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“IDENTIDADE”
E
CLASSE SOCIAL
UMA ANÁLISE CRÍTICA PARA A ARTICULAÇÃO
DAS LUTAS DE CLASSES E ANTIOPRESSIVAS
O
livro “Identidade” e Classe Social é uma obra teórica que analisa com rigor e
clareza uma das questões políticas mais importantes da atualidade: devemos
abandonar a luta de classes e acreditar que todas as opressões de gênero, raça
e sexualidade serão superadas dentro da ordem capitalista? Defendendo a importân-
cia primordial da luta de classes para a superação do capitalismo, Carlos Montaño faz
um balanço crítico das teorias que transformaram as lutas contra opressões especifi-
cas (de gênero, raça, sexualidade) em uma espécie de identitarismo sem perspectiva
unitária, levando mesmo a rivalidades e à política de “cancelamento” entre distintos
movimentos. A crítica do autor incide especialmente sobre os equívocos das teorias
pós-modernas, que terminam sendo capturadas pela lógica individualista do neoli-
beralismo, em que a ideologia do empreendedorismo (que encobre o desemprego, a
precarização e a perda de direitos trabalhistas) tem seu correlato na falácia do “em-
poderamento” e o debate político é cerceado em nome do “lugar da fala” que, em
última instância, nega qualquer possibilidade de unidade na luta.
Portanto, não se trata de negar a importância dos movimentos sociais organizados em
torno de opressões específicas, mas de apresentar os equívocos políticos e teóricos
dos chamados identitarismos. Por mais bem intencionadas que sejam algumas cor-
rentes identitárias a verdade é que o apelo a uma pretensa identidade racial ou sexual
termina por naturalizar justamente aquilo que deve ser denunciado. A lógica identi-
tarista constitui uma espécie de essencialismo e permanece prisioneira da armadilha
da identidade quando justamente se trata de colocar em questão as condições his-
tóricas que tornaram o negro um escravo e a mulher o apêndice do homem. Sem se
dizer que na Europa os grupos que se definem como identitários são exatamente os
que defendem o supremacismo branco.
O capitalismo não inventou nem o patriarcalismo nem o racismo, mas se apropriou
dessas discriminações de maneira a aumentar sua taxa de lucro. Ao mesmo tempo em
que o capitalismo subordinou e continua submetendo parcelas crescentes do globo
terrestre à lógica do lucro, as demais opressões também foram se adequando ao im-
pério do Capital. O trabalho doméstico não pago, a desvalorização da mão de obra
feminina e o racismo são poderosas ferramentas para a acumulação capitalista. Mes-
mo importantes vitórias no tocante aos direitos sexuais, transformaram-se em novos
instrumentos de mercantilização do corpo.
Dessa maneira, na nossa realidade concreta, as formas de opressão se misturam e se
reforçam mutuamente, razão pela qual a transformação radical da sociedade supõe
a superação da exploração capitalista e de todas as formas de patriarcalismo e racis-
mo. E nesta luta as militâncias refletem os lugares e as condições de existência de
cada um e cada uma de nós, mas tendo como horizonte comum uma nova sociedade
baseada no respeito à natureza, em novos modos de vida, sem quaisquer tipos de
exploração de classe ou opressão de gênero, raça/etnia ou orientação sexual.
O livro de Carlos Montaño é uma importante contribuição para os estudiosos e mili-
tantes de todos os gêneros e cores.
“IDENTIDADE”
E CLASSE SOCIAL
UMA ANÁLISE CRÍTICA PARA A ARTICULAÇÃO
DAS LUTAS DE CLASSES E ANTIOPRESSIVAS
São Paulo
2021
“IDENTIDADE” E CLASSE SOCIAL.
Uma análise crítica para a articulação das lutas de classes e antiopressivas
Imagem de capa: “Manifestación” (1934), tela-mural (têmpera em estopa, 180 x 249,5 cm.)
do argentino Antonio Berni (Rosario, 1905 - Bs. As., 1981), fundador do “Novo Realismo”.
MALBA (Museo de Arte Latinoamericano), Coleção Constantini, Buenos Aires, Argentina.
Ver em: <https://coleccion.malba.org.ar/manifestacion/>; acesso em jan. de 2021.
“Identidade” e classe social: uma análise crítica para a articulação das lutas
de classes e antiopressivas / Carlos Montaño. – São Paulo : Anita Garibaldi,
2021.
416 p. ; 16cm x 23cm.
ISBN: 978-65-89805-05-2
CONSELHO EDITORAL
Ana Maria Prestes Augusto Cesar Buonicore (in memoriam) Cláudio Gonzalez
Fábio Palácio de Azevedo Fernando Garcia de Faria João Quartim de Moraes
Júlio Vellozo Manuela D’Ávila Mariana de Rossi Venturini Nereide Saviani
Nilson Araújo Nilson Weisheimer Osvaldo Bertolino Thiago Modenesi
Aos meus pais, Luis Alvaro
(in memoriam) e Lucy, membros
de uma geração que lutou para nos
deixar um mundo mais justo.
Ao meu filho, Miguel, para que
possa herdar de nossa geração um
mundo não tão conturbado!
Agradecimentos
Muitas são as pessoas que gostaria de agradecer aqui. Afinal, não
se chega a este momento se não a partir de histórias, processos,
caminhos... todos eles “codo-a-codo” com muitos que estiveram
presentes nas lutas, nos debates, compartilhando a indignação com
toda forma de exploração, opressão e desigualdade social. A lista seria
quase interminável.
PRIMEIRA PARTE
A “IDENTIDADE” COMO CATEGORIA POLÍTICA E A “LÓGICA IDENTITARISTA”
PÓS-MODERNA 35
SEGUNDA PARTE:
A ANÁLISE MARXISTA E A NECESSÁRIA ARTICULAÇÃO DAS LUTAS DE CLASSE E
ANTIOPRESSIVAS 267
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5 Cf. MARX. Karl e ENGELS, Freidrich. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007, p.47.
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6 Inspirada não só nos textos marxianos, mas marxistas, especialmente nas reflexões de Lukács
nos anos 1940-50 (com destaque para Existencialismo ou marxismo e A destruição da razão) e,
mais ao final de sua vida, nos escritos que resultaram em Para a ontologia do ser social.
7 Cf. LENIN, V.I. Que fazer? Questões candentes do nosso movimento. São Paulo:
Boitempo, 2020.
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Angélica Lovatto
Professora de Ciência Política UNESP/Marília
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Introdução
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INTRODUÇÃO
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PRIMEIRA PARTE
A “IDENTIDADE”
COMO CATEGORIA
POLÍTICA E
A “LÓGICA
IDENTITARISTA”
PÓS-MODERNA
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capítulo 1
AS ORIGENS DA “IDENTIDADE”
COMO CATEGORIA E OBJETO
TEÓRICO-POLÍTICOS
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1 “Você diz que quer uma revolução […] / Todos nós queremos mudar o mundo […] / Mas
quando você fala de destruição / Você não sabe que não pode contar comigo? […] / Você me diz
que é a instituição […] / Em vez disso é melhor você libertar sua mente […] / Mas se você ficar
carregando fotos do presidente Mao / Você não vai convencer ninguém de jeito nenhum […].
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nas ações e nos conflitos em torno das suas identidades: a cultura ma-
chista, a cultura racista, a cultura patriarcal, a cultura xenofóbica e ho-
mofóbica etc. Assim, o princípio de oposição, o adversário, não represen-
ta necessariamente o lado contrário da identidade, o “diferente”, mas a cultura
que expressa interesses diferentes ou que obstaculiza a conquista dos objetivos.
Ou seja, o princípio de oposição não trata de um indivíduo diferente,
mas de uma cultura contrária.
Conforme o autor: “Se é verdade que sempre existem tais interes-
ses [econômicos] em jogo, um movimento social só existe quando o
conflito se coloca no nível do modelo cultural, que é central na sociedade
considerada” (ibidem, p. 346). E isso nos leva ao terceiro princípio.
c) O princípio da totalidade, que expressa que um movimento social
não se limita ao conflito específico, mas a um “sistema de ação histórica”
(ibidem, p. 347). Isto é, mesmo se tratando de um movimento locali-
zado, de uma “identidade”, de um conflito específico e de objetivos
imediatos, “o movimento social não deixa de recorrer a um princípio
de totalidade” (ibidem).
Touraine completa sua reflexão afirmando que os três princípios não
podem ser isolados ou separados, mas devem existir de forma combina-
da. É errado, portanto, para esse autor, pensar a identidade e a oposição
sem recorrer à totalidade. Para ele, “O [oposição] só pode ser compreen-
dida como mediadora da ligação entre I [identidade] e T [totalidade]”
(ibidem, p. 348). Para ele, os atores de um movimento social não podem
ser caracterizados apenas por uma identidade (ibidem, p. 349).
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Assim, nessa nova ordem social líquida, tudo adquiriria maior li-
quidez: as instituições, as relações sociais, os projetos de vida e… as
identidades.
Bauman aponta que nas sociedades pré-modernas a “identida-
de” era algo rígido, predeterminada pelas raízes nacionais, regionais
e familiares. A modernidade colocou um fim nessa predeterminação,
transformando essa “identidade” em uma construção pessoal, um pro-
jeto, uma realização de cada indivíduo. Nas palavras dele:
O projeto moderno prometia libertar o indivíduo da identidade
herdada. Não tomou, porém, uma firme oposição contra a identida-
de como tal, contra se ter uma identidade, mesmo uma sólida, exu-
berante e imutável identidade. Só transformou a identidade, que
era questão de atribuição, em realização – fazendo dela, assim, uma
tarefa individual e de responsabilidade do indivíduo (1998, p. 30).
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Porém, conforme o autor, são exatamente essas coisas que agora es-
tão “mudando”. O sujeito, previamente vivido como tendo uma identi-
dade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não
de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias
ou não resolvidas. […] O próprio processo de identificação, através do
qual nos projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se mais
provisório, variável e problemático (ibidem, p. 12).
Assim, ao falar da “modernidade tardia” como “aquilo que descri-
to, algumas vezes, como nosso mundo pós-moderno”, o autor afirma
que os sujeitos passam a ser também “pós” em relação “a qualquer
concepção essencialista ou fixa de identidade” (ibidem, p. 10).
Dessa forma, como afirma Hall, “as velhas identidades, que por
tanto tempo estabilizaram o mundo social [na modernidade], estão [na
sociedade ‘pós-moderna’, ou ‘modernidade tardia’] em declínio, fazen-
do surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até
aqui visto como um sujeito unificado”, o que estaria levando os sujei-
tos a uma “crise de identidade” (ibidem, p. 7). Conforme o autor, na
atualidade, [a] mudança estrutural está transformando as sociedades
modernas no final do século XX. Isso está fragmentando as paisagens
culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade,
que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como in-
divíduos sociais. Estas transformações estão também mudando nossas
identidades pessoais, abalando a ideia que temos de nós próprios como
sujeitos integrados (ibidem, p. 9).
Hall chama esse processo de “deslocamento” ou “descentração
[…] dos indivíduos”, em duplo sentido: por um lado, em relação ao
“seu lugar no mundo social e cultural”, e por outro, em relação a “si
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A) Liberalismo e cidadania
A forma com que a “identidade” é tratada política e juridicamente
pelo liberalismo, ou seja, na história da ordem burguesa, é por meio
da sua diluição no conceito formal e indiferenciado de “cidadania”, rele-
gando para o (livre jogo do) mercado a resolução das divergências e das
diferenças.
O conceito de “cidadania” contém uma noção indiferenciada e
abstrata de sujeitos, eles são tratados como “iguais” a partir do aces-
so a direitos comuns, direitos nacionais e/ou direitos humanos. Tho-
mas Humphrey Marshall, sociólogo liberal que desenvolveu a base
do conceito de “cidadania”, referindo-se ao seu homônimo Alfred
Marshall, afirma que: “A desigualdade do sistema de classes sociais
pode ser aceitável desde que a igualdade de cidadania seja reconhe-
cida” (1967, p. 62). Em outras palavras, a desigualdade própria das
diferentes condições e capacidades individuais, configurando diver-
sas classes sociais, pode ser equalizada a partir da intervenção do
Estado num processo de igualação (formal) no acesso aos direitos
dos cidadãos. Assim, ele afirma: “A igualdade humana básica da
participação” associa-se a “um conjunto formidável de direitos”, e é
“identificada com o status de cidadania” (ibidem).
Marshall (o T. H.) divide o conceito de “cidadania” em três par-
tes, ou conjuntos de direitos: civis (direitos vinculados à liberdade
individual), políticos (direitos de participação no exercício do poder
político) e sociais (direitos ligados ao bem-estar econômico, à educa-
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DA “IDENTIDADE” AO
“IDENTITARISMO”: A “LÓGICA
IDENTITARISTA” PÓS-MODERNA COMO
FUNDAMENTO DE CONGREGAÇÃO E
POLARIZAÇÃO POLÍTICA
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É também nesse sentido que Asad Haider vai questionar o que cha-
ma de “divina trindade” identitarista: “raça, gênero e classe”, na me-
dida em que cada uma trata de um tipo de relação social inteiramente
diferente (HAIDER, 2019, p. 36).
Reconhecer a real existência de atributos e identidades em sujeitos,
porém, não significa corroborar a “lógica identitarista”. A “identidade”
(como condição ou como percepção do real) não equivale ao “identita-
rismo” ou à “lógica identitarista”, pois, enquanto a “identidade” expressa
uma realidade (objetiva ou subjetiva) da pessoa, a “lógica identitarista”
representa sua compreensão pós-moderna.
Há, aqui, na apropriação pós-moderna, a passagem da categoria
de “identidade”, enquanto construção simbólica da autorrepresenta-
ção do sujeito, individual ou coletivo, a partir de uma relação social de
opressão, em alguns casos estrutural (ver item 2.3-A), para o “identita-
rismo”, fundado no que chamamos de “lógica identitarista”.
Assim, a “lógica identitarista” pós-moderna (que alguns autores
tratam, a partir da experiência norte-americana, como “política identi-
tarista”, ver HAIDER, 2019, p. 31, LILLA, 2018 e WOOD, 2006, p. 205)
reduz a questão da “identidade” a apenas uma delas, isolando-a das
outras e do sistema social mais amplo, além de operar uma individualiza-
ção, pessoalização e subjetivação da “identidade”. É aqui, no isolamento e
na individualização de uma única “identidade” dos indivíduos, que a
“identidade” passa a ser tratada no pensamento pós-moderno a partir
da “polarização” “nós” / “eles”.
A “lógica identitarista” pós-moderna, portanto, transforma a oposi-
ção (da qual trata Touraine, ver item 1.1-A) em torno de uma cultura e de
uma estrutura (machista, racista, xenofóbica, homofóbica etc.) em oposi-
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aqueles que não têm organização política, que não têm condições de
uma “fala” consciente ou sequer de se reconhecerem como sujeitos
com demandas específicas, também não têm como se autodefender e
lutar por seus direitos, nem ainda, em muitos casos, têm como falar por
si mesmos do seu “lugar de fala”.
Se essa “lógica” exclui a possibilidade de uma luta conjunta por
direitos particulares de grupos específicos – negros e brancos contra o
racismo e na defesa dos povos originários, mulheres e homens contra o
machismo, LGBTs e héteros contra a homofobia, nacionais e imigrantes
contra a xenofobia, pais e mães pelo direito das crianças etc. –, se so-
mente cada “identidade” pode falar por si (“lugar de fala”) e lutar por
seus direitos específicos (na “lógica identitarista”), então aqueles que
não podem se organizar, falar e lutar por seus direitos, ficarão de fora,
excluídos do status de cidadãos, pois nessa “lógica” ninguém poderia
lutar pelos direitos alheios, de outrem.
Como, então, uma comunidade ribeirinha de baixa instrução e ele-
vado isolamento social (o que dificulta até de considerá-la como “co-
munidade”) vai lutar contra o desmatamento ou a poluição das águas?
Como uma comunidade indígena vai reivindicar demarcação de terras,
proteção contra garimpos ou até respiradores no meio da pandemia de
Covid-19? Como um pequeno povoado do sertão vai demandar e lutar
pelo acesso à água potável? Como crianças vão lutar contra a prática
da alienação parental e por seus direitos de convivência familiar e de
construção da identidade?
Crianças, povos originários, portadores de transtornos psicológi-
cos e mentais, pessoas analfabetas etc., serão abandonados à própria
sorte e à própria capacidade de luta. Nada mais neoliberal do que isso:
deixar os indivíduos concorrerem “livremente” no mercado, sem inter-
ferência estatal, a partir das próprias capacidades (ver HAYEK, 1990, p.
58 e 1985, p. 88).
2) Quem lutará pelos valores, pelos direitos e pelas demandas universais,
comuns, humano-genéricas?
Estamos falando, aqui, de questões que não envolvem aspectos
particulares de um grupo específico, mas que são comuns a toda hu-
manidade, tal como a preservação do meio ambiente, o avanço e a so-
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que sente; porém isso não quer dizer que ele seja, pela mera condição
ou vivência, o melhor para compreender os fundamentos dessa realidade
de forma crítica. Para isso é necessário superar, ir além da realidade
vivida, atrelando-a à totalidade social que a contém e a determina his-
toricamente.
Contra essa noção de que todo sujeito que possuir certa vivência /
identidade (e apenas ele) é naturalmente capaz de conhecer e interpretar
sua realidade, citemos dois exemplos marx-engelsianos importantes:
Primeiramente, Engels faz uma opção pelo engajamento na luta
do proletariado, não pertencendo a essa classe nem a essa condição so-
cial, mas tendo nascido numa família burguesa industrial. Pelo alcan-
ce do “lugar de fala”, Engels nada poderia dizer sobre o proletariado,
pois apenas os trabalhadores podem falar por eles. Nem todo mem-
bro que pertence à “identidade” ou que possui uma “experiência de
vida” determinada mecanicamente alcançará o conhecimento crítico e
radical da sua realidade. E nem todo sujeito alheio à “identidade” ne-
cessariamente não tem nada a dizer sobre ela. O que a vivência nos dá
são sensações, percepções, sentimentos e o conhecimento imediato da
aparência, do manifesto, da realidade pseudoconcreta. Para alcançar
os fundamentos da realidade, para chegar à raiz dos fenômenos, para
superar a singularidade e a particularidade, e alcançar a totalidade, é
preciso ir além da mera vivência, superando e suspendendo a vivência
cotidiana.
Em segundo lugar, ao ser criticado pelos leitores alemães de que O
capital trataria apenas da realidade inglesa, em nada contribuindo para
o conhecimento da sociedade alemã, Marx lhes responde: “De te fabula
narratur!” [É de vocês que este texto fala!] (1980, p. 5), garantindo que,
mesmo não tratando da realidade empírica e concreta da Alemanha e
sim da inglesa, o livro trata dos fundamentos do capitalismo, ilumi-
nando o conhecimento d essa realidade. O conhecimento acumulado, e
não apenas o vivencial, o experimental, é fundamental para alcançar a
totalidade, os fundamentos e a essência da realidade.
Porém “totalidade” e fundamentos são questões expressamente
repelidas pela racionalidade pós-moderna!
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Dessa forma, o uso que foi dado à expressão “lugar de fala” se des-
locou da origem progressista – “é preciso que o subalterno tenha direito à
voz, para que fale em seu nome” – para uma compreensão tão extremista
como equivocada – “quem não tem a vivência particular subalterna não po-
derá compreender os meandros da mesma e, portanto, falar sobre ela”.
Esse pressuposto contido na compreensão do “lugar de fala” é,
ainda, politicamente errado, pois parte do princípio de que é só a partir
desse “lugar de fala”, ou seja, da presença de atributos identitários, que
a realidade específica poderá ser compreendida, desprezando qual-
quer conhecimento externo e impedindo qualquer forma de solidariedade,
de engajamento na luta particular e de articulação política. Isto é, desse
ponto de vista, o homem não só não poderá compreender a situação
da mulher numa sociedade patriarcal, como também não poderá falar
sobre essa questão, e, portanto, não poderá se somar à luta contra o ma-
chismo. O mesmo vale para qualquer outra “identidade”, em que o di-
ferente é tido como inimigo e não possui “lugar de fala”, não podendo
se somar à luta dos oprimidos. E ainda, as causas particulares, a partir
das diversas formas de opressão, de desigualdade e de discriminação,
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A) Verdade e “pós-verdade”
Da “alegoria da caverna” de Platão a Matrix, passando por Descar-
tes, Kant, Hegel, Marx etc., o conceito de verdade está em questão: o que
é o real? O que é o conhecimento verdadeiro?
O conceito de “verdade” remete a dois momentos, ou possui duas
dimensões fundamentais. Por um lado, representa a realidade objetiva,
material, a realidade dos fatos, o ser-realmente-existente; trata-se da “ver-
dade das coisas”, representando a dimensão concreta. Por outro lado, diz
respeito ao conhecimento que temos sobre essa realidade e a como esse
conhecimento expressa, reflete ou reproduz a realidade no nosso pen-
samento, ou seja, em que medida esse conhecimento é “verdadeiro”, fiel
ao real, representando aqui a dimensão cognitiva, intelectiva, subjetiva.
Essas dimensões objetiva e subjetiva constituem, portanto, dois
momentos da “verdade”, certamente relacionados, porém notoriamen-
te diferentes. E as diversas correntes filosóficas e cognitivas abordarão
diferentemente tanto uma como a outra, concebendo a existência da
objetividade do real (como as correntes modernas, do positivismo ao
marxismo), ou a sua recusa e a concepção do real como mera represen-
tação subjetiva, simbólica (como o irracionalismo pós-moderno), com-
preendendo o conhecimento desde o ceticismo e o relativismo cogniti-
vo, a neutralidade científica e axiológica, ou o conhecimento engajado.
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B) Os fundamentos da “pós-verdade”
É a partir dessa caracterização que o conceito de “pós-verdade”
ganha notoriedade e força, expressando um fenômeno que recen
temente assumiu relevância cognitiva e política. Não se trata de um
termo pós-moderno, mas que certamente expressa como o irraciona-
lismo pós-moderno concebe e lida com a verdade, passando a consti-
tuir vivamente a sua “lógica identitarista”. Comecemos, pois, salien-
tando alguns aspectos dessa corrente de pensamento, para em seguida
tratar diretamente do significado e do alcance da “pós-verdade”.
a) O irracionalismo pós-moderno. Conforme aponta D’Ancona,
a “pós-verdade” tem “uma base na filosofia pós-moderna do final do
século XX” (2018, p. 84), claramente orientada para a “esquerda desi-
ludida” (ibidem, p. 88) ou para a “classe média frustrada” da qual fala
Umberto Eco (2018, p. 50). Já para Christian Dunker (in DUNKER e
TEZZA et alii, 2018), mesmo que para ele “fica claro que a pós-verda-
de não pode ser pensada apenas como expressão e desdobramento de
uma cultura pós-moderna” ‒ estando também presente em vertentes
neoliberais e ultraconservadoras ‒, no entanto, também afirma que “a
pós-modernidade é a condição ideológica a partir da qual a pós-verda-
de pode emergir como uma espécie de reação regressiva”, aproveitan-
do-se “de uma percepção social de que há um excesso de indefinições
contido em termos como: politicamente correto, relativismo, multicul-
turalismo, igualitarismo, coletivismo, ecologismo e secularismo” (ibi-
dem, p. 40-41). Para ele, “a pós-verdade é o falso contrário necessário
do pós-modernismo” (ibidem, p. 12), uma “espécie de segunda onda do
pós-modernismo” (ibidem, p. 13).
Portanto, os fundamentos da “pós-verdade” podem, em parte, ser
encontrados nos fundamentos da razão pós-moderna.
Existem vertentes pós-modernas tanto de orientação política pro-
gressista como de orientação conservadora, que D’Ancona chama de
“pós-modernismo bom e mau” (2018, p. 84), mas que confluem nos
seus fundamentos filosóficos e cognitivos. Vejamos.
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17 Não podemos deixar de considerar que inclusive o Vaticano tem aceitado amplamente a
“teoria da evolução”. Vejamos:
Em sua encíclica “Humani Generis”, em 1950, o papa Pio XII já afirmara que o “magistério
da Igreja não proíbe o estudo da doutrina do evolucionismo, que busca a origem do corpo
humano em matéria viva preexistente”. Por outro lado, em 22 de outubro de 1996, o papa
João Paulo II, em discurso na Pontifícia Academia das Ciências, afirmou que a evolução “já
não era uma mera hipótese, mas uma teoria”. Já o arcebispo Gianfranco Ravasi, ministro da
Cultura do Vaticano, declarou, em 2008, sobre os 150 anos da publicação da obra A origem
das espécies de Darwin, que “a teoria da evolução é compatível com a Bíblia”. Atualmente, o
papa Francisco afirmou, em 27 de outubro de 2014, na Pontifícia Academia de Ciências, que
a teoria da evolução e o Big Bang são reais, e criticou a interpretação das pessoas que leem
o Gênesis, livro da Bíblia, achando que Deus “tenha agido como um mago, com uma varinha
mágica capaz de criar todas as coisas”.
Ver: <http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL996835-5602,00-VATICANO+CONSIDERA+
NAO+HAVER+CONTRAPOSICAO+ENTRE+FE+E+EVOLUCAO.html>; <http://g1.globo.com/
Noticias/Ciencia/0,,MUL761923-5603,00-VATICANO+ACEITA+EVOLUCAO+MAS+NAO+SE
+DESCULPA+COM+DARWIN.html>; <http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/10/
papa-diz-que-big-bang-e-teoria-da-evolucao-nao-contradizem-lei-crista.html>; todos acessos
em maio de 2020.
18 Ver, por exemplo, sobre o “terraplanismo” o documentário da Netflix A Terra é plana (2018),
ou o documentário que deu origem ao movimento antivacina, DPT: Vaccine Roulette (1982).
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19 O caso foi tratado no filme “Negação” (2016, dirigido por Mick Jackson e escrito por David
Hared).
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33 Ver matéria “Cinco ‘fake news’ que beneficiaram a candidatura de Bolsonaro”, disponível
em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/18/actualidad/1539847547_146583.html>,
acesso em maio de 2020.
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A INVASÃO PÓS-MODERNA
(NA IDEOLOGIA E NA POLÍTICA)
DA ESQUERDA, E A NECESSIDADE
DA CRÍTICA E SUPERAÇÃO DA
“LÓGICA IDENTITARISTA” PARA
O ENFRENTAMENTO DO AVANÇO
ULTRACONSERVADOR E PARA A
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55 Vejam a cartilha Politicamente correto & direitos humanos, elaborada pelo Governo Lula
(PT), em 2004. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/dados/cartilhas/a_pdf_dht/cartilha_
politicamente_correto.pdf>, acesso em: abr. de 2020.
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Hall não consegue “resolver” essa equação, pois ele mesmo assu-
me que não há, na complexa sociedade contemporânea e pós-moderna,
um “dispositivo” ou uma categoria aglutinadora, nem a classe social
(ibidem, p. 20-21), mas consegue apontar claramente o problema e o im-
pacto político dessas “‘políticas’ da fragmentação ou ‘pluralização’ de
identidades” (ibidem, p. 18).
Com isso, podemos observar o desdobramento desse divisionismo,
próprio da “lógica identitarista” pós-moderna, nos seguintes aspectos:
Em primeiro lugar, o dito “lugar de fala” impede que alguém não
pertencente a esse “lugar” possa falar sobre uma questão que em tese
“não o envolve” – assim, impede que um branco pense a questão racial,
que um homem fale sobre a questão de gênero, que um heterossexual
analise a questão LGBT, que um europeu estude as sociedades latino-a-
mericanas. Nessa lógica, o conhecimento só poderia ser produzido pelo
membro da “identidade”, pelo pertencente ao “nós”, descartando todo
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79). Aqui vale a máxima do velho Brizola: “Quando vocês tiverem dúvidas
quanto a que posição tomar diante de qualquer situação, atentem… Se a Rede
Globo for a favor, somos contra. Se for contra, somos a favor!”.57
● Um terceiro aspecto ideológico e político está na desarticulação
da questão identitária da totalidade social e o correlato abandono do projeto
anticapitalista.
Assim, a ação “política identitarista” pós-moderna tem, por um
lado, o “punitivismo” do “outro” como objetivo e finalidade, via de
regra buscando a eliminação pessoal daquele visto como inimigo. Esse
objetivo tático constitui sua finalidade e seu horizonte político. Assim,
não há estratégia política, ou ela é deixada em segundo plano e subsu-
mida pela ação tática.
Ora, até a eliminação da exploração, que poria fim à classe capita-
lista e exigiria a superação da ordem burguesa, não é feita por meio da
eliminação dos indivíduos que compõem a classe. Com a superação da
ordem burguesa, a condição de “burguês” (dono dos meios de produ-
ção) desaparece. Há que suprimir a condição de burguês (socializan-
do os meios de produção), e não aniquilar os indivíduos e as pessoas
que hoje têm essa condição. Da mesma forma, eliminar o machismo, o
racismo, a homofobia etc., exige enfrentar a estrutura, o sistema, a cul-
tura machista, racista, homofóbica etc. Porém a “lógica identitarista”,
ao criar uma polarização individual entre os sujeitos, tendo o “puniti-
vismo” como ação política central, visa à eliminação (ou subjugação)
dos indivíduos contrários à “identidade” em questão. Como se não fosse
possível suprimir a relação de opressão, mas apenas alterar as posições
do dominante e do dominado.
Por outro lado, o objetivo e a finalidade da “lógica identitarista”
pós-moderna se esgota no “reconhecimento” e na “inclusão”, na con-
quista de direitos, no dito “empoderamento” dos sujeitos, nas políticas
inclusivas ou compensatórias.
Tratam-se, portanto, de objetivos necessários e urgentes, certamente
progressistas, e dentro do horizonte da “emancipação política”, mas que não
corroem a ordem burguesa, antes pressupõem a manutenção da mesma.
57 Ver em: <https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/A-Globo-sequestrou-a-democracia-
e-urgente-uma-Rede-da-Legalidade-contra-o-Golpe/4/35724>, acesso em: abr. de 2020.
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60 Ver: <https://oglobo.globo.com/mundo/as-figuras-chave-do-escandalo-da-cambridge-
analytica-22512997>; <https://tecnoblog.net/236612/facebook-cambridge-analytica-
dados/>; <https://www.cartacapital.com.br/politica/as-pistas-do-metodo-201ccambridge-
analytica201d-na-campanha-de-bolsonaro/>; <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/18/
opinion/1539892615_110015.html>; <https://www.brasildefatopr.com.br/2018/11/05/bannon-e-
bolsonaro-a-democracia-hackeada>; acessos em: maio de 2020.
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de conseguir isso é ter uma mensagem com apelo para o maior número
possível de pessoas e assim uni-las. O liberalismo identitário faz exata-
mente o oposto” (ibidem, p. 16).
Isto é, Lilla não só responsabiliza a política identitária que tomou
corpo no Partido Democrata pela derrota eleitoral contra Trump, como
diz que o “liberalismo identitário” é o responsável pelos retrocessos em
torno das causas das “minorias”.
Para o autor, como já foi apontado, “se os liberais [o Partido Demo-
crata] esperam algum dia recapturar o imaginário dos Estados Unidos
e se tornar uma força dominante […] deverão oferecer uma visão do
nosso destino baseada numa coisa que todos os americanos, de qual-
quer condição, de fato compartilhem. E essa coisa é a cidadania. Pre-
cisamos reaprender a falar aos cidadãos como cidadãos” (ibidem, p. 18),
como nação.
Assim, para esse cientista político e jornalista liberal, a superação da
“identidade” passaria pela retomada do (homogeneizador e indiferencia-
dor) conceito (abstrato) de “cidadania”, em torno do qual os discursos
e as políticas universais deveriam se reconfigurar, para o conjunto da
cidadania (ou da nação). A crítica é correta, mas parcial e limitada, pois,
na esteira do pensamento liberal, põe como algo superior às (e/ou aglu-
tinador das) “identidades” uma abstrata noção de cidadania e de nação.
Ora, a cidadania e a nação certamente remetem ao tratamento
igualitário de pessoas e cidadãos, porém ela esconde as diferenças in-
ternas, e portanto essa igualdade é meramente formal; e ainda mais,
em idêntico sentido, a cidadania esconde as desigualdades de classe,
diluídas na mesma rubrica e condição formal.
Ainda, se o identitarismo penetrou o pensamento liberal, isso em
boa medida se deve à enorme funcionalidade da racionalidade pós-
-moderna como liberalismo, que permeia toda a razão burguesa.
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MARXISTA E A
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ARTICULAÇÃO
DAS LUTAS
DE CLASSES E
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64 O Aart. 5ºo da Constituição brasileira estabelece que “Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Ver em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>; acesso em ago.
de 2020.
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que ele deve ser mais indiferente em torno das diferenças. Assim, por
um lado, no caso do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a “in-
diferença” do Estado, não regulando e não impedindo a liberdade de
escolha, universalizando o direito ao matrimônio, independentemente
de orientação sexual, possibilitaria garantir essa demanda específica.
Por outro lado, e como questão datada em função da especificidade da
realidade, em casos de violência doméstica contra a mulher, o Estado,
por via da “Lei Maria da Penha”, deve interferir e regular um direito
não universal para atender essa questão específica (RODRIGUES, 2014,
p. 372).
Isto é, o tratamento desigual de pessoas desiguais / diferentes,
substituindo o direito (e as políticas) universal pelo direito (e pelas po-
líticas) orientado para grupos particulares, “identitários”, deve existir
quando a circunstâncias exigirem, quando a desigualdade for oriun-
da das diferenças. Trata-se, portanto, de um processo necessariamente
datado (durante a existência da desigualdade). Trata-se de uma ação
compensatória (desigual em sentido contrário), mas que tem como ho-
rizonte e fim último a igualdade social e a universalidade do direito.
Assim, por um lado, essa prática, certamente importante no enfren-
tamento a curto prazo, em relação às seculares desigualdades de raça
e de gênero, por exemplo, precisaria ser estendida para outros grupos
sociais oprimidos ou subalternos, tais como os povos originários e os
imigrantes, além da população trabalhadora de precárias condições so-
ciais etc. E, por outro lado, essa prática, importante como mecanismo
compensatório no curto prazo, não pode constituir a longo prazo uma
forma de naturalização e reprodução das desigualdades que pretende
combater.
Isto é, se é preciso tratar desigualmente os desiguais,65 como propõe
Rui Barbosa, isso deve ser feito com cuidado e sabedoria, para não
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66 Marx trata a abstração como uma das particularidades mais simples da realidade (1977,
p. 218). Não porque essas particularidade não existam. Elas são reais, como a “mercadoria”,
a “população”, o “dinheiro” etc. Mas porque elas não existem isolada e independentemente
da totalidade social. Não há mercadoria, dinheiro, mais-valia, fora da realidade como um todo,
fora da sociedade que a contém e a determina. Assim, por exemplo, “a população é uma
abstração se desprezarmos […] as classes sociais de que se compõe […] se ignorarmos os
elementos em que repousam” (ibidem). Nesse sentido, considerar as identidades de gênero,
de raça, de religião etc., sem considerar a totalidade social concreta que a contém e a
determina, constitui uma abstração.
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Em quarto lugar, também não quer dizer que a luta contra as di-
versas formas de desigualdade (“lutas particulares”) não sejam neces-
sárias e válidas. Ao contrário, lutar contra toda forma de desigualdade
constitui o “bom combate”, necessário no caminho para a igualdade e
para a emancipação política, visando à emancipação humana.
Porém é preciso dizer que essas lutas, quando isoladas, não
constituem ameaça aos fundamentos do MPC, antes tendem a perpe-
tuá-lo. Se isoladas, essas lutas ficam na esfera das manifestações, e não
dos fundamentos da sociedade capitalista.
Podemos afirmar que, constatando a existência de uma estrutura
machista e patriarcal, ou de uma estrutura racista, isso não faz de cada
homem o opressor e o inimigo natural de cada mulher, assim como não
faz de cada pessoa branca o opressor e o inimigo natural de cada pessoa
negra – a relação de opressão de gênero ou de raça não é natural, mas
histórica. Porém a estrutura de classes sociais faz, sim, necessariamente
e por sua natureza e condição social, com que cada burguês explore
cada trabalhador assalariado; nesse caso, a exploração é constitutiva e
insuprimível (no capitalismo) da condição de classe e da relação entre
uma classe e outra – isto é: a própria existência da burguesia e do tra-
balho assalariado está indissoluvelmente atrelada à exploração de um
pelo outro. Relações não opressivas entre homens e mulheres podem
existir, bem como entre indivíduos de diferentes origens étnico-raciais;
mas uma relação sem exploração entre burguesia e proletariado não
existe: ela é constitutiva e expressão das classes antagônicas: sem ex-
ploração não há burguesia nem proletariado.
Na análise marxista da “questão social”, há uma contradição, um
antagonismo entre burgueses e proletários, na medida em que um exis-
te pela/para a exploração do outro, fundando a contradição de classes.
O burguês, pela sua própria condição e natureza, antagoniza-se com
os interesses do proletariado, dado que o burguês só existe entanto e
porquanto explora a força de trabalho alheia, constituindo-se em “ini-
migos de classe”, e a solução para esse conflito de interesses (a exploração de
um pelo outro) passa necessariamente pela eliminação das classes. No entan-
to, na questão de raça (racismo), de gênero (machismo), de orientação
sexual (homofobia), de procedência (xenofobia) etc., um “grupo” não é,
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C) Exploração e opressão
O debate político, particularmente de esquerda, muitas vezes tentou
contrapor a categoria de exploração e a de opressão, como se a primei-
ra estivesse meramente vinculada à questão econômica, concebendo uma
superioridade da classe social, enquanto a segunda fosse representante
apenas de fenômenos políticos, representando uma supremacia de outros
sujeitos, como movimentos sociais, família, partidos e “identidades”.
Essa é, certamente, uma falsa e nociva contraposição, já que, na
ordem burguesa, exploração e opressão são fenômenos necessária e
constantemente complementares. Um não pode ser compreendido sem
referência ao outro. Só de forma abstrata podemos conceber, na socie-
dade capitalista, um sem o outro.
Ainda mais, e como já tratamos (item 6.3), falar na centralidade da
classe não significa que ela tenha mais importância do que as outras di-
mensões e relações sociais. Da mesma forma, e em decorrência disso, a cen-
tralidade da exploração não deve secundarizar a relevância das diversas
formas de opressão social. Trata-se, com a centralidade da exploração,
bem como a da classe social, delas constituírem os fundamentos que
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É sobre essa base que “se eleva uma superestrutura jurídica e políti-
ca”, isto é, o corpo institucional do Estado (ibidem).
Para Marx, “o modo de produção da vida material condiciona o de-
senvolvimento da vida social, política e intelectual em geral” (ibidem),
ou, como já mencionamos (item 4.2), as relações econômicas de produ-
ção e a estrutura econômica são o elemento determinante, enquanto o
Estado (a superestrutura) é o elemento determinado (ENGELS in MARX
e ENGELS, 1975, p. 111), mesmo que represente uma “determinação
em última instância” (ver item 5.3-C).
Isto é, é em função das necessidades, dos interesses, das relações e
correlações de forças na esfera produtiva, das condições materiais da
vida, que todo o corpo jurídico e político do Estado se desenvolve. Não
como um mero reflexo, mas certamente funcional e determinado em
parte por eles.
Ainda, afirmam Marx e Engels (2010, p. 42), o Estado assume
uma função coercitiva para garantir os interesses da classe hege-
mônica.
Já no monopolismo, conforme analisa Gramsci, o Estado se am-
plia, e além da função coercitiva (“sociedade política”), ele também
assume com relativa autonomia a função de direção social, consenso e
hegemonia (“sociedade civil”) (2000b, p. 244, 331).
Ainda mais, Losurdo afirma ser possível que as “classes subal-
ternas” se tornem hegemônicas na “sociedade civil”, mesmo sem
ainda ter revolucionado a base econômica. Na verdade, isso é uma
possibilidade apenas nas sociedades do “tipo ocidental” (conforme
vimos no item 7.1-A.b).
Porém é uma interpretação completamente tergiversada atribuir
a Gramsci uma compreensão da transformação social sem alterar os
fundamentos da base econômica, apenas se orientando na transfor-
mação da “sociedade civil”, ou “mundo da vida”, de Habermas ao
multicultural Fórum Social Mundial, passando por toda a reflexão e
proposta de “emancipação” pós-moderna.
Abandonar a transformação da base econômica é abandonar
as lutas de classes e as lutas pela igualdade econômica; em suma,
abandonar o socialismo apostando em um capitalismo mais “hu-
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Essa não é uma relação que resulta da mera soma de partes au-
tônomas, numa espécie de “multidisciplinaridade” (que mantém a
divisão disciplinar, seguido de sua justaposição), mas uma relação
de mútua implicância, muito mais na lógica “transdisciplinar” (que
assume a perspectiva de totalidade superando a segmentação disci-
plinar, e numa mútua determinação entre o singular, o particular e o
universal). Assim, conforme Lukács, há na teoria marxiana uma re-
lação dialética entre o singular, o particular e o universal, definindo
uma “tríade” lógica (ibidem, p. 112).
Dessa maneira, temos na realidade dialética, por um lado, o “sin-
gular”, que remete a um indivíduo ou fenômeno específico, único,
irrepetível, ou, como Lênin descreve: a “coisa-em-si” (LÊNIN, 2011,
p. 137), sendo que “todas as coisas são diferentes” (ibidem, p. 127). O
singular é toda realidade concreta e específica que vivenciamos espe-
cialmente na nossa vida cotidiana; portanto, nossa vida está cheia de
momentos, fenômenos, situações, coisas e pessoas, todos eles singula-
res. Assim, conforme Lukács, “é óbvio que em nossas relações diretas
com a realidade tropeçaremos sempre diretamente com a singulari-
dade”, na medida em que “tudo o que nos oferece o mundo externo
como certeza sensível é imediatamente e sempre algo singular, ou
uma conexão única de singularidades; é sempre um Isto singular, um
Aqui e Agora singular” (LUKÁCS, 1967, p. 203).
Por outro lado, temos o “universal”, que diz respeito à totalidade,
ao geral, à lei universal que determina e contém o singular, ou nos ter-
mos de Lênin: a “substância”, o “Ser-em-todo-o-Ser” (LÊNIN, 2011,
p. 144), expressando tanto a dimensão estrutural da realidade, como
a generalidade do fenômeno, numa dimensão abstrata.
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Para o historiador marxista inglês, “em geral, o que conta para esse
tipo de história, não é a explicação racional, mas ‘o significado’”; assim,
“o fascínio do relativismo impactou a história dos grupos identitários”
(ibidem). Dessa forma, continua Frederico:
Relativismo; recusa do universal; a interpretação ao invés do
acontecimento histórico; a desmaterialização da realidade – são
esses os ingredientes principais que compõem o repertório dos
Cultural Studies e dão vida ao mau-infinito das proliferantes di-
ferenças. Esse movimento cultural, como acreditamos, ganhou
considerável impulso com a “derrota da igualdade”. Este é o seu
aspecto regressivo (ibidem).
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Losurdo afirma ainda que “não é possível traçar uma linha clara
entre a luta pela redistribuição [em torno da exploração] e a luta pelo
reconhecimento [em torno das formas de opressão]” (ibidem, p. 112).
Isto é, para Marx e Engels, conforme o autor italiano, as lutas de clas-
ses são simultaneamente lutas pela redistribuição de renda e lutas pelo
reconhecimento, isto é, contra a exploração e contra as diversas formas
de opressão.
Portanto, se, como afirmam os autores do Manifesto Comunista, “a
história de todas as sociedades até hoje existentes é a história das lutas
de classes” (MARX e ENGELS, 2010, p. 40), se “opressores e oprimidos,
em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta” (ibidem),
e se as lutas de classes são simultaneamente lutas redistributivas (ou
por distribuição da renda) e por reconhecimento, então resulta plena-
mente infundado atribuir a Marx uma primazia das lutas econômicas
(redistributivas, em torno da exploração) em detrimento das lutas polí-
ticas, antiopressivas (ou identitárias).
Ao contrário, podemos afirmar que na obra marxiana, e em boa
parte da tradição marxista, a história de todas as sociedades é a história
do conjunto de lutas emancipatórias, econômicas e políticas, por redis-
tribuição de renda e por reconhecimento, contra a exploração e contra
as variadas formas de opressão, sejam de classe ou identitárias.
É a partir da organização e da luta das classes “oprimidas e calu-
niadas” que “os ‘bárbaros’ e os ‘selvagens’ deixaram de ser tais porque
se reconheceram reciprocamente como membros de uma classe explo-
rada e oprimida, convocada a alcançar a emancipação pela luta” (LO-
SURDO, 2015, p. 117).
Conforme aponta Losurdo, “os momentos mais altos da história”
das lutas de classes “foram aqueles nos quais se fugiu da fragmenta-
ção, de modo que as diversas lutas confluíram em uma única poderosa
onda emancipadora” (ibidem, p. 312).
Nesse sentido, adotando a noção marxiana (tratada por Losurdo)
sobre as duas dimensões das lutas de classe, a luta por “redistribuição”
(em torno da desigual distribuição do valor oriunda da esfera produti-
va, fundada na exploração de classes) e luta por “reconhecimento” (em
torno do acesso à cidadania, fundado na opressão), Safatle afirma a
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SOBRE O AUTOR
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São Paulo, para a Editora Anita Garibaldi. O texto foi composto com a
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