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ANUÁRIO HF

2021
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O Anuário HF é imparcial em relação ao seu


conteúdo agronômico. Os textos aqui publicados
são de inteira responsabilidade de seus autores.

4 ANUÁRIO HF 2021
A
inda ansiosos pelo fim da pandemia, nós
brasileiros não nos cansamos de reinven-
tar a forma de fazer tudo, sempre atentos
ao próximo desafio. E este é mais um, já que desde
o surgimento da Covid-19 enfrentamos o ‘abre-fe-
cha’ de muitas atividades comerciais, inclusive res-
taurantes, que eram os principais clientes do mun-
do HF.
E assim a nova alimentação passou a ser em
@campo_negocios casa, remetendo-nos a uma busca por mais saú-
de e imunidade, trazendo de volta o colorido às ge-
/revistacen ladeiras e ao carrinho de supermercado, que anda-
@campoenegocios va cheio de pacotes e congelados.
O mundo viu, desta forma, o Brasil dar mais
Acesse nosso cartão virtual um passo à frente e alimentar muitas frontei-

(34) 3231-2800
ras, que não só a nossa, levando o que sabe fa-
zer de melhor. Uma agricultura diferenciada e
cheia de sabor.
O meio digital mostrou que as dificuldades po-
ISSN 2316-6304 - 10ª Edição deriam se tornar oportunidades, e muitos agricul-
tores se viram na palma da mão dos consumidores,
estes últimos tendo seus produtos entregues em
casa de forma fresca e em embalagens muitas vezes
prontas para consumo, agregando valor ao campo e
ao trabalho rural.
Outros optaram pela exportação, aproveitando
a alta do dólar, que levantou muitas possibilidades
para quem quis apresentar um produto que aten-
desse ao mercado exterior. E assim caminhamos,
cada um no seu ritmo e com seu objetivo em men-
te, mas unidos no propósito de não deixar a espe-
rança se esvair pelas nossas mãos.
Afinal, somos brasileiros, e não desistimos nun-
ca. No Anuário Hortifrúti 2021 você poderá con-
ferir um panorama completo do que aconteceu em
vários segmentos brasileiros, e quem sabe encon-
trar sua próxima atividade.
Fomos atrás de especialistas, consultores e pro-
dutores que nos deram a chance de entregar a você
informações confiáveis sobre a realidade do campo
e uma previsão para 2021, dentro do que realmen-
te pode dar certo. Confiamos em você como você
confia em nós, e deixamos aqui, neste exemplar, o
melhor do nosso trabalho, acreditando que ele po-
derá nortear o seu.
Desejamos que seu solo seja fértil, fecundo, e
que avance ainda mais nos desafios que certamente
ainda estão por vir. Mas você não está sozinho, con-
te conosco, hoje e sempre!

Miriam Lins Oliveira


Editora

ANUÁRIO HF 2021 5
Shu
tterstock

6 ANUÁRIO HF 2021
08 Abacaxi 62 Jiló
Rastreabilidade diferenciada Sudeste à frente da produção
09 Açaí 64 Maçã
Safra tem crescimento recorde esafios e ers ectivas
10 Acerola 68 Mamão
Fruta tropical brasileira Destaque no cenário mundial
12 Abacate 72 Mandioca
Demanda elevada Um bem brasileiro
15 Alho 74 Mandioquinha-salsa
Importações ainda na dianteira Atrai produtores
20 Banana 75 Maracujá
Área e produção decrescem Brasil é o maior produtor e consumidor
22 Batata 78 Manga
Extremos marcam a produção Produção e exportação como prioridade
28 Batata-doce 80 Melancia
Busca saudável eleva consumo Incertezas travaram o mercado
30 Berinjela 84 Melão
Cultivo protegido agrega valor Entre os principais nas exportações
32 Beterraba 87 Morango
Tecnologia dita a produtividade Gerador de emprego e renda
36 Brócolis 92 Pêssego
Ganha a mesa dos brasileiros Demanda maior que a oferta
38 Cebola 94 Pepino
Brasil enfrenta redução de área Versatilidade atrai o mercado
42 Cenoura 97 Pimentão
Oferta limitada marca o ano Equilíbrio dita o mercado
44 Citros 100 Quiabo
Análise traz novas estimativas Saúde e rentabilidade
47 Coco-da-baía 102 Tetsukabuto
Derivados puxam a produção para cima Abóbora japonesa no Brasil
C - 103 Tomate indústria
li a co o desafio Do jeito que a gente gosta
52 Hortaliças folhosas 105 Tomate de mesa
Atualidades e perspectivas Tecnologias a toda prova
56 Goiaba 110 Uva
Brasil entre os maiores produtores Vinho nunca foi tão saboroso
60 Inhame 112 Vagem
Posicionamento do Brasil na produção Favorece agricultura familiar

ANUÁRIO HF 2021 7
ABACAXI

ABACAXI
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Shutters

RASTREABILIDADE DIFERENCIA A FRUTA


O Pará lidera o ranking nacional de produção, com 426.780 milhões de frutas
em uma área de 18.779 hectares.

D
e acordo com os dados da Organização A produtividade média, em Minas Gerais, é de
das Nações Unidas para a Agricultura e 30,1 mil frutos/ha, superando a média brasileira.
Alimentação (FAO, 2019), a produção Minas se destaca, também, por plantar as duas prin-
mundial de abacaxi em 2017 foi de 27,4 milhões cipais cultivares que atendem aos mercados inter-
de toneladas. no e externo, tanto para mesa como para indús-
O Pará é o maior produtor de abacaxi do Brasil, tria, respectivamente, o abacaxi pérola e o smooth
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- cayenne (havaiano).
tística (IBGE). Com base em uma produtividade de
22.726 unidades por hectare, o fruto conferiu ao Es- Rastreabilidade
tado renda de R$ 566.650 milhões. A fruta é culti-
vada em uma área de 18.779 hectares. O comércio de abacaxi paraense dentro e fora
das fronteiras nacionais só é possível graças à ras-
Ranking treabilidade do fruto. Ou seja, sua cadeia produti-
va está organizada e passível de acompanhamento
Dividem com o Pará o pódio da produção na- desde o momento da produção até a comerciali-
cional de abacaxi os Estados da Paraíba e Minas zação do fruto, o que garante ao consumidor in-
Gerais. O Pará lidera o ranking nacional de produ- formações sobre a origem e as práticas de produ-
ção, com 426.780 milhões de frutas. Paraíba ocu- ção do produto consumido.
pa a segunda colocação, com 334.880 milhões, en-
quanto Minas Gerais está no terceiro lugar, com a
produção anual de 192.189 milhões de abacaxis
Fontes:
em uma área plantada de 6,4 mil hectares. Os nú- FAO
meros integram o último levantamento agrícola IBGE
divulgado pelo IBGE, em 2019. Agência Pará

8
SAFRA DE
AÇAÍ TEM

AÇAÍ
CRESCIMENTO
DE 739% Sh
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O
açaí, fruto nativo da região amazônica, teve Enviadas para fora do mercado paraense, cer-
o maior crescimento da safra no Tocantins, ca de 150 toneladas de açaí são consumidas anual-
segundo pesquisa do IBGE. Os resulta- mente no Estado de São Paulo, 500 toneladas no
dos da Produção Agrícola Municipal (PAM) 2019 Rio de Janeiro e 200 toneladas nos demais Es-
apontaram que, em 2018, foram produzidas 100 tados brasileiros.
toneladas. Já em 2019, o Estado chegou à marca de No Pará, Estado responsável por mais de 90%
839 toneladas, um crescimento de 739%. da produção nacional de açaí, segundo o Sindica-
O valor de produção do fruto também apre- do das Indústrias de Frutas e Derivados do Pará
sentou alta, passou de R$ 243 mil para R$ 6,2 mi- (Sindfrutas), 60% da produção da fruta permane-
lhões, expansão de 2.469%. Tocantins foi o Estado ce lá mesmo. No âmbito nacional, outros 35% da
com o quarto maior valor de produção do açaí no produção se destinam a outras regiões, com desta-
País e o sexto maior produtor. que para São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais;
O açaí, normalmente, faz parte do extrativis- e 5% segue para outros países.
mo vegetal, mas algumas iniciativas, desde 2014,
vêm sendo implementadas no sentido de cultivar Em valores
em áreas irrigadas.
O Tocantins foi um dos pioneiros nessa cultu- O valor de produção de açaí no Pará foi de
ra e os resultados estão vindo agora, com o maior R$ 465,4 milhões, ou 79% do total. Com fatia de
crescimento já visto na cultura de açaí, um gran- 12,8% do faturamento nacional, o Amazonas teve
de retorno econômico para aqueles que investiram redução, e não passou de R$ 75,5 milhões, o equi-
nessa cultura. valente a um corte de R$ 20 milhões em relação
Na capital, as lojas de açaí cresceram por cau- ao obtido em 2018. Em 2019, o Brasil produziu
sa da demanda, que também aumentou. A polpa 222.706 toneladas de açaí e acumulou R$ 588,6
de açaí, pura ou batida com morango, banana e até milhões em valor de produção.
com limão agrada os mais diversos paladares e é Já a produção de madeira em tora totalizou
ótima opção para aliviar o calor. 841,13 metros cúbicos, em 2019, superando a
marca do ano anterior (826.21 metros cúbicos). A
Liderança quantidade produzida no Amazonas foi a quinta
maior do País, atrás do Pará, Mato Grosso, Ron-
Líder na produção nacional de açaí, o Pará fi- dônia e Amapá. Seu valor da produção totalizou
cou bem à frente do segundo e do terceiro lugar do R$ 155,63 milhões e também superou a marca de
ranking: Pará (1.320.150 t), Amazonas (67.757 t), 2018 (R$ 152.32 milhões), ficando no quarto lu-
Roraima (4.153 t), seguidos por Rondônia (2.242 gar do ranking brasileiro.
t), Bahia (2.188 t) e logo atrás Tocantins, com 839 t.
Segundo a Embrapa, a estimativa é de que so-
mente no Estado do Pará sejam consumidas cerca Fonte:
de 300 mil toneladas de açaí anualmente. IBGE

9
ACEROLA

ACEROLA
FRUTA TROPICAL BRASILEIRA
O Brasil cultiva uma área de 5.753 hectares e produz 70 mil toneladas de frutas.

A
acerola (Malpighia emarginata DC.) é nati- ção nacional (Embrapa, 2012).
va da América Central e do Norte da Amé- Dados mais recentes mostraram que no ano de
rica do Sul, produz frutos excepcionalmente 2017 a área colhida de acerola foi de 5.753 hecta-
ricos em vitamina C e A, é fonte de ferro e cálcio, res, valor referente a 6.646 propriedades rurais com
além de conter outras vitaminas do complexo B mais de 50 pés plantados. Nesse ano foram produ-
(tiamina, riboflavina e niacina). zidas quase 70 mil toneladas de frutas e o valor de
São poucos os países que cultivam comercial- produção atingido foi de R$ 91.642.000.
mente a acerola - o Brasil se sobressai nesse contex- O Estado de Pernambuco é o maior produtor,
to, sendo atualmente o maior produtor, exportador e com 21.351 toneladas produzidas, seguido do Cea-
consumidor. A cultura foi introduzida na década de rá, com 7.578 toneladas, e em terceiro lugar Sergipe,
1950 pela Universidade Federal Rural de Pernam- com 5.427 toneladas de frutas produzidas (IBGE,
buco, mas somente no início dos anos 1980 foi ex- 2017).
plorada comercialmente. A produtividade da aceroleira por hectare é
Adaptada às diferentes condições climáticas, crescente, como em qualquer outra frutífera, pas-
hoje em dia os plantios se espalharam por quase sando de 6,5 toneladas no segundo ano de culti-
todas as regiões do País, sendo a região nordeste a vo para 40 ou mais toneladas do quinto até o dé-
maior produtora, responsável por 64% da produ- cimo ano.

10
Exportação
Parte da produção brasileira é exportada para
Europa, Estados Unidos e Japão, na forma de fru-
tos ou polpa congelada e suco integral. Entretanto,
o consumo nacional é crescente, trazendo boas ex-

ACEROLA
pectativas ao mercado interno dessa fruta.
Esse crescimento se deve, basicamente, a seu
elevado teor de ácido ascórbico (vitamina C), que
chega a ser 100 vezes superior ao da laranja, ou dez
vezes ao da goiaba. Nesse contexto, assim como
o consumidor americano e europeu, o consumi-
dor brasileiro tem cada vez mais se conscienti-
zado em relação à sua saúde e buscado alimentos
que trazem benefícios nutricionais e de baixo valor
calórico, justificando assim a alta na demanda por
acerola, o que, consequentemente, faz crescer a for-
mação de novos plantios.

Potencial de mercado
A acerola é uma fruta que pode ser utilizada em
vários produtos comerciais, por possuir um grande
potencial para industrialização. Pode ser consumi-
da sob a forma de sucos, compotas, geleias, utiliza-
ck da no enriquecimento de sucos e de alimentos die-
Shuttersto
téticos, na forma de alimentos nutracêuticos, como
comprimidos ou cápsulas, empregados como su-
plemento alimentar, chás, bebidas para esportistas,
barras nutritivas e iogurtes.
Além do setor de alimentos, a acerola também
tem mostrado potencial de uso na indústria farma-
cêutica e cosmética.

Produção de acerola no Brasil Valorização


concentra-se no Nordeste Atualmente, a cotação no atacado da acero-
la fresca está em torno de R$ 8,50/kg (Ceagesp,
2020), o que garantiria, para um produtor que al-
cançasse uma produtividade média de 25 ton/ha,
2o Ceará um faturamento de R$ 212,5 mil/ha/ano. Lem-
7.578 ton brando que se o produtor quiser vender sua produ-
ção para a indústria, esse preço será menor e de-
ve-se pensar sempre em trabalhar com um maior
volume da fruta.
1o Pernambuco
21.351 ton Autoria:
Gustavo Cesar Dias Silveira
Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em
Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
3o Sergipe gcsagro@gmail.com
5.427 ton Maíra Ferreira de Melo Rossi
Engenheira agrônoma e mestranda em Botânica
Aplicada – UFLA
rossimaira@hotmail.com
Pedro Maranha Peche
Engenheiro agrônomo, mestre e pós-doutorando em
Fitotecnia – UFLA
pedmpeche@gmail.com

11
ABACATE

NOVO ESTILO DE VIDA AUMENTA


DEMANDA POR ABACATE
PRODUÇÃO DEVE DOBRAR
NOS PRÓXIMOS TRÊS ANOS
O
abacateiro tem três centros de origem, sen- Os principais países exportadores são Méxi-
do eles Guatemala, México e as Ilhas An- co, Holanda e Peru. O volume comercializado se
tilhanas. Porém, hoje é cultivado na maio- deu principalmente por via marítima. Este meio de
ria das regiões tropicais e subtropicais do globo, transporte não prejudica o abacate, pois é uma das
logo, mais de 80% da produção mundial de abaca- únicas frutas que deve ser colhida antes de ama-
te está nas mãos de 11 países, sendo que em 2019 durecer. Entretanto, a fruta deve conter uma taxa
a produção foi de 7,2 milhões de t, cultivados em de matéria seca entre 21 a 32%, para garantir seu
726,6 mil hectares, totalizando uma produtividade amadurecimento adequado, exigido pelo cliente.
de 9,9 t ha-1 (Faostat).
O México lidera a lista, com 34% da produção Estados produtores
mundial, seguido pela República Dominicana, Peru,
Indonésia, Colômbia, Chile, Brasil, Quênia, Esta- Dos Estados brasileiros, 18 deles e o Distrito
dos Unidos, Venezuela, Israel e China. Federal produzem a fruta, sendo o principal pro-
dutor o Estado de São Paulo (123 mil t), seguido
Produção nacional e exportação de Minas Gerais (69,5 mil t), Paraná (23,5 mil t),
Ceará (6,7 mil t), Rio Grande do Sul (4,6 mil t) e
Com a valorização do abacate e novas técni- Distrito Federal (2,85 mil t) (IBGE). A produção
cas de cultivo em território nacional, as áreas es- deve dobrar nos próximos três anos.
tão se expandindo e o Brasil já ocupa a 6° posição Ao observar os dados de 2019, a evolução de
no ranking dos maiores produtores. Em 2019, em plantas novas de abacate em São Paulo mostrou-se
uma área de aproximadamente 15 mil hectares o significativa, totalizando 371 mil plantas novas no
País produziu 243 mil toneladas, com produtivida- Estado. O Escritório de Desenvolvimento Rural
de média de 16 t ha-1 de abacate (Faostat), sendo (EDR) de Ourinhos foi o que indicou o maior nú-
90% da comercialização no mercado interno e 10% mero de novas plantas, 89,5 mil, seguido do EDR
destinados à exportação. de Jaboticabal com 78,7 mil; Limeira com 41,3
No entanto, o País exportou para vários países mil e Ribeirão Preto com 33,11 mil.
de diferentes continentes e o principal carro-che- Esse aumento refletirá, obviamente, na produ-
fe foi o abacate da variedade ‘Hass’, que no 1° se- ção futura, daqui a quatro anos. O cultivo do aba-
mestre de 2020 apresentou um volume de 5,6 mil cate tem se espalhado em todo o território nacional
t, totalizando US$ 10,3 milhões (Abrafrutas). O devido à alta rentabilidade financeira. Isto mostra
continente europeu foi o principal destino das ex- que não podemos esquecer do fator social que a fru-
portações brasileiras do produto, atingindo o volu- ta representa nas regiões produtoras, sendo que a
me de 4,4 mil t, representando 78% do total, com demanda por mão de obra é intensa, gerando ren-
valor FOB de US$ 8 milhões. da aos trabalhadores e produtores rurais.

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ABACATE
k
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s: S
Foto

bação orgânica/química, irrigação, entre outros fa-


Em números
tores. Por exemplo, em locais onde o solo é muito
O valor da produção gerado pelo abacate no argiloso, faz necessário o levantamento de camalhão
Brasil em 2019 foi de R$ 362,2 milhões. Três Es- (terraço elevado) e isso encarece até R$ 10 mil por
tados foram responsáveis por 87,42% do total: São hectare.
Paulo (44,43%), Minas Gerais (31,4%) e Paraná Outro ponto fundamental para o sucesso do
(11,6%). pomar é a qualidade fitossanitária da muda enxer-
O preço médio recebido pelos produtores de tada, que deve ser adquirida de viveiros registrados
abacate no Estado de São Paulo nesses últimos dez pelo MAPA e as sacolas preenchidas com subs-
anos apresentou taxa de crescimento de 10,5%, in- tratos certificados, com preço comercializado en-
dicando que houve uma valorização do produto no tre R$ 12,00 a R$ 25,00 o valor unitário (Esta-
período. Assim, São Paulo é o maior exportador da do de São Paulo).
fruta, responsável por 90% das exportações, atin- Não menos importante, a adubação a ser ado-
gindo o volume de 4,0 mil t. tada para condução e manutenção dos abacateiros
Dessa forma, os resultados econômico-finan- é um fator relevante, que para um pomar com 250
ceiros têm sido positivos e favoráveis para o in- plantas por hectare varia entre R$ 7 mil a R$ 25
vestimento, visto que há saldos médios de caixa mil por hectare.
gerados com a produção a partir do 4° ano após a Assim, o custo de manutenção do pomar no 2º
implantação do pomar. e 3º anos do abacateiro varia entre R$ 3 mil a R$
5 mil por hectare (podendo encarecer ainda mais,
Custo de produção caso tenha a colheita precoce. A partir do 4° ano de
cultivo, o custo é baseado na produção, o que varia
O custo de implantação é muito variável de- de R$ 0,25 a R$ 1,50/kg, com custos de colheita
vido ao tipo de solo, preparo de solo, muda, adu- embutidos, ou seja, se em uma produção de 10 t/

13
ha o custo é de R$ 0,50/kg da fruta, o custo efeti- mercado internacional como nacional.
vo final será de R$ 5.000 por hectare. Dessa forma, a perspectiva para 2021 continua
sendo muito promissora, com adequação dos siste-
Demanda mas de manejo, implantação de tecnologias a campo
que visem evitar problemas como queda na produ-
A demanda cresceu significativamente nos úl- ção e garantir expansão do setor frente às comuni-
timos anos, levando a um aumento considerável de dades internacional e nacional.
ABACATE

áreas plantadas em todo o País, assim como à aber-


tura de novos mercados para exportação da fruta,
que mostra a perspectiva positiva quanto à cultura.
Autoria:
Entretanto, em várias regiões do Brasil a safra Aline de Sousa Mendes Gouveia
do abacate foi afetada pela estiagem prolongada. aline.gouveia@unifio.edu.br
Consequentemente, ocorreu baixo vingamento das Adilson Pimentel Junior
flores, com pouco pegamento dos frutos, sendo as adilson_pimentel@outlook.com
cultivares mais afetadas as variedades Margarida e Bruno Henrique Leite Gonçalves
Breda, ambas com ciclo tardio. brleitee@gmail.com
Houve, também, uma queda de produção da Engenheiros agrônomos, doutores em Agronomia e
professores - Centro Universitário das Faculdades
ordem de 20 a 30% em pomares de abacate ‘Hass’,
Integradas de Ourinhos (UNIFIO), Ourinhos/SP
entretanto, os pomares novos dotados de sistema Veridiana Zocoler de Mendonça
de irrigação atenuaram essa queda, mantendo ín- Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia - Unesp
dices elevados de suprimento de abacate, tanto no veridianazm@yahoo.com.br

Área15 mil hectares Maiores produtores

Produção nacional 243 mil toneladas


São Paulo 123 mil t
Minas Gerais 69,5 mil t
Produtividade 16 t ha de abacate
-1

Paraná 23,5 mil t


Comercialização 90% mercado interno e
10% exportação Ceará 6,7 mil t

Rio Grande do Sul 4,6 mil t

Distrito Federal 2,85 mil t

14 ANUÁRIO HF 2021
ALHO

ALHO
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IMPORTAÇÕES AINDA NA DIANTEIRA


N
os meses de maio, junho e julho de 2020 Desta forma, 2020 foi o ano com maior volu-
as importações brasileiras ficaram acima me de alho importado desde 2017, com 193,51 mil
dos volumes médios mensais dos últimos t de alho, 16,97% a mais que em 2019, quando fo-
quatro anos. Porém, nos meses de agosto, setembro ram importadas 165,43 mil t.
e outubro os volumes foram menores. No mês de A China forneceu ao Brasil o maior volume de
novembro, foram importadas 16,19 mil t, o maior alho em 2020, porém, pelo maior valor médio do
volume para o mês nos últimos quatro anos (Ta- alho, a Argentina recebeu o maior valor FOB (Ta-
bela 1). bela 2).

TABELA 1. IMPORTAÇÕES DE ALHO NO BRASIL DE JANEIRO DE 2017 A DEZEMBRO DE 2020 (MIL T)


Ano Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2017 12,63 10,00 12,79 12,38 13,90 9,43 12,97 18,12 12,02 13,64 11,20 20,12 159,20
2018 17,24 14,53 17,28 14,77 16,67 13,33 15,99 12,70 8,61 10,39 7,59 15,71 164,81
2019 18,06 16,28 13,59 15,77 15,56 12,58 15,05 11,21 7,78 11,16 9,20 19,19 165,43
2020 20,43 15,07 16,36 14,57 16,69 18,93 23,33 15,90 12,01 9.39 16,15 14,63 193,51
Fonte: Comexstat/ME: janeiro/2021

TABELA 2. PRINCIPAIS PAÍSES FORNECEDORES DE ALHO PARA O BRASIL EM 2020


Países Valor FOB (US$ mil) Volume (t) Valor médio (US$ /kg)
China 105.134,9 102.782 1,02
Argentina 139.449,3 72.057 1,94
Espanha 15.755,8 10.399 1,52
Demais 14.607,8 8.274 1,76
Total 274.947,8 193.511 1,56
Fonte: Comexstat/ME: janeiro/2021

15
sal de janeiro de 2019 a dezembro de 2020, pelo
Produção nacional
Brasil. Destaca-se a queda vertiginosa do preço do
produto no mercado internacional a partir de ju-
Em 2019, a produção brasileira de alho, segun-
nho de 2020.
do o IBGE, foi pouco acima de 131 mil t, crescimen-
Embora nos últimos quatro meses tenha ocor-
to de 11,01% comparativamente à safra de 2018. O
rido recuperação média dos preços FOB na ordem
incremento na produção nacional foi decorrente da
de 34%, o mercado não foi favorável ao produ-
ampliação da área plantada, que passou de 10.633
to nacional. Essa situação foi provocada pela for-
ha para 11.219 ha, aumento de 5,5% e, obviamente,
te presença do alho chinês nas importações brasi-
por ganhos em produtividade, que passaram de
leiras. Para a Associação Nacional de Produtores
ALHO

11.151 kg/ha para 11.723 kg/ha, aumento de 5,1%


de Alho (Anapa), as liminares que os importado-
comparado à safra de 2018 (Tabela 3). res obtêm na justiça para isenção do pagamento
O Estado de Minas Gerais é o maior produtor da taxa antidumping, que é de US$ 0,78/kg, con-
nacional, cuja produção em 2019 foi 52,82 mil t, tribuem para prejudicar e até inviabilizar o produ-
representando 42,6% da produção nacional. Em se- to nacional.
guida vem o Estado de Goiás, com 26,8%; em ter- Em novembro, o volume total importado foi
ceiro lugar, Santa Catarina; com 11,8% da produção. de 16,00 mil t, aumento de 70,32% em volume em
Em quarto lugar, o Rio Grande do Sul, com relação a outubro. Comparado com novembro de
11,7%. No conjunto, estes quatro Estados produ- 2019, quando a importação foi de 9,19 mil t, o au-
ziram em 2019, segundo os últimos dados publica- mento é de 74,1%, o que está impactando a con-
dos pelo IBGE, 90,7% do alho brasileiro. A pro- juntura do mercado interno.
dução brasileira de alho tem variado de 118 a 131 O desembolso com a importação no mês de
mil t entre 2017 a 2019. novembro foi de US$ 16,15 milhões (FOB), au-
Em relação ao abastecimento interno (Figura mento de 96,2% em relação a outubro, puxado
1), o consumo anual de alho (produção nacional pelo maior volume importado e aumento no preço
+ importação) se mantém acima de 283 mil t/ano. médio (FOB) (Figura 2).
Em 2019 o consumo brasileiro foi de 296,9 mil t,
crescimento de 4,7% em relação a 2018. Custo de produção e rentabilidade
A participação do produto importado no mer-
cado nacional em 2019 foi de 55,7%. Por outro lado, O alho é, entre as hortaliças, a que apresenta
a produção nacional abocanhou, em 2017, 41,1% um dos maiores custos de produção. Os itens que
do mercado interno, em 2018, 41,9% e 44,3% em mais impactam o custo são os bulbos para semen-
2019. te e a mão de obra. Levantamento feito com pro-
Portanto, esse quadro indica o potencial do dutores e empresas produtoras no Cerrado (Goiás
mercado interno brasileiro e, por outro, a necessi- e Minas Gerais) mostra um custo de produção na
dade de superação de gargalos que afetam a cadeia safra de 2020 entre R$ 120 mil a R$ 130 mil/ha.
produtiva da cultura no País, que basicamente se re- Deste custo, a mão de obra (36%), alho-semen-
sume à redução do custo de produção. te (32%), corretivos e fertilizantes (13,5%), arren-
Na Figura 2 é apresentada a evolução da quan- damento da terra (6,5%) e produtos fitossanitá-
tidade de alho internalizada e o desembolso men- rios (4,4%) representam os maiores itens do total.

TABELA 3. ÁREA COLHIDA, PRODUÇÃO E RENDIMENTO DOS PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES DE


ALHO NAS SAFRAS DE 2017 A 2019
Área Colhida (ha) Produção total (t) Rendimento (kg/ha)
Estados
2017 2018 2019 2017 2018 2019 2017 2018 2019
Minas Gerais 2.644 3.051 3.424 40.362 44.399 52.828 15.266 14.552 15.429
Goiás 2.348 2.480 2.788 29.615 30.865 35.113 12.613 12.968 12.594
Santa Catarina 2.229 1.771 1.655 22.793 16.250 15.434 10.226 9.176 9.326
Rio Grande do Sul 2.019 1.920 1.946 15.663 14.801 15.399 7.758 7.709 7.913
Bahia 629 516 524 4.342 4.040 4.242 8.192 7.845 8.095
Distrito Federal 262 300 300 4.716 4.800 4.800 18.000 16.000 16.000
Paraná 444 429 402 2.278 2.116 2.028 5.131 4.932 5.045
Espírito Santo 92 164 154 1.008 1.395 1.525 10.957 8.506 9.903
Demais 20 2 26 120 8 154 6.000 4.000 5.923
Brasil 10.687 10.633 11.219 120.897 118.682 131.523 11.418 11.151 11.723
Fonte: IBGE - janeiro/2021

16
FIGURA 1. PRODUÇÃO, IMPORTAÇÃO E CONSUMO INTERNO DE ALHO DE 2017 A 2019 (T/ANO)

350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000

ALHO
0
2017 2018 2019
Produção nacional Importação Consumo

Fonte: SISCOMEX/ME/IBGE/dezembro/2020

FIGURA 2. VOLUME E VALORES DA IMPORTAÇÃO DE ALHO NO BRASIL DE JANEIRO DE 2019 A


DEZEMBRO DE 2020

25.000 40.000
35.000
20.000 30.000
15.000 25.000

US$ (mil)
20.000
t

10.000 15.000
5.000 10.000
5.000
0 0
jan/19
fev/19
mar/19
abr/19
mai/19
jun/19
jul/19
ago/19
set/19
outn/19
nov/19
dez/19
jan/20
fev/20
mar/20
abr/20
mai/20
jun/20
jul/20
ago/20
set/20
outn/20
nov/20
dez/20

Toneladas US$

Fonte: ComexStat/ME: janeiro/2021

ANUÁRIO HF 2021 17
Considerando um rendimento médio de 15 t/ha, o
custo ficará entre R$ 8,00 a R$ 8,70/kg de alho.
Já em SC, terceiro maior Estado produtor de
alho, em levantamento feito pela Epagri/CEPA,
o custo de produção por área é bastante variável
entre os produtores e menor em comparação ao
custo de produção no Cerrado.
O custo na safra 2020 ficou, em média, em R$
77,7 mil/ha, mas variou consideravelmente entre
produtores, dependendo, principalmente, da origem
ALHO

e quantidade de alho-semente utilizada, necessida-


de de arrendamento de terra e maior ou menor ne-
cessidade de contratação de mão de obra.
Na média das propriedades, alho-semente (39%),
mão de obra (26%), corretivos e fertilizantes (10%) e
produtos fitossanitários (7%) representam os maio-
res itens do custo. Na atual safra, para um rendimen-
to médio de 9,0 t/ha, o custo ficou em R$ 8,63/
kg de alho, valor muito próximo ao observado no
Cerrado.
A rentabilidade da safra 2020/21 é considerada
boa para o alho produzido na região do Cerrado,
pois se observou um dos mais altos rendimentos
de bulbos dos últimos anos e os preços de venda
do alho também foram positivos. Vários produto-
res fecharam a safra com médias acima de 15 t/ha.
Para os Estados do Sul, com o início da comer-
cialização da safra no mês de janeiro de 2021, a pers-
pectiva de rentabilidade é também otimista. Ainda
que o rendimento de bulbos tenha sido bastante va-
riável (de 5,0 a 18 t/ha), principalmente influencia-
do pela disponibilidade de água para irrigação no
período de forte estiagem (junho a outubro/2020), o
alto custo de importação de alho da Argentina po-
derá refletir-se num bom valor de venda do alho.

D
Com relação aos desafios tecnológicos e de
competitividade da cadeia produtiva da cultura, em-
bora os significativos avanços dos últimos anos em
ganho de produtividade e maior eficiência produti-
va e, mesmo com a permanência da taxa anti-dum-
ping sobre o alho chinês, este ainda afeta a competi-
tividade do produto nacional.
Desta forma, é premente a necessidade de encon-
trar soluções tecnológicas para a melhoria de desem-
penho da cultura, de forma a reduzir custos para en-
frentar a concorrência com o produto importado.

Autoria:
Jurandi Teodoro Gugel
Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador - Epagri
jurandigugel@epagri.sc.gov.br
Leandro Hahn
Engenheiro agrônomo, doutor e pesquisador - Epagri/
Estação Experimental de Caçador (SC)
leandrohahn@epagri.sc.gov.br

18
BANANA
ÁREA E PRODUÇÃO
BANANA

DECRESCEM
A
produção brasileira de banana em 2020 foi
de 6,84 milhões de toneladas, segundo a
Secretaria de Estado de Agricultura, Pe-
cuária e Abastecimento de Minas Gerais – SEA-
PA-MG, havendo uma redução de 4,1% em rela-
ção a 2019, que foi de 7,11 milhões de toneladas.
A área plantada ficou em torno de 454,2 mil
hectares, com uma queda de 0,6% em relação a
2019, que foi de 456,9 mil hectares. A produti-
vidade chegou a 15,07 toneladas/hectares, com
uma quebra de 3,2% em relação a 2019, que foi de
15,57 toneladas/hectares.
As justificativas para tal quebra na produção
brasileira de banana na safra de 2020 devem-se
à descapitalização dos produtores motivados pelo
baixo preço alcançado na comercialização e ao
elevado custo de produção devido à alta do dólar
e à pandemia da Covid-19.

Pelo mundo afora


A produção mundial de banana, segundo a
FAO (2018), gira em torno de 113,2 milhões de
toneladas. Mais de 125 países dedicam-se ao culti-
vo de banana, como uma de suas principais frutas
para consumo da população.
O ranking dos países maiores produtores de ba-
nana são: Índia, com 30,8 milhões de toneladas,
China, com 11,2 milhões, Indonésia com 7,2 mi-
lhões, e Brasil, com 6,7 milhões de toneladas. As
projeções da FAO em 2018 são de que a produ-
ção mundial de bananas deve crescer 1,5% ao ano,
Fo
t
atingindo 135 milhões de toneladas em 2028.
os
:S
hut
Demanda e oferta
ters
tock

A oferta e demanda da produção brasileira são


para consumo próprio, igualando oferta e procu-
ra pela fruta. O Brasil exporta banana para cerca
de 43 países.
Em 2019, as exportações brasileiras de frutas
superaram pela primeira vez a marca de US$ 1 bi-

20
PRODUÇÃO DE BANANA POR ESTADO EM MIL
TONELADAS:
Estado Produção Participação (%)
1 – São Paulo ......................1.053,8 .....................15,4
2 – Bahia ..............................905,8.......................13,2
3 – Minas Gerais .................786,2 ....................... 11,5

BANANA
4 – Santa Catarina............. 716,8 .......................10,5
5 – Pernambuco ................. 419,8 ........................6,1
6 – Espírito Santo............... 415,6 ........................6,1
7 – Pará ................................ 401,9 ........................5,9
8 – Ceará ..............................395,2........................5,8
9 – Rio Grande do Norte ....218,7 ........................3,2
Demais Estados ................1.532,3 .....................22,4
Total...............................6.845,7 ............... 100,0
Fonte: IBGE – Produção Agrícola, maio 2020

lhão e, dentre as frutas que apresentaram o maior 2021 devem seguir as mesmas orientações de 2020,
crescimento, a banana se destacou. quais sejam: o enfrentamento das duas realidades
Foram 79,4 mil toneladas exportadas, aumento distintas de produção, a primeira baseada na agri-
de 24,8% em relação a 2018. Vale ressaltar que, em cultura familiar: plantio em área marginal em ter-
2018, bons resultados já foram observados para as mos de clima, relevo, plantio em sequeiro e com
exportações brasileiras de banana. De acordo com práticas culturais deficientes e sem infraestrutu-
a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o volu- ra adequada para as fases de colheita e pós-colhei-
me da fruta enviado ao Mercosul foi de 56 mil to- ta, e a segunda baseada na agricultura empresarial,
neladas, alta de 47% frente ao ano anterior. A re- com clima, relevo, uso de irrigação, boas práticas
ceita também aumentou em 40%, totalizando US$ agronômicas e sistemas adequados de colheita e
14 milhões no período. pós-colheita.
Em 2019, a exportação brasileira de banana ga- Os custos de produção devem continuar altos
nhou ritmo para o Mercosul, já que a safra da Bo- em virtude da cotação do dólar e, também, os pre-
lívia, uma das principais fornecedoras da fruta ao ços auferidos pelos produtores no final da cadeia
bloco, vem enfrentando alguns entraves. De acor- produtiva da banana.
do com notícia veiculada pelo Fresh Plaza, proble- A banana vai continuar sendo a fruta mais pro-
mas climáticos (em especial os que acarretaram em duzida e consumida pela população, porque a de-
inundações), afetaram a bananicultura boliviana e manda por ela é muito grande.
existem alertas de novas ocorrências para este ano.
Este cenário, por sua vez, tem desfavorecido os
embarques daquele país, dando espaço para outros
exportadores, como o Brasil. Autoria:
José Clélio de Andrade
Engenheiro agrônomo, doutor em
Tendências Agronomia e pesquisador da Epamig -
Lavras (MG)
As tendências da bananicultura brasileira para jclelio@epamig.br

21
BATATA
BATATA

EXTREMOS
MARCAM A
PRODUÇÃO
A
produção brasileira de batata seguiu em Por outro lado, o confinamento praticado por
2020 com resultados variando entre re- determinado tempo, como política pública de de-
giões produtoras, épocas e tecnologias fesa e por iniciativa pessoal, promoveu, nesta mu-
de produção, levando a extremos positivos e ne- dança, o crescimento da alimentação nos lares. A
gativos. Como a situação de pandemia mundial demanda de HF por restaurantes foi drasticamen-
afetou toda a ordem econômica mundial, a ba- te reduzida, enquanto no consumo familiar aumen-
taticultura brasileira não passou incólume a este tou quase que de forma proporcional.
evento, que ainda persiste sem uma perspectiva Os produtores enfrentaram dificuldades em
de curto prazo. suas atividades produtivas ligadas à parte de ges-
Acima de tudo, deve-se louvar o setor produ- tão de mão de obra, os riscos e cuidados necessários
tivo agrícola do Brasil e, neste caso, o setor de HF, para proteger a saúde de seus colaboradores em uma
dentre os quais a batata que, mesmo enfrentando área que usa muita mão de obra.
situações operacionais tão desafiadoras, produziu e Poucos consumidores têm percepção do siste-
abasteceu a demanda de alimentos para o dia a dia ma operacional de uma lavadora de batatas em tur-
da população brasileira. nos contínuos com 50 ou 100 pessoas trabalhando
Houve uma mudança significativa nos hábi- simultaneamente em espaço que não permite um
tos de consumo, devido às limitações impostas pela distanciamento tão recomendado.
pandemia, que levaram a uma grande crise nos se- Isso reflete o quanto a produção de batatas no
tores de serviços, restaurantes, hotéis e outros si- Brasil ainda é dependente de mão de obra, e não de
milares. máquinas. Além disso, o produtor enfrentou atra-

22
mento de produtos processados, principalmente des-
tinados a restaurantes e demais atividades fortemente
dependentes da alimentação fora de casa.
No exterior, a crise da batata tem sido muito
mais significativa. Fábricas paralisaram suas ativida-
des, algumas destinadas a atender restaurantes, até a
totalidade e todo o setor foi afetado. Sementes que
seriam plantadas para contratos com indústrias fo-
ram destruídas.
Batatas estocadas em armazéns para consumo
por indústrias foram doadas ou destruídas; contra-
tos de abastecimento reduzidos e todo setor mergu-

BATATA
lhou em uma grande crise, que persiste até o mo-
mento. Apenas as indústrias de batatas tipo chips
conseguiram manter o consumo em níveis razoá-
veis junto ao segmento “in natura”.
Nos Estados Unidos, as redes de fast food, com
sistema de drive-thru, conseguiram manter as ope-
rações ativas com menor impacto, porém, gran-
de parte do setor de processamento foi negativa-
mente afetada.
k
oc

r
A realidade
st

tte
hu
s: S
Foto
Os resultados dos últimos anos não foram mui-
to positivos para a batata brasileira. Mesmo em
2019, esperava-se uma recuperação que ao final
acabou sendo muito pontual. Com isso, produtores
das distintas regiões produtoras tiveram que redu-
zir suas áreas de plantio.
Muito importante considerar também que as
commodities tiveram uma elevação considerável
de preço decorrente do cenário mundial de alta de-
manda junto a uma taxa de câmbio muito favorável
a estes produtos.
Em 2020, estima-se que houve uma redução
aproximada de 1,5% da área plantada com bata-
tas, de forma relativamente distribuída entre to-
das as regiões e épocas de plantio.
sos em entregas de insumos, peças de reposição de O clima, sob efeito do fenômeno La Niña, pro-
seus equipamentos e dificuldade de fretes. E, correta- vocou eventos que afetaram a bataticultura brasi-
mente, foi de certa forma compensado por isto, ob- leira, sendo muito desfavorável em grande par-
tendo bons preços ocasionados pela alta demanda, te do ano, principalmente no primeiro semestre,
ligeira redução de plantio e do rendimento decor- época das colheitas das águas 2019/20 e das secas
rente das condições climáticas em algumas épo- 2020. Com isto, os rendimentos foram muito bai-
cas e regiões. xos, com tubérculos de pouco calibre e muito des-
O resultado econômico só não foi mais ex- carte na colheita.
pressivo devido à alta cotação do dólar frente ao O inverno foi ligeiramente mais quente, o que
real, uma vez que uma grande parte dos custos de também pode ter afetado os rendimentos finais,
produção, fertilizantes e agroquímicos têm preços porém, de forma menos impactante nesta época.
ajustados em relação a esta moeda. Na safra das águas 2020/21, o Sul do Brasil so-
freu com a seca, afetando muitas lavouras, que na
2020 x 2021 maioria não são irrigadas.
Na região da Chapada Diamantina houve chu-
Se considerarmos a situação da bataticultura vas pesadas como há muito não ocorria, reduzindo
no Brasil em 2020 comparada ao cenário de países os rendimentos. De certa forma, estas chuvas foram
europeus e nos Estados Unidos, nossos produtores muito bem recebidas, permitindo a recuperação de
tiveram vantagem frente às complicações da pan- grande parte dos reservatórios que há anos se en-
demia. Grande parte do consumo lá ocorre no seg- contravam em condições de seca.

23
Todos estes fatores de redução de área, menor
rendimento e alta demanda levaram a uma con-
siderável subida de preços recebidos pelos produ-
tores. Com isso, aqueles que se encontravam nas
épocas favoráveis, principalmente em grande par-
te da safra de inverno, nas regiões de Cerrado e
com irrigação, obtiveram bom lucro em suas la-
vouras.
BATATA

Mercado
O Brasil ainda tem grande parte da produ-
ção de batatas consumidas pelo mercado fres-
co, sendo menos dependente do processamento.
No entanto, a batata de processamento no Bra-
sil continua crescendo em participação, inclusi-
ve em 2020.
No início da pandemia, houve uma ligeira
movimentação de parada até se adaptar ao novo
cenário. Batatas tipo chips tiveram ligeira redu-
ção de consumo, se recuperando posteriormente,
batata frita tipo palha seguiu com forte consu-
mo nos lares, e a batata pré-frita congelada mos-
trou desempenho ainda melhor, com um merca-
do consumidor crescendo quase 9% em relação
a 2019.
As importações de pré-fritas congeladas fo-
ram maiores em 2020, aliviando um pouco a cri-
se de algumas indústrias europeias. A maior in-
dústria local aumentou sua produção, e ainda em
2020 uma empresa estrangeira, líder mundial no
segmento, manteve seus planos e iniciou as ins-
talações de uma unidade na região do Cerrado
de Minas. ras, sendo que, para mercado fresco, os campos são
dessecados antecipadamente a fim de obter tubér-
Ranking do Brasil frente ao mundo culos com calibres mais aceitos pelo mercado con-
sumidor, isto é, tamanho não excessivamente gran-
O Brasil tem se mostrado estável na área plan- de.
tada com batata nos últimos anos, posicionando- Para a indústria, varia de acordo com a varie-
-se entre 19 a 22º no ranking mundial de volume dade e finalidade. O ciclo pode se alongar por 30
produzido. Na América do Sul está em 2º lugar, dias a mais, e os calibres podem ser maiores.
depois do Peru e muito próximo da Colômbia. Todavia, grande parte do cultivo de batata é
Os maiores rendimentos no Brasil são alcan- feito sem irrigação, em épocas chuvosas e com me-
çados na safra de inverno no bioma de Cerrado nor tecnologia. Sob estas condições mais desfavo-
de altitude. Os plantios acontecem entre abril e ráveis, os rendimentos têm uma amplitude de 25 a
junho, quando a lavoura se desenvolve sob clima 40 toneladas por hectare, na média, com poucas
seco e ameno, totalmente dependente de irriga- oportunidades de se mostrar mais alto – é uma con-
ção, que normalmente é via pivô central, resul- dição de cultivo muito pontual, totalmente depen-
tando em rendimentos elevados, tanto para mesa dente do clima sob cada lavoura.
como para indústria.
Campos de produção para mercado fresco va- Exportação e importação
riam entre 40 e 55 toneladas por hectare, enquan-
to para indústria ficam em 40 e 60 toneladas por O Brasil segue como importador de batata-
hectare, em alguns casos acima disto. -semente básica, que junto com a produção lo-
Evidentemente, depende do manejo das lavou- cal abastece o mercado de sementes para plantios

24
BATATA
PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE E RENDIMENTO DE BATATAS NO BRASIL
Hectares Toneladas Rendimento (ton/ha)
UF 2019 2020 variação 2019 2020 variação 2019 2020 Variação
MG 40.700 39.750 -2,3% 1.362.600 1.379.750 1,3% 33,5 34,7 3,7%
SP 17.600 17.600 0,0% 588.610 596.800 1,4% 33,4 33,9 1,4%
PR 20.900 20.260 97,0% 614.800 510.530 83% 29,4 25,2 86,0%
RS 9.800 9.500 -3,1% 255.400 232.700 -8,9% 26,1 24,5 -6,0%
GO 6.000 6.250 4,2% 225.000 227.250 1,0% 37,5 36,4 -3,0%
SC 5.200 5.200 0,0% 145.600 130.000 -10,7% 28,0 25,0 -10,7%
BA 5.000 5.000 0,0% 225.000 215.000 -4,4% 45,0 43,0 -4,4%
Brasil 105.200 103.560 -1,6% 3.417.010 3.292.030 -3,7% 32,5 31,8 -2,1%

UF Área (ha) % Volume (ton) %


MG 39.750 38,4% 1.379.750 41,9%
SP 17.600 17,0% 596.800 18,1%
PR 20.260 19,6% 510.530 15,5%
RS 9.500 9,2% 232.700 7,1%
GO 6.250 6,0% 227.250 6,9%
SC 5.200 5,0% 130.000 3,9%
BA 5.000 4,8% 215.000 6,5%
Brasil 103.560 3.292.030

25
comerciais. Em 2020, o volume de importação
Rentabilidade interessante
de batata-semente foi de 5,6 mil toneladas, sendo
anima produtores
3,5% inferior a 2019.
Outro produto importante de batata do qual
Os preços estiveram elevados ao longo de todo
o Brasil é importador é a batata pré-frita congela-
o ano, garantindo remuneração acima dos custos
da, que em 2020 totalizou um volume de 371 mil
de produção.
toneladas, representando um crescimento de 9%
Os limites de rentabilidade estiveram entre 10
comparado ao ano anterior. Este volume corres-
e 30%, variando muito em função dos baixos ren-
ponde a uma área aproximada de 12.500 hectares
dimentos.
cultivados com batatas nos países de origem.
Tendência para 2021
Custo
BATATA

A área não deve crescer de maneira significa-


Os custos de produção são variáveis em fun-
tiva, até porque não existe grande disponibilidade
ção do nível de tecnologia, objetivo da produção,
de sementes.
época do ano e região. Lavouras com menor tecni-
Commodities continuam com preços atrati-
ficação custaram entre R$ 32 mil e R$ 38 mil/ha,
vos e representam menor risco. A pandemia ain-
incluindo o beneficiamento e ensacamento para o
da persiste e, consequentemente, muitas incerte-
mercado fresco.
zas que criam barreiras na tomada de decisão dos
Lavouras de alta tecnologia, mecanizadas, ir-
produtores.
rigadas, com sementes de boa sanidade, em torno
O setor de batata-indústria deve continuar em
de R$ 48 mil a R$ 52 mil/ha. A elevação do câm-
crescimento, substituindo o plantio de batata para
bio, real x dólar, pressionou os custos de batata, que
mercado fresco. As previsões climáticas não apon-
apresenta os gastos de agroquímicos e fertilizantes
tam condições totalmente favoráveis.
entre 30 e 35% de todo o custo de produção.

Autoria:
Paulo Popp
Engenheiro agrônomo e consultor - Paulo Popp
Consultoria Agrícola Ltda.
rppopp@netpar.com.br

26 ANUÁRIO HF 2021
BATATA-DOCE
VIDA SAUDÁVEL FAZ
BATATA-DOCE

CRESCER O CONSUMO
A
produção mundial de batata-doce em 2018, média de 14,05 t/ha-1, girando em torno de R$ 886
segundo a FAO, foi de quase 92 milhões de milhões.
toneladas, cultivada em uma área de 8,06 As regiões do País que apresentam maior área
milhões de hectares, apresentando uma produtivi- destinada ao cultivo e produção são: Nordeste, Sul
dade média de 11,40 t/ha-1. A China é o principal e Sudeste, sendo elas de 27.655 ha-1 e 317 mil to-
produtor mundial, com quase 76% do total e pro- neladas, 15.554 ha-1 e 253 mil toneladas e 13.017
dutividade média de 21,3 t/ha-1. ha-1 e 214 mil toneladas, respectivamente.
Dados do IBGE referentes ao ano de 2019, Analisando os dados da produção do Brasil, é
atualizados em 2020, demonstram que a produ- observado que a área destinada à produção de ba-
ção de batata-doce no País foi de 805 mil tonela- tata-doce, produção e receita bruta, têm crescido.
das, em uma área total de 57.486 ha-1, o que equi- De 2015 até 2019, apresenta um aumento de 28%,
vale a 0,07 % da área cultivada, com produtividade 35% e 51%, respectivamente.

Shu
tter
stoc
k

28 ANUÁRIO HF 2021
TABELA 1. DADOS DO IBGE DO BRASIL NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS
Ano 2015 2016 2017 2018 2019
Área plantada (ha) 44.742 49.925 54.368 53.002 57.486
Produção (ton) 595.977 672.866 780.461 741.000 805.412
Produtividade (kg/ha) 13.570 14.034 14.441 14.000 14.059
Receita bruta (mil reais) 585.615 803.962 769.254 790.776 886.585

TABELA 2. ÁREA CULTIVADA (HA) COM BATATA-DOCE NAS REGIÕES DO BRASIL


Ano 2015 2016 2017 2018 2019

BATATA-DOCE
Norte 609 658 721 617 714
Nordeste 17.699 19.192 23.055 23.116 27.655
Sudeste 9.665 12.384 11.859 12.259 13.017
Sul 16.177 17.007 17.635 16.349 15.554
Centro-Oeste 592 684 1.098 661 546

TABELA 3. PRODUÇÃO (TONELADAS) DE BATATA-DOCE NAS REGIÕES DO BRASIL


Ano 2015 2016 2017 2018 2019
Norte 6.991 7.967 8.494 8.080 10.641
Nordeste 151.704 166.543 241.639 252.076 317.265
Sudeste 170.402 222.180 223.035 213.372 213.972
Sul 247.608 256.216 283.385 251.098 252.936
Centro-Oeste 19.272 19.960 23.908 16.374 10.598

Já a produtividade, desde 2016, apresenta uma adubação e alta eficiência fotossintética.


pequena variação, porém, nada muito abruto (Ta-
bela 1). O que esperar
Crescimento A tendência para 2021, para o cultivo de bata-
ta-doce, é positiva, tanto para crescimento de área,
Nos últimos anos, a área destinada para o cul- produção, quanto rentabilidade, pois cada dia mais a
tivo de batata-doce tem crescido exponencialmen- busca desse alimento aumenta. Esta é uma hortali-
te nas regiões nordeste e sudeste do País (Tabe- ça que está em sublime alta, principalmente pelo
la 2). A produção da região nordeste apresenta um público fitness e atletas, por motivos de seus diver-
aumento de 109% (Tabela 3). Esse grande aumen- sos benefícios à saúde, tanto por suas característi-
to na produção é obtido pelo crescimento das áre- cas nutritivas quanto funcionais.
as cultivadas junto com o ganho na produtividade, Além disso, suas aptidões geram nichos de po-
que passou de 8,99 ton/ha-1, em 2015, para 11,49 tencial de mercado diversos, podendo ser utiliza-
ton/ha-1 em 2019, consequentemente, tendo um da na alimentação animal (raízes e parte aérea), na
grande ganho na receita bruta da cultura. produção de álcool (raízes), matéria-prima para
fármacos e produtos alimentícios com alto poten-
Lucro x investimento cial nutritivo.

A rentabilidade do produto tem sido positi-


va. A aquisição de batata-doce para consumo va-
ria de região para região, em que o preço médio Autoria:
de venda pode variar de R$ 1,50 a R$ 3,50 o qui- Rafael Rosa Rocha
lo, gerando uma renda bruta de aproximadamen- Engenheiro agrônomo e mestrando em Ambiente e
te R$ 1.500,00 a R$ 3.500,00 com 1,0 tonelada de Sistemas de Produção Agrícola – Universidade do Estado
produção. Observa-se uma alta taxa de retorno, em de Mato Grosso (UNEMAT)
torno de 89%, do capital investido em poucos ci- rafaelrochaagro@outlook.com
clos produtivos por ano, em 1,0 ha.
Tiago Yukio Inoue
Engenheiro agrônomo e mestrando em Genética e
O cultivo de batata-doce é fácil e tem baixa exi- Melhoramento de Plantas – Universidade Federal de
gência de manejo, alta tolerância à seca, baixa inci- Lavras (UFLA)
dência de pragas e doenças, baixo requerimento de tiagoyukio2014@live.com.pt

ANUÁRIO HF 2021 29
BERINJELA
CULTIVO PROTEGIDO
AGREGA VALOR
BERINJELA

D
ados da Organização das Nações Uni- 73% da produção, enquanto a região norte partici-
das para Alimentação e Agricultura (FAO pa com apenas 1,3% da produção do País.
– sigla em inglês) mostram que o plantio
da berinjela se dá em uma área superior a 1,8 milhão Mercado brasileiro
de hectares distribuídos pelo mundo. Sendo assim,
a produção total de berinjela ultrapassou os 54 mi- A preferência dos consumidores brasileiros é
lhões de toneladas no ano de 2018. por frutos de formato mais alongado, de colora-
Os países que mais produzem essa hortaliça são ção roxo-escura e brilhante. Entretanto, o mercado
a China, com 57% da produção global, Índia, com está se diversificando, e hoje já existe demanda por
27%, e Egito com uma produção anual de aproxi- frutos de coloração branca e de menor tamanho.
madamente 34, 12 e 1,0 milhão de toneladas, res- Além disso, encontramos frutos denominados
pectivamente. “babies”, colhidos precocemente e usados princi-
Além disso, no Brasil produz-se 71,2 mil tone- palmente em conservas.
ladas de berinjela em mais de 11 mil estabelecimen-
tos agropecuários espalhados pelo País. Aproxima- Em destaque
damente 90% dessa produção são comercializadas
em centrais de abastecimento (Ceasas) espalhadas Os principais Estados produtores brasileiros são
pelo País. SP, MG, RJ e ES, os quais correspondem a 83% do
Nesse sentido, a região sudeste se destaca, com total comercializado nas Ceasas (ProHort). Desses,

30
elevadas, possibilitando maior oferta nas estações
de primavera-verão. Maior produção, assim como
maior consumo da berinjela, se localizam na região
sudeste do Brasil.
Nessa região, devido ao clima predominante-
mente tropical, é possível a cultivo da berinjela o
ano inteiro.

Custo produtivo e lucro


Considerando espaçamento de cultivo de 1,5

BERINJELA
m x 1,0 m, que resulta numa população de 6.666
plantas por hectare e custo de produção aproxima-
do de R$ 2,50 por planta, totalizaria o valor de R$
16.600,00 por hectare.
Com produtividade média de 30 t ha-1, corres-
pondente a aproximadamente 2.500 caixas de 12
kg por ha (caixa padrão da CEASA para comer-
cialização da berinjela), com valor médio de mer-
cado de R$ 15,00 a caixa, o produtor consegui-
ria receita bruta de R$ 37.000,00 por hectare, o
que significaria rentabilidade aproximada de R$
20.835,00 por hectare.

Para 2021
Uma tendência que já está presente e conti-
nua forte para 2021 é o uso de híbridos, o que
confere elevada produtividade, qualidade, unifor-
midade de fruto e rentabilidade ao produtor, re-
presentando uma das metas prioritárias para a ca-
deia agrícola da berinjela.
oc
k Uma novidade no portfólio dos híbridos são
rst
utt e as mini-berinjelas. Variadas em suas cores e sabo-
Sh
res, desde coloração roxa à roxa com listras bran-
cas, todas são altamente produtivas e seguem forte
no mercado gastronômico de 2021.
A berinjela possui também um enorme poten-
São Paulo é o maior produtor do País, com 42% da cial de crescimento devido à busca incessante dos
safra. consumidores por receitas e alimentos saudáveis e
As cidades que mais enviam berinjela para o medicinais. Os compostos fenólicos e antocianinas
Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP) são: presentes, principalmente na casca da berinjela, são
Elias Fausto, com área cultivada de 118 hectares, objeto de estudo de diversas pesquisas científicas.
representando 27% da produção do Estado, segui- Aos flavonoides, entretanto, são atribuídas proprie-
do por Mogi Guaçu com 114 hectares, represen- dades antioxidante, anti-inflamatória e antimicro-
tando 17%. biana, podendo estar associados com efeitos cardio-
Dados da Ceagesp de 2017 mostram que a be- protetores e anticarcinogênicos.
rinjela foi o 30° produto mais comercializado, com
31.413 toneladas. Confirmando esses valores, nos
atacados brasileiros o valor médio de volume co-
mercializado entre 2016-18 foi de 40,8 mil tonela- Autoria:
das, ao preço de R$ 3,00/kg. Roberto Botelho Ferraz Branco
Doutor em Horticultura e pesquisador - IAC – Centro de
Horticultura
Características da produção robertobranco60@gmail.com
Sally Ferreira Blat
A berinjela é uma espécie hortícola que cres- PhD e pesquisadora - IAC – Centro de Horticultura
ce e produz bem em condições de temperaturas sally@apta.sp.gov.br

31
BETERRABA
BETERRABA

TECNOLOGIA DITA A PRODUTIVIDADE


A
beterraba é cultivada em locais de clima tecnologia adotada. Foi uma das últimas olerícolas
ameno, geralmente associado às altitudes que adotou sementes híbridas. A produtividade va-
elevadas ou no período do inverno, depen- ria de 15 a 40 toneladas de raízes por hectare, sendo
dendo da região. No Estado de São Paulo a beter- que as menores produtividades são obtidas no pe-
raba é cultivada nas regiões de Piedade, São José ríodo chuvoso e quente e as maiores no período de
do Rio Pardo e Mogi das Cruzes. No Paraná, nas inverno, com predomínio de frio e seca.
regiões de Marilândia do Sul e metropolitana de O cultivo é limitado por chuvas e clima quente.
Curitiba. Temperaturas acima de 30ºC limitam o desenvol-
Em Santa Catarina, nas regiões de Urubici e vimento da beterraba, que é adaptada para climas
Planalto Norte. No Rio Grande do Sul, em Caxias frios (suporta geadas leves, sendo uma boa opção
do Sul e em Minas Gerais, nas regiões de São Go- de cultivo para regiões com essa ocorrência).
tardo e Carandaí. Juntos, esses Estados respondem No Brasil, a beterraba é produzida com a fina-
por 90% da produção nacional. lidade de consumo in natura. As raízes, após a co-
lheita, são lavadas e classificadas para a comercia-
Produtividade lização. Em algumas regiões (principalmente nas
feiras livres e quitandas) a beterraba é comercia-
A produtividade da beterraba é em função da lizada em maços (planta inteira - folhas e raízes).

32
Tecnologias
Para o produtor, os melhores valores para as ra-
ízes de beterraba são no primeiro semestre. Algu-
mas regiões, buscando melhorar a produtividade,
lançaram mão de plantios por mudas (a beterra-
ba é uma das poucas olerícolas de raízes que acei-
ta o transplante), mas o custo de produção elevado
(mão de obra e formação de mudas) e menor qua-
lidade de raízes limitam essa modalidade de plan-
tio.
Em algumas regiões, iniciou-se a adoção de câ-
maras frias para armazenar raízes de beterrabas no

BETERRABA
segundo semestre (fuga de preços menores) e ofer-
tar no primeiro semestre (presença de melhores
preços), o qual tem trazido maior estabilidade para
o mercado consumidor.

Evolução do cultivo
Até o início dos anos 2000 a beterraba era cul-
tivada basicamente por meio de cultivares de poli-
nização aberta (OP) e as produtividades eram me-
nores. Então, a cultura teve expansão em área entre
os anos 80 e 2000, chegando a 15.000 hectares no
Brasil.
Com a introdução das cultivares híbridas, a área
teve uma retração a partir dos anos 2000 (maiores
produtividades), estabilizando-se em aproximada-
k mente 10.000 hectares anualmente.
oc
erst O consumo de beterraba é baixo, pois a maio-
utt
:S
h ria da população desconhece os benefícios que esta
tos
Fo olerícola traz para o bem-estar humano. O con-
sumo per capita não chega a 2,0 kg por habitan-
te/ano.

Oferta e demanda Exportação e importação


Até alguns anos, a oferta de beterraba era bem O comércio exterior de raízes de beterraba é
delimitada, sendo as maiores ofertas no segundo se- pequeno. As exportações e importações entre os
mestre (julho a dezembro) e as menores ofertas no países do cone sul (Brasil x Argentina, Uruguai,
primeiro semestre (janeiro a junho), com pequenas Chile e Paraguai) não ultrapassam US$ 100.000
oscilações em cada período. anualmente, o que corresponde a uma média de
Essa ocorrência era em função do clima, sendo 250 toneladas (10 hectares) de comércio entre o
que as chuvas com início em outubro no Centro- Brasil e demais países.
-Sul limitam o plantio e reduzem a produtividade
(maior incidência de doenças fúngicas e desequi- Custo de produção e rentabilidade
líbrio nutricional), impactando na oferta a partir
de janeiro (semeaduras a partir de outubro ini- O custo de produção de beterraba está dividido
ciam colheita em janeiro – ciclo de 60 a 80 dias). em preparo do solo (10%); sementes (15%); fertili-
As chuvas se estendendo até março continu- zantes e corretivos (25%); defensivos (20%); irriga-
am a impactar a oferta até junho. A partir de abril, ção (10%) e colheita (20%). Os custos variam, em
quando o clima fica ameno e seco (menor impac- geral, de R$ 10.000/ha (baixa tecnologia) até R$
to das doenças fúngicas e melhor equilíbrio nu- 20.000/ha (alta tecnologia).
tricional), a produtividade e a oferta aumentam A rentabilidade da cultura ocorre em função de
(plantios de abril iniciam colheita em julho) e es- vários fatores, os quais irão influenciar diretamen-
tendem-se até o plantio de setembro, com colhei- te, sendo estes:
ta em dezembro. Produtividade: quanto maior a produtividade,

33
ÁREA
10.000 ha
PRODUTIVIDADE
15 a 40 ton/ha
BETERRABA

CUSTOS
R$ 10.000/ha (baixa tecnologia)
R$ 20.000/ha (alta tecnologia).

menor será o custo de produção e maior a rentabi-


lidade. A produtividade é afetada por altas tempe-
raturas, excesso de chuvas, adubação em não con-
formidade com as necessidades e recomendações,
ocorrência de doenças fúngicas, nematoides e cul-
tivares com menor uniformidade e menor tolerân-
cia às doenças.
Clima: quanto mais amena é a temperatura e
menos incidência de chuvas, melhor é a produtivi-
dade. Mas, se a oferta for alta, os preços serão baixos
e poderão não equilibrar com os custos de produção.
Em condições de chuvas em excesso, a produtivida-
de é menor e os preços são melhores, então o se-
gredo é se aliar às chuvas e produzir mais para ter
maior rentabilidade.
O armazenamento em câmaras frias tem sido
uma alternativa para ofertar as raízes em épocas de
menor oferta. Outra opção é aumentar a industria-
lização da beterraba visando aproveitar a produção,
principalmente em épocas de maior oferta.
As tendências para 2021 são de aumento de
consumo de beterrabas em função de maior co-
nhecimento das propriedades nutracêuticas des-
sa olerícola.

Autoria:
Renato Agnelo
Engenheiro agrônomo, MSc em Produção Vegetal e
pesquisador independente
ragnelo@terra.com.br

34 ANUÁRIO HF 2021
Nunca paramos de
estudar a natureza

Bejo, especialista em sementes de hortaliças


para o produtor profissional
Juntamente com nossos clientes e parceiros, nós compartilhamos conhecimento e exploramos
ativamente oportunidades de mercado e tecnologias inovadoras. Permanecemos próximos da natureza
para desenvolver as melhores sementes de hortaliças, para que produtores de todo o mundo possam
colher cultivares saudáveis e saborosas para que consumidores possam desfrutar hoje e nos próximos
50 anos.

Olhamos com confiança para o futuro. Como uma empresa familiar, continuamos a fazer o que sempre
fizemos: produzir as melhores sementes e criar as melhores cultivares de hortaliças saudáveis, saborosas
e cultivadas de forma sustentável. Trabalhar em conjunto com produtores e parceiros da cadeia de
abastecimento, dando espaço para boas iniciativas crescerem: essa é a nossa paixão. Nunca paramos de
estudar a natureza.

bejo.com.br Bejo Sementes do Brasil Ltda | T 11 4894-3027 | E info@bejo.com.br


BRÓCOLIS

tock
tters
Shu

BRÓCOLIS E
stimativas recentes feitas pela Associação
Brasileira do Comércio de Sementes e Mu-
das (ABCSEM) e por empresas privadas es-
pecialistas na produção de sementes de brócolis
indicam que a cultura no Brasil movimenta, anu-
almente, em torno de R$ 1,2 bilhão no varejo, com

GANHA A MESA
uma produção de 290 mil toneladas, e crescimento
médio de mercado entre 4,0 e 5% ao ano.
O brócolis (Brassica oleracea var. italica) tem
ganhado espaço nas mesas dos brasileiros nos úl-

DOS BRASILEIROS
timos anos em função de seus benefícios nutri-
cionais. Seu consumo está associado a dietas mais
saudáveis e equilibradas, por ser um alimento
de baixo valor calórico, rico em fibras e com gran-

36
cado, apesar do aumento expressivo da oferta de
brócolis do tipo cabeça única nos últimos anos, es-
pecialmente pela sua maior longevidade pós-co-
lheita, comparado ao ramoso.

Investimento x retorno
O preço médio a que esta hortaliça foi co-
mercializada nos atacados brasileiros no período
de 2016-18 foi de R$ 3,00/kg, segundo dados do
Prohort (Programa Brasileiro de Modernização do
Mercado Hortigranjeiro).
No verão, quando a oferta tende a diminuir, é
possível obter os melhores preços na comerciali-
zação. Esta lacuna tem sido uma boa oportunida-
de para cultivo em regiões onde as temperaturas

BRÓCOLIS
são mais amenas.

D
Atualmente, um dos grandes desafios na cadeia
de produção desta hortaliça é propiciar a oferta de
produtos com boa qualidade e atender a mercados
mais distantes.
Uma das estratégias a ser explorada é a utiliza-
ção de embalagens mais adequadas, rápido resfria-
mento pós-colheita e investimentos em transpor-
te refrigerado e armazenamentos em câmaras frias
para conservação, além de incentivo ao processa-
mento mínimo, o que ainda agrega valor ao pro-
duto final.
Outra oportunidade de mercado é a produção
de brócolis sob manejo orgânico. De acordo com
um estudo nacional sobre o consumo de orgâni-
cos divulgado pela Organis (Conselho Brasileiro da
Produção Orgânica e Sustentável), as verduras lide-
ram entre os alimentos orgânicos mais consumidos
des quantidades de substâncias benéficas, como no País, com destaque para alface, tomate, rúcula e
vitaminas (A, C, e E) e minerais, como cálcio, brócolis.
magnésio e ferro. Neste nicho de mercado haverá uma maior va-
Além disso, o brócolis também apresenta em lorização do produto por consumidores que asso-
sua composição algumas substâncias benéficas e ciam alimentação saudável às boas práticas de pro-
que têm sido associadas à prevenção de algumas dução agrícola.
doenças, como o câncer e problemas gastrointes-
tinais.

Tipos
Autoria:
No mercado brasileiro existem dois tipos prin- Carlos Antônio dos Santos
cipais de brócolis - o ramoso, de colheitas múlti- Engenheiro agrônomo e doutorando em Fitotecnia –
plas; e o de inflorescência (cabeça) única, também Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
conhecido como japonês, americano ou ninja. carlosantoniods@ufrrj.br
No primeiro caso, a produção é destinada à co- Júlio César Ribeiro
mercialização in natura na forma de maços. No se- Engenheiro agrônomo e doutor em Ciência do Solo -
gundo tipo (cabeça única), os produtores podem UFRRJ
jcragronomo@gmail.com
destinar a produção tanto para venda direta in na- Margarida Goréte Ferreira do Carmo
tura, similar à couve-flor, quanto para indústrias de Engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia e
processamento e congelamento. professora - UFRRJ
Ambos os tipos apresentam boa saída no mer- gorete@ufrrj.br

37
CEBOLA

CEBOLA
BRASIL ENFRENTA
REDUÇÃO DE ÁREA

O
País, que já cultivou mais de 65 mil hec- cional de 32,3 t/ha.
tares no final do século passado, na sa- No primeiro caso, a adoção de tecnologias, como
fra 2019 somou apenas 48.683 hectares. irrigação, cultivares híbridas e estandes mais eleva-
O aumento constante da produtividade, que pas- dos garantem colheitas generosas. No Sul, as con-
sou de 22,9 t/ha em 2009 para 32,3 t/ha em 2019, dições de solo e clima (principalmente menor lumi-
compensou a redução na área e a produção bru- nosidade e maior umidade relativa do ar) dificultam
ta se manteve estável, em torno de 1,5 milhão de o aumento nos rendimentos médios, ainda que al-
toneladas anuais. guns produtores já alcancem 50 t/ha com varieda-
O aumento no rendimento foi maior nas la- des de polinização aberta.
vouras do Cerrado (MG, GO e DF) e da região de
Irecê (BA), ultrapassando 60 t/ha, situação compa- Mercado nacional
rável aos países de maior produtividade mundial,
como Coreia do Sul, EUA e Espanha. Em termos comerciais, a safra brasileira de ce-
No cenário nacional, Santa Catarina, pela gran- bola de 2020 foi positiva para a maioria dos pro-
de área cultivada, continua liderando a produção, dutores das diversas regiões do Brasil. No Sul do
com a Bahia consolidando a segunda posição. No País, devido à quebra na safra 2019/20, a oferta di-
rendimento médio, há praticamente uma divisão minuiu a partir de fevereiro e os preços se torna-
territorial: enquanto os Estados do Cerrado, Bahia ram bastante vantajosos, alcançando um patamar
e São Paulo têm produtividades médias acima de máximo de R$ 4,00/kg, no mês de abril, em San-
38 t/ha, no Sul os rendimentos médios não alcan- ta Catarina.
çam 30 t/ha, ficando todos abaixo da média na- Para os produtores de cebolas precoces que co-

38
NO BRASIL
Área plantada: 48.683 ha
Produção anual: 1,5 milhão de toneladas
Média nacional: 32,3 t/ha

DESTAQUE PARA O CERRADO


Produção anual: 60 t/ha

mercializaram no final de 2019 e início de 2020,


as cotações foram inicialmente baixas e causaram
certo desânimo. No Sul, especialmente, os pro-
dutores catarinenses diminuem gradualmente o
plantio destas variedades, uma vez que as regiões
do Cerrado Brasileiro e de Irecê (BA) avançaram

CEBOLA
com a comercialização até o início de dezembro,
aumentando a oferta no mercado nacional.

Custo de produção x rentabilidade


De modo geral, pode-se afirmar que a renda fi-
cou acima do custo de produção em todas as regi-
ões. No País, esse custo oscila entre R$ 0,90 a R$
1,10 por quilo de cebola produzido. Situações de
prejuízo ficaram restritas às lavouras sem irrigação
ou atingidas por intempéries.
Nas regiões nordeste, Cerrado (MG, GO e DF)
e São Paulo, que abastecem o País a partir de maio
com cebolas híbridas amarelas, os preços se man-
tiveram relativamente altos durante o período de
comercialização, que vai até novembro.
ck Por exemplo, na Ceagesp, nas primeiras vendas
sto
tter os preços no atacado foram de R$ 85,00/saca de 20
Shu
kg (classe 3) e em novembro fecharam a R$ 32,50/
kg em novembro para este tipo de cebola.

GRÁFICO 1 - PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CEBOLA POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO E TOTAL – 2019 (MIL T)

1.600 1.556,9

1.400
1.200
Mil toneladas

1.000
800
600
457.2
400
242.8
192,4 169,0
200 171,3 120,8 105,7
53,0 30,5 14,1
0
Brasil SC BA MG SP GO RS PR PE Outros RN

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal

39
GRÁFICO 2 - ÁREA COLHIDA DE CEBOLA POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO E TOTAL – 2019 (HA)

50.000 48.146

Hectare 40.000

30.000

20.000 14.177

10.000 6.710 5.931


4.469 4.132 3.308 2.535 1.790 1.200 894
0
Brasil SC RS BA SP PR MG GO PE RN Outros
CEBOLA

Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal

resistentes aos períodos chuvosos na fase final de


Importações e exportações
desenvolvimento e colheita. E que tenham resis-
tência maior para um curto período de armaze-
Em abril/maio, com o final da safra do Sul e
nagem pós-colheita, com mais películas externas.
início das primeiras colheitas no Cerrado e Nor-
O propósito é ampliar o período de armazena-
deste, faltou, como de praxe, produto no mercado
mento e de comercialização, apresentando cebolas
brasileiro. Como ocorre todo ano no outono, o jei-
de cor para o mercado nacional.
to foi importar.
O parceiro tradicional, a Argentina, se mante-
ve como o maior fornecedor, com 155,1 mil t, re-
Expectativa
presentando 78,4% do total. A seguir vem o Chile,
Para 2021, a expectativa é bastante favorável no
com 23,1 mil t, significando um recorde na expor-
primeiro semestre. A quebra na safra do Sul (es-
tação deste País para o Brasil.
timada em 25%), fez com que os preços se manti-
Os Países Baixos, que de 2015 a 2017 lidera-
vessem acima de R$ 2,00/kg desde janeiro. As im-
ram as exportações para o mercado brasileiro, caí-
portações devem compensar esta carência a partir
ram para a terceira posição, com 14,3 mil t. Pode-
de março, com a Argentina provavelmente aumen-
-se observar, ainda, que as importações em 2020
tando a sua participação no mercado brasileiro.
ficaram mais concentradas no período tradicional.
Isso porque a região produtora da província de
As exportações, pelo pequeno volume, são nor-
Rio Negro ampliou a área cultivada em mais de
malmente pouco consideradas. Mas, o Brasil teve
dois mil hectares, visando à exportação. Essa pers-
crescimento em 2020, somando 28,3 mil t. Foi a
pectiva também é favorável para aqueles produto-
maior quantidade vendida desde 2007. Os princi-
res do Cerrado e da Bahia que conseguirem colher
pais mercados são o Paraguai e a Argentina.
a partir de abril/maio.
Tendências tecnológicas
Autoria:
Para ampliar o período de armazenamento das Jurandi Teodoro Gugel
cebolas vermelhas da região sul, são necessários in- Engenheiro agrônomo e analista de Socioeconomia e
vestimentos na pesquisa de novas cultivares mais Desenvolvimento Rural da Epagri/CEPA
resistentes e de novos processos de armazenamen- jurandigugel@epagri.sc.gov.br
to. Neste sentido, o lançamento da cultivar Vales- Claudinei Kurtz
sul, pela Epagri, que em três anos se tornou a mais Engenheiro agrônomo, doutor em Fertilidade do Solo e
cultivada na região, juntamente com materiais si- Nutrição de Plantas e pesquisador da Epagri/Estação
milares, mostra que cebolas vermelhas, com mais Experimental de Ituporanga
kurtz@epagri.sc.gov.br
escamas e maior resistência à armazenagem, são as Daniel Rogério Schmitt
preferidas pelos comerciantes e consumidores. Engenheiro agrônomo, mestre, líder do Projeto de
No Cerrado e Nordeste, especialmente na re- Horticultura e gerente regional da Epagri de Rio do Sul
gião de Irecê, seguem os testes com cultivares mais danielschmitt@epagri.sc.gov.br

40
CENOURA
CENOURA

OFERTA LIMITADA MARCA O ANO


N
o início de 2020, a oferta de cenoura este- verno 2020, a redução significativa na área planta-
ve bastante limitada, devido à baixa pro- da permitiu oferta mais controlada e rentabilidade
dutividade decorrente das fortes chuvas e bastante superior à de 2019.
ao clima quente na safra de verão 2019/20 – refle-
tindo em preços elevados. Assim, mesmo com as Para este ano
consequências da pandemia, que reduziu a deman-
da diante do fechamento total ou parcial de esta- Não são esperadas grandes mudanças no mer-
belecimentos, a rentabilidade foi positiva na mé- cado de cenoura em 2021, uma vez que a área não
dia da temporada. deve ter alterações. No primeiro semestre (safra
Já entre junho e julho, a produção se recupe- de verão 2020/21), a oferta pode ser influenciada
rou e os valores caíram expressivamente, afetan- pelo clima, e qualquer leve redução na área tende a
do principalmente as cenouras “fora do padrão”, manter os preços atrativos ao produtor.
como as de tipo “A” e “G”. Quanto à safra de in- Para o inverno 2021, a estimativa inicial tam-

42
PRODUÇÃO NO BRASIL

SAFRA DE SAFRA DE
VERÃO INVERNO
IRECÊ 2018/19: 600 ha 2018/19: 700 ha
BA 2019/20: 700 ha 2019/20: 700 ha
CRISTALINA 2018/19: 800 ha 2018/19: 650 ha
GO 2019/20: 1.050 ha 2019/20: 400 ha
SÃO GOTARDO 2018/19: 5.377 ha 2018/19: 2.300 ha
MG 2019/20: 5.377 ha 2019/20: 2.000 ha
MARILÂNDIA DO SUL 2018/19: 900 ha 2018/19: 700 ha
PR 2019/20: 900 ha 2019/20: 650 ha
CAXIAS DO SUL 2018/19: 700 ha 2018/19: 700 ha
RS 2019/20: 700 ha 2019/20: 600 ha

CENOURA
bém é de manutenção na área. Caso esse cenário se
concretize, a rentabilidade deve ser parecida com a
de 2020; porém, esse contexto ainda depende da de-
cisão de plantio dos produtores, que devem con-
siderar a rentabilidade obtida no primeiro semestre.
Para 2021, tudo indica que as cotações podem
se manter acima dos custos de produção.

Produtividade
Em regiões produtoras tradicionais, como São
Shutterstock
Gotardo (MG), Marilândia do Sul (PR) e Crista-
lina (GO), é comum encontrar produtividades de
60 toneladas por hectare no verão, enquanto culti-
vos de cenouras no período de inverno variam en-
tre 80 e 90 toneladas por hectare.
Segundo dados oficiais, a média de produti-
vidade de cenoura no Brasil gira em torno de 30
toneladas por hectare. Contudo, regiões com alto
nível tecnológico alcançam produtividades bem
MERCADO 2019/20 acima desse valor, inclusive em cenouras cultivadas
no verão, que é o período mais desfavorável ao cul-
Área total da safra 2020 diminuiu tivo dessa espécie.
em relação à de 2019

Menores área e produtividade Fontes:


re ete e re os ais atrativos Soraya Freitas Silva
no inverno 2020 (jul-nov) Engenheira agrônoma, pós-graduanda em Bioenergia e
Grãos – IF Goiano, Campus Rio Verde
As consequências do isolamento soraya_freitas-agro@hotmail.com
social devido à pandemia reduzem Leandro Campos Oliveira
a demanda pela hortaliça, Biólogo, mestre em Bioenergia e Grãos – IF Goiano,
principalmente caixas “A” e “G” Campus Rio Verde
leandro.campos@ifto.edu.br
Média nacional da cenoura “suja” Lucas Anjos Souza
em 2020 (jan-nov) Professor – Polo de Inovação em Bioenergia e Grãos –
R$ 27,73 (preço) - R$ 15,09 (custo) IF Goiano, Campus Rio Verde
= +R$ 12,64/cx lucas.anjos@ifgoiano.edu.br
HF Hortifrúti - CEPEA

43
CITROS

ck
sto
ut ter
Sh
os:
Fot

CITROS
ANÁLISE TRAZ NOVAS ESTIMATIVAS
44
A
estimativa da safra de laranja 2020/21 tubro, junto à queda moderada da comercialização
do cinturão citrícola de São Paulo e Tri- na maioria das Ceasas. Essa elevação das cotações
ângulo/Sudoeste Mineiro, publicada em se deu em virtude da baixa oferta e da comerciali-
maio de 2020 pelo Fundecitrus, com cooperação da zação de frutas de qualidade inferior.
Markestrat, FEA-RP/USP e FCAV/Unesp, é de Já as exportações, que poderiam ser incremen-
287,76 milhões de caixas (40,8 kg). A produção tadas, tendo em vista a menor safra que haverá nos
total de laranjas inclui: EUA, podem ficar comprometidas por conta da re-
45,53 milhões de caixas das variedades Hamlin, estimativa de safra feita pelo Fundecitrus, no senti-
Westin e Rubi; do de ocorrer menor volume produzido.
13,05 milhões de caixas das variedades Va-
lência Americana, Seleta e Pineapple; Produtividade
87,04 milhões de caixas da variedade Pera
Rio; A produtividade média por hectare, nesta tem-
106,16 milhões de caixas das variedades Va- porada, é estimada em 790 caixas por hectare e 1,65
lência e Valência Folha Murcha; caixa por árvore, ante as 1.045 caixas por hectare e
35,98 milhões de caixas da variedade Natal. 2,22 caixas por árvore colhidas na safra 2019/20.

CITROS
Do total estimado, 245,15 milhões de caixas são As variedades precoces, com média de 774 cai-
de frutos de primeira e segunda floradas (85,2% xas por hectare, apresentam a maior queda de pro-
do total), 34,64 milhões de caixas de terceira flora- dutividade em comparação à safra anterior, 39,2%.
da (12,0%) e 7,97 milhões de caixas de quarta flo- A variedade de meia-estação, Pera Rio, vem em
rada (2,8%). seguida: as 717 caixas por hectare esperadas nesta
Em relação à quarta florada, 530 mil caixas são temporada representam uma queda de 24,0% fren-
de variedades precoces (6,6%), 4,80 milhões de cai- te à safra passada.
xas de Pera Rio (60,2%), 1,52 milhão de caixas de Na sequência, a variedade Natal, com queda de
Valência e Valência Folha Murcha (19,1%) e 1,12 22,3% e produtividade esperada de 840 caixas por
milhão de caixas de Natal (14,1%). hectare. Por último, as variedades Valência e Va-
Cerca de 20,56 milhões de caixas deverão ser lência Folha Murcha, com queda de 14,6% e ex-
produzidas no Triângulo Mineiro. O volume proje- pectativa de 853 caixas por hectare.
tado é 25,6% menor do que a safra anterior, que foi
finalizada em 386,79 milhões de caixas, e 12,5% Próxima safra
inferior à média dos últimos dez anos. É uma safra
pequena, considerando o potencial produtivo dos Produtores esperam a continuidade das chuvas
pomares. nas regiões produtoras para que haja o prossegui-
mento de novas floradas que originarão a safra se-
Preços guinte. A perda de qualidade afetaria não só o va-
rejo, com a produção de laranjas menores, murchas
O mercado de laranja apresentou continuida- e sem sumo (ou seja, de menor qualidade), mas
de da elevação de preços, como em setembro e ou- também a indústria produtora de suco.

TABELA 1 – PRODUTIVIDADE POR HECTARE E VARIEDADE NAS SAFRAS 2015/16 A 2020/21


2015/16 2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21*
Grupo de variedades (cx/ha) (cx/ha) (cx/ha) (cx/ha) (cx/ha) (cx/ha)
Hamlin, Westin e Rubi 865 744 1.235 833 1.319 772
Outras precoces 784 744 1.008 810 1.121 779
Subtotal precoces 847 744 1.184 828 1.273 774
Pera Rio 640 596 945 633 943 717
Valência e V. Folha Murcha 749 597 1.016 826 998 853
Natal 831 650 1.063 765 1.082 840
Total 745 634 1.033 756 1.045 790
*Estimativa

45
No acumulado até novembro de 2020, os em-
Na ponta do lápis
barques da fruta para o exterior aumentaram 138%:
passaram de 2,89 mil para 6,85 mil toneladas; o va-
Já os embarques totais de suco de laranja, de ju-
lor auferido foi de US$ 4,24 milhões, acréscimo de
lho a outubro, período que marca os primeiros qua-
177% em relação ao ano passado, mas 61,78% me-
tro meses da safra 2020/21, fecharam com um volu-
nor em relação a 2018.
me de 319.574 toneladas, 19,17% menor em relação
O Departamento de Agricultura dos Estados
ao mesmo período da safra passada.
Unidos estimou uma menor produção de laranja
O faturamento foi menor 33,3% em relação ao
na Flórida, o que pode ser aproveitado por produ-
mesmo período do ano anterior. No momento, as
tores brasileiros, ainda mais que há uma percepção
explicações da CitrusBR para esse movimento estão
global de aumento do consumo de suco no mundo
relacionadas à alta produção de suco na safra passa-
durante a pandemia do novo coronavírus.
da e à consequente recomposição nos estoques do
No entanto, essa benesse poderá não ser muito
produto.
potencializada pelo fato de o Fundecitrus ter rees-
Nesse período, as vendas aumentaram 2% para
timado a safra de laranja 2020/21 do cinturão ci-
os EUA e diminuíram 6,6% para o Japão, 11,1%
trícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Minei-
para a China e 26,5% para a Europa, que é o prin-
ro, principal região produtora de laranja do mundo,
cipal destino das exportações de suco de laranja
com um volume 30,36% menor do que na tempo-
brasileiro, compradora de dois terços do total ex-
rada passada, o que seria a maior quebra de safra
portado.
desde 1988.
As explicações para isso se devem a condições
CITROS

climáticas extremamente adversas, com altas tem- Fontes:


peraturas, baixa precipitação e má distribuição das IBGE
chuvas causados pelo fenômeno La Niña. Markestrat
Fundecitrus

46 ANUÁRIO HF 2021
COCO-DA-BAÍA

COCO
Fotos: S
huttersto
ck

DERIVADOS PUXAM A PRODUÇÃO PARA CIMA


O
Brasil é o quinto maior produtor mundial tados com coco-da-baía, em 2020 o Brasil produ-
de coco, com a participação de 3,7% da ziu 1,6 bilhão de frutos, gerando um faturamento de
produção total de 62,9 milhões de tonela- R$ 1,2 bilhão. Os plantios de coco estão difundidos
das, em 2019. No ranking de área mundial de 11,8 em 23 Estados do Brasil, mas os principais pro-
milhões de hectares, classifica-se na oitava posição, dutores se encontram nas regiões nordeste e nor-
mas possui elevada produtividade relativa: duas ve- te do País.
zes maior que o primeiro e terceiro principais pro- A região nordeste continua a maior produtora,
dutores mundiais (Indonésia e Índia), e três vezes responsável por 81,3% da área e 74,3% da produção
maior que o segundo principal produtor (Filipi- nacional, posição que foi conquistada desde a intro-
nas). dução dos primeiros plantios em seu litoral e que
As áreas e produções desses três países represen- ainda vem se mantendo.
tam, respectivamente, 72,6% e 74,1% do total mun- Essa região também é responsável por cerca de
dial, com o fruto destinado, principalmente, à pro- 70,6% do valor da produção nacional, mas apresen-
dução e compra para o mercado de óleo e farinha ta baixa produtividade monetária (R$ 5.302,00/ha)
de coco (Faostat, 2021). Mas, alguns países estão relativa às demais regiões.
comercializando a água de coco e aproveitando a A segunda maior área de coco-da-baía está no
casca do coco seco para a produção de fibra e subs- Norte do País, mas sua produção foi ultrapassada
trato em pó, com muitas utilizações. pela região sudeste, que alcançou maior produtivi-
dade em seus pomares.
Área plantada, produção e produtividade A produtividade está relacionada à variedade
explorada, à destinação do produto, à utilização
Com a área estimada de 182 mil hectares plan- de insumos, adoção de tecnologia, além dos fato-

47
TABELA 1 - ÁREA PLANTADA, PRODUÇÃO, VALOR DA PRODUÇÃO, PRODUTIVIDADE E PREÇO MÉDIO
DO COCO-DA-BAÍA, POR REGIÕES E PRINCIPAIS ESTADOS DO BRASIL
Área plantada Produção Valor da produção Produtividade Preço médio
Brasil, regiões e (hectares) (milhões de frutos) (milhões de reais) (frutos/ha) (R$/ha) (R$/fruto)
Estados produtores
2018 2019 2020(1) 2018 2019 2020(1) 2018 2019 2020(1) 2018 2019 2020(1) 2019 2018 2019
Brasil 199.572 188.113 181.962 1.564 1.554 1.649 1.284 1.164 1.219 7.871 8.312 9.130 6.226 0,82 0,75
Norte 20.989 18.724 18.047 207 185 178 161 130 125 9.923 9.914 9.904 6.962 0,78 0,70
Nordeste 162.170 153.368 148.015 1.114 1.136 1.225 890 808 860 6.894 7.452 8.340 5.302 0,80 0,71
Sudeste 14.743 14.474 14.400 224 216 230 207 204 212 15.374 15.063 16.048 14.227 0,92 0,94
Sul 246 235 233 2 2 2 3 3 3 6.159 7.180 7.632 11.834 1,70 1,65
Centro-Oeste 1.424 1.312 1.267 17 15 15 23 19 18 12.144 11.826 11.655 14.732 1,34 1,25
Bahia 44.287 37.450 33.242 345 334 325 229 220 215 7.785 8.911 9.792 5.881 0,67 0,66
Ceará 38.329 38.099 39.735 254 303 405 224 198 264 6.631 7.946 10.193 5.184 0,88 0,65
Pará 18.581 17.311 16.713 192 175 168 144 117 112 10.363 10.133 10.593 6.782 0,75 0,67
Sergipe 25.924 23.824 20.482 174 153 133 154 133 116 6.884 6.685 6.888 5.825 0,88 0,87
Espírito Santo 9.655 9.369 9.385 150 146 164 108 116 130 15.545 15.585 17.423 12.376 0,72 0,79
Pernambuco 7.406 8.665 10.041 140 144 161 87 87 97 18.859 16.584 16.019 10.046 0,62 0,61
Alagoas 21.387 21.368 20.658 77 92 95 87 82 84 3.624 4.324 4.599 3.838 1,12 0,89
Rio Grande do Norte 16.030 15.959 16.393 70 63 61 61 45 43 4.388 3.967 3.705 2.804 0,87 0,71
COCO

Paraíba 6.041 5.791 5.502 35 34 33 29 30 29 5.727 5.853 5.917 5.263 0,83 0,90
Demais Estados (14) 11.932 10.277 9.811 126 110 105 161 136 128 10.595 10.729 10.691 13.425 1,27 1,23
Fonte: IBGE, 2021. Notas: (1) Dados estimados através da média das taxas de crescimento anuais entre os anos de
2017, 2018 e 2019; os valores em reais foram atualizados pelo IGP-DI (FGV) para dezembro de 2020; para o cálculo de
produtividade, considerou-se a área colhida para o cálculo de produtividade

res edafoclimáticos. No Nordeste, a produtivida-


de média dos coqueirais é baixa porque cerca de
60% das áreas ainda são ocupadas pela varieda-
de gigante, que é destinada à produção de coco
para castanha (matéria-prima do coco ralado e do
leite de coco).
Nas outras regiões, prevalecem as variedades
anã, para a produção de coco para água; e a híbrida,
que se destina tanto à produção de coco para cas-
tanha quanto coco para água, conforme o merca-
do. Essas duas variedades apresentam produtivida-
de superior à da variedade gigante.

Derivados
Com a expectativa de crescimento da produção
nacional de coco verde, aumenta também a quan-
tidade dos resíduos da casca de coco e a necessida-
de de uma destinação ambientalmente adequada,
conforme a Lei nº 12.305/2010.
A produção nacional de casca de coco, em
2020, foi de 2,3 milhões de toneladas: 594 mil to-
neladas de casca de coco seco e 1,7 milhão de to-
neladas de casca de coco verde, que é de mais difí-
cil degradação.
Até pouco tempo não existia tecnologia dis-
ponível para o processamento desse resíduo, quan-
do a Embrapa Agroindústria Tropical, em parceria

48 ANUÁRIO HF 2021
com uma metalúrgica, desenvolveu um conjun- donésia (63,2%) e as Filipinas (27,4%). O óleo de
to de equipamentos para transformação da casca coco é importado, principalmente, pelas regiões
em pó e em fibra, despontando um novo negócio, nordeste (82,3%) e sudeste (13,5%), tendo como
tanto para pequenos como para grandes produto- principais fornecedores as Filipinas (23,7%), Malá-
res, além de solucionar os problemas ambientais ge- sia (19,8%), Indonésia (19,5%) e Uruguai (13,1%).
rados pelo aumento do consumo da água de coco. Esses três últimos fornecem o produto ‘Outros
óleos de coco’ (óleos de copra).
Exportação e importação A água de coco concentrada é importada das
Filipinas pelas regiões sudeste (52,8%) e nordes-
Em 2020, o saldo da balança comercial nacio- te (47,2%).
nal dos derivados do coco foi de R$ 5,5 milhões, O valor pago pelas importações de quase todos
um crescimento de 92,4% em relação ao ano ante- os produtos é inferior ao preço recebido pelas ex-
rior. Contribuíram para isso o aumento dos volu- portações, porque os países fornecedores, na maio-
mes exportados (13,7%) frente à queda dos impor- ria asiáticos, vendem seus produtos minimamen-
tados (-10,7%) e os menores preços dos produtos te processados, enquanto os exportadores agregam
cobrados pelos fornecedores. maior valor aos seus produtos, antes de vendê-los.
O aumento da oferta de água de coco, pelo Bra-
sil, decorre do crescimento da demanda pelos con- Tendências para 2021
sumidores mais preocupados com a saúde e com
produtos mais ricos em nutrientes, além de ser favo- Em função do aumento da demanda, há expec-
recido pela elevação do dólar frente ao real. A que- tativa de crescimento da área com variedades mais

COCO
da das importações, mesmo sendo ofertados preços produtivas, elevando a produtividade nacional de
mais baixos, pode indicar o impacto da pandemia coco-da-baía. Também se espera aumento da ofer-
no agravamento dos problemas econômicos. ta de produtos inovadores, derivados do coco ra-
Os principais produtos transacionados no mer- lado.
cado externo, pelo Brasil, são o coco ralado, os óle-
os de coco, a água de coco de maior concentração e
a água de coco de menor concentração. Autoria:
O coco ralado é importado pelas regiões nor- Maria Simone de Castro Pereira Brainer
deste (47,8%), sudeste (33,3%), sul (14,3%) e nor- Engenheira agrônoma e mestre em Economia Rural
te (4,6%), tendo como principais fornecedores a In- msimonecb@bnb.gov.br

TABELA 2 - EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE DERIVADOS DO COCO


Exportação Importação
Produtos Peso (t) Valor (mil US$) R$/kg(1) Peso (t) Valor (mil US$) R$/kg(1)
2018 2019 2020 2018 2019 2020 2019 2020 2018 2019 2020 2018 2019 2020 2019 2020
Água de coco (cocos nucífera)
brix não superior a 7,4 (menor 36.212 37.029 42.018 40.820 39.935 35.614 5,60 4,40 19 0 0 26 0 0 - -
concentração)
Cocos frescos ou secos, 39 161 87 212 414 358 13,34 21,45 14.828 15.451 13.822 26.205 19.745 17.009 6,64 6,39
dessecados (coco ralado)
Outros óleos de coco 27 45 153 266 386 764 44,96 25,91 2.657 3.044 3.895 7.431 5.978 7.418 10,20 9,89
(óleos de copra)
Óleo de coco (óleo de copra), 1 1 1 6 7 9 35,91 32,69 939 1.113 1.488 3.511 2.930 3.838 13,66 13,40
bruto
Água de coco (cocos nucífera) brix 0 0 0 0 0 0 12,33 - 3.144 2.674 963 9.640 8.171 2.796 15,87 15,08
superior a 7,4 (maior concentração)
Revestimento para pavimento de 3 1 3 17 7 11 27,34 22,06 530 637 510 777 852 658 6,94 6,70
cairo (fibras de coco)
Cocos frescos 876 613 701 469 418 419 3,54 3,11 353 304 88 923 604 109 10,31 6,46
Fios de cairo (fios de fibras de coco) 0 0 0 1 0 4 - 71,03 69 79 45 110 106 66 6,97 7,60
Tortas e outros resíduos sólidos do 0 0 0 0 0 0 40,97 1,90 23 24 22 69 59 52 12,83 12,46
coco ou da copra
Cocos na casca interna (endocarpo) 233 201 316 105 110 219 2,85 3,60 0 0 0 0 0 0 - -
Total 37.390 38.051 43.278 41.895 41.279 37.398 22.562 23.327 20.832 48.692 38.445 31.946
Fonte: Agrostat (2021); Nota: (1) 1 dólar = R$ 5,1936 (31.12.2020)

49
COUVE-FLOR
CLIMA COMO DESAFIO
COUVE-FLOR

Shutterstock

50
P
or ser um alimento de baixo valor calórico
e de elevado valor nutricional, a produção
mundial e consumo de couve-flor (Brassi-
ca oleracea var. botrytis) aumentaram consideravel- São Paulo
mente nos últimos 10 anos. 36.368 ton
De acordo com o último levantamento da FAO
(Food and Agriculture Organization), a produ- Rio de Janeiro
ção mundial de couve-flor e de brócolis foi de 36.219 ton
26.918.570 toneladas, em uma área de aproxima- Produção
nacional Paraná
damente 1.436.815 hectares, e com produtividade
média de 18,73 toneladas por hectare. China, Ín-
dia, Estados Unidos, Espanha e Itália são os maio- 140.067 ton 17.182 ton
res produtores desta hortaliça (Faostat, 2021). Santa Catarina
Produção brasileira 12.569 ton
Minas Gerais
A produção nacional de couve-flor é de 140.067
toneladas, sendo feita em mais de 19.646 estabele- 12.418 ton
cimentos agropecuários, de acordo com último cen-
so agropecuário do Instituto Brasileiro de Geogra-
fia e Estatística (IBGE, 2017).
Os maiores Estados produtores são: São Paulo vo de couve-flor em áreas serranas e a sua oferta

COUVE-FLOR
(36.368 toneladas), Rio de Janeiro (36.219 tone- nos períodos de entressafra, quando os preços são
ladas), Paraná (17.182 toneladas), Santa Catarina mais elevados.
(12.569 toneladas) e Minas Gerais (12.418 tone- Outra dificuldade relacionada à produção e mer-
ladas). Merece destaque a participação do municí- cado de couve-flor está relacionada à baixa conserva-
pio de Nova Friburgo, na região serrana do Estado ção pós-colheita, o que requer maiores cuidados no
do Rio de Janeiro, pela elevada produção de couve- processo de colheita das inflorescências, transporte e
-flor (23.714 toneladas anuais). armazenamento.
As colheitas devem ser realizadas nos horá-
Custo de produção e rentabilidade rios mais frescos do dia. O transporte e armaze-
namento em temperaturas próximas a 5ºC reduz
Informações divulgadas pela Empresa de Assis- a taxa respiratória e perda de água e, consequente-
tência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal mente, aumenta a sua durabilidade. A utilização de
(Emater-DF) revelam que os custos de produção de embalagens em filme plástico também aumenta a
couve-flor irrigada por gotejamento são de aproxi- longevidade pós-colheita da couve-flor.
madamente R$ 23.318,00 por hectare, consideran- A produção e o consumo de couve-flor têm
do-se 21.600 plantas por hectare. perspectivas de crescimento no mercado brasilei-
Os preços médios de comercialização de cou- ro para o ano de 2021, seguindo a tendência mun-
ve-flor (unidade) no atacado no ano de 2020 fo- dial. O aumento de seu consumo, assim como o
ram de R$ 2,86 na Ceagesp-SP; de R$ 3,39 na Ce- de brócolis, pode ser atribuído às mudanças de há-
asa-DF, e R$ 1,68 na Ceasa-RJ (Prohort-Simab, bitos alimentares e à busca por dietas menos ca-
2021). Em função da menor oferta, os maiores pre- lóricas e mais saudáveis e equilibradas, além do
ços de comercialização são geralmente registrados aumento dos consumidores adeptos ao vegetaria-
nos meses de fevereiro a maio. nismo e veganismo.

D Autoria:
Carlos Antônio dos Santos
Engenheiro agrônomo e doutor em Fitotecnia/Produção
Dentre os desafios para a produção de couve- Vegetal – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
-flor no Brasil está a sua exigência em condi- (UFRRJ)
ções climáticas, por ser uma cultura de origem carlosantoniods@ufrrj.br
temperada. Margarida Goréte Ferreira do Carmo
Atualmente, já estão disponíveis no mercado al- Engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia e
gumas cultivares de couve-flor com melhor adap- professora - UFRRJ
tação ou tolerância ao calor, o que tem permitido o gorete@ufrrj.br
Júlio César Ribeiro
seu cultivo no verão e em meia-estação, mas ape- Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Ciência
nas em regiões de elevada altitude. Estas cultiva- do Solo - UFRRJ
res possibilitam a ampliação do período de culti- jcragronomo@gmail.com

51
AL IÇ AS
HORT
LH O SA S
FO
FOLHOSAS

ATUALIDADES E
PERSPECTIVAS

D
entre as folhosas mais consumidas, se des-
Área cultivada e produção
tacam a alface, rúcula, couve, acelga, coen-
tro, espinafre e agrião. A alface é a horta-
Atualmente, a área de cultivo de hortaliças folho-
liça folhosa mais consumida em todo o mundo. A sas no Brasil é de aproximadamente 200.000 hectares.
China lidera esse ranking dos maiores produtores Destaque para a alface, com mais de 50% do total, se-
de alface, atingindo cerca de 23 milhões de tone- guido pela rúcula (19%), repolho (12%), couve (5%),
ladas, ou seja 52% da produção mundial. Logo em chicória (3%), coentro (2%) e espinafre (1%). De ma-
seguida encontram-se os Estados Unidos e a Índia. neira similar, a produção concentra-se nas culturas da
No Brasil, a produção ocorre mais precisamen- alface (43,7%), repolho (31,7%), couve (9,1%), agrião
te no Centro-Sul do País, somando até 1,5 milhão (7,6%), espinafre (3,1%) e rúcula (2,0%).
de toneladas de alface, representando cerca de 50% Embora no Brasil os locais que concentram a
das receitas com hortaliças folhosas. maior produção de hortaliças folhosas estejam nas

52
da desse grupo de folhosas no mercado. O consu-
midor procura alimentos de boa qualidade e sabor,
com isso tem sido expressivo o crescimento de no-
vas cultivares e variedades, aumentando a gama de
vendas desses alimentos.
Com a pandemia e o isolamento social, hou-
ve mudanças no hábito alimentar dos brasileiros,
aumentando a demanda por hortaliças, para obter
uma melhor qualidade de vida e manter a imuni-
dade elevada contra o vírus.

Taxa de crescimento
É nítido observar um crescimento significati-
vo no consumo das hortaliças folhosas. No perío-
do de 1990 até 2015 o consumo de hortaliças fo-
lhosas no Brasil cresceu mais de 120%, inclusive
de hortaliças menos tradicionais, a exemplo do es-
pinafre, taioba, almeirão e ora-pro-nóbis.
Observa-se que a alface tem crescido muito,
aproximadamente 4% ao ano. Também houve cres-
cimento do agrião, que dobrou sua produção em
um período de quatro anos. A rúcula e o coentro
obtiveram bastante sucesso, crescendo nos últimos

FOLHOSAS
anos em 30 e 50% sua produção, respectivamente.

Custo de produção e rentabilidade


Independentemente da folhosa cultivada, os
maiores custos de produção são verificados em fun-
ção do custo operacional, seguido pelo preço dos in-
sumos, uma vez que na maioria dos casos, esses
devem ser importados. De modo mais geral, a ir-
rigação vem representando cerca de 4% dos cus-
tos totais de produção, percentagem relativamen-
te baixa se comparada com os valores gastos com
a adubação, que é de 21%.
Vale mencionar, ainda, que durante a safra po-
demos ter a incidência de doenças, as quais tam-
bém podem elevar os custos de produção. As folho-
sas têm capacidade de empregar cerca de duas a três
Fotos: Shutterstock

pessoas a cada 10 hectares cultivados.


Em função da pandemia ocasionada pela Co-
vid-19, as medidas restritivas para controle da dis-
seminação do vírus provocaram uma redução do
volume de folhosas disponíveis e a rentabilidade se
regiões sul e sudeste, estas são produzidas em todo
o território nacional.
Quanto aos Estados que apresentam a maior TABELA 1. PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS
produção brasileira, merecem destaque São Paulo, FOLHOSAS NAS CINCO REGIÕES BRASILEIRAS
seguido pelo Rio de Janeiro.
Região brasileira Percentual de produção (%)
Sul 67
Oferta e demanda
Sudeste 17
Devido ao crescimento dos produtos minima- Nordeste 9
mente processados, orgânicos, redes fast food e à busca Centro-Oeste 6
por uma melhor qualidade de vida, a famosa vida fit- Norte 1
ness, tem aumentado cada vez mais a oferta e deman- Fonte: IBGE, 2017

53
De 2010 a 2015 o mercado cresceu 4% a.a.
Destaques:
→ Coentro verdão e rúcula (11%)
→ Agrião (12%)
→ Alfaces especialidades peletizadas (20%)
Principais produtos em hidroponia: rúcula,
alface crespa e agrião, além de alface lisa e
mimosa, chicória e espinafre.
FOLHOSAS

FIGURA 1. EVOLUÇÃO DA ÁREA CULTIVADA COM HORTALIÇAS FOLHOSAS NO


BRASIL NO PERÍODO DE 2010 A 2015

Área total estimada (ha)

100.000
90.000
80.000
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
20.000
10.000
0 Alface Coentro Rúcula Repolho Agrião Couve Chicória Salsa
2012 2013 2014 2015

Fonte: ABCSEM - Projeto para o levantamento dos dados socioeconômicos da cadeia produtiva de hortaliças no Brasil

54 ANUÁRIO HF 2021
apresentou positiva aos produtores, sendo que para ser implantadas em ambiente fechado em áreas ur-
a alface americana a alta foi de 61%, e para a cres- banas, utilizando galpões, armazéns abandonados,
pa a alta foi ainda maior, 124%. além de toldos de prédios localizados muitas ve-
zes em locais com disponibilidade muito pequena
Tendência para 2021 de alimentos frescos e saudáveis, com alta eficiên-
cia no uso de insumos, já que é um sistema de pro-
Para os próximos anos, as tendências para to- dução sem solo.
das as folhosas mencionadas são de investir na hi- A técnica permite economia de água em até
droponia, que objetiva principalmente maior con- 95% em relação ao cultivo convencional, antecipa-
trole de todo o processo de produção, melhor ção do ciclo, além de proporcionar um aumento na
qualidade estética e redução da mão de obra. Além produtividade, segundo pesquisa coordenada pela
disso, temos também maior procura por hortaliças Embrapa.
minimamente processadas, uma vez que essa for-
ma de comercialização possibilita maior praticida- Autoria:
de e melhor aproveitamento dos produtos. Rodrigo Vieira da Silva
Outra aposta do segmento são as fazendas ver- Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia
ticais, um modelo de cultivo realizado em prate- e professor - Instituto Federal Goiano – Campus
leiras verticais que permite aproveitar o espaço em Morrinhos, Morrinhos (GO)
ambientes fechados, com iluminação artificial com rodrigo.silva@ifgoiano.edu.br
Ana Paula Gonçalves Ferreira
painéis de LED, controle de temperatura, concen- ana.goncalves@estudante.ifgoiano.edu.br
tração de CO2, entre outras variedades. Gabriela Araújo Martins
Estes locais de cultivo ficam mais próximos dos gabriela.martins@estudante.ifgoiano.edu.br
consumidores e os custos com logística e transpor- Graduandas em Agronomia – IF Goiano – Campus
te diminuem, evitando perdas de produtos. Podem Morrinhos
GOIABA

GOIABA
ck
sto
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to s
Fo

BRASIL ENTRE OS
MAIORES PRODUTORES
56
PRODUÇÃO NO BRASIL

4 o CE
17,7 mil t

2o PE
135,5 mil t

3 o BA
42,1 mil t

5o RJ
15,1 mil t

1 o SP
173,9 mil t

GOIABA
Fonte erfil da Fruticultura

A
s Américas respondem por cerca de 45% em 2007 para mais de 22.000 ha, em 2019.
da produção mundial de goiabas, fruta que
hoje é encontrada em quase todas as regi- Importância econômica
ões tropicais e subtropicais do mundo, em virtu-
de da sua fácil adaptação a diferentes climas e sua A produção de goiabas gera renda para mais de
fácil propagação por semente. seis mil pequenos produtores em todo o País, tota-
As frutas apresentam ampla variação na forma, lizando R$ 800 milhões por ano, que além do con-
tamanho e cor, sendo as de polpa branca e verme- sumo in natura, movimenta a agroindústria de do-
lha as mais exploradas comercialmente. ces, agregando maior valor comercial a esta cadeia.

Produção brasileira
PRODUÇÃO E ÁREA PLANTADA AO LONGO DOS
Com produção estimada em mais de 40 mi-
lhões de toneladas, o Brasil é o 3º maior produtor
ANOS
de frutas do mundo. Nas estatísticas, a goiaba ocu- ANO TON ÁREA (ha)
pa o 20º lugar entre as frutas. 2007 316.301 15.069
O Brasil, com uma área estimada em torno de 2008 312.348 15.743
20.000 hectares, é o terceiro maior produtor mun- 2009 297.377 1.5048
dial de goiaba, destacando-se entre os maiores 2010 323.872 1.5995
produtores, como Índia, Paquistão, México, Egito, 2011 342.528 1.5956
Venezuela, África do Sul, Jamaica, Quênia e Aus- 2012 345.332 15.231
trália. 2013 349.615 15.034
A goiaba é cultivada na maioria das regiões do 2014 359.349 15.923
Brasil, segundo o IBGE.
2015 424.330 17.690
2016 415.181 17.195
Área plantada
2017 460.515 20.294
A área plantada com goiabas no Brasil está em 2018 578.803 21.574
crescimento, saindo de pouco mais de 15.000 ha, 2019 584.223 22.269

57
A principal característica nutricional da goiaba
EXPORTAÇÃO DE GOIABA IN NATURA
é sua riqueza em fibras, vitamina C e sais minerais.
Ano Peso (kg) Valor (US$) Valor unitário (US$) As folhas da goiabeira rendem um chá para regu-
2010 147.348 326.364 2,21 larizar o intestino. A casca e a semente da fruta são
2011 137.455 300.067 2,18 usadas na fabricação de creme para a pele.
2012 119.705 275.502 2,30
2013 143.945 393.685 2,75 Oferta e demanda
2014 170.776 443.961 2,59
2015 203.936 498.963 2,44 O preço da goiaba no mercado apresenta ten-
dência de alta ao longo do tempo. Avaliando o pre-
2016 172.099 398.798 2,31
ço médio recebido pelos atacadistas da Ceagesp/
2017 142.691 344.474 2,41
SP ao longo de seis anos, o gráfico ao lado mos-
2018 166.706 402.274 2,41 tra uma curva ascendente para o período, indi-
2019 195.874 431.666 2,20 cando uma valorização do produto.
Fonte: Ceagesp Os melhores preços para o quilo da goiaba ao
longo do ano são alcançados na Ceasa Rio. Em
contrapartida, na Ceasa Minas – Belo Horizon-
te os preços são menores ao longo do ano.
GOIABA

58 ANUÁRIO HF 2021
Preços da Ceagesp/SP, de 2005 a 2020

R$ 5,00
R$ 4,50
R$ 4,00
R$ 3,50
R$ 3,00
R$ 2,50
R$ 2,00
R$ 1,50
R$ 1,00
R$ 0,50
R$ 0,00
2005 2010 2015 2020

GOIABA
Preço médio (kg)

Exportação e importação Tendência para 2021


Na exportação de goiabas in natura, o Bra- A goiabeira é uma cultura muito versátil, adap-
sil retomou o crescimento em volume a partir de tando-se a diversas regiões do País. Pode ser cul-
2018. Na tabela ao lado, o período de 2018 e 2019 tivada em grandes ou em pequenas áreas, por isso
apresentam valores maiores que 2017. Já analisan- tem grande potencial de expansão. Mesmo onde
do entre os anos de 2018 e 2019, a variação foi de o consumo in natura é baixo, pode ser produzida
7,31 e 17% do peso e faturamento, respectivamen- para ser industrializada visando diversos fins ali-
te, para 2019. mentícios, como pode ainda ofertar matéria-prima
O preço médio por quilo teve pequena que- para cosméticos.
da em 2019, mesmo assim o volume aumentou, O uso de mudas sadias provenientes de esta-
estimulado pela maior cotação do dólar no perí- cas clonadas favorece a precocidade do pomar, que
odo e aumentando a competitividade no merca- pode entrar em produção a partir do segundo ano
do externo. de cultivo. Para a sua expansão em regiões não tra-
dicionais, como o Centro-oeste, pode-se incorpo-
Balanço geral da cultura em 2020 rar novas tecnologias aplicadas à cultura, gerando
lavouras de alto nível, principalmente com a uti-
Algumas regiões produtoras, principalmen- lização de técnicas como a irrigação, que com o
te Carlópolis (PR), foram buscar na certificação correto manejo racional do uso da água, pode pro-
um instrumento para abrir as portas para a exporta- porcionar ganhos de produtividade em diferentes
ção, num momento em que o mundo se preocupou épocas do ano.
com o abastecimento e consumo de alimentos mais
saudáveis, na crise gerada pela pandemia.
A pandemia no Brasil também provocou a
busca por uma alimentação mais saudável e elevou Autoria:
José Augusto Maiorano
a procura por frutas, legumes e verduras (FLV ). Engenheiro agrônomo, mestre, pesquisador CDRS-
Nesta evolução, a goiaba apresentou bom desem- SAA/SP - Divisão de Extensão Rural e especialista em
penho de ofertas, estimulada pelo melhor preço no Fruticultura
mercado. jose.maiorano@sp.gov.br

59
INHAME
POSICIONAMENTO
DO BRASIL NA
PRODUÇÃO
INHAME

E
m 2012, a FAO estimou que a área total produtor o Estado da Bahia, seguido por Pernam-
produzida com inhame no mundo é de, buco, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Vale ressaltar que
aproximadamente, 59 milhões de hectares, a cadeia produtiva do inhame no Nordeste é extre-
com uma produção de 60 milhões de toneladas, mamente promissora, gerando renda e prosperida-
sendo que a Nigéria é o principal produtor, com de aos produtores de base familiar.
65% de toda a produção mundial. Em específico, na Bahia cultiva-se inhame em
Neste mesmo contexto, a FAO estima que o área total de 1.200 ha, com produção girando em
Brasil possua 26.000 hectares, cuja produção seja torno de 20.000 toneladas e produtividade de 16,7
de, aproximadamente, 250 mil toneladas de inha- t ha-1. Ressalta-se, ainda, que a comercialização é
me e produtividade média de 14 t ha-1. por venda a intermediários e ao consumidor final.

Regiões produtoras no Brasil Preços


A região nordeste concentra mais de 70% da É interessante destacar a variabilidade de pre-
produção do inhame brasileiro, sendo o principal ços nas diversas regiões do Brasil (dados obtidos

60 ANUÁRIO HF 2021
zado por preço mais elevado, o de segunda catego-
ria por um preço menor e o de terceira categoria é
destinado à venda para a produção de mudas.
A oferta de inhame é praticamente anual, dada
a característica de rusticidade da cultura. Entre-
tanto, nos meses de dezembro e janeiro há uma
entressafra na oferta do produto, de acordo com a
Ceagesp. Esta fase se dá pela renovação da cultu-
ra nas regiões produtivas, principalmente no Nor-
deste.

Custo de produção e
rentabilidade
O custo do inhame produzido em Rondônia,
no ano de 2019, foi calculado, para um hectare,
com produção de 20 t ha-1, comercializado a R$
1,60, com receita bruta de R$ 32.000,00 e custos
de, aproximadamente, R$ 12.000,00, assim geran-
do uma rentabilidade de R$ 20.000,00/ha
O inhame é uma cultura que tem alto potencial
de crescimento, principalmente para a exportação,
considerando o seu aspecto medicinal.

Tendência para 2021


Constatadas as elevadas perdas devido ao ata-

INHAME
que de pragas e doenças e reduzida qualidade em
pós-colheita, em função das ineficientes condições
de armazenamento e transporte, uma tendência é
a melhoria do sistema produtivo em suas diversas
fases.
Outra tendência está associada ao crescimen-
to do uso do inhame como ingrediente na alta gas-
tronomia, a partir de pratos com purês, farinhas,
caldos, sopas, cremes, escondidinhos e bolos. Exis-
Shutterstock tem, hoje, receitas de inhame para iogurte, sor-
vete, suco, pão, bolos, nhoque, panqueca, quibe,
bobó, dentre outros.
E, por último, mas não menos importante, tem-
-se a vertente medicinal, a qual referencia o inhame
às seguintes propriedades terapêuticas: conversão
hormonal no organismo, com prevenção de doen-
ças reprodutivas e gástricas (como gastrite e úlce-
na Ceagesp e Ceasas). Por exemplo, o inhame co- ras), melhora na imunidade e redução do colesterol
mercializado na BA, CE, ES e MA teve preço mé- e da hipertensão, dada a ação da diosgenina, prin-
dio de R$ 6,00/kg em janeiro de 2021 e, por ou- cípio ativo presente no inhame.
tro lado, no RJ este produto é comercializado na
Ceasa-RJ pelo valor de R$ 2,50 a R$ 3,60/kg, de-
pendendo de sua classificação, sendo estes preços
similares aos praticados na Ceagesp.
Um dado importante a ser destacado é a varia- Autoria:
bilidade do preço do inhame em MG, sendo este Elisamara Caldeira do Nascimento
de R$ 6,00/kg em Uberlândia, R$ 2,75 em Gover- Talita de Santana Matos
nador Valadares e R$ 2,89 em BH. Doutoras em Agronomia – Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (UFRRJ)
A variação de preços está diretamente relacio- Glaucio da Cruz Genuncio
nada à classificação adotada para este legume, que Doutor e professor adjunto – Universidade Federal do
pode ser de 1ª, 2ª e 3ª categoria. Segundo a Emater- Mato Grosso (UFMT)
-RO, o inhame de primeira categoria é comerciali- glauciogenuncio@gmail.com

ANUÁRIO HF 2021 61
JILÓ
JILÓ

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62 ANUÁRIO HF 2021
SUDESTE À FRENTE DA PRODUÇÃO
S
egundo o IBGE (2017), o Brasil produziu desenvolvimento local e regional dos Estados, por
78.851 toneladas de jiló, e a área total produti- ser este um produto valorizado regionalmente.
va correspondeu a 3.000 hectares, cuja produ- A oferta de jiló é basicamente anual, dada a ca-
ção foi de, aproximadamente, 30 ton/ha desta hor- racterística da cultura, entretanto, nos meses de outu-
taliça. bro a fevereiro há uma entressafra na oferta do pro-
O Rio de Janeiro é o maior produtor, com duto, de acordo com a Ceagesp e Ceasas. Esta fase se
20.362 toneladas, seguido de Minas Gerais, com dá pela alta incidência de chuvas e, consequentemen-
17.924, São Paulo com 14.238 toneladas, Goiás te, perdas severas com doenças da cultura nas regiões
com 7.278 toneladas, Espírito Santo com 3.622 produtivas de ocorrência no Sudeste.
toneladas, Mato Grosso com 1.379 toneladas e
Mato Grosso do Sul com 805 toneladas. Custo de produção e rentabilidade
Assim, a Embrapa destaca que o jiló é cultiva-
do principalmente na região sudeste do Brasil, e o O total para a implantação de um hectare de
Estado do Rio de Janeiro é responsável por cerca jiló produzido no Rio de Janeiro (principal produ-
de 30% da produção nacional. tor), foi calculado para um hectare, com estimati-
As principais cidades produtoras são Nova Fri- va de produção de 8.900 caixas de 15 kg/ha, co-
burgo, Sumidouro, Teresópolis e São Sebastião do mercializado a R$ 35,00/caixa, com receita bruta
Alto. Além do Rio de Janeiro, o jiló é uma das hor- de R$ 81.000,00 e custos de, aproximadamente R$
taliças mais populares no Estado de Minas Gerais, 50.000,00, assim gerando uma rentabilidade de R$
com destaque para a mesorregião do Campo das 29.000,00/ha
Vertentes, especialmente a Cidade de Barbacena.
Tendência para 2021

JILÓ
Especificamente em Barbacena (MG), a pro-
dução, considerada estável há três anos, é de cer-
ca de 35 mil toneladas, em uma área de 1,4 mil O incremento da produção está em função do
hectares, conforme dados da Empresa de Assistên- consumo. Assim, a difusão da culinária regional,
cia Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas a partir da consolidação de pratos típicos ou com
Gerais (Emater-MG). uma assinatura da alta gastronomia, favorecerão a
Em São Paulo, destacam-se como principais re- expansão do consumo no Brasil, induzindo a um
giões produtoras desta solanácea: Biritiba Mirim, incremento nas áreas produtivas.
Embu-Guaçu, Ibiúna, Mogi das Cruzes (Cinturão Ressalta-se que a culinária do jiló é rica e re-
Verde de SP), além de campinas e Sorocaba. pleta de opções, tais como: o jiló recheado, o jiló
É interessante destacar a variabilidade de pre- refogado com bacon, a farofa de jiló, além do jiló
ços nas diversas regiões do Brasil (dados obtidos crocante, jiló à parmegiana, omelete de jiló e da
na Ceagesp e Ceasas). Por exemplo, o jiló comer- abobrinha com jiló.
cializado na BA, ES e PE teve preço médio de R$ Outra vertente a ser explorada para o jiló é com
5,00 por quilo em janeiro de 2021. fins medicinais, pois referencia-se como atenuante
Por outro lado, no Rio de Janeiro, este produ- em problemas hepáticos e dispepsia biliar, além de
to é comercializado na Ceasa-RJ pelo valor de R$ reduzir colesterol, combater a obesidade e diabetes,
2,65 a R$ 3,35/kg, dependendo de sua classifica- como tratamento auxiliar. Também é referenciado
ção. Já os preços praticados na Ceagesp levam em no tratamento adjuvante da anemia e em proble-
consideração a classificação qualitativa do fruto, mas intestinais.
sendo o quilo do jiló tipo Extra variável entre R$
3,48 a R$ 4,05, do tipo Extra A entre R$ 1,39 a
R$ 1,75 e Extra AA de R$ 2,26 a 2,63 (dados de Autoria:
18/01/2021). Elisamara Caldeira do Nascimento
A análise segmentada destes valores é impor- Talita de Santana Matos
tante para a gestão da produção e garantia de lucros, Doutoras em Agronomia – Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (UFRRJ)
uma vez que é uma cultura tipicamente oriunda da Glaucio da Cruz Genuncio
agricultura familiar, com unidades que chegam a, no Professor adjunto – Universidade Federal do Mato
máximo, 100 ha, com médias de 10 ha. Assim, tor- Grosso (UFMT)
na-se evidente a importância desta cultura para o glauciogenuncio@gmail.com

63
MAÇÃ
DESAFIOS E
MAÇÃ

PERSPECTIVAS

O
Brasil está entre os 11 maiores produtores de ações bem-sucedidas ao longo das últimas seis
de maçã do mundo, cujo grupo é liderado décadas que culminaram no status atual.
pela China e EUA, e se encontra entre os
dez países com o maior rendimento de frutos co- Em números
lhidos por hectare cultivado (Faostat, 2021).
Por ser uma cultura exótica e naturalmente ori- Segundo dados do IBGE, no ano de 2019 fo-
ginária de regiões temperadas, o cultivo da maciei- ram produzidas 1.222.979 t de maçãs em 32.405
ra no Brasil exige a adoção constante de uma am- ha cultivados, com a produtividade média de 37,74
pla gama de técnicas de cultivo. Desta forma, o t ha (IBGE, 2021). Os Estados do Rio Grande do
desempenho brasileiro é resultado de um conjunto Sul e Santa Catarina são os dois principais pro-

64
dutores, sendo responsáveis por aproximadamen-
te 97% da produção de maçãs no Brasil, com gran-
de destaque para as regiões do Planalto Serrano
(SC) e os Campos de Cima da Serra (RS) (IBGE,
2021).
No ano de 2019, no Estado do Rio Grande do
Sul, foram colhidos 15.889 ha, com o rendimento
de 603.293 t (produtividade média de 37,97 t ha-1),
com o valor da produção estimado em aproxima-
damente R$ 976 milhões (IBGE, 2021).
Neste mesmo ano, em Santa Catarina foram
produzidas 585.790 t de maçãs, colhidas em 15.198
ha (produtividade média de 38,54 t ha-1), cujo va-
lor da produção foi calculado em aproximadamen-
te R$ 757,5 milhões.

Cultivo
As principais regiões produtoras no Brasil apre-
sentam características climáticas favoráveis ao cul-
tivo de macieiras em função da maior altitude, com
maior ocorrência de baixas temperaturas durante o
período hibernal, amplitude térmica diária e dispo-
nibilidade hídrica.
Contudo, por apresentar clima subtropical, ve-
rificam-se fortes variações de ambiente entre anos,
acompanhadas de frequentes precipitações de gra-
nizo, o que desafia constantemente o pomicultor
k

na busca pela produção de maçãs de qualidade via


oc
st

tt
er

hu emprego de tecnologia.
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MAÇÃ
s
Fo
to As primeiras ações com o intuito de tornar o
cultivo da macieira tecnicamente viável ocorreram

FIGURA 1. CENÁRIO BRASILEIRO QUANTO À PRODUÇÃO DE MAÇÃS A PARTIR DA DÉCADA DE 1960,


CONSIDERANDO A ÁREA CULTIVADA, A PRODUTIVIDADE E A PRODUÇÃO ANUAL. DADOS FAOSTAT
(2021)

Produção brasileira de maçãs (série histórica 1961-2019)


140 1400
130 1300
Produtividade (toneladas por hectare)

120 1200
Produção anual (toneladas x 1000)

Área cultivada
110 1100
Área cultivada (ha x 1000)

100 Produtividade 1000


90 Produção anual 900
80 800
70 700
60 600
50 500
40 400
30 300
20 200
10 100
0 0
196 1
1963
1965
1967
9
197 1
1973
5
1977
9
198 1
1983
1985
1987
9
199 1
1993
5
1997
20 9
20 1
03
20 5
20 7
09
20 1
13
20 5
20 7
19
198

199
196

1
197

0
197

199

1
0

1
20

20
20

Ano Dados Faostat (2021)

65
a partir da década de 1960, quando também foram verno) é fundamental, porém, em muitos ciclos
introduzidas centenas de cultivares a partir de di- produtivos e regiões produtoras essa condição não
versas regiões do mundo para serem testadas no é plenamente atendida.
Brasil. Macieiras cultivadas em regiões de menor acú-
Essas ações, associadas aos incentivos fiscais, mulo em frio, se não adequadamente manejadas,
impulsionaram o estabelecimento de pomares co- apresentam problemas de sincronização de flores-
merciais, tornando a cultura economicamente im- cimento entre cultivares e reduzidos níveis de bro-
portante no País. Com a crescente demanda da tação, diminuindo drasticamente o potencial pro-
fruta, houve rápida expansão da cultura, muito em dutivo e a qualidade dos frutos produzidos.
função de investimentos em pesquisas sobre práti- Sob tais condições, o manejo de reguladores de
cas inovadoras de manejo de pomares e em melho- crescimento e compostos nutricionais no manejo
ramento genético. da indução de brotação é indispensável para viabi-
Como resultado, o Brasil deixou de ser essen- lização comercial da macieira no Brasil.
cialmente importador de maçãs e se tornou au-
tossuficiente, atendendo a demanda do mercado Considerações em relação à safra 2020/21
interno pela fruta, e exportador de parte da pro-
dução. A partir do início da década de 1980, a As melhores condições climáticas nas princi-
produção brasileira de maçãs tem aumentado em pais regiões produtoras, com maior acúmulo em
maior proporção que a expansão da área cultiva- frio durante o período hibernal no decorrer de
da em função da maior eficiência produtiva, resul- 2020, resultaram em maior porcentagem de gemas
tando em maiores produtividades por área cultiva- brotadas e maior uniformização da brotação e flo-
da (Figura 1). rescimento.
Essa condição, de maneira geral, proporcionou
D melhores níveis de frutificação nos pomares de ma-
cieira em relação ao ciclo produtivo anterior. O au-
A produção comercial de maçãs no Brasil apre- mento das precipitações a partir de dezembro de
senta uma série de desafios técnicos a serem supe- 2020 coincidiu com a época de aumento de deman-
rados a cada ciclo, a fim de viabilizar essa ativida- da hídrica da cultura da macieira, tendo impacto
de agrícola no País. Por se tratar de uma espécie de positivo no aumento do calibre dos frutos.
clima temperado, a macieira apresenta o fenôme- Assim, o volume de frutos colhidos e a qualida-
MAÇÃ

no da dormência de gemas durante o período de destes, em termos de calibre médio dos frutos,
de outono/inverno para permitir a sobrevi- tende a ser maior no ciclo 2020/21 em relação
vência das plantas em condições de bai- ao ciclo anterior. Considerando cenários otimistas
xas temperaturas. em termos de recuperação econômica do País, alia-
Para que apresentem adequados do ao maior interesse dos consumidores por ali-
níveis de brotação e florescimen- mentos mais saudáveis (frutas e hortaliças), a me-
to, a ocorrência de baixas nor disponibilidade de maçãs no ano passado, dada
temperaturas no perío- a redução da safra anterior e maior qualidade dos
do hibernal (outo- frutos na safra atual, o ciclo 2020/21 poderá ser in-
no e in- teressante aos produtores em termos de remunera-
ção pela fruta.
Outro ponto a destacar, para a safra 2020/21,
são as expectativas positivas de aumento de expor-
tações da fruta, dada a maior qualidade da fruta,
dólar valorizado e menor disponibilidade em paí-
ses produtores e com alto consumo per capita. No
ano de 2020, as exportações de maçã brasileira
para Rússia, Bangladesh e Índia tiveram maior
destaque.

Autoria:
Fernando José Hawerroth
Doutor em Agronomia e pesquisador - Embrapa Uva e
Vinho
fernando.hawerroth@embrapa.br
Maraisa Crestani Hawerroth
Doutora em Agronomia e pesquisadora – InnoveAgro
Pesquisa e Consultoria Agronômica
maraisachawerroth@gmail.com

66 ANUÁRIO HF 2021
MAMÃO
MAMÃO

DESTAQUE NO CENÁRIO MUNDIAL


O
Brasil ocupa posição de destaque no ce- valente a 44,5% do mamão produzido no mundo
nário internacional de produção de ma- (Faostat).
mão, contribuindo com cerca de 13% da O mamão é cultivado em todas as regiões do
produção mundial, o que equivale a 1,6 milhão de nosso país, com destaque para o extremo sul do Es-
toneladas da fruta. Cultivada em uma área de 27,6 tado da Bahia e o Norte do Estado do Espírito San-
mil hectares, ocupa a segunda posição no ranking to, com produtividades médias de 64,8 t ha-1 e 51,5
dos principais países produtores, ficando atrás da t ha-1, respectivamente, superiores à média nacio-
Índia, que produz 5,5 milhões de toneladas, equi- nal em 2019, que foi de 48,38 t ha-1.

68 ANUÁRIO HF 2021
A cadeia produtiva do mamão emprega cer cer-
ca de 33 mil pessoas, movimentando R$ 900 mi mi-
lhões no mercado interno e o total arrecadado com
exportações já supera US$ 50 milhões. A União
Europeia consumiu cerca de 87% do mamão bra bra-
ex-
sileiro, mantendo-se como o principal mercado ex
terno.
exportações da fruta para
Vale lembrar que as exporta
os Estados Unidos também foram positivas. Em Em-
bora os embarques de mamão para os EUA ain ain-
da sejam inferiores aos do Bloco Europeu, o total
embarcado aumentou 14% em vvolume e 28% em
receita, sobretudo no primeiro semestre de 2020,
visto a menor produção mexicana não conseguir
norte-
suprir o abastecimento de todo o mercado norte
-americano, conforme informou a Secretaria de
Comércio Exterior (S (Secex) e a Associação Bra-
sileira dos Produtores e Exportadores de Papaya
(Brapex).

Custo e receita
O custo de implementação e manutenção de
um plantio de mamão é variável, pois depende de
diversos fatores, como local de instalação, uso ou
não de irrigação, disponibilidade de mão de obra,
entre outros.
A receita está ligada a fatores como oferta/
demanda, tipo de mercado (interno ou externo),
qualidade do produto e localização do mercado, fi fi-
cando a estimativa do resultado financeiro na de de-

MAMÃO
pendência da quantificação desses fatores. Para uma
densida de 1.666 plantas ha-1, com
lavoura com densidade
uso de irrigação, estima-se um preço médio no 1º,
2º e 3º anos de produção de US$ 4.348,93, US$
3.389,85 e US$ 2.027,80, respectivamente.
Neste sistema de produção, considerando o flu-
flu
xo de custos e receitas para um período de três anos,
projeta-se uma margem bruta negativa no pr primei-
tor-
ro ano, enquanto que, nos anos seguintes, ela se tor
toc
k na positiva, com rentabilidade líquida, considerando
ters
s: S
hut o fluxo total, de US$ 14.203,55, ou sseja, uma exce-
Foto lente oportunidade de investimento.
elevado custo
A perspectiva de manutenção do eleva
de produção ligado ao aumento marcante do dólar
nos últimos anos influenciou a alta do preço dos
Vale ressaltar que os Estados do Ceará, Rio insumos utilizados no campo, limitando a entra-
Grande do Norte e Minas Gerais também vêm da de novos produtores.
se destacando na produção de mamão nos últimos
anos. Em 2020
Oferta x demanda É importante destacar que a rentabilidade uni-
tária do mamão apresentou menor índice no ano
A oferta de mamão no mercado interno sofre de 2020 em função da queda dos preços em alguns
pouca sazonalidade em função da época do ano, períodos, da maior disponibilidade da fruta, oca-
fato associado ao cultivo dessa frutífera o ano intei- sionada pelos investimentos em área nos anos an-
ro. Contudo, em virtude dos menores preços prati- teriores, e pelo surgimento da pandemia Covid-19.
cados nos meses de setembro a janeiro, entende-se A pandemia afetou a comercialização do ma-
que a oferta neste período seja ligeiramente maior. mão, principalmente no período de abril a maio de

ANUÁRIO HF 2021 69
2020, devido à paralisação e/ou redução de capa-
cidade de restaurantes, hotéis, escolas e outros ser-
viços de alimentação. O maior impacto sentido foi
MAMÃO

para o grupo Formosa, que acaba sendo o mais pro-


curado por estas atividades, resultando em sobras no lhorem a qualidade fitossanitária, organoléptica e a
campo. vida útil dos frutos, bem como a aplicação de práti-
Na análise parcial do ano de 2020 (janeiro a se- cas de manejo racional para o uso de solo e água nos
tembro), o grupo Formosa foi vendido em média pomares.
por R$ 0,47 kg-1 no Norte do Espírito Santo, va- Com a execução desse plano estratégico, espera-
lor 63% inferior ao do mesmo período do ano de -se contribuir para um crescimento cada vez maior
2019 e 13% menor que o mínimo estimado para da cadeia do mamoeiro no Brasil. Segundo a Em-
cobrir os custos de produção. brapa Mandioca e Fruticultura, a meta é contribuir
Já o grupo Havaí ou Papaya, tipo 12 a 18, foi para o aumento sustentável da produtividade média
comercializado por R$ 0,91 kg-1 no Sul da Bahia, nacional do mamoeiro em 12% até 2035, priorizan-
preço 66% menor e apenas 28% maior nas mesmas do-se a redução no custo de produção.
comparações, segundo afirma o Centro de Estudos
Avançados em Economia (CEPEA-Esalq/USP).
Nos últimos meses de 2020, com a flexibiliza- Autoria:
ção da quarentena no País e a consequente retoma- Marcelo de Souza Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/
da de algumas atividades, houve influência positi- Horticultura e professor do curso de Agronomia -
va nas vendas de mamão – cenário que deve seguir Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF
melhorando de forma gradual. Porém, ainda pesa – Garça – SP)
sobre o comércio desta fruta a economia nacional mrcsouza18@gmail.com
enfraquecida, que deixou o mercado mais sensível Aline Mendes de Sousa Gouveia
às elevações de preços. Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia e
professora - Centro Universitário das Faculdades
Em 2021 Integradas de Ourinhos (UNIFIO)
aline.gouveia@unifio.edu.br
Veridiana Zocoler de Mendonça
A perspectiva para os próximos anos é a dispo- Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Energia
nibilização de variedades de mamoeiro resistentes às na Agricultura - UNESP/FCA
principais doenças da cultura, tecnologias que me- veridiana @ ahoo.co .br

70 ANUÁRIO HF 2021
MANDIOCA
UM BEM
BRASILEIRO
MANDIOCA

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r st
tt e
Shu

A
produção brasileira de raiz de mandioca terceira semana, sendo provocada pela escassez e o
para o ano de 2020, de acordo com a últi- acirramento da disputa entre fecularias e farinhei-
ma atualização do Instituto Brasileiro de ras pela matéria-prima.
Geografia e Estatística - IBGE (outubro/2020), Mesmo com a subida do preço, a oferta foi res-
foi de 19,05 milhões de toneladas, colhidas em trita em função do baixo rendimento do amido, afe-
uma área de 1,27 milhão de hectares. tado pelas altas temperaturas e condições hídricas.
Se comparada a 2019, cuja produção foi de O clima seco, principalmente no Estado do Paraná,
18,99 milhões de toneladas, os dados apontam prejudicou muito os trabalhos nos campos.
para um aumento de 0,36%. Houve uma redução Mesmo com oferta restrita nas duas últimas
de 1,81% na área plantada, elevando a produtivi- semanas do mês de outubro, com a redução no vo-
dade ao patamar de 15,03 ton/ha, frente a 14,98 lume de processamento das indústrias, a demanda
ton/ha em 2019. se enfraqueceu, levando à queda nos preços.
No Estado de São Paulo foi onde ocorreu a
Raiz de mandioca maior queda no mês, 9,37%, encerrando o mês com
preço médio cotado a R$ 436,06/ton. No Mato
O mês de outubro de 2020 iniciou com os Grosso do Sul o preço médio ficou cotado na úl-
preços da raiz de mandioca em alta na maioria tima semana a R$ 485,19/ton, queda de 8,34% no
das regiões. No Centro-Sul, esta alta ocorreu até a mês. Já a menor queda nos preços foi registrada no

72
PARÂMETROS DE ANÁLISE DE MERCADO DA RAIZ DE MANDIOCA E DERIVADOS - MÉDIAS MENSAIS
Unidade 12 meses Mês anterior Mês atual Variação anual Variação mensal
Raiz de mandioca - preços ao produtor
Bahia R$/t 270,13 294,47 332,61 23,13% 12,95%
Mato Grosso do Sul R$/t 311,35 347,59 523,79 68,23% 50,69%
Pará R$/t 296,93 403,57 428,52 44,32% 6,18%
Paraná R$/t 347,90 365,28 535,62 53,96% 46,63%
São Paulo R$/t 291,06 288,05 476,04 63,55% 65,26%
Fécula de mandioca - preços ao produtor
Mato Grosso do Sul R$/t 1.781,27 2.033,08 2.764,92 55,22% 36,00%
Paraná R$/t 1.876,92 2.060,39 2.888,53 53,90% 40,19%
São Paulo R$/t 1.823,09 2.019,58 2.984,22 63,69% 47,76%
Farinha de mandioca - preços ao produtor
Bahia R$/50Kg 76,63 104,27 106,23 38,63% 1,89%
Pará R$/50Kg 145,00 206,25 218,33 50,57% 5,86%
Paraná R$/50Kg 67,50 76,24 103,95 54,00% 36,34%
São Paulo R$/50Kg 67,25 73,06 103,77 54,30% 42,03%
Farinha de mandioca - preços ao atacado
Paraná R$/50Kg 69,38 79,54 103,46 49,12% 30,07%
São Paulo R$/50Kg 171,33 152,42 152,80 -10,81% 0,25%

EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL - RAIZ DE MANDIOCA (US$ FOB)


60.000

50.000

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MANDIOCA
30.000

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Ou

Importações (US$ FOB) Exportações (US$ FOB)

Paraná, 6,19%, cujo preço médio na última semana tivo, com o saldo de US$ 17.138. Não ocorreram
foi de R$ 505,54/ton. importações de raiz no mês de outubro. O saldo
Em sentido contrário, com mercado mais aque- acumulado até o final de 2020 foi de US$ 123.255.
cido, na região norte/nordeste os preços da raiz Os maiores compradores de raiz de mandio-
de mandioca subiram. Na Bahia a valorização foi ca brasileira em outubro foram: Estados Uni-
de 10,05%, encerrando o mês, em média, a R$ dos (US$ 11.566); Uruguai (US$ 1.585); e China
350,00/ton. No Pará, os preços fecharam cotados, (US$ 836). Reino Unido, Chile, Turquia, Chipre,
em média, a R$ 432,50/ton, alta de 6,11%. Panamá, Cingapura e outros 15 países também
compraram.
Balança comercial
Pelo sétimo mês consecutivo, a balança comer- Fonte:
cial de raiz de mandioca teve um superávit posi- Conab – Relatório de outubro/2020

73
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r

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MANDIOQUINHA-SALSA
ALTERNATIVA INTERESSANTE PARA PRODUTORES
A
área de produção da mandioquinha-sal- A primeira (‘Amarela de Senador Amaral’)
sa no Brasil é de aproximadamente 15 mil responde por 95% da área de produção. Existem,
hectares, movimentando cerca de R$ 2 bi- ainda, pelo menos outras três variedades não re-
lhões ao ano. Dentre as regiões brasileiras, o Sul e gistradas, com menor expressividade de produção.
o Sudeste são responsáveis pela maior parte da
MANDIOQUINHA

mandioquinha-salsa no País, sendo que Minas Mercado em evolução


Gerais responde pela maior produção entre os Es-
tados brasileiros. O mercado de mandioquinha-salsa se encontra
Em 2017, o Estado obteve uma produção es- em evolução, sendo necessário o desenvolvimento
timada em mais de 67 mil toneladas, em uma área de técnicas de produção que possibilitem a expan-
que totaliza mais de 4 mil hectares. são das áreas de cultivo com produtos de qualidade
As regiões centro-sul do Brasil apresentam para comercialização in natura, miniprocessamen-
maior destaque na produção devido às condições to e na indústria alimentícia como matéria-prima
climáticas semelhantes às do seu local de origem. para industrialização na forma de sopas, cremes,
Pela boa aceitação do consumidor brasileiro, alto va- pré-cozidos, alimentos infantis (“papinhas”), fritas
lor de mercado e baixo custo de produção, a man- fatiadas (“chips”) e “purês”.
dioquinha-salsa é uma ótima alternativa para pe-
quenos e médios produtores, em especial para os Custo-benefício
que estão envolvidos com a agricultura familiar,
dada a necessidade de mão de obra para a ativi- O custo médio total estimado para a produção
dade. de 1,0 hectare de mandioquinha-salsa, com produ-
tividade esperada de 750 caixas de 20 kg, segundo
Cultivares a Emater/DF, é de R$ 20.526,97, sendo este valor
composto pela soma dos insumos (R$ 8.511,97) e
Segundo Madeira et al. (2017), há três cultiva- serviços (R$ 12.015,00). O custo por unidade de
res registradas no Ministério da Agricultura, Pecu- comercialização é estimado em R$ 27,37.
ária e Abastecimento (MAPA) até 2017, melho-
radas tradicionalmente e lançadas pela Embrapa:
Autoria:
‘Amarela de Senador Amaral’ (lançada em 1998), Givago Coutinho
‘BRS Rubia 41’, ou simplesmente Rubia (lançada Doutor em Fruticultura e professor efetivo - Centro
em 2014), e ‘BRS Catarina 64’, ou simplesmente Universitário de Goiatuba (UniCerrado)
‘Catarina’ (lançada em 2015). givago_agro@hotmail.com

74
MARACUJÁ
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Foto

MARACUJÁ
BRASIL É O MAIOR
PRODUTOR E CONSUMIDOR
A
produção de maracujá azedo (Passiflora edu- das por hectare ao ano.
lis) no âmbito nacional está estimada em 49 Atualmente, a maior parte da produção de ma-
mil toneladas por ano. Atualmente, o Bra- racujá vem de pequenos e médios produtores e a fal-
sil é o maior produtor e também o maior consu- ta de políticas públicas de incentivo a esses produto-
midor da fruta. No cenário internacional, o Brasil res vem refletindo diretamente na produtividade da
é responsável por aproximadamente 80% da pro- cultura, que tem ficado aquém da real potencialida-
dução mundial, seguido por Equador, com 13% e de dessa atividade agrícola.
Colômbia, com 5% da produção total.
O Brasil apresenta uma produtividade média Pelo Brasil afora
de 14 toneladas por hectare ao ano, entretanto,
essa produtividade ainda é considerada baixa de- O maracujazeiro é uma planta tropical de dias
vido ao manejo inadequado adotado por boa par- longos e seu florescimento e frutificação estão
te dos produtores e à baixa tecnificação da cultura. condicionados a fatores climáticos, como tempe-
Em pomares bem manejados, com uso de cultiva- ratura e luz, o que torna a produção direcionada
res melhoradas e alto nível tecnológico, a produti- e concentrada em regiões mais quentes, como no
vidade do maracujazeiro pode chegar a 50 tonela- Nordeste do País.

75
Entretanto, é observada boa adaptação das plan- Paulo, respectivamente. O primeiro conta com uma
tas à região sul, destacando Santa Catarina como o área colhida de 2.167 hectares e uma produção apro-
terceiro maior produtor de maracujá no âmbito na- ximada de 34 mil toneladas, gerando uma produtivi-
cional. As principais regiões produtoras, atualmen- dade média de 15,58 ton/ha.
te, são Nordeste, Sudeste e parte do Sul. Em seguida, São Paulo vem com área equiva-
No Nordeste, os Estados da Bahia e Ceará li- lente a 1.870 hectares, produção de 30 mil tonela-
deram o ranking nacional como os maiores produ- das e rendimento de 16,48 ton/ha.
tores de maracujá e, juntos, produzem aproximada-
mente 314 mil toneladas em uma área equivalente Consumo interno
a 22 mil hectares, alcançando um rendimento total
de 34,1 toneladas por hectare. Além de ser o maior produtor de maracujá, o
Em seguida, Santa Catarina ranqueia como Brasil também é o maior consumidor dessa fruta, e
o terceiro maior produtor dessa fruta no Brasil, embora o Estado de São Paulo esteja na quinta
onde são produzidas 45 mil toneladas numa área posição em produção nacional, é o maior mercado
de 1.891 hectares, o que gera uma produtividade consumidor, sendo a Ceagesp o maior entrepos-
de 23,76 toneladas por hectare. to de captação e comercialização de maracujá, por
Já na região sudeste, os principais produtores e onde passa 7% de toda a produção nacional, sen-
que ranqueiam nacionalmente como quarto e quin- do o 18º produto mais comercializado nesse en-
to lugares são os Estados de Minas Gerais e São treposto.
MARACUJÁ

76 ANUÁRIO HF 2021
Realidade Importação
Entre 2010 e 2020 a produção de maracujá no Como maior produtor mundial de maracujá,
Brasil apresentou declínio de 23,5%, mostrando, a importação dessa fruta acaba sendo irrisória. Já
ao longo dessa ocasião, flutuações que podem ser quando se fala em exportação, o maior mercado
entendidas como reflexo da diminuição da área co- consumidor de maracujá originário do Brasil é a
lhida e de fatores climáticos que tendem a influen- Europa, que absorve parcela significativa da pro-
ciar positiva ou negativamente na produtividade. dução nacional de maracujá, tanto in natura quan-
Nesse período não houve crescimento expres- to em produtos processados.
sivo da cultura, entretanto, ocorreu a diminuição No ano de 2019, as exportações de maracujá
da área colhida, visto que em 2012 a cultura ocu- alcançaram a marca de 28 toneladas, gerando um
pava aproximadamente 58 mil hectares, enquan- valor bruto de aproximadamente US$ 63 mil.
to que em 2019 essa área foi reduzida para pouco
mais de 41 mil hectares, o que corresponde a uma Investimento e retorno
perda de área colhida de 16.264 hectares.
Atualmente, a área total plantada com a cul- Em 2019, o custo médio de produção ficou es-
tura do maracujá no Brasil corresponde a 41,6 mil timado em R$ 1,29 por kg da fruta produzida, po-
hectares. rém, esse custo representa as operações de manejo
e colheita, não sendo considerado o investimento
inicial para a formação do pomar, que requer um
bom planejamento e instalação de infraestruturas
de suporte das plantas.
A cultura, quando manejada adequadamente,
apresenta excelente rentabilidade. Em meados de
2020, o preço praticado para a cultura na comer-
cialização em atacado girou em torno de R$ 2,68
por quilograma do fruto. Considerando o custo de
produção, a rentabilidade da cultura, por quilogra-
ma, foi, em média, de R$ 1,39.

Como foi e o que será


Mesmo com todos os entraves de um ano difí-

MARACUJÁ
cil nos diversos aspectos e a diminuição da área co-
lhida, a cultura do maracujazeiro apresentou bom
desempenho no ano de 2020, com boa rentabilida-
de, produtividade e preço estáveis.
Com a queda da área plantada nos anos ante-
riores, acredita-se que muitos produtores de di-
versas áreas sejam incentivados a implantar a cul-
tura ou voltar a produzir, visto a boa lucratividade
da atividade e a diminuição da oferta no mercado.
Para iniciar o cultivo, é fundamental planejar
o pomar de modo a manejá-lo de forma adequa-
da. Atualmente, existem diversas cultivares melho-
radas disponíveis no mercado e com boa adaptação
às mais variadas regiões do País, sendo uma boa
oportunidade para 2021.

Autoria:
Ivan Marcos Rangel Junior
Doutorando, Departamento de Agricultura (DAG),
Universidade Federal de Lavras (UFLA)
juniorrangel2@hotmail.com
Leila Aparecida Salles Pio
Professora do curso de Agronomia - Universidade
Federal de Lavras (UFLA) e sócia-colaboradora da
empresa Agroaki
leila. io@u a.br

77
k
t oc
ers
utt
Sh

MANGA
MANGA

PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO
DEVEM SER PRIORIDADES
E
m 2020, os preços das mangas Palmer e dólar frente ao real.
Tommy foram rentáveis até agosto. Além Com relação à área plantada, houve novo au-
da oferta controlada, as exportações bastante mento em 2020 no semiárido, reflexo da boa ren-
aquecidas contribuíram para esse cenário. A partir tabilidade obtida em 2019. A área plantada deve
de setembro, pico de safra no semiárido e início da seguir aumentando no Vale (com a ampliação e
safra paulista, os valores passaram a cair, ficando, inauguração de perímetros públicos de irrigação e
no caso da Tommy, abaixo dos custos de produção. as boas exportações incentivando plantios), porém,
Para a Palmer, os preços ficaram abaixo dos cus- em menor ritmo, devido à queda na rentabilidade
tos a partir da metade de novembro. No mercado no segundo semestre de 2020.
externo, os envios (até novembro) foram recordes, No semiárido, os preparativos para a produ-
favorecendo a rentabilidade de exportadores – prin- ção do primeiro semestre já foram iniciados, com
cipalmente diante da valorização significativa do pomares em florada e frutos em desenvolvimento.

78
Porém, 2021 deve ser mais um ano desafiador
com relação ao clima, visto que o fenômeno La
Niña deve trazer novamente mais chuvas ao se- Vale do São
miárido no início do ano. Francisco (PE)
Para as exportações, a expectativa segue bas- 2019: 45.000 ha
tante otimista, uma vez que a demanda internacio- 2020: 49.000 ha
nal vem crescendo. Ao mesmo tempo, os recentes Livramento de Nossa
aumentos de área podem resultar em maior ofer- Senhora (BA)
ta em 2021, com mais pomares entrando em pro- 2019: 11.545 ha
dução. 2020: 12.122 ha
Concorrência Norte de MG
2019: 7.500 ha
Os principais concorrentes no mercado inter- 2020: 7.750 ha
nacional são Peru (produz de dezembro a março) Interior de SP
e países da América Central (Guatemala, Costa 2019: 8.127 ha
Rica e Honduras). Os países produtores da Áfri- 2020: 7.840 ha
ca (Senegal, Costa do Marfim e Mali) produzem
nos meses de maio e junho e Israel, que produz de
julho a setembro.
O mercado europeu cresce cerca de 10 a 15%
ao ano, ou seja, a cada sete anos dobra de tamanho. conduzidos, tem-se relatado a produção de cerca de
Há países europeus que apresentam um consumo 500 a 700 frutos por hectare a cada ano em plantas
elevado de manga e outros cujo consumo ainda é adultas. Contudo, há que se atentar que a produ-
muito pequeno. ção e rentabilidade dependem de vários fatores re-
O consumo per capta médio anual europeu de ferentes à cultura, sobretudo a variedade cultivada,
manga é de aproximadamente meio quilo, entre- clima, solo, tratos culturais, espaçamento, método
tanto, Portugal é um grande consumidor, com 3,5 de colheita, pragas e doenças.
kg e Suíça 1,7 kg. Isso mostra o grande potencial Em pomares comerciais, o retorno tem iní-
de crescimento do mercado europeu para a man- cio somente a partir do terceiro ano após o plan-
ga e, assim, o Polo de Agricultura Irrigada RN-CE tio. Assim, atenção maior deve ser dada à escolha
tem nesta fruta uma excelente alternativa para di- da variedade adequada, pois o investimento inicial
versificar a produção, que está concentrada no me- na implantação da cultura é, de maneira geral, ele-
lão e melancia, com cerca de 20 mil hectares. vado.

V Oferta x demanda

MANGA
De maneira geral, em condições de pomares bem Hoje a procura pela manga tem sido crescen-
te, tanto no mercado interno quanto externo, e tem
alcançando bons preços. A quantidade de manga
MERCADO 2020 produzida no Brasil em 2019 foi de 1.414.338 to-
neladas, enquanto que em 2018 esse valor foi su-
Área plantada teve crescimento de 6,3% em perior em 17,4% (1.319.296 toneladas) (Instituto
relação a 2019, impulsionada por investimentos Brasileiro de Geografia e Estatística, 2020). Além
no Vale do São Francisco, em Livramento de disso, a manga é uma das frutas mais procuradas no
Nossa Senhora e no Norte de MG; SP tem recuo. mundo.
A produtividade ficou em 21.007 kg/ha e a área
Primeiro semestre chuvoso em 2020 colhida em 67.328 hectares.
proporciona melhores condições hídricas
em Livramento de Nossa Senhora (BA).

Com pico de safra no semiárido e início da


colheita em SP, preço da Tommy em novembro Fontes:
é o menor do ano R$ 0,39/kg (nov/20). Josivan Barbosa
Professor e ex-reitor - Universidade Rural do Semiárido
Exportações (janeiro a novembro/20) (UFERSA)
Givago Coutinho
2019 2020 Doutor em Fruticultura e professor efetivo - Centro
191 mil toneladas 211 mil toneladas Universitário de Goiatuba (UniCerrado)
US$ 2140 milhões givago_agro@hotmail.com
US$ 196 milhões Revista Hortifrúti Brasil

79
MELANCIA
MELANCIA

REDUÇÃO DE ÁREA E
AUMENTO NOS PREÇOS

80
A
melancia (Citrullus lanatus), pertencente à
família Cucurbitaceae e ao gênero Citrullus,
representa um importante segmento do
agronegócio brasileiro, sendo que em 2019 foram
produzidas 2.278.186 toneladas em uma área co-
lhida de 98.489 hectares (IBGE, 2020).
Entretanto, em 2020 os investimentos na cul-
tura foram limitados devido às incertezas causa-
das pela pandemia e menor rentabilidade do ano
anterior, reduzindo a área cultivada em aproxima-
damente 11,5% (HF Brasil, 2021).

Brasil frente ao mundo


O Brasil é considerado o quarto maior produ-
tor mundial de melancia. Ocupando o primeiro lu-
gar desse ranking encontra-se a China (60.685.237
t), seguido por Turquia (3.870.515 t) e Índia
(2.495.000 t), que são responsáveis por aproxi-
madamente 75% da produção mundial da espécie
(FAO 2019).
A produtividade média nacional é de 23,13
t ha-1, abaixo da média mundial (28,16 t ha-1), o que
evidencia a carência tecnológica, sinalizando a neces-
sidade de maiores investimentos na pesquisa agronô-
mica, com vistas a eliminar e/ou reduzir os gargalos
do sistema produtivo que comprometem a produti-
vidade e a qualidade do produto.
Entretanto, contramão à baixa produtividade na-
k
toc cional, alguns municípios se destacam por apresenta-
t ters
hu rem elevada produtividade, como é o caso de Marco –
s: S
F oto CE (52 t ha-1), Mallet –PR (50 t ha-1), Abaeté - MG
(50 t ha-1), Trairi – CE (50 t ha-1), Silveira Martins -
RS (48 t ha-1) e Salto do Itararé – PR (48 t ha-1), en-
quanto que a região centro-oeste apresenta a maior

MELANCIA
FIGURA 1. DADOS SOBRE A PRODUÇÃO DA CULTURA DA MELANCIA NO BRASIL EM 2019. IBGE -
PRODUÇÃO AGRÍCOLA MUNICIPAL (OUTUBRO DE 2020. FONTE: HTTPS://SIDRA.IBGE.GOV.BR/)

Produção Área Produtividade


775.324 t 39.697 ha 19,53 t/ha
425.324 t 19.367 ha 29.98 t/ha
318.239 t 9.458 ha 33.64 t/ha
302.003 t 11.809 ha 25.57 t/ha
456.83 1 18.158 ha 25.16 t/ha

81
produtividade média nacional (33,64 t ha-1), com
Oferta e demanda
destaque para Goiás, com 41,07 t ha-1.
Em 2020 a Hortifruti/Cepea registrou uma
Regiões produtoras queda nacional na área plantada com a cultura, es-
tabelecendo menor oferta entre os meses de julho
O Nordeste lidera em termos de área colhida
e agosto, entretanto, garantiu melhores preços, ge-
(39.697 ha) e de produção (775.324 t), com des-
rando rentabilidade positiva em grande parte do
taque para os Estados do Rio Grande do Nor-
mercado.
te (351.997 t), Bahia (166.046 t) e Pernambuco
No segmento final do consumo, em particular
(103.023 t), que juntos representam 80,10% da pro-
no Brasil, a melancia vem se expandindo cada vez
dução da região.
mais, como complemento das refeições das famílias
Em seguida está a região sul, sendo que Rio
e, em maior parte, no setor de refeições fora de casa
Grande do Sul (318.194 t), Paraná (86.169 t) e
(restaurantes, fast food, hospitais, caeterings e hotéis),
Santa Catarina (52.468 t) representam 20,05%
onde é consumida in natura ou na forma de sucos.
da produção de melancia do País. A região norte
Outro fato relevante é que, a partir dos anos 1990,
(425.789 ton) tem uma produção próxima, sen-
a melancia brasileira, por sua excelente qualidade,
do responsável por 18,69% do total nacional. Já as
passou a conquistar espaço cada vez maior no mer-
regiões sudeste e centro-oeste representam 13,25 e
cado internacional.
13,97%, respectivamente.
MELANCIA

82 ANUÁRIO HF 2021
irrigada em Sátiro Dias (BA) foi de R$ 9.359,01.
O que foi 2020
A diminuição das áreas plantadas, em com-
paração com 2019, possibilitou uma menor ofer-
De forma geral, 2020 apresentou uma redução
ta de melancia no mercado e, consequentemente,
na área cultivada. Na safra de abril a outubro, o Es-
melhores rentabilidades para os produtores.
tado de Goiás cultivou 5.700 ha de melancia, uma
De acordo com dados do Hortifruti/Cepea,
redução da área de 12,30% em relação ao mesmo
entre os meses de julho a setembro de 2020, em
período do ano anterior, enquanto que na safri-
Lagoa da Confusão (TO), a rentabilidade foi de
nha de São Paulo (março a abril de 2020), a área
R$ 0,67 por caixa, representando um resultado
cultivada (3.283 ha) reduziu 8,62%, e em Tocan-
bastante positivo para o setor.
tins (safra de junho a setembro de 2020) a redução
É importante ressaltar que a rentabilidade tam-
foi de 27,01%, com uma área de 2.350 ha.
bém está relacionada às formas de comercialização
Com relação a 2020/21, a safra principal de
do produto. Durante a pandemia, a utilização de di-
São Paulo, de outubro a janeiro, obteve uma re-
ferentes canais de venda por whatsapp, aplicativos
dução de 9,52% da área comparada a 2019/2020.
de delivery e redes sociais possibilitou que princi-
Porém, Rio Grande do Norte e o Ceará (agosto a
palmente pequenos produtores conseguissem ven-
março) mantiveram 2.000 ha de área cultivada na
der sua produção, sem a presença de intermediários,
safra 2020/21 e Rio Grande do Sul (dezembro a
aumentando a margem de lucro obtida.
março) reduziu a área em 12,68%, cerca de 860 ha
(HF Brasil, 2021).
De acordo com a Ceagesp, o pico da oferta de
Tendências para 2021
melancia ocorre no mês de dezembro, com estabi-
A preocupação com a saúde e a busca por uma
lidade de novembro a abril. Já nos meses de clima
alimentação saudável tendem a se consolidar como
mais frio, entre maio a agosto, a oferta do produto
uma preocupação do mercado consumidor em
sofre uma maior redução.
2021, o que favorece positivamente o mercado de
Já para a produção de mini melancia, a maior
frutas e hortaliças como um todo.
demanda ocorre entre os meses de agosto a março,
As perspectivas dos produtores são boas em Es-
período no qual ocorre a entressafra na Espanha,
tados como Goiás, Tocantins, Ceará, Rio Grande
o principal fornecedor de mini melancias da Eu-
do Norte e na Bahia, que obtiveram boas pro-
ropa. É importante ressaltar que grande parte da
dutividades e bons preços de comercialização em
produção de mini melancias é destinada ao mer-
2020.
cado externo.
Nesses Estados, as áreas de plantio destina-
das à melancia devem ser mantidas. Porém, o ata-
Exportação e importação
que de pragas e adversidades climáticas prejudicou
o cultivo e elevou os custos de produção em São
Apesar do cenário de incertezas, de modo geral
Paulo e no Rio Grande do Sul.
pode-se considerar que a pandemia trouxe poucos

MELANCIA
Nesses Estados, a perspectiva é que a área de
impactos negativos às exportações de frutas bra-
produção sofra redução, a fim de minimizar as per-
sileiras. No caso da melancia, problemas devido à
das de 2020.
Covid-19 em países concorrentes, como a Espa-
O mercado de produtos diferenciados também
nha, e a alta no preço do dólar, tornaram a fru-
deve continuar em alta em 2021, como é o caso da
ta brasileira bastante atrativa para o mercado ex-
melancia de polpa amarela.
terno, o que favoreceu as exportações da produção
Boas produtividades e maiores preços na co-
brasileira.
mercialização vêm animando os produtores que
De acordo com os dados da Secex divulga-
veem na melancia mais adocicada uma possibili-
dos pelo Hortifruti/Cepea, no segundo semestre
dade de se diferenciar no mercado e conseguir me-
de 2020 as exportações de melancia foram de 9
lhores margens de lucro.
mil toneladas e arrecadação de US$ 26,1 milhões.
Esses dados indicam crescimento de 26% no vo-
lume de melancia exportado e de 23% na recei-
ta arrecadada, em relação ao mesmo período da sa- Autoria:
fra 2019/20. Douglas Correa de Souza
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia e
Custo de produção e rentabilidade pesquisador PNPD/CAPES/Universidade Federal de
Lavras (UFLA)
douglascorrea@ymail.com
As ocorrências de adversidades climáticas, como Sylmara Silva
chuvas em excesso ou períodos de estiagem prolon- Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/
gados, podem afetar diretamente os custos de pro- Fitotecnia – UFLA
dução. Em 2019, os custos de produção da melancia sylmara-silva@hotmail.com

83
MELÃO

MELÃO
ENTRE OS PRINCIPAIS NAS EXPORTAÇÕES
O
melão é uma das principais hortaliças por o cenário do agronegócio desta cultura na sa-
em importância econômica no Brasil, fra 2019-20.
ocupando o segundo lugar em valor e o
primeiro em volume de exportação de frutas (Ta- Ranking mundial
bela 1).
A seguir serão apresentadas informações que A estimativa mais recente da safra brasileira de
incluem tanto dados coletados em fontes públicas melão indica produção total de 587.692 ton, o que
quanto obtidos de produtores, com o objetivo de ex- coloca o País na 12º posição no ranking de pro-

84 ANUÁRIO HF 2021
mente o europeu, que consome 95% do total exporta-
do pelo Brasil, com destaque para Holanda, Espanha
e Reino Unido (CEPEA-Esalq/USP).
Mais recentemente, as exportações brasileiras
de melão chegaram também a países da Ásia e do
Oriente Médio, ainda em pequeno volume, apenas
2% do total em 2019-20, mas com alto potencial
de crescimento num futuro próximo, especialmen-
te tratando-se do mercado chinês.
O volume exportado na safra 2019-20 foi de
235.000 ton, o que representa aumento de 10% em
relação à safra anterior. Em condições favoráveis
de mercado, o volume da produção destinado à ex-
portação pode chegar a 80%.

Tecnologias
k
toc
rs

A região de Mossoró caracteriza-se pela presen-


tte
hu

ça de grandes grupos empresariais que empregam


:S
tos

alto nível tecnológico e mecanização no manejo das


Fo

lavouras, colheita e pós-colheita, utilizando semen-


tes híbridas na semeadura.
O polo Petrolina/Juazeiro possui área aproxi-
mada de 2,0 mil ha, em que a produção é essen-
cialmente destinada ao mercado nacional e o nível
de tecnologia, tanto em manejo de campo quanto
o uso de sementes híbridas, é menor.

Custo de produção
Na Tabela 2 estão descritos os principais com-
ponentes do custo de produção de 1,0 ha de me-
lão para a região de Mossoró/RN e os seus respec-
tivos valores médios.

TABELA 1. VALOR (US$) E QUANTIDADE


dutores da fruta (Tabela 2). Este valor representa (KG) REFERENTES ÀS PRINCIPAIS FRUTAS/

MELÃO
todos os tipos cultivados no Brasil: Amarelo (tipo DERIVADOS EXPORTADOS PELO BRASIL EM 2019
mais comum no mercado interno), Pele de Sapo,
Gália, Cantaloupe e Honey Dew. Frutas VALOR (US$) PESO (kg)
A área cultivada com melão no Brasil na sa- Mangas 227.573.589 221.913.863
fra 2019-20 foi de aproximadamente 20 mil ha. Melões 160.389.981 251.641.687
As principais regiões produtoras estão localizadas Uvas 96.089.811 47.323.288
no CE/RN (polo que inclui Mossoró, no extremo Limões e limas 93.692.606 107.600.811
oeste do Rio Grande do Norte, e cidades próximas Conservas 70.790.893 38.863.199
ao CE), com a produção concentrada entre agos- Mamões (papaia) 46.319.991 43.301.385
to e fevereiro, e o Vale do São Francisco (região de Melancias 43.892.165 102.857.910
Petrolina/PE e Juazeiro/BA), em que o período de
maior produção se concentra entre março e julho. Fonte: Associação Brasileira dos Produtores e
Exportadores de Frutas e Derivados – Abrafrutas
Exportações
O polo CE/RN é a principal região produtora Balanço geral e tendências
do País, com área de aproximadamente 18 mil ha,
tendo sofrido redução de aproximadamente 12% Conforme os dados apresentados, a situação
em relação à safra passada. A maior parte da pro- do agronegócio ligado ao cultivo de melão na safra
dução é destinada ao mercado externo, tradicional- 2019-20 não sofreu grandes oscilações. Para a sa-

ANUÁRIO HF 2021 85
fra 2020-21, entretanto, dois fatores serão deter-
TABELA 2. CUSTO MÉDIO DE PRODUÇÃO DE 1,0
minantes: os efeitos da pandemia de Covid-19 na
HA DE MELÃO NA REGIÃO DE MOSSORÓ (RN) economia e a consolidação das exportações para o
mercado chinês.
Item Valor (R$/ha) A pandemia gera instabilidade na negociação
Administração de contratos comerciais, que são realizados no iní-
Administração geral .............................. 3.500 cio do ano, bem como contribui para a queda de
Infraestrutura de campo preços devido às restrições gerais sofridas pela po-
Arrendamento ......................................... 2.500 pulação, o que reduz o consumo.
Amortização equip. fertirrigação ......... 1.100 Por outro lado, o dólar vem apresentando valo-
Insumos de campo res altamente vantajosos para os exportadores. No
Mecanização ........................................... 4.500 balanço desses fatores, a estimativa é de que a área
de produção na safra 2020-21 sofra leve redução,
Energia (iluminação, bombas...) ............800
de cerca de 5%.
Semente ...................................................5000
O acordo comercial com a China foi firmado
Bandeja ......................................................300 em novembro de 2019 e, após fiscalização e apro-
Composto e adubo para fundação .......1.500 vação dos campos de produção de melão no Bra-
Adubo para fertirrigação ...................... 4.000 sil por parte de representantes do governo chinês,
Defensivos............................................... 3.000 o primeiro envio da fruta foi realizado em setem-
Adubos foliares e correção do solo.......500 bro de 2020.
Mulching ...................................................1.500 Com isso, o Brasil torna-se o primeiro país a
MELÃO

Manta ........................................................1.300 exportar melão para aquele país, acordo altamente


Fita gotejadora .........................................500 vantajoso para o mercado brasileiro, uma vez que
Mudas ........................................................350 a estimativa é de que, com isso, o volume de me-
Abelhas ...................................................... 150 lão exportado pelo Brasil seja triplicado nos próxi-
Mão de obra mos anos (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Mão de obra no campo .......................... 4.000 Abastecimento – MAPA).
Mão de obra no packing house..............1.000
Alimentação .............................................. 250 Autoria:
Insumos packing house Dyeme Antonio Vieira Bento
Caixa .........................................................7.000 Doutor e pesquisador – Agrosix Pesquisa, Produção e
Comércio de Hortifrúti LTDA
Bandeja ...................................................... 250 dyeme.agrosix@gmail.com
Saco plástico .......................................... 2.500 Contribuições:
allet fita eti ueta ..................................450 Luís Alvarez
Infraestrutura de pós-colheita lalvarezes@gmail.com
Amortização da estrutura de packing ..800 Kligio Solon
knsolon@gmail.com
Energia para câmara fria ....................... 150 Engenheiros agrônomos e consultores
Container ................................................. 2.900 Hermes Oliveira
Total 49800 Engenheiro agrônomo - Jimbo Fresh International
hermes@jimbofresh.com

86 ANUÁRIO HF 2021
MORANGO
ck
rsto
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s: Sh
Foto

PRODUÇÃO AUMENTA ANO A ANO MORANGO

A
produção mundial de morangos vem cres- depois do Brasil.
cendo em números absolutos, passando de Nos últimos dez anos estes países apresenta-
7.879.108 toneladas (2013) para 12.106.585 ram um aumento significativo não apenas na área
toneladas (2019), ou seja, um crescimento de 46% cultivada, mas também na adoção de novas tec-
nos últimos seis anos. A área total plantada au- nologias, elevando assim o rendimento e a quali-
mentou em 41% nos últimos seis anos, visto que dade da fruta produzida.
em 2013 foi de 369.569 hectares e em 2019 foi de Pela primeira vez o Brasil aparece nas estatísti-
522.527 hectares. cas da FAO (FAOSTAT 2020) com números mais
Segundo dados disponibilizados pela FAO realistas. Segundo os últimos dados publicados, o
(2020), a América do Sul produziu 312.766 tone- Brasil ocupa a 17º posição entre os maiores pro-
ladas de morango em 11.479 hectares, figurando dutores de morango, sendo relatada uma área de
Colômbia, Peru, Argentina e Chile como os paí- 4.500 ha, com produção anual de 165.440 to-
ses com maiores áreas de produção (Faostat, 2019), neladas.

87
MORANGO

Entretanto, pelos dados apurados pela Embra- TABELA 1 - RANKING DOS PRINCIPAIS PAÍSES
pa, com colaboração do Incaper-ES, Emater (DF, PRODUTORES
MG, PR, RS), APTA e Epagri-SC, o Brasil culti-
va anualmente cerca de 5.200 ha de morangueiro, País Produção (ton) Área (ha)
apresentando uma produção de mais de 200.000 1. China 3.221.557 126.126
toneladas. 2. Polônia 185.400 49.900
Relacionando estes dados obtidos por institui- 3. Rússia 208.880 31.122
ções brasileiras com os publicados pela FAO para 4. Estados Unidos 1.021.490 18.130
os demais países, observa-se que o Brasil apresenta 5. México 861.337 16.429
produção anual próxima da alcançada pelo Japão, 6. Turquia 486.705 16.090
Itália e Coreia do Sul, e é o maior produtor de mo- 7. Alemanha 143.980 13.200
rangos na América do Sul. 8. Egito 460.245 11.772
9. Belarus 81.887 8.851
Produção e produtividade nacional
10. Ucrânia 62.620 7.900
A produção brasileira de morangos aumenta a 17. Brasil 165.440 4.500
cada ano, tornando-se mais um importante produ- Fonte: http://www.fao.org/faostat/en/#data/QC em
to gerador de renda para o produtor e para os mu- 15/01/2021

88
TABELA 2 - ÁREA COLHIDA, PRODUÇÃO E
PRODUTIVIDADE DE MORANGO NOS PRINCIPAIS
ESTADOS PRODUTORES
Área Produção Produtividade
Estado (ha) (t) (t/ha)
MG 2.800 120.000 43
PR 650 21.450 33
RS 552 26.650 48
SP 425 13.801 32
ES 292 16.000 54
SC 225 9.900 44
DF 200 7.400 37
BA 100 2.700 27
RJ 35 980 28
Total 5.279 218.881 -
Fonte: Embrapa, Ronaldo Herculano de Lima (engenheiro
agrônomo e consultor); Hélcio Costa (Incaper); Gervásio
Paulus e Jaime Ries (Emater-Ascar-RS)

áreas maiores de cultivo, pertencentes a grandes em-


presas, superiores a 15 hectares contínuos.
Houve, em 2020, aumento significativo de área
de cultivo em Minas Gerais, Espírito Santo e Rio
Grande do Sul. Segundo informações da Emater-
-Ascar-RS, 89,7% dos produtores gaúchos adotam
o cultivo protegido com estufas de cobertura em
arco como sistema de produção preferencial, en-
quanto no Estado do Espírito Santo os produtores
adotam o plantio no solo com túnel baixo (70%),
assim como em Minas Gerais (85%).

Oferta e demanda
Com os avanços tecnológicos registrados nas
últimas décadas, o consumidor pode encontrar
morangos no comércio em qualquer época do

MORANGO
ano. Entretanto, ocorrem flutuações na oferta em
alguns meses devido a condições climáticas des-
nicípios onde é cultivada esta rosácea. favoráveis às plantas, o que faz com que os preços
A produtividade média no Brasil é de cerca de também oscilem.
38,5 t/ha, com diferenças acentuadas entre regiões, As menores ofertas de morango são observa-
dependendo do local e sistema de cultivo adota- das entre os meses de janeiro a março, período no
do. Mesmo com os avanços alcançados nos úl- qual ocorrem temperaturas mais altas, prejudican-
timos anos, a produtividade média nacional ain- do a floração e frutificação das plantas.
da se encontra abaixo das registradas em países Os preços médios nos primeiros cinco meses
como Estados Unidos e Espanha, que apresen- do ano acompanham a tendência natural e apre-
tam produtividade acima de 50 t/ha, mas superio- sentam tendência inversa à quantidade ofertada.
res à China, maior produtor mundial. Por outro lado, no período de junho a outubro há
maior oferta da fruta e redução dos preços médios
Regiões produtoras pagos ao produtor.
Durante a safra 2020, o preço médio do moran-
A área produzida no Brasil com a cultura do go na Ceagesp São Paulo (R$ 13,96) foi superior
morangueiro é de aproximadamente 5.300 ha. As aos demais Estados, seguido do Rio Grande do Sul
propriedades que se dedicam ao cultivo do moran- (R$ 12,72), Santa Catarina (R$ 10,81) e Minas Ge-
gueiro no País têm como área média cultivada 0,5 rais (R$ 7,36). Neste último, por exemplo, os meno-
a 1,0 ha. No entanto, também podem ser verificadas res preços médios ocorreram em janeiro, com pico

89
de valor em dezembro.
Custo de produção
Já nas diversas Ceasas/Ceagesp no Brasil em
2020, os maiores valores médios foram obtidos em Houve, no último ano, em função da pandemia,
Fortaleza (CE), com média de R$ 24,77 pago pelo aumento significativo do preço dos insumos. O cus-
quilo do morango. to de produção (estimado), considerando o custo da
Nos Estados brasileiros produtores de mo- estrutura por muda plantada varia de acordo com o
rango os preços praticados são relativamente mais sistema adotado.
baixos. Por exemplo, nos Estados do RS, SC, PR, O sistema de produção fora de solo (estufas altas)
MG e ES é onde se comercializam morangos com varia de R$ 9,00 a R$ 14,00 por planta, dependendo
os menores preços. Por outro lado, nos Estados da tecnologia (em slabs, calhas, modelo da estufa...)
do nordeste brasileiro é onde se encontraram os empregada, em que os valores podem chegar próxi-
maiores preços no fim do ano de 2020 e início de mo de R$ 500.000,00 por hectare, incluindo a mão
2021, período de grande comercialização. de obra, a estrutura, os insumos e as mudas.
Considerando os preços médios encontrados Logicamente este sistema tem retorno (pay-
nas principais praças de comercialização de mo- -back) a médio e longo prazos, quando compara-
MORANGO

rangos nas regiões sul, verifica-se que os maiores do ao sistema de cultivo em solo. Em sistemas di-
valores pagos, acima de R$ 15,00/quilo, são al- tos convencionais (canteiro/tubo gotejador/túnel
cançados entre os meses de maio a setembro. baixo), os custos estimados giraram em torno de R$
Entretanto, o que foi observado em 2020 é que, 180.000,00 por hectare, ou de R$ 4,00 a R$ 5,00 por
mesmo com as políticas de afastamento social, hou- muda plantada (insumos + mão de obra + muda).
ve aumento da demanda por morangos e os preços
mantiveram-se elevados. Autoria:
Luís Eduardo Corrêa Antunes
Crescimento da cultura luis.antunes@embrapa.br
Carlos Reisser Junior
carlos.reisser@embrapa.br
Houve um crescimento na safra 2020 de 4,0 a Sandro Bonow
6% na área cultivada com morangos, motivada pela sandro.bonow@embrapa.br
adoção de novos sistemas de produção que miti- Pesquisadores da Embrapa Clima Temperado
gam o labor do produtor, pela entrada de novos Colaboração:
atores na produção desta rosácea e pela rentabili- Ronaldo Herculano de Lima
dade econômica e possibilidade de entrada de re- Engenheiro agrônomo e consultor
Hélcio Costa
cursos na propriedade de forma menos sazonal. No Pesquisador – Incaper
Rio Grande do Sul, por exemplo, houve aumento Gervásio Paulus
de 9% no número de produtores que se dedicam à Jaime Ries
produção de morangos. Pesquisadores - Emater-Ascar-RS

90
PÊSSEGO
DEMANDA MAIOR QUE A OFERTA
O
pessegueiro (Prunus persica L.) é uma fru-
Produção
PÊSSEGO

tífera tradicionalmente cultivada em re-


giões de clima temperado, pertencente à
No Brasil, o cultivo do pessegueiro se concen-
família Rosaceae. É a oitava frutífera mais cultiva-
tra na região sul e sudeste, onde os Estados Rio
da no mundo, sendo a China o principal produtor,
Grande do Sul, São Paulo, Santa Catarina, Para-
respondendo por 46% da produção mundial.
O Brasil encontra-se na 12ª posição, respon- ná e Minas Gerais responderam por 99,9% do vo-
dendo por 1% da produção mundial, com uma lume nacional.
produção total de pêssegos equivalente a 183.132 No Rio Grande do Sul, a produção de pêsse-
toneladas, cultivados em uma área de 15.995 hec- gos encontra-se em uma área de 12.442 hectares,
tares, não sendo suficiente para atender a deman- concentrado principalmente na região metropoli-
da brasileira. tana de Porto Alegre, na encosta superior do nor-
Tradicionalmente, o Brasil importa pêssegos deste e na região sul do Estado.
da Espanha e Chile para suprir o mercado inter- No polo da região sul predomina o cultivo de
no. O cultivo de pessegueiros e a produção de fru- pêssego destinado à indústria de processamento da
tos vêm reduzindo ao longo dos últimos anos. No fruta, destacando-se a região de Pelotas, respon-
período entre 2006 e 2016 a produção e a área co- sável por mais de 90% da produção de frutas para
lhida de pêssegos no Brasil diminuíram em 3,93 e essa finalidade.
23,02%, respectivamente. Entretanto, a produtividade é considerada bai-

92
ladas, quase 25% maior. Duas décadas atrás, em 2000,
os pomares gaúchos produziam mais de 1,0 milhão
de toneladas de pêssego.
No Estado de Minas Gerais, as regiões sul,
central e zona da mata produzem, conjuntamen-
te, 99,3% do volume mineiro. Apenas a região da
Zona da Mata apresentou crescimento na produ-
ção de 10% nos últimos dois anos. As principais ci-
dades produtoras são Barbacena, Virgínia e Santa
Rita de Caldas.

Mercado
Em geral, o potencial do mercado brasileiro
é grande, uma vez que a produção nacional des-
se fruto ainda não atingiu volume suficiente para
atender à demanda interna. Com isso, o cultivo do
pessegueiro torna-se cada vez mais promissor para
a região sudeste brasileira, uma vez que esta apre-
senta as melhores condições para produção preco-
ce, sendo possível agregar melhor preço de venda,
com a colocação de frutos na época de maior dis-
ponibilidade no mercado.
Todavia, para o plantio dessa frutífera no Su-
deste, como em regiões com clima subtropical, de-
ve-se atentar para o uso de cultivares de baixa exi-
gência em frio hibernal e tecnologia de produção
adequada.
ck
to
rs
tte
Sh
u Exportações
Segundo dados da Secretaria de Comércio Ex-
terior (Secex), compilados pela Associação Bra-
sileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e
Derivados (Abrafrutas), os embarques do segmen-
xa, próximo das 9,985 toneladas por hectare, frente to alcançaram 629.800 toneladas no período, 6% a
às 21,032 toneladas por hectare obtidas nos Esta- mais que nos primeiros nove meses de 2019.
dos de Minas Gerais e São Paulo, que refletem di- Já em relação à exportação do pêssego, hou-
retamente na importância dos trabalhos de melho- ve uma queda de 53% no peso em quilogramas
ramento genético no Brasil com pessegueiro nos

PÊSSEGO
exportados, saindo de 491.869 kg em 2019 para
últimos anos. 233.470 kg em 2020. Acompanhando a queda, os
valores em dólares caíram de US$ 524.401 para
Expansão do cultivo US$ 275.920, tendo uma redução de 47% no fatu-
ramento da cultura.
A produção em locais mais quentes tem se ex- Para 2021, a previsão da cultura é de estabili-
pandido, tendo somente na região sudeste, nos úl- dade. A boa rentabilidade obtida com as exporta-
timos dez anos, aumentado cerca de três vezes sua ções em 2020 pode incentivar os investimentos na
produção, assim como a produtividade, exclusiva- pomicultura nacional.
mente nos Estados de São Paulo e Minas Gerais.
Esse crescimento na produção é em decorrência do
aumento da densidade de plantio observado nes-
ses últimos anos.
Entretanto, a produção de pêssego no Rio Gran- Autoria:
de do Sul já vem sofrendo baixas há vários anos. De Ivan Marcos Rangel Junior
juniorrangel2@hotmail.com
acordo com dados do IBGE, em 2019 o Rio Gran- Renata Elisa Viol
de do Sul colheu 110.205 toneladas da fruta, 60% renataviol@live.com
de toda a produção brasileira no ano. Engenheiros agrônomos e doutorandos em Fitotecnia/
Já em 2018, a produção foi de 146.431 tone- Fruticultura – Universidade Federal de Lavras (UFLA)

93
PEPINO

VERSATILIDADE ATRAI O MERCADO


PEPINO

D
e acordo com o último levantamento da da, incremento de 27,7% na produtividade média
FAO (Food and Agriculture Organiza- obtida na cultura (Faostat, 2021). Na América do
tion), 89,4% da produção mundial de pe- Sul, essa mesma tendência de crescimento na últi-
pino se concentra na Ásia, 6,84% na Europa, 2,1% ma década também é constatada, porém, em me-
nas Américas, 1,63% na África e 0,02% na Ocea- nor proporção, havendo aumento considerável na
nia. Ainda segundo a organização, a produção mun- área cultivada (6,2%), produção (14,6%) e produti-
dial de pepinos foi de 87.805.086 toneladas em uma vidade média (7,9%) (Faostat, 2021).
área de 2.231.402 hectares, com produtividade mé- Dentre os dez principais países produtores, des-
dia de 39,3 toneladas por hectare (Faostat, 2021). taca-se a China liderando a produção (57.023.085
Considerando a última década, ressalta-se au- toneladas), seguido do Irã (1.889.430 toneladas),
mento de 13,5% na área mundial cultivada e de Turquia (1.793.395 toneladas) e Rússia (1.564.646
44,9% na produção de pepino. Destaca-se, ain- toneladas) (Faostat, 2021).

94 ANUÁRIO HF 2021
deste (9,7%), e centro-oeste (5,5%) (IBGE, 2017).
Segundo o IBGE, a produção brasileira de pe-
pino é de 118.161 toneladas, tendo como princi-
pais produtores os Estados de São Paulo (54.804
toneladas), Paraná (18.245 toneladas), Minas Ge-
rais (17.915 toneladas), Rio de Janeiro (14.212) e
Amazonas (12.651 toneladas) (IBGE, 2017).

Oferta e demanda
A produção de pepino no Brasil varia de acor-
do com a região, por conta do clima predominante.
Apesar de, no geral, adaptar-se bem a diversas es-
tações, apresenta produção mais expressiva no ve-
ck
sto

t rão, uma vez que o frio prejudica seu desenvolvi-


er

ut
Sh mento e reduz o tempo de colheita. A produção
s:
F ot o em locais com temperaturas elevadas (acima de
30°C) ou muito frias (abaixo de 15°C) pode causar
problemas produtivos.
Em todo o Brasil são cultivados diferentes
tipos de pepino e com características singulares
Geração de renda quanto à coloração, formas, textura e sabores, as-
sim como comportamento e exigências edafocli-
A cultura do pepino possui grande importân- máticas.
cia social e econômica no Brasil, gerando milha- Os principais tipos produzidos são o “caipi-
res de empregos diretos e indiretos em decorrência ra” (mais rústico), “conserva” ou “industrial” (para
da demanda por mão de obra, desde o cultivo até a produção de picles), “comum” (maior volume de
comercialização dos frutos. comercialização), e o “japonês” (sabor mais suave e
Dados do último censo agropecuário realiza- valor de comercialização maior).
do pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Segundo o Prohort (Programa Brasileiro de
e Estatística) indicam que, no Brasil, aproxima- Modernização do Mercado Hortigranjeiro), no ano
damente 33.296 estabelecimentos agropecuários de 2020 a quantidade de pepinos comercializados
cultivam pepino. A produção nacional desta hor- nas Ceasas (Centrais de Abastecimento) de todo
taliça-fruto é liderada pela região sudeste (53%), o País foi de 118.204.250 kg, gerando valor de co-
seguido da região sul (19,2%), norte (12,4%), nor- mercialização de R$ 210.036.176,99.

GRÁFICO 1. ÁREA MUNDIAL CULTIVADA COM PEPINO (EM HECTARES) NO PERÍODO DE 2009 A 2019
FONTE: ADAPTADO DE FAOSTAT (2021) PEPINO
Área mundial cultivada no período de 2009 a 2019
2.250.000
2.200.000
2.150.000
2.100.000
hectares

2.050.000
2.000.000
1.950.000
1.900.000
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

ANUÁRIO HF 2021 95
Custo de produção/rentabilidade TABELA 1. PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS
ESTADOS BRASILEIROS PRODUTORES DE
Embora o investimento no cultivo seja eleva-
do, a produção de pepino tem se mostrado ren-
PEPINO
tável. Dados da Empresa de Assistência Técnica e Produção Participação
Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF) Estado (ton) (%)
indicam que o custo da produção de pepino irriga- SP 54.804 29,76
do (gotejamento) por hectare situa-se na ordem de PR 18.245 9,91
R$ 39.659,95, sendo 62,7% desse valor correspon- MG 17.915 9,73
dente aos insumos utilizados, e 37,3% referente à
RJ 14.212 7,72
mão de obra. Segundo esta estimativa, o custo de
AM 12.651 6,87
produção é de R$ 6,61 por caixa de 18 kg.
O preço médio de comercialização do pepino Fonte: Adaptado de IBGE (2017)
nas Ceasas no ano de 2020 foi de R$ 1,78 o qui-
lo, segundo dados do Prohort (2021). Com isso, ao
considerar uma produtividade média de 50 tonela- (sacos plásticos) em ambientes protegidos (estu-
das por hectare, além dos custos de produção e co- fas) é esperado para esse ano, principalmente em
mercialização anteriormente mencionados, é pos- decorrência da facilidade de irrigação e fertirriga-
sível estimar um lucro de aproximadamente R$ ção, além da otimização da mão de obra disponível.
49.341,00 por hectare. Estes sistemas de produção permitem a obten-
Estes valores, no entanto, podem ser variáveis ção de maiores produtividades, além de preços de
em função do nível tecnológico empregado, épo- comercialização mais vantajosos em função da dis-
ca do ano, região de produção e comercialização. ponibilidade do produto em épocas de baixa ofer-
ta no mercado.
D 2 21
A crescente demanda por hortaliças-fruto de
alta qualidade e ofertadas durante o ano todo tem Autoria:
impulsionado o investimento em tecnologias que Júlio César Ribeiro
permitam a produção em diversas regiões e condi- Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Ciência
ções de cultivo. do Solo – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Para 2021, é prevista tendência de maior utili- (UFRRJ)
zação de pepinos híbridos, mais produtivos e uni- jcragronomo@gmail.com
Carlos Antônio dos Santos
formes, com maior tolerância a diferentes climas, Engenheiro agrônomo e doutor em Fitotecnia/Produção
e à ocorrência de pragas e doenças. O aumento no Vegetal - UFRRJ
cultivo de pepino fora do solo, em vasos ou slabs carlosantoniods@ufrrj.br
PEPINO

96 ANUÁRIO HF 2021
ock
e rs t
utt
Sh
:
t os
Fo

PIMENTÃO
EQUILÍBRIO DITA O MERCADO
O
pimentão é uma das hortaliças mais am-
plamente cultivadas no mundo. Esta é uma Custo de produção
cultura da estação quente, plantada em re-
giões temperadas. Desde 2000, a produção e o con- O custo de produção irá depender da região
sumo mundial de pimentão têm aumentado conti- produtora do Brasil, além do tipo de cultivo, que
nuamente. Mais de 70% dos pimentões do mundo pode ser feito a campo aberto ou em estufa. A
são produzidos na Ásia. maior parte do cultivo de pimentão no Brasil é fei-
A China é o maior produtor, seguido do Mé- ta em estufas, então, no Estado de São Paulo, utili-
xico e da Indonésia. Outros importantes produto- zando uma estufa agrícola de uma marca comercial
res de pimentão no mundo são Espanha, Turquia com as melhores relações custo/benefício, temos a
e Estados Unidos. tabela da página 99, que explica cada item.
A produção brasileira de pimentão foi de, apro-
ximadamente, 554.904 toneladas do fruto, apresen- Rentabilidade PIMENTÃO
tando uma produtividade média de 49,6 toneladas/
hectare. A área de pimentão, plantada em 2020 no Esta é tida como uma cultura de retorno rápi-
Brasil, foi de aproximadamente 11.188 hectares. do, apresentando um curto período entre o plantio e
Os principais Estados produtores foram Minas a colheita da produção, fazendo com que seja muito
Gerais e São Paulo. Neste último, a área plantada explorada por pequenos e médios produtores.
foi de quase 3.000,00 hectares, com uma produção Do final de 2020 até a primeira semana de 2021,
de quase 10.000.000,00 de caixas de 12 kg, em tor- o preço do pimentão registrou aumento de 26,1%,
no de 115.000,00 toneladas, sendo mais de 2.900 passando de R$ 0,88/kg para R$ 2,22/kg. A varia-
unidades de produção, em 288 municípios. Os prin- ção média da última semana de 2020 para a primei-
cipais municípios produtores são, em ordem: Ita- ra semana de 2021 foi de +78,2%, passando de R$
peva, Itapetininga, Mogi das Cruzes, Campinas e 1,00 para R$ 1,77 o quilo do pimentão.
Sorocaba. Em média, o produtor lucra 40% do valor to-
No ranking dos principais hortifrútis comercia- tal investido, ou seja, 60% é o gasto em mudas,
lizados no Brasil, o pimentão ficou em sétimo lugar, adubação, produtos fitossanitários, entre outros, e
mostrando a sua importância econômica, com R$ 40% é o que o produtor recebe em forma de lucro,
574 milhões comercializados. do total investido.

97
paração ao cultivado em campo, embora o custo do
Balanço 2020
pimentão em estufa seja maior, porém, a rentabili-
dade é grande, havendo maior produtividade e qua-
Em 2020, o pimentão continuou sendo um vi-
lidade do fruto, com elevada aceitação do mercado
lão no ranking de resíduos de defensivos agríco-
consumidor, obtendo maior preço final.
las, porém, houve maior interesse dos produtores
Entre os condimentos, o pimentão vermelho
pelo uso de controle biológico e a produção sus-
continua ganhando importância na indústria de
tentável, em substituição ao sistema convencional
processamento de alimentos, devido a haver pig-
de cultivo.
mentos no interior do fruto que podem ser uti-
A necessidade de produzir pimentões com alta
lizados como corante em diversos produtos pro-
qualidade e seguros para o consumo foi um dos
cessados. A área cultivada para esse fim é pequena
maiores desafios dos produtores neste ano. Em algu-
(quase 2.000 hectares) e, em sua maioria, o produ-
mas regiões do Brasil, neste ano, houve redução de
to é exportado. No mercado interno, o maior con-
até 50% na aplicação de produtos fitossanitários.
sumo foi do fruto in natura, e na forma desidrata-
A maioria dos produtores apresentou retração
da para temperos.
no investimento em automatização do manejo, de-
vido à insegurança econômica deste ano. Os pro-
dutores se uniram mais às cooperativas e empre-
Tendência para 2021
sas atacadistas, visando superar as dificuldades de
O agricultor deverá produzir com mais respon-
2020, objetivando continuar atuando nesse mer-
sabilidade e segurança, sendo transparente em re-
cado.
lação a todo ma-
Crescimento
Com relação aos fru-
tos, a produção de pimen-
tão produzido em estufa
foi a que mais cresceu nas
últimas décadas, em com-
PIMENTÃO

98 ANUÁRIO HF 2021
TABELA 1. CUSTO DE PRODUÇÃO ANUAL, POR HECTARE, DA CULTURA DO PIMENTÃO, NO ESTADO DE
SÃO PAULO
D E V V
Preparo do solo 382,18 2 764,37
Operações mecanizadas Tratos culturais 187,57 2 375,16
olheita e classifica o .
Irrigação 791,50 1 791,50
Preparo do solo 71,34 1 71,34
Plantio 788,08 3 2.364,25
Operações manuais Tratos culturais 727,68 5 3.638,41
Colheita 71,34 40 2.853,66
Irrigação 71,34 15 1.070,12
Fertilizantes/corretivos 1.392,99 5 6.964,95
Insumos Sementes/mudas/mat. plantio 250,00 10 2.500,00
Defensivos agrícolas 569,41 5 2.847,07
Assistência/impostos/
Administração 380,49 5 1.902,47
contabilidade/energia
Custo total (R$/ha) 28.713,84
Custo total (R$/kg) 0,82
Receita (R$/ha) 63.350
Resultado (R$/ha) 34.636
Resultado (R$/kg) 0,99
Margem sobre a venda 54,67%
Preço médio recebido pelo produtor (R$/kg) 1,81
Região de referência: São Paulo

nejo no sistema produtivo, principalmente quando


a questão se tratar de defensivos agrícolas, fato este
que se tornará uma exigência cada vez maior por
parte do consumidor final.
Um outro fator que vem sendo limitante para
a cultura do pimentão é o controle de pragas e
doenças na lavoura, pois com a exigência do con-
sumidor por produtos saudáveis, responsáveis e
com garantia, o produtor terá que adotar medidas
de manejo alternativas, como controle biológico e
cultural.
A perspectiva para a cultura do pimentão em
2021 é de que o produtor deverá garantir seu pro-
duto em relação à segurança alimentar, por uma exi-
PIMENTÃO
gência do consumidor e ficar atento para que o cus-
to não extrapole de forma exponencial, fazendo com
que a cadeia fique economicamente viável, social-
mente justa e ecologicamente correta.

Autoria:
Juliana Uzan
Luis Paulo Fazião
Marcelo Agenor Pavan
Renate Krause-Sakate
renate.krause@unesp.br
Pesquisadores - FCA/Unesp-Botucatu

99
QUIABO
SAÚDE E RENTABILIDADE NO
MESMO ALIMENTO

O
s pequenos e médios produtores, princi-
Produção nacional
palmente da agricultura familiar, são os
QUIABO

principais responsáveis por quase toda a


No Brasil, o quiabo é cultivado principalmen-
produção da cultura no País. A produtividade é va- te nas regiões nordeste e sudeste. Na região sudes-
riável, geralmente em torno de 20 t ha-1, com pos- te destaca-se o Estado de São Paulo, que segundo
sibilidade de atingir 40 t ha-1 quando o período de dados disponíveis do Instituto de Economia Agrí-
colheita é prolongado. cola (IEA), em 2019, a região de Araçatuba foi a
No mundo, a produção de quiabo em 2019 foi maior produtora, com 464 ha cultivados e 6,3 ton
de 9,96 mil toneladas, numa área aproximada de de produção. Em sequência de área cultivada está
2,72 mil hectares, sendo a Ásia responsável por a região de Lins (252 ha e 1,2 ton), Mogi Mirim
66,1% da produção mundial, seguido do Continen- (199,5 ha e 2,7 ton) e São João da Boa Vista (197
te Africano, com 33% e das Américas, com 0,8%. No ha e 3,4 ton).
ranking dos países, a Índia destaca-se como produ- O valor médio de preço no atacado forneci-
tor mundial, com média de 6,18 mil toneladas, se- do pela Companhia de Entrepostos e Armazéns
guido pela Nigéria, com 1,82 mil toneladas produ- Gerais de São Paulo (Ceagesp) foi de R$ 4,38, R$
zidas (Faostat). 5,11 e R$ 5,86 para os tipos Extra, Extra A e Ex-

100 ANUÁRIO HF 2021


rências de problemas fitossanitários. Estima-se que
30% do custo de produção seja correspondente aos
insumos e 70% à mão de obra e máquinas.
De ciclo vegetativo curto, 60 a 80 dias, a cultu-
ra pode trazer rápido retorno ao produtor, princi-
palmente se forem cultivadas variedades precoces. A
colheita pode se prolongar até 90 dias e em regiões
de clima favorável pode-se podar a planta, cerca de
50 cm do solo, a fim de se obter uma colheita extra.
As variedades mais aceitas no mercado são
aquelas que produzem frutos de coloração verde-es-
cura, baixo teor de fibras e formato cilíndrico.
A colheita é a etapa em que ocorre maior deman-
da de mão de obra. Além de ser manual, o ideal é
que seja diária ou em dias alternados para melhor pa-
dronização de frutos colhidos, o que garante melho-
res preços. Estudo realizado no Estado de São Pau-
lo apontou custo médio de produção de R$ 1,28/kg e
lucratividade de 48,71% (Donatelli et al., 2010).

Tendência

k
Atualmente, há demanda por cultivares mais
stoc atrativas, de cores e texturas diferenciadas, que pos-
t er
ut suem apelo nutricional, para uma população inte-
Sh
ressada em alimentação saudável, pois além de pos-
suírem a função nutricional básica para o corpo,
oferecem outros benefícios devido a substâncias an-
tioxidantes presentes no vegetal e, ainda, permitem
a elaboração de pratos mais refinados presentes na
alta gastronomia.
A tendência por novas cultivares de diversas es-
pécies vegetais vem transformando o mercado con-
sumidor, assim como na cultura do quiabeiro com a
cultivar bordô, já disponível pelas empresas produ-
toras de sementes, que afirmam ser altamente pro-
dutiva, com ótima uniformidade e com cotação de
mercado mais alta, o que também garante maior
retorno financeiro ao produtor.
A cultura do quiabeiro também começa a in-
tegrar modelos de produção mais sustentáveis.
Há estudos para adoção de sistema plantio dire-
to na produção de quiabo com cultivo intercala-
tra AA, respectivamente (cotação em 08/01/2021). do com plantas de cobertura para formação de pa-
A sazonalidade da comercialização do quiabo lhada, seja para cobertura do solo ou fornecimento
QUIABO
ocorre com maior expressão nos meses de abril a para a alimentação animal, maximizando o poten-
dezembro, sendo o mês de março considerado mo- cial produtivo da área e com vistas à conservação
derado e os meses de janeiro e fevereiro com baixa do solo.
comercialização. O quiabeiro é intolerante ao frio,
consequentemente, a baixa oferta nos meses de in-
verno faz com que haja aumento de preços, tornan- Autoras:
do-se uma oportunidade de maiores lucros para os Veridiana Zocoler de Mendonça
produtores de regiões onde o clima é favorável ao Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Energia
cultivo neste período. na Agricultura - UNESP/FCA
veridianazm@yahoo.com.br
Aline Mendes de Sousa Gouveia
Custo produtivo Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia e
professora - Centro Universitário das Faculdades
O cultivo do quiabo apresenta baixo custo de Integradas de Ourinhos (UNIFIO)
produção, principalmente devido às menores ocor- aline.gouveia@unifio.edu.br

ANUÁRIO HF 2021 101


TETSUKABUTO
ABÓBORA JAPONESA AQUI NO BRASIL
O
híbrido Tetsukabuto, popularmente co-
Viabilidade do cultivo
nhecido como abóbora japonesa, moranga
ou cabotiá, pertence ao segmento de abó-
Considerando a produção média de três fru-
boras e morangas, que ocupam o 7° lugar em vo-
tos de 2,5 kg por planta, utilizando o espaçamen-
lume entre as hortaliças mais cultivadas no País, to de 3,00 x 1,00 m, a produtividade pode ultra-
sendo que nos últimos anos observou-se uma sig- passar 20 t/ha. Porém, a produtividade média varia
nificativa expansão no cultivo da abóbora híbrida entre 12 a 16 t/ha de frutos comerciais. Essa pro-
tipo japonesa Tetsukabuto. dutividade varia de acordo com a época e local de
Seu cultivo popularizou-se principalmente de- plantio, o espaçamento utilizado e o nível tecno-
vido às altas produtividades, aliadas a uma maior lógico adotado.
precocidade e uniformidade. A boa adaptação do A rentabilidade é considerada alta, devido à de-
híbrido Tetsukabuto às condições climáticas brasi- manda no mercado interno e possibilidade de ex-
leiras garantiram a ele grande importância econô- portação. Em média, o custo de produção da abó-
mica no setor de hortifrúti. bora japonesa gira em torno de R$ 6.000,00/ha.
Embora seja produzido em todo Brasil, a re- Considerando um preço médio de R$ 0,50/kg e
gião central tem merecido maior destaque nas úl- uma produtividade de 15 ton/ha, é possível um ren-
timas décadas como um polo emergente de culti- dimento total de R$7.500,00 e um lucro líquido de
vo e comercialização. O Brasil produz entre 12 e R$ 1.5000,00, ou seja, rendimento de 25% em me-
15 mil hectares de abóbora japonesa, o que equiva- nos de quatro meses de investimento.
le a uma produção anual em torno de 130.000 to-
neladas de frutos. Autoria:
Praticamente todo o território nacional produz Ronaldo Machado Junior
a abóbora japonesa. O Estado de Minas Gerais é Engenheiro agrônomo, mestre em Fitotecnia e
considerado o maior produtor de Tetsukabuto, com doutorando em Genética e Melhoramento – Universidade
aproximadamente 36 mil toneladas por ano e pro- Federal de Viçosa (UFV)
ronaldo.juniior@ufv.br
dutividade média de 15 t/ha. O consumo tem au- Herika Paula Pessoa
mentado nos últimos anos, sendo que os dados mais Engenheira agrônoma, mestra e
recentes indicam um consumo médio anual de 4,2 doutoranda em Fitotecnia - UFV
kg/per capita. herika.paula@ufv.br
tar
ris
Ag
TETSUKABUTO

102 ANUÁRIO HF 2021


TOMATE
INDÚSTRIA
DO JEITO QUE A
GENTE GOSTA
Sh
utt
ers
toc
k

A
produção brasileira de tomate, no ano de lho, para que a colheita aconteça entre os meses
2019, foi de 3,91 milhões de toneladas, em de agosto e novembro. Nessa época, as condições
uma área cultivada de 54,5 milhões de hec- para colheita são favoráveis, uma vez que o perío-
tares. Desse montante, 37% correspondem à pro- do quente e chuvoso ainda não se iniciou.
dução de tomate destinado ao processamento in-
dustrial, com perspectivas de expansão de 18,5% na Entre os maiores
área cultivada e de produção nos próximos anos.
Para fins industriais, utiliza-se o tomateiro sem O Brasil encontra-se entre os dez principais
o tutoramento de suas hastes, de forma que este seja países produtores de tomate destinado ao proces-
TOMATE INDÚSTRIA
conduzido de forma rasteira. Nesse sistema, o cus- samento, sendo o Estado de Goiás o maior produ-
to de produção chega a ser 80% menor que o cul- tor. No ano de 2019, no Estado, a área plantada foi
tivo do tomate tutorado. Ao considerarmos o custo de mais de 14,6 mil hectares e 82 produtores, com
de produção verificado em 2018, percebemos varia- produção de 1,32 milhão de toneladas.
ções de custo entre R$ 20.000,00 a R$ 40.000,00 Além de Goiás, os Estados de São Paulo e Mi-
nas diferentes regiões produtoras. nas Gerais se destacam na produção. A produção
A produtividade média das lavouras de toma- de tomate industrial nestes três Estados represen-
te rasteiro é de aproximadamente 80 toneladas por ta mais da metade da área plantada e da produção
hectare, sendo que nos últimos anos, em algumas nacional. O destaque desses Estados se deve, prin-
propriedades, a produtividade ultrapassou 100 to- cipalmente, às condições de solo e clima, e por se-
neladas por hectare. rem regiões nas quais se localizam as principais in-
O plantio do tomate para processamento in- dústrias de processamento.
dustrial é realizado entre os meses de março e ju- Além disso, a expansão da atividade é incenti-

103
vada pelo bom relacionamento entre produtores e envarado, o que estimula o interesse dos produto-
indústrias. No Estado de São Paulo, a área planta- res.
da totalizou 3,3 mil hectares na safra de 2019/20, o
que representou aumento no cultivo de 32,5% em Nacional x internacional
relação à safra anterior.
A importação e exportação da polpa ainda é
Riscos baixa, e ocorrem principalmente nas regiões nordes-
te do sul do País. No entanto, o investimento tem
Diferentemente do tomate de mesa, os riscos aumentado para o desenvolvimento da cultura, tan-
causados pela variação do preço pago para o pro- to para o mercado interno quanto externo.
dutor em períodos de alta oferta são baixos, uma O cultivo do tomateiro destinado à indústria
vez que nesse segmento há garantia de preço e es- de processamento é uma atividade atrativa e rentá-
coamento da produção pelas indústrias. vel, principalmente quando consideramos o cená-
No Brasil, o mercado de tomate industrial ten- rio de incertezas vividas pelos produtores do fruto
de a crescer. O consumo médio de produtos pro- para consumo in natura.
cessados no Brasil está em torno de 3,0 kg per capi- O relacionamento mais próximo entre os entes
ta. Esse valor é muito inferior, quando comparado que compõem a cadeia produtiva, que incluem as-
com outros países, como Tunísia, Estados Unidos, sistência técnica e contrato de compra antecipada,
Suíça e Bélgica, onde o consumo varia entre 75 a garantem ao produtor minimização dos riscos as-
30 kg per capita, de acordo com a Associação Bra- sociados à produção.
sileira da Cadeia Produtiva do Tomate para Pro- Apesar de uma preocupação generalizada, com
cessamento (Abratop). elevação da cotação dos insumos, consequência da
Outro ponto importante é com relação à de- insegurança epidemiológica gerada pela Covid-19,
manda de mão de obra e recursos para a pro- espera-se um incremento na área de cultivo em
dução, que é baixa, quan- cerca de 10%.
do comparado
com o sis-
tema

Autoria:
Carlos Nick
TOMATE INDÚSTRIA

Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia e professor


de Olericultura – Universidade Federal de Viçosa (UFV)
carlos.nick@ufv.br
Mariane Gonçalves Ferreira Copati
Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – UFV
marianegonferreira@gmail.com

104 ANUÁRIO HF 2021


TOMATE
DE MESA
TECNOLOGIAS A
TODA PROVA
O Brasil cultiva 40.567 hectares e obtém uma
produção de 2.419.749 toneladas de frutos por ano.

O
Fotos: Shutterstock
tomate é cultivado em todas as regiões bra- 15ºC). As temperaturas ótimas para a cultura situ-
sileiras. As variações de rendimento são am-se entre 20 e 25ºC. Cada região busca as mi-
principalmente em função das condições crorregiões com melhor adaptabilidade climáti-
climáticas e das tecnologias adotadas. A unidade de ca para a cultura.
rendimento utilizada na maioria das regiões é em No Sul (SC, RS, PR e sul de SP) evita-se plan-
caixas por mil pés de tomate (cx/ mil pés) e as cai- tios no inverno em função das geadas e os plantios
xas possuem, em média, 30 kg. concentram-se na primavera e verão. Em locais de
A população de plantas varia de 10 a 20 mil altitudes baixas, como o litoral de SC e em casas
plantas por hectare, sendo mais comum a popu- de vegetação, as janelas de plantio são maiores, po-
lação de 13.000 plantas/ha. Em algumas regiões dendo estender-se até o início do outono.
de São Paulo e Minas Gerais, os produtores con- Acima do trópico de capricórnio (centro-sul –
TOMATE

seguem obter rendimentos de 600 cx/mil plantas. centro e norte de SP, MG, RJ, ES, GO, DF e MS)
Entretanto, o mais comum são rendimentos mé- os plantios são efetuados no ano todo, evitando-
dios de 300 a 400 cx/mil plantas em SP, MG e -se altas temperaturas no verão (regiões de altitu-
PR, e rendimentos de 250 a 300 cx/mil plantas em de abaixo de 700 m).
GO, ES, RJ, SC e CE. Nas regiões próximas ao Equador (exceções
da Serra do Ibiapaba, no Ceará, Agreste de Per-
Regiões produtoras nambuco e Chapada Diamantina, na Bahia, onde
o clima é mais ameno) as produtividades e área
A cultura não suporta temperatura elevada (aci- plantada são limitadas pelas altas temperaturas e
ma de 35ºC) ou temperatura baixa (abaixo de altitudes baixas.

105
Oferta e demanda
A oferta de tomates no Brasil é boa, sendo que
a introdução das cultivares com frutos que tenham
maior shelf life (maior durabilidade de prateleira após
a colheita) permitiu que o transporte para regiões
mais distantes fosse mais seguro, ao evitar perdas.
Quando há falta de tomates no Sul, por exem-
plo, a oferta é suprida por tomates do Centro-Sul,
e assim sucessivamente. Em dois dias um transpor-
tador consegue levar os frutos de São Paulo para o
Pará (por exemplo).

Crescimento %
A área de tomate se mantém estável nos últi-
mos 30 anos, ocorrendo uma redução em SP e au-
mento em áreas não tradicionais, como o Pará. A in-
tenção de plantio ocorre em função do rendimento
monetário das safras anteriores. Quando o rendi-
mento é bom, aumenta-se a intenção de plantio, e
quando o rendimento é baixo a intenção de plan-
tio é reduzida.
O que ocorreu nas últimas décadas foi um cres-
cimento de produtividade por planta, sendo que na
década de 80 a produtividade média era de 150 cx/
mil pés. Atualmente, em função de cultivares pro-
dutivas e adaptadas, manejo eficiente da fertilidade,
adubação e melhor controle fitossanitário, há pro-
dutores com até 700 cx/mil pés, sendo que a média
de 300 cx/mil é facilmente obtida, então, temos no
mínimo o dobro de rendimento em três décadas.
A demanda não deve ter aumento no Brasil em
função do não aumento de renda da população.

Exportação e importação
O comércio exterior de tomate in natura é pe-
queno, quando comparado às frutas e ao tomate
processado. As exportações do Brasil concentram-
-se principalmente para a Argentina, e em me-
nor volume para o Uruguai e Paraguai. aração, irrigação...); 5% para custos administrativos
As exportações são dependentes de baixas tem- (viagens, contabilidade...); 25% para operações ma-
peraturas nestes países e ocorrem, principalmente, nuais (colheita, plantio, desbrota, amarrio...) e 63%
nas colheitas de inverno do Brasil. As exportações para insumos (sementes, fertilizantes, defensivos...).
situam-se na faixa de 3.000 toneladas anualmente. No geral, os custos de produção variam de R$
Já as importações, quando ocorrem, são principal- 6,00/pé (baixa tecnologia) até R$ 15,00 (alta tec-
TOMATE

mente da Argentina, e não ultrapassam 1.000 to- nologia).


neladas anualmente.
Rentabilidade
Custos de produção
A rentabilidade da cultura ocorre em função de
Os custos de produção são variáveis e depen- vários fatores, os quais irão influenciar diretamen-
dentes da tecnologia adotada e da disponibilidade te, sendo estes:
de mão de obra, sendo este último uma exigência Produtividade: quanto maior a produtivi-
da atividade. No geral, os custos de produção são dade, menor será o custo de produção e mais ele-
de 7% para operações mecanizadas (subsolagem, vada a rentabilidade. A produtividade é afetada por

106
baixas e altas temperaturas, excesso de chuvas, adu-
PRODUÇÃO MUNDIAL
bação em não conformidade com as necessidades e
recomendações, ocorrência de pragas e doenças, cul- País Área (ha) Produção (t)
tivares não adaptadas e com baixo potencial produ- China 1.148.230 48.490.315
tivo e condução da planta. Índia 869.430 16.398.240
Clima: é o influenciador da rentabilidade. EUA 167.390 12.397.201
TOMATE

Quando as temperaturas estão altas, a maturação Peru 286.431 10.238.478


dos frutos é acelerada e ocorre maior oferta de Egito 229.234 8.985.459
tomates, reduzindo a rentabilidade. Em situações Irã 154.379 5.490.567
opostas, quando a temperatura é baixa, há retar-
Itália 53.289 4.873.390
do na maturação e outras regiões se beneficiam da
Espanha 51.158 3.980.340
menor oferta.
O clima beneficia regiões em detrimento de Brasil 60.329 3.976.453
outras, então sempre haverá aquelas com boa ren- México 97.349 3.672.910
tabilidade e outras não, dependendo da época do Outros 1.329.467 37.490.760
ano (geadas e frio prejudicam o sul e calor e exces- Total 4.446.686 155.994.113

107
PRODUÇÃO BRASILEIRA Balanço de 2020
UF Área estimada (ha) Produção (t) O ano de 2020 foi atípico para todos os seg-
AM 132 3.168 mentos, em função da pandemia. Com a redução de
RO 321 11.556 restaurantes e cozinhas industriais, ocorreu maior
MA 189 6.804 consumo nas residências. Teoricamente, o consumo
PI 127 5.334 teve aumento em função das propriedades nutra-
CE 3.867 193.350 cêuticas do tomate, que a população leva em con-
RN 159 6.042 sideração pelos teores de vitaminas.
PB 251 9.036 Por outro lado, as perdas foram reduzidas nas
PE 1.296 59.616 residências (maior aproveitamento em comparação
SE 120 5.736 com restaurantes, onde as sobras são descartadas).
BA 3.948 165.816 Então, a demanda ficou equilibrada. Foi observada
alta sazonalidade de preços ao longo do ano, pelos
MG 5.387 344.768
fatores comuns à cultura.
ES 2.587 150.046
A maior diferença foi no início da pandemia
RJ 2.695 156.310
(março a maio), onde os pontos de comercialização
SP 7.569 514.692 estavam se adaptando às novas regras.
PR 3.140 226.080
SC 2.685 196.005 Tendências para 2021
RS 2.197 149.396
MS 75 3.150 As tendências para 2021 são de manutenção da
MT 210 7.980 demanda de anos anteriores. A divulgação das pro-
GO 3.180 178.080 priedades benéficas do consumo de tomates in na-
DF 432 26.784 tura é importante para elevar a demanda, e assim
Total 40.567 2.419.749 os produtores agregarem maior rentabilidade e os
consumidores ganharem mais saúde.

so de chuvas prejudicam o norte).


A rentabilidade na cultura do tomate estaqueado
Autoria:
é uma das que mais tem sazonalidade. Assim, há la- Renato Agnelo
vouras que podem ter prejuízos de 50% e outras com Engenheiro agrônomo, MSc. em Produção Vegetal e
rentabilidade acima de 100% do custo de produção. pesquisador independente - Piedade/SP
ragnelo@terra.com.br
TOMATE

108 ANUÁRIO HF 2021


VINHO NUNCA FOI
TÃO SABOROSO
O
momento não poderia ser mais propício cados, lojas e e-commerce, passando a melhorar nos-
para o vinho brasileiro. De janeiro a outu- sas estatísticas.
bro de 2020 tivemos um crescimento de Houve um aumento da credibilidade do vinho
39% na comercialização. Este crescimento foi de- brasileiro, somado à expansão das áreas de vinhe-
vido a diversos fatores, entre os quais a alta do dó- dos para outras regiões do País, tornando a experi-
lar, que manteve o câmbio favorável ao aumento ência e a cultura do vinho mais próximas do con-
da competitividade do vinho brasileiro, e princi- sumidor.
palmente pela qualidade da safra 2020, que ofe-
receu um produto de melhor qualidade neste mo- Principais regiões produtoras
mento de experimentação. Esta foi a chance para o
consumidor brasileiro se livrar do preconceito que A Serra Gaúcha é a mais tradicional região pro-
tinha em relação aos nossos vinhos. dutora, que concentra a maior parte das viníco-
Houve um crescimento de 30% no consumo las brasileiras, formada por pequenas propriedades
per capita, passando para 2,78 litros por habitante familiares, com uma média de 2,5 ha de vinhedo.
com mais de 18 anos. A Campanha Gaúcha e Serra do Sudeste são
regiões de relevo plano, que concentram a maior
R expansão de vinhos atualmente no Rio Grande do
Sul. Os Campos de Cima da Serra vêm se desta-
UVA

Com a mudança dos hábitos do consumidor cando por uma viticultura de altitude, com resulta-
em função da pandemia, houve um maior consu- dos promissores.
mo do vinho nos lares, e muitos consumidores de O Vale do São Francisco é a maior região pro-
cerveja migraram para o vinho. Além disso, com dutora de uvas de mesa do País, e concentra tam-
a diminuição das viagens, os vinhos que entravam bém um polo importante de produção de vinhos e
no País na bagagem ou por meio das compras em espumantes.
free shops na fronteira com Argentina, Uruguai e Santa Catarina, com a tradicional região do
Paraguai passaram a ser adquiridos nos supermer- Vale do Rio do Peixe e nova região de vinhos de

110 ANUÁRIO HF 2021


RANKING DE PRODUTORES
MUNDIAIS DE VINHO

1O ITÁLIA
2O FRANÇA
3O ESPANHA
4O ESTADOS UNIDOS
..........
18O BRASIL

Shutterstock

altitude da Serra Catarinense, vem surpreenden- produtos e venda direta ao cliente, muitas vezes as-
do pela qualidade e longevidade dos seus vinhos. sociadas a restaurantes e pousadas, tornando ainda
A Associação dos Vitivinicultores do Paraná mais prazerosa a experiência com o vinho.
(Vinopar) reúne um grupo de vinícolas que estão
resgatando o vinho paranaense, apostando no eno- Números do vinho no Brasil
turismo e são apoiadas pela Revitis, iniciativa go-
vernamental de apoio aos produtores locais. Em 2020 foram comercializados 501 milhões
de litros;
Tendência Consumo per capita de vinho no Brasil: 2,78
l/ano;
A técnica de dupla poda ou vinhos de inver- A área total de videiras, em 2019, era de 75.731
no conseguiu ampliar a geografia brasileira do vi- ha (IBGE 2020);
nho, tornando possível a produção de vinhos em A produção de uvas no Brasil, em 2019, foi de
regiões antes impensáveis. Combinando a produ- 1.445.750 toneladas, incluindo as uvas de mesa
ção das uvas no período mais seco do ano (inver- e as para sucos e vinhos (IBGE 2020);
no), nas regiões sudeste e no Planalto Central e A produção de uvas no Brasil destinadas aos
aproveitando as temperaturas mais amenas em al- vinhos e sucos foi estimada em 698.045 tone-
titudes mais elevadas, mostram um novo estilo do ladas em 2019 (IBGE 2020);
UVA

vinho brasileiro, diferente dos vinhos produzidos A produção total de vinhos do Brasil é de 182
na região sul e mais parecidos com os da Austrália, milhões de litros (Sisdevin/DAS 2019).
Chile e Argentina, ampliando a gama de vinhos
disponíveis para o consumidor.
A tendência atual é o surgimento de pequenas Autoria:
vinícolas boutique, com produções limitadas e pri- Marcos Vian
vilegiando os vinhos de alta qualidade, explorando Enólogo e diretor da Enovitis Enologia e Viticultura
o enoturismo com visitas guiadas, degustações dos marcos@enovitis.com.br

ANUÁRIO HF 2021 111


ck
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FEIJÃO-DE-VAGEM
AGRICULTURA FAMILIAR É FAVORECIDA

A
cultura do feijão-de-vagem é uma legu- de 146.438 ha. Os Estados Unidos são o maior
minosa caracterizada pela sua importância produtor, com 751,017 toneladas (54,1%).
socioeconômica para o desenvolvimento Apesar da boa produtividade, nos últimos cin-
regional, uma vez que o seu cultivo é predominan- co anos houve redução de 25% da produção e da
temente realizado pela agricultura familiar e pode área plantada no mundo, sendo observada maior
ser realizado em todas as regiões do País (IBGE). queda entre os anos de 2017 e 2019, com redução
Outra característica importante da cultura é o de 28,4% na produção total. Com isso, 2019 mos-
seu valor nutricional. O consumo das vagens ofe- trou a menor área cultivada e produção mundial
rece alto teor de fibras, vitaminas B1, B2, A, C e K, de feijão-de-vagem dos últimos 24 anos (Faostat).
e tudo isso sendo um alimento de baixo valor caló- Segundo os últimos dados disponíveis (IBGE)
rico. Sua produção é destinada principalmente ao da produção no Brasil, esta alcançou 56.776 ton
consumo in natura e uma pequena parcela à indús- em 2014. As principais regiões produtoras no País
tria de conservas. O consumo per capita de vagens são o Sudeste, representando 66,2% da produção
VAGEM

no Brasil é de aproximadamente 0,7 kg pessoa-1 nacional, seguida pelo Sul, com 17,0%, pelo Cen-
ano-1 (Embrapa). tro-Oeste, com 7,4%, Nordeste com 6,8% e norte
com 2,4% (IBGE).
Do mundo para o Brasil Minas Gerais atingiu 15.501 ton, seguido pe-
los Estados de São Paulo, com 11.514 ton, Rio de
A produção mundial de feijão-de-vagem atin- Janeiro com 8.180 ton e Paraná com 4.836 ton.
giu 1.387.667 de toneladas em 2019 em uma área No Brasil, a preocupação com a redução de área de

112 ANUÁRIO HF 2021


feijão-de-vagem plantada também é uma realida- do, entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, va-
de. O interior de São Paulo observou queda de cer- riaram muito entre as regiões brasileiras; chegando
ca de 20% nos últimos anos, sendo a falta de mão a R$7,00/kg no Nordeste até R$ 1,00/kg no Nor-
de obra um dos principais fatores para a queda de te. Nas outras regiões os preços ficam, em média, a
área cultivada. R$ 3,30/kg no Sul, R$ 3,80/kg no Centro-Oeste e
R$ 4,00/kg no Sudeste (Ceasa).
Variedades Em todo País a variedade Macarrão é a mais
produzida e comercializada nos centros de distri-
As principais variedades de feijão-de-vagem buição regionais. Esta preferência pode estar rela-
cultivadas são a Macarrão e Manteiga. As cultiva- cionada à possibilidade de maior número de co-
res podem ser de crescimento indeterminado, com lheitas, logo, maior produção por planta e, além
plantas de 2,5 m, em média, ou de crescimento disso, nas cultivares modernas suas vagens não
determinado atingindo no máximo 50 cm. apresentam fio e são de coloração verde clara. Es-
As vagens comerciais de ambas as varieda- tas características favorecem a agricultura familiar,
des variam de 10 a 15 cm de comprimento, sen- pois não demandam mecanização, o que reduz os
do classificadas comercialmente como Extra A custos de produção (Ceagesp).
(comprimento de 12 - 15 cm) e Extra AA (com-
primento inferior a 12 cm). As vagens de classifi- Oferta e demanda
cação Extra AA normalmente apresentam maior
valor agregado. No Estado de São Paulo, cerca de 99% das va-
gens cultivadas são da variedade Macarrão, sendo o
Preços 41º produto mais comercializado na Ceagesp, com
os municípios de Itapeva, Campinas e Sorocaba
Pelas cotações de mercado, os preços no ataca- apresentando maior produção, alcançando, respec-

FIGURA 1. PRODUÇÃO NACIONAL DE FEIJÃO-DE-VAGEM (TONELADAS)

3 1.211

30 101 94 510

10
65
1.241
396

1.647
15.501
292
11.514
4.836
VAGEM

2.500
2.228

Fonte: IBGE, Censo Agropecuário.

ANUÁRIO HF 2021 113


tivamente, 21.400 ton, 3.356 ton e 2.763 ton em FIGURA 2. PRODUÇÃO REGIONAL DE FEIJÃO-
2019 (IEA, 2020). DE-VAGEM (TONELADAS)
São Paulo é um dos poucos Estados que apre-
senta oferta da variedade Manteiga, concentrada
entre os meses de agosto a dezembro. Nas outras Produção em toneladas
regiões do País o cultivo da variedade Macarrão Norte
compreende praticamente a totalidade da produ- Centro-oeste
1.443 Nordeste
ção (IBGE; Ceasa). A colheita da variedade Ma- 9.658
carrão se inicia por volta dos 50 dias, podendo se 3.872
estender até os 100 dias e chegar a uma produtivi-
dade de 20 ton ha-1 (Filgueira, 2007). Sul
A quantidade de vagens destinadas à exporta-
ção é muito pequena, sendo estas enviadas frescas
9.658
ou refrigeradas, e as sementes utilizadas no plantio
são produzidas no Brasil (Embrapa). Sudeste
A nível nacional, a comercialização da produ-
ção é regional na maioria dos Estados brasileiros, 37.580
sendo que o Sudeste é uma das poucas regiões que
distribui sua produção para Ceasas de outros Esta-
dos das regiões sul e centro-oeste.
Isso demonstra que estas regiões apresentam Fonte: IBGE, Censo Agropecuário
potencial para expansão de área plantada e, assim,
podendo suprir as necessidades regionais do pro-
duto. Embora a região sul apresente clima menos Autoria:
propenso para o cultivo de feijão-de-vagem nos Ana Paula Preczenhak
Bióloga, doutora em Fisiologia e Bioquímica de Plantas
meses de outono-inverno, hoje estão disponíveis e professora - Faculdade de Ensino Superior Santa
cultivares com maior resistência ao frio, além da Bárbara (FAESB)
aplicação do cultivo protegido, como casas-de-ve- appreczenhak@gmail.com
getação, em algumas áreas. Aline de Sousa Mendes Gouveia
Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/
Horticultura e professora – Centro Universitário das
Faculdades Integradas de Ourinhos (Unifio)
aline.gouveia@unifio.edu.br
VAGEM

114 ANUÁRIO HF 2021

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