Relatório opinativo do filme “Freud, Além da Alma”. Esse relatório tem como objetivo declarar fatos do filme que mais se destacaram e relacioná- los com os conceitos já estudados anteriormente. O filme “Freud Além da Alma”, dirigido por John Huston em 1962, retrata o início da trajetória de Sigmund Freud com a Psicanálise, situando-se em Viena, no final do século XIX, onde o renomado médico viveu e desenvolveu seus atendimentos. A narrativa inicia mostrando a contrariedade de Freud com o tratamento do hospital em que trabalhava, destacando o período de seus primeiros experimentos com Breuer, com a hipnose, e segue mostrando algumas descobertas até que é finalizado com suas ideias polêmicas relacionadas à sexualidade na infância, que foram amplamente rejeitadas e ignoradas pela comunidade médica da época. Além das teorias fundamentais, o filme explora a vida pessoal de Freud, mencionando sua relação com a mãe, pai, esposa, e o Dr. Breuer, todos, aparentemente, muito cuidadosos e leais ao médico. Nascido em 1856 na Áustria, Freud inicialmente interessou-se pela medicina, graduando-se na Universidade de Viena. Trabalhou em diversos hospitais, desenvolvendo um interesse particular pela neurologia. O filme detalha seu início de carreira, exibindo na primeira cena, sua discordância com o médico hospitalar, que desacreditava dos sintomas dos pacientes, ignorando o que ocorria nas mentes doentes, liberando pacientes do hospital que, segundo o médico, faziam “teatro” para chamar atenção e fugir de responsabilidades. Freud, insatisfeito com a situação e convicto de suas opiniões, com apoio familiar, decidiu deixar o hospital e viajar para Paris, buscando estudar os problemas mentais, estabelecendo então, o tema central do filme: a busca por soluções que a medicina convencional não conseguia responder. Em 1885, mudou-se para Paris e foi aluno de Jean-Martin Charcot, renomado neurologista, considerado um dos pais da neurologia moderna, conhecido por seu trabalho pioneiro no estudo e na descrição da histeria e suas inovadoras demonstrações clínicas no Hospital Salpêtrière com a famosa hipnose e conhecido também pelas importantes contribuições para a compreensão da esclerose múltipla, da doença de Parkinson entre outras condições neurológicas, influenciando profundamente Freud, como retratado no filme. Após retornar a Viena, Freud iniciou sua prática médica dedicada aos distúrbios nervosos. Em uma conferência onde apresentou seus estudos sobre hipnose, foi duramente criticado pelos participantes, que ridicularizaram a técnica como já conhecida, e como um método místico e sem fundamentos científicos. No entanto, nesse mesmo contexto, foi abordado por Josef Breuer, um médico discreto que já explorava a hipnose e outras abordagens não convencionais no tratamento médico. Breuer, reconhecendo o potencial de Freud, convidou-o para colaborar no tratamento de pacientes com sintomas histéricos. Essa interação marcou o início de uma parceria fundamental na trajetória de Freud em direção à psicanálise. Junto com Breuer trataram uma paciente que sofria de uma série de sintomas psicológico e físicos, incluindo paralisias, contraturas musculares, perda de visão, dispersões, sustos exagerados, alucinações e outros sintomas nervosos com hipnose, porém enquanto alguns sintomas curavam, outros apareciam e conforme foram tratando, a paciente sugeriu um nome para esse tratamento e assim, Freud aprendeu um método de cura inovador, uma abordagem terapêutica que ficou conhecida como "cura pela fala”. O novo método envolvia encorajar a paciente a falar livremente sobre seus pensamentos, sentimentos e experiências enquanto estava em um estado hipnótico. Durante essas sessões, a paciente começou a contar histórias e expressar seus pensamentos, sentimentos e traumas emocionais, o que aliviava temporariamente seus sintomas. Esse é o caso de "Anna O.", um dos casos mais conhecidos na história da psicanálise que se tornou uma referência fundamental para o desenvolvimento das teorias de Sigmund Freud, especialmente no que diz respeito ao conceito do inconsciente, à importância da expressão verbal e à compreensão dos mecanismos que estavam por trás dos sintomas histéricos. Foi durante esse tratamento que Freud começou a ficar intrigado ao perceber uma relação fantasiosa, que poderia ser confundida com laço amoroso entre Anna e Breuer, e que foi identificada como um sintoma de transferência, nesse momento durante o filme começam a ser relatados conflitos pessoais e profissionais de Freud, como a perda do pai em 1896 e posteriormente, o rompimento com Breuer, que será relatado adiante. Apesar disso, sua determinação em explorar os mistérios da mente humana estava só começando a se manifestar nos círculos acadêmicos e científicos de Viena. Essa abordagem, no entanto, enfrentou resistência e críticas da comunidade médica da época. A morte de seu pai coincidiu com um período de profunda reflexão teórica para Freud. Nesse momento, Freud começa a refletir sobre a infância, os conflitos familiares e a influência dos pais. Ele discute a importância dos primeiros anos de vida na formação da personalidade e como os desejos podem influenciar o comportamento futuro das pessoas A relação entre Freud e seu pai foi complexa. Apesar da admiração por seu pai, havia também um desconforto, especialmente após seu falecimento. Essa dinâmica teve um impacto profundo nas teorias de Freud sobre a psique humana. Através de suas reflexões, combinadas com estudos de casos clínicos, Freud identificou a possibilidade de que meninos, de forma inconsciente na infância, desenvolvem um desejo pela mãe e competem com o pai por sua atenção, assim como as meninas, que experimentam um desejo pelo pai. E assim, por meio de suas interações com pacientes e sua vida, surge, de maneira sutil, a teoria do Complexo de Édipo. Embora Freud e Breuer, tenham colaborado e compartilhado experiências inovadoras no início de suas carreiras, divergências surgiram. Com o Complexo de Édipo, teoria considerada radical para a época, e Breuer, um homem mais discreto como dito anteriormente, cauteloso e conservador às ideias, especialmente no que diz respeito à sexualidade infantil e ao papel dos impulsos sexuais no desenvolvimento psicológico, passou a discordar de Freud. Essas discordâncias acabaram por afastá-los, e durante uma conferência, em que Breuer foi questionado pelos participantes, se concordava ou não com Freud, resultou no rompimento da parceria profissional após a resposta negativa. Freud, ainda convicto e corajoso seguiu sozinho e estava cada vez mais interessado no papel do inconsciente e na influência dos impulsos e desejos reprimidos na mente humana. O filme mostra a paixão e a determinação de Freud em sua busca incansável por compreender o funcionamento da mente humana, mesmo diante da oposição e das críticas da sociedade e da comunidade médica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREUD além da alma. Direção de John Huston. Produção de Wolfgang Reinhardt. EUA: 1962. VIMEO (139 min). ZIMERMAN, D. E. Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, técnica e clínica. Porto Alegre: Artmed, 1999.