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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

INSTITUTO DO MAR
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO MAR

RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS


Prof. Magno José Alves

PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS DA USINA


CHARQUEADA - SP

Felipe Carvalhaes Agune, 143943


Gerson Roberto de Souza Junior, 140978
Giulia Strupeni, 140922
João Pedro Carvalho Alves da Silva, 142539
Talita Oliveira Moia Martins, 135930
Stephanie
Wanessa Gentil Mandelli, 140164

Santos - 2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 5
2. INFORMAÇÕES PRELIMINARES 6
2.1. IDENTIFICAÇÃO DO REQUERENTE 6
2.2. TÉCNICOS ELABORADORES DO PLANO 6
2.3. DADOS GERAIS 7
2.4. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 7
2.4.1. Localização e acesso 7
2.4.2. Área de implantação do PRAD 8
3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE 9
4. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL 10
4.1. USINA 10
4.2. MEIO FÍSICO 11
4.2.1. Relevo 11
4.2.2. Hidrogeologia 14
4.2.3. Solo 15
4.2.3.1. Latossolo 17
4.2.3.1.1. Características gerais 17
4.2.3.1.2. Aptidão Agrícola e Fatores limitantes ao uso 18
4.2.3.1.3. Manejo 19
4.2.3.2. Argissolo 19
4.2.3.2.1. Características gerais 19
4.2.3.2.2. Aptidão Agrícola e Fatores limitantes ao uso 20
4.2.3.2.3. Manejo 21
4.2.3.3. PVAd4 + LVAd 23
4.2.3.4. Uso e ocupação do solo 24
4.2.4. Hidrografia 27
4.2.4.1. Bacia hidrográfica do rio Corumbataí 27
4.2.4.2. Ribeirão Fregadolli 28
4.2.5. Clima 29
4.2.5.1. Precipitação 30
4.2.5.2. Chuva 30
4.2.5.3. Temperatura 31
4.2.5.4. Nuvens 33
4.2.5.5. Evaporação 34
4.2.5.6. Umidade relativa do ar 34
4.2.5.7. Ventos 35
4.2.5.8. Insolação 36
4.2.5.9. Estação de Cultivo 37
4.2.5.10. Síntese climática 38
4.3. MEIO BIÓTICO 38
4.3.1. Fauna 38
4.3.2. Flora 42
5. OBJETIVOS DO PROJETO/JUSTIFICATIVA 44
5.1. OBJETIVOS GERAIS 45
5.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 45
5.3. JUSTIFICATIVA 45
6. CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS A SEREM RECUPERADAS 46
6.1. CHAVE PARA ESCOLHA DE MÉTODOS DE RESTAURAÇÃO FLORESTAL 46
7. METODOLOGIA 53
8. PROJETO TÉCNICO DE PLANTIO COMPENSATÓRIO 54
8.1. AMOSTRAGEM DO SOLO 55
8.2. ANÁLISE DO SOLO 55
8.2.1. pH 56
8.2.2. Alumínio (Al³⁺) 57
8.2.3. H+Al 58
8.2.4. Soma de Bases (SB) 59
8.2.5. Capacidade de Troca Catiônica potencial (T) 59
8.2.6. Capacidade de Troca Catiônica Efetiva (t) 61
8.2.7. Saturação por Bases (V%) 61
8.2.8. Saturação por alumínio (m%) 62
8.2.9. Síntese da Análise do Solo 62
8.3. IMPLANTAÇÃO 64
8.3.1. Limpeza Inicial da área 64
8.3.2. Isolamento da área 64
8.3.3. Construção do aceiro 64
8.3.4. Roçada Manual 65
8.3.5. Controle de formigas cortadeiras 67
8.3.6. Locação das covas 68
8.3.7. Coroamento Manual das Covas 68
8.3.8. Abertura Manual das Covas 68
8.4. SÍNTESE DA IMPLANTAÇÃO 68
8.5. CALAGEM 69
8.5.1. Cálculo da Necessidade de Calagem 70
8.6. GESSAGEM 70
8.7. ADUBAÇÃO 72
8.7.1. Adubação Orgânica com Esterco Bovino Leiteiro 72
8.8. SISTEMA DE FERTIRRIGAÇÃO 73
8.8.1. Fertirrigação por Gotejamento 74
8.8.2. Cálculo da quantidade de água 76
8.8.3. Cálculo de Fertilizantes 77
8.9. SELEÇÃO DOS SISTEMAS DE PLANTIO DE ESPÉCIES NATIVAS 80
8.9.1. Escolha do Modelo Sucessional 80
8.9.2. Diversidade de Espécie 81
8.9.3. Síntese do Plantio das mudas 83
8.9.4. Aquisição das Mudas em Viveiro 86
8.9.5. O plantio 86
8.9.6. Tutoramento 87
8.10. MANUTENÇÃO 87
8.10.1. Adensamento e Enriquecimento 87
8.10.2. Índice de Mortalidade 88
8.10.3. Replantio 89
8.10.4. Controle de formigas e ervas daninhas 89
8.11. MONITORAMENTO 90
9. CRONOGRAMA FÍSICO 91
10. ORÇAMENTO 92
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS 92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 93
12. ANEXOS 95
12.1. Anexo 1 - Registro Fotográfico 95
1. INTRODUÇÃO
Áreas florestais desempenham um papel fundamental na sustentabilidade global, tanto
do ponto de vista ecológico quanto econômico. Elas são vitais para a conservação da
biodiversidade, regulação climática, produção de oxigênio, sequestro de carbono, além de
serem fonte de recursos essenciais, como madeira e produtos não-madeireiros (FAO, 2016).
Entretanto, a degradação dessas áreas, seja por práticas agrícolas, industriais, ou
exploração florestal insustentável, pode comprometer significativamente todos esses
benefícios. Em áreas destinadas ao uso florestal, a degradação pode resultar em perda de
produtividade, diminuição da biodiversidade, alterações nos ciclos hidrológicos e
comprometimento dos serviços ecossistêmicos (Smith, 2015; IPCC, 2019).
A degradação ambiental, resultante das atividades humanas, têm conduzido a uma
perda significativa da biodiversidade e da qualidade dos ecossistemas (Constanza, 1997). No
contexto brasileiro, áreas que sofreram alterações em suas características físicas, químicas ou
biológicas, sejam por atividades humanas ou causas naturais, de modo que não mais atendam
às suas funções ecológicas são consideradas degradadas (Brasil, 2012; MMA, 2002).
O processo de recuperação dessas áreas visa restaurar, ao máximo possível, suas
funções ecológicas originais (Hobbs & Harris, 2001). Isso é essencial não apenas para
conservar a biodiversidade local, mas também para garantir serviços ecossistêmicos e a
melhoria da qualidade ambiental, como a purificação da água, o controle da erosão e a
sequestração de carbono (Daily, 1997).
No Brasil, o Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) enfatiza a obrigatoriedade e os
critérios para a recuperação, especialmente em áreas de preservação permanente e reserva
legal. As técnicas utilizadas para essa recuperação variam, incluindo revegetação,
terraplenagem, drenagem, adubação e irrigação (Rodrigues et al., 2009).
O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) emerge como um instrumento
essencial para orientar essa recuperação, propondo medidas adequadas para restaurar o
ambiente degradado, garantindo o uso sustentável e a conservação dos recursos naturais
(PELA RESTAURAÇÃO DA MATA ATLÂNTICA, 2009).
A Usina Granelli, em Charqueada - SP, representa um exemplo emblemático do
desafio enfrentado por muitas indústrias do setor sucroenergético, onde a intensificação
agrícola levou à degradação de áreas preciosas. Assim, a implementação de um PRAD eficaz
na Usina Charqueada não apenas atende à legislação, mas também alinha-se com as melhores
práticas de sustentabilidade e conservação ambiental.
Por fim, este plano de recuperação busca não apenas remediar os danos ambientais
existentes, mas também criar um modelo sustentável para o futuro, respeitando a
biodiversidade local e garantindo benefícios ecológicos, sociais e econômicos a longo prazo
destinados ao uso florestal. Este plano abordará desde a identificação das áreas prioritárias,
seleção de espécies para revegetação, técnicas de restauração do solo até a monitorização dos
resultados ao longo do tempo, alinhando-se sempre com as melhores práticas e diretrizes da
legislação ambiental brasileira.

2. INFORMAÇÕES PRELIMINARES
2.1. IDENTIFICAÇÃO DO REQUERENTE
A tabela 1 traz informações acerca da identificação do requerente.

Tabela 1 - Identificação do Requerente.


Nome da Pessoa Jurídica Usina Granelli Ltda

Fabricação de Açúcar de Cana


Atividade
Refinado

CNPJ 56.624.174/0001-80

CNAE 1072-4/01

CEP 13515-000

Endereço Fazenda São Benedito

Cidade Charqueada - SP

Telefone (19) 3486-1719

- IVANY THEREZINHA ZANATTA


GRANELLI;
- ARIOVALDO FERNANDO
Representante Legal
GRANELLI;
- IVANA MARIA GRANELLI;
- JOSE VALDIR GRANELLI

Email contato@granelli.com.br
Fonte: Autor (2023).

2.2. TÉCNICOS ELABORADORES DO PLANO


Consultores Responsáveis:
- Felipe Carvalhaes Agune;
- Gerson Roberto de Souza Junior;
- Giulia Strupeni;
- João Pedro Carvalho Alves da Silva;
- Talita Oliveira Moia Martins
- Stephanie;
- Wanessa Gentil Mandelli.

2.3. DADOS GERAIS


A tabela 2 traz os dados gerais do PRAD.

Tabela 2 - Dados gerais


Área do PRAD 13,5 ha

-22,52°
Coordenadas do PRAD
-47,71°
Fonte: Autor (2023).

2.4. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO


2.4.1. Localização e acesso
O acesso principal à área partindo de Santos pela Rod. dos Imigrantes em Cubatão via
BR-050 e Interligação Anchieta Imigrantes, seguindo até o Rodoanel Mário Covas e Rod. dos
Bandeirantes, por um trajeto de 278 km com aproximadamente 3 horas e 50 minutos, como
demonstrado na Figura 1.

Figura 1 - Mapa de localização do empreendimento.

Fonte: Autor (2023).


2.4.2. Área de implantação do PRAD
A área degradada, adjacente à Usina Granelli em Charqueada, foi anteriormente
explorada como fonte de material para o empreendimento. Situa-se na periferia da zona de
Charqueada, especificamente ao lado da Usina Granelli e do bairro Paraisolândia, conforme
Mapa de Localização apresentado.
A área do PRAD é de aproximadamente 13,5 ha onde a área foi utilizada para extração
de material, conforme a figura 2.

Figura 2 - Área do PRAD.

Fonte: Autor (2023).


3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE
A Lei Estadual nº 13.577/2009, que estabelece diretrizes e procedimentos para a
proteção e recuperação de áreas degradadas.
Lei nº 7.663, de 30/12/1991, Estabelece normas de orientação à Política Estadual de
Recursos Hídricos bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Lei Nº 13.550, Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma
Cerrado no Estado, e dá providências correlatas.
Lei nº 16.924, altera a Lei nº 13.550, de 2 de junho de 2009, que dispõe sobre a
utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Cerrado no Estado e dá providências
correlatas.
Resolução SMA nº 32/2014, Estabelece as orientações, diretrizes e critérios sobre
restauração ecológica no Estado de São Paulo, e dá providências correlatas.
Decreto Estadual nº 47.383/2002, que regulamenta dispositivos da Lei Estadual nº
9.509/97 sobre a aprovação de PRADs.
Decreto Nº 64.842, de 05 de Março de 2020, que regulamenta a regularização
ambiental de imóveis rurais no Estado de São Paulo, nos termos da Lei federal nº 12.651, de
25 de maio de 2012, e da Lei estadual nº 15.684, de 14 de janeiro de 2015, e dá providências
correlatas.
Decreto nº 63.262, de 9 de março de 2018, Aprova o novo Regulamento dos artigos 9º
a 13 da Lei nº 7.663, de 30 de dezembro de 1991, que estabelece normas de orientação à
Política Estadual de Recursos Hídricos bem como ao Sistema Integrado de Gerenciamento de
Recursos Hídricos.
A Resolução SMA nº 32/2014, que estabelece diretrizes para a elaboração,
implementação e manutenção de PRAD.
Lei Federal nº 12.651/2012 (Código Florestal): Estabelece normas gerais sobre a
proteção e uso sustentável de vegetação nativa.
Lei 14.285/2021, de 29 de dezembro, que se refere à proteção de Áreas de Preservação
Permanente (APPs) em áreas urbanas.
Lei nº 6.938/1981, Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.
Decreto-lei n. 97.632/89, Dispõe sobre a regulamentação do Artigo 2°, inciso VIII, da
Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, e dá outras providências.
Lei Nº 9.433/1997, Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
Lei Federal 7.347/85, Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos
causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências.
Lei Federal n. 9.605, de fevereiro de 1998 - Dispõe sobre sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências.
Decreto n. 3.420, de abril de 2000 - cria o Programa Nacional de Florestas que
fomenta a “recomposição e restauração de florestas de preservação permanente, de reserva
legal e áreas alteradas”.
Resolução CONAMA 387/06, de 27/12/2006 - dispõe sobre licenciamento obrigatório
de assentamentos rurais. Nesta resolução, estão previstas ações de recuperação ambiental de
áreas degradadas, através da elaboração do Plano de Recuperação do Assentamento, onde é
programada a recuperação de áreas de reserva legal e de preservação permanente.
Lei Federal n. 11.428, de dezembro de 2006 - dispõe sobre a utilização e proteção da
vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências.
Decreto n. 6.660, de novembro de 2008 - regulamenta os dispositivos da Lei Federal
da Mata Atlântica (11.428/2006).
Decreto Federal nº 7.029/2009: Institui o Programa Federal de Apoio à Regularização
Ambiental de Imóveis Rurais.
Resolução CONAMA nº 429/2011: Dispõe sobre a metodologia de recuperação das
Áreas de Preservação Permanente - APPs.
Resolução CONAMA n. 001/86, estabelece critérios básicos e diretrizes gerais para o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
Instrução normativa n. 4, de 13 de abril de 2011 - esta instrução estabelece
procedimentos para elaboração de Projeto de Recuperação de Área Degradada - PRAD ou
Área Alterada.
Constituição Federal de 1988 - Artigo 225.

4. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL
4.1. USINA
A Usina Granelli, tem sido um marco importante na produção de etanol e açúcar na
região. Por décadas, a vasta extensão de terra ao redor da usina foi dedicada à plantação de
cana-de-açúcar, uma cultura que, embora lucrativa, pode levar à exaustão e degradação do
solo com o passar do tempo. Localizada especificamente na Fazenda São Benedito
Paraisolândia, essa região agora enfrenta desafios ambientais decorrentes do uso agrícola
intensivo (Usina Granelli, 2023).
Identificou-se a necessidade de um Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
(PRAD) para uma parcela de 135.000 m² dessa terra. Esta área, situada ao lado do ribeirão
Fregadolli, onde tem características geológicas e edáficas peculiares que serão analisadas.
O objetivo do PRAD será restaurar o ecossistema local, promovendo não apenas o
retorno da vegetação nativa, mas também garantindo a funcionalidade ecológica da área no
longo prazo. Isso envolverá uma série de ações detalhadas, desde análises do solo, escolha das
espécies mais adequadas para o plantio, técnicas de plantio, até a monitorização constante do
progresso da recuperação.
A longo prazo, a recuperação pode trazer benefícios não só para o meio ambiente, mas
também para a própria Usina Granelli, potencialmente melhorando a qualidade do solo e
contribuindo para práticas agrícolas mais sustentáveis.

4.2. MEIO FÍSICO


4.2.1. Relevo
O relevo da área em estudo é classificado como suave-ondulado, com cotas
topográficas variando em média de 500 a 550 metros e declividade média de 1%, conforme as
figuras 3 e 4. As cotas mais elevadas situam-se na porção noroeste da área, e as cotas mais
rebaixadas nas margens do Ribeirão Fregadolli, na porção sudeste da área.
Com uma declividade inferior a 3%, o escoamento superficial da água é limitado, o
que reduz o risco de erosão. No entanto, pode haver um risco aumentado de acúmulo de água
em áreas mais baixas, especialmente após chuvas pesadas.
Figura 3 - Altitude de Charqueada/SP.

Fonte: Autor (2023).


Figura 4 - Declividade de Charqueada/SP.

Fonte: Autor (2023).


4.2.2. Hidrogeologia
Hidrogeologia refere-se ao estudo da distribuição e movimentação da água no solo e
nas rochas do subsolo. A presença de diferentes tipos de rochas e sedimentos, como folhelho,
calcário, arenito e siltito, pode influenciar significativamente a hidrologia de uma área,
especialmente em relação à recuperação de áreas degradadas. A figura 5 mostra a
hidrogeologia de Charqueada - SP.

Figura 5 - Hidrogeologia de Charqueada/SP.

Fonte: Autor (2023).


As características hidrogeológicas de acordo com o SGB/CPRM desses materiais e
como eles podem afetar a área:
● Folhelho:
- É uma rocha sedimentar composta principalmente por argilas e materiais de
grão fino.
- Geralmente apresenta baixa permeabilidade, o que significa que dificulta a
passagem de água. Pode atuar como uma camada impermeável ou
semipermeável, o que pode reter água acima dela, criando zonas saturadas.

● Calcário:
- É uma rocha sedimentar composta principalmente por carbonato de cálcio.
Pode ser solúvel em água ácida, o que leva à formação de carste ou sistemas de
cavernas em algumas áreas.
- Tem potencial para armazenar e transmitir grandes quantidades de água
subterrânea, especialmente se estiver fraturado ou carstificado.

● Arenito:
- É uma rocha sedimentar composta principalmente por grãos de areia
consolidados.
- Geralmente possui boa permeabilidade, permitindo o fluxo de água através
dele.
- Pode atuar como um bom aquífero, armazenando e transmitindo água
subterrânea.

● Siltito:
- Semelhante ao folhelho, mas com grãos um pouco maiores do que a argila
pura.
- A permeabilidade é geralmente entre a do arenito e a do folhelho, ou seja, pode
transmitir água, mas em taxas mais lentas.

4.2.3. Solo
Na área em estudo podem ser encontrados latossolos e argissolos, mais
especificamente PVAd4 - Argissolos Vermelho-Amarelo Distróficos + Latossolos
Vermelho-Amarelos Distróficos, conforme a figura 6.
Figura 6 - Solo de Charqueada/SP.

Fonte: Autor (2023).

Adiante é apresentada a caracterização de cada uma destas unidades pedológicas.


4.2.3.1. Latossolo
4.2.3.1.1. Características gerais
De acordo com a EMBRAPA (2023), latossolos são amplamente distribuídos nos
trópicos, incluindo grandes áreas do Brasil, e são fundamentais para as atividades de
agropecuária no país. Caracterizam-se por sua profundidade, frequentemente excedendo 2
metros, e um espesso horizonte B. A paleta de cores desses solos varia, sendo mais intensa na
superfície e mais pálida em camadas mais profundas, com uma sequência de horizontes A, B
e C pouco diferenciados. As cores desses solos variam de vermelhas muito escuras a
amareladas, sendo geralmente mais escuras no horizonte A, vivas no horizonte B e mais
claras no horizonte C (DNIT, 2013).
A retenção de nutrientes é limitada devido à presença de óxidos de ferro e alumínio,
afetando a fertilidade e gestão agrícola. A formação de crostas superficiais é uma
característica comum, atenuada pela manutenção de uma cobertura vegetal constante (DNIT,
2013).
Os Latossolos frequentemente desenvolvem crostas na superfície, um fenômeno que
pode ser resultado da aglutinação das partículas de argila, as quais começam a se comportar
como partículas menores, semelhantes ao silte e à areia fina. Essa camada superficial mais
compacta pode ser prevenida pela manutenção de vegetação constante no solo, uma estratégia
particularmente eficaz em pastagens para evitar o endurecimento superficial do terreno
(DNIT, 2013).
Manejo inadequado, como queimadas e pisoteio excessivo, pode prejudicar a estrutura
do solo, levando à compactação e erosão (SSSA, 1996). Por isso, a manutenção de uma
cobertura vegetal, rotação de culturas, adição de matéria orgânica e ajustes de acidez são
práticas essenciais para a conservação do solo (Embrapa, 2013).
Fertilizações devem ser baseadas em análises detalhadas do solo para assegurar a
aplicação equilibrada de nutrientes, vitais para sustentar a fertilidade do solo e a produtividade
das culturas (Silva et al., 2014).

4.2.3.1.2. Aptidão Agrícola e Fatores limitantes ao uso


Os Latossolos, frequentemente localizados em áreas de relevo plano a suave-ondulado
com declividades que raramente ultrapassam 7%, apresentam características que favorecem a
mecanização agrícola. Essa geografia facilita a implementação de práticas agrícolas modernas
que são cruciais para maximizar a produtividade e minimizar a erosão do solo. Além da
topografia favorável, os Latossolos são conhecidos por serem profundos, porosos e bem
permeáveis, características que se mantêm mesmo quando apresentam alta concentração de
argila. A friabilidade destes solos é uma vantagem adicional, pois facilita as operações de
preparo do solo para a agricultura. A porosidade e a boa permeabilidade são vitais para a
retenção e movimentação de água no solo, atributos essenciais para a saúde das plantas e a
eficiência da irrigação (EMBRAPA, 2017).
Apesar da textura argilosa poder conferir uma certa capacidade de retenção de
nutrientes, à fertilidade natural dos Latossolos pode ser baixa devido à alta saturação de
óxidos de ferro e alumínio, o que pode demandar práticas de fertilização para corrigir as
deficiências nutricionais e promover a produtividade agrícola. O potencial agrícola dos
Latossolos é amplamente reconhecido, no entanto, é imperativo que parte de suas áreas seja
mantida como reserva para proteção da biodiversidade inerente a esses ambientes.
A conservação de áreas nativas não só preserva a fauna e flora local, mas também
contribui para a manutenção de serviços ecossistêmicos vitais, como a regulação climática e o
sequestro de carbono. Portanto, enquanto os Latossolos representam um recurso agrícola
valioso nas regiões tropicais, o manejo responsável e a conservação da biodiversidade são
fundamentais para garantir a sustentabilidade agrícola e ambiental de longo prazo nessas
regiões (VIEGAS, 2010).
Os Latossolos, apesar de suas características favoráveis para uso agrícola, apresentam
alguns fatores limitantes que necessitam ser considerados para garantir uma exploração
sustentável. Particularmente, os latossolos de textura média, que possuem teores elevados de
areia, apresentam desafios específicos. Sua textura arenosa os aproxima das características das
Areias Quartzosas, tornando-os altamente suscetíveis à erosão. A erosão do solo é um
problema grave que pode levar à perda de solo arável, redução da capacidade de retenção de
água do solo e perda de nutrientes essenciais, afetando adversamente a produtividade agrícola.
Essa suscetibilidade à erosão exige a implementação de práticas conservacionistas e
um manejo cuidadoso para preservar a integridade do solo e sua capacidade produtiva. Entre
as práticas conservacionistas recomendadas estão a manutenção de uma cobertura vegetal
permanente, a utilização de terraços e curvas de nível para reduzir o escoamento superficial, e
a adoção de sistemas de plantio direto que minimizem a perturbação do solo
(BAUMGARDNER, 2012).
Além disso, o manejo cuidadoso da irrigação e a fertilização baseada em análises de
solo também são cruciais para evitar a degradação do solo e garantir uma produção agrícola
sustentável. A fertilização adequada é particularmente importante, dado que os Latossolos,
especialmente aqueles com alta concentração de areia, podem apresentar baixa fertilidade
natural devido à lixiviação de nutrientes e à baixa capacidade de troca catiônica
(BAUMGARDNER, 2012).
A gestão da matéria orgânica do solo também é uma estratégia vital para melhorar a
estrutura do solo, aumentar a retenção de água e nutrientes e promover a atividade biológica
do solo, o que, por sua vez, pode ajudar a mitigar os problemas de erosão e promover a saúde
geral do solo.
Portanto, enquanto os Latossolos oferecem um potencial significativo para uso
agrícola, é imperativo que práticas de manejo sustentáveis e conservacionistas sejam
empregadas para mitigar os fatores limitantes associados à sua textura arenosa e
susceptibilidade à erosão, garantindo assim a viabilidade agrícola de longo prazo desses solos
valiosos.

4.2.3.1.3. Manejo
Para preservar a qualidade do solo e promover práticas agrícolas sustentáveis, é
recomendável:
● Alocar terras para cultivo com base em sua capacidade produtiva natural.
● Realizar ajustes no solo para equilibrar o pH, diminuir a presença de alumínio e
melhorar a fertilidade.
● Manter uma cobertura vegetal contínua no solo, principalmente durante o período
inicial das chuvas.
● Implementar, quando viável, práticas de manejo do solo que preservem sua estrutura,
como o mínimo revolvimento do solo e o plantio direto.

4.2.3.2. Argissolo
4.2.3.2.1. Características gerais
Os Argissolos, que a Embrapa antes classificava como solos pózólicos, formam um
grupo diverso de solos unidos por uma transição textural distintiva: o aumento acentuado do
teor de argila com a profundidade. Esse perfil textural gradativo é um traço definidor dos
Argissolos, com implicações importantes para as práticas de manejo agrícola e para o
comportamento da água no solo (DNIT, 2013).
Os Argissolos têm uma boa estrutura com diferentes profundidades e cores que
tendem para o vermelho ou o amarelo. A textura na superfície varia de arenosa a argilosa, e
mais abaixo no perfil do solo, ela se torna de média a altamente argilosa. Essa mudança na
textura influencia a maneira como o solo retém água e nutrientes e afeta sua capacidade de
drenar excessos de água (DNIT, 2013).
A fertilidade dos Argissolos é variável, o que indica a necessidade de avaliações de
solo específicas para determinar as necessidades de manejo de nutrientes para a agricultura. A
mineralogia caulinítica predominante nesses solos implica em uma menor capacidade de troca
catiônica quando comparada a solos com mineralogia mais rica em minerais expansivos,
como os esmectitas. Essa característica mineralógica pode limitar a disponibilidade de
nutrientes essenciais para as plantas e demandar práticas de manejo de fertilidade mais
intensivas para sustentar a produtividade agrícola (DNIT, 2013).
Habitualmente, os Argissolos são encontrados em terrenos de relevo mais dissecados
quando comparados aos Latossolos. Essa localização em terrenos mais inclinados pode
aumentar a susceptibilidade dos Argissolos à erosão, especialmente em áreas de declives
acentuados onde as práticas agrícolas inadequadas podem acelerar os processos erosivos
(EMBRAPA, 2013).
Os Argissolos apresentam um horizonte A muitas vezes do tipo chernozêmico, e em
terrenos de relevo mais declivosos, onde as condições de espessura não são satisfeitas devido
aos desgastes erosivos, o horizonte A pode ser do tipo moderado. O horizonte chernozêmico é
caracterizado por uma alta concentração de matéria orgânica, o que pode conferir uma
coloração mais escura ao solo e potencialmente melhorar a fertilidade do solo.
Diante das características apresentadas, é evidente que o manejo adequado dos
Argissolos necessita de uma abordagem bem informada, que leve em consideração a variação
textural, a susceptibilidade à erosão, a mineralogia caulinítica e a variabilidade na fertilidade.
Práticas de conservação do solo, como a construção de terraços, a manutenção de cobertura
vegetal e a fertilização baseada em análises de solo, são essenciais para aproveitar o potencial
agrícola dos Argissolos de forma sustentável.

4.2.3.2.2. Aptidão Agrícola e Fatores limitantes ao uso


Os Argissolos, quando possuem fertilidade natural elevada e ausência de
pedregosidade, são considerados aptos para atividades agrícolas. São especialmente indicados
para contextos onde não há possibilidade de grandes investimentos para o melhoramento e
conservação do solo e das lavouras, situação comum em áreas de agricultura familiar
(EMBRAPA, 2007).
A vantagem destes solos é evidenciada em cenários de recursos limitados, pois
permitem um cultivo adequado sem exigir intervenções caras. Os Argissolos que se
encontram em um estágio intermediário para Latossolos, mesmo com baixa fertilidade
natural, são aptos para uso mais intensivo devido à sua profundidade. Tal limitação de
fertilidade pode ser amenizada especialmente em áreas de relevo suavizado. Além disso, esses
solos são adequados para o cultivo de culturas perenes, principalmente quando são mais
profundos, oferecendo uma alternativa sustentável para a exploração agrícola (EMBRAPA,
2007).
Os Argissolos enfrentam desafios para uso agrícola, incluindo uma propensão elevada
à erosão, particularmente em áreas de relevo acidentado e encostas íngremes. Essa tendência é
agravada pelo horizonte B com textura mais densa e baixa permeabilidade, contrastando com
os horizontes superiores. A presença de cascalho e rochas dificulta o manejo mecânico e o
crescimento das raízes. No entanto, em terrenos mais planos, esses obstáculos são geralmente
menores, permitindo um manejo mais fácil e favorecendo práticas agrícolas (EMBRAPA,
2007).
As limitações impostas pelos Argissolos demandam estratégias de manejo cuidadosas
para prevenir a erosão e preservar a integridade do solo. Práticas como a construção de
terraços, cultivo em contorno, plantio direto, e cobertura vegetal permanente podem ajudar a
mitigar os efeitos erosivos e promover a conservação do solo. Além disso, a correção da
fertilidade do solo através da adição de fertilizantes e matéria orgânica, conforme indicado
por análises de solo, pode ajudar a superar as limitações de fertilidade natural e promover uma
agricultura produtiva e sustentável nos Argissolos.

4.2.3.2.3. Manejo
● Correção da Fertilidade:
○ A fertilidade variável dos Argissolos demanda análises de solo regulares para
determinar as necessidades de nutrientes.
○ A aplicação de fertilizantes e corretivos baseados nas recomendações das
análises de solo pode ajudar a melhorar a fertilidade do solo e maximizar a
produtividade agrícola.

● Controle de Erosão:
○ A construção de terraços e o cultivo em contorno podem ajudar a reduzir a
erosão em áreas com declives acentuados.
○ Práticas de conservação do solo como plantio direto e manutenção de cobertura
vegetal podem minimizar a perturbação do solo e reduzir a erosão.
● Manejo da Água:
○ A irrigação pode ser necessária em áreas com precipitação insuficiente, e deve
ser gerenciada cuidadosamente para evitar a erosão e a lixiviação de nutrientes.
○ Práticas de manejo de água que promovam a infiltração e minimizem o
escoamento superficial são benéficas para conservar a água no solo.

● Manejo Orgânico:
○ A incorporação de matéria orgânica através de compostagem ou cobertura
morta pode melhorar a estrutura do solo, aumentar a retenção de água e
nutrientes e promover a atividade microbiana do solo.

● Rotação de Culturas e Plantio de Culturas Perenes:


○ A rotação de culturas pode ajudar a quebrar ciclos de pragas e doenças, e
melhorar a estrutura e fertilidade do solo.
○ O plantio de culturas perenes, especialmente em Argissolos mais profundos,
pode ajudar a estabilizar o solo e reduzir a erosão.

● Mecanização Cautelosa:
○ Em áreas com pedregosidade, a mecanização deve ser realizada com cuidado
para evitar danos ao solo e às máquinas.

● Monitoramento e Ajuste Contínuo:


○ O monitoramento contínuo das condições do solo e da resposta das culturas às
práticas de manejo permite ajustes informados para otimizar a produção
agrícola e a conservação do solo.

● Educação e Extensão:
○ A educação e a extensão agrícola podem ajudar os agricultores a compreender
as características únicas dos Argissolos e a adotar práticas de manejo que
promovam a produção agrícola sustentável.

4.2.3.3. PVAd4 + LVAd


● Argissolos Vermelho-Amarelo Distróficos (PVAd):
○ Cor e Textura: exibem uma gama de tonalidades, indo do vermelho ao
amarelo. Eles têm uma composição que pode ser arenosa ou argilosa na
camada superior e tendem a ser mais argilosos conforme se aprofunda no
subsolo.
○ Fertilidade: São classificados como distróficos, indicando baixa fertilidade
natural devido à baixa capacidade de troca catiônica e baixos níveis de
nutrientes essenciais.
○ Manejo: O manejo desses solos pode exigir correção da acidez através da
calagem, além da adição de fertilizantes para suprir a deficiência de nutrientes.

● Latossolos Vermelho-Amarelos Distróficos (LVAd):


○ Cor e Textura: Também apresentam cores que variam entre vermelho e
amarelo. São solos geralmente bem drenados com textura argilosa.
○ Fertilidade: Os Latossolos Vermelho-Amarelos Distróficos apresentam uma
fertilidade natural reduzida, exigindo medidas para elevar a acessibilidade dos
nutrientes. De maneira inerente, esses solos possuem níveis mínimos de
fósforo, recomendando-se a utilização de fertilizantes fosfatados. Uma
restrição adicional no emprego desses solos é a sua capacidade limitada de
reter água para o uso das plantas.
○ Manejo: A correção da acidez e a fertilização são práticas comuns no manejo
desses solos. Além disso, a incorporação de matéria orgânica pode ser benéfica
para melhorar a estrutura do solo e a retenção de nutrientes.

Tanto os Latossolos quanto os Argissolos enfrentam dificuldades devido à sua natural


baixa fertilidade e tendência à acidificação, necessitando de estratégias de manejo
especializadas para superar esses problemas e fomentar a agricultura sustentável. Esses solos
são frequentemente utilizados para cultivo de cana-de-açúcar, diversas frutas como jaca,
manga, banana, sapoti, cítricos, coco e acerola, além de pastagens cultivadas como os capins
braquiária, pangola e elefante, bem como para o cultivo de mandioca e, em menor escala, para
maracujá e inhame (BERTOLINI, 2006).
A topografia plana a levemente inclinada desses solos favorece a adoção de práticas de
mecanização no campo. Devido à sua profundidade e elevada porosidade, esses solos são
propícios ao desenvolvimento de sistemas radiculares extensos, condição que é ainda mais
favorável em solos eutróficos, caracterizados por sua alta fertilidade. Além disso, apresentam
um horizonte B com textura argilosa, indicando um aumento da quantidade de argila com a
profundidade do solo (BERTOLINI, 2006).
Entender e gerenciar as particularidades e desafios dos solos vermelho-amarelos é vital
para a implementação de práticas de manejo eficiente que buscam otimizar a produção
agrícola e a preservação do solo. O uso criterioso de melhoradores de solo e nutrientes,
juntamente com métodos adequados de gestão hídrica e preservação do solo, são
fundamentais para explorar as capacidades produtivas desses solos (BERTOLINI, 2006).

4.2.3.4. Uso e ocupação do solo

A intensificação do cultivo de cana-de-açúcar transformou significativamente a


cobertura vegetal original e a paisagem da região. Enquanto essa atividade agrícola gera
empregos e contribui para a economia local, ela também traz o risco de esgotar a fertilidade
do solo. A dependência crescente de insumos químicos para manter a produtividade pode
levar à contaminação do solo e dos recursos hídricos (DE MORAES, 2001).
O cultivo anterior de cana de açúcar pode ter deixado vestígios de agroquímicos no
solo, e a compactação do solo também pode ser uma preocupação. Dependendo do método de
colheita da cana, pode haver uma camada de palha residual no solo, que pode ajudar a
proteger o solo contra erosão e reter umidade (DE MORAES, 2001). As figuras 7 e 8
demonstram o Uso e Ocupação do Solo de Charqueada e do PRAD.
Figura 7 - Uso e Ocupação do Solo de Charqueada/SP.

Fonte: Autor (2023).


Figura 8 - Uso e Ocupação do Solo de Charqueada/SP.

Fonte: Autor (2023).


4.2.4. Hidrografia
Na área em estudo, a rede de drenagem converge para o ribeirão Fregadolli, sendo este
afluente do rio Corumbataí.

4.2.4.1. Bacia hidrográfica do rio Corumbataí


A Bacia Hidrográfica do Corumbataí, abrangendo cerca de 170 mil hectares, situa-se
na região central-leste de São Paulo. Essa bacia é composta principalmente por quatro cursos
d'água: o Rio Corumbataí, que é o principal, além do Rio Passa Cinco, Rio Cabeça e o
Ribeirão Claro (DE MORAES, 2001).
O Rio Corumbataí estende-se por cerca de 120 quilômetros, com uma variação
altimétrica de 330 metros desde sua origem na Serra de Santana, a uma altitude de 800
metros, até sua confluência com o Rio Piracicaba, a 470 metros. Os gradientes mais
acentuados são encontrados na parte superior do rio, com uma inclinação média de
aproximadamente 0,7%.
Figura 9 - Hidrografia e Bacias hidrográficas da região

Fonte: Autor (2023).

4.2.4.2. Ribeirão Fregadolli


O Ribeirão Fregadolli é um curso d'água localizado no município de Charqueada, São
Paulo, que tem uma significativa influência na região, especialmente no que diz respeito ao
cultivo canavieiro. O ribeirão também contribui para a formação da Cachoeira do Caidô, um
ponto de lazer para moradores locais e visitantes. A cachoeira, que é formada pelo Ribeirão
Fregadolli, é um local frequentado para lazer em família, especialmente nos finais de semana.
A figura 10 mostra a hidrografia e a bacia hidrográfica do Ribeirão Fregadolli.

Figura 10 - Hidrografia e Bacia hidrográfica do Ribeirão Fregadolli


Fonte: Autor (2023).

O aproveitamento dos cursos d'água para irrigação desempenha um papel crítico na


revitalização de áreas degradadas, particularmente durante as fases iniciais de
reflorestamento, quando as plantas jovens são mais vulneráveis e necessitam de condições
hídricas adequadas para se estabelecerem e prosperarem.
Contudo, a análise da região indicou que nenhum dos cursos d'água ultrapassa 10
metros de largura. Conforme estabelece o Código Florestal, a área de preservação permanente
(APP) ao longo dos rios deve ser de 30 metros. Na área em questão, observa-se que essa
margem está comprometida, tanto pela agricultura intensiva quanto pelo desenvolvimento
imobiliário, que inclui construções residenciais e áreas de lazer. A resolução deste impasse
requer uma abordagem diplomática que concilie a conservação ambiental com os interesses
econômicos e sociais envolvidos.

4.2.5. Clima
Para caracterizar o clima de Charqueada, analisaram-se dados do portal Weather
Spark, abrangendo o período de 2015 a 2023. Esta ferramenta interativa compila e apresenta
informações climáticas detalhadas.
Em Charqueada, observa-se um verão prolongado, caracterizado por calor e umidade,
com céus frequentemente nublados e chuvas, enquanto o inverno é breve e geralmente claro.
A localidade experimenta um padrão de chuvas típico das regiões tropicais, com um período
chuvoso de outubro a março e um período mais seco de abril a setembro, com temperaturas
variando entre médias de 8º C e picos de 36º C. A orografia local também influencia a
precipitação, especialmente pela ação das massas de ar.
As séries históricas de clima consideradas foram de oito anos, de 2015 a 2023.

4.2.5.1. Precipitação
É considerado dia com precipitação aquele com precipitação mínima líquida ou
equivalente a líquida de 1 milímetro.
A variação da ocorrência de precipitação em Charqueada ao longo do ano é
significativa.
O período mais chuvoso se estende por cerca de 5 meses, de 22 de outubro a 27 de
março, com chances superiores a 38% de chuva diária. Janeiro é o mês com mais dias de
chuva, com uma média de 20,2 dias.
Por outro lado, a época mais seca vai de 27 de março a 22 de outubro, sendo julho o
mês com menos chuva, com uma média de 3,4 dias.
Com base nessa classificação, a forma de precipitação mais comum ao longo do ano é
de chuva somente, com probabilidade máxima de 67% em 16 de janeiro. Conforme a figura
11.

Figura 11 - Probabilidade diária de precipitação em Charqueada.


Fonte: Weather Spark (2023).

4.2.5.2. Chuva
Charqueada exibe uma variação sazonal pronunciada em sua precipitação mensal
acumulada. A distribuição da chuva não é uniforme ao longo do ano, com picos significativos
em alguns meses.
A análise de um intervalo móvel de 31 dias em torno de cada data revela que janeiro é
o mês com a maior média de precipitação, alcançando cerca de 217 milímetros, enquanto
julho destaca-se como o mês com menos chuvas, com uma média próxima a 26 milímetros.
Conforme figura 12.

Figura 12 - Chuva mensal média em Charqueada/SP.

Fonte: Weather Spark (2023).


A variação na quantidade de chuva ao longo do ano é um aspecto crucial, afetando
significativamente o regime hídrico da bacia. Durante os períodos mais úmidos, o aumento
dos níveis de água nos rios contribui para uma maior dispersão de potenciais poluentes,
auxiliando na sua diluição.
Nos meses de baixa precipitação, observa-se uma elevada presença de compostos
químicos nos cursos de água, o que pode afetar negativamente atividades como a irrigação.
Importante também é o impacto das chuvas tropicais concentradas em erosão, especialmente
em solos expostos, característica marcante na região em foco.

4.2.5.3. Temperatura
Em Charqueada, o período de calor se estende por aproximadamente cinco meses e
meio, iniciando em meados de outubro e se estendendo até início de abril, com temperaturas
diárias que, em média, superam os 29 °C. Fevereiro se destaca como o mês mais quente.
Por outro lado, a fase mais amena do ano ocorre por quase três meses, começando em
meados de maio até o começo de agosto, quando as máximas diárias raramente ultrapassam os
26 °C, sendo julho tipicamente o mês mais frio. Conforme figura 13.

Figura 13 - Temperaturas máximas e mínimas médias em Charqueada


Fonte: Weather Spark (2023).

A figura 14 oferece um panorama detalhado das flutuações de temperatura em


Charqueada ao longo do ano, representando de forma visual a variação térmica média a cada
hora do dia, com cores distintas que correspondem às temperaturas específicas para cada
momento.
Figura 14 - Temperatura média horária em Charqueada.

Fonte: Weather Spark (2023).

4.2.5.4. Nuvens
Durante o ano em Charqueada, observa-se uma variação sazonal significativa na
cobertura de nuvens.
O período com céus mais claros se estende do início de abril até meados de outubro.
Agosto é o mês com o céu mais limpo, em média, o céu está sem nuvens, quase sem nuvens
ou parcialmente encoberto 72% do tempo.
Por outro lado, a temporada com maior cobertura de nuvens vai de meados de outubro
até o começo de abril, sendo janeiro o mês com maior frequência de céus nublados, durante o
qual, em média, o céu está encoberto ou quase encoberto 72% do tempo. Conforme figura 15.
Figura 15 - Categorias de nebulosidade em Charqueada.

Fonte: Weather Spark (2023).

4.2.5.5. Evaporação
Dados obtidos apenas de São Carlos, município próximo de Charqueada, vide a tabela
no tópico de Síntese climática.

4.2.5.6. Umidade relativa do ar


O ponto de orvalho é um indicador confiável para avaliar o conforto relativo à
umidade, pois influencia a eficácia com que o suor evapora da pele, afetando a sensação
térmica. Pela sua natureza, o ponto de orvalho tende a variar mais gradualmente do que as
temperaturas diurnas e noturnas, significando que um dia que começa com sensação de
umidade provavelmente também terá uma noite com sensação semelhante.
Em Charqueada, as condições de umidade são marcadamente distintas ao longo do
ano, com um longo período que se estende de outubro a maio caracterizado por um ambiente
frequentemente úmido e pesado, onde a sensação de abafamento é comum em mais de um
quinto dos dias.
Janeiro se destaca como o mês mais propenso a dias com elevada umidade, enquanto
julho é notável por apresentar quase nenhum dia com essa característica de umidade intensa.
Conforme figura 16.

Figura 16 - Níveis de conforto em umidade em em Charqueada.

Fonte: Weather Spark (2023).

As épocas mais úmidas favorecem o estabelecimento de plantas nativas, pois as mudas


necessitam de bastante água para crescer e se estabelecer. Portanto, o plantio deveria ser
idealmente alinhado com o início do período chuvoso. Além disso, conhecer os períodos mais
secos permite planejar ações de irrigação suplementar para assegurar a sobrevivência das
plantas durante estes períodos críticos.

4.2.5.7. Ventos
Este segmento examina a média horária de movimentação do ar, considerando tanto a
velocidade quanto a direção do vento a uma altura de 10 metros do solo. A percepção real do
vento em uma localidade específica pode ser significativamente influenciada pela geografia
da região e outros elementos. A constância do vento em tempo real tende a flutuar mais
amplamente do que o que é capturado pelas médias calculadas em uma base horária.
Em Charqueada, a intensidade média do vento apresenta flutuações modestas durante
as estações. Um período mais ventoso se estende por aproximadamente 4,3 meses, de final de
julho a início de dezembro, quando a velocidade do vento tende a superar 10,6 km/h.
Setembro se destaca como o mês com as maiores médias de velocidade do vento, atingindo
12,4 km/h.
Por outro lado, o intervalo mais tranquilo ocorre durante os 7,7 meses restantes, de
dezembro a julho, sendo fevereiro o mês em que a brisa é mais suave, com uma média de 8,8
km/h. Conforme figura 17.
Em Charqueada, os ventos predominantes têm um padrão sazonal. Por um período de
3,2 meses, de final de fevereiro a início de junho, e novamente por 1,6 mês, de meados de
julho a final de agosto, os ventos do leste são os mais comuns, alcançando seu pico de
frequência em abril.
Entre junho e meados de julho, por cerca de 1,2 mês, e depois por quase 3 meses, de
início de dezembro a final de fevereiro, os ventos predominantes são do norte, com a maior
ocorrência em junho.
Por fim, os ventos do sul são os mais frequentes durante aproximadamente 3,1 meses,
de fim de agosto a início de dezembro, com a maior prevalência em outubro.

Figura 17 - Velocidade média do vento em Charqueada.

Fonte: Weather Spark (2023).

Considerando a Escala Modificada de Beaufort, os ventos predominantes


enquadram-se entre as categorias 2 e 3, com velocidades de 7 a 19 km/h. Esta faixa,
caracterizada por brisas leves a ventos frescos, é ideal para a dispersão natural de sementes e
promove uma aeração adequada sem provocar erosão ou danificar a vegetação jovem.

4.2.5.8. Insolação
A insolação, ou quantidade de luz solar direta, é medida pelo tempo em que a luz do
sol incide diretamente sobre a superfície em um local específico ao longo do dia. Essa medida
muda com a inclinação axial da Terra e sua órbita em torno do sol, resultando em variações
sazonais que levam a períodos de dias mais longos ou mais curtos durante o ano.
Em Charqueada, a quantidade de luz diurna varia durante o ano. No inverno, o dia
mais breve acontece em 21 de junho, com cerca de 10 horas e 45 minutos de luz, enquanto no
verão, o dia mais extenso ocorre em 22 de dezembro, alcançando 13 horas e 31 minutos de
luz.
O sol nasce mais cedo às 05:17 no dia 29 de novembro, e o nascer mais tardio é às
06:51 em 5 de julho. O pôr do sol mais precoce é às 17:33 em 7 de junho, e o mais tardio às
19:01 em 14 de janeiro. Conforme figura 18.
Figura 18 - Horas de luz solar e crepúsculo em Charqueada.

Fonte: Weather Spark (2023).

A variação da duração do dia é um aspecto crítico na restauração ecológica, pois


influencia diretamente os ciclos de crescimento e repouso das plantas. Espécies arbóreas
nativas que requerem longos períodos de luz para otimizar a fotossíntese, é estratégico
plantá-las de modo que o período de crescimento coincida com os meses de dias mais longos,
como em dezembro.

4.2.5.9. Estação de Cultivo


No contexto de Charqueada, que possui um clima que não apresenta temperaturas
congelantes, a estação de cultivo pode ser considerada como o intervalo de tempo anual em
que a temperatura permanece acima de 0 °C.
Isso implica que a agricultura e o plantio possam ser praticados durante todo o ano,
adaptando-se às variações climáticas específicas do local. Para ilustrar essa distribuição
térmica, seria utilizada uma representação gráfica que destaca a variação das temperaturas ao
longo dos meses, propiciando uma melhor compreensão de quais períodos são mais
adequados para diferentes tipos de culturas. Conforme figura 19.

Figura 19 - Estação de cultivo em Charqueada.


Fonte: Weather Spark (2023).

4.2.5.10. Síntese climática

Baseado na tipologia climática estabelecida por Köppen, a área em questão é


caracterizada por um clima classificado como "Aw". Esse código descreve uma região com
duas estações distintas em relação às precipitações: uma úmida e outra seca.

Tabela 3 - Síntese climática de Charqueada.

*Dados de Evaporação de São Carlos de 1961-1990.


Fonte: Autor (2023)

A área analisada exibe um padrão climático com duas estações distintas: uma
temporada de chuvas intensas, que compreende o período de outubro a abril e representa 81%
do volume anual de chuva, com o pico de precipitação em janeiro, e uma temporada mais
seca, estendendo-se de maio a setembro, com julho sendo o mês que registra os menores
índices pluviométricos. A temperatura média anual se mantém em torno de 22°C.
A evaporação atinge seu ápice em agosto, com médias entre 140 e 180 milímetros,
contrastando com fevereiro, que registra os menores índices, frequentemente abaixo de 95
milímetros.
O período que vai de novembro a abril caracteriza-se pela maior umidade, variando de
50% a 90%. Por outro lado, de maio a setembro, a umidade relativa do ar cai, com médias
abaixo de 50%. A insolação mantém uma média diária próxima de 12 horas.

4.3.MEIO BIÓTICO
4.3.1. Fauna
A fauna desempenha um papel crucial na sustentação de ecossistemas equilibrados,
proporcionando serviços essenciais como a polinização, a dispersão de sementes e o controle
de pragas, que são vitais para os serviços ecossistêmicos e a restauração ecológica.
A pesquisa no Atlas Ambiental da Bacia do Rio Corumbataí identificou uma rica
biodiversidade, com uma notável variedade de aves e uma série de mamíferos como gambás,
quatis, lobos-guará, capivaras, e várias espécies de tatus e roedores. Predadores como a
suçuarana e a jaguatirica também foram registrados, indicando a importância dessa região
para a conservação de espécies nativas. Essa diversidade é essencial para a manutenção dos
processos ecológicos e para o equilíbrio dos ecossistemas locais.
A seguir a Tabela 4 relaciona as espécies de provável ocorrência na região em questão.

Tabela 4 - Listagem preliminar da fauna descrita e de provável ocorrência para a região.


Aves
Nome Popular Família Espécie (Nome científico)
Alegrinho Tyrannidae Serpophaga subcristata
Alma-de-gato Cuculidae Piaya cayana
Andorinha-doméstica-grande Hirundinidae Progne chalybea
Andorinha-do-campo Hirundinidae Progne tapera
Andorinha-de-casa-pequena Hirundinidae Pygochelidon cyanoleuca
Anu-preto Cuculidae Crotophaga ani
Anu-branco Cuculidae Guira guira
Araponga Cotingidae Procnia nudicollis
Avoante, amargozinha Columbidae Zenaida auriculata
Azulão Emberizidae Cyanocompsa bissonii
Beija-flor-de-banda-branca Trochilidae Amazilia versicolor
Beija-flor-de-orelha-violeta Trochilidae Colibri serrirostris
Beija-flor-de-peito-azul Trochilidae Amazilia lactea
Beija-flor-preto-e-branco Trochilidae Melanotrochilus fuscus
Bem-te-vi Tyrannidae Pitangus sulphuratus
Bem-te-vi-do-gado Tyrannidae Machetornis rixosa
Bem-te-vi-rajado Tyrannidae Myiodynastes maculatus
Besourinho-do-bico-vermelho Trochilidae Chlorostilbon aureoventris
Bico-chato Tyrannidae Tolmomyias sulphurescens
Bico-de-lacre Passeridae Estrilda astrild
Biguá Phalacrocoracidae Phalacrocorax brasilianus
Cambacica Emberizidae Coereba flaveola
Canário-da-terra Emberizidae Sicalis flaveola
Caneleiro Tyrannidae Pachyramphus castaneus
Caracará Falconidae Caracara plancus
Carrapateiro Falconidae Milvago chimachima
Chopim Emberizidae Molothrus bonariensis
Choquinha-lisa Formicaridae Dypithamnus mentalis
Coleirinho Emberizidae Sporophila caerulescens
Corruíra Troglodytidae Troglodytes musculus
Coruja-buraqueira Strigidae Athene cunicularia
Corujinha-do-mato Strigidae Megascops choliba
Coruja-do-mato Strigidae Ciccaba virgata
Coruja-orelhuda Strigidae Rhinoptynx clamator
Ema (extinta na região) Rheidae Rhea americana
Falcão-de-coleira Falconidae Falco femoralis
Fogo-apagou Columbidae Scardafella squammata
Frango-d’água Rallidae Gallinula chloropus
Garça-branca-pequena Ardeidae Egretta thula
Garça-vaqueira Ardeidae Bubulcus ibis
Garça-branca-grande Ardeidae Ardea alba
Garibaldi Emberizidae Agelaius ruficapillus
Gavião-de-cabeça-cinzenta Accipitridae Leptodon cayanensis
Gavião-carijó Accipitridae Rupornis magnirostris
Gemedeira Columbidae Leptotila rufaxilla
Inhambu-chintã Tinamidae Crypturellus tataupa
Inhambu-guaçú Tinamidae Crypturellus obsoletus
Irerê, Paturi Anatidae Dendrocygna viduata
Jaçanã Jacanidae Jacana Jacana
João-de-barro Furnariidae Furnarius rufus
João-barbudo Bucconidae Malacoptila striata
Juriti Columbidae Leptotila verreauxi
Juruviara Vireonidae Vireo olivaceus
Lavadeira-mascarada Tyrannidae Fluvicola nengeta>
Macuco Tinamidae Tinamus solitarius
Maitaca, Baitaca Psittacidae Pionus maximiliani
Mariquita Emberizidae Parula pitiayumi
Martim-pescador-verde Alcenidae Chloroceryle amazona
Martim-pescador-pequeno Alcenidae Chloroceryle americana
Mergulhão Podicipedidae Podylimbus podiceps
Pardal Passaridae Passer domesticus
Periquitão-maracanã Psittacidae Aratinga leucophthalma
Periquito Psittacidae Brotogeris tirica
Pia-cobra Emberizidae Geothlypis aequinoctialis
Pica-pau-de-banda-branca Picidae Drycopus lineatus
Pica-pau-do-campo Picidae Colaptes campestris
Pintassilgo Fringillidae Carduelis magellanica
Piolhinho Tyrannidae Phyllomyias fasciatus
Pitiguari Vireonidae Cyclarhis gujanensis
Pomba-amargosa Columbidae Columba plumbea
Pombo-doméstico Columbidae Columba livia
Pula-pula Emberizidae Basileuterus culicivorus
Quero-quero Charadriidae Vanellus chilensis
Risadinha Tyrannidae Camptostoma obsoletum
Rolinha Columbidae Columbina talpacoti
Sabiá-branco Muscicapidae Turdus leucomelas
Sabiá-do-campo Mimida Mimus saturninus
Sabiá-laranjeira Muscicapidae Turdus rufiventris
Sabiá-poca Muscicapidae Turdus amaurochalinus
Saci Cuculidae Fapera naevia
Saí-azul Emberizidae Dacnis cayana
Sanhaço Emberizidae Thraupis sayaca
Sanhaço-de-encontro Emberizidae Thraupis ornata
Sanhaçu-do-coqueiro Emberizidae Thraupis palmarum
Saracura Rallidae Aramides saracura
Saracura-sanã Rallidae Pardirallus nigicans
Sebinho Fringilidae Coereba flaveola
Siriema Cariamidae Cariama cristata
Socozinho Ardeidae Butorides striata
Suindara, coruja-branca Tytonidae Tyto Alba
Suiriri, Sibiriri Tyrannidae Tyrannus melancholicus
Tesoura-de-fronte-violeta Trochilidae Thalurania glaucopis
Tesourão Trochilidae Eupetomena macroura
Tico-tico Emberizidae Zonotrichia capensis
Tiê-de-topete Emberizidae Trichothraupis melanops
Tiê-preto Emberizidae Tachyphonus coronatus
Tiziu Emberizidae Volatinia jacarina
Trinca-ferro Emberizidae Saltator similis
Tucano-de-bico-verde Ramphastidae Ramphastos dicolorus
Tuim Psittacidae Forpus xanthopterygius
Urubu Cathartidae Coragyps atratus
Urutau Nyctibiidae Nyctibius griseus
Verão Tyrannidae Pyrocephalus rubinus
Viuvinha Tyrannidae Colonia colonus
Vivi, Fim-fim Fringillidae Euphonia chlorotica
Mamíferos e Peixes
Nome popular Família Espécie (Nome Científico)
Cachorro-do-mato Canidae Cerdocyon thous
Capivara Hydrochaeridae Hidrochoerus hydrochaeris
Cateto Tayassuidae Tayassu tacaju
Coati Procyonide Nasua Nasua
Coelho brasileiro Leporidae Sylvilagus brasiliensis
Cutia Dasyproctidae Dasyprocta aguti
Gambá Didelphidae Didelphis marsupialis
Gato-do-mato Felidae Felis wiedii
Guaiquica Didelphidae Marmosa cinerea
Irara Mustelidae Eira barbara
Jaguatirica Felidae Felis pardalis
Lobo-guará Canidae Chrysocyon brachyurus
Lontra Mustelidae Lutra platensis
Macaco-prego Cebidae Cebus apella
Mão-pelada Procyonide Procyon cancrivorus
Ouriço-cacheiro Erethizontidae Coendou villosus
Paca Dasyproctidae Agouti paca
Preá Caviidae Cavia aperea
Rato-do-arroz Muridae Oryzomys palustris
Rato-do-chão Muridae Thaptomys nigrita
Rato-do-mato Critedidae Wilfredomys oenax
Saá ou Sauá Callithrichidae Callicebus nigrifrons
Serelepe Sciuridae Sciurus aestuans
Tamanduá-mirim Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla
Tatu-bola Dasypodidae Tolypeutes tricinctus
Tatu-galinha Dasypodidae Dasypus novemcinctus
Tatu-peba Dasypodidae Euphractus sexcinctus
Veado Catingueiro Cervidae Mazama gouazoubira
Vespas e Abelhas
Nome popular Família Espécie (Nome Científico)
Vespa caboclo Vespidae Polistes versicolor
Mariquinhas Vespidae Polybia paulista
Mamangaba Apidae Bombus
Irapuá Apidae Trigona spinipes

Fonte - Atlas Ambiental da Bacia do rio Corumbataí (2023).

4.3.2. Flora
Desde meados do século XIX, com o advento da cafeicultura e a chegada do caminho
de ferro em 1876, a paisagem outrora coberta por uma vegetação rica e diversa na bacia do
Rio Corumbataí sofreu uma restrição significativa. Hoje, o que sobra da vegetação original se
encontra em pequenas faixas preservadas em propriedades rurais e nas matas ciliares ao longo
dos cursos d'água. Práticas agrícolas intensivas, como a plantação de arroz e cana-de-açúcar,
juntamente com a expansão de olarias e cerâmicas, foram os principais fatores que levaram ao
declínio da vegetação natural. Existem quatro tipos principais de mata ciliar na região.
Tipo 1: A mata nativa original, composta majoritariamente por árvores altas, ainda
persiste nas partes superiores do Rio Corumbataí e seus afluentes, especialmente nas áreas de
difícil acesso das cuestas, o que favorece a sua conservação.
Tipo 2: Encontra-se, igualmente, uma cobertura vegetal de grande porte, embora
secundária, ao longo das nascentes e parte média do curso dos rios, embora esta seja
fragmentada.
Tipo 3: A vegetação arbustiva é o que mais se observa pela bacia, um reflexo do
intenso impacto humano que resultou na destruição das matas ribeirinhas.
Tipo 4: Por fim, áreas mais baixas e perturbadas, especialmente aquelas utilizadas para
olarias e agricultura, apresentam predominância de gramíneas de baixa estatura e arbustos
isolados, refletindo uma vegetação adaptada a condições mais úmidas.
Observações na região indicam que as florestas ribeirinhas e reservas florestais são, na
verdade, recuperações secundárias devido a intervenções humanas, notando-se uma falta de
espécies arbóreas de alto valor comercial. A paisagem vegetal é complementada por campos e
cerrados degradados por incêndios e situados em solos com baixa riqueza de nutrientes.
A vegetação ribeirinha, especialmente nos cursos médio e superior do rio, está sendo
gradualmente substituída por espécies não nativas devido à remoção da cobertura vegetal
original. A umidade do solo e o percurso do rio são essenciais na definição da vegetação
ribeirinha, cuja destruição tem impactado a estabilidade das margens fluviais e os habitats
aquáticos dos peixes.
Os terrenos aluviais da região são ocasionalmente preenchidos por pastagens naturais
compostas por diversas espécies de gramíneas. A diversidade da cobertura vegetal tem sido
progressivamente substituída por paisagens uniformes, dominadas por plantações intensivas
de Eucalyptus e Pinus, além dos extensos campos de cana-de-açúcar.
Na análise da vegetação ribeirinha do Ribeirão Claro, localizado em Rio Claro,
identificaram-se 35 espécies arbóreas distribuídas em onze famílias botânicas. Destas, as
leguminosas se destacaram pela sua numerosa presença. Em segundo lugar em termos de
relevância ecológica, encontraram-se as euforbiáceas. Dentre os gêneros, Inga, pertencente às
leguminosas, e Sebastiania, da família das euforbiáceas, mostraram-se como os mais
proeminentes.
Pesquisadores investigaram a composição florística e a estrutura fitossociológica da
mata mesófila semidecídua localizada na Fazenda São José, entre Rio Claro e Araras. Foram
catalogados 1.204 árvores com troncos acima de 1,30 metros, abrangendo 155 espécies, 116
gêneros e 48 famílias botânicas. A análise revelou a existência de dois estratos arbóreos
distintos, cada um com características únicas. A diversidade encontrada foi significativa,
chegando a ser comparada com as mais elevadas registradas globalmente.
A área de cerrado dentro da bacia do Corumbataí contém remanescentes importantes
para a preservação e é objeto de estudo e proteção pela UNESP de Rio Claro, em especial
uma reserva de dezesseis hectares gerenciada pelo Instituto de Biociências. Esta reserva exibe
uma variedade de ecossistemas, desde campos abertos até áreas de cerradão, que têm se
desenvolvido em direção a características de mata devido à ausência de intervenções humanas
como cortes e incêndios desde 1962.
As formações florestais na bacia do Rio Corumbataí se localizam principalmente em
elevações e morros residuais, com destaque para a área da Fazenda São José, situada a
nordeste de Rio Claro. Pode-se encontrar áreas de cerrado próximas às cidades de
Corumbataí, Analândia e Itirapina, enquanto vestígios de vegetação ribeirinha são visíveis ao
longo do Ribeirão Cabeça, Rio Passa Cinco, nas nascentes do Rio Corumbataí e no Ribeirão
Claro.
Dentre as espécies adequadas para a restauração ecológica em São Paulo, citadas pelo
Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente, se destacam as variedades nativas
remanescentes nas áreas de mata ciliar. Estas espécies são categorizadas em grupos como
pioneiras, secundárias iniciais e tardias, ou climácicas, essenciais para a recuperação dos
ecossistemas locais. A lista completa pode ser consultada nas referências do documento de
2017 do governo estadual.
Para a recomposição florestal de áreas ribeirinhas, é importante adotar critérios na
escolha das espécies arbóreas. Estes incluem a adaptação ao ecossistema local, o papel
ecológico das plantas, e sua contribuição para a estrutura e funcionamento da floresta. A
seleção cuidadosa das espécies é um passo fundamental na restauração ambiental, alguns
critérios básicos são recomendados como:
- Plantio de um amplo leque de espécies autóctones que são típicas das matas ciliares
locais.
- Deve-se buscar uma mistura de espécies pioneiras, que crescem rapidamente, com
espécies secundárias e climácicas, que são fundamentais para o estágio final da
sucessão ecológica.
- Selecionar espécies que atraem a fauna e que sejam adequadas às diferentes condições
de umidade do solo.
- Respeitar a tolerância das espécies à umidade do solo, isto é, plantar espécies
adaptadas a cada condição de umidade do solo.
Uma elevada diversidade de plantas na restauração de ecossistemas degradados amplia
a eficiência do processo de regeneração natural, melhorando o ciclo de nutrientes e
aumentando o interesse da fauna local. Isso também fortalece o solo e melhora a sua
capacidade de reter água e nutrientes, ao mesmo tempo que diminui a vulnerabilidade da área
a doenças e pragas (MARTINS, op. cit., p. 38).

5. OBJETIVOS DO PROJETO/JUSTIFICATIVA
5.1. OBJETIVOS GERAIS
O objetivo é promover a recuperação ecológica da área deteriorada próxima à Usina
Granelli em Charqueada, focando na reintegração ecológica, preservação da diversidade
biológica e enriquecimento do meio ambiente local.
O projeto adotará um modelo sucessional de restauração ecológica, que envolve o
plantio integral de mudas selecionadas para criar uma sequência de desenvolvimento natural e
sustentável. A implementação e o acompanhamento das medidas de restauração exigirão
supervisão por uma equipe especializada em restauração de ecossistemas degradados.

5.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS


● Realizar um diagnóstico detalhado da extensão e natureza da degradação na área em
questão;
● Identificar as principais causas de degradação e avaliar o impacto ambiental associado;
● Interrupção do fator de degradação e análise do solo;
● Seleção dos métodos de recuperação com foco em Regeneração natural e Plantio de
mudas;
● Estabelecer protocolos para a recuperação do solo, incluindo correção da acidez,
adubação e outras técnicas relevantes;
● Selecionar espécies vegetais nativas da região de Charqueada para revegetação da
área, com foco em espécies arbóreas;
● Implementar ações de manejo de recursos hídricos para fertirrigação, para otimizar a
hidratação da área e garantir um desenvolvimento saudável da vegetação;
● Monitorar periodicamente a área recuperada, avaliando o crescimento vegetal, saúde
do solo, disponibilidade de recurso hídrico e presença de fauna associada;
● Promover a conscientização e engajamento da comunidade local, empresas e
indústrias no processo de recuperação e manutenção da área;
● A área será considerada efetivamente restaurada quando atingir um estado de
equilíbrio ecológico autossustentável, com uma biodiversidade e processos ecológicos
operando de maneira independente, sem a necessidade de intervenções ou suportes
externos contínuos.

5.3.JUSTIFICATIVA
A reabilitação da zona adjacente à Usina Granelli é crucial para restabelecer o
equilíbrio ecológico, melhorar a qualidade do ar e do ciclo hídrico e enriquecer a estética
local. A revitalização não somente melhora o ecossistema local, mas também se destaca como
um modelo de sustentabilidade, educando e envolvendo a comunidade, com o bônus adicional
de valorizar as propriedades da região.
A transformação de uma área anteriormente utilizada para a cultura de cana-de-açúcar
em uma Área de Preservação Permanente (APP) é regulamentada pelo Código Florestal
Brasileiro, Lei nº 12.651/2012. Este Código estabelece os parâmetros para a criação e
manutenção das APPs, que são áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o
bem-estar das populações humanas.

6. CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS A SEREM RECUPERADAS


6.1. CHAVE PARA ESCOLHA DE MÉTODOS DE RESTAURAÇÃO
FLORESTAL
A abordagem para vincular o diagnóstico ambiental com as medidas de recuperação
pode ser inspirada nas chaves dicotômicas utilizadas para identificação de espécies na
taxonomia. Nesse contexto de restauração de ecossistemas, cada aspecto identificado no
diagnóstico direciona a uma correspondente ação de restauração. Este processo iterativo
prossegue até que se determine a intervenção de restauração mais apropriada para o cenário
ambiental específico, conforme metodologias sugeridas pela Escola Superior de Agricultura
"Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo.
Diagnóstico
D1. Fatores de degradação
Diz respeito a toda atividade antrópica que resulte em impactos negativos nos
fragmentos florestais remanescentes e nas áreas a serem restauradas.
D1.3. Uso agrícola ------- vai para o item A1.3.
Uso da área a ser restaurada para o cultivo de espécies agrícolas anuais ou perenes.

Ações de restauração
A1. Isolamento de fatores de degradação
Diz respeito à adoção de medidas que impeçam ou reduzam as chances de um dado
fator de degradação voltar a danificar um remanescente natural ou um ecossistema em
processo de restauração, possibilitando o restabelecimento dos processos naturais de
recuperação da flora e fauna nativas.
A1.3. Fim do uso agrícola ------- vai para o item D2.
Interrupção do uso da área após a colheita, no caso de culturas anuais, ou remoção dos
indivíduos cultivados, no caso de espécies perenes, e impedimento do cultivo posterior da
área.

Diagnóstico
D2. Condições do solo
Diz respeito à capacidade física, química e biológica do solo em sustentar o
crescimento da comunidade vegetal nativa, fornecendo água, nutrientes e suporte físico para o
desenvolvimento dos indivíduos regenerantes ou plantados de espécies nativas.
D2.2. Solo degradado ------- vai para o item A2.
Em situações drásticas, a restauração ecológica não mais se aplica, e alternativas de
engenharia ecológica, recuperação ambiental e/ou reabilitação devem ser buscadas. No
entanto, em outras situações é possível adotar medidas de recuperação do solo para que
posteriormente sejam adotados métodos de restauração florestal.

Ações de restauração
A2. Recuperação do solo ------- vai para o item D4.
Consiste na adoção de medidas para remover impedimentos físicos e químicos do solo
que limitam o desenvolvimento da vegetação nativa. Primeiramente, deve-se combater a
erosão na área a ser recuperada, por meio da readequação da drenagem superficial e
interceptação da enxurrada. Isso pode ser feito por meio da construção de terraços na área a
ser restaurada e em seu entorno, instalação de paliçadas nos sulcos de erosão (fixação de toras
de madeira justapostas, que interceptam a enxurrada) e uso de técnicas adicionais de
engenharia de solos, deve-se corrigi-lo quimicamente, por meio da adição de calcário, micro e
macronutrientes, com especial destaque para o fósforo, de acordo com resultados de análise
de solo e com base em valores de referência para cada ecossistema a ser restaurado. A adição
de matéria orgânica, quando possível, é altamente recomendável para corrigir tanto atributos
físicos como químicos do solo, uma vez que ela auxilia na estruturação do solo e na formação
de micro e macro poros, no armazenamento de água, e na retenção e disponibilização de
nutrientes. A partir de então, recomenda-se a ocupação do terreno com espécies de adubação
verde para recobrir o solo e protegê-lo contra processos erosivos, incorporar matéria orgânica
e nitrogênio (no caso de uso de leguminosas). Após a ocupação da área pela adubação verde,
pode-se realizar o plantio de mudas de espécies arbóreas nativas que apresentem elevada
rusticidade, com destaque para algumas espécies de leguminosas, que também acrescentam
nitrogênio ao solo e tem grande potencial de produção de biomassa. No entanto, cabe ressaltar
que em situações mais drásticas de degradação do solo, os objetivos do projeto devem se
restringir à recuperação ambiental ou à reabilitação ecológica, uma vez que dificilmente
poderão ser restabelecidas no local condições edáficas que dêem suporte à formação de
florestas maduras.

Diagnóstico
D4. Comunidade regenerante de espécies nativas e isolamento da área na
paisagem.
Diz respeito à composição florística e ao grau de colonização espacial de áreas abertas
por indivíduos regenerantes de espécies arbustivas e arbóreas nativas com altura superior a 30
cm, e ao potencial de chegada de propágulos a essas áreas provindos de remanescentes
florestais nativos do mesmo tipo de vegetação. Quanto ao número de espécies que compõem a
regeneração, deve-se considerar valores compatíveis com as fases iniciais de sucessão
secundária de cada tipo de vegetação para estabelecer se há muitas ou poucas espécies
regenerando. Esse diagnóstico inclui áreas anteriormente ocupadas por povoamentos
comerciais de espécies arbóreas onde as árvores cultivadas já foram cortadas ou mortas em
pé.
D4.5. Reduzida ou nula densidade de regenerantes, em área não isolada na
paisagem –----- vai para o item A4.5.
Áreas com resiliência muito reduzida, nas quais a degradação histórica comprometeu a
persistência de espécies nativas no local. Trata-se de áreas desprovidas de indivíduos
regenerantes de espécies nativas, ou então com densidade tão baixa desses indivíduos que
apenas a condução dos mesmos teria pouco efeito para a restauração da área. No entanto,
acredita-se que há potencial efetivo da floresta implantada ser colonizada gradualmente por
parte relevante das espécies típicas dos ecossistemas de referência, uma vez que a área não se
encontra isolada de outros remanescentes florestais da região.

Ações de restauração
A4.5. Introdução de espécies nativas em área total, sem necessidade de uso de
elevada diversidade de espécies.
Consiste na introdução de espécies arbustivas e arbóreas nativas em área total, em
densidade suficiente para recobrir o solo e formar uma fisionomia florestal, favorecendo o
recrutamento de outras espécies nativas no sub-bosque e desfavorecendo a ocupação do solo
por gramíneas invasoras. Pode ser obtida por meio de diferentes técnicas, tal como plantio de
mudas, semeadura direta e transposição de solo florestal superficial. Como essa ação
contempla situações do diagnóstico em que há potencial de enriquecimento natural e contínuo
das áreas a serem restauradas por meio da chegada de sementes vindas de fragmentos do
entorno, não há necessidade de uso de elevada diversidade inicial de espécies, pois
considera-se que, com o tempo, serão atingidos níveis de riqueza e diversidade compatíveis
com os observados nos ecossistemas de referência. No entanto, nada impede que se utilize
elevada diversidade de espécies nesse tipo de situação, uma vez que isso poderá acelerar a
restauração do ecossistema por meio do aumento da complexidade do dossel e de micro-sítios
de regeneração, bem como poderá atrair quantidade e diversidade maiores de organismos
dispersores de sementes e polinizadores. Além disso, trata-se de uma garantia maior de que
elevados níveis de diversidade de espécies nativas serão atingidos no caso da expectativa de
contribuição da paisagem não se concretizar.
Figura 20 - Chave de decisão para a escolha de técnicas de restauração a partir do diagnóstico de áreas
degradadas.
Figura XX - Chave de decisão para a escolha de técnicas de restauração a partir do diagnóstico de áreas
degradadas
7. METODOLOGIA
Diagnóstico Inicial:
● Amostragem do solo e análise laboratorial para identificar suas características
e necessidades de correção.

​ Preparação do Solo:
● Limpeza inicial da área, construção de aceiros, roçada manual e controle de
pragas.
● Realização de calagem, gessagem e adubação conforme necessidade
identificada na análise do solo.

​ Seleção e Aquisição de Espécies:


● Escolha das espécies nativas conforme o modelo sucessional desejado, focando
em espécies pioneiras, secundárias e clímax.

​ Plantio:
● Locação, abertura e coroamento das covas, seguido do plantio das mudas
selecionadas.

​ Sistema de Fertirrigação:
● Implementação do sistema de fertirrigação por gotejamento, com cálculos de
necessidades hídricas e fertilizantes.

​ Manutenção e Monitoramento:
● Realização de adensamento e enriquecimento conforme necessário, controle de
pragas, replantio de mudas mortas e monitoramento do desenvolvimento
vegetal e das condições do solo. Correção e adubação do solo em observância
aos níveis de fertilidade identificados nas análises de solo.

​ Avaliação:
● Avaliações periódicas do progresso da restauração, ajustando o plano conforme
necessário para alcançar os objetivos de restauração ecológica estabelecidos.

8. PROJETO TÉCNICO DE PLANTIO COMPENSATÓRIO


Identificadas as fontes de impacto e deterioração, sugere-se uma estratégia de
intervenção com o objetivo de restaurar as Áreas de Preservação Permanente (APPs) ao redor
do curso d'água, baseada na análise e correção do solo, bem como na restauração da
vegetação ribeirinha. A revitalização da área será conduzida conforme estabelecido pelo Novo
Código Florestal (Lei 12.651/12).

8.1. AMOSTRAGEM DO SOLO


A área em questão, abrangendo 13,5 hectares, foi submetida a um processo de
amostragem de solo para determinar sua qualidade e características. A amostragem foi
realizada seguindo padrões agronômicos recomendados para garantir a precisão e
representatividade dos resultados.
Os resultados da análise fornecem informações valiosas sobre a fertilidade do solo, sua
textura, pH, níveis de nutrientes, capacidade de troca catiônica, entre outras características
essenciais. Estes dados são fundamentais para orientar decisões sobre práticas de manejo,
correção do solo e estratégias de fertilização.

8.2. ANÁLISE DO SOLO


A seguir é apresentado o resultado de análise de solo (figura 21), que será utilizado
como referência para a realização sobre a interpretação das variáveis determinadas, bem como
as formas de cálculo e as transformações de unidade de medida.

Figura 21 - Laudo de Análise de Solo.

As classes de interpretação são baseadas nos Níveis de fertilidade para interpretação


de análise de solos para o estado de São Paulo (Raij et al., (eds), 1996) e nos Critérios para
interpretação de análises de solo para fins de avaliação da fertilidade no estado de Minas
Gerais: matéria orgânica e para o complexo de troca catiônica (Ribeiro et al., (eds), 1999).

8.2.1. pH
A acidez do solo é representada pelo valor de pH, que reflete a quantidade de íons de
hidrogênio (H⁺) na solução do solo. O pH pode ser influenciado por diversos fatores ao longo
do tempo, como as práticas de manejo, cultivos consecutivos e aplicações de fertilizantes.
Quando as plantas absorvem nutrientes carregados positivamente como o potássio
(K⁺), magnésio (Mg²⁺) e cálcio (Ca²⁺), elas liberam íons de hidrogênio (H⁺) de suas raízes para
a solução do solo, o que pode levar à diminuição do pH. Similarmente, a nitrificação, que é a
transformação de amônio para nitrato através de fertilizantes nitrogenados, também libera
íons de hidrogênio (H⁺) no solo, contribuindo para a acidez do solo.
Outros fatores como precipitação e irrigação também podem afetar a acidez do solo.
Em algumas áreas, como São Paulo, o pH é medido em uma solução de CaCl₂ para minimizar
a influência de sais na medição do pH, fornecendo uma base sólida para análises futuras.
A análise do pH é vital para avaliar a fertilidade do solo, pois indica a forma química
em que o alumínio está presente, seja na forma tóxica (Al³⁺) ou precipitada (Al(OH)₃), além
de influenciar a solubilidade de macro e micronutrientes e a atividade de micro-organismos no
solo.
A diminuição do pH pode reduzir a disponibilidade de alguns nutrientes, enquanto
aumenta a solubilidade do alumínio tóxico (Al³⁺). Em contrapartida, solos com pH acima de
6,5 mostram uma redução acentuada na disponibilidade de micronutrientes como Zn, Cu, Fe e
Mn. Assim, o intervalo de pH entre 6,0 e 6,5 é considerado ideal para o crescimento das
plantas, pois nessa faixa, a toxicidade do alumínio é mitigada e há uma boa disponibilidade de
nutrientes.
Com um pH em CaCl₂ de 4,2, indicando acidez elevada, podem ocorrer condições
desfavoráveis como: alta concentração de alumínio tóxico (Al³⁺), baixos níveis de cálcio
(Ca²⁺) e magnésio (Mg²⁺), baixa saturação de bases (V), boa disponibilidade de Zn, Cu, Fe,
Mn, baixa disponibilidade de B, Mo e Cl, deficiência de fósforo devido à formação de
compostos precipitados e adsorção nos colóides do solo, menor perda de nitrogênio por
volatilização de amônia (NH₃) e redução da atividade microbiana no solo.

8.2.2. Alumínio (Al³⁺)


O conteúdo de alumínio nos solos é expresso através da presença do íon Al³⁺, também
referido como acidez trocável, que é prejudicial para as plantas. Embora todos os solos
possuam alumínio em diferentes formas ou compostos, com o conteúdo total permanecendo
praticamente constante, as formas específicas em que o alumínio se apresenta podem variar.
A acidez ou alcalinidade do solo, representada pelo pH, tem um papel significativo na
determinação das formas de alumínio presentes. A calagem, processo que envolve a adição de
calcário ao solo, pode alterar o pH do solo. Ao adicionar calcário ao solo, os carbonatos de
cálcio (Ca) e magnésio (Mg) se dissociam, liberando íons de hidroxila (OH⁻) na solução do
solo. Esses íons reagem com os íons de hidrogênio (H⁺), formando água (H₂O) e,
consequentemente, elevando o pH do solo através de uma reação de neutralização. Quando o
pH do solo aumenta, o alumínio solúvel tóxico (Al³⁺) se transforma em uma forma insolúvel
não tóxica, Al(OH)₃.
Com o tempo, diversos fatores como a lixiviação de bases causada pela precipitação, a
absorção de bases pelas plantas em cultivos sequenciais, e a aplicação de fertilizantes,
especialmente aqueles que contêm amônio, podem reacidificar o solo. Isso reduz o pH do
solo, o que por sua vez aumenta a solubilidade do alumínio. O alumínio então reverte da
forma não tóxica Al(OH)₃ para a forma tóxica Al³⁺ (e outras formas intermediárias), o que
pode resultar em toxicidade para as plantas novamente.

Conforme ilustrado na figura, em solos ácidos, a solubilidade do Al³⁺ é bastante


elevada, resultando em danos às raízes das plantas. Quando o pH do solo aumenta, a
solubilidade do Al³⁺ diminui, e ao atingir pH de aproximadamente 6,0, a forma tóxica de
alumínio desaparece, predominando a forma Al(OH)₃, que é um precipitado inerte.
O Al³⁺ pode resultar em espessamento das raízes, diminuição do crescimento e
obstrução da formação de pêlos radiculares, o que prejudica a absorção de água e nutrientes
pelas plantas. Entretanto, existem espécies de plantas com alta tolerância ao Al³⁺, como várias
espécies do gênero Eucalyptus.
Na análise do solo em questão, o conteúdo de Al³⁺ é de 1,14 cmolc/dm³, sendo
categorizado como "Alto". O pH do solo igual a 4,2 sinaliza a presença de alumínio na forma
de Al³⁺. Após a calagem, se o pH do solo aumentar para um valor acima de 6,0; o conteúdo de
Al³⁺ deverá ser reduzido a zero, pois acima de pH 6,0, o alumínio não está presente na forma
de Al³⁺.

8.2.3. H+Al
A acidez referida como "acidez potencial" ou "acidez total" tem implicações
relevantes na agricultura e na gestão do solo. As classes de interpretação associadas a esta
acidez são vistas como genéricas e possuem limitada utilidade prática, pois a principal
finalidade da determinação de H⁺+Al é calcular a Capacidade de Troca Catiônica Total (CTC
Total ou T) do solo. Este parâmetro é crucial para entender a fertilidade do solo e sua
capacidade de reter e fornecer nutrientes às plantas.
Comumente, valores elevados de H⁺+Al são encontrados em solos ricos em matéria
orgânica, especialmente se tais solos possuírem baixos valores de pH. A presença de matéria
orgânica pode influenciar a acidez do solo e, consequentemente, a sua capacidade de troca
catiônica, reforçando a necessidade de uma gestão adequada do solo para promover um
ambiente propício para o crescimento das plantas.

8.2.4. Soma de Bases (SB)


A Soma de Bases (SB) é uma métrica que representa a totalidade de bases presentes no
solo, incluindo os elementos K⁺, Na⁺, Ca²⁺ e Mg²⁺. A formulação da Soma de Bases é essencial
para avaliar a qualidade do solo, pois está diretamente relacionada à sua capacidade de
retenção de nutrientes e manutenção do equilíbrio químico, fundamental para o
desenvolvimento saudável das plantas. Esta métrica também tem impacto em outros
componentes do solo, como o alumínio (Al³⁺) e o hidrogênio (H⁺), que podem influenciar a
disponibilidade de nutrientes e o pH do solo.

Com base nos dados fornecidos no laudo (em cmolc/dm³):


● Cálcio (Ca²⁺): 1,2
● Magnésio (Mg²⁺): 0,4
● Potássio (K⁺): 0,123
Soma de Bases (SB) = Ca²⁺ + Mg²⁺ + K⁺
Soma de Bases (SB) = 1,2 + 0,4 + 0,123
Soma de Bases (SB) = 1,723 cmolc/dm³

Neste cenário, o valor de 1,723 cmolc/dm³ sinaliza que a Soma de Bases está baixa, o
que pode indicar uma possível deficiência de nutrientes para as plantas. Além disso, o pH do
solo pode estar bastante ácido, prejudicando assim a fixação da cultura. A análise e
interpretação destes valores são vitais para a implementação de práticas de manejo adequadas,
visando melhorar a fertilidade do solo e garantir um crescimento saudável para as culturas
plantadas.

8.2.5. Capacidade de Troca Catiônica potencial (T)


A Capacidade de Troca Catiônica (CTC), denotada pela letra T, medida em pH 7, é
uma variável crítica para avaliar o potencial produtivo do solo. Ela reflete a quantidade
máxima de cargas negativas que o solo poderia ter, caso seu pH fosse 7. Estas cargas
negativas têm a propriedade de adsorver (reter) nutrientes carregados positivamente, como K⁺,
Ca²⁺ e Mg²⁺, que podem ser incorporados ao solo através de calagem e adubações. Além
desses, outros elementos como Al³⁺, H⁺, Na⁺ e outros também podem ser retidos.
Dessa forma, considerando que a quantidade total de cargas negativas no solo é
praticamente constante, a presença elevada de Al³⁺, H⁺ e Na⁺ no solo resulta em uma redução
das cargas negativas disponíveis para adsorver as bases K⁺, Ca²⁺, Mg²⁺. Quando a quantidade
de nutrientes catiônicos introduzida através da adubação supera a Capacidade de Troca
Catiônica (CTC) do solo, esses nutrientes (K⁺, Ca²⁺, Mg²⁺) podem ser perdidos por lixiviação,
o que pode comprometer a eficiência da adubação e a fertilidade do solo.
Logo, um solo com uma CTC elevada é muitas vezes visto como um solo fértil, pois
tem maior capacidade de fornecer nutrientes às plantas, enquanto um solo com baixa CTC
pode necessitar de manejo mais intensivo para fornecer as necessidades nutricionais das
plantas.
Ao compreender a CTC do solo, pode-se tomar decisões informadas sobre as práticas
de manejo do solo, incluindo a calagem e a fertilização, para melhorar a saúde do solo e, por
extensão, a produtividade.

Dados fornecidos (em cmolc/dm³):


● Soma de Bases (SB): 1,723 cmolc/dm³
● H + Al: 11,10 cmolc/dm³
Capacidade de Troca Catiônica Potencial (T) = SB + (H+Al)
Capacidade de Troca Catiônica Potencial (T)= 1,723 + 11,10
Capacidade de Troca Catiônica Potencial (T) = 12,823 cmolc/dm³

Solos com alta concentração de argila ou ricos em matéria orgânica tendem a ter uma
capacidade de troca catiônica (CTC) significativa. Um solo com CTC acima de 10 cmolc/dm³
é considerado com alto poder de buffer, exigindo assim mais calcário para modificar seu pH.
A porcentagem de saturação de um determinado elemento na capacidade total de troca
do solo pode ser calculada dividindo-se a quantidade do elemento pela capacidade total e
multiplicando-se por 100.
Solos com boas características de fertilidade geralmente apresentam as seguintes
proporções de nutrientes na CTC:
K⁺ = 3 a 5%
Ca²⁺ = 50 a 70%
Mg²⁺ = 10 a 15%
Na⁺ = < 5%

Utilizando-se a análise de solo de referência, têm se as seguintes proporções:


K⁺ = (0,123/12,823) x 100 = 0,959%
Ca²⁺ = (1,2/12,823) x 100 = 9,358%
Mg²⁺ = (0,4/12,823) x 100 = 3,119%
H⁺ + Al³⁺ = (11,1/12,823) x 100 = 86,563%

Esses valores são variáveis com a calagem e as adubações e podem ser utilizados para
indicar o limite máximo da quantidade do elemento a ser aplicado ao solo para que este não se
perca por lixiviação.

8.2.6. Capacidade de Troca Catiônica Efetiva (t)


A Capacidade de Troca Catiônica Efetiva (t) corresponde à soma dos cátions trocáveis
que estão de fato presentes no solo. Este valor é obtido através da soma dos cátions básicos
(Ca²⁺, Mg²⁺, K⁺) e o alumínio (Al³⁺).
● Cálcio (Ca²⁺): 1,2 cmolc/dm³
● Magnésio (Mg²⁺): 0,4 cmolc/dm³
● Potássio (K⁺): 0,123 cmolc/dm³
● Alumínio (Al³⁺): 1,14 cmolc/dm³
Capacidade de Troca Catiônica Efetiva (t) = Ca²⁺ + Mg²⁺ + K⁺ + Al³⁺
Capacidade de Troca Catiônica Efetiva (t) = 1,2 + 0,4 + 0,123 + 1,14
Capacidade de Troca Catiônica Efetiva (t) = 2,863 cmolc/dm³

8.2.7. Saturação por Bases (V%)


Representa a percentagem das cargas negativas totais no solo que estão ocupadas por
bases (K⁺ + Na⁺ + Ca²⁺ + Mg²⁺). É obtida dividindo a Soma de Bases (SB) pela Capacidade de
Troca Catiônica Total (T) do solo, e multiplicando o resultado por 100.

Dados fornecidos:
● Soma de Bases (SB): 1,723 cmolc/dm³
● Capacidade de Troca Catiônica potencial (T): 12,823 cmolc/dm³
Saturação por Bases (V%) = (SB x 100) / T
Saturação por Bases (V%) = 1,723 x 100 / 12,823
Saturação por Bases (V%) ≈ 13,44 %

De acordo com a tabela fornecida, o valor de V = 13,44% é categorizado como baixo,


indicando a necessidade de calagem para aumentar a saturação por bases até o nível desejado
pela cultura em questão.
A calagem tem como objetivo aumentar a saturação por bases do solo para níveis que
atendam às demandas da cultura, que geralmente oscilam entre 50 a 80%. Ao aumentar a
saturação por bases do solo através da calagem, ocorre uma redução proporcional do H⁺Al, o
que resulta na diminuição da acidez do solo, tornando-o mais propício para o cultivo.

8.2.8. Saturação por alumínio (m%)


A Saturação por alumínio (m%) indica saturação por Al³⁺ na CTC efetiva (t).

Dados fornecidos:
● Alumínio (Al³⁺): 1,14 cmolc/dm³
● Capacidade de Troca Catiônica Efetiva (t) = 2,863 cmolc/dm³
Saturação por Alumínio (m%) = Al³⁺ × 100 / t
Saturação por Alumínio (m%) = 1,14 × 100 / 2,863
Saturação por Alumínio (m%) ≈ 39,81 %

Para um crescimento e desenvolvimento otimizado das plantas, é indicado que não


haja presença de Al³⁺ no solo, ou seja, que o pH seja superior a 6,0, momento no qual a
saturação por alumínio (m) se torna zero. As categorias de interpretação para a saturação por
alumínio (m) são detalhadas na tabela fornecida. Com base na Tabela, o valor de m é
considerado médio.

8.2.9. Síntese da Análise do Solo


A tabela 5 apresenta uma síntese da análise do solo de Charqueada.

Tabela 5 - Síntese da Análise do Solo


Parâmetro Unidade Valor Classificação
Matéria orgânica (M.O.) - - -
K⁺ Trocável cmolc/dm³ 0,123 Baixo
Ca²⁺ Trocável cmolc/dm³ 1,2 Baixo
Mg²⁺ Trocável cmolc/dm³ 0,4 Baixo
Al³⁺ Trocável cmolc/dm³ 1,14 Alto
pH em CaCl2 - 4,2 Acidez Alta
Acidez Potencial (Al³⁺+H⁺) cmolc/dm³ 11,10 Muito Alta
Soma de Bases (SB) cmolc/dm³ 1,723 Baixo
Capacidade de Troca
cmolc/dm³ 2,863 Médio
Catiônica Efetiva (t)
Capacidade de Troca
cmolc/dm³ 12,823 Bom
Catiônica Potencial (T)
Saturação por Bases (V%) % 13,44 Muito Baixa
Saturação por Alumínio
% 39,81 Médio
(m%)
Fonte: Autor (2023).

Com base nos dados fornecidos e nos cálculos realizados, uma avaliação preliminar da
análise do solo:
● Nutrientes Trocáveis (K⁺, Ca²⁺, Mg²⁺): Os níveis de Potássio (K⁺), Cálcio (Ca²⁺) e
Magnésio (Mg²⁺) trocáveis estão classificados como baixos. Isso indica uma
necessidade de adubação para repor esses nutrientes essenciais e melhorar a fertilidade
do solo. A soma de bases baixas sugere uma capacidade limitada do solo para reter e
fornecer nutrientes básicos.

● Alumínio Trocável (Al³⁺), Acidez Potencial (Al³⁺+H⁺) e pH do Solo: Todos parâmetros


indicando que o solo é ácido. Será necessário considerar a calagem para corrigir a
acidez do solo e torná-lo mais propício para o crescimento das plantas.

● Saturação por Bases (V%): O valor de 13,44% é muito baixo. Isso indica que a maior
parte da capacidade de troca catiônica do solo não está sendo ocupada por cátions
básicos (Ca, Mg, K), o que pode limitar a disponibilidade de nutrientes essenciais para
as plantas.

● Capacidade de Troca Catiônica (CTC): A CTC efetiva (t) está classificada como
média, enquanto a CTC potencial (T) está classificada como boa, indicando um
potencial decente para retenção de cátions, embora a situação atual possa ser
melhorada. Este valor fornece uma ideia da capacidade do solo de fornecer nutrientes
às plantas.

● Saturação por Alumínio (m%) e Saturação por Bases (V%): Os valores sugerem que
uma quantidade significativa da CTC efetiva está sendo ocupada pelo alumínio. A
saturação por bases muito baixa e a saturação por alumínio média indicam
desequilíbrios que podem ser corrigidos para melhorar a qualidade do solo e sua
adequação para o cultivo.

● Textura do Solo: O solo foi classificado como argiloso, com 60% de argila. Solos
argilosos têm boa capacidade de retenção de água e nutrientes, mas podem ter
problemas de drenagem e aeração.

O solo apresenta acidez e uma alta saturação por alumínio, o que pode ser prejudicial.
Será considerada a calagem para corrigir a acidez e reduzir a toxicidade do alumínio. Além
disso, a baixa saturação por bases sugere uma necessidade de adubação para aumentar a
disponibilidade de cátions básicos.

8.3. IMPLANTAÇÃO
8.3.1. Limpeza Inicial da área
A limpeza inicial da área envolve a remoção de vegetação invasora expressiva,
entulho, e qualquer outro material indesejado que possa interferir nos processos posteriores. O
objetivo é preparar o terreno, sendo executado de forma manual, criando um ambiente
propício.

8.3.2. Isolamento da área


Para proteger a vegetação e impedir impactos externos, como a invasão de animais,
será implementada uma barreira física ao redor da área. Esta barreira será composta por
mourão de eucalipto espaçados de dois em dois metros, conectados por quatro linhas de arame
farpado. Além disso, mourão esticador reforçado será instalado em intervalos de dez metros
para garantir a tensão e a integridade da cerca (GUIMARÃES et al., 2009).
O total de materiais será de:
● 601 mourão estaca;
● 150 Mourão esticador;
● Arame = 1.584,538 m; Arame x4 = 6.338,152 m; Arame Total = 6.500 m.

8.3.3. Construção do aceiro


Para prevenir incêndios em Áreas de Preservação Permanente (APP), serão
implementados aceiros com seis metros de largura ao redor do perímetro da área em questão,
totalizando 1,05 hectares de espaço sem material inflamável, conforme estabelecido pelo
Decreto Federal nº 2.661/1998. Essa medida é essencial para a segurança e manutenção do
ecossistema local.

8.3.4. Roçada Manual


A roçada manual foi selecionada como a metodologia de preparação inicial do terreno
e posterior manutenção, devido às características específicas da área de 13,5 hectares, que
anteriormente abrigava cultivo de cana-de-açúcar e atualmente apresenta mínima vegetação
remanescente. Esta opção é econômica e suficiente para a remoção da vegetação esparsa
existente e outros detritos, preparando o solo para as etapas subsequentes de recuperação.
A roçada manual será executada por uma equipe de 13 trabalhadores treinados,
utilizando ferramentas manuais adequadas como roçadeiras, facões e enxadas. Este processo
permitirá uma limpeza eficaz do terreno, removendo obstáculos e detritos que possam
interferir nas atividades de recuperação e revegetação.
Além disso, a roçada manual oferece a vantagem de um impacto ambiental reduzido
quando comparada às técnicas mecanizadas ou semi-mecanizadas, alinhando-se assim com os
objetivos de sustentabilidade e conservação ambiental do projeto.
O cronograma de execução será elaborado de modo a garantir que a roçada manual
seja concluída de forma eficiente e no tempo adequado, precedendo as atividades de calagem,
correção do solo, e outras intervenções necessárias para a recuperação da área. A supervisão
contínua durante esta fase assegurará que o terreno esteja devidamente preparado, atendendo
às exigências do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), e criando uma base
sólida para as etapas subsequentes do projeto.

8.3.5. Controle de formigas cortadeiras


O controle de formigas cortadeiras é essencial para que a restauração da área não seja
comprometida, o cálculo da quantidade de isca necessária depende de vários fatores,
incluindo a área infestada, a densidade da população de formigas e as recomendações do
fabricante para a isca.
Quantidade de Isca = Área Infestada × Taxa de Aplicação
● Área Infestada: A extensão da área que está sendo afetada pelas formigas cortadeiras.
● Taxa de Aplicação: A quantidade de isca recomendada por hectare ou por metro
quadrado, conforme indicado pelo fabricante.
Aplicação recomendada de 3,5 Kg/ha de acordo com Isca granuladas à base de
Sulfluramida.
Quantidade de Isca = 13,5 ha × 5 kg/ha = 47,5 kg
Aplicação da Isca:
● Identificação das Colônias;
● Aplicação Direta de isca diretamente sobre e ao redor dos olheiros das formigas
cortadeiras.
● Horário de aplicação preferencialmente no final da tarde ou início da manhã, quando
as formigas estão mais ativas.
● Evitar a Chuva se a previsão do tempo indica chuva nas próximas horas, pois a chuva
pode lavar a isca antes que as formigas a ingiram.
● Monitoramento da área regularmente após a aplicação para avaliar a eficácia do
tratamento e determinar se são necessárias aplicações adicionais.
● Proteção Individual, como luvas e máscaras, durante a aplicação.
● Controle químico com distribuição de iscas granuladas (soltas) nos olheiros, por volta
de 5 à 7 dias antes do plantio.
● Repasse no controle químico com distribuição de iscas granuladas (soltas) nos
olheiros. Operação feita após o plantio, a cada 15 dias, nos primeiros 2 meses, e
depois a cada nos meses de estiagem ou casa haja necessidade (100 gramas/olheiro).

8.3.6. Locação das covas


Para o estabelecimento das mudas, será realizada a marcação precisa para a abertura
das covas, respeitando o espaçamento planejado de 3 metros entre cada uma. A técnica de
adensamento será aplicada, caso necessário, utilizando espécies de crescimento rápido e que
proporcionem sombra eficiente, assegurando assim a rápida cobertura do solo.
Plantas arbóreas serão escolhidas por sua alta taxa de sobrevivência, que chega a
99,9%, embora isso possa levar a uma competição mais intensa entre indivíduos em
densidades populacionais elevadas (GOMES, 2020).

8.3.7. Coroamento Manual das Covas


Antes do plantio, será feita a limpeza manual ao redor das covas, eliminando invasoras
em um perímetro de 50 centímetros e até 5 centímetros de profundidade, utilizando enxadas.
Esta ação será repetida na mesma profundidade e num raio de 30 a 50 centímetros ao
redor das mudas já plantadas, assegurando um ambiente propício para o desenvolvimento das
plantas nativas.
8.3.8. Abertura Manual das Covas
Serão preparadas covas para plantio com pelo menos 30 centímetros de largura e
profundidade, empregando um enxadão para a escavação.

8.4. SÍNTESE DA IMPLANTAÇÃO


A implantação do projeto de recuperação na área segue uma sequência estratégica de
atividades visando preparar o terreno, controlar pragas e estabelecer a vegetação conforme os
padrões definidos. Abaixo é apresentada a figura 22 sintetizando as principais etapas da
implantação.

Figura 22 - Principais etapas da implantação do PRAD


Fonte: Autor (2023).

8.5. CALAGEM
A aplicação de calcário é indicada para solos ácidos com alta concentração de
alumínio e baixa saturação de bases. O calcário libera íons cálcio e magnésio, melhorando a
estrutura do solo e aumentando seu pH, o que diminui a toxidade do alumínio ao
transformá-lo em uma forma não solúvel, contribuindo para um ambiente mais favorável ao
crescimento das plantas.

8.5.1. Cálculo da Necessidade de Calagem


Para calcular a quantidade de calagem necessária, utilizamos a metodologia de
saturação por bases, visando ajustar a saturação de bases do solo (V) ao nível ideal para o
cultivo. A fórmula aplicada consiste em multiplicar a diferença entre a saturação de bases
desejada (V2) e a atual (V1) pela capacidade de troca de cátions efetiva do solo (T), e dividir
o produto por 100. Isso fornece a quantidade de cal necessário para otimizar as condições do
solo para a cultura, conforme a fórmula:

NC = (V2 – V1) T / 100

A necessidade de saturação de bases varia conforme a cultura, com diretrizes


específicas disponíveis em guias de correção do solo e fertilização. As culturas são
tipicamente categorizadas por seus requisitos de nutrientes base, oscilando de baixa a alta
demanda de nutrientes para um desenvolvimento ideal. De modo geral, o nível de exigência
em bases das culturas pode ser assim classificado:
● Hortaliças: V2 = 70% a 80%
● Culturas anuais e perenes: V2 = 60% a 70%
● Espécies florestais: V2 = 50% a 60%

Será utilizado de 60% em vista de espécies florestais.


NC = (V2 - V1) * CTC / 100
NC = (60 - 13,44) * 12,823 / 100
NC = 5,97 t/ha de calcário.

O calcário, utilizado para equilibrar a acidez do solo, deve ser espalhado


uniformemente e misturado ao solo antes de iniciar o plantio. Durante a preparação das covas,
uma medida adicional de calcário, entre 100 a 200 gramas por cova, pode ser adicionada,
levando em conta a análise do solo e o volume da terra removida. Essa aplicação deve ser
calculada proporcionalmente à área das faixas de plantio, não a área total.
Sendo assim será aplicado mais 200g de calcário por cova totalizando 2.593,4 kg.
Quantidade total de calcário dolomítico filler de 8,6 toneladas.
8.6. GESSAGEM
Existe a possibilidade de aplicar gesso agrícola quando o solo tiver uma ou mais das
características:
● Cálcio < 0,5 cmolc/dm3
● Alumínio > 0,5 cmolc/dm3
● Saturação por bases (V%) < 35%
● Saturação por alumínio > 30%.

Para o solo analisado descrito no projeto então:

● Cálcio = 1,2 cmolc/dm3 (Não indicado)


● Alumínio = 1,14 cmolc/dm3 (Indicado)
● Saturação por bases (V%) = 13,44 % (Indicado)
● Saturação por Alumínio (m%) = 39,81 % (Indicado)

Logo, a gessagem pode ser benéfica para esse solo argiloso. Solos argilosos são muitas
vezes caracterizados por terem uma compactação elevada, má drenagem, e às vezes podem ter
problemas de saturação de alumínio e de magnésio.
Melhoria da Estrutura do Solo:
● O gesso pode ajudar a melhorar a estrutura de solos argilosos, promovendo a
agregação do solo. Isso pode melhorar a permeabilidade do solo à água e ao ar,
facilitando o desenvolvimento radicular das plantas e melhorando a drenagem.

​ Redução da Saturação de Alumínio:
● Em solos ácidos, o alumínio tóxico pode ser um problema. O gesso pode
ajudar a reduzir a saturação de alumínio, diminuindo a toxicidade do alumínio
para as plantas.

​ Fornecimento de Cálcio e Enxofre:
● O gesso fornece cálcio e enxofre, que são nutrientes essenciais para as plantas.
O cálcio é especialmente importante para a melhoria da estrutura do solo.

​ Correção da Compactação:
● Ao melhorar a estrutura do solo, o gesso pode ajudar a corrigir problemas de
compactação em solos argilosos, que é um problema comum nesse tipo de
solo, fazendo um aprofundamento radicular.
Pode-se calcular a quantidade necessária de gesso agrícola através da fórmula:

NG = (V2 - V1) * CTC / 500


NG = (60 - 13,44) * 12,823 / 500
NG = 1,195 t/ha
NG = 1,2 toneladas / ha
Sendo:
NG = necessidade de gesso em t/ha;
V2 = Saturação por bases esperada (%);
V1 = Saturação por bases atual na camada 20 - 40 cm (%);
CTC = capacidade de troca catiônica.

8.7. ADUBAÇÃO
A preparação adequada do solo é um pré-requisito crucial para o sucesso de qualquer
projeto de plantio, e a escolha da adubação correta é central para esta preparação. No projeto
em questão, optou-se por uma abordagem bifásica para a adubação, que inclui a utilização de
Esterco Bovino Leiteiro antes do plantio, seguida por fertirrigação como adubação de
cobertura.

8.7.1. Adubação Orgânica com Esterco Bovino Leiteiro


Antes do plantio, será empregada a adubação orgânica utilizando Esterco Bovino
Leiteiro. Este tipo de adubo é valorizado por sua riqueza em nutrientes essenciais e pela
capacidade de melhorar a estrutura do solo. A aplicação será de 5kg por cova, misturando-se
com o solo na proporção de duas partes de solo para uma parte de matéria orgânica. Sendo
12.967 covas, logo terá:

Quantidade de Adubo = 12.967 mudas * 5 kg


Quantidade de Adubo = 64.835 kg
Quantidade de Adubo = 65 toneladas.
Este processo visa:
● Enriquecimento do Solo: O Esterco Bovino Leiteiro é uma fonte rica de nutrientes
essenciais como nitrogênio, fósforo, e potássio, que são vitais para o crescimento
inicial saudável das plantas.
● Melhoria da Estrutura do Solo: A matéria orgânica presente no esterco ajuda a
melhorar a estrutura do solo, promovendo uma boa drenagem e aeração, facilitando
assim o desenvolvimento radicular das plantas.
● Promoção da Atividade Microbiana: O esterco também promove a atividade
microbiana benéfica, que é crucial para a decomposição da matéria orgânica e a
disponibilização de nutrientes.

8.8. SISTEMA DE FERTIRRIGAÇÃO


A água será transportada ao longo de uma distância de 941 metros até um reservatório
estrategicamente localizado por conta da declividade próximo à Área de Preservação
Permanente (APP) que está sendo recuperada.
O reservatório, ou caixa d'água, serve como um ponto central de armazenamento e
distribuição de água, facilitando a administração eficaz da solução de fertilizantes necessária
para a fertirrigação.
Este sistema de abastecimento de água é uma parte integrante do plano de manejo,
garantindo que as necessidades hídricas das plantas sejam atendidas de maneira eficiente,
especialmente durante os estágios críticos de estabelecimento e crescimento.
A figura 23 ilustra o trajeto do Ribeirão Fregadolli até o reservatório, destacando a
infraestrutura estabelecida para o transporte de água e a proximidade do reservatório em
relação à área de recuperação.
Figura 23 - Fertirrigação do Ribeirão Fregadolli até o reservatório.

Fonte: Autor (2023).

8.8.1. Fertirrigação por Gotejamento


A fertirrigação por gotejamento é uma técnica avançada que combina a irrigação e a
fertilização de plantas de maneira eficiente e sustentável. Este método envolve a aplicação
controlada de água e nutrientes diretamente na zona radicular das plantas, através de um
sistema de tubulações e emissores (gotejadores) que garantem uma distribuição uniforme e
precisa.
Cada componente tem uma função específica para garantir a entrega eficaz e segura de
nutrientes às plantas. Aqui estão os principais componentes e funcionalidades do sistema de
fertirrigação por gotejamento implementado no projeto:
Reservatório ou Tanque de Solução:
● Armazena a água que será usada na fertirrigação. Em alguns casos, este
reservatório também pode ser usado para misturar os fertilizantes com a água
antes de serem distribuídos às plantas.

​ Bomba:
● Impulsiona a água e a solução de fertilizante através do sistema de irrigação. A
bomba garante que a água misturada com fertilizantes seja distribuída
uniformemente em toda a área de irrigação.

​ Filtro de Areia:
● Remove partículas e detritos da água antes que ela entre no sistema de
fertirrigação. Isso ajuda a prevenir entupimentos e garante que a água esteja
limpa antes de se misturar com os fertilizantes.

​ Tanque de Fertilizantes:
● Armazena a solução de fertilizantes que será misturada com a água no sistema
de fertirrigação. Em alguns sistemas, os fertilizantes são misturados
diretamente neste tanque antes de serem distribuídos.

​ Filtro de Tela:
● Outra etapa de filtragem para garantir que partículas menores e possíveis
detritos sejam removidos antes que a solução de água e fertilizante seja
distribuída para as plantas. Isso ajuda a minimizar o risco de entupimento nas
linhas de irrigação e emissores.

​ Tubulações:
● Conduzem a água e a solução de fertilizantes do sistema de fertirrigação até as
plantas. As tubulações são projetadas para distribuir a água e os fertilizantes de
maneira uniforme em toda a área de irrigação.

A Figura 24 a seguir destaca todos os equipamentos necessários e a distribuição dos mesmos.


Figura 24 - Fertirrigação do PRAD

Fonte: Autor (2023).

8.8.2. Cálculo da quantidade de água


A área designada para este projeto compreende 13,5 hectares, onde estão plantadas
12.967 mudas. O espaçamento entre as mudas é de 3 metros x 3 metros, resultando em uma
área de 9 m² por planta. Com base nas características do solo argiloso e no clima tropical da
região, a necessidade média diária de água foi estimada entre 3 a 6 litros por m².
A formulação do cálculo da necessidade de água por planta por dia é expressa como:
Necessidade média de água por planta por dia = (Necessidade média diária de água
por m²) × (Área por planta em m²)
Substituindo os valores, obtemos:
Necessidade média de água por planta por dia = (3 a 6 litros por m²) × 9 m²=27 a 54
litros por planta por dia
A necessidade total de água por dia para todas as mudas é então calculada como:
Necessidade total de água por dia = Necessidade média de água por planta por dia ×
Número total de plantas = (27 a 54 litros por planta por dia) × 12967 plantas = 350109 a
700218 litros por dia.
Dado que a irrigação será realizada duas vezes por semana, caso essa semana ainda
não apresente chuva, um reservatório de 200 mil litros será suficiente.
Este cálculo proporciona uma base sólida para a elaboração de um plano de
fertirrigação eficaz, que será instrumental na promoção do crescimento saudável das plantas e
na maximização da eficiência do uso de recursos hídricos e nutritivos.
Este cálculo e análise subsequente são vitais para assegurar que o sistema de
fertirrigação por gotejamento seja manejado de maneira eficaz, promovendo assim um
ambiente propício para o crescimento e desenvolvimento ótimo das mudas plantadas.

8.8.3. Cálculo de Fertilizantes


A quantidade e o tipo de nutrientes necessários podem variar de acordo com as fases
de crescimento das plantas. Neste projeto, foi estabelecido um programa de adubação distinto
para três fases cruciais do desenvolvimento vegetal: enraizamento, crescimento e rustificação.
A adubação será feita através da fertirrigação, onde os nutrientes são dissolvidos na água de
irrigação e aplicados diretamente na zona radicular das plantas. Abaixo estão detalhados os
regimes de adubação para cada fase em média de acordo com a Embrapa.

● Adubação para Enraizamento:


○ Frequência: No mínimo 2 vezes por semana.
○ Dosagem: 1,5 Kg por 1000 litros (1 m³) de água.
○ Composição do Adubo:
■ Nitrogênio (N): 10%
■ Fósforo (P₂O₅): 42%
■ Potássio (K₂O): 10%
■ Enxofre (S): 1,5%
■ Magnésio (Mg): 0,6%
■ Boro (B): 0,02%
■ Ferro (Fe): 0,10%

● Adubação para Crescimento:


○ Frequência: No mínimo 2 vezes por semana.
○ Dosagem: 1,5 Kg por 1000 litros (1 m³) de água.
○ Composição do Adubo:
■ Nitrogênio (N): 19%
■ Fósforo (P₂O₅): 19%
■ Potássio (K₂O): 19%
■ Magnésio (Mg): 0,6%
■ Boro (B): 0,02%
■ Ferro (Fe): 0,10%

● Adubação para Rustificação:


○ Frequência: No minimo 1 vez por semana.
○ Dosagem: 1,5 Kg por 1000 litros (1 m³) de água.
○ Composição do Adubo:
■ Nitrogênio (N): 10%
■ Fósforo (P₂O₅): 20%
■ Potássio (K₂O): 30%
■ Enxofre (S): 3%
■ Magnésio (Mg): 0,60%
■ Boro (B): 0,02%
■ Ferro (Fe): 0,10%

A seguir, são apresentadas as formulações de nutrientes e as quantidades que serão


utilizadas em cada uma dessas fases, com a adubação sendo realizada duas vezes por semana
para as fases de enraizamento e crescimento, e uma vez por semana para a fase de
rustificação. As soluções fertilizantes serão preparadas em volumes de 200 mil litros para
cada aplicação.

● Adubação para Enraizamento:


○ Frequência: 2 vezes por semana.
○ Formulação e Proporção (kg):
■ Nitrato de Potássio: 10 kg
■ Cloreto de Potássio: 50 kg
■ MAP (Fosfato Monoamônico): 240 kg
■ Ureia: 10 kg
■ Sulfato de Magnésio: 40 kg
■ Sulfato de Ferro: 1,5 kg
■ Boráx: 0,5 kg.
○ Volume da Solução: 200 mil Litros
○ Total de Fertilizantes: 352 kg

● Adubação para Crescimento:


○ Frequência: 2 vezes por semana.
○ Formulação e Proporção (kg):
● Nitrato de Potássio: 80 kg
● Cloreto de Potássio: 50 kg
● MAP (Fosfato Monoamônico): 100 kg
● Ureia: 100 kg
● Sulfato de Magnésio: 20 kg
● Sulfato de Ferro: 1,5 kg
● Boráx: 0,5 kg.
■ Volume da Solução: 200 mil Litros
■ Total de Fertilizantes: 352 kg

● Adubação para Rustificação:


○ Frequência: 1 vez por semana.
○ Formulação e Proporção (kg):
■ Nitrato de Potássio: 80 kg
■ Cloreto de Potássio: 120 kg
■ MAP (Fosfato Monoamônico): 115 kg
■ Ureia: 25 kg
■ Sulfato de Magnésio: 10 kg
■ Sulfato de Ferro: 1,5 kg
■ Boráx: 0,5 kg.
■ Volume da Solução: 200 mil Litros
■ Total de Fertilizantes: 352 kg

A dosagem e a composição dos fertilizantes foram calculadas para garantir uma


nutrição ótima, promovendo um crescimento saudável e vigoroso das plantas, ao mesmo
tempo em que minimizam o desperdício de recursos e o impacto ambiental.
Dessa forma, será utilizado os fertilizantes comerciais NPK 02-14-06 (com
micronutrientes) juntamente como NPK 04-14-08 + 0,05% B + 0,4% ZN na fase de
enraizamento; NPK 13-04-08 na fase de crescimento e alternados na fase de Rustificação, de
acordo com a Fórmula de fertilizante líquido para aplicação foliar ou fertirrigação do Boletim
técnico, 208, IAC, 2011.

8.9. SELEÇÃO DOS SISTEMAS DE PLANTIO DE ESPÉCIES NATIVAS


A seleção de espécies para revegetação é um passo crucial no processo de recuperação
de áreas degradadas, pois o sucesso da restauração depende em grande parte da adaptação das
espécies às condições locais e da sua resiliência às perturbações.
As espécies selecionadas representam diferentes estágios sucessionais, o que é
excelente para promover a resiliência e a recuperação ecológica da área ao longo do tempo.

8.9.1. Escolha do Modelo Sucessional


Para recomposição de matas ciliares em áreas de declive suave, será adotado um
arranjo de plantio com espaçamento uniforme de 3 metros entre as plantas, tanto em linhas
como entre as linha, de acordo com (Durigan e Nogueira, 1990) sendo o indicado para a
recomposição de matas. Este método, sugerido por especialistas na área, facilita a manutenção
manual e integra práticas como corte periódico de gramíneas, aplicação de fertilizantes ao
redor das plantas e plantio complementar com espécies que auxiliam na cobertura do solo e
enriquecimento da biodiversidade.
Abaixo segue o modelo utilizado de espaçamento e escolha do modelo sucessional:
P P P P P P

NP NP NP NP NP NP

P P P P P P

NP NP NP NP NP NP

P P P P P P

NP NP NP NP NP NP

P P P P P P

Legenda: Pioneiras (P)


Não Pioneiras (NP)

P P P P P P

S C S C S C

P P P P P P

S C S C S C

P P P P P P

S C S C S C

P P P P P P

Legenda: Pioneiras (P)


Secundária (S)
Clímax (C)

8.9.2. Diversidade de Espécie


A tabela 6 mostra a relação de espécies selecionadas para restauração ecológica
através de modelos sucessionais. Foram selecionadas a partir da Lista de espécies indicadas
para restauração Ecológica para diversas regiões do Estado de São Paulo no Município de
Charqueada.
Tabela 6 - Espécies selecionadas para a restauração ecológica.
Grupo
Divisão Altura Grupo Síndrome de
Família Nome Popular Nome Científico Funciona
clássica (m) Ecológico Dispersão
l
Dasyphyllum
Preenchi
ARBÓREA ASTERACEAE Espinho-agulha brasiliense 12 Pioneira Anemocórica
mento
(Spreng.) Cabrera
**Croton
EUPHORBIACEA Preenchi
ARBÓREA Capixingui
floribundus 6- 15 Pioneira Autocórica
E mento
Spreng
Ipe-branco/ *Zeyheria
Diversida
ARBÓREA BIGNONIACEAE buxo-de-boi, tuberculosa (Vell.) 2,5 - 20 Pioneira Anemocórica
de
culhões-debode Bureau ex Verl.
cambará-de-li Aloysia virgata
Diversida
ARVORETA VERBENACEAE xa, Lixeira, (Ruiz & Pav.) A. 4 - 8 Pioneira Zoocórica
de
Lixa Juss.
ANACARDIACEA Tapirira Secundária Diversida
ARBÓREA Pombeiro 8 - 13 Zoocórica
E guianensis Aubl. Inicial de
Secundária Preenchi
ARBÓREA FABACEAE Ingá Inga edulis Mart. 6 - 25 Zoocórica
Tardia mento
*Cariniana
Diversida
ARBÓREA LECYTHIDACEAE Jequitibá legalis (Mart.) 30 - 50 Clímax Anemocórica
de
Kuntze
Legenda:
(*) Espécie Ameaçada
(**) Espécies especialmente indicadas para o rápido recobrimento e ou preenchimento da área.
A síndrome de dispersão refere-se às estratégias e mecanismos que as plantas
desenvolveram para dispersar suas sementes e, assim, garantir a propagação e sobrevivência
de suas espécies. As síndromes de dispersão são classificadas com base no agente dispersor
ou no mecanismo de dispersão envolvido.
Anemocórica:
● A dispersão anemocórica é aquela realizada pelo vento. As plantas que adotam
esta estratégia geralmente possuem sementes leves ou estruturas como asas ou
pêlos que permitem que sejam carregadas pelo vento.

Autocórica:
● A dispersão autocórica é aquela em que a própria planta tem um mecanismo
para dispersar suas sementes, sem a ajuda de agentes externos. Isso pode ser
através de um processo chamado explosão, onde a planta literalmente lança
suas sementes no ambiente circundante quando amadurecem, ou através de
outros mecanismos mecânicos.

​ Zoocórica:
● A dispersão zoocórica é aquela realizada por animais. As plantas que utilizam
esta estratégia muitas vezes produzem frutos ou sementes atraentes que são
consumidos por animais. As sementes, muitas vezes indigestas, são então
excretadas em um local distante, muitas vezes com um suprimento adicional de
fertilizante na forma de excrementos do animal. Este é um método muito
comum de dispersão de sementes e ajuda a garantir que as sementes sejam
dispersas em uma ampla área.

Estudos têm examinado a dispersão de sementes e indicam uma conexão entre o ciclo
de vida das plantas e seus métodos de dispersão. Observou-se que em áreas do Cerrado com
menor densidade de árvores, a dispersão pelo vento é predominante, o que corrobora com
teorias propostas para ecossistemas florestais sobre a dispersão de sementes (Batalha &
Mantovani, 2000); (Oliveira & Moreira, 1992); (Howe & Smallwood, 1982).
Batalha & Mantovani (2000) observaram que, no Cerrado, a dispersão de sementes por
animais é mais comum do que se poderia esperar em um bioma sem um dossel de copas
fechado. Notaram também uma presença mais significativa de espécies com dispersão animal
no estrato superior, composto por arbustos e árvores, em comparação ao estrato inferior, que
inclui as plantas herbáceas e subarbustivas.
A alta incidência de dispersão de sementes por animais em diferentes habitats pode ser
explicada pela vantagem que locais mais densos oferecem a esse mecanismo, alcançando até
80% das espécies em florestas, segundo Morellato & Leitão-filho (1992) e Talora &
Morellato (2000). Por outro lado, em ambientes abertos, espécies que se dispersam pelo vento
tendem a ser mais prevalentes, conforme indicado por Vieira et al. (2000).
Segundo (Howe & Smallwood 1982) fisionomias abertas favorecem a dispersão pelo
vento, ao passo que fisionomias fechadas, a dispersão por animais. Dessa forma, escolhemos
por dar prioridade as anemocóricas nas pioneiras visto ser uma área aberta, e assim
sucessivamente com o modelo ecologico sendo desenvolvido e especies de animais vão
aparecendo, as secundárias com Síndrome de Dispersão Zoocóricas possam aumentar a
biodiversidade do local.
Cada uma dessas síndromes de dispersão tem suas vantagens e desvantagens e é
adaptada às condições ecológicas particulares nas quais a planta evoluiu. A compreensão
dessas síndromes pode ser muito útil na gestão e conservação de habitats naturais, bem como
em projetos de restauração ecológica.
Quanto a Diversidade Sucessional:
● A inclusão de espécies pioneiras como Espinho-agulha, Capixingui, Ipê-branco, Lixa
é importante para estabilizar o solo, fornecer sombra e criar condições favoráveis para
espécies de estágios sucessionais posteriores.
● As espécies de estágios sucessionais intermediários e tardios como Pombeiro e Inga
ajudarão a aumentar a complexidade estrutural e funcional do ecossistema em
recuperação.
● A presença de uma espécie clímax como Jequitibá é crucial para alcançar um
ecossistema maduro e estável a longo prazo.

A seleção de espécies para o projeto baseia-se no seu valor ecológico significativo


para a vegetação da região, refletido pelo índice de valor de importância, além de pertencerem
às famílias botânicas predominantes no ecossistema local.

Capixingui Capixingui Capixingui Capixingui Capixingui Capixingui

Pombeiro Jequitibá Pombeiro Jequitibá Pombeiro Jequitibá

Ipe-branco Ipe-branco Ipe-branco Ipe-branco Ipe-branco Ipe-branco

Ingá Jequitibá Ingá Jequitibá Ingá Jequitibá

Espinho- Espinho- Espinho- Espinho- Espinho- Espinho-


agulha agulha agulha agulha agulha agulha

Pombeiro Jequitibá Pombeiro Jequitibá Pombeiro Jequitibá

Lixa Lixa Lixa Lixa Lixa Lixa

8.9.3. Síntese do Plantio das mudas


Um passo significativo nesse processo é a elaboração de um mapa detalhado que
ilustra o plano de plantio das mudas, destacando a distribuição espacial das espécies
selecionadas em conformidade com os modelos sucessionais estabelecidos. Este mapa serve
como uma representação visual clara do planejamento estratégico, facilitando a compreensão
e a implementação das ações de plantio, conforme figura 25.

Figura 25 - Plantio de mudas.


Fonte: Autor (2023).
A estratégia de plantio de mudas no projeto abarca uma abordagem sucessional, onde
diferentes grupos ecológicos de plantas são plantados em fases distintas para promover uma
recuperação ecológica eficaz da área degradada. Abaixo é apresentada uma síntese do
processo de plantio das mudas baseado nas informações das espécies:

1. Plantio de Espécies Pioneiras:


● Tempo: Inicialmente, assim que o terreno estiver preparado.
● Espécies: Espinho-agulha, Capixingui, Ipê-branco, e Lixa.
● Razão: As espécies pioneiras são vitais no início do processo de restauração pois
estabilizam o solo, fornecem sombra e criam um ambiente propício para espécies de
estágios sucessionais posteriores. São adaptadas a ambientes perturbados e possuem
crescimento rápido, ajudando a estabelecer uma cobertura vegetal inicial e a melhorar
a qualidade do solo.
● Objetivos: Estabilização inicial do solo, fornecimento de sombra e criação de um
ambiente propício para espécies de estágios sucessionais posteriores.

2. Introdução de Espécies Secundárias Iniciais:


● Tempo: Após as espécies pioneiras terem estabelecido uma cobertura vegetal e
melhorado a qualidade do solo, o que pode variar entre 12 meses após o plantio
inicial.
● Espécies: Pombeiro.
● Razão: As espécies secundárias iniciais ajudam a aumentar a complexidade estrutural
e funcional do ecossistema em recuperação. Além disso, contribuem para a
diversidade de espécies e continuidade do processo sucessional.
● Objetivo: Aumentar a complexidade estrutural e funcional do ecossistema em
recuperação, promovendo a continuidade do processo sucessional.

3. Introdução de Espécies Secundárias Tardias:


● Tempo: Conforme as condições do solo e a cobertura vegetal melhoram, o que pode
ocorrer entre 12 meses após o plantio inicial.
● Espécies: Ingá.
● Razão: Essas espécies contribuem para a diversidade e complexidade do ecossistema,
e estão mais próximas das espécies encontradas em ecossistemas maduros.
● Objetivo: Continuar a promoção da diversidade e complexidade do ecossistema, além
de proporcionar mais cobertura do solo e habitats para fauna associada.
4. Plantio de Espécies Clímax:
● Tempo: Após a estabilização do solo e estabelecimento de uma cobertura vegetal
diversificada, o que pode ocorrer a partir de 2 anos após o plantio inicial.
● Espécies: Jequitibá.
● Razão: As espécies clímax são cruciais para alcançar um ecossistema maduro e estável
a longo prazo. Representam o estágio final da sucessão ecológica, indicando a
recuperação e estabilização do ecossistema.
● Objetivo: Alcançar um ecossistema maduro e estável a longo prazo, contribuindo para
a resiliência e sustentabilidade do ambiente recuperado.

Este cronograma de plantio segue um modelo sucessional, promovendo a regeneração


natural e a recuperação ecológica da área ao longo do tempo. As espécies foram
cuidadosamente selecionadas para se adaptarem às condições locais de Charqueada, São
Paulo, e para promoverem a diversidade e resiliência ecológica. A síndrome de dispersão de
cada espécie também foi considerada para garantir uma propagação eficaz e a continuidade do
processo de restauração.

8.9.4. Aquisição das Mudas em Viveiro


Foram identificadas as espécies passíveis de utilização no presente projeto, cujas
mudas já se encontram disponíveis no Viveiro Municipal de Mudas de Árvores de
Charqueada, situado na R. Gov. Pedro de Toledo, 333 - Charqueada, SP, 13515-000.

8.9.5. O plantio
As mudas arbóreas serão plantadas manualmente, com altura mínima de 20 cm. Após
a adubação orgânica e plantio, uma concavidade anelar ao redor da muda facilitará a captação
de água. Cobertura vegetal ao redor da planta auxiliará na preservação da umidade do solo.
O plantio será disposto em um padrão de 3 metros entre cada muda, adaptável
conforme as especificidades do terreno, intercalando espécies de diferentes portes para cobrir
integralmente a área em recuperação.

8.9.6. Tutoramento
Para assegurar o desenvolvimento vertical e proteger contra quedas, cada muda será
apoiada por um tutor de madeira ou bambu, fincado 60 cm no solo e com altura entre 1,8 e 2
metros. A amarração será feita em formato de oito para evitar danos à planta. Conforme a
Figura 26.

Figura 26 – Sistema de tutoramento para evitar o tombamento das plantas

8.10. MANUTENÇÃO
Durante a estação seca, será executada a manutenção periódica da área, removendo a
vegetação invasora ao redor das plantações para prevenir o estrangulamento das mudas no
período de chuvas. Também serão realizados o monitoramento e controle de pragas como
formigas cortadeiras, se necessário, e a substituição de mudas que não se estabelecerem.
Adicionalmente, o aceiro será refeito ao redor do local plantado para prevenir incêndios.

8.10.1. Adensamento e Enriquecimento


O adensamento e enriquecimento são estratégias de manejo florestal que visam
aumentar a diversidade e a densidade de espécies nativas em áreas de restauração. O
adensamento envolve o plantio de espécies nativas em uma matriz mais densa para promover
uma cobertura vegetal mais rápida e robusta, enquanto o enriquecimento se refere à
introdução de espécies nativas adicionais para aumentar a biodiversidade e a resiliência do
ecossistema.
Para o presente projeto, a abordagem inicial é focada no plantio de espécies
selecionadas que são adaptadas às condições locais e têm o potencial de estabelecer um
ecossistema florestal funcional. O plantio total será a estratégia principal, e as intervenções de
adensamento e enriquecimento serão consideradas como medidas complementares, caso haja
necessidade. Essa necessidade pode surgir se, por exemplo, as taxas de estabelecimento das
mudas forem baixas, ou se a diversidade de espécies nativas não estiver progredindo
conforme o desejado.
A decisão de proceder com o adensamento e/ou enriquecimento será baseada em
monitoramentos regulares do progresso da restauração e na avaliação das condições do
ecossistema. Essa abordagem flexível permite que o manejo seja adaptado conforme
necessário para atender aos objetivos de restauração e garantir o desenvolvimento de um
ecossistema florestal resiliente e biodiverso. Além disso, essa estratégia é prudente do ponto
de vista econômico, pois minimiza intervenções adicionais, a menos que sejam absolutamente
necessárias para alcançar os objetivos de restauração.

8.10.2. Índice de Mortalidade e Replantio


A eficácia na recuperação de áreas degradadas é influenciada por variáveis como a
genética das espécies e mudas utilizadas, a adequação ambiental do local e as práticas de
gestão implementadas. Desafios comuns pós-plantio incluem a alta taxa de mortalidade das
mudas e o crescimento reduzido ou estagnado.
Algumas semanas após o plantio, será realizada uma avaliação para determinar a
proporção de mudas que não sobreviveram. Se, por exemplo, em cada cinco mudas plantadas,
uma não resistiu, isso indica uma taxa de sobrevivência de 80% e, correspondentemente, uma
taxa de mortalidade de 20%.
Quando a taxa de mortalidade das mudas exceder 5%, o replantio nas covas deve ser
realizado prontamente para evitar atrasos que prejudicam o crescimento das novas plantas. A
nova muda será colocada na mesma cova, aproveitando os nutrientes e aditivos já aplicados. É
essencial que a nova muda seja de um grupo ecológico equivalente à substituída para manter a
consistência da restauração. O processo de substituição será realizado sempre que a taxa de
perda ultrapassar 5%.
Diversos elementos podem afetar a sobrevivência das mudas no começo, como:
● A habilidade dos operários durante o plantio, a firmeza do solo ao redor das raízes e a
profundidade das covas, incluindo a destreza dos plantadores, a compactação correta
do solo ao redor das raízes, e a profundidade adequada das covas;
● As condições meteorológicas após o plantio;
● A qualidade e tamanho das mudas em embalagens. As mudas destinadas ao replantio
devem ser de boa qualidade, um pouco maior que o normal e com raízes bem
desenvolvidas;
● Condições desfavoráveis do solo, como áreas encharcadas ou erodidas;
● Ataque de formigas, cupins ou fungos;
● Competição de ervas daninhas;
● Danos causados por animais.

Um crescimento inadequado e lento das plantas, ausente a interferência de pragas,


pode se manifestar a qualquer momento, frequentemente antes que o dossel da floresta se
forme completamente. Isso pode ser identificado pela formação atípica das folhas e um
aumento anual de altura de apenas um ou dois centímetros. Contudo, existem vários fatores
que podem causar esta deficiência em crescimento e desenvolvimento, como:
● Seleção errada das espécies;
● Deficiência ou excesso de nutrientes;
● Drenagem insuficiente do solo ou estresse hídrico e lixiviação excessiva;
● Condições climáticas adversas;
● Problemas no solo, como compactação e erosão;
● Deficiência ou ausência da associação micorrízica;
● Capinas insuficientes, e outras.

8.10.3. Controle de formigas e ervas daninhas


O manejo contínuo de pragas, como as formigas cortadeiras, deve ser mantido,
monitorando e intervindo se houver sinais de danos à vegetação. Paralelamente, a manutenção
periódica das plantações, incluindo o corte seletivo de ervas invasoras e a limpeza ao redor
das mudas, é crucial para minimizar a competição por recursos, com uma área de resguardo
de pelo menos cinquenta centímetros ao redor de cada planta. Essas práticas são fundamentais
para assegurar a saúde e o vigor das plantações.

8.10.4. Fertirrigação
A manutenção da fertirrigação é um passo essencial para garantir a eficiência e
longevidade do sistema. Será realizado verificações regulares para assegurar que a
distribuição de nutrientes e água seja uniforme e adequada às necessidades das plantas.
Limpeza e inspeção de filtros, tubulações e emissores são críticas para prevenir
obstruções e corrosão. Além disso, é necessário monitorar a solução nutritiva, ajustando a
concentração de fertilizantes conforme a fase de crescimento das plantas e as condições
climáticas. O manejo atento evita desperdícios, promove o crescimento saudável das plantas e
maximiza os rendimentos da produção.

8.11. MONITORAMENTO
O monitoramento envolve encontrar formas de medir características da área em
restauração que nos permitam avaliar se as ações estão obtendo sucesso e se o ecossistema
está se desenvolvendo no caminho desejado, ou ainda se precisamos realizar novas
intervenções.
A análise do enraizamento das mudas deve ser feita até 30 dias após o plantio para
verificar a adaptação ao solo. Neste momento, também se identifica a necessidade de
intervenções adicionais, como irrigação extra, fertilização complementar, melhorias na
drenagem ou reparo de erosões. Caso haja necessidade, a substituição de mudas que não se
adaptaram será programada para o mês subsequente a essa avaliação inicial.
No ano subsequente ao plantio, deve-se acompanhar atentamente o desenvolvimento
das espécies pioneiras, executando capinas periódicas para controle de vegetação concorrente
e replantio de mudas que não se estabeleceram. Esse processo deve ser continuado para as
espécies secundárias e climácicas, garantindo a progressão e estabilização do ecossistema.
O monitoramento contínuo incluirá a substituição de mudas que não prosperarem e a
aplicação regular de adubação orgânica. Adicionalmente, a fertirrigação será empregada para
impulsionar o crescimento das plantas, assegurando um estabelecimento robusto e um
desenvolvimento saudável das espécies introduzidas.
● Avaliação Inicial (até 30 dias após o plantio): Checagem da sobrevivência das mudas.
● Após 30 dias do plantio: Execução da adubação de cobertura, busca por indícios de
pragas ou doenças; aplicação de métodos de controle adequados.
● Final do 1º período de chuvas: Nova avaliação de sobrevivência das mudas,
observação de pragas/doenças; realização de manutenção necessária, incluindo
limpeza ao redor das plantas e medidas contra incêndios, além de irrigação.
● Período seco: Intensificação da irrigação.
● Início do 2º período chuvoso: Reavaliação das mudas, replantio onde necessário;
atenção a pragas e doenças; continuação da manutenção regular.

As inspeções, (visitas técnicas), também serão realizadas 2x ao ano, no final do


período chuvoso e no começo (Abril e Setembro), para monitorar caso necessite alguma
mudança no projeto, os fertilizantes adequados, nutrientes no solo, nível de acidez, entre
outras.

9. CRONOGRAMA FÍSICO
CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO
IMPLANTAÇÃO jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Aquisição de EPI's + Ferramentas X
Construção da Cerca X
Limpeza Inicial da área X X
Construção do aceiro X X
Roçada manual X X X
Aquisição do Insumo,
Identificação e combate às X X X
formigas
Locação das covas X
Coroamento manual das covas X
Abertura manual das covas X
Aquisição dos Insumos Pré
X
Plantio
Calagem X
Gessagem X
Adubação Orgânica X
Sistema de fertirrigação X X
Aquisição de Mudas X
Plantio manual de mudas em
X
saquinhos (Pioneiras)
Tutoramento com bambu X
Fertirrigação X X X X
Emissão de Relatório + ART X
Visita Técnica X
MANUTENÇÃO (1º Ano) jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Aceiro X
Repasses no combate às formigas X X X X
Roçada manual X X
Coroamento das mudas plantadas X X X X
Fertirrigação X X X X X X X X X X X X
Visita Técnica X X
Replantios X
Plantio manual de mudas em
X
saquinhos (Não Pioneiras)
Emissão de Relatório de
X
Acompanhamento
agost
MANUTENÇÃO (2º Ano) jan fev mar abril maio junho julho set out nov dez
o
Aceiro X
Repasses no combate às formigas X X X X
Roçada manual X X
Coroamento das mudas plantadas X X X X
Fertirrigação X X X X X X X X X X X X
Visita Técnica X X
Replantios X
Emissão de Relatório de
X
Acompanhamento
MANUTENÇÃO (3º Ano) jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Aceiro X
Repasses no combate às formigas X X X X
Roçada manual X X
Coroamento das mudas plantadas X X X X
Fertirrigação X X X X X X X X X X X X
Visita técnica X X
Replantios X
Emissão de Relatório de
X
Acompanhamento

10. ORÇAMENTO
Tabela XX - Atividades e Orçamento detalhado da fase de implantação
Unidade para Número de Preço unitário
Atividade Descrição Quantidade Preço total
quantidade Trabalhadores (R$)
Estacas Unid 1 601 R$ 10,00 R$ 6.010,00
Esticador Unid 1 150 R$ 40,00 R$ 6.000,00
Grampo kg 1 5 R$ 106,00 R$ 530,00
Arame 500 metros 1 13 R$ 275,00 R$ 3.575,00
Preparo do
Transporte,
Terreno
Alimentação e Diárias 13 7 R$ 40,00 R$ 3.640,00
Ferramentas
Mão de obra Diárias 13 7 R$ 100,00 R$ 9.100,00
Total R$ 28.855,00

Placa de
Unidade 1 1 R$ 100,00 R$ 100,00
Sinalização
Placas de
Placa 30x50cm Diária 1 1 R$ 50,00 R$ 50,00
Sinalização
Mão de Obra Diária 1 1 R$ 40,00 R$ 40,00
Total R$ 190,00
Unidade para Número de Preço unitário
Atividade Descrição Quantidade Preço total
quantidade Trabalhadores (R$)

Iscas
Manejo de formicidas e kg 1 47,5 R$ 12,30 R$ 584,25
praga antes do cupinicida
plantio Mão de Obra Diárias 1 14 R$ 100,00 R$ 1.400,00
Total R$ 1.984,25

Coroamento Quantidade 1 1618 R$ 0,31 R$ 501,58


Coveamento
Hectare 1 13,5 R$ 220,00 R$ 2.970,00
30 x 30 cn
Tutor 1,6 metro Unidade 1 1618 R$ 1,35 R$ 2.184,30
Coroamento, Plantio das
Unidade 1 1618 R$ 0,20 R$ 323,60
plantio e mudas
tutoramento Transporte,
Alimentação e Diárias 13 7 R$ 40,00 R$ 3.640,00
Ferramentas
Mão de Obra Diárias 13 7 R$ 100,00 R$ 9.100,00
Total R$ 18.719,48

Calcário -
tonelada 1 8,6 R$ 220,00 R$ 1.892,00
Dolomítico
Gesso Agrícola tonelada 1 16,5 R$ 55,00 R$ 907,50
NPK 02-14-06
(com
micronutrientes
) e NPK tonelada 1 17 R$ 2.520,00 R$ 42.840,00
04-14-08 +
Insumos para o
0,05% B +
preparo do solo
0,4% ZN
e o Plantio
Adubo
orgânico para o tonelada 1 65 R$ 28,00 R$ 1.820,00
plantio
Mudas para
Unidade 1 1618 R$ 5,00 R$ 8.090,00
Plantio
Transporte,
Alimentação e Diárias 13 7 R$ 40,00 R$ 3.640,00
Ferramentas
Unidade para Número de Preço unitário
Atividade Descrição Quantidade Preço total
quantidade Trabalhadores (R$)
Mão de Obra Diárias 13 7 R$ 100,00 R$ 9.100,00
Total R$ 68.289,50

Bomba dágua
submersa
VIVOSUN Unidade 1 2 R$ 200,00 R$ 400,00
high flow
3000L/h
Reservatório
Unidade 1 1 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00
200 mil litros
Sistema de Filtro de Areia Unidade 1 1 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00
fertirrigação Tanque de
Unidade 1 1 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00
Fertilizantes
Filtro de Tela Unidade 1 1 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00
Tubulações Unidade 1 2 R$ 130,00 R$ 260,00
Kit completo
de materiais Unidade 1 291 R$ 734,00 R$ 213.594,00
1000 Metros
Total R$ 237.254,00

Responsável
hora 1 40 R$ 500,00 R$ 20.000,00
Técnico
Profissional
Supervisão hora 1 40 R$ 180,00 R$ 7.200,00
Habilitado
Técnica e
Transporte e
profissional Diária 2 5 R$ 100,00 R$ 1.000,00
Alimentação
habilitado.
Taxa de
Unidade 2 2 R$ 3.000,00 R$ 12.000,00
Administração
Total R$ 40.200,00
TOTAL de Implantação 1º Ano R$ 395.492,23

Tabela XX - Atividades e Orçamento detalhado da fase de manutenção e monitoramento (1º Ano)


Unidade para Número de Preço unitário
Atividade Descrição Quantidade Preço total
quantidade Trabalhadores (R$)
Coroamento Quantidade 1 3.259 R$ 0,31 R$ 1.010,29
Coveamento
Hectar 1 13,5 R$ 220,00 R$ 2.970,00
30 x 30 cn
Coroamento,
Tutor 1,6 metro Unidade 1 1641 R$ 1,35 R$ 2.215,35
plantio,
Iscas
prevenção a
formicidas e kg 1 47,5 R$ 12,30 R$ 584,25
incêndio,
cupinicida
controle de
Transporte,
pragas e
Alimentação e Diárias 13 7 R$ 40,00 R$ 3.640,00
tutoramento
Ferramentas
Mão de Obra Diárias 13 7 R$ 100,00 R$ 9.100,00
Total R$ 19.519,84

Calcário -
Tonelada 1 8,6 R$ 220,00 R$ 1.892,00
Dolomítico
NPK 13-04-08 tonelada 1 17 R$ 2.520,00 R$ 42.840,00
Adubo
orgânico para o tonelada 1 65 R$ 28,00 R$ 1.820,00
Insumos para o plantio
preparo do solo Mudas para
Unidade 1 1641 R$ 5,00 R$ 8.205,00
e o Plantio Plantio
secundário Replantio 10% 1 162 5 R$ 810,00
Transporte,
Alimentação e Diárias 13 7 R$ 40,00 R$ 3.640,00
Ferramentas
Mão de Obra Diárias 13 7 R$ 100,00 R$ 9.100,00
Total R$ 68.307,00

Responsável
hora 1 40 R$ 500,00 R$ 20.000,00
Técnico
Profissional
Supervisão hora 1 40 R$ 180,00 R$ 7.200,00
Habilitado
Técnica e
Transporte e
profissional Diária 2 5 R$ 100,00 R$ 1.000,00
Alimentação
habilitado.
Taxa de
Unidade 2 2 R$ 3.000,00 R$ 12.000,00
Administração
Total R$ 40.200,00
Unidade para Número de Preço unitário
Atividade Descrição Quantidade Preço total
quantidade Trabalhadores (R$)
TOTAL 2º Ano R$ 128.026,84

Tabela XX - Atividades e Orçamento detalhado da fase de manutenção e monitoramento (2º Ano)


Unidade para Número de Preço unitário
Atividade Descrição Quantidade Preço total
quantidade Trabalhadores (R$)
Coroamento Quantidade 1 6.474 R$ 0,31 R$ 2.006,94
Coveamento
Hectar 1 13,5 R$ 220,00 R$ 2.970,00
30 x 30 cm
Coroamento,
Tutor 1,6 metro Unidade 1 3.215 R$ 1,35 R$ 4.340,25
plantio,
Iscas
prevenção a
formicidas e kg 1 47,5 R$ 12,30 R$ 584,25
incêndio,
cupinicida
controle de
Transporte,
pragas e
Alimentação e Diárias 13 7 R$ 40,00 R$ 3.640,00
tutoramento
Ferramentas
Mão de Obra Diárias 13 7 R$ 100,00 R$ 9.100,00
Total R$ 22.641,44

Calcário -
Tonelada 1 8,6 R$ 220,00 R$ 1.892,00
Dolomítico
NPK 13-04-08 tonelada 1 17 R$ 2.520,00 R$ 42.840,00
Adubo
orgânico para o tonelada 1 65 R$ 28,00 R$ 1.820,00
Insumos para o plantio
preparo do solo Mudas para
Unidade 1 3215 R$ 5,00 R$ 16.075,00
e o Plantio Plantio
secundário Replantio 10% 1 326 5 R$ 1630,00
Transporte,
Alimentação e Diárias 13 7 R$ 40,00 R$ 3.640,00
Ferramentas
Mão de Obra Diárias 13 7 R$ 100,00 R$ 9.100,00
Total R$ 76.997,00

Supervisão Responsável
hora 1 40 R$ 500,00 R$ 20.000,00
Técnica e Técnico
profissional Profissional
hora 1 40 R$ 180,00 R$ 7.200,00
habilitado. Habilitado
Unidade para Número de Preço unitário
Atividade Descrição Quantidade Preço total
quantidade Trabalhadores (R$)
Transporte e
Diária 2 5 R$ 100,00 R$ 1.000,00
Alimentação
Taxa de
Unidade 2 2 R$ 3.000,00 R$ 12.000,00
Administração
Total R$ 40.200,00
TOTAL 3º Ano R$ 139.838,44

Tabela XX - Atividades e Orçamento detalhado da fase de manutenção e monitoramento (3º Ano)


Unidade para Número de Preço unitário
Atividade Descrição Quantidade Preço total
quantidade Trabalhadores (R$)
Coroamento Quantidade 1 6.474 R$ 0,31 R$ 2.006,94
Coroamento, Iscas
plantio, formicidas e kg 1 47,5 R$ 12,30 R$ 584,25
prevenção a cupinicida
incêndio, Transporte,
controle de Alimentação e Diárias 13 7 R$ 40,00 R$ 3.640,00
pragas e Ferramentas
tutoramento Mão de Obra Diárias 13 7 R$ 100,00 R$ 9.100,00
Total R$ 15.331,19

Calcário -
Tonelada 1 8,6 R$ 220,00 R$ 1.892,00
Dolomítico
NPK tonelada 1 17 R$ 2.520,00 R$ 42.840,00
Adubo
Insumos para o orgânico para o tonelada 1 65 R$ 28,00 R$ 1.820,00
preparo do solo plantio
e o Plantio Replantio 10% 1 647 5 R$ 3.235,00
secundário Transporte,
Alimentação e Diárias 13 7 R$ 40,00 R$ 3.640,00
Ferramentas
Mão de Obra Diárias 13 7 R$ 100,00 R$ 9.100,00
Total R$ 62.527,00

Supervisão Responsável
hora 1 40 R$ 500,00 R$ 20.000,00
Técnica e Técnico
profissional Profissional
hora 1 40 R$ 180,00 R$ 7.200,00
habilitado. Habilitado
Unidade para Número de Preço unitário
Atividade Descrição Quantidade Preço total
quantidade Trabalhadores (R$)
Transporte e
Diária 2 5 R$ 100,00 R$ 1.000,00
Alimentação
Taxa de
Unidade 2 2 R$ 3.000,00 R$ 12.000,00
Administração
Total R$ 40.200,00
TOTAL 4º Ano R$ 118.058,19

Total para implementação e 3 anos de manutenção e monitoramento = R$781.415,70.


Para elucidar o panorama financeiro envolvido na recuperação de áreas degradadas,
apresentamos uma tabela comparativa que resume os custos estimados por hectare segundo
diferentes fontes. Estes valores são referências importantes que refletem as variações e
especificidades inerentes a cada metodologia aplicada e período de estudo. A tabela a seguir
oferece uma perspectiva detalhada desses custos, ajustados pelo índice IGP-DI até a data de
30 de dezembro de 2015. A análise destes números permite aos interessados compreender
melhor o escopo financeiro destas iniciativas ambientais.
Tabela Custos/hectare reais de referências para recuperar áreas degradadas

Autor Custo/ha para 30/12/2015 pelo IGP-DI

Valor estimado no estudo R$ 57.208,64

Almeida et al., 2010 R$ 61.268,48

MMA, 2013 R$ 69.149,80 a 87.459,90


Fonte: Autor (2023).
As referências de Almeida et al. (2010) e MMA (2013) estiveram próximas dos
valores encontrados, sugerindo um custo acima de R$50 mil por hectare para a recuperação
efetiva de uma área degradada. Comparando estes valores com o custo estimado em nosso
estudo, é possível identificar que o nosso valor encontra-se bem próximo ao calculado por
Almeida e do estimado pelo MMA.
Essa proximidade sugere que, apesar das variações metodológicas e temporais, há uma
certa consistência nos custos estimados para a recuperação de áreas degradadas. Estes dados
reafirmam a relevância do investimento continuado em práticas de recuperação ambiental e a
importância de atualizar periodicamente as estimativas para refletir as mudanças no cenário
econômico e nos métodos de recuperação.
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto em questão demonstra um compromisso profundo com a restauração
ecológica e a sustentabilidade, alinhando-se meticulosamente com os princípios chave que
definem um ecossistema restaurado. A seleção cuidadosa de espécies nativas, juntamente com
a implementação de técnicas de adubação e irrigação planejadas, visa recriar a estrutura e
funcionalidade do ecossistema de referência. A calagem e a adubação são etapas cruciais para
preparar o solo, tornando o ambiente físico apto a sustentar as espécies selecionadas e facilitar
seus processos reprodutivos.
A utilização de um sistema de fertirrigação por gotejamento eficaz, proporciona uma
irrigação controlada e uma adubação equilibrada, promovendo um funcionamento normal do
ecossistema em restauração. A integração com outras unidades da paisagem é incentivada,
permitindo fluxos e trocas naturais que são vitais para a resiliência e a sustentabilidade do
ecossistema. Além disso, a atenção dada ao controle de formigas cortadeiras e a preparação
adequada do solo antes do plantio são estratégias prudentes para mitigar ameaças potenciais
que podem comprometer a restauração.
O projeto também destaca a importância de um planejamento cuidadoso e a execução
meticulosa para garantir que a área restaurada alcance um estado de auto-sustentabilidade. A
inclusão de uma estratégia de monitoramento e avaliação contínua irá permitir a identificação
e correção de desvios, garantindo que o ecossistema restaurado continue a prosperar e evoluir
de maneira sustentável.
Em conclusão, o projeto apresentado está bem estruturado e considera os aspectos
cruciais da restauração ecológica. Com a implementação cuidadosa das estratégias delineadas
e um compromisso contínuo com a monitorização e a adaptação, há uma expectativa positiva
de que o objetivo de restaurar e sustentar um ecossistema funcional seja alcançado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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12. ANEXOS
12.1. Anexo 1 - Registro Fotográfico

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