ISSN 1808-3439

997718083439133

Anuário brasileiro do

Brazilian Coffee Yearbook

2017
1
Sílvio Ávila
 Fundador:
Francisco José Frantz (1917-1981)
Diretor Presidente:
André Luís Jungblut
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Gestão de Administração e Finanças:
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www.editoragazeta.com.br Michelle Treichel; tradução: Guido Jungblut; fotografia: Inor Assmann (Agência Assmann),
Sílvio Ávila e divulgação de empresas e entidades; projeto gráfico e diagramação: Márcio
Oliveira Machado; arte de capa: Márcio Oliveira Machado, sobre fotografia de Inor Assmann;
edição de fotografia e arte-final: Márcio Oliveira Machado; tabelas e catalogação: Sadraque Lenz
Veiga; coordenação comercial: Andréa Lenz; marketing: Maira Trojan Bugs, Janaína Langbecker,
Gabriela Kaempf da Silva, Jonice Fiuza e Suzi Montano; supervisão gráfica: Márcio Oliveira Machado;
distribuição: Mariane Almeida; impressão: LupaGraf, Santa Cruz do Sul (RS).

Ficha catalográfica
ISSN 1808-3439
A636
Anuário brasileiro do café 2017 / Benno Bernardo Kist ... [et al.].
– Santa Cruz do Sul : Editora Gazeta Santa Cruz, 2017.
88 p. : il.

ISSN 1808-3439
É permitida a reprodução de
informações desta revista, 1. Café – Brasil. I. Kist, Benno Bernardo.
desde que citada a fonte.
Reproduction of any part CDD : 633.730981
of this magazine is allowed, CDU : 633.73(81)
provided the source is cited.
Catalogação: Edi Focking CRB-10/1197
2
 Inor Ag. Assmann
Sumário
Summary
04 Apresentação Introduction
08 Produção Production
34 Mercado Market
46 Indústria Industry
56 Pesquisa Research
80 Liderança Leadership
82 Painel Panel
86 Eventos Events
88 Agenda Agenda
3
 Direto da
fazenda

N
unca se colheu tanto café no Brasil quanto na safra de 2016. A maior produção da história decorreu de uma feliz com-
binação de fatores, em temporada de bianualidade positiva, quando os cafezais alcançam o auge de sua produtivida-
de. Entre eles estava o comportamento do clima, que enfim favoreceu as plantações, depois de vários anos em que as
intempéries comprometeram o rendimento das lavouras e a própria qualidade dos grãos. Com isso, o País fortaleceu-
-se como o maior produtor mundial de café, reforçando, em paralelo, a condição de maior exportador global, respon-
sável direto por abastecer os mais concorridos e rigorosos mercados.
Além do clima, os cafezais do Brasil a cada novo ano beneficiam-se da crescente adoção de tecnologias, que asseguram tanto me-
lhores produtividades quanto grãos em sintonia com os preceitos ambientais e com a qualidade requerida pelos consumidores exi-
gentes. Novas estratégias de colheita, que mantêm intactas as propriedades de cada grão, bem como o aprimoramento na secagem,
no beneficiamento e na própria industrialização, colocam os brasileiros na linha de frente da obtenção da melhor bebida. Direto das
fazendas espalhadas por diversos estados, com destaque para Minas Gerais, a “terra do café” por excelência, bem como Espírito San-
to e Bahia, e com a participação fundamental de São Paulo, Paraná e Rondônia, os cafés brasileiros conquistam o paladar.
No Anuário Brasileiro do Café 2017, atualizamos as informações de produção e de mercados, traçamos o perfil das principais
regiões produtoras e apontamos os diferenciais de pesquisa e de tecnologia que garantem, a cada safra, o suprimento doméstico
e externo. Em todas as áreas da sociedade contemporânea o café está presente, inclusive na arte. Aromas, cores e sabores encan-
tam nosso dia, e nos deixam mais felizes. Boa leitura!

4
 Inor Ag. Assmann
Os cafezais brasileiros
renderam em 2016 a maior
safra da história. Mais do que a
produtividade, o que encanta no setor
e no mercado é a qualidade.

5
Inor Ag. Assmann
Directly from the farm
In 2016, Brazilian coffee fields produced
the biggest crop on record. More than
productivity, quality is what really
pleases the sector and the market
N
ever was there a year when as
much coffee was produced in
Brazil as in the 2016 growing
season. The biggest crop in
history resulted from a happy
combination of factors, in a high produc-
tion year in the biennial cycle, when the
coffee fields reach peak productivity. These
factors include the behavior of the climate,
which finally favored agricultural crops,
after several years during which the bad
weather conditions adversely affected the
performance of the crops and the quality of
the cereals. Under such circumstances, the
6
Country climbed to the position as biggest
global coffee producer, reinforcing, in par-
allel, its position as leading global exporter,
directly responsible for supplying the most
competitive and discerning markets.
More than the climate, the Brazilian cof-
fee plantations are, year after year, taking
advantage of ever more sophisticated tech-
nologies, which are an assurance of higher
productivity levels, and beans in harmo-
ny with environmental standards and with
the quality required by discerning consum-
ers. New harvest strategies, which preserve
the properties of every bean, as well as im-
proved coffee drying and industrialization
processes, place the Brazilian coffee farm-
ers on the frontline of the best coffee pro-
ducers. Directly from the farms spread
across several states, especially Minas
Gerais, the “Land of Coffee”, par excellence;
Espírito Santo and Bahia, but with the pri-
mordial participation of São Paulo, Paraná
and Rondônia, Brazilian coffees are con-
quering the palate.
In this edition of the Brazilian Coffee
Yearbook, we update you on information
regarding production and markets, we pro-
vide the profile of the growing regions and
focus on the research and technology dif-
ferentials, which, year after year, supply
the domestic and foreign market. In all seg-
ments of contemporary society coffee is
present, even in art. Aromas, colors and fla-
vors please our everyday lives and make us
happier. Happy reading! n
 produção
Production

8
Brasil firma-se como o maior produtor e o maior exportador mundial de café

Brilho intenso do a produção de arábica em 2015 e 2014.

Apesar de registrar recordes de produção e Para a safra 2017/18, a previsão da Conab é
produtividade em 2016, o país ainda enfrentou de safra menor, de até 47,5 milhões de sa-
cas, em consequência do ano de baixa bie-
perdas no conilon, provocadas pelo clima nalidade no café arábica. Além disso, os vo-

O
Brasil é considerado o maior
e o melhor caso de suces-
so no mundo do café. Des-
de que a cultura foi introdu-
zida no País, em 1727, já são
290 anos de história. A cafeicultura respon-
de pela geração de mais de 8 milhões de
empregos, diretos e indiretos. Os dados re-
centes consolidados pela Companhia Na-
cional de Abastecimento (Conab) apon-
tam produção recorde de 51,37 milhões de
sacas de café arábica e conilon (ou robus-
ta) de 60 quilos em 2016, ou safra 2016/17.
Neste mesmo ano, 20,5 milhões de sacas
devem ser destinadas ao mercado inter-
no e 34,3 milhões para o mercado exter-
no. Estoques privados e públicos são man-
Sílvio Ávila
Uma das medidas adotadas foi aumen-
tar a produtividade, que registrou a mé-
dia histórica de 26,33 sacas de 60 quilos
por hectare no referido ano. Isso foi possí-
vel com a adesão e com o investimento em
pesquisa e tecnologia. Um bom exemplo é o
Consórcio Pesquisa Café.
NA CONTRAMÃO A cafeicultu-
ra brasileira teria registrado resultados ain-
da maiores em 2016 se o ano não tivesse
tido queda de 25% na produção total de
café conilon. A lavoura deste grão foi afe-
tada pela estiagem nos estados do Espírito
Santo e de Rondônia, principais produto-
res. O clima seco também havia prejudica-
lumes estocados são considerados baixos.
Em abril de 2017, a Conab estava pesqui-
sando os estoques privados, que não inclu-
íam ainda o produto da nova safra e nem
os estoques públicos.
Diante dessa realidade, a atenção vol-
ta-se ainda mais para a capacidade do se-
tor cafeicultor de garantir o abastecimento
interno e dos clientes internacionais. Inclu-
sive, a autorização para importar café ro-
busta do Vietnã foi motivo de polêmica en-
tre cafeicultores e indústria entre o final de
2016 e o início de 2017. A importação não
ocorreu devido à mobilização dos produ-
tores. A isso soma-se a perspectiva de au-
mento contínuo do consumo mundial de
café. O que é bom para o Brasil.n

tidos para atender à demanda, caso uma

ou mais colheitas não sejam suficientes. O
faturamento bruto da produção de café foi
de R$ 25,31 bilhões em 2016.
Esses resultados destacam o Brasil
como o maior produtor e o maior expor-
tador de café do mundo. Também é o se-
gundo maior consumidor da bebida, só
demandando menos do que os Estados
Unidos. O Brasil sempre liderou a pro-
dução e a exportação mundial de café,
lembra Nelson Carvalhaes, presidente
do Conselho de Exportadores de Café do
Brasil (CeCafé). Apenas um aspecto já de-
monstra o quanto a cafeicultura nacional
vem evoluindo ao longo dos anos: a área
plantada, que já ocupou 4,9 milhões de
hectares, hoje soma 2,2 milhões de hec-
tares. No entanto, a produção não parou
de crescer, chegando ao recorde de 2016.

9
Sílvio Ávila
Brazil firm itself as the largest producer
and the world’s largest exporter of coffee
Bright
brilliance
Although registering record coffee production
and productivity in 2016, Brazil endured conilon
losses from adverse climate conditions
B
razil is viewed as the biggest
and best success case in the
world of coffee. Ever since the
crop was brought to the Coun-
try, in 1727, 290 years have
passed. Coffee farming accounts for the gen-
eration of upwards of 8 million job positions,
either direct or indirect. Recent data consol-
idated by the National Food Supply Agen-
cy (Conab) show record production of 51.37
million 60-kg sacks of Arabica and conilon
(Robusta) in 2016, or 2016/17 crop year. Dur-
ing the same year, 20.5 million sacks should
be destined for the domestic market and
34.3 million for consumers abroad. Private
and public stocks are maintained to meet
demand, should one or more harvests be
insufficient. Gross revenue from coffee
amounted to R$ 25.31 billion in 2016.
These results distinguish Brazil as the
biggest coffee producer and exporter in the
world, besides being the second biggest
10
consumer of the beverage, coming only af-
ter the United States. Brazil has always been
the leading producer and exporter of coffee,
notes Nelson Carvalhaes, president of the
Brazilian Coffee Exporters Council (CECafé).
Just one peculiarity demonstrates to what
extent Brazilian coffee farming has been
evolving over the years. The planted area,
which once occupied 4.9 million hectares,
now reaches 2.2 million hectares. However,
production has never stopped growing, and
a record crop was harvested in 2016.
One of the innovations consisted in in-
creasing the productivity of the fields, which
registered a historical average of 26.33 sacks
(60 kg) per hectares in the year in question.
This was possible with the adoption and in-
vestment in technology. A good example is
the Coffee Research Consortium.
IN THE OPPOSITE DIRECTION
Brazilian coffee farming business would
have registered even better results in 2016 if
conilon coffee had not endured a 25-percent
drop in production. The fields of this variety
were affected by drought conditions in the
states of Espírito Santo and Rondônia, ma-
jor producers. The dry weather conditions
had equally jeopardized the production of
Arabica in 2015 and 2014. For the 2017/18
crop year, Conab officials are forecasting a
smaller crop of up to 47.5 million sacks, as
a result of the “off-year” in Arabica coffee’s
biennial cycle. Furthermore, stocked vol-
umes are low. In April 2017, Conab was con-
ducting a survey of the private stocks, which
could not include the beans of the new crop,
nor could they include public stocks.
In light of this reality, much heed is
paid to the capacity of the coffee farm-
ers to meet customer needs at home and
abroad. Incidentally, the authorization to
import Robusta coffee from Vietnam, gave
rise to heated debates between the coffee
farmers and industries in late 2016 and
early 2017. Imports did not materialize
thanks to growers’ mobilization. In addi-
tion, it should not be overlooked that cof-
fee consumption is on the rise around the
globe. It is good for Brazil. n
 Sílvio Ávila

12
 Produtividade média atingiu máximo de 26,33 sacas de café por hectare

A maior de todas em 2015. Conforme a Conab, a redução foi

Brasil colheu recorde de 51,369 milhões de provocada pela diminuição de 4% da área
sacas de café em 2016, equacionando aumento em produção e, sobretudo, pela seca e pela
má distribuição de chuvas por dois anos con-
de 35,4% no arábica e queda de 28,6% no conilon secutivos nos estádios de florescimento, for-

A
cafeicultura brasileira regis-
trou sua maior produção em
2016, embora o ano tenha
sido de quebra para a safra
de café conilon, ou robusta.
As duas espécies (arábica e conilon) ren-
deram 51,369 milhões de sacas de café de
60 quilos beneficiado. O volume superou
em 18,8% o total de 43,235 milhões de sa-
cas produzidas em 2015, de acordo com
a Companhia Nacional de Abastecimen-
to (Conab), em dezembro de 2016. Até en-
tão, o maior resultado, de 50,8 milhões de
sacas, havia sido obtido em 2012. Perante o
mundo, o Brasil é o maior produtor e expor-
tador de café. E os brasileiros são igualmen-
te o segundo maior consumidor.
O café arábica, além de ser a espécie mais
produzida no País, também contribuiu para
compensar a queda da safra de conilon. A co-
lheita de arábica foi de 43,38 milhões de sa-
cas em 2016, com acréscimo de 35,4% em
relação ao volume do ano anterior. Nos dois
anos anteriores, as colheitas foram prejudi-
cadas pelas secas de 2013 e 2014. A varieda-
de representou 84,4% da produção total de
café. A parte de conilon foi de 15,6%.
Segundo a Conab, além de 2016 ter sido
um ano de bienalidade positiva para o café
arábica, o resultado maior também foi in-
mação e enchimento de grãos no Espírito
fluenciado pelo aumento de 46,144 mil hec- Santo, maior Estado produtor de conilon.
tares da área em produção, e pela incorpora- Também ocorreram estiagens nas fases
ção de novas áreas que se encontravam em críticas das lavouras nos estados de Ron-
formação e renovação decorrente de podas dônia e Bahia, que responderam pela se-
realizadas, em especial esqueletamentos. A gunda e terceira maior oferta de conilon. Os
cultura ainda foi favorecida pelas condições técnicos da Conab destacaram que a entra-
climáticas adequadas. Além disso, a melhora da em produção de novas áreas de café clo-
das cotações nos anos de 2014 e 2015 impul- nal, com rendimento superior ao das áreas
sionou os investimentos nos cafezais. tradicionais, amenizou a queda de produti-
No entanto, 2016 foi amargo para os pro- vidade em Rondônia. Os principais estados
dutores de café conilon, que registraram que- produtores de conilon, Espírito Santo, Ron-
da significativa na produção. O volume da es- dônia e Bahia, somaram cerca de 94% do to-
pécie totalizou 7,98 milhões de sacas de 60 tal e apresentaram reduções de 26,4%, 5,6%
quilos, resultado 28,6% inferior ao ofertado e 46,4%, respectivamente. n
nnn Rendimento
A cafeicultura nacional obteve produtividade recorde em 2016. Considerando os
dois tipos, o rendimento médio totalizou 26,33 sacas de café por hectare, 17,1% aci-
ma do obtido em 2015. A maior marca tinha sido a de 24,8 sacas por hectare em
2012. Com exceção dos estados de Rondônia, Bahia, Espírito Santo e Paraná, todos
os demais apresentaram aumento na produtividade. Esse ganho resultou das condi-
ções climáticas favoráveis nas principais regiões produtoras de arábica, aliadas ao ci-
clo de bienalidade alta. Os maiores acréscimos foram verificados em São Paulo, com
46,7%; Mato Grosso, com 39,4%; e Minas Gerais, com 32,2%.
Para especialistas, o avanço da produtividade do café deve-se às boas práticas
de gestão da atividade e às novas tecnologias geradas pelas instituições de pesqui-
sa, ensino e extensão. As mesmas foram usadas pelos produtores das diferentes re-
giões. Essas práticas melhoraram a qualidade do produto e contribuíram para dimi-
nuir a diferença dos rendimentos entre os ciclos positivo e negativo da planta.

nnn Lavoura imensa

Os cafezais brasileiros cobriam área total de 2,223 milhões de hectares em 2016, com recuo de 1,1% em relação ao espaço do ano
anterior, conforme a Conab. Eles se dividiam em 1,95 milhão de hectares (87,7%) em produção e 272,786 mil hectares (12,3%) em for-
mação. A área com arábica era de 1,759 milhão de hectares, ou 79,13% de todo o plantio de café. Minas Gerais concentrava 1,184 mi-
lhão de hectares, 67,3% da área total de arábica. A lavoura de conilon totalizava 463.734 hectares, com retração de 3,7%. Desse total,
424.773 hectares estavam em produção e 39.011 hectares em formação. O Estado do Espírito Santo apresentava a maior lavoura, com
286.371 hectares, seguido de Rondônia, com 94.561 hectares, e logo após vinha a Bahia, com 48.614 hectares.

13
 The biggest on record a 4-percent smaller area devoted to the crop
Brazil harvested a record crop of 51.369 million and, particularly, as a result of the drought
sacks of coffee in 2016, equating an increase of and erratic rainfalls for two years in a row dur-
ing the blossoming stages and kernel forma-
35.4% in Arabica and a drop of 28.6% in conilon tion in the State of Espírito Santo, leading co-

C
offee farming in Brazil registered
its biggest production in 2016,
notwithstanding the small-
er crop of conilon coffee, or Ro-
busta. The two varieties (Arabi-
ca and conilon) produced a crop of 51.369
million processed 60-kg sacks. The volume
was up 18.8% from the total of 43.235 million
sacks in 2015, according to sources from the
National Food Supply Agency (Conab), in De-
cember 2016. Up to that moment, the biggest
result, 50.8 million sacks, had been harvested
in 2012. In the world, Brazil is the leading pro-
ducer and exporter of coffee, whilst the Coun-
try is the second biggest consumer.
Arabica coffee, besides being the most
produced in Brazil, also contributed towards
making up for the smaller conilon crop. Ara-
bica coffee amounted to 43.38 million sacks
in 2016, up 35.4% from the volume harvest-
ed in the previous year. In the two previous
years, the crop was adversely affected by the
droughts in 2013 and 2014. The variety ac-
counted for 84.4% of the total coffee crop. Co-
nilon’s share remained at 15.6%.
According to Conab officials, 2016 was
an “on-year” of large production for Arabi-
ca coffee, but the result was also influenced
by an extra 46.144 thousand hectares devot-
ed to the crop, through the incorporation of
nilon producer in Brazil.
new areas under development and a renew- Drought conditions also occurred dur-
al process stemming from the pruning oper- ing the critical stages of the coffee fields in
ations, especially skeleton pruning. Further- the states of Rondônia and Bahia, which ac-
more, the higher prices fetched by coffee in counted for the second and third biggest sup-
2014 and 2015 induced the farmers to invest ply of conilon. Conab technicians explained
in coffee plantations. that the smaller productivity rates in Rondô-
Nevertheless, 2016 was bitter for the co- nia were compensated by the new clonal cof-
nilon coffee producers, because of significant fee areas that started producing fruit. The
drops in production. The volume of this va- main conilon producing states Espírito San-
riety totaled 7.98 million 60-kg sacks, down to, Rondônia and Bahia, accounted for about
28.6% from the total in 2015. According to 94% of the total and endured reductions of
Conab officials, the reduction was caused by 26.4%, 5.6% and 46.4%, respectively. n
nnn Yield
Coffee farming in Brazil achieved record productivity levels in 2016. Taking into
consideration the two varieties, average yield amounted to 26.33 sacks of coffee per
hectare, up 17.1% from 2015. The highest yield had happened in 2012, a total of 24.8
sacks per hectare. With the exception of the states of Rondônia, Bahia, Espírito Santo
and Paraná, all others celebrated increases in productivity. This gain stemmed from
the favorable weather conditions in the main Arabica coffee producing regions, allied
with the “on-year” of large production. The biggest increases occurred in São Paulo,
with 46.7%; Mato Grosso, with 39.4%; and Minas Gerais, with 32.2%.
Specialists of the coffee sector have it that the soaring productivity rates stem
from the good management practices but, above all, from the new technologies
generated by the research institutions, training and extension work. The same tech-
nologies were used by the producers in different coffee farming regions throughout
Brazil. These practices added to the quality of the beans and contributed towards re-
ducing the difference in yields between the on-year and off-year of production.

nnn Huge plantations

Brazilian coffee fields covered an area of 2.223 million hectares in 2016, down 1.1% from the previous year, according to
Conab sources. They were split into 1.95 million hectares (87.7%) under production and 272.786 thousand hectares in the devel-
opment phase (12.3%). The area devoted to Arabica coffee reached 1.759 million hectares, corresponding to 79.13% of the entire
coffee crop. Minas Gerais concentrated 1.184 million hectares, corresponding to 67.3% of the total area devoted to Arabica. The
conilon coffee fields totaled 463,734 hectares, down 3.7%. Of this total, 424,773 hectares were in production and 39,011 hectares
in the development stage. The State of Espírito Santo was home to the biggest area, with 286,371 hectares, followed by Rondô-
nia, with 94,561 hectares, and immediately after Bahia, with 48,614 hectares.

Average productivity reached a maximum of 26.33 sacks of coffee per hectare

14
Inor Ag. Assmann

Característica de bienalidade baixa e alta é mais forte no café arábica

Baixa natural ta redução de 19,3% a 12,7%. A menor ofer-

Produção brasileira de café poderá variar entre ta será em função das reduções de 2,3% na
43 e 47 milhões de sacas de café, com diminuição área em produção e de 10,7% a 17,4% na
produtividade. O recorde de 43,38 milhões
entre 15% e 7,5%, devido à bienalidade baixa de sacas de arábica foi obtido em 2016.

E
m anos ímpares, como 2017, os
cafezais brasileiros produzem
menos por serem os anos de bie-
nalidade negativa, mesmo que
as demais condições sejam fa-
voráveis. Depois de experimentar a sen-
sação de colher o maior volume de café
da história em 2016, ou na etapa 2016/17,
o País volta à expectativa de baixa tempo-
rada e ainda em um momento de estoque
restrito. A produção de café arábica e coni-
lon, ou robusta, poderá variar entre 43,65 e
47,51 milhões de sacas de 60 quilos benefi-
ciados em 2017, ou no ciclo 2017/18, como
estima a Companhia Nacional de Abasteci-
mento (Conab), no levantamento divulga-
do em janeiro de 2017. A média destes dois
volumes, inferior e superior, ficou em 45,58
milhões de sacas de café.
Nenhum destes três resultados previstos
pela Conab irá superar as 51,369 milhões de
sacas de café produzidas em 2016. Sendo
assim, a redução ficaria entre 15% e 7,5%.
A queda se dará, em grande parte, pela me-
nor produção de café arábica, que em ano
de bienalidade negativa apresenta produti-
vidade inferior à do ano anterior, de biena-
lidade positiva. A participação do arábica é
de cerca de 80% do total de café produzi-
do no Brasil. A Conab projeta que sejam co-
lhidas entre 35,01 e 37,88 milhões de sacas
de arábica em 2017. Esse volume represen-
O café conilon responde por 20% do
total produzido no País. A previsão da Co-
nab é de que sejam colhidas entre 8,64 e
9,63 milhões de sacas em 2017, significan-
do alta entre 8,1% e 20,5%. O acréscimo
deverá ser sobretudo devido à recupera-
ção do rendimento nos estados da Bahia
e de Rondônia. O aumento ainda reflete o
maior uso de tecnologias como o plantio
de café clonal e o maior investimento nas
lavouras. O Espírito Santo, principal pro-
dutor de conilon (68,5% em 2016), devido
à redução da área produtiva, provocada
pela falta de chuva nos últimos três anos,
deverá colher volume próximo às 5,04 mi-
lhões de sacas obtidas em 2016. Com a
melhora das condições climáticas, a pro-

16
16
 CAFEZAIS coffee fields
Área cultivada e produção brasileira de café — Safras 2016/17 e 2017/18
Área em produção (ha) Produção (mil sacas)
EstaDOS 2016 2017 % 2016 2017*
inferior superior
Rondônia 87.657,0 87.657,0 — 1.626,9 1.870,0 1.985,7
Amazonas 429,4 429,4 — 6,0 6,7 6,7
Pará 613,0 400,0 -34,7 9,1 11,3 11,3
Bahia 149.753,0 155.466,0 3,8 2.093,3 2.979,2 3.139,0
Cerrado 11.328,0 9.670,0 -14,6 345,6 338,5 338,5
Planalto 92.533,0 92.558,0 — 921,6 990,4 990,4
Atlântico 45.892,0 53.238,0 16,0 826,1 1.650,3 1.810,1
Mato Grosso 14.193,0 13.318 -6,2 125,4 165,6 174,1
Goiás 5.626,6 5.468,8 -2,8 226,8 199,0 207,2
Minas Gerais 1.009.481,0 977.444,0 -3,2 30.724,1 25.397,0 26.814,2
Sul e Centro-Oeste 524.220,0 493.981,0 -5,8 16.627,7 13.073,1 13.8026
Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste 183.076,0 169.2015,0 -7,6 7.401,6 4.436,6 4.684,2
Zona da Mata, Rio Doce e Central 269.593,0 281.914,0 4,6 6.081,9 7.258,8 7.663,9
Norte, Jequitinhonha e Mucuri 32.592,0 32.334,0 -0,8 612,9 628,5 663,5
Espírito Santo 410.057,0 385.538,0 -6,0 8.967,4 7.344,0 8.426,0
Rio de Janeiro 13.022,0 13.062,0 0,3 347,4 340,3 357,7
São Paulo 201.235,0 202.303,0 0,5 6.031,0 4.046,0 4.996,9
Paraná 46.160,0 46.240,0 0,2 1.047,0 1.200,0 1.300,0
Outros 12.450,6 9.049,0 -27,3 164,8 91,0 91,0
Total 1.950.677,6 1.896.375,2 -2,8 51.369,2 43.650,1 47.509,8
Fonte: Conab, * Estimativa de janeiro de 2017.

dutividade média está estimada entre

19,56 e 22,49 sacas por hectare, indicando nnn Monitorada
recuperação em relação à média do ano
A Conab acompanha a safra brasileira de café desde 2001. As informações são
anterior. O Estado produziu 9,95 milhões
fornecidas por produtores, cooperativas e agentes envolvidos na cafeicultura.
de sacas em 2014.
Quatro estimativas são divulgadas ao longo do ano, a primeira em janeiro, a se-
A produtividade média de arábica e
gunda em maio, a terceira em setembro e a última em dezembro. Com exceção da
conilon está estimada entre 23,02 e 25,05
última, todas as demais se referem às informações obtidas no mês que antecede o
sacas por hectare em 2017, equivalendo a
da divulgação. Em dezembro, quando são buscadas as informações, o cafezal en-
redução de 12,6% a 4,9%. A queda deve
contra-se no período pós-florada, um dos mais importantes para a cultura. Nessa
ocorrer em quase todas as principais regi-
época, o clima favorável e as boas práticas agrícolas garantem a boa uniformidade
ões produtoras, menos nos estados e nas
e a qualidade dos grãos. Nos demais meses monitorados transcorre a colheita, que
regiões onde predomina o cultivo de co-
vai de março a outubro, mas se concentra entre maio e agosto.
nilon, em função da previsão de melho-
res condições climáticas. Na Zona da Mata
mineira e no Paraná, a bienalidade é po-
sitiva para o arábica, o que se refletirá em
nnn Década futura
médias superiores. As próximas safras brasileiras de café devem ser superiores à de 2017, conforme
Entre os anos de 2001 e 2013, a diferença o estudo “Outlook Fiesp 2026 – Projeções para o Agronegócio Brasileiro”, divulgado
entre as produtividades de ciclo positivo e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). De 2016 a 2026, a pro-
negativo têm diminuído, devido ao melhor dução brasileira de café deve crescer 26%, chegando a 62,4 milhões de sacas no úl-
manejo e ao pacote tecnológico elevado. timo ano da década. Em contrapartida, a área plantada, situada em 2 milhões de
O ciclo bienal é, portanto, característica do hectares, teria recuo de 1%. O acréscimo em volume viria do incremento de 28% na
cafeeiro. Porém, uma adversidade climáti- produtividade, que ultrapassaria a média de 30 sacas de café por hectare. Da mesma
ca pode alterar o ciclo bienal, como ocorreu maneira, no intervalo em foco, o consumo brasileiro aumentaria para quase 25 mi-
em 2014, em que, apesar de ter sido positi- lhões de sacas de café, equivalendo a acréscimo de 20%. As exportações chegariam
vo, a forte seca fez com que a produtividade a 45 milhões de sacas, representando avanço de 30%.
fosse inferior à ano do anterior. n

17
Sílvio Ávila
Arabica coffee is more
affected by the on-year and
off-year of the biennial cycle
Natural decline
Coffee production in Brazil could vary from 43
to 47 million sacks, with a reduction from 7.5%
to 15% due to the off-year of its biennial cycle
I
n odd-numbered years, like 2017, the
Brazilian coffee plantations produce less
because they are off-years of low pro-
duction, even if all other conditions are
favorable. After experiencing the feeling
of harvesting the biggest volume of coffee
on record in 2016, or in the 2016/17 growing
season, the Country is again going through
the off-year of the biennial cycle, at a mo-
ment of tight ending stocks. The produc-
tion of Arabica and conilon coffee could vary
from 43.65 and 47.51 million 60-kg sacks of
processed coffee in 2017, or in the 2017/18
crop year, say sources from the National
Food Supply Agency (Conab), in the survey
released in January 2017. The average of
these two volumes, inferior and superior, re-
mained at 45.58 million sacks of coffee.
None of these three results forecast by
the Conab will outstrip the 51.369 million
sacks of coffee produced in 2016. As things
18
are, the reduction is supposed to range from
7.5% to 15%. A great part of this decline will
stem from the smaller production volume of
Arabica coffee, which, in the off-year of its bi-
ennial cycle is subject to smaller productiv-
ity levels compared to the previous on-year
of large production. Arabica coffee’s share is
about 80% of the total amount of coffee pro-
duced in Brazil. Conab officials are project-
ing a crop from 35.01 to 37.88 million sacks
of Arabica in 2017. This volume represents
a reduction of 19.3% to 12.7%. The small-
er supply will stem from the reductions of
2.3% in the planted area and from the 10.7%
and 17.4% in productivity. The considerable
amount of 43.38 million sacks of Arabica, the
biggest on record, were harvested in 2016.
Conilon coffee accounts for 20% of the to-
tal produced in the Country. Conab officials
are expecting a crop that ranges from 8.64
to 9.63 million sacks in 2017, meaning an in-
crease from 8.1% to 20.5%. The increase will
mainly derive from the recovery of the pro-
ductivity rates in the States of Bahia and
Rondônia. The bigger volume is still a reflec-
tion of more intensive use of technologies,
like clonal coffee and soaring investments at
field level. The State of Espírito Santo, lead-
ing conilon producer (68.5% in 2016), due to
the smaller planted area, brought about by
deficient rainfalls over the past three years,
should harvest a volume almost as big as the
5.04 million tons harvested in 2016. As weath-
er conditions have improved, average pro-
ductivity is estimated at 19.56 to 22.49 sacks
per hectare, meaning a recovery from the
average of the previous year. The State pro-
duced 9.95 million sacks in 2014.
The average productivity of Arabica and
conilon is estimated to reach from 23.02 and
25.05 sacks per hectare in 2017, equivalent
to a reduction ranging from 4.9% to 12.6%.
The decline is supposed to occur in all ma-
jor coffee producing regions, except in the
states and regions where conilon planta-
tions prevail, mainly due to the forecast of
better weather conditions. In Zona da Mata,
in Minas Gerais and Paraná, Arabica is in the
on-year of its biennial cycle, which will re-
flect in superior averages.
From 2001 to 2013, the difference in pro-
ductivity between the on and off years of
the biennial cycles decreased, mainly due
to modern management practices and im-
proved technology package. The bienni-
al cycle is, therefore, a typical characteristic
of the coffee plants. However, a climate ad-
versity could alter the biennial cycle, as it oc-
curred in 2014, in which, although being an
on-year, the prolonged drought was respon-
sibility for lower productivity levels com-
pared to the previous year. n
nnn Monitored
Conab is an organ that has been keeping a close watch on the Brazilian coffee
crop since 2001. Information comes from farmers, cooperatives and other agents
involved in coffee farming. Four estimates are released over the year, the first in
January, the second in May, the third in September and the last one in Decem-
ber. With the exception of the last one, all others refer to information obtained in
the month that comes prior to the publication. In December, when information
is gathered, the coffee plantation is in its post-blossoming stage, one of the most
important for the crop. At this time, favorable climate conditions and best agri-
cultural practices are an assurance of uniform and good quality beans. In the oth-
er months that are monitored it is harvest time, extending from March to Octo-
ber, but is concentrated between May and August.

nnn Future decade

The next Brazilian coffee crops should exceed the volume of 2017, according to the study “Outlook Fiesp 2026 – projections
for Brazilian Agribusiness “, published by the São Paulo State Federation of Industries (Fiesp). From 2016 to 2026, coffee produc-
tion in Brazil should soar 26%, totaling 62.4 million sacks in the last year of the decade. On the other hand, the planted area,
about 2 million hectares, is supposed to suffer a reduction of 1%. The bigger volume is supposed to stem from the 28-percent in-
crease in productivity, representing an average of upwards of 30 sacks of coffee per hectare. Likewise, in the intermission in ques-
tion, Brazilian coffee consumption is expected to rise almost 25 million sacks, equivalent to a 20-percent bigger volume. Exports
are projected to reach 45 million sacks, representing an increase of 30%.
Inor Ag. Assmann
Café é com eles
Os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo
tendem a ofertar, juntos, até 74,1% do total de
café a ser colhido no Brasil na safra de 2017
O
s cafés servidos no Brasil e nos
demais países clientes do pro-
duto brasileiro são produzi-
dos em 18 estados nacionais.
Mas cinco deles (Minas Gerais,
Espírito Santo, São Paulo, Bahia e Rondô-
nia) respondem por mais de 90% da produ-
ção nacional. A soma desses estados pode-
rá representar até 95,4% da produção de 47,5
milhões da sacas de café estimada pelo le-
vantamento da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), divulgado em janei-
ro de 2017. O volume mencionado se refere
à previsão superior para a safra de café 2017,
ou 2017/18. As demais contribuições decres-
Produção nacional por espécie de café — safras 2016 e 2017*
Área total (ha)
Espécie
2016 2017 % 2016
Arábica 1.759.730 1.777.359 1,0
Conilon 463.734 450.835 -2,8
Total 2.223.464 2.228.194 0,2
*Estimativa superior — Fonte: Conab - janeiro 2017
20
centes previstas são de Paraná (2,7%), Rio de
Janeiro (0,8%), Goiás e Mato Grosso (0,4%
cada) – outros completam 0,2%.
Mais da metade do café brasileiro é pro-
duzida no Estado de Minas Gerais. A pro-
dução mineira estimada pela Conab pode
chegar, na melhor das hipóteses, a 26,81
milhões de sacas de café em 2017. Esse
volume, mesmo 12,7% inferior às 30,724
milhões da sacas colhidas em 2016, repre-
sentaria 56,4% do total nacional projetado
pela Conab. A produção mineira é compos-
ta por 99% de café arábica e 83% se desti-
na ao mercado externo. No Estado, o café é
o segundo produto mais exportado, supera-
DUAS DOSES two cups
Produtividade (kg/ha)
2017 % 2016
28,43 25,40 -10,7
18,81 23,78 26,5
26,33 25,05 -4,9
do apenas pelo minério de ferro.
Em 2017, devido ao ano de bienalida-
de baixa e à redução da área em produ-
ção, a queda da safra mineira poderá che-
gar a 17% nas regiões Sul e Centro-Oeste e
a 36,7% no Cerrado Mineiro (Triângulo, Alto
Paranaíba e Noroeste). No entanto, na Zona
da Mata (Zona da Mata, Rio Doce e Central) a
colheita deverá ser 26% superior à de 2016,
favorecida pela bienalidade positiva nos
plantios da região. A área menor não impe-
dirá que a produção no Norte de Minas (Nor-
te, Jequitinhonha e Mucuri) cresça 8,3% em
2017, beneficiada pelo clima, que prejudi-
cou a produção do ano anterior.
A expectativa de safra menor em Minas
Gerais baseia-se na estimativa de redução
de 3,17% na área em produção e de produti-
vidade 9,9% menor. Conforme a Conab, em
dezembro de 2016, o clima permitia proje-
tar resultados razoáveis para um 2017 de
Produção (mil sacas)
2017 %
43.382 37.881 -12,7
7.987 9.628 20,5
51.369 47.509 -7,5
bienalidade baixa. A área diminuiu em fun-
ção das podas intensas realizadas em 2016,
superior à entrada de novas áreas em pro-
dução. Apesar de o clima se mostrar favorá-
vel, a queda da produtividade média, esti-
mada entre 25,98 e 27,34 sacas de café por
hectare, levava em conta que o crescimento
de ramos produtivos não havia sido muito
bom, embora as floradas seguintes tenham
sido, uma vez que a primeira foi abortada
pela estiagem em setembro de 2016.
NOS ALTOS O Estado do Espírito
Santo oferta o segundo maior volume de
café do País e o maior da espécie conilon, ou
robusta. A colheita de 2017 está estimada
entre 7,34 e 8,43 milhões de sacas, aumento
de 2,5% a 8,3%. A projeção maior seria igual
a 17,7% do total de café nacional esperado
para 2017. Portanto, Minas Gerais e Espíri-
to Santo produziriam 74,1% do café brasilei-
ro. Conforme a Conab, nos anos de 2014 a
2016, a seca, a falta de água para irrigação e
fortes temperaturas frearam a alta contínua
da produção de café no Espírito Santo, re-
duzindo cerca de 50% do conilon e 40% do
total. Os efeitos da seca levaram muitos ca-
A produção capixaba prevê a retomada do incremento após três quedas
feicultores a efetuarem podas drásticas nas Estado é referência nacional e internacional
lavouras e desacelerar o programa de reno- no desenvolvimento da cafeicultura do co-
vação de cafezais. Em consequência, a área nilon, com rendimento médio que já alcan-
em produção do café conilon do Estado re- çou 35 sacas por hectare, de acordo com o
cuou mais de 10%. Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência
A produção capixaba de conilon poderá Técnica e Extensão Rural (Incaper). A produ-
variar entre 4,605 e 5,295 milhões da sacas tividade evoluiu muito nos últimos 25 anos,
em 2017, o equivalente a 55% da oferta pro- em função das tecnologias desenvolvidas
jetada para o País. A participação estadual já pelo Incaper, em parceria com diversas insti-
foi de até 78%. A produtividade média está tuições. O conilon é a principal fonte de ren-
estimada entre 19,56 e 22,49 sacas de coni- da em 80% das propriedades rurais capixa-
lon por hectares, com alta de 1% a 16,2%. O bas localizadas em terras quentes. n
nnn Pelo Brasil
A produção de café do Estado de São Paulo pode variar de 4,05 a 5 milhões de sa-
cas de café em 2017, segundo a Conab. Esses volumes seriam de 32,9% a 17,1% me-
nores ao ano anterior em decorrência da bienalidade negativa e do alto índice de po-
das. O Estado da Bahia poderá colher de 2,98 a 3,14 milhões de sacas, com aumento
de 42,3% a 50%. A previsão é de que a produtividade média do café baiano atinja de
31 a 34 sacas por hectare, beneficiada pela irrigação e pelo clima favorável. Já a cafei-
cultura do Estado de Rondônia está projetada entre 1,87 e 1,99 milhão da sacas, com
crescimento de 14,9% a 22,1%. A renovação do parque cafeeiro com implantação de
lavouras clonais elevará a produtividade. Com a forte geada em 2013, houve inver-
são na bienalidade da cultura no Estado do Paraná, sendo positiva para 2017. São es-
peradas de 1,2 a 1,3 milhão de sacas, com crescimento de 14,6 a 24,2%.
21
 Coffee is their business
The states of Minas Gerais and Espírito Santo,
together, are likely to account for up to 74.1%
of the entire Brazilian coffee crop in 2017
A
ll coffees served in Brazil and in
the countries that buy the Bra-
zilian beans are produced in
18 states across the Country.
Five of them, Minas Gerais, Es-
pírito Santo, São Paulo, Bahia and Rondô-
nia, account for more than 90% of the
entire national production. These states to-
gether represent up to 95.4% of the crop of
47.5 million sacks estimated by the Nation-
al Food Supply Agency (Conab), in Janu-
ary 2017. The mentioned volume refers to
the higher forecast for the 2017 coffee crop,
or 2017/18. The other decreasing contri-
butions come from (2.7%), Rio de Janeiro
(0.8%), Goiás and Mato Grosso (0.4% each) –
other states account for only 0.2%.
More than half of the Brazilian coffee is
produced in the State of Minas Gerais. The
production in that state, estimated by Conab
sources could reach, at the most, 26.81 mil-
lion sacks of coffee in 2017. This volume,
though 12.7% smaller than the 30.724 mil-
lion sacks harvested in 2016, would repre-
sent 56.4% of the total in the Country pro-
jected by the Conab. Coffee in Minas Gerais is
99% Arabica, and 83% is shipped abroad. In
the State, coffee is the second most exported
product, coming only after iron ore.
In 2017, due to the off-year of low produc-
tion and the smaller planted area, the crop in
Minas Gerais could drop 17% in the following
regions: South and Center-West, and 36.7%
in Cerrado Mineiro (Triângulo, Alto Paranaí-
ba and Northwest). Nonetheless, in Zona da
Mata (Zona da Mata, Rio Doce and Central)
the crop is supposed to go up by 26% from
2016, favored by the on-year of high pro-
duction in the region. The smaller area will
not prevent the crop in North Minas (North,
Jequitinhonha and Mucuri) from soaring
Production in Espírito Santo expects to resume its growth after three frustrating crops
22
The biggest projection would be equal to
17.7% of the total coffee crop expected in
2017. Therefore, Minas Gerais and Espírito
Santo would produce 74.1% of all Brazilian
coffee. According to Conab sources, from
2014 to 2016, the drought, the shortage of
8.3% in 2017, taking advantage of the climate water for irrigation and abnormally warm
that jeopardized the crop last year. temperatures interrupted the continually
The expectation for a smaller crop in rising crop in Espírito Santo, reducing the
Minas Gerais is based on the estimated re- production of conilon by 50% and 40% the
duction of 3.17% in the planted area and a total. As a result of the drought, many farm-
9.9-percent drop in productivity. According ers decided to prune their coffee fields dras-
to Conab sources, in December 2016, weath- tically, slowing down the coffee field renew-
er conditions suggested reasonable results al program. This caused the area of conilon
for 2017, an off-year of low productivity. The to drop by more than 10%.
area decreased by virtue of the intense prun- The production of conilon in Espírito San-
ing operations carried out in 2016, exceed- to could vary from 4.605 to 5.295 million sacks
ing new areas in their first production stage. in 2017, equivalent to 55% of the supply pro-
Despite favorable climate conditions, aver- jected for the Country. The share of the state
age productivity is estimated to remain from once reached 78%. Average productivity is
25.98 and 27.34 sacks of coffee per hectare. It estimated from 19.56 to 22.49 sacks of co-
was taken into consideration that the growth nilon per hectare, up from 1% to 16.2%. The
of the productive branches remained behind State is a national and international reference
expectations, but the blossoming stages that in the development of conilon coffee farm-
followed were satisfactory, as the first blos- ing, with average harvest of up to 35 sacks
soming stage was aborted by the prolonged per hectare, according to the Espírito Santo
drought in September 2016. State Research, Technical Assistance and Ru-
ral Extension Company (Incaper). Productivi-
IN THE HIGHLANDS The State of ty has evolved considerably over the past 25
Espírito Santo accounts for the second big- years, by virtue of the technologies launched
gest volume of coffee in the Country and is by the Incaper, in a partnership with other in-
the leader in the production of conilon, or stitutions. Conilon is the leading source of in-
Robusta. The 2017 harvest is estimated at come in 80% of the rural holdings in Espírito
7.34 to 8.43 million sacks, up 2.5% to 8.3%. Santo, located in warm land. n
nnn Throughout brazil
Conab is an organ that has been keeping a close watch on the Brazilian coffee crop
since 2001. Information comes from farmers, cooperatives and other agents involved in
coffee farming. Four estimates are released over the year, the first in January, the sec-
ond in May, the third in September and the last one in December. With the exception of
the last one, all others refer to information obtained in the month that comes prior to
the publication. In December, when information is gathered, the coffee plantation is in
its post-blossoming stage, one of the most important for the crop. At this time, favor-
able climate conditions and best agricultural practices are an assurance of uniform and
good quality beans. In the other months that are monitored it is harvest time, extend-
ing from March to October, but is concentrated between May and August.
 Sílvio Ávila

24
 Pela primeira vez na história cotação média do conilon superou a do arábica

Fez bem ao bolso de 60 quilos e começou a registrar recor-

A colheita pode não ter rendido tanto no caso do des reais praticamente diários na série do
conilon, mas as boas cotações do café trouxeram Cepea, iniciada em 2001. A máxima de R$
552,28 por saca foi atingida em 14 de no-
alento aos produtores e alegraram os bolsos vembro. A safra 2016/17 de robusta foi

O
café em grão foi comerciali-
zado a preços mais altos ao
longo de 2016, quando com-
parado com os valores mé-
dios praticados no ano an-
terior. Até o café arábica, que registrou
volume recorde, teve o preço valoriza-
do em consequência da menor oferta de
café conilon, ou robusta, em 2016, safra
2016/17. A média nominal do café arábi-
ca tipo 6, bebida dura para melhor, posto
em São Paulo, foi de R$ 501,80 pela saca de
60 quilos, com acréscimo de R$ 57,76 so-
bre o valor médio de R$ 454,04 obtido em
2015, de acordo com o Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada (Cepea),
da Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (Esalq), vinculada à Universidade
de São Paulo (USP). Enquanto isso, o pre-
ço médio do café robusta tipo 6 no Espírito
Santo ficou em R$ 487,60.
Apesar de os preços terem oscilado em
2016, o café arábica teve maior liquidez do
que o robusta, devido à quantia maior dis-
ponível para negociação, aponta a equi-
pe de analistas do Cepea. No decorrer do
ano, o arábica tipo 6 bebida dura para me-
lhor, colocado em São Paulo, variou de R$
450,15 a R$ 577,74 por saca, ou seja, qua-
se R$ 130,00 de diferença por saca. Já a for-
te alta nos preços do café conilon nos mer-
cados interno e externo marcou o ano de
2016. O Cepea destaca que pela primeira
vez na história a cotação média do conilon
superou a do arábica. Na segunda quinze-
na de outubro de 2016, o robusta tipo 6 pe-
neira 13 acima, a retirar no Estado do Espí-
rito Santo, chegou a ficar R$ 13,17 por saca
acima do arábica tipo 6, bebida dura para
melhor, posto na capital paulista.
Entre os meses de março e novembro
de 2016, verificou-se movimento de alta
nos preços do robusta, provocado pela
baixa oferta do grão no mercado nacio-
nal. Em meados de agosto, o indicador
do Cepea passou de R$ 500,00 por saca
prejudicada pelo clima seco tanto no Es-
pírito Santo quanto em Rondônia, com re-
cuo de 25% na produção frente ao perío-
do anterior, de acordo com a Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab).
A oferta restrita de café robusta elevou
os preços para a indústria, que, além de
ter de pagar mais pelo grão, também bus-
cou alternativas para elaborar os blends,
como substituir a variedade pelo arábica
mais fraco, como bebida rio ou aqueles
de qualidade inferior. Com isso, os pre-
ços destes tipos de café arábica também
aumentaram com força, atingindo a casa
de R$ 500,00 por saca. Segundo os cola-
boradores do Cepea, a qualidade do ro-
busta foi inferior no ciclo 2016/17, em fun-
ção do clima desfavorável. Boa parte dos
grãos foi classificada como miúdos, pre-
judicando o rendimento da variedade. A
menor produção brasileira e a perspectiva
de não recuperá-la na totalidade na safra
2017/18 geraram receios quanto ao abas-
tecimento de café robusta no mundo. n

nnn Diferença no custo

Nem sempre o aumento do preço pago ao produto resulta em maior rentabilidade ao cafeicultor. Levantamento feito em 10
municípios das principais regiões produtoras de café arábica apontou que o custo total médio ficou em R$ 480,74 por saca em
2016. O estudo foi realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Centro de Inteligên-
cia em Mercado da Universidade Federal de Lavras (CIM/Ufla).
Os Custos Totais (CT) dos municípios produtores de arábica pesquisados variaram de acordo com as condições locais de pro-
dução, de R$ 401,77 por saca em Luís Eduardo Magalhães (BA) a R$ 535,10 por saca em Guaxupé (MG). O clima contribuiu com a
produtividade na maioria dos municípios contemplados pela pesquisa, variando de 30 a 50 sacas por hectare na safra 2016. “O
efeito da economia de escala, aliado aos bons preços de venda na safra 2016, favoreceu os resultados econômicos nas regiões
de arábica como um todo”, concluíram os pesquisadores.

25
Sílvio Ávila

For the first time in history,

average conilon prices
outstripped Arabica prices

It was good
for the pocket
abica coffee, in São Paulo, varied from R$
The crop may not have yielded that much in the 450.15 to R$ 577.74 per sack, that is to say,
case of conilon, but the good prices of coffee almost a difference of R$ 130 per sack. Real
conilon coffee price increases in the domes-
encouraged the farmers and rewarded their pockets tic and foreign market took place in 2016.

G
reen coffee is traded at higher
prices in 2016, if compared to
the average values practiced
in the previous year. Even Ar-
abica coffee, which registered
a record volume, fetched better prices be-
cause of smaller conilon, or Robusta, vol-
umes in 2016, or in the 2016/17 crop year.
The average nominal value of type 6 Ara-
bica coffee, hard cup or better, in São Pau-
lo, reached R$ 501.80 per 60-kg sack, up R$
57.76 from the average value of R$ 454.04
fetched in 2015, according to the Center for
Applied Studies on Advanced Economics
(Cepea) of the Luiz de Queiroz College of Ag-
riculture (Esalq), a division of the Universi-
ty of São Paulo (USP). In the meantime, the
average price of type 6 Robusta coffee re-
mained at R$ 487.60 in Espírito Santo.
Although prices fluctuated in 2016, Ara-
bica coffee experienced more liquidity com-
pared to Robusta, due to the higher amount
available for negotiation, say Cepea analyst
team members. During the year, type 6 Ar-
Cepea officials confirm that for the first time
average conilon quotes surpassed Arabica
prices. In the second half of October 2016,
Robusta type 6, screen 13, available in the
State of Espírito Santo, outstripped by R$
13.17 per sack type 6 Arabica coffee, hard
cup or better, in the capital city São Paulo.
From March to November 2016, Robusta
quotes soared, as a result of the shortage of
beans in the national scenario. In mid-August,
the Cepea Indicator surpassed R$ 500 per 60-
kg sack and started to register almost daily re-
cords of the series of the Center, which start-

nnn Difference in cost

Higher prices paid to producers do not always translate into more profits for the coffee farmers. A survey conducted in 10 mu-
nicipalities of the main Arabica coffee producing regions concluded that the total average cost remained at R$ 480.74 per sack in
2016. The study was carried out by the Brazilian Confederation of Agriculture and Livestock (CNA), jointly with the Market Intelli-
gence Center of the Federal University of Lavras (CIM/Ufla).
The Total Costs (TC) of the Arabica coffee producing municipalities varied according to the local production conditions, R$
401.77 per sack in Luís Eduardo Magalhães (BA) to R$ 535.10 per sack in Guaxupé (MG). The climate favored productivity in the
majority of the municipalities covered by the survey, varying from 30 to 50 sacks per hectare in the 2016 season. “The effect of
the economies of scale, along with the good prices fetched in the 2016 crop year, greatly favored the economic results in the Ar-
abica regions as a whole”, the researchers concluded.

26
ed in 2001. The maximum price of R$ 552.28
per sack was achieved on November 14. The grãos de valor
2016/17 Robusta crop was jeopardized by ex- valuable beans
cessively dry weather conditions in the States Médias nominais do café arábica versus conilon ou robusta – R$/sc de 60kg
of Espírito Santo and Rondônia, and produc- Ano e mês robusta 6 arábica 6 diferença* robusta 7/8
tion was down 25% from the previous period, 2016 (jan a dez) 487,6 501,80 14,20 475,65
Janeiro 2017 495,19 514,23 19,4 485,44
according to officials from the National Food
Fevereiro 2017 449,93 508,65 58,72 440,89
Supply Agency (Conab).
* Diferencial de preço, reais por saca, entre o arábica tipo 6 (duro para melhor) e o robusta tipo 6 no
The shortage of Robusta coffee forced Espírito Santo (todos os valores são à vista).
the industry to pay higher prices for the Fonte: Cepea-Esalq/USP

beans, whilst seeking alternatives for the

composition of the blends, like the replace-
ment of the variety with weaker Arabica cof-
fee, as soft coffee or coffee of inferior quality. soma de valores
This made the prices of these types of Arabi- sum
ca coffee go up steeply, reaching R$ 500 per Alguns indicadores de desempenho da cafeicultura brasileira
sack. According to Cepea sources, the qual- Indicadores 2015 2016
ity of Robusta was inferior in the 2016/17 Exportações – milhões /sc 37,1 34,3
growing season, as a result of unfavorable Valor — bilhões/US$ 6,2 5,5
weather conditions. Huge portions of the Preço médio — US$/sc 165,92 159,46
beans were graded below standard, ad- Orçamento Funcafé (R$ milhões) 4.146 4.644
versely affecting the yield of the variety. The Financiamentos 4.136 4.632
Publicidade e promoção 4,5 1,6
smaller Brazilian crop and no perspective
Pesquisa cafeeira 5,6 10,6
for total recovery in the 2017/18 crop year
Participação no Agronegócio 7% 6,4%
gave rise to concerns about the global sup-
Fonte: Mapa.
ply of Robusta coffee. n
 Sílvio Ávila

28
 Aumento de arábica deve compensar parte da queda prevista no conilon
Haja grão
Estimada em 151,6 milhões de sacas no ciclo
2016/17, a produção mundial não acompanha a
demanda, projetada em 155,1 milhões de sacas
O
s cafezais distribuídos pelo
mundo estabilizaram as pro-
duções nos últimos anos,
enquanto a demanda au-
mentou. Pelo menos é o que
mostram os relatórios mais recentes da Or-
ganização Mundial do Café (OIC), com sede
em Londres. A produção global está esti-
mada em 151,6 milhões de sacas de café
arábica e conilon, ou robusta, para a safra
2016/17, de acordo com os relatórios do
mercado cafeeiro da OIC, dos meses de de-
zembro de 2016 e de janeiro e fevereiro de
2017. Esse volume representa aumento mí-
nimo de 0,1% em relação às 151,4 milhões
de sacas produzidas na etapa 2015/16.
A previsão total considerava que a pro-
dução de café arábica seria de 93,5 milhões
de sacas, significando acréscimo de 4,4%,
ou de 3,9 milhões de sacas. Na ocasião,
segundo a OIC, a estimativa era de safras
maiores de arábica no Brasil, na Colômbia
e em Honduras. Para o Brasil, maior produ-
tor e exportador de café do mundo, a en-
tidade estimava que a safra 2016/17 seria
de 55 milhões de sacas de arábica e coni-
lon, favorecida pela maior produção de
arábica. Porém, o resultado apurado pela
Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab) foi de 51,37 milhões de sacas, e o
acréscimo de arábica acabou compensan-
do parte da quebra de conilon.
Em âmbito global, o aumento de ará-
do que a produção prevista, de 151,6 mi-
lhões de sacas. Nos anos anteriores, as di-
ferenças foram de 4,274 milhões de sacas
em 2015 e de 3,098 milhões de sacas em
2014. Porém, a oferta de 2013 foi de 3,098
milhões de sacas a mais do que o total con-
bica também deverá completar parte da sumido, de 146,977 milhões de sacas.
queda prevista para o café conilon. Con- A OIC ressalta que parte da diferença en-
forme a OIC, a produção de conilon soma- tre oferta e demanda pode ser atribuída aos
ria 58,2 milhões de sacas, com redução de estoques em movimento, que não constam
6%, ou de 3,7 milhões de sacas, no com- no registros oficiais. Portanto, o consumo
parativo com o volume do ciclo 2015/16. de 2016 poderá se reduzir à medida em que
Safras menores de conilon eram espera- esses estoques forem sendo absorvidos no
das na maioria dos países de origem. No mercado. Ainda sugere que, para se ter uma
Vietnã, maior produtor mundial de robus- ideia mais próxima do volume consumido
ta e segundo no total, a produção poderia de café no mundo, é melhor verificar as ten-
cair para 25,5 milhões de sacas no período dências de longo prazo do que as altera-
2016/17, 11,3% a menos em relação ao ci- ções que ocorrem de ano para ano.
clo anterior, de 28,7 milhões de sacas. A re- Sobre as vendas externas do ano cafeei-
dução seria provocada pela seca ocorrida ro 2015/16, de outubro de 2015 a setembro
no início do ano civil de 2016. de 2016, dados preliminares indicam que o
valor de todos os países exportadores foi de
SERVIDO A demanda de café con- US$ 20,1 bilhões, por um volume de 104,8 mi-
tinua superando o volume produzido no lhões de sacas de café arábica e robusta. Essa
mundo, conforme dados mais recentes da receita é 5,95% superior à do período ante-
OIC. O estimado é que o volume total con- rior, apesar da queda de 1,4% no volume to-
sumido tenha sido de 155,1 milhões de sa- tal dos envios, refletindo o aumento dos pre-
cas de café em 2016, conforme relatório ços durante o ano de 2016. Nesta temporada,
da entidade, de fevereiro 2017. É quantia os embarques de robusta e arábica cresce-
de 3,476 milhões de sacas de café a mais ram 7,4% e 9,7%, respectivamente. n
GOLES A MAIS sipping
Oferta e demanda mundial de café – milhões de sacas de 60 quilos
2013 2014 2015 2016*
Produção 152,130 148,724 151,438 151,624
Consumo 149,039 151,822 155,712 155,100
Balanço 3,098 -3,098 -4,274 -3,476
*Estimativa — Fonte: OIC, fevereiro de 2017.
29
Sílvio Ávila

CAFEICULTURA
MUNDIAL
global coffee farming
Principais países produtores de café do mundo
Produção
Países (milhões de sacas de 60 kg)
2015 2016 %
Brasil 50,376 55,000 9,2
Vietnã 28,737 25,500 -11,3

Plenty of beans
Colômbia 14,009 14,500 3,5
Indonésia 12,317 10,000 -18,8
Etiópia 6,714 6,600 -1,7
Honduras 5,766 5,934 2,9
Uganda 3,650 3,800 4,1
México 2,800 3,100 10,7
Guatemala 3,420 3,500 2,3
Peru 3,301 3,800 15,1
Costa do Marfim 1,893 2,000 5,7
Estimated at 151.6 million sacks in the 2016/17 Quênia 789 783 -0,7
growing season, global production does not keep Equador 644 600 -6,9
pace with demand, projected at 155.1 million sacks Sub-total 134,416 135,217 0,6

C
offee plantations scattered
across the globe have yielded
stable crops in the past years
but, in the meantime, de-
mand has soared. This is what
is shown by the recent reports of the Inter-
national Coffee Organization (ICO), based
in London. Global production is estimat-
ed at 151.6 million sacks of Arabic and co-
nilon, or Robusta, for the 2016/17 grow-
ing season, in accordance with the coffee
market reports published by the Interna-
tional Coffee Organization (ICO), from the
month of December 2016 to January and
February 2017. This volume represents a
minimum increase of 0.1% compared to
the 151.4 million sacks produced in the
2015/16 crop year.
Estimate of total coffee production con-
sidered that Arabica crop would reach 93.5
million sacks, representing an increase of
4.4%, or 3.9 million sacks. On that occasion,
according to ICO sources, the estimate was
for bigger Arabica crops in Brazil, Colom-
bia and Honduras. For Brazil, leading cof-
fee producer and exporter in the world, the
entity forecast a crop of 55 million sacks of
Arabica and conilon in the 2016/17 growing
season, benefiting from the bigger Arabica
crop. However, the result ascertained by
the National Food Supply Agency (Conab)
reached 51.37 million sacks, and the bigger
Arabica crop ended up making up for part
of the smaller conilon crop.
In global terms, the bigger Arabica
crop should also make up for part of the
smaller forecast conilon crop. According
to officials from the International Cof-
fee Organization (ICO), the conilon crop
would reach 58.2 million sacks, down
6%, or 3.7 million sacks from the volume
harvested in the 2015/16 crop year, which
was 11.3% smaller than the 28.7 million
sacks in the previous year. The blame for
the reduction goes to the drought condi-
tions in the 2016 civil year.
SERVED Demand for coffee is still
outpacing the volume produced in the
world, according to recent data released
by the ICO. It is estimated that 155.1 mil-
lion sacks were consumed in 2016, ac-
cording to a report by the entity, in Feb-
ruary 2017. This number represents an
amount of 3.476 million sacks more than
the estimated production of 151.6 mil-
lion sacks. In the previous years, the dif-
ferences remained at 4.274 million sacks
in 2015 and 3.098 million sacks in 2014.
However, the 2013 crop amounted to
Outros países 17,022 16,407 -3,6
Total 151,438 151,624 0,1
Fonte: OIC, janeiro de 2017.
3.098 million sacks in excess of the total
consumption of 146.977 million sacks.
ICO officials have it that part of the
difference between offer and demand
could be attributed to the moving stocks,
not included in the official records.
Therefore, consumption in 2016 could
go down as these stocks are being ab-
sorbed by the market. The officials also
suggest that, to have a more exact idea
of the volume of coffee consumed in the
world, there is need to check the market
trends in the long run, rather than the al-
terations that occur year after year.
On the subject of foreign coffee sales
in 2015/16, from October 2015 to Sep-
tember 2016, preliminary data indicate
that the value of all exporting countries
reached US$ 20.1 billion, for a volume
of 104.8 million sacks of Arabica and Ro-
busta coffee. This amount of revenue is
up 5.95% from the previous period, de-
spite the 1.4% drop in volumes shipped
abroad, reflecting the higher prices dur-
ing 2016. During this season, shipments
of Robusta and Arabica went up 7.4%
and 9.7%, respectively. n

Bigger Arabica crop should make up for part of the smaller conilon crop
30
Sílvio Ávila

Cafés em
movimento
Apesar do recuo na participação brasileira no DEMANDA
comércio global, agora de 29%, País permanece bem MUNDIAL
global demand
à frente como maior exportador global do grão Consumo

N
Região/países (milhões de sacas de 60 kg)
2014/15 2015/16
o ano civil de 2016, o Brasil ex- mesmos meses do período anterior, apon- Exportadores 47,245 48,263
portou 34 milhões de sacas de ta relatório da OIC, de fevereiro de 2017. Nos Brasil 20,333 20,500
café, com queda de 8,1%. A cinco meses, o Vietnã exportou 10,175 mi- Indonésia 4,333 4,500
participação brasileira nos em- lhões de sacas, com alta de 11,5%. Já o Bra- Etiópia 3,675 3,700
barques globais caiu para 29%, sil exportou mais, 14,883 milhões de sacas, Filipinas 2,800 3,000
contra de 32% em 2015. A perda de espaço mas com redução de 7,1%. México 2,354 2,354
no mercado externo foi ocasionada princi- Os preços do cafés (Colombian Milds, Vietnã 2,200 2,300
palmente pela forte retração dos envios de Other Milds, Brazilian Naturals e Robustas) ca- Índia 2,200 2,250
café conilon, que se limitaram a 580 mil sa- íram um pouco em fevereiro de 2017. Queda Colômbia 1,505 1,672
cas em 2016, queda de 86,2% em relação mais acentuada ocorreu no preço do robusta Sub-total 39,400 40,276
ao ano de 2015. Foi o pior resultado desde (1,7%), que passou de 108,32 para 106,49 cen- Outros 7,845 7,987
1997. A redução brasileira foi compensada tavos de dólar dos EUA por libra-peso. De acor- Importadores 104,577 107,450
pelo café do Vietnã e da Indonésia. do com a OIC, a redução do preço do robusta União Europeia 42,426 42,887
Estados Unidos 23,743 25,341
No ano cafeeiro 2016/17, os países ex- reflete a maior alta ocorrida em mais de cin-
Japão 7,594 7,790
portadores já negociaram 49,5 milhões de co anos no mês de janeiro de 2017 e as discus-
Rússia 3,846 4,303
sacas de café, de outubro de 2016 a feve- sões sobre a permissão ou não de importação
Canadá 3,629 3,535
reiro de 2017, com incremento de 6,7% em de café robusta pelo Brasil. Mas a compra ex-
Argélia 2,154 2,154
comparação ao volume embarcado nos terna não se concretizou. n Coreia do Sul 1,963 1,980
Sub-total 85,355 87,990
Outros 19,222 19,460
Perda de espaço no mercado tem relação Total 151,822 155,713

com a retração no envio de conilon Fonte: OIC, janeiro de 2017.

32
Coffees on the move
10.175 million sacks, up 11.5%. Brazil ex-
Although Brazil’s share of world coffee exports ported more, 14.883 million sacks, down
has shrunk, and now represents 29%, the Country 7.1% from the previous year.
Coffee prices (Colombian Milds, Oth-
continues to be by far the biggest exporter of the beans er Milds, Brazilian Naturals and Robusta)

I
n the 2016 calendar year, Brazil ex-
ported 34 million sacks of coffee,
down 8.1% from the previous year.
Brazil’s share of global shipments
dropped to 29%, against 32% in 2015.
The blame for the smaller market share
goes to the shrinking shipments of co-
nilon coffee, which remained at 580 thou-
sand sacks in 2016, down 86.2% from
2015. It was the worst result since 1997.
Brazil’s shrinking exports were compen-
sated by Vietnam and Indonesia.
In the 2016/17 coffee growing season,
the countries that export coffee negotiat-
ed 49.5 million sacks of coffee, from Octo-
ber 2016 to February 2017, up 6.7% from
the volume shipped in the same months
in the previous season, according to the
ICO report, released in February 2017. In
the five months, Vietnam shipped abroad
dropped slightly in 2017. A more serious
decline occurred in the price of Robus-
ta (1.7%), which dropped from 108.32 to
106.49 U.S. dollar cents per pound. Accord-
ing to ICO sources, the decline in the price of
Robusta reflects the biggest high occurred
in more than five years in the months of
January 2017, and the debates on the per-
mission or prohibition of imports of Robus-
ta coffee by Brazil. In the meantime, foreign
purchases did not materialize. n

Smaller market share is related to the

declining shipments of conilon
 MERCADo
Market

34
 Produto popular, de menor peso no orçamento, preserva a boa demanda
Sem abalos
Consumo interno de café desconheceu cenário
econômico desfavorável e manteve crescimento
em 2016, até superando expectativa inicial do setor
O
café nosso de cada dia pre-
serva a tradição e revela de-
sempenho em que quase a
cada ano amplia o consumo
por parte da população bra-
sileira. Em 2016, mesmo com cenário eco-
nômico complicado, a demanda chegou
até a superar as previsões iniciais, de 21 mi-
lhões de sacas, e cresceu 3,5% em relação
ao período anterior. Isso se deve, conforme
Nathan Herszkowicz, diretor executivo da
Associação Brasileira da Indústria de Café
(Abic), ao fato de ser uma bebida popu-
lar, presente no dia a dia, e de custo ainda
baixo ao consumidor, de maneira que não
chega a pesar tanto no seu orçamento.
O Brasil, maior produtor mundial de
café, é o segundo em consumo, logo após
os Estados Unidos. De qualquer forma, exis-
te um mercado interno consistente para o
produto, ressalta o dirigente. Ele mencio-
na pesquisa da Euromonitor pela qual 89%
dos consumidores acima de 60 anos bebem
café todo dia, enquanto junto aos jovens, de
16 a 20 anos, a frequência diária é de 49%.
Ainda de acordo com as projeções do insti-
tuto, o consumo doméstico deverá crescer,
em média, 3,2% ao ano até 2020, levando
em conta todos os tipos de café.
O levantamento mostra que mais de
80% dos lares brasileiros pesquisados têm
café, e o produto em pó representa 81%
do volume ali consumido, mas cresce o de
cápsulas. Fora do lar, sobressai a procura
por café de qualidade, onde a desacelera-
ção econômica impactou. De maneira ge-
ral em 2016, no entanto, como observou
a Abic, o consumo não foi afetado. Cons-
tatou até a busca de alguns consumido-
res por marcas de preços mais acessíveis:
“mas não abandonaram o hábito e come-
çaram a retornar ao segmento premium”.
O analista Jefferson Carvalho, do Rabo-
bank, por sua vez, em manifestações fei-
tas durante eventos no setor, aponta cresci-
mento do consumo na faixa de 1,3% ao ano
no País, menor do que há alguns anos. Po-
rém, cita o fator positivo, para o segmento,
do envelhecimento da população, que em
faixa de idade mais avançada toma mais
café, e do oferecimento de mais opções
ao consumidor, considerando a segmenta-
ção do produto como um caminho a seguir,
para sua maior valorização, e o café como
uma especialidade e não uma commodity.
Em 2017, mesmo com o resultado fa-
vorável de 2016, a indústria brasileira de
café via algumas dificuldades no ritmo do
consumo no início do ano. De qualquer
forma, esperava que reagisse, em paralelo
à concretização de uma expectativa de re-
tomada econômica, e que pudesse atingir
resultado próximo ao anterior. Estava em
jogo também a questão do abastecimen-
to de matéria-prima, que já apresentou
problemas em 2016, com a quebra da sa-
fra de conilon, e se colocava como interro-
gação para o novo período, diante de es-
toques mais reduzidos. n
Sílvio Ávila
Popular product, with minor impact on the budget, continues in demand
Without significant trauma
Domestic coffee consumption simply ignored
the unfavorable economic scenario and
continued on the rise in 2016, even surmounting
the initial expectations of the sector
O
ur everyday coffee pre-
serves tradition and reveals
a performance that, year af-
ter year, attests to soaring
consumption by the Bra-
zilian population. In 2016, in spite of a
complicated economic scenario, demand
went so far as to outstrip the initial fore-
cast, of 21 million sacks, and was up 3.5%
from the previous period. According to
Nathan Herszkowicz, executive director
at the Brazilian Coffee Industry Associa-
tion (Abic), has it that because it is a pop-
ular beverage, present in people’s every-
day life, and still cheap at consumer level,
and does not weigh heavily on the budget.
Brazil, the leading global coffee produc-
er, comes second in consumption, right af-
ter the United States. Anyway, there is a con-
sistent domestic market for the beverage,
says the official. He mentions the survey
by Euromonitor, which reveals that 89% of
over 60-year old consumers have coffee ev-
eryday, while among young people, for the
36
age period 16 to 20, daily frequency reaches
49%. Still according to the projections of the
institute, domestic consumption is bound to
grow 3.2% a year until 2020, on average, tak-
ing into consideration all types of coffee.
The survey shows that upwards of 80%
of the surveyed Brazilian households con-
sume coffee, and soluble coffee repre-
sents 81% of the total volume, but coffee
capsules are on a rising trend. Outside the
home, quality coffee is in great demand,
a sector that has been adversely affected
by the economic downturn. In general, in
2016, nonetheless, as observed by Abic of-
ficials, consumption was not affected. Con-
XÍCARA ALÇADA
cup after cup
Consumo de café no Brasil
Ano 2015 2016
Total (milhões de sacas) 20,5 21,2
Per capita verde (kg/hab/a) 6,12 6,29
Per capita torrado (kg/hab/a) 4,90 5,03
Fonte: Abic.
sumers seeking more affordable brands
was also a fact ascertained by the survey:
“but they did not relinquish their habit and
started to make a comeback to the seg-
ment of premium coffees”.
Analyst Jefferson Carvalho, from Rabo-
bank, in turn, in opinions expressed in the
events of the sector, refers to consump-
tion increases of 1.3% a year in the Coun-
try, lower than in past years. Nevertheless,
he cites a positive factor for the segment.
The older population continues to grow,
and during old age people tend to con-
sume more coffee, thus more options for
consumers are necessary, considering the
segmentation of the product as a route to
follow, as a manner to boost its value, and
coffee as a specialty and not a commodity.
In 2017, notwithstanding the favorable
result in 2016, the Brazilian coffee industry
spotted some difficulties in the consump-
tion rhythm early in the year. Anyway, there
was hope for a reaction in parallel with the
materialization of the expectation of the
economic resumption with results in line
with the previous year. What also was at
stake was the supply of raw material, which
had been a problem in 2016, with the fail-
ure of the conilon crop, and came as an un-
known perspective for the new period, in
light of smaller ending stocks. n
#AoSeuLadoSempre

JACTO.
AS MELHORES
SOLUÇÕES PARA
SUA LAVOURA
RENDER MAIS.
Trabalhamos todos os dias criando novas tecnologias e soluções para
que a cafeicultura brasileira seja cada vez mais forte e competitiva.
É por isso que a Jacto está sempre ouvindo as necessidades dos
produtores das mais diferentes regiões do Brasil e do mundo.

Abrir-se para o novo sempre.

É nisso que acreditamos.
 Sílvio Ávila

38
 Produto solúvel também registrou desempenho favorável na exportação
Tempos arábicos
Variedade apresentou venda recorde e garantiu
manutenção de bom nível nas exportações do
líder Brasil em 2016, com quebra no café robusta
O
volume total de café expor-
tado pelo Brasil, líder do se-
tor, recuou 7,5% em 2016,
devido a dificuldades regis-
tradas na produção do tipo
robusta (também conhecido por conilon).
Mas a variedade mais produzida no País e
mais vendida ao exterior, a arábica, mos-
trou bom resultado na safra e na venda
externa, o que possibilitou ainda manter
“o abastecimento mundial em condições
de normalidade”, conforme Nelson Carva-
lhaes, presidente do Conselho dos Expor-
tadores de Café do Brasil (CeCafé).
Nos últimos dois anos, relata, uma forte
estiagem reduziu a disponibilidade de ofer-
ta no Espírito Santo, maior produtor brasi-
leiro de café conilon, impactando de forma
expressiva os embarques dessa variedade,
que teve queda de 86,2% nas suas exporta-
ções em 2016, comparadas às do ano ante-
rior. Mas o café arábica teve desempenho
Sílvio Ávila
dor total de 2016, embora reduzido em re-
lação à etapa anterior, ainda foi superior à
média alcançada em cinco anos (33,6 mi-
lhões de sacas). O produto representou
6,4% das exportações do agronegócio bra-
sileiro e 2,9% do movimento geral de ven-
1,9% superior e passou a representar 87% das externas do País, reafirmando o bom
do total das exportações de café brasileiro, desempenho, a capacidade e a eficiência
contra 79% alcançados em 2015. do principal fornecedor mundial, ressalta a
No relatório da entidade ao final de entidade dos exportadores de café. n
2016, Carvalhaes mencionou que “o se-
gundo trimestre do ano foi o mais desa- CAFÉ DO BRASIL
fiador para o segmento, devido ao perío- NO MUNDO
do de entressafra e às reduções drásticas BRAZILIAN COFFEE IN THE WORLD
nos estoques, mas houve grande recupe- Exportações do maior produtor e exportador
ração no quarto trimestre”. Lembrou os Ano 2015 2016
impactos sofridos no café conilon, pelas Volume Sc 60 Kg Sc 60 Kg
condições climáticas adversas, “voltan- Arábica 29.225.183 29.785.432
do a patamares de 1997”, mas enfatizou Robusta 4.213.953 580.313
que o arábica “compensou com recor- Total Verde 33.439.136 30.365.745
de em toda a série histórica de exporta- Solúvel 3.551.022 3.865.231
ções”. O mesmo ocorreu com o industria- Torrado & Moído 28.825 29.371
lizado solúvel, que registrou crescimento Total Industrializado 3.579.847 3.894.602
de 8,8% no volume vendido. Total geral 37.018.983 34.260.347
Receita US$ mil US$ mil
O Brasil, líder na produção e na expor-
Total 6.154.067 5.444.010
tação, vende ao exterior a maior parte de
Preço médio/sc 166,24 158,9
seu café e, na sua parcela mais significati-
Fonte: CeCafé.
va, em produto verde. O resultado exporta-
39
Sílvio Ávila
Arabica times
Variety celebrated record sales and
kept Brazil’s good export levels in 2016,
with a shortfall in Robusta coffee
T
he total volume of coffee export-
ed by Brazil, leader of the sector,
dropped 7.5% in 2016, due to
difficulties that affected the pro-
duction of Robusta coffee (also
known as conilon). Nevertheless, the most
produced and exported variety in Brazil is
Arabica coffee, which showed good results
in production and in exports, keeping “glob-
al supplies in normal conditions”, says Nel-
son Carvalhaes, president of the Brazilian
Coffee Exporters Council (CECafé).
In the past two years, he notes, a pro-
longed drought reduced coffee offers in Es-
pírito Santo, leading Brazilian producer of
Soluble coffee registered a good performance in exports
40
conilon, impacting expressively upon the
shipments of this variety, resulting into an
86.2% drop in shipments abroad in 2016,
compared to the previous year. On the oth-
er hand, the performance of Arabica was up
1.9% and accounted for 87% of all Brazilian
coffee exports, against 79% in 2015.
In the entity report, published in late
2016, Carvalhaes mentioned that the sec-
ond half of the year was the most chal-
lenging for the segment, as it was off-
season time and the stocks dropped
considerably, followed by a period of sub-
stantial recovery in the fourth quarter”. He
recalled the damages suffered by conilon
coffee from the adverse weather condi-
tions, “receding to the 1997 levels”, but he
equally insisted that Arabica coffee “com-
pensated with the record exports on re-
cord”. The same held true for industrial-
ized soluble coffee, which registered an
8.8-percent growth in shipments.
Brazil, leader in production and ex-
ports, ships the bulk of its coffee abroad
and, the most significant portion con-
sists in green coffee. The total export re-
sult in 2016, although smaller compared
to the previous year, was still superior to
the average reached in five years (33.6
million sacks). The product represent-
ed 6.4% of all Brazilian agribusiness ex-
ports and 2.9-percent of all sales abroad
by the Country, attesting to the good per-
formance, capacity and efficiency of the
leading global supplier, say sources from
the coffee exporters’ association. n
 Inor Ag. Assmann

42
União Europeia e Estados Unidos são os maiores compradores do produto

A vez da Ásia Ainda que considere este índice satisfa-

Continente é o que mais incrementa as importações tório, o grupo de pesquisa assinala que “é
mundiais de café e é alvo de atenção do Brasil, importante o País consolidar e abrir mais
mercados na Ásia, onde estimativas in-
como principal país exportador no segmento dicam que ocorrerá grande aumento da

Q
uem compra mais café no
mundo (dois terços do to-
tal) são os países da União
Europeia e os Estados Uni-
dos, mas é na Ásia que se
verifica o voo mais alto nos índices de in-
cremento da demanda e da importação.
Os cinco principais importadores do con-
tinente asiático (Japão, Filipinas, China,
Coreia do Sul e Malásia) aumentaram as
compras em 27,95% entre 2006 e 2015, le-
vantou o Bureau de Inteligência Competi-
tiva do Café, do Consórcio de Pesquisa co-
ordenado pela Embrapa Café.
Os destaques, pelo estudo, foram Chi-
na e Malásia, com aumentos respectivos
de 218% e 140% nas importações nesse
período, seguidos de Filipinas e Coreia do
Sul, com índices próximos de 60%. Além
disso, dados da Organização Internacional
do Café (OIC) sobre consumo mundial en-
tre 2012 e 2015, registrados pelo Conselho
dos Exportadores de Café do Brasil (CeCa-
fé) no relatório do final de 2016, ratificam
que o incremento médio mais expressivo
(3,7%) ocorreu na Ásia e na Oceania.
A maior parcela do aumento nas impor-
tações asiáticas, observa ainda o Consórcio
de Pesquisa, foi atendido pelo Vietnã, país
integrante do continente, segundo maior
produtor e exportador mundial de café,
atrás do Brasil, e primeiro na oferta da va-
riedade robusta, que ali tem mais consumo.
Ampliou em 54,79% suas vendas aos cinco
destinos referidos, enquanto o comércio
brasileiro nestes mercados foi ampliado em
24,84%, o que, mesmo assim, foi próximo
do total do incremento registrado.
demanda mundial de café nas próximas
décadas”. Em 2016, mesmo com menor
oferta de robusta do Brasil, suas exporta-
ções aumentaram em 1% para este con-
tinente, que respondeu por 17% do to-
tal vendido. Para a Europa (54% do total),
diminuíram 5%, e 19% para a América do
Norte (22% do total).
Por país, os Estados Unidos foram no-
vamente os maiores compradores do café
brasileiro em 2016, seguidos de Alemanha
e Itália, embora os três registrassem decrés-
cimos em relação ao ano antecedente (res-
pectivos 17%, 5% e 6%). Já o quarto princi-
pal importador, o Japão, teve acréscimo de
3% nas compras, enquanto o oitavo, o Ca-
nadá, ampliou em 2% a aquisição, e a Rús-
sia, que era o sétimo, incrementou em 19%
o comércio com o Brasil e ficou no sexto lu-
gar do ranking de países de destino. n

DESTINOS DA nnn Boas perspectivas

PRODUÇÃO
Em 2017, nos dois primeiros meses, as exportações brasileiras de café repetiam
BEAN DESTINATION
Principais mercados do café redução nos volumes (na ordem de 11%) em relação ao ano anterior, atingindo os
brasileiro no exterior principais tipos vendidos, enquanto na receita havia crescimento de 6%. Em mar-
Ano 2015 2016 ço, o CeCafé observava que “ainda é cedo para ter uma leitura das perspectivas
Países/Volume Sc. 60Kg Sc. 60Kg para o ano”. Mas acreditava que, com o consumo mundial crescendo a taxa mé-
Estados Unidos 7.866.888 6.521.115 dia anual de 1,3% nos últimos quatro anos, segundo dados da OIC, as exportações
Alemanha 6.597.531 6.274.358 iriam se assemelhar aos números registrados em 2016.
Itália 3.061.382 2.885.296 Para o futuro, as expectativas são muito positivas em relação ao consumo mun-
Japão 2.475.986 2.556.248 dial de café, com mudanças nos perfis e também de fluxos, incluindo regiões com
Bélgica 2.298.571 2.105.690 pouca tradição, como a China. Nesta direção, projeções feitas para 2026 indicam
Rússia 819.882 977.891
aumentos tanto na demanda interna quanto na externa, mas com maior destina-
Turquia 868.406 844.834
ção do produto ao exterior. De acordo com estudo da Federação das Indústrias do
Canadá 810.302 826.724
Estado de São Paulo (Fiesp), a exportação líquida do País aumentaria 30% e o con-
França 757.863 756.795
sumo doméstico, 20%, enquanto o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci-
Espanha 755.658 685.014
mento (Mapa) projeta índices respectivos de 28,7% e 24,8%.
Fonte: CeCafé.

43
Sílvio Ávila

ers Council (CECafé) in its 2016 final report,

ratify the most expressive average increase
(3.7%) occurred in Asia and Oceania.
The biggest portion of the rising imports
in Asia, according to the Research Consor-
tium, was fulfilled by Vietnam, country that
is part of the continent, second biggest pro-
ducer and exporter of coffee in the world,
coming only after Brazil, but number one
in the supply of Robusta, which is preferred
by the people of that country. Vietnam ex-
panded by 54.79% its sales to the five above
mentioned countries and, in the meantime,
Brazilian coffee trade in these markets was
expanded by 24.84%, which, even so, was
close to the total registered increase.

Asia’s turn
Although taking this rate as satisfactory,
the research team has it that “it is important
for the Country to consolidate and open more
markets in Asia, where estimates point to big
increases in global demand of coffee over the
next decades”. In 2016, even with shrinking
supply of Robusta in Brazil, its exports soared C

Continent leads global coffee imports and 1% to that continent, which accounted for M

is capturing the attention of Brazil, main 17% of the total exports. Shipments to Europe Y

(54% of the total), went down 5%, and 19% to

exporter of the segment North America (22% of the total).
CM

T
Per country, the United States was again MY

he European Union and the gence Bureau, of the Research Consortium the biggest Brazilian coffee buyer in 2016, CY

United States are the leading coordinated by Embrapa Coffee. followed by Germany and Italy, in spite of CMY

buyers of coffee in the world The highlights, according to the study, the fact that the three of them registered de- K

(two thirds of the total), but it is
Asia that is responsible for the
fastest growing trend in demand and im-
ports. The five main importers of the Asian
continent (Japan, Philippines, China, South
Korea and Malaysia) increased their pur-
chases by 27.95% from 2006 to 2015, say
sources from the Coffee Competitive Intelli-
were China and Malaysia, with increas-
es, respectively, of 218% and 140% in im-
ports over the period, followed by the Phil-
ippines and South Korea, percentage rates
close to 60%. Furthermore, data released by
the International Coffee Organization (ICO)
on global consumption from 2012 to 2015,
registered by the Brazilian Coffee Export-
clines compared to the previous year (re-
spectively 17%, 5% and 6%). The fourth big-
gest importer, Japan, purchased 3% more,
whilst the eighth, Canada, expanded its ac-
quisition by 2%, and Russia, which ranked
as seventh, expanded by 19% its business
with Brazil and ranked as sixth in the rank-
ing of the countries of destination. n

nnn Good perspectives

In 2017, in the first two months, Brazilian coffee exports continued declining in volumes (something like 11%) from the previous year,
including most types of coffees that are sold abroad, while revenue showed an increase of 6%. In March, CeCafé officials observed that “it is
still early for an accurate reading of the perspectives for the year”. However, they believed that, with global consumption on the rise, accord-
ing to numbers released by the International Coffee Organization (ICO), exports would remain on a par with the numbers registered in 2016.
For the future, expectations are very positive with regard to global coffee consumption, with changes in the profiles and equally
with flows, including regions with hardly any tradition, like China. Towards this end, projections for 2026 point to rising demand at
home and abroad. According to a study by the São Paulo State Industry Federation (Fiesp), net exports of the Country are supposed
to soar 30% and domestic consumption, 20%. In the meantime, the Ministry of Agriculture, Livestock and Food Supply (Mapa) is pro-
jecting respective rates of 28.7% and 24.8%.

European Union and the United States are the biggest buyers of the product
44
 INDústria
Industry

46
 O problema manifesta-se com maior intensidade na área de café solúvel
Sem robustez
Menor disponibilidade da variedade robusta (conilon)
gera dificuldades de abastecimento e incertezas
para as atividades das indústrias brasileiras
A
safra geral de 2016 foi a maior
(impulsionada pelo tipo arábi-
ca) e o mercado esteve favorá-
vel, mas a indústria brasileira
do café não escapou de en-
frentar uma crise: de abastecimento. Mais
ao final do ano, sentiu a dificuldade de ob-
ter a variedade robusta (conilon), em volu-
mes e preços adequados às suas necessida-
des. Presente em especial na composição
do café solúvel, mas também em diversos
blends no torrado & moído, a matéria-prima
escasseou e encareceu com problemas na
produção e mesmo com a grande exporta-
ção ocorrida em período anterior.
As entidades da indústria expressaram
esta angústia no encerramento de 2016 e
no início de 2017, quando até chegou a ser
anunciada, e depois suspensa, uma inédi-
ta importação do produto. Argumentações
diferenciadas foram apresentadas por re-
presentantes dos produtores e dos indus-
triais sobre a efetiva necessidade desta
operação, alegando aqueles que ainda ha-
via estoques e que logo (no final de março)
entraria a nova safra, além dos riscos sani-
tários inerentes, enquanto estes alegavam
que não conseguiam adquirir maiores vo-
lumes a preços competitivos.
O governo, por meio da Companhia
Nacional de Abastecimento (Conab), che-
gou a disponibilizar à indústria o seu siste-
ma de leilões para compra de café conilon,
mas na primeira tentativa feita, em 22 de
março de 2017, não houve interessados na
venda do produto em virtude dos preços
ofertados. Em paralelo, a Conab realizava
desde o começo do ano leilões de seus es-
toques públicos da variedade arábica, que,
da mesma forma, já estavam se esgotando
no transcurso do primeiro trimestre.
Ainda em relação ao robusta e à sua es-
Inor Ag. Assmann
cassez, Aguinaldo Lima, diretor de relações
institucionais da Associação Brasileira da
Indústria de Café Solúvel (Abics), já alerta-
va desde o final de 2016 sobre um possível
comprometimento das exportações brasi-
leiras deste produto, onde o País também
lidera em nível mundial, além do café ver-
de. No ano, o Brasil ainda conseguira cres-
cer nas vendas externas desse item (8% so-
bre 2015), “em virtude de os negócios terem
ocorrido até maio, antes do reflexo da que-
bra”, mas nos primeiros meses de 2017 já
acumulavam queda de 26%.
Nathan Herszkowicz, diretor execu-
tivo da Associação Brasileira da Indús-
tria de Café (Abic), por sua vez, apontava
para o desafio financeiro e operacional de
cada torrefadora diante da crise de abas-
tecimento e do potencial mercado, pre-
cisando adaptar composições sem preju-
dicar o sabor e o aroma apreciados pelos
consumidores. Neste aspecto, e conside-
rando que não há garantia de que a oferta
geral da produção em 2017 seja suficiente
para o suprimento das necessidades, pre-
via dificuldades para a indústria no decor-
rer deste período. n
47
Sílvio Ávila
No robustness
Scarce availability of the Robusta variety (conilon)
generates supply difficulties and uncertainties
for the activities of the Brazilian industries
T
he general crop in 2016 was
the biggest (driven by Arabica
coffee) and the market was fa-
vorable, but the Brazilian cof-
fee industry was caught in the
middle of a supply crisis. Towards the end
of the year, it experienced difficulty in get-
ting supplies of Robusta (conilon), in vol-
umes and prices appropriate for its needs.
A big component in soluble coffees, but
equally in several brands of toasted and
ground coffee, the raw material became
scarce and got more expensive because of
production problems and huge exports in
the previous season.
Industry entities had expressed this
concern in late 2016 and early 2017, when
there was even an announcement for an
unprecedented importation of coffee, but
was later suspended. Farmers and indus-
try representatives came up with argu-
48
ments challenging the effective need of
this operation, the former argued on the
grounds of remaining stocks and with
a new crop about to be harvested (late
March) besides the inherent sanitary risks
of coffee imports, whilst the latter made it
clear they would be unable to acquire big-
ger volumes at competitive prices.
The government, through the National
Food Supply Agency (Conab), went so far
as to offer the industry its auction system
for the acquisition of conilon coffee, but at
the first attempt, on March 22, 2017, no-
body showed interest in selling the prod-
uct, putting the blame on low prices. In
parallel, since the beginning of the year
the Conab had been staging auctions of its
public stocks of the Arabica variety, which,
likewise, were reaching their limit during
the first quarter of the year.
Still with regard to Robusta and its
shortage, the director of the Institutional
Affairs Department at the Brazilian Associa-
tion of Soluble Coffee Industries (Abics), had
been warning since late 2016 about a possi-
ble conflict of Brazilian exports of this prod-
uct, where the Country is equally the global
leader, besides green coffee. Over that year,
Brazil was still in a position to boost the for-
eign sales of this item (8% from 2015), sim-
ply because these business deals were
closed until May, before the reflections of
the smaller crop surfaced”, but in the first
months in 2017 sales dropped 26%.
Nathan Herszkowicz, executive direc-
tor at the Brazilian Coffee Industry As-
sociation (Abic), in turn, was turning the
spotlight on the financial and operation-
al challenge of every coffee roasting com-
pany in light of the supply crisis and the
potential of the market, adapting com-
positions without jeopardizing the flavor
and aroma appreciated by the consum-
ers. Within this context, and considering
that there is nothing that can assure pro-
duction in 2017 will be big enough to meet
market needs, suggesting possible diffi-
culties for the industry over this period. n
The problem surfaces
more seriously in the
area of soluble coffee
 Inor Ag. Assmann

50
 Incremento no uso de cápsulas amplia atenção para cafés diferenciados
Faz diferença
Nicho de cafés especiais mostra força nos últimos
anos e deverá registrar maior crescimento no
futuro, conforme especialistas do setor
J
á vem de alguns anos, mas se in-
tensificou em fase mais recente
a valorização de cafés especiais
e diferenciados em qualidade,
tanto em nível mundial quanto
nacional. É o que atestam analistas do se-
tor e agentes do mercado, observando que
este nicho tem o potencial de maior cresci-
mento nos próximos anos, dentro da am-
pliação da demanda geral prevista. Nesta
linha do consumo está inserida a expansão
do uso de cápsulas, assim como a modifi-
cação de formas de preparo.
Em pesquisa recente, os professores
Paulo Henrique Leme e Elisa Guimarães, da
Universidade Federal de Lavras (Ufla), de
Minas Gerais, e Sérgio Parreiras, do Instituto
Agronômico de Campinas (IAC) observaram
intensificação do movimento em torno do
mercado de café especial, favorecido pelo
incremento do uso de cápsulas, enquanto
já se migra para outros métodos. Verifica-
ram aumento do consumo de café especial
em casa, além de maior preocupação com
torra e preparo diferenciados.
O 24º Encontro Nacional das Indústrias
timado para demanda no País até 2020. O
consultor André Mendes destacou a “tercei-
ra onda” no consumo do café, onde são va-
lorizadas características locais/regionais e
técnicas que enfatizam o sabor. Após várias
fases nesta evolução, o atual ciclo coloca em
do Café (Encafé), em novembro de 2016, ênfase a forma de preparo, o papel dos ba-
na Bahia, reforçou este comportamento ristas e a importância dos clientes, ratificou
do consumo. Jefferson Carvalho, do Rabo- o cafeólogo Edgard Bressani.
bank, apresentou pesquisa do banco ho- Ainda segundo suas informações, a pro-
landês indicando que o mercado de cáp- dução brasileira de cafés especiais na safra
sulas tinha quatro empresas em 2014 e já 2015/16 situou-se entre 6 a 8 milhões de sa-
evoluiu para 150 em 2016; respondia por cas, proveniente de 11 estados e mais de 300
movimento de R$ 1,1 bilhão naquele ano mil fazendas. Já o Conselho dos Exportado-
e deverá crescer 2,2 vezes até 2019. Desta res de Café do Brasil (CeCafé) divulga que, em
forma, segundo ele, mostra-se como gran- 2016, a exportação nacional de cafés diferen-
de oportunidade de negócios. ciados, assim considerados aqueles que têm
Outra consultoria, a Euromonitor Inter- qualidade superior ou algum tipo de certi-
nacional, reiterou no mesmo evento a pers- ficado de práticas sustentáveis, correspon-
pectiva de maior evolução do segmento de deu a 5,93 milhões de sacas, representando
cápsulas dentro do crescimento geral es- 17,4% do café embarcado neste exercício. n
nnn Valor maior
A receita cambial obtida com essa modalidade do produto atingiu US$ 1,7 bilhão
no acumulado do ano, representando 21,7% do total gerado na exportação do setor.
O preço médio desses cafés por saca alcançou US$ 197,69, enquanto o geral ficou em
US$ 158,90, reforçando a diferença na valorização do produto. Estados Unidos, Japão,
Alemanha, Itália e Bélgica, na sequência, foram os maiores compradores. O País, subli-
nha a entidade, segue atuando com firmeza para que o setor mantenha seu patamar
de qualidade e avance em diversos quesitos, como a sustentabilidade.
51
 coffees at home, besides growing con-
Niche markets for specialty coffees have been cerns with toasted coffees and the prepa-
gathering strength over the past years and ration of distinguished coffees.
Sílvio Ávila

The 24th National Congress of the

should grow even further in the future, says Coffee Industries (Encafé), in Novem-
specialists of the sector ber 2016, in Bahia, reinforced this con-

F
or some years now, and partic-
ularly in recent times, there has
been an intensification of the val-
ue attributed to specialty coffees,
distinguished for their quality,
both at home and abroad. This is attested
by analysts of the sector and market agents,
observing that this niche poses a potential
for huge increases over the next years, with-
in the perspective of rising demand. Within
this consumption line, the expansion in the
use of coffee capsules is a factor, as well as
changes in the manner coffee is prepared.
In a recent survey, professors Paulo
Henrique Leme and Elisa Guimarães, from
the Federal University of Lavras (Ufla), in
Minas Gerais, and Sérgio Parreiras, from
the Agronomic Institute in Campinas (IAC)
observed an intensification of the move-
ment relating to the market of specialty
coffees, favored by the soaring use of cof-
fee capsules, while other methods are
in the pipeline. They ascertained an in-
crease in the consumption of specialty
sumption behavior. Jefferson Carvalho,
from Rabobank, presented a survey by
a Dutch bank indicating that the market
of capsules had 4 companies in 2014 and
has already evolved to 150 in 2016; it ac-
counted for R$ 1.1 billion that year and
is expected to grow 2.2 times until 2019.
Therefore, in his opinion, it comes as a
big opportunity for businesses.
Another consultancy, Euromonitor In-
ternational, in the same event reiterated
the perspective of a bigger evolution of
the segment of capsules within the gen-
eral growth estimated for demand in the
Country until 2020. Consultant André
Mendes highlighted the “third wave” in
the consumption of coffee, where the lo-
cal/regional and technical characteristics
are highly valued, once they have an im-
pact upon the flavor. After several phas-
es in this evolution, the present cycle em-
phasizes the way coffee is prepared, the
role of the “baristas” and the importance
of the clients, stated coffee connoisseur
Edgard Bressani.
According to his information, the Bra-

It makes a
zilian production of specialty coffees in the
2015/16 crop year remained between 6 to
8 million sacks, coming from 11 states and
more than 300 thousand farms. The Bra-
zilian Coffee Exporters Council (CECafé)

difference
maintains that, in 2016, exports of distin-
guished coffees, the ones that are superior
in quality or come from some type of certi-
fied sustainable practices, corresponded to
5.93 million sacks, representing 17.4% of
the coffee shipped in this season. n

nnn Higher value

Revenue obtained from this production modality reached US$ 1.7 billion over the year, representing 21.7% of the total gen-
erated by the export sector. The average price of these coffees reached US$ 197.69 per sack, while common coffees fetched US$
158.90, strengthening the difference in the value of the product. The United States, Japan, Germany, Italy and Belgium, in the se-
quence, were the leading buyers. Brazil, the entity insists, continues on a firm track for the sector to keep its level of quality, whilst
making strides in several requisites, like production sustainability, for example.

Soaring use of coffee capsules calls for more attention to distinguished coffees
52
 Para os melhores
cafés, escolha
as melhores
selecionadoras
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Bom e saudável
Indústria brasileira de café reforça a oferta de
produtos diversificados e de alta qualidade, além
dos benefícios que apresentam para saúde humana
O
esforço para manter a am-
pliação do consumo do café
faz a indústria do principal
produtor mundial, o Brasil,
investir cada vez mais em
qualidade, bem como em divulgar a sua
importância no aspecto da saúde. A Asso-
ciação Brasileira da Indústria de Café (Abic)
desenvolve várias iniciativas na área, como
o programa de autorregulamentação Selo
de Pureza, existente há quase três déca-
das, enquanto o Programa de Qualidade
do Café certifica e assegura condições ele-
vadas do produto desde 2004.
Com a melhoria contínua dos cafés, o
Good and healthy
Brazilian coffee industry is broadening the
range of diversified and high quality products,
besides the benefits to human health
T
he effort to keep coffee con-
sumption on the rise is induc-
ing the industry of the leading
global coffee producer, Brazil,
to increasingly invest in quali-
ty, as well as in publicity, relating coffee to
human health. The Brazilian Coffee Indus-
try Association (Abic) is engaged in sever-
al initiatives in the area, like the Self-Reg-
ulating Purity Seal Program, now existing
for almost three decades, whilst the Quali-
ty Coffee Program certifies and ensures the
high conditions of the product since 2004.
With the continued enhancement of
the coffees, the industrial sector seeks
54
setor industrial busca aumentar a agre-
gação de valor e manter a ampliação do
consumo, salienta Nathan Herszkowicz,
diretor executivo da Abic. Segundo ele,
já são cerca de 700 as marcas certificadas
pelo programa de qualidade da entidade.
A certificação ocorre em três categorias
do produto: tradicional, superior e gour-
met. A cada ano, também são premiados
os melhores da qualidade, como mais um
estímulo a estes objetivos.
A entidade enfatiza ainda que a oferta
cada vez maior de inovações e produtos di-
versificados, com maior qualificação e sus-
tentáveis, mantém o interesse dos con-
to add value and keep consumption on
the rise, says Nathan Herszkowicz, exec-
utive director at Abic. According to him,
the entity’s quality program has already
certified about 700 brands. Certification
comprises three categories of the prod-
uct: traditional, superior and gourmet.
On a yearly basis, prizes are awarded to
the best quality coffees, in an attempt to
encourage such objectives.
The entity also emphasizes that ev-
er-increasing innovations and diversified
products, with higher qualification and
sustainable, is a manner to keep Brazil-
ian consumers interested. He registers
sumidores brasileiros. Registra que esta
preocupação está presente desde as gran-
des marcas até as regionais e locais, nas
grandes cidades e em diversas regiões,
apresentando reconhecida melhoria qua-
litativa do café e alternativas para os mais
variados segmentos e gostos.
De outro lado, comprovados benefícios
do café para a saúde humana são enalteci-
dos, levando a Abic a criar em 2016 o Nú-
cleo Café e Saúde. Reunindo diversos espe-
cialistas, procura esclarecer informações
errôneas e ampliar o conhecimento sobre
o produto. Evidencia o fato de ser uma be-
bida natural e saudável, com grande varie-
dade de nutrientes além da conhecida ca-
feína e seu efeito estimulante, podendo
contribuir o seu consumo diário e mode-
rado, conforme estudos em nível mundial,
para a prevenção de várias doenças, e con-
sequente menor risco de morte. n
that this concern is present in all brands,
either famous ones or local and regional,
in big cities and throughout all regions,
with acknowledged superior quality of
the coffees and alternatives for a variety
of segments and preferences.
On the other hand, undeniable bene-
fits of coffee to human health are exalt-
ed, leading the Abic to create, in 2016,
the Coffee and Health Nucleus. Relying
on several specialists, the Nucleus tries
to clarify wrong information and expand
the knowledge on the product. It evi-
dences the reality of coffee as a natural
and healthy beverage, with a big variety
of nutrients besides the well-known caf-
feine and its stimulating effect, reinforc-
ing the belief that moderate daily con-
sumption, according to studies at global
level, prevents various ailments, reduc-
ing the risk of death. n
 UM BOM CAFÉ NÃO
RENDE APENAS
LONGAS CONVERSAS,
MAS EXCELENTES
NEGÓCIOS.

Minas Gerais é líder na produção e exportação na-

cional de café. O estado, que já conta com 1.300
propriedades certificadas, é responsável por 50%
da produção brasileira. Não é a toa que seus sabo-
Consórcio LF Mercado / Reciclo

res e diversidade de grãos vêm conquistando todo

o mundo. Nosso café já está presente em mais de
70 países e deixa, por onde passa, o gostinho de
quero mais. É por isso que o Governo de Minas
Gerais aceita o desafio e continua investindo a
todo vapor no setor. Juntos e por todos os mi-
neiros, queremos fazer cada vez mais.

55
 PESQUISA
Research

56
Participação brasileira foi de 34% na produção mundial de café em 2016
Crescendo juntos
Consórcio Pesquisa Café completa 20 anos de
contribuições à cafeicultura nacional, que
celebra seu protagonismo dentro e fora do País
A
produção de café no Brasil tem
sido responsável por cerca de
um terço do mercado mundial
nos últimos anos. A cada três
xícaras de café consumidas no
planeta, uma é brasileira. Isso faz do País o
maior produtor mundial do grão na atua-
lidade, além do maior exportador e do se-
gundo consumidor. A expectativa é de que
nos próximos anos também alcance a lide-
rança mundial no consumo, superando os
Estados Unidos. Hoje, a bebida é a segunda
mais demandada pelos consumidores bra-
sileiros, perdendo apenas para a água.
Conforme o gerente geral da Embra-
pa Café, Gabriel Bartholo, esse protagonis-
mo resulta da união de esforços de cerca de
100 instituições de pesquisa, ensino e exten-
são rural integrantes e parceiras do Consór-
cio Pesquisa Café, coordenado pela Embra-
pa Café, com atuação nas principais regiões
produtoras de café no País. O agrônomo ain-
da reforça o trabalho da extensão rural e a
participação dos cafeicultores, que adotam
as tecnologias desenvolvidas. “Há 20 anos,
o Consórcio tem mudado de modo positivo
o cenário da cafeicultura nacional, em sinto-
nia com o setor produtivo, agroindustrial e
exportador”, destaca.
Bartholo ressalta que a criação da Em-
brapa Café para coordenar o Programa
Pesquisa Café, em 1999, completou o rol
das instituições envolvidas na transforma-
ção recente da cafeicultura brasileira. “No
Brasil, após o advento do consórcio, a cons-
zação Internacional do Café (OIC). Em 2016,
a participação nacional subiu para 34% da
produção mundial de 151,6 milhões de sa-
cas – mesmo com a redução aproximada de
20% na área de cultivo. No mesmo período,
o consumo interno saltou de 11,5 milhões
tatação da transformação do setor cafeeiro para 20,5 milhões de sacas de 60 quilos.
é positiva e expressiva”, pondera. Entre os “Contribuíram para essa evolução cerca
números que aponta para atestar essa evo- de mil projetos de pesquisa desenvolvidos
lução estão os referentes à área produtiva: no âmbito do Consórcio Pesquisa Café. Eles
em 1997, era de 2,4 milhões de hectares e a geraram tecnologias, conhecimentos bá-
produção chegava a 18,9 milhões de sacas sicos, produtos e processos que beneficia-
de 60 quilos, com produtividade de oito sa- ram direta e indiretamente o agronegócio
cas por hectare. de café do Brasil”, pondera. Para Bartholo, a
Praticamente duas décadas depois, evolução da cafeicultura brasileira demons-
houve redução da área em produção para tra que as ações de pesquisa, inovação e
1,95 milhão de hectares, mas o País produ- transferência de tecnologias contribuíram
ziu 51,37 milhões de sacas de 60 quilos em para a modernização da cafeicultura nacio-
2016, com produtividade de 26,33 sacas por nal. “O segredo desses resultados está na
hectare. Em nível mundial, o Brasil partici- parceria e no atendimento às necessidades
pou com 19% do mercado de 99,7 milhões tecnológicas do setor produtivo e dos de-
de sacas de café em 1997, segundo a Organi- mais elos do agronegócio café”, pondera. n
nnn Celebrações de peso
Dois grandes eventos celebram a pesquisa cafeeira no País em 2017: em março, os 20
anos do Consórcio Pesquisa Café, e em agosto, os 18 anos da Embrapa Café. “Esses dois
marcos registram o protagonismo da cafeicultura brasileira dentro e fora do País”, salien-
ta o gerente geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo. O pesquisador reforça ainda que
todas as pesquisas, direta e indiretamente, consideram aspectos essenciais em seu de-
senvolvimento, como produtividade, qualidade e competitividade do produto, sustenta-
bilidade ambiental e social, baixo custo, transferência e adoção de tecnologias.
“Esse conjunto de fatores realça a ação do consórcio e mantém o Brasil como país
de referência na produção e na exportação de café”, justifica. Além disso, considera que
a evolução da cafeicultura brasileira também deve ser atribuída aos mais de 300 mil pro-
dutores de café brasileiros e às demais entidades ligadas ao setor, que têm adotado as
tecnologias geradas e sinalizado para a necessidade de novas pesquisas a fim de aten-
der aos diferentes mercados. Dentro das ações do Consórcio Pesquisa Café está a recen-
te criação do Observatório do Café, desenvolvido pela Embrapa Café e que traz implica-
ções positivas para a competitividade do agronegócio cafeeiro.
57
Sílvio Ávila
Growing together
Coffee Research Consortium completes
20 years of contribution to the national
coffee farming business, which celebrates
its protagonism at home and abroad
T
he production of coffee in Bra-
zil has been responsible for one
third of the global market over
the past years. One out of ev-
ery three cups of coffee con-
sumed in the world, is Brazilian. This turns
the Country into the biggest global produc-
er of the bean at the moment, besides the
biggest producer and second biggest con-
58
sumer. The expectation is for Brazil to climb
to the position as leading consumer, over
the next few years, outstripping the United
States on that score. Currently, the beverage
ranks as second most demanded by the Bra-
zilian consumers, coming only after water.
According to Gabriel Bartholo, manager
at Embrapa Coffee, this protagonist position
results from the joint efforts of about 100 re-
search, learning and rural extension insti-
tutions members and partners of the Cof-
fee Research Consortium, coordinated by
Embrapa coffee, operating in all major cof-
fee producing regions across the Country.
The agronomist equally emphasizes the ef-
forts by rural extension agents and the par-
ticipation of the coffee farmers, who adopt
the newly developed technologies. “For 20
years now, the Consortium has positively
changed the national coffee farming scenar-
io, in line with the productive, agroindustrial
and export sectors”, he notes.
Bartholo stresses that the creation of
Embrapa Coffee for coordinating the Cof-
fee Research Program, in 1999, complet-

Brazil accounted for 34% of
the global coffee crop in 2016
ed the number of institutions involved in
the recent transformation of Brazil’s cof-
fee farming business. “In Brazil, after the
advent of the consortium, there is no lon-
ger any doubt about the positive and ex-
pressive transformation of the sector”, he
ponders. Among the numbers that attest
to the evolution of the sector, he cites the
ones that are related to the productive
area: in 1997, it covered 2.4 million hect-
ares and the crop amounted to 18.9 mil-
lion 60-kg sacks, with a productivity of
eight sacks per hectare.
Approximately two decades later, the
area devoted to coffee receded to 1.95
million hectares, but the Country pro-
duced 51.37 million 60-kg sacks in 2016,
with productivity at 26.33 sacks per hect-
are. At global level, Brazil’s share in the
market of 99.7 million sacks amounted
to 19%, in 1997, according to the Interna-
tional Coffee Organization (ICO). In 2016,
the Country’s share soared to 34% of the
total global production of 151.6 million
sacks – in spite of the 20-percent reduc-
tion in the planted area. In the same pe-
riod, domestic consumption jumped from
11.5 million to 20.5 million 60-kg sacks.
“The contribution towards this evolu-
tion came from approximately one thou-
sand research projects developed in the
field of action of the Coffee Research Con-
nnn Great celebrations
Two big events celebrate coffee re-
search in the Country in 2017: in March,
the 20 years of the Coffee Research
Consortium, and in August, the 18
years of Embrapa Coffee. “These two
marks register the protagonist status
of Brazil’s coffee farming business at
home and abroad”, stresses the gener-
al manager at Embrapa Coffee, Gabriel
Bartholo. The researcher strengthens
that that all research works, directly or
indirectly, consider essential aspects
in their development, like productivi-
ty, development, product quality and
competitiveness, environmental and
social sustainability, low cost, transfer-
ence and introduction of technologies.
“This set of factors highlights the
purpose of the Consortium and keep
Brazil as a country of reference in pro-
duction and coffee exports”, he justi-
fies. Furthermore, he has it that the
evolution of Brazil’s coffee business
should also be attributed to the up-
wards of 300 thousand Brazilian cof-
fee farmers and to all other entities
linked to the sector, which has adopt-
ed the technologies generated and
signaled the need for new research
works to meet the needs of the differ-
ent markets. The initiatives of the Cof-
fee Research Consortium, developed
by Embrapa, include the recently cre-
ated Coffee Observatory, developed by
Embrapa Coffee, which brings positive
implications to the competitiveness of
the coffee agribusiness.
sortium. They generated technologies, ba-
sic knowledge, products and processes that
directly or indirectly benefited Brazilian cof-
fee agribusiness”, he notes. In Bartholo’s
view, the evolution of Brazil’s coffee farming
business attests that the research works, in-
novation and technology transference had a
say in the modernization of our national cof-
fee farming business. “The secret of these
results lies in the partnership and in the ful-
fillment of the supply chain’s technological
needs and of all other links of the coffee agri-
business”, he concludes. n
59
 Sílvio Ávila

60
 O sistema coordenado pela Embrapa Café contribui na difusão técnica
De olho
Observatório do Café concentra tecnologias,
relatórios e análises estratégicas do agronegócio
café no Portal do Consórcio Pesquisa Café
A
comunicação em tempo real
assume a cada dia novas fun-
ções. Em específico no meio
rural, tornou-se ferramenta
essencial para promover o de-
senvolvimento agropecuário. Nesse sen-
tido, com o objetivo de ser um sistema de
inteligência estratégica, o Observatório do
Café foi desenvolvido pela Embrapa Café
em 2014. A ferramenta visa coletar, anali-
sar e disseminar, de forma sistemática, pu-
blicações técnico-científicas do Consórcio
Pesquisa Café, dados estatísticos do setor,
e informações sobre tendências de produ-
ção, consumo e exportação.
De acordo com o analista Jamilsen San-
tos, supervisor de Transferência de Tecno-
logia da Embrapa Café, a estrutura online
também objetiva apontar oportunidades
e ameaças, cenários dos mercados nacio-
nal e internacional e possíveis trajetórias
do processo de inovação. Além disso, de-
monstra resultados de pesquisas realiza-
das pelas instituições integrantes do con-
sórcio e suas interfaces e implicações com
o agronegócio café, e ainda busca subsi-
diar políticas públicas e a tomada de deci-
são pelos diversos agentes do setor.
matérias de conteúdo técnico-científico,
no formato de análises e releases, distri-
buídos para a mídia nacional.
Santos destaca que somente em 2016,
por exemplo, foram produzidos e divulga-
dos em torno de 100 análises e releases
“Com a iniciativa, a Embrapa Café é com conteúdo técnico-científico para um
pioneira em reunir no Observatório do maling list de aproximadamente 40 mil
Café dados e informações oficiais de ór- destinatários, o que inclui os principais
gãos governamentais e intergovernamen- veículos de comunicação do País, além de
tais, entidades privadas representativas veículos especializados em cafeicultura.
do setor cafeeiro e instituições de pes- “Nesse ano, o portal do Consórcio Pesqui-
quisa, ensino e extensão, que permitem o sa Café teve mais de 120 mil acessos. Ao
acompanhamento dos principais indica- final de cada mês, essas matérias e aná-
dores do agronegócio café em nível mun- lises são agrupadas e também disponi-
dial”, pondera o pesquisador. No canal bilizadas no clipping do Observatório do
ainda são produzidas sistematicamente Café”, pondera. n
nnn Ferramenta imprescindível
O analista Jamilsen Santos, supervisor de Transferência de Tecnologia da Embra-
pa Café, destaca que, no âmbito da pesquisa cafeeira, a observação contínua dos in-
dicadores do setor produtivo promovida pelo Observatório do Café é imprescindível.
“A ferramenta prospecta cenários tecnológicos, orienta o Programa Pesquisa Café e,
assim, permite que as instituições do Consórcio Pesquisa Café possam fazer as adap-
tações necessárias às mudanças conjunturais de forma tempestiva e, ainda, atender
às necessidades emergentes da sociedade”, aponta.
As informações e análises do Observatório do Café (www.consorciopesquisaca-
fe.com.br) são organizadas por agrupamentos de dados e informações estratégicas
do agronegócio café, nas seguintes seções: Conjuntura Mundial, Safras e Estoques,
Consumo e Tendências, Estatísticas, Cotações e Análises; Clipping, Imagens, Vídeos
e Áudios; Rede Social do Café, Revista Coffee Science, Relatórios de Atividades, Pu-
blicações sobre Tecnologias, e Sistema Brasileiro de Informação do Café (SBICafé).
61
Sílvio Ávila

On the watch
institutions, training and extension, that
Coffee Observatory features technologies, make it possible to keep a close watch on
reports and strategic analyses of the the main coffee agribusiness indicators at
global level”, the researcher ponders. Sys-
coffee agribusiness at the Portal Site tematically, the channel equally produces
of the Coffee Research Consortium subjects of technical-scientific content, in

R
eal time communication, day af-
ter day, undertakes new func-
tions. Specifically in the rural
setting, it turned into an essen-
tial tool for agricultural devel-
opment. Within this context, as a strategic
intelligence system, the Coffee Observa-
tory was developed by Embrapa Coffee in
2014. The tool aims to collect, analyze and
disseminate, systematically, technical-sci-
entific publications of the Coffee Research
Consortium, statistical data of the sector,
information on production, consumption
and export trends.
According to analyst Jamilsen Santos, su-
pervisor of Technology Transference at Em-
brapa Coffee, the online structure also aims
to warn about opportunities and threats, na-
tional and international scenarios and pos-
sible trajectories of the innovation process.
Furthermore, it features results of research
works carried out by member institutions of
the consortium and their interfaces and im-
plications with the coffee agribusiness, be-
sides subsidizing public policies and deci-
sions taken by several agents of the sector.
“With the initiative, Embrapa Coffee is a
pioneer in storing in the Coffee Observato-
ry the collection of data and official infor-
mation from official government and inter-
government organs, private entities that
represent the coffee sector and research
the analyses and releases format, distribut-
ed to our national media.
Santos recalls that in 2016, for ex-
ample, some 100 analyses and releases
were produced and disseminated. With a
technical-scientific content, these releas-
es were sent to a mailing list of approxi-
mately 40 thousand recipients, which in-
clude all major communication vehicles
in the Country, besides vehicles special-
ized in coffee farming. “In this year, the
portal site of the Coffee Research Consor-
tium had upwards of 120 thousand ac-
cesses. At the end of each month, these
topics and analyses are grouped and also
made available at the clipping of the Cof-
fee Observatory”, he explains. n

nnn Indispensable tool

Analyst Jamilsen Santos, supervisor of the Technology Transference Department at Embrapa Coffee, maintains that, in the
range of coffee-related research, the continued observation of the indicators of the productive sector promoted by the Coffee
Observatory is indispensable. “The tool prospects technological scenarios, guides the Coffee Research Program and, conse-
quently, makes it possible for the institutions of the Coffee Research Consortium to do the necessary structural changes in no
time and, still, see to the emergent emerging needs of society”, he clarifies.
Information and analyses of the Coffee Observatory (www.consorciopesquisacafe.com.br) are organized by groups of data
and strategic coffee agribusiness information, in the following sections: Global Scenario, Crops and Stocks, Consumption and
Trends, Statistics, Prices and Analyses; Clipping, Images, Videos and Audios; Coffee Social Network, Coffee Science Magazine, Ac-
tivities Reports, Publications on Technology, and Brazilian Coffee Information System (SBICafé).

Technical dissemination is the purpose of the system coordinated by Embrapa Coffee

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 Sílvio Ávila

64
 Cultivares de café arábica são indicadas para diversas regiões do Brasil
Tudo pelo café
Fundação Procafé disponibiliza mudas de alta
qualidade genética e sanitária para vitalizar
cada vez mais os sistemas produtivos nacionais
A
pesquisa agropecuária não
para de avançar a fim de man-
ter a competitividade das la-
vouras de café brasileiras.
Hoje, a qualidade das mu-
das é considerada um dos fatores primor-
diais para que os agricultores possam atin-
gir sucesso na produção cafeeira. E para
aumentar as opções de mudas e de se-
mentes com alto potencial produtivo e
resistência múltipla a pragas e doenças,
a Fundação Procafé, instituição parceira
do Consórcio Pesquisa Café, coordenado
pela Embrapa Café, aposta no desenvolvi-
mento de novas cultivares, cujos diferen-
ciais podem incrementar a renda do cafei-
cultor e reduzir os custos de produção.
Conforme o analista Lucas Tadeu Ferrei-
ra, gerente adjunto de Transferência de Tec-
nologia da Embrapa Café, a Procafé produz
mudas e sementes de cultivares de café ará-
bica indicadas para diversas regiões pro-
dutoras no Brasil. Atualmente, estão dis-
poníveis para os produtores as tecnologias
Acauã, Acauã Novo, Arara, Asa Branca, Catu-
caí Amarelo 2SL, Catucaí Amarelo 20/15 cv
479, Catucaí Amarelo 24/137, Catucaiama
785/15 e Sabiá. “As cultivares devem ser en-
comendadas previamente para que a entre-
ga seja realizada no momento adequado de
plantio, especialmente quando começa o
período chuvoso”, indica.
Além das características genéticas de-
com diâmetro de caule adequado, siste-
ma radicular desenvolvido, folhas sadias
e tamanho apropriado”.
Os principais atributos positivos e as
características agronômicas dessas culti-
vares estão descritos no portfólio de tec-
sejáveis para cada cultivar, o pesquisador nologias do Consórcio Pesquisa Café, co-
destaca que a sanidade das mudas é fator ordenado pela Embrapa Café. A Acauã, por
de importância expressiva para a renova- exemplo, é indicada para regiões mais se-
ção do parque cafeeiro. “Todos os cuida- cas, para áreas infestadas com o nematoi-
dos e as técnicas de tratamento devem de M. Exigua e para locais onde o controle
ser adotados para evitar pragas e doenças da ferrugem é muito necessário. “Por ser
nas mudas, bem como evitar o desequilí- uma cultivar nova, é recomendável que
brio entre a parte aérea e o sistema radi- seja plantada em pequena escala, a fim de
cular das mudas, o que é essencial no pe- avaliar o seu comportamento na nova re-
gamento e no desenvolvimento inicial da gião”, pondera Ferreira. Já a cultivar Acauã
planta jovem no campo”, orienta. “Assim, Novo é voltada a regiões com temperatu-
as mudas devem ter qualidade superior, ras amenas, como o Sul de Minas Gerais. n
nnn Produtividade e resistência
O analista Jamilsen Santos, supervisor de Transferência de Tecnologia da Embra-
pa Café, destaca também a tecnologia Arara, que vem mostrando superioridade em
produção, vigor e qualidade em diversas regiões do parque cafeeiro. A cultivar Asa
Branca igualmente apresenta boa produtividade, sendo indicada para regiões mais
secas e de altas temperaturas. Já as cultivares do grupo Catucaí (Catucaí Amarelo
2SL, Catucaí Amarelo 20/15 cv 479, Catucaí Amarelo 24/137) apresentam resistência
moderada à ferrugem-do-cafeeiro, o que significa que as plantas podem ser infecta-
das, mas os danos causados em geral são pequenos.
Conforme Santos, outra cultivar desenvolvida pela Fundação Procafé é a Catu-
caiama 785/15, que apresenta boa produtividade, resistência moderada à ferrugem
e ao nematoide M. exigua. “Suas plantas têm porte baixo e bom vigor, com favas graú-
das e de maturação precoce, e não apresentam problemas graves de fechamento em
plantios adensados”, explica. Além disso, também está disponível para os cafeiculto-
res a Sabiá Tardio, que tem maturação tardia, sementes pequenas, resistência mode-
rada à ferrugem-do-cafeeiro e altíssima produtividade, em especial durante as três
primeiras produções. Mais informações sobre as mudas podem ser solicitadas pelo
e-mail petherson@fundacaoprocafe.com.br e pelo telefone (35) 9 9967 3344.
65
Sílvio Ávila

Fully focused on coffee

by Embrapa Coffee, is investing in the de-
Pro-Coffee Foundation supplies seedlings of high velopment of new cultivars, whose differen-
genetic and sanitary quality with the aim to further tials are likely to boost the income of the cof-
fee farmers and reduce production costs.
revitalize the national production systems According to analyst Lucas Tadeu Fer-

A
gricultural research nev-
er stops progressing in an at-
tempt to keep Brazilian cof-
fee fields competitive. Now,
the quality of the seedlings is
viewed as one of the primordial factors for
the farmers to achieve success in the pro-
duction of coffee. To broaden the option of
seedlings and seeds with a high productive
potential and resistance to multiple pests
and diseases, the National Program for
Strengthening Family Agriculture (Pronaf)-
Coffee Foundation, a partner institution of
Coffee Research consortium, coordinated
reira, assistant manager of the Technology
Transference Department at Embrapa Cof-
fee, Pro-Coffee produces seed and seed-
lings of Arabica coffee for specific regions
across Brazil. Nowadays, technologies
available to the coffee growers are as fol-
lows: Acauã, Acauã Novo, Arara, Asa Bran-
ca, Catucaí Amarelo 2SL, Catucaí Amarelo

66
 nnn Productivity
and resistance
Analyst Jamilsen Santos, Tech-
nology Transference supervisor at
Embrapa Coffee, has it that the Ara-
ra technology, known for its produc-
tion superiority, vigor and quality in
several regions throughout the cof-
fee growing hub. Asa Branca is a culti-
var that equally excels in productivity,
and is recommended for dry regions,
where warm temperatures predom-
inate. The cultivars of the Catucaí
group (Catucaí Amarelo 2SL, Catucaí
Amarelo 20/15 cv 479, Catucaí Ama-
relo 24/137) are moderately resistant
to coffee leaf rust, meaning that the
plants may get infected, but damag-
es, in general, are negligible.
According to Santos, another cul-
tivar developed by the Pro-Coffee
Foundation is known as Catucaiama
785/15, with good productivity, mod-
erate resistance to rust and nematode
M. exigua. “Its plants are low and vig-
orous, with big pods and early matu-
ration, and do not pose serious densi-
ty problems in high density plantings”,
he explains. Furthermore, a cultivar
also available to the farmers is called
Sabiá Tardio, and it matures late, has
small seeds, moderate resistance to
coffee leaf rust and very highly produc-

Arabica coffee cultivars are tive. Especially during the first three
years. More information on the seed-
recommended for different lings can be ordered by e-mail pether-
son@fundacaoprocafe.com.br and by
regions across Brazil telephone (35) 9 9967 3344.

20/15 cv 479, Catucaí Amarelo 24/137, Ca-
tucaiama 785/15 and Sabiá. “The cultivars
have to be previously ordered so that de-
livery takes place at the most appropriate
planting time, especially at the beginning
of the rainy season”, he notes.
Besides the desirable genetic traits of
each cultivar, the researcher maintains
that the sanitary status of the seedlings is
a factor of impressive importance for the
renewal of the coffee park. “Specific cares
and treatment techniques should be en-
acted to prevent pests and diseases from
infesting the seedlings, as well as to avoid
any imbalance between the aerial part
of the plants and the root systems, which
is essential for the plants to start grow-
ing and for the initial development of the
young plants in the field”, he recommends.
“As a matter of fact, the seedlings should
be of superior quality, with an appropriate
stem diameter, well developed root sys-
tem, healthy leaves and proper size”.
The main positive attributes and ag-
ronomic characteristics of these cultivars
are described in the technology portfolio
of the Coffee Research Consortium, coor-
dinated by Embrapa Coffee. Acauã, for ex-
ample, is recommended for dry regions,
for areas infested with the nematode M. Ex-
igua and for regions where there is need for
keeping the problem of rust under control.
“As it is a new cultivar, it is recommended
to plant it on a small scale, so as to evalu-
ate its behavior in the new region”, Ferreira
ponders. As to the Acauã Novo, it is recom-
mended for regions where mild tempera-
tures prevail, like in in the southern region
of Minas Gerais. n

67
Sílvio Ávila
Resultados de pesquisas são difundidos por meio de publicações técnicas
Pilar sustentável
No maior Estado produtor de café, a Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig)
promove a sustentabilidade da cafeicultura
A
Empresa de Pesquisa Agrope-
cuária de Minas Gerais (Epamig)
tem mais de 40 anos de experi-
ência no agronegócio café. Des-
de sua criação, sempre desen-
volveu e adaptou tecnologias com o objetivo
de promover a sustentabilidade da cadeia
produtiva nos âmbitos econômico, social e
ambiental. Conforme o pesquisador Anísio
José Diniz, da gerência de Transferência de
Tecnologia da Embrapa Café, todos os resul-
tados de pesquisas e estudos socioeconômi-
cos da cafeicultura são disponibilizados por
meio de publicações técnicas.
“São informações e conhecimentos
úteis para o produtor e para os demais seg-
mentos da cafeicultura”, destaca o agrôno-
mo, que reforça a participação da Epamig
como uma das 10 instituições fundadoras
do Consórcio Pesquisa Café, coordenado
pela Embrapa Café. As publicações de tec-
nologias destacam temas como o melhora-
mento genético de Coffea arabica e Coffea
canephora, manejo e tratos culturais, mane-
jo integrado de pragas e doenças, colheita e
pós-colheita de café, socioeconomia e cafei-
cultura orgânica, entre outros.
Entre os boletins técnicos divulgados
pela Epamig está o que destaca o contro-
le alternativo de pragas do cafeeiro. O infor-
mativo apresenta as principais caracterís-
ticas de opções, como a calda sulfocálcica
68
arábica. Outra circular disponível é a que
ensina os cafeicultores a controlar as cigar-
ras que atacam as plantações, apresentan-
do aspectos biológicos, informações sobre
hospedeiros e prejuízos, além de técnicas
de monitoramento e controle químico.
e os extratos de semente de nim. “São pro- Conforme Diniz, a Epamig ainda dis-
dutos que têm se destacado pela eficiência ponibiliza folderes de esclarecimento so-
apresentada em trabalhos realizados em la- bre questões como a ferrugem do cafeei-
boratório e em campo pela simplicidade ro, orientando na identificação da doença
de uso, por seu custo reduzido e por serem e seu controle e demonstrando o passo a
aceitos pela maioria das certificadoras de passo do monitoramento. No folder sobre
café orgânico, bem como no resultado das as cultivares de café Epamig, são apresen-
pesquisas direcionadas ao controle alterna- tadas 10 cultivares lançadas pela Empre-
tivo de pragas da cafeicultura”, explica. sa e seus principais atributos, como porte,
As circulares técnicas da empresa igual- cor dos frutos, resistência a doenças, espa-
mente abordam questões importantes, çamento entre plantas e capacidade pro-
como o controle eficaz da broca-do-café. O dutiva. Todas as publicações, na íntegra,
material apresenta boas práticas de mane- estão disponíveis no site da Epamig (Publi-
jo para monitorar e controlar a praga, con- cações/Publicações disponíveis) e no Ob-
siderada a principal em cafeeiros conilon e servatório do Café, na página do Consór-
a segunda mais prejudicial à cultura do café cio Pesquisa Café. n
nnn Terra do café
A principal atividade agrícola de Minas Gerais é o café, com reflexos sociais, eco-
nômicos e ambientais. Hoje, o Estado produz mais de 50% da safra brasileira de café.
Pelas estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no primeiro le-
vantamento de 2017, a produção de café no Brasil poderá atingir a 47,51 milhões de
sacas de 60 quilos de café beneficiado, sendo que a colheita em Minas Gerais está es-
timada em 26,81 milhões de sacas.
A área em produção deve totalizar 977,44 mil hectares e a produtividade média
do Estado está estimada em 27,43 sacas por hectare. Para o pesquisador Anísio José
Diniz, da gerência de Transferência de Tecnologia da Embrapa Café, o resultado é re-
flexo da adoção das tecnologias geradas, assim como da dedicação dos produtores
de café mineiros com a participação direta e indireta das instituições de pesquisa, en-
sino e extensão participantes do Consórcio Pesquisa Café.
 Anuário Brasileiro do
ISSN 1808-7493

997718087493144

Anuário Brasileiro da
Cana-de-açúcar
2 0 1 6
Brazilian Sugar Cane Yearbook

2016
Brazilian Corn Yearbook
Anuário BrAsileiro dA soja 2016 • Brazilian Soybean YeArBook

Anuário Brasileiro da Algodão 2016 • Brazilian Cotton Yearbook

Anuário Brasileiro da Cana-de-acúcar 2016 • Brazilian Sugar Cane Yearbook

Anuário Brasileiro do Milho 2016 • Brazilian Corn Yearbook

Anuário Brasileiro da

Brazilian Soybean Yearbook

ISSN 1808-5180

997718085180133
ISSN 1808-2378

997718082378141

ISSN 1808-2378

997718082378141

PUBLICAÇÕES PROFESSIONAL
PROFISSIONAIS PUBLICATIONS IN
NO SETOR DO AGRIBUSINESS
AGRONEGÓCIO SECTOR

69
Sílvio Ávila
Sustainable pillar
In the leading coffee producing State, the Minas
Gerais State Agricultural Research Company
(Epamig) promotes sustainable coffee farming
T
he Minas Gerais State Agricul-
tural Research Company (Ep-
amig) has a 40-year experience
in coffee agribusiness. Since its
creation, it has always been en-
gaged in developing and adapting tech-
nologies with the objective to promote the
sustainability of the coffee supply chain
in its economic, social and environmental
scopes. According to researcher Anísio José
Diniz, manager at Embrapa Coffee’s Tech-
nology Transference Department, all the
research results on coffee farming and so-
cioeconomic studies on coffee are dissemi-
nated through technical publications.
“It is information and knowledge useful
to farmers and to all other coffee farming seg-
ments”, says the agronomist, who refers to
the Epamig as one of the ten institutions that
founded the Coffee Research Consortium. All
technological publications highlight themes
70
like genetic enhancement of Coffea arabi-
ca and Coffea canephora, management and
cultural practices, integrated pests and dis-
ease management, harvest and post-harvest
procedures, socio-economy and organic cof-
fee farming, among others.
The technical bulletins published by the
Epamig include one that highlights alterna-
tive post control in coffee plants. The news-
letter features the main option character-
istics, as the mixture of calcium sulfate and
the extracts of neem seed. “These are prod-
ucts that have stood out for their efficiency
in works conducted in laboratory and in on-
field experiments. They are simple to use and
are accepted by most organic coffee certify-
ing companies, as well as in the results of re-
search works focused on alternative control
of coffee plant pests”, he explains.
The company’s technical bulletins
equal address relevant questions, like ef-
ficient control of the coffee berry borer.
The material features good management
practices for monitoring and keeping the
pest under control, as it is the most severe
pest that attacks conilon coffee plants and
the second most damaging to Arabica cof-
fee. Another bulletin trains the farmers on
how to keep under control locusts that at-
tack coffee plantations, featuring biologi-
cal aspects, information on host plants and
damages, besides monitoring and chemi-
cal control techniques.
According to Diniz, Epamig also hands
out folders that clarify questions as how
the coffee plant rust surfaces, giving guid-
ance on how to identify the disease and
how to control it, including a demonstra-
tion of step by step monitoring. The fold-
er presents 10 coffee cultivars launched
by the Company and their main attributes,
like size, color of the fruit, resistance to dis-
eases, spacing between plants and pro-
ductive capacity. Al publications, in their
entirety, are available at the Epamig site
(Publications/Publications Available) and
in the Coffee Observatory, on the page of
the Coffee Research Consortium. n
 nnn The land of coffee
The main agricultural activity in Minas Gerais is cof-
fee, with social, economic and environmental reflections.
Now, the State produces more than 50% of the Brazilian
coffee crop. Judging from the estimates by the National
Food Supply Agency (Conab), in its first survey in 2017,
the coffee crop in Brazil could reach 47.51 million 60-kg
sacks of processed coffee, and Minas Gerais alone will
harvest an estimated crop of 26.81 million sacks.
The production area is calculated at 977.44 thou-
sand hectares and the average productivity in the State
is projected to reach 27.43 sacks per hectare. Research-
er Anísio José Diniz, from Embrapa Coffee’s Technology
Transference Division, sees the result as a reflection of
the introduction of recently created technologies, and
the dedication of the coffee farmers in Minas Gerais,
with the direct or indirect participation of research,
training and extension institutions, members of the Cof-
fee Research Consortium.

Research results are disseminated

through technical publications

Com tecnologia Selgron,

toda safra traz bons resultados.

1ª Full Color do Brasil. Até 16 milhões

de combinações de cores

Qualidade Full HD que processa

até 20 mil fotos por segundo

Alta produtividade e definição

de cores com precisão

Flexibilidade, bandejas com

configurações independentes

Simples e prática de operar

Iluminação com LED e baixo

consumo de energia e ar comprimido
 dois a cinco graus centígrados.
Avanço tecnológico impediu que a quebra do Apesar das perdas, o impacto poderia
café no Espírito Santo fosse ainda maior e tende ser maior, segundo o pesquisador Romário
Gava Ferrão, coordenador do Programa do
a ser a base da recuperação produtiva no Estado Café no Instituto Capixaba de Pesquisa As-

M
aior produtor de café coni-
lon do Brasil, o Espírito Santo
teve as suas três mais recen-
tes safras afetadas por uma
seca histórica, que restrin-
giu o desenvolvimento das plantas, abor-
tou parte das floradas e prejudicou o ciclo,
a qualidade, o padrão dos grãos e a produ-
tividade dos cafezais. O déficit hídrico de
mais de mil dias gerou perdas estimadas
em mais de 50% na colheita do robusta no
ciclo 2016/17 e 40% no total do Estado, le-
vando em conta zonas de cultivo de arábi-
ca. A média das temperaturas elevou-se de
sistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
O que impediu foi a boa tolerância à seca do
material genético e as tecnologias aplicadas
no manejo dos cafezais pelas características
hídricas do Estado. Toda a pesquisa do Inca-
per busca conferir às plantas resistência ao
déficit hídrico e apoiar o manejo racional de
água e solo. Cerca de 70% da área é irrigada.

Na ponta dos pés

On the tip of the toes
Sílvio Ávila

Retomada será
gradual, mas as
práticas e a genética
farão a diferença
72
 Sob clima adverso e atípico, a carga ge-
nética e os tratos culturais expressaram o
máximo de tolerância à falta de umidade.
A intensidade da seca, porém, superou o
limite dos materiais, secou reservatórios,
retardou o crescimento das plantas, ge-
rou desfolha e impediu a frutificação, pois
os nutrientes são absorvidos pelas raízes,
por meio da água. Mas, em geral, os cafe-
zais não morreram.
Bruno Sérgio Oliveira, engenheiro agrô-
nomo do Projeto Conilon Eficiente, da Co-
operativa Agrária dos Cafeicultores de São
Gradual resumption is
the rule, but practices
and genetics will make
the difference
Gabriel (Cooabriel), destaca que o período
foi um dos mais críticos enfrentados nas úl-
timas décadas. As regiões Norte e Noroeste
do Estado acumularam os maiores déficits
hídricos. As precipitações foram 58% me-
nores do que a média e as plantas apresen-
taram sintomas extremos de deficiências
nutricionais por atraso ou ausência da adu-
bação. Isso resultou em grãos mal forma-
dos, chochos, de tamanho e qualidade re-
duzidos em boa parte das lavouras.
Com a volta das precipitações, ainda
que irregulares, notou-se melhora na par-
Technological breakthroughs prevented the State
of Espírito Santo from enduring even bigger field
losses of coffee, and this technology is now the
basis for the recovery of productivity in the State
T
op conilon coffee producing State
in Brazil, Espírito Santo had its
three most recent crops adverse-
ly affected by a historical drought,
which affected the growth of the
plants, blossoms dropped, and jeopardized
the cycle, the quality and the shape and size of
the beans and productivity. The climatic water
deficit of more than a thousand days caused
losses estimated at more than 50% to the har-
vest of Robusta in the 2016/17 crop year and
40% in the State, as a whole, taking into con-
sideration regions where Arabica is cultivated.
Average temperatures rose from two to five
degrees centigrade.
In spite of the losses, the impact could
be more serious, according to researcher
Romário Gava Ferrão, coordinator of the Cof-
fee Program at the Espírito Santo State Re-
search, Technical Assistance and Rural Ex-
tension Institute (Incaper). The impact was
mitigated by the tolerance to drought condi-
tions shown by the genetic material and tech-
nologies applied to coffee field management
in line with the State’s hydric conditions. Incap-
er research works are all aimed at making the
plants resistant to water deficit whilst encour-
aging rational management of water and soil.
About 70% of the area is irrigated.
Under atypical and adverse climate condi-
tions, the genetic load and cultural practices
expressed maximum tolerance to water and
moisture shortages. The high intensity of the
drought, however, surpassed the limit of the
te vegetativa dos cafezais, mas o reflexo na
produção será gradativo. “A planta recém se
fortalece. Produzir em alto nível leva tem-
po”, afirma Romário Gava Ferrão. Para ele,
a temporada 2016/17 deve trazer recupe-
ração de até 20%. Na fase 2017/18, pode al-
cançar a 60%, e somente em 2019 o Espírito
Santo deve retomar os patamares normais
de safra de café. Isso se o clima for favorável.
“A tecnologia e o conhecimento disponíveis,
mais a fé do cafeicultor, ajudarão a vencer o
desafio das novas safras. Mas São Pedro tem
de ajudar”, resume Ferrão. n
materials, delayed plant growth, caused the
leaves to drop, and prevented fruit formation,
seeing that the nutrients are absorbed by the
roots, under moisture conditions. In general,
the coffee fields did not die.
Bruno Sérgio Oliveira, agronomic engineer
at the Efficient Conilon Project, run by the Cof-
fee Farmers Agrarian Cooperative in São Ga-
briel (Cooabriel), argues that the period was
one of the most critical faced in recent de-
cades. The North and Northeastern regions in
the State faced the biggest water deficits ever.
Precipitations were 58% below average, and
the coffee plants sustained extreme water de-
ficiency and nutritional symptoms, caused by
delayed fertilization or no fertilization at all. It
resulted into faulty beans, hollow, small in size
and quantity in most fields.
When the rains finally returned, albeit errat-
ically, the vegetative side of the coffee planta-
tions improved greatly, but reflections in pro-
duction will take place on a gradual basis. “The
plants are now getting stronger. High level pro-
duction will take time”, says Romário Gava Fer-
rão. In his view, there should be a 20-percent re-
covery in the 2016/17 growing season. It could
progress to 60% in the 2017/18 crop year, and
only in 2019 the State of Espírito Santo is like-
ly to resume its normal coffee crop patterns,
should weather conditions be favorable. “Avail-
able technology and knowledge, plus coffee
farmers’ faith, will help surmount the challeng-
es of the coming crops. Hopefully with a little
help from Saint Peter”, concludes Ferrão.n
73
 Volume de água que não é aproveitado pelas plantas retorna ao ambiente

Líquido e certo vos. A prevenção é importante. “Os agricul-

Uso racional da água reflete a qualidade e a tores precisam receber a devida orientação
sustentabilidade da cafeicultura brasileira sobre o manejo racional da água para cada
tipo de cultivo. No caso da cafeicultura, que
perante um cenário global cada vez mais exigente ocupa em torno de 2,3 milhões hectares,

A
água doce, vital para os seres
vivos e para o meio ambiente,
é um bem perecível, cuja fini-
tude pode ser abreviada ain-
da mais pelo uso inadequado
e gerar danos econômicos, sociais, ambien-
tais e até mesmo culturais, afetando os
meios e as formas de viver da população
do planeta. A interferência do crescimen-
to populacional e a urbanização, com o uso
de materiais que levam à impermeabiliza-
ção do solo, bem como os processos indus-
triais, são responsáveis, por exemplo, por
reduzir a infiltração da água no solo.
Isso, em geral, leva à queda no armaze-
namento nos lençóis freáticos, interfere na
Sílvio Ávila
brasileira. “A irrigação usa quantidades
significativas de água, mas quase toda ela
é devolvida ao ambiente pela evaporação
da superfície e pela transpiração das plan-
tas”, refere. Isso, no entanto, não autoriza
o uso indevido nem a atitude contempla-
tiva. “O País precisa de políticas públi-
cas voltadas à preservação para aumen-
tar a disponibilidade para a produção de
alimentos e manter as vazões dos cursos
d’água”, acrescenta.
Anísio José Diniz, pesquisador da Em-
brapa Café, alerta que o uso excessivo e de-
sordenado do recurso na agricultura pode
culminar com impactos ambientais negati-
isso é imprescindível”, afirma.
Além dos ganhos ambientais, sociais,
econômicos diretos e indiretos, o uso cor-
reto da água também se reflete no mer-
cado. Os clientes mundiais são cada vez
mais exigentes quanto aos aspectos so-
ciais e ambientais da produção. Querem
saber como o produto é cultivado e qual
seu impacto ao meio ambiente e às co-
munidades. Usar de forma racional este
recurso cada vez mais escasso é uma de-
monstração de sintonia com as questões
vitais para o planeta, com a rede de negó-
cios que vai dos fornecedores ao consumi-
dor final em qualquer canto do mundo. E
com a cafeicultura. n

manutenção dos níveis de rios e arroios,

que garantem o abastecimento de cidades
e do campo e a geração de energia hidrelé-
trica, entre outros. O comprometimento da
produção de alimentos pela distribuição ir-
regular das chuvas está entre as consequên-
cias desta alteração no ciclo hidrológico.
A agricultura depende da água. De acor-
do com a Organização das Nações Unidas
(ONU), 70% do recurso disponível no mun-
do é consumido na produção de alimentos
e de fibras. No Brasil, um gigante agrícola,
que dispõe de grandes concentrações em
rios e lençóis freáticos, o agro irriga acima
de 10% da área cultivada, pouco para os pa-
drões mundiais.
Antônio Guerra, gerente de Pesquisa e
Desenvolvimento da Embrapa Café, expli-
ca que os números da ONU não traduzem
precisamente a realidade, em especial a

74

Clear and perfect
Rational use of water reflects the quality and
sustainability of Brazilian coffee farming business
in light of an ever more discerning global scenario
F
resh water, vital to all living organ-
isms and to the environment, is a
perishable thing, whose end can be
abbreviated by inadequate use, re-
sulting into economic, social and
environmental damages, and even cultur-
al problems, affecting the lives and habits
of the population of the planet. The interfer-
ence of population growth and urbanization,
through the use of materials that lead to im-
permeable soils, as well as industrial process-
es, are responsible, for example, for impair-
ing water penetration into soils.
This, as a rule, reduces the amount of
groundwater stored in the water tables, in-
terferes with the water levels in rivers and
brooks, which supply the cities and the coun-
tryside, besides the generation of electric
energy, among other uses. The problems
caused to the production of food crops be-
cause of the irregular distribution of water is
one of the consequences of this alteration in
Water not used by the plants
returns to the environment
the hydrological cycle.
Agriculture depends on water. According
to the United Nations Organization (UNO),
70% of this natural resource available in
the world is consumed by the production
of foods and fibers. In Brazil, an agricultur-
al giant, which is home to a large number of
rivers and underground water tables, more
than 10% of the area devoted to agriculture
relies on irrigation, which is not much by
global standards.
Antônio Guerra, manager of the Re-
search and Development Department at
Embrapa Coffee, explains that the numbers
released by the UNO do not precisely trans-
late the reality, particularly in Brazil. “Irriga-
tion uses significant amounts of water, but
almost in its entirety it is returned to the en-
vironment through surface evaporation and
plant transpiration”, he says. This, neverthe-
less, does not translate into a permission
for improper use nor does it suggest a con-
Sílvio Ávila
templative stance. “The Country needs pub-
lic policies focused on preservation in order
to raise the availability of this resource for
the production of food and keep the water
streams flowing”, he adds.
Anísio José Diniz, researcher with Embra-
pa Coffee, warns that excessive and negligent
use of this resource in agriculture could end
up bringing about negative impacts. Preser-
vation is essential. “Farmers need to receive
guidance on how to rationally manage wa-
ter for every different crop. In the case of cof-
fee farming, which occupies about 2.3 million
hectares, this is indispensable”, he says.
Besides environmental, social and eco-
nomic gains, either direct or indirect, the cor-
rect use of water has also reflections on the
market. Global clients are getting more and
more discerning with regard to the social and
environmental aspects of food crops. They
want to know how the crop is cultivated and
its impact upon the environment and com-
munities. Using this ever receding resource
in rational manner is a demonstration of har-
mony with the planet’s vital questions, with
the network of businesses that include sup-
pliers and final consumers in any corner of
the world, and with coffee farming. n
75
Inor Ag. Assmann
As partes e o todo
Cientistas brasileiros identificam compostos
químicos importantes que vão muito além do
grão para determinar o sabor e o aroma do café
Q
ue a interação de diferentes
compostos químicos deter-
mina o sabor e o aroma do
café todo mundo sabe. Mas
a forma com que agem al-
guns destes elementos e as circunstâncias
e as áreas da planta que interferem na pro-
dução destes compostos ainda são campos
a serem pesquisados. Cientistas brasileiros
deram passo importante ao desenvolverem
estudo que indica os caminhos que podem
levar a um mapeamento genético e à evolu-
ção do conhecimento nesta área.
Pesquisadores do Instituto Agronômico
do Paraná (Iapar), em colaboração com co-
legas das universidades Estadual de Londri-
na (UEL), do Oeste Paulista (Unoeste) e da
Estadual Paulista (Unesp), campus de Rio
76
Claro, além da Empresa Brasileira de Pesqui-
sa Agropecuária (Embrapa Café) e do Centro
de Cooperação Internacional em Pesquisa
Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad),
da França, resolveram desvendar o mistério:
mediram as concentrações de caveol e o ca-
festol em folhas, raízes, flores e frutos de uma
variedade de café arábica. Os resultados fo-
ram publicados na reconhecida revista Plant
Physiology and Biochemistry e foram destaca-
dos pela também importante Science.
“A pesquisa produziu inédita quantifica-
ção dos compostos que têm relação direta
com o aroma e o sabor do café em outros ór-
gãos da planta, não apenas no grão”, explica
Douglas Domingues, um dos autores do es-
tudo e professor da Unesp, de Rio Claro (SP).
Com a indicação de quais órgãos do cafeei-
ro podem produzi-los, a pesquisa irá com-
parar a produção em diferentes variedades
de arábica e identificar os genes responsá-
veis por produzi-los.
O caveol e o cafestol são lipídeos e inte-
gram uma classe de compostos químicos
chamados terpenoides, que conferem o sa-
bor da menta e o aroma do sândalo, por
exemplo. As substâncias têm propriedades
antioxidantes e são produzidas por diferen-
tes partes da planta para repelir insetos her-
bívoros ou atrair polinizadores. Apresentam-
-se em grandes concentrações no óleo do
cafeeiro e são utilizadas pelas indústrias de
cosméticos e farmacêutica.
Até agora, os estudos sobre a quantifica-
ção dessas substâncias no cafeeiro eram re-
alizados nas áreas de Química e Engenharia
de Alimentos com foco no grão de café, onde
há concentrações variáveis de 10% a 15%.
Como compõem fração importante do grão,
e uma vez que substâncias da mesma classe
química têm influência no sabor da menta e
no aroma do sândalo, os cientistas decidiram
 Revista especializada colocou estudo em forte evidência no mundo todo

quantificá-los em outras partes da planta. lhas”, avalia Domingues. des de arábica, pois avaliaram apenas uma.
Os pesquisadores mediram as concen- Os pesquisadores não sabem se os níveis Mas sabendo quais órgãos da planta produ-
trações de caveol e cafestol nas folhas, raí- desiguais dos compostos em diferentes par- zem as substâncias, vão comparar a produ-
zes, flores e frutos de uma variedade de café tes da planta se aplicam a todas as varieda- ção entre as diferentes variedades. n
arábica em sete estágios de desenvolvimen-
to (entre 30 e 240 dias após a floração) por
meio de um método que permite separar os
nnn Da raiz ao fruto
compostos químicos.
Com base na constatação de que as raízes do cafeeiro têm níveis de caveol simila-
As análises indicaram que nos botões flo-
res aos encontrados nos grãos, os pesquisadores pretendem comparar os padrões de
rais houve maior nível de cafestol e nas raí-
atividades de genes nessas duas partes da planta e identificar quais deles estão rela-
zes a maior concentração de caveol compa-
cionados à produção desse composto e também do cafestol. Douglas Domingues, pro-
rativamente aos frutos. Ao mesmo tempo, a
fessor da Unesp, em Rio Claro (SP), afirma que para elucidar a questão o grupo de pes-
concentração de cafestol aumentou ao lon-
quisas deseja sequenciar o transcriptoma de duas variedades de cafés com histórico
go do desenvolvimento do fruto, atingindo
de melhoramento distinto para tentar identificar quais genes estão presentes em dife-
o pico após 120 dias da floração. Nas folhas
rentes tecidos das plantas.
não houve detecção.
Sabendo que um determinado gene não é ativo na folha, mas é ativo na raiz e em
“Uma das hipóteses para explicar a pre-
outras partes da planta, por inferência é possível testar a hipótese de ele ser o respon-
sença desse compostos em algumas par-
sável pela produção de caveol e de cafestol. Domingues, que integra o consórcio inter-
tes da planta e a ausência em outras é que,
nacional para sequenciamento do genoma do café arábica, considera prioritário, neste
como algumas de suas funções são repe-
momento, entender a base genética do cafeeiro e as razões moleculares das diferen-
lir insetos e atrair polinizadores, talvez seja
ças de concentração de caveol e de cafestol em partes distintas das plantas. A ideia é
mais interessante usá-los contra organis-
utilizar o conhecimento para aumentar a resistência, auxiliar o melhoramento genéti-
mos que interajam com seus frutos e raízes
co e produzir esses compostos em laboratório, utilizando estratégias de biotecnologia.
do que afastar os insetos que atacam as fo-

77
Sílvio Ávila
The parts
and the whole
Brazilian scientists identify important chemical
compounds that go way beyond the kernel to
determine the flavor and aroma of coffee
E
verybody knows that the interac-
tion of different chemical com-
pounds determines the flavor of
coffee. The way some of these
elements act, the circumstanc-
es and the parts of the plant that inter-
fere in the production of these compounds
are still fields undergoing research. Brazil-
ian scientists are responsible for a relevant
step forward in the development of a study
that indicates the course that could lead
to a genetic map and to the evolution of
knowledge in this area.
Researchers from the Agronomic Insti-
78
tute in Paraná (Iapar), jointly with the State
Universities in Londrina (UEL), Oeste Paulis-
ta (Unoeste) and Estadual Paulista (Unesp),
Rio Claro campus, besides the Brazilian Ag-
ricultural Research Corporation (Embrapa)
and the International Cooperation Center in
Agricultural Research (Cirad), in France, de-
cided to solve the mystery: they measured
the concentrations of kahweol and cafestol
in the leaves, flowers and fruit of a variety of
Arabica coffee. The results were published
in the well-known newsletter Plant Physiol-
ogy and Biochemistry and were highlighted
by the equally important Science.
“The research gave origin to an un-
precedented quantification of com-
pounds with a direct relation with the aro-
ma and flavor of coffee in other organs of
the plant, not only in the bean”, explains
Douglas Domingues, one of the authors of
the study and professor at Unesp, in Rio
Claro (SP). With the indication of which
organs of the coffee plant can produce
them, the researchers will compare the
production in different varieties of Arabica
coffee so as to identify the genes responsi-
ble for their production.
Kahweol and cafestol are lipids and are
part of a class of chemical compounds called
terpenoids, that impart a mint flavor and aro-
ma of sandalwood, for example. The sub-
stances bear antioxidant properties and are
produced by different parts of the plant to re-
pel carnivorous insects or attract pollinators.

Specialized newsletter put
They are contained in great concentrations in
the oil of coffee plants and are used by cos-
metic and pharmaceutical industries.
Up to the moment, the studies about
the quantification of these substances in
the coffee plants used to be carried out
in the area of Chemistry and Food Engi-
neering, with their focus on the coffee
bean, where there are variable concentra-
tions from 10% to 15%. As they constitute
an important fraction of the bean, and as
substances of the same chemical class
have an influence on the flavor of mint
and on the aroma of sandalwood, scien-
tists have decided to quantify them in oth-
er parts of the plants.
The researchers measured the con-
centrations of kahweol and cafestol in the
leaves, roots, flowers and fruit of a variety
of Arabica coffee in seven developing stag-
the study in the limelight
all over the world
es (from 30 to 240 days after blossoming)
through a method that makes it possible to
separate the chemical compounds.
The analyses indicated that in the flo-
ral buttons there was a higher level of ca-
festol and in the roots there was a bigger
concentration of kahweol, in comparison
to the fruit. At the same time, the concen-
tration of cafestol rose along the devel-
opment process of the fruit, reaching its
peak 120 after the beginning of the blos-
soming process. In the leaves, no cafestol
was detected.
“One of the hypotheses that explains
the presence of these compounds in
some parts of the plant, and their absence
in other parts, as some of their functions
consist in repelling insects or attracting
pollinators, maybe it would be more inter-
esting using them against organisms that
nnn From root to fruit
Cognizant of the fact that the
roots of the coffee plant contain lev-
els of kahweol similar to the levels
in the beans, researchers intend to
compare the patterns of the gene
activities in these two parts of the
plant and identify which ones are
related to the production of this
compound and also cafestol. Doug-
las Domingues, professor at Unesp,
in Rio Claro (SP), says that to clari-
fy this question the research team
wishes to sequence the transcrip-
tome of two coffee varieties with a
history of distinct enhancement to
try to identify which genes are pres-
ent in different plant tissues.
Aware of the fact that a specific
gene is not active in the leaf, but is
active in the root and other parts of
the plant, by interference it is pos-
sible to test the hypothesis that it
is responsible for the production of
Kahweol and cafestol. Domingues,
who is a member of the interna-
tional consortium for sequencing
the genome of Arabica coffee, at
the moment considers it a priori-
ty to understand the genetic basis
of the coffee plant and the molecu-
lar reasons of the differences in the
concentration of kahweol and caf-
estol in distinct parts of the plants.
The idea is to make use of the
knowledge to increase the resis-
tance, boost genetic enhancement
and produce these compounds in
laboratory, through biotechnology
strategies.
interact with their fruit and roots rather
than chasing the insects that attack the
leaves”, notes Domingues.
The researchers do not know if the un-
equal levels of the compounds in differ-
ent parts of the plants apply to all Arabica
varieties, as they evaluated only one va-
riety. However, knowing which organs of
the plants produce the substances, they
are going to compare the production be-
tween different varieties. n
79

Robério Silva, uma grande perda
Divulgação
Robério Silva a great loss
First Brazilian to occupy the top position as
executive director of the International Coffee
Organization (ICO), passed away in 2016
T
he universe of the global coffee
farming representation lost one
of its most distinguished leader-
ships in late 2016. Born in Minas
Gerais, Robério Silva, executive
director of the International Coffee Organi-
zation (ICO) since 2011, died on December
30, of a heart attack, at the home of his par-
ents, in Belo Horizonte. He came from a city
80
LIDERANÇA
Leadership
Primeiro brasileiro a ocupar cargo máximo de
diretor executivo da Organização Internacional
do Café (OIC), mineiro morreu no fim de 2016
O
universo de representação
da cafeicultura mundial per-
deu ao final de 2016 uma de
suas mais reconhecidas li-
deranças. O mineiro Robério
Silva, diretor executivo da Organização In-
ternacional do Café (OIC) desde 2011, mor-
reu no dia 30 de dezembro, de parada car-
díaca, na residência de seus pais, em Belo
Horizonte. Natural de Pedra Azul, no Vale
do Jequitinhonha, tinha trajetória de mais
de 30 anos de envolvimento com o setor
cafeeiro, até assumir um dos postos mais
altos na tomada de decisões sobre a cultu-
ra em âmbito global.
Formado pela Universidade Federal de
Minas Gerais (UFMG), Silva exerceu funções
tanto na esfera pública quanto na privada, a
known as Pedra Azul, in the Jequitinhonha
Valley, and his trajectory includes 30 years
in the coffee sector, before assuming one of
the highest positions in decision taking on
the crop at global level.
Graduated from the Federal University
of Minas Gerais (UFMG), Silva occupied po-
sitions in public and private enterprises. He
was the secretary general to the Associa-
exemplo da condição de secretário-geral da
Associação dos Países Produtores de Café e
secretário-geral da Federação Brasileira dos
Exportadores de Café, entre 1989 e 1993. Co-
meçou a se destacar no cenário internacio-
nal do café como diretor do Departamento
de Café do Ministério da Agricultura, Pecuá-
ria e Abastecimento (Mapa).
Deixou esse posto justamente para as-
sumir a diretoria executiva da OIC, tendo
sido o primeiro brasileiro a ocupar o car-
go. Estava cumprindo o segundo man-
dado em sequência junto ao organis-
mo, uma vez que foi reeleito em 2016. Os
membros da OIC, criada em 1963, e com
sede em Londres, hoje respondem por
94% da produção e por 75% do consumo
mundial de café. n
tion of Coffee Producing Countries and sec-
retary general to the Brazilian Federation of
Coffee Exporters, from 1989 to 1993. He be-
came known in the international coffee sce-
nario as director of the Department of Cof-
fee of the Ministry of Agriculture, Livestock
and Food Supply (Mapa).
He left this job to take up the position as
executive director at the ICO, and was the
first Brazilian to occupy this position. He was
in his second term in a row in this organ, as
he was reelected in 2016. The ICO members,
created in 1963, with its seat in London, now
account for 94% of the total production, and
for 75% of global coffee consumption. n
José Sette é o substituto

Divulgação
Um outro brasileiro sucede Robério Silva na OIC,
dando continuidade à política de ampliação da
representatividade e da promoção dos cafés

O
substituto de Robério Silva
na Organização Internacional
do Café (OIC) é outro brasilei-
ro. José Dauster Sette vem a
sucedê-lo na direção executi-
va. A definição do nome aconteceu por con-
senso do Conselho Internacional do Café,
em 17 de março de 2017, depois de várias
reuniões em Londres, Inglaterra, sede da en-
tidade. Sette, que vinha exercendo a mesma
função no Comitê Consultivo Internacional
do Algodão (ICAC), atuou em diversos mo-
mentos na área do café, inclusive na chefia
de operações da OIC entre 2007 e 2012 e, du-
rante um ano, de 2010 a 2011, de forma in-
terina, também como diretor executivo.
O presidente do Conselho Nacional
do Café (CNC), Silas Brasileiro, integrou
a delegação do País que tratou da suces-
são na agência mundial, chefiada pelo
embaixador Hermano Telles Ribeiro. No
seu entendimento, a experiência de Set-
te em gestão administrativa e financeira
de organismos internacionais, além de
seu amplo conhecimento do setor, con-
ferem-lhe os requisitos necessários para
fortalecer a OIC como fórum internacio-
nal dos assuntos cafeeiros. Vários pontos
foram propostos pelo novo dirigente, se-
gundo ele, com objetivo de ampliar a re-
presentatividade da organização e os im-
pactos promocionais da bebida. n

José Sette is the substitute

member of the Country’s delegation that
Another Brazilian succeeds Robério Silva at the debated the succession issue at the global
ICO, giving continuity to the policy of expanding agency, coordinated by ambassador Her-
mano Telles Ribeiro. In his view, the ex-
the representativeness and promotion of coffee perience of Sette in administrative and

T
he person who replaces
Robério Silva at the Interna-
tional Coffee Organization
(ICO) is Brazilian, too. José
Dauster Sette replaces him as
executive director. The name was defined
in a consensus decision-making process by
the International Coffee Council, on 17th
March 2017, after several meetings in Lon-
don, England, seat of the entity. Sette, who
had been serving in the same position at
the International Cotton Advisory Commit-
tee (ICAC), on several occasions he was di-
rectly involved with the coffee department,
even occupying a management position
at the ICO operations from 2007 to 2012
and, during one year, from 2010 to 2011, he
served as acting executive director.
The president of the National Cof-
fee Council (NCC), Silas Brasileiro, was a
finance management of international or-
ganisms, besides his vast knowledge of
the sector, attest to his necessary requi-
sites for strengthening the Internation-
al Coffee Organization (ICO) as an inter-
national forum of coffee-related matters.
Several topics were suggested by the new
official, according to him, with the aim to
expand the representativeness of the or-
ganization and promotional impacts of
the beverage. n

81

O valor da segurança alimentar
Bühler atua no Brasil e no mundo
como fornecedora de inovações
tecnológicas para o processo de
beneficiamento de grãos, incluindo o café
C
om o constante aumento no
consumo de café em todo o
mundo, as exigências em rela-
ção a segurança alimentar no
produto estão cada vez maio-
res. Esta mudança de comportamento do
mercado tem gerado inúmeras inovações
tecnológicas nos processos de beneficia-
mento dos grãos, até chegarem à mesa do
consumidor final.
Ciente da responsabilidade em forne-
cer equipamentos que melhorem a qua-
lidade dos produtos, e que garantam a
segurança alimentar, a Bühler possui am-
pla linha de equipamentos para o benefi-
Divulgação
82
PAINEL
Panel
ciamento e para a seleção óptica de café.
Entre os que se destacam no processa-
mento dos grãos estão as selecionado-
ras ópticas da linha Sanmak B, que remo-
vem quaisquer tipos de defeitos de cores,
como pretos, descoloridos, verdes claros,
foxbean ou danificados por insetos, ima-
turos e mal tostados. Usando a exclusiva
tecnologia PROfile©, que, além das co-
res, seleciona através do formato do grão,
a Sanmak B é capaz de remover materiais
estranhos ao produto, como galhos, tor-
rões de barro, vidro e pedras.
Os equipamentos da Bühler estão pre-
sentes nos principais e maiores arma-
zéns de beneficiamento de café no Brasil
e também no mundo. Garantem a higiene
e a segurança alimentar na xícara do con-
sumidor, bem como preservam a qualida-
de e o valor da marca do produto.
Com essa ampla inserção no mer-
cado, todos os dias bilhões de pessoas
entram em contato com as tecnologias
Bühler para satisfazer suas necessidades
básicas de alimentos, mobilidade ou co-
municação. Com as tecnologias de pro-
cesso em escala industrial e soluções, a
empresa contribui de modo significativo
para a alimentação da população mun-
dial, com foco na segurança alimentar
e em alimentos seguros. Os moinhos de
farinha Bühler, por exemplo, processam
em farinha cerca de 65% do trigo colhi-
do no mundo. E sua contribuição para
a transformação de arroz e a produção
massas, chocolates ou cereais para café
da manhã é igualmente importante.
Além disso, a Bühler é pro-
vedor líder de soluções em
fundição sob pressão, moa-
gem úmida e tecnologias de
revestimento de superfície,
com ênfase em tintas auto-
motivas, óptica, eletrônica,
impressão e embalagem, e
aplicações de vidro. As solu-
ções apresentadas para estas
indústrias destacam-se pela
alta eficiência energética e
pela mobilidade sustentável.
Como grupo líder em tecno-
logia, a Bühler, empresa fa-
miliar de origem suíça, com
10.500 funcionários em cerca
de 140 países, investe até 5%
de seu faturamento em pes-
quisa e desenvolvimento. n
The importance of food safety
als is equally significant.
Bühler operates in Brazil and the world as a Furthermore, Bühler is the leading pro-
supplier of technological innovations for vider of pressure melting solutions, wet
milling, surface coating technologies, with
grain processing, including coffee beans emphasis on automotive paints, optics,

W
ith the consumption of
coffee soaring constant-
ly all over the world, the
requirements regarding
the safety standards of
the product are equally getting stricter. The
change in market behavior has given rise to
several technological innovations in bean
processing operations, before coffee reach-
Sílvio Ávila
cesses and solutions, the company con-
tributes significantly towards the food
needs of the global population, with its fo-
cus on food safety and on safe foods. Büh-
ler flour mills, for example, process into
flour about 65% of the wheat harvested in
the world. Its contribution towards trans-
forming rice into pasta, chocolate or cere-
electronics, printing and packaging, and
glass applications. The solutions provided
for these industries stand out for their ener-
gy efficiency and sustainable mobility. As a
group leader in technology, Bühler, a family
business with its origin in Switzerland, with
10,500 employees in about 140 countries,
invests up to 5% of its gross income in re-
search and development. n

es the final consumers.

Aware of the responsibility in supplying
equipment that improves the quality of the
products, whilst assuring food safety, Büh-
ler has a full range of equipment for pro-
cessing coffee beans and sorting them op-
tically. The equipment pieces that excel in
grain processing include the Sanmak B op-
tical sorting machine, which removes any
grains with flawed colors, faded, light green,
foxbean or damaged by insects, immature
and deficiently toasted. Using the exclusive
PROfile© technology, which, besides the
colors, sorts through the grain format, San-
mak B removes foreign matter, like twigs,
clay lumps, glass and stones.
Bühler equipment is present in all major
coffee processing warehouses in Brazil and
in the world. They represent an assurance of
hygiene and food safety in the consumer’s
cup, whilst preserving the quality and the
value of the brand.
Present in the market, every day bil-
lions of people get in touch with Bühler
technologies that supply their daily food
needs, mobility and communication. With
the technologies of industrial scale pro-

83

Café certificado em Minas Gerais
Certificação busca asssegurar a sustentabilidade
do café em Minas Gerais, tendo como referência
o conceito de Boas Práticas Agrícolas
O
Estado de Minas Gerais vem
tomando uma série de me-
didas para dar cada vez mais
suporte à atividade cafeeira.
Uma das iniciativas recentes
é o Certifica Minas Café (CMC), um dos seg-
mentos do Certifica Minas, programa de cer-
tificação do governo de Minas Gerais, por
meio da Secretaria de Estado de Agricultu-
ra, Pecuária e abastecimento (Seapa) e de
suas vinculadas, o Instituto Mineiro de Agro-
pecuária (IMA), a Emater MG e a Empresa
de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais
(Epamig), que contempla também outros
produtos, como queijo e cachaça.
“O fato de ser uma certificação pública
levou a adotar um conceito que tornasse o
programa o mais abrangente possível, per-
mitindo o acesso de cafeicultores de qual-
quer porte, uma vez que a certificação ainda
era pouco acessível à maioria, em especial
aos pequenos”, explica o assessor especial
do Café da Seapa, Niwton Moraes. “Tal fato,
aliado à percepção de que era preciso ofe-
Sílvio Ávila
84
PAINEL
Panel
recer algo que fosse bastante atrativo, moti-
vou a que o modelo a ser adotado fosse o de
Boas Práticas Agrícolas, ou GAP (do inglês
Good Agricultural Practices)”.
Os produtos obtidos sob condição GAP
têm, potencialmente, o mais amplo dos
mercados mundiais. “Além disso, como
certificação pública, o CMC é uma plata-
forma bastante universalizada, estando
sempre próxima da maioria dos outros
standards, para facilitar caso o cafeicul-
tor pretenda obter uma segunda ou tercei-
ra certificação”, frisa Moraes. O CMC conce-
be, assim, relevante papel de prestação de
serviço à sociedade mineira. Para facilitar a
colocação dessa concepção em prática, foi
preciso montar estrutura de trabalho que
permitisse baixos custos ao cafeicultor e
optou-se por ter a assistência técnica gra-
tuita, realizada pela Emater-MG e audito-
rias realizadas pelo IMA, a preços módicos.
Outro fator considerado na concep-
ção do programa foi que ele teria destaca-
da conotação de gestão interna da ativida-
de: a sustentabilidade econômica. “Assim
como as demais certificações, que usual-
mente se lastreiam nos pilares de susten-
tabilidade ambiental, social e econômica,
o CMC adotou as mesmas premissas”, sa-
lienta Moraes. “Entretanto, logo desenvol-
veu forte foco na gestão, mantendo os ou-
tros critérios de sustentabilidade”.
Essa característica facilitou sobremanei-
ra outro aspecto: para fazer a rastreabilida-
de e uma gestão eficiente, ambos exigidos
para a obtenção do certificado, é indispen-
sável que se faça uma série de anotações.
Atualmente, a sucessão na atividade rural é
um sério problema a ser enfrentado, sobre-
tudo na agricultura familiar.
Ao longo dos anos, o programa adqui-
riu credibilidade e apresenta crescimento
consistente, alcançando 1.300 proprieda-
des certificadas em 2016. Mais recentemen-
te, com as parcerias firmadas e as vendas do
café certificado para importantes compra-
dores internacionais, o selo adquiriu visibi-
lidade internacional e começa a firmar-se,
também, no mercado externo.
nnn Outras linhas
Além da certificação de proprieda-
des cafeeiras, o CMC tem outras três li-
nhas de ação: Circuito Mineiro de Ca-
feicultura, que consiste em encontros
de cafeicultores em cidades-polos
microrregionais, sendo aproximada-
mente 30 encontros por ano, com dis-
cussão de temas técnicos, conjuntu-
rais e de gestão da atividade cafeeira;
Concurso de Qualidade dos Cafés de
Minas, em sua 14ª edição anual; e ma-
peamento e monitoramento do par-
que cafeeiro de Minas Gerais.
Coffee certified in Minas Gerais
up with a series of notes. Currently, succession
Certification seeks to ensure the in rural activities is a serious problem that has
sustainability of coffee in Minas Gerais, where to be faced, especially at family farming.
As the years went by, the program ac-
best agricultural practices are the reference quired credibility and has been consistently

T
he State of Minas Gerais has been
enacting measures intended to
strengthen and lend support to
the coffee business. One of the re-
cent initiatives is the Certify Minas
Coffee (CMC), one of the Certify Minas seg-
ments, a certification program of the govern-
ment of Minas Gerais, run by the State Sec-
retariat of Agriculture, Livestock and Supply
(Seapa) and its divisions: Minas Gerais Agri-
culture and Livestock Institute (IMA), Emater
MG and the Minas Gerais State Agricultural Re-
search Company (Epamig), which also han-
dles other products, like cheese and cachaça.
“As it is a public certification it adopted a
concept intended to make the program as
comprehensive as possible, giving access to
all coffee farmers, regardless of the size of
their farms, seeing that certification was not
yet accessible to most of them, especially to
the small-scale coffee farmers”, explains Niw-
ton Moraes, adviser at Seapa Coffee. “Due to
Divulgação
practice, it was necessary to establish a work
structure of low cost to the coffee farmers, re-
sulting into the option for free technical as-
sistance, provided by Emater-MG and audits
conducted by IMA, at reasonable prices.
Another factor that was taken into con-
sideration when the program was conceived
was the fact that it would have a remarkable
connotation of internal management of the
activity: economic sustainability. “Just like
the other certifications, which usually sta-
bilize on the pillars of environmental, social
and economic sustainability, the CMC adopt-
ed the same premises”, says Moraes. “How-
ever, it immediately developed a strong focus
on management, maintaining all other sus-
tainability criteria”.
This distinctive trait greatly facilitated an-
other aspect: to carry out traceability and effi-
cient management, both required for obtain-
ing the certificate, it is indispensable to come
growing, totaling 1,300 certified farms in 2016.
More recently, with all partnerships estab-
lished and sales of certified coffees to relevant
international buyers, the label acquired inter-
national visibility and is beginning to set foot in
the foreign market.n
nnn Other lines
Besides the certification of coffee
farms, the CMC has other three lines
of action: Minas Gerais coffee Farm-
ing Circuit, which consists in meet-
ings of coffee farmers in micro-re-
gion hub cities, with approximately
30 meetings a year, involving tech-
nical debates on the coffee business;
Quality Contests of Minas Gerais Cof-
fees, now at its 14th annual edition;
and mapping and monitoring of the
Minas Gerais Coffee Park.

this fact, along with the perception that it was

necessary to offer something rather attrac-
tive, was the reason why the Good Agricultural
Practices (GAP)” model was introduced.
All products coming from GAP models,
have, potentially, access to the biggest glob-
al markets. “Furthermore, as a public certifica-
tion, the CMC is a rather universalized platform,
and is always close to most other standards, to
make it easier for the farmers to obtain a sec-
ond or third certification”, Moraes argues. Con-
sequently, the CMC plays an important role as
a service supplier to society in Minas Gerais.
To make it easier to put this conception into

85

Inor Ag. Assmann
Tá na mesa
Eventos nacionais e internacionais movimentam os
principais estados identificados com aprodução
e com a indústria de café ao longo de 2017
A
agenda da cadeia do café no
Brasil uma vez mais estará agi-
tada em 2017. Vários eventos
estão programados nos princi-
pais estados envolvidos com a
cultura, destacando-se Minas Gerais, maior
polo cafeeiro do País; Bahia, cujas regiões
têm particularidades que as distinguem no
cultivo do grão; e Espírito Santo, expoente
no conilon, ou robusta.
Um dos maiores eventos em âmbito de
Brasil, a Expocafé, de Três Pontas, no Sul de
Minas Gerais, completa duas décadas de exis-
tência. Para marcar a data, haverá programa-
ção intensa entre os dias 17 e 19 de maio,
com realização e organização da Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epa-
mig), em cujo campo experimental a Expoca-
fé ocorre, e do governo do Estado, através da
Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abaste-
cimento. Em paralelo, a cidade sedia no dia
16 o 8º Simpósio de Mecanização da Lavou-
ra Cafeeira. Palestras, mesas redondas, dinâ-
micas de máquinas e realizações de negócios
entre dezenas de expositores e produtores e
empresários movimentarão a região.
Já o município de Barra do Choça, na re-
gião de Vitória da Conquista, na Bahia, sedia
ao final de julho o 11º Encontro Nacional do
Café, iniciativa do casal Valéria Vidigal e Gian-
no Britto, em parceria com a Prefeitura e com
empresas e entidades. O evento ocorre en-
tre 30 de julho e 1º de agosto justamente na
Fazenda Vidigal, pertencente a Valéria e Gian-
86
EVENTOS
Events
no, e diferencia-se por permitir, durante o pe-
ríodo de realização, contato direto dos expo-
sitores e dos profissionais com a realidade de
cultivo dos cafezais, situados no entorno dos
prédios da sede da fazenda.
No segundo semestre, dois grandes even-
tos estão previstos novamente para esses es-
tados. Em outubro, entre os dias 25 e 27, Belo
Horizonte, capital mineira, sediará a Semana
Internacional do Café, quando representan-
tes das principais nações produtoras estarão
interagindo no centro de convenções Expo-
minas, com 25 eventos simultâneos.
Por fim, concluindo a agenda do
ano na cafeicultura, o Hotel Iberos-
tar Praia do Forte, de Mata de São
João, na Bahia, sediará entre 22
e 26 de novembro o 25º Enca-
fé – Encontro Nacional das
Indústrias de Café, um dos
mais tradicionais e lon-
gevos no País, de gran-
de porte. A iniciativa é
da Associação Brasi-
leira das Indústrias
de Café (Abic) e
promove a di-
fusão de co-
nhecimentos
e a troca de
informa-
ções no se-
tor indus-
trial. n
 It’s on
the table
Bühler operates in Brazil and the world as a
supplier of technological innovations for
grain processing, including coffee beans

T
he Brazilian coffee agenda will again be very busy in 2017. Several events
have been scheduled in the main states involved with the crop, where the
highlights are Minas Gerais, biggest coffee producing hub in the Country;
Bahia, whose regions show distinguishing traits in the cultivation of the
beans; and Espírito Santo, leading producer of conilon, or Robusta.
One of the biggest events in Brazil, known as Expocafé, in Três Pontas, South
of Minas Gerais, completes two decades of existence. To mark the occasion, great
celebrations have been scheduled for May 17 and 19, conducted and organized by
the Minas Gerais State Agricultural Research Company (Epamig), in conjunction
with the Secretariat of Agriculture, Livestock and Supply. Epamig’s Agricultural Ex-
periment Station will be the venue for the event. In the meantime, the city hosts
the Eighth Mechanized Coffee Farming Symposium on June 16. Lectures, round
tables, machinery dynamics and businesses among tens of exhibitors, producers
and businessmen will keep the region busy.
On the other hand, the municipality of Barra do Choça, in the region of Vitória da
Conquista, in Bahia, will host the 11th National Coffee Meeting, at the discretion of cou-
ple Valéria Vidigal and Gianno Britto, jointly with the municipal administration, compa-
nies and entities. The event extends from July 30 to August 1 at Fazenda Vidigal, which
belongs to Valéria and Gianno, and its distinguishing feature during the entire event
consists in making it possible for exhibitors and professionals to have a direct contact
with the reality of the coffee fields, located on the surrounding of the farm’s facilities.
For the second half of the year, two relevant events have been scheduled for
the same two states. In October, from 25 through 27, Belo Horizonte, capital city
of Minas Gerais will host the International Coffee Week, when participants from all
major coffee producing countries will have a chance to interact in the Expominas
Convention Center, with 25 events unfolding simultaneously.
The final coffee farming event on the agenda is the 25th Encafé – National Con-
gress of Coffee Industries, whose venue is Hotel Iberostar Praia do Forte, in Mata
de São João, State of Bahia, from November 22 through 26. It is one of the big-
gest, most traditional and long-lasting congress in the Country. It is organized by
the Brazilian Association of Coffee Industries (Abic) and it promotes the exchange
of knowledge among the participants and the industrial sector. n

87

20º EXPOCAFÉ
8º SIMPÓSIO DE MECANIZAÇÃO
DA LAVOURA CAFEEIRA
Data: 16 a 19 de maio de 2017
Local: Campo Experimental Epamig –
Três Pontas (MG)
Informações: www.expocafe.com.br
DIAS DE CAMPO FUNDAÇÃO PROCAFÉ
Datas e locais:
10 de maio 2017 – Fazenda
Experimental de Franca (SP)
31/05 a 01/06/2017 – Fazenda
Experimental de Varginha (MG)
Informações: www.fundacaoprocafe.com.br
AGENDA
Agenda
7º COFFEE DINNER & COFFEE SUMMIT
Data: 8 e 9 de junho de 2017
Local: Sala SP e Hotel Tivoli – São Paulo (SP)
Informações: www.coffeedinner.com.br
11º ENCONTRO NACIONAL DO CAFÉ
Data: 30 de julho a 1º de agosto de 2017
Local: Fazenda Vidigal – Barra do Choça (BA)
Informações: www.valeriavidigal.com.br
SEMANA INTERNACIONAL DO CAFÉ
Data: 25 a 27 de outubro de 2017
Local: Belo Horizonte (MG)
Informações:
www.semanainternacionaldocafe.com.br
43º CONGRESSO
BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS
Data: 7 a 10 de novembro de 2017
Local: Poços de Caldas (MG)
Informações: www.fundacaoprocafe.com.br
25º ENCAFÉ – ENCONTRO
NACIONAL DAS INDÚSTRIAS DE CAFÉ
Data: 22 a 26 de novembro de 2017
Local: Hotel Iberostar Praia do Forte – Mata de
São João (BA)
Informações: www.abic.com.br

Obras de Arte: Artworks:

As imagens que utilizamos em abertura de capítulos deste anuário, a
exemplo da obra que ilustra esta página, são detalhes de telas da artista
plástica mineira Valéria Vidigal, radicada em Vitória da Conquista (BA).
A ela agradecemos gentilmente pela cedência do material, que confor-
ma um olhar afetuoso sobre o universo da cafeicultura brasileira. Para
saber mais sobre o trabalho da artista, visite o site valeriavidigal.com.br.
The images at the beginning of the chapter of this yearbook, just like
the one that illustrates this page, are screen details by plastic artist
Valéria Vidigal, born in Minas Gerais and now living in Vitória da
Conquista (BA). We kindly thank her for the material, which casts
a loving eye at the coffee farming universe in Brazil. To know more
about the work of the artists, please access site valeriavidigal.com.br.

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