessoal... – começou Eric, segurando sua mochila no ombro. – Vou indo.
Eric já ia dando as costas, quando lembrou que não sabia exatamente se dormiria com
Nicholas no motel e voltariam pela manhã ou se voltariam pela madrugada.
– Ah! Lembrei que... É que... – começou Eric, sem graça, voltando a encarar os amigos.
– Talvez eu chegue um pouco tarde e...
– Ih! Sei como é... É, você deve demorar mesmo. – adiantou-se Ian.
– Só espero que não chegue tão bêbado e cheio de ressaca. – concluiu Freddy. –
Amanhã é o dia da nossa praia, cara! Você não pode deixar de ir hein?
– Não, não! Não faltaria ao nosso compromisso de jeito nenhum. – Eric apressou-se em
dizer.
– Bom, então vai lá, cara. Divirta-se! – disse Ian dando-lhe um encorajador sorriso.
No treino, Eric e Nicholas mal viam a hora de os relógios marcarem cinco horas da
tarde. Para a alegria deles, as horas voaram durante o treino.
– Liberados, por hoje! – disse o treinador Smith depois de dar uma longa apitada. – Até
terça, rapazes!
Os rapazes correram para os chuveiros, onde aconteceria o momento que Eric tanto
tinha timidez: todos ficavam nus.
– Quer ir pro chuveiro? – perguntou Nicholas, baixinho, ainda na piscina com Eric. Os
dois estavam sozinhos, ali.
– Não, acho que não agüentaria te ver sem roupa e... – Eric disfarçou o olhar.
– Eu sei. Acho que também não consigo me controlar mais ao ver você nu. – confessou
Nicholas.
– Vamos só nos enxugar, colocar uma roupa seca e pronto. – disse Nicholas, seguro de
si. – E já vamos pra lá...
– Ah... – Eric pareceu se desanimar com a ideia. Saberia que sentiria vergonha de pedir
para um taxista o levar a um motel com outro rapaz. Embora o taxista fosse alguém
estranho, desconhecido e que não tivesse nada a ver com a vida dele, Eric saberia que se
sentiria muito, muito envergonhado.
– É que... É que...
– Já sei. – concluiu Nicholas. – Você nunca esteve num motel antes, né? Com outro
cara...
– Não faz essa cara, amor. Não tem problema. A gente pede pro táxi parar na rua, mas
não necessariamente em frente ou dentro do motel. Relaxa! – completou Nicholas,
sorrindo.
– Boa tarde. – disse Nicholas assim que ele e Eric se sentaram no banco de trás do carro.
– Boa tarde. Para onde vamos? – perguntou o taxista que aparentava ter uns 45 anos e
tinha uma pele morena, assim como cabelos grisalhos.
Eric não conseguia esconder a ansiedade. Nicholas, discretamente, tocou sua mão e
percebeu que estava gelada.
– Aqui está bom, senhor. – pediu ele com uma voz calma e segura.
– Aqui? Mas achei que fossemos entrar na rua e... – começou o taxista, intrigado.
– Não, não, não... Pode nos deixar aqui na entrada mesmo. Sem problemas. – informou
Nicholas, sério.
Eles não entraram pela rua principal onde tinham mandado o taxista parar em frente.
Eles pegaram um atalho que, depois de descer uma pequena ladeira, saía já no fim da
mesma rua. E lá no fim dessa rua, estava o motel. Um local realmente discreto. O céu
começava a escurecer, indicando que o fim de tarde logo, logo traria a noite consigo.
– Agora, moço, na volta, pegaremos um táxi né? – pediu Nicholas revirando os olhos.
– É...
– Não esquenta com isso. Pegaremos um táxi que o próprio motel nos oferecerá. –
explicou Nicholas. – Ai! Espero que meu pai volte atrás e libere meu carro outra vez.
– Hã?
– Aah... A famosa fase rebelde do Nick... – Eric fez uma expressão engraçada.
– Nem me lembra... Isso é passado! Mas, enfim, por causa dessa fase, meu pai tomou
meu carro.
– Poxa, Nick...
– Como eu disse, é passado! Você é o meu presente, agora. E o meu futuro também...
Você me fez mudar, você tá me fazendo mudar pra melhor a cada dia.
Os dois entraram no motel e na recepção, um homem com uma feição um pouco mal-
humorada os saudou.
– Tudo bem.
Eric não sabia onde enfiar a cara. Estava corado, nervoso, com medo. Na sua cabeça, o
recepcionista iria fazer alguma piadinha sobre os dois ou dar alguma indireta.
Certamente, se ele fizesse tal coisa, Nicholas tomaria as devidas providências...
– Hum... Ali! – disse Nicholas apontando para uma porta que trazia a numeração 11
gravada nela.
“Ai, meu Deus! Será que alguém me viu? Espero que não... Mas, acho que ninguém me
viu, claro...” A cabeça de Eric pensava mil coisas,enquanto Nicholas continuava calmo.
– Que foi, amor? Entra, vem! – pediu Nicholas já dentro do quarto.
Assim que Eric adentrou o quarto, não pôde deixar de notar na cama redonda. A cama,
cujo formato era bem típico de motéis, causou certo rubor no rosto de Eric. Em cima da
cama, dois travesseiros, duas toalhas e dois sabonetes. O quarto não era tão grande:
além da cama, uma pequena mesinha com uma cadeira, ambas na cor marfim. O
banheiro do quarto apresentava um box de vidro com detalhes em azul, além de todo o
aparato normal de se encontrar em banheiros.
– Enfim, sós! – disse Nicholas sorrindo. – Eu podia ficar com você, aqui, nesse quarto
por vários dias...
Eric sorriu.
– Humm... – gemia Nicholas em meio ao beijo. – Eu sinto tanta falta de você... Mesmo
por algumas horas que não fiquemos juntos, a sós.
– Eu também... – dizia Eric depois de beijar o pescoço de Nicholas. – Você nunca sai da
minha cabeça.
– Sei como é... Eu também penso em você o dia todo, meu amor.
Eric começava a ficar tão mais calmo, depois de ter se entregado a Nicholas, que todo o
medo e a insegurança por estar em um motel, de repente, pareceram ter sumido da sua
cabeça.
Nicholas, sempre cortês, pegou a mão direita de Eric e a beijou. Eric sorriu, apaixonado.
– Olha, eu preparei uma coisinha pra você... – começou Nicholas, rindo, se levantando
da cama. – Fica aí sentado...
– Espero que você goste e... – e ele revirou os olhos. – Tá! Eu tô com vergonha, agora. –
e ele riu. – Mas tente não rir...
Nicholas virou-se de costas para Eric e, provocante, rebolava bem devagar para o
namorado notar.
Eric não conseguia deixar de notar que seu sexo pulsava dentro das calças. Pulsava ao
ver Nicholas despindo a roupa só pra ele.
Seguindo o refrão, Nicholas ameaçou tirar a bermuda, mas não tirou. Dançou mais um
pouco, seduziu Eric e passado o refrão, ele começou a desamarrar o cordão da bermuda.
Sua expressão não poderia ser mais provocante.
Nicholas sentou-se na cama e deu um longo beijo em Eric, depois voltou ao seu “palco”
e continuou o show. Rebolando ainda mais safadamente e fazendo mais expressões
sedutoras, ele foi baixando a cueca bem devagar e exibindo seu sexo bastante rígido.
– Vem pra cá, meu stripper... – pediu Eric, excitadíssimo, ao ver o namorado
completamente nu.
Nicholas deitou em cima de Eric, ainda vestido, e mais beijos calorosos foram dados.
– Agora, você é meu stripper. – disse Nicholas, rindo. – Só que eu é que vou tirar sua
roupa... Vem! Um beijo, uma peça.
“Eu estou sonhando? Não, não estou... Que coisa mais gostosa!” pensava Eric, excitado.
Feito isso, Nicholas, provocante, começou a acariciar o membro de Eric, mesmo por
debaixo da cueca. Ele passava a mão sobre o volume que o namorado apresentava.
Depois disso, Nicholas começou a passar o rosto pelo volume e, por fim, deu uma leve
mordidinha, que fez Eric soltar uma curta risada.
– Mais um... – pediu Nicholas, sedutor. E eles deram mais um beijo tão caloroso quanto
os anteriores.
– Eric, você é completamente lindo... – dizia Nicholas enquanto segurava, firme, o pênis
do namorado.
Eric também segurava o pênis de Nicholas e o movimentava para cima e para baixo.
– Você é muito gostoso... – murmurou Eric, nervoso e meio envergonhado por ter dito
aquilo.
Nicholas sorriu.
– Você é que é muito gostoso, meu amor. – disse ele beijando os lábios de Eric.
– Então... A gente vai passar a noite aqui ou...? – começou Eric, curioso.
– Bom, você quem sabe. – respondeu Nicholas, ainda acariciando o sexo de Eric.
– Eu achava melhor voltarmos mais tarde... – disse Eric, pensativo – Mas... Preferia
dormir com você, claro.
– Ah! Mas dá tempo... – disse Nicholas, sério. – Eles não vão à praia de manhã cedo.
Claro que não!
– É verdade...
– Então pronto. Dormimos aqui e lá pelas dez da manhã a gente volta. Que tal?
Os dois deram um longo beijo como se estivessem selando o pacto que dormiriam, ali,
juntos.
– Eu te amo muito, muito, muito, Eric. – adiantou-se Nicholas. – Nosso amor é... Sei
lá... Inexplicável!
– É... Talvez essa seja a palavra certa: inexplicável. – concordou Eric, sorrindo. – O que
eu sinto por você é tão incomum, é tão mágico, é tão... Inexplicável! – e ele riu.
– Acho que fomos mesmo feitos um para o outro. – concluiu Nicholas enquanto afagava
os cabelos de Eric.
– É, Nick... Fomos feitos um para o outro. Eu... Eu não sei explicar o tanto de
felicidade, de amor, de... De...
– Shh! Não precisa falar mais nada. – disse Nicholas pondo a mão na boca de Eric. – Eu
sinto o mesmo por você. – e ele sorriu. – Nosso amor não tem palavras para ser
descrito... É indescritível, inexplicável...
– Nossa! Quantas vezes já dissemos essa palavra só agora? – perguntou Eric, rindo.
– Não sei... Mas não tô muito a fim de contar. – disse Nicholas, rindo também. – Só sei
que a gente se ama, a gente tá junto e... E é isso o que interessa, meu amor.
– Doido? Que doido nada! Eu a-do-rei! Aliás... Vou querer que você faça sempre! –
disse Eric, rindo.
– Hum... Vou pensar... – disse Eric, rindo. – Tenho que escolher uma música e... Ah!
Falando nisso... Por que escolheu “E.T.”?
– Bom, além de saber que você gosta da Katy Perry... – começou Nicholas, pensativo. –
Acho que essa letra tem algumas coisas que me lembram a gente, a nossa relação.
– Sério? Mas eu não sou nenhum E.T. – Eric riu. – E nem você né? Ou será que é?
– Não, bobo... Não se atente para essa parte, mas sim para a parte que diz que seu toque
é de outro mundo, é sobrenatural... – disse Nicholas segurando o queixo de Eric. –
Como você disse, nosso amor é mágico, é inexplicável... É algo meio sobrenatural, não
acha?
– Oh, meu gatinho medroso... – disse Nicholas, rindo. – Você sabe que eu tô sempre pra
te proteger né?
Nicholas sorriu e se aproximou ainda mais de Eric, juntando seus corpos e continuando
com as carícias, os beijos, os toques, as lambidas e outras coisas mais. Sim, Nicholas
havia encontrado sua estrela da sorte e seu amor por Eric era mesmo inexplicável. Se
dependesse de Nicholas, aquele amor que sentia por Eric seria realmente algo para se
guardar, se preservar por muito, muito tempo... E o melhor de tudo é que ele sabia e
sentia que esse amor era totalmente correspondido por Eric.
Continua...
BOA LEITURA!
Eric e Nicholas acordaram por volta das dez horas, na manhã de sábado. Tinham
dormido feito dois anjos, depois de uma noite bastante romântica e recheada de sexo.
Eric tinha mesmo conseguido relaxar a tal ponto de nem sequer se incomodar mais por
estar em um motel. Aquela noite tinha sido tão boa, ou mesmo melhor, que as noites
que passaram juntos na casa de Nicholas.
– Aah... Desliga, vai. – pedia Eric, sonolento, ainda de olhos fechados. Estava abraçado
a Nicholas, enquanto dormiam. O som do despertador, que vinha do celular de
Nicholas, incomodava bastante.
– Bom dia, meu amor. – disse Nicholas voltando a abraçar Eric, na cama.
– Vamos levantando... Sabe que horas são? Já vai dar dez horas! – anunciou Nicholas,
preocupado.
– Dez?! – disse Eric abrindo os olhos, espantado. – Dez?! Oh, meu Deus! E agora? Tô
atrasado né? A praia...
Como tinham combinado, os dois tinham levado roupas limpas, escova e pasta de
dentes.
– Como eu queria acordar todo dia ao seu lado... – disse Nicholas, sorrindo, enquanto
despejava a pasta de dentes na escova.
Assim que terminaram de escovar os dentes, eles entraram no boxe onde tomaram uma
gostosa ducha. Como Nicholas sabia que Eric não poderia demorar mais, preferiu não
provocar tanto o namorado a ponto de eles fazerem sexo no chuveiro, mas mesmo assim
trocaram beijos e carícias.
– Vamos fazer isso mais vezes... Foi tão bom passar a noite, aqui. – disse Nicholas,
animado.
– Ai, meu amor... Foi ótimo mesmo. – concordou Eric, enquanto se vestia.
– Que você tem vontade de acampar e fazer amor numa barraca de camping. – disse
Nicholas, rapidamente, enquanto terminava de pôr sua camisa.
– Devíamos mesmo fazer isso... Vai ser bem interessante. – anunciou Nicholas, sério.
– É... Qualquer coisa ao seu lado fica interessante. – disse Eric, sorrindo.
Assim que terminaram de se vestir, Eric e Nicholas desceram para o hall de entrada.
Havia um simples restaurante, próprio do motel, nos fundos.
– Não, não... – disse Eric, impaciente. Só em ter saído do quarto, parecia que os medos
de encontrar alguém, ali, voltaram a sua mente. – Vamos indo...
Se dirigiram à recepção, onde havia outro recepcionista e não mais o do dia anterior.
Após Nicholas pagar o valor equivalente ao número total de horas que ficaram no
quarto, os dois solicitaram que queriam um táxi.
O táxi logo chegou e o taxista, para alívio de Eric, os tratou super bem, altamente
discreto...
– Aqui está bom. – pediu Nicholas assim que o carro se aproximou da Miami College.
– Não, Nick. Eu pago. – disse Eric pegando umas notas em sua carteira e entregando ao
motorista. – Fique com o troco e bom dia.
– Caramba! – dizia Eric mais aliviado ao pisar em solo conhecido. – Nossa, Nick... Foi
tudo tão...
– Sim...
– Bom, agora, vou ter que te deixar ir né? – começou Nicholas, cruzando os braços. –
Vai lá, Eric. Seus amigos tão esperando você.
– Tchau, Eric!
Assim que chegou à Irmandade Beta, Eric se deparou com os todos os Betas na sala.
Estavam esperando ele chegar.
– Isso é que é amigo! – resmungou Freddy. – Saiu com algumas gatinhas ontem e nem
chama a gente pra dividir...
– Ah... É que eu e o pessoal do MCS saímos pra beber e... – começou Eric engolindo
em seco. – Terminou que ficou muito tarde e aí o Ben, que estava dirigindo, também já
tava meio grogue e... Pegamos um táxi e fomos pra casa dos tios dele, que ficava perto
do restaurante onde a gente estava.
Improvisada, mas uma boa desculpa. Alguns Betas franziram as testas, confusos.
– Então... Bota logo essa sunga ou short, sei lá... E vamos pra praia! – pediu Ian,
animado.
– Certo. – disse Eric subindo as escadas, correndo. Ele pegou a sunga que usou no
treino do dia anterior, ainda molhada, que estava dentro de um saquinho e a estendeu
num varal que ficava na área de serviço da casa.
Depois, Eric correu pro seu quarto, pôs uma bermuda floral, manteve a mesma camisa e
desceu.
– Vamos lá, galera! – disse Mike, para a surpresa de todos. – Hoje a praia é de quem?
John e Marcus seguravam suas respectivas pranchas de surf. Iriam aproveitar pra surfar,
coisa que já fazia dias que não praticavam.
A praia estava, como se esperava, cheia. A extensa faixa de areia estava repleta de
pessoas com suas respectivas mesas, sombreiros, cadeiras... Havia, porém, um pedaço
de areia mais distante dali, deserto. Ficava perto do local onde uma baixa vegetação
crescia. Além da pouca mata verde que crescia, era possível encontrar bastantes
coqueiros nessa região. O visual da praia, no geral, era realmente lindo: o marzão
perfeitamente azul fazendo barulho com suas magníficas ondas; a areia na coloração
amarelo bem clarinho, quase branca e vários coqueiros bem altos e bem viçosos.
Os Betas já tinham reservado, logo de manhã cedo, umas mesas e as colocaram bem no
centro da praia. A barraca de praia que eles estavam era a única daquela parte da praia e
era bastante badalada. Uma das barracas de praia mais famosas de Miami.
Os rapazes tiraram as camisas e ficaram apenas com a roupa de banho: shorts para uns,
sungas para outros.
– É hoje, meu Deus! – dizia Freddy, animado. – Hoje eu pego uma gatinha dessas...
– Oi, rapazes! – saudaram umas garotas lindamente bronzeadas.
– Vocês vieram! – disse Freddy, animado, ao ver as mesmas garotas que tinham falado
com ele no dia anterior.
– Tudo bom, Eric? – disse uma garota loura jogando os cabelos para trás num
movimento bem provocante.
A garota loura, que se chamava Becca, estava mais do que se insinuando para Eric.
Praticamente só faltava ela erguer uma plaquinha contendo os dizeres “Eric, eu quero
você!”.
John cutucava Eric de um lado e Marcus fazia o mesmo do outro. Todos estavam
empurrando Eric para Becca.
– Por que vocês não sentam, ali, e conversam? – pediu Freddy segurando Eric e Becca
pelos braços.
“Não! Não posso trair Nicholas, mesmo sendo uma garota só pra manter as aparências
e... Não!” Eric pensava no momento. “Mas tenho que fingir, pelo menos, me interessar
por ela. Preciso que os Betas vejam isso...”.
– Então... Você é calouro né? – disse Becca, animada. Os dois estavam sentados na
areia, um pouco distante da barraca dos Betas.
Becca era realmente uma linda garota. Loura, pele bronzeada, olhos azuis bem
penetrantes, um corpo escultural... Pena que para Eric, no momento, nada mais chamava
atenção, só Nicholas.
De repente, Becca parou de falar. Eric sentiu que ela começava a se aproximar dele,
lentamente. Sentia a mão de Becca sobre a sua. Ela iria beijá-lo.
– A água deve estar uma delícia! – disse ele se levantando do chão e deixando Becca
sem entender nada. – Não quer dar um mergulho?
Becca então entendeu a mensagem errada. Achou que Eric queria ir pro mar para que lá
eles ficassem mais à vontade e pudessem se beijar e, quem sabe até, trocar carícias
debaixo d’água.
Becca franziu a testa, confusa. Não, ela não havia realmente entendido a atitude de Eric.
Apenas Harold e Marcus quiseram entrar no mar com Eric e Becca, altamente chateada.
– Ai, que perfeito! As meninas me falaram que você surfava... Queria tanto aprender. –
disse ela, atirada.
– Ah, gata... Eu posso te dar umas aulas, se quiser. – disse Marcus, galanteador.
– Poxa... Eu tava toda empolgada com seu amigo, ali... – começou Becca indicando
Eric. – Mas, nossa! Idiotice minha... Pra que perder tempo com um calouro bobão? – e
ela forçou uma risada. – Prefiro os veteranos...
– Sim.
Eric saiu do mar e foi diretamente pra barraca onde os Betas continuavam conversando.
Mike parecia mais animado ainda, principalmente depois de ter visto Eric recusando
Becca.
– Sim. – Eric se lembrou que realmente não havia comido nada desde que saíra do
motel. Estava mesmo com a barriga vazia.
– Pede aqui alguma coisa pra comer... – disse Ian dando o cardápio da barraca para Eric
ler.
Algumas horas depois, Marcus, John e Freddy pareciam ter encontrado suas parceiras
ideais. Já Eric, Harold, Ian e Mike continuaram “solteiros”.
Marcus e John pegavam altas ondas e suas garotas gritavam, eufóricas, animadíssimas.
Freddy e sua garota brincavam de vôlei, na areia.
– Ah! Esquece isso, Harold! Pelo menos a nossa mesa, aqui, bombou legal! – disse Ian,
sorrindo. – Se eu trouxesse o violão... Mas esqueci.
– Não, não... Daqui a pouco a gente já deve tá indo embora mesmo... E faremos nosso
churrasco! – adiantou-se Ian.
– Poxa, eu queria dar uma caminhada pela praia... – disse Eric, pensativo.
– Vamos! – adiantou-se Mike, não escondendo sua vontade de caminhar com Eric.
– Oba! Também vou! – disse Harold. Tô precisando mesmo andar e perder umas
calorias... – e ele riu.
Mike não havia gostado da ideia.
– Não... Além de eu não estar com vontade, é preciso que alguém fique aqui e tome
conta das mesas né? – e ele sorriu, educadamente. – Mas, façam uma boa caminhada!
Os três saíram caminhando pela praia. Como a areia estava quente demais, resolveram
migrar para mais perto do mar, andando na areia molhada, pois assim não queimariam
seus pés.
– Uh! Andar nessa parte da areia cansa muito! – resmungou Harold, arfante.
Passados mais alguns minutos de caminhada, e já próximo à parte mais deserta da praia,
os rapazes pararam ao ouvir o grito de Harold:
– Chegaaa! – exclamou o Beta mais gordinho. – Não agüento mais! Vamos voltar?
– Mas ainda nem chegamos lá na ponta... – disse Mike, sério, indicando uma outra parte
da praia, mais distante.
– Ah! Tô fora! Pra mim já chega! Vou voltar pra barraca. – anunciou Harold. – Você
vem, Eric?
Eric sentiu que iria ficar sozinho com Mike e temia isso, mas não podia deixar tal coisa
tão explicita.
– Ah, Harold... É que... – Eric coçou a cabeça. – Acho que o Mike ainda quer andar...
Não é?
– Não, vou voltar! Tchau pra vocês! – disse Harold dando as costas e deixando Eric e
Mike a sós.
Os dois continuaram a caminhada até que atingiram a parte deserta da praia. Não havia
absolutamente ninguém ali, nem uma pessoa sequer. Nem barracas, mesas, cadeiras...
Apenas uma baixa vegetação que crescia, alguns rochedos e pedras, assim como vários
coqueiros.
– Vamos dar um mergulho... Refrescar... – pediu Mike, sorrindo.
Assim que entraram no mar, Eric tentou se manter o mais afastado possível de Mike.
Eles conversaram um pouco e, para alívio de Eric, Mike não tentara nada com ele. Ao
saírem do mar, porém, Mike fez certa coisa com Eric que o deixou confuso e o fez cair
na sua “armadilha”.
– Vem cá... – pediu Mike entrando pela baixa vegetação e indo parar atrás de um alto
rochedo, cercado por coqueiros.
– Que foi? Encontrou alguma coisa aí? – perguntava Eric, inocente, seguindo Mike.
Os dois ficaram, ali, cara a cara. Dois corpos molhados sob o sol escaldante. O som das
ondas, ali, era a trilha sonora para Eric e Mike.
Mas Mike não continuou sua frase. Ao invés disso, puxou Eric para mais perto dele e
beijou-lhe a boca. Eric realmente não esperava por aquilo. Ficara completamente sem
ação, sem ideia do que fazer. Eric tentou afastar Mike de si, mas o movimento que a
língua de Mike fazia dentro de sua boca era tão gostoso que terminou fazendo com sua
própria língua também quisesse brincar com a língua do amigo. O beijo, antes
indesejado, parecia, agora, totalmente desejado, pois começava a demorar. Enquanto
beijava Eric, Mike segurava-lhe o rosto e o acariciava. “Não! Não! O que eu tô
fazendo? Nicholas!” pensava Eric, nervoso. Só então, caindo em si e recuperando sua
consciência, ele conseguiu se afastar de Mike e, arfando, franziu a testa. O beijo tinha
tirado-lhe o fôlego.
– Eric, me desculpe... Eu... – começou Mike, sem jeito. Não sabia o que aconteceria a
seguir. Não sabia se Eric daria um soco nele ou se o amigo o beijaria outra vez.
O que Eric fez, a seguir, foi algo que lhe veio como única solução: correr.
– Droga... Eu fiz tudo errado. – resmungou Mike, nervoso. Seus olhos começavam a
lacrimejar.
– Que foi, Eric? Aconteceu alguma coisa? – perguntou Ian, assustado, ao ver Eric
sentar-se com um baque na cadeira.
– Nada... – respondeu Eric, arfante. – Só... – pausa pra respiração. – Correndo... – outra
pausa. – Pra manter a forma.
– Ah... Entendi. – disse Ian, sorrindo. – E o Mike?
– Quis... Ficar lá... – a respiração de Eric começava a ficar mais normal. – Disse que ia
andar mais um pouco.
– Puxa vida! O dia hoje tá tão lindo né? – começou Ian, sorrindo.
– E em pensar que a previsão do tempo, ontem, afirmou que hoje, em Miami, chegaria
uma forte frente fria. – concluiu Ian, indignado. – Nunca confio muito nessas
previsões...
A cabeça de Eric estava girando a mais de mil, atordoada. O que faria, agora? Como iria
conviver na Irmandade Beta sob o mesmo teto em que Mike morava? Em algum
momento eles teriam que conversar sobre o ocorrido. E se Mike contasse tudo pra
alguém? E se... “Meu Deus! Então o Mike gosta mesmo de mim...” Eric acabava de
concluir que os olhares e sorrisinhos, dias antes, não eram simples coincidências. “Mas
o Mike é gay? Nossa! Como ele esconde isso bem... Ele parece tão hetero e...”
– Nada... Só pensando aqui. – revelou Eric. – Tantos trabalhos pra fazer... – mentiu ele.
– Os professores não têm piedade da gente.
– Entendo perfeitamente. – dizia Ian enquanto bebia seu drink. – É sempre assim...
– Que bom! – disse Ian, sorrindo. – Olha, eu vou me refrescar um pouco, ali. Já volto!
Era tudo o que Eric menos queria: ficar a sós com Mike.
Assim que Ian se levantou da mesa, porém, Eric se levantou também, por impulso.
– Nossa! Você tá mesmo pensativo hein? – disse Ian, rindo, depois de dar um mergulho.
– Foi por causa da Becca, né? Ela te deu o fora e ficou com o Marcus depois. – disse
Ian, sério.
– Não... É que...
– É, você tá certo. – disse Eric forçando um sorriso no rosto. Era a desculpa perfeita,
talvez.
Um tempo depois, quase uma hora da tarde, os Betas voltaram pra casa, mas não
sozinhos e sim na companhia de algumas garotas, incluindo Becca, e de alguns amigos.
Não demorou muito pra Harold tomar logo posse da churrasqueira. Ele e Freddy tinham
o maior prazer em assar as carnes. Algumas das garotas ajudaram na preparação da
salada enquanto Ian fazia a farofa. Deveria ser um momento de alta descontração e
alegria, mas não para Eric. Ele não conseguia parar de pensar no beijo que Mike tinha
lhe roubado, na praia. O pior de tudo, porém, era a sensação de angústia que sentia.
Queria contar pra Nicholas, precisava contar, mas não sabia se seria a melhor coisa a se
fazer.
O quintal da Irmandade Beta, mesmo não tendo uma piscina, estava bastante animado.
Todos riam, conversavam, dançavam ao som das músicas animadas que tocavam no
aparelho de som, comiam, bebiam... Eric sabia que precisava se distanciar dali,
precisava de um lugar onde pudesse ficar sozinho. Foi então que ele decidiu ir para seu
quarto, no segundo andar da casa. Como já tinha comido e bebido o suficiente, ele saiu
de fininho, sem chamar muita atenção. Como não iria se despir nem nada do tipo,
deixou a porta destrancada e entreaberta.
Eric foi diretamente para a varanda do quarto e sentou-se numa cadeira, ali. Estava
bastante pensativo.
– Não... Ele tava, ali, sentado e... – dizia Ian apontando para uma das mesas que
estavam no quintal.
– Hum... Certo. – adiantou-se Mike. – E você, Harold? – agora, se dirigindo ao outro
amigo. – Viu o Eric?
– A última vez que o vi, ele tava indo pra cozinha, eu acho... – respondeu Harold
enquanto mordiscava um bom pedaço de carne.
– Opa! Foi mal aí, galera... – desculpou-se ele, embora nem tivesse que pedir desculpas,
já que a casa era sua.
Passou pela sala e pela área de serviço, mas nenhum sinal de Eric. Decidiu subir, então,
e ir diretamente ao quarto do amigo. Bingo!
Eric assustou-se ao ouvir a voz de Mike já dentro do seu quarto. Quando virou-se para
ver, o amigo já entrava na varanda e se aproximava dele.
– Eric, eu não queria ter feito aquilo... – começou Mike, sem graça. Na verdade, queria
ter feito, sim, claro.
– Mas fez... – respondeu, Eric, seco, se levantando da cadeira e ficando cara a cara com
Mike.
– É que... – Mike começava a enrubescer, nervoso. – Cara, que situação mais estranha...
– Olha, eu não sou gay... Ou pelo menos, não era... É que... – Mike tentava se explicar
perante o amigo.
– Bom, é que... Eu acho que eu tô gostando de você, Eric... É isso. – Mike disse de uma
vez.
– Mas, eu... Eu... – Eric pensava em dizer que já estava namorando alguém, que estava
namorando Nicholas, mas evitou. Sabia que, além de ter vergonha de assumir sua
homossexualidade perante o amigo, o fato de estar namorando um rapaz da irmandade
rival ainda acarretaria em mais confusões.
– Bom, por favor, não fala nada com os caras tá? Pelo amor de Deus! – disse Mike
fazendo um olhar suplicante. – Se eles ficam sabendo que o líder da irmandade tá a fim
de fazer experiências homossexuais... Cara! Acho que com certeza eles nunca mais
falariam comigo.
– Tudo bem, pode deixar. Não comentarei isso com ninguém. Fique tranqüilo. –
assegurou-lhe Eric.
– Mas me diz... – começou Mike, ainda provocante. – Só... Só me diz... Foi bom? – e
ele fez uma cara tão inocente que quase fez Eric o desejar. – O nosso beijo... Foi bom?
Você gostou?
Eric enrubesceu ainda mais. Sim, ele sabia que tinha sido um beijo muito gostoso, mas
só de pensar em Nicholas, ele já tentava fazer de conta de que o beijo havia sido
altamente horrível.
– Responde, cara! – dizia Mike, sorrindo, pondo a mão no ombro de Eric. – Só pra
saber... Não tem nada demais.
– Sim. – respondeu Eric, por fim. “Não devia ter dito isso...” pensou.
– O que vocês estão fazendo aqui? – perguntou John, confuso. – Estão perdendo o
melhor da festa, oras! As meninas estão dançando cada música...
Os três rapazes saíram do quarto de Eric e, depois disso, ele trancou a porta.
Eric estava bastante chateado com aquela situação. Ele gostava muito de Mike, como
amigo, e certamente poderia namorá-lo se já não tivesse com alguém. Além disso, Eric
sentia e sabia que Nicholas era seu parceiro ideal, mas por outro lado, tinha pena de
Mike. Não queria ver o amigo magoado. E o que contar para Nicholas? Deveria contar?
Não sabia se conseguiria esconder aquilo por muito tempo... A cabeça de Eric estava
bastante confusa.
Assim que deitou na cama, Eric fechou os olhos e mais uma vez a imagem da praia e do
beijo entre ele e Mike vinha-lhe à mente. Não, não poderia pensar muito naquilo...
Daquele jeito, seu coração ia terminar pensando que ele estava gostando de Mike
também.
– Eu tava pensando... Que tal se a gente der uma saída hoje à noite? – perguntou
Nicholas numa entonação bastante empolgante.
– Motel? Não, não... Quer dizer, bem que poderíamos ir de novo, sim, claro... –
Nicholas sorriu. Ouvir aquele riso fazia Eric ir às estrelas... – Na verdade, tô te
convidando pra irmos num dos restaurantes da rede que meu pai é dono, sabe?
– Sim, sei.
– Ah... – depois do ocorrido entre ele e Mike, Eric estava confuso. – Sim. – disse, por
fim. – Vai ser ótimo sair com você de novo, hoje.
– Ah! Que bom! – dizia Nicholas, animado. – E depois do restaurante... Podemos ir para
o...?
Eric sorriu ao ouvir aquilo. Ele sentia a mesma coisa por Nicholas.
Depois que se despediram e encerraram a ligação, Eric ficou se perguntando o que faria
com relação a Mike. Mesmo ele dizendo a Mike que era heterossexual, o amigo parecia
não ligar e o desejava ainda assim. Mas como ele daria um fim nessa situação? Não
podia gostar de Mike... Ele era seu amigo, apenas isso. Embora fosse lindo, tivesse um
corpo maravilhosamente definido, fosse engraçado e... Não, não poderia pensar nas
qualidades de Mike, naquela hora. Isso não ajudaria em absolutamente nada.
A dúvida mais cruel, no momento, era essa: contar ou não contar a Nicholas o que
estava acontecendo na Irmandade Beta? Se contasse, estaria sendo sincero e leal ao
namorado e até seria uma forma de pedir ajuda a Nicholas sobre como dar um basta
nessa situação com Mike. Se não contasse, estaria omitindo algo que o estava
incomodando e, de certo modo, seria meio infiel ao namorado, embora não tivesse sido
sua culpa... Mas se contasse, também não seria uma forma de Nicholas se chatear
bastante com ele? Eric não sabia mesmo o que fazer, realmente estava perdido...
Continua...
Nando Gomez
BOA LEITURA!
Ainda naquela mesma tarde de sábado (dia em que Eric estava bastante confuso por
Mike ter lhe roubado um beijo, na praia), Eric continuava deitado em sua cama. Como
não tinha tomado banho desde que chegara da praia, Eric havia ensopado o colchão,
deixando-o molhado por causa do short usado na praia. Embora tivesse desconfortável,
isso parecia não o incomodar tanto quanto a situação em que estava, agora, com Mike e
Nicholas.
A previsão do tempo, conforme Ian reclamara, tinha acertado. Uma frente fria parecia
ter se estabelecido na ensolarada Miami. Do céu, repleto de pesadas nuvens escuras,
uma fina chuva começava a cair e pela cor que o céu aparentava, iria chover ainda
muito mais nos próximos dias. O relógio marcava quase quatro horas da tarde e, justo
naquela hora, o som que vinha do andar de baixo da casa parecia ter cessado. Era
exatamente àquela hora que o churrasco dos Betas parecia ter terminado. Realmente
havia sido uma festa muito boa. Pena que Eric não a curtiu do modo que gostaria...
Um som característico foi emitido pelo seu celular naquele instante e Eric viu que
recebeu uma mensagem de texto. Era de Nicholas.
“Oi, amor! Não esquece do nosso encontro hein? Me espera na entrada da Miami
College às 19:30h. Te amo! Beijos”
Eric sorriu ao ler aquela mensagem. Se sentia tão seguro com Nicholas, se sentia tão
bem ao lado dele. Como contar, para o homem que amava, que seu amigo havia lhe
roubado um beijo? Não queria magoar Nicholas e muito menos esconder a situação.
“Oi, meu amor. Combinado! Mais tarde a gente se vê. Te amo muito! Beijos” foi o que
Eric respondeu para Nicholas, via mensagem de texto, pelo celular.
O resto da tarde passou tranquilamente bem para Eric. Ele não foi incomodado por
nenhum Beta e muito menos por Mike. Só saíra do quarto duas vezes: uma para tomar
banho, pois desde que chegara da praia ainda não havia tomado uma boa ducha; e outra
para comer. Quando o relógio marcou 18:00h, Eric saiu do quarto para tomar outro
banho. Iria se preparar para sair com Nicholas.
– Ah... – Eric lembrou-se da desculpa que tinha inventado para ficar no quarto. – Sim,
estou melhor.
– Hum...
Assim que saiu do banho, com uma toalha enrolada na cintura, Eric foi diretamente ao
quarto. Para sua surpresa, encontrou Mike sentado na sua cama.
– Oi... – disse o amigo coçando a cabeça. – E aí? Como... Como você ta?
– Não tá zangado comigo pelo que aconteceu, hoje, mais cedo né?
“Claro que sim! Quer dizer, não tão zangado, mas sim, magoado.” pensou Eric.
Eric recuou.
– Calma... – disse Mike, baixinho. – Não vou te beijar de novo... – e ele sorriu.
– Olha, cara... – começou Mike pondo a mão no ombro de Eric. Aquele simples toque
em sua pele fez Eric sentir um leve arrepio pelo corpo. Que situação! Não queria ter
uma conversa íntima com Mike logo, agora, em que ele estava usando apenas uma
toalha, recém-saído do banho.
– Espero que nada afete nossa amizade tá? – enquanto falava, Mike alisava o ombro de
Eric e aquela carícia foi causando uma leve excitação no sexo de Eric.
Por que estava sentindo-se excitado com Mike? Ele gostava de Nicholas, oras!
– Tá! Tudo bem! – adiantou-se Eric saindo de perto de Mike para que o amigo não
desviasse o olhar e percebesse que ele começava a ficar excitado. – Olha, Mike, você
me dá licença? Eu preciso me arrumar... – dizia ele de costas para Mike.
– Certo, cara. Não vou te incomodar. – disse Mike, vagamente, saindo do quarto.
Assim que o amigo saiu, Eric trancou a porta e respirou fundo. Ao tirar a toalha, viu seu
pênis quase ereto. Se aquela conversa durasse mais um pouco, certamente seu sexo
estaria em grau máximo de rigidez.
– Por que isso? – perguntou Eric para si mesmo, olhando para seu sexo. – Eu não podia
sentir isso por ele... Não... Eu...
Mike realmente estava confundindo seus sentimentos e isso não era nada bom. Será que
se ele contasse a Mike que já estava namorando alguém, isso já não seria uma excelente
forma de cessar os ataques e indiretas do amigo? Mesmo com a falsa desculpa que Eric
lhe dera, Mike parecia querer insistir nessa relação e não estava nada disposto a
abandonar seus sentimentos pelo amigo. Mike não parecia disposto a aceitar um “não”
como resposta...
Em meio a tantos pensamentos, Eric começou a se arrumar e depois de pôr uma cueca
preta, vestiu uma calça jeans de pano escuro e a camisa mais alinhada, mais social, que
ele tinha. Claro que nada comparado às roupas que Nicholas lhe emprestara quando fora
à casa dele. Na casa dos Stigma, Nicholas também se arrumava. Ele se preparava para
mais uma noite de amor ao lado do seu amado Eric e com isso, se empolgava cada vez
mais. Demorara ao escolher uma roupa perfeita para o encontro, mas ao fim, vestiu-se
maravilhosamente bem. Nicholas caprichou, também, no perfume. Colocou um perfume
que sabia que Eric adorava. Sim, ele estava disposto a ficar mais que perfeito para o
namorado, para o homem que tanto amava.
Assim que desceu as escadas e chegou à sala da casa dos Betas, Eric encontrou Mike,
Ian e Harold sentados em frente à TV.
– E aí, pessoal?! – saudou Eric ao passar pelos amigos. – Caramba! Não pára de chover
né?
– Uau! – disse Ian parando para encarar melhor Eric. – Cara, não sei qual a gatinha que
vai sair com você, hoje, mas... Nossa! Você vai deixar ela de boca aberta...
– Que é isso, Ian? Vai dizer que o Eric tá bonito é? – disse Harold, gargalhando.
– Oras, que é que tem? Nosso amigo, aqui, realmente deu uma caprichada no visual. –
continuou Ian. – Vai lá, cara! Divirta-se... – Ian não percebeu, mas Mike lançou-lhe um
olhar enciumado.
– Aqui, toma! – disse o líder dos Betas entregando um guarda-chuva preto a Eric. –
Esse guarda-chuva é do Marcus, mas... É, ele deixou em casa. – e Mike sorriu.
A chuva parecia querer engrossar. Eric caminhava em direção aos portões da MC, como
combinado. Alguns minutos depois, Eric chegou ao local combinado e lá encontrou
Nicholas. Seu coração bateu depressa ao ver o amado debaixo de um guarda-chuva,
também preto.
– É... Essa frente fria tinha que vir logo hoje? – resmungou Nicholas, rindo.
– Bom, vamos! O táxi chegou! – indicou Nicholas, apontando para o carro que acabava
de estacionar próximo à entrada da Miami College.
– Boa noite, senhor. – saudou ele, animado, dizendo, em seguida, ao taxista o endereço
exato do restaurante para onde iriam.
Cerca de vinte minutos depois, o carro parou em frente ao restaurante: uma bela casa de
dois andares. A casa era toda enfeitada com séries de pequenas lâmpadas que davam um
ar bem gostoso a quem passava por ela. O ambiente, ali, era bastante agradável:
escurinho, iluminado apenas por algumas lâmpadas, música ambiente, bem
aconchegante. Lugar melhor para um encontro numa noite chuvosa? Impossível!
Após subirem a escada de oito degraus, um pouco escorregadios, que levava à entrada
do restaurante, Eric e Nicholas foram recebidos por um elegante garçom.
– Boa noite, senhores! – disse o garçom fazendo uma leve inclinação com a cabeça.
– Boa noite! – responderam os dois.
– Oh, céus! Sr. Nicholas Wyatt! – exclamou o garçom só então percebendo que quem
estava diante dele era o filho do dono não só daquele restaurante, mas como os demais
que pertenciam a mesma rede. – Sim, sim. O senhor nos ligou confirmando a vinda. A
varanda está completamente reservada. Sigam-me.
O restaurante estava relativamente cheio, para uma noite tão chuvosa, mas a varanda em
que Nicholas e Eric ficariam estava completamente vazia. A varanda era, certamente, a
parte mais aconchegante daquele restaurante. Além de ter uma vista privilegiada para a
praia, a varanda era coberta e super agradável.
– Aqui, senhores. – indicou o garçom apontando para uma mesa forrada com toalha
vermelha, já com dois pratos postos e duas taças de cristal. – Trarei o vinho. O nosso
melhor vinho!
Após se sentarem, Eric corou um pouco. Estavam, ali, a sós, num lugar privilegiado. A
varanda era bem escurinha, iluminada apenas por alguns abajures que emitiam fracas e
discretas luzes. Enquanto esperavam o garçom voltar, Nicholas enroscou sua perna na
de Eric e provocou risos tímidos do namorado.
– Nossa, Nick... Se gostei? – Eric sentia-se extremamente feliz por estar ali. –
Simplesmente adorei. O lugar é perfeito... Principalmente por estar com você, aqui.
– Ai, meu amor, você é tão lindo... – dizia Nicholas se contendo para não beijar Eric na
boca.
– Ah! Este vinho é espetacular, senhores! Vão gostar! – dizia ele, animado, servindo a
taça de Nicholas, primeiro.
Depois de servir a taça de Eric, o garçom pegou um isqueiro de dentro do bolso da calça
e acendeu duas velinhas que estavam na mesa.
– Uau! – exclamou Eric, animado. – Nunca me senti tão bem como agora... Esse clima
de chuva, essas velinhas acesas, esse ambiente escurinho, só a gente... Isso não podia ser
melhor! – e ele sorriu.
– Sim, poderia ser melhor... – disse Nicholas, provocante. – Se a gente pudesse se beijar
e...
– Ai, com certeza... – concordou Eric, apaixonado. Seu coração batia feliz, como
sempre.
– Posso? – perguntou Nicholas olhando para trás e verificando que não aparecia
ninguém, nem mesmo um garçom por ali.
– Shh, calma! Ali atrás só tem mesas vazias... Não tem garçons passando por ali.
Vamos, amor... Só um beijo...
Os dois se inclinaram para frente e selaram aquele lindo encontro com um gostoso
beijo.
– Pronto! Agora estou mais calmo... – disse Nicholas, sorrindo. – Já sei que mais tarde
terei muito mais beijos como esse.
Eric sorriu.
– Sim! Antes, faremos um brinde! – começou Nicholas, sério, erguendo a taça. Eric fez
o mesmo.
– Brindaremos a que?
– Faço um brinde ao homem mais lindo desse mundo... – começou Nicholas com o ar
mais sedutor que Eric já vira antes.
– Ao homem que me conquistou, ao homem que mudou minha vida, ao homem que... –
Nicholas parou o discurso, de repente. – Ao homem que eu amo.
– Ai... Assim eu fico sem graça... – Eric estava ainda mais enrubescido.
– Nossa! – exclamou Eric ao olhar bem para o céu. – Parece que ainda vai chover
muito...
– É... Vai ser uma noite perfeita, não? Eu e você... E essa chuva deixando um clima
mais frio, aqui. Faz tempo que aqui em Miami a temperatura não ficava tão gostosa...
– É isso mesmo que vocês ouviram. – dizia a voz da jornalista, na televisão. – Segundo
a previsão do tempo, essa frente fria que invadiu Miami deverá ficar por cerca de uma
semana.
– Nada... – respondeu Mike só então parando para prestar atenção na conversa dos
amigos. Mike não estava preocupado com a frente fria que invadira Miami, mas sim
com Eric. Onde seu amigo Eric estaria àquela hora? E o pior... Com quem? Uma
pontada de ciúmes e curiosidade invadiu-lhe.
– Hum... Não seria bom comermos alguma coisa? – sugeriu Harold alisando a barriga.
– É... Realmente uma boa ideia. – concordou Harold quase pulando do sofá.
Enquanto os três amigos decidiam os sabores que pediriam na pizza, Eric e Nicholas
saboreavam deliciosos aperitivos que pediram como entrada, antes do prato principal.
– Nossa, Nick... Tá tudo tão perfeito. – começou Eric. “Pena que tem essa questao do
Mike que está me atormentando...” Contaria ou não para Nicholas?
– É, meu amor... – concordou Nicholas. – Essa noite tá mesmo perfeita!
Enquanto a chuva fazia a perfeita trilha sonora dali, Eric continuava se perguntando se
seria bom contar sobre Mike ou não. Tinha medo de magoar Nicholas, mas por outro
lado, tinha receio de esconder tudo o que tinha acontecido, o beijo roubado e as
insinuações de Mike.
– Nick, eu... – começou Eric, sem jeito. Era agora. Iria contar tudo.
– O que foi, amor? – perguntou Nicholas com o olhar mais penetrante possível. Aquele
olhar, aqueles olhos brilhantes o encarando... Eric sabia que não iria conseguir.
Certamente a desculpa mais louca que lhe veio à cabeça. Nem Nicholas entendeu o
porquê de Eric começar a falar sobre Kathia, naquele momento.
– Ah... Nada... Só tava pensando nela. Pensando em... – Eric estava mesmo enrolado na
desculpa que daria. – Tipo, a vida é engraçada né? Quando eu vim pra Miami não fazia
nem ideia de que... De que iria conhecer você e...
– E é aí que eu penso na Kathia. Ela também nem sequer imaginava que iria namorar o
Michael. E olha que tudo foi a partir daquele dia... Aquela brincadeira que fizemos com
ele e tal... A Kathia ficou cheia de remorso e... – disse Eric de modo tão frenético que
quase fez Nicholas pedir para ele repetir a frase.
Eric deu um longo suspiro. Tinha conseguido escapar usando uma boa desculpa, no fim.
Mas então a dúvida vinha outra vez: contaria tudo para Nicholas ou não?
– Eric, eu sei que isso é um assunto meio complicado, mas... – começou Nicholas, sério.
– Eu ainda pretendo tocar nesse ponto com você uma outra hora, depois...
– E você pensa em contar tudo pro seu pai? – perguntou Eric, nervoso.
– É... Já pensei muito sobre isso, mas termino ficando inseguro. – admitiu Nicholas,
sério. – E você?
– Eu? Eu... Bom, como você sabe... – começou Eric, vermelho. – Eu nunca pensei que
fosse me apaixonar por outro cara e... Bom, acho que eu só vim descobrir quem
realmente sou, agora, e... É, não sei se tô pronto pra “sair do armário”.
Nicholas sorriu.
– Talvez seja bom ficar dentro desse armário por mais um tempo. – concluiu Eric,
pensativo.
– É, mas vamos mudar de assunto né? Não queremos estragar nossa noite... – disse
Nicholas pegando as mãos de Eric e as acariciando.
“Não queremos estragar nossa noite...” A frase proferida por Nicholas ecoava repetidas
vezes na cabeça de Eric. Será que essa conversa sobre “sair do armário” seria o
momento perfeito para ele tocar no assunto sobre Mike? E se... E se não fosse o
momento ideal? E se estragasse a noite?
Devo contar ou não? Eric engolia em seco. Que dúvida mais cruel! Apenas de uma
coisa ele tinha certeza: não conseguiria ficar em paz consigo mesmo se não contasse a
alguém o que tinha acontecido. E como Eric não tinha amigos que soubessem sobre sua
nova opção sexual, a única pessoa, tirando Mike, que sabia sobre ele era o próprio
Nicholas.
– Nick, eu... – começou Eric, mais tenso que nunca. Sentia suas mãos começando a
gelar, mas não de frio e sim de nervoso. Sentia seu rosto ficar quente... Nervoso total.
– Fala, amor...
– Essa conversa toda de “sair do armário”... – começou Eric tentando achar um bom
porto para ancorar sua conversa. – É que...
– Eric, se não tiver pronto, eu te entendo... Não precisa ficar mal por causa disso. –
adiantou-se Nicholas, ingenuamente.
– Ah! Que legal! Pelo menos você já tem uma pessoa naquela casa pra poder dividir seu
segredo né? Isso é bom. Mas, cara! O Mike?! Quem diria! – e Nicholas sorriu. – Ele
disfarça bem...
Ao perceber que a expressão de Eric não havia mudado, continuando triste e confusa,
Nicholas estranhou.
– É que... – ele respirava fundo. Sentia que talvez se arrependeria de contar aquilo a
Nicholas, mas já era tarde demais. – Eu só tô dizendo que o Mike tá no armário
porque...
Silêncio. Por segundos nem Eric nem Nicholas falaram nada. Apenas o barulho da
chuva tomava conta daquela cena.
Nicholas deixou o queixo cair lentamente ao passo que franzia a testa. Teria entendido
certo?
– É... – disse Eric baixando os olhos. – Hoje, na praia, a gente tinha saído pra caminhar
e... O Mike me levou num pedaço deserto, na praia, e me beijou. Eu não queria e eu não
esperava que isso pudesse acontecer, mas...
– Ai, Nick... – Eric engolia em seco, arrependido de ter contado tudo. – Foi isso que
aconteceu. Eu queria ter te contado, hoje, mais cedo, mas...
– ERIC?! – exclamava Nicholas, nervoso. O ciúme já havia lhe consumido por inteiro a
ponto de não parar pra prestar atenção no que o namorado dizia.
– Eu sei, foi horrível... Não devia ter acontecido... – Eric sentia seu rosto queimar de
nervoso. – E eu já disse ao Mike que não quero nada com ele, eu até menti dizendo que
não curto ficar com homens e...
– Pára! – dizia Nicholas de olhos fechados, pondo as mãos na cabeça. – Pára de falar no
nome desse cara, Eric, por favor...
– Nick, pelo amor de Deus! Me escuta... – pediu Eric, angustiado. Sentia aquela
sensação que todos nós sentimos quando vamos chorar: leves arrepios percorrendo a
região das têmporas.
– Eu não acredito que isso aconteceu... – dizia Nicholas, irritado. Sim, o ciúme havia
mesmo o consumido por inteiro. – Eric... Não... – era difícil Nicholas aceitar que seu
namorado, o homem que havia mudado tanto seu jeito de ser, o homem que ele amava,
tinha sido beijado por outro homem.
– Nicholas, por favor, me escuta. Eu já disse que não tive culpa! – Eric tentava
argumentar sua defesa cada vez mais.
– Olha, Eric... Pra mim, já deu. – disse Nicholas, por fim, pegando sua carteira e
retirando alguns dólares de dentro. Jogou, então, as notas na mesa, o que indicava que
ele já estava pagando a conta. – Vou embora.
– Não, Nick! O que é isso? – Eric exclamava, nervoso. – Eu não tive culpa, mas mesmo
assim, me perdoe.
– Não, Eric... Não quero falar mais sobre isso, agora. Sim, pra combinar com a chuva,
nossa noite perfeita foi literalmente por água abaixo. – dizia Nicholas, enraivecido e
sarcástico.
– Nick, eu preciso ir com você... Não tenho como voltar pra casa. – adiantou-se Eric, na
esperança de que Nicholas caísse na real e voltasse atrás, esquecendo seu ciúme
doentio.
– Ah! – dizia Nicholas, parando de andar. – Não tem problema... Liga pro Mike... Pede
pra ele vim te buscar. Ele vai adorar...
Eric não acreditava que tinha escutado aquilo. Nunca tinha brigado com Nicholas e
nunca tinha imaginado ver o namorado tão enraivecido, colérico, nervoso e sarcástico
como naquele momento.
– Tchau, Eric. – disse Nicholas, seco. Dizendo isso, ele correu para dentro do
restaurante.
– Não acredito... – dizia Eric, agora, começando a chorar. – Não... – e ele começava a
dar murros no próprio braço. – Pra que eu fui contar?
“Não posso ficar aqui...” pensou Eric, nervoso. “Tenho que ir atrás dele...”
– Nick! – chamava Eric enquanto corria para dentro do restaurante e seguia Nicholas.
– Eu já disse “tchau, Eric.” – disse Nicholas, grosso, enquanto andava mais rápido para
se afastar de Eric.
– Espera, Nick, vamos conversar com calma... – pediu Eric, tenso, enquanto
caminhavam por entre as mesas.
Os clientes do restaurante realmente não entendiam muito bem a cena: dois jovens
correndo por entre as mesas. O jovem da frente, irritado. O que vinha atrás, com os
olhos marejando.
– Não há nada pra conversar, Eric. – disse Nicholas, calmamente, parando de andar. –
Tudo termina aqui.
Aquela última frase ficou ecoando pela cabeça de Eric à medida que Nicholas se
afastava rapidamente dele. A chuva, incessante, assolava Miami, agora, mais forte que
nunca. Nicholas chegava à porta de entrada do restaurante enquanto Eric continuava
parado no mesmo lugar de antes.
Embora soubesse que estava chovendo, Nicholas nem sequer se deu ao trabalho de
pensar em voltar para buscar seu guarda-chuva. Estava tão zangado com Eric, tão
chateado, tão enciumado... Não queria mais nada, apenas ir para seu quarto na Miami
College e pronto.
– Nick... – murmurou Eric, nervoso. Decidiu, então, seguir o namorado outra vez. Eric
correu para a porta do restaurante e só pôde ver Nicholas, de costas, se afastando cada
vez mais apressadamente dele.
Nicholas começou a descer a escadaria do restaurante da maneira mais rápida que pôde.
Os degraus, molhados, agiram, então, como os verdadeiros vilões da história... Já perto
da metade da escadaria, Nicholas pisou de mau jeito em um dos degraus que, assim
como os outros, estavam escorregadios. Tudo aconteceu em fração de segundos e Eric
não queria acreditar no que vira: Nicholas tentou se equilibrar se segurando no corrimão
da escada, mas não conseguiu. Já era tarde demais para isso. O tombo que levara, fez
com que ele batesse a cabeça bem em um dos degraus da escada.
– NICK! – exclamou Eric sentindo uma forte pontada em seu coração. – Nick! – dizia
Eric, descendo as escadas, com cuidado e chegando até Nicholas, desmaiado nos
degraus.
Só então Eric percebeu o pior: havia sangue nos degraus. A pancada que Nicholas
levara na cabeça havia sido mesmo forte.
– Oh, meu Deus! – dizia Eric, nervoso. – Nick, por favor, acorda... – ele dava leve
tapinhas no rosto do namorado.
– Por favor, alguém...! Chamem uma ambulância! – gritava Eric, tenso. Seu coração
parecia que ia explodir. Eric não se desgrudava do namorado em momento algum...
– Acorda, Nick... – pedia Eric, nervoso. – Não me deixa... Não me deixa. – dizendo
isso, Eric deitou sua cabeça na barriga do namorado, desmaiado. E, naquele momento,
ele não queria nem saber se alguém ia suspeitar que ele e Nicholas eram namorados ou
não. Nem sequer ligava se estava dentro do maldito armário ou não. Muito menos ainda
se lembrava que aquela confusão toda havia sido causada pelo beijo roubado que Mike
lhe dera. Não, ele não pensava em mais nada, agora. Eric só queria ficar ao lado do
homem que amava e que tanto precisaria dele, naquele momento. Enquanto isso, a
chuva continuava caindo insistentemente e deixando, agora, a noite de Eric e Nicholas
não tão mais romântica.
Continua...
Nando Gomez
Eric continuava com sua cabeça deitada sobre o peito de Nicholas, desmaiado. A chuva
era incessante e, agora, começava a ficar ainda mais forte. Eric chorava sobre Nicholas
e suas lágrimas se misturavam em meio à chuva.
Eric pensou em se consertar e não ficar tão agarrado junto ao namorado para tentar não
dar tanta bandeira para quem os via, mas pensou melhor e resolveu ficar como estava,
pois diante de tudo o que havia acontecido, ele só estava preocupado com Nicholas.
Quanto ao que os outros pensavam? Ele não estava se preocupando quanto a isso. Havia
várias pessoas ao redor de Eric e Nicholas. Os curiosos observavam tudo com muita
devoção.
Cerca de dez minutos depois, o barulho de uma sirene invadiu os ouvidos de Eric e
aquilo indicava que finalmente a ambulância havia chegado.
– Se afastem, por favor! – pedia um dos socorristas, assim que a ambulância parou
próximo a Eric e Nicholas. Os curiosos se afastaram.
Dentro de segundos, colocaram Nicholas dentro da ambulância e Eric correu ate lá.
– Eu vou com ele. – disse Eric enxugando os olhos, molhados de lágrimas e chuva.
– Sou amigo dele, estava com ele, aqui, o tempo todo. Só nós dois... – disse Eric,
rapidamente.
– Preencha essa ficha, por favor. – pediu a enfermeira ao entregar a Eric uma prancheta
com um formulário.
O formulário perguntava coisas a respeito de Nicholas que Eric sabia e outras, que ele
não sabia. Nome, data de nascimento e endereço, Eric conseguiu preencher. Após
preencher o que sabia, ele entregou à enfermeira.
– Parece que a queda foi mesmo grave. – anunciou o paramédico. – O sangramento está
constante.
– Nicholas Wyatt... Hum... 25 anos, certo. Qual o tipo sanguíneo dele? – perguntou a
enfermeira, séria, enquanto checava mais uma vez a pulsação de Nicholas.
– Tudo bem, não se preocupe. – disse ela. – Veremos isso logo, logo.
Naquele momento, Eric parou e se perguntou quantas coisas já sabia sobre Nicholas e
quantas coisas ainda precisaria e gostaria de saber... Sim, tudo o que ele mais queria, no
momento, era ver Nicholas acordado para poder conversar com ele e acertar as coisas.
– Já que o senhor é só amigo dele, pode me fazer um favor e ligar pra família avisando o
ocorrido? – pediu a enfermeira, agora, tentando estancar o fluxo de sangue na nuca de
Nicholas, que ainda era constante.
– Claro, claro. – disse Eric, nervoso. Ele enfiou a mão no bolso da calça de Nicholas e
pegou seu celular.
Enquanto aguardava Nathaniel atender à ligação, Eric revisava tudo o que poderia dizer
ao sogro. Falaria tudo em alto e bom som para que, inclusive, a enfermeira já ouvisse a
conversa e entendesse tudo.
– Alô, Nick?! Como vai, filho? – disse a máscula voz do senhor Wyatt.
– Senhor Wyatt, sou eu, Eric, amigo de Nicholas. – adiantou-se Eric, nervoso.
– Ah... Oi, rapaz, como vai? – respondeu Nathaniel, sem entender. – O que houve?
– Acidente?! – exclamou o pai de Nicholas, nervoso. Sua voz parecia trêmula. – O que
aconteceu com Nicholas?
– Nós estávamos no restaurante e... Bom, a gente meio que teve uma discussão e... –
começou Eric, sem graça. – O Nicholas saiu apressadamente do restaurante e quando foi
descer as escadas, ele escorregou e caiu.
– É... Ele caiu nos degraus molhados e... Desculpe, senhor, ele está desacordado.
– Céus! Não acredito nisso... E você, rapaz? Está tudo bem com você?
– Sim, senhor. – Eric sentiu-se mais feliz ao perceber que o pai de Nicholas não o
culpava pelo acidente.
– Olha, faz o seguinte, peça para que encaminhem Nicholas para o Miami Hospital, pois
é o melhor hospital de Miami e eu quero que meu filho seja atendido pelos melhores
profissionais.
– Muito obrigado, Eric. Estou indo para o Miami Hospital agora mesmo.
– Certo.
Assim que desligou o telefone, Eric avisou à enfermeira que precisavam ir ao Miami
Hospital e esta avisou aos motoristas-socorristas.
– Vamos levá-lo ao centro cirúrgico. – disse o médico assim que recebeu todas as
orientações da enfermeira que estava na ambulância.
– Não, senhor. Fique, ali, na sala de espera. – informou outra enfermeira, que trabalhava
no Miami Hospital.
– Não, eu preciso ir... – retrucou Eric, nervoso, empurrando a enfermeira para o canto,
sem sentir que tinha exagerado na ação.
Havia algumas pessoas na sala e todas olhavam para Eric, assustadas. Eric começava a
chorar, nervoso, e um misto de raiva e angústia percorria-lhe o corpo. Eric não queria
ficar, ali, naquela sala de espera, queria ficar ao lado de Nicholas.
– Tente ficar calmo, querido. – disse uma velha senhora sentando-se ao lado de Eric. Ela
tinha uma aparência cansada, embora serena. – Meu marido está na sala de cirurgia e sei
que a situação dele é bem complicada, mas mesmo assim tenho a esperança de que ele
saia logo de lá. Tento acreditar que vai dar tudo certo...
– Puxa! Deve ser um amigo muito, muito querido. Vejo que você está muito nervoso,
meu filho. Quer um biscoitinho? – disse a senhora tentando acalmar Eric e lhe
estendendo um saquinho com algumas bolachinhas de leite.
– Não, obrigado.
– E um abraço? – perguntou-lhe a senhora com uma expressão que fez Eric desabar no
choro.
Eric fez que sim com a cabeça e aceitou o abraço daquela senhora que, naquele
momento, mesmo sendo uma completa estranha para ele, fez o papel ideal de uma avó
ou mesmo de uma mãe. Enquanto abraçava aquela senhora que ele não sabia sequer o
nome, Eric chorava ainda mais e pedia a Deus e a tudo o que era mais sagrado que
Nicholas ficasse bem.
– Como? Cirurgia?!
– Senhor, peço que fique na sala de espera. O médio virá falar com o senhor assim que a
cirurgia terminar.
– Meu Deus! – disse Nathaniel pondo a mão no coração. – Meu filho, meu único filho...
Não permita que nada aconteça com ele, meu Deus!
Assim que entrou na sala de espera, Nathaniel encontrou Eric abraçado à velha senhora.
– Senhor Wyatt! – disse Eric depois de ouvir a voz do sogro o chamando. Eric levantou-
se do sofá onde estivera sentado até o momento e levantou-se para cumprimentar o pai
de Nicholas.
Eric estendeu a mão para cumprimentá-lo, mas a emoção estava grande demais para
ambos e Eric foi surpreendido por um abraço. Sim, Nathaniel Wyatt tinha lhe abraçado
mais fortemente que a velha senhora.
– Meu filho, Eric... Como ele está? – dizia a fraca voz de Nathaniel.
– Não se preocupe com isso. Só porque somos homens não significa que devemos
reprimir nossas emoções... Aprendi isso depois da morte da minha esposa... – e ele
franziu a testa enquanto o queixo tremia um pouco. Dentro de segundos, Nathaniel
derramou algumas lágrimas.
Eric o abraçou desta vez. Parecia, agora, bastante íntimo do sogro que nem sequer sabia
sobre a real relação entre seu filho e ele.
– Quem é essa senhora, filho? – perguntou-lhe Nathaniel, indicando a velha que Eric
abraçara.
– Eu... Não sei. – Eric disse, sem graça. – Estava aqui, sozinho, chorando e ela veio
falar comigo, tentando me acalmar sobre a situação.
– Senhora Williams? – disse uma médica jovem e morena que acabava de adentrar a
sala de espera.
– Sou eu. – disse a velha senhora que há poucos segundos havia abraçado Eric.
A médica chamou-a mais particularmente, mas ainda assim, Eric conseguiu escutar a
conversa.
– Senhora, sinto muito. Fizemos tudo, tudo o que era possível pelo seu marido.
– Preciso, agora, que venha preencher alguns formulários. – disse a médica, secamente,
saindo da sala.
– Senhora... – disse Eric se segurando para não chorar. – Sinto muito... Eu...
Eric foi quem a abraçou daquela vez. Um abraço demorado, um abraço que dizia mais
que qualquer palavra.
– Preciso ir, querido... – dizia a velha ainda em meio a soluços. – Tenha fé. Seu amigo
sairá bem. Dará tudo certo.
Assim que a senhora Williams saiu da sala de espera, Eric e Nathaniel se sentaram.
– Então, Eric, me explique melhor como foi que isso tudo aconteceu. – pediu Nathaniel,
sério.
– A gente saiu...
– Ah, sim... Da minha rede de restaurantes, certo. O Nicholas vai sempre lá...
– Sobre...?
– Escorregou e caiu. Essa parte eu entendo, mas a discussão de vocês... Ainda não
entendo isso direito.
Eric engolia em seco. Não conseguia uma desculpa melhor para inventar. Não podia
simplesmente dizer ao seu sogro que havia brigado com Nicholas por ter dito que outro
rapaz havia lhe roubado um beijo e...
– Eric? Eric?
– Oi?
– Sei que está abalado com tudo isso... Não vou te fazer mais perguntas, fique calmo. –
disse Nathaniel sendo mais sensível.
– É que... Eu estou muito nervoso, Eric. Não posso perder Nicholas... Não posso... –
murmurava Nathaniel, nervoso. – Já foi uma desgraça completa perder minha querida
esposa e...
– Calma, senhor... – disse Eric segurando o ombro do sogro. – Vai dar tudo certo...
Temos que ter fé. – Eric também estava nervoso, mas sabia que tinha mesmo que ter
esperanças.
Cerca de uma hora e meia depois, o médico veio falar com Nathaniel.
– Tudo isso por uma queda numa escada?! – exclamou Nathaniel, indignado.
– Sim. A questão não é a queda, mas sim como foi a queda. E Nicholas caiu de um jeito
que machucou um parte importante da nuca, causando um forte sangramento e...
– Ele está em quadro estável, mas em coma. – disse o médico de uma só vez.
– Sim, a pancada deve ter afetado mesmo o cérebro e isso causou-lhe esse estado de
coma. – continuou o médico. – A boa notícia é que os batimentos cardíacos estão
melhores e a pulsação está praticamente perfeita. Sinto que Nicholas deverá sair do
coma o mais rápido possível.
– Mas e se... – dizia Nathaniel, pessimista, com a mão na testa. – Se ele ficar assim por
meses, anos...?
– Não, senhor, fique calmo. Temos boas expectativas para Nicholas. – assegurou o
médico.
Meses? Anos? Para Eric, até mesmo alguns dias sem Nicholas já seria triste o bastante.
– Bom, podem ir pra casa. Não serão permitidas visitas, hoje. – continuou o médico.
– Sinto muito, mas são as regras do hospital e o paciente acaba de sair do centro
cirúrgico. As visitas poderão ser feitas a partir de amanhã. – e dizendo isso, o médico
saiu da sala de espera.
– O Nick vai ficar bem. – adiantou-se Eric, segurando o ombro do sogro. – Ele vai ficar
bem.
– Não, não fala isso... Vamos pensar positivo. – assegurou Eric. Só em saber que a
cirurgia de Nicholas tinha ocorrido da melhor forma possível, Eric parecia muito mais
seguro e esperançoso.
– É, você tem razão, meu filho. Vamos embora. – disse Nathaniel, sério. – Eu te levo
para a Miami College.
Ao chegarem à garagem do hospital, Eric se sentiu meio nervoso por saber que andaria
de carro sozinho na companhia de seu sogro. E se Nathaniel perguntasse outra vez sobre
o motivo da discussão entre ele e Nicholas? O que inventar? Teria que preparar logo
uma boa e convincente desculpa...
– Ai, Eric... Eu não sei se vou conseguir dormir, hoje. – desabafou Nathaniel revirando
os olhos, já com as mãos no volante do carro.
– Fique calmo, senhor. Se tiver algo que eu possa fazer... – adiantou-se Eric.
– Não, não, querido. Você já fez demais... Você é realmente um bom amigo para o
Nicholas. – disse Nathaniel dando a partida no carro.
– Essa frente fria chegou mesmo forte por aqui... – murmurou Eric, sem jeito. Não tinha
muito assunto pra puxar com Nathaniel.
O resto do caminho foi seguido com silêncio da parte dos dois. Nem Eric nem Nathaniel
pareciam querer mais falar. Eric, por vergonha e Nathaniel, por estar angustiado e
preocupado com Nicholas.
Assim que o carro parou em frente à Miami College, Eric se sentiu mais protegido.
– Não... – disse Eric só então se lembrando que largara o guarda-chuva, que era de
Marcus, no restaurante.
Só então Eric se deu conta de que desde que fora à casa de Nicholas, nunca parara pra
pensar nisso. O pai de Nicholas não sabia que seu filho andava com um amigo de outra
irmandade, especialmente de uma irmandade rival. Será que Nicholas havia comentado
com o pai que Eric era da Stigma? O que dizer ao sogro, naquela hora? Eric estava
realmente confuso...
O carro entrou no campus da faculdade e o pai de Nicholas logo parou o carro em frente
à irmandade Stigma.
– Aqui, rapaz. – disse ele, sério. – É só correr um pouco e não vai se molhar muito.
– É que... – o pensamento fluía à mil na cabeça de Eric. Só depois de pensar melhor, ele
concluiu que falaria a verdade, pois já escondia muitos segredos de Nathaniel. – Preciso
te confessar uma coisa, senhor.
– O que foi, filho? – perguntou Nathaniel fazendo uma cara preocupada. – Parece algo
sério.
– Oh, não? Achei que você fosse da Stigma também. – disse Nathaniel, confuso.
– Da Beta?! – exclamou Nathaniel soltando um sorriso pela primeira vez àquela noite. –
Sério? Logo a Beta? A irmandade inimiga número 1 dos Stigmas?
– É... – disse Eric, sem graça.
Segundos de silêncio.
– É, rapaz... Vejo que a amizade entre você e meu filho é mesmo valiosa. É uma
amizade tão forte que rompeu até mesmo certas barreiras e indiferenças... Imagina só...
Vocês dois tão amigos e são de irmandades rivais.
– Pois é... – continuou Eric, sorrindo um pouco. – Meus amigos da Beta nem sabem que
eu ando com o Nick... Eu preferi não contar nada... E o Nick também não fala nada para
os Stigmas sobre a amizade comigo...
– É, imagino a confusão que daria... – disse Nathaniel, sorrindo para Eric. – Bom, vou te
levar pra Beta então.
– Agora sim. – disse Nathaniel dando tapinhas no braço de Eric. – Vai lá, meu filho.
– Boa noite.
– Ih! Até que ele chegou rápido, gente! – exclamou Harold, surpreso, ao ver Eric.
Eric ainda não tinha dado uma só palavra. Sentou-se no sofá e, ali, ao ver os amigos o
olhando, sentiu um enorme vazio e tristeza ao lembrar que Nicholas passaria a noite no
hospital. Eric começou a chorar, descontrolado.
– Que foi, cara? – exclamou Harold, preocupado. – Vai chorar porque perdeu o guarda-
chuva do Marcus?
– Harold, pára! Tá na cara que o Eric não tá chorando por causa disso...
– Eric, fala alguma coisa... – pediu Mike, se aproveitando da fragilidade do amigo para
sentar-se ao lado dele e acariciar-lhe o ombro.
Enquanto isso, Ian correu pra cozinha para pegar um copo d’água para o amigo.
Em meio a todo o nervosismo, Eric ainda teve que se lembrar que não podia falar sobre
Nicholas, membro da Stigma.
– Hã? – Mike não entendera, pois Eric falara tudo de forma embolada.
– Toma, Eric. Tenta se acalmar... – disse Ian estendendo o copo d’água para o amigo.
– Meu amigo... – Eric fez uma pausa para respirar. – Saímos agora de noite e...
Estávamos indo embora do restaurante quando ele pisou em falso, escorregou nos
degraus e caiu batendo a cabeça...
– Não, ele tá... Em coma. – disse Eric sentindo seus olhos voltando a marejar.
– Coma?! – exclamou Ian, nervoso. – Nossa! Então foi uma queda muito grave...
– Fica assim não, Eric. Vai dar tudo certo. – disse Mike dando leves tapinhas na coxa do
amigo.
– É, eu espero que sim. – dizia Eric, nervoso. Ele realmente só pensava em Nicholas, no
momento. Em condições normais, Eric obviamente notaria que Mike tinha acariciado-
lhe os ombros por demais e, agora, tocava em sua coxa.
– Não quer comer alguma coisa? Ainda tem um resto de pizza... – começou Ian.
– É... Se você quiser, pode comer, Eric. – disse Harold pensando melhor.
– Não, não, não estou com fome. – disse Eric, sério. – Preciso deitar um pouco.
– Deve ser um amigo realmente próximo... – disse Ian, pensativo. – E o engraçado é que
a gente nem conhece esse tal amigo...
– Deve ser algum colega dele. – completou Harold, depois de beber um gole de Coca-
cola.
– É... – disse Mike, pensativo. Quem seria o tal colega? E seria um amigo assim tão
próximo? Mike começava a sentir ciúmes do tal amigo de Eric... – Vou ver se ele
precisa de alguma coisa.
– Não, Mike, deixa o Eric ficar um pouco sozinho... Tem momentos que a gente só
precisa ficar em nosso canto, quieto e sem ninguém por perto. – disse Ian, sério.
– É... Tem razão. – disse Mike sentando-se no sofá e cruzando os braços, impaciente.
Em seu quarto, com as luzes apagadas e a varanda fechada (por causa da chuva), Eric
estava realmente isolado do mundo. Aquele local estaria parecendo uma estufa, fechada
e quente, se Eric não tivesse ligado o ar-condicionado.
Eram tantos momentos bons, tantas lembranças incríveis... A cada lembrança, Eric
sentia arrepios de desejo, seu corpo queria Nicholas. A cada lembrança, Eric sentia mais
falta do namorado. A cada lembrança, Eric se sentia mais culpado por tudo o que
acontecera naquela noite. E se ele não tivesse contado pra Nicholas sobre o beijo
roubado que Mike lhe dera? Será que teria evitado toda essa confusão? E teria feito a
coisa certa se escondesse algo tão íntimo e pessoal do homem que amava?
Àquela hora, Eric já não conseguia distinguir mais o que era certo e o que era errado. Só
continuava pensando em Nicholas e desejando que nada do que acontecera naquela
noite tivesse acontecido. Há momentos, na vida, que quando acontece alguma coisa
ruim, nós não acreditamos e nem queremos acreditar; e por raiva ou tristeza, desejamos
que aquilo fosse apenas um pesadelo, embora saibamos que, no fundo, infelizmente, é
tudo real. Era exatamente a sensação que Eric sentia em seu peito...
Continua...
Os dois entraram no frio mar. Sim, mesmo sendo apenas um sonho, Eric conseguia
sentir a sensação de frio.
Eric tentava falar, mas não conseguia. Quando deu por si, estava sentado na areia da
praia e observando Nicholas, dentro do mar. Nicholas agitava os braços freneticamente.
Estava em perigo.
– Socorro! Eric, me ajude! – gritava Nicholas. Depois disso, fortes ondas cobriram-no
de vez.
Eric começou a chorar, nervoso, ao ver seu namorado se afogando. Ele teve a mesma
vontade de gritar o nome do namorado, mas não conseguiu. Era como se algo o
impedisse de gritar, era como se ele estivesse mudo ou coisa pior. Por fim, fazendo um
esforço sobre-humano, Eric conseguiu soltar a voz, o que coincidiu com seu despertar
do sonho.
– Nicholaas! – gritou Eric, já sentado em sua cama. Ele arfava como nunca. Pôs a mão
no coração, assustado. Olhou ao seu redor e, ao identificar o quarto escuro, viu que não
estava mais sonhando.
– Eric? – disse a voz de Mike vinda do corredor. O amigo deu três batidinhas na porta e
entrou no quarto do amigo em seguida. – Tá... Tá tudo bem?
– Tá... Eu... – só então Eric percebeu que seu rosto estava molhado. Lágrimas haviam
saído dos seus olhos enquanto ele sonhava. – Foi só um pesadelo.
– Ah! Ainda bem então... – disse Mike sentando-se na cama, ao lado do amigo.
– Hã?! – exclamou Eric, assustado. Então Mike ouvira ele gritando pelo namorado? O
que dizer agora?
– Nicholas. Você gritou esse nome, agora, quando tava dormindo. – insistiu Mike.
– É... Eu... Realmente não sei. – Eric fingiu uma expressão confusa e, teatralmente bem,
pôs a mão na testa.
– Obrigado, mas acho que prefiro ficar aqui. – disse Eric, seco.
– Eric, fica calmo e pensa positivo. – disse Mike o encorajando. – Seu amigo vai ficar
bem...
Assim que Mike saiu do quarto, Eric pegou o celular para verificar a hora e se assustou
quando viu que o relógio indicava que eram duas horas da manhã. Os Betas deveriam
estar assistindo algo realmente interessante na TV...
Despertado pelo seu pesadelo, Eric levantou da cama e andou pelo quarto, sem saber o
que fazer. Tinha perdido o sono, mas não queria ter que descer e agüentar os Betas o
enchendo de mais perguntas sobre o acidente ou, pior, ter que se segurar para não chorar
diante dos amigos.
Eric sempre fora criado dentro dos princípios católicos. Sua mãe sempre fora uma
freqüentadora assídua das missas, em Nova Iorque. Sua família, em geral, era bem
ligada à Igreja. Foi então que, naquele momento, Eric decidiu que era hora de aplicar
todos os seus princípios católicos. Iria fazer uma oração para o namorado. Não havia
imagens de santos nem mesmo um crucifixo naquele quarto, mas Eric sabia exatamente
onde pegar o que precisava. Foi até a primeira gaveta do guarda-roupa e retirou um
terço de dentro. Aquele terço tinha grande valor para ele. A mãe lhe dera quando fizera
sua primeira comunhão, aos onze anos.
Já com o terço nas mãos, Eric se perguntou como arranjaria uma vela, ali. “Vai sem
vela, mesmo” pensou. Ele sabia que o importante era fazer uma oração com fé e não,
com a presença de uma vela.
Eric se posicionou em frente à varanda e se ajoelhou, ali, olhando para o céu. Fez o sinal
da cruz e depois de um longo suspiro, começou a rezar.
– Meu Deus... – sussurrou Eric. – Eu... Eu sei que eu não tenho seguido totalmente Seus
mandamentos, como minha mãe os segue. Sei que não tenho rezado para o Senhor
frequentemente... Mas, peço, por favor, que atenda minha oração.
Mais roncos pesados de trovões ecoaram dos céus e Eric levou aquilo como uma
resposta afirmativa de Deus, de que Ele estava disposto a ouvir sua oração.
– Deus, eu sei que muitas pessoas dizem que... – e ele parou para suspirar. Parecia
envergonhado e inseguro. – Dizem que amor homossexual é coisa do diabo, é coisa de
gente que não tem respeito ao Senhor, dizem que é uma coisa imprópria e
desrespeitosa... Mas, eu sinto, meu Deus, que eu não estou fazendo nada, absolutamente
nada de errado. Amar não é a melhor coisa que um ser humano pode sentir e desejar
pelo seu próximo? Não é o AMOR o sentimento mais puro e mais verdadeiro que
podemos ter pelos nossos semelhantes? Então, meu Deus, porque eu não posso amar
outro rapaz de um jeito mais íntimo? Isso não é pecado é, Senhor?
Silêncio.
– Mas, a questão não é essa. – continuou Eric, sério. – A questão é... Eu amo muito o
Nicholas, meu Deus, e... E se o que aconteceu com ele foi algum castigo, por favor,
desconte em mim... Não nele.
– Por favor, meu Deus, faça com que o Nicholas volte a ficar bom, que ele saia do
coma. Ele não merece estar nessa situação... Torno a dizer, sinto que não estamos
cometendo pecado algum. Nós só nos amamos, só isso. Nunca senti isso por nenhuma
outra pessoa. O Nicholas, meu Deus, me torna completo, me faz sentir mais vivo, me
torna mais homem...
Mais trovões.
– Senhor, escute a minha prece, por favor. – depois disso, Eric fez o sinal da cruz
novamente e seguiu com a oração do Pai-Nosso.
– Que minha oração seja atendida... – murmurava Eric, de pé, ainda em frente à
varanda. Um frio percorreu-lhe o corpo todo e isso o fez tirar de dentro do guarda-roupa
um casaco que trouxera de Nova Iorque e que nunca imaginou ter que usar ali, em
Miami.
Depois de vestir o casaco, Eric sentou-se na cama. Não conseguia mesmo pensar em
mais nada a não ser em Nicholas. Será que iria conseguir dormir?
Eric levantou-se da cama, por impulso. Tinha decidido que iria descer e tomar um copo
d’água. Falaria rapidamente com os Betas, mas não ficaria para ver TV. Não estava a
fim de muita conversa...
Assim que abriu a porta do quarto e pôs os pés no chão frio do corredor, Eric parou.
Parou porque fora hipnotizado com uma melodia incrível. Seus ouvidos estavam
encantados com uma linda música dedilhada no violão e, juntamente a isso, uma bela
voz. Toda aquela harmonia musical vinha diretamente de um dos quartos daquele andar.
Quem seria?
Ao seguir aquela gostosa música pelo corredor, Eric ficou surpreso ao se aproximar do
quarto de Ian, que tinha a porta entreaberta.
– “E é você que eu amo, é você quem eu sempre amarei...” – cantava Ian numa macia
voz.
– Que lindo! – disse Eric, baixinho, mas o suficiente para o amigo ouvir.
– Desculpa, não queria te atrapalhar. – disse Eric, cabisbaixo, já quase fechando a porta
do quarto.
– Ei, Eric! Deixa de bobagem! Senta aqui. – pediu Ian recolhendo alguns cadernos
rabiscados com letras e notas de músicas.
– Ah... Tudo bem então. – disse Eric, sem graça, sentando-se ao lado de Ian.
– Sim... Um pouco. – adiantou-se Eric. Não queria mais falar sobre aquilo.
– Que bom!
– Poxa, Ian... Eu sabia que você tocava violão e tal, mas... Uau! Não sabia que você
cantava tão bem e que... Que escrevia suas próprias músicas. – disse Eric passando o
olho por um dos cadernos de Ian.
– Aah... – Ian enrubesceu. – Pára, cara! Assim eu fico sem graça... – e ele sorriu,
nervoso. – Ah, eu gosto de compor, mas... Só pra mim mesmo.
– Mas você devia investir nisso... – disse Eric, animado. – Ia fazer muito sucesso...
– Então... Que música você tava tocando? – perguntou Eric, curioso. Por um momento,
Nicholas havia saído da sua cabeça.
– É... Essa aqui. – disse Nicholas indicando num papel a canção escrita por ele, em
letras não tão bonitas assim. – É sobre... Sobre um amor não correspondido.
– Humm...
– Um amor que, na verdade, já foi correspondido, antes, mas que, agora, não é mais. –
completou Ian.
– Obrigado, Eric...
Enquanto ouvia o amigo, diante dele, cantando aquela belíssima canção, Eric voltou a
pensar em Nicholas e o quanto gostaria de ter realizado a programação idealizada para
aquela noite: ir ao restaurante e, depois, ir ao motel com o namorado... Dormiria mais
uma vez com Nicholas, passaria mais uma noite especial ao lado do homem que
amava... Mas tudo dera errado naquela noite.
– Pronto... É isso. – disse Ian, desajeitado, assim que terminou de cantar. – Gostou?
Preciso fazer alguns ajustes no tom e... Eric?
– Hã? Ah... Puxa... Perfeita a música... Viajei, aqui, nos pensamentos... – disse Eric,
envergonhado. – Você realmente é um excelente compositor, Ian... E um excelente
cantor também, claro.
– Tá! E você é meu fã número 1! – disse Ian fazendo uma pose engraçada.
Os dois riram. Nem Eric acreditava, mas aqueles minutinhos ao lado de Ian tinham feito
ele se distrair, tinham o feito, até, rir.
– Por quê?
– Sei que essa coisa toda aí do seu amigo tá sendo difícil pra você, mas... É isso, não
pode desanimar não! Pensa positivo que tudo vai dar certo! – disse Ian cruzando os
dedos.
Os dois continuaram conversando, ali, enquanto os outros Betas viam TV. No dia
seguinte, domingo, o céu amanheceu tão cinzento quanto no pesadelo que Eric tivera.
Maldita frente fria, pensou Eric, assim que acordou e olhou para o céu. Dormir tinha
sido tão bom... Foi uma ótima forma de esquecer um pouco a situação de Nicholas.
– Preciso contar para a Kathia... – disse Eric a si mesmo. – Ela precisa saber sobre o
Nick...
Mas antes que pudesse ligar para a amiga, ao pegar seu celular, Eric gelou ao ler que
tinha uma chamada não atendida de Nicholas. Como? Como era possível? Só então,
depois de se acalmar, raciocinou e concluiu que o pai de Nicholas, Nathaniel, deveria
estar com o celular do filho e buscado o número de Eric na agenda.
Eric não perdeu tempo e discou o número do celular de Nicholas. Não demorou muito e
a voz de Nathaniel surgiu do outro lado da linha.
– Alô? Eric?
– Meu filho, te liguei mais cedo para saber se você vai querer ir visitar o Nicholas, no
hospital, hoje.
– Ah... Claro que sim! – Eric tentou diminuir o entusiasmo, mas já era tarde demais.
Depois de encerrar a ligação, Eric parou para checar o relógio e viu que já eram nove e
quinze. Teria pouco tempo para se arrumar e tomar café.
Correu para o banheiro, escovou os dentes e tomou uma rápida ducha. Se arrumou o
mais rápido que pôde e logo, logo estava na mesa da cozinha tomando um gole de café.
Uma hora daquelas e os outros Betas ainda nem haviam acordado. Era domingo,
afinal... E um domingo frio e chuvoso... Era a desculpa perfeita para sair da cama mais
tarde.
Às dez horas em ponto, Eric correu para o lado de fora da casa e viu o carro de
Nathaniel já estacionado em frente à Irmandade Beta. Muito pontual o sogro.
– Vamos.
Eric não parecia mais nervoso em ficar sozinho com seu sogro. Parecia que fortes laços
de amizade estavam sendo constantemente criados entre os dois e ele não se sentia mais
nervoso diante do pai do homem que amava.
– É, parece que a chuva deu uma trégua... – dizia Nathaniel enquanto dirigia.
– Verdade, mas parece que ainda vai chover muito hoje. Olha só a cor do céu... –
comentou Eric, sério.
– Temos que ter fé e rezar pra que tudo dê certo e que ele saia logo do coma.
– É... Preciso que o Nick volte a ficar bom logo. – Eric confessou. – Ele vai fazer muita
falta nos treinos de natação e nas aulas...
– Imagino.
Eric sentiu-se meio sem graça ao ouvir aquilo. Se Nathaniel imaginasse que, na verdade,
o amor de Nicholas estava sentado, ali, ao seu lado...
– Não, Kathia é nossa amiga. Amiga bem próxima minha e do Nick. – disse Eric,
rapidamente.
– Ah sim, certo.
Assim que chegaram ao hospital, Nathaniel guiou o carro até o estacionamento coberto
e o estacionou numa vaga que ficava próximo ao elevador. Ao se dirigirem até o saguão
de entrada e chegarem ao balcão da recepção, foi informado que, por enquanto, as
visitas seriam permitidas, apenas, para familiares.
– Sinto muito, senhor, mas são ordens do hospital e... – dizia a atendente, sem graça.
– Não me importa quais são as ordens... Olhe, minha querida, se você puxar o histórico
deste hospital, verá que toda a minha família já foi atendida, aqui, e inclusive posso
dizer que eu fui um grande amigo do fundador deste hospital. Pelo amor de Deus, o que
é que custa o Eric poder visitar o amigo? Olha, esse menino, aqui, é quase um filho pra
mim... Pra mim, ele é da família!
Eric se arrepiou ao ouvir aquilo da boca do sogro. Ele se sentiu realmente importante e
querido por Nathaniel.
– Fique tranqüilo, Eric, você vai visitar o Nick. – disse Nathaniel, sério, para Eric.
Alguns minutos depois e um senhor que aparentava ser um pouco mais novo que
Nathaniel chegou à recepção. Era o gerente do hospital.
– Dr. McNaughton, este senhor deseja falar com o gerente do hospital e... – disse a
moça, nervosa, indicando Nathaniel.
– Céus, você está a cara do seu pai... – disse Nathaniel, sorrindo. – E, agora, é o gerente!
Que coisa!
– Pois é... Segui os mesmos passos do meu pai. – disse o gerente, radiante. – Mas, me
diga, o que o traz, aqui?
– Oh, agora me lembro... Sei que ontem recebemos um rapaz que chegou com um
sangramento na nuca e... – e o Dr. George parou de falar. – Mas, caramba! Não sabia
que era o Nicholas...
– Mas qual o problema? Soube que você queria falar comigo, o gerente.
– É sobre as visitas.
– Sim...
– Entendo, mas não há como abrir uma exceção? O Eric, ali... – disse Nathaniel
indicando Eric numa direção um pouco afastada. – É um amigo muito próximo ao
Nicholas e, inclusive, estava com ele, ontem, quando aconteceu o acidente...
– E, olha só, ele é tão amigo do Nicholas que... Eu já o considero como um filho. – disse
Nathaniel, seguro.
– Entendo. – disse o médico, por fim. – Bom, tendo em vista essa situação, abro uma
exceção sim. Venha comigo. E chame o garoto, ali.
– Agora, as visitas terão de ser individuais, certo? – informou Dr. George. – Primeiro, o
senhor. Depois, o Eric.
– Aqui, quarto 502. – informou Dr. George. – Venha comigo, Nathaniel. Você, jovem,
espere ali, sentado. – disse ele indicando um banco perto da porta para Eric se sentar.
Assim que Nathaniel entrou no quarto com o médico, Eric sentiu-se mais nervoso e
ansioso que nunca. Dentro de minutos, veria Nicholas. Não totalmente do jeito que
gostaria de ver, mas veria.
Cerca de dez longos e angustiantes minutos depois, Nathaniel e Dr. George saíram do
quarto. Eric se levantou do banco num impulso tão rápido que ele mesmo se assustou.
– Vou chamar o Dr. Bolton, o médico responsável pelo seu filho. Ele te dará todas as
informações a respeito do quadro do paciente. – informou Dr. George. – Eric, pode
entrar...
Era tudo o que Eric mais queria: ficaria a sós com Nicholas. Tinha tido essa sorte e nem
parecia acreditar.
Ver Nicholas com uma agulha, presa nas costas da mão, que levava o soro até a sua
veia, fez Eric sentir-se meio angustiado.
Ele tinha lido que pessoas em coma podiam ouvir tudo o que os outros falavam...
– Eu não queria o beijo do Mike e você sabe muito bem disso... – continuou Eric, sério,
acariciando o braço de Nicholas. – Você sabe que, pra mim, só há um homem que eu
amo nesse mundo todo: você.
– Nick, acorda tá? Não sei viver sem você por perto... – disse Eric, de modo quase
inaudível, enquanto enxugava as lágrimas do rosto.
Eric chegou perto da porta do quarto e a abriu devagar para se certificar que Nathaniel
ainda conversava com Dr. George. Para sua surpresa, Nathaniel conversava
empolgadamente com Dr. George e o Dr. Bolton, no momento.
– Ótimo! – disse Eric a si mesmo, fechando a porta do quarto de modo a não fazer
barulho.
Eric voltou para a cama de Nicholas, respirou fundo e criou coragem para fazer o que
faria a seguir. Ele, rapidamente, se inclinou para o rosto pálido de Nicholas, encostou
seus lábios no ouvido do namorado e disse baixinho:
Depois disso, Eric encostou seus lábios na boca de Nicholas. Um beijo fora selado, ali.
Eric sabia que poderia ser visto beijando Nicholas, caso algum médico entrasse, ali, mas
quis correr o risco.
Segundos depois, ele afastou seus lábios dos frios lábios de Nicholas e se endireitou ao
lado da cama. Continuou acariciando o braço do namorado por mais alguns segundos.
– Pronto, rapaz? – disse uma voz que acabava de entrar no quarto. Era o Dr. Bolton.
Assim que Eric saiu do quarto, o médico conversou um pouco mais sobre o quadro de
Nicholas e informou que como o acidente, embora grave, tivesse sido reagido de boa
forma pelo corpo dele, talvez não demorasse muito a sair do coma. As expectativas
eram boas.
Eric sentiu mais esperança ao ouvir cada palavra do médico. Ele só desejava que
Nicholas saísse do coma naquele exato momento...
– Obrigado, senhor. – disse Eric assim que o carro estacionou em frente à Irmandade
Beta.
– Eu é que te agradeço, Eric. – disse Nathaniel. – Você tem sido um bom companheiro.
Você é realmente um excelente amigo para o Nicholas. Tenho grande orgulho da
amizade de vocês.
Eric sorriu.
Mal pisara os pés na casa dos Betas e Eric fora bombardeado de perguntas.
– Tá tudo bem. Não tive aula, claro, hoje é domingo! Eu fui ao hospital visitar meu
amigo. – disse Eric respondendo a todas as perguntas ao mesmo tempo.
– É, o médico disse que o quadro dele tá bom e que as expectativas para que ele saia
logo do coma são altas. – disse Eric, de uma só vez.
– Tá vendo? – disse Mike chegando perto de Eric e aproveitando para alisar o ombro do
amigo. – É só ter fé, cara!
– Aah! Os Betas são pra isso, oras! – disse Mike, animado. – Um abraço dos Betas no
Eric, agora! – gritou ele.
Todos os Betas que estavam, ali, presentes, pularam em cima de Eric, derrubando-o no
chão. Aquilo, embora meio selvagem, fizera Eric gargalhar bastante. Ele se lembrou das
boas-vindas que os Betas haviam lhe dado quando ele chegou na Irmandade no primeiro
dia...
– Agora, só tem uma coisa... Quando o cara sair do coma... – começou Harold,
animado, se levantando do chão. – Você tem que trazer ele pra cá!
– É mesmo! – confirmou Ian. – A gente tem que conhecer esse seu amigo. Se ele é tão
importante pra você, então ele é como um Beta pra gente também, oras!
Ouvir aquilo fez Eric gelar. Trazer um Stigma para a Beta? Não seria uma boa ideia...
– E como é mesmo o nome do seu amigo, Eric? – perguntou John, que estivera mais
calado até o momento.
Eric quase abriu a boca para pronunciar o nome de Nicholas, mas então se lembrou que
já tinha chamado o nome do namorado na noite anterior, durante o pesadelo, e que Mike
ouvira e o perguntara quem era Nicholas...
– Justin. – disse Eric de uma só vez. De onde arranjara aquele nome e sobrenome?
Talvez tivesse lido em algum crachá, no hospital. – Justin Bolton. – Sim, Eric havia
acabado de dizer o nome do médico que estava cuidando de Nicholas.
– Bom, o almoço ainda não tá pronto. – disse Harold alisando a barriga. Eric ficou feliz
que o amigo tivesse puxado outro assunto. – O Marcus e o Freddy saíram pra comprar
comida e até agora nada...
– Espero que eles não demorem muito... – resmungou John, cruzando os braços.
– Olha, vou pro meu quarto. – adiantou-se Eric. – Preciso ligar pra alguns amigos pra
avisar sobre o Ni... – Eric freou na frase. Quase falaria o nome do namorado. – Justin!
Preciso avisar sobre o Justin.
– Vá, vá... É bom deixar todos os amigos cientes da situação dele. – concordou Ian.
– Ele está bem mais animado. – comentou Ian, sorrindo, assim que Eric saiu da sala.
– É, ainda bem! – disse Harold, pensativo. – Ontem ele tava mal... – e dizendo isso,
Harold se dirigiu a cozinha. – Vem cá, John, vamos preparar algum petisco para comer.
John saiu da sala e foi diretamente para a cozinha, deixando Ian e Mike a sós.
– É, esse Justin deve ser alguém muito importante para o Eric. – comentou Ian, sério. –
É tão bom quando alguém dá valor à pessoa que tá ao seu lado né?
Mike encarou Ian por segundos, mas fingiu não entender o comentário.
– Não sei quem é esse tal de Justin... – resmungou Mike, cruzando os braços. – Não me
lembro de nenhum calouro com esse nome.
– Oh, e por acaso você é uma máquina pra gravar o nome de todos os calouros, de todos
os cursos?
Ian deu as costas a Mike e já ia saindo da sala, mas voltou e encarou o amigo.
– Eu conheço muito bem esse seu olhar, Mike. – disse Ian cutucando o peito do amigo.
Ian estava sério como nunca.
– E eu... – disse Ian, respirando fundo. – Eu espero que não seja o que eu estou
pensando...
– Não se faça de bobo, não tem ninguém nos vendo nem nos ouvindo, aqui. – Ian
baixou a voz. – Eu espero que você não esteja apaixonado pelo Eric.
– Você sabe muito bem como você reage a isso tudo, no fim das contas... – disse Ian,
sério.
– Mas...
– Mas eu não quero magoar ninguém. Eu nem te ma... – começou Mike, mas fora
interrompido outra vez.
– Sim, você me magoou sim... – disse Ian, corando. Seus olhos começavam a marejar.
Seus lábios tremiam. – E você sabe disso.
Dizendo isso, Ian deu as costas ao amigo e subiu as escadas rapidamente, se trancando
em seu quarto, em seguida. Enquanto isso, o coração de Mike batia tão aceleradamente
que parecia que ia pular pra fora do seu peito...
Continua...
BOA LEITURA!
Depois de tomar um banho revigorante, Eric voltou ao seu quarto mais esperançoso do
que nunca, depois de ouvir as boas notícias sobre Nicholas. Ele, no momento, ligava
para Kathia. Havia criado coragem suficiente para explicar à amiga o que acontecera
com Nicholas.
– Oi, Eric! – disse Kathia na mesma voz animada e contagiante de sempre. – E aí...
– E aí... – repetiu ele, sem graça. Parece que só de ouvir a voz da amiga, a coragem
tinha ido embora.
– Ai, Eric, o que foi? Você falando assim tão sério, deve ser algo grave. – disse Kathia
numa voz séria.
– É que... Bom, ontem, eu e o Nicholas tínhamos saído para dar uma volta pela cidade e
tal... – começou Eric, nervoso. Não podia contar todos os reais detalhes.
– Hum... Não me chamaram né? Mas tudo bem, continue... – disse Kathia, sorrindo,
tentando dar uma amenizada na tensa situação.
– Então... A gente foi num restaurante e... – continuou Eric, tenso. – Pra resumir a
história, eu e o Nick tivemos uma discussão boba e... Bom, ele saiu todo revoltado do
restaurante, escorregou nos degraus e... Caiu, batendo a cabeça e...
– Ai, meu Deus! – Kathia já exclamava, assustada, e nem tinha escutado a história toda
ainda.
Mas Kathia não conseguia responder. Estava parada como uma estátua, imóvel, chocada
com a notícia que recebera... Por pouco ela não havia derrubado o celular no chão.
– Fica calma, ele tá bem. Eu fui ao hospital hoje com o pai dele... O médico nos disse
que as expectativas são grandes. – Eric apressou-se em dizer.
– Mas ele tá em que hospital? Eu preciso ver o Nick... – dizia Kathia, nervosa.
– Não estão deixando ele receber visitas de amigos, ainda. – informou Eric, sério.
– É...
– Bom, ao menos posso rezar para que o Nick acorde logo e... – Kathia parou de falar. –
Caramba! Ainda não acredito nisso... O Nick, em coma? Nunca imaginei que isso
pudesse acontecer...
– Olha, o Michael tá me esperando lá fora. A gente vai sair pra almoçar e... – dizia
Kathia, rapidamente. – A gente se vê, amanhã.
– Sim, claro.
Já haviam se passado alguns minutos desde que Ian lhe dissera coisas que remeteram ao
passado, mas Mike ainda parecia atordoado com cada palavra que o amigo proferira.
– Que foi, Mike? – perguntava Harold, se entupindo de alguns salgadinhos que havia
buscado na cozinha, antes.
– Nada, nada... – disse Mike, sério. Não conseguia parar de pensar em Ian e em tudo o
que ele dissera. Mike não queria ter de lembrar os momentos vividos ao lado de Ian,
mas não teve outro jeito. Instantaneamente, mil imagens brotaram na sua mente, num
forte flashback.
– E aí, caras? – dizia Mike, mais jovem, aos 19 anos. – Tudo beleza?
– Tudo! – respondeu ninguém menos que o atual “rei” da Stigma. Leo, nessa época,
também era calouro e estava acompanhado por Juan e Ronald, seus dois amigos desde
então.
– Me chamo Mike. – disse ele estendendo a mão para o outro.
– Leo. – disse o jovem rapaz aceitando o cumprimento. – Esses são Juan e Ronald.
– Ah... Espera aí... – disse Mike tirando do bolso da calça um papelzinho. – Ah... É
Beta. – e ele sorriu. – Ainda não me acostumei com os nomes dessas irmandades.
– Acorda, cara! A Beta e a Stigma são irmandades rivais! – disse Leo recuando um
pouco enquanto arqueava a sobrancelha.
– Você é louco? Nós só somos calouros e... É só por essa diferença de irmandades que a
gente nem pode se falar, nem ser amigo? – disse Mike, inocente.
– Exatamente! – disse Leo, irritado, empurrando Mike, que caiu sentado, no chão.
– Idiota! – dizia Leo, aos risos, saindo de perto de Mike. – Vamos, pessoal! – os outros
dois garotos que estavam com Leo o seguiram, também aos risos.
Ian, aos 18 anos, embora parecesse ainda mais novo, se aproximou de Mike.
– Opa, cara! Levanta aí! – disse ele estendendo a mão para Mike, ainda no chão.
– Você não é da Stigma, é? – interrompeu Mike, preocupado. “Não, por favor, não seja
da Stigma.” ele pensava.
– Não, não... – disse Ian, sorrindo. – Sou calouro também e sou da Beta.
Ao ouvir aquilo, uma sensação de alívio percorreu o corpo de Mike.
– Ah! Que ótimo! O problema é que vamos sofrer com o Raymond né? – disse Ian
revirando os olhos. – Cara, eu já soube que o Raymond pega pesado com os calouros...
– Mas relaxa... A gente tá junto nessa! – disse Ian dando palmadinhas no ombro de
Mike.”
– Quando Marcus e Freddy chegarem com a comida, oras! – disse Mike, levantando do
sofá. Sua voz saiu meio rude.
– Desculpe, não estou me sentindo muito bem... – disse Mike, sério. – Vou subir e
descansar um pouco. Quando a comida chegar, me avisem certo?
Enquanto subia as escadas, mais flashbacks invadiram a mente de Mike. Desta vez, um
mais profundo. Mike se lembrava de cada detalhe do dia em que ele e Ian haviam se
revelado intimamente.
“Era noite na Irmandade Beta, ainda no mesmo ano em que se conheceram. O primeiro
semestre chegava ao fim e as comemorações na irmandade não poderiam ser melhores.
– Atenção, atenção! – gritou Raymond, o líder da Beta, batendo três vezes na cabeça do
microfone. – Quero fazer um comunicado... Triste, mas tenho que fazer.
Os Betas pararam de falar. Àquela época a irmandade tinha um número bem maior de
membros. Ao todo, dezoito rapazes compunham o cenário. Muitos desses, ao longo dos
anos, se formaram e outra grande maioria dos rapazes, devido à má fama da irmandade,
terminaram migrando para outras irmandades, exceto para a Stigma,claro. Para a Beta
chegar à formação original, com sete membros, foi o maior sacrifício...
– No final deste ano, irei finalmente me formar. – disse Raymond, seguido de um grito
ensurdecedor ao microfone. Alguns Betas fizeram expressões irritadas. Muitos odiavam
Raymond e suas brincadeiras de mau gosto. – Então... Daqui para o final do ano,
faremos um teste para o novo líder da Beta.
– Que calouro mais ousado! – gritou Raymond com seu sorriso diabólico no rosto. –
Acho que ele merece aprender a ter mais respeito com o líder, não acham?
Alguns poucos Betas gritaram que sim. A grande maioria ficou calada.
– Certo, vamos ver... – disse Raymond, pensativo, voltando ao centro da sala. – Alex,
Bob, segurem ele. – pediu Raymond aos seus fiéis “súditos”.
Dois rapazes grandalhões agarraram Mike e o levaram até o local onde Raymond
estava.
– Comigo não tem desculpas. Você interrompeu meu discurso, garoto. – gritou
Raymond. – Não sabe respeitar o líder desta irmandade.
– Como é que é? – exclamou Raymond, virando-se para ver quem tivera a insolência de
perturbá-lo.
– Deixa ele em paz! – tornou a gritar Ian. Os outros rapazes haviam se afastado dele,
abrindo espaço na sala e deixando Ian bem visível.
Mike lançou para Ian um olhar do tipo “você tá maluco cara?” e ao mesmo tempo,
estava muito agradecido.
– Quem você pensa que é pra me interromper, calouro? – gritou Raymond, exagerado.
– Não adianta pedir, calouro. – disse Raymond chegando ainda mais perto de Ian.
– Não é um pedido, é uma ordem! Deixe ele em paz! – disse Ian alteando a voz.
– Mas é muita ousadia mesmo. – disse Raymond, rindo sarcasticamente. – Alex, Bob,
peguem esse aqui para eu decidir um bom castigo também e...
– Nem pense nisso! – disse Ian, seguro de si. – A não ser que você queira ser expulso da
Miami College e logo no ano em que você vai se formar.
– Eu cheguei a filmar alguns “práticas” feitas, aqui, na Beta e... Bom, acho que o reitor
não vai gostar nada, nada de saber o que acontece, aqui... Além do que, a fama da nossa
irmandade não vai nada bem. – disse Ian, cruzando os braços.
– Tudo bem, soltem o calouro, ali. – disse ele apontando para Mike. – Vocês dois,
sumam da minha frente, agora. Não brinco mais com vocês! – disse ele, sem graça.
Os dois foram para o andar de cima da casa e entraram no quarto que dividiam com
Billy, um Beta que cursava o terceiro semestre de Administração na Miami College. O
quarto era simples: uma cama comum, onde dormia Billy; um beliche, onde dormiam
Mike, em baixo, e Ian, em cima; e um grande guarda-roupa eram algumas das poucas
coisas que compunham o cenário.
– Cara! – dizia Mike assim que entrou no quarto, sentando-se em sua cama. – Não
acredito que você fez aquilo...
– Eu sei! – disse Ian trancando a porta. – Tô tremendo até agora. – disse ele, sentando-se
ao lado de Mike.
– Nada... – disfarçou Ian. Ele sabia que era gay, sempre sentira atrações por outros
garotos, mas nunca havia tido nenhum a experiência com outro rapaz, embora tivesse
muita vontade. A única experiência que tivera com garotos foram alguns beijos e nada
mais, ainda na época da escola.
Mike vivia uma situação parecida com a de Ian, embora não se admitisse gay ou bi.
Mike sempre fora um jovem bem namorador (de mulheres), mas de vez em quando,
quando não havia ninguém por perto, ele gostava de acessar uns sites pornográficos
gays. Sim, ele adorava ver dois homens se beijando, se chupando... Sentia-se bastante
excitado, mas nunca tivera experiência nisso, nem mesmo beijos.
– Que foi? – tornou a perguntar Mike ao perceber que Ian voltava a encará-lo.
Por impulso, Ian avançou rapidamente em cima de Mike e dentro de segundos, seus
lábios tocavam os lábios do amigo. Mike corava, enquanto aceitava brincar com a
gostosa língua de Ian. Um beijo demorado, sem culpa, recheado de curiosidade e
vontade.
Mike continuava sentado, parado. Mike passava seus dedos, lentamente, pelos
contornos da boca, como se desejasse beijar Ian mais uma vez. Estava hipnotizado com
o que tinha acontecido.
– Eu sei, eu sei... Desculpa. – disse Ian em tom quase inaudível. – Olha, eu... Eu sou
gay, mas... Não fala nada pra esses caras... Tenho medo do que eles podem aprontar pra
cima de mim e...
– Calma, calma! – disse Mike se levantando da cama e ficando de frente para Ian. – Eu
não vou falar nada...
– Espero que cumpra sua palavra. – Ian fez uma expressão triste.
– Olha, já que você me falou isso... – começou Mike, nervoso. – Queria dizer que...
Bom, eu... Eu gostei do beijo.
– Sim. – continuou Mike. – E também preciso dizer que... É, eu também sinto atração
por outros caras...
– É... – disse Mike mais vermelho ainda. – Mas nunca tinha beijado outro garoto.
– Olha, esse não foi meu primeiro beijo com outro cara, mas... – começou Ian, nervoso.
– Sou virgem. Nunca transei nem com mulheres nem outros homens.
– Sério? – assustou-se Mike. – Bom, já transei com algumas garotas, mas... Com outros
homens, também sou virgem.
– Concordo. – disse Ian já sentindo a respiração de Mike bem mais próxima do seu
rosto e, em seguida, fechando os olhos.
Os dois deram um beijo mais gostoso, mais caloroso e ainda mais demorado que o
primeiro. Como era gostoso aquilo, como era excitante, como era... Mágico. Enquanto
os outros Betas discutiam sobre a substituição de Raymond, futuramente, Mike e Ian se
descobriam, mais felizes do que nunca.
– Deixa eu tirar a sua... – disse Mike, já sem camisa, ainda beijando Ian. E ele tirou a
camisa branca que o amigo vestia. “Que corpo!” pensava Mike ao sentir o peitoral de
Ian se roçando contra o seu.
Estavam nus da cintura pra cima, mas ambos queriam mais que isso.
– Hummm... – gemia Ian, enquanto Mike lhe beijava o pescoço. – Continua, vai...
Os dois continuaram naquele gostoso ritmo, até que Mike parou e, determinado, pôs a
mão por cima da bermuda do parceiro e pôde sentir o volume do seu sexo. Ian corou na
hora.
Ian sentiu, por cima da calça que Mike vestia, que o pênis do amigo também estava
bastante rígido.
– Eu quero fazer isso, agora... – disse Mike depois de beijar a boca de Ian com mais
vontade ainda. – Vamos?
– Mas... – Ian parecia inseguro. – Vai ser a minha primeira vez, Mike...
– Vai dar tudo certo... – disse Mike, sorrindo. – Mas vamos às preliminares...
Ian arfava, nervoso e cheio de desejo.
– Humm... Que delícia! – gemeu Mike, baixinho, tateando o volume do sexo de Ian.
“Como é grande, como é gostoso...”
Mike, em seguida, assim como se lembrava dos filmes que assistia, ajoelhou-se diante
de Ian e puxou o sexo dele para fora. O pênis circuncidado de Ian parecia um troféu
diante dos olhos de Mike. Finalmente, ele iria matar a vontade de fazer aquilo... Mike
abocanhou o pênis de Ian e começou a chupá-lo em um ritmo gostosamente lento.
– Aah... – gemia Ian, de pé, enquanto era chupado pelo amigo. – Humm... – “Que
delícia! Isso é tão... Tao gostoso!” pensava Ian, na hora.
Mike acelerou o ritmo com que chupava Ian. Era um sonho fazer aquilo. Sentir o gosto
do pênis do amigo em sua boca... Para Ian, a sensação parecia ainda mais gostosa. Sentir
a língua do amigo na cabeça do seu sexo era uma sensação tão única...
– Faz em mim também? – pediu Mike, assim que parou de chupar Ian.
– Claro! – disse Ian, ainda se recuperando do estado de puro êxtase que acabara de
vivenciar, ali.
Mike quis adiantar as coisas para Ian e, assim sendo, abriu o cinto da sua calça,
desabotoou e desceu a calça até a altura dos tornozelos, ficando só de cueca.
– Sim, todo meu. – disse Ian, nervoso. Como havia desejado chupar um pênis... Era
tudo o que ele mais queria na vida. Agora, ali, teria a sua chance.
Com todo o carinho que pôde, Ian pôs o sexo de Mike para fora da cueca, mas não o
chupou de imediato. Era tão gostosa a sensação de sentir o pênis de outro homem em
sua mão que ele quis curtir mais aquele momento. Para isso, Ian começou a masturbar o
amigo, fazendo o gostoso movimento “sobe-desce” no sexo dele.
– Aah... – gemia Mike, de olhos fechados. Ser masturbado por outro homem era uma
sensação maravilhosa...
Depois de mais uns segundos, Ian aproximou sua cabeça do pênis de Mike e,
delicadamente, começou a passar a língua na extremidade do seu sexo.
– Uuh! – gemia Mike num intenso prazer. Como era gostoso sentir a língua quente de
Ian bem, ali, em seu pênis.
Depois de mais lambidas, Ian começou a sugar o sexo do amigo. “Hum... Exatamente
como imaginei que fosse...” pensava ele, em êxtase.
– Que delícia, Ian! – disse Mike, baixinho.
– Humm... – gemia Ian, de boca cheia. “Delícia é você, Mike...” pensava ele. Sentir o
gosto do amigo era tudo o que ele mais desejava, desde alguns meses atrás.
Depois de um tempo, Mike começou a sentir arrepios pelo corpo e sabia que iria gozar,
portanto, decidiu avisar ao amigo.
Inexperiente, Ian poderia parar de chupar o amigo para não engolir seu sêmen, mas Ian
queria sentir o gosto do fluido de Mike, queria conhecer todos os sabores íntimos que
Mike tinha a oferecer... Dentro de instantes, sua boca recebera uma explosão quente e
leitosa que Ian achou uma verdadeira maravilha.
– Aah... – gemia Mike, por fim, abrindo os olhos. – Cara, foi mal... Não era pra eu gozar
na sua boca e...
– Não tem problema. – disse Ian limpando com a mão o excesso de sêmen fora da boca.
– Engoli tudinho... – disse ele, rindo. – E, sinceramente, você é uma delícia!
– Quer sentir o seu gosto? – perguntou Ian ficando de pé, de frente para Mike.
E os dois se beijaram mais uma vez. Mike sentia, em sua boca, um gosto diferente e ele
percebeu que o sabor novo era oriundo do seu sêmen que havia sido acolhido pela
língua de Ian, antes.
– Mike, eu... – dizia Ian acariciando o cabelo do amigo. – Sei que talvez não seja a hora
certa pra dizer, mas... Eu tô apaixonado por você, cara. Já faz tempo que quero te dizer
isso...
Talvez não fosse exatamente o que Mike quisesse ouvir. Afinal de contas, ele só
desejava fazer sexo com outros caras, mas não necessariamente se apaixonar por um...
– Uau! Eu... Sinto algo forte por você também... – disse Mike, embora soubesse que,no
fundo, não era bem isso que sentia por Ian.
– Certo. – disse Ian, nervoso. Seria a primeira vez que iria transar com alguém, na
vida...
– Calma, se arruma aí! – dizia Mike também levantando a cueca e pegando a calça
jogada no chão.
– Mike, Ian? Abram a porta, é o Billy! – dizia o rapaz do lado de fora do quarto.
Assim que os dois terminaram de se vestir, abriram a porta. Estavam um pouco suados e
vermelhos de nervoso.
– Ah... Só... – começou Ian a dizer, mas parou. Não sabia o que inventar.
– Falando mal do Raymond e armando alguns planos contra ele, caso ele venha me
chatear de novo. – mentiu Mike, de vez.
– Ah! – disse Billy trancando a porta, em seguida. – Me deixem participar desse plano...
– e ele sorriu. – O Raymond tá ficando cada dia mais chato!
Ian, assim como Mike, tinha vários flashbacks. Ele relembrava vários momentos
íntimos vividos ao lado do ex-namorado, no passado.
“O relógio marcava exatamente cinco horas da tarde. Mike e Ian estavam num motel
que ficava bem próximo à Miami College. Os dois já tinham se beijado bastante e,
inclusive, já haviam se chupado gostosamente. Tinham parado para conversar um pouco
e, logo depois, fariam um gostoso sexo, propriamente dito, onde Ian era o passivo e
Mike, o ativo. Eles gostavam de revezar isso, às vezes, mas Ian preferia ser o passivo.
Os dois estavam nus, deitados, na cama redonda.
– Que foi, meu amor? – perguntou Mike, franzindo a testa. Como era gostoso ser
acariciado por Ian...
– Nem parece que a gente já vai fazer cinco meses de namoro... – disse Ian, animado.
– Caramba! Já?
– É... – e parando de acariciá-lo, Ian deu um rápido beijo nos lábios de Mike. – E eu me
sinto tão bem ao seu lado, meu amor...
– Eu também. – concordou Mike.
– Sabe, eu andei pensando e... – começou Ian, sentando-se, na cama. – Cara, o que eu
sinto por você é algo tão forte, tão mágico que...
– Que foi? – perguntou Ian, rindo. – Vai dizer que você nunca teve vontade de ficar
assim... Livre?
– Eu? Bom... Eu não tenho coragem, Ian. – revelou Mike, inseguro. – Prefiro ficar “no
armário”...
– Mas, pense bem, meu amor... A gente vai se assumir, juntos. Se a barra ficar pesada,
teremos um ao outro... Eu te apoiarei em tudo e você me apoiará também. – disse Ian
segurando as mãos de Mike.
– Eu... Não, Ian, eu não quero fazer isso. – disse Mike, decidido.
– Mike, eu estou, aqui, decidido a assumir minha sexualidade, assumir minha relação
com você... Estou disposto a fazer isso tudo por sua causa, por que... Por que eu te amo
muito! – disse Ian, corando.
– Mas e o pessoal da Beta? Nós iríamos virar motivo de chacota lá... – disse Mike,
sério.
– Que se danem eles! – exclamou Ian. – Já estamos quase no fim do ano... O Raymond
já vai embora mesmo e...
– Não... – disse Mike, por fim. – A gente tem que continuar fazendo as coisas assim:
escondidos.
– Mas, Mike... Você não seria capaz de se assumir por minha causa? – perguntou Ian,
franzindo a testa. Seus lábios tremiam de nervoso.
Ian ficou boquiaberto. Segundos depois, levantou da cama e começou a vestir a cueca.
– Mike, você não me ama né? Pode falar a verdade... – disse Ian cruzando os braços. Se
segurava para não chorar. – Você nem está disposto a assumir nossa relação e...
– Calma, Ian, também não é assim, cara. – disse Mike ficando de pé, de frente para o
namorado. Mike, nu, e Ian, já vestido. – Eu gosto muito de você, Ian... E eu te amo
também, mas...
– Acho que o que eu sinto por você não é tão forte como o que você sente por mim. –
disse Mike, por fim.
– Pra mim já chega... – disse ele enxugando os olhos. – Toma, aqui minha parte! – disse
ele jogando na cama alguns dólares. Como sempre, eles dividiam o valor do quarto do
motel.
Depois disso, Ian saiu do quarto batendo a porta o mais forte que pôde, deixando Mike,
ali, sozinho...”
Ian chorava, em seu quarto, na Irmandade Beta. Como era difícil se lembrar daqueles
tempos ao lado de Mike. Tempos onde fora mais feliz na sua vida e, ao mesmo tempo,
onde fora mais triste. Era este o motivo por qual ele e Mike haviam rompido o namoro:
Mike parecia não sentir o mesmo por Ian, na relação...
– Eu não tenho nada pra falar com você. – disse Ian, em voz alta.
– Por favor, abre a porta. – dizia Mike, impaciente.
Depois de mais uns segundos de pura insistência de Mike, Ian decidiu ceder aos pedidos
e abriu a porta do seu quarto.
– Que foi? – perguntou Ian, sério. Não havia como disfarçar que havia chorado muito.
Seus olhos estavam levemente inchados e o rosto, vermelho.
– Por que tava chorando? – perguntou Mike, preocupado. Ele obviamente sabia a
resposta.
– Você sabe muito bem o porquê! – disse Ian, trancando a porta do quarto para que
pudesse conversar mais à vontade com Mike.
– Por minha causa... – concluiu Mike, por fim. Ian fez que sim com a cabeça. – Olha,
eu...
– Mike, ainda sofro quando me lembro de tudo o que passamos, juntos, mas... – disse
Ian, respirando fundo. – A questão não é essa, agora. Eu sei que você não me ama mais,
que não somos mais namorados e... A questão é: você não pode e nem deve magoar o
Eric também.
– Mas, eu...
– Ah tá! – começou Ian, irritado. – Você acha que eu não percebi? Todo o carinho e
preocupação que você tem pelo Eric...
– Sei... – disse Ian, sério. – A gente também começou assim, cara. Nossa amizade era
muito forte, muito íntima e...
– Ian, a gente poderia ter dado certo, sim. – interrompeu Mike. – Você foi que não me
deu mais tempo pra pensar a respeito daquele lance sobre assumir tudo e...
– Eu? Você deixou bem claro que não sentia o mesmo por mim, Mike! – disse Ian se
controlando para não altear a voz e deixar que os outros Betas ouvissem tudo.
– Bom, não vamos mais falar disso então. – disse Mike, por fim.
– Você acha que o Eric é gay ou bi? – perguntou Mike, pensativo, tentando mudar, um
pouco, o rumo da conversa.
– Não sei... – disse Ian revirando os olhos. Como o Mike podia ser tão cínico a ponto de
vir conversar aquilo com ele? – Bom, sei lá... O Eric é tão quietinho... Ele parece que
curte outros homens. – disse, por fim.
– É, eu também acho. – concordou Mike. – Embora eu já tenha conversado isso com ele
e ele disse que é hetero.
– Como assim? Você já se abriu com ele?! – exclamou Ian, irritado. Um misto de
surpresa, ciúme e curiosidade tomou conta dele. – Que legal! – disse, irônico.
– É... – disse Mike, sem graça, não percebendo a ironia de Ian. – Eu roubei um beijo
dele... Ontem, na praia.
– Ontem, na praia?! – repetiu Ian, mais surpreso ainda. –Ah! Então foi naquela hora em
que o Eric voltou correndo e... – Ian se lembrava exatamente da cena. – Ele parecia bem
assustado, confuso...
– Aposto que você não comentou nada sobre mim ou sobre nós, com o Eric. – disse Ian,
pensativo.
– Imaginei. – disse o outro, pondo um riso sarcástico no rosto. – Não acredito que você
roubou um beijo dele... – murmurou Ian, enciumado.
– Bom, e esse tal amigo dele que está em coma? O Justin... – continuou Mike,
ignorando o comentário irritado de Ian. – Será que é só amigo mesmo ou namorado do
Eric?
– Ah, e eu sei lá?! Não me interessa! – disse Ian, nervoso, alteando a voz.
– Eu já disse, Mike, esquece o Eric. – disse Ian, seco. – Não vou deixar que você o
magoe. Ele não merece passar pelo que eu passei.
– Será? Será mesmo que você estaria disposto a assumir uma relação com ele? Será que
você corresponderia ao amor dele? – disse Ian, cruzando os braços. – Claro que não!
Você não mudou nada, Mike...
– Sai do meu quarto, por favor. – disse Ian destrancando a porta e fazendo sinal para
Mike sair.
– Espera...
– Nick, eu preciso tanto de você... – disse Eric deitando a cabeça no livro. – Espero que
você acorde logo, meu amor...
Continua...
Nando Gomez
BOA LEITURA!
– Tá um sol forte, aqui, né? – disse Harold, sarcástico, olhando para Ian.
Mike parou de passar geleia em sua torrada e voltara toda a sua atenção para Ian.
– E não dormi. – concluiu Ian. Isso era verdade. Ele praticamente não tinha dormido
naquela noite.
– Ei, cara! Você nem terminou o café ainda... – disse Freddy estranhando a atitude do
amigo.
E depois disso, ele saiu apressadamente da cozinha e, logo depois, saiu batendo a porta
da sala com força.
– É, parece que sim... – começou John, mas foi interrompido por Mike.
– Não, ele tá bem. – adiantou o líder da Beta. – Eu... Eu vi ele ontem... O Ian dormiu
super tarde mesmo. – começou Mike, mentindo. – Eu levantei umas quatro da manhã
pra ir ao banheiro e vi a luz do quarto dele ligada. O Ian tá estudando muito mesmo. É
uma matéria chata que ele tá repetindo e...
Eric se assustou com a pressa que as palavras saíram da boca de Mike. Ele percebeu que
o amigo parecia nervoso, só não sabia o motivo.
Um tempo depois e cada um dos Betas já saía para sua respectiva aula, em seu
respectivo curso. Eric, ao adentrar o prédio destinado às aulas de Odontologia,
encontrou Kathia, pálida, sentada num dos bancos que ficava no corredor principal.
– Eric, eu... – começou ela com um olhar tristonho. – Eu ainda não acredito no que
aconteceu com o Nick...
Eric percebeu que Kathia não deveria ter dormido direito na noite anterior. A amiga
estava com uma aparência abatida e frágil.
– Não... – ela revelou, pondo, em seguida, as mãos no rosto para cobri-lo. – O Nick...
– Ô, Kathia, vem cá... – e ele a puxou para dar um forte abraço. Eric se segurava para
não chorar também. Ele sentia quase a mesma tristeza que Kathia sentia, só que com
ainda mais intensidade. Afinal de contas, era o namorado dele que estava em coma...
– Ele tem que sair dessa... – disse Kathia em meio aos soluços.
– Eu sei... E ele vai sair dessa, com fé em Deus! – disse Eric ainda abraçado a amiga.
Assim que os dois entraram na sala de aula com aquelas tristes expressões
(principalmente Kathia, por estar com os olhos vermelhos e molhados), chamaram a
atenção dos colegas.
– Vocês estão bem? – interveio um rapaz ruivo e branquelo da mesma altura de Eric.
Era seu colega Philippe.
– Na verdade, não... – disse Eric, sem graça. – O nosso colega, Nicholas... Sofreu um
acidente nesse fim de semana.
– O Nicholas sofreu um acidente?! – exclamou uma menina loura e de olhos azuis que
se chamava Joanne. – Oh, meu Deus!
– Não, seu idiota! – disse outro colega mais atento. – O Nicholas caiu da escada e bateu
a cabeça e...
Enquanto ouvia os colegas murmurando ao seu redor, Eric não sabia mais se ele tinha
feito bem em contar aos colegas sobre a situação de Nicholas. E se aquela informação
chegasse ao campus inteiro? Afinal de contas, Nicholas era um aluno bem conhecido e
popular por ali.
Assim que todas as suas aulas haviam acabado, Eric vira em seu celular que havia uma
chamada perdida. Era o pai de Nicholas que havia ligado.
– Oi, Sr. Wyatt! – disse Eric corando ao ver que Kathia olhava firme para ele.
– Eric, meu filho, estou indo para o hospital ver o Nick. Quer vir comigo?
– Certo, posso passar aí pra te pegar, agora? – perguntou Nathaniel, do outro lado da
linha.
– O pai do Nicholas. – confirmou Eric dando um fraco sorriso. – Ele tá indo pro hospital
e...
– Eu sei, eu sei... Sobre o lance das visitas, fica tranqüilo. – disse Kathia pondo a mão
no ombro do amigo. – Eu quero, ao menos, ver o pai do Nick e dar um abraço nele... E
se... Se você conseguir entrar de novo para ver o Nick, eu já fico satisfeita.
– Hum... Tudo bem então. – disse Eric. – Mas eu tô indo de carona...
– Ah, o pai do Nick não vai se irritar se eu for né? – começou Kathia, pensativa.
– Então pronto.
– Enquanto isso, a gente devia fazer um lanche, ali. Que tal? – perguntou Kathia,
apontando na direção da lanchonete mais próxima.
– Eric, meu caro! – disse Nathaniel, sorrindo, depois de baixar o vidro da sua janela, na
limusine. – Entre!
– Quem é essa bela moça, Eric? – perguntou o pai de Nicholas dirigindo seu olhar para
Kathia.
– Oh, sim, eu me lembro. – disse Nathaniel. – Você disse que ela é muito amiga do
Nicholas também...
– Eu sei que eu não vou poder entrar pra ver o Nick e... – começou Kathia, baixinho.
– Eu falarei com o médico sobre essa questão das visitas. – adiantou-se Nathaniel. –
Vamos ver se ele consegue te liberar também.
Assim que chegaram ao hospital, Nathaniel, Eric e Kathia se dirigiram ao andar onde se
encontrava Nicholas.
– Claro, claro. – respondeu o Dr. Justin Bolton, médico responsável por Nicholas.
Depois de alguns minutos de conversa, Nathaniel foi dar a notícia para Kathia e Eric.
– O Dr. Bolton permitiu sua visita, Kathia. – disse ele, por fim.
– Bom, eu vou visitar o Nicholas, logo, certo? – disse Nathaniel, mais sério.
O Sr. Wyatt entrou no quarto em que Nicholas estava e o médico o seguiu. Dentro do
quarto, eles conversaram sobre o quadro de Nicholas e das expectativas que tinham para
ele.
Um tempo depois, Nathaniel saiu do quarto e o médico fez sinal para que Eric e Kathia
fossem ver Nicholas. Eric se chateou um pouco. Queria visitar Nicholas, sozinho, como
no dia anterior. Queria arriscar dar mais um beijo nos frios lábios do namorado... Mas
não iria poder fazer isso com Kathia, ao seu lado.
Os dois entraram no quarto e ao ver Nicholas naquele estado, Kathia não se segurou e
derramou algumas lágrimas. Eric, por já ter visto seu amado daquele jeito, sedado, não
se abalou tanto.
– Ai, Nick... – disse Kathia, baixinho, chegando perto dele. – Espero que você fique
logo bom, viu?
– Ele vai ficar... – adiantou-se Eric, que segurava o ombro de Kathia com uma mão e
acariciava o braço de Nicholas, com a outra.
– Nick, esperamos que você acorde logo tá? – disse Kathia enxugando as lágrimas e
tentando dar um sorriso. – Estamos com... Saudades.
Naquele momento, Eric pensou muitas coisas ao mesmo tempo. Embora tivessem
pouquíssimo tempo que haviam se conhecido, Kathia era realmente uma pessoa
maravilhosa. Era uma amiga fiel, dedicada, prestativa, disposta sempre a ajudar quando
preciso... Era uma amiga excelente. Será que seria certo, então, contar tudo a ela? Será
que se ele dividisse aquele segredo com alguém como Kathia, ele se sentiria mais
relaxado? Mas as palavras pareciam travar na garganta de Eric. Ele corava só de pensar.
Não conseguiria coragem suficiente para contar à amiga...
Eles ficaram, ali, por mais alguns minutos e depois, saíram do quarto, indo ao encontro
de Nathaniel.
– O Nick realmente faz falta... – disse Kathia passando a mão nos cabelos para ajeitá-
los. – Não vejo a hora de ele sair dessa situação.
– Não é bem isso, senhor. É que eu e o Eric fizemos um rápido lanche antes de virmos
pra cá. – disse Kathia. – Não estamos com muita fome.
Alguns dias depois, na Miami College não se falava em outra coisa a não ser no aluno
que sofrera um acidente e que, agora, estava em coma no Miami Hospital. Não havia
uma única roda de amigos conversando em que tal assunto não aparecesse. A conversa
sobre o rapaz em coma tinha chegado a todos os lugares e a todos os ouvidos possíveis,
desde os alunos, zeladores e professores até ao reitor, que ficou muito sensibilizado com
a notícia. Nathaniel Wyatt até se assustou na última vez que havia ido ao hospital, pois a
enfermeira havia lhe entregado uma pilha de cartões que foram endereçados a Nicholas.
Nathaniel tomou a liberdade de ler alguns e todos desejavam quase a mesma coisa: que
Nicholas melhorasse logo e saísse daquela situação.
Eric não havia parado pra pensar, porém, que essa rápida divulgação da notícia sobre
Nicholas chegaria também na Irmandade Beta. Foi numa sexta-feira que tal evento
aconteceu. Indo para a sala, onde os outros Betas estavam reunidos, Eric foi
surpreendido pelos amigos.
– Que foi, gente? – perguntou Eric, assim que desceu as escadas e notou que os Betas
estavam todos de pé, olhando firme para ele. Todos os Betas estiveram aguardando a
chegada de Eric, na sala.
– Eric, nós precisamos ter uma conversa séria com você. – disse Mike se aproximando
dele.
– Nós estamos ouvindo por aí uma tal história que está circulando pelo campus... –
começou Mike, sério. – De que Nicholas Wyatt, membro da Stigma, está em coma no
Miami Hospital.
Eric gelou. Os amigos já estavam suspeitando da sua amizade com Nicholas. E agora?
Eric sentia seu rosto queimar de nervoso. Àquela hora, seu rosto deveria estar tão
vermelho quanto um tomate.
– E então, Eric? O que você nos diz sobre isso? – perguntou Mike em seu tom
autoritário de líder da irmandade.
O que diria para os amigos? Diria que era realmente uma coincidência que seu amigo
fictício chamado Justin Bolton também estivesse em coma, igual ao Nicholas? E seria
também coincidência que os dois tivessem tido o acidente no sábado também? “Não.”
Eric pensou. Já havia segredos demais para guardar e ele sentia que, aquele, teria que
ser revelado, ali, naquele instante.
Eric sentou-se na poltrona mais próxima e sentiu-se mais envergonhado que nunca.
Sabia que todos os olhares dos Betas estavam em cima dele.
– É... – disse Eric, baixinho. – O Justin é o Nicholas. – ele não conseguiria ter dito frase
melhor.
– Eric, eu não acredito que você fez essa traição com a gente... – resmungou Harold em
tom de reprovação.
– Não esperávamos isso de você, Eric. – completou Mike, deixando Eric mais nervoso
ainda.
Cada momento vivido ao lado de Nicholas percorria a cabeça de Eric naquele momento.
Então, tomado por uma fúria sobre-humana, Eric levantou-se da poltrona em que
estivera sentado e encarou os Betas com toda seriedade e força que pôde. Não iria se
humilhar diante deles, não bancaria o garoto frágil e nem carregaria um sentimento de
culpa ou vergonha. Nicholas era um grande amigo para ele e mais que isso, era seu
namorado, o homem que amava. Ele não iria mudar as coisas por causa daquela maldita
rixa antiga entre as irmandades.
– Tudo bem então. – disse Eric, já de pé, encarando cada um dos Betas. – Eu saio.
Os Betas ficaram assustados ao ouvir aquilo e alguns murmuraram frases entre si,
nervosos. Não esperavam ouvir aquela resposta do amigo. Esperariam ouvir, no
máximo, que ele iria parar de andar e de se importar com Nicholas.
– Eu saio da Irmandade Beta. – disse Eric, mais firme ainda, já se dirigindo para as
escadas. – Irei arrumar minhas coisas e prometo que amanhã mesmo já...
– Bobagem, Mike? – disse Eric encarando o amigo. Mike chegou a corar ao ver os
penetrantes olhos de Eric se encontrando com os seus. – Bobagem é viver assim, nessa
rixa idiota e constante que nós vivemos com a irmandade Stigma.
Houve um breve silêncio. Eric se perguntara se havia sido grosso demais com os
amigos.
– Eu entendo que essa rivalidade entre a nossa irmandade e a Stigma é uma coisa bem
antiga e que não foi criada por vocês, claro... – continuou Eric, firme. – Mas pra mim, já
chega. O próprio reitor já proibiu qualquer brincadeira que seja, entre as nossas
irmandades. Por quê? Por que isso já passou de todos os limites possíveis. Já chega!
– E eu, sinceramente... – continuou Eric, ignorando Ian. – Não vou deixar de ter a
amizade por meu... – ele freou para não dizer “namorado” –...amigo, Nicholas, por
causa dessa rivalidade entre as irmandades. Danem-se essas rivalidades!
Os Betas continuavam mudos. Sabiam que Eric era o mais tímido dentre eles e nunca
imaginariam ouvir aquele discurso furioso vindo do amigo.
– Por isso... – continuou Eric, por fim. – Deixarei o dinheiro para cobrir minhas
despesas, aqui, e sairei desta irmandade. Não se preocupem... – disse Eric mantendo um
sorriso sarcástico no rosto. – Não irei para a Stigma. Procurarei alguma irmandade que
me acolha bem e que não tenha rivalidade por nenhuma outra.
O rosto de Eric continuava vermelho, quente. Suas mãos, geladas. Estava muito
nervoso, mas feliz por ter dito tudo aquilo.
– Eu sei que vocês não vão me aceitar, aqui. Tudo bem... – disse Eric, sério, começando
a subir as escadas.
Mas Eric já terminava de subir o último degrau e, em seguida, trancou-se em seu quarto.
Desesperado, puxou uma mala debaixo da cama e começou a jogar o máximo de roupas
limpas e sujas que conseguiu. Quando menos percebeu, seu rosto estava molhado de
lágrimas. Sentou-se na cama, nervoso e pôs o rosto nas mãos.
– Acho que ele está certo. – comentou Harold. – É melhor ele sair da irmandade.
– O que o Eric falou é bem verdade. – comentou Ian, sério. – Essa rivalidade já passou
dos limites e todos nós sabemos disso. Eu e o Mike somos os mais velhos daqui e fomos
os únicos que conheceram o Raymond.
– Pois é, o Raymond foi, digamos, o grande “ditador” da Beta e foi graças a ele que
nossa reputação ficou manchada para sempre como a irmandade mais chata, bagunceira
e terrível, dentre outras denominações.
– O Eric está certíssimo. – continuou Ian. – Ele não pode largar uma forte amizade que
tem pelo Nicholas Wyatt só porque nossas irmandades são rivais. Eles são colegas de
sala, ao que me parece, e treinam, juntos, no clube de natação.
– Mas o John é da mesma irmandade que a gente, seu doido! – disse Harold, confuso.
Ele não havia entendido nada.
– Não podemos deixar que essa rixa entre a Beta e a Stigma atrapalhem nossa relação
com os outros estudantes da Miami College. – concluiu Mike, seguro de si.
– Isso já tá chato mesmo... – revelou Freddy. – Eu tive um colega que era da Stigma e...
Uma vez ficamos, por sorteio feito pela professora, na mesma dupla para fazer uma
prova. Eu não falava direito com ele e nem ele comigo. Terminou que tiramos uma nota
baixíssima na avaliação e...
– Pois é, estão vendo? – disse Ian. – Essas atitudes já estão ficando infantis. Nós somos
homens e não mais crianças. Temos que entrar em acordo com Leo, líder da Stigma e
selar um acordo de paz.
– Nossa! Essa eu quero ver... – disse Harold, rindo. – Mas, vocês têm razão mesmo... Eu
é que fui idiota em pensar daquele jeito sobre o Eric. Claro que ele tem que ficar na
Beta.
– Vamos esperar o Nicholas sair do coma e, então, me reunirei com o Leo. – disse
Mike, por fim. – Todos de acordo?
– Ótimo! – disse Mike, animado. – Precisamos dar ao Eric, agora, todo o apoio que
pudermos. Afinal de contas, o Nicholas é amigo dele e ele ainda tá abalado com isso
tudo.
Ian lançou mais um olhar ciumento em cima de Mike, mas este o ignorou.
– Não, não... Assim ele pode se assustar, sei lá. – inventou Mike. – Bom, como líder
desta irmandade, eu falarei com ele.
– Cara, deixa disso... Nós já conversamos, agora, lá embaixo e todos nós ficamos de
acordo que vamos selar um pacto de paz com os Stigmas, assim que o Nicholas sair do
coma. – disse Mike, rapidamente.
– Sim, é verdade. – concluiu Mike. – Percebemos que você tem total razão, Eric... Não
seria justo interromper sua amizade com o Nicholas só por causa dessa rixa boba entre
as irmandades...
Segundos de silêncio.
– Bom, então... Vou te ajudar a desarrumar essa mala tá? – disse Mike, sorrindo,
sentando-se ao lado dele. – Queremos você, aqui, Eric.
– O-obrigado, Mike. – disse Eric, corando. – E... Devo desculpas a todos vocês... Fui
meio rude nas palavras e...
– Nada disso! – adiantou-se Mike. – Nós é que devemos desculpas a você, o Beta mais
inteligente e sensato daqui.
Eric sorriu ao ouvir aquilo. Como era bom saber que não precisaria sair dali da Beta.
– Pra mim, você é o Beta mais especial, sabe? – disse Mike olhando bem nos olhos de
Eric.
– Hum... – murmurou Eric, sem graça. Nem naquele momento Mike deixaria de tentar
conquistá-lo?
– Eu tenho um grande carinho por você, Eric... Você sabe disso. – continuou Mike.
Eric estava mais corado que antes. Seu coração batia acelerado. Nos segundos que se
seguiram, Mike foi se aproximando lentamente do rosto de Eric. Eric, que continuou de
olhos abertos, pôde ver que Mike acabara de fechar os olhos e abria lentamente a boca
enquanto se aproximava cada vez mais do rosto dele.
– Tudo bem... – mentiu Eric. A vontade que ele teve foi de assumir tudo para Mike e
descontar toda a raiva possível nele. Dizer em poucas e boas palavras que ele era o
culpado pelo acidente de Nicholas.
– Olha, eu... – disse Mike indo até a porta e a trancando. Eric gelou. – Sei que a gente já
teve essa conversa antes e...
Silêncio.
– Eric, eu não sei o que tá acontecendo comigo, cara... – revelou Mike. – Eu curto
outros caras, sou bissexual, mas... – Mike parou, corando. – Sei lá, você mexeu comigo.
Eric se agarrou a todas as emoções ligadas a Nicholas para não deixar se influenciar
pelas palavras de Mike.
– Mas, você não tem uma mínima vontade de... – começou Mike, tenso. – Uma
vontadezinha qualquer... – e ele corou ainda mais. – De ter uma relação com um
homem?
Eric estava vermelho, nervoso. O que diria? Não estava pronto para assumir as coisas
para Mike, muito menos, naquele momento...
– Não, nunca senti nada assim. – mentiu Eric. Pelas fracas palavras dele, Mike
começava a sentir que talvez Eric estivesse mentindo.
– Bom, tudo bem então. – disse Mike dando tapinhas no ombro do amigo. – Mais uma
vez, desculpa tá? E... Continuaremos mantendo esse assunto em segredo, ok? – Mike
piscou o olho para ele.
Assim que Mike saiu dali, Eric ficou se perguntando quando e se teria um momento
adequado para revelar sua real opção sexual para Mike. Se ele não era capaz de se
revelar para Kathia, que era uma amiga querida e bem próxima e nem para Ashley, sua
amiga nova-iorquina de longas datas e bem íntima, não seria capaz de se assumir
perante Mike. Uma coisa,porém, Eric tinha certeza: ele guardaria aquele segredo o
máximo que pudesse, mas sentia que chegaria o dia em que teria que fazer todas as
revelações necessárias para quem quer que fosse...
Continua...
Nando Gomez
BOA LEITURA!
Duas semanas haviam se passado desde a grande revelação de Eric aos Betas. Agora, os
amigos já tinham total consciência de que Eric era amigo de um Stigma e, no fundo,
pareciam não mais se importar com isso. Como Mike prometera, eles esperariam
Nicholas sair do coma para estabelecer um acordo pacífico com os Stigmas. Nessas
duas semanas, a rotina tinha sido quase a mesma para os demais estudantes da Miami
College, mas não para Eric. Ele havia mudado totalmente seus hábitos. Como Nicholas
continuava no hospital e Nathaniel ia visitar o filho todos os dias, Eric fazia questão de
ir junto. Com isso, Eric terminou ficando sem tempo para estudar e se concentrar nas
matérias daquele semestre. Ele havia faltado aulas demais e, inclusive, perdido algumas
provas importantes. Os Betas notavam o estranho comportamento de Eric e até se
preocupavam em tentar convencê-lo a sair, ver um filme no cinema ou mesmo o
incentivavam a estudar, mas não adiantava.
– Mas ainda acho que você tá faltando demais, Eric... – continuou Kathia com seu
sermão para o amigo. Ela e Eric andavam pelo extenso corredor no primeiro andar do
prédio onde tinham aulas do curso de Odontologia.
– Olha, Eric, você precisa se dedicar mais aos estudos, poxa! – disse Kathia, séria. – E,
claro, precisa se cuidar. Ando achando você muito abatido, amigo.
E Kathia tinha razão. O aspecto de Eric era preocupante. Andava pálido e tinha olhos
levemente avermelhados, como de alguém que não dormia muito.
Mas quando ela menos esperou, Eric já estava se desequilibrando ao lado dela e,
instantaneamente, caiu no chão, desmaiado.
– Aaah! – Kathia deu um fino e rápido grito, espantada. – Eric! – e ela já se encontrava
agachada ao lado do amigo, desmaiado. – Eric, acorda! – ela dava tapinhas no rosto
dele.
– Ai, graças a Deus! – ela murmurou, aliviada, ao ver que Eric havia acordado.
– O que está acontecendo, aqui? – disse uma voz feminina abrindo a multidão de alunos
e chegando próximo a Eric e Kathia. Era Samantha Bass, professora de
Odontopediatria, disciplina que Eric estudaria ainda no quinto semestre do curso. –
Tudo bem com vocês?
– Não muito... – admitiu Kathia, nervosa, com Eric deitado em seu colo.
Dois rapazes que deveriam ser veteranos do oitavo semestre ajudaram a levantar Eric,
ainda meio tonto.
– Certo.
Momentos depois, os rapazes do oitavo semestre deixaram Eric sentado num banco
próximo.
– Obrigada mais uma vez, rapazes. – disse Kathia, corando. Eles deixaram ela e Eric a
sós e saíram acenando. – Eric... O que é que está acontecendo com você, meu amigo?
– Pode ser fome. – disse Kathia, séria. – Você não deve estar se alimentando direito né?
– Tudo isso por causa do Nicholas? – disse Kathia já imaginando a resposta. – Eric, eu
também ando muito aflita por causa do Nick... Sempre penso nele e desejo todo dia que
ele saia do coma, mas... Eu tô vivendo, tô estudando, tô tentando sempre ocupar minha
cabeça com outras coisas... Você precisa seguir com sua rotina normal, Eric. O Nicholas
não iria gostar de te ver assim...
– É, acho que você tem razão... – a voz de Eric ainda era fraquinha.
– Vou comprar um suco e um sanduíche natural pra você... – disse Kathia se levantando
do banco. – Fica aqui, quietinho, tá?
Dentro de três minutos Kathia retornou ao banco onde Eric estava sentado.
– Tô fazendo isso pro seu bem, você sabe... – disse ela alisando o braço dele. – Por
sinal, terei uma conversa séria com os Betas sobre sua alimentação e...
Mas antes que Kathia pudesse terminar a frase, o som do toque do celular de Eric
interrompeu a conversa.
– Eric, pelo seu bem, não vá ao hospital, hoje. Fique em casa e descanse, você precisa.
– Tá certo. – disse Eric, pegando o celular da mão de Kathia e apertando o botão que
serviria para atender a ligação. – Alô? Oi, Sr. Wyatt!
Mas o que o pai de Nicholas disse ao telefone fez Eric arregalar os olhos e derrubar o
copo de suco de maracujá, fazendo a maior sujeira ao espalhar o conteúdo pelo chão.
– Que foi, Eric?! – exclamou Kathia, se levantando do banco, por impulso. Havia
respingos do suco em seus sapatos.
– Tudo bem, estou esperando o senhor para irmos agora mesmo para o hospital. – disse
Eric, por fim, desligando o celular.
A feição de Kathia mudou. Então não havia acontecido nada de ruim. Pelo contrário,
havia acontecido a melhor coisa que poderia.
– Eu pedi tanto a Deus... – murmurava Eric, ainda abraçado a Kathia. Eric começava a
chorar mais forte, só que desta vez, de alegria.
– Vou ter que comprar outro suco pra você... – disse Kathia enxugando as lágrimas do
rosto e dando uma risada fraca.
– Sua calça tá toda suja... – disse Kathia, rindo, ao ver as barras da calça de Eric. O suco
havia feito mesmo um grande estrago. – Vai pra Beta e troca essa roupa. Dá tempo né?
– Dá sim. – disse ele, sorrindo. – O pai do Nick deve demorar um tempinho pra chegar
aqui.
– Então pronto. – continuou Kathia. – Quer que eu vá com você? Quer dizer, você tá se
sentindo melhor mesmo né?
– Claro que tô! – disse Eric, radiante. A notícia que recebera de Nathaniel tinha
melhorado tudo nele. O efeito da notícia foi melhor do que qualquer comida ou
qualquer remédio faria. – Tô ótimo!
Kathia sorriu.
– Bom, eu vou lá na Delta trocar esses sapatos e... – disse ela olhando para baixo. – Te
encontro nos portões de entrada, pode ser?
– Sim, claro!
– Então, combinado!
Os amigos se despediram e cada um seguiu para sua respectiva irmandade. Eric entrou
violentamente na irmandade Beta e os amigos que lá estavam, acharam que ele pudesse
estar irritado.
– Eric? Algo errado? – perguntou Ian, preocupado, assim que viu Eric voando pela sala
e já subindo as escadas.
– Preciso trocar essa calça. Espera aí que eu te falo! – disse Eric, energicamente, do
andar de cima.
– Pronto! – dizia Eric, depois de alguns minutos, retornando à sala. Ele havia trocado a
calça jeans suja por outra, limpinha.
– O que foi? – perguntou Ian, outra vez. – Você entrou, aqui, como um furacão...
– Sério?! – exclamou Ian, boquiaberto. – Que ótimo, Eric! – e ele deu um forte abraço
no amigo.
Nesse exato momento, Mike e Freddy acabavam de chegar em casa. Ao flagrar a cena
em que Eric e Ian estavam abraçados, Mike sentiu uma enorme onda de ciúme
invadindo-lhe o corpo. Mas seria ciúme por causa de Eric ou por causa de Ian?
– O que foi, pessoal? – perguntou Mike fazendo questão de interromper aquela cena.
– Ah... – murmurou Mike, sem graça. – Que... Que bom, cara! – disse ele caminhando
até Eric e aproveitando o momento para dar um forte abraço no amigo.
Eric não queria que o abraço fosse tão demorado quanto o de Ian e, por isso, se afastou
logo de Mike, com a desculpa de que iria ao hospital exatamente àquela hora e que o pai
de Nicholas o estaria esperando.
– Bom, avisem aos outros Betas tá? – pediu Eric, animado. – Tchau, pessoal! – e ele
saiu da casa, batendo a porta, em seguida.
– Nossa! Já faz dias que não vejo o Eric tão feliz e tão sorridente... – comentou Harold.
– É verdade... – concordou Freddy sentando-se no sofá. – Ainda bem que as coisas estão
voltando ao normal...
– É... – disse Mike, pensativo. – E já que o Nicholas saiu do coma... Vocês sabem né? A
promessa que fizemos ao Eric.
– É, chegou a hora de fazer isso. – disse o líder da Beta. – Vamos só esperar mais uns
dias para que tudo se estabeleça melhor e aí, conversarei com o Leo.
Como combinado, Eric se dirigiu aos portões da Miami College e logo depois, Kathia
apareceu com sapatos diferentes.
– Espero que você não derrube mais nenhum suco, hoje. – disse ela, rindo.
Após certo tempo, Eric e Kathia avistaram a já conhecida limusine do pai de Nicholas.
– Vamos, garotos! – disse Nathaniel assim que baixou o vidro da janela e acenou.
Nathaniel parecia até mais jovem, estava com um ar totalmente diferente. Seu sorriso
era contagiante, tinha a feição leve.
E assim que Eric e Kathia entraram no carro, eles partiram para o Miami Hospital na
alegria de poder ver Nicholas acordado e bem.
Chegando ao hospital, Nathaniel, Eric e Kathia foram acompanhados pelo Dr. Justin
Bolton até o andar onde ficava o quarto em que Nicholas estava.
– Posso ir logo, doutor? – perguntou Nathaniel, ansioso, assim que chegaram à porta do
quarto.
– Na verdade, Sr. Wyatt, agora, que seu filho já está acordado, eu até recomendo uma
visita tripla! – disse o médico sorrindo. – Será ótimo para ele rever o pai e os dois
amigos ao mesmo tempo.
– Não faça muito esforço. – pediu o médico assim que viu Nicholas tentando se sentar.
– Meu filho, estou tão feliz que você esteja bem... – dizia Nathaniel ainda abraçado a
Nicholas.
– Pai... – tornou Nicholas a dizer. – Quem são esses? – ele apontou para Eric e Kathia,
que se entreolharam assustados.
Não, não poderia ser verdade. Aquilo era clichê demais. Aquilo era tão comum em
filmes e livros... O coração de Eric batia acelerado.
– Não acredito... – murmurou Eric em resposta. Ele estava quase sem ação, incrédulo.
– Fiquem calmos. – assegurou o médico que, por estar próximo, acabara de ouvir a
conversa de Eric e Kathia. – Amnésia temporária é comum em contusões leves, como a
que o Nicholas teve. Ele vai ficar em observação por mais dois dias e...
– Sinto muito, mas é preciso que o paciente permaneça aqui por mais dois dias. –
informou o médico. – Temos uma bateria de exames para fazer, agora... Precisamos
checar se realmente está tudo bem com ele, principalmente depois de ter ficado em
coma por quase três semanas.
– Coma?! Três semanas?! – exclamou Nicholas, assustado. – Aai! – e ele pôs a mão na
testa, fazendo uma expressão de dor.
– Não tente se lembrar de nada, agora, Nicholas... – pediu o médico. – Isso pode lhe
causar certo incômodo...
– Bom, acho melhor vocês esperarem do lado de fora. Tudo bem? – pediu o médico,
educadamente, para Eric e Kathia.
– Claro, claro. – respondeu Kathia, desanimada. – Vamos, Eric...
Eric a seguiu para o lado de fora, deixando Nicholas confuso em seus pensamentos. Ele
se lembrava de diversos fatos do passado como o dia em que machucara o dedo
brincando no parque, quando era pequeno. Mas se sua memória conseguia se lembrar de
coisas tão antigas e de pessoas até, de certo modo, recentes, como muitos de seus
colegas da irmandade Stigma, por que ele não conseguia se lembrar daquela bonita
garota e do rapaz que estiveram, ali, naquele quarto? Eric. Era esse o nome do garoto
que o havia encarado por um tempo... Eric... Nicholas não queria forçar sua memória,
por ordens médicas, mas ele desejava muito saber quem seriam aqueles dois jovens.
– Não me lembro... – começou Nicholas, pensativo. Então alguns sons lhe vieram à
cabeça. Vozes que ele, certamente, escutara durante os dias em que estivera em coma. –
Eu... Lembro de algumas frases... Frases soltas...
– Você deve ter ouvido muita coisa dos seus amigos e do seu pai quando esteve em
coma. – informou o médico. – É normal ficar com essa confusão toda.
– Certamente que sim. – informou o médico. – Por sorte, você não demorou muito pra
acordar. Sua memória não deve ter sido tão afetada. Como eu disse, é apenas uma
amnésia temporária...
– Bom, acho que está na hora de você repousar. – disse o médico para Nicholas. – Sr.
Nathaniel Wyatt, me acompanhe.
– Filho, fique bem... Amanhã, venho te visitar. – disse Nathaniel se inclinando para dar
um beijo na testa do filho.
– Obrigado, pai. – disse Nicholas. – Quando você vier, amanhã, pode trazer a foto da
mamãe? Preciso olhar pra ela...
O queixo de Nathaniel tremeu por segundos, mas ele se controlou para não chorar.
Nathaniel, Eric e Kathia saíram do hospital e logo estavam dentro da limusine outra vez.
– Puxa vida! – exclamou Nathaniel abrindo um largo sorriso. – Estou tão feliz!
– Olha, assim que o Nick sair do hospital, prometo que prepararei um jantar especial pra
vocês dois, lá em casa. – disse Nathaniel, animado. – Vocês são mais que amigos para o
Nicholas... São dois irmãos!
Kathia sorriu, empolgada. Já Eric, deu um fraco sorriso. Ele sabia que era mais que um
amigo pra Nicholas, mas irmão não era bem o que ele era, mas sim, namorado.
– Amanhã de manhã tenho uma reunião importante com meus sócios. – informou
Nathaniel. – Por isso, não poderei visitar o Nicholas de manhã. Iremos pela tarde, tudo
bem?
– Tá tudo bem mesmo com você? – perguntou Nathaniel, sério. – Achei você meio
calado desde que saímos do hospital.
– Oh, Eric... Você não ouviu o que o médico disse? – adiantou-se Kathia.
– É tudo uma questão de tempo, meu filho. – disse Nathaniel confortando Eric. – Ele vai
se lembrar de você e da Kathia... Vai se lembrar de tudo que estiver bloqueado na
cabeça dele, pode acreditar.
– É, vocês têm razão. – concordou ele, por fim. – Obrigado pela carona, Sr. Wyatt.
– Ah, Sr. Wyatt... É sempre um prazer estar com o senhor! – exclamou Kathia.
Depois de se despedirem de Nathaniel, Eric e Kathia saíram do carro e caminharam para
dentro do campus da universidade.
– Ai, Eric... Nem acredito que o Nick finalmente acordou. – suspirou Kathia, feliz. – É
um alívio tão grande né?
– Bom, amigo, vou ficando por aqui. – disse Kathia dando um forte abraço em Eric.
Depois de se despedir de Kathia, Eric continuou andando pelo campus e quando menos
esperou, viu aquele rapaz, de semblante conhecido, indo em sua direção. Eric estava tão
distraído que levou tempo pra perceber que era Steven, o presidente do clube e do time
de natação da Miami College, que ia ao seu encontro.
– Que foi? – perguntou Eric, inocente, embora aquilo soasse para Steven como um tom
irônico.
– Eric, fala sério! Você sabe muito bem o que eu quero conversar... – continuou Steven,
sério. – Você não tem freqüentado os treinos do nosso clube de natação. Aconteceu
alguma coisa?
Era por causa de Nicholas, claro, mas Eric não iria revelar o real motivo.
– É... – começou Eric, sem jeito. – Tive alguns... hum... problemas. – ele disse.
– Sim, alguns problemas familiares. – mentiu Eric. – Mas prefiro não falar sobre isso.
– Tudo bem, claro, eu entendo. – concluiu o outro. – Eu só espero que já esteja tudo
bem e que... Que você volte logo ao nosso clube. Ficar sem você e o Nicholas, puxa
vida! É ruim demais... – e Steven deu um sorrisinho encorajador.
Ao ouvir o nome de Nicholas, Eric sentiu uma sensação boa percorrendo-lhe o corpo.
Era tão bom saber que o namorado já tinha saído do coma...
– Mas o médico disse que ele ainda deve ficar no hospital por mais uns dias e... – Eric
soltou tantas informações que nem se deu conta de que tinha contado coisas demais.
– Ah, entendi, mas... Espera aí! – disse Steven franzindo a testa. – Como você sabe de
tanta coisa? Você e o Nicholas não são amigos né? São de irmandades rivais e...
– Ah, não, não somos amigos. – mentiu Eric. – Mas eu... Eu soube disso tudo pela
minha amiga, Kathia... – adiantou-se ele. – Ela foi ao hospital hoje e me contou tudo.
– Ah, sim... – Eric lembrou-se de que Nicholas tinha comentado sobre isso, certa vez.
– Pois é... E se Deus quiser, vamos ganhar! – disse Steven, animado. – Assim, seremos
classificados para o torneio regional, que acontece no fim do ano.
– Eu tenho certeza que você é um dos melhores do nosso time, mas não conte isso a
ninguém! – Steven deu uma gargalhada. – E eu já conversei com o treinador Smith e ele
disse que gosta muito do seu desempenho durante os treinos...
– O treinador só está chateado com você por causa das suas faltas nos treinos e...
– Ah, eu sei... Imagino que ele esteja chateado mesmo. – adiantou-se Eric. – Mas,
prometo que retornarei aos treinos do MCS. Agora, já está tudo voltando ao normal...
– Fico feliz em ouvir isso. – disse Steven, animado. – Então significa que eu te vejo
mais tarde, não é?
– Hoje é sexta-feira, Eric... Hoje tem treino, lembra? Às terças, quartas e sextas-feiras...
– Ah! – exclamou Eric só então se dando conta de que realmente deveria ter perdido
treinos demais a ponto de se esquecer até dos dias em que os alunos treinavam no clube.
– Tá, tá, tudo bem... Eu vou sim, claro. – disse ele, por fim.
– Ótimo! Até mais então! – disse Steven dando um tapinha no ombro de Eric e se
afastando do amigo. – Às duas da tarde hein?
Ainda caminhando, Eric voltou a se perguntar por quanto tempo será que Nicholas
ficaria sem se lembrar de tudo o que ele esquecera. Será que Nicholas se lembraria
facilmente de Kathia? E será que Nicholas não se lembraria, absolutamente nada, de
Eric? Nem dos momentos mais íntimos? Os beijos, as carícias, os toques, as sensações...
Nada? Ao chegar aos primeiros degraus da Irmandade Beta, Eric parou e respirou
fundo. Tinha que parar com aqueles pensamentos negativos. O pior já havia passado:
Nicholas tinha saído do coma. Agora, só faltavam duas coisas: a primeira, Nicholas se
lembrar de tudo; e a segunda, Nicholas perdoar Eric pelo que acontecera, no restaurante,
no dia do acidente. No fundo, Eric sabia que não tinha sido culpa dele, mas ainda assim,
ele queria o perdão de Nicholas.
Continua...
Nando Gomez
Ainda naquela mesma sexta-feira, em que recebera a notícia que mais esperara
(Nicholas ter saído do coma), por volta de uma e meia da tarde, Eric começava a se
arrumar para ir ao treino no MCS. Com um leve descuido, por estar distraído pensando
no namorado, Eric deixou a porta destrancada e levemente entreaberta. Ele pensara até
em trancar a porta, mas como sabia que muitos Betas tinha saído e que Mike, Harold e
Freddy certamente estavam no andar de baixo vendo TV, Eric preferiu deixar a porta
como estava e acelerar na sua troca de roupa. O que Eric não imaginava é que Mike
tinha acabado de sair da sala e subido as escadas para ir ao segundo andar da casa. Mike
ia pegar uma revista de esportes para mostrar ao Freddy, quando ao passar pelo quarto
de Eric, notou que o amigo acabava de tirar a bermuda que vestia. Lá estava Eric nu da
cintura pra cima e usando apenas uma cueca branca.
Mike chegou a sentir uma certa inquietação vinda do seu sexo dentro das calças. Ele
começava a ficar levemente excitado.
Mike continuou ali, perto da porta, encolhido, observando tudo. Como imaginava que
não havia ninguém por ali, Eric baixou rapidamente a cueca e a jogou na cama, em
seguida. Ver aquele bumbum nova-iorquino bem branquinho fez Mike ficar ainda mais
excitado. Num gesto hiper rápido, Eric virou-se para pegar a sunga e então, Mike
observou e apreciou o pênis de Eric. Como era lindo, como era gostoso... Eric começava
a vestir a sunga, mas o impulso e a tesão que percorriam o corpo de Mike foram
suficientemente fortes para fazer com que ele avançasse para dentro do quarto.
– Ei! – exclamou Eric, corando, virando-se de costas para Mike e subindo rapidamente a
sunga, de modo que suas partes íntimas ficassem perfeitamente vestidas. – Mike, como
é que você entra, aqui, assim e...
Eric nem havia percebido, mas no momento em que ele tinha virado de costas para o
amigo, Mike trancara a porta.
– Eu... – começou Mike, sem graça. Tinha um olhar penetrante e obsessivo. – Vi você
se arrumando e... Não resisti.
– Mas você não tem o direito de ficar me espionando e... – começou Eric, mas não pôde
terminar sua frase, pois Mike avançara pra cima dele, o agarrando com bastante vontade
e começando a beijá-lo.
Eric começou a dar leves murros nos ombros de Mike, mas aquilo não fora suficiente
para impedir o gostoso beijo. Aos poucos, Eric terminou se rendendo aos calorosos
beijos e carícias que o amigo lhe fazia.
– Eu sei que você quer, Eric... – dizia Mike, agora, acariciando o sexo de Eric, ainda
dentro da sunga. Como era gostoso sentir aquele grosso volume que o amigo tinha...
Eric estava excitadíssimo e sentia raiva dele mesmo por aquilo.
– Pára... – pedia Eric, fraco. Queria gritar, queria bater em Mike, mas seu corpo não
permitia, pois estava gostando de cada toque e sensação provocada pelo líder da Beta.
– Não vou parar... Eu sei que você quer isso... – continuou Mike, incontrolável.
Enquanto beijava Eric loucamente.
Sem cerimônia, Mike puxou a sunga de Eric pra baixo, revelando um pênis bastante
ereto.
– Nossa! Que delícia, Eric! – exclamava Mike enquanto segurava firme o sexo de Eric e
começava a masturbá-lo.
– Mike, por favor... – pedia Eric, arfando. Estava cheio de vontade de fazer sexo com
Mike e não sabia o porquê. Eric amava Nicholas de todos os jeitos, sem dúvida, mas
parece que seu corpo estava sentindo mesmo uma forte atração por Mike.
– Quero você só pra mim, Eric... – disse Mike acariciando, ainda, o sexo de Eric. Mike
começou a passar a língua nos mamilos do amigo e foi descendo sua língua pela barriga
de Eric até chegar ao seu sexo. – Agora, você é todo meu.
Eric definitivamente não sabia o que estava acontecendo com ele. Ele queria empurrar
Mike pra longe dele, queria sair dali e vestir suas roupas, queria fugir dos braços de
Mike e ir para o seu treino de natação, mas a única coisa que Eric conseguia fazer era
ficar parado, gemendo e sentindo bastante prazer ao ser tocado pelo amigo. O que
estaria acontecendo com ele?
Seria essa a confusão que seu corpo sentia? Seu corpo sentia saudade do calor de
Nicholas e, ao ser “atacado” por Mike, seu corpo cedeu a todos os desejos mais íntimos
acreditando que Mike era Nicholas? Seria Mike alguém que supriria a carência sexual
que Eric vivia? Mas se o corpo de Eric acreditava que Mike era Nicholas, isso seria
traição? Claro que seria! Ou não? Que confusão!
– PÁRA, Mike! – exclamou Eric, desta vez, gritando bem alto. Seus olhos estavam
marejados.
– Sim, eu curto homens sim. – disse Eric, vermelho como nunca, levantando sua sunga
e amarrando o cordão que a prenderia bem firme ao corpo.
– Sabia! – disse Mike já de pé, encarando Eric nos olhos. – Então, qual o problema?
– Eu tô namorando alguém... – continuou Eric com vontade de chorar pelo que tinha
acontecido.
Então, Mike começou a ligar cada fato e o quebra-cabeça foi sendo montado em sua
mente.
– Espera aí, Eric! – disse Mike se levantando da cama. – Você não quer dizer que esse
“alguém” que você tá namorando é o... – Mike congelou sua expressão, estava
incrédulo.
– Nicholas Wyatt. – confessou Eric, nervoso. Não havia mais paredes para esconder
aquele segredo.
– Meu Deus! Um Beta e um Stigma... – resmungou Mike, nervoso. – Que vocês sejam
amigos, eu até aceito, mas namorados? É demais! O que o pessoal diria se soubesse...
– O que o pessoal diria se soubesse que o líder da Beta é gay?! – exclamou Eric,
nervoso.
– Ei! Calma aí! – disse Mike, nervoso. – Eu não tô ameaçando contar nada...
– Você mesmo já falou que vai conversar com o Leo pra estabelecer essa paz entre as
irmandades né? Então... Qual o problema de eu e o Nicholas ficarmos juntos?
– Eric, entenda... A paz entre as irmandades vai ser selada por aquele velho motivo de
que se nós fizermos mais uma gracinha, o reitor nos põe pra fora... Mas isso tudo não
significa que nós passaremos a amar a Stigma. Continuaremos com nossa rivalidade, só
que moderadamente controlada.
– Sim, Mike... Eu sei. Eu só quero dizer que meu namoro com Nicholas não influencia
em nada nessa coisa toda aí. A gente tá namorando escondido, ninguém sabe, quer
dizer...
– Agora eu sei. – disse Mike, sério.
– É... E sei que você vai guardar meu segredo. – disse Eric, sério. – Eu guardarei o seu.
Eric olhou para o relógio e viu que faltavam dez minutos para o treino começar, mas ele
iria aproveitar cada segundo que faltava pra dizer coisas a Mike que estavam entaladas
na sua garganta.
– Eu vim agüentando suas constantes indiretas pra cima de mim, seus assédios, seu
carinho excessivo, mas, hoje, você já sabe que é impossível nós ficarmos juntos, pois eu
já amo outra pessoa. – Eric tinha medo de estar sendo duro demais nas palavras, mas
continuou. – Eu amo o Nicholas mais que tudo nessa vida... Nunca senti por ninguém o
que sinto por ele... E, hoje, o que aconteceu entre eu e você... Isso foi mais um estúpido
erro causado por você, Mike.
– O Nicholas ficou hiper enciumado e bastante chateado comigo por causa disso e aí
terminou saindo correndo do restaurante, tropeçou, caiu, bateu a cabeça nos degraus e o
resto da história você já sabe. – concluiu Eric, se sentando ao lado de Mike, na cama.
Segundos de silêncio se estenderam pelo quarto até que lágrimas desceram dos olhos de
Eric.
– E... – Eric chorava. – Hoje, além de me beijar mais uma vez, você ainda me tocou de
um jeito mais íntimo e... – soluços de nervoso. – Me fez sexo oral. – mais soluços. – O
que eu vou dizer ao Nicholas? Quando ele recuperar a memória poderá até me perdoar
pelo que aconteceu, na praia... Mas isso, agora?
– Eric, ele não precisa saber disso... – dizia Mike pondo a mão no ombro do amigo.
– Mas, eu...
– Eric, eu não sei se “desculpa” seria a palavra certa pra eu dizer. O que eu fiz com você
talvez nem mereça perdão, eu sei... Fui um idiota, não deveria ter feito isso com você...
Mas é que eu também nem sabia que você tava namorando né?
– Mesmo assim, a culpa é toda minha... E sabe de uma coisa? Quando você tiver
preparado, conte ao Nicholas... Pode contar. Ele merece, sim, saber a verdade. E se
precisar que eu vá até ele e conte tudo, pode deixar. Sei que você não fez nada... Eu que
tomei toda a liberdade em te beijar, te acariciar e...
– Tá, tudo bem então. Não vamos mais falar sobre isso. – disse Eric se levantando da
cama. – Preciso ir ao treino...
– Vai lá. – disse Mike com um sorriso torto no rosto. – E desculpa tá? Fui um idiota...
Um completo idiota.
– É que... Eu senti mesmo uma atração forte por você... E tudo isso me fez lembrar de...
– Mike percebeu que havia contado coisas demais.
– De alguém que eu terminei magoando, certa vez... – confessou Mike. – Esse alguém
me amava bastante e eu não fui homem o suficiente para assumir nossa relação e...
– E aí que terminamos nossa relação e ambos saímos muito magoados com isso tudo. –
completou Mike. – Mas, no fundo, acho que ele ainda sente o mesmo sentimento de
antes por mim...
– “Ele”? – surpreendeu-se Eric. – Então você já namorou mesmo outros caras né?
Eric sentiu um arrepio no pescoço. Era muita informação pra pouco tempo...
– Esse sentimento todo que eu passei a ter por você... Me fez ver, também, que eu ainda
penso muito no Ian e que ainda gosto muito dele.
– E por que vocês não conversam a respeito disso? – perguntou Eric, pensativo.
Eric sorriu.
– Mike, eu nunca pensei que fosse te dizer isso, mas... – começou Eric, sério. – Eu te
perdôo pelas coisas que você fez comigo. Se você sentiu por mim essa atração toda foi
porque todos os sentimentos que você ainda sente pelo Ian estavam tomando conta de
você outra vez... Você só não tava preparado pra assumir a você mesmo que você ainda
gosta de homens e que, sim, você ainda é apaixonado pelo Ian, Mike.
– Vem cá, me dá um abraço, agora, sem segundas intenções. – pediu Eric, rindo.
Os amigos se abraçaram bem demoradamente, mas dessa vez sem mais segundas
intenções, apenas um abraço carinhoso entre dois amigos.
– Bom, eu tenho mesmo que ir, agora. – disse Eric olhando mais uma vez para o
relógio. – Vou me atrasar...
– Vamos pensar positivo! As coisas vão se resolver... Eu vou ficar bem com o Nicholas,
ele vai recuperar a memória e, depois, vai me perdoar por todos esses pequenos deslizes
que...
– É... – disse Eric, pensativo. – E as coisas vão se resolver pra você também... Você e o
Ian têm que conversar sobre esse passado que tiveram, juntos, e... Se vocês ainda
sentem as mesmas coisas de antes, um pelo outro... Então, com certeza, devem ficar
juntos.
– Melhor eu parar... – disse a si mesmo e, depois disso, pegou uma revista para ler.
Assim que Eric entrou no MCS percebeu que estava mesmo atrasado. O treinador Smith
já estava comandando os outros sobre a atividade que fariam naquela tarde.
– Opa! Boa tarde! Desculpa, treinador. – disse Eric, nervoso, indo diretamente ao
vestiário para guardar suas coisas.
Naquela tarde, parecia que as horas não passavam nunca. Eric nem conseguia se
concentrar direito em cada tipo de nado que realizava e até perdeu na corrida apostada
entre os colegas. Eric, em corpo, poderia até estar presente, ali, mas sua mente estava
bem distante.
– Você tá bem? – perguntou Isaac, um dos membros do clube, ao ver Eric com um olhar
bastante vago.
Não, não estava nada bem. A cabeça de Eric estava à mil. Ele nem conseguia acreditar
que naquela sexta-feira tinham acontecido tantas coisas. Muita coisa pra um dia só!
Primeiro, recebeu a maravilhosa notícia de que Nicholas tinha saído do coma. Uma
felicidade tremenda invadiu-lhe por inteiro só em lembrar disso. Segundo, descobriu
que Nicholas está com amnésia temporária e que não o reconhece mais. Terceiro, Mike
havia lhe espiado pela porta entreaberta e, ainda por cima, havia literalmente o atacado
e, praticamente, lhe feito um estupro. Estupro? Não seria forte demais essa palavra?
Bom, do jeito que Eric fora atacado por Mike, ele não conseguia pensar em outra
palavra para descrever o ato. Quarto, Eric fora beijado e acariciado por Mike da forma
mais calorosa possível, contra sua vontade. Quinto, Mike fizera sexo oral em Eric e,
embora tivesse se deixado levar pelo prazer do momento, sentiu-se altamente
constrangido e chateado com o que acontecera. Sexto, Mike revelou-lhe que era
apaixonado por Ian e que os dois já tinham tido uma relação, juntos. Sétimo, Eric não
fazia a menor ideia de como se explicar para Nicholas assim que ele recuperasse a
memória, ainda que Mike se oferecesse para ajudar com isso, pois estava arrependido de
ter beijado e feito outras coisas mais em Eric.
E depois que fora chamado à atenção pelo treinador, Eric tentou bloquear seus
pensamentos para que não se distraísse tanto.
Enfim, o relógio marcara cinco horas em ponto e o treinador Smith liberou os alunos.
Eric ficou, ali, na piscina, pensando mais e mais nas coisas que estavam acontecendo ao
seu redor. Como Nicholas fazia falta... Eric tinha saudades do seu amigo mais íntimo,
do seu namorado fiel, do seu homem, o homem que ele amava louca e
incondicionalmente. Um certo tempo depois, quando percebeu que o movimento dos
alunos estava fraco por ali, Eric saiu da piscina e se dirigiu ao vestiário, mais
precisamente em direção aos chuveiros. Tirou a sunga e começou a tomar uma gostosa
ducha morna. Mais uma vez os pensamentos se voltaram em Nicholas e não era pra
menos. Afinal de contas, fora justamente, ali, naqueles chuveiros, que rolou a primeira
aproximação entre ele e Nicholas. Fora justamente ali que acontecera o primeiro contato
entre os dois, mesmo sendo só um contato visual. Fora ali que Eric passara a admirar o
corpo nu e belíssimo de Nicholas. Fora ali que Eric sentiu-se excitado e cheio de desejo
pelo colega do clube que viria a se tornar seu namorado.
– Não, eu... – começou Nicholas, sem graça. – Só fico preocupado com esse fato de eu
não poder me lembrar de certas coisas e de... De certas pessoas.
– Oh, meu querido, não fique assim tão mal. É como o Dr. Bolton lhe avisou, tudo isso
é temporário. Dê tempo ao tempo e tudo vai melhorar. – disse a enfermeira enquanto
preparava o termômetro para verificar a temperatura de Nicholas.
Assim que a enfermeira terminou de medir sua temperatura e, em seguida, aferir sua
pressão, Nicholas não demorou muito a pegar no sono. Seu sonho, porem, não poderia
ter sido mais estranho. Manchas. Muitas manchas pincelavam sua mente, no sonho.
Essas manchas logo se escureceram e, Nicholas, pôde ouvir bem claramente diversas
palavras. Palavras soltas, no começo, mas que, depois, começaram a ganhar sentido.
– Filho... – dizia uma voz máscula no sonho de Nicholas. – Te amo tanto... – a voz era
do pai de Nicholas e ele conseguiu reconhecer.
– Ô, meu amigo, fica bom logo tá? – dizia uma voz feminina, no sonho. Certamente, de
Kathia, embora Nicholas não a reconhecesse, agora.
– Nick... Me perdoe, meu amor. – agora, era a voz de Eric que ecoava no sonho e
Nicholas nem sequer reconhecia que a voz era do seu namorado.
– Nick, acorda tá? Não sei viver sem você por perto...
E na irmandade Beta, Eric ainda estava acordado. Mesmo aquele dia sendo
extremamente longo e cansativo, Eric parecia não ter sono suficiente para dormir.
Talvez, por ansiedade. Apesar de todas as coisas chatas que tinham acontecido naquela
sexta-feira, Eric parecia mais tranqüilo e sereno do que estivera durante todo aquele dia.
No momento, ele estava na varanda do quarto, com todas as luzes apagadas. Era o local
perfeito para refletir e pensar em tudo...
O farfalhar das árvores dali bem como o céu estrelado faziam Eric se sentir mais calmo
e extremamente bem. Eric sentia falta de Nova Iorque, mas sabia que Miami tinha
lugares incríveis que ele não encontraria na sua cidade natal. Aquele quarto, na
Irmandade Beta, era um bom exemplo de um lugar incrível que ele não encontrava na
sua cidade. Em seu quarto, em Nova Iorque, se Eric chegasse à janela, apenas ouviria
buzinas e mais buzinas das agitadas ruas. Embora sentisse um pouco de falta dessa
correria nova-iorquina, Eric, no momento, estava mais que satisfeito por estar morando
em Miami. E mais, estava mais satisfeito ainda de ter encontrado pessoas tão especiais
em sua vida como Kathia e os garotos da Beta. E estava, claro, satisfeitíssimo por ter
encontrado um amor diferente de tudo o que ele imaginou na vida... Embora soubesse
dos preconceitos que pudesse enfrentar mais pra frente, ele estava felicíssimo de ter
encontrado Nicholas e estaria disposto a tornar aquela relação o mais duradoura
possível...
Se uma estrela cadente passasse àquela hora, certamente Eric saberia muito bem o
pedido que faria: que Nicholas recuperasse logo a memória e que pudesse perdoá-lo por
tudo o que acontecera. Sim, embora tentasse bloquear esses pensamentos na mente e
embora já tivesse perdoado Mike pelo que acontecera, Eric não conseguia se esquecer
dos problemas que tinha em mente. Situações complicadas em que se envolvera, por
causa de Mike, e que ele sabia que teria que contar para Nicholas mais cedo ou mais
tarde...
E Eric ficou, ali, sentado, admirando o céu estrelado na esperança de avistar a tal estrela
cadente que tanto esperava para que pudesse fazer o pedido que mais desejava, no
momento.
– Oi, Mike! Tô sim! Pode entrar, a porta tá aberta. – respondeu Eric endireitando-se na
cadeira.
– Nossa! Tá um breu isso aqui... – disse Mike, rindo. – Quer que eu acenda a...
– Queria me desculpar mais uma vez pelas bobagens que cometi e... Por ter atrapalhado
sua vida toda. – disse ele de uma vez.
– Bom, na verdade, é sobre isso, também, que eu vim falar com você. – adiantou-se
Mike.
– Humm...
– Eu já tinha contado a ele que eu tinha te roubado um beijo e...
– Coitado do Ian... Mas isso é sinal de que ele ainda gosta mesmo de você.
– Hum...
– Sei que ele vai ficar uma fera, assim como o Nicholas ficará quando você contar,
mas... No fundo, tanto o Nick quanto o Ian irão entender meu lado. Foi tudo culpa
minha... Eu só tava mesmo tentando reprimir o desejo pelo Ian e quando vi que não
dava mais pra agüentar isso, quis soltar meu apetite sexual em você...
– Mas, enfim, não sei como chego até o Ian e conto isso e, claro, aproveito pra me
declarar pra ele. – confessou Mike.
– Pois é.
– Mas, acho que você devia primeiro contar a ele o que aconteceu entre eu e você e só
depois, aproveitando o momento que o Ian tiver super irritado, você se declara. – disse
Eric, pensativo. – Assim, ele vai ficar todo derretido por você e... Vai dar tudo certo!
– E como seria uma declaração assim pra deixar o Ian tão apaixonado e tão louco por
mim?
– Ah, Mike! Apaixonado e louco por você o Ian já é, oras! Você precisa dizer algo que
o toque profundamente, algo que saia do fundo do seu coração e que atinja com tudo o
coração do Ian.
– Olha... Eu, eu preciso te confessar uma coisa. – Mike começou a treinar seu discurso
olhando para Eric. – Eu... Eu sou apaixonado por você, cara... Você é, sem dúvida, a
melhor coisa que já me aconteceu na vida. Não quero te perder... Eu preciso de você pra
me fazer completo, sabe?
Ao ouvir aquelas palavras, Ian sentiu uma pontada gelada em seu peito. Ciúme,
frustração e raiva, juntos, de mãos dadas, dançavam no coração de Ian. Ele não
imaginava, porém, que Mike não estava se declarando para Eric, mas sim, apenas
treinando um discurso que faria para ele, Ian.
Lágrimas desceram rapidamente dos olhos de Ian e ele correu o mais rápido e mais
silenciosamente que pôde. Após se trancar em seu quarto, Ian desabou sobre o colchão
quase desforrado e começou a chorar mais forte. “Mike, como você pôde fazer isso
comigo?”, pensava Ian, triste. Se declarar para o Eric? E todo o passado que haviam
tido, juntos? Não significava mais nada? Um terrível mal entendido havia sido feito na
noite daquele dia tão confuso. Naquela turbulenta sexta-feira, portas entreabertas
significaram confusões e mal entendidos...
Continua...
– E aí? O que acha? Ficou bom? – perguntava Mike, ansioso, assim que terminou de
treinar o possível discurso que faria a Ian.
– Nossa! Ficou... Muito bom, Mike! – disse Eric sorrindo. – Com certeza se você falar
essas coisas assim, usando seu coração, o Ian vai ficar mais apaixonado ainda por você.
Ian continuava chorando muito, em seu quarto. Chorava tanto que começava a sentir
uma leve dor de cabeça se instalando.
– Bom, Eric... Acho melhor a gente ir dormir. – disse Mike se levantando do banco em
que estivera sentado até o momento, na varanda do quarto de Eric. – Mesmo amanhã
sendo sábado e a gente podendo acordar bem tarde, eu confesso que já tô ficando com
sono e não vou dormir mais tarde que isso.
– Hoje o dia foi mesmo cansativo... Muitas coisas aconteceram num dia só. – disse Eric,
pensativo. – Mas não sei o porquê, não sinto sono.
– É, deve ser ansiedade mesmo. – concordou Eric. – Vou descer e comer alguma coisa
e, depois, tentarei dormir.
– Bom, então... Até amanhã, Eric. Eu até ficaria na cozinha conversando com você,
mas... Já tô mesmo ficando com sono. – disse Mike bocejando em seguida.
Os dois saíram, juntos, do quarto, mas cada um tomou uma direção. Enquanto Eric se
dirigia às escadas que o levariam ao andar de baixo da casa, Mike continuou andando
pelo corredor para chegar ao seu quarto. Assim que parou em frente à porta do seu
quarto, ele parou. Sons de respiração acelerada assim como sons produzidos pelo nariz
indicavam que alguém chorava copiosamente, ali. Mike se virou para tentar escutar
melhor e, seguindo os sons do choro, chegou ao fim do corredor, em frente à porta do
quarto de Ian.
Como o amigo não respondera e como a porta estava destrancada, Mike adentrou o
quarto, sem cerimônia. O jeito com que Mike encontrara Ian não poderia ter sido pior e
mais triste. Ian estava largado na cama, desolado, com o rosto vermelho de tanto chorar
e os olhos completamente inchados.
– Ei, cara... – disse Mike, mansinho, trancando a porta ao entrar. Depois disso, sentou
na cama, perto do amigo. – Que foi que...
– Sai daqui, Mike. – murmurou Ian ao passo que cobria o rosto para que o amigo não o
visse chorando.
– Calma, eu tô vendo que você não tá nada bem e só tô querendo ajudar e...
– Nunca... – Ian deu uma pausa para puxar ar. –... vi alguém tão cínico.
Ian tentou se acalmar, enxugou as lágrimas do rosto, deu um longo suspiro e sentou-se
na cama, ficando frente a frente com Mike.
– Eu... – começou ele, tentando ser firme e sério, mas não teve solução, pois mais
lágrimas começaram a cair dos seus olhos. – Ouvi... Tudo, Mike.
– Ouviu? Tudo? O que? – Mike não fazia realmente a mínima ideia do que o amigo lhe
falava.
Depois de enxugar mais longas lágrimas que caíam dos seus olhos, Ian continuou.
– Eu tava passando pelo corredor, agora a pouco, e ouvi tudo. – disse Ian, rapidamente.
– Você e o Eric... Você se declarou pra ele e...
Mas por mais que Ian continuasse falando, era como se Mike fosse transportado para
outro plano astral. A voz de Ian sumira da sua cabeça, bem como qualquer outro som ou
sensação que sentisse. Mike sentia um arrepio pelo corpo todo, uma emoção tomava
conta dele. Ele sentia que era a oportunidade perfeita para contar tudo ao Ian e se
declarar ao amigo...
– Não! Você entendeu tudo errado! – adiantou-se Mike voltando a si e, por impulso,
segurando a mão de Ian.
Ian não pôde deixar de observar aquele detalhe: a mão de Mike sobre a sua.
– Mas, antes de eu me explicar... – começou Mike, sério. – Quero te dizer uma coisa
meio... Totalmente chata.
– Bem, eu... – começou Mike se levantando da cama e andando pelo quarto. – Você
sabe né? Eu tava mesmo a fim do Eric e... – Mike respirou fundo. – Tentei forçar a barra
com ele mais uma vez. Hoje eu flagrei ele trocando de roupa e fiquei louco de desejo...
– Não sei pra que você tá me contando isso. – resmungou Ian, baixinho.
– Depois, fiz o pior: avancei para dentro do quarto do Eric e o beijei a força. –
continuou Mike, ignorando o comentário de Ian. – E, pra piorar a situação, comecei a
fazer sexo oral nele e...
– Chega, Mike! – exclamou Ian, nervoso.
– Enfim, antes que você queira me matar... – comentou Mike, sem graça. – Resumirei.
Ian balançava a cabeça em sentido negativo, indignado com as coisas que escutara.
– Depois de isso tudo ter acontecido... – continuou Mike, sentando-se na cama outra
vez. – Aí as coisas se explicaram tanto pra mim quanto para o Eric.
– O Eric me confessou que ele também curtia homens, mas... – Mike estava meio tenso
na voz. – Que ele já estava namorando alguém.
– É?
– Uau!
– Pois é... Mas, assim como eu pretendo manter isso em segredo, confio em você para
isso também.
– Claro, claro, mas aonde você quer chegar com essa conversa, Mike?
– Então... Depois de conversar com o Eric, eu percebi que entendi o motivo dessa minha
obsessão toda por ele e tudo mais.
– Eu descobri, Ian... Que ainda gosto de homens, como sempre gostei... Só que... Sei lá,
eu tentei reprimir isso criando essa imagem do líder-rebelde da Beta e com minha fama
de pegador e... – confessou Mike, nervoso.
– Hum...
– E, pra finalizar... – Mike respirou fundo. Sabia que estava próximo de se declarar para
Ian. – Eu entendi, com a ajuda do Eric... Entendi que eu ainda sou apaixonado por você,
Ian.
Ian ficou paralisado, surpreso. Se perguntou por uma ou duas vezes se havia mesmo
escutado certo. Não imaginava ouvir aquilo... Era a frase que sempre quis ouvir desde
que ele e Mike tinham terminado o namoro.
– E se você, por ironia do destino, passou pelo quarto do Eric justamente naquela hora...
Bom, saiba que as coisas que eu tava dizendo ao Eric, na verdade... Era um discurso que
eu tava ensaiando pra dizer a você.
Ian baixou os olhos, envergonhado. Sua face estava ruborizada assim como a de Mike.
– Mike, eu... – dizia Ian, nervoso. Seu coração batia forte como nunca. Uma onda de
alegria invadia seu coração de maneira tão intensa que o deixou sem palavras.
– Eu te amo, Ian. – disse Mike levando a mão direita de Ian à sua boca e beijando-lhe. –
Você realmente foi e é a melhor coisa que já me aconteceu na vida. Pode acreditar, eu
sinto que mudei muitos pensamentos desde aquela época e... – Mike respirava fundo,
tenso. – Hoje eu sei e tenho total certeza como nunca tive, antes, na minha vida... De
que você é a pessoa certa pra mim. Eu preciso de você, Ian... – Mike revirava os olhos,
nervoso. Não sabia mais o que dizer. – Eu não sei como fui tão burro em ter magoado
você e...
Mas Mike não pôde terminar sua frase, pois Ian, que ouvira tudo calado e emocionado
até o momento, impediu-o de continuar seu discurso, se inclinando para Mike e
beijando-lhe os lábios. Uma mistura de alívio e felicidade percorria o corpo de Mike,
que aceitou com grande amor aqueles lábios encostados nos seus. Os dois iniciaram,
então, um longo e gostoso beijo.
– Então, meu amor... – disse Mike acariciando o rosto de Ian. Só então Mike parara para
perceber que lágrimas começavam a cair dos olhos de Ian, mas desta vez, de felicidade.
Ver aquilo fez Mike se emocionar ao ponto de também deixar algumas lágrimas caírem.
– Vamos recomeçar? Você quer namorar comigo, Ian?
– E você ainda tá perguntando? – dizia Ian, rindo, enquanto suas lágrimas caíam. – É
claro que eu quero!
– Quer dizer que você também tá sem conseguir dormir, com fome? – perguntou
Harold, interessado.
– Bom garoto! Eu vim preparar algo pra mim também. – confessou Harold. – Vai fazer
sanduíche?
– É, pensei nisso.
– O que? – Eric continuou assustado com o grande nome pronunciado pelo amigo.
– É o hambúrguer mais gostoso que você já vai ter comido em toda a sua vida, acredite.
O Super-Harold-Triplo-Jumbo-Mega-Burguer... É delicioso!
– Ah... Bom... Isso é um detalhezinho bobo. – disse Harold, sem graça. – E então? Faço
um pra você?
– Beleza!
– Não acredito que pude ficar tanto tempo sem te beijar, sem te tocar... – disse Mike
acariciando o rosto de Ian.
– Pára de falar sobre isso... O passado não importa mais. O que importa é que, agora,
estamos juntos outra vez. – adiantou-se Ian, que brincava com o cabelo de Mike.
– Meu namorado... – murmurou Ian, descendo a mão para o queixo de Mike. – Meu
namorado... É tão bom dizer isso. – e ele sorriu.
– Sim, sou seu... Todo e exclusivamente seu, meu amor. – disse Mike aproximando seu
rosto do de Ian e beijando-lhe a boca.
– Tira essa camisa, vai. – pediu Ian, corando. – Sinto falta de acariciar esse peito...
Assim que Ian sentou-se de frente para ele, Mike não perdeu tempo e tirou a camisa do
namorado. Os dois começaram a se beijar mais uma vez. Os peitos nus se tocando era
uma sensação que já deixava Mike louco.
– Como eu senti falta desse pescoço... – disse Mike já encostando a boca no pescoço
quente de Ian para dar-lhe um gostoso beijo.
– E eu... Senti muita falta desse seu peito lindo... – disse Ian dando beijos no peito de
Mike. – E desses mamilos. – e ele começou a passar a língua em cada um dos mamilos.
– Humm... – Mike gemeu de prazer. – Sabe do que eu senti muita falta também? –
começou Mike, corado. – Disso aqui... – e ele pôs a mão em cima do short de Ian, que
revelava um pênis bem rígido por baixo.
– Humm... – gemeu Ian só de sentir a mão de Mike sobre seu volume. – Ah, disso aqui
eu também senti muita falta. – disse Ian, rindo, sendo mais ousado e enfiando a mão
direita dentro do short de Mike e tateando-lhe o pênis. Estava, assim como o dele, bem
rígido.
– Tenho, mas hoje... Eu quero sentir você por inteiro, sem nenhuma barreira nos
separando.
– Como você quiser, meu amor. – disse Mike, provocante, enfiando a mão no short de
Ian e segurando-lhe o sexo.
– Meu amor, meu amor, meu amor... – repetiu Mike, sorrindo, enquanto continuava
segurando e acariciando o pênis de Ian.
– Assim você quer que eu fique todo derretido mesmo né? – disse Ian, sem graça.
E depois disso, os dois continuaram se beijando calorosamente. À medida que o beijo
acontecia, eles foram tirando os shorts um do outro até que ficaram completamente
despidos.
– Você... É lindo por inteiro, Ian. – disse Mike admirando cada ponto do corpo do
namorado.
– Digo o mesmo de você, meu amor. – disse Ian com um sorriso torto. – Mas me diz
uma coisa... Eu tô sonhando?
Mike não respondeu, mas pra provar a Ian o contrário, beliscou o braço do namorado.
– Tá vendo? É tudo real, bem real. – disse Mike rindo. – Deixa eu dar um beijinho, aqui,
pra passar a dor... – e ele pegou o braço de Ian e no local vermelho, onde ele havia
beliscado, deu um beijo demorado.
– Ai, Mike... Você tá mais fofo e mais carinhoso que nunca... – comentou Ian,
acariciando o sexo do namorado.
– É porque eu te amo muito, meu amor. – disse Mike alisando o rosto do namorado. –
Ai... Eu não sei quantas vezes mais direi que te amo, hoje...
Ian riu.
– Mas se for pra resgatar todas as vezes em todos esse tempo que a gente ficou
separado... Direi quantas vezes for preciso. – concluiu Mike, deixando Ian mais
emocionado ainda.
– Te amo, te amo, te amo, te amo... – dizia Mike enquanto beijava o pescoço de Ian.
– Eu também te amo muito, Mike... Talvez eu não tenha palavras suficientes para te
dizer o quanto eu tô feliz de você estar, aqui, agora, comigo...
– Mas, acho que a gente pode deixar essa conversa pra mais tarde né? – perguntou Ian já
sabendo a resposta. – Agora, quero sentir você outra vez... Sentir você dentro de mim...
Ouvir aquilo fez Mike sentir uma leve pulsação no pênis. Ian e Mike continuavam
ajoelhados na cama, um de frente para o outro.
– Tá gostoso, meu amor? – perguntou Mike assim que parou de chupar Ian, por alguns
segundos.
Mike continuou sugando todo o sexo de Ian. Como era bom chupar o namorado. Como
era bom sentir o gosto dele em sua boca, sentir toda a sua textura... Ian também não
podia se sentir melhor. Sentia a boca quente de Mike tomando conta de todo o seu
pênis, sentia a língua do namorado tocando-lhe de um jeito mais que especial. Era uma
sensação extremamente gostosa.
– Amor, quero fazer em você, agora. – pediu Ian. – Mas, não precisa parar de fazer em
mim, você sabe...
Mike entendera. Ian queria fazer e receber um gostoso sexo oral, o famoso 69, onde os
dois se chupariam ao mesmo tempo, em vez de um só chupar enquanto o outro ficava
parado. Deitados, os namorados se posicionaram de modo a um ficar privilegiadamente
posicionado de frente para o sexo do outro e, enfim, começaram a se chupar. Mike
sentia arrepios de prazer pelo corpo. Chupar Ian já era uma verdadeira delícia e ser
chupado por ele ao mesmo tempo, então, era mais gostoso ainda. A língua quente e
rápida de Ian em seu sexo deixava Mike mais excitado ainda. Ian também estava mais
que satisfeito ao sentir seu namorado, seu tão querido Mike, chupando-lhe com bastante
vontade.
Um tempo depois, Mike pediu para mudarem de posição. Pediu para Ian se virar de
costas para ele, para que começassem o ato sexual propriamente dito. Se as preliminares
já tinham sido perfeitas, aquele sexo prometia ser o melhor que já tinham feito.
– Amor, vou fazer com bastante carinho tá? – dizia Mike bem no ouvido de Ian.
Nesse momento, Mike ainda não havia penetrado Ian. Estava, apenas, esfregando seu
sexo nas nádegas no namorado. Era como se estivesse fazendo o reconhecimento de um
território gostoso que merecia ser explorado novamente por ele.
Com Ian de costas para ele, na posição certa, de quatro, Mike começou beijar as costas
do namorado e, depois, a enfiar levemente seu pênis na região entre as nádegas. Ian
gemeu baixinho.
E ao ouvir aquilo, Mike começou a encostar a cabeça do seu sexo no ânus de Ian e,
segundos depois, sentiu que a região havia ficado mais relaxada, menos contraída. Era o
momento ideal para começar a penetração. Com calma, mas firmemente, Mike começou
a penetrar Ian. Quando sentiu que havia penetrado o namorado até o encaixe perfeito do
seu corpo, Mike foi retirando seu sexo lentamente para fora e, em seguida, já começava
a empurrá-lo mais uma vez para dentro, realizando o movimento de maneira gostosa e
lenta.
Depois disso, Mike começou a acelerar o processo, fazendo com que o atrito promovido
entre seu pênis e a região anal de Ian ficasse ainda mais gostoso.
– Humm... – gemia Ian, deliciado pelo momento. Enquanto isso, ele começava a se
masturbar. Uma sensação duplamente maravilhosa.
Continuando a acelerar mais um pouco o ato, dentro de mais alguns minutos, Mike não
resistiu e já no ápice do prazer, deixou explodir dentro de Ian todo seu sêmen. Ian,
paralelo a isso, havia também gozado diretamente no lençol da cama.
Ian arfava também, enquanto Mike retirava o pênis de dentro do seu ânus.
– Meu amor, foi... Foi incrível! – disse Ian bem ao pé do ouvido de Mike.
– Foi maravilhoso, meu amor. – disse Mike depois de beijar a boca de Ian.
– Bem que dizem que sexo de reconciliação é o melhor que tem... – comentou Ian,
rindo.
– Com certeza. Agora já podemos confirmar que isso é verdade. – disse Mike, sorrindo,
olhando firme nos olhos de Ian.
– Vamos de novo? – perguntou Ian, contornando o mamilo esquerdo de Mike com seu
dedo indicador.
– Uhum... – disse Ian rindo. – Temos que recuperar o tempo perdido né?
– Bom, já que é assim... – disse Mike rindo enquanto acariciava o rosto de Ian. – Vamos
de novo, amor.
Enquanto isso, Eric e Harold, na cozinha, ficavam um tanto indigestos depois de terem
comido o louco sanduíche preparado por Harold.
– Também não tô me sentindo tããão legal assim. – confessou ele. – Vamos tomar um
antiácido?
– Não devíamos ter comido a essa hora... – disse Harold, preocupado. – Quase duas da
manhã já!
– É... – disse Eric, pensativo, enquanto colocava cada antiácido em um copo com água.
– Mas, agora já tá feito! Não adianta chorar pelo leite derramado, ou melhor, pelo
hambúrguer devorado. – disse Harold rindo bem alto e tapando a boca, em seguida. –
Opa! Não posso rir tão alto assim... Tá tarde.
– Essa foi boa... “Não adianta chorar pelo hambúrguer devorado.” – dizia Eric se
segurando para não dar uma alta gargalhada.
Como o quarto de Harold ficava mais perto do quarto de Ian do que o de Eric, Harold
conseguiu ouvir alguns gemidos vindos do quarto do amigo.
– O Ian tá com alguém aí dentro? – sussurrou Harold, curioso. – Caramba! Vou chamar
o Mike! – e ele caminhou em direção ao quarto do líder da Beta, rindo.
Eric começou a ligar os fatos, embora duvidasse que Ian e Mike pudessem estar ali,
naquele quarto.
Só então Eric teve a confirmação do fato que provavelmente acontecera. Mike havia se
reconciliado com Ian mais rápido do que ele imaginava...
– Pois é... Ele me contou algo sobre se encontrar com uma garota aí... – mentiu Eric,
nervoso. – Uma tal de Katrina. Mike me disse que ela é literalmente um furacão! O
furacão Katrina!
Harold levou a mão à boca instantaneamente para abafar sua risada. Aquela história
improvisada por Eric tinha sido mesmo muito boa.
Mike e Ian acabaram não sendo totalmente cuidadosos quanto a não fazer barulho
durante o sexo, mas considerando que já era muito tarde e que tudo era mais silencioso,
era praticamente impossível gemer tão baixo, ainda mais num ato tão gostoso e
envolvente como o que eles vivenciavam, no momento.
– Mas então... Quem será que tá com o Ian aí dentro? – perguntou Harold, já recuperado
da crise de risos.
– Olha, eu não vi movimento de nenhuma garota por aqui... Então... – continuou Eric,
pensativo. – Acredito que, na verdade, nosso amigo Ian esteja assistindo...
– Um filme pornô! Claro! Como não pensei nisso antes?! – sussurrou Harold, rindo. –
Caramba! O Ian hein? Tá mesmo mal, coitado... E depois diziam que eu era viciado em
filmes pornôs porque não pegava nenhuma garota. Mas o Ian é um cara boa pinta e tudo
mais... Ficar vendo esses filmes...
– Mas isso significa que conseguir uma garota, aqui, em Miami tá mesmo difícil. Se até
o Ian tá com dificuldades, imagine eu! Me sinto até mais aliviado... – disse Harold
rindo.
– Vou me inspirar no Ian e aproveitar pra rever uns filmezinhos que faz tempo que não
assisto. – disse Harold rindo. – Depois te empresto, se quiser. Te garanto que o “Tetas
Gigantes 2” é o melhor que eu tenho.
– Ah... – disse Eric, sem graça. – Tudo bem então... – ele sorriu.
Por um momento, Eric sentira uma pontada de inveja em seu peito. Inveja por saber
que, ali, num quarto próximo ao dele, um casal feliz fazia amor e se beijava de uma
maneira intensamente gostosa. Como Eric desejava fazer isso com seu parceiro, seu
homem, seu namorado desmemoriado, Nicholas...
Apesar da inveja que sentia do casal apaixonado dali, Eric sabia que era realmente um
grande alívio para ele saber que Mike e Ian estavam juntos. Sabia que, agora, realmente
não havia a mínima chance de ter um beijo roubado por Mike ou coisa parecida. Sabia
que, revelar a verdade a Nicholas, quando ele recuperasse a memória, seria mais fácil,
agora, que o causador da confusão (Mike) estaria namorando firme outra pessoa.
Parecia mesmo que o destino voltava a conspirar a seu favor. Sim, as coisas estavam
voltando ao lugar...
Continua...
O sábado havia começado incrivelmente preguiçoso, romântico e feliz para Ian e Mike.
Os dois haviam dormido da forma mais fofa possível para um casal apaixonado.
Estavam abraçados, de conchinha. Os braços de Mike seguravam a cintura nua do
namorado. A claridade do dia aumentava a cada minuto que passava até que um tempo
depois, Ian despertou. Depois de um rápido bocejo, ele realmente acordou e sorriu ao
perceber que os braços de Mike o envolviam. Com todo o cuidado possível, ele se
soltou dos braços do namorado e virou-se para ele. Ian soprou bem na direção do nariz
de Mike e isso fez o namorado, ainda dormindo, coçar o nariz. Ian riu baixinho e, em
seguida, cutucou a barriga de Mike.
– Bom dia, dorminhoco... – disse Ian assim que viu o namorado abrindo os olhos.
– Ah... Deve estar cedo ainda... São... – e Ian catou o celular de Mike pelo chão do
quarto até que conseguiu achar. – Caramba! Uma hora da tarde já!
– E agora? Você dormiu aqui... O pessoal deve tá procurando por você e por mim e... –
dizia Ian, nu, já fora da cama, andando de um lado para o outro, no quarto.
– Ei, o que é aquilo ali? – perguntou Ian indicando um papelzinho azul perto da porta do
quarto.
Ian se agachou rapidamente e pegou o pequeno papel. Assim que abriu, reconheceu a
bela caligrafia de Eric.
Abraços,
Eric”
– Cara, a gente tava gemendo tão alto assim ontem? – perguntou Ian passando o olho
pelas frases do bilhete de Eric outra vez.
– Não sei, meu amor... – disse Mike abraçando Ian por trás, outra vez. Seu sexo
começava a se enrijecer. – Só sei que você tem o gemido mais gostoso do mundo...
– Ooh... – Ian fez beicinho. – Você também geme de um jeito que me deixa louco.
– Por que parar? – disse Mike depois de passar a língua pelo pescoço de Ian.
– Porque a gente precisa descer, amor... E olha que o Eric escreveu isso aqui pra quando
fôssemos tomar café... Agora, já passa da hora do almoço.
– Bom, tá tarde, mas... Vamos fazer o que o Eric sugeriu. Eu desço primeiro... Você fica
aqui. – disse Ian já vestindo uma bermuda.
– Pronto, amor... Vou lá! – disse Ian assim que havia colocado sua camisa e dado um
jeito no cabelo.
Os dois trocaram um rápido beijo antes e Ian saiu do quarto, em seguida. Depois de dar
uma rápida passada no banheiro para escovar os dentes, ele desceu as escadas e foi ao
encontro dos amigos.
– Achávamos que você tinha morrido... – disse Marcus, tentando ficar sério ao fazer a
piada. – Nunca vi ninguém dormir tanto!
– Ahn... “Patrulha Anal”. – sussurrou Ian, sem graça, ao se lembrar de um filme que
ouvira um dos colegas comentando uma vez, há tempos atrás.
– Putz! Esse eu conheço! Muuuito bom, mas é meio antigo né? – disse Harold,
empolgado.
Eric, calado, olhava Ian com um sorriso torto no rosto. Ian olhou para Eric com um
olhar que dizia “muitíssimo obrigado”.
– Pois é... E estamos pensando em ir almoçar em algum lugar legal... – contou Marcus.
Eric prendeu o riso. Ian ficara meio vermelho ao fingir se preocupar com a ausência de
Mike.
– Vou ao banheiro... – murmurou Eric para os amigos que estavam ao seu lado e, logo,
saiu da cozinha.
Eric subiu as escadas rapidamente e chegando à porta do quarto de Ian, bateu três vezes.
– Não esquece de fazer uma cara de ressaca e... Não esquece de mencionar a Katrina...
Eric saiu do quarto e se certificou de que não havia nenhum movimento por ali. Todos
os Betas pareciam mesmo estar na cozinha.
– Vem, Mike! – sussurrou Eric e logo em seguida o amigo saiu do quarto de Ian. –
Olha, depois que eu entrar na cozinha, você conta uns três minutos e faz o que eu
mandar...
– E essa foi a maior onda que eu já peguei, aqui, em Miami até hoje. – dizia Freddy,
empolgado, na cozinha, assim que Eric entrou. Pelo que Eric percebera, falavam sobre
surf.
Eric sentou-se perto de Ian e lançou-lhe um olhar que transmitia total segurança. Mike
já estava na sala, aguardando os minutos sugeridos por Eric para que pudesse por o
plano em ação. Pareciam os três minutos mais longos da sua vida.
Ele abriu a porta da sala e a bateu com a maior vontade que pôde, simulando alguém
que acabava de entrar na casa.
Mike fez a cara de sono misturada com um olhar de ressaca, recomendado por Eric, e
entrou na cozinha.
– Bom dia? Boa tarde, você quis dizer... – disse Freddy, rindo.
– Caramba, Mike! Onde é que você tava? – perguntou Marcus franzindo a testa.
– Katrina... – Mike fez uma voz de bêbado que provocou risinhos de Ian. – Um
verdadeiro furacão de mulher...
Todos os Betas riram. Eric e Ian riam mais alto que todos. Eram risos de alívio. O plano
tinha dado certo.
– Vai subir, cara! – pediu Harold empurrando Mike para fora da cozinha. – E aproveita
pra tomar uma ducha bem demorada...
De uma coisa Eric teve total certeza depois da cena que vira: se o curso de Mike, na
faculdade, desse errado, com certeza ele seria um excelente ator.
– Ufa! Deu tudo certo... – sussurrou Mike a si mesmo, já fora da cozinha, enquanto
subia as escadas. Uma parte da mentira Mike terminou seguindo, pois depois de escovar
os dentes, fora diretamente para o chuveiro tomar uma gostosa ducha.
Enquanto ensaboava seu corpo, Mike se lembrava de cada segundo ao lado de Ian, na
noite passada. Só em se lembrar de como tinha sido gostoso fazer aquele sexo de
reconciliação, seu pênis começou a se enrijecer.
De olhos fechados, só lembrando de mais e mais coisas relativas a Ian, Mike chegou ao
ápice do prazer, dentro de mais alguns segundos, e gozou. Seu sêmen logo tomou conta
do chão do box do banheiro, mas a água fez seu serviço e rapidamente levou todo
aquele líquido ralo abaixo.
– Humm... – Mike gemeu baixinho. Como era gostoso se sentir daquele jeito, cheio de
tesão, cheio de desejo, pelo homem que tanto amava.
– Nossa! Tá lotado, aqui, hoje! – resmungou John enquanto olhava para os lados.
Ian estava sentado ao lado de Mike e, discretamente, por debaixo da mesa, enroscava
sua perna na perna do namorado.
– Beleza, volto depois! – disse a moça saindo tão apressadamente quanto chegara.
– E aí, gente? O que a gente pede? – perguntava Freddy, também com um cardápio à
mão, indeciso.
Enquanto os rapazes decidiam o que comeriam no almoço, Nicholas, ainda no hospital,
tinha acabado de almoçar uma comida bastante sem graça e preparada especialmente
pelos nutricionistas de lá. Agora, enquanto descansava, lendo uma revista, Nicholas
interrompeu sua leitura para pensar no sonho que tivera na noite anterior. Era algo
realmente curioso: imagens de corpos nus, suados, se abraçando, se tocando, se
envolvendo... Além disso, algumas frases soltas, e aparentemente sem sentido, também
fizeram parte dos estranhos sonhos que tivera.
“- Nick, acorda tá? Não sei viver sem você por perto...”. Essa era uma das frases do seu
sonho que mais deixava Nicholas intrigado. Quem, afinal de contas, teria dito tão
profunda frase?
Um tempo depois e os Betas já voltavam pra casa. Freddy e Marcus mal haviam
chegado e já saíram outra vez, com umas garotas que tinham conhecido dias atrás.
Harold e John assistiam, empolgados, a um jogo de tênis que estava sendo transmitido
ao vivo na televisão. Ian e Mike estavam no segundo andar da casa, na varanda. Eric
estava em seu quarto e acabava de ligar para o pai de Nicholas para saber notícias do
namorado. Aquele sábado fora um dos poucos dias em que Eric quebrara sua rotina e
não visitara Nicholas no hospital.
Saindo do quarto, Eric pensou em descer para ficar com os amigos, mas ao ouvir
risinhos vindos da varanda, preferiu ir conferir o motivo de tal alegria.
– Oh... – gemia Ian, rindo. – Essa sua barba por fazer tá deixando você muito fofo, é
sério.
– Ei, meninos! – disse Eric em alto e bom som. Ele se segurou para não rir do espanto
que Mike e Ian fizeram ao serem flagrados, ali. Embora não tivessem se beijando, a
conversa dos dois estava um pouco diferente do que os outros Betas poderiam imaginar.
– Ah, é você... Uh! – disse Mike, aliviado, só agora percebendo que era Eric quem havia
chegado ali.
– Mais cuidado... Poderia ser outro Beta que tivesse passando por aqui... – disse Eric,
sério.
– A propósito, Mike, essa sua barba por fazer realmente deixa você fofo. – disse Eric,
rindo, ao reproduzir a frase dita por Ian.
Mike corou.
– Eric, eu... – começou Ian, sem graça. – Ainda não tive oportunidade pra te agradecer...
Por tudo.
Eric assentiu com a cabeça. Era engraçado como as coisas estavam, agora. À exceção de
Nicholas, antes, Eric não tinha ninguém pra dividir a ideia de gostar de homens. Agora,
tinha duas pessoas com quem podia conversar a respeito. No começo, ele se sentiu um
pouco incomodado com o fato de ter revelado a Mike sua verdadeira condição sexual,
mas, agora, se sentia normal, como se nada tivesse mudado. Saber que Ian também
compartilhava seu segredo deixou Eric com a sensação de que muita gente já estava
sabendo sobre ele, porém, começou a perceber que, na verdade, dividir esse segredo
com seus amigos o tinha deixado bem mais leve, mais seguro de si.
– Hum... Eu também, me sinto tão cansado. – disse Ian passando a mão nos cabelos.
– É, imagino que estejam com muito sono mesmo... – disse Eric com um tom de voz
engraçado. – Vocês malharam a noite toda né? Por isso estão tão cansados... – e ele deu
uma risada que fez Mike e Ian rirem também, corando.
– Ai, ai... – disse Ian, depois de rir do que Eric havia falado. – Bom, eu acho que eu vou
dormir um pouco.
– Ótima ideia... – disse Mike segurando Ian pela cintura. – Eu vou junto.
– Tchau... – disse Eric forçando um sorriso. Ver Mike e Ian juntos era tão bom. Era bom
saber que Mike não iria mais atrapalhar seu relacionamento com Nicholas, porém, Eric
sentia um pouco de inveja. Como ele queria estar, ali, com Nicholas e ter sua cintura
envolvida pelos fortes braços do namorado. Como ele queria dormir ao lado de
Nicholas, beijá-lo, conversar com ele, rir ao lado dele... Como sentia falta de tudo
aquilo.
– Eric, meu filho, você não devia ter faltado à aula hoje... – disse Nathaniel,
preocupado, enquanto dirigia o carro. Eric, no banco do carona, fez um olhar vago. –
Olha só, aposto que Kathia também queria vir, mas ela fez bem em não prejudicar os
estudos e...
– Sr. Wyatt, eu sei muito bem o que eu fiz, sei que faltei aula, mas... – começou Eric,
sério. – O Nick é meu amigo... – “e meu namorado”, pensou. -... e ele precisa de mim,
mesmo que nem lembre quem eu sou.
– Fico grato, Eric, mas creio que não há nada o que você possa fazer. – começou
Nathaniel assim que fez o retorno na pista que levaria ao hospital. – Como o médico
disse, é só dar tempo ao tempo até as lembranças de Nicholas voltarem...
– Sei... – disse Eric enquanto olhava pela janela. – Mas, o senhor não acha que seria
bom se eu passasse uns dias com vocês? – Eric corou ao se achar muito oferecido ao
dizer aquilo.
– Olha, acho uma excelente ideia. – disse Nathaniel. – Só tem um problema, Eric. Não
quero que você falte mais aulas por causa do Nick.
– E você sabe como minha casa fica um pouco distante da Miami College.
– E já que você teve essa ideia, eu também tenho uma. – começou Nathaniel sorrindo. –
Porém, não sei se você concordaria...
– Você poderia passar conosco quantos dias quisesse... Contanto que prometesse que
iria acordar bem cedo para dar tempo de fazer essa pequena viagem da nossa casa até o
campus da Miami College. – disse Nathaniel sério. – Nosso motorista, Joseph, poderia
tanto levar quanto ir buscar você na faculdade. O que acha? Aceita essa minha
proposta?
Eric levou alguns segundos pensando. Ele se lembrava que, como a casa de Nicholas
ficava distante do centro de Miami, era necessário, no máximo, uma hora de percurso.
Mas toda e qualquer dificuldade parecia ínfima se comparada à alegria de poder passar
vários dias ao lado de Nicholas, mesmo desmemoriado.
– Mas já sabe... Nada de faltar mais nenhuma aula. – disse Nathaniel sorrindo. – O Nick
ainda ficará descansando em casa, esta semana. Com certeza o médico irá recomendar
isso a ele.
– É...
Ao chegarem ao hospital, Eric e Nathaniel foram diretamente falar com o Dr. Justin
Bolton, médico responsável por Nicholas.
– Ah! Vejo que chegaram bem na hora. – disse o médico, sorridente. – Nicholas já está
impaciente, no quarto.
– Imagino... – disse Nathaniel rindo com o comentário do médico.
Os três entraram no quarto e viram Nicholas todo arrumado (com uma bela camisa pólo
azul que Eric nunca o vira usando e uma calça jeans de cor escura), sentado de pernas
cruzadas numa cadeira próxima à cama. Sacudia o pé, impaciente, como uma criança
inquieta.
– Pai! – exclamou Nicholas assim que viu o pai entrando no quarto junto com o Dr.
Bolton e Eric.
– Oh, meu filho, fico tão feliz que você já pode ir pra casa... – disse Nathaniel
emocionado.
– Eu também, pai... – concordou Nicholas, sorrindo. – Oi... – saudou ele, sem graça,
olhando para Eric.
– Oi... – disse Eric, também, sem graça. Era muito estranho tratar com aquela distinção
alguém que já se conhecia de modo tão íntimo.
– O senhor precisa vir comigo, agora, assinar alguns papéis e pronto. – disse o Dr.
Bolton a Nathaniel.
Sentado num banco ao lado de Nicholas, Eric se sentiu, ali, o cara mais estranho do
planeta. Não sabia o que conversar com Nicholas. Não queria falar nada que forçasse a
memória dele.
– Sim...
– Hum...
Era o tipo de conversa que Eric nunca imaginou ter com Nicholas. Conversar sobre o
clima? Que coisa!
– Que foi? – perguntou Nicholas ao perceber que Eric continuava com um olhar
confuso, pensativo.
A vontade que Eric tinha era de avançar em Nicholas e lhe arrancar um gostoso beijo.
– Olha, eu queria mesmo poder me lembrar de você e daquela garota que veio aqui,
mas... – disse Nicholas já pondo a mão na testa ao sentir umas fisgadas. – Sinto um
pouco de incômodo ao tentar lembrar...
– Não, não, tudo bem. – disse Eric, sem perceber, segurando a mão de Nicholas. – Não
se esforce tanto...
Nicholas parou e ficou olhando o que acontecera: Eric continuava segurando sua mão.
Nicholas ergueu a sobrancelha, desconfiado, e aquele olhar fizera Eric cair na real e
retirar rapidamente sua mão de cima da de Nicholas.
– Nicholas, o Eric se dispôs a passar uns dias com a gente. – começou Nathaniel,
empolgado.
– Sim, vai ser bem legal. – disse Nathaniel, animado. – Mesmo você não se lembrando
dele, isso pode até ser uma boa forma de você ir tentando recuperar sua memória, aos
poucos.
– Por sinal, Nick, o Dr. Bolton já me avisou que você deve ficar em casa por mais uns
dias tá? Não deve voltar à sua rotina de aulas e...
– Então, vamos? – perguntou Nathaniel sorrindo. Eric nunca vira seu sogro tão
contente. – Eric, deixarei você na Miami College, certo?
– Ah, sim, claro. – disse Eric forçando um sorriso.
– Então, mais tarde, Eric, mando o Joseph buscar você... Tudo bem? – perguntou
Nathaniel.
– Não posso deixar isso me abater... – Eric murmurou a si mesmo enquanto subia as
escadas da Irmandade Beta.
– Oi, Eric! – disse Harold assim que viu o amigo entrar na sala. – Chegou bem na hora!
Já estamos doidos pra almoçar...
Eric revirou os olhos, rindo em seguida. Era gozado como Harold só pensava em
comida...
Assim que entrou no banheiro, Eric trancou a porta e, ali, sozinho, terminou chorando.
Tinha se sentido tão estranho, tão triste, tão desprezado ao lado de Nicholas... Em meio
à toda aquela tristeza, Eric se sentiu menos inseguro, pois já estava mais que decidido a
contar tudo a Mike e Ian, seus novos confidentes. Compartilhar seus segredos com os
dois amigos o deixaria muito mais tranqüilo.
Eric deu um longo suspiro e, encarando sua própria face no espelho, abriu a torneira da
pia. Fazendo uma concha com as mãos, levou água até o rosto. Não queria que ninguém
percebesse que ele havia chorado.
– Opa! Foi mal! – disse o outro, sorrindo. – Tô com a comida no forno... Vai queimar!
– E como tá o Nicholas?
– Tá... – começou Eric, sério, embora começasse a sentir seus olhos marejando. – Tá
bem e...
– Oi, Eric! – disse Ian, sorridente, saindo do seu quarto. Só chegando perto de Eric e de
Mike foi que Ian percebeu que Eric havia chorado.
– Vem cá... – pediu Mike puxando Eric pelo braço. Os três entraram no quarto de Ian e
este trancou a porta.
– Pronto, agora senta aí. – pediu Ian, preocupado. – Que foi que houve, Eric? Conta pra
gente...
– O Nicholas... – dizia Eric enxugando mais algumas lágrimas que ousaram sair dos
seus olhos. – Não tem jeito, ele não me reconhece.
– Oown... – dizia Ian alisando o ombro do amigo. – Fica assim não, amigo.
– Mas... – e Eric soluçou. – Eu, sem querer, peguei na mão dele lá no hospital.
– Ele fez uma cara tão estranha pra mim... Foi como se ele tivesse nojo do que eu fiz...
Sei lá. – disse Eric, confuso.
– Calma, Eric... – pediu Mike dando leves tapinhas nas costas do amigo.
– Será que é possível? O cara é gay, bate a cabeça e vira hetero? – perguntou Ian
franzindo a testa.
– Seja o que for, evite mostrar seus reais sentimentos para ele, agora. – recomendou Ian,
sério.
– Pior que eu falei com o pai dele... – começou Eric. – E me ofereci pra passar uns dias
na casa deles, pra tentar ajudar o Nicholas a se lembrar das coisas e...
– Mas isso pode ser ótimo! – disse Mike tentando encorajar o amigo.
– Bom, você terá que se controlar. – assegurou Ian. – Quando ficarem sozinhos, evite
olhar ele nos olhos e, caso ele pergunte algo sobre você, diga que são amigos bem
unidos e tal... Não diga nada que gere segundas intenções...
– E vai ficar indo e voltando da casa dele pra Miami College? – perguntou Mike.
– Espero que você dê uma passadinha, aqui, também. – disse Ian, sorrindo. – Se não,
vamos ficar com saudades.
– Agora, vem cá... Será que os outros Betas vão entender isso? – perguntou Eric,
confuso. – O fato de eu ir pra casa dos Wyatt e...
– Por que não entenderiam? Vocês são “amigos”, oras! – adiantou-se Mike. – E, além
do mais, se EU já entendo sua situação, então todos, aqui, terão que entender.
– É isso mesmo... Sou o líder da Beta, oras! – disse Mike fazendo uma pose engraçada.
– E, por sinal, eu ordeno que você me dê um beijo agora mesmo, Sr. Ian Taylor.
– Ah, essa ordem pra mim, na verdade, é um pedido... – disse Ian se aproximando de
Mike e dando-lhe um rápido beijo nos lábios.
– Opa, desculpa, Eric. – adiantou-se Mike. – Você aí cheio de vontade de estar com o
Nicholas e eu, aqui, trocando carinho com o Ian e...
– Não, tudo bem... – disse Eric, forçando um sorriso. – Só de ver vocês assim, tão
felizes... Eu também fico bastante feliz.
– Agora, vamos descendo... Não queremos que nenhum Beta descubra que estamos,
aqui, trancados, conversando. – disse Mike, destrancando e abrindo a porta.
Enquanto descia as escadas junto com seus novos confidentes, Eric realmente se sentia
mais leve. Ele tinha que concordar que realmente ter que aguentar, sozinho, todos os
problemas que vivia seria um grande sacrifício. Por outro lado, poder compartilhar cada
pequena coisa com Ian e Mike fazia até, de certa forma, parecer que os problemas não
eram tão difíceis assim de se resolver...
Continua...
Notas finais do capítulo
E aí? Gostaram?
É sempre bom ter confidentes né? Pessoas com quem contar...
Bom, aguardo os reviews!
Beijos e abraços,
Nando Gomez
– Eric, o carro já chegou! – gritava Ian para que o amigo, ainda no andar de cima da
casa, escutasse.
Aquela segunda-feira, dia em que Nicholas recebera alta do hospital, parecia ganhar
novos ares para Eric. Ele terminava de se arrumar para ir à casa de Nicholas, onde
ficaria por alguns dias. Àquela hora, Eric se perguntava se tinha mesmo feito a coisa
certa ao sugerir a Nathaniel Wyatt tal ideia.
– Eu já sei... – dizia Eric, tenso, checando se tinha pegado tudo o que precisava.
– Não acha que tá levando coisas demais? – Mike olhava, intrigado, para duas pesadas
mochilas na cama de Eric.
– É que... Não sei exatamente quantos dias ficarei lá... – disse Eric, sério. Em seguida,
mudou sua feição para um olhar tristonho.
– Ei, que foi? – disse Mike pondo a mão no ombro do amigo. – Por que essa carinha?
– Ele tá inseguro... – disse Mike, sério. – Com medo de passar esses dias com o
Nicholas e...
– Espero que sim. – disse Eric se levantando da cama e dando um longo suspiro.
– Vai lá, cara! Espero que seu amigo Stigma fique logo bom da cabeça. – disse Harold
dando palmadinhas nas costas de Eric.
– Se ele não se lembrar à qual Irmandade pertence, diz a ele que a Stigma é a pior de
todas! – disse Freddy rindo maliciosamente.
– Falando nisso, essa semana já devo entrar em contato com o Leo e preparar uma
reunião com ele. – informou Mike, sério.
– Bom, pessoal, preciso ir. – disse Eric, carregando as pesadas mochilas, uma em cada
ombro.
Os Betas, embora tivessem estranhado, no início, tal necessidade de Eric em ter que
passar uns dias com Nicholas, terminaram aceitando a ideia, depois de Mike os ter
convencido.
– Está tudo pronto, senhor? – perguntou Joseph, o motorista particular da família Wyatt,
assim que acabou de ajeitar as mochilas de Eric no porta-malas.
– Ahn... Sim. – Eric se sentia incomodado com todo aquele cortês tratamento que
recebia.
– Podemos partir?
– Sim, podemos.
A limusine partiu do campus da Miami College em poucos segundos. Como o trânsito
não estava lento àquela hora da noite, o percurso foi feito em torno de uma hora. Eric já
se preparava para agüentar esse percurso pelos próximos dias...
Assim que o carro parou na porta da casa de Nicholas, Arthur, o mordomo veio receber
o hóspede temporário, Eric.
– Também estou bem, tirando o fato de meu... – “não diga namorado”, Eric pensou –...
melhor amigo estar desmemoriado e nem se lembrar de mim. – Eric sorriu, sem graça.
– Oh, senhor, nem me lembre disso... – disse Arthur, preocupado. – O Sr. Nicholas tem
momentos que nem parece ele mesmo... Soube que ele não reconhece o senhor e nem
uma colega de vocês...
– Oh, não, não... – interrompeu Arthur. – O Sr. Nicholas não reconheceu alguns dos
empregados também.
Eric se sentiu mais aliviado em saber que havia mais gente que Nicholas não reconhecia
depois do acidente. Pessoas que, certamente, Nicholas voltaria a se lembrar em breve...
– Isso! Foi isso mesmo... – adiantou-se Eric, sem graça. – Mas, agora, como o Nick não
tá se lembrando de mim, bom... Melhor eu ficar num quarto separado mesmo.
O fiel mordomo dos Wyatt levou Eric até um dos quartos de hóspedes da casa.
Eric deu mais uma demorada olhada pelo quarto. Parecia tão frio, tão vazio... Não tinha
o mesmo calor nem o aconchego do quarto de Nicholas.
Enquanto caminhava pelo corredor do segundo andar da casa, Eric passou pela porta do
quarto de Nicholas e sentiu uma vontade enorme de abrir aquela porta e rever cada
ponto do quarto onde ele vivera momentos tão íntimos, tão gostosos ao lado de
Nicholas. Se controlou e passou direto, descendo as escadas.
– Eric, meu caro! – disse a saudosa voz de Nathaniel. – Já ia subir para ver se você
estava bem acomodado...
– Ah, olá, Sr. Wyatt! – disse Eric cumprimentando o sogro. – Estou muito bem
acomodado, sim, obrigado.
– E então, Eric? A comida está boa? – perguntou Nathaniel após dar uma garfada em
seu prato.
Eric não pôde evitar lançar vários olhares para Nicholas durante o jantar. Afinal, era tão
bom ver seu namorado bem outra vez. Só era triste saber que seu namorado não o
reconhecia.
– Bom, vejo que terminamos de comer cedo, hoje. – disse ele consultando o relógio. –
Proponho que joguemos um pouco, o que acham?
Eles saíram da sala de jantar e foram para uma salinha, menor e mais aconchegante. Se
acomodaram numa mesinha e Nathaniel começou a arrumar as cartas.
Os três jogaram até o relógio marcar onze horas da noite. Foi quando Nathaniel,
preocupado, interrompeu o jogo dizendo:
– Eric, já está tarde. Você tem que acordar mais cedo que o normal, amanhã.
– Fico tão feliz de ver você assim, filho. – disse Nathaniel olhando firme para Nicholas.
– Então, vamos indo deitar. – anunciou Nathaniel levantando-se da mesa. – Hoje foi um
longo dia...
Ao chegar à porta do quarto de Nicholas, Eric começou a imaginar coisas. Imaginar que
Nicholas viraria para ele e diria “Oi, amor! Isso tudo foi uma brincadeira viu? Eu me
lembro de tudo! Fiz isso por você ter beijado o Mike e...”
– Tá...
– Bom, boa noite pra você. – disse Nicholas estendendo a mão para cumprimentá-lo.
– Boa... Noite. – disse Eric, pausadamente, cumprimentando Nicholas. O mesmo “boa
noite” que seria dado com beijos e carinhos, tempos atrás, agora, estava sendo dado com
um simples e seco aperto de mão.
No dia seguinte, Eric acordou sonolento e com aquela sensação de que não havia
dormido absolutamente nada. Sentou-se na cama, resmungando pra si mesmo que o que
ele mais desejava era voltar da Miami College para, assim que chegasse à casa de
Nicholas, dormir mais. O relógio marcava cinco horas e dez minutos. Tão cedo...
Eric pegou sua roupa e uma toalha de banho e se dirigiu ao banheiro que ficava próximo
daquele quarto. Lá, tomou um banho rápido, escovou os dentes e logo estava arrumado
para ir à faculdade. Assim que voltou ao quarto de hóspedes, Eric encontrou Arthur à
porta.
– Bom dia, senhor. – saudou Arthur com um ar tão empolgado que quase irritou Eric.
Como algumas pessoas podem se sentir tão felizes àquela hora do dia? Queria dormir
mais...
Entrou no quarto e começou a arrumar uma mochila colocando nela seu caderno, seu
estojo e um livro que havia pegado na biblioteca recentemente. Quando já ia saindo do
quarto, veio à cabeça de Eric a imagem do MCS.
– Droga! – resmungou. Era terça-feira, era dia de treino no clube. Pegou, então, uma
sunga e sua touca de natação e enfiou rapidamente na mochila.
Como sempre, a mesa do café-da-manhã na casa de Nicholas era bastante rica: café,
dois sabores de suco, frutas, pães, torradas, geléias, croissants e muito mais. Parecia um
banquete para umas vinte pessoas, quando na verdade, era para apenas três.
– O Nick deve dormir até mais tarde hoje... – dizia Nathaniel, animado, enquanto dava
uma lida no jornal do dia. – Ele deve descansar bastante mesmo.
– Ah, sim, claro. – disse Eric passando uma bonita geleia de morango em sua torrada.
– Então, está tudo certo não é? – começou Nathaniel, sério. – O Joseph irá te buscar por
volta do meio-dia?
– Oh, não, não... – adiantou-se Eric, sem graça. – Lembrei que hoje tenho treino no
clube de natação... E, amanhã, também.
Assim que acabou o café, Eric se despediu de Nathaniel e correu para o lado de fora da
casa. Joseph já o esperava.
– Bom dia, Joseph! – disse Eric, animado. Parecia que o mau-humor matutino
começava a ir embora...
– Bom dia, senhor. – disse o motorista entrando na limusine. Eric fez o mesmo.
No caminho, Eric explicou ao motorista que ele teria treino no clube pela tarde e que
seria melhor que ele fosse buscá-lo às cinco, hora que acabava o treino.
Eric chegou à Miami College exatamente às sete horas. Correu e entrou no prédio onde
tinha aulas.
– Bom dia! – disse, arfando, ao entrar na sala de aula. Por sorte, o professor ainda não
havia chegado.
– E aí? – perguntou Kathia, animada. – O Nick teve alta né? Vi sua mensagem ontem...
– Entendo. – disse Kathia, pensativa. – Então quer dizer que você vai passar uns dias na
casa dos Wyatt?!
– Achei ótima sua ideia. Isso pode fazer com que o Nick vá se lembrando, quem sabe,
de você...
– Será?
– Claro... Só de ter você por perto, é capaz de a memória visual dele ser reativada e...
– Michael! – exclamou Kathia, alto demais. Depois que os colegas viraram para encará-
la, Kathia corou. – Espera, volto já.
– Oi, amor... – disse Kathia assim que saiu da sala e foi recebida com um forte abraço
do namorado.
– Muito bom dia! Vamos, senhorita? – disse o professor assim que viu Kathia e Michael
na porta da sala.
A aula estava sendo extremamente chata naquele dia. Era como se as horas não
passassem. Cada minuto parecia uma eternidade... Quando finalmente o professor
começou a frase “na próxima aula, veremos...”, Eric deu um salto na cadeira.
– Ufa! – exclamou ele enquanto os colegas saíam da sala. – Que bom que acabou!
– Nossa! E eu pensei que fosse só eu que tivesse achando essa aula demorada demais...
Assim que chegou à irmandade Beta, Eric causou grande surpresa dos amigos.
– Eric?! – disse Ian, saindo da cozinha com uma grande colher na mão.
– E vai voltar pra casa do Nicholas ainda hoje? – perguntou Marcus, que estava também
na sala, mas calado até o momento.
– Bom, vamos pra cozinha... Já tô terminando de fazer o almoço... – disse Ian, animado.
– Fala a verdade, a comida na casa do Nicholas não é tão boa quanto a nossa né? –
sussurrou Harold, rindo, para Eric.
Depois do almoço, alguns Betas foram dormir um pouco e outros saíram. Em casa,
ficaram Eric, Ian e Mike.
– E o que você acha? – perguntava Mike, sério. Os três estavam na sala, sentados no
sofá.
– Não sei... Tenho medo de não me segurar e querer roubar um beijo dele... – começou
Eric, pensativo.
– É, eu sei... Mas é tão difícil... – Eric punha a mão na testa. – Eu desejava tanto que o
Nick saísse do coma pra poder olhar nos olhos dele outra vez e... Agora, mesmo ele
estando bem, não é o mesmo Nick que eu conheci...
– Nossa! Quase duas horas já... – Mike checou seu relógio de pulso. – Eric, tá quase na
hora do treino.
– Ai, é mesmo! – exclamou Eric, entediado. – Nem tô com muita vontade de ir...
– Mas você vai. – disse Ian com ar de pai autoritário. – Precisa ir!
– Vai lá, moço! Ânimo! – encorajou Ian. Eric levantou-se do sofá e subiu as escadas.
– Fico tão feliz que estejamos bem... – disse Ian encostando sua cabeça no ombro de
Mike. – Espero que o Eric e o Nick se acertem também, assim que ele recuperar a
memória.
– Te amo tanto, Mike... – disse Ian olhando firme nos olhos do namorado.
Os dois trocaram um demorado beijo, ali, em plena sala. Nem se importaram em correr
risco de algum Beta chegar naquele exato momento.
Algumas horas depois e Eric, já no clube de natação, pensava no que poderia fazer para
tentar ir se aproximando de Nicholas...
– Eric, se concentra, cara! – dizia Ivan Cust, um dos membros do clube, ao perceber que
Eric tinha se esbarrado nele.
– Pessoal, queria avisar uma coisa a vocês... – informou o treinador Smith. – Amanhã,
minha esposa fará uma pequena cirurgia, nada complicado, mas irei acompanhá-la.
Portanto, estão liberados do treino amanhã. No entanto, se quiserem vir e praticar,
fiquem à vontade, claro.
Ouvir aquilo fez Eric se animar, pois saberia que no dia seguinte, poderia voltar mais
cedo para a casa de Nicholas e teria mais tempo pra ficar com o namorado.
Assim que o treino acabou e que Eric terminou de se trocar, mal saiu do clube e já
encontrou a limusine o esperando.
Chegando à casa de Nicholas, Eric resolveu tomar mais um banho. A gostosa ducha
quente fez Eric relaxar e, surpreendentemente, voltar seus pensamentos para Nova
Iorque. Lembrou da escola, dos amigos e, de repente, lhe bateu uma saudade de casa.
Eric tinha tantas coisas em que pensar, ali, em Miami, que terminara não guardando
espaço em sua mente para pensar nas pessoas que conhecia em Nova Iorque...
Saindo do banheiro, Eric foi direto ao seu quarto de hóspedes e terminou de se arrumar,
ali, penteando os cabelos e colocando um gostoso perfume, que Nicholas gostava.
– O Sr. Nathaniel me pediu para ver se estava tudo bem por aqui.
Minutos depois e Eric decidiu que era hora de sair dali e descer um pouco. Quando
passou pelo quarto de Nicholas, Eric estranhou, mas encontrou a porta aberta.
– Nick? – disse Eric, ainda do lado de fora. Como não houve resposta, concluiu que o
quarto estava mesmo vazio.
Não resistindo, Eric adentrou o cômodo e parou por alguns segundos. Como era bom
voltar, ali. Tantos momentos gostosos, íntimos, românticos haviam sido vividos naquele
quarto... Eric sorria, sozinho, viajando em seus pensamentos.
– Ah... Oi! Desculpa entrar assim e... – Eric tentava se justificar, vermelho.
– Também... – mentiu. Não estava nada bem. Queria poder beijá-lo, mas não podia.
– E aí... Que quer fazer? – começou Nicholas, sem jeito. – Ver TV?
– Seria... Ótimo. – Eric chegou a imaginar que Nicholas ligaria a TV do quarto e que os
dois deitariam na cama, juntos, como fizeram da última vez. Obviamente estava errado.
A enorme sala de TV tinha um home theater de alta potência e a maior TV de LCD que
Eric já vira ao vivo. Eric se sentia desconfortável o suficiente, principalmente por estar
numa poltrona um pouco distante de Nicholas. Queria estar ao lado dele, deitar a cabeça
em seu ombro, acariciá-lo, beijá-lo, mas não podia.
Eric gelou. Lembrou que essa era praticamente a música dele e de Nicholas... Era uma
das músicas que tinham embalado o romance dos dois no quarto de Nicholas.
– Não... Já tem uns meses que a Rihanna lançou o cd, mas o vídeo, sim, é novo... Vai
lançar hoje e... – Eric disse tais palavras tão rapidamente, nervoso, que se assustou.
Estava vermelho, mas, por sorte, Nicholas não conseguiria notar isso, pois a sala de TV
estava com as luzes desligadas.
Eric gelou de novo. Seria coincidência ou a memória de Nicholas estava sendo, aos
poucos, reacendida? Eric preferiu não comentar nada a respeito.
– Bom, quer ver esse canal ou procuramos um bom filme pra assistir? – perguntou
Nicholas se endireitando na poltrona.
– Que coisa boa! – disse Nathaniel entrando na sala de TV alguns minutos depois. –
Vendo um filmezinho e nem me chamaram?
– Aliás, tive uma ideia melhor. Vou ficar no meu escritório dando uma lida nuns papéis
e assim que vocês acabarem de ver o filme, me avisem. – pediu ele. – Aí, sim,
jantaremos.
– Uh! Caramba! Já viu que pelo final, vai ter uma continuação né? – disse ele,
empolgado.
– Não gostou do filme? – perguntou Nicholas assim que acendeu a luz da sala de TV.
– Ah, não, não... Digo, sim, gostei, claro. – disse Eric, confuso.
– Que bom! – Nicholas sorriu. – Vou chamar meu pai. Você fica aqui?
Assim que Nicholas saiu, Eric ficou pensando. Parecia que Nicholas estava ainda mais
bonito. Seu desejo pelo namorado aumentava a cada dia que passava. Ainda que
estivesse sendo tratado com diferença, ultimamente, Eric continuava loucamente
apaixonado por Nicholas. Mas então, o que fazer diante daquele conflito em que vivia?
Ele não fazia a mínima ideia...
Sim, Eric sabia que devia seguir os conselhos de Mike e Ian e pensar positivo. Tinha
que torcer pra que tudo desse certo, mas vendo o comportamento atual de Nicholas, Eric
parecia perder a esperança, a cada minuto que passava, de que o namorado recuperasse
a memória...
Continua...
A terça-feira na casa de Nicholas estava quase chegando ao fim com mais um delicioso
jantar. Depois de ter assistido a um filme de ação com o desmemoriado namorado, Eric
agora, jantava ao lado dele e de Nathaniel Wyatt.
Ao término do jantar, Nathaniel sugeriu que eles, assim como na noite anterior,
jogassem um pouco de cartas.
– Ah, eu... Preciso... Terminar uma atividade pra... Entregar amanhã... – mentiu Eric
pausadamente.
– Poxa, Eric... Não tem como... Como você fazer isso depois? Queria que você jogasse
com a gente. – disse Nicholas de um jeito tão doce que fez Eric quase acreditar que seu
namorado tinha recuperado a memória. Mas Eric foi firme. Já tinha inventado a
desculpa e não iria se desmentir.
– Não, Nick... Desculpa. – continuou Eric, sem jeito. – Bom, então... Nos vemos
amanhã, certo?
No quarto de hóspedes, Eric afundou-se na cama, pensativo. Será que não deveria
mesmo descer e dizer que havia se enganado? Que a atividade, na verdade, era pra ser
entregue na próxima semana e que ele poderia, sim, jogar cartas com Nicholas e
Nathaniel? Decidiu, por fim, ligar pra Mike.
– Oi... – disse Eric assim que percebeu que a ligação tinha sido atendida.
– Ei, Eric! – começou Mike, animado, do outro lado da linha. Por sorte, o líder da Beta
estava sozinho em seu quarto, sem ninguém pra ouvir aquela conversa. – Como é que
estão as coisas por aí?
– O de sempre, Mike... Eu quero ficar a sós com o Nick, quero que ele se lembre de
tudo o que passamos, juntos, mas parece que não vai funcionar. – Eric disparou.
– Ei, ei, ei... – disse Mike freneticamente. – Não vai desanimar né?
– Eu não sei se consigo resistir ao Nick... – começou Eric enquanto admirava o teto
branco do quarto. – Parece que ele tá mais bonito e...
– Eric, pelo amor de Deus! Você sabe que tem que se controlar... – disse Mike, sério.
– Eu imagino... Mas, olha, tenta ocupar a cabeça com outras coisas, sei lá... – começou
Mike, pensativo. – Ou mesmo... Já pensou em se masturbar um pouco? Quem sabe isso
não ajuda você a liberar essa energia sexual toda aí presa? – e Mike riu, sem graça.
– Não sei... – disse Eric, corando, como se Mike o tivesse olhando na hora. – Acho que
isso me deixaria com mais vontade de beijar o Nick e...
– Uh! Então não, não faz nada disso que eu falei! – adiantou-se Mike.
– Sim... Eles me chamaram pra jogar cartas, agora, mas... Eu menti. Disse que tinha
uma atividade pra fazer e...
– É, acho que... Vou ler um pouco ou... Ver um pouco de TV, sei lá... – disse Eric,
impaciente.
– Obrigado, Mike...
– Ah... Era pra te avisar, o treinador Smith avisou que amanhã não teremos treino.
– Hum... E aí?
– E aí que amanhã, ao contrário do que eu tinha dito, não vou almoçar com vocês. –
completou Eric. – Vou voltar logo pra cá, depois da aula.
Assim que os dois se despediram ao telefone, Eric ligou a televisão num volume bem
baixinho, mas ficou bastante entediado. Terminou cochilando, mesmo com a luz do
quarto acesa. Por volta das duas horas da manhã, Eric acordou, assustado, depois de um
pesadelo que tivera. Ao abrir os olhos e sentir a forte luz no rosto, além de notar que não
estava com as roupas de dormir, Eric sentiu-se bastante confuso.
– Que horas...? – disse ele, embolado. Ao pegar o celular, tomou um grande susto ao ver
o que relógio indicava. – Duas horas?!
Se levantou da cama e foi até o interruptor para apagar a luz do quarto. Mas, ainda
precisava escovar os dentes e pôr as roupas de dormir. Ali mesmo, no quarto, tirara a
roupa que estivera vestido e colocou sua fresca camisa e seu confortável short. Só
precisava, agora, escovar os dentes e voltar pra cama. Assim que saiu pelo corredor,
silenciosamente, Eric começou a sentir que não estava mais com sono. Demoraria
bastante pra dormir...
No banheiro, escovou rapidamente os dentes e, assim que saiu de lá, sua curiosidade,
aliada à falta de sono, foi tanta que Eric resolveu descer as escadas e dar um passeio
pelo andar de baixo. Tudo estava silencioso. Nenhum sinal de empregados conversando,
nem de televisão ligada... Todos pareciam ter ido dormir na casa dos Wyatt.
Eric decidiu, então, subir as escadas e voltar para seu chato quarto. No caminho, passou
pela porta do quarto de Nicholas e parou. A velha vontade de abrir a porta percorreu-lhe
o corpo e, instantaneamente, com um impulso vindo do fundo do seu coração, foi isso
que Eric fez. Ele nem havia pensado nas conseqüências. E se Nicholas tivesse
acordado? Certamente seria uma situação embaraçosa... Por sorte, o quarto estava,
também, silencioso e escuro. A única luz vinha de um abajur situado no criado-mudo,
ao lado da grande cama com dossel, típica de castelos, em que Nicholas estava
dormindo, lindo como um anjo.
O coração de Eric bateu forte ao ver aquela cena. Entrou no quarto de Nicholas e
encostou a porta. Eric realmente não sabia onde estava arranjando tanta coragem para
fazer tais coisas. Talvez, a vontade, o desejo pelo namorado estivesse falando mais alto.
Eric ficou parado, analisando cada ponto do corpo de Nicholas, que dormia sem camisa,
apenas de short. Como era grande a vontade de estar ali, ao lado dele...
Visto que estava mais agindo com o coração e não com a cabeça, Eric terminou
seguindo os conselhos do seu diabinho e começou a se aproximar de Nicholas. Como
era bom sentir aquele delicioso cheiro de colônia masculina que ele usava. Eric, em pé,
ao lado da cama, começou a se inclinar até chegar próximo ao rosto de Nicholas e, sem
pensar mais, encostou seus lábios nos do namorado. Ficou por alguns segundos, ali,
mantendo seus lábios colados com os de Nicholas. Até que momentos depois, Nicholas
se mexeu outra vez e Eric, por impulso, se agachou e quando menos imaginou, estava
encolhido embaixo da cama.
Nicholas abriu os olhos, assustado. Que sensação estranha! Levou a mão aos lábios e os
acariciou. Era como se... Como se alguém tivesse lhe dado um beijo. Mas isso era...
Impossível. Não se lembrava exatamente do que sonhara, mas acreditava que fora um
sonho bem real pra ele ter tido aquela sensação.
Eric, embaixo da cama, tentava manter sua respiração calma. Esperou por mais uns
minutos até ter certeza que Nicholas não iria mais levantar. Quando finalmente ia saindo
debaixo da cama, Eric viu um pé de Nicholas tocando o chão e, depois, o outro. Seu
coração acelerou e ele voltou a se encolher embaixo da cama.
Nicholas caminhou, devagar, até o banheiro que ficava dentro do seu quarto. Era a
chance perfeita para Eric sair dali. Assim que a luz do banheiro foi acesa e Eric viu
Nicholas, de costas, em frente ao vaso sanitário, Eric saiu de baixo da cama no maior
silêncio que pôde e saiu do quarto do namorado. Correu na ponta dos pés e chegou ao
quarto de hóspedes, arfando. Trancou a porta em seguida. Sentando-se na cama, Eric
levou a mão à boca para abafar sua risada. Como tinha sido excitante fazer aquela
aventura toda, ainda que só pra roubar um simples selinho do namorado.
Ao olhar pra si mesmo, Eric notou que seu sexo estava enrijecido debaixo do short. Será
que o conselho de Mike era viável? Eric não quis nem saber se se masturbar iria deixá-
lo mais calmo ou com mais vontade de atacar Nicholas, mas decidiu praticar.
Com a luz do quarto apagada, toda a iluminação vinha apenas da tela da TV. Eric
deitou-se na cama e baixou o short até a altura dos joelhos. Depois, subiu a camisa até a
altura do pescoço, deixando livre seu bonito peitoral. Com a mão direita, Eric segurava,
firme, seu pênis e começava a brincar com ele. Com a mão esquerda, Eric começava a
friccionar o mamilo direito. Era uma sensação maravilhosa! Aliado a essas ações, de
olhos fechados, Eric fazia um flashback na cabeça e se lembrava dos momentos em que
ele e Nicholas haviam tomado banho, juntos, naquela gostosa banheira. Depois, veio-lhe
à cabeça, a imagem de Nicholas sugando-lhe o sexo. Como era gostoso!
Continuou exercitando sua memória e mais imagens lhe vieram à cabeça, como a vez
em que eles se beijaram e fizeram outras coisas mais dentro da cabine de um banheiro
masculinho no prédio de Odontologia da Miami College. Aquela sensação de prazer foi
aumentando a cada minuto, a cada segundo, a cada fração de segundo.
– Aah... – gemeu Eric, por fim, assim que seu sêmen foi ejetado, caindo em cima da sua
linda barriga. Eric arfava, cheio de prazer. Parecia, sim, mais calmo. Porém, veio à
cabeça de Eric a vontade de voltar ao quarto de Nicholas e, desta vez, beijar-lhe o corpo
todo e, quem sabe, chupar-lhe o sexo.
De uma coisa ele sabia que precisava, agora: um bom banho. Tinha sêmen em sua mão,
em sua barriga e em seu sexo. Um banho, além de limpar tudo, acalmaria o fogo que
Eric sentia. E foi isso que ele fez.
Eric iria tomar uma ducha bem fria, mas já estava tarde e ele não ia querer pegar um
resfriado por tomar banho frio em plena madruga. Depois de ter tomado um morninho e
relaxante banho, Eric sentiu que seu pênis começava a ficar mais flácido. O fogo que
Eric sentia havia sido cessado, pelo menos por enquanto...
Eric conseguiu acordar super bem, às cinco da manhã. Acordou bastante disposto.
Parecia que as aventuras da madrugada haviam feito muito bem a ele. Dentro de
minutos, Eric já terminava de tomar seu café, ao lado de Nathaniel, e se preparava para
ir à Miami College.
– Então... Só volta pra casa mais ao fim da tarde, como ontem, não é? - perguntou
Nathaniel enquanto passava o olho pelas notícias do dia, no jornal.
– Ah, não... Como avisei ao senhor, ontem, o treinador nos liberou do treino de hoje. –
disse Eric, sério.
– Oh, sim, sim... É verdade. – Nathaniel se endireitou na cadeira. – Que ótimo então!
Hoje terei que me ausentar pelo resto do dia. Com essa confusão toda que teve com o
Nick, me dei umas semanas de descanso do trabalho, mas hoje, especialmente hoje,
preciso ir a uma reunião extra.
– Ah... Entendo.
– Fico feliz que você voltará mais cedo, hoje. Fará bastante companhia ao Nick. – disse
Nathaniel dando um largo sorriso.
Na Miami College, Eric chegara mais cedo que no dia anterior: faltavam quinze minutos
para as sete da manhã.
– Ei, vejo que chegou mais cedo, hoje. – disse Kathia, animada, que estava sentada num
dos bancos que ficavam próximo a entrada do prédio de Odontologia. – Como está o
Nick?
– Oh, imagino. – disse Kathia, pensativa. – Mas, de qualquer forma, é um alívio saber
que nosso amigo está em casa e não mais no hospital.
– Ah, sim, com certeza. – Eric teve que concordar com o que Kathia dissera.
E os amigos ficaram, ali, conversando enquanto o relógio não marcava sete horas. Após
mais alguns minutos eles foram para a sala de aula.
– Nossa! Já?! – dizia Kathia assim que o sinal tocou. Conferiu em seu relógio e viu que
realmente já era meio-dia.
– Ah... – Eric começou a rir. – É que eu tô vendo que vocês têm saído bastante...
– É... – ela corou. – Temos mesmo. – e riu envergonhada. – Ai, Eric... Tô tão feliz por
estar namorando ele.
– Oi? – dizia um bonito e bem aparentado homem que deveria ter cerca de trinta e
poucos anos. – Venha participar da nossa oficina de artes. – e ele sorriu ao entregar um
panfleto a Eric. – Pra participar é só trazer um quilo de alimento não perecível. Estamos
arrecadando alimentos para uma ONG que trata de crianças com câncer.
Eric sempre tivera vontade de fazer um curso de pintura, embora soubesse que seu forte,
absolutamente, era nadar e não pintar.
– Eu não tenho dom nenhum pra pintura... – disse Eric, sem graça.
– Mas eu acredito que existem pessoas que nascem com um dom pra isso e... Outras
não, como é o meu caso. – Eric deu um sorriso torto.
– Oh, não, não... Não pense assim! Eu acredito que todos nós podemos desenvolver algo
relacionado à pintura ou mesmo à arte, no geral.
– Mesmo que eu pegue um pincel só pra fazer um bonequinho palito? – Eric riu.
– Mesmo assim. – disse o homem sorrindo. – A propósito, sou Robert Lewis. – disse ele
estendendo a mão para cumprimentar Eric.
– Ah... Você é o... – e Eric cumprimentou-o, olhando outra vez para o cartaz e, depois,
para o panfleto que recebera.
– Sim, sou o professor responsável pela oficina. Eu dou aulas de desenho e pintura ao
pessoal do terceiro e do quinto semestre do curso de Artes. – disse Robert, empolgado.
– Ah...
– Minha especialidade é trabalhar com modelos vivos, sabe? Sempre trago modelos
para pousar para os alunos. Sejam crianças, adolescentes, homens, mulheres, idosos...
Enfim, acho que a expressão humana é algo incrível. Só o olhar... Puxa vida! O olhar de
uma pessoa revela tudo. Você, a propósito, parecia meio perdido, confuso, quando vim
falar com você. Está tudo bem, rapaz?
– Ah... Sim, sim, claro. – mentiu Eric forçando um sorriso.
– Professor! – chamava uma garota esbelta, ruiva, vestindo uma camisa laranja igual à
que Robert usava.
– Opa, preciso ir. – disse Robert pondo a mão no ombro de Eric. – Bom, foi bom
conhecer você... A propósito, você não me disse seu nome.
– Foi realmente bom te conhecer, Sr. Matthews. Espero ver você na oficina de Artes.
Tchau! – e dizendo isso, o professor se afastou de Eric.
Logo, a limusine parara um pouco distante dali e Eric correra em sua direção. Joseph
acabava de chegar. No caminho para a casa de Nicholas, Eric ficou lendo e relendo
aquele panfleto. Seria uma boa ideia participar da oficina de Artes? Pintar traria algum
tipo de relaxamento para ele? Será que pintar, mesmo que algo não tão bonito, traria um
pouco de serenidade a ele? Eric prometeu a si mesmo que iria pensar mais a respeito.
Chegando à casa do desmemoriado Nicholas, Eric foi recebido com um sorriso enorme
do mordomo Arthur.
– Estou bem... – dizia Eric batendo a porta da limusine ao sair. – Tô achando você
muito animado hoje ou é impressão minha, Arthur?
– Oh, não. Não é impressão sua! – o mordomo puxou Eric pelo braço e o levou até a
cozinha, onde se podia avistar, ao longe, uma parte da piscina da casa. – Veja!
E Eric viu. Seu coração bateu mais forte ao ver Nicholas deitado na espreguiçadeira
enquanto lia um livro. Ele usava apenas uma sunga vermelha, exibindo seu belíssimo
corpo.
– O Sr. Nicholas acordou bastante disposto, hoje. – disse Arthur. – Até quis ficar na
piscina. Acho que o senhor poderia fazer companhia a ele até servirmos o almoço, o que
acha?
– Acho que... – Eric ia dizer “não”, mas por impulso, mudou de ideia. – Seria ótimo!
– Maravilha! Irei pegar o protetor solar e duas toalhas. – disse Arthur se afastando dali.
Eric correu para seu quarto e tirou rapidamente a roupa. Depois de estar completamente
nu, vestiu sua sunga branca com estampas verdes.
O coração de Eric bateu forte ao ouvir Nicholas o chamando pelo nome. Era como se o
namorado tivesse recuperado a memória.
Eric não podia deixar de notar que a nuca de Nicholas estava um pouco raspada. Ali,
local do ferimento, tinham sido feitas algumas suturas. Mas, agora que Nicholas já tinha
retirado os pontos e que o local começava a cicatrizar, o cabelo começava a tomar conta
do lugar outra vez.
– Ah... Bem, eu... – Eric balbuciou. – Você pode... Nadar? Fazer esforço?
– Olha, liguei para o meu médico hoje mesmo. – disse ele, decidido. – E ele disse que,
sim, eu poderia ir recomeçando, aos poucos, minha habitual rotina.
– Pois é, já nadei hoje. – disse Nicholas, animado. – Mas só um nado leve, sem me
esforçar tanto. Então... Vamos?
– Claro!
Eric deu um salto e caiu dentro da piscina, já Nicholas, para evitar maiores esforços,
entrou na piscina descendo pela escada.
Os dois estavam, ali, juntos, sozinhos. Como no fim do feriado que Eric passara, ali,
naquela casa.
– Olá, senhores! – dizia Arthur trazendo protetor solar e toalhas limpas. – Aqui está.
Espero que usem!
Mais uma vez, estavam sozinhos, ali. A vontade que Eric tinha era a de, mais do que
nunca, envolver o pescoço de Nicholas e beijar-lhe com vontade.
– Olha, vem cá... – pediu Nicholas indo até o cantinho da piscina. Eric nadou até ele. –
Já que nós somos amigos, eu... Queria contar uma coisa.
– Ah... – Eric corou mesmo sem saber o que era. Nicholas estava tão perto dele que
dava para sentir sua respiração.
– Eu... Acho que devo ter tido um sonho bem real hoje, de madrugada. – começou
Nicholas, sério.
Eric gelou.
– Não sei realmente o que sonhei, mas... Só sei que senti meus lábios sendo beijados. –
concluiu Nicholas, pensativo. – Parecia tão real. Estranho né?
Eric não conseguia responder. Estar ali, diante do homem que tanto amava, olhando-o
nos olhos, sentindo sua respiração tão perto, fez Eric fazer o que ele tanto temia e
desejava, ao mesmo tempo. Eric, sem pensar mais, aproximou seu rosto do de Nicholas
e lhe roubou um beijo. Inicialmente, um selinho, mas depois, tanto a boca dele quanto a
de Nicholas haviam se aberto para que suas línguas se cruzassem, brincassem juntas.
– Ei! – exclamou Nicholas, assustado, parando de beijar Eric. – Que é isso, cara?
– Eu... eu... – Eric, mais vermelho que nunca, colocava a mão na testa, envergonhado. –
Nick, desculpa... – e ele avançava na direção de Nicholas.
– Não, espera aí... – Nicholas estava perto da beira da piscina, mas não tinha noção
disso. Ao se esquivar rapidamente de Eric, terminou dando um impulso forte demais
com o pé e bateu com a cabeça na borda da piscina. Foi uma pancada leve, sem chegar a
causar ferimento, mas bem incomodativa.
– Aai! – dizia Nicholas pondo a mão numa região um pouco acima da nuca, por sorte.
Se ele tivesse batido no local cicatrizado do ferimento, isso poderia, certamente, lhe
causar sérios danos. – Ai...
De repente, a visão de Nicholas ficou turva. A dor que tomou conta da sua cabeça
parecia pior que tudo. Como num rápido flashback, um filme começou a passar na
cabeça de Nicholas. Uma imagem onde ele e Eric estavam tomando banho, juntos, nos
chuveiros do vestiário da Miami College veio-lhe à mente.
– Então você é calouro na Miami College não é? – perguntou o rapaz, agora, desligando
seu chuveiro.”
– Eric, eu... – começou Nicholas, outra vez – Eu tô apaixonado por você... É isso. –
disse ele, por fim.”
“- Acho que vou passar o fim de semana com meu pai. – disse Nicholas fazendo uma
expressão entediada. – Esse é o lado ruim de morar na mesma cidade da sua faculdade.
Minha casa é longe daqui, mas não tão longe quanto a de vocês.
Os dois estavam perto da cama e Nicholas não se conteve: empurrou Eric, que caiu
deitado na cama; e em seguida, ficou em cima dele. Os corpos, quentes, se tocavam. Os
dois se beijavam mais uma vez. As línguas, já familiarizadas, brincavam cada vez mais
felizes.
- Eu gosto tanto de você, Eric... – dizia Nicholas assim que pararam de se beijar.
Nicholas fazia desenhos imaginários no peito de Eric, contornando seus mamilos,
passando pela barriga e contornando, em seguida, o umbigo.
Nicholas deixou o queixo cair lentamente ao passo que franzia a testa. Teria entendido
certo?
– É... – disse Eric baixando os olhos. – Hoje, na praia, a gente tinha saído pra caminhar
e... O Mike me levou num pedaço deserto, na praia, e me beijou. Eu não queria e eu não
esperava que isso pudesse acontecer, mas...
– Ai, Nick... – Eric engolia em seco, arrependido de ter contado tudo. – Foi isso que
aconteceu. Eu queria ter te contado, hoje, mais cedo, mas...
– ERIC?! – exclamava Nicholas, nervoso. O ciúme já havia lhe consumido por inteiro a
ponto de não parar pra prestar atenção no que o namorado dizia.”
Apenas alguns segundos haviam se passado, mas Nicholas tinha, agora, lágrimas nos
olhos.
– Eric... – murmurou ele, surpreso de ver o namorado, ali. Era como se acordasse de um
sonho que estivera vivendo até o momento.
– Nick?! – dizia Eric com os olhos marejados, assim que cessaram o beijo. – Você... –
Eric arfava surpreso, nervoso, sem acreditar.
– E sobre... – começou Eric, sem jeito, inseguro. – Aquele dia do restaurante, eu...
– Eric, foi tudo minha culpa! – adiantou-se Nicholas, frenético. – Lembro que você me
explicou que foi o Mike que lhe roubou o beijo, mas... Eu tava tão enciumado que fiquei
irracional.
Eric não respondeu. Estava tão emocionado com as coisas que ouvia que ainda nem
acreditava que Nicholas havia, finalmente, recuperado a memória.
– Mas, eu entendo por que fiquei assim, enciumado. – continuou Nicholas segurando as
mãos de Eric. – Porque eu te amo, Eric. Eu te amo muito!
– E... Você é o meu rei da Califórnia, lembra? – disse Nicholas sorrindo ao fazer
menção à música que ele não conseguira se lembrar, no dia anterior.
Eric deu um sorriso tímido e, em seguida, os dois se beijaram mais uma vez. Se algum
dos empregados da casa tivesse flagrando aquela cena, não importava. O que importava
era saber que as coisas estavam voltando ao normal. Mas como a sorte estava ao lado de
Eric e Nicholas, nenhum dos empregados da casa haviam flagrado os calorosos beijos
na piscina.
– Eu te amo tanto, Nick... – disse Eric segurando, firme, o rosto de Nicholas como se o
namorado fosse evaporar no ar. – Você não sabe o quanto que eu sofri quando você
ficou em coma... – e Eric derramou mais lágrimas. – Além de me sentir... – e ele
soluçou, nervoso. -...triste, eu me sentia culpado... – uma pausa para tentar se acalmar. –
Culpado pelo seu acidente. Me senti a pior pessoa do mundo.
– Ei, ei... Pára de falar isso. – disse Nicholas também derramando lágrimas. – Eu devo
ter mesmo merecido passar pelo que passei.
– Você é como uma jóia rara, Eric. – continuou Nicholas olhando firme nos olhos do
namorado. – Nunca tive alguém tão fiel, tão apaixonado, tão preocupado comigo...
– Mas então você... Me perdoa? – perguntou Eric, mais calmo. Era a pergunta que ele
tanto temia fazer.
– Perdoar? Pelo que? Quem precisa de perdão, aqui, sou eu. – disse Nicholas dando um
sorriso tímido. – Me perdoa por ser tão estupidamente idiota naquele dia, Eric?
– Nick, eu... – Eric respirou fundo. – Claro que perdôo. Mas, mesmo assim, também
quero que você me perdoe.
– Por não ter dado um soco no Mike depois que ele te beijou? Bom, aí, sim, perdôo. –
disse Nicholas, rindo. Eric riu também.
– Sério... Me perdoa por ter metido a gente nessa situação? – perguntou Eric, nervoso.
– Bom, como já disse... A culpa pode ter sido até do Mike, roubando um beijo seu e
tal... Mas, fui eu que meti a gente nessa confusão, fui eu que estraguei tudo. Mas, já que
você precisa ouvir, meu amor... Sim, Eric, eu te perdôo.
Finalmente! Eric olhou para o ensolarado céu e deu um longo suspiro de alívio.
– Será que tem alguém olhando? – Nicholas ergueu a cabeça para se certificar. – Acho
que não... Vem cá. – e ele puxou Eric pela cintura, ainda na piscina, e os dois se
beijaram calorosamente.
Após o beijo, eles ficaram se encarando por segundos e sorrindo feito bobos
apaixonados. Era tão bom olhar para Nicholas e ser retribuído com aquele sorriso
apaixonado.
– Calma...
– É, eu sei... – disse Nicholas, sério. – E a culpa não foi sua, amor. Cara, que ódio do
Mike! Como ele pôde?
– Ele não sabia que eu tava namorando você... – começou Eric, sensato. – E, bom...
E ele explicou toda a história para Nicholas que, aos poucos, terminou entendendo e
aceitando tudo o que acontecera.
– Então ele e o Ian...? – disse Nicholas, rindo. – Que legal! Até que fazem um casal
bonitinho...
– É, fazem mesmo.
– Só não fazem um casal tão lindo quanto a gente. – disse Nicholas com um olhar
penetrante.
– Concordo!
– Agora, duas coisas ainda me deixam chateado. – começou Nicholas, sério. – Primeira,
saber que o Mike experimentou a boca mais gostosa desse mundo.
– Segunda, saber que ele colocou a boca nessa coisa, aqui, que é minha... Só minha! – e
Nicholas, dizendo isso, pegou, sem cerimônia, no volume que Eric apresentava por
debaixo da sunga.
– Então, vamos sair da piscina e correr pro meu quarto, o que acha? – sugeriu Nicholas.
– Perfeito! – exclamou Eric. – Mas, antes, temos que dar a excelente notícia a todo
mundo.
– Sim, senhor?
– Sério? Graças a Deus! – disse o mordomo, animado. – Liguem para o Sr. Nathaniel
agora mesmo! Ele virá correndo para casa!
Enquanto Nicholas ligava para o pai, Eric ligava para avisar a Ian e Mike e, depois, para
Kathia, que ficou felicíssima com a novidade.
– Meu filho, que notícia fantástica! – dizia Nathaniel do outro lado da linha, enquanto
falava com Nicholas. – Vou pra casa agora mesmo. Isso merece uma grande
comemoração!
Eric ainda sentia seu coração pulando de alegria. Era uma sensação tão boa, tão gostosa,
que Eric desejava que pudesse senti-la ate o fim daquela quarta-feira. Podia até parecer
clichê demais, mas uma pancadinha havia curado a memória do seu namorado. Era
como Eric costumava ver nos filmes: uma pancada fazia a personagem perder a
memória e outra pancada lhe fazia relembrar de tudo. Os pedidos de Eric haviam sido
atendidos. E para sua alegria, todos de uma vez só. Nicholas havia finalmente
recuperado a memória e o havia perdoado pelo incidente que ocorrera. Não, Eric não
poderia estar mais feliz naquele dia.
Continua...
A alegria reinava na casa dos Wyatt naquela mesma quarta-feira em que Nicholas havia
recuperado a memória. Depois de terem ligado para os amigos e para Nathaniel Wyatt,
Eric e Nicholas, ainda vestindo apenas sungas, subiram para o andar de cima da casa.
Entraram rapidamente no quarto de Nicholas e trancaram a porta.
– Ai, não acredito que você está de volta... – murmurou Eric sorrindo feito bobo assim
que Nicholas avançou nele e começou a beijar-lhe o pescoço.
– Ah, você entendeu... – Eric riu também. – Você tava aqui, mas... É como se não
tivesse estado.
– Oh, meu amor... – dizia Nicholas mordendo de leve a orelha direita de Eric. –
Acredite, as coisas voltaram aos seus devidos lugares, agora. Eu recuperei a memória e
nós estamos juntos.
E segurando o rosto de Nicholas nas mãos, Eric olhou fundo nos penetrantes olhos do
namorado e proferiu as palavras que saíram do fundo do seu coração:
– Nick... Você sabe o quanto você fez e faz bem pra mim. Nossa, ficar esse tempo sem
poder te tocar, te abraçar, te beijar... – enquanto falava, os olhos de Eric brilhavam. –
Foi uma tortura pra mim. Mas, por outro lado, ficar esse tempo todo sem você por perto
me fez perceber algo realmente sério...
Ouvir aquelas lindas palavras da boca do seu namorado quase fez Nicholas chorar de
felicidade. Como era bom ouvir aquilo. Sem cerimônia, Nicholas puxou Eric para mais
perto dele e começou a beijar-lhe a boca com toda a vontade que pôde.
A vontade que os dois tinham era de ignorar totalmente o planeta inteiro e ficar, ali,
naquele quarto, se beijando e fazendo amor o máximo de tempo que conseguissem
agüentar.
– Não dá vontade de ficar aqui o dia todo? – disse Nicholas sentando-se na cama. Como
a sunga estava, ainda, molhada, o lençol começou a molhar também.
– Vem cá... Senta aqui. – pediu Nicholas dando três pancadinhas na própria perna.
Eric sentou-se no colo de Nicholas tal como uma criancinha se sentava animadamente
no colo de um típico Papai Noel de shopping em época de Natal.
– Oh, meu bebê... – murmurou Nicholas enquanto envolvia Eric em seus braços.
Eric sorria feito bobo ainda sentado no colo do namorado. Era difícil ignorar o grande e
duro volume que Nicholas apresentava. Os dois começaram a se beijar mais uma vez.
– Vem! – e dizendo isso, Nicholas puxou Eric pra cima dele e os dois caíram, rindo,
deitados na cama. Eric em cima de Nicholas.
– Pronto! Sou todo seu... – disse Nicholas colocando os braços atrás da nuca.
Eric corava mais ainda, envergonhado, porém o desejo de rever o gostoso e grande sexo
de Nicholas falava mais alto. Era tudo o que ele mais queria: rever, tocar, acariciar,
beijar, lamber... Cada ponto do corpo do seu namorado.
– Tô esperando... – disse Nicholas rindo. – E olha que, agora, teremos que fazer algo
mais rápido pois meu pai logo virá do trabalho e... É capaz de sermos interrompidos.
Nicholas silenciou. Ficou encarando Eric bem nos olhos. Eric entendeu que aquele era o
momento de, finalmente, sentir o sexo de Nicholas em sua boca outra vez.
Ainda em cima do namorado, Eric desceu um pouco da altura dos olhos de Nicholas e
foi parar em frente à sunga vermelha do namorado. Eric começou a acariciar o volume
na sunga e em seguida, puxou levemente o cordão que mantinha a sunga presa ao corpo
de Nicholas. Depois, pôs pra fora o bonito pênis do namorado.
Com uma mão Eric segurava o penis de Nicholas pela base e com a outra mão,
acariciava-lhe o saco. Eric sentia-se tão excitado que a vontade que tinha era de pedir a
Nicholas que pulassem as preliminares e que fossem direto ao sexo. Mas, sabia que
ainda não era hora de fazer aquilo. Ainda era de manhã, os empregados circulavam pela
casa e Eric não queria interrupções. O sexo teria que aguardar até mais à noite. E seria
fabuloso, com certeza!
Ao ouvir aquela voz totalmente derretida de prazer, Eric se animou ainda mais e
começou a chupar Nicholas com mais vontade. Para evitar que o namorado gozasse, ali,
Eric parou de chupar-lhe o sexo e começou a brincar com os testículos de Nicholas. Eric
passava a língua pelas bolas e isso também causava uma sensação de prazer imensa em
Nicholas. O saco de Nicholas começava a ficar levemente vermelho, principalmente
depois de Eric ter sugado levemente aquela região.
Eric foi se aconchegando, em cima de Nicholas, até estar cara a cara com ele.
– Deixa eu te chupar agora. – pediu Nicholas. – Pois, como eu disse... Só tem um jeito
de eu esquecer que o Mike andou invadindo meu território... – e ele sentou-se na cama,
rindo. Eric sentou-se de frente pra ele. – É a gente se beijando muito e fazendo muito
sexo.
Eric corou.
– Quero sentir isso aqui dentro de mim outra vez... – dizia Nicholas acariciando o rígido
volume na sunga de Eric. – Mas, terá que ser mais tarde, quando todo mundo tiver
dormindo. – e ele sorriu, sedutor. – O que não me impede, agora, de sentir o gostinho
disso na minha boca.
Fazendo quase que o mesmo processo de Eric, Nicholas tirou o pênis do namorado para
fora da sunga. Mas, Nicholas não começou dando lambidinhas no sexo de Eric.
Nicholas estava com tanta vontade de fazer aquilo que abocanhou imediatamente a
cabeça do sexo de Eric e começou a chupar-lhe. Depois, começou a sugar mais abaixo
da cabeça e chegando quase à base do penis. Repetiu aqueles movimentos com mais
intensidade, fazendo Eric gemer mais e mais.
– Ai, ai... – gemia Eric numa voz mansa. – Vou gozar, Nick.
Nicholas poderia ter parado de chupar o namorado se não quisesse receber todo o seu
sêmen, mas como ele queria, continuou.
– Gostou, amor? – perguntou Nicholas sorrindo enquanto engatinhava pela cama até
chegar próximo ao rosto de Eric.
– Muito... – foi a palavra que Eric conseguiu dizer na hora. Fazia tempo que queria
gozar daquele jeito. Ser chupado por Nicholas era algo de que ele havia sentido muita
falta, mas, enfim, tinha matado a saudade.
– Meu Eric... – dizia Nicholas acariciando o rosto do namorado. O olhar dele penetrava
firme no olhar de Eric.
Eric parecia hipnotizado só de estar ali ao lado do homem que tanto amava. Era tão bom
estar tão próximo a Nicholas outra vez e sentir aquele gostoso cheiro de colônia
masculina que ele usava.
– Ah... – exclamou Nicholas, que ainda estava abraçado a Eric. Os dois tinham ficado
de olhos fechados, mas não estavam dormindo. – Tudo bem, Arthur. Já vou descer.
– Claro que sim. Seu sogro precisa saber que eu me lembro de tudo! – e Nicholas
começou a beijar o rosto de Eric, depois a boca e o pescoço. Tudo isso muito
rapidamente.
– Sim, pai, realmente uma grande felicidade. – dizia Nicholas dando um rápido abraço
no pai.
– Puxa vida! Isso merece mesmo uma comemoração! – exclamou Nathaniel, pensativo.
– Poderíamos ir a um dos meus restaurantes à noite. Que acham?
Eric e Nicholas se entreolharam e mesmo sem dizer uma só palavra os dois pareciam se
comunicar. Eles sabiam que a noite daquela quarta-feira seria mais que especial. Eles
iriam tirar totalmente o atraso do tempo em que não puderam ficar juntos.
– Ah, pai... – murmurou Nicholas, sem jeito. Não queria contrariar o pai sem uma boa
desculpa.
– É que amanhã tenho que chegar cedo na Miami College. – disparou Eric, nervoso.
Nem ele saberia explicar como tinha falado aquela frase de maneira tão rápida.
– Oh, céus, é verdade. – disse Nathaniel com a mão no queixo. – Bom, então mandarei
as cozinheiras prepararem algo bem especial para jantarmos. E escolherei o melhor
vinho na minha adega.
– Mas você não vai beber, Nick... Você ainda tá sob medicação, lembra?
– Oh, se vocês dois não vão beber... Então eu também não irei. – Nathaniel sorriu. –
Deixemos a comemoração com vinho e tudo mais para um outro dia.
– Tem certeza que quer continuar essa conversa? – perguntou John franzindo a testa.
– Esse assunto vai terminar nos dando indigestão! – reclamou Harold enquanto cortava
um bom pedaço de bife em seu prato.
– Mas, gente... É sério! – continuava Mike, tenso. – Sei que, no fundo, todos nós temos
um certo receio sobre essa pacificação com os Stigmas e tudo mais... Mas, bom... Já é
hora né?
Ian, que estava sentado ao lado de Mike, pegou a mão do namorado por debaixo da
mesa e a estava acariciando. Aquilo deixava Mike mais encorajado.
– Nós combinamos que assim que o Nicholas Wyatt saísse do hospital, resolveríamos
isso. – concluiu Mike.
– Sim... Até porque... Não queremos que os Stigmas aprontem nada com a gente. –
continuou Mike. – Pois basta uma gracinha deles ou uma gracinha nossa e puff!
Estamos fora da Miami College... Ordens do reitor, vocês lembram.
– E vocês dois? Não vão dizer nada? – perguntou Ian olhando para Harold e John.
– Claro que o Mike tem nosso apoio, oras! Não é John? – disse Harold dando, em
seguida, uma garfada no macarrão e enfiando tudo na boca.
– E por que ainda tá com essa cara mal-humorada? – Mike tornou a perguntar.
– Apenash... Nhão gjosto de sher intherromphido nha nhora do almoço. – dizia Harold
com a boca cheia de comida.
– Então, bom... – disse Mike depois de um forçado pigarro. – Falo com o Leo na sexta-
feira. Uma reunião só entre eu e ele. Depois, combinamos uma reunião com todos.
– Hum... Primeiro uma reunião entre os líderes. – começou Harold depois de tomar um
gole do suco. – Olha lá hein? Vocês dois, sozinhos... Cuidado pra não rolar um clima!
E os Betas caíram na risada mais uma vez enquanto que Mike e Ian disfarçaram sorrisos
nada agradáveis. Aquela piada não tinha a menor graça. Será que os Betas aceitariam o
fato de que seu líder fosse gay? E mais: será que aceitariam o fato de que seu líder
estivesse namorando sério outro membro da irmandade Beta? Era o que Ian se
perguntava, preocupado, no momento.
Depois do almoço, alguns Betas saíram para tomar sorvete enquanto outros preferiram
continuar em casa e aproveitar a tarde para dormir um pouco.
Ian estava no quarto de Mike e os dois estavam deitados na cama. A porta do quarto,
obviamente trancada.
– Que foi, amor? – perguntou Mike, curioso, enquanto fazia cafuné em Ian.
– Andei pensando... – desabafou Ian. – Lembra que você disse que tava preparado pra
ficar comigo e...
– E...?
– E meio que... Bom, assumir nossa relação pra quem quer que precisasse? – disse Ian,
por fim, virando-se para encarar Mike.
– Mike!
– Tô brincando... Sei que eu disse. – e ele riu. – Mas, então... Por que você pensou nisso
hoje?
– O pessoal, na hora do almoço... O jeito como eles insinuaram que você e o Leo teriam
uma reunião íntima e tal...
– Mas não só isso. Eles são heterossexuais e gostam de fazer piadas tipo “Ah, você faz
tal coisa assim? Isso é coisa de gay!”. – completou Ian, tristonho. – E o problema todo é
que... Poxa! Nós somos gays, amor... E aí? Se a gente quisesse assumir nossa relação
para os Betas?
O coração de Mike bateu mais acelerado ao ouvir aquilo. Era uma situação realmente
complicada.
– Não sei se eles aceitariam um líder gay... – murmurou Mike, baixinho, com um olhar
vago e triste.
– Oh, amor... Não quero te deixar magoado com isso. – disse Ian acariciando o rosto do
namorado. – Só quero que pense, comigo, no nosso futuro. Você acha que seria
necessário a gente se assumir pra eles?
– Acho que não, mas... – começou Mike, ainda pensativo. – Eles são como... Como
nossa família, amor. Já nos conhecem há tanto tempo. Talvez eles só façam essas piadas
preconceituosas e tal... Porque imaginam que, aqui, ninguém é gay. Mas, tipo, se nós
contássemos a eles... Acho que eles entenderiam.
Ouvir aquelas palavras fez Ian ficar mais apaixonado ainda pelo namorado.
– Eu te amo muito, Mike... E me sinto a cada dia mais feliz por estar com você ao meu
lado. – finalizou Ian dando, em seguida, um demorado beijo na boca de Mike.
– Agora... – começou Mike depois do beijo. – Se a gente contar e... Bom, se nossos
queridos Betas não gostarem muito do que ouvirem... A gente se muda daqui.
– S-sério? – gaguejou ele, nervoso. – Você faria isso tudo por mim?
– Ian, iria adiantar ficar num lugar onde não seríamos aceitos? – perguntou Mike. – E,
sim, claro, faria isso por você. Abandonaria meu posto de líder da irmandade e iríamos
para qualquer irmandade que nos aceitasse. Como já disse... Eu te amo e nada,
absolutamente nada, muda isso.
– Ai... Assim você me deixa sem palavras, amor. – disse Ian corando.
– Não preciso de palavras, agora. Só preciso dos seus beijos. – concluiu Mike sorrindo e
os dois começaram a se beijar calorosamente.
– Oi, Nick! Entra, a porta tá aberta... – disse Eric enquanto terminava de abotoar a
camisa.
– Uau! – exclamou Nicholas assim que entrou no quarto e trancou a porta. – Meu
namorado tá lindo!
– Ai, amor... Você também é lindo. – disse Eric dirigindo-se até Nicholas e dando-lhe
um demorado beijo. – E muito cheiroso também.
– Humm... Meu perfume pode até ser gostoso, mas o seu me deixa doido... – dizia
Nicholas dando um cheiro bem no pescoço do namorado. Aquilo fez Eric se arrepiar.
– Espero que gostem do jantar de hoje. – disse Arthur, muito educadamente, fazendo
sinal para que as empregadas trouxessem a comida. – Para o Sr. Nicholas, um cardápio
diferenciado, porém delicioso.
– Vamos brindar com este vinho sem álcool? Que tal? – sugeriu Nathaniel segurando
uma garrafa e dando uma piscadela para o filho.
– Olha, Eric... Essa casa é grande demais pra mim. Ainda mais no dia a dia, quando o
Nicholas fica na Miami College e dorme na Stigma. Ter vocês dois aqui... Puxa vida! É
como ter uma grande família!
– E eu já disse que o Eric é como um filho pra mim? – disse Nathaniel dando mais um
gole no vinho sem álcool.
Eric mirou Nicholas com uma expressão que indicava que ele estava se segurando para
não rir.
– Rapazes, se me dão licença... Vou ter que ir dormir. Tive um dia realmente cheio.
– Já, pai? – disse Nicholas forçando uma expressão de surpresa, mas no fundo, sentia-se
feliz ao ouvir o que o pai dissera.
– Sim, filho... – disse Nathaniel dando outro bocejo. – Mas, o Eric também precisa
dormir.
– E, por sinal, Nicholas... Acho que você deve ficar em casa pelo resto desta semana. –
disse Nathaniel antes de sair da sala de jantar. Mas, a partir de segunda-feira você deve
retomar sua rotina. O que acha?
– Boa noite, meus queridos. – disse Nathaniel adiantando o passo e deixando Eric e
Nicholas a sós.
Eles demoraram mais uns minutos na sala de jantar para que desse tempo de Nathaniel
chegar em seu quarto.
– Agora é que a festa vai começar! – sussurrou Nicholas para Eric que riu. – Vem!
– Sim... – disse Eric totalmente derretido por ter a voz de Nicholas tão próxima dele.
Sentir o hálito quente do namorado em seu ouvido era perfeito.
Nicholas ligou o som bem baixinho. Tocava uma música de jazz que Eric não conseguiu
distinguir quem era a cantora, mas que era extremamente gostosa de ouvir.
– Olha, você já sabe... – começou Nicholas rindo. – A gente vai virar a madrugada
fazendo amor.
Beijar Nicholas era algo tão especial, algo tão mágico, para Eric que ele nem
conseguiria descrever a sensação caso alguém pedisse.
– Nossa... Você me deixa sempre assim! – exclamou Nicholas olhando para o próprio
volume na cueca.
Eric riu.
– Ai, ai... Não quero nem lembrar que teve gente pondo as mãos no meu território... –
dizia Nicholas enquanto acariciava o rígido volume que o pênis de Eric causava na
cueca. – Mas... Preciso mesmo esquecer isso.
– Ai, ai... Meu homem. – dizia Nicholas olhando firme nos olhos de Eric.
Eric sorriu enquanto Nicholas pegou-lhe a mão e a enfiou dentro da sua cueca. Eric
então pôde sentir mais uma vez aquele gostoso contato pele com pele. Sua mão
segurando, acariciando, sentindo toda a textura e a temperatura do pênis de Nicholas.
– Quero você hoje... Todo pra mim... – disse Nicholas bem no ouvido de Eric.
– Eu já sou todo seu, Nick... – disse Eric, corando, ainda acariciando o pênis do
namorado.
– Olha, vou pegar o lubrificante, aqui... – disse Nicholas tirando, por fim, sua cueca e a
jogando no chão, perto de onde fora jogada a cueca de Eric. – Prefere com ou sem
camisinha, amor?
– Hum... Sem. – Eric sorriu, sem graça. – Quero sentir você totalmente...
– Uau! – exclamou Nicholas rindo. – Mas concordo com você. – enquanto falava,
Nicholas pegava o lubrificante e já voltava para a cama. – Tambem quero te sentir
totalmente.
– E aí...? – murmurou Eric, inseguro. Ele insinuava sobre o que fariam àquela hora.
– Quero te penetrar logo, amor... Pode ser? – perguntou Nicholas segurando o queixo de
Eric.
Eric obedeceu e foi até Nicholas. Como ele estava de pé e em frente a Nicholas, já
sentado, o sexo de Eric ficou na altura do rosto do namorado, que não perdeu tempo em
brincar um pouco com ele.
– Vem, vamos fazer igual a hoje, mais cedo... – pediu Nicholas, carinhoso. – Quero que
sente, aqui, no meu colo...
– Humm... Com o maior prazer. – disse Eric já se posicionando para sentar no colo de
Nicholas.
– Oh, não, não, amor... Agora, quero que sente virado pra mim. – pediu Nicholas,
carinhoso.
– Sim...
– Então vamos começar... – Nicholas sorriu, sedutor, e puxou Eric para ele, para que se
beijassem.
– Vou bem devagarzinho... Não quero que sinta dor. – murmurou Nicholas, sério.
Dito isso, Nicholas aguardou uns segundos e, em seguida, começou a introduzir seu
sexo em Eric.
– Tá...
Nicholas continuou introduzindo o sexo em Eric até que pôs-se a retirá-lo lentamente e,
em seguida, introduziu mais uma vez. Começou então a repetir esses movimentos, ainda
em ritmo lento. Logo depois, porém, Nicholas começava a bombear seu pênis para
dentro de Eric num ritmo mais acelerado. Eric não se incomodava mais com a ínfima
dor que sentia. O prazer de ter Nicholas dentro dele era maior e melhor que tudo.
Eric, tal qual um nobre cavaleiro, cavalgava em Nicholas com bastante vontade.
– Humm... – gemia Nicholas, vermelho de tanto fazer esforço. Sua testa suava e
algumas gotas de suor pingavam sobre seu corpo e o de Eric.
Ele e Eric pareciam realmente satisfeitos enquanto arfavam. Em seguida, Eric saiu do
colo de Nicholas e sentou-se ao lado dele, no sofá.
– Eu também senti saudade disso... – disse Eric enquanto passava a mão pelos cabelos.
– Vamos pra cama? – pediu Nicholas se levantando do sofá e puxando Eric pela mão.
– É tão bom estar com você... – disse ele acariciando o peito nu de Eric.
– Oh... – Eric gemeu, fofo. – Também gosto muito de estar com você. Sempre!
– Vem cá... – pediu Nicholas e Eric chegou mais perto dele, deitando a cabeça em seu
ombro. – Sabe o que eu quero, agora? – Nicholas desenhava círculos imaginários ao
redor dos mamilos de Eric.
– Ai, Nick... – gemeu Eric, dengoso. Eric se arrepiava quando Nicholas fazia aquilo
com ele.
– Não. Você é quem escolhe, agora. – pediu Nicholas, sedutor. – Sou todo seu...
– Humm... – Eric sentia seu sexo palpitando, doido para penetrar Nicholas. – Quero que
fique de ladinho...
Nicholas sorriu ao ouvir aquilo do namorado. Eric realmente estava bem safado naquela
noite.
– Vou começar... – murmurou Eric pegando seu pênis e posicionando no local certo.
Enquanto penetrava o parceiro, Eric beijava-lhe o pescoço de vez em quando. Como era
gostoso penetrar Nicholas. Eric sentia-se mais do que bem, sentia-se completo.
Um tempo depois e Eric começava a sentir arrepios no seu corpo. Indícios de que estava
chegando ao orgasmo.
E era verdade. Nicholas também chegava ao ápice do prazer. Por coincidência, os dois,
depois de alguns segundos, gozaram ao mesmo tempo. Eric gozou dentro de Nicholas e
ele, no lençol da cama.
– Nossa! Você leu meu pensamento! – exclamou Eric, rindo. – Vamos lá!
– Fria?
Os dois entraram no box e Nicholas ligou o chuveiro de modo que a água caísse bem
fria.
– Aah, que delícia! – exclamou Eric enquanto lavava seu corpo nu.
– Você é que é uma delícia... – disse Nicholas indo para trás de Eric e dando-lhe um
abraço bem forte. – Meu bebê lindo...
– Oh, meu amor... – dizia Eric, de olhos fechados. A água caía em seu corpo e Nicholas
o acariciava. Sensação melhor? Impossível.
– Já se enxugou? – disse Nicholas, rindo, ao ver Eric com a toalha em volta da cintura.
– Já... – disse Eric cruzando os braços para proteger o peito. Agora que ele estava seco
fazia um pouco de frio.
– Mas eu quero me enxugar também... E com essa toalha. – disse Nicholas, provocante,
tirando a toalha da cintura de Eric e passando-a rapidamente sobre seu corpo. Os dois
deram um gostoso beijo logo em seguida.
Assim que a banheira encheu, os dois entraram nela. Nicholas sentou-se primeiro e Eric,
sentou-se, mais uma vez, no colo de Nicholas, só que agora, ambos estavam dentro
d’água.
– Humm... Que gostoso! Recuperei minha memória, tenho um namorado perfeito e que
me ama muito... Que eu quero mais da vida, meu Deus? – disse Nicholas, baixinho,
enquanto pegava um pouco de água e jogava no cabelo de Eric.
– Ai, Nick... Eu rezei tanto pra você recuperar essa memória. – confessou Eric.
Eles ficaram um bom tempo aproveitando a gostosa água morna da banheira. O relógio
já marcava quase duas horas da madrugada, mas o casal apaixonado nem sequer parecia
se ligar nisso.
– É, acho que tá na hora de sair um pouco... – disse Eric, rindo. – Olha como meus
dedos estão...
Nicholas checou seus dedos que assim como os de Eric, estavam enrugados.
Mal os dois pisaram fora da banheira e Eric sentiu mais frio que antes. Agora, depois
que seu corpo havia relaxado e tomado um bom banho morninho, o ar condicionado
parecia mais frio que as terras do pólo Norte.
– Nossa! Tá muito frio! – dizia Eric todo encolhido, cruzando os braços e batendo o
queixo.
– Oh, que fofo! Seu queixo tá tremendo... – disse Nicholas sorrindo. – Vem cá... – ele
abriu a toalha de banho e Eric pulou na direção dele.
– Não sabia que você sentia tanto frio assim... – disse Nicholas, rindo.
– Quer que eu desligue o ar condicionado? – perguntou Nicholas, sério. Mas antes que
Eric pudesse responder, Nicholas acrescentou algo em sua fala. – Aliás, não! Não vou
desligar o ar. Tenho uma idéia melhor...
– Hã? – Eric pareceu confuso.
– Vem cá, amor... – disse Nicholas, provocante, puxando Eric pela mão e, nesse
momento, jogando a toalha de banho no chão do banheiro.
– Eu sei, você já disse isso... – Nicholas riu. – Vamos fazer amor mais uma vez?
Eric sentiu seu coração bater mais forte. Três vezes naquela madrugada? Eles realmente
estavam com um apetite sexual incrível!
– Eu te esquento, meu amor... Vou te fazer ficar com calor dentro de alguns segundos.
Se você deixar...
Só de ouvir aquilo o sexo de Eric, que também sentia muito frio, começou a dar sinais
de que poderia se enrijecer a qualquer momento.
– Então vem cá... Vamos inovar ainda mais. – disse Nicholas se ajoelhando no chão.
– Não quero ficar na cama e nem no sofá... – dizia Nicholas engatinhando pelo chão. Só
de ver o belíssimo traseiro de Nicholas totalmente empinado, o sexo de Eric começou a
se enrijecer. – Vem cá...
– Deita... – pediu Nicholas, carinhoso. – Você tem algum problema com tapetes? Tipo...
Alergias ou coisas do tipo?
– Então ótimo! Vem cá, meu gatinho... – pediu Nicholas, manhoso. Eric se aconchegou
mais perto dele e os dois se beijaram loucamente.
– Ai, que bundinha mais gostosa... – murmurou Nicholas fazendo uma expressão
safada. Eric riu ao ouvir aquilo.
– Hum... – gemia Nicholas enquanto estimulava a área anal de Eric, já com lubrificante.
– Vou fazer ainda mais gostoso dessa vez.
Era a terceira vez que os dois faziam amor naquela madrugada e pode-se dizer que foi a
vez mais gostosa. Os dois já estavam um pouco cansados devido aos esforços que já
haviam feito, mas nada tirou o tesão e a vontade que os dois tinham naquele momento.
– Ah... Que maravilha! – dizia Nicholas tirando seu pênis de dentro de Eric e, depois,
deitando-se no tapete.
Nicholas começou a ter uma crise de risos e teve que tapar sua boca com as mãos para
que sua risada não acordasse os empregados da casa ou mesmo seu pai.
– Que foi? Por que tá rindo? – dizia Eric, ainda preocupado com o tapete. – Eu, aqui,
nervoso e...
– Amor... – disse Nicholas mais controlado. – Nós lavamos os tapetes da casa toda
semana. Relaxe!
– Vem! Vamos tomar mais uma ducha... – pediu Nicholas se levantando do chão. Eric
fez o mesmo.
– Meu amor... Você hoje foi bem safado comigo viu? – dizia Nicholas, sorrindo, de
olhos fechados, enquanto recebia a gostosa chupada de Eric.
– Fui? – disse Eric parando de chupar o sexo de Nicholas. – Que bom então... – ele riu
e, em seguida, voltou a chupar com mais vontade ainda.
Assim que terminaram o gostoso banho e se enxugaram, Eric correu pelo quarto, catou
suas roupas (as mesmas usadas no jantar) e as vestiu rapidamente. O frio mais uma vez
reinava por ali. Já Nicholas, foi até seu guarda-roupa e tirou de dentro uma calça de
moletom. Completamente nu, vestiu-a em seguida.
– Que horas são? Tô com uma fome... – disse Nicholas indo até o relógio mais próximo.
– Caramba! Duas e meia!
– Então vamos.
Eles desceram silenciosamente as escadas. Uma fraca luz de um velho abajur iluminava
a sala.
Ele pegou uma lata de Coca-cola na geladeira e colocou no balcão. Depois, foi até um
armário próximo e pegou um pacote de biscoitinhos salgados.
– Ahn... Sim. – mentiu Eric. Ele nunca vira tal pacote de biscoitos na vida.
– Uau! Fazer essa malhação toda na madrugada dá mesmo uma fome danada! – disse
Nicholas rindo.
Enquanto faziam o rápido lanche, o casal conversava baixinho. Assim que terminaram,
Nicholas anunciou:
– Pega sua escova de dentes lá no seu quarto quando a gente subir tá?
– Quero escovar os dentes junto com você... – Nicholas ria enquanto bagunçava o
cabelo de Eric.
Os dois saíram da cozinha com o mesmo silêncio que chegaram. Logo, estavam no
andar de cima da casa e Eric já retornava do seu quarto com a escova de dentes na mão.
– Sobre?
– É que... Sei lá... – Eric suspirou. – Por mim, eu gritava pro mundo todo que tô te
namorando, mas... Não me sinto preparado pra contar isso pra algumas pessoas... Como
minha família, por exemplo.
– Entendo... – disse Nicholas sério. – Também nunca me senti a vontade pra contar pro
meu pai... Ainda mais com essa pressão toda que ele faz em mim pra eu administrar os
negócios, casar e dar um neto a ele... Sou filho único! As cobranças são bem piores...
Mas, assim... Contar para os amigos é uma boa chance de você ir saindo do armário aos
poucos... – e deu um sorriso torto.
– É, pode ser. Mas, ainda me sinto inseguro em contar tipo... Pra Ashley, minha melhor
amiga lá de Nova Iorque, ou mesmo pra Kathia.
– Amor, eu te entendo... Isso tudo ainda é novo demais pra você né?
Eric corou.
– Oh, Nick... Eu também. – disse Eric, mirando o chão. – E, peço desculpas se fico
inseguro com algumas coisas, mas... É meu jeito de ser.
– Eu te entendo, meu amor... – disse Nicholas segurando o rosto de Eric pelo queixo.
– Mas não tenha dúvidas de que eu te amo muito e que quero manter nossa relação por
muito tempo.
– Não tenho dúvidas disso... – disse Nicholas abraçando Eric bem forte. – Te amo muito
também.
– Sabe... Eu poderia mesmo casar com você, Eric Matthews. – disse Nicholas
provocante, acariciando o peito do namorado. – Eu seria o homem mais feliz do
mundo...
– Oh... – Eric sorriu ao ouvir aquilo. – Eu me casaria com você, Nick... A gente se dá
super bem, nos amamos muito, temos uma relação perfeita...
– É né? Então isso foi um sim? – disse Nicholas fazendo uma expressão séria.
– Hã?
– Não respondeu... – resmungou Nicholas, rindo. – Não é nada oficial, mas responde,
oras.
– Ai, Nick! – disse Eric, corado, dando um tapinha no ombro do namorado – Sim, claro
que quero.
– Aaah, então vamos nos casar! – e dizendo isso, Nicholas carregou Eric nos braços.
Nicholas era mais forte que Eric e isso não lhe causou nenhuma dificuldade.
– Sério... – dizia Nicholas colocando Eric, enfim, no chão. – A gente podia se casar em
Las Vegas... Que tal? – e ele riu da própria idéia.
– Nick!
– Gostei... – dizia Eric corando. – Mas, olha, tá tarde! E eu preciso acordar cedo né?
– Ai, ai... Você mudou o rumo da conversa. – Nicholas riu. – Mas tudo bem, outra hora
falarei no nosso casamento em Las Vegas! Mas então... Você vai mesmo pra aula
amanhã, ou melhor, hoje?
– Então tá... Vamos lá pro seu quarto... Quero te pôr na cama... – disse Nicholas
carinhoso.
– Como? – disse Nicholas fazendo a expressão mais fofa que Eric já vira.
Eric ficou sem cueca, colocou um shortinho folgado e vestiu uma camiseta.
Eric deitou na cama e Nicholas deitou ao lado dele. Os dois começaram a relembrar
momentos como o dia em que se conheceram. Enquanto isso, Nicholas fazia cafuné no
namorado.
– Olha, vou pro meu quarto... – disse Nicholas se endireitando na cama. – Se não...
Termino dormindo com você aqui... – e ele sorriu.
– Ah... Até que não seria má idéia. – disse Eric meio sonolento. Um simples cafuné o
deixava assim.
– Hum... Sabe que você tem razão. – disse Nicholas se levantando. – Vou trancar meu
quarto e volto pra cá! O Arthur não vai me perturbar de manhã cedo mesmo.
– Ele deve vir me chamar e avisar que o café tá pronto. – lembrou Eric.
– É...
– Bom, eu poderia dormir nuzinho com você, mas... Pode ser que a gente se anime de
novo e... – Nicholas riu. – Vou dormir com essa calça mesmo.
Eric quase não se concentrou pra dormir, sentindo que Nicholas começava a se excitar
outra vez. Como o namorado estava usando apenas uma folgada calça de moletom e
sem cueca por baixo, foi fácil, fácil, sentir o volume rígido do seu pênis. Mas, como
naquela hora, Eric já estava cansado o suficiente, procurou tentar ignorar o tesão que o
namorado ainda sentia.
O dia tinha sido realmente perfeito. Eric e Nicholas estavam juntos outra vez e, agora,
mais unidos que nunca. O mesmo destino que parecia ter quisto separá-los, agora, os
juntava novamente. E da melhor forma possível.
Continua...
Continua...
Assim que Mike terminou de narrar toda a conversa que tinha tido com Leo, o líder da
Stigma, sobre a possível paz entre as irmandades, Eric se levantou do sofá. Ele não
tinha escutado muito do que Mike dissera. Estava envolto em seus pensamentos que
remetiam ao pedido de casamento proposto por Nicholas.
– Que foi? – perguntou Harold, assustado, assim que viu Eric se levantando do sofá tão
bruscamente.
– Ah, é que... – gaguejou Eric. – Nada... Essa história toda me deixou confuso. – mentiu
ele.
– Sei lá... – Eric começou a ficar vermelho. O que inventar a respeito? – É que... Achei
meio estranho o jeito que o Leo se comportou.
Os Betas silenciaram. A desculpa dada por Eric tinha, sem querer, um fundo de razão.
– Pior que eu também notei isso. – concordou Mike, pensativo.
– Era como se ele tivesse armando alguma coisa né? – sugeriu Marcus.
– Acho que não. – adiantou-se Mike. – Quer dizer, espero que não...
Os Betas conversaram mais um pouco e dentro de mais uns minutos, Eric recebera uma
mensagem no celular que fizera suas bochechas ficarem mais coradas.
“Já tô com saudade de você, meu fofo. Volta logo? Beijos do seu namorado que te ama.
– Nick”
– Ah, da operadora. Oferecendo descontos num novo plano e... – mentiu Eric, sem
graça.
– Bom, pessoal, eu quero sair um pouco. Vou à praia dar um mergulho. Alguém quer
vir comigo? – interrompeu Freddy.
– Também acho. – disse Harold. – Vou pegar uns salgadinhos pra comer lá.
– Ah, não posso ir com vocês. – adiantou-se John. – Marquei de estudar com uns
colegas. Temos que preparar um seminário para semana que vem.
– Tudo bem então. – disse Freddy, sério. – E vocês três? – ele olhou na direção de Eric,
Ian e Mike.
– Bom, eu vou indo pra casa do Nicholas daqui a pouco... – disse Eric se controlando
para não ficar vermelho.
– Vamos com vocês. – adiantou Ian. – Só que é melhor vocês irem na frente. Depois eu
e o Mike vamos.
– É que... – começou Ian, sério. – Eu vou dar umas dicas para quando o Mike for redigir
o documento.
– Ah, tá, tudo bem. Depois você me conta sobre isso. – interrompeu Freddy, já
desinteressado. – Vamos, pessoal! – gritou ele para os outros Betas.
Dentro de mais uns minutos os Betas saíram da irmandade e, então, só restaram, ali,
Mike, Ian e Eric.
– Poxa, Freddy! – Ian fez uma voz engraçada enquanto fingia estar conversando com o
amigo invisível, ali. – Tô pedindo pra vocês irem na frente porque eu quero ficar um
pouco com meu namorado, oras! – e depois disso, Ian sentou-se no sofá ao lado de
Mike e deu-lhe um demorado beijo.
Eric desviou o olhar para o chão. Não queria ser, embora já estivesse sendo, um típico
castiçal. E ele não queria ficar “segurando vela” para os amigos.
Eric levantou-se sem fazer barulho algum e correu na ponta dos pés até a cozinha.
– Alô? Oi, Joseph! – disse Eric, sério, assim que discou o número do motorista
particular dos Wyatt. – Então... Você já tá perto daqui?
– Sim, senhor. Dentro de uns quinze minutos já devo estar chegando aí. – informou o
motorista do outro lado da linha.
Ian e Mike pareciam ter perdido completamente a noção de tempo e espaço, pois
quando Eric saiu da cozinha, os dois continuavam se beijando loucamente.
Eric não teve outro jeito a não ser dar um falso pigarro.
– Opa! – disse Mike parando de beijar o namorado e ficando corado ao ver Eric os
encarando.
– Eu é que peço desculpas... – adiantou-se Eric. – Não queria ter interrompido vocês,
mas... É que eu queria avisar que já vou indo pra casa do Nick.
– Ah, poxa! – Mike fez um bico que Ian considerou muito fofo.
– Achei que você ia passar o fim de semana com a gente... – Ian deu um sorriso torto.
– Ah, pessoal, não falem assim... Se não fico triste. – Eric sorriu, sem graça.
– Não! Que é isso, Eric! – disse Mike se levantando do sofá. Ian fez o mesmo. – Não
fique triste, seu bobo. Você vai ver seu namorado, seu homem...
– Mas a gente sabe que você quer bem mais ficar com o Nick... – Ian riu.
– Eu queria contar pra vocês, antes, mas... – começou Eric, sem jeito.
– Ai, Eric! Fala logo! – disse Ian, tenso, sentando-se ao lado do amigo. Mike sentou-se
do outro lado de Eric.
– Quando foi isso?! – disse Ian quase gritando de alegria. – Gente! Que coisa boa!
– E por que você não contou logo pra gente? – adiantou-se Mike, sorrindo.
– Vai ser ótimo! Vocês se merecem e... – dizia Mike freneticamente quando, então,
percebeu que Eric tinha um olhar meio triste. – Que foi, Eric? Tá tudo bem?
– Não... – Eric balançava a cabeça, nervoso. – Tô inseguro, indeciso... Não sei se devo
me casar com ele.
– Aah, Eric! Isso é normal! É normal ficar inseguro quando vai se casar. – Ian o
acalmou.
– Mas, além disso, fico pensando se... – começou Eric engolindo em seco. – Se tá na
hora certa. Se é o momento certo. Fico com medo de ser cedo demais e...
– Oh, meu amor, que lindo! – Mike corou ao ouvir aquilo. Parecia até que fora para ele
o que Ian dissera.
– Bom, como ele também não é assumido para o pai e tal... – Eric suspirou. – Ele me
propôs que nos casássemos em Las Vegas.
– Mas não seria um daqueles casamentos loucos né? – perguntou Ian, sério.
– Mas não seria melhor se vocês se assumissem, antes? – perguntou Ian, pensativo. –
Digo, vocês se casam. Beleza. Aí o Nick resolve contar ao pai. Imagina só! “Oi,pai! Eu
sou gay e tô casado com o Eric.”
– Não, não, chora! – adiantou-se Ian. – Desculpa, Eric. Não queria ter dito isso. Mas é
que, sei lá... Você não acha que seria um “choque” maior para o seu sogro?
– É... – Eric respirou fundo ao ouvir a palavra “sogro”. – Acho que seria, sim.
– Mas também temos a possibilidade de que o pai do Nicholas não reagisse tão bem ao
saber que o filho é gay e... – começou Mike, pensativo. – Está bem, e se ele não
aceitasse o Nicholas como gay? Ele não aceitaria o casamento de vocês. E isso
impediria vocês de irem secretamente a Las Vegas e se casar? Não, não impediria!
– Estou dizendo que se o Nick contar ao pai, antes de se casar. – começou Mike. –
Independente do que aconteça, nada vai impedir que ele queira se casar com o Eric. Sei
que pode ser mais duro para o pai ouvir que o Nicholas é gay e que se casou
secretamente, mas... Na minha opinião, vocês deviam se casar logo.
Eric ouvia as opiniões dos seus amigos e ficava ainda mais inseguro. A pressão que
sentiu foi tanta que não houve outro jeito e ele terminou deixando escapar algumas
lágrimas.
– Oh, Eric... Não era pra ficar assim. – disse Ian colocando a cabeça de Eric em seu
ombro.
– Desculpa a gente, amigo. Acho que só pioramos a situação né? – Mike deitava sua
cabeça no ombro de Eric.
Os três estavam sentados no sofá, juntos. Eric sentado no meio, entre o casal.
– Eu já pensei nisso também, Ian... De me assumir para os meus pais, mas... – começou
Eric enxugando as lágrimas. – Não tenho coragem suficiente. Não tô pronto pra isso.
– Então, acho melhor seguir o conselho do Mike. – disse Ian, sério. – Vocês se casam,
primeiro. Se assumem, depois.
– É... – disse Eric, mais calmo. Estar, ali, entre os dois amigos, fez com que ele se
sentisse muito melhor. Era como se tivesse no calor da sua família, em Nova Iorque.
– Mas tem mais uma coisa... – começou Ian. – Temos que ir a esse casamento.
Os três riram.
– Agora, Eric... – começou Ian, sério. – Deixando a família pra depois... Tem algum ou
alguns amigos próximos a quem você gostaria de se assumir?
– Bom... – Eric se lembrou de muitos amigos seus de Nova Iorque. Muitos não eram tão
chegados assim. Mas se tinha uma amiga, em especial, que ele gostaria de se assumir,
era... – Ashley, uma grande amiga lá de Nova Iorque.
– Kathia. – disparou Eric sem pensar duas vezes. – Ela é minha colega e, sim, é uma boa
amiga.
– Mas, lembre-se, Eric. Não tô querendo te pressionar. – informou Ian. – Nem quero
que você se assuma para o mundo. É que... Realmente as coisas ficam melhores.
Mike estava calado até o momento. Ele sabia que esse ponto sobre “assumir” lhe
deixava um pouco inquieto.
– Tenho muitos amigos que sabem sobre mim e acho que isso só veio a ajudar as coisas.
– começou Ian.
– O Nick também tem muitos amigos que sabem dele. – completou Eric.
– Pois é! Você contando para a Kathia, para a Ashley, só vai te fazer sentir mais leve. –
concluiu Ian.
– Bom, pessoal... – disse Eric se levantando do sofá. – Acho que vou indo lá para os
portões de entrada da Miami College. O carro deve chegar a qualquer momento.
– É né... – Eric ficou sem graça. Não gostava muito de pensar que ele e Nicholas tinham
tanta diferença quanto à questão financeira.
– Bom final de semana pra você. – começou Mike. – Ou melhor, pra vocês! – e ele
sorriu.
– Obrigado, gente! – disse Eric se apressando. – Bom final de semana pra vocês
também.
Eric saiu da Irmandade Beta, deixando Mike e Ian a sós. Chegando próximo aos portões
de entrada da faculdade, uma voz máscula veio na direção dele.
– Ei, rapaz! – era Robert Lewis, o professor de Artes, que Eric conhecera outro dia.
– Aha! Minha memória nunca falha! – Robert riu. – Mas então, meu caro, não vi seu
nome nas inscrições da minha oficina de artes. Não vai mesmo participar?
Eric então se lembrou de que conhecera Robert ainda quando Nicholas estava
desmemoriado. Eric pensara seriamente em fazer a oficina para ocupar a cabeça com
outras coisas, mas como Nicholas havia recuperado a memória, ele se esquecera
totalmente da oficina.
– Ah, bem... – começou Eric, sem jeito. – Quando serão as aulas mesmo?
– Amanhã. Das oito da manhã até as quatro da tarde. – informou o professor. – Mas
claro que faremos uma pausa no almoço e...
– Oh, entendi... Já tem outros planos né? Tudo bem então... – disse o professor
desanimado.
– É que...
– Parece que os jovens não dão muito valor à arte, por aqui... – murmurou Robert. –
Enquanto em Paris, por exemplo, os jovens se dedicam demais à arte...
– Eu irei à oficina! – adiantou-se Eric. Nem ele entendia o porquê de tomar aquela
decisão tão rápido e sem pensar.
– Preciso ir. Tenho, agora, uma reunião com os professores que me auxiliarão na
oficina... Tchau, Eric! Te vejo amanhã!
Assim que o professor sumiu de vista, Eric resmungou consigo mesmo, baixinho.
– O fim de semana já vai ser agitado com a ida da Kathia à casa do Nick... E ainda
invento de participar dessa oficina de artes... Meu Deus, o que eu faço agora?
Como uma mensagem dos céus, ou não, Eric desviou o olhar e notou o já conhecido
banner, laranja com as letras garrafais azuis, que anunciava a oficina com aulas
ministradas por Robert Lewis. Sim, era o que ele precisava fazer: se inscrever.
Eric seguiu em direção ao banner e encontrou uma bela garota loura sentada à mesa.
Eric sentou-se num banco próximo e começou a preencher a ficha. Depois de preencher
seu nome e indicar o curso e o período em que estava, Eric preencheu a ficha de
Nicholas. Neste exato momento, a limusine chegou e Eric apressou-se em devolver as
fichas à garota.
– Desculpe pelo grito. – ela riu, sem graça. – Aqui, pega. É a programação de tudo o
que vai acontecer na oficina de artes, amanhã. Todos os horários.
– Tchau.
Mal a limusine estacionou em frente à belíssima mansão dos Wyatt, Eric desceu do
carro e correu para dentro da casa.
Educadamente, Eric deu duas leves batidinhas na porta do quarto do namorado e entrou,
em seguida. Nicholas estava dormindo, lindo como um anjo. A TV transmitia um
documentário sobre animais extintos.
Eric trancou a porta silenciosamente e deitou-se, sem fazer barulho, ao lado do
namorado. Eric ficou admirando Nicholas por mais uns segundos e então, sem
conseguir resistir mais, beijou-lhe a boca.
– Oi, meu amor... – disse Nicholas coçando o olho. – Nada melhor que acordar com um
beijo seu.
– Fofo é você, meu Eric. – disse Nicholas enquanto acariciava o rosto do namorado.
Os dois se levantaram da cama e começaram a se despir. A cada peça de roupa que iam
tirando, trocavam mais e mais beijos. Até que, logo, logo, estavam completamente nus.
– Vem, meu gostoso! – disse Nicholas pegando Eric com jeito e o carregando em seus
fortes braços.
– Ai, ai... – Eric riu. Era meio estranho ser carregado por Nicholas, embora fosse uma
sensação muito boa.
– Então, o que é que você tava fazendo, dormindo, a uma hora dessas? – perguntou Eric,
rindo. – Uma típica sonequinha?
– Michael?
– Sim, bobo! Esqueceu foi? – perguntou Nicholas cruzando os braços. – Eu não disse a
você que seria uma ótima ideia sugerir ao Michael que ele convidasse a Kathia para ir a
um dos restaurantes do meu pai, no domingo?
– Ah, sim, sim. Agora lembro... – Eric riu, sem graça. – Então tá tudo certo?
– Ainda quero te contar umas coisas... – começou Eric, sem jeito, depois do beijo.
– Quero ouvir tudo, só que quando nós já estivermos, ali, na banheira. – disse Nicholas,
agora, pondo uns sais de banho na banheira.
Assim que o banho ficou pronto, os dois entraram na banheira e, como de costume,
Nicholas entrou primeiro e Eric, em seguida, sentando-se em seu colo. Era uma posição
altamente gostosa e confortável. Eric se sentia tão bem, ali, juntinho do homem que
tanto amava. Imagina só poder chamar aquele homem de seu marido? Seria realmente
perfeito. Eric queria poder viver cada um dos dias de sua vida ao lado daquele homem.
Sim, Eric sentia que o que Ian dissera era mesmo verdade sobre a resposta estar em seu
coração. Eric sentia uma sensação gostosa vinda do seu peito naquele momento: era
felicidade.
– Bom, eu conversei com Mike e Ian sobre o... – e ele corou. – O casamento.
– Sério? – Nicholas ficou surpreso. – Isso significa que você tem pensado mesmo nisso
hein? – e ele sorriu.
– Sim, penso a cada segundo... – disse Eric virando-se para olhar nos olhos de Nicholas.
– Eu andei meio indeciso, confuso, ansioso demais... Mas, enfim, eu acho que não tenho
mais dúvidas de que quero me casar com você, Nick.
– Oh, meu Deus! Você é a coisa mais fofa desse mundo todo, Eric. – Nicholas beijou os
lábios do namorado, em seguida. – Te amo tanto...
– Bom, tem... – Eric pensou duas vezes sobre como começar a contar. – É que...
Desculpa, Nick, não sei o que foi que deu em mim, mas inscrevi a gente numa oficina
de artes.
– Bom, é que não quis deixar o professor Robert triste. – começou Eric. – Eu conheci
esse professor no dia em que você recuperou a memória. Quando ele me viu, me falou
da oficina e como eu tava triste por sua causa e tal... Pensei em fazer a oficina pra
ocupar minha cabeça.
– Sei...
– E como você já recuperou a memória... Bom, eu nem ia mais. Só que me deu uma
pena quando o professor ficou me falando que os jovens não dão mais tanto valor à
arte...
– Oh, minha coisa mais linda, você é mesmo tão preocupado com as pessoas. – disse
Nicholas. – Não tem problema, nós vamos a essa oficina. Pode ser divertido. Quando
vai ser?
– Amanhã! – disparou Eric.
– Ai, desculpa... – disse Eric fazendo beicinho. – Eu devia ter te avisado, antes.
– Não, meu amor, tá tudo bem. – disse Nicholas acariciando os ombros do namorado. –
A gente vai amanhã. Vai ser legal...
– Mas é que amanhã vai ser um dia cheio né? A Kathia vem pra cá e...
Eric sorriu.
– Olha, a gente pode até fazer o seguinte: vamos para a Miami College, participamos da
oficina e quando acabar a gente já marca com a Kathia e aí voltamos os três para cá.
– Bom... – começou Eric, sem jeito. – Ian e Mike disseram que vão querer ir junto no
nosso casamento. Que querem ser padrinhos ou mesmo as testemunhas.
– Ah, mas eu achei que seria melhor só eu e você... – disse Eric, acariciando, por
debaixo d’água, o sexo já rígido de Nicholas.
– Ah, meu anjo, na hora da nossa lua de mel, seremos só nós dois e mais ninguém. –
disse Nicholas falando bem devagar ao pé do ouvido de Eric. – Mas pode ser legal ter
nossos amigos presentes na hora da cerimônia.
– E quem de nossos amigos iriam? – perguntou Eric quase tonto de prazer ao ouvir a
voz de Nicholas em seu ouvido.
– A Kathia, depois que contarmos a ela, claro. – Nicholas sorriu. – Posso chamar a
Anna, o Brian e o Thiago. Você se lembra deles né?
– Ah, sim, lembro. – Eric lembrava muito bem dos amigos de Nicholas. Ele os
conhecera na vez em que Nicholas terminou pedindo aos amigos para deixar Eric no
aeroporto de Miami.
No dia seguinte, Eric e Nicholas conseguiram levantar relativamente cedo para um casal
que tinha tido uma noite maravilhosamente gostosa com direito a muitas horas de puro
prazer.
Eric tinha dormido abraçadinho a Nicholas, no quarto dele. Eric tinha dado uma
escapada do quarto de hóspedes só para dormir com seu namorado outra vez.
O relógio marcava sete e meia. Com certeza eles iriam se atrasar para a oficina, que
começaria às oito.
– Acho que não... – Eric sorriu sem jeito. – Ai, droga! Esqueci de te dizer que cada um
de nós tem que levar um quilo de alimento não perecível! Eles vão doar os alimentos
para uma ONG e...
– Não, amor... – interrompeu Nicholas. – Na verdade você me disse isso ontem, sim. –
ele riu. – Antes de dormirmos...
– Não se preocupe. Quando descermos para tomar café, eu peço ao Arthur para buscar
os alimentos na despensa. – disse Nicholas, sério. – Vamos tomar uma ducha
quentinha?
– Sim, claro.
– Muito bom dia! – disse Nathaniel Wyatt, que já estava sentado à cabeceira da mesa.
– Bom dia! – disse Eric, pensativo. Ele se imaginou dizendo “Bom dia, sogrão!”.
– Que bom que os jovens da casa acordaram tão cedo! – disse Nathaniel sorrindo. –
Algum motivo especial?
– Oh, sim, sim... A oficina de artes! – disse Nathaniel depois de tomar um gole do suco
de laranja. – Me lembro!
Um tempo depois e Arthur já trazia, a pedidos, dois quilos de arroz embalados numa
sacola plástica.
Não demorou muito para Eric e Nicholas engolirem o café da manhã e se despedirem de
Nathaniel Wyatt na maior correria. Não queriam se atrasar mais do que já ficariam.
Na limusine, enquanto Joseph dirigia, Eric e Nicholas liam o guia informativo com os
horários da oficina.
– Humm... – gemeu Nicholas, pensativo. – Aula de pintura com modelo viva. Uau!
Os dois riram.
– Ah, entendi! – continuou Nicholas enquanto lia. – Todas as aulas de pintura serão
dadas pelo professor Robert Lewis.
– Isso!
– Ah, eu já fiz umas aulas de cerâmica uma vez... É bem legal. – comentou Nicholas.
– Ah, então a gente vai nessa aula... – encorajou Nicholas. – Será a partir das duas da
tarde.
– Ah, deve ser bem legal essa com os materiais recicláveis né?
– É verdade. – concordou Nicholas. – Pena que essa começa às oito horas. Não sei se
vamos pegar muita coisa dessa aula. Essa aula é ao mesmo tempo que a aula da natureza
morta.
– Poxa, mas eu queria pegar uma aula com o professor Robert. – murmurou Eric.
– Hum... Então só nos resta pegar a aula com a modelo. – disse Nicholas, sério.
– Natureza morta, modelos vivas... Ai, ai... – Eric fez uma careta engraçada.
– Joseph, tente ir o mais rápido que puder, ok? – pediu Nicholas, ansioso.
– Rápido, vem! – dizia Eric puxando Nicholas pelo braço enquanto eles corriam até o
prédio onde aconteciam as aulas do curso de Artes.
Os dois adentraram o grande prédio e ficaram meio perdidos, mas logo, logo, os alunos
da comissão organizadora da oficina apareceram para orientar as salas em que
aconteciam cada aula. Um dos alunos aproveitou, também, para recolher os alimentos
que Nicholas havia trazido com Eric.
– Opa! Bom dia! – disse Nicholas, sem graça, assim que abriu a porta da sala onde
acontecia a aula de artes com materiais recicláveis. – Desculpem o atraso.
– Ah, que bom... – Eric sorriu, corando. Ele sentia que muitos rostos o miravam, ali.
Na sala, os alunos estavam sentados numa grande bancada. Cerca de dez alunos
olhavam atentamente para Eric e Nicholas, os atrasados. Na bancada estavam diversos
materiais como garrafas pet, caixas de suco já desmontadas e tintas.
– Muito bem, vamos lá... – começou o professor. – Como eu dizia, é facílimo de fazer
essa...
E a aula se seguiu de maneira tão rápida que até Eric se espantou ao ver que já eram dez
horas da manhã. Ele havia conseguido fazer um brinquedo diferente usando os materiais
recicláveis. Já Nicholas, havia feito um cinto de tampinhas de garrafa.
– Pessoal, muitíssimo obrigado pela presença de vocês, mas a aula chegou ao fim. –
disse o professor,sério. – Tenham um excelente dia! Levem suas produções para casa ou
deixem conosco. Poderemos doar para a mesma ONG que doaremos os alimentos que
vocês trouxeram.
– Foi uma aula ótima, não foi? – sussurrou Eric para Nicholas.
– Um pouco... – Eric fez uma voz tão mansa que fez Nicholas ficar louco de vontade
para beijar-lhe ali.
– Quer voltar pra casa? Assim a gente vai pra minha cama e...
– Tô brincando, seu bobo! – Nicholas riu. – A gente vai pra minha cama, sim, mas não
agora... Afinal de contas, nós... – mas Nicholas não concluiu a frase. Ele tinha um olhar
distante. Um olhar que focava em algo ou alguém a certa distância dali.
– Nicholas, espera! – Eric corria atrás do namorado e sem entender absolutamente nada.
– Foi um dos Stigmas. – disse Nicholas, sério. – Vi ele tirando uma foto da gente com o
celular.
– Sério? – Eric parecia tenso.
– Bom, não estávamos fazendo nada de errado, estávamos? – comentou Nicholas ainda
sério.
– Mas os Stigmas, ao contrário dos Betas... Ainda não sabem que eu ando com você. –
confessou Nicholas, preocupado.
– Olha, Nick... Foi muito difícil contar ao pessoal que eu andava com você. – Eric
revelou. – Eles não aceitaram logo de imediato. Então, quando eu ameacei sair da
irmandade...
– É, eu sei. Tenho que ficar preparado. – disse Nicholas, sério. – Como esses dias eu
tenho passado na casa do meu pai, sem vir para as aulas, tá tudo bem. Mas quando eu
voltar pra irmandade Stigma, na semana que vem...
– Fique calmo, meu amor. – pediu Eric olhando fundo nos olhos do namorado. – Pense
que vai dar tudo certo.
Eric e Nicholas voltaram a percorrer o longo corredor e entraram na sala onde ocorreria
a aula com a modelo viva. Eric sabia que não tinha dom nenhum para desenhar, mas
quis assistir àquela aula só pra mostrar ao professor que tinha cumprido sua palavra em
ir à oficina. A sala estava arrumada de forma bem diferente da anterior. Não havia mais
uma bancada no centro. Ao contrário, haviam doze cavaletes arrumados formando um
grande círculo e bem no centro uma espécie de pedestal com uma confortável cadeira
branca. Aquela era a forma ideal, segundo o professor. Assim, cada aluno pintaria a
modelo de um ângulo diferente.
– Bom dia, pessoal! – disse Robert Lewis bastante animado. – Vejo que vieram até mais
alunos do que imaginei. Fico feliz com isso. – Robert começava a contar quantos alunos
tinham e quando notou que Eric estava ali, ficou bastante animado.
– Oh, que ótimo! Oito alunos! – exclamou Robert Lewis. – E até meu amigo Eric veio!
Eric enrubesceu na hora. Nicholas riu baixinho. Ele achava tão fofo o fato de Eric ficar
vermelho com facilidade.
– Ansioso pra que? Pra desenhar uma coisa horrível aqui na tela? – Eric riu.
– Sente-se, aqui, minha deusa grega. – pediu o professor Robert fazendo uma voz
engraçada. Todos riram.
– Podem usar todo o material que está perto de vocês. Caso precisem de mais pinceis ou
mais tintas, podem vir pegar aqui no armário. – Robert indicava um grande armário que
ficava num canto da sala.
– Nick, e agora? – Eric ficava nervoso. Nem tinha pegado no pincel ainda.
– Faz qualquer coisa, relaxa... – Nicholas ria da expressão de pânico que Eric fazia.
Engolindo em seco, Eric pegou um dos pincéis, mergulhou-o na água e depois, na tinta
preta. Levou a mão direto à tela e começou a pintar.
– Se concentre, meu caro... – dizia a voz de Robert Lewis vinda de trás de Eric. – Você
pode começar a desenvolver seu potencial, aqui.
– Ah, sim, claro... – Eric ficou super sem graça ao sentir que Robert continuava o
observando. Eric então parou de pintar e fingiu estar observando atentamente a modelo.
Segundos depois, Robert foi para outro canto da sala.
– Já? – dizia Nicholas que pintava ainda o rosto de Tanya. Não tão bem feito, pois ele
também não tinha esse dom para a arte. – Cadê?
Ao ver a tela de Eric, Nicholas se controlou para não rir. Um típico bonequinho palito,
desenhado na posição em que Tanya estava, se encontrava na tela de Eric.
Ao término da aula, Robert Lewis já tinha analisado todas as oito telas pintadas. Havia
telas lindíssimas e havia aquelas não tão perfeitas, como a de Eric. Depois de ter feito o
boneco palito, Eric jogou algumas cores soltas pela tela e finalizou a pintura, assinando
seu nome no canto da tela.
– Devo dizer que me surpreendi com as pinturas de vocês... Para uma simples oficina
como essa, senti que eu dei aula para verdadeiros artistas. – dizia Robert felicíssimo. –
Mas, devo dizer que essas duas telas me chamaram atenção.
Robert segurou duas telas, uma em cada mão, e estendeu para toda a classe ver. Eric
ficou tenso.
– Esta aqui está magnífica, Selma! – dizia Robert, sorrindo. – Mas como você já é
minha aluna... – e ele sorriu. Uma morena baixinha sorria para o professor.
De fato, a tela estava perfeita. A semelhança do desenho com Tanya era incrível.
– Mas esta outra aqui... – e Robert agora elogiava a pintura de Eric. – Me surpreendeu
ainda mais.
Eric continuava tenso, vermelho e sem entender nada. Nicholas ria bastante.
– Eric, meu caro, tem certeza que você está no curso certo? Odontologia? – Robert
sorriu. – Vejam, meus queridos, como é impressionante a pintura do Eric.
– Nick, isso é alguma piada comigo? Só pode ser... – resmungou Eric, baixinho.
– Observem como ele quis mostrar a simplicidade da nossa modelo. – começou Robert
analisando a tela. – Por isso ele fez um boneco palito.
– Não foi bem por isso... – sussurrou Eric para Nicholas, que ria.
– E notem como ele quis mostrar essa explosão de cores ao redor de Tanya! – elogiava
Robert. – O vermelho representando a raiva de uma guerreira grega; o amarelo, a
energia envolvente que ela tem...
– Meu Deus, eu não pensei em nada disso! – resmungou Eric, rindo, para Nicholas. –
Que loucura!
– Quer dizer que você agora é o novo Picasso? – Nicholas provocou, rindo.
– Até agora não entendo... Que coisa mais doida! – Eric parecia confuso.
– Perfeito! – exclamou Kathia. – Eu soube dessa oficina... Eu até queria fazer, mas tô
aqui no shopping com o Michael.
– Ah, entendi.
– Ai, ai... – gemeu Eric, pensativo. – Será que cerâmica é muito difícil?
O casal ficou, ali, conversando até que faltando cinco minutos para começar a aula, eles
retornaram ao prédio.
A sala que entraram, desta vez, era menor que as outras. Era mais aconchegante, por
assim dizer. Tinham cerca de dez aparelhagens adequadas à produção de cerâmica.
– Boa tarde, meus caros! – saudou a bonita e jovem professora. – Meu nome é Patricia
Felton e vou coordenar essa aula de cerâmica pra vocês. Eu vou... – e ela se dirigiu até o
interruptor e começou a regular a intensidade das luzes da sala. – Ah, assim está melhor.
– a sala, agora, estava mais escurinha e mais gostosa do que antes. – Vou dar toda a
orientação para vocês.
Eric parecia empolgado demais diante da classe com sete alunos.
– Primeiro, vistam esses aventais. Não vão querer sujar as roupas com argila né? – ela
sorriu enquanto vestia um dos aventais. – Podem pegar, aqui. Ah, sugiro até que os
rapazes, se se sentirem à vontade, claro, tirem as camisas antes de vestirem o avental.
– Não, meninas. Não sou assanhada! – a jovem professora riu. – Mas é que os rapazes
se sujam demais mesmo...
Dentre os sete alunos, só havia três rapazes. Por conta disso, as garotas começaram a
encarar na direção de Eric, Nicholas e mais um rapaz muito magricela, que logo tirou a
camisa e a jogou num canto.
Com isso, Eric e Nicholas se sentiram na obrigação de fazer o mesmo. Eric corou ao
notar que as garotas o observavam atentamente, mas ficou enciumado quando percebeu
que as garotas babaram quando viram o perfeito peito nu de Nicholas.
Depois de todos estarem devidamente vestidos com seus aventais, a professora começou
a explicar como funcionava a aparelhagem. Mostrando, nomeando e explicando o
funcionamento de cada peça.
– Muito bem, o manuseio da argila tem que ser feito com bastante calma... Assim. –
Patricia, já sentada em frente ao seu equipamento, começou a moldar a pastosa argila
enquanto uma espécie de tabuleiro redondo, em que a argila estava apoiada, rodava.
Eric ficou mais inseguro na hora de moldar a peça, mas tentou ficar calmo e estava
conseguindo ir melhor do que antes.
– Não, não, Jonathan. É assim que se faz. – a professora se curvou atrás do garoto
magricela e guiou as mãos dele na argila. – Viu? É assim que se faz essa curva.
Faltando cerca de vinte minutos para a aula terminar, as garotas, ali, que já cursavam
Artes, terminaram de vez a moldagem e se levantaram.
– Bom, os alunos que já terminaram podem sair. Podem deixar que eu cuidarei do
processo de secagem e... Ah! Passem, aqui, na segunda-feira para dar uma olhadinha
nas cerâmicas que vocês fizeram.
– Oh, querido, por que essa raiva toda? – a professora perguntou, assustada.
– Mas você estava indo tão bem... – disse a professora franzindo a testa.
– Olha, a aula foi mesmo boa. A senhora é muito paciente, mas... Arte não combina
muito comigo mesmo. Vim fazer essa oficina para comprovar isso. – desabafou ele.
– Ah, claro... Vocês gostam de coisas rápidas, certeiras e muitos cálculos. – ela sorriu. –
Tudo bem então, Jonathan, pode ir.
– Oh, sim, sim. – murmurou ela, séria. – Puxa vida! Estou indo agora mesmo!
– Deus do céu! – exclamou a professora. – Meu cunhado acabou de ligar. Minha irmã
está entrando em trabalho de parto e ele disse que o carro quebrou e... – a professora
andava de um lado para outro, nervosa. – Preciso levá-la ao hospital. Pessoal, vou ter
que expulsar vocês daqui... – ela riu, nervosa. – Ou melhor, deixarei a chave da sala
com vocês e... Vocês fariam o favor de trancar a sala assim que saírem e deixar a chave
na mão do professor Lewis?
– É...
Um silêncio se estabeleceu.
– Eric, eu acabei de ter uma ideia muito doida. – disse Nicholas se levantando da
cadeira e indo até a mesinha da professora, onde a chave da sala estava.
Nicholas não respondeu, mas adiantou os passos e trancou a porta da aconchegante sala.
– A-aqui? Agora? – Eric corou, nervoso, embora seu sexo começasse a ficar excitado
com a notícia.
– Humm... – gemia Eric, muito mais excitado. – Nick... – ele arfava. – E se nos
pegarem?
– Bobo, estamos trancados, aqui. Relaxa! – dizia Nicholas enquanto passava a mão por
debaixo do avental de Eric e acariciava o peito nu do namorado.
– Só que vamos criar um clima meio “Ghost”. Que tal? – sugeriu Nicholas sorrindo
encantadoramente.
– Como assim?
– Vai dizer que nunca viu esse filme, amor? – Nicholas sorriu.
– Ah, sim, claro. – então Eric se lembrou de uma bela e picante cena que acontece no
começo do filme.
– Pois bem, faremos mais ou menos assim... Só que bem melhor. – disse Nicholas,
ansioso.
Nicholas puxou Eric pela mão e eles percorreram pela sala vazia.
– Senta aí... – pediu Nicholas indicando a cadeira onde Jonathan tinha sentado. Na
mesinha dele, um semi-vaso de argila estava depositado, mas todo deformado. – Vou te
ensinar a fazer cerâmica de verdade...
Enquanto moldavam a argila, Nicholas roubou um beijo de Eric. Com os segundos que
se passaram, Eric se esqueceu da argila e a largou. Em seguida, pôs as mãos, sujas, no
rosto de Nicholas, enquanto se beijavam.
– Ai, seu safado! – gemeu Nicholas tentando limpar seu rosto. – Você me sujou.
Os dois riram.
O que aconteceu a seguir foi bem intenso: Nicholas se levantou da cadeira e puxou Eric
consigo. Depois, os dois se deitaram no chão e começaram a se beijar loucamente.
Nicholas pegou então a argila deformada da mesa e começou a passar no peito de Eric.
– Sim... – foi tudo o que Eric conseguiu dizer. A sensação era maravilhosa.
Eric, mesmo com as mãos sujas, tirou a calça e a cueca que vestia, exibindo seu
belíssimo pênis bastante enrijecido.
– Ai, que delícia! – dizia Nicholas, ainda vestindo sua calça. – Tira a minha, agora.
Eric abriu o cinto de Nicholas, desceu a cueca e a calça até a altura dos joelhos e,
depois, Nicholas o auxiliou no resto. Pronto. Os dois estavam, agora, completamente
nus.
– Mais argila... – disse Nicholas pegando mais restos de argila pelo chão.
Em instantes, Nicholas começava a espalhar argila pelas pernas de Eric e até pelo lindo
bumbum branquinho do seu namorado. Mas Eric também começou a sujar
gostosamente Nicholas. Ele pegou argila das mãos do namorado e espalhou pelo lindo
peitoral dele.
Mas Eric não resistiu quando chegou a passar argila no umbigo de Nicholas. Ao ver
aquele grande e delicioso pênis do namorado, Eric o abocanhou sem pensar mais.
– Quero te chupar também, meu gostoso. – pediu Nicholas, excitadíssimo, depois de uns
minutos.
– Vira assim, vira... – pedia Nicholas com as mãos na cintura de Eric. Ele deixou Eric
de quatro enquanto beijava-lhe as costas. – Nossa! Como você me deixa louco!
Nicholas começou a sujar mais o bumbum de Eric com argila e, depois, passou um
pouco ao redor da região anal. Não quis passar mais para não atrapalhar na hora do
sexo.
– Vou começar, meu amor... – disse Nicholas já introduzindo a cabeça do seu sexo no
ânus de Eric.
Enquanto Eric era penetrado, ele começou a se masturbar, deixando seu pênis também
sujo de argila.
– Oh... – gemeu Eric, arfando, assim que Nicholas aumentou a velocidade das
estocadas.
– Calma, amor... – dizia Nicholas, mansinho.
Os dois continuaram, ali, por mais uns minutos até que Nicholas finalmente deu uma
perfeita gozada dentro de Eric, que também gozou logo em seguida. E, depois disso, os
dois ficaram deitados abraçados no chão. Os corpos nus estavam, agora, mais suados do
que antes. Suor, sêmen e argila. Era essa a mistura que havia nos corpos de Eric e
Nicholas.
– Parece que ainda temos uns minutinhos... – disse Nicholas numa rouca voz. – Vamos
descansar um pouco e depois a gente se arruma e... – olhando ao redor, no chão,
Nicholas fez uma cara preocupada.
– Ah, mas ele já tinha destruído a dele mesmo, oras! – Nicholas riu também.
– Ah, que lindo, meu amor. – disse Nicholas apertando ainda mais Eric em seus braços.
– Eu também te amo muito, Eric. Você me faz tão bem...
Aquele momento era realmente único e tinha sido totalmente perfeito. Eric se sentia
mais que completo com o namorado ao seu lado. Ele sabia que Nicholas era mesmo o
homem da sua vida. O homem com o qual queria se casar. Não existiam mais dúvidas...
Continua...
Passados cerca de quinze minutos depois que fizeram um delicioso sexo, ali, na
aconchegante sala onde tiveram aula de cerâmica, Eric e Nicholas continuavam deitados
no chão.
– Ai, meu fofo! Eu sei... – Nicholas sorriu. – Se dependesse de mim, eu ficaria, aqui,
com você por horas e horas.
– Você é incrível, Nick. – disse Eric olhando bem nos olhos do namorado.
Os dois trocaram mais beijos calorosos e, depois, se levantaram do chão. Eles pegaram
algumas vasilhas com água limpa, que estavam espalhadas pela sala, e usaram para
lavar as mãos e algumas partes do corpo. Estavam bastante sujos e somente um banho
seria capaz de limpá-los por completo.
– Nossa! Minhas roupas estão super sujas de argila! – exclamou Eric depois de vestir
sua cueca e observar a calça jeans suja, no chão.
– Ai, ai... As minhas também. – confessou Nicholas enquanto se agachava para pegar
sua camisa. – Mas não tem problema. Mando nossas roupas para a lavanderia e elas
voltarão perfeitas.
– Nada disso! Você é meu futuro marido, oras! – Nicholas sorriu, pegando Eric pelo
queixo e beijando-lhe a boca. – Eu mandarei nossas roupas para a lavanderia sim.
Depois que terminaram de se vestir, os dois começaram a arrumar a sala. Por sorte,
tinha alguns panos de chão e eles conseguiram disfarçar a sujeira da argila. Ao término
da rápida faxina, trocaram mais um beijo bem caloroso e destrancaram a porta, em
seguida.
– Ai, ai... Será que deixamos tudo em ordem mesmo? – dizia Eric ainda checando a
sala.
– E se o Jonathan voltar e ver que a cerâmica dele foi destruída? – Eric disse, inseguro.
– Eu também... – Nicholas riu bastante depois de ver a expressão de Eric. – Tive uma
ideia! Vamos ao MCS e tomamos uma ducha lá...
– Ai, amor, por que tá dizendo isso? Tá planejando algo? – perguntou Nicholas,
malicioso.
– Nick! – Eric corou. – Não, não é nada disso... – ele riu. – É que... Bom, eu só não
quero que tenham outros caras lá.
– Hum... Sei. – Nicholas riu enquanto discava o telefone de Joseph, o motorista, em seu
celular.
Depois de pedir para Joseph ir buscá-los, Nicholas foi com Eric ao clube de natação da
Miami College e logo, logo entraram no vestiário. Para a sorte deles, o clube estava
quase vazio àquela hora. Somente cinco rapazes estavam presentes, brincando de bola
na piscina.
– São quatro horas e dez minutos. – disse Eric ao checar o relógio. – Assim que
terminarmos o banho nós...
Mas Eric não pôde concluir sua frase, pois Nicholas segurou-o pelo queixo e roubou-lhe
um delicioso beijo.
– Nick! – Eric exclamou, arfando. – Ficou doido? E se alguém nos visse e...
Mas, mais uma vez Nicholas avançou seu rosto no de Eric e começou um longo beijo.
– Ah... – gemeu Nicholas acariciando o rosto do namorado. – Fiquei doido, sim. E sou
doido... Por você!
– E sou doido por essas bochechas vermelhas... – disse Nicholas acariciando o rosto de
Eric.
– Também sou doido por você... – começou Eric. – Mas você sabe que a gente tem que
ter cuidado, Nick.
– É, eu sei... Vou me controlar, prometo! – disse ele já tirando as roupas e indo até os
chuveiros. – Vem logo!
Eric tirou suas roupas rapidamente e ficou absolutamente preocupado caso algum dos
rapazes entrasse no vestiário e fosse aos chuveiros naquela hora. Seu sexo estava
completamente ereto.
Eric foi até o chuveiro ao lado de Nicholas e abriu a transmissão, fazendo uma fria e
gostosa água cair sobre ele.
Nicholas também apresentava o sexo rígido, mas ele e Eric se controlaram firme para
não transarem ali. Era mesmo arriscado demais.
– Ai, droga, nem estamos com toalha, aqui. – resmungou Eric, assim que terminaram o
banho. – Vai ser complicado pra nos enxugarmos.
– No meu armário, ali, tem umas toalhas limpas. – disse Nicholas caminhando, nu, pelo
vestiário e indo até seu armário e destrancando-o depois de fazer a combinação certa no
cadeado.
– Aqui! – disse Nicholas, sorrindo. Ele se enxugou rapidamente e depois jogou a toalha
para Eric.
– É, já tem uma chamada não atendida dela, aqui. – disse Nicholas rindo ao checar seu
celular.
Assim que ligou para Kathia, Nicholas ouviu logo uma voz aflita da amiga.
– Nicholas?! Cadê vocês? – dizia Kathia, preocupada. – Já tô aqui na entrada da Miami
College e...
– Foi... Perfeita! – disse Eric enquanto na sua mente vinha a imagem dele e de Nicholas
fazendo amor e sujos de argila.
– A oficina deve ter sido mesmo boa... – comentou Kathia olhando bem para os amigos.
– Suas roupas estão completamente sujas de... Argila?
– Foi argila pra tudo quanto é lado... Foi ótimo! – disse Nicholas, rindo.
Assim que chegaram aos terrenos dos Wyatt, Kathia não conseguia fazer outra
expressão em seu rosto a não ser a mesma: incrédula.
– Uau! – foi tudo o que conseguiu dizer assim que a limusine estacionou em frente à
mansão.
Nicholas sorria. Eric sabia exatamente o que Kathia sentia. Ele tivera a mesma sensação
quando visitou a casa de Nicholas pela primeira vez.
– Que eu morava num lugar assim? – Nicholas tentou completar a frase da amiga.
– Ah, claro... – respondeu ela, corando. – Eric, até mordomo? – ela disse, baixinho, ao
amigo.
– Pois é... – Eric riu, sem graça. Ele sabia que havia momentos que essa riqueza toda o
incomodava.
– Jesus! – exclamou Kathia assim que entrou na casa de Nicholas e se deparou com a
belíssima sala de estar. – É tudo tão... lindo.
– Este será seu quarto, senhorita. – começou Arthur, animado, entrando no quarto.
Kathia fez o mesmo e o seguiu. Eric e Nicholas continuaram do lado de fora, no
corredor.
– Nick, e se ela... – Eric engoliu em seco, inseguro. – Se ela reagir mal? Tenho medo e...
Eric concordou que sim. Apesar de já estar decidido sobre se assumir para Kathia, havia
uma grande insegurança dentro dele.
– O jantar deverá ser servido dentro de trinta minutos. – informou o mordomo saindo do
quarto de hóspedes onde Kathia ficaria.
– Vem, Kathia, vamos fazer um tour pela casa... – disse Nicholas, animado. Eric se
lembrou que Nicholas fizera o mesmo com ele.
Eles passaram pelo quarto de Nicholas (onde Kathia ficou mais uma vez encantada com
tamanho luxo), pela sala de TV, pela sala onde Nicholas malhava e por mais outros
lugares até que finalmente chegaram à parte preferida da casa, segundo Nicholas: o
quintal.
O relógio marcava exatamente seis horas e vinte minutos. O céu já estava escuro e era
possível observar algumas estrelas. Alguns refletores que ficavam próximos à piscina já
estavam acesos e aquilo só deixou aquele cenário ainda mais agradável. “Um lugar
perfeito para namorar” pensou Eric.
Nicholas e Eric se sentaram perto da amiga. Eric gelou. Será que Nicholas já queria
contar àquela hora?
– É que... – começou Nicholas mirando o chão. O coração de Eric batia forte. – Hoje eu
tava saindo com Eric de uma aula da oficina e vimos um cara da Stigma tirando foto da
gente.
Eric sentiu um alívio. Nicholas não havia contado. Pelo menos, não ainda.
– Sério? Ai, que sacana! – Kathia explodiu. – E o que você acha que ele vai fazer?
– Poxa, amigo... – Kathia fez uma expressão preocupada. – Bom, seja lá o que aconteça,
saiba que pode contar comigo. Tô do seu lado, sempre.
Ouvir aquilo, de alguma forma, deixou Eric mais calmo com relação a contar sobre seu
romance secreto para Kathia.
– Mas, será que essa conversa já chegou mesmo nos ouvidos do Leo? – indagou Kathia,
pensativa.
– Ainda não acredito que aquele... – começou Leo, o líder da Stigma, em voz alta. –
Aquele cretino teve coragem de fazer amizade com um dos Betas!
– Isso merece uma punição! – gritou Juan, um dos amigos mais próximos de Leo.
– Calma, pessoal! – começou Leo colocando a mão na testa. – Acho que deveríamos
achar uma forma melhor de lidar com essa situação.
Leo sabia que Nicholas era um membro importante, embora nem gostasse do colega de
irmandade. Leo sabia que ter Nicholas como membro era algo interessante devido à
hierarquia social. Sim, Nicholas era filho de um dos homens mais influentes em Miami.
Perder um membro como ele seria quase como dizer que a Stigma estava começando a
perder seu poder.
– Podemos forçar o Nicholas a armar alguma cilada para o Eric e pronto! – sugeriu Ray.
– E o lance com o reitor? – lembrou-lhes Travis, o rapaz que tinha tirado a foto de Eric e
Nicholas. – Se a gente fizer algo contra os Betas... Tanto eles quanto a gente...
– Bom, já que não vamos expulsar o Nicholas... – começou Ryan, sério. – Poderíamos
então ameaçar ele.
– Como assim, Ryan? – Leo, que estava do lado do amigo, perguntou. – Explique
melhor.
– Ah, você, Leo, fala com ele sobre a situação e ameaça. – continuou Ryan. – Diz a ele
que ficou muito chateado quando descobriu que ele era amigo de um Beta e aí...
– Tudo bem, tudo bem. – disse Leo fazendo sinal para os outros silenciarem. – Farei
isso. Assim que o Nicholas retornar às aulas... – o olhar de Leo era maligno tal qual um
vilão de filme.
Na mansão dos Wyatt, enquanto o jantar começava a ser servido, Kathia não conseguia
esconder a empolgação. Nathaniel Wyatt havia chegado a tempo para o jantar e estava
felicíssimo com a presença da garota, ali.
– Estou muito satisfeito que tenha vindo nos visitar, Kathia. – dizia Nathaniel depois de
bebericar um pouco do vinho.
– Não, não... Irei embora amanhã, pela manhã. – disse ela, insegura. – Meu namorado
combinou de irmos almoçar num restaurante e...
– Ah, sim, sim, claro. – Nathaniel sorriu. – Mas me prometa que virá nos visitar mais
vezes.
– Tenho muito apreço por você e pelo Eric. – disse o pai de Nicholas olhando para Eric.
– Vocês são verdadeiros amigos para o meu filho e... – ele fez uma pequena pausa. –
Gosto muito de vocês. É difícil achar dois jovens tão bons assim...
– Foi ótima, pai! – adiantou-se Nicholas. A imagem dele e de Eric fazendo amor vinha-
lhe à mente.
– Foi uma experiência incrível... – dizia Eric, mas fazendo menção a algo que Nathaniel
nem imaginava.
– Fiquei tão feliz quando tomei banho e tirei aquela argila toda de mim. – comentou
Eric.
Todos riram. Nathaniel riu tanto que teve que se controlar para não se engasgar.
– Me dêem licença, por favor. – pediu ele. – Preciso ir dormir. Tive um dia agitado.
Muitas negociações e...
– Meu pai é doido?! – exclamou Nicholas. – Parece até que somos crianças...
– Meu pai é exatamente assim. – revelou ela. – Por mais que me veja como uma mulher,
ele ainda me trata como a garotinha do papai.
Os três riram.
– Claro! – disse Eric, se levantando também. Seu coração começava a bater mais rápido.
Sabia que seria lá onde eles fariam as revelações à Kathia.
– Muito! – concordou Eric também mirando o céu e pedindo ajuda a tudo o que era
mais sagrado. Ele precisava de forças para aquele momento.
– E então, Kathia... – começou Nicholas. – Como é que vai esse namoro com o
Michael?
– Ah, tá tudo indo bem. – ela sorriu, animada. – Ele é mesmo um amor de pessoa...
– Ih, ficou vermelha! – caçoou Eric, rindo. E era verdade: a amiga tinha as bochechas
rosadas.
Nicholas encarou Eric e lançou-lhe um olhar que dizia claramente “Anda, Eric, começa
a contar.” Mas Eric parecia não estar totalmente preparado ainda.
– Escuta, Kathia... – começou Nicholas, sério. – O que acha de sentarmos, ali, na borda
da piscina? Tiramos os sapatos e colocamos os pés na água e...
Os três se sentaram, juntos. Kathia, desta vez, não havia ficado entre os dois. Eric e
Nicholas tiveram que dobrar as barras das calças para não molharem na água.
– É? O que? – disse ela, curiosa, enquanto agitava a água da piscina com os pés.
Mas algo dentro de Eric gritou mais forte. Algo o fez agir por completo impulso.
O rosto de Eric começava a ficar vermelho, de puro nervosismo. Suas mãos estavam
geladas. Nicholas alternava o olhar para o namorado e para Kathia. A respiração de Eric
era tão pesada que ele parecia estar arfando como se tivesse feito uma caminhada longa.
Nicholas, ao contrário do namorado, estava tranqüilo demais.
Nesses segundos que se passaram, ninguém havia dito nenhuma palavra sequer.
– Desculpa... – disse Eric, nervoso, se levantando da borda da piscina. Ele queria correr
para longe, mas seus pés o mantiveram, ali, parado.
– Sei... – disse Eric, triste, cruzando os braços. – Imagino... – sua voz era trêmula, fraca.
– Se você não quiser mais falar com a gente e...
– Não, seu bobo! – exclamou Kathia, séria, porém, liberando um sorriso encantador em
seguida. – Eu estou chateada por vocês não terem dito logo pra mim, poxa!
Nicholas e Eric se entreolharam, sorrindo. Eric exibia, agora, uma expressão de alívio.
– Gente, eu tenho um primo que é gay e... – começou Kathia. – Enfim, eu não ia rejeitar
vocês só por isso. Nada a ver! – ela se adiantou. – Além do mais... Namorar uma pessoa
do mesmo sexo é super normal. Pelo menos, eu acho que sim. Independente do que o
mundo pense.
– Eu... – Eric continuava corado, porém, aliviado. – Não sei o que dizer...
– Por que está me agradecendo? – dizia ela ainda abraçada aos dois. – Eu sou amiga de
vocês, oras! Se eu não aceitasse vocês como são, aí sim não faria sentido nenhum a
palavra “amizade”.
Assim que eles se afastaram, depois do abraço, Kathia não conseguiu conter o sorriso
que tinha no rosto.
– Eu bem que desconfiava às vezes... – começou ela, sorridente. – Vocês dois trocavam
uns olhares diferentes...
Os três riram.
– Mas, olha, eu sou super, super madrinha desse casal! – disse ela, animada. – Amo
muito vocês dois e podem contar comigo sempre, viu?
– Até que não é má ideia! – gritou Nicholas puxando Eric e Kathia pelos braços e os três
caíram na piscina.
– Aah, Nick! – gritava Kathia, rindo. – Meu vestido tá ensopado! – de fato, o vestidinho
estampado de Kathia estava, agora, absurdamente molhado.
– Eu queria vir pra piscina, só que usando meu biquíni novo e não meu vestido. – disse
Kathia rindo.
E os três continuaram, ali, dentro d’água, conversando por mais algumas horas.
– Muito boa noite! – disse Arthur, sério, surpreendendo os três. Ele estava sentado numa
cadeira perto da porta da área de serviço.
– Arthur, ainda está acordado? – Nicholas espantou-se ao ver o mordomo à espera deles.
– Claro! Imaginei que os senhores e a senhorita iriam pular na piscina e não ia permitir
que pegassem um resfriado. – disse o mordomo já se levantando e estendendo a eles três
toalhas.
– Tudo bem, Arthur. – Nicholas riu. – E pode ir dormir, agora, tudo bem?
Depois que os três subiram as escadas da casa, Eric desviou imediatamente para o
quarto de Nicholas, como de costume.
– Opa... – Eric sorriu.
Eric corou.
– Depois que terminar o seu banho, passe no meu quarto... A gente pode ficar na minha
varanda conversando mais um pouco. – Nicholas sugeriu.
Assim que Eric e Nicholas se trancaram no quarto, Nicholas agarrou o namorado pelo
pescoço e beijou-lhe a boca.
– Tô tão orgulhoso de você, Eric. – disse Nicholas olhando bem nos olhos do namorado.
Eric sorriu.
– Mas acho que não teria conseguido contar sem você... – confessou Eric, pensativo. –
Obrigado, Nick.
– Oh, mas você é mesmo muito fofo, meu amor. – concluiu Nicholas.
– Vem, meu gostoso... – disse Nicholas, depois do beijo, pegando Eric pela mão e o
guiando até o banheiro. – Vamos tomar nosso banho...
Assim que entraram no banheiro, eles se despiram e foram diretamente para o chuveiro.
– Humm... – gemia Nicholas assim que abriu o chuveiro e deixou a água cair sobre seu
belíssimo corpo nu. – Vem cá, meu amor...
Eric avançou no namorado e os dois ficaram se beijando sob a água quentinha que caía.
– Tá vendo? E você achou que com a Kathia, aqui em casa, a gente nem ia conseguir
um tempinho a sós... – falou Nicholas bem baixinho no ouvido de Eric. Aquilo
provocava arrepios em Eric e ele adorava.
Os dois continuaram se beijando mais e mais enquanto a água caía sobe seus corpos
nus.
– Nada... Só pensando. – respondeu Nicholas. – Você fica lindo com as minhas roupas.
Os dois riram e, dentro de segundos, leves batidinhas à porta do quarto foram ouvidas.
– Oi... – disse Kathia, com os cabelos ainda molhados, mas usando uma blusinha branca
e um shortinho jeans. – Atrapalhei algo?
– Vamos pra varanda! – pediu Nicholas. Assim que ele passou por Eric, deu um rápido
beijo no namorado e aquilo fez Eric ficar vermelho. Era a primeira vez que ele beijava
Nicholas na frente de alguém. Kathia sorriu.
Os três foram para a varanda, que só tinha uma mesinha com duas cadeiras.
– Não precisa ficar sem graça só porque eu tô aqui... – disse ela sorrindo.
Enquanto Kathia sentava numa cadeira, Nicholas sentava em outra, com Eric em seu
colo.
– Sabem... – começou Kathia admirando a vista que tinham dali da varanda. Depois,
voltou seu olhar para os amigos. – Tô me sentindo bastante honrada em saber que vocês
confiaram em mim pra contar tudo.
– Acho que você é a minha única amiga de verdade, aqui, em Miami. – começou Eric,
sem jeito. – Claro que eu precisava compartilhar nosso segredo com você.
– Ah, mas eu já disse que sou super madrinha de vocês! – Kathia lembrou.
– Não acredito! – exclamou ela, por fim. – Sério? Que coisa boa!
Eric e Nicholas começaram a contar a Kathia sobre como eles planejavam o casamento.
Depois de um tempo, o rumo da conversa mudou para um assunto já discutido naquele
dia.
– É... – começou Kathia, preocupada. – Eu imagino o quanto você deve estar tenso,
Nick. – e ela segurou firme a mão do amigo.
– Quando eu contei aos Betas sobre minha amizade com o Nick... – começou Eric. – A
reação deles não foi tão boa a princípio. Só depois, quando ameacei sair da irmandade,
eles repensaram e viram que não valia à pena perder um membro só por causa dessa rixa
idiota.
– É, amor... – começou Nicholas enquanto acariciava o braço de Eric. – Mas eu não sei
se os Stigmas serão tão compreensivos quanto os Betas foram com você.
– Você deve enfrentar o Leo e dizer que não tem problema em fazer amizade com
alguém de uma irmandade rival. – incentivou Kathia.
– Sinceramente? – começou Nicholas, sério. – Eu andei pensando muito nisso, hoje, e...
– ele respirou fundo. – Acho que já tenho a solução...
– Sim, é muita loucura! – continuou Kathia. – E, além disso... Será que os Betas
aceitariam você lá? Digo, eu sei que eles aceitam a suposta amizade entre você e o Eric,
mas... Um Stigma se mudando pra lá...
– Eu acho que deveríamos falar com o Mike e o Ian. – disse Eric, por fim.
Só então os rapazes revelaram à amiga que Mike e Ian, assim como eles dois, também
escondiam o mesmo segredo: estavam namorando.
– Sério? O Mike? – Kathia fez uma expressão confusa. – Nossa! Nunca ia imaginar...
Ele é um típico hetero todo tirado a marrento e...
– Mas, sabe... Até que ele combina com o Ian. – comentou Kathia, pensativa. – Formam
um casal fofo.
Continua...
Quando o relógio marcou exatamente três horas da manhã, Eric, Nicholas e Kathia
ainda continuavam conversando na varanda do quarto de Nicholas.
– Ai, ai... – dizia Nicholas, rindo. – Não acredito que o Michael disse isso.
– Foi a frase mais louca que eu já ouvi! – comentou Eric, também rindo.
Os três riram sem parar ao se lembrar do banho inusitado que tinham tomado na piscina,
ainda naquela noite.
Todos riram.
– Claro que vai! – disse Nicholas o abraçando por trás e o envolvendo em seus fortes
braços.
– Ai, ai... Eu já disse que vocês fazem um casal super fofo? – perguntou Kathia,
sorrindo.
Depois disso, o casal se despediu da amiga, que saiu andando sem fazer barulho algum
e entrou num dos quartos de hóspedes.
– Bobo! – disse Nicholas, com sua voz gostosamente mansa, avançando na direção de
Eric e segurando-lhe o queixo. – Eu não disse que a gente ia ter nosso momento a sós,
mesmo com a Kathia aqui em casa?
Mas Eric não teve chance de concluir sua frase, pois Nicholas invadiu sua boca com
vontade e os dois iniciaram um caloroso e gostoso beijo.
– Ai, Nick... Eu to me sentindo tão mais leve. – Eric disparou enquanto estava abraçado
ao namorado.
– Então? – disse Nicholas, um tempo depois, quebrando o silêncio. – O que você quer
fazer, agora?
Eric riu.
– Ah, não sabe? – Nicholas fez uma voz engraçada que fez Eric sorrir. – Um banho bem
quentinho na banheira?
– Ótimo! – Eric sorriu, animado. Seu sexo começava a se enrijecer só de imaginar que
dali a alguns segundos estaria nu, na banheira, com Nicholas.
– Hum... Já tá durinho hein? – dizia Nicholas numa voz safada enquanto tateava o sexo
de Eric.
E os dois continuaram, ali, se beijando enquanto esperavam para logo, logo tomar um
delicioso banho.
No dia seguinte, mesmo depois de terem uma noite absolutamente romântica e recheada
de muito sexo, Eric e Nicholas até que conseguiram acordar num horário relativamente
cedo. Na verdade, foi graças à Kathia que eles conseguiram acordar no horário. O
relógio já marcava dez horas da manhã quando Eric e Nicholas, dormindo abraçadinhos,
ouviram repetidas e insistentes batidas à porta do quarto.
Kathia engoliu em seco. O mordomo não sabia que Eric e Nicholas estavam dormindo,
juntos, no mesmo quarto. Para Arthur, Eric dormia no quarto de hóspedes.
– Não, não! Pode deixar que eu faço isso. – Kathia disse, sem graça, correndo até o
quarto onde Eric deveria ter dormido. – Acorda, Eric! – dizia ela, se sentindo bastante
ridícula por fingir aquela cena, batendo na porta.
– Com licença, preciso checar o cardápio do dia com as cozinheiras. – disse Arthur,
educado, se despedindo de Kathia e voltando ao andar de baixo.
Quando finalmente desistiu de procurar a cueca, Eric vestiu somente sua bermuda,
jogou o cobertor por cima do corpo nu de Nicholas e abriu a porta do quarto.
– Opa! – exclamou Kathia ao olhar para o amigo. – Não imaginei que vocês fossem
demorar tanto pra levantar.
– Mas a gente dormiu muito tarde ontem né? – disse Eric coçando o olho esquerdo.
– É né... – Kathia sorriu. – E imagino que vocês dois tenham dormido mais tarde ainda.
– ela sorriu.
– Pois é... – respondeu Eric, corando, enquanto fechava a porta do quarto, assim que
Kathia entrou.
– Ohh... – gemeu Kathia num tom fofo. – O Nick dorme tão lindo... – e ela começou a
se aproximar do amigo, na cama.
– Oh! – Kathia exclamou. Tinha entendido tudo só pelo olhar de Eric. – Nossa!
Desculpa, eu não imaginei que o Nick estivesse...
– Nada, nada... – Kathia respondeu, vermelha. – Bom, sejam rápidos tá? O Arthur já
estava querendo acordar o Eric e...
– Pois é... Eu já tomei café, inclusive. – disse ela muito animada. – Mas quero ir com
vocês pra piscina.
– Claro! – Kathia sorriu. – Bom, vou esperar vocês lá embaixo na sala de estar, certo?
Não demorem muito!
– Tá bem, só vou terminar de tirar esse dorminhoco da cama... – disse Eric sentando-se
ao lado de Nicholas, deitado.
– Ah, não quero ir pra piscina... – disparou Nicholas, por fim. – Quero ficar, aqui,
deitadinho com o meu amor. – e dizendo isso, Nicholas abriu os olhos.
– Oh, que coisa mais fofa! – Eric sorriu, olhando firme nos olhos do namorado.
– Como a Kathia não vai ficar pro almoço, bom... – começou Eric, pensativo, enquanto
acariciava o peito nu de Nicholas. – A gente fica com ela agora pela manhã,
aproveitamos a piscina e logo, logo ela vai embora e aí a gente vai poder ficar juntinho
o dia todo.
Os dois foram ao banheiro, escovaram os dentes e logo estavam tomando uma gostosa
ducha, juntos.
– Sim. – disse Eric checando no espelho como tinha ficado a roupa que acabara de
vestir. Mais uma vez, Eric tinha pegado emprestado roupas do guarda-roupa de
Nicholas.
Nicholas puxou Eric para mais perto de si e deu-lhe um demorado beijo na boca.
– Até que enfim, meninos! – exclamou Kathia ao ver o casal de namorados descendo as
escadas. – Vão logo comer alguma coisa pra podermos ir à piscina.
Eric e Nicholas seguiram o conselho de Kathia e tomaram um rápido café-da-manhã.
Dentro de minutos, os três já estavam chegando à área da piscina.
– Que dia lindo! – exclamou Kathia, animada, depois de tirar a blusa e o short e ficar só
de biquíni.
– É mesmo. – concordou Eric olhando para o céu azul quase sem nuvens.
– Você já combinou com o Michael que horas vocês vão sair? – perguntou Nicholas,
enquanto terminava de tirar a bermuda.
– Não, quer dizer... – dizia Kathia enquanto passava protetor solar no braço. – Eu disse
a ele que estaria na Miami College entre meio dia e uma da tarde.
– Sei... – dizia Nicholas ajeitando a sunga azul que vestia. Eric não podia deixar de
notar o bonito volume que o namorado trazia dentro da sunga. – Então vamos aproveitar
a piscina o máximo que pudermos né?
– Assim que sairmos daqui, peço ao Joseph para te levar de volta. – anunciou Nicholas,
sério.
Depois de algumas horas de muita água e diversão na piscina, Nicholas checou em seu
relógio à prova d’água que já eram quase meio-dia e meia.
– Já? – exclamou Kathia assim que o amigo lhe informou a hora exata. – Nossa!
– Você já trouxe a roupa que vai usar pra sair com o Michael, hoje, certo? – perguntou
Nicholas.
– Então! Se arrume logo como se já fosse sair com ele agora. – aconselhou Nicholas. –
Enquanto isso, eu aviso ao Joseph pra te levar. Pronto! Quando você chegar à Miami
College é só colocar sua mala na Irmandade Delta e sair com o Michael.
– Linda, como sempre! – adiantou-se Nicholas em dizer. Ele e Eric estavam usando
roupões. Ainda estavam algo molhados e usando sungas.
– Foi ótimo nosso fim de semana, não foi? – perguntou ela, animada.
– Poxa, pena que seu pai teve mais uma reunião de urgência né? – resmungou ela para
Nicholas. – Queria me despedir do Sr. Nathaniel.
Os amigos se despediram mais uma vez e Kathia entrou na maravilhosa limusine, que
partiu para a Miami College na mesma hora.
– É... Acho que podemos voltar pra piscina sim... – Eric riu.
– Que dia lindo! – exclamou Eric, empolgado. Tinha adorado a companhia de Kathia,
claro, mas só em saber que, agora, Nicholas era totalmente seu outra vez, era melhor
ainda.
Os dois foram se encolhendo e logo, logo estavam numa das quinas da piscina,
encostados na borda. Quem os visse, de longe, diria que pareciam apenas dois bons
amigos conversando. Porém, de perto, a coisa era um pouco diferente...
– Tá vendo? Pega aí... – pediu Nicholas, provocante, assim que tirou seu sexo para fora
da sunga.
Eric tateou por debaixo d’água e logo conseguiu segurar o duro pênis de Nicholas.
– Delícia... – murmurou Eric, corando.
– Nossa! Nós somos muito assanhados né? – Eric ria enquanto colocava seu sexo para
fora da sunga também.
– Porque eu fico com vontade de te beijar... – revelou Eric enquanto ainda segurava o
pênis do namorado.
– Então vamos. – disse Nicholas guardando seu sexo dentro da sunga outra vez. Eric fez
o mesmo.
Os dois esperaram um pouco para não sair da piscina naquele estado. Seus sexos
estavam bastante rígidos.
Os dois se beijaram mais uma vez e continuaram, ali, nus, na cama por mais um bom
tempo. E o resto do domingo se passou maravilhosamente bem. O que Nicholas não
imaginava é que quando retornasse às aulas e, claro, à irmandade Stigma, no dia
seguinte, teria uma bela surpresa.
No primeiro horário de aula, enquanto Eric tinha aula de Inglês, Nicholas estudava
Clínica Odontológica II. No auditório em que estavam tendo aula, Nicholas recebeu um
olhar maldoso de um dos colegas que também era seu colega de irmandade.
Nicholas nunca foi de ter problemas com o tal Lúcio, portanto, achou aquele olhar
muito estranho.
– Sei lá, achei muito estranho ele me olhar daquele jeito... Parecia que... – começou
Nicholas, baixinho. –... ele tava me punindo por algo, sei lá.
– Ai, será que foi por causa do cara que tirou foto de você e do Eric conversando? –
arriscou Kathia.
– Fica assim não, Nick. – pediu Eric pondo a mão no ombro do namorado.
– A conversa aí atrás deve estar mesmo boa! – interrompeu o professor em voz alta.
Todos os alunos viraram-se para encarar Eric, Nicholas e Kathia.
Os três evitaram conversar pelo resto da aula e assim que o sinal tocou, anunciando o
fim daquela extensa aula, eles tornaram a falar sobre o mesmo assunto de antes.
– Oh, não faz essa carinha triste, meu bem. – pediu Nicholas.
– Tenho medo de que os Stigmas aprontem alguma com você, sei lá... – disse Eric,
inseguro.
– Eles não vão fazer nada comigo, fique calmo. – pediu o outro.
– É, Eric. – encorajou Kathia. – E além do mais, o Nick sabe muito bem como lidar com
os Stigmas.
– Como não tem outro jeito. – disse Nicholas, por fim, depois de respirar fundo. – Vou
lá na irmandade agora.
– Ai, ai... – gemeu Eric. – Boa sorte!
Nicholas saiu do prédio de Odontologia caminhando calmamente pelo campus até que
chegou em frente à irmandade Stigma.
Assim que entrou na irmandade, Nicholas sentiu o clima um tanto tenso. Alguns
Stigmas que estavam tagarelando sem parar silenciaram quando ele entrou na sala.
– Nossa! Que bela recepção! – ironizou Nicholas. – Eu fiquei um bom tempo sem pisar
aqui e é assim que sou recebido?
– Você não devia usar esse tom de voz, ainda mais depois do que fez... – Ray deixou
escapar.
– Cala a boca, idiota! – sussurrou Richard para o colega, Ray. – Não devíamos falar
nada ainda...
– O que é que está acontecendo, aqui? – repetiu uma voz vinda atrás de Nicholas. Era
uma voz arrogantemente familiar. – Eu é que pergunto, Nicholas!
– Não entendo, Leo. – disse Nicholas, ainda fingindo-se de bobo, cruzando os braços.
– Ah, ele não entende, pessoal! – Leo fez uma voz irritante. Os Stigmas ali presentes
riram debochadamente.
– Acontece que não adianta mentir. – começou Leo, sério. – Nós já temos as devidas
provas de que você foi flagrado conversando com um dos Betas.
– Ah, e ainda fala como se fosse a coisa mais normal do mundo! – caçoou Leo, irritado.
– E pra mim é... – continuou Nicholas. – É a coisa mais normal do mundo conversar
com outra pessoa que não seja da sua própria irmandade.
– Sim, meu caro. – prosseguiu Leo. – Acontece que não é uma pessoa de uma
irmandade qualquer, mas sim da Beta. Da B-E-T-A! Nossa irmandade rival!
– Fala sério, Leo! – Nicholas revirou os olhos. – Depois de tudo o que passamos, essa
confusão com a reitoria... Ainda vamos mesmo insistir nessa rixa idiota?
– Idiota é você que mantém uma amizade com aquele imbecil. – rosnou Leo.
O sangue borbulhava dentro de Nicholas. Ninguém podia xingar seu namorado daquele
jeito assim. Era preciso se controlar para não dar um belo murro na cara de Leo.
– Enfim, a questão é... – continuou Leo, ignorando o olhar furioso de Nicholas. – Tenho
duas opções pra você: ou fica na Stigma, melhor irmandade da Miami College, e
termina sua “linda” amizade com o Eric; ou se considere expulso daqui.
Com certeza, a reação que todos os rapazes, ali, presentes esperavam era a de que
Nicholas iria se arrepender de tudo e preferir ficar na Stigma. Porém, para o espanto de
todos, não foi bem isso o que aconteceu.
– Que seja feita a sua vontade, majestade. – disse Nicholas, irônico, fazendo uma
reverência e se inclinando diante de Leo. – Eu sairei da irmandade!
Todos os Stigmas que estavam ali ficaram boquiabertos, incrédulos. Como Nicholas
teria coragem de fazer tal escolha?
– Eu... Eu ouvi direito? – Leo cochichou para um dos seus fiéis escudeiros, Juan.
– S-sim. Ele disse que vai sair da irmandade. – confirmou Juan, sério.
– Não pode ser! – exclamou Ronald, outro dos fiéis companheiros de Leo.
– Prometo que esvaziarei meu quarto o mais breve possível. – disse Nicholas, sério,
enquanto se preparava para subir as escadas que levariam ao segundo andar da casa.
Assim que chegou ao seu quarto e trancou a porta, Nicholas sentiu um enorme alívio
percorrendo-lhe o corpo. Missão cumprida! Ainda faltava a parte dois da missão: saber
se iria morar com os Betas ou em outra irmandade qualquer.
Enquanto começava a juntar algumas roupas e pertences num malão, Nicholas ouviu
batidinhas à porta, mas ignorou.
– Nicholas, por favor, abra a porta. – era a voz de Leo, totalmente manso.
– Sim? – disse ele fazendo uma expressão séria. – Oh, sim, sobre as despesas... Não se
preocupe. É só me enviar tudo o que preciso pagar deste mês e de algo mais que estiver
faltando que eu farei um cheque.
– Não, não é isso. – disse Leo, baixinho. Parecia que o “rei” da Stigma tinha perdido a
majestade. – É que... Bom, você é um membro importante para nós.
Como Leo era fingido, pensou Nicholas. Importante? Se importante fosse sinônimo de
dinheiro, sim, claro.
– Sei... – disse Nicholas seco, enquanto continuava colocando roupas dentro do malão.
– E, poxa, cara... Pensa direito! – pediu Leo. – A gente gosta de você... Você é um
Stigma muito especial.
– Especial? Sério? – Nicholas ergueu a sobrancelha direita. – Se sou tão especial assim,
por que ninguém foi me visitar no hospital nesse período que fiquei em coma ou mesmo
depois, quando acordei e fiquei sem memória?
Aquela pergunta tinha sido tal qual um forte tapa na cara que Leo tinha recebido. Não
havia como justificar tal ato.
– Tudo bem, já passou. – Nicholas deu um sorriso de superioridade. – E acho que vai
ser a melhor coisa pra mim, sair daqui.
– Não diga isso! – Leo alteou a voz, meio rude. – Você tem que ficar!
– Não, não tenho! E você não manda em mim! – Nicholas alteou sua voz também. Ele
era praticamente o único membro que não tinha medo de enfrentar Leo cara a cara.
Por instinto, Leo ameaçou dar um murro no rosto de Nicholas, que imediatamente se
esquivou e, em seguida, revidou o murro, com vontade, bem na direção da boca de Leo.
O murro que Nicholas dera fora com tamanha força que fizera Leo cair sentado,
próximo à porta do quarto.
– Ai... – gemeu Leo pondo a mão na boca e vendo que estava sangrando. – Seu...
Traidor!
– Fala sério! – resmungou Nicholas consigo mesmo enquanto jogava mais umas roupas
dentro do malão. Abriu algumas gavetas do armário e despejou revistas velhas, livros,
cd’s e dvd’s dentro do malão até que este tinha ficado lotado. Depois disso, Nicholas
pegou mais uma mala, menor que a outra, e encheu de mais alguns pertences. Decidiu,
por fim, que se tivesse se esquecido de alguma coisa, ali, no quarto, certamente não lhe
faria falta no momento. Mandaria Arthur, seu velho e querido mordomo ir até a
irmandade Stigma e dar uma apanhada nas poucas coisas que restaram. Ele não queria
deixar nada, absolutamente nada seu, para aqueles ingratos Stigmas.
Nicholas caminhou pelo campus da Miami College, carregando suas malas, e parou,
depois de uns minutos, num quiosque famoso por vender água de coco e sucos de frutas
tropicais. Arfando, Nicholas encomendou um suco de laranja bem gelado ao rapaz que
atendia às pessoas no quiosque. Sem pensar mais, pegou seu celular e ligou para o
namorado.
– Oi, meu amor... – dizia Eric, sério. Ele estava em seu quarto, na irmandade Beta. – E
aí... Tá tudo bem?
– O que aconteceu?
– É, ele disse que ou eu parava de falar com você ou eu seria expulso da irmandade. –
continuou Nicholas, sério.
– Pois é, mas eu nem dei esse gostinho de superioridade a ele. – concluiu Nicholas. –
Digamos que eu me expulsei de lá. – ele deu uma fraca risada.
– Não fique. – Nicholas respirou fundo. – Tá tudo bem. Só preciso pedir ao Arthur que
venha até aqui e recolha mais alguns pertences meus que não deram mais pra eu colocar
nas malas.
– Mas, Nick... – começou Eric, pensativo. – E aí? Como as coisas ficam, agora?
– É, eu não sei... – revelou Nicholas. – Talvez eu volte pra casa, sei lá.
– Mas, Nick! Sua casa é um pouco longe daqui. Ficar indo e voltando, todo dia, vai ser
bastante cansativo, não?
– É, isso é verdade. – concordou Nicholas. – Mas, poxa, eu não sei o que faço.
– Eu ainda nem tive chance de conversar com o Mike e o Ian. – disse Eric se levantando
da cama e andando de um lado para outro, em seu quarto. – Vou ter que falar com eles,
agora mesmo.
– Faça isso, por favor. – disse Nicholas, pensativo, enquanto recebia o suco de laranja
que tinha pedido. – Mas, será que os Betas me aceitarão?
– Ai, meu amor... Eu acredito que o Mike e o Ian vão dar a maior força. – disse Eric
tentando animar o namorado.
– Tomara...
– Bom, melhor eu desligar logo né? Vou falar com os meninos e depois te ligo, certo?
– Beijo.
Assim que terminou a ligação, Eric saiu do seu quarto e correu para o quarto de Mike,
que estava trancado. Desde que reatara com Ian, o quarto de Mike vivia trancado.
– Eric, eu tô meio ocupado, agora... – gritou Mike enquanto Ian beijava-lhe o pescoço.
Ian olhou firme para Mike e assentiu para que ele abrisse a porta.
– Entra, rápido! – pediu Mike assim que destrancou a porta do quarto. – O pessoal tá
pensando que o Ian tá no quarto dele e...
– Desculpa, pessoal, eu não queria ter interrompido, mas... – começou Eric, tenso. – É
sobre o Nick...
Eric explicou, então, tudo o que tinha acontecido entre Nicholas e os Stigmas.
– E então? – Eric engoliu em seco. – Será que é possível o Nick se mudar pra cá?
– Por mim também, claro. – concluiu Mike. – Ainda mais que nós já deixamos claro que
não ligamos mais pra essa rixa boba entre as irmandades.
– É, o pessoal custou a aceitar sua amizade com o Nick. – começou Mike. – Aceitar que
ele more, aqui, talvez seja um pouco mais complicado... – Mike coçou o queixo.
– A gente vai fazer uma votação! – adiantou-se Ian. – E, por hora, já temos três votos a
favor do Nicholas vir morar aqui, certo?
– Não, não podemos. – lembrou Mike. – O Freddy e o Marcus não estão presentes. Eles
só voltam à noite.
– Conversamos com ele e... – continuou Ian. – Depois trazemos ele pra cá.
– Mas e... – começou Mike, mas foi interrompido. Ele ainda tinha medo da reação dos
outros Betas.
– Sem “mas”. – disse Ian, por fim, levantando-se da cama e ajeitando o cabelo
bagunçado. – Precisamos apoiar o Nicholas agora. Sair de uma irmandade para outra
não é uma coisa fácil...
– É, realmente, você tem razão. – concordou Mike, por fim. – Vamos lá!
– Lá está ele! – disse Ian enquanto andava lado a lado com o amigo e o namorado.
– Coitadinho do Nick... – murmurou Eric.
– Não fica assim, Eric. – disse Mike, sério. – O Nick fez uma ótima escolha saindo da
Stigma.
Ao ouvir seu nome sendo chamado por uma conhecida voz, Nicholas se virou.
Assim que Eric, Ian e Mike chegaram ao quiosque, Eric correu para perto de Nicholas e
o abraçou bem forte.
– Claro que tá... – respondeu Nicholas olhando fundo nos olhos do namorado. – Sair de
lá não foi o problema. O problema é saber se eu fico morando na minha casa ou em
alguma outra irmandade e...
– Nick, o Eric já nos contou tudo o que aconteceu... – Mike tomou liberdade em dizer. –
E, olha, precisamos estar com todos os Betas presentes para fazer uma eleição, mas...
– Você pode vir conosco, agora mesmo, se quiser. – adiantou-se Ian, sorrindo.
– Sério? – Nicholas ergueu as sobrancelhas, animado. – Ai, Eric, morar com você na
Beta vai ser tão bom...
Os quatro riram.
– Vai ser bom ter você lá... – continuou Ian. – Temos quartos sobrando e...
Continua...
Enquanto Nicholas conseguia manter um estado de calma, Eric parecia estar prestes a
roer todas as unhas, de tanto nervoso. Eles acabavam de chegar à irmandade Beta na
companhia de Mike e Ian. Eric ficava pensando no quanto as coisas são mesmo
curiosas. Em pensar que no dia anterior, no domingo, estava tudo perfeito. Agora,
estava, ali, aflito.
– Fica calmo, meu amor. – sussurrou Nicholas apertando o ombro do namorado assim
que percebeu sua expressão tensa no olhar.
– Bom, vamos lá! – disse Mike tomando a frente e abrindo a porta para que todos
entrassem. – Entra, Nick!
Nicholas não pôde deixar de notar, logo de imediato, no quão diferente era a sala da
casa dos Betas em comparação com a dos Stigmas. A sala não era nada luxuosa. Era
simples, mas aconchegante.
– Epa! O que é que tá acontecendo, aqui? – exclamou Harold, assustado, assim que saiu
da cozinha e, chegando à sala, viu Nicholas sentado no sofá.
– Que foi, Harold? – dizia John, arfando, descendo as escadas e chegando até a sala. –
Nicholas Wyatt, da Stigma? Aqui na Beta? – John estava assustado.
E foi exatamente o que fez. Mike resumiu a situação e contou tudo, ou quase tudo, aos
dois Betas presentes (já que Marcus e Freddy só chegariam à noite). A única coisa que
Mike omitiu, obviamente, foi o fato de Eric e Nicholas serem namorados; assim como
ele omitia o fato de estar namorando Ian. Sim, com certeza seriam muitas revelações
bombásticas para os outros membros da irmandade se tudo fosse contado ao mesmo
tempo. Mas, será que algum dia Mike teria coragem para se assumir e assumir sua
relação com Ian, diante dos amigos? Era o que ele se perguntava, no momento.
– Que coisa... – foi a única frase que John conseguiu dizer depois de ouvir aquilo tudo.
Harold, por outro lado, continuou calado e na pose em que estava: cara enfezada e
braços cruzados.
– E você não tem nada a dizer? – perguntou Mike, sério, olhando para Harold.
– Não tem lógica permitir que um membro da Stigma, nossa maior rival, se mude pra
cá. – disparou Harold, enfim.
– Bom, acho que já tá claro, então, que você tá contra isso... – Mike resmungou olhando
bem para Harold, que balançou a cabeça em sentido afirmativo.
– Tudo bem então. – adiantou-se Ian. – De qualquer forma, não estamos fazendo
nenhuma votação, ainda. Precisamos que todos os membros da irmandade estejam
presentes.
– Vem cá... – pediu Harold chamando o amigo, líder da Beta, para um canto distante, na
sala.
– Mike, acorda! – sussurrou Harold, nervoso. – Você não parou pra pensar que foram os
Stigmas que mandaram o Nicholas pra cá? Claro que isso tudo é uma armação deles!
– Claro que sim! – insistiu Harold. – Ele é, com certeza, um espião dos Stigmas...
Claro! Essa amizade com o Eric era tudo parte do plano e...
– Droga, você não me ouve! – Harold pôs as mãos na cabeça. – Quer saber? Desisti de
almoçar com vocês! Vou fazer um lanche reforçado na lanchonete perto do...
Mas Mike nem pôde ouvir o resto da frase do amigo, pois ele saíra andando em
disparada e logo, logo saiu da casa.
– Nossa! O Harold tá bem estressadinho né? – Ian comentou assim que o amigo saíra.
– John, você não vai se incomodar com a presença do Nicholas, no almoço, vai? –
perguntou Mike, preocupado.
– Ora, Mike, claro que não! – anunciou o outro. – Eu entendo toda a situação que o
Nicholas tá passando e... Bom, nem vejo problema algum nessa mudança dele pra cá.
Afinal, temos quartos sobrando, inclusive.
– Que nada, gente! Não me tratem como visita... – Nicholas sorriu. – Afinal, se tudo der
certo, serei o novo morador da casa e terei que ajudar nas tarefas domésticas, de
qualquer forma...
– E aí, o que será que vai acontecer? – indagou Ian enquanto mexia a panela do molho
para a macarronada que havia feito. – O Harold tá tão revoltado e...
– Relaxa, meu amor. – pediu Mike, baixinho, numa voz macia. – Vai dar tudo certo...
– Ah, que ótimo! – disse Ian desligando o fogo e despejando o molho do macarrão num
delicado recipiente de vidro. – Pode levar... Segure com cuidado, pois tá quente! –
alertou Ian dando ao amigo um par de luvas.
– Pois é... – concordou Ian separando o macarrão num outro recipiente, mais fundo que
o outro, também de vidro.
Depois disso, Ian voltou ao fogão e ligou o fogo para outra panela, que continha
deliciosas almôndegas.
– Pode ir levando o macarrão... – pediu ele a Mike. – Vou só esquentar, aqui, e já levo.
– Tá bem. – Mike pegou o recipiente cuidadosamente pelas beiradas, para não queimar
as mãos, e levou até a sala.
Na sala, Eric, John e Nicholas já estavam sentados à mesa. Pratos, copos e talheres já
estavam em seus devidos lugares.
– Ih! É mesmo! Pode deixar que eu pego! – adiantou-se Mike, voltando à cozinha.
Quando voltou à cozinha e admirou bem Ian vestindo aquele avental azul, Mike
imaginou ver o namorado completamente nu e usando apenas aquele avental. Se assim
fosse, veria, naquele momento, Ian de costas, com seu belíssimo bumbum à mostra.
Deixando sua imaginação fluir mais e mais, Mike não resistiu e avançou em Ian,
abraçando-lhe pelas costas. Seu sexo estava começando a enrijecer.
– Mike, cuidado! – sussurrou Ian olhando em direção à porta da cozinha para ver se não
vinha ninguém.
– Meu gostosão! – dizia Mike, abraçando Ian por trás, outra vez. – Gostoso... – e
enquanto dizia isso bem no ouvido de Ian, Mike apertava o bumbum do namorado.
– Seu safado! – Ian sussurrou. – Não podemos fazer isso, agora. Só mais tarde...
– É, seu bobo... – Ian sorriu, se afastando de Mike e indo até a porta da cozinha.
Verificou que os três rapazes conversavam à mesa, aguardando a comida e o suco.
– Vem cá, rápido! – Ian correu pela cozinha e foi até um quartinho na área de serviço,
um lugar pequeno, apertado e silencioso.
Mike o seguiu.
– Humm... – gemia Ian assim que Mike começou a acariciar-lhe o volume que o sexo
fazia na calça jeans. – Pára, Mike... – pediu Ian, baixinho, embora não fosse bem aquilo
que ele quisesse dizer.
– Quer parar? – Mike provocou numa voz sedutora enquanto continuava acariciando o
volume de Ian, só que com mais intensidade.
– Ai, amor, pára! – pediu Ian passando a mão no próprio rosto e ajeitando o cabelo.
– Ahn... Oi, John! Estamos aqui na despensa! – gritou Ian pegando a primeira coisa que
viu em sua frente: uma lata de ervilha.
– O que vocês estão fazendo aqui? – perguntou John franzindo as sobrancelhas, assim
que chegou ao mesmo lugar onde os amigos estavam.
– É que eu pedi ao Mike pra me ajudar, aqui, porque eu... – começou Ian, sem graça. –
Tava pensando em incrementar as almôndegas colocando alguma coisa a mais no
molho, tipo...
– Olha, melhor, deixar sua ideia pra uma outra hora. Já estamos famintos e sei que se
você ainda tá pensando em incrementar a comida, isso significa mais alguns minutos de
espera. – disse John, rindo, por fim.
– É, Ian... Acho que o John tem razão. – disse Mike sorrindo. – Outro dia você
experimenta mudar a receita do molho das almôndegas.
– Tudo bem então. – Ian disfarçou, pondo a lata de ervilhas no mesmo lugar onde tinha
pegado.
– Andem logo senão a comida esfria! – pediu John saindo do quartinho na área de
serviço. – E precisamos levar o suco! – gritou ele, já da cozinha.
Ian sorriu.
Assim que os dois saíram dali, voltaram à cozinha e, logo depois, levaram para mesa da
sala as almôndegas. John já havia levado o suco.
– Aha! Agora, sim, o almoço está completo! – Nicholas elogiou. – E está com uma cara
ótima!
– Ah, claro que o Nick vai gostar! – exclamou Eric já se servindo de um pouco de
macarrão. – O Ian é um excelente cozinheiro.
– Não é exagero nenhum! Todo mundo sabe que o Ian é o que cozinha melhor, aqui. –
comentou John, empolgado.
– Uh! Caramba! Comi demais! – disse Nicholas alisando a barriga assim que terminou o
almoço.
Os outros riram.
– Já tá vendo que vai engordar se você entrar de vez pra nossa irmandade né? –
começou Mike, brincando. – E aí, ainda tá mesmo disposto a fazer parte?
– Mike, você pega pra mim, lá na cozinha, cinco tigelinhas para sobremesa? –
perguntou Ian, sorrindo.
– Claro, meu a... – respondeu Mike, automático. Foi quando em frações de segundos,
percebeu que ia dizer “meu amor”, se corrigiu instantaneamente. –... migo! Claro, meu
amigo! – repetiu ele, desta vez, mais forte.
Eric, Ian e Nicholas se entreolharam. Apenas eles tinham entendido o que tinha
acontecido.
Na cozinha, Mike demorou uns segundos para abrir o armário e tirar de dentro as cinco
tigelas pedidas por Ian. Ele engoliu em seco ao pensar no que aconteceria se soltasse um
“meu amor” para Ian, na frente de John. O que o amigo iria dizer? Será que acharia que
era uma brincadeira? Mike vivia um momento maravilhosamente lindo com Ian e a
vontade que tinha era de assumir isso para o mundo, mas não tinha coragem suficiente
para tal coisa.
Assim que Mike voltou da cozinha, depositou as tigelas na mesa e lançou a Ian um
olhar que dizia claramente “essa foi por pouco hein?”.
– Ô, coisa boa! – disse John só de ver a sobremesa. – Nesse calor de Miami, nada como
um bom pudim pra refrescar...
Todos riram do comentário do amigo enquanto Ian começava a servir cada uma das
tigelinhas.
– Puxa vida! Ian realmente cozinha muito bem! – elogiou Nicholas assim que
experimentou um pedacinho.
Logo depois de conversarem mais um pouco, os cinco rapazes foram até o sofá e se
acomodaram para assistir TV.
Alguns riram.
– Não quer subir um pouquinho e deitar, Nick? – ofereceu Mike. – Confesso que os
quartos que estão fechados devem estar com um pouco de poeira e, talvez, algumas teias
de aranhas, mas as camas são bem confortáveis. – ele riu.
– Ah, Mike, que nada, não precisa. – disse Nicholas, sorrindo. – Fico aqui mesmo...
– Bom, então, pessoal, me deem licença, pois eu preciso dormir! – John declarou se
levantando do sofá e começando a subir as escadas que levariam ao segundo andar da
casa.
Só quando os dois casais de namorados ficaram na sala, a conversa pôde caminhar para
algo mais secreto que todos ali compartilhavam.
– Oh, meu fofo, eu entendo... Nem precisa se desculpar. – disse Ian, pensativo. – Eu, se
pudesse, te chamaria de “meu amor” o tempo todo, fosse na frente de quem fosse.
– É, a Beta vai ficar muito interessante com dois casais gays, né? – comentou Nicholas,
baixinho, imitando o gesto de Mike e acariciando a mão de Eric.
– E vocês acham que tem mais algum membro da irmandade que é...? – insinuou
Nicholas, curioso.
– Olha, sinceramente, acho que não... – revelou Mike. – Mas, nunca se sabe não é?
– O que acham de a gente sair e dar uma volta? – sugeriu Ian, pensativo.
– Ah, não sei... Depois do almoço sempre dá aquela preguiça... – resmungou Mike.
– Mas até que é uma boa ideia. – disparou Nicholas. – A gente podia ir ao cinema, que
tal?
– Então vamos! – concluiu Mike. – Mas só tem uma coisa... Não vamos sentar juntos,
que tal? – e ele diminuiu o tom de voz. – Cada casal senta num canto...
– Humm... – gemeu Nicholas, baixinho. – Ótima ideia! Assim cada um pode namorar
um pouco.
Os quatro riram e, logo em seguida, saíram da Irmandade Beta. Antes disso, Eric, com a
ajuda de Ian, levou as malas de Nicholas para o seu quarto.
– Terror, não! – adiantou-se Eric em dizer. – Você sabe que eu não gosto...
– E então, meninos? – perguntou Mike coçando o queixo. – Que tal essa ficção
científica que tem um pouco de drama e romance?
– Claro que sim! – Nicholas voltou a fazer cócegas na barriga de Eric, deixando o
namorado vermelho.
– Fala sério! – exclamou Mike, boquiaberto, ao entrar na fria sala de cinema. Não havia
absolutamente uma pessoa. – Que perfeito! A sala é só nossa hoje!
– É claro que é. – anunciou Nicholas. – Eu não avisei a vocês que eu tinha reservado o
cinema para os Betas, hoje? – ele brincou.
– Mas lembre-se do que eu disse. – começou Mike. – Cada casal senta num canto. A
gente senta na mesma fila, só que não sentaremos os quatro juntos, mas sim em casais.
Assim que terminaram de subir os degraus, os quatro rapazes entraram na última fila e
lá se dividiram. Nicholas e Eric ficaram mais para o meio da fila enquanto Mike e Ian
ficaram mais para o fim da fila, à esquerda.
Para contradizer os rapazes, que acharam que iam ser os únicos no cinema, depois de
alguns minutos, entrou um homem que devia ter uns 40 anos, segurando um saco de
pipoca e sentou logo mais à frente, perto das primeiras fileiras. E, depois dele, entraram
uma garota que devia ter uns 12 anos acompanhada por uma senhora que deveria ser sua
mãe. Sentaram perto das filas do meio do cinema, ainda longe dos rapazes.
– Mas eu não entendo esse meu namorado nova-iorquino que não é acostumado com o
frio. – Nicholas riu enquanto acariciava os braços de Eric. – E outra coisa: eu já disse
que eu posso te esquentar quando você tiver frio não é?
Eric balançou a cabeça em sinal afirmativo. Era tão bom ficar ao lado do seu homem.
– Te amo tanto, Eric... – disse Nicholas virando-se para encarar melhor o namorado,
mesmo no escurinho.
– Eu também te amo muito, Nick. – disse Eric acariciando o gostoso rosto do namorado.
Sem resistir mais, Nicholas avançou em Eric e beijou-lhe a boca com muita vontade.
– Eles é que estão certos! – disse Mike avançando em Ian e começando a beijá-lo
devagar, mas de um modo bem gostoso.
– Humm... – gemeu Ian, baixinho, assim que Mike começou a acelerar o beijo,
deixando-o mais rápido, mais empolgante, mais excitante.
Os trailers acabaram e o filme, por sua vez, começou. Os casais, porém, pareciam nem
ligar para o que estava passando na telona.
De fato, nenhum dos quatro conseguiu prestar atenção ao filme, mas quando sentiram
que, pela música, estava perto do final, se recompuseram em suas poltronas e, dentro de
alguns instantes, a luz do cinema começou a acender bem devagarzinho.
– Uh! O filme foi ótimo hein? – fingiu Nicholas, já do lado de fora da sala do cinema.
– Sério? Vocês assistiram mesmo? – perguntou Mike, sério, sem entender a ironia de
Nicholas. – Eu só conseguir ficar beijando o Ian e...
– Claro que nós também não prestamos atenção ao filme. – disse Nicholas. – Também
estávamos curtindo um momento mais pessoal.
– Foi impressionante encontrar uma sala tão vazia quanto essa. – disse Ian, sério.
– Amor, hoje é segunda-feira e olha só o horário que viemos... – começou Mike. – Esses
horários sempre são vazios, oras!
– Olha só, ainda tá cedo, são quatro horas. – comentou Nicholas depois de checar em
seu relógio.
– É, a gente pode dar uma volta, aqui mesmo, no shopping. – sugeriu Ian.
– Você tá parecendo até o Harold falando... – comentou Eric, rindo sem parar.
– Nem me fale nesse cara! – adiantou-se Mike em dizer. – Poxa, ele tá querendo
complicar as coisas pro Nick.
– Ah, mas com certeza a maioria dos Betas vai votar pro Nick ficar. – disse Ian, sendo
otimista.
– Também acho! – concordou Eric. – E além do mais, vamos parar de pensar nisso.
Estamos aqui no shopping, vamos nos divertir!
– É, o Eric tem razão. – comentou Nicholas, animado. – Eu tô me sentindo tão bem,
aqui, com vocês...
Os quatro pegaram uma maravilhosa mesa, no segundo andar da cafeteria, que tinha
uma vista bem ampla de todo o interior do shopping. O garçom logo veio trazendo
quatro cardápios e os rapazes logo estavam se preparando para fazer o pedido.
– Engraçado como são as coisas né? – começou Mike, pensando alto. – Quem ia
imaginar que nós iríamos sair, juntos, hoje?
– Mas, sabem... Esse encontro duplo está super legal! – concluiu Eric.
– Super concordo com o que você disse, amigo! – disse Ian, animado.
– Nossa! A gente até que demorou lá hein? – comentou Eric assim que pagaram o táxi e
o carro sumiu de vista, os deixando à porta da irmandade.
– Ah, mas passeio em shopping é sempre assim... – começou Ian. – A gente entra de dia
e quando vai ver, está de noite!
– É mesmo... – concordou Nicholas, que carregava suas compras nas mãos. – E se você
for fazer algumas comprinhas, então, parece que as horas voam...
Os quatro riram enquanto subiam os cinco degraus que levariam à porta de entrada da
irmandade. Ao abrir a porta da casa, porém, Mike sentiu que aquela alegria toda, que
estava sentindo com os amigos, iria sair de cena.
Assim que adentraram a sala, Ian, Mike, Eric e Nicholas, se depararam com os quatro
Betas, todos sentados no sofá. John continuava com sua expressão serena, de sempre.
Marcus parecia um tanto indiferente. Já Harold e Freddy tinham feições zangadas e
pareciam inquietos demais, principalmente depois de verem que Nicholas tinha entrado,
ali. Eric olhou para Nicholas e sentiu que toda aquela insegurança, de antes, parecia
voltar ao seu corpo, principalmente ao seu estômago, que se embrulhava sem parar. Eric
temia que os amigos não aceitassem Nicholas na irmandade. Eric, porém, gelou mais
ainda e engoliu em seco ao ouvir o pronunciamento de um dos Betas, logo a seguir.
– Muito boa noite. – disparou Freddy, sério. – Quando vai começar a votação?
Continua...
– Agora mesmo! – disparou Mike, ficando tão sério quanto Freddy. Mike não ia deixar
ser intimidado pelo amigo. Ele, afinal de contas, ainda era o líder daquela irmandade e
tinha que impor o devido respeito.
– Muito bem, então. – começou Freddy, cruzando os braços. – Mas, antes de qualquer
coisa, queria dizer que, pra mim, nem deveria ter votação. Que história mais louca é
essa, Mike? Como é que você chegou a permitir isso? Um Stigma morando na Beta?
Me poupe!
– Olha, simplesmente fiquei sem entender nada quando o Harold me ligou contando,
hoje mais cedo. – admitiu Freddy. – Que coisa mais sem noção!
– Sem noção é a gente ficar ainda nessa ideia de que a Stigma e a Beta são rivais e blá,
blá, blá. Já chega! – gritou Mike, por fim.
– Olha, gente, o Mike tem razão. – começou Ian. – Agora à tarde, mesmo, nós saímos
com o Nicholas e, poxa, foi tão legal. Ele é um cara bacana e, sinceramente, tem até
certas qualidades para ser um Beta. – e ele sorriu encorajando a situação.
– Acho que... – começou John coçando o nariz. – Eles têm razão, gente. O Nicholas é,
sim, um cara bem legal.
– Eric, você não vê que tá sendo enganado por esse cara? Ele diz ser seu amigo e tudo
mais, mas tá claro que isso é só um plano dos Stigmas e... – começou Harold, louco.
– Claro que é um plano deles. – adiantou-se Eric, nervoso. Nem ele soube de onde
arranjou tanta coragem para encarar os amigos daquele jeito. – Assim como foi um
plano dos Stigmas deixar o Nicholas ter um acidente e fazê-lo ficar em coma.
– Acho que já está bem claro, então, o motivo do Nicholas querer entrar na Beta. –
começou Mike.
– Porque foi o Harold que me passou essa informação. – completou Freddy, sério.
– E não foi isso o que aconteceu? – Harold corou, sem graça, fingindo-se de inocente.
– Você sabe que não foi isso o que aconteceu, Harold. – Mike começou, sério. – Nós
conversamos sobre isso, antes do almoço. Você sabe que o Nicholas saiu da Stigma
porque Leo o ameaçou. Ele queria que Nicholas parasse de ser amigo do Eric. Ou
parava, ou saía da Stigma. Então, o Nicholas, certíssimo, preferiu sair de lá.
– Mesmo assim, acho que isso ainda não é motivo para aceitarmos ele, aqui. –
resmungou Freddy, pensativo.
– Bom, sem mais falação! – começou Mike, sério. – Quem é a favor de que o Nicholas
seja o novo membro da Beta, levante, por favor, a mão.
O clima era tenso. O coração de Eric batia acelerado. Tudo parecia tão quieto que o
único som que Eric conseguia ouvir era o barulho do motor da geladeira, na cozinha.
Mais segundos se passaram. Uns Betas tinham olhares pensativos enquanto outros,
sérios demais.
– Só pra lembrar, o líder não vota! – advertiu Freddy, sério, só então se dando conta
disso.
– É claro que não vota! – repetiu Freddy. – São as regras... Ou vocês já se esqueceram
de quando nós precisávamos decidir se iríamos mudar a pintura da fachada da nossa
casa? O Mike não votou. O líder precisa ser imparcial, cabendo a ele, claro, dar um
“voto de Minerva”, se preciso, para um possível desempate.
John foi o próximo a levantar a mão a favor de que Nicholas ficasse na casa.
– Não, são três votos a favor. – disse John dando um sorriso animador para Nicholas.
– O que me parece então que houve um empate. – começou Ian. – E cabe ao líder dar
seu voto, que já tinha dado, para o desempate.
– Não, não vai ser preciso. – disse Marcus levantando a mão. – Eu voto para o Nicholas
ficar também.
– Beleza, gente. – começou Mike, ignorando Freddy. – Temos quatro votos a favor do
Nicholas. A maioria venceu. Ao que me parece, então, posso dizer, com satisfação, que
Nicholas ficará na Beta.
Ian, Eric, John e Marcus gritavam animados enquanto Freddy e Harold continuaram
enfezados.
– Oh, gente, muito obrigado! – disse Nicholas sorrindo. – Aposto que vou ser bem mais
feliz, aqui.
– Com certeza, vai! – concluiu Mike, animado, estendendo a mão para Nicholas. –
Bem-vindo à irmandade Beta.
– Ei, ei, ei! – exclamou Marcus. – Mas não pode ser só assim: “bem-vindo à irmandade
Beta”. E o nosso ritual de boas-vindas? Tem que ser feito, oras!
– Mas parece que a tradição Beta já foi quebrada, trazendo um Stigma pra cá. –
resmungou Harold.
– Alguém já disse, hoje, que vocês estão um saco? – perguntou Ian, cruzando os braços.
Harold se levantou da poltrona em que estivera sentado até o momento e seguiu Freddy.
Os dois saíram da casa logo em seguida.
– Bom, depois eu converso com eles. – começou Mike, decidido. – Agora, rapazes,
devemos fazer uma recepção para o Nicholas né?
– E eu tô com uma... hum... – John desceu um pouco o short que usava para se
certificar. – Preta.
– Que bonito! Ninguém tá usando a nossa cor né? – Mike riu. – Nem eu! Tô com uma
cueca verde!
Eles riram sem parar, o que deixava Nicholas mais ansioso ainda.
– É o seguinte... – começou Mike, decidido. – Vamos subir, tirar toda a nossa roupa e
vestir uma cueca azul. Pronto! Depois, descemos pra sala e atacamos o Nick!
Naquele momento, Eric se perguntou se aguentaria ver todos os Betas apenas de cueca e
se aguentaria ver os amigos tirando a roupa de Nicholas. Será que ele não ficaria
excitado com aquilo tudo?
– Vamos lá, rapazes! – Mike falou em voz alta e a rodinha de conversa se desfez.
Eles subiram rapidamente as escadas sem falar nada com Nicholas. Minutos depois,
todos desceram animados, quase despidos, usando somente suas cuecas azuis, dos mais
variados tons. Eric pôs uma cueca boxer azul, bem folgadinha, pra disfarçar, caso
ficasse excitado.
– Que é que deu em vocês? – Nicholas riu, corando, ao ver os amigos, usando apenas
cuecas, andando em sua direção.
– Ei, que é isso? – Nicholas ria, vermelho. Seus mamilos tinham ficado rígidos.
Enquanto Ian segurava um braço de Nicholas, John segurava o outro. Marcus segurava
as pernas. Mike começava a tirar o cinto de Nicholas e a abrir a calça dele, pelo zíper.
Nicholas teve que se controlar para não ficar excitado. Aquilo era uma situação bastante
complicada. Tantos homens em cima dele...
Eric observava tudo mais de longe. Não teve coragem de continuar com as cócegas e
nem iria tirar a roupa de Nicholas.
– A cueca dele é amarela! – gritou Mike para os amigos. – E amarelo é cor de outra
irmandade! Aqui, só usamos cuecas azuis!
– Não, gente! Que é isso?! – exclamou Nicholas, assustado, quando viu os Betas
terminando de tirar-lhe a calça e deixando-o apenas de cueca, na sala.
Deitaram Nicholas no chão, em seguida, e continuaram com as cócegas, o que fez com
que seu pênis começasse a se animar, ficando um pouco ereto.
– Tem que ser cueca azul, rapaz! – dizia Mike dando tapinhas no peitoral de Nicholas. –
Teremos que tirar essa, ok?
Quando Mike fez menção em puxar a cueca de Nicholas, chegando até a por a mão, ele
revelou ,por fim.
– Azul é a nossa cor, mas... Bom, não levamos essa paranoia, de usar cueca azul todo
dia, tão a sério. – admitiu Marcus.
– Um abraço coletivo no mais novo Beta da Miami College! – pediu Ian, animado.
– Nick, a gente vai ajudar você a limpar o quarto, se quiser. – ofereceu Ian.
– Então, combinado! – disse Mike batendo palmas. – Mas, antes, vamos deixar o Nick
tomar uma ducha.
Enquanto Nicholas tomava um gostoso banho, no banheiro de cima, Eric tomava banho
no banheiro do andar de baixo. Depois, os outros foram se revezando entre os banhos.
– Vamos começar? – perguntou Mike, decidido. – Vou pegar uns panos pra limpeza.
Logo, logo, os Betas estavam todos no quarto que seria de Nicholas, a partir de agora.
Começaram a tirar umas poucas teias de aranhas e a poeira que havia ali. Varreram o
chão, passaram um pano molhado, deixando um cheiro floral bem gostoso. Depois de
mais arrumações, o quarto, mesmo só com o guarda-roupas, o criado-mudo e umas
prateleiras vazias, parecia bem aconchegante. Após toda a operação-limpeza, os amigos
desceram e ficaram na sala.
– Obrigado, gente, pelo apoio. – começou Nicholas. – Vocês já estão fazendo com que
eu me sinta em casa.
– Agora, o resto que falta arrumar, é por minha conta. – disse Nicholas. – Tenho aqueles
dois malões para esvaziar e por tudo no lugar. – e ele respirou fundo. – Aliás, isso me
lembra uma coisa. Me deem licença, preciso ligar pra alguém.
– O Nick é muito legal, cara! – exclamou Marcus. – Aposto que se o Freddy e o Harold
tivessem, aqui, eles também concordariam.
Nicholas então explicou toda a história para Arthur, que ficou perplexo com a atitude de
Leo, líder da Stigma.
– Não se preocupe, senhor. – começou Arthur. – Irei pessoalmente com Joseph, amanhã
mesmo, na irmandade Stigma e tirarei do seu quarto todos os outros pertences que o
senhor deixou lá.
– Obrigado, Arthur. – assentiu Nicholas. – Não quero deixar nem uma caneta sem tinta
para aqueles miseráveis. Pegue tudo: o abajur, a televisão, o DVD...
– Ah, liguei pro Arthur, pedindo pra ele pegar na Stigma, amanhã, algumas coisas que
deixei lá. – confessou Nicholas.
– Ah, por que não falou? – disse Mike, pensativo. – Poderíamos ir lá pessoalmente e...
– Ei, doido! – interrompeu Ian, rindo. – Não exagera! Essa mudança do Nick pra cá,
com certeza, já vai dar uma boa repercussão. Não precisamos de mais problemas!
– Você tem razão. – concordou Nicholas, sentando-se no sofá, outra vez, ao lado de
Eric.
E Ian tinha mesmo razão. Na irmandade Stigma a conversa não era outra. Aquela
segunda-feira estava sendo bastante agitada.
– Acho que o Juan tem razão. – disse Leo cruzando os braços. Ele bem que tentara
disfarçar, mas o belíssimo machucado em sua boca estava bastante visível. O canto
esquerdo da boca estava levemente arroxeado e com um princípio de formação de
cascão, bem no lugar onde Nicholas tinha lhe dado o murro. – Melhor a gente parar de
falar nisso. Já foi aborrecimento demais por hoje...
Um tempo depois, já na irmandade Beta, alguns decidiram que era hora de ir dormir.
– Que nada! Amanhã tenho que acordar cedão! – disse o outro. – Vou indo, galera!
Tchau!
– Sabe, acho que vou subindo também... – disse Ian forçando um bocejo. – Preciso
arrumar umas apostilas e...
– É, eu também já vou. – mentiu Mike dando um olhar provocante para Ian. – Vão ficar
por aqui?
– Olha, o dia foi cheio pra mim também. – admitiu Nicholas, respirando fundo. –
Melhor eu ir me deitar. – e ele se levantou do sofá.
– É, acho que também vou... – disse Eric olhando para John, com dó de ter que deixar o
amigo, ali, sozinho. – Tudo bem se eu for, John? Você vai ficar aí, sozinho, e...
– Ora, Eric, deixa de bobagem! – disse John sorrindo. – Fiquem tranquilos! Hoje eu
quero assistir a essa maratona de episódios de “Dexter” que começa às duas da manhã!
Amanhã nem tenho aula mesmo... Posso dormir tarde! – e ele deu uma risada
contagiante.
Depois disso, Eric, Nicholas, Ian e Mike começaram a subir as escadas da casa.
– Mike! – Ian ficou sério. – Assim você deixa os meninos sem graça.
– Não, Ian, tudo bem... – respondeu Nicholas rindo. – Bom, hoje, não vamos inaugurar
meu quarto. – ele deu uma piscadela para Eric. – Mas faremos a comemoração em outro
lugar...
Eric corou.
– Tô tão feliz de estar, aqui, com você... – revelou Nicholas segurando o queixo de Eric.
Ele estava pronto para roubar um beijo do namorado, bem ali.
– Vem... – pediu Eric, segurando ele pela mão e puxando-o até seu quarto.
– Ai, ai... Como me lembro desse quarto. – dizia Nicholas olhando ao redor.
Eric riu.
Eric desligou todas as luzes do quarto e deixou só o abajur, ao lado da sua cama, aceso.
Aquele era um clima extremamente gostoso. Uma boa conversa à meia-luz era tudo o
que Eric e Nicholas queriam.
– Quem diria que um dia eu entraria nessa casa, sem problema algum... – continuou
Nicholas sorrindo. Eric foi até a varanda e se debruçou na grade, ao lado de Nicholas. –
Eu bem me lembro do quanto foi difícil escalar essa parede pra chegar até aqui... – e ele
riu.
Eric então começou a se lembrar daquela maravilhosa noite em que Nicholas tinha ido
até seu quarto e feito uma perfeita surpresa. Eric conseguia se lembrar até das palavras
que seu namorado tinha dito...
“– Finalmente, estamos a sós. – disse Nicholas baixando o capuz e revelando seu lindo
rosto.
– Alguém poderia ter te visto, Nick. Você ficou louco? – dizia Eric, preocupado,
enquanto segurava as mãos de Nicholas.
– Sim, louco por você. – disse ele, adiantando-se e dando um rápido beijo nos lábios de
Eric. – Você mexeu tanto comigo... Eu... – e ele estava confuso – Parece que nada mais
tem graça sem você por perto...”
Movido pela gostosa lembrança, Eric puxou Nicholas pela gola da camisa e beijou-lhe a
boca de modo bem selvagem.
– Uau! – exclamou Nicholas. – Nem teve medo que alguém lá fora nos visse, aqui, na
varanda?
– Ah, tá tão escurinho, aqui... – disse Eric, rindo. – E além do mais, você merecia um
beijo de boas-vindas!
– Humm... Entendi! – disse Nicholas pegando na cintura do namorado com suas mãos
firmes. – Por sinal, eu não gostei nada daquela recepção dos Betas. – e ele riu sem
graça.
– Eu sei... – Eric baixou a cabeça. – Fizeram isso comigo também, quando eu entrei na
irmandade.
– Eric, foi difícil pra mim! – confessou Nicholas, sério. – Eu tava começando a ficar
excitado.
– Ei, não, não, deixa eu explicar. – Nicholas sorriu. – Eu amo você, amor, você sabe
disso. Mas, poxa, eu sou gay né? Ter um monte de homem, quase nus, em cima de mim,
me fazendo cócegas e tirando minha roupa? Nossa! Foi difícil controlar, aqui... – e ele
segurou a bermuda, entre as pernas.
Eric riu.
– Pois quero ver se você acha graça nisso... – e dizendo isso, Nicholas começou a atacar
Eric, fazendo cócegas em sua linda barriguinha.
– Eu devia fazer o mesmo com você... – Nicholas ria. – Tirar sua roupa e ver se você tá
de cueca azul. Só que se você não tiver, terei que chupar todo esse pintão lindo.
– Nossa! – exclamou Eric, baixinho. – Mas, eu é que tenho que fazer isso. Afinal, hoje é
sua noite de boas-vindas...
– Hum...
– Sim... – disse Nicholas beijando o pescoço de Eric. – Acho que eu quero um gostoso
sexo de boas-vindas...
– Eu concordo. – dizia Eric derretido. Ele adorava quando Nicholas beijava seu pescoço
bem devagar e roçava nele aquela barba que começava a crescer.
– Me leva pra sua cama, então, meu gostoso. – pediu Nicholas, provocante.
Eles deitaram, em seguida, na gostosa cama de solteiro. Era bem menor que a cama de
casal da casa de Nicholas, mas, ali, com os dois agarradinhos, a cama de solteiro parecia
ideal.
– Te amo, te amo, te amo, te amo... – dizia Nicholas enquanto beijava outra vez o
pescoço de Eric.
– Também te amo, meu amor. Muito! – disse Eric numa voz bem dengosa.
Depois que continuaram com mais e mais beijos, os dois pararam e ficaram se
acariciando enquanto se olhavam, firmes, nos olhos.
– A gente foi mesmo feito um para o outro né? – perguntou Eric mergulhado nas
profundezas do mágico olhar do namorado.
– E você ainda pergunta? – dizia Nicholas enquanto acariciava o queixo de Eric. – Claro
que fomos feitos um para o outro. Você é minha alma gêmea, Eric. Nunca senti por
ninguém o que sinto por você...
– Oh, que lindo! – sussurrou Eric.
– Agora, quero meu sexo de boas-vindas... – brincou Nicholas enquanto enfiava a mão
por baixo da camisa de Eric e acariciava seu peitoral.
– Humm... – gemeu Eric enquanto era tocado. – Então você quer um ritual de boas-
vindas particular?
Depois disso, Eric começou a tirar a camisa de Nicholas, que cedeu logo ao charme do
namorado.
– Como eu amo esse peito... – disse Eric jogando a camisa de Nicholas no chão.
Eric começou a beijar o lindo peitoral do namorado. Depois, provocou mais ainda,
passando a língua demoradamente em cada um dos mamilos.
Continuando, Eric abriu o zíper da bermuda jeans de Nicholas e, logo, logo, estava
descendo-a. Em segundos, Nicholas estava só de cueca, vermelha, por sinal.
– Opa, opa, opa! – gemeu Eric sorrindo. – Cueca vermelha? Não, não...
Nicholas sorriu.
– Ai, que chato! – Nicholas continuou o teatrinho. – E, agora, o que a gente faz?
– “A gente”, não! – adiantou-se Eric. – Eu terei que tirar sua cueca, pois, aqui, só
aceitamos cuecas azuis!
– Ih!
– Pois é... – disse Eric pondo a mão no gostoso volume que o sexo de Nicholas fazia sob
a cueca. – Vou ter que tirar...
Eric não perdeu tempo e baixou a cueca de Nicholas, revelando aquele maravilhoso
pênis que tanto gostava. Eric não aguentou descer a cueca toda do namorado, pois a
ansiedade para chupá-lo era demais. Deixou a cueca de Nicholas na altura dos joelhos e
abocanhou, em seguida, o sexo do namorado.
Ouvir aquela voz rouca e sexy de Nicholas pedindo para ele continuar fez Eric se
excitar ainda mais. Obedecendo, continuou a perfeita sucção no pênis do namorado.
Nicholas cedeu aos pedidos do namorado e começou a tirar a camisa dele. Feito isso,
beijou-lhe a barriga e o peito. Depois, deitou Eric na cama e começou a tirar-lhe a
bermuda, deixando-o apenas de cueca.
– Ah! Sua cueca é preta... – Nicholas fez uma expressão engraçada. Eric riu. – Vou
precisar tirar né?
Nicholas não perdeu tempo e baixou a cueca de Eric até a altura dos tornozelos,
puxando-a, em seguida, e a jogando no chão do quarto.
– Ai, como eu adoro esse pintão lindo! – exclamou Nicholas agarrando o pênis de Eric
com vontade. Eric corou enquanto Nicholas começava a movimentar o sexo do
namorado para cima e para baixo.
– Nossa! – gemia Eric, baixinho. Como era gostoso sentir a língua de Nicholas na
cabeça do seu pênis. Como era gostoso sentir o namorado sugando-lhe o sexo com
bastante vontade.
– Então... – disse Nicholas parando de chupar Eric, mas ainda segurando-lhe o pênis. –
Vou pedir uma coisa...
– O que, amor?
– Goze na minha boca... – pediu Nicholas num olhar que era puro tesão. – Goze bem
gostoso na minha boca. Quero todo esse leitinho só pra mim!
Eric sorriu ao ouvir aquilo. Como Nicholas sabia deixá-lo ainda mais excitado. Para
Eric, um pedido de Nicholas era tal qual uma ordem.
– Que assim seja... – foi tudo o que Eric conseguiu dizer quando Nicholas já começava
a chupá-lo outra vez. Enquanto chupava o namorado, Nicholas aproveitava para, com a
outra mão, acariciar a região próxima ao ânus de Eric.
Continuando a sugar o namorado, Nicholas fez Eric se ajeitar na cama para que pudesse
tocá-lo melhor. E assim fez. Enquanto continuava chupando Eric gostosamente,
Nicholas começou a enfiar, bem devagar, seu dedo médio no ânus de Eric. Com carinho
e cuidado, Nicholas começou a acariciar a região anal do namorado enquanto ia
introduzindo o dedo bem devagarzinho. Nicholas não parou de chupar Eric hora
nenhuma e aquelas sensações estavam deixando Eric louco de prazer.
– Vou gozar... – sussurrou Eric, excitadíssimo. Seus mamilos estavam bem rígidos.
– Ah... – gemeu Nicholas depois de ter engolido o sêmen do namorado. – Que delícia!
Depois disso, ele começou a lamber o pênis de Eric e, assim, lambeu todo o restinho de
sêmen que tinha ficado por ali.
– Como você é gostoso... – disse Nicholas, por fim, subindo até a altura do rosto de Eric
e beijando-lhe a boca. Eric pôde sentir, naquele beijo, o gosto do seu próprio sêmen.
Aquilo o excitou ainda mais.
– Eu quero você, Nick, dentro de mim... – revelou Eric olhando nos olhos do namorado.
– Quero você, aqui... – disse Eric pegando a mão de Nicholas, dobrando-lhe os outros
dedos e deixando só o dedo médio esticado. Depois, Eric pegou essa mão de Nicholas,
que só tinha o dedo médio em prontidão, e levou-a até seu ânus. Colocou o dedo de
Nicholas ali. – Quero você bem aqui...
– É? – Nicholas falou manso enquanto começava a introduzir seu dedo no ânus de Eric,
outra vez.
Nicholas levantou-se dali e ajoelhou-se no chão, em frente à cama. Depois, pegou Eric e
o sentou de frente para ele, abrindo-lhe as pernas da melhor forma possível.
– Vamos fazer algo diferente hoje... – começou Nicholas, sério. – Algo que nunca
fizemos...
Nicholas começou a tentar empurrar o ânus de Nicholas com sua língua, como se
estivesse dando leves estocadas. Aquilo deixou Eric mais louco ainda.
– Agora, vou fazer algo que você já conhece... – disse Nicholas se levantando do chão e
voltando pra cama. – Fica de quatro pra mim, meu amor?
– Que delícia de bumbum! – exclamou Nicholas, assanhado. Seu sexo estava super
rígido.
Depois de dizer isso, ele começou a brincar com a região anal de Eric. Nicholas
começou a bater levemente com seu sexo na região que ia ser penetrada. Depois disso,
começou a introduzir levemente a cabeça do seu pênis, o que fez Eric gemer baixinho.
– Fica calmo, amor, você sabe que eu vou devagarzinho... – Nicholas o tranquilizou.
– Tenho um, ali, que você me deu... – disse Eric. – Tá dentro do guarda-roupa.
– Espera aí que eu pego. – disse Nicholas se levantando da cama e indo até o local
indicado por Eric.
Eric deu as instruções para que o namorado fosse até a gaveta certa, no local certo.
Dentro de segundos, Nicholas voltava à cama trazendo consigo o lubrificante.
– Agora sim. – disse Nicholas já voltando a ficar atrás de Eric, ainda de quatro.
– Pronto, amor... – disse Nicholas fazendo carinho nas costas de Eric. – Agora vamos de
novo.
Mais uma vez, com bastante cuidado e carinho, Nicholas começou a introduzir seu sexo
em Eric. Desta vez, com a ajuda do lubrificante, o sexo penetrou com bem mais
facilidade a região anal, o que provocou em Eric um prazer imenso.
Continuando o gostoso ato, Nicholas começou a movimentar-se para frente e pra trás,
fazendo com que seu sexo fizesse o mesmo. Cada estocada que recebia fazia Eric ir à
loucura. Como era gostoso!
Enquanto era penetrado intensamente por Nicholas, Eric se masturbava. Todo aquele
conjunto de ações o deixava mais excitado a cada segundo que passava.
Segundos depois, Eric sentiu em seu ânus que Nicholas havia realmente gozado.
Um tempo depois e Eric também chegava ao ápice do prazer e gozou, sem controlar, em
cima do seu lençol.
– Claro que somos... – disse Eric dando um beijinho no rosto do namorado. – E agora,
com você, aqui... As coisas vão ser melhores do que antes.
– Com certeza... Vou te ver todo dia, toda hora... – Nicholas sorriu.
– Seja bem-vindo à Beta, Nick. – disse Eric, sério. – E seja sempre bem-vindo ao meu
quarto. – ele riu.
– Obrigado! – Eric sorriu. – Falando nisso, assim que você terminar de arrumar as
coisas lá, a gente bem que podia dar uma inaugurada no quarto né?
Nicholas riu.
– Hum, meu safadinho... Claro que vamos inaugurar. – e depois de dizer isso, Nicholas
beijou o pescoço de Eric.
A rotina dos dois seria mais entrelaçada do que antes. Realmente há males que vêm para
o bem, pensou Nicholas. Por que eu nunca pensei em sair logo da Stigma e vir pra cá?,
ele pensou. Tudo estava bem melhor do jeito que estava. Nicholas já tinha conquistado
a afeição da maioria dos Betas. Só precisava conseguir domar Freddy e Harold, os
únicos que haviam ficado totalmente infelizes com a ideia de ter um ex-integrante da
Stigma morando na Beta. Mas isso, pensou Nicholas, mudaria em breve. Com certeza,
com o passar do tempo, os dois Betas revoltados iriam aceitá-lo melhor...
Continua...
Um tempo depois, por volta das duas horas da manhã, quando Eric e Nicholas já
dormiam abraçadinhos e John começava a se endireitar no sofá para ver melhor o
primeiro episódio que seria exibido na maratona “Dexter”, Freddy e Marcus chegaram
na Beta. Eles tinham saído antes do jantar e tinham chegado àquela hora.
– Porra, o John ainda tá aí? Que saco! – resmungou Harold assim que Freddy entrou
depois dele e bateu a porta.
Pelo tom de voz dos amigos, John logo concluiu que tinham ido a algum bar para beber.
John ignorou o mau-humor de Freddy, embora soubesse que ele realmente estava
chateado com o fato de Nicholas ter entrado na irmandade.
– Cara, que é isso?! – Harold, apontou, bêbado para a televisão, que mostrava uma cena
da série em que o personagem principal encontrava um corpo totalmente esquartejado.
– “Dexter”. – John respondeu, seco.
– Que nojo! – exclamou Harold. – Acho que eu vou... – e ele pôs a mão logo abaixo do
pescoço, indicando que estava tendo ânsia de vômito.
– Não, não, aqui não! Corre pro banheiro! – pediu John, se levantando do sofá
rapidamente e empurrando Harold até o banheiro da casa.
– Ele não aguenta beber, eu sei disso. – resmungou Freddy, cruzando os braços, à porta
do banheiro.
– Tomem um banho, lavem bem a cabeça. – pediu John. – E se quiserem, tem café na
cafeteira.
– Ah, vai tomar conta da sua vida, seu traidor. – resmungou Freddy, como se nem
tivesse escutado os conselhos de John. – Na hora de votar, vota a favor do Nicholas.
Agora, fica aí cheio de preocupação com os amigos. Você é falso!
– Não quero discutir com você assim, Freddy. – disse John, sério, voltando a se deitar
no sofá.
– Bêbado é a sua mãe! – gritou Freddy enquanto Harold dava mais um urro no banheiro.
– Quem é você pra mandar em mim? – Freddy elevou a voz mais ainda. – EU FALO
NO TOM QUE EU QUISER!
Nesse momento, Eric deu uma rápida revirada na cama. O grito tinha sido realmente
alto. Nicholas nem se mexeu. Marcus, em seu quarto, dormia profundamente. Estava
bastante cansado.
– Ian, você ouviu isso? – perguntou Mike franzindo a testa. Ele e Ian tinham acabado de
deitar, depois de terem feito um gostoso e demorado sexo. Tinham começado a cochilar
quando Freddy gritou.
– Sei lá... – bocejou Ian, acordando do seu cochilo. – Deve ter sido a TV. O John não tá
lá embaixo?
– Sim, mas isso não foi barulho da TV. – disse Mike se levantando da cama e
procurando seu short no chão do quarto de Ian. – Alguma coisa tá acontecendo lá
embaixo. Vou lá ver.
Assim que desceu as escadas, Mike encontrou John, quieto, no sofá, e Freddy esperando
na porta do banheiro.
– Ei, ei! – disse Mike alteando a voz. Ele realmente parecia nem ter autoridade vestido
daquele jeito: nu da cintura pra cima, usando apenas um short e descalço.
– Eles estão bêbados, Mike. O Harold e o Freddy... – disse John enquanto tentava se
concentrar no episódio da série.
– Que gritaria é essa? – disse Mike, sério. – Tem gente dormindo, Freddy!
Ignorando o amigo, Mike entrou no banheiro e viu que Harold estava sentado ao lado
do vaso sanitário.
– John, tem como você dar uma pausa aí na programação e me ajudar? – perguntou
Mike, sério.
Mike e John tiveram um certo trabalho que não esperavam, naquela madrugada.
Enquanto John tirava toda a roupa de Harold e colocava o amigo dentro do box do
banheiro para dar-lhe uma boa ducha; Mike ajudava Freddy, o bêbado estressado, a
subir as escadas.
Depois de muita luta, Mike conseguiu entrar no banheiro com Freddy e trancou a porta
para que o amigo não fugisse. Que sacrifício!
– Anda, tira a roupa! – pediu Mike, sem graça. Era uma situação chata...
– Me poupe! – disse Freddy, soluçando.
– Tá bem então... – resmungou Mike abrindo a camisa de Freddy pelos botões. Ver
aquele peitoral cabeludo de Freddy fez Mike perceber que ele não havia notado que o
amigo andara malhando.
– Me ajuda aí... – pediu Mike enquanto abria o zíper da calça de Freddy e, em seguida,
baixava-lhe a calça até o joelho.
Freddy, se desequilibrando, conseguiu levantar uma perna, depois a outra. Enfim, Mike
conseguiu tirar-lhe a calça.
– Não vai tirar minha cueca também? – Freddy fez uma voz extremamente ridícula que
fez Mike ter mais raiva ainda.
– Bom, eu não vou molhar minha cueca... – resmungou Freddy, embolando a voz,
baixando a cueca boxer cinza e, depois de tirá-la, jogou-a para Mike.
O amigo bêbado sentou-se, nu, no chão do box. Mike abriu a ducha, bem fria, em
seguida. Enquanto recebia toda aquela água fria em seu corpo, Freddy foi calando a
boca e relaxando. Relaxando até demais, pensou Mike, quando viu que o amigo
começou a se tocar na frente dele. Mike quis desviar o olhar, mas ficou completamente
sem ação.
Freddy começou a passar a mão em seu peito cabeludo, enquanto que com a outra mão,
começava a se masturbar. “O que o álcool não faz com as pessoas?”, pensou Mike,
assustado, ao ver aquilo. Nunca tinha imaginado ver aquela cena em sua vida. Nunca
tinha visto Freddy pelado, para ser mais sincero. Mesmo morando com ele já há um
tempo, nunca tinha flagrado o amigo assim. Mike não queria olhar, mas, sim, era
inevitável. Como Freddy era bem dotado. Tão dotado quanto ele. Tão dotado quanto
Ian.
O pênis de Freddy começava a ficar mais rígido à medida que ele ia se masturbando.
Mesmo não querendo, Mike não pôde desobedecer à sua natureza e começou a ficar
excitado ao ver aquela cena. Como estava só de short e sem cueca, seu sexo logo fez um
volume rígido no folgado short.
– Ih, Mike! – caçoou Freddy, abrindo os olhos e focalizando, mesmo com a vista um
pouco confusa, o short do amigo. – Você armou a barraca hein? – enquanto dizia isso,
Freddy continuou se masturbando na frente do amigo, como se fosse a coisa mais
comum do mundo.
Só então, Mike olhou pra si mesmo e viu que realmente estava excitado. Cobriu o short
com a mão, em desespero.
– Liga não, rapaz! Bobagem! – Freddy riu, bêbado. – Por que não se senta, aqui, do meu
lado e fazemos isso, juntos? Hein?
Ouvir aquilo fez Mike ficar vermelho. Não, não devia dar ouvidos a um papo de
bêbado.
– Cala a boca, Freddy! – disse Mike abrindo ainda mais o registro para que a água
caísse ainda mais forte.
– Você tá de pau duro, cara! – continuou Freddy, insistente. – Só porque viu o meu, foi?
– e ele riu. – Não sabia que você era chegado nessas coisas, Mike. Imagina quando o
pessoal souber...
Mike sentiu um gelo percorrendo-lhe a espinha. Não, não ia ter sua sexualidade
revelada na Beta por causa de um estado de bebedeira de Freddy.
Do lado de fora do banheiro, Mike olhou para o próprio short e viu que o sexo ainda
fazia volume rígido. Respirou fundo e tentou pensar em outras coisas. Como não
adiantava muito, Mike correu para o seu quarto e vestiu uma calça jeans. A mais justa
que tinha. Pronto! Agora disfarçava mais. Depois disso, ele foi ver como John estava,
com Harold.
– Tudo... – John disse, revirando os olhos. – Dormiu... – e ele apontou para Harold, no
box do banheiro do andar de baixo da casa. Harold também estava nu, sentado no chão,
só que, ao contrário de Freddy, Harold dormia com a cabeça na parede de azulejos.
Mike tentou nem olhar para o sexo de Harold. Já bastava ter visto o de Freddy. Não
queria mais ver o pênis de amigo nenhum naquela noite, pensou.
– Não... – admitiu Mike, sem graça. – Você não vai acreditar... – e engoliu em seco. –
Ele tá se masturbando...
– Que horror! Ele tá alterado demais... – John balançou a cabeça, chateado. – Deixe que
eu cuido dele. Você fica com o Harold, então?
– Certo. – disse John. – É só levantar ele daí, enxugar e... – e ele parou de falar. – Se
bem que... O Harold é pesadinho né? Melhor eu te ajudar logo.
E foi o que fez. John ajudou Mike a carregar Harold, pelado. Os dois o enxugaram e
Mike não teve outro jeito a não ser olhar o sexo do amigo. Ele estava sentindo com se
estivesse traindo Ian ao fazer aquilo. “Fique calmo!”, pensou.
– Até dormindo essa criatura pensa em comida! – resmungou John, rindo. Mike riu
também.
– Você leva ele pro quarto, agora? – perguntou John assim que chegaram ao fim das
escadas.
Enquanto Mike levava Harold para o quarto dele, John entrava no banheiro do segundo
andar da casa.
– Mike... – balbuciou Freddy, ainda sentado no chão. Seu sexo estava sujo de sêmen. –
Mike... Pau duro...
– Aham... – disse John, impaciente, fingindo que entendia o que o amigo falava. –
Ninguém merece. – e ele resmungou baixinho enquanto lavava a cabeça de Freddy.
Por sorte, Freddy estava bêbado o suficiente para fazer com que ninguém desse
credibilidade ao que ele falava.
– Não, não. Deixa que eu levo esse doido pro quarto dele. – disse John, sério. – Tá
falando tanta besteira, aqui... Ai, ai.
– Esse, sim, é que pode me deixar excitadão... – disse, baixinho, a si mesmo, enquanto
admirava Ian dormindo.
Depois disso, trancou a porta do quarto, tirou a calça e o short, ficando completamente
nu e deitou-se ao lado de Ian, como antes. Mike não conseguia tirar da cabeça a cena
que ocorrera. Por que tinha ficado excitado ao ver Freddy, nu? Ele não gostava de
Freddy, claro. Teria sido só coisa de momento? Ele esperava que sim. De uma coisa
Mike tinha certeza: não contaria isso a Ian.
No dia seguinte, terça-feira, assim que acordou, Ian percebeu que tinha dormido
completamente nu com seu amado e aquilo o fez abrir um enorme sorriso.
Ouvir aquela voz encantadora fez Mike despertar do seu sonho e acordar.
– Quer dizer que nem colocamos uma roupa pra dormir né? – Ian riu enquanto
acariciava o peito nu do namorado.
– Pra quê? – Mike caçoou. – Tava tanto calor... – e ao dizer aquilo, seu sexo começou a
dar indícios de que ia começar a se enrijecer.
– É? Tava tanto calor assim foi? – Ian disse, provocante, bem próximo do rosto de
Mike.
Percebendo isso, Ian agarrou o pênis de Mike e começou a brincar com ele.
Logo, logo, os dois se levantaram da cama e, de pé, começaram a trocar mais e mais
beijos quentes e demorados. Enquanto as bocas estavam ocupadas, as mãos também
começavam a se ocupar. Mãos acariciavam costas, bumbum, cabelos...
– Vem cá, meu gostoso... – pediu Mike depois de se sentar na beirada da cama de Ian. –
Senta aqui... – e ele pediu, indicando que era pra Ian sentar em seu colo.
– Com o maior prazer. – disse Ian rindo de uma forma bem sexy. Depois de dizer isso,
Ian sentou-se no colo de Mike, de frente pra ele. Pronto, foi feito o perfeito encaixe
entre o sexo de Mike e o ânus de Ian.
– Humm... – gemeu Ian assim que sentiu a cabeça do pênis de Mike começando a
penetrar nele.
Ouvir aquele gemido bem em seu ouvido deixava Mike mais excitado e mais
empolgado ainda. Pra deixar Ian mais derretido em seus braços, Mike começou a
chupar-lhe o pescoço enquanto continuava com a penetração. Era realmente
impressionante o apetite sexual daquele casal em plena manhã.
– Ai, que delícia! – Ian arfava enquanto tinha em seu pescoço a língua quente de Mike.
– Eu te amo, Ian... – dizia Mike, sério, virando o rosto de Ian para que o encarasse nos
olhos. A penetração continuava seu ritmo.
Paralelo a isso, num quarto próximo dali, Eric e Nicholas ainda dormiam juntinhos e
completamente nus. Nicholas foi o primeiro a acordar, minutos depois. A princípio,
quando percebeu que Eric estava ao seu lado, achou que estava em sua casa. Depois,
estranhou o lugar onde estava e só então, ao acordar plenamente, entendeu que estava na
Beta.
– Psiu, calma, calma... – Nicholas segurou ele pela cintura. – Que foi?
– Ai, Nick... – Eric abraçava o namorado enquanto falava. – Ainda bem que você me
acordou. Tava tendo um sonho muito horrível. – quando menos esperou, Eric começou
a derramar lágrimas. Algumas chegaram a molhar as costas nuas de Nicholas.
– Sonhei que meus pais tinham morrido e... – Eric continuava chorando enquanto
Nicholas ia enxugando-lhe as lágrimas. – Ai, horrível! Tinha dois caixões e...
– Shh, não fala mais nada. – Nicholas o interrompeu. – Me abrace. Tá tudo bem.
Os dois ficaram abraçados por quase dois minutos. Nicholas podia sentir a respiração
acelerada de Eric em seu peito. Aos poucos, contudo, a respiração foi ficando mais
calma.
– Pronto? Tá mais calminho? – perguntou Nicholas olhando firme nos olhos de Eric.
– É... – Eric tentou enxugar mais os olhos. – Acho que é porque andei pensando muito
neles ultimamente. E aliado à saudade que sinto, talvez, meu subconsciente tenha
misturado as ideias.
– Anda pensando muito em seus pais? – Nicholas perguntou enquanto fazia carinho nas
costas do namorado.
– Sim... – Eric admitiu. – Tô com saudade de casa... – e ele lançou um olhar meio triste
que fez Nicholas sentir dó.
– Oown, fica assim não, meu bebê. – pediu Nicholas abraçando Eric mais uma vez. – Eu
tô aqui com você...
– Eu sei. – disse Eric ainda abraçado a Nicholas. – E sei que é graças a você que eu não
tô pior, sabe? Eu sempre fui e ainda sou bem apegado à família e... – Eric suspirou
fundo. – Ficar longe deles é...
– Falando nisso... Eu tô pensando em ir pra Nova Iorque nesse final de semana. – Eric
revelou.
– Poxa, mas achei que íamos pra minha casa. – Nicholas disse, pensativo. – Esquece o
que falei. – ele sorriu. – É que eu já tava acostumado a só ter você assim pertinho na
minha casa, mas agora que vamos morar juntos, isso não vai ser mais problema né?
Pode ir pra Nova Iorque, eu deixo.
Eric riu ao ouvir aquilo. Os dois deram um demorado beijo depois disso.
– Mas e aí, como é que o novo membro da Beta dormiu na casa nova? Teve uma boa
noite? – Eric perguntou, rindo.
– Se tive? – Nicholas fez uma expressão engraçada. – Nossa! Foi a melhor noite que já
tive na Miami College!
Eric riu.
– Por tá aqui comigo. Obrigado por fazer parte da minha vida... – Nicholas disse
enquanto olhava bem nos olhos do namorado.
– Ai, amor, quando você fala essas coisas... – Eric sorriu. – Meu coração fica assim... –
e ele pegou a mão de Nicholas e depositou sobre seu peito. Nicholas pôde sentir as
batidas ritmadas e fortes no coração do seu amado.
Na Irmandade Stigma, o clima não era tão bom assim. Pelo contrário, o clima era tenso,
muito tenso. Os Stigmas tomavam café enquanto conversavam.
– Cara, sua boca ficou feia hein? – murmurou Juan, preocupado, ao olhar bem para o
canto esquerdo da boca de Leo.
– Nem me lembre disso! – Leo bufou de raiva. O soco que havia levado de Nicholas, no
dia anterior, ainda era uma imagem que não saía da sua cabeça. – Aquele filho da pu...
– Calma, Leo, já passou... – interrompeu Travis. – Vamos deixar isso pra lá.
– Não! Não vamos deixar isso pra lá! Isso não pode ficar assim! Olha como o Nicholas
deixou o Leo! – vociferou Ronald, indignado com a situação que o amigo estava.
– Sim, e o que é que vamos fazer? – provocou Frank parando de comer e cruzando os
braços.
– Não sei, mas acho que o Ronald tem razão. – disse Leo, pensativo. – Devíamos...
Atacar os Betas!
– Mas... – começou Ray, pensativo. – Não podemos! Tivemos toda aquela conversa
com o reitor e...
– Mas, Leo... – começou Ryan, assustado. – A gente não pode arriscar e...
– Relaxem, eu já tenho o plano perfeito! – foi tudo o que Leo disse, sério. Depois disso,
levantou-se da mesa. – Vou pra aula. Tenham um bom dia. Assim que eu chegar, nós
conversaremos.
– Idiota! – disse um dos Stigmas para Ronald. – Você não tinha nada que dar asas à
imaginação louca do Leo.
– Ah, mas eu só disse o que eu achei certo. – Ronald disse, sem graça, baixando a
cabeça.
– Agora, tá na cara que o Leo vai inventar algum plano diabólico, como ele gosta,
contra os Betas. – disse Ray, assustado. – E se tudo der merda... A culpa vai ser sua!
– É, você vai ver só! – disse Arnold, um dos Stigmas mais antigos, fazendo um gesto
que significava que ele ia encher Ronald de pancadas.
– Calma aí, galera! – pediu Juan alteando a voz. – Também não é assim...
– “Também não é assim” o caramba! – gritou Frank. – Todo mundo, aqui, sabe que
você e o Ronald são os maiores bajuladores do Leo. Ficam aí sempre dando apoio e...
– Agora, só tem uma coisa... – começou Arnold. – Se tudo der errado com esse plano
maluco do Leo e essa confusão toda for parar no gabinete do reitor, com certeza,
seremos todos expulsos da Miami College. Aí eu vou querer ver quem é que vai ficar
bajulando o Leo.
Juan e Ronald engoliram em seco. Estavam até mais pálidos com a situação.
– Tentem convencer o Leo a não fazer nada contra os Betas. – disse James, grande
amigo de Arnold. – É o mínimo que vocês podem fazer, agora.
Juan e Ronald balançaram as cabeças em sentido afirmativo. Estavam com medo dos
outros membros da Stigma.
Voltando à Beta, enquanto Marcus tomava café, todos os outros ainda não tinham
descido.
John não iria acordar tão cedo, pois além de não ter aula naquele dia, tinha dormido
quase às cinco da manhã ao assistir uma maratona de episódios de “Dexter”. Harold e
Freddy ainda dormiam, em seus respectivos quartos, depois de terem enchido a cara de
tanta bebida na noite anterior. E os casais da casa, bom, ainda continuavam no maior
“love”.
– Ai, Nick, temos que nos arrumar. – disse Eric se levantando, nu, da cama. – Vou
terminar me atrasando pra aula! Nossa! Já tá tarde!
– Ah, sorte sua! – Eric riu. – Mas, temos treino à tarde né?
– Ah, sim... Isso é. – Nicholas riu ao ver Eric correndo pelado pelo quarto enquanto
arrumava a mochila e o material que levaria.
– Olha, vou tomar um banho super rápido e vou descer pra tomar café. – disse Eric já
vestindo seu short. – Você não quer ir tomar banho no banheiro de baixo e depois ir
tomar café também?
– Ah, eu queria mesmo era poder tomar banho com você, agora. – disse Nicholas
sorrindo lindamente. Eric quase babou.
– Poxa, agora, os outros já devem estar acordados... – Eric resmungou. – Quem sabe
outro dia?
– Relaxa, meu amor. Eu sei que, aqui, é arriscado. – Nicholas assentiu. – Mas a gente
pode ir naquele motel que fomos outro dia, sabe? Aí poderemos tomar um banho bem
gostoso, juntos.
– Mas, bom, por enquanto, a gente fica sem tomar banho juntos. – Nicholas disse, por
fim. – Só em poder dormir com você todo dia, já vai ser bom demais.
– Own... – Eric fez beicinho. Em seguida, correu pra cama e beijou a boca de Nicholas.
Depois disso, Eric abriu a porta do quarto bem de mansinho, olhou para os dois lados do
corredor (para se certificar que não havia ninguém) e saiu do quarto, fechando a porta.
Quando já ia entrando no banheiro, Eric ouviu um som de chave destrancando
fechadura e ao virar-se pra ver, viu Mike saindo do quarto de Ian.
– Aha! – disse Eric, rindo. – Peguei no flagra!
– Vou, já era pra eu estar tomando café... Mas é que eu e o Nick ficamos conversando lá
no quarto e...
Depois disso, entrou no banheiro e fechou a porta. Assim que desceu as escadas e foi à
cozinha, Mike encontrou Marcus, sozinho.
– Até que enfim, alguém! – Marcus disse, surpreso. – Que aconteceu com o povo dessa
casa?
– Bom, Ian, Eric e Nicholas, acho que já acordaram e tão se arrumando. – Mike
começou. – Já Freddy e Harold...
– Cara, esses dois chegaram de madrugada! – Mike cruzou os braços. – Tavam cheeeios
da cachaça e o Harold começou a vomitar e... – ao perceber que Marcus ainda comia,
Mike freou as palavras. – Opa! Foi mal...
– Que papel bonito! – Marcus disse, rindo. – Eu vou curtir muito com a cara dos dois
por causa disso!
– É, mas... – começou Mike, sério. – Uma coisa eles falavam, mesmo bêbados, que era
realmente sincera e não um típico efeito da bebida.
– Ai, que saco! Ainda estão nisso? – Marcus revirou os olhos. – Sinceramente, até agora
não entendo o motivo dessa palhaçada toda. Poxa, eles estão agindo feito dois idiotas!
– Pois é... – concordou Mike. – E o pior é que a gente tem que aguentar.
– Não, eles vão ter que cair na real... – concluiu Marcus. – E perceber que o Nicholas é,
sim, um cara gente boa e que vai ser um ótimo membro da Beta.
Algumas horas depois, quando Eric, Mike e Marcus já tinham saído para suas
respectivas aulas, Nicholas finalmente saiu do quarto de Eric. Ele foi até o seu novo
quarto na Beta, que ainda faltavam muitas coisas a serem arrumadas, e pegou seu
celular.
– Oh, sim, sim, claro! – adiantou-se o mordomo em dizer. – Eu e o Joseph iremos ainda
esta manhã para a Irmandade Stigma e retiraremos todos os seus outros pertences de lá.
Assim que desligou o telefone, Nicholas catou algumas roupas, ainda na mala, e foi
direto para o banheiro daquele mesmo andar da casa.
Depois de tomar uma gostosa ducha, ao sair do banheiro, encontrou Ian no corredor.
– Bom dia, Nick! – Ian sorriu. Trazia nas mãos roupas limpas. Iria tomar banho logo em
seguida. – E aí, dormiu bem?
– É, tô.
– Hum, legal então. – Nicholas sorriu. – Eu posso te esperar pro café, se quiser.
Logo em seguida, Ian correu pro banheiro para tomar banho e Nicholas voltou ao seu
quarto. Depois de pentear os cabelos, começou a guardar algumas coisas no guarda-
roupa.
– Ah, claro.
– Acho que o John vai acordar já na hora do almoço! – disse Ian, rindo, ao passar geleia
em sua torrada.
– É, ele foi dormir bem tarde... – disse Nicholas depois de bebericar um pouco do suco.
– Desordeiros?
– É, parece que não fui muito bem aceito por eles... – lamentou-se Nicholas.
– Ah, bobo, não fica assim. O que importa é que a maioria dos Betas votou pra você
ficar e nós já te aceitamos muito bem! – encorajou Ian.
– É, você tem razão... – Nicholas sorriu. – E como dizem né? Se nem Jesus agradou
todo mundo, por que eu vou conseguir agradar?
Os dois riram.
– Dia... – disse uma voz fúnebre, péssima, vinda atrás dos rapazes.
Ao se virarem pra olhar, viram que era Freddy. Ele tinha colocado óculos escuros,
estava com uma camisa vestida pelo avesso e o lençol de cama amarrado na cintura.
Provavelmente ele nem tinha se dado ao trabalho de vestir uma cueca ou um short.
– Ressaca... – sussurrou Nicholas se controlando pra não rir. Não ia querer mais
problemas com Freddy.
– Tô mal, gente... – murmurou Freddy indo até a geladeira e enchendo um copo com
água. – Nunca tive uma dor de cabeça como essa... Cara! Que dor!
– Aff... – gemeu Freddy depois de beber a água toda do copo. – Tô me sentindo tão
fraco e...
A fraqueza, de fato, era verdadeira e tamanha que Freddy se desequilibrou e terminou
tropeçando no lençol amarrado em sua cintura. Tal ação terminou fazendo com que ele
derrubasse o copo de vidro no chão.
– Ah! – exclamou Nicholas assim que o copo caiu e se espatifou em pedaços de vidro
pelo chão. – Cuidado, Freddy, você tá descalço! Não se mexa!
– É, fique aí quieto que eu vou buscar uma vassoura e um apanhador. – disse Ian
correndo para a área de serviço. Voltou em segundos e começou a varrer os cacos de
vidro.
Por sorte, os pés de Freddy estavam intactos, sem cortes, sem nenhum vidro.
– Olha, eu preciso fazer isso... – disse Nicholas olhando para Ian. – Vocês têm, aqui,
banana, achocolatado em pó, iogurte, farinha láctea e....?
Nicholas pediu uma série de coisas que Ian considerou meio loucura, mas confirmou
que tinha tudo na casa.
– Ótimo! Vou fazer uma receita, de um amigo meu, pra curar ressaca! – disse Nicholas
sorrindo. – Você logo vai ficar bom, Freddy.
Freddy chegou a tirar os óculos escuros para se certificar que era mesmo Nicholas que
estava, ali, e não um outro amigo seu. Por que tanta bondade com ele? Por que o
Nicholas estava sendo tão gentil com ele?
– Pronto! – disse Nicholas olhando para Freddy, já sentado na cadeira. – Bebe tudo!
Freddy olhou para o copo com uma cara estranha, depois cheirou o líquido, mas para
sua surpresa tinha um cheiro ótimo. Começou a beber e sentiu que tinha um gosto
também ótimo.
– Pode ficar tranquilo que logo, logo, você vai estar curado dessa ressaca... – informou
Nicholas ainda segurando o copo do liquidificador nas mãos. – Será que o Harold vai
precisar também?
Quando menos esperaram, os Betas viram Harold entrando na cozinha com a mão na
testa. Assim como Freddy, Harold estava com a maior ressaca, só que não tinha vestido
roupa pelo avesso e nem usava óculos escuros. Estava aparentemente normal pra quem
tinha vomitado tanto quanto ele.
– Caramba! – ele entrou resmungando na cozinha. – Acabei de tomar um analgésico,
mas... – e ele sentou-se ao lado de Freddy. – Ai, essa dor de cabeça tá demais! Tô
péssimo!
– É, acho que ele vai precisar... – disse Freddy olhando para Nicholas.
– Hum... – gemeu Harold assim que bebeu o líquido, sem pestanejar. – Que delícia isso!
– Foi o Nicholas que fez! – comentou Freddy depois de terminar de beber tudo.
– E então...? – Ian começou a falar, cruzando os braços, em seguida. – Não vão dizer
nada ao Nicholas?
Freddy e Harold se entreolharam. A gratidão por Nicholas os ter ajudado, ali, foi maior
que a raiva que eles sentiam do ex-Stigma. Veio, então, uma onda de arrependimento e
vergonha para Harold e Freddy.
– Pô, Nicholas... – começou Freddy, sério. Seus olhos ainda estavam um pouco
vermelhos. – Acho que... – e ele olhou para o chão, envergonhado. – Acho que pegamos
pesado com você.
– É verdade. – comentou Harold. – Você é um cara legal! Poxa, fez até essa bebida pra
curar nossa ressaca! – e ele riu, sem graça.
– E olha que fomos nós mesmos que provocamos essa ressaca né, Harold? – disse
Freddy, pensativo. – Fomos beber porque estávamos revoltados com sua admissão na
Beta, Nicholas.
– Mas isso foi... – Harold parou pra beber mais um pouco da bebida de Nicholas. – Foi
loucura nossa!
– Pois é... – começou Ian, ainda de braços cruzados. – E ainda deram vexame ontem né?
– Aham... – Ian dizia com um olhar de seriedade. – O Mike me contou que vocês
chegaram tão mal que ele e o John tiveram que dar banho em vocês!
Ian começou a rir da cara de susto que os amigos fizeram. Nicholas tentou se segurar,
mas terminou rindo também.
– Ah, Freddy, liga não! Somos como irmãos, aqui. Não tem problema... Acontece! –
disse Ian tentando ser compreensivo.
– Mas, cara, que você tá fazendo com esse lençol amarrado na cintura? – perguntou
Harold a Freddy.
– Caramba, você tá uma coisa triste! – disse Harold se acabando de rir do amigo.
Freddy meteu a mão por debaixo do lençol e arregalou os olhos mais ainda.
– E eu tô sem nada por baixo! Só com esse lençol! Sem short, cueca... Nada! – ele disse,
assustado. – Que loucura foi essa que eu fiz?
Harold começou a dar altas gargalhadas. Nicholas e Ian acompanharam nas risadas.
Freddy pôs a mão na testa, envergonhado, mas ao concordar que a roupa que vestira
estava mesmo maluca, começou a rir também.
Os quatro Betas, ali, rindo sem parar, foi algo que Nicholas não esperava ver naquela
manhã. Finalmente ele tinha sido aceito por todos os membros da Beta, incluindo
Freddy e Harold. Sim, as coisas começavam a caminhar para o caminho certo. Nicholas
passaria a ver Eric todos os dias. Dormiria com Eric todos os dias, fosse em seu quarto
ou no quarto dele. Tinha saído de uma irmandade na qual não se sentia mais feliz.
Enfim, Nicholas, enquanto ria, percebia o quanto estava feliz – e o quanto seria feliz –
ali, na Irmandade Beta.
Continua...
Nicholas deu um tímido sorriso para Ian e voltou a olhar para Freddy e Harold.
– Uh! Ainda bem! – Harold agitou as mãos pra cima como se agradecesse a Deus. –
Imagina só, ficar brigado com um cara tão legal como você.
Ainda naquela manhã, em que Freddy e Harold finalmente aceitaram Nicholas como
amigo e membro da Beta, Arthur, mordomo e fiel empregado de Nicholas, foi até a
irmandade Stigma, na companhia do motorista, Joseph.
– Sim? – disse um dos Stigmas ao abrir a porta e dar de cara com Arthur e Joseph.
– Somos empregados do Sr. Nicholas Wyatt e viemos, a pedido dele, para buscar seus
últimos pertences, deixados em seu antigo quarto, aqui. – informou Arthur, muito nobre.
– Ah... Eu... – o Stigma gaguejou. – Gente, corre aqui! – gritou ele para os Stigmas que
estavam por perto.
Logo, logo, Juan e Ronald, os fiéis bajuladores de Leo, apareceram à porta da casa.
– Eles estão dizendo que vieram pra buscar uns pertences que o Nicholas deixou lá no
quarto dele. – disse o Stigma, confuso.
– Como é que é? – Ronald cruzou os braços. – Não já basta ter saído da irmandade,
ainda inventa mais essa?
– Calma aí, galera! – disse a voz grave e máscula de Arnold, antigo membro da Stigma.
– Que é que tá acontecendo aí?
– Sim, e qual o problema? – disse Arnold olhando firme para Juan, Ronald e o outro
Stigma. – Podem entrar na casa. O quarto que era de Nicholas é subindo as escadas, a
terceira porta do corredor.
Assim que o mordomo e o motorista entraram na casa e foram diretamente para o ex-
quarto de Nicholas, Juan e Ronald começaram um burburinho.
– O Leo não vai gostar nada, nada de saber disso... – Juan cruzou os braços, impaciente.
– Até parece que eu não conversei com vocês dois, hoje! – bufou Arnold. Outros
Stigmas também lançaram olhares de reprovação para os bajuladores do líder. – Parem
de ficar dando asas às loucuras do Leo.
Todos silenciaram. Tinha sido, sim, da vontade de muitos que Arnold fosse o líder da
Stigma uns tempos atrás, mas ele mesmo não quisera se candidatar a tal coisa. Agora,
Arnold pensava no quanto que poderia ser bom se ele fosse líder daquela irmandade.
Mas já era tarde pra isso, pensou.
Arthur e Joseph recolheram as últimas coisas que Nicholas havia deixado no quarto,
como seu DVD e sua televisão. Para levar tudo o que era preciso, os dois deram
exatamente três viagens do quarto que era de Nicholas para o carro.
– Tem certeza? – Arthur perguntou ainda checando tudo o que podia pelo quarto. –
Olhou embaixo da cama, tudo?
Assim que os dois chegaram à sala, já de mãos vazias, Arnold veio ao encontro deles
mais uma vez.
– Sim, meu jovem. Muito obrigado por nos deixar entrar na casa e pegar as coisas do Sr.
Nicholas. – disse Arthur. – Você tem mesmo uma postura de líder que impressiona
muito. Parabéns!
– Que foi, Arnold? – perguntou Frank, um dos Stigmas, ao perceber que o amigo
ostentava um sorriso bastante agradável no rosto.
Arthur e Joseph, logo foram à Beta e deixaram todos os pertences de Nicholas na sala
da casa.
Já na hora do almoço, assim que Leo chegou à irmandade Stigma, seus fiéis bajuladores
correram para lhe contar as novidades do dia.
– O que foi? – disse Leo tirando os óculos escuros e encarando melhor os amigos.
– Nicholas mandou dois empregados dele virem aqui pra pegar a televisão, o DVD, o
abajur e... – começou Ronald, empolgado, mas foi interrompido.
– Quer dizer que esse... – começou Leo, respirando fundo. – Esse traidor...
– Poxa, eu andei pensando no meu plano a manhã toda... – admitiu Leo. – E, por vezes,
até considerei ser arriscado demais e pensei em desistir, mas depois de saber dessa
história... – e ele deu um sorriso cruel. – Não vou desistir!
– Mas, Leo... – Juan se lembrou das palavras de Arnold. – Realmente pode ser
arriscado.
– É, Leo... – Ronald deu força ao amigo. – Com essa confusão toda que tivemos com o
reitor e os Betas... Já tínhamos acordado em não atacar uns aos outros. O reitor foi bem
firme quando declarou essa questão.
Alguns Stigmas que ouviam a conversa, de longe, se aproximaram. Dentre eles, Arnold.
– E então, Leo? – perguntou Ray, sério. – Não vai rolar mais esse tal plano né?
– Desistir, eu? – ele riu feito louco. – Que droga de líder eu seria se não tomasse uma
posição certa?
– O melhor líder, nesse caso, seria o que saberia entender que um membro
simplesmente quis sair e ir para outra irmandade. – disparou Arnold, sério.
– Olha, eu sou o líder dessa irmandade e eu é quem decido se esse plano vai ou não ser
posto em ação. – começou Leo. – E eu digo que vai!
Os Stigmas começaram a conversar, alto, sobre aquilo. Um queria falar mais alto que o
outro.
– Calem a boca! – gritou Leo, louco. – Aliás, vocês estão fazendo confusão sem nem
saber qual é o meu plano ainda.
– Pois bem, ainda lembro que temos nossos sprays de tinta lá no depósito. – começou
Leo, rindo. – A ideia é pichar o muro da frente da casa dos Betas.
Naquele momento, Leo soltou uma alta gargalhada. Apenas ele riu. Nem seus fieis
seguidores, Juan e Ronald, riram.
– Então, pensei, qual seria a palavra que picharíamos? – Leo continuou, ignorando as
expressões de reprovação dos colegas.
– Como eu já disse, você não manda aqui. – Leo sorriu, sarcástico, para Arnold.
– Pra mim, já chega! – disse Arnold, irritado, dando as costas a Leo e já se preparando
para sair da sala.
Ouvir aquilo fez o sangue de Arnold borbulhar de ódio. Ele, então, por impulso, se
virou rapidamente e ia avançar em Leo e dar-lhe um belo soco. Ia fazer isso se os
Stigmas não o tivessem segurado.
– Me larguem! – pediu Arnold, raivoso. – Esse idiota precisa de uma boa surra!
– Calma, Arnold! – pediu James, grande amigo de Arnold, que era um dos que
seguravam o forte rapaz para impedir que atacasse Leo. – Não vale a pena...
– Idiota é você! – gritou Leo, ainda provocando. – Olha, sabe que eu poderia expulsar
você, daqui? – Leo pôs a mão no queixo, pensativo.
– Pois se você fizer isso, Leo. – começou James, sério. – Me expulse também.
– Oh, que lindo! – Leo ironizou. – Amigos para sempre? Que fofo! – ele riu
maldosamente.
– Sério, Leo, o que a gente tá querendo mostrar é que não vale a pena criar esse tumulto
dentro da nossa irmandade só por causa dos idiotas dos Betas ou por causa do Nicholas.
– disse Frank, por fim. – E, claro, não vale a pena insistir nesse plano. Deixa as coisas
como estão.
– Pois é! – reforçou Travis. – Além do mais, ainda somos muito melhores que os Betas.
Olha só quantos Stigmas somos! Os Betas nem chegam a dez!
– É... – disse Leo, fingindo que estava tudo bem. – Vocês têm razão, rapazes! Não vale
a pena insistir nesse meu plano, hum, idiota.
– Aha! – Frank sorriu, aliviado. – Isso aí, Leo! Assim que se fala!
– Pois então, foi melhor deixar assim mesmo. – disse Ronald, aliviado. – Ainda bem
que você desistiu, Leo.
– É, foi a melhor coisa que você poderia ter decidido! – Juan concordou.
Por dentro, Leo xingava cada um dos Stigmas. Quem eles pensavam que eram pra ir
contra as suas ordens? Ele era o líder daquela droga de irmandade! Eles tinham que
saber respeitá-lo! Custasse o que custasse, ele iria pôr o plano em ação. Os Betas
mereciam isso. Nicholas merecia isso. Se nem seus bajuladores oficiais estavam a favor
do plano, ele mesmo faria tal ação. Ele iria pichar a Beta.
Alguns dias depois, mais precisamente na quinta-feira daquela mesma semana, Eric e
Nicholas já estavam mais do que acostumados com a rotina – e estavam adorando o fato
de dormirem e acordarem juntos todos os dias. A “inauguração” do quarto de Nicholas,
na Beta, assim que ele terminara de arrumar, já havia sido feita. Fora uma noite e tanto!
– Ai, eu já disse que amei seu quarto? – dizia Eric, enquanto acariciava o peito nu de
Nicholas. Já era quase meia noite. Os dois ainda estavam acordados. Estavam deitados,
completamente nus, na cama de Nicholas.
– Foi... – Eric disse depois de beijar o peito do namorado. – Nossa! É como um sonho,
sabe? Ter você todo dia...
Nicholas sorriu ao ouvir aquilo. Não resistiu mais, porém, e puxou o rosto de Eric para
perto do dele. Beijou a boca do namorado com muita vontade.
Por volta das quatro horas da manhã, enquanto todos na Beta (e nas outras irmandades)
dormiam profundamente, um misterioso homem encapuzado passou a andar pelo
campus da Miami College. O céu era de um tom azul-escuro levemente acinzentado.
Dali a mais uma hora e os primeiros raios da manhã começariam a surgir.
O misterioso homem continuou percorrendo pelo campus até que parou em frente à casa
dos Betas. Além de uma calça jeans, o homem usava um casaco preto com capuz. Nesse
exato momento, o homem olhou para os dois lados para se certificar de que não havia
ninguém o observando. Retirou de dentro do bolso do casaco uma lata de spray. Andou
até o muro da casa dos Betas, agitou a lata umas duas vezes e começou a pichar uma
palavra em letras vermelhas e grandes.
Assim que terminou, riu baixinho, guardou o spray em seu casaco e acelerou os passos
pelo campus. Logo, logo, o misterioso homem adentrava a irmandade Stigma. Sim, o
misterioso homem era ninguém menos que o líder da Stigma. Conforme tinha dito a si
mesmo, Leo foi pessoalmente colocar seu plano em ação. E daí que os outros Stigmas
tinham sido contra? Ele era o líder e ele decidia por todos. Assim é que deveria ser.
A sexta-feira chegou com um grande impacto na irmandade Beta. Como naquele dia,
Marcus tinha sido o primeiro a se levantar, a se arrumar e a tomar café, pois tinha que
sair mais cedo que o normal, ele foi o primeiro a “apreciar” o muro da casa. Assim que
saiu e avistou a palavra “TRAIDOR” pichada em vermelho no muro, Marcus voltou pra
dentro da Beta e começou a gritar, desesperado.
– Gente, acorda! – gritava ele, sem graça. – Que merda foi essa? – ele baixou a voz e
disse consigo mesmo.
Como não houve sinal de nenhum dos Betas, Marcus correu para o andar de cima e
começou a bater nas portas dos quartos.
– Pessoal, acorda! É urgente! – ele gritava, preocupado. – Acordem!
Um tempinho depois e Ian abria a porta do seu quarto. Mike ainda dormia lá dentro.
– Que foi, Marcus? – disse Ian, bocejando. – Ainda nem deu seis horas...
– Foi mal, mas é que aconteceu algo horrível! – ele disse, desesperado. – Vem cá pra
ver...
Sem pensar mais, Ian saiu do seu quarto e fechou a porta para que Marcus não visse que
Mike estava lá dentro.
– Que zoada é essa? – disse Freddy, enfezado, ao abrir a porta do seu quarto. Encontrou
Marcus e Ian no corredor.
Ian ficou boquiaberto e completamente sem palavras ao ver tal ato de vandalismo.
– Caralho! – Freddy disse outra vez. – Mas isso não podia acontecer! Estamos em
“guerra fria” né? Não podíamos atacar uns aos outros. Ordens do reitor.
– Gente, avisem logo aos outros Betas. – pediu Marcus. – Eu levantei cedo porque
preciso estar cedo na aula hoje. Tenho um seminário pra apresentar e...
– Tudo bem, fique tranquilo. Pode ir. – disse Ian pondo a mão na testa.
Assim que entraram na casa, porém, viram Eric, Nicholas e Mike descendo as escadas.
– Que foi, gente? – perguntou Eric ainda com uma cara de sono.
– Não fala assim, Nick. – pediu Eric, baixinho, alisando o ombro do namorado. – Não
foi culpa sua.
– Mas se isso aí é uma mensagem pra mim... – Nicholas disse numa voz trêmula.
– Mas, sei lá, acho que no fundo, ele não iria fazer isso... Ia? – Eric perguntou, nervoso.
Seu estômago se embrulhava de tanto pânico. Ganhar uma bolsa de estudos para
ingressar na Miami College fora um mérito seu. Não podia deixar seu sonho morrer por
causa dos atos idiotas da Stigma.
– Olha, eu não sei... – Mike disse sério. – Mas, acho que o reitor não tava brincando
quando disse aquilo.
– Calma, Eric! – pediu Mike, sério. – Acho que já sei o que fazer... – ele parecia
decidido. – Vamos entrando...
Os três entraram na casa e foram logo indo chamar Harold e John. Era preciso uma
reunião de emergência. Assim que Harold e John acordaram, foram avisados sobre o
ocorrido e logo foram conferir a pichação.
– Vamos tentar manter a calma, pessoal. – começou Mike, sério. – Embora seja
realmente difícil...
– Contar tudo para o reitor e dizer que foram os Stigmas, mesmo a gente selando a paz
e... – John disparou, nervoso.
– Não, isso só traria confusão e iria deixar o reitor irritadíssimo. – disse Mike.
– Caso isso chegue até os olhos e ouvidos do reitor, nós assumiremos a culpa pela
pichação. – disse Mike, engolindo em seco.
– Sim. – confirmou Mike. – Caso perguntem, vamos inventar algo... – ele pensou –
Tipo, que eu briguei com o Ian ou que o John brigou com o Harold, sei lá... E que um
chamou o outro de traidor. – ele respirou fundo. – E como o “pichador” tava meio
bêbado, pichou o muro, sem pensar.
– É a desculpa mais idiota que já ouvi! – disse Freddy, sério. – Isso não vai colar!
– Não! – adiantou-se Mike. – Aí, com certeza, o reitor ia querer saber mais sobre essa
garota... Enfim, acho melhor não envolvermos ninguém nisso, além de nós. Mesmo que
a pessoa seja fictícia.
– E como vai ser então esse lance da falsa briga da Beta? – perguntou John.
– Combinados? – Mike insistiu. – Nosso teatrinho vai ser esse: eu briguei com o Harold
e ele terminou bebendo demais e pichou nosso muro pra me provocar.
– Combinado. – disse Ian, inseguro. – Mas e se... – ele engoliu em seco. – Se o reitor
quiser ver a lata do spray, sei lá?
– Não... Acho que ele não pediria isso. – Nicholas adiantou-se em dizer.
Depois disso, todos tomaram um rápido café, se arrumaram e foram pra suas respectivas
aulas. Eric ficou tenso durante toda a manhã. Tanto nas aulas de Metodologia do
Trabalho Científico quanto nas aulas de Bioquímica, ele perdeu a conta do número de
vezes que virou a cabeça para olhar a porta da sala de aula. Ele acreditava que o reitor
iria invadir a aula e chamá-lo, assim como chamaria os outros Betas. Por sorte, isso não
aconteceu. Pelo menos, não naquela manhã.
Já no começo da tarde, logo após o almoço, no entanto, os Betas tiveram uma surpresa.
O telefone tocou assim que os rapazes tinham se levantado da mesa e alguns já iam
lavar a louça.
– Alô? – disse a voz, calma, de John, quando atendeu. – S-sim? Sei... – ele engoliu em
seco. – Tudo bem. Estamos indo, agora mesmo. – e desligou o telefone.
– Foi o reitor Hodge. – o outro revelou. – Quer falar com todos nós. Agora.
Todos os Betas, por sorte, estavam em casa. Largaram tudo o que estavam fazendo e
partiram para a reitoria. Tentaram ficar calmos e bastante seguros.
A secretária do reitor, assim que viu os oito Betas chegando, pediu logo que eles
entrassem na salinha do homem de cinquenta e poucos anos, baixo e gordinho, James
Hodge.
– Pois bem, não tenho cadeiras para todos, mas... Sentem-se. – ele indicou as duas
cadeiras que tinha em frente à sua mesinha. Ele sentou-se na sua cadeira, depois disso.
Mike e Harold se sentaram nas duas cadeiras e os demais Betas permaneceram em pé.
– Sim... – Harold fez uma cara tão depressiva que até os Betas quase tiveram pena do
amigo.
E após Harold e Mike explicarem a falsa história, o reitor silenciou por uns segundos.
– Então, isso foi só um ato de vandalismo causado por uma bebedeira? – o reitor disse,
por fim, com a mão no queixo.
– É, não sei o que faço com vocês... – o reitor deu uma discreta risadinha. – Tudo bem,
estão liberados. Só espero que pintem logo o muro. Fica feio para a Miami College ter
uma das casas com o muro pichado assim.
– Oh, sim, reitor, claro. – disse Mike, sério. – Providenciaremos isso, agora mesmo.
Nicholas engoliu em seco. O que diria? Os Betas nem haviam pensado nisso...
– Bom... – começou Nicholas, sério. – Acontece que eu e o Eric, nós... – ele respirou
fundo. “Somos namorados e queremos passar a maior parte do tempo, juntos”, pensou.
– Criamos uma amizade tão grande, ainda mais que participamos do Miami College
Swim, que eu pensei melhor e... – Nicholas respirou fundo mais uma vez. – Achei que
ia ser bom morar na mesma irmandade que ele. Nós somos quase... Irmãos. – e ele deu
tapinhas no ombro de Eric, que corou na hora.
Ian e Mike estavam mais nervosos que os outros Betas. Entendiam muito bem o motivo
de Nicholas ter essa aproximação toda com Eric.
– Que legal, rapazes! – disse o reitor com um enorme sorriso no rosto. – Engraçado, isso
já aconteceu comigo! Eu estudei, aqui, também. Mudei de irmandade só pra ficar mais
perto de um amigo que era de outra irmandade.
– Bom, me perdoem, mas eu preciso resolver uma série de coisas, agora. – disse o
reitor. – Boa tarde pra todos.
– Mas, isso não pode ficar assim. – disse Mike, preocupado. – E se os Stigmas
inventarem de fazer outra pichação ou outro ataque? Vamos ficar assumindo sempre a
culpa deles?
– Não, claro que não... – disse Nicholas, sério.
– Acho que vai ser preciso outra reunião entre os líderes da Beta e da Stigma. – sugeriu
Ian.
– É... – concordou Freddy. – E desta vez, terá que ser algo mais sério ainda.
– Bom, mas depois a gente pensa nisso. – adiantou-se Harold. – Vamos logo rachar uma
grana pra comprar uma tinta e pintar o muro...
– Mas a gente já disse que a culpa não foi sua. – lembrou Mike. – De traidor você não
tem nada.
– Bom, mas mesmo assim... – disse Nicholas, sério. – Podem deixar que eu pago a tinta.
Os Betas se dividiram. Quatro voltaram pra casa (Harold, Freddy, Marcus e John) e os
outros quatro (Eric, Nicholas, Ian e Mike) foram na loja de materiais de construção.
Um tempo depois e os rapazes voltavam pra Beta trazendo duas latas de tinta.
Aproveitariam para pintar o muro dos fundos da casa também. Escolheram uma outra
cor. Se iriam pintar todo o muro, mudariam logo a cor também.
– Cara, não vai dar tempo... – disse Nicholas, olhando para o relógio. – Temos treino no
MCS.
– Podem ir. – disse Mike, calmo. – Além do mais, você acha que vai ajudar a pintar o
muro, Nick? Não! Você já fez demais! – ele riu. – Até já pagou as tintas! Vou buscar
uns rolos que temos lá no depósito.
– Não. – Ian interrompeu. – Você e seu namorado vão pro MCS. Eu, meu namorado e
os outros Betas vamos só descansar um pouquinho mais o almoço e logo, logo,
começaremos a pintar o muro da casa.
Eric riu.
– Tudo bem. – Nicholas concordou, por fim.
– Quando vocês voltarem do treino, o muro já vai estar todo pintadinho! – Mike disse
fazendo uma voz engraçada.
Os quatro riram.
– Boa tarde, rapazes! – disse o treinador depois de uma longa apitada. – Devo lembrar a
vocês que no fim desse semestre temos o torneio entre as universidades locais de
Miami, que serve como classificatória para o torneio regional, que acontece no fim do
ano.
– “Uhu”? – repetiu o treinador, sério. – Preciso de mais “uhu” da parte de vocês! Hoje,
por sinal, quero olhar bem o desempenho de todos. Já estou à procura do capitão do
time deste ano.
Depois de mais um irritante apito, o treinador pediu aos rapazes que fizessem a série de
aquecimentos na piscina e avisou que logo, logo começariam os treinos daquele dia.
– Com certeza! – Nicholas sorriu, aliviado. – Agora, me diz... – ele olhou bem nos olhos
de Eric. – Aquilo que você me falou ontem, é verdade mesmo?
– O quê?
– Você vai passar esse fim de semana em Nova Iorque? – Nicholas fez beicinho.
– Oh, meu bem, eu vou... – Eric deu um sorriso torto. – Preciso ver minha família.
– É, você tá certo. – Nicholas sorriu. – Eu é que tô sendo egoísta em só querer você pra
mim. Você tem que ver meus sogros e meu cunhado...
– Ai, ai... – Eric suspirou. – Acho tão bonitinho quando você fala isso.
– Mas, ainda acho que o Mike deve marcar uma outra reunião com o Leo. – começou
Freddy, pensativo. – Isso não pode ficar assim né? Os Stigmas atacando e a gente
aguentando tudo?
– Sim, Eric, então nesse fim de semana você vai pra Nova Iorque né? – perguntou John,
pensativo.
– Ótimo! É o seu primeiro final de semana como Beta! – Freddy riu. – Devíamos
organizar um churrasco ou algo do tipo, o que acham?
Mas antes que a conversa pudesse continuar, o toque do celular de Nicholas soou, ali.
– Opa! É meu pai, gente. – ele disse ao checar a tela do aparelho. – Vou atender lá fora.
Volto já...
Depois de dizer isso, Nicholas foi pra fora da casa e ficou na varanda.
– Meu filho, como você está? – disse a voz de Nathaniel Wyatt, do outro lado da linha.
– Estou ótimo!
– Ahn... – Nicholas gemeu, baixinho. – Ah, nada demais... Tá tudo bem. – mentiu.
– Que ótima notícia! – Nathaniel disse, por fim. – E por falar em ótimas notícias...
Nicholas não disse nada. Aguardou.
– Bom, eu já falei muito desse homem pra você. – continuou o pai. – Foi meu colega de
faculdade.
– Bom, ele se mudou de Miami quando nos formamos. – começou Nathaniel. – Mas,
agora, está de volta à cidade.
– Bom, convidei ele pra passar o final de semana conosco. – disse Nathaniel, por fim. –
Por isso, queria que você viesse pra cá.
– Mas, pai... – começou Nicholas, preocupado com as palavras que usaria para não
magoar o pai. – É que... Bom, esse é o primeiro final de semana, aqui, na irmandade
nova. Eu quero ficar com o pessoal.
– Meu filho, terão muitos outros finais de semana pra você ficar, aí, com os Betas.
– Mas...
– Por favor, Nicholas, eu queria muito que você viesse. Além do mais, terei uma
surpresa pra você também...
– Oras! Se fosse pra eu contar, não teria o nome de “surpresa” né? – Nathaniel riu.
– Tá bom então... – Nicholas revirou os olhos, impaciente. – Tudo bem, eu passo o final
de semana com você.
Assim que terminou a ligação, Nicholas adentrou a sala com um sorriso sem graça no
rosto.
– Meu pai... – disse ele, chateado, sentando no sofá. – Quer eu vá passar este fim de
semana com ele.
– Poxa, gente, eu queria ficar com vocês. – disse Nicholas. – Mas meu pai insistiu.
– Ah, tudo bem. – disse John, compreensivo. – Deixamos o churrasco pra sábado que
vem.
– É né... – Freddy fez uma expressão meio emburrada. – O legal era comemorar neste
sábado, mas...
– Ah, gente, não tem problema. – disse Marcus. – A gente pode comemorar com o
Nicholas no próximo sábado. E no próximo, e no próximo...
Todos riram.
– Ih, é mesmo! – disse Freddy. – Bom, estamos combinados! Próximo sábado, não
marquem nada! É o churrasco!
E os amigos continuaram, ali, conversando e rindo. Vez por outra, Nicholas parava um
pouco de rir. Ficava pensando sobre a tal surpresa que o pai prometera. O que poderia
ser? E por que essa urgência toda em conhecer um ex-colega de faculdade de Nathaniel?
– É, os Betas pintaram o muro todo. – disse Travis assim que entrou na sala da
irmandade. – Acabei de passar por lá.
– Cara, não sei no que o Leo tava pensando... – disse Ryan, preocupado. – A gente já
tinha conversado que não íamos fazer o tal plano e...
– Mas foi ele próprio que foi lá e pichou o muro! – disse Juan, indignado. –
Sinceramente, depois dessa, eu não confio mais no Leo.
Juan e Ronald fizeram uma expressão que era um misto de raiva e vergonha.
– Íamos ser todos expulsos! – disse Yuri, um Stigma que evitava falar mal dos outros
membros da irmandade. – Eu acho que o Leo tá mesmo louco!
– Eu sei que é falta de educação falar mal dos outros pelas costas, mas... – começou
Yuri, sério. – Penso que é hora de mudarmos o líder da nossa irmandade.
– Mas é preciso uma eleição... Todos têm que votar e... – começou Travis, pensativo.
– Mudar o líder?! – exclamou Juan, surpreso. – Mas, eu... Eu sou o vice e...
– Não, você não. – disse Yuri, sério. – Precisamos de alguém mais maduro que o Leo.
– Nossa! Então quer dizer que eu não sou maduro o suficiente também? – perguntou
Juan cruzando os braços.
– É, tudo bem, não falo mais nada... – murmurou Juan, sem graça.
Arnold ouvia aquelas palavras como se fosse para ele. Seria chegado o momento, então?
– Nossa! Era tudo o que a gente precisava! – disse Ray, animado. – Um líder como o
Arnold!
Continua...
Ainda naquela mesma sexta-feira, em que os Betas tinham assumido a culpa pela
pichação do muro e o tinham pintado posteriormente, logo mais à noite, os Stigmas
vivenciavam um clima tenso na casa.
Todos os treze membros da Stigma estavam reunidos no quintal da casa, uma ampla e
bonita área. O 14º membro, que não estava presente, era Leo, que continuava trancado
em seu quarto.
– Pessoal, o motivo de termos feito essa reunião de urgência é que... – começou Arnold,
sério, à frente dos outros membros. – É perceptível que todos ou, pelo menos, a maioria
dos Stigmas não vem aceitando o comportamento do nosso atual líder, Leo.
– Mas o que foi que o Leo fez? – disse James, reforçando a palavra de Arnold. –
Simplesmente ignorou esse fato e foi pichar o muro dos Betas.
– Calma, galera! – pediu Frank, sério, assim que um burburinho começou entre os
rapazes.
– Se os Betas não tivessem assumido a culpa pelo que o Leo fez... – continuou Arnold.
– Seríamos todos expulsos.
Arnold tinha pensado seriamente e estava mesmo decidido a ser o novo líder da Stigma.
– E aonde você quer chegar com essa conversa? – perguntou Kurt, um dos membros
mais novos.
Mas Arnold não pôde completar sua frase. O som de repetidas palmas secas ecoou por
ali. Todos os Stigmas se viraram para ver. Era Leo.
– Muito bem... – começou ele, sério, ainda batendo palmas. – Estão organizando uma
reunião contra mim?
Silêncio.
– Então, quer dizer que a Stigma precisa de um novo líder né? – Leo ostentou um
sorriso sarcástico no rosto. – Como é bom saber disso!
Mais silêncio.
– Vocês são um bando de covardes, isso sim! – gritou Leo, exagerando. – Ficaram com
medinho dos Betas, de repente?
– Ronald?! Não esperava ouvir isso de você... – Leo espantou-se com o comportamento
do seu bajulador querido. Ou seria, ex-bajulador?
– O Ronald tem razão! – gritou Travis, sério. – Você foi errado, sim, Leo!
– É isso mesmo! – exclamou Yuri. – Pichar o muro da Beta? Se eles não assumissem a
culpa, nós...
– Claro que os idiotas iam assumir a culpa! – gritou Leo, rindo. – Eles não tinham
escolha! Ou eles faziam isso, ou íamos todos expulsos, Stigmas e Betas. – ele riu mais
alto ainda, irritante. – E eles caíram direitinho no meu plano.
– Ainda assim, Leo. – disse Arnold, sério. – Você foi muito errado.
– E quem você pensa que é pra me dizer se eu fui errado ou não? – disse Leo, arqueando
a sobrancelha esquerda e cruzando os braços.
– Quem sou eu? – disse Arnold, irritado. – Eu sou o membro mais antigo dessa
irmandade. – ele bufou de raiva. – E sou também um dos que acredita que você como
líder é uma droga!
– Ora, seu... – Leo murmurou. Ele ia avançar na direção de Arnold, mas dois Stigmas o
seguraram.
– O Leo não tem pena de si mesmo né? – Frank comentou com Travis, aos sussurros. –
Já tá com um olho roxo e ainda quer encarar o Arnold? Vai ganhar outro olho roxo, na
certa!
Para a surpresa de Leo, ninguém, absolutamente ninguém, levantou a mão. Nem mesmo
Juan. Nem mesmo Ronald. Ele não teve o apoio de ninguém.
– O único babaca, aqui, é você! – gritou Arnold. – Quem concorda que o Leo é um
babaca? Levantem as mãos!
Instantaneamente, treze mãos se elevaram. Arnold, com aquilo, sentiu que já era um
líder.
– Quem quer que o Arnold seja o novo líder da Stigma? – adiantou-se James, já de
braço levantado.
O próprio Arnold ficou surpreso com a atitude do amigo, mas ainda assim, levantou a
mão para votar a seu favor.
Mais onze mãos se ergueram e votaram a favor de Arnold. Todos os membros o tinham
escolhido.
– Então, por unanimidade... – disse Juan numa voz trêmula. Encarar seu ex-ídolo, Leo,
era meio complicado. – O novo líder da Stigma é Arnold Montgomery!
Gritos eufóricos, assovios e palmas irradiaram, ali. Era como se todos tivessem se
esquecido que Leo ainda estava presente.
– Não, isso não tá certo! – gritou Leo, mas ninguém deu importância.
– Leo... – disse Arnold, sério, assim que os Stigmas ficaram quietos. – Eu sei que você
foi errado, mas... – e ele respirou fundo. – Eu, bom, não gosto de julgar ninguém. – mais
uma vez, respirou fundo. – A questão é... Eu acho que você devia ir até a Beta e pedir
desculpas.
– Eu não farei isso! – exclamou Leo, corando. – Você não é o novo líder? – Leo caçoou.
– Vá você pedir desculpas aos Betas!
James já havia levantado a mão, votando a favor da saída de Leo da irmandade. Arnold
cruzou os braços. Por mais que tivesse odiado Leo e suas atitudes, não queria humilhar
o colega, agora.
Muitos Stigmas pensavam e repensavam. Aos poucos, Frank levantou a mão. Depois,
Ryan. Depois, Yuri. Mais dois Stigmas, em seguida. Os olhos de Leo lacrimejaram.
Aquilo era humilhante demais, até pra ele.
– Tá, já chega! – ele gritou, corando. Seu queixo tremia. Respirou fundo para evitar que
as lágrimas caíssem. – Não precisa de mais votação. Eu saio da Stigma. – e depois de
dizer isso, deu as costas e saiu andando. Enquanto adentrava a sala de estar, Leo
derramou suas lágrimas. Não aguentara mais prender a vontade de chorar. Correu e
entrou em seu quarto tão rapidamente que se esqueceu de trancar a porta.
– Leo... – começou Arnold, sério. – Não precisa sair da Stigma. Só queremos que as
coisas fiquem certas e...
Ronald teve a ideia de girar a maçaneta da porta e, para sua surpresa, não estava
trancada. Os três Stigmas encontraram Leo de uma forma que nunca viram:
descabelado, sentado no chão e chorando como um bebê esfomeado.
– Como entraram e... – Leo balbuciou, nervoso. Escondeu o rosto com um travesseiro.
– Eu vou pra Irmandade Lambda. – Leo murmurou. – Eu sei que eles têm vagas lá...
– Deixe de dizer maluquices! – pediu Ronald. – Na Lambda só tem nerds. Você nem
aguentaria...
– Leo, me escuta. – pediu Arnold. – Desculpa se nós agimos pelas suas costas e
pensamos em mudar o líder da Stigma. Mas, cara... – ele disse, baixinho. – Precisamos
de maturidade, aqui. Não estamos mais no colégio. Estamos numa universidade.
Estamos, aqui, pra construir nosso futuro!
– É, eu sei que agi mal. – disse Leo. – Por isso fiquei trancado no quarto quase o dia
todo. Eu sei que eu errei, só que...
– Deixa pra lá! – interrompeu Arnold. – Que ele seja feliz na Beta! Amém!
– E você não precisa sair da Stigma. – continuou Arnold. – Olha, eu vou assumir a
liderança da Stigma até o fim do ano. Depois, como você sabe, vou me formar em
Direito e então... – ele respirou fundo. – Sairei da Miami College. Logo, com isso, seria
muito bom se você pudesse reassumir a liderança, mas com uma nova postura de líder,
o que acha?
– Acho... – Leo murmurou. Ele percebeu que era o melhor a se fazer. – Ótimo.
– Combinado! – Leo deu um fraco sorriso no rosto e apertou firme a mão de Arnold.
Leo tinha finalmente reconhecido que tinha agido mal, colocando em risco os colegas
de irmandade. Toda aquela confusão, no entanto, servira para ele perder um pouco o ar
de superioridade e invencibilidade que julgava ter.
Algumas horas depois, na irmandade Beta, em seu quarto, Eric conversava com
Nicholas. Sua mala de viagem já estava arrumada.
– Ooh... – gemeu Nicholas, numa carinhosa voz, enquanto abraçava Eric. Os dois
estavam deitados na cama. – Eu já tô com saudade de você!
– É, eu sei... – Nicholas fez beicinho. – Mas, bem que eu podia ir com você né?
Os dois continuaram rindo até que Nicholas puxou Eric para ainda mais juntinho dele.
Ele podia sentir a respiração do namorado em seu rosto.
– Eu também já tô com saudade! – Eric admitiu, sorrindo.
– Vamos...? – Nicholas disse, safado, enfiando sua mão dentro do short de Eric.
– Que foi? – dizia Nicholas, sonso, enquanto tateava a cueca de Nicholas. – Já conheço
muito bem essa região... Posso avançar quando eu quiser!
Os dois se beijaram mais uma vez e, logo em seguida, começaram a tirar a roupa.
Combinaram, porém, de não se empolgarem muito pela madrugada, pois Eric iria ao
aeroporto pela manhã.
O sábado chegou um pouco tímido em Miami. Havia muitas nuvens no céu. O som do
despertador do celular de Eric fez com que ele acordasse, assustado, achando que tinha
dormido demais e que tinha perdido a hora.
Ao checar o horário no visor do aparelho e perceber que ainda estava cedo, Eric deitou-
se na cama mais uma vez e beijou o peitoral nu de Nicholas.
– Ah, então é melhor a gente levantar... – disse Nicholas, ainda de olhos fechados.
Abriu os olhos, em seguida, e ao encontrar o belo rosto de Eric perto do seu, Nicholas
sorriu animadamente.
– Poxa, bem que a gente podia tomar um banho, juntinhos, né? – Nicholas provocou. –
Mas... Aqui nem dá! – e ele sorriu.
– É... – Eric sorriu também. Só então, notou que o sexo de Nicholas estava prontamente
enrijecido. – Já, amor?
– Hum? – Nicholas não entendeu, mas quando Eric indicou com o olhar, ele
compreendeu então. – Ah! – ele riu, sem graça. – É né...
– Já acordou todo cheio de fogo não é, Sr. Wyatt? – Eric disse numa voz provocante.
Ao dizer aquilo, ele também se sentiu excitado e seu pênis logo começou a ficar mais
rígido.
– Bom, então... – disse Eric, por fim. – Bom final de semana pra vocês! Até segunda!
Enquanto o carro andava pela cidade, os dois, sentados no banco de trás, mantinham as
mãos entrelaçadas, discretamente. Trocavam leves carícias.
Assim que chegaram ao aeroporto, quase às nove horas, Nicholas logo acompanhou
Eric no check in. Feito isso, os dois ficaram aguardando no saguão de entrada do
aeroporto.
– Se comporte viu? – disse Nicholas para Eric. – Você lá em Nova Iorque, cheio de
gatinhos...
– É, vai que algum dos Betas dá em cima de você e... – Eric riu.
– E você acha que além de nós, do Mike e do Ian, tem mais algum Beta gay ou bi? –
Nicholas ergueu uma das sobrancelhas.
– Bom, de qualquer forma, você sabe que eu tô brincando... – Nicholas pegou a mão do
namorado, discretamente. – Eu confio em você o suficiente pra não ter dúvidas de que
você é totalmente fiel.
Os dois riram.
– Pois é... Com um namorado perfeito como você... – começou Eric. – Pra que eu
perderia tempo olhando outros caras?
– Oh, que lindo! – Nicholas sorriu. – Assim você me deixa cheio de vontade de te
beijar, agora.
Eric corou.
Era verdade. Os dois estavam loucos para se beijar e ignorar qualquer pessoa que
passasse por ali. Tiveram, porém, que ser fortes para se controlar.
Continuaram conversando por mais um tempinho até que Eric checou no relógio e
achou melhor se despedir de Nicholas e subir até o salão de embarque.
– Tchau, meu amor. – dizia Nicholas bem no ouvido de Eric, enquanto se abraçavam. –
Boa viagem. Te amo muito!
– Se cuida viu? – disse Nicholas assim que eles terminaram o abraço. – E me ligue
assim que chegar lá! – ele sorriu.
– Tchau, Eric!
– E aí? O Eric já foi?! – exclamou Mike, assustado. Acabava de descer as escadas e deu
de cara com Nicholas sentado no sofá, sozinho.
– Ah, que bom! – disse Mike, aliviado. – Vou tomar café, agora, e depois vou pegar
uma praia. O Ian vem comigo. Você vem?
– Bom, eu acho que já vou pra casa... – disse Nicholas, pensativo. – Meu pai pediu e...
E foi isso que Nicholas fez: separou algumas roupas sujas, jogou numa mala e logo em
seguida, depois de se despedir dos Betas, ligou para que Joseph fosse buscá-lo.
No caminho para sua casa, era impossível Nicholas não pensar em Eric. Ir da Miami
College para a mansão dos Wyatt era algo absolutamente comum. Já fizera aquilo tantas
vezes. Mas, agora, que tinha Eric em sua vida, parecia que voltar pra sua casa sem o
namorado era algo totalmente estranho. Ele já imaginava tomar um banho sozinho ou
mesmo deitar naquela gostosa cama sem ter a companhia de Eric. Seria muito vazio,
com certeza. Era a saudade de Eric que já falava mais alto que tudo.
No caminho para Nova Iorque, no avião, Eric também não conseguia pensar em outra
coisa a não ser no seu namorado. Sentia uma enorme saudade da família, claro, mas
também já sentia saudade de Nicholas. Mal havia entrado naquela universidade, em
Miami, e Eric sabia que havia mudado completamente sua vida. Se apaixonara por um
homem, coisa que nunca tinha acontecido antes. E o melhor de tudo, sua paixão havia
sido correspondida. Hoje, ele se sentia um cara perfeitamente sortudo no amor. Nicholas
o fazia se sentir tão feliz, tão bem...
– O que deseja, senhor? – dizia uma feminina voz ao lado de Eric. Como não obteve
resposta, aumentou o tom. – Senhor? O que deseja?
– Hã? Ah... – Eric então despertou dos seus pensamentos. A aeromoça estava parada em
pé, ao seu lado, com um carrinho cheio de coisas. Água, refrigerante e café eram
algumas das opções para bebida. – Não quero nada, obrigado.
Voltando a se endireitar na poltrona, Eric tornou a pensar em Nicholas. Mais que isso,
começou a pensar sobre o casamento. Eric se lembrava exatamente da última conversa
que havia tido com Nicholas sobre o assunto.
– É, assim como aquele outro feriado que tivemos, esse também é um feriado local só
que... – continuou Nicholas. – Esse feriado vai cair num dia de terça-feira. O que
significa que a Miami College vai “enforcar” na segunda-feira e obviamente não haverá
aula.
– O que eu quero dizer é... – começou Nicholas mirando o chão, pensativo. – Acho que
é uma boa oportunidade para viajarmos.
– Você sabe que eu posso pagar, seu bobo. – adiantou-se Nicholas sorrindo.
– Ah, amor... Relaxa! – pediu Nicholas, agora, fazendo uma gostosa massagem nos
ombros de Eric. – A gente aproveita o feriado pra viajar e... Casar!”
Eric sentiu um aperto no peito ao se lembrar bem daquelas palavras. Ele sabia, sim, que
estaria preparado para se casar com Nicholas. Sabia que amava muito o namorado. Não
haviam mais dúvidas quanto a isso. O problema maior que Eric via era a questão do
tempo. Ele se achava muito novo pra casar. E o outro problema era: como manter um
casamento em total sigilo? E como seus pais reagiriam com a ideia de que o filho estava
casado com outro homem? Se dissesse que estava namorando Nicholas, já seria um
choque. Casado, então, um choque ainda maior! Por outro lado, ele sabia que não queria
magoar Nicholas e dizer que não estava mais preparado pra casar. Uma coisa era certa:
o tempo estava passando, os dias caminhando e o tal feriado logo, logo chegaria.
– Pai, fala sério, pra que mesmo a gente tem que se arrumar assim e...
– Mas, a gente nem vai pra restaurante nenhum. – Nicholas começou. – Nem vamos pra
um concerto ou algo do tipo. Não entendo realmente pra que isso tudo.
– Filho, o Roger Monroe foi um grande amigo meu na faculdade e... – Nathaniel
começou. – Agora, com ele de volta à cidade, nós...
Mas antes que Nathaniel pudesse terminar, o som da campainha da casa tomou conta
dali.
– Ih! Deve ser ele! – disse o pai, animado, saindo do quarto de Nicholas. – Arthur,
atenda!
Vozes animadas vinham do primeiro andar da casa. Mas, afinal de contas, se Nathaniel
estava esperando um convidado, por que parecia que havia vozes demais?
Quando Nicholas finalmente começou a descer as escadas, ouviu uma máscula voz
falando algo a respeito dele.
– Oh, aí está o famoso Nicholas Wyatt! – disse Roger Monroe. Era mais baixo que
Nathaniel e tinha os cabelos mais grisalhos ainda. Uma pança saliente também era
notável.
Só então, ao desviar o olhar, Nicholas se deparou com uma jovem da mesma altura que
ele. Pele branca, linda, cabelos louros absolutamente naturais. Olhos perfeitamente
verdes. Usava um vestido preto que destacava suas curvas.
– Ah... – Nicholas murmurou, tenso. – Boa noite. Muito prazer. – disse ele, educado,
apertando a mão da moça.
– Ah, não precisa de tanta formalidade! – disse Nathaniel, rindo, empurrando Nicholas
para a moça. Os dois terminaram se abraçando.
– Formam mesmo um belo casal hein, Nate? – disse Roger Monroe olhando firme para
o amigo. – Bem que você me disse...
Nicholas engolia em seco. Então era esse o “grande” evento para aquele jantar? Seu pai
havia arranjado uma namorada, noiva ou sei lá o quê para ele?
– Vamos para a sala de estar! – anunciou Nathaniel. – Deixemos esses dois aí, sozinhos!
Nicholas continuou tenso, mirando o chão. Aquilo não podia estar acontecendo. Não
podia!
– Humm... – Meredith mordeu a boca, provocante, mas Nicholas não chegou a notar,
pois estava muito distraído, admirando o chão da casa.
– E você? – disse ele, por fim. – Quantos anos?
Aquilo era uma entrevista de emprego ou o quê? Era o que Nicholas pensava no
momento.
– Bom... – Nicholas respirou fundo. – Não sou formado ainda. Tô fazendo Odontologia
na Miami College. E não, não trabalho.
– Ai, que legal! Acho Odonto uma área incrível, sabe? É tão interessante como...
E a garota falava tão empolgadamente que Nicholas não teve outra ideia a não ser
ignorar tudo. Enquanto Meredith tagarelava, Nicholas começava a ter certeza de que
tudo aquilo foi uma armação de Nathaniel e de Roger. E mais, Nicholas começava a ter
certeza de que Meredith estava dando em cima dele.
– Eu sou formada em Direito. Adoro minha profissão, sabe? – ela continuava. – Embora
papai não quisesse que eu seguisse os passos dele, eu terminei seguindo. – e ela deu a
mesma risadinha irritante.
– A sala de estar fica logo ali. – Nicholas apontou a direção correta. – Pode ir pra lá e
ficar com nossos pais. Logo, logo eu já vou.
– Certo.
Assim que Meredith deu as costas, Nicholas correu para o seu quarto. Se trancou e
respirou fundo.
A primeira ideia que teve foi ligar pra Eric, mas pensando bem, achou que só deixaria
seu namorado preocupado com aquilo tudo. Não, resolveria aquela situação sozinho.
Não ia se deixar levar pelas vontades idiotas do seu pai. E se a tal Meredith quisesse um
homem, que fosse procurar por outro!
– Aí está ele! – disse Roger Monroe assim que viu Nicholas chegando à sala de estar. –
Sabe, rapaz? Você me lembra muito o seu pai, quando era mais jovem.
– Estranho... – disse Nicholas, seco. – Todo mundo diz que eu sou mais parecido com
minha mãe.
– Oh, Nick... – começou Nathaniel, sem graça, depois de dar uma pigarreada. – Que tal
mostrar a casa para a Meredith? Depois eu mostro ao Roger.
– Mas é que... – Nicholas balbuciou. Fora pego de surpresa. Droga! – Tá, tudo bem.
Os dois saíram da sala de estar e Nicholas começou o “animado” tour pela casa.
Ele a levou, rapidamente, pela biblioteca, pela sala de TV e para mais outros cantos da
casa. Finalmente chegaram ao quintal da casa. A parte que Nicholas mais gostava. Fora
ali que ele recuperara a memória. Batera a cabeça na piscina e lembrara de tudo.
– Que foi? – perguntou Meredith assim que flagrou Nicholas sorrindo feito bobo.
– Hã? – ele então despertou dos seus pensamentos em Eric e então se deparou com
aquela irritante Meredith. – Ah, eu... nada.
– Ai, não vejo a hora de dar um mergulho nessa piscina amanhã. – ela exclamou. – O
sol, aqui, em Miami é incrível! Vou pegar um bronze perfeito!
– Sim, claro...
– Aposto que já trouxe muitas garotas, aqui... – ela riu, provocante, enquanto jogava o
cabelo para trás e tentava causar um charme.
– Hum, na verdade não. – ele disse.
– Não? Não é possível! – Meredith deu o risinho irritante outra vez. – Um cara tão lindo
como você... Ah! Aposto que tá escondendo o jogo. Com certeza já trouxe, sim, muitas
garotas, aqui, pra ver esse céu tão bonito...
– Não... Eu... – Nicholas olhava, distraído para o céu. Quando menos esperou, sentiu as
mãos de Meredith em seu rosto. A loura avançara em Nicholas com vontade. Antes que
desse conta do que estava acontecendo, Nicholas sentiu que a língua de Meredith já
adentrava sua boca, invadindo seu território. Ela começara o beijo. Ela praticamente o
forçara.
– Ai, desculpa... – ela disse, sem graça, ainda sentada. – Eu me deixei levar pelo
momento e...
Nicholas sentiu que a raiva era tanta em seu corpo que quase chegou a derramar
lágrimas.
– Momento?! – Nicholas alteou a voz, irritado. – Se deixou levar pelo momento? Que
momento, garota?
Passados alguns segundos em silêncio e Meredith revelou sua verdadeira face para
Nicholas. Ela se levantou da cadeira em que estava sentada até o momento e encarou
Nicholas nos olhos.
– Vai me dizer que você não gostou... – ela perguntou,séria, cruzando os braços com
força e fazendo com que seu decote ficasse ainda mais justo. Parecia que os seios iam
explodir para fora do vestido.
– E isso? – disse Meredith, sem pudor, pondo a mão direita bem no meio das pernas de
Nicholas. Sim, ela havia agarrado bem o pacote que Nicholas trazia dentro das calças. –
Hein? Isso é delicioso?
– Que é isso, garota? – Nicholas a empurrou de leve para que se afastasse dele.
– Aha! – ela deu um riso forçado, sarcástico. – Saquei tudo! Você é gay!
– Olha, você tá na minha casa e eu não vou permitir que você fique falando coisas sobre
mim. – disse ele, sério.
– Vem me calar... – ela sentou na cadeira outra vez e começou a acariciar o próprio
pescoço. Depois, desceu a mão e acariciou os seios. – Vem me calar, vem...
– E você, é o que? – Nicholas perguntou, se controlando para não gritar. – Uma puta?
– Ah, aí estão vocês! – dizia Arhur, o mordomo, de longe. – Venham! O jantar vai ser
servido!
Nicholas encarava Meredith com uma intensa raiva. Ela fazia o mesmo. O ódio que um
estava sentindo pelo outro era mais do que recíproco.
– Você vai se arrepender de ter dito isso... – ela murmurou para ele, assim que levantou
da cadeira.
– Já... Já vamos, Arthur! – Nicholas gritou, forçando um sorriso. Arthur saiu dali, em
seguida.
– Eu sei que você é gay... Eu já percebi. Tá mais do que na cara. – ela arqueou uma
sobrancelha. – Mas, acontece que você é lindo demais pra ser uma bichinha... – tinha
um tom sarcástico na voz dela que irritou ainda mais Nicholas. – Eu quero uma noite
com você... Uma noite.
– Hoje. – ela disse, séria. – Ou você se deita comigo ou eu conto tudo pro seu papai
querido. Imagina só a humilhação? Oh... – ela fez um biquinho. – Papai sabendo que o
filhinho gosta de dar o...
Mas antes que ela pudesse continuar falando, Nicholas levantou a mão na direção do
rosto dela e deu-lhe um tapa fervoroso no rosto. Nunca havia batido numa mulher,
antes, ele lembrou. Nunca. Sempre lhe ensinaram, desde pequeno, que “em uma mulher
não se bate nem com uma flor”. Mas, ele pensou, como aquilo ali estava mais para um
demônio vestido de mulher, dane-se as regras!
– Eu devia ir lá, agora mesmo, e contar tudo pro Nathaniel! – ela encarou ele nos olhos.
– Mas, não... – e voltou a sorrir, diabólica. – O acordo tá de pé viu, querido? Hoje,
quero fazer amor com você... – e ela ajeitou o vestido. – Caso contrário, o Nathaniel vai
saber toda a verdade a respeito do filhinho dele...
Continua...
Chantagem. Do tipo mais podre possível. Nunca passou pela cabeça de Nicholas que
um dia ficaria submetido a tal situação. Aquela noite de sábado era, de fato, a pior que
já tivera em toda a sua vida. Depois daquele ataque repentino de Meredith Monroe, filha
do grande amigo de seu pai, Nicholas estava mais do que desesperado. Não sabia o que
fazer. Cederia à chantagem de Meredith e faria amor com aquela mulher? Tudo bem, ele
já tinha tido experiências com mulheres, antes, mas... E o que dizer ao Eric? Eric
precisava saber!
– Que foi, Nick? – perguntou Nathaniel, preocupado, com o olhar distante do filho.
Nathaniel Wyatt, Roger Monroe e sua filha, Meredith, faziam companhia a Nicholas no
jantar. Os quatro estavam sentados à mesa. Bebericavam vinho alegremente enquanto
saboreavam as entradas preparadas pela cozinheira.
Por puro azar, Meredith estava sentada próxima a Nicholas, o que lhe dava a liberdade
de cutucar a perna de Nicholas com o pé, descalço.
Continuando sua provocação, Meredith subiu mais o pé, por debaixo da mesa, até que
alcançou a cadeira de Nicholas. Quando menos esperou, Nicholas sentiu o pé de
Meredith tocando-lhe entre as pernas. Era demais. Aguentar aquilo tudo era demais.
– Não, não, não... Isso não tá acontecendo. – ele dizia a si mesmo. – Acorda, Nick! Isso
é um pesadelo! Só pode! – e ele dava tapinhas no rosto.
Infelizmente, continuava acordado. Não era um pesadelo. Era tudo verdade. Havia uma
mulherzinha insuportável e ninfomaníaca lhe chantageando.
– Eric... – Nicholas murmurou. Sem pensar mais, pegou o celular e ligou para o
namorado. – Atende, atende...
– Oi, Nick! – Eric disse numa voz animada, do outro lado da linha. – E aí, como você
tá?
– Espera aí, que foi? – Eric ficou preocupado. Levantou-se e trancou a porta do seu
quarto para que ficasse mais a vontade.
– Calma, Nick... – Eric respirou fundo. – Olha, seja lá o que for... – ele respirou fundo
mais uma vez. – Bom, se você tiver que transar com essa... – ele parou. -... essa
vagabunda, pra ficar tudo em paz, faça isso. Eu nem iria considerar isso como uma
traição ou algo do tipo. Acredite, isso não mexe na nossa relação. – Eric dizia baixinho,
com medo de alguém escutar.
– É bom ouvir isso, mas... – Nicholas enxugava as lágrimas. – Mas, Eric, e se não
parar?
– Como?
– Uma chantagem nunca vem só... – ele admitiu. – E se depois, ela quiser que eu transe
com ela outra vez, e outra vez... Ou até queira que eu assuma ser namorado dela pra não
me entregar pro meu pai?
– Acho que... – Nicholas olhava para o teto do quarto. – Eu vou ter que contar tudo pro
meu pai.
– Não, não tô... – ele admitiu. – Mas, é o único jeito. Melhor eu contar do que essa puta
contar. Se meu pai vai sofrer de qualquer jeito, melhor que ele saiba por mim.
– Mas, e se você tentar enrolar a Meredith? – Eric cogitou. – Sei lá... Droga ela!
– Como nos filmes, sabe? – Eric lembrou. – Bota alguma coisa na bebida dela. Algum
remédio pra dormir, sei lá.
– É, é uma ótima ideia, mas... – Nicholas pensou bem. – Ai, Eric, eu tenho medo de
fazer essas coisas. Nos filmes, dá certo. Mas e, aqui, na realidade?
– É, melhor você voltar. – Eric concordou. – Mas, olha, saiba que eu vou rezar por você,
rezar pra que dê tudo certo, tá?
– Já ia procurar por você, querido. – disse ela num sorriso falso. Ela tinha algum
problema mental, pensou Nicholas. – Tava demorando demais no banheiro! Será que
era xixi mesmo ou tava se masturbando, pensando em mim?
Nicholas arregalou os olhos, nervoso. Ela deu uma gargalhada e depois baixou a voz.
– Claro que eu sei que você não tava se masturbando pensando em mim. Pensando no
Ian Somerhalder, talvez... – e ela tornou a rir.
Nicholas não disse nada. Continuou sério. Ousou descer as escadas, mas Meredith o
segurou pelo braço.
– E então, já pensou na minha proposta? – ela perguntou olhando fundo nos olhos dele.
Quem diria que aqueles olhos verdes tão lindos podiam ser tão venenosos.
– Sim?
– Vamos... – ele disse, sem graça. Ainda não acreditava que tinha aceitado a chantagem.
– Ótimo! – ela bateu palminhas. – Até o fim do jantar, diga na mesa, que você está
apaixonado por mim.
– Pára! – pediu Nicholas, nervoso. – Tá, eu digo que tô apaixonado por você e... O que
mais?
– Só. – ela riu. – Com certeza, meu pai e o seu vão querer passar a madrugada jogando
cartas e recordando o passado. Enquanto isso, eu e você vamos para o seu quarto e
brincamos um pouquinho.
– Não, no meu quarto não. – Nicholas disse, sério. Seu quarto era o local preferido de
lembranças com Eric. Não queria estragar, ali, com péssimas lembranças com Meredith.
– Tudo bem, no quarto de hóspedes que eu vou passar a noite. – ela disse, acariciando o
queixo de Nicholas.
– Certo. – Nicholas concordou, embora em seu peito, a vontade de sumir dali fosse
grande.
Assim que ela sumiu de vista, Nicholas desceu as escadas e voltou à sala de jantar.
– Tudo bem? – perguntou Nathaniel. Percebeu que Nicholas estava com o rosto meio
vermelho.
Ele olhava, nervoso, para ela. Ela fazia um sinal com os olhos para Nicholas. Ele
respirou fundo antes de continuar.
– Então... – disse em voz alta. – Pai, Sr. Monroe... – Nicholas deu um pigarro seco,
nervoso. – Eu queria dizer que... – ele parou, confuso. – A Meredith é realmente... –
mais uma pausa. – Incrível!
Ele olhava assustado para ela. Não era pra ela ter dito aquilo.
– Mas, claro que eu não aceitei né, pai? – ela riu. – Nos conhecemos, agora... Ainda é
cedo.
– Por mim, vocês já casavam! – Nathaniel disparou. Roger Monroe sorriu animado.
– Mas enfim, vamos começar aos poucos, sabe? – Meredith continuou. – Não é, Nick? –
e ela começou a acariciar a mão direita de Nicholas para que todos vissem.
– Oh, sim, Nate, vai ser ótimo! – Roger sorriu, animado, enquanto se levantava.
– Claro. – ele disse, por fim. – Mas, vai subindo logo. Eu vou preparar uns drinks pra
gente...
– Ah, mas um drink sempre é bom pra... – ele se atrapalhou nas palavras.
– Humm... – ela gemeu, interessada. – Pra aumentar o clima, claro! – e riu, animada. –
Tudo bem, Nick. Vou estar no quarto, lá em cima. Não demore!
Assim que Meredith saiu dali, Nicholas ficou mais nervoso ainda. Seu coração batia
feito louco. O que ele iria fazer? Ia mesmo botar o plano de Eric em ação? Que
pesadelo!
Mais segundos depois e Nicholas finalmente achou um frasquinho com cápsulas para
insônia. Pegou logo duas cápsulas e voltou para o primeiro andar da casa.
– Ah, aí está você! – disse Arthur, cruzando os braços. – Eu já ia levar os drinks. Achei
que tinha esquecido.
– Vou me retirar. Caso precise de mim, estarei no meu quarto. – disse o mordomo, por
fim.
Assim que ele saiu dali, Nicholas abriu uma das cápsulas e despejou todo o conteúdo
em uma das taças.
– Será que devo colocar mais uma? – Nicholas sussurrou pra si mesmo. – Acho que
sim.
Fez o mesmo processo e abriu mais uma cápsula, jogando seu conteúdo na mesma taça.
– Taça da direita. Minha. Taça da esquerda. Meredith. – ele repetiu isso, baixinho, cerca
de cinco vezes seguidas.
Subiu as escadas segurando uma taça em cada mão e já decidido sobre qual entregaria à
ninfomaníaca. Quando ele chegou em frente ao quarto de hóspedes que ficava no
começo do corredor, do andar de cima, chamou pelo nome da traiçoeira jovem.
– Oh, que fofo! Todo gentil, trazendo drinks... – ela disse, assim que Nicholas entrou no
quarto. Correu para a porta e a trancou.
Ela fez que ia pegar a taça da mão direita de Nicholas, mas ele esquivou. Ela franziu a
testa, desconfiada. Ele, então, ofereceu-lhe a taça da mão esquerda. Ela aceitou e a
segurou.
– Não sei o porquê, mas acho que este drink que você fez pra mim estava “batizado”... –
ela disse, sem cerimônia.
– Mas, bom, eu não tô com sede mesmo. – Meredith completou, derramando o resto do
drink em seu decote, no vestido tomara-que-caia. – Uh! Geladinho... – e ela sorriu,
provocante. – Acho que vou ter que tirar o vestido. Pena né?
– Vem cá, gostosão... – ela pediu numa voz sexy. – Abre o zíper do meu vestido, aqui,
vem...
Nicholas obedeceu e começou a abrir o zíper do vestido. Quando abriu-lhe o vestido até
a altura da cintura, Meredith virou-se para ele e agarrou-lhe o rosto com as mãos. Não
usava sutiã. Estava completamente nua, da cintura pra cima.
Meredith não perdeu tempo e aproximou seu rosto do de Nicholas e começou a beijá-lo.
Ele não queria receber aquele beijo. Não queria. Começou a imaginar que beijava Eric.
Ajudou, no começo, mas o beijo de Meredith era muito diferente do de Eric. Enquanto o
beijo de Meredith era pesado, violento, sedento; o beijo de Eric era doce, envolvente,
apaixonado.
– Humm... – ela gemeu, assim que pararam de se beijar. – Muito bem, Nick! Olha, com
um beijo desses, até fico na dúvida se você é mesmo um viadinho... – ela riu, sarcástica.
Nicholas fez um olhar tristonho. Estava sob aquela chantagem infeliz e ainda tinha que
aguentar piadas vindas daquela terrível cobra.
Nicholas não viu outro jeito a não ser obedecer. Bebericou um pouco do seu drink,
depois depositou a taça no criado-mudo e, por fim, deitou-se na cama, ao lado de
Meredith.
– Gosta? – ela acariciava os próprios seios, passando as mãos pelos mamilos. – Oh,
claro que não gosta! Esqueci! – e ela riu, provocante.
Sério, tal como se encarasse um demônio, Nicholas pôs suas mãos nos seios de
Meredith.
– Humm... – ela gemeu, animada. – Você já fez sexo com alguma mulher?
– Claro que sim. – ele disse, seco, enquanto continuava acariciando os seios de
Meredith. Nicholas já tinha tido, sim, experiências com mulheres, antes de se definir
totalmente como gay.
– Humm... – ela gemeu mais uma vez. – Tá durinho? – ela, sem cerimônia, tateou o
volume de Nicholas e percebeu que não havia sinal de rigidez.
Ali, diante de Meredith, Nicholas não sentia nada, absolutamente nada por aquela
mulher. Só Eric sabia fazer Nicholas ficar prontamente excitado.
– É que... – ele começou,sério. – É meio difícil, sabe? Sentir prazer numa relação assim,
em que a pessoa está sendo obrigada a fazer sexo.
– Oh, não queria te obrigar, querido. – ela fez uma voz irritante, fingidamente inocente.
– Tudo bem, eu conto lá pro seu papai que você é gay e pronto.
– Melhor assim. – ela sorriu, ficando sentada na cama. – Minha vez, agora.
Nicholas assustou-se quando ela disse aquilo. O que ela iria fazer?
– Vou conseguir animar meu amiguinho, aqui, com certeza... – ela disse, séria, já pondo
a mão entre as pernas de Nicholas e acariciando-lhe o volume que o sexo fazia.
Nicholas não respondeu nada. Queria sair dali, queria fugir dali. Era preciso coragem.
Coragem para enfrentar seu pai e assumir o que já devia ter assumido há mais tempo.
– Bom, vejamos... – ela murmurou pra si mesma, abrindo o zíper da calça de Nicholas e
dando de cara com sua cueca branca. – Amo cueca branca! – ela riu, baixinho.
– Humm... Uau! – ela exclamou assim que pôs o sexo de Nicholas para fora da cueca e
deu de cara com o belíssimo pênis que o rapaz tinha. – É tão... – ela começou a
acariciar-lhe o membro. – Tão grande... E olha que ainda tá molinho...
Nicholas não abriu os olhos. Tentou ignorar aquilo tudo. Tentou ignorar aquela
feminina voz. Se ia se submeter àquilo, queria imaginar, ao menos, que era Eric quem
estava ali, lhe tocando.
Meredith começou a brincar com o pênis dele, movimentando repetidas vezes para cima
e para baixo. Sim, ela havia começado uma rápida e intensa masturbação em Nicholas e
aos poucos, o pênis foi se enrijecendo, crescendo e ficando mais potente.
Sem pensar duas vezes, Meredith abocanhou-lhe o sexo. Nicholas engoliu em seco. A
sensação era boa, claro. Mas, então, abriu os olhos e se deparou com aquela cabeleira
loura em cima dele. Meredith sugava-lhe o sexo com bastante intensidade. Lambia,
chupava, lambia mais um pouco.
– Delícia... – ela gemeu, depois de passar a língua mais uma vez na cabeça do sexo de
Nicholas.
Não, ele não queria mais aguentar aquilo. Era demais! Aquela mulher o estava
chantageando. Isso não podia ficar assim. Não era certo. Até onde iria tal coisa?
Quantas vezes teria que se submeter àquilo? Quantas vezes mais precisaria transar com
ela pra ficar em paz?
– Pára! – ele pediu, empurrando a cabeça dela para longe do seu corpo.
Nicholas não perdeu tempo e pôs seu pênis para dentro da cueca e, depois, fechou o
zíper da calça.
– Não? – ela levantou-se da cama e ficou de pé, encarando ele. – E será que vai ser certo
eu contar pro papai Wyatt sobre o filhinho dele? – a voz infantil que ela fez só deixou
Nicholas ainda mais enraivecido.
– Você vai sair da minha casa, agora mesmo! – ele alteou a voz. Sentia que seu sexo já
deixava aos poucos a rigidez e voltaria logo, logo ao estado normal.
– Que engraçado! – ela disse, irônica. – Acho que você não entendeu ainda... Eu vou
contar tudo e...
– É, meu velho... – disse Roger, sorrindo. – Esses dois estão quietos demais, não acha?
– Oh, sim... – Nathaniel sorriu. – Esses jovens, de hoje em dia, são assim...
– Rápidos demais! – Roger completou.
– Não. – Nicholas a encarou,sério. – Quem perdeu a noção do perigo, aqui, foi você!
– Vou descer e contar tudo ao meu pai. – ele disse, certo de si. – E quando eu disse
“tudo”... É tudo mesmo! Incluindo o fato de eu ser gay.
Antes que ela pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, Nicholas caminhou para a porta do
quarto.
– Ah! Só mais uma coisa... – ele disse, antes de sair. – Se eu fosse você, colocaria logo
esse vestido. Daqui a alguns minutos vocês saem da minha casa. E... – ele deu uma
pausa, proposital. – Acho que você não vai querer sair assim, só de calcinha, vai?
No corredor, ele respirou fundo. Não sabia onde tinha arranjado coragem suficiente pra
dizer aquilo tudo. Também já não sabia se tinha coragem pra olhar nos olhos do pai e
lhe contar toda a verdade.
Assim que a mãe saiu, Eric sentiu que a angústia em seu peito só aumentava. Como é
que Nicholas estaria, agora?
– Ai, meu Deus... – sussurrou, ainda deitado. – Ajuda o Nick, ele tá precisando muito.
De fato, com a ajuda divina e com a coragem que havia tomado conta do seu corpo,
Nicholas desceu as escadas furiosamente e invadiu a sala de estar.
Nicholas levou seu pai até o quintal da casa. Se era pra fazer uma confissão tão forte
como aquela, que fosse numa ambiente onde ele se sentisse bem. Ali, perto da piscina.
– Pai... – disse ele, por fim, franzindo a testa. Se controlou para não chorar.
Silêncio.
– Eu sou gay. – Nicholas aumentou o tom da voz. Ele arfava, nervoso, como se tivesse
feito uma corrida.
– Que brincadeira é essa, Nick? – Nathaniel se levantou da cadeira e encarou o filho nos
olhos.
Lágrimas começaram a sair dos olhos de Nicholas. Era demais resistir àquela pressão
toda.
– Eu sou gay, pai. – Nicholas tornou a dizer, chorando, nervoso. Sentou-se na cadeira
que seu pai havia sentado, antes. – Eu venho tentando esconder isso de você e...
– Não é possível! – Nathaniel disse, sério, sentando-se em outra cadeira, ao lado de
Nicholas. – Não é possível! – tornou a dizer, sério. – E aquelas namoradas todas que
você...
Ouvir aquilo da boca do filho fez com que seu corpo todo estremecesse. O queixo de
Nathaniel tremeu.
– Nicholas, você é meu único filho. Único! – Nathaniel alteou a voz, enxugando as
lágrimas. – Você não pode ser...
– Gay? – Nicholas arriscou completar a frase do pai. Seus olhos estavam tão tristes, tão
marejados.
– Decepção, pai? – Nicholas franziu a testa, triste. – Decepção? – ele se controlou para
não chorar mais. – Então era melhor que eu fosse um ladrão, um serial killer ou um
drogado né? Contanto, claro, que fosse heterossexual.
– Não, de jeito nenhum! Não foi isso que eu quis dizer. – Nathaniel ficou, de fato,
assustado com as duras palavras do filho. – Olha, seu avô era um homem sábio. – ele
parou para respirar fundo. – E ele sempre dizia o quanto era importante deixar seu
legado na humanidade.
– Nicholas, quando eu morrer, minha herança vai toda pra você. – Nathaniel continuou,
sério. – E quando você tiver bem velho e... – ele não quis dizer a palavra. – Enfim, pra
quem você passaria nosso legado, nossa história...?
– Adotar? Mas ele não seria seu filho de verdade. – Nathaniel foi grosso nas palavras.
– Pai, seria meu filho de verdade, sim. Eu iria criá-lo com todo o amor, carinho,
dedicação. Lhe daria os melhores cuidados e...
– Não é a mesma coisa! – Nathaniel pôs a mão na testa. Uma pontada forte.
– De qualquer forma, eu poderia conseguir uma mãe de aluguel. Eu doaria meu esperma
e... – Nicholas tentou explicar, mas achou que só piorou tudo.
– Não, não, não... – Nathaniel tapou os ouvidos, aflito. – Não me fale nada disso!
Nicholas mirou o chão, tristonho. Derramou mais lágrimas. Sim, aquela era a pior
conversa que ele já podia ter tido com seu pai.
– Mas, eu... – Nathaniel balbuciou, confuso. – E porque você me contou isso, agora,
assim?
– Não quero mais ouvir nada. – Nathaniel fez que ia levantar, mas Nicholas segurou-lhe
o braço.
– Não, pai. Me escuta. – ele pediu. – Ela deu em cima de mim, só que eu não
correspondi e então ela sacou que eu era gay.
Ouvir a palavra “gay” repetidas vezes fez o estômago de Nathaniel se revirar. Ele nunca
desconfiara do filho. Seu único filho. Seu único herdeiro. Nunca poderia imaginar...
– A-ameaçou? Como? – Nathaniel parecia mais assustado com esse fato do que com o
fato de seu filho ser gay.
– Ameaçou contar tudo pra você. – ele admitiu. – Então ela me obrigou a transar com
ela e...
– Mas isso não se faz. Isso é chantagem pesada! – ele murmurou, baixinho.
Ouvir aquilo do pai fez Nicholas se sentir mais protegido, mais seguro.
– Com certeza, farei isso. – disse Nathaniel, decidido. – Sinto muito pelo Roger, mas se
a filha dele não é bem-vinda, aqui, então ele também não será.
– Nate, que foi? Tá acontecendo alguma coisa? – Roger ficou assustado. Olhou para
Nicholas.
– Sabe o que tá acontecendo, Roger? – Nathaniel alteou a voz ainda mais. – Sua filha
chantageou meu filho!
– Meu filho é gay, Roger. – nem Nathaniel acreditara que tinha dito aquilo. A frase doía
em seu coração. – E tudo isso veio à tona, hoje, graças à sua filha.
– Ela descobriu que o Nicholas era... – Nathaniel continuou, porém, sem dizer a palavra
“gay”. – Bom, ela o chantageou! O obrigou a fazer sexo com ela. Caso ele não fizesse,
iria contar a verdade pra mim. Que tipo de filha você criou, meu amigo?
Silêncio, em seguida.
Nicholas continuava tenso. No fundo, sentia pena do pai de Meredith. Ele não tinha
culpa pela filha.
– Sério? Isso existe? – Nathaniel murmurou para Nicholas, que confirmou que sim.
– Ela até frequentou várias reuniões. – Roger continuou. – Vinha se comportando tão
bem que... – ele parou. – Eu realmente achei que ela tivesse superado esse problema.
Sinto muito.
Nicholas não se sentiu bem com aquilo. Ser gay não era um problema, não era nada tão
preocupante quanto uma pessoa ser viciada em sexo.
– Sinto muito que nosso fim de semana foi por água abaixo. – Roger continuou.
– Espero que nossa amizade não acabe, aqui, também. – Roger disparou.
– Roger, eu já não sei mais o que dizer a você... – ele começou. – Estamos numa
situação complicada. A meu ver, imagino que seja difícil continuar nossa amizade
depois do que aconteceu hoje, mas...
– Talvez. – Nathaniel disse, embora no fundo, ele já tivesse quase certeza de que não
haveria tempo necessário para esquecer aquela situação.
– Está tudo bem? – disse Arthur, já de pijama, entrando na sala de estar. – Tomei a
liberdade de vir, pois ouvi gritos, vozes alteradas e...
– Não, Arthur, as coisas não estão nada bem. – disse Nathaniel, seco, saindo dali e
deixando seu filho sozinho com o mordomo.
No andar de cima, Roger adentrou com ferocidade no quarto de hóspedes que Meredith
estava. Encontrou a filha ainda nua, apenas de calcinha.
– Sua... – Roger balbuciou. Lágrimas nervosas caíram dos seus olhos. – Vagabunda!
– Ei! Que é isso? – ela tentou se cobrir com o lençol de cama. Não queria que seu pai
lhe visse assim.
Quando menos esperou, Roger havia avançado em Meredith. Sentou na cama e com
força, pegou a garota pelos cabelos e a pôs em seu colo.
– Vou fazer uma coisa que já devia ter feito há muito tempo! – ele gritou.
– Me larga, me larga! – ela gritava, nervosa.
– Sua... – ele deu um tapa forte na bunda de Meredith. – Vagabunda! – mais um tapa. –
Vai aprender... – mais um tapa. – A respeitar as pessoas! – mais um tapa. Meredith
começava a chorar, nervosa.
– Me deixe! – Roger gritou. – Já devia ter ensinado bons modos para essa aqui, faz
tempo.
– Não... – ele balbuciou em meio aos soluços. – Eu não merecia uma filha assim...
– Venha, Roger... – Nathaniel puxou o amigo pelo braço. – Vista-se, Meredith! O táxi
vai chegar a qualquer momento.
– Então foi isso o que aconteceu, Arthur... – ainda na sala de estar, Nicholas terminava
de contar a história para o mordomo, que ficou calado durante todo o momento.
Nicholas não tinha sequer olhado nos olhos de Arthur. – E é isso. Eu sou gay.
Levantando a cabeça para encarar o mordomo e velho amigo, Nicholas esperava receber
um olhar de negação ou tristeza, mas ao contrário, recebeu um sorriso encorajador.
– Fico feliz por você. – disse Arthur, segurando firme os ombros de Nicholas. – Fico
feliz que tenha contado ao seu pai.
– Sr. Nicholas, qual o problema em ser gay? – ele cruzou os braços. – Eu mesmo,
admito que já conheci muitos homens interessantes, mas realmente prefiro as mulheres.
Se é que me entende. – Arthur deu um sorrisinho frouxo. – Quando conheci a Ruth,
minha falecida esposa, eu tive certeza de que era ao lado dela que eu queria viver o resto
da vida.
– Então você é bi, Arthur? – Nicholas sorriu, sem graça. – Bom, pode se dizer que sim,
mas... Isso já faz muito tempo.
– Entendo, mas você nunca fala muito da Ruth... – Nicholas disse, curioso.
– Oh, meu filho, era uma mulher incrível. – Arthur deu um sorriso bobo, como se
estivesse visualizando antigas emoções. – Tão linda, tão doce, tão perfeita... Bom, mas
vamos deixar isso pra lá.
– Arthur, você já me conhece desde pequeno! – Nicholas riu. – Já era tempo de estar me
chamando pelo meu apelido!
– Sim, Nick... – ele se sentiu estranho ao chamar Nicholas assim. – Como eu ia dizendo,
eu acho que a vida é muito curta, sabe?
– A vida é muito curta pra nós ficarmos cheios de medos, segredos, inseguranças... –
Arthur completou. – E você é jovem, oras! Tem que aproveitar cada momento, cada
tantinho da sua vida. Tem mesmo que experimentar as coisas. Claro que... – ele
pigarreou. – Não sugiro experimentar drogas ou...
– Ai, Arthur! – Nicholas riu. – Não, isso eu não faço questão. Fique tranquilo!
– Pois é, ainda bem. – o mordomo sorriu. – Mas é isso o que eu quero te dizer, sabe? Eu
mesmo, bom, eu experimentei um pouco de tudo na minha vida. Tive experiências com
homens e com mulheres, até eu ter realmente certeza do que queria, mas, bom, acho que
já chega de falar de mim. – ele riu, corando.
– Pois eu, Arthur, já tenho 100% de certeza do que gosto. – Nicholas disse, sério.
– Mas me diga uma coisa... – Nicholas pôs a mão no queixo. – Você não me pareceu
muito surpreso quando eu contei meu segredo a você. Por quê? Você já suspeitava? –
Nicholas sorriu, sem graça.
– Quando a Srta. Evans, a faxineira, ia fazer a limpeza no seu quarto, porque você acha
que eu sempre limitava ela a limpar e arrumar certas partes? – o mordomo disse, sério,
cruzando os braços.
– Quando puxei a revista, vi que era uma revista de... – Arthur ficou sem jeito de dizer
aquilo. – Bom, você sabe... Tinha um homem bonitão na capa. Todo musculoso,
bronzeado e usando apenas uma sunguinha vermelha.
– Foi quando percebi que haviam outras revistas embaixo da sua cama. – Arthur
revelou, sorrindo.
– É, eu guardava umas revistas embaixo da cama, mas depois, achei arriscado demais e,
bom, guardei minha coleção toda em outro lugar. – Nicholas lembrava.
– Eu conheço seu quarto como a palma da minha mão. – o mordomo disse, seguro de si.
– Por isso que fui limitando a faxineira, sabe? – ele sorriu. – Eu era quem arrumava suas
gavetas, guardava suas roupas...
– Nossa, Arthur! – Nicholas exclamou. – Eu, eu não sei o que dizer. Obrigado por ter
me protegido esse tempo todo.
O mordomo sorriu.
– Mas, espera aí... – Nicholas continuou. – Já que você sabia de tanta coisa assim e... –
Nicholas o encarou. – Você sabia sobre o Eric?
– No começo, achei que era só um amigo mesmo. – Arthur revelou. – Mas, comecei a
perceber que os dois andavam juntos demais. E, claro, quando eu ia fazer a arrumação
do quarto, era mais do que visível que havia tido movimentos suspeitos, ali.
– O que foi que deixamos como prova do crime? – Nicholas quis saber, curioso.
– Oh, Nicholas, não me faça dizer isso. São intimidades suas e... – o mordomo sorria,
sem graça.
– Bom, quando fui tirar o lixo do banheiro, certa vez, achei um preservativo e...
– Tudo bem, vamos deixar esse assunto, aqui. – Nicholas riu também.
– Mas, se me permite dizer, Nick... - Arthur continuou. – Você e o Sr. Eric formam um
belíssimo casal.
Foi no exato momento que Nathaniel retornava à sala de estar. Nathaniel estranhou a
cena: o filho e o mordomo trocando um demorado abraço.
– Arthur, ajude o Roger a levar as malas para o lado de fora da casa. – pediu Nathaniel,
sério.
– Sim, senhor. – disse o mordomo que àquela hora nem parecia mais um mordomo, pois
usava seu confortável pijama.
– Sim... – Nicholas disse, sem graça. – Estava contando ao Arthur sobre mim e...
– Agora vai ser assim? – Nathaniel perguntou, sério. – Vai precisar contar pra toda a
Miami?
– Não, eu... – Nicholas começou, sem graça. – Só achei que ele deveria saber e...
– Só queria que você tivesse sido compreensivo como o Arthur foi. – Nicholas disse,
por fim, e saiu dali. Correu para o seu quarto. Tempo suficiente para ainda flagrar
Meredith saindo do quarto de hóspedes. Lançou-lhe um olhar frio. Assim que se trancou
em seu quarto, Nicholas afundou na cama, pegou o travesseiro e cobriu o rosto. Chorou.
Chorou muito. Chorou mais do que poderia ter imaginado.
Continua...
Nicholas continuava chorando sem parar, em seu quarto, ainda naquela mesma
conturbada e angustiante noite de sábado, noite em que ele havia feito fortes revelações
ao seu pai e ao mordomo. Seus olhos estavam levemente inchados e seu rosto,
vermelho. Sua cabeça começava a doer, forte. Como seu próprio pai poderia dizer que a
culpa daquilo tudo era sua? Então era tudo culpa dele? Era culpa dele que Meredith era
uma ninfomaníaca? Era culpa dele que Nathaniel e Roger tinham, agora, uma amizade
abalada? Era culpa dele que crianças morriam de fome no mundo? Tudo era culpa dele?
– Sinto muito, Nate... – disse Roger mais uma vez, antes de entrar no carro. Arthur tinha
ajudado com as malas e já havia colocado todas no porta-malas do carro.
– Boa noite, Roger. – disse Nathaniel, seco. – Só me prometa que não vai machucar a
Meredith. Apesar de tudo, ela não merece apanhar desse jeito. Procure para ela uma
clínica, um tratamento ou sei lá o quê.
Roger assentiu com a cabeça. Meredith permanecia muda, ao seu lado, no banco de trás
do carro.
E o táxi partiu dali, levando consigo Roger Monroe e sua filha que provocou aquela
confusão toda.
Ouvir o barulho dos pneus cantando, fez Nicholas entender que eles haviam finalmente
ido embora. Por um lado, Nicholas odiava mortalmente Meredith. Por outro lado,
agradecia por ter acontecido a situação, pois fora o único jeito de ter contado aquele
segredo ao seu pai. Segredo que estava entalado na sua garganta há muito tempo.
Nicholas achou que o pai viria ao seu quarto para conversar, mas não. Um tempo
depois, porém, batidas vieram à porta.
Assim que o mordomo pisou no quarto, Nicholas o abraçou mais uma vez.
– Ele não vai me aceitar, Arthur... – Nicholas começou a chorar de novo, ainda abraçado
ao mordomo.
– Não sou mais bem-vindo, aqui. – Nicholas olhou bem nos olhos de Arthur. – Vou
voltar pra Miami College e ficar lá com o pessoal da Beta.
– Está com a cabeça quente, rapaz. Espere até amanhã para resolver as coisas. – Arthur
aconselhou.
– Não, não. Preciso sair daqui agora mesmo. – Nicholas disse, decidido. – Acorde o
Joseph. Diga que preciso que ele me leve, agora.
– Mas, Nicholas, pense bem. Já está tarde. É perigoso. – o mordomo lembrou. – Além
do mais, os portões da Miami College estarão fechados, com certeza.
– Ai, droga! É verdade... – Nicholas engoliu em seco. – Bom, que ele me leve pra casa
do Brian ou do Thiago, sei lá.
– Tudo bem então. Chamarei o Joseph, agora, mesmo. – disse Arthur saindo do quarto.
Assim que o mordomo deu as costas, Nicholas pegou o celular e discou o número de
Eric.
– Nick?! – Eric disse numa voz assustada. – Eu tô tão aflito, aqui! Esperando você dar
sinal de vida e... – Eric falava freneticamente.
– Hã? – só então Eric parara de falar e prestara atenção no que o namorado dissera. –
Acabou? O quê acabou?
– Tudo... – Nicholas engoliu em seco. – Acabou esse inferno com a Meredith. Acabou
meu relacionamento com meu pai...
– Ai, amor... – Eric disse, baixinho, franzindo a testa. – Queria estar com você, agora...
– Eu vou sair de casa, Eric. Agora mesmo. – Nicholas se controlou para não chorar. –
Você precisava ver a cara do meu pai quando...
Segundos de silêncio.
– Não posso... Acredito que os portões da Miami College já estão fechados a essa hora.
– Thiago? – Eric franziu a testa. Uma pontinha de ciúme lhe percorreu o corpo.
– É... Aquele meu amigo, gay, que você conheceu quando a gente te deu carona para o
aeroporto, lembra? – Nicholas disse, pensativo.
– Ah, sim, sim! Foi bem no dia que a gente... – Eric deu um fraco sorriso ao se lembrar
do momento maravilhoso que tivera com seu namorado, na sauna do Miami College
Swim.
– Pois é... – Nicholas continuou. – Vou pra casa dele. Passo a noite lá e, bom, depois
volto pra Beta. Lá vai ser a minha casa, agora. Não quero mais voltar pra cá...
– Calma, amor...
– Eric, se você visse o jeito que meu pai me olhou... – os olhos de Nicholas começaram
a marejar. – Era como se não me reconhecesse mais.
– Nicholas, Joseph já está pronto para te levar. – disse Arthur entrando no quarto.
– Beijo, Eric.
– Tem certeza de que quer fazer isso mesmo? – perguntou Arthur, sério.
– Absoluta. – disse Nicholas se levantando da cama e encarando o mordomo.
– Não diga nada. – recomendou Nicholas. – Diga que você não sabia de nada. Ele vai
ouvir o barulho do carro, assim que sairmos daqui... Diga que não sabia de nada.
– Sair daqui o mais rápido possível. – disse Nicholas, seco, entrando no carro.
Arthur deu um tímido aceno assim que o carro saiu em disparada. Voltou para casa em
seguida. Conforme Nicholas previra, Nathaniel percebeu o som do carro saindo da
propriedade da casa e logo foi conferir o que havia acontecido.
– Onde está o Nicholas? Acabei de passar no quarto dele e ele não estava mais lá.
– Não faço ideia, mas... – Arthur engoliu em seco. – Acredito que ele deve ter saído.
Dentro do carro, enquanto olhava para trás, e avistava a belíssima mansão, Nicholas
sentiu seu queixo tremer. Deixou escapar mais algumas lágrimas. Como aquele lugar,
que era o seu lar, poderia representar, agora, uma prisão? Prisão da qual ele tinha
fugido...
– Senhor Nicholas, o senhor precisa me dizer para onde vamos e... – Joseph insistiu.
Nicholas informou o endereço para onde iria e tirou o celular do bolso da calça.
– Hã? Quem foi que... – uma voz muito sonolenta tomou conta do telefone.
– Aconteceu... – e Nicholas baixou a voz. Ainda que não tivesse mais medo de assumir
sua sexualidade para ninguém, não queria expor detalhes ao motorista, o qual não tinha
tanta intimidade como tinha com Arthur. – Aconteceu aquilo...
– Meu guarda-roupa quebrou, Thi. – Nicholas tentou lançar um código e ver se o amigo
sacava.
– Hã? Você tá me ligando pra dizer que seu guarda-roupa quebrou? – Thiago sentou-se
na cama. – Você tem dinheiro mais que suficiente pra mandar alguém consertar. Ou
melhor, comprar um novinho em folha.
– Thiago, meu guarda-roupa quebrou e... – Nicholas engrossou a voz. – Tive que tirar
um monte de coisa lá de dentro do armário pra pôr em cima da cama.
Joseph, o motorista, não entendia absolutamente nada daquela conversa, mas não era
mesmo da conta dele, pensou.
– Espera aí... Guarda-roupa. Tirar do armário e... – Thiago congelou. – Nick, você saiu
do armário?!
– Nada bem. Por isso eu tô indo pra sua casa. Tem problema?
– Tchau, Joseph, obrigado. – disse Nicholas assim que saiu do carro e bateu a porta.
Assim que Joseph sumiu de vista, Thiago correu e abraçou bem forte o amigo.
– Nick... – murmurava Thiago, ainda abraçado ao amigo. – Como foi que aconteceu?
Me conta...
– Como assim?
– Olha, melhor a gente entrar né? Ficar, aqui, fora de casa, uma hora dessas... Fala sério
né? E eu tô de pijama!
Só então Nicholas tinha percebido que Thiago, de fato, usava um pijama branco de
listras cor-de-rosa, bem discretas. Aquilo fez Nicholas soltar um fraco sorriso.
– Ah, espera... – disse Nicholas pegando o celular. – Eu prometi ao Eric que ia mandar
uma mensagem pra ele, avisando quando chegasse aqui.
– Que fofo! Vocês dois estão super bem né? Graças a Deus! – Thiago sorriu.
Nicholas digitou rapidamente uma mensagem de texto e em segundos, enviou para seu
amado.
– Obrigado. Pois então... Meu pai tinha convidado um amigo dele, amigo da faculdade,
pra passar o fim de semana conosco. Aí...
E então, Nicholas começou a narrar toda a história, desde o momento que Meredith
havia pisado os pés na sua sala, até o momento em que fora, com seu pai, embora de lá.
Em Nova Iorque, a mensagem enviada por Nicholas acabava de chegar e deixava Eric
mais calmo. Ele, no momento, ainda via TV e seu coração pulou quando seu celular
tinha vibrado, na cama.
“Meu amor, acabei de chegar na casa do Thiago. Vou passar a noite aqui. Amanhã eu
volto pra Beta logo pela manhã. Mal vejo a hora de poder te abraçar bem forte e te
beijar. Preciso muito de você. Te amo demais! Beijos, do seu Nick.”
– Mas que vadia essa Meredith! – ele dizia fazendo uma expressão cômica.
– E põe vadia nisso. – Nicholas enxugou os olhos, cansados. – E o pior de tudo é meu
pai...
– Ai, Nick, fica calmo. Ele vai entender... Dê tempo ao tempo. Só isso. – Thiago
abraçou o amigo. – Ui! Que é isso vibrando, aqui?
– Opa, é meu celular. – Nicholas sorriu. Assim que leu a mensagem de Eric, seu coração
bateu mais forte.
– E como... – Nicholas fez um olhar apaixonado. – Acho que foi amor à primeira vista.
– Nossa! Eu bem lembro dele, naquele dia que a gente foi te buscar...Todo fofo ele.
Bem quietinho né?
– É, ele era mais tímido, antes. Até que tá mais safadinho, sabe? – Nicholas riu.
Os dois riram.
– Namorando?! Querido, eu nunca namorei ele! Ali foi só um rolo... – Thiago revirou os
olhos.
– Sei...
– Aliás, eu acho até que preciso pedir desculpas. Acho que não tenho procurado tanto
você, o Brian e a Anna.
– Aha! Falou tudo! – Thiago fez uma careta. – Eu já tinha comentado com o pessoal
sobre isso. Desde que você começou a namorar o Eric, esqueceu a gente, poxa!
– Desculpa! – Nicholas fez beicinho. – É que... Bom, tem acontecido tanta coisa né? Eu
voltei a me dedicar aos estudos, conheci o Eric, depois tive aquele problema e fiquei em
coma...
– Acho bom, moçinho! – disse Thiago apertando o nariz de Nicholas, tal qual um tio
chato numa daquelas festas familiares.
– Que foi?
– Ainda tem um outro problema... – Nicholas engoliu em seco. – Uma coisa que eu
também tenho pensado, nessas últimas horas.
– Fala...
– Aham...
– Não dá o que?
– Não sei se dá mais... – Nicholas olhava para o chão. – Como seria? Essa situação toda
que aconteceu me deixou muito pra baixo. E meu pai... Se ele já não tá me aceitando,
agora. Imagina se soubesse que eu casei escondido com o Eric?
– Ah, mas isso é relativo... Eu acho que, com o tempo, ele aceita, sim.
– Ai, Thi, eu não sei... Fiquei super inseguro. E o pior é que... – Nicholas fez uma
pausa. – Eu animei tanto o Eric pra isso. E, poxa, se eu digo a ele que não tô pensando
mais em casar, seria uma falta de compromisso com ele né?
– É, seria, mas... – Thiago coçou os olhos. – Acho que conversando direitinho com Eric,
ele te entenderia.
– Será?
– Claro que sim. Ele te ama, Nick! Ele já ta sabendo o que aconteceu com você e seu
pai... Claro que ele não vai querer casar se você não tiver preparado. Vocês podem fazer
isso outro momento. O Eric vai esperar...
Nicholas deu um sorriso mais animado.
– Então... O que a gente faz agora? Comeremos alguma coisa, veremos um filme ou... –
começou Nicholas, pensativo.
– Sim, preciso correr pelo parque. Hoje eu não pude. Correrei o equivalente a dois dias.
Se eu ficar sedentário, a barriga, aqui ó, cresce logo. – ele disse, mostrando sua barriga
sarada a Nicholas.
– Hum... Tudo bem. – Nicholas riu. – Vai dormir. – disse Nicholas, sério. – Essa
confusão toda me deixou sem sono. Vou ver um pouco de TV e...
– Fique à vontade. Você sabe que essa casa é tão sua quanto minha. – Thiago piscou o
olho.
Pegando o controle remoto, Nicholas começou a passar por vários e vários canais. Até
que encontrou um filme de terror.
– Se o Eric tivesse, aqui... Não iria querer ver isso. – disse, baixinho, a si mesmo,
lembrando do quanto que o namorado tinha pavor de filmes de terror.
No dia seguinte, logo bem cedo, assim que terminara de tomar seu banho e de se
arrumar, Thiago entrou na sala e se deparou com a cena mais linda que poderia ver a
uma hora daquelas: Nicholas dormia todo encolhido, no sofá. Parecia um menininho,
embora o smoking amassado lhe desse a plena aparência de um homem. O problema é
que ele dormia sem travesseiro algum. Thiago, então, foi buscar uns travesseiros, em
seu quarto, para ajudar a elevar o pescoço de Nicholas.
– Hã? – exclamou Nicholas assim que sentiu alguém mexendo em sua cabeça.
– Calma, Nick... Só tô colocando esses travesseiros pra que seu pescoço não doa. –
informou Thiago. – Pode continuar dormindo, tá cedo ainda.
Não demorou muito pra Nicholas voltar a dormir profundamente. Enquanto isso, Thiago
correu pra cozinha para preparar um café.
Um tempo depois e Thiago já saía de casa, disposto a iniciar sua maratona daquela
manhã. Na casa dos Wyatt, o silêncio imperava. Nathaniel já se encontrava à mesa do
café da manhã, que parecia não ter absolutamente graça alguma.
– Não, não. Só quero ficar sozinho, por favor. – informou Nathaniel, sério.
Era mais do que notável a aparência triste de Nathaniel. Estava algo abatido. Olhar
perdido. Olhos levemente avermelhados, como os de alguém que passara a noite em
claro.
– Pois não? – disse numa falsa empolgante voz. Ele já imaginava do que se tratava.
– Mas, senhor, sou um empregado. Não posso me sentar à mesa com o senhor e...
– Arthur, encare isso como uma ordem, então. – Nathaniel disse, seco.
– Acho que você já sabe o que eu quero falar com você... – começou Nathaniel, sério.
– Não, senhor... – mentiu Arthur. – Se foi algo que eu fiz de errado, pode me dizer e...
– Sim, senhor. Se me permite dizer, o Sr. Nicholas é como um filho pra mim. O filho
que eu nunca tive.
– E eu sei que ele já te contou tudo sobre ontem à noite. – começou Nathaniel, seco. –
Assim como acredito que ele devia ter te contado muitas outras coisas, antes...
– Sim, senhor.
– O que você acha disso tudo? – Nathaniel tornou a perguntar. – Não te incomoda?
– Sim...
– Senhor, sinceramente, eu não vejo problema algum nisso. – Arthur começou, sério. –
Ele já é um homem adulto, embora nós sempre achemos que ele ainda é nosso
menininho de sempre; e ele tem idade suficiente para decidir o que quer e que não quer
da vida.
Nathaniel já não sabia qual era a pior palavra para se ouvir. “Gay” ou “homossexual”?
– Senhor, isso não é coisa que alguém possa simplesmente decidir se quer ou não. –
começou Arthur. – Acredito, como acredito em meus cabelos grisalhos, que a opção
sexual faz parte da natureza da pessoa. Cada um já nasce assim, do jeito que é pra ser.
Arthur silenciou.
– Isso significa que eu... – Nathaniel não quis mais esconder as lágrimas e deixou-as
cair pelo rosto. – Não terei netos. Nunca terei uma nora. E... – ele respirou fundo. – O
Nicholas nunca terá uma família normal.
– Senhor, também não é assim. – Arthur tentou acalmar o patrão, pondo a mão no
ombro dele. – Caso o Sr. Nicholas decida formar uma família com o...
– Então... Caso isso aconteça, existem muitas opções hoje em dia. Eles podem adotar
uma criança e...
– Não, não, não, Arthur, não me fale disso. É triste demais. – disse Nathaniel olhando
para o teto da sala.
– Triste demais seria se o senhor tivesse tendo que procurar uma clínica de reabilitação
para o Nicholas se curar do vício das drogas. – Arthur disse, seco.
– O senhor precisa tentar entender o Sr. Nicholas. Precisa aceitá-lo do jeito que ele é. –
disse Arthur, sério.
– Mas, como? O Nicholas mudou! É outro totalmente diferente. Nem parece mais
aquele meu filho de antes...
– Pare de dizer bobagens senhor! – exclamou Arthur. Ele mesmo ficou constrangido de
ter alteado a voz com o patrão, mas sentiu que foi preciso. – Nicholas é e sempre será o
mesmo filho que o senhor conhece. Ainda é o mesmo Nicholas que adora tomar suco de
laranja no café da manhã. É o mesmo Nicholas que adora passar horas e horas na
piscina. É o mesmo Nicholas que adora ouvir música. É o mesmo Nicholas que o senhor
conhece. A única diferença, agora, é que o senhor sabe o segredo que ele lhe escondeu
por alguns anos...
Nathaniel não respondeu nada. Embora ainda tivesse muito chateado com tudo, sentia
que Arthur tinha razão.
– Claro, claro.
– Veja bem, senhor, temos quase a mesma idade. – disse o mordomo, sorrindo. – Só que
eu estou por dentro de tudo o que acontece no mundo de hoje. Já o senhor, desculpe,
mas parece que ainda vive naquela nossa época...
Aquilo tudo ainda era muito novo para os ouvidos de Nathaniel Wyatt, mas mais uma
vez ele sentiu que seu mordomo tinha razão.
– É... – Nathaniel respirou fundo. – Acho que... Acho que você tá certo, Arthur.
– Mas e então, o senhor pretende conversar logo com o Sr. Nicholas, não é? – insistiu
Arthur.
– Na verdade, ainda não me sinto tão preparado pra ter essa conversa com ele. –
Nathaniel ficou cabisbaixo. Sua consciência estava pesada. – Eu deixei o Nicholas com
muita raiva de mim. Também, não foi pra menos, o jeito como eu falei com ele...
– Fique calmo, senhor. Pelo menos, o senhor já sabe que errou. – Arthur o animou.
– Sim, eu sei... Mas, acho que ainda preciso de um tempo pra digerir isso tudo. –
Nathaniel informou, se levantando da mesa. – Vou para o meu quarto, Arthur. Se
alguém me procurar, diga que não estou. Preciso de um tempo sozinho.
– Arthur, obrigado por ter tido essa conversa comigo. Você é realmente mais que um
mordomo pra mim e para o Nicholas. Você é um verdadeiro amigo.
E depois de dizer isso, Nathaniel abriu os braços para Arthur, que a princípio custou a
acreditar, mas depois entendeu que o patrão estava, ali, para lhe dar um forte abraço. E
foi isso o que aconteceu. Patrão e empregado, dois grandes amigos, trocaram um
demorado abraço.
Algumas horas depois e, em Nova Iorque, Eric acabava de acordar. Tinha tido um
sonho maravilhoso. Sonhara que estava fazendo amor com Nicholas. Resultado?
Acordou bastante excitado. Um tempo depois e ele terminava de escovar os dentes,
tomar um bom banho e saborear o café da manhã.
– Vai sair, querido? – perguntou a Sra. Matthews.
– Sim, mãe. – respondeu Eric. – Vou dar uma volta pelo Central Park. Nossa! Se aqui
fizesse o calor que faz em Miami...
– Imagino! Estive com seu pai algumas vezes em Miami. – a Sra. Matthews sorriu.
Assim que terminou o café, Eric saiu pelas ruas, aproveitando o gostoso clima nova-
iorquino daquela estação: nem tão quente e nem tão frio. Um meio termo.
Depois de caminhar um pouco pelas ruas e, finalmente, chegar ao Central Park, Eric
sentou-se num dos bancos mais próximos. Fechou os olhos e curtiu a gostosa brisa que
brincava com seus cabelos. Sem demora, a imagem de Nicholas veio-lhe à cabeça.
Como será que seu namorado ficaria, depois de seu pai ter descoberto sua real opção
sexual? Pensar em Nicholas fez Eric se lembrar de mais uma coisa. Coisa que deixava
ele inseguro e algo tenso: o casamento. Ele tinha prometido que se casaria com
Nicholas, embora ainda se sentisse novo demais pra casar. No fundo, no fundo, não se
sentia tão preparado para isso. Como dizer a Nicholas que não estava mais decidido
para tal coisa? Não queria magoar o namorado...
– Eric?! – uma voz feminina, próxima dali, o fez abrir os olhos. – Não acredito! – ele
conhecia muito bem aquela voz.
– Menino, eu não acredito que você veio pra cá e nem me avisou! – disse ela
bagunçando o cabelo dele, em provocação.
– Desculpa, Ash... Eu meio que nem sabia que vinha pra cá... – ele riu, sem graça. –
Pode-se dizer que decidi tudo de última hora.
– Mas, então, me conta como você tá... – começou Ashley. – Já tem tempo que não falo
com você pelo Facebook. E você nem me ligou mais!
Os dois riram.
– Sim, eu lembro que da última vez que você veio, aqui, nós conversamos sobre uma
garota que você tava afim... – Ashley lembrou.
– Oh, sim, sim... – Eric lembrara também. Na verdade, ele iria contar sobre Nicholas,
naquele dia, mas fraquejou.
– É... – Eric hesitou. Contava ou não, a verdade? Ashley era sua amiga. Grande amiga.
Mas, será que aquela era a hora adequada? Será que era o momento adequado? E
quando seria, então, o momento certo para contar? Contar para Kathia o fez sentir tão
mais leve. Será que contar para Ashley, amiga de longas datas, o faria ficar mais leve
ainda?
– Namorando? Sério? E você não me contou nada, seu chato! Nem me mostrou foto
dela e... – ela sorriu, surpresa, dando um tapinha no ombro dele.
– Pode contar sobre sua namorada, Eric... Você é meu amigo, oras! Melhor, é
praticamente um irmão. – disse ela, segurando as mãos dele. – Nós somos bons
confidentes.
– Acontece que... – ele desviou o olhar, não conseguia encarar a amiga. – Não é
namorada. – ele disse, baixinho, por fim. O barulho dos carros passando pelas ruas
quase deixou a voz de Eric inaudível.
Ashley franziu a testa. A colocação complicada que Eric fizera, a deixara confusa.
Eric baixou os olhos, nervoso e envergonhado. A primeira coisa que lhe veio à cabeça
foi que Ashley o recriminaria e romperia logo, logo a amizade de tantos anos.
– Nossa! – ela exclamou mais uma vez, ainda incrédula. – Eu não... – ela sorriu, ainda
sem acreditar. – Eu nunca imaginei que você...
– É, nem eu... – ele sorriu, sem graça. – Nunca havia sentido isso, antes. Mas, quando
conheci o Nicholas, tudo mudou na minha vida. Ele provocou sentimentos que eu nunca
havia sentido. Ele me faz tão bem, Ash...
– Mas, então, tá tudo bem o fato de você ter um amigo bissexual? – perguntou Eric,
ainda vermelho. Dizer aquilo, assim, em alto e bom som, o fazia ficar nervoso.
– Claro que tá tudo bem! – Ashley exclamou, puxando o amigo para mais perto dela e o
abraçando forte. – Por que não estaria? Eric, eu conheço você desde que nós
começamos aprender a escrever, na escola. Você é como um irmão pra mim, você sabe.
Eu te idolatro! Eu te amo! Você é tudo pra mim, Eric! Como que eu não iria te apoiar
numa hora dessas? Tô do seu lado, sempre. Sempre!
Ouvir aquelas palavras sinceras e carinhosas fez o coração de Eric pular de alegria. Os
amigos terminaram se abraçando mais uma vez.
– Obrigado, Ash... – murmurou Eric, ainda abraçado a amiga. Como era gostoso o
perfume doce dela. – Obrigado pelo apoio.
Ali, em meio àquele gostoso abraço, Eric se sentiu mais confortável que nunca.
Mais algumas horas depois, já em Miami, na casa de Thiago, algumas visitas acabavam
de chegar.
– Nick, já é quase meio-dia! – disse Thiago, afoito. – Você não vai levantar? Tem umas
roupas minhas que você pode usar, se quiser. Sei que você fica lindo nesse smoking,
mas acho que já tá na hora de tirar...
– Foi a campainha que tocou? – disse Nicholas, ainda de olhos fechados, sonolento.
– Foi! Chamei reforços para te tirar do sofá! – disse Thiago dando uma risadinha
engraçada.
Assim que Thiago abriu a porta, Anna e Brian entraram na sala fazendo a maior zoada.
– Vamos, Nick! Trouxe todo o material para prepararmos uns drinks... – disse Brian
com um sorriso bem convincente.
– Estamos aqui pra isso, cara. – disse Brian se aproximando de Nicholas também. –
Para te dar todo o apoio que for possível.
– Oh, que coisa mais fofa! Isso merece o quê? Abraço coletivo! – gritou Thiago,
enérgico.
Continua...
Depois de tirar, enfim, o smoking que usava desde a noite anterior, e colocar uma roupa
emprestada por Thiago, Nicholas se sentiu mais tranquilo e disposto a enfrentar o dia.
– Já terminou aí, Nick? – dizia a voz de Anna, do lado de fora do quarto de Thiago,
onde Nicholas se trocava.
– Ah, já sim. – respondeu ele. Mal terminara de dizer aquela frase e ouviu o som da
maçaneta da porta girando. Anna acabara de entrar no quarto.
– Oh, que sorte que você e o Thiago têm praticamente o mesmo corpo né? – ela sorriu. –
Até que essa roupa ficou bem em você.
– Sério? – Nicholas franziu a testa e, depois, fez uma expressão engraçada para a amiga.
– A gente pode até ter praticamente o mesmo corpo, mas com certeza não temos o
mesmo gosto.
– Ah, Nick, mas essa camisa em gola V combina muito bem em você. – Anna
comentou.
– Sim, mas você já deu uma olhadinha nas minhas costas? – Nicholas virou-se para que
a amiga visse.
– Uau! – Anna exclamou, surpresa, ao ver que nas costas da camisa cor de salmão que
Nicholas vestia, tinha um desenho do rosto da cantora Cher. O desenho era totalmente
bordado com lantejoulas e muito glitter cor de rosa. – É... – Anna disfarçou a risada
com um pigarro. – Digamos que o Thiago tem um gosto meio que... Acentuado demais.
– Mas... – Anna se dirigiu até o guarda-roupa de Thiago. – Aqui, olha... Coloca essa
jaqueta, por cima. Vai ficar ótimo e ainda cobre o desenho da Cher.
– É, nem tinha pensado nisso. – Nicholas pegou a jaqueta das mãos da amiga e, em
seguida, a vestiu.
– Bem melhor! – Anna sorriu. – Agora, vamos pra sala.
– Aha! Aí está o bonitão! – comentou Thiago, sorrindo, assim que Anna e Nicholas
chegaram à sala. – Não é que essa roupa ficou mesmo ótima em você?
Depois de muita conversa e muitas risadas, a imagem de Nathaniel foi saindo, aos
poucos, da cabeça de Nicholas. Sim, com os amigos, ali, ele se sentia muito bem.
– Muito bom mesmo. – concordou Brian. – Anna, você devia trabalhar como bartender!
Os três riram.
– Fala sério! – ele resmungava, irritado. – O céu tá lindo. O tempo tá ótimo! Como
assim “problemas meteorológicos”?
– Ai, Eric, não fica assim... – Ashley o consolou. Sua melhor amiga havia ido com ele
até o aeroporto.
– Poxa, Ash, mas o Nick, como eu já te contei, tá nessa situação super chata. – Eric
disparou. – Eu queria chegar lá o mais rápido possível.
– Olha, eu... – começou Ashley. – Eu já disse que eu tô muito feliz por você né?
– Pois é... É que, poxa, eu não canso de dizer. – Ashley riu também. – Eric, você tá
diferente. Tá mudado. Mudado pra melhor, claro. Eu sinto você mais radiante, mais
feliz, mais confiante... Isso tá sendo uma coisa tão boa de se ver. Tô muito, muito, muito
feliz por você.
– Bom, vamos logo né? Minha mãe tá esperando a gente pra almoçar. – Ashley disse,
assim que interromperam o abraço. – Ela sabe que, hoje, você é meu convidado
especial.
Eric sorriu.
Um tempo depois e Eric já havia almoçado com a família de Ashley; e Nicholas, com
seus amigos.
– Ai, vou deitar... A barriga pesou! – disse Brian, rindo, enquanto alisava a barriga.
– Deita aí, querido, o sofá está livre. – Thiago indicou com a cabeça.
– Ai, Thi, prometo que mais tarde eu ajudo a lavar os pratos. Só que, agora, acho que
vou deitar na sua cama tá? – Anna informou, se levantando da mesa.
– E precisa me dizer? Essa casa é tão minha quanto de vocês, seus bobos. – Thiago
sorriu. – E quanto a você, Nick? Vai descansar um pouco ou quer ficar aqui e ver TV
comigo?
– Hum... É, pode ser. – Nicholas deu um sorriso torto. – Se bem que... – ele se levantou
da poltrona. – Preciso ligar pro Eric.
– Tudo bem então. – Thiago disse enquanto olhava para a tela da televisão.
Nicholas foi até o lado de fora da casa e discou o número do namorado. Em Nova
Iorque, o celular de Eric vibrava, justo na hora que ele acabava de adentrar o hall do seu
prédio.
– Oi, Nick! – Eric disse, animado. Se certificou de que não havia ninguém por perto,
apenas o porteiro do prédio. Poderia, então, tratar Nicholas mais carinhosamente ainda.
– Como você tá, meu amor?
– Own... – Eric gemeu, baixinho. – Não fica assim, meu lindo, eu vou estar aí, mais
tarde e a gente vai se ver, vai poder matar a saudade e...
– Oito da noite? – Nicholas repetiu. – Ai, poxa, vou ter que esperar essas horas todas
pra ver você?
– Eu pensei em ir de ônibus, pra adiantar, mas é que uma viagem tão mais cansativa. –
ele revelou.
– É, imagino... – Nicholas fez uma expressão vaga, embora Eric não pudesse vê-lo.
– Sim, eu sei que por você, valeria o sacrifício de ir de ônibus. Por você, tudo vale a
pena. – Eric começou e ouviu um sorrisinho satisfeito de Nicholas, do outro lado da
linha. – Só que, eu realmente acho que vou chegar cansado demais, amor.
– Oh, meu fofo, tudo bem, não se preocupa. – Nicholas entendeu a situação. – É, só me
resta, agora, torcer para que as horas voem.
Eric riu.
– Preciso tanto ver você, Eric... – Nicholas disse numa voz séria. – Quero te tocar, olhar
nos seus olhos... Você é meu porto seguro.
– Oh, que lindo! – Eric corou, embora Nicholas não o estivesse vendo. – E eu quero te
dar toda a força que você precisar, Nick.
Segundos de silêncio.
– Sim, na verdade, comecei até a me sentir mais legal, hoje. – Nicholas revelou. –
Thiago chamou a Anna e o Brian, para almoçarmos juntos. Aí, você sabe né?
– Sei... Imagino que a companhia deles deve ter te deixado bem mais feliz.
– Ashley? – Nicholas parou por um momento. Só depois, lembrou. – Ah, sim! Aquela
amiga Ashley... Sua melhor amiga né?
– Sim.
– Sim... – Eric corava. – Contei sobre mim, sobre você... Sobre nós. – ele sorriu.
– Oh, meu amor, que bom ouvir isso! – Nicholas sentiu o coração bater mais forte,
satisfeito.
– Eu me sinto, de fato, bem mais leve, mais aliviado. – Eric admitiu. – Agora,
realmente, não tenho mais segredos com minha melhor amiga. Isso não podia ser
melhor.
– Obrigado. – Eric alegrou-se ainda mais. – E eu também tô feliz por você, em saber
que você tá aí, com seus amigos. Também fico feliz por você ter tirado, embora não da
melhor forma possível, um peso dos ombros, em relação ao seu pai.
– Ai, desculpa, não devia ter tocado nesse assunto. – Eric sentiu-se mal por ter dito
aquilo.
– Não se desculpe, Eric. Eu tento tirar a imagem dele da minha cabeça, mas termino
voltando os pensamentos pra nossa última conversa... – Nicholas desabafou. – Sei que
por um lado, me sinto mais livre, mas por outro, é como se tivesse, agora, surgido uma
barreira, uma prisão, que me impede de desfrutar essa liberdade toda. Eu não me sinto
livre quando penso no meu pai.
– Oh, meu amor... Eu quero logo que a noite chegue pra eu te ver e te dar um abraço
bem apertado.
– Volta logo tá? – pediu Nicholas. – Olha, eu vou pra Beta mais tarde...
– Isso! Você pode desabafar com o Ian e o Mike, você sabe. – Eric o encorajou.
– E como são!
– Amor, eu vou te buscar no aeroporto, tá? – Nicholas adiantou-se em dizer.
– Oh, que ótima notícia! – Eric sorriu, animado. – Vai ser um prazer chegar em Miami e
encontrar logo você pra me receber.
– Bom, melhor a gente desligar né? – Nicholas começou. – Pois eu já tô doido pra ver
você. Ficar ouvindo sua voz, assim, então, só me deixa mais ansioso ainda.
Os dois riram.
– Tudo bem então. – Eric concordou. – Mais tarde, a gente se fala. Ah, assim que eu
chegar ao aeroporto de Miami, ligo pra você.
– Combinado.
– Humm... Lindão né? – Nicholas riu. – Tudo bem então, meu gostosão.
– Ai, Nick! – Eric corou. Sentia que seu sexo começava a se enrijecer com aquela
conversa.
– Que foi? – Nicholas riu. – Eu posso, sim, estar magoado com meu pai, chateado com
muita coisa que tá acontecendo, mas eu não perdi, nunca, meu amor nem o meu desejo
por você.
– Aliás, acho que não há um só momento que eu não pense em nós dois... – Nicholas
concluiu.
– Oh, que coisa mais linda... – Eric sorriu, bobo. – Eu também penso em muito em nós.
Acho que é impossível tirar você da minha cabeça.
– Eu também te amo muito, meu Nick. – Eric disparou. Seu coração batia como nunca.
Ouvir um “eu te amo” de Nicholas causava em seu coração a mais perfeita sensação.
Na irmandade Beta, Ian e Mike trocavam ideias – e mais algumas coisas – no quarto de
Mike. Os dois estavam completamente nus, deitados na cama, um de frente para o
outro. Eles tinham aproveitado que os outros Betas tinham saído e se trancaram no
quarto de Mike, bem à vontade.
– Que foi? – Mike riu ao perceber que Ian o encarava, firme, nos olhos. Era um olhar
apaixonado. Perdidamente apaixonado.
– É que, às vezes, eu nem acredito que tô, aqui, com você... – Ian revelou.
– Oh, meu Deus... – Mike fez uma voz engraçada. Depois disso, beijou docemente os
lábios de Ian.
– É sério, eu... – Ian engoliu em seco. – Sei lá, desde que a gente teve aquele
momentozinho super chato e nos separamos...
– Ai, amor, pára de lembrar essa fase. – Mike pediu, franzindo a testa.
– É que, enfim, desde aquele momento... Eu sempre sonhei que a gente voltasse, que a
gente ficasse junto de novo. – Ian acariciava o peito nu de Mike. – E, bom, agora que as
coisas estão perfeitamente bem... É como se... – Ian tentava achar as palavras certas. – É
como se eu tivesse sonhando, sabe?
– E eu tenho medo de acordar desse sonho e... – Ian começou, mas Mike o interrompeu,
avançando no rosto do namorado e beijando-lhe demoradamente a boca.
Mike riu.
– E então? Já deu pra notar que você tá acordado e não sonhando? – Mike perguntou.
– Sério, Ian... Você sabe que eu me arrependo muito por ter feito o que fiz com você, no
passado, mas... – ele beijou o peito de Ian. – Bom, pra que ficar se lembrando disso né?
O que importa é o agora, é o nosso presente. E, claro, o nosso futuro! E eu bem sei
como vai ser esse futuro...
– Assim ó... – Mike começou a brincar com o sexo do namorado. Enquanto isso,
beijava-lhe a boca. – Nosso futuro vai ser assim, Ian... Eu e você, juntos. Pra sempre.
Chegando ao aeroporto, Eric comprou a passagem para as oito da noite, como previsto.
Não demorou muito para que chegasse a hora de fazer o embarque.
No avião, enquanto olhava para a telinha (que passava um filme que ele nunca vira na
vida), Eric viajava em seus pensamentos. Pensava em Ashley e no quanto era bom
poder contar com a amiga; pensava em Nicholas e na situação que o namorado estava
enfrentando; pensava também no seu futuro casamento, coisa que o deixou tenso, pra
variar. Por Deus, como ele queria oficializar isso com Nicholas, mas não, não se sentia
pronto ainda. Como dizer isso e não magoar aquele perfeito homem que era Nicholas?
– Então, você vai pegar ele né? – Mike perguntava a Nicholas, na irmandade Beta.
– Sim, daqui a pouco já tô indo ao aeroporto. – Nicholas respondeu. Ele estava em seu
quarto com Ian e Mike.
– É, eu preciso tanto abraçar ele... – Nicholas revelou, corando. – Não sei o que seria de
mim sem o Eric. Ele é tudo pra mim. Ele é a coisa mais importante da minha vida.
Ian e Mike se olharam, na hora, sorrindo. Mike segurou, firme, a mão de Ian. Só pelo
ato e pelo olhar de Mike, Ian entendera que seu namorado quisera dizer a mesma coisa
para ele.
– Então, Nick... – começou Mike, sério. – Você acha que o mordomo, como é mesmo o
nome...?
– Ah, sim, Arthur. – Mike continuou. – Então, você acha que ele não pode tentar
convencer seu pai a aceitar melhor as coisas?
– Não sei, Mike... – ele disse, seco. – Depois de tudo... Acho que devo esperar, agora.
Só o tempo pra dizer como as coisas ficarão.
– Seja o que for... – disse Ian acariciando o ombro de Nicholas. – Estaremos do seu
lado.
– Valeu, gente. – Nicholas mostrou um bonito sorriso.
Um tempo depois e o voo de Eric chegava em Miami. Assim que pisou os pés no
aeroporto, Eric ligou para o namorado.
– Oi! – disse Eric, animado. Trazia, consigo, uma mochila nas costas e uma na mão.
– Eu já cheguei! – Eric sorria enquanto passava o olhar pelo saguão do aeroporto para
ver se avistava Nicholas.
– Ah...
– Poxa... – Eric fez uma expressão frustrada. – Tudo bem então, eu vou te esperar aqui.
– Olhe pra trás, meu amor... – Nicholas pediu com sua gostosa e envolvente voz.
Assim que Eric se virou, encontrou Nicholas a alguns metros de distância. Isso causou
fortes batidas em seu coração.
Um correu em direção ao outro e quando menos esperou, Eric lançou a mochila (que
trazia na mão) no chão. Ele sabia que para aquele momento, queria ter seus braços e
suas mãos totalmente livres. Os dois se abraçaram. Não um abraço qualquer, mas um
demorado, caloroso e intenso. Quem passava e via os dois, ali, no aeroporto, certamente
imaginava que eram duas pessoas que não se viam há tempos.
Mais uns segundos de calor entre aqueles dois corpos que se abraçavam.
– Ai, é tão bom poder olhar pra você... – Nicholas disse, assim que terminaram o
abraço.
– Não quero ver você chorar. – Eric disse ao notar que Nicholas tinha derramado umas
lágrimas, ali.
Os dois seguiram para fora do aeroporto, onde Nicholas chamou um táxi que os levou
até a Miami College.
Assim que chegaram à Beta, Nicholas e Eric adentraram a sala e foram recebidos pelos
outros Betas, na maior algazarra.
– Maravilhoso! – Freddy começou. – Cara, eu peguei cada onda tão maneira e...
Mas Eric não prestava atenção ao que o amigo falava. Ele só queria subir para o seu
quarto e encher Nicholas de beijos.
– E eu inventei um prato novo! – Harold começou. – Vou contar a receita. Leva atum,
frango, carne e...
– Harold, vamos deixar essa receita pra depois? – Mike interrompeu. – Com certeza,
Eric deve estar um pouco exausto por conta da viagem.
– Bom, então, tudo bem. – Harold assentiu. – Vai tomar um banho ou deitar um pouco.
Depois você volta e a gente conversa.
Ele começou a subir as escadas e percebeu que Nicholas tinha ficado na sala. Embora
estivesse louco para subir com Eric, ele não queria chamar atenção dos amigos. Eric,
então, teve uma perfeita ideia. Derrubou, propositalmente, sua mochila que trazia na
mão. A mochila rolou alguns degraus e estacionou ao pé da escada. Nicholas captara a
mensagem como se pudesse ler os pensamentos de Eric.
– Opa! Deixa que eu pego! – Nicholas disse em alto tom, correndo para pegar a mochila
de Eric.
Enquanto isso, Eric terminara de subir as escadas. Era a deixa perfeita. Nicholas subiu
as escadas logo em seguida.
No fim da escada, já no andar de cima, Eric sorria ao ver que Nicholas vinha trazendo
sua mochila.
Mas Nicholas nem perdeu tempo respondendo. Pelo contrário, puxou Eric para o mais
perto possível dele e o beijou na boca. Era um beijo gostoso, violento, sedento.
Eles ainda estavam no corredor do andar de cima. Se algum Beta subisse as escadas,
daria um perfeito flagra no casal.
– Desculpa, não resisti. – Nicholas sorriu. – Vem pro meu quarto. – ele pediu, puxando
Eric pela mão.
– Ai, que saudade de você... – Nicholas disse, olhando firme para o namorado.
– Como eu desejei não ter ido à Nova Iorque, depois do que aconteceu com você nesse
fim de semana... – Eric lamentou-se.
– Não diz isso, amor. Você precisava ver sua família. – Nicholas o olhava bem firme.
– Mas não foi culpa sua o que aconteceu. – Nicholas adiantou-se em dizer.
– Ainda não consigo acreditar que a tal da Meredith chantageou você tanto assim... –
Eric mirava o chão, preocupado. – Que vadia! E em saber que ela tocou em você...
– É, eu sei, é terrível! – Nicholas engoliu em seco. – Ela até me chupou, você sabe.
– Ai, nem me lembre disso. – Eric pôs a mão na testa. – Quando você me contou isso,
ontem, eu fiquei super irritado. Primeiro, por alguém ser tão baixo, tão ridículo de
ameaçar você assim. Segundo, por essa... – Eric começava a ficar vermelho. – Por essa
vadia ter colocado a boca em algo que... – Eric corava ainda mais e Nicholas achou
graça – Algo que é meu!
– Ai... – Eric olhou pro chão, envergonhado. – Acho que me empolguei demais.
– Não... – Nicholas era provocante. – Eu gosto desse seu lado “menino mau” e gostei
muito do que você disse...
– F-foi? – Eric gaguejou quando percebeu que Nicholas já punha pra fora seu perfeito e
grande pênis, ereto.
– Hummm... – Nicholas gemia, cheio de prazer. Enquanto era chupado por Eric, ele
enfiara a mão por dentro da camisa e brincava, agora, com seu mamilo direito. – Ai, que
gostoso!
Ouvir aquela voz de intenso prazer do seu parceiro deixava Eric mais excitado ainda.
– Isso aqui é meu! – Eric disse, baixinho, parando de chupar Nicholas. Voltou a fazer o
ato, em seguida.
– Sim... Só seu, meu amor. – ele disse numa voz sexy. – Humm... Continua.
Eric continuou a fazer o que fazia por mais uns minutos e enquanto isso, alternava o ato
entre sugar o sexo de Nicholas e passar a língua repetidas vezes ali.
– Humm... – gemeu Nicholas, depois de sentir seu corpo todo se arrepiar. – Vou gozar.
Eric ouvira e continuara o ato. Ele queria sentir o gosto de Nicholas em sua boca, como
sempre. Esperou um pouco. Logo depois, aquela conhecida explosão tomou conta da
boca dele. Engoliu tudo o que pôde.
– Ah... – Eric arfou, sentando-se no chão. Limpou o canto da boca com a gola da
camisa.
Nicholas saiu da cama e dirigiu-se até o chão, onde sentou ao lado de Eric. Nicholas
ainda tinha o sexo fora da calça.
– Não podemos ficar nem um dia sem se ver, tá vendo? Dá nisso! – Nicholas riu,
indicando seu pênis, rígido como pedra. Depois de muita dificuldade, Nicholas
conseguiu guardar seu sexo dentro da cueca e, por fim, fechou o zíper da calça.
– Até parece que você nunca viu! – Eric ria enquanto abria o zíper da sua bermuda e
tirava o pênis para fora da cueca.
– Eu vi, vejo sempre, mas adoro ver essa coisa deliciosa aqui. – Nicholas dizia, já
pegando no sexo de Eric. Como era bom sentir aquela mão no seu sexo, Eric pensava.
Nicholas começou a masturbar Eric, o que o deixou bastante empolgado.
– Ai, Nick... – Eric sussurrou. – Será que... – ele parou de falar para gemer. – Não é
melhor a gente descer e ficar com o pessoal?
Eric sorriu.
Assim que parou de masturbar Eric, Nicholas abocanhou-lhe o pênis. Como era gostoso,
como era grosso, como era perfeito. Eric sentia uma igual sensação de prazer, por ter
aquela boca quente e gostosa em seu sexo.
Mais uns minutos de muito prazer e Eric nem teve tempo de avisar a Nicholas que ia
gozar.
Depois de engolir todo o sêmen de Eric e de lamber-lhe o sexo todo mais uma vez,
Nicholas finalmente parara para encarar o namorado.
– Bobo, não precisa se desculpar. – ele sorriu enquanto acariciava o rosto de Eric. –
Como eu precisava disso...
Os dois deram um beijo bem caloroso. Nicholas terminou empurrando Eric no chão e
eles deitaram. Nicholas ficou sobre Eric. Enquanto se beijavam, Nicholas brincava com
o sexo do parceiro, ainda posto pra fora da bermuda.
– A gente precisa descer. – Eric falou, preocupado. – Vão notar nossa ausência e...
– Ai, Deus! Deixei uma marquinha, aqui... – Nicholas exclamou ao ver uma leve
manchinha vermelha no pescoço de Eric.
Eric correu para o espelho mais próximo, ali, no quarto de Nicholas. Constatou, de fato,
a marquinha.
– Ai, Nick... E agora? – Eric arregalou os olhos. – Seu vampirinho! – Nicholas riu do
comentário.
– Relaxa, está bem no finzinho do pescoço. É só pôr uma camisa polo, com aquela
golinha alta que já esconde. – ele riu. – Isso é normal. Acontece...
– Toma, usa... – Nicholas abria o guarda-roupa. – Esta! – ele estendeu uma das suas
camisas polo para Eric.
– Ei, amor, não fica com essa cara. – Nicholas disse, preocupado. – Desculpa pela
marquinha.
– Ai, tudo bem. – Eric sorriu enquanto vestia a camisa polo. – Só fiquei preocupado por
causa dos Betas. Se eles não tivessem, aqui, você podia fazer quantas marquinhas
quisesse.
– Sim... – Eric riu. – É, não dá mesmo pra ver. – ele checava, no espelho, o lugar, agora,
coberto pela gola.
– Viu? Eu disse! – Nicholas sorriu. – E você ficou lindo com essa camisa.
– Humm... Tem o seu perfume que eu adoro. – disse Eric cheirando a camisa.
Nos braços de Eric, Nicholas não podia se sentir melhor. Agora, ele sabia que
encontraria toda e qualquer força necessária para seguir em frente, para lidar com
qualquer problema, para enfrentar seu pai. Nicholas e Eric. Navio e porto seguro.
Continua...
Ainda naquela mesma noite de domingo, Eric e Nicholas, acabavam de sair do quarto de
Nicholas, na Beta.
Agora, que já havia trocado muitos e muitos beijos com seu amado, Nicholas estava
bem mais feliz. Estava completo.
– Ué, já voltou? – Harold estranhou, olhando para Eric. – Achei que você ia demorar
mais, lá em cima.
– Não quis tomar um banho nem deitar um pouco? – Freddy franziu a testa.
– Bom, eu tomei uma rápida ducha. Até troquei de camisa e... – Eric aproveitou o
momento para forjar essa desculpa, antes que alguém perguntasse o motivo de ele ter
trocado de camisa. A camisa polo que ele vestia era de Nicholas, mas ninguém
precisava saber disso. Era graças à camisa que Eric não tinha à mostra a marquinha em
seu pescoço. – Eu tô cansado da viagem, mas ficar, aqui, com vocês me faz sentir bem
melhor.
– Como eu imaginei! – Harold abriu um sorriso. – Pois bem, misturei tudo numa panela
grande: atum, frango e carne.
– Tem certeza que você quer ouvir essa receita, Eric? Juro que isso dá embrulhos no
estômago. – advertiu Marcus, rindo.
– Ah, até parece! Ficou uma delícia, isso sim! – Harold fez uma careta para o amigo. –
Pois bem, Eric, depois disso... – ele se endireitou no sofá. – Acrescentei um resto do
feijão que tinha sobrado do almoço de ontem.
– Ele acrescentou um pouco do arroz que sobrou do jantar do ano passado! – Freddy
caçoou.
– Idiota! – Harold mostrou a língua ao amigo, tal qual uma criança mimada. – Não,
Eric. Não teve nada de arroz do ano passado. Por fim, eu acrescentei três ovos. Pronto!
Misturei tudo e... – ele respirou fundo. – Acredite, ficou uma delícia!
– E qual o nome desse prato tão... ahn... – Nicholas hesitou em dizer. – Gostoso?
– Maremoto! – Harold dizia com um brilho nos olhos. – Esse nome não é fantástico?
– E como! – Eric sorriu, sem graça.
– Esse nome é porque depois que você come isso, surge um verdadeiro maremoto no
seu estômago e aí, você termina pondo tudo pra fora. – Mike abusou o amigo.
– Ai, nem me lembra, Mike! – resmungou Freddy cobrindo o rosto com as mãos.
Alguns riram.
– Oh, meu amigo, infelizmente não pulamos nenhum dia. Amanhã é segunda mesmo. –
informou John, sério.
Logo, logo os outros Betas também foram se despedindo e saindo da sala. Não demorou
muito para que todos tivessem saído dali. De volta ao quarto de Nicholas, Eric pôde
conversar mais com seu namorado.
– Vem, deita aqui comigo. – pediu Nicholas assim que deitou na sua cama.
Assim que Eric trancou a porta do quarto, deitou-se ao lado de Nicholas, na cama.
Os dois não se beijaram, não fizeram nada demais, apenas ataram as mãos e ficaram se
encarando, firme. Nas cabeças de Eric e de Nicholas passavam inúmeras imagens,
naquele momento. Ambos queriam conversar sobre vários assuntos e dentre eles, um
assunto que vinha se inquietando um pouco, dentro deles: o casamento. O problema era
que nenhum dos dois sabia direito como começar a tocar em tal assunto. Um tinha medo
de magoar o outro. Nicholas, então, já se considerando sobrecarregado o suficiente,
decidiu tocar no assunto com seu amado.
– Ai, Nick, o que foi? – Eric começou a ficar assustado. – Esse seu olhar me deixou
tenso, agora.
A julgar pelo olhar que o namorado lhe dera, Eric ficou realmente preocupado.
– É que... – Nicholas tentava escolher as palavras menos frias, menos duras. Não queria
machucar Eric. – Olha, Eric, eu vou ser direto.
– Acho que vamos ter que cancelar... – ele parou de falar. Usara a palavra errada. – Opa,
digo... Adiar. Adiar o casamento.
– Espero que você não fique muito chateado comigo, amor. – começou Nicholas, sério,
pegando as mãos de Eric e as acariciando. – Eu, bom, depois dessa situação toda com
meu pai, eu meio que perdi as forças para algumas coisas. Então, eu fiquei pensando
sério nisso e... – ele parou para dar um longo suspiro. – Imagina só... Se meu pai já não
tá me aceitando assim, imagina o que ele pensaria se soubesse que eu tinha me casado
com você? Sei lá, eu também penso que se a gente se ama, isso é tudo o que interessa e
que meu pai seria apenas uma “peça” em segundo plano, mas...
Com tanta divagação de Nicholas, Eric só teve uma ideia a fazer. Puxou o rosto de
Nicholas pra perto do seu e beijou-lhe a boca. Um beijo bem demorado. Só assim
Nicholas poderia ter calado.
Eric sorriu.
– Não, não... – Eric olhou bem fundo nos olhos do amado. – Na verdade, Nick, eu
também andei pensando muito sobre o casamento e...
– Fala, amor. Não precisa ter medo. – Nicholas beijou-lhe as costas da mão que
segurava.
– É que... – Eric respirou fundo, preocupado. – Olha, eu também não tenho dúvidas de
que você é o meu homem, o amor da minha vida...
– É... – Eric sorriu, corado. – E eu não tenho dúvidas, também, de que nós fomos feitos
um para o outro. Só que... – ele engoliu em seco. – Eu ainda me acho novo demais pra
casar, Nick. Você também é novo demais pra casar. – Nicholas riu com essa parte do
discurso de Eric. – Acho que ainda é cedo pra isso.
– É verdade. – ele concordou, por fim. – Você tem razão. O casamento, querendo ou
não, é um grande passo né? Perante a lei e tudo mais...
– Exatamente.
– Então... Tudo bem deixar esse casamento para um outro momento? – Nicholas sorriu.
– Mas, olha... O pedido de casamento ainda está valendo, viu? E eu sei que você
aceitou!
– Nós vamos nos casar, oficialmente, sim. Apenas... – Nicholas revirou os olhos e fez
uma careta que fez Eric rir. – Vamos adiar um pouco.
– É, amor, eu sei... – Eric disse, por fim. – Por mim, tudo bem.
– Que tal se... – Nicholas se levantou da cama e começou a andar de um lado para o
outro do quarto. – Se chamássemos Kathia, Anna, Brian, Thiago, Ian e Mike. Sei lá, a
gente podia ver um lugar e...
– E? – Eric ainda não entendia aonde o namorado queria chegar com aquela conversa.
– Ah, podemos fazer uma cerimônia entre amigos. – Nicholas continuava em pé,
andando pelo quarto, cheio de ideias na cabeça. – Digo meus votos pra você, você diz
os seus pra mim... Podemos até trocar alianças, se você quiser. – ele piscou o olho para
Eric. – E nos beijamos, claro! – ele riu.
– Mas, bom, isso tudo, só sob a presença dos nossos amigos mais próximos. Não
casaremos no papel, ainda. – Nicholas fez questão de frisar a palavra “ainda”.
– Humm... Acho que é mesmo uma ideia bem interessante! – Eric revelou, sorrindo,
animado.
– Ah, pode ser no mesmo feriado que já tínhamos programado pra nos casar, em Las
Vegas. Por sinal, já é na próxima semana! – Nicholas disse, depois de consultar o
calendário, no celular.
– Sim! – Nicholas sorriu. – Tipo, mais precisamente... Pode ser no próximo sábado, o
nosso casamento.
– Nossa! Senti até um friozinho na barriga. – revelou Eric. – Fiquei ansioso, agora.
– Own, meu fofo! – Nicholas voltou à cama e envolveu Eric num abraço bem gostoso. –
Fica calmo. Vai ser tudo lindo, tudo perfeito. Só precisamos decidir onde vai ser e...
– Nick, temos que falar com a Kathia e com seus amigos... Eles podem sugerir um lugar
legal.
– Quer dizer que falta menos de uma semana pra nosso “casamento”... – Eric sussurrou
no ouvido de Nicholas.
– Aham. – Nicholas sorriu. – Esse é nosso último final de semana como solteiros, Sr.
Matthews.
– Ora, ora, ora, Sr. Wyatt... – Eric fez uma voz engraçada.
Os dois trocaram gostosas carícias e demorados beijos, em seguida. Aquela noite
prometia ser intensamente perfeita para os dois. E realmente foi.
No dia seguinte, na mansão dos Wyatt, Arthur espantou-se quando, ao ir para a sala e
checar se a mesa havia sido posta, já encontrar Nathaniel lá.
– Nicholas? – dizer o nome do próprio filho fazia o coração de Nathaniel ficar frágil, de
repente. – Oh, Arthur, eu pensei muito sobre a última conversa que tive com você.
– Sim...
– Eu sei que você tem razão, mas... – Nathaniel revirava os olhos. – Eu não sei explicar,
mas é que...
– Seu orgulho ainda é maior que tudo. – Arthur disparou e, imediatamente, desejou não
ter dito aquilo. – Quero dizer... Me desculpe, senhor, eu não devia...
– Não, não, Arthur. Tudo bem. – Nathaniel apressou-se em dizer. – Você tem toda a
razão. Esse é o problema. Meu orgulho é grande demais. Eu não consigo, ainda, admitir
que isso tá acontecendo com meu filho. Se fosse o filho de algum amigo, de um vizinho,
eu aceitaria melhor. Mas sabendo que o problema, se é que eu devo chamar de
problema, está com meu filho, com o Nicholas... Puxa vida! Isso tudo me abala muito
ainda.
– Então o senhor ainda não tem ideia de quando irá falar com ele?
– Não, Arthur. Eu queria que isso fosse o mais cedo possível. Ele é meu único filho,
oras. Não quero que haja esse distanciamento entre nós. Só que... – ele parou para
respirar fundo. – Eu ainda não consigo...
– É, acho que é isso. – Nathaniel fez um olhar bastante pensativo. – Me falta coragem
também. Coragem pra encarar o Nicholas cara a cara, admitir que fui estúpido com ele
e...
Silêncio.
– Senhor, eu entendo. – Arthur pôs a mão no ombro do patrão. – Só peço para que fique
calmo e pense mais a respeito. Reflita mais. Dê tempo ao tempo...
– E se... – Nathaniel disse, sério. – Eu demorar demais e for tarde demais pra falar com
o Nicholas?
– É como diz o ditado: “Antes tarde do que nunca.” – disse Arthur sorrindo. – Tudo tem
a hora certa pra acontecer, senhor.
– Bom, vou voltar à cozinha. – informou o mordomo. – Serviremos o café daqui a, mais
ou menos, vinte minutos. Espero que isso não faça o senhor esperar muito.
– Oh, não tem problema. – disse Nathaniel, elegante. – Eu é que me levantei mais cedo
que o normal.
– Que foi, Leo? – perguntava Juan, franzindo a testa, ao observar o amigo com um olhar
sério e distante ao mesmo tempo.
Leo pensava a respeito de tudo o que havia acontecido nos últimos dias. A pichação que
ele havia feito, por conta própria, no muro dos Betas. O problema que isso havia
causado para ele, na sua própria irmandade. Pensou também na sua quase-saída da
irmandade. E, claro, pensou em Arnold e o quanto ele estava sendo um bom líder e
amigo. Arnold conversara com ele e o dera mais uma chance. Chance de mudar, de
renovar ideias e opiniões sobre os Betas. Chance de ele, Leo, se mostrar como outra
pessoa. Um novo e melhorado Leo.
– Depois do café eu quero conversar com você. – Leo admitiu, por fim.
Logo, logo, os Stigmas foram terminando de tomar café e começaram a sair da sala.
– Vamos pra biblioteca. Vai ser mais sossegado por lá. – informou Arnold se
levantando da cadeira em que estivera sentado à mesa.
Os dois andaram até a biblioteca da irmandade. A Stigma era uma irmandade tão grande
e tão rica que, sim, possuía sua própria biblioteca. Não era uma sala tão grande, mas do
tamanho de um quarto de casal, em média. Possuía uma grande quantidade de livros,
distribuídos nas diversas estantes dali. Havia livros de Medicina, de Enfermagem, de
Química, de Geografia, de História, de Matemática e de outros assuntos que
interessavam aos membros daquela irmandade.
– Pode falar, cara. Relaxa. – Arnold sorriu. – Ninguém está nos vendo ou nos ouvindo.
– Hum...
– Eu andei pensando muito a respeito de... – Leo suspirou. – De tudo o que aconteceu
nesses últimos dias e...
– E? – Arnold repetiu.
– Eu acho que eu preciso mesmo pedir desculpas aos Betas. – Leo disse por fim,
mirando o chão.
– Nossa! Eu... – ele abriu um enorme sorriso para o colega. – Leo, isso é... Incrível!
– É...
– Estou bastante orgulhoso da sua atitude! Muito bem! E quando você pensa em fazer
isso?
– Bom, acho que você pode ir lá na Beta, hoje à noite. Que tal?
– É, isso é mais uma coisa que eu queria te falar também. – começou Leo andando entre
as estantes. – Eu não... Não quero ir sozinho. Preciso de você lá, pra me apoiar.
– Sem problemas! – disse o outro por fim. – Vou com você, Leo.
– Pois é, mas isso já é passado. O que importa é o presente e o futuro! A rixa entre a
Beta e a Stigma chega mesmo ao fim. Só precisamos deixar isso claro pra eles. Com seu
pedido de desculpas, isso vai ficar ainda mais certo.
– Bom, vamos indo né? Se não, chegaremos atrasados! – disse Arnold olhando as horas
no relógio da parede da biblioteca.
– Então, ela reagiu tão bem quanto eu? – Kathia perguntava a respeito da atitude de
Ashley. Eric contara que havia revelado sobre sua sexualidade para a melhor amiga
nova-iorquina.
– Uh! Que ótimo! – Kathia acariciou as costas de Eric. – Já vi que eu e essa menina
poderíamos ser boas amigas, se morássemos na mesma cidade.
Os dois riram.
– Ih! Olha lá quem tá chegando... – Kathia indicou com a cabeça. – Seu príncipe
encantado...
Eric corou ao ouvir aquilo, e quando olhou na direção indicada pela amiga, viu, de fato,
um belíssimo homem. Era ele: seu homem, seu príncipe, seu Nicholas.
– Oi, Kah! – disse Nicholas dando um abraço bem forte nela. – Oi, meu amor. – depois
de abraçar Kathia, Nicholas abraçou Eric mais forte do que havia abraçado a amiga.
– Menino, como você tá? Fiquei tão preocupada quando o Eric me contou sobre... –
Kathia foi baixando a voz.
– E até agora, você e seu pai não se falaram mesmo né? – Kathia arriscou-se em
perguntar.
– Mas não fica assim, meu querido. – Kathia deu palmadinhas no ombro do amigo. – Eu
tô com você pro que for preciso. Te apoiarei sempre! – ela sorriu.
– Obrigado, minha amiga. – Nicholas sorriu de volta para ela.
– E então... Vamos pra aula de Bioquímica né? – Eric disse, depois de conferir as horas,
no relógio.
– Me contar? – Kathia ficou mais do que curiosa. – Ai, Deus! Contar o que? Mais
coisas?
– É... – Nicholas continuou, sorrindo. – Você lembra que a gente tinha falado sobre o
casamento né?
– Pois então... Diante desse problema que aconteceu... – Nicholas suspirou. – Meu pai...
Bom, eu e o Eric decidimos adiar nosso casamento.
– Aah... – Kathia fez uma expressão triste, com direito a beicinho. – Poxa, que notícia
triste.
– Só que... Ainda nesse feriado, como combinado, nós nos casaremos. – Nicholas
informou. – Não será um casamento oficial, claro. A gente quer chamar só nossos
amigos mais próximos e fazer uma cerimoniazinha simples. Direi votos ao Eric e ele pra
mim, diante de nossos melhores amigos.
– Ai, que coisa mais linda! – os olhos de Kathia brilhavam de tanta alegria. – Gente, que
ideia perfeita!
– Gostei? Não! Eu amei a ideia! – Kathia dizia quase dando pulinhos. – E onde vai ser?
– Ainda não sabemos. – disse Nicholas, rindo. – Só sei que queremos que seja no
sábado.
– Alianças? – Kathia ficou boquiaberta. – Caramba! Então vai ser mais perfeito do que
imaginei!
– Vocês são tão lindos... E ficam mais lindos ainda quando estão juntos. – Kathia
concluiu.
– Ai, que saco! Eu simplesmente achei uma chatice essa aula de hoje! – Kathia
resmungou.
– No começou, eu até que tava entendendo, mas depois... – Eric revirou os olhos.
– Bom, meninos, vou indo pra Delta. – disse Kathia, sorrindo. Depois, deu um beijo no
rosto de cada um dos amigos. – Tchauzinho! Até amanhã!
– Bom, vamos pra casa... – Eric disse, sorrindo. – Ai, é tão bom você ser meu colega de
irmandade, agora. Assim, a gente nem precisa mais ficar com medo de sermos vistos
juntos, conversando e...
– Não... – Nicholas o encarou. Que vontade que ele tinha de beijar Eric, ali, na frente de
todo o campus. – Preciso resolver umas coisas...
– Não quer que eu vá com você, pra ajudar a escolher? – Eric sugeriu.
– Não... Eu quero escolher por nós dois. – Nicholas deu-lhe um enorme sorriso. – Além
do mais, guardar as alianças é a função do noivo. Opa! Quer dizer, você também é o
noivo!
– Bom, tudo bem então... Quer que eu te espere pra almoçar? – Eric perguntou,
educado.
– Não, meu amor, nem precisa. – Nicholas nem percebeu, mas estava acariciando o
ombro de Eric.
Os dois deram um forte abraço e se despediram. Enquanto Eric seguia para a Beta,
Nicholas seguia para fora dos portões da Miami College e tomou o primeiro táxi que
passou ali.
Assim que o carro parou diante da rica e glamourosa joalheria, Nicholas pagou a corrida
e desceu do táxi. Deu um longo suspiro e entrou na loja. Aquela era a melhor joalheria
de Miami.
– Bom dia, senhor, em que posso ajudá-lo? – perguntou uma bonita atendente de olhos
verdes e cabelos perfeitamente louros.
A moça sorriu.
– Tudo bem, fique tranquilo. – ela o acalmou. – A julgar pelo nervosismo, deixe-me
adivinhar... Veio dar uma olhada ou em anéis de noivado ou nas alianças, acertei?
– Venha comigo. – a moça o guiou pela loja e parou atrás de um balcão. De dentro de
uma das gavetas do móvel, ela tirou um mostruário com diversos tipos de alianças. –
Aqui, dê uma olhada nessa... A propósito, sente-se, por favor.
– Obrigado. – disse Nicholas depois de se sentar numa confortável cadeira.
– Sim.
Depois de algum tempo, ele finalmente tinha um brilho no olhar. Parecia que havia
encontrado a aliança ideal. Nicholas a considerou perfeita. Era simples, porém
totalmente de ouro. Não era tão fina nem tão grossa, mas na medida certa.
– Ótima escolha! – a moça sorriu. – E o senhor vai querer gravar algo nas alianças?
Nicholas não havia pensado nisso até então. Instantaneamente, porém, uma ideia
maravilhosa lhe veio à cabeça.
– Sim, vou querer. – ele disse, animado. – Quero que gravem “E & N” nas duas
alianças. E assim que a gente se casar, de verdade, eu trarei as alianças novamente, aqui,
para vocês gravarem “SEMPRE”, logo embaixo do “E & N”.
– Nossa, que lindo! – a moça deu um sorriso encantador para Nicholas. – Sua noiva tem
sorte! Mas como assim, casar de verdade? Você e sua noiva ainda não vão se casar e...
– Tudo bem. – ele corara também. – É que nós vamos fazer uma cerimônia, entre
amigos, primeiro. Mas eu já quero trocar alianças com ele. E, assim que a gente se casar
oficialmente, no papel, na lei... Aí, bom, como eu falei, trarei as alianças para gravar o
“SEMPRE” abaixo do “E & N”.
Nicholas sorriu.
– Então, vou anotar aqui... – ela disse, pegando um papelzinho da gaveta. – Cliente quer
as iniciais...
Assim que a moça terminou de fazer as anotações, ela pegou vários anéis do mostruário
para tirar as medidas do dedo de Nicholas.
– Veja aqui, senhor... – a moça endireitou-se na cadeira. – Como é mesmo o seu nome?
– Nicholas.
– Hum... Entendi. Agora, vejamos, Sr. Nicholas, tente este modelo. – ela ofereceu um
dos anéis para Nicholas.
– Então é esse mesmo. – ela anotou num papel. – Mas e a medida do Eric?
– Ai, Deus... – Nicholas pôs a mão na testa. – Acho que ele tem a mão parecida com a
minha... Digo... – Nicholas tentava se lembrar. – Acho que talvez seja um pouco menor.
Talvez este.
– Faz o seguinte. Leve esses modelos de mostruário para ele. Depois, volte à nossa loja.
Pode ser assim? – a moça sugeriu.
– Então certo.
– Olha, sobre a gravação das iniciais, lembre-se que eu quero algo discreto e pequeno.
Não precisa ser uma gravação chamativa, grande demais. Ah, sim, e a gravação... Quero
que seja feita na parte de dentro das alianças.
– Anotado! – disse a moça depois de rabiscar o papelzinho. – Bom, só resta então saber
a medida do Eric para que a gente já encomende seu pedido.
– Então, até mais tarde... – ele olhou para um broche de ouro com um nome escrito, no
peito da atendente. -... Ruby.
– Até mais tarde, Sr. Nicholas.
– Miami College.
Quando checou as horas, Nicholas mal acreditou que tinha passado quase duas horas
dentro daquela loja. As horas realmente voavam...
– E aí, Wyatt? – saudou Freddy, animado. – Chegou atrasado hein? Tá tudo bem?
– Quer que eu esquente a comida pra você? – Harold se ofereceu. – Assim eu posso
comer um pouco também, de novo! – ele gargalhou.
– Não, Harold, eu vou tomar um banho. Depois eu desço e como um pouco. Mas,
mesmo assim, obrigado. – disse Nicholas, educadamente, já subindo as escadas.
Deu duas batidinhas na porta do quarto do seu amado e como não houve resposta,
encontrou Eric todo encolhido na cama, dormindo feito um bebê. Um lindo bebê.
Nicholas precisava pegar a medida certa do dedo de Eric. Precisava fazer isso logo.
Fechou a porta do quarto, silenciosamente, depois que entrou. Se ajoelhou, tal qual um
príncipe, ao lado da cama. Tirou do bolso da calça os três moldes de anéis.
Com muito cuidado, pegou a mão direita de Eric e cuidadosamente começou a inserir o
primeiro molde de anel em seu dedo anelar, o que Nicholas havia escolhido para ele,
por sinal.
Nicholas logo notou que havia ficado um pouco folgado no dedo do amado. Quando
começou a tirar o anel, porém, Eric despertou do seu sono e se assustou ao ver Nicholas,
ali, ajoelhado diante dele.
– Nick? Que foi? Aconteceu alguma coisa? Eu... – Eric disparou, assustado.
– Calma, bobinho... – Nicholas disse, por fim. – Eu só não queria te acordar, mas
precisava checar a medida ideal do seu dedo.
– Certo, obrigado, meu amor. – Nicholas o beijou mais uma vez. – Vou tomar um
banho, almoçar e já volto pra loja.
– Nossa, esse meu futuro marido é tão dedicado... – Eric riu, baixinho.
– E sou mesmo! – Nicholas sorriu. – Vejo você depois. Volta a dormir. – ele piscou o
olho pro namorado. – Você fica tão lindo dormindo. Parece um bebezinho... O meu
bebê!
Conforme havia dito, Nicholas tomou uma gostosa ducha, correu para o seu quarto e
trocou de roupa. Em seguida, desceu e esquentou a comida do almoço. Harold não
perdeu a chance de fazer companhia a Nicholas e comeu mais um pouco do almoço,
outra vez.
– Bom, agora, vou saindo. – disse Nicholas, assim que havia terminado de lavar seu
prato e o de Harold, assim como os talheres. Harold tinha ajudado a enxugar tudo.
Nicholas andou até os portões da Miami College e logo, logo, tomara mais uma vez um
táxi diretamente para a Joalheria Foster.
– Sr. Nicholas! – exclamou Ruby, a moça loura que o havia atendido, antes.
– Ah, olá, Ruby! – Nicholas a cumprimentou e tirou do bolso da calça os três moldes de
anel. – Aqui estão.
– Muito bem! – ela disse, satisfeita, voltando ao mesmo balcão de antes e anotando no
mesmo papelzinho de antes. – Tudo anotado, senhor. Agora, vejamos, qual a forma de
pagamento?
Nicholas puxou sua carteira do bolso da calça jeans e retirou de dentro dela seu cartão
de crédito. O cartão era raríssimo naquele banco. Era dito como “o cartão diamante” e
apenas os clientes mais VIPs e mais poderosos, financeiramente, o possuíam. Esse
legado, Nicholas herdara de Nathaniel.
Assim que terminou de pagar, a moça ostentou um belíssimo sorriso para Nicholas.
– Bom, assim que ficarem prontas, ligarei para o senhor. – ela informou. – Ligo para
este número, correto? – e ela mostrou o número do celular de Nicholas.
– Você também.
As horas voaram feito loucas naquela tarde e, logo, logo, a noite chegou, perfeita como
sempre. No céu, a lua já mostrava que dali para o fim de semana, estaria em sua fase
cheia. Nicholas e Eric se casariam com uma belíssima lua no céu.
– Ai, a lua tá muito linda! – Eric elogiou a dama da noite. Ele, Nicholas, Mike e Ian
estavam debruçados sobre o muro da varanda, no segundo andar da casa.
– Ai, gente, eu nem acredito que vocês vão... – Ian recebia uma gostosa brisa que
bagunçava seus cabelos. – Se casar!
– Ah, é, vai ser só uma cerimônia com nossos amigos mais chegados. – Eric começou. –
Como eu já expliquei. O casamento mesmo, a gente vai fazer depois.
– Ai, mesmo assim, esse pré-casamento, se é que eu posso chamar assim... – Ian
começou.
– Por que nunca tivemos essa ideia, antes, Mike? – Ian provocou.
Assim que os quatro amigos desceram as escadas, se depararam com Leo e Arnold,
ainda na soleira da porta. Os Betas haviam impedido a entrada dos dois Stigmas. Afinal,
de acordo com as tradições, ali ainda era um “solo sagrado” para os Betas.
– Boa noite, Mike. – disse Arnold civilizadamente. – Eu sou o Arnold, novo líder da
Stigma.
– Boa noite, Arnold. – disse Mike chegando até a porta e cumprimentando Arnold com
um aperto de mão.
– Bom, podemos entrar? – Arnold perguntou, sério. – Quero dizer, se for incômodo,
podemos nos reunir em outro lugar e...
Mike deu um olhar a todos os Betas, ali, na sala. Alguns balançaram a cabeça em
sentido negativo, vetando a ideia de deixar os Stigmas entrarem.
– Sim, claro.
– Sentem-se, por favor. – Mike indicou uma poltrona e um lugar vazio no sofá.
– Viemos, aqui, por dois motivos. – Arnold começou. – Primeiro, para informar que,
sim, eu sou o novo líder da Stigma e que, por meio disso, vim estabelecer um real
acordo de paz entre nossas irmandades. – ele respirou fundo. – E o segundo motivo é...
– Eu. – começou Leo, sem graça. – Eu vim pedir desculpas a vocês. A vocês todos.
Principalmente a você, Nicholas.
Todos silenciaram. Era possível ouvir até o barulho do motor do refrigerador, na
cozinha, e o tique-taque do relógio de parede, na sala.
– Eu... – continuou Leo, rompendo o silêncio. – Não sei onde eu tava com a cabeça... –
ele forçou um sorriso, sem graça. – Acho que incorporei demais a posição de líder da
Stigma e...
– Enfim, sim, eu admito que fui um idiota, fui imaturo em persistir nessa rixa boba entre
nossas irmandades. – continuou Leo, sem graça. Começara a corar. – E, bom, me
desculpem pela pichação do muro. – ele disse, por fim, dando um longo suspiro. – Os
Stigmas tinham sido contra minha ideia, mas mesmo assim, eu os ignorei e vim aqui por
conta própria fazer a pichação.
– Ora, seu cretin... – murmurou Freddy, enraivecido, mas Marcus e John o agarraram
pelos braços.
– Eu imagino sua revolta. – Leo fez uma expressão triste. – Eu não tenho orgulho
nenhum do que fiz. Mas, sei lá, quando eu soube que o Nicholas ia sair da Stigma só pra
ficar ao lado do Eric, grande amigo dele... – Leo revirou os olhos. – Isso me encheu de
raiva. Achei um absurdo, um crime!
– É, muitos de nós, aqui, também acharam isso... – Ian lembrou encarando Harold e
Freddy com o olhar.
– Pois é, mas... – Leo continuou, nervoso. – Depois de toda a humilhação que eu passei
lá, na Stigma, vendo meus companheiros contra mim, contra minha atitude... E, bom,
depois de o Arnold ter tomado meu lugar como líder e me ter dado uma segunda chance
na Stigma. – ele respirou fundo. – É, hoje eu realmente entendo as coisas.
– Enfim, Nicholas, desculpe por ter sido injusto com você. – Leo continuou. – Acho que
eu não acreditava numa amizade verdadeira até presenciar a sua e a do Eric.
– E me desculpem, Betas, por não ter mantido o acordo feito, anteriormente, sobre a paz
entre as irmandades. – concluiu Leo, por fim.
– E então? – disse Arnold, segundos depois, quebrando o silêncio. – Acho que estamos
resolvidos né?
– Então, que seja selado, de uma vez por todas, a paz entre a Irmandade Beta e a
Irmandade Stigma. – disse Arnold muito nobre. Estendeu sua mão para Mike.
– Que seja selada a paz entre as irmandades Beta e Stigma. – repetiu Mike, sorrindo.
Apertou a mão de Arnold, num cumprimento forte, sincero e bastante amigável.
– Beta e Stigma, agora, são irmandades irmãs! – anunciou Arnold num grito
comemorativo.
– É, com certeza. – Harold sorriu. – Além do mais, eu sempre soube que a Stigma tem
um cozinheiro particular que faz cada prato maravilhoso. E, agora, como somos
irmandades irmãs, pensei... “Por que não ir à Stigma e conhecer as iguarias que o
cozinheiro prepara?”.
– Bom, pessoal, a conversa tá ótima mesmo, mas precisamos ir... – anunciou Arnold.
– Querer, queríamos, mas não podemos. Precisamos voltar pra Stigma e resolver umas
questões a respeito da reforma do quintal e... – começou Arnold, sério.
Antes de saírem, Arnold e Leo cumprimentaram cada um dos Betas, ali, com um forte
aperto de mão. Quando chegou a vez de Leo cumprimentar Nicholas, ele não quis dar
um aperto de mão, mas sim, um abraço no ex-companheiro de irmandade.
– Poxa, doeu demais viu? – Leo levantou uma sobrancelha enquanto acariciava o canto
da boca que ainda apresentava uma coloração levemente arroxeada, devido ao soco que
recebera.
– Pior que foi mesmo... – Leo fez uma careta. – Enfim, eu desculpo você também.
– Agora, depois desse soco, acho que você não devia fazer parte do clube de natação,
mas sim do clube de boxe! – Leo disparou, gaiato.
– Não, seu bobo, o que o Nick quis dizer é que o Leo tá diferente. Parece mesmo outra
pessoa. – John comentou.
– É, isso é verdade. – Ian confirmou. – Nem parece aquele Leo arrogante de sempre.
– E vocês acham o quê? Que isso tudo é armação? É mais um plano dos Stigmas e... –
Harold exclamou, boquiaberto.
– Não, não. Eu fui um Stigma por tempo suficiente pra conhecer o Leo. – Nicholas
interrompeu. – Ele mudou mesmo. Eu percebi isso.
– É, que bom então! Viveremos uma fase, finalmente, em paz! – Marcus sorriu. – Sem
mais briguinhas, sem mais pichações... Vai ser ótimo!
Um tempo depois e um pouco longe dali, na mansão dos Wyatt, Nathaniel se preparava
para dormir. Tentar dormir, na verdade. Ele já estava deitado, embora o sono não
ousasse chegar. Fechava os olhos. Abria-os de novo. A imagem de Nicholas era
constante em sua cabeça.
– Meu filho... – Nathaniel murmurava a si mesmo numa triste voz. Ele deixou algumas
lágrimas escaparem dos seus olhos, na penumbra do quarto.
A dor que Nathaniel sentia era grande, mas a falta que sentia de Nicholas era, de fato,
bem maior que isso tudo. Nathaniel sabia que precisava de coragem suficiente para ter
uma conversa séria com Nicholas. Ele só esperava que ganhasse essa coragem o mais
rápido possível. As horas realmente voaram naquele dia. As horas trouxeram consigo
coisas surpreendentemente boas para Eric, para Nicholas e para os Betas, em geral. Já
para Nathaniel, as horas estavam difíceis. A cada hora que passava, ele se sentia mais
angustiado, mais preocupado, mais sem saber o que fazer. As horas pareciam uma
eternidade. Ele não conseguia dormir bem. De uma coisa Nathaniel tinha certeza:
precisava falar logo com Nicholas. Mas quando? Como? Só as horas poderiam dizer
isso. Só o tempo...
Continua...
Alguns dias depois e a sexta-feira chegava mais calorosa que nunca em Miami. Ao
longo daquela semana, Nathaniel continuava pensativo a respeito de Nicholas, embora
conseguisse dormir melhor que nos primeiros dias. Na Irmandade Beta, Eric e Nicholas,
descansavam depois do almoço. Eles estavam no quarto de Eric.
– Ai, que preguiça que me deu... – Eric murmurou tal qual um gatinho manhoso. -... não
queria ir pro treino, hoje.
– Ai, meu amor, nem eu, mas acho que já faltei treinos demais. – disse Nicholas
enquanto acariciava o rosto do namorado.
– E aí, como é que tá esse coraçãozinho para amanhã? – Nicholas perguntou, curioso,
pondo a mão no peito de Eric.
– Ah, eu também tô, oras! – Nicholas sorriu. – Afinal, é o nosso pré-casamento, como o
Ian mesmo batizou.
– Foi ótimo o Brian ter cedido a casa dele para a nossa festa né? – Nicholas começou,
empolgado. – A casa dele é tão grande, você precisa ver. Ele morava com os pais, lá,
mas, depois que o pai dele morreu, a mãe quis se mudar para uma casa de idosos. O
Brian tem morado sozinho naquele casarão, desde então. Enfim, ele vai emprestar a casa
toda para nós! – ele riu, feliz.
– De-decorar? – Eric gaguejou. – Mas, Nick, não vai ficar coisa demais? É melhor que
seja algo simples.
– Ai, bobo, vai ser simples, mas quero que seja algo lindo também, oras! – ele sorriu
enquanto era hipnotizado pelo olhar de Eric.
– Quanto aos Betas, bom, vamos inventar alguma desculpa para justificar nosso
afastamento durante o feriado. Eu e você, bom, podemos dizer que vamos pra casa do
meu pai. – Nicholas parou de falar. Embora a desculpa fosse boa, lembrar do pai numa
hora daquelas, ainda o fazia se sentir triste.
– É, tudo bem. – Eric disse ao acariciar o ombro do namorado. – Acho que eles nem vão
se importar. Qualquer coisa, Ian e Mike saberão contornar a situação. Por sinal, eles não
vão passar o feriado todo com a gente né?
– Não. – Nicholas adiantou. – Mike e Ian voltarão pra Beta assim que nossa festinha
terminar. Na verdade, só eu e você ficaremos na casa do Brian durante todo o feriado. O
próprio Brian me garantiu que vai passar o feriado na casa do Thiago.
– Como assim, Nick? Vamos ficar lá, sozinhos, na casa dele? Isso não vai ser um
problema e...?
– Calma, bobo... – Nicholas acariciava as mãos de Eric. – Relaxa. Onde mais você acha
que poderia ser nossa pré-lua de mel?
– Não, não... – ele ainda ria. – É que isso foi engraçado. Pré-casamento. Pré-lua de mel.
São tantos “prés”. Ai, ai...
– Pois é... – Nicholas sorriu pro namorado. – Claro que eu preferia viajar com você e a
gente ir comemorar em outro lugar, outra cidade, outro país... – Nicholas começou. –
Bom, mas acho que ia ficar complicado. Além do mais, talvez seja melhor esperarmos
as férias chegarem. Aí, sim, viajamos! Combinado?
– Bom, vamos nos arrumar pro treino né? – disse Nicholas se levantando da cama. –
Vou vestir minha sunga. Aliás, por que você não veste logo a sua, agora, na minha
frente? – ele fez um olhar provocante.
– Aham, é isso mesmo que eu quero ver. – Nicholas provocou ainda mais.
– Ai, ai, tá bom. – Eric foi até o guarda-roupa e pegou, de dentro dele, sua sunga azul.
Tirou a bermuda que vestia, ficando só de cueca.
Eric sorriu, sem graça. Tirou a cueca, em seguida. Como já esperava, seu sexo
começava a se enrijecer.
– Humm... Danadinho esse meu namorado, digo, futuro marido. – Nicholas provocou de
novo.
– Pára... – Eric riu, tirando a mão de Nicholas de junto dele. – Se não, vamos terminar
nos atrasando.
Eric vestiu a sunga por cima do sexo ereto e aquilo causou certo desconforto, além do
fato de a sunga parecer ligeiramente apertada.
– Vou vestir a minha e já volto! – ele disse, ainda rindo. Destrancou a porta do quarto e
saiu em seguida.
Eric vestiu a bermuda por cima da sunga e separou uma toalha limpa, colocando-a na
sacola que levaria ao clube.
No Miami College Swim, o treinador Smith fez questão de lembrar aos alunos que no
fim daquele semestre, teriam o torneio entre as universidades locais de Miami.
– Sr. Sullivan, se eu fosse você procuraria mostrar mais seriedade ao time da Miami
College Swim. – disse o treinador, sério.
– Pois bem, sei que o fim do semestre ainda está um pouco longe, mas... – começou o
treinador olhando na direção de Eric e Nicholas, na piscina. – Pretendo escolher o
capitão do nosso time logo, imediatamente!
Eric corou.
Como de costume, eles tinham ficado um tempo a mais na piscina e esperado os colegas
irem se trocar, no vestiário.
– Acho que todo mundo já saiu. – comentou Nicholas, sorrindo. – Podemos tomar um
banho e...
– Nick! – Eric corou, tentando ignorar aquele pensamento que faria, sem dúvidas, ele
ficar bastante excitado.
– Aha! O vestiário está totalmente vazio. – Nicholas sussurrou. – E aí, vamos tomar um
banho?
Eric corou, mas aceitou o convite. Logo, logo, os dois estavam completamente despidos
e se ensaboavam nos chuveiros.
– Ai, que vontade de te beijar, agora. – Nicholas provocou. – De passar a mão nesse
peito lindo...
– Nick! – Eric começava a sentir que seu sexo iniciara o processo de ereção.
– Tenho medo de que alguém nos veja... Melhor encerrar esse banho. – disse Eric
fechando seu chuveiro e saindo dali à procura da sua toalha. Nicholas continuava
aproveitando o banho.
Ainda de costas para Nicholas, Eric se enxugou completamente. Quando ele menos
esperou, porém, sentiu aquele corpo grande e molhado o abraçando por trás. Aquilo o
fizera ir à loucura.
– Buffet?! – Eric exclamou, preocupado. – Mas, Nick, a gente queria tudo simples,
lembra?
– Sim, meu amor, mas você quer que nossos amigos morram de fome, lá? – Nicholas
riu. – Além do mais, eu encomendei coisas simples. Alguns tipos de queijos, que eu sei
que você adora. Alguns docinhos especiais também e...
– É, ela parece ser tão legal, pelo que você me conta. Tenho vontade de conhecer essa
sua amiga. – Nicholas o animou.
– Pois é, eu contei a ela do nosso pré-casamento, mas ela já disse que não vai ter como
vir pra cá. Além de ter muitas coisas para estudar, ela alegou que seria meio complicado
vir e...
– Tudo bem, meu fofo, terão outras oportunidades para eu conhecer a Ashley. –
Nicholas o tranquilizou.
A noite logo chegou e, assim como haviam feito no domingo, Eric, Nicholas, Ian e
Mike estavam debruçados no muro da varanda, no segundo andar da casa.
– Nossa! A lua está per-fei-ta! – Ian comentou enquanto era hipnotizado pela beleza da
lua em sua fase cheia.
– É, vocês vão se casar com uma lua linda no céu, gente... – Mike disse, animado.
– Nada... – Nicholas sorriu. – É que... – ele revirou os olhos. – Às vezes, parece que tô
sonhando, só isso. – e ele sorriu mais uma vez. – Ter um namorado perfeito como o
Eric, ter amigos tão legais quanto vocês... Nossa! Isso é tudo o que alguém pode querer
na vida.
– Engraçado, quando este ano começou... – Nicholas disse fazendo uma expressão
pensativa. – Eu nunca, nunca ia imaginar que minha vida ia mudar tanto e tão rápido.
– Eu achava que esse semestre ia ser, como sempre, entediante. – ele continuou. – Até
que... – e ele pegou a mão direita de Eric e a acariciou. – Até que esse moço, aqui,
apareceu na minha vida.
– Ai, meu Deus, que coisa linda! Assim eu choro... – Ian sorria, pondo a mão no
coração.
– Olha, tive uma ideia! – Ian interrompeu. – Eu não queria estragar o clima, aqui, mas
como já estraguei... Bom, desculpa, mas que tal deixar pra dizer essas coisas, amanhã,
Nick? Fala isso como os seus votos de casamento. Vai ser perfeito!
– É, tem razão. – Nicholas sorriu. – Mas, bom, só pra encerrar, aqui, o que eu quis
dizer... É isso, eu me sinto um cara de sorte, hoje.
– Harold, espera! – Mike gritou, nervoso. Era tarde demais. Já se ouviam os passos
rápidos de Harold ao descer as escadas.
– Meu Deus... – Mike cruzou os braços e olhava para o céu, nervoso. – Essa não era pra
hoje.
– A gente podia dizer que... – Eric murmurou, embora não viessem desculpas à sua
cabeça.
– Não, gente, acabou. – Ian deu um sorriso fraco. – Não há mentiras suficientes pra
encobrir o que o Harold viu. Vamos descer, firmes, fortes e unidos, e contar tudo pra
eles.
– Amor, vamos... – Nicholas pedia a Eric. – Fica calmo. Eu tô com você. E, bom, se
serve de consolo, vai ser uma saída quádrupla do armário. – ele riu, sem graça. – Vamos
contar, juntos, para os Betas.
Mike teve rápidos flashes em sua memória e, sim, se lembrava. Ele prometera a Ian que
nunca mais o abandonaria outra vez. Que não teria medo de assumir sua relação com
ele, como fizera antes. Que ele seguiria firme com Ian, para sempre.
Os quatro deram as mãos, formando um círculo e se encararam. Sem dizer uma palavra,
eles apenas desejaram a si mesmos que tivessem força e coragem o suficiente para
enfrentar os amigos. Depois, desceram as escadas.
– Pronto! – enquanto descia as escadas, Eric ouviu a voz fofoqueira de Harold. – Aí
vêm eles!
Todos os membros da Beta estavam, ali, na sala. A televisão havia sido desligada, a
mando de Harold. Os Betas estavam sérios, embora alguns apresentassem olhares
confusos.
– Gente... – Freddy rompeu o silêncio. – Eu não entendi muito bem isso que o Harold
contou, mas...
Silêncio total.
– Como assim? – Freddy continuou. – Isso... Isso é mesmo verdade? Vocês se beijando,
lá em cima, na varanda?
Eric baixou os olhos, envergonhado. Sentia uma ligeira vontade de chorar, mas se
segurou.
Ao perceber a expressão de Eric e dos outros três, no entanto, Freddy e os demais Betas
tiveram, sim, a comprovação de que o que Harold contara era tudo verdade.
Marcus estava boquiaberto. John cobrira a boca com as mãos, surpreso. Harold estava
pálido. Freddy continuava franzindo a testa, confuso.
– Vamos acabar logo com isso... – Ian sussurrou para Eric, Nicholas e Freddy. Em
seguida, deu um passo à frente e alteou a voz para que todos os outros ouvissem. – Sim,
é verdade.
Silêncio.
– Que demais! – Harold soltou a voz com bastante sarcasmo. – A Beta tem quatro
membros gays, incluindo o líder!
– Na verdade... – começou Nicholas, sério. Ele sentiu que precisava ajudar Ian naquele
momento. – Eu e o Ian somos gays. O Eric e o Mike são bi, mas enfim, acho que isso
não interessa tanto, agora.
– Debaixo dos nossos narizes... – Harold completou numa voz de acusação. – Que
horror!
– Calma, gente, também não é assim. – Marcus resolveu defender os quatro amigos que
estavam na berlinda.
– Pois é, não precisamos criar esse drama todo né? – John completou, também na
defensiva dos quatro acusados.
– Pois é, eu também conheço muito disso, pois tenho dois primos que são gays. –
Marcus complementou. – E, poxa, eu adoro sair com eles. Eles são super legais. A gente
ri demais e...
– Acho que o que a gente tá querendo dizer é que... – John respirou fundo. – Bom, ainda
são os mesmos Eric, Mike, Ian e Nicholas que nós conhecemos.
– Exatamente. – disse Marcus, sério. – A única diferença, agora, é que sabemos a real
opção sexual deles. Isso não muda nada, oras.
– Você e o Harold sempre implicam com tudo né? – Marcus disse, revirando os olhos. –
Implicaram demais quando o Nicholas se mudou da Stigma pra cá. Agora, implicam
com isso também.
– Olha, se vocês são homofóbicos, a melhor opção que temos pra vocês é a seguinte:
saiam da Beta. – disse John, sério. Até parecia que ele era o líder daquela irmandade, a
julgar pela postura que tomou.
– Sa-sair? – Harold fez um olhar triste para Freddy.
– Não vamos sair! – Freddy fez um olhar feroz. – Que saiam vocês!
– Deixa de ser idiota, Freddy! – Marcus bufou de raiva por causa da ignorância dos
amigos. – Se você e o Harold é que são a minoria, aqui? “Os incomodados que se
mudem!”
– É assim? Então tá... – Freddy fez uma expressão dramática. – Vamos, Harold.
Arrumar nossas coisas.
– Fala sério! – disse Mike, quase gritando. Ele, enfim, soltara a voz. – Vocês não vão se
mudar da Beta só porque eu namoro o Ian ou porque o Eric namora o Nicholas.
– Mike, cara, você pra mim era o maior exemplo do cara pegador de mulher. – Harold
disse, chateado. – Que decepção...
– E eu fiquei com muitas mulheres, sim, mas meu coração pertence a um homem. –
disse Mike, sério. – E esse homem é o Ian. – dizendo isso, ele atou sua mão com a de
Ian.
– Fala sério... – resmungou Freddy. – Isso tudo é informação demais pra mim... – ele
respirou fundo. – Até você, Eric? E o Nicholas? Caramba! O Nicholas é todo forte, todo
machão e...
– Acabei de lembrar que quando eu fiquei bêbado, o Mike me viu nu! – Freddy disse,
assustado.
– Você tava super bêbado. – continuou Mike. – Tirou a cueca na minha frente e depois,
sentou no chão do boxe do banheiro.
– Você começou a se masturbar e tava fazendo isso pra mim. – Mike disse, sério.
Silêncio.
– Freddy, é sério, cara... – começou John. – Pare de ter um pensamento tão retrógrado,
poxa!
– Nós ainda somos seus amigos, seus companheiros... – disse Ian, sério. – A diferença é
que você sabe que... – ele sorriu, sem graça. – A gente faz algo a mais além de ficar só
conversando nos quartos.
– Bom, desde que não venham dizer que eu sou gay também, só por estar na Beta...
Acho que tudo bem, eu aceito. – disse Harold, por fim. – Até pensei em migrar pra
nossa irmandade-irmã, Stigma...
– Tá, tudo bem. – Freddy disse, baixinho. – Eu não vou sair da Beta, mas, bom ainda
acho isso muito estranho, não vou mentir. Vai ser difícil olhar pra vocês e não lembrar
que...
– O quê? Que somos gays? Bi? – Nicholas disse, sério. – Olha, Freddy, eu não vou
admitir que você comece... – e sem perceber, Nicholas começava a tremer a voz e
deixava escapar lágrimas. -... a nos tratar mal ou nos olhar com indiferença e...
Nem Nicholas conseguia explicar o motivo de ter chorado assim. Só então, percebeu.
Era seu pai o motivo. Ele viu no olhar de Freddy o mesmo olhar que seu pai lhe dera.
– Ei, Nicholas, calma aí... – Freddy ficou mal. – Eu não quero fazer ninguém chorar
aqui. Também não é pra tanto.
– Tá acontecendo alguma coisa? – John cochichou para Mike, que fez que sim com a
cabeça.
– Vou buscar uma água pra ele. – adiantou-se Marcus, indo até a cozinha.
Assim que voltou, Marcus deu o copo a Nicholas, que bebericou a água gelada.
Segundos mais tarde, mais calmo, Nicholas começou a falar.
– Eu... – ele enxugava os olhos. Eric estava logo atrás dele, em pé, e acariciava-lhe as
costas. – Sou filho único, como vocês sabem. – e silenciou. – Bom, meu pai descobriu
tudo sobre mim nesse fim de semana.
– E eu... – Nicholas continuou. – Dói muito. – ele bebeu mais um pouco da água. – Esse
olhar... Dói muito, Freddy. O jeito como você me olhou foi o mesmo que meu pai me
olhou, assim que soube a verdade.
– Ainda estou sem falar com ele. – Nicholas derramou mais algumas lágrimas. – E isso
é tão... Tão péssimo!
Freddy se sentia mais mal ainda por ter feito Nicholas chorar. Eric, Mike e Ian também
tinham expressões tristes. Freddy não queria ver seus amigos naquele estado.
– Gente, eu não queria ter magoado ninguém. – Freddy começou. – É que... Bom, isso
tudo é totalmente fora do meu ponto de vista, sabem? Eu não tenho nenhum primo ou
irmão gay. – e ele olhou para Marcus e John, na hora. – Eu nunca convivi com isso.
Minha família sempre foi totalmente contra esse tipo de coisa e... – ele respirou fundo. –
Desculpem, mas é o modo como fui criado. Agora, vejo que isso tudo é um tremendo
exagero e que não, não tem nada demais uma pessoa gostar de outra do mesmo sexo que
ela.
– Agora, só uma pergunta... – começou John se endireitando no sofá. – Por que nunca
contaram isso pra gente? Acho que, bom, foi pior a verdade aparecer, assim, através de
um flagra.
– É, com certeza. – disse Ian dando um sorriso torto. – Mas é sempre aquela coisa né? A
gente tinha medo. Medo de que vocês nos virassem as costas e...
– Quer dizer então que... – Marcus falava a si mesmo. – É, tá explicada então essa
história toda. Só mesmo algo mais forte que a amizade pra fazer com que Nicholas e
Eric ignorassem as rivalidades das nossas irmandades e ficassem juntos.
– Mais uma vez, me desculpe. – Freddy pediu. – E, bom, quanto ao lance com o seu
pai... – ele engoliu em seco. – Se você quiser, a gente pode te ajudar a falar com ele. Ele
tem que te ouvir, poxa! Tem que aceitar isso...
– Obrigado, Freddy, mas acho que isso só pode ser resolvido entre eu e ele. – Nicholas
concluiu.
– Bom, mas vamos dar um fim nesse momento deprê. – Marcus anunciou numa voz
empolgada.
– Vamos nos abraçar bem forte, porque nós, Betas, somos assim, unidos. – disse Mike,
confiante.
Em segundos, aqueles oito homens estavam se abraçando ao mesmo tempo. Era uma
cena bonita de se ver. Agora, não havia mais segredos, ali. Os Betas continuavam, sim,
unidos. União sempre foi um traço marcante da Irmandade e, agora, estava mais forte
que nunca.
– Então... – começou Marcus, sério. – Tá mesmo tudo bem entre a gente né?
– Claro que você tá perdoado, Freddy! – disse Mike, sério. – Não é, gente?
– Ai, Harold, deixa de ser bobo. – Mike riu. – Ninguém está mais chateado com
ninguém, certo?
– Bom, já que contamos isso... – começou Ian, olhando para Eric e Nicholas. – Por que
não contar sobre amanhã?
– Bom... – começou Nicholas, segurando a mão de Eric e a acariciando. Era tão bom
poder trocar aquele tipo simples de carinho na frente dos outros Betas, pensou Eric. –
Eu e o Eric vamos fazer um pré-casamento amanhã.
– Pois é... – Nicholas continuou, ainda acariciando a mão de Eric. – A gente quer se
casar, futuramente. Mas, por enquanto, vamos fazer um pré-casamento.
– E, bom... – começou Eric, tímido. – Acredito que, agora, todos os Betas estão
convidados né?
– Com certeza! – Nicholas sorriu.
– É, acho que vocês dois realmente estão num relacionamento perfeito e bem intenso.
Isso é muito bom! – disse John, animado. – Parabéns!
– Vai ser bem legal esse pré-casamento, já tô até vendo! – disse Harold. –
Principalmente as comidinhas... Hummm...
Todos riram.
– Poxa, é mesmo! – lamentou Marcus. – Mas agora ficou um pouco em cima da hora
né?
– É... – murmurou John, pensativo. – Bom, mas com certeza, faremos uma despedida de
solteiros na véspera do casamento, já que na véspera do pré-casamento não vai dar mais.
Alguns riram.
– Eric e Nicholas vão ter um, digamos, castigo. – Freddy riu. – Não vão dormir, juntos,
hoje. Se é que vocês dormem, juntos, aqui... Eu não sei bem como isso acontece e...
– Oh... – Freddy engoliu em seco. Tudo bem, pensou ele. – Então, como amanhã, vocês
vão se casar... Hoje, dormirão em seus respectivos quartos, ok? Nada de dormir junto!
Os Betas riram.
– Ah, que bobagem! Deixa eles dormirem juntos... Que é que tem? – Mike disse, rindo.
– Oras! Todo casamento é assim. Vocês sabem... – Freddy riu. – Os noivos não dormem
juntos nem fazem algo a mais, na véspera do grande dia.
– Ah, claro, pra fazer tudo na lua de mel! – Harold riu. Parou por um instante. A
imagem de Eric e Nicholas transando lhe veio à cabeça e ele fez uma expressão confusa.
Não, não queria imaginar aquilo.
– É né? – Nicholas encarava Eric, sorrindo. – Tudo bem. Uma noite sem você. Eu
aguento.
– Own... – Ian gemeu, fofo. – Esses dois não são a coisa mais linda, gente?
– Bom, então vamos dormir. – adiantou-se Freddy em dizer. – Amanhã será um dia
importante!
Os oito Betas subiram as escadas, juntos. No andar de cima, cada um começou a entrar
em seu quarto.
– Ei, nada de dormirem juntos! – Freddy advertiu, rindo. – Boa noite, pessoal! – e
depois, entrou em seu quarto.
– Então... A gente vai obedecer essa regra do Freddy mesmo ou...? – começou Nicholas,
sorrindo, enquanto acariciava o rosto de Eric.
– É, vamos ficar sem dormir, juntos, hoje... – Eric sorriu. – Assim, a vontade de ficar
com você, amanhã, vai ser maior ainda.
– Nossa! Ainda nem acredito que isso aconteceu. – Eric revirou os olhos. – Eu temia
tanto e...
– Deu tudo certo, meu amor. – Nicholas disse, segurando o queixo de Eric.
– Sim, deu tudo certo. – ao terminar de dizer isso, Eric sentiu o rosto de Nicholas se
aproximando do seu. Em segundos, estavam trocando um gostoso e envolvente beijo.
Para Eric, Nicholas, Ian e Mike, aquela noite havia sido bastante especial em suas vidas.
Havia acontecido algo que mudara tudo. Eles finalmente se assumiram perante os
amigos e a união na Beta não poderia ter ficado melhor. Era um problema a menos,
pensava Eric, antes de dormir.
Os primeiros raios de sol tomaram conta do quarto de Eric, na manhã do dia seguinte, e
o fizeram se revirar na cama. Era sábado. Sábado! Dia do seu pré-casamento com
Nicholas. Quando acordou e se deu conta disso, seu coração começou a bater mais forte.
A emoção já tomava conta dele desde aquele momento.
– Amor, já tá acordado? – dizia a voz de Nicholas assim que entrou no quarto de Eric.
– Ai, ai... É hoje, amor! – disse Nicholas, animado, sentando-se na cama de Eric.
– Eu prometo que a noite de hoje será inesquecível. – disse Nicholas beijando a mão de
Eric.
– Não precisa me prometer nada. – Eric sorriu. – Eu tenho certeza que vai ser.
Algumas horas depois e já por volta das cinco da tarde, Nicholas, sozinho em seu
quarto, foi até o guarda-roupa e tirou de dentro dele uma sacolinha que tinha a
logomarca da Joalheria Foster. Tirou de dentro da pequena sacola uma caixinha preta de
veludo. Assim que abriu a caixinha, Nicholas abriu também um enorme sorriso. As
alianças estavam, ali, em suas mãos. Lindas, conforme ele imaginara que ficariam.
Completamente lindas. Perfeitas. Ele olhava fixamente para as alianças, assim como
fizera no dia anterior. No interior de cada um dos anéis, a inscrição “E & N” estava
gravada, como ele havia pedido. Nicholas sentia uma tremenda alegria dentro dele.
– Oi, eu vim perguntar se você já tá pensando em se arrumar e... – Ian começou, mas
parou de falar assim que viu a caixinha na mão de Nicholas. – Uau! São as alianças?!
Que lindas!
– Gente, muito lindas! – Ian tornou a dizer. – Ai, ai, não vejo a hora de vocês trocarem
as alianças logo.
– Não sei. São... – e Nicholas consultou o relógio no celular. – Cinco horas. Não tá cedo
demais?
– Bom, realmente está. – Ian riu, sem graça. – Daqui a uma hora, então, nos arrumamos.
A propósito, você não imagina o que o Harold aprontou hoje, mais cedo. Ele invocou
que queria alugar um smoking de qualquer jeito!
– Eu disse a ele que não era preciso. – Ian continuou. – Você mesmo disse que nem
você e o Eric iam usar smoking né? Embora seja um pré-casamento, é uma coisa
simples.
Nicholas sorriu.
– Bom, vou ajudar o Mike a dar uma espichada na calça social dele. Tá hiper amassada.
– Ian revirou os olhos. – A propósito, você precisa passar sua roupa ou...?
Assim que o amigo saiu dali, Nicholas fechou a caixinha preta e deixou-a na cama.
Voltou a pensar na festa que aconteceria dali a algumas horas. Tirou, de um cabide do
guarda-roupa, sua calça social mais perfeita, mais alinhada – e mais cara. Tirou também
uma belíssima camisa na cor cinza-escuro.
Em seu quarto, Eric também olhava para a roupa que usaria mais tarde, em sua cama.
Uma linda camisa social na cor azul-marinho e uma calça preta, também social, com
risca de giz. Enquanto olhava a roupa, ele se imaginava dali a algumas horas, numa
festa perfeita. A sua festa. Todos os amigos em volta. Todos os amigos que sabiam
sobre ele, sobre sua opção sexual. Um dia desses, Eric achava que era heterossexual.
Hoje, além de ter certeza que é bissexual, ele já era assumido para bastante gente,
pensou. Como as coisas mudaram depressa...
– Uau! – exclamou Nicholas, assim que entrou no quarto de Eric e viu o namorado
terminando de se arrumar, em frente ao espelho. – Tá lindo, como sempre.
– Oh, meu amor, você também está lindo! – Eric exclamou.
Os dois, com a porta aberta, trocaram um gostoso beijo. Harold e John, que passavam
pelo corredor, na hora, flagraram a cena.
– Ei, que pouca vergonha é essa? – Harold brincou. Os dois pararam de se beijar. – Nem
trocaram alianças ainda e já estão assim? Ai, ai, ai...
– S-sério? Obrigado! – Harold passou a mão nos cabelos para ajeitar ainda mais. –
Nessa festa só vão ter... – ele engoliu em seco. – Vocês sabem...
– Claro que não. – Nicholas adiantou-se em dizer. – Por exemplo, três amigos meus
vão. O Brian é bi, o Thiago é gay e a Anna é hetero.
– Humm... Já gostei de saber sobre a Anna! – Harold se animou. John deu uma
gargalhada.
– Kathia, nossa colega de turma. Ela é da Delta. – Eric informou. – Também é hetero,
mas tá namorando o Michael, da Gama, sabem?
– Então? Todos prontos? – perguntou Ian chegando ao corredor. Mike vinha logo atrás
dele.
– Ótimo! É, os Betas estão arrasando no traje esporte fino. – disse Mike, animado. – A
gente devia tirar logo uma foto né?
Assim que todos desceram, Eric depositou a câmera numa das prateleiras da estante da
sala e programou o disparador automático.
– Pronto! – exclamou Eric.
Os oito rapazes fizeram uma elegante pose e aguardaram os segundos passarem. Flash!
A foto havia sido tirada.
– Vamos tirar mais uma foto! – pediu Freddy. – Agora, mais esculhambada!
Todos riram.
Assim que os amigos se posicionaram, começaram a fazer as mais variadas caretas. Uns
mostravam a língua, outro enfiava o dedo no nariz e outros colocavam “chifres” na
cabeça dos que estavam mais à frente.
Flash!
Aquela foto, sim, ficou melhor que anterior. Embora a primeira foto mostrasse oito
rapazes bonitos e bem arrumados, ela não conseguiu captar a essência da segunda foto,
que mostrou apenas oito rapazes felizes, de bem com a vida e, o melhor, bastante
unidos. A alegria contagiante dos Betas e a união deles ficou, sem dúvidas, registrada
naquela segunda foto. Tal foto, ninguém imaginaria, eles iriam guardar para o resto das
suas vidas. Não só por lembrar o dia do pré-casamento de Eric e Nicholas, mas aquela
foto seria marcada por um momento inesquecível para os Betas, pois eles estavam
melhores do que nunca.
Continua...
Mal os amigos tinham tirado aquela esculhambada e divertida foto e o som de buzina de
carro soou por ali.
– Ih, deve ser o Brian! – exclamou Nicholas correndo para a janela da sala para conferir.
Estava certo. O carro do amigo já estava estacionado em frente à Beta.
– Eu vou com o Eric, o Ian, o Mike e a Kathia... – Nicholas parou. – Ai, Deus! Ela ainda
não chegou.
– Acabou de chegar! – dizia Eric apontando pela janela na direção exata. Kathia vinha
em direção à Beta. Estava completamente linda. Usava um belo vestido rosa-bebê que ia
até um pouco acima dos joelhos.
– Oi, rapazes! – ela saudou os Betas, ainda do lado de fora da casa. Ao perceber, porém,
que todos os Betas pareciam bem arrumados, ela estranhou. – Nick, vem aqui, por
favor.
– Eles estão arrumados! – Kathia exclamou, espantada. – Tá até parecendo que eles vão
para o casamento também.
Nicholas riu.
– Que foi? – Kathia dizia sem entender. – Eles... Eles vão? Como assim?
– Eles já sabem de tudo. – Nicholas se adiantou em dizer. – E, sim, estão nos apoiando.
Eu te explico melhor, no caminho para a casa do Brian.
– Não, cara, a gente vai dividir a grana para o táxi. – John disse, sem graça.
– Tudo bem. – Freddy disse, por fim, pegando o dinheiro da mão de Nicholas.
– Sim, sim. – Marcus adiantou-se em dizer. – Eu tenho uma colega que mora nessa rua
que você me deu o endereço. Conheço esse bairro. É fácil chegar lá.
– Vamos. – Eric sorriu, tenso. Estava feliz, mas ao mesmo tempo, nervoso.
– Pronto, Brian! – disse Nicholas, animado, assim que sentou-se no banco do carona e
colocou o cinto de segurança. Eric, Kathia, Mike e Ian se apertaram no banco de trás. –
Vamos lá!
– Essa festa vai ser um arraso né, gente? – Brian começou, animado, dando a partida no
carro.
– Que ótimo! – Brian sorriu enquanto já guiava o carro para fora dos limites da Miami
College.
– E esse outro aí... – Nicholas virou-se para trás, rindo. – Esse, aqui... Bom, esse é o
meu Eric, você sabe...
– Claro que eu sei! – Brian revirou os olhos. – Até parece que eu esqueci aquele dia que
eu dei carona pra você, Eric, até o aeroporto.
– Ai, gente, sério, vocês já tão me dando inveja. – Brian riu. – Inveja boa, calma. Sou do
bem! – ele adiantou-se em dizer. – Mas é que... – ele respirou fundo. – Poxa, não
consigo encontrar nem um príncipe encantado nem uma princesa encantada. Nadinha.
– Tudo acontece na hora certa, Brian. Relaxa. – disse Mike, enquanto acariciava a mão
de Ian.
– Ah, mas me diga, Eric... – disse Kathia, interrompendo o assunto e voltando-se para o
amigo. – Como foi esse lance com os Betas?
– Pois é... Terminou que o Harold nos flagrou e... – Ian continuou a história.
E o carro seguia para a casa do Brian, lugar onde seria realizado o pré-casamento, um
momento que seria absolutamente inesquecível para Eric e Nicholas.
Assim que chegaram ao local da festa, Eric ficou encantado com o tamanho da casa.
Como era grande, bastante espaçosa e lindamente decorada. Os pais de Brian tiveram
bom gosto, pensou.
– Vamos, gente, a área do pré-casamento vai ser lá... – dizia Brian os guiando por
dentro da casa. Atravessaram as salas e mais alguns corredores até que chegaram aos
fundos da casa, onde havia uma belíssima piscina.
– Nossa! Você devia trabalhar com isso... – dizia Ian, empolgado. – Tá perfeito!
– Obrigada! – Anna sorriu, educada. – Eric, que prazer rever você! – ela disse ao
abraçá-lo.
De fato, a decoração que Anna organizara, ali, com a ajuda do pessoal do buffet, estava
um primor. Um gazebo foi montado um pouco distante da piscina e havia sido
lindamente ornamentado por Anna com diversas microlâmpadas. Em toda a área
externa, ali, encontravam-se nos cantos, tecidos brancos espichados. Aquilo tudo deu
um ar de um digno casamento, embora ainda não o fosse, de fato. Algumas poucas
mesas haviam sido forradas com toalhas brancas. O buffet já havia arrumado também a
mesa onde estavam algumas bandejas com salgadinhos, doces e alguns queijos. Claro,
havia um simples bolo, sem enfeites em cima. Nicholas até planejara pôr um casalzinho
no bolo, mas preferiu deixar a ideia para quando fosse se casar de verdade. No bolo, no
entanto, havia as iniciais “E & N” assim como nas alianças. Além disso tudo, diversas
orquídeas cor de laranja enfeitavam o ambiente, incluindo as mesas. Era tudo tão lindo e
ao mesmo tempo, tão simples. Para completar a decoração, algumas luminárias brancas,
no estilo japonês, foram penduradas por ali. Eric ficara completamente encantado com
aquilo tudo. Nicholas chegou a pensar em contratar algum cantor independente para
cantar ao vivo, ali, mas achou que seria algo a mais e que talvez Eric não se sentisse à
vontade com a ideia. Resolveu, portanto, usar apenas o som do Brian para tocar suas
músicas favoritas.
Eric não perdeu tempo e pegou sua câmera. Tirou algumas fotos da decoração.
Uns minutos depois e os outros rapazes da Beta chegavam ao local. Eric soube isso
assim que ouviu o som da campainha da casa.
– Tipo, o garçom é um gatinho, confesso. – Anna continuou, rindo. – Mas, sei lá, acho
que é hetero viu?
Os amigos riram.
– Pessoal, esses são os outros Betas. – disse Nicholas, animado. – Anna, Brian... – ele
apontou para os dois amigos. – Esses são Freddy, Marcus, John e Harold. – à medida
que ia citando o nome de cada um, ele ia apontando.
– E aí, como foi com o garçom? – Nicholas perguntou, provocante. – Vai dar certo ou
não?
Thiago lançou um olhar espantado para Anna, que logo se transformou num olhar
furioso.
E Nicholas, mais uma vez, teve todo o trabalho de apresentar seus amigos a Thiago.
– Pessoal, podem se sentar. Fiquem à vontade. – pediu Anna. – Vou pedir aos garçons
para começarem a servir as bebidas tá?
– Thi, relaxa... – Nicholas pediu. – Os Betas estão sendo mais compreensivos do que eu
imaginei.
Thiago corou.
– Ai, ainda não sei. – ele revelou. – Ele tem um jeitinho meigo que faz meu gaydar
apitar feito um louco apito de trem.
Todos riram.
– Mas, ao mesmo tempo, ele mostra um jeito que é bem hetero. – revelou Thiago,
pensativo. – Estou confuso.
– Ai, isso é complicado mesmo... – Brian comentou. – Mas, aceite o fato, amigo. Eu e
você estamos encalhados. Viva! – ele disse, sarcástico.
– Encalhado, eu? – Thiago forçou uma risada. – Nunca! – e dizendo isso, deu as costas
aos amigos e seguiu o caminho de volta para a cozinha.
Nicholas sentiu seu celular vibrar e assim que o pegou e checou o visor, atendeu
imediatamente.
– Oi! – ele disse numa amigável voz. – E aí, você já tá vindo? – aguardou a pessoa
responder. – Sério? Já tá na porta da casa? Ai, que ótimo! Já vou te receber aí, espera.
Eric franziu a testa enquanto Nicholas lhe deu as costas sem nem dar satisfação. Como
assim? Mais um convidado? Quem seria? Ele e Nicholas haviam repassada a pequena
lista e, no total, haviam dez convidados. E todos os dez já estavam lá. Quem seria então
a pessoa que Nicholas ia receber, agora? Algum convidado extra? Algum amigo de
Nicholas que ele havia chamado de última hora? Eric achava isso tudo muito estranho.
– Quem será que ligou para o Nicholas? – ele indagou para Anna e Brian.
– Sei lá... – Brian disse, sem graça. Sua voz tinha um quê misterioso.
– Não faço a mínima ideia. – Anna mentiu enquanto ajeitava sua extensa cabeleira
ruiva. Ela, assim com Brian, sabia quem era a pessoa misteriosa.
– Ahn, Eric... – Brian começou, sério. – Dá uma olhadinha pra ver quem acabou de
chegar.
Eric girou para olhar na direção indicada por Brian e seu coração quase pulou pela boca.
Seus olhos se arregalaram, surpresos como nunca.
– Ashley?! – Eric tentou gritar, mas sua voz saiu rouca, nervosa.
A amiga nova-iorquina de Eric acabara de chegar, ali, na área externa da casa de Brian.
Nicholas vinha logo atrás dela. Eric ainda não acreditava no que via. Parecia um sonho.
Mas era real. Ashley estava absolutamente linda, num vestido azul quase da mesma cor
que a camisa de Eric. Ela havia arrumado os cabelos num coque bastante elegante.
– Ai, eu tô tão feliz por você... – ela dizia, sorrindo, ainda abraçada ao amigo.
– Ash, eu ainda não acredito que você tá aqui... Como... – ele gaguejava, nervoso.
– Eu roubei seu celular essa semana, enquanto você dormia. – Nicholas revelou, rindo.
– Aí, peguei o número da Ashley. – ele continuou. – Liguei pra ela, me identifiquei
como Nicholas e tal...
– E aí, eu logo a-do-rei a ideia dele. – Ashley emendou. – Ele me chamou pra vir pra
Miami para o pré-casamento de vocês. Achei isso tão lindo.
– Mas você me disse que não ia poder vir porque ia estudar e... – Eric disse, sério.
– Pois é, mas quando você me ligou, eu já sabia do plano do Nick. – Ashley sorriu. –
Então, combinamos isso tudo e prometemos fazer essa surpresa pra você.
– E que surpresa! – Eric riu. – E onde você tá, aqui? Você vai pra NY quando? – Eric
tinha mil perguntas.
– Nossa! – Eric exclamou, embora soubesse que para o tamanho da fortuna que
Nicholas tinha, aquele dinheiro era uma bobagem qualquer. – Obrigado, Nick... Eu... – e
Eric não teve mais palavras. Deu, em seguida, um forte abraço no namorado.
– Alguém já disse que vocês dois ficam absolutamente lindos, juntos? – Ashley sorriu,
animada.
– Sim! – dizia uma voz feminina chegando próximo deles. Era Kathia. – Eu já disse
isso. Várias vezes! – ela sorriu. – Quem é essa, Eric? Eu a vi assim que entrou, mas não
reconheci. Não é da Miami College, é?
– Kathia, essa é a Ashley! – Eric dizia, embora ainda nem acreditasse que a melhor
amiga nova-iorquina estivesse, ali, do seu lado.
Ashley corara.
– Ai, nem acredito. – Eric abriu um enorme sorriso. – Minhas duas melhores amigas,
aqui, comigo.
– Tudo bem... – ela riu, sem graça. As duas se dirigiram até uma mesa vazia.
– Vamos. – Brian concordou. Era a deixa perfeita para que Nicholas e Eric ficassem a
sós.
– Nick, você me pegou mesmo de surpresa. – Eric dizia com um brilho nos olhos que
deixou Nicholas felicíssimo.
– Oh, tenho mesmo muita sorte de ter você... – Eric disse, mas Nicholas o interrompeu,
pondo a mão na boca do namorado e o silenciando.
– Não gaste as palavras, agora. – Nicholas sorriu. – Deixa para os seus votos...
Eric sorriu. Trocou um tímido beijo com Nicholas. Embora todos ali soubessem que
eles eram namorados, a timidez de Eric ainda era grande para deixar que ele e seu futuro
marido se beijassem, ali.
– Ai... É que... – Eric corou. – Esse povo todo vendo a gente se beijar.
– Ai, Nick, mas você sabe que eu sou tímido. – Eric o lembrou.
– É, eu sei... Mas é que você melhorou tanto essa timidez que, às vezes, eu até esqueço.
– Nicholas concluiu, segurando o queixo de Eric e dando mais um beijo na boca dele.
– Ai, olha lá... – Ian sussurrou para Mike. Os dois estavam sentados na mesa, com os
outros Betas e viam a cena. – Tem casal mais lindo?
Freddy piscou os olhos repetidas vezes. Embora tivesse aceitado a situação dos amigos,
aquilo tudo ainda era um pouco novo demais para ele.
Antes que os Betas pudessem falar alguma coisa, a respeito do beijo de Eric e Nicholas
ou do beijo de Ian e Mike, o garçom chegou à mesa deles.
– Servidos? – disse o jovem e bonito garçom. Tinha uma pele lindamente morena e
cabelos pretos num corte bem estiloso. Era o garçom com que Thiago estava flertando.
Em seguida, outro garçom chegou à mesa, oferecendo vinho. Mike, Ian e John, que não
haviam pegado a cerveja, aceitaram o vinho.
– Humm... Que delícia! – Ian elogiou depois de ter bebericado sua taça de vinho.
– Nossa! Adoro essa música! – disse Mike assim que “Music”, de Madonna, começou a
tocar.
– E a gente nunca desconfiou que ele era... – Harold cochichou pra Freddy, arqueando
uma sobrancelha.
– Não, deixa pra lá. – Ian disse, se levantando da mesa. – Vamos dançar?
Os dois se levantaram e se dirigiram até um espaço vazio, ali, que certamente seria a
pista de dança, embora não houvesse DJ nem globo de discoteca. Enquanto os dois
dançavam, animados, Marcus puxou assunto na mesa.
– Eu ouvi. – ele disse a Harold. – Espero que tenha sido só um comentário ingênuo e
não tão preconceituoso.
– Tudo bem então. – Marcus disse, por fim, tomando um gole da gelada cerveja.
Um tempo depois, quando a música terminou, “Tik Tok” de Ke$ha começava a tocar.
– Dãããã! – Harold fez cara feia. – Ela é linda, perfeita... – Harold suspirava. – E eu li
que ela tem um apetite incrível. Ah, essa é a mulher que eu queria pra casar...
Freddy deu uma gargalhada tão alta que todos se viraram para olhar.
Assim que os dois saíram da cozinha, Anna avistou Mike, Ian e Harold dançando. Mike
e Ian dançavam juntos, bem próximos. Já Harold dançava sozinho, dando giros malucos
e fazendo uma porção de coreografias loucas, todas inventadas por ele.
– É... – Anna olhava bem para Harold. Embora parecesse desengonçado e rechonchudo
demais, ele até que era fofo, pensou. Aquele ruivinho era, de fato, muito fofo.
– Que foi, ruiva? – Brian estranhou a amiga não ter rido do comentário dele.
– Espera aí! – Brian parou de andar. – Eu conheço esse olhar... – ele sorriu, surpreso. –
Você ficou caidinha pelo ruivo gordinho, ali, foi?
– Pára, Brian! – Anna dera um tapinha no ombro do amigo, embora tivesse corado.
– Aha! Ficou vermelha! Sabia! – Brian riu. – Não sabia que ruivos se atraíam assim
fácil.
– Quer saber, acho que eu vou conversar um pouco com a amiga do Eric, Ashley. –
informou Brian, animado.
– Brian, não tente isso... – Eric pediu, sem graça. – A Ashley tem namorado.
– Ah, fala sério! – resmungou Brian. – Eu como sempre, fico na mão! – e ele revirou os
olhos. – Talvez, eu também dê em cima do garçom bonitão que o Thiago tá querendo!
Ótima ideia! – e ele saiu à procura do garçom.
– Ai, ai... – Anna riu, sem graça. – No fundo, no fundo, acho que o Brian devia ficar
com o Thiago.
– Ah, você sabe que eles já namoraram... – Nicholas comentou. – Mas o Brian gosta de
caras mais, como dizer? Mais másculos, mais machões.
– Gente, me tirem uma dúvida... – Anna começou, sem graça. – Aquele gordinho, ali, o
ruivinho... – e ela indicou Harold, com o olhar. – Como é mesmo o nome dele?
– É, o Brian já ta me abusando com isso, mas sim. – Anna admitiu. – Achei ele tão fofo.
Eric e Nicholas se olharam e fizeram caretas. Para eles, de fofo, Harold não tinha nada.
– É, poxa, olha lá... – eles olharam na direção. Harold ainda dançava super empolgado.
– Ele é tão... Own, dá vontade de apertar aquelas bochechas. – ela sorriu, corando.
– Bom, vai em frente, então. – Eric disse, rindo. – Ele é solteiro. Solteiríssimo.
– É, ele vive procurando uma namorada, mas nunca consegue. – Eric confessou.
– Hum... Ai, acho que vou lá dançar com ele. – Anna sorriu, corando mais ainda. –
Tchau, meninos. Até mais!
– Credo! – Nicholas ria também. – Nem me lembre daquele prato horrível que o Harold
contou. Dá até enjoo.
– Ai, acho que a gente já devia tirar as fotos... – Eric disse, pensativo.
– É, você tem razão! – Nicholas concordou.
Então, a sessão de fotos foi iniciada. Eles pediram a ajuda de um dos garçons para que
ele tirasse fotos do pessoal.
Eric tirou uma adorável foto com suas duas melhores amigas. Ele no centro, todo feliz.
Depois, tirou foto com Anna. Os Betas tiraram fotos com Brian. Brian tirou foto com
Ashley. Anna tirou foto com Harold e Eric. Enfim, depois de realmente uma grande
quantidade de flashes, Nicholas chamou Eric num canto.
– Gente, chegou o grande momento... – ele começou, em alto som. – Vamos começar,
ok?
Anna correu, pegou o controle remoto do som e pausou a música. Lembrou-se que
Nicholas pedira para ela tocar uma música especial na hora da cerimônia. Anna, então,
programou o cd na faixa 15 e ainda apertou a opção “repeat”. Pronto, só faltava dar o
“play” na hora certa.
Todos se dirigiram para ficar ao redor do gazebo iluminado, onde Eric e Nicholas já se
encontravam. O coração de Eric batia forte. Ele respirou e inspirou fundo diversas
vezes. A lua, como ele já esperava, estava absolutamente incrível, no céu.
Nicholas fez um sinal com a cabeça e Anna entendeu. Apertou o “play” e os primeiros
instrumentais da música começaram a tocar. Era “California King Bed” de Rihanna,
uma das músicas que havia embalado as noites de amor de Eric e Nicholas. Era,
propriamente, a música do casal.
– Gente, fiquei nervoso, agora. – Nicholas disse, tenso. O pessoal riu. – Bom, vamos lá.
– ele respirou fundo. – Brian, me ajuda aqui. – Nicholas disse, retirando de dentro do
bolso a caixinha preta de veludo e a depositando nas mãos do amigo.
Eric sentia que seu coração parecia que ia sair pela boca. Quanta felicidade!
Eric pegou a outra aliança da caixinha e começou a suar. Sentia sua mão tremendo, de
nervoso.
– Nicholas... – ele dizia, sério. Tentava se concentrar pra não ficar vermelho, mas sabia
que era tarde demais. – Eu... – ele engolia em seco. – O que eu posso dizer? – ele
revirava os olhos. – Se você diz que mudou muito quando eu entrei na sua vida...
Nossa! Acho que eu posso dizer a mesma coisa. Você mexeu comigo desde a primeira
que te vi. E, sim, meu amor, você bagunçou minha vida totalmente. Mudei muitos
pensamentos. Me redescobri completamente. – ele parou pra respirar fundo. – Posso
dizer que eu adorei essa bagunça que você fez. – ele riu. – E, bom, a gente começou a
viver esse romance proibido à Romeu e Julieta... – ele riu de novo. Muitos, ali, riram
também. Ian começava a chorar, emocionado. Mike o abraçava. – Sim, eu da Beta, você
da Stigma. Duas irmandades inimigas e... Bom, o que eu quero dizer é que... – Eric
sentia lágrimas se formando em seus olhos. – Nosso amor venceu tudo. Quebrou todas
as barreiras, todos os limites, todas as fronteiras. E, se conseguimos fazer brotar esse
amor tão raro como nosso... – Eric deixou uma lágrima escapar. Ian chorava ainda mais.
– Eu não quero perder amor nunca mais. Quero que a gente fique junto para sempre.
Quero você como meu homem, Nicholas, para sempre. Eu te amo... Muito. – e ao fim
dessa bela declaração, Eric inseriu o anel no dedo anelar da mão esquerda de Nicholas,
que também derramara algumas lágrimas. Mais um flash vindo da câmera de Eric, que
Kathia usava na hora.
– Cara, você tá chorando?! – John disse, admirado. Ele, Freddy e Marcus estavam
próximos. Harold estava distante dali.
– Freddy, é normal se emocionar, oras. Relaxa. – Marcus disse dando tapinhas nas
costas do amigo.
– Eles... – dizia em meio ao choro. –... eu fui contra. Mas... – ele soluçava. –... lindos.
– Ai... – dizia Ian, enxugando os olhos. Ele e Mike estavam um pouco distante dos
outros Betas. – Sempre me emociono.
– Isso serve como prova? – Mike perguntou, puxando Ian para mais perto dele e
começando um beijo intensamente gostoso com o namorado. Eric e Nicholas
continuavam se beijando. Eric até esquecera que havia outras pessoas ali. Só se
concentrava nos doces lábios de Nicholas.
– Eu sabia que eles iam dar certo. – dizia Anna enxugando as lágrimas. Ela estava ao
lado de Harold.
– Ai, obrigada. – ela disse, aceitando um. – Você é um fofo. Digo, você é muito gentil.
Harold corou. Aquela ruiva linda estava a fim dele? Será? Sentiu-se mais animado que
nunca.
– Bom, chega de beijo! – Brian gritou bem alto. Todos riram. – Vamos comemorar!
– Isso, vamos fazer um brinde! – disse Thiago, animado. – Garçons, podem vir.
Dois garçons trouxeram bandejas com treze taças já servidas com o melhor champanhe.
Cada um pegou um taça.
– Um brinde ao casal mais lindo de Miami! – disse Brian, animado, erguendo sua taça.
Os outros fizeram o mesmo.
– Casal mais lindo, depois da gente, claro... – Ian sussurrou para Mike, que riu.
Depois disso, ouviu-se diversos tilintares das taças entre si. Todos beberam em seguida.
– Foi lindo... – Eric sussurrou para Nicholas. – Tudo o que você disse...
Anna já dera o “play” novamente em uma faixa mais dançante de outro disco. Agora, a
voz de Shakira tomava conta dali com o hit “Addicted to You”.
– Vem dançar comigo, meu marido. – Nicholas pediu, rindo. Ele deixou a taça vazia
numa mesa. Eric fez o mesmo.
Os dois começaram a dançar, animados. A noite não poderia ser mais perfeita, Nicholas
pensou. Sim, poderia. Talvez, se seu pai estivesse, ali, ou ao menos tivesse aceitado
tudo. Mas, não, não devia pensar no pai. Aquela noite era para ser absolutamente feliz.
Deixaria, decidiu, as tristezas de lado.
Algumas horas depois e Harold começava a avançar na mesa, novamente, para pegar
uns doces.
– Nossa! Você tem um apetite, digamos... – Anna dizia, surpresa. Ela havia
acompanhado Harold a noite toda. – Bem potente! – e sorriu.
– Ah, eu também gosto. Não tanto, mas sim, gosto. – ela riu, sem graça.
– Então, a gente podia sair qualquer dia desses para ir ao Sunday Paradise. Que tal? –
disse Harold, sorrindo.
– Sunday Paradise? – Anna exclamou. – Ai, eu já ouvi tanto falar dessa sorveteria, mas
nunca fui.
– Então pronto. Vou te levar pra conhecer. – ele se ofereceu. – Se você quiser, lógico.
– Claro que eu quero! – Anna abriu um sorriso. Depois, beijou o rosto de Harold. –
Você é mesmo um fofo!
– Ah, eu sabia. – Brian assentiu. – Andei seguindo ele também. – confessou. – Ele
trocou uns olhares bem interessantes comigo.
– Ai, seu... – Thiago fez uma careta de raiva. – Então é por isso que ele não quis mais
me dar atenção.
– Não. – Brian revelou, sério. – Eu ia azarar ele, mas percebi que seria sacanagem da
minha parte se eu atravessasse você.
– Ah, sei...
– Então, abri o jogo. Falei que você tava a fim dele. – ele revelou. Thiago corou. – Só
que o Daniel. É esse o nome dele, você sabe.
– Sim...
– Então, o Daniel me disse que não tá a fim de nada sério. – Brian concluiu, por fim. –
Ele é o tipo de cara que eu não tô procurando no momento. Cansei de só “ficar” e
transar. Sem amor, paixão, nada. Isso é chato, poxa!
– É, eu sei... – Thiago deu um sorriso torto. – Mas eu nunca consigo ninguém legal
também. Acho que já desisti de namorar sério. É muito raro achar um Eric ou um
Nicholas na vida.
– E como é... – Brian riu. – Pois é, acho que eu também já tô quase desistindo de
namorar sério. Mas, também, não tô a fim de só sexo. Se bem que, com um garçom
desses... – Brian se abanou repetidas vezes. – O Daniel tem um corpo... Nossa!
– Lindo né? – Thiago concordou. – Você acha que ele tem quantos centímetros de...?
– Ai, Thi, sei lá... – Brian gargalhou. – Mas, a julgar pelo físico dele... Promete ser bem
dotado.
– Humm... – Thiago gemeu, interessado. – Acho que vou falar com ele e dizer que
também não tô a fim de nada sério. O que acha?
– Ah, legal, vai lá... – Brian fez uma cara te “tanto faz”.
– Aham... – Thiago fez um olhar sedutor. – Ménage à trois. – Thiago fez um perfeito
sotaque francês.
– Será que ele toparia a três? – Brian indagou, embora a ideia já lhe deixasse levemente
excitado.
– Sim? – dizia o belo moreno uniformizado trazendo consigo uma bandeja com alguns
salgadinhos. – Aceitam?
– Quer vir com a gente pra minha casa, depois que a festa acabar? –Thiago fez a
proposta, sério.
– A três? – ele murmurou olhando para os lados, para se certificar que ninguém os
ouvia.
– Ótimo. – disse Thiago, animado. – Assim que a festa acabar, eu procuro por você ok,
gato?
– Por quê? Até parece que você nunca fez... – Thiago provocou.
– É, você tem razão. – Brian sorriu. – Pena que não podemos ficar, aqui, em casa logo.
Eu já prometi ao Nick que deixaria minha casa pra ele e Eric essa noite.
– Ah, não tem problema. Lá em casa também é ótimo. – Thiago riu. – E, olha, vamos
deixar esse garçom doidinho por nós tá?
Mais umas horas depois e a festa começava a chegar ao fim. Ashley já tinha se
despedido dos outros e, agora, se despedia de Eric e Nicholas.
– Poxa, é uma pena. – Eric disse, tristonho. – Mas foi ótimo você ter vindo, Ash. Você
não sabe como foi importante pra mim.
Assim que terminou de abraçar Eric, ali, Ashley abraçou Nicholas também bem forte.
– E obrigada por ter bancado a viagem, o hotel... – ela disse, corando. – Eu realmente
não sei se ia ter dinheiro pra isso tudo e...
– Tudo bem, Ash, sem problemas. – ele sorriu. – Espero que a gente se encontre
novamente, em breve!
– É, bom, eu já vou então. Aproveitem a festa até o final! – ela disse, animada.
– Ai, acho que nossa festa tá chegando ao fim né? – Eric disse a Nicholas.
– É, mas isso tem um lado bom também. – Nicholas sorriu. – Vou poder ficar sozinho
com você...
– Aha! – Eric riu, corando.
Um tempo depois e, após Harold comer um segundo pedaço generoso de bolo, os Betas
decidiram que já era hora de ir embora. O relógio marcava duas e meia da manhã.
– É, vamos... Dancei tanto que fiquei cansado! – Mike comentou enquanto massageava
o próprio ombro.
– Ah, mas acho que o Brian pode dar carona a metade vocês, não? – Nicholas
perguntou.
– É que o Brian disse que já tinha planos pra depois da festa. – disse Mike, sério.
– Gente, vocês já vão? – Anna quis saber, ao se aproximar dos Betas. – Eu tô com meu
carro vazio. Achei que o Brian e o Thiago vinham comigo, mas... Enfim, se quiserem
carona pra Miami College, posso dar.
– Não, cara. Você já ajudou muito, hoje. – Marcus disse pondo a mão no ombro de Eric.
– Pode deixar que a gente divide, aqui.
– Espera aí... – Nicholas disse a si mesmo. Eric assustou-se com o repente do amado. –
Cadê o Brian e o Thiago?
– Achei que eles já tinham ido embora. – Eric estranhou.
– Não, eles não iriam sair sem se despedir da gente, iriam? – Nicholas levantou uma
sobrancelha.
– Sr. Wyatt, nós do Sugar Buffet informamos que estamos de saída. – disse um gentil
senhor que aparentava ser o gerente. – E, claro, agradecemos a preferência! – ele sorriu.
– Tudo está arrumado ali, ali e ali. – o gerente do buffet indicou as direções. – Quanto
ao gazebo, ajudamos a decorar, mas não é nosso.
– Tudo bem. Já estamos indo. – disse o gerente, por fim. – Carlos, Gabriel, Tom,
Richard e Daniel, me ajudem a carregar essas mesas, por favor.
Os quatro garçons apareceram logo que ouviram seus nomes. Mas o quinto garçom não
estava, ali.
– Onde está o Daniel? – perguntou o gerente do buffet a um garçom que aparentava ter
uns cinquenta e poucos anos e tinha cabelos grisalhos.
– É, ele me disse que já tinha cumprido o serviço, que a festa já tava acabando e que ele
precisava ir embora. – completou o louro garçom.
– É, de qualquer forma, vou conversar com ele depois. – disse o gerente. – Ainda que a
festa tivesse acabando, ele precisava da minha permissão para sair, mas tudo bem.
Dessa vez, eu vou deixar passar.
Enquanto isso, os garçons carregavam as mesas para a garagem da casa, onde a van do
Sugar Buffet estava estacionada.
Nicholas foi até o homem e o cumprimentou. Ele já havia pagado tudo, antes.
– É, até que enfim! – Nicholas, riu, correu para Eric e o beijou bem demoradamente.
– Será que estamos mesmo sozinhos? – ele disse, indeciso. – Vou ver se o Brian está em
algum lugar, aqui, na casa. Afinal, a casa é dele! – ele riu. – Fica aqui tá?
– OK. – Eric respondeu enquanto olhava a decoração da festa, agora, numa aparência
mais triste.
– Brian? Thiago? – Nicholas os chamava, dentro da casa. Não havia resposta. – Que
estranho... – ele disse a si mesmo. Depois disso, Nicholas foi até a entrada da casa e
trancou a porta. Pegou o celular e discou o número de Thiago.
– Thi? Oh, mas esse é o celular do Brian, não? – Nicholas disse, confuso.
– Espera aí, como é que vocês foram embora e nem falaram comigo e com o Eric? –
Nicholas disse, sério.
– Calma, cara... – Thiago riu. – Desculpa, Nick, é que... – e ele olhava para Daniel, no
banco de trás do carro. – Aconteceu uma coisa bem legal na festa e...
– Ai, ai, o que vocês tão aprontando? – Nicholas riu. – Vai me dizer que é o tal garçom
ainda?
– Mas, espera aí, os três vão sair, juntos, agora? – Nicholas disse, surpreso.
– Nossa! Vocês três? Boa sorte aí... – Nicholas sorriu, sem graça.
– Ok, amigo. Obrigado. E, mais uma vez, desculpa. – Thiago disse. – O Brian também
tá pedindo desculpas, aqui.
– Esses dois... Ai, ai... – Nicholas resmungou enquanto voltava à área da piscina.
– Achei, mas não aqui na casa. – Nicholas sorriu. – Você não vai acreditar.
– O que foi?
– Você ouviu o gerente do buffet falando que um dos garçons tinha sumido e tal... –
Nicholas começou, sério.
– Ouvi sim.
– Pois então. – Nicholas continuou. – É o tal garçom com quem Thiago estava
flertando.
– Ih, então já sei. – Eric começou. – Thiago saiu com o garçom e o Brian deu carona pra
eles?
– É, quase isso. – Nicholas disse, rindo, sem graça. – Os três estão indo para a casa do
Thiago.
– Caramba! – Eric corou. Transar a três parecia algo tão surreal. Ele nunca se imaginara
fazendo tal coisa.
– Bom, mas deixa eles pra lá. – Nicholas disse, acariciando o rosto de Eric. – Tudo o
que me interessa agora é você...
– Amor, você reparou o que tem escrito no interior das nossas alianças? – Nicholas
perguntou, sério.
– Não, eu tava tão nervoso que nem reparei muito. Mas é linda demais! – Eric disse.
Quando Eric tirou a aliança do dedo, olhou para o interior do anel e conseguiu ler a
inscrição “E & N”.
– Ai, Nick, que coisa mais linda! – Eric disse, surpreso. Deu um abraço bem gostoso no
amado. Depois, colocou o anel de volta no dedo.
– Quando a gente se casar de verdade, eu vou mandar gravarem “Para Sempre” logo
abaixo do “E & N”, que tal? – Nicholas disse, animado.
– Lindo é você... – Nicholas provocou dando um beijo bem gostoso na boca de Eric. –
Então? Preparado para a nossa noite de amor?
Eric riu, corando. Balançou a cabeça em sentido afirmativo. Depois disso, Nicholas,
num impulso, o carregou em seus braços. Ele sabia que Eric ficava todo nervosinho
com aquilo, mas quis provocar.
– Ai, Nick, me põe no chão! – Eric pediu, agitando os braços enquanto ria.
– Fica calmo, meu amor. – Nicholas pediu, rindo também, com Eric em seus braços. –
Olha, vou te por no chão, pois subir as escadas carregando você vai ser trabalhoso...
Os dois riram.
– Mas, assim que a gente subir, eu te carrego de novo e a gente entra no quarto tá? –
Nicholas disse, sério.
– Vamos! – Nicholas disse, puxando Eric pela mão. Assim que saíram dali, Nicholas
procurou o interruptor na parede e desligou as luzes do quintal da casa.
Com o pé, Nicholas empurrou a porta do quarto de Brian e a abriu. O quarto era um
pouco menor que o quarto de Nicholas. Na verdade, aquele tinha sido o quarto dos pais
de Brian, mas, como hoje em dia, era ele quem morava, ali naquela casa, sozinho, tinha
transformado o quarto em seu, por ser o maior. Ainda assim, havia mudado a decoração
completa do quarto. Era absolutamente moderno com TV, som, home theater, notebook
e todas as parafernálias tecnológicas possíveis. Brian havia até se desfeito da cama dos
pais e comprado uma nova para ele. Uma belíssima cama de casal, tipo King Size, se
encontrava no quarto. Tal cama estava forrada, agora, com um lindo lençol branco. E,
por cima do lençol, havia uma boa quantidade de pétalas de rosas, espalhadas. Ideia de
Nicholas para deixar o clima ainda mais romântico.
– Ai, Nick, que lindo! – Eric exclamou ao ver a cama. Nicholas ainda o carregava. Ele
deitou Eric na cama, em seguida. – Espera só um pouquinho que eu vou acender, aqui...
E ao dizer isso, Nicholas pegou um isqueiro dentro da gaveta do criado-mudo.
Começou, então, a acender algumas velas que estavam, ali. Só então Eric percebera a
presença das velinhas em alguns pontos do quarto.
Nicholas deitou-se sobre Eric, por fim. Encarou o namorado, ou melhor, pré-marido, se
é que podia chamar assim, pensou. Melhor chamar logo de marido, pensou bem.
– Que foi? – Eric sorriu enquanto sentia o peso do corpo de Nicholas sobre o seu.
– Nada, só tô... Feliz! Muito feliz! – Nicholas concluiu enquanto acariciava os cabelos
de Eric.
– Ai, eu também tô, meu amor. Muito! – Eric disse, sorrindo. Como Nicholas adorava
aquele sorriso...
– Vem cá, deixa eu tirar essa camisa... – ele pediu, sério. Começou, então, a desabotoar
a camisa azul-marinho de Eric. A cada botão que Nicholas abria, Eric sentia mais
excitação. Quanta vontade!
Pronto, os dois estavam sem camisa. Mas, claro, ainda faltavam muitas peças para
serem tiradas. Antes disso, porém, eles continuaram se beijando loucamente. Parecia
que nunca tinham feito tal coisa antes. Havia um misto de ansiedade e vontade. Talvez,
porque aquela fosse a primeira transa deles, depois do pré-casamento. Agora, eles
usariam suas alianças enquanto fariam amor. Tudo teria um novo sentido...
– Ai, deixa eu tirar meus sapatos logo... – Nicholas disse, depois, arrancando as meias e
os sapatos numa velocidade incrível.
Os dois riram. Nicholas começou a tirar sua calça. Eric também, em seguida.
Enfim, os dois continuaram se embalando na cama, usando apenas cuecas. Beijos e
mais beijos.
– Te amo tanto! – Nicholas dizia em meio aos segundos que ele parava de beijar Eric.
– Te amo muito, Nick... – Eric dizia numa voz fraca. Isso devido às carícias que
Nicholas lhe fazia. Aquilo o deixava derretido, completamente dominado.
Nicholas continuou por mais uns segundos e, quando menos esperou, Eric se arrepiou,
tremeu um pouco o corpo e...
– Espera, vou pegar uma toalhinha, aqui... – Nicholas informou, se levantando. Foi até
uma mochila que estava na cômoda do quarto. Era sua mochila com algumas coisas que
ele havia separado.
– Pronto, aqui... – disse ele ao entregar a toalhinha de rosto para Eric. Eric se limpou,
rapidamente.
– Agora, vem... Alivia minha tensão, aqui. – Nicholas pediu, safado, baixando sua cueca
e revelando seu majestoso sexo.
Eric resolveu que ia chupar Nicholas. Começou, então, provocando. Passando a língua
por diversos pontos da barriga de Nicholas. Até, que chegou, enfim, ao pênis.
Eric segurou firme o sexo do amado e o masturbou um pouco. Começou, então, a passar
a língua por ali. Nicholas já estava adorando, Eric podia perceber. Depois, Eric
abocanhou o sexo de Nicholas e começou a sugar-lhe tão gostosamente como sempre
fez.
– Isso... – Nicholas gemia enquanto brincava com os próprios mamilos. – Assim, meu
amor...
Ouvir aquela voz de intenso prazer deixava Eric mais excitado ainda. Ele continuou
sugando e sugando o sexo de Nicholas até que um tempo depois...
Eric ignorou. Não queria rejeitar o sêmen do namorado. Queria aquele gosto em sua
boca. Por fim, a conhecida explosão surgiu na boca de Eric e ele foi engolindo todo
aquele fluido.
– Oba! – Nicholas sorriu, animado, já direcionando sua boca, tal qual um vampiro
faminto, para o pescoço branquinho de Eric. Nicholas começou a beijar e beijar mais
forte. Sugar e sugar. A língua ajudava. Eric quase se derretia de tanto prazer ao ter
aquela boca quente em seu pescoço.
– Ah! – Nicholas arfava, por fim. – Gostoso! Meu gostoso! – ele riu.
Os dois continuaram com mais e mais beijos. Foi a vez de Eric atacar. Ele começou a
dar leves mordidinhas no mamilo esquerdo de Nicholas. Depois, fez o mesmo no
direito. Em seguida, começou a lamber um mamilo, depois o outro.
– Ai, que delícia, amor... – Nicholas elogiava, enquanto recebia as carícias de Eric.
– Nossa! A gente tá rápido hoje... – Eric disse, deitando a cabeça no peito de Nicholas,
assim que terminou de fazer-lhe as carícias provocativas.
– É, estamos mesmo bem safadinhos... – Nicholas dizia enquanto fazia cafuné em Eric.
– E vamos ficar ainda mais, agora.
– É? – Eric perguntou, provocando.
Eric corou ao ouvir aquilo. Seu rosto queimava um pouco. Era muita emoção, muita
excitação.
Nicholas se levantou em seguida, foi até a sua mochila e trouxe alguns preservativos e
uma garrafinha de lubrificante.
– Quer com camisinha ou sem? – Nicholas perguntou de uma maneira bem sexy.
– Nossa! Como eu amo esse bumbum! – Nicholas disse, provocante. Ele aproveitou
para espalhar um pouco de lubrificante na região anal de Eric.
– Devagar... – pediu Eric ao sentir que Nicholas o tinha penetrado fundo e rápido
demais.
– Opa, desculpa, amor. – e ele começou a retirar o pênis de dentro de Eric. Reinseriu
outra vez, bem devagarzinho. – Tá melhor assim?
Nicholas então iniciou a “dança” com repetidas, leves e ritmadas estocadas. A cada
estocada, Nicholas e Eric gemiam de prazer. Mais um tempo depois e as estocadas
começaram a ganhar mais e mais intensidade. Como Eric não reclamou, Nicholas
manteve o ritmo.
Mais uns minutos depois e Nicholas sentia que ia gozar fundo. E foi o que fez.
– Mas parece um sonho, não parece? – ele, agora, acariciava o ombro de Eric.
– Sabe o que eu quero, agora, pra eu ter certeza de que isso tudo é bem real? – Nicholas
disse numa voz baixinha e gostosa.
– Quero... – Nicholas aproximou sua boca do ouvido de Eric. – Você... Dentro de mim.
– ele disse, pausadamente.
Eric corou e seu coração bateu mais forte. Ele se revirou na cama e encarou o rosto de
Nicholas.
Eric se levantou da cama e ficou de pé, em frente a Nicholas. Eric já sabia qual a
posição que Nicholas queria ser penetrado.
Depois de lambuzar uma boa quantidade de lubrificante em seu sexo, Eric espalhou um
pouco na região anal de Nicholas.
– Pronto... – Eric murmurou. Ele aproximou seu corpo para o mais perto possível de
Nicholas.
Nicholas levantou as pernas e depositou seus tornozelos nos ombros de Eric. Aquela
posição era um pouco desconfortável, de fato, mas valeria à pena, pensou Nicholas. Eric
conseguiu chegar mais próximo ainda de Nicholas e, pronto, estava perfeito para fazer o
gostoso encaixe.
– Vai, meu amor. – Nicholas pediu.
Eric começou a enfiar seu sexo bem devagar em Nicholas, e este começava a gemer
bem gostoso.
Eric arfava feito alguém que tinha acabado de correr uma maratona. Eric retirou seu
sexo dali e, em seguida, deitou-se em cima de Nicholas, na cama. Os dois se beijaram
mais e mais. Aquela noite estava sendo absolutamente perfeita.
Depois de mais carinhos e beijos, os dois ficaram calados, apenas se olhando. Nicholas
admirava os olhos de Eric. Eric admirava a boca de Nicholas. Em silêncio, um
apreciava a beleza do outro. Era como apreciar uma belíssima paisagem. Eles não se
cansavam.
– Não me canso... – disse Nicholas, por fim. –... de olhar pra você.
Os dois foram andando e rindo até chegar ao banheiro. Era engraçado, Eric pensou.
Andar completamente nu, ao lado de Nicholas, sem medo de nada. Era uma sensação
tão boa de liberdade.
– É, já vi que você arrumou as coisas por aqui também... – Eric disse assim que entrou
no banheiro. Percebeu algumas velas aromáticas já dispostas em lugares estratégicos.
– Claro! – disse Nicholas sorrindo. – Eu tinha que deixar tudo perfeito para você...
Depois de ter aberto a torneira para que saísse uma água quentinha e colocado alguns
sais de banho, Nicholas esperava a banheira encher. Enquanto isso, ele tomou Eric em
seus braços e os dois começaram a dançar, agarradinhos. Mas não havia música.
Nicholas era quem cantava, baixinho, no ouvido de Eric. Ele cantava o refrão de
“California King Bed”. Os sexos, pressionados entre os corpos, enrijeciam outra vez.
Eric sorria, encantado com aquele momento.
– Pronto... – dizia ele, já entrando na banheira que tinha uma água bem quentinha. –
Vem...
Assim como já havia feito outras vezes, Eric sentou-se no colo de Nicholas e ali ficou,
naquela gostosa posição, dentro da banheira. Nicholas aproveitava para dar uma
mordidinha gostosa e bem de leve na orelha de Eric, que ria.
– Ai, que perfeito! – Nicholas exclamava, encantado. – Tem certeza que isso tudo não é
um sonho?
Os dois trocaram um beijo tão caloroso e envolvente quanto os demais daquele noite.
– Ai, Eric... – Nicholas gemia, abraçando o namorado bem forte. – Eu te amo muito.
– Eu também te amo muito, Nick. – Eric respondia. Momento mais gostoso que aquele?
Impossível, pensou Eric.
Nicholas fez uma concha com as mãos e pegou um pouco de água para jogar no cabelo
de Eric, que riu.
– Humm... – Eric gemia quando Nicholas começou a fazer, em seguida, uma gostosa
massagem em seus ombros.
Ter aquela água quentinha, estar sentado no colo de Nicholas e recebendo massagem.
Não, aquele momento não poderia ser melhor, pensou Eric. Enquanto tomavam aquele
gostoso e demorado banho, Eric sempre dava uma olhadinha para sua mão e via a
reluzente aliança de ouro, debaixo da água. Como eram lindas, as alianças. Como era
lindo seu relacionamento com Nicholas, pensou. Como tudo era lindo, absolutamente
lindo.
Continua no próximo (e último) capítulo...
– Humm... – gemia Eric assim que sentiu um pouco da claridade em seu rosto. Abriu os
olhos e cobriu o rosto com a mão.
– Que foi? – Nicholas dizia numa voz sonolenta. Ainda mantinha os olhos fechados.
Depois de fechar a cortina e de escurecer mais o quarto, ele voltou à cama, onde seu
amado dormia lindamente.
– É... – disse Eric, ainda sem olhar o relógio. Quando conferiu as horas, porém,
assustou-se. – Dez horas, já?!
– É, também, a gente dormiu bem tarde né? – dizia Eric chegando seu corpo para mais
perto do de Nicholas.
– Ai, foi muito bom mesmo. – Eric sorria enquanto acariciava o rosto do namorado.
– Sabe... – dizia Nicholas olhando firme para Eric. – Eu tenho certeza que quando a
gente casar, de verdade, todos os nossos dias vão ser assim.
Eric sorriu.
– Sério! – Nicholas continuou. – Não acho que a gente vai ser como esses casais que
deixam as coisas caírem na rotina, sabe? Acho que é impossível a gente se enjoar!
– Own, meu fofo. – Nicholas disse dando um rápido selinho nos lábios de Eric.
– E o melhor de tudo é que ainda é domingo! – Eric disse, rindo. – E temos um bom
feriado pra curtir, até terça!
– Ai, que perfeito né? – Nicholas sorriu, animado. – Isso me deu até vontade de fazer
uma coisa pra você... – e ele se levantou rápido da cama.
E depois de dizer isso, Nicholas abriu a porta do quarto, desceu as escadas e logo, logo,
estava na cozinha da casa de Brian.
Nicholas logo pegou algumas laranjas da fruteira e começou a descascá-las. Logo, logo,
estava espremendo-as no espremedor de frutas e fazendo um gostoso suco. Depois
disso, Nicholas começou a preparar café para ele e Eric, na cafeteira elétrica de Brian.
Enquanto esperava o café ficar pronto, Nicholas correu para o quintal da casa e, abrindo
o refrigerador de lá, retirou de dentro dele algumas vasilhas que continham as sobras da
festa da noite anterior. Voltando à cozinha, Nicholas pegou uma grande bandeja e
começou a arrumá-la.
Depois de colocar, num prato maior, alguns salgadinhos e docinhos da noite anterior,
Nicholas despejou o café quentinho nas xícaras e já dosou a quantidade certa de açúcar
em cada uma. Depois, despejou o suco nos dois copos da bandeja. Tudo parecia
perfeito. Exceto por...
– Ah! Claro! – Nicholas disse, estalando os dedos. Ele correu para o quintal da casa
outra vez. Deu uma boa olhada no jardim, foi até o canteiro e puxou uma bela flor.
Pronto, voltando à cozinha, colocou a flor num pequeno copo d’água e, em seguida,
depositou-a no centro da bandeja. Belíssima! Melhor, impossível.
Nicholas juntou forças para segurar e equilibrar a bandeja. Depois de subir todos os
degraus e, finalmente, entrar no quarto, ele viu Eric ficar boquiaberto, surpreso.
– Ai, que lindo! – Eric exclamou quando Nicholas depositou a bandeja na cama.
– Pronto. Vamos tomar nosso café... – Nicholas disse, animado, dando um selinho na
boca de Eric.
– Ai, será que não é melhor escovar logo os dentes e... – Eric murmurava pra si mesmo.
Ainda assim, Nicholas ouvira.
– Meu amor, relaxa. Depois do café, a gente escova os dentes. – ele sorriu. Eric corou.
– Nossa, tá tão gostoso... – Eric exclamava enquanto tomava mais um gole de café.
– Bom, eu só levo crédito pelo café e pelo suco né? – Nicholas ria enquanto comia um
docinho. – Já que as sobras da festa não fui eu que fiz.
Eric riu tanto que teve que se concentrar para não engasgar com o café que tinha dentro
da boca.
– Ai, ai, assim, você vai me acostumar mal... – Eric disse, depois, indicando a bandeja
com os olhos.
– Ah, meu amor, pois quando a gente terminar a faculdade, quando, futuramente,
tivermos nossa casa... – Nicholas dizia, empolgado.
Eric sentia seu coração pulsar mais forte ao ouvir aqueles planos todos.
– Bom... – Nicholas continuou. – Se você quiser, vai ter café na cama, todo santo dia!
Eric sorriu.
– É, ia ser muito bom, mas... – Eric disse, sério. –... só em ter você ao meu lado, todo
santo dia, já tá bom demais.
– Oh, que fofo! – Nicholas depositou rapidamente seu copo de suco na bandeja para
ficar com as mãos livres. Imediatamente, ele acariciou o rosto de Eric e lhe deu um
beijo de esquimó.
Continuaram o café até que, enfim, tinham devorado todos os doces e salgados.
– Oh, então essa barriguinha já tá cheia né? – Nicholas provocou, acariciando o peito nu
de Eric, até que desceu a mão até a barriga dele. Depois, a beijou. Eric riu.
– Agora foi que eu lembrei... – Eric resmungou. – Eu não peguei nada disso. Não peguei
minha escova nem creme dental. Só me lembrei de pegar uma toalha e umas roupas e...
– Psiu! – dizia Nicholas do outro lado do quarto. Eric parou de falar. – Olha só o que eu
trouxe. – e ele tirou de dentro da sua mochila, a escova de dente de Eric.
– Aham... – Nicholas riu. – Quando fui pegar minha escova, lá no banheiro da Beta, vi
que a sua ainda tava lá. Aí, aproveitei e peguei ela também.
Eric riu.
– Obrigado.
– Nossa! – Eric arfava, depois do beijo. – Isso aqui pareceu beijo de comercial de creme
dental.
– Chegou o novo creme dental “Nicholeric”! – Nicholas dizia, numa voz engraçada,
enquanto mostrava o creme dental para Eric.
– “Nicholeric”? – Eric gargalhou. – Que nome! – Era a junção dos nomes deles, pensou.
– Use “Nicholeric”! – Nicholas dizia enquanto fazia poses engraçadas como se fosse um
ator para uma câmera. – Com ele, seu hálito fica mais refrescante e você poderá ter um
beijo gostoso assim...
Depois de dizer isso, Nicholas puxou Eric para perto dele e beijou-o mais uma vez.
– Ótima ideia. – Eric concordou. – Mas, o Brian não vai voltar pra casa, agora, vai?
– É... – Nicholas pôs a mão na boca, pensativo. – Mas, acho que tenho uma ideia
melhor...
– Eu já disse... Ele só deve voltar à noite. Relaxa. – Nicholas garantiu. – Ainda mais
depois dessa noite de ontem que ele teve...
Eric riu.
– Tudo bem... – Eric concordou, embora ainda estivesse preocupado com a ideia.
Os dois pegaram uma toalha de banho e desceram, de mãos dadas, e logo chegaram ao
quintal da casa. A piscina era absolutamente incrível. Seu piso era propositalmente
enladeirado, o que fazia com que tivesse um lado mais raso e outro, bem mais fundo.
Eric olhava para cima, ao redor, como se esperasse encontrar algum vizinho xereta os
observando pelo muro.
– Não tem ninguém vendo a gente. Os muros da casa são bem altos. Re-la-xa! –
Nicholas disse, sorrindo. – Bom, vou começar então... – e dizendo isso, ele baixou o
short branco que usava e o jogou no chão, perto da piscina. – Sua vez.
Eric corou ao olhar o belíssimo corpo nu de Nicholas. Ainda encabulado, Eric baixou
ligeiramente o short e o jogou perto do de Nicholas.
– Eu, primeiro! – Nicholas gritou, pulando na piscina. Splash! A água salpicara o corpo
de Eric.
Eric pulara na água, em seguida.
De fato, Eric se sentia mais livre do que nunca. Seu sexo balançava debaixo d’água. Seu
corpo, totalmente nu, formava uma química em contato com a água. Não havia nada o
prendendo. Era uma boa sensação de liberdade.
– Melhor que isso, só nadar na praia... – Nicholas comentou. – Numa praia de nudismo.
– Se você quiser, um dia eu posso ir com você... Só nós dois, numa praia deserta e... –
Nicholas dizia, abraçando Eric.
Nicholas apoiou seu braço esquerdo na borda da piscina. Com o outro braço, puxou Eric
para mais perto de si. Eric também se apoiou na borda da piscina.
– Ai, você ainda insiste nisso? – Eric riu. – Eu, capitão do time? Claro que não! O
Samuel Stevens tá muito mais indicado, com certeza.
– Que nada! – Nicholas dizia, admirando os olhos de Eric. – Vai ser você...
Os dois trocaram mais um beijo demorado. Depois, nadaram de volta à parte mais rasa
da piscina, onde já conseguiam ficar em pé. Eles se recostaram à parede da piscina e
começaram a conversar mais.
– Já parou pra pensar que piscinas têm tudo a ver com a gente? – Nicholas riu enquanto,
provocante, pegava no sexo de Eric, sob a água.
Os dois riram.
– Pois é, tá vendo? – Nicholas disse, por fim. – Piscinas têm mesmo tudo a ver com a
gente... – ele acariciava o rosto de Eric. – Isso significa que quando tivermos nossa
própria casa, lógico que eu mandarei construir uma piscina pra gente.
Eric riu, corando. “Nossa casa”. Pensar em seu futuro fazia seu coração bater mais forte.
– Piscina! – Nicholas disse, pela terceira vez, no mesmo tom enérgico de antes.
– Eu te amo muito, Nick... – Eric dizia, envolvendo o pescoço de Nicholas com seus
braços. Os dois estavam ali, nus e bem próximos.
– Eu também te amo muito, Eric... – Nicholas dizia, envolvendo a cintura de Eric com
seus fortes braços.
Os dois trocaram mais um longo beijo. O dia estava lindo. O sol maravilhoso. A água da
piscina era perfeitamente gostosa. Os corpos nus tão próximos. Tudo aquilo era uma
sensação tão incrível e Eric tinha certeza que jamais se esqueceria daquele momento.
Eric sentia seu sexo completamente rígido. Podia sentir o sexo de Nicholas, também
rígido, pressionado contra seu corpo.
Eric corou quando Nicholas começou a brincar mais uma vez com seu pênis. Eric não
perdeu e começou a brincar com o sexo de Nicholas também. Os dois se sentiam
completamente livres, ali. Nus, se tocando. Sem medo de nada e de ninguém.
Eric riu. Aquela risadinha e o rubor na face garantiram a Nicholas a resposta de que Eric
também estava com vontade de transar com ele.
– Vem, vamos fazer algo diferente... – Nicholas pediu, puxando Eric pela mão. Eles se
dirigiram até a escada de alumínio. – Sai da piscina e senta aqui na borda... – Nicholas
pediu, safado, batendo na borda da piscina.
Eric obedeceu e subiu os degraus da escada. Logo, sentou-se na borda da piscina. Como
estavam na parte mais rasa, Nicholas estava de pé, de frente para Eric, sentado. Eric já
imaginava o que seu parceiro ia fazer.
– Ah, que delícia hein? – Nicholas dizia, afastando mais as pernas de Eric e agarrando-
lhe o sexo. Eric sorriu.
– Ai... – Eric gemia, baixinho. Nicholas começava a usar sua língua para dar gostosas e
demoradas lambidas no sexo de Eric. – Hummm... Que gostoso...
Ouvir a voz do seu amado, cheia de prazer, deixava Nicholas ainda mais empolgado.
Nicholas não quis demorar muito sugando Eric para que ele não gozasse, ali.
Os dois se beijaram mais uma vez. Nicholas se dirigiu para a escada de alumínio e
sentou-se no último degrau.
– Agora, sua vez... – Nicholas disse, rindo, segurando seu pênis na direção de Eric.
– Não, você não fez nada errado. – Nicholas assegurou. Era como se tivesse lido os
pensamentos de Eric. – Tava realmente uma delícia, mas é que... – Nicholas indicou a
água com o olhar. – Acho que, se continuarmos assim, vamos terminar sujando a
piscina né?
– Oh! Ah, sim, é verdade... – Eric fez uma expressão mais aliviada.
Os dois riram, em seguida.
Os dois saíram da piscina. Nicholas pegou a toalha que haviam trazido e se enxugou
primeiro. Depois, com a mesma toalha, Eric se enxugou. Em seguida, eles recolheram
seus shorts, no chão, e entraram na casa, completamente nus.
– Só espero que você não queira andar nu pela Beta... – Nicholas provocou. – Eu ia
morrer de ciúmes!
Não tão longe dali, já na casa do Thiago, Brian acabava de acordar. Brian punha a mão
na testa. Sua cabeça doía um pouco. Claro, devia ser uma pequena ressaca, embora nem
tivesse bebido tanto. Ele podia lembrar perfeitamente da noite anterior. A noite
anterior... Só então, Brian havia se dado conta de que ainda estava deitado na cama com
Thiago e com Daniel, o garçom da festa.
– Nossa... – Brian exclamou, rindo, baixinho. Ele pôde ver que além dele, os outros dois
homens estavam completamente nus. Um lençol embolado pairava sobre eles, mas
deixava tudo à mostra. Ele pôde, então, observar bem que Daniel tinha uma tatuagem
tribal no braço direito. Também observou que Daniel tinha uma tatuagem de uma
estrela, perto da virilha.
Brian se levantou da cama e admirou aqueles dois homens, ali. Podia lembrar bem da
noite anterior. Lembrava de chupar Daniel enquanto Thiago lhe chupava, ao mesmo
tempo. O ménage à trois havia sido realmente incrível. Delicioso. Em outro flash em
sua mente, Brian se lembrava de dar gostosas estocadas em Daniel, ao mesmo tempo
em que Daniel dava gostosas estocadas em Thiago. Podia se lembrar dos gemidos de
prazer de Thiago. Como Thiago estava lindo, incrível. Fazia tempo que ele não via o
amigo nu. Eles já tinham namorado, claro, mas isso fora há tempos... Agora, Brian
sentia um certo tesão a mais por Thiago. Embora Brian não curtisse tanto caras mais
afeminados, ele sentia que Thiago parecia mais lindo, mais gostoso, mais...
– Brian? – a voz de Daniel ecoou, ali, no quarto de Thiago. Seus pensamentos foram
interrompidos.
– O-oi? – Brian respondeu, voltando à cama.
– São... – Brian disse, pegando seu celular. – Quase onze horas já.
– O-onze?! – Daniel exclamou, pulando para fora da cama. – Caramba! O Sr. Reynolds,
gerente do buffet, vai me matar!
Daniel começava a procurar sua cueca pelo chão. Depois de encontrá-la, vestiu-a. Pegou
a calça, jogada quase embaixo da cama, e a vestiu em seguida.
– Nós temos um evento, hoje, uma da tarde. – Daniel engoliu em seco. – Preciso estar lá
e... – ele procurava a camisa. – Viu minha camisa?
– Que foi, gente? Miami tá pegando fogo? – Thiago acordava, resmungando. Ao ver
Daniel andando apressado pelo quarto, assustou-se. – Que foi?
– Poxa, já? – Thiago provocou, sorrindo. – Achei que íamos brincar mais um pouco,
agora de manhã.
– É, bem que eu gostaria, mas... – dizia Daniel já pegando sua mochila e a pondo no
ombro. – Preciso mesmo ir. A noite foi incrível, gente. Vocês foram ótimos.
– Então... Até a próxima! – disse Daniel, sério. Ele se aproximou de Brian, ainda nu, e
beijou-lhe a boca. Depois, Daniel correu para Thiago e fez o mesmo, beijando-lhe a
boca. – Tchau!
Assim que ouviu a zoada da porta da sala batendo, Brian deitou-se na cama outra vez.
Parecia que ficar sozinho, nu, com Thiago, também nu, era algo desconfortável e
excitante ao mesmo tempo.
– Que noite hein? – Thiago comentou, rindo. Brian riu, sem graça. – E que garçom!
– Você tava lindo, ontem... – Thiago começou, acariciando o peito nu de Brian. – Faz
tempo que eu não tinha um sexo tão gostoso assim.
– É, você também tava lindo... – Brian confessou. – Já tinha tempo que eu não te via...
– Ah, mas nós éramos muito novinhos... – Thiago disse, sorrindo. – E aquele namorico
foi super rápido.
– É, depois a gente ficou só amigo e... – Brian continuou, mas era impossível olhar
aquele gostoso corpo de Thiago e não tocá-lo. Era impossível olhar para Thiago e não
desejá-lo.
Sem conseguir controlar mais seus impulsos, Brian se aproximou de Thiago e beijou-lhe
a boca.
– Eu achei que fosse impressão minha... – Thiago começou, sério. – Ontem, parecia que
você tava me olhando de um jeito diferente. Um jeito mais-que-amigo.
– Mas, agora, tô vendo que não foi impressão minha... – Thiago continuou. – Você tava
mesmo me olhando diferente.
– Desculpa, acho que eu confundi as coisas. – Brian dizia, corando. – Esse é o problema
do sexo a três. Às vezes, a gente confunde as coisas e...
Mas desta vez, foi Thiago que se aproximou de Brian e beijou-lhe gostosamente a boca.
Seu jeito até que não era mais tão afeminado como o de alguns tempos atrás, pensou
Brian. Ele estava mais lindo, mais másculo, mais homem, mais gostoso e...
– Eu... – Thiago gaguejou. – Eu também tava olhando diferente pra você... – ele
admitiu. – Você tava tão lindo, tão gostoso...
– E o que você acha disso? – Thiago provocou enquanto acariciava o peito de Brian.
– Eu acho que... – Brian disse, sério. – Bom, você é um cara super legal, super gente
boa. Já te conheço há tempos e...
– E...?
– Bom, se for pra rolar algo sério, entre nós, eu me sentiria sortudo por ter você como
namorado. – Brian disparou. Seu coração batia forte.
– Sério? – Thiago olhava, firme, para Brian. Os olhares se cruzavam, cheios de desejo.
– Não acredito... – dizia Brian, arfando. O beijo de Thiago o deixava sem fôlego.
– Que foi? – Thiago sorria. Ele havia deitado a cabeça no peito de Brian. Conseguia
ouvir o coração do amigo batendo acelerado.
– Não acredito que eu procurei tanto tempo pelo cara certo e... – Brian sorriu. – Ele tava
bem, aqui, na minha frente... O tempo todo.
– Own, que coisa mais fofa. – Thiago gemeu, sorrindo. – É, é engraçado isso...
– Acho. – Thiago disse, apressado. Ele nem sequer ouvira a pergunta de Brian, mas já
havia entendido. Era como se tivesse lido os pensamentos do outro.
– Nem precisou. – Thiago corou. – Imaginei que você ia perguntar se eu achava que a
gente devia namorar. É isso?
– E, bom, minha resposta é... Sim. – Thiago disparou. – Eu acho que a gente deve
namorar, sim.
– Eu também acho. – Brian disse numa voz que Thiago considerou bem sexy.
Os dois não perderam mais tempo e aproximaram os rostos. Começaram uma gostosa
dança onde as bocas se encontraram perdidamente apaixonadas. Paralelo a isso, os
corpos se tocavam e trocavam as mais diversas carícias. Brian friccionava os mamilos
de Thiago enquanto se beijavam loucamente. Thiago gemia, baixinho. Thiago começou,
então, a apalpar o belo bumbum de Brian. Começou a apertar e a acariciar cada vez
mais.
Como era gostoso sentir o peso do corpo de Thiago, pensou Brian. Como era gostoso
sentir o roçar do sexo dele no seu.
– Bobo! – Brian riu, pegou a mão de Brian e começou a beijar-lhe os dedos. – Você
também é lindo, Thi.
– Bom, eu gosto de oficializar as coisas, da forma mais precisa possível... – disse Brian,
sério, rompendo o silêncio. – Portanto...
Thiago ainda estava deitado em cima de Brian. Os dois se encaravam da forma mais
penetrante possível.
– Thi, você quer me namorar? – Brian perguntou, sério, embora já imaginasse a
resposta.
E os dois selaram aquele momento com mais um gostoso beijo. Mais um tempo depois
e Thiago se endireitou, ainda em cima de Brian, de modo com que o pênis de Brian
ficasse já posicionado diante de sua região anal.
De fato, foi só Brian esticar o braço um pouco para alcançar o lubrificante na mesinha
de cabeceira, ao lado da cama.
Os dois trocaram mais um olhar fixo cheio de vontade e começaram. Brian era versátil,
mas sabia que Thiago era só passivo, portanto, tinha que caprichar no sexo. Brian
começou a penetrar suavemente seu sexo em Thiago.
E Brian começou a retirar seu sexo dali, também suavemente. Pronto. Começou a
repetir o movimento vai-e-vem de modo bem lento. As estocadas mantinham um ritmo
gostoso, porém suave.
Brian começou, então, a acelerar as estocadas e aquilo provocou mais e mais gemidos
em Thiago. Como era bom provocar aquela sensação de prazer intenso no amigo, ou
melhor, namorado. Sim, Thiago era, agora, seu namorado. Seu namorado! Que alegria!,
pensou Brian. Tanto tempo correndo atrás do seu príncipe encantado e ele estava ali,
bem ao lado dele.
E continuaram a gostosa dança por mais um tempo até que Brian atingiu o ápice do
prazer, gozando profundamente em Thiago.
– Eu tô apaixonado por você, Thi... – Brian revelou. – Nossa! Eu ainda não acredito
que... – ele respirou fundo. – Como eu não percebi isso antes?
– Para com isso, seu bobo... – Thiago pediu. – Isso foi tanto culpa sua quanto minha. Eu
também não parei pra perceber, antes, que você era o meu homem, o cara certo pra
mim.
– E, além do mais, eu gosto de acreditar que... – começou Thiago, sério. Ele segurou a
mão de Brian. – Tudo acontece na hora certa...
– Pois é, mas é sério. Tudo acontece, realmente, na hora certa. – Thiago, concluiu,
acariciando o rosto de Brian. – E, agora, é a hora certa pra nós, meu amor.
– Oh... – Brian gemeu, sorrindo. – É tão bonitinho ouvir você me chamando de “meu
amor”.
Os dois sorriram.
– Meu amor... Meu amor... Meu amor... – Thiago dizia, sem parar. Brian sorria.
– Eu te amo, Brian. – Thiago disse, empolgado. – Te amo como amigo e, agora, como
meu namorado. Te amo como meu homem.
– Ai, Thi... Assim você me deixa sem graça. – ele corou. – Eu também te amo, meu
gato.
– Hum... “Meu gato”! – Thiago provocou. – Tem tempo que não sou chamado assim...
Os dois riram e, em seguida, Thiago virou de costas para Brian e os dois ficaram
abraçados, de conchinha.
– Nick? – dizia a voz de Brian, do outro lado da linha. Ele usava um roupão felpudo na
cor azul-marinho. Tinha acabado de tomar uma gostosa ducha, sozinho. Thiago tomava
banho, agora. Eles preferiram tomar banho, separados, pois imaginaram que se ficassem
juntos, transariam mais uma vez. Só que eles se julgaram exaustos demais para isso.
– E aí, tudo bom? – Nicholas perguntava. Ele e Eric estavam arrumados e só esperando
Brian chegar. Já sabiam que o amigo deveria voltar pra casa. – Cadê você? Já deixamos
tudo arrumado por aqui e...
– É sobre isso mesmo que eu quero falar. – Brian interrompeu. – Bom, eu vou passar o
resto do feriado, aqui, na casa do Thi... – ele sorriu. – Portanto, Nick, mi casa é su casa!
– ele deu uma risada engraçada. – Aproveite bem com o Eric.
– Com assim? – Nicholas estranhou. – Isso tudo é só uma boa ação sua, que por sinal,
eu tô muito grato... Ou isso também tem a ver com outra coisa?
– Espera aí! – Nicholas fez uma voz curiosa. – Conheço essa sua voz!
– Tô namorando, Nick! Ai, Deus, nem acredito! – Brian exclamou. Era tão bom poder
encher a boca e dizer com todas as letras que ele estava, sim, namorando.
– Nossa! Claro que é... – Nicholas ainda estava surpreso. – Só que eu achei que vocês
nunca mais iam namorar de novo e...
– Ai, Nick, nem eu imaginava isso... – Brian admitiu. – Mas, bom, tá tudo tão diferente,
agora.
– Ai, meu amigo, muito obrigado! – disse Brian, animado. – Ih, ele já tá saindo do
banho. Vou desligar, tá?
– Tá, tudo bem. Depois a gente se fala. – Nicholas disse. – Ah, depois diz ao Thiago que
eu tô super feliz por vocês, certo?
– Pode deixar!
– E aí, quem foi? – dizia Thiago, acabando de entrar no quarto. Ele ainda estava
levemente molhado. Usava apenas uma toalha branca, enrolada na cintura. Ver aquele
peitoral molhado causou em Brian uma louca vontade de fazer amor mais uma vez com
Thiago.
– Sim... – Brian riu. – Ele disse que tá super feliz por nós.
– Ah, que coincidência! – Thiago riu. – Eu também tô super feliz por nós!
– Vem cá, meu gostoso, vem... – pediu Brian, sedutor, abrindo seu roupão e o tirando
em seguida, o jogando na cama. Ele apresentava o sexo bastante rígido.
– Pois é... – Nicholas dizia, sorrindo. – E aí, o Brian disse que vai passar o resto do
feriado na casa do Thiago.
– Sim, ainda teremos essa casa todinha só pra nós. – Nicholas riu. – E, sim, vamos
prolongar nossa lua-de-mel! – ele exclamou, animado.
O resto daquele domingo passou ligeiramente bem. Tanto para Eric e Nicholas, que
estavam cada vez mais embalados de tanto amor e prazer, quanto para Brian e Thiago,
que estavam perfeitamente apaixonados.
Alguns dias depois e o feriado chegava ao fim. Eric e Nicholas tinham aproveitado ao
máximo possível. Mesmo eles não tendo oportunidade para fazer uma viagem, para os
dois, aquela lua-de-mel seria perfeitamente inesquecível. Já era terça-feira e o céu de
Miami tinha tantas estrelas que Eric ficou admirado. Será que ele nunca tinha parado
pra notar aquele bonito céu estrelado, ali, em Miami? Ou será que era porque, agora, ele
estava mais feliz do que nunca e tudo parecia mais bonito?
– Chegamos... – dizia Nicholas assim que o táxi parou próximo à casa dos Betas.
Depois de pagar a corrida, ele desceu do carro. Eric fez o mesmo.
Os dois trocaram um gostoso olhar enquanto o táxi dava partida e saia dali.
– Ah, é que, agora, vai ser tudo diferente. – Eric revelou. – Você e eu... – ele sorriu. –
Nossa relação tá melhor do que nunca, Nick. Estamos quase casados!
Nicholas sorriu.
– E poder conviver com os Betas, com eles apoiando nosso relacionamento e... – Eric
estava tão feliz que podia sentir seus pés querendo levitar da calçada.
Os dois ficaram com uma imensa vontade de trocar um beijo ali, na frente da irmandade
Beta. Mas e se alguém visse? E se alguém os flagrasse? Ah! Que dane-se o mundo!,
pensou Eric. Nicholas compartilhava o mesmo pensamento. Os dois ignoraram tudo e
todos ao seu redor e trocaram um demorado beijo. Sentir aquela gostosa brisa em seus
cabelos e os braços de Nicholas o envolvendo, fez Eric entrar em um estado de total
satisfação. Não, nada poderia ser mais perfeito em sua vida.
De fato, alguns estudantes da Miami College passaram por ali, na hora, e flagraram o
casal aos beijos. E daí? Eles tinham tido um lindo pré-casamento, estavam vivendo uma
relação maravilhosa. Por que ter vergonha ou medo de assumir isso para todos os outros
estudantes? Eric sabia, sim, que não era uma coisa fácil. Sabia que pelo caminho,
muitos poderiam virar-lhe as costas por causa da sua real opção sexual. Sabia que
muitos poderiam não gostar ou mesmo aceitar a ideia. Mas, Eric pensou, desde que ele
tivesse bem – e já estava muito bem, diga-se de passagem – ao lado de Nicholas,
qualquer problema poderia ser enfrentado. Sem dúvidas.
Assim que terminaram o beijo, os dois se olharam mais apaixonados que nunca.
– Uau! – exclamou Nicholas sorrindo. – Não acredito que você e eu, nós...
– É... – Eric corou. – Acho que, agora, as coisas vão ser realmente diferentes.
Os dois trocaram um forte abraço, em seguida. Depois disso, subiram as escadas que
levavam à varanda da casa dos Betas. Entraram na irmandade, por fim.
– Ih! Olha só quem chegou! – disse John, sorrindo ao ver Eric e Nicholas entrando. –
Ora, ora, se não é o casal mais badalado da Miami College!
Eric e Nicholas riram com o comentário do amigo.
– Bom, acho que vou ter que discordar de você, John... – disse Ian cruzando os braços.
Ele e Mike estavam sentados no sofá com John. Logo ao lado, Harold e Freddy estavam
sentados nas confortáveis poltronas. Marcus acabava de chegar à sala. – O casal mais
badalado da Miami College sou eu e o Mike!
Os Betas riram.
– Mas e aí, como foram de... – Harold hesitou, sem saber qual a melhor forma de
perguntar.
– Ah... – Eric corou. Era tão estranho poder falar abertamente de sua vida com os Betas.
Sim, era maravilhoso, porém tal situação ainda carregava um pouco de estranheza. –
Foi... Perfeito. – foi tudo o que Eric conseguiu dizer.
– Oh, que fofo! – Ian fez uma voz que Mike achou absolutamente linda.
– É, realmente foi tudo perfeito. – dizia Nicholas acariciando a mão de Eric. Era tão
bom poder trocar carícias com seu namorado, diante de todos.
– A festa de vocês também foi uma perfeição! – John comentou. – Estava tudo lindo!
– Ai, Deus, lá vem ele falando de comida! – Mike caçoou. Os Betas riram, inclusive
Harold.
– Mas, Harold, já que tocaram no assunto... – Marcus provocou. – E aquela gata que
tava falando com você na festa... Vai rolar alguma coisa mesmo?
– A Anna? – Harold suspirou quando disse o nome dela. – Ai, ai... É a ruiva mais linda
da face da Terra!
– A gente combinou de sair amanhã. – Harold disparou, enfim. – Ai, ai... Não vejo a
hora de acontecer logo isso.
– Cara, só a Anna pra dar bola pro Harold mesmo né? – resmungou Freddy, rindo.
– Ei! Eu também não sou esse poço de feiura assim, sou? – Harold franziu a testa,
preocupado.
– Claro que não! – Ian adiantou. – Você é gatinho, Harold. Só é comilão, mas quanto a
isso, dá-se um jeito.
Alguns riram.
– Ga-gatinho? Eu? – Harold corou. – Acho que... – ele havia ficado sem graça com o
comentário do amigo gay. – Obrigado.
– Como assim, o Harold é gatinho?! – Mike provocou, forçando uma falsa voz brava. –
E eu sou o quê pra você, Ian? Olha, já tô com ciúmes!
– Calma, calma... Eu já sou da Anna, embora ela ainda nem saiba disso. – Harold
disparou, sem graça.
– Então isso significa que você tá mesmo superhipermegaultra apaixonado por ela né?
– perguntou Ian, curioso.
– Nossa! Realmente estou... Não consigo parar de pensar nela. Me lembro de cada
pequena coisa que a gente conversou no sábado e... – Harold dizia, frenético.
– É, já vi que isso vai longe! – Nicholas disse, animado. – Fico feliz, realmente feliz.
A campainha da casa tocou no momento. A alegria dos Betas era tanta que, antes, eles
nem ouviram o som de um motor de carro chegando próximo a Irmandade.
– O Leo? – arriscou John, sorrindo. – Bom, ele é nosso brother, agora, né?
Sem mais demora, Mike se levantou do sofá e se dirigiu à porta. Quando abriu, porém,
percebeu que não era Leo e que não era ninguém que ele conhecia.
– Pois não, senhor? – dizia Mike olhando firme para aquele homem de meia idade que
usava um terno muito bem alinhado.
– Pai?! – Nicholas disse aquela palavra quase arranhando, ferindo, sua garganta. Ele se
levantou e, ainda longe da porta, encarou Nathaniel.
Eric gelou também. Sabia que a presença de Nathaniel, ali, não tornaria as coisas mais
fáceis.
– É, é bem como eu me lembrava... – Nathaniel disse, por fim. – Faz tempo que não
entro numa irmandade. Ainda posso me lembrar do cheiro de cerveja que exalava o
tapete da sala. – ele deu uma risada fraca. – Minha irmandade era...
– Vamos direto ao ponto. – Nicholas interrompeu, grosso. Sua voz era dura, fria. – O
que é que você veio fazer aqui?
– Eu preciso falar com você, sabe disso... – Nathaniel dizia, envergonhado pelo modo
como o filho o tratara.
– Acho que nós não temos nada pra conversar. – disse Nicholas, firme.
– Bom, acho melhor nós sairmos da sala e... – disse Mike, sério.
– Não! – adiantou-se Nicholas. – Ninguém vai precisar sair da sala. Quer dizer, só você,
Nathaniel. Você precisa sair daqui.
Nathaniel não gostava quando Nicholas o chamava pelo nome. Era como se uma
barreira estivesse construída entre os dois.
– Nick, fala com ele. – Eric pediu, segurando a mão do namorado. Nem se importava se
Nathaniel aprovaria ou não aquilo. Só se importava com o bem-estar de Nicholas. – É
melhor...
– Tudo bem. – disse Nicholas, por fim. – Conversarei com você, Nathaniel. – disse ele,
seco. – Não porque você quer, mas porque o Eric pediu.
– Nossa! Ele deve ser um pai horrível para o Nicholas. – disse Harold.
– Não, na verdade, não. – Eric engoliu em seco. – O Nathaniel é um bom pai, só que... –
ele sentou-se no sofá. – Com isso tudo que aconteceu, a revelação do Nick e... – Eric
respirou fundo. – Nathaniel não aceitou bem as coisas. Eles estão numa situação muito
chata.
Eric se sentia mal por Nicholas e já começava a imaginar como seria o dia em que
contaria a verdade aos seus pais. Como seus pais reagiriam? Reagiriam como
Nathaniel? E se reagissem assim, como ele lidaria com aquela situação? Será que já
estava mesmo forte o suficiente para encarar seus pais, sua família?
– Calma, Eric... – pediu Ian. – Pelo menos, o Nick aceitou conversar com ele né?
– O pai do Nick tava com uma cara que ia chorar. – John comentou. – Talvez ele esteja
querendo se desculpar.
Enquanto os Betas armavam mil e uma teorias sobre o que aconteceria após a vinda de
Nathaniel à Beta; no segundo andar da casa, em seu quarto, Nicholas e seu pai apenas se
olhavam friamente. De braços cruzados, Nicholas continuava de pé. Nathaniel havia se
sentado na cama.
– Foi muito atrevimento seu vir até aqui e... – Nicholas disparou, enraivecido.
– Sinto muito, mas é que... – Nathaniel começou a falar, mas a emoção foi forte demais
a ponto de fazê-lo derramar algumas lágrimas. – Eu não paro de pensar em você, filho.
Desde aquele maldito dia em que Roger e Meredith foram à nossa casa e...
Ver o pai chorando fez todas as emoções presentes em Nicholas virem à tona. Ele
terminou deixando as lágrimas rolarem face abaixo.
– Exatamente. – Nicholas disse, sério. – O seu sonho e não o meu. Você sabe que eu
nunca me interessei pelos negócios da família. – Nicholas sentou-se ao lado do pai, na
cama. – E quanto ao lance de casar com uma mulher e... – ele encarou o pai. – Bom,
isso também nunca foi de meu interesse.
Nathaniel ouvia cada palavra do filho com bastante atenção. Doía um pouco, sim, claro.
Mas, ele começava a tentar aceitar a situação.
– Desculpa, pai, mas é esse Nicholas que eu sou. Esse é meu verdadeiro eu. – Nicholas
disse, pensativo.
– Não se desculpe. – Nathaniel respirou fundo. – Acho que o único que deve desculpas,
aqui, sou eu.
Os dois trocaram um demorado olhar. Pai e filho conseguiam ver um ao outro sem mais
barreiras. Não havia mais segredos e mentiras. Tudo havia sido exposto.
– Mas eu também devo desculpas por desapontar você... – Nicholas disse, seco.
– Não ligue pra mim. O que importa é você. A vida é sua. – disse Nathaniel, sério. Ele
se lembrava das conversas que tivera com Arthur. – Eu só fico triste pelo fato de que... –
ele respirou fundo mais uma vez. – Bom, acho que eu nunca vou ter netos né?
– Ah, acho que pode ser possível, sim... Eu penso em ter filhos. – Nicholas adiantou-se
em dizer.
Aquele já era outro ponto que Nathaniel sentia-se bastante inseguro em discutir.
Imagine só, seu filho ter que adotar uma criança? Ele bem que poderia ser o pai
biológico, sem precisar ter que adotar e... Não! Não iria mais pensar nisso. Pelo menos,
não por agora. Preferiu ignorar o assunto e deixá-lo para outro momento, futuramente.
Nathaniel apenas sorriu para Nicholas.
– Então, meu filho... – Nathaniel disse, olhando seriamente para Nicholas. Ele pegou as
mãos do filho e as acariciou. – Você me perdoa?
Nicholas engoliu em seco. O olhar de desprezo que seu pai lhe dera, naquela terrível
noite com Meredith, veio à sua cabeça. Mas, então, o novo olhar (de piedade,
compreensão e arrependimento) que Nathaniel apresentava ocupou o lugar dos
pensamentos antigos de Nicholas.
– Oh, graças a Deus! – Nathaniel não perdeu tempo em dar um forte e demorado abraço
no filho. – Como é bom poder ouvir isso!
Os dois continuaram abraçados por mais um tempo.
– Co-como assim? – Nathaniel ergueu uma sobrancelha. Será que tinha escutado certo?
– É, eu queria casar logo com o Eric, mas... – Nicholas respirou fundo. – Em virtude de
tudo o que aconteceu esses tempos, a gente preferiu adiar. Enfim, a gente fez uma
cerimoniazinha só com os amigos e...
Ouvir aquilo fez o coração de Nathaniel bater acelerado. Seu filho havia quase casado?
Então a coisa com Eric já era realmente séria? Aquilo tudo era ainda muito novo,
Nathaniel pensava. Teria que se acostumar ainda mais. Iria se acostumar, com certeza
iria.
– Uau! É um belo anel... – Nathaniel elogiou. – Eu não teria feito escolha melhor.
Os dois se abraçaram mais uma vez. Como era bom poder abraçar o pai, Nicholas
pensou. Um problema a menos havia sido retirado de sua lista. Era um peso a menos
nos ombros. A sensação de alívio era tão boa que era como se ele tivesse debaixo de um
chuveiro com água bem gelada num dia de muito calor. Para Nathaniel, a sensação era
semelhante. Um alívio imenso percorria seu corpo. Se sentia tão melhor consigo
mesmo. Sua consciência não estava mais pesada e ele previa que conseguiria,
finalmente, ter uma calma e gostosa noite de sono.
– Bom, acho que eu preciso ir. – disse Nathaniel, assim que terminaram de se abraçar.
– Já? – Nicholas disse, pensativo. Agora, ele queria a companhia do seu pai.
– É, agora que as coisas estão bem, preciso voltar pra casa... – começou Nathaniel se
levantando da cama. – E você, bom, você precisa ficar aí com seu... – ele engoliu em
seco. – Seu namorado. E com seus amigos, também, claro.
– Bom, vamos. Joseph ainda está me esperando lá fora. – disse Nathaniel checando as
horas no belíssimo e caro relógio em seu pulso.
Assim que os dois desceram, os Betas silenciaram. Todos olhavam, tensos, na direção
de Nicholas e Nathaniel. O olhar de Eric era o mais tenso de todos. Seu coração pulsava
rápido demais. Para a surpresa de todos, porém, depois do lindo sorriso que Nicholas
apresentou, todos concluíram que a conversa entre pai e filho tinha acabado da melhor
forma possível.
Os Betas sorriram, animados. Logo, os amigos vieram abraçar Nicholas. Era, de fato,
um motivo a ser comemorado. Eric, porém, continuava tímido, num canto. Ainda não
tinha ido abraçar Nicholas. No fundo, ainda tinha certo medo de Nathaniel.
Nicholas lançou um olhar a Eric que lhe transmitiu toda a sensação possível de
segurança. Depois disso, então, Eric correu para os braços de Nicholas e o abraçou bem
forte. O abraço era tão forte que parecia até que Nicholas iria sair voando dali caso Eric
o soltasse. Nathaniel, que olhava o casal se abraçando, deu um largo sorriso. Ele gostava
muito de Eric. Gostava da amizade dele com Nicholas. Porque não gostaria do namoro
dele com seu filho? Sim, gostaria. Claro que iria aceitar. Embora tudo ainda fosse novo
demais, ele aceitaria sim.
– Bom, pessoal, eu queria desejar boa-noite a todos. – disse Nathaniel de maneira bem
nobre. – Lamento, mas tenho que voltar pra minha casa.
– Mas, antes de ir, Eric, queria dar uma palavrinha com você e com o Nicholas, lá fora.
– disse Nathaniel, por fim.
– Tu-tudo bem. – Eric gaguejou. O que será que Nathaniel queria conversar?
– Eric... – Nathaniel começou, pondo a mão no ombro do genro. – Olha, não precisa
ficar com medo de mim.
– Não precisa fingir, eu notei que você tá com medo de mim. – Nathaniel sorriu. – Mas,
sério, meu filho, não precisa. Eu não sou esse monstro todo. Pelo menos, não mais. – e
ele olhou para Nicholas. – Eu já entendi muito bem como as coisas estão e como devem
ficar. Acredite, está tudo bem.
– Pois é, eu sei que tudo ainda é novo pra mim, mas eu vou me acostumar com a ideia. –
Nathaniel disse, pensativo. – Principalmente com essa ideia de você, Eric, ser o meu
genro. Aliás, eu sempre imaginei que iria ter uma nora, mas tudo bem. – ele de uma
gargalhada que ecoou por ali.
– Mas, sério mesmo, estou feliz por saber que é você, Eric, quem o Nicholas escolheu
pra viver. Fico feliz por você ser o, como vocês jovens dizem, o “cara certo” para o
Nick. – Nathaniel finalizou. – Bom, agora, chega de discurso. – ele riu. – Quero um
abraço bem forte!
– Ah, pelo amor de Deus, Eric. Agora, com tanta intimidade que temos... Pode me
chamar só de Nathaniel ou de pai. – Nathaniel riu. – Ou quem sabe até... Me chamar de
sogro.
Os três riram.
– Tudo bem... – Eric corou. – Pode deixar que eu vou cuidar bem do Nick.
– Como vem fazendo até agora... – Nicholas acrescentou. – Ele cuida muito bem de
mim, pai. – e depois de dizer isso, Nicholas deu um beijo no rosto de Eric.
Ele ainda não se sentia preparado para beijar a boca do namorado na frente do pai. Tudo
tinha o tempo certo pra acontecer, Nicholas pensava.
– Ai, amor, tô me sentindo tão mais leve, mas tão mais leve que até parece que posso
voar. – Nicholas riu.
– Vamos entrar? Quero ficar mais um pouco com os Betas e, logo depois, correr pro
meu quarto, ou pro seu, e ficar só com você...
Nicholas roubou um rápido beijo dos lábios de Eric, em seguida. Por fim, entraram na
Irmandade Beta.
Os Betas estavam reunidos, em círculo. John segurava uma garrafa de champanhe nas
mãos. Cada um dos Betas segurava uma taçinha. Ian e Mike seguravam duas taçinhas
cada um. Eles deram uma taça a Eric e outra a Nicholas, que se entreolharam, confusos.
– Esse champanhe eu tinha comprado pra comemorar se desse tudo certo no meu
trabalho final desse semestre, mas... – John revelou, rindo. – Bom, acho que encontrei
um motivo mais nobre pra abrir essa garrafa.
– Claro, vocês são meus amigos, oras! E saber que, agora, tá tudo bem entre você e seu
pai, Nicholas. Nossa! Isso é um grande motivo pra se comemorar.
– Uau! Obrigado! – Nicholas sentiu-se tocado. – Bom, prometo que depois compro um
champanhe pra você comemorar o seu sucesso no trabalho do fim do semestre...
Logo depois, John sacudiu bem a garrafa e o som da rolha saltando do gargalho ecoou
por ali. Os Betas gritaram, animados. Comemoração. Celebração. Nada poderia ser
melhor naquele momento. Depois de todas as taças serem servidas, fizeram o brinde.
– Um brinde aos Betas, que são, sem dúvida, os melhores da Miami College. – disse
Mike, animado.
Alguns meses depois, já no fim daquele corrido semestre, a Miami College estava em
festa no Olympic Club, um grande e renomado clube olímpico. Estava acontecendo, em
Miami, o torneio de natação entre as universidades locais. A Miami College, assim
como muitas outras universidades, estava em peso no local do evento. Cada
universidade havia torcido para sua equipe, mas somente a melhor equipe havia
ganhado. A Miami College Swim foi a equipe vencedora do torneio e, agora, eles
estavam classificados para o torneio regional que aconteceria no fim do ano.
– Cara, ainda não acredito que a gente ganhou! – exclamava Harold, animado, na
agitada arquibancada.
– O Eric nada muito bem mesmo. – comentava Anna enquanto acariciava a mão direita
de Harold.
Logo nos assentos abaixo, os outros Betas comemoravam a vitória da Miami College.
– Aha! Só ganharam esse torneio porque o capitão do time é um Beta! – Freddy
provocava, aos gritos.
Ian e Mike se entreolhavam, sorrindo. Eles trocaram um rápido selinho, ali, em meio à
calorosa multidão que vibrava na arquibancada.
– Ai, amor, presta atenção! – Kathia pedia, pois Michael não queria parar de beijá-la.
Até Brian e Thiago, convidados por Nicholas, estavam lá, nas arquibancadas. O casal
continuava apaixonado como sempre.
– É mesmo, ele é isso tudo? Assim eu vou ficar com ciúme viu? – Brian provocou.
– Vai ficar, meu gatinho ciumento? – Thiago também provocou, acariciando o rosto de
Brian.
Os dois não resistiram e trocaram um demorado beijo. Com tanta agitação das
arquibancadas, ninguém nem se importou do casal assanhado que ali se beijava e
trocava carícias.
Leo e mais alguns membros da Stigma também assistiam à vitória da Miami College e
vibravam de alegria. Num canto mais distante, Nathaniel Wyatt e Arthur, o mordomo,
também assistiam à premiação.
– Claro que sim! – Nathaniel dizia em voz alta pra quem quisesse ouvir. – É o meu
genro! – ele dizia, animado. – A equipe do meu genro e do meu filho ganhou em
primeiro lugar. Meu genro é o capitão do time! Que orgulho!
Arthur riu da expressão boba que o patrão fizera. Como era bom saber que Nathaniel
estava aceitando tudo da melhor maneira possível.
Finalmente, já no pódio, Eric, no primeiro lugar, e mais dois rapazes, nos segundos e
terceiros lugares, posavam para as diversas câmeras que fotografavam o evento.
Logo depois que encerraram as fotos, a multidão começou a se dispersar pelo estádio.
Enquanto isso, Eric correu para os braços de Nicholas e os dois trocaram um demorado
abraço, ali, em meio ao público. Depois, se olharam mais apaixonados que nunca.
– Eu também tô, meu amor. – Nicholas dizia, carinhoso. – Nós merecemos ganhar.
Você é o melhor.
– Bobo, para com isso! – Eric corava. O rosto dele e o de Nicholas se aproximavam
cada vez mais.
Os olhares brilhavam de tanto amor, tanta felicidade. O beijo era algo inevitável. Os
dois logo aproximaram seus rostos ainda mais e trocaram um demorado e caloroso
beijo, ali, em meio à multidão.
– Eu não sabia que eles... – murmurava Leo, distante dos Betas, surpreso com a cena.
Parecia que muita coisa começava a fazer sentido, agora.
Muitas moças da Miami College ficaram boquiabertas, pois elas viviam suspirando por
Eric e por Nicholas. Estavam em completo choque ao saber que os dois eram, na
verdade, um casal.
– Eles fazem um lindo casal, não fazem? – dizia Arthur, sorrindo, para o patrão.
– É... – dizia Nathaniel desviando o olhar do filho e do genro. Era a primeira vez que
Nathaniel via aquela cena. Estava um pouco surpreso. Mas, depois voltou a encarar o
casal, longe dali. – Sim, realmente fazem.
Eric e Nicholas continuaram se beijando, ali, em meio àquele clima de celebração. Não
importava mais nada. Quem quiser que olhasse à vontade. Eric só queria curtir aquele
importante momento com Nicholas e vice-versa.
Notas finais do capítulo
E aí, gente?
Gostaram?
Espero que tenham ficado satisfeitos com o resultado.
Eu acho que dei o melhor de mim...rs
Bom, estarei aguardando os reviews finais para responder cada um e, bom, ir me
despedindo de vez de "Piscina".
MUITO OBRIGADO!
Beijos imensos e abraços bem apertados,
Nando Gomez
24/12/2012