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Módulo 1

Aluno: Gabriela Marin Rodrigues


Relatório opinativo do filme “Freud, Além da Alma”.
Esse relatório tem como objetivo declarar fatos do filme que mais se destacaram e relacioná-
los com os conceitos já estudados anteriormente.
O filme “Freud Além da Alma”, dirigido por John Huston em 1962, retrata o início da trajetória
de Sigmund Freud com a Psicanálise, situando-se em Viena, no final do século XIX, onde o
renomado médico viveu e desenvolveu seus atendimentos. A narrativa inicia mostrando a
contrariedade de Freud com o tratamento do hospital em que trabalhava, destacando o período
de seus primeiros experimentos com Breuer, com a hipnose, e segue mostrando algumas
descobertas até que é finalizado com suas ideias polêmicas relacionadas à sexualidade na
infância, que foram amplamente rejeitadas e ignoradas pela comunidade médica da época.
Além das teorias fundamentais, o filme explora a vida pessoal de Freud, mencionando sua
relação com a mãe, pai, esposa, e o Dr. Breuer, todos, aparentemente, muito cuidadosos e
leais ao médico.
Nascido em 1856 na Áustria, Freud inicialmente interessou-se pela medicina, graduando-se na
Universidade de Viena. Trabalhou em diversos hospitais, desenvolvendo um interesse
particular pela neurologia.
O filme detalha seu início de carreira, exibindo na primeira cena, sua discordância com o
médico hospitalar, que desacreditava dos sintomas dos pacientes, ignorando o que ocorria nas
mentes doentes, liberando pacientes do hospital que, segundo o médico, faziam “teatro” para
chamar atenção e fugir de responsabilidades. Freud, insatisfeito com a situação e convicto de
suas opiniões, com apoio familiar, decidiu deixar o hospital e viajar para Paris, buscando
estudar os problemas mentais, estabelecendo então, o tema central do filme: a busca por
soluções que a medicina convencional não conseguia responder.
Em 1885, mudou-se para Paris e foi aluno de Jean-Martin Charcot, renomado neurologista,
considerado um dos pais da neurologia moderna, conhecido por seu trabalho pioneiro no
estudo e na descrição da histeria e suas inovadoras demonstrações clínicas no Hospital
Salpêtrière com a famosa hipnose e conhecido também pelas importantes contribuições para a
compreensão da esclerose múltipla, da doença de Parkinson entre outras condições
neurológicas, influenciando profundamente Freud, como retratado no filme.
Após retornar a Viena, Freud iniciou sua prática médica dedicada aos distúrbios nervosos. Em
uma conferência onde apresentou seus estudos sobre hipnose, foi duramente criticado pelos
participantes, que ridicularizaram a técnica como já conhecida, e como um método místico e
sem fundamentos científicos. No entanto, nesse mesmo contexto, foi abordado por Josef
Breuer, um médico discreto que já explorava a hipnose e outras abordagens não convencionais
no tratamento médico. Breuer, reconhecendo o potencial de Freud, convidou-o para colaborar
no tratamento de pacientes com sintomas histéricos. Essa interação marcou o início de uma
parceria fundamental na trajetória de Freud em direção à psicanálise.
Junto com Breuer trataram uma paciente que sofria de uma série de sintomas psicológico e
físicos, incluindo paralisias, contraturas musculares, perda de visão, dispersões, sustos
exagerados, alucinações e outros sintomas nervosos com hipnose, porém enquanto alguns
sintomas curavam, outros apareciam e conforme foram tratando, a paciente sugeriu um nome
para esse tratamento e assim, Freud aprendeu um método de cura inovador, uma abordagem
terapêutica que ficou conhecida como "cura pela fala”. O novo método envolvia encorajar a
paciente a falar livremente sobre seus pensamentos, sentimentos e experiências enquanto
estava em um estado hipnótico. Durante essas sessões, a paciente começou a contar histórias
e expressar seus pensamentos, sentimentos e traumas emocionais, o que aliviava
temporariamente seus sintomas.
Esse é o caso de "Anna O.", um dos casos mais conhecidos na história da psicanálise que se
tornou uma referência fundamental para o desenvolvimento das teorias de Sigmund Freud,
especialmente no que diz respeito ao conceito do inconsciente, à importância da expressão
verbal e à compreensão dos mecanismos que estavam por trás dos sintomas histéricos.
Foi durante esse tratamento que Freud começou a ficar intrigado ao perceber uma relação
fantasiosa, que poderia ser confundida com laço amoroso entre Anna e Breuer, e que foi
identificada como um sintoma de transferência, nesse momento durante o filme começam a ser
relatados conflitos pessoais e profissionais de Freud, como a perda do pai em 1896 e
posteriormente, o rompimento com Breuer, que será relatado adiante. Apesar disso, sua
determinação em explorar os mistérios da mente humana estava só começando a se
manifestar nos círculos acadêmicos e científicos de Viena. Essa abordagem, no entanto,
enfrentou resistência e críticas da comunidade médica da época.
A morte de seu pai coincidiu com um período de profunda reflexão teórica para Freud. Nesse
momento, Freud começa a refletir sobre a infância, os conflitos familiares e a influência dos
pais. Ele discute a importância dos primeiros anos de vida na formação da personalidade e
como os desejos podem influenciar o comportamento futuro das pessoas A relação entre Freud
e seu pai foi complexa. Apesar da admiração por seu pai, havia também um desconforto,
especialmente após seu falecimento. Essa dinâmica teve um impacto profundo nas teorias de
Freud sobre a psique humana. Através de suas reflexões, combinadas com estudos de casos
clínicos, Freud identificou a possibilidade de que meninos, de forma inconsciente na infância,
desenvolvem um desejo pela mãe e competem com o pai por sua atenção, assim como as
meninas, que experimentam um desejo pelo pai.
E assim, por meio de suas interações com pacientes e sua vida, surge, de maneira sutil, a
teoria do Complexo de Édipo.
Embora Freud e Breuer, tenham colaborado e compartilhado experiências inovadoras no início
de suas carreiras, divergências surgiram. Com o Complexo de Édipo, teoria considerada
radical para a época, e Breuer, um homem mais discreto como dito anteriormente, cauteloso e
conservador às ideias, especialmente no que diz respeito à sexualidade infantil e ao papel dos
impulsos sexuais no desenvolvimento psicológico, passou a discordar de Freud. Essas
discordâncias acabaram por afastá-los, e durante uma conferência, em que Breuer foi
questionado pelos participantes, se concordava ou não com Freud, resultou no rompimento da
parceria profissional após a resposta negativa.
Freud, ainda convicto e corajoso seguiu sozinho e estava cada vez mais interessado no papel
do inconsciente e na influência dos impulsos e desejos reprimidos na mente humana. O filme
mostra a paixão e a determinação de Freud em sua busca incansável por compreender o
funcionamento da mente humana, mesmo diante da oposição e das críticas da sociedade e da
comunidade médica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FREUD além da alma. Direção de John Huston. Produção de Wolfgang Reinhardt. EUA: 1962.
VIMEO (139 min).
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, técnica e clínica. Porto Alegre: Artmed,
1999.

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