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CULTURA DO ABACAXI
GOIÂNIA, GO
Janeiro/2004
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO 06
2. ASPECTOS ECONÔMICOS 07
2.1. REFERÊNCIAS 11
3. MELHORAMENTO 12
3.1. REFERÊNCIAS 14
4. VARIEDADES 16
4.1. REFERÊNCIAS 17
5. CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS 19
5.1. CONDIÇÕES EDÁFICAS 19
5.1.1. Textura do solo 19
5.1.2. Características químicas 20
5.1.3. Drenagem do solo 20
5.1.4. Topografia 20
5.2. CONDIÇÕES CLIMÁTICAS 20
5.2.1. Temperatura 21
5.2.2. Precipitação pluviométrica 21
5.2.3. Umidade relativa 22
5.2.4. Luminosidade 22
5.2.5. Fotoperiodismo 22
5.2.6. Vento 23
5.2.7. Altitude 23
5.3. REFERÊNCIAS 23
6. PROPAGAÇÃO 24
6.1. VIVEIRO DE MUDAS 24
6.2. PROPAGAÇÃO TRADICIONAL 24
6.3. MICROPROPAGAÇÃO 25
6.4. CONSIDERAÇÕES GERAIS 25
6.4.1. Mudas 26
6.4.2. Propagação via talo 27
6.4.3. Outros métodos de propagação do abacaxizeiro 27
6.5. REFERÊNCIAS 28
7. NUTRICÃO E ADUBAÇÃO 30
7.1. NUTRIENTES 30
7.1.1. Nitrogênio 30
7.1.2. Fósforo 30
7.1.3. Potássio 31
7.1.4. Cálcio 31
7.1.5. Magnésio 31
7.1.6. Enxofre 32
7.2. MICRONUTRIENTES 32
7.2.1. Boro 32
7.2.2. Cobre 32
7.2.3. Ferro 32
7.2.4. Molibdênio 33
7.2.5. Zinco 33
iii
2. ASPECTOS ECONOMICOS
foram colhidos 60.406 hectares de abacaxi, que produziram 1.335.792 mil frutos, numa
produtividade média de 22.113 frutos por hectare (IBGE, 2000). No ano de 2001 a
produção brasileira foi de 1.442.300 mil frutos (FAO, 2002) e atingiu 1.457.818 mil
frutos em 2002, segundo o previsto pelo IBGE (IBGE, 2002). Pelos dados, percebe-se
que a produção brasileira tem tido um comportamento crescente ao longo dos anos.
O Brasil diferencia-se totalmente dos grandes produtores e consumidores
mundiais de abacaxi, pois quase toda a sua produção é consumida na forma fresca,
sendo a quantidade industrializada insignificante (MORETTI & MARQUES, 1978). A
maior parte da produção brasileira destina-se ao mercado interno (TAMAKI &
CARDOSO, 1982 & CHALFOUN, 1998). Segundo PAIVA & RESENDE (1998), as
exportações brasileiras constituem-se de frutos in natura, principalmente para a
Argentina (92%), e de suco, principalmente para a Holanda (96%).
safra 1996 safra 1997 safra 1998 safra 1999 safra 2000
Área (ha) 47 498 55 029 56 632 59 455 57 004
Produção (1000 frutos) 763 987 1 073 263 1 113 219 1 247 157 1 292 797*
2.1 REFERÊNCIAS
FAO. FAOSTAT Agriculture data. Agricultural production. Crops primary. Disponível em:
<http://apps.fao.org/page/collections> Acesso em: 25 de outubro de 2002
3. MELHORAMENTO
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3.1. REFERÊNCIAS
CABRAL, J. R. S.; MATOS, A. P. de. Pineapple breeding for resistance to fusariosis. Revista
de la Faculdad de Agronomia. Maracay. V.21, n3/4, p.137-145. 1995. Citado por BRUCKNER,
C. H. Melhoramento de fruteiras tropicais. Universidade Federal de Viçosa. 2002, 422p.
EMBRAPA. SOARES FILHO, W. dos S.; LIMA, A. de A.; CUNHA SOBRINHO, A.P. da;
SOUZA, A. da S.; OLIVEIRA, J.R.P.; DANTAS, J.L.L.; CABRAL, J.R.S.; SOUZA JR., M.T.;
C UNHA, M.A.P. da; FONSECA, N.; PASSOS, O.S.; SILVA, S. de O. E. Programa de
melhoramento genético de fruticultura no Cnpmf/Embrapa. DOCUMENTOS Embrapa , v.44,
p.1-21, 2003.
SPIRONELLO, A.; USBERTI FILHO, J. A.; SIQUEIRA, W. J.; TEOFILO SOBRINHO, J.;
HARRIS, M.; BADAN, A. C. C. Potencial de produção de sementes de cultivares e clones de
abacaxi visando ao melhoramento genético. Bragantia, Campinas, v.53, n.2, p.177-184, 1994.
17
SPIRONELLO, A.; NAGAI, V.; TEOFILO SOBRINHO, J.; TEIXEIRA, A. J.; SIGRIST, J. M.
M. Avaliação Agrotecnológica de Variedades de Abacaxizeiro, conforme os tipos de muda em
Cordeirópolis, SP. Bragantia, Campinas, v.56, n.2, p.333-342, 1997.
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4. VARIEDADES
Rosângela Vera
4.1. REFERÊNCIAS
GIACOMELLI, E. J.; PY, C. O abacaxi no Brasil. São Paulo: Fundação Cargil, 1997. 101 p.
MANICA, I. Fruticultura Tropical 5: Abacaxi. Porto Alegre: Cinco Continentes, 1999. 501 p.
MEDINA, J. C. Cultura. In: ITAL. Série Frutas Tropicais n 2:Abacaxi. ITAL, 1987. 285 p.
21
Fonte: Compilado de CUNHA, et al.,(1991); MANICA, (1999); MEDINA, (1987); BOTREL (2002); GIACOMELI(1997).
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5. CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS
5.1.4. Topografia
A topografia da área deve ser considerada. Terrenos planos ou de pouca
declividade (até 5% de declive) devem ser preferidos, pois facilitam o trato mecanizado
da cultura e são menos susceptíveis ao processo erosivo. Devido à cultura do abacaxi
apresentar um sistema radicular pouco desenvolvido associado ao fato de que solos
cultivados com a cultura são mantidos limpos ou com pouca cobertura vegetal, há
aumento da exposição do solo aos agentes erosivos (CUNHA, 1999).
A utilização de solos mais declivosos requer a adoção de práticas
conservacionistas (REINHARDT et al., 2000).
as faixas ótimas dos fatores ambientais para que o abacaxizeiro se desenvolva e produza
melhor, viabilizando economicamente o seu cultivo (CUNHA, 1999).
5.2.1. Temperatura
Em zonas quentes, o crescimento da planta é rápido, as folhas apresentam-se
desenvolvidas, numerosas e relativamente pouco rijas. Os rebentões nascem
principalmente no ápice do talo e os filhotes ou mudas no pedúnculo do fruto os quais
são geralmente escassos, notadamente na variedade Cayene. O fruto apresenta-se
normalmente grande, com coroa também grande a normal, olhos achatados e casca
pouco amarela, apesar da plena maturação da polpa, que é pouco ácida, rica em
açúcares, translúcida e frágil (GIACOMELLI, 1982).
Segundo GIACOMELLI (1982), apesar de se tratar de espécie vegetal de
clima tropical e subtropical, as temperaturas elevadas também costumam ser prejudicial,
principalmente pela queimadura dos frutos pelo sol, mas também pela paralisação ou
redução do desenvolvimento vegetativo e queimadura da folhagem.
Na época da maturação dos frutos, a existência de uma amplitude térmica
diária de 12 a 14ºC melhora consideravelmente a qualidade da polpa, mormente para
fins de processamento industrial (GIACOMELLI, 1982).
5.2.4. Luminosidade
A diferenciação floral espontânea do abacaxizeiro está associada com a
diminuição da luminosidade, ocorrendo principalmente quando os dias são mais curtos,
mas também em pleno verão, em dias de forte nebulosidade (GIACOMELLI, 1982).
A luminosidade tem influencia tanto no crescimento vegetativo do
abaxizeiro, como na composição química e coloração do fruto. Sua ação está
intimamente relacionada com a temperatura ambiente e o fotoperíodo, sendo difícil
isolar seus efeitos, principalmente em regiões de altitude elevada (CUNHA, 1994).
Segundo CUNHA (1994), luminosidade intensa pode causar queimadura
interna e externa do fruto, tornando-o inviável para comercialização. A insolação
mínima necessária ao desenvolvimento e produção do abacaxizeiro é de 1.200 a 1.500
horas/ano, sendo a faixa ótima de 2.500 a 3.000 horas/ano.
5.2.5. Fotoperiodismo
A duração dos períodos de luz e de escuro está geralmente relacionada com
o ciclo das culturas, influenciando diretamente na floração, ou seja, provocando-a
(CUNHA, 1999).
De acordo com CUNHA (1994), o abacaxizeiro é tido como uma planta de
dias curtos, sendo que a interrupção do período escuro suprime o efeito indutor do
encurtamento dos dias (período de luz) sobre o florescimento. De forma geral, observa-
se que abacaxizeiro que atinge crescimento ou porte adequado inicia a floração quando
os dias encurtam e que a emissão da inflorescência é tanto mais rápida quanto mais
curtos são os períodos de luz (oito horas ou menos).
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5.2.6. Vento
De acordo com SIMÃO (1998), o vento exerce efeito na qualidade e
produção dos frutos, ferimentos favorecem a penetração do fungo Thielaviopsis
paradoxa, responsável pela podridão dos frutos.
Ventos fortes podem causar danos ao abacaxi como ressecamento da ponta e
o ferimento dos bordos das folhas, propiciando penetração de fungos. Podem ainda
provocar não só o tombamento da planta como também dificultar e diminuir a eficiência
dos tratamentos fitossanitários (CUNHA, 1994).
5.2.7. Altitude
À medida que a altitude se eleva, aumenta também o ciclo vegetativo da
cultura. Em altitudes elevadas, a planta, as folhas e os frutos são menores do que a
mesma variedade em terrenos baixos. Os frutos são mais cilíndricos, com polpa
descolorida e ácida (SIMÃO, 1998).
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5.3. REFERÊNCIAS
CUNHA, G. A. P. da. Influência dos fatores edafoclimáticos sobre o abacaxizeiro. In: Abacaxi
para exportação: aspectos técnicos da produção. Ministério da Agricultura, Abastecimento e
da Reforma Agrária, SDR. Brasília,DF. 1994. p.13-15.
6. PROPAGAÇÃO
Tadeu Cavalcante
Luciene Teixeira Mazon
6.3. MICROPROPAGAÇÃO
Entre outras técnicas de propagação vegetativa, a micropropagação é a que
mais tem se difundido e encontrado aplicações práticas. As principais etapas envolvidas
na micropropagação são a seleção de explantes adequados, a desinfestação e inoculação
em meio de cultura nutritivo, a proliferação de brotos em meios de multiplicação e, a
transferência dos brotos para um meio de enraizamento ou manutenção e
posteriormente, plantio em algum substrato ou solo adequado (RENHARDT, 2000).
Este método serve para aumentar e acelerar a taxa de multiplicação e evitar a
disseminação de pragas e patógenos. Neste processo, deve-se considerar o custo elevado
para a produção da muda, que é quase o valor da venda do fruto para o produtor, e o
surgimento de variações somaclonais, sendo a mais freqüente a presença de espinhos
nas extremidades das folhas de variedades inertes (CUNHA et al., 1994).
6.4.1. Mudas
É prudente que antes de adquirir as mudas, seja feito uma visita a área onde
se pretende obtê-las. Isso se faz necessário dado a doença fusariose — um dos
principais problemas para cultura do abacaxizeiro —, a qual tem ocasionado perdas
significativas ao abacaxicultor a nível de Brasil. Dado isso é aconselhável que um
profissional Engenheiro Agrônomo devidamente habilitado, seja consultado. Isso
poderá evitar alguns transtornos ao empreendedor rural.
Um outro aspecto a ser considerado é o preparo das mudas. As mudas
devem passar pelo processo de ceva o qual consiste em deixar as mudas ligadas a planta
após realizar a colheita do fruto. Esse procedimento durará cerca de três a quatro meses
até que as mudas alcancem um tamanho aproximado de 25cm. Também é preciso
atentar para a legislação a qual, segundo SILVA (1997), exige que mudas da variedade
Pérola tenha peso entre 150 e 250g e mudas da variedade Smooth Cayenne, peso entre
200 e 350g.
Ao observar que boa parte das mudas atingiram o padrão de 25 a 40cm de
acordo com SILVA (1997), deve-se proceder a colheita das mudas. No que se refere a
tamanho de muda, RENHARDT (1998) menciona um mínimo de 30cm. É possível
inferir que a importância do tamanho da muda esteja relacionada a capacidade que a
muda terá de resistir as condições de campo, pois a lógica é que uma muda maior tenha
mais reservas e conseqüentemente resistirá melhor as condições de campo.
Após a cura, procede-se a uma segunda seleção, onde então se separa as
mudas que expressaram sintomas da fusariose. Essa prática ajudará a diminuir o
problema, mas cabe lembrar que não é suficiente.
Dado que o problema da uniformidade é um fator crucial no manejo da
cultura do abacaxi, deve ser feita uma classificação das mudas anteriormente coletadas,
de forma a separá-las em mudas de tamanho pequeno, médio e grande. Isso favorecerá a
uma uniformização da lavoura facilitando assim os tratos culturais e colheita.
No que se refere ao tratamento de mudas, há dúvidas quanto a sua eficácia.
Apesar disso encontra-se na literatura algumas recomendações de tratamentos, porém
com ressalvas, como é o caso de SILVA (1997) que recomenda mergulhar as mudas em
solução contendo fungicidas como Benomyl, Triadmefon associado a inseticidas como
Ethion e Monocotrofos, mas alerta para o fato de que o tratamento não tem efeito
curativo para fusariose.
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6.4. REFERÊNCIAS
CUNHA, G.A.P.; MATOS, A.P. de; CABRAL, J.R.S.; SOUZA, L.F.S. da;
SANCHES,N.F.;REINHARDT,D.H. Abacaxi para exportação: aspectos técnicos da
produção. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1994. 41 p. (Série de publicações técnicas FRUPEX, 11).
FEUSER, S.; NODARI, R.O.; GUERRA, M.P. Eficiência comparativa dos sistemas de cultura
estacionária e imersão temporária para a micropropagação do abacaxizeiro. Rev. Bras. Frutic.,
Jaboticabal - SP, v.23, n.1, p.006-010, abril 2001.
MATOS, A.P. (Org.). Abacaxi, Fitossanidade. Embrapa mandioca e Fruticultura, Cruz das
Almas. Brasília: Embrapa/MA, 2000. 77 p. (Frutas do Brasil, 9).
OLIVEIRA, A.M.; OLIVEIRA, Â.K.D. de; OLIVEIRA, O.F. de Meio de cultivo, ventilação e
altura inicial de explantes na propagação in vitro do abacaxi cv. Pérola. Rev. Expressão,
Mossoró, 30(1-2);,p.145-152, jan.-dez. 1999.
PAIVA, P.D. de O.; MAYER, M.D.B; KAWAMURA, M.I.; PASQUAL, M.; PAIVA, R.
Efeito de BAP, Thidiazuron e Sulfato de Adenina na propagação in vitro de abacaxi. Rev.
Ceres, cidade,46(265): 231-237, 1999.
7.1. NUTRIENTES
7.1.1. Nitrogênio
O nitrogênio é um dos principais componentes das proteínas, participa da
composição de ácidos nucléicos e é o nutriente que mais promove um crescimento em
função de seu fornecimento (BRADY, 1989).
Os principais sintomas de deficiência são notados em folhas mais velhas que
ficam amareladas. A planta diminui sua taxa de crescimento, e em casos de deficiência
severa deste nutriente provoca a ausência de frutos, mudas, filhotes e rebentões, ou a
existência de frutos muito pequenos (PAULA et al., 1998).
7.1.2. Fósforo
Este elemento participa das reações de síntese e desdobramento de
carboidratos, óleos e gorduras. É indispensável na ocasião da diferenciação floral e no
desenvolvimento do fruto. O P melhora a qualidade dos frutos, aumentando-lhes o teor
de vitamina C, a firmeza da polpa e o tamanho do fruto (PAULA et al., 1998).
Em razão da fácil redistribuição deste elemento na planta, e mesmo havendo
carência dele, as folhas mais velhas apresentam sintomas como cor verde-azulada;
murcha a partir da extremidade, começando pelas folhas mais velhas, que ficam com
pontas secas de cor marrom-alaranjada e estrias transversais marrons e, redução do
crescimento. A deficiência de P acarreta a formação de frutos pequenos, com coloração
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7.1.3. Potássio
O K é tido como um dos elementos que mais aumenta a resistência das
plantas contra doenças, por aumentar a respiração e, com isso, a absorção de outros
nutrientes, contribuindo para uma maior viscosidade do plasma celular (PRIMAVESI,
1984). É um importante ativador de enzimas, sendo também responsável pela abertura e
fechamento dos estômatos e transporte dos carboidratos. O K aumenta o teor de sólidos
solúveis totais e acidez, melhora a coloração e a firmeza da casca e da polpa e aumenta
o peso médio e diâmetro do fruto. Tem ação como inibidor da atividade
polifenoxidásica, responsável pelo escurecimento interno da polpa (PAULA et al,
1998).
A escassez de K causa inicialmente o aparecimento de pontuações pardas
que crescem e podem juntar-se sobre as bordas do limbo. Há ressecamento a partir do
ápice das folhas para a base, aparecendo este sintoma primeiramente nas folhas velhas.
O pedúnculo frutífero apresenta pequeno diâmetro; o fruto fica pequeno e sem acidez; a
maturação fica tardia e desigual. O excesso provoca formação de frutos muito ácidos,
maturação tardia e desigual (PAULA et al., 1998).
7.1.4. Cálcio
É importante na diferenciação da inflorescência e no desenvolvimento dos
frutos. O cálcio favorece a transpiração com perda de turgescência. As doses elevadas
podem provocar diminuição do K nas folhas, o que ocasiona a clorose calcária e plantas
menores. Confere resistência à parede celular, o que acarreta mais resistência a alguns
patógenos como o Penicillium funiculosum (PAULA et al., 1998).
7.1.5 . Magnésio
Por ser um elemento constituinte da clorofila, sua função está diretamente
ligada a fotossíntese. Tem função de ativação de enzimas transferidoras de fosfato. Tem
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7.1.6. Enxofre
É o constituinte de alguns aminoácidos e das proteínas. Participa da síntese
da clorofila e da absorção do CO2. É responsável pelo equilíbrio entre acidez e açúcares
dos frutos, conferindo-lhes sabor (PAULA et al., 1998).
A deficiência deste elemento caracteriza-se por folhagem amarelo-pálida,
tons avermelhados nas folhas, sobretudo em folhas velhas; necrose começando em áreas
cloróticas e, fruto muito pequeno (PAULA et al., 1998).
7.2. MICRONUTRIENTES
7.2.1. Boro
Exerce influência no metabolismo dos carboidratos, na síntese de pectinas e
no movimento dos açúcares. É essencial na formação da parede celular, na divisão e no
aumento do tamanho das células. Os sintomas de deficiência de B são folhas mais
espessas, duras, sendo as do centro retorcidas; separação acentuada entre os frutíolos,
com formações suberosas e, frutos menores com rachamento (PAULA et al., 1998).
7.2.2. Cobre
É um dos constituintes das enzimas de oxidação e redução e, juntamente
com o Zn, forma um par de catalisadores. Em toxidez de Cu a planta apresenta folhas
longas, verde-claras, manchas avermelhadas e frutos pequenos. Em carência as folhas se
tornam mais finas, curtas e estreitas, de coloração verde-clara, bordas onduladas e ponta
necrosada (PAULA et al., 1998).
7.2.3. Ferro
Importante na síntese de clorofila, oxidação de carboidratos e na redução de
sulfatos e nitratos. Em deficiência, o abacaxizeiro apresenta folhas de coloração
amarelada e clorose, semelhante a da deficiência de nitrogênio. O excesso pode causar
translucidez da polpa (PAULA et al., 1998).
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7.2.4. Molibdênio
A deficiência deste elemento não foi assinalada e nem obtida em condições
hidropônicas, mas é provável em solos com pH abaixo de 4, em associação com toxidez
de alumínio (PAULA et al., 1998).
7.2.5. Zinco
Importante na síntese do triptofano, produto intermediário na formação do
ácido indolacético (AIA). Sua deficiência acarreta diminuição do teor de auxina, com
deformação da planta, que sofre torção inicial das folhas jovens do centro (PAULA et
al., 1998).
Segundo MALAVOLTA (1981) citado por PAULA et al. (1998), as
deficiências combinadas provocam desordens nutricionais como as seguintes:
a) marrom interno: coloração marrom na parte interna do fruto do abacaxi,
depois do armazenamento em baixas temperaturas.
b) pescoço torto: deficiência combinada de cobre e zinco, as folhas centrais
ficam tortas, juntas e inclinadas para a horizontal.
c) rachadura: deficiência de B associada à aplicação tardia de N.
7.3.1. Calagem
De acordo com a Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas
Gerais (1989), a quantidade de calcário a ser fornecida ao solo deve ser calculada pelo
método do Al+3 e Ca+2 e Mg+2- trocáveis, levando-se em consideração o valor de X = 2,0.
A Comissão de Fertilidade de solos de Goiás (1988) também recomenda a utilização
deste método.
De acordo com MALAVOLTA (1974), citado por PAULA et al. (1998), o
pH mais adequado ao abacaxizeiro é de 5,0.
7.3.2. Adubação
7.3.2.1. Macronutrientes
As grandes exigências nutricionais do abacaxizeiro fazem com que a
adubação seja uma constante nos plantios orientados para a exploração comercial. Além
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N(kg/ha)
Nitrogênio 80 110 130
Fósforo (Mehlich)
mg P/dm3 P2O5 (kg/ha)
até 5 80
6 a 10 60
11 a 15 40
Potássio (Mehlich)
mg K/dm3 K2O (kg/ha)
até 30 120 160 200
31 a 60 80 110 130
61 a 90 60 80 100
al.,1998). Segundo SOUZA (2000), a relação adequada entre N e K deve variar de 1/2 a
1/3.
7.3.2.2. Micronutrientes
Não é comum a ocorrência de deficiências de micronutrientes em solos,
onde se cultiva o abacaxi no Brasil. Quando se faz a calagem, deve-se observar, também
na nutrição das plantas, o fornecimento adequado de micronutrientes.
A deficiência de Zn pode ser corrigida pela aplicação de uma solução a 1%
de sulfato de zinco no fim da estação chuvosa. Para se corrigir a deficiência de Ferro,
recomenda-se a pulverização de sulfato de ferro (3-4 kg em 400ml de água), oito meses
após o plantio. Não se recomenda pulverizar o abacaxizeiro após o florecismento
PAULA et al., (1998).
Conclui-se, portanto, que as adubações podem ser feitas tanto por meio
sólido como por meio líquido. Sob forma sólida, os fertilizantes podem ser aplicados
nas covas ou nos sulcos de plantio (opção mais utilizada para os adubos orgânicos e
adubos fosfatados), ou em cobertura junto das plantas ou nas axilas das folhas basais,
opção preferida para os adubos nitrogenados e potássicos, podendo ser utilizada esta
forma para os fertilizantes fosfatados solúveis em água (SOUZA, 2000).
A adubação do abacaxizeiro deve ser realizada na fase vegetativa do ciclo
da planta (do plantio à indução ao florescimento), período em que há um
aproveitamento mais eficiente dos nutrientes aplicados (SOUZA, 2000).
O excesso de calagem pode provocar deficiência de K. É importante
assegurar uma relação K:Mg:Ca no solo que melhor atenda a nutrição mineral do
abacaxizeiro. MARTIN-PRÉVEL (1961), citado por PAULA et al. (1998) indica para a
região da Guiné, uma distribuição percentual na CTC, como, K – 30 a 60%; Mg – 30 a
65%; Ca – 0 a 17%.
Caso pretenda-se aproveitar a produção da soca, deve-se repetir a adubação
recomendada, aplicando o adubo na axila das folhas velhas (PAULA et al., 1998).
7.4. REFERÊNCIAS
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8.2.2. Irrigação
a faixa de precipitação anual para uma exploração comercial gira em torno de 1000 a
1500 mm bem distribuídos ao longo do ciclo da cultura.
sinais são: redução e murchamento das folhas mais velhas, a cor das folhas muda de
verde escuro para pálido e posteriormente para amarelo e finalmente vermelho. Se o
estresse ocorrer durante o desenvolvimento dos frutos o pedúnculo pode tornar se seco e
os frutos poderão romper-se. Os sintomas de deficiência de água podem ocorrer mais
rapidamente quando a capacidade de armazenamento de água no solo é baixa e se a
profundidade do sistema radicular é limitada ou se o sistema radicular esta sendo
atacado por pragas e doenças.
De acordo com REINHARDT & CUNHA (1984), sem o controle das ervas
daninhas, não há produção de fruto de valor comercial na cultura do abacaxi. A
concorrência da flora daninha reflete-se negativamente na produção quando ocorre
durante o período compreendido entre o plantio e a diferenciação floral e, mais
intensamente quando coincide com os primeiros cinco meses do ciclo da cultura.
Pode-se utilizar cobertura morta como palha seca residual de arroz, milho e
capins, a qual, uma vez distribuída em camadas mais ou menos espessa entre as ruas do
abacaxizal, impede o crescimento das plantas daninhas. O seu uso é, entretanto, limitado
por exigir muito material e mão-de-obra, além de inicialmente exercer um efeito de
concorrência nutritiva com as plantas de abacaxi, sobretudo em nitrogênio, devido à
utilização deste nutriente pelos agentes microbianos da decomposição da matéria
orgânica (MEDINA, 1987).
Outro aspecto cultural que está a merecer uma maior atenção, inclusive de
pesquisa, é a rotação de culturas, visando melhorar ou recuperar os solos cultivados com
abacaxi, em geral de modo intensivo, principalmente aquelas nas quais se aplicam
herbicidas com freqüência. No Brasil, não tem sido dada muita importância a essa
prática, o que vem causando alguns problemas edáficos/nutritivos em algumas regiões
produtoras Após vários anos de cultivo intensivo com abacaxi, recomenda-se nesses
casos, a incorporação dos restos de cultura, a fim de melhorar as características físicas
dos solos (CUNHA, 1983).
8.3. REFERÊNCIAS
MEDINA, J. C.; Cultura. In: MEDINA, J.C.; BLEINROTH, E.W.; SIGRIST, J.M.M.; DE
MARTIN, Z.J.; NISIDA, A.L.A.C.; BALDINI, V.L.S.; LEITE, R.S.S.F.; GARCIA, A.E.B.
Abacaxi: cultura, matéria-prima, processamento e aspectos econômicos. Campinas, ITAL, 2ª
ed., série frutas tropicais, nº 02 1987, p. 1-132.
9. PRAGAS
Rosana Gonçalves Barros
Aline Cavalcante R. de Oliveira
Osvaldo Antunes de Souza
Segundo esta mesma fonte o inseto pode também atacar as gemas de mudas
na base da inflorescência, mudinhas em viveiros e, mais raramente, assumir hábito de
minador de folhas, na maioria das vezes o ataque ocorre durante a fase de florescimento
e formação de frutos. Os danos causados pela broca variam consideravelmente, podendo
chegar a mais de 90%.
O monitoramento da praga como medida auxiliar no controle, desde o
surgimento da inflorescência no centro da roseta foliar, até o fechamento das últimas
flores para observar a ocorrência da postura dessa borboleta, se faz necessário. Em
casos de baixa incidência, o controle será desnecessário, evitando gastos (MATOS ,
2000).
Para o controle químico, as aplicações de inseticidas devem ser feitas desde
o aparecimento da inflorescência (avermelhamento) até o fechamento das últimas flores,
totalizando 3 a 4 aplicações quinzenais se o plantio for uniforme. Podem ser usados o
carbaryl a 7,5% ou parathion metílico a 1,5%. No preparo da calda de inseticida,
recomenda-se o uso de uma substância surfactante para melhor aderência do agrotóxico
à planta, bem como, pode se usar eventualmente a distribuição diretamente na planta do
inseticida na forma de pó.
LORENZATO et al. (1997) trabalharam com alguns produtos para o
controle da broca do fruto. Testaram: bacillus thurigiensis, carbaril, acefate, triclorfon e
azinfos e concluíram que o azinfos e o carbaril tiveram os melhores desempenhos no
controle da broca do fruto.
de seu ataque são as folhas seccionadas na região basal, o “olho morto”, a presença de
resina misturada com dejetos, na base das folhas e a emissão de rebentão. Apenas uma
lagarta é o suficiente para destruir uma planta. Em áreas infestadas, já foram
constatados danos variando de 0,6 a 80% (SANTA CECÍLIA & CHALFOUN, 1998).
Como a broca-do-talo pode ocorrer praticamente durante todo o ciclo da
cultura, o controle químico torna-se demasiado caro, fazendo com que o controle
mecânico seja, ainda, a opção mais econômica. Durante o monitoramento dessa praga, o
agricultor deve arrancar as plantas atacadas e, com o auxílio de um facão, cortar o caule
até localizar a lagarta e destruí-la. Esta prática, ao ser adotada por todos os produtores
da região, fará com que o nível populacional da praga decresça gradativamente, a cada
ciclo da cultura (MATOS, 2000).
SILVA & VEIGA (2000), verificaram que o controle da larva da broca do
talo foi obtido com a utilização de fungos Metarhizium anisopliae e Beauveria
basssiana. Os autores concluíram que a utilização de Beauveria basssiana causava 54%
de mortalidade no segundo ínstar da broca do talo e o Metarhizium anisopliae causava
68% de mortalidade, portanto o fungo Metarhizium anisopliae, mostrou-se mais
eficiente para o controle da praga.
9.6. REFERÊNCIAS
SANTA CECÍLIA, L.V.C. & CHALFOUN, S.M. Pragas e doenças que afetam o
abacaxizeiro. In: Abacaxi: Tecnologia de Produção e Comercialização. Informe Agropecuário,
Belo Horizonte, v.19, n.195, p. 40-57, 1998.
10.DOENÇAS
moniliforme. VENTURA et al. (1993) propuseram uma nova denominação para este
patógeno (Fusarium subglutinans f. sp. ananas), com base nos resultados de
patogenicidade e análise de DNA.
10.1.1.1. Sintomas
O patógeno é capaz de infectar todas as partes da plantas (GOES, 1997;
SANTA-CECÍLIA & CHALFOUN, 1998). As lesões, geralmente localizadas na região
inferior do caule e na parte basal aclorofilada das folhas inseridas nessa região,
apresentam exsudação de goma. Outros sintomas podem também ser observados, como
clorose, curvatura do caule, geralmente para o lado da infecção, encurtamento do caule
e modificação da fitotaxia, redução do comprimento da folha e do desenvolvimento
geral e morte da planta. Nos frutos, os sintomas caracterizam-se pela exsudação de
goma através da cavidade floral. A polpa, na região infectada, apresenta-se apodrecida
com os lóculos do ovário cheios de goma. Externamente, os frutilhos evidenciam
descoloração amarronzada e depressão em relação aos sadios. Os prejuízos são
decorrentes da infecção e morte de mudas e de plantas durante o desenvolvimento
vegetativo, além da podridão dos frutos, que perdem seu valor comercial (GOES, 1997;
SANTA-CECÍLIA & CHALFOUN, 1998; MATOS, 2000).
10.1.1.2. Controle
Nenhuma medida isolada tem dado resultado satisfatório no controle da
fusariose (GOES, 1997). É conveniente aliar práticas culturais ao controle químico e
genético. Devem ser utilizadas mudas sadias na formação de novos plantios, feitas
inspeções periódicas para erradicação de plantas com sintomas, e eliminação de restos
culturais bem como plantios abandonados. No controle químico, as rosetas devem ser
pulverizadas, com produtos adequados e de forma preventiva, 45 dias após o tratamento
para indução floral. O tratamento deve ser mantido durante o período que a flor
encontrar-se aberta e deve ser suspenso após o fechamento das flores (MATOS, 2000).
65
10.1.2.1. Sintomas
10.1.2.2. Controle
10.1.3.1. Sintomas
se na parte basal (aclorofilada) das folhas atacadas, lesões translúcidas que se expandem
rapidamente, sendo bloqueadas na parte verde intensa da folha. A partir da base da folha
o patógeno atinge o caule, provocando o apodrecimento e morte do olho da planta, que
pode ser removido por inteiro, evidenciando uma podridão mole, com odor
desagradável devido à invasão por microrganismos secundários. A coroa apresenta
maior suscetibilidade ao patógeno do que os outros tipos de mudas (MATOS, 2000).
10.1.3.2. Controle
O controle deve ser atividade rotineira, tendo como alvo os períodos críticos
da cultura, favoráveis ao desenvolvimento da doença, sendo necessária a implementação
de práticas culturais e controle químico. Dentre as práticas culturais, destacam-se: a)
escolha da área de plantio, evitando-se solos mal drenados; b) realização de calagem de
forma cuidadosa, pois o patógeno torna-se mais eficiente em solos com pH próximo a
neutralidade; c) plantio em camalhões; d) não utilização de mudas tipo coroa; e) não
colocação de plantas daninhas sobre plantas do abacaxi. Em regiões onde a podridão do
olho é problema, o controle deve iniciar duas semanas antes da colheita das mudas,
mediante aplicação de fungicidas sistêmicos. Proceder também ao tratamento pré-
plantio mediante imersão das mudas em calda fungicida, com o produto recomendado e
registrado para esse fim. O controle se completa com a aplicação de fungicidas entre a
3ª e 4ª semana após o plantio. Uma semana após o tratamento de indução floral, deve-se
aplicar um fungicida sistêmico, dirigido para a roseta foliar, a fim de proteger a
inflorescência em desenvolvimento, em especial quando o carbureto de cálcio for
utilizado como indutor (MATOS, 2000).
10.2. VIROSES
Esta doença, embora ainda não exista relatos de prejuízos aqui no Brasil, já
atinge países como a África do Sul, Havaí e outros, com prejuízos consideráveis na
cultura do abacaxi, além de se estender a outras culturas como o fumo, o tomate,
berinjela, batata, entre outras. Esta infecção é transmitida pelo vírus denominado tomato
spotted wilt virus (COLLINS, 1960), tendo como vetor várias espécies de Thrips como
Thrips tabaci, Frankliniella schultzei e outras (Linford, 1932, citado por COLLINS,
1960).
Os primeiros sintomas dessa virose são o surgimento de manchas pequenas,
arredondadas e de coloração amarelada na clorofila da folha, e sempre na folha mais
nova, que coalesse. Nos frutos, a infecção inicia-se com necrose na flor e,
posteriormente atinge também os frutíolos, onde se espalha por todo o fruto composto.
A melhor forma de efetuar o controle é evitar plantio de mudas vindas da coroa e dos
rebentões (COLLINS, 1960).
10.4. NEMATÓIDES
Em diversos países, os nematóides são um dos principais fatores limitantes
ao cultivo do abacaxi e muitas vezes, isso não é levado em conta no cômputo geral das
perdas nessa cultura. Existem vários gêneros que prejudicam o abacaxi, porém
destacam-se na abacaxicultura, os nematóides das galhas Meloidogyne spp, M. javanica,
o das lesões radiculares Pratylenchus, os reniformes Rotylenchulus reniformis, os
Helicotylenchus e outros (COSTA & RITZINGER, 2000).
A maioria desses vermiformes são endoparasitas e completam seus ciclos
nas raízes do abacaxizeiro e de outras frutíferas. O nematóide M. javanica e outras
espécies injetam toxinas que induzem o crescimento anormal dos tecidos e as células se
deformam e se alimentam do nematóide.
Os sintomas visuais no campo devido infecção por nematóides são
amarelecimento e redução do crescimento da planta; reboleira de plantas mortas e frutos
de tamanho desigual. No sistema radicular ocorre o escurecimento das raízes causado
por P. brachyurus; surgimento de galhas causadas por M. javanica; massa gelatinosa de
ovos das fêmeas de R. reniformes e outros (COSTA & RITZINGER, 2000).
Nos levantamentos realizados nas áreas plantadas com o abacaxi no Brasil,
verificou-se um grande prejuízo causado pelos nematóides, tanto direto como
indiretamente, com grande redução da eficiência das adubações que vai refletir no
tamanho e peso dos frutos.
Algumas medidas de controle podem ser utilizadas para a convivência com
os nematóides, como o revolvimento do solo antes do plantio, o repouso da área, a
rotação de culturas, a adubação orgânica incorporada, o uso de variedades resistentes e
por último, o controle com nematicidas.
72
10.5. REFERÊNCIAS
COLLINS, J. L. The pineapple botany, cultivation and utilization. London: Leonard Hill,
1960. p. 291-305.
GOES, A. Doenças do Abacaxi (Ananas comosus (L.) Merr.). In: KIMATI, H.; AMORIM, L.
BERGAMIN FILHO, .A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M. Manual de Fitopatologia:
Doenças das plantas cultivadas. v.2. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1997, p. 9-14.
GUNASINGHE, V.B.; GERMAN, T.L. Purification and partial characterization of a virus from
pineapple. Phytopathology, Saint Paul, v.79, n.12, p.1337-1341, Dec. 1989.
MATOS, A. P. de. Doenças e seu controle. In: CUNHA, G.A.P.; CABRAL, J.R.S.; SOUZA,
L.F.S. (Org.). O abacaxizeiro: cultivo, agroindústria e economia. Embrapa Mandioca e
Fruticultura. Brasília: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 1999. p. 269-
305.
PY, C.; LACOEUILHE, J.J.; TEISSON, C. L'ananas as culture: ses produits. Paris: G.P.
Maisonneuve et Larouse, 1984. 562p.
REINHARDT, D.H.; CABRAL, J.R.S.; SOUZA, L.F.S.; SANCHES, N.F.; MATOS, A.P.
Pérola and Smooth Cayenne pineaple cultivars in the State of Bahia, Brazil: growth, flowering,
pests, diseases, yield and fruits quality aspects. Fruits, v. 57, n.1, p. 43-53, 2000.
SANTOS, B.A.; ZAMBOLIM, L.; VENTURA, J.A.; RIBEIRO DO VALE, F.X. Resistência de
abacaxizeiro (Ananas comosus) cv. Primavera à fusariose (Fusarium subglutinas f. sp. ananas)
Fitopatologia Brasileira, v. 21, (suplemento), agosto, p.406, 1996. (Resumo)
SWAIN, T.; HILLIS, W. T. The phenolic constituents of Prunnus domestica. Journal of the
Science of Food and Agriculture, London, v.10, p.135-144, Feb. 1959
73
TÁPIAS, B.A.; ZAMBOLIM, L.; VENTURA, J.A.; VALE, F.X.R do. Resistência de genótipos
de abacaxizeiro à fusariose. Fitopatologia Brasileira, v. 27, (suplemento), agosto, p.170-171,
2002. (Resumo)
VENTURA, J.A.; ZAMBOLIM, L.; GILBERTSON, R.L. Proposição de nova forma specialis
em Fusarium subglutinans no abacaxizeiro. Fitopatologia Brasileira, v. 18, (suplemento),
agosto, p. 280, 1993. (Resumo)
74
11.1. COLHEITA
O consumo do abacaxi in natura predomina no mercado interno brasileiro,
verifica-se também que a maior parte da exportação se dá na forma de fruta fresca,
exigindo cuidados especiais. Um dos fatores que prejudicam a exportação brasileira é a
qualidade do abacaxi, fundamental para a sua efetiva participação no comércio
internacional, principalmente no aspecto de manutenção da qualidade na pós-colheita.
(ABREU et al., 1998).
GONÇALVES et al. (2000) acredita que a qualidade final do fruto depende
em grande parte da tecnologia utilizada na pré-colheita, colheita e pós-colheita. Os
principais fatores pré-colheita que podem exercer influência na qualidade do abacaxi
são:
- Nutrição mineral - SOARES et al (2002), analisando a qualidade e o potencial de
armazenamento de abacaxi cultivados com diferentes concentrações e formas de
aplicação de potássio, concluiu que o nível de potássio utilizado na adubação exerce
clara influência na qualidade do abacaxi propiciando maiores teores de acidez(ácidos
orgânicos), maior firmeza da casca e menor índice de escurecimento interno da polpa.
VELOSO et al.(2001) em seus estudos chegou a mesma conclusão, e afirma ainda que a
adição de potássio, na forma de cloreto de potássio, aumentou a produção.
- Densidade de plantio - Aumentando-se a densidade de plantio, aumenta o
número de frutos produzidos por área cultivada, mas o tamanho do fruto diminui a partir
de um certo limite, chegando a perda de 70 g a 140 g por cada aumento de 10.000
plantas/há na caso da cultivar Smooth Cayenne. É preciso, portanto, adequar a
densidade de plantio à finalidade da cultura.
- Condições climáticas - frutos que iniciam seu desenvolvimento no final do
verão, ou seja, quando a temperatura é elevada, tendem a ser de tamanho grande, porém
com teores de sólidos solúveis baixos, uma vez que o amadurecimento ocorre durante o
inverno. Ao contrário, quando o desenvolvimento dos frutos inicia-se no inverno, eles
tendem a ser menores e com maior concentração de sólidos solúveis totais.
75
11.1.2. Colheita
No Brasil, a colheita é manual, pois devido a desuniformidade de maturação
dos frutos, a colheita por meios mecânicos, se torna dificultada (BOTREL & ABREU,
1994). Todavia, no Havaí, e em outras regiões onde a cultura do abacaxi é feita com alto
nível técnico, a colheita é facilitada graças à utilização de uma esteira rolante, na qual os
frutos são colocados e transportados para fora dos talhões (REINHARDT, 2000).
A colheita é feita com facão, tendo o colhedor as mãos protegidas com luvas
de lona grossa. Os frutos da cultivar Smooth Cayenne destinados à exportação são
obrigatoriamente colhidos com 5 a 6 cm de pedúnculo, que depois é reduzido à metade
na embalagem. Na cultivar Pérola, o corte do pedúnculo é feito abaixo da região de
inserção dos filhotes, visando à melhor proteção para os frutos (BLEINROTH, 1992).
11.1.3. Transporte
Depois de colhidos os frutos são transportados em cestos, balaios, caixas ou
carros de mão, até o caminhão ou carreta. Essas carretas devem ter o assoalho e as
paredes laterais revestidos de palha, geralmente de arroz ou de fitilho de madeira, tendo
a função de proteger os frutos de danos mecânicos, durante o seu transporte até o
barracão (REINHARDT, 2000).
O transporte para o mercado interno é feito em caminhões não refrigerados,
a granel, sendo os filhotes utilizados como material de acolchoamento, no caso da
cultivar pérola. Quando a finalidade é a industrialização, usa-se algumas vezes, o
acondicionamento dos frutos em caixas de plástico, com capacidade para dez frutos.
Para exportação, geralmente é transportado em navios, que devem ter como
características: renovação de ar (uma ou duas vezes por semana), umidade relativa (85%
a 90%) e temperatura (8º C).
11.2. PÓS-COLHEITA
Para garantir uma boa comercialização, principalmente no mercado exterior,
os produtores devem procurar manter um bom padrão de qualidade dos frutos.
11.2.2. Desinfecção
Após a seleção, os frutos destinados à exportação, que são obrigatoriamente
colhidos com cerca de 5 cm de pedúnculo, que no barracão é seccionado a 2 cm ou a 3
cm da base do fruto e, em seguida, a superfície de corte deve ser desinfetada com
solução fungistática. Visando proteger contra a podridão-negra [Ceratocystis paradoxa /
Chalara (Thielaviopsis) paradoxa], utilizam-se fungicidas sistêmicos, como os
benzimidazóis, ácido benzóico dissolvido em álcool a 2%, salicilamida de sódio a 1%
ou ortofenilfenato de sódio (CARVALHO,1999).
79
11.2.3. Embalagem
Após o tratamento contra as podridões, os frutos a serem exportados são
embalados em caixas de madeira ou papelão, na posição vertical, repousando sobre o
pedúnculo. Outra disposição das frutas possível é na posição horizontal, alternado os
fruto e coroa. Com este método se obtém uma maior densidade do produto, porém o
risco de danos mecânicos é maior(GARCIA et al., 1996).
11.2.4. Armazenamento
A utilização de baixas temperaturas, tanto no transporte a grandes distâncias
(caminhões frigoríficos e câmaras frias de navios) quanto nas câmaras de
armazenamento, tem por finalidade retardar o aumento da taxa respiratória e,
consequentemente, as diversas mudanças metabólicas que conduzem o fruto ao
amadurecimento e à senescência precoces.
O abacaxi é sensível a altas temperaturas que aceleram a taxa de
amadurecimento e favorecem o desenvolvimento de fungos reduzindo, a vida útil do
fruto. Entretanto, é susceptível a danos pela ação do frio, sendo desaconselhável a
estocagem abaixo de 7ºC. (GARCIA et al., 1996).
Nas temperaturas de 7ºC a 12ºC e em umidades relativas de 85% a 95%, o
período máximo de conservação dos frutos é de 4 semanas. Após 2 ou no máximo, 3
semanas de armazenamento, devem se feitas inspeções nas câmaras, a fim de verificar
se existem frutos com podridões externas. Além dessas podridrões, ocorre, por conta
dos danos causados pelo frio, o escurecimento interno da polpa (BOTREL &
ABREU,1994). Segundo SELVARAJAH et al. (2001), o escurecimento interno é a
desordem fisiológica mais importante de abacaxis que são armazenados debaixo de
13ºC, limitando o armazenamento e a exportação desta fruta.
Em seus trabalhos THÉ et al. (2001), concluiu que o efeito da refrigeração
sobre a composição química do abacaxi está relacionado ao estádio de maturação dos
frutos. BOTREL & CARVALHO (1993), em seus estudos verificaram que:
- O peso do fruto exerce influência na suscetibilidade da abacaxi ao escurecimento
interno, sendo que os frutos com pesos de 1500 a 1799g(categoria2), foram os mais
suscetíveis.
- Os frutos mais sensíveis ao escurecimento interno caracterizaram-se
principalmente por apresentar uma maior atividade de polifenoloxidade.
80
11.3. REFERÊNCIAS
BOTREL, N.; CARVALHO, V. D. de; OLIVEIRA, E.F.; SOARES, A.G.; CENCI, S. A. Efeito
da "mancha-chocolate" nas características físico-química e químicas de frutos de abacaxizeiro-
'Pérola'. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal,2002.
12. PROCESSAMENTO
Nilson Gomes Jaime
Simone Silva Machado
12.1.1. Cultivares
Das cultivares mais plantadas no Brasil, a pérola é destinada
prioritariamente ao consumo in natura, enquanto a Smooth Cayenne, ou havaí, é mais
adequada à industrialização (CARVALHO & CUNHA, 1999). Em indústrias voltadas
para a produção de abacaxi em conserva, a variedade é muito importante, tanto pelo
padrão de identidade do produto ideal para o mercado, com cor mais amarela e maior
ratio brix-acidez, quanto pelo formato do fruto do abacaxi havaí, mais cilíndrico.
Esta exigência do mercado não desqualifica as demais variedades,
principalmente a pérola, muito cultivada no Brasil, de aproveitamento para indústria.
Por seu alto teor de sólidos solúveis e acidez mediana, além de alto teor de suco, a
pérola pode ser utilizada na fabricação de geléias, polpa de fruta, sucos, abacaxi-passa e
doces em massa e cristalizados.
12.1.2.1. Tamanho
Segundo BLEINROTH (1978), o tamanho e a uniformidade é importante
para a indústria, pois tamanhos e diâmetros diferentes afetam a regulagem das
máquinas, principalmente a ginaca, utilizada para o descascamento e o corte dos frutos
para conservas.
De acordo com (CARVALHO & CUNHA, 1999), os frutos são
classificados quanto ao diâmetro em grandes, com diâmetros superiores a 12,7 cm;
médios, com diâmetros de 7,6 a 12,7 cm e; pequenos, quando seus diâmetros são
menores que 7,6 cm. Dos frutos maiores serão obtidas fatias de maior diâmetro, ou seja,
frutos classificados como de melhor qualidade.
12.1.2.2. Forma
A preferência industrial é dada aos frutos de forma cilíndrica, como o
Smooth Cayenne. Esse formato propicia menores perdas no processamento, graças ao
maior aproveitamento das extremidades dos frutos e à maior uniformidade de diâmetro
de fatias (BLEINROTH, 1978).
seja, sem machucaduras, em bom estado sanitário e, especialmente, com grau uniforme
de maturação (MORETTI & HINOJOSA, 1982).
Na produção de suco, a heterogeneidade natural do abacaxi não tem a
mesma importância que na fabricação de conservas. Durante o processo de elaboração
de suco, se produz um alimento “fluido” que pode ser facilmente submetido a
armazenamento e homogeneização em tanques, bem como, a operações de ajuste dos
teores de açúcares e ácidos (MORETTI & HINOJOSA, 1982).
Na fabricação deste produto, o estágio de maturação e o peso do fruto são
muito importantes, pela influência que estes fatores têm na qualidade de suco disponível
e no teor de sólidos solúveis do mesmo. Estes fatores são de grande significado
econômico, especialmente se a indústria processa suco concentrado, pois podem afetar
diretamente os rendimentos e os custos operacionais (MORETTI & HINOJOSA, 1982).
É evidente, portanto, a importância que tem para a indústria o fato da
colheita ser efetuada no período ótimo de maturação da matéria-prima, período em que
os açúcares, os ácidos orgânicos, os carotenóides e o peso do fruto atingem seu
equilíbrio e o teor máximo. Após este período estes mesmos componentes decrescem e
se deterioram rapidamente (MORETTI & HINOJOSA, 1982).
Nas grandes indústrias, o abacaxi é processado de forma integrada, ou seja,
não há indústria que trabalhe com apenas um ou dois produtos. O objetivo é tirar o
máximo rendimento do fruto. Se o produto principal é o fruto em calda, têm
importância secundária, numa fábrica, os sucos simples e concentrados e, finalmente, os
subprodutos, como o suco da casca e demais resíduos e as rações (CARVALHO &
CUNHA, 1999).
Colheita
Transporte
Recepção
Classificação
Lavagem e sanificação
Descascamento
Seleção
Corte
Seleção
Acondicionamento
Exaustão
Fechamento
Pasteurização
Resfriamento
12.3. SUCO
De acordo com CAMPOS (1980), suco de abacaxi é o líquido límpido ou
turvo, extraído do abacaxi através de processo tecnológico adequado, não fermentado,
de cor, aroma e sabor característicos, submetido a tratamento que assegure a sua
apresentação e conservação até o momento do consumo.
A produção de suco simples pasteurizado e suco concentrado é realizada
através de uma seqüência de operações, nas quais se utilizam equipamentos específicos.
A maioria das operações preliminares são semelhantes às utilizadas na fabricação de
abacaxi em conservas. Algumas operações são descritas a seguir.
De acordo com MORETTI & HINOJOSA (1982), para a obtenção de um
suco de boa qualidade, a extração deve ser feita apenas da parte comestível, e por esta
razão a matéria prima após a lavagem é submetida a um processo de preparação onde
são realizados o descascamento do fruto e a recuperação da polpa da casca
A trituração possibilita a extração do suco, ao desintegrar a estrutura celular
do material. A seguir, o material é armazenado num tanque, na parte inferior do
triturador (MORETTI & HINOJOSA, 1982).
O tratamento térmico ou branqueamento, consiste num pré-aquecimento
contínuo da polpa, sendo que o material previamente triturado é bombeado através de
um pré-aquecedor tubular onde atinge 62º- 65ºC. Esse tratamento térmico possui as
seguintes funções, de acordo com MORETTI & HINOJOSA (1982):
a) inativação microbiana e enzimática, evitando reações bioquímicas
indesejáveis que alteram as características do suco;
90
12.4. SUBPRODUTOS
12.4.1. Calda
Obtida da prensagem da casca e das extremidades do fruto, usada no
preparo de xarope e geléias (CARVALHO & CUNHA, 1999).
12.4.4. Ração
É obtida através da prensagem e secagem do resíduo integral do suco e da
parte sólida resultante da prensagem para produção da calda. Há o aproveitamento dos
açúcares, sais minerais, fibra e outros componentes nutricionais (MORETTI &
HINOJOSA, 1982). Pode também ser obtida a partir das folhas, das coroas e do caule
(CARVALHO & CUNHA, 1999).
12.5. REFERÊNCIAS
CAMPOS, S.D.S. de. Controle de qualidade: padrões para produtos de frutas tropicais. In:
MEDINA, J. C. (coord.). Alguns aspectos tecnológicos das frutas tropicais e seus produtos.
Campinas: ITAL, 1980. p. 145-198. (Série frutos tropicais Nº 10).
FAO/WHO Codex alimentarius: methods of analysis for processed fruits and vegetables,
CAC/RM-36, 1970. Determination of drained weight - method I.
SALES, A.M. Considerações sobre o valor nutritivo das frutas tropicais. In: MEDINA, J. C.
(coord.). Alguns aspectos tecnológicos das frutas tropicais e seus produtos. Campinas:
ITAL, 1980. p. 35-82. (Série frutos tropicais Nº 10)